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Fala Egbé Informativo dirigido às Comunidades de Terreiros de Candomblé • nº 19 • ano VII • Agosto de 2009 Fala Egbé Muito temos falado de violação de direitos, dos direitos humanos que todas e todos devem ter respeitados, tanto como cidadãos políticos como na qualidade de sujeitos sociais, que vivem em uma cultura e em um ambiente econômico e ecologicamente equili- brados. Mas devemos nos perguntar incessante- mente: sobre quais corpos incidem as violações de direitos? Quem são os que sofrem até as barras da morte a falta de trabalho, de lazer, de transporte e de educação adequada? O corpo jovem; das jovens e dos jovens! Essa é a dura resposta que a vida urbana tem dado em nossos tempos, de meninos e meninas sobrevivendo aos trancos e sem barrancos onde se recostar. Muitos dos jovens e adolescentes negros estão morren- do antes dos 25 anos. Vários se sentem sem perspectiva, sem saber que caminho seguir, que escolhas fazer. É um desafio enfrentar essas situações e muitas outras pelas quais passam os jovens; situações que somente eles podem ajudar a definir as melhores saídas, e que as instituições podem ajudar e apoiar. Qual a contribuição possível das Casas de Candomblé? Vejamos algumas... Ouvir a juventude: sabemos que os espaços dos candomblés são regidos pela autoridade dos mais velhos, o que garante a unidade e a ligação entre todas e todos O Desafio da Juventude humanos, a natureza e as divindades. Ouvir, para saber o que esperam os jovens em sua realização social e que apoios seriam possíveis, é uma primeira atitude. Acolher a participação: o desejo de participação dos jovens na vida das Casas deve ser acolhido. Atitude que é possível sem ferir as hierarquias, permitindo o protagonismo dos jovens em questões sociais e no auxílio do desempenho religioso da Casa, nas festas e celebrações diversas... Tudo segundo a hierarquia. Acompanhar situações críticas: os jovens por vezes estão expostos a situações críticas diversas. Como por exemplo, de violência no bairro, com medo de ir e vir; de descobertas do corpo. Os jovens necessitam de orienta- ções para viver a sexualidade livre e de conversas sobre direitos iguais entre pessoas de sexos diferentes ou de orientações sexuais diversas, homo- afetivas. As Casas podem abrir espaços para os jovens buscarem esse tipo de acompanhamento e orientação – para as quais os próprios jovens de candom- blé podem preparar-se para liderar e informar. Há muito mais situações que a criatividade e vontade de participação das juventudes podem trazer para o diálogo. Nesse intuito, KOINONIA tem procurado apoiar e capacitar jovens de terreiros de candomblé para cumprirem seu próprio destino, em diálogos com a própria diversidade ecumênica que a sociedade apresenta. Assim seguiremos, com as bênçãos do Senhor dos Tempos, que, como as juventu- des, nunca há de se conformar com os “castelos” que construirmos; tentando e tateando com os jovens e as jovens, apoian- do-os em seu desafiado caminho. DECLARAÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA: ATRASO DA RECEITA FEDERAL Pág. 2 FORMAÇÃO DE AGENTES DE COMBATE À DENGUE Pág. 4 CAPACITAÇÕES E SEMINÁRIOS NO BAIXO SUL DA BAHIA Pág. 5 UM TERREIRO, UMA HISTÓRIA: UNZÓ NGUNZO KWA KAYONGO Pág. 10

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Fala EgbéInformativo dirigido às Comunidades de Terreiros de Candomblé • nº 19 • ano VII • Agosto de 2009

Fala Egbé

Muito temos falado deviolação de direitos, dosdireitos humanos quetodas e todos devem terrespeitados, tanto comocidadãos políticos comona qualidade de sujeitossociais, que vivem emuma cultura e em umambiente econômico eecologicamente equili-brados.

Mas devemos nosperguntar incessante-mente: sobre quaiscorpos incidem asviolações de direitos? Quem são os quesofrem até as barras da morte a falta detrabalho, de lazer, de transporte e deeducação adequada?

O corpo jovem; das jovens e dos jovens!Essa é a dura resposta que a vida urbanatem dado em nossos tempos, de meninos emeninas sobrevivendo aos trancos e sembarrancos onde se recostar. Muitos dosjovens e adolescentes negros estão morren-do antes dos 25 anos. Vários se sentem semperspectiva, sem saber que caminho seguir,que escolhas fazer.

É um desafio enfrentar essas situações emuitas outras pelas quais passam osjovens; situações que somente eles podemajudar a definir as melhores saídas, e queas instituições podem ajudar e apoiar.

Qual a contribuição possível das Casas deCandomblé? Vejamos algumas...

Ouvir a juventude: sabemos que osespaços dos candomblés são regidos pelaautoridade dos mais velhos, o que garantea unidade e a ligação entre todas e todos

O Desafio da Juventude

humanos, a natureza e as divindades.Ouvir, para saber o que esperam os jovensem sua realização social e que apoiosseriam possíveis, é uma primeira atitude.

Acolher a participação: o desejo departicipação dos jovens na vida das Casasdeve ser acolhido. Atitude que é possívelsem ferir as hierarquias, permitindo oprotagonismo dos jovens em questões sociaise no auxílio do desempenho religioso daCasa, nas festas e celebrações diversas...Tudo segundo a hierarquia.

Acompanhar situações críticas: osjovens por vezes estão expostos asituações críticas diversas. Como porexemplo, de violência no bairro, commedo de ir e vir; de descobertas docorpo. Os jovens necessitam de orienta-ções para viver a sexualidade livre e deconversas sobre direitos iguais entrepessoas de sexos diferentes ou deorientações sexuais diversas, homo-afetivas. As Casas podem abrir espaçospara os jovens buscarem esse tipo deacompanhamento e orientação – paraas quais os próprios jovens de candom-

blé podem preparar-se para liderar einformar.

Há muito mais situações que a criatividadee vontade de participação das juventudespodem trazer para o diálogo. Nesse intuito,KOINONIA tem procurado apoiar ecapacitar jovens de terreiros de candomblépara cumprirem seu próprio destino, emdiálogos com a própria diversidadeecumênica que a sociedade apresenta.

Assim seguiremos, com as bênçãos doSenhor dos Tempos, que, como as juventu-des, nunca há de se conformar com os“castelos” que construirmos; tentando etateando com os jovens e as jovens, apoian-do-os em seu desafiado caminho.

DECLARAÇÃO DEIMPOSTO DE RENDA:ATRASO DA RECEITAFEDERAL

Pág. 2

FORMAÇÃO DEAGENTES DECOMBATE À DENGUE

Pág. 4

CAPACITAÇÕES ESEMINÁRIOS NOBAIXO SUL DA BAHIA

Pág. 5

UM TERREIRO, UMAHISTÓRIA: UNZÓNGUNZO KWAKAYONGO

Pág. 10

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2 COTIDIANO

Ações do Programa

Nesses 15 anos fomos ho-mens, mulheres, jovens, gen-tes: do campo, de negras tra-dições, das igrejas e das or-ganizações parceiras. . . Fo-mos também os abraços ebei jos , os cafezinhos e asconversas, os sorrisos e osmedos, e os tantos olhares:de compreensão, a f l i t o s,cont r i tos , sagazes , e squ i -vos. . . Luzes que bri lharampor justiça e direitos.

Assim mergulhadas, mis-turadas às gentes e compro-metidas com suas causas, sef izeram nossas t ramas deser v i ço .

KOINONIA FAZ (-SE) 15 ANOS

Necessidades dos Terreiros Caminhos

Garantia de posse e propriedade de terra

Formação de associação civil Registro no CNPJ Processos de Usucapião

Reconhecimento de direitos públicos

Elaboração de laudos antropológicos Elaboração de laudos etnoecológicos Processo de imunidade de IPTU

Garantia territorial e melhoria ambiental

Elaboração de levantamentos planialtimétricos Elaboração de projetos paisagísticos

Superação do preconceito e da intolerância religiosa

Ações contra o preconceito e a intolerância religiosa Realização de reflexões e encontros de diálogos que auxiliem as ações contra o preconceito (temas)

Projetos sociais e econômicos

Trabalho voluntário Oficinas: bordado; saúde da mulher; direitos de comunidades Outras oficinas

Ações do Programa

Nossa presença impregnada detantas real idades nos fez umaKOINONIA, caleidoscópio demúltiplas identidades... Corremosassim o risco, de nos perdermosnos encontros com os outros... Denão saber quem somos totalmenteentregues, a outros quereres.

Mas aqui chegamos, aquiestamos:

Felizes com a doce sensação devida a correr nas veias, de quemviu flores sem temer pelos espi-nhos;

Capazes de reunir as faces dadiversidade e sonhar por maisanos para nossa vocação: ecumênicapaixão.

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Fala Egbé 3COTIDIANO

ASSOCIAÇÃO CIVILEstamos em um momento em que estãosendo divulgadas e difundidas váriasoportunidades de apoio às comunida-des negras, seja para projetos sociais,culturais e econômicos de desenvolvi-mento das Casas, seja para recupera-ção dos bens patrimoniais.A realidade econômica dos Terreiros deCandomblé é a de não possuírem umareceita própria e, portanto, não teremcondições de dar continuidade aosseus projetos que demandem recursos.Desta forma, torna-se imprescindívelnão só aproveitar as oportunidades quesurgem, seja na esfera governamentalou não-governamental, como tambémlutar por novas frentes de apoio efinanciamento.Para tanto, uma das necessidadesbásicas destas instituições religiosas é asua constituição como instituição jurídica– a associação civil, como também, amanutenção da regularidade do seuregistro e funcionamento, cumprindo comas obrigações civis que são impostas pelalegislação vigente no país.Neste sentido, continuamos apoiando asCasas que desejam e buscam estaregularização, prestando os serviços deorientação e capacitação aos seusrepresentantes.Para o período compreendido entre abrile julho, foram apoiados diretamente osseguintes casos: Unzò Ngunzo Kwa Kayongo, situado

no bairro de Cajazeira XI – Retomada dasações para registro da Associação Civil. Ilê Axé Omin Funkó, localizado no

subúrbio ferroviário - Possui AssociaçãoCivil registrada e com CNPJ, mas solicitaorientação para composição e registro deatas de reeleição de diretoria. Ilê Axé Oló Omin, situado no bairro de

Valéria - Busca a retomada de orienta-ção para o processo de reformaestatutária e atualização de diretoria. Ilê Axé Omin Dolar, localizado no

bairro de Castelo Branco - Solicitouapoio para registro inicial da associaçãono período anterior. A documentaçãoencontra-se pronta, à disposição dosrepresentantes da Casa. Ilê Axé Oyá Alafumbí, situado na

cidade de Lauro de Freitas (RegiãoMetropolitana de Salvador - RSM) -

Encontra-se em fase de registro de suaassociação; em acompanhamento cartorial. Ilê Asé Ayê Burukam Ajunsun, também

situado na cidade de Lauro de Freitas (RMS)- Continua em processo de alteração dedados da diretoria. Ilê Axé Opó Ibu Alama, situado no Alto do

Peru - Fez sua primeira solicitação de apoiopara constituição da associação. Unzó Sasaganzuá Kanjoanlojolo

Kangunga Kiasalapakanua, localizado nobairro de São Caetano – Entrou comsolicitação de apoio para iniciar o processode constituição da associação civil. Ilê Axé Silé Odé Águas de Efan, localiza-

do no bairro de Águas Claras - Solicitouapoio através do site. Encontra-se ematendimento para instruções sobre alegalização da associação civil.

CNPJVoltamos a lembrar que a regularidade doCNPJ das associações civis que sãoimunes ao Imposto de Renda, depende,além da atualização dos dados cadastrais,da Declaração Anual de Imune.Esta declaração é realizada através dosite da Receita Federal, na internet,www.receita.fazenda.gov.br, normalmen-te no primeiro semestre de cada ano.Entretanto este ano, devido a problemasinternos na Receita Federal, o prazopara a declaração ainda não foi aberto.Alertamos a todos os representantes dasassociações que estejam atentos aomomento em que os prazos foremabertos. Lembramos ainda, que assimque os formulários de declaração estive-rem disponíveis na internet, o ProgramaEgbé abrirá as inscrições para o Curso deCapacitação, a ser realizado no escritóriodo Programa, que permitirá aos represen-tantes das associações realizarem suasdeclarações de forma independente.Esta é mais uma ação do Programa, quebusca capacitar as associações para suaauto-gestão.

PROCESSOS JURÍDICO-ADMINISTRATIVOS Abertura de processo administrativo de

solicitação de isenção da Taxa deFiscalização e Funcionamento (TFF) do

Centro de Caboclo Itapoan. Esta taxaé gerada a partir do registro da Casano Cadastro Geral de Atividades doMunicípio (CGA). Entretanto, por setratar de templo de culto, a isenção éprevista na legislação e liberadamediante este procedimento adminis-trativo. Ilê Axé Oló Omim - Solicitação de

processo administrativo para reconhe-cimento de imunidade tributária.Entretanto, procedimentos préviosestão sendo encaminhados, como aregularização da associação civil(conforme descrito anteriormente),para que seja possível a abertura doprocesso. Ilê Axé Oxumaré – A ação deusucapião aberta no ano de 2000contra o espólio de MartinsCatharino, após diversos entraves,espera o pronunciamento do juizsobre a necessidade de marcação deuma audiência de justificativa ou asentença definitiva. Continuamosaguardando. Manso Dandalungua Cocuazenza –

O andamento do processo deUucapião que já era dificultado pelanecessidade de citação de vários réuse de toda a vizinhança, agora foicontestado por uma família vizinha,que entrou com uma Oposição(espécie de intervenção de uma parteque a princípio não estava incluída noprocesso). Assim, para que o processotenha seguimento, todas as partes doprocesso devem ser citadas novamen-te pela justiça, fato este aguardadopelo Terreiro. O “Caso Mãe Gilda” - Ação

indenizatória que a família do AxéAbassá de Ogum move contra a IgrejaUniversal do Reino de Deus - Iurd,aguarda as decisões finais para areparação dos danos causados àIyalorixá Gildásia Santos dos Santos ea execução da sentença aprovada peloSuperior Tribunal de Justiça. Enquantose aguarda as tramitações finais, aúltima movimentação favorável queaconteceu no processo foi a definiçãode que a publicação que deveráconstar na primeira página da FolhaUniversal - uma das penas que osréus terão que cumprir - será aqueladescrita na sentença na PrimeiraInstância, onde apresenta toda asituação de intolerância religiosapraticada pela Iurd.

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4 COTIDIANO

CURSO DE GESTÃO NO BAIXO SUL

Seis comunidades de Camamu sereuniram para elaborar uma propostacomum de comercialização de seus pro-dutos, com agregação de valor cultural– a marca da identidade quilombola. Ascomunidades de Barroso, Porto do Cam-po, Garcia, Pimenteira, Dandara dosPalmares e Laranjeira estão se articu-lando para montar e gerir uma lojinhasituada na comunidade do Garcia, àsmargens da estrada Camamu-Itacaré,aproveitando o mirante que existe nolocal e que é ponto de parada para tu-ristas tirarem fotos e apreciarem a pai-sagem.

Esta iniciativa tem levado este con-junto de comunidades a discutirem o for-mato de um empreendimento comum etudo que envolve esse tipo de iniciativa.Esses debates acontecem dentro do cur-so de gestão que Koinonia vem realizan-do com este grupo de comunidades. Ocurso está previsto para acontecer emquatro etapas, culminando na elabora-ção de um Plano de Negócios. A pri-meira etapa, que trata da organizaçãodo coletivo das comunidades envolvidaspara executar a proposta - acordos eformalizações de compromissos, regi-mento, definição de responsabilidades,busca de soluções conjuntas ecooperativadas para as dificuldades detransporte – já está sendo implementada.Foram realizados dois encontros nosquais se avançou muito na proposta deorganização, na criação de um comitêgestor provisório e até na elaboração daplanta da lojinha e de sua decoração. Porexemplo, foram definidos que os móveisserão todos de tala de dendê, fabricadospor artesãos das comunidades. Na lojaserá comercializado: artesanato de pes-ca, de cipó e de tala de dendê, gamela, eescultura em madeira; cestaria; móveisem tala de dendê; doces e gêneros ali-mentícios, azeite de dendê, licor; sabãode dendê; bordados; corte e costura, pin-tura em tecido; remédios tradicionais;produtos da roça do grupo de mulheres(inclusive farinha e derivados de mandi-oca); marisco.

CURSO DE FORMAÇÃO DEAGENTES DE COMBATE ÀDENGUE

Cumprindo um compromisso assumi-do no Seminário Público realizado emoutubro de 2008, a Supe-rintendênciade Vigilância e Proteção da Saúde(Suvisa) realizou, em parceria comKOINONIA, a primeira Oficina deCapacitação de Multiplicadores de Reli-giões de Matrizes Africanas no Combateà Dengue, no dia 30 de maio, na Biblio-teca Pública Estadual nos Barris (Salva-dor, BA).O objetivo é dar subsídio às co-munidades para que elas continuem sendocentros de referência nos bairros e pos-sam atuar no combate a esta epidemia deforma mais ativa, consciente e, agora,com o respaldo técnico-informativo doestado.O evento contou com participa-ção de técnicos da Diretoria de Vigilân-cia Epidemiológica (Divep), da 1ª Dire-toria Regional de Saúde (DIRES) e daAcbantu. Para a superintendente daSuvisa, Lorene Pinto, esse encontro re-presenta o cumprimento de um compro-misso de parceria pela saúde entre o Es-tado e os Terreiros que ela espera que dêbons frutos: “Temos que garantir que essaparceria continue e se multiplique pelosTerreiros”, convocou Lorene. Foram ca-pacitados 29 agentes de diversas Casasde Candomblé da Grande Salvador, in-clusive vários jovens do grupoObabyan.Na abertura do encontro, o TataXicarangoma do Tumba Junçara,Esmeraldo Emetério, falou sobre os am-bientes sagrados das religiões de matrizafricana e da importância da água para opovo de Candomblé, ressaltando a impor-tância que se deve ter com esteaspecto.KOINONIA participou ativa-mente do evento, não apenas convocan-do os Terreiros, mas desde o planejamen-to pedagógico da oficina até a realizaçãode dinâmicas na abertura e no encerra-mento do dia de trabalho.

OFICINA DE BORDADO NOMANSO DANDALUNGUACOCUAZENZA

Foi encerrada no dia 25 de junho anova oficina de bordado (bainha aberta)

Oficinas, seminários e parceriasno Terreiro Manso DandalunguaCocuazenza, em Salvador (BA). Esta ofi-cina é um desdobramento das oficinasde artes e ofícios realizadas durante osanos de 2007 e 2008 por KOINONIA,através do Projeto de “Capacitação eapoio ao desenvolvimento de Comuni-dades Negras Tradicionais no Brasil”,co-financiado pela União Européia,Christian Aid e EED, junto aos Terrei-ros de Candomblé de Salvador e sua re-gião metropolitana.

Ernestina Climaco dos Santos, a Tina,que foi aluna na primeira oficina, tornou-se a organizadora e a instrutora deste novogrupo de 18 mulheres. Segundo a respon-sável pela Casa, Mãe Noélia, isso demons-tra que, quando há interesse, o trabalhosegue adiante. Tina está entusiasmada como curso e pretende abrir nova turma. A in-tenção do grupo é, no futuro próximo, cri-ar uma cooperativa de bordadeiras. Paraisso, a Associação elaborou um projeto eestá buscando apoio para iniciar o trabalhode produção do núcleo de bordado do Man-so e para a realização de novos cursos. En-quanto isso, as bordadeiras não querem fi-car paradas: Tina explicou que a idéia écobrar uma taxa inicial das alunas, paracompra de material, e continuar com asaulas e com os encontros para produçãodas peças. Já receberam encomendas queforam atendidas por três bordadeiras – ainstrutora e duas alunas. A proposta é queesse núcleo de bordadeiras se articule como Espaço Cultural Vovó Conceição, que estáavançando na consolidação da produção ecomercialização de roupas e bordados commarca de identidade cultural.

SAÚDE

Dentro das ações do Projeto“Capacitação e Apoio ao Desenvolvimen-to de Comunidades Negras Tradicionaisno Brasil”, continuam as atividades desensibilização em saúde, dentro dastemáticas de relações de gênero, saúdereprodutiva, prevenção de DST’s e HIV/AIDS para as comunidades de Candom-blé e comunidades negras litorâneas.

Destaque para os encontros realizadosem Salvador, no dia 27 de junho, e noBaixo Sul Camamu, nos dias 11 e 12 dejulho, onde a Monitora de Ciclos de

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Fala Egbé 5COTIDIANO

Capacitação, Ana Gualberto, e a assesso-ra de Saúde e Direitos, Ester Lisboa, fo-ram as facilitadoras dos encontros. Ocoordenador do Programa, Rafael Olivei-ra, apoiou o encontro em Salvador. Nes-ses encontros, os presentes puderam sa-nar dúvidas e receberam informaçõesatravés de dinâmicas e conversas em gru-pos. Na opinião da assessoria, falar so-bre saúde reprodutiva, preservativos erelações de gênero foi possível median-te o clima de descontração dos gruposatendidos. Um dos assuntos abordadosfoi o da importância da mudança de com-portamento mediante a necessidade dacontenção da pandemia do HIV, princi-palmente tendo os homens como co-res-ponsáveis. Formas de transmissão e deprevenção foram destacadas para que nãohouvesse dúvidas. O mais fascinante foidiscutir relações de gênero, tema desen-volvido a partir de técnicas que provo-caram um repensar nas atitudesenraizadas pela cultura.

Participaram dos eventos cerca de 180pessoas, entre mulheres, homens e jovens,de 46 comunidades de Salvador e de 16comunidades dos municípios de Camamu,Nilo Peçanha, Igrapiúna, Ituberá e Maraú(Baixo Sul).

A proposta é dar continuidade à dis-cussão e fazer frente à enorme carência dascomunidades negras tradicionais no aces-so ao tema da saúde. O desafio no BaixoSul é vencer as dificuldades da distância dascomunidades em relação à sede dos muni-cípios, que restringe o acesso delas às in-formações que necessitam e têm direito.

A avaliação do programa é de que estegrupo tem um grande potencial paramultiplicadores em saúde e que devem ser

estimulados e motivados para uma açãoefetiva em suas comunidades.

CAPACITAÇÃO NO BAIXO SUL -ESTATUTO PARA ASSOCIAÇÃOQUILOMBOLA

Fruto da parceria existente entreKOINONIA, Sindicato dos Trabalhado-res Rurais de Camamu - STR e SASOP, edentro das atividades do Projeto“Capacitação e Apoio ao Desenvolvimen-to de Comunidades Negras Tradicionaisno Brasil” - que acontece na região des-de 2007- foram realizadas na cidade deCamamu nos dias 12 e 31 de julho, ofici-nas para discutir alterações que são ne-cessárias aos estatutos das associações dascomunidades, para adequação ao forma-to de Associação de Remanescente deQuilombo. A atividade ocorreu na sededo STR-Camamu e contou com partici-pação de lideranças de 12 comunidadesremanescentes de quilombo de 5 municí-

pios da região do Baixo Sul daBahia: Camamu, Nilo Peçanha,Igrapiúna, Maraú e Ituberá.

A discussão do estatuto daAssociação é fundamental pararegularização fundiária, pois éem nome dela que é titulado oterritório. Dentro da dinâmicada atividade, algumas comuni-dades levaram seus estatutospara serem lidos e avaliados pelogrupo. As propostas apresenta-das pela equipe de KOINONIAtiveram o objetivo de informaràs lideranças comunitárias quaisas exigências governamentaisexistentes para este reconheci-mento de uma forma geral e a

geração de discussão comunitária dospontos particulares de cada caso.

QUILOMBOLAS DO BAIXO SUL (BA)DEBATEM IDENTIDADE E DIREITOS

Quilombolas do baixo sul sãomultiplicadores em ‘Encontro de Iden-tidade e Direitos das ComunidadesQuilombolas do Território Baixo Sul daBahia’

Foi realizado entre os dias 13 e 14de agosto, no auditório da UNEB emValença, o primeiro evento promovidopelo Núcleo Executivo do Território daCidadania do Baixo Sul da Bahia, com-posto por AACAF (Agência de Assesso-ria e Comercialização de Agricultura Fa-

miliar), STTR de Camamu, STTR deValença, SASOP, entre outras institui-ções, para discutir a identidade e os di-reitos das comunidades remanescentesde quilombos. Aproximadamente 60pessoas participaram, representando 23comunidades quilombolas dos municí-pios de Camamu, Ituberá, Taperoá,Tancredo Neves, Cairú, Nilo Peçanha eValença (Núcleo Executivo); além deAna Gualberto e Mara Vanessa Dutra,representantes do Programa Egbé Ter-ritórios Negros, de KOINONIA Pre-sença Ecumênica e Serviço.

A participação no encontro tevecomo maioria o grupo demultiplicadores com os quaisKOINONIA vem dialogado desde2007, através do projeto “Capacitaçãoe Apoio ao Desenvolvimento das Co-munidades Negras Tradicionais do Bra-sil” – Projeto co-financiado pela UniãoEuropéia, Christian Aid e EED. Du-rante os dois dias do encontro, osquilombolas puderam esclarecer dúvidase contar as experiências do processo deauto-reconhecimento que vem aconte-cendo em suas comunidades.

Identidade e Direitos quilombolas

O encontro teve como propósitoprestar informações a respeito do pro-cesso de auto-reconhecimento e datitulação dos territórios quilombolas.Outro ponto de discussão foram as po-líticas públicas prioritárias para as co-munidades quilombolas, assunto que,infelizmente, não foi possível avançarmuito. KOINONIA ficou responsávelem introduzir o debate sobre a conjun-tura nacional, com principal destaquepara o cenário complexo das tentativasde invalidar as leis que hoje beneficiamas comunidades, principalmente o De-creto 4.887 (que regulamenta o proces-so de regularização fundiária dos terri-tórios quilombolas).

O Núcleo Executivo do Territóriodo Baixo Sul da Bahia, responsável pelaarticulação do evento, acredita que aquestão das comunidades quilombolaspode ganhar mais espaço na pauta dasdiscussões do Território da Cidadaniado Baixo Sul, já que neste território en-contram-se 48 comunidades reconheci-das pela Fundação Cultural Palmarescomo remanescentes de quilombo, en-tretanto a maioria delas não compreen-de o processo no qual estão prestes aingressar.

Presença mascul ina na sensibi l ização em preven-ção de HIV/AIDS - Baixo Sul/BA

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6 COTIDIANO

Todo dia deveria ser21 de janeiro

Líderes religiosos pedem leismais duras contra o preconceito

Católicos, evangélicos, muçulmanos,judeus, representantes de religiões dematrizes africanas, advogados e professo-res participaram no dia 3 de abril, no Riode Janeiro, de uma reunião para discutir oPlano Nacional de Combate à IntolerânciaReligiosa. No encontro, líderes religiosossugeriram a criação de projetos de lei maisrígidos para inibir o preconceito contraqualquer tipo de religião. Atualmente,quem comete ato consideradopreconceituoso contra uma religião éenquadrado na Lei nº 77.16 de1989, quetipifica racismo e crime religioso. O planotambém foi discutido por líderes religiososem outros estados brasileiros.O documento que resultou dos debatesserá encaminhado ao Congresso Nacional.A Comissão de Combate à IntolerânciaReligiosa (RJ) espera que o plano sejalançado ainda este ano pela Presidênciada República.(Fontes: Portal Jornal do Povo e JornalCruzeiro do Sul em 03/04/2009)

Evangélica tenta colocar fogo emumbandista

A umbandista Cirene Dark, 54 anos, foiatacada dentro de sua casa em Pilares, naZona Norte do Rio de Janeiro, pelaempregada doméstica Nádia Pereira, umapastora da Assembléia de Deus.A evangélica agrediu a senhora com umbanco de madeira e ainda tentou atear fogonela. A família da vítima acredita que atentativa de agressão tenha sido motivadapor uma homenagem que Cirene faria parauma entidade da Umbanda.A denúncia foi feita pela Comissão deCombate à Intolerância Religiosa no Rio deJaneiro e o fato foi registrado na 24° DP(Piedade) como cárcere privado, lesãocorporal ou tentativa de homicídio, tentativade incêndio, intolerância religiosa e dano.(Fonte: Jornal O Dia em 30/04/2009)

MP denuncia pastor e policial queinvadiram templo de umbanda

O Ministério Público vai denunciar o pastorneopentecostal Saintclair Gomes que comauxílio do policial militar Nielsen CamposNogueira, do 7º Batalhão Polícia Militarinvadiu um templo umbandista em SãoGonçalo (RJ). Eles serão denunciados porabuso de autoridade e violação de templo.O crime aconteceu em junho de 2008,quando Saintclair ocupava o cargo deConselheiro Tutelar do município. ACongregação Espírita Umbandista doBrasil (CEUB) e Irmandade da ReligiãoAfro-brasileira (Irmafro) tiveram ciência

do fato por meio do Registro da Ocorrênciafeito na 74ª Delegacia de Polícia, que ganhouatenção após o pastor ter sido acusado pelaComissão de Combate à Intolerância Religiosade coordenar um projeto suspeito, envolvendosubsídio federal para igrejas em São Gonçalo.A CEUB e a Irmafro decidiram procurar o MPpara relatar o acontecido.(Fonte: SRZD Fé em 25/05/2009)

Proposta isenção de imposto paraterreiros de umbanda

Depois da audiência pública realizada no dia19 de junho na Câmara Municipal de Teresina(PI), com as comunidades de religiões dematriz africana, a vereadora Rosário Bezerra(PT) vai apresentar um indicativo de projetode Lei para isenção dos terreiros do ImpostoPredial e Territorial Urbano (IPTU). A isençãodo imposto já ocorre para religiões católicas.O pensamento da vereadora é que sejaestendida para as religiões de matriz africanaque, segundo ela, possuem muitos seguidorese ainda assim são discriminadas.O coordenador estadual dos Direitos Humanose Juventude, Alcir Marcos, disse que existemcerca de 300 terreiros de umbanda oucandomblé na cidade e que já se desenvolveum trabalho de combate à intolerânciareligiosa. Alci acredita que preconceito aosfrenquentadores virou um estigma, já que sãotaxados de macumbeiros.(Fonte: Portal 45 Graus em 20/06/2009)

Atuação de religiões de matriz africanafoi marcante na 2ª Conepir

Os líderes das religiões de matriz africanativeram atuação marcante na 2ª ConferênciaNacional de Promoção de Igualdade Racial(Conepir), realizada no mês de junho, emBrasília. A plenária final referendou uma sériede propostas destinadas a garantir o combate àintolerância religiosa. Os delegados recomenda-ram o mapeamento cartográfico social dosterreiros de todo o país, a garantia de aposen-tadoria para religiosos e a responsabilizaçãode emissoras de TV ou rádio pela veiculação dematérias de cunho racista e discriminatório,com multas diárias no caso de práticas deintolerância. O ministro da Secretaria Especialde Políticas da Promoção da Igualdade Racial(Seppir), Edson Santos, se comprometeu aformular um plano nacional de combate àintolerância religiosa e a apoiar a criação deum fórum nacional do movimento de religiososde matriz africana.(Fonte: Circuito Mato Grosso em 2906/2009)

Relatório aponta intolerância a religiõesde matriz africana

A Comissão de Combate à IntolerânciaReligiosa, com sede no Rio de Janeiro,entregou ao presidente do Conselho de DireitosHumanos da ONU (Organização das NaçõesUnidas), Martin Uhomoibai, e à Secretaria dePromoção da Igualdade Racial, relatório quediz existir uma “ditadura religiosa” promovidapelos neopentecostais no Brasil.

