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ARTIGOS DE REVISÃO 47 Risk factors in implant dentistry: a critical review Marcelo Barbosa RAMOS 1 , Paulo Maurício Batista da SILVA 1 , Gustavo Henrique Diniz PIMENTEL 2 , Max Dória COSTA 1 , Luiz Alves de OLIVEIRA NETO 1 , Pedro Cesar Garcia de OLIVEIRA 3 Fatores de risco em implantes dentais: uma revisão crítica 1. Doutorando em Reabilitação Oral, Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, SP, Brasil. 2. Professor Assistente, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil. 3. Professor Adjunto do Departamento de Prótese, Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, SP, Brasil. Endereço para correspondência: Marcelo Barbosa Ramos Departamento de Prótese – Faculdade de Odontologia de Bauru – USP Alameda Octávio Pinheiro Brisola, 9-75 Vila Universitária 17012-901 – Bauru – São Paulo – Brasil E-mail: [email protected] Recebido: 26/05/2011 Aceito: 03/08/2011 ABSTRACT This article describes the many failures and complications that can occur when using implants to support restorations. Most of these failures can be prevented with proper patient selection and treatment planning. Although implant therapy is already well established and predictable early complications and / or delayed are possible. The authors established a search strategy in MEDLINE (PubMed) from 1983 to 2011. Combinations was carried different keywords, including terms dental implants, biomechanical risk factors and failures in treatment planning. After eliminating double quotes, 98 abstracts articles and 27 articles full text were included. The purpose of this review is to summarize the critical factors of risk involved to implant dentistry as well as possible complications. These factors seem to be mostly related to iatrogenic causes of nature and partly related to the treatment plan. Therefore, special attention from professionals as is necessary correct documentation and a treatment strategy before, during and post-operative so that unwanted situations can be avoided. Key words: Dental implants. Risk factors. Dental prosthesis. RESUMO O sucesso dos implantes está baseado em uma adequada técnica, uma correta seleção de pacientes, uma cirurgia cuidadosa, restaurações provisórias e os cuidados pós- operatórios e de suporte. Embora a terapia de implante já esteja bem estabelecida e previsível, complicações precoces e/ou tardias são possíveis. Os autores estabeleceram uma estratégia de busca na base de dados MEDLINE (PubMed) entre 1983 e 2011. Foi realizado combinações de palavras- chave diferentes, incluindo os termos implantes dentários, fatores de risco biomecânicos e falhas no planejamento de tratamento. Depois de eliminando duplas citações, 98 resumos completos de textos de artigos e 32 artigos foram incluídos. O objetivo deste artigo é ressaltar a importância dos fatores de risco relacionados à implantodontia bem como possíveis complicações. Estes fatores parecem ser na maioria das vezes, relacionadas a causas de natureza iatrogênicas e em parte relacionada com o plano de tratamento. Por isso, especial atenção por parte dos profissionais se faz necessário como correta documentação e uma estratégia de tratamento pré, trans e pós-operatória para que situações indesejadas sejam evitadas. Palavras-chave: Implantes dentários. Fatores de risco. Prótese dentária. Innov Implant J, Biomater Esthet, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 47-54, maio/ago 2011

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ARTIgOS DE REVISÃO

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Risk factors in implant dentistry: a critical review

Marcelo Barbosa RAMOS1, Paulo Maurício Batista da SILVA1, Gustavo Henrique Diniz PIMENTEL2, Max Dória COSTA1, Luiz Alves de OLIVEIRA NETO1, Pedro Cesar Garcia de OLIVEIRA3

Fatores de risco em implantes dentais: uma revisão crítica

1. Doutorando em Reabilitação Oral, Faculdade de Odontologia de Bauru, universidade de São Paulo, Bauru, SP, Brasil.2. Professor Assistente, universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil.3. Professor Adjunto do Departamento de Prótese, Faculdade de Odontologia de Bauru, universidade de São Paulo, Bauru, SP, Brasil.

