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Educação a Distância UNICEUMA 2 FUNDAMENTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Elaboração: Samuel Brauer

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Educação a Distância – UNICEUMA 2

FUNDAMENTO DE

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Elaboração: Samuel Brauer

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Educação a Distância – UNICEUMA 3

Objetivos de Aprendizagem

Objetivo geral: ao final desta capacitação, os participantes

deverão demonstrar competências para:

Mediar processos de aprendizagem na modalidade educacional à

distância, ofertados no ambiente virtual de aprendizagem Moodle.

Objetivos específicos:

Módulo Moodle (4 horas)

1. Definir sistemas de gerenciamento de aprendizagem (LMS);

2. Acessar o Moodle

3. Alterar senha

4. Preencher Perfil

5. Abrir Fórum

6. Abrir Chat

7. Enviar Mensagens

8. Receber Mensagens

9. Inserir Conteúdos no Moodle

10.Criar um rótulo

11.Inserir imagem no Moodle

12.Inserir um vídeo/áudio

13.Gerar tarefas

14.Gerar Questionários

15.Gerar enquetes

16.Abrir Wiki

17.Monitorar participação do aluno

18.Atribuir notas e feedbacks

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Educação a Distância – UNICEUMA 4

Módulo Didático-Pedagógico em EAD (4 horas)

1. Classificar as competências necessárias ao tutor;

2. Identificar as principais características da atividade de tutoria;

3. Identificar os pré-requisitos necessários à atividade de tutoria;

4. Identificar as diferenças entre os papéis do professor e do tutor;

5. Identificar as funções das ferramentas tecnológicas (fórum, chat e

wiki), do ponto de vista didático, utilizadas para a tutoria;

6. Conceituar Aprendizagem Colaborativa;

7. Identificar as principais potencialidades e características de

Aprendizagem Colaborativa;

8. Identificar as principais características da avaliação de aprendizagem

na EaD;

9. Identificar as principais características do texto on line;

10.Identificar as principais diferenças entre um texto convencional e um

hipertexto;

11.Definir interação e interatividade;

12.Utilizar, corretamente, figuras e gráficos na instrução on line;

13.Discriminar as principais características da instrução on line;

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

Ausubel, D P et al. 1980. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro, Ed

Interamericano

Belloni, Maria Luiza (1999). Educação a Distância. Campinas: Autores

Associados.

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Vygostky, L.S. (1988) A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins

Fontes.

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Educação a Distância – UNICEUMA 7

1. Introdução

Um primeiro passo para o profissional que deseja atuar como tutor

em cursos da modalidade a distância é o de se tornar, caso ainda não o

tenha feito, um aluno virtual. É mais provável que quem já passou pela

experiência de estudar a distância possa apresentar maiores chances de

entender como sentem outras pessoas que estão vivenciando uma situação

mais ou menos semelhante à sua.

Ribeiro e Neves (2006) afirmam que o processo de tutoria demanda

que o docente desenvolva ações que, embora tenham o mesmo objetivo da

educação presencial, isto é, de facilitar a aprendizagem do aluno, solicitem

uma atuação diferente no papel daquela de uma sala de aula, entre quatro

paredes com uma determinada turma, olho no olho. O que há de diferente

no papel do professor a distância, como será observado ao longo deste

curso, é que, por meio de uma orientação pedagógica de interação

mediatizada, com canais de comunicação, o professor-tutor se comunica

com alunos e instituição.

Com o exposto, as autoras argumentam que, não importa o quanto

de experiência e conhecimento teórico os profissionais já tenham, o fato é

que todos, sem exceção, necessitam passar por um processo de formação e

de familiarização na modalidade à distância, não apenas inicial, como este,

mas permanente.

Este curso se divide em dois blocos: em um primeiro momento serão

apresentadas algumas teorias de aprendizagem com abordagens sócio-

construtivistas e suas percepções para a modalidade à distância; na

segunda parte, mais prática, serão determinados os principais pré-

requisitos e competências técnicas da tutoria, seguidos de uma série de

considerações e dicas sobre o exercício da tutoria em si, com considerações

sobre comunicação, linguagem escrita, motivação, gerenciamento de

tempo, feedback, evasão e avaliação.

Espera-se que o leitor atento possa apreender todos os conceitos

apresentados, bem como discutir com colegas e instrutor todas as

considerações práticas abordadas.

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Educação a Distância – UNICEUMA 8

2. O que é Educação a Distância?

Segundo Moran (1994), educação a distância é o processo de ensino-

aprendizagem, mediado por tecnologias, no qual professores e alunos estão

separados espacial e/ou temporalmente. Apesar de não estarem juntos, de

maneira presencial, eles podem estar conectados, interligados por

tecnologias, principalmente as telemáticas, que se referem ao conjunto de

tecnologias da informação e da comunicação resultante da junção entre os

recursos das telecomunicações (telefonia, satélite, cabo, fibras óticas, etc) e

da informática (computadores, periféricos, softwares e sistemas de redes),

como a Internet. Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a

televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes.

Na expressão "ensino a distância", a ênfase é dada ao papel do

professor (como alguém que ensina a distância). Já na expressão

“aprendizagem à distância” o foco está no aluno. Assim, opta-se pela

palavra “educação” que é mais abrangente, embora nenhuma das

expressões seja perfeitamente adequada.

Hoje, temos a educação presencial, semipresencial (parte

presencial/parte virtual ou à distância) e educação à distância (ou virtual).

A presencial é a dos cursos regulares, em qualquer nível, nos quais

professores e alunos se encontram sempre num local físico, chamado sala

de aula. É o ensino convencional. A semipresencial acontece uma parte na

sala de aula e outra parte a distância, através de tecnologias. A educação a

distância pode ter ou não momentos presenciais, mas acontece

fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no

espaço e/ou no tempo, podendo estar juntos através de tecnologias de

comunicação.

Outro conceito importante é o de educação contínua ou continuada,

que se dá no processo de formação constante, de aprender sempre, de

aprender em serviço, juntando teoria e prática, refletindo sobre a própria

experiência, ampliando-a com novas informações e relações.

A educação a distância pode ser feita nos mesmos níveis que o ensino

regular, no ensino fundamental, médio, superior e na pós-graduação.

Entretanto, a EAD é mais adequada para a educação de adultos,

principalmente para aqueles que já têm experiência consolidada de

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aprendizagem individual e de pesquisa, como acontece no ensino de pós-

graduação e também no de graduação.

Há modelos exclusivos de instituições de educação à distância, que só

oferecem programas nessa modalidade, como a Open University da

Inglaterra ou a Universidade Nacional a Distância da Espanha. A maior

parte das instituições que oferece cursos à distância, também o faz no

ensino presencial. Esse é o modelo atual predominante no Brasil.

A seguir, as principais definições de EAD, suas diferenças e alguns do

pressupostos para a mesma.

3. Distinção de Definições de EAD

Uma das definições mais citadas de educação a distância é a de

Keegan (1980): “o ensino a distância é o tipo de método de instrução em

que as condutas docentes acontecem à parte das discentes, de tal maneira

que a comunicação entre o professor e o aluno se possa realizar mediante

textos impressos, por meios eletrônicos, mecânicos ou por outras técnicas”.

Para Peters (apud Belloni, 1999), Educação/Ensino a Distância é um

método racional de partilhar conhecimento, habilidades e atitudes, através

da aplicação da divisão do trabalho e de princípios organizacionais, pelo uso

extensivo de meios de comunicação, especialmente para o propósito de

reproduzir materiais técnicos de alta qualidade, os quais tornam possível

instruir um grande número de estudantes ao mesmo tempo, enquanto

esses materiais durarem. É uma forma industrializada de ensinar e

aprender (Nunes, 1992).

Holmberg (1980) afirma que o termo "educação à distância" esconde-

se sob várias formas de estudo, nos vários níveis que não estão sob a

contínua e imediata supervisão de tutores presentes com seus alunos nas

salas de leitura ou no mesmo local. A educação a distância se beneficia do

planejamento, direção e instrução da organização do ensino.

Para Preti (1996) a Educação a Distância é um sistema tecnológico de

comunicação bidirecional que pode ser massivo e que substitui a interação

pessoal na sala de aula entre professor e aluno como meio preferencial de

ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e o

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Educação a Distância – UNICEUMA 10

apoio de uma organização e tutoria que propiciam uma aprendizagem

independente e flexível.

Segundo Landim (1997), educação a distância pressupõe a

combinação de tecnologias convencionais e modernas que possibilitam o

estudo individual ou em grupo, nos locais de trabalho ou fora, por meio de

métodos de orientação e tutoria à distância, contando com atividades

presenciais específicas, como reuniões do grupo para estudo e avaliação.

Moore e Kearsley (1996) afirmam que a EAD, para ter uma definição

clara, deve possuir seis elementos essenciais:

Separação entre estudante e professor;

Influência de uma organização educacional, especialmente no

planejamento e preparação dos materiais instrucionais;

Uso de meios técnicos

Providências para comunicação em duas vias;

Possibilidade de seminários (presenciais) ocasionais.

Participação na forma mais industrial de Educação.

Preti (1996) destaca os seguintes elementos da EAD:

A distância física professor-aluno: a presença física do professor ou

do tutor, isto é do interlocutor, da pessoa com quem o estudante vai

dialogar não é necessária e indispensável para que se dê a

aprendizagem. Ela se dá de outra maneira, "virtualmente";

De estudo individualizado e independente: reconhece-se a

capacidade do estudante de construir seu caminho, seu conhecimento

por ele mesmo, de se tornar autodidata, ator e autor de suas práticas

e reflexões;

Um processo de ensino-aprendizagem mediatizado: a EAD deve

oferecer suportes e estruturar um sistema que viabilizem e

incentivem a autonomia dos estudantes nos processos de

aprendizagem.

O uso de tecnologias: os recursos técnicos de comunicação, que hoje

têm alcançado um avanço espetacular (correio, rádio, TV

audiocassete, hipermídia interativa, Internet), permitem romper com

as barreiras das distâncias, das dificuldades de acesso à educação e

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Educação a Distância – UNICEUMA 11

dos problemas de aprendizagem por parte dos alunos que estudam

individualmente, mas não isolados e sozinhos. Oferecem

possibilidades de se estimular e motivar o estudante, de

armazenamento e divulgação de dados, de acesso às informações

mais distantes e com uma rapidez incrível.

a comunicação bidirecional: o estudante não é mero receptor de

informações, de mensagens; apesar da distância, busca-se

estabelecer relações dialogais, criativas, críticas e participativas.

Tripathi (1997) selecionou três critérios básicos para definir Educação

a Distância:

Separação entre o professor e os alunos durante a maior parte do

processo instrucional;

O uso de mídias instrucionais para unir professor e alunos;

A viabilidade de comunicação em duas vias entre professor e alunos.

4. Breve História da Educação a Distância

Na sua história, a EAD teve diferentes estágios ou gerações. A

primeira geração caracterizou-se pelo estudo por correspondência, cujo

meio de comunicação era o material impresso, geralmente um guia de

estudos com exercícios escritos e outras tarefas enviados pelo correio.

Muitos dos cursos à distância espalhados pelo mundo ainda são conduzidos

por correspondência.

A segunda geração da EAD iniciou-se nos anos 1970, com a criação

das primeiras Universidades Abertas. As Universidades Abertas utilizaram

uma visão sistêmica na implementação do projeto de educação à distância.

Usaram recursos de instrução por correspondência e transmissão de

material gravado através de rádio e televisão e envio de videotapes. Os

recursos utilizados pelas Universidades Abertas representaram uma

transição para o surgimento da terceira geração de EAD. Aos materiais dos

cursos, transmitidos por TV ou enviados no formato de videotape, somou-se

a interação através de telefone, satélite, cabo ou ISDN (Integrated Services

Digital Network).

A partir da década de 1990 emerge a terceira geração de EAD,

baseada em redes de computadores, recursos para conferências e

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multimídia. A EAD entrou em um terceiro momento histórico que permite a

universalização do aprendizado como conseqüência dos avanços

tecnológicos. As novas tecnologias de informação e comunicação são

recursos que podem ser interligados a vários campos da educação.

Hoje já se considera uma quarta geração de EAD, caracterizada pelo

uso de banda larga de comunicação, que permite estabelecer e manter a

interação dos participantes de uma comunidade de aprendizagem com mais

qualidade e rapidez.

Em função das tecnologias adotadas para a transmissão da

informação, a evolução do ensino a distância pode ser dividida em três

fases ou gerações: textual, analógica e digital.

4.1. Geração textual (1890 a 1960)

A EAD tem suas origens no final do século XIX com a criação, em

diferentes países, de instituições que ofereciam cursos por correspondência.

Tratava-se, fundamentalmente, de atingir um setor da população que não

tinha outra forma de acesso à educação por razões geográficas, por falta de

escolas próximas, ou por outras impossibilidades. Nesse primeiro momento

da EAD, realizava-se o ensino por correspondência com escassa ou

nenhuma interatividade entre as partes. Entre os países que mais a

impulsionaram estão a União Soviética, a Alemanha, a Grécia, a Inglaterra,

os Estados Unidos, seguidos da Austrália e da América Latina. Era basEADa

numa atitude isolada de auto-aprendizado apoiado apenas por materiais

impressos.

4.2. Geração analógica (1960 a 1980)

A segunda geração apareceu após a criação da Universidade Aberta

(Open University) do Reino Unido em 1969, ocasião em que se começava a

compreender a universidade aberta como um sistema educativo. Era o

tempo da democratização do saber. Fundamentava-se na idéia de se

oferecer uma segunda oportunidade a grandes setores da população adulta,

que não tinham tido acesso à educação quando estavam em idade escolar.

A grande marca dessa segunda geração foi um novo modelo de EAD, não

mais centrado apenas no envio de materiais impressos por correspondência,

mas combinando-o com reuniões, encontros presenciais, sessões periódicas

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Educação a Distância – UNICEUMA 13

de tutorias e emissões radiofônicas. Além disso, o modelo proposto era

respaldado por uma instituição pública que expedia a titulação oficial.

O surgimento da Open University influenciou muitos outros países,

que adaptaram o modelo institucional e pedagógico dessa instituição. Desse

modo, apareceram outras Universidades e Centros em países como

Alemanha, Paquistão, Israel, Canadá, Austrália, Costa Rica, Venezuela,

Japão, Índia, Irlanda, França e Espanha. As universidades abertas nesses

países também se basearam no modelo de auto-aprendizado com tutoria e

suporte de áudio e vídeo.

4.3. Geração digital

A terceira geração traz novos paradigmas para a educação.

Caracteriza-se pela inserção das novas tecnologias de informação e

comunicação basEADas em redes de computadores. O baixo custo e o alto

grau de interatividade dos computadores ligados em redes possibilitam

diferentes formas de distribuição e acesso às informações, imprimindo um

novo ritmo à educação. É cada vez mais comum a utilização de recursos

interativos - como correio eletrônico, bate-papo e videoconferência – para

promover encontros virtuais entre os professores e os alunos.

Essas novas tecnologias possibilitam ao indivíduo acesso a uma

educação global, em que a inovação e a descoberta são etapas

fundamentais do processo de aprendizagem.

5. EAD no Brasil

A história da EAD no Brasil iniciou-se em 1923, quando Edgard

Roquette Pinto fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (posteriormente

Rádio MEC) e deu início a programas de EAD por radiodifusão.

Em 1941 foi fundado o Instituto Universal Brasileiro (IUB). O Instituto

foi um dos pioneiros na EAD em nosso país, oferecendo cursos

profissionalizantes.

De todas as iniciativas realizadas, é o IUB que possui uma

organização de educação a distância modular, que há mais de 50 anos

desempenha um relevante papel na aplicação e modernização desse

método de ensino. Atualmente possui cerca de 160 mil alunos matriculados,

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Educação a Distância – UNICEUMA 14

aprimorando ou atualizando uma profissão e complementando assim sua

formação cultural. O Instituto ainda oferece cursos oficiais supletivos de

ensino fundamental e médio (antigo 1º e 2º graus).

Com relação aos cursos de ensino superior, Maia (2002) acredita que,

apesar da grande maioria dos cursos desenvolvidos até o momento estarem

voltados para a formação de professores, licenciatura e especializações em

EAD e em Educação Mediada pelas Tecnologias de Informação e

Comunicação (TICs), a tendência para os próximos anos é a implantação e

desenvolvimento de cursos de graduação e seqüenciais nas diferentes áreas

do saber, como administração, economia, comunicações, turismo e outros.

A seguir, no Quadro 4, são apresentados endereços de associações,

consórcios e redes ligadas à área de EAD no Brasil:

Quadro 4. Endereços de associações, consórcios e redes ligadas à área de

EAD no Brasil.

Associações Endereço

ABED - Associação Brasileira de

Educação a Distância

http://www.abed.org.br

ABT - Associação Brasileira de

Tecnologia Educacional

http://www.abt-br.org.br/

SEED – Secretaria de Educação

a Distância

http://www.mec.gov.br/seed

Instituto UVB - Universidade

Virtual Brasileira

http://www.iuvb.edu.br/

UniRede – Universidade Virtual

Pública do Brasil

http://www.unirede.br/

SOCINFO – Programa Sociedade

da Informação

http://www.socinfo.org.br

IPAE - Instituto de Pesquisas

Avançadas em Educação

http://www.ipae.com.br

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Educação a Distância – UNICEUMA 15

6. Teorias de Aprendizagem – Uma Síntese relevante para

percepções da Educação a Distância

Rosa (2005) afirma que, atualmente, pode-se caracterizar a

tendência da educação brasileira como construtivista, com ênfase na idéia

interacionista de Vygotsky (1989) ou Paulo Freire (1983). Esta abordagem

vê o aluno como construtor de seu conhecimento, mas inserido numa dada

sociedade, numa dada cultura que determina esse conhecimento. Não é a

consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência,

segundo Marx e Engels (1984), inspiradores da obra vigotskiniana e

freiriana. Assim, o ser que aprende - ou que constrói o conhecimento -

transforma a realidade, e o faz pela ação e reflexão; não há apropriação

rigorosa e definitiva entre o ser vivo e o seu meio, mas as relações são de

transformação mútua. Diz Paulo Freire (1983, p.39):

"Entendemos que, para o homem, o mundo é uma realidade objetiva, independente

dele, possível de ser conhecida. É fundamental, contudo, partirmos de que o

homem, ser de relações e não só de contatos, não apenas está no mundo, mas

com o mundo. Estar com o mundo resulta de sua abertura à realidade, que o faz

ser o ente de relações que é."

Se o ser humano pode conhecer e transformar o mundo em que vive,

a escola pode instrumentalizá-lo para isto. A escola é um espaço cultural de

conhecimento, local de crescimento de alunos e professores, uma instituição

que existe num contexto histórico de uma determinada sociedade. O

professor, agente social, tem o papel de problematizador dessa realidade,

ajudando o aluno a passar das formas mais primitivas da consciência para

uma consciência crítica. O professor cria situações para desmistificar a

cultura dominante, valorizando a linguagem e a cultura do aluno; o aluno,

por sua vez, analisa o conteúdo criticamente e produz cultura. A avaliação,

faz-se da prática e dos participantes do processo (alunos e professores).

A seguir, serão explicitados alguns conceitos importantes das

principais teorias de aprendizagem centradas em abordagens sócio-

construtivistas e que, portanto, são relevantes para o desenvolvimento da

Educação à distância.

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Educação a Distância – UNICEUMA 16

6.1. Jean Piaget e a teoria da Equilibração

Segundo Piaget, a construção do conhecimento ocorre quando

acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos que, provocando o

desequilíbrio, resultam em assimilação ,ou acomodação e assimilação

dessas ações e, assim, em construção de esquemas ou conhecimento. Em

outras palavras, uma vez que a criança não consegue assimilar o estímulo,

ela tenta fazer uma acomodação e após, uma assimilação o equilíbrio é

então alcançado.

6.1.1. Esquema

Autores sugerem que imaginemos um arquivo de dados na nossa

cabeça. Os esquemas são análogos às fichas deste arquivo, ou seja, são as

estruturas mentais ou cognitivas pelas quais os indivíduos intelectualmente

organizam o meio. São estruturas que se modificam com o desenvolvimento

mental e que se tornam cada vez mais refinadas a medida em que a criança

torna-se mais apta a generalizar os estímulos.

Por este motivo, os esquemas cognitivos do adulto são derivados dos

esquemas sensório-motores da criança e os processos responsáveis por

essas mudanças nas estruturas cognitivas são assimilação e acomodação.

6.1.2. Assimilação:

É o processo cognitivo de colocar (classificar) novos eventos em

esquemas existentes. É a incorporação de elementos do meio externo

(objeto, acontecimento,...) a um esquema ou estrutura do sujeito.

Em outras palavras, é o processo pelo qual o indivíduo, cognitivamente,

capta o ambiente e o organiza possibilitando assim, a ampliação de seus

esquemas.

Na assimilação o indivíduo usa as estruturas que já possui.

6.1.3. Acomodação:

É a modificação de um esquema ou de uma estrutura em função das

particularidades do objeto a ser assimilado. A acomodação pode ser de duas

formas, visto que se pode ter duas alternativas:

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Educação a Distância – UNICEUMA 17

Criar um novo esquema no qual se possa encaixar o novo estímulo,

ou;

Modificar um já existente de modo que o estímulo possa ser incluído

nele.

Após ter havido a acomodação, a criança tenta novamente encaixar o

estímulo no esquema e aí ocorre a assimilação. Por isso, a acomodação não

é determinada pelo objeto e sim pela atividade do sujeito sobre este, para

tentar assimila-lo. O balanço entre assimilação e acomodação é chamado de

adaptação.

6.1.4. Equilibração:

É o processo da passagem de uma situação de menor equilíbrio para

uma de maior equilíbrio. Uma fonte de desequilíbrio ocorre quando se

espera que uma situação ocorra de determinada maneira, e esta não

acontece.

6.2. Jerome Bruner e a Aprendizagem por Descoberta

Bruner (1976) preocupa-se em induzir uma participação ativa do

aluno no processo de aprendizagem, contemplando a "Aprendizagem por

Descoberta". Seu enfoque é a exploração de alternativas e o currículo em

espiral. O conceito de exploração de alternativas pressupõe que o ambiente

ou conteúdo de ensino deve proporcionar alternativas para que o aluno

possa inferir relações e estabelecer similaridades entre as idéias

apresentadas, favorecendo a descoberta de princípios ou relações. Por sua

vez o currículo em espiral permite que o aluno veja o mesmo tópico em

diferentes níveis de profundidade e modos de representação.

Para Bruner, o desenvolvimento intelectual depende da maturação para

representação e da integração. A maturação para representação depende

do nível de amadurecimento do aluno e varia com o crescimento, através de

refinamentos constantes, sendo dividida em três modos de representação

do mundo: enativo, icônico e simbólico. Através desses três modos de

representação, os indivíduos passam por três estágios de processamento e

representação de informações: manuseio e ação, organização perceptiva e

imagens e utilização de símbolos. A integração é a capacidade do sujeito

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Educação a Distância – UNICEUMA 18

transcender o momentâneo, desenvolvendo meios de ligar passado-

presente-futuro.

Um dos pontos chave para o desenvolvimento intelectual são os

ambientes abertos, onde a capacidade de representação e integração são

estimuladas, através de técnicas provenientes da exposição ao ambiente

especializado de uma dada cultura.

O modelo de aprendizagem pela descoberta de Bruner, estabelece

que se deve usar uma abordagem voltada para a solução de problemas

ao ensinar novos conceitos. As mais importantes contribuições deste

modelo para a EAD são especificar experiências de aprendizagem pelas

quais os estudantes têm de passar; relacionar um volume de conhecimento

ao nível dos estudantes; escalonar as informações de maneira que elas

possam ser facilmente compreendidas.

Bruner enfatiza a aprendizagem por descoberta, no qual se preocupa

em induzir uma participação ativa do aprendiz no processo de

aprendizagem. Para o aluno aprender deve haver situações de desafio que a

levem a resolver problemas.

Enativa (movimento, respostas motoras)

Icônica (percepção do ambiente e formação de modelos).

Simbólica (ordena e organiza as imagens com historicidade).

Bruner (1976) acredita que a solução de muitas questões depende de

uma situação ambiental que se apresente como um desafio à inteligência do

aprendiz, levando-o a resolver problemas, promovendo a transferência da

aprendizagem. Aplicação dos conhecimentos adquiridos a uma nova

situação.

Bruner distingue dois tipos de motivação: motivação intrínseca e

motivação extrínseca. O professor deve sempre estimular os alunos para a

descoberta, desafiando-os sempre. Para ele, aprendizagem é também

motivação, onde os motivos provocam o interesse para aquilo que vai ser

aprendido. Ele realça a importância da motivação e da compreensão no

processo de aprendizagem. A formação de conceitos globais, a construção

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Educação a Distância – UNICEUMA 19

de generalizações coerentes e a explicitação da estrutura funcionam como

facilitadores da aprendizagem.

Bruner apresenta 4 princípios explicativos do processo de

ensino/aprendizagem:

Motivação (reforços e motivação intrínseca);

Estrutura (modo de apresentação, economia e poder da informação);

Seqüência (apresentação motora a que se segue a icônica e por fim a

simbólica);

Reforço (feedback da ação).

Em resumo, a, teoria de Bruner inclui a participação ativa do aluno no

processo de aprendizagem, a aprendizagem por descoberta, a exploração

de alternativas, o currículo em espiral e a aprendizagem segundo as fases

internas do desenvolvimento.

6.3. Paul Ausubel e a Aprendizagem Significativa

A teoria da aprendizagem significativa tem exercido uma enorme

influência na educação e se baseia em um modelo construtivista dos

processos cognitivos humanos. Em particular, a teoria da assimilação

descreve como o estudante adquire conceitos, e como se organiza sua

estrutura cognitiva. A premissa fundamental de Ausubel é ilusoriamente

simples:

"O aprendizado significativo acontece quando uma informação nova é

adquirida mediante um esforço deliberado por parte do aprendiz em ligar a

informação nova com conceitos ou proposições relevantes preexistentes em

sua estrutura cognitiva. (Ausubel et al., 1978, p. 159)”.

Para Ausubel, o principal no processo de ensino é que a

aprendizagem seja significativa. Isto é, o material a ser aprendido precisa

fazer algum sentido para o aluno. Isto acontece quando a nova informação

“ancora-se” nos conceitos relevantes já existentes na estrutura cognitiva do

aprendiz.

Page 19: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 20

Neste processo a nova informação interage com uma estrutura de

conhecimento específica, que Ausubel chama de conceito “subsunçor”. Esta

é uma palavra que tenta traduzir a inglesa “subsumer”.

Quando o material a ser aprendido não consegue ligar-se a algo já

conhecido, ocorre o que Ausubel chamou de aprendizagem mecânica (“rote

learning”). Ou seja, isto ocorre quando as novas informações são

aprendidas sem interagirem com conceitos relevantes existentes na

estrutura cognitiva. Assim, a pessoa decora formulas, leis, macetes para

provas e esquece logo após a avaliação.

Para haver aprendizagem significativa é preciso haver duas

condições:

O aluno precisa ter uma disposição para aprender: se o indivíduo

quiser memorizar o material arbitrariamente e literalmente, então a

aprendizagem será mecânica;

O material a ser aprendido tem que ser potencialmente significativo,

ou seja ele tem que ser logicamente e psicologicamente significativo:

o significado lógico depende somente da natureza do material, e o

significado psicológico é uma experiência que cada indivíduo tem.

Cada aprendiz faz uma filtragem dos materiais que têm significado ou

não para si próprio.

Para Ausubel é importante a aprendizagem de conteúdo verbal com

sentido, aquisição e retenção de conhecimentos de maneira "significativa".

O resultado é tão eficaz quanto a aprendizagem por "descoberta", mais

efetivos por economizarem tempo do aprendiz e serem mais tecnicamente

organizados. Este autor se preocupa mais no processo de instrução com a

apresentação de conteúdo com sentido, do que com os processos cognitivos

do aprendiz. A programação de matérias deve ser feita por meio de uma

série hierárquica (em ordem crescente de inclusão), com cada organizador

avançado precedendo sua correspondente unidade.

Para Ausubel, a aprendizagem não necessita necessariamente da

motivação. Ela ocorre por si só. Para ele, quando se aprende algo, há uma

satisfação inicial, que estimula que o ato pedagógico continue se

desenvolvendo. O aspecto cognitivo é a sua maior preocupação. A

motivação para ele é crescente no momento em que o aluno conhece os

Page 20: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 21

objetivos do ensino, que devem ser claros e relacionados com o imediato.

Para ele, motivação é a própria aprendizagem.

6.4. Lev Semyonovitch Vigotsky e o Interacionismo

Vygotsky baseia sua teoria do interacionismo em uma visão de

desenvolvimento apoiada na concepção de um organismo ativo, onde o

pensamento é construído gradativamente em um ambiente histórico e, em

essência, social. A interação social possui um papel fundamental no

desenvolvimento cognitivo e toda função no desenvolvimento cultural de

um sujeito aparece primeiro no nível social, entre pessoas, e depois no nível

individual, dentro dele próprio.

Segundo Vygotsky (1988) , a interação social é origem e motor da

aprendizagem e do desenvolvimento intelectual. Todas as funções no

desenvolvimento do ser humano aparecem primeiro no nível social

(interpessoal), depois, no nível individual (intrapessoal). A aprendizagem

humana pressupõe uma natureza social específica e um processo através do

qual as pessoas penetram na vida intelectual daquelas que as cercam.

Portanto, uma atualização destas noções nos possibilita pensar o

novo estilo de pedagogia, que favorece a aprendizagem coletiva em rede

(nível social ou interpessoal) e, ao mesmo tempo as aprendizagens

personalizadas (nível individual ou intrapessoal).

Vygotsky identifica três estágios de desenvolvimento na criança e que

podem ser estendidos a qualquer aprendiz:

Nível de desenvolvimento real - determinado pela capacidade do

indivíduo solucionar independentemente as atividades que lhe são

propostas;

Nível de desenvolvimento potencial - determinado através da solução

de atividades realizadas sob a orientação de uma outra pessoa mais

capaz ou cooperação com colegas mais capazes;

Zona de desenvolvimento proximal - considerada como um nível

intermediário entre o nível de desenvolvimento real e o nível de

desenvolvimento potencial.

A "zona de desenvolvimento proximal" é potencializada através da

interação social, ou seja, as habilidades podem ser desenvolvidas com a

Page 21: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 22

colaboração entre pares. Já o nível de desenvolvimento real é considerado

como as funções mentais do indivíduo que já estão estabelecidas,

decorrentes das etapas de desenvolvimento inteiramente cumpridas pelo

sujeito.

A aplicação da abordagem de Vygotsky na prática educacional requer

que o professor reconheça a idéia da "zona de desenvolvimento proximal" e

estimule o trabalho colaborativo, de forma a potencializar o

desenvolvimento cognitivo dos alunos. Os ambientes colaborativos de

aprendizagem, apoiados em computadores e tecnologias associadas,

valorizam este tipo de abordagem, criando um espaço de trabalho conjunto.

Um outro conceito relacionado à concepção de VYGOTSKY (1988)

refere-se à necessidade da intervenção do professor/tutor para apoiar o

aluno na realização de uma tarefa complexa que ele, por si só, seria incapaz

de realizar, e foi desenvolvido por BRUNER (1976). Este conceito. indica

como o professor/tutor implementa processos de suporte que se

estabelecem através da comunicação e que funcionam como apoio ou

andaimação. O controle da tarefa é transferido gradualmente do

professor/tutor (o apoio / andaime) para o aluno. Segundo tais princípios, a

concepção e uso de ambientes interativos de aprendizagem deverão

apresentar diferentes graus de complexidade, de forma a possibilitar a cada

sujeito, em cada momento, atuações que estão nesta zona de

desenvolvimento proximal, com variados recursos de andaimação. Estes

recursos são gradativamente retirados de acordo com o desenvolvimento do

aluno.

6.5. Paulo Freire e sua Teoria Dialógica

A preocupação de Freire resultava na construção de uma nova

sociedade, em que ensinar não é transmitir conhecimentos, mas sim é a

consciência do “inacabamento”, a capacidade está em intervir sobre os

nossos próprios condicionamentos, pois somos seres únicos; se morrermos,

o mundo será diferente. Exige bom senso e apreensão da realidade, este é

o resultado de ensinar.

Para Paulo Freire é necessário romper com a forma depositária de

transmissão, transferência de valores e conhecimentos, onde a relação

Page 22: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 23

existente entre professor e aluno é de um sujeito narrador, detentor do

saber absoluto e pacientes ouvintes.

O mesmo autor ressalta ainda, a importância de contextualização

dos temas ao cotidiano e valores dos alunos:

“Somente na comunicação tem sentido a vida humana. Que o pensar do

educador somente ganha autenticidade na autenticidade do pensar dos

educandos, ambos mediatizados pela realidade, na intercomunicação. Por

isto, o pensar daquele não pode ser um pensar para estes nem a estes

imposto”.(Freire, 1983, p. 75)

A sua metodologia é conceber o aluno como aquele que se descobre

como sujeito do processo histórico, onde o "universo vocabular" e as

"palavras geradoras", partem do sensível, do imediato, do dado, do

empírico para o concreto. A dialética presente no seu pensamento constrói

uma metodologia que parte do empírico para o abstrato, do particular para

o contextualizado.

A leitura da palavra escrita deve, pois, mediatizar a leitura do mundo;

esta passagem se constrói entre educador e educandos através do diálogo.

E o diálogo é o princípio ativo da cooperação. Não existe, pois, uma ação

isolada por parte do sujeito que ensina (ou melhor, que orienta a

aprendizagem). Os sujeitos do ato educativo convivem numa relação

absolutamente horizontal, onde quem ensina, aprende e quem aprende

também ensina.

Para Freire, a educação problematizadora deveria romper com os

esquemas verticais característicos da educação bancária (enciclopedista) ,

aspecto que só seria possível com a superação da contradição entre

educador e educandos. Assim, não existiria educador do educando, nem

educando do educador, mas educador-educando e educando-educador.

Nela destaca-se a "Teoria Dialógica" de Paulo Freire, que concebe quatro

características:

Colaboração;

União;

Organização.

Page 23: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 24

Síntese cultural.

O saber, para Freire, tem um papel emancipador, pois a teoria e a

prática relacionam-se com o conhecimento e seus interesses. A mensagem

de Paulo Freire é uma pedagogia que dignifica o outro. Forma a consciência,

sem violentá-lo, sem humilhá-lo. O respeito dialético é fundamental (ter

respeito e indicar outro caminho), salto da consciência ingênua para

consciência crítica. O método consiste em fazer da pergunta um jogo: pega

a pergunta, trabalha a pergunta e volta a pergunta para o aluno, pois só

conhecemos aquilo que é significativo para nós.

6.6. Reuven Feuerstein e a teoria da Modificabilidade Cognitiva

Estrutural

Para Feuerstein, a modificabilidade é uma condição essencial para a

adaptação do ser humano. Trata-se de uma capacidade de reagir

ativamente aos estímulos, elaborando ações conscientes e com significado.

Outra condição fundamental para Feuerstein, é a de que a

modificabilidade seja estrutural. Entende-se por estrutura um todo formado

de partes que se relacionam. A modificação de uma parte implica,

necessariamente, a mudança do todo. O termo estrutural propõe uma

relação dinâmica constante da pessoa com seu ambiente sociocultural.

O autor considera a estrutura psicológica como “um sistema composto por

vários elementos interconectados que se afetam mutuamente”. Todos esses

elementos representam vários subsistemas de natureza dinâmica que se

estabelecem sobre as bases inicialmente inexistentes e desdobram-se,

principalmente, em função da interação do organismo com os estímulos

ambientais. Caracterizam-se por sua permeabilidade e por sua tendência a

interagir mutuamente e a influir uns sobre os outros.

Assim a modificabilidade cognitiva só pode ser considerada estrutural,

se reunir algumas condições: relação estreita entre o todo e a parte,

tendência a constituir-se num processo de mudança (transformação),

autoperpetuação e natureza auto-reguladora do processo de mudança.

Page 24: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 25

Autoperpetuação: corresponde à retenção, conservação expansão

de novos elementos adquiridos;

Autoregulação: refere-se á transferência e capacidade de adaptação

das aquisições recentes, que se tornam disponíveis para o indivíduo em

situações novas;

Assim, a MCE situa-se em um quadro cultural de necessidades do ser

humano, que se produzem dentro e fora dele, por relações históricas

(presente, passado e futuro). Essas necessidades asseguram a identidade

(constituição do sujeito) diante de uma realidade em movimento. O termo

identidade é empregado referindo-se ao ser humano em suas dimensões

social e cultural.

6.6.1. A Experiência da Aprendizagem Mediada (EAM)

A EAM é parte da teoria de Modificabilidade Cognitiva Estrutural de

Feuerstein, que encontra-se diretamente relacionada com a qualidade da

mediação e com os processos cognitivos e afetivos de uma pessoa.

Segundo Feuerstein, pela mediação, atingimos os dois maiores

fenômenos do ser humano: modificabilidade e diversidade. Para explicar o

primeiro conceito, o autor recorre a um importante conceito:

autoplasticidade.

Autoplasticidade: mecanismo de defesa definido como a propensão

do organismo para modificar-se e sobreviver às pressões internas e

externas; Desenvolvimento de pré-requisitos cognitivos afetivos e

motivacionais para uma adaptação mais criativa e produtiva. Consiste no

repertório de comportamentos e técnicas utilizado para neutralizar as fontes

de perigo ela mudança do ambiente e na flexibilidade para usar a

experiência passada para antecipar, facilitar e projetar eventos futuros.

A mediação é um fenômeno que surgiu com o começo da

humanidade, no momento em que o homem tomou consciência da morte e,

com ela, do desejo de prolongar sua existência, por meio das futuras

gerações. O fundamento da mediação é, portanto, transmitir a um mundo

de significados, ou seja, a cultura, entendida aqui não como classificação de

raças e etnias, mas como o conjunto de características que um povo tem

em comum.

Page 25: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 26

A teoria Behaviorista não levava em consideração conceitos como

reflexão, raciocínio e processos internos da mente. Para essa teoria, se os

estímulos externos estivessem bem selecionados e organizados, a

aprendizagem teria de ocorrer.

Modelo de representação Behaviorista

S R Muitos estudiosos não concordavam com a abordagem behaviorista,

entre eles Piaget. A perspectiva estruturalista piagetiana marcou a

psicologia e a educação contemporâneas, equacionou a aquisição do

conhecimento em processos psicológicos integrados e hierarquizados e

demonstrou que o essencial da inteligência não é a medida do seu produto,

mas sim a estruturação ativa e dinâmica da cognição. Todas essas idéias

influenciaram Feuerstein, que partiu da análise do esquema proposto por

Piaget para explicar o ato de aprender e foi além. Criou outro esquema, por

considerar que o esquema piagetiano era insuficiente para expressar as

idéias da aprendizagem mediada.

Para Piaget, o ato de aprender é expresso no esquema S-O-R, em

que o S são os estímulos, O é o organismo aprendiz e R, a resposta. Pelo

modelo piagetiano, o desenvolvimento da inteligência parte de uma

inteligência prática ,ou sensório-motora para uma inteligência cognitiva, por

meio do pensamento (abstrato, ou operatório concreto, e depois formal),

que compreende e resolve os problemas ou raciocínios lógicos.

Modelo de representação Cognitivista

S O R

Feuerstein denominou o esquema piagetiano de aprendizagem

diretiva. O organismo (O), ou aprendiz, interage diretamente com os

estímulos(S) e dá uma resposta(R). Nesse tipo de interação, a

Page 26: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 27

aprendizagem é incidental.não sendo suficiente para assegurar uma

aprendizagem efetiva, induzida. Foi nessa perspectiva que ele introduziu, no

esquema de Piaget, o elemento humano (H).

Para esse autor, a mediação é um ato de interação entre um mediador e

um mediado. No esquema proposto por ele, o mediador (H) aparece em

dois momentos: primeiramente entre o estímulo(S) e o organismo (O) e

depois entre o organismo (O) e a resposta(R). O H representa não só o

mediador, mas também o processo de transmissão que ele realiza. Por esse

esquema, o desenvolvimento cognitivo do mediado não resulta somente do

processo de maturação do organismo, nem de um processo de interação

independente e autônomo com o mundo dos objetos: é o resultado

combinado da exposição direta ao mundo de experiência de aprendizagem

mediada.

Modelo de representação da teoria de Modificabilidade Cognitiva

Estrutural (MCE)

SH O H R

A situação mediada consiste numa interação interpessoal que possui

características estruturais especiais. Em vez de relações causais com

diversos componentes fragmentados do meio ambiente, na experiência de

aprendizagem mediada existe um mediador, desempenhando o papel

educacional de atuar sobre o estímulo. O mediador seleciona, assinala,

organiza e planeja o aparecimento do estímulo, de acordo com a situação

estabelecida por ele e com a meta de interação desejada. Pela mediação, o

mediado adquire os pré-requisitos cognitivos necessários para aprender,

beneficiar-se da experiência e conseguir modificar-se. Dessa maneira, a

Page 27: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 28

aprendizagem mediada caracteriza-se como um processo intencional e

planejado.

Nesse tipo de aprendizagem, os processos de desenvolvimento e de

aprendizagem compreendem, necessariamente, a presença do “outro” como

representante da cultura e mediador de sua apropriação. É o caminho pelo

qual os estímulos são transformados pelo mediador, guiado por suas

intenções, intuições, emoções e cultura. O mediados seleciona os estímulos

mais apropriados, filtra-os, elabora esquemas, amplia alguns e ignora

outros.

A experiência de aprendizagem mediada representa um modo de

olhar a qualidade da interação, não estando especificamente relacionada a

uma conteúdo. Pode ser desenvolvida em diferentes ambientes, diferentes

culturas, com diferentes pessoas. As diferenças individuais, nas funções

cognitivas, provêm da influência do ambiente e decorrem da qualidade e da

quantidade de mediação que a pessoa recebe. Quanto mais apropriada for a

mediação ,mais efetiva a modificabilidade de quem aprende.

A mediação promove a interação do indivíduo com seu meio. Para

aprofundar a análise dessa interação, Feuerstein recorre ao conceito de

distância, da perspectiva da separação entre pessoa e objeto de interesse

ou de necessidade. Essa distância pode ser compreendida pelas relações

que foram se modificando ao longo dos tempos.

Para Feuerstein, a distância pela qual o ser humano opera o mundo

determina a natureza do processo de interação. Quanto maior for a

distância entre o ser humano e o objeto, maior será a complexidade das

relações, uma vez que as distâncias exigem processos mentais que se

manifestam como substitutos do objeto, tais como índices, signos e

símbolos, de modo que esse objeto possa ser decodificado. O conceito de

distância envolve, entre outras, as dimensões de tempo e espaço, próprias

dos processos mentais.

Feuerstein diz que, na aprendizagem do educando, a distância

também adquire um papel importante. O professor que oferece ao aluno

objetos imediatos de conhecimento, não estimulará a produção de

processos mentais que permitem a construção de metas de alcance, de

Page 28: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 29

hipóteses, de tomada de decisões. A distância entre o aluno e o que deve

conhecer é quase zero. Pensamentos mais complexos não podem ser

desenvolvidos pela simples exposição da pessoa aos estímulos básicos, aos

conteúdos ou às informações. É necessário ir além, ensinando processos de

pensar. A ausência desse processos resulta em aprendizagem passiva e

pouco significativa, na qual o educando age como mero reprodutor da

informação.

Critérios para a mediação

Feuerstein definiu critérios para uma mediação efetiva. Alguns desses

critérios são universais, não podem faltar no processo de mediação:

Intencionalidade e Reciprocidade:

Transcendência:

Significado:

Intencionalidade e Reciprocidade

São conceitos indissociáveis. O mediador isola e interpreta os

estímulos (intencionalidade) e os apresenta de maneira que resulte na

resposta (reciprocidade) do mediado.

A Intencionalidade expressa a determinação do mediador de chegar

ao mediado e ajudá-lo a compreender o que está sendo aprendido. O

mediador, deliberadamente interage com o mediado, selecionando e

interpretando estímulos específicos, meios e situações, para facilitar a

transmissão cultural e torná-la apropriada pra cada mediado, adequando-a

às suas necessidades.

A Intencionalidade não deve ser um atributo exclusivo do mediador.

Deve ser compartilhada com o mediado, na busca de um processo

interativo. Não há necessariamente uma consciência imediata da

intencionalidade por parte do mediado; essa consciência vai ser formando

ao longo do processo de aprendizagem.

O que fundamenta o conceito de Reciprocidade é que o processo de

aprendizagem deve ser intencional, não incidental, e as intenções devem

Page 29: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 30

ser compartilhadas entre mediador e mediado. Como o próprio termo

indica, envolve permuta, troca. O mediador deve estar aberto às respostas

do mediado, preparar os melhores materiais, provocar o interesse e a

motivação sobre conteúdos diversos, investir tempo na verificação do

aprendizado ,mostrar satisfação com as transformações do mediado. Este

por sua vez, mostra reciprocidade quando fornece indicações de que está

cooperando, sente-se envolvido no processo de aprendizagem e se esforça

para modificar-se. Enfim, este é um caminho que explicita uma relação

implícita e faz com que a aprendizagem se torne mais consciente.

Dimensões cognitiva e afetiva da aprendizagem

Feuerstein qualificou a modificabilidade como cognitiva, mas não

ignorou os aspectos afetivos, emocionais e motivacionais do

comportamento humano. Reconhecendo a estreita interdependência

existente entre os fatores cognitivos e afetivos e a ligação inseparável

desses dois fatores para a determinação do comportamento humano, ele

considera a cognição como condição-chave para o sucesso da adaptação e,

portanto, como ponto de partida mais eficaz para a intervenção.

Para ele, as dimensões cognitiva e afetiva são duas faces de uma

mesma meda transparente: a primeira corresponde aos elementos

estruturais que explicam como uma pessoa aprende; a segunda expressa o

fator energético do ato de aprender. Olhando-se de qualquer um dos lados,

as duas dimensões estão presentes.

A ênfase na mediação para o desenvolvimento dos processos

cognitivos baseia-se em vários argumentos. Um deles é que o domínio

cognitivo, estruturado de modo claro e metódico, presta-se mais fácil e

diretamente à análise sistemática e à pesquisa. Portanto, uma intervenção

cognitiva pode se relacionar de maneira sistemática e hierárquica com as

operações mentais, as funções cognitivas e as estratégias, bem como com

as diferentes categorias de raciocínio. Outro argumento é que trabalhar os

componentes emocionais do comportamento a “partir do exterior” pode

provocar resistência por parte da pessoa, especialmente no caso de crianças

ou adolescentes, que poderiam sentir-se ameaçados, recusando-se a

participar do processo de aprendizagem. A intervenção, voltada inicialmente

e de forma clara para os processos cognitivos “neutros”, proporciona

Page 30: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 31

maiores e melhores oportunidades de tornar-se uma motivação aceita

expressamente.

Apesar da ênfase cognitiva, Feuerstein reforça que não devemos

esquecer os aspectos motivacionais afetivos, que desempenham também

um papel fundamental para se obter sucesso em qualquer adaptação.

Observa-se, freqüentemente, que, uma vez equipadas com as ferramentas

cognitivas e com os pré-requisitos necessários à análise consciente de seus

comportamentos, atitudes, sentimentos e emoções, as pessoas acabam

manifestando uma “abertura da mente”, às vezes inesperada, e uma

disposição surpreendente para tratar voluntariamente dos fatores afetivos e

de outros, não-intelectivos, implícitos em suas dificuldades. Apesar de

valorizar as duas dimensões e considerar que elas são profundamente

integradas, Feuerstein considera a dimensão cognitiva preponderante na

adaptação da pessoa ao seu meio.

Transcendência

Para o atendimento a este critério o mediador busca ir além do “aqui

e agora” da situação em que a interação ocorre, procurando atingir

objetivos e necessidades mais longínquos e duradouros. O objetivo é

promover a aquisição de princípios, conceitos ou estratégias que possam

ser generalizados para outras situações, permitindo ao mediado superar

uma visão episódica da realidade.

Assim, a transcendência inclui:

Selecionar uma variedade de conteúdos instrucionais, de

acordo com os objetivos de desenvolvimento cognitivo

transcendente;

Perguntar “por que” e “como”, preferencialmente a “o que”;

Tornar clara a relação entre a aprendizagem atual e as

anteriores;

Discutir os resultados da aprendizagem e relacionar a

experiência da aprendizagem com os objetivos transcendentes.

Significado

A significação dos conteúdos é um meio imprescindível para penetrar

no sistema de necessidades do mediado. Trata-se de um processo de longa

Page 31: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 32

prática social. Sem o poder persuasivo de legitimamente provocar

significados, o processo de humanização não seria possível. Sem

significações, a transmissão cultural de uma geração para outra não seria

viável.

O significado diz respeito ao valor, à energia atribuída à atividade,

aos objetos e aos eventos, tornando-os relevantes para o mundo. Por esse

critério, o mediador não assume atitude neutra. Demonstra interesse e

envolvimento emocional, compartilha experiências próprias, explicita o

motivo para a realização da atividade, verifica se o estímulo apresentado

está sensibilizando o mediado.

O que aprendemos da exposição direta a objetos e acontecimentos

está rigorosamente determinado pela noção prévia sobre esses elementos e

por nossa capacidade de relacioná-los com nossas aprendizagens

anteriores. Por outro lado, nossos conceitos podem se modificar, entretanto

é pouco provável que isso ocorra sem uma intervenção de mediação.

7. Os sistemas para EaD

7.1. Sistemas de administração de aprendizado (LMS)

Um LMS (Learning Management System) ou Sistema de Gestão de

Aprendizagem tem como principais objetivos centralizar e simplificar a

administração e gestão dos programas de e-learning numa organização. De

forma sumária, este sistema cobre todo o processo formativo a distância,

possuindo interface de alunos, instrutores, de administradores e parte

administrativa, como inscrições, relatórios, etc. O sistema auxilia

colaboradores ou alunos a planificarem os seus processos de aprendizagem,

bem como permite que os mesmos colaborem entre si através da troca de

informações e conhecimentos. No caso dos administradores, o sistema

auxilia a análise, a disponibilização das informações, o “rastreamento” de

dados e a geração de relatórios sobre o progresso dos participantes. Os

LMS's possuem recursos que permitem a rápida e simples criação de

conteúdos formativos.

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Educação a Distância – UNICEUMA 33

7.2. Sistemas de administração de conteúdo de aprendizado

(LCMS's)

Um Learning Content Management System (LCMS) combina os

recursos de administração e gestão de um tradicional LMS com as

funcionalidades de criação e personalização de conteúdos. Nele é possível

encontrar bibliotecas repletas de objetos de aprendizagem que podem ser

utilizados independentemente ou em conjunto como parte de cursos mais

completos.O (LCMS) permite a criação, armazenamento, avaliação e

fornecimento personalizado de conteúdos de aprendizagem sob a forma de

objetos de aprendizagem (Learning Objects). O resultado obtido poderá ser

fornecido através da Web, CD-ROM’s, ou através de materiais impressos. O

mesmo objeto pode ser utilizado várias vezes e com as finalidades que se

bem entender. A integridade do conteúdo é preservada independentemente

da plataforma utilizada. Assim, um LCMS categoriza, localiza e administra

objetos de aprendizagem (slides, testes, videoclipes, ilustrações, módulos

de cursos) e os organiza para a entrega em infinitas combinações.

8. Aprendizagem Colaborativa

Dillenbourg (1992) define aprendizagem colaborativa como um

conjunto de métodos e técnicas de aprendizagem para utilização em grupos

estruturados, assim como de estratégias de desenvolvimento de

competências mistas (aprendizagem e desenvolvimento pessoal e social),

onde cada membro do grupo é responsável, quer pela sua aprendizagem

quer pela aprendizagem dos restantes elementos. (Minerva, 2000)

Minerva (2000) em Pinheiro (2003) coloca alguns elementos básicos da

aprendizagem colaborativa:

Interdependência do grupo: Os alunos, como um grupo, têm um

objetivo a perseguir e devem trabalhar eficazmente em conjunto para o

alcançar. Primeiro, os alunos são responsáveis pela sua própria

aprendizagem; segundo, por facilitar a aprendizagem de todos os membros

do grupo; terceiro, por facilitar a aprendizagem de alunos de outros grupos.