O documento aponta a Igreja Universal doReino de Deus como propagadora daintolerância religiosa no país, incitando aperseguição, o desrespeito e a “demonização”,especialmente da umbanda e do candomblé.O documento relata 15 casos atendidos pelacomissão que se transformaram em 34 açõesjudiciais no Rio de Janeiro, além de trêsvítimas que vivem ameaçadas e outros 10casos de intolerância religiosa em outrosquatro Estados.A Comissão, formada por 18 instituições,entre elas a Federação Israelita do Rio e aCongregação Espírita Umbandista do Brasil,pediu para a ONU fazer o seu própriodiagnóstico sobre as denúncias.(Fonte: Mídia News em 27/06/2009)

Justiça liberta pastor e jovem presospor intolerância religiosa

O Tribunal de Justiça do Rio concedeuliberdade provisória ao pastor evangélicoTupirani da Hora Lores, 43 anos, e aoestudante Afonso Henrique Alves Lobato, 26.Os dois foram os primeiros presos no Paíspelo crime de intolerância religiosa. A dupla éacusada de postar na Internet vídeos e textosque incentivam a violência contra seguidoresde outras religiões.Em março, Afonso Henrique divulgou naInternet um vídeo com ofensas aos seguidoresda umbanda e candomblé. Num dos trechosdo vídeo, Afonso Henrique chega a dizer quetodo pai-de-santo é homossexual. Eles vãoresponder em liberdade ao processo criminalque corre na Justiça.Os dois foram denunciados à polícia pelaComissão de Combate à Intolerância Religiosa(RJ), formada por representantes de diversasreligiões, com apoio do Ministério Público,Tribunal de Justiça e Polícia Civil. Em 2008,Afonso participou de ataque ao templo espíritaCruz de Oxalá, no Catete. Respondeu aprocesso e foi condenado a pagar cestasbásicas. Se condenados, podem pegar de 2 a5 anos. O crime é inafiançável e imprescritível.(Fonte: Correio do Povo de Alagoas em 14/07/2009)

Mato Grosso cria fórum das religiõesafro

Discutir a instalação do Fórum Estadual dasReligiões de Matriz Africana e Afro-brasileira.Este é o principal objetivo da reunião marcadapara o dia 16 de julho, no auditório daPolícia Judiciária Civil. A criação do Fórumestadual atende à deliberação do FórumNacional das Religiões de Matriz Africana eafro-brasileira criado e instalado durante a 2ªConferência Nacional de Promoção daIgualdade Racial, realizada em Brasília de 25a 29 de junho.Segundo o coordenador estadual do InstitutoNacional da Tradição e Cultura Afro-brasileira(Intecab), professor Vilmar José da Rosa, oobjetivo dessa articulação é “principalmentepreservar os valores espirituais, culturais ecientíficos da religião tradicional africana”.(Fonte: 24 Horas News em 15/07/2009)

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Fala Egbé 7

Localização dos Terreiros atendidos

RA I CentroIlê Erinlé Axé Odé Ifeolá

RA II ItapagipeIlê Axé Airá OmimIlê Axé Odé Lomin InfanIlê Axé Ogum Ladê Iyá OmimIlê Axé Omin LeuáIlê Iyá OsshumTerreiro de Oxum do Caminho de Areia

RA III São CaetanoIlê Axé IdanjeuêIlê Axé Obá InanIlê Axé Opó Ibu Alama

RA IV LiberdadeIlê Axé Omin AmbokeIlê Axé Ewá Omin NirêIlê Axé Iroko SunTerreiro AjagunanTerreiro do VodunzôTerreiro Kanzo MucamboTerreiro de Oxalá

RA V BrotasAxé Abassá de AmazeCentro do Caboclo BoiadeiroCentro do Caboclo Oxossi TalamiCentro Matamba de OnatoIlê Axé EwéIlê Axé JifulúIlê Axé JualêIlê Axé Oluwayê Dey’IIlê Axé Oyá TunjáIlê Axé Omin Afonjá RodeNzó Mdemboa - KenãIlê Axé Omin Ode AzoaniTerreiro Oxossi CaçadorTerreiro Unzó Awziidi JunçaraTuumba JunçaraTuumbalagi JunçaraUnzó DandamutalêUnzo Katende Dandalunda

RA VI BarraSem Registro no Programa

RA VII Rio VermelhoIlê Axé Aché Ibá OgumIlê Axé AlarabedêIlê Axé Iyá Nassô OkáIlê Axé Obá NirêIlê Axé Obá Tadê Patiti Obá

Ilê Axé Omin DeuáIlê Axé Onirê OjuirêIlê Axé Oyó BomimIlê Axé Obá TonyIlê Obá do CobreIlê OxumaréIlê Axé Oyá Omin DenanTanuri JunsaraIlê Axé Centro de Angola Mensageiro daLuzTerreiro do BogumTerreiro Ogum de Cariri – Kilombo

RA VIII Pituba (Sem Registro no Pro-grama)

RA IX Boca do RioIlê Axé Araka TogumIlê Logum Edé Alakaí KoissanTerreiro Onipó Neto

RA X ItapuãAxé Abassá de OgumAxé Tony SholayóIlê Axé Osun Yinká

Ilê Axé OminaderIlê Axé Yeye JimumTerreiro AloiáTerreiro Caboclo ItapuãTerreiro Oxossi MutalamôTerreiro de Oxum da Lagoa do AbaetéViva Deus NetoTerreiro Viva Deus BisnetoIlê Axé Ibá AqueranTerreiro Gurebetã Gome SogboadãTerreiro Monaleuci Um’Gunzo de Un’zambi

RA XI CabulaIlê Axé Opô AfonjáIlê Axé Oyá DejiIlê Axé TunadeniTerreiro Sultão das MatasUnzó Bakisê Sasaganzuá Gongara CaiangoUnzó Ngunzo Kwa KayangoViva Deus FilhoYlê Yá Yalodeidê

RA XII Tancredo NevesIlê Axé GezubumIlê Axé Jagun BominIlê Axé Lofan DemimIlê Axé Obá FangyIlê Axé Olufan Anancidê OminIlê Axé Omin AlaxéIlê Axé Omin TogunIlê Axé Oyá Omin OlorumIlê Axé Pondamim BominfáTerreiro de BoiadeiroTerreiro do Bate-FolhaTerreiro OlufonjáTerreiro São RoqueTerreiro Sete FlechasTerreiro Tumbenci

RA XIII Pau da LimaFunzó IemimIlê Omu Keta Posu Beta

RA XIV CajazeirasIlê Axé Layê LuboIlê Axé Omim J´ObáIlê Axé Omin LonanIlê Axé Omin NitaIlê Axé OnijáIlê Axé Silé Odé Águas de EfanManso Bandun Kuekue de Inkinansaba FilhoManso Dandalungua CocuazenzaManso Dandoqüenque Dunkinisaba FilhoMoitumba Junçara

