FATORES DE RISCOS PREDISPONENTES À DEPRESSÃO PÓS...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA CURSO BACHAREL EM ENFERMAGEM LARANUBIA DOURADO NERY FATORES DE RISCOS PREDISPONENTES À DEPRESSÃO PÓS PARTO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Barra do Garças – MT 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

CURSO BACHAREL EM ENFERMAGEM

LARANUBIA DOURADO NERY

FATORES DE RISCOS PREDISPONENTES À DEPRESSÃO PÓS PARTO:

UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Barra do Garças – MT

2018

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LARANUBIA DOURADO NERY

FATORES DE RISCOS PREDISPONENTES À DEPRESSÃO PÓS PARTO:

UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Monografia, apresentado ao Curso

de Bacharel em Enfermagem do

Instituto de Ciências Biológicas e da

Saúde do Campus Universitário do

Araguaia como requisito parcial para

cumprimento da disciplina de

Trabalho de Conclusão de Curso.

Orientadora: Dra. QueliLisiane

Castro Pereira

Barra do Garças – MT

2018

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AGRADECIMENTOS

Depois de muitas dificuldades, incontáveis momentos de estresse, choro

e tristeza, mas, também de muito aprendizado e sendo sempre sustentada e

guiada pelo Espírito Santo, mais um ciclo se encerra, e apesar das

adversidades ao longo do caminho, se encerra com grande sabor de

superação.

Primeiramente agradeço a Deus, por me dar forças para suportar todos

os momentos de aflição e desanimo, por nunca me desamparar e me sustentar

a cada dia. O Senhor fez por mim maravilhas, e que eu possa te louvar todos

os dias da minha vida. Agradeço a minha fé católica, que por meio de sua

doutrina, sempre foi para mim, um balsámo diante de todas as adversidades.

Agradeço a minha mãe, Valdete Bianca, por suportar, com paciência e

amor, meus momentos de estresse por causa da Universidade, por ser para

mim, um exemplo de mulher perseverante que nunca desiste dos seus sonhos,

quero ser uma boa profissional mãe, porque você me ensinou, antes de tudo, a

ser uma boa pessoa, obrigada, eu te amo demais.

À minha irmã Lohany, meu muito obrigado, por me ajudar a tolerar os

momentos difíceis, com paciência e carinho, e por me apoiar em todo tempo, te

amo muito irmã.

Ao meu pai Osvaldo, meu eterno agradecimento, por abrir mão dos seus

sonhos para me ajudar a realizar os meus, por não medir esforços para me

proporcionar o melhor, obrigada pai, que algum dia eu possa lhe retribuir um

tanto que seja, de tudo que fizeste por mim.

Agradeço à minha tia Vilma, por acreditar e investir em mim, e nunca ter

deixado me faltar nada, para que eu pudesse assim, correr atrás dos meus

objetivos.

Agradeço de todo o coração, minha amada amiga Fátima, por todos os

momentos em que eu ligava para ela dizendo que não agüentava mais, e ela

me dizia para perseverar e não desistir, que eu iria vencer na vida, obrigada

amiga Fátima essa conquista também é sua. Às minhas amigas: Jussana,

Virgínia e Jadarlene, obrigada pelas conversas, muitas vezes, no fim de um dia

cansativo de trabalho e estudo, mas que tinham o poder de me animar pelas

palavras de ânimo e conforto, amo vocês minhas meninas.

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Aos amigos que a Universidade me trouxe, Weverton Castro, que se

tornou meu irmão, companheiro de todas as horas, que nunca mediu esforços

para me ajudar em minhas dificuldades particulares, me ensinando o valor do

companheirismo e amizade verdadeira, sem você, nenhum dia dessa

caminhada teria sentido, e Camila Guimarães, uma das pessoas mais

bondosas e pacientes que já conheci obrigada amiga por me amparar sempre,

por meio de palavras e ações, agradeço por tudo que foi vivido ao longo

desses anos, amo vocês e os levarei comigo para sempre.

À minha orientadora, Doutora Queli Lisiane, agradeço por não ter

desistido de mim, pela paciência e atenção. Tens meu respeito e admiração,

sendo um exemplo da profissional humana e dedicada que quero me tornar um

dia.

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DEDICATÓRIA

À minha amada avó materna, Maria Alves Dourado, (in memorian), que é meu maior exemplo de perseverança e inspiração na vida.

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Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

João 16:33

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS E FIGURAS .................................................................... 10 RESUMO ........................................................................................................... 11 ABSTRACT ....................................................................................................... 12 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13 METODOLOGIA ............................................................................................... 18

RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 20

Fatores de riscos que predispõe o desenvolvimento da Depressão pós-parto 29 Medidas preventivas da Depressão pós-parto .................................................. 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 33

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 34

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LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Figura 1 – Fluxograma de identificação e seleção dos artigos para revisão

integrativa......................................................................................................... 17

Tabela 1 –Artigos selecionados para estudo .................................................. 18

Quadro 1 - Estudos selecionados pela pesquisa: nº do artigo, ano de

publicação, título e autores.............................................................................. 19

Tabela 2 – Distribuição dos artigos de acordo com os periódicos indexados nas

bases de dados pesquisadas, no período de 2013 a 2018...............................20

Quadro 2 – Delineamento metodológico dos estudos analisados e suas

conclusões.........................................................................................................21

Quadro 3 – Relação dos fatores de riscos predisponentes para o

desenvolvimento da DPP e principais recomendações dos estudos

analisados..............................................................................................................

