Fernando Galli (Das Trevas Para Luz)

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Capítulo 1 Desde Pequeno Devoto a Deus Acorda! Você está atrasado! O padre já está indo para a igreja!” Essas foram as palavras de minha mãe logo de manhã. Era 19 de novembro de 1979, e meus pais, bem como meus avós, todos estavam muito ansiosos pela celebração de minha primeira comunhão. O dia estava muito ensolarado – nem sequer uma nuvem passageira. Para mim, um dia muito especial. Minha família era muito católica, e eu não perdia uma missa. Sempre que possível, participava dos teatros bíblicos. Minha tia Lourdes, que era minha professora de catecismo, dirigia nossas apresentações. Com os olhos cheio de lágrimas que me lembro de cada papel representado por mim, quer um simples soldado romano, ou talvez um humilde pastor de ovelhas, sem fala, sem importância, ou um dos reis magos, bem como um dos seguidores de Jesus. Só não cheguei a encenar como Jesus porque, com nove anos, eu não era tão barbudo como o rapaz que sempre fazia esse personagem. Na minha infância católica, eu também era um assíduo participante das procissões em torno das ruas de Américo Brasiliense, Estado de São Paulo. Todos os meses a igreja promovia uma ou duas. As que eu mais gostava eram aquelas dirigidas pelo Padre Lauro. Tudo em nome de Jesus e de Maria. Confesso que a fé que possuía me motivava a trabalhar pelo catolicismo, e isso me destacava em relação a meus colegas de catecismo. MINHA PRIMEIRA COMUNHÃO Antes de falar da celebração da minha primeira comunhão, gostaria de avisá-los que em minha história vocês poderão se sentir à vontade em rir e chorar, porque Deus me fez rir e chorar desde pequeno, para a glória dEle. Percorri uma grande caminhada até Cristo. E quero deixar claro que desde pequeno eu desenvolvi um zelo pela Bíblia muito profundo. Tanto é verdade que, aos oito anos, quando corajosamente, eu gritei para dois rapazes que brigavam na saída da escola: Parem de brigar! Por que vocês não vão ler a Bíblia?

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Capítulo 1 Desde Pequeno Devoto a Deus

“Acorda! Você está atrasado! O padre já está indo para a igreja!” Essas foram as

palavras de minha mãe logo de manhã. Era 19 de novembro de 1979, e meus pais, bem como meus avós, todos estavam muito ansiosos pela celebração de minha primeira comunhão. O dia estava muito ensolarado – nem sequer uma nuvem passageira. Para mim, um dia muito especial. Minha família era muito católica, e eu não perdia uma missa. Sempre que possível, participava dos teatros bíblicos. Minha tia Lourdes, que era minha professora de catecismo, dirigia nossas apresentações. Com os olhos cheio de lágrimas que me lembro de cada papel representado por mim, quer um simples soldado romano, ou talvez um humilde pastor de ovelhas, sem fala, sem importância, ou um dos reis magos, bem como um dos seguidores de Jesus. Só não cheguei a encenar como Jesus porque, com nove anos, eu não era tão barbudo como o rapaz que sempre fazia esse personagem. Na minha infância católica, eu também era um assíduo participante das procissões em torno das ruas de Américo Brasiliense, Estado de São Paulo. Todos os meses a igreja promovia uma ou duas. As que eu mais gostava eram aquelas dirigidas pelo Padre Lauro. Tudo em nome de Jesus e de Maria. Confesso que a fé que possuía me motivava a trabalhar pelo catolicismo, e isso me destacava em relação a meus colegas de catecismo.

MINHA PRIMEIRA COMUNHÃO Antes de falar da celebração da minha primeira comunhão, gostaria de avisá-los que em minha história vocês poderão se sentir à vontade em rir e chorar, porque Deus me fez rir e chorar desde pequeno, para a glória dEle. Percorri uma grande caminhada até Cristo. E quero deixar claro que desde pequeno eu desenvolvi um zelo pela Bíblia muito profundo. Tanto é verdade que, aos oito anos, quando corajosamente, eu gritei para dois rapazes que brigavam na saída da escola: Parem de brigar! Por que vocês não vão ler a Bíblia?

Mas voltemos ao dia da primeira comunhão. Após um delicioso café da manhã, fui com meus pais para a igreja católica, que distava uns trezentos metros da minha casa. Ao chegar na igreja, às nove horas em ponto, minha tia Lourdes me conduziu até os bancos da frente. Eu trajava uma calça preta e uma camisa branca de manga comprida, e uma gravata borboleta. Eu estava lindo. Meus pais, António e Therezinha, ficaram nos bancos de trás, orgulhosos pelo evento, preocupados com minha postura corcunda. Quando olhava para minha mãe, ela fazia com o seu corpo a postura que eu deveria ter. No meio da missa, eu com a minha turma fomos para o fundo da igreja, de onde sairíamos em fila para recebermos a primeira comunhão. Eu era um dos últimos, e o que estava na minha frente chupava uns quatro ou cinco chicletes, e ainda por cima fazia uma bola dentro da outra. Evidentemente, arrancaram-lhe os chicletes com um pedido bem delicado: “Tira essa ‘nojeira’ da boca, menino.” Toda a cerimônia me fez aumentar a fé que eu tinha num Deus que eu vim a conhecê-lo bem depois, um Deus que além da religião e da ignorância, preservou-me vivo para contar a você, meu irmão em Cristo, o modo maravilhoso como cheguei a conhecer e a amar o meu Salvador, Jesus Cristo. Esse amor agora quer contagiar a todos os que lerem esse livro. Mas talvez você se pergunte: “Por que ‘preservou-me vivo’?” Então, vou lhes contar um pouco mais sobre mim.

SEMPRE SALVO POR UM TRIZ Nasci aos 27 de dezembro de 1969. Quando era pequeno, sempre dizia ser muito chato ter nascido nessa data, pois ganhava o mesmo presente para o Natal, o meu aniversário e o Ano Novo. Mesmo assim, tinha uma sacola enorme, cheia de presentes dados por meus pais, tios e amigos. A minha mãe era muito caprichosa nas festas de aniversário, e eu tinha o maior prazer em ajudá-la a preparar os docinhos que ficariam ao redor do bolo. Não preciso nem dizer por que eu me oferecia de uma forma tão sincera, em que até as lombrigas da minha barriga queriam ajudar. Mas nem tudo era alegria. Até hoje, quando visito minha mãe, ela me diz que eu dei muito trabalho para ela. Aos cinco anos, contraí hepatite. O médico havia diagnosticado que estava com essa doença. Ao me internar, o médico prescreveu no soro uma certa dosagem de glicose. A reação foi terrível. Sozinho num quarto de hospital, de repente comecei a ficar gelado e a tremer sem parar. Eu gritava, mas não podia me levantar. Ninguém vinha me socorrer. Foi quando, sem ter forças para sequer erguer a cabeça, escutei alguém abrir a porta com força. Era o meu pai, que ao me ver naquele estado, obstruiu a passagem do soro, e sentindo-se como um enfermeiro de primeiro atendimento, por amor à minha vida, ousou a retirar o esparadrapo e a agulha que perfurava o meu braço dolorido e trêmulo. Logo em seguida, os enfermeiros chegaram e me prestaram o socorro. Eu quase morri.

Se não fosse o meu pai, eu teria morrido em questão de minutos, e eu não teria engolido uma bolinha de vidro, três anos depois. Já sei, você ficou curioso de novo. Em 1978, próximo à Copa do Mundo da Argentina, eu era fã do goleiro Émerson Leão. Como não tinha, até então, uma bola de futebol, costumava usar bolinhas de vidro, ou de gude, e chutá-las contra a parede, para que quando retornassem a mim, eu pudesse, como que agarrando uma bola, gritar: “Leão!” Mas um dia, bem no aniversário do meu avô, eu ‘franguei’. A bolinha bateu na parede, voltou, desviou num morrinho artilheiro, e atravessando por entre minhas mãos, entrou na minha boca. Confesso que foi um gol que o meu maior inimigo tentou marcar, um gol único que poderia ter me derrotado. Meu querido leitor, como é terrível ver a morte se aproximar lentamente. Eu não conseguia mais respirar. Percebendo que ia morrer, olhei para a imagem de Maria, que estava no centro da sala, e de mãos juntas pedi o socorro a Deus. Minha tia Lourdes, formada em enfermagem, veio ao meu encontro e, me debruçando, socou-me nas costas. Que alívio! A bolinha saiu e eu pude como que nascer de novo. Deus, o maior juiz do universo, havia anulado aquele gol! Novamente, salvo por um triz. Meu pai me disse, em tom de ironia: “Quase você estraga a festa.” A festa a que ele se referia era o aniversário do meu avô. Se não fosse a minha tia, eu não estaria vivo para ter quase morrido de novo três anos depois. Aos 11 de novembro de 1981, por volta das 11 horas da manhã, meus amigos e eu jogávamos bola na rua, bem próximo de casa. É claro que eu era o goleiro. Quando o zagueiro atrasou mal a bola para mim, eu tive que sair rapidamente para não deixar o atacante dominar a bola e marcar o gol. Depois disso, caí em mim no hospital. Lembro de estar conversando com a minha mãe. - Mãe, onde é que eu estou? Fiquei sabendo de tudo, quando descobri que estava no hospital. O que aconteceu? Os narradores da vizinhança contaram que antes que eu chegasse até a bola, uma motocicleta havia me atropelado e me jogado contra a sarjeta. Eu simplesmente fraturei o crânio, e evidentemente corri risco de morte. Quando acordei no hospital, lembrei-me que tinha, após o acidente, andado até em casa cheio de sangue, e que minha mãe gritava por socorro. Depois, não me lembrei de mais nada. O médico disse a meus pais: “De acordo com o raio-X, mais um centímetro e a fratura poderia ter matado o seu filho”. Novamente, meu amado, eu lhe digo que escapei por um triz. Se não fosse aquele um centímetro a menos, eu não estaria aqui para contar como foi que o trem quase me matou uns anos depois. Eu já tinha 18 anos, e gostava muito de tocar violão. Meu pai tocava muito bem, e certamente fora sua habilidade que me inspirou a entrar numa escola de violão. Ao

caminhar para a casa em que haveria um encontro entre amigos, eu tinha que atravessar uma viela que dava para a linha do trem. Absorto com as cordas do violão, pois eu as afinava em meio ao barulho de carros, atravessei a linha do trem, quando, de repente, senti um vento soprar no meu traseiro. Era um trem. Ao olhar para trás, do lado direito, observei as mãos gesticulantes e incorfamadas do maquinista para fora da janela, como que me dizendo: “Nossa, como você toca bem!” Novamente meus queridos, por uma questão de centésimos de segundo, sem exageros, eu não fui levado pelo trem gratuitamente para várias partes, ao mesmo tempo, da linha do trem. Nem estaria vivo para lhes contar um pouco mais sobre minha religiosidade durante a minha infância.

DEZ TERÇOS POR PECADO! A cada três meses, eu costumava me confessar ao padre. Ele era bastante enérgico, mas sempre era camarada comigo quanto às penitências. Mas como eu era muito peralta, meu pai inculcou em mim o medo do fim do mundo. Desde meus seis anos, ele já havia falado sobre o mundo acabar em fogo, mas certo dia, depois de eu ter posto fogo nas roupas da vizinha, meu pai leu para mim Apocalipse capítulo 13, texto que fala sobre o dragão de sete cabeças e dez chifres. Assim, aos 10 anos, quando a fumaça avermelhada resultante da queima da cana-de-açúcar cruzava os céus noturnos de minha cidade, eu corria para dentro de casa. Daí, pegava o terço da minha avó Julieta e, para cada pecado cometido naquele mesmo dia, eu rezava dez terços. Portanto, era muito religioso. Sempre rezava antes de dormir. Pedia para Deus abençoar os santos que acreditava estarem nos céus. Participava de todas as missas e de todos os teatros bíblicos. Até meus treze anos, minha fé na Igreja Católica Romana era inabalável. Para mim, era o caminho de Jesus. No entanto, os problemas que enfrentei no início da adolescência me obrigaram a fazer mudanças que me afetariam muito nos anos à frente.

DECEPÇÕES E A FUGA Meus pais sempre viveram se amando, mas em 1983 as coisas não iam bem. Meu pai começou a beber um pouco mais do que o de costume, e a associação íntima com amigos de trabalho o levou a se tornar uma pessoa um tanto diferente. Ele era um homem muito respeitado, de cabelos grisalhos, inteligente e responsável. Mas em casa, graças à bebida um pouco acima do usual, as brigas começaram a invadir nosso lar. Certo dia, revoltado, fui até o bar onde ele estava. Ao parar em frente da porta, de braços cruzados, com um olhar de reprovação, eu disse: - Que bonito! Mas ele, zombando de minha preocupação, perguntou-me:

- Quer beber um pouco? Foi então que percebi que meu pai não estava se comportando como antes. Por isso, as brigas eram infernais, principalmente porque, com seus atrasos ao chegar em casa, minha mãe passou a desconfiar dele. Isso me afetou na escola, pois não conseguia me concentrar. Eu tinha medo das noites, porque eram assustadores os gritos do meu pai. Certo dia, meu pai, após uma discussão em casa, pegou um revólver e ameaçou atirar nele mesmo ou em alguém, caso minha mãe não parasse de falar. Até um vizinho veio saber o que estava acontecendo. Era horrível. Isso também tirou toda a minha vontade de freqüentar a igreja católica. Eu fiquei até 24 de dezembro sem ir à missa. Na verdade, naquela véspera de Natal, eu acordei decidido a não ir à Missa do Galo. Naquele ano, havia acontecido tantas coisas ruins, como a morte de meus dois avós paternos, e também uma terrível pneumonia acompanhada de sarampo que quase me fez reprovar de ano. Tudo isso me desmotivou muito. Eu amava meu avô Theodoro e minha avó Angélica. A falta deles havia me deixado magoado com Deus. Eu gostava tanto do meu avô que, naquele mesmo ano de 1983, depois da primeira internação dele, eu pedi a Deus o seguinte: - Meu Deus, em nome de Nossa Senhora Aparecida e de Jesus, tire dos meus anos de vida alguns para dar ao meu avô Theodoro. Mas de nada adiantou esse pedido. Enfim, 1983 tinha sido um ano ruim para mim. Mas, voltando ao dia 24 de dezembro de 1983, por volta das nove horas da noite, inexplicavelmente, eu senti uma vontade enorme de ir à missa do galo, mas meus pais não queriam ir, nem me permitiram que eu fosse. Um mal-estar inesperado me sobreveio, o que dificultou ainda mais a minha ida à igreja. Pedi, então, aos meus pais, em tom de súplica:

- Eu queria ir à missa. Por favor, me leva. Eu queria muito ter esse momento com Deus. Algo me diz que eu devo ir.

Convencidos pela minha sinceridade, meu pai e minha mãe autorizaram a minha ida. Meu pai me levou de carro, uma TL modelo 1976, placa 9808. Quando cheguei à missa, tudo estava diferente. O padre não era o mesmo. O modo de celebrar a missa não era o normal. O teatro bíblico então foi um desastre – até o anjinho que carregava a estrela de Belém escorregou e se arrebentou todo. Eu voltei da missa revoltado. Decidi não ir mais à missa e dar um tempo para Deus. E o pior: Havia rumores de homossexualismo de um dos padres da minha cidade. No entanto, lembro-me de que no começo de 1984, logo nos primeiros dias de janeiro, eu fui até o quintal de casa e pedi a Deus que eu pudesse conhecer a verdade. Fiz isso

porque estava confuso sobre religião. Por não ir mais à igreja católica, eu havia entrado em contato com pessoas de outras denominações, como Assembléia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e Testemunhas de Jeová. Meus parentes paternos eram assembleianos. Eu morava em frente de uma Congregação Cristã no Brasil e minha mãe recebia visitas de testemunhas-de-jeová. Assim, eu não sabia mais quem tinha a razão, com tantas divergências. Por isso, eu pedi a Deus para conhecer a verdade. Nesse ínterim, todas as noites as brigas começavam depois do Jornal Nacional. Eu até achava que o Cid Moreira era a solução para os problemas dos meus pais. Mas numa certa noite de janeiro de 1984, meu pai ofendeu demais a minha mãe e isso foi a gota d’água para mim. Na manhã seguinte, fui ao quintal novamente orar pela verdade de Deus. Eu precisava de uma religião. Não demorou muito para uma testemunha-de-jeová passar em casa. Eu tinha muitas perguntas sobre a Bíblia. Uma senhora, hoje falecida, de nome Amélia, sem saber ler corretamente, cativou-me pela sua sinceridade. Assim, ela me disse: - Você precisa conversar com o meu genro. Ele responderá a todas suas perguntas. Ele é um ancião. Marcamos uma conversa para o final de janeiro de 1984. Aquele senhor, cujo nome prefiro não mencionar, respondeu-me de um modo satisfatório às seguintes perguntas: A terra será um paraíso? Por que envelhecemos e morremos? Por que existe tanta maldade? Qual o significado do dragão de Apocalipse 13? O que significa ser cristão? Satisfeito com as respostas, combinamos iniciar um estudo bíblico. Mas eu havia sido bem enfático: - Jamais irei sair falando de Bíblia de casa em casa. Sim, eu tinha fome e sede da verdade. Desejava ver a Bíblia me falar. Queria ouvir a voz de Deus. Precisava fugir das brigas de casa. Sentia-me perdido, confuso. Ao mesmo tempo, imaginava que fazendo parte das testemunhas-de-jeová, eu poderia ditar as regras do jogo no que se referia à minha participacão ali. Várias vezes mostrei-me, durantes as primeiras conversas com aquele senhor, que jamais sairia de casa em casa.

UM AMIGO MUITO ESPECIAL

Em frente à minha casa morava um rapaz chamado Paulo. Ele era testemunha-de-jeová. Tornamo-nos amigos e ele sempre me convidava para ir ao Salão do Reino, nome que sua denominação dá ao local de reuniões. Certo dia, eu confidenciei a ele que não suportava mais as brigas de meus pais. Então, ele me disse: - Olha, iremos começar a estudar um livro no Salão do Reino, às terças-feiras, chamado Torne Feliz Sua Vida Familiar. Você gostaria de ir?

Aceitei prontamente o convite. Aquele livro era tudo o que precisava. Ele me consolou e me ajudou a entender os motivos pelos quais meus pais brigavam. Ir ao Salão do Reino começou a me fazer bem, pois o estudo preenchia os vazios da minha vida. Enquanto meus pais brigavam, eu estudava aquele livro e outros que havia ganhado. Quanto ao meu amigo Paulo, nossa amizade crescia, e nos tornamos como irmãos. Nunca me esqueço quando ele estava muito mal na cama, com uma febre altíssima. Era uma pneumonia muito forte. Não havia vagas no hospital. Mas graças a meus pais, e a mim que os avisei, Paulo conseguiu ser internado e ficou bem. Essa amizade entre nós terminaria 16 anos depois, e no final desse livro vocês saberão como. Mas saibam que eu o amo muito, às vezes até sonho com ele, e oro para que ele um dia esteja me esperando novamente para irmos juntos à igreja.

OPINIÃO DE AMIGOS MUITO ESPECIAIS Quanto mais ia ao Salão do Reino das testemunha-de-jeová, tanto mais desenvolvia apreço pela Bíblia. Mas, minha família, de tão católica que era, começou a se opor a que eu estudasse a Bíblia com esse grupo religioso. José, meu avô materno, uma doçura de pessoa, foi o primeiro a se manifestar com a minha mudança de religião: - Você está sendo a ovelha negra da família. Quando contei isso às testemunha-de-jeová, elas me explicaram que uma das maiores provas de que eles eram a única religião verdadeira era que as pessoas da família dos que estudavam a Bíblia se opunham à verdade. Elas me leram na Bíblia delas, e eu posteriormente li na minha Bíblia católica, o seguinte:

“Não penseis que vim estabelecer paz na terra; vim estabelecer, não a paz, mas a espada. Pois vim causar divisão; o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a jovem esposa contra sua sogra. Deveras, os inimigos do homem serão pessoas de sua própria família. Quem tiver maior afeição pelo pai ou pela mãe do que por mim, não é digno de mim; e quem tiver maior afeição pelo filho ou pela filha do que por mim, não é digno de mim. E aquele que não aceita a sua estaca de tortura e não me segue não é digno de mim.”- Mateus 10:34-38, Tradução do Novo Mundo.

Assim, o ancião do Salão do Reino me pediu para dizer ao meu avô que eu realmente estava me tornando a única ovelha da família. Esses versículos de Mateus 10 me fizeram elevar o amor próprio. Eu enfrentava toda aquela oposição porque achava que as testemunha-de-jeová estavam com a verdade e minha família inteira com a mentira. Num dos primeiros estudos domiciliares com aquele senhor, aprendi sobre a perseguição que Satanás, o Diabo, causava contra aqueles que estudavam a Bíblia com elas:

“Pode acontecer que até mesmo amigos íntimos ou parentes lhe digam que não gostam que você examine as Escrituras. O próprio Jesus Cristo até mesmo advertiu: “Deveras, os inimigos do homem serão pessoas de sua própria família. Quem tiver maior afeição pelo pai ou pela mãe do que por mim, não é digno de mim; e quem tiver maior afeição pelo filho ou

pela filha do que por mim, não é digno de mim.” (Mateus 10:36, 37) Os parentes talvez procurem desanimá-lo, fazendo-o com toda a sinceridade, porque não conhecem as maravilhosas verdades encontradas na Bíblia. Mas, se deixar de estudar a Palavra de Deus quando surge oposição, como é que Deus vai encarar você? Também, se você desistir, como poderá ajudar a esses amigos e entes queridos a entender que o conhecimento exato da Bíblia é uma questão de vida ou morte? Apegar-se você às coisas que aprende da Palavra de Deus pode, com o tempo, influenciá-los a também aprenderem a verdade.” – Poderá Viver Para Sempre No Paraíso Na Terra, páginas 23 e 24, parágrafo 23.

Com isso em mente, eu me deixei convencer de que era realmente a ovelha negra na família, em meio a pessoas que aos olhos de Deus eram como que cabritos, perdidos e afastados de Deus. O modo de vida incorreto de alguns parentes muito católicos servia de auto-justificativa para mudar de religião. Para mim, eu tinha a bênção de Deus, eles não. Essa era a opinião e a crença do meu amigo Paulo e de todos os amigos que conheci entre as testemunha-de-jeová.

AGRADEÇO PELO ALICERCE RELIGIOSO Conforme você percebeu, nasci com uma essência religiosa que, com o tempo, precisou sempre ser preenchida, devido a brechas espirituais. Sou muito grato a Deus de que os da minha família, principalmente meus pais, ensinaram-me a querer mais sobre Deus. Em meio a tristezas e alegrias, sempre o busquei e desejei aprender mais sobre ele, mesmo enveredando por caminhos que hoje sei que Jesus não aprova. Como foi bom para mim ter sido um bom católico, porque desde criancinha, mesmo sem saber ler, eu folheava a Bíblia católica dos meus pais. Foi ótimo ter tido um alicerce religioso, não importando o que penso hoje sobre o catolicismo. Como é bom também lembrar das muitas vezes que andava com meu pai, ao redor da casa, orando o Pai-Nosso, e também das vezes que líamos junto a Bíblia. Eu teria feito tudo de novo, inclusive engolido aquela bolinha de vidro, pois tudo o que me aconteceu contribuiu para o que sou hoje – um filho de Deus. Agora, você terá que viajar comigo no tempo, e conhecer os caminhos por onde andei. No capítulo seguinte, vou mostrar-lhe mais detalhes sobre como me tornei uma testemunha-de-jeová. Você verá por que muitos se tornam membros dessa seita, e os atrativos que sua liderança oferece para aqueles que precisam preencher vazios e estão sem rumo. Pode ter a certeza de que muitos se tornam membros desse grupo religioso pelos mesmos motivos que eu.

Capítulo 2

Por Que Me Tornei Testemunha-de-Jeová?

Quando era católico, até meus quatorze anos, sempre procurava estar no meio de

pessoas fervorosas. Por agir assim, acabei aprendendo mais do que os outros. No entanto, queria saber mais sobre Deus. Eu percebia que havia uma brecha muito grande entre o conhecimento que os padres tinham e o conhecimento que os católicos em geral tinham. Certo dia, uma testemunha-de-jeová entrou em minha casa e minha mãe começou a estudar a Bíblia com ela. Isso aconteceu em 1982. Eu não gostava muito de que minha mãe recebesse pessoas de outras denominações em casa, com a finalidade de evangelização, pois éramos muito católicos, até então. Mas aquele estudo com minha mãe prosseguiu por seis meses, e como minha mãe não aceitava alguns ensinos das testemunhas-de-jeová, a dirigente de estudo resolveu encerrar suas aulas em casa. Mas enquanto minha mãe estudava, de vez em quando eu era chamado à sala para escutar um pouco do estudo. Eu odiava quando isso acontecia. Naquela época, eu era devoto de São Cosme e São Damião. Mas como foi que me tornei devoto deles? Porque um primo, um pouco mais velho do que eu, havia morrido engasgado com a comida, e somando-se o fato de que eu quase havia morrido quando engoli aquela bolinha de vidro, complexado não queria mais comer, com medo de, ao engolir, morrer engasgado. Meus pais, preocupados com meu emagrecimento, levaram-me para ser bento. O padre também procurou me ajudar, mas nada dava certo. Assim, meus pais me levaram a um centro de macumba, e lá o pai-de-santo disse que para ser liberto desse “encosto” que me punha medo de engolir, eu deveria me tornar um devoto de São Cosme e de São Damião e, todas as quintas-feiras, distribuir doces para as crianças na rua. Bem, voltando às visitas daquela testemunha-de-jeová em casa, certo dia ela perguntou se eu sabia que era errado usar imagens na adoração a Deus. Ao dizer que não, ela mostrou-me vários textos bíblicos sobre o que Deus pensa a respeito das imagens. (Salmo 115:4-8; Êxodo 20:4, 5) Após ler com ela todos os textos, em minha própria Bíblia, eu fiz exatamente o que a Bíblia mandava: queimei no fogo todas aquelas imagens, inclusive às de São Cosme e de São Damião. (Deuteronômio 7:25) Minha mãe ficou branca! Daquele dia em diante, jamais adorei ou venerei imagens. E visto que me senti enganado pelo Padre, porque jamais ele deveria ter permitido que imagens fossem usadas na igreja, e também devido às brigas em casa que sempre me incomodavam, eu desisti de freqüentar a religião católica. Um dos padres em minha cidade era homossexual, e isso me chocava muito. Mas também não quis me tornar testemunha-de- jeová, pois achava esse povo muito dedicado e fanático.

Entretanto, eu notava que todos falavam mal das testemunhas-de-jeová. Quando dizia para os “crentes” que eu havia jogado as imagens no fogo, porque uma testemunha-de-jeová havia me mostrado na minha própria Bíblia o conceito de Deus sobre as imagens, não raro eu ouvia um “muito bem” seguido de uma palavra de cautela, ou de crítica. De fato, todas as seitas têm verdades bíblicas como atrativos, mas seus ensinos principais são um grande perigo para a fé cristã. Mas na época, eu não tinha a menor condição de compreender isso. O ano de 1983 chegou e apresentei alguns problemas de saúde. Uma pneumonia dupla e um sarampo terrível me deixaram internado vários dias. E as brigas em casa aumentavam dia a dia. Foi quando, no final de 1983, decidi assistir àquela Missa do Galo que me desanimou mais ainda. Precisando de respostas para minha vida, pedi a Deus, em janeiro de 1984, para que conhecesse a verdade. Alguns minutos depois, uma testemunha-de-jeová bateu na porta de casa e, conforme já contei no capítulo anterior, um estudo foi iniciado. Apesar de tantos falarem mal daquelas pessoas, realmente me sentia satisfeito com o que aprendia, e resolvi, então, me tornar um membro desse grupo religioso.

QUANTO MAIS CRÍTICAS, MAIS FIRME!

Todos os dias, na escola e entre pessoas da minha família, eu sofria gozação e críticas. No entanto, a pessoa que me ensinava a Bíblia dizia que essas gozações vinham porque somente as testemunhas-de-jeová pregavam pelas casas. Dizia também: “Isso acontece porque Jesus avisou que esse tipo de tratamento ocorreria com os cristãos”. Sempre o senhor lia para mim:

“Felizes os que têm sido perseguidos por causa da justiça, porque a eles pertence o reino dos céus. Felizes sois quando vos vituperarem e perseguirem, e, mentindo, disserem toda sorte de coisas iníquas contra vós, por minha causa. Alegrai-vos e pulai de alegria, porque a vossa recompensa é grande nos céus; pois assim perseguiram os profetas antes de vós.” – Mateus 5:10-12, Tradução do Novo Mundo.

Assim, quanto mais eu sofria oposição, tanto mais me fortalecia. Mas não era só isso que me fazia sentir forte e feliz nessa organização. As testemunhas-de-jeová tinham e têm até hoje um programa de ensino unificado e mundial. Em mais de 230 países, elas aprendem os mesmos ensinos, e estão unidas em servir ao deus que elas professam. Eu percebia que essa unidade era ímpar, e que dificilmente um outro grupo religioso faria o que eles fazem. Evidentemente, eu não me dava conta de que a chamada unidade dessa seita levava milhões à escravidão espiritual, pois todo membro ali era obrigado, se quisesse permanecer ali, a aceitar os ensinos de seus líderes mundiais. Sobre isso, discorrerei mais à frente. Ademais, embora havia pedido para o senhor que me ensinava a Bíblia para jamais me convidar para pregar de casa em casa, eu via que essa forma de buscar as pessoas era feita com um amor muito grande. Como eu não sabia que a fé em Cristo Jesus era o único

requisito para a minha salvação, aquela seita me incutiu a idéia de que eu precisava trabalhar arduamente para obter a minha própria salvação. Para as testemunhas-de-jeová, as obras também salvam, o que a Bíblia jamais ensinou. Efésios 2:8, 9 nos ensina que somos salvos pela graça de Deus através da fé, e não das obras. Por isso, eu comecei a sentir vontade de pregar aos outros. Então, em fevereiro de 1985, pedi para ser incluído no rol de pregadores daquela organização. A partir daí, tive que esperar quase dois anos para ser batizado, pois eu precisei me “transformar” de acordo com os moldes ditados pela liderança mundial dessa seita. O meu batismo, como testemunha-de-jeová, deu-se aos seis de dezembro de 1986, num Salão de Assembléias em Cosmópolis, Estado de São Paulo.

O QUE ME CONVENCIA DE QUE AS TESTEMUNHAS-DE-JEOVÁ E RAM A ÚNICA RELIGIÃO VERDADEIRA?

Para as testemunhas-de-jeová, só eles são os verdadeiros cristãos. Observe:

“É somente lógico que haja uma só religião verdadeira. Isto se harmoniza com o fato de que o verdadeiro Deus é um Deus não “de desordem, mas de paz”. (1 Coríntios 14:33) A Bíblia diz que existe realmente “uma só fé”. (Efésios 4:5) Quem, então, são os que formam o corpo de verdadeiros adoradores hoje? Não hesitamos em dizer que são as Testemunhas de Jeová.” – Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra, página 190.

Mas o que me convencia disso? No mesmo livro Poderá Viver, no capítulo 22, intitulado “A Identificação da Religião Verdadeira”, as testemunhas-de-jeová apontavam cinco formas de se identificar a única religião verdadeira. Observe que, para um recém-interessado, eram bem convincentes os argumentos usados naquele manual de estudos bíblicos. 1. Santificação do nome de Deus. Segundo eles, Jesus, na oração do Pai-Nosso, pediu para que o nome de Deus fosse santificado. Assim, elas dizem no livro:

“Quem, então, atualmente trata o nome de Deus como santo e o torna conhecido em toda a terra? As religiões em geral evitam o uso do nome Jeová. Algumas até mesmo o tiraram de suas traduções da Bíblia. Contudo, se você falar a seus vizinhos e amiúde referir-se a Jeová, usando Seu nome, com que organização acha que eles o associarão? Existe apenas um povo que realmente segue o exemplo de Jesus neste respeito. Seu propósito principal na vida é servir a Deus e dar testemunho do Seu nome, como Jesus fez. De modo que adotaram o nome bíblico “Testemunhas de Jeová”. - Isaías 43:10-12.” – Poderá Viver, página 185, parágrafo 6.

Isso me fazia muito sentido, pois na época, não tinha a menor condição de entender que o nome que Jesus orou pela santificação não se referia ao nome pessoal de Deus, pois a palavra grega para nome significava “fama”, “reputação”, ou “autoridade”. Os meus amigos evangélicos, os quais discordavam dessa seita, jamais haviam me perguntado o que eu hoje pergunto às testemunhas-de-jeová:

Se o nome do qual Jesus falava na oração do Pai-Nosso era o nome Jeová, por que a Bíblia jamais mostra Jesus usando esse nome nas suas pregações e nos seus diálogos com os discípulos? Se a palavra “nome” significa nome pessoal, qual é o nome do Espírito Santo, quando Jesus disse para batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo? Não seria, então, a palavra “nome”, um sinônimo de “autoridade”?

Como não tive essa ajuda, só as testemunhas-de-jeová, para mim, santificavam o nome de Deus, pois só eles usavam o nome Jeová. Veja o segundo item que elas usavam para provar que eram os únicos do povo de Deus: 2. Proclamação do reino de Deus. As testemunhas-de-jeová afirmam até hoje que elas são a única religião que prega o reino de Deus de casa em casa, em obediência à Palavra de Deus. O livro dizia que a pregação no primeiro século era feita de casa em casa, conforme os relatos de Atos 5:42 e 20:20, 21. Portanto, o livro Poderá Viver dizia:

“Pergunte a si mesmo: Se uma pessoa viesse à sua casa e falasse do reino de Deus qual verdadeira esperança para a humanidade, com que organização você associaria tal pessoa? Será que pessoas de qualquer religião, a não ser as Testemunhas de Jeová, falaram com você a respeito do reino de Deus? Ora, pouquíssimas dentre elas realmente sabem de que se trata! São omissas quanto ao governo de Deus. No entanto, esse governo é notícia de abalar o mundo. O profeta Daniel predisse que esse reino ‘esmiuçaria e poria termo a todos os outros governos e que somente ele dominaria a terra’. - Daniel 2:44.” – Poderá Viver, páginas 186, 187, parágrafo 9.

Bem, na época eu não conhecia grego, e nenhum cristão evangélico em minha cidade, nem os que eu conhecia nas cidades vizinhas, saberia me provar que a Bíblia jamais ordenava a se pregar de casa em casa. Ora, no grego original, a expressão usada é “pelas casas”, ou seja, no templo e pelas casas, é que se realizavam os cultos, onde se ensinava e pregava as verdades sobre Cristo Jesus. Por isso a Bíblia usa a mesma expressão “nas casas”, em grego, para se referir às igrejas que havia nas casas de cristãos do primeiro século. Era ali que se pregava e ensinava. (Romanos 16:5; 1 Coríntios 16:19) Assim, a pregação de casa em casa que as testemunhas-de-jeová fazem não é um mandamento bíblico, pois no grego jamais se diz que os discípulos pregavam de casa em casa no sentido consecutivo. Por não entender isso, e ainda ver algumas traduções bíblicas traduzindo incorretamente em Atos 5:42 e 20:20 “nas casas” por “de casa em casa”, eu via que só as testemunhas-de-jeová iam de casa em casa. Eu estava convicto da única religião verdadeira. Além disso, havia outros ensinos aparentemente convincentes. 3. Respeito Pela Palavra de Deus. Nesse subtópico, as testemunhas- de-jeová afirmavam que as religiões da cristandade (aquelas que afirmam seguir a Cristo, mas não o seguem) rebaixavam a Palavra de Deus. Observe:

“Como é que as igrejas da cristandade se enquadram no exemplo de Cristo neste respeito? Têm elas profundo respeito pela Bíblia? Muitos clérigos hoje não crêem nos relatos bíblicos

sobre Adão ter incorrido no pecado, sobre o dilúvio dos dias de Noé, sobre Jonas e o grande peixe, e outros. Dizem também que o homem veio a existir por evolução, não por criação direta de Deus. Estão desse modo incentivando o respeito pela Palavra de Deus? Também, alguns líderes religiosos afirmam que as relações sexuais fora do casamento não são erradas, e que mesmo o homossexualismo ou a poligamia podem ser corretos. Diria que estão incentivando as pessoas a usar a Bíblia como seu guia? Eles certamente não estão seguindo o exemplo do Filho de Deus e de seus apóstolos. - Mateus 15:18, 19; Romanos 1:24-27.” – Poderá Viver, página 187, parágrafo 11.

Naquela época, entre os anos de 1985 e 1987, com os rumores de que um padre na minha cidade era homossexual, e que dois pastores evangélicos tinham traído suas esposas, isso apenas veio a confirmar em minha mente que as testemunhas-de-jeová falavam a verdade sobre a imoralidade nas igrejas. Confesso que incorri no erro de generalização, pois as igrejas evangélicas não pregam a imoralidade. Nos debates que surgiam entre minha família e mim, fui ensinado pelo meu instrutor a expor os erros de minha antiga religião, assim como Jesus expunha as verdades sobre os fariseus. Mal sabia eu dos erros absurdos que descobriria dezesseis anos depois sobre o passado negro da seita testemunhas-de-jeová. Você, meu leitor, ficará perplexo ao saber desse passado nos capítulos à frente. Mas veja um outro ponto convincente para mim, naquela época. 4. Manter-se Separado do Mundo. Nesse subtítulo, o livro Poderá Viver mencionava que os discípulos de Jesus não faziam parte do mundo (João 17:14), que Jesus não quis ser um governante aqui na terra (João 6:15) e que o Diabo é o governante desse mundo (João 12:31). Assim, o livro argumentava:

“Mostram os fatos que as religiões em sua comunidade levam a sério este assunto? Será que os clérigos, bem como os membros da congregação, realmente “não fazem parte do mundo”? Ou estão eles profundamente envolvidos no nacionalismo, nas lutas políticas e de classes do mundo? Estas perguntas não são difíceis de responder, visto que as atividades das igrejas são amplamente conhecidas. Por outro lado, também é fácil examinar as atividades das Testemunhas de Jeová. Por fazer isso, descobrirá que elas realmente seguem o exemplo de Cristo e de seus seguidores primitivos por se manterem separadas do mundo, de seus assuntos políticos e de seu comportamento egoísta, imoral e violento. - 1 João 2:15-17.”- Poderá Viver, página 188, 189, parágrafo 16.

Com esse argumento, ficava fácil, para mim, acreditar que os verdadeiros cristãos não se envolviam na política. E o que eu via era alguns pastores evangélicos conhecidos no país se envolverem em escândalos políticos e com desvio de dinheiro. Eu pensava: Com uma testemunha de Jeová, isso jamais aconteceria, pois nós anulávamos o voto e nenhum membro poderia se candidatar a um cargo político. Mal sabia eu que os líderes dessa seita, depois de minha expulsão em 1999, liberariam seus escravos a votar em alguém.

