Extra Pauta Ed. 59

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Dirigente sindical é reintegrada PÁGINA 5 Campanha Salarial tem primeira reunião PÁGINA 3 Ação sindical Ação sindical Jornal do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná - Nº 59 - maio/junho/julho - ISSN 1517-0217 [email protected] http://www.sindijorpr.org.br Sindicatos do Sul iniciam ação conjunta PÁGINA 6 Fenaj Sul Sangue Novo Novos talentos recebem prêmios PÁGINAS 8 e 9 A responsabilidade pessoal do jornalista Elton Damásio CORREIOS IMPRESSO ESPECIAL 3600137940-DR/PR SIND. DOS JORNALISTAS Everson Bressan “O jornalista, no exercício da sua profissão, tem uma responsabilidade diferenciada, que não é a responsabilidade da empresa. Faz escolhas que dependem exclusivamente dele, não da empresa, nem do governo, nem da legislação. No seu cotidiano, ele depara o tempo todo com questões como o que fazer e o que não fazer, o que publicar e o que não publicar, o que destacar e o que não destacar. Com isso influencia os rumos da sociedade.” Palavras de Washington Novaes, em entrevista publicada nesta edição. PÁGINAS 12 e 13 Created by PDF Generator (http://www.alientools.com/), to remove this mark, please buy the software.

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Maio/Junho/Julho - 2002

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Dirigente sindicalé reintegrada

PÁGINA 5

Campanha Salarialtem primeira

reuniãoPÁGINA 3

Ação sindical

Ação sindical

Jornal do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná - Nº 59 - maio/junho/julho - ISSN 1517-0217s i n d i j o r @ s i n d i j o r p r . o r g . b r

h t t p : / / w w w . s i n d i j o r p r . o r g . b r

Sindicatosdo Sul iniciamação conjunta

PÁGINA 6

Fenaj Sul

Sangue Novo

Novos talentosrecebem prêmios

PÁGINAS 8 e 9

A responsabilidadepessoal do jornalista

Elton Damásio

CORREIOSIMPRESSO ESPECIAL3600137940-DR/PR

SIND. DOS JORNALISTAS

Everson Bressan

“O jornalista, noexercício da suaprofissão, tem umaresponsabilidadediferenciada, que não é aresponsabilidade daempresa. Faz escolhasque dependemexclusivamente dele, nãoda empresa, nem dogoverno, nem dalegislação. No seucotidiano, ele depara otempo todo comquestões como o quefazer e o que não fazer, oque publicar e o que nãopublicar, o que destacare o que não destacar.Com isso influencia osrumos da sociedade.”Palavras de WashingtonNovaes, em entrevistapublicada nesta edição.

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2 - E X T R A P A U T A - J o r n a l d o S i n d i c a t o d o s J o r n a l i s t a s P r o f i s s i o n a i s d o P a r a n á - nº 5 9 - m a i o / j u n h o / j u l h o - 2 0 0 2

editorial

Extra Pauta é órgão de divulgação oficial da gestãoExtra Pauta, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais

do Paraná. Endereço: Rua José Loureiro, 211,Curitiba/Paraná. CEP 80010-140. Fone/Fax (041)

224-9296. E-mail: [email protected]

Jornalista ResponsávelMário Messagi Júnior

Reg. prof. 2963/11/101z

exp

edie

nte Reda ção

Casemiro [email protected]

Colabo raram nesta ed içãoAlexandre Palmar, Marcelo Lima, Rogério Galindo, Silvio Rauth

Filho, Cida Mondini, Rosane Henn e Flávio PedronFo togra f ias

Everson Bressan, Elton Damásio, Silvio Rauth Filho, JulianaBiancato, Dennis Ferreira Netto, Hedeson Silva, Robson Meireles

I lu s t raçõesSimon Taylor

Ed ição Gráf i caLeandro Taques

T i ra gem3.000 exemplares

As matérias deste jornal podem serreproduzidas, desde que citada a fonte. Não são

de responsabilidade deste jornal os artigos deopinião e as opiniões emitidas em entrevistas,por não representarem, necessariamente, a

opinião de sua diretoria.

Uma relação nada honestaEm agosto, o Sindicato dos Jorna-

listas lançou uma pesquisa sobre apostura dos meios de comunica-

ção em relação às eleições para governa-dor no Paraná. O resultado foi óbvio. Amaioria absoluta (59%) votou na opçãoque afirma que a cobertura da imprensaregional é “vergonhosa, ditada pelos in-teresses comerciais e políticos dos pro-prietários dos meios de comunicação”.Para 36%, é parcial, com levefavorecimento para alguns candidatos.Só 5% acreditam na imparcialidade des-

Já em recuo em 2001, o mercado dapublicidade continua o seu recesso ten-do como pano de fundo a crise de con-fiança dos consumidores nos EstadosUnidos e das incertezas em relação aocrescimento. No Brasil, que sofre a in-fluência dos Estados Unidos, mercadodominante, e com o pânico nos merca-dos financeiros que vêm ocorrendo desdeo mês de junho, a situação não deve serdiferente.

A publicidade nos países mais indus-trializados está atravessando um segun-do ano difícil, segundo o jornal francêsLe Monde. Num folheto de apresenta-ção, o grupo norte-americano de comu-nicação Omnicom lembrava recentemen-te que “2001 foi o pior ano na publicida-de e no marketing desde 1938”.

Porém, 2002 pode ser pior ainda, afir-ma o jornal francês. Agências, anuncian-tes e analistas devem reconhecer: a crisedo mercado publicitário que começou nosegundo trimestre de 2001 pode se pro-longar ao longo deste ano em todo o mun-do. Um leve aumento dos investimentosno final do ano de 2001, que levou a acre-ditar algum tempo que uma reativaçãorápida era possível, logo mostrou que nãotinha consistência.

Segundo previsões da ZenithOptimedia, quinta central de compra namídia mundial com 17,1 bilhões de dó-lares (cerca de R$ 51 bilhões) aplicados

ses veículos.Justamente por apontar para um re-

sultado óbvio, muitas pessoas questio-naram a iniciativa do Sindicato: “por quefazer uma pesquisa cujo resultado já sa-bemos?” É verdade. Nós, jornalistas, co-nhecemos essa realidade. Mas não é porisso que devemos aceitá-la como nor-mal. É preciso ter consciência de queessa relação promíscua de empresárioscom grupos políticos é uma grande ame-aça à democracia. Afinal, o poder dosmeios de comunicação é incontestável

e, estando a serviço de uma minoria,pode causar danos para a maioria. Mui-tos são os exemplos dessas tragédias,mas citar a eleição de Fernando Collor ésuficiente.

Os danos, porém, não param por aí.A pressão patronal que leva ao desres-peito à ética do jornalismo, em favordos lucros e das negociatas políticas,também representa um ataque humi-lhante à dignidade profissional dos jor-nalistas. Afinal, para a população,transparece a idéia de que os culpados

por essa deturpação são os profissio-nais, e não os proprietários.

É por essas razões, e por muitas ou-tras, que os jornalistas precisam denun-ciar o jogo nada honesto feito por donosde meios de comunicação e seus amigospolíticos. O jornal do Sindicato semprefoi o canal para esse assunto. Mas não éo suficiente. É necessário levar esse pro-testo para todos os segmentos da socie-dade. Faça sua parte. Denuncie.

Veja o resultado da pesquisa nowww.sindijorpr.org.br

publicidade

Publicidade cai ainda mais em 2002nos meios de comunicação em 2001, osinvestimentos na mídia devem atingir, em2002, 302 bilhões de dólares, ou seja,uma diminuição de 0,5% em relação a2001 (aproximadamente 910,9 milhõesde reais) e mais de 4% em relação a 2000(cerca de R$ 946,8 milhões). Todos osprincipais mercados publicitários devemconhecer um recuo dos investimentosna mídia, em 2002.

Com U$ 138,68 milhões, a Américado Norte absorve perto da metade dosinvestimentos (45,92% dos gastos mun-diais), bem à frente da Europa (23,66%,com U$71,48 milhões) e da Ásia-Pací-fico (21,24%, com U$64,13 ). Os ou-tros mercados, como a América Lati-na, nem sequer são mencionados pelaZenith Optimedia, porque ficam bematrás.

Pulmões do mercado mundial, osEstados Unidos teriam assim seus in-vestimentos em retrocesso de 1,2%,queda que pode ser compensada pelosinvestimentos fora da mídia (marketingdireto e publicidade nos locais de ven-da). Na Europa, o Reino Unido (-1,3%)e a França (-1%) atravessam um re-cuo semelhante ao dos Estados Uni-dos. Só a Alemanha, principal merca-do europeu, vive um leve crescimentona sua economia. Na Ásia, a má saúdedo mercado japonês (-2,9% previstospara 2002) se opõe fortemente ao dina-

mismo dos mercados emergentes comoa China (+9,8% projetados).

A televisão continua sendo, segun-do as estimativas da ZenithOptimedia,a mídia preferida pelos anunciantes(U$116,64 bilhões , 39,4%), à frentedos jornais (U$93,74 bilhões, 31,7%) edas revistas (12,2%, U$36,14 bilhões),do rádio (U$28,21 bilhões, 9,5%) e dooutdoor (U$17,68 bilhões, 6%).

Segundo os resultados semestraispublicados nas últimas semanas pelosgrupos publicitários, enquanto em 2001,num mercado mundial em recuo de cer-ca de 4%, um bom número de grandesgrupos tiveram um crescimento positi-vo no ano (Omnicom, Publicis, Dentsu,Havas), raros são aqueles que apresen-tam resultados favoráveis em meadosde 2002.

“Os clientes de publicidade estão emsituação de expectativa, com pouca vi-sibilidade do seu mercado”, explica opresidente de uma central de mídia fran-cesa. “Mas não estamos em situação derecessão econômica. O consumo, porexemplo, continua alto”, temperaStéphane Martin, diretor do SindicatoNacional de Publicidade na Televisão daFrança.

A timidez dos investimentos é apenaseconômica e ocorre num contexto muitoafetado psicologicamente, segundo osespecialistas. Os escândalos de manipu-

lação das contas de empresas gigantes-cas como a Enron e a Worldcom, ocorri-dos no momento em que a máquina pare-cia reengrenar, tiveram influência nestacrise de confiança dos anunciantes. E,indiretamente, na baixa dos investimen-tos. Esse temor é alimentado, também,pelos sobressaltos diários de Wall Streete pela impressão de grande volatilidadedo mercado. “É basicamente uma crisede confiança no sistema, não na eficáciada publicidade”, explica um especialista.

A maioria dos donos de grandesgrupos de comunicação acham pos-sível um retorno ao crescimento em2003, e até em 2004, mas não an-tes. Uma opinião compartilhada pe-los analistas financeiros que, doFortis Bank à Merrill Lynch, pen-sam que o mercado declinará em2002 e terá um crescimento limita-do em 2003. “A publicidade funci-ona por c ic los” , exp l ica A damSmith na Zenith Optimedia, e acres-centa que é impossível saber o fimdeste período de crise, pois “a si-tuação a tua l é economicamenteatípica. Há uma dicotomia entre umademanda dos consumidores quecontinua firme e empresas que ob-têm lucros baixos. Acredito que ca-minhamos para um longo período depequenos ajustes“, isto é, de expec-tativa.

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ação sindical

Campanha Salarial tem primeirareunião após entrega da pauta

Os Sindicatos dos JornalistasProfissionais do Paraná e deLondrina e os representan-

tes dos sindicatos patronais realiza-ram no dia 21 de agosto reunião denegociações da Campanha Salarial2002/2003. Foi a primeira após a en-trega da pauta de reivindicações dosjornalistas aos patrões. A negociaçãoentre as partes, porém, vem sendorealizada desde abril.

O ponto positivo da reunião foique, ao contrário dos anos anterio-res, os Sindicatos das Empresas Pro-prietárias de Jornais e Revistas e dasEmpresas de Rádio e Televisão sina-lizaram que não pretendem excluirnenhum direito dos jornalistas. O ladonegativo foi que os representantesdos sindicatos patronais disseram queneste ano não será possível dar o re-ajuste integral e imediato da inflação,

que segundo estimativa do Departa-mento Intersindical de Economia eEstatística (Dieese) completará 9% emoutubro, data-base da categoria. A in-tenção patronal é, no reajuste, daruma parte desses 9% e complemen-tar a outra parte com benefícios,como a Participação nos Lucros e Re-sultados (PLR).

Na primeira reunião de negociaçãotambém foram debatidas questões re-lativas a incentivos à formação. Os re-presentantes patronais se mostraramacessíveis à discus-são de um auxíliodas empresas aosjornalistas que pre-tendem fazer cursosde pós-graduaçãoou aperfeiçoamentoe à fixação de ummínimo de horas

que cada empresa deverá destinar aotreinamento de seus funcionários. Nareunião não se falou em números nemfoi feita nenhuma proposta concreta.

Pauta de reivindicaçõesA pauta de reivindicações que os Sin-

dicatos dos Jornalistas do Paraná e deLondrina encaminharam aos sindicatospatronais inclui, pela primeira vez, a rei-vindicação de um comissionamento de30% para subeditor. Hoje o benefíciosó é previsto para editores e demais

cargos de chefia.Outra novidade é apossibilidade de asempresas substituí-rem o anuênio porum plano de cargose salários que sejaaprovado pelo sindi-cato e que garanta

critérios de ascensão por tempo e pormérito.

Temas discutidos nas negociaçõesentre os sindicatos de jornalistas e osindicato patronal, de abril até julho,serviram como base para algumas cláu-sulas. Um exemplo são as reivindicaçõespara incentivar a formação profissio-nal, como liberação de 20 horas/anopara o jornalista participar de eventosda área, auxílio educação de 80% damensalidade do curso e adicional de10% para especialistas, 20% para mes-tres e 30% para doutores.

Cláusulas de direito autoral, tematambém debatido nas negociações, fo-ram incluídas na pauta. Uma delas pre-vê que 50% do dinheiro arrecadadona venda de material jornalístico sejadestinado ao autor, estabelecendo tam-bém um valor mínimo para esse pa-gamento.

Sindicatos promovem seminário sobre PLRA Participação nos Lucros e Resulta-

dos (PLR) é boa para os trabalhadores,desde que não seja adotada para substi-tuir a produtividade ou parte dos salári-os. Estas posições foram defendidas peloeconomista Cid Cordeiro, do Departa-mento Intersindical de Economia e Es-tatística (Dieese), e pelo advogado doSindicato dos Jornalistas Profissionais doParaná, Sidnei Machado, no semináriosobre o tema que os Sindicatos dos Jor-nalistas do Paraná e de Londrina e o Sin-dicato das Empresas Proprietárias deJornais e Revistas do Paraná realizaramno dia 17 de julho no Senac, em Curitiba.

O seminário foi aberto com a expla-nação do representante do sindicato pa-tronal, advogado Carlos Roberto RibasSantiago. Ele disse que a PLR visa aintegração entre o capital e o trabalho.“Os trabalhadores passam a entendermelhor a empresa quando participam deseus lucros e resultados”, afirmou. Se-gundo ele, condições fundamentais paraa sua implantação numa empresa sãoregras claras e a periodicidade. De acor-do com a lei, ela não pode ser inferior aum semestre nem ser adotada mais deduas vezes por ano.

Para o advogado do Sindicato dosJornalistas Profissionais do Paraná, Sid-nei Machado, a PLR é um velho sonhodos trabalhadores. Com a Constituiçãode 1988, ela passou a ser um direito so-

cial. Embora esteja na Constituição des-de 1946, só foi regulamentada em 1994,no governo Itamar Franco, por umamedida provisória, pondo fim às políti-cas salariais. Segundo ele, a PLR nãopode substituir a remuneração. “As em-presas praticam fraude quando dão par-ticipação para substituir os salários”, des-tacou.

Cid Cordeiro, do Dieese, ressaltou quea PLR é mais um elemento na negocia-ção coletiva e é adotada principalmentepelas grandes empresas. Ele observouque hoje a PLR está substituindo a pro-dutividade, “o que é muito ruim”. Se-gundo ele, a PLR é um complemento, enão substitui a produtividade. Havendoa substituição, o trabalhador sai perden-do a longo prazo.

O economista do Dieese também afir-mou que, no meio do caminho, houvedesvios na implantação da PLR e umdesvirtuamento do seu conceito inicial.Segundo ele, as empresas não devem,com a PLR, olhar apenas a qualidade doproduto, mas também a qualidade doambiente e das condições de trabalho.Cid Cordeiro concluiu sua explanaçãodizendo que, ”como no Brasil os salári-os são muito baixos, é preciso tomarcuidado com a adoção da PLR”. A suaimplantação deve sempre visar a melhoriada remuneração do trabalhador.

Em seguida, o diretor de recursoshumanos da Volvo, Edmar Gualberto,discorreu sobre a experiência de partici-pação dos empregados nos lucros e re-sultados de sua empresa. Ele disse que a

Volvo vem aprimorando o sistema como passar dos anos e que as metas têmque ser muito claras para o trabalhador.“A PLR tem que estar inserida na reali-dade de cada empresa, pois cada umadelas tem os seus aspectos específicos”,observou.

Antes, havia na Volvo uma PLR igualpara todos os funcionários. Hoje, ela éaplicada de acordo com os resultados decada área. As metas são estabelecidasno início do ano e discutidas entre aschefias e os funcionários. SegundoEdmar Gualberto, os funcionários rece-bem a PLR em três planos: segundo oresultado geral da empresa, segundo osindicadores próprios de cada setor e deacordo com a performance individual.Existe no salário uma parte fixa e outraflexível.