Ilê Axé Opó Ibu AlamaÑzo Sassa Ganzuá Mono GuiamazeTerreiro Vintém de PrataIlê Axé Ogum OmimkayêTerreiro Junçara KondirêUnzó de Kaiango

RA XV ValériaIlê Axé de OgunjáIlê Axé Omim FunkóIlê Axé Olo OminIlê Jêje Dahomé Imburací

RA XVI Subúrbios FerroviáriosOnzó de AngorôGrupo das Sacerdotisas e Sacerdotes do AxéIlê Axé Oba FurikanIlê Axé Acorô GenãIlê Axé LoyiaIlê Asé Ogum AlakaiyêIlê Axé AnandeuiyIlê Axé Flor da MirtáliaIlê Axé GitolobiIlê Axé JagunIlê Axé JfokanIlê Axé Kalé BokumIlê Axé Obá OmoIlê Axé Odé ToláIlê Axé Omi EuáIlê Axé Omin LoyáIlê Axé Unzó Mona de AmeanIlê Olorum Axé GiocanLuandan JuciaTerreiro Caboclo CatimboiáTerreiro GidenirêTerreiro MucundeuáTerreiro de NanaIlê Axé Arin MassunIlê Axé Giroqueme

RA XVII IlhasIlê Axé Airá

Região Metropolitana de SalvadorIlê Ala AxéIlê Axé Burukam AjunsunIlê Asé Maa Asé Ni OdéIlê Axé Gum Tacum WseréIlê Axé JesideaIlê Axé Oba NãIlê Axé Ofá OminIlê Axé Omim LessyIle Axé Ondô NirêIlê Axé Opô Olú-Odé AlayedaáIlê Axé OyáIlê Axé Odé Obá LodêIlê Axé Odé G’mimIlê Axé Taoyá LoniIlê Axé Dan Seji OláIlê Axé BokumIlê Axé IgbonanSindirátukuã FilhaTerreiro Angurusena Bya NzambiTerreiro de JauáTerreiro Filhos de OgunjáTerreiro Kawizidi JunçaraTerreiro São BentoTuumbaengongonsaraUnzó Tateto LembaIlê Axé AlafumbíIlê Axé Awon Funfun

Outras CidadesCentro de Candomblé Santa Bárbara (Itabuna)Ilê Axé Ijobá Oxumarê-Yewá (Itabuna)Ilê Axé Jitolobi (Araci)Ilê Axé Kayó Alaketu (Cachoeira)Ilê Axé Obá Nijó Omim (Muritiba)Ilê Axé Obé Fará Ogum Lonan - ItabunaTerreiro Afoxé dos Orixás (Rio de Contas)Terreiro de IlhéusTerreiro Matamba Tombeçy (Ilhéus)Terreiro de Praia do Forte (Mata de São João)Terreiro de São Sebastião (São Sebastião)

Mapa de Salvador

Baía

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Salvador

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8 DESTAQUE

Oba Byan Inganga Yndumbe Grupo Obabyan*

Somos jovens de religiões de ma-triz africana em busca de um resgatesócio-histórico-cultural-econômico epo l í t i co para o povo negro eafrodescendente de Salvador e regiãometropolitana, da Bahia. Há temposSalvador, uma cidade majoritaria-mente composta por afro-descenden-tes, necessita de um grupo de jovensde candomblépara representaressa parcela da po-pulação que temos or i xá s ,i n q u i c e s ,vodunc i s , en t reoutros, como seusguias.

A partir do anode 2007, num en-contro com jovensde t e r r e i ro s ,promovido porKOINONIA naCasa D’Itália, sur-giu a idéia de seformar um grupode jovens de can-domblé para lutar e reivindicar pe-los seus direitos. Direitos esses quesão negados constantemente, como odireito a saúde, moradia, segurança,alimentação, e um dos mais essenci-ais, educação. No final de 2007 al-guns jovens dos terreiros participa-ram da 1ª Jornada Ecumênica daJuventude do Nordes te , eventoecumênico realizado por Koinonia,com apoio do FE-Brasil.

Diante das carências e violações dedireitos dessa juventude, decidimos or-ganizar os jovens dos terreiros paracada vez mais fortalecer nossa religião,vida e axé. No decorrer do ano de 2008aconteceram várias reuniões de jovensde terreiros - e de sua coordenação -nos terreiros da Casa Branca, Vintémde Prata e Ilê Axé Opô Ajá Omim. Es-ses encontros serviram para fortalecer

a organização e deles surgiram algu-mas propostas, como a criação de umjornal de circulação mensal, a criaçãode um blog (www.obabyan.blogspot.com) e de uma comunidadeno Orkut (Obabyan). Esses instrumen-tos de comunicação veiculam as inten-ções do grupo Oba Byan IngangaYndumbe (Poder para o novo). Nosso

objetivo é utilizar a internet como ummeio rápido de difusão de informaçãoentre os jovens do axé na Bahia. Nes-ses espaços virtuais estão sendo discu-tidas as violações de direitos, relacio-nados não apenas à juventude decandomblé, mas a toda a comunidadenegra. Isso tudo foi possível porque cri-amos o grupo de jovens de religião dematriz africana denominado OBABYAN INGANGA YNDUMBE (Poderpara o novo).

Também em 2008, o grupo resol-veu participar da criação da RedeEcumênica de Juventude do Nordeste(REJU-NE). A rede nada mais é doque um conjunto de pessoas de insti-tuições religiosas diversas e do movi-mento social, que lutam pela comuni-cação inter-religiosa e pela promoçãode políticas públicas para a juventude.

Uma das formas de ação da REJU é acapacitação de lideranças.

O Obabyan participa também dereuniões do Fórum de Juventude Ne-gra. O Fórum tem entre seus objetivoslutar por políticas públicas para a po-pulação negra, e criar um diálogo doFórum com a Sepromi (Secretaria dePromoção e Igualdade Racial do Esta-

do da Bahia). O gru-po está convidado afazer parte desteFórum. Junto aREJU, o grupo par-ticipa das coordena-ções de facilitadoresdo regional Nordes-te e em nível nacio-nal. Desse modo, ajuventude candom-blecista cumpre oseu papel de agentetransformador da re-alidade social de for-ma efetiva.

Exercitamos nos-sa cidadania de for-ma concreta, exigin-

do que as autoridades “competentes”ouçam as vozes dessas pessoas que tantocontribuíram e contribuem para a forma-ção dessa sociedade que cada vez maisse mostra elitista, racista e excludente.Para nós é fundamental o assumir e pro-fessar a nossa fé. Ser jovem de candom-blé em todos os momentos de nossas vi-das. Poder usar nossos adereços semsermos violentados ou agredidos. Poderver nossas referencias na TV, nas revistase nos jornais longe das páginas policias.Assistir matérias sobre candomblé na TV,sem que seja a derrubada de um ilê axé(casa de força). Poder entrar na faculda-de de letras e não ouvir que o nome dafolha Peregun (folha sagrada do povo deCandomblé) é um nome vulgar.

Queremos entrar num ônibus e nãoser ridicularizado ou humilhado pelo pre-gador que diz que a crença dele é em

Integrantes do Obabyan em apresentação

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Fala Egbé 9DESTAQUE

Ser jovem decandomblé na

contemporaneidade élevar a sociedade a

repensar seus valorese sua ótica sobre nós

e sobre a nossa fé.

Opinião

O que levou esses jovens a se organi-zar no Obabyan/ Inganga Indumbe? Porum lado, a vontade de afirmação de suaidentidade de candomblé; por outro lado,a necessidade de lutar para garantir seusdireitos como jovens e como cidadãos,especialmente no que se refere à violên-cia policial e social de que são vítimas.

Acreditamos que a organização donosso povo, independente de nação, é a

principal forma de conseguirmos reverteresse quadro de longos anos de opressão e

dependência de nossa comunidade.O que disparou a criação do

Obabyan foi uma oportunidade, um con-vite para que jovens do candomblé par-ticipassem de uma rede de juventudecriada por um movimento ecumênico dedefesa de direitos. Ecumenismo enten-dido como partilha de valores éticos debase cristã ou de base social – luta porjustiça social. Dessa rede começaram aparticipar jovens de diversos movimen-tos (ligados ou não a diferentes igrejas)e os jovens de candomblé foram convi-dados a participar.

Nesse momento, os jovenscandomblecistas perceberam a necessi-dade de se afirmar em sua identidadereligiosa de origem totalmente diferen-te da matriz cristã dos demais jovens.Perceberam que tinham que vencer asbarreiras do medo que a palavra candom-blé despertava nos outros jovens, ou ain-da a visão do candomblé como algo “exó-tico”. Aproveitaram essa oportunidade

para mostrar um pouco da beleza e daalegria de seus cantos e toques, e paracontar um pouco de sua mitologia.

Ao atuarem nesse micro contexto,muito protegido, de uma juventude“ecumênica” ligada por valores e ideaisde justiça social, os jovens de candomblécomeçaram a ensaiar um jeito de se unire de mostrar sua cara no ambiente socialmaior. Isso pressupôs uma rápida orga-nização interna em relação a aspectoscomo a diversidade de “nações” (angola,ketu, jeje) representadas, e às diferençasnas formas e jeitos de cada “casa”, pro-fundamente arraigadas, já que cada Ter-reiro é autônomo e o candomblé não éuma religião hierarquizada desde fora,ou desde um centro. Esses jovens tive-ram que encarar primeiro essas questõesinternas para poder se mostrar para fora,para os “outros”, representados pelosdemais jovens, representantes de diver-sas igrejas de matriz cristã e de diferen-tes movimentos sociais.

Isso acontece num momento em queo país vivencia um grande debate em re-lação aos direitos juvenis – são organiza-das conferências e elaboradas políticaspúblicas específicas para atender aos jo-vens. Outro importante elemento do con-texto é a questão da violação dos direitosdos jovens, e muito especialmente o pro-blema da violência policial, que matamuitos jovens negros em Salvador. Essaviolência que busca “eliminar” jovensnegros tem relação direta com o racismo

que está na base da sociedade brasilei-ra, que faz com que exista uma ideolo-gia segundo a qual o negro não temvalor social, e o jovem negro, antes deprovar o contrário, é bandido.

No entanto, jovens de candomblésofrem, além da discriminação por se-rem negros, de periferia, e pobres, umoutro tipo de discriminação, especifi-camente por causa de sua fé. Defron-tam-se, entre outros problemas, com aintolerância religiosa, especialmentepor parte das igrejas neopentecostais.

O que os jovens do Obabyan que-rem fazer é se afirmar como jovensde candomblé – o que é um elementoidentitário a mais, além de serem emsua maioria negros, pobres e de peri-feria. Querem ser respeitados nas es-colas, querem poder usar suas contase não serem chamados de “filhos dodemônio” por isso. Querem poder irde branco à escola ou ao trabalho eterem direito a licença nos momen-tos de suas obrigações. Querem re-verter, com a força e a fé da juventu-de, o lugar que a mídia estabelece parao candomblé – ou o lugar do demô-nio, do escuso, como nas mídias vin-culadas a igrejas neo-pentecostais, ouo lugar do exótico, do carnavalesco,como faz a mídia do turismo e dospolíticos em campanha.

*Jornalista, Coordenadora pedagógica do Pro-grama Egbé Territórios Negros.

Mara Vanessa

Deus e a nossa é no Diabo. Desejamospoder carregar o tabuleiro de Omolú semser chamado nas ruas de filho de Sata-nás. Estes são nossos anseios, nossas ex-pectativas e o motivo pelo qual estamosreunidos. Ser jovem de candomblé nacontemporaneidade é levar a sociedadea repensar seus valores e sua ótica sobrenós e sobre a nossa fé.

Nosso desafio é fazer uma leituraaprofundada da conjuntura que nos cercae de forma inteligente, contemporânea eao mesmo tempo ancestral; viabilizar fer-

ramentas que nos proporcione garantirnosso espaço nessa nação que nossos an-tepassados ajudaram a construir.

Atualmente o grupo Obabyan está seorganizando para a constituição do esta-tuto jurídico e temos encontrado proble-mas financeiros. Porém nosso povo é re-sistente, e sabe que tudo tem a sua hora.

Que Olorúm nos dê odiscernimento, a força e a coragem paraseguir nesse caminho que a partir deagora iremos trilhar.

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Unzó Ngunzo Kwa Kayongo

UM TERREIRO, UMA HISTÓRIA

O Terreiro UNZÓ NGUNZOKWA KAYONGO teve sua primei-ra implantação no Arraial do Retiro -um bairro carente da periferia de Sal-vador - há mais de 20 anos. Sua fun-dadora, Srª Jucelina Santos do Nasci-mento, a Mãe Cecé, sabendo das ne-cessidades que ali existiam e com umolhar caridoso para com aquela comu-nidade, fundou quando ainda Abiã, aprimeira escola comunitária informaldo Arraial do Retiro, voltada para cri-anças e adolescentes carentes da co-munidade, no espaço do Centro deCaboclo Boiadeiro, como também eraconhecida a escola. Lá também eramrealizados diversos trabalhos sociais.

A Mãe Cecé foi iniciada no can-domblé em março de 1994 e suasraízes de axé vêm do Ilê Axé AxéObá, da saudosa Iyalorixá Bomba-laxê (Cleonice Bárbara) de Valéria.

Mameto Bandangola teve vida re-ligiosa intensa desde sua iniciação.Após cumprir as obrigações de 7 anosno candomblé e receber seu Deká, aMameto Bandangola, filha de OyáKapango, deu início ao UNZÓNGUNZO KWA KAYONGO, ter-reiro da nação angola e regido por Zazi.

A escola manteve seus trabalhossociais e passou a desenvolver proje-tos com atividades voltadas às MãesSolteiras Adolescentes e de combatea fome, atuando em parceria com oPrograma Fome Zero. Sem apoio, aescola precisou ser fechada, deixandoMameto Bandangola muito preocupa-da, pois com o passar dos anos era vi-sível que as necessidades locais nãoeram mais atendidas, e desta formatambém, a demanda de seus filhos.

Neste momento, no ano de 2002,Mameto Bandangola iniciou a cons-trução de seu Terreiro no espaço queatenderia suas necessidades religiosas

e sociais, no bairro de Cajazeira XI,Rua Nossa Senhora de Lourdes,Loteamento Santo Antônio, lote 743.Assim havia sido marcado.

Em uma nova comunidade, mes-

mo sem ter finalizado as obras deconstrução para mudança do UNZÓNGUNZO KWA KAYONGO, oscolaboradores e filhos de santo doTerreiro, liderados sempre porMameto Bandangola, iniciam, dentrodo loteamento Cajazeira, atividadessociais; o mesmo acontecendo emArraial do Retiro. Mas percebendoque Cajazeiras era um bairro aindamais carente de atenções, começoua se estruturar para desenvolver pro-jetos maiores no local. Alguns já fo-ram ou estão sendo implantados.Entre eles, a realização da Feira deSaúde da População Negra deCajazeira XI; a luta para melhorar aurbanização da área, incluindomelhorias na saúde, com a instalaçãode um centro de saúde; campanha decombate a Intolerância Religiosa;combate a Fome com o ProjetoFome Zero (com o apoio da

Acbantu); e realização de cursos de lín-gua Bantu (Kicongo e Kibundo).

Uma fatalidade e um projeto, umsonho foi interrompido: Srª. JucelinaSantos do Nascimento, mas conhe-cida como Cecé ou Mameto Bandan-gola, faleceu em 16 de fevereiro de2009, deixando um sonho inacabado:Fazer do UNZÓ NGUNZO KWAKAYONGO a casa da força de Iansã,onde ali atenderia a comunidade caren-te de seu bairro e adjacentes.

Hoje, contando com apoio de ami-gos e de apenas uma Makota iniciadaque ficou na Casa, a sua Filha biológi-ca e Dofona do Terreiro Kayongo,Janaran Santos, tenta dar continuida-de ao sonho de sua mãe.

O Terreiro UNZÒ NGUNZOKWA KAYONGO está em Luto fe-chado por um ano até seu próximoMukundo, onde a Makota Mesu eMeãdianvula (Filha de Bandangola),darão continuidade à luta da sua fun-dadora.

Palavra de filha: Janaran Santos

Uma mulher acima de tudo guerreira,e de princípios nobres.

“Cecé”, como era conhecida por todosos amigos e políticos da Bahia, lutavasempre em defesa de nossas raízes, con-tra a intolerância religiosa e o precon-ceito racial.

Perdi minha mãe, minha amiga, meusuper-herói: a mulher da qual eu meorgulhava de ser filha e todos se orgu-lhavam de tê-la como amiga.

Formadora de opinião, líder comuni-tária, Cecé morreu com 56 anos, deaneurisma cerebral.Fez uma linda passagem pelo mundo:chegou fez sua obra e partiu sem se des-pedir.

Janaran Santos (Meãdianvula)

Mãe Cecé

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Fala Egbé 11

Almoço de Trabalho e Fraternidade

ALMOÇO

No dia 04 de abril, representan-tes de 57 de Terreiros de Candom-blé de Salvador e Comunidades ne-gras rurais do Baixo Sul da Bahia, sereuniram para o primeiro Almoço detrabalho e Fraternidade de 2009, reu-nião promovida por KOINONIApara as comunidades negras tradici-onais atendidas pelo programa EgbéTerritórios Negros.

A reunião foi aberta com ativida-des coordenadas em pequenos gru-pos pelos representantes do curso deIdentidade e Desenvolvimento re-cém realizado em parceria com oEspaço Vovó Conceição. Esse cur-so foi realizado entre fevereiro eabril de 2009 com a participação deassociações comunitárias de Terrei-ros de Candomblé e representantesdas comunidades negras rurais doBaixo Sul da Bahia.

O objetivo dessa dinâmica de gru-po foi compartilhar a experiência doprocesso de formação e reflexões emtorno da identidade, discutindo temascomo direitos humanos, políticos,econômicos, sociais, culturais,ambientais e reprodutivos.

O encontro prosseguiu com aoração de abertura feita por Laér-

cio Sacramento,Tata do Terrei-ro de Jauá emembro doConselho Inter-rel igioso doPrograma. Emseguida, um re-presentante decada grupoapresentou umresumo dos as-suntos discuti-dos nos grupose o encontrop r o s s e g u i ucom a apresentação das atividadesdesenvolvidas pelo Programa des-de o final do ano de 2008 até mar-ço de 2009.

Outro momento importante nareunião foi a Tribuna Livre, aberta àparticipação de todos para sugestões,denúncias, propostas, encaminha-mentos e anúncios.

Foi apresentado na reunião a 18ªedição do informativo Fala Egbé,disponível em nosso site. Nesta edi-ção você poderá ler mais sobre oCurso de Identidade e Desenvolvi-mento e a história do Terreiro Ilê

Axé Iyá NassôOka – CasaBranca, um dosmais antigos san-tuários brasileirosda religião de ma-triz africana e oprimeiro terreiro aser tombado comopatrimônio históri-co e etnográfico.

Encerrando ar e u n i ã o ,

KOINONIA e todas as comunidadespresentes lançaram o livro Identidadee Desenvolvimento – ação e pensamento decomunidades negras rurais, quilombolas eTerreiros de Candomblé, publicação or-ganizada pela jornalista ManoelaVianna, que registra a reflexão a res-peito de desenvolvimentoprotagonizado por comunidades deTerreiros de Candomblé de Salvadore comunidades negras rurais equilombolas da região do Baixo Sulda Bahia. O livro já está à venda epode ser solicitado pelo e-mail [email protected] .O valor para venda é de R$ 11,00 (in-cluídas despesas de correio).

Exposição de produtos artesanais das comunidades.

Oração de Abertura

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12 Fala Egbé

Esta publicação foi produzida com apoio da União Européia. O conteúdo desta publicação é da exclusiva responsabilidade de KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço e não pode, em caso algum, ser tomado como expressão das posições da União Européia.

APOIO

PARCERIA

Este informativo é produzido pelo Programa Egbé Terr i tór ios Negros de KOINO-NIA Presença Ecumênica e Serviço. Dir igido às comunidades negras urbanas deCandomblé e às redes de sol idar iedade civ i l e ecumênica.

EDITORIA: Jussara Rêgo e Rafael Soares de Oliveira

REDAÇÃO DE ATIVIDADES: Equipes do Programa Egbé TN

DIRETOR EXECUTIVO DE KOINONIA:

Rafael Soares de Oliveira

REVISÃO: Márcia Evangelista

PROJETO GRÁFICO: Martha Braga

INFORMES

KOINONIA Presença Ecumênica e ServiçoRua Santo Amaro, 129 Glória22211-230 Rio de Janeiro RJTel (21) 3042-6445Fax (21) [email protected]

PROGRAMA EGBÉ TNTravessa d´Ajuda, nº 37. Edf.Martins Catharino, sala 1203 - Centro.CEP: 40020-030. Salvador - BahiaTel.: (71) [email protected]

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ISSN: 1981-7568

Fala Egbé ..... informativo no 19 ..... Agosto de 2009

United Church of Canada (UCC)

União Européia

Lista dos Terreiros Presentes no Encontro do dia 04 de abril de 2009

Axé Abassá de Ogum

Casa Branca

Centro do Caboclo Itapoã

Centro do Caboclo Mina de Ouro

Centro Umbandista Paz e Justiça

Ilê Axé Ajagonon Elegbo

Ilê Axé Alafumbí

Ilê Axé Alarabedê

Ilê Axé Anandeuy

Ilê Axé Burukam Ajunsum

Ilê Axé Jfokan

Ilê Axé Jifulu

Ilê Axé Jitolobi

Ilê Axé Julosum Oju Omim

Ilê Axé Kalé Bokun

Ilê Axé Maroketu

Ilê Axé Obá Furican

Ilê Axé Obá Tony

Ilê Axé Odé G’min

Ilê Axé Ode Oman

Ilê Axé Ogum Mejê

Ilê Axé Ojunilê Chapanâ

Ilê Axé Olufan Anancidê Omin

Ilê Axé Omin Arin Massun

Ilê Axé Omin Funkó

Ilê Axé Omin J’Obá

Ilê Axé Omin Nijá

Ilê Axé Onado Ne Osun

Ilê Axé Ondô Nirê

Ilê Axé Osum Made

Ilê Axé Oxossi Talami

Ilê Geleuá

Ilê Yá Yalodeidê

Ilê Yiá Osshum

Ily Iboalama

Manso Dandalungua Cocuazenza

Terreiro Aloyá

Terreiro de Jauá

Terreiro de Jauá – Alemanha

Terreiro Guerebetã Gume Sogboadã

Terreiro Junçara Kondirê

Terreiro Kawizidi Junçara

Terreiro Moitumba Junçara

Terreiro Nzo Tata Nsuuumbu

Terreiro Ogun Tundê

Terreiro Olufanjá

Terreiro Oyá Matamba

Terreiro Pena Branca

Terreiro Vence Tudo

Tumba Ngongo Sara

Tuumba Junçara

Vintém de Prata

Viva Deus Bisneto

(em negrito, os terreiros que compareceram pela primeira vez)