FACULDADE SÃO MIGUEL KARINA PATRÍCIA DO … · olhar para frente e enxergar um futuro promissor...

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507 Conceito A Recife n. 3 p.507-539 2012 Influência do café nas doenças cardiovasculares e neurodegenerativas - um estudo de revisão FACULDADE SÃO MIGUEL CURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO KARINA PATRÍCIA DO NASCIMENTO LEIDJANE BEZERRA FAUSTINO INFLUÊNCIA DO CAFÉ NAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES E NEURODEGENERATIVAS - UM ESTUDO DE REVISÃO RECIFE 2012 KARINA PATRÍCIA DO NASCIMENTO LEIDJANE BEZERRA FAUSTINO INFLUÊNCIA DO CAFÉ NAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES E NEURODEGENERATIVAS - UM ESTUDO DE REVISÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Bacharelado em Nu- trição, da Faculdade São Miguel, como requisito final para obtenção do título. ORIENTADORA Orientadora: Profª. Larissa de Andrade Viana RECIFE 2012 INFLUÊNCIA DO CAFÉ NAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES E NEURODEGENERATIVAS - UM ESTUDO DE REVISÃO Aprovado em: _____/_____/______ Banca Examinadora ___________________________________________________ ___________________________________________________ Profº (Colocar o nome do membro da banca – ordem alfabética, Titulação)

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FACULDADE SÃO MIGUELCURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO

KARINA PATRÍCIA DO NASCIMENTOLEIDJANE BEZERRA FAUSTINO

INFLUÊNCIA DO CAFÉ NAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES E NEURODEGENERATIVAS - UM ESTUDO DE REVISÃO

RECIFE 2012 KARINA PATRÍCIA DO NASCIMENTOLEIDJANE BEZERRA FAUSTINO

INFLUÊNCIA DO CAFÉ NAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES E NEURODEGENERATIVAS - UM ESTUDO DE REVISÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Bacharelado em Nu-trição, da Faculdade São Miguel, como requisito final para obtenção do título. ORIENTADORA Orientadora: Profª. Larissa de Andrade VianaRECIFE 2012 INFLUÊNCIA DO CAFÉ NAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES E NEURODEGENERATIVAS - UM ESTUDO DE REVISÃO Aprovado em: _____/_____/______

Banca Examinadora ___________________________________________________ ___________________________________________________ Profº (Colocar o nome do membro da banca – ordem alfabética, Titulação)

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Agradecimentos

Agradecemos primeiramente a Deus pelos obstáculos ultrapassados, vitórias alcançadas, e por nos manter firme na busca dos nossos sonhos e torná-los possíveis. Aos professores que nos acompanharam durante esses anos, nos repas-sando conhecimentos contribuindo assim com nossa formação. Aos nossos amigos de turma, não só pelo fato de conviver conosco esses quatro anos, mas por terem cruzado nossos caminhos e formar junto conosco uma nova família na qual compartilhamos angústias, dúvidas, incertezas e várias alegrias. Aos nossos familiares pelo incentivo, força, e pelos princípios que nos foram passados com os quais seguimos firmes e sem nos desviar do caminho certo. A todos que direta ou indiretamente fizeram parte dessa caminhada que duraram quatro anos, mas que hoje vemos que valeu a pena todos os esforços, e todas as abdicações que fizemos para chegar onde estamos hoje, por puder olhar para frente e enxergar um futuro promissor que nos espera.

ResumoAs doenças crônicas representam um problema de saúde pública no Brasil, sendo responsáveis por um alto custo social e de difícil prevenção associadas ao crescimento contínuo de portadores de tais patologias. Os antioxidantes juntamente com os radicais livres são apontados como vilões das doenças na senescência como doenças cardiovasculares e neurodegenerativas. A alimen-tação contribui não só na prevenção de patologias, mas também na melhora ou agravamento das mesmas. Presente como bebida habitual mais consumida no mundo ocidental e no Brasil, tanto pelo seu efeito estimulante, quanto pelas características organolépticas, o café além de sua importância econômica é alvo de vários estudos referentes não só a sua composição química, mas também os seus possíveis efeitos na saúde humana. No Brasil dentre as várias espécies de café conhecidas, as mais comercializadas e de maior importância econômica são Coffea arábica (originária do Oriente Médio) e Coffea canephora, variedade conillon, genericamente chamada de robusta (originária da África), que ocu-pam 74% e 26%, respectivamente, do parque cafeeiro brasileiro. Estes dois tipos podem ser usados individualmente ou combinados de diferentes formas. O café apresenta em sua composição cafeína, ácidos clorogênicos, trigonelina e os diterpenos cafestol, kahweol além de uma grande variedade de minerais como o potássio (K), magnésio (Mg), cálcio (Ca), sódio (Na), ferro (Fe), man-ganês (Mn), rubídio (Rb), zinco (Zn), cobre (Cu), estrôncio (Sr), cromo (Cr), chumbo (Pb), molibdênio (Mo), titânio (Ti) e cádmio (Cd); aminoácidos como alanina, arginina, asparagina, cisteína, ácido glutâmico, glicina, histidina, isole-ucina, lisina, metionina, fenilalanina, prolina, serina, treonina, tirosina, valina;

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lipídeos como triglicerídeos e ácidos graxos livres; açúcares como sucralose, glicose, frutose, arabinose, galactose, maltose e polissacarídeos. Entretanto os compostos que são o foco das pesquisas são a cafeína por sua influência sobre a pressão arterial, obesidade, Doença de Parkinson e Doença de Alzheimer; os ácidos clorogênicos por sua ação antioxidante e influência sobre a obesidade e os diterpenos cafestol e kahweol relacionados à diabetes tipo 2. Entretanto, a influência dos compostos na saúde com promoção ou agravamento de patolo-gias irá depender de variáveis como espécie, temperatura de processamento, forma de consumo, e quantidade de consumo, o que dificulta a comparação dos efeitos da bebida entre os diversos estudos devido à falta de padronização dessas variáveis.Palavras-chave: Café, cafeína, doenças cardiovasculares, síndrome metabóli-ca, doenças neurodegenerativas.

AbstractChronic diseases represent a public health problem in Brazil, accounting for a high social cost associated with and hard to prevent the continued growth of patients with such diseases. Antioxidants with free radicals are identified as vil-lains in senescence diseases such as cardiovascular diseases and neurodegen-erative diseases. The diet contributes not only in preventing diseases but also in the improvement or deterioration thereof. Present as usual most consumed beverage in the Western world and in Brazil, both for its stimulating effect on the organoleptic characteristics, coffee beyond its economic importance is the target of several studies regarding not only its chemical composition, but also their possible effects on human health. In Brazil, among the many species of coffee known, the most commercialized and most economically important are Coffea arabica (from the Middle East) and Coffea canephora, variety conillon, generically called robusta (originally from Africa), which occupy 74% and 26 %, respectively, the park Brazilian coffee. Both types can be used individually or combined in different ways. The coffee present in the composition caffeine, chlorogenic acid, trigonelline and diterpenes cafestol, kahweol and a wide va-riety of minerals such as potassium (K), magnesium (Mg), calcium (Ca), so-dium (Na), iron (Fe ), manganese (Mn), rubidium (Rb), zinc (Zn), copper (Cu), strontium (Sr), chromium (Cr), lead (Pb), molybdenum (Mo), titanium (Ti) and cadmium (Cd ) amino acids alanine, arginine, asparagine, cysteine, glutamic acid, glycine, histidine, isoleucine, lysine, methionine, phenylalanine, proline, serine, threonine, tyrosine, valine; lipids as triglycerides and free fatty acids, sugars such as sucralose, glucose , fructose, arabinose, galactose, maltose and polysaccharides. However, the compounds that are the focus of research is caf-feine for its influence on blood pressure, obesity, Parkinson’s disease and Alz-heimer’s disease; chlorogenic acids for their antioxidant activity and influence on obesity and the diterpenes cafestol and kahweol related type 2 diabetes. However, the influence of compounds with health promoting or worsening of conditions will depend on variables such as species, processing temperature,

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form of consumption, and amount of consumption, which makes comparison of the effects of drinking among the various studies due to lack standardization of these variables.Keywords: Coffee, Caffeine, cardiovascular disease, metabolic syndrome, neu-rodegenerative diseases.