5. Amor Entre Si. Como sabemos, Jesus disse que os discípulos dele seriam reconhecidos pelo amor. (João 13:34, 35) Assim, o livro Poderá Viver argumentava o seguinte:

“Têm este amor as organizações religiosas com as quais você está familiarizado? Que fazem por exemplo, quando os países onde vivem vão à guerra uns contra os outros? Você sabe o que em geral acontece. Às ordens de homens do mundo os membros das várias organizações religiosas vão ao campo de batalha e matam seus co-crentes de outro país. Assim, católicos matam católicos, protestantes matam protestantes e muçulmanos matam muçulmanos.(...) Como se enquadram as Testemunhas de Jeová neste assunto de mostrar amor entre si? Elas não imitam o comportamento das religiões do mundo. Não matam co-crentes nos campos de batalha. Não têm sido culpadas de representar uma farsa por dizerem ‘amamos a Deus’, ao passo que odeiam seus irmãos de outra nacionalidade, tribo ou raça.”- Poderá Viver, páginas 189, 190, parágrafos 16-18.

Ora, eu me perguntava como uma religião poderia ser cristã se seus membros serviam o exército e aprendiam a matar, sendo que se todos fossem testemunhas-de-Jeová não haveria guerra. (Veja Isaías 2:4) No entanto, nenhum cristão evangélico estava preparado para refutar este argumento: Como um cristão poderia ir à guerra, se Deus condena as guerras e promete fazer cessá-las. (Salmo 46:8, 9) Ora, eu novamente generalizava. Será que todas as pessoas que iam ou vão às guerras são cristãos praticantes do cristianismo? Posso até achar louvável o negar-se a ir às guerras, mas será que Deus também apoiaria que uma nação fosse invadida, sem que as autoridades que o próprio Deus constituiu naquele determinado país (Romanos 13:1) pudessem tomar providências para defendê-lo? As guerras não vêm de Deus; não são o produto da sua vontade. Nem os cristãos têm o prazer de matar. A maioria dos cristãos não teria coragem de matar alguém. E esses cristãos estão espalhados em todas as religiões cristãs. Mas o que mal sabia quando comecei a me tornar membro dessa seita, era que os líderes das testemunhas-de-jeová mataram muita gente, e matam até hoje, com as armas da teologia deles. Os assassinatos que eles condenam nas guerras também são praticados com suas armas poderosas – uma argumentação perniciosa, indutiva, que levou muitos a preferir a morte a aceitar vacinas, transplantes de órgãos e hoje as transfusões de sangue. Mas eu não raciocinava assim no começo. Eu me deixei cegar, e o que me cegava era a mistura de verdades da Bíblia, muito bem explicadas, com as mentiras dessa seita, que terei o prazer de comentá-las nos próximos capítulos. Assim, esses cinco ensinos dessa organização religiosa me convenceram de que a verdadeira religião eram as Testemunhas de Jeová. Só eles santificavam o nome de Deus, só eles pregavam de casa em casa, só eles respeitavam a Bíblia, só eles não se envolviam na política (mas pediam favores aos políticos), só eles não matavam e só eles demonstravam amor cristão. Tudo uma grande inverdade. Então, eu prometi a mim mesmo que, como eu estava na verdade, eu não iria questionar outros ensinos mais difíceis de entender. Os aparentes diferenciais das testemunhas-de-jeová me tornaram um membro da seita convicto, e um ferrenho defensor dos ensinos de sua liderança mundial.

UM ZELOSO PREGADOR Assim que comecei a sair de casa em casa, em 1985, eu percebi que as pessoas precisavam da Palavra de Deus. Eu as sentia sem rumo espiritual, e sempre que elas permitiam, eu entrava e lia a Bíblia para elas. Eu aprendi a amá-las com a Palavra de Deus. Nenhum membro de uma seita quer enganar alguém. As testemunhas de Jeová tinham e têm até hoje um formulário em que cada membro relata o número de horas mensais gastas na pregação, bem como quantas revistas e livros eram “colocados” com os moradores. Segundo o meu instrutor, que era ancião na Congregação Américo Brasiliense, seria bom que as minhas horas estivessem acima da média nacional, que era de dez horas mensais. Após o meu batismo, eu saí como pioneiro auxiliar, trabalho este em que o publicador deveria pregar e ensinar sessenta horas mensais (hoje a cota é menor: 50 horas), e dois anos depois ingressei como pioneiro regular, com a meta de trabalhar para a organização mil horas por ano. Posso dizer que, com certeza, falava da Bíblia com muito amor às pessoas. Amava ensinar crianças e idosos. De fato, amo até hoje. Pregar os ensinos das testemunhas-de-jeová usando a Bíblia me fez arraigar-me mais ainda nos ensinos dessa organização. Ademais, havia uma forte ajuda que me atraía para essa organização.

A ESCOLA DO MINISTÉRIO TEOCRÁTICO ME AJUDOU Todas as quintas-feiras, havia na congregação de Américo Brasiliense a chamada Escola do Ministério Teocrático. Essa escola, que existe até hoje em todas as congregações dessa organização, me ajudou muito a me tornar um hábil pregador. Para falar a verdade, essa escola me ajudou até na escola secular, principalmente na elaboração e nas apresentações de trabalhos. Sou muito grato, até hoje, a essa organização, pelas técnicas aprendidas de como atingir corações sinceros. Com o passar dos anos, tornei-me instrutor dessa escola, e então pude me desenvolver mais ainda, graças a um contato mais intensivo com o livro Manual da Escola do Ministério Teocrático. Ele ajudava pessoas a se tornarem oradores públicos.

UM BREVE RESUMO DE COMO FUI USADO NESSA ORGANIZAÇÃO Em 1992 eu fui designado servo ministerial. Mas depois fui afastado do privilégio por problemas familiares. Casei-me pela primeira vez em maio de 1993 e depois de dois anos, em 1995, fui novamente designado servo ministerial. Cheguei a proferir mais de cem palestras, conhecidas como discursos públicos, e entre 1985 e 1999 trabalhei mais de cinco mil horas para a organização. Fui usado para cuidar de uma congregação numa fazenda. Nesses anos todos, fiz tudo com amor, pois eu era convicto da verdade, e para mim essa verdade estava só com esta organização.

Em 16 anos e meio, de 1984 a 1999, eu li a Bíblia várias vezes, estudei grego e escrevi um livro, só para uso pessoal, que explicava o livro de Mateus versículo por versículo. Só não o publiquei porque um ancião me proibiu de fazer isso, ao dizer que só a liderança mundial dessa seita é que tinha a permissão de Deus para publicar livros de caráter religioso. Apesar de ter me dedicado tanto, em 18 de novembro de 1999 eu fui expulso dessa organização religiosa, perdendo a amizade de mais de duas mil pessoas testemunhas de Jeová de minha cidade e região, que foram proibidas de dizer até mesmo um “oi” para mim. Depois disso, eu fiquei um bom tempo sem pensar em religião. Como eu já sei que vocês já ficaram curiosos de novo e devem estar se perguntando: “Você foi expulso? Por quê?”, já quero adiantar que mais à frente contarei os detalhes sobre minha desassociação. Antes disso, gostaria muito de que vocês me respondessem as seguintes perguntas:

1. O que você acha de uma organização religiosa que prega seus ensinos usando a Bíblia de casa em casa, com zelo e determinação? 2. O que você acha de uma organização religiosa que fala do nome de Deus, não participa de guerras e da política, tem um programa unificado de ensino em que seus membros no mundo inteiro aprendem os mesmos ensinos, e ainda assim são treinados por uma escola semanal a levar sua mensagem a outras pessoas? 3. O que você acham de uma organização religiosa que acredita que a Bíblia é a Palavra de Deus e, por isso, envia seus membros para dirigir estudos bíblicos domiciliares gratuitamente, com a finalidade de ajudar pessoas?

Você não gostaria de que a sua igreja fosse assim? Agora você entende por que motivos eu me tornei testemunha-de-jeová? Confesso que quando assisti a um congresso internacional das testemunhas-de-jeová, no Estádio do Pacaembu, na cidade de São Paulo, em 1990, fiquei emocionado de ver pessoas de todas as raças unidas em servir um único deus. Em que outra religião pode haver tamanha união?, perguntava a mim mesmo. Assim, essa firme estrutura religiosa, com ensinos tão cativantes, que me ajudaram a superar os problemas familiares e preencheram de um modo tão perfeito o meu coração, fez-me aceitar, sem questionar, outros ensinos. Vejamos uma boa parte deles no capítulo seguinte.

Capítulo 3 O Poder da Boa Argumentação

Imagine que alguém viesse até você com a seguinte conversa: “Vendem-se terrenos na

lua. Comprando um terreno ali, você estará livre da poluição, da criminalidade e das guerras. Não há barulho de trânsito, muito menos congestionamento.” Todos nós sabemos que comprar terrenos na lua é um absurdo, pois ali não há condições de haver vida. Mas você notou como que todos os argumentos utilizados para se elaborar a venda desse terreno são verdadeiros? O que quero dizer com tudo isso? Que argumentos bem elaborados podem provar qualquer ensino mentiroso, se não tivermos um conhecimento básico sobre o assunto. No entanto, muitos acabam por se convencer de absurdos porque a argumentação é eficaz. Assim, muitos se tornam vítimas de uma sofisma. Pior do que isso acontece quando a própria pessoa passa a divulgar o absurdo do qual ela foi vítima, e com toda a sinceridade procura convencer outros a crer como ela. Sabe no que isso pode dar? Num conjunto de falsos conceitos, sustentados por ótimos argumentos, um sustentando o outro, um provando o outro, mas o todo sendo um grande absurdo. Mas o que tem a ver tudo isso com minha história religiosa? Infelizmente, sempre vivi maravilhosamente bem num grupo religioso, cheio de teorias embasadas na Palavra de Deus, com uma argumentação sempre bem convincente. Posteriormente, vim a perceber que o todo era uma grande farsa, um terreno na lua. Vou-lhes mostrar melhor isso a seguir.

ENSINOS CATÓLICOS A argumentação que se cria em cima de textos bíblicos pode nos levar a ir além do que o próprio texto diz. Como católico, eu cria que:

1. Pedro foi o primeiro papa da Igreja Católica.

Base para esse ensino: “Bem-aventurado, és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja.” – Mateus 16:17, 18, A Bíblia de Jerusalém. Argumentação: O nome Pedro significa pedra. Pedro foi constituído aqui o primeiro Papa e a pedra sobre a qual a igreja católica fora fundada. Refutação da argumentação: O nome Pedro significa “pedrinha’, e não pedra. O próprio Pedro se considerava pedra viva, mas a pedra principal, a pedra de esquina, sobre a qual a igreja de Cristo foi fundada era o próprio Cristo Jesus. – 1 Pedro 2:4-8.

2. A hóstia e o vinho são o corpo e o sangue de Cristo

Base para esse ensino: “Tomai e comei, isso é o meu corpo” e “Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue.” – Mateus 26:26-29, A Bíblia de Jerusalém. Argumentação: Usa-se o verbo ser, portanto, o pão é literalmente o corpo de Cristo e o vinho é literalmente o sangue de Cristo. Trata-se da transubstanciação. Refutação da argumentação: O próprio Jesus usou o verbo ser muitas vezes no sentido de significar. Por exemplo, ele diz: “Eu sou a videira”. (João 15:1) “Eu sou a porta das ovelhas”. (João 10:7) Também, visto que Jesus comeu do pão e bebeu do vinho, evidentemente que Jesus não poderia ter comido do seu próprio corpo e bebido do seu próprio sangue.

3. É correto usar imagens na igreja.

Base para esse ensino: “Farás dois querubins de ouro, de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório.” - Êxodo 25:18. Argumentação: Se Deus autorizou a se construir querubins de ouro, como ornamento próximo à arca do pacto, por que não poderíamos ter imagens como ornamento da igreja? Ademais, os ídolos que a Bíblia condena são ídolos de deuses falsos. Maria, Jesus e outros santos não são nossos deuses falsos, nem dizemos a esses ídolos “você é meu deus!”. Por isso, não adoramos as imagens, apenas a usamos para nos lembrar de Deus, assim como aqueles querubins de ouro lembravam a presença de Deus na tenda de adoração. Refutação da argumentação: Deus autorizou fazer imagens de querubins, mas não para serem adorados, nem venerados. Não se acendiam velas para eles, nem se colocava dinheiro aos pés deles, muito menos se orava a eles ou se pagavam promessas àquelas imagens. Não era para se confiar neles, tanto que Deus nem fez questão de dar nomes aos querubins.

Para mim, um católico fervoroso, que havia sido salvo após um gesto de adoração à imagem de Maria, que fazia teatros bíblicos em várias cidades, em fim, eu que tinha todo apoio religioso ao meu lado, seria muito difícil questionar o ensino de que Pedro foi o primeiro papa e que as palavras de Jesus instituíam a Igreja Católica. Muito menos questionaria o papado de Pedro. E se Deus permitiu imagens na tenda de adoração, por que ele não permitiria imagens na igreja? Eu não conhecia o outro lado da questão, e quando fechamos os olhos a todo pensamento contrário, deixamos de pensar para nos calar diante de uma argumentação qualquer. Assim, argumentos bem elaborados sustentavam a minha fé católica, a qual foi inabalável até que analisei outras formas mais bíblicas de interpretação. E muitas verdades

que eram ensinadas entre os católicos serviam de respaldo para outros ensinos católicos que as outras religiões discordavam, como os mencionados anteriormente.

POR QUE DEIXEI DE SER CATÓLICO A situação de muitos é cômoda na igreja. Aceitam tudo o que lhes é ensinado, porque tudo lhes é passado como se fossem verdades comprovadas. Assim, não precisamos pensar. No entanto, Deus conhece corações sinceros, e inexplicavelmente a sua graça vem para uns de um modo, para outros de outro, mas sempre vem. Basta aceitarmos. Ele faz maravilhas para quebrar jugos. Lembra-se que lhe contei sobre uma testemunha-de-jeová que passou em casa e mostrou-me quão errado era usar imagens na adoração? Lembra-se do que eu fiz? Eu queimei a todas no fogo, em obediência à minha Bíblia, a tradução Ave Maria. (Deuteronômio 7:25) No entanto, qual era a minha situação como católico naquela época? Eu estava revoltado com escândalos homossexuais na igreja. Minha família, muito católica, estava em crise e eu me sentia desanimado. Portanto, se aquela testemunha-de-jeová tivesse me lido os mesmos textos sobre a idolatria enquanto eu era forte na fé católica, eu usaria bons argumentos para justificar o uso das imagens que eu tinha. Quando somos convictos e leais a homens, nosso cérebro luta para não sermos convencidos do contrário, pois não gostamos de decepção. Mas quando a decepção vem primeiro, abrimos nosso coração para raciocinar melhor. Foi isso que aconteceu, porque eu deixei a Bíblia falar comigo, independente de quem lia e de que religião ela era, pois estava decepcionado com o catolicismo. Eu deixei que Deus falasse comigo sem argumentação humana. Eu queimei as imagens no fogo e me convenci de que a igreja católica era idólatra, e nisso creio até hoje. Você entendeu, então, que precisamos tomar muito cuidado com os argumentos que provam o que pode não ser a verdade? No caso do uso dos querubins de ouro, o objetivo deles realmente era lembrar a presença de Deus no local, mas a Bíblia não diz que quem se aproximasse dessas imagens deveria orar a elas, ajoelhar-se para adorá-las, colocar dinheiro e acender velas a ela, e usar os anjos querubins como intercessores entre Deus e os homens. Infelizmente, os católicos oram para Deus em nome do santo a quem são devotos, usando suas imagens, e crêem que esses santos, estando nos céus, podem interceder milhões de orações a Deus, ao mesmo tempo, como se eles fossem oniscientes e onipresentes como Deus. Por isso, a Bíblia, quando usada sem considerar o devido contexto, pode se tornar uma arma de Satanás nas mãos de pessoas mal informadas. Foi por isso que Satanás usou as escrituras para tentar Jesus. Quando me convenci disso, as peças do dominó católico de falsos argumentos foram caindo, uma derrubando a outra. Fiquei alguns meses sem religião, e por isso, sentindo a falta de pessoas religiosas do meu lado, para servirem a Deus comigo, sentindo-me sozinho e deprimido, fui ao quintal de minha casa e orei para que Deus me mostrasse a verdade, inclusive uma verdade livre de líderes homossexuais.

Foi assim que me tornei testemunha-de-jeová. Nos quase dezessete anos que servi a essa organização, eu tornei-me um defensor leal dos seus ensinos. O que eles tinham de positivo tornavam-me convicto. Sem ir às guerras, não se envolvendo com a política suja, enaltecendo o nome Jeová, evangelizando de casa em casa e mostrando respeito à Palavra de Deus, todos esses ensinos serviam de base para eu acreditar nos outros também. Assim como no catolicismo, a boa argumentação me convencia, mas pela falta de conhecimento bíblico e o desinteresse em questionar se eram corretas as interpretações, tudo parecia se encaixar. A minha história de vida religiosa provou que por mais absurda que possa ser uma doutrina, o poder de convencimento que as teorias humanas têm é impressionante. Gostaria de mostrar-lhe a seguir os ensinos das testemunhas-de-jeová assimilados por milhões, e nas páginas seguintes lhes contarei o que aconteceu em minha vida que fez ruir esse império de falsas argumentações em meu coração. Antes, porém, observe como as testemunhas-de-jeová, em seus livros, argumentam a ponto de deixar pessoas inexperientes sem a menor reação para questionar:

“Qual deve ser sua reação caso se lhe apresente prova de que aquilo em que crê é errado? Por exemplo, digamos que esteja viajando de carro pela primeira vez para certo lugar. Você tem um mapa rodoviário, mas não tomou o tempo para verificá-lo bem. Alguém lhe disse qual a estrada que devia tomar. Você confiou nele, crendo sinceramente que lhe indicou o caminho certo. Mas, suponhamos que não o seja. O que faria se alguém lhe apontasse o erro? O que faria se este, recorrendo ao mapa que você mesmo tem, lhe mostrasse que tomou a estrada errada? Será que o orgulho ou a obstinação lhe impediriam admitir que está na estrada errada? Pois bem, se ficar sabendo, pelo exame de sua própria Bíblia, que está seguindo o caminho religioso errado, esteja disposto a mudar. Evite a estrada larga que conduz à destruição; siga o caminho estreito que leva à vida!” – Poderá Viver Para Sempre, páginas 32, 33, parágrafo 20.

Uma pessoa despreparada, presa fácil da boa argumentação, não perceberá que a intenção dos autores da citação acima e líderes religiosos das testemunhas-de-jeová é preparar o aprendiz para assimilar as crenças deles, como que se todas as outras religiões fossem estradas incorretas e somente eles o único caminho. E para inibir o questionamento, eles perguntam: “Será que o orgulho ou a obstinação lhe impediriam admitir que está na estrada errada?”, como se eles não tivessem erros e fossem o sinônimo da verdade, ou a própria verdade. Fazem o estudante a crer que, como são uma religião pequena em relação às outras, Jesus estaria se referindo a uma única religião chamada testemunhas-de-jeová, como se ela fosse o caminho estreito que leva à vida. Mas a pessoa preparada desejará analisar os fatos. Ela considerará a argumentação, mas não permitirá que os outros a chamem de orgulhosa ou obstinada caso ela encontre provas de que a argumentação é incorreta. E o mais importante: O mapa da salvação, que é a Bíblia, nos ensina que Jesus é o caminho, a verdade e a vida. (João 14:6) Toda a religião que se diz ser o único caminho que leva à vida rouba ou divide com Jesus o mérito da salvação, tornando-se assim uma seita. E quando descobrimos que a argumentação da seita é baseada em verdades bíblicas para provarem

um ensino falso, nos decepcionamos para o nosso bem, pois abrimos oportunidades para desfazermo-nos de um terreno na lua, comprado por vítimas da boa argumentação.

Capítulo 4 O Alimento Espiritual das Testemunhas-de-Jeová

Quando uma pessoa quer se tornar uma testemunha-de-Jeová, ela precisa, antes de ser

batizada, estudar um livro chamado O Conhecimento Que Conduz À Vida Eterna. No meu tempo, em 1984, estudávamos dois livros: Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra e Unidos na Adoração do Único Deus Verdadeiro. Os livros eram muito bem elaborados, e o estudante da Bíblia respondia a perguntas que o dirigente de estudo lhe fazia. Essas perguntas vinham escritas no roda-pé de cada página e as respostas deveriam ser baseadas no que estava escrito no livro. Todos os ensinos básicos das testemunhas-de-Jeová estão contidos nesses livros. A seqüência de estudos leva o estudante a crer que somente essa organização será salva da destruição desse mundo mal. Mas quem são os autores desses livros, bem como das outras publicações, incluindo as revistas A Sentinela e Despertai!? A resposta para isso tem a ver com o primeiro ensino fundamental dessa organização.

QUEM É O ESCRAVO FIEL E DISCRETO?

Certo dia eu perguntei ao meu dirigente de estudo quem eram os autores do livro Poderá Viver. Ele me disse:

“Os nomes não aparecem por uma questão de humildade. Mas a classe deles é conhecida como escravo fiel e discreto”. – E.L.A.

Mais à frente, eu vim a descobrir por que os nomes dos autores não aparecem. Mas, segundo as testemunhas-de-Jeová, quem é esse escravo fiel e discreto e em que se baseia essa interpretação? Segundo eles, esse escravo não é uma pessoa, mas uma classe de pessoas, que existiram no primeiro século da era cristã e que, evidentemente com outras pessoas, estariam alimentando espiritualmente as pessoas famintas da verdade quando Jesus voltasse. Baseiam-se sua interpretação no seguinte texto:

“ Quem é realmente o escravo fiel e discreto a quem o seu amo designou sobre os seus domésticos, para dar-lhes o seu alimento no tempo apropriado? Feliz aquele escravo, se o seu amo, ao chegar, o achar fazendo assim! Deveras, eu vos digo: Ele o designará sobre todos os seus bens.” – Mateus 24:45-47.

Para as testemunhas-de-jeová, esse escravo fiel e discreto refere-se aos 144.000 cristãos que viverão com Cristo no céu. Mas dentre esses 144.000, Deus escolhe poucos homens para alimentar espiritualmente os membros individuais dessa organização. Assim, da mesma forma que os doze apóstolos teriam alimentado o resto dos cristãos no primeiro século, escrevendo livros e cartas inspiradas do Novo Testamento, assim também haveria hoje um corpo governante, composto de 10 a 18 homens, dependendo a época, que seriam os a quem Cristo usaria para alimentar espiritualmente todos os membros dessa organização religiosa. Observe a seguinte explicação:

“Embora a família de Deus seja composta coletivamente de todos os cristãos ungidos, há abundante evidência de que Cristo escolheu um pequeno número de homens dentre a classe-escravo para servir como corpo governante visível. A história inicial da congregação mostra que os 12 apóstolos, incluindo Matias, eram a base do corpo governante do primeiro século. Atos 1:20-26 dá-nos uma indicação disso.” – A Sentinela de 15 de março de 1990, página 11, parágrafo 7.

As testemunhas-de-jeová aceitam essa explicação sem questionar os absurdos que ela traz consigo. Onde diz a Bíblia que Cristo teria escolhido um Corpo Governante, se essas duas palavras não se encontram na Bíblia? Na época, eu também não havia questionado isso. Apenas associei os doze apóstolos com os doze membros do Corpo Governante que tomavam a liderança mundial da seita. E pior que isso, o escravo fiel e discreto, segundo eles, são os 144.000 de Apocalipse 7:4-8 e 14:1-3. Mas onde a Bíblia faz essa afirmação? Ora, eu não tive a chance de entender que o escravo fiel e discreto de Mateus 24:45-47 são todos os cristãos, inclusive você, meu leitor, que alimenta pessoas que têm fome e sede de justiça com as verdades da Bíblia. Os 144.000 não cristãos que fazem parte da igreja de Cristo, mas são judeus, compostos por 12 tribos com 12.000 membros cada uma. Esses judeus se converterão a Jesus na época da grande tribulação, quando a igreja de Cristo já tiver sido arrebatada, e ajuntarão uma grande multidão com sua pregação. – Apocalipse 7:9-14. Mas o que seria o alimento que esse escravo fiel e discreto da seita TJ oferece através do seu corpo governante? Uma outra publicação deles explica:

“Os do restante fiel da classe deste ‘escravo discreto’ fazem hoje biblicamente todo o possível para cuidar de que as testemunhas dedicadas de Jeová, bem como os interessados do mundo, recebam alimento espiritual sustentador da vida. (...) Além disso, o “escravo” tem organizado congregações e as tem suprido de literatura bíblica em quantidade tal, que elas têm uma abundância de ‘sementes’ do Reino para espalhar publicamente nos seus campos designados.” – A Sentinela 1 de maio de 1987, página 15.

Assim, todas as literaturas bíblicas que as testemunhas-de-jeová publicam são alimento espiritual no tempo apropriado, isso na opinião deles. Isso tornava para mim o Corpo Governante um canal de comunicação entre Jesus e todos os membros dessa organização. Qual era então a importância dada a esse canal de comunicação? Veja:

“Mas, Jeová Deus proveu também sua organização visível, seu “escravo fiel e discreto”, composto dos ungidos com o espírito, para ajudar os cristãos em todas as nações a entender e a aplicar corretamente a Bíblia na sua vida. A menos que estejamos em contato com este canal de comunicação usado por Deus, não avançaremos na estrada da vida, não importa quanto leiamos a Bíblia. - Veja Atos 8:30-40.” – A Sentinela 1 de agosto de 1982, página 27, [o grifo é meu].

Portanto, depois que eu fui batizado, perguntei a meu ex-dirigente de estudo bíblico o que eu deveria fazer se eu discordasse desse canal de comunicação e viesse a ter uma outra forma de interpretação. A resposta foi a mesma que esse próprio corpo governante dá em suas revistas e publicações: “Espere em Jeová”. Freqüentemente éramos alertados a não questionar os ensinos do escravo fiel e discreto, a fim de não nos tornarmos apóstatas, ou hereges. Veja:

“De modo que aquele que duvida a ponto de se tornar apóstata arvora-se em juiz. Acha que sabe mais do que seus concristãos, também mais do que o “escravo fiel e discreto”, por meio de quem aprendeu a melhor parte, senão tudo o que ele sabe sobre Jeová Deus e seus propósitos. Desenvolve o espírito de independência, torna-se “soberbo de coração . . . algo detestável para Jeová”. (Pro. 16:5) Quanto aos efeitos do proceder apóstata, um deles é a imediata perda da alegria. O apóstata fica endurecido no seu modo rebelde. Outro é que ele deixa de assimilar o alimento espiritual provido pelo “escravo fiel e discreto” - o que resulta em fraqueza espiritual e no quebrantamento do espírito. (...) Vale a pena tropeçar e talvez fazer outros tropeçar?” – A Sentinela 1 de fevereiro de 1981, páginas 19, 20, parágrafos 11, 12 e 17.

Como vocês podem notar, era muito difícil alguém ousar a questionar os ensinos desse “escravo”, pois significaria apostasia, ou heresia, discordar deles, pois se faziam sinônimos da verdade. Os membros do corpo governante das testemunhas-de-jeová, sediados em Nova York, EUA, sempre mostraram os perigos de se discordar deles. O perigo maior seria o de tornar-se um apóstata. O que acontecia e acontece se uma testemunha-de-jeová passar a pensar diferente deles? Ela poderá ser expulsa daquela organização. Observe como isso é verdade:

“Qual é a adequada reação da congregação quando alguém abandona a verdadeira fé cristã e adere a outra religião?

“Isto às vezes acontecia no primeiro século. Assim, é compreensível que vez por outra isso aconteça hoje. Quando este é o caso, a congregação reage apropriadamente para proteger a

limpeza espiritual dos cristãos que a compõem. (...)Eles simplesmente anunciarão à congregação que tal pessoa dissociou a si mesma, e assim não é mais Testemunha de Jeová. Tal pessoa ‘abandonou sua anterior lealdade’, mas, não é necessário tomar nenhuma medida formal de desassociação. Por que não? Porque ela já se dissociou da congregação. Provavelmente não tenta manter contato com seus ex-irmãos, para persuadi-los a segui-la. De sua parte, os irmãos leais não procuram companheirismo com ela, visto que ‘saiu do meio deles, pois não era dos deles’. (1 João 2:19)” – A Sentinela de 15 de outubro de 1986, página 31.

Portanto, é até hoje fácil de entrar nessa seita, mas difícil de sair. Aqueles que discordam do Corpo Governante são tratados como discordantes da verdade, ou de Jeová. Nem visitar outras igrejas é permitido, pois as testemunhas-de-jeová criam e crêem até hoje que só elas são a religião verdadeira. Nem mesmo duvidar era permitido. Tínhamos que confiar na classe do “escravo fiel e discreto” como se eles fossem os únicos a receberem o entendimento correto da Bíblia, por isso, não adiantava eu ler a Bíblia sem a ajuda deles. Veja o que essa seita chegou a afirmar sobre a Bíblia e suas literaturas:

“Pergunta: Poderá a leitura da Bíblia... conduzir alguém à verdade? Resposta: Não... a mais valiosa literatura para fazer alguém entender a Bíblia é publicada pela Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia [Testemunhas de Jeová].” Idade de Ouro de 27/7/1927, pp. 700,701 (em inglês). “Se você passar 15 minutos lendo cada um dos livros de Rutherford [o segundo presidente das tjs], terá mais prazer do que lendo a Bíblia por um ano inteiro.” - Vindicação III, 1932, p. 383 (em inglês), Bold acrescentado.

Assim, ensinaram para mim que Deus não se agradaria se eu viesse a discordar, a questionar as “verdades” do Corpo Governante.

“Uma vez que verificamos qual o instrumento que Deus usa como seu “escravo” para distribuir o alimento espiritual ao seu povo, Jeová certamente não se agradará se recebermos este alimento como se pudesse conter algo prejudicial. Devemos ter confiança no instrumento que Deus usa.” – A Sentinela 15 de agosto de 1981, página 19.

Às vezes, podia acontecer de entrarmos em contato com alguma matéria contra os ensinos do Corpo Governante. Por isso, éramos instruídos a não ler artigos desse tipo. Eles deveriam ser jogados no lixo. Observe:

“Assim como ocorreu na congregação cristã primitiva, existem hoje os que se tornam apóstatas ou extremamente críticos aos ensinos do povo de Deus. (1 Tim. 4:1) Às vezes eles enviam cartas ou publicações que promovem a religião falsa e lançam calúnias contra a organização de Jeová. O que fará se receber uma de tais cartas ou publicações? Seria muitíssimo perigoso raciocinar que ler tal matéria não o afetará. (1 Cor. 10:12) Nutrir a mente

com raciocínios apóstatas pode fazê-lo cair vítima de sérias perguntas ou dúvidas. (Tia. 1:15) (...) Se por curiosidade lesse a literatura apóstata, seria como se convidasse um inimigo da verdadeira adoração à sua casa - um desassociado ou dissociado - para se sentar consigo e expor suas idéias apóstatas. Há apenas um lugar apropriado para tal tipo de matéria - jogue-a fora, no lixo!” – Nosso Ministério do Reino de Janeiro de 1987, página 8.

Portanto, deveríamos jogar no lixo toda matéria contrária ao Corpo Governante, pois se tratava, segundo a seita, de calúnias. Qualquer testemunha-de-jeová fecha sua mente diante de qualquer matéria que questione suas crenças, porque sua consciência é treinada por intelectuais da fé a acreditar que somente eles são a religião verdadeira e, por isso, tudo o que se fala contra é mentira. Chegam até a achar que estão sendo perseguidas porque Jesus disse que “mentindo dirão toda sorte de coisas contra vós”. (Mateus 5:11) Foi assim que absorvi aquelas “verdades”. Eu não interpretava as críticas como protesto contra as mentiras do Corpo Governante, mas como perseguição. Não é necessário colocar mais provas para mostrar que, realmente, depois do batismo, era quase impossível sair dali. Quem questionasse, era expulso. A nossa “fé” era firmemente fundamentada nas crenças do corpo governante e não havia como retroceder, ou como pensar melhor. Assim, ou você seguia ou você podia ser expulso como apóstata, e perder o contato com centenas de pessoas em sua cidade. Na dúvida, era melhor “esperar em Jeová”, por uma nova “luz”, ou um novo “cardápio”, explicando melhor o assunto. Caso contrário, a pessoa poderia perder seus melhores amigos de um dia para o outro. Você verá que passei por tudo isso. Visto que havia nessa organização uma unidade de ensino e um ambiente de respeito mesclado com um temor muito grande, qualquer outra pessoa ali se fechava a criticas e a questionamentos. É como se alguém fosse terrivelmente apaixonado por uma pessoa problemática. Como esse alguém reagiria se você falasse a ela verdades sobre o passado dessa pessoa? Esse tipo de paixão, muitas vezes, cega a pessoa, e ela só consegue ver na frente aquilo que ela quer ver. Foi exatamente isso que se deu comigo. Eu acabei por aceitar apaixonadamente todos os ensinos desse “escravo fiel e discreto”. Veja como era difícil questionar tais ensinos, mediante suas argumentações e supostas evidências.

DEUS NÃO É UMA TRINDADE Assim que comecei a estudar a Bíblia com as testemunhas-de-jeová, aprendi que Jesus e Deus não eram o mesmo Deus, conforme cria quando eu era católico. Aprendi também que o Espírito Santo era “espírito santo”, ou seja, não era uma pessoa divina, mas sim “uma força ativa de Deus”. É realmente difícil debater com uma testemunha-de-Jeová sobre esse assunto, porque seus questionamentos contrários à doutrina da Trindade realmente dão o que pensar, se você não estiver bem preparado e conhecer bem a sã doutrina. (Leia Tito 1:9) Tanto que

enquanto eu pertencia a essa organização, simplesmente deixava católicos e evangélicos sem a menor resposta. Veja as perguntas que essa organização fazia que me convenceram de que Jeová e Jesus não eram o mesmo Deus.

Se Jesus é Deus...

1. Por que ele disse que o Pai era maior do que ele? – João 14:28. 2. A quem ele orava? – João 17; Mateus 6:9. 3. Quem foi que o ressuscitou? – Atos 2:32. 4. Como ele pôde ter morrido se Deus não morre? 5. Por que ele disse a Maria que subiria para o seu Deus? – João 20:17. 6. Por que Estêvão viu Jesus à direita de Deus? – Atos 7:55, 56. 7. Por que a Bíblia diz que Jesus é o “princípio da criação”? – Apocalipse 3:14. 8. Por que a Bíblia diz que Jesus entregará o reino a Deus e Pai, na eternidade? – 1 Coríntios 15:24-28. 9. Por que Jesus disse que ele não sabia o dia do fim, mas só o Pai? – Mateus 24:36, Marcos 13:32. 10. Como poderia ele ter dito: “Pai, realize-se a tua vontade, não a minha.” – Lucas 22:42.

Sobre o Espírito Santo, as testemunhas-de-jeová me ensinaram a questionar sua pessoalidade da seguinte forma:

1. Se o “espírito santo” fosse uma pessoa, como que os discípulos poderiam ficar cheios de uma pessoa? – Atos 2:4. 2. Por que o “espírito santo” não foi visto por Estêvão, quando ele viu Jesus à direita do Pai? – Atos 7:55, 56. 3. Por que esse “espírito santo” foi visto em forma de pomba, se ele é uma pessoa? – Mateus 3:16, 17.

Bem, acredito ter despertado a sua curiosidade com essas perguntas. Mas tenha paciência, porque mais à frente lhe ajudarei a responder a todas elas, do ponto de vista cristão. Mas o que desde já quero lamentar é a falta de conhecimento dos cristãos de nossos dias sobre a natureza de Deus. Poucos sabem que Deus subsiste em três Pessoas distintas, co-iguais em poder, majestade, eternidade e conhecimento. Você, leitor, é uma pessoa só, mas a essência de Deus subsiste em três Pessoas – o Pai, o Filho, e o Espírito Santo. O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus, mas não são três Deuses, pois Deus é um só. Você sabia disso? Saberia provar isso na Bíblia? Então, continue lendo a minha história, pois nas páginas à frente você será ajudado a expressar com provas bíblicas a sua fé no Deus Triúno.

PROIBIDAS AS TRANSFUSÕES DE SANGUE Como tive hepatite, jamais poderia doar sangue. Assim, não foi difícil aceitar o que a organização ensinava sobre transfusões de sangue. Quanto a receber sangue, eu tinha médicos amigos na família, e eles me diziam que realmente a medicina moderna ainda evita ao máximo as transfusões de sangue. No entanto, quando a situação torna necessário o uso de sangue, o paciente pode ficar entre a vida e a morte. Como as testemunhas-de-jeová, então, encaram isso?

“Será que a proibição bíblica inclui sangue humano?

Sim, e os primeiros cristãos entenderam assim. Atos 15:29 diz para ‘persistir em abster-se de sangue’. Não diz meramente abster-se de sangue animal. (Compare com Levítico 17:10, onde se proíbe comer “qualquer espécie de sangue”.) Tertuliano (que escreveu em defesa das crenças dos primitivos cristãos) declarou: “O interdito do ‘sangue’, nós entenderemos como sendo (um interdito) ainda mais do sangue humano.” — The Ante-Nicene Fathers, Vol. IV.” – Raciocínios à Base das Escrituras, página 345.

Lembro-me de ter conversado com muitos evangélicos sobre o texto de atos 15:29, inclusive pastores. Nenhum deles soube mostrar-me o porque a Bíblia condena comer sangue. Era tão simples mostrar que o sangue, animal ou humano, jamais deveria ser tratado como alimento, pois como símbolo da vida, sua santidade devia ser respeitada, e não comida. Por isso a Bíblia condena comer o sangue. Nos tempos bíblicos, não havia transfusões de sangue. Mais à frente lhe ajudarei a raciocinar melhor esse assunto com um adepto dessa seita. Por incrível que pareça, os líderes dessa seita publicaram um artigo que tentava provar que a transfusão de sangue era o mesmo que o comer sangue, proibido na Bíblia em Gênesis 9:3,4 e Levítico 17:10. Observe:

É uma transfusão realmente o mesmo que comer sangue?

“Num hospital, quando um paciente não consegue alimentar-se pela boca, ele é alimentado endovenosamente. Ora, será que alguém que jamais poria sangue em sua boca, mas que aceitasse sangue por meio de transfusão, estaria realmente obedecendo à ordem de ‘persistir em abster-se de sangue’? (Atos 15:29) A título de comparação, considere o caso de um homem a quem o médico dissesse que precisa abster-se de álcool. Estaria ele obedecendo à ordem, se deixasse de beber álcool, mas fizesse que este lhe fosse injetado diretamente nas veias?” – Raciocínios à Base das Escrituras, página 345.

E agora meu caro leitor? Como você se sairia dessa? Sente agora a importância de estudar seitas com suas heresias? Quando sabemos o que eles pensam, e fazemos um estudo sobre o que a Bíblia ensina, Deus nos ajuda a alcançá-los com verdades espirituais. E eu vou te

deixar curioso sobre a argumentação deles sobre o sangue e o álcool. Continue lendo o meu livro. Comumente, as testemunhas-de-jeová usavam o texto de Atos 15:28, 29 para provar que as transfusões eram erradas, e como estudante da Bíblia já direcionado a crer piamente nos ensinos dessa seita, sentia-me completo com o modo de usarem a Bíblia para provarem suas heresias. Veja o texto usado pelo corpo governante deles para provar que as transfusões de sangue são proibidas: “28 Pois, pareceu bem ao espírito santo e a nós mesmos não vos acrescentar nenhum fardo adicional, exceto as seguintes coisas necessárias: 29 de persistirdes em abster-vos de coisas sacrificadas a ídolos, e de sangue, e de coisas estranguladas, e de fornicação. Se vos guardardes cuidadosamente destas coisas, prosperareis. Boa saúde para vós!” – Atos 15:28, 29, Tradução do Novo Mundo. Assim, muitos concluíam que quem não recebesse sangue podia ficar livre da AIDS. O que me impressionava mais ainda era ver testemunhas-de-jeová morrerem por falta de sangue. Eu mesmo conheci algumas delas, que mantiveram sua posição baseada na interpretação dada pelo corpo governante. Na ocasião em que morriam, em seus discursos fúnebres, muitos se expressavam: “Morreu fiel a Jeová”. Certa vez, eu me perguntei se seria correto a pessoa estocar o seu próprio sangue antes da cirurgia e ser usado numa possível emergência. Os médicos chamam isso de sangue autólogo, ou autotransfusão. Até isso seria incorreto para o corpo governante. Veja:

“Preocupações atuais a respeito de doenças transmissíveis pelo sangue tornaram comum esse uso de sangue autólogo. As Testemunhas de Jeová, porém, NÃO aceitam esse procedimento. Há muito entendemos que tal sangue estocado certamente não mais é parte da pessoa. Foi totalmente removido dela, assim, esse sangue deve ser descartado em harmonia com a Lei de Deus: “Deves derramá-lo na terra como água.” — Deuteronômio 12:24.” – A Sentinela de 1 de março de 1989, página 30.

Mas por que eu aceitei tão facilmente esse ensino? Talvez porque nunca havia questionado mais a fundo o assunto, já que tinha visto tão poucos casos de testemunhas-de-jeová precisarem de sangue. Também, deixei que o literalismo do corpo governante me convencesse. No caso do sangue autólogo, não me dei conta de que a Bíblia pedia para derramar o sangue como água no chão, referindo-se ao sangue do animal morto para ser comido. Não se tratava aqui de sangue humano usado para salvar uma vida.

PROIBIDO CELEBRAR ANIVERSÁRIOS NATALÍCIOS

Toda seita precisa precisa provar que só ela é a “religião verdadeira”. Um bom método é criar ensinos que a diferenciem das outras religiões. Não celebrar aniversários natalícios constitui uma das proibições da seita testemunhas-de-jeová. Esse foi um assunto que aceitei

rapidamente, pois era ensinado a evitavar as festividades e celebrações de origem pagãs. No caso dos aniversários natalícios, veja o que se ensina até hoje:

“Será que as menções feitas pela Bíblia de celebrações de aniversários natalícios as colocam em luz favorável? A Bíblia só faz duas menções de tais celebrações: Gên. 40:20-22: “Ora, o terceiro dia resultou ser aniversário natalício de Faraó, e ele passou a dar um banquete . . . Concordemente, restituiu o chefe dos copeiros ao seu posto de copeiro . . . Mas ao chefe dos padeiros ele pendurou.” Mat. 14:6-10: “Quando se celebrava o aniversário natalício de Herodes, dançou nesta ocasião a filha de Herodias, e ela agradou tanto a Herodes, que ele prometeu com juramento dar-lhe tudo o que lhe pedisse. Ela disse então, sob as instigações de sua mãe: ‘Dá-me aqui numa travessa a cabeça de João Batista.’ . . . [Herodes] mandou e fez que João fosse decapitado na prisão.” “Tudo o que está na Bíblia tem uma razão de estar ali. (2 Tim. 3:16, 17) As Testemunhas de Jeová notam que a Palavra de Deus relata desfavoravelmente as celebrações de aniversários natalícios, de modo que as evitam.” “Os hebreus posteriores consideravam a celebração de aniversários natalícios como parte da adoração idólatra, conceito que era abundantemente confirmado pelo que viam nas observações comuns associadas com tais dias.” — The Imperial Bible-Dictionary (Londres, 1874), editado por Patrick Fairbairn, Vol. I, p. 225.” - Raciocínios à Base das Escrituras, página 37, 38.

Muitas vezes ficava chateado quando um parente ou um amigo me convidava para um aniversário. Simplesmente dizia que não iria por uma questão de convicção religiosa. Quando me encontrava com um aniversariante no dia do seu aniversário, eu nem sequer podia dar-lhe os meus parabéns. Para disfarçar, em vez de dizer parabéns, eu dizia “bem-feito!” Não raro, a reação deles era de tristeza ou ironia. No capítulo seguinte, mostrarei os erros de se proibir a celebração dos aniversários. Estou tentando apenas mostrar como minha mente foi moldada por uma seita com argumentos falaciosos e comida de um alimento que apodreceu parte da minha vida.

PROIBIDO CELEBRAR NATAL E ANO NOVO Confesso que até hoje, com respeito ao Natal, tenho minhas dúvidas sobre se seria correto um cristão celebrar o nascimento de Jesus num dia em que ele não nasceu. Também, o Natal para mim parece manter vivo o paganismo, já que sua origem é realmente pagã. No entanto, procuro não ser extremista, a ponto de negar retribuir um desejo de feliz Natal. Muito menos evitaria visitar um parente ou amigo nesse dia, só porque é Natal. Mas nesses casos, as testemunhas-de-jeová são bem extremistas. Elas não felicitam a ninguém e nem retribuem as felicitações. Apenas dizem um obrigado caso alguém lhes diga feliz natal.

Também não aceitam presentes, principalmente se for no dia de Natal. Com respeito à comemorar o Ano Novo, concordei com tal proibição devido às circunstâncias que enfrentava. Jamais ia à casa de meus parentes nessa ocasião, porque ali era uma mistura de catolicismo com espiritismo, esoterismo e outros “ismos”.

O PARAÍSO TERRESTRE PARA A GRANDE MULTIDÃO,

O CÉU PARA OS 144.000. Esse era um assunto muito polêmico no serviço de casa em casa. Para os evangélicos, a terra jamais será um paraíso. O paraíso será no céu. Mas como as testemunhas-de-jeová provam sua crença nos novos céus e na nova terra? Primeiro, eles dizem que há dois lugares de esperança.

Primeira Classe: “Felizes os cônscios de sua necessidade espiritual, porque a eles pertence o reino dos céus.” – Mateus 5:3, TNM.

Essa classe, para mim, iria para o céu. Daí, eu aprendi a ligar esse texto a Lucas 12:32 que diz:

“Não temas, pequeno rebanho, porque vosso Pai aprovou dar-vos o reino.” Eu cria que se o grupo recebe o reino, eles viveriam no céu. Eles são em menor número, por isso, são chamados de pequeno rebanho. Então, o grupo a seguir deve ser maior.

Segunda Classe: “Felizes os de temperamento brando, porque herdarão a terra.” – Mateus 5:5, TNM.

Assim, essa classe herdaria a terra, segundo as testemunhas-de-jeová. Visto que os que vão para o céu comporiam o pequeno rebanho, os que herdam a terra seriam chamados, segundo o que aprendi com o corpo covernante, de a grande multidão, de acordo com Apocalipse 7:9-13. Nesse texto de Apocalipse, a grande multidão é vista depois dos 144.000 selados. (Apocalipse 7:1-14) Para as testemunhas-de-jeová, isso indicaria que os salvos têm realmente duas classes diferentes, uma para governar com Cristo por mil anos e outra para viver na terra. Infelizmente, poucos cristãos saberiam raciocinar com uma testemunha-de-jeová sobre esse assunto. Hoje, tenho orientado os evangélicos a mostrar aos adeptos dessa seita que Jesus jamais ensinou dois rebanhos.

Se vocês acham que há dois rebanhos, um que viverá na terra e o outro simultaneamente no céu, por que Jesus disse em João 10:16 que as suas ovelhas se tornariam um só rebanho, com um só pastor?

O problema é que eles usam Apocalipse 7:4, 9, 10 para fazer essa distinção entre dois rebanhos. Observe:

“E ouvi o número dos selados: cento e quarenta e quatro mil, selados de toda tribo dos filhos de Israel.” – Revelação [Apocalipse] 7:4, TNM “Depois destas coisas eu vi, e, eis uma grande multidão, que nenhum homem podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, trajados de compridas vestes brancas; e havia palmas nas suas mãos. E gritavam com voz alta, dizendo: “[Devemos] a salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro.” – Revelação [Apocalipse] 7:9, 10.

Então, eles arrematam esse raciocínio citando outra texto de Apocalipse:

“E fizeste deles um reino e sacerdotes para o nosso Deus, e hão de reinar sobre a terra.” – Revelação [Apocalipse] 5:10.

Era bem fácil para mim, então, acreditar numa testemunha-de-jeová raciocinando assim:

“Como você pode ver, se hão de reinar sobre a terra, é porque ficarão acima dela, ou seja, no céu. Assim, outros ficarão na terra, para serem governados. Em outras palavras, os que reinarão sobre a terra são os do 144.000, o pequeno rebanho, em comparação com a grande multidão, que viverá na terra para sempre, cumprindo o que está prometido no Salmo 37:29: “Os próprios justos possuirão a terra e viverão nela para todo o sempre.”

É evidente, então, que não é fácil dialogar com as testemunhas-de-jeová sobre esse assunto, e não tem sido até hoje para muitos evangélicos. No entanto, nos próximos capítulos iremos desmoronar toda essa construção intelectual de textos mal interpretados. Mas para você não ficar tão curioso assim, cremos que a igreja de Cristo não tem nada a ver com os 144.000 e a grande multidão de Apocalipse, pois são grupos revelados somente no livro de Apocalipse, portanto, existiriam apenas no tempo em que o contexto do capítulo 7 se refere, ou seja, o período de sete anos no qual haverá grande tribulação. Nessa época, a igreja de Cristo já foi arrebatada. Confesso que como membro daquela seita, às vezes pensava se seria lógico acreditar que a terra se tornaria um paraíso. No entanto, buscava mais em fazer a minha vida ser um paraíso.

TESTEMUNHAS DE JEOVÁ NÃO EXPULSAM DEMÔNIOS Certa vez, uma pessoa endemoniada entrou no Salão do Reino das testemunhas-de-jeová, na congregação em que eu freqüentava. O que elas fizeram? Nada. Apenas puseram a pessoa para fora do local. Por que eu acreditava que essa era a forma correta de lidar com

endemoniados? Porque o Corpo Governante dizia que expulsar demônios não era correto para os cristãos de hoje. Observe:

“Além disso, Jesus alertou: “Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome e não expulsamos demônios em teu nome, e não fizemos muitas obras poderosas em teu nome?’ Contudo, eu lhes confessarei então: Nunca vos conheci! Afastai-vos de mim, vós obreiros do que é contra a lei.” (Mateus 7:22, 23) Por que razão pessoas que imaginam estar servindo a Jesus serão rejeitadas? Porque as suas “obras poderosas” não se baseiam em princípios bíblicos. E como se tentassem estudar História ou Ciência sem antes aprender a ler. As suas obras são falhas, não fundadas na verdade. Assim, são “obreiros do que é contra a lei”. A Sentinela 1 de outubro de 1988, páginas 27 e 28.

Assim, quando uma testemunha-de-jeová se deparava com um caso de possessão demoníaca, elas esperavam o demônio se cansar e sair da pessoa. Depois disso é que elas ensinavam a pessoa a orar para se proteger contra os demônios. Por quê? Porque para um adepto dessa seita, ao ler Mateus 7:21-23, raciocinam que Jesus está condenando o expulsar demônios e fazer outras obras poderosas. No entanto, mal sabia eu que Jesus não condenaria fazer o que ele mesmo ordenou fazer. Faltou nessa época, principalmente nos primeiros anos de estudo com essa seita, um cristão raciocinar o seguinte comigo:

“A Bíblia ensina para agirmos em harmonia com o que ensinamos. Então pegue a tradução do Novo mundo e leia Romanos 2:21, 22. O texto diz: ‘Tu, pois, que ensinas outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas: “Não furtes”, furtas? Tu, que dizes: “Não cometas adultério”, cometes adultério? Tu, que expressas [a tua] abominação dos ídolos, roubas templos?’”

Em seguida, a pessoa pediria para eu ler outro texto, em Mateus 10:7, 8:

“Ao irdes, pregai, dizendo: ‘O reino dos céus se tem aproximado.’ Curai doentes, ressuscitai mortos, tornai limpos os leprosos, expulsai demônios.”

Então, o cristão raciocinaria comigo:

“Se a Bíblia nos sugere a vivermos de acordo com o que ensinamos, e Jesus ordenou que se expulsasse demônios, por que ele estaria condenando em Mateus 7:21-23 o expulsar de demônios? Não estaria Jesus querendo dizer que de nada valeria expulsar demônios ou fazer outras obras poderosas se a pessoa não fizesse o mais importante, ou seja, a vontade de Deus de modo geral, e praticase outras coisas contrárias à lei de Deus?”

PREGAÇÃO DE CASA EM CASA E ENTREGA DE RELATÓRIOS De acordo com o Corpo Governante, todas as testemunhas-de-jeová precisam sair no serviço de campo, nome que eles dão ao trabalho de casa em casa. É requisito até para a pessoa ser batizada.

“Antes do batismo, a pessoa tem de exercer fé baseada em conhecimento exato. ‘Sem fé é impossível agradar bem a Jeová.’ (Hebreus 11:6) A pessoa que exerce fé em Deus, em Cristo e no propósito divino desejará ser uma Testemunha de Jeová, viver em harmonia com a Palavra de Deus e ter uma participação significativa na pregação das boas novas. Ela falará sobre a glória do reinado de Jeová. — Salmo 145:10-13; Mateus 24:14.” – A Sentinela de 15 de março de 1992, páginas 15 e 16.

É elogiável a coragem e a disposição que os membros dessa seita têm para andar de casa em casa, e isso me contagiava muito. Mas conforme já comentei no capítulo passado, a Bíblia não nos ordena a sair de casa em casa, mas apenas diz que se pregava e ensinava “nas casas”, conforme Atos 5:42 e 20:20, 21. Todos os meses, o folheto O Nosso Ministério do Reino publica a média de horas de cada publicador das boas novas das testemunhas-de-jeová. Quando um membro ficava abaixo da média, os anciãos eram exortados a saber por que isso estava acontecendo. Fazem isso até hoje. Mas como que se chega a essas médias? Cada membro deve entregar relatórios mensais. É uma norma. Nesses relatórios, ele precisa escrever o nome, o mês trabalhado, e depois relatar as horas trabalhadas, de preferência com data, a fim de que os anciãos possam identificar não só quem está trabalhando, mas quanto se trabalha, e os dias que a pessoa sai. Observe o que foi publicado sobre relatórios:

“Todavia, não só é importante que cada um de nós relate o que fizemos cada mês, mas também que o relatório seja exato. (...) A Sociedade [Torre de Vigia] está interessada em saber quanto tempo é gasto na proclamação das verdades de Deus aos que não são Testemunhas dedicadas e batizadas..” – Nosso Ministério do Reino de Novembro de 1981, página 3.

Quando uma testemunha-de-jeová ficava sem relatar durante um mês porque não pregou de casa em casa, ela era contada como publicador irregular. Se ela ficasse seis meses sem relatar, ela se tornava publicador inativo. O mesmo é ensinado hoje e até os anciãos (pastores) e servos ministeriais (diáconos) estão debaixo dessa norma. Como cristão, sabemos que não precisamos entregar relatórios a homens de quantas horas trabalhamos para Deus. Assim que comecei a sair de casa em casa, achava a entrega de relatórios uma evidência de organização da única religião verdadeira. No entanto, eu não compreendia que não era assim que Jesus queria que acontecesse. Quando dialogo com uma testemunha-de-jeová sobre esse assunto, pergunto a ela:

Se Jesus disse “não deixes a tua esquerda saber o que a tua direita está fazendo” (Mateus 6:3), por que as testemunhas-de-jeová são OBRIGADAS a entregar relatórios COM NOME? Qual

ensino de Jesus ou dos apóstolos ordena que haja uma pessoa na congregação que precise saber QUANTO CADA PESSOA INDIVIDUALMENTE FEZ? Se o objetivo é saber quanto está sendo feito, por que não se entrega relatórios sem nome?

Havia também um argumento terrivelmente descabido, usado pelo Corpo Governante, para mostrar que deveríamos entregar relatórios mensais. Observe como forçam as Escrituras a fim de provar suas crenças sobre a entrega desses relatórios:

“Até mesmo uma pescaria requer um relato exato. Não é verdade que, quando alguém volta duma pescaria, ele tem de satisfazer a curiosidade de todos os com quem se encontra? Ninguém se contenta com ouvir o pescador dizer: ‘Ah! sim, pesquei alguns.’ Você sabe qual seria a próxima pergunta. E quão animador é quando o número é elevado! Pedro e seus companheiros estavam um pouco desanimados quando tiveram de contar a Jesus que não haviam pescado nada durante a noite inteira. Mas quão emocionados ficaram quando Jesus lhes mandou que lançassem a rede do outro lado do barco e eles apanharam 153 peixes grandes! (João 21:11) Note que o relato não diz que apanharam alguns ou mesmo muitos. Antes, apresenta o relatório exato sobre 153 peixes grandes. Até mesmo o tamanho dos peixes foi relatado! Quão animados ficaram Pedro e seus companheiros!”

Como você pode notar, usam esse relato bíblico para justificar a entrega de relatórios. Depois que me converti a Jesus, descobri o grande erro desse argumento. A Bíblia não menciona aqui quantos peixes cada um pescou. Assim, se o Corpo Governante quer que esse texto justifique a entrega de relatórios mensais aos anciãos, então esses relatórios deveriam ser sem nome, a fim de se somar apenas a quantidade, e não controlar quanto cada um faz.

DESASSOCIAÇÃO Nas primeiras vezes que fui ao salão do reino, dirigi-me a uma moça que estava isolada dos outros. Conversei com ela, mas depois fui informado que não deveria conversar mais com ela, pois ela tinha sido desassociada. O mesmo se deu quando fui a um salão do reino na cidade de Araraquara, SP, e, ao me apresentar a um rapaz que estava sentado na sarjeta em frente, fui interrompido com o aviso: “Não converse comigo! Sou desassociado.” Logo percebi que todos os que eram desassociados aceitavam humildemente a disciplina. A desassociação de uma testemunha-de-jeová significa que ela cometeu um pecado grave, não mostrou evidência suficiente de arrependimento para os anciãos e, por isso, foi expulsa da congregação. Ou então, deve ter se associado com outra religião, abandonando as testemunhas-de-jeová. Nenhum membro dessa seita, até que ela seja readmitida, poderá conversar mais com ela, nem dizer-lhe um “oi”. Mas quais as bases do Corpo Governante que me convenceram para acabar agindo assim com os que eram expulsos?

“Quando um homem em Corinto foi impenitentemente imoral, Paulo disse à congregação: “[Cessai] de ter convivência com qualquer que se chame irmão, que for fornicador, ou ganancioso, ou idólatra, ou injuriador, ou beberrão, ou extorsor, nem sequer comendo com tal homem.” (1 Coríntios 5:11-13) O mesmo devia ser feito com os apóstatas, tais como Himeneu: “Quanto ao homem que promove uma seita, rejeita-o depois da primeira e da segunda admoestação, sabendo que tal homem foi desviado do caminho e está pecando.” (Tito 3:10, 11; 1 Timóteo 1:19, 20) Tal rejeição é apropriada também para com todo aquele que repudia a congregação: “Saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos; pois, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco. Mas, saíram para que se mostrasse que nem todos são dos nossos.” — 1 João 2:18, 19.” – A Sentinela 15 de abril de 1988, páginas 26 e 27.

Você, meu leitor, saberia apontar biblicamente o erro dessa grande falácia? Bem, em primeiro lugar, eu achava bonito expulsar pessoas, porque dava-se evidência de pureza na congregação. Isso até que é verdade, mas será que não devemos nem cumprimentar tal pessoa? O texto mencionado acima pelo Corpo Governante, em 1 Coríntios 5:11-13, exorta-nos a não termos convivência com o pecador. Eu e todos daquela seita achávamos que um simples oi era sinal de convivência, mas faz isso sentido? Hoje, quando debato esse assunto com uma testemunha-de-jeová, principalmente se ela for desassociada, raciocino assim com ela:

A Bíblia diz que é para “remover o homem iníquo” da congregação. (1 Cor 5:11-13) Mas quem disse que “cessar de ter convivência com tal homem” significa nem conversar com ele? O verbo grego “ter convivência” significa “ser íntimo de”. (VINE DICTIONARY) Se a Bíblia proíbe apenas ser íntimo de tal pessoa, por que o Corpo Governante vai além disso? Não é verdade que podemos ajudar um pecador com conselhos bíblicos sem sermos íntimos dele?

Mas para o Corpo Governante, o tratamento que se dá a pessoas que são desassociadas deve ser o seguinte:

“Mantemos contatos normais com vizinhos, colegas de trabalho e de escola, e outros, e damos testemunho a eles, embora alguns deles sejam ‘fornicadores, gananciosos, extorsores ou idólatras’. Paulo escreveu que nós não podemos evitá-los completamente, ‘senão teríamos de sair do mundo’. Ele orientou que seria diferente, porém, com “um irmão” que vivesse assim: “[Cessai] de ter convivência com qualquer que se chame irmão, que [voltou a praticar tais coisas], nem sequer comendo com tal homem.” (1 Coríntios 5:9-11; Marcos 2:13-17) Nos escritos do apóstolo João encontramos conselho similar, que enfatiza quão cabalmente os cristãos devem evitar a tais: “Todo aquele que se adianta e não permanece no ensino do Cristo não tem Deus . . . Se alguém se chegar a vós e não trouxer este ensino, nunca o recebais nos vossos lares, nem o cumprimenteis. Pois, quem o cumprimenta [em grego: khaí·ro] é partícipe das suas obras iníquas.” — 2 João 9-11.” – A Sentinela 15 de abril de 1988, página 27.

Conforme você pode observar, fui ensinado que se um “cristão” testemunha-de-jeová pecasse grave e fosse expulso, eu não deveria cumprimentá-lo porque em 2 João 9-11 ordena-nos a não recebê-lo em nossas casas e muito menos cumprimentá-lo. Enquanto fui adepto dessa seita, obedeci rigorosamente essa norma, até o dia que passei a reconsiderar o assunto. Você, meu leitor, saberia me apontar os erros de interpretação nessa A Sentinela mencionada no parágrafo anterior? Em primeiro lugar, 1 Coríntios 5:11-13 está falando de pecadores que precisaram ser removidos da congregação, mas 2 João 9-11 não está falando desse tipo de pecado. Observe desde o versículo 7 que João trata do anticristo, pessoas que prevaricaram o ensino de Cristo, ou seja, se adiantaram na doutrina, e até passaram a não confessar Jesus vindo na carne. Veja:

Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo. Acautelai-vos, para não perderdes aquilo que temos realizado com esforço, mas para receberdes completo galardão. Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más.” – 2 João 7-11, Almeida Revista e Atualizada.

O grande erro das testemunhas-de-jeová é tratar os que pecam como deveríamos tratar um anticristo, ex-irmão em Cristo, que chegasse até a nossa casa para ensinar heresias contra Cristo. Não poderíamos recebê-lo para esse fim, muito menos saudá-lo com a paz do Senhor, pois renunciou a fé em cristo. Como eu usava a Tradução do novo Mundo, que em 2 João 11 se usa o verbo cumprimentar, diga-se de passagem (um erro absurdo de tradução, pois a tradução correta é “saudar”), eu nem dizia “oi” para os desassociados quando eles passavam por mim. Essa era a norma. Como não sabia grego, não tive condições de raciocinar que o verbo usado ali é khaíro, e segundo a Concordância de Strong, verbete 5463, muito usada pelo Corpo Governante, esse verbo significava nos tempos bíblicos:

1) regozijar-se, estar contente 2) ficar extremamente alegre

3) estar bem, ter sucesso 4) em cumprimentos, saudação!

5) no começo das cartas: fazer saudação, saudar O texto, assim, proibia a associação íntima e a saudação cristã tipo “paz do Senhor” ou “graça e paz”, e não um mero oi. Assim, você pode entender que dificilemente eu entraria em contato com quem deixou de ser membro dessa seita, aceitando aprender dele um novo ponto de vista. Se esse ex-testemunha-de-jeová tivesse se tornado um cristão batista, ou assembleiano, ou de outra religião cristã, eu jamais poderia receber tal pessoa em minha

casa, pois discordar ele do Corpo Governante era sinônimo de discordar da verdade. Este livro que você está lendo mostra que esses líderes não são a verdade coisa nenhuma! Aproveitando o assunto de desassociação, você ficará agora chocado ao ver as regras dessa seita sobre como tratar parentes e amigos desassociados dessa seita. Como os parentes testemunhas de Jeová da pessoa desassociada devem tratá-la? Veja o que o Corpo Governante ordena, baseado em suas interpretações errôneas de 1 Coríntios 5:11-13 e 2 João 9-11.

“O respeito pelos julgamentos de Deus e pela ação da congregação induzirá a esposa e os filhos a reconhecerem que ele, pelo seu proceder, alterou o vínculo espiritual que existia entre eles. Todavia, visto que a desassociação dele não rompe seus vínculos consangüíneos ou seu relacionamento marital, os tratos e as afeições familiares normais podem continuar.(...) A situação é diferente quando o desassociado ou dissociado é um parente que vive fora do círculo familiar imediato ou no mesmo lar. Poderá ser possível ter quase nenhum contato com tal parente. Mesmo que houvesse alguns assuntos familiares que exigissem contato, este certamente ficaria reduzido ao mínimo, em harmonia com o princípio divino: “[Cessai] de ter convivência com qualquer que se chame irmão, que for fornicador, ou ganancioso [ou culpado de outro grave pecado], . . . nem sequer comendo com tal homem.” — 1 Coríntios 5:11.” – A Sentinela de15 de abril de 1988, página 28, parágrafos 13 e 14.

Anos mais tarde, o Corpo Governante publicou sobre cooperar com a decisão dos anciãos sobre a desassociação, ou expulsão, de pessoas do rol de membros da organização:

“O que se dá, porém, quando o desassociado é amigo íntimo ou parente nosso? Suponhamos que essa pessoa seja o pai ou a mãe, ou o filho ou a filha. Respeitamos, apesar disso, a ação tomada pelos anciãos? É verdade que isso pode ser difícil. Mas que mau uso da nossa liberdade seria se questionássemos a decisão dos anciãos e continuássemos a associar-nos espiritualmente com aquele que mostrou ser uma influência corrompedora na congregação! (2 João 10, 11)” – A Sentinela 1 de junho de 1992, páginas 18 e 19.

Muitas vezes, a família que tinha um parente expulso das testemunhas-de-jeová precisava receber ajuda emocional da parte de seus irmãos da congregação. Assim, muitos telefonavam para consolá-los. Nessas situações, o Corpo Governante deu ordens sobre o que fazer se a pessoa expulsa atendesse ao telefone:

“Como seria desamoroso não fazer caso ou não ser atencioso para com tais irmãos fiéis! Os membros leais de tal família têm necessidade especial de encorajamento. Talvez se sintam isolados e achem sua situação muito difícil. Pode ser que você possa compartilhar com eles uma jóia espiritual ou uma experiência edificante por telefone. Se a pessoa expulsa atender ao telefone, simplesmente peça para falar com o parente cristão.” – A Sentinela 15 de julho de 1995, página 27.

Naquela época, pesquisando as publicações anteriores à minha conversão como testemunha-de-jeová, descobri outra revista que mostrava uma série de regras sobre como os membros fiéis de uma família dessa organização deveria tratar um parente expulso, mesmo que fosse pai, mãe ou filho.

“Isto significa mudanças na associação espiritual que possam ter existido no lar. Por exemplo, se o marido for desassociado, a esposa e os filhos não se sentirão à vontade se ele dirigir um estudo bíblico familiar ou liderar na leitura da Bíblia e na oração. Se ele quiser proferir tal oração, como numa refeição, tem o direito de fazer isso na sua própria casa. Mas eles poderão fazer calados as suas próprias orações a Deus. (Pro. 28:9; Sal. 119:145, 146) O que se dá quando o desassociado no lar quer estar presente quando a família lê a Bíblia em conjunto e tem um estudo bíblico? Os outros poderão deixar que ele esteja presente para escutar, se não tentar ensiná-los ou transmitir suas idéias religiosas. Se um filho menor for desassociado, os pais ainda cuidarão de suas necessidades físicas, provendo-lhe instrução moral e disciplina. Não dirigirão um estudo bíblico diretamente para o filho, no qual ele participe. Contudo, isso não significa que não se requererá dele estar presente ao estudo da família. E eles poderão trazer à atenção as partes da Bíblia ou das publicações cristãs que contêm conselho de que ele precisa. (Pro. 1:8-19; 6:20-22; 29:17; Efé. 6:4) Poderão fazer com que os acompanhe às reuniões cristãs e se sente com eles, na esperança de que tome a peito o conselho bíblico.”- A Sentinela 15 de dezembro de 1981, página 24.

Na continuação do artigo, observe agora as regras para o desassociado que não morasse mais na mesma casa. “Mas que dizer quando um parente chegado, tal como um filho, o pai ou a mãe, que não moram na casa, é desassociado e depois quer mudar-se novamente para a casa? A família poderá decidir o que fazer, dependendo da situação. Por exemplo, o pai ou a mãe desassociados podem estar doentes ou talvez não possam mais cuidar de si mesmos em sentido financeiro ou físico. Os filhos cristãos têm a obrigação bíblica e moral de ajudar. (1 Tim. 5:8) Talvez seja necessário trazer o pai, ou a mãe, para o lar, em caráter temporário ou permanente. Ou talvez seja aconselhável providenciar cuidar deles onde há pessoal médico, mas onde ele ou ela teriam de ser visitados. O que se fizer dependerá de fatores tais como as verdadeiras necessidades do pai ou da mãe, sua atitude e a consideração que o chefe da família tem para com o bem-estar espiritual da família. O mesmo se daria também com respeito ao filho que deixou o lar, mas que agora é desassociado ou dissociado. Pais cristãos às vezes, por algum tempo, acolheram de novo um filho desassociado que ficou física ou emocionalmente doente. Mas, em cada caso, os pais poderão avaliar as circunstâncias individuais. Viveu o filho desassociado sozinho, não podendo mais fazê-lo agora? Ou quer ele voltar principalmente porque seria uma vida mais fácil? Que dizer de sua moral e de sua atitude? Introduziria ele “fermento” no lar? - Gál. 5:9.” – A Sentinela 15 de dezembro de 1981, páginas 24 e 25.

Você consegue, meu leitor, imaginar que uma testemunha-de-jeová consideraria os pais desassociados, ou um filho que fosse também desassociado, como “fermento” dentro do lar? Pior ainda foi que em minhas pesquisas, descobri outras regras sobre como tratar os desassociados. Por exemplo, e se a pessoa expulsa falecesse? Seria correto realizar uma palestra fúnebre para ela? Eis a resposta:

“Caso morra enquanto desassociado, os arranjos para o seu funeral poderão constituir um problema. Seus parentes cristãos talvez quisessem ter um discurso no Salão do Reino, se esse for o costume local. Mas isso não seria próprio para alguém que foi expulso da congregação. Se ele tiver dado evidência de arrependimento e de querer o perdão de Deus, tal como por deixar de praticar o pecado e assistir as reuniões cristãs, a consciência de algum irmão talvez lhe permita proferir um discurso bíblico na funerária ou no local do enterro. (...) Todavia, se o desassociado ainda tiver promovido ensinos falsos ou conduta ímpia, nem mesmo tal discurso seria apropriado. - 2 João 9-11.” – A Sentinela 15 de dezembro de 1981, página 27.

Também, descobri outra regra em minhas pesquisas: Será que poderíamos orar por uma pessoa expulsa da congregação? O Corpo Governante tinha a resposta:

“Embora alguém possa achar pessoalmente que se pode chegar a Deus a respeito duma pessoa desassociada, não seria apropriado fazer isso em público ou em orações congregacionais. Deve-se reconhecer que os outros que ouvem tal oração talvez ainda não saibam da evidência indicando arrependimento. Ou talvez ainda não estejam convencidos de que a pessoa não tenha cometido o “pecado que incorre em morte”. Por conseguinte, nos casos em que um cristão crê que é apropriado orar a respeito duma pessoa desassociada, deve fazer isso apenas em orações em particular. E todos nós podemos esforçar-nos a orientar nosso modo de pensar, neste respeito, pelo conselho inspirado da Palavra de Jeová.” – A Sentinela 15 de abril de 1980, página 32.

Portanto, ninguém gostaria de ser desassociado. O medo da desassociação impedia pessoas de questionarem qualquer ensino do Corpo Governante, e isso se dá ainda hoje. Quanto ao tratamento que as pessoas expulsas recebem das testemunhas-de-jeová, posso lhes dizer que é realmente dolorido. Eu fui desassociado também, e senti tudo aquilo que os outros desassociados sentiram. É realmente horrível ser tratado como se não existisse. Pessoas que anteriormente me amavam, agora passam por mim com descaso, imaginando que essa seja uma disciplina de Jeová. Nos próximos capítulos você saberá como tudo isso aconteceu comigo – as causas e as conseqüências.

NÃO PRESTAM O SERVIÇO MILITAR Em todos os anos, no mês de janeiro, o folheto Nosso Ministério do Reino anuncia aos jovens a data para o alistamento militar. Em 1987, ano em que eu me alistei, esse folheto dizia o seguinte, na página 7:

“Os jovens que completarem 18 anos de idade até 31 de dezembro de 1987 têm o prazo até 30 de junho de 1987 para se alistarem na Junta do Serviço Militar ou na Prefeitura de sua cidade. Lembramos aos interessados em solicitar eximição por motivo de convicção religiosa que deverão entrar com requerimento nesse sentido logo após o alistamento, ou o mais tardar durante junho de 1987.”

Há cristãos que jamais iriam às guerras, e mesmo que fossem, fariam de tudo para não matar alguém. No entanto, eu não quero discutir esse assunto nesse livro. Apenas gostaria de comentar que na época em que me alistei, entregávamos um requerimento na Junta de Serviço Militar, solicitando a nossa eximição do Serviço Militar Obrigatório, e isso nos trazia sérias complicações. Uma das complicações era a perda dos direitos políticos, e a outra era que o jovem não podia se candidatar a um cargo público. Assim que a eximição era deferida, o jovem também perdia o título de eleitor. Em São Paulo, um amigo era professor e teve que abandonar um emprego estável por ter perdido seus direitos políticos. Embora admirasse a atitude das testemunhas-de-jeová para com as guerras, eu achava que em se tratando de Brasil, tal pedido de eximição era um absurdo. No entanto, outros fatores entravam em consideração para o Corpo Governante exigir que agíssemos dessa forma. O problema maior era o de termos que jurar à bandeira. Para as testemunhas-de-jeová, isso significava adoração a um objeto, o que violaria a consciência delas. Também, caso o jovem fosse chamado para servir o exército, ele teria que aprender a guerrear, pois pegaria em armas. As testemunhas-de-jeová ensinam até hoje que o verdadeiro cristão, conforme Isaías predisse, não aprenderia mais a guerra. - Isaías 2:4

Portanto, aceitei entrar com o pedido de eximição, porque achei que essa seria a atitude mais razoável. Imaginei que essa tivesse sido a mesma decisão que Jesus tomaria se estivesse em meu lugar.

NÃO CRÊEM NO INFERNO DE FOGO Certamente você está lembrado de que na minha infância eu morria de medo do Apocalipse. Quando a fumaça vermelha da queimada da cana-de-açúcar cruzava os céus noturnos de minha cidade, logo o medo do inferno de fogo me apavorava. O deus ensinado pelo catolicismo era muito bravo. Mas quando aprendi com as testemunhas-de-jeová a mentira de que o inferno de fogo não existe, o medo logo desapareceu. Como eu fui convencido de que não há tormento eterno de fogo? Observe:

“Será que o Deus Todo-poderoso criou tal lugar de tormento? Ora, qual era o conceito de Deus quando os israelitas, seguindo o exemplo dos povos vizinhos, começaram a queimar seus filhos? Ele explica na sua Palavra: “Construíram os altos de Tofete, que está no vale do filho de Hinom, para queimarem no fogo a seus filhos e suas filhas, coisa que eu não havia

ordenado e que não me havia subido ao coração.” (Jeremias 7:31) Pense nisso. Se a mera idéia de assar pessoas no fogo nunca subira ao coração de Deus, parece razoável que ele tenha criado um inferno ardente para os que não o servem? A Bíblia diz que “Deus é amor”. (1 João 4:8) Será que um Deus amoroso realmente atormentaria pessoas para sempre? Faria você tal coisa? Conhecermos o amor de Deus deverá induzir-nos a recorrer à sua Palavra para descobrir se o “inferno” realmente existe como lugar de tormento eterno.” – Poderá Viver Para Sempre, páginas 81 e 82.

Não lhe parece um tanto convincente esse argumento? Certamente, nenhum de nós queimaríamos nossos filhos no fogo, pois não seria amoroso. Contudo, o texto de Jeremias 7:31 mostra que o que jamais havia subido ao coração de Deus foi queimar filhos no fogo nos altos de tofete, ou seja, nos altares de sacrifícios. Deus jamais permitiria sacrifícios humanos de crianças. Mas queimar pessoas no fogo, inclusive crianças, como expressão de julgamento, ora, isso passou diversas vezes no coração de Deus, tanto que Ele o fez. Em Sodoma e Gomorra desceu fogo e enxofre dos céus. (Gênesis 19:24) Não havia crianças nessas cidades? Certamente que sim. Morreram queimadas no fogo. Assim, por esse ângulo, o inferno é bíblico, pois ele é expressão do julgamento de Deus, não uma atitude amorosa. Infelizmente, por ser proibido de ler matéria contrária às testemunhas-de-jeová, demorou 17 anos para eu raciocinar da forma correta. Deus promete claramente um tormento eterno para aqueles que não são seus filhos, da seguinte forma:

“O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos.” – Apocalipse 20:10.

“Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.” – Mateus 25:41.

Para uma testemunha-de-jeová, o tormento eterno é a morte. Mas como pode a morte atormentar alguém se a pessoa morta para sempre não sentirá os efeitos do tormento? E por que Deus prepararia um lugar para o Diabo ser atormentado, se ele apenas morrerá para sempre e não ficará consciente para sofrer? Se a morte é o tormento eterno, será que os animais, quando morrem, são atormentados para sempre pelo fato de jamais voltarem à existência? Com toda certeza, Deus tinha um propósito em minha vida. Ele me ocultou essas verdades, permitindo que eu aprendesse as crenças dessa seita para um dia poder ajudar seus adeptos a saírem dali.

