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Funcionalismo Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Ir para: navegação , pesquisa Escola de psicologia que enfatiza os atos ou processos mentais como objeto de estudo da psicologia, em contraste com as escolas estruturalistas, que destacam os conteúdos conscientes. O ponto de vista funcional sustentou que a mente deve ser estudada em função de sua utilidade para o organismo,tendo em conta a adaptação ao seu meio. Por outras palavras, o estudo definirá "para que é" a mente e não "o que é" a mente. Como escola, o funcionalismo teve um desenvolvimento menor na Europa do que nos Estados Unidos. Contudo, na Alemanha e na Áustria, a Psicologia do Ato, que teve em Franz Brentano um dos seus epígonos, foi precursora do funcionalismo em sua oposição ao Estruturalismo de Wundt. Nos Estados Unidos, William James assumiu vigorosa posição funcionalista ao criticar os métodos e propósitos estruturalistas. John Dewey adotou o ponto de vista de James e, ao desenvolver o seu sistema de psicologia, converteu-se no fundador oficial do Funcionalismo como um movimento definido na psicologia americana. Num artigo de 1896 sobre o arco reflexo, Dewey anunciou que o estudo do organismo era o objeto apropriado da psicologia. O funcionalismo tornou-se uma escola formal de psicologia em Chicago sob a liderança de James Rowland Angell e Harvey Carr. Embora fosse professor de Filosofia, George Herbert Mead também realizou cursos e seminários sobre o método científico na Psicologia, com destaque para a psicologia da linguagem e a psicologia social, e estava intimamente ligado aos funcionalistas do Departamento de Psicologia da Universidade de Chicago. Angell e Carr publicaram compêndios em que se anunciaram as premissas básicas do novo funcionalismo e tentaram relacional suas conclusões experimentais em aprendizagem, percepção, pensamento, emoção, etc., com os seus pontos de vista teóricos. O outro núcleo funcionalista americano desenvolveu-se, simultaneamente, na Universidade de Colúmbia, onde já então se encontrava Dewey, vindo de Chicago, e James Cattell, muito interessado em diferenças individuais e psicologia aplicada. Os dois grandes destaques do funcionalismo de

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FuncionalismoOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.Ir para: navegação, pesquisa

Escola de psicologia que enfatiza os atos ou processos mentais como objeto de estudo da psicologia, em contraste com as escolas estruturalistas, que destacam os conteúdos conscientes. O ponto de vista funcional sustentou que a mente deve ser estudada em função de sua utilidade para o organismo,tendo em conta a adaptação ao seu meio. Por outras palavras, o estudo definirá "para que é" a mente e não "o que é" a mente. Como escola, o funcionalismo teve um desenvolvimento menor na Europa do que nos Estados Unidos. Contudo, na Alemanha e na Áustria, a Psicologia do Ato, que teve em Franz Brentano um dos seus epígonos, foi precursora do funcionalismo em sua oposição ao Estruturalismo de Wundt. Nos Estados Unidos, William James assumiu vigorosa posição funcionalista ao criticar os métodos e propósitos estruturalistas. John Dewey adotou o ponto de vista de James e, ao desenvolver o seu sistema de psicologia, converteu-se no fundador oficial do Funcionalismo como um movimento definido na psicologia americana. Num artigo de 1896 sobre o arco reflexo, Dewey anunciou que o estudo do organismo era o objeto apropriado da psicologia. O funcionalismo tornou-se uma escola formal de psicologia em Chicago sob a liderança de James Rowland Angell e Harvey Carr. Embora fosse professor de Filosofia, George Herbert Mead também realizou cursos e seminários sobre o método científico na Psicologia, com destaque para a psicologia da linguagem e a psicologia social, e estava intimamente ligado aos funcionalistas do Departamento de Psicologia da Universidade de Chicago. Angell e Carr publicaram compêndios em que se anunciaram as premissas básicas do novo funcionalismo e tentaram relacional suas conclusões experimentais em aprendizagem, percepção, pensamento, emoção, etc., com os seus pontos de vista teóricos. O outro núcleo funcionalista americano desenvolveu-se, simultaneamente, na Universidade de Colúmbia, onde já então se encontrava Dewey, vindo de Chicago, e James Cattell, muito interessado em diferenças individuais e psicologia aplicada. Os dois grandes destaques do funcionalismo de Colúmbia foram Edward L. Thorndike e Robert S. Woodworth. Thorndike foi um dos grandes psicólogos da educação experimental deste século e suas doutrinas dominaram por várias décadas a prática educacional e a psicologia da aprendizagem. Clasiificou-se a si próprio como "conexionista", pois queria provar como se desenvolvem as conexões entre estímulos e respostas. Woodworth foi levado pela sua orientação funcionalista a uma visão dinâmica que realça a importância da motivação para a compreensão do comportamento. Argumentou ainda que a contribuição do organismo deve ser levada em conta ao ser estudado o seu comportamento e inseriu o organismo na fórmula behaviorista E-R, reescrevendo-a como E-O-R. O funcionalismo foi um sistema psicológico indubitavelmente popular na América, onde acabou por suplantar o estruturalismo até então dominante. Psicólogos e estudantes de psicologia eram atraídos pelo sabor pragmático e prático das concepções estruturalistas e a escola teve tal êxito, de fato, que acabou sendo absorvida na corrente principal da psicologia americana. Hoje, a psicologia americana é fortemente funcionalista no espírito, embora seja behaviorista em sua metodologia. Assim, embora tenha desaparecido como escola autônoma, o "modo de ser "funcionalista sobreviveu no behaviorismo e é tão evidente em alguns psicólogos atuais que não seria demais considerá-los "neofuncionalistas", como John McGeoch, B. J. Underwood, A. W. Melton e A. L. Irion (no campo da aprendizagem), M. E. Bunch (processos de

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memorização), F. McKinney (aconselhamento psicológico) e H. N. Peters, entre outros. Na Europa, o funcionalismo nunca chegou a ser uma escola mas determinados conceitos funcionalistas foram aceitos por David Katz, Edgar Rubin, Egon Brunswick, Edouard Claparède, Jean Piaget e Albert Michotte, em suas perspectivas psicológicas pessoais.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Funcionalismo

funcionalismo

Ao considerar que todo o fenómeno corresponde a uma

necessidade ou dá uma contribuição necessária ao

funcionamento ou ao desenvolvimento do todo, o funcionalismo

não sai de uma problemática causal. É a este funcionalismo

radical, desenvolvido inicialmente pela etnologia clássica, que

se deve a reputação de conservadorismo que continua a estar

associada a este paradigma, apesar do seu desenvolvimento

posterior num sentido mais flexível.

A questão de base para o funcionalismo é "Como é que a

sociedade satisfaz as suas necessidades?". O pressuposto básico

do funcionalismo é o de que as actividades parciais contribuem

para a actividade global do sistema ao qual pertencem. O

funcionalismo assenta na definição das sociedades como

totalidades formadas pela conjugação de sistemas particulares

(político, económico, familiar, etc.). Esta perspectiva aceita uma

ideia de equilíbrio interno pelo qual o sistema social tenderia a

perpetuar-se tal como existe, sem que persistissem conflitos.

Uma acção só se manterá enquanto continuar a desempenhar

um papel vital na sociedade. O único meio de mudança social

admitida pelos funcionalistas é o da resposta a mudanças no

exterior, caso em que o sistema é forçado a alterar-se se quiser

manter-se adaptado.

A um funcionalismo inicialmente excessivo nas suas pretensões,

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tributário dos antropólogos Bronislaw Malinowski e Radcliffe-

Brown sucedeu um funcionalismo menos radical, herdeiro de R.

K. Merton. Segundo este autor, se é verdade que todas as

sociedades apresentam um certo grau de integração, não é

menos verdade que esse grau é variável e que o mesmo

elemento (por exemplo, a religião) tanto pode ter um efeito

integrador como um efeito desintegrador. As práticas sociais

podem ser funcionais ou disfuncionais... o que para alguns

autores põe em causa as bases da abordagem funcionalista.

A tomada em consideração não só de 'funções manifestas' mas

também de 'funções latentes' - não intencionais nem

reconhecidas pelos membros do sistema - correspondeu a outro

desenvolvimento do funcionalismo. Inicialmente, o

funcionalismo opunha-se ao estruturalismo, mas este integrou

mais tarde um seu princípio fundamental passando a dar relevo

à interdependência entre os elementos da estrutura.

Outro reputado funcionalista é T. Parsons, cujos trabalhos são

frequentemente classificados como estruturo-funcionalistas.

Parsons tentou identificar as necessidades que qualquer

sociedade tem de satisfazer para sobreviver: adaptação,

realização de objectivos, integração e manutenção de modelos.

Vários argumentos foram levantados contra o modelo

funcionalista, quer na sua forma mais radical quer na sua versão

atenuada, mas esse é um debate que tem vindo a perder

entusiastas já desde os anos 70.

funcionalismo. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-10-09].

Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$funcionalismo>.

Funcionalismo linguístico

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De Wikipedia, a enciclopedia livre

O termo funcionalismo linguístico faz referência a uma série de correntes linguísticas que, ainda que partem dos mesmos princípios teóricos, possuem modelos de análise muito diversos. Têm recebido o qualificativo de funcionales os paradigmas teóricos propostos pela Escola de Praga, a glosemática do dinamarquês Louis Hjemslev, os trabalhos do lingüista francês André Martinet, a gramática sistémica do britânico Michael Halliday e o propriamente telefonema gramática funcional do holandês Simon Dik. Também se incluem dentro desta categoria diversos trabalhos de autores como Talmy Givón, Susumu Kuno, Michael Silverstein, Anna Siewierska, Sandra Thompson, Robert Vão Valin e Anna Wierzbicka. No âmbito hispânico, Emilio Alarcos Llorach introduz um funcionalismo de corte estructuralista. Actualmente, Salvador Gutiérrez Ordóñez e César Hernández Alonso encontram-se, para além de suas diferenças teóricas, entre os maiores exponentes do funcionalismo espanhol. Também devem se mencionar os trabalhos da lingüista argentina Erica García, exponente da escola de Columbia.

