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HISTOFISIOLOGIA DOS TECIDOS DENTAIS E DO PERIODONTO ESMALTE O esmalte é um tecido altamente mineralizado, recobrindo a coroa dentária, e único, pois é totalmente acelular. É produzido como resultado da atividade de secreção e de reabsorção das células epiteliais. Além disso, sua matriz consiste de uma matriz protéica singular com ausência de colágeno, o principal consitutinte da matriz dos tecidos mineralizados que surgem a partir do mesoderma e do ectomesênquima. 1. Composição química: -Mineral (hidroxiapatita) = 96% -Orgânico (proteínas) + água = 4% Características físicas:

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HISTOFISIOLOGIA DOS TECIDOS DENTAIS E DO PERIODONTO

ESMALTE

O esmalte é um tecido altamente mineralizado, recobrindo a coroa dentária, e único, pois é totalmente acelular. É produzido

como resultado da atividade de secreção e de reabsorção das células epiteliais. Além disso, sua matriz consiste de uma matriz protéica

singular com ausência de colágeno, o principal consitutinte da matriz dos tecidos mineralizados que surgem a partir do mesoderma e do

ectomesênquima.

1. Composição química:

-Mineral (hidroxiapatita) = 96%

-Orgânico (proteínas) + água = 4%

Características físicas:

As características físicas do esmalte fazem dele uma excelente cobertura para a coroa dentária e são apropriadas para suas

funções principais: permitir mastigação e proteger a dentina e a polpa subjacente. É o tecido mais duro e mineralizado do corpo, e essa

característica é adquirida porque com a maturidade, ele ganha em conteúdo mineral o que perde em material orgânico e água. Devido ao

alto conteúdo mineral o esmalte dental é duro e friável (quebradiço) sendo translúcido em condições normais. O esmalte é

relativamente impermeável em comparação com a dentina. Poros, como na dentina, não existem, embora encontram-se intervalos

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mínimos entre os cristais pondendoc onter material orgânico/água. A sua superfície é mais mineralizada e mais dura do que o esmalte

profundo. Isso subentende que o aumento do conteúdo mineral ocorra às expensas dos intervalos mínimos entre os cristais.

Componente cristalino

A massa do esmalte maduro consiste em 96% de material inorgânico, e esse componente é constituído quse que inteiramente por

cristais de hidroxiapatita. Além da hidroxiapatita, o esmalte tem carbonato e outros traços de metais. Uma vez que não existe

renovaçãoo do esmalte, os traços de elementos aos quais o indivíduo é exposto durante o período de desenvolvimentos dos dentes

tornam-se incorporados e permanecem na substância mineralizada do dente. Algusn tem potencial cariostático, como o fluoreto.

Matriz orgânica do esmalte

O material orgânico é o menor componete do tecido maduro do esmalte. O papel dos componentes orgânicos é principalmente o

de direcionar o crescimento dos cristais do esmalte, no seu desenvolvimento. No esmalte maduro, esse material remanescente

aparentemente não tem função, embora tem-se considerado que junto com a água, seu papel pode ser o de unir os cristais do esmalte.

A matriz orgânica é composta principalmente por proteínas e lipídeos. Podem ser produtos liberados pelos ameloblastos ou exógenos (o

mais comum é albumina do soro).

Elementos estruturais do esmalte

Os prismas de esmalte são as unidades estruturais cristalinas do esmalte. A maioria dos prismas de esmalte se estende desde a

JAD até a superfície externa do esmalte. Consequentemente, cada prisma é orientado de modo quase perpendicular à JAD e à superfície

externa do esmalte. Dessa forma, cada prisma varia em comprimento porque a largura do esmalte varia nas diferentes regiões da coroa.

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Aqueles próximos às cúspides ou margens incisais, onde o esmalte é mais espesso, são mais longos quando comparados àqueles

situados nas proximidades da JAC. O curso dos prismas não ocorrem em linha reta, mas assumem graus variados de curvatura desde a

JAD até a superfície externa do esmalte. Esse trajeto revela s movimentos dos ameloblastos durante a produçãoo de esmalte. Os

processos de tomes determinam a forma específica de cada prisma, que geralmente possuiu aspecto cilíndrico em secções longitudinais.

Na maior parte do esmalte, os prismas são empilhados em fileiras. Circundando a parte externa encontra-se a região aprismática.

Características microscópicas

Junção amelodentinária (JAD): Representa a interface entre duas matrizes mineralizadas muito diferentes, uma originada do

ectoderma e outra do ectomesênquima. Sua natureza festonada e o restultante aumento da área superficial capacitam o entrelaçamento

das duas áreas. Acredita-se que proteínas sirvam como agente cimentante para a dentina e o esmalte (promovendo centros de nucleação

para mineralização). Sua face convexa está voltada para a dentina, ao passo que a face convexa está voltada para o esmalte.

Linhas de Retzius: Aparecem como linhas incrementais que tem a cor marrom em preparações de esmalte maduro. São

compostas por faixas transversais sobre prismas de esmalte, e em secções transversais aparecem como anéis concêntricos. Associadas

às linhas de Retzius aparecem as periquimácias, observados nas faces não mastigatórias de alguns dentes. Alguns pesquisadores

defendem que a estriação presente nos primas é resultado do ritmo metabólicos dos ameloblastos em 24hs (período de atividade),

seguido de um período de repouso.

Fusos do esmalte: São pequenos túbulos dentinarios próximos à JAD, e resultam de odontoblastos que atravessaram a

membrana basal antes de ela estar mineralizada dentro da JAD e tornam-se aprisionadas durante a aposição da matriz de esmalte, que

se mineraliza ao redor deles. Os Tufos de esmalte são pequenas estruturas semelhante a tufos, cujas bases estão próximas a JAD, sendo

encontrados no terço interno do esmalte e são áreas de maior mineralização.

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Os prismas são formados devido à variação na orientação dos cristais de hidroxoapatita. A diferença de orientação dos cristais

entre dois prismas vizinhos faz com que o limite entre estes seja visível (Esquema 1).

Esquema 1. Orientação dos cristais de hidroxiapatita nas camadas aprismática (A) e prismática (P) do esmalte dental. Notar que no esmalte aprismático os cristais são paralelos entre si e perpendiculares à superfície do esmalte dental. A orientação dos cristais varia em um mesmo prisma e que na região que delimita dois prismas () a diferença de orientação dos cristais é máxima.

4. Linhas incrementais

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A formação do esmalte se inicia na ponta das cúspides ou das regiões incisais. A primeira camada de esmalte dental é sintetizada

sobre a dentina e prossegue até que seja completada toda a espessura do esmalte. O esmalte é sintetizado por células denominadas de

ameloblastos, sendo que estas células são sensíveis as variações metabólicas que ocorrem no organismo. O organismo humano possui

um ciclo chamado de cercaceptano que ocorre aproximadamente a cada 9 dias. No final de cada ciclo aparece uma linha chamada de

estria de Retzius. Quando chega a superfície do esmalte estas linhas formam ondulações chamadas de periquimáceas. A contagem das

estrias de Retzius ou das periquimáceas têm sido usada em estudos antropológicos para se comparar o tempo de formação do esmalte

dental de espécies de hominídeos que viveram há milhões de anos com a de humanos. Estrias mais evidentes e conspícuas podem ser

formadas por alterações metabólicas oriundas de processos patológicos como desnutrição, febre, intoxicação por flúor ou metais

pesados durante a formação do esmalte dental. Estrias também podem ser formadas por ingestão de medicamentos que se incorporam

ao esmalte dental, sendo a tetraciclina o melhor exemplo. A linha neonatal do esmalte, que se forma durante a transição da vida intra e

extra-uterina (trauma do parto), pode ser observada em caninos e primeiros molares decíduos, pois o esmalte destes dentes está sendo

formado no final da gestação.

O organismo humano e da maioria dos vertebrados também possui um ciclo diário denominado de ciclo circadiano que é

comandado pelo hormônio melatonina. Este ciclo também fica registrado no esmalte dental na forma de linhas tênues transversais nos

prismas (figuras 4 e 5). As estrias transversais podem ser utilizadas em estudos onde se procura comparar a velocidade de crescimento

do esmalte durantes suas diferentes fazes de formação ou entre diferentes espécies ou ainda quando se pretende comparar a velocidade

de formação do esmalte entre pessoas normais e portadores de patologias.

Considerações clínicas.

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O esmalte dental é transparente em condições normais. Manchas no esmalte podem ser causadas por uma infinidade de causas.

As manchas superficiais podem se causadas por pigmentos contidos nos alimentos ou bebidas ou mais comumente no cigarro em

fumantes. Estas manchas podem ser facilmente removidas pela escovação ou polimento do esmalte dental. As manchas mais profundas

não são simplesmente removidas. Manchas escurecidas causadas por pigmentos orgânicos podem ser removidas por agentes

clareadores. Manchas esbranquiçadas oriundas de alterações durante a formação do esmalte podem ter tratamento mais complexo

(quando tratáveis) e devem ser avaliadas caso a caso.

O tratamento da superfície do esmalte dental com ácidos (ataque ácido) é um procedimento comumente utilizado em

odontologia. O ataque ácido é feito para se aumentar à adesão de braquets ortodônticos, aplicação de selantes em dentes e em

restaurações em dentes anteriores. O ataque ácido se fundamenta na dissolução diferencial dos prismas do esmalte. Em um mesmo

prisma o acido vai dissolver mais efetivamente os cristais de hidroxiapatita que estão orientados perpendicularmente a superfície do

esmalte. Este processo resulta na formação de microreentrâncias na superfície do esmalte que aumentam a adesão do material aplicado.

DENTINA

A dentina é formada principalmente pelos produtos de secreção dos odontoblastos e seus processos. É o tecido duro que constitui o corpo

de cada dente, servindo tanto como uma cobertura protetora para a polpa como um suporte para o esmalte sobrejacente. Ao contrário do esmalte,

a dentina é um tecido vital. O componente principal da matriz dentinaria, o colágeno, dá resiliência necessária para a coroa suportar as forças da

mastigação.

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1. Função e Composição:

A principal função da dentina é fornecer suporte para o esmalte dental. Para tal finalidade a dentina necessita ao mesmo tempo ser um

tecido duro, porem com certa elasticidade, sendo que estas propriedades são fornecidas pelo equilíbrio entre os componentes mineral e orgânico

que formam este tecido. A porção mineral, assim como no esmalte, é formada por cristais de hidroxiapatita compreendendo aproximadamente

70% da massa do tecido. A hidroxiapatita é o principal componente inorgânico encontrado. O alto conteúdo mineral da dentina a torna mais dura

do que o cemento e o osso, apesar de mais macia do que o esmalte. A matriz orgânica constitui aproximadamente 20% da massa da dentina

sendo formada principalmente pelo colágeno I. As moléculas do colágeno I possuem a capacidade de se polimerizar para formar fibrilas. Estas

fibrilas se agregam para formar uma rede (semelhante a uma esponja) tridimensional sobre a qual se depositam os cristais de hidroxiapatita. Os

10% restantes são constituídos de água.

Estrutura

A principal peculiaridade da dentina que a distingue dos demais tecidos calcificados do organismo é a presença dos canalículos (ou

túbulos) dentinários (Figs 7 e 8). Como sugere o termo os canalículos são pequenos canais que se estendem perpendicularmente à superfície

dental desde o limite com a polpa até o limite com o esmalte na coroa ou com o cemento na região da raiz. Estes canalículos possuem em seu

interior um prolongamento citoplasmático, o prolongamento do odontoblasto (Fig. 6). O odontoblasto é a célula responsável pela síntese da

dentina e cujo corpo celular se localiza na periferia da polpa. Durante a síntese da dentina os odontoblastos sintetizam inicialmente a matriz

protéica, que forma uma camada entre os odontoblastos e a dentina mineralizada. Esta camada é denominada de pré-dentina, que será num futuro

próximo mineralizada transformando-se na dentina (Fig. 7).

Classificação

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A dentina pode ser classificada em tipos distintos baseados na localização, composição da matriz, estrutura e no padrão de

desenvolvimento. A dentina mais próxima à JAD da coroa é formada primeiramente e é chamada dentina do manto. Na JAD, a dentina do

manto e o esmalte estão interligados, dando a JAD uma aparência festonada. A dentina do manto consiste em fibras colágenas relativamente

grandes que ocorrem perpendicularmente a JAD e tem estrutura altamente organizada. Na raiz, subjacente a dentina do manto, encontra-se a

dentina circumpulpar, que tem fibras colágenas em menor diâmetro e mais aleatoriamente orientadas. A região que separa essaa duas camadas

apresenta um aquantidade caracteristicamente alta de dentina interglobular. A dentina mais próxima a cada tubo é hipermineralizada e com

ausência de colágeno. Ela cerca a área do túbulo, mas é formada no interior do túbulo, sendo chamada de dentina peritubular (mais apropriado

de intratubular), e sua depoiso inicia-se logo após a completa formação da dentina do manto. Sob desmineralização, a dentina intratubular

praticamente desaparece, deixando vestígios de material orgânico. O restante da matriz de dentina, que se encontra entre os túbulos é chamado

de matriz intertubular.