NÃO CRÊEM QUE HÁ VIDA APÓS A MORTE

Os líderes dessa seita acreditam que quando morremos, deixamos de existir completamente. A carne se desfaz no Sheol ou Hades, que seria a sepultura, e o espírito, o nosso fôlego de vida, sai e volta a Deus. Não há consciência após a morte. Somente na

ressurreição dos mortos é que os falecidos serão recriados em carne e osso, e terão novamente sua consciência. Veja como fui induzido a crer nessa mentira:

“Em termos simples, a morte é o contrário da vida. A Bíblia mostra isso em Eclesiastes 9:5, 10. Segundo a versão Almeida, revista e corrigida, estes versículos rezam: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tão pouco eles têm jamais recompensa, mas a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma.” “Isto significa que os mortos não podem fazer nada e não podem sentir nada. Não têm mais pensamento algum, conforme a Bíblia declara: “Não confieis nos nobres, nem no filho do homem terreno, a quem não pertence a salvação. Sai-lhe o espírito, ele volta ao seu solo; neste dia perecem deveras os seus pensamentos.” (Salmo 146:3, 4) Na morte, o espírito do homem, sua força de vida, que é sustentada pela respiração “sai”. Deixa de existir. De modo que os sentidos do homem, a audição, a visão, o tato, o olfato e o paladar, que dependem de sua capacidade de pensar, param todos. Segundo a Bíblia, os mortos entram num estado de inconsciência total.” – Poderá Viver Para Sempre, páginas 76, 77.

Novamente, parece tão convincente a argumentação. Esse alimento do Corpo Governante parece ser sustentado pela Bíblia, e por isso, eu cri nele sem a menor contestação. Mas observe como quão errado eu estava, e quão enganados os líderes mundiais dessa seita estão. A morte em termos simples é o contrário da vida? Depende. No caso dos animais, sim. Mas o que a Bíblia diz sobre os humanos? Será que há consciência após a morte do corpo? A Bíblia diz que sim. Observe alguns textos que apóiam nossa crença:

“Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor.” – 2 Coríntios 5:8. “Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne.” – Filipenses 1:22-24.

No primeiro texto, Paulo mostra que prefere deixar o corpo e habitar com o Senhor. No segundo, ele diz que partir e estar com Cristo é melhor do que ficar na carne. Se isso não for vida após a morte, então o que é? Mas por que Eclesiastes 9:5,10 diz que os mortos não sabem de coisa nenhuma? Em primeiro lugar, o fato de não saberem de nada já indicam que estão conscientes, não é verdade? Se você não sabe quanto anos viveu Pedro Álvares Cabral, é necessário estar

consciente para “não saber”. E do que os mortos não sabem? Todo o relato de Eclesiastes 9:1-13 fala do que se passa debaixo do sol, ou seja, do que acontece no âmbito da terra. Observe o destaque à expressão debaixo do sol:

“1Deveras me apliquei a todas estas coisas para claramente entender tudo isto: que os justos, e os sábios, e os seus feitos estão nas mãos de Deus; e, se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabe o homem. Tudo lhe está oculto no futuro. 2 Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao perverso; ao bom, ao puro e ao impuro; tanto ao que sacrifica como ao que não sacrifica; ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento. 3 Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: a todos sucede o mesmo; também o coração dos homens está cheio de maldade, nele há desvarios enquanto vivem; depois, rumo aos mortos. 4 Para aquele que está entre os vivos há esperança; porque mais vale um cão vivo do que um leão morto. 5 Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. 6 Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol. 7 Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras. 8 Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça. 9 Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu debaixo do sol; porque esta é a tua porção nesta vida pelo trabalho com que te afadigaste debaixo do sol. 10 Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. 11 Vi ainda debaixo do sol que não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes, a vitória, nem tampouco dos sábios, o pão, nem ainda dos prudentes, a riqueza, nem dos inteligentes, o favor; porém tudo depende do tempo e do acaso. 12 Pois o homem não sabe a sua hora. Como os peixes que se apanham com a rede traiçoeira e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enredam também os filhos dos homens no tempo da calamidade, quando cai de repente sobre eles. 13 Também vi este exemplo de sabedoria debaixo do sol, que foi para mim grande.” – Eclesiastes 9.

Assim, as pessoas que morrem vão para o além, ou como está no hebraico, sheol. Lá, elas não têm recordação nenhuma do que acontece debaixo do sol, aqui na terra. No sheol, nada que se faz aqui será feito lá. O texto, portanto, não ensina a inconsciência após a morte, ou que a pessoa deixa de existir totalemente, mas dá a entender que no além os mortos nada sabem do que acontece aqui debaixo do sol, e que nesse além, que seria a mansão dos mortos, não há nenhuma atividade que tenha a ver com as realizadas aqui na terra. Mas o Corpo Governante ainda cita o salmo 146:3, 4, onde diz que “Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios [ou pensamentos]”. O que volta ao pó? O corpo ou o espírito? O corpo, não é mesmo? Mas os líderes da seita afirmam que o espírito é a força de vida da pessoa. Quando eu era membro dessa seita, jamais havia me perguntado: Onde diz a Bíblia que o espírito é a força de vida da pessoa?

Esse ensino incorreto, errôneo e pernicioso do Corpo Governante, de que não há vida após a morte, é o responsável principal de os adeptos dessa seita acreditarem que Jesus, o Pai da eternidade (Isa 9:6, 7), ficou morto na carne e no espírito três dias, como que se Jesus tivesse deixado de existir. Comentaremos isso mais adiante, numa aula sobre a Divindade de Cristo.

OUTROS ENSINOS Há muitas outras crenças que identificam as testemunhas-de-jeová. Elas não oram em línguas, não crêem no batismo com o Espírito Santo, as mulheres não podem usar calças no salão do reino, o batismo é feito em nome do Pai, do Filho e do “espírito santo” (sempre em minúsculas). As mulheres não podem pregar do púlpito, mas podem participar da assistência em dar comentários e responder perguntas nos estudos bíblicos. Não podem fazer oração na frente dos varões batizados. Todos esses ensinos mencionados nesse capítulo caracterizam a organização das testemunhas-de-jeová, ou como eles chamam tais ensinos, “a mesa de Jeová”. Quando alguém se torna membro dessa igreja, ele crê piamente que a “organização de Jeová” é perfeita, embora os seus membros sejam imperfeitos. Eu realmente cria assim. Eu me alimentava do Corpo Governante das testemunhas-de-jeová. Por isso, abordei nesse capítulo o cardápio dessa seita. Como você pode ler, para alguns dos ensinos, já abordei alguns erros de interpretação à luz das Escrituras, como forma de contar-lhes o que me faltou em termos de verdade cristã para que descobrisse entre os idos de 1984 e 1999 os caminhos tortuosos que trilhava. Durante quase 17 anos, contando 1983 em que andei lendo muito sobre essa seita, experimentei todos os privilégios congregacionais, com exceção o de ser um ancião. Mas por que hoje eu não sou mais uma testemunha-de-jeová? A partir de agora, você irá saber como Deus fez para abrir a minha mente a respeito dessa seita. Verá o que sofri e quão terrível é o tratamento recebido quando alguém ali discorda de ensinos. Observará como comecei a vomitar o alimento “espiritual” desses líderes religiosos.

Capítulo 5 Meus Primeiros Questionamentos

Em 1998, eu não trabalhava mais como pioneiro auxiliar, ou seja, não mais trabalhava

60 horas mensais no serviço de casa-em-casa. A média das minhas horas mensais gastas na pregação era de mais ou menos oito horas. Meu sustento vinha de aulas particulares de

inglês, as quais eram dadas em minha própria casa. Minha ex-esposa trabalhava em Araraquara, SP. Como era o meu relacionamento com minha ex-esposa? Em primeiro lugar, não gostaria de mencionar o nome dela, pois ela mesma me pediu que, se algum dia eu escrevesse um livro sobre as testemunhas-de-jeová, que o nome dela jamais aparecesse. O nosso relacionamento era um pouco conturbado. Sempre foi, desde o primeiro mês de casamento. Nós éramos muito diferentes, mas ela era uma pessoa muito honesta, dedicada ao lar e a mim. Todos que a conheciam gostavam dela, pois realmente era uma pessoa muito especial, para todos. Mas por que nos separamos? Uma boa pergunta exige uma boa resposta. Vou ser bem direto: Casei-me de modo precipitado, muito novo, com vinte e três anos. Não tinha maturidade suficiente para escolher a pessoa correta para mim. Ela era bem mais madura do que eu. Nós namoramos três anos, e nesse ínterim cheguei até gostar de outra pessoa. Não era sólida a nossa relação. Havia brechas culturais e sociais entre nós, também. Certa vez terminei o noivado com ela, porque fiquei entre ela e uma outra pessoa que morava na cidade de Cerquilho, Estado de São Paulo. Lembro-me que um ancião me disse quando terminamos o noivado: “Você realmente precisa conseguir alguém que tenha mais a ver com você.” Depois que nos casamos, logo no primeiro mês tivemos muita dificuldade de adaptação. Novamente, um ancião disse: “Vocês são muito diferentes um do outro.” Nosso casamento durou seis anos e meio. Mas por que eu tolerei tanto tempo assim? Porque tinha um desejo muito grande de ser usado naquela organização religiosa, e precisava dar exemplo. Assim, suportei todas as diferenças. Não quero dizer que ela fosse mais errada do que eu. Assumo toda a culpa pelo fracasso de nosso casamento. Muitas vezes pensava em traí-la, mas não o fazia, muito mais pela organização a que pertencia do que por ela. Não quero mencionar as falhas dela, nem as minhas. Também, nós nos conhecemos depois de ambos termos tido uma decepção com pessoas a quem amávamos muito. O rapaz que ela amava, muito mais bonito do que eu, havia “fugido” com uma mulher de quarenta e oito anos, sendo que ele tinha vinte quatro. A moça que eu gostava demais era a filha da mulher que fugiu com tal rapaz. Quando a moça que eu gostava ficou sabendo disso, ela confessou a uma amiga minha que estava muito magoada com a mãe dela, por ter “fugido” com o rapaz que ela gostava. Todos nós, personagens desse acontecimento absurdo, éramos testemunhas-de- jeová. Foi depois de tudo isso que eu e minha ex-esposa nos conhecemos. Creio também que outro fator importante para a nossa separação foi que, como membros dessa seita, só podíamos escolher um cônjuge membro dessa seita. Para os líderes dessa organização, casar “somente no Senhor” significa casar com um membro dessa seita. Eu não tive muita escolha. Lembro-me de ter conhecido moças evangélicas tão ou mais especiais do que minha ex-esposa, mas quando percebia que poderia gostar de uma delas,

renunciava a esse sentimento, pois caso viesse namorar uma pessoa de outra religião, meus privilégios certamente seriam cassados. Assim, quando comecei a questionar os ensinos das testemunhas-de- jeová, visto que as brechas do meu casamento eram preenchidas ou ofuscadas pela minha dedicação a essa seita, o meu casamento também começou a ser questionado. Foi então que tudo ruiu. Depois de minha desassociação, ela aceitou a ordem dos anciãos de não orar comigo, ou seja, eu orava na mesa, mas ela fazia, em silêncio, a oração dela. Três meses depois nos separamos. Um ano depois nos divorciamos. Não falarei mais, por hora, de minha ex-esposa. Sei que hoje ela está casada, feliz, e desejo a ela, no nome de Jesus, que venha a se converter um dia a Jesus, junto com o seu esposo. Que eles sejam muito felizes. Amém. Mas quais foram os meus primeiros questionamentos sobre os ensinos das testemunhas-de-jeová? O que me motivou a questionar mais, sem medo das conseqüências?

EU ERA VÍTIMA DA INVEJA A organização do Corpo Governante ensinava a não sentirmos inveja um do outro. No entanto, eu era perseguido pelos anciãos, que sentiam prazer em frear meu o progresso na congregação norte de Américo Brasiliense, SP. Certo dia, queixei-me disso com um superintendente de circuito. Sabe que conselho ele me deu? “Tenha paciência. Eu sei que eles pegam no seu pé. Você é professor de português, inglês e também ensina grego. É um ótimo orador público. Você tem tudo o que eles não têm. Assim, é covardia!” Eu buscava o privilégio de ser usado como ancião, mas os anciãos de minha congregação me sondavam com uma lupa, aumentando os meus erros e dificultando as coisas. No entanto, quero deixar bem claro que a atitude deles para comigo não era o proceder recomendado pelo Corpo Governante. Eram os anciãos da minha congregação que estavam agindo incorretamente comigo. Não tenho hoje a menor mágoa daqueles homens anciãos. Tudo o que aconteceu comigo foi o mover de Deus em minha vida. Deus sabia que se fosse designado ancião, a realização de seus propósitos para com a minha vida se tardaria. Quanto aos quatro anciãos que viviam impedindo o meu progresso, dois deles vieram posteriormente a perder seus privilégios porque tinham amantes. O meu maior desejo era ser usado ainda mais por Deus, para ajudar as pessoas a crescerem com Deus na fé. Mas era barrado por ciumentos. Assim, foi impossível ficar esperando em Deus, e hoje creio que era Deus quem esperava algo de mim, ou seja, uma atitude que desencadeasse o meu processo de libertação. Certo dia, numa atitude de revolta, resolvi desobedecer ao Corpo Governante, e resolvi das uma olhada em sites da internet contra as testemunhas-de-jeová. Naquela época, cartas para as congregações foram

enviadas sobre o perigo de se usar a internet, pois ali o “cristão” poderia entrar em contato com ex-testemunhas-de-jeová, agora apóstatas, os quais, através da mentira e de fatos deturpados, tentavam desencaminhar os fiéis da “mesa de Jeová”. Um artigo sobre os apóstatas advertia sobre o perigo de consultá-los:

“O alimento na mesa dos demônios é venenoso. Por exemplo, considere o alimento fornecido pela classe do escravo mau e pelos apóstatas. Não é nutritivo nem edificante; não é sadio. Não pode ser, porque os apóstatas deixaram de se alimentar à mesa de Jeová. Em resultado disso, desapareceu tudo o que possam ter desenvolvido como nova personalidade. Não é o espírito santo que os motiva, mas uma amargura mordaz. Estão obcecados por um único objetivo: espancar seus anteriores co-escravos, conforme Jesus predisse. — Mateus 24:48, 49.” (...) Em primeiro lugar, algumas das publicações dos apóstatas apresentam falsidades por meio de “conversa suave” e “palavras simuladas”. (Romanos 16:17, 18; 2 Pedro 2:3) Não é isso o que esperaria receber na mesa dos demônios? E embora os apóstatas talvez apresentem também certos fatos, usualmente os tiram do contexto, com o objetivo de desviar outros da mesa de Jeová. Todos os seus escritos simplesmente criticam e rebaixam! Nada é edificante. Jesus disse: “Pelos seus frutos os reconhecereis.” (Mateus 7:16) Então, quais são os frutos dos apóstatas e das suas publicações? Há quatro coisas que distinguem a sua propaganda. (1) Esperteza. Efésios 4:14 diz que eles usam de “astúcia em maquinar o erro”. (2) Inteligência arrogante. (3) Falta de amor. (4) Diversas formas de desonestidade. Estes são justamente os mesmos ingredientes do alimento existente na mesa dos demônios, todos destinados a minar a fé do povo de Jeová.” – A Sentinela 1 de julho de 1994, páginas 11 e 12.

Assim, lembrando-me de todos os “perigos” que o Corpo Governante mencionava para aqueles que eram curiosos, confesso que meu coração, assim que começou a pesquisar esses sites, batia mais forte. Tinha medo de ser descoberto, que minha ex-esposa me entregasse aos anciãos, ou de descobrir algo que viesse a me deixar com dúvidas sobre a fé em Jeová. Eu até imaginava que pudesse ser vítima de raciocínios de ex-testemunhas-de-jeová. Mas algo me induzia a buscar a verdade. Era a curiosidade contra o receio de descobrir um fato que me deixasse confuso. Mas me questionava: Por que não deveria estudar o que os outros dizem de nós, se podemos estudar a história das outras religiões, com a finalidade de encontrar erros para criticá-las? Quando abria tais sites, não conseguia terminar de ler as matérias anti-testemunhas-de-jeová, porque minha mente ficava realmente confusa. Mas aos poucos fui me soltando, como que se uma força maior me desse a coragem necessária de investigar. Incrivelmente, as próprias palavras dos líderes dessa seita deram-me a garantia de que eu deveria continuar investigando o passado das testemunhas-de-jeová. Observe:

“O erro procura sempre a obscuridade; enquanto a verdade é sempre realçada pela luz. O erro nunca deseja ser investigado. A luz sempre procura uma perfeita e completa investigação.” - Livro Milhões que Agora Vivem Nunca Morrerão, 1920, página. 16.

“Não é forma de perseguição religiosa alguém dizer e mostrar que a religião de outrem é falsa. Não é perseguição religiosa uma pessoa informada expor publicamente uma religião falsa, permitindo assim que outros vejam a diferença entre a falsa religião e a verdadeira.” - Revista A Sentinela de 15 de Maio de 1964, página 304.

Toda aquela inveja da qual eu era vítima me moveu, portanto, a querer saber mais sobre essa organização. Foi como se Deus, na sua infinita sabedoria, tivesse usado os anciãos da congregação a que pertencia para iniciar o processo que me conduziria à adoração do único Deus verdadeiro. O que, então, descobri com as pesquisas sobre as testemunhas-de-jeová?

ANIVERSÁRIOS NATALÍCIOS Para mim, nunca houve dúvidas sobre a origem pagã das festas de aniversário natalício. A obra Estudo Perspicaz das Escrituras, volume 1, página 141, das testemunhas-de-jeová, dizia o seguinte sobre tais festas:

“A noção de uma festa de aniversário natalício era alheia às idéias dos cristãos deste período.” (The History of the Christian Religion and Church, During the Three First Centuries [História da Religião e da Igreja Cristãs, nos Três Primeiros Séculos], traduzida para o inglês por H. J. Rose, 1848, p. 190) “Orígenes [escritor do terceiro século EC] . . . insiste em que ‘dentre todas as pessoas santas nas Escrituras, não se registra nenhuma delas como tendo guardado uma festa ou realizado um grande banquete em seu aniversário natalício. São apenas os pecadores (como Faraó e Herodes) que fazem grandes festejos quanto ao dia em que nasceram neste mundo cá embaixo.’” (The Catholic Encyclopedia (Enciclopédia Católica), 1913, Vol. X, p. 709.) É claro, então, que a celebração festiva de aniversários natalícios não se origina nem das Escrituras Hebraicas nem das Gregas. Em adição, a Cyclopædia de M’Clintock e Strong (1882, Vol. I, p. 817) diz que os judeus “consideravam as celebrações de aniversários natalícios como parte da adoração idólatra . . ., e isto provavelmente por causa dos ritos idólatras com que eram celebrados em honra dos que eram considerados como deuses padroeiros do dia em que a pessoa nasceu”.”

Todavia, num site da internet, uma matéria sobre o assunto me abriu a mente. Será que as testemunhas-de-jeová evitavam mesmo todas as formas de paganismo? Fiquei impressionado em saber que não. No livro Clímax de Revelação, página 236, li sobre alguns costumes pagãos que o Corpo Governante pensava que só as “religiões falsas” praticavam em nossos dias.

“Indicando a origem não-cristã de muitas das doutrinas, das cerimônias e das práticas da cristandade apóstata, o cardeal católico romano John Henry Newman, do século 19, escreveu no seu Essay on the Development of Christian Doctrine (Ensaio Sobre o Desenvolvimento da Doutrina Cristã): “O emprego de templos, e estes dedicados a certos santos, e enfeitados em ocasiões com ramos de árvores; incenso, lâmpadas e velas; ofertas votivas ao restabelecer-se de doenças; água benta; asilos; dias santos e estações, uso de calendários, procissões, bênçãos dos campos, vestimentas sacerdotais, a tonsura, o anel nos casamentos, o virar-se para o

Oriente, imagens numa data ulterior, talvez o cantochão e o Kyrie Eleison [o canto “Senhor, Tende Piedade”], são todos de origem pagã e santificados pela sua adoção na Igreja.”

Dentre esses costumes, realmente há aqueles que nós cristãos realmente evitamos, por se tratar de paganismo vivo. Mas o que dizer do uso de calendários e dos anéis de casamento? Será que as testemunhas-de-jeová não os usam também? Ao comentar essa dúvida e outras com os anciãos da minha congregação, as respostas que me deram foram as seguintes:

“Os calendários e os anéis de casamento perderam, no decorrer do tempo, seu sentido religioso. Por isso não podem ser associados mais com adoração falsa. Trata-se de paganismo morto, sem o menor sentido para nós hoje. Mas quanto aos aniversários natalícios e suas celebrações, eles ainda possuem sua relação com a religião falsa.”

Essa resposta dada acabou me motivando a fazer mais pesquisas, para diferenciar paganismo vivo de paganismo morto. No entanto, fiquei pensativo sobre essa argumentação. Raciocinei da seguinte forma com aqueles anciãos: Qual dos dois costumes pagãos hoje mais tem a ver com religião – o aniversário natalício ou o anel (ou aliança) de casamento? Qual dos dois é usado na frente de um sacerdote ou pastor, numa cerimônia religiosa? Quando eu fiz essa pergunta aos anciãos, eles ficaram perplexos. Disseram: “Escreva para Betel”. (Cada filial das testemunhas-de-jeová, em cada país, é chamada de Betel, que em hebraico significa Casa de Deus. A filial aqui no Brasil fica na cidade de Cesário Lange, SP.) Contudo, não quis escrever para Betel, porque eles já haviam recebido outras cartas minhas com perguntas “picantes”. Então, apenas guardei essa dúvida comigo. Com o tempo, questionei esse assunto dos aniversários novamente. Por que podíamos celebrar aniversários de casamento, mas de nascimento não? Qual era a diferença entre as duas celebrações? Em ambas as festas havia bolo, balinhas, convidados, havia as pessoas que eram o centro das atenções, bem como os presentes que elas recebiam. Em julho de 1999, questionei esse assunto com o presidente da minha congregação, mas ele apenas disse:

“A diferença entre os aniversários de casamento e os de nacimento é que a Bíblia diz que Jesus esteve numa festa de casamento, mas não esteve numa festa de aniversário natalício.”

Essa resposta me soou pouco convincente, pois na época pré-cristã e próxima do primeiro século, os aniversários natalícios realmente eram pagãos, repletos de adoração a deuses falsos, mas hoje não é mais assim. Ademais, em minhas pesquisas, descobri que os batismos em água tiveram sua origem no paganismo, e nem por isso os discípulos de Jesus deixaram de batizar em água. Evidentemente, o batismo cristão, mesmo que parecido ao pagão, era isento de paganismo. Então, voltei a conversar com os anciãos sobre o assunto, mas eles pediram para que eu esperasse em Jeová e calasse minha boca. De fato, hoje sei

que esse é o modo como toda seita age – é proibido discordar, porque discordar da seita, significa discordar de Deus.

“BOA SAÚDE PARA VÓS” OU “QUE BEM VOS VÁ”? Todos nós sabemos que as testemunhas-de-jeová usam sua própria tradução da Bíblia. Ela é conhecida como Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas (TNM). Um dos ensinos básicos dessa organização é a proibição de se doar e receber sangue. Um dos textos bíblicos usados para apoiar essa crença é o de Atos 15:28, 29. O texto trata-se de uma carta enviada pelos pastores de Jerusalém para se resolver um grande problema entre os cristãos-judeus e os cristãos-gentios. O assunto envolvia a circuncisão. Os judeus convertidos ao cristianismo queriam circuncidar os gentios, pois a circuncisão era um sinal entre Deus e os judeus. Os judeus eram circuncidados no oitavo dia de vida. Será que os gentios, ou seja, as pessoas de outras nações, ao se converterem a Jesus, deveriam fazer o mesmo, na idade adulta? Assim, a carta trouxe a resposta do Espírito Santo para eles:

“Pois, pareceu bem ao espírito santo e a nós mesmos não vos acrescentar nenhum fardo adicional, exceto as seguintes coisas necessárias: de persistirdes em abster-vos de coisas sacrificadas a ídolos, e de sangue, e de coisas estranguladas, e de fornicação. Se vos guardardes cuidadosamente destas coisas, prosperareis. Boa saúde para vós!” – Tradução do Novo Mundo.

A tradução “boa saúde para vós” não era necessariamente incorreta, tanto que outras versões usam termos parecidos. O que a palavra grega ali (errosthe) significava? Seria uma promessa de boa saúde se você não tomasse sangue? Para quem não é testemunha-de-jeová e lê nas outras Bíblias a palavra “saúde”, ele jamais iria concluir que fosse uma promessa de boa saúde para quem não recebe uma transfusão de sangue, visto que só as testemunhas-de-jeová rejeitam o uso do sangue como forma de salvar a vida. Mas para quem pertence a essa organização, isso soa com uma promessa de boa saúde e não como um simples final de carta. De fato, a palavra grega errosthe significa apenas uma despedida no final de uma carta, tal como “adeus”, “até logo”, mas com a idéia de “passar bem”. A própria Sociedade Torre de Vigia, nome jurídico que o Corpo Governante usa até hoje, visto que muitos entendiam o texto de uma forma errada, explicou sobre o assunto:

“O decreto concluía assim: “Se vos guardardes cuidadosamente destas coisas, prosperareis. Boa saúde para vós!” (Atos 15:29) A expressão “boa saúde para vós” não era uma promessa do tipo: ‘Se você se abstiver de sangue ou de fornicação terá saúde melhor.’ Tratava-se simplesmente de um encerramento de carta, como ‘Adeus’.”- A Sentinela 15 de junho de 1991, página 9, ao roda-pé.

Assim, eu questionei: Por que traduzir por “boa saúde” se a palavra causa um mal-entendido? Não seria mais fácil traduzir por “Adeus”, ou “Que bem vos vá”? A resposta que veio de Betel foi apenas mostrar o que já sabia, ou seja, que os dicionários de grego apoiavam o uso dessa tradução, mas não esboçaram nenhuma intenção de evitar a má interpretação. Certo dia, entrei num site na internet que mostrava a opinião de peritos em grego e hebraico sobre a Tradução do Novo Mundo. Observe algumas delas:

“A tradução é marcada por um literalismo empedernido que só vai exasperar qualquer leitor inteligente - se é que algum dos seus leitores é inteligente - e em vez de mostrar a reverência que os tradutores dizem ter pela Bíblia, é um insulto à palavra de Deus... este volume é um exemplo brilhante de como a Bíblia não deve ser traduzida.” - Rowley, H.H., “Jehovah’s Witnesses’ Translation of the Bible,” The Expository Times 67:107, Janeiro 1956 “A New World Translation [Tradução do Novo Mundo] da Bíblia não é de modo nenhum uma tradução objectiva do texto sagrado para Inglês moderno, mas é em vez disso uma tradução tendenciosa na qual muitos dos ensinos peculiares da Watchtower Society são introduzidos sorrateiramente no texto da própria Bíblia.” - Hoekema, A., The Four Major Cults (Exeter: Paternoster, 1963) 208-9. “Um exame detido, que vá além da aparência superficial de exegese, revela uma verdadeira trapalhada de fanatismo, preconceito e predisposição tendenciosa que viola todas as regras de criticismo bíblico e todos os padrões de integridade académica.” - tedman, R.C., “The New World Translation of the Christian Greek Scriptures,” Our Hope 50; 34, Julho, 1953.

De forma sincera, como conhecia um pouco de grego, procurei saber os versículos que a Tradução do Novo Mundo pecava, com o fim de provar as crenças das testemunhas-de-jeová. Fiquei espantado de ver inúmeros deles. Observe a seguir alguns deles:

1. Gênesis 1:2 - “Espírito de Deus” traduzido por “força ativa de Deus”. O motivo é impessoalizar o Espírito Santo. 2. Êxodo 3:14 - “EU SOU” traduzido por “mostrarei ser o que eu mostrar ser”. O motivo é encobrir a clara afirmação de Jesus em João 8:58 de que Ele é Deus, quando disse aos seus opositores: Eu sou. 3. João 1:1 - “O verbo era Deus” traduzido por “a Palavra era [um] deus”. O motivo é ensinar que Jesus não é Deus, mas um deus menor, como se nos céus houvessem dois deuses, Jeová (Deus maior) e Jesus (deus menor). 4. Atos 3:15 - “O autor da vida” traduzido para “o agente principal da vida”. O motivo é ofuscar a verdade de que Jesus é o autor da vida, ou seja, Deus, mas provar que ele foi apenas um anjo usado por Deus como o agente da criação.

5. Atos 10:36 - “Este é o Senhor de todos” traduzido por “o Senhor de todos [os demais].” O motivo é ensinar que Jesus é apenas Senhor de todos os demais seres humanos, mas não o Senhor Deus. 6. Romanos 15:19 - “Pelo poder do Espírito Santo” traduzido “com poder de espírito santo”. O motivo é impessoalizar o Espírito Santo, tratando-o como sinônimo de poder. 7. 1 Coríntios 15:2 - “Por ele também sois salvos” traduzido por “por intermédio das quais também estais sendo salvos”. O motivo é mostrar que a salvação em Cristo não está completa, mas está incerta até o Juízo Final. 8. Filipenses 2:6 - “Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus” traduzido por “o qual, embora existisse em forma de Deus, não deu consideração a uma usurpação, a saber, que devesse ser igaul a Deus”. O motivo é esconder o fato de que Jesus, embora fosse Deus, não considerou isso como algo que devesse se apegar, e se humilhou, tornando-se homem. Da forma como foi traduzido, dá a entender que Jesus não queria ser igual a Deus, mas se fez menor ainda, ou seja, se tornou homem. Essa má tradução para apoiar essa interpretação herética não faz sentido, pois daria a entender que sua humildade também residia no fato de não querer ser igual a Deus e de se tornar homem. Mas visto que Paulo estava nos admoestando a imitarmos o proceder de humildade de Jesus, certamente Paulo não desejava que não quiséssemos ser iguais a Deus e nos humilhar. Paulo queria que, da mesma forma como Jesus se humilhou, mesmo sendo Deus, nós deveríamos nos humilhar mesmo sendo homens. 9. Colossenses 2:9 - “Nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” traduzido por “porque é nele que mora corporalmente toda a plenitude da qualidade divina.” O objetivo é negar que Jesus é plenamente Deus, para ensiná-lo como um anjo que se fez homem com qualidades divinas. 10. Hebreus 1:6 - “E todos os anjos de Deus o adorem” traduzido por “e todos os anjos de Deus lhe prestem homenagem’. O motivo é negar que Jesus mereça a adoração de anjos, pois segundo os autores da Tradução do Novo Mundo, Jesus não é Deus. Curiosamente, as edições d Tradução do Novo Mundo de 1950, 1961 e 1970 rezavam “o adorem”, mas só em 1971 é que foi traduzido por “lhe prestem homenagem’.

Coisas pequenas assim foram me encorajando a querer saber mais sobre a Tradução do Novo Mundo, e acabei descobrindo outras dzenas de textos corrompidos. Senti nojo dessa Tradução. Constatei, em minhas pesquisas, outros absurdos do passado sujo dessa seita. Entrar na internet passou a ser para mim uma forma de descobrir a história da organização religiosa a qual eu pertencia. Você saberá agora como Deus começou a agir no meu ser, arrancando-me de uma seita que escraviza milhões de pessoas, e cuja liderança eu culpei pelo sangue de milhares que morreram vítimas de suas heresias satânicas, produto de uma mentalidade exclusivista e desprezível.

Capítulo 6 As Luzes do Corpo Governante se Apagaram!

Abril de 1999. Até aquele mês, já tinha levantado uma série de questionamentos e

deixado de ser um servo ministerial (nome que dão ao cargo de diácono). Eu mesmo havia entregado meus privilégios, porque minhas dúvidas sobre a “organização de Jeová” falavam mais alto do que a suposta verdade que eles pregavam. Recusava-me a continuar pregando sobre alguns ensinos que não acreditava mais. Por isso, avisei ao corpo de anciãos de minha congregação que a partir daquele mês de maio, eu não mais iria sair no serviço de campo, que era o trabalho de casa em casa. Em vez de ir ao salão do reino, ficava sozinho em casa, pesquisando na internet sobre o que os “apóstatas” ensinavam. Foi então que um dos ensinos mais debatidos sobre as testemunhas-de-jeová começou a ser analisado com outros olhos por mim. Estou me referindo à questão do sangue. O Corpo Governante ensinava que se uma pessoa doasse ou recebesse sangue, conscientemente, ela poderia ser expulsa da congregação, caso não se arrependesse.

“Se no futuro, ele persiste em aceitar transfusões de sangue... ele precisa ser cortado dela (da congregação) por ser desassociado.” - A Sentinela 01 de dezembro de 1961 - pág. 736, em Inglês.

De fato, fiquei sabendo por volta de 1988 que um casal havia sido desassociado por permitir que seu filho recebesse uma transfusão de sangue. Então, perguntei-me: Será mesmo que Deus quer que não recebamos sangue como forma de salvar a vida? Se o sangue é símbolo de vida, conforme a própria organização crê, por que não podemos usar o sangue para salvar uma vida? Ao lado de minha casa, havia uma pequena loja de material escolar, e ali trabalhava uma moça que havia começado a estudar a Bíblia comigo, depois de eu a ter convencido de que a Trindade era um ensino do Diabo. Quando ela me perguntou por que eu não estava indo mais ao salão do reino, respondi que estava com certas dúvidas e algumas certezas sobre o passado da organização. Como ela me havia me perguntado, com espanto, quais eram essas dúvidas, eu as mostrei. No dia seguinte, os anciãos ficaram sabendo da conversa e um deles me procurou para pedir que eu ficasse calado. Era princípio da organização esperar em Jeová quando dúvidas nos sobrevinham. No entanto, tinha mais dúvidas do que certezas. As certezas que tinha eram sobre os ensinos corretos da organização, claramente ensinados na Bíblia. Mas as dúvidas eram sobre

ensinos que a Bíblia não ensinava, e que para prová-los era necessário fazer um malabarismo enorme de textos e argumentações. Mas apesar das dúvidas, eu não tinha o interesse de causar divisão na congregação, e muito menos causar polêmica. No entanto, até quando eu deveria ficar calado? Eu ainda tinha a vontade de falar sobre Deus. Logo a seguir, fui informado de que estava proibido de sair de casa em casa, muito embora não estivesse saindo mais. Achei estranho virem até mim me proibirem daquilo que eu mesmo havia pedido para não fazer mais. Acredito que essa decisão veio como forma de me repreender, e de me alertar sobre uma possível repreensão maior. Numa quarta-feira do mês de setembro, saí de casa, de manhã, e o superintendente de circuito me viu e me chamou em particular. Ele me disse: “Eu quero conversar com você. Eu quero te ajudar. Eu quero te livrar dessa apostasia que você está se metendo. Vou tentar te ajudar.” No entanto, desafiei-lhe com uma certa frieza: Vocês terão que me provar onde estou errado. Dois dias depois, fui chamado para uma reunião com dois anciãos, pois eles queriam me ajudar. Mas quando começamos a reunião, percebi que eles estavam mais interessados em me aconselhar para não conversar sobre minhas dúvidas com outras testemunhas-de-jeová, do que propriamente dirimir minhas dúvidas. Assim, senti-me mais à vontade para continuar minhas pesquisas. Mas na reunião de aconselhamento, não procurei entrar em atrito com eles, porque não queria ser desassociado. Durante quase dezessete anos, contando dos primeiros estudos domiciliares, havia granjeado a amizade de muitas pessoas naquela organização. Ser desassociado não seria uma boa idéia. Por isso, prometi ficar quieto e não divulgar minhas dúvidas. Depois disso, comecei a receber visitas testemunhas-de-jeová, de pessoas que dificilmente vinham a minha casa. Certo dia, um dos anciãos que gostava de barrar o meu progresso veio com sua esposa até nossa casa. Certa vez ele me disse que eu nào era designado ancião porque o meu sorriso parecia com o do Coringa, do film Batman e Robin. Na opinião dele, meu sorriso chamava a atenção. Só que quando ele veio até minha casa, ele não era mais ancião porque havia tido um caso extra-conjugal. Em outras palavras, o meu sorriso me desqualificava, o caso extra-conjugal dele o qualificava. E o mais Incrível - os anciãos da congregaçào norte de Américo Brasiliense usaram uma pessoa em pecado e em disciplina para bisbilhotar minhas crenças. No dia em que eles vieram, mostrei-lhes mais um ensino que discordava das testemunhas-de-jeová, mediante meus estudos na internet. Eu me sentia confuso também, e minha sinceridade em expor minhas dúvidas era uma forma de descobrir em que poderia estar errado. Ademais, se alguém me questionasse com os mesmos argumentos que me deixaram com dúvidas, eu teria da mesma forma que procurar as respostas. Observe a seguir o ensino das testemunhas-de-jeová que questionei àquele casal.

OS 144.000 E A GRANDE MULTIDÃO

As testemunhas-de-jeová crêem que Deus, do ano 33 d.C até 1935 d.C, juntou os membros dos 144.000, sendo este um número literal, e que depois passou a juntar a grande multidão. Isso eu cri durante quase dezessete anos. Mas após estudar melhor o assunto, concluí que os 144.000 são judeus que se converterão a Jesus no período da grande tribulação, e que a grande multidão seria um número indeterminado de pessoas que aceitariam a pregação das boas novas do reino realizada por esses judeus convertidos. Quando o casal foi até minha casa, eu fiz algumas perguntas a eles sobre os 144.000. Observe:

1. Onde a Bíblia diz que os 144.000 seriam ajuntados de 33 d.C. até 1935 d.C., e depois Deus ajuntaria a grande multidão só a partir dessa data? 2. Se o ajuntamento dos 144.000 se deu entre 33 d.C e 1935 d.C, vocês não acham que pouquíssimas pessoas foram salvas em 1.902 anos de história? Por exemplo, só em 33 d.C, naquele Pentecostes de Atos 2, cerca de 3.000 almas se converteram a Jesus. Se nesses 1.900 anos a grande multidão não tinha sido ajuntada ainda, mas só os 144.000, significa que apenas 75 pessoas foram salvas por ano? 3. Onde a Bíblia diz que “o pequeno rebanho” de Lucas 12:32 é o mesmo grupo dos 144.000? Pense bem, o Corpo Governante ensina que um membro dos 144.000 sabe que ele pertence a esse grupo porque o “espírito santo” de Deus dá testemunho a ele de que ele é filho de Deus. (Romanos 8:16) Ora, será que os discípulos de Jesus, a quem ele chamou de pequeno rebanho, sabiam que eles fariam parte dos 144.000? Como seria isso possível se o livro de Apocalipse, que fala dos 144.000, foi escrito depois da morte de todos os discípulos? (Apocalipse foi escrito por volta de 96 d.C.) Assim, não seria mais óbvio crer que os discípulos foram chamados de pequeno rebanho porque eram poucos, mas depois se tornariam muitos, porque o próprio Jesus disse que ele tinha ‘outras ovelhas, de outro aprisco, mas a estas ele traria para se tornarem um só rebanho, um só pastor’? (João 10:16) Se se tornariam um só rebanho, não viveriam no mesmo lugar?Esse lugar não seria onde Jesus estaria indo para preparar lugares a eles, ou sejam no céu? – João 14:1.