René Lopes, diretor de recursos hu-manos da Bosch, encerrou o semináriodizendo que sua empresa trabalha comindicadores gerais, como acidentes, fal-ta coletiva ao trabalho, defeito interno,defeito externo, grau de eficiência e qua-lidade. “É enfocada mais a questão daprodução”, destacou.

No debate com os conferencistas,jornalistas presentes ao seminário ressal-taram que é difícil estabelecer medidaspara avaliar o trabalho numa empresa decomunicação, como ocorre em toda aárea de ciências humanas.

Da esquerda para a direita, Cid Cordeiro, René Lopes, Carlos RobertoSantiago, Sidnei Machado, Sônia Maria Barcellos Siqueira e Edmar Gualberto

Principais reivindicações• reajuste de 9%

• aumento real de 5%a título de produtividade

• vale-refeição• comissionamentode 40% para editor

Elton Damásio

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ação sindical

Os jornalistas da sucursal daGazeta Mercantil do Paranáainda não receberam os sa-

lários de julho e os de junho forampagos com cinco dias de atraso. Osadiantamentos de salário de junho,que normalmente são pagos no dia20, vieram com dez dias de atraso.Além disso, os funcionários da Ga-zeta Mercantil não receberam os va-les-refeição nem em julho nem emagosto.

Nos úl timos meses, a GazetaMercantil está fazendo um paga-mento escalonado por faixa salari-al: os salários menores são pagosantes, e os maio res depois . “Osatrasos estão complicando a vidatanto dos jornalistas que permane-ceram na empresa após as demis-sões de outubro do ano passado

Gazeta Mercantil do Paranávolta a atrasar salários

como dos que entraram depois, etêm dívidas a pagar”, queixa-se umdos repórteres. “E o pior é que nãoexiste por parte da empresa nenhu-ma promessa de que a situação sejaresolvida.”

Os jornalistas mais antigos dasucursal da GZM são os que se en-contram em situação mais delica-da, pois, totalizando o que têm areceber, estão com quatro saláriosatrasados. Ainda não receberam osalário de outubro, o 13o, e de no-vembro até março deste ano rece-beram apenas meio salário. Quemtirou férias neste período tambémnão recebeu integralmente. No anopassado, a direção da empresa ha-via prometido que a dívida com osjornalistas mais antigos da sucur-sal seria paga parceladamente, até

a sua quitação, mas isso não ocor-reu.

O Sindicato está acompanhando ocaso e vai tomar as medidas necessáriaspara garantir os direitos dos jornalistas.

Sai Thompson-FloresOs atrasos de salários também

estão ocorrendo na sede do jo r-na l, em São Paulo . E les co inc i-d e m c o m a s a í d a d e S é r g i oThompson-Flo res da presidênc iada GZM, no dia 9 de agosto, quevo l t a p a r a a s m ã o s d e L u i zFernando L evy. Em comunicadoque enviou por e-mail aos funci-onários do jornal, publicado peloportal Comunique-se , o execut i-vo diz que agora o diário entra emno va f a s e . E l e a f i r m a q u e areestrutu ração operaciona l conti-

nu a s e nd o i m p l e m e nt a d a p e l aWo r l d I nv e s t , d o p r ó p r i oThompson-Flores, e terá fim com“a entrada de novos sócios e, comes tes , dos recursos necessá r iospara adequar a es trutura financei-r a d a e m p r e s a ” . A l é m d oFinancia l Times , a Gazeta esta-ria negoc iando soc iedade com adireção do Estado de S. Pau lo .

Para Fred Ghedini, presidentedo Sindicato dos Jornalistas Pro-fissionais no Estado de São Pau-lo, com T hompson-F lo res haviaperspectiva de recolocar a empre-sa em boas condições financeiras.Ele diz estar temeroso com a novasituação, pois o mercado publici-tário anda mal e os problemas an-teriores com demissões e atrasosde salários não foram resolvidos.

Gazeta do Povo desrespeita jornalistase falta a audiência no Ministério Público

A Editora Gazeta do Povo Ltda. fal-tou dia 20 de maio à audiência no Minis-tério Público do Trabalho (MPT), emCuritiba, para esclarecer a inexistênciade cartão-ponto para os jornalistas da em-presa. A atitude representa um desres-peito grave ao MPT, aos funcionários en-volvidos na questão e ao Sindicato dosJornalistas Profissionais do Paraná.

A audiência faz parte do Procedimen-to Investigatório - PI 181/01, instauradodepois de ter sido apresentada denúnciapelo Sindicato. A atitude vergonhosa daempresa vem sendo repetida desde o co-meço do caso, há mais de dois anos, quan-do jornalistas solicitaram a implantação docartão-ponto. A Gazeta do Povo semprese negou a negociar e faltou a todas asreuniões e audiências marcadas até hoje.

O assunto também foi discutido emassembléias da categoria. Em uma de-las, em 2000, a maioria absoluta dos jor-nalistas da empresa aprovou, em vota-ção, a reivindicação para a adoção decartão-ponto. A ata da assembléia cons-ta entre os documentos do PI 181/01.

SoluçãoO MPT deve convocar nova audiên-

cia para discutir o caso. Se a questãonão for resolvida, o Sindicato adotaráoutros meios para impedir o abuso co-metido pela Gazeta do Povo.

A Consolidação das Leis do Traba-lho (CLT) é clara no seu artigo 74. Qual-quer empresa com mais de dez empre-gados é obrigada a manter registro dejornada de trabalho dos funcionários.Mesmo assim, a Gazeta do Povo sente-se no direito de jogar a legislação no lixo

Empresa lucra ao explorar e abusar dos funcionáriose criar regras próprias.

O objetivo da empresa, ao des-respeitar a lei, é aumentar o lucro.Sem o cartão-ponto, os jornalistassão fac ilmente explorados pelaschefias. Trabalham muito além dajornada de cinco horas. Muitas ve-

zes, a jornada chega a dez ou atédoze horas. E, o que é pior, não re-cebem uma hora-extra sequer. Essarealidade foi relatada ao MinistérioPúblico do Trabalho e ficou regis-trada na ata da audiência de 20 demaio.

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ação sindical

Justiça do Trabalho obriga Folha deLondrina a reintegrar dirigente sindicalPor determinação do juiz James

Josef Szpatowski, da 13a Vara doTrabalho de Curitiba, a Folha de

Londrina foi obrigada a reintegrar no dia25 de julho a jornalista Rosane Henn, se-cretária-geral do Sindicato dos Jornalis-tas Profissionais do Paraná. No manda-do de reintegração, o juiz também de-terminou que a jornalista voltasse a fa-zer parte da redação da empresa nas mes-mas condições vigentes antes da resci-são contratual.

Rosane foi demitida pela Folha deLondrina no dia 1o de julho. Como diri-gente sindical, a jornalista tem estabili-dade, conforme determinam a Consti-tuição Federal e a legislação trabalhistaem vigor. Em reunião realizada na Dele-gacia Regional do Trabalho (DRT) no

Rosane Henn(à esquerda),

acompanhadapela oficial deJustiça e pelo

diretor-executivodo Sindicato,Silvio Rauth

Filho, chega àFolha para serreintegrada na

redação

Sindicatos repudiam demissão da jornalistaNo período em que Rosane Henn

permaneceu fora da redação da Folhade Londrina, o Sindicato de Jornalis-tas Profissionais do Paraná e a jorna-lista receberam diversas manifesta-ções de sindicatos e outras entidadesrepudiando a ação do jo rnalparanaense. O Sindicato dos Enge-nheiros do Paraná, através do presi-dente Rasca Rodrigues, manifestou aindignação da diretoria da entidadediante da afronta à legislação traba-lhista e à Constituição Federal, do cer-ceamento à atividade sindical e da ar-bitrariedade. O médico Murilo RubensSchaefer, presidente em exercício doSindicato dos Médicos do Paraná,anunciou “apoio total” ao Sindicatodos Jornalistas nas medidas tomadasem favor da jornalista dispensada.

último dia 23, em que devia explicar osmotivos da demissão, o representante daFolha afirmou que a empresa não pre-tendia rever a dispensa de Rosane Henne não apresentou uma justificativa paraa atitude do jornal.

“Os dirigentes da Folha de Londrinaenvergonharam o Paraná com uma ati-tude arbitrária, antidemocrática e irres-ponsável”, criticou Mário Messafi Júnior,presidente do Sindicato dos JornalistasProfissionais do Paraná. “Mas a Justiçafez valer a Constituição e garantiu umdireito incontestável da jornalista”, afir-mou ele.

Não se sentindo confortável com asituação criada pela direção da Folha deLondrina, Rosane Heinn acabou pedin-do demissão no dia 12 de agosto.

Os constantes atrasos de salários eo reajuste salarial retroativo a outubrode 2001 foram debatidos em reuniãorealizada no dia 23 de julho na Delega-cia Regional doTrabalho (DRT), na mes-ma reunião em que o Sindicato de Jor-nalistas Profissionais exigiu a reintegra-ção de sua secretária-geral na sucursalda Folha, em Curitiba.

O representante da Folha afirmou queos atrasos de salários decorrem da vari-ação da cotação do dólar, o que influidiretamente nos custos da empresa, di-ficultando a pontualidade no cumpri-mento das obrigações trabalhistas. A

Sindicato aciona Folha de Londrina na DRT

lificou a demissão como política, “umatentado à organização sindical e umaafronta à categoria”. “É necessáriodarmos uma resposta à altura daagressão cometida para exemplar-mente inibirmos comportamentosmesquinhos e ilegais que constante-mente vêm sendo cometidos pelo me-díocre empresariado da comunica-ção”, propôs o presidente do sindica-to gaúcho, José Carlos Torves.

Para a diretoria do Sindicato dosJornalistas Profissionais do Mato Gros-so do Sul, a demissão de Rosane Hennfoi uma atitude gravíssima. “Temos denos unir para impedir que os patrõsutilizem métodos arcaicos, e acima detudo desumanos, para impedir nossaorganização sindical”, ressaltou notaoficial divulgada pela entidade.

Para o presidente em exercício daCentral Única dos Trabalhadores doParaná (C UT-PR ), AreovaldoFigueiredo, a atitude do diretor supe-rintendente da Folha de Londrina, JoséEduardo de Andrade Vieira, ao dispen-sar a dirigente sindical, “além de fe-rir a legislação, faz parte de uma faseque foi sepultada com a ditadura. JoséEduardo, como homem público, de-veria se empenhar em ampliar as pos-sibilidades de manifestação de seusempregados, e não tomar uma atitu-de truculenta e antidemocrática quepune com a pena capital alguém quetem a obrigação de defender os tra-balhadores”.

Também manifestaram apoio esolidariedade os sindicatos de jorna-listas de Roraima, Mato Grosso do

Sul, Bahia, Distrito Federal, SantaCatarina e Rio Grande do Sul. O vice-presidente do Sindicato dos Jornalis-tas do Distrito Federal, RomárioSchettino, lamentou a atitude tomadapela Folha de Londrina e informou queseu sindicato enviaria à direção do jor-nal paranaense nota de repúdio à de-cisão.

Humberto Silva, presidente do Sin-dicato dos Jornalistas de Roraima,observou que “está cada vez mais di-fícil fortalecer nossos sindicatos,embora se diga que vivemos num paísdemocrático”. “Quando denunciamoso não recolhimento do FGTS na De-legacia do Trabalho, somos acusadosde incentivar demissões”, afirmou.

O Sindicato dos Jornalistas Pro-fissionais do Rio Grande do Sul qua-

Folha não assumiu nenhum compromis-so de colocar em dia os pagamentos eseu representante informou que a pers-pectiva é regularizar o problema no se-gundo semestre. O jornal pagou os sa-lários do mês de junho com cerca de 15dias de atraso. A Folha vem atrasandoos salários e descumprindo as obriga-ções trabalhistas com seus funcionáriosdesde o final do primeiro semestre doano passado.

A Folha de Londrina também nãoconcedeu reajuste de salários retroativoa outubro de 2001, como determina aConvenção Coletiva de Trabalho (CCT),

o que afeta os adiantamentos salariais ea concessão de plano de previdência. Orepresentante da Folha alegou que, comoa empresa se desfiliou do Sindicato dasEmpresas Proprietárias de Jornais e Re-vistas do Paraná, não precisava cum-prir o que ficou estabelecido na CCT.

Não é o que pensa Carlos RobertoRibas Santiago, advogado do sindicatopatronal, que em reunião na DRT emoutubro do ano passado, em que esta-va presente o diretor superintendenteda Folha, José Eduardo de AndradeVieira, já o havia alertado de que a em-presa deve cumprir todas as determi-

nações da CCT. O chefe da Seção deRelações do Trabalho da DRT e media-dor da reunião, Luiz Fernando FavaroBusnardo, também afirmou que a Fo-lha está sujeita às determinações da con-venção coletiva, filiada ao sindicato pa-tronal ou não.

Os presidentes dos Sindicatos dosJornalistas do Paraná e de Londrina en-viaram um ofício à DRT no qual solici-tam que ela fiscalize a Folha de Londri-na sobre o atraso dos salários e o rea-juste salarial. E vão adotar outras me-didas para que os direitos dos jornalis-tas da Folha sejam respeitados.

Elton Damásio

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6 - E X T R A P A U T A - J o r n a l d o S i n d i c a t o d o s J o r n a l i s t a s P r o f i s s i o n a i s d o P a r a n á - nº 5 9 - m a i o / j u n h o / j u l h o - 2 0 0 2

Ademocratização dos meios decomunicação, a criação doConselho Federal de Jornalis-

mo e a regulamentação profissionalforam os assuntos mais debatidos no30o Congresso Nacional dos Jornalis-tas, que reuniu cerca de 350 profis-sionais e estudantes, além de contarcom nove representantes de países daAmérica Latina, no Tropical Hotel, emManaus (AM), nos dias 29 de maio a2 de junho de 2002.

A decisão da juíza substituta CarlaAbrantkoski Rister, da 16a Vara Fe-deral em São Paulo, que suspendeutemporariamente a exigência do diplo-ma de jornalista para o exercício daprofissão, foi duramente criticada portodos os participantes. Segundo o ad-vogado paulista João Roberto PizaFontes, contratado pela FederaçãoNacional dos Jornalistas (Fenaj), adecisão deve ser derrubada pelo Su-premo Tribunal Federal. Durante a suaexplanação no congresso, o advoga-do não quis, entretanto, estimar umadata para a decisão do STF.

Os delegados presentes ao con-gresso decidiram promover mobiliza-ções públicas contra a decisão da juízaem todo o país, além da mobilizaçãoda categoria em Brasília. Também fi-cou decidido que cada sindicato co-

fenaj sul

30º Congresso Nacional dos Jornalistas

letará assinaturas em abaixo-assina-do contra a decisão da Justiça. Napauta da mobilização consta ainda acriação do Conselho Federal de Jor-nalismo.

Outra decisão que os delegadospresentes ao congresso tomaram foi

o apoio da categoria ao candidato àpresidência da República, Luís InácioLula da Silva. A resolução foi cerca-da de polêmica e não foi unânime, masaprovada pela maioria dos congres-sistas. Agora a Fenaj encaminhará oseu apoio formal ao candidato petista.

Outro item aprovado pelo congres-so se relaciona com a reforma do es-tatuto da categoria. Pela propostaaprovada, a partir de agora o sindica-to que contar com mais de 2.000 as-sociados terá direito a enviar sete de-legados ao congresso da categoria. Oque tiver de 2.000 a 1.001 associa-dos, seis delegados; de1.000 a 301,cinco delegados; e até 300 associa-dos, quatro delegados.

Ao final do congresso, os delega-dos aprovaram a sede do próximo en-contro, em 2004. Dois estados esta-vam na disputa: Minas Gera is eParaíba. A escolha foi acirrada, masJoão Pessoa acabou vencendo por 42votos. Dos 94 delegados presentes àvotação, 35 optaram por Belo Hori-zonte. A maioria da de legaçãoparanaense, composta por quatro re-presentantes do Sindicato de Londri-na e dois do Sindicato do Paraná, vo-tou pela capital mineira, por entenderque a proximidade geográfica comMinas Gerais poderia favorecer umaparticipação maior de profissionais.Apenas um delegado paranaense op-tou pela capital paraibana.

No encerramento do encontro, osdelegados aprovaram a Carta deManaus, documento oficial do 30o

Congresso Nacional dos Jornalistas.

Os Sindicatos dos Jornalistas doParaná, de Londrina, de SantaCatarina e do Rio Grande do Sul

realizaram nodia 27 de julho, em Curitiba,uma reunião visando uma ação conjuntadas quatro entidades. Onze decisões fo-ram tomadas para um trabalho comum,algumas delas já implantadas ou em viasde implantação. Os quatro Sindicatos fa-zem parte da Regional Sul da FederaçãoNacional dos Jornalistas (Fenaj) e suainiciativa deve servir como incentivopara que as outras regionais do país seorganizem.

Para Sílvio Rauth Filho, diretor-exe-cutivo do Sindicato dos Jornalistas Pro-fissionais do Paraná, “a ação conjuntados Sindicatos do Sul é um avanço naorganização sindical, em benefício dacategoria”. Segundo ele, as vice-regio-nais da Fenaj nunca funcionaram e o tra-balho a ser desenvolvido no Sul podeservir de modelo para outras regionais.Também será importante para colocarem prática as decisões do CongressoNacional dos Jornalistas de 2002.

Sindicatos do Sul iniciam ação conjuntaNa reunião, foi feita uma avaliação

da situação da categoria em cada esta-do. Em Santa Catarina e no Rio Grandedo Sul, as campanhas salariais estão emandamento. Em Santa Catarina, a últimaproposta patronal foi de parcelar o rea-juste de 9,55%. A inflação do período éde 9%. O piso iria para R$ 750. No RioGrande do Sul, o Sindicato defende umpiso único na Campanha Salarial. Hoje acapital tem piso de R$ 828 e o interior,de R$ 770. A proposta patronal é de 6%para quem recebe até R$ 1.000 e, acimadesse valor, 3,5%. Para o Sindicato, aproposta é ruim, mas representa umavanço, já que nos dois últimos anossequer houve iniciativa de negociaçãopor parte dos patrões.

O Sindicato de Santa Catarina tem li-derado a discussão para a implantação deTVs Comunitárias em várias cidades. Játem experiências bem sucedidas emJoinville, Concórdia, Florianópolis,Chapecó e Jaraguá do Sul. O mesmo Sin-dicato também implantou o seu primeiroprojeto de estágio em jornalismo, em con-

vênio com A Notícia e a Universidade deJoinville. Luís Fernando Assunção, pre-sidente do Sindicato dos Jornalistas deSanta Catarina e vice-presidente da Re-gional Sul da Fenaj, contou que foi ame-açado por um radialista, por ter criticadoa atuação dele em um grupo de discus-são. O Sindicato acionou a Justiça, asautoridades e a sociedade civil.

Registros precáriosCelso Schroder, representando a

Fenaj, relatou que a orientação da enti-dade nacional sobre os registros pre-cários é para não sindicalizar os porta-dores desse registro e, caso peçam acarteira de identidade, o Sindicato deverecolher a documentação e enviar paraa Fenaj. Sobre a proposta de Ordem ouConselho de Jornalistas do Brasil, co-mentou que a Fenaj enviará um projetode lei para o Senado, já que no Con-gresso tramita um projeto de autoria deCelso Russomano, com falhas, na ava-liação da Fenaj.

Entre as decisões tomadas, por pro-

posta de Santa Catarina, um Encontrode Jornalistas será realizado em outubrode 2003 em Florianópolis (SC), coinci-dindo com o Encontro Nacional de Jor-nalistas em Assessorias de Comunica-ção (Enjac), que será na mesma data eno mesmo local. Também foram pro-postas a criação de uma Escola dos Jor-nalistas do Sul e a reativação dos Fórunsde Democratização dos Meios de Co-municação.

Os Sindicatos do Sul realizarão reu-niões a cada três meses, estando a pró-xima marcada para o dia 2 de novem-bro, em Londrina. Um grupo de dis-cussão por e-mail entre os três Sindi-catos já foi implantado e haverá umapágina conjunta dos Sindicatos do Sulnos jornais de cada entidade. Tambémfoi feita a proposta de criar um prêmiode jornalismo para a região Sul. Serácriado um banco de dados dos jorna-listas do Sul e os sindicatos da regiãovão adotar decisão de Santa Catarinade padronizar a assinatura de jornalis-tas em meios de comunicação.

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E X T R A P A U T A - J o r n a l d o S i n d i c a t o d o s J o r n a l i s t a s P r o f i s s i o n a i s d o P a r a n á - nº 5 9 - m a i o / j u n h o / j u l h o - 2 0 0 2 - 7

Acomplacência que existe em re-lação ao ecstasy e a outras dro-gas na mídia conectada, em al-

guns ambientes culturais e entre as au-toridades repressivas, a idéia de que oseu uso é uma questão individual e nãoum problema coletivo, estão levando àsua disseminação. Hoje elas sãoconsumidas abertamente em certos am-bientes, sobretudo noturnos. Mas o quenão se percebe é que a expansão do seuconsumo está fortalecendo o crime or-ganizado, como alertam os especialis-tas, e provocando tragédias como o as-sassinato de Tim Lopes, da Rede Globode Televisão, e ameaças a jornalistas.

Nos planos político e financeiro, aeconomia das drogas está em cresci-mento constante, sobretudo depois dofim da guerra fria e dos avanços daglobalização. Ela mexe cada vez maiscom dinheiro sujo, lavado em setoreslegais, como os paraísos fiscais, e ile-gais, como o tráfico de armas, sobretu-do. Os narcóticos continuam gerandolucros enormes em escala internacional,por conta de máfias cada vez mais po-derosas e de grupos armados em guerracontra o Estado, como na Colômbia.

A afirmação é de Jean-Marie Pelt,especialista francês em drogas, em arti-go publicado no jornal francês Le Mon-de. Segundo ele, diante de cartéis e ou-tros centros de produção de drogas, acomunidade internacional, sobretudo osEstados Unidos e a União Européia, es-tabeleceu políticas voluntaristas de com-bate, sem obter os resultados pretendi-dos.

Outro especialista em drogas, o fran-cês Alain Labrousse, colaborador daAssociação de Estudos Geopolíticos dasDrogas, de Paris, diz que o tráfico dedrogas nunca foi tão florescente comohoje. A produção de cocaína na Améri-ca Latina, apesar de campanhas impor-tantes, se eleva hoje a mil toneladas porano. Ela diminuiu na Bolívia e no Peru,mas essa diminuição foi compensada pelaalta crescente do cultivo na Colômbia.

O problema é sério, segundo AlainLabrousse, pois se a cocaína era até agoraconsumida em ambientes muito especí-ficos como o show-business, hoje eladesceu às ruas, em grandes e médias ci-dades nas Américas e na Europa. E emgrande quantidade. O fenômeno épreocupante, tanto mais que ainda não

Drogas, uma economiaem crescimento

para entender melhor

existe um produto de substituição, comoa metadona para a heroína.

A produção de heroína teve grandesflutuações nos últimos anos. Nos paísesdo Ocidente, ela está perdendo espaçopara a cocaína. Mas continua sendo muitoconsumida nas áreas de produção:Birmânia, Tailândia e Paquistão, que de-tém o recorde mundial de consumo, com2 milhões de consumidores. NoAfeganistão, duas colheitas recordes fo-ram registradas em 1999 e 2000. Em2001, os talibãs proibiram a produção dapapoula, mas os estoques eram tão gran-des que o consumo não diminuiu. De-pois dos acontecimentos de setembro de2001, os agricultores voltaram a semear.

Quanto à maconha, segundo AlainLabrousse, a sua produção e consumoexplodem em todo o mundo. Como osusuários não percebem o perigo dessadroga doce, o consumo da cannabis sedesenvolve rapidamente. A ofertacorresponde à demanda. No Marrocos,por exemplo, a área cultivada passou de50 mil hectares em 1992 para mais de120 mil em 2000. Em 2001, toda a co-lheita foi vendida em três semanas.

Já em relação às drogas sintéticas,afirma Labrousse, o tráfico cresceumuito entre 1995 e 1998. Depois pareceque o seu crescimento se estabilizou naEuropa e nos Estados Unidos, onde oefeito da moda diminuiu um pouco. Emcompensação, nos países do Sul, a pro-dução continua crescendo.

Segundo Labrousse, o problema docombate eficaz ao tráfico de drogas écomplexo. No caso das drogas naturais,é da competência sobretudo das políti-cas econômicas. O desequilíbrio dasrelações entre Norte e Sul e os proble-mas ligados à globalização estão entreas causas do problema. Por exemplo,os planos de ajuste estrutural do BancoMundial obrigam os países do Sul a abriro mercado para os produtos externos, oque traz um problema de concorrênciadiante de economias ocidentais mais pro-dutivas. Assim, só os produtos ilícitosse tornam rentáveis para os agricultoresdo terceiro mundo.

Além disso, é preciso também com-bater as causas do consumo, dizLabrousse. Nos países mais desenvol-vidos, é a ausência de perspectivas, alémdo recuo das religiões e da política, quesão responsáveis por sua expansão. Noterceiro mundo, é mais a pobreza e odesemprego.

Segundo Labrousse, a droga é tam-bém uma fonte de lucros para os gru-pos armados em conflito, como na Co-lômbia e no Afeganistão. Por isso, é pre-ciso concentrar o combate também naregulamentação dos conflitos.

Labrousse observa que as políticascontra as drogas se chocam com osconflitos de interesses que existem en-tre os lucros obtidos pelo tráfico e anecessidade, no plano social, de dimi-nuir o consumo. O combate às drogas é

suspenso quando os interesses estraté-gicos ou econômicos são ameaçados.Daí a ambigüidade da maioria dos paí-ses. Em 1992, a França sabia que a com-pra de material militar pelo Paquistão,sobretudo de submarinos nucleares, eraem parte financiada pelo dinheiro dasdrogas. E mesmo assim eles foram ven-didos. Do mesmo modo, os fundos se-cretos provenientes do tráfico tiveramum papel não desprezível na aquisiçãoda bomba atômica pelo Paquistão.Labrousse afirma que nenhum Estadosacrificaria os seus interesses econômi-cos para combater as drogas.

A revista francesa Le NouvelOsservateur também publicou uma ex-tensa matéria sobre a expansão das dro-gas e o funcionamento de sua distribui-ção. Depois de mostrar que os princi-pais clientes das drogas são os adoles-centes e os freqüentadores de ambien-tes noturnos, a revista afirma que “es-sas drogas não são compradas de umbom companheiro, mas das máfias e docrime organizado”.

As matérias se baseiam num livropublicado por Thierry Colombie, NacerLalam e Michel Schiray, pesquisadoresdo conceituado Centro Nacional de Pes-quisas Científicas, de Paris. “O movi-mento musical tecno foi o principal su-porte do desenvolvimento do mercadodo ecstasy e da difusão do produto, atra-vés de festas clandestinas ou organiza-das em estabelecimentos especializados,como bares e discotecas, e de lugaresde lazer ligados à festa, ao esporte e aosexo. O consumo desta substância éassociado a outros produtos de efeitopsicotrópico mais tradicionais, como amaconha, o álcool e o fumo, e tambéma cocaína e vários medicamentos”, cons-tataram os pesquisadores.

“As máfias industrializaram o mer-cado das drogas em escala continental.Organizaram a sua força de venda e oseu marketing terceirizando a revendanos melhores locais das principais cida-des. E contrataram muitos DJs, geren-tes e às vezes donos de clubes notur-nos. Neste negócio existem poucos bonscompanheiros e não há a menor garan-tia de qualidade. É um sistema de distri-buição criminosa de alto rendimento, quenão olha as conseqüências, obcecado emtornar dependente a sua jovem e pro-missora clientela”, afirma a revista.

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8 - E X T R A P A U T A - J o r n a l d o S i n d i c a t o d o s J o r n a l i s t a s P r o f i s s i o n a i s d o P a r a n á - nº 5 9 - m a i o / j u n h o / j u l h o - 2 0 0 2

Mais de 300 pessoas participaramna noite de 11 de junho da sole-nidade de entrega da sétima edi-

ção do Prêmio Sangue Novo no Jornalis-mo Paranaense, lotando o Teatro doHSBC, naAvenida Luís Xavier. Como sem-pre, não faltaram torcidas organizadas dasuniversidades e alunos ansiosos para re-ceber o mais importante prêmio a que con-correm os alunos de Jornalismo no esta-do. O Sangue Novo é promovido pelo Sin-dicato dos Jornalistas Profissionais doParaná, com o patrocínio neste ano doHSBC.

Os alunos da Universidade Estadual dePonta Grossa (UEPG), com quatro prê-mios, foram os grandes vencedores danoite. A Universidade Pontifícia do Paraná(PUC-PR) ficou com três prêmios. A UniversidadeTuiuti do Paraná (UTP), o Unicenp e a Cesumar deMaringá obtiveram um prêmio cada. A PUC-PR e oUnicenp dividiram o primeiro lugar na categoria JornalLaboratório. A apresentação do concurso foi feita pe-los jornalistas Niele Cristina Lima de Melo, da LumenArte e Vídeo e Rede Vida de Televisão, e Marco Antô-nio Assef, coordenador do Sangue Novo.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas, MárioMessagi Júnior, dedicou a solenidade de entrega dos

sangue novo

Novos talentos recebemprêmios de jornalismo

impressa, com o trabalho “Gestos Elo-qüentes”, orientado pelo professorJoão Carlos Dias, e melhormonografia, com o trabalho “Entre oEstado e os Cidadãos - Telejornalismocomo Mediação Social ou ‘Voz doPovo’”?, orientado pela professoraIrvana Chemin Branco.

Os trabalhos foram avaliados por30 jornalistas que atuam nas diversasáreas de comunicação, sem nenhumvínculo com cursos universitários deJornalismo. Segundo o jornalista Mar-co Antônio Assef, coordenador doconcurso, o Sindicato dos Jornalistasapenas promove e organiza o concur-so, mas são as comissões julgadorasque decidem se darão prêmio a uma

determinada categoria ou não.A equipe vencedora de cada categoria recebeu

como prêmio um vale-livro no valor de R$ 50,00 eos alunos André Gustavo de Lara, Flávio Miranda eDaniel Naufal, do 2o ano da PUC-PR, autores dotrabalho “Karuguá, o Último Refúgio”, orientado pelaprofessora Mônica Cristina Fort, ganharam um com-putador Pentium multimídia sorteado entre os ven-cedores das diversas categorias. Depois da entregados prêmios, houve comemoração no Café Curaçao.

prêmios ao jornalista Tim Lopes, da Rede Globo, quefoi morto ao fazer reportagens sobre o tráfico de dro-gas no Rio de Janeiro. Uma das curiosidades dapremiação foi a presença da cachorra Charlotte Holmes,que atuou como personagem do trabalho “Faro”, pro-duzido pela aluna Danieli Bonatto Haloten, do 4o anoda PUC-PR e vencedor da categoria Projeto JornalísticoLivre.

Tiago Luiz Bubniak, aluno do 4o ano da UEPG,destacou-se vencendo dois prêmios: reportagem

Estudantes de jornalismo lotam o Teatro do HSBC

Projeto para Telejornalismo:Carlos Roberto Gonçalves Gaspar,

Andressa Meurer Missio, Mário MessagiJúnior e professor João Somma Neto

Reportagem para Televisão:Professora Monica Fort, André

Gustavo de Lara, Flávio Miranda,Daniel Naufal e Rosane Henn

Alunos do Unicenprecebem o prêmio

de JornalLaboratório

Projeto Jornalístico Livre: professoraMonica Fort, Danieli Bonatto, a

cachorra Charlotte Holmes e LycioVelloso Ribas (avaliador)

Projeto Jornalístico paraInternet: Rogério Galindo

(avaliador), PriscilaCaroline de Souza e AdirNasser Júnior (avaliador)

ReportagemFotográfica: LuizRenato Munhoz e

Lara Sfair

Projeto em JornalismoImpresso: Uduvaldo

Rocha (representando afilha Ellen Muroro

Rocha), Michelle Horst,professor Valdir Cruz,

Isabel Cristina deAlbuquerque e NilsonMonteiro (avaliador)

Monografia: ProfessoraIrvana Chemin Branco,Tiago Luiz Bubniak eprofessora Solange

Cristina Alves de Lima

Alice Barbosa Duarte eAmira Massabki,

vencedoras do Projetoem Radiojornalismo, e

José de Melo

Reportagemimpressa: TiagoLuiz Bubniak eLorena Klenk(avaliadora)

Fotos: Everson Bressan

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E X T R A P A U T A - J o r n a l d o S i n d i c a t o d o s J o r n a l i s t a s P r o f i s s i o n a i s d o P a r a n á - nº 5 9 - m a i o / j u n h o / j u l h o - 2 0 0 2 - 9

Reportagem impressa1o lugar: Tiago Luiz Bubniak, do 4o ano da UEPG,com “Gestos Eloqüentes”, orientado pelo professorJoão Carlos Dias.2o lugar: Melina Carmela Costa e Fernando Jasper,do 2o ano da UFPR, com “Acordo Irregular LesaBanestado”, orientados pelo professor AurélioMunhoz.3o lugar: Júlio A. Malhadas Neto, do 3o ano da UFPR,com “e-Papai Noel foi Pontual em 2001”, orientadopelo professor Aurélio Munhoz.Menção honrosa para Edmar Gregório Júnior, do 2o

ano do Unicenp, com “O Mal do Século está deVolta”, orientado pela professora Maria Zaclis daVeiga.Menção honrosa também para Gislaine MariaKeizanoski e Sandra Mara Volf Pedro, do 3o ano doUnicenp, com “Um Crítico Diferente”, orientadas peloprofessor Marcelo Lima.

Projeto para Jornalismo Impresso1o lugar: Isabel Cristinade Albuquerque, Ellen MuroroRocha e Michelle Horst, do 4o ano da Tuiuti, com“Comunicação para Deficientes Visuais”, orientadaspelo professor Valdir Cruz.2o lugar: Melina Rejalle e Leandro Taques, do 4o anoda Tuiuti, com “Top Cristã”, orientados pelo professorEmerson Castro.3o lugar: Ana Paula Villa, Janaína Monteiro e JulianaUlbrich, do 4o ano da PUC-PR, com “Quincas”.Menção honrosa para Ronaldo Tavares da Silva, do4o ano da Cesumar, com “Rota Sul Turismo Rural”,orientado pelo professor Mário Benedito Sales.

Projeto para Radiojornalismo1o lugar: Alice Barbosa Duarte e Amira Massabki, do4o ano da UEPG, com “Panorama Cultural”,orientadas pelo professor José Rocher.2o lugar:Michelle Horst, Isabel Cristinade Albuquerquee Ellen M. Rocha, do 4o ano da Tuiuti, orientadas pelo

Os resultados do prêmioprofessor Valdir Cruz.3o lugar: FernandaFavorattoMartins,FláviaGarciaPenna,Irene Elias Simões, Janaína Fogaça, Marcos RobertoTrindade e Rodrigo Montanari, do 4o ano do Unicenp,orientados pelo professor Luiz Witiuk.