.............24

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RESUMO

A Depressão Pós-Parto (DPP) é um transtorno mental de alta prevalência, que provoca alterações emocionais, cognitivas, comportamentais e físicas que ocorrem no período puerperal. Este estudo tem como objetivo identificar os principais fatores de risco apontados na literatura, predisponentes ao desenvolvimento da Depressão pós-parto. Para isto foi realizado uma revisão integrativa, por meio de busca online das produções científicas nacionais sobre o depressão pós-parto, no período de 2013 a 2018. A captura dessas produções foi processada por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), dos 14 artigos selecionados, sete foram retirados da base de dados LILACS, seis da base de dados SciELO e um da base de dados BDENF.Os resultados desta revisão mostraram que os fatores sociodemográficos, como baixa renda, pouca escolaridade, multiparidade, tabagismo, gravidez não planejada, ser mãe solteira e fatores psicossocial como relação conflituosa com o parceiro ou a família, estresse elevado, estão intimamente ligados ao desenvolvimento da DPP.Visto que a DPP pode causar sérias consequências não só para a mãe, mas para todos em sua volta, é de suma importância o desenvolvimento de medidas preventivas e de tratamento que sejam capazes de minimizar os riscos para o desenvolvimento deste transtorno.Dentre as ferramentas que podem ser utilizadas como medidas preventivas para a depressão pós-parto encontradas nesta revisão estão a utilização da Escala de Depressão Pós-Parto de Edinburgh como um instrumentode rastreamento de sintomas depressivos naassistência pré-natal, a implantação de políticas públicas em saúde e a adoção dopré-natal psicológico para prevenir a DPP, alémdas intervenções profissionais voltadas para atenção integral e humanizada nos serviços de saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Depressão puerperal. Gravidez. Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo.

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ABSTRACT

Postpartum Depression (PPD) is a high prevalence mental disorder that causes emotional, cognitive, behavioral, and physical changes that occur in the puerperal period. This study aims to identify the main risk factors identified in the literature, predisposing to the development of postpartum Depression. For this, an integrative review was carried out, through online search of the national scientific productions on postpartum depression, from 2013 to 2018. The capture of these productions was processed through the Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), articles, seven were taken from the LILACS database, six from the SciELO database and one from the BDENF database. The results of this review showed that the socio-demographic factors, such as low income, low schooling, multiparity, smoking, unplanned pregnancy, being single mother and psychosocial factors such as conflicting relationship with partner or family, high stress are closely linked to the development of DPP. Since PPD can have serious consequences not only for the mother, but for everyone around her, it is of paramount importance to develop preventive and treatment measures that are able to minimize the risks for the development of this disorder. Among the tools that can be used as preventive measures for postpartum depression found in this review are the use of the Edinburgh Postpartum Depression Scale as an instrument to track depressive symptoms in prenatal care, the implementation of public policies in health and the adoption of psychological prenatal care to prevent PPD, as well as professional interventions aimed at comprehensive and humanized care in health services. KEYWORD: Puerperal Depression. Pregnancy. Edinburgh Postpartum Depression Scale.

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INTRODUÇÃO

Durante o século XX, nas décadas de 1970 e 1980, respectivamente,

foram criados os Programas de Saúde Materno-Infantil (PMI) e o Programa de

Assistência Integral à Saúde da Mulher - PAISM (STRAPASSON; NEDEL,

2010). Estes programas surgiram com o objetivo de aprimorar a qualidade da

saúde materno-infantil na atençãobásica. A fim de reforçar esta tentativa, foi

implantado em 2000, o Programa deHumanização no Pré-Natal e Nascimento

(PHPN), com o objetivo de reduzir a morbimortalidade materna, ou seja

diminuir o número de mulheres com complicações durante a gestação e o

puerpério, até 42 dias pós-parto, aumentaroacesso ao pré-natal, além de

melhorar a qualidade e a humanização da atenção à saúde (BRASIL, 2012).

No entanto, apesar da criação destes programas com atenção voltada à

saúde materno-infantil, o número de casos de doenças e transtornos referentes

à saúde maternaainda são alarmantes.A mortalidade materna por causas

diretas1 diminuiu 56%no período 1990 a 2007 enquanto que a mortalidade

materna por causas indiretas2aumentou 33%, de 1990 a 2000 e, manteve-se

estável de 2000 a 2007 (STRAPASSON; NEDEL, 2010).

As experiências vivenciadas na gestação, no parto e no puerpério,

influenciam de maneira significativa asaúde mental das mulheres. Sobretudo,

no período pós-natal, apontado como uma passagem da vidafeminina na

qualos transtornosmentais são particularmentefrequentes. Somam-se, neste

momento, às mudanças impostas pela chegada de um filho ao núcleo familiar,

com novas e crescentes responsabilidades, medos e interrogações, além das

mudanças físicas e hormonais inevitáveis (BOSKA;WISNIEWSKI; LENTSCK,

2016).

O puerpério pode ser entendido como uma fase ativa do ciclo gravídico-

puerperal em que ocorrem alterações de natureza hormonal, psíquica e

1Mortematernadiretaé aquelaqueocorrepor complicaçõesobstétricasdurantegravidez,partoou

puerpério devido a intervenções, omissões ou tratamento incorreto como gravidez ectópica, mola

hidatiforme e aborto e as complicações destes agravos (infecções, hemorragias, etc); hipertensão

gestacional,pré-eclâmpsia,eclâmpsia,tromoboses;Diabetesmellitusgestacional;Neoplasiadeplacenta;

Transtornosmentaisassociadosaopuerpérioentreoutras.2Mortematerna indireta é aquela resultante de doenças que existiam antes da gestação ou que se

desenvolveramduranteesseperíodocomoHipertensãopré-existente,doençascardíacaserenaispré-

existentesouadquiridas;Diabetesmellituspré-existente;Desnutriçãonagravidez;Doençasinfecciosas

eparasitáriascomplicandoagravidez,anemia,doençasendócrinas,etc.

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metabólicas, ocasionadas pela gravidez e ao retorno ao estado antecedente à

gestação (OLIVEIRA; QUIRINO; RODRIGES, 2012). Seu início ocorre logo

após a dequitação, a 3ª fase do parto (expulsão da placenta), estendendo-se

até seis semanas após o parto, podendo ser dividido em três fases: puerpério

imediato compreende do 1º ao 10º dia após o nascimento; puerpério tardio do

10º ao 45º dia e puerpério remoto que se estende além do 45º dia (REZENDE;

MONTENEGRO, 2013).

Em suma, desde o momento da fecundação até a parturição, o binômio

mãe-filho passa por experiências fisiológicas, sociais e psicológicas únicas.

Estas fazem com que a mulher crie várias expectativas em relação ao filho pelo

qual será responsável. No processo de adaptação ao novo papel, poderá

ocorrer tanto a idealização quanto a refutação da maternidade. Tais situações

podem cominar em sintomas psicológicos os quais são capazes de transformar

esse momento em um período, particularmente, estressante e propenso a

crises (LEITE et al., 2014).