Lista de ilustrações

Quadro 1 - Manifestações clínicas segundo o estágio da DP

Quadro 2 - Manifestações clínicas segundo a DA

Quadro 3 - Estudos correlacionados ao consumo de café e efeitos na PA

Quadro 4 - Estudos relacionando a ingestão de café e dislipidemias

Quadro 5 - Total de pessoas que declaram o café como bebidas habituais por regiões

Quadro 6 - Consumo médio de xícaras de café diariamente

Quadro 7 - Tipos de café consumido por regiões

Quadro 8 - Composição química do grão de café cru de acordo com a espécie

Quadro 9 - Quantidade de diterpenos de acordo com o método de preparo do café

Figura 1 - Molécula da cafeína

Figura 2 - Ácidos clorogênicos

Figura 3 - Molécula do Cafestol e Kaweol

Figura 4 – Molécula da Trigonelina

Lista de abreviaturas e siglas

ABIC - Associação Brasileira da Indústria de CaféACAT- Acyl-coenzime A cholesterol acyltransferase (acil-CoA colesterol acil-transferase).

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ACh - AcetilcolinaAHA - Associação Americana do CoraçãoCETP- Cholesterol Ester Transfer Protein (Proteína de Transferência de Ésteres de Colesterol).DA - Doença de AlzheimerDAC - Doença Arterial CoronarianaDAF - Doença de Alzheimer FamiliarDCV - Doença CardiovascularDP - Doença de ParkinsonFRCV - Fatores de risco cardiovascularHAS - Hipertensão Arterial SistêmicaHDL - Lipoproteína de Alta DensidadeHMG-CoA - Hidroxi Metil Glutaril Coenzima A redutaseIAM- Infarto Agudo do MiocárdioIChEs- Inibidores da ColinesteraseIMC - Índice de Massa CorporalLDL- Lipoproteína de Baixa DensidadeLPL - Lípase LipoproteicaND - Nefropatia DiabéticaPA - Pressão arterialPAD - Pressão Arterial DiastólicaPAS - Pressão Arterial SistêmicaPLTP- Phospholipid Transfer Protein (Proteína de Transferência de Fosfolipídi-os).PPAR - Peroxisome Proliferator-Activated (Receptor Receptor Ativado por Pro-liferadores de Peroxissomas).SFAs- Ácidos graxos saturadosSNC - Sistema Nervoso CentralSREBP - Sterol Regulatory Element Binding ProteinVLDL - Lipoproteína de Muito Baixa Densidade

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..............................................................................OBJETIVOS ..............................................................................3 JUSTIFICATIVA .......................................................................4 METODOLOGIA ........................................................................5 O CAFÉ ...................................................................................5.1 Espécies ...............................................................................5.2.1 Coffea arábica ...................................................................5.2.2 Coffea canephora L. .......................................................... 5.3 Produção no Brasil ................................................................5.4 Consumo. ...............................................................................5.5 Composição química .................................................................6 CAFÉ E ASSOCIAÇÃO COM DOENÇAS CRÔNICAS E

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NEURODEGENERATIVAS .............................................................6.1 Café e Hipertensão. ................................................................6.2 Café e colesterol sérico ...........................................................6.3 Café e diabetes tipo 2. .............................................................6.4 Café e Obesidade.. .................................................................6.5 Café e Parkinson..... .................................................................6.6 Café e Alzheimer..... ..................................................................7 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................8 REFERÊNCIAS............................................................................

1 INTRODUÇÃO

Os países desenvolvidos, entre eles o Brasil, ao longo dos anos passar-am por várias modificações importantes no que se refere ao perfil de mortali-dade e morbidade. As doenças não transmissíveis representam, atualmente, um problema de saúde pública nesses países. O Brasil, além de enfrentar o problema ainda vigente das doenças infecciosas e parasitárias, defronta-se com as doenças crônicas, de alto custo social e mais difícil prevenção (BARATA, 1997). Atualmente inúmeras evidências têm demonstrado que os radicais livres e outros oxidantes são os responsáveis pelo envelhecimento e pelas doenças degenerativas associadas ao avanço da idade, tais como: doenças cardiovas-culares, declínio do sistema imune e disfunções cerebrais (ATOUI et al., 2005). Os compostos bioativos são reconhecidos por suas propriedades benéficas à saúde humana, sugerido que dietas ricas em vegetais e frutas podem reduzir os riscos de incidência de muitas doenças crônicas (SVILAAS et al., 2004).Os elementos mais relevantes na determinação das doenças cardiovasculares e suas inter-relações são complexos. Admite-se que os fatores de risco tenham efeito sinérgico quando ocorrem concomitantemente. Entretanto, sabe-se que a alimentação contribui de várias formas para a determinação do risco cardio-vascular, e nesse contexto o café foi bastante estudado a fim de se desvendar se o seu consumo constitui em um fator de risco ou de proteção. O café é um produto assíduo na mesa dos consumidores que se tor-naram fieis ao seu consumo em quase todo o mundo estando presente entre os primeiros na lista de exportação brasileira, e possui compostos bioativos por possuir atividade antioxidante. Há décadas os pesquisadores em nutrição debatem sobre os compostos encontrados no café e suas relevâncias a saúde humana (ABRAHÃO et al., 2008). Inicialmente, os focos dos estudos relacionados ao café tiveram uni-camente como base a cafeína e os seus efeitos fisiológicos. Recentemente, novas linhas de investigação têm dado relevo a outros compostos químicos, igualmente presentes no café, sugerindo até potenciais efeitos benéficos e pro-tetores ao nível da saúde dos consumidores desta bebida (ALVES, 2009).

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Pesquisas mostram que o consumo de café pode ajudar a amenizar doenças neurológicas crônicas como o mal de Parkinson e Alzheimer, e doenças de origem metabólica como diabetes tipo 2 (WINSTON et al., 2005; ANDERSEN, 2006; LAU e BRETELER, 2006; HIGDON e FREI, 2006; PEREIRA et al, 2006). Johnson et al. (2002) sugerem que pode haver um efeito positivo do consumo de café na velocidade de raciocínio nas pessoas idosas, e o trabalho de Kawachi et al. (1996) mostra que há uma relação inversa entre o consumo de café e o risco de suicídio. No mercado existem duas espécies de café: arábica (Coffea arábica), responsável por 75% da produção mundial, apresenta grãos com teor de cafeí-na entre 0,8-1,3%, e a robusta (Coffea robusta linden), de sabor mais amargo, cujo teor de cafeína varia de 2 a 2,4% ( ILLY, 2005). Conforme a tradição de cada país existe inúmeras maneiras de pre-paração do café, no Brasil as formas mais usuais são: café a brasileira onde é utilizado filtro de pano, expresso, solúvel, café fervido ou estilo escandinavo processo no qual não ocorre à filtração do pó (LIMA et al, 2010). O café apresenta em sua composição, cafeína, cafestol e Kahweol, áci-dos clorogênicos e outros polifenóis, além de inúmeros compostos voláteis re-sponsáveis pelo aroma e sabor. Além da influência da espécie de café, o tipo de processamento a que os grãos verdes são sujeitos (via seca, úmida ou mista, descafeinização), o grau de torra e de moagem, assim como o método de preparação da bebida e o respectivo volume, irão igualmente contribuir para a variação da composição química da bebida final (NEHLIG, 1999). A frequência de ingestão, a quantidade de ingestão, hábitos alimenta-res, o consumo de álcool ou tabaco, atividade física e a predisposição genética individual para o desenvolvimento de determinadas doenças poderão de igual modo influenciar os efeitos do café na saúde do consumidor (SCHILTER et al., 2001).