A grandes rasgos, poderia dizer-se que o funcionalismo é uma corrente teórica da linguística que considera o estudo de uma língua como a investigação das funções desempenhadas pelos elementos, as classes e os mecanismos que intervêm nela; consequentemente com esta importância da função, o funcionalismo entende que o estudo de um estado de língua, independentemente de toda reflexão histórica, tem valor explicativo e não só descritivo.

Herdeiro das teses de Ferdinand de Saussure, o funcionalismo apoia-se na ideia de que o papel da língua como instrumento de comunicação]] é essencial.

No âmbito teórico, todos estes estudos funcionales da linguagem têm um mesmo ponto de partida: uma visão que poderia ser qualificada de instrumentalista. Conforme a esta visão, toda a língua tem como propósito primordial a comunicação e, portanto, este propósito deve ser o ponto de partida para qualquer estudo linguístico que se faça. Por isso, a questão básica por resolver é verificar como se comunicam os utentes de uma determinada língua. Isto implica analisar não só as formas ou estruturas gramaticales, senão também toda a situação comunicativa: o evento, os participantes, o contexto discursivo. Em isto, se opõem ao estructuralismo norte-americano e às teorias formalistas. Dentro do primeiro, analisam-se estruturas gramaticales tais como os fonemas, morfemas, relações sintácticas e semánticas, os constituyentes, as dependências, etc. As segundas analisam estes fenómenos e, ao mesmo tempo, constroem um modelo formal da linguagem. Os funcionalistas sustentam que a situação comunicativa motivada explica e determina as estruturas gramaticales; por isso, seu propósito não é apresentar modelos, senão encontrar explicações. Pode dizer-se que os estudos funcionales são um exame da concorrência comunicativa, ou seja, da capacidade dos indivíduos para codificar e decodificar as mensagens. Tudo isto implica ver as expressões linguísticas como a configuração de funções. É, ao considerar estas funções, onde as diferentes correntes funcionalistas se separam.

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Índice[ocultar]

1 A fonología funcionalista 2 A morfología funcionalista 3 A sintaxis funcionalista

4 Fonte

A fonología funcionalista

O funcionalismo nasce com a fonología, nome que o lingüista N.S.Trubetzkoy deu-lhe a um método particular de investigação dos fenómenos fónicos e que foi desenvolvida pela chamada escola de Praga e outros lingüistas como A. Martinet e R. Jakobson.

O principal achado histórico da fonología foi o do valor distintivo dos fonemas, ainda não tendo eles mesmos nenhuma significação: sua função consiste antes de mais nada em fazer que se distingam outras unidades que fazem sentido. Esta observação forneceu aos lingüistas um princípio de abstracção: não todos os caracteres físicos que aparecem na pronunciación de um fonema têm esse valor distintivo, isto é, sua articulação não está motivada por uma intenção comunicativa. Neste sentido, o funcionalismo leva a isolar, entre o rasgo fonéticos fisicamente presentes em uma pronunciación dada, os que têm um valor distintivo, isto é, os eleitos para que seja possível comunicar uma informação. Só estes são considerados fonológicamente pertinentes.

Para determinar estes rasgos, os fonólogos elaboraram o método chamado de conmutación, mediante o qual, depois de fazer variar fonéticamente um som na mesma posição de palavra com o objecto de distinguir em que momento essa variação implica uma mudança de significado, se consegue distinguir os diferentes fonemas de uma língua.

Além da conmutación, os fonólogos aplicaram um segundo princípio saussuriano, o de oposição, segundo o qual uma entidade linguística qualquer só está constituída por aquilo que a distingue de outra.

A morfología funcionalista

O teórico que em primeiro lugar tentou aplicar os princípios funcionalista ao âmbito da morfología foi G. Gougenheim. Sua ideia, discutible, era que para definir a função de uma categoria gramatical devia se comparar com as outras, já que o utente da língua o elege com relação a eles e só esta eleição representa um papel na comunicação. Utiliza, para isso, o conceito fonológico de oposição e distingue três tipos: servidão gramatical (quando o uso de um elemento linguístico implica o uso de outro), variação estilística (quando a mudança de um elemento por outro é irrelevante para o sentido) e a oposição de sentido (quando essa mudança sim implica mudanças no significado).

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A sintaxis funcionalista

A. Martinet é o lingüista que empreendeu em primeiro lugar a tarefa de construir uma sintaxis funcional, mas, depois das dificuldades observadas na morfología, introduz para isso princípios de análise que não têm equivalente na fonología.

Martinet parte da ideia de que a função de todo enunciado é comunicar uma experiência e que por tanto está constituído por um pregado (que designa o processo central nessa experiência), acompanhado às vezes por uma série de complementos (incluído o sujeito); a função destes complementos é contribuir um tipo particular de informação sobre esse processo.

O relevante nesta proposta é que essas funções não podem se estabelecer geralmente por conmutación.