Pode ser classificada como de desenvolvimento como resultado de interações embriológicas, ou fisiológicas quando formada em

reação a estímulos ambientais:

Dentina primária: Formada antes e durante a erupção.

Dentia secundária e terciária: Chamadas de fisiológicas, são formadas como resultado de fisiologismo normal estímulos patológicos,

respectivamente. A secundária é formada geralmente quando a raiz está desenvolvida após os dentes entrarem em oclusão. A sua taxa

de deposição é mais lenta do que a primária, e a taxa depende da dieta e das forças oclusais às quais as coroas estão sujeitas. Os túbulos

também são mais irregulares. A terciária é formada em reação à uma cárie, por exemplo. É formada em uma taxa rápida. Após o estímulo

ou dano aos odontoblastos, células da polpa migram e se diferenciam, rapidamente depositando uma matriz de dentina irregular ou

desorganizada.

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A dentina fisiológica é formada desde o início da odontogênese até o final da vida do indivíduo. A velocidade de formação da dentina

fisiológica é de aproximadamente 4 um/dia durante a odontogênese, que se prolonga até aproximadamente a formação do ápice da raiz.

Após este período a velocidade de formação da dentina diminui progressivamente.

A dentina de reparação é formada em resposta a um estímulo físico (temperatura) ou químico (toxinas produzidas pelas bactérias da

cárie, químicos liberados pelos materiais restauradores usados pelos dentistas, etc) na dentina ou polpa. Esta dentina é formada em um

ritmo mais acelerado sendo por isso menos calcificada e menos organizada. Os canalículos são tortuosos e freqüentemente se observam

odontoblastos que não conseguiram acompanhar o ritmo de crescimento e são aprisionados na matriz dentinária. A dentina de

reparação, também chamada de dentina terciária, é feita numa tentativa de se isolar a polpa do estímulo agressor.

Conteúdo do túbulo dentinario: O processo odontoblástico é o principal ocupante do túbulo. Citofilamentos finos são os achados mais

característicos no processo odontoblásticos. Além dessa estrutura, são encontradas fibras nervosas. Outro elemento característico é

uma cobertura orgânica constituído de glicosaminoglicanos.

Natureza incremental da dentina (associadas com a deposição de matriz e mineralização): Acredita-se que a dentina é depositada

em uma taxa de cerca de 4 a 8 microômetros/dia. As linhas de Von Ebner representam as mudanças diárias na atividade do

odontoblasto. Outras linhas, mais pronunciadas, de Owen, representam alterações normais do fisiologismo no padrão de mineralização,

que ocorre em intervalos menos frequentes. Linhas exageradas podem ser o resultado de mudanças súbitas ou processos patológicos.

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Assim como no esmalte dental existem linhas que marcam variações no ritmo de crescimento da dentina. Linhas

incrementais que marcam a variação no ritmo de crescimento diário da dentina podem ser observadas com o uso de técnicas especiais.

Existem ainda linhas que demarcam um ritmo de 5 dias no crescimento da dentina. Estas linhas denominadas de linhas incrementais de

von Ebner (Fig. 9). Da mesma maneira que o esmalte dental as alterações metabólicas (linha neonatal da dentina), processos patológicos

ou ingestão de drogas ou medicamentos durante a formação da dentina podem ficar registrados neste tecido sob a forma de linhas que

acompanham o contorno das linhas de von Ebner.

Fluido, permeabilidade e sensibilidade da dentina: A dentina é composta por fluido e é permeável. Os fluidos (composição similiar

ao plasma) podem fluir pelo túbulo da polpa até a JAD, ou quando o esmalte est;a danificado, da JAD para a polpa. Os produtos

bacterianos podem penetrar na polpa através dos túbulos e determinar uma resposta inflamatória. Como resultado, ocorre um aumento

na permeabilidade dos vasos. O aumento na pressão e a produção de fluido dentinario tenem a limpar os túbulos e impedir a entrada de

bactérias na polpa. A redução do tamanho dos túbulos, devido a esclerose ou materiais restauradores, reduz a permeabilidade

dentinária.

Alterações fisiológicas

Durante o envelhecimento a luz dos canalículos dentinários vai lentamente diminuindo. Este processo ocorre devido à síntese

progressiva da dentina intratubular. A síntese desta dentina pode levar a oclusão dos canalículos, num processo chamado de esclerose

dentinária.

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POLPA

A polpa dental é um tecido vivo formado por uma porção celular e porção extracelular (estroma). O estroma é formado principalmente

pelos colágenos I e III que formam uma rede de fibras que apóiam os componentes celulares (Fig. 10). Um resumo dos principais componentes

da polpa e sua função são mostrados abaixo.

1. Células.

- odontoblasto- responsável pela síntese da dentina

- fibroblasto – o fibroblasto é o principal tipo celular responsável pela produção da matriz extracelular (estroma) da polpa

(colágeno)

- leucócitos- células de defesa.

- células endoteliais – forma a parede dos vasos – sanguíneos e linfáticos. Os vasos penetram na polpa pelo forame periapical e

vão se ramificando conforme penetram na polpa. O grau máximo de ramificação ocorre na periferia da polpa, quando os vasos

sanguíneos formam uma extensa rede de capilares que penetra entre os odontoblastos. Estes vasos têm a função de nutrir e oxigenar

estas células, que permanecem metabolicamente ativas durante toda a vida do dente.

- nervos – a polpa apresenta apenas axônios (não tem corpo celular), os estímulos nervosos da polpa dental são traduzidos

principalmente como dor pelo sistema nervoso central. Assim como os vasos sanguíneos os feixes nervosos contendo axônios penetram

pelo forame apical e vão se ramificando conforme se aproximam da camada de odontoblastos. Os axônios formam uma extensa rede

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entre os odontoblastos podendo inclusive penetrar nos canalículos dentinarios. É importante salientar que os axônios penetram apenas

alguns micrometros nos canalículos dentinários, nunca atravessam toda a extensão da dentina.

2. Estroma

- colágeno tipo I e III O colágeno I é o principal componente protéico da polpa dental e o colágeno III existe em menor

quantidade. Estas moléculas possuem a capacidade de se polimerizar e formarem fibras que dão sustentação para os componentes

celulares da polpa. fibras

- glicoproteínas

- proteoglicanas

- sais e H2O

3. Alterações fisiológicas (envelhecimento)

-Diminuição do tamanho- a diminuição no tamanho da polpa ocorre em função da síntese permanente da dentina fisiológica da

dentina. No entanto a diminuição do volume da polpa pode ser acelerada pela síntese da dentina de reparação.