Endereço para correspondência:Marcelo Barbosa RamosDepartamento de Prótese – Faculdade de Odontologia de Bauru – uSPAlameda Octávio Pinheiro Brisola, 9-75Vila universitária17012-901 – Bauru – São Paulo – BrasilE-mail: [email protected]

Recebido: 26/05/2011Aceito: 03/08/2011

AbstrActThis article describes the many failures and complications that can occur when using implants to support restorations. Most of these failures can be prevented with proper patient selection and treatment planning. Although implant therapy is already well established and predictable early complications and / or delayed are possible. The authors established a search strategy in MEDLINE (PubMed) from 1983 to 2011. Combinations was carried different keywords, including terms dental implants, biomechanical risk factors and failures in treatment planning. After eliminating double quotes, 98 abstracts articles and 27 articles full text were included. The purpose of this review is to summarize the critical factors of risk involved to implant dentistry as well as possible complications. These factors seem to be mostly related to iatrogenic causes of nature and partly related to the treatment plan. Therefore, special attention from professionals as is necessary correct documentation and a treatment strategy before, during and post-operative so that unwanted situations can be avoided.

Key words: Dental implants. Risk factors. Dental prosthesis.

RESUMOO sucesso dos implantes está baseado em uma adequada técnica, uma correta seleção de pacientes, uma cirurgia cuidadosa, restaurações provisórias e os cuidados pós-operatórios e de suporte. Embora a terapia de implante já esteja bem estabelecida e previsível, complicações precoces e/ou tardias são possíveis. Os autores estabeleceram uma estratégia de busca na base de dados MEDLINE (PubMed) entre 1983 e 2011. Foi realizado combinações de palavras-chave diferentes, incluindo os termos implantes dentários, fatores de risco biomecânicos e falhas no planejamento de tratamento. Depois de eliminando duplas citações, 98 resumos completos de textos de artigos e 32 artigos foram incluídos. O objetivo deste artigo é ressaltar a importância dos fatores de risco relacionados à implantodontia bem como possíveis complicações. Estes fatores parecem ser na maioria das vezes, relacionadas a causas de natureza iatrogênicas e em parte relacionada com o plano de tratamento. Por isso, especial atenção por parte dos profissionais se faz necessário como correta documentação e uma estratégia de tratamento pré, trans e pós-operatória para que situações indesejadas sejam evitadas.

Palavras-chave: Implantes dentários. Fatores de risco. Prótese dentária.

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INTRODUÇÃO

O tratamento reabilitador oral tem crescido significativamente nos últimos anos. A maioria dos problemas relacionados à implantodontia são inconvenientes ligados ao tratamento ou plano de tratamento. Outros podem requerer grandes procedimentos corretivos cirúrgicos e protéticos18. Muitas falhas e complicações podem ocorrer quando os implantes são usados no tratamento reabilitador. Várias dessas falhas podem ser prevenidas com uma seleção apropriada do paciente e um plano de tratamento adequado.

Muitos pacientes consideram a fixação uma decisão importante por causa do medo cirúrgico e do fator financeiro. O planejamento e um correto plano de tratamento são fundamentais para o êxito na implantodontia. Em algumas ocasiões, o paciente pode não aceitar mudanças no plano de tratamento original e os interpretar como negligência e imperícia do profissional, com consequente, e, posterior reivindicação judicial contra o profissional29.

Os fatores de riscos que prejudicam uma adequada sequência de terapia são classificados em de ordem geral, de planejamento e biomecânicos. Os fatores de risco sistêmicos estão relacionados com a higiene oral, problemas relacionados à quantidade e qualidade de tecido periodontais e a hábitos nocivos como fumo/álcool e doenças sistêmicas. Os riscos relacionados ao planejamento relacionam-se diretamente ao plano de tratamento e execução do trabalho. Outros fatores estão relacionados aos problemas biomecânicos. Esta definição envolve complicações biológicas (sangramento, hiperplasia gengival, exudato purulento, bolsas profundas, reabsorção óssea) e complicações mecânicas (incluindo afrouxamento e/ou fraturas de parafusos, fraturas de implantes e materiais de revestimento). Porém alguns autores consideram casos de fraturas de parafusos de conexão ou de próteses como complicações e não falhas, uma vez que tais ocorrências têm condição de reversibilidade assegurada e podem ser corrigidas na maioria dos casos14-15.

O propósito deste artigo foi categorizar e descrever através de revisão de literatura as possíveis causas de falhas nos tratamentos com implantes dentários, bem como a forma de preveni-las, procurando enfatizar os principais fatores de risco mais comuns diretamente relacionados à técnica, sejam elas nas etapas cirúrgicas e protéticas.