Fonte Ducrot, Oswald e Tzvetan Todorov, Dicionário enciclopédico das ciências da

linguagem, Século vinte e um editores, Madri, 1983 (9ªed.), págs. 40-46.

http://pt.wikilingue.com/es/Funcionalismo_lingu%C3%ADstico

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Artigos-->Formalismo e Funcionalismo Lingüísticos -- 22/02/2007 - 18:52 (ALZENIR M. A. RABELO MENDES)

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Formalismo e Funcionalismo lingüísticos

O formalismo, dada a abrangência de seus estudos, influenciou o Estruturalismo e as correntes advindas deste no século XX. No âmbito da Lingüística Estrutural européia, ou da análise estrutural de Ferdinand de Saussure (1857-1913), ganham importância a Escola de Praga, matriz da Lingüística Funcional, tendo à frente as parcerias entre Nikolai Troubtskoi e Roman Jakobson; e a Escola de Copenhaque, de base formalista, com Louis Hjelmslev, cujas formulações teóricas orientaram a Escola Americana e a Lingüística Descritiva de Bloomfield (FARIAS Jr., 2003, p.2). Desde seus primeiros anos, o Formalismo, não se orientou por uma doutrina uniforme, decorrendo daí concepções diferentes dentro do próprio movimento, que apontaram para o surgimento de grupos discordantes, se não de todo, mas de boa parte de seus postulados sobre a língua e a linguagem. Na Europa, os formalistas organizaram-se em dois grande grupos: o Círculo Lingüístico de Moscou, fundado em 1915, e o OPOJAZ (Sociedade para o Estudo da Linguagem Poética), fundado em 1916 na cidade de São Peterbusgo. O Círculo Lingüístico de Moscou tinha como objetivo sistematizar as descobertas sobre os problemas da linguagem prática e linguagem poética,

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enquanto o OPOJAZ visava elaborar princípios de descrição sincrônica e definir os dispositivos específicos da língua poética. Os lingüistas do OPOJAZ, tendo à frente Viktor Shklovsky e Roman Jakobson, adotaram o método mecanicista ou formal, focado na técnica e no dispositivo centrado nos procedimentos técnicos de análise lingüística. Para os referidos estudiosos, a literatura, como trabalho artístico, é a soma de dispositivos artísticos e literários que o artista manipula para criar sua obra, considerada como uma entidade autônoma, porém isolada do seu contexto e autor. As deficiências desse método motivaram a elaboração de outro modelo: orgânico, criado pelos teóricos que se mantinham em atitude de discordância. Tal método, orientado pelos princípios da Biologia, ocupou-se do estudos das similaridades entre as formas literárias, tratadas como organismos individuais que conservam entre si traços comuns aos gêneros da literatura. A recorrência de determinados traços lingüísticos e a forma como os mesmos se apresentam definem os diferentes estilos da literários. No entanto, mecanicistas e orgânicos não explicaram as mudanças que, ao longo do tempo, afetam o sistema literário, seu código lingüístico e os dispositivos de análise de seus organismos. Os embates teóricos e metodológicos entre os formalistas russos desembocaram nos estruturalismos funcionais, projetados com o Círculo Lingüístico de Praga, fundado por Trubetskoy e Jakobson, dentre outros, em 1926. As formulações teóricas que ali foram esboçadas disseminaram-se a partir do Congresso Internacional de Lingüística de Haia, em 1928, e da elaboração das Teses de Praga. Das referidas Teses, emana o princípio básico do funcionalismo, segundo o qual a natureza das funções lingüísticas determina a estrutura da língua. A Função é a tarefa atribuída a um elemento lingüístico estrutural para atingir um objetivo no quadro da comunicação humana, Logo, a função determina a forma lingüística. (MUSSALIM & BENTES, 2001, p.69-70). Troubetskoi, fundamentando-se nas idéias de Saussure, contribuiu para o desenvolvimento da fonologia, sistematizando-a como disciplina, garantindo-lhe difusão internacional a partir da Primeira Conferência Internacional de Fonologia em 1930. Roman Jakobson deu prioridade ao estudo da linguagem poética e aproximou outras disciplinas, como fonologia e a antropologia da lingüística. Os conceitos básicos de seus estudos foram desenvolvidos em torno dos seguintes dispositivos: 1) similaridade e contigüidade; 2) Metáfora e Metonímia; 3) Equivalência; 4) Ambigüidade. Na perspectiva jakobsiana, a literatura e a lingüística estreitamente estão ligadas nos fundamentos da poética. A poesia seria dominada pela metáfora, enquanto a prosa funcionaria sob a metonímia. Coube também Jakobson os louros pela classificação das funções da linguagem: a função referencial, emotiva, conotativa, fática, metalingüística, poética. Embora ele tenha acrescentado apenas duas funções às já formuladas por seus pares: a função poética e a função referencial. A definição dada por ele para a função poética implica que a linguagem poética não tem por função primordial descrever o mundo real; enquanto a função referencial não é mais que acessória, e ela é mesmo seriamente opacificada pelo trabalho poético. Dos desdobramentos das idéias dos formalistas e de suas oposições desenvolveram-se os trabalhos do funcionalismo que, longe de se constituir uma corrente distinta do estruturalismo, mantêm vínculos com a Lingüística de Saussure e com outras correntes, as quais, segundo PAVEAU & SARFATI (2006, p. 115), “não constituem corpos teóricos completos e autônomos, mas correntes imbricadas umas nas outras, ligadas por relações de filiação ou de oposição e por escolhas teóricas complexas. De fato, o funcionalismo tem seu lugar no conjunto do movimento estruturalista; é um estruturalismo específico que se pode chamar de estruturalismo funcional”. Esses autores concebem o funcionalismo como sendo mais que um conjunto de teorias, “um olhar sobre a linguagem e suas relações com o mundo”. E se

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há uma posicionamento teórico, no “continente do estruturalismo ao qual o funcionalismo se opõe é ao formalismo”, cuja abordagem, privilegia o estudo do “funcionamento interno do sistema linguageiro”, as características internas à língua, ou seja, o aspecto formal da língua; enquanto o funcionalismo privilegia “as constantes transformações das formas da linguagem na sociedade”, o significado e o uso das formas lingüísticas nas situações comunicativas. Na perspectiva do Funcionalismo ganham relevo o trabalho dos lingüistas André Martinet e Halliday. O primeiro defende, como princípio teórico, a definição de língua como “instrumento de comunicação duplamente articulado e de manifestação vocal”. O segundo defende uma abordagem sócio-funcional que incorpora a dimensão social à lingüística. A linguagem, segundo ele, é dependente da cultura. Martinet pauta-se por uma lingüística objetiva e generalista, seu trabalho consiste numa reflexão constante sobre a diversidade das línguas e as diferenças entre línguas. Os conceitos centrais de suas proposições lingüísticas são apresentados em 1989 na obra Fonction et dynamique des langues. Conforme a conceituação de Martinet, os quatro domínios que consistem disciplinas autônomas compreendem: a Função, na qual “os traços linguageiros” são apreendidos e classificados em referência ao papel que desempenham na comunicação da informação; a Pertinência Comunicativa que advoga o fundamento de cada ciência em sua pertinência. Na lingüística funcional, estimamos que a pertinência é a pertinência comunicativa; a dupla articulação: fonemas e monemas, cada uma das unidades que resultam de uma primeira articulação está articulada a outras unidades; e a Lingüística geral funcional, dividida em fonologia – o estudo da forma com que cada língua utiliza os recursos fônicos para assegurar a comunicação entre seus usuários, monemática - distingue os monemas lexicais e os monemas gramaticais; c) sintemática - estuda os sintemas (...) um segmento de enunciado que comporta vários monemas lexicais combinados entre si; d) sintaxe - estuda as relações de dependência dos monemas e as funções que eles assumem em um dado enunciado. (PAVEAU & SAFARTI, 2006, p.136-138). Dentre outros funcionalistas, Halliday tem destaque com a elaboração de uma Gramática Funcional, definida por NEVES (1997, p.2) como uma “teoria da organização gramatical das línguas naturais que procura se integrar em uma teoria global da interação social”. Halliday estabeleceu o modelo sistêmico-funcional a partir de sua abordagem sobre a linguagem atrelada à função social, com trabalhos que abrangem o texto e o discurso. Para ele, a linguagem é uma parte do processo social e ao mesmo tempo metáfora de tal processo. E denomina “metafunções” a articulação entre os dados sociais e as formas lingüísticas. Para ele “metafunções” são conceitos teóricos que “permitem compreender a interface entre a linguagem e o que está fora da linguagem”. O texto é privilegiado como unidade de estudo em vez da sentença ou unidade sintática. Ele propõe os seguintes tipos de função: a) ideacionais (ou cognitivas); b) interpessoais (ou modais); c) textuais. Os formalistas do Círculo de Copenhaque, do qual Hjelmslev foi o fundador (1931), colocam-se, teoricamente, contra os funcionalistas do Círculo de Praga. Para os formalistas a língua é uma estrutura autônoma e deve ser interpretada como “uma unidade encerrada em si mesma”. CUNHA, Et.Al. (2003, p.19). Essa corrente encontrou sua expressão no contexto do Estruturalismo americano com os trabalhos de Bloomfield e Harris, apoiados nos estudos Antropologia. Na primeira metade do século XX, as teorias européias já estavam bastante difundidas na América do Norte. No entanto, os lingüistas se confrontaram com línguas cujas estruturas diferiam do paradigma europeu, fato que os levou a desenvolver uma Teoria da estrutura das línguas. E adotaram o método descritivo para o conhecimento das línguas ameríndias. Antes de 1950, entrou em cena o Descritivismo, ou Distribucionalismo, caracterizado por uma abordagem teórica abstrata da linguagem e pela negação dos