-Diminuição dos componentes celulares. Ocorre uma diminuição progressiva dos componentes celulares da polpa dental. A

diminuição da vascularização tem como conseqüência à diminuição da capacidade regenerativa da polpa. Assim sendo, a idade do

indivíduo é um fator importante no planejamento do tratamento odontológico da exposição da polpa. Em indivíduos jovens devido à

alta capacidade regenerativa, o dentista pode optar por preservar a polpa dental. Já em indivíduos adultos o tratamento de escolha, é a

remoção da polpa e obturação do canal radicular. Esta segunda opção é desvantajosa, pois leva a um enfraquecimento da estrutura da

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dentina. Existe também uma diminuição do número de fibras nervosas na polpa dental o que causa uma diminuição progressiva da

sensibilidade.

-Aparecimento de calcificações (nódulos pulpares). Os nódulos pulpares são calcificações que aparecem no interior da polpa

dental e são geralmente independentes da dentina. Estes nódulos podem crescer ocupando um tamanho relativamente grande e

fundirem-se com a dentina. Nestes casos estas estruturas podem se tornar um fator complicador do tratamento endodôntico.

PERIODONTO

O periodonto pode ser dividido funcionalmente em periodonto de proteção e periodonto de fixação. O periodonto de proteção compreende a gengiva, enquanto o de fixação compreende o cemento, o osso alveolar e o ligamento periodontal. O objetivo deste trabalho será enfocar os aspectos normais do ligamento periodontal e do osso alveolar, tecidos estes que fazem parte do periodonto de fixação.

1 - INTRODUÇÃOCada dente é unido e separado do osso alveolar adjacente por uma estrutura de suporte maciça de colágeno, o ligamento periodontal. Sob circunstâncias normais, o ligamento periodontal ocupa um espaço de aproximadamente 0,5mm em largura ao redor de todas as partes da raiz. De longe o maior componente do ligamento é uma rede de fibras colágenas paralelas inserindo-se de um lado dentro do cemento da superfície da raiz, e dentro de uma lâmina óssea relativamente densa, a lâmina dura no outro lado. Essas fibras de suporte correm num ângulo, unindo-se mais apicalmente no dente do que no osso alveolar adjacente. Esse arranjo, é claro, resiste ao deslocamento dental esperado durante a função normal.

O periodonto pode ser dividido funcionalmente em periodonto de proteção e periodonto de fixação. O periodonto de proteção

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compreende a gengiva, enquanto o de fixação compreende o cemento, o osso alveolar e o ligamento periodontal.

O objetivo deste trabalho será enfocar os aspectos normais do ligamento periodontal e do osso alveolar, tecidos estes que fazem parte do periodonto de fixação.

2- MEMBRANA PERIODONTAL OU LIGAMENTO PERIODONTAL

2.1 - DEFINIÇÃO

O ligamento periodontal é o tecido conjuntivo frouxo que circunda as raízes dos dentes e une o cemento radicular ao osso alveolar.

O ligamento periodontal está incluido no espaço entre as raízes dos dentes e osso alveolar que circunda o dente até o nivel aproximado de 1mm apical a junção amelocementária. Dos tipos de osso alveolar podem ser distinguidos radiograficamente; a parte do osso que cobre o alvéolo e a parte marginal do processo alveolar é chamado osso cortical e se apresenta como uma linha radiopaca ás vezes denominada "lâmina dura". A parte do processo alveolar delimitada pela lâmina dura é formada por osso esponjoso que, radiograficamente, aparece como uma malha. O ligamento periodontal é contínuo com o tecido conjuntivo supra-alveolar. O ligamento alveolar tem a forma de uma ampulheta e é mais estreito ao nivel do meio da raiz. A largura do ligamento é aproximadamente de 0,25 mm +/- 50%. A presença do ligamento periodontal é essencial à mobilidade do dente. A mobilidade dentária é, em grande parte, determinada pela largura, altura e qualidade do ligamento periodontal.

2.2 - DESENVOLVIMENTO

O ligamento periodontal forma-se na medida em que o dente se desenvolve e irrompe na cavidade oral. A forma estrutural não se esboça até que o dente entre em oclusão e seja aplicada a força funcional.

Ele desenvolve-se a partir do saco dentário, uma capa circular de tecido conjuntivo fibroso que circunda o germe dentário.

A sua formação ocorre após as células da bainha radicular de Hertwig terem se separado, formando cordões conhecidos como restos

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epiteliais de Mallassez. Esta separação permite que as células do folículo dentário migrem até a superfície externa da dentina radicular, recentemente formada. Estas células migratórias então se difernciam em cementoblastos e depositam o primeiro cemento formado sobre a superfície da dentina.

Outras células do folículo dentário se difernciam em fibroblastos que sintetizam as fibras e substância fundamental do ligamento periodontal. As fibras tornam-se incluídas no cemento recém desenvolvido e no osso alveolar, e conforme o dente erupciona, são orientadas num modo característico. (figura 1)

2.3 - COMPONENTES

O tecido conjuntivo é o componente tecidual predominante da gengiva e do ligamento periodontal. Os principais componentes do tecido conjuntivo são as fibras colágenas (cerca de 60% do volume do tecido conjuntivo), fibroblastos (cerca de 5%), vasos, nervos e matriz (cerca de 35%).

Convém analisarmos em separado cada um dos componentes do ligamento periodontal.

2.3.1 - CÉLULAS

As principais células do ligamento periodontal hígido e funcional são aquelas diferenciadas e suas progenitoras, e que podem ser divididas em três categorias principais :

- Células sintetizadoras

- Osteoblastos;- Fibroblastos; e,- Cementoblastos.

- Células de reabsorção

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- Osteoclastos;- Fibroclastos; e,- Cementoclastos.

- Células progenitoras

Além destas, encontramos também os restos epiteliais de Malassez, mastócitos e macrófagos.

CÉLULAS SINTETIZADORAS

Para que uma célula produza, ela precisa, dentre outras coisas, transcrever o ácido ribonucleico (RNA), sintetizar ribossomas no nucléolo e transportá-lo para o citoplasma, aumentar sua quantidade de retículo endoplasmático granular (REG) e membranas do complexo de Golgi para o transporte da proteína; ela também precisa ter os meios para produzir um adequado suprimento de energia .