Os autores, que são especialistas em periodontia, dentística e prótese dentária, estabeleceram uma estratégia de busca para decidir, com base nas melhores evidências disponíveis, os principais fatores relacionados aos riscos em implantodontia. A pesquisa foi realizada através de uma busca na base de dados MEDLINE (PUBMED) da literatura publicada entre 1983 e 2011. Foi realizado combinações de palavras-chave diferentes, incluindo os descritores implantes dentários, fatores de risco biomecânicos e falhas no planejamento de tratamento. Depois de eliminando duplas citações, 98 resumos e 29 artigos completes foram incluídos. Resumos que não estivessem disponíveis na língua inglesa, assim como relatos de casos clínicos foram excluídos.

Todos os trabalhos relevantes considerados foram publicados em língua inglesa e a apresentação das informações relacionadas ao assunto foram considerados para a inclusão. Adicionalmente, bibliografias de livros clássicos e artigos de revisão sistemática foram incluídos.

REVISÃO DE LITERATURA

FATORES DE RISCO DE ORDEM gERALOs fatores de risco de ordem geral estão relacionados com alguns

aspectos entre os quais podemos citar: higiene oral, doença periodontal, quantidade e qualidade de tecido periodontais, hábitos nocivos fumo/álcool e doenças sistêmicas.

Higiene oral e doença periodontalA relação entre placa bacteriana, gengivite e inflamações de tecidos

peri-implantares é algo já comprovado. A necessidade de um protocolo no intuito de eliminar doenças periodontais pré-existentes é indispensável. O acúmulo de placa bacteriana (Figura 1) pode provocar desde mucosites até peri-implantites, situação em que uma reação inflamatória leva à perda óssea ao redor dos implantes16. Sendo assim, os pacientes deveriam demonstrar habilidade em manter sua própria escovação ou higiene antes de se submeterem a este tipo de procedimento reabilitador 12,20,33.

Figura 1 - Avaliação periodontal e instruções de controle de placa bacteriana.

Qualidade e quantidade dos tecidosA relação entre a condição do tecido ósseo e periodontal (Figuras 2a e

2b) e a sobrevivência dos implantes é fundamental, e a ausência de mucosa ceratinizada pode comprometer a longevidade dessas fixações. Na fase de planejamento, é necessário determinar se a terapia de aumento de tecidos moles deve ser realizada antes, durante ou após a colocação dos implantes. A ausência de mucosa ceratinizada sobre rebordo reduzido ou delgado aumenta as possibilidades de insucesso com implantes7.

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Figura 2a - Radiografia panorâmica das condições prévia à fase cirúrgica.

Figura 2b - Avaliação da condição periodontal e dos tecidos de suporte após a fixação e instalação das coroas provisórias.

Embora o tratamento com implantes dentários mostre elevada taxa de sucesso, falhas ainda ocorrem em função de problemas mecânicos e biológicos, decorrentes de falta de planejamento, não observância de princípios durante as etapas cirúrgicas e protéticas ou mesmo falta de manutenção dos tratamentos executados. Taxas de sucessos deveriam incluir outras informações além das relacionadas com a estabilidade das fixações, como também: estabilidade óssea ao redor dos implantes, ausência de sintomatologia ou infecção dos tecidos peri-implantares6,21,30.

Fatores de risco sistêmicosO fumo causa efeitos deletérios na cavidade oral e tem sido associado

com o câncer oral, doença periodontal, estomatite nicotínica e sangramento gingival10. Fumantes de cigarro apresentam tanto efeitos diretos na exposição de tecidos moles, através da formação de uma pressão negativa intraoral, com consequente efeito deletério sobre a cicatrização de feridas, quanto efeitos sistêmicos que diminuem a irrigação e oxigenação dos tecidos7. Estudos têm demonstrado que um dos principais fatores que conduz ao fracasso com implantes é o hábito de fumar, uma vez que o fumo reduz a vascularidade óssea, deixando seu potencial de cicatrização reduzido. Fumantes têm duas vezes mais predisposição para o fracasso com implantes que os não fumantes14-15. Embora seja difícil relacionar o aumento de falhas de implantes a algum fator específico, o retardo da cicatrização e infecções peri-implantares apresentam taxas de falha significantemente maiores em fumantes9,19.