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postulados funcionalistas. Bloomfield, um dos principais expoentes do descritivismo estruturalista, “adotou uma perspectiva explicitamente behaviorista do estudo da língua, eliminando, em nome da objetividade científica, toda referência a categorias mentais ou conceituas.” (WEEDWOOD, 2002, p.131). Sob o argumento de que os estudiosos da linguagem não dispunham de meios para definir a maior parte das significações, Bloomfield propôs uma organização das formas lingüísticas, que considerasse o caráter específico e estável de uma língua, a exemplo de algumas comunidades, nas quais alguns enunciados são semelhantes pela forma e significação. As formas lingüísticas, como unidades de sinal, suscitam respostas a uma situação entre os interlocutores, o significado é apenas um estímulo e uma reação verbal. Bloomfield distingue duas formas lingüísticas: a forma gramatical, constituída pela combinação dos texemas (traços de disposições gramaticais); a forma lexical pela combinação de fonemas que possui um sentido estável em uma comunidade lingüística. PAVEAU & SARFATI (2006, p. 151-152). Na década de 60, Chomsky propôs uma teoria transformacional e gerativa, ou Gerativismo. Elaborou uma teoria geral, através da qual introduziu conceitos fundamentais de sua lingüística. Sua concepção de língua considera a capacidade do falante de exprimir pensamentos através das frases. Distinguiu “estruturas profundas” (o sentido), gerado pelas “estruturas de superfície”(a camada sonora) da frase. (PAVEAU & SARFATI (2006, p. 167-171). Chomsky, embora fosse discípulo Harris que recebeu influência de por Bloomfield, empenhou-se em elaborar uma gramática que não se limitasse ao descritivismo, mas que desse conta de explicar as razões das transformações de uma determinada língua e de suas as possibilidades de seqüências e combinações verbais e sonoras. Chomsky situou o trabalho do lingüista ao lado da competência dos falantes e dos conhecimentos intuitivos que estes têm sobre como usar língua. A combinação do estruturalismo com o funcionalismo é também uma herança da Escola de Praga. Os funcionalistas são, portanto, estruturalistas na medida em que seu objeto é de fato a língua como sistema. Porém, a abordagem lingüística difere das abordagens formalistas, pois concebe a linguagem como um instrumento de interação social, e busca a motivação para os fatos da língua no contexto do discurso, extrapolando a investigação da estrutura gramatical. O tratamento de uma língua natural sob a perspectiva funcionalista, põe sob exame a competência comunicativa. A Perspectiva Funcional da Sentença (PFS) é um ponto fulcral para os funcionalistas, quanto à estrutura gramatical das línguas naturais. CUNHA, Et.Al (2003, p.29) destacam outros aspectos que diferenciam o funcionalismo contemporâneo do formalismo: “primeiro por conceber a linguagem como um instrumento de interação social, e segundo por buscar no contexto discursivo a motivação para os fatos da língua.” Para esses estudiosos “a estrutura gramatical depende do uso que se faz da língua, ou seja, a estrutura é motivada pela situação comunicativa. Nesse sentido, a estrutura é uma variável dependente, pois os usos da língua, ao longo do tempo, é que dão forma ao sistema”.OLIVEIRA (2006, p. 98) observa que “Tanto o funcionalismo como o formalismo tratam do mesmo fenômeno: a língua. Contudo, a forma como vêem esse fenômeno é distinta, o que implica o uso de metodologias distintas no estudo desse fenômeno“. Na perspectiva formalista, “a língua é analisada como um objeto autônomo, cuja estruturam, independe de seu uso”. Esta visão contrapõe-se à funcionalista que concebe a língua como um instrumento de comunicação, e como tal, “deve ser analisada como uma estrutura maleável sujeita às pressões oriundas das diferentes situações comunicativas que ajudam a determinar sua estrutura” (MARTELOTTA & AREAS, 2003, p. 20). Há ainda outra divisão ou tipos de funcionalismo: o conservador, que aponta

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a inadequação do Formalismo ou do Estruturalismo, sem propor uma análise de estrutura; o moderado, que aponta essa inadequação e propõe uma análise funcionalista da estrutura; e extremado que nega a realidade da estrutura e considera que as regras se baseiam internamente na função, não havendo restrições sintáticas. De modo geral, o Funcionalismo tem um denominador comum, porém podem ser distinguidos, pelo menos, dois tipos de funcionalismo: um funcionalismo direcionado a um modelo abstrato de uso da língua e outro, direcionado à língua tal como ela se manifesta em seu uso efetivo. Resumindo, formalismo e o funcionalismo são correntes teóricas da Lingüística do século XX através das quais os estudiosos da Língua buscam explicar os fenômenos lingüísticos. Embora estas correntes se ocupem do mesmo objeto de estudo e possuam entre si pontos convergentes, apresentam divergências quanto à forma de abordagem dos referidos fenômenos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNHA, Maria Angélica Furtado da; Mariangela Rios de Oliveira & Mário Eduardo Martelotta (orgs.). Lingüística funcional: teoria e prática. Rio de Janeiro: DP&A/ Faperj, 2003. FARIAS Jr, Homero Gomes de. O dilema do ovo. Cadernos do I.L., UFRGS, 2003, n° 23/24/25. MUSSALIM, Fernanda & BENTES, Ana Christina. Introdução à Lingüística - domínios e fronteiras. 2ª Ed. São Paulo, Cortez, 2001. NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática funcional. São Paulo: Martins Fontes, 1977. OLIVEIRA, Luciano Amaral. Formalismo e Funcionalismo: fatias da mesma torta. Disponível em acessado em 12/09/2006. PAVEAU, Marie-Anne & SARFATI, Georges-Elia. As grandes Teorias da Lingüística: da Gramática Comparada à Pragmática. São Carlos, Clara Luz, 2006. (Cap. 6 a 8) WEEDWOOD, Bárbara. A lingüística no século XX. In: História concisa da lingüística. (tradução de Marcos Bagno) São Paulo, Parábola Editorial, 2002.