Nas alterações fisiológicas além das bruscas mudanças nos níveis dos

hormônios gonadais, nos níveis de ocitocina e no eixo hipotálamo-hipófise-

adrenal que estão relacionados ao sistema neurotransmissor, ocorrem

alterações no organismo materno comandadas por duas funções bem distintas

denominadas de crise e recuperação genital. No que se refere à primeira,

predominam a involução da musculatura uterina e da mucosa vaginal; quanto à

segunda, assumem papel de destaque os processos regenerativos das

mucosas uterina e vaginal (SANTOS, 2011a; MONTENEGRO; REZENDE

FILHO, 2010).

Além das alterações biológicas, há a necessidade de reorganização

sociale adaptação a um novo papel, a mulher tem um súbito aumento de

responsabilidadepor se tornar referência de uma pessoa totalmente

dependente de si(CANTILINO et al., 2010).Surgem exigências culturais,

sociais, familiares e pessoais em relação à puérpera, no que corresponde ao

desempenho das funções maternas adequadamente. Assim, mesmo

vivenciando um período de fragilidade, cabe ainda à mulher a satisfação e o

reconhecimento holístico das necessidades e demandas da criança. Há

confrontação com a figura materna e por sua vez o processo de luto da perda

do papel exclusivo de filha para também o papel de mãe, já tenha sido

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elaborado de forma a consolidar a sua identidade materna (FERRARI;

PICCININI; LOPES, 2006).A necessidade de informaçãoacerca de questões

gerais de saúde, do comportamentoneonatal e dos cuidados a prestar ao bebê,

o aumentodas preocupações maternas relativas às relações familiares, por

exemplo aparecem como umas das inquietações constantes (CONDE;

FIGUEREDO, 2007).

Estudos realizados acerca da adaptação psicológica são consensuais

quanto à existência da morbidade aumentada, do tipo ansiosa ou depressiva,

durante o ciclo gravídico-puerperal (ALMEIDA et al., 2012;TAVARES et al.,

2012;IWATA et al., 2013; NUNES, 2013;BENER, 2013; FERREIRA et al., 2013;

PEREIRA; LEAL, 2015; SAVIANI-ZEOTI; BEATRIZ; PETEAN, 2015;

MEIRELES et al., 2016). A ocorrência da ansiedade é frequente, mesmo que

excluindo a sua dimensão patológica (CONDE; FIGUEIREDO, 2007). Todavia,

não impede a formação da relação de apego materno-fetal (SAVIANI-ZE0OTI;

BEATRIZ; PETEAN, 2015).

A ansiedade no período puerperal podeinterferir na quantidade de leite

produzido sendo capaz de reduzir ou mesmo bloquear sua produção, nos caso

de Depressão a alteração na relação mãe-filho, na primeira infância, poderá

gerar prejuízo no desenvolvimento cognitivo e comportamental alongo prazo

(SAVIANI-ZEOTI; BEATRIZ; PETEAN, 2015).

É dentrodeste cenário de adaptaçõesque podem ocorrer alguns

transtornos emocionais do pós-partocomo a tristeza puerperal (baby blues), a

psicose puerperal e a Depressão pós-parto (FRIZZO; PICCININI, 2005). A

tristeza puerperal também conhecida como baby blues é uma alteração

psíquica leve e transitória prevalente em cerca de 50% a 80% e inicia-se no

terceiro até o quarto dia do puerpério. O transtorno psicótico puerperal é um

distúrbio de humor, psicótico, com apresentações de perturbações mentais

grave, está presente em 0,1% a 0,2% das puérperas e tem seu início abrupto

nas duas ou três semanas após o parto. Já a Depressão pós-parto é um

transtorno psíquico de moderado a severocom prevalência de 10% a 15% e

suas manifestações tem início insidioso entre a segunda e a terceira semana

do puerpério (BRASIL, 2012).

Nos últimos anos, o crescimento do debate sobre o fenômeno da

Depressão, a caracterizacomo o“mal-do-século”, sendo relacionada a alguns

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sofrimentos e sentimento de perda (CORRÊA; SERRALHA, 2015). As

mulheres chegam a apresentarduas vezes mais risco que os homens, sendo

que a maior incidência pode ser registrada na faseadulta, normalmente quando

estas possuem filhos (LOBATO, MORAES, REICHENHEIM,2011).Quando

diagnosticadas com distúrbios psiquiátricos durante a gestação podem

apresentar ideação suicida surtante no pós-parto, nestas circunstancias os

familiares e profissionais devem ficar atentos aos sintomas e encaminhar à

assistência de um serviço de saúde mental (TAVARES et al., 2012).

A Depressão Pós-Parto (DPP) é um transtorno mental dealta

prevalência, que provoca alterações emocionais,cognitivas, comportamentais e

físicas que ocorremno período puerperal. São características da DPP a queda

da energiae da atividade, a diminuição da concentração, os distúrbios do sono,

a presença de sentimentode culpa e de baixa autoestima. Ela, a DPP, pode

serdesencadeada por fatores específicos, mas em geral, apresenta

características semelhantes aosoutros casos depressivos (SANTOS;

ALMEIDA; SOUZA, 2009; MORAES et al., 2015).

A DPPtem ocorrência universal, apresentando uma incidência de 10% a

20%, sendo 5% superior ao estimado no Brasil. Os resultados de uma pesquisa

nacional realizada em 2016, contendo relados de 23.896 mulheres, no período

de seisa 18 meses após o nascimento dos filhos, evidenciaram a ocorrência da

DPP em 26,3%, isto é, cerca de uma em cada quatro brasileirasapresentavam

sintomas da DPP (THEME FILHA et al., 2016). Moraes et al (2006) encontrou

a prevalência de 19,1%de DPP em 410 mulheres em seu estudo realizado em

Pelotas, RS.

A invisibilidade da Depressão puerperal no cotidiano dos profissionais de

duas unidades de Estratégia deSaúde da Família (ESF) na região central do

Rio Grande do Sul foi denunciada pela pesquisa de Cabral e Oliveira (2010), ao

considerar aalta prevalência de DPP. Para Silva (2014) há grande dificuldade

de diagnosticar a DPP devido a quantidade de fatores estressores envolvidos.

Assim, faz-se imperativo o conhecimento dos fatores de risco da Depressão

pós-parto para o planejamento e execução de ações preventivas a fim de

estimular a conscientização da importância do apoio emocional da família, dos

amigos e do companheiro à puérpera.