A associação do álcool com patologias da mucosa oral é também bem conhecida. Álcool concentrado pode causar queimadura química na mucosa e aumentar sua fragilidade epitelial, descamação e contração da ferida. Em estudos animais, a aplicação de etanol 70% diretamente na mucosa tem sido mostrada por causar descamação epitelial23,25.

Doenças endócrinas, especialmente a diabetes, pode representar um risco sistêmico para o fracasso do implante. A relação entre a perda de implante e o diabetes está provavelmente relacionada com a produção exagerada de mediadores inflamatórios, e prejuízo na função leucocitária32.

Mulheres na fase pós-menopausa requerem cuidados especiais por causa da diminuição de estrogênio e progesterona e alterações no metabolismo ósseo. Na verdade, este grupo de pacientes apresenta redução na massa e na densidade óssea alveolar22. Um estudo prospectivo testou a hipótese de que mulheres na pós-menopausa tivessem menores taxas de osseointegração do que mulheres pré-menopausa e controle masculino. Os resultados mostraram que a deficiência de estrogênio e as alterações ósseas resultantes associadas com a menopausa podem ser fatores de risco sistêmico para a falha de implantes dentários4.

FALhAS BIOLÓgICASAs falhas biológicas devem ser consideradas todas as vezes que ocorre

deficiência do hospedeiro em estabelecer ou manter a osseointegração. Apresentam-se clinicamente como: sangramento, hiperplasia gengival, exudato purulento, bolsas profundas, reabsorção óssea. As falhas biológicas geralmente são consequências de falhas ou iatrogênias na técnica cirúrgica, na sutura, ou mesmo no processo de cicatrização.

Falha na técnica cirúrgicaO sucesso na osseointegração dos implantes é definido como

adequadamente funcional adequado quando sem sinais clínicos ou radiográficos de perda óssea ou mobilidade. Enquanto fixação inicial do implante é consequencia simplesmente da estabilização mecânica primária, a osseointegração com um íntimo contato íntimo entre o osso vivo e a superfície de titânio requer várias semanas para aposição óssea direta na superfície do implante e adaptação estrutural posterior em resposta às cargas mecânicas1.

A distribuição dos implantes deverá ser feita de forma a se conseguir a maior ancoragem possível de acordo com as limitações anatômicas. Um importante componente na implantodontia é a precisa e atraumática preparação do leito ósseo5. O sítio do implante deverá ser preparado de acordo com a qualidade óssea local. A velocidade de fresagem associada à eficiência do corte e a irrigação interna garatem uma preparação segura e atraumática do leito ósseo. A utilização de brocas novas visa evitar o superaquecimento, e, consequente, necrose óssea, assim como aumentar a estabilidade inicial, especialmente em osso tipo IV, viabilizando o sucesso da osseointegração.

Falha no processo de cicatrizaçãoA cicatrização é influenciada por fatores locais e sistêmicos. As infecções

podem ocorrer ao longo da linha da sutura. Infecção pós-operatória dos tecidos moles pode ser atribuída à falta de aperto do parafuso de cobertura, a contaminação pré-operatória ou resíduos retidos na sutura5. Essas situações podem impedir que o tecido conjuntivo seja reparado, uma vez que ocorre a liberação de neutrófilos e enzimas lisossomais, e, como consequência,

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proteólise (quebra de tecido) perpetuando a resposta inflamatória. Além disso, bactérias locais da superfície granular, ocasionalmente, inibem a epitelização especialmente através de alguns estreptococos31.

Os fatores gerais podem interferir com a cicatrização de feridas como idade, a baixa concentração de proteína sérica, vitaminas A, C e K, número reduzido de eritrócitos, liberação de histamina e hormônios2. Condições patológicas que causam pobre vascularização e diminuem a resposta inflamatória, como diabetes mellitus, anemia, uremia, doenças do colágeno e icterícia também podem desempenhar um prejuízo na cicatrização28. Em geral, a causa mais importante de demora na cicatrização é a interferência na microcirculação.

Falha na suturaO principal objetivo da sutura é o reposicionamento e coaptação dos

retalhos cirúrgicos para promover a hemostasia e adequada cicatrização. Uma sutura correta depende de uma adequada técnica, materiais de boa qualidade e um protocolo correto. A falha de uma sutura resulta em uma incapacidade para aproximar retalhos de tecidos podendo resultar em uma área exposta do osso alveolar, contribuindo para a necrose, dor, perda óssea e atraso da cicatrização17.

FALhAS DE PLANEJAMENTOO sucesso clínico e a longevidade do implante como suporte de uma

prótese dependem de vários fatores. O planejamento reverso consiste em primeiro planejar a prótese e, em função desta, realizar a instalação cirúrgica dos implantes. As falhas de planejamento estão associadas a alguns fatores entre os quais destacamos17,26.

Posição dos implantesO tipo mais comum de falha é causada por um plano de tratamento

deficiente e/ou execução cirúrgica inadequada. A colocação do implante deve ser guiada e controlada de forma precisa, a fim de suportar as próteses, isto é, a restauração deve orientar a colocação do implante e o planejamento deve levar em conta a forma e posição da restauração27.

Um adequado posicionamento do implante pode reduzir os riscos de fraturas, além de minimizar a reabsorção óssea ao redor dos implantes. Uma inadequada orientação axial ou mal posicionamento dos implantes, difilcultam significativamente a construção da prótese17,27 podendo levar a problemas biomecânicos para a conexão intermediário-implante, e, em situações severas sobrecarga nos implantes27.

Número de implantesAtravés do enceramento de diagnóstico, obtém-se a extensão protética

da região a ser reabilitada e quantos elementos protéticos serão necessários na reabilitação. É fato que um número maior de implantes para um determinado espaço protético suporta melhor as cargas mastigatórias dissipando no osso o estresse de forma mais efetiva. Todavia, espaços muito próximos entre implantes podem levar a comprometimentos biológicos, em função da pouca vascularização do remanescente ósseo entre implantes, além da dificuldade de higiene após a construção da prótese. Portanto, para decidir o número de implantes, devemos levar em consideração o espaço mesiodistal, o volume, a densidade óssea e a oclusão em relação à dentição antagonista26.

tipos de implantesEmbora não haja diferença significativa no índice de sucesso clínico

de implantes lisos ou de superfície rugosa, dados recentes sugerem que implantes com superfície rugosa oferecem maior contato ósseo favorecendo a cicatrização, além de proporcionar uma maior fixação do implante durante o período cicatricial8. Atualmente, praticamente todos os implantes apresentam algum tipo de tratamento de superfície, e, em função disso, numerosos tipos de superfícies têm sido desenvolvidos visando uma melhor performance clínica12.

diâmetro dos implantesUm dos fatores que contribuem tanto para o sucesso quanto para falhas

dos implantes é o seu diâmetro, que deve estar diretamente relacionados com a espessura óssea, espaço interdental, estética e oclusão. Implantes curtos de plataforma larga são biomecanicamente mais apropriados para substituição dos dentes posteriores devido aos contornos biológicos semelhantes àqueles encontrados nas cervicais dos dentes naturais8. Entretanto, implantes de largo diâmetro em osso delgado, com menos de 1 mm de espessura entre as tábuas ósseas (V-L), podemos ter deiscência óssea (Figura 3a e 3b), em função da pequena irrigação14-15.

Figura 3a - Esquema mostrando deiscência óssea.

Figura 3b - Recessão em área estética após a conclusão dos trabalhos protéticos.

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Comprimento dos implantesVários tamanhos de implantes podem ser encontrados no mercado,

variando entre 7 mm e 20 mm. Porém, seu uso está condicionado à altura do remanescente ósseo. O sucesso a longo prazo dos implantes depende da quantidade óssea existente entre osso-implante que é proporcional ao comprimento, superfície e qualidade óssea disponível. Por outro lado, as falhas podem aumentar à medida que a ancoragem óssea diminui. Portanto, deve-se evitar colocar implantes curtos onde a estrutura óssea permite implantes mais longos14-15.

FALhAS MECÂNICASAs falhas mecânicas estão relacionadas a algumas situações entre as

quais destacamos30.

Próteses provisóriasO papel dos provisórios vão desde a manutenção ou recuperação

da saúde periodontal, passando pelo restabelecimento oclusal até a reabilitação estética e functional. Os pacientes deverão ser orientados sobre a necessidade de mudanças na dieta e orientados sobre os riscos e potenciais consequências de uma sobrecarga precoce sobre os implantes na fase de provisórios13.

Hábitos parafuncionaisBruxismo e apertamento podem criam algumas complicações uma

vez que comprometem componentes protéticos e materiais de cobertura, além de força excedende a capacidade do osso em suportar tais cargas. No apertamento dental as cargas excessivas são verticais, ao passo que no bruxismo (Figura 4) forças excêntricas ao longo eixo estão presentes, podendo causar afrouxamento ou mesmo fratura de parafusos. Embora não represente uma contra-indicação para implantes, o bruxismo pode influenciar decisivamente no planejamento.

Figura 4 - Paciente em habitual com bruxismo e desgaste severo. 

Caso a parafunção não seja diagnosticada, interceptada e tratada adequadamente, poderão ocorrer complicações, tais como fratura de componentes protéticos, de material de cobertura, da infra-estrutura metálica e do próprio implante, além da possibilidade de perda da osseointegração.

Espaço entre implantesO espaço entre implantes deveria ser de 3-5 mm, dependendo do tipo

de osso e, entre implante e dente, no mínimo 2 mm (Figuras 5a e 5b). Esses espaços devem permitir um adequado protocolo de higiene da próteses7,14.

Figura 5a - Espaço minímo de 3 mm entre implantes e de 2 mm entre dente e implante.

Figura 5b - Radiografia periapical transcirúrgica.

Extensões protéticasO cantiléver aumenta os riscos de sobrecarga sobre os implantes (Figura

6). Sempre que possível, deve-se evitar extensões protéticas. Entretanto, quando sua utilização for necessária, deverá ficar para mesial dos implantes instalados. Nos casos de protocolo inferior, em que os cantilévers são obrigatórios e para distal, deverão ter extensão aproximada de 20 mm26.

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Figura 6 - Cantiléver aumenta os riscos de sobrecarga sobre os implantes.

Altura da restauraçãoQuando a altura do complexo pilar-coroa é exagerado o braço de

alavanca para o implante é consideravelmente maior. Caso as forças laterais sejam aumentadas, aumentam-se os riscos de fratura de parafusos e dos componentes. Portanto, torna-se fundamental uma desoclusão nas excursões protrusivas e laterais facilitadas3,26.

Falhas de componentesAlgumas falhas de componentes são relatadas na literatura como:

afrouxamento e/ou fraturas de parafusos, fraturas de implantes e fraturas dos materiais de revestimento26. Durante a fase protética devemos observar alguns aspectos como a passividade de assentamento dos componentes, assim como o torque aplicado no intermediário e no parafuso da prótese. O desajuste entre prótese/implante ou intermediário é encontrado com certa frequência, e, em próteses unitárias, especialmente em região posterior, pode causar tensão nos parafusos, tornando-se um fator de risco3.

União dente-implantesA união dente-implante é um fator de risco, uma vez que os dentes

apresentam mobilidade 10 x maior que implantes26. A percepção oclusal em dentes é em torno de 20 μm, já em união dente-implante gira em torno de 40 μm. Quando a oclusão ocorre apenas entre implantes, a percepção é de aproximadamente 64 μm. Portanto, a união dente-implante deve ser evitada sempre que possível (Figura 7).

Figura 7 - união dente-implante deve ser evitada.

oclusão x implantesUm esquema de oclusão mutuamente protegida, com cúspides baixas e

plataforma oclusal reduzida da prótese facilita o direcionamento das forças favorecendo a biomecânica e minizando os efeitos deletéricos. O controle das forças pela correta aplicação dos princípios de oclusão também é facilitado pela ferulização das próteses através de conectores rígidos. Um ajuste oclusal criterioso é indispensável nas reabilitações implantossuportadas, especialmente nos casos de pacientes com parafunção, onde cargas oclusais excessivas estão presentes. Esse  problema pode ser minimizado com uso de placas oclusais acrílicas. Em overdentures e prótese tipo protocolo, a oclusão deve ser muito bem distribuída, com forças distribuídas sobre o maior número de implantes e os cantilevers reduzidos sempre que possível26.