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Embate entre o estruturalismo e o funcionalismo na gámática

Costuma-se afirmar nos compêndios dedicados aos estudos de linguagem, que o pensamento linguístico ocidental é representado, basicamente, por dois grandes pólos de atenção: o Formalismo e o Funcionalismo. De um modo geral pode-se dizer que o Formalismo consiste numa abordagem cujo foco incide tão somente na observação e descrição das características estruturais das línguas, desconsiderando suas possíveis funções. Já o Funcionalismo consiste em qualquer abordagem linguística que dá importância aos propósitos inerentes ao emprego da linguagem.Halliday (1985) assinala que a oposição entre essas duas abordagens relaciona-se ao tipo de orientação que cada um segue. Assim, para o referido estudioso, o Formalismo assenta-se na lógica e na filosofia e se caracteriza por uma orientação primariamente sintagmática. Por isso, suas gramáticas interpretam a língua como um conjunto de estruturas, nas quais podem ser firmadas, num segundo passo, relações regulares. Ancoradas nesta concepção, tendem a enfatizar os traços universais da língua, creditando à sintaxe o centro dos estudos linguísticos. Por extensão, organizam a língua em torno da frase. Ou seja, são gramáticas arbitrárias.No que tange ao Funcionalismo, Halliday (1985) afirma ser esta abordagem assentada na retórica e na etnografia, com orientação paradigmática. Logo, as gramáticas funcionais concebem a língua como uma rede de relações, enfatizando as variações entre diferentes línguas, considerando a semântica como base de análise e organizando-a em função do texto ou do discurso.Abordagem Formal: EstruturalismoO estruturalismo é uma corrente de pensamento nas ciências humanas que se inspirou no modelo da lingüística e que apreende a realidade social como um conjunto formal de relações. Esta abordagem veio a se tornar um dos métodos mais extensamente utilizado para analisar a língua, a cultura, a filosofia e a sociedade. Fernand de Saussure é geralmente visto como o iniciador do estruturalismo, especialmente em seu livro de 1916 “Cursos de Lingüística Geral".Nesta abordagem a língua é conceituada como um sistema organizado de signos que expressam a idéia no aspecto codificado da linguagem. O objetivo da lingüística é estudar as regras deste sistema e seus sentidos produzidos. O estruturalismo não considera o contexto de uso das manifestações linguísticas, tampouco as relações com os falantes que as enunciam (seus propósitos, os atos interacionais e institucionais que ativam sua classe social, sexo, idade, nível de escolaridade) ou o processamento cognitivo que lhe é inerente (VASCONCELO, 2002).O estruturalismo é governado por princípios como "o da estrutura" reporta aos elementos que compõe uma língua, caracterizados em virtudes da organização global de que fazem parte. Sob este prisma, fazer ciências da linguagem é postular, e simultaneamente, elucidar as estruturas sistêmicas inerente ao enunciado. Cada unidade é sistêmica e, portanto, só pode ser