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Estudos apontam algumas situações que podem tornar as mulheres

mais vulneráveis à DPP, tais como: predisposição genética, história pregressa

de Depressão ou transtorno psíquico prévio, abortos espontâneos prévios,

tentativa de aborto na gestação atual, expectativas pré-natais frustradas no

pós-parto, história de problemas obstétricos, maiornúmero de gestações,

incapacidade de amamentar. Questões psicossociais também foramelencadas,

a exemplo de luto, conflito marital, divórcio, violência doméstica, baixa

condiçãosocioeconômica, não aceitação da gravidez, falta de apoio social,

baixa escolaridade,vivências estressantes nos últimos 12 meses (SILVA;

ALMEIDA; QUARANTINI, 2009;SANTOS JUNIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009;

LOBATO; MORAES; REICHENHEIM,2011; BRASIL, 2012; DAANDELS;

ARBOIT; VAN DER SAND, 2013).A atuação direta do profissionalenfermeiro no

ciclo gravídico-puerperal é degrande importância ao acompanhando

dapuérpera e do recém-nascido, prestandoatendimento integral e humanizado

aobinômio, mãe-filho, bem como a toda família.

Coutinho e Saraiva (2008) afirmaram em seus estudos que, a atuação

preventiva das equipes multidisciplinares durante a gestação pode

proporcionar, à gestante, o apoio de que necessita para enfrentar os eventuais

episódios de Depressão. A fim de minimizar as consequências causadas por

esse transtorno de humor, é importante que o diagnóstico seja precoce,

podendo assim reduzir os prejuízos causados ao binômio mãe e filho e à

família. É imprescindível que os profissionais de saúde, excepcionalmente os

enfermeiros, pois estes são os profissionais que tem um maior vínculo social

com este público, conheçam os elementos estressores a fim de que possam

prestar assistência logo no início do transtorno, e encaminhá-las aos serviços

adequados para o tratamento e a reabilitação.

Deste modo, o interesse por este tema surgiu após observações

habituais de que as mulheres são, majoritariamente, vistas em sua condição

reprodutiva, e após o parto, ficam a margem daatenção e do cuidado, os quais

são direcionados ao recém-nascido. Este interesse foi legitimado ao

reconhecer, nas atividades de extensão do projeto sementinha, as

alterações/adaptações do ciclo gravídico-puerperal, anteriormente descritas;e

em pesquisa anterior do projeto Gestação e zika Vírus,a existência da

morbidade aumentada, do tipo ansiosa ou depressiva, durante o ciclo gravídico

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puerperal e a dificuldade em diagnosticar a DPP.Assim, emergiu a seguinte

questão problema: quais os fatoresrelacionados a um maior ou menor risco de

apresentar Depressão pós-parto? Desta forma, diante da

problemáticaapresentada, este estudo tem como objetivo identificar os

principais fatores de risco apontados na literatura, predisponentes ao

desenvolvimento da Depressão pós-parto.

Desta forma, espera-se que através desta pesquisa seja possível

identificar elementos que predispõe o desenvolvimento da depressão pós-

parto, a fim de elaborar medidas preventivas capazes de reduzir a incidência

deste transtorno de humor e, proporcionar às puérperas e aos familiares uma

melhor qualidade de vida.

METODOLOGIA

Trata-se um estudo de revisãointegrativa. Este método de pesquisatem

como desígnio, sintetizar o conhecimento e incorporar a aplicabilidade de

resultados significativos na práxis (BOTELHO; CUNHA; MACEDO, 2011).

Para guiar a revisão integrativa, formulou-se a seguinte questão: Quais

são os fatores de riscos predisponentes à depressão pós-parto?

Para responder a esta questão, foram percorridas seis etapas.Na

primeira etapa foi realizado a identificação do tema e seleção da questão de

pesquisa, ou seja, identificar quais os principais fatores de risco que predispõe

às puérperas àdepressão pós-parto encontradas na literatura. Vale enfatizar,

que a base fundamental para elaboração da questão norteadora foi a revisão

de literatura.

A segunda etapa consistiu no estabelecimento de critérios de inclusão e

exclusão. O estudo foi realizado por meio de busca online das produções

científicas nacionais sobre o depressão pós-parto, no período de 2013 a 2018.

A captura dessas produções foi processada por meio da Biblioteca Virtual em

Saúde (BVS), sendo utilizadas as bases de dados: Literatura Latino-Americana

e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library

Online (SciELO) e Banco de dados em Enfermagem (BDENF).

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Estabeleceram-se como critérios para a seleção da amostra: artigos

publicados, no período de 2013 a 2018,disponível integralmente e apresentar

de maneira explícita os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): depressão

pós-partoand / or escala de depressão pós-parto de Edimburgo.

Foram excluídos deste estudo artigos que se repetiam nas bases de

dados, artigos em outros idiomas e os sem acesso livre.

Na terceira etapa foi realizada a identificação dos estudos pré-

selecionados e selecionados. A partir das publicações completas localizadas

pela estratégia de busca, procedeu-se, por inúmeras vezes, a leitura do

material, a fim de evidenciar e delimitar o que se faz indispensável para a

obtenção de um estudo aprofundado. Para isso, considerou-se a temática

apresentada no seu enquadramento dos critérios previamente estabelecidos e

a aderência ao objetivo proposto.

Foram encontrados no total 21 artigos referentes ao tema proposto, dois

artigos foram excluídos após serem lidos os resumos por fugirem dos objetivos

deste estudo, 3 artigos foram excluídos por serem duplicatas e dois artigos

foram excluídos após a aplicação dos critérios de exclusão. A partir da referida

identificação dos artigos e enquadramento aos critérios determinados na

segunda etapa do método, obteve-se 14 artigos conforme ilustrado na figura 1.

Dos 14 artigos selecionados, seteforam retirados da base de dados LILACS,

seis da base de dados SciELO e um da base de dados BDENF.

Figura 1 – Fluxograma de identificação e seleção dos artigos para

revisão integrativa

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Na quarta etapa, buscou-se sumarizar e documentar as informações

extraídas dos artigos científicos encontrados nas fases anteriores. Em virtude

das características específicas para o acesso das duas bases de dados

selecionadas, as estratégias utilizadas para localizar os artigos foramadaptadas

para cada uma, tendo como eixo norteadora pergunta e os critérios de inclusão

da revisãointegrativa, previamente estabelecidos para mantera coerência na

busca dos artigos e evitar possíveisvieses.

Ao final desta etapa, foi possível extrair as informações dos artigos e o

instrumento permitiu analisar separadamente cada artigo, tanto no nível

metodológico quanto em relação aos resultados das pesquisas, além de

possibilitar a síntese dos artigos e salvaguardar suas diferenças.

Na quinta etapa foi realizada aanálise e interpretação dos resultados.

Análoga à análise dos dados das pesquisas convencionais, esta fase

demandou uma abordagem organizada para ponderar o rigor e as

características de cada estudo. No seguimento, para facilitar a visualização

estrutural e lógica do estudo, fez-se a confecção de fichas de leitura, com o

intuito de destacar as unidades de registro para agrupar os diferentes dados.

E, a sexta e última etapa consistiu na apresentação da revisão/síntese

do conhecimento, no qual foram apontados os principais resultados obtidos e

as propostas para futuros estudos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De um total de 21 artigos encontrados através das palavras chaves

propostas, foram selecionados 14 artigos que se encontravam dentro dos

critérios de inclusão da pesquisa (Tabela 1).

Tabela 1 –Artigos selecionados para estudo

Palavras-Chave Bases de Dados

Referências Identificadas

Referências Utilizadas

Depressão pós-parto AND Escala de

LILACS 8 7

SciELO 6 6

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Depressão Pós Parto de

Edimburgo.

BDENF 7 1

Com base no levantamento de dados, foi possível observar que dos

artigos selecionados, 4(28,6%) datam do ano de 2017, 4 (28,6%) foram

publicados no ano de 2015, 3 (21,4%) em 2014, 2 (14,3%) em 2016 e um

(7,1%) estudo foi publicado no ano de 2013 (Quadro 1).Em relação aos

periódicos, observa-se que não houve mais de uma publicação do tema por

periódicos, no período determinado (Tabela 2).

Nº Artigo

Ano de Publicação

Título Autores

1 2015 Fatores psicossociais e sociodemográficos associados à depressão pós-parto:um estudo em hospitais público e privado da cidade de São Paulo, Brasil.

Morais et al.

2 2014 O pré-natal psicológico como programa de prevenção à depressão pós-parto.

Arrais; Mourão; Fragalle.

3 2017 Perfil epidemiológico de puérperas com quadro de depressão pós-parto em unidades de saúde de um município da Serra Catarinense, SC.

Santos et al.

4 2015 Repercussões da depressão pós-parto no desenvolvimento infantil.

Santos; Serralha.

5 2015 Depressão pós-parto e habilidades pragmáticas: comparação entre gêneros de uma população brasileira de baixa renda.

Brocchi; Bussab; David.

6 2013 Depressão pós-parto e conflito conjugal: estudo longitudinal das associações bidirecionais em Famílias de baixa renda.

Mendonça; Bussab; Siqueira

7 2016 Identificação de sintomas depressivos no período pós-parto em mães adolescentes.

Cardillo et al.

8 2017 Depressão entre puérperas: prevalência e fatores associados.

Hartmann; Mendoza-Sassi;

Cesar 9 2017 Sintomas depressivos na gestação

e fatores associados: estudo longitudinal.

Lima et al.

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10 2017 Tristeza materna em puérperas e fatores associados.

Silva et al.

11 2015 Depressão pós-parto entre mulheres com gravidez não pretendida.

Brito et al.

12 2014 Dor e fatores associados em puérperas deprimidas e não deprimidas.

Ângeloet al.

13 2014 Depressão pós-parto e a figura materna: uma análise retrospectiva e contextual.

Corrêa e Serrilha.

14 2016 Sintomas depressivos no período puerperal: identificação pela escala de Depressão pós-parto de Edinburgh.

Boska; Wisniewski;

Lentsck.

Quadro 1 - Estudos selecionados pela pesquisa: nº do artigo, ano de publicação, título e autores.

Tabela 2 – Distribuição dos artigos de acordo com os periódicos indexados nas bases de dados pesquisadas, no período de 2013 a 2018.

PERIÓDICO 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Acta Paul Enferm. ------ ------ ------ ------ 01 ------

Acta Colomb.Psicol. ------ ------ 01 ------ ------ ------

AudiolCommun Res ------ ------ 01 ------ ------ ------

Barbarói ------ ------ 01 ------ ------ ------

Cad. Saúde Pública ------ ------ ------ ------ 01 ------

Estudos De Psicologia ------ ------ 01 ------ ------ ------

J Nurs Health ------ ------ ------ 01 ------ ------

Psico 01 ------ ------ ------ ------ ------

Rev. Eletr. Enf. ------ 01 ------ 01 ------ ------

Rev Dor. São Paulo ------ ------ ------ ------ ------ ------

Rev Saúde Pública ------ ------ 01 ------ ------ ------

Rev. Port. De Enf. Saúde ------ ------ ------ ------ 01 ------

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Mental

Revista Da AMRIGS ------ ------ ------ ------ 01 ------

Saúde Soc ------ 01 ------ ------ ------ ------

Total 01 02 05 02 04 00

Para análise do delineamento desta revisão, os estudos foram separados

de acordo com seus delineamentos metodológicos e conclusões do estudo

(Quadro2) e foram destacados os principais fatores de riscos apontados nos

estudos analisados e as recomendações dos autores (Quadro 3).

Nº Artigo Autores Delineamento

metodológico Conclusão do estudo

1 Morais et al.

Questionários padronizados, a Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo (EDPE) e a Escala de Apoio Social de MOS (EAS)

Associação positiva de DPP com depressão anterior e com frequência de conflitos com o parceiro e relação negativa com anos de escolaridade e escore de apoio social

2 Arrais; Mourão; Fragalle.

Pesquisa-ação

PNP associado a fatores de proteção presentes na história das grávidas pode ajudar a prevenir a DPP.

3 Santos et al.

Corte transversal dos dados obtidos através da aplicação da Escala de Depressão Pós-natal de Edimburgo e de um questionário

A prevalência de possíveis diagnósticos de depressão pós-parto foi de 40%, e os principais fatores relacionados foram tabagismo, nível elevado de estresse e má relação com o pai da criança

4 Santos; Serralha. Revisão de literatura

O apoio familiar e social é de fundamental importância para auxiliar a mãe em suas fragilidades e no fortalecimento de seus recursos para lidar com o bebê.

5 Brocchi; Bussab;

Avaliação do aspecto pragmático, questionário e

Constatou-se a influência do gênero e das

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David. Escala de Depressão Pós-parto de Edinburgh.

variáveis socio afetivas de criação, incluindo a DPP, no desenvolvimento das crianças.

6 Mendonça; Bussab; Siqueira

Estudo longitudinal

Associação entre DPP e conflito conjugal no sentido da maior probabilidade da DPP desencadear o conflito, com implicações para o entendimento e para a intervenção, e permitiu, em termos metodológicos, considerações sobre a relevância do desenvolvimento de métodos de análise que, usados criticamente, atendam aos desafios atuais para a construção do conhecimento psicológico.

7 Cardillo et al.

Estudo observacional, descritivo e transversa

Mães adolescentes participantes apresentaram sintomas depressivos, embora não tenham relatado a percepção destes sintomas em seu cotidiano.

8 Hartmann; Mendoza-Sassi; Cesar

Estudo transversal

O suporte social fornecido à gestante pela equipe de saúde foi um importante fator de proteção, reduzindo em até 23% a razão de prevalência de a puérpera desenvolver depressão.

9 Lima et al. Estudo longitudinal

Frequência de sintomas depressivos na gestação foi elevada. Os fatores associados foram maior escolaridade, gestação planejada, continuidade da gestação e sofrer ou ter sofrido violência psicológica.

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10 Silva et al. Estudo transversal, quantitativo

Presença de sintomas de tristeza materna no período gestacional e puerperal torna-se vulneráveis a desenvolver DPP.

11 Brito et al. Estudo de coorte prospectivo

Gravidez não pretendida mostrou-se associada a sintomas depressivos após o parto.

12 Ângelo et al. Analítico, de delineamento transversal

Dor de intensidade moderada a intensa aumenta a probabilidade de mulheres desenvolverem sintomas depressivos no pós-parto.

13 Corrêa e Serralha

Exploratório-descritivo de abordagem qualitativa, entrevistas semiestruturadas

Maioriadas participantes demonstrou relação conflituosa com suas mães e trouxeram fortes indícios de que os modelos de mulhere de maternidade vivenciados e internalizados pelas participantes tiveram influência nodesencadeamento e agravamento da depressão que as acometeu após o parto.

14 Boska; Wisniewski; Lentsck.

Estudo transversal

É de grande importância, a verificação pelas UBS da instalação da DPP nas mulheres após o parto, procedendo com a referência para serviços especializados que possam atuar em conjunto com a atenção básica, reduzindo agravos que esses sintomas podem desencadear.

Quadro 2–Delineamento metodológico dos estudos analisados e suas

conclusões.

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Ao analisar as metodologias utilizadas pelos autores a maioria, 12(85,8%)

abordou método quantitativo, 1(7,1%) empregou a revisão integrativa eoutro

1(7.1%) utilizou apesquisa-ação

Nº Artigo

Autores Fatores predisponentes Principais recomendações

1 Morais et al.

Nível de escolaridade, escore obtido na Escala de Apoio Social, qualidade do relacionamento com o parceiro e ocorrência de depressão em algum momento anterior à gestação ou ao puerpério.

Apoio social mais efetivo é um importante fator protetor para a DPP indicam a importância do incentivo da adoção, por parte dos serviços de atenção primária em saúde, de práticas preventivas e terapêuticas e de apoio às gestantes e puérperas - com especial atenção para aquelas com histórico de depressão prévia

2 Arrais;

Mourão; Fragalle.

Ser primípara; rede de apoio social e familiar empobrecida; relacionamento conjugal insatisfatório; idealização da maternidade; ser mãe solteira; gravidez não planejada; gravidez não desejada; depressão gestacional; relação conflituosa com a mãe; condições socioeconômicas desfavoráveis; falta de apoio do pai do bebê; transtornos de humor, parto traumático e prematuridade.

Assistência psicológica na gestação, por meio da utilização do PNP, é importante instrumento psicoprofilático que deve ser implementado como uma política pública emunidades básicas de saúde, maternidades e serviços de pré-natal.

3 Santos et al.

Tabagismo, nível elevado de estresse e má relação com o pai da criança e gravidez precoce.

Necessidade de novos estudos com amostragem mais propícia a apresentar diferenças estatísticas.

4 Santos; Serralha.

Desenvolvimento infantil, pois os bebês que viveram tal contexto apresentam apego inseguro, menos exploração do ambiente, sono irregular, baixa

É essencial que o transtorno seja identificado para que a mãe e o bebê recebam cuidado profissional adequado, minimizando os prejuízos

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autoestima, ansiedade e maior probabilidade de desenvolverem depressão na idade adulta.

da depressão pós-parto para ambos e para a família.

5 Brocchi; Bussab; David.

A DPP interfere na Interação mãe-filho diminuindo o desenvolvimento comunicativo-linguístico da criança,

Importância da interação mãe-filho para o desenvolvimento comunicativo-linguístico da criança, a influência dos aspectos socioafetivos, como a DPP.

6 Mendonça;

Bussab; Siqueira

Influência da DPP sobre o conflito conjugal.

A aplicação de métodos de análise sistêmica, como o modelo de equações estruturais não recursivo atual, revelou-se promissora.

7 Cardillo et al.

Sentimento de culpa e ansiedade

Importância do acompanhamento pré-natal individualizado, onde seja possível conhecer as vulnerabilidades, aspectos psicossociais pessoais e familiares, incluir o rastreamento de sintomas depressivos na anamnese e utilizar na rede de atenção, a referência e contra-referência.

8

Hartmann; Mendoza-

Sassi; Cesar

Depressão anterior, tristeza no último trimestre da gravidez e história de depressão na família, ter menor idade e ser multípara

Necessidade de novas ações na atenção às gestantes, principalmente durante a realização do pré-natal, visando a oferecer à mulher um acompanhamento mais global de sua gestação, assim como o suporte social e profissional de que necessita naquele momento.

9 Lima et al.

História anterior de depressão ou doença mental, gravidez não planejada ou não aceita, ausência de parceiro ou de suporte social, alto nível de estresse percebido e ter sofrido eventos adversos na vida, história

Recomenda-se que o profissional de saúde deve compreender o estado de maior vulnerabilidade psíquica da gestante, sem banalizar suas queixas e, quando necessário, solicitar apoio matricial dos profissionais de saúde

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de abuso ou violência doméstica, história passada ou presente de complicações gestacionais e perda fetal.

mental às mulheres grávidas com sofrimento mental.

10 Silva et al.

Sintomas de tristeza materna no período gestacional e puerperal, multiparidade, gravidez inoportuna, histórico de depressão e distúrbio do sono, fator socioeconômico

Necessidade de cuidados com a saúde mental da mulher no período gestacional e puerperal, visto que são períodos de vulnerabilidade e transformação.

11 Brito et al. Gravidez não pretendida Prevenção de gravidez indesejada ou inoportuna

12 Ângelo et al. Dor Medidas de reabilitação da

dor

13 Corrêa e Serralha

Relação conflituosas com as mães das puérperas e os modelos de mulher impostas pela sociedade

Desenvolver ações preventivas, ao considerarem as relações e experiências familiares.

14 Boska;

Wisniewski; Lentsck.

Ausência de acompanhante durante o parto, tipo de parto, baixa escolaridade,

Equipe de saúde deve ser capaz de reconhecer os fatores de riscos, os sinais e os sintomas da depressão, planejar e executar ações preventivas, estabelecendo um relacionamento seguro e de empatia com a puérpera e sua família. A atenção integral e humanizada deve estar presente na implantação de ações, utilizando-se para isso, as redes de apoio disponíveis.

Quadro 3–Relação dos fatores de riscos predisponentes para o desenvolvimento da DPP e principais recomendações dos estudos analisados.

Após a análise quantitativa dos dados, optou-se em utilizar o método de

análise temática para analisar, interpretar e agrupar os dados semelhantes.

Assim, emergiram duas categorias, fatores de riscos que predispõe o

desenvolvimento da Depressão pós-parto, e medidas preventivas capazes de

reduzir a incidência deste transtorno humor.

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Fatores de riscos que predispõe o desenvolvimento da Depressão pós-

parto

Com base no levantamento bibliográfico realizado neste estudo, foi

possível identificar alguns dos principais fatores de risco, que tem contribuído

para o desenvolvimento da DPP. Santos et al., (2017) buscaram analisar o

perfil epidemiológico daDPP em um município de médio porte da Serra

Catarinense, SC, seus resultados apontaram que cerca de 40% das puérperas

avaliadas tinham possíveis diagnósticos de DPP, e os principais fatores de

risco comum encontrados entre elas foram tabagismo, má relação com o pai da

criança e nível de estresse elevado.

Mendonça, Bussab e Siqueira, (2013), chamam atenção para os

conflitos conjugais, segundo os autores, à associação entre o desenvolvimento

da DPP e a falta de apoio social, especialmente do companheiro,pode ser um

dos fatores de risco para o desenvolvimento deste transtorno, porém seus

resultados apontaram que, aprobabilidade da DPP desencadear o conflito

conjugal é ainda maior.

Além disto, outro fator relacionado com o desenvolvimento da DPP é a

relação conflituosa entre a puérpera e sua mãe. Os resultados do estudo feito

por Corrêa e Serralha (2014), mostraram que a maioriadas participantes

demonstrou relação conflituosa com suas mães e trouxeram fortes indícios de

que os modelos de mulher(lugar e papéis sociais) e de maternidade

vivenciados e internalizados pelas participantes do estudo tiveram influência

nodesencadeamento e agravamento da depressão que as acometeu após o

parto.

Estes resultados deixam claro que, as relações sociais e afetivas da

puérpera, seja com seu companheiro ou com sua mãe, tem fortes associações

com o desenvolvimento da DPP.Neste sentido é de extrema importância que,

principalmente, neste período de fragilidade em que às puérperas se

encontram, os laços afetivos sejam mantidos. Porém o apoio não deve vir

apenas da família, mais pela sociedade como um tudo, principalmente dos

profissionais da área da saúde.

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Estudos realizados por Moraes et al, (2015) comparando puérperas que

deram à luz em um hospital particular com as de um hospital público em São

Paulo, identificaram uma associação entre a DPP com a frequência de conflitos

com o parceiro e relação negativa com anos de escolaridade e escore de apoio

social. Resultados mostraram uma prevalência de DPP de 26% nas puérperas

do hospital público, os fatores de riscos encontrados também foram maiores

nestas puérperas. Indicando que os fatores sociodemográficos e psicossocial

estão intimamente ligados ao desenvolvimento da DPP.

Outro fator de risco que tem sido bem debatido na literatura é a gravidez

não desejada. Segundo estudos feitos por Brito et al. (2015), 60,2% das

puérperas investigadas tiveram gravidez não planejada. Destas, 22,5%foram

inoportunas e 37,7% indesejadas. Os resultados deste estudo evidenciaram

uma prevalência25,9% de DPP nas puérperas.Além do mais, das mulheres que

relataramgravidez não planejada, 30,0% apresentaram sintomas depressivos

apóso parto.

Quanto aos principais sintomas depressivosem mães adolescentes,

destacam-seos sentimento de culpa, ansiedade, ideias de fazer mal à

si(CARDILLO et al. 2016), sofrerou ter sofrido violência psicológica (LIMA et al.,

2017) e a prevalência de dor de intensidade moderada e/ou intensa (ANGELO

et al., 2014). A depressão materna afeta ambos, mãe e filho, podendo haver

repercussões na vida em família, sendo essencial odiagnóstico deste

transtorno na prática clínica, onde todos os profissionais da atenção básica,

dentre esses, a enfermeira, para que se possa ser feito o tratamento adequado

nestas puérperas minimizando suas consequências.

Já em relação aos fatores socioeconômicos e demográficos, estudos

apontam que apouca idade, a multiparidade, baixa escolaridade e o fato de não

residir com marido/companheiro (MORAES et al., 2015) foram os principais

fatores associados à depressão. No que se refere aos fatores psicossomáticos,

destaca-se o distúrbio do sono (SILVA et al., 2017).