Reportagem para Televisão1o lugar: André Gustavode Lara, Flávio Mirandae DanielNaufal, do 2o ano da PUC-PR, com “Karuguá, o ÚltimoRefúgio”, orientados pela professora Monica Fort.Menção honrosa para Alex Gruba Barbosa e Rita deCássia Loiola, do 3o ano da UFPR, com “Aluguel deCarrinhos”, orientados pelo professor Eduardo Baggio.Menção honrosa também para Frances Baras, NilzaPereira da Silva, Patrícia Santos, Paula Girardi ePriscylla Schuctz, do 2o ano da PUC-PR, com “Cajuru:um Contraste Social”, orientadas pela professoraSuyanne Tolentino.

Projeto para Telejornalismo1o lugar: Carlos Roberto Gonçalves Gaspar eAndressa Meurer Missio, do 4o ano da UEPG, com“Programa Eccos”, orientados pelo professor JoãoSomma Neto.2o lugar: Diana Moro e Patrícia Arndt, do 4o ano daTuiuti, com “TV do ½ - O seu Canal Alternativo”,orientadas pela professora Carmen Célia.3o lugar: Cassiana Gonçalves e Janaína Fogaça, do4o ano do Unicenp, com “Perfil Curitibano”,orientadas pela professora Estela Doris Kusth.

Projeto Jornalístico para Internet1o lugar: Priscila Caroline de Souza e Juliana A. Leal,do 4o ano da Cesumar, com “Revista Cenário”,orientadas pela professora Rosane Verdegay.2o lugar: Leandro Naerloch, Rita de Cássia Loiola,Soraya Kffuri, Glenio Bongiolo, Cristiano K. Poll eFabiane Pellegrino, do 3o ano da UFPR, com “EloVirtual”, orientados pela professora Mirian DelVecchio.

3o lugar: Andressa Zanin Rovani, do 4o ano daUFPR, com ”A História da Televisão no Paraná”,orientada pelos professores Carlos Rocha eEduardo Baggio.

Projeto Jornalístico Livre1o lugar: Danieli Bonatto, do 4o ano da PUC-PR,com “Faro”, orientada pela professora Mônica Fort.2o lugar: João Antônio Ramon Neto, MarianaFontanelli e Suzana Paquete, do 4o ano da PUC-PR, com “Jornalismo e Turismo Cultural”, orientadospela professora Maria Teresa Marins Freire.3o lugar: um grupo de vinte alunos do 2o ano daPUC-PR, com “Informe Universitário”, orientadospela professora Suyanne Tolentino.Menção honrosa para Rafael Tanek Lacerda,Tatiane Canova, Jamil Saloum Jr. e Maria CarlaGuimarães, do 3o ano do Unicenp, orientados peloprofessor Luís Witiuk.Menção honrosa também para Luiz FernandoCalmon e Priscilla Geha, do 3o ano do Unicenp,com “Stockmans Gaard”, orientados pelo professorLeonardo Ferrari.

Melhor Monograf iaTiago Luiz Bubniak, do 4o ano da UEPG, com “Entreo Estado e os Cidadãos - Telejornalismo comoMediação Social ou ‘Voz do Povo’”, orientado pelaprofessora Irvana Chemin Branco.

Reportagem FotográficaMenção honrosa para Luiz Renato Munhoz, do 3o

ano da Tuiuti, com “Cidadania”, orientado peloprofessor Emerson Cervi.

Jornal Laboratório1o lugar: Comunicare, da PUC-PR, e Laboratórioda Notícia, do Unicenp.2o lugar: Foca Livre, da UEPG.3o lugar: Pauta nqm, da Tuiuti.

Ganhar um prêmio num concurso é sempre umincentivo. Foi uma surpresa, mas sabíamosque íamos concorrer. O assunto foi bem es-

colhido, o material bem organizado e editado. Mas amaior surpresa foi ganhar o computador.” A come-moração é de André Gustavo de Lara, atualmente no3o ano do curso de Comunicação da PUC-PR, quecom Flávio Miranda e Daniel Naufal venceu a catego-ria Reportagem para Televisão com o trabalho“Karuguá, o Último Refúgio”.

“Fizemos uma reportagem num local de difícilacesso, aproximadamente a 30 km de Curitiba, nomunicípio de Piraquara. Daquela cidade tivemos quecaminhar mais 15 km até o manancial e mais 20 kmaté o retiro dos índios. Isso demonstra até a caracte-rística da reportagem. Os índios se retiraram paraaquele local porque sentiram que a sua cultura estavaameaçada e acreditam que, na nova localidade, podem

As palavras do vencedorperpetuar a sua cultura. Eles lançaram umCD sobre a vida deles, que é fonte derenda e ajuda na compra de mantimen-tos”, comenta André Gustavo de Lara.

Ele espera que na oitava edição doSangue Novo mais concorrentes partici-pem da disputa do prêmio. “Já começa-mos a realizar uma série de reportagenspara inscrever no próximo concurso, in-centivados pelo prêmio que ganhamos”,conclui.

Mário MessagiJúnior entrega o

computador aFlávio Miranda

Everson Bressan

Os nomes dos avaliadores dos trabalhos estão no www.sindijorpr.gov.br

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democratização da comunicação

Conselho de Comunicação Social,espaço público de debate

Tomaram posse no dia 25 de junho no Senado, em Brasília, osintegrantes do Conselho de Co-

municação Social. Na mesma data, fo-ram eleitos José Paulo Cavalcanti comopresidente e Jayme Sirotski como vicedo novo órgão, que vai servir para darsuporte às decisões do Poder Legislativosobre o setor, com função consultiva.Cavalcanti é um dos cinco representan-tes da sociedade civil que compõem oConselho e Sirotski preside a Rede Bra-sil-Sul de Comunicações (RBS).

O Conselho de Comunicação Socialfoi aprovado pelo Congresso no dia 5de junho. Na Câmara dos Deputadosforam 217 votos a favor, 13 contrários,54 em branco e dois nulos. O Senadoaprovou os 13 nomes por 58 votos fa-voráveis, quatro contrários e cinco embranco. Previsto no artigo 224 da Cons-tituição e regulamentado pela Lei 8389,o Conselho foi resultado de um acordo,reivindicado pelo Fórum Nacional pelaDemocratização da Comunicação, fir-mado entre os líderes dos diversos par-tidos no Senado, que se compromete-ram a só votar a Proposta da EmendaConstitucional (PEC) que abre as em-presas de comunicação ao capital estran-geiro, após a composição do Conselho.

O órgão deverá ser chamado a semanifestar sobre temas relacionados coma liberdade de expressão, a informação,os modelos de controle dos meios decomunicação, o conteúdo das programa-ções da mídia, a promoção da culturalnacional e regional, e também sobre a le-gislação referente à propriedade dos ca-nais de rádio e televisão.

Para a Federação Nacional dos Jor-nalistas (Fenaj), o Conselho de Comu-nicação Social é um espaço institucional

privilegiado que abre condições para asociedade influir democraticamente so-bre o Executivo e o Legislativo,viabilizando o que antes só estava ao al-cance dos lobbies das empresas. É umainstituição de novo tipo que privilegia apolítica e a interlocução entre setorescom posições contraditórias, possibili-tando o equacionamento das demandassociais e dos diversos interesses dos seg-mentos sociais.

O Conselho é o único espaço públi-co que a sociedade garantiu, depois demais de dez anos de desrespeito à Cons-tituição pelo Congresso, para discutirpolíticas públicas para a comunicaçãoe orientar o Legislativo neste momentoestratégico que o Brasil está vivendocom a digitalização das comunicações ea desregulamentação da mídia. A sua ins-talação inicia, segundo a Fenaj, uma novaetapa na luta pela democratização da co-municação ao abrir caminho para rela-ções inovadoras entre o Estado, o setorprivado e a sociedade.

O Fórum Nacional pela Democrati-zação da Comunicação destaca que a lutapela democratização da comunicação éum processo de longo prazo que exige,sobretudo, mudanças culturais profun-das. Por isso, o Fórum reconhece quenão poderia haver momento mais rico eoportuno do que agora para dar início àexperiência do Conselho.

O Conselho é composto por 13 mem-bros, cada um com seu suplente. Oitosão de segmentos específicos da socie-dade civil, sendo quatro de setores em-presariais e quatro de setores profissio-nais. As demais vagas são genericamentedestinadas a representantes da socieda-de civil. Segundo a Fenaj, a composiçãofinal resultou equilibrada.

Os componentes do ConselhoMembro Categor iaPaulo Machado de Carvalho Neto RádioRoberto Wagner Monteiro TelevisãoPaulo Cabral de Araújo Jornalismo impressoFernando Bittencourt Engenharia de comunicaçãoDaniel Herz JornalistasFrancisco Pereira da Silva RadialistasBerenice Mendes Bezerra ArtistasGeraldo Pereira dos Santos Cinema e vídeoJosé Paulo Cavalcanti Sociedade civilAlberto Dines Sociedade civilJayme Sirotsky Sociedade civilCarlos Chagas Sociedade civilRicardo Moretzsohn Sociedade civil

Com 57 votos favoráveis, um con-trário e uma abstenção, o Senado apro-vou no dia 22 de maio a Proposta deEmenda à Constituição (PEC) que per-mite a participação de capital estrangei-ro nas empresas jornalísticas e de radi-odifusão sonora e de imagens, até o li-mite de 30 por cento do capital votanteou total. A proposta já havia sido apro-vada pela Câmara dos Deputados e nãosofreu nenhuma alteração

Capital estrangeiro na mídiaO artigo 1o da proposta aprovada afir-

ma que “em qualquer caso, pelo menossetenta por cento do capital votante dasempresas jornalísticas e de radiodifusãosonora e de sons e imagens deverá per-tencer, direta ou indiretamente, a brasi-leiros natos ou naturalizados há mais dedez anos, que exercerão obrigatoriamentea gestão das atividades e estabelecerãoo conteúdo da programação”.

Após promulgarem a emenda, os

congressistas ainda terão de aprovar umalei ordinária estabelecendo as regras paraa entrada do capital estrangeiro, incluin-do as normas para a fiscalização documprimento da legislação.

Segundo o jornalista Alberto Dines,“o capital estrangeiro já está presente nosmeios de comunicação brasileiros hámuito tempo e existem muitas artimanhaspara burlar a Constituição.” Um exemploflagrante: os acordos assinados entre vá-

rios jornais brasileiros e periódicos nor-te-americanos e ingleses de prestígio. OEstado de S. Paulo publica várias pági-nas com o logotipo do Wall Street Journal.Uma maneira, segundo Alberto Dines, deempregar menos jornalistas.

Alberto Dines cita ainda outra viola-ção do espírito da Constituição: a Folhade S. Paulo se associou ao grupo cana-dense Quad Graphics para costruir o seuparque gráfico inaugurado em 1997.

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E X T R A P A U T A - J o r n a l d o S i n d i c a t o d o s J o r n a l i s t a s P r o f i s s i o n a i s d o P a r a n á - nº 5 9 - m a i o / j u n h o / j u l h o - 2 0 0 2 - 11

AGazeta do Povo e a Folha deLondrina publicaram matérias,nos dias 14 e 15 de agosto res-

pectivamente, sobre a agressão sofridapelo representante comercial FranciscoCarlos Stroka, 53 anos, na madrugadado dia 9 de agosto por convidados de umafesta no condomínio onde mora, no bairrodo Uberaba. Em conseqüência de lesãono crânio, o representante comercial foiinternado no Hospital Cajuru, onde per-maneceu em coma profundo, vindo afalecer no dia 16. Francisco Stroka erapai do jornalista Rodrigo Stroka.

Para a família, houve negligência

Agredido em festa morre no hospitalpolicial, porque uma viatura da PolíciaMilitar (PM) esteve no local, mas ospoliciais não fizeram nada para impedira agressão. O caso está sendo investi-gado pelo delegado Roberto de Almeida,do 9o Distrito Policial. Ele foi nomeadoespecialmente para o caso, já que a in-vestigação deveria ser feita pelo 6o Dis-trito Policial, responsável pela regiãoonde fica o condomínio Tirol dasAraucárias, no bairro do Uberaba. O in-quérito terá um mês para ser concluído.

Segundo o advogado do representan-te, Edgardo Maranhão, moradores docondomínio foram reclamar do barulho

da festa na casa de Eric Jonan, funcio-nário de uma montadora, com a esposado representante, que é síndica do con-domínio, e ela foi até a residência doestrangeiro. Maranhão relata que no lo-cal havia 12 veículos e Regina tambémteria pedido que fossem estacionados deforma a não prejudicar o trânsito.

No início, o barulho diminuiu. Mas,no meio da madrugada, os vizinhos re-clamaram outra vez. A síndica e Stroka,então, chamaram a polícia. Uma viaturada PM foi até o local. Regina e o maridoreceberam os policiais na entrada docondomínio e os levaram até a casa de

Jonan. Várias pessoas foram atender,conforme relatou o advogado, mas houveuma discussão e Francisco foi agredidocom socos e pontapés. O representantecomercial foi levado ao hospital, ondese verificou ter sofrido traumatismocraniano.

De acordo com a assessoria de im-prensa da PM, no boletim de ocorrênciaconsta que as agressões foram dos doislados. O B.O. informa ainda que Strokateve um mal súbito e caiu. Como a brigafoi generalizada, não foi feita nenhumaprisão, mas os envolvidos foramindiciados.

Repórter do Jornal do Estadoé ameaçada por quadrilha

liberdade de expressão

Em reportagem publicada nodia 24 de julho, o Jornal doEstado revelou que a repór-

ter Sâmar Razzak sofreu ameaçaspor telefone após denunciar a exis-tência de uma quadrilha que ven-dia diplomas falsificados de suple-tivos, vindos de Minas Gerais, emmatéria publicada no dia 18. A Fe-deração Nacional dos Jornalistas eo Sindicato dos Jornalistas Profis-sionais do Paraná divulgaram notaoficial repudiando as ameaças ereivindicando eficiência e rapidezdas autoridades nas investigações.

Segundo a reportagem do Jor-nal do Estado, assinada por Má-rio Akira, um homem que se iden-tificou apenas como Pedro af ir-mou conhecer o telefone e o en-dereço res idenc ia l da repór te r.Também a “aconselhou” a tomarcuidado com outras publicaçõessobre o assunto. Pedro disse ain-da que conhecia os movimentosda repórter e que qualquer pessoaenvolvida no esquema poderia teracesso às apurações da jornalis-ta.

Mesmo não tendo recebido umadenúncia formal da Secretaria deEstado da Educação (Seed), pro-cedimento necessário para a aber-tura de investigação, o delegadoGuaraci Joarez Abreu, da Delega-cia de Crimes contra a Adminis-tração Pública, logo começou a

trabalhar no caso.A direção do jornal pediu pro-

teção especial para a repórter jun-to à Polícia Civil do Paraná e a Se-cretaria de Estado da SegurançaPública também foi informada so-bre a ameaça. Na matéria, Mário

Akira afirma que “a direção do Jor-nal do Estado continuará publican-do reportagens conforme os prin-cípios do jornalismo e não se inti-mida com as tentativas de repre-sálias por parte de criminosos”.

Em nota oficial , a Fenaj e o

Sindicato dos Jor-nalis tas Prof issi-ona is do Paranáa f i r m a m q u e aameaça represen-t a u m a g r a veagressão à profis-sional e um aten-tado contra a l i-be r d a d e d e i m -prensa, na medi-da em que tentainibi r a publ ica -ção da verd ade .“É necessário de-nunciar esse c ri-me. E essa é umat a r e f a d e t o d o squ e d efendem aliberdade de im-p r e ns a , u m d o sa l ice rces da de-mocracia”, desta-ca a nota.

A Fe na j e oSindicato dos Jor-na l is ta s rea lçamainda que “é pre-ciso incentivar oj o r n a l i s m o

investigativo, arma de extrema efi-ciência no combate ao crime. Nes-sa tarefa, entretanto, é fundamen-tal que as empresas e os profissio-nais tenham responsabilidade e cau-tela, para evitar que os jornalistasse tornem vítimas fatais”.

negligência policial

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12 - E X T R A P A U T A - J o r n a l d o S i n d i c a t o d o s J o r n a l i s t a s P r o f i s s i o n a i s d o P a r a n á - nº 5 9 - m a i o / j u n h o / j u l h o - 2 0 0 2

entrevista

Extra Pauta - No encontro “Jornadas de Meio Am-biente para Jornalistas”, você falou sobre a responsa-bilidade pessoal do jornalista. Poderia aprofundar maiso tema?

Washington Novaes - Existe uma responsabilida-de diferenciada, que não é a responsabilidade da empre-sa, mas do jornalista no exercício da sua profissão. Parasituar a questão, contei uma história que exemplificabem o assunto. Quando eu estava começando no jorna-lismo, em 1957, na antiga Folha da Manhã, hoje Folhade S. Paulo, o secretário do jornal, Mário de AraújoLobo, um dia me deu para reescrever uma notícia deum desempregado que matou a mulher e os quatro fi-lhos e se suicidou com a última bala do revólver. Entre-guei a ele a matéria reescrita e ele marcou que aquelanotícia ia sair em uma coluna na página 14. Estranhei edisse a ele: “Você vai esconder uma notícia como estadentro do jornal?” Ele me perguntou: “E você faria oquê?” Eu disse que daria na primeira página, com todoo destaque. Ele me perguntou porquê. “Porque ela de-monstra a situação social que o país está vivendo, ainjustiça, o desemprego. Ela ajuda a criar consciência.”Ele então me falou: “Pode ser que você tenha razão. Noano passado, quando eu era secretário da Folha da Tar-de, veio uma notícia exatamente igual a esta: um ho-mem matou a família e suicidou-se porque estava de-sempregado. Fiz o que você disse que faria. Coloqueina primeira página do jornal. Nos dias seguintes chega-ram várias notícias de desempregados que mataram amulher e a família e se suicidaram. Eu nunca vou saberse alguma dessas pessoas leu a notícia que dei na pri-meira página do jornal e a tomou como exemplo. Masnão tenho mais coragem de colocar uma notícia comoessa com destaque na primeira página. Se alguém tiveruma solução melhor, estou disposto a seguir.” Ao longode 45 anos como jornalista contei essa história e fizessa pergunta a dezenas de jornalistas competentes e sóum me respondeu que daria a notícia na primeira pági-na, e ainda assim correndo risco. Os outros todos medisseram que não sabiam o que fazer. Esta situação acon-tece todos os dias com os jornalistas e não sabemoscomo proceder. Ela mostra quanto precisamos cami-nhar na responsabilidade social do jornalismo, que en-volve o jornalista como pessoa. Existem escolhas quedependem exclusivamente dele, não da empresa, nemdo governo, nem da legislação.