Aquele casal ficou perplexo com minhas perguntas. Mas eles pediram para que eu esperasse esclarecimentos em Jeová. Mas estava claro que eles vieram até minha casa para coletar indícios de apostasia. Vejam a próxima pergunta que lhes fiz:

4. Onde a Bíblia diz que as outras ovelhas (João 10:16), ou a suposta grande multidão, não podem beber do pão e do vinho, e que só os 144.000 podem fazê-lo?*

No dia seguinte, um ancião me ligou e pediu-me para colocar no papel todas as minhas dúvidas. Hoje sei que ele fez isso para ter provas concretas de que estava me tornando um apóstata de sua seita. Então, fui até a casa dele e pedi que eles tivessem a paciência de esperar uma semana, a fim de que pudesse escrever tudo o que me incomodava.

Passaram-se uns quinze dias e percebi que ninguém mais havia me cobrado sobre minhas dúvidas. Foi quando a moça que trabalhava na loja ao lado de casa veio me fazer umas perguntas. Ela estava nervosa. Imaginei que ela poderia estar tentando colher novas evidências. Ela me perguntou: “E sobre as transfusões de sangue? O que você pensa?” Respondi com sinceridade a ela. Na verdade, fiz um resumo a ela da minha nova explicação sobre a questão do sangue. Esse resumo se baseava nos estudos que fiz e que deveriam ter sido entregues aos anciãos. Com certeza, a moça contou novamente aos anciãos sobre o que eu havia dito a ela. Lembro-me da seguinte pergunta, que deve ter sido uma bomba para ela:

Se comer sangue é o mesmo que transfusão de sangue, porque um paciente que estiver morrendo de fome, se ele receber apenas transfusões de sangue, morrerá de fome?

No dia seguinte, os anciãos me pediram que eu entregasse os meus estudos a eles. Eu fiz isso por volta do dia 2 de novembro de 1999. Com certeza, você deve estar curioso em saber o que estava escrito nos estudos entregues aos anciãos. Tudo o que lhes mandei, em forma de resumo, era baseado em mais de duas mil páginas de pesquisas. Por isso, fiz um resumo delas, para que pudessem se concentrar melhor nos pontos mais importantes. Neste livro, há vários desses questionamentos, a fim de que você possa, assim como se defender dos ensinamentos incorretos da organização religiosa testemunhas-de-jeová e ajudá-los a se converter a Jesus. - Leia Tito 1:9; 1 Coríntios 9:20-23.

LUZES DE JEOVÁ OU DE SATANÁS? É comum entre as testemunhas-de-jeová haver mudanças de ensinos. Segundo elas, no momento certo, ocorrem os “lampejos de luzes” da parte Jeová para o seu Corpo Governante, e então mudanças de ensinos são feitas para o refinamento do seu povo. Baseiam-se em no seguinte texto:

“Mas a vereda dos justos é como a luz clara que clareia mais e mais até o dia estar firmemente estabelecido.” – Provérbios 4:18.

Meu primeiro questionamento naqueles estudos dizia respeito a mudanças dos ensinos dessa seita. Eu admitia que era possível Deus aprimorar o entendimento do seu povo. Mas seria impossível a luz que corrigia ser corrigida novamente e ensinar o que a luz anterior ensinava. O próprio Charles Taze Russell ensinava que uma nova luz jamais anularia a primeira luz, mas se somaria a ela. Assim, O primeiro exemplo que citei foi o caso das vacinas. Veja que polêmico.

1. Vacinas – um crime contra a humanidade!

Até 1920, os Estudantes Internacionais da Bíblia, como eram chamadas as testemunhas-de-jeová, permitiam que seus membros usassem vacinas para combater as doenças. No entanto, em 1921, a “luz” de Jeová fez aqueles estudantes da Bíblia inventarem um falso e enganoso ensino. Era proibido usar vacinas. O tom de linguagem soava como uma proibição.

“As vacinas nunca preveniram nada e nunca o farão, e são a prática mais bárbara.... Nós estamos nos últimos dias, e o diabo está a perder lentamente a sua influência, fazendo entretanto um esforço enérgico para provocar todo o dano que pode, e tais males podem ser-lhe atribuídos.... Usem os vossos direitos como cidadãos Americanos para abolir para sempre a prática diabólica das vacinações.” (Golden Age [A Idade de Ouro], 12 de Outubro de 1921, p. 17, em Inglês.)

Em 1929, esse ensino ainda era mantido pelo Corpo Governante da época. Tanto que publicaram numa revista em 1929:

“Pessoas ponderadas prefeririam ter varíola em vez de serem vacinadas, porque as vacinas propagam as sementes da sífilis, cancros, eczema, erisipelas, escrófula, tuberculose, até a lepra e muitas outras doenças nojentas. Portanto, a prática da vacinação é um crime, um ultraje, e um engano.” (Golden Age [A Idade de Ouro], 5 de Janeiro de 1929, p. 502, em Inglês.)

Só em 1952, a “luz” resolveu apagar aquele ensino antigo e brilhar da mesma forma que brilhava antes de 1920. Veja como agora o uso das vacinas seria considerado correto.

“O assunto da vacinação deve ser decidido pelo próprio indivíduo.... E a nossa Sociedade não tem recursos para ser envolvida legalmente no caso ou para tomar a responsabilidade pelo modo como o caso acaba.” [bold acrescentado] - Watchtower [A Sentinela], de 15 de Dezembro de 1952, p. 764, em Inglês..

Conforme você pode observar nos textos acima, além de reconhecerem o erro da luz anterior, o Corpo Governante disse que não teria recursos para, em outras palavras, indenizar legalmente as vítimas da “luz” anterior, pois com certeza muitos morreram por não poder tomar vacinas contra doenças que avançavam naquelas décadas. Ora, reconhecer o erro é uma atitude exemplar, mas seria honroso e lógico, depois de um erro de entendimento desses, uma organização religiosa se denominar a única religião verdadeira?

2.Transplantes de órgãos – canibalismo! A “luz” que iluminava as testemunhas-de-jeová não era uma luz que brilhava mais e mais, mas sim uma luz que brilhava e apagava, brilhava e apagava. Isso eu constatei pelas mudanças de ensino a respeito dos transplantes de órgãos. Em 1961, uma pergunta foi feita à Sociedade Torre de Vigia sobre esse assunto. Seguem-se a pergunta e a resposta, com a devida referência para consulta, publicada mais tarde em português:

“Existe alguma coisa na Bíblia contra uma pessoa dar os seus olhos (depois de morta) para serem transplantados em alguma pessoa viva? — L. C., Estados Unidos.

“A questão de a pessoa colocar o seu corpo, ou partes dele, à disposição de homens de ciência ou médicos no momento da morte para fins de experiências científicas ou substituição em outras pessoas, é vista com desagrado por certos corpos religiosos. Contudo, não parece que qualquer princípio ou lei das Escrituras esteja envolvido. Portanto, esse é um assunto que cada indivíduo tem de decidir por si mesmo. Se ele está convencido na sua mente e consciência que esta é uma coisa certa a fazer, então pode fazer essa provisão, e ninguém o devia criticar por fazê-lo. Por outro lado, ninguém devia ser criticado por recusar entrar em qualquer de tais acordos.” - The Watchtower [A Sentinela], de 1.º de Agosto de 1961, página 480, em Inglês (Sentinela de 1.º de Fevereiro de 1962, p. 96)

Assim, pode-se ver claramente que o Corpo Governante autorizou o uso dos transplantes de órgãos. No entanto, uma nova “luz” bruxuleante resolveu reconhecer que a “luz” anterior precisava ser apagada, e dessa vez ela passou a ensinar o seguinte sobre os transplantes:

“ ... Quando existe um órgão doente ou defeituoso, a maneira normal em que a saúde é restaurada é tomando nutrientes. O corpo usa o alimento para reparar ou curar o órgão, substituindo gradualmente as células. Quando homens de ciência concluem que este processo normal já não funciona e sugerem remover o órgão e substituí-lo diretamente com um órgão de outro humano, isto é simplesmente um atalho. Aqueles que se submetem a tais operações estão assim a viver da carne de outro humano. Isso é canibalístico. Contudo, ao permitir que o homem comesse carne animal, Jeová Deus não deu permissão aos humanos para tentarem prolongar as suas vidas por tomarem canibalisticamente nos seus corpos carne humana, seja mastigada seja na forma de órgãos inteiros ou partes do corpo tiradas de outros.” - The Watchtower 15 de Novembro de 1967, p. 702, em Inglês, A Sentinela, 1.º de Junho de 1968, páginas 349-350, Volume Encadernado.

A partir de então, uma série de artigos contra os transplantes de órgãos foram publicados, ensinando até mesmo que a pessoa receptora do órgão acabava por desenvolver as mesmas características de personalidade da que pessoa doadora. Veja que absurdo!

“Um fator peculiar às vezes notado é o chamado ‘transplante de personalidade’. Quer dizer, em alguns casos, o recebedor parece adotar certos fatores da personalidade daquele de quem procedeu o órgão. Certa jovem promíscua, que recebeu um rim de sua irmã mais velha, conservadora, bem comportada, no princípio parecia muito perturbada. Depois começou a imitar sua irmã em grande parte da conduta desta. Outro paciente afirmou ter obtido um conceito mudado sobre a vida, depois de seu transplante de rim. Após um transplante, um homem brando tornou-se agressivo igual ao doador. O problema talvez seja na maior parte ou inteiramente mental. Mas, pelo menos é de interesse notar que a Bíblia relaciona intimamente os rins com as emoções humanas. — Compare Jeremias 17:10 com Revelação 2:23.” - The

Watchtower 1.º de Setembro de 1975, p. 519, em Inglês, A Sentinela 1 de março de 1976, página 135, em português, volume encadernado.

Assim, esse Corpo Governante decidiu questões de vida ou morte para os membros de sua seita. Suas luzes mostraram-se ser trevas para todos que morreram por falta de um transplante. Lamento muito pelas vidas que morreram íntegras a homens, pensando estar servindo ao verdadeiro Deus. A maioria dos membros dessa seita jamais avaliarão o perigo dessas falsas luzes porque nunca perderam um filho, ou pai ou mãe nessas circunstâncias. No entanto, a “luz” do Corpo Governante resolveu dar uma nova brilhada. Como é característico dessa “luz”, ela sempre reconhece que a “luz” anterior está errada. Assim, as testemunhas-de-jeová estiveram sempre erradas e estão sempre certas. Qual foi então o novo lampejo dessa “luz” sobre os transplantes? Novamente, foram liberados.

“No que se refere ao transplante de tecido ou osso humano de um humano para outro, é um caso de decisão conscienciosa de cada uma das Testemunhas de Jeová. Alguns cristãos podem achar que aceitarem no seu corpo o tecido ou parte do corpo de outro humano é canibalesco. Alguns cristãos talvez sintam que receber nos seus corpos qualquer tecido ou parte do corpo de outro humano é canibalesco.... Outros Cristãos sinceros podem achar hoje que a Bíblia não proíbe definitivamente transplantes clínicos de órgãos humanos....Também se pode argumentar que transplantes de órgãos são diferentes de canibalismo visto que o “dador” não é morto para fornecer comida.” - The Watchtower 15 de março de 1980, p. 31, em Inglês, A Sentinela 1 de setembro de 1980, página 31, em português.

Portanto, durante os treze anos de “luz” que não era “luz”, muitas testemunhas-de-jeová sofreram conseqüências por não poderem receber um transplante. Sabe-se que algumas até morreram. Isso é uma grande vergonha para uma organização que afirma ser a única religião verdadeira. Outras “luzes-trevas” vieram à tona em minhas pesquisas. Você observará outras interessantes nas páginas seguintes.

3. A proibição das transfusões de sangue versus o amor ao próximo

Em setembro de 1999, tive o privilégio de conhecer por telefone Raymond Franz, ex-membro do Corpo Governante das testemunhas-de-jeová. Em 1981, ele foi expulso dessa seita por discordar dos mesmos ensinos que eu vim a discordar anos depois. Ele me indicou um site em que seu livro Crise de Consciência expunha o erro absurdo de se proibir o uso de sangue na medicina como forma de se salvar uma vida. Ao ler partes desse livro, cheguei às seguintes conclusões que punham por terra as interpretações dessa seita sobre o sangue.

Em primeiro lugar, precisamos reconhecer que a lei sobre “não comer sangue” realmente foi dada por Deus. Lemos na Bíblia:

“Todo animal movente que está vivo pode servir-vos de alimento. Como no caso da vegetação verde, deveras vos dou tudo. Somente a carne com a sua alma — seu sangue — não deveis comer.” - Gênesis 9:3, 4, Tradução do Novo Mundo.

Por que o sangue não deveria ser comido? Porque ele simbolizava a vida do animal abatido para o alimento. Assim, ele precisava ser devolvido ou derramado no solo, simbolizando que a pessoa estaria devolvendo a vida do animal a Deus. Veja como o próprio Corpo Governante das testemunhas-de-jeová concorda com isso:

“Após o Dilúvio, ordenou-se a Noé e a seus filhos, os progenitores de todos os que hoje vivem, que respeitassem a vida, o sangue, dos seus semelhantes. (Gên 9:1, 5, 6) Também, Deus lhes permitiu bondosamente acrescentar carne animal à sua alimentação. Todavia, eles tinham de reconhecer que a vida de qualquer animal abatido como alimento pertencia a Deus, fazendo isso por derramarem o sangue do animal qual água sobre o solo. Isto era como devolver a vida a Deus, sem usá-la para alguns fins da própria pessoa. — De 12:15, 16.” – Estudo Perspicaz das Escrituras, Volume 3, página 522.

Até aqui, podemos concordar com o Corpo Governante. Mas meus questionamentos, baseados em pesquisas de ex-testemunhas-de-Jeová e de cristãos, fizeram-me crer que a proibição de se “comer sangue” foi dada apenas para o sangue dos animais que eram mortos e cuja carne serviria para alimentação. A Bíblia nada diz sobre usarmos o sangue humano de pessoas vivas. Nesses estudos dirigidos aos anciãos de minha congregação, uma pergunta os motivou a fazer uma reunião especial para analisar como respondê-la. Veja:

SE O SANGUE É SÍMBOLO DE VIDA, POR QUE ELE NÃO PODE SER USADO PARA SALVAR A VIDA?

As testemunhas-de-jeová foram além das Escrituras com tal proibição. Para elas, visto que hoje existem transfusões de sangue, é fácil citar Atos 15:29, e dizer:

“Nós nos abstemos de sangue, conforme a Bíblia diz. O texto não diz se é sangue de animal, de gente, ou se é sangue para comer ou ser transfundido. O texto diz simplesmente para nos abster de sangue, o que envolve qualquer tipo de uso.”

No entanto, na época em que todos os textos que proibiam comer sangue foram escritos, não havia transfusões de sangue, portanto, com que autoridade o Corpo Governante pode afirmar que comer sangue, ou seja, tratar o sangue de animais como alimento, é o mesmo que receber sangue doado?

Todavia, o Corpo Governante tenta de todas as formas justificar suas “luzes” com comparações obscuras. Assim, quando se diz a uma testemunha-de-jeová que “comer sangue” é diferente de receber sangue através de uma transfusão, ela nos dá a seguinte resposta:

“Num hospital, quando um paciente não consegue alimentar-se pela boca, ele é alimentado endovenosamente. Ora, será que alguém que jamais poria sangue em sua boca, mas que aceitasse sangue por meio de transfusão, estaria realmente obedecendo à ordem de ‘persistir em abster-se de sangue’? (Atos 15:29) A título de comparação, considere o caso de um homem a quem o médico dissesse que precisa abster-se de álcool. Estaria ele obedecendo à ordem, se deixasse de beber álcool, mas fizesse que este lhe fosse injetado diretamente nas veias?” – Raciocínios à Base das Escrituras, página 345.

No entanto, essa analogia, ou comparação, é uma verdadeira falácia! Sangue e álcool não podem ser comparados. Enquanto que o álcool pode matar tanto pela boca como pelas veias (pois receber álcool pelas veias mataria a pessoa em poucos minutos, dependendo a quantidade), o sangue transfundido pelas veias pode salvar uma vida. Ademais, o sangue via oral é alimento, mas nas transfusões de sangue a medicina jamais o considerou como alimento no sentido que a Bíblia trata o sangue como alimento. Tanto que se uma pessoa que está morrendo de fome só receber sangue através de transfusão, e não se alimentar, morrerá de fome. Com todos esses raciocínios em mente, levantei outros questionamentos. A Sociedade Torre de Vigia proibia não só o uso de sangue, como também os medicamentos feitos com algumas frações de sangue. Com o tempo, o uso de algumas frações de sangue foi liberado. Depois foi proibido. Depois foi liberado. Depois foi proibido. Depois foi liberado. Você acredita nisso? Pode uma “luz” que vem de Deus ser tão parecida a um pisca-pisca de um carro que quer virar para o lado? Então veja como estou falando a verdade:

PODEM AS TJS ACEITAR MEDICAMENTOS COM FRAÇÕES DE SANGUE?

1a. Luz – É correto aceitar remédios feitos com frações de sangue - “... A injeção de anticorpos no sangue tendo como veículo o soro de sangue ou o uso de frações de sangue para criar tais anticorpos não é o mesmo que tomar sangue, ...fazê-lo não parece estar incluído na expressa vontade de Deus ao proibir o sangue como alimento. Seria, portanto, assunto de decisão individual quanto a aceitar ou não tais tipos de medicação.” - A Sentinela 1.º de fevereiro de 1959, págs. 95 e 96. 2a. Luz - É errado aceitar remédios feitos com frações de sangue- “É errado suster a vida mediante infusões de sangue, plasma, glóbulos vermelhos ou várias frações de sangue? Sim! ... Quer seja sangue integral quer fração de sangue ... a lei divina se aplica”. A Sentinela de 15 de março de 1962, página. 174.

3a. LUZ – É correto (de novo) aceitar remédios feitos com frações de sangue - “Que dizer, então, do uso dum soro que contenha apenas uma fração minúscula de sangue e que seja empregado para prover uma defesa auxiliar contra uma infecção, não sendo empregada para realizar a função sustentadora da vida normalmente desempenhada pelo sangue? Cremos que isto deve ser decidido pela consciência de cada cristão.” - A Sentinela de 15 de outubro de 1974, pág. 640. 4a. LUZ - É errado (de novo) aceitar remédios feitos com frações de sangue- “Certos fatores plasmáticos da coagulação acham-se agora em amplo uso... os que recebem tal tratamento enfrentam outro perigo mortífero... quase 40% dos 113 hemofílicos apresentram caso de hepatite... todos receberam sangue integral, plasma ou derivados sangüíneos que continham os fatores. Naturalmente, os verdadeiros cristãos não utilizam este tratamento potencialmente perigoso, acatando a ordem da bíblia de ‘abster-se de sangue’”. - Despertai! de 22 de agosto de 1975, pág. 29. 5a. LUZ - É correto (outra vez) aceitar remédios feitos com frações de sangue - “Alguns cristãos acham que aceitar uma pequena quantidade de derivado de sangue para tal fim não é... desrespeito pela lei de Deus... adotamos atitude de que esta questão precisa ser resolvida por cada pessoa, por decisão pessoal.” - A Sentinela de 1 de dezembro de 1978, pág. 3.

Confesso a você, meu querido leitor, que eu sorri quando descobri esse pisca-pisca de luzes do corpo governante, e senti pena deles. E em meio a esse sentimento, arrazoei: Se o sangue deve ser evitado como prática errônea diante de Deus, por que liberar as frações de sangue? Já que a Sociedade Torre de Vigia gosta tanto de fazer comparações com o sangue e o álcool, eu perguntei aos anciãos o seguinte, como que me baseando em um dos argumentos do Corpo Governante. Veja primeiro o argumento deles e depois o meu adaptado:

A título de comparação, considere o caso de um homem a quem o médico dissesse que precisa abster-se de álcool. Estaria ele obedecendo à ordem, se deixasse de beber álcool, mas fizesse que este lhe fosse injetado diretamente nas veias?” – Raciocínios à Base das Escrituras, página 345. “A título de comparação, considere o caso de um homem a quem o médico dissesse que precisa abster-se de álcool. Estaria ele obedecendo à ordem, se deixasse de beber álcool, mas fizesse que este lhe fosse injetado [FRAÇÕES OU COMPONENTES DE ÁLCOOL] diretamente nas veias?” – O Meu Raciocínio à Base das Evidências e da Lógica.

Ora, quando se trata de transfusão de sangue, o sangue é comparado ao álcool, ou seja, não se pode tomá-lo nem injetá-lo nas veias. Quando se trata de remédios feitos com frações de sangue, o sangue não pode mais ser comparado ao álcool, porque agora eles aceitam frações de sangue, mas achariam um absurdo um paciente proibido de ingerir álcool usar componentes ou frações do álcool nas veias.

Assim, bombardeei os anciãos com questionamentos de uma mente cheia de dúvidas, mas sincera. E esse meu argumento sobre o sangue e o álcool deve ter deixado um dos anciãos, que posteriormente me julgou, bêbedo de raiva, porque ele era bem chegado numa cerveja e numa “caipirinha”, e inclusive eu mesmo tive o desprazer de flagrá-lo dirigindo e bebendo uma latinha de cerveja. Muito interessante, você não acha? Eles usam o álcool para provar que não se pode usar o sangue como forma de salvar a vida, mas a seita permite o uso moderado do álcool. Veja:

“O conceito bíblico sobre o consumo de bebidas alcoólicas é equilibrado. Por um lado, as Escrituras dizem que o vinho é uma dádiva de Jeová Deus, “que alegra o coração do homem mortal”. (Salmo 104:1, 15) Por outro lado, condenando o excesso no beber, a Bíblia usa expressões tais como “imoderação no beber”, ‘excessos com vinho, festanças, competições no beber’, ‘dado a muito vinho’ e ficar ‘escravizado a muito vinho’. (Lucas 21:34; 1 Pedro 4:3; 1 Timóteo 3:8; Tito 2:3) Mas quanto é “muito vinho”? Como pode o cristão saber qual é o conceito divino sobre as bebidas alcoólicas?(...) A Bíblia não estabelece limites por indicar as porcentagens de concentração de álcool no sangue, nem outra medição. A tolerância que a pessoa tem ao álcool varia de uma para outra.” – A Sentinela de 15 de dezembro de 1996, página 27.

A verdade, para mim, jamais deveria ter medo da mentira. Mas não ficou só nisso meus questionamentos sobre o sangue. Eu fui mais além.

1. Quanto aos medicamentos feitos com frações de sangue, para que eles sejam feitos, é preciso que haja doadores. É correto usar tais medicamentos feitos com o sangue que Deus não aprova o uso? 2. Se é correto, por que as testemunhas-de-jeová não doam sangue para ajudar a fazer esses medicamentos? 3. Se a Bíblia condenasse não só o sangue como alimento, mas também o sangue como forma de salvar a vida, por que Jesus disse, mesmo que em sentido simbólico, que quem não bebesse do seu sangue não herdaria a vida eterna? (João 6:53) Teria ele usado uma comparação baseada em algo pecaminoso?

Assim, acho que aqueles anciãos ficaram muito chateados com os meus questionamentos, muito mais porque eles não tinham argumentos para mim. Assim, escrevi nos meus estudos o seguinte:

CULPO O CORPO GOVERNANTE PELA MORTE DE MILHARES DE PESSOAS QUE MORRERAM POR FALTA DE VACINAS, DE TRANSPLANTES, DE TRANSFUSÕES DE SANGUE E DE FRAÇÕES DE SANGUE.

No próximo capítulo, você saberá qual foi o argumento que um dos anciãos usou em meu julgamento, a fim de isentar a culpa do Corpo Governante das testemunhas-de-jeová.

FALSAS PROFECIAS Quando comecei a estudar a Bíblia com as testemunhas-de-jeová, soube que elas haviam previsto o fim do mundo para 1975. No entanto, como nossa congregação não possuía livros antigos, procurei saber de pessoas antigas naquela organização sobre o que realmente havia ocorrido. Sem saber que elas já estavam treinadas para dar a resposta que camuflava os fatos, fui levado a crer que “alguns irmãos” haviam entendido errado as palavras do Corpo Governante, e pensaram que o fim viria em 1975. Em minha cidade, havia uma testemunha-de-jeová que sobreviveu a 1975. Aliás, todas elas sobreviveram. Então, ela me disse que num congresso dessa seita antes de 1975, o orador público disse o seguinte:

“Se o Armagedom não vier em 1975, a Bíblia é mentirosa.” Aquela irmã testemunha-de-jeová confessou em seguida:

“Assim também, muitos entenderam errado o que o Corpo Governante quis dizer. Quanto a nós, tínhamos uma certa esperança.”

Bem, eu cri nela, e em outras testemunhas-de-jeová. No entanto, quando comecei a questionar e investigar a história de erros dessa seita, descobri que ninguém havia entendido mal as palavras dos líderes dessa seita. Muito pelo contrário, realmente constatei diversas falsas profecias sobre vários armagedons que não vieram e acontecimentos relacionados a isso, todas essas com data marcada. Você agora poderá observar mais uma seqüência de flashes de luzes que se apagaram na longa estrada repleta de falsas profecias da suposta única religião verdadeira. Esse é o assunto em que as testemunhas-de-jeová mais odeiam tocar.

FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 1 - “...com o fim de 1914 A.D., aquilo que Deus chama Babilônia, e aquilo que os homens chamam Cristandade, já terá passado, como já mostrado a partir da profecia.” - Estudos das Escrituras III, 1891, p. 153 . FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 2 - “...o fim pleno do tempo dos Gentios... será alcançado em 1914 A. D... esta data será o último limite para o domínio dos homens imperfeitos... a Igreja [será] levada para casa em um arrebatamento... porque cada membro reinará com Cristo...” - Estudos das Escrituras II, 1888, pp. 76,77 (em inglês) FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 3 - “A data para o encerramento desta ‘batalha’ está definitivamente marcada nas Escrituras como sendo outubro de 1914. Ela já está em progresso, seu início datando de outubro de 1874.” - - Torre de Vigia de Sião de 15/1/1892, pp. 52,53 (em inglês)

FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 4 - “Nós apresentamos prova de que... a ‘batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso’ (Rev. 16: 14) ... terminará em 1914 A.D., com a vitória completa sobre o governo terrestre...” - Estudos das Escrituras III, 1905, editorial 26 (em inglês) FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 5 - “Não vemos nenhuma razão para mudar os números, nem poderíamos nós mudá-los se quiséssemos. Eles são, nós cremos, datas de Deus, não nossas. Tenha em mente que o fim de 1914 não é a data do começo, mas do fim do tempo de tribulação. Não vemos qualquer razão para mudarmos de opinião...” - Torre de Vigia de Sião de 15/7/1894, p. 1677 (reimpressão em inglês) FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 6 – “O Tempo do Gentios prova que os governos atuais devem todos ser substituídos por volta do fim de 1914 A.D... e, do mesmo modo, a derrota da assim chamada ‘cristandade’ deve ser esperada para se seguir imediatamente.” - - Estudos das Escrituras II, 1888, pp. 242, 245 (em inglês) FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 7 - “...a completa destruição dos poderes... deste mundo maligno - político, financeiro, eclesiástico - por volta do fim do Tempo dos gentios, outubro de 1914.” - - Estudos das Escrituras IV, 1897, pp. 604,622 (em inglês) FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 8 - “Quando Urano e Júpiter se encontrarem no signo benigno de Aquário em 1914, a era há muito prometida terá tido um belo começo na obra de libertar os homens na busca de sua própria salvação e assegurará a realização final dos sonhos e ideais de todos os poetas e sagas da História.” - A Sentinela de 1/5/1903, pp. 130 e 131 ou p. 3184 na reimpressão (em inglês). FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 9 - “A ‘batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso’ (Rev. 16: 14)... terminará em 1915 A.D., com a vitória completa sobre o governo terrestre... consideramos uma verdade estabelecida que o final dos reinos deste mundo, e o completo estabelecimento do reino de Deus, se cumprirão próximo do fim de 1915 A.D.” - Estudos das Escrituras III, 1915, editorial 101 e 99 (em inglês) FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 10 - “A data apresentada... à luz das Escrituras precedentes, prova que a primavera de 1918 trará sobre a cristandade um espasmo de angústia maior ainda do que aquele experimentado na chegada de 1914.” - - O Mistério Consumado, 1917, p. 62 (em inglês) FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 11 - “Parece conclusivo que as ‘dores de aflição’ da Sião Nominal estão fixadas na passagem de 1918... há razões para crer que os anjos caídos invadirão as mentes de muitos da igreja nominal, levando-os a uma conduta excessivamente tola e culminando com sua destruição às mãos de massas enfurecidas...

Também, no ano de 1918, quando Deus destruir as igrejas e seus membros aos milhões...” - O Mistério Consumado, 1917, pp. 128,129 e 485 (em inglês). FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 12 - “...Até as repúblicas desaparecerão na chegada de 1920.” - O Mistério Consumado, 1917, p. 258 (em inglês). FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 13 - “Seja como for, há evidência de que o estabelecimento do Reino na Palestina será provavelmente em 1925, dez anos mais tarde do que nós uma vez tínhamos calculado [isto é, 1915].” - O Mistério Consumado, 1917, p. 128 (em inglês) FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 14 - “A data 1925 é ainda mais distintamente indicada pelas Escrituras, pois é fixada pela lei que Deus concedeu a Israel.” - A Sentinela de 1/9/1922, p. 262 (em inglês). FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 15 - “Temos tanta razão, ou mais, para crer que o reino será estabelecido em 1925 do que Noé tinha para crer que haveria um dilúvio?... nosso pensamento é que 1925 está marcado definitivamente nas escrituras... Quanto a Noé, os cristãos agora têm mais sobre o que apoiar sua fé do que Noé tinha...” - A Sentinela de 1/3/1923, p. 106 (em inglês)

FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 16 - “Por conseguinte, nós podemos esperar confiantemente que 1925 marcará o retorno de Abraão, Isaque, Jacó e os profetas fiéis da antiguidade... um cálculo simples dos jubileus traz-nos a este importante fato.” - Milhões que Agora Vivem Nunca Morrerão, 1920, pp. 88-90 (em inglês). FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 17 - “Esta cronologia não é de homem algum, mas de Deus.’ - A Sentinela de 15/7/1922, p. 217 (em inglês) FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 18 - “Não há dúvida de que muitos meninos e meninas que lêem este livro viverão para ver Abraão, Isaque, Jacó, José, Daniel e aqueles outros homens da antiguidade chegarem...” - O Caminho para o Paraíso, 1924, p. 224 (em inglês) FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 19 - “O ano de 1925 é uma data definitivamente e claramente marcada nas Escrituras, ainda mais claramente do que 1914.” - A Sentinela de 1924, p. 211 (em inglês) FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 20 - “... os meses que restam antes do Armagedom.” - - A Sentinela de 15/9/1941, p. 288 (em inglês). FALSA PROFECIA DO CORPO GOVERNANTE 21 - “Devemos presumir, à base deste estudo, que a batalha do Armagedom já terá acabado até o outono de 1975 e que o reinado

milenar de Cristo, há muito aguardado, começará então? Possivelmente... A diferença talvez envolva apenas semanas, ou meses, não anos.” - A Sentinela de 15/2/1969, p. 115 (em português).

Todas essas falsas profecias mostram-nos o seguinte: O Corpo Governante das testemunhas-de-Jeová, por mais bem intencionados que estivessem, nunca receberam a luz de Deus e nem vão receber, enquanto não se converterem a Jesus, aceitando-o como Deus, Senhor e Salvador. Infelizmente, não terão a luz de Provérbios 4:18 enquanto não deixarem de se considerar detentores do conhecimento que conduz à vida eterna, como se eles dividissem com Jesus o mérito da salvação. Sim, eles giram como falsos profetas. Não se deixaram guiar pelo Espírito Santo de Deus, mas pelo “espírito santo” deles. Dizem ser humildes, porque reconhecem os erros, mas com certeza, depois de tantos fracassos de previsões de fins do mundo, só faltava não reconhecer que os fins do mundo realmente não tinham vindo. Mas quando reconhecem, tentam se justificar. Quando mostramos a eles tais previsões de fim de mundo fracassadas, sabe o que o Corpo Governante ensinou as testemunhas-de-jeová a responder? Observe:

“Os ridicularizadores talvez escarnecessem dos cristãos fiéis por estes terem expectativas ainda não realizadas. Pouco antes de Jesus morrer, seus discípulos “estavam imaginando que o reino de Deus ia apresentar-se instantaneamente”. Então, após a ressurreição dele, perguntaram se o Reino ia ser estabelecido imediatamente. Também, uns dez anos antes de Pedro escrever a sua segunda carta, alguns se sentiram animados por causa de uma “mensagem verbal” ou “uma carta”, supostamente do apóstolo Paulo ou dos seus companheiros, “no sentido de que o dia de Jeová está aqui”. (Lucas 19:11; 2 Tessalonicenses 2:2; Atos 1:6) Tais expectativas dos discípulos de Jesus, porém, não eram falsas, mas apenas prematuras. O dia de Jeová viria mesmo!” – A Sentinela 1 de setembro de 1991, página 21.

Com essas palavras, o Corpo Governante tenta fazer parecer que assim como os discípulos de Jesus tiveram uma expectativa sobre o restabelecimento do Reino de Israel naqueles dias, as testemunhas-de-jeová também poderiam errar em prever o fim do mundo. No entanto, os discípulos de Jesus agiram corretamente. Em vez de anunciarem como uma sentinela datas para a volta de Cristo, eles chagaram até o ressuscitado Jesus e lhe perguntaram: “é neste tempo que restabeleces o reino a Israel?”(Atos 1:6) Será que as testemunhas-de-jeová agiram da mesma forma? A resposta é não! Mesmo sabendo do que Jesus havia dito, que “acerca daquele dia e daquela hora ninguém sabia, nem os anjos do céu, nem o filho, mais somente o Pai” (Mateus 24:36; Marcos 13:32), ainda assim eles ousaram a prever o fim do mundo várias vezes. Por isso, descobri porque éramos aconselhados a não pesquisar a internet material contrário aos ensinos dessa seita – seus líderes não queriam que pesquisássemos o passado dessa seita. Mas o que o Corpo Governante dizia dos outros grupos religiosos que previram o fim do mundo? Veja quanta hipocrisia nas palavras desses líderes:

“Também, durante o século 19, em resultado de maior estudo da Bíblia, grupos nos Estados Unidos, na Alemanha, na Inglaterra e na Rússia começaram a expressar a convicção de que o tempo da volta de Cristo era iminente. Mas a maioria das suas expectativas resultou em desapontamento. Por quê? Em grande parte porque confiaram demais em homens e não o suficiente nas Escrituras.” - A Sentinela 1 de maio de 1994, página 24, parágrafo 13.

Ora, em quem o Corpo Governante confiou ao prever as datas para o Armagedom tantas vezes? Assim, descobri que esses líderes haviam errado tanto, e ao mesmo tempo se especializaram em julgar os mesmos erros que outros grupos cometeram. Isso me causou indignação, perplexidade. Comecei a me sentir enganado. E essa revolta causou em mim um desiquilíbrio tamanho que sentia vontade até mesmo de abandonar a Deus e adotar uma vida imoral, divertida, sem compromissos com religião.

A ÚNICA RELIGIÃO VERDADEIRA? Na opinião das testemunhas-de-jeová, apenas elas são a única religião verdadeira e elas estariam dispostas a morrer por essa crença. Para o Corpo Governante, Deus sempre lidou com um povo. Antes de Jesus, era a nação de Israel, a quem ele chamou de “minhas testemunhas”. (Isaías 43:10) Depois que Jesus veio, ele continuou lidando com um só povo, a primitiva congregação cristã do primeiro século. No entanto, as testemunhas-de-jeová, sabendo que a seita deles tinha sido fundada por Charles Taze Russel em 1874, precisariam buscar apoio das Escrituras para responder à seguinte pergunta:

COMO A RELIGIÃO DE VOCÊS PODE SER A ÚNICA CERTA, SE ELA EXISTE APENAS DESDE 1874?

Como o Corpo Governante estava realmente interessado em provar que só eles representavam o cristianismo verdadeiro, eles usaram a parábola do trigo e do joio, para provarem que eles representavam a continuação da primitiva congregação cristã. Como eles fizeram isso? Observe a parábola do trigo e do joio, acompanhada da interpretação que eles dão a ela.

“Apresentou-lhes outra ilustração, dizendo: “O reino dos céus tem-se tornado semelhante a um homem (Jesus Cristo) que semeou excelente semente no seu campo (os do 144.000 que viverão no céu). Enquanto os homens dormiam, veio seu inimigo (O diabo) e semeou por cima joio (a cristadade apóstata) entre o trigo, e foi embora. Quando a lâmina cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio. Vieram assim os escravos do dono de casa e disseram-lhe: ‘Amo, não semeaste excelente semente no teu campo? Donde lhe veio então o joio?’ Disse-lhes ele: ‘Um inimigo, um homem, fez isso.’ Disseram-lhe: ‘Queres, pois, que vamos e o reunamos?’ Ele disse: ‘Não; para que não aconteça que, ao reunirdes o joio, desarraigueis também com ele o trigo. Deixai ambos crescer juntos até a colheita (o tempo que vivemos agora); e na época da colheita direi aos ceifeiros: Reuni primeiro o joio e o amarrai em feixes para ser queimado, depois ide ajuntar o trigo ao meu celeiro.’” Despedindo

então as multidões, entrou na casa. E vieram a ele os seus discípulos e disseram: “Explica-nos a ilustração do joio no campo.” Em resposta, ele disse: “O semeador da semente excelente é o Filho do homem; o campo é o mundo; quanto à semente excelente, estes são os filhos do reino (os 144.000); mas o joio são os filhos do iníquo (os falsos cristãos que pertencem às igrejas em geral, com exceção das testemunhas-de-jeová), e o inimigo que o semeou é o Diabo. A colheita é a terminação dum sistema de coisas e os ceifeiros são os anjos. Portanto, assim como o joio é reunido e queimado no fogo, assim será na terminação do sistema de coisas. O Filho do homem enviará os seus anjos, e estes reunirão dentre o seu reino todas as coisas que causam tropeço e os que fazem o que é contra a lei, e lançá-los-ão na fornalha ardente. Ali é que haverá o [seu] choro e o ranger de [seus] dentes. Naquele tempo, os justos brilharão tão claramente como o sol, no reino de seu Pai. Escute aquele que tem ouvidos.” – Mateus 13:24-30, 36-43, Tradução do Novo Mundo.

Assim, para as testemunhas-de-jeová, o joio representa todas as religiões que surgiram depois da primitiva congregação cristã, simbolizada pelo trigo. Essas religiões seriam a apostasia do cristianismo. Veja melhor essa explicação nas próprias palavras do corpo governante:

“Jesus predisse esta apostasia na sua parábola a respeito do trigo e do joio. O próprio Jesus explicou que “o trigo” representa os verdadeiros cristãos; “o joio” representa falsos cristãos, ou apóstatas. “Enquanto os homens dormiam”, disse Jesus, um “inimigo” iria semear joio no campo de trigo. Esta semeadura começou depois de os apóstolos terem adormecido na morte. A parábola mostra que confundir os verdadeiros cristãos com os falsos continuaria até a “terminação do sistema de coisas”. De modo que, no decorrer dos séculos, a identidade dos verdadeiros cristãos não ficou clara porque o campo religioso passou a ser dominado por aqueles que são cristãos apenas de nome. Todavia, na “terminação do sistema de coisas”, ocorreria uma mudança. “O Filho do homem” enviaria “os seus anjos” para separar os falsos cristãos dos verdadeiros. Isto significava que a congregação cristã seria então facilmente reconhecível, estando na mesma condição dos tempos apostólicos. — Mateus 13:24-30, 36-43.” – A Sentinela 15 de abril de 1995, página 6.