Células com estas características são encontradas na superfície periodôntica do osso alveolar certamente serão osteoblastos ativos; se localizados na intimidade do tecido conjuntivo frouxo serão fibroblastos ativos; e se encontradas na superfície do cemento serão cementoblastos ativos. Todas estas células têm características particulares próprias dos osteoblastos.

OSTEOBLASTOS

A superfície óssea do ligamento está amplamente revestida por osteoblastos, que tanto podem ser funcionalmente ativos ou estar em repouso, dependendo do estado funcional do ligamento, eles constituem um endósteo modificado e não um periósteo, pois é apenas uma camada celular.

FIBROBLASTOS

O fibroblasto é uma célula predominante do tecido conjuntivo (65% da população celular total). O fibroblasto acha-se envolvido na produção dos varios tipos de fibras encontradas no tecido conjuntivo e também participa da síntese da matriz do tecido conjuntivo. O

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fibroblasto é uma célula fusiforme ou estrelada e está alinhado ao longo da direção geral dos feixes de fibras.

CEMENTOBLASTOS

A distribuição dos cementoblastos na superfície radicular, em diferentes graus de diferenciação, e suas células progenitoras, é similar à distribuição dos osteoblastos na superfície óssea. Os cementoblastos revestem a superfície do cemento voltada para o ligamento e muito frequentemente são vistos na sua fase de repouso.

CELULAS REABSORTIVAS

OSTEOCLASTOS

Estas células reabsorvem osso, tendem a ser grandes e multinucleadas, podem algumas vezes, ocupar reentrâncias no osso, as lacunas de Haowship, ou devolver a extremidade das espículas ósseas.

O osteoclasto reabsorve tanto substância orgânica como inorgânica. A reabsorção ocorre pela liberação de substâncias ácidas (ácido lático, etc) que forman um ambiente ácido no qual são dissolvidos os sais minerais do tecido ósseo. As substâncias orgânicas remanescentes são eliminadas por fagocitose osteoclástica.

A presença de osteoclastos sobre a superfície periodontal do osso alveolar indica que a reabsorção esteve ativa ou recentemente cessada naquela área, no momento em que o tecido foi removido. Os osteoclastos são vistos regularmente no ligamento periodontal normal e funcionante, no qual as células toman parte da remoção e deposição de osso que constitui o seu remodelamento, um processo que permite, alterações funcionais na posição dos dentes até serem acomodados pelos tecidos de suporte .

FIBROCLASTOS

Tornou-se recentemente evidente que as fibrilas colágenas do ligamento periodontal dos mamíferos podem ser reabsorvidas sob condições fisiológicas por células mononucleares que se assemelham aos fibroblastos. O termo "fibroclasto" é usado puramente para

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descrever células aparentemente engajadas na reabsorção do colágeno. Os fibroblastos que reabsorvem colágeno são habitantes do ligamento periodontal normal e funcionante, e sua presença como a dos osteoclastos em, relação ao osso, indica reabsorção de fibras ocorrendo durante a renovação fisiológica ou remodelação do ligamento periodontal .

CEMENTOCLASTOS

São semelhantes aos osteoclastos, e são somente ocasionalmente encontradas no ligamento periodôntico em funcionamento normal. O cemento não sofre remodelação como o osso alveolar e ligamento, sendo continuamente depositado ao longo da vida. Entretanto, a reabsorção docemento pode ocorrer em certas condições, como durante a reabsorção dos dentes deciduos, processos patológicos e com o movimento ortodôntico excessivo do dente. Nesses casos, são encontrados cementoblastos mononucleares, ou células gigantes mononucleadas, na superfície do cemento, frequentes vezes localizadas em lacunas de Howship.

CÉLULAS PROGENITORAS

São células que têm a capacidade de sofrer divisões mitóticas, substituindo aquelas que morrem ao fim de seu tempo de vida, ou como, resultado de uma injúria.

Se estas células indiferenciadas não estivessem presentes, não haveriam células disponíveis para substituir as células diferenciadas, morrendo no final de sua vida, ou como um resultado de trauma . A presença das células progenitoras é evidenciada pela explosão de mitoses que ocorre após a aplicação de pressão a um dente como na terapia ortodôntica.

RESTOS EPITELIAIS DE MALASSEZ

Essas células, representam remanescentes de bainha epitelial de Hertwig. Os restos de Mallassez estão situados no ligamento periodontal a uma distância de 15-75 um da superfície radicular.

Os restos de Mallassez, que em cortes histológicos comuns aparecem como grupos isolados de células epiteliais, formam uma rede

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contínua de células epiteliais circundando a raiz. Atualmente, sua função é desconhecida.

MASTÓCITOS

O mastócito é responsável pela produção de certos componentes da matriz. Esta célula também produz substâncias vasoativas que afetam a função do sistema microvascular e controlam o fluxo do sangue através do tecido.

MACRÓFAGOS

O macrófago desempenha varias funções sintéticas e fagocitarias no tecido.

Os macrófagos bem como os mastócitos acham-se ativamente empenhados na defesa do tecido contra substâncias estranhas e irritantes.

O tecido conjuntivo também contem células inflamatorias de diversos tipos, por exemplo, granulócitos, neutrófilos, linfócitos e plasmócitos.

2.3.2 - FIBRAS

As fibras do tecido conjuntivo são produzidas pelos fibroblastos e podem ser divididas em: a) fibras colágenas; b) fibras oxitalânicas; e, d) fibras ellásticas.

As fibras colágenas predominam no tecido conjuntivo gengival e constituem o mais essencial componente do periodonto.

As fibras reticulares, estão presentes nas interfaces epitélio-tecido conjuntivo e endotélio-tecido conjuntivo.

As fibras oxitalânicas, estão presentes em todas as estruturas conjuntivas do periodonto, e parecem compor-se de fibrilas delgadas e longas com o diâmetro de aproximadamente 150 A. Essas fibras no ligamento periodontal seguem em curso geralmente paralelo ao

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eixo longitudinal do dente. A função dessas fibras ainda não é conhecida .

As fibras elásticas somente estão presentes no tecido conjuntivo da gengiva e do ligamento periodontal relacionados aos vasos sanguíneos.

