Extra Pauta Ed. 45

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EXTRA PAUTA Jornal do Sindicato dos Jornalistas Profissinais do Paraná - Nº 45 - outubro/novembro de 1999 - ISSN 1517-0217 [email protected] - http://www.sindijorpr.org.br Patrões não querem pagar INPC integral a jornalistas O mês de outubro foi marcado pela retomada de negociações entre patrões e jornalistas, o que não ocorria há dois anos por culpa da intransigência patronal. O impasse entre as categorias, no entanto, continua. Os patrões querem pagar 4% de reajuste ao invés de 6% e prometem 2% de abono, para compensar a diferença. O problema é o futuro: abono não se incorpora aos salários e os jornalistas perdendo esses 2%, a partir do ano que vem, para sempre. A proposta foi negada pelos jornalistas em assembléias nas redações. A categoria agora se une com os gráficos para discutir alternativas ao impasse. Páginas 2, 3 e 20 Paulo Henrique Amorim e a liberdade de imprensa O jornalista Paulo Henrique esteve em Curitiba, a convite do Sindicato, para falar de Liberdade de Imprensa. Na palestra, ele abordou a influência da internet e o jornalismo da Rede Globo. Página 12 4º Congresso Estadual: Tecnologia a favor de debate sobre formação Página 5 As novidades dos prêmios Inepar e Sangue Novo Páginas 4 e 7 Jornalismo econômico perde Ricardo Bueno Páginas 10 e 11 Julio Covello Marco Damásio Created by PDF Generator (http://www.alientools.com/), to remove this mark, please buy the software.

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Outubro - Novembro/1999

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EXTRAPAUTAJornal do Sindicato dos Jornalistas Profissinais do Paraná - Nº 45 - outubro/novembro de 1999 - ISSN 1517-0217

[email protected] - http://www.sindijorpr.org.br

Patrões não querem pagarINPC integral a jornalistas

O mês de outubro foi marcado pela retomada denegociações entre patrões e jornalistas, o que não ocorriahá dois anos por culpa da intransigência patronal. Oimpasse entre as categorias, no entanto, continua. Ospatrões querem pagar 4% de reajuste ao invés de 6% eprometem 2% de abono, para compensar a diferença. Oproblema é o futuro: abono não se incorpora aos salários eos jornalistas perdendo esses 2%, a partir do ano que vem,para sempre.

A proposta foi negada pelos jornalistas em assembléiasnas redações. A categoria agora se une com os gráficos paradiscutir alternativas ao impasse.

Páginas 2, 3 e 20

Paulo HenriqueAmorim e a

liberdade deimprensa

O jornalista Paulo Henriqueesteve em Curitiba, a convite do

Sindicato, para falar de Liberdadede Imprensa. Na palestra, ele

abordou a influência da internet eo jornalismo da Rede Globo.

Página 12

4º CongressoEstadual:

Tecnologia a favorde debate sobre

formaçãoPágina 5

As novidades dosprêmios Inepar e

Sangue NovoPáginas 4 e 7

Jornalismoeconômico

perde RicardoBueno

Páginas 10 e 11

Julio Covello

Marco Damásio

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Extra Pauta é Órgão de divulgaçãooficial da Gestão Extra Pauta, do

Sindicato dos JornalistasProfissionais do Paraná. Endereço:Rua José Loureiro, 211, Curitiba/Paraná. CEP 80010-140. Fone/Fax

(041) 224-9296. E-mail:

2 Setembro, 1999 - EXTRA PAUTA

editorial opinião

Fora abonoalienígena VâniaMaraWelte

Lembro-me,naépocadosanosde chumbo, estava sozinharealizandoumtrabalhode free-lancerem Porto Alegre, quando vi umacaminhonete escura parar e deladescer agentes policiais a procurade um cidadão. Ele não foiencontrado. Mas, no lugar dele, foilevada uma outra pessoa. Era umhomem, entre 35 e 40 anos. Ele sedizia inocente. Mesmo assim, ele foicarregado no ar e atirado, pela portade trás, para dentro daquelacaminhonete. Um pouco diante dacena, e protegida por um carro,fotografei tudo. Mas, do outro ladoa rua, outro homem me observava e“ me dedou” paraos agentes. Eu fuiagarrada por dois imensos homens,que me socaram com violência earrancaram de mim a máquinafotográfica. Assustada, eu tentei mecontrolar para nãoperder a lucidez eo próprio controle.

Eume identifiqueiedisse-lhesqueestava trabalhando.Mostreiaminhacarteira profissional com o registrodo Sindicato dos JornalistasProfissionais do Estado do Paraná.Um dos agentes me ouviu, pegou acarteira, leu o que estava nelaescritoe gritou: “Olha, o que eu faço comisto !”, atirando-a longe, no meio darua. “Isto aqui para nós é merda !”-disse aos gritos, embarcando nocarro que seguiu veloz, cantando ospneus.

Eufiqueiali, impotente.Chorando,eufuipegarno chão aminhacarteiraprofissional. Ao redor, muitaspessoas olharam e ouviram tudo,caladas e quietas feito estátuas depedra. Frias e insensíveis. Eramtempos duros.

Durante muitos anos eu acordeino meio da noite, tendo pesadelocomaquelacena. Eu sentiaumafúriae uma indignação tão grande, quemeeraimpossívelcontinuaradormir.Aquilo ficou na minha garganta.

No dia-a-dia do meu trabalho jáfui ofendida, agredida, malinterpretadaetolhidano exercíciodaminha profissão. Creio que este é o

Um ato de bravuracoletivapreço pagopor muitos jornalistasem

seu ofício.A última violência sofrida na

tentativa de realizar o meu trabalhofoipraticadaporordemdeumjuiz.Ojuiz Marco Antonio Antoniassi deuordem aos policiais militares deimpediro meuretorno àsalado Júri,no Fórum de São José dos Pinhais,nos momentos que antecederam oseu ato de dissolver o Conselho deJurados, durante o julgamento deOsvaldo Marceneiro, Davi dosSantos eVicentede Paula, acusadosde assassinar o pequeno EvandroCaetano,emGuaratuba,em1992.

Antes de dissolver o Conselho, ojuiz mandou algemar os réus paraserem levados em camburão aocárcere fechado, revogando umbenefício que eles haviam recebidonoSuperiorTribunaldeJustiça, odaprisão domiciliar.

Há inúmeras questões obscurasnesse caso. Há quantas questões aserem respondidas que, emjulgamento como esse, a imprensanão pode ficarafastada. Então,comoentender aceitarqueumjuiz fecheasportas aos jornalistas e repórteres-fotográficos no ato final do seutrabalho ? E o que fazer diante deuma ordem judicialdessas ?

Desistir ? Jamais. Esper near, lutare ir em frente. E, quando possível,buscar ajuda, respaldo e respeito aonosso ofício.

Diferente do que aconteceu emPorto Alegre, desta vez eu não mesenti só e abandonada à própriasorte.Damesmamaneiracomo agiua Ordem dos Advogados do Brasil,Regional Paraná, na defesa do livreexercício profissional do advogadoÁlvaro Borges Júnior, que se viuobrigado a abandonar a sessão doJúri porque se sentiu impedido pelojuiz Marco Antônio Antoniassi, defazer a defesa dos réus, o Sindicatodos Jornalistas Profissionais doParaná reagiu e cobrou firme umaresposta do presidente do Tribunalde Justiça do Paraná.

A atenção de uma classe voltadaa um gesto de intolerânciapara coma imprensa, com certeza, ajudou a

fazer com que o outro ato do juizAntoniassi fosse reconsiderado peloTribunal de Justiça do Paraná. OdesembargadorTrota Telles - relatordo processo do caso EvandroCaetano - concedeu a liminar,revogando a decisão do juiz MarcoAntônio Antoniassi, devolvendoaos três réus o único benefício quereceberam até hoje, o da prisãodomiciliar. Um benefício que, emnenhum momento, eles tinhamviolado para merecerem serdevolvidos ao cárcere fechado.

Culpados ou inocentes ? Elesainda não foram julgados. Mas épreciso botar reparo em tudo o quese passa nesse caso jurídico. Éprecisoficar atento eforte. Esses trêshomens continuam dizendo quesãoinocentes. Eles são pobres e nemadvogados de defesa podem pagar.

Neste país, em que o ônus daprova cabe ao acusado, urge aatenção clara, precisa, lúcida ehumana de cada profissional daimprensa, de cada cidadão. E, sepossível, que seponha muita paixãona defesa da justiça e do bemcomum. Quem sabe assim, asociedade consiga encontrar o seuequilíbrio moral e intelectual e suascrianças possam ser amadas eprotegidas. E nunca desaparecidas.

Ouseriamaiscômododeixarcomotudo está, pela ávida defesa dosinteresses espúrios de algunsprivilegiados ?

Afinal, para mudar as coisas énecessário primeiro duvidar do quejá está estabelecido. Depois, énecessário coragem para afirmar ocontrário dos dogmas sagrados.E eu acredito que é preciso apenasrazão e coração para ousar aliberdade.

Em tempo: o cidadão presoinjusta e ilegalmente, em PortoAlegre, foi libertado três horasmais tarde pela interferênciade umgeneralde Exército.

Vânia Mara Welte é jornalistada Secretaria de Estado deComunicação Social e do jornalHora H.

[email protected]

Jornalista ResponsávelEmerson Castro FirmoReg.prof. 2230/09/1986

RedaçãoAlvaro Collaço

Revisão

Adilson MachadoColaboradores nesta edição

Cláudio Dalla Benetta, CasemiroLinarth, Ciméa Bevilaqua, Eliane

Bernardo, Fátima Araújo, RosângelaOliveira e Vânia Mara Welte

FotografiasHugo Abatti, Hugo Harada, Julio

Covello, Marco André Lima, MarcoDamásio, Michel Willian, Sílvio

Auríchio, Urutides Borges

IlustraçõesNoviski

Edição GráficaLeandro Taques

Tiragem3.000 exemplares

As matérias neste jornalpodem ser reproduzidas,

desde que citada a fonte. Nãoé de responsabilidade deste

jornal os artigos de opinião eas opiniões emitidas em

entrevistas, por nãoapresentarem,

Os jornalistas que estiverampresentes ao julgamento de Davide Santos Soares, OsvaldoMarceneiro e Vicente de PaulaFerreira, acusados da morte domenino Evandro, em Guaratuba,em 1992, foram impedidos detrabalhar. O julgamento ocorreu em5 de outubro, no Fórum de SãoJosé dos Pinhais e, pordeterminação do juiz MarcoAntônio Antoniassi, não forampermitidas sequer fotografias dasessão, ocorrida sob muita tensãoe que terminou interrompida.

Antes mesmo de iniciarem ostrabalhos do júri, o juiz envioucorrespondência aos veículos decomunicação, solicitando quedeixassem de publicar o conteúdodos depoimentos, com afinalidade de que as testemunhas

não tivessem conhecimento dosoutros depoimentos. No dia dojulgamento, impediu que ajornalista Vânia Welte, que cobriao caso para o Hora H, e repórteres-fotográficos de outros veículosacompanhassem a sessão doTribunal. A sessão terminouinterrompida por causa doadvogado de defesa, ÁlvaroBorges Júnior, que abandonou oplenário, acusando o juiz de estarcerceando o direito de ampladefesa dos réus.

O Sindicato dos Jornalistasmanifestou seu repudio à falta desensibilidade do juiz MarcoAntônio Antoniassi, para com otrabalho da imprensa, através denota oficial enviada ao presidentedo Tribunal de Justiça, odesembargador Sydney Zappa.

Impedidosdetrabalhar

Os j orna l i st as p ar an a-enses não concordam emreceber abonos, de quemquer se ja, “al ienígena ounão. Al iás, percebe-se queos grandes empresários dai mp re n s a p ar an ae n seun e m -se c o n t r a t u d o econtra todos.

A n o t í c i a d e u mapossível venda do jornalO Es tad o do Paran á aofamigerado grupo RBS -o u a l g u é m d u vi d a d acapac idade predatória daempresa, dominante abso-luta em Santa Catar ina eRio Grande do Sul, fez oSindicato patronal sair datoca e mostrar os dentesc o n t r a o s t a i s “ a l i e n í -genas”.

Na mesma linha, est ra-nhamente, unem-se contraos jornal i sta s , seus pró-

prios trabalhadores, pro-fissionais que garantem obom funcionament o dassuas empresas. Os patrõesparece que mantém umaarc a i c a v i s ão,c o n f un d i n d o se ustrabalhadores como seresdo mal, que estão aqui sópara abocanhar seu lucro.

Jornal i sta não é extra-terrest re, bem roga pragasao ve n t o. N o f i n a l d omês, só queremos receberum salár io digno. A cadad at a -b a se ( o u t ub ro ) ,queremos a reposição dai n f l aç ã o so f r i d a n op e r í o d o. Pa r a n ó s,ali enígena é o ABONO.

Emerson Cas tro, pre sidentedo Sindicato dos Jor nali sta

Pro fiss ionai s do Paraná

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campanha salarial

3EXTRA PAUTA - Setembro, 1999

N o ú ltimo mês deoutubro, os patrões lan-ça ram-se a uma práti caqu e era comum há doisanos. Mostraram-se dis-postos a retomar o diá-logo, que havia sido sus-penso por eles, e apresen-taram suas propostas dea cordo sa la r ia l a o Sin-dic a to dos J orn a l i s t a sProfissionais do Paraná eao Sindicato de Londrina.Houve, no entanto, umproblema em tudo isso: aspropostas estavam muitoaquém das necessidadesdos jornalistas e, mesmomelhorada s na negocia-ção pelos representantesdos sindicatos de jorna-listas, não foram aceitas.

Os patrões negam-se arep or i n teg ra lm ente oínd ice da i nfl a çã o doperíodo entre outubro de9 8 e s etem bro de 9 9 ,lançando o artifício de umabono que, uma vez aceitopel os j orna l i s t a s ,significaria a renúncia de1 /3 da inf l a çã o pa ra

Propostas indecentes, dois anos depois

25meses

O último reajuste desalários foi em outubrode 97. Faz, portanto, 25meses que os jornalistasnão têm reajuste salarial

OQUE OS PATRÕES PROPUSERAM- Pagamento em 10 parcelas da dívida(reajuste não concedido aos jornalistasem 98, equivalente a 3,16%).- Reajuste de 4% ( parte do INPC, que é de 6% eque corresponde a inflação de outubro/98 a setembro/99).- Abono de 2%, pago em 10 parcelas, referente adiferença entre a inflação medida pelo INPC e aoferecida pelos patrões.

OQUEOS JORNALISTAS QUEREM- Reajuste imediato de 3,16%,que é a inflação 97/98.- Pagamento da dívida emmenor número de parcelas.- Reajuste integral da inflação 98/99,seguindo o índice do INPC, que é de6%. Isso implicaria na recusa daproposta do abono.

No dia 17 de novembro, às 11 horas, no Sindicato,Assembléia Geral conjunta entre jornalistas e

gráficos, por um salário justo.

sempre. Além disso, que-r em paga r a dívida qu etêm pa ra com os jorna -listas em 10 parcelas. Aspro post a s ( veja qu a droa ba ixo) for a m a presen-tadas pelos sindicatos dejornalistas do Paraná e ode Londrina às redações efora m recha ça da s pelosjorna li sta s. A categoria ,a o mesmo tempo, colo-cou -se em m obi l i za ç ã opa r a ex por a a t u a lsi t u a çã o sa la r i a l e ot r a t a me nto qu e osemp resá r ios “ nã o a l i e-n íg ena s ” tê m da do a osseus jornalistas.

Derrota deles a vista

Toda a movimenta çã opatronal para definir umacordo imediato, tem umarazão: a eminência de trêsder rota s na ju s t i ça doTrabalho. Os proprietáriosde jorn a i s e re vi st a sforam derrotados em maioe, mesmo a ss im,recu sara m-se a pa ga r o

rea ju ste de3 , 1 6 %, ainf l a çã o de

98, definido pela Justiça.Os sindicatos en-traramcom u ma Açã o deCu m pr im ento de D is-sídio, cujo primeiro ju l-gamento inicia em 15 de

dezembro. Em 13 de de-zembro, no entanto, estáagendado outro julgamen-to cor r e la to : o di ssíd iocontra as empresas de TVe R á d io , r e f er en te a o

reajuste não pago em 98.N ã o b a s ta s se m es se sdois julgamentos, em 23d e no v em br o e st áma rc a da na D eleg a ciaRegional do Trabalho aprimeira audiência sobreo dis-sídio salarial de 99.Um acordo, agora , comos jornalist as levari a au m té rm in o d es sa spendên-cias.

Há dois anos os sindi-c a t os d os j o rn a l i s t a sma nt ivera m-se a ber tosà s ne go ci a çõ es , ma squ ere m p ropo sta s m e-lhores dos patrões. Co-mo a paciência dos jor-n a l i s t a s c he g ou a u mlimite, a categoria partea g or a pa ra a mob i l i -za ção em parceri a comos gráficos, que sofremh oj e c om p ro b le ma sse me lha nt es. F a ix a s epanfle tos foram feitos,n os q u a i s j o rn a l i s t a smostram à sociedade osproblema s sa la ri a i s dacategoria . Afinal, comot od o jo rn a l i s t a sa be :greve e problemas sala-ria is de jornal istas nãosaem no jornal.

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Novembro, 1999 - EXTRA PAUTA4

prêmio inepar

Jornalistas de todo paístem até 30 de abril de 2000para se inscrever nasegunda edição do PrêmioInepa r de J orna l i smo.Inic ia t iva da Funda çã oInepar e do Sindicato, oPrêmio foi em 1998 umsucesso, com 38 trabalhosinscritos, 17 na categoriaBrasil e 21 na Paraná. Nasegu nda ediçã o fora mma nt idas a s pr incipa i scaracterísticas do Prêmio,tais como o tema ``Teleco-mu nica ções e Energia” ,para a categoria Brasil, eo prêmio em investimentoprofissional, na categoriaParaná. A principal mu-dança é o tema da catego-ria Pa raná. Ao invés deEdu caçã o, os tr a ba lhosagora serão sobre DireitosHumanos.

Ao Prêmio Inepar deJornal ismo podem con-correr as reportagenspublicadas ou veiculadas

2ª edição tem inscrições abertas

entre primeiro de maio de1999 a 30 de abril de 2000.Na categoria Brasil podemser inscritos trabalhos emmídia impressa de jornal ourevista até 30 de abril de2000. O primeiro colocadorecebe a quantia de R$ 5 mil,em dinheiro. No caso dacategoria Paraná, serãopremiados trabalhos de

Direitoshumanosé um dos

temas

Gladmir Nascimento recebe cumprimentos na entregado Prêmio Inepar, ano passado

O Prêmio Especia l nacategoria Paraná é o maiordiferencial do PrêmioInepar em relação aossimilares dirigidos a jorna-listas em todo o país. Quemvence este Prêmio, tem depensar em se aperfeiçoarna profissão, realizando cur-sos, pesquisas ou mesmoviagens de estudo. O Prê-mio Especia l foi signifi-cativo na vida de GladmirNascimento, que venceuano passado, com a repor-tagem “Qualidade começana escola” , publicada naRevista QualiBrasil.

“O Prêmio me ajudou aestudar inglês. Agora, queronegociar com a Inepar, paraver se em julho de 2000 euconsiga ir ao Canadá, parafazer estágio de um mês oudois, que é o mais indicadopara aprender o idioma”, dizGladmir. Ele também estudaa possibilidade de realizaruma especialização, o quedeve definir até o final doano.

“Eu achei o Prêmio exce-lente, porque o dinheiro seé tentado a usar demaneiras diversas. Umprêmio que atrelado aoaperfeiçoamen-to, provocaa atualização na profissão,estimula ao jor-nalista paraque ele busque opções”.

Investimentoem inglês

Mic

helW

illia

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Maiores informações no

reportagem escrita ( jornal erevista) e reportagem emtelevisão. Esta categoria éaberta somente a jornalistasresidentes no Estado, sendoque os prêmios aos primeiroscolocados serão de R$ 1,5 mil.Os dois vencedores dacategoria Paraná concorremainda ao prêmio extra de R$7 mil, a ser utilizado pelo

jornalista na sua formaçãoprofissional, realizandocursos ou mesmo especia-lização. Os resultados doPrêmio Inepar de Jor-nalismo serão divulgados nasegunda quinzena de maio,em solenidade pública queacontecerá em Curitiba. Osvencedores serão comuni-cados oficialmente do re-sultado por telefone ou viapostal.

Um pou co a ntes daent r ega do I Prê mioInepar de Jornalismo,Rena to Requiã o Mu -nho z da s Roc ha ,presidente da FundaçãoInepar, confirma va acon t inu a çã o da p a r -ceria com o Sindicatona promoçã o do prê-mio . ``Um a pa rcer i auma vez iniciada, vocêjamais vai voltar atrás.O q u e de vemo s ésempre procurar ino-va r ” , d i sse ele . Aseg u nda edi çã o vemmesmo com a lgu ma sino va çõ es, e nt r e a squ a i s a mu d a nça dotem a na ca t egor iaPara ná , de Educa çã opa ra D i rei tos Hu ma -nos.

A mu da nça esta vaprevi st a desde o a nopa ssa do. Com e la , oSindicato e a FundaçãoInepar tencionam mo-tivar pa uteiros e jor-na l i s t a s a t r a t a r emtemas sobre D i rei tosHumanos e publicarema s repo r ta g ens nosjornais ou a presentá-las na TV. É uma formade despertar nos jorna-l i s t a s a çõe s pe la c i -da d a nia , a lg o qu e oSindicato acredita serho je , nest e fi na l deséculo, absolutamentenecessário.

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EXTRA PAUTA - Novembro, 1999 5

congresso estadual

N ão poderia ser maiscoerente. No momento emque os veículos decomunicação do Paranáregist ram mudanças emsuas estruturas, por contadas novas tecnologias, o 4ºCongresso Estadu al deJornal istas do Paranáutiliza-se das novas fer-ramentas para democratizaros debates e as decisõessobre os rumos da cate-goria . O 4º Congressoacontece de 26 a 28 de no-vembro, em Guarapuava,mas será transmitido simul-taneamente a Cur itiba ,Londrina e Cascavel, paraque jornalistas e estudantesde todo o Estado possamdiscutir o tema da formação

E m debate:form ação ecidadania

A tecnologia é uma dasatrações do 4º CongressoEs ta d u a l . Ao mes motempo que os debates serealizam em Guarapuava,em Curitiba , Londrina eCa sc a ve l ser ã o pr ep a -r a do s a u di tó r io s, pa raqu e o s deb a te s emGuarapuava sejam trans-mi t idos em si st ema devídeo-confe-rência. Comis so , a s p ess oa s q u eeste j a m nessa s cida despossa m a compa nha r osdebates e cont r ibuí r emcom ele , como se est i -vessem em sua sede. Éco mo se os qu a t roauditórios fossem um só,co m t od a s a s pe sso a s

Tecnologiaé atração

sob três variantes: formaçãoprofissional, a partir dauniversidade; qualificaçãoprofissional no mercado detrabalho, e a formação dojornalista para a cidadania.

Promoção conjunta dossindicatos de jornalistas doParaná e de Londrina, comorganização do Sindicatodos Jornalistas do Paraná eda delegacia de Guarapua-va, com apoio da Secretariade Estado de AssuntosEstratégicos e da Intranetdo Paraná, o Congressoterá debates no Mini-auditório da UniversidadeEstadual de Guarapuava.

Entre os jornalistas con-vidados na condição depalest ristas estão Elson

Faxina, assessor deimprensa da Pastoral daCriança e coordenador doprojeto Criança Esperança,que a bordará o tema“Jorna-lista e da formaçãopara a cidadania”; ReginaFesta , professora deJornal ismo na USP, quefalará sobre “A formaçãoprofissional nasuniversidades”, e AntonioFausto Neto, professor depós-graduação da Univer-sidade Vale dos Sinos-Unisinos- , em São Leopol-do, que debaterá o tema “Oprofissional em formaçãono mercado”.

AlternativaO sistema de vídeo-

conferência desenvolvido pelaIntranet e Secretaria de Estadode Assuntos Estratégicos doParaná e adotado para o 4ºCongressoEstadualdeJornalistasdo Paraná é inédito do país. Aomesmo tempo que serãotransmitidos a auditórios emCuritiba, Londrina e Cascavel aimagem e o som dos debates emGuarapuava, as pessoasdaquelas cidades poderãoparticipar do evento como seestivessem ao vivo.

Em função do ineditismo dessesistema há, contudo, probabi-lidades de que falhas de transmis-são venham a ocorrer durante oevento. Para que o Congresso nãoseja prejudicado, os sindicatoscriaram um sistema alternativo.Convidaram um mediador paraestar ao vivo, em cada cidade,preparado para prosseguir com osdebates caso a transmissão deGuarapuavavenhaaterproblemas.

Locais do 4º Congresso

GUARAPUAVAMini-auditório do UnicentroR. Presidente Zacarias Góes, 875, Bairro Santa Cruz(42) 722-4600

CURITIBACentro Politécnico: Auditório do LAME(Entrada pela Av. das Torres, primeira rua à esquerdasegundo bloco à direita - 1º andar), Jardim das Américas

LONDRINAUEL: Sala do Conselho da Reitoria, noCampus UniversitárioRodovia Celso Garcia Cid, KM 380(43) 371-4000

CASCAVELUnioeste: Sala de Reuniões da Reitoria. -R. Universitária, 1619, Bairro Universitário.(45) 225-5353

po de ndo p a r t i c ipa r dodebate e sendo vistas portodos.

Al ém des te a s pec tovi r tu a l , o Co ng res sotambém tra z como ino-vação o uso da internet.As t ese s e st ã o di s-po ní vei s no s i t e doSindicato (www.sindijor-pr.org .b r ) e for a mabertos salas (chats) dedi s-cu ssã o, u m a s ob reca da a ss u n to doCo ng res so: form a ç ã oprofissional, qualificaçãoprofissional e formaçãoem ci da d a n ia . Pa raparticipar dessas salas, oin ter na u ta de ve sein sc rev er co m a nt e-cedência no Congresso.

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Novembro, 1999 - EXTRA PAUTA

imprensa no paraná

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A repórter JordanaMartinez e o repórter-cinematográfico SérgioGondaki, que trabalham naTV Bandeirantes, foramperseguidos e ameaçados demorte em 9 de setembro. Osdois profissionais se prepara-vam para entrevistar MarisaTaborda Maia, sobre a vendade bebês ao deputado estaduale pastor Edison Praczyk (PL),quando o seu marido, ooperário Natálio Firzt, chegou

Agressão a repórterem casa.

Sem concordar com aentrevista da esposa edizendo que os repórteresestariam prejudicando suavida, Natálio ameaçou-os demorte, empunhou uma foice esaiu em perseguição aosjornalistas. Para escapar,Jordana e Sérgio tiveram quepassar por uma cerca dearame farpado, sendo que aagressão foi toda filmada porSérgio.

O deputado EdisonPraczyk, presidente daComissão dos Direitos Hu-manos da AssembléiaLegislativa, é acusado deadoção ilegal dos gêmeosMoisés e Priscilla. Marisaacusa o marido Natálio e suafamília de terem entregue osbebês, sob a justificativa docasal não ter condiçõesfinanceiras para poder criá-los. O caso está sob investi-gação policial.

Em imagem gravada por Sérgio Gindaki, JordanaMartinez no instante em que fugia de Natálio Firzt

A diretora executiva da Folhado Paraná e jornalista, ReginaMaria Kracik, está processandoa presidente do Sindicato dosJornalistas Profissionais deLondrina, Carina Paccola, combase na Lei de Imprensa. Adiretora alega ter sido ofendidano artigo “Terceirização e de-sempregooculto”,publicado naedição de julho do Jornal daCasa, editado pelo Sindicato.

No texto, Carina Paccolacritica o processo de tercei-rização que vem sendo im-plementado na Folha, emLondrina, e a postura profis-sional de Regina Maria Kracik.Em nota oficial, o Sindicato deLondrina criticou o fato de

Processo pela Leide Imprensa

Regina se utilizar da Lei deImprensa, que é do período daDitadura Militar, e mantevesua posição contra as açõesda jornalista . “Com base nateoria neoliberal, cuja ine-ficácia está sendo compro-vada dia após dia, a diretorada Folha defende uma ter-ceirização que significa fraudeao contrato de traba-lho.Demite jornalistas, eli-minadireitos e oferece em trocauma “parceria” que sófavorece a Folha”, diz a nota.

Regina Maria Kracik con-tratou o escritório de RenéAriel Dotti para a acusação.A defesa está sendo feita peloadvogado Marcelo Leal.

Roubo no Hora HA redação do jornal Hora H,

localizada em um edifíciocomercialnoJardimSchaeffer,foiarrombada. O crime aconteceuprovavelmente na madrugada de24 para 25 deoutubro,desábadopara domingo, sendo sódescobertopela secretáriaAndréaFabiana Prestes, na segunda-feira,dia 25.

Do jornal foram levados dezcomputadores, dois scanners, os

aparelhos de fax e os telefones,além de umaspirador de pó. Ementrevista a jornais de Curitiba, adiretora do Hora H, CarolinaCattaniLopes,contabilizouaindaummaterial irrecuperável:todooarquivo de fotografia do jornal,mais o arquivo de texto, queestava nos computadores. Alémdo jornal, também foramroubadas duas empresas quefuncionam no mesmo edifício.

abuso patronal Mandadode prisão

Odone Fortes Martinsescapou por pouco dahumilhação de receber noIndústria & Comércioordem deprisão, em 1 de outubro. Omandado de prisão foi deferidopor Sonia Maria Lugnani deAndrade, juíza do Trabalho da3ª Subsecretaria Integrada deExecuções Penais, e previaseis meses de detenção, porqueo empresário recusava-se aentregar uma central telefôni-ca para pagar uma açãotrabalhista. Odone devia oFGTS (Fundo de Garantia Por

Tempo de Serviço) aorepórter-fotográfico RoneySalda-nha.

Ao certificar que po-liciais iriam ao Indústria &Comércio, Odone preferiuficar alguns dias foragido,enquanto negociava com aJustiça a quitação de seudébito. O mandado deprisão foi suspenso com aentrega da central, que seráagora leiloada em 24 denovembro. O dinheiro serárevertido a Roney Salda-nha.

Contra homenagemO Sindicato dos Jornalistas entregou farto

material aos vereadores da Câmara Municipalde Curitiba, mostrando quem é na verdade oempresário Odone Fortes Martins. A intençãoé que a Câmara volte atrás na homenagem quepretende prestar ao proprietário do Indústria &Comércio, marcada para 10 de março de 2000,concedendo-lhe o título de cidadão beneméritode Curitiba.A proposição é do vereador JonatasPirkiel.

Em nota de repúdio enviada aos vereadores,o Sindicato relata os casos de desrespeito àsleis trabalhistas ocorridas no I&C, como oatraso no pagamento de salários, o nãocumprimento de acordos de rescisão, o nãodepósito do FGTS,o não recolhimento do INSS,

a apropriação indevida das mensalidades doSindicato e a utilização abusiva de estagiários.Na nota derepúdio, o Sindicato também recordaas greves que aconteceram no jornal, bem comoaponta a atitude hipócrita do empresário, quemantém o “vício de demonstrar uma solidezfinanceira e moral que não possui”. “Enquantonão paga funcionários, rescisões a ex-funcionários e obrigações trabalhistas, além dedever inclusive a fornecedores, o proprietáriopassa a imagem de um profissional bemsucedido, adquirindo automóveis de luxo para sie sua família e promovendo encontros denegócios, cujas discussões não refletem a açãoparticular do Sr. Odone em respeito às leis eaos seres humanos”, diz a nota.

Reprodução/Folha do Paraná

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EXTRA PAUTA - Novembro, 1999 7

prêmio sangue novo

Guarapuava é sededo primeiro curso dereciclagem para jor-nalistas promovido nointerior do Estado peloSindicato , comfina nciamento doFundo de Amparo aoTrabalhador- FAT. Ocu r so é promovidopelo Sindica to dosJ ornal i s t a s Profi s-sionais do Paraná, aUniver sida de Esta -dual de Guarapuava ea Secreta r i a deEstado do Trabalho,tendo regi st rado 29jorna-listas inscritos,de G u a ra pu a va ,Ponta Grossa eRegião.

Por ser di rigido aprofissionais do inte-rior, onde a maioriatrabalha em jornais oprimeiro curso abor-dou o J orna l i smo.Impresso , do textonoticioso ao código deética dos jorna-listas.O Sindicato convidouo jornalista MarceloLima, pro-fessor doCentro Uni-versitárioPositivo para ministrara s a u la s, qu ea contecem naUniver sida de deGuarapuava. No totalsã o 40 horas/a ulas,r ea l i za das em t rêssexta s e sá ba dosa l t er-na dos. Apr imeir a a u -laaconteceu em 22 deoutubro, sendo que oencer r a mento estámarcado para 20 denovembro.

Sindicatofaz seu 1ºcurso de

reciclagemno interior

Professores e estudan-tes de Comunicação,atenção: 20 de dezembro éa data-limite para as ins-crições ao 5º Prêmio SangueNovo no Jornalismo Para-naense. A perspectiva dosorganizadores é que nesteano se tenha um aumentoconsiderável de trabalhosinscritos, vez que oito cursosde comunicação estão habi-litados a participar do Prê-mio, três a mais que anopassado. Promoção tradicio-nal do Sindicato, que desdea primeira edição conta como apoio da Gazeta do Povoe da TV Paranaense- Canal12, o Sangue Novo temneste ano, pela primeira vez,o patrocínio do HSBC.

O aumento no número deinscrições é, neste ano,praticamente certo. Além deUniversidade Federal doParaná, Pontifícia Univer-sidade Católica do Paraná,Universidade Tuiuti e dasuniversidades estaduais dePonta Grossa e Londrina,pela primeira vez estarãoparticipando trabalhos doCentro Universitário Cam-pos Andrade- Uniandrade -e do Centro UniversitárioPositivo - Unicenp, quetiveram em 1999 suasprimeiras turmas. O Sindi-cato também convidou oCesumar- Centro de EnsinoSuperior de Maringá -, paraque seus professores e alu-nos participem do SangueNovo.

Mudanças

A quinta edição do sangueNovo traz também mu-

Novidades na 5ª edição

danças no regulamento.Duas novas categoriasforam criadas: ProjetoJornalístico para Internet eMelhor Mo-nografia . Aocriar a primeira categoria, oSindicato atende a umaexigência revelada nosúltimos anos, quando forammuitos os trabalhos parainternet inscritos nacategoria de Projeto Livre.Já a segunda categoria

nasce de um pedido deprofes-sores, queestranhavam não haverpremiações a mono-grafias.Ao abrir a categoria , aomesmo tempo que atende auma exigência de quemtrabalha com o ensino emcomunicação, o Sindicatosinaliza a importância dapesquisa aos futurosjornalistas e a possibilidadedeles virem a encontrar um

espaço o desenvolvimentode uma carreira acadêmica.

As inscrições ao Prêmiodevem ser feita em conjuntoentre professores e alunosenvolvidos, na Secretaria doSindicato. Podem concorrertrabalhos realizados e/ouapresentados nas univer-sidades entre 22 de janeiroe 20 de dezembro. Cadaautor ou equipe é permitidoque participe, no máximo, dedois trabalhos por categoria,sendo que não será possívela inscrição de um mesmotrabalho em mais de umacategoria . A entrega doPrêmio acontece entremarço e abril de 2000.

O Sangue Novo terá pelaprimeira vez o patrocínio doBanco HSBC, que se uneaos dois tradicionais apoia-dores do Prêmio, a Gazetado Povo e a TV Paranaense- Canal 12, no incentivodeste que é o maior eventode estímulo aos estudantesde comunicação do Paraná.Em comum com Sindicato,as três empresas têm ointeresse em participar deprojetos de formação profis-sional.

Com o patrocínio doHSBC, o Sindicato vai pelaprimeira vez remunerar aComissão Julgadora doSangue Novo. Dada aprocura dos acadêmicos decomunicação pelo Prêmio eo número de trabalhosinscritos, a tarefa de julgarcompreende um tempoimportante e muito trabalhodos julgadores.

Julgadores

Patrocínio Apoio Realização

Sindicato dosJornalistasProfissionaisdo Paraná

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ação sindical

O Sindicato temrealizado constante vigilânciasobre os jornais editados noParaná sem jornalistas, o quenão é permitido pela Lei deImprensa e a regulamentaçãoprofissional em vigor. Nessetrabalho, mais que adequar osveículos de comunicação àsexigências legais, o Sindicatocontribui de forma direta paraque profissionais sejamcontratados, reduzindo assimos índices de desemprego nacategoria.

A legislação determina quetodo veículo informativo tenhaum profissional responsável,que responde legalmente peloconteúdo das matériaspublicadas e cujo nome deveestar impresso no Expediente.Também deter-mina quereportagens sejam feitas porjornalistas. No entanto, muitosjornais não cumprem essasexigências, muitas vezes por

Sindicato fiscaliza jornais

desconhe-cimento dosproprietários da existência dalegislação. Ao certificar-se deque um jornal está ilegal, oSindicato envia um ofício aosdiretores da empresa,destacando a neces-sidade decontratar um jorna-lista. Senão houver resposta ao ofícioe solução ao proble-ma, o casoé repassado ao Ministério do

Trabalho.Neste ano, o Sindicato

enviou 27 ofícios destanatureza. Nove ofícios foramrespondidos pelas empresas, 6foram enviados ao DRT e 12respostas das empresas aindasão esperadas. Entre asempresas que responderamestá a Universidade Tuiuti,que editou o informativo

NPGA sem jorna-listas. De pronto, aUniversidade aten-deu as exigênciaslegais, contratandoa jornalista LayseNascimento. Damesma forma agiua diretoria doSindicato dos Ser-vidores PúblicosMunicipais de Cu-ritiba, que passou acontar em seuhouse organ como jornalista José

Mar-cos Lopes da Silva. Jáo jornal “O Pescador” ,embora tivesse o nome deum jornalista responsável noExpediente, recebeucorrespondência por terrealizado uma ediçãoapenas com colaboradoresnão jornalistas. Esseproblema foi solucionadoapós a ação do Sindicato.

Estam os emguerra?

Na véspera do último jogoentre Coritiba e Atlético -que registrou cenas lamen-táveis de violência entre astorcidas - o “Jornal doEstado” saiu, em seucaderno de esportes, com aseguinte manchete: “GuerraTotal”. O título, em princípio,tinha uma razão de ser.Durante toda a semana queantecedeu o jogo houve umfestival de provocações -principal-mente entre osdirigentes dos dois clubes -que acabaram desaguandona violência explícita dostorcedores no final dapartida. Ponto para o jornal,que afinal foi profético eantecipou com precisão oclima do jogo. Será?

Este exemplo do “Jornal doEstado” é apenas um do queparece estar se tornandouma tendência, nas páginas

esportivas de nossos principaisdiários. Basta dar umafolheada ligeira em qualquerum deles para se encontrartítulos semelhantes. Palavrascomo, confronto, luta, briga,batalha, entre outras, são cadavez mais utilizadas paradescrever uma partida defutebol, numa clara conotaçãode que este esporte setransformou numa guerra.

Eis aí um bom tema parareflexão. Até que ponto osjornais estariam retratando arealidade ao adotar estejargão bélico? É verdade quea rivalidade no futebol cadavez mais se parece comguerra, mas será que aimprensa também não tem suaparcela de culpa nisto?

É mais do que sabido queos meios de comunicação sãoindutores de comportamento.Sabendo disto, alguns editorescostumam tomar algunscuidados básicos antes depublicar uma notícia. Os casosdos suicídios são um exem-plo.Alguns jornais evitam publicarnotícias com este conteúdo,pois já ficou com-provado queisto desencadeia novasocorrências.

Não seria o caso de oseditores de esporte tomaremo mesmo cuidado em relaçãoao futebol? É claro que aviolência entre torcidas temvários fatores. A imprensa,porém, pode ajudar aarrefecer os ânimos, ao invésde instigar ainda mais a

rivalidade. Isto poderiacomeçar pelo uso de palavrascorretas: o jogo é uma disputa,não uma batalha; os jogadoresnão são ini-migos, masadversários; não lutam, jogam;futebol é um esporte, não umaguerra.

Cronista fantasma

Vários jornais do interior doParaná andaram publicandouma coluna chamada“Primeira Mão”, assinada por“Roberto Coimbra”. AComissão de Ética doSindicato dos Jornalistasrecebeu, em outubro, umarepresentação denunciandoque a coluna, na verdade, eraredigida na Secretaria de

dedo na ferida Comunicação Social doGoverno Estadual e que o tal“Roberto Coimbra” nuncaexistiu. Como primeiraprovidência a comissãoenviou correspondência àSecretaria e a dez jornais,pedindo explicações.

Em resposta, assinadapelo coordenador deImprensa, Deonilson Roldo,a Secre-taria deComunicação Socialinformou que não “temqualquer participação” napublicação. Dos jornaisconsultados, apenas um, Tri-buna do Interior, respondeu.Em nota assinada pelodiretor de redação, NeryJosé Thomé, o jornalconfirma a publicação , masdiz não conhecer o jornalista“Roberto Coimbra”.

Conselho de Ética doSindicato dos Jornalistasprofissionais do Paraná.

Outro problema comumna edição de jornais é apublicação do Expedientesomente com o nome dojornalista, sem constar oregistro da DelegaciaRegional do Trabalho. Anteum veículo nessas con-dições, o Sindicato checa onome do jornalista com asua listagem de associadose a que é emitida pela DRT.No caso do InformativoBotica Alternativa, o nomeda jornalista Fernanda daSilva Oliveira não constavaem ambas as listagens. OInformativo não estavaporém ilegal. Fernandaenviou uma declaração aoSindicato, comunicando tero registro na DRT de SantaCatarina. Por um lapso, elanão havia até entãosolicitado a trans-ferênciada sua documentação aoParaná.

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EXTRA PAUTA - Novembro, 1999 9

assessores de comunica-ção

Aum ano da eleição denovos prefeitos e vereadores,o Núcleo de Assessores deImprensa realizou em 1 deoutubro, na sede do Sindicato,um importante debate sobre“Marketing Político”. Opalestrista foi o professor epublicitário Itanel Quadros, querecém retornou da Espanha,onde fez doutorado emCiências da Informação, pelaUniversidade de La Laguna.Itanel analisou o político comoum produto de marketing eressaltou a importância daestratégia de campanha àsassessorias, levando-se emconsideração não apenas ocargo em jogo e os recursosdisponíveis, mas a força daconcorrência e a característicado eleitorado.

No início da palestra, Itanelfez questão de ressaltar a visãonegativa que muitas pessoas e,inclusive, a mídia têm paracom o marketing político.“Parece que o marketing éuma forma de manipulação,sem prerrogativas, de tentarintroduzir uma coisa que não éboa, de vender um produto quenão é bom, mas quem de

Núcleo discute marketing político

repente, mapeado, processado,torna-se um bom produto”. Elelembrou um caso modelar napolítica brasileira: a eleição deFernando Collor de Mello, em1989. “Todomundodiz queeleconseguiu chegar àPresidência porque trabalhoucom marketing, mas não ésó isso. O fenômeno Collor nãoestá só ligado a questão detécnicas, de armadilhas ou demanipulações”. Itanel consi-dera marketing político umencontro entre comunicação,propaganda e promoção, noqual o candidato não é sódetalhado, masseu públicoalvoreconhecido.

Para Itanel, o primeiro passode uma assessoria de mar-keting é que ela reconheça seo político a quem trabalha é umcandidato idealou com-plicado.Um candidato ideal tem comoqualidades o fato de ser umapessoa sociável, já concorreua outros cargos e ganhou,relaciona-se bem com osmeios de comunicação e temboa penetração junto aestrutura partidária e ao elei-torado. O candidato com-plicado é, entre outras coisas,que detesta jornalistas e osmeios de comunicação, queestá no partido porque precisade uma legenda e quer o voto,

mas dispensa o eleitor. “Umaestratégia adequada procurarácorrigir ou neutralizar osaspectos prejudiciais eaperfeiçoar e expandir osaspectos positivos” destacou.Nesse processo, o assessordeve ter em mente que umcandidato é diferente de umproduto manufaturado. “Euvou “pegar” alguém que é umser humano e quer servereador e vou criar umproduto como se fosse sapato,automóvel? Não é bem assim.A técnica de marketing vaiaperfeiçoar o produto, masnunca vai conseguir umproduto perfeito. Até porquenão existeum políticoperfeito”,explicou Itanel.

O público-alvo e a vitória

Outra das ações iniciaisde u ma assessori a ,segundo Itanel, é que eladefina qual o público-alvodo can-dida to e su ascaracte-rísticas. É nestafase, segundo ele, que seinst ru -mentali za m aspesquisas: “o meio maisseguro pa ra su bsidia r a

estr a t égia in i-ci a l dacampanha”. A pesquisatambém é impor-tante parao estudo da concorrência:as virtudes, os defeitos e aschances rea is doscandidatos que disputamcom o político a vaga. Esteestu do pode influ irdiretamente na tendênciada campanha, na decisãodo candidato em responderou formalizar um ataque equal o tom utilizará em suasrespostas. “Ca mpanhaeleitoral é guerra aberta”,enfatiza Ita-nel, “e nelavale prati ca-mente tudopara atingir o objetivo final,preservadas as fronteirasda legalidade e da ética,obviamente”.

Nesse mesmo sent ido,um “plano de campanhanão passa de um meio parase chegar a um fim deter-minado. Cabe, nesse sen-t ido , qu e a a ssessor i aa va l i e fr eqü entementeseus acer-tos e erros, paraque seu único objetivo sejaa lca nçado. Afina l , “ a ocandidato só interessa avitória”, enfatizou ItanelQuadros.

Casimiro Eugênio Linarth

Com o naufrágio dos dogmasliberais em todo mundo, a mídiaalternativa de qualidade vemencontrando em vários países umaaceitação cada vez maior. Comequipes pequenas , pouca ounenhuma publ icidade, umengajamento acentuado e umnúmero de lei tores que vaiaumentando sempre mais, ela estáse instalando na paisagem dosmeios de comunicação.

É o caso do Le Mond eDiplomatique, jornal mensalfrancês, que de 180 mil exemplaresno final do ano passado, saltoupara 290 mil na edição de agostodeste ano. Hoje, Le Monde diplôestá sendo publicado em setelínguas e a tiragem de suas dezedições estrangeiras é de cerca de

A expansão do Le Monde Diplomatique800 mil exemplares. A grandemaioria de seus lei tores écons ti tu ída por jovens eestudantes. Esse sucesso éacompanhado por uma autonomiacrescente em relação ao Le Monde,inclusive no plano editorial.

Na Itália, o jornal é difundidocomo suplemento mensal pelodiário Il Manifesto, de Roma, e suat iragem média é de 100 mi lexemplares. Na Alemanha, estádisponível por assinatura e embancas como suplemento mensaldo diário Die Tageszeitung, deBerlim, e sua tiragem média é de90 mil exemplares. Na Suíça, vemcomo suplemento mensal emalemão do semanárioWochenzeitung, que tem umat iragem de cerca de 20 mi lexemplares.

Na Espanha, o jornal é traduzido

e editado por L. Press com 25 milexemplares . No México, épublicado por Editorial SanFriontières com25 mil exemplares.E, na Argentina, é editado emespanhol por Editorial Trespuntoscom 40 mil exemplares. Endereçona Argentina: Acuna de Figueroa459 (1190) Buenos Aires.

Em inglês, Le Monde Diplo-matique vem junto com TheGuardian Weekly uma vez por mêse também tem assinatura especial.No mundo árabe, o jornal é editadocomo suplemento mensal desde omês de março, pelo diário An-Nahar, de Beirute, que tem umatiragem de 40 mil exem-plares.

Na Grécia, o diário Eleftherotypiapublica todos os domingos oitopáginas commatérias do Le MondeDiplomatique. Esta edição temumatiragem de 165 mil exemplares.

Alémdisso, existe emlíngua gregauma edição da revista bimestralManière de voir, com uma tiragemde 10 mil exemplares. Essa revistapublica, a cada dois meses, o quede melhor saiu no jornal e emoutras publicações sobre umdeterminado tema. O seu número46, de julho/agosto de 1999, temcomo t ítulo “Revolução nacomunicação”, com matériasescri tas pelos melhoresespecial is tas do mundo noassunto.

O jornal t ambém tem umaversão em português, publicadapela editora Campo deComunicação, de Portugal, com20 mil exemplares. Endereço: RuaD. Manuel II, 33-5º, 4050-345Porto. No Brasil, a edição emfrancês é distribuída pela LivrariaLeonardo da Vinci, em São Paulo

( fone: 11-531-6399), e emCuritiba pode ser encontrada nabanca da Rua 24 Horas e na bancado Vilsoney, no Portão ( fone 345-8834).

Le Mond e Diplomat iquetambém tem um site na Internet,que oferece dois anos completosdo jornal com textos integrais.Nele estão disponíveis matériassobre mais de 150 países e cercade 200 assuntos, enriquecidoscom seleções de sites da Internet,sugestões de leitura e uma basede dados com um uma l is t acomentada de mais de 500revi s t as. Endereço: h t tp: / /www.monde-diplomatique.fr/

Itanel Quadros: políticos nãosão produtos manufaturados

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Novembro, 1999 - EXTRA PAUTA

homenagem

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Ricardo Bueno:Economia à esquerda

para a redação: umas senhorasmeio ingênuas, que iam lendoas matérias e negociavam comos jornalistas o que iam e nãoiam cortar. Acabavam cortandopouco, porque era umanegociação e o pessoal pon-derava. Esse esquema, doponto de vista da ditaduramilitar, acabou nãofuncionando. Eles (os militares)começaram, então, a mandarcoronel para fazer a censura,gente que era menos permeávela negociações. Essa foi asegunda etapa. Depois, teveuma terceira etapa onde sepassou a mandar material paraa Polícia Federal, no Rio deJaneiro. Fazia-se o material,

tinha até uma determinada horapara produzi-lo e o material iapara Polícia Federal. Oscensores faziam lá o trabalho,não se tinha acesso a eles. Umapessoa ficava esperando edevolviam o material. Depois,não satisfeitos com isso, semprecom o objetivo de criardificuldade, eles passaram acensura para a Polícia Federalem Brasília. Então, se tinhahorário de avião para mandaro material a Brasília. Lá, umapessoa pegava e ia para a PolíciaFederal. Essa pessoa passava lá,às vezes, o dia inteiro, esperandoa devolução do material.

EP - Qual era a estrutura doOpinião?

Ricardo Bueno- O Opiniãoera um jornal para classe médiae intelectuais, formadores deopinião. Fernando Gasparianera o dono e o editor era oRaimundo Pereira. Osecretário-executivo era oAntonio Carlos Ferreira, hojerepórter da Rede Globo. E ojornal tinha cola-boradoresilustres: Fernando HenriqueCardoso até era do ConselhoEditorial do jornal , CelsoFurtado, Chico de Oliveira, PaulSinger... E tinha material que elecomprava da imprensainternacional, do New York Post,Le Monde Diploma-tique, que setinha direito a traduzir. Era umjornal semanal e chegou avender 45 mil exemplares.

EP - Na última fase da censura,o jornal saía semanalmente desse jeito,com a redação enviando matérias paraa Polícia Federal censurar emBrasília?

Ricardo Bueno- Sema-nalmente. O esquema era oseguinte. O Tonico (AntonioCarlos Ferreira) esticava a cordaaté onde dava, no sentido depermitir ao jornalista escreveraté o último momento. Quandoa coisa chegava ao limite, ele ianas máquinas arrancando asmatérias. Às vezes mandavamatérias com frase pelo meio,porque não poderia maisesperar, porque tinha um aviãoespe-rando. Quando asmatérias vinham de Brasília, adevastação era tremenda. Seproduzia dois jornais, paraconseguir editar um e, em geral,as melhores matérias, as maisquentes, eram cortadas. Paravocê ter uma idéia, na queda doAllende ( Salvador Allende,presidente do Chile deposto e mortoem 73), o Opinião tinha ummaterial excelente, porque aimprensa internacional estavadando material infernal sobre

isso. O Opinião, em nenhummomento, pôde tratar daderrubada de Allende no Chile.E assim, em vários outrosassuntos, os cortes eramamplos, gerais e ir restritos.Sobre sexualidade, economia,política, artigos da imprensainternacional, tudo era cortado.

EP - O jornal ia a Brasíliadiagramado?

Ricardo Bueno- Iam todasas matérias. Depois que elasvoltavam era feita adiagramação com o que tinhasobrado, os “salvados doincêndio”. Se fazia a ediçãopossível e nunca a edição ideal.Mesmo assim, o jornal tinhamuita qualidade. O Opiniãochegou a ter umas quarentapessoas, entre colaboradores eequipe. Nunca teve anunciantee publicidade. As empresasforam pressionadas a tiraranúncios, como a editora JoséOlympio, e algumas preferirampagar e não ver os anúnciospublicados, para não teremproblemas com a ditadura.

EP - Você participou também doMovimento. A censura neste jornalera diferente de como foi com oOpinião?

Ricardo Bueno- ORaimundo Pereira quando saiudo Opinião, cr iou oMovimento, em São Paulo. Euera colaborador, lá do Rio deJaneiro. O Movimentoenfrentou problemas com acensura, acho que não tãodramáticos quanto o Opinião.Mas enfrentou outro problema:os ataques às bancas de jornais.Quando os radicais do regimemilitar sentiram que a censuracomeçava a recuar, tentaraminviabilizar esses jornais peladistribuição. Se perdia, às vezes,edições inteiras, porque asbancas eram destruídas e osjornaleiros começavam a não

“Eu, como jornalista, tenho muitas saudadesde um jornal inteligente, alternativo, crítico, que

aprofunde mais os temas e acredite umpouco na transformação, na utopia”

Julio

Cov

ello

R icardo Bueno faleceuem 3 de outubro, devido a um

câncer. Foi um dos principaisnomes do Jornalismo econômico

no Brasil, nas últimasdécadas. Instigante,

provocativo, primou pelaliberdade de opinião: umacaracterística pessoal, mas

também herança dos nanicosOpinião, Movimento e

Pasquim, nos quais trabalhou.Bueno também foi na década

de 70, editor do Diário doComércio e Indústria e chefe-

de-redação do Jornal doComércio. O jornalista vinha,

atualmente, tocando projetoscomo o programa “Faixa

Livre”, da RádioBandeirantes, e o “Debate

Brasil”, na Vinde TV.Ano passado esteve em

Curitiba, em 19 de junho, aconvite do Sindicato e do

Conselho Regional deEconomia, para ministraruma palestra a jornalistas

sobre privatizações. Nodebate, Bueno avaliou a

postura da imprensa que,segundo ele não prestou ao

cidadão “o mínimo deinformações necessárias que ele

precisa, para discutir demaneira séria, honesta e bem

informada o processo deprivatização”. O jornalista

também concedeu umaentrevista exclusiva ao Extra

Pauta, da qual forampublicados alguns trechos na

edição de setembro de 98.Agora, em homenagem aojornalista, publicamos a

entrevista na íntegra.

Extra Pauta - Você sempretrabalhou com jornalismo econômicoe em 73 fazia parte da equipe doOpinião. Como era trabalhar naquelejornal, no período de maior repressãoda ditadura militar?

Ricardo Bueno - O Opiniãofoi o último jornal, junto com aTribuna da Imprensa, a serliberado de censura. A censuralá operou de diversas maneiras.Primeiro mandavam censores

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EXTRA PAUTA - Novembro, 1999 11

homenagem

pegar o jornal, porque tinhammedo de sofrer algum atentado.Havia também ameaças deataques à redação, telefonemasde que iam fazer isso e aquilo.

EP - Esses jornais foram o retratodo Brasil de uma época. Hoje, háfalta de jornais como esses no país?

Ricardo Bueno- Eu não seise os leitores têm saudades. Eu,como jornalista, tenho muitassaudades de um jornal inte-ligente, alternativo, crítico, queaprofunde mais os temas eacredite um pouco na transfor-mação, na utopia.

EP - Nós não teríamos hojealgumas publicações similares, comoa Caros Amigos?

Ricardo Bueno- A CarosAmigos é uma bela publicação,mas não tem a repercussão queesses jornais tinham e acapacidade de formar opinião,de influir no debate, decongregar um grupo importantede jornalistas e intelectuais. Euacho que haveria espaço noBrasil para um jornal de centro-esquerda, diário, para disputarbanca. E acho que há públicopara isso. O problema é que nãose consegue congregar aspessoas que façam isso.

EP - Quais seriam os pro-blemas?Ricardo Bueno- Em

primeiro lugar, falta a visão deque isso é importante. Faltatambém concordância política,porque muita gente que gostariade participar de um projetodesse, no fundo tem um poucoo sonho de “aparelhar” esseprojeto. Aí fica difícil, não seconsegue chegar a um consensomínimo. No caso do Opinião,tinha divergências entre osjornalistas, mas havia umacordo geral com o Gasparianem determinadas teses, napostura contra a ditaduramilitar. No final, houveproblemas de relacionamentoentre Gasparian e RaimundoPereira, no que deu oMovimento. Já no Movimentohouve uma discussão mórbida,sobre se foi “aparelhado” ounão pelo PC do B, porque oRaimundo Pereira era do PC doB. O Raimundo tinha ligaçõescom o PC do B, mas haviaatentados a bombas,dificuldades econômicas e ,

naquela época (início dos anos80) era difícil continuarmobilizando as pessoas emtorno de um projeto.

EP - Um jornal de c entr o-esquerda não teria hoje problemasfinanceiros?

Ricardo Bueno-Financeiros, talvez. Mas se derprioridade a um projeto comoesse, acho que os recursospoderiam aparecer. Eu estiveconversando com umaespecialista em assessoria sobremovimento sindical e ela medisse: “Se você juntar ossindicatos da CUT, hápraticamente 400 jornalistastrabalhando para ela, que sãocontratados”. Então, se vê quetem uma massa crítica aí. Se sefizesse um acordo entre ossindicatos, que 5 a 10% dessecontigente seria liberado paraviabilizar um projeto, acho quese teria uma equipe magnífica.Outra coisa: todo o sindicatotem, às vezes, publicaçõesvoltadas para o seu públicointerno. Se, em vez de priorizarquase que exclusivamente essa

comunicação, eles diversifi-cassem um pouco ? Mas é difícilfazer isso. Quando vou paraum projeto amplo, minhapretensão de controledesaparece. Eu tenhoconcordância no geral, mas nãotenho controle sobre o produtofinal que vai surgir. Então, sehouvesse prioridade e cons-ciência política de que não sepode aparelhar aquilo, recursosexistiriam para a gente fazer umjornal. Eu posso lhe dar umexemplo concreto. Eu faço oprograma “Faixa Livre”, naRádio Bandeirantes do Rio dejaneiro, de segunda a sexta, de7:30 às 9 horas da manhã. Esteé um horário comprado porvárias entidades sindicais. Eupago a Bandeirantes, a equipe,as despesas e o programa temindependência total e fazdiscussão ampla, geral eirrestrita. Ninguém tenta apare-lhar o programa.

EP - A falta de projetos comoesse e de espaço na mídia tradicional,não faz com que muitos profissionaisdeixem o Jornalismo?

Ricardo Bueno- Oproblema é que entre essesprofissionais há gente altamentequalificada, que tem o gravedefeito de manter o espíritocrítico. Quando perdememprego no jornal, não conse-guem se colocar noutro. Àsvezes, são pessoas que teriamque ser absorvidas comocolunistas e que não podementrar como repór ter B.Quando não conse-guem,começam a montar estratégiasde sobrevivência quetangenciam a redação. Montamempresas de assessoria, fazemconsultoria para entidades,trabalham como assessoresparlamentares, escrevem livros,fazem relatórios. Continuamfazendo um trabalho que éjornalístico, mas que não é otrabalho dentro da redação, ouporque o salário é baixo, ouporque não têm sequer umaproposta.

EP - A demanda do mercadoprofissional para jornalistas estáexigindo o quê? Apatia?

Ricardo Bueno- A demandaexige alguém que sejaconformista, que se amolde areproduzir meramente o que édito, que não bata de frente comos editores. Alguém que nãocrie problemas e que, em grandeparte, tenha um pouco a visãode jornalismo como business. Omercado está exigindo umprofiss ional que não sejaquestionador, que não sejainquieto, que produza regular-mente, que tenha acesso àsfontes oficiais, que não crieproblemas a elas e que tenhauma identificação ideológicacom seus editores e os donosde jornais. Uma das coisas maisinacreditáveis que ocorre nojornalismo hoje em dia é quenão há contradições entre osrepórteres e seus editores, e oseditores e o dono do jornal.Antigamente, se o cara era umeditor decente, sabia que oemprego dele sempre estavacorrendo risco. Hoje em dia,acho que reina nas redações apaz dos cemitérios. Há umenorme consenso, umatranqüilidade e o dono do jornalnão precisa se preocupar,porque os jornalistas certamente

não lhe aborrecerão.EP - O dono não precisa mais ler

o jornal antes dele ser publicado?Ricardo Bueno- Não. A

respeito disso há uma históriafantástica de O Globo, trintaanos atrás. Fechando o jornal efazendo a primeira página haviaum jornalista que era conser-vador, mas que tinha um gravedefeito: notícia para ele eranotícia. O que vinha de notícia,ele achava que tinha de publicar.O doutor Roberto Marinho nãosaía do jornal sem ler a últimamatéria da primeira página,porque temia os critériosjornalísticos desse sujeito, emborativesse identidade política comele. Curiosamente, depois foigente que se dizia de esquerdapara O Globo. Com esses o Dr.Roberto Marinho fez umacordo político, disse o que erapossível e o que não era, e podiair tranqüilamente para casa,antes do jornal fechar. Ao queeu saiba, nunca teve umasurpresa desagradável. Hoje, odono pode dormir absolu-tamente tranqüilo, que dificil-mente terá qualquer problema.Agora, uma questão: digamos odono e o editor sejamconservadores e neoliberais, masos repórteres também sãoconservadores e neoliberais. Aestrutura toda é. E não é que orepórter esteja fazendo aquilo acontragosto. Ele está bemadequado, adaptado, conven-cido de que aquilo é o certo. Háuma identidade ideológica entreo repórter, o editor, e o dono-de-jornal. E não é uma coisaimposta. Eu quero fazer umaobservação final neste ponto: osex-guerrilheiros, os ex-comunis-tas são os piores de todos. Ocara que era de esquerda, composições mais radica is àesquerda e que pegou emarmas contra a ditadura militar,e se tornou um neoliberal, épior do que o sujeitotradicionalmente conservador.Porque, como cristão novo,tem que mostrar serviço, temque convencer ao mundo queestá com uma nova postura,que se modernizou e seadaptou aos novos tempos.Com esses, infelizmente, não seconsegue hoje ter diálogo.

“A demanda exige alguém que seja conformista,que se amolde a reproduzir meramente o que é

dito, que não bata de frente com os editores”

Julio

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Novembro, 1999 - EXTRA PAUTA12

liberdade de imprensa

OAuditório Londrina,do Memorial de Curitiba, foipequeno para a palestra dojornalista Paulo HenriqueAmorim, em 15 de setembro,para falar sobre “Liberdadede Imprensa”. O evento foipromovido peloSindicato, compatrocínio da Tim TeleparCelular e apoio da FundaçãoCultural de Curi-tiba, emcomemoração ao Dia Mundialda Liberdade de Imprensa. Aduas semanas da estréia doprograma Conversa Afiada,na TV Cultura (que aconteceuem 27 de setem-bro), ojornalista falou da suaexperiência em trabalhar pelaprimeira vez em uma emissorapública. E comentou sobre seufascínio pela internet, emborareconheça que ela, aocontrário do que se propagano mundo, não énecessariamente um instru-mento de democratização dainformação.

“A internet é um negóciopara grandes”, lembrou PauloHenrique, destacando que atendência mundial emcomunicação, a exemplo doque ocorre em outras áreas,é o controle da mídia porgrandes conglomerados. Issojá existe nos Estados Unidos,em que parcela da

“A internet não é democrática”informação e entretenimentoé controlada por grandesempresas de comunicação,como a Time-Warner, aViacom, a Walt Disney e aNews. “No caso da Internet,o jornalista vai ter que tentararranjar espaço para ele. Oque está acon-tecendo nainternet ? O Bill Gatescomprou 15% da Net. Issosignifica que o buraco que aGlobo abriu no chão parapassar cabo, não foi umsucesso empresarial. As duasempresas de cabo no Brasilquebraram. Mas esse buracovai deixar passar o telefone ea internet”, explica.

Paulo Henrique, que já temacertado um chat pela Zaz,onde conversará uma hora aodia sobre Economia, acreditaque cabe aos jornalistasabrirem seu próprio espaçona internet. “O jornalista temque abrir espaço, porque vaiter toda essa tecnologia aserviço da distribuição dainformação não necessaria-mente jornalística e se precisade conteúdo. Nós somos pro-vedores”, explicou.

Nada de novo no front

Na sua palestra, PauloHenrique Amorim também

comentou sobre o Jornalismoque é feito na televisãobrasileira, segundo ele aindamuito preso ao padrão doJornal Nacional. “Nada houvenos últimos vinte anos, a nãoser uma estrutura dedistribuição de poder dentro damídia de comunicação e ahegemonia da Globo”. PauloHenrique lamentou que aGlobo não invista hoje emcoberturas internacionaiscomo há dez anos. “Eu fui aoMéxico cobrir o enterro do LuisDonaldo Colossio, que eracandidato a presidente daRepública. Hoje, não creio que

algo como issopossa acontecer.A Globo sequercobre a ofensivaterrorista mu-çulmana,provavelmente islâmica, naRússia, e pouco fez na Guerrade Kosovo”, disse. Após seteanos na Glo-bo, um e meio naBandei-rantes, onde foi“âncora” do Jornal da Band eapresentador e entrevistadordo programa Fogo Cruzado,ele trabalha pela primeira vezem uma emissora pública.“Sinto que deveria já ter estadoantes nessa emissora”,enfatizou Paulo Henrique,

revelando-se confiante com osucesso do Conversa Afiada.“Volto a comentar sobreeconomia, o que para mimsignifica uma volta às minhasorigens”, diz Paulo, que antesde trabalhar na televisão foium presti-giado repórter deeconomia nas revistasRealidade e Veja (na décadade 70 foi o corres-pondenteinternacional da revista), eeditor de economia no Jornaldo Brasil e no jornal O Globo.

Paulo Henrique Amorim, palestra comauditório lotado e críticas ao padrão Jornal

Nacional

O I Curso de Especialização em Agronegócios paraProfissionais de Comunicação, aberta em 1 de outubro peloDepartamento de CiênciasAgrárias da Universidade Federal doParaná e que conta com apoio do Sindicato dos Jornalistas, temem sua primeira turma 32 jornalistas inscritos. A procura pelocurso vem a ressaltar a necessidade dos profissionais emdominarem aspectos técnicos ligados à economia, agricultura epecuária no Paraná.

É importante destacar que as inscrições partiram dos própriosjornalistas, alguns com apoio das empresas em que trabalham.Dos profissionais que estão cursando a especialização, 13 atuamem jornais- incluindo sucursais- , 12 em assessorias, 6 emtelevisões e um em produtora independente. O Curso tambématraiu jornalistas do interior: um inscrito trabalha emApucaranae quatro em Ponta Grossa.

Curso concorridoCurso de especialização na UFPRO Departa mento de

Comunicação Social eTurismo da Universi-dade Federal do Paranáabriu em 3 de novembroas inscrições para oCurso de Especia-lizaçãoem Comuni -cação eTecnologias naEduca ção, dirig ido acomunicadores e edu-cadores.

O cur so terá cargahorária de 390 horas/

aula, que serão minis-tradasàs quintas e sextas-feiras ànoite e em alguns sábadose domingos durante o dia. Ocurso é coordenado pelasprofes-soras Rosa MariaDalla Costa e Pa tríciaMonsão Mollo, e tem comopro-fessores convidadosDé-cio Pignatari, poeta eprofessor da UTP, JoãoManoel Morán, professor daUSP, Luciana Chianca,professora no Rio de

Janeiro e a jornalistaMarleth Silva.

As inscrições podemser feitas de 3 até 30 denovembro, em horáriocomercia l, na sede doDepartamento, na Tra-vessa Alfredo Bu fren,140, 2º andar.

Mais informações pelofone:

(41) 360-2609

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EXTRA PAUTA - Novembro, 1999 13

neoliberalismo

Passada fase de aberturado mercado de telecomu-nicações no país, agora é omomento das empresasjornalísticas e de radiodifusãoterem sua legislação modi-ficada, a fim de que possamreceber investimentos estran-geiros. Em 1 de setembro foiaprovada na ComissãoEspecialda Câmara dos Deputados, por14 votos a 3, o substitutivo aoartigo 222 da Constituição, deautoria do deputado HenriqueAlves (PMDB-RN), queendossa a possibilidade deempresas estrangeiras par-ticiparem do capital de umaempresa, bem como de em-presas pertencerem a pessoasjurídicas, o que não é possívelpela atual legislação.

A mudança ao artigo 222suscita polêmicas. Primeiro: secom a entrada de empresasestrangeiras, que oficialmentepoderiam adquirir 30% de umjornal ou emissora de rádio ouTV, o veículo teria profundasmudanças editoriais, atendendoa interesses externos. A maiorpolêmica, no entanto, é aabertura de 100% do capital apessoas jurídicas em revistas ejornais (em empresas deradiodifusão olimiteéde30%),o que pode encobrir quemseriamos reais pro-prietários daempresa. A Constituiçãopermite que somente pessoasfísicas tenham o controleacionário das empresas, com o

Empresas jornalísticas poderãoter mercado de capital aberto

Entrar de forma direta em ummercado emergente e concorrercom a Folha do Paraná, naregião onde o jornal histori-camente domina as vendas embancas e assinaturas. Estas,certamente, foram algumas dasintenções que pesaram paraque Francisco Cunha Pereira,proprietário da Gazeta do Povoe da Rede Paranaense deTelevisão, adquir isse ocontrole acionário do Jornal deLon-drina, o que foi divulgadoem 6 de outubro. O valor doinvestimento não foi revelado,mas extraoficialmente o grupocuritibano teria adquirido os

limite em 30% a pessoasjurídicas, sem o direito a voto.

Essa mudança prevista nosubstitutivo não tem aaprovação do ministro dasComunicações, Pimenta daVeiga. Segundo ele, “naspessoas jurídicas não se podeter segurança da sua com-posição”. A seu favor, as inten-sas mudanças ocorridas naeconomia na “era da glo-balização”, em que empresasregionais estão sendo ad-

quiridas por grandes gruposempresariais ou realizamfusões. Entre os mais otimistascom a mudanças ao artigo 222,está o jornalista Alberto Dines,que em artigo no Observatórioda Imprensa, diz quea aberturatotal as empresas jurídicaspermitirá que “as empresasfamiliares possam abrir edemocratizar o seu capital,recorrer ao mercado de capitaise oferecer participações aosfundos de pensões ou

cooperativas de funcionários”.Segundo Dines, as mudanças

serão benéficas às empresasjornalísticas, porque elas estãovisivelmente descapitalizadas.O jornalista vê como vantagemadicional, a legalização dealguns subterfúgios ao artigo222, como a parceria entre oGrupo Folha e a Quad Grafics,que oficialmente tornou-se suasócia não na área editorial, masna de infra-estrutura industrial.Outra burla ao artigo 222 são

as reproduções que começama pipocar nos veículos bra-sileiros, como a reprodução doWall Street Journal peloEstadão e, mais recentemente,pela Folha do Paraná, ou aversão de 24 páginas da Time,publicada às quintas pela Folhade S. Paulo. A presençaestrangeira na comunicaçãobrasileira registra, ainda, ohistórico acordo entre Times eas Organizações Globo, nadécada de 60.

O substitutivo de HenriqueAlves foi encaminhado àCâmara dos Deputados e sóserá aprovado se obtiver trêsquintos dos votos, em doisturnos. No Senado, terá detramitar na Comissão deConstituição e Justiça.Quanto ao deputado Henri-que Alves, um detalhe im-portante. Ele é filho do de-putado e jornalista AluízioAlves, que foi diretor-res-ponsável da Tribuna daImprensa, de Natal, cidadeonde, a bem dos donos-de-jornal e de TV, paga-se umdos mais baixos pisos salariaisa jornalistas no país.

Gazeta do Povo compra Jornal de Londrina50% das ações da empresa, quepertenciam a sócios de ÉzanoMedina, empresário da cons-trução civil em Londrina.

A compra do Jornal deLondrina pela Gazeta do Povonão se constituiu em umasurpresa nos meios empre-sariais. Desde o início do anoeram fortes os rumores de queo Jornal de Londrina ser iavendido, em razão das di-ficuldades econômicas quepassava e que o fizeram até areduzir custos com pessoal.Quanto a Gazeta do Povo,desde 95 ela tem parceria como JL. Os dois jornais realizam

uma promoção de vendacasada, através da qual osassinantes do jornallondrinense recebemgratuitamente o jornal deCuritiba.

Ao comentar a compra doJornal de Londrina, FranciscoCunha Pereira salientou que ameta do jornal é aumentar ointercâmbio de informaçõesentre Londrina e Curitiba. OJornal de Londrina tem 10 anosde atividade. Em sua históriaesteve veiculado ao grupo doex-prefeito de Londrina WilsonMoreira e ao deputado federalLuiz Carlos Hauly.

Os jornais O Globo e Folha de S.Paulo se anteciparam às mudançasquea imprensa terácomaberturadecapitalestrangeiro eanunciaram, em4 de outubro, a criação de um novojornal diário de economia. O nomeainda não está definido, mas estáprevisto que circulará a partir doprimeiro trimestre do ano que vem.O objetivo das empresas é liderar osegmento de jornais de informaçãode economia, hoje dominado pelaGazetaMercantil.

OnovojornalteráredaçãoemSãoPaulo, independente de O Globo edaFolhadeS.Paulo, masseutilizarádos parques gráficos desses jornaisnoRio deJaneiroeemSãoPaulo. Oinvestimento anunciado pelos

F u sã o e p a rc e r iagrupos Infoglobo ComunicaçõesLtdaeFolhadaManhãS.A.éU$50milhões de dólares (hoje um poucoR$ 100 milhõesde reais).

JB e O DiaUma parceria operacional e

comercial foi efetivada entre osjornais O Dia e Jornal do Brasil,ambos do Rio de Janeiro. Desde 18de outubro, o JB, que passa pordificuldades financeiras, está sendorodado edistribuído pelo O Dia. Aparceria tem como alvo aumentar aconcorrênciado JB frenteO Globo,pois com passará a se utilizar dosistema full color, que permite apublicação do jornal inteiramentecolorido.

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Novembro, 1999 - EXTRA PAUTA14

democracia e deba-te

Rosângela Oliveira

A D el ega cia doSindicato dos Jornalistasde Ponta Grossa realizouem setembro, a Oficina“Sensibilização e Criati-vidade”. Coordenada porAnna (Noni) Leonor deCa rva l ho, produ t ora ediretora de vídeos da TVMaxambomba e TV Pineldo Ri o de J a nei ro , aO fic i na contou com a

Ponta Grossa realiza OficinaFátimaAraújo

Ponta Grossa ganha mais umjornal semanal. A Folha daCidade veio, como consta noeditorial do mesmo, “para ser oúnico jornal que circula àssegundas-feiras”. O que poderiagarantir pontos positivos aonovo veículo de comunicaçãovem, aliado a outros, muitonegativos. Apesar de terjornalista responsável, o Jornalpossui em seu quadro editoral,estudantes de Jornalismo daUEPG.

Além da ilegalidade, a Folhada Cidade conta ainda com avisão “deturpada” por parte deseu jovem diretor, CleversonRibeiro, a respeito do que éjornalismo e como fazerjornalismo. Adepto da filosofiade que “todos podem redigirpara um jornal”, Cleversondefendeu, durante a visita daDelegacia do Sindicato dosJornalistas de Ponta Grossa àredação do Jornal, que “osestudantes que estão no veículotrabalham em forma decooperativa e, por isso, podemescrever e assinar matérias”. Naopinião dele, é errada anecessidade de uma formaçãojornalística, já que a universi-dade (neste caso a Estadual dePonta Grossa), não contribuiem nada para a formaçãoprofissional de quem a cursa.

O que o diretor, que inclusivecomparece às coletivas, comose fosse jornalista, esquece, éque a formação universitária,não exclui de sua gradecurricular, a ética e aresponsabilidade ao tratar ainformação. Ser umprofissionaldo jornalismo não significa,simplesmente, escrever. Épreciso, sim, ética e responsa-bilidade jornalísticas. Questõesdifíceis de serem cobradas dealguém que não possuiformação, ou seja, que não é umprofissional da área, como odono da Folha da Cidade, quetem apenas o segundo grau.

Visão deturpada daprofissão deJornalista

Arfoc faz exposiçãoem Ponta Grossa

O trabalho de 38profissionais ligados àAssociação osRepórteres Fotográficose Cinematográficos doParaná, está desde oinício do mês no SESCde Ponta Grossa. Numaparceria com adelegacia, a 13ª mostrada ARFOC já percorreudiversas cidadesbrasileiras como formade divulgar a produçãoparanaense. A exposiçãoreúne 80 fotos queretratam temas socia is,políticos, culturais eesportivos. A mostratambém fará parte daprogramação da VIIISemana de Comunicaçãodo curso de Jornalismoda UEPG, que acontecede 8 a 12 de novembro.

Estágio velado naCâmara Municipal

O estudante deJornalismo da UEPG,Ricardo SovezOyarzabal, tanto fez, queconseguiu ser contratadocomo estagiário noDepartamento deImprensa e Divulgação

da câmara Municipal dePonta Grossa. O SetorAdministrativo doLegislativo consultou aDelegacia do Sindicatopara saber se acontratação seria legal erecebeu juntamente coma resposta negativa,todas as consideraçõeslegais, inclusive onúmero da Lei queregulamenta a profissãode jornalista no País.Mas não adiantou. Opresidente da Câmara,vereador DelmarPimentel, mandou dar umjeito de contra tar oestudante, pois o pai deleé um cabo eleitoralimportante, que exigia a

pa r t i c ipa çã o de jorna -l is t as , estuda ntes e co-munidade em geral, quepuderam redescobrir suasensib il idade, a fim deexercê-la na vida profis-sional e cotidiana, comoindivíduos mais criativos eem ha rmonia consigo ecom o mundo.

A metodo logia daO fic in a , qu e pa r te daconceituação para expe-riências práticas através

de dinâmicas com argila,pa pel, movimento e ex-pressi v ida de cor pora l ,ent r e ou t r a s, é mu i tou t i l i z a da em t ra ba lhoscom gru po s de pós-gra du a ç ã o e emempresa s. N oni deCarvalho explica que cadaum nasce com potencia lcr i a t ivo , qu e éperfeitamente visível nascr i a nç a s. Ma s, com opa ssa r do tempo, a

sociedade, famí li a e a sinstitu ições acabam mol-dando essa cria tividade, eela fica sendo percebidacomo priv il égio de unspoucos. “A oficina é umes pa ço pa ra a re de s-coberta desse baú cheiode t es ou r os d a i nv id i -du a l ida de h u ma na ” ,po nd er a N on i , a c re s-centando que “ ningu émprecisa deixar de ser oqu e é pa r a se to rn a rcria tivo”.

Exposiçãoda ARFOC:sucesso emPontaGrossa.Foto deHugoHarada

notas de ponta grossa

contra tação do filho.Agora, alguns dizem porlá, que o rapaz só estáarquivando jornais e nãoproduzindo matérias, masos jornalistas jáencontraram o“estagiário” ementrevistas coletivas,fazendo reportagem. Éninguém cumpre a Leinesse País, muito menosórgão público!

Prêmio estudantil

O projeto de pesquisa“História , Mídia eMemória”, desenvolvidopela estudante deJornalismo Karina JanzWoitowicz, da

Universidade Estadualde Ponta Grossa,recebeu o Prêmio deIniciação Científica doBrasil, da SociedadeBrasileira de EstudosInter-disciplinares daComunicação(Intercom). O projeto foidesenvolvido entreagosto de 98 e agosto de99 e financiado peloConselho Nacional deDesenvolvimentoCientífico Tecnológico(CNPq), sob orientaçãodo professor SérgioAlcides Pereira doAmaral. A entrega doprêmio em 9 desetembro, no Rio deJaneiro, durante o XXIICongresso da Intercom.

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EXTRA PAUTA - Novembro, 1999

jornal, confiam na sua força;os que opinam, querem fazerdo jornal sua vitrine de idéias.

Com uma ou outra intenção,por que o leitor do interiorparticipa tão pouco? Leia naspróximas edições desta coluna.

Perdão, erramos...Agora, para delírio da galera,

alguns errinhos gostosos(gostoso quando não foia genteque errou, claro). O detalhe: naminha pesquisa aleatória,procurei e não encontrei errosgostosos na Gazeta. Abundamna Folha, tem muitos noEstado.

Folha do Paraná, 25.10,página 4: “paralização” deservidores. Doeu! Na página5, uma, digamos assim,colocação esquisita: “A Folhaconversou a distância comRafael Greca neste final desemana”. Não, o repórter nãoestava do outro lado da rua. Oministro atendeu pelo telefone,de Brasília.

Economia, títulos da página4: “Confira os indicadoressocias”. E “Recadastamentoorienta plano para setor deconfecções”.

No dia seguinte, a maniapegou no Estado do Paraná,também em Economia (seráum vírus?): “Dornelles prevêaumento de empegos”.

Uma sugestão: que talempregar ou mesmo “empe-gar” revisores?

Intimide-se com sujeito longeda ação. Caderno Cidades, OEstado, dia 23: “O decreto dopresidente... nãointimidaram...”. Entre odecreto e a intimidação, textolongo mata concordância.

****Como se diz ali do outro lado

da fronteira, hasta la vista.

Cláudio Dalla Benetta éjornalista

15

Cláudio Dalla Benetta

O sindicato me pede:“Volte a fazer a coluna”. Doismeses depois, eu digo:“Quantos caracteres?” Porqueé preciso ser assim: rápido nasdecisões.

Agora, sem vínculo comjornais, sou menos telhado devidro. Volto como leitor. Eleitor do interior do Estado,aquele que os três grandesjornais paranaenses perse-guem, mas quase nuncaalcançam. Erram no produto,erram no marketing. E errampor ignorar os grandescompetidores: primeiro, osjornais locais;depois,os jornaisde São Paulo, o que não é nadabom para um Estado que sofrede crise de identidade.

Minha idéia é mostrar comoo leitor que não mora emCuritiba ou Londrina é quasesempre esquecido.

Primeiro, vamos nos situar.Há coisas que a gente intui,outras que sabe. Uma rápidapesquisa em bancas de Foz,onde moro há dois anos, dábase à minha intuição: depoisda Gazeta do Iguaçu, o jornalda cidade, há um “empatetécnico” em vendas da Gazetado Povo, O Estado do Paranáe Folha de S. Paulo. A Folhado Paraná vem depois.

Claro, é uma pesquisaprecária, já que não leva emconta as assinaturas, porexemplo. Mas é válida. Umjornaleiro me diz: a Folha deLondrina, depois que mudoupara Folha do Paraná – nomeadotado para a edição quecircula fora da região deLondrina -, perdeu leitores. Fazsentido. Um anúncio “dacasa”, na edição da Folha doParaná de 25 de outubro,reforça o argumento: “ACanadá Pesquisasconfirmou que a Folha deLondrina é o jornal maislembrado por 64%

telhado de vidro

Das barrancas do Rio Paraná...p o p u l a ç ã o ”(preposição +artigo sumiram dotexto do anúncio).Estranho mar-keting: a Folhaalardeia suamarca forte justona sua porçãomais frá-gil.

Mas, se precisainvestir na marca,dos três maioresjornais para-naenses a Folha éo de melhor visual.A Gazeta continua“pesa-da”, masnesses dois anosmelho-rou muito:há (boas) reporta-gens, há umcuidado com otexto que antesnão existia. Massofre ainda dealguns velhosmales, que des-trincharemos nodevido tempo. OEstado do Paranánão sofreu alte-rações no perí-odo, mas eu diriaque precisa, nomínimo, de umarecauchutada novisual. Leitor dointerior é exigente.

Carta do leitorAgora, vamos às cartas, um

dado pouco lembrado quandose analisa os jornais. Leitorbrasileiro escreve pouco.Quando escreve, revela muito.Sobre si e sobre o jornal quelê.

Por vários dias, aleatoria-mente, colhi informações dasseções “O leitor escreve”(Folha do Paraná), “Coluna doleitor” (Gazeta do Povo) e“Mural - Espaço do leitor” (OEstado do Paraná). O resul-tado de três dias sintetiza apesquisa toda:

Dia 6.10 . Na Folha do

Paraná, cinco cartas: trêsleitores de Londrina, um deCampo Mourão e outro de SãoCaetano do Sul (SP). OEstado do Paraná: duas cartas,leitores de Curitiba. Gazeta doPovo: cinco cartas de Curitibae uma de Antonina.

Dia 13.10.Na Folha: trêscartas de Londrina e uma deCuritiba. Estado: duas deCuritiba. Gazeta: cinco cartasde Curitiba.

Dia 24.10. Folha: três deLondrina, uma de Porecatu euma de Curitiba. Estado: umade Curitiba e outra de Guara-puava. Gazeta: quatro de

Curitiba e uma de Guaratuba.A Folha recebe quase que

exclusivamente cartas deLondrina e região; Gazeta eEstado, Curitiba e região. E oresto do Paraná, não sabeescrever? Ou, para essesleitores, os jornais de Curitibae Londrina estão longe demaisou não expressam a realidadeem que vivem?

Em Londrina, a Folha é umveículo para queixas ereclamações. O mesmoacontece com a Gazeta, emCuritiba. No Estado, as cartassão, na maioria, artigos deopinião. Os que apelam ao

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Novembro, 1999 - EXTRA PAUTA

biblioteca de comunicação

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LIVRARIA DO CHAIN - EDITORAFone: (0..41) 264-3484 - Fax:(0..41) 263-1693

Rua General Carneiro, 415 - Curitiba - Pr - Cep 80060-150

Ciméa Bevilaqua

N inguém que tenhapassado pela faculdade dejornalismo deixou de experi-mentar o fascínio de um dosmomentos mais extraordi-nários da história dacomunicação de massa: aadaptação da novela AGuerra dos Mundos, levadaao ar por Orson Welles narede de rádio CBS em 1938.Na noite de 30 de outubrodaquele ano, pelo menos seismilhões de pessoasacompanharam o que pareciaser a cobertura ao vivo dainvasão da Terra pormarcianos. Um em cada cincoouvintes não notou que setratava de uma obra deficção, com resultadoscatastróficos: tentativas desuicídio, acidentes e prejuízosincal-culáveis provocados pormultidões em pânico.

Entre nós, porém, A Guerrados Mundos sempre foi ummito mais comentado queconhecido. A maior parte dosprofissionais da área nuncateve a oportunidade de ler oroteiro, muito menos de ouviruma cópia da gravaçãooriginal. A ausência quaseinexplicável de uma traduçãobrasileira do mais famosoprograma da história do rádiolevou o jornalista e professorda UFSC Eduardo Meditscha propor, num congresso deestudiosos da área, um projetode pesquisa coletiva queresultou no livro Guerra ePânico - A Guerra dosMundos, 60 anos depois.

O livro reúne ensaios dequatorze pesquisadores, queanalisam diferentes aspectos

A Guerra dos Mundos chega ao Brasil

Em livro e CD, aversão completada transmissãohistórica deOrson Welles

do programa de Orson Welles:os recursos técnicos e delinguagem utilizados naprodução, o contexto dairradiação do programa nosEstados Unidos de 1938 e oimpacto duradouro de AGuerra dos Mundos sobre oradiojornalismo e a comu-nicação de massa ao longo doséculo XX. E o que é melhor:além do roteiro completo, olivro inclui um CD com aversão brasileira do pro-grama, produzido pelaAssociação dos Artistas daEra de Ouro do Rádio dePernambuco. Na gravação,de 1h13min, o papel doProfessor Pearson, o incré-dulo astrônomo originalmen-teinterpretado por Orson

Welles, coube ao atorAlbuquerque Pereira.

A guerra e o pânicoEntre abril e novembro de

1897, os leitores da revistainglesa Pearson’s Magazineacompanharam ansiosos oscapítulos da novela The Warof the Worlds, do escritorH.G. Wells, hoje consideradaum marco da literatura deficção científica. Em poucotempo, o mundo inteiroconhecia a história dacolonização da Terra porinvasores marcianos, depoisde exauridos os recursos desobrevivência em seu planeta.

Quarenta anos mais tarde,a obra de H.G. Wells foiescolhida para mais umaedição do programa Mercury

Theater on the Air, queapresentava semanalmentetextos literários adaptados soba direção do jovem ator OrsonWelles, então com 23 anos. Oroteirista era o também novatoHoward Koch, que mais tardeganharia um Oscar peloroteiro de Casablanca.

O script foi feito e refeitouma dezena de vezes durantea semana, e só foi consideradopronto pouco antes de oprograma ir ao ar. Além datransposição da história paraos Estados Unidos dos anos30, aproximando-a docotidiano dos ouvintes, outramudança foi fundamental parao impacto causado peloprograma: a formatação danovela como uma transmissãojornalística.

Já no segundo minuto, oouvinte é levado a esquecerque se trata de uma obra deficção, pois aparentemente apeça teatral foi interrompidapor um boletim meteoro-lógico. Em seguida, pareceentrar no ar um programa demúsica ao vivo, entrecortado

por boletins de notícias cadavez mais freqüentes, e tãomais realistas quanto maisfantástico vai se tornando seuconteúdo.

Não se sabe até que pontoos efeitos sobre o públicoforam premeditados pelaequipe. Anos depois, oroteirista Howard Koch disseque foi dormir logo após atransmissão e só ficousabendo dos estragos no diaseguinte, lendo os jornais nabarbearia. Seja como for, elee Welles souberam explorarcom maestria os recursosexpressivos do rádio paraproduzir um efeito de realidadecapaz de levar ao desesperomilhares de ouvin-tes.

Apenas no último terço datransmissão o engano começaa se desfazer. O rádio vaideixando de ser o prota-gonista da história - atéporque a própria emissora édestruída pelos marcianos - eo roteiro volta à formatradicional do radioteatro. Sóentão, mas para muitos tardedemais, os ouvintes puderamter a certeza de que tudo nãopassara de uma brincadeirade Dia das Bruxas. Masnunca mais o mundo veria amídia com a mesmainocência.

O livro e o CD estãodisponíveis na Biblioteca doSindicato.

Rádio e Pânico - AGuerra dos Mundos, 60anos depois, de EduardoMeditsch (org.). EditoraInsular, 237 páginas.

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Ciméa Bevilaqua é jornalista eprofessora de Antropologia

na UFPR

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EXTRA PAUTA - Novembro, 1999

própria iniciativa

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Ele nunca usou terno egravata, nunca escreveusobre política e economia enão abandonou as influ-ências do movimento punk- cujas máximas eram “Façavocê mesmo” e “Eu não seifazer, mas faço”-, adquiridasna adolescência. AbonicoSmith é caso raro naimprensa do Paraná, de umprofissional que conquistouespaços em conseqüênciade seu estilo de vida e doconhecimento de algo que épara muitos tênue: o mundopop . Editor do Fun , daGazeta do Povo, únicocaderno para adolescentesno sul do país, Abonicorevela-se um profissionalmultimídia: possui um jornalna internet e faz cursossobre a história do rock .Não bastasse isso, templanos de retornar à RádioEducativa , onde por doisanos foi o responsável peloquadro Porão, dentro doprograma “Todos os Cami-nhos do Rock”.

Abonico Smith é pseudô-nimo. Antonio Carlos Flo-renzano não revela as razõespara adotar o nome, quesurgiu quando da primeiracoluna que fez sobre música,publicada em 87 peloIndústria & Comércio. Eletinha 15 anos e contou com

Um crítico do mundo popapoio direto do pai, ojornalista Emílio ZolaFlorenzano, hoje falecido,para ganhar o espaço. Umano depois, Abonico pas-saria a colaborar na Gazetado Povo, tendo permanecidonessa condição - e semganhar um tostão- por seisanos e meio. A contrataçãodefinitiva viria em 94, quandoda criação do Ca-derno G.Nessa época, Abonico já erajornalista profissional.Revela que cursou a Federalcom um objetivo: continuarde forma oficial a escreversobre música e o universodos adolescentes.

Abonico criou na Gazetauma coluna semanal paraadolescentes, que há trêsanos ganhou sta tus decaderno semanal. “O ca-derno Fun é hoje um grandeespaço para a cultura pop,no qual respondo pela ediçãoe a diagramação. Junto comGazetinha é um dos ca-dernos de maior resultado naGazeta. Há pesquisas queapontam que, com o Fun ,20% a mais de leitoresinfantis e juvenis passarama ler o jornal” , explicaAbonico. Entre os méritos docaderno está o fato de tratarassