Fernando Pessoa - composição

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 Fernando Pessoa Fernando Pessoa foi um poeta português que teve uma infância e vida muito complicadas. Enfrentando crises depressivas, melancolia de viver e frustração constante, estas vieram a refletir-se na sua escrita. Numa parte dos seus poemas, o poeta fala da sua infância como um passado longínquo, que não foi dele, “E toda aquela infância/ que não tive me vem, / Numa onda de alegria/ Que não foi de ninguém”. Embora esta infância seja imaginada, o poeta sente-se feliz porque, de tanto fingir que esta era sua, acabou por se convencer que foi o que ele realmente viveu e ele prefere ter uma “ignorância feliz” (“E eu era feliz? Não sei/ Fui-o outrora agora”). O facto de “fingir” a própria infância reflectiu-se, também, na maior parte dos seus poemas. Segundo Fernando Pessoa, “O Poeta é um fingidor” que “sente com a imaginação”. Com a intelectualização do sentimento, o poeta pretende que o leitor sinta essa dor “fingida” (“Sentir? Sinta quem lê”; “É frequente persuadir-me/ De que sou sentimental, / (…) Tudo isso é pensamento, / Que não senti afinal”. O poeta também sente dor de tanto pensar, desejando ser uma ceifeira com a sua “alegre inconsciência”; o “gato que brinca na rua” agindo instintivamente, sem pensar. Ele, no fundo, queria sentir sem pensar, mas ao mesmo tempo ser ele mesmo, ou se ja , ter a consciência de ser inconsciente, unindo o sentimento à razão, intelectualizando-o.  Toda esta confusão na cabeça do poeta levou à fragmentação do “eu”, que se encontra insatisfeito com o presente, com tédio constante, “Náusea, vontade de nada/ Existir por não morrer”. O poeta descreve a sua alma como “um mar onde boiam lentos/ Fragmentos de um mar de além…”. O poeta diz que não pertence nem a si. Estes quatro temas estão constantemente presentes na escrita do poeta, definindo-o. Rita Manguinhas nº33 12ºB

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5/13/2018 Fernando Pessoa - composição - slidepdf.com

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Fernando Pessoa

Fernando Pessoa foi um poeta português que teve uma infância evida muito complicadas. Enfrentando crises depressivas, melancolia de vivere frustração constante, estas vieram a refletir-se na sua escrita.

Numa parte dos seus poemas, o poeta fala da sua infância como umpassado longínquo, que não foi dele, “E toda aquela infância/ que não tiveme vem, / Numa onda de alegria/ Que não foi de ninguém”. Embora estainfância seja imaginada, o poeta sente-se feliz porque, de tanto fingir queesta era sua, acabou por se convencer que foi o que ele realmente viveu eele prefere ter uma “ignorância feliz” (“E eu era feliz? Não sei/ Fui-o outroraagora”).

O facto de “fingir” a própria infância reflectiu-se, também, na maiorparte dos seus poemas. Segundo Fernando Pessoa, “O Poeta é um fingidor”

que “sente com a imaginação”. Com a intelectualização do sentimento, opoeta pretende que o leitor sinta essa dor “fingida” (“Sentir? Sinta quemlê”; “É frequente persuadir-me/ De que sou sentimental, / (…) Tudo isso épensamento, / Que não senti afinal”.

O poeta também sente dor de tanto pensar, desejando ser umaceifeira com a sua “alegre inconsciência”; o “gato que brinca na rua” agindoinstintivamente, sem pensar. Ele, no fundo, queria sentir sem pensar, masao mesmo tempo ser ele mesmo, ou seja, ter a consciência de serinconsciente, unindo o sentimento à razão, intelectualizando-o.

 Toda esta confusão na cabeça do poeta levou à fragmentação do“eu”, que se encontra insatisfeito com o presente, com tédio constante,“Náusea, vontade de nada/ Existir por não morrer”. O poeta descreve a suaalma como “um mar onde boiam lentos/ Fragmentos de um mar de além…”.O poeta diz que não pertence nem a si.

Estes quatro temas estão constantemente presentes na escrita dopoeta, definindo-o.

Rita Manguinhas nº33 12ºB

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