Todos os alunos interagem e todos contribuem para o êxito da atividade.

Interação: Um dos objetivos da aprendizagem colaborativa é o de

melhorar a competência dos alunos para trabalhar em equipe. Cada

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Educação a Distância – UNICEUMA 34

membro do grupo deve assumir integralmente a sua tarefa e disponibilizar

espaço e tempo para partilhar com o grupo e, por sua vez, receber as suas

contribuições. A vivência do grupo deve permitir o desenvolvimento de

competências pessoais e, de igual modo, o desenvolvimento de

competência de grupo como: participação, coordenação, acompanhamento,

avaliação. Periodicamente deve ser realizada uma avaliação da

funcionalidade do grupo, a fim de se conhecer o seu processo de

desenvolvimento.

Pensamento divergente: Não deve haver nenhum elemento do grupo que

se posicione ostensivamente como líder ou como elemento mais “esperto”,

mas uma tomada de consciência de que todos podem pôr em comum as

suas perspectivas, competências e base de conhecimentos. As atividades

devem ser elaboradas de modo que exijam colaboração em vez de

competição (tarefas complexas e com necessidade de pensamento

divergente e criativo).

Avaliação: Os métodos para a avaliação independente são baseados em

jogos de perguntas, exercícios, observações da interação do grupo e

heteroavaliação.

O processo de interação na aprendizagem colaborativa é muito

dinâmico pois as pessoas estão ao mesmo tempo construindo e registrando

suas idéias com a permissão dos demais participantes, o que lembra uma

conversação em tempo real (bate-papo). Porém, esta conversa quando

apoiada por ambientes computacionais torna-se um pouco mais estruturada

até por estar sendo documentada (registrada).

9. Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Souza (2000) nos coloca que uma comunidade virtual pode ser

definida como uma comunidade de pessoas compartilhando interesses em

comum, idéias e relacionamentos, através da Internet, ou outras redes que

propiciem a colaboração. As comunidades virtuais podem ser diferenciadas

de outros grupos de discussão pela qualidade dos laços de relacionamento

entre os participantes. Comunidades virtuais são formadas a partir do uso

contínuo dos ambientes de comunicação mediada por computador (CMC).

Page 34: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 35

Rojas (1995) EM Pinheiro (2003) coloca os benefícios de participar de

um grupo de discussões em ambientes de comunicação mediada por

computadores, que são as sementes das comunidades virtuais:

Ter contato com novas idéias, lançamentos e eventos no campo de

estudo;

Ter a chance de obter rapidamente respostas de qualidade;

Ter acesso a materiais de qualidade ou links para estes materiais;

Aprender sobre o meio em si;

Adquirir o sentimento de fazer parte de uma comunidade de

interesse;

Ter a oportunidade de expressar idéias e sentimentos;

Ter a oportunidade de intensificar contatos com pessoas

compartilhando interesses similares.

10. Meios/Veículos para EaD

Todo curso na modalidade a distância é realizado com a mediação do

processo entre o professor e aluno dando-se através de alguma mídia, seja

ela de caráter síncrono ou assíncrono, com um grau maior ou menor de

interatividade e de interação.

A seguir os principais meios/mídias a serem utilizados nos cursos do

Senac DF.

10.1. Meio Impresso

Embora muitos modelos de EAD se voltem para o uso de mídias

digitais o material impresso continua como a mídia mais usada e de maior

custo benefício nos programas de educação a distância.

Willis (1996) nos coloca que o material impresso é fundamental na

educação a distância. Os primeiros cursos a distância foram oferecidos por

correspondência e através de material impresso, auxiliando também no

desenvolvimento dos meios de entrega do material.

As vantagens do material impresso segundo o autor, é o fato de ele

poder ser usado em qualquer lugar, ser pedagogicamente claro, fácil de

usar, de se referenciar, mas por ser um meio unidirecional, o material

impresso possui suas limitações: a falta de interação é a grande

Page 35: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 36

desvantagem do impresso. Por não possuir movimento ele provê ao aluno

uma visão limitada da realidade.

O mesmo autor nos mostra algumas formas do material impresso:

Livro Texto – É o recurso básico e fundamental para a entrega de

conteúdo da maioria dos cursos a distância.

Guia de Estudo – Usado para reforçar pontos vistos durante a aula,

inclui exercícios, leituras relacionadas e recursos adicionais para os

estudantes.

Livros de Exercícios – Contém uma visão geral do conteúdo, o

conteúdo a ser estudado, exemplos e modelos aplicados, exercícios

com respostas e mecanismos de interação.

Programa do Curso – Fornece as metas e objetivos do curso,

descrição de tarefas, leituras necessárias, critérios de avaliação e

material a ser ensinado dia a dia. O programa deve ser o mais

completo possível para que não gere dúvidas nos alunos e consiga

guiá-los na falta de contato face a face com o professor.

Estudo de Caso – São utilizados para expandir os limites do material

impresso, trazendo casos reais contextualizados em assuntos

familiares aos alunos.

10.2. Vídeo

O vídeo em Educação a Distância torna-se um complemento muito

importante para o material impresso; muitos assuntos abordados em papel

podem ser melhor explicados através de imagens em movimento. Algumas

ferramentas da Internet nos dias de hoje permitem ao aluno assistir a

vídeos com uma qualidade razoável de imagem, potencializando ainda mais

o seu uso na Internet.

Sua popularidade se deve em grande parte ao fato dos equipamentos

necessários para seu uso (televisão e vídeo) serem de fácil utilização; em

razão de ser gravado e entregue 31 em uma fita, torna possível ser

assistido várias vezes, podendo ser pausado, rebobinado e guardado para

utilizações futuras.

A facilidade de uso do vídeo por parte dos alunos dá aos projetistas do

curso a possibilidade de integrar o vídeo com outros materiais do curso. Os

Page 36: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 37

estudantes podem passar do vídeo para o material impresso e novamente

para o vídeo. Algo que foi lido pode ser melhor entendido ao ser visualizado

em um vídeo. A seguir, algumas aplicações do vídeo em aspectos

motivacionais ou comportamentais para alunos a distância:

Amenizar o isolamento do aluno;

Mostrar mudanças de atitude ou opinião;

Criar uma empatia por pessoas ou procedimentos;

Encorajar e inspirar persistência;

Entreter, envolver e divertir;

10.3. Computador

O computador ao lado da Internet pode ser considerado a grande

mídia potencializadora de EAD, já que a maioria das mídias usadas em EAD

podem ser reproduzidas nos microcomputadores. A grande capacidade de

armazenamento, a possibilidade de reprodução de vídeos, som, imagens,

material impresso e da própria Internet tornam esta mídia uma das mais

completas para a educação a distância. Willis (1996) divide as aplicações

por computador para Educação a Distância em 4 grandes categorias:

CAI – Computer Assisted Instruction – usa o computador como uma

máquina pedagógica auto-suficiente, apresentando lições discretas para

atingir objetivos educacionais específicos. Existem inúmeras modalidades de

CAI, incluindo instrução e prática, tutoriais, simulação, jogos e solução de

problemas.

CMI – usa armazenagem e recuperação de dados para organizar a

instrução e acompanhar o progresso e os trabalhos dos alunos. A instrução

não é necessariamente apresentada pelo computador, apesar de CMI

freqüentemente ser combinada com o CAI.

CMC – Computer Mediated Communication – descreve as aplicações via

computador que facilitam a comunicação. Como exemplo podemos citar

Email, computer conferencing e eletronic bolletim boards.

Computer Based Multimídia – Hypercard, hypermidia - são uma

geração ainda em desenvolvimento, de ferramentas sofisticadas e

poderosas que têm chamado a atenção de educadores a distância. O

Page 37: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 38

objetivo é integrar várias tecnologias, tais como, voz, vídeo e computadores

em uma única interface facilmente acessível

10.4. CD- ROM

O material didático com recursos multimídia é gravado em CD-ROM.

Pode ser tratado como um site de Internet. Portanto, e possível desenvolvê-

lo com ferramentas para interatividade e integração multimídia. Dispõe de

grande capacidade de armazenamento e rápido acesso às informações, o

que é uma vantagem em relação a um site. Além disso, pode ser

largamente distribuído, pois a mídia (CD) é barata.

10.5. Internet

Scheer (1999) em Pinheiro (2003) coloca que a internet é uma rede

mundial de computadores interligada no mundo inteiro; estimativas revelam

que no ano de 1999 já havia mais de 200 milhões de usuários no planeta.

O surgimento da World Wide WEB ou WWW ou simplesmente WEB, abre um

novo cenário para Educação a Distância. Ela intensifica o uso da Internet, a

rede global de computadores. Trata-se do uso de browsers ou softwares

ditos de navegação pela Internet com interface gráfica e janelas. Ferraz at

al. (2000) coloca que a aplicação da Internet, especialmente a WEB para

fins de educação a distância, é um dos campos de maior pesquisa

atualmente por parte de educadores. Inúmeros fatores dão crédito para

este entusiasmo, respaldados pela rápida expansão da rede, e a inerente

distribuição de documentos. O mesmo autor ainda nos coloca outras

vantagens que contribuem para a Internet como meio para a educação a

distância:

Facilidade de Acesso – são vários os provedores de acesso à Internet,

sem contar com a forte tendência de que todo o computador esteja

conectado “full time” à Internet num futuro não muito distante;

Diminuição de custos com educação – a utilização de cursos de longa

distância requer investimentos bem mais modestos do que no ensino

presencial tradicional, como instalações físicas, etc;

Page 38: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 39

Possibilidade de customização do processo de aprendizado – Os

alunos podem estudar em horários de sua preferência, em casa, com uma

carga de trabalho diferente e adequada a cada um;

Aumentar a capacidade de interação entre professores tutores e

alunos – Através da utilização do correio eletrônico, das listas de discussão

e grupos de notícias, o processo de troca de informação entre

instrutor/aluno acontece de uma maneira mais efetiva do que nas formas

mais antigas de ensino a distância, onde praticamente não havia interação;

Interesse por parte de desenvolvedores de software – No começo,

apenas instituições acadêmicas vinham realizando pesquisas sobre a

utilização da WEB para educação a distância. Agora, empresas que

desenvolvem software já vêem na educação a distância pela WEB, uma

grande possibilidade para a venda de produtos relacionados com a área;

Tecnologia Adequada – Embora a WEB não tenha sido inicialmente

projetada para aplicações de educação a distância, o uso das tecnologias

atualmente presentes na rede já possibilita a realização de aulas a

distância;

As correções e atualizações são bem mais simples – Diferente de um

livro, que para ser alterado precisa de um processo demorado de editoração

e revisão, as alterações na WEB são realizadas de forma digital, rápida e

eficaz; é possível utilizarem-se diversos meios de comunicação, tais como

texto, imagens, comunicação entre professores, professores e alunos, e

entre alunos.

Feedback ao aluno – O aluno tem mais facilidade de verificar como está

seu rendimento, fazer comparações e verificar no que pode melhorar.

O nível de desenvolvimento em relação à hipermídia na Internet, hoje,

permite a geração de aplicações instrucionais (coursewares), típicas

aplicações multimídia de treinamento, ambiente com interface de imagens

visuais ricas e diferentes, que possam intensificar a compreensão de

conceitos complexos com mecanismos adequados ao processo de

ensino/aprendizagem.

Page 39: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 40

10.6. Lista de Discussão/ Fóruns

Gonçalez (2005), coloca que a utilização de listas de discussão

facilitam bastante a comunicação, que se dá vai difusão (broadcast), uma

mensagem postada é encaminhada para um determinado grupo

pertencente à lista.

Fóruns podem devem ser gerenciados, de acordo com os objetivos

instrucionais a serem contemplados pelo tutor. Para tanto, tal ferramenta

pode ser utilizada para:

1. Postagem de notícias sobre o curso, substituindo o “painel/mural de

notícias”. Neste caso, apenas tutores e coordenação pedagógica

postam mensagens, aos alunos cabe apenas a visualização;

2. Postagem de feedbacks de atividades de grupo. Neste caso, apenas o

grupo a receber o feedback será inserido na lista;

3. Para debates sobre textos lidos, vídeos, áudios, etc. Neste caso os

tutores restringem as postagens dos alunos ao “comando” ou

“postagem inicial” feitos pelo tutor, permitindo apenas respostas ou

ainda, podem permitir a criação de novos tópicos de discussão,

dentro do assunto tratado.

10.7. Bate-Papo/Chat

“É um serviço de comunicação síncrona bastante popular. Permite a

troca de mensagens escritas; pode ser implementado através de um

programa específico ou ser integrado em páginas Web.

“Tais ferramentas promovem discussões interativas entre duas ou

mais pessoas simultaneamente, disponibilizam uma ou mais “salas” (canais)

para discussão de assuntos distintos e permitem que se enviem mensagens

para todos os usuários conectados num canal ou apenas para um usuário,

privativamente. Existem sites que oferecem salas de bate-papo aos

usuários.”

10.8. Newsgroups

É um serviço parecido com listas de discussão, com algumas

diferenças:

Page 40: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 41

As mensagens não são enviadas para caixas postais. Em vez disso,

ficam armazenadas em um servidor especial;

As mensagens são armazenadas hierarquicamente, de acordo com as

linhas de discussão, o que facilita o registro e o acompanhamento dos

vários assuntos.

Exige um software especial para acessar o servidor de news e ler as

mensagens. Esse software integra os principais navegadores Web.

10.9. Correio Eletrônico/E-mail

É a forma de comunicação mais usada na Internet. Permite a troca de

mensagens escritas e o envio de arquivos anexados às mensagens, em

qualquer formato (áudio, imagem, filme, textos, etc).

O usuário dispõe de uma caixa postal eletrônica exclusiva, na qual

são armazenadas as mensagens recebidas. Além de fácil de usar, o e-mail é

bastante confiável e amplamente acessível a qualquer usuário de Internet.

Por se uma forma de comunicação assíncrona, permite que as

mensagens recebidas sejam analisadas com cuidado antes de serem

respondidas, proporcionando um tipo de interação mais ponderado entre

tutores e alunos.

11. A tutoria em Educação a Distância

11.1. Professor, Tutor e Educador

Emerenciano (1998) afirma que a relação no processo de tutoria tem

tríplice aspectos: professor, educador e tutor. O professor se projeta

quando colabora com o estudante para acordar a crítica e a criatividade,

quando são colocadas no plano de julgamento e aproveitamento do já

vivenciado.

O educador assume seu papel, quando o foco principal são os valores

que induzem à autonomia. Desta visão, os dois papéis se concretizam no

processo de tutoria. Em outras palavras, tratando-se de construção do

saber, a tutoria é marcada pelo trabalho de estruturar os componentes de

Page 41: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 42

estudo, orientar, estimular e provocar o participante a construir o seu

próprio saber, partindo do princípio de que não há resposta feita, a cada um

compete “criar” um pronunciamento marcadamente pessoal.

Segundo a autora, na tutoria há uma dimensão de busca que

perpassa a aprendizagem e caracteriza-se como uma presença. A presença

é representada como um campo em que podem conviver passado e futuro,

subsidiando projeções a serem vividas autonomamente.

A tutoria caracteriza-se por seu caráter solidário e interativo,

possibilitando o relacionamento da pessoa como um ser existente e

vivenciado como eu, tu, nós e outros, do que decorre em conjunto de

dificuldades, inclusive para colocar-se “entre” outros, como uma presença

que se põe intencionalmente.

O tutor é sempre alguém que possui duas características essenciais:

domínio do conteúdo técnico-científico e, ao mesmo tempo, habilidade para

estimular a busca de resposta pelo participante.

É importante esclarecer que o termo “tutor” tem sido utilizado de

forma indiscriminada. Muitas vezes o termo é utilizado de forma natural

sem uma ressignificação. O movimento de ressignificação deve superar a

idéia do tutor como aquele que ampara, protege, defende, dirige ou que

tutela alguém. Na nossa ressignificação, trabalhar como tutor significa ser

professor e educador. Ambos expressando-se no sistema de tutoria a

distância.

A orientação educativa no processo de tutoria considera como

relevante as necessidades dos participantes e o contexto educativo do

mesmo. Daí, o conceito de tutor vai alargando-se e mesclando-se com os

conceitos de professor e educador.

A tutoria é exercida em momentos diferenciados, podendo ocorrer

diretamente ou a distância. Destaca-se que em qualquer dos dois

momentos – diretamente ou a distância – o contato com o aluno não

consiste em um “jogo” de perguntas e respostas, consiste em discutir e

indicar bibliografia que amplia o raio de visão do educando, para que seja

possível desenvolver respostas críticas e criativas, consideradas como

Page 42: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 43

momentos para ampliação básica do “saber”, voltadas para oportunizar a

análise de possibilidades de aplicação prática do saber conquistado.

No processo de orientação a distância o atendimento realiza-se a

partir da necessidade do aluno, que busca situar-se no contexto da

aprendizagem. Neste caso, recursos tecnológicos são os intermediários do

diálogo do tutor com o participante. O tutor deve contribuir com

informações adequadas para o processo de construção do conhecimento do

aluno.

Evidentemente, o tutor deve ter domínio do conhecimento em

processo, além da habilidade de problematizar e indicar fontes de consulta.

Pode-se dizer que o tutor é um especialista, tanto no que concerne ao

conteúdo do trabalhado na Unidade, como nos procedimentos a adotar para

estimular a construção de respostas pessoais.

É essencial que o tutor esteja plenamente consciente do seu papel:

não basta dominar o “conteúdo trabalhado”, é essencial saber “para que” e

“o significado do proposto”.

12. O Projeto de Tutoria

Gonzalez (2005) afirma que o termo tutor vem sendo utilizado de modo

indiscriminado e que os conceitos de professor, tutor, monitor e

facilitador merecem análise, pois se complementam, ao mesmo tempo

em que se diferenciam quanto às propostas educacionais e didático-

pedagógicas. Adiante, todos esses conceitos serão apresentados e todas

as sobreposições serão discutidas e avaliadas.

12.1. Valores, Capacidades, Atitudes e Disposição no Trabalho de

Tutoria

Atuar no terreno da educação é trabalhar com valores e, por isto,

admitimos a necessidade de uma reflexão sobre os valores significativos

que norteiam o trabalho de tutoria em cursos a distância.

As relações que se estabelecem entre os valores - transcendental,

ético, moral, liberdade - são claramente destacadas na educação brasileira.

Educar é valorizar o homem e a mulher, como princípio norteador de toda

proposta educativa.

Page 43: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 44

Ao admitir o princípio de valorização do homem e da mulher, tem-se

que pensar de onde ele provém e o que o torna significativo. Parece

evidente que sua origem se encontra nas dimensões no “ser de

transcendência” e, ao mesmo tempo, biopsicossocial. Essas duas

dimensões devem ser valorizadas em favor de todas as possibilidades de

realização. O educador não é aquele que simplesmente forma, mas ao

formar está se formando e ao mesmo tempo re-forma cotidianamente o seu

processo de formação. Diante disto, para a concretização do

acompanhamento aos alunos, consideramos quatro aspectos fundamentais

do tutor:

Capacidades

Domínio dos conhecimentos básicos da informática;

Capacidade de expressão;

Competência para a análise e resolução dos problemas;

Conhecimentos (teóricos e práticos);

Capacidade para buscar e interpretar informações;

Valores

Responsabilidade social;

Solidariedade;

Espírito de Cooperação;

Tolerância;

Identidade Cultural;

Atitudes

Promoção da educação de outros;

Defesa da causa da justiça social;

Proteção do meio ambiente;

Defesa dos direitos humanos e dos valores humanistas;

Apoio à paz e à solidariedade;

Disposição

Para tomar decisão;

Para continuar aprendendo;

Estes aspectos nos permitem verificar se a práxis corresponde

aos valores priorizados, conhecimentos, capacidades e atitudes projetadas,.

Page 44: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 45

13. O aluno virtual

Segundo Pallof e Pratt (2004), estudos mostram que o aluno virtual

de sucesso tem a mente aberta e compartilha detalhes sobre sua vida,

trabalho e outras experiências educacionais. Isso é bastante importante

quando pedimos aos alunos online para que ingressem em comunidades de

aprendizagem a fim de que utilizem determinado material do curso. Os

alunos virtuais são capazes de usar suas experiências no processo de

aprendizagem e também de aplicar sua aprendizagem de maneira contínua

a suas experiências de vida.

13.1. Características do aluno virtual de sucesso e passos para

tornar seu aluno bem sucedido:

A. Não se sente prejudicado pela ausência de sinais auditivos ou visuais

no processo de comunicação. Pode até se sentir mais livre pela

ausência desses sinais, ficando à vontade quando se expressam e

contribuem para a discussão, em grande parte, através de textos;

B. Tem automotivação e autodisciplina. Com a liberdade e flexibilidade

do ambiente online vem a responsabilidade. Os sinais de problema do

aluno online são diferentes, mas igualmente óbvios. Indicadores

importantes e que não devem passar despercebidos são: mudanças

no nível de participação, dificuldades em começar o curso; inflamar-

se com outros alunos ou com professor pela expressão inadequada

de emoções, especialmente raiva e frustração e dominar a discussão

de maneira inadequada.

C. O bom aluno virtual deseja dedicar quantidade significativa do seu

tempo semanal a seus estudos e não vê o curso como “a maneira

mais leve e fácil de obter créditos ou um diploma”.

D. Trabalha em conjunto com seus colegas para atingir seus objetivos

de aprendizagem e os objetivos estabelecidos pelo curso.

E. Pensa criticamente, tendo a consciência de que o professor é um

mediador, um facilitador do processo de aprendizagem online e que

ele é o próprio responsável pelo processo.

F. Acredita que a aprendizagem de alta qualidade pode acontecer em

qualquer lugar e a qualquer momento.

Page 45: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 46

Estratégias Motivacionais

A partir dos valores, conhecimentos, capacidades, atitudes e

disposição, o tutor, ao se formar, inicia o processo de formação dos seus

respectivos alunos na direção da construção da autonomia, criando a todo

momento as possibilidades de construção do conhecimento.

Destaca-se nesta fase, a necessidade de se implementar estratégias

motivacionais em relação à aprendizagem dos alunos, centrando nos

seguintes referenciais:

Valorizar as iniciativas dos alunos;

Devolver as sistematizações da aprendizagem no tempo

estabelecido;

Indicar leituras complementares;

Estimular o posicionamento dos alunos;

Utilizar o senso de humor quando conveniente e articulado ao

conteúdo da aprendizagem do aluno;

Auxiliar nas interpretações de algum conteúdo;

Propiciar que o aluno procure outros alunos;

Criar um clima propício para que se problematize o estudado;

Apresentar, na medida do possível, de questões existenciais

que estimular a reciprocidade entre os alunos e tutores;

Utilizar uma linguagem conversacional, sendo clara, coerente e

bem articulada;

Contextualizar, quando pertinente, a questão que está sendo

abordada, relacionando a algum fato ou acontecimento

recente;

Comunicação

Comunicar implica busca de entendimento, de compreensão. Verifica-

se pela transmissão efetiva de sentimentos e idéias. Envolve uma

dinâmica em que seus elementos essenciais, quais sejam, fonte,

receptor, mensagem, código e canal, interagem para sua realização. Esta

dinâmica dada a necessidade efetiva de compreensão da mensagem,

Page 46: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 47

precisa considerar aspectos contextuais e ambientais traduzidos nos

parâmetros de ruídos e entropias, e as redundâncias a eles associados.

A comunicação ocorre numa dimensão espacial e temporal. Do ponto

de vista da dimensão espacial, a comunicação pode se dar entre

membros localizados em um mesmo ambiente físico, ou em locais

distintos. Neste texto, estamos interessados pelo segundo caso, que

caracteriza o processo não presencial. Neste caso, o suporte a

mecanismos de controle sobre atividades e conteúdos, tais como

restrições de acesso específicas sobre uma informação compartilhada em

dado momento ou a especificação de um protocolo de conversação, e um

processo de negociação que antecederia a cooperação propriamente dita

e que delimitaria o papel de cada agente segundo normas consensuais,

tentam resolver as dificuldades impostas pela limitação de canais viáveis

disponíveis. Equilibrar o uso deste tipo de mecanismo com estes

objetivos finais é o grande desafio proposto pelos que são incumbidos

dessa tarefa. Considerando a dimensão temporal, a comunicação pode

ocorrer de forma assíncrona ou síncrona. Na comunicação assíncrona não

é necessário que os participantes estejam conectados simultaneamente.

Neste caso, o objetivo da mensagem não exige uma resolução imediata,

sendo que cada interação é gerenciada e armazenada pelo sistema. Por

sua vez, na comunicação síncrona, os eventos ocorrem de maneira

absolutamente seqüencial, com cada evento levando um tempo

essencialmente nulo para se completar. Sob o ponto de vista de um

observador externo, o sistema é constituído de eventos discretos e

nenhum dos quais pode se sobrepor a um outro.

Co-realização e Compartilhamento

A cooperação muitas vezes envolve o desenvolvimento de algum

produto ou objeto. Durante o trabalho, este objeto é compartilhado e

manipulado pelos membros do grupo, o que caracteriza a co-realização e o

compartilhamento. Define-se compartilhamento como a possibilidade que

membros de um grupo de trabalho possuem de ter acesso comum e

dividido a informações, objetivos ou idéias. Quando um grupo compartilha

Page 47: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 48

um objeto e passa a efetuar ações sobre ele, corre o risco de utilizá-lo de

forma indevida, uma vez que várias ações podem estar sendo realizadas

simultaneamente. Aqui acentua-se a necessidade de algum tipo de controle,

segundo os objetivos gerais da tarefa. Se houver a necessidade de um

planejamento antecedente à realização dos trabalhos, algum tipo de

intervenção deverá reger a participação de cada um dos membros do grupo

em função das diretrizes gerais daquele planejamento.