Quando observadas ao microscópio óptico, muitas fibras são encontradas agrupadas em feixes, tendo uma clara orientação relativa ao espaço periodontal e por isso são chamadas de fibras principais; ou estão dispostas num modo aparentemente desorganizado, formando malhas entre as fibras principais e desta forma são chamadas de fibras secundárias. (figura 2a e 2b)

GRUPO DE FIBRAS DO LIGAMENTO GENGIVAL

a) Fibras circulares são aqueles feixes de fibras dispostos na gengiva livre e que circundam o dente a maneira de um anel ou punho.

b) Fibras dentogengivais acham-se embutidas no cemento da parte supra-alveolar da raiz e daí se projetam a partir do cemento em forma de leque para o tecido gengival livre das superfícies vestibular, lingual e interproximal.

c) Fibras dentoperiósticas acham-se inseridas na mesma porção do cemento que as fibras dentogengivais. Entretanto, passam a crista óssea vestibular e lingual dirigindo-se apicalmente para terminar nas malhas do tecido da gengiva inserida.

d) Fibras transeptais, estendem -se entre o cemento supra-alveolar de dentes vizinhos. As fibras transeptais correm de forma retilínea sobre o septo interdentário e inserem-se no cemento de dentes adjacentes.

FIBRAS DO LIGAMENTO PERIODONTAL

As fibras colágenas do ligamento periodontal podem ser divididas nos seguintes grupos principais:

1- Grupo da crista alveolar, unido ao cemento logo abaixo da junção amelocementária.

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2- Grupo horizontal, situado logo apicalmente ao grupo da crista alveolar.

3- Grupo oblíquo, de longe o mais numeroso dos ligamentos.

4- Grupo apical, em torno do ápice da raiz.

5- Grupo inter-radicular, encontrado apenas entre as raizes dos dentes multiradiculares

Por ambas as extremidades, todos os feixes principais de fibras colágenas do ligamento periodontal estão embutidas, seja em cemento, sejam em osso. Aporção embutida do feixe de fibras é chamada de fibra de Sharpey. No cemento, as fibras de Sharpey têm diâmetro menor e são mais densamente apinhadas do que as do osso alveolar.

2.3.3 - MATRIZ

A matriz do tecido conjuntivo é produzida pelos fibroblastos embora algum de seus componentes sejam elaborados pelos mastócitos e outros ainda sejam derivados do sangue . A matriz é o meio no qual as células do tecido conjuntivo se acham embutidas e é essencial para a manutenção da função normal do tecido conjuntivo. Assim o transporte de água, eletrólitos, nutrientes metabólicos em direção às células do tecido conjuntivo e o seu retorno ocorrem dentro da matriz. Os principais componentes da matriz do tecido conjuntivo são macromoléculas protéico-polissacarídeas.

Devido á sua estrutura e hidratação, as macromoléculas exercem resistência à deformação, servindo como reguladores da consistência do tecido conjuntivo.

2.3.4 - VASOS SANGUÍNEOS

O suprimento sanguíneo gengival é proveniente de 3 fontes. A primeira é formada pela artéria lingual, mentoniana, bucal e palatina que irrigam a fibromucosa vestibular e lingual/palatina. São vasos supraperiostais localizados sobre o osso alveolar. Os capilares a que dão origem correm paralelamente ao longo do epitélio do sulco gengival e das microvilosidades das superfícies gengivais

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externas. Dirigem-se ao ligamento periodontal passando através do osso ou por sobre sua crista.

A gengiva é também irrigada por vasos provenientes do ligamento periodontal, os quais são ramos das artérias dentariárias e superior. Os terminais anastomosam-se aos capilares da região do sulco. A terceira fonte de nutrição é proveniente de arteriolas que emergem da crista ao septo interdental, correm paralela a ela e vão se anastomosar com vasos gengivais e com vasos que correm acima da crista do osso alveolar. (fig. 3)

2.3.5 - VASOS LINFÁTICOS

Os linfáticos completam o sistema de drenagem venosa. Aqueles que drenam a região imediatamente abaixo do epitélio juncional passam pelo ligamento e acompanham os vasos sanguineos da região periapical. Daí em diante, eles passam através do osso alveolar para o conducto dentário inferior na mandíbula, e para o grupo submaxilar de nódulos linfáticos.

2.3.6 - INERVAÇÃO

O ligamento periodontal é abundantemente inervado por fibras nervosas sensoriais capazes de transmitir sensações táteis, de pressão e dor pelas vias trigeminais. Os feixes nervosos passm pelo ligamento periodontal à área periapical através de canais do osso alveolar. Os feixes nervosos seguem o curso dos vasos sanguíneos e dividem-se em fibras mielinizadas independentes, que por último perdem sua capa de mielina e finalizam como terminações nervosas livres ou como estrtuturas alongadas e fusiformes. Esses últimos são receptores propioceptivos e se encarregam do sentido de localização quando o dente é tocado.

2.4 - FUNÇÕES DO LIGAMENTO PERIODONTAL

O ligamento periodontal tem as funções de fisica, formadora, sensorial, nutritiva e homeostática.

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A - FUNÇÃO FÍSICA

As funções físicas do ligamento preiodontal abrange as seguintes: sustentação, transmissão das forças oclusais do osso, inserção dos dentes no osso, manutenção dos tecidos gengivais em suas relações adequadas com os dentes, resistência ao impacto da forças oclusais (absorção do choque) e provisão de um "envoltorio"de tecido mole para proteger os vasos e nervos das lesões produzidas pelas forças mecânicas.

Sustentação

Quando um dente se movimenta em seu alvéolo. Como resultado de forças que atuam sobre ele durante a mastigação, ou através de uma força ortodôntica, parte do espaço periodôntico será estreitado e o ligamento ali contido será comprimido. Outras regiões do espaço periodôntico serão distendidas e alargadas. Suas fibras colágenas atuam como um amortecedor para o dente deslocado. O papel das fibras colágenas parece estar fundamentalmente restrito a ligar o cemento aderido à dentina radicular ao osso alveolar e funcionar como amortecedor. As fibras colágenas podem ser distendidas quando um dente é girado excessivamente.

Resistência ao Impacto das Forças Oclusais (Absorção de Choque)

Segundo PROFFIT , a resistência às forças oclusais, reside fundamentalmente , em quatro sistemas do ligamento periodontal, mais do que as fibras principais. As fibras desempenham um papel secundário de contenção do dente contra movimentos laterais e impedem a deformação do ligamento periodontal quando este se acha submetido a forças de compressão. O s quatro sistemas que basicamente resistem ás forças oclusais são:

Sistema vascular, que atua como amortecedor de choque e absorve as tensões das forças oclusais bruscas;

Sistema hidrodinâmico, que consiste do fluido tecidual e do líquido que passa através das paredes de vasos menores e se filtra nas áreas circundantes através dos forames alveolares, para resistir às forças axiais;

Sistema de nivelação, que provavelmente tem uma estreita relação com o sistema hidrodinâmico e controla o nível do dente no

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alvéolo; e,

Sistema resiliente, que traz o dente a sua posição original quando as forças oclusais são removidas. Esses sistemas são fenômenos dos vasos sanguíneos e da substancia fundamental, bem como do complexo colágeno do ligamento periodontal.