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral:Descrever as potencialidades químicas do café que interferem positivamente e negativamente nas doenças crônicas e doenças neurodegenerativas.

2.2 Objetivos específicos:• Verificar o consumo de café por regiões, bem como a forma de pre-paração mais consumida. • Destacar os compostos do café com importância na saúde.• Definir os mecanismos fisiológicos que ocorrem após o consumo do café e os constituintes responsáveis pelas alterações.

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3 JUSTIFICATIVA

A alimentação contribui de forma significativa para o desenvolvimento bem como prevenção de várias patologias inclusive as crônicas que ainda rep-resentam um problema de saúde pública no país. Para muitos o café representa um vilão da alimentação, e este mito pode ser explicado devido ao fato dos primeiros estudos serem concentrados na cafeína, esquecendo-se de outros componentes de extrema importância e em maior concentração. O consumo de doses moderadas de café pode ser benéfico na preven-ção de doenças cardiovasculares por conter, em quantidades superiores às de cafeína, compostos quinídeos derivados dos ácidos clorogênicos com ação antioxidante, além de potente ação antagonista opióide e efeito inibidor da recaptação de adenosina auxiliando na prevenção de doenças neurodegenera-tivas.Sendo o café um potente antioxidante e um produto de fácil aquisição e grande aceitação popular é de grande importância que ele seja mais estudado afim de que sejam avaliados seus possíveis efeitos sobre a saúde humana, para que o mesmo possa ser consumido adequadamente em se tratando de quantidade e qualidade, visando ser incluído como alternativa na prevenção de determina-das patologias.

4 METODOLOGIA

O trabalho consistiu de uma revisão exploratória de caráter qualitativo, com a utilização de livros de referência na área de patologia e fisiologia, alem de artigos científicos relacionados ao café, presentes em publicações periódicas impressas ou indexadas no período de 1999 a 2011. O foco principal dos artigos foi interação dos componentes do café e seus diversos tipos com a saúde e seus agravos, cujos dados serviram para corroborar informações teóricas presente na literatura consultada. Os artigos eletrônicos foram consultados nas bases de dados da Scientific Eletronic Library on Line - Scielo, Bireme, Periódicos, Pubmed entre outros, nas línguas inglesa e portuguesa, utilizando como termos de indexação: café, cafeína, doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas e síndrome metabólica, tendo como critério para seleção os textos mais atuais.

5 O CAFÉ

Não existe certeza quanto a origem do café, entretanto, existem várias lendas que relatam a sua possível origem. A história registra que a planta do café é originária da Etiópia, centro da África, onde até hoje faz parte da vegetação

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natural. Uma das lendas mais divulgadas reza que, por volta do ano 800, nas montanhas da Abissínia, hoje Etiópia, um jovem pastor de nome Kaldi ob-servou que suas cabras ficavam mais alegres e saltitantes quando comiam folhas e frutos de um arbusto. Ao provar do fruto, o pastor sentiu uma forte vi-vacidade e muita disposição para o trabalho. O conhecimento sobre o precioso fruto espalhou-se pelo norte da África e chegou ao mundo árabe, por volta do século XV. Os árabes foram os primeiros a beber o café, ao invés de comer ou mascar como faziam os pastores da Etiópia (PENAFORT, 2008).No ano de 1727, o café chega ao norte do Brasil, em Bélem, trazido da Gui-ana Francesa pelo Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta, que a pedido do governador do Maranhão, comandou uma pequena expedição militar com o pretexto de averiguar questões ligadas à imprecisão das fronteiras. Em Ca-iena, capital da Guiana Francesa, uma ordem governamental determinou que ninguém cedesse, aos estrangeiros, café em condições de germinar. O café, já naquela época, possuía um grande valor comercial. Mas, uma pequena muda de café Arábica foi trazida clandestinamente escondida na bagagem do bra-sileiro, Palheta (PENAFORT, 2008). Só a partir do início do século XIX a cultura despertou interesse nos grandes proprietários de terra, tornando-se a principal atividade agrícola do país.

5.1 Espécies

A planta do café pertence à família da Rubiácea que possui mais de seis mil espécies. Do ponto de vista econômico as espécies que representam maior importância econômica são Coffea arábica originária do Oriente Médio e Coffea canephora, variedade conillon, genericamente chamada de robusta e originária da África (ORMOND et al., 1999).

5.2.1 Coffea arábica

As plantas dessa espécie normalmente são podadas de forma a atingirem apenas 8 metros de altura, apresentam folhas ovais verde-escuras, sendo geralmente cultivadas em altitudes elevadas, onde infestações por insetos e doenças são menos prevalentes. Os frutos amadurecem entre 7 a 9 meses, o grão é azulado ou esverdeado, com uma forma achatada e fenda longitudinal (MARQUES, 2011).Esta espécie é apontada como sendo de melhor qualidade, conferindo a bebida um aroma intenso e complexo e sabor levemente ácido. Contudo, as carac-terísticas da bebida, dependem da região de produção e da tecnologia utilizada na obtenção do café verde. O Brasil e a Etiópia, por exemplo, produzem um café designado de natural (de terreiro). Já a Colômbia, a Guatemala, a Hondu-ras, a Índia e o México, produzem café tipo suave. (ANJOS, 2005).

5.2.2 Coffea canephora L.

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Possui origem na região central de África, de clima quente e úmido, dominando em regiões de baixa altitude. Entre os maiores produtores de café robustos são o Vietnã, a Indonésia, a Costa do Marfim, o Uganda e Camarões. A planta caracteriza-se particularmente pela sua resistência a doenças e pragas (TEIX-EIRA, 2008).Os frutos levam até 11 meses para amadurecer, os grãos têm cor de canela e forma arredondada, e em comparação com o café arábica são menores e mais amargos. Esta espécie confere à bebida um aroma ligeiro, corpo intenso, creme, amargor, possuindo mais do dobro da cafeína do que o café arábica (MARQUES, 2011).

5.3 Produção no BrasilA produção de café no Brasil foi favorecida por uma série de fatores, e uma delas foi que as culturas do açúcar e do algodão estavam em crise, batidas no mercado internacional pela produção das Antilhas e dos EUA, o que obrigou os fazendeiros a substituir seus produtos por outro de fácil colocação no mercado internacional. Além disso, a decadência da mineração liberou mão de obra e re-cursos financeiros, principalmente em Minas Gerais e Rio de Janeiro. Contudo, a produção brasileira foi favorecida pelo colapso dos cafezais de Java (devido a uma praga) e do Haiti (devido aos levantes de escravos). Outro fator decisivo foi a demanda européia e americana na procura por uma bebida de preço ra-zoável ou mais barato (PENAFORT, 2008).Os primeiros plantios de café no Brasil ocorreram no próprio Pará, em Belém, e mesmo não tendo um clima propício a cultura do café houve uma adaptação ao solo. Da região Norte, o café foi descendo para o Nordeste, passando pelo Maranhão, Ceará, Pernambuco e Bahia, até chegar ao Rio de Janeiro, onde foi iniciada como cultura doméstica, nas montanhas que incluem a Tijuca e o Corcovado. Em 1825, expandiu-se pela Serra do Mar, atingindo o Vale do Par-aíba, daí alcançando os Estados de São Paulo e Minas Gerais, onde o cafeeiro conheceu sua área propícia por excelência, a terra roxa (CALDERÓN, 2003).O clima e as terras férteis da região transformaram o Brasil no maior produ-tor mundial de café no final do século XIX. Em meados de 1880, São Paulo e Minas Gerais ultrapassaram o Rio de Janeiro, tornando-se os maiores produ-tores de café do país. Em 1928, o Espírito Santo assumiu a terceira posição, já na década de 1950, o Paraná ultrapassou esses quatro estados assumindo a liderança até meados da década de 1970. A partir daí Minas Gerais passou a liderar, tornando-se o maior produtor nacional de café, posição que ocupa até o momento. Atualmente, os grandes produtores de café do país são: Espírito Santo, São Paulo, Rondônia, Bahia, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (ABIC, 2012).Depois do petróleo o café é o principal produto comercializado mundialmente alcançando cerca de noventa bilhões de dólares em vendas globais, tendo o Brasil a maior produção mundial, com cerca de 70% da produção proveniente de pequenas propriedades rurais (DaMATTA et al., 2007).

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O café é fundamental para a economia de muitos países em desenvolvimento. Ele é hoje o maior gerador de riquezas do planeta perdendo apenas para o petróleo. A cadeia emprega direta ou indiretamente meio bilhão de pessoas em todo o mundo, ou 8% da população mundial. O setor é responsável pela ger-ação de 7 milhões de empregos diretos e indiretos no Brasil, e por uma riqueza anual de 10 bilhões de reais (PENAFORT, 2008). Segundo as espécies a produção do café conilon (Coffea canephora) con-centra-se no Espírito Santo, a produção do café (Coffea arabica) concentra-se prin¬cipalmente em Minas Gerais, São Paulo e Paraná (LUNA-FILHO, 2007).

5.4 Consumo

O consumo mundial de café passou de uma média de 2,09 milhões de ton-eladas nos anos de 1960 para 3,65 milhões de toneladas na década de 1990, tendo atingido uma média de 2,63 milhões de toneladas por ano entre 2001 e 2004 (PENAFORT, 2008). O ranking mundial dos maiores consumidores de café mostra nas cinco primei-ras posições os seguintes países: Brasil (722 milhões de toneladas), Estados Unidos (594 milhões de toneladas), Colômbia (296 milhões de toneladas), Alemanha (294 milhões de toneladas) e Japão (201 milhões de toneladas). Já em termos de consumo per capita de café, o Brasil se posiciona apenas na 9ª colocação, e os Estados Unidos, na 17ª posição no ranking mundial. Nas primeiras posições ficaram Colômbia, Finlândia e Suécia respectivamente. O Japão, a grande revelação entre os consumidores de café, ocupou a 20ª posição (SIQUEIRA, 2005). No Brasil mais de 87% da população brasileira o declara como bebida habitual, e quantidade de consumidores variando conforme a região segundo mostra uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Industria de Café – ABIC, no Quadro 3 a seguir:

RegiãoAno Sudeste SUL Norte/Nordeste Centro Oeste TOTAL2003 90% 94% 93% 87% 91%2004 94% 91% 92% 88% 92%2005 95% 90% 92% 90% 93%2006 96% 92% 92% 95% 94%2007 90% 97% 89% 86% 91%2008 97% 98% 97% 94% 97%2009 97% 99% 97% 96% 97%2010 99% 99% 87% 96% 95%Quadro 3: Total de pessoas que declaram o café como bebidas habituais por regiões (p. 41, 2010). A própria pesquisa indica que esta diferenciação se dá em cada região

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brasileira por conta das variações, climáticas, culturais e econômicas. Desde quando foi iniciado o estudo no ano de 2003 até o ano de 2010, observa-se um aumento considerável de produção e lucro para indústria de café, tanto quanto uma atenção a mais para os profissionais em Nutrição. Quanto ao tipo de café e ao modo de consumo os números ainda apresentam variações que são visu-alizadas no Quadro 4.

Refeições COADO/FILTRADO INSTANTÂNEO EXPRESSO

Total

Em casa Fora de casa

Total

Em casa Fora de casa

Total

Em casa Fora de casa Média % % % % %

Café da manhã 1,17 1,17 1,18 1,09 1,1 1 1 1 1Meio da manhã 1,44 1,32 1,96 1,12 1 1,28 1,03 1 1,19Após almoço 1,17 1,11 1,48 1,18 1,09 1,46 1,15 1,14 1,15Lanche da tarde 1,15 1,13 1,3 1,09 1,09 1,1 1,1 1 , 1 4 1,1Após o jantar 1,16 1,15 1,23 1,13 1,14 1,13 1,25 1 1,34Quadro 4. Consumo médio de xícaras de café diariamente (p. 70, 2010).

Esta amostra de consumidores tomaram um total 4.810 xícaras/mês, se considerando que 1kg de café faz 200 doses = 24,05 kg/mês (independente

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local). O consumo da amostra ano é de 288,60kg/ano. E per capita, nesta amostra é de 5,51 kg/ano. (ABIC – p. 70, 2010).Define se o consumo moderado de café com uma ingestão diária que varia entre 200 a 300mg, e consumo excessivo com ingestão acima de 600mg/dia. As formas de preparo variam de acordo com a região, no Brasil as principais formas de preparo são café filtrado, instantâneo ou solúvel, expresso, além do uso do café descafeinado, sendo o filtrado o método mais utilizado como ilustra a Quadro 5 ( CAMARGO,1999; NAKASATO, 2001).

TIPOS DE CAFÉ CONSUMIDOS 2010 % SE% SUL% N/NE% CEO%Café torrado e moído (preparado em filtro de papel ou coador) 96 97 92 96 100

Café instantâneo/ solúvel 17 18 18 16 10

Café expresso 10 14 9 4 11

Café descafeinado 1,4 1,8 0,9 1,5 1,4Quadro 5. Tipos de café consumidos por regiões.

• Café torrado e moído (filtrado)O pó é colocado no filtro de papel ou de outro material onde é despejada água quente sobre o pó. Este método é muito utilizado na cultura brasileira de preparo, através de coadores caseiros e cafeteiras elétricas, dando origem ao tradicional “cafezinho” (ABIC, 2010). O café filtrado possui menores quanti-dades das frações lipídicas do grão de café que ficam amplamente retidas no filtro de papel (CAVALCANTE et al., 2000).

• Café instantâneo/ solúvelO café solúvel ou instantâneo é um café preparado industrialmente. Os grãos são torrados e moídos, depois seus sólidos solúveis são extraídos e solubiliza-dos, resultando num produto em forma de grânulos ou pó que são simples-

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mente dissolvidos diretamente em água fervente (ABIC, 2010).

• O French pressConhecido como Prensa Francesa, virou moda entre os norte-americanos. Em um recipiente de vidro se coloca o pó de café misturado com água quente não fervente e em seguida introduz um filtro que é pressionado por um êmbolo que separa o pó do café já pronto para o consumo (ABIC, 2010).

• Café Percolado ou mocha Na Itália é a forma mais tradicional de consumo de café, usa-se um tipo de cafeteira em que o pó do café é colocado em um filtro metálico na parte superior do equipamento, e na parte inferior coloca-se água. Ambas as partes são rosqueadas e levadas ao fogo. A água entra em ebulição, o vapor sobe pelo filtro e passa pelo pó sendo pressionado de volta ao recipiente inferior derramando-se como infusão de café líquido (URGERT e KATAN, 1996).

• Café expressoO pó é colocado em filtro próprio e conectado a maquina de café expresso num intervalo de 25 a 30 segundos, é utilizado nesse sistema a percolação á alta pressão em 90°C, durante 30 segundos em média, gerando uma bebida cremosa e aromática. Criado pelos franceses, o café expresso é considerado o método mais apropriado para apreciação de todas as nuances desta bebida; é caracterizado por ser um café concentrado, 7 gramas de pó para até 50 ml de água, possuindo aroma e sabor intensos e persistência no paladar e sendo coberto por um denso creme cor de avelã (marrom claro) em toda superfície da xícara (ABIC, 2010).

• Café descafeinadoO processo de descafeinação é realizado em grãos crus inteiros antes da tor-refação. Entre os solventes mais utilizados para extração da cafeína estão: álcool, água, acetona, clorofórmio, e diclorometano, este último é o mais utili-zado no Brasil (TOCI et al.,2006).

• Café fervido ou escandinavoA preparação é feita fervendo o pó do café com água, e posteriormente a in-fusão é decantada sem filtração. Esse tipo de preparação é típico dos países escandinavos, como Noruega e Finlândia. No café árabe ou turco, o método de preparo é similar ao escandinavo; o pó do café é misturado assim que a água começa a ferver. É servido decantado, sem filtrar (URGERT e KATAN, 1996). 5.5 Composição química

Entre os compostos mais estudados do café devido a suas repercussões sobre efeitos fisiológicos e saúde humana destacam-se a cafeína (1,3,7-trimetilx-antina), estimulante do SNC e do músculo cardíaco, os ácidos clorogênicos

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(cafeoilquínicos, dicafeoilquínicos, feruloilquínicos e p-cumaroilquínicos) que possuem propriedades antioxidantes e os diterpenos cafestol e kahweol, rela-cionados com o metabolismo lipídico (MARIA et al, 1999). O grão da espécie arábica apresenta uma maior concentração de lipíde-os, proteínas e carboidratos em relação a espécie robusta a qual possui mais compostos fenólicos e uma maior quantidade de cafeína. (VASCONCELOS, 2008) A composição química dos grãos de café depende das condições em que foram produzidos e processados e condições de manejo pré e pós-colheita sendo o principal fator o tipo da torra, a composição do café cru está representada no Quadro 6.

COMPONENTES CAFÉ ARABICA CAFÉ ROBUSTACafeína 1,2 2,2Trigonelina 1,0 0,7Cinzas (41% corresponde a K) 4,2 4,4Ácidos: Ácido Clorogênico total 6,5 10,0Alifáticos 1,0 1,0Quínico 0,4 0,4Açúcares: Sacarose 8,0 4,0Redutores 0,1 0,4Polissacarídeos 44,0 48,0Lignina 3,0 3,0Pectina 2,0 2,0Proteína 11,0 11,0Aminoácidos livres 0,5 0,8Lipídeos 16,0 10,0Quadro 6. Composição química do grão de café cru de acordo a espécie (CLARCKE, 2003).

• Cafeína

A cafeína é provavelmente a substância farmacologicamente ativa mais fre-quentemente ingerida no mundo. É encontrada em bebidas (café, chá, refrig-erantes), e em produtos que contêm cacau ou chocolate, e em medicamentos (NAWROT et al., 2003).A cafeína é um alcaloide que pertence ao grupo das metil-xantinas, que apre-senta em sua composição moléculas de nitrogênio. Figura 1

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Figura 1. Molécula da cafeína

A cafeína e absorvida no tubo digestivo e possui vida, média de 2,5 a 10 horas, atingindo suas concentrações plasmáticas em 1 hora. Seu metabolismo ocorre principalmente no fígado, não tendo depósito no corpo, 95% da sua transfor-mação acontecem no citocromo P 450, originando mais de 25 metabólitos, os 5% restantes são excretados na urina.Entre os seus principais efeitos estão o efeito estimulante, diurético e depend-ência química, atua também promovendo o aumento da taxa metabólica, o relaxamento da musculatura lisa dos brônquios, do trato biliar, gastrintestinal e partes do sistema vascular. Podendo ser detectada no corpo humano após cinco minutos do consumo e atingindo seu pico máximo logo após 20-30 min. (BRENELLI, 2003). O seu efeito estimulante deve-se a sua estrutura similar com a molécula aden-osina, podendo ligar-se aos seus receptores (A1, A2A) bloqueando-os. Sua in-gestão em excesso pode ocasionar em irritabilidade, dores de cabeça, insônia, diarreia e palpitações do coração (BRENELLI, 2002). A quantidade de cafeína no café depende de vários fatores como a variedade da planta, cultivo, aspectos genéticos e sazonais, condições de crescimento. Na bebida pronta a quantidade de pó, o tipo de produto e o processo utilizado no seu preparo são os principais fatores relacionados ao teor de cafeína no produto final.

• Ácidos clorogênicos

Os ácidos clorogênicos (Figura 2) são uma família de ésteres formados por ácidos hidroxicinâmicos e o ácido quínico, este último, junto ao ácido cafeico, forma um éster chamado ácido clorogênico. Esses ácidos contribuem com o sabor e característica das bebidas de café, e possuem ação antioxidante devido as suas propriedades redutoras e estrutura química. (Daglia et al., 2000; Farah e Donangelo,2006).Os ácidos clorogênicos estão presentes no café verde em quantidades superi-ores à cafeína e em maior proporção no café robusta do que no arábica. Du-rante a torra, como resultado das reações de Maillard e Strecker, grande parte destes ácidos é degradada originando compostos de baixo peso molecular e 1,5-γ-quinolactonas, sendo estes também biologicamente ativos (OLTHOF et al., 2003).Um litro de café contém de 500 a 800 mg de ácido clorogênico, o que corre-

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sponde a 250 a 400 mg de ácido cafeico. Mais de 50 % dos americanos con-somem café sendo a média per capita duas xícaras por dia. De acordo com es-tatísticas internacionais, a população finlandesa tem o mais alto consumo per capita mundial de café, tendo sido este de 11,3 kg no ano de 2000 (OLTHOF et al., 2003; SALAZAR-MARTINEZ et al., 2004).

Figura 2. Ácidos clorogênicos • Diterpenos

Os diterpenos são substâncias lipídicas, pentacíclicas, estáveis a altas tem-peraturas (185ºC a 250ºC) e suportam mais de 10 minutos em processo de fervura. Os diterpenos encontrados no café são: cafestol, kahweol, 16-O-metil-cafestol e 16-O-metil-kahweol, em quantidades que variam entre as espécies, sendo o cafestol o que apresenta maior concentração na espécie arábica. Caf-estol e Kahweol são os diterpenos que têm despertado maior interesse devido à sua atividade hiperlipemiante (MASTEN, 1999).Assim como as demais substâncias presentes no café a quantidade de cafestol e kahweol varia de acordo com a preparação do café, como ilustra a Tabela 5, sendo o fervido o que possui um teor mais elevado (12,7mg/150ml) devido ao tempo de contato entre o pó do café e a água e a alta temperatura da mesma durante o preparo (NAKASATO et al.,2001).

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Figura 3. Molécula do cafestol e Kaweol.

MÉTODO DE PREPARO DO CAFÉ QUANTIDADE (mg) DE DITERPENOS /XICARA DE 150 mlCafé filtrado 0,13mg/xícaraCafé fervido ou escandinavo 12,7mg/xícaraCafé instantâneo ou solúvel 0,26mg/xícaraCafé expresso 12,3mg/xícaraQuadro 7. Quantidade de diterpenos de acordo com o método de preparo do café (HIGDON e FREI, 2006; NAKASATO et al., 2001)

• TrigonelinaA trigonelina (Figura 4) é uma N-metil betaína que contribui para o aroma e sabor do café por meio da formação de piridinas e o N-metilpirrol produtos gerados durante a torra. Este composto, que apresenta uma atividade fisi-ológica baixa, atua fundamentalmente a nível do sistema nervoso central e dos intestinos. Reconhece-se que a trigonelina tem pouca influência na qualidade final da bebida, na medida em que transmite ao café um sabor menos amargo que a cafeína. Contudo, os produtos que se formam devido à sua degradação têm importância na qualidade da bebida (FERRÃO, 2009).O café é um dos únicos produtos que após um processo tão agressor como a torrefação produz uma vitamina importante para realizar o metabolismo hu-mano, esse processo acontece em virtude da desmetilação da trigonelina du-rante a torra, gerando como produto a niacina (MOREIRA, 2000). A trigonelina, cafeína e os ácidos clorogênicos estão presentes na be-bida do café em teores que dependem da estabilidade desses compostos aos processos de degradação que ocorrem durante a torra, pois são facilmente solúveis em água quente (MOREIRA, 2000).

Figura 4. Molécula da Trigonelina

6 CAFÉ E ASSOCIAÇÃO COM DOENÇAS CRÔNICAS E NEURODEGENERATI-VAS

6.1 Café e Hipertensão

Dentre as substâncias presentes no café a cafeína é a que apresenta uma estreita relação negativa com a hipertensão arterial. Sua proporção varia de

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acordo com a preparação do café, onde em uma xícara de 150 ml de café in-fusão contém aproximadamente de 66 a 99mg de cafeína, no instantâneo 66 a 81mg, 48 a 86mg no fervido, de 58 a 76mg no expresso e de 1,3 a 1,7mg de cafeína no descafeinado (LIMA et al., 2010). Estando o consumo moderado normalmente descrito como a ingestão diária de aproximadamente 4mg de cafeína/dia, um consumo diário de quanti-dades elevadas de 15mg de cafeína/dia, tem associação com a elevação da pressão arterial por conter compostos (Cafestol, kahweol e cafeína), sendo prejudicial a quem sofre de hipertensão e doenças cardiovasculares (ALVES et al, 2009). A cafeína compete pelos receptores da adenosina devido a sua função estru-tural, essa competição resulta em estimulo no Sistema Nervoso Central (SNC), aumento do metabolismo e diurese e aumento agudo da PA. No sistema cardi-ovascular aumenta a resistência vascular periférica, vasoconstricção e produz aumento agudo do débito cardíaco (SUDANO et al., 2005).Os mecanismos pelos quais as metilxantinas como a cafeína agem na mus-culatura lisa, em especial a vascular podem ser explicados por ação inibitória sobre a enzima fosfodiesterase, acarretando a elevação de adenosina monos-fato cíclico e, consequentemente, inibindo a saída de cálcio do retículo sarco-plasmático levando a uma vasodilatação periférica; ativando o sistema nervoso simpático por bloqueio dos receptores de adenosina A1 em nível do sistema nervoso central, levando ao aumento da resistência vascular periférica e por bloqueio dos receptores de adenosina A2 que são vasodilatadores periféricos e centrais, resultando em vasoconstricção destes sítios (STANLER et al, 1997; CAVANCANTE et al, 2000). Diversos estudos experimentais e epidemiológicos randomizados, de meta-análises e estudos de coorte buscaram verificar a associação entre a cafeína e seus efeitos sobre a PA, tais estudos concluem por associação negativa, posi-tiva ou nenhuma associação como demonstra o Quadro 8. As variações entre os resultados podem ser explicados por alguns fatores associados além do con-sumo de café como o tabagismo (bebedores de café fumam mais), o estresse, o consumo de álcool, formas de preparo, tipo de café, frequência de ingestão da bebida, tolerância à cafeína, entre outros (LIMA et al.,2010).

AUTOR E ANO NÚMERO DE PARTICIPANTES E TIPO DE ESTUDO DOSE E MÉTODO DE PREPARO

CONCLUSÃO

Jee et al.,2001. 522 participantes. Meta-análise de 11 estudos randomizados.

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3 a 8 xícaras por dia de café fervido Maior efeito na PAS e PAD em jovens

Hartley et al., 2000. 182 homens. Estudo randomizado Refresco sem açúcar misturado com 3,3 mg / kg de cafeína ou cápsulas contendo cafeína (250 mg mais lactose) Elevação da PA em todos os grupos estudados, em especial o de hiperten-sos.

Wenkelmayer et al., 2005. 155.594 mulheres. Estudo de coorte prospectivo acompanhado por 12 anos

- Não houve associação entre o consumo de café com incidência de HAS. Apresentando uma curva e U: associação inversa entre cafeína e HAS.

Andersen et al., 2006. 41.836 mulheres. Estudo de coorte prospectivo acompanhado por morte atribuída a DVC e doença inflamatória 1- 3 copos de 237 ml Relação linear inversa de morte por doença in-flamatória e ingestão de café. Apresentando curva em U: associação inversa entre morte por DCV e ingestão de café.

Dusseldorp et al.,, 1991

33 homens e 31 mulheres 6 copos de café fervido ou filtrado Seis copos de café por dia, preparados com filtro não modificavam a PA, enquanto que, a mesma quantidade pre-parada ao estilo escandinavo aumentou a PA.Quadro 8. Estudos correlacionados ao consumo de café e efeitos na PA.

6.2 Café e colesterol sérico

O cafestol é responsável por 80% de elevação da Lipoproteína de Baixa Den-sidade LDL-c e 20% por elevação da Lipoproteína de Muito Baixa Densidade VLDL-c. Existem três mecanismos propostos que envolvem o cafestol como responsável por mais de 80% do efeito sobre os lipídeos séricos. (HIGDON, 2006).O mecanismo mais aceito para elevação das frações LDL-c e VLDL-c, pode ser

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explicado pelo efeito do cafestol sobre a proteína de ligação ao elemento de resposta a esteroides (SREBP - Sterol Regulatory Element Binding Protein). O cafestol atua inibindo a via da SREBP, que é fator de transcrição ligado a mem-branas, importante reguladora da biossíntese de colesterol em humanos, atu-ando no controle da transcrição dos genes da Hidroxi Metil Glutaril Coenzima A redutase (HMG-CoA redutase), Lipase Lipoproteica (LPL) e dos receptores de LDL (receptores B/E). A diminuição da atividade da SREBP pode resultar em diminuição da síntese do colesterol e do catabolismo de VLDL e em supressão da atividade do receptor B/E, aumentando assim o LDL e VLDL séricas (ROSS e KATAN, 1999).Outros possíveis efeitos do cafestol sobre a SREBP são a inibição da atividade da acil-CoA colesterol aciltransferase (ACAT; Acyl-coenzime A cholesterol acyl-transferase) no hepatócito, inibindo a esterificação do colesterol, disponibili-zando colesterol livre para a célula hepática; e, a inibição da atividade da en-zima colesterol 7 α-hidroxilase, reduzindo a conversão do colesterol em ácidos biliares. Quando a concentração de colesterol livre nos hepatócitos por estas duas vias é aumentada a atividade da SREBP é suprimida, resultando, na di-minuição da HMG-CoA redutase, LPL e supressão dos receptores B/E e, conse-quentemente, em elevação de VLDL-c e LDL-c. O mecanismo de atuação das SREBP envolve uma série de cascatas proteolíticas e separações estruturais (BROWN e GOLDSTEIN, 1997).Outro mecanismo que refere o papel hiperlipemiante do cafestol pode ser ex-plicado pelo aumento da atividade da proteína de transferência de ésteres de colesterol (Cholesterol Ester Transfer Protein - CETP) e da proteína de trans-ferência de fosfolipídios (Phospholipid Transfer Protein - PLTP), resultando em mudança na composição das lipoproteínas, principalmente o enriquecimento de LDL-c e VLDL-c com ésteres de colesterol, gerando aumento destas duas lipoproteínas e diminuição da lipoproteína de alta densidade (High Density Li-poprotein Cholesterol - HDL-c) circulantes (ROSS e KATAN, 1999).O último mecanismo é por antagonizar a ação do receptor ativado por prolif-eradores de peroxissomas (PPAR- Peroxisome Proliferator-Activated Receptor). Os PPAR (α, β e γ) constituem uma família de receptores com importantes fun-ções no metabolismo de gorduras, modulados por vários metabólitos e drogas, sendo o PPARα um receptor chave na β-oxidação de ácidos graxos nos perox-issomas, e o PPARγ envolvido na estocagem de ácidos graxos. Há indícios de que o cafestol inibe a transcrição de genes responsáveis pelas três isoformas destes receptores (SCHOONJANS et al., 1999).Alguns estudos clínicos e epidemiológicos realizados em humanos investiga-ram a associação entre a ingestão de café e dislipidemia, DAC e IAM. Os es-tudos convergem para um número de cinco ou mais xícaras de 150mL/dia e estão expostos no Quadro 9.

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DOSE E MODO DE PREPARO CONCLUSÕES

Costa et al.,2006. 60 pacientes com dislipidemia, acompanhados por 6 semanas. Estudo rand-omizado. Café filtrado, 250 mL água e 30g pó. O consumo de café entre 250 mL/dia filtrado em filtro de papel ou em coador de pano apresentou efeito protetor sobre a peroxidação lipídica e nenhum efeito sobre os lipídios séricos e as enzimas hepáticas.

Silletta et al.,2007 9.584 homens e 1.644 mulheres com IAM recente, acompanhados por até 3,5 anos. Estudo de coorte. Consumo de até 4 xícaras de café. Modo de preparo não relatado. O consumo de café não alterou a probabilidade de evento cardiovascular após IAM.

Sofi et al.,2007 Meta-análise de 13 estudos caso-controle(n=9.487 casos e 27.747 controles) e 10 estudosde coorte (n=403 631 indivíduos acompanhadospor 3 a 44 anos). Consumo de 3 a 4 e ≥4xic/dia. Modo de preparo não re-latado. Para os estudos caso-controle houve uma associação positiva entre consumo de café 3 a 4 e ≥4xic/dia e DCV.Para os estudos de coorte não se verificou associação entre consumo de café e DCV.

Baylin et al.,2006 503 indivíduos com história de IAM acompanhados por 4 anos.Estudo de coorte. Consumo ≥1xic/dia. Modo de preparo não relatado. Indivíduos que consomem ≥1xic/dia, sedentários ou com ≥3 FRCV para DAC são mais susceptíveis a ter IAM.

Lopez et al.,2006. 44 004 homens e 84 488 mulheres sem DCV, acompanhados por 16 e 20 anos.Estudo de coorte.

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(indicando uma melhoria da sensibilidade à insulina) sugerindo que outros con-stituintes do café, em alternativa à cafeína, deverão ser responsáveis por esses efeitos benéficos (BATTRAM et al, 2006).O efeito benéfico pelo qual o café atua no metabolismo da glicose é atribuído aos ácidos clorogênicos e seus produtos de degradação durante a torra, os quais atuam na redução da absorção de glicose no intestino, pela inibição da glicose-6-fosfato translocase 1; aumento dos níveis de peptídeo-1 semelhante ao glucagon; diminuição da oferta de glicose hepática (por inibição da glucose-6-fosfatase); efeito antioxidante, levando-se em consideração que o estresse oxidativo desempenha um papel importante no desenvolvimento de resistência à insulina e diabetes tipo II; ação quelante de metais, modificando a com-posição mineral dos tecidos e melhorando a tolerância à glicose; e inibição da formação de compostos N-nitrosos no trato gastrointestinal, que seriam tóxi-cos para as células beta do pâncreas (CERIELLO, 2004; SOTILLO e MADLEY, 2002; SALAZAR-MARTINEZ, 2004).

6.4 Café e Obesidade

Estudos experimentais e epidemiológicos sugerem que a cafeína pode facilitar a perda e a manutenção do peso corpóreo pelo aumento da termogênese, ox-idação de gordura e lipólise (ISO et al ., 2006; LOPEZ-GARCIA et al ., 2006). Porém, os mecanismos pelo qual a cafeína induz esses efeitos ainda não estão esclarecidos.Um estudo conduzido por Diepvens et al. (2007) encontrou um aumento dose-dependente na taxa metabólica basal em indivíduos saudáveis que tiveram um consumo moderado de cafeína. Os autores avaliaram o dispêndio de energia, pressão sanguínea, taxa cardíaca e concentração de substratos no plasma após a ingestão de cafeína e atribuíram o acréscimo no efeito térmico ao aumento da produção de lactato e triacilglicerol e elevação do tônus da musculatura lisa.Acompanhando indivíduos com sobrepeso/obesidade após 12 semanas de seguimento em experiência de tratamento para perda de peso com suplemen-tos contendo cafeína, obtiveram uma média adicional de perda de peso de 1,5 kg em comparação ao placebo. Entretanto nenhuma diferença foi observada quanto ao aumento da pressão sanguínea, pulso ou quaisquer eventos ad-versos (COFFEY et al ., 2004). Sugere-se ainda que a cafeína pode estimular a termogênese pelo aumento do turnover lipídico. Esse efeito da cafeína na mobilização lipídica poderia ser interpretado de dois modos: 1) a cafeína es-timula a atividade do sistema nervoso simpático, aumentando a liberação de catecolaminas e consequentemente a oxidação lipídica; 2) a cafeína age pela inibição do AMP cíclico, que em altas concentrações nos tecidos ativa a lipase, um hormônio sensível promovendo a lipólise (ACHESON et al ., 2004).Avaliou-se a ingestão de cafeína a longo prazo e as mudanças no peso corpo-ral. O aumento no consumo de café foi inversamente associado com o ganho de peso nas mulheres, mas não tão claramente nos homens. Para o consumo de café descafeinado também foi encontrado um menor ganho de peso suger-

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Consumo de 1 a ≥ 6 xícaras / dia. Modo de preparo não relatado. Não houve evidências de que o consumo de café aumenta o risco de DCV

Panagiotakos et al.,2003. 884 indivíduos com história de IAM e 1 078 controlesEstudo caso-controle. Consumo de < 300 ml /dia a > 600 ml/dia. Modo de preparo não relatado.

O consumo moderado de> 300 ml/dia foi benéfico e o consumo de uma quantidade > 600 ml/dia au-mentou o risco de IAM.

IAM: infarto agudo do miocárdio; FRCV: fatores de risco cardiovascular; DAC: doença arterial coronariana; DCV: doença cardiovascular.Quadro 9 . Estudos relacionando ingestão de café e dislipidemias, ateroscle-rose, IAM e DAC.

Outros estudos se concentram nos métodos de preparação do café para demonstrar que os diterpenos contidos no café fervido seriam os responsáveis por elevar significativamente o colesterol e o LDL-colesterol de uma maneira dose dependente, e que tomar o café filtrado evitaria efeitos adversos a saúde cardiovascular (SPEER e KOLLING-SPEER, 2006).Após estudos com diferentes formas de preparo do café concluiu-se que o café filtrado ou coado não altera os níveis de colesterol no sangue, mas, em proces-sos de preparo sem filtragem, há um discreto aumento. O consumo moderado de café diminui a oxidação do LDL que causa inflamação nas artérias, desen-cadeando a doença coronariana (PERIM, 2011).Estudo realizado na Finlândia, num período de 25 anos, constatou uma redução de 40% na taxa de colesterol, fato que foi atribuído à mudança para o hábito de ingerir café filtrado ao invés de café fervido. A mudança provocou redução de 7% em doenças cardiovasculares. Os autores constataram que para cada 10mg de cafestol ingeridos por dia, ocorre acréscimo do colesterol sérico em 5mg/dL ou 0,13mmol/L (RATNAYAKE et al.,2000).

6.3 Café e diabetes tipo 2 A maioria dos estudos realizados indica que indivíduos que consomem de 6 a 7 xícaras de café por dia parecem estar sujeitos a um risco significativamente menor de desenvolver diabetes tipo 2, quando comparados com indivíduos que consomem 2 xícaras ou menos. Esse fato inclui também o consumo de café descafeinado onde se observa menores concentrações do peptídeo C em jejum

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indo que esse efeito do café também pode ser devido a outros componentes além da cafeína (LOPEZ-GARCIA et al ., 2006). Os mesmos autores citam que a administração de pequenas quantidades de cafeína (aproximadamente 100 mg) pode aumentar a taxa metabólica de repouso em 3-4% pela melhora na termogênese induzida pela dieta em bebedores não habituais de café.Suplementos contendo cafeína e efedrina tem sido amplamente utilizados como perspectiva terapêutica teórica no tratamento da obesidade pela ação sinérgica desses agentes quando combinados (DIEPVENS et al ., 2007). A potente inter-ação entre efedrina e cafeína no aumento da termogênese e na perda de peso tem sido confirmada em estudos com humanos. Entretanto devido aos efei-tos cardíacos adversos, a venda de suplementos contendo efedrina é proibida (HALLER et al ., 2005).A cafeína parece ser um agente termogênico seguro para o controle de peso em adultos. Doses letais de cafeína são estimadas em 5-10 mg/dia o que equivale 75 xícaras de café, 125 de chá ou 200 latas de refrigerantes. Entretanto, os estudos ainda não incluem o uso da cafeína como estratégia no tratamento da perda de peso (DIEPVENS et al ., 2007).

