ANOMALIAS DENTAIS ASSOCIADAS ÀS...

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA ORTODONTIA ANOMALIAS DENTAIS ASSOCIADAS ÀS AGENESIAS SABRINA ROCHA RIBEIRO São Bernardo do Campo 2011

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I

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

ORTODONTIA

ANOMALIAS DENTAIS ASSOCIADAS ÀS AGENESIAS

SABRINA ROCHA RIBEIRO

São Bernardo do Campo

2011

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

ORTODONTIA

ANOMALIAS DENTAIS ASSOCIADAS ÀS AGENESIAS

SABRINA ROCHA RIBEIRO

Orientador: Prof. Dr. Luiz Renato Paranhos

São Bernardo do Campo

2011

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do Título de MESTRE pelo Programa de Pós-Graduação em ODONTOLOGIA, Área de Concentração em Ortodontia

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III

FICHA CATALOGRÁFICA

R354e

Ribeiro, Sabrina Rocha

Anomalias dentais associadas às agenesias / Sabrina Rocha

Ribeiro. 2011.

100 f.

Dissertação (mestrado em Ortodontia) --Faculdade de Saúde da

Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo,

2011.

Orientação: Prof. Dr. Luiz Renato Paranhos

1. Agenesia 2. Anormalidades dentárias 3. Genética 4.

Diagnóstico 5. Ortodontia I.Título.

D.

Black D4

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DEDICATÓRIA

À Deus, que me deu serenidade, fé e muita força para que eu seguisse

meu caminho superando todas as dificuldades.

Ao meu marido, João Paulo, pessoa tão importante na minha vida. Por

acreditar em mim; sua força e seu carinho fizeram mais fácil trilhar este

caminho. Por ser meu companheiro, meu melhor amigo, por sonharmos

os mesmos sonhos, por me fazer tão feliz e por me ensinar a verdadeira

dimensão da palavra “AMOR”.

Aos meus pais, Alfredo e Rosângela, pelo amor, incentivo em todos os

momentos e por sempre terem acreditado em mim. Meu amor

incondicional a vocês.

Ao meu irmão, Bruno, pelo carinho, respeito, admiração e pela nossa

união.

COM ETERNO AMOR, DEDICO ESTE TRABALHO!!!

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AGRADECIMENTO ESPECIAL

Ao meu orientador, Prof. Dr. Luiz Renato Paranhos,

Agradeço pela acolhida e pelo sorriso amigo, em momentos tão difíceis.

Foi um grande amigo e um verdadeiro mestre, uma pessoa que com

certeza acrescentou muito na minha vida. Meus sinceros

agradecimentos.

A Profa. Dra. Renata Cristina Faria Ribeiro de Castro,

Que me incentivou para que esse trabalho fosse realizado, sempre me

dando força, incentivo e na confiança em mim depositada, até o

momento em que esteve presente, sob sua orientação.

MEU AGRADECIMENTO COM RESPEITO E AMIZADE!

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Marco Antonio Scanavini, Coordenador do Programa de Pós-

graduação em Odontologia, área de concentração Ortodontia, por sua luta e

dedicação pela continuidade do curso e apoio constante que sempre demonstrou.

As Prof.a Dra. Fernanda Angelieri, Prof.a Dra. Cláudia Toyana Hino, Prof.

Dr. Fernando C. Torres, Prof. Dr. André Luis Ribeiro de Miranda, Prof.a

Dra.Carla P.H.A.R. César pela amizade e contribuição na minha formação.

Ao Centro Radiológico X-FACE, pela disponibilidade e atenção na coleta

dos dados.

A Escola de Especialização IMP, em especial aos Professores Marcelo,

Marina e Mirian. Por me ensinarem os primeiros passos na Ortodontia, pela amizade

sincera e por todas as oportunidades oferecidas. Muita gratidão a todos!

Aos colegas de mestrado, Aluísio Galiano, Octávio Margoni Neto, Mariana

Helena Silva Carvalho, Valéria Rezende Nicodemos, Marcos Felipe Nunes,

Daniele Gambarini Pereira, Fabíola Francio, Eduardo Carpinski Corrêa, Geraldo

Eugênio Marchiori e Silvana Allegrini Kairalla, por todos os momentos

compartilhados, tanto tristes quanto alegres, pela convivência serena, troca de

conhecimentos e pela amizade construída. À vocês, minha amizade sincera.

Aos funcionários do Curso de Pós-graduação: Ana Regina Trindade

Paschoalin, Célia Maria dos Santos, Edílson Donizete Gomes e Marilene

Domingos da Silva, obrigada pela atenção, colaboração, amizade e constante

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disposição para auxiliarem em tudo que solicitei para a realização de todos os meus

trabalhos.

À funcionária da Biblioteca Central da UMESP, Andreia Cristina Gomide,

pela colaboração na busca dos artigos, sempre com muita rapidez e eficiência.

Ao Rafael Bovi, que realizou a análise estatística deste trabalho.

Ao Marcelo Pasqualete, por me ajudar na tradução de vários artigos

necessários para a realização deste trabalho.

À bibliotecária Vanessa Barrote pela atenção e eficiência em formatar este

trabalho.

E a TODOS aqueles que colaboraram direta ou indiretamente para a realização

deste trabalho.

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“Mais ou menos favorecidos que sejam,

pela vida, os nossos esforços, é preciso que,

ao aproximar-se o grande fim, cada um de nós

possa dizer: fiz o que pude”.

Pasteur

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................. VIII

ABSTRACT.......................................................................................................... X

LISTA DE FIGURAS.......................................................................................... XII

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS............................................................. XIII

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 2

2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................ 5

3 PROPOSIÇÃO................................................................................................. 38

3.1 Objetivo geral................................................................................................... 38

3.2 Objetivo Específico.......................................................................................... 38

4 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................. 40

4.1 Critérios éticos da pesquisa........................................................................... 40

4.2 Amostra............................................................................................................ 40

4.3 Métodos............................................................................................................ 41

4.3.1 Erro do método............................................................................................... 49

4.3.2 Método estatístico........................................................................................... 50

5 RESULTADOS................................................................................................ 53

5.1 Considerações epidemiológicas gerais........................................................ 54

5.2 Avaliação da prevalência de outras anomalias dentais na amostra com

agenesias dentais..................................................................................................

65

5.2.1 Anomalias dentais de número (supranumerários)....................................... 65

5.2.2 Anomalias dentais de tamanho (microdontia)................................................ 66

5.2.3 Anomalias dentais de posição........................................................................ 67

5.2.4 Hipoplasia de esmalte.................................................................................... 72

6 DISCUSSÃO.................................................................................................... 75

6.1 Considerações epidemiológicas gerais........................................................ 77

6.2 Prevalência de agenesias de dentes permanentes na amostra estudada. 78

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6.3 Prevalência das anomalias dentais associadas na amostra estudada...... 82

6.3.1 Anomalias dentais de número (supranumerários).......................................... 82

6.3.2 Anomalias dentais de tamanho (microdontia)................................................ 82

6.3.3 Anomalias dentais de posição........................................................................ 83

6.3.4 Hipoplasia de esmalte.................................................................................... 87

7 CONCLUSÕES............................................................................................... 90

REFERÊNCIAS................................................................................................... 92

ANEXOS............................................................................................................... 99

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RIBEIRO, S. R. Estudo das Anomalias dentais associadas às agenesias. 2011.

100 f. Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Curso de Odontologia, Faculdade

da Saúde, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2011.

RESUMO

O objetivo deste estudo retrospectivo foi avaliar a prevalência de anomalias

de posição (irrupção ectópica de canino superior para palatino, transposição dental,

distoangulação de segundos pré-molares inferiores, mesioangulação de segundo

molar inferior permanente e infraoclusão de molares decíduos), de número

(supranumerários) e de tamanho (microdontias) em pacientes com agenesias de

dentes permanentes, comparando-as com as prevalências esperadas para a

população em geral, além de testar a hipótese de que pacientes com agenesia de

dentes permanentes apresentem uma prevalência aumentada de hipoplasia de

esmalte. Para tanto, a amostra deste estudo foi composta por 351 pacientes, com a

presença de agenesia de no mínimo um dente permanente, na faixa etária entre 8 e

30 anos e com prontuários clínicos preenchidos. A amostra foi coletada a partir do

exame das documentações ortodônticas pertencentes aos arquivos de uma escola

de aperfeiçoamento profissional em Ortodontia, de uma clínica radiológica

odontológica e de consultórios particulares de ortodontistas. O material de estudo

englobou radiografias panorâmicas e periapicais, modelos de gesso, fotografias intra

e extraorais e prontuários clínicos devidamente preenchidos. Inicialmente foi

analisada a reprodutibilidade das avaliações pela porcentagem de concordância

utilizando Kappa, com intervalo de confiança de 95%. O teste de qui-quadrado foi

utilizado para comparar as prevalências de agenesias e anomalias na amostra com

as prevalências esperadas segundo a literatura científica, considerando o nível de

significância de 5%. Analisou-se, ainda, o grau das associações pela razão de

chances (“odds ratio”) e o respectivo intervalo de confiança de 95%. A prevalência

de agenesias dentais na amostra, excluindo os terceiros molares, foi de 88,6%. Dos

351 pacientes, 128 (36,4%) apresentavam agenesia no arco maxilar, 108 (30,8%) no

mandibular e 115 (32,8%) nos dois arcos. Em relação ao hemiarco maxilar

esquerdo, 52,4% apresentavam agenesia, no direito 55,0%, no mandibular

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esquerdo 48,7% e no direito 47,3%. Das anomalias associadas avaliadas, 28,5%

microdontia, 28,2% hipoplasia de esmalte, 7,4% apresentavam irrupção ectópica de

canino superior por palatino, 6,6% distoangulação, 3,9% transposição de canino/pré-

molar superior, 4,3% infraoclusão, 3,7 supranumerário, 3,7% mesioangulação, 0,6%

transposição de incisivo/canino inferior, e, quando comparadas com a população em

geral, observou que 96,1 vezes mais chance de apresentar mesioangulação do

segundo molar inferior; 34,6 vezes mais chance de apresentar distoangulação; 15,9

vezes mais chance de apresentar transposição canino/pré-molar superior; 14,3

vezes mais chance de apresentar transposição de incisivo/canino inferior; 9 vezes

mais chance de hipoplasia; a microdontia do incisivo lateral apresentou 8,1 vezes

mais chance; 5,2 vezes mais chance de apresentar irrupção ectópica do canino

superior por palatino, e, em relação à infraoclusão, apresentando uma menor chance

do que a população geral. A partir dos resultados obtidos, verificou-se uma forte

associação entre a agenesia de dentes permanentes, correlacionando com outras

anomalias dentais importantes. Foi constatado de que pacientes com agenesia de

dentes permanentes apresentam uma prevalência aumentada de hipoplasia de

esmalte e de que agenesias e outras anomalias associadas apresentam-se

interligadas geneticamente entre si.

Palavras-chave: Agenesia. Anomalias Dentais. Genética. Ortodontia. Diagnóstico.

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RIBEIRO, S. R. Study of Dental anomalies associated with agenesis. 2011. 100 f.

Dissertation (Masters in Dentistry) – Dentistry Course, Faculty of Health, Methodist

University of São Paulo, São Bernardo do Campo, 2011

ABSTRACT

The objective of this retrospective study was evaluate the prevalence of

anomalies in tooth position (palatal ectopic eruption of the maxillary canine, dental

transposition, distal angulation of mandibular second premolars, mesial angulation of

mandibular permanent second molar and infra-occlusion of deciduous molars),

number (supernumerary teeth) and size (microdontia) in patients with permanent

tooth agenesis, by comparing them with the rates expected for the general

population; in addition, the hypothesis was tested that patients with agenesis of

permanent teeth have increased prevalence of enamel hypoplasia. To that end, the

sample of this study consisted of 351 patients with agenesis of at least one

permanent tooth, ranging between 8 and 30 years of age and with full clinical

records. The sample was collected by examining orthodontic records belonging to the

archives of a professional institution of specialization in Orthodontics, a dental

radiology clinic and private orthodontic practices. Study materials included panoramic

and periapical view radiographs, plaster cast models, intra- and extraoral

photographs and filled-out medical records. First, the reproducibility of evaluations

was analyzed through the rate of concordance using the Kappa test, at a 95%

confidence interval. The Chi-square test was used to compare the prevalence of

agenesis and anomalies in the sample to the expected rates according to scientific

literature, considering a 5% level of significance. The study also analyzed the degree

of the associations using the “odds ratio” and the respective 95% confidence interval.

The prevalence of dental agenesis in the sample, excluding third molars, was 88.6%.

Of the 351 patients, 128 (36.4%) had agenesis in the maxillary arch, 108 (30.8%) in

the mandibular arch, and 115 (32.8%) in both arches. A total of 52.4% had agenesis

in the maxillary left hemiarch, 55.0% in the maxillary right hemiarch, 48.7% in the

mandibular left hemiarch and 47.3% in the mandibular right hemiarch. With regard to

the associated anomalies evaluated, 28.5% microdontia, 28.2% had enamel

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hipoplasia, 7.4% had palatal ectopic eruption of the canine, 6.6% had distal

angulation, 4.3% infra-occlusion, 3,9% transposition of canine/premolar, 3.7%

supernumerary teeth, 3.7% medial angulation, 0,6% transposition of incisive/canine,

and, when compared to the general population, they were 96.1 times more likely to

feature mesial angulation of the mandibular second molar; 34.6 times more likely to

have distal angulation; 15,9 times more likely to show transposition of

canine/premolar; 14,3 times more likely to show transposition of incisive/canine; 9

times more likely to show hipoplasia; 8,1 times more likely to show microdontia of the

lateral incisor; 5,2 times more likely to have palatal ectopic eruption of the canine;

and with regard to infra-occlusion, there was a lower likelihood than the general

population. From the obtained results, a strong association was observed between

agenesis of permanent teeth with significant dental anomalies. It was detected that

permanent tooth agenesis showed an increased prevalence of enamel hypoplasia,

and that agenesis and other associated anomalies are genetically interlinked.

Keywords: Agenesis. Dental Anomalies. Genetics. Orthodontics. Diagnosis.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1 - Exemplo de agenesias dos segundos pré-molares inferiores................

Figura 4.2 - Exemplo de agenesias dos incisivos laterais superiores.......................

Figura 4.3 - Exemplo de agenesia dos segundos e terceiros molares inferiores......

Figura 4.4 - Agenesias de dentes permanentes (terceiros molares) associadas

com a irrupção ectópica dos caninos superiores.......................................................

Figura 4.5 - Agenesias de dentes permanentes (incisivos laterais superiores e

terceiros molares inferiores) associadas à distoangulação do segundo pré- molar

inferior do lado oposto e a irrupção ectópica do canino superior..............................

Figura 4.6 - Agenesias de dentes permanentes (incisivos laterais superiores)

associadas à transposição dental do dente 23 com o dente 24................................

Figura 4.7 - Agenesias de dentes permanentes (primeiros pré-molares superiores

e inferiores) associadas à infraoclusão dos segundos molares decíduos.................

Figura 4.8 - Agenesias de dentes permanentes (terceiros molares) associadas á

mesioangulação dos segundos molares permanentes inferiores..............................

Figura 4.9 - Agenesias de dentes permanentes (incisivo lateral superior esquerdo)

associadas à microdontia do incisivo lateral superior do lado oposto.......................

Figura 4.10 – Agenesias de dentes permanentes (primeiro pré-molar inferior

esquerdo) associadas com supranumerário..............................................................

Figura 4.11 - Exemplo de hipoplasia de esmalte.......................................................

Figura 4.12 - Método de diagnóstico de canino ectópico por palatino......................

Figura 4.13 - Diagnóstico de distoangulação de segundos pré-molares inferiores...

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XVI

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 4.1 - Interpretação dos valores do Kappa......................................................

Tabela 5.1 - Concordância, Kappa e Intervalo de Confiança para agenesia............

Tabela 5.2 - Concordância, Kappa e Intervalo de Confiança para as anomalias......

Gráfico 5.1 - Distribuição da amostra de acordo com a faixa etária..........................

Gráfico 5.2 - Distribuição da amostra quanto ao sexo...............................................

Gráfico 5.3 - Distribuição da amostra de acordo com a etnia....................................

Gráfico 5.4 - Distribuição da amostra por etnia e sexo..............................................

Gráfico 5.5- Distribuição de agenesia em função do arco.........................................

Gráfico 5.6- Distribuição de agenesia em função do hemi-arco................................

Tabela 5.3 - Prevalência de agenesia na amostra....................................................

Tabela 5.4 – Distribuição do número de dentes ausentes nos 351 sujeitos

estudados..................................................................................................................

Tabela 5.5 - Distribuição da agenesia em função do dente......................................

Gráfico 5.7 - Prevalência de agenesia de terceiros molares, no subgrupo na faixa

etária entre 14 e 18 anos...........................................................................................

Gráfico 5.8 – Distribuição de pacientes com agenesia de terceiros molares, de

acordo com o dente afetado......................................................................................

Tabela 5.6 - Prevalência de agenesia e supranumerários na amostra e valores de

referência da população em geral.............................................................................

Gráfico 5.9 – Prevalência da pacientes com microdontia dos incisivos laterais........

Gráfico 5.10 – Prevalência da pacientes com distoangulação dos segundos pré-

molares inferiores......................................................................................................

Gráfico 5.11 – Prevalência da pacientes com mesioangulação de segundos

molares inferiores permanentes................................................................................

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Gráfico 5.12 - Prevalência de pacientes com irrupção ectópica dos caninos

superiores..................................................................................................................

Gráfico 5.13 – Prevalência de pacientes com transposição entre canino e primeiro

pré – molar superior e transposição entre incisivo lateral inferior e canino...............

Gráfico 5.14 - Prevalência de pacientes com infraoclusão dos molares decíduos...

Tabela 5.7 - Prevalência de anomalias na amostra e valores de referência da

População em geral...................................................................................................

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INTRODUÇÃO

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XIX

1 INTRODUÇÃO

Agenesia, do grego, é a ausência completa de um órgão. A agenesia dental

também pode ser denominada de anodontia parcial, anodontia, hipodontia,

caracterizando-se pela ausência de um ou mais dentes (GRIECO et al.31, 2007),

apesar de algumas dessas definições apresentarem diferenças etimológicas.

A genética, provavelmente, representa o fator etiológico primordial das

agenesias dentais. Em 1956, GRAHNÉN30 realizou estudo em crianças com

agenesias e reportou que mais de 50% dos irmãos e parentes também

apresentavam a mesma anomalia, representando uma alta prevalência comparada à

taxa esperada para a população em geral.

MCNEILL e JOONDEPH46, em 1973, relataram que a ausência de um ou

mais incisivos laterais superiores introduzem na dentição permanente um

desequilíbrio significativo no comprimento dos arcos dentais, tanto da maxila quanto

da mandíbula, e, que quando ocorre ausência de um ou mais dentes pode ser

definida como a anomalia de desenvolvimento dental mais comum.

A agenesia dental é a anomalia de desenvolvimento mais comum em

humanos e a genética desempenha um papel fundamental em sua etiologia

(NIEMINEN50, 2009; ZHU et al.79, 1996) e outros fatores podem também estar

relacionados como fatores nutricionais, traumáticos, infecciosos, doenças virais

como a rubéola e certos distúrbios endócrinos (ZHU et al.79 1996). Entretanto, a

hereditariedade tem sido considerada o fator etiológico principal da agenesia dental

(PECK et al.55, 1994; SYMONS e TAVERNE69, 1996; KOTSOMITIS e FREER36,

1997; GARIB et al.20, 2010) e sua patogenia está relacionada com alterações no

processo de formação e desenvolvimento da lâmina e dos subsequentes germes

dentais (VASTARDIS75, 2000).

Esta anomalia dental ocorre em 25% da população (BREDY et al.8, 1991), e,

o terceiro molar representa o dente mais afetado, exibindo uma prevalência de

20,7% (GARN e LEWIS25, 1962; LYNHAM43, 1990). Excluindo os terceiros molares,

os segundos pré-molares inferiores e os incisivos laterais superiores representam os

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dentes mais comumente ausentes (ROSE59, 1966; ROLLING58, 1980; POLDER et

al.57, 2004).

A literatura tem demonstrado um considerável número de evidências

sugerindo que os genes apresentam um papel fundamental na etiologia de diversas

anomalias dentais. Verificou-se que um único defeito genético pode definir diferentes

manifestações fenotípicas, incluindo agenesias dentais, microdontias, ectopias,

atraso no desenvolvimento, dentre outras anomalias (GARN e LEWIS25, 1962;

GARN e LEWIS26, 1963; WOOLF77, 1971; WEIDE, PRAHL-ANDERSEN e

BOSMAN76, 1993; PECK, PECK e KATAJA54, 1996; SYMONS e TAVERNE69, 1996;

KOTSOMITIS e FREER36, 1997; PECK, PECK e KATAJA53, 1998; ALEXANDER-

ABT¹, 1999; PECK, PECK e KATAJA52, 2002; SHALISH et al.64, 2002; SACERDOTI

e BACCETTI60, 2004; GALLUCCIO e PILOTTO19, 2008; SWINNEN et al.68, 2008;

GARIB, PECK e GOMES22, 2009; GARIB et al.21, 2010; GARIB et al.20, 2010).

A realização do diagnóstico precoce de uma determinada anomalia em um

paciente, mostra ao profissional a possibilidade da existência de outras anomalias

associadas, ou presente até nos familiares, indicando assim, um tratamento correto.

Desta forma, este trabalho visou verificar a prevalência de anomalias dentais em

pacientes com agenesias, encontradas em ambos os arcos dentais, para poder

comparar com as prevalências destas anomalias dentais esperadas para a

população em geral.

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REVISÃO DE LITERATURA

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2 REVISÃO DE LITERATURA

DACHI e HOWELL15 , em 1961, analisaram 3.874 radiografias, com o objetivo

de verificar a incidência de dentes impactados nos pacientes, com idade entre 13 e

20 anos, da Universidade de Odontologia da Indiana e de Oregon. Concluíram que a

incidência de pelo menos um dente impactado foi de 16,7%. Os dentes mais

frequentemente encontrados impactados foi o terceiro molar superior (21,9%),

seguido do terceiro molar inferior (17,5%) e canino superior (1,68%). Não houve

dimorfismo sexual na impactação dos terceiros molares, ao contrário da impactação

de caninos superiores, que se mostrou mais prevalente em mulheres.

GARN e LEWIS25, em 1962, verificaram que pacientes com agenesia de

terceiros molares apresentaram uma prevalência aumentada de agenesias de outros

dentes permanentes. Este estudo levou em consideração dois grupos (G1 e G2) de

pacientes, sendo que o G1 foi composto por 100 pacientes, no qual foi verificado a

agenesia de pelo menos um terceiro molar e o G2 foi formado por 398 com a

presença de todos os terceiros molares, sendo considerado o grupo controle . Os

dois grupos foram avaliados radiograficamente e todos os pacientes que formaram o

segundo grupo possuíam idade acima de 14 anos, evidenciando assim que o germe

dental do terceiro molar poderia iniciar sua formação até esta idade. Constataram

que quando um ou mais terceiros molares estavam ausentes a probabilidade de que

outros dentes estivessem ausentes era 13 vezes maior, principalmente os incisivos

laterais superiores (12%) e os segundos pré-molares inferiores (11%). Até mesmo

em dentes mais estáveis, como os incisivos centrais, caninos e primeiros pré-

molares, estavam ausentes no grupo com agenesia de terceiros molares. A

justificativa para isso foi de que um mesmo defeito genético pode dar origem a

diversas anomalias, em outras palavras, duas ou mais agenesias no mesmo

paciente podem apresentar origem geneticamente comum.

Em 1964, GLENN28 realizou dois estudos de prevalência de anodontia em

amostras de crianças de regiões geográficas distintas. O primeiro foi uma pesquisa

realizada em julho de 1957 a julho de 1959, em pacientes de uma clínica particular

de Odontopediatria, no noroeste da Flórida, E.U.A., com crianças leucodermas, na

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faixa etária de três a 16 anos, sendo 405 do sexo masculino e 372 do sexo feminino.

Encontrou 40 pacientes (5,15%) com anodontia, em um total de 65 dentes ausentes

e com maior incidência no sexo feminino, sendo que o arco dental mais afetado foi o

mandibular. Não houve diferença significativa entre os lados direito e esquerdo. Os

dentes mais afetados foram: segundo pré-molar inferior com 49,2%, incisivo lateral

superior com 32,3%, segundo pré-molar superior com 12,3%, incisivo central inferior

com 1,55%, primeiro molar superior com 1,55%, canino inferior com 1,55% e o

segundo molar superior com 1,55%. O segundo trabalho foi realizado em pacientes

pertencentes a uma clínica particular de Odontopediatria no sudeste da Flórida,

E.U.A, no intervalo de julho de 1959 a julho de 1963, com crianças leucodermas na

faixa etária de três a 15 anos. Foram examinadas 925 crianças, sendo 494 do sexo

feminino e 431 do sexo masculino. Foram encontrados 47 pacientes (5,08%) com

anodontia, em um total de 122 dentes ausentes. A maior incidência de agenesia

dental foi na mandíbula e no sexo feminino. Os dentes mais envolvidos foram:

segundo pré-molar inferior com 36,1%, incisivo lateral superior com 18,0%, segundo

pré-molar superior com 17,2%, primeiro pré-molar superior com 4,9%, incisivo

central inferior com 4,1%, canino superior com 3,3%, primeiro molar superior com

3,3%, primeiro molar inferior com 3,3%, segundo molar superior com 1,6%, canino

inferior com 1,6%, incisivo lateral inferior com 1,6%, incisivo central superior com

0,8% e segundo molar inferior com 0,8%.

Oito anos após, GARN e LEWIS24 (1970) realizaram outro estudo onde

tiveram como objetivo buscar a correlação entre agenesia e a redução do tamanho

da coroa dos dentes. Informações importantes foram coletadas na prevalência da

agenesia em diferentes populações e ficou bem esclarecido que a redução no

número de dentes é parcialmente influenciada pelo sexo. Dentre dessas

circunstâncias acima citadas foram exploradas as três hipóteses: a primeira é que a

agenesia tem um efeito progressivo ou incremental na redução do tamanho da coroa

em todos os dentes restantes. A segunda é que existia uma variação na redução do

tamanho da coroa do dente mais posterior para a linha média e a terceira hipótese é

que a agenesia era associada com uma distinta alteração no perfil do tamanho da

coroa dos dentes remanescentes. Estas hipóteses foram exploradas em vinte e oito

dentes permanentes na maior série única considerada até agora na literatura

odontométrica, e incluindo o aumento do envolvimento da agenesia nos terceiros

molares, incisivos laterais, segundos pré-molares e segundos molares. Foi realizado

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um estudo baseado em medidas do diâmetro mesiodistal da coroa de 658 pacientes

do sudoeste de Ohio, Estados Unidos. A maioria dos pacientes nasceram em Ohio e

eram ancestrais da parte noroeste da Europa. Do total de 658 pacientes, 82

mostraram radiografias com agenesia confirmada de um ou mais terceiros molares.

Além disso, existiu um subgrupo adicional de 19 pacientes com agenesia múltipla

dos dentes, normalmente incisivos laterais e segundos pré-molares. Estes três

grupos estão descritos aqui como; (1) a população de referência, (2) o grupo com

agenesia e (3) o grupo com múltiplas agenesias. O primeiro passo na análise dos

dados envolveu a confirmação da hipótese de que a redução no número de dentes

(agenesia) está associada com a redução do tamanho da coroa. Compararam-se as

médias dos diâmetros mesiodistais entre os três subgrupos de pacientes analisados.

Os resultados mostraram que a agenesia do terceiro molar e a agenesia múltipla

associou-se à redução do tamanho dos dentes remanescentes, além de uma

variação no tamanho dos dentes que estão presentes e erupcionados. Quanto mais

dentes ausentes, maior redução do tamanho e maior a variação nas distribuições de

tamanho. Portanto os dados confirmam a existência de um gradiente na redução do

tamanho dental em casos com agenesia. A agenesia foi responsável por uma

qualitativa e quantitativa alteração no tamanho da coroa na dentição permanente.

MULLER et al.49, em 1970, realizaram estudo sobre agenesia de dentes

permanentes, onde foram avaliados 14.940 pacientes norte-americanos (13.459

leucodermas e 1.481 melanodermas), na faixa etária entre seis e 14 anos.

Observaram, uma prevalência de 1,65% para agenesia do incisivo lateral superior.

Constataram que, se a agenesia estivesse presente em um ou dois dentes, o

incisivo lateral superior era o mais comumente ausente. Enquanto que, se a

agenesia ocorresse em mais que dois dentes, o segundo pré-molar era o mais

frequentemente ausente.

CLEATON JONES13 (1970) realizou um estudo sobre agenesias e dentes

conóides em incisivos laterais superiores permanentes. Foram avaliados 189

indígenas de Botswana-Kalahari (divisa com o sul da África). A ocorrência de

agenesia do incisivo lateral superior foi detectada em apenas um paciente do sexo

feminino (1,8%) e esteve associada com anomalia conóide do seu contralateral. A

maior incidência de incisivos laterais conóides foi de 6,35% a 7,07% para o sexo

feminino e de 5,55% para o sexo masculino, sendo a ocorrência mais comum no

lado esquerdo. O autor sugeriu que a grande prevalência de incisivos laterais

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conóides, na amostra estudada, ocorreu devido ao fato de que a organização social

dos indígenas incentiva o casamento consanguíneo.

Em 1971, WOOLF77 pesquisou a agenesia de incisivos laterais superiores em

pacientes pertencentes a um Centro de Documentação na cidade de Salt Lake,

Utah, U.S.A. Os históricos familiares foram coletados a partir de 103 portadores de

anomalias dos incisivos laterais, incluindo agenesias bilaterais ou unilaterais desses

dentes, assim como agenesia do incisivo lateral associada à forma conóide de seu

contralateral. A frequência de agenesias de incisivos laterais foi significantemente

maior nos pais e irmãos dos pacientes afetados, quando comparados com a

frequência em pais e irmãos das 187 famílias-controle. A presença de indivíduos

com incisivos laterais conóides foi encontrada com mais frequência em parentes de

primeiro grau do probando, ressaltando assim, uma relação significativa entre

genética e agenesia do dente conóide, quando se trata de incisivos laterais. Em 71

(69%) das 103 famílias portadoras da agenesia, parentes ao menos em primeiro,

segundo ou terceiro graus apresentaram agenesia do incisivo lateral superior ou

incisivo lateral superior conóide. Os dados deste estudo dão suporte à hipótese de

que, pelo menos parte do componente genético consiste de uma herança

autossômica dominante, com reduzida penetração e expressividade variável. É

também possível, que em alguns casos, possa ocorrer herança poligênica ou

recessiva. Muitas alterações genéticas poderão ocorrer com expressividade variável

entre membros afetados de uma mesma família e em diferentes famílias.

Em 1972, MALIK44 realizou estudo com objetivo de avaliar a prevalência de

agenesia de incisivo lateral superior em pacientes melanodermas. Para tanto, foram

examinados 2080 pacientes de vários hospitais e clínicas dentais do Oeste do

Paquistão. Destes pacientes, 900 eram do sexo masculino e 1180 do sexo feminino,

na faixa etária compreendida entre 16 a 40 anos. Foi constatado, por meio deste

estudo, que a prevalência mostrou-se baixa em pacientes negros. Apenas 19

pacientes (1,4%) apresentaram esta anomalia dental, sendo que 13 eram do sexo

feminino e seis do sexo masculino. Além disso, em 13 pacientes, a agenesia do

incisivo lateral não se apresentou associada a nenhuma outra anomalia dental, em

quatro pacientes apresentou-se associada à agenesia de terceiros molares, em um

paciente associou-se esta anomalia à falta do incisivo lateral inferior, e, por fim, em

outro paciente associou-se á falta do incisivo lateral superior do lado oposto.

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LEBOT e SALMON40 (1977) pesquisaram uma população masculina francesa,

para incidência de incisivos laterais superiores (ILS) ausentes ou reduzidos. Num

total de 5.738 indivíduos, observaram uma incidência de 1,59% com um ou dois ILS

reduzidos e 1,90% com um ou dois ILS ausentes, totalizando 3,49% de indivíduos

afetados. Além disso, foram observados 250 controles aleatórios. A agenesia de

outros dentes foram mais frequentes nos probandos. Os terceiros molares ausentes

totalizaram 12,4% nos controles, 24,0% nos probandos com ILS reduzido e 39,6%

nos probandos com dois ILS ausentes. A agenesia de incisivos, caninos e pré-

molares variaram de 0,4% nos controles a 1,3% nos probandos com ILS reduzidos e

5,0% nos probandos com dois ILS ausentes. Portanto, probandos com ILS reduzidos

estão numa posição intermediária entre os controles e os probandos com ILS

ausentes com relação à frequência de agenesias de outros dentes. Por outro lado,

uma posição diferente foi observada com relação à mensuração dos dentes: a

redução no tamanho do dente foi mais marcante nos probandos com ILS reduzidos

do que nos probandos com ILS ausentes. A redução afetou principalmente os

caninos, os incisivos, e em menor grau, os pré-molares. O comprimento do arco e os

diâmetros entre os pré-molares eram menores nos probandos com ILS ausentes,

quando comparado aos controles.q

Em 1981, KUROL38 elaborou dois estudos para verificar a prevalência da

infraoclusão dos molares decíduos. O primeiro foi elaborado com 1059 crianças

suecas com idade de três a 12 anos, destas, 94 (8,9%) apresentaram infraoclusão

do molar decíduo. A infraoclusão foi encontrada em crianças a partir dos três anos

de idade. Quarenta e nove crianças tiveram infra-oclusão de um único dente. O

primeiro molar inferior decíduo foi afetado dez vezes mais do que o superior, até os

nove anos de idade. Após os nove anos de idade o dente mais afetado pela

infraoclusão foi o segundo molar inferior decíduo. O segundo estudo englobou 138

crianças de 3 a 12 anos de idade, parentes de 109 crianças com infraoclusão. A

prevalência encontrada foi de 18,1%. Quando comparada com a prevalência do

primeiro estudo (8,9%) a diferença foi expressiva, suportando a hipótese de que

existe uma relação genética entre as famílias para a anomalia de infraoclusão de

molares decíduos.

MATTENSON, KANTOR e PROFFIT45, em 1982, avaliaram 26.264

radiografias panorâmicas, da Universidade da Carolina do Norte. O objetivo foi

determinar a distribuição de risco, prevalência do posicionamento e/ou migração

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distal. Constataram que 52 (0,20%) pacientes (36 do sexo feminino e 16 do sexo

masculino), demonstraram este tipo de anomalia, sendo uma incidência de um caso

a cada 505 pacientes. Na amostra total, de 26.264 pacientes, não foram

encontrados nenhum caso de distoangulação do segundo pré-molar superior.

SVEDEMYR66, em 1983, estudou em três gerações de duas famílias com

casamentos inter-familiares, a agenesia dos segundos pré-molares, no Instituto de

Odontopediatria, Estocolmo, Suécia. O estudo foi realizado com o objetivo de

estudar a genealogia e a conseqüência clínica da agenesia dos segundos pré-

molares. As famílias foram compostas de 76 pacientes, sendo, 43 do sexo

masculino e 33 do sexo feminino, com idade entre zero a 69 anos de idade. Esta

amostra foi dividida em três faixas etárias: de zero a quatro anos (13 pacientes),

cinco a 12 anos (11 pacientes) e de 13 a 69 anos (52 pacientes). No total de 13

pacientes, mostraram-se 24 dentes ausentes e que poderiam ser considerados

como agenesia. Porém, o autor relatou de que é de extrema importância levar em

consideração de que um germe ausente poderia aparecer tardiamente acima dos 9

anos de idade. Dos dentes ausentes, somente um era o incisivo lateral superior, o

restante correspondiam aos segundos pré-molares. O número de dentes ausentes,

porém, pareceu ser maior entre homens, embora nesta população pequena possa

ter ocorrido ao acaso. Não houve diferenças entre os lados direitos e esquerdos,

porém, a agenesia foi mais comum no arco mandibular do que no maxilar. Em

relação à quantidade de dentes ausentes por pessoa afetada, um único dente foi

mais comum, seguido por dois e menos comum com três. Em relação a terapia

recebida, alguns pacientes receberam tratamento ortodôntico, outros tratamentos

protéticos e a grande maioria optou-se pelas extrações dos segundos molares

decíduos, sendo um tratamento simples para o fechamento de espaço espontâneo

em casos de oclusão normal.

GROVER e LORTON32 (1985), avaliaram 5.000 radiografias panorâmicas de

recrutas do exército, na faixa etária entre 17 e 26 anos, com objetivo de determinar a

distribuição dos dentes não irrompidos/impactados destes pacientes. Constataram

que 4.825 (96,5%) pacientes, possuíam evidências radiográficas de um ou mais

dentes não irrompidos/impactados e os dentes mais afetados na maxila foram os

terceiros molares (52,56%), caninos (1,29%) e segundos pré-molares (0,05%) e na

mandíbula foram os terceiros molares (45,40%), primeiros pré-molares (0,22%) e os

segundos molares (0,03%).

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SANDHAM e HARVIE61, em 1985, avaliaram 800 pacientes escoceses e

constataram que a prevalência da transposição entre canino e primeiro pré-molar

superior foi 0,25% e que esta acomete indivíduos de ambos os sexos e ocorre em

ambos os arcos, com preferência pelo sexo feminino e pela maxila.

CASTILHO et al11. (1990) estudaram radiograficamente uma amostra

constituída de 201 pacientes brasileiros, sendo 94 do sexo masculino e 107 do sexo

feminino, estudantes do ensino médio da cidade de São José dos Campos (São

Paulo), dentre os quais, 189 eram leucodermas e 12 xantodermas, em ambos os

sexos, na faixa etária de 12 a 14 anos e 11 meses de idade. O objetivo deste estudo

foi analisar a distribuição de agenesia dental desta amostra. Concluíram que 75,62%

dos pacientes não possuíam agenesia, portanto, 24,38% possuíam agenesia, sendo

10,44% dos pacientes do sexo masculino e 13,94% do sexo feminino. Verificaram

que 20,39% dos pacientes possuíam agenesia exclusivamente dos terceiros

molares, sendo que 9,95% de sexo masculino e 10,44% do sexo feminino. Verificou-

se que a agenesia total da amostra, incluindo os terceiros molares foi de 22,87%.

Apenas 1,49% dos pacientes do sexo feminino possuíam agenesia de outros

germes dentais e que 2,48% dos pacientes, sendo 0,49% do sexo masculino e

1,99% do sexo feminino, apresentaram agenesia dos terceiros molares associada à

agenesia de outros dentes. O dente que apresentou maior prevalência de agenesia

foi o segundo pré-molar inferior com cinco dentes ausentes. As demais ausências

anotadas foram: incisivo central inferior, incisivo lateral superior e segundo pré-molar

superior, com agenesia de um dente. De acordo com os dados obtidos constatou-se

de que houve maior prevalência de agenesia nos pacientes do sexo feminino do que

no masculino. Ocorreu também uma maior prevalência de agenesia dos terceiros

molares, seguido dos segundos pré-molares, dos incisivos laterais superiores e um

caso de incisivo central inferior. Entre os terceiros molares, a prevalência de

agenesia foi maior na maxila do que na mandíbula, e, quanto aos pré-molares, a

ausência foi maior na mandíbula. Portanto, é importante para o clínico ter um

conhecimento prévio da incidência dos casos de agenesia, bem como da época em

que se pode verificar, com certeza, se realmente se trata de um caso de agenesia

ou de formação tardia do germe dental.

Em 1990, LYNHAM43 realizou um estudo onde foram selecionados 662

recrutas da Força de Defesa Australiana, e foram utilizadas radiografias

panorâmicas para avaliação de agenesia dental, excluindo os terceiros molares. Foi

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encontrada uma prevalência de 6,3% nos pacientes com algum tipo de agenesia

dental. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os sexos masculino

e feminino. Os dentes, de modo geral, mais ausentes foram os segundos pré–

molares inferiores, seguidos dos incisivos laterais superiores e, por fim, os segundos

pré-molares superiores.

STRITZEL, SYMONS e GAGE67, em 1990, realizaram um estudo com intuito

de determinar a distribuição (em relação ao local e número) da agenesia dos

segundos pré- molares. Foram usadas radiografias e fichas clínicas de 176

pacientes caucasianos (96 mulheres e 80 homens) da Universidade de Queensland,

Austrália, para detectar a agenesia de um ou mais segundos pré- molares. Os

registros foram analisados para verificar a distribuição da agenesia dos segundos

pré-molares e a agenesia de um ou mais segundos pré-molares por indivíduos. A

distribuição da agenesia foi comparada entre pacientes do sexo masculino e

feminino. Foi usado o teste Qui-quadrado para análise estatística dos dados.

Argumentaram que os diferentes tipos de agenesias podem ser causados por

diferentes fatores genéticos e epigenéticos. Não houve variação na ocorrência de

agenesias dos segundos pré-molares observada entre sexos. Apresentou-se uma

maior prevalência de agenesias na mandíbula do que na maxila, sendo que na

maxila, a agenesia tendeu a ser mais simétrica. Com relação à distribuição do

número de segundos pré-molares ausentes a agenesia de um único pré- molar

ausente foi mais comum. A agenesia de um ou dois segundos pré- molares ocorreu

em 75% dos casos.

BREDY, ERBRING e HUBENTHAL8, em 1991, observaram 2550 radiografias

de pacientes de Ortodontia para avaliar a agenesia dental, dependendo da presença

ou ausência de terceiros molares. Encontraram que a agenesia dental (exceto de

terceiros molares) ocorreu em 9,7% dos pacientes. A ausência de terceiros molares

ocorreu em 20,7% dos pacientes entre 12 e 36 anos de idade. No mínimo, um dos

terceiros molares estava ausente em 81,5% de todos os pacientes estudados que

apresentavam agenesia. Estes autores observaram que a média de agenesia dental

era de 5,9% no grupo de pacientes com a presença de todos os molares.

PECK, PECK e ATTIA51 (1993), realizaram estudo que teve como objetivo

investigar a natureza da transposição do canino erupcionado entre os pré- molares

superiores. A investigação foi feita em 43 pacientes (20 pacientes do sul da França,

1 paciente do sul da Finlândia e 22 pacientes do nordeste dos Estados Unidos), com

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transposição de canino, sendo 34 mulheres e 9 homens, com a faixa etária entre 8 e

22 anos. Quarenta pacientes eram leucodermas e três eram melanodermas. Em

nenhum deles havia histórico de trauma. Neste estudo, seis variáveis foram

coletadas: localização da anomalia, sexo, idade, raça, agenesia dental (excluindo o

terceiro molar) e tamanho do incisivo lateral superior. Os resultados mostraram, no

mínimo, três tendências importantes. A primeira delas foi que 23% dos casos houve

bilateralidade, a segunda foi que 79% dos casos ocorreram em mulheres e a terceira

foi que nos casos onde não houve bilateralidade a ocorrência foi de 61% do lado

esquerdo. Observaram que 16 dos 43 pacientes (37%), tiveram agenesia de um ou

mais dentes permanentes, excluindo os terceiros molares. O dente mais

frequentemente afetado foi o incisivo lateral superior com 16 dentes, seguido pelo

segundo pré-molar inferior, com 8 dentes. O incisivo lateral superior conóide também

se mostrou frequentemente associado à transposição, com prevalência de 16%,

índice bem mais alto que a prevalência de 1 a 2% desta anomalia na população em

geral. Este estudo mostrou que existe um significante componente genético

intrinsecamente ligado à etiologia da anomalia de transposição envolvendo os

caninos superiores.

No ano de 1994, PECK et al.55 propuseram um estudo onde o fator genético

aparecia como etiologia principal da irrupção ectópica dos caninos superiores

permanentes para palatino. Basearam-se em fortes indícios como: a ocorrência de

outras anomalias dentais associadas (agenesias e microdontias), a frequente

ocorrência bilateral, as diferentes prevalências encontrados entre os sexos e em

diferentes etnias, e, finalmente, nos relatos de históricos familiares dessa anomalia.

E concluíram , que a partir da análise das evidências disponíveis, a irrupção ectópica

dos caninos superiores permanentes para palatino parece ser um componente

hereditário, poligênico e multifatorial.

Em 1995, PECK e PECK56 propuseram um estudo no qual analisaram 201

pacientes com o objetivo de classificar as transposições dentais superiores em cinco

tipos: 143 pacientes com transposição do Canino – Primeiro pré-molar superior, 40

pacientes com transposição de Canino-Incisivo Lateral superior, 8 pacientes com

transposição de Canino para o local do Primeiro Molar superior, 6 casos com

transposição do Incisivo Lateral – Incisivo Central superior e 4 casos com

transposição do Canino para o local do Incisivo Central superior. Foram usados os

seguintes critérios de inclusão: Documentação radiográfica e fotográfica de boa

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qualidade e localização anatômica da transposição. O posicionamento anômalo do

canino superior era uma característica comum de quatro dos cinco tipos de

transposição dental, sendo exceção na transposição do Incisivo Lateral – Incisivo

Central. A transposição do Canino- Primeiro Pré- molar permanente foi a mais

encontrada, compreendendo 71% (143 pacientes) e destes, 26% (37 pacientes)

demonstraram ausência de um ou mais dentes permanentes – excluindo os terceiros

molares, quando associadas com a transposição. Em seguida, a transposição do

Canino – Incisivo Lateral com 20% (40 pacientes) e os outros três tipos de

transposições representaram 9% (28 pacientes). Em apenas um paciente foi

encontrado associação de dois tipos de transposições dentais. Foi descrito pelos

autores um diagnóstico diferencial primário da transposição do Canino para o local

do Incisivo Central, que consiste na ausência do Incisivo Central do mesmo lado.

Diante disto, concluíram que os fatores etiológicos das transposições dentais podem

ser genéticos e/ou acidentais, que são fatores que interferem na formação da má

oclusão.

Em 1996, CHATTOPADHYAY e SRINIVAS12, analisando a associação entre

a transposição dental no arco superior com a presença de outras anomalias dentais

em 21 pacientes, da Universidade de Odontologia de Dharwad, Índia, na faixa etária

de 16 a 50 anos de idade. Constataram a presença de agenesias dentais (excluindo

os terceiros molares) e da microdontia do incisivo lateral superior em,

respectivamente, 40 e 25% dos casos. Relataram que a genética é o fator etiológico

das transposições.

PECK, PECK e KATAJA54, em 1996, examinaram 58 pacientes ortodônticos,

norte-americanos, não sindrômicos, caucasianos e todos com irrupção ectópica do

canino para palatino de um ou ambos os caninos. Os objetivos deste estudo foi

determinar a frequência, a associação com a agenesia de outros dentes e verificar a

ocorrência de microdontia do incisivo lateral superior. Radiografias panorâmicas

foram utilizadas para identificar agenesias de dentes permanentes, excluindo os

terceiros molares. Para a amostra com irrupção ectópica do canino para palatino foi

observado um aumento na prevalência de agenesia de outros dentes permanentes

(17%, desconsiderando –se os terceiros molares), sobretudo 14% dos casos

apresentando ausência dos segundos pré- molares inferiores e ainda observaram

que essa ectopia envolvendo os caninos superiores associou-se com a prevalência

da microdontia do incisivo lateral superior, observada em 17% dos casos, não

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necessariamente no mesmo quadrante do distúrbio irruptivo dos caninos. Os

resultados apontaram uma nova evidência, para um relacionamento biológico entre

a irrupção ectópica do canino para palatino e a redução de número e tamanho de

dentes. Estes foram consistentes com a hipótese de que agenesias dentais, redução

do tamanho do dente e irrupção ectópica do canino para palatino são três co-

variáveis de um complexo genético e frequentemente ocorrem em conjunto.

SYMONS e TAVERNE69, em 1996, analisaram uma família que apresentava

anomalias de formação e erupção dos segundos pré-molares inferiores. Os pais

possuíam segundos pré- molares, mas estes apontavam-se com uma erupção

ectópica, impactação e espaçamento entre os primeiros e segundos pré- molares.

Quatro filhos do casal foram examinados, três do sexo masculino com 15, 14 e 12

anos e um do sexo feminino de 11 anos de idade. A anomalia de segundo pré- molar

incluiu a agenesia, a erupção ectópica com impacção e atraso de erupção

aparecendo concomitantemente com espaçamentos e agenesias de outros dentes

permanentes. Os autores sugeriram que estas anomalias parecem ter uma origem

genética bastante marcante afetando ambos os sexos. No caso reportado, a família

demonstrou duas anomalias nos segundos pré- molares inferiores que foram a

agenesia e a erupção ectópica para a distal, e a questão levantada era se estas

duas anomalias estavam hereditariamente separadas ou se a falha de erupção do

dente em uma variação da expressão do mesmo gene que resulta a agenesia. O

resultado do relatório demonstrou que a agenesia de segundos pré- molares estava

geneticamente associada com membros da família. Defeitos de erupção e agenesia

podem constituir uma variação da expressão da mesma condição genética ou

podem ser duas condições genéticas afetando a mesma localização. Isto porque foi

verificado que o primeiro filho teve agenesia de segundos pré-molares inferiores,

agenesia de incisivo lateral e atraso na erupção dos segundos pré- molares

superiores. O segundo filho teve atraso na erupção dos segundos pré- molares

superiores, má posição e espaçamento dos pré- molares inferiores. No terceiro filho

nenhum segundo pré- molar estava erupcionado e houve a agenesia de incisivo

lateral e por fim, no quarto filho, contatou-se uma agenesia de um segundo pré-

molar, enquanto os demais mostravam atrasos na erupção.

ZHU et al.79, em 1996, reportaram que os pacientes que se encontravam na

dentição permanente, a prevalência de agenesias dentais (excluindo os terceiros

molares) foi de 3,5% a 8% da população e a prevalência incluindo os terceiros

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molares encontrava-se entre 20,8% a 22,7% da população. A prevalência de

indivíduos com agenesia apresentaram-se com frequência a presença de

microdentes e de dentes conóides.

KOTSOMITIS e FREER36 (1997) relataram que há um corpo considerável de

evidências que sugerem um papel dominante dos genes na etiologia das anomalias

dentais. Foi postulado que algum tipo de relação genética deva existir para algumas

dessas anomalias dentais como evidenciado por sua alta freqüência de associação.

Também especulou- se que um defeito genético comum pode aumentar as

diferentes manifestações fenotípicas, incluindo ausência, malformação e dentes

ectópicos. Os dentes superiores que se desenvolvem nas áreas criticas da lâmina

dental, isto é, os incisivos laterais, caninos e segundos pré- molares parecem ser

mais susceptíveis. Os autores mencionaram que a prevalência de dentes ausentes,

excluindo-se os terceiros molares, varia na dependência da população estudada,

sendo os incisivos inferiores mais frequentemente ausentes nos asiáticos, enquanto

o incisivo lateral superior, assim como os segundos pré- molares superiores e

inferiores são os mais comumente ausentes nos caucasianos. As mulheres são mais

frequentemente afetadas que os homens. Com relação á natureza da

hereditariedade da agenesia, eles indicaram que existe uma tendência hereditária

uma vez que os dentes ausentes acontecem mais frequentemente entre parentes

que na população em geral.

BACCETTI5, em 1998 realizou um estudo no qual o objetivo foi fornecer

maiores evidências quanto á existência da reciprocidade e associações entre

diferentes tipos de anomalias dentais durante a fase de desenvolvimento. A amostra

constou de 4400 pacientes caucasianos, com idade de 7 a 14 anos, que foram

divididos aleatoriamente em dois grupos. O primeiro grupo apresentava 1000

pacientes, destes 482 do sexo masculino e 518 do sexo feminino sendo este o grupo

controle e o segundo grupo foi composto de 3400 pacientes e foi dividido em 5

subgrupos de 100 pacientes com um determinado tipo de anomalia dental (agenesia

de segundos pré-molares microdontia dos incisivos laterais superiores, infraoclusão

dos molares decíduos, erupção ectópica dos primeiros molares e irrupção ectópica

dos caninos superiores para palatino). Os pacientes pertencentes a um dos 5

subgrupos não eram concomitantemente presentes em nenhum dos outros 4

subgrupos. O grupo com agenesia de segundos pré-molares demonstrou uma

associação significante com a microdontia dos incisivos laterais superiores, infra-

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oclusão dos molares decíduos, irrupção ectópica dos caninos superiores para

palatino. O grupo que possuía microdontia dos incisivos laterais superiores e o grupo

com infraoclusão de molares decíduos mostrou uma associação significante com

todos os outros tipos examinados de anomalias dentais. O grupo com erupção

ectópica de primeiros molares mostrou uma associação significante com todos os

outros tipos de anomalias dentais examinadas, exceto para deslocamento dos

caninos superiores para palatino. O grupo com irrupção ectópica dos caninos

superiores para palatino revelou uma associação significante com todos os outros

tipos de anomalias dentais, exceto com a erupção ectópica de primeiros molares. O

autor sugeriu que uma futura análise com um maior número de anomalias de

erupção e de agenesias dentais talvez revele padrões de associações diferentes.

Neste mesmo ano, BACCETTI6 realizou outro estudo com intuito de revelar os

padrões entre sete tipos de anomalias dentais (agenesia do segundo pré-molar,

microdontia dos incisivos laterais superiores, infraoclusão de molares decíduos,

supranumerários, hipoplasia de esmalte, erupção ectópica de primeiros molares e

irrupção ectópica dos caninos superiores para palatino). O estudo foi realizado em

pacientes com idade entre 7 e 14 anos de idade, não tratados ortodonticamente. O

grupo controle constou de 1000 pacientes selecionados aleatoriamente do arquivo

da Universidade de Florence. O grupo experimental foi dividido em sete subgrupos

de 100 pacientes cada, com as anomalias dentais previamente relatadas. Os

pacientes que pertencem a um dos sete subgrupos não eram concomitantemente

presentes em nenhum dos outros seis subgrupos. O objetivo da investigação foi

promover mais evidências para fundamentar a existência de uma associação

recíproca significante entre os diferentes tipos de anomalias dentais. Comparou-se a

prevalência de anomalias dentais nos subgrupos experimentais e controle. Uma

associação recíproca significante foi encontrada entre cinco das anomalias

(agenesia do segundo pré-molar, microdontia dos incisivos laterais superiores,

infraoclusão de molares decíduos, hipoplasia de esmalte e irrupção ectópica dos

caninos superiores para palatino) sugerindo uma genética comum para estas

condições. Os dentes supranumerários pareceram ter uma etiologia separada de

todas as outras anomalias dentais examinadas. A existência de associações entre

diferentes anomalias dentais é clinicamente relevante, assim como o diagnóstico

prematuro de uma anomalia talvez indique um aumento de risco para outras

anomalias.

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PECK, PECK e KATAJA53, em 1998, demonstraram a associação da

transposição envolvendo incisivos laterais e caninos inferiores com outras anomalias

dentais. Em uma amostra de 60 pacientes, na faixa etária de 7 a 45 anos de idade,

com o referido tipo de transposição, 45% apresentavam agenesia e/ou microdontia

dos incisivos laterais superiores. Esta prevalência, muito elevada em comparação à

população em geral, reforçou prévias evidências da participação genética na

etiologia das transposições dentais no arco inferior.

Neste mesmo ano foi realizado um estudo por, THONGUDOMPORN e

FREER72, em que examinaram 111 pacientes tratados ortodonticamente, sendo 46

do sexo masculino e 65 do sexo feminino, com idade média de 13,2 anos e

constataram- se que 1,8% do sexo masculino e 6,3% do sexo feminino, possuíam

agenesia de algum elemento dental. Excluindo os terceiros molares, o dente mais

afetado foi o segundo pré – molar.

BACCETTI7, em 2000, propôs estudo com 2520 pacientes, sendo 1223 do

sexo masculino e 1297 do sexo feminino, na faixa etária entre 12 e 16 anos de

idade, os quais foram divididos aleatoriamente em dois grupos. O primeiro grupo foi

o experimental, com 1520 pacientes (698 masculino e 822 feminino). O segundo foi

o grupo controle com 1000 pacientes (478 masculino e 522 feminino) e o objetivo foi

verificar a associação entre a falha de erupção do primeiro ou segundo molar

permanente com outros tipos de anomalias dentais. O resultado mostrou que três

das anomalias estudadas tiveram um inter-relacionamento com o grupo

experimental molar e foram a infraoclusão dos molares decíduos, irrupção ectópica

de caninos superiores para palatino e rotação do incisivo lateral superior. Enquanto

a agenesia do segundo pré-molar e microdontia do incisivo lateral não apresentou

nenhum inter-relacionamento. O estudo proveu evidências de que diferentes

anomalias estão significantemente associadas à falha de erupção do primeiro ou

segundo molar, mostrando mais uma vez que existe um fator genético nos distúrbios

da dentição humana.

Em 2000, COLLET14 retratou um caso clínico de uma menina de 13 anos de

idade, em que a radiografia panorâmica apresentava um segundo pré- molar inferior

direito inclinado horizontalmente e o segundo molar inferior decíduo estava retido. A

coroa e a raiz foi facilmente palpada na região bucal e lingual. Um tratamento

conservador foi realizado no paciente, consistindo da extração do segundo molar

inferior decíduo e mantendo espaço deste por meio do uso de bandas ortodônticas e

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fio. Dez meses depois o segundo pré- molar estava parcialmente erupcionado e

depois de mais seis meses o dente tinha alcançado o plano oclusal.

VASTARDIS75, em 2000, demonstrou em seu estudo uma estratégia de como

a genética poderia ser aplicada para investigar a causa da agenesia de dentes

humanos. Utilizou uma família com grande número de pacientes que apresentavam,

claramente e de modo bem definido, a forma de agenesias combinadas de

segundos pré- molares e terceiros molares. Observou que a dentição permanente é

mais frequentemente afetada do que a decídua e a prevalência da agenesia dental

na população em geral é de 1,6% a 9,6%, excluindo os terceiros molares. Identificou

- se um gene que afetava a formação dos segundos pré- molares e terceiros

molares. Foi identificado que o gene que causava a agenesia de segundos pré-

molares e terceiros molares estava relacionado ao cromossomo 4p.

Subseqüentemente, descobriu-se a existência de uma mutação no gene MSX1.

Concluiu – se que a agenesia dental familiar foi considerada uma anomalia dental

comum, reconhecida e bem definida.

ARTE et al.3, em 2001, analisaram a herança genética, fenótipo da hipodontia

e anomalias dentais associadas de 214 membros familiares de três gerações de 11

probandos, para o estudo da ligação genética com a hipodontia do Incisivo- Pré-

molar. A faixa etária dos 11 probandos variou entre dez a 36 anos de idade. Os

dados foram coletados através de fichas clinicas dos arquivos do Departamento de

Odontologia da Universidade de Helsinki. Para o diagnóstico da hipodontia foram

utilizadas radiografias panorâmicas. A genealogia das famílias foi construída e os

indivíduos com hipodontia foram classificados como afetados. A hipodontia dos

terceiros molares não foi analisada devido à falta de dados necessários e confiáveis

e, em relação à microdontia do incisivo lateral superior que foi diagnosticada como

hipodontia, não foi analisada em crianças menores de 6 anos de idade (N=10). A

penetrância de hipodontia foi calculada de acordo com o método de máxima

probabilidade proposto por Mather (1957). Os pacientes que apresentaram

obrigatoriamente o gene da hipodontia e que não apresentaram hipodontias foram

identificados e classificados na genealogia e suas características dentais foram

analisadas separadamente. De acordo com os resultados, a hipodontia encontrada

na maxila foi de 59% e na mandíbula, de 55% e em ambos os arcos foi de 15%. O

quadrante mais afetado foi o inferior esquerdo, com 81%. Foram encontrados 120

dentes ausentes, desses, 57 (47%) foram os segundos pré-molares inferiores, 36

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(30%) segundos pré-molares superiores, 21 (17%) incisivos laterais superiores e 6

(4,2%) incisivos centrais inferiores. A prevalência de hipodontia e/ou dentes

conóides foram mais de 40% em parentes de 1° e 2° grau e de 18% em primos de 1°

grau dos probandos. Dos 9 portadores obrigatórios de genes de hipodontia, 4

possuíam anomalias dentais como caninos ectópicos, microdontia dos incisivos

laterais superiores, taurodontismo e rotação dos pré- molares. Estas anomalias

também foram observadas com maior freqüência em famílias afetadas com a

hipodontia. Concluíram que a hipodontia de Incisivo- Pré-molar é uma condição

genética autossômica dominante e que a transmissão dela está associada a várias

outras anomalias dentais.

PECK, PECK e KATAJA52, em 2002, realizaram um estudo onde examinaram

161 pacientes de origens geográficas distintas, sendo 130 pacientes da América do

Norte, 21 da Europa e 1 paciente da Ásia. Observaram a ocorrência de agenesia

dental associada á má posição de caninos ,que foram divididas em três tipos: canino

deslocado para palatino (n: 58), canino inferior transposto com o incisivo lateral

inferior(n:60) e canino superior transposto com primeiro pré-molar superior (n:43).

Para a identificação da agenesia de pelo menos um terceiro molar, segundo pré-

molar inferior ou incisivo lateral superior foram utilizadas radiografias panorâmicas.

Observaram que o canino deslocado para palatino e o canino transposto para o local

do incisivo lateral inferior parecem estar associados com o significante aumento de

agenesia de terceiros molares e a transposição do canino com primeiro pré-molar

superior mostrou-se associada com elevada prevalência de agenesia de incisivo

lateral superior. Foi encontrada também prevalência elevada de agenesia dos

segundos pré-molares inferiores nos três grupos com anomalias de posição de

caninos. Constataram assim, que algumas discretas alterações de posições de

caninos e agenesia de no mínimo um dente são anormalidades conhecidas por

ocorrerem frequentemente associadas.

SHALISH et al.64, em 2002, mediram e compararam, em radiografias

panorâmicas, a posição angular dos germes dos segundos pré-molares inferiores

em 17 pacientes ( 9 do sexo feminino e 8 do sexo masculino) de dez a 15 anos de

idade com e sem agenesia do contralateral. Verificou-se que, a distoangulação do

germe do segundo pré-molar inferior na amostra de pacientes com agenesia de

segundo pré-molar inferior foi de 75,6° em relação á borda inferior da mandíbula,

enquanto no grupo controle (pacientes sem agenesia) o valor foi de 85,5°. Este

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estudo comprovou a hipótese de que o mau posicionamento angular do segundo

pré-molar inferior apresentava-se relacionado com a agenesia de seu contralateral.

Estes resultados identificaram um novo fenótipo do distúrbio do desenvolvimento

dental e ajudaram a acumular evidências sobre o mecanismo genético no controle

das anomalias dentais.

BABA-KAWANO et al.4, em 2002, relataram em sua pesquisa que dos 96

pacientes, com idade entre 7 e 12 anos (47 masculinos e 49 femininos) no qual

foram selecionados de um grupo de 579 indivíduos dos arquivos de Ortodontia, da

Universidade de Kyushu, Japão e para serem incluídos nesta pesquisa deveriam

possuir um requisito básico, que a radiografia panorâmica inicial tenha sido realizada

antes dos 10 anos de idade, 76 dos 96 pacientes, apresentavam o germe dos

terceiros molares inferiores, sendo assim a porcentagem de agenesia foi de 20,8%

dos casos.

Neste mesmo ano, TAVAJOHI-KERMANI, KAPUR e SCIOTE70, avaliaram 89

pacientes sendo 27 do sexo masculino e 62 do sexo feminino, na faixa etária entre 8

e 18 anos em que o diagnóstico apresentavam agenesia dental e relataram que as

agenesias podem interferir no tamanho da maxila e mandíbula segundo análise

cefalométrica de Bolton. Para a avaliação da agenesia dos terceiros molares os

pacientes deveriam ter mais de 14 anos. Os autores relataram neste estudo, em

ordem de prevalência, o dente que foi mais afetado, iniciando pelos terceiros

molares (superiores: 28,8%; inferiores: 23,4%), segundos pré-molares inferiores

(12,4%), incisivos laterais superiores (11,5%), segundos pré-molares superiores

(5,8%), incisivos laterais inferiores (5,8%) e incisivo central inferior (4,9%). Na

dentição decídua relataram ser muito rara a presença de agenesias compreendendo

entre 0,09% a 0,10% a sua prevalência.

Em 2003, LEONARDI41 reportou um caso clínico de gêmeas homozigóticas

de 10,7 anos de idade. E após, o exame clínico, mostraram uma dentição mista com

má oclusão de classe I idênticas. O exame radiográfico mostrou um

desenvolvimento mesioangular palatino para ambos os caninos superiores não

erupcionados. Para uma das gêmeas, o desenvolvimento de irrupção ectópica do

canino para palatino era do lado esquerdo, severo e aparente. Na outra era do lado

direito, o que é muito incomum, pois como as gêmeas eram homozigóticas

esperava-se que as duas tivessem irrupção ectópica do canino para palatino no

mesmo lado. Outra radiografia mostrou uma erupção ectópica do segundo molar

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inferior para cada uma. Um tratamento interceptivo para o desenvolvimento do

irrupção ectópica do canino para palatino foi aplicado, extraindo os caninos

superiores decíduos. Uma radiografia panorâmica foi tirada novamente quando as

gêmeas estavam com idade de 12 anos e foi verificado um sucesso na interceptação

da irrupção ectópica do canino para palatino.

MEZA47, em 2003, realizou um trabalho cujo objetivo foi analisar

radiograficamente, a prevalência de agenesias de dentes permanentes em 668

pacientes mexicanos do departamento de Ortodontia da Universidade

Intercontinental da Cidade do México, com idade entre 9 e 20 anos, sendo 413 do

sexo feminino e 255 do sexo masculino. Foi comparada a prevalência de agenesia

dental na maxila e na mandíbula nos quadrantes direito e esquerdo. Observaram os

seguintes resultados: 27% apresentaram ausência de pelo menos um dente, 24%

apresentaram ausência de terceiros molares, 5,5 % apresentaram ausência de

incisivo lateral superior, 3,5% apresentaram ausência de segundo pré-molar inferior,

2,7% apresentaram ausência do incisivo central inferior. A agenesia mostrou-se

bilateral em 75% dos casos e unilateral em 25%, enquanto 55% dos dentes

ausentes eram superiores e 44,8% inferiores.

TRISTÃO et al.73, em 2003, avaliaram a prevalência de agenesias dentais de

acordo com o sexo, o posicionamento nos arcos, a posição e a quantidade de

dentes ausentes. Para a realização desta pesquisa foram examinadas 268

radiografias panorâmicas de crianças de 7 a 13 anos de idade atendidas no

ambulatório de Odontopediatria da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),

no período de 1997 a 2000. Do total da amostra, 41,5% das crianças eram do sexo

masculino e 58,5% do feminino. Os autores encontraram uma prevalência de 8,6%

de agenesias, excluindo-se os terceiros molares, sendo 34,8% do sexo masculino e

65,2% do sexo feminino. Analisando a distribuição de agenesia entre as crianças, de

acordo com o sexo, observou-se que não houve diferença estatisticamente

significante. Não existiu diferença entre os lados direito e esquerdo, sendo

observada tendência bilateral. Quanto ao arco, observou- se que em 43,5% dos

casos, a agenesia ocorreu somente no arco superior. Com relação ao número de

elementos envolvidos, observou-se que em 8% das crianças apenas um elemento

estava ausente; em 30,4%, dois; em 13,1%, três; e em 21,7%, quatro elementos

estavam ausentes. O segundo pré- molar inferior foi o dente que apresentou a maior

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agenesia 29,41%, seguidos pelos segundos pré- molares superiores de 27,45% e

dos incisivos laterais superiores 15,69%.

KAJII et al.34, em 2004, realizaram com 391 pacientes xantodermas, sendo

145 do sexo masculino e 246 do sexo feminino, na faixa etária abaixo de 15 anos,

em que utilizaram radiografias panorâmicas e telerradiografias laterais. Concluíram

que a agenesia de terceiros molares superiores apresentou significância estatística

na dimensão de osso basal na maxila. Na mandíbula, a agenesia dos terceiros

molares inferiores afeta da mesma maneira, porém os resultados sugerem que a

agenesia dos terceiros molares não depende da dimensão ântero-posterior da

mandíbula, mas dependem da dimensão anteroposterior da maxila em pacientes

ortodônticos japoneses.

Em 2004, POLDER et al.57, pesquisando a prevalência de agenesias nas

populações caucasianas americanas, australianas e européias, denominaram este

estudo de metanálise da prevalência de agenesia dental de dentes permanentes. A

busca foi feita no Medline e no Embase usando as seguintes palavras chaves

“hipodontia”, “oligodontia”, “anodontia”, “agenesia” e “prevalência ou incidência”. A

pesquisa identificou 141 artigos, dos quais 31 foram selecionados. A prevalência de

agenesia difere entre sexo e continentes. A prevalência para ambos os sexos é mais

alta na Europa (masculino 4,6% e feminino 6,3%) e na Austrália (masculino 5,5% e

feminino 7,6%) que nos caucasianos Norte Americanos (masculino 3,2% e feminino

4,6%). O sexo feminino foi sempre mais afetado, nos três continentes mencionados.

O segundo pré-molar inferior foi o dente mais afetado seguido pelo incisivo lateral

superior e segundo pré-molar superior. A ocorrência de agenesia unilateral mostrou-

se mais comum que a bilateral. Quando ocorre a bilateralidade, a agenesia mais

comum é a do incisivo lateral superior. Na maioria dos pacientes, a agenesia foi

encontrada em um ou dois dentes (48% e 35% respectivamente). Concluíram,

assim, que existe uma forte influência de fatores genéticos.

SACERDOTI e BACCETTI60, em 2004, observaram a prevalência e

distribuição de CDP (canino deslocado para o palato) em uma população de 5.000

pacientes ortodônticos (2.347 do sexo masculino e 2.653 do sexo feminino), na faixa

etária de 7 a 17 anos de idade, pertencentes ao Departamento de Ortodontia da

Universidade de Florença. Analisaram a relação do canino ectópico com anomalias

craniofaciais e anomalias dentais. Pacientes portadores de CDP apresentaram

menor altura no ângulo facial, prevalência de 60,2%. Houve uma significante

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associação entre a ectopia do canino deslocado para o palato na sua forma

unilateral e a agenesia dos incisivos laterais superiores, enquanto que, a forma

bilateral esteve associada á agenesia dos terceiros molares. Ocorreu também uma

associação recíproca entre CDP e microdontia do incisivos laterais superiores. A

ocorrência de outras anomalias associadas ao CDP, sua bilateral expressão e

diferença entre os sexos confirmaram o componente genético na etiologia deste

distúrbio.

Em 2005, FEKONJA18, reportou a prevalência de agenesias em 24 pacientes,

sendo nove do sexo masculino e 15 do sexo feminino e com média de idade de 12

anos e 7 meses. Este observou a ocorrência de agenesia com o dente atingido, o

quadrante afetado e o tipo de má oclusão. Os pacientes foram analisados por meio

de fichas clínicas, modelos de gesso e radiografias panorâmicas. Diante dos

resultados obtidos, constatou- se que a frequência da agenesia foi de 11,3% no total

da amostra, sendo maior que a prevalência da agenesia em outros estudos com

crianças na mesma faixa etária. Os dentes mais atingidos pela agenesia foram os

incisivos laterais superiores, seguidos dos pré-molares inferiores e superiores. O

lado direito foi mais afetado (54,2%) do que o esquerdo (45,8%), em ambos os

sexos. Com relação ao número de dentes ausentes, 29,2% apresentaram agenesia

de um dente e 58,5% de dois dentes; raramente houve casos com agenesias de três

ou mais dentes.

GARIB, ZANELLA e PECK23, em 2005 apresentaram caso clínico de uma

menina de 12 anos de idade que apresentava a associação de cinco anomalias

dentais: agenesia de terceiros molares, agenesia de segundo molar inferior direito,

agenesia de segundo pré-molar inferior esquerdo, distoangulação e

desenvolvimento tardio do segundo pré-molar inferior direito. As implicações clínicas

do padrão de anomalias dentais geneticamente controladas foram importantes ao

estabelecimento do diagnóstico precoce e de adequada intervenção ortodôntica e

também que um gene comum defeituoso pode ter diferentes manifestações de

fenótipos incluindo agenesias dentais, desenvolvimento tardio e ectopias.

KIRZIOGLU et al.35, em 2005, investigaram a característica da agenesia

associada com outras anomalias nos pacientes atendidos na clinica pediátrica da

Universidade de Suleyman Demirel, Esparta, Turquia. Para este estudo, 192

pacientes, com idade entre um e 18 anos, com agenesia foram selecionados entre

os pacientes atendidos na clinica entre janeiro de 2000 a dezembro de 2003.

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Exames radiográficos foram feitos para determinar a agenesia. Foram encontradas

503 agenesias em 192 pacientes (93 do sexo masculino e 99 do sexo feminino),

excluindo os terceiros molares. Doze destes dentes eram decíduos e 491

permanentes. A maior prevalência de agenesia foi observada no sexo feminino no

arco inferior e do lado direito, porém a diferença entre os arcos não foi

estatisticamente significante entre os sexos. A agenesia bilateral e a razão entre

feminino e masculino nos pacientes estudados foi de 10:9, ou seja, no feminino foi

mais evidente e os dentes mais afetados foram os segundos pré- molares inferiores

seguido pelos incisivos laterais superiores.

ENDO et al.17, em 2006, propuseram examinar a prevalência e a distribuição

da agenesia na dentição permanente em pacientes ortodônticos japoneses e a

comparar os resultados com outros estudos. Os pacientes ortodônticos foram

selecionados entre as idades de cinco e 15 anos na clinica pediátrica do Hospital

Universitário de Niigata, Japão. A agenesia foi diagnosticada por meio de

radiografias, estudo de modelos e dados de anamnese e 3358 pacientes foram

selecionados, sendo 1453 do sexo masculino e 1905 do feminino. Foram

encontrados 286 pacientes (109 do sexo masculino- 7,5% e 177 do sexo feminino –

9,3%) com agenesia na dentição permanente, excluindo o terceiro molar. O que

determinou que a agenesia geral da amostra fosse de 8,5% e que não houve

diferença estatística significante entre os sexos. O número de dentes ausentes por

paciente estabelecido neste estudo foi de 1 a 21 dentes. O paciente com agenesias

de um a dois dentes equivaleram a 76,3%. A oligodontia, a qual é definida como

sendo a agenesia com número maior que 5 dentes ausentes, correspondeu a 10,1%

dos pacientes. O dente mais afetado nesta amostra foi o segundo pré-molar inferior

seguido pelo segundo pré-molar superior e do incisivo lateral inferior. A mais simetria

comum foi na agenesia de segundo pré-molar inferior. A agenesia foi maior na

mandíbula que na maxila e a agenesia foi maior do lado esquerdo que no direito.

Portanto, os autores notaram que na população japonesa foi encontrada uma alta

prevalência de agenesia comparada com outras populações (8,5%).

SCARPIM et al.62, em 2006, propôs um estudo cujos objetivos foram

determinar a prevalência de anomalias dentais em pacientes avaliados para

tratamento ortodôntico e sua freqüência quanto à idade, sexo e local de ocorrência.

Radiografias panorâmicas e fichas de registros da clínica de Ortodontia da PUCPR e

de duas clinicas particulares da cidade de Curitiba foram usadas para detectar as

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anomalias dentais presentes. A amostra foi constituída por 766 pacientes (466

mulheres e 300 homens), com a faixa etária entre quatro e 30 anos de idade, sendo

que estes pacientes foram divididos em 3 grupos etários: 1° (4-10 anos, n: 292

pacientes-38,1%), 2° (11-20 anos, n: 235 pacientes-30,7%) e 3° (21-30 anos, n:

239–31,2%). Já as anomalias associadas aos terceiros molares foram analisadas

apenas em indivíduos com idade superior a 18 anos. Foram usados o teste qui-

quadrado para verificar se havia dependência entre as variáveis número de

anomalias e sexo e o teste de correlação de Spearman para testar se com o

aumento da idade havia aumento de número de anomalias. Foi relatado que em 323

(42,1%) pacientes não apresentaram anomalias dentais, enquanto que em 443

(57,8%) foram encontrados 1415 anomalias. Foram observados 265 (18,7%) dentes

não irrompidos, 47 (3,32%) agenesias e 7 (0,49%) dentes supranumerários. O teste

de qui- quadrado mostrou não haver dependência entre número de anomalias e

sexo (p: 0,086). Quanto ao local de ocorrência, o segundo quadrante e o canino

inferior direito foram os mais comprometidos com 3 (0,21%) e 229 (16,18%)

anomalias, respectivamente.Giroversão, vestíbuloversão e linguoversão foram às

anomalias dentais mais freqüentes na amostra estudada, representando 59,01% e

13,15% do total de anomalias e em relação às agenesias dentais foram observadas

em 28 indivíduos, representando 3,32% (n:47), do total de anomalias dentais da

amostra estudada. Concluíram que o conhecimento da prevalência de anomalias

dentais em panorâmicas de uma população de pacientes avaliados para tratamento

ortodônticos alerta os ortodontistas para a importância do encaminhamento dos

pacientes para especialistas para resolução das alterações diagnosticadas.

ALTUG e ERDEM2, em 2007, propuseram estudo com o intuito de determinar

a prevalência de anomalias em um grupo de crianças. Foram avaliadas 1101

radiografias panorâmicas de crianças de 6 a 12 anos que buscaram tratamento

odontológico no Programa de Treinamento Teórico Prático em Odontopediatria de

uma Instituição Pública de Ensino Superior. As anomalias estudadas na amostra

foram dentes supranumerários, hipodontia, taurodontia, microdontia,

geminação/fusão e a localização destas nos arcos dentários. Foi avaliada também a

associação dessas anomalias ao gênero do paciente. Das 1101 radiografias

estudadas, 49,9% eram do gênero masculino, dentes supranumerários estavam

presentes em 1,9% (n=21) dos casos, sendo 81,0% (n=17) destes localizados no

arco maxilar. Foi observada hipodontia em 4,6% (n=51), sendo 35,3% (n=18) no

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arco superior, 49,0% (n=25) no inferior e 15,7% (n=8) em ambos os arcos. A

taurodontia com 4,3% (n=47) das crianças, sendo 45,7% (n=21) na maxila, 10,9%

(n=5) na mandíbula e 43,5% (n=20) em ambos os arcos. Os pacientes com

microdontia representam 0,9% (n=10) da amostra, enquanto os que apresentavam

geminação ou fusão correspondem apenas a 0,2% (n=2). Das crianças do sexo

masculino, 47,6% (n=30) apresentavam anomalia de forma, 46% (n=29) de tamanho

e 6,3% (n=4) apresentavam ambos os tipos, Já as anomalias de número em

crianças do sexo feminino representavam 59,3% (n=35), as de forma representavam

35,6% (n=21) e ambos os tipos 5,1% (n=3). Não houve diferença estatística (p>0,05)

entre os gêneros.

Segundo GRIECO et al.31, em 2007, avaliaram a prevalência de agenesias

dentais nos pacientes que receberam tratamento nos cursos de pós-graduação em

Ortodontia da Universidade Cidade de São Paulo. O material examinado constituiu-

se de radiografias panorâmicas de 1.117 pacientes. A amostra foi estudada quanto à

distribuição da prevalência de agenesias entre os sexos, etnias, os quadrantes

dentários e entre os diversos grupos dentários. Os resultados foram submetidos à

análise estatística, usando o teste “t” de student, tendo sido verificado que a

ocorrência de agenesia não esteve associada ao sexo, raça ou quadrantes. A

prevalência na amostra total foi de 6,89%, excluindo os terceiros molares e

analisando cada grupo de dentes, enquanto que as maiores prevalências foram

verificadas para os segundos pré-molares inferiores (2,86%) e para os incisivos

laterais superiores (1,88%). Adicionalmente, a prevalência de agenesias dos

segundos pré-molares superiores equivaleu a 0,63% e contando segundos pré-

molares superiores e inferiores, a prevalência correspondeu a 3,49%.

Em 2008, GALLUCCIO e PILOTTO19, com o intuito de avaliar se a agenesia

dental era ou não regulamentada por genes, e se nos casos sob controle genético,

se houve diferenças entre os incisivos, caninos, pré-molares e molares na

transmissão genética de agenesia, triaram 241 pacientes no Departamento de

Ortodontia da Clinica Dental da Policlínica Umberto I, Roma, Itália, no período entre

outubro de 2001 a outubro de 2002 e, destes, foram selecionados 17 pacientes com

agenesia dental com a faixa etária entre seis e 20 anos de idade e foram

questionados sobre seu histórico familiar com a finalidade de construir árvores

genealógicas e, assim sendo, foram construídas 15 árvores (inclusão de 2 pares de

irmãos). Foram usadas radiografias panorâmicas, modelos de gesso e fichas clinicas

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e para seus familiares (pai, mãe, irmãos (as), tios (as), primos (as), avós e avôs),

radiografias panorâmicas e fichas clinicas. De acordo com os resultados obtidos,

constataram que o dente que mais apresentava agenesia foi o 2° pré–molar inferior

(14,3%). Com base, nas árvores genealógicas , os dados permitiram a identificação

de dois grupos distintos: Grupo 1 (G1) era constituído de nove famílias que

apresentavam agenesia dental como uma função de transmissão genética e o Grupo

2 (G2), 6 famílias – os probandos foram os únicos que tinham agenesia - exibiam

agenesia dental como uma condição esporádica e o dente mais ausente foi o

segundo molar. No G1, envolvia principalmente agenesia de incisivo lateral, esta

situação pareceu ser transmitida como uma herança autossômica característica

dominante com expressão variável e penetrância incompleta. Nestas famílias tanto

em indivíduos com ou sem agenesias, outras anomalias estavam presentes como

dentes supranumerários, microdontias e dentes anômalos. Concluíram que a

agenesia dos dentes anteriores pode depender de genes, enquanto que a agenesia

dos dentes posteriores pareceu ser esporádica e que, em algumas famílias, além de

apresentarem agenesias dentais possuíam também dentes supranumerários,

microdontias e dentes anômalos.

GOYA et al.29, em 2008, em seus estudos com pacientes no Hospital de

Nihon, da Faculdade de Odontologia de Matsudo, no Japão, avaliaram 2072

pacientes (1.073 do sexo masculino e 999 do sexo feminino), na faixa etária entre 3

e 17 anos, por meio de radiografias panorâmicas. A prevalência de agenesia foi de

8,7% para o sexo masculino, 10,8% para o sexo feminino e 9,4% para ambos os

sexos. A maioria dos casos (67,8%) envolveu um ou mais dentes. No total, foram

574 agenesias, com uma média de 2,8 dentes ausentes por criança. O dente mais

afetado pela agenesia foi o segundo pré-molar inferior, seguido pelos incisivos

laterais inferiores e superiores. Por outro lado, não ocorreu agenesia do primeiro

molar nos casos deste estudo. Uma alta freqüência de agenesias foi observada para

os incisivos inferiores (18,82%) e isso pareceu ser, segundo os autores, uma

característica em indivíduos de etnia asiática. A simetria foi predominante nos casos

com agenesia, pois 214 pares foram bilaterais e 107 pares foram simétricos, com

relação ao quadrante antagonista.

