Fernando Pessoa

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Poesia

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Saudades só portugueses

Conseguem sentir bem

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Porque têm essa palavra

Para dizer que as têm.

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Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, não há nada mais simples. Tem só duas datas – a da minha nascença e a da minha morte.

Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.

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Sou fácil de definir: Vi como um danado

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Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.

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Nunca tive um desejo que não pudesse realizar porque nunca ceguei.

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Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.

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Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras.

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Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.

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Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.

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Um dia deu-me o sono como a qualquer criança: fechei os olhos e dormi.

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Além disso, fui o único poeta da Natureza.

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Sou daquelas almas que as mulheres dizem que amam e nunca reconhecem quando encontram;

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Daquelas que, se elas as reconhecessem, mesmo assim não as reconheceriam…

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Mas o essencial da minha vida, como da minha alma, é não ser nunca

protagonista

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O poeta é um fingidor;

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

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A liberdade é a possibilidade do isolamento.

Se te é impossível viver só, nasceste escravo.

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Tenho em mimTodos os sonhos do mundo.

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Às vezes ouço passar o vento e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.

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Amo como ama o amor.Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?

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Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

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Existem muitos motivos para não se amar uma pessoa,

Mas apenas um para amá-la.

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