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identificada no seu interior O objetivo da gramática de Saussure é nomeado por seus seguidores de "Estruturalismo”, é estudar a organização da língua e o sistema linguístico, investigando as relações entre as unidades linguísticas por meio de suas oposições ou contrastes, ignorando totalmente o estudo da linguística histórica, ou seja, a mutação do sistema através dos tempos.Os estruturalistas consideram a língua como um sistema de relação, ou mais precisamente como um conjunto de sistemas ligados uns aos outros, cujos elementos (fonemas, morfemas, palavras, etc.) não têm nem um valor independente das relações de equivalência e de oposição que os ligam.A pergunta: O que é estruturalismo? Bartes (1970, p. 49) responde “Não é uma escola, nem mesmo um movimento, pois a maior parte dos autores que se associam geralmente a esta palavra não se sentem de modo algum ligados entre eles por uma solidariedade de doutrina ou de combate". Quanto aos teóricos formalistas, é comum a referência aos nomes de Chomsky, Bloomfield, Z. Harris e outros. No Brasil, é possível destacar, entre outros os nomes de Carlos Mioto, Roberto Pire e outros. Em relação aos gramáticos podemos citar Celso Cunha, Lindley Cintra, Napoleão entre outros.Abordagem FuncionalistaOs embates teóricos e metodológicos entre os formalistas russos desemborcaram nos estruturalismos funcionais, projetados com o Circulo Linguístico de Praga, fundado por Trubetskoy e Jakobson, dentre outros, em 1926. As formulações teóricas que ali foram emboçadas disseminaram-se a partir do Congresso Internacional de Lingüística de Haia, em 1928, e da elaboração das Teses de Praga. Das referidas teses emana o principio básico do Funcionalismo, segundo o qual a natureza das funções linguísticas determinam a estrutura da língua.O Funcionalismo é um "movimento particular dentro do Estruturalismo" (LYON, 1981, p. 166) defende a hipótese de "que a estrutura fonológica, gramatical e semântica das línguas é determinada pelas funções que exercem na sociedade em que operam".O Funcionalismo concebe a linguagem prioritariamente, como instrumento de interação social, validado pelos falantes com o objetivo principal de transmitir informações aos interlocutores em geral, ou seja, quando se fala em Funcionalismo, insiste-se sobre tudo na ideia de uma análise linguística que considera metodologicamente o componente discursivo, dada sua função prioritária na gramática de uma língua. As correntes Funcionalistas atuais, por sua vez, com mais veemência enfatizam as características inerentes ao emprego das expressões linguísticas no discurso, abrangendo fenômenos interacionais, sociais, culturais, cognitivos e outros.No que concerne aos principais representantes do Funcionalismo clássico, é plausível citar os membros da Escola de Praga como (Buhler, Jakobson, e Martinet), a escola de Londres e Halliday. No âmbito das abordagens Funcionalistas vale colocar em evidencia os nomes Gívón, Heine, Bybee e Traugott. No Brasil destacam-se, entre outros os trabalhos de Ataliba Castilho, Sebastião Votre, A. Naro e Adair Gorski.A "função" na teoria Funcionalista, não se aplica as relações de interdependência entre as palavras na oração (as ditas "funções sintáticas": objeto direto, objeto indireto, etc.); refere-se "ao papel que a linguagem desempenha na vida dos indivíduos (...)" (NEVES 2004, p.8). Para Halliday (1973; 104. Apud. Neves, 2004: 8), esse é o sentido básico e principal do termo "função" do Funcionalismo. Na gramática funcional de Halliday, importam investigar o modo como os significados são veiculados, o que implica considerar as formas da língua como um meio para a realização de um propósito, e não como um fim em si mesmo. A denominação Gramática Funcional diz respeito a uma teoria linguística que, assentada no componente significativo (caráter funcional), procura interpretar as formas linguísticas (caráter gramatical).Como é intenção do falante comunicar-se mediante a realização de enunciados, ele aciona a função interpessoal, pela qual pode "agir" sobre o seu destinatário. Assim, a estrutura sintática – semântica da frase se adaptará a realidade, o que implica necessariamente, diferença na análise e na interpretação dos constituintes frásicos. O falante pode, conforme sua perspectiva, selecionar um novo predicador (verbo) e, conseqüentemente as unidades a ele relacionadas (seus argumentos).Tomemos para exemplo a frase seguinte: " O maratonista corria muito." Nesta frase, há um predicador de 'ação' (correr) que determina uma estrutura semântica, a qual inclui, necessariamente um agente (maratonista). Esse predicador determina, portanto, um esquema sintático – semântico específico. Análise estruturalistaCUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3 ed. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 231 e 232.Nesta gramática encontra-se o estudo da sintaxe na perspectiva estruturalista, segundo os autores as relações sintáticas que se estabelecem entre as palavras que, de certa forma definem as estruturas possíveis na sintaxe das línguas. As noções de estruturas e de relação estão, portanto, intimamente ligadas. O mesmo pode dizer da noção sintática só é possível dizer que se estabelece uma relação sintática entre os elementos de um enunciado, porque cada um tem uma função especifica, nas quais fazem parte e no interior das quais entram em relação.Função Sintática Na Abordagem EstruturalistaEduardo comeu um doce de goiaba• "um doce de goiaba": objeto direto de "comer"• "comer um doce de goiaba":predicado verbal do sujeito "Eduardo"• " Eduardo" Sujeito do verbo "comer"• "um" e "de goiaba": adjunto adnominal do objeto direto. OBS. Fazer a análise sintática dos enunciados da língua nada mais é do que explicar as estruturas, relações e funções dos termos que os constituem.ConclusãoO Estruturalismo que se originou a partir do Curso de Linguística Geral de Ferdinand Saussure, introduziu conceitos importantíssimos como: Língua X Fala, Sincronia X Diacronia e Significante X Significado. Ao encararmos o Estruturalismo como um estudo sistemático, percebemos que cada elemento deste sistema é determinado pelas relações de equivalência ou diferença que possuem com os demais elementos quando analisados juntos. È o conjunto das relações entre elementos que determinam a estrutura. Nesse estudo, percebeu-se que no formalismo, a gramática é vista como uma tentativa de definir a língua, através de regras sintáticas e que a linguagem é abordada como um sistema autônomo, descontextualizado que tem o objetivo de apontar normas para a "correta" utilização oral ou escrita do idioma, isto é: escrever e falar a língua padrão. Já no funcionalismo, a língua é um instrumento de interação social, pois existe em função de seu uso. A função da língua é estabelecer comunicação entre os usuários. Por isso a aquisição da linguagem se desenvolve na interação comunicativa e a sintaxe e a semântica devem ser estudadas dentro de uma proposta pragmática

Ao usar este artigo, mantenha os links e faça referência ao autor:ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ESTRUTURALISMO GRAMATICAL E O FUNCIONALISMO DOS TERMOS DA ORAÇÃO publicado 25/02/2009 por Roseli Gonçalves em http://www.webartigos.com