SWINNEN et al.68, em 2008, propuseram estudo com objetivo de descrever os

fenótipos dentofaciais de três irmãs com oligodontia severa não-sindrômica e fazer o

relato da análise de mutação em três genes, que demonstraram previamente ter

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causado vários fenótipos de oligodontia não-sindrômica e suspeita em dois outros

genes. Com base nos fenótipos na genealogia desta família, foram discutidos os

diferentes possíveis padrões de transmissão. Anamneses e radiografias

panorâmicas de três irmãs caucasianas, com idades de nove, oito e cinco anos,

respectivamente, que se apresentaram no Departamento de Ortodontia da

Universidade Católica de Leuven, Bélgica, nas quais possuíam ausência congênita

de dentes decíduos e permanentes, foram usadas para estudar o fenótipo das irmãs

e de seus familiares de primeiro grau. Amostras de sangue foram usadas para a

obtenção de cariótipos e amostra de DNA. Uma triagem mutacional foi executada

para os genes MSX1, PAX9, AXIN2, DLX1 e DLX2. Também foram feitos exames

intra e extra- orais, fotos intra e extra- orais e um exame clínico completo de outros

tecidos de origem ectodérmica como unhas, pele, cabelos, glândulas sudoríparas,

olhos e ouvidos. Os cariótipos foram estudados por G- Bandas. Para os familiares

de primeiro grau também foram usadas radiografias panorâmicas e fichas clinicas, a

fim de avaliar o desenvolvimento dentário e para a construção da genealogia (árvore

genealógica) das irmãs estudadas. Os resultados obtidos mostraram que as duas

irmãs mais velhas possuíam ausência de 12 dentes permanentes em uma e de 15

dentes na outra e a irmã mais nova apresentou- se com ausência de 7 dentes

permanentes, mostrando assim, a condição de oligodontia severa nas três irmãs. No

exame intra-oral, foi revelado o tamanho reduzido dos dentes, especialmente dos

incisivos. Já em relação à hipoplasia de esmalte e anormalidades em outros tecidos

ectodérmicos nada foi constatado. Em relação ao exame clínico e radiográfico dos

familiares revelaram que: a mãe das irmãs estudadas não apresentou agenesia

dental, mas, o pai apresentou agenesia dos segundos pré- molares inferiores e

ambos não apresentaram anormalidades em outros tecidos de origem ectodérmica.

Devido ao estágio inicial de desenvolvimento que as irmãs se encontravam, a

presença do 2° pré-molar, do 2° e 3° molar não pode ser confirmada, somente para

a irmã mais nova pode ser avaliada primariamente que possuía ausência dental dos

incisivos laterais superiores decíduos. Foi detectado também, que uma tia materna

das três irmãs possuía incisivos laterais superiores com microdontia e que duas

primas paternas possuíam múltiplas agenesias dentais. Foram encontrados

cariótipos cromossômicos normais e, apesar da oligodontia severa presente em

todas as três irmãs, nenhuma mutação pareceu estar presente nos cinco genes

estudados nessas pacientes. Diante disto, concluíram que nas três irmãs estudadas,

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o fenótipo comum de oligodontia provavelmente não foi causado por mutações nas

regiões de codificação dos genes MSX1, PAX9, AXIN2, DLX1 ou DLX2, mas fatores

genéticos provavelmente tenham contribuído, uma vez que todas as três foram

afetadas. Os fatores epigenéticos e ambientais, como também outros genes que

regulam a odontogenia, necessitam de maiores investigações in vivo e in vitro para

explicar a heterogeneidade fenotípica e aumentar a compreensão dos processos

odontogênicos.

GARIB, PECK e GOMES22, em 2009, realizaram estudo com o objetivo de

avaliar a prevalência de anomalias dentais associadas em pacientes com agenesia

de segundo pré–molares e comparar os achados com a prevalência dessas

anomalias na população em geral. Para este estudo, foram selecionadas

documentações ortodônticas de 203 pacientes brasileiros, da Universidade Cidade

de São Paulo e de consultórios de ortodontistas brasileiros, com idade entre 8 e 22

anos, apresentando agenesia de pelo menos um segundo pré- molar. Foi feito o

registrado de: idade do paciente, sexo, etnia e presença de agenesias de outros

dentes permanentes associadas. De acordo com os resultados obtidos, constataram

que a probabilidade de ocorrência de agenesia de outros dentes permanentes,

excluindo os terceiros molares, mostrou-se, aproximadamente, cinco vezes

aumentada (21%). A chance de ocorrência de agenesia de terceiros molares

apresentou-se mais de três vezes aumentada (48%). De modo interessante, quanto

maior foi o número de segundos pré–molares ausentes, maior a prevalência de

agenesia de outros dentes permanentes. Pacientes com um ou dois segundos pré–

molares ausentes apresentaram uma prevalência de agenesia de outros dentes

permanentes de, aproximadamente, 15%. Por outro lado, quase 50% dos pacientes

com ausência de três ou quatro segundos pré–molares mostraram agenesia de

outros dentes permanentes. Os autores concluíram que a agenesia dos segundos

pré-molares foi mais prevalente no sexo feminino, no arco inferior do lado esquerdo

e mostrou-se frequentemente associada a outras agenesias de dentes permanentes.

Em 2009, NIEMINEN50, constatou que as formas mais comuns de agenesia,

incluindo a do terceiro molar, são as agenesias de um ou mais incisivos e pré-

molares. São afetados, geralmente, os últimos dentes de cada série. Mas que,até o

presente estudo, a genética molecular revelou a origem somente daquelas formas

mais graves de agenesia familiar (oligodontia). Mutações nos genes MSX1, PAX9,

AX1N2 e EDA, foram identificados na agenesia grave familiar e mutações em muitos

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outros genes têm sido identificadas em algumas síndromes nas quais a agenesia

dental apresenta-se como uma característica comum, por exemplo, na displasia

ectodérmica. Portanto, tais genes estão sendo estudados como identificáveis

naqueles casos em que a agenesia dental ocorre de forma isolada (na agenesia dos

terceiros molares, dos incisivos e dos pré- molares), sem estar associada às

síndromes e oligodontia. É possível que novos genes, que possam estar ligados a

estes fenótipos, ainda sejam identificados em outros estudos.

USLU et al.74, no mesmo ano, propuseram estudo com intuito de avaliar a

prevalência de anomalias dentais em várias má oclusões. Foram selecionadas 900

documentações ortodônticas (radiografias panorâmicas e periapicais, modelos de

gesso, fotos intraorais e histórico dental) de pacientes leucodermas dos arquivos do

Departamento de Ortodontia da Universidade de Ankara, Turquia, com idade entre

12 e 18 anos, sendo 352 do gênero masculino e 548 do gênero feminino e todos se

encontravam na dentição permanente. Os pacientes foram classificados em quatro

grupos divididos por tipo de maloclusão: o primeiro grupo: Classe I (ANB: 0° a 4º-

relação molar Classe I) n:358 (39,8%), sendo destes 130 do gênero masculino e 228

feminino, o segundo: Classe II (ANB > 4º- relação molar Classe II) n:325 (36,1%),

129 do gênero masculino e 196 feminino, o terceiro: Classe II 2º divisão (ANB> 4º -

relação molar Classe II com sobremordida) n: 51 (5,7%),21 do gênero masculino e

30 feminino e o quarto grupo: Classe III (ANB < 0° - relação molar Classe III) n: 166

(18,4%), sendo 72 do gênero masculino e 94 feminino. Foram usados os testes Qui-

quadrado, Exato de Fisher e Z para determinar a significância estatística de

anomalias dentais por sexo e maloclusão e o Teste de Mann Whitney U foi utilizado

para determinar se houve diferença significativa na ocorrência de anomalias dentais

por faixa etária. De acordo com os resultados obtidos,verificaram que 40,39% dos

pacientes (n: 363), tiveram pelo menos uma anomalia dental existente, em

contrapartida 59,7% dos pacientes (n: 573) não apresentaram anomalias dentais. A

agenesia foi a mais comum 21,6% (n: 194), seguida por dente evaginado 6,2% (n:

56), invaginado 5,0% (n: 45), cálculos pulpares 42% (n: 38) e impactação 29% (n:

26). Constataram que não houve nenhuma associação estatisticamente significativa

entre anomalias dentais e os diferentes tipos de maloclusões, exceto a impactação

que foi menos significativa na Classe II e Classe II 2ª divisão e raízes mais curtas,

que teve maior freqüência na Classe II 2ª divisão. Afirmaram também que as

anomalias dentais podem ser facilmente detectadas, desde que o ortodontista faça

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um exame cuidadoso no diagnóstico e que seja elaborado um bom planejamento do

tratamento.

GARIB et al.21, em 2010, estudaram uma amostra constituída por 126

pacientes brasileiros, não sindrômicos, na faixa etária de sete a 35 anos de idade,

sendo 84 do gênero feminino e 42 masculinos e foram selecionados dos arquivos do

Departamento de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São

Paulo, Bauru. Este estudo teve como objetivo avaliar a prevalência de anomalias

dentais em pacientes com agenesia dos incisivos laterais superiores e comparar os

achados com a prevalência dessas anomalias na população em geral. Devido à

diversidade étnica brasileira, a amostra foi dividida através de uma estimativa feita

subjetivamente a partir das fotos extra- orais, assim sendo, a amostra foi constituída

de 80% leucodermas e 20% de melanodermas e xantodermas. Foram usadas

radiografias panorâmicas, periapicais e modelos de gesso para investigar, através

destes, as seguintes anomalias dentais: agenesia de outros dentes permanentes,

dentes supranumerários, microdontia, erupção ectópica do canino superior para

palatino, distoangulação do segundo pré-molar inferior e mesioangulação do

segundo molar inferior. Para confirmar a ausência do terceiro molar, foi determinada

uma idade critica de 14 anos, elaborando assim um subgrupo (n: 76). Em relação à

erupção ectópica do canino superior para palatino também foi elaborado um

subgrupo (n: 115), sendo excluídos apenas os pacientes com a faixa etária inferior a

dez anos de idade. De acordo com os resultados obtidos, constataram que na

amostra composta de 126 pacientes com agenesia de incisivos laterais superiores,

51,6% (n: 65) possuíam agenesia bilateral, 27,7% (n: 35) possuíam agenesia

unilateral direita e que 20,7% (n: 26) agenesia unilateral esquerda. Em relação à

prevalência de agenesias de outros dentes permanentes, excluindo os terceiros

molares, encontraram 18,2% (n: 23), sendo que a prevalência da população em

geral é de 3 vezes maior. A ocorrência de agenesia do terceiro molar no subgrupo

(n: 76), composto por pacientes com idade a partir dos 14 anos de idade foi de

35,5% (n: 22). A frequência de agenesia do segundo pré- molar superior foi de

10,3% (n: 13), a agenesia do segundo pré-molar inferior 7,9% (n: 10), microdontia do

incisivo lateral superior 38,8% (n: 49) e a distoangulação do segundo pré- molar

inferior 3,9% (n: 5), portanto, estes achados foram significativamente maiores

quando comparados com a população em geral. No subgrupo de pacientes com

faixa etária inferior à dez anos de idade (n: 115), a prevalência de erupção ectópica

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do canino superior para palatino foi de 5,29% (n: 6). Em relação à mesioangulação

do segundo molar inferior e supranumerários, os resultados encontrados, quando

comparados aos da população em geral não houve significância. Diante do exposto,

concluíram que existe uma associação significativa entre agenesia do incisivo lateral

superior e a prevalência de anomalias dentais e essas associações podem ser

explicadas por uma inter- relação genética.

Em 2010, GARIB et al.20, propuseram uma pesquisa que versava sobre o

diagnóstico e a abordagem ortodôntica das anomalias dentais, enfatizando os

aspectos etiológicos que definiam tais irregularidades de desenvolvimento. Parece

existir uma inter- relação genética na determinação de algumas dessas anomalias,

considerando- se a alta freqüência de associações. Um mesmo defeito genético

pode originar diferentes manifestações fenotípicas, incluído agenesias, microdontias,

ectopias, atraso no desenvolvimento dentário e hipoplasia de esmalte. As

implicações clínicas das anomalias dentais associadas são muito relevantes, uma

vez que diagnóstico precoce de uma determinada anomalia dental pode alertar o

clinico sobre a possibilidade de desenvolvimento de outras anomalias associadas no

mesmo paciente ou em outros membros da família, permitindo a intervenção

ortodôntica em época oportuna.

Neste mesmo ano, SHALISH et al.64, propuseram um estudo que teve como

objetivo testar a hipótese nula de que não há relação entre a infraoclusão de

molares decíduos e a ocorrência de outras anomalias dentais em pacientes

selecionados com infraoclusão de um ou mais molares decíduos. A amostra foi

composta por 99 pacientes de regiões distintas, sendo 43 (24 do sexo feminino e 19

masculino) de Boston e 56 (30 feminino e 26 masculino) de Jerusalém, com idade

entre oito e 15 anos e como critério de inclusão, deveriam ter no mínimo um molar

decíduo em infraoclusão com uma discrepância vertical de 1 mm, medida a partir da

crista marginal mesial do 1° molar permanente e a gravidade da infraoclusão foi

quantificada em três categorias: leve, moderada e grave. Radiografias panorâmicas

e modelos de gesso foram usadas para determinar a presença de outras anomalias,

incluindo agenesias de dentes permanentes, microdontia de incisivos laterais

superiores, irrupção ectópica de caninos para palatino e distoangulação do 2° pré –

molar inferior. Para a análise estatística foram utilizados o teste Qui- Quadrado e

odds ratio. Foi feito a comparação entre as duas amostras: 30% (13 pacientes) de

Boston e 38% (21 pacientes) de Jerusalém possuíam infraoclusão leve, 49% (21) de

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Boston e 38% (21) infraoclusão moderada e 21% (9) de Boston e 25% (14)

infraoclusão grave. O segundo molar decíduo inferior foi o mais frequentemente

dente mais afetado com infraoclusão, 98% (99 pacientes). Nas duas amostras

estudadas, ambas apresentaram uma prevalência aumentada de 4 vezes para a

ocorrência de agenesias dentais, excluindo os terceiros molares, para a prevalência

de microdontia dos incisivos laterais superiores, aumentada em 5 vezes, para o

irrupção ectópica de caninos para palatino, prevalência aumentada em 7 vezes e

para distoangulação, ocorrência aumentada em 3 vezes. Concluíram –se que as

associações estatisticamente significativas foram observadas entre a presença de

infraoclusão, ocorrência de agenesia dental, microdontia dos incisivos laterais

superiores, irrupção ectópica dos caninos para palatino e distoangulação dos pré-

molares inferiores. Segundo os autores, clinicamente, a infraoclusão, pode ser

considerada como um marcador precoce para o desenvolvimento, mais tardio de

aparecimento de outras anomalias dentais associadas, tais como agenesia dental e

irrupção ectópica de caninos para palatino e é considerada uma anomalia transitória,

geralmente não causando impactos permanentes.

Em 2011, CAMARGO10, avaliou a influência da presença da impacção do

canino no tamanho e área da coroa dental dos demais dentes permanentes

presentes no arco, bem como estudou as disgenesias que se associaram a essa

alteração dental. De um total de 3045 pacientes na Universidade Sagrado Coração,

Bauru, selecionou–se uma amostra de 134 pacientes com idade mínima de 12 anos

e foram divididos em dois grupos. Cada grupo foi composto por 67 pacientes, sendo

o grupo experimental contendo impacção do canino e outro grupo foi considerado o

grupo controle, sem qualquer disgenesia dental. Em relação as disgenesias dentais

estudadas foram as agenesias dentais, a transposição dental, a microdontia e o

conoidismo. Para o diagnóstico da não impacção foram utilizados os prontuários

clínicos e radiografias panorâmicas e para a análise do tamanho e área das coroas

foram utilizados modelos de gesso, nos quais foram realizadas medidas

gengivoincisais/ oclusais e mésiodistais para avaliação do comprimento, largura e

área de todos os demais dentes permanentes presentes. Os grupos foram

devidamente compatibilizados e as mensurações submetidas a análises de erro

intra-examinador, erro sistemático e casual e utilizou- se o teste estatístico “t de

Student” para grupos independentes na comparação intergrupos. Os resultados

revelaram que as coroas dentais da maioria dos dentes permanentes dos pacientes

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com impacção do canino apresentaram redução estatisticamente significante quanto

ao comprimento, largura e área comparado ao grupo controle, sem impacção do

canino. Apenas a média dos comprimentos e das larguras dos caninos superiores

direitos; a média das larguras dos incisivos centrais superiores esquerdos e a média

dos comprimentos dos incisivos centrais inferiores direitos não apresentaram

diferença estatisticamente significante. De acordo com os resultados obtidos, 17,9%

dos pacientes que apresentavam a impacção do canino apresentavam alguma outra

alteração dental, principalmente a microdontia e agenesia dental. Concluiu- se que a

presença de impacção do canino, além de associar-se a maior prevalência de outras

disgenesias, apresenta-se concomitantemente à redução do tamanho e área das

coroas dentais dos demais dentes permanentes presentes, podendo implicar na

presença de diastemas no arco e influenciar no risco de reabsorções dentais durante

o tratamento ortodôntico e que a impacção do canino se associa à microdontia e a

agenesia dental.

YAQOOB et al.78, em 2011, avaliaram a relação entre a largura dos dentes

anteriores e a presença/ausência de incisivos laterais. Foram selecionados 106

pacientes, leucodermas, na faixa etária de 12 a 18 anos de idade, do Hospital de

Kent e Canteburg, divididos em dois grupos: Grupo 1 – Grupo controle, composto

por 54 pacientes que não possuíam qualquer tipo de agenesia e que tinham a

dentição permanente completa, e; o Grupo 2, composto por 52 pacientes que

possuíam obrigatoriamente agenesia bilateral de incisivos laterais superiores. Fichas

clínicas e radiografias panorâmicas foram usadas para determinar a presença de

dentes permanentes, incluindo os terceiros molares. Foram usados os seguintes

critérios de exclusão: síndromes craniofaciais - incluindo fissuras de lábio e palato,

tratamento ortodôntico anterior, trauma anterior no incisivo superior, canino superior

ectópico e restaurações presentes nos dentes anteriores. A largura dos dentes foi

mensurada pelo paquímetro digital (Tesa Technology Renens, Suíça). Foi usada a

estatística descritiva para comparar o tamanho dos dentes entre os dois grupos. O

erro do método foi realizado em 16 modelos de estudo (10% da amostra), em um

intervalo de 4 semanas. A concordância entre as duas etapas da mensuração foi

avaliada usando o teste de Bland-Altman. O teste de Kolmogorov-Smirnov foi

utilizado para confirmar que os dados foram distribuídos normalmente e a Análise de

Regressão linear foi realizada, sendo, grupo e sexo os dois fatores explicativos. Os

resultados mostraram que não houve diferença entre os dois grupos (Grupo 1 e 2).

36

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53

Não houve dimorfismo sexual. Houve diferença significativa no tamanho médio dos

dentes anteriores, tanto no arco dental maxilar quanto no mandibular. Os indivíduos

com ausência congênita de incisivos laterais (Grupo 2) apresentaram-se com

dimensões mesiodistais menores quando comparados àqueles que possuíam

dentição permanente completa (Grupo 1). Portanto, os dados confirmaram que a

ausência bilateral de incisivos laterais superiores esteve associada à redução da

largura mesiodistais dos dentes em seus segmentos anteriores em ambos os arcos,

maxilar e mandibular.

37

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PROPOSIÇÃO

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55

55

3 PROPOSIÇÃO

3.1 Objetivo geral

Verificar a prevalência de anomalias dentais em pacientes com agenesias,

encontradas em ambos os arcos dentais - maxilar e mandibular -, comparando-as

com as prevalências destas anomalias dentais esperadas para a população em

geral.

3.2 Objetivos específicos

3.2.1 Verificar a prevalência de anomalias de posição (irrupção ectópica de

canino maxilar para palatino, transposição entre canino e primeiro pré-molar maxilar,

distoangulação de segundos pré-molares mandibulares, mesioangulação de

segundo molar mandibular permanente e infraoclusão de molares decíduos), de

número (supranumerários), de tamanho (microdontias) e de formação (hipoplasia de

esmalte) em pacientes com agenesias de dentes permanentes;

3.2.2 Testar a hipótese de que pacientes com agenesia de dentes

permanentes apresentem uma prevalência aumentada de anomalias dentais;

3.2.3 Verificar a distribuição das anomalias dentais quanto ao arco dental

mais afetado;

3.2.4 Verificar a distribuição das anomalias dentais quanto ao hemi-arco

mais afetado;

3.2.5 Verificar a distribuição da amostra por sexo (feminino e masculino), por

etnia e por faixa etária.

39

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MATERIAL E MÉTODOS

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Critérios éticos da pesquisa

Esta pesquisa foi realizada após ter sido aprovada pelo Comitê de Ética em

Pesquisa com seres humanos da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP),

sob o protocolo 375109-10 (ANEXO 1) .

4.2 Amostra

Trata-se de um estudo retrospectivo, observacional sobre 8.500

documentações ortodônticas (radiografias panorâmicas e periapicais, modelos em

gesso, fotos intraorais e extraorais) e prontuários clínicos, pertencentes aos arquivos

de uma escola de aperfeiçoamento profissional em Ortodontia, de consultórios

particulares de ortodontistas e de uma Clínica Radiológica Odontológica.

Destes, 351 pacientes, foram selecionados pelos seguintes critérios de

inclusão: presença de agenesia de no mínimo um dente permanente, radiografias

com aceitáveis padrões de qualidade diagnóstica, prontuários clínicos devidamente

preenchidos e com faixa etária entre 8 a 30 anos de idade. Foram usados como

critérios de exclusão da pesquisa, pacientes com histórico de perdas dentais e

traumas, pacientes sindrômicos, pacientes submetidos à tratamento ortodôntico

prévio e pacientes fissurados.

A maioria da amostra foi constituída por pacientes leucodermas (69%; n=

241), seguido por melanodermas (25 %; n=90) e xantodermas (6 %; n: 20). A média

de idade foi de 17 anos e 8 meses.

Na amostra de 351 documentações, seguindo os preceitos de Garn e Lewis25

(1962), de que o germe do terceiro molar pode iniciar a sua formação em um

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adolescente até seu décimo quarto ano, foi formado um subgrupo composto por 289

documentações na faixa etária de 14 a 30 anos, para analisar a prevalência da

agenesia deste dente.

4.3 Métodos

Foi utilizado o método visual, por meio da observação direta de cada

radiografia panorâmica e periapical sobre o negatoscópio em sala devidamente

escurecida para detecção das agenesias (conforme exemplos visualizados nas

figuras 4.1, 4.2 e 4.3) e a observação foi realizada de forma criteriosa por um

observador devidamente calibrado e apto a diagnosticar agenesias e anomalias

associadas .

O dente foi considerado ausente quando não existia formação de cripta e

foram excluídos deste estudo todos os pacientes com histórico de perdas de dentes

permanentes, independentemente de seu fator causal, e radiografias que não

possuíam uma qualidade técnica para uma análise adequada.

As informações citadas abaixo foram anotadas em uma planilha do programa

Microsoft Excel® (ANEXO 2):

1) Data de Nascimento, sexo e etnia;

2) Data da documentação ortodôntica:

3) Informações sobre a agenesia do(s) pré-molares;

4) Informações sobre a agenesia do(s) incisivos laterais maxilares;

5) Informações sobre a agenesia do(s) terceiros molares;

6) Informações sobre a agenesia do(s) molares;

7) Informações sobre a agenesia do(s) caninos;

8) Informações sobre a agenesia do(s) incisivos centrais maxilares;

9) Informações sobre a agenesia do(s) incisivos mandibulares;

10) Presença de outras anomalias dentais associadas:

Irrupção ectópica dos caninos maxilares (Figura 4.4);

Distoangulação dos segundos pré-molares mandibulares (Figura

4.5);

42

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Transposições dentais (Figura 4.6);

Infraoclusão dos segundos molares decíduos remanescentes

(Figura 4.7);

Mesioangulação dos segundos molares mandibulares (Figura 4.8);

Microdontia (Figura 4.9);

Supranumerário (Figura 4.10);

Hipoplasia de esmalte (Figura 4.11).

Figura 4.1 - Exemplo de agenesias dos segundos pré-molares mandibulares.

Fonte: Imagens da amostra estudada

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Figura 4.2 - Exemplo de agenesias dos incisivos laterais maxilares.

Fonte: Imagens da amostra estudada

Figura 4.3 - Exemplo de agenesia dos segundos e terceiros molares mandibulares.

Fonte: Imagens da amostra estudada

44

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61

Figura 4.4 - Agenesias de dentes permanentes (terceiros molares) associadas com a irrupção ectópica dos caninos maxilares.

Fonte: Imagens da amostra estudada

Figura 4.5 - Agenesias de dentes permanentes (incisivos laterais maxilares e terceiros molares mandibulares) associadas à distoangulação do segundo pré-molar mandibular do lado oposto e a irrupção ectópica do canino maxilar.

Fonte: Imagens da amostra estudada

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Figura 4.6 - Agenesias de dentes permanentes (incisivos laterais maxilares) associadas à

transposição dental do elemento 23 com o elemento 24.

Fonte: Imagens da amostra estudada

Figura 4.7 - Agenesias de dentes permanentes (pré-molares maxilares e mandibulares) associadas à infraoclusão dos segundos molares decíduos

Fonte: Imagens da amostra estudada

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Figura 4.8 - Agenesias de dentes permanentes (terceiros molares) associadas à mesioangulação dos segundos molares permanentes mandibulares.

Fonte: Imagens da amostra estudada

Figura 4.9 - Agenesias de dentes permanentes (Incisivo lateral maxilar esquerdo) associadas à microdontia do incisivo lateral maxilar do lado oposto.

Fonte: Imagens da amostra estudada

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Figura 4.10 – Agenesias de dentes permanentes (primeiro pré-molar mandibular esquerdo)

associadas com supranumerário.

Fonte: Imagens da amostra estudada

Figura 4.11 - Exemplo de hipoplasia de esmalte.

Fonte: Imagens da amostra estudada

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65

O diagnóstico da irrupção ectópica dos caninos maxilares para palatino seguiu

os princípios radiográficos propostos por LINDAUER et al.42 (1992), os quais citaram

que quando ocorre sobreposição de imagem entre a coroa do canino não irrompido e

a raiz do incisivo lateral nos setores III e IV (Figura 4.12) este estava assumindo uma

trajetória de erupção ectópica para palatino e confirmado pela interpretação da

radiografias periapicais da região pelo método de Clark. Porém, na análise de

diagnóstico de irrupção ectópica dos caninos o método de Clark não foi confirmado

para todos os pacientes devido à falta de radiografias periapicais, sendo avaliados

pelas radiografias panorâmicas.

Figura 4.12 - Método de diagnóstico de canino ectópico por palatino Fonte: Lindauer

42 (1992)

O diagnóstico da distoangulação dos segundos pré-molares mandibulares foi

visual e seguiu os preceitos propostos por SHALISH et al.63 (2002), os quais

observaram que em pacientes com distoangulação dos segundos pré-molares

mandibulares e a agenesia do seu contralateral, o ângulo formado pela borda inferior

da mandíbula com o longo eixo foi de aproximadamente 75,6º, enquanto que o

grupo controle (pacientes sem agenesia) o valor foi de 85,5º (Figura 4.13).

49

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Figura 4.13 - Diagnóstico de distoangulação de segundos pré-molares mandibulares

Fonte: Shalish et al.63

(2002)

Para o diagnóstico da transposição dental, a radiografia panorâmica se torna

imprescindível como relataram ELY, SHERRIFF e COBOURNE16, em 2005, os quais

descreveram que as radiografias panorâmicas foram usadas para confirmar a

presença de verdadeiras transposições, envolvendo tanto a coroa como a raiz dos

dentes afetados.

A análise do tamanho dental (microdontia / dentes conóides) foi feito em

modelos em gesso e pela panorâmica, ambos por meio do método visual.

4.3.1 Erro do método

Para avaliar a confiabilidade dos resultados desta pesquisa, procurou-se

determinar o erro metodológico intra-examinador. Para tanto, após um intervalo de

50

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21 dias da coleta de dados que compuseram a amostra, foram novamente

visualizadas 105 documentações ortodônticas, representando aproximadamente

30% da amostra.

Um único e mesmo examinador analisou todas as radiografias, tanto na

primeira quanto na segunda observação.

Os dados verificados nesta recontagem foram comparados com os

respectivos dados da coleta original, visando à mensuração de possíveis erros

metodológicos. A fim de se quantificar essa avaliação, fundamentando a validade da

pesquisa e sua reprodutibilidade, foi quantificado o Erro do Método.

Para verificar o erro sistemático, foi utilizado o teste “t” pareado adotando-se

nível de significância de 5%. Na determinação do erro casual, utilizou-se a

estatística Kappa, conforme tabela abaixo:

Tabela 4.1 - Interpretação dos valores do Kappa

Valores do Kappa Interpretação

<0 Concordância pobre

0-0.19 Concordância muito leve

0.20-0.39 Concordância leve

0.40-0.59 Concordância moderada

0.60-0.79 Concordância substancial

0.80-1.00 Concordância quase perfeita

Fonte: LANDIS; KOCH39

, 1977

4.3.2 Método estatístico

Inicialmente foi analisada a reprodutibilidade das avaliações pela

porcentagem de concordância, Kappa e intervalo de confiança de 95%. A

interpretação da estatística Kappa foi realizada pela tabela 4.1. Foi calculada a

média e o desvio padrão da idade da amostra e a analisada a distribuição da mesma

em função do sexo e da etnia pela frequência relativa. As prevalências de agenesias

e anomalias foram analisadas por meio de tabelas de distribuição de frequências. O

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teste de qui-quadrado foi utilizado para comparar as prevalências de agenesias e

anomalias na amostra com as prevalências esperadas segundo a literatura

científica, considerando o nível de significância de 5%. Analisou-se, ainda, o grau

das associações pela razão de chances (“odds ratio”) e o respectivo intervalo de

confiança de 95%.

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RESULTADOS

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5 RESULTADOS

Na tabela 5.1 pode-se observar a concordância em porcentagem, a estatística

Kappa e o intervalo de confiança de 95% para o Kappa entre as 2 avaliações de

agenesias realizadas. Houve concordância quase perfeita para todos os dentes.

Também foi observada concordância quase perfeita para quase todas as anomalias

entre as 2 avaliações, (tabela 5.2). Apenas transposição do 13 e microdontias

apresentaram concordância substancial.

Tabela 5.1 - Concordância, Kappa e Intervalo de Confiança para agenesia.

Agenesia Concordância Kappa Intervalo de Confiança

Dente 11 100,0% 1,00 1,00-1,00

Dente 12 100,0% 1,00 1,00-1,00

Dente 13 100,0% - (todos sem agenesia)

Dente 14 100,0% 1,00 1,00-1,00

Dente 15 100,0% 1,00 1,00-1,00

Dente 16 100,0% - (todos sem)

Dente 17 100,0% - (todos sem agenesia)

Dente 18 100,0% 1,00 1,00-1,00

Dente 21 100,0% - (todos sem)

Dente 22 99,1% 0,98 0,93-1,00

Dente 23 99,1% - (todos sem na segunda avaliação)

Dente 24 100,0% 1,00 1,00-1,00

Dente 25 100,0% 1,00 1,00-1,00

Dente 26 100,0% - (todos sem)

Dente 27 100,0% - (todos sem)

Dente 28 100,0% 1,00 1,00-1,00

Dente 31 100,0% 1,00 1,00-1,00

Dente 32 100,0% 1,00 1,00-1,00

Dente 33 100,0% - (todos sem)

Dente 34 100,0% 1,00 1,00-1,00

Dente 35 99,1% 0,98 0,94-1,00 Dente 36 100,0% - (todos sem) Dente 37 100,0% - (todos sem) Dente 38 99,1% 0,97 0,93-1,00 Dente 41 100,0% 1,00 1,00-1,00 Dente 42 100,0% 1,00 1,00-1,00

Dente 43 100,0% - (todos sem)

Dente 44 100,0% 1,00 1,00-1,00

Dente 45 99,1% 0,98 0,94-1,00

Dente 46 100,0% - (todos sem)

Dente 47 100,0% - (todos sem)

Dente 48 99,1% 0,97 0,91-1,00

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71

Tabela 5.2 - Concordância, Kappa e Intervalo de Confiança para as anomalias

Anomalias Concordância Kappa Intervalo de Confiança

EECP 100,0% 1,00 1,00-1,00

EECP 13 100,0% 1,00 1,00-1,00

EECP 23 99,1% 0,98 0,79-1,00

Distoangulação 99,1% 0,96 0,89-1,00

Distoangulação 35 100,0% 1,00 1,00-1,00

Distoangulação 45 100,0% 1,00 1,00-1,00

Transposição 100,0% 1,00 1,00-1,00

Transposição 13 99,1% 0,66 0,04-1,00

Transposição 23 99,1% 0,80 0,40-1,00

Transposição 32 100,0% 1,00 1,00-1,00

Infraoclusão 99,1% 0,92 0,76-1,00

Infraoclusão 55 100,0% 1,00 1,00-1,00

Infraoclusão 64 100,0% 1,00 1,00-1,00

Infraoclusão 75 100,0% 1,00 1,00-1,00

Infraoclusão 85 100,0% 1,00 1,00-1,00

Microdontias 86,2% 0,66 0,51-0,81

Microdontias 12 99,1% 0,97 0,91-1,00

Microdontias 22 99,1% 0,97 0,93-1,00

Microdontias 31 100,0% 1,00 1,00-1,00

Microdontias 41 100,0% 1,00 1,00-1,00

Supranumerários 100,0% 1,00 1,00-1,00

Mésio 100,0% 1,00 1,00-1,00 Mésio 37 100,0% 1,00 1,00-1,00 Mésio 47 100,0% 1,00 1,00-1,00

Hipoplasia 100,0% 1,00 1,00-1,00

5.1 Considerações epidemiológicas gerais

No gráfico 5.1 é apresentada a distribuição da amostra segundo a idade. A

faixa etária estudada compreendeu de 8 a 30 anos, porém, grande parte dos

pacientes encontrava-se com idade equivalente ou superior a 20 anos e a menor

parte apresentava idade equivalente ou inferior a 10 anos. A idade média da

amostra foi de 17,8 anos e desvio padrão de 5,7 anos.

No gráfico 5.2 é apresentada a distribuição da amostra quanto ao sexo,

podendo-se observar que 68% (n=238) foram do sexo feminino e 32% (n=113) do

masculino.

Quanto à etnia, 69% (n=241) da amostra foi composta por leucodermas, 25%

(n=90) por melanodermas e 6% (n=20) por xantodermas, conforme observado no

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72

72

gráfico 5.3. Foi observada maior prevalência de pacientes do sexo feminino dentro

dos três subgrupos étnicos que compuseram a amostra, conforme o gráfico 5.4.

Gráfico 5.1 - Distribuição da amostra de acordo com a faixa etária.

11%

15%

25%17%

32%

≤10 anos 11 a 13 anos 14 a 16 anos 17 a 19 anos ≥ 20 anos

≤ 10 anos 11 a 13 anos 14 a 16 anos 17 a 19 anos ≥ 20 anos

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73

73

68%

32%

Feminino Masculino

Gráfico 5.2 - Distribuição da amostra quanto ao sexo.

69%

25%

6%

Leucodermas Melanodermas Xantodermas

Gráfico 5.3 - Distribuição da amostra de acordo com a etnia.

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74

74

Gráfico 5.4 - Distribuição da amostra por etnia e sexo.

A agenesia de dentes permanentes presentes em 351 pacientes se

manifestaram em ambos os arcos dentais. No arco maxilar, 128 (36,4%) pacientes

apresentaram, já no arco mandibular, 30,8% apresentaram, e, 32,8% foi observada

em ambos os arcos (gráfico 5.5).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Fem Masc.

Leucodermas Melanodermas Xantodermas

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75

75

28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

Gráfico 5.5 - Distribuição de agenesia em função do arco

Considerando-se a distribuição da agenesia no hemi-arco, observou-se que o

quadrante mais afetado foi o maxilar direito (55,0%), seguido pelo maxilar esquerdo

(52,4%), e pelos quadrantes, mandibular esquerdo (48,7%) e mandibular direito

(47,3%), como mostra o gráfico 5.6.

Maxilar Mandibular Maxilar e mandibular

36,4% 30,8% 32,8%

59

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76

76

42

44

46

48

50

52

54

56

Gráfico 5.6- Distribuição de agenesia em função do hemi-arco

Em ordem decrescente de prevalência, pode-se observar que 45,6% dos

incisivos laterais, 43,6% dos segundos pré-molares, 5,4% da amostra apresentavam

agenesia dos incisivos centrais, 3,7% dos primeiros pré-molares, 3,1% dos caninos,

1,1% dos segundos molares (tabela 5.3).

Max. esquerdo Max. direito Mand. esquerdo Mand. direito

52,4% 55% 48,7% 47,3%

60

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77

77

Tabela 5.3 - Prevalência de agenesia na amostra

Dente Frequência de voluntários

com agenesia %

Agenesias dentais (excluindo os 3

os molares)

311 88,6%

11 7 2,0%

21 1 0,3%

31 4 1,1%

41 10 2,8%

N. de pacientes 19 5,4%

12 113 32,2%

22 106 30,2%

32 8 2,3%

42 12 3,4%

N. de pacientes 160 45,6%

13 5 1,4%

23 8 2,3%

33 1 0,3%

43 0 0,0%

N. de pacientes 11 3,1%

14 5 1,4%

24 5 1,4%

34 6 1,7%

44 7 2,0%

N. de pacientes 13 3,7%

15 32 9,1%

25 38 10,8%

35 101 28,8%

45 95 27,1%

N. de pacientes 153 43,6%

16 0 0,0%

26 0 0,0%

36 0 0,0%

46 0 0,0%

N. de pacientes 0 0,0%

17 1 0,3%

27 2 0,6%

37 4 1,1%

47 3 0,8%

N. de pacientes 4 1,1%

A tabela 5.4 mostra que a maioria dos pacientes apresentava a agenesia de

apenas um dente permanente (38,7%), seguido pela ausência de dois dentes

61

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78

permanentes (28,2%), de 3 dentes (10,5%), de 4 dentes (10,3%), enquanto a

minoria apresentava agenesia de cinco (3,7%), seis (2,8%), sete (0,9%), oito (3,1%),

nove (0,9%), dez (0,6%) e onze (0,3%) .

Tabela 5.4 – Distribuição do número de dentes ausentes nos 351 sujeitos estudados

Número de dentes ausentes

n %

1 136 38,7

2 99 28,2

3 37 10,5

4 36 10,3

5 13 3,7

6 10 2,8

7 3 0,9

8 11 3,1

9 3 0,9

10 2 0,6

11 1 0,3

Total 351 100,0

Na tabela 5.5 é apresentada a distribuição da amostra quanto à quantidade

de dentes com agenesias, separados em grupos, sendo que maioria apresentaram

maior prevalência de um dente ausente em cada grupo dental, como 4,6%

apresentavam agenesia de um incisivo central, 24,5% de um incisivo lateral, 2,3% de

um canino, 2,6% de um primeiro pré-molar, 24,2% de um segundo pré-molar.

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79

Tabela 5.5 - Distribuição da agenesia em função do dente

Dente Quantidade de

dentes

Frequência de

voluntários com

agenesia

%

Incisivos centrais 0 332 94,6%

1 16 4,6%

2 3 0,8%

3 0 0,0%

4 0 0,0%

Incisivos laterais 0 191 54,4%

1 86 24,5%

2 71 20,2%

3 1 0,3%

4 2 0,6%

Caninos 0 340 96,9%

1 8 2,3%

2 3 0,8%

3 0 0,0%

4 0 0,0%

Primeiros pré-molares 0 338 96,3%

1 9 2,6%

2 1 0,3%

3 3 0,8%

4 0 0,0%

Segundos pré-molares 0 198 56,4%

1 85 24,2%

2 41 11,7%

3 9 2,6%

4 18 5,1%

Primeiros molares 0 351 100,0%

1 0 0,0%

2 0 0,0%

3 0 0,0%

4 0 0,0%

Segundos molares 0 347 98,9%

1 3 0,8%

2 1 0,3%

3 0 0,0%

4 0 0,0%

Considerando apenas o subgrupo na faixa etária entre 14 a 30 anos (n= 289),

constatou-se que pacientes com ausência de agenesias de dentes permanentes

apresentaram prevalência de agenesia de terceiros molares de 46,02% (gráfico 5.7).

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80

42

44

46

48

50

52

54

Gráfico 5.7 - Prevalência de agenesia de terceiros molares, no subgrupo na faixa etária entre 14 e 18 anos

O gráfico 5.8 mostra a distribuição percentual dos quadrantes afetados, sendo

24,22% para o terceiro molar maxilar direito (18), 23,18% para o terceiro molar

esquerdo (28), de 28,71 % e 26,99% para o terceiro molar mandibular esquerdo (38)

e direito (48), respectivamente.

46,02% 53,98%

Possui agenesia de Sem agenesia de pelo menos 1 Terceiro molar

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81

0

5

10

15

20

25

30

Gráfico 5.8 – Distribuição de pacientes com agenesia de terceiros molares, de acordo com o dente

afetado

Na amostra de 351 pacientes com agenesia de dentes permanentes,

encontrou-se de um modo geral, uma prevalência significativamente maior de

agenesias dentais, pois foram avaliadas todos os dentes ausentes (Odds Ratio de

133,6), de agenesia de terceiros molares (Odds Ratio de 3,2), de segundos pré-

molares maxilares (Odds Ratio de 9,9), de segundos pré-molares mandibulares

(Odds Ratio de 20,7) e de incisivos laterais maxilares (Odds Ratio de 38,1) e de

supranumerários (Odds Ratio de 0,95) em comparação aos valores de referências

para a população em geral (tabela 5.6).

24,22% 23,18% 28,71% 26,99%

26262626,99%

18 28 38 48

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82

Tabela 5.6 - Prevalência de agenesia e supranumerários na amostra e valores de referência da população em geral

Anomalia Prevalência na amostra

Prevalência na População

Referência p “Odds ratio”

IC95%

Agenesia dental (excluindo 3os

molares)

88,6% 5,5% Polder et al. 2004

<0,0001 133,6 95,9-186,1

Agenesia de terceiro molar

46,2% 20,7% Garn e Lewis 1962

<0,0001 3,2 1,9-3,0

Agenesia de segundo pré- molar maxilar

13,1% 1,5% Polder et al. 2004

<0,0001 9,9 7,2-13,6

Agenesia de segundo pré- molar mandibular

39,0% 3,0% Polder et al. 2004

<0,0001 20,7 16,6-25,8

Agenesia de incisivo lateral

42,4% 1,9% Le Bot, Salmon 1977

<0,0001 38,1 28,4-51,1

Supranumerários 3,7% 3,9% Bacetti, 1998

0,8694 0,95 0,50-1,80

5.2 Avaliação da prevalência de outras anomalias dentais na amostra com

agenesias dentais

5.2.1 Anomalias dentárias de número (supranumerários)

A prevalência de supranumerários encontrada na amostra de pacientes com

agenesia de dentes permanentes correspondeu a 3,7%. Esta anomalia dental de

número não diferiu dos valores de referência encontrados para a população em

geral (tabela 5.6).

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83

5.2.2 Anomalias dentais de tamanho (microdontia)

A prevalência da microdontia de incisivos laterais avaliada na amostra

encontra-se no gráfico 5.9.

Quando, em comparação à população em geral, os pacientes com agenesia

de dentes permanentes demonstraram uma prevalência significantemente maior de

microdontia do incisivo lateral maxilar (27,3%), apresentando 7,1 vezes mais chance

(IC95%: 5,6-11,7) de apresentar microdontia do incisivo lateral, conforme tabela 5.7.

Em relação, a microdontia de incisivos laterais mandibulares, também encontrada

nesta amostra, apresentou-se com 1,2%.

0

5

10

15

20

25

30

Gráfico 5.9 – Prevalência da pacientes com microdontia dos incisivos laterais

12 22 12-22 OUTROS TOTAL

7,0% 10,3% 10% 1,2% 28,5%

67

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84

5.2.3 Anomalias dentais de posição

As anomalias dentais de posição estudadas nesta amostra foram as

seguintes: distoangulação dos segundos pré-molares mandibulares,

mesioangulação dos molares mandibulares, irrupção ectópica de caninos maxilares,

transposições dentais (transposição entre canino e primeiro pré-molar maxilar e

transposição entre canino e incisivo lateral mandibular) e Infraoclusão dos molares

decíduos.

As prevalências das anomalias dentais de posição avaliadas na amostra

encontram-se nos gráficos 5.10 a 5.14. Os resultados obtidos neste estudo

revelaram que, em comparação à população em geral, demonstraram uma

prevalência significantemente maior da distoangulação de segundos pré-molares

mandibulares (6,6%), mesioangulação de segundos molares mandibulares (3,7%),

irrupção ectópica do canino maxilar (7,4%), transposição de canino/pré-molar

maxilar (3,7%), transposição de incisivo lateral mandibular/canino (0,6%), e, a

prevalência de infraoclusão de molares decíduos foi menor na amostra (4,3%) que

na população geral.

A amostra de pacientes com agenesia dental apresentou 5,2 vezes mais

chance (IC95%: 2,9-8,5) de apresentar irrupção ectópica do canino palatino, 34,6

vezes mais chance (IC95%: 21,6-57,2) de apresentar distoangulação, 96,1 vezes

mais chance de apresentarem mesioangulação do segundo molar mandibular

(IC95%: 21,6-427,7) e 15,9 vezes mais chance de apresentar transposição de

canino/pré-molar maxilar (IC95%:7,4-34,2) e 14,3 vezes mais chance de apresentar

transposição de incisivo lateral mandibular e canino (IC95%:2,0-102,0) . Essa

amostra tem menor chance de apresentar infraoclusão de molares decíduos que a

população geral, conforme tabela 5.7.

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85

85

0

1

2

3

4

5

6

7

Gráfico 5.10 – Prevalência da pacientes com distoangulação dos segundos pré-molares mandibulares.

35 45 35-45 TOTAL

2% 3,5% 1,1% 6,6%

69

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86

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

Gráfico 5.11 – Prevalência da pacientes com mesioangulação de segundos molares mandibulares permanentes

0,5% 2,3% 0,9% 3,7%

37 47 37-47 TOTAL

70

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87

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Gráfico 5.12 - Prevalência de pacientes com irrupção ectópica dos caninos maxilares.

13 13-23 23 total

3,1% 2,0% 2,3% 7,4%

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88

88

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

Gráfico 5.13 – Prevalência de pacientes com transposição entre canino e primeiro pré–molar maxilar e transposição entre incisivo lateral mandibular e canino.

32/42-33/43

3,7% 0,6% 4,3%

13/23-14/24 Total

72

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89

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

Gráfico 5.14 - Prevalência de pacientes com infraoclusão dos molares decíduos

5.2.4 Hipoplasia de esmalte

A prevalência da hipoplasia de esmalte avaliada na amostra revelou que, em

comparação à população em geral, demonstraram uma prevalência

significantemente maior (28,2%), apresentando 9 vezes mais chance de apresentar

esta anomalia (IC95%: 6,1-13,2), conforme indica tabela 5.7.

1,2% 1,2% 0,7% 1,2% 4,3%

75 85 75-85 OUTROS TOTAL

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90

Tabela 5.7 - Prevalência de anomalias na amostra e valores de referência da população em geral

Anomalia Prevalência

na amostra

Prevalência

na

População

Referência p “Odds

ratio”

IC95%

Microdontia do

incisivo lateral

maxilar

27,3% 4,7% Baccetti, 1998 <0,0001 7,1 5,6-11,7

Irrupção Ectópica

do Canino palatino

7,4% 1,7% Dachi,Howel,1961 <0,0001 5,2 2,9-8,5

Distoangulação 6,6% 0,20% Mattenson,1982 <0,0001 34,6 21,0-57,2

Infraoclusão de

molares decíduos

4,3% 8,9% Kurol,1981 0,0051 0,4 0,3-0,8

Hipoplasia 28,2% 4,2% Bacetti,1998 <0,0001 9,0 6,1-13,2

Mesioangulação do

segundo molar

mandibular

3,7% 0,03% Grover,

Norton,1985

<0,0001 96,1 21,6-427,7

Transposição de

canino/pré - molar

maxilar

3,7% 0,25% Sandham,Harvie,19

85

0,0004 15,9 7,4-34,2

Transposição de

incisivo/canino

mandibular

0,6% 0,03%

Jarvienem, 1982 <0,0001 14,3 2,0-102,0

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91

DISCUSSÃO

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92

92

6 DISCUSSÃO

A genética, de acordo com a literatura, pode representar o fator etiológico

primordial das diferentes anomalias dentais (GARN e LEWIS25, 1962; GARN e

LEWIS24, 1970; PECK, PECK e ATTIA51, 1993; CHATTOPADHAYAY e SRINIVAS12,

1996; PECK, PECK e KATAJA54, 1996; KOTSOMITIS e FREER36, 1997;

BACCETTI5, 1998; BACCETTI6, 1998; VASTARDIS75, 2000; BABA-KAWANO et al4.,

2002; PECK, PECK e KATAJA52, 2002; GARIB, ZANELLA e PECK23, 2005; GARIB

et al.20, 2010) , ou seja, de uma maneira bem simplista, pode-se dizer que um gene

“defeituoso” ou mutante pode se expressar em diferentes manifestações fenotípicas.

A hipótese testada foi de que pacientes com agenesias de dentes permanentes

pudessem apresentar uma prevalência aumentada de outras anomalias dentais

associadas. Para tanto, as prevalências de anomalias dentais de número, de

tamanho, de posição e de desenvolvimento, analisadas na amostra de 351

pacientes com agenesia de dentes permanentes, foram comparadas com valores de

referência, representados pelas prevalências dessas anomalias dentais reportadas

para a população em geral. Portanto, os valores de referência publicados

previamente na literatura serviram como grupo controle.

A metodologia aqui utilizada seguiu o protocolo já estabelecido e consagrado

em alguns trabalhos da literatura sobre associações entre as anomalias dentais,

como estudos conduzidos por KUROL e BJERKLIN37 (1982), PECK, PECK e

ATTIA51 (1993), CHATTOPADHYAY e SRINIVAS12 (1996), PECK, PECK e

KATAJA53 (1998), PECK, PECK e KATAJA52 (2002); GARIB, PECK e GOMES22

(2009) e GARIB et al.21, (2010), utilizaram grupos controles formados para o próprio

estudo.

Para definir o grupo controle do presente estudo foram selecionados estudos

com metodologias confiáveis, amostras abrangentes e bastante significativas.

Ademais, as etnias das populações estudadas são bastante variadas e geralmente

divergem da amostra coletada. A atual amostra de pacientes com agenesia de

dentes permanentes incluiu, em sua maioria, pacientes leucodermas (69%), além de

uma pequena proporção de melanodermas (25%) e xantodermas (6%),

76

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93

93

representando muito bem a diversidade étnica da população brasileira, corroborando

os achados do estudo de GARIB, PECK e GOMES22 (2009). Estudos

epidemiológicos, como o de GARNER e YU27 (1978) e de MALIK44 (1972) mostram

uma menor prevalência de agenesias em pacientes negros comparados com os

leucodermas, corroborando assim este estudo.

Em relação à seleção da amostra, no que diz respeito à faixa etária

englobada, pacientes com menos de 8 anos ou mais de 30 anos constituiu um dos

critérios de exclusão da amostra. A mineralização inicial dos segundos pré- molares

ocorre, aproximadamente, aos 3 anos de idade (MOORREES, FANNING e HUNT

JR48,1963), porém, devido a sua grande instabilidade de desenvolvimento, estes

dentes podem começar a aparecer, radiograficamente, por volta dos 7 anos

(TRISTÃO et al.73,2003). Por esse motivo, a idade de 8 anos foi utilizada como idade

de corte da amostra. Em relação à idade máxima para compor a amostra deste

estudo, foi determinada a idade de 30 anos, a fim de diminuir possíveis alterações

decorrentes da idade dos pacientes, como as extrações dentais, principalmente dos

terceiros molares.

Neste estudo foram avaliados todos os dentes permanentes com agenesia,

sendo que a avaliação da agenesia dos terceiros molares foi determinada a partir da

formação de um subgrupo amostral. Para o subgrupo amostral dos terceiros

molares, foram incluídos somente os pacientes com idade equivalente ou superior

aos 14 anos de idade, pois poderia ocorrer um atraso no desenvolvimento dental,

dificultando assim, um diagnóstico preciso de agenesias e por esta razão, esta idade

foi ressaltada como idade crítica para o surgimento dos mesmos (GARN e LEWIS25,

1962). Apesar de que, MOORREES, FANNING e HUNT JR48 (1963), CASTILHO et

al.11, (1990) e BABA-KAWANO et al.4, (2002) relataram que a idade ideal para a

verificação radiográfica dos terceiros molares seria a partir dos nove, 12 e dez anos

de idade, respectivamente.

Para análise do tamanho da coroa dental dos dentes anteriores, como a

microdontia e/ou conoidismo dental, foi utilizado o método de análise visual,

observando assim, dentes que possuíam uma significante diminuição de massa

(estrutura) dental, notada principalmente no sentido mesiodistal. Esta análise visual,

apesar de ser subjetiva, é muita utilizada para realização desse diagnóstico, como

em recentes estudos como GARIB, PECK e GOMES22 (2009) e GARIB et al.21,

(2010).

77

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94

94

6.1 Considerações epidemiológicas gerais

Foi observado que, dos 351 indivíduos com agenesia de dentes permanentes,

na amostra coletada, 238 (68%) pertenciam ao sexo feminino e 113 (32%) ao

masculino (Gráfico 5.2). Estes dados estão de acordo com grande parte da literatura

(GLENN28, 1964; ROSE59, 1966; CASTILHO et al.11, 1990; STRITZEL, SYMONS e

GAGE67, 1990; KOTSOMITIS e FREER36, 1997; TRISTÃO et al.73, 2003; POLDER et

al.57, 2004; SACERDOTI e BACCETTI60, 2004; KIRZIOGLU et al.35, 2005; GARIB,

PECK e GOMES22, 2009; GARIB et al.21, 2010; YAQOOB et al.78, 2011), os quais

relataram que a agenesia, mostra-se mais prevalente no sexo feminino.

Diferentemente, ROLLING58 (1980), LYNHAM43 (1990), ENDO et al.17, (2006),

ALTUG e ERDEM2 (2007) não acharam diferenças estatisticamente significantes

entre os sexos para agenesias de dentes permanentes, em amostras de pacientes

em continentes diferentes. E GRIECO et al.31, (2007), analisando uma amostra de

brasileiros, também não acharam diferenças significantes entre os sexos, em

pacientes com agenesia de dentes permanentes. SVEDEMYR66 (1983), estudando a

prevalência de agenesia de segundos pré-molares em três gerações de duas

famílias, encontrou maior prevalência entre os homens, discordando assim, dos

atuais resultados.

Quanto à etnia, dentro das 351 documentações avaliadas, 241 (69%)

pertenciam a pacientes leucodermas, sendo destes, 173 (71,8%) do sexo feminino e

68 (28,2%) do masculino, 90 (25%) a pacientes melanodermas, sendo 53 (58,9 %)

do sexo feminino e 37 (41,1%) do masculino, e, 20 (6%) a pacientes xantodermas,

sendo 12 (60%) do sexo feminino e 8 (40%) do masculino, conforme mostra nos

gráficos 5.3 e 5.4. Este fato mostrou-se bastante compreensível, uma vez que, a

amostra possui amplo domínio de leucodermas em relação aos demais grupos

étnicos avaliados, corroborando com ROLLING58, 1980; POLDER et al.57, 2004;

GARIB et al.21,2010. Em contrapartida, Grieco et al.31, 2007, relataram não haver

associação significativa entre agenesia e a etnia.

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6.2 Prevalência de agenesias de dentes permanentes na amostra estudada

O arco dental mais afetado pela agenesia de dentes permanentes

correspondeu ao arco maxilar, com 36,4% (n=128), 30,8% (n=108) da amostra

apresentou agenesia no arco mandibular, e, 32,8% (n=115) apresentaram agenesia

em ambos os arcos (Gráfico 5.5). Os atuais resultados concordam com trabalhos já

reportados na literatura, como ARTE et al.3, (2001), MEZA47, (2003), TRISTÃO et

al.73, (2003), que relataram ocorrer uma maior prevalência de agenesias no arco

maxilar. Já GLENN28, (1964), ROLLING58, (1980), SVEDMYR66, (1983), STRITZEL,

SYMONS e GAGE67, (1990), KIRZIOGLU et al.35, (2005) relataram que o arco dental

mais afetado é o mandibular.

Ao se avaliar o hemi-arco mais afetado pela agenesia de dentes

permanentes, observou-se uma ordem decrescente de ocorrência no arco maxilar

direito (55%), maxilar esquerdo (52,4%), mandibular esquerdo (48,7 %) e mandibular

direito (47,3 %), como ilustrado no gráfico 5.6. SVEDMYR66 (1983) relatou que a

agenesia de pré-molares não mostrou diferenças significativas entre os quadrantes.

Os resultados obtidos discordam dos trabalhos consultados, que acharam uma

maior ocorrência de agenesias de dentes permanentes no quadrante inferior

esquerdo em membros de uma família (ARTE et al.3, 2001) e em uma população

japonesa (ENDO et al.17 , 2006).

A análise da amostra, de acordo com a prevalência de agenesias presentes,

excluindo os terceiros molares, foi de 88,6%. Pode-se observar que 5,4% da

amostra apresentavam agenesia dos incisivos centrais, 45,6% dos incisivos laterais,

3,1% dos caninos, 3,7% dos primeiros pré-molares, 43,6% dos segundos pré-

molares, 1,1% dos segundos molares, conforme tabela 5.3. A chance de ocorrência

de agenesia de terceiros molares, nesses pacientes, apresentou-se mais de três

vezes aumentada.

Os resultados expressos neste trabalho mostram que em ordem decrescente

das agenesias, o incisivo lateral (45,6%) e o segundo pré-molar (43,6%), foram os

dentes que apresentaram mais ausentes. Esses dados se aproximam aos

encontrados por ZHU et al.79, (1996) e CAMARGO10, (2011). Discordando de

POLDER et al.57, (2004), pois, estes encontraram uma prevalência maior para os

segundos pré-molares superiores seguidos dos incisivos laterais inferiores e também

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de TRISTÃO et al.73, (2003), que encontraram incidência maior nos segundos pré-

molares inferiores seguidos dos segundos pré-molares superiores e dos incisivos

laterais superiores.

De acordo com os resultados, em um paciente com agenesia de um dente

permanente, a ocorrência de agenesia de outros dentes permanentes, excluindo os

terceiros molares, mostrou-se equivalente à 88,6%, apresentando cento e trinta e

seis vezes mais chance de ocorrência, quando comparado com a população em

geral. Esta prevalência aumentada já era esperada, porque todos os pacientes que

compuseram esta amostra apresentavam algum tipo de agenesia (tabela 5.6).

O dente mais comumente ausente correspondeu aos incisivos laterais

maxilares (42,4%), mostrando uma chance de ocorrência bem maior em relação a

população em geral. Em relação a agenesia de segundo pré-molar maxilar (13,1%) e

mandibular (39%), mostrou-se uma prevalência de nove e vinte vezes mais chances

de apresentar agenesia em relação a população em geral, respectivamente. Uma

justificativa para essas diferenças significativas pode ser pela amostra selecionada,

quanto à diversidade étnica e geográfica, tanto do estudo atual quanto do estudo

que foi utilizado para grupo controle (tabela 5.6). Ressalta-se ainda que, na amostra

estudada, observou-se que a agenesia pode afetar outros grupos dentários, sendo

que no grupo dos primeiros molares não foi observado qualquer agenesia (tabela

5.3).

Quanto à distribuição da amostra de agenesia de dentes permanentes em

relação ao número de dentes ausentes, em que foi dividido de um a 11 dentes

ausentes, a análise da amostra mostrou que a maioria dos pacientes apresentava

ausência de um ou dois dentes, sendo, 38,7% e 28,2%, respectivamente,

corroborando com estudos realizados anteriormente, como SVEDEMYR66, (1983),

MEZA47, (2003), POLDER et al.57, (2004), FEJONKA18, (2005), como ilustra a tabela

5.4. Quando apresentava ausência de três dentes mostrou-se com uma prevalência

de 10,5%, de quatro, 10,3%, e por fim os pacientes que apresentavam uma

prevalência menor em relação à ausência de cinco a 11 dentes ausentes nos

pacientes analisados, de 3,7% a 0,3%, respectivamente. Em contrapartida,

TRISTAO et al.73, (2003), relataram que a prevalência em seu estudo de pacientes

com ausência de um dente permanente foi de 8%, de dois, 30,4%, três, 13,1% e de

quatro dentes, 21,7%.

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Ao analisar o subgrupo dos terceiros molares com idade equivalente ou

superior a 14 anos, a prevalência de agenesia de terceiros molares, nesses

pacientes, equivaleu a 46,2%, mostrando três vezes mais chance de ocorrência, em

relação à população em geral (tabela 5.6), concordando com os achados nos

estudos de GARIB, PECK e GOMES22, (2009), GARIB et al.21, (2010). O terceiro

molar mais comumente ausente foi o 38 (terceiro molar mandibular esquerdo)

apresentando 28,71%, seguido do 48 (terceiro molar mandibular direito) (26,99%),

18 (terceiro molar maxilar direito) (24,22%) e por último, o 28 (terceiro molar maxilar

esquerdo), apresentou-se com 23,18% (gráfico 5.8).

Em 1962, GARN e LEWIS25 realizaram o primeiro trabalho da literatura sobre

a associação na ocorrência de agenesias dentais e observaram que a prevalência

de agenesia de dentes permanentes, no grupo com agenesias de terceiros molares,

mostrou-se 13 vezes maior que a prevalência de agenesias no grupo controle,

inclusive dentes mais estáveis como os incisivos centrais, caninos e primeiros pré-

molares apresentaram-se ausentes na amostra com agenesias de terceiros molares.

Principalmente para os incisivos laterais e segundos pré-molares, a prevalência de

agenesias encontradas no grupo de estudo correspondeu a 12% e 11%,

respectivamente. GARIB, PECK e GOMES22, (2009), observaram que 21% dos

pacientes com agenesia de segundos pré-molares apresentaram agenesias de

outros dentes permanentes, excluindo os terceiros molares e quando comparada à

prevalência de agenesias esperadas para a população em geral, a ocorrência

mostrou-se quatro vezes aumentada. O dente mais comumente ausente relatado foi

o incisivo lateral superior, com uma prevalência oito vezes aumentada (16,3%), em

relação à prevalência esperada de 1,9%. A ocorrência de agenesia de terceiros

molares, na amostra pesquisada, mostrou uma prevalência mais elevada (48%) do

que a esperada para a população em geral (20%). GARIB et al.21, (2010), relataram

que 18,2% dos pacientes com agenesia de incisivos laterais superiores

apresentaram agenesias de outros dentes permanentes, excluindo os terceiros

molares e quando comparada à prevalência de agenesias esperadas para a

população esperada em geral, a ocorrência mostrou-se quatro vezes aumentada. Os

segundos pré-molares superiores equivaliam aos dentes mais comumente ausentes,

com uma prevalência de agenesia oito vezes aumentada (10,3%), em relação à

prevalência esperada de 1,5%. A ocorrência de agenesia de terceiros molares,

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mostrou uma prevalência mais elevada (35,5%) do que a esperada para a

população em geral (20,7%).

O presente estudo, no qual o critério de seleção foi a agenesia de dentes

permanentes, confirmou os resultados de GARN e LEWIS25, (1962), SACERDOTI e

BACCETTI60, (2004), GARIB, PECK e GOMES22, (2009), GARIB et al.21, (2010),

sobre a existência de uma associação na ocorrência de agenesias dentais,

permitindo inferir que esta anomalia apresenta uma etiologia controlada

essencialmente pela genética. A explicação é que um mesmo defeito genético pode

dar origem a diversas anomalias, ou seja, duas ou mais agenesias no mesmo

paciente podem apresentar origem genética comum. Estudos realizados por alguns

autores, como, SVEDMYR66, (1983), BROOK9, (1984) SYMONS e TAVERNE69,

(1996), GARN e LEWIS24, (1970), PECK, PECK e ATTIA51, (1993),

CHATTOPADHYAY e SRINIVAS12, (1996), KOTSOMITIS e FREER36, (1997),

BACCETTI5, 1998; BACCETTI6, (1998), PECK, PECK e KATAJA53, (1998), PECK,

PECK e KATAJA52, (2002), SACERDOTI e BACCETTI60, (2004), GARIB, ZANELLA

e PECK23, (2005), GARIB et al.20, (2010) sobre a associação de agenesias com

outros tipos de anomalias dentais ressaltaram o papel dos genes na etiologia das

agenesias dentais. VASTARDIS75, (2000), analisando uma família com agenesia de

todos os segundos pré-molares e terceiros molares, identificou uma mutação no

gene MSX1, do cromossomo 4.

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6.3 Prevalência das anomalias dentais associadas na amostra estudada

6.3.1 Anomalias dentais de número (supranumerários)

O primeiro estudo foi feito por BACCETTI5, (1998), que pesquisou essa

associação da prevalência de supranumerários entre uma amostra com agenesia de

segundos pré-molares e o grupo controle - não encontrando diferença.

Adicionalmente, esse mesmo estudo não encontrou associação dos

supranumerários com nenhuma outra anomalia dental investigada (microdontia dos

incisivos laterais superiores, infraoclusão de molares decíduos, hipoplasia de

esmalte e irrupção ectópica dos caninos por palatino).

A prevalência de supranumerários na amostra analisada não mostrou

diferenças significativas da prevalência encontrada para a população em geral,

conforme tabela 5.6. Isto quer dizer que essa anomalia dental apresenta uma

independência na origem etiológica, concordando com os resultados obtidos nos

estudos de BACCETTI5, (1998) e GARIB, PECK e GOMES22, (2009).

6.3.2 Anomalias dentais de tamanho (microdontias)

Foi observado que essa anomalia foi a mais expressiva neste estudo, com

28,5 % da amostra (gráfico 5.9). A microdontia de incisivos laterais maxilares

encontrada na amostra correspondeu a 27,3%, mostrando sete vezes mais chance

de ocorrência em relação à população em geral (tabela 5.7). Esses resultados

concordam com estudo anterior (SACERDOTI e BACCETTI60, 2004), apontando que

a agenesia e a microdontia são expressões diferentes do mesmo defeito genético,

uma vez que esses dois fenótipos aparecem frequentemente associados. GARN e

LEWIS24, (1970) constataram que pacientes com agenesia de terceiros molares

apresentavam uma redução generalizada e significante no tamanho dental. Além

disso, observaram que em pacientes com agenesias múltiplas, a redução do

tamanho dental é ainda mais significante. BACCETTI5 (1998) mostrou que 18% dos

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pacientes com agenesia de segundos pré-molares apresentaram microdontia dos

incisivos laterais superiores. Vale ressaltar que o mesmo autor, invertendo o foco da

observação, achou que quase a metade dos pacientes com microdontia dos

incisivos laterais superiores (42%) apresentava agenesia de segundos pré-molares.

GARIB, PECK e GOMES22, (2009) relataram que aproximadamente 20% dos

pacientes com agenesia de segundos pré-molares também apresentaram

microdontia dos incisivos laterais superiores. SHALISH et al.63, (2010) realizaram

estudo na qual a amostra foi composta por pacientes com infraoclusão de molares

decíduos e realizaram a associação de determinadas anomalias, dentre elas, a

microdontia, com uma prevalência aumentada em 5 vezes. YAQOOB et al.78, (2011),

relataram que a ausência bilateral de incisivos laterais superiores esteve associada à

redução da largura mesiodistais dos dentes em seus segmentos anteriores em

ambos os arcos, maxilar e mandibular.

As implicações práticas desses achados volta-se para o fato de que

raramente o ortodontista observará apinhamento em pacientes com agenesia de

segundos pré-molares, enquanto a discrepância dente/osso positiva mostra-se muito

comum nesses pacientes. Portanto, a dificuldade de fechamento de espaço nesses

pacientes será significante (GARIB et al.20, 2010).

6.3.3 Anomalias dentais de posição

A ectopia mais comumente observada nos segundos pré-molares

mandibulares refere-se à distoangulação do germe (MATTENSON45, 1982). Os

resultados do presente estudo mostraram que 6,6% dos pacientes que possuem

agenesia de dentes permanentes da amostra apresentaram este tipo de anomalia

(gráfico 5.10), e que pacientes com agenesia de dentes permanentes apresentaram

chance de quase 35 vezes mais em relação à população em geral (tabela 5.7). A

ocorrência da distoangulação na população em geral é bastante rara, considerando-

se sua prevalência de 0,2%. SHALISH et al.64, (2002) realizaram um estudo com

uma amostra composta de pacientes com agenesia unilateral dos segundos pré-

molares inferiores, e observaram que o germe do dente contralateral apresentava-se

em média 10° mais angulado para distal, comparado a um grupo controle sem

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agenesias. Constataram, assim, que a distoangulação dos segundos pré-molares

inferiores identificou um diferente fenótipo do mesmo defeito genético que ocasionou

a agenesia.

SYMONS e TAVERNE69 (1996) já haviam observado a distoangulação dos

germes dos segundos pré-molares inferiores, assim como atraso no

desenvolvimento dental, em diferentes membros de uma mesma família

apresentando agenesias múltiplas, inclusive dos segundos pré-molares inferiores.

GARIB, PECK e GOMES22 (2009) mostraram uma prevalência aumentada de

distoangulação dos segundos pré-molares inferiores (7,9%) em uma amostra de

pacientes com agenesia de segundos pré-molares.

SHALISH et al.64 (2010) realizaram estudo com amostra composta por

pacientes com infraoclusão de molares decíduos e objetivaram realizar a associação

desta com a distoangulação e outras anomalias. Concluíram, assim, que a

distoangulação mostrou-se com uma prevalência aumentada em 3 vezes.

Discordando destes resultados, o estudo realizado por GARIB et al.21, (2010),

mostraram uma prevalência de 3,9% de distoangulação de molares decíduos em

pacientes com agenesia de incisivos laterais superiores, prevalência esta, menor

quando comparada ao do presente estudo (6,6%). Portanto, o clínico não deve se

surpreender ao observar essa anomalia da posição em pacientes com agenesias.

Essa ectopia geralmente se auto-corrige e não exige intervenção (COLLET14, 2000),

a menos que a má posição seja severa (GARIB, ZANELLA e PECK23, 2005).

Acompanhar o desenvolvimento dental longitudinalmente constitui o único

procedimento necessário (GARIB et al.20, 2010).

Outra anomalia de posição pesquisada nesse estudo foi a mesioangulação

dos segundos molares inferiores. Foi verificada uma prevalência de 3,7% de

mesioangulação dos segundos molares mandibulares em pacientes com agenesias

de dentes permanentes (gráfico 5.11), apresentando maior chance de ocorrência do

que a população em geral (tabela 5.7). Discordando assim, de estudos como de

GROVER e LORTON32 (1985), que relataram que esta anomalia é uma

irregularidade de irrupção de ocorrência rara, acometendo neste estudo, (0,03%).

GARIB, PECK e GOMES22 (2009) também relataram uma prevalência baixa, ou

seja, de 1%, em pacientes com agenesias de segundos pré-molares.

A impacção dos segundos molares inferiores permanentes com

mesioangulação constitui um distúrbio de erupção com etiologia frequentemente

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atribuída a fatores locais, tais como a deficiência no perímetro do arco dental, e,

algumas vezes, o germe do segundo molar inferior desenvolvendo-se normalmente

pode, repentinamente, sem razões aparentes, alterar a sua angulação, inclinando-se

para mesial e, assim, permanecer impactado por distal do primeiro molar inferior

(SHAPIRA et al.65, 1998). BACCETTI7 (2000), em uma amostra sem apinhamento

dental, achou uma associação significante entre a retenção de primeiros e segundos

molares inferiores permanentes com outras anomalias dentais de posição e irrupção.

Existe uma carência de estudos prévios que investigaram a ocorrência da irrupção

ectópica dos segundos molares inferiores associada a outras anomalias dentais, não

obstante essa correlação tenha sido citada em alguns relatos clínicos (SHAPIRA et

al. 65 ,1998; LEONARDI et al.41, 2003).

Uma importante anomalia de posição analisada na amostra estudada

correspondeu à irrupção ectópica dos caninos para palatino (IECP). A prevalência

dessa anomalia dental na amostra analisada foi de 7,4% (gráfico 5.12), assim,

mostrou-se cinco vezes com mais chance de ocorrência em relação à população em

geral, que é 1,5% (tabela 5.7). Resultados bastante semelhantes foram encontrados

em estudos recentes como os de GARIB, PECK e GOMES22, (2009) e GARIB et

al.21, (2010).

Em 1994, PECK, PECK e KATAJA55 relataram algumas evidências

provenientes da literatura de que a irrupção ectópica dos caninos superiores por

palatino apresentava uma etiologia predominantemente genética. Listaram fortes

indícios para sustentar tal hipótese, como a ocorrência concomitante com outras

anomalias dentais, os relatos de história familiar dessa anomalia, a freqüente

ocorrência bilateral, as diferenças nas prevalências entre os sexos e entre diferentes

populações. Dois anos após, os mesmos autores, verificaram que pacientes com

IECP apresentaram uma prevalência aumentada (17%, desconsiderando-se os

terceiros molares), sobretudo, dos segundos pré-molares inferiores, ausentes em

14% dos casos. Observaram ainda que essa ectopia envolvendo os caninos

superiores associou-se constantemente com a microdontia dos incisivos laterais

permanentes, observada em 17% dos casos, não necessariamente no mesmo

quadrante do distúrbio eruptivo dos caninos. Concluíram que a irrupção ectópica dos

caninos por palatino, as agenesias e a microdontia seriam co-variáveis biológicas

que compartilham uma origem genética comum (PECK, PECK e KATAJA54,1996).

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BACCETTI5-6 (1998) encontrou prevalência de 16% de IECP em pacientes

italianos com agenesia de segundos pré-molares, prevalência bem maior, quando

comparado ao estudo atual, assim como uma prevalência bastante aumentada de

agenesia de segundos pré-molares (18%), em pacientes com IECP. LEONARDI et

al.41, (2003) reportaram um caso de gêmeas homozigóticas, - ambas apresentando

IECP bilateralmente -, contribuindo para aumentar as evidências sobre o controle

genético da ectopia dos caninos superiores. Em 2011, CAMARGO10 constatou que

pacientes que apresentavam impacção de caninos apresentavam uma prevalência

de 17,9% de outras anomalias dentais como microdontia e agenesia dental.

Esses dados apresentam importância clínica extrema quando consideramos a

possibilidade de diagnóstico precoce de IECP, pois um paciente com agenesia de

dentes permanentes tem chance considerável de apresentar distúrbio irruptivo dos

caninos superiores para palatino, durante o período final da dentadura mista.

Em relação às transposições dentais apresentadas na literatura, estão a

transposição entre canino e primeiro pré-molar no arco maxilar e a transposição

entre canino e incisivo lateral no arco mandibular (gráfico 5.13), que apresentam

etiologia genética e são comumente associadas a outras anomalias dentais (PECK;

PECK e ATTIA51, 1993; CHATTOPADHYAY e SRINIVAS12, 1996; BACCETTI6,

1998; PECK, PECK e KATAJA53, 1998; PECK, PECK e KATAJA52, 2002; ELY,

SHERRIFF e COBOURNE16, 2005). O presente estudo verificou prevalência

significantemente aumentada (3,7%) para a transposição entre canino e primeiro

pré-molar no arco maxilar em pacientes com agenesias de dentes permanentes

(gráfico 5.13), comparando com os achados da população em geral, de 0,25%

(tabela 5.7). Os resultados obtidos neste estudo concordam com outros estudos já

reportados na literatura (PECK, PECK e ATTIA51 (1993); CHATTOPADHYAY e

SRINIVAS12 (1996), que relataram que pacientes com este tipo de transposição

apresentam elevada prevalência de agenesias de dentes permanentes, excluídos os

terceiros molares, de 37% e 40%, respectivamente. Especificamente, essa

modalidade de transposição associou-se com uma alta prevalência de agenesias de

segundos pré-molares e incisivos laterais superiores, enquanto a prevalência de

terceiros molares não apresentou significante prevalência no estudo de PECK,

PECK e KATAJA52 (2002).

Na frequência de transposição no arco mandibular, verificou-se uma

prevalência significantemente aumentada (0,6%) da transposição entre incisivo

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mandibular e canino (gráfico 5.13), em relação ao esperado da população em geral ,

de 0,03% (tabela 5.7). PECK, PECK e KATAJA53 (1998) observaram uma

prevalência aumentada de agenesias em pacientes com este tipo de transposição,

assim como uma prevalência aumentada de incisivos laterais conóides.

Especificamente essa modalidade de transposição associou-se com uma alta

prevalência de agenesias de segundos pré-molares e de terceiros molares,

enquanto, com a prevalência de incisivos laterais superiores não apresentou

significante prevalência (PECK, PECK e KATAJA52, 2002). Os resultados em relação

a esta anomalia - transposição dental - devem ser vistos com certa cautela por conta

de sua rara ocorrência.

Outra anomalia a ser discutida consistiu na infraoclusão dos molares

decíduos. Na amostra estudada de pacientes com agenesia de dentes permanentes,

4,3% apresentaram infraoclusão dos molares decíduos (gráfico 5.14). Esta

prevalência não mostrou diferença com a população em geral (tabela 5.7).

KUROL38(1981) verificou que a prevalência da infraoclusão mostrou-se bastante

aumentada em irmãos de pacientes afetados. Além disso, BACCETTI (1998)5 e

BACETTI6 (1998) constataram que pacientes com agenesia de segundos pré-

molares apresentavam prevalência aumentada de infraoclusão (15%), assim como

pacientes com infraoclusão de molares decíduos manifestavam uma prevalência

significantemente aumentada para a agenesia de segundos pré-molares (14%).

SHALISH et al.64, (2010), em uma amostra composta por pacientes com

infraoclusão, constataram associações estatisticamente significativas com outras

anomalias dentais, como agenesia dental, microdontia e irrupção ectópica de

caninos superiores para palatino. Discordando também destes achados, GARIB,

PECK e GOMES22, 2009, observaram uma prevalência de 24,6% de infraoclusão de

molares decíduos em pacientes com agenesias de segundos pré-molares inferiores.

6.3.4 Hipoplasia de esmalte

Dentre os pacientes com agenesia de dentes permanentes, 28,2%

apresentaram hipoplasia de esmalte, mostrando assim uma prevalência

significantemente aumentada em relação ao esperado para a população em geral

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(4,2%), com uma chance aumentada em nove vezes (tabela 5.7). BACCETTI6

(1998), em uma amostra de pacientes selecionados pela presença de hipoplasia,

constatou-se prevalência elevada de agenesias, microdontia e ectopias, incluindo a

irrupção ectópica dos caninos para palatino.

Apesar de ainda constituir um tema não muito explorado pela literatura,

existem algumas evidências de que a hipoplasia generalizada do esmalte integra a

lista de anomalias dentais associadas, reguladas geneticamente. Dessa maneira,

manchas brancas presentes generalizadamente no esmalte dos dentes

permanentes, dissociadas de causas ambientais – como ingestão acentuada de flúor

ou antibioticoterapia –, podem funcionar de alerta clínico para o desenvolvimento de

outras anomalias dentais no decorrer do desenvolvimento da dentição (GARIB et

al.20, 2010).

Em resumo, parece existir uma semelhança considerável de evidências que

sugerem um papel dominante dos genes na etiologia das anomalias dentais

(KOTSOMITIS e FREER36,1997). Deste modo, em uma amostra selecionada de

acordo com um tipo de anomalia, espera-se encontrar uma prevalência maior de

outra anomalia associada. A implicação clínica do padrão de anomalias dentais

associadas é muito relevante, uma vez que o diagnóstico precoce de uma

determinada anomalia dental pode alertar o clinico da possibilidade de

desenvolvimento de outras anomalias associadas no mesmo paciente ou em outros

membros da família, permitindo assim o diagnóstico precoce e a intervenção

ortodôntica mais apropriada (GARIB et al.20, 2010).

Convém ressaltar a importância do tratamento multidisciplinar entre a

Ortodontia, Dentística, Prótese e lmplantodontia para solucionar os problemas das

agenesias e anomalias dentais, com alcance a Iongo prazo e de resultados

favoráveis para o paciente, do ponto de vista estético além de devolver o equilíbrio

funcional.

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CONCLUSÕES

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7 CONCLUSÕES

De acordo, com a amostra utilizada (composta por 351 pacientes com

agenesia dental), e diante dos resultados obtidos, foi possível concluir que:

7.1 ) A anomalia de posição mais prevalente foi a irrupção ectópica de canino

(7,4%), a anomalia de número mais encontrada foi supranumerário (3,7%),

a anomalia de tamanho mais prevalente encontrada foi a microdontia do

incisivo lateral superior com 27,3%, e por fim a anomalia de formação mais

encontrada foi a hipoplasia de esmalte (28,2%).

7.2 ) A hipótese testada de que pacientes com agenesia de dentes

permanentes apresentassem uma prevalência aumentada de anomalias

dentais foi aceita, pois, pacientes com agenesias dentais apresentaram

133,6 vezes mais chance de apresentar outras agenesias, 20,7 vezes

mais chance de apresentar agenesia do segundo pré-molar mandibular,

38,1 vezes mais chance de apresentar agenesia do incisivo lateral maxilar

e no subgrupo amostral, 3,2 vezes mais chance de apresentar agenesia

do terceiro molar. Apresentaram ainda 7,1 vezes mais chance de

apresentar microdontia do incisivo lateral maxilar, 5,2 vezes mais chance

de apresentar irrupção ectópica do canino palatino, 34,6 vezes mais

chance de apresentar distoangulação, 9 vezes mais chance de apresentar

hipoplasia de esmalte, 96,1 vezes mais chance de apresentar

mesioangulação do segundo molar mandibular, 15,9 vezes mais chance

de apresentar transposição de canino/pré-molar maxilar, e, 14,3 vezes

mais chance de apresentar transposição de incisivo/canino mandibular e

em relação a infraoclusão de molares decíduos e de supranumerários

apresentam uma menor chance (0,4 e 0,95, respectivamente), quando

comparados com a população em geral.

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7.3 ) Quanto à distribuição da amostra de pacientes com agenesia de dentes

permanentes, em função do arco, 128 (36,4%) pacientes, apresentaram

agenesia no arco maxilar, 108 (30,8%) no arco mandibular, e, 115 (32,8%)

em ambos os arcos.

7.4 ) Em relação, a distribuição da agenesia no hemi-arco, observou que o

quadrante mais afetado foi o maxilar direito (55,0%), seguido pelo maxilar

esquerdo (52,4%), e pelos quadrantes, mandibular esquerdo (48,7%) e

mandibular direito (47,3%).

7.5 ) A distribuição da amostra de pacientes com agenesia de dentes

permanentes, quanto ao sexo, pôde-se observar que 238 (68%) pacientes

pertenciam ao sexo feminino e 113 (32%) do sexo masculino. Quanto à

etnia, observou que 69% (n=241) da amostra foi composta por

leucodermas, 25% (n=90) por melanodermas e 6% (n=20) por

xantodermas. E em relação à faixa etária, a maioria dos pacientes com

agenesia de dentes permanentes encontrava-se com idade equivalente ou

superior a 20 anos. A idade média da amostra foi de 17,8 anos.

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de Pós-graduação em Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo, 2006.

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ANEXO 1 – Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).

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ANEXO 2 – Planilha para realização do levantamento dos dados.

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