Extra Pauta - O jornalista, pessoalmente, não temuma grande possibilidade de dar determinado enfoqueà notícia?

Novaes - O jornalista tem uma responsabilidade pes-soal enorme nesta questão. No seu cotidiano, ele deparao tempo todo com questões como o que fazer e o que

não fazer, o que publicar e o que não publicar, o quedestacar e o que não destacar. Com isso influencia osrumos da sociedade. É uma responsabilidade grave queprecisa ser considerada. Ela fica mais pesada quando sejunta a isso a chamada questão ambiental. O jornalistatem a responsabilidade de mostrar à sociedade e aosgovernantes que a chamada questão ambiental é o fun-damento de tudo. Que tudo acontece no ambiente, noconcreto, no solo, no ar, na água, entre os seres vivos.Tudo o que as pessoas fazem tem repercussão ali. Ojornalista não pode examinar a questão só quando ocor-re um problema. Tem de examiná-la desde o início. Eladeveria ser o centro e o ponto de partida de todas aspolíticas públicas e de todos os planejamentos privados.Está nas mãos dos jornalistas mostrar isso à sociedade elevá-la a exigir soluções de seus governantes.

Extra Pauta - A cobertura do meio ambiente naimprensa brasileira, hoje, está evoluindo ou involuindo?

Novaes - Tem evoluído, pois hoje as chamadas ques-tões ambientais são tão graves, principalmente nas áreasurbanas, que os meios de comunicação não têm comoignorá-las, até para não perder o seu público leitor etelespectador. O jornalismo tem que tratar delas porquese tornam cada dia mais graves e complicadas. Mas elasdeveriam ocupar um espaço muito maior e não só nosmomentos de crise. Os jornalistas precisam se habituar adiscutir essas questões desde a sua origem e dar à soci-edade a oportunidade de se informar a respeito e decidirde forma adequada. O que vemos hoje é que elas só sãodiscutidas quando se instala uma crise, e não antes.

Extra Pauta - No Paraná ocorreram casos gravesde agressão ao meio ambiente, como o vazamento deóleo na Refinaria de Araucária. As áreas rurais prati-camente foram desmatadas. Que papel a comunica-ção pode desempenhar em relação ao meio ambiente?

Novaes - A comunicação é muito falha antes da crise.Hoje existem dez ou doze grandes questões e a maioriadelas são ambientais. Onde estava a comunicação que nãodiscutiu essas questões antes? A crise precisa se instalarpara que elas sejam discutidas? Não é possível mostrarantes que se caminha para um problema? Isso acontececom o desmatamento e com as mudanças climáticas, porexemplo. A comunicação só intervém no momento da cri-se. Ela teria que estar presente antes, para evitar a crise.Isso implica uma nova postura. Hoje o jornalismo só tratado grande problema, da grande crise, da grande emoção.É preciso promover uma discussão prévia de todos essesproblemas e evitar que aconteçam.

Extra Pauta - A imprensa de modo geral abando-nou o jornalismo investigativo e o aprofundamento

Washington Novaesesteve em Curitibafazendo palestra

no encontro “Jornadas doMeio Ambiente paraJornalistas”, promovido pelaRede Verde de InformaçõesAmbientais, com o apoio doSindicato dos JornalistasProfissionais do Paraná e daFederação da Agricultura noEstado do Paraná. Nestaentrevista, ele fala sobre a

responsabilidade pessoal dojornalista no exercício daprofissão e alerta que asquestões ambientais estãono centro dos principaisproblemas atuais e devemser abordadas desde o início,e não só em tempos decrise. “A questão ambientaldeveria ser o centro e oponto de partida de todasas políticas públicas e detodos os planejamentosprivados. Os jornalistasdevem mostrar isso àsociedade e levá-la a exigirsoluções de seusgovernantes”, recomenda.

ARESPONSABILIDADEDOJORNALISTAEOMEIOAMBIENTE

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E X T R A P A U T A - J o r n a l d o S i n d i c a t o d o s J o r n a l i s t a s P r o f i s s i o n a i s d o P a r a n á - nº 5 9 - m a i o / j u n h o / j u l h o - 2 0 0 2 - 13

das notícias. É possível reverter esse quadro?Novaes - A comunicação está num momento muito

complicado. Hoje há uma disputa feroz pelo mercado, nomundo inteiro. Oito grupos disputam o controle da co-municação mundial. E se convencionou que, para asse-gurar a audiência e o índice de leitura, o que importa é omodelo da notícia como espetáculo. Assim, a comunica-ção só intervém na grande crise, na grande emoção, nagrande tragédia. Isso relega ao abandono a discussão maisprodutiva, mais didática, mais informativa e formativaque a comunicação deveria exercer. Por outro lado, expul-sa da comunicação o cotidiano, que é feito de pequenascoisas. É preciso restituir o cotidiano na comunicação.Hoje ele não tem espaço, ocasionando conseqüências gra-ves. A vida não é feita de grandes tragédias, de grandesacontecimentos. Cada pessoa, em sua vida, é regida poruma sucessão de pequenos acontecimentos, mas issonão está na comunicação. O modelo vigente é muito pe-rigoso, pois a comunicação exclui os fatos que tocam aspessoas mais de perto. Elas passam a ver tudo comoespetáculo, como algo a ser contemplado, não como algoa ser sentido e que convoque as pessoas a uma respon-sabilidade pessoal.

Extra Pauta - O congresso anual da AssociaçãoMundial dos Jornais realizado em maio em Bruges, naBélgica, apontou a concorrência com a televisão, pro-curando apresentar as informações de maneira maisespetacular, como um dos principais motivos da quedade circulação dos jornais sobretudo nos Estados Uni-dos. Na França, ao contrário, jornais de todas as ten-dências aumentaram a tiragem, mesmo com a crisena publicidade. Os meios de comunicação francesesaprofundam as notícias, inclusive na internet, onde sãodadas notícias curtas, mas também é feita a análisemais aprofundada. O crescimento de circulação é pe-queno, mas ocorre todos os anos. Não é um alerta paraos donos de veículos de jornalismo impresso?

Novaes - A comunicação está num momento deli-cado. As pessoas em todo o mundo têm cada vez me-nos tempo para si mesmas. Trabalham cada vez mais,levam cada vez mais tempo para se deslocar entre suacasa e o trabalho e voltar. Levar essas pessoas a seinteressarem pela discussão e se aprofundarem não ésimples. Elas preferem a comunicação como entreteni-mento. Estamos numa crise dos nossos modos de vi-ver. Estamos numa fase que a língua inglesa chama detorning point, ponto de inflexão, em que vamos ter querepensar os nossos formatos de viver. Nestes dias con-

versava com meu filho e dizia para ele: “Pense no queaconteceria na Grande São Paulo, que tem 17 milhõesde habitantes, se a televisão não funcionasse duranteuma semana. Essas 17 milhões de pessoas seriam de-volvidas a si mesmas em seu tempo disponível. O queaconteceria dentro e fora das casas? Não há espaçourbano para que essas pessoas busquem outras alterna-tivas fora de casa e dentro de casa elas também não têmmais uma rotina que ocupe o tempo disponível. A tele-visão é hoje, de certa forma, a grande organizadora davida social. Ela ocupa o tempo das pessoas, diz os as-suntos pelos quais elas devem se interessar, o que de-vem e o que não devem fazer. Se a televisão fosse reti-rada e o cidadão fosse devolvido a si mesmo, haveriauma situação dramática.

Extra Pauta - A televisão, que também deveria in-formar, informa de maneira muito superficial.

Novaes - Mas ela ocupa o tempo das pessoas e dis-ciplina o modo de vida delas. Pode-se não gostar da suaprogramação, mas é ela que organiza. As pessoas ocu-pam a maior parte do tempo em que não trabalham ven-do televisão. O que aconteceria se elas não tivessemtelevisão? Certamente haveria transformações profun-das.

Extra Pauta - As capitais e regiões metropoli-tanas cresceram muito. O desemprego é alto emtodas as grandes cidades e a violência aumentoumuito. Hoje é a televisão que orienta a vida daspessoas. Como você encara esse processo?

Novaes - Houve um processo brutal no Brasil.De 1960 a 1996, a população das cidades cresceu93 milhões de pessoas. É uma brutalidade. Comoatender as necessidades de 93 milhões de pesso-as? Isso determinou uma expansão urbana caóti-ca. Grande parte dessas pessoas foi tirada do cam-po ou nasceu das pessoas mais pobres. Foi paraas áreas de entorno das cidades, ocupando áreasde preservação permanente e áreas de risco, e ge-rando uma necessidade brutal de infra-estrutura.

Extra Pauta - Nas margens dos mananciais edos reservatórios, na Região Metropolitana deCuritiba, vive um grande número de pessoas quenão têm possibilidade de pagar aluguel. Moramao lado dos rios, que fornecem água para a cida-de. Segundo os especialistas, todos os rios deCuritiba e da Região Metropolitana estão poluí-dos. O que poderia ser feito?

Novaes - Este é um panorama comum em to-das as regiões metropolitanas no Brasil. A maiordelas, a de São Paulo, tem 2 milhões e 700 milpessoas vivendo em áreas de preservação perma-nente ou áreas de risco. Como tirar 2 milhões e700 mil pessoas desses lugares? Levá-las para ondee fazer o quê com elas? São Paulo é uma cidadeque consegue conviver ao mesmo tempo com en-chente e racionamento de água. Tem sobra e faltade água ao mesmo tempo. Não pode usar um sólitro de água dos mananciais que atravessam o seuterritório, pois todos estão altamente contamina-dos, poluídos. E vai buscar água até 150, 200 qui-lômetros de distância, competindo por essa águacom outras regiões, pagando um custo brutal paratransportá-la. Estamos vivendo a irracionalidade.

Extra Pauta - Os técnicos falam que, daqui aalguns anos, também em Curitiba e na Região

Metropolitana a perspectiva é buscar água em riosda região central do estado para abastecer a capi-tal e as cidades vizinhas.

Novaes - Todas as regiões metropolitanas brasi-leiras estão na mesma situação. Estamos vivendo deforma insustentável. Estamos a caminho do colap-so. É preciso repensar isso enquanto é tempo. Épreciso fazer as coisas de forma adequada para quea vida seja possível e seja possível a convivência doser humano com o ambiente que o rodeia.

Extra Pauta - Em Los Angeles, nos Estados Uni-dos, 60% do espaço urbano estão voltados para ocarro. A média de ocupação pelo automóvel emoutras grandes cidades americanas é de 50%. OBrasil está caminhando para isso. Os orçamentosdas nossas maiores cidades não estão sendo desti-nados cada vez mais para o automóvel?

Novaes - Considerando ruas, avenidas, estacio-namentos e garagens, a cidade de São Paulo já temmais de 50% do espaço público ocupado pelo trans-porte. É um contra-senso. O que devia ser um meiopassa a ser um fim. As pessoas passam a viver emfunção dessas coisas. Quanto à população, o Brasilainda tem 18 a 19% de sua população na área rural.Há muitas discussões sobre o que é população urba-na e população rural. O professor José Eli da Veigaconsidera que as cidades de pequeno porte e as pes-soas que moram nelas ainda estão relacionadas como campo, e há uma proporção muito maior da popu-lação brasileira ainda vivendo no campo. Mas o fatoé que existe um processo pelo qual há cada vez me-nos espaço e possibilidade de ocupação para as pes-soas fora das cidades. Mas as cidades não são capa-zes de atender a essas pessoas e dar a elas um modode vida adequado. Mais uma vez, tudo isso tem queser repensado. E essa é uma função do jornalista. Eleprecisa discutir os modelos brasileiros de ocupaçãodo território, os modelos de produção, as conseqü-ências que isso tem no social e no urbano. É o que seespera dele.

Washington Novaes falou aos jornalistassobre meio ambiente no dia 6 de junho

no Shopping Center Batel

Washington Novaes trabalhou na maioria dosgrandes veículos de comunicação brasileiros. Co-meçou como revisor em 1957 na antiga Folha daManhã (hoje Folha de S. Paulo). O seu currículoinclui passagens pelo Estado de S. Paulo, Correioda Manhã, revista Visão, Última Hora e Rede Glo-bo, onde foi por vários anos editor-chefe do Glo-bo Repórter. Em Goiânia, onde reside, dirigiu du-rante um ano e meio o jornal Diário da Manhã.Foi secretário do Meio Ambiente em Brasília, noprimeiro governo de Joaquim Roriz. Atualmente ésupervisor do Repórter Eco na TV Cultura de SãoPaulo, onde produz documentários e faz comen-tários. Trabalha como consultor da ONU nos re-latórios sobre desenvolvimento humano e foi con-sultor do relatório brasileiro sobre a biodiversidade.

Washington Novaes

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14 - E X T R A P A U T A - J o r n a l d o S i n d i c a t o d o s J o r n a l i s t a s P r o f i s s i o n a i s d o P a r a n á - nº 5 9 - m a i o / j u n h o / j u l h o - 2 0 0 2

fotojornalismo

Tribuna do Paraná manipulaimagem, denuncia a Arfoc

ATribuna do Paraná manipuloudigitalmente uma foto do jogoParaná e Coritiba, no Estádio

Durival de Brito, pelo SupercampeonatoParanaense, na primeira página daedição do dia 27 de maio. A denún-cia é feita no site www.arfoc.org,da Associação dos Repórteres Fo-tográficos e Cinematográficos doPa ra ná (Ar fo c /P R ) . N o m es mosite, a Arfoc publica uma foto se-melhante, que saiu no mesmo diano jornal Lance!, sem manipulação,e compara as duas imagens. O au-tor da foto da Tribuna do Paranáé o repórter fotográfico HedesonSilva e o do Lance! é o repórter fo-tográfico Denis Ferreira Netto.

“Foi o lance mais expressivo dojogo e os dois jornais, por coinci-dência, usaram a mesma imagem,o que raramente acontece. Mas aTribuna trocou a legenda da placada Gazeta do Povo pelo título doseu jo rna l. C ons idero absurda amanipulação de uma imagem. Façoparte do Conselho de Ética do Sin-dicato dos Jornalistas Profissionaisdo Paraná e não posso ficar cala-do”, afirma Denis Ferreira Netto,que também é repórter fotográficode O Estado do Paraná , que coma Tribuna faz parte do Grupo Pau-lo Pimentel.

Segundo Denis Ferreira Netto,não é a primeira vez que a Tribu-na faz esse tipo de manipulação daimagem. “Ela tira ou coloca a bolaao seu bel-prazer, como já acon-teceu em lance de dispu ta entredois jogadores. A expressão dosa tletas era mui to boa , mas , porazar, a bola não apareceu no lan-ce. Então foi usado o recurso doPhotoshop para colocar a bola nafoto. Isso caracteriza manipulaçãode imagem”, afirma.

Denis Ferreira Netto explica que os doisrepórteres fotográficos es tavam um ao ladodo outro e tiraram a foto no mesmo instante.“O Lance!, como é natural, publicou a fotocom a placa da Gazeta ao fundo, enquanto aTribuna substituiu o título do jornal concor-rente pelo seu. Mas não existe no estádio daVila Capanema nenhuma placa da Tribuna nes-te local do campo ao lado do gol”, observa orepórter fo tográfico.

“Se um jornal grande manipula uma foto,imagine o que pode vir a acontecer com asimagens nos jo rnais de bai rro”, ind igna-seDenis Ferreira Netto. “Isso já foi feito pelaGazeta do Paraná , que deletou o governadorJaime Lerner da imagem, um caso que tevemuita repercussão e até processo. No caso daTribuna do Paraná não vai acontecer nada,mas o jornal fica informado de que repórte-res fotográficos e jornalistas estão de olho emtodos os jornais.”

Denis comenta que uma banca docentro da cidade expôs os dois jornaisno dia da edição e colocou a pergunta:“Qual será a foto verdadeira?”, atra-indo a atenção de mui tos cur iosos ,devido à semelhança das imagens. “Osleitores queriam saber qual era a ver-dadeira. Poderia até ser feito o jogodos sete erros”, graceja.

Segundo a Arfoc, os jornais têm aresponsabilidade de divulgar a infor-mação correta e manter uma posturaética em relação às imagens que pu-blicam. “Caso contrário, saem perden-do o autor da obra , o anunciante etambém o leitor, que é enganado pelainformação publicitária falsa”, argu-menta a associação.

Edgar Roskis, professor de comu-nicação na Universidade de Paris, afir-ma que usar normalmente um progra-ma como o Phtoshop para compensaras pe rd as téc ni cas de q ua l ida de eretrabalhar uma imagem, para cortaro que não convém ou realçar o que trazbenefício coloca um problema ético,político e jurídico. Segundo ele, issotraz um descrédito ao instantâneo emparticular e à informação em geral.