Na opinião do Corpo Governante, essa parábola explica porque houve um tempo em que o mundo ficaria sem testemunhas-de-jeová e sem escravo fiel e discreto, ou seja, sem religião verdadeira, de 96 d.C até 1874 d.C. Mas a partir de 1874, os anjos começariam a reunir o trigo e daí então ficaria fácil de se saber quem era o trigo e quem era o joio. O joio seria todas as outras religiões, com seus ensinos e práticas antibíblicas, com exceção daqueles Estudantes Internacionais da Bíblia, como eram conhecidos entre 1874 e 1931. Ora, quanto mais eu pesquisava e pedia ajuda a Deus para entender essa mentira absurda, mais minha mente levantava raciocínios à base das evidências. Que absurdo se tornou para mim afirmar que entre 96 até 1874, Jesus teria ficado com sua igreja (ou congregação) obscurecida! Isso não era Bíblico. Jesus não ensinou de forma alguma nessa parábola que o trigo quase desapareceria, e que em 1778 anos o joio dominaria o mundo. O próprio Jesus, ao instituir a sua igreja, disse que as portas do inferno (hades) não prevaleceriam contra a

sua igreja. Portanto, trigo (cristãos) e joio (cristãos de imitação) cresceriam juntos até a colheita, o que sugeriria que sempre a igreja de Cristo Jesus existiu, e isso põe por terra a interpretação do Corpo Governante de que o trigo já foi separado do joio, ou seja, só as tetsemunhas-de-jeová são a religião verdadeira, e todo o resto da humanidade cristã o joio. A colheita ainda não foi feita ainda. Espero que você esteja comigo, fazendo parte da classe do trigo, até sermos colhidos para sempre no reino dos céus.

OUTROS QUESTIONAMENTOS Quando perguntamos a um membro dessa seita qual o origem do seu movimento, ele responderá que a religião dele existe desde os dias de Isaías. Ora, todos sabem que antes essa seita era conhecida como Estudantes Internacionais da Bíblia, até 1931. No entanto, o Corpo Governante explicou que eles adotaram o nome “Testemunhas de Jeová” porque os judeus, como Isaías, Jeremias e outros, eram Testemunhas de Jeová. Observe a seguinte explicação:

“Com o tempo, os Estudantes da Bíblia ficaram ainda mais intimamente identificados com Jeremias, quando, em 1931, num congresso em Columbus, Ohio, EUA, foi anunciado que o nome bíblico desse corajoso grupo de cristãos devia ser “Testemunhas de Jeová”. (Isaías 43:10-12) Este nome fora colocado em evidência no oitavo século AEC quando Jeová o aplicou a Israel. Assim, uns cem anos depois, quando Jeremias serviu como profeta, ele era também uma testemunha de Jeová. (Jeremias 16:21) Igualmente Jesus, quando veio à terra como judeu, era testemunha de seu Pai, Jeová. (João 17:25, 26; Revelação 1:5; 3:14) Portanto, era apropriado que, no tempo devido de Deus, seu povo por fim se habilitasse a esse nome por Ele designado — “Testemunhas de Jeová”. — João 17:6, 11, 12.” – A Sentinela 1 de abril de 1988, página 24.

Que interessante, não acha? As testemunhas-de-jeová se acham a única religião verdadeira porque o nome delas aparece em Isaías 43:10-12. Assim, Charles Taze Russel deixou de ser o fundador da seita. Quem a fundou foi o próprio Deus. Quando um membro dessa seita se arrisca a falar comigo, e diz essa grande bobagem, eu digo a ele o seguinte:

Vocês ensinam que os judeus eram testemunhas-de-jeová, porque Deus, em Isaías 43:10, os chama de “testemunhas”. Mas se os judeus eram da sua religião, e os judeus mataram Jesus, significa isso que foram as testemunhas-de-jeová da época que negaram Cristo e o mataram?

Junto com esses questionamentos já mencionados, entreguei aos anciãos uma pilha de outras dúvidas sobre a real e verdadeira história dessa seita. Assim, após terem lido todas as páginas que lhes entreguei, eles marcaram uma comissão judicativa para me julgar. Eu fiquei sabendo que quatro anciãos estariam presentes para dar o seu veredicto final a meu respeito. No capítulo seguinte, vocês saberão os detalhes dessa comissão.

Capítulo 7 O Dia da Minha “Santa Inquisição”.

Amanheceu nublado o dia 15 de novembro de 1999. Era uma segunda-feira. Aquele

dia mudaria completamente a minha vida. Eu sabia que os ensinos errados das testemunhas-de-jeová me convenciam de sua heresia, e que jamais quisera dividir a “religião” deles. Os estudos que havia entregue aos anciãos pretendiam alertá-los do perigo de se crer em homens, que haviam sido responsáveis até pela morte de pessoas. Mas, infelizmente, não consegui ajudar ninguém. A minha comissão judicativa seria às três horas da tarde. Antes de contar como foi o meu julgamento, quero lembrar-me de um momento muito especial. Eu não me lembro a data em que isso aconteceu, mas sei que era por volta de julho de 1999. Ao bater papo na internet com evangélicos, numa sala chamada 100% Jesus, conheci uma evangélica, do Estado do Amazonas. O apelido que ela usava era “amadinha”. Após contar a ela sobre a crise de consciência que enfrentava, bem como os ensinos que questionava, ela pediu para que eu orasse com ela pela internet. Eu jamais havia orado com uma pessoa que não fosse testemunha-de-jeová. Assim, ela pediu-me para que tudo que ela escrevesse para mim, eu deveria repetir, escrevendo novamente. Foi então que escrevi:

“Eu quero, no momento certo, conhecer o Senhor Jesus e desde já o reconheço como o meu Salvador.”

Assim, naquele dia, de um modo informal, aceitei ser moldado por Jesus, no devido tempo. Mas, voltando ao dia do meu julgamento, o que será que aconteceu comigo? Vejamos.

O TRIBUNAL Antes de ser julgado, liguei para um ancião da cidade de São Carlos. Contei a ele todas as minhas dúvidas. Ele disse-me que também discordava, mas de pouca coisa. Mas ele me disse algo que mostrou a mentalidade escravizada dos adeptos dessa seita. O assunto que surgiu foi a questào do sangue. Ele me disse:

“Mesmo que estivéssemos errados em proibir as transfusões de sangue, o que mais me impressiona é o modo como as Testemunhas de Jeová morrem fiéis por uma causa. Você lembra da história dos Kamikases? Eles morriam pela pátria, sendo usados como mísseis humanos. Assim também somos nós.”

Quando ouvi isso, senti vontade de inventar uma bomba atômica só para as testemunhas-de-jeová. Mas logo a raiva passou, pois da mesma forma como os japoneses não mereceram

ser mortos por aquelas bombas cruéis, as testemunhas-de-jeová , vítimas dos falsos conceitos de seus líderes, também não mereceriam sofrer. E eu também não entendia nada de bomba atômica. Mas uma pergunta eu fiz àquele pobre ancião “kamikase”:

E se fosse o seu filho que tivesse que morrer por falta de uma transfusão de sangue? Você já convenceu pessoas de nossa religião a nào doarem sangue, e algumas sofreram conseqüências por isso. E se fosse seu filho? O que você faria?

Você nem faz idéia do que ouvi. Leia e espante-se:

NÃO SEI! Nunca senti tanto nojo de ter pertencido àquela seita. A resposta dele me revelava várias coisas. Primeiro, que ele era hipócrita, pois o modo como tratou os testemunhas-de-jeová que precisaram de sangue mostrava sua convicção - É errado aceitar uma transfusão. Segundo, revelava sua covardia em questionar os ensinos dessa seita, pois se ele disse que “NÃO SEI” se seu filho precisasse de sangue, isso apontava para as dúvidas que o seu íntimo cultivava sobre o assunto. Como eu agradeci a Deus por ter me dado coragem para discordar e “botar a boca no mundo”, mesmo estando para ser expulso dessa seita, mesmo sabendo que perderia a amizade com milhares de pessoas, mesmo estando prestes a sofrer um desprezo que até hoje me deixa triste. Com essa certeza de que havia desvendado o passado podre da seita testemunhas-de-jeová, fui àquele tribunal de juízes religiosos. (Salmo 82:1-6) Eu não gostaria de citar nomes. Isso não vem ao caso. Os anciãos que me julgaram não têm culpa de nada. Eles são até hoje vítimas de falsos conceitos, da mesma forma como eu fui. Quer saber como foi? Após uma breve oração, o presidente da comissão judicativa, por ironia, o mesmo que meses antes havia me dito que discordava de algumas poucas interpretações do Corpo Governante, iniciou o julgamento me alertando:

“Você está diante de um tribunal. Qualquer ofensa contra nós poderá ser até punida com processos contra você, como se você estivesse sendo processado por um tribunal do mundo.”

Tentarei ser mais fiel possível ao narrar uma das partes do diálogo ocorrido entre mim e o presidente da comissão. Confesso que eu tremia um pouco, devido à ansiedade.

M.M. - Irmão Fernando, nós sabemos que você é uma pessoa que tem um profundo conhecimento da Bíblia, e em matéria de Organização de Jeová, podemos dizer que não há nada que você não venha a saber sobre ela. No entanto, você, por própria decisão, deixou-se levar pela curiosidade e entrou em contato com ensinos de apóstatas, que passaram a moldar sua forma de pensar sobre Jeová. Você nos entregou uma série de dúvidas e questionamentos, e eu sei que é difícil para você dizer um SIM à pergunta que queremos te fazer, mas é a nossa obrigação fazê-la. Você se arrepende de tudo aquilo que escreveu e promete seguir cem por

cento os ensinos do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová, que é o escravo fiel e discreto a quem Jesus designou para cuidar da congregação dele?

EU - Se vocês me mostrarem em que estou errado, eu direi um SIM. Quando eu lhes entreguei isso, jamais quis dividir a religião, e jamais entreguei esses questionamentos a ninguém além de vocês. Assim, eu quero saber em que estou errado. E.L.A - Nós não temos resposta para você. Analisando seus estudos e suas novas crenças, achamos que você se adiantou nos ensinos de Cristo e se tornou um apóstata. M.M. - Mas para não dizer que não tentamos mostrar em que você está errado, vamos falar sobre uma de suas observações. Você diz aqui o seguinte, que o Corpo Governante é culpado pela morte de milhares de pessoas que morreram por eles terem mudado de ensinos, no que se refere às vacinas, aos transplantes de órgãos e às frações de sangue. Muito bem. Então preste atenção na pergunta que eu vou te fazer. Jeová deu para os judeus a lei para se guardar o sábado, certo?

EU - Certo, concordo com você.

M.M. - Muito bem. Segundo a lei de Moisés, o que aconteceria se alguém não guardasse o sábado? EU - Morreria. M.M. - Muito bem. Mas quando Jesus veio, ele deu a entender que quem não guardasse o sábado não morreria. Assim, ele mudou o ensino. Portanto, eu te pergunto: Jesus, ensinando o contrário de Jeová, indicava isso que Jeová era culpado pela morte daqueles que ele executou por não guardarem o sábado? EU - Sua pergunta é uma grande falácia! Todas as vezes que o corpo governante muda de ensinos é para reconhecer que o ensino, ou “luz” anterior estava incorreta. Não foi isso que aconteceu com a lei do sábado. Jesus não mudou a lei, para reconhecer que ela estava errada, mas pôs fim a ela porque já estava prometido na Bíblia que a lei do sábado era por tempo indefinido, portanto, ela teria o seu fim com a vinda de Jesus, que era o Senhor do sábado, ou seja, o último a cumprir essa lei do modo como se era exigido. M.M. - Infelizmente Fernando, nossa conversa pára por aqui. Por favor, retire-se por um instante, a fim de que possamos chegar a um veredicto final.

Pura intolerância! Quanta hipocrisia! O mesmo homem que havia dito numa conferência pública que o papa havia sido terrivelmente intolerante com Martinho Lutero, por condenar-lhe à morte, devido à sua recusa de se arrepender de todos os questionamentos

contra a igreja católica, sim, esse mesmo homem estava agora me expulsando da religião dele. Graças a Deus!, eu digo com toda a convicção. Um pouco irritado, mas sem ofendê-los, não esperei pela decisão deles. Saí do salão do reino e fui chorando, de carro, para minha casa. No caminho, prometi a Deus que um dia iria servi-lo de verdade. Disse a Deus:

Deus, cuida de mim. Não me deixe longe da verdade. Uma hora depois que havia dado a notícia à minha ex-esposa, que ficou chorando deitada na cama, dois anciãos vieram em casa me dar a notícia da minha desassociação, pelo fato de não ter esperado a decisão deles. Um deles, alguns meses depois, veio a perder o cargo de ancião por ter se envolvido em adultério. Para eles, eu era um anticristo.

“Todo aquele que se adianta e não permanece no ensino do Cristo não tem Deus. Quem permanece neste ensino é quem tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém se chegar a vós e não trouxer este ensino, nunca o recebais nos vossos lares, nem o cumprimenteis. Pois, quem o cumprimenta é partícipe das suas obras iníquas.” – 2 João 9-11. “Saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos; pois, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco. Mas, [saíram] para que se mostrasse que nem todos são dos nossos”. - 1 João 2:19.

Hoje conheço um pouco sobre a vida de Martinho Lutero. Agradeço a Deus por ter enfrentado com coragem 1% do que aquele homem enfrentou. Mas eu lamento pelas vidas que a essa seita servem, discordando e ao mesmo tempo tendo medo de serem expulsas dali.

APÓSTATA OU ANTICRISTO - DE QUEM? Eu tenho umas perguntas a fazer às testemunhas-de-jeová que me evitam:

1. Por que sou eu o apóstata, ou herege, e anticristo que se adiantou nos ensinos de Cristo, se eu descobri na seita testemunhas-de-jeová justamente os ensinos que Jesus não ensinou? 2. Onde Jesus ensinou a se prever o fim do mundo, se ele mesmo disse que só o Pai sabia quando viria esse dia? – Mateus 24:36. 3. Por que sou eu o apóstata, ou herege, se não fui eu quem mudou de ensinos mais de 300 vezes, reconhecendo erros de interpretação, alguns erros que até levaram pessoas à morte? 4. Por que crer num grupo de homens tão cegamente não é ser apóstata?

5. Que moral tem as testemunhas-de-jeová para reivindicar o privilégio de ser o único caminho para Deus, se só Jesus é o caminho? (João 14:6) Ou será que Jesus é o caminho e eles o atalho? Se forem esse atalho, por que só eles? 6. Por que eu sou um apóstata de Jesus, se não sou eu quem desobedece suas palavras por relatar aos outros quantas horas se gasta trabalhando de casa-em-casa? Não disse Jesus que não deveríamos deixar os outros saber o que fazemos? – Mateus 6:3.

Assim, no dia 18 de novembro de 1999, todas as congregações das testemunhas-de-jeová, em Américo Brasiliense, SP, anunciaram:

“A partir de hoje, José Fernando Galli de Paula não é mais Testemunha de Jeová. Ele foi desassociado.”

Para os membros dessa seita, sou um grande apóstata, um anticristo. Mas pela misericórdia de Deus, sou hoje um filho transformado, pela graça de Deus. Meu querido leitor, você não faz idéia do quanto eu amo a Jesus, o meu Senhor e o meu Deus. Você deve estar muito curioso em saber como se deu a minha conversão? Leia, então, o capítulo seguinte, e lhe mostrarei como Deus deu o primeiro passo para me lavar, limpar e purificar a minha mente, que por muito tempo sentiu-se presa à grande lavagem cerebral que sofri nos quase dezessete anos em que fui testemunha-de-jeová.

Capítulo 8 O Processo de Desprogramação

Entre o dia do meu julgamento e o dia do anúncio da minha expulsão, as testemunhas-

de-jeová que se encontravam comigo na rua me cumprimentavam normalmente. Elas não sabiam de nada ainda. Mas, no dia seguinte ao anúncio, pessoas que eu amava, até mesmo crianças que viviam nos meus braços, de tanto que gostavam das minhas brincadeiras, foram instruídas a nem olharem para mim. Minha ex-esposa também não escapou das regras satânicas dessa seita escravizadora. Quando sentávamos para orar no almoço e no jantar, ela não orava comigo, pois para ela eu não era mais cristão. Eu percebia, pelo movimento de seus lábios, que sua oração era

diferente da minha, e que ela falava o amém junto comigo, mas apenas para a oração dela. Ela também foi aconselhada a não ler mais a Bíblia comigo. Quinze dias depois, fui desconvidado para uma festa de casamento, em que seria padrinho. A tia de minha ex-esposa era testemunha-de-jeová, e o filho dela, que não era dessa seita, iria se casar. Assim, liguei para eles, a fim de saber do local exato do casamento. Assim que me atenderam ao telefone, informaram-me que eu, como desassociado, não deveria estar presente na festa, porque algumas testemunhas-de-jeová estariam no local. Daí, eu lembrei que o Corpo Governante havia escrito uns anos atrás:

“Contudo, deve ser reconhecido que, se o desassociado vai estar numa reunião à qual foram convidadas Testemunhas que não são parentes, isto poderá afetar o que os outros fazem. Por exemplo, um casal cristão talvez se case num Salão do Reino. Se um parente desassociado vier ao Salão do Reino para o casamento, ele obviamente não faria ali parte do séqüito nupcial, nem “entregará” a noiva. No entanto, que dizer se houver uma festa ou recepção de casamento? Esta pode ser um acontecimento social feliz, assim como foi em Caná, onde Jesus estava presente. (João 2:1, 2) Mas, permitir-se-á a vinda do parente desassociado ou será até mesmo convidado? Se ele comparecesse, muitos cristãos, parentes ou não, poderiam chegar à conclusão de que não deveriam estar ali, comendo e associando-se com ele, em vista da orientação de Paulo em 1 Coríntios 5:11.” – A Sentinela 15 de dezembro de 1981, página 26.

Ser desconvidado de uma festa, porque não era mais cristão, significou para mim uma grande demonstração de desprezo. Minha ex-esposa dizia para mim: “Bem feito para você! Não foi isso que você quis?” Outros sinais de desprezo me machucaram muito. Apesar de ter sido desassociado, eu havia prometido a minha ex-esposa que a levaria ao salão do reino de carro, quantas vezes ela quisesse. Sempre que chegava no salão do reino de carro, a criançada toda vinha até mim. Só que a partir da minha desassociação, nem elas me cumprimentavam mais. Todavia, acredito que paguei um preço justo. Eu também havia tratado testemunhas-de-jeová dessa forma. Para tentar tapar o rombo emocional, tentei, então, visitar outras igrejas, mas as diferenças eram muito grandes. Eu estava acostumado com o modo de ser das testemunhas-de-jeová. Assim, eu exigia que as igrejas tivessem os mesmos costumes. Jamais consegui, de novembro de 1999 até setembro de 2002, freqüentar uma igreja sequer, pois passei a ter ódio de toda forma de religiosidade. Eu dizia aos pastores que eles eram ladrões, e que viviam roubando o dinheiro dos fiéis. Dizia que Deus era um incompetente, que deixou que essa confusão religiosa dominasse os cristãos. Eu afirmava: Não preciso dessa porcaria de religião, pois Deus não deixou religião nenhuma. Daí em diante, resolvi mudar tudo em minha vida. Cheguei até mesmo a visitar centros espíritas e a ler livros de filosofia oriental. Uma vez, uma namorada me levou numa igreja

evangélica, e quando vi o pastor expulsar um demônio, fui até ele e disse: “Se é demônio mesmo, manda ele entrar em mim!” Tornei-me um grande questionador da fé cristã. Nem lia mais a Bíblia, pois os pecados que cometia não me motivavam à leitura da Palavra de Deus. Comecei a beber demais e a sair com mulheres sem Deus. Eu adorava contar as minhas aventuras com mulheres. Certa vez, cheguei a fazer uma lista das mulheres com quem havia saído. Estava certo de que não havia religião verdadeira, e que Deus nem se importava mais comigo. Eu me decepcionei com as divergências religiosas. Até setembro de 2002, eu não sabia que a felicidade espiritual de um homem não dependia da sua religiosidade, mas da sua profunda relação com Cristo Jesus. Com toda a aparente liberdade a minha volta, decidi morar longe de minha mãe. Fui morar no Estado de Goiás. Eu me arrepio quando tenho que contar isso, pois nunca fiquei tanto tempo longe de minha mãe. Meu pai morreu em 1992 e eu, como filho único, me preocupava com ela. No entanto, minha ida a Goiás serviu para refrescar os ânimos entre nós dois. A saudade batia, e como eu sempre digo, onde há o amor, há a saudade.

SINAIS DE DEUS EM MINHA VIDA

O ano 2000 havia sido terrível para mim. Aos 16 de fevereiro eu me separei, perdi meus alunos, e comecei a entrar em depressão. Eu forcei a minha separação. Peço a Deus perdão, em nome de Jesus, por tudo aquilo que fiz minha ex-esposa passar. Eu também devia demais a bancos e a agiotas, e não tinha nem forças para procurar emprego. Vivia à base de calmantes e da associação com pessoas erradas. Lembro-me que muitas noites saía caminhando, às vezes de madrugada, pelas ruas de minha cidade, lamentando com Deus tudo o que havia acontecido comigo. Naquele ano, agredi minha mãe com um tapa em seu rosto. Depois disso, resolvi morar sozinho uns meses em Araraquara, SP, mas em novembro de 2000 acabei voltando para casa, por estar sem dinheiro e sem ter o que comer. Tive que vender meu carro e os poucos móveis que me restaram da separação, para diminuir minhas dívidas. Eu não tinha mais nada. No início de 2001, no dia 16 de janeiro, eu me lembro que fui até a casa em que morava com minha ex-esposa, no fundo da casa de minha mãe, e comecei a blasfemar contra Deus. Eu dizia:

“Seu grande idiota! Você está sentado aí na sua cadeira de ouro, rindo da minha situação. Você deve ser parceiro do Diabo! Você é uma grande filho de uma prostituta! Você é imprestável! Tenho nojo do modo como você age comigo!”*

Naquele mesmo dia, à noite, eu saí pela estrada entre Américo Brasiliense e Araraquara, e disse a Deus:

“Está vendo aquele caminhão que vem vindo? Por que o Senhor não faz ele perder a direção e me atropelar? Faça isso, porque eu não tenho coragem de me matar. Você me tirou daquela porcaria de seita para me fazer sofrer assim?”*

No dia seguinte, novamente fui até a casa do fundo, e mais uma vez dirigi a Deus palavras de maldição.

“Deus filho de uma prostituta! Está gostando de ver como eu me sinto? O Senhor me odeia, tem nojo de mim! Jamais irá me salvar dessa!”*

Em meio a essas palavras de blasfêmia, o meu telefone celular tocou. Era um amigo de Goiás, que havia sido testemunha-de-jeová. Nós havíamos nos conhecido pela internet, e de vez em quando ele me ligava. Mas já fazia uns seis meses que não tínhamos contato. Ao contar ao Wesley todos os meus problemas, ele disse-me que conseguiria emprego para mim numa escola particular, e que se realmente fosse para lá, teria seis meses de hospedagem grátis em seu hotel. Irmãos, fico arrepiado em contar isso, porque Deus havia me dado um sinal de que Ele ainda estava interessado em mim. Cinco dias após, despedi-me de minha mãe. Fui para uma cidade em Goiás chamada Goiatuba, uma cidade do tamanho de Américo Brasiliense. Conheci pessoalmente aquele amigo que Deus usou para me ajudar. Morei no hotel dele cinco meses gratuitamente. Tornei-me professor de Português numa escola particular, e dava aulas particulares de Inglês. No entanto, aquela escola em que dava aula estava indo à falência, e o que eu ganhava mal dava para me sustentar. Mas duas semanas antes de ser demitido daquela escola, um rapaz chamado Vanderley me procurou, pois ele soube que eu falava bem o Inglês. Assim, ele me convidou para abrir uma escola de idiomas em Goiatuba. Prometeu-me um bom salário para dar aulas e tomar conta daquela escola. Fui treinado para captar alunos, e descobri que era bom nisso. Consegui cento e quarenta e cinco alunos para a escola. Com isso, refiz aos poucos minha auto-estima, e de vez em quando ia às igrejas evangélicas. Lamento informar a você que no meio evangélico há irmãs e irmãos que fazem sexo e se acham no direito de exercer privilégios dentro da igreja, achando que isso jamais virá à tona. Não preciso nem ser mais claro quanto ao que quis dizer. No entanto, não resisti a um convite de tocar violão na igreja católica. Ali, eu fazia uma verdadeira salada de costumes: Dedilhava hinos das testemunhas-de-jeová na ora da comunhão, não aceitava tomar da hóstia porque sabia que ela não era o próprio corpo de Cristo, ajoelhava diante do altar pedindo perdão a Deus por estar fazendo tudo aquilo. Eu era aceito na igreja católica, mesmo os líderes sabendo que eu era um tremendo de um namorador e amigo das noitadas.

Certo dia, um amigo me convidou para ir a sua igreja. Era uma igreja evangélica. Ele se sentou comigo, e eu levei a minha Bíblia, e ele levou a dele. Conforme o pastor mencionava frases da Bíblia sem mencionar os capítulos e versículos, eu mostrava ao meu amigo onde se encontrava cada texto na Bíblia. Ele olhou sério para mim e admirado falou:

“Caramba, meu! Você leu a Bíblia quantas vezes?” Num outro dia, visitei uma igreja presbiteriana, numa quarta-feira. O pastor não pôde estar presente, e como eu havia me vestido muito bem, pensaram que eu era pastor ou diácono. Você acredita que eu dirigi o culto de oração, e ainda teve gente que achou uma bênção? Quando o culto terminou, falei-lhes que era um ex-testemunha-de-jeová, mas que estava sem igreja. No dia seguinte, nem preciso dizer que o pastor precisou ter uma conversa comigo. A cidade de Goiatuba era-me um tanto pacata, e me perguntava o que Deus reservava para mim ali. Nos primeiros meses, ganhava muito pouco, mas depois com a escola de Inglês, as coisas melhoraram. Mas no final de 2001, eu tinha aprendido todos o métodos para se conseguir alunos e como levantar e cuidar de uma escola de idiomas. Infelizmente, o meu sócio e eu não combinávamos mais, e eu tive que sair daquela escola de Inglês. Também, segundo o Wesley, que me confessou após a minha conversão, eu era perturbado. De fato, como estava plenamente sem Deus, vivendo uma vida noturna e imoral, eu tratava a escola com muito descaso. Com toda a certeza, eu não merecia ser um dos donos dessa escola. Mas eu sou muito grato ao Vanderley por tudo aquilo que ele me ensinou, referente à escola de idiomas. Assim, hoje entendo que ir até Goiás foi uma providência divina em minha vida, pois quando retornei à minha cidade, Américo Brasiliense, em 2002, eu criei minha própria escola de idiomas, e cuidei dela com muito carinho até dezembro de 2004. Como você pode notar, Deus me fez sofrer muito, trilhar por caminhos obscuros, tudo isso visando me desprogramar dos ensinos do Corpo Governante. Se tivesse me tornado evangélico assim que saí daquela seita, jamais teria aceitado ser moldado nos caminhos do Senhor, mas continuaria sendo um grande questionador. Mas Deus, na sua infinita sabedoria, soube como conduzir tudo, e pelo meu sofrimento, mostrou-me que a felicidade que eu buscava não estaria em placas denominacionais, mas em Jesus Cristo. Algumas testemunhas-de-jeová ficaram sabendo de tudo o que passei. Uma delas disse:

“Da mesma forma como você crê que Deus permitiu que você errasse para te refinar, assim também Deus permitiu que o Corpo Governante errasse para ser refinado.”

No entanto eu disse a ela:

Que diferença! Que bom que Deus, pelo menos, não me usou para matar ninguém, nesse processo todo de refinamento. Graças a Deus, ninguém morreu devido a um ensinamento errado da minha parte.”

Evidentemente, eu me referia às proibições legalistas do Corpo Governante sobre as vacinas, os transplantes de órgãos, as transfusões de sangue e o uso de suas frações. Tenho certeza de que muitas testemunhas-de-jeová também dirão, se tiverem a coragem de ler esse livro: “Isso é o que acontece quando alguém abandona a Jeová.” No entanto, digo que todas as pessoas, quando abandonam uma religião ou seita, que usa a Bíblia, elas se perdem da mesma forma. O problema não é sair da religião, mas sim ficar afastado da Lei de Deus. O problema não é ficar sem o Corpo Governante, mas sim ficar sem Deus e a sua Palavra, a Bíblia. Portanto, posso dizer a você que senti a luz de Deus muito mais do que o Corpo Governante, primeiro por clarear minha visão sobre aquela seita, e depois, por me levar a Jesus Cristo, o meu único e suficiente Salvador. Mas ainda falarei sobre isso. Não fique curioso demais. De fato, muitos acontecimentos ainda me levariam a me tornar uma testemunha de Jesus. – Atos 1:8.

O DIA QUE ACEITEI JESUS Era novembro de 2002, e eu havia terminado um namoro com uma evangélica. Através dela, eu tive a oportunidade de ir à igreja Evangélica com mais freqüência. Contudo, ela não admitia a possibilidade de um casal ser feliz sem ter tido relação sexual antes do casamento. Fomos à praia, como se fôssemos marido e mulher. Numa noite, resolvemos andar na orla do mar. Falei a ela que deveríamos orar ali para Jesus. Quando terminei de orar, um assaltante veio até nós e levou todo o nosso dinheiro e alguns bens. Deus não estava contente comigo. Aquele namoro me punha mais longe de Deus. Ele atrasava o andar de Deus em minha vida. Assim, orei a Deus para que, se fosse da vontade dele, nosso namoro chegasse ao fim. Não demorou dois dias para Deus pôr fim àquele namoro sujo e imoral. Mas eu sofri bastante com a separação. Dias depois, entrei na internet para conhecer pessoas evangélicas. Foi então que conheci uma moça chamada Viviane. Ela morava em Leme, SP. Ela me deu o seu telefone, e quando liguei para ela, rimos muito, mas o principal ela fez – soube me ouvir. E ela tinha uma voz encantadora. Às noites, ela cantava para mim, e eu aprendi a primeira música evangélica, por inteiro, com ela.

Há Momentos

Há momentos que na vida pensamos em olhar atrás É preciso pedir ajuda para poder continuar

E clamamos o nome de Jesus E clamamos o nome de Jesus

E clamamos o nome, o nome de Jesus Ele nos ajuda a carregar a cruz.

Após ter sido expulso daquela seita, foi a primeira vez que eu chorei, não de tristeza, mas de alegria - alegria vinda do Espírito Santo. Alguns dias depois fui até Leme, para conhecê-la. Fiquei hospedado na casa dela. Com exceção do pai, todos eram evangélicos. Fui muito bem tratado. Aquela família generosa me levou à Igreja Batista de Leme, bem como na Igreja Brasil Para Cristo. Foi ali que Deus deu mais um passo na minha purificação. Até então, eu sabia muito pouco sobre a graça de Deus, eleição, o chamado do Evangelho, a regeneração, a conversão, a justificação, a adoção como filho de Deus, a santificação, a plenitude com o Espírito Santo, e a perseverança, assuntos hoje que estudo com o maior carinho. Mas do que mais precisava era JESUS! Após o culto, procurei o pastor que havia acabado de ministrar a Palavra na Igreja Brasil para Cristo. A conversa durou uns quinze minutos. Quando contei ao pastor todos os meus pecados, perguntei-lhe se Deus iria me perdoar. Quando o pastor contou os pecados dele cometidos antes de sua conversão, tive a certeza de que os meus não chegavam nem perto dos dele. No dia seguinte, dia 24 de novembro de 2002, Viviane e sua família me levaram para a Igreja Batista em Leme. Depois de uma ministração muito interessante sobre o papel de Cristo como Salvador, o pastor fez um apelo, para que se houvesse alguém que gostaria de se entregar a Jesus e se tornar filho dEle, que ficasse em pé. Imediatamente o meu coração se encheu do Senhor Jesus, e eu vim a aceitá-lo como o meu Senhor, como o Meu Deus, e como o meu Salvador. Até hoje, na minha Bíblia de estudo, está anotado: “24 de novembro, o dia mais importante de minha vida”. Aquele foi o dia em que aceitei a Jesus, mas eu sabia que havia muito mais a ser feito na minha vida. Ainda pensava como testemunha-de-jeová em muitos aspectos. Eu questionava todas as igrejas evangélicas. Ainda estava preso ao passado e ao modo satânico como fui julgado naquela seita de Satanás. Tinha medo de sofrer tudo de novo. Precisava me desfazer de outros ensinos da seita que ainda atormentavam a minha mente. No capítulo seguinte você saberá como Deus mudou a minha forma de pensar, e tem me usado para ajudar os evangélicos a se defender das seitas domingueiras que os visitam, tentando levar mais pessoas para um caminho difícil de se voltar.

Durante o período que estive longe da Bíblia, questionando todas as religiões, talvez o Diabo imaginasse que eu jamais teria o zelo que tinha enquanto era uma testemunha-de-jeová. De fato, a liberdade que eu sentia era contagiante. Não havia ninguém que me questionasse ou para eu dar satisfação. No entanto, foi assim que Deus permitiu acontecer comigo, e aos poucos minhas crenças e convicções plantadas e enraizadas pelo Corpo Governante foram morrendo, e minha mente, mesmo que suja de novos pecados, cedeu um espaço para Jesus mudar todo o meu ser. Eu sei disso, porque quando me lembro de certos acontecimentos, tenho a certeza de que mesmo pecando, fui protegido. Eu fui poupado. Sou muito grato a Deus por tudo isso. Mas havia um ensino muito difícil de minha mente aceitar – Que Pai, Filho e Espírito Santo são pessoas distintas, mas em um único Deus. Como Deus faria para me livrar de antigos conceitos do Corpo Governante das testemunhas-de-jeová? Tenho o prazer de lhes contar sobre isso no capítulo seguinte. O modo como Deus se revelou a mim foi o fator principal para me libertar de vez dos ensinos satânicos da seita testemunhas-de-jeová.

Capítulo 9 Uma Nova Luz! -

O Deus Triúno Se Revela A Mim! Graças a Deus, hoje sou batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Mas não foi fácil para aceitar algumas verdades sobre Deus. Uma delas foi a Trindade. Um dos motivos pelos quais não aceitava seguir a Cristo, antes e tê-lo aceitado na Igreja Batista em Leme, era o fato de não compreender que o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus, no entanto não são três Deuses, mas Deus é um só. Na minha mente, prevalecia os argumentos que as testemunhas-de-jeová usavam para provar que Jesus não é Deus, e que o Espírito Santo não é uma pessoa divina, mas a força ativa de Deus. No entanto, certo dia, orei para que Deus se mostrasse da forma como Ele realmente é, e que as Escrituras Sagradas me convencessem disso, não homens. Lembro-me de ter pedido a Deus que não queria conhecê-lo pela emoção, mas pela razão. E assim veio a ser.

REFUTANDO FALSAS LUZES Assim que voltei de Goiás, em janeiro 2002, comecei a visitar igrejas evangélicas com mais freqüência. Então senti muita vontade de voltar a pregar sobre Deus. Ao passo que via os pregadores falando das maravilhas de Deus na vida das pessoas, desejei ardentemente que um dia Deus me usasse plenamente na vida das pessoas. Foi assim que Deus preparou os alicerces para o conhecê-lo melhor.

Meu grande problema era orar como os evangélicos oram. As testemunhas-de-jeová não dão brados de aleluia, nem louvam a Deus com gritos de júbilo. Assim, irritava-me quando ouvia as orações evangélicas. Tudo era-me apenas uma emoção sem sentido. Dizia a mim mesmo:

Para que gritar assim? Até parece que Deus é surdo! Como Deus vai entender tudo isso ao mesmo tempo?

Mas com a graça de Deus, um modo de pensar diferente iluminou aquela mente agora disposta a dar lugar a Jesus. Eu pensei:

Se em cada igreja uma pessoa apenas orasse por vez, ao mesmo tempo, muitas pessoas em cada igreja estariam orando. Assim, milhares de orações chegariam a Deus, como se todas elas viessem de uma só igreja, o planeta Terra.

Esse meu novo conceito abriu a minha boca para louvar e glorificar a Deus, que tudo ouve, de uma forma mais aberta. Na verdade, reconheci que as testemunhas-de-jeová não fazem isso porque elas precisariam explicar como Deus faria para entender várias orações ao mesmo tempo. Por isso, quando uma testemunha-de-jeová lhe disser que Deus não ouve orações proferidas ao mesmo tempo, você poderá explicar o seguinte para elas:

Quantas testemunhas-de-Jeová existem no mundo? Não são seis milhões e meio? Muito bem. Supondo que cada membro dessa seita orasse um minuto por dia, e sabendo que cada dia tem 1.440 minutos, quantas orações o deus das testemunhas-de-jeová poderia ouvir, em média, ao mesmo tempo? Basta fazermos a seguinte conta: 6.500.000 dividido por 1.440 cujo resultado é 4.513. Sim, se o deus das testemunhas-de-jeová pode ouvir 4.513 orações por minuto, por que o nosso Deus não ouviria 100 pessoas ao mesmo tempo, numa igreja evangélica?

Crer, assim, num Deus Todo-Poderoso abriu caminho para o meu coração aceitar a Deus do modo como Ele é. Por exemplo, quando a Bíblia diz que “de eternidade a eternidade tu és Deus” (Salmo 90:2), não precisamos de explicações, nem de ficarmos questionando: “Mas como é possível que Deus sempre tenha existido”. Jamais entenderemos esse mistério de Deus, a menos que por revelação divina. Portanto, antigos argumentos das testemunhas-de-jeová sobre Jesus não ser Deus para mim se tornaram obsoletos, sem valor. Lembra-se do capítulo 3 deste livro, em que enumerei os argumentos que os líderes dessa seita usam até hoje para provar que Deus-Pai e Jesus não são o mesmo Deus? Para mim, todas aquelas perguntas têm respostas óbvias, agora, baseadas em fundamentos bíblicos. Assim, antes de responder uma a uma, precisamos reconhecer algumas verdades incontestáveis na Palavra de Deus. Observe que a Bíblia menciona três pessoas como Deus e Senhor, mas um só Deus e Senhor:

1. O Pai é Deus – “Recomendou-lhe Jesus: [...]: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus.” – João 20:17. 2. O Filho é Deus - “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” – João 1:1. 3. O Espírito Santo é Deus – “ Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentastes no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus.” – Atos 5:3, 4. 4. Mas Deus é um só – “Lembrai-vos [...] : que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim.” - Isaías 46:9. Da mesma forma, podemos dizer o mesmo sobre a palavra “Senhor”. 5. O Pai é Senhor – “Naquela hora, exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.” – Lucas 10:21. 6. O Filho é Senhor – “Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.” – Atos 16:31. 7. O Senhor é o Espírito - “O Espírito Santo é o Senhor, e onde há o Espírito do Senhor, ali há liberdade.” - 2 Coríntios 3:17. 8. Mas não são três Senhores, pois há um só Senhor – “Ouve, Israel, O SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.” – Deuteronômio 6:4

9. Jesus é Deus e Senhor. Tomé reconheceu a Divindade e o Senhorio de Cristo - “E disse-lhe Tomé: Meu Senhor e Meu Deus.”- João 20:28, Tradução do Novo Mundo.

Ora, eis o grande mistério da nossa fé! Se Jesus não for o Deus verdadeiro, ele é Deus em que sentido? Só um título, assim como o Diabo tem o título de deus desse mundo? (2 Coríntios 4:4) Ora, a Bíblia diz uma verdade irrefutável:

“Embora haja os que se chamem “deuses”, quer no céu, quer na terra, assim como há muitos “deuses” e muitos “senhores”, para nós há realmente um só Deus, o Pai, de quem procedem todas as coisas, e nós para ele; e há um só Senhor, Jesus Cristo, por intermédio de quem são todas as coisas, e nós por intermédio dele”. - 1 Coríntios 8:5, 6, Tradução do Novo Mundo.

Baseados, então, nessa verdade irrefutável, de que lado está Jesus nessas palavras? Ele é “deus” entre os “deuses” que o mundo adora, ou é o único Deus verdadeiro? Porque se ele

for “deus” em outro sentido, ele é um deus falso, assim como o Diabo e como os seres humanos, que também são chamados de deuses. – Salmo 82:1-6. Que bom saber que Deus se revelou assim para mim nas Escrituras. O deus das testemunhas-de-Jeová precisa ser explicado, estudado, provado, mas o meu Deus pode ser facilmente observado com a simplicidade de palavras. Eu amo a esse Deus que está em todos os lugares ao mesmo tempo. Sou apaixonado por Ele. Assim, creio nas fortes evidências de que Jesus é Deus e Senhor. Tenho plena convicção de que meu único Deus subsiste em TRÊS PERSONALIDADES DIFERENTES. A Bíblia me convenceu disso. Mas a ordem das verdadeiras luzes de Deus foi essa: Primeiro eu me convenci de que Jesus era Deus. Depois, precisei encarar o Espírito Santo como Deus também. Confesso que graças às argumentações repletas de luzes satânicas do Corpo Governante, demorei a compreender e aceitar o Espírito Santo como uma pessoa divina. Mas, certa vez, disse a um pastor:

Não quero questionar mais nada. Quero que o Espírito Santo de Deus se revele a mim, sem dons, sem milagres, sem manifestações. Quero que Ele aja em minha vida e me convença pela Palavra.

Outras vezes, eu orava a Deus mais ou menos assim:

Meu Deus, mostre-me o seu Espírito Santo. Eu quero ter uma experiência profunda com Ele. Quero entendê-lo como realmente ele é.

Não demorou muito para começar a imaginar o Espírito Santo como pessoa, pois minha mente tinha se aberto para versículos bíblicos que o revelavam agindo como pessoa. Às vezes, imaginava o Espírito Santo ao meu lado. Outras vezes, na igreja, orava para Ele sentar-se do meu lado. Logo, comecei a atribuir a Ele características pessoais, e isso se deu porque a Palavra de Deus que Ele inspirou a ser escrita me convenceu disso. E para mim o mais importante de tudo – quando pecava, imaginava o Espírito Santo ficando triste comigo. O que a Bíblia diz sobre o Espírito Santo? Como podemos ter a certeza de que Ele realmente é uma pessoa divina? Veja os seguintes textos, na própria Bíblia das testemunhas-de-jeová:

1. É possível pecar, ou falar, contra o Espírito Santo. - “Por exemplo, quem falar uma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas quem falar contra o espírito santo, não lhe será perdoado, não, nem neste sistema de coisas, nem no que há de vir.” – Mateus 12:32, TNM.

2. É possível mentir para o Espírito Santo. - “Mas Pedro disse: “Ananias, por que te afoitou Satanás a trapacear o espírito santo e a reter secretamente parte do preço do campo? 4 Enquanto permanecia contigo, não permanecia teu, e depois de ter sido vendido, não continuou a estar sob o teu controle? Por que é que propuseste uma ação dessas no teu coração? Trapaceaste, não homens, mas a Deus.”” – Atos 5:3, 4, TNM.

Observem o absurdo da Bíblia das testemunhas de Jeová! Elas grafam em iniciais minúsculas (“espírito santo”) o Espírito Santo, porque não crêem que ele seja uma pessoa. Então, como se pode mentir para uma energia, ou força ativa?

3. O Espírito Santo intercede da mesma forma como Jesus intercede - “Por conseguinte, ele [JESUS] é também capaz de salvar completamente os que se aproximam de Deus por intermédio dele, porque está sempre vivo para interceder por eles.” – Hebreus 7:25. “De maneira semelhante, o espírito também se junta com ajuda para a nossa fraqueza; pois não sabemos o [problema de] em prol de que devemos orar assim como necessitamos, mas o próprio espírito implora por nós com gemidos não pronunciados. Contudo, aquele que pesquisa os corações sabe o sentido do espírito, porque está intercedendo de acordo com Deus, a favor dos santos.” – Romanos 8:26, 27, TNM.

Você pôde perceber que na Bíblia das testemunhas-de-Jeová, a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, o Corpo governante tenta obscurecer o fato de que, assim como Jesus (Hebreus 7:25), o Espírito Santo intercede por nós (Romanos 8:26). Eles fazem isso por traduzir o verbo grego interceder por implorar. Não é uma má tradução, mas ela visa obscurecer a obra intercessora do Espírito Santo. Mas o versículo seguinte mostra que esse Espírito, na TNM com letra minúscula, intercede em favor dos santos. No entanto, o Corpo Governante, em sua obra Estudo Perspicaz das Escrituras, Volume 2, página 806, reconhece que o implorar aqui é o mesmo que interceder:

“Deus conhece os de coração reto e sabe também o sentido das coisas que ele fez seu espírito falar por meio dos escritores da Bíblia. Conhece “o sentido [idéia, pensamento] do espírito” quando o espírito assim “implora”, ou intercede, por eles.”

Assim, penso eu, ser muito mais conveniente traduzir o verbo grego como as outras versões mais conhecidas fazem:

Nova Versão Internacional – “intercede”. Versão Almeida (Revista e Atualizada) – “intercede”. Versão Almeida (Revista e corrigida) – “intercede”.

A Bíblia de Jerusalém – “intercede”. 4. O Espírito Santo nos ensina e nos faz lembrar - “Se me amardes, observareis os meus mandamentos; e eu solicitarei ao Pai e ele vos dará outro ajudador para estar convosco para sempre, o espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque nem o observa nem o conhece. Vós o conheceis, porque permanece convosco e está em vós. Mas o ajudador, o

espírito santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar todas as coisas que eu vos disse.” – João 14:15-17, 26, TNM. 5. O Espírito Santo guia, fala, ouve, declara, glorifica e recebe algo - “No entanto, quando esse chegar, o espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade, pois não falará de seu próprio impulso, mas falará as coisas que ouvir e vos declarará as coisas vindouras. Esse me glorificará, porque receberá do que é meu e vo[-lo] declarará.” – João 16:13, 14, TNM.

Como uma simples “força ativa” pode ajudar e ensinar, guiar e falar, ouvir e declarar, se ela não é uma pessoa? Observe mais abaixo sobre como refutar as testemunhas-de-jeová, quando elas tentam defender seus ensinos heréticos sobre o Espírito Santo. Portanto, gostaria que você soubesse que o Espírito Santo é uma Pessoa maravilhosa, que nos enche de poder, que nos guia, que nos consola e nos ensina. Eu o amo profundamente. Muitas vezes, depois de minha conversão, saía a caminhar entre Américo Brasiliense e Araraquara, naquela mesma estrada em que pedia para que Deus fizesse um caminhão me atropelar e me matar (quando vivia em depressão), e então orava para que o Espírito Santo me ajudasse a ser fiel a Deus até a morte. É ali que sentia que também era amado por Ele. Agora compreendo o motivo pelo qual Deus não fez aquele caminhão me atropelar. Hoje creio que o Espírito Santo de Deus deve ter cada dia mais liberdade de agir em nossas vidas. Mas como esse Espírito Santo me ensinou a refutar as heresias das testemunhas-de-jeová, referentes ao ensino da Trindade? Analisemos, juntos, a seguir algumas objeções comumente usadas por pessoas dessa seita:

SE JESUS É DEUS...

1. Por que Jesus disse que o Pai era maior do que ele? – João 14:28. A Palavra de Deus nos revela em que sentido Jesus se tornou menor que o Pai.

“Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se na semelhança de homens.” Filipenses 2:6, 7.

Portanto, ele se fez inferior quando veio à terra. Por isso, a Bíblia diz sobre Jesus: “Fizeste-o, por um pouco, menor que os anjos.” Hebreus 2:7 Assim, como homem, Jesus era menor que os anjos e que o Pai. Mas em natureza, ainda era Deus, tanto que quando dizia que ele era Filho de Deus, os judeus procuravam matá-lo, porque isso o tornava Deus, pois Isaías 9:6, 7 prometia que este filho seria Deus

Poderoso e Jesus disse a Felipe que quem visse a Jesus via o Pai, porque ambos tinham a mesma natureza divina.

“Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Respondeu-lhe Jesus: Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Filipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras.” – João 14:9, 10.

Quando uma testemunha-de-jeová lhe questionar a Divindade de Jesus, é importante mostrar a ela o que você crê sobre a natureza de Deus. Nós cremos que Deus (ou a natureza de Deus) subsiste em três personalidades diferentes: O Pai, o Filho e Espírito Santo. Antes de vir a terra, Jesus existia na forma de Deus, mas ao vir à terra, “esvaziou-se”. Ou seja, ele não deixou de ser Deus, assim como uma bexiga de aniversário não deixa de ser bexiga quando se esvazia. Jesus se esvazia para agir como homem, sofrer como homem, morrer como homem. Tudo o que ele fazia, era o Pai que agia através de Jesus, pois Jesus, embora 100% Deus, era 100% homem, e precisava dos poderes do Pai para fazer curas e outros milagres. Mas quando Jesus aparece já ressuscitado aos discípulos, ele afirma que foi-lhe dada toda autoridade no céu e na terra, ou seja, o Pai lhe deu novamente essa autoridade. Assim, se Jesus tem toda autoridade, ele é Deus, na Pessoa do Filho, pois só Deus pode ter toda autoridade. - Mateus 28:18. Toda ilustração para provar a natureza triúna de Deus é limitada. Mas como cristão procuro atualmente desenvolver raciocínios à base das Escrituras que realmente ajudem as pessoas a entender o que cremos. Assim, costumo ilustrar a natureza de Deus da seguinte forma: Deus são três atores diferentes representando o mesmo personagem, DEUS, no mesmo filme. As testemunhas-de-jeová imaginam que cremos que Deus seja um ator com três papéis diferentes no mesmo filme, mas esse ensino não é cristão. Ele pertence ao modalismo, ou unicismo, que crê que Jesus é o Pai, o Filho e o Espírito Santo, ou seja, que Deus teria três modos de agir. Isso não é bíblico. A Bíblia ensina que Deus subsiste em três personalidades, ou “atores” diferentes. Assim, as testemunhas-de-jeová, que não sabem a diferença entre o que os cristãos crêem e os modalistas crêem, perguntam o seguinte a nós cristãos:

2. A quem Jesus orava? A ele mesmo?– João 17; Mateus 6:9. A Bíblia não diz que ele orava a ele mesmo, mas ao Pai, pois Deus subsiste em três pessoas diferentes, o que permite um diálogo entre elas. No entanto, como Filho de Deus, inferior ao Pai, pois havia se feito homem, orava ao Pai, uma outra pessoa que compõe a natureza de Deus. Essa pergunta que as testemunhas-de-jeová fazem “Jesus orava a ele mesmo?” deveria ser feita aos unicistas ou modalistas que crêem que Pai e Filho são a mesma pessoa. Nós cristãos não cremos nisso. Quando era testemunha de Jeová, costumava perguntar aos evangélicos:

Você consegue telefonar e, do outro lado da linha, atender a chamada ao mesmo tempo, e falar com você mesmo? No entanto, estudando a Bíblia e entendo que Deus subsiste em três pessoas distintas, compreendi que Jesus não orava para ele mesmo, mas para uma outra pessoa que compunha a natureza de Deus, o Pai.

3. Quem foi que ressuscitou Jesus? A Bíblia diz que Deus ressuscitou Jesus.

“Ora, a este Jesus, Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.” – Atos 2:32. Indica isso que Jesus não é Deus? Bem, por incrível que pareça, Jesus disse que ele mesmo se ressuscitaria. Observe como:

“Em resposta, Jesus disse-lhes: “Demoli este templo, e em três dias o levantarei.” Os judeus disseram, portanto: “Este templo foi construído em quarenta e seis anos, e tu o levantarás em três dias?” Mas ele estava falando do templo do seu corpo. Quando, porém, foi levantado dentre os mortos, seus discípulos lembraram-se de que costumava dizer isso; e eles acreditaram na Escritura e na palavra que Jesus dissera.” – João 2:19-22, TNM.

O templo que Jesus disse que ELE MESMO levantaria após a demolição era o corpo dele. Ora, meus olhos se encheram de lágrimas quando vi a simplicidade dessas palavras! Sim, Jesus participou de sua ressurreição (juntamente com o Pai e o Espírito Santo), não como homem morto, mas como Deus. Assim, a Bíblia revela que Deus o ressuscitou, mas o próprio Jesus fez a ação de se levantar. Caso contrário, Jesus teria dito: “Demoli este templo, e em três dias meu pai o levantará.” Mas não foi esse o caso. E pesquisando com sinceridade a Bíblia, o Espírito Santo de Deus me ensinou a compreender melhor a ressurreição corporal de Cristo ao refutar a próxima pergunta que as testemunhas-de-jeová fazem para questionar a Divindade de Jesus Cristo:

4 Como ele pôde ter morrido se Deus não morre? Para quem acha que Jesus não é Deus e é um ser criado, essa pergunta faz bastante sentido. Contudo, Jesus ofereceu o seu corpo humano e sua vida como sacrifício pelos pecados, não o seu Espírito. Antes de morrer, Jesus disse:

“Pai, às tuas mãos confio o meu espírito.” - Lucas 26:46, TNM. Assim, não foi Jesus como Deus, como Pai da Eternidade (Isaías 9:6, 7) que morreu, mas ele como homem. Por isso, ele podia dizer ao bandido ao lado dele: “Em verdade eu te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” (Lucas 23:43) Esse Espírito jamais morreu, pois Jesus sempre foi eterno. Ele já havia existido como espírito nos céus desde a eternidade. (Miquéias 5:2) Assim, o apóstolo Pedro podia dizer:

“Morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito.” – 1 Pedro 3:18. Ora, quando foi que Jesus entregou o seu espírito ao Pai? Assim que morreu, não é verdade? E se ele foi vivificado no espírito, e se Deus é espírito (João 4:24a), ele não morreu como espírito, ou como Deus, mas como homem. Por isso, se diz que ele ressuscitou no terceiro dia, pois o corpo dele não estava mais no túmulo. (Lucas 24:1-3) Compreende, então, por que Jesus disse que ele levantaria o seu próprio corpo? Porque como espírito vivificado, Jesus ressuscitou o seu corpo, e o tornou glorificado, e apareceu aos discípulos para provar a sua ressurreição. Sim! Em suas aparições após a sua ressurreição, Jesus usou o próprio corpo que havia estado no túmulo por três dias, inclusive com os ferimentos, a ponto de Tomé colocar suas próprias mãos neles. (João 20:24-28) Ele foi ressuscitado de modo que as pessoas podiam apalpá-lo, conforme aconteceu com Maria Madalena. (João 20:17a) Por isso ele podia dizer a Maria Madalena que ele não havia subido ainda para o seu Deus e o seu Pai, pois falava como homem ressuscitado. (João 20:17b) Da mesma forma, em Apocalipse 1:18 Jesus diz que “estive morto”, evidentemente se referindo à sua morte humana, pois como Pai da Eternidade jamais poderia ter morrido como ser espiritual. No entanto, o seu corpo ressuscitado era glorificado, de modo que, às vezes, os discípulos não o reconheciam. (Lucas 24:13-16). Mesmo assim, Jesus, numa de suas aparições aos discípulos, mostra que Ele, como Deus, era plenamente igual ao Pai em poder. Lemos sobre isso:

“Foi-me dada toda autoridade no céu e na terra”. - Mateus 28:18. Se ele recebeu do Pai toda autoridade, é porque era plenamente igual a Deus, em poder, em majestade, em sabedoria, em eternidade. Todavia, como Filho, era submisso ao Pai. – 1 Coríntios 11:3. Ir além dessa compreensão é querer entender demais. Para mim, quando não conseguimos explicar um mistério, isso não é prova de que esse mistério não existe, mas pode ser prova de que somos limitados diante dele. Assim, os caminhos de Deus, com seus mistérios, estão muito acima das nossas definições. Será que conseguiríamos explicar como Jesus fez para multiplicar os pães? Será que por não termos explicação para esse milagre, daríamos uma interpretação mais fácil e mais lógica? Se formos humildes, aceitaremos a verdade da Palavra de Deus sem questioná-la.

5. Por que ele [Jesus] disse a Maria Madalena

que subiria para o seu Deus? – João 20:17. No comentário anterior, creio já ter te dado uma noção da resposta. Mas vamos nos aprofundar mais. Ninguém pode entender um versículo sem entender todo o seu contexto de acontecimentos. A Bíblia fez questão de registrar Tomé chamando Jesus de “Senhor Meu e Deus Meu” (João 20:28), mas o que tinha acontecido oito dias antes? Maria

Madalena viu o ressuscitado Jesus dizer a ela que não havia subido ainda para o Deus Dele e o Deus dela, para o Pai Dele e o Pai dela.

“ Disse-lhe Jesus: Deixa de me tocar, porque ainda não subi ao Pai; mas vai a meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.” – João 20:17

Com certeza, ela contou tudo isso aos discípulos, pois lemos que ela havia feito isso.

“E foi Maria Madalena anunciar aos discípulos: Vi o Senhor! - e que ele lhe dissera estas coisas.” – João 20:18.

Depois disso, Jesus apareceu aos discípulos, quando Tomé não estava. Assim que o viram, contaram-lhe que haviam visto o Senhor Jesus. Com certeza, devem ter, durante os oito dias que se sucederam à aparição aos discípulos, contado que Maria Madalena também havia visto a Jesus e que Jesus havia dito a ela que subiria ao seu Deus e Pai. Passaram-se oito dias, e Jesus, como Tomé havia duvidado de sua aparição, revelou-se como homem ressuscitado a Tomé. Ao lhe mostrar os ferimentos dos pregos, Tomé disse a Jesus:

“Meu Senhor e Meu Deus.” – João 20:28. Assim, pergunto às testemunhas-de-jeová como elas ousam a dizer que só porque Jesus, como homem ressuscitado, tem um Deus, ele não pode ser o Deus de Tomé, e Deus delas também? Eu quero saber quando que as testemunhas-de-jeová, iguais a Tomé, chamaram Jesus de meu Deus, numa oração, num louvor ou numa das revistas ou livros que eles trocam por sabonete de casa em casa? JAMAIS! Eis o grande mistério da nossa fé! Jesus é Deus e como homem ressuscitado tinha um Deus. Quando ele disse isso a Maria Madalena, ele o fez como homem, e ao aparecer como homem ressuscitado a Tomé, nem por isso Tomé negou a sua Divindade e Senhorio.

6. Por que Estêvão viu Jesus à direita de Deus? Antes de respondermos a pergunta acima, leiamos o relato em que Estêvão viu Jesus à direita de Deus Pai.

“Mas ele, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus em pé à direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem em pé à direita de Deus.” – Atos 7:55, 56.

O texto citado pelas testemunhas-de-jeová serve apenas para mostrar o que já cremos, ou seja, que Jesus é uma pessoa e Deus-Pai outra pessoa. A visão que Estevão teve visava mostrar o ressuscitado Jesus a direita de Deus, em pé, fortalecendo-o a crer que mesmo morrendo por defender o nome de Jesus, ele seria também ressuscitado como Jesus. Tanto que ao morrer disse:

“Senhor Jesus, recebe o meu espírito.” – Atos 7:59.

Ele disse as mesmas palavras de Jesus, quando morreu e entregou seu espírito a Deus. (João 23:46) Quando crio um quadro mental de Estêvão dizendo isso a Jesus, sou obrigado a reconhecer que Jesus é o próprio Deus, aquele a quem quero entregar o meu espírito também, quando morrer. Que Deus maravilhoso, Todo-Poderoso, Deus de mistérios, inexplicável, no entanto, amoroso, generoso, Deus que dá a vida, que é a vida, que é tudo em todos. Eu te amo, meu SENHOR e meu DEUS. Como testemunha-de-jeová, eu usava essa passagem para mostrar que Jesus e Deus não eram a mesma pessoa. No entanto, nós cristãos cremos nisso também. O que o Espírito Santo me ensinou foi que, embora Jesus e Deus-Pai fossem pessoas diferentes, Jesus estava à direita de Deus porque ele é Deus, e Jesus, na visão, faz parte da glória de Deus, porque ele é Deus.

7. Por que a Bíblia diz que Jesus é o “princípio da criação”? – Apocalipse 3:14. Eu cria que esse texto provava Jesus como a primeira criação de Deus. Contudo, não é isso que a palavra grega aqui quer dizer. Mas será que a Bíblia ensina que Jesus tem princípio? Vejamos a Bíblia responder:

“E tu, Belém Efrata ... de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” - Miquéias 5:2

Ora, se as origens de Jesus são desde a eternidade, então ele não tem princípio. No entanto, a Tradução do Novo Mundo traduz “desde os dias da eternidade” por “desde os dias do tempo indefinido”. Assim, “tempo indefinido” pode ter um princípio. Quão lamentável é que essa tradução usa de todos os meios possíveis para adaptar-se às interpretações do Corpo Governante. Mas em que sentido é Jesus o princípio da criação? Não porque ele foi o primeiro a ser criado, mas porque ele foi o originador, o que deu início à criação. Todas as coisas foram criadas por Deus, por intermédio de Jesus. Diz a Bíblia:

“Todas as coisas foram feitas por intermédio dele [Jesus], e, sem ele, nada do que foi feito se fez.” - João 1:3.

Assim, Jesus é o princípio de tudo. É como se disséssemos o seguinte a respeito de um prefeito que tivesse criado um excelente sistema de saúde na cidade: “Ele é o princípio do bom atendimento na área da saúde em nossa cidade.” Assim, Jesus é o princípio da criação, ou seja, o originador dela. Assim, crer que ele foi criado por Deus, portanto, é ir além das Escrituras. Significa rebaixar a Jesus de posição. Junto com o texto de Apocalipse 3:14, as testemunhas-de-jeová citam um outro texto para tentar provar que Jesus não existe desde os dias da eternidade, mas que ele tem princípio. Observe esse texto a seguir:

“Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por intermédio dele e para ele. Ele é antes de todas as outras coisas.” - Colossenses 1:15, 16.

Com esse texto, eles argumentam:

“Se Jesus é o primogênito de toda a criação, então ele foi o primeiro a ser criado.”

A princípio, pode parecer que Jesus seja o primogênito nesse sentido, de ser o primeiro a ser criado, ou que ele seja parte da criação. No entanto, a palavra primogênito, nas Escrituras Sagradas, pode ter outros significados. Por exemplo, Davi, a quem muitas vezes as palavras bíblicas dirigidas se cumprem em Jesus, foi chamado de primogênito, sem ser necessariamente o primeiro de sua família. Lemos sobre isso:

“Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais elevado entre os reis da terra.” - Salmo 89:27. Jesus é o primogênito de toda a criação em sentido espiritual, significando a sua preeminência e prioridade sobre a criação, e não que ele tenha sido o primeiro a ser criado. Assim como Davi não era o primogênito, mas fora chamado assim porque entre os seus irmãos ele teria prioridade para o reino de Deus na terra, assim também Jesus é o primogênito, ou seja, de todos os que foram criados, não há sequer um que possa tirar o direito de ser o mais destacado. Jesus está acima de toda a criação.

8. Por que a Bíblia diz que Jesus entregará o reino a [seu] Deus e Pai, na eternidade?

Realmente lemos nas Escrituras Sagradas que um dia Jesus entregará o seu reino a Deus. Observe:

“A seguir, o fim, quando ele entregar o reino ao seu Deus e Pai, tendo reduzido a nada todo governo, e toda autoridade e poder. Pois ele tem de reinar até que [Deus] lhe tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. Como último inimigo, a morte há de ser reduzida a nada. Pois [Deus] “lhe sujeitou todas as coisas debaixo dos pés”. Mas, quando diz que ‘todas as coisas foram sujeitas’, é evidente que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. Mas, quando todas as coisas lhe tiverem sido sujeitas, então o próprio Filho também se sujeitará Àquele que lhe sujeitou todas as coisas, para que Deus seja todas as coisas para com todos.” – 1 Coríntios 15:24-28, Tradução do Novo Mundo.

Assim, as testemunhas-de-jeová, desconsiderando que Jesus, como Filho, sempre será sujeito ao Pai, mas que como Deus, Jesus sempre reinará, elas então, baseadas nesse texto, argumentam que se Jesus fosse Deus, ele não entregaria o Reino a seu Deus e Pai, e nem se sujeitaria a ele. Mas como Pessoa distinta do Pai, Jesus governará a terra por mil anos. Quando terminam esses mil anos, Jesus entrega o reino a Deus, o Pai, e Deus, na sua

essência, governará tudo e todos. Nós, que cremos na natureza triúna de Deus, sabemos que foi prometido a Maria, mãe de Jesus, que o reinado de Jesus não teria fim. Observe:

“Ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim.” - Lucas 1:33. Na posição de Filho de Deus, Jesus se sujeita a Deus, a fim que Deus reine para sempre. Mas a questão é: Por que o anjo Gabriel disse que o reinado de Jesus não teria fim? Porque na qualidade de Deus, Jesus jamais deixará de reinar. Na posição de Filho, o reinado dele especificamente sobre a terra nos mil anos, tem limite, ou seja, “até que [Deus] lhe tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés”. (1 Coríntios 15:27) Mas como Deus, o reinado dele será sem fim, para todo o sempre. Assim, não é de admirar que o menino Jesus, na profecia de Isaías 7:14, onde se diz que ele nasceria de uma virgem, fosse chamado de Emanuel, que significa em hebraico “Deus conosco”. Esse menino ‘Deus conosco’ reinaria como Deus para sempre. Em termos humanos, é impossível nossa compreensão ir além disso. Deus é o nosso único Rei, embora Jesus e seu Pai sejam chamados de Reis também. Eis o mistério da nossa fé.

9. Por que Jesus disse que ele não sabia o dia do fim, mas só o Pai?

Esses versículos são os mais usados entre as testemunhas-de-jeová. Veja o que uma das publicações delas argumenta:

“Mar. 13:32, ALA: “A respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai.” (Naturalmente, não seria assim se o Pai, o Filho e o Espírito Santo fossem coiguais em um só Deus. E se, conforme alguns sugerem, o Filho estivesse impedido de saber, em razão de sua natureza humana, surge a pergunta: Por que é que o Espírito Santo não sabe?)” – Raciocínios à Base das Escrituras, páginas 401, 402.

Não é fácil, realmente, de convencer uma testemunha-de-jeová sobre a Trindade, pois eles raciocinam com argumentos de homens finitos, mortais, sobre alguém que é Todo-Poderoso, infinito e imortal. Assim, podemos dizer que Jesus, como homem, não sabia mesmo o dia do fim, porque ele se fez homem e seus conhecimentos, em relação ao que tinha antes de se “esvaziar e se tornar servo” (Filipenses 2:7) eram limitados. No entanto, eles fazem a pergunta: “Por que é que o Espírito Santo não sabe?” Ora, Jesus não disse que o Espírito Santo não sabia. Ele apenas omitiu o Espírito Santo, que com certeza sabe de tudo. A Bíblia nos garante:

“Todas as coisas perscruta [o Espírito Santo], até mesmo as profundezas de Deus.”- 1 Coríntios 2:10.

Portanto, podemos crer firmemente que o Espírito Santo sabia a respeito do fim, mas não foi incluído aqui porque sua obra ainda seria melhor conhecida entre os discípulos de Jesus.

“Assim também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.” - 1 Coríntios 2:11.

Será que o fato de Paulo ter dito em 1 Coríntios 2:11 que só o ‘Espírito de Deus conhece as coisas de Deus’ provaria que Jesus não conhece as coisas de Deus? De forma alguma! O próprio Jesus disse:

“Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. – Mateus 11:27.

Portanto, como homem, Jesus possuía conhecimento limitado. Mas como Deus Jesus sabia de todas as coisas. Naquela ocasião, Jesus falava como homem. Quando ele se esvaziou, ele não abandonou a sua onisciência, mas o esvaziar-se está relacionado a passar a viver como homem. Assim, embora plenamente Deus, ele agia como homem, e como homem, não sabia de todas as coisas. Mas como Deus, ele sabia de coisas que um humano como nós jamais poderia saber. Observe:

1. Os pensamentos das pessoas – “E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração?” – Marcos 2:8. 2. Ver pessoas de muito longe – “Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo! Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira. Então, exclamou Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel! Ao que Jesus lhe respondeu: Porque te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Pois maiores coisas do que estas verás.” – João 1:47-50. 3. Sabia quem não cria e quem o trairia – “Contudo, há descrentes entre vós. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair”. – João 6:64.

10. Como poderia ele ter dito: “Pai, realize-se a tua vontade, não a minha.” – Lucas

22:42. Quando eu era testemunha-de-jeová, usava esse texto para mostrar que Jesus não poderia ser Deus porque Pai e Filho tinham vontades diferentes. No entanto, aprendi pela Palavra de Deus que Jesus, como homem perfeito, jamais desejaria morrer. Ele não era masoquista. Ele veio morrer por nós, mas isso não significa que ele sentia prazer em sofrer.

Jesus, em Lucas 22:42, havia pedido ao Pai para que afastasse dele aquele cálice, ou sofrimento. Era o sentimento humano de Jesus, não desejando o sofrimento, mas ao mesmo tempo a sua submissão a Deus falando mais alto: “Realize-se a tua vontade”. Assim, Jesus não estava querendo dizer que ele não era Deus, mas que como homem submetia-se a vontade de Deus. As testemunhas-de-jeová usam esse versículo para negar algo que não está sendo discutido por Jesus. Como Jesus tinha duas naturezas, 100% homem e 100% Deus, entendemos que era o lado humano de Jesus submetendo-se ao Deus-Pai, que o havia enviado para fazer a vontade de Deus.

MUITAS OUTRAS EVIDÊNCIAS DA TRINDADE Visto que este livro não visa abordar exclusivamente a doutrina da Trindade, mas sim convencer os leitores de que as testemunhas-de-jeová são uma seita, e mostrar-lhes como Deus me conduziu até Cristo numa longa jornada, não vou refutar todas as heresias do corpo governante contra a Trindade Divina. No entanto, como prometido, terei que lhe ajudar a se defender das heresias desse “escravo fiel e discreto” sobre o Espírito Santo de Deus. Seguem-se agora verdadeiros raciocínios à base das Escrituras Sagradas.

1. Se o “espírito santo” fosse uma pessoa, como que os discípulos poderiam ficar cheios de uma pessoa? – Atos 2:4.

Esse argumento aparece em muitas publicações do corpo governante. O texto em questão diz o seguinte:

“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.” – Atos 2:4.

Apesar das evidências de que o Espírito Santo age como uma pessoa, eles raciocinam que ninguém pode ficar cheio de uma pessoa, mas sim do poder de Deus. Com isso, concluem que o Espírito Santo não é uma pessoa. Que absurdo! Poderíamos fazer o mesmo com um texto da Bíblia das testemunhas-de-jeová, para dizer que o apóstolo Paulo não podia ser uma pessoa.

“Não obstante, mesmo que eu esteja sendo derramado como oferta de bebida sobre o sacrifício e serviço público a que vos conduziu a fé, regozijo-me e alegro-me com todos vós.” – Filipenses 2:17, Tradução do Novo Mundo.

Concluiríamos que Paulo não seria uma pessoa só porque se diz que ele poderia ser derramado? Claro que não! Todos nós sabemos que Paulo era uma pessoa, o que nos leva a crer que “ser derramado” foi usado em sentido simbólico. Da mesma forma, todos nós sabemos que o Espírito Santo age como uma pessoa, intercedendo por nós (Romanos 8:16), podendo ficar triste quando pecamos (Efésios 4:30), e muitas outras evidências de pessoalidade. Assim, visto que Jesus prometeu que os discípulos receberiam poder, ao

descer sobre eles o Espírito Santo (Atos 1:8), usou-se a expressão em Atos 2:4 “cheios do Espírito Santo” para significar cheios do poder do Espírito Santo, o que não o despersonificaria. Se fôssemos seguir à risca o raciocínio da liderança dessa seita, Deus-Pai e Jesus também não seriam uma pessoa, pois lemos na Bíblia do Corpo Governante algo que despersonificaria o Pai e o Filho:

“Sujeitou também todas as coisas debaixo dos pés dele, e o fez cabeça sobre todas as coisas para a congregação, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que em tudo preenche todas as coisas.” – Efésios 1:22, 23, Tradução do Novo Mundo. “Em união com ele também vós estais sendo edificados juntamente como lugar para Deus habitar por espírito.” – Efésios 2:23.

Se Jesus preenche todas as coisas, então todas as coisas estão cheias dele. Significa isso que Jesus não é uma pessoa? E se Deus habita em cristãos, como uma pessoa pode habitar dentro da outra? No entanto, se é por Espírito que Deus habita nas pessoas, é por Espírito Santo que ele enche as pessoas, e diga-se de passagem, Deus enche todas as coisas, porque nem os céus dos céus podem contê-lo. – 1 Reis 8:27. Portanto, as testemunhas-de-jeová estão equivocadas sobre o Espírito Santo. Rebaixam-no ao despersonificá-lo. Por isso que têm cometido tantos erros absurdos em suas interpretações. 2. Por que o “espírito santo” não foi visto por Estêvão, quando ele viu Jesus à direita

do Pai? Com essa passagem, as testemunhas-de-jeová argumentam que, pelo fato de Estêvão não ter visto o Espírito Santo junto com Jesus e Deus-Pai, isso seria evidência de sua impessoalidade. Mas quem disse que o Pai, o Filho e o Espírito Santo precisam andar de mãos dadas e estarem sempre juntos nas visões dadas aos servos de Deus? Ora, o Espírito Santo não precisava aparecer ali, porque o relato mostra que Estêvão “estava cheio do Espírito Santo” (Atos 7:55), o que nos leva a crer na atuação das três pessoas divinas sobre Estêvão naquele instante. O Pai e o Filho são vistos por Estêvão, e o Espírito Santo, invisível, mas presente, dizendo a ele o que ele deveria testemunhar àqueles opositores de Cristo. Não foi o próprio Cristo quem disse que o Espírito Santo ensinaria todas as coisas e faria seus discípulos lembrar de tudo o que Jesus ensinou? (João 14:26) Portanto, Estêvão não viu, mas cheio do Espírito Santo, foi ensinado por Ele a testemunhar sobre a ressurreição de Cristo. Por isso, o Espírito Santo é uma Pessoa. O mesmo ocorreu quando Jesus foi batizado. Veja como o Deus-Pai e o Deus-Espírito Santo se manifestaram nessa ocasião, na refutação do próximo argumento do corpo-governante:

3. Por que esse “espírito santo” foi visto em forma de pomba, se ele é uma pessoa?

Leiamos primeiramente essa passagem:

“Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” – Mateus 3:16, 17.

Eu argumento que assim como esse relato não pode ser usado para dizer que o Espírito Santo é uma pomba, ele também não pode ser usado para provar que Ele não é uma pessoa. Jesus é descrito em visões do Apocalipse como “o cordeiro” (Apocalipse 5:6, 8, 12, 13; 6:1, 16; 7:9, 10, 14, 17; 14:1) e nem por isso ele deixa de ser uma pessoa. O Diabo é descrito como um leão procurando a quem devorar. (1 Pedro 5:8, Tradução do Novo Mundo.) Assim, o Espírito Santo desce como pomba sobre Jesus, simbolizando paz e serenidade espiritual da parte desse Espírito sobre Jesus. Mas o ponto é: As três personalidades de Deus estão claramente expostas no batismo de Jesus. O Pai fala, o Filho escuta, e o Espírito Santo realça aquela cena tão fantástica com uma manifestação na forma de uma pomba.

UM DEUS DE MUITOS MISTÉRIOS As testemunhas-de-jeová não admitem mistérios na adoração de Deus. Elas afirmam:

“Não há algo de errado com um conceito sobre Deus que não pode ser explicado? Pode Deus ser honrado por um conceito dele que ‘ninguém compreende’? Os verdadeiros cristãos precisam conhecer o Deus a quem adoram. Não há lugar para mistério! - João 17:3.” – A Sentinela 1 de agosto de 1984, página 7.

Esse argumento é uma grande inverdade, porque há muitos mistérios sobre Deus que não podemos compreender. Ele não tem princípio e nem fim. (Salmo 90:2) Jesus também é o mistério de Deus. (Colossenses 2:2) Ademais, uma seita que não acredita que Deus possa ser adorado em mistérios jamais deveria ter publicado um livro intitulado Cumprir-se-á o Mistério de Deus (livro com interpretações já ultrapassadas). Portanto, meu amado irmão, nesse capítulo procurei te mostrar como Deus me lavou, me limpou, me purificou dos argumentos satânicos do corpo governante. Demorou anos para eu vir a conhecer esse Deus maravilhoso, cheio de mistérios, cujo entendimento só depende de revelação divina. No entanto, ainda precisava de algo mais para realmente dizer que estava plenamente liberto das interpretações doutrinárias dessa seita. No capítulo seguinte lhe contarei porque tenho plena certeza da minha salvação, e o que tenho feito para agradecer a Deus pelo privilégio de ser chamado de filho de Deus.

Capítulo 10

Enfim, uma Testemunha de Jesus!

Você que leu minha história soube que Deus me preservou vivo em várias circunstâncias. Eu poderia ter morrido quando no hospital fui vítima de um choque terrível, ou quando engoli uma bolinha de vidro, que impedia a minha respiração, ou quando fraturei o crânio naquele acidente em que uma moto me atropelou, ou ainda quando quase fui atropelado por um trem e ter morrido em pedaços. Não sei quando vou morrer, mas quero aproveitar todo o tempo que me resta, nem que sejam apenas alguns dias, para viver para Cristo. Eu amo muito esse Deus que me resgatou da seita testemunhas-de-jeová, e que me permitiu andar no meio dela quase dezessete anos para um dia poder também resgatar pessoas dali. Quando fui expulso dessa seita, também sofri muito, porque perdi a amizade de pessoas maravilhosas, que independentemente do que criam, eram muito importantes para mim. Fui tratado por elas, a pedido do corpo governante, como um anticristo, como uma pessoa perigosa, justamente porque descobri erros que comprometiam o passado deles. Fui perseguido psicologicamente, pois em vez de ameaças de morte, como a Igreja Católica fazia na idade média, sofri o pior dos tratamentos: o desprezo. Uma testemunha-de-jeová me disse certa vez:

“O Nosso silêncio põe você no seu devido lugar. Você é um apóstata e merece ser tratado assim, a menos que se arrependa e volte a servir a Jeová.”