Transmissão das Forças Oclusais para o Osso

A disposiçao das fibras principais é semelhante à suspensão de uma ponte e de uma rede. Quando uma força axial é aplicada sobre onde há uma tendência ao deslocamento da raiz dentro do alvéolo, as fibras oblíquas alteram sua forma ondulada , assumen uma extensão máxima e sustentam a maior parte da força axial.

Guardando relação com a migração mesial fisiológica o ligamento periodontal é mais delgado na superfície mesial da raiz que na superfície distal.

B - FORMADORA

O ligamento periodontal funciona como periósteo para o cemento e o osso. As células do ligamento periodontal participam na formação e na reabsorção destes tecidos, formação e absorção que ocorrem durante os movimentos fisiológicos do dente. Participam também na adaptação do periodonto as forças oclusais e na reparação de lesões. Variações na atividade enzimática celular são correlacionadas com o processo de remodelagem. Em áreas de formação óssea, os osteoblastos, fibroblastos e cementoblastos apresentam-se intensamente corados, sugerindo a presença de fosfatase alcalina não específica, glicose 6 fosfatase e tiamina pirofosfatase. Em áreas de reabsorção ossea, os osteoclastos, fibroblastos, osteócitos e cementócitos coram-se pela fosfatase ácida inespecífica.

Como todas as estruturas do periodonto, o ligamento periodontal se remodela constantemente.

C - SENSORIAL

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Através do mecanismo proprioceptivo possibilita ao organismo detectar as aplicações mais delicadas de forças nos dentes, bem como seus deslocamentos mínimos. Ao morder-se um alimento macio com um objeto duro e pequeno em seu interior, como uma pedrinha, reconhece-se a importância deste mecanismo na proteção das estruturas de suporte do dente contra movimentos mastigatorios excessivamente vigorosos.

D - NUTRITIVA

O ligamento possui vasos sanguíneos, os quais fornecem nutrientes e outras substâncias requeridas pelos tecidos do ligamento, pelos cementócitos e pelos osteócitos mais superficiais do osso alveolar. Os vasos sanguíneos são também responsáveis pela remoção de catabólitos. A oclusão dos vasos sanguíneos leva a necrose de células da região afetada do ligamento. Isto ocorre quando uma força muito intensa é aplicada a um dente, durante a terapia ortodôntica.

E - HOMEOSTÁTICA

É evidente que as células do ligamento periodôntico têm a capacidade de reabsorver e sintetizar a substância intercelular do tecido conjuntivo do ligamento, osso alveolar e cemento. Esses processos não são ativados esporádica ou acidentalmente, mais funcionam continuamente, com intensidade variável, ao longo da vida do dente. São desconhecidos os mecanismos por meio dos quais as células responsáveis por esses processos de síntese e reabsorsão são controlados. Quando esses mecanismos homeostáticos são descontrolados, ocorre um desarranjo do periodonto.

Outro aspecto da homeostasia está relacionado com a função. Um ligamento que suporta um dente totalmente funcional exibe todas as características estruturais descritas anteriormente.. Entretanto com a perda da função, ocorre uma diminuição da síntese das substâncias requeridas para repor moléculas estruturais reabsorvidas durante a renovação normal, e a espessura do ligamento periodontal é diminuída. O processo é reversível se o dente retomar sua função, porém é desconhecida a exata natureza do estímulo que controla a atividade alterada das células.

3 - OSSO ALVEOLAROs processos alveolares desenvolvem-se em conjunto com o desenvolvimento e erupção dos dentes e são gradativamente reabsorvidos com a perda dos dentes. Assim, os processos alveolares são estruturas dependentes dos dentes. Em conjunto com o

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cemento radicular e as fibras do ligamento periodontal, o osso alveolar constitui os tecidos de sustentação dos dentes e distribui as forças geradas durante a mastigação e outras formas de contato entre os dentes.

O osso que recobre as superfícies radiculares é consideravelmente mais grosso na parte palatina do que na parte bucal da maxila. As paredes dos alvéolos são revestidas por osso compacto que interproximalmente está em relação com o osso esponjoso. O osso esponjoso contém trabéculas ósseas cujo tamanho e arquitetura são em parte, determinados geneticamente, e de outra parte são o resultado das forças a que os dentes estão expostos durante a função.

O osso compacto que reveste a parede dos alvéolos é frequentemente contínuo com o osso compacto o cortical das partes bucal e lingual do processo alveolar. O osso das partes bucal e lingual do processo alveolar varia de espessura de uma região para outra. Nas regiões dos incisivos e premolares a tábua óssea cortical da face bucal dos dentes é consideravelmente mais fina do que na parte . Na região dos molares o osso é mais espesso na parte bucal do que do lado lingual.

A tábua óssea nas partes bucal e lingual dos dentes varia consideravelmente de espessura, da região premolar a molar. A linha oblíqua resulta em um processo ósseo em forma de pratteleira no lado bucal de segundos e terceiros molares.

O osso compacto, que em uma radiografia aparece como "lâmina dura" reveste o alvéolo dentário e é perfurado por numerosos canais de Volkmann através dos quais vasos sanguíneos e nervos passam do osso alveolar para o ligamento periodontal. A camada óssea na qual estão inseridos os feixes de fibras de Sharpey é chamada "osso fasciculado" e fica situada na superfície interna da parede óssea do alvéolo. Assim do ponto de vista funcional, este "osso fasciculado" tem muitos aspectos em comum com a camada de cemento das superfícies radiculares.

O processo alveolar começa a ser formado cedo durante a vida fetal, com deposição de mineral em pequenos focos da matriz mesenquimatosa que circunda os germes dentários. Essas pequenas áreas calcificadas aumentam de tamanho, unem-se, são reabsorvidas e remodeladas até que se forme uma massa contínua de osso em torno dos dentes completamente erupcionados. A superfície externa do osso é sempre revestida por uma zona de tecido não mineralizado -osteoide- que por seu lado é coberto por periósteo. O periósteo contem fibras colágenas, osteoblastos e osteoclastos. Os espaços medulares, no interior do osso, são revestidos por endósteo que tem muitos aspectos em comum com o periósteo na superfície externa do osso.

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Os osteoblastos e os osteoclastos estão presentes nas seguintes áreas:

1- Na superfície das trabéculas ósseas do osso esponjoso;

2- Na superfície externa do osso cortical que elimina os maxilares;

3- Nos alvéolos, voltados para o ligamento periodontal; e,

4- Na parte interna do osso cortical voltados para os espaços medulares.

Os osteoblastos produzem osteóide que sofre calcificação. Durante o processo de maturação e calcificação do osteóide, alguns osteoblastos são aprisionados no osteóide. As células presentes no osteóide, e mais tarde no tecido ósseo calcificado, são chamados osteócitos.

Os osteócitos alojados nas lacunas do osso calcificado ligam-se entre si e com os osteoblastos da superfície óssea por meio de prolongamentos citoplasmáticos que correm em canalículos. Os osteócitos mantém contato entre sí por meio de prolongamentos citoplasmáticos alojados em canalículos do osso. A superfície entre os osteócitos e seus prolongamentos citoplasmáticos, por um lado, e a matriz calcificada, por outro lado, é muito grande e serve como um regulador para os níveis de calcio sérico e fosfato sérico por meio de mecanismos de conntrole hormonal.

A nutrição do osso é assegurada pela incorporação de vasos sanguíneos no tecido ósseo. Esses vasos sanguíneos circundados por lâminas ósseas, eventualmente constituem o centro de um osteom. O canal central, que contem principalmente os vasos sanguíneos, em um osteom é chamado de canal de Havers. O osteom é também chamado sistema de Havers. Os vasos sanguíneos nos canais de Havers são ligados entre si por anastomoses que correm pelos canais de Volkmann. O osso alveolar renova-se continuamente em resposta a demandas funcionais. Durante toda a vida os dentes erupcionam e migram em direção mesial, para compensar o atrito. Esse movimento dos dentes implica uma remodelação do osso alveolar.

A aposição de novo osso é sempre relacionada aos osteoblastos. Estas células produzem um osteóide que, subsequentemente, sofre

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calcificação.

Aspectos clínico do periodonto de proteção

Do ponto de vista clínico, a gengiva sadia apresenta-se rosada e firme, sem edema, não sangra com facilidade, apre- senta um contorno estético ao redor dos dentes e bordas em forma de lâmina de faca. A gengiva livre é de cor róseo coral, de superfície lisa brilhante e de consistência macia. Já a gengiva inserida tem coloração rósea pálido, consistência firme e superfície pontilhada, semelhante a uma casca de laranja, cujo aspecto é mais proeminente na superfície vestibular, e freqüentemente desaparece com o avançar da idade. A gengiva normal de uma criança é lisa e brilhante, principalmente na mudança da dentição. A doença periodontal é compreendida como uma reação inflamatória dos tecidos periodontais de proteção (gengiva livre e gengiva inserida) e de suporte (cemento, osso alveolar e ligamento periodontal), através de

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processo infeccioso, mediado principalmente por microorganismos gram-negativos e anaeróbicos. A gengiva alterada apresenta-se mais vermelha, edematosa, sangra diante do atrito da mastigação, do uso da escova ou do fio dental, podendo, ou não, estar presente a retração gengiva.

ASPECTOS HISTOLÓGICOS DO PERIODONTO DE PROTEÇÃO

Segundo Lascala4 (1993) para entender os aspectos clínicos da gengiva deve-se estar capacitado a identificar todas estruturas microscópicas que ela apresenta.O periodonto de proteção consiste de tecido conjuntivo, revestido por epitélio estratificado pavimentoso que varia com relação aos graus de queratinização e da região a ser considerada. O epitélio gengival pode ser ortoqueratinizado, se a queratinização for completa, paraqueratinizado, se a queratinização for incompleta, ou não queratinizado, quando existe ausência de queratina na periferia. Observa-se, na Microscopia Óptica, que o epitélio gengival apresenta quatro estratos celulares que diferem se o epitélio for queratinizado ou não queratinizado, como está classificado no quadro 02. No epitélio ortoqueratinizado, o estrato córneo apresenta células bem acidófilas, repletas de filamentos de citoqueratina. No epitélio paraqueratinizado, as células superficiais do estrato córneo possuem núcleo picnótico e o citoplasma contém poucos filamentos de queratina. No epitélio não-queratinizado, as células da camada super- ficial são nucleadas e possuem organelas. O tecido conjuntivo ou lâmina própria da gengiva, que se localiza abaixo do epitélio, é constituído por uma malha de feixes de fibras colágenas, e escassas fibras elásticas, correndo em uma substância intercelular amorfa rica em fibroblastos, histiócitos, vasos sangüíneos, nervos, linfócitos e outras células do sistema imune5. No entanto, na gengiva livre e inserida distingue-se o tecido conjuntivo pelas diferentes proporções entre células e fibras. O sulco gingival é um espaço raso em torno do dente, limitado pela superfície externa do esmalte e a vertente interna da gengiva livre, a qual estende-se desde o limite coronário do epitélio juncional, na base do sulco, a crista da margem gengival. Ao epitélio do sulco, atribui-se a importância de atuar como uma membrana semipermeável, de onde os produtos nocivos e as moléculas de anti-sépticos, anestésicos e vasodilatadores 5 passam para a gengiva, de onde o fluido tecidual da gengiva flui para o sulco. Apesar de conter pequenos espaços intercelulares, o epitélio do sulco sadio é uma barreira eficaz contra os microorganismos. A rápida renovação deste epitélio e a presença do fluido tissular, com propriedades antimicrobianas, contribuem para limitar o desenvolvimento de microorganismos no sulco gengival.

Relação entre aspectos clínicos e histológicos do periodonto de proteção

Cor: O tom pálido da gengiva inserida está em função do maior grau de queratinização, do menor suprimento vascular e de um tecido conjuntivo mais fibroso, em comparação com a gengiva livre.

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Superfície: O aspecto de casca de laranja da superfície da gengiva inserida, é decorrente das projeções epiteliais serem largas e compridas, conferindo melhor adaptação para suportar as forças mastigatórias, diferentemente da superfície lisa da gengiva livre, cujas papilas são curtas e numerosas, na vertente externa (voltada para o vestíbulo), e ausentes na vertente interna (voltada para o sulco gengival). As projeções papilíferas se tornam mais proeminentes durante uma gengivite.

Consistência: A gengiva inserida apresenta consistência firme pelo fato de sua lâmina própria ser de tecido conjuntivo denso e por ter contigüidade com o periósteo do osso alveolar, diferenciando-se da gengiva livre, que possui uma lamina própria de tecido conjuntivo menos fibroso e consistente, não aderida ao tecido ósseo.