Em seu si te, a Arfoc lembra queconstitui violação dos direitos do au-tor, ao usar a fotografia, deixar de men-cionar o nome do autor. Nesse caso,além de responder por danos morais,quem publica a foto está obrigado a di-vulgar o nome do seu autor. E mencio-na o artigo 25 da lei 5988, de 1973,que garante ao autor o direito de ter oseu nome citado todas as vezes que afotografia for publicada, além de ad-quirir o direito a um novo pagamentopela reutilização. Na venda para tercei-ros, o autor tem direito a 50% do va-lor.

Outra violação dos direitos do au-tor é, segundo a Arfoc, interferir na

fotografia vazando letras, amputando, alteran-do, manipulando, acrescentando ou suprimin-do através de qualquer processo sem a auto-rização do autor. Destruir negativos tambémé um ato criminoso, independente de qualquerargumento. Além de ferir a legislação, provo-ca danos à memória do país. Da mesma for-ma é crime negar o crédito através de mano-bras, creditando-se a procedência da foto aentidades, banco de dados, setor de divulga-ção ou arquivos.

A imagem manipulada, publicada pelaTribuna do Paraná, foto de Hedeson Silva

Lance do jogo Paraná x Coritiba,foto de Denis Ferreira Netto

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E X T R A P A U T A - J o r n a l d o S i n d i c a t o d o s J o r n a l i s t a s P r o f i s s i o n a i s d o P a r a n á - nº 5 9 - m a i o / j u n h o / j u l h o - 2 0 0 2 - 15

delegacia do sudoeste

Uma relação fundamental entre o jor-nalista e a economia é a ética. “Aética deve estar presente em toda a atividade do

jornalista especializado em economia. Não é a faculda-de que ensina a ele a ser ético. Ela depende da formaçãode cada profissional.” A afirmação foi feita pelo jorna-lista Ubirajara Alves, secretário de redação da GazetaMercantil em Curitiba, num encontro realizado em PatoBranco que envolveu estudantes de Comunicação So-cial, com habilitação em Jornalismo, e Publicidade ePropaganda, jornalistas, economistas e empresários daregião Sudoeste do Paraná.

Ubirajara Alves disse ainda que o jornalista deve teruma relação profissional com a fonte, sabendo avaliaro tipo de informação que ela repassa, pois quando anotícia vem à tona, verdadeira ou falsa, provoca umareação. “A relação com a fonte deve ser de confiançae respeito. Mas o profissional também tem compro-misso com o leitor, e não pode deixar que outros inte-resses interfiram nos dados que colheu”, analisou.

Segundo o secretário de redação da Gazeta Mer-cantil, o jornalista deve conciliar ética, dedicação eisenção. “Há muita responsabilidade no informar e aessência do trabalho jornalístico é bem informar. Aobuscar o furo, o profissional deve estar seguro da in-formação”, indicou. Ubirajara Alves também ressaltou

Economia é tema de encontrode comunicação em Pato Branco

que são poucos os jornalistas que se interessam poreconomia e, por isso, são muito procurados. “Todojornalista deveria ter conhecimentos básicos de eco-nomia, pois ela interfere no dia-a-dia das pessoas”,observou.

No mesmo encontro, Gilcindo de Castro Neto afir-mou que no mercado atual não existe sorte ou azar, esim falta de conhecimento e informação. “Quem temsai na frente”, destacou. Gilcindo é economista e con-sultor do Sebrae-PR (Serviço de Apoio à PequenaEmpresa do Paraná) e representante da indústria defogões Atlas. Ele considerou que a informação eco-nômica deve ser vista como um todo, aliando dadosda macro com a microeconomia. “O empresário nãodeve ver apenas a manchete, mas o que está por trásdela. Ele deve focar todo o empreendimento”, frisou.

O encontro, que visou a relação entre a produçãojornalística na área econômica e o universo empresa-rial, foi realizado no anfiteatro da Fadep (Faculdade dePato Branco), no dia 21 de junho. Os trabalhos foramorganizados pelo curso de Comunicação Social - habi-litação em Jornalismo da Fadep e pela delegacia regio-nal do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná,com o apoio do Sebrae-PR. Dois encontros semelhan-tes a este já foram promovidos na cidade, um sobrecomunicação e saúde e outro focalizando a política.

A relação com afonte deve ser de

confiança e respeito.Mas o profissional

também temcompromisso com oleitor, e não podedeixar que outros

interesses interfiramnos dados que

colheuUbirajara Alves, secretário de reda-ção da Gazeta Mercantil do Paraná

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16 - E X T R A P A U T A - J o r n a l d o S i n d i c a t o d o s J o r n a l i s t a s P r o f i s s i o n a i s d o P a r a n á - nº 5 9 - m a i o / j u n h o / j u l h o - 2 0 0 2

imprensa no paraná

Walter Schmidt chega à Gazeta do Povo às8h. Todos os dias, faz uma avaliação daqualidade jornalística da publicação: o que o

jornal deu bem, o que não publicou, onde furou e ondefoi furado. Aborda o enfoque das notícias, examinan-do se a Gazeta deu em determinados temas um enfoquemais correto ou menos correto. Analisa a técnica jor-nalística, verificando se o jornal está produzindo asnotícias dentro da melhor técnica, se o lead é bom. Lêtexto por texto, com todos os seus componentes: títu-lo, gravata, olho e legenda.

Antes de Schmidt chegar à Gazeta, uma primeiraavaliação do jornal é feita por estagiárias do curso deLetras. Elas chegam ao jornal à meia-noite e buscamerros gramaticais e de padrão (a Gazeta adota o Manualde Redação do Estado de S. Paulo). Observam, do pon-to de vista do manual, se o número foi escrito por ex-tenso ou em algarismo, e outras normas tradicionais. Etodos os dias emitem uma avaliação gramatical e depadrão de estilo do jornal.

Essa avaliação é colocada diariamente num mural eos jornalistas que produziram matérias vêem como oseu trabalho foi avaliado. Todos os erros são aponta-dos em um exemplar do jornal. “Hoje o jornal estácom muitos erros”, avalia Schmidt. A maior parte des-ses erros se refere a concordância, pontuação, orto-grafia, regência e crase. A meta da Gazeta do Povo échegar a 0,5 erro por coluna todos os dias.

A idéia do controle da qualidade do jornal, do pontode vista gráfico e editorial, surgiu na Gazeta do Povoapós a implantação do novo projeto, em 1999. Os con-sultores da Universidade de Navarra, que elaboraram oprojeto, estiveram em Curitiba e definiram o modelográfico e editorial. Quando ele ficou estabelecido, WalterSchmidt o apresentou e explicou a cada jornalista e emseguida foi feito um treinamento com os profissionaisda redação.

O primeiro passo do controle da qualidade foi a im-plantação da avaliação diária, que no início era feita poroutros jornalistas, até ser assumida e institucionalizadapor Walter Schmidt. No início do ano passado, ele foifazer curso de pós-graduação em Portugal. Reassumiuno jornal em março deste ano e voltou para a mesmaárea. Nesse meio tempo, a empresa implantou o levan-tamento de erros, feito por estagiárias do curso de Le-tras, que complementa o controle de qualidade.

Condições essenciaisEm seu trabalho diário como coordenador de quali-

dade, Walter começa examinando a notícia para ver sefalta nela alguma de suas condições essenciais. Verificase os títulos estão corretos e se sustentam, se dizemuma coisa e a notícia outra. Vê se a foto é adequada ànotícia e não está distante do texto, se a legenda é bemfeita, se as fotos identificam bem as pessoas. Analisadesde as manchetes até as pequenas notícias. Observaa questão ética, se por exemplo o repórter está chaman-do alguém de marginal, acusando pessoas sem que hajauma sentença condenatória. Checa informações para verse o jornal está dando informações erradas.

Durante a Copa do Mundo, a Gazeta informou numachamada, em primeira página, que o Brasil jogaria na-

Fazendo o controle de qualidade

quele dia, quando o jogo seria no seguinte. “É um errode informação”, comenta Schmidt. Outro erro é situaruma cidade no sudoeste do estado quando ela fica nosudeste. Schmidt checa os infográficos, para ver secorrespondem ao que está escrito e se acrescentam in-formação. Muitas vezes, eles só repetem o que está notexto.

Schmidt avalia editoria por editoria, mostrando ospontos positivos e negativos. Observa o português, e àsvezes indica a falta de uma vírgula esclarecedora notítulo. Aponta o que falta à matéria e anota o uso inade-quado de palavras. Todos os dias, além dos problemasde português, comenta frases com erros.

Sempre há um tema de reflexão. Em uma das avali-ações diárias, lembrou que, assim que o USA Today foilançado, em um de seus primeiros números deixou cla-ro que, no jornal deles, os jornalistas trabalham paraque o leitor não tenha trabalho ao ler o jornal. A infor-mação deve ser clara, completa e precisa, para que oleitor não precise recorrer a outras fontes para comple-tar o que o diário publicou. No final do mês, avalia algu-mas questões que apareceram nos últimos trinta dias efaz o comentário do mês. Apresenta o significado cor-reto das palavras. O documento fica circulando o mêsinteiro. Nesse meio tempo, ele se reúne com o pessoal econversa.

Um trabalho de formiga“O importante é que nenhum desses relatórios tem

caráter punitivo ou coercitivo”, comenta Schmidt. “Nin-guém é punido por errar mais. O objetivo é fazer comque cada um trabalhe para melhorar o jornal, em todasas áreas. Ninguém deve ficar constrangido por errarmais ou menos. O que se percebe em tudo isso é que aqualidade do jornal tem melhorado. É um trabalho len-to, de formiga. Já promovemos cursos de português etécnica de redação, na área de qualidade, e planejamos

outros. Também estamos pensando em montar um la-boratório de texto”, anuncia.

Quando Walter Schmidt termina a avaliação, o res-tante do tempo fica trabalhando com os editores. “Éum trabalho formal. Converso com um jornalista, apon-tado pelo editor, que tem alguma dificuldade em mon-tar o texto, e passo a trabalhar com ele. O material deavaliação e controle serve de subsídio para o pessoalda redação cobrar a qualidade do jornal. A direção daredação começa a apontar os casos em que se devecobrar mais e as áreas que precisam de mais apoio.”

Consciência profissionalA avaliação não mostra somente os erros, mas tam-

bém os acertos. Ela recomenda os bons textos quedevem ser lidos. “É um trabalho muito interessante.Estamos cuidando do aprimoramento do futuro do jor-nal no suporte papel. Nesse trabalho, a gente percebeque o jornal é feito cada dia com um pouco mais decuidado. A única área em que não atuo é a opinião e ascolunas de opinião”, diz Walter Schmidt.

“Há jornalistas que têm tendência a editorializar amatéria. Na avaliação chamamos a atenção se a matériaestá sendo editorializada, quando deve ficar nos fatos eser objetiva. Às vezes, o texto dá apenas uma versão dofato ou não cruzou informações. Esse conjunto de ob-servações vai despertando nos jornalistas a consciênciaprofissional”, observa o coordenador de qualidade.

“A avaliação sugere muitas vezes que os temas te-nham continuidade, para retificar, melhorar ou simples-mente dar seqüência”, afirma Schmidt. “A suíte faz partedas notícias do dia-a-dia. Mas às vezes é preciso dar asuíte para aprofundar, retocar ou dar um erramos.” Otrabalho do coordenador de qualidade da Gazeta é pare-cido com o de um ombudsman interno. Ele é feito no OGlobo, na Folha de S. Paulo, no Zero Hora e no Esta-do de S. Paulo.

Elton Damásio

Walter Schmidt avalia todos os dias a qualidade jornalística da Gazeta do Povo

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E X T R A P A U T A - J o r n a l d o S i n d i c a t o d o s J o r n a l i s t a s P r o f i s s i o n a i s d o P a r a n á - nº 5 9 - m a i o / j u n h o / j u l h o - 2 0 0 2 - 17

Ogrande volume de demissões nas empresasde comunicação e o número cada vez maior

de profissionais lançados pelos cursos de co-municação obrigam muitas vezes o jornalista a optarpor duas alternativas: abrir uma empresa ou trabalharcomo autônomo. No primeiro caso, o profissional daárea pode abrir uma empresa como pessoa jurídica, paraprestação de serviços, assessoria ou consultoria em ati-vidade que envolve material jornalístico (texto, revisão,foto, redação, edição).

A melhor opção é uma sociedade limitada. O jorna-lista precisa conseguir pelo menos um sócio e contratarum contador ou advogado, que fará o contrato social.O contador registrará o contrato na Junta Comercial,nas receitas federal e estadual e na prefeitura municipal.

Assim que a sociedade for constituída, o jornalistapode angariar trabalhos com um contrato de prestaçãode serviços, e não mais com um contrato de emprega-do. Deve fornecer nota fiscal pelos trabalhos que pres-tar. Os encargos tributários e previdenciários sobre ofaturamento das notas fiscais são o ISS para a prefeitu-ra (5% em Curitiba e 2% a 3% em outras cidades); oimposto de renda de pessoa jurídica, com um percentualvariável, de acordo com o valor das notas (em média4,8%); e o INSS (de 15%).

Os custos iniciais para abrir uma empresa não sãoelevados. Entre os serviços de um contador e as taxas é

própria iniciativa

Abrindouma

empresa

preciso desembolsar aproximadamente R$ 300,00. Maso negócio tem riscos, adverte o advogado Sidnei Macha-do. “Se o jornalista se comprometer a fazer um tablóide

PRpress começa a operar no Paraná

de 32 páginas, terá de fazê-lo de acordo com o pedido docliente e no prazo estipulado.” Não terá a obrigação decumprir horário nem de ficar à disposição da empresa.“Muitas terceirizações que colocam o trabalhador total-mente à disposição da empresa, para cumprir uma pautade trabalho, por exemplo, são fraudes perante a lei”, de-nuncia.

AutônomoOutra opção do jornalista é trabalhar como au-

tônomo. É o free-lancer ou trabalhador indepen-dente, que segundo a lei é aquele que trabalha semuma relação de continuidade com a empresa e semsubordinação a horário e a qualquer forma de con-trole. Em regra, é aquele que executa pequenas en-comendas de texto e de foto, em trabalhos eventu-ais. “O frila fixo não existe. Um frila fixo é, naverdade, um empregado”, destaca Sidnei Macha-do.

Neste caso, o jornalista só precisa fazer um re-gistro como autônomo na prefeitura, e para issodeve levar o comprovante de residência. A cadatrabalho prestado sobre os recibos emitidos devepagar ISS e imposto de renda. O pagamento doISS é anual, não sendo necessário pagá-lo cada vez.

Em ambas as modalidades de contrato é funda-mental, para evitar o não pagamento (calote) ou di-vergências quanto às condições de trabalho, fixar emcontrato o preço e o prazo de pagamento, antes doinício do trabalho. Desse contrato devem constartodas as condições combinadas. O Sindicato dos Jor-nalistas do Paraná possui um modelo de contrato paraquem quiser utilizá-lo. Segundo o advogado SidneiMachado, são recorrentes os casos de jornalistas quefazem um trabalho sem contrato e ficam desarmadospara cobrar o valor, o prazo e outros itens. “Isto émuito comum no período eleitoral”, adverte.

Desde junho, está operando em todo o Paraná aAgência de Notícias “PRpress”, uma empresa espe-cializada em serviços de comunicação jornalística, ca-paz de atender jornais impressos e demais veículosde imprensa com material noticioso diário de âmbitoestadual/regional e mesmo nacional. Com oito basesnas principais cidades do estado, a PRpress atua nacobertura dos principais fatos jornalísticos de inte-resse para veículos de imprensa de grande, médio epequeno porte. A agência já conta seis clientes e em-prega dez profissionais.

Segundo Hermann Lima, gerente de marketing evendas da PRpress, a empresa surge com o objetivode preencher a lacuna hoje existente na imprensaparanaense no que diz respeito ao fornecimento dematerial jornalístico completo (textos noticiosos, re-portagens especiais, colunas de política e geral,charges, cobertura fotográfica e variedades) para osmais variados órgãos de comunicação. “A idéia é for-necer conteúdo jornalístico para um mercado altamenteespecializado a um custo compatível com as necessi-dades desses veículos”, diz Lima.

A agência conta com domínio virtual próprio naInternet. Toda a sua produção – além de informaçõessobre vendas, contatos e equipe de trabalho – está dis-

ponível no site www.prpress.com.br. A sede comer-cial, administrativa e de serviços de Webmaster (pro-dução e atualização do site) fica sediada em Maringá.Já a redação da agência funciona em Londrina. “É umacidade que conta com a tradição de ser celeiro de ta-lentos no jornalismo brasileiro. Por ser referência nes-te aspecto, Londrina é a praça ideal para centralizarnossa produção”, justifica Lima.

A PRpress dispõe também de bases fixasem Curitiba, Foz do Iguaçu, Cascavel,Maringá, Ponta Grossa, Guarapuava eUmuarama, além de colaboradores (free-lancers) em outras cidades de porte médio doParaná. Os jornalistas trabalham sob acordode cooperação e recebem pela divisão dofaturamento líquido em função da produtivi-dade de cada um.

Já assinam os serviços da PRpress o Jornaldo Estado, de Curitiba; O Diário, de Maringá;Gazeta do Paraná e Hoje, de Cascavel; Tribu-na do Interior, de Apucarana; e Diário do No-roeste, de Paranavaí. Além desses, pelo menosdoze outros jornais de todo o estado utilizam oacesso promocional para conhecer o produto.

Segundo a avaliação dos jornalistas daPRpress, inúmeras páginas presentes na Internethoje já oferecem conteúdo jornalístico, mas seuobjetivo principal é atrair um maior público deinternautas em geral (page news). “Por sua vez,o site da PRpress deve ser prioritariamente o meiode transmissão de nosso serviço de imprensa vol-tado aos veículos profissionais de comunicação”,explica Hermann Lima.

Na campanha eleitoralO jornalista que trabalhar na campanha eleitoral

deve tomar alguns cuidados, para evitar o calote:1. fixar em contrato o preço e o prazo do

pagamento antes do início do trabalho2. no contrato devem constar todas as

condições combinadas3. o contrato é a única garantia para cobrar o

valor, o prazo e outros itensO Sindicato dos Jornalistas possui um modelo

de contrato, disponível no www.sindijorpr.org.br,que pode ser utilizado pelo autônomo.

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memória

Participando da históriada Gazeta do Povo

Depois de 36 anos de trabalho na Gazeta do Povo,onde começou como repórter e chegou a responsável pelo conselho editorial, aposentou-se

no dia 4 de junho o jornalista Antônio Nunes Nogueira.Durante todo esse tempo, Nogueira viu o jornal passarpor modificações profundas com a introdução de no-vas tecnologias, e destaca episódios que ocorreram du-rante o período da ditadura militar.

Nogueira ingressou na Gazeta no dia 15 de janeirode 1966 como repórter. A primeira tarefa que recebeufoi copidescar os textos do repórter de rua MoacyrMitsuyassu. Em sua carreira passou por quase todas asfunções na redação: editor nacional, chefe de reporta-gem, chefe de redação, diretor do departamento de jor-nalismo e, por último, responsável pelo conselho edito-rial.

Participou de todas as mudanças gráficas eeditoriais da Gazeta do Povo, “que não forampoucas”, como ele destaca. A primeira delas in-troduziu a diagramação no jornal, no início dadécada de 70. Para implantá-la, veio a Curitibaum técnico do Jornal do Brasil.

Na mesma época, surgiu a Agência JB, pri-meira agência de notícias brasileira. Nogueira lem-bra que, naquele tempo, não havia telex na cidadeO primeiro foi instalado no Palácio Iguaçu, quefez um acordo com a Gazeta: o jornal podia usá-lo quando era liberado pelo Palácio. “Era um dra-ma”, relembra Nogueira. “Era preciso ir da Gaze-ta até o Palácio, religar as máquinas do telex efazer contato com a redação por telefone. Odiagramador dava o espaço que a notícia ia ocu-par e eu fazia sozinho o texto da chamada na pri-meira página. Isso era feito entre 20h e meia-noi-te. Na época, o jornal não tinha horário para sair”,conta Nogueira.

Mudanças profundasAs mudanças tecnológicas atingiram profun-

damente a composição e impressão do jornal. “Houveum avanço inacreditável na composição desde os tem-pos em que comecei a trabalhar até hoje. Atualmentetudo é feito com rapidez e facilidade. A ligação com omundo é permanente. Naquela época o contato era porcomunicação telegráfica, em código morse, ou por rá-dio escuta, para captar as notícias nacionais. Havia umasó agência internacional, que enviava os textos em lin-guagem telegráfica, com muito PT (ponto) e VG (vír-gula), linguagem que o Correio usava até algum tempoatrás.”

Antônio Nogueira lembra que o primeiro fotolito emcores foi feito manualmente e ficou pronto às 2h damadrugada. O técnico demorou muito até acertar a cor.A Gazeta do Povo foi pioneira na América do Sul naintrodução do offset e deu treinamento para jornalistasde outros estados do país e de todo o continente. Foi oprimeiro jornal brasileiro a ter máquina de leitura ótica,que deu grande velocidade à composição. Mas ela nãodemorou muito tempo, pois foi logo substituída por outra

mais moderna.Ao longo dessa evolução, Antônio Nogueira cita al-

gumas edições que saíram da normalidade, exigindoreposição. A edição do tricampeonato do Brasil no Mé-xico, em 1970, esgotou às 8h. As mortes trágicas deAyrton Senna e Tancredo Neves, a visita do Papa JoãoPaulo II a Curitiba e a explosão de um caminhão comdinamite no bairro do Cabral também foram aconteci-mentos que levaram grande número de leitores às ban-cas. “No caso do caminhão com dinamite só havia fotoem preto e branco e foi preciso pintá-la. O resultadofinal ficou excelente”, comenta Nogueira. A edição daneve de julho de 1975 também explodiu em vendas.

Edições em seqüência, que tiveram uma vendagemfora do comum, ocorreram logo depois que o presiden-te Fernando Collor de Mello assumiu o governo e co-

meçou a editar atos oficiais de natureza econômica. “Osjornais venderam que foi um horror. As medidas eco-nômicas modificavam tudo e afetavam a vida do dia-a-dia das pessoas e das empresas, e era preciso estar in-formado para fazer as adaptações”, lembra AntônioNogueira.

Proibições bobasNogueira participou diretamente de incidentes da

ditadura militar relacionados com a imprensa do Paraná.“Quando era chefe de reportagem, recebi inúmeros bi-lhetes proibindo a divulgação de notícias. Mas, infeliz-mente, não tive o cuidado de guardá-los”, conta No-gueira.

“Um episódio que me marcou ocorreu na época daAliança para o Progresso, quando John Kennedy erapresidente dos Estados Unidos. A Aliança enviou para oPorto de Paranaguá uma grande quantidade de leite empó. Mas a carga não era liberada. Denunciamos na Ga-zeta que o produto estava se deteriorando. No mesmo

dia da publicação, um general que não se identificoutelefonou para o jornal de maneira agressiva, ameaçan-do a Gazeta de enquadramento por ter feito a denúncia.Eu disse a ele que fosse ao porto, onde poderia com-provar pessoalmente a veracidade da informação. O ci-dadão perdeu o rebolado.”

Na época da ditadura, os órgãos de segurança proi-biam a divulgação de qualquer notícia desse tipo. “In-surgir-se contra o SNI (Serviço Nacional de Informa-ções) era o mesmo que assinar o atestado de óbito”,afirma Nogueira. Na verdade, não se podia divulgar quasenada que fosse notícia. “Os jornalistas eram fonte pri-vilegiada de informações. Recebíamos bilhetes proibin-do a divulgação de fatos de que a imprensa não tinhaconhecimento ou que não podia divulgar. Assim, ficá-vamos sabendo de uma manifestação que ocorria no

Rio de Janeiro através desses bilhetes. Pena quea informação não chegasse até os leitores. Osmesmos assuntos eram proibidos em todos osjornais. Às vezes eram coisas bobas, que po-deriam ser noticiadas sem nenhum problema”,observa Nogueira.

Entre a redação e a oficina sempre haviaum censor, para verificar se a ordem era cum-prida. Pela Gazeta do Povo passaram pelo me-nos seis censores. Eles permaneceram na re-dação por um bom tempo. Não se identifica-vam, não conversavam com os jornalistas eninguém ficou sabendo o nome deles. Apenasdiziam que eram do SNI. “Tinha-se a impres-são de que eram pessoas de fora de Curitiba,que depois de executar suas funções retornavampara o local de origem”, diz Nogueira.

Outro fato marcante na vida da Gazeta doPovo foi, segundo Antônio Nogueira, adiagramação da edição do homem chegando àLua. “Na época não se admitiam liberdades nadiagramação. Foi feita uma foto de página in-teira, que ficou muito bonita. O fato marcou,

porque era difícil fazer um fotolito de página inteira.”“Nos tempos idos não havia muito controle na nu-

meração do jornal. Um dia resolvi fazer um cálculo everifiquei que o número do jornal estava errado. Levei àdireção e o jornal contratou um free-lancer, que fez otrabalho de conferência. Ele comprovou que o jornalcirculou durante muito tempo com números errados.”

Antes de ingressar na Gazeta do Povo, AntônioNunes Nogueira editou, com Rodolpho Carlos Bettegra,a Gazetinha Turfista, uma publicação impressa na pró-pria Gazeta, porém de produção independente. Tam-bém participou da revista O Turfista Semanal, que edi-tou praticamente sozinho. Passou dois anos e meio noCorreio do Paraná, da família Ferreira da Costa. Tra-balhou também por algum tempo no Diário do Paraná,sempre na área do turfe.

Antônio Nunes Nogueira também atuou na área sin-dical, tendo sido secretário do Sindicato dos JornalistasProfissionais do Paraná, nas gestões do presidenteAyrtonBaptista.

Antônio Nogueira participou durante 36 anosda história da Gazeta do Povo

Silvio Rauth Filho

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Page 19: Extra Pauta Ed. 59

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Marcelo Lima

Olivro mais recente do jornalista NilsonMonteiro, “Pequena casa de jornal” (Im-prensa Oficial, 112 páginas), surpreende

pela capacidade de conter, nas miudezas e nosdetalhes secundários do cotidiano, uma certa di-mensão épica. É como se, ao descrever a precarie-dade do gesto mais banal e da idiossincrasia do ou-tro, o autor pudesse forjar uma escrita com que osleitores se identifiquem, num banquete discreto deriso, choro, indignação, fracasso e sofrimento.

Contraditoriamente — e para a felicidade dequem corre os olhos sobre estas páginas — ostextos têm um alumbramento humilde que situa olivro muito longe da aridez desinteressada das no-tícias e não-notícias que compõem o prato-feitoda imprensa de hoje.

No lugar de, como repórter, destacar as infor-mações objetivas que supostamente modificam osrumos dos leitores, Nilson dá vazão a um enxurropessoal há muito deixado de lado pelo automatismodo jornalismo diário. Esqueça a credibilidade dafonte; não dê bola aos números que complementama notícia; deixe de lado o raciocínio cartesiano decausa-conseqüência que cose a reportagem. Ojogo é outro. O autor propõe uma forma diferentede inventar o real, que ao mesmo tempo é pessoale coletiva. É como se dissesse, à guisa de epígrafe:escrevi tudo isso pensando em mim e em você, óleitor, meu irmão, meu igual.

Ao ler “Pequena casa de jornal”, tente imagi-nar um Nilson Monteiro cercado de amigos, namesa do bar, contando histórias. Não se equivo-que: o bar não é lugar para encher a cara, esque-cer os problemas; é o espaço público de quem temfome de convivência. O que se conta é um leniti-vo: serve para lembrar o ouvinte de que ele tam-bém está vivo. Sua trajetória é feita de pequenascoisas, contadas de um jeito particular. Os movi-mentos da imaginação, embalados pelo espaçolibertário do boteco, elevam o detalhe à reflexãoconseqüente.

A liberdade da mesa é um perene ensaio: pro-

livro

Era uma vez o mundoEm “Pequena Casa de Jornal”, Nilson Monteiro faz uma viagem

sentimental às pequenas coisas do cotidiano

cura-se dar coerência às mais diversas vizinhan-ças, fazendo com que o narrador entre no ritmodo ouvinte mais atento e do espectador preguiço-so, sem perder a marca pessoal. Li com o mesmoprazer e interesse os textos rápidos deste livro emvários espaços: em elevadores, sob os olhos decorretores de imóveis; na paciência da fila do ban-co; no sofá da sala, depois de um lauto almoço dedomingo — e até mesmo no interior do meu auto-

móvel, ouvindo o barulho bom domotor em viagem e a voz de alguémque quebra a monotonia do trajetolendo trechos de livros em voz alta.

Em alguns momentos, “Peque-na casa de jornal” me fez pensarnum poema de Oswald de Andradeque está, se não estou enganado,em “Pau Brasil”. O texto ilustra umglobo terrestre desenhado por umacriança. O poema é só isto: “Erauma vez o mundo”, mas pode serlido como a defesa deliberada deuma visão particular da realidade.É como se o poeta estivesse dizen-do: o mundo é aquilo que eu queroque ele seja. E, com isso, tentassefugir da tradição realista-naturalis-ta que imperou por muitos anos naprodução literária brasileira. Oswaldcondiciona as formas a uma éticade liberdade que incorpora o novoe o não-civilizado.

Seria ingênuo se dissesse o mes-mo da prosa de Nilson. Em algunsmomentos, sua fala trilha os pas-sos dos modernos cronistas da lite-ratura brasileira, tributários dotrovar claro de Oswald deAndrade. O que me faz pensar nosrabiscos do poema modernista é abusca de liberdade, ainda que ilu-sória, de alguns textos de Nilson.Existe nesses textos o impulso deir além do detalhe descritivo e da

informação ilustrativa. A referência a pequenascoisas — a morte do motorista; a paixão por Lon-drina; o futebol; os imigrantes anônimos; a vida ea morte dos pés-sujos da capital; a nostalgia deum Paraná que só existe na pena do autor — ape-nas disfarça a aspiração ao que é duradouro.

Marcelo Lima, 30 anos,é jornalista e professor

Reprodução

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LIBERDADE DE IMPRENSA11 de setembro, às 20 horas

no TEATRO da REITORIA - UFPRENTRADA FRANCA

PALESTRANTESGeorges Bourdoukan - jornalista e escritor - estudioso da cultura árabe -

nasceu e viveu no Líbano até os 10 anos - autor do livro “Capitão Mouro”contratado pela Rede Globo para a minissérie com roteiro de Maria

Adelaide Amaral (A Muralha) e direção de Denise Saraceni.

Sérgio Feldman - Professor de História Antiga e Medieval (Tuiuti) eEspecialista em Cultura Judaica

informações:

Fone: (41) [email protected]

Organização:Cida Mondini

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Comunicação&

Cidadania

Comunicação&

Cidadania

Dias 10 e 11 de setembrotem mais um evento :Liberdade de Imprensa

Teatro daReitoria da UFPR

Quem desejar maiores informações ou quiser acrescentar sugestões e críticas, envie e-mail para:Cida Mondini - [email protected]

Projetos de Comunicação.

Responsabilidade SocialUm tema que já foi apresentado para discussão na edição passada e que continua nesta. E pretendo

continuar o assunto nas próximas edições... Fiquem com a opinião de Heródoto Barbeiro:

TERCEIRO SETOR GLOBAL

Ointeresse das empresas em desenvolverações no TerceiroSetor deve ser concebido dentro do desenvolvimento da econo-

miaglobalizada.É uma manifestaçãodocapitalismodofinal doséculoXXe seiniciou apartir dospaísescentrais e avançados do sistema. Daí as empresastransnacionais levarampara assuas filiadasno mun-do subdesenvolvidoe contagiaramempresas nacio-nais e pressionaram os governos para que apoias-semessas ações. Portanto, o solidarismodoTercei-ro Setoré umaemanaçãodoglobalismo quese con-solida noséculo atual. É verdadequeparalelamenteorganizações humanitáriascomo aONU desenvol-veram ações em busca de incentivo e trabalho vo-luntárioemtodoo mundo.

Emalguns casos há uma fusão entre ações pri-vadas no Terceiro Setor e o voluntarismo, a pontodealgumas ações se confundirem. Algumas empre-sas organizamos seusempregados nas suas unida-des de produção e incentivam a participação vo-luntária casando ação social com o fortalecimentoda atuação empresarial . O setor privado divulgaque essas ações não têmo caráter filantrópico, masde ações que possam estimular a sociedade a seorganizar e combater os problemas sociais maisprofundos. O conceito difundido é o doenvolvimentocomunitário enão odesimplesmentedoar alguma coisapara alguém. Por isso, essas em-presas se distinguemalocando recursospara finan-ciar atividades sociais. São milhõesde reaisque sãoinvestidos em troca de um retorno material ouinstitucional. Asempresas sãorecompensadas como abatimento em suas despesas ou renúncia fiscal,

o que, emúltima análise, reforça o espírito empre-sarial debusca de resultadoseconômicos. Emsuma,dão recursos com uma mão e recebem resultadoscom a outra. É bom não esquecer que, quando oEstado abre mão de impostos para que sejam apli-cados no Terceiro Setor, é o contribuinte que pagaa conta. Há quemdivulgue insistentemente que oestado não tem competência para atacar os proble-mas sociais e, por isso, a sociedade, entenda-se aempresaprivada,assumeumaresponsabilidadeque,teoricamente, não lhe pertence.No entanto, a possi-bilidadedeaplicaremações sociais recursosque sãodo governo reforça a imagem da empresa, e o con-ceito de que o setor privado sabe gastar melhor odinheiro do contribuinte do que o estado. É a reto-madadoconceito liberal de que oestado é “ummalnecessário” edeve interviromínimopossível, permi-tindoque tudose ajeitecom“amãoinvisíveldomer-cado”. OretornoinstitucionaldaaçãodoTerceiroSetorsedáatravés damelhora da imagemjunto à comuni-dadelocal, regional,nacional,oumesmomundial. Asricaspublicações sobreesseseventos são veiculadasemtodoomundo, atingemtodasassuas ramificaçõesesão avaliadaspeloconselhogestor mundial daem-presa,geralmentenospaíseschamadosavançados. Aorientação parte dos boardings e é semelhante emtodo oterceiromundo.

Éumadisposiçãodoneoliberalismopara aspopu-laçõesparaqueseorganizemeconsigammelhorarseuspadrõessociais, atémesmoparaqueseconstituamemmercadoconsumidor dosprodutosqueessasempre-sas produzem.É umareproduçãonospaísesperiféri-cosdomododevidadospaísescentrais.

Algumas empresas caíramna tentaçãode trans-formar essas ações em estratégias de marketing e

investirammuitomaisrecursos nadivulgaçãodessasações do quepropriamente nelas. Outras chegarammesmoàsraias dapublicidade. Outrasainda treinamosseusexecutivosparadivulgarqueessasaçõescul-turais, sociais, ambientais, constam dos rótulos deseus produtos. A reação de setores da opinião pú-blica temredirecionado a imagemdessas empresasquando atingidapor críticas.

As ações do Terceiro Setor têm provocado re-flexos sociais e tendema se expandir nos próximosanos, namedida em queseaprofundao inter-relaci-onamento econômico do mundo e a aceleraçãoprovocada pelasnovas tecnologiasinformáticas, ele-trônicasecibernéticas. Cabe à sociedadeavaliar cri-ticamente essas ações, até mesmo como forma dediminuir osgrandes espaços existentes entre os di-versosextratos sociais.

Aanálisedaatuaçãodasempresas, comunidades,ongs, governoseoutrosgruposqueagemsocialmentenãopodeserdescontextualizadadasprofundas trans-formações infra-estruturaisqueo mundosofre sobreo impactoda terceira onda eda interaçãoentre eco-nomiaetecnologia. Omotor dahistóriaéaeconomia.Contudo,elefuncionacomumcombustível compostode todos osoutros agentesque compõema socieda-dehumana, longeportantodequalquer determinismo.É a partir dessa perspectivaque sepode julgar se es-sas ações são benéficas ou apenas equivalema umapálida tentativademinorarasdesigualdades.

Heródoto Barbeiro, apresentador do Jornalda TV Cultura, Jornal da CBN, articulista do

Diário de São Paulo, America On Line e RevistaImprensa, Gerente de Jornalismo do Sistema

Globo de Rádio São Paulo.

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22 - E X T R A P A U T A - J o r n a l d o S i n d i c a t o d o s J o r n a l i s t a s P r o f i s s i o n a i s d o P a r a n á - nº 5 9 - m a i o / j u n h o / j u l h o - 2 0 0 2

Ari Ignácio de Lima, que assumiu acoordenação de jornalismo da TV Sudoeste, eJosé Carlos Tumeleiro, repórter cinematográficoda TV Sudoeste, embarcaram dia 1º de junhopara a Europa. Eles integraram uma comitiva daFaep (Federação da Agricultura do Estado doParaná) formada por agricultores e lideranças dosindicalismo rural que foi conhecer o sistema deprodução agrícola da Espanha, França, Alemanhae Itália. Na Itália os dois repórteres visitaram ofrei Nelson Rabelo, ex-diretor da TV Sudoeste eRádio Celinauta, de Pato Branco. Frei Nelson,que é jornalista, trabalha na Rádio Vaticano.

Leandra Francischett, do Jornal deBeltrão, iniciou em maio curso de pós-graduação em moda. Ela está cursando aespecialização em Londrina. As aulas sãoaplicadas a cada 15 dias.

Cláudio Seto e Maria Helena Uyeda lançaramno dia 18 de junho, na Secretaria de Estado daCultura, Ayumi - Caminhos percorridos,publicado pela Imprensa Oficial do Paraná. Aobra, com 358 páginas, consumiu dez anos depesquisas em jornais e arquivos públicos, econtém entrevistas com pioneiros. A maioria dosfatos tem relação com São Paulo e o Norte doParaná.

A jornalista Giovana Madalosso está felizcom o prêmio que ganhou no Festival deCannes, um dos mais importantes do mundo.Redatora da agência de propaganda paulistaDPZ, o anúncio que ela redigiu para a Legofoi um dos premiados no festival. Antes demudar para São Paulo, Giovana trabalhou naPropeg, em Curitiba, e passou umatemporada nos Estados Unidos.

Dando seqüência ao projeto fotográficoRetratos da Fronteira, o fotojornalista FabrícioAzambuja ([email protected])inaugurou um site sobre o seu trabalho comorepórter fotográfico da sucursal da Folha deLondrina em Foz do Iguaçu. O endereço éwww.retratosdafronteira.com. O projeto teveinício com a exposição na Praça das Nações, emmaio passado. Na segunda quinzena de julho, amostra foi exibida no câmpus da Unioeste de Foze, de 5 a 10 de agosto, na Faculdade UniãoDinâmica Cataratas.

Toni Casagrande, da rádio CBN-Curitiba,lançou no dia 25 de julho o livro “ânnima - Aclonagem e a busca da vida eterna”. Olançamento, da Juruá Editora, ocorreu nasLivrarias Curitiba Megastore ShoppingEstação. O jornalista se preocupou emproduzir uma obra que leve as pessoas arefletir sobre as criações da ciência, numprojeto que procura associar ficção científicae literatura.

O Shopping Curitiba recebeu, no dia 7 de

rádio corredoragosto, o Prêmio Aberje Sul de ComunicaçãoEmpresarial. O trabalho premiado foi o CuritibaNews - informativo dirigido aos lojistas doShopping -, na categoria Boletim Interno. É aprimeira vez que o empreendimento, que possuiseis anos de idade, recebe um prêmio da maisreconhecida associação do setor, no Brasil.

Já a Central Press recebe o terceiro PrêmioAberje dos quatro anos de história da empresacuritibana. No ano passado, foi premiada comomelhor assessoria de imprensa e informativoexterno e, agora, com o boletim interno.

O prêmio foi entregue aos jornalistas LorenaNogaroli eClaudioStringari e aogerente geraldo ShoppingCuritiba, CarlosTorres (foto),pelo presidenteexecutivo daAssociação,

Paulo Nassar, e integrantes da comissãojulgadora regional.

No “Jornadas de Meio Ambiente paraJornalistas”, promovido pela Rede Verde deInformações Ambientais em 6 de julho noShopping Novo Batel, a jornalista TeresaUrban lançou o livro Em outras palavras, guiabásico para profissionais de comunicação comdefinições, dados e leis relacionadas com omeio ambiente. O livro foi distribuídogratuitamente aos participantes do encontro.

Os jornalistas Walmor Marcellino e NelsonPadrella participaram no dia 26 de julho, no MegaStore Guerreiro, do lançamento com coquetel dolivro de poesias Últimas Palavras, com maisnove escritores paranaenses. O evento faz parteda I Reunião de Poetas do Sul.

Em junho, estiveram em Curitiba ojornalista Paulo Duhrer e a escritora JussaraRodrigues, da Câmara Rio-Grandense doLivro. Eles realizaram um encontro no MabuHotel com jornalistas e escritoresparanaenses, convidando-os a participar datradicional feira de livros que se realiza emnovembro em Porto Alegre.

O novo editor do primeiro caderno da Gazetado Povo é Franco Iacomini, ex-Veja. Ele assumiuo posto no início de junho. Os dois antigoseditores do caderno, Martha Feldens e GiovaniRodrigues, pediram demissão quase ao mesmotempo do jornal. Martha foi para a FundaçãoCultural de Curitiba e Giovani para a Ocepar. JáNádia Fontana passou a editora dos cadernos deEsportes e Brasil.

Dimitri do Valle foi contratado pela Gazetado Povo para fazer reportagens especiaissobre a cidade e o estado.

Érica Busnardo e Aniela Almeida, ambasfuncionárias da Gazeta do Povo, trocaram deposto recentemente. Érica, que trabalhava nocaderno de notícias nacionais, em Curitiba, foiser correspondente em Ponta Grossa, onde moraseu marido. Aniela, que estava em Ponta Grossa,veio para Curitiba. Está trabalhando no primeirocaderno. Érica, aliás, está grávida de seusegundo filho.

José Carlos Fernandes, ex-editor doCaderno G, foi promovido a coordenador decadernos da Gazeta. Com isso, ficaresponsável não só pelo G mas por Gazetinha,Automóveis, Turismo, Viver Bem, BomGourmet e Fun. Paulo Camargo, que havia seafastado do jornal por um ano e meio parafazer mestrado na Escola de Cinema daUniversidade de Miami, reassumiu comoeditor do Caderno G.

O jornalista Arnoldo Friebe, editor de imagensdos telejornais da Rede Paranaense deComunicação, está trabalhando com seu irmão, oator e cineasta Paulo Friebe, no curta-metragemCachorro Não, Chichorro!, em homenagem aoescritor e ilustrador curitibano Alceu Chichorro.A maior parte das imagens do curta, do qualparticipam atores paranaenses consagrados, jáfoi rodada num dos salões da sede principal daSociedade Clube Thalia e na Universidade Federaldo Paraná. Falta ainda a produção da seqüênciafinal, uma animação envolvendo o traço epersonagens criados por Chichorro. O curta sódeve ser lançado nos primeiros meses dopróximo ano.

Leandro Taques, ex-Folha de Londrina eeditor gráfico do Extra Pauta, retornou doAfeganistão e do Paquistão, onde colheu maisde mil fotos das conseqüências da guerracontra o terrorismo empreendida pelosEstados Unidos. Leandro pretende publicar asfotos em livro e abre “Olhares”, exposiçãofotográfica, no dia 9 de setembro, às 20h, naPinacoteca do Clube Curitibano. São trintaimagens que retratam o povo da região.

(Colaborou Rogério Galindo)

Foi sepultada no dia 7 de julho, em PontaGrossa, a jornalista Giovanna Buhrer doNascimento, de 26 anos, filha de SwamiFerreira do Nascimento e Sirlei Buhrer doNascimento. Giovanna morreu emconseqüência de uma crise de pancreatiteaguda hemorrágica, doença que foidiagnosticada em setembro do ano passado. Ajornalista trabalhava na assessoria decomunicação da Caminhos do Paraná,empresa concessionária de pedágio nasrodovias do estado do Paraná, tendo atuadoantes em televisão em Ponta Grossa.

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E X T R A P A U T A - J o r n a l d o S i n d i c a t o d o s J o r n a l i s t a s P r o f i s s i o n a i s d o P a r a n á - nº 5 9 - m a i o / j u n h o / j u l h o - 2 0 0 2 - 23

tabela de preçosSALÁRIOSDE INGRESSO OUT 2001a2002Repórter, redator, revisor, ilustrador, diagramador,repórter fotográfico e repórter cinematográfico 1.184,63Editor 1.539,98Pauteiro 1.539,98Editor chefe 1.776,95Chefe de setor 1.776,95Chefe de reportagem 1.776,95

Estes são os menores salários que poderão ser pagos nas redações;Os valores da tabela são para jornada de trabalho de 5 horas.O piso salarial da categoria é definido em Acordo Coletivo de Trabalho,Convenção Coletiva e/ou Dissídio Coletivo.

FREE LANCERedaçãoLauda de 20 linhas (1.440 caracteres) 63,62Mais de duas fontes: 50% a maisEdição por páginaTablóide 82,40Standard 98,73Diagramação por páginaTablóide 41,20Standart 56,20Revista 30,63Tablita / Ofício / A4 20,93RevisãoLauda (1.440 caracteres) 16,58Tablóide 34,63Tablita 26,12Standard 72,41IlustraçãoCor 98,3P&B 65,46Reportagem fotográfica – ARFOCReportagem EditorialSaída cor ou P&B até 3 horas 149,65Saída cor ou P&B até 5 horas 280,95Saída cor ou P&B até 8 horas 314,65Adicional por foto solicitada 28,24Foto de arquivo para uso editorial 224,78Reportagem Comercial/InstitucionalSaída cor ou P&B até 3 horas 298,08Saída cor ou P&B até 5 horas 530,33Saída cor ou P&B até 8 horas 707,21Adicional por foto 56,20Reportagem CinematográficaEquipamento e estrutura funcional fornecida pelo contratanteSaída até 3 horas 81,97Saída até 5 horas 131,03Saída até 8 horas 215,35Adicional por hora 32,73Foto de arquivo para uso em:Anúncio de jornais 486,87Anúncio de Revista e TV 524,50Capa de Disco e Calendário 674,46Outdoor 1033,27Cartazes, Folhetos e Camisetas 337,22Audiovisual até 50 unidades 711,89Audiovisual acima de 50 unidades à combinarDiária em reportagem que inclui viagem 412,89Reportagem aérea internacional à combinarHora técnica 65,46

Observações importantes:A produção (filme, laboratório, hospedagem, transporte, seguro devida, credenciamento, etc.) é por conta do contratante; Narepublicação, serão cobrados 100% do valor da tabela; A fotoeditorial não pode ter Utilização comercial.

aposentadoria

Jornalistas aposentados que têm alguma diferença de reajuste a receber, em decorrên-cia de repasses irregulares feitos pelo INSS

para os seus beneficiários, podem entrar comações contra o instituto para rever e recuperarseus benefícios. Os valores a serem recebidosdependerão do tempo de aposentadoria e do va-lor do benefício. Assim, quem está aposentadohá doze anos pode mover contra o INSS qua-tro ações judiciais; quem está aposentado hánove anos pode mover três ações; e quem está

Ações contra o INSSaposentado há cinco anos pode mover duasações.

O processo que tramitará junto à Justiça Fe-deral levará, em média, de oito meses a um anopara o efetivo pagamento dos reajustes dos be-nefícios, que são o aumento real e os respecti-vos atrasados. Os interessados não terão custoalgum para ajuizar essas ações. Só pagarão aoadvogado 20% sobre os valores que vierem areceber a título de honorários por ocasião dopagamento da decisão judicial.

LILI & MARIA CAFÉ LUSO-BRASILEIRODesconto de 10% para jornalistasSegundas das 11h às 18, de terça a sexta, das11h às 19h, sábados 9h às 21h. Telefone: 413024-3155. Rua Portugal, 54 –Largo da Ordem.Para quem está cansado das comidas fast-food edetesta comer todos os dias a mesma porção,agora pode apreciar uma comida saborosa,aconchegante e cardápio variado todos os dias.Os pratos são preparados sempre com osmesmos ingredientes: simplicidade, capricho ecriatividade. As velhas receitas da família queestavam guardadas em cadernos ou nas memó-rias cheias de saudade agora ganham vez no Lili& Maria Café Luso-Brasileiro. A maioria dos

novos convêniosvegetais utilizados na cozinha vêm de peque-nas chácaras que não usam agrotóxicos e sãoadministrados pela própria família. A comida épreparada com pouca gordura, o mais naturalpossível. Além das refeições servidas nohorário de almoço, doces, tortas e sanduíchestambém compõem o cardápio. São feitasentregas nas imediações.

CLÍNICA DE EMAGRECIMENTODr. Talel Hadaya (CRM 10510)Preço da consulta para filiados ao Sindicatodos Jornalistas: R$ 25,00Rua 13 de Maio, 336 - 5º andar - conj. 52 -Fone (41) 225-7136Horário: 14h às 19h

oportunidades

Mais convênios: www.sindijorpr.org.br

Restaurante Ana KaterNa apresentação da carteira de jornalista, descon-to de 10% no valor da refeição para pagamento àvista. Rua Cândido de Abreu, 691 - Curitiba - PR,ao lado do Jornal do Estado. Fone 352-7079.Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira,das 11h às 14h30. Buffet por quilo. O descontonão será válido para pagamento em vale-refeição.O desconto só é válido para a refeição e nãoinclui bebidas.

AquátikaDesconto de 50% na anuidade e de 15% namensalidade, além de isenção do valor da matrí-cula, que é de R$ 30,00. O convênio é válidopara natação, musculação e hidroginástica. RuaAntônio Grade, 563, nas Mercês. Fone 335-1310.

Esquema InternacionalDesconto de 20% na matrícula para filiados doSindicato. Cursos no exterior, intercâmbio cultural,pré-intercâmbio. Rua Dr. Faivre, 115, conj. 2 -Curitiba - PR. Fone [email protected]

Academia KineGinástica com orientação, Nutrição e Fisioterapia.Desconto de 20%. Rua Mauá, 706B, Alto da

Glória. Fone 253-3841.Funciona das 8h às 20h30 todos os dias.

Café CuraçaoNa apresentação da carteira de jornalista, não épreciso pagar a entrada. O bar funciona desegunda a sábado. Na quinta-feira, a entrada éde R$ 5 para mulheres e R$ 7 para homens. Nassextas e sábados, R$ 7 para mulheres e R$ 10para homens. Os preços podem mudar quandohá festas especiais e outros eventos. Rua SenadorXavier da Silva, 210. Fone 224-6086. O convê-nio também é válido para o CuraçaoGuaratuba, que só abre nos feriados e durante overão.

Arns de Oliveira e Andreazza LimaAdvogados AssociadosMarlus H. Arns de Oliveira - OAB/PR 19226Escritório credenciado - Ações cíveis e criminais20% de desconto para jornalistas sindicalizados.Av. Cândido de Abreu, 427 - conj. 706 - Curitiba- PR - 80530-903. Fone-fax: (41) 254-1814

Academia Be HappyCom desconto de 10% nos planos simples, 15%no plano Master e 50% na matrícula.A Be Happy fica na Bento Viana, 609. Fone(041) 244-5219 [email protected]

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imagen

Ser repórter fotográficoem Foz do Iguaçu, natríplice fronteira do

Brasil, Paraguai e Argentina,é lidar diariamente comcontrastes sociais. De umlado, vários pontosturísticos, como as Cataratasdo Iguaçu e ItaipuBinacional. Do outro, umacidade com altos índices decriminalidade e problemassociais. Essa contradição écaptada todos os dias pelorepórter fotográfico RobsonMeireles, 32 anos, de AGazeta do Iguaçu. “Foz éuma grande escola, commuitas belezas, mas tambémcom muitas cenas tristes,que precisam ser mostradas.É uma mistura de bela ehorrível”, conta. A imagemde criança revistada porpoliciais num bar daperiferia, por exemplo,“infelizmente virou um fatonormal”, critica Meireles,que ingressou nofotojornalismo em 1986.Além de A Gazeta do Iguaçu,ele tem trabalhos publicadosem O Estado de São Paulo,Folha de S. Paulo, New YorkTimes e nos principaisjornais do Paraná.

Atualmente, também éestudante de jornalismo,onde busca “maisembasamento teórico” àexperiência acumuladadesde o início na carreira no34º Batalhão de InfantariaMotorizado (BIMtz).“Comecei aos 10 anos, comoajudante do meu pai,fotógrafo oficial do quartel.Me apaixonei e nunca maisfiz outra coisa na vida.”

Fronteira de contradiçõesRobson Meireles

Criançarevistada porpoliciais numbar daperiferiaiguaçuense

Crianças observamcorpo de homemassassinado naFavela da GuardaMirim, em Foz

Tanque antimotimdispersa

manifestantes queexigem renúncia

do presidente LuisGonzález Macchi,

em julho, emCiudad del Este

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