A escrita na Educação a Distância

Segundo Laaser (1997), há uma certa diferença entre escrever em

geral e escrever para programas de educação a distância. Sobre o primeiro,

o autor defende a distinção entre redação criativa e redação social. A

redação criativa é expressiva. É a reconstrução significativa da realidade em

canções e contos (pág. 63). A redação social é expositiva. É passar às

pessoas as novas informações, ensinar-lhes novas técnicas e atitudes,

necessárias à participação na vida social, política e econômica da nação. A

redação expositiva pode ser “criativa” também, mas a sua missão social é

suprema.

A redação para EAD é essencialmente didática, mas com uma forte

obrigação no sentido de comunicar-se com os leitores, e com uma missão

social muito clara. Uma vez que o estudante a distância está

freqüentemente sozinho, é muito importante manter uma comunicação com

ele.

Laaser afirma que existem dois tipos diferentes de redação para EAD.

Um envolve “guias de estudo” para livros-textos ou outro tipo de material

de leitura. O propósito desses guias de estudo é ajudar o leitor de um livro-

texto padrão (e-book) a dominar a matéria apresentada no mesmo.

Separados do livro-texto, esses guias de estudo não são de muito uso

instrucional. O outro tipo de redação para educação a distância envolve o

desenvolvimento de materiais “auto-suficientes”.

Para que os materiais para educação a distância adquiram um caráter

de “conversação didática”, as seguintes características devem ser

incorporadas a eles:

Page 48: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 49

Materiais para EAD devem ser estruturados como “instrução

programada sem moldura”

Materiais para EAD devem ser livremente permeados por uma

variedade de mecanismos motivacionais e instrucionais

Instrução Programada sem Moldura

Instrução programada sem moldura quer dizer que o material é

escrito de uma maneira didática ,os conceitos e argumentos são claros e a

estrutura da unidade é explicada ao aluno. O material é apresentado em

pequenos passos e existem oportunidades de obter respostas e

proporcionar reforço.

Mecanismos Motivacionais Instrucionais nos Textos

Textos para educação a distância devem ser criados de modo a serem

interativos. Isso exige mais do que o esforço propiciado pela conferência

dos resultados em um livro-texto. Precisamos de uma variedade de

mecanismos motivacionais e instrucionais.

O Uso da Abordagem Indutiva

Quando se usa o método dedutivo se escreve do geral para o

específico, ou do todo para as partes, de um princípio para suas aplicações,

ou do abstrato para o concreto.

A abordagem indutiva pode ser mais fácil de entender. Usando as

experiências concretas dos alunos, pode-se escrever antes sobre o mais

específico, dando exemplos reais. Primeiro escreve-se sobre o que é familiar

aos alunos, e então se demonstra os princípios que fundamentam tais fatos.

Utilizando-se de observações dos próprios alunos, extrai-se conclusões.

Controle da carga de conceitos

Controlar a carga de conceitos é uma maneira de auxiliar os alunos

na aprendizagem. A diminuição do tom professoral, catedrático aumenta a

probabilidade da geração de diálogos mais produtivos.

Page 49: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 50

Densidade de Informação

Educação a distância é uma conversação didática com os alunos. Para

tanto, a compreensão deve ser imediata. Evidências apontam que, em cada

mensagem, 80% do que se apresenta já deve ser conhecido, e apenas 20%

deve ser, de fato, ensinado, dialogado, debatido. Conseqüentemente, novos

conceitos e palavras devem ser introduzidos cuidadosamente. Para tanto, é

necessário explicar tais conceitos e termos novos, especialmente em se

tratando de terminologia técnica. Sugestões: disponibilizar um glossário de

termos técnicos para a unidade ou curso; fazer com que todos os conceitos

se tornem concretos por meio de exemplos específicos.

Concisão e Relevância da Informação

Segundo Laaser é importante distinguir o que deve ser aprendido do

que é bom ou agradável aprender. Para tanto, o tutor deve evitar rodeios

ou fugir do ponto central da questão. Deve tornar seu texto relevante,

utilizando exemplos extraídos das experiências vividas dos alunos.

Estímulo adicional

Uma conversação didática significa interação entre tutor e alunos,

entre alunos e o texto. Portanto, um bom texto deve ser estimulante e levar

à reflexão, adicionando questões e atividades para pensar, fazer e discutir.

Escolha do estilo apropriado

Não existe um melhor estilo de escrita. O melhor é o estilo próprio.

Entretanto, é importante se ter em mente que, ao escrever para EAD, um

texto tenha incorporado todas as características estilísticas de um bom

ensino face a face. Segue algumas sugestões.

Ser amigável e incentivador;

Criar e estimular diálogos;

Levantar discussões, pedindo considerações, críticas e

complementações;

Usar estilo pessoal, referindo-se ao aluno como “você” e a si mesmo

como “eu”;

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Educação a Distância – UNICEUMA 51

Permitir a ampla troca de informações adicionais e o aprofundamento

das mesmas;

Incentivar o levantamento de questões;

Enfim, gerar uma real comunicação bidirecional.

Combinação entre estilo pessoal e o assunto tratado

Embora o estilo pessoal seja incentivado, esse deve estar adequado,

até certo ponto, com o assunto que está sendo tratado. Escrever sobre

filosofia da educação é diferente de se escrever sobre escrituração e macro-

economia, por exemplo. Portanto, abordagens diferentes são necessárias.

Escolha entre uma escrita mais aberta e reflexiva e entre uma escrita mais

concreta, com dados, fatos e informações adicionais, como listas, tabelas e

figuras. Vale o bom senso.

Linguagem acessível

O que se escreve de ser compreensível e adequado às habilidades de

leitura dos alunos. Logo, o tutor deve escrever da maneira mais simples

possível. Vale os seguintes aspectos:

Os parágrafos devem conter apenas uma idéias principal, ou, talvez,

duas idéias relacionadas;

As frases devem ser curtas, contendo não mais do que vinte palavras

cada uma;

Utilizar orações principais, uma vez que elas são mais fáceis de

serem seguidas do que orações subordinadas;

Evitar orações subordinadas em excesso numa mesma frase;

Evitar negações em excesso numa mesma frase;

Evitar o uso da voz passiva. Usar verbos ativos e diretos;

Evitar usar em demasia palavras impessoais como “este”, “isso” ou “o

qual”;

Usar palavras familiares ao leitor, sempre que possível;

Usar palavras concretas;

Transformar as palavras abstratas em verbos;

Explicar todos os termos técnicos;

Page 51: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 52

Certificar-se de que todas as palavras estão sendo corretamente

utilizadas;

Usar expressões idiomáticas com parcimônia;

Fazer a adequação do que se escreve à habilidade de leitura dos

alunos.

Considerações sobre Chats

Alguns alunos, segundo Pallof e Pratt, gostam de participar da

discussão síncrona, ou chat, como um meio de construir a comunidade

online. Quando usado adequadamente, o chat pode ser um bom auxiliar

para o curso. Algumas dicas são:

Realizar chats com grupos pequenos dentro da turma. Um chat pode

ser pouco efetivo e muito cansativo para o tutor e para os alunos de

houver um número grande de participantes. Além disso, o texto pode

passar rapidamente na tela, e os alunos podem ter dificuldade de

acompanhar a conversação;

Gerar discussão de um projeto contínuo ou um brainstorming;

Permitir uma socialização inicial e, logo em seguida, chamar a

atenção para o objetivo do encontro. Existe forte tendência na

discussão de assuntos diversos, não relacionados ao proposto;

Responder a todos os questionamentos. Assim, o tutor evita que um

aluno se sinta constrangido frente aos demais, pensando ser sua

pergunta inadequada, descontextualizada, ingênua.

O conhecimento mútuo em tempo real fortalece as relações e

incentiva a formação da comunidade. Para tanto, criar chats no inicio

do curso, exclusivamente com este intuito;

Como são atividades síncronas, devem ser optativas. A participação

maciça é prejudicada devido a problemas como falta de tempo,

dificuldades de acesso, etc;

Utilize essa ferramenta com parcimônia, realizando um levantamento

com alunos sobre melhores dias e horários de realização de chats;

Defina, pelo menos, três momentos alternativos para o mesmo chat

(dia de semana e final de semana; dia e noite);

Page 52: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 53

Considerações sobre Fóruns/Listas de Discussão

Incentivar a discussão assíncrona é a melhor maneira de sustentar a

interatividade de um curso online. Uma vez que os alunos determinem um

ritmo e comecem a interagir ativamente, eles assumirão a responsabilidade

de sustentar esse contato, seja pela interação social, seja como uma

resposta às perguntas para discussão enviadas pelo professor. Assim, é

importantíssimo que as questões, enviadas pelo professor sobre o material

do curso, sejam elaboradas com um olho no desenvolvimento e

manutenção de um alto grau de interação.

Sugerir leituras que sejam complementares ou discordantes, não

maniqueístas; ex: textos com posições “tecnofílicas” e “tecnofóbicas”

em relação às novas tecnologias para EaD;

Linguagem dialógica;

Estimular, constantemente, a participação dos alunos, não apenas

para responder aos colegas, sobre suas postagens, mas, também,

para inquiri-los;

Sempre identificar o receptor da mensagem, quando a postagem for

pontual e individualizada; (Olá Maria,... Também concordo José,...

etc);

Tutor deve fazer pontuações, mediação, e não deixar alunos sem

resposta;

Agrupar alunos com questões comuns e gerar respostas para grupos;

Monitorar a qualidade das postagens, bem como a linguagem

dialógicas, zelando pelo clima saudável e didático das discussões;

Ao término do prazo, reler as postagens, realizando o fechamento do

mesmo, ressaltando as considerações mais relevantes e a percepção

de consenso, ou de não-consenso, bem como dando feedbacks gerais

sobre postagens inadequadas (longas, curtas demais, monológicas,

irônicas, deselegantes, etc.);

Fazer monitoramento de alunos que participaram apenas uma vez do

fórum, para efeito de nota, ou daqueles que estão ausentes,

encaminhando mensagens individuais e personalizadas via e-mail. Se

o aluno começar a se desviar do tópico de discussão ou estiver, com

freqüência, atrasado no cumprimento das tarefas, o professor tutor,

Page 53: Fundamentos de-educacao-a-distancia

Educação a Distância – UNICEUMA 54

como na sala tradicional, precisa acompanhar o que está ocorrendo,

tentando ajudar o aluno a ultrapassar os obstáculos ou a resolver os

problemas, renegociando prazos e metas.

Ser claro quanto ao número de respostas semanais às mensagens de

outros alunos, isto é, determinar que o aluno deve pelo menos

responder a outros dois colegas no grupo.

Ser claro quanto à natureza das mensagens e delinear o que constitui

uma mensagem substancial. “uma mensagem é mais do que visitar o

site do curso para dizer oi, estou aqui”. Considera-se que uma

mensagem com contribuição substancial para discussão é aquela em

que o aluno, ou comenta outras mensagens ou sugere um novo

tópico. Não valem as mensagens que dizem apenas “bom trabalho”,

“concordo” ou “gosto do jeito que você pensa”. Embora esse tipo de

mensagem seja importante para o processo de construção da

comunidade virtual, os alunos devem ser informados que apenas as

mensagens substanciais serão consideradas para a avaliação.

Criar horários específicos para o envio de mensagens, deixando claro

nas diretrizes do curso que, por exemplo, a primeira resposta para

uma questão proposta para discussão deve ser enviada toda

segunda-feira.

Ser claro sobre todas as expectativas do curso. Os alunos precisam

saber de maneira exata como receberão a nota pelo seu trabalho, e

isso inclui saber quanto dessa nota é referente à participação online e

às atividades pedidas. Nada deve ficar aberto a inferências;

Por fim, dê o exemplo de como ter uma boa participação,

conectando-se com freqüência ao grupo e contribuindo para a

discussão e formação da comunidade. (obs. Cuidado com a interação

“um-para-um”, impedindo o diálogo entre alunos e minando o

aprofundamento das discussões)

Tais sugestões, certamente, podem ajudar todos os alunos virtuais e

são importantes, uma vez que, são diretrizes claras e facilitam para o

aluno no entendimento do que se espere dele, ao longo do percurso.

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Educação a Distância – UNICEUMA 55

Considerações sobre E-mails

Em geral, toda as comunicações e interações devem estar centradas

no ambiente virtual, específico do curso. Entretanto, mensagens

particulares podem ser enviadas diretamente para a caixa postal do aluno.

Segue algumas dicas importantes:

Use a netiqueta;

Concentre-se em apenas um assunto por mensagem, usando o título

adequado e explicativo na linha “assunto”;

Utilize maiúsculas apenas para destacar algo, ou para títulos de

mensagens. Nos demais casos, as maiúsculas indicarão que você está

GRITANDO!!!!;

Cite todas as fontes, ao usar citações de terceiros;

Encaminhe sua mensagem com cópia para coordenação pedagógica,

para conhecimento;

Não há problema em fazer uso do bom humor, mas com cuidado.