A literatura tem revelado ainda que a DPP pode acarretar prejuízos no

desenvolvimento cognitivo e sócio-afetivo da criança.Por exemplo, filhos de

mães com depressão crônica, tendem a ter escores significativamente mais

baixos nalinguagem expressiva. Além disto, o gênero da criança, também

influencia no desenvolvimento da relação mãe-filho, de acordo com estudos, os

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meninosparecem ser mais dependentes da mãe para estímulos da linguageme

sensíveis aos sintomas depressivos (BROCCHI; BUSSAB; DAVID, 2015).

Partindo deste pressuposto, nota-se quea DPP pode causar sérias

consequências não só para a mãe, mas para todos em sua volta. Estudos

revisados por Santos e Serralha (2015), apontam que crianças de mães que

tiveram DPP apresentam baixa autoestima, insegurança, menos exploração do

ambiente, sonoirregular, ansiedade e maior probabilidade de desenvolverem

depressão naidade adulta (SANTOS; SERRALHA, 2015). Assim, é de suma

importância que a DPP seja identificada para que a mãe e o bebê

recebamcuidado profissional adequado, minimizando os prejuízos da

depressão pós-parto para toda a família.

Medidas preventivas da Depressão pós-parto

Entre os fatores de proteção encontradas estão a escolaridademais

elevada, o planejamento da gravidez e continuidade da gestação (LIMA et al.,

2017).A prevenção de gravidez indesejada ou inoportuna deve ser realizada

por meio da difusão de informações e oferta de métodoscontraceptivos,

inclusive esterilização masculina efeminina, esta simples medida podereduzir a

chance do desenvolvimento da DPP nas puérperas (BRITO et al.,2015). Além

disto, a identificação de mulheres com gravidez não planejada duranteo pré-

natal pode contribuir para orientar o cuidado eapoiar essas mulheres durante a

gestação e o puerpério.

Arrais, Mourão e Fragalle, (2014) em seu estudo,propuseramavaliar a

contribuição dopré-natal psicológico (PNP)para prevenir a DPP. Segundo os

autores, o PNP é um programa no qual visa integrar a gestante e a sua família

em todo o processo gravídico-puerperal, através de encontros em grupo, com

ênfase psicoterápica na preparação psicológica para a maternidade e

paternidade e prevenção da depressão pós-parto (DPP). Resultados de seus

estudos mostraram que os fatores de riscos encontrados para o

desenvolvimento da DPP nas participantes do estudo puderam ser

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minimizados por meio da abordagem psicoterapêutica das sessões do grupo

de PNP, favorecendo a adaptação das puérperas neste período.

Neste sentido, observa-se que o PNP pode ser considerado um fator de

proteção, que minimiza o impacto dos fatores de risco presentes nas

puérperas, e dessa forma diminui a possibilidade da DPP.Os mesmos autores

destacam ainda que a assistência psicológica na gestação, por meio da

utilização do PNP como um instrumento pisico profilático, pode e deve ser

inserido nos serviços de saúde, visto que é um potencial preventivo para a DPP

(ARRAIS; MOURÃO; FRAGALLE, 2014).

A Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo é uma alternativa de

fácil e rápida aplicação, em que é possível identificar sintomas depressivos nas

mulheres e a partir disso, interligar ao diagnóstico clínico e iniciar as ações de

prevenção e de promoção da saúde mental para esta população (BOSKA;

WISNIEWSKI; LENTSCK, 2016). Foi possível observar nesta revisão que a

maioria dos estudos analisados utilizaram esta ferramenta de diagnóstico e

encontraram resultados significativos. Sendo assim, sugere-se que os

profissionais da saúde, façam uso desta escala nas unidades de saúde e após

os resultados, instalem medidas profiláticas e de tratamento para as puérperas

com diagnósticos sugestivos de DPP.

Do ponto de vista de políticas públicas com efeito preventivo,Moraes et

al. (2015), destaca a importância da educação formalde maior duração e mais

completa como um fator de proteção para adepressão pós-parto, além doapoio

social mais efetivo, do incentivo da adoção, por parte dos serviços de atenção

primária em saúde, de práticas preventivas e terapêuticas e deapoio às

gestantes e puérperas, principalmente as que tenham histórico de depressão.

A política do parto humanizado vem sendo visto na literatura como uma

efetiva medida de prevenção da DPP. Estudos tem identificado uma

associação significativa, com um efeito protetor, entre o suporte oferecido

àgestante pela equipe de saúde e a depressão, tanto no que diz respeito à

percepção do apoio oferecidopela equipe quanto ao acompanhamento

recebido (CORRIGAN; KAWASKY; GROH, 2015; HARTMANN;MENDOZA-

SASSI; CESAR, 2017). Esses achados mostram a importância de agestante

ser acolhida durante toda a sua internação, não apenas pela família e amigos,

mas tambémpela equipe de saúde, pois poderia reduzir o risco de depressão.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados desta revisão mostraram que os fatores

sociodemográficos, como baixa renda, pouca escolaridade, multiparidade,

tabagismo, gravidez não planejada, ser mãe solteira e fatores psicossocial

como relação conflituosa com o parceiro ou a família, estresse elevado, estão

intimamente ligados ao desenvolvimento da DPP.

Os sintomas depressivos não recebem a devida atenção pelas mulheres

pois, acreditam que eles fazem parte do processo gestacional e acabam sendo

visto como algo normal em puérperas, além disto, ainda persiste o preconceito

em torno da atenção à saúde mental por parte da sociedade, o que tem

tornado difícil a procura por tratamentos.

Visto que a DPP pode causar sérias consequências não só para a mãe,

mas para todos em sua volta, é de suma importância o desenvolvimento de

medidas preventivas e de tratamento que sejam capazes de minimizar os

riscos para o desenvolvimento deste transtorno.

Dentre as ferramentas que podem ser utilizadas como medidas

preventivas para a depressão pós-parto encontradas nesta revisão estão a

utilização da Escala de Depressão Pós-Parto de Edinburgh como um

instrumento de rastreamento de sintomas depressivos na assistência pré-natal,

a implantação de políticas públicas em saúde e a adoção do pré-natal

psicológico (PNP) para prevenir a DPP.

Além disto, as intervenções profissionais são essenciais. A equipe de

saúde deve ser capaz de reconhecer os fatores de riscos, os sinais e os

sintomas da depressão, planejar e executar ações preventivas, estabelecendo

um relacionamento seguro e de empatia com a puérpera e sua família. A

atenção integral e humanizada deve estar presente na implantação de ações,

utilizando-se para isso, as redes de apoio disponíveis.

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