Controle das reabilitaçõesÉ de extrema importância o acompanhamento (clínico e radiográfico)

dos pacientes pelo profissional. A higienização com o uso de escovas interdentais e o fio dental é indispensável. A saúde do tecido peri-implantar deve ser mantida estável e saudável. A falta de instruções detalhadas no pós-operatório para o paciente ou falha por parte do paciente em dar cumprimento às instruções do profissional podem levar a situações de difícil resolução posterior. Má comunicação entre os profissionais e entre o profissional e o paciente podem levar ao fracasso do tratamento.

DISCUSSÃO

As taxas de sucesso em implantodontia são consideravelmente altas para pacientes tratados com implantes dentários. As falhas ocorrem geralmente em um ritmo baixo, mas tendem a aumentar em pacientes com doenças sistêmicas e fatores de riscos evidentes relacionados aos implantes, técnicas, anatomia, saúde sistêmica, oclusão e respostas inflamatórias do hospedeiro.

Uma parte importante de qualquer tratamento, especialmente de tratamentos eletivos, devem incluir o planejamento adequado e a

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correta interpretação das informações coletadas durante as consultas de diagnóstico, isto é, o planejamento reverso é um pré-requisito para todo tratamento odontológico eletivo. A maioria dos erros clínicos ocorre na fase pré-operatória reforçando a idéia de que a maioria dos erros poderia ter sido evitada12.

O posicionamento desfavorável do implante deve ser relevado26-27. Alguns profissionais tendem a negligenciar a importância da localização correta do implante por sua tendência otimista em acreditar que uma posição desfavorável poderia ser corrigida durante a fase protética do tratamento. Infelizmente, isso nem sempre é possível. Alguns estudos11,18,26 mostram que tais casos, podem comprometer todo o plano de tratamento, levando a uma grande frustração tanto do paciente quanto do profissional.

Outros tipos de falhas envolvem fratura e quebra de próteses. Muitos dos materiais usados para restaurar implantes são derivados de restaurações convencionais, como, por exemplo, resinas de base de dentaduras. Usuários de próteses totais desenvolvem força de mordida relativamente menor comparado a força gerada com restaurações implantossuportadas. A fratura é uma falha comum de restaurações tipo overdenture e protocolo10,34.

Falhas iatrogênicas também ocorrem com certa frequência. O torque aplicado aos parafusos nos intermediários devem obedecer as instruções do fabricante. Danos no implante podem ocorrer quando a força aplicada é excessiva. A queba de componentes protéticos ocorrem com uma certa frequência podendo levar a exposição de implantes e comprometimento do trabalho protético10,34.

Sobrecarga oclusal em um implante osseointegrado ocorre quando o limite de carga definida pelo fenômeno biológico de osseointegração é excedido. Pouco se sabe sobre esse limite biológico e o potencial fator influente como a qualidade do osso, modificações superfície do implante, e do tipo e direção de forças34. Enquanto o apertamento exerce forças primariamente verticais, o bruxismo cria forças laterais excessivas, que são menos toleradas pelo organismo. Sobrecargas resulta em uma súbita perda de osseointegração com mobilidade do implante24,26.

Portanto, o cirurgião-dentista deve manter sempre o controle da situação clínica e radiográfica, a fim de detectar complicações precoces. Com um bom acompanhamento, muitas dessas complicações podem ser diagnosticadas e resolvidas, não comprometendo a reabilitação. Próteses mal adaptadas, contatos oclusais inadequados, má-higienização são exemplos de problemas que podem ser revertidos com a intervenção do profissional. Em qualquer situação, o controle do profissional e os cuidados dos pacientes são essenciais para o sucesso dos tratamentos reabilitadores com implantes dentais10-11,34.

CONCLUSÃO

A seleção dos pacientes antes da cirurgia e a obediência a certos princípios nas etapas cirúrgica e protética, assim como uma boa manutenção dos trabalhos executados são medidas imprescindíveis para prevenir complicações nas reabilitações com implantes. É indispensável prevenir o fracasso do tratamento por meio de um planejamento adequado que facilite o estabelecimento da osseointegração, bem como a preservação da osseointegração já conseguida. A preocupação do profissional não se deve se restringir ao planejamento e tratamento, mas também no controle

e manutenção, para que se possa detectar complicações precoces, fazer intervenções e, assim, obter maior longevidade e bem estar do paciente nas reabilitações com implantes.

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Fatores de risco em implantes dentais: uma revisão crítica

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