Como já foi dito, a ausência de sinais visuais podem fazer com que

seu texto não seja compreendido, ou que seja visto como um crítica,

ou ironia. Sinta-se à vontade para usar os emoticons, quando quiser

utilizar um tom bem humorado. Os emoticons são ícones utilizados

para suprir a impossibilidade de atribuir um tom de voz, expressão

facial e linguagem corporal ao que se escreve. São também

chamados de “smileys” ou “smile faces”.

Evite o uso de siglas sem os devidos significados;

Evite abreviações/contrações textuais do tipo “vc” (você), “qq”

(qualquer), “cptdr” (computador), etc. Tais contrações são comuns e

até permitidas em chats, em que digitar rápido é importante.

Entretanto, continuam não recomendadas;

Não se estenda muito. Todo mundo está ocupado e ninguém tem

tempo para ler uma mensagem em que você está pensando em voz

alta. Assim, não improvise sua mensagem, planeje. Antes de

começar a escrever pense primeiro no que quer dizer. Coloque suas

idéias em ordem e observe como elas se encaixam. Depois escreva

em tão poucas palavras quanto possível;

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Educação a Distância – UNICEUMA 56

Certifique-se, com antecedência, de que você entendido. Depois de

digitar uma mensagem, antes de envia-la, leia-a em voz alta. Por

vezes, frases que parecem boas quando você digita não funcionam

quando você as lê;

Evite o efeito “escada”, com citações de mensagens antigas em cima

de outras mensagens mais antigas ainda. Quando tais mensagens

são abertas, não está claro quem escreveu o quê. Para evitar tal

efeito, basta extrair o trecho importante que representa de maneira

precisa o tópico sobre o qual escreve.

Caso queira comentar um texto do aluno, intercale as citações, bem

selecionadas, com seus comentários. Diferencie as fontes ,tornando

suas respostas mais organizadas e os seus pensamentos mais claros;

Evite o efeito, como já foi dito, “valente do teclado”. Por vezes,

quando se está sentado na frente do computador, a salvo do mundo,

é tentador escrever mensagens de conteúdo áspero ou sarcástico.

Todo mundo, às vezes, tem vontade de ser irônico. Por isso, leia tudo

o que escreveu, antes de enviar, como já foi dito.

Cuidado com erros de ortografia, de construção de frases e de

gramática. Erros de digitação são menos graves, embora possam

parecer falta de cuidado, falta de tempo, ou falta de compromisso

com o processo.

Algumas técnicas de Feedback para EAD

Atente-se a alguns aspectos fundamentais para um bom feedback.

Eles se assemelham a boas regras de netiquetas e de envio de mensagens:

Não escreva seu feedback de improviso. Planeje-o;

Antes de começar a escrever, pense primeiro no que quer dizer.

Coloque suas idéias em ordem e observe se elas se encaixam;

Tome nota do que vai dizer, antes de escrever. Isso o ajuda a

descobrir o que precisa dizer;

Usa parágrafos curtos. Isso faz com que você se expresse com um

mínimo de palavras;

Quando você escreve algo, certifique-se de que as pessoas entendem

em voz alta;

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Educação a Distância – UNICEUMA 57

Evite a citação de mensagens enormes com um “eu concordo” seu,

ao final da mensagem. Simplesmente dizer que você concorda com

algo não acrescenta muito. Por que não dizer que você concorda,

incluindo razões. Torne seu feedback instrutivo.

Forneça seu feedback em tempo hábil para a retroalimentação, ou

seja, melhoria do processo de aprendizagem. Para tanto, estabeleça

claramente as datas para o envio dos feedbacks;

Feedbacks de mensagens em e-mails devem obedecer ao prazo

padrão de 24 h;

Crie o feedback “sanduíche”. Ressalte aspectos positivos do processo

avaliado, em seguida, apresente os pontos falhos, justificando-os. Por

fim, sugira metas e prazos para ações de melhoria.

Algumas dicas para o Gerenciamento do Tempo em cursos online

A capacidade de gerenciar o tempo é um fator importante para que

se tenha sucesso online. As ferramentas a seguir permitirão o

estabelecimento de objetivos e depois as prioridades e agenda para

gerenciamento do tempo. Tais ferramentas podem ser úteis em casos de

atrasos ou de sobrecargas.

Conectar-se ao site do curso diariamente ou de dois em dois dias

com a intenção de apenas ler;

Prepare a sua primeira mensagem da semana, ou a postagem da

atividade. Espere então para ler tudo o que foi postado pelos alunos,

em seguida faça suas postagens;

Depois de ler e revisar as mensagens novas formule sua resposta

offline, usando um bloco de textos, por exemplo. Isso lhe dará tempo

para pensar sobre o que você quer dizer e também para verificar sua

gramática e ortografia. Não pense que uma resposta imediata é

necessária – responda no seu ritmo;

Uma vez escrita sua mensagem, copie e cole no local específico para

envio;

Estabeleça os objetivos da semana, criando uma agenda de

atividades, juntamente com o tempo necessário para realiza-las;

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Educação a Distância – UNICEUMA 58

Dentro do ambiente virtual de aprendizagem, crie um roteiro de

monitoramento de mensagens, atividades, participações, aluno por

aluno;

Revise seu tempo semana e faça os ajustes necessários;

Não se sobrecarregue aos finais de semana;

Com a familiarização de sua agenda, torne seu processo um hábito;

A avaliação em EAD

Avaliar os alunos, de modo formativo e somativo, em um curso online

pode ser algo desafiador, e explicar a eles como serão avaliados talvez o

seja mais ainda.

Valadares e Graça (1998), em Gonzalez (2005), classificam as

funções de uma avaliação de acordo com o papel que ela desempenha no

ensino, dividindo-a em cinco categorias:

Avaliação Prévia – utilizada para determinar onde cada aluno

deve ser integrado ao iniciar uma nova fase da sua

aprendizagem. Alguns autores também a chamam de avaliação

de nivelamento.

Avaliação de Diagnóstico – para diagnosticar dificuldades de

aprendizagem do estudante no decorrer do curso.

Avaliação Formativa – para mensurar o progresso da

aprendizagem do aluno no decorrer de capítulos, módulos,

unidades, etc.

Avaliação Formadora – contribui para que o aluno aprenda a

aprender.

Avaliação Somativa – para avaliar a consecução do aluno ao

final de uma fase de aprendizagem.

Definir como clareza como avaliar a aprendizagem do aluno em EAD é

importante para a construção dos instrumentos de avaliação. Essa definição

está intimamente relacionada aos objetivos propostos.

No caso de avaliação em situações práticas, por meio de observação,

é fundamental definir os aspectos que serão observados e comunica-los ao

aluno previamente. A avaliação poderá ser realizada ao final de cada

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Educação a Distância – UNICEUMA 59

semana, cada unidade, ou do curso, segundo os critérios estabelecidos, e

pode ser feita por meio de testes, estudos de caso, solução de problemas,

atividades práticas observadas pelo professor-tutor etc.

O processo de avaliação de aprendizagem em EAD, embora possa se

sustentar em princípios análogos ao da educação presencial, requer

tratamento e considerações especiais em alguns casos.

Os objetivos fundamentais da EAD devem ser o de obter dos alunos

não a capacidade de reproduzir idéias ou informações, mas a capacidade de

produzir conhecimentos, analisar práticas e posicionar-se criticamente em

situações concretas. Assim, o foco da avaliação está na análise da

capacidade de reflexão crítica e colaborativa do aluno diante das próprias

experiências e das vivências compartilhadas com colegas.

A seguir serão apresentadas duas maneiras de apresentar aos alunos

o modo pelo qual serão avaliados. O primeiro método é descritivo e pode

ser incorporado em uma visão geral do curso ou no plano de ensino. Esse

método apresenta as tarefas e as expectativas relacionadas à avaliação em

vários níveis. O segundo método, mais cartesiano, é a elaboração de uma

planilha de critérios concretos de avaliação de atividades.

A seguir, algumas dicas importantes:

Elabore critérios de avaliação, com escala definida, que contemplem os

seguintes parâmetros:

Capacidade de argumentação (trabalhos escritos, fóruns e chats):

pertinência do assunto, embasamento teórico, coerência e coesão na

exposição de idéias e adequação ao tema proposto sem fugir do assunto.

Domínio da Língua Escrita (trabalhos escritos, fóruns e chats): coesão

textual, estruturação sintática e convenções ortográficas.

Observação às normas de formatação (trabalhos escritos): cabeçalho,

fonte, espaçamento, numeração de páginas, número máximo de páginas,

etc.

Análise Crítica de Informações (trabalhos escritos, fóruns e chats): opiniões

embasadas nas informações disponíveis, tais como textos formais

obrigatórios e complementares, discussões em fóruns e chats, sites, etc.

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Educação a Distância – UNICEUMA 60

Raciocínio lógico (trabalhos escritos, fóruns e chats): capacidade

de síntese e organização do pensamento, exposição clara de

idéias.

Relacionamento Cooperativo (fóruns e chats): incentivo e

colaboração com colegas, participação nas discussões em grupo.

Administração do Tempo (trabalhos escritos, fóruns e chats):

pontualidade na entrega de atividades e assiduidade nos

encontros síncronos e assíncronos.

Dicas importantes em Avaliação

Travar conhecimento com seus alunos através dos recursos

disponíveis;

Fazer do primeiro teste um ensaio, para o estabelecimento de

parâmetros e para conhecimento do nível da turma;

Fornecer feedback claro, preciso e informativo;

Evitar devolutivas com cargas negativas, ou depreciativas;

Assinalar o caminho para as respostas mais adequadas, ao

invés de fornece-las;

Gerar, para cada aluno, histórico de todas as avaliações e

devolutivas;

Evitar avaliações paternalistas e/ou severas. Para isso é

importante o estabelecimento de critérios claros de correção;

Elaborar enunciados de avaliações e/ou comandos de questões

de modo claro, pertinente aos temas já estudados e revisados,

lógico, estimulante, significativo e alinhado aos objetivos do

curso.

Relacionar atividades presentes às atividades anteriores,

estabelecendo coerência pedagógica;

Incluir perguntas ou questões informativas (que exigem

memorização e conhecimento de dados) e formativas (que

apelem para a iniciativa, criatividade e elaboração pessoal);

Combinar proporção de questões de fácil, média e difícil

resolução, com intuito de diferenciar os níveis de aprendizagem

e de conhecimento.

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Educação a Distância – UNICEUMA 61

Quadro-resumo das funções docentes na EAD

pedagógica

Focalizar ou direcionar as discussões; Comentar, criticar e solicitar o aprofundamento de idéias; Relacionar os trabalhos dos alunos à literatura específica; Estabelecer ligações entre teoria e prática;

Citar casos, exemplos e contra-exemplos; Compartilhar experiências; Sugerir possibilidades de aprofundamento dos conteúdos; Indicar esquemas de estratégias que facilitem a aprendizagem; Avaliar os trabalhos e a participação dos alunos; Atribuir notas

social

Contribuir para a criação de um ambiente amigável;

Enviar mensagens de suporte e estímulo à aprendizagem; Valorizar e encorajando a participação individual; Promover a interação e colaboração entre os alunos; Promover um tom informal, pessoal e bem-humorado na

interação com os alunos; Respeitar o bom senso e o nosso estilo pessoal

administrativa

Estabelecer e/ou focalizando os objetivos das discussões;

Distribuir papéis e responsabilidades nas atividades; Orientar os grupos;

Agendar – ou solicitando ao suporte técnico – o agendamento de atividades;

Esclarecer procedimentos e regras de trabalho; Tirar dúvidas sobre o curso;

Encaminhar problemas específicos para a equipe de operações e suporte, bem como para a Coordenação do curso.

técnica

Prestar esclarecimentos sobre o uso da plataforma e das ferramentas de aprendizagem;

Orientar os alunos sobre os procedimentos básicos do curso – a forma de submeter trabalhos, acessar conteúdos, enviar mensagens...

Fonte: FGV

Considerações Finais

No papel de mediador entre o saber e o aprendiz, o tutor sedutor tem

é aquele que tem a perfeita consciência de que não é ele o detentor

exclusivo do conhecimento. Ele é, antes de tudo, uma ponte para a fluência

dos saberes em construção.

Segundo Gonzalez (2005) o professor-tutor deve buscar a

autenticidade de seus atos pedagógicos e pessoais, já que é visto como um

todo, e zelar pela verdade, já esta, no campo pessoal e intelectual,

simboliza o caminho para o exercício da confiança, da criatividade e da

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Educação a Distância – UNICEUMA 62

liberdade dentro do grupo e fora dele. Assim, cabe ao tutor em EAD romper

velhos paradigmas e abraçar a missão de educar sem medo, sem o receio

de se aproximar demais, de estreitar os laços de afeto e, sobretudo, sem o

excessivo pudor de exercer por amor a sutil arte de seduzir

pedagogicamente os que esperam com avidez pelo saber libertador.

“Se a educação é dialógica, é óbvio que o papel do professor, em qualquer situação, é

importante. Na medida em que ele dialoga com os educandos, deve chamar a atenção

destes para um ou outro ponto menos claro, mais ingênuo, problematizando-os sempre. O

papel do educador não é o de “encher” o educando com “conhecimento”, de ordem técnica

ou não, mas sim o de proporcionar, através da relação dialógica educador-educando, a

organização do pensamento correto de ambos” (Freire, 1992)