Hoje, sinto-me sarado dessas injustiças. Mas fico pensando em quantos já sofreram injustiças desse tipo da parte de uma seita escravizadora, orgulhosa, chantagista e demoníaca, cujos ensinos são doces como o mel quando baseados na Bíblia, mas amargos como o fel, quando baseados nos falsos conceitos de seus líderes. Apesar de ter sido vítima de tudo isso, hoje reconheço que Deus estava por trás de cada acontecimento. Os propósitos de Deus para minha vida jamais deixarão de se cumprir. E foi essa sinceridade que me moveu a questionar todos os tabus ao meu redor. Orgulho-me em Cristo porque tive a coragem de enfrentar uma organização que assassina pessoas espiritualmente, e quem saiu vivo espiritualmente dessa história fui eu. Graças a Deus, jamais terei ódio das pessoas dessa seita, mas sempre terei ódio pelo que é mal, porque a Bíblia diz que devemos odiar, detestar o que é mal. (Salmo 97:10) Eu me

pergunto: Com que moral, com que autoridade, um grupo de homens pode errar tanto, e ainda se achar os donos da verdade, os únicos cristãos usados por Deus na face da terra? Que pena que isso tenha que ser assim. Felizmente, depois de tantas lembranças ruins que me atormentavam, eu resolvi me abrir para Jesus.

MINHA ESPOSA – MAIS UM SINAL DE DEUS EM MINHA VIDA

Quando conheci minha atual esposa, pedi para que ela me telefonasse. Assim que ela me ligou, despejei uma saraivada de críticas contra os evangélicos, tantas críticas que deixei a minha querida com as orelhas cheias de questionamentos. Embora fosse convertido a Jesus, de certa forma eu cobrava das igrejas evangélicas uma união maior entre elas. Mas ela soube orar por mim, ser paciente e ser usada por Deus para me mudar. Mas eu realmente queria mudar. Em todas as vezes que nos falávamos por telefone, antes de nos conhecermos pessoalmente, eu a convidava para orar comigo. Quando a conheci pessoalmente, senti que Deus estaria restaurando a minha vida amorosa, bem como a minha vida espiritual. Com a paciência dela, que não me criticou nem procurou me dar respostas, eu mesmo fui me abrindo para que o Espírito Santo agisse em mim com maior liberdade. Roberta certamente foi usada por Deus nesse trabalho de cura interior, à luz da Bíblia. Por isso, desde que a conheci por telefone, sabia que ela era um presente de Deus para mim. Tenho a honestidade e a sinceridade de confessar que mesmo convertido, desejei pecar muitas vezes, e através do exemplo da Roberta, uma psicóloga que soube entender um recém-convertido, pude sentir em meu coração, num dia que poderia ter cometido um pecado muito grave, Deus falar comigo:

“Meu filho, eu estou te dando uma pessoa tão maravilhosa, tão especial! Por que você está fazendo isso comigo?”

Conforme você pode perceber, eu amo muito minha esposa. Certamente, ela foi um sinal maravilhoso de Deus em minha vida.

UM DESEJO MUITO FORTE DE MUDAR Desde que fui batizado como cristão, Deus tem me ensinado muitas verdades. Aquele coração crítico e duro como uma pedra aprendeu a chorar diante de Deus. Aos poucos, meu coração foi se transformando, e creio que essa transformação continuará a cada dia. Gradativamente, minhas ansiedades estão sendo entregues a Jesus, e eu já aprendi a viver pela fé. O desejo de pagar mal com o mal e de se vingar das pessoas deu lugar ao amor pelo meu próximo. Todos os dias eu oro para que Deus continue a moldar-me de acordo com a vontade dele.

Ademais, eu tenho buscado o Espírito Santo de Deus, para que, como templo dele, eu possa produzir mais e mais os frutos do Espírito Santo, para a glória do meu Deus. (Gálatas 5:22, 23) Tenho a certeza de que ele me usará muito, de um modo que jamais imaginei. Eu declaro, nesse livro, o meu grande amor por você, Espírito Santo de Deus. Muito obrigado por ter tido tanta paciência comigo, me perdoando pelas milhares de blasfêmias contra ti, enquanto eu era membro de uma seita.

CERTEZA DA SALVAÇÃO

Quando era membro daquela seita, eu não tinha certeza da minha salvação. As testemunhas-de-jeová ensinaram-me que, como membro da grande multidão, eu não era filho de Deus, pois só os do grupo dos 144 mil eram. Observe o que eles me ensinaram:

“Embora os das outras ovelhas não sejam diretamente incluídos entre os “filhos” mencionados em Isaías 54:13, eles são abençoados por serem ensinados por Jeová. Por isso, dirigem-se corretamente a Deus como “Pai”, porque ele, na realidade, será seu Avô por meio do “Pai Eterno”, Jesus Cristo. — Mateus 6:9; Isaías 9:6.” – A Sentinela 1 de agosto de 1995, página 13, parágrafo 19.

Assim, eu cria que eu era um filho indireto de Deus, pois o corpo governante ensina que somente depois dos 1.000 anos do reinado de Cristo os da grande multidão de testemunhas-de-jeová, aqueles que passassem ao teste final durante o ataque de Satanás, serão chamadas de filhos de Deus. Na verdade, Jeová seria o nosso vovô, e Jesus o nosso Pai. Quanta baboseira Satanás me ensinou naquela seita, visando que jamais me considerasse um filho de Deus. Quando aprendi que Jesus tem um só rebanho (João 10:16), e que poderia participar mensalmente da ceia do Senhor, meus olhos verteram lágrimas de emoção. Após o meu batismo, aos 29 de dezembro de 2002, não via a hora de pela primeira vez na vida celebrar o que Jesus fez por mim. Foi uma alegria muito maior do que a receber a hóstia do catolicismo que chega até os católicos sem o vinho. Foi um prazer muito maior do que o pão e o vinho das testemunhas-de-jeová que apenas pode ser desfrutado por 0,12% dos membros dessa seita, ou seja, dos 6,5 milhões de seguidores, apenas 8 mil podem participar do pão e do vinho. Cheguei a ficar emocionado de ver todas as pessoas que já eram convertidas a Jesus fazer isso comigo. Foi uma bênção! Que maravilhoso foi aprender que eu era um filho de Deus, e sendo filho de Deus, eu poderia ter a certeza de que Deus era o meu Pai. Quando li em Romanos 8:16, que o Espírito de Deus dá testemunho com o nosso espírito, de que somos filhos de Deus, eu disse: Isso se aplica a mim. Mas como vim a ter certeza da minha salvação? Primeiro, Deus me ensinou que sou salvo pela fé, não pelas obras. As seitas, como as testemunhas-de-jeová, ensinam que as obras também salvam. Eu cria que as obras salvavam porque a Bíblia diz que “a fé sem obras está morta”. (Tiago 2:26) Assim, não adiantaria eu ter apenas fé, mas eu deveria ter obras. E que obras seriam essas? O Corpo Governante havia me ensinado:

“Trabalhamos arduamente com o fim de produzir nossa própria salvação”. – Nosso Ministério do Reino, Dezembro de 1984, página 1.

Esse trabalho seria pregar de casa em casa e cooperar com a “organização de Jeová”. E por incrível que pareça, ainda fazendo tudo isso, éramos apenas candidatos à salvação. Observe:

“É termos uma vida plena e feliz por vivermos em harmonia com a vontade de Deus. Servirmos a Jeová dará agora verdadeiro significado à nossa vida. E por procedermos assim nos candidataremos a viver para sempre no paraíso na terra.” – Poderá Viver Para Sempre, páginas 73, 74.

Oh Deus, como te agradeço por ter me liberto de uma seita dessas! Irmão, hoje sei que somos salvos pela fé. As obras são o resultado de quem tem fé genuína em Jesus. Assim, mostramos as nossas obras não para ganhar a salvação, mas para agradecer o nosso Deus, e isso cada dia mais flui naturalmente do nosso coração. Por isso, a salvação me é certa. Mas como ainda não herdei a vida eterna, eu ajo como se não a tivesse recebido, esticando-me para alcançá-la, e é nesse esticar-me que procuro alegrar o meu Deus através de seis modos diferentes, embora não sejam os únicos:

1. Assistência aos cultos. – Hebreus 10:24, 25. 2. Leitura e meditação da Palavra de Deus. – Salmo 1:2; Josué 1:8. 3. Oração. – 1 Tessalonicenses 5:17. 4. Pedir que a ação do Espírito Santo se torne cada dia mais plena em minha vida, e que Ele tenha cada vez mais liberdade em me ensinar a praticar os frutos do Espírito. – Lucas 11:13; Gálatas 5:22,23. 5. Evangelizar pessoas. – Romanos 10:10-15; 1 Coríntios 9:16. 6. Ter bastante para fazer na obra do Senhor. – 1 Coríntios 15:58.

Todas essas obras para mim não salvam, mas são evidências de que um cristão tem fé genuína em Jesus. Essa fé é que nos salva.

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. – Efésios 2:8, 9.

DESEJO DE PREGAR

Como cristão, quero pregar a multidões, não para me destacar, mas para ser um servo usado poderosamente nas mãos de Deus. Gostaria muito de ver os evangélicos realmente evangelizando, fazendo pela verdade o que as seitas fazem pela mentira, conforme desafia o ICP - Instituto cristão de Pesquisas. Quando acordo de manhã e ouço as seitas batendo palma nas casas de pessoas mal informadas, presas fáceis de argumentos humanos e

perigosos, minha vontade é sair e desfazer toda aquela pregação de uma forma cristã. No entanto, evangelizar envolve muito mais. Envolve conquistar corações para Jesus, sem brigas, sem julgamentos. A verdade de Deus é maravilhosa. Você que leu o meu livro observou que vivi perdido durante trinta e dois anos. Hoje, com trinta e seis anos, já se passaram sete anos que fui expulso da seita. Cada vez que uma delas passa por mim e me vira a face, lembro-me com lágrimas das pessoas maravilhosas que ali estão, que precisam de libertação. Então me pergunto como poderei chegar até elas, se o “deus” delas as proibiu de me dar um simples “oi”. Como gostaria de ajudá-las a conhecer a Jesus. Pode até ser que esse livro seja uma forma de você ajudá-las por mim. No entanto, não é somente a elas que anelo pregar sobre Jesus e o seu propósito de salvação. Há muitos jovens perdidos e sem rumo na vida, sendo vítimas das drogas, do álcool e das injustiças sociais. Meu querido irmão, peço a você, em nome de Jesus, que evangelize o máximo que puder, a fim de que cada vez mais pessoas possam conhecer a Jesus. Amado, quando penso no que Jesus sofreu por nós, na sua morte agonizante, para nos salvar, isso me faz desejar testemunhar sobre Jesus. Veja:

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra.” – Atos 1:8

Sim, nós somos testemunhas de Jesus, assim como no passado os judeus foram chamados de testemunhas de Jeová. (Isaías 43:10) Eu, depois de 33 anos, tornei-me uma testemunha do maior ser do Universo! Quão feliz e recompensado me sinto, por esse grandioso privilégio. Querido, é impossível sermos testemunhas de Jesus se não testemunharmos. É também impossível sermos evangélicos se não evangelizarmos. A Bíblia nos diz:

“Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!” – 1 Coríntios 9:16 “Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? assim como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas!” – Romanos 10:13-15.

Certamente, Deus permitiu que eu vivesse numa seita e que pregasse seus ensinos controversos zelosamente de casa em casa, sendo treinado a fazer visitas e a iniciar conversas sobre Jesus. Hoje, depois de ter me convencido da verdade, observo que há

poucos que têm o espírito de evangelismo. A pregação desse evangelho nos beneficia em muitos aspectos. O principal benefício está descrito da seguinte forma:

“Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” – 1 Timóteo 4:16.

Através da pregação, sabemos que somos salvos, porque ela é o reflexo da fé que temos em Cristo Jesus como Deus, Senhor e Salvador. Você não acha maravilhoso ser usado por Deus para restaurar vidas? Quantas experiências nós poderíamos contar de irmãos na fé que puderam conquistar corações para Cristo! Tem você vontade de ser uma testemunha de Jesus na prática? Desejaria compartilhar com outros Jesus, o único que salva o homem do pecado e da morte? Espero que você, juntamente comigo, possamos contagiar o mundo à nossa volta com a mensagem salvadora de Cristo.

PALAVRAS FINAIS Assim que comecei a escrever esse livro, chorei profundamente, porque sabia que deveria tocar em assuntos delicados. Teria que voltar ao passado, em busca de acontecimentos tristes e argumentos e contra-argumentos que me livraram da seita. O objetivo desse livro foi mostrar os caminhos que percorri até chegar a Cristo Jesus. Creio ter conseguido narrar toda a transformação doutrinária que Deus me fez passar. Quando me lembro, então, do longo período de tempo que passei sem pensar em Deus e em religião, para que minha mente se desprogramasse dos ensinos heréticos absorvidos em quase dezessete anos como testemunha-de-jeová, eu me torno cada vez mais grato a Deus, que soube fazer tudo certo, no momento certo. Quando me lembro da depressão que enfrentei, e das blasfêmias contra Deus naquele quarto em minha casa, e a resposta imediata de Deus, me provendo um emprego longe de casa, o qual me preparou e me ensinou a ser um empresário de escolas de idiomas, sou obrigado a dizer que Deus é repleto de misericórdia e perdão. Por isso, digo com o coração cheio do Espírito Santo de Deus, que é o meu sincero desejo continuar a ser uma testemunha de Jesus. Agradeço a Deus por ter me tirado DAS TREVAS PARA A LUZ. Orem por mim e por minha amada esposa, Roberta, para que Deus nos use como servos humildes na divulgação do evangelho salvador de vidas, até que um dia nos encontremos nas moradas celestiais, na eternidade, com o nosso Salvador, com o nosso Senhor e com o nosso Deus, JESUS CRISTO.

Capítulo 11 Uma Mensagem às Testemunhas de Jeová

Prezado(a) amigo(a) testemunha-de-jeová Gostaria muito de que lesse e esse livro com o desejo sincero de questionar-me. Eu amo muito os testemunhas-de-jeová, e fiz esse livro pensando em você. Agradeço a Deus por tudo o que aprendi de bom nessa organização. Aprendi a ter coragem de ensinar minhas crenças e a ter um respeito profundo pela Bíblia. No entanto, após quase dezessete anos como membro dessa organização, vim a descobrir erros absurdos de ensinos, e muitos, que se fosse colocar nesse livro, precisaria de três mil páginas, sem nenhum exagero, para expô-los um a um. Fui expulso de sua organização porque descobri que a suposta única religião verdadeira previu o fim do mundo várias vezes, mesmo sabendo que nem Jesus sabia o dia do fim. (Mateus 24:36) Também, descobri que o corpo governante de vocês ensinou seus irmãos no passado a evitarem vacinas, levando muitos a morrer por falta desse recurso médico. O mesmo se deu com os transplantes de órgãos, os quais por 13 anos foram proibidos porque se pensava que não havia nenhuma diferença entre comer, por exemplo, um rim (pela boca) ou introduzi-lo no corpo humano através de uma cirurgia. Descobri também mais de trezentas mudanças de ensinos, de ordem organizacional e espiritual, o que me fizeram crer que as “luzes” que o Corpo Governante acha que recebe de Deus não foram jamais luzes de Jeová, mas faíscas da ignorância e do fundamentalismo. Como estudei um pouco de grego, e pesquisei muito sobre a Tradução do Novo Mundo, descobri que ela contém muitos erros de tradução, e gostaria de que você buscasse a verdade sobre essa tradução. Pesquise. Creia que a Bíblia foi escrita para todas as pessoas, e que a simples leitura dela te conduz a Cristo Jesus. Não pode ser verdadeiro que Deus usa um corpo governante para lhe ajudar a entender a Bíblia, se eles mudam sempre de ensinos. Eles mesmos admitem que voltam atrás porque Deus os orienta assim. Veja que explicação mais sem nexo que eles deram sobre as mudanças constantes que fazem nos ensinos :

“No entanto, a alguns talvez tem parecido que a vereda nem sempre seguiu reto em frente. Ocasionalmente, as explicações dadas pela organização visível de Jeová têm indicado ajustes que aparentemente voltam a pontos de vista anteriores. Mas, na realidade, não tem sido assim, Poderia ser comparado ao que se conhece em náutica com ‘bordejar’. Manobrando as velas, os marujos podem fazer o barco ir da direita para a esquerda, em ziguezague, mas sempre avançando em direção ao seu destino, apesar de ventos contrários.” - A Sentinela de 1º de agosto de 1982, página 27.

Você não acha um absurdo comparar a luz que vem de Deus a um movimento de ziguezague? Deus não se deixa levar por ventos de doutrinas, como que se suas palavras fossem para lá e para cá. Ele não muda. (Malaquias 3:6) Com tantas mudanças de ensinos, falsas profecias sobre o Armagedom, qual dos versículos s seguir parece melhor descrever tais mudanças?

“Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” – Provérbios 4:18. “O caminho dos ímpios é como a escuridão: não sabem eles em que tropeçam.” – Provérbios 4:19.

Creiam que há um caminho verdadeiro, que é Cristo Jesus. Ele é o caminho, não o corpo governante.

“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” – João 14:6.

Por que você não pesquisa a história da sua organização de acordo com ex-testemunhas de Jeová? Por que acha que mentiríamos, sendo que tudo o que lhes mostramos está escrito em suas próprias revistas e livros? Quando lhe mostramos que o corpo governante previu o fim do mundo várias vezes, e apontamos as publicações para consulta, por que você não procura saber se estamos mentindo, por ler todo o contexto, a fim de constatar se realmente torcemos os fatos? Por que você têm tanto medo de descobrir verdades? Por exemplo, o corpo governante predisse o fim do mundo para 1914, 1925 e 1975.

“...o fim pleno do tempo dos Gentios... será alcançado em 1914 A. D... esta data será o último limite para o domínio dos homens imperfeitos... a Igreja [será] levada para casa em um arrebatamento... porque cada membro reinará com Cristo...” - - Estudos das Escrituras II, 1888, pp. 76,77 (em inglês) “Seja como for, há evidência de que o estabelecimento do Reino na Palestina será provavelmente em 1925, dez anos mais tarde do que nós uma vez tínhamos calculado [isto é, 1915].” - O Mistério Consumado, 1917, p. 128 (em inglês) “Devemos presumir, à base deste estudo, que a batalha do Armagedom já terá acabado até o outono de 1975 e que o reinado milenar de Cristo, há muito aguardado, começará então? Possivelmente... A diferença talvez envolva apenas semanas, ou meses, não anos.” - A Sentinela de 15/2/1969, p. 115 (em português).

Por que, então, você não procura saber sobre a verdade de tais falsas profecias? Cuidado, porque a Bíblia adverte sobre os falsos profetas:

“Mas o profeta que tiver a presunção de falar em meu nome alguma palavra que eu não tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá. E, se disseres no teu coração: Como conheceremos qual seja a palavra que o Senhor falou? Quando o profeta falar em nome do Senhor e tal palavra não se cumprir, nem suceder assim, esta é a palavra que o Senhor não falou; com presunção a falou o profeta; não o temerás.” – Deuteronômio 18:20-22.

Embora o Corpo Governante admita que errou em predizer datas para o fim, apesar de Jesus ter sido tão claro que só o Pai sabia o dia do fim (Mateus 24:36), eles só admitiam o erro depois que suas profecias falhavam. Da mesma forma, gostaria de que verificasse se é correto o cristão entregar relatórios de horas mensais trabalhadas, mostrando através disso aos anciãos o que você faz a “Deus”, sendo que Jesus advertiu o seguinte:

“Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita.” – Mateus 6:3.

Esse princípio não se refere apenas a esmolas, mas a tudo o que fazemos pensando em agradar a Deus. Se a questão fosse apenas saber quanto se faz na pregação, cada publicador poderia entregar seus relatórios sem nome. Os resultados não seriam os mesmos? No entanto, como o corpo de anciãos precisa calcular sua média de horas, você acaba por ser obrigado a colocar seu nome nos relatórios, caso contrário não estará sendo leal ao corpo governante. Com respeito às outras religiões, você também encontrará erros, mas nós, cristãos evangélicos, sabemos que Deus salva pessoas pela fé, não pela placa de religião. Da mesma forma como Deus permitiu que as tribos de Israel se dividissem em parte norte e parte sul, hoje Deus permite que pessoas sirvam a Jesus em denominações diferentes, mas cristãs. Visto que somos livres em Jesus (João 8:32), temos a liberdade de buscarmos interpretações da Palavra de Deus, e muitas vezes acabamos tendo opiniões diferentes. O mesmo aconteceu nas mais de trezentas vezes que o corpo governante mudou de opinião. Por que, então, você criticar as outras religiões se a sua também têm erros. A Bíblia diz:

“Antes seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso.” – Romanos 3:4. Quanto ao nome de Deus, cremos que no Velho Testamento ele se revelou como sendo Jeová (pronúncia tida hoje como incorreta), ou Yaweh. Ninguém nega isso, mas o nome pelo qual devemos ser testemunhas hoje é Jesus. Ele disse que seríamos testemunhas dele. (Atos 1:8) É verdade que quem é testemunha dele é testemunha de Jeová, mas depois que Jesus veio, o nome que nos salva é Jesus. Dentro do significado do nome Jesus vemos o nome Jeová. Jesus, em hebraico, quer dizer Yaweh é a salvação. Um outro nome que Jesus recebeu era Emanuel, que significa Deus Conosco.(Mateus 1:23) Observe o seguinte sobre o nome de Jesus.

“Por mim mesmo jurei; já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás. Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua.” – Isaías 45:11

“Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra.” – Filipenses 2:10

Filipenses 2:10 mostra que Deus enalteceu a Jesus. Quando isso se deu? Após a sua morte e ressurreição, tornando-se igual ao Pai. Assim, cumpriu-se a profecia de Isaías 45:11, onde Deus profetizou que todo joelho se dobraria diante dEle. Não é isso uma prova de que Jesus e Jeová são o mesmo Deus? Você teria coagem de dobrar seu joelho comigo ao nome de Jesus? Se você não consegue enxergar essa verdade, digo a você que Tomé conseguiu enxergar melhor do que o Corpo Governante, e reconheceu diante de todos que Jesus era Deus e Senhor. (João 20:28) Orem a Deus pedindo Espírito Santo, a fim de que a verdade sobre o passado da seita testemunhas de Jeová venha à tona para você, e assim você será liberto dessa seita. Agora, gostaria de que você meditasse sobre os seguintes questionamentos:

01. Se Jesus disse “não deixes a tua esquerda saber o que a tua direita está fazendo” (Mateus 6:3), por que as Testemunhas de Jeová são OBRIGADAS a entregar relatórios COM NOME? Qual ensino de Jesus ou dos apóstolos ordena que haja uma pessoa na congregação que precise saber QUANTO CADA PESSOA INDIVIDUALMENTE FEZ? Se o objetivo é saber quanto está sendo feito, por que não se entrega relatórios sem nome? 02. A Bíblia diz que é para “remover o homem iníquo” da congregação. (1 Cor 5:11-13) Mas quem disse que “cessar de ter convivência com tal homem” significa nem conversar com ele? O verbo grego “ter convivência” significa “ser íntimo de”. (VINE DICTIONARY) Se a Bíblia proíbe apenas ser íntimo de tal pessoa, por que o corpo governante vai além disso? Não é verdade que podemos ajudar um pecador com conselhos bíblicos sem sermos íntimos dele? 03. O Corpo Governante já mudou 312 vezes de ensinos. No caso dos transplantes, liberaram o uso deles em 1962, proibiram em 1967 e liberaram de novo em 1980. Há relatos de pessoas que morreram “fiéis a Jeová” e não aceitaram um transplante entre 1967 e 1980. Visto que morreram obedecendo a uma ordem errônea do corpo governante, não seriam seus líderes culpados do sangue dessas pessoas que morreram fiéis a eles? Permitiria o verdadeiro Deus que pessoas que o servem ficassem anos podendo morrer vítimas de erros dos líderes de uma suposta única religião verdadeira?

O Corpo Governante disse sobre as mudanças de interpretações que as outras religiões fazem: “É assunto sério representar Deus e Cristo de um modo, e depois achar que nosso entendimento dos principais ensinos e das doutrinas fundamentais das Escrituras estava errado, e, daí, retornar às mesmas doutrinas que, por anos de estudo, cabalmente verificamos ser erradas. Os cristãos não podem vacilar - ser indecisos - a respeito de ensinos fundamentais. Que confiança se pode ter na sinceridade ou no critério de tais pessoas?” (A Sentinela, 15/4/77, página 246). Mas não deveríamos perguntar o mesmo ao

Corpo Governante sobre as 312 mudanças de ensinos que eles fizeram em 131 anos de história? Que confiança se pode ter na sinceridade ou no critério de tais pessoas?

04. Jesus ensinou na parábola do trigo e do joio que ambos crescem juntos, desde que Jesus ressuscita, até a volta dele (a colheita). Se as testemunhas de Jeová se acham a única religião verdadeira, QUEM ERA A CLASSE DO TRIGO ANTES DE CHARLES TAZE RUSSELL fundar esse movimento? Eram pessoas de outras religiões, ou teria o trigo secado e brotado em 1874? 05. O Corpo Governante ensina que os 144.000 não são judeus literais que se converterão a Jesus na grande tribulação, mas são cristãos escolhidos entre 33 EC e 1935 EC. Se isso fosse verdade, como Paulo, os 3 mil que receberam Espírito Santo em Pentecostes de 33 EC, e outros milhares saberiam que eram dos 144 mil se esse número só foi revelado em Apocalipse 7 e 14, bem depois da morte deles, no ano 96 d.C.? 06. A sociedade torre de vigia ensina que esse número foi escolhido entre 33 EC e 1935 EC. Será que em 1902 anos de história, Deus teria salvo em média 76 pessoas por ano? E visto que a congregação cristã cresceu rapidamente nos primeiros anos depois de 33 EC, se fosse literal os 144 mil, esse número não teria sido completo rapidamente? Só em pentecostes 3.000 foram escolhidos. Depois mais 5 mil, isso só em Jerusalém!!!!! E o que dizer de Paulo que disse que as boas novas já haviam sido pregadas em uma boa parte da terra? 07. Como os 144 mil podem ser um número literal, se ele seria a soma de números simbólicos? Por exemplo: 12 mil simbólico + 12 mil simbólico + 12 mil simbólico +12 mil simbólico +12 mil simbólico +12 mil simbólico +12 mil simbólico +12 mil simbólico +12 mil simbólico +12 mil simbólico +12 mil simbólico +12 mil simbólico RESULTARIA EM 144.000 LITERAL? Como pode a soma de números simbólicos resultar em um número literal? Só na conta do Corpo Governante! 08. A Torre de Vigia permite remédios feitos com frações de sangue. Isso não é um incentivo à doação de sangue? Por que as testemunhas-de-jeová não doam sangue para ajudar a se fabricar esses remédios? 09. Há relatos de pessoas que foram desassociadas porque se envolveram na política, por votar em alguém, entre 1891 e 1999. Em 108 anos, era proibido votar em alguém, sob pena de séria repreensão e até a exclusão do rol de membros. Mas depois, na Sentinela 1 de novembro de 1999, páginas 29, 30, passou a ser questão de consciência votar em alguém. Por que o Corpo Governante não readimite as pessoas que desassociou por terem votado? 10. Onde a Bíblia diz que existe um Corpo Governante? Se o escravo fiel e discreto são os 144.000 que dão o alimento para outras pessoas (Mateus 24:45-47) na forma de livros e revistas, onde está na Bíblia que apenas 12 homens desse grupo fariam isso, ou seja, escreveriam livros e revistas para alimentar o restante dessa organização? Não é mais óbvio que Jesus falava que todo aquele que prega e ensina verdades – todos nós – seria o tal escravo fiel e discreto? 11. Se Jesus disse que “feliz o escravo fiel e discreto que fizer exatamente assim”, ou seja, alimentar pessoas com verdades. Mas entre 98 EC e 1874, como o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová fizeram exatamente assim? Quem eram eles e onde se reuniam, se a organização testemunhas-de-jeová nem havia sido fundada ainda? Ficaram eles ociosos cerca de 1800 anos? Resolveram eles trabalhar só quando Jesus tivesse voltado?

12. Jesus disse que suas ovelhas seriam um só rebanho, um só pastor. (João 10:16) Por que o Corpo Governante desmente as palavras de Jesus por ensinar que há dois rebanhos, se Jesus falou que era um só? 13. Se Jesus não é o Deus Verdadeiro, mas “um deus menor”, a quantos deuses o Corpo Governante serve? Ademais, se Deus diz que além dele jamais existiu outro deus, e depois dele também não haverá outro (Isaías 43:10), será que Jesus é outro deus, ou Jesus é o mesmo Deus, mas na pessoa do Filho? É Jesus deus falso ou Deus Verdadeiro? 14. Se o inferno de fogo não é bíblico, por que Deus fez João escrever que Satanás será atormentado para sempre no lago de fogo? (Apocalipse 20:10) Se você tivesse lido essas palavras nos dias de João, o que você teria entendido? Que esse lago de fogo é a destruição eterna ou um tormento eterno? O que o texto diz?

15. Se a Tradução do Novo Mundo é a melhor Bíblia já publicada, por que os melhores peritos em grego e hebraico a rejeitam e a condenam como um perfeito exemplo de como não se deve traduzir uma Bíblia? E se esses peritos acham isso porque não querem aceitar a verdade de Deus, por que o corpo governante faz citações dos dicionários desses peritos para defender as crenças das testemunhas-de-jeová?

Assim, termino essa carta, afirmando que a organização do Corpo Governante, pelos erros mencionados aqui, e por muitos outros, não tem a menor condição de se considerar a única religião verdadeira. Ademais, pare, em nome de Jesus, de crer que só vocês ensinam o cristianismo verdadeiro, porque nem Jeová Deus, nem Jesus, nem o Espírito Santo ensinaram placas de igrejas. Converta-se a Jesus, e iguais a Tomé, sinta-se à vontade em dizer a Jesus: “Meu Senhor e Meu Deus!” (João 20:28) Abandone o Corpo Governante, orando pela conversão deles também. São pessoas vítimas de falsos conceitos. Quero que você saiba que sempre estarei disposto a ajudá-lo(a). Se um dia quisere falar comigo, não pense que por você ter me evitado eu terei a coragem de fazer o mesmo. Eu o amo muito, e sempre estarei orando por você, para que, assim como eu, você saia DAS TREVAS PARA A LUZ, e não venha a ser mero candidato à vida eterna, mas que venha, como testemunha de Jesus, ter a plena certeza da salvação. Que Jesus te abençõe.

José Fernando Galli de Paula Testemunha de Jesus

Apêndice ---- Por Que Crer Que Jesus é Deus?Por Que Crer Que Jesus é Deus?Por Que Crer Que Jesus é Deus?Por Que Crer Que Jesus é Deus?

Com a finalidade de ajudar meus irmãos em Cristo Jesus a convencer os testemunhas-de-jeová sobre a

Divindade Plena de Jesus, elaborei este estudo comparativo. Observe como Jesus realmente é Deus, pois o que a Bíblia diz sobre o Deus-Pai, diz também sobre o Deus-Filho.

01. EU SOU

DEUS PAI - “Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros.” - Êxodo 3:14. DEUS FILHO - “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU.” - João 8:58.

02. O PRIMEIRO E O ÚLTIMO

DEUS PAI - “Dá-me ouvidos, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; eu sou o mesmo, sou o primeiro e também o último.” - Isaías 48:12. DEUS FILHO - “Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno.” - Apocalipse 1:17, 18.

03. O ALFA E O ÔMEGA

DEUS PAI - “Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.” - Apocalipse 1:8.

DEUS FILHO - “E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira. Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã.” - Apocalipse 22:12-16.

04. SENHOR

DEUS PAI - “Então, disse Moisés ao SENHOR: Ah! Senhor! Eu nunca fui eloqüente, nem outrora, nem depois que falaste a teu servo; pois sou pesado de boca e pesado de língua. - Êxodo 4:10. DEUS FILHO - “Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos.” - Atos 10:36.

05. SALAVDOR

DEUS PAI - “Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há salvador.” - Isa 43:11.

DEUS FILHO - “Em tempos devidos, manifestou a sua palavra mediante a pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador, a Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum, graça e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador.” - Tito 1:3, 4.

06. DEUS

DEUS PAI - “No princípio, criou Deus os céus e a terra.” - Gênesis 1:1. DEUS FILHO - “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” - João 1:1.

07. DEUS e SENHOR DEUS PAI - “Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza.” - Daniel 9:3. DEUS FILHO - “Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E logo disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.” - João 20:26-29.

08. REI

DEUS PAI - “Eu sou o SENHOR, o vosso Santo, o Criador de Israel, o vosso Rei.” - Isa 43:15. DEUS FILHO - “Então, exclamou Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!” - João 1:49.

09. REI DOS REIS, SENHOR DOS SENHORES

DEUS PAI - “Que guardes o mandato imaculado, irrepreensível, até à manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo; 15 a qual, em suas épocas determinadas, há de ser revelada pelo bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores; 16 o único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver. A ele honra e poder eterno. Amém!” - 1 Timóteo 6:14-16. DEUS FILHO - Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele. - Apocalipse 17:14.

10. JUIZ

DEUS PAI - “E a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados.” - Hebreus 12:13. DEUS FILHO - “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino.” - 2 Timóteo 4:1.

11. LUZ DEUS PAI - “O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo?” - Salmo 27:1. DEUS FILHO - “De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.” - João 8:12.

12. ROCHA

DEUS PAI - “Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus e a rocha da minha salvação.” - Salmo 89:26. DEUS FILHO - “Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado. Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes, A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos.” - 1 Pedro 2:6-8.

13. REDENTOR DEUS PAI - “Assim diz o SENHOR, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o SENHOR, o teu Deus, que te ensina o que é útil e te guia pelo caminho em que deves andar.” - Isa 48:17. DEUS FILHO - “No qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência.” - Efésios 1:7, 8.

14. NOSSA JUSTIÇA DEUS PAI - “De mim se dirá: Tão-somente no SENHOR há justiça e força; até ele virão e serão envergonhados todos os que se irritarem contra ele. 25 Mas no SENHOR será justificada toda a descendência de Israel e nele se gloriará.” - Isaías 45:24. DEUS FILHO (PROFECIA) - “Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa.” - Jeremias 23:6. DEUS FILHO - “Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção.” - Romanos 3:21, 22.

15. MARIDO (ESPOSO)

DEUS PAI - “Porque o teu Criador é o teu marido; o SENHOR dos Exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; ele é chamado o Deus de toda a terra.” - Isaías 54:5. DEUS FILHO - “Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo.” - 2 Coríntios 11:2.

16. PASTOR

DEUS PAI - “O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará.” - Salmo 23:1. DEUS FILHO - “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor.” - João 10:11, 16.

17. CRIADOR DEUS PAI - “E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.” - Gênesis 2:3. DEUS FILHO - “Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam

soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia.” - Colossenses 1:15-18.

18. DADOR DA VIDA DEUS PAI - “Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz, vemos a luz.” - Salmo 36:9. DEUS FILHO - “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.” - João 11:25.

19. PERDOADOR DE PECADOS

DEUS PAI - “E, passando o SENHOR por diante dele, clamou: SENHOR, SENHOR Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniqüidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até à terceira e quarta geração!” - Êxodo 34:6, 7. DEUS FILHO - “Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados - disse ao paralítico: Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.” - Marcos 2:10, 11.

20. AQUELE QUE CURA

DEUS PAI - “Cura-me, SENHOR, e serei curado, salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor.” - Jeremias 17:14. DEUS FILHO - “Disse-lhe Pedro: Enéias, Jesus Cristo te cura! Levanta-te e arruma o teu leito. Ele, imediatamente, se levantou.” - Atos 9:34.

21. ONIPRESENTE DEUS PAI - “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá. Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa.” - Salmo 139:7-12. DEUS FILHO - “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” - Mateus 18:20.

22. ONISCIENTE DEUS PAI - “Ouve tu nos céus, lugar da tua habitação, perdoa, age e dá a cada um segundo todos os seus caminhos, já que lhe conheces o coração, porque tu, só tu, és conhecedor do coração de todos os filhos dos homens.” - 1 Reis 8:39. DEUS FILHO - “Agora, vemos que sabes todas as coisas e não precisas de que alguém te pergunte; por isso, cremos que, de fato, vieste de Deus.” - João 16:30.

23. ONIPOTENTE DEUS PAI - “Ele é o que está assentado sobre a redondeza da terra, cujos moradores são como gafanhotos; é ele quem estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar; é

ele quem reduz a nada os príncipes e torna em nulidade os juízes da terra. Mal foram plantados e semeados, mal se arraigou na terra o seu tronco, já se secam, quando um sopro passa por eles, e uma tempestade os leva como palha. A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? - diz o Santo.” - Isaías 40:22-25. DEUS FILHO - “Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.” - Mateus 28:18.

24. ETERNO DEUS PAI - “Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus.” - Salmo 90:2. DEUS FILHO - ‘Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” - Isaías 9:6.

25. IMUTÁVEL DEUS PAI - “Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.” - Malaquias 3:6. DEUS FILHO - “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre.” - Hebreus 13:8.

26. DIGNO DE ADORAÇÃO DEUS PAI - “Dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” - Apocalipse 14:7. DEUS FILHO - “E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.” - Hebreus 1:6.

27. A QUEM TODO O JOELHO SE DOBRA

DEUS PAI - “Por mim mesmo tenho jurado; da minha boca saiu o que é justo, e a minha palavra não tornará atrás. Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua.” - Isaías 45:23. DEUS FILHO - “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra.” - Filipenses 2:10.

28. SANTO

DEUS PAI - Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador. - Isaías 43:3. DEUS FILHO - “E nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus.” - João 6:69.

Portanto, não faltam evidências para crermos que Jesus é Deus. Usar esse estudo com uma testemunha-de-

jeová não será garantia de que ela se converterá. Elas poderão lhe dizer que homens foram chamados de

“deuses” (Salmo 82:6), que até mesmo você pode ser chamado de Senhor, mas de forma alguma você é Deus.

No entanto, comparar os títulos humanos com as qualidades e atributos de Jesus é um erro fatal. Raciocine

isso com ela. Mostre a ela que há expressões dadas a Jesus que nenhum humano jamais poderia ter recebido,

como Pai da Eternidade. Por que Jesus é Pai da eternidade? Porque só ele é o princípio e o fim, o primeiro e o

último. Ele sempre existiu. Que esse estudo, então, ajude-o a ganhar almas escravizadas pelo Corpo

Governante para o nosso ünico Deus - o Pai, o Filho, e o Espírito Santo.

“Não é forma de perseguição religiosa

alguém dizer e mostrar que a religião de outrem é falsa. Não é

perseguição religiosa

uma pessoa informada expor publicamente

uma religião falsa,

permitindo assim que outros vejam a diferença

entre a falsa religião e a verdadeira.”

- Revista A Sentinela de 15 de Maio de 1964, pág. 304.