6.5 Café e Parkinson

A doença de Parkinson é a segunda causa mais comum de distúrbio neuro-degenerativo, afetando de 1 á 3% dos indivíduos acima de 65 anos de idade. É uma das causas mais significantes de morbidade e procura por serviços de saúde nessa população (ROSS et al, 2001). As estatísticas disponíveis revelam que a prevalência da doença de Parkinson está fortemente associada com o avanço da idade e ligeiramente ligada ao sexo masculino, porém a etiologia da doença permanece desconhecida (EVANS et al., 2006).Os distúrbios neuropatológicos presentes na doença de Parkinson envolvem a perda de neurônios dopaminérgicos na substância negra com subsequente depleção nos níveis de dopamina no estriado. O resultado dessa perda severa de dopamina está associado aos distúrbios motores debilitantes associados ao parkinsonismo (JOGHATAIE et al ., 2004).Vários estudos epidemiológicos prospectivos e retrospectivos têm demonstra-do uma relação inversa entre o consumo de café e cafeína e o risco de desen-volver a doença de Parkinson (ROSS et al ., 2000; ROSS et al, 2001; LOUIS et al ., 2003; ASCHERIO et al ., 2004; EVANS et al ., 2006).Em 2000, Ross et al. apresentaram uma inversa associação entre consumo de café e risco de desenvolver a doença de Parkinson em 30 anos de seguimento de 8.004 homens japoneses-americanos inscritos no Honolulu Heart Program, um estudo longitudinal sobre envelhecimento e distúrbios neurodegenerativos. Nesse estudo, após o ajuste para idade e tabagismo, o risco para doença de Parkinson foi cinco vezes maior entre homens que referiram não consumir café do que entre aqueles que informaram uma ingestão diária de, aproximada-mente, 800 ml de café ou 7 xícaras pequenas. Os homens que consumiam chá ou outras bebidas contendo cafeína tiveram uma redução no risco de incidência

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da doença quando comparados com homens que não consumiam bebidas ca-feinadas regularmente (<1 xícara/dia). Uma relação ainda mais forte foi verificada ao comparar homens que consum-iam uma xícara ou menos de café por dia com aqueles que não consumiam cafeína, sendo observada uma redução de 50% no risco de desenvolvimento da doença de Parkinson. Para as mulheres não foi observada uma dose res-posta padrão e uma ingestão moderada de cafeína foi associada a um menor risco de doença de Parkinson. Não foi encontrada nenhuma relação para o café descafeinado, o que sugere que a cafeína pode ser o componente responsável por esse efeito protetor (ASCHERIO et al ., 2001).Evans et al. (2006) verificaram a relação entre a doença de Parkinson e a sensação impulsiva de busca por cigarro, álcool e ingestão de cafeína. Esses autores encontraram uma relação positiva entre uma baixa sensação impul-siva de busca e doença de Parkinson, ou seja, os pacientes mais propensos a desenvolver a doença de Parkinson seriam insensíveis aos prazeres da vida, socialmente afastados, menos agressivos e não inclinados a correr riscos. Nesse caso, as pessoas que desenvolveriam a doença de Parkinson seriam fi-siologicamente intolerantes a cafeína ou seria menos provável que sentissem a necessidade do tipo de estimulação fornecida pelo tabaco e pelo café (MARTIN e GALE, 2003).Os achados de um estudo prospectivo sugerem que a cafeína é associada com um reduzido risco para doença de Parkinson entre mulheres na pós-menopau-sa que nunca realizaram terapia de reposição hormonal e que aumentaria o risco entre as mulheres que usam estrógeno (ASCHERIO, 2003).A existência de uma interação entre cafeína e estrógeno na modulação do risco para a doença de Parkinson poderia fornecer nova pistas nos possíveis mecan-ismos de ação. Pesquisas recentes, utilizando modelos animais de parkinsonis-mo têm fornecido suporte para os possíveis efeitos sintomáticos e neuroprote-tor da cafeína, e tem apresentado plausíveis mecanismos biológicos para esses efeitos. Os resultados foram atribuídos à ação da cafeína como bloqueadora dos receptores de adenosina no estriado, pois a adenosina reduz a neurotrans-missão dopaminérgica por meio de uma interação antagonista entre os recep-tores, produzindo uma diminuição da atividade locomotora (JOGHATAIE et al ., 2004; AGUIAR et al ., 2006; KALDA et al., 2006).

6.6 Café e Alzheimer

Independentemente de outros fatores alguns estudos epidemiológicos apon-tam que o consumo de café/cafeína possui um efeito neuroprotetor em relação ao desenvolvimento de Alzheimer. Entretanto, o mecanismo responsável por essa proteção não se encontra totalmente esclarecido. Um estudo realizado com culturas de células nervosas animais sugere que o antagonismo dos recep-tores A2A da adenosina protege as células nervosas contra a neurotoxicidade induzida pela proteína β-amilóide. Em outro estudo a ingestão diária, por rat-inhos, de 1,5 mg de cafe¬ína (quantidade equivalente a um consumo humano

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diário de 500 mg), causou uma diminuição na produção dos níveis de proteína β-amilóide, protegendo a capacidade cognitiva dos animais (ARENDASH et al., 2006; LINDSAY et al., 2002; MAIA, 2002; DALL’LGNA, 2003) Alguns autores relatam que o aumento do stress oxidativo no cérebro tem um papel muito importante do desenvolvimento desta doença e além da cafeína, os ácidos clorogénicos presentes no café possuem ação antioxidante reduzindo o stress oxidativo celular, através da neutralização de radicais livres (FELIPE et al., 2005). O consumo de cafeína em doses moderadas (200 a 300 mg/dia ) aumenta a concentração, aumenta o estado de alerta, produz um maior rendimento físico e mental melhora as funções cognitivas e está relacionado a prevenção da Doença de Alzheimer (FELIPE et al., 2005).

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O consumo de café é amplamente distribuído entre as regiões brasileiras, onde as regiões Sul e Sudeste apresentam um maior percentual com um total de 99%, e a região Nordeste apenas 87%. A diferença visível a nível percentual também é perceptível em sua forma de preparo. Segundo os estudos supraci-tados prevalecem o café coado/filtrado, diante dos vários métodos utilizados, tal fato influência diretamente nos resultados das pesquisas.Apesar de existirem vários estudos a nível epidemiológico, metabólico e quími-cos referentes à atuação do café sobre a saúde humana os resultados são conflitantes e inconclusivos. A comparação entre as diversidades estudadas é de difícil realização uma vez que existem variáveis que afetam a biodisponibilidade dos compostos químicos como a espécie de café utilizada, grau de torra e moagem e método de pre-paração, além da quantidade ingerida e não há padronização dessas variáveis entre os estudos.Aliado a este fator o café apresenta substâncias com efeitos antagônicos, possuindo em sua composição ácidos clorogênicos com propriedades antioxi-dantes, cafestol e cafeína com potencial para a elevação do colesterol sérico e aumento agudo da pressão arterial sistêmica respectivamente.No entanto, algumas linhas de investigação recentes apontam para um efeito benéfico do café ao desenvolvimento de doenças entre as quais: diabetes tipo II, obesidade, Doença de Parkinson e Alzheimer.Em virtude desses fatores, são necessários mais estudos epidemiológicos, ex-perimentais e clínicos para uma determinação correta dos efeitos que preva-lecem em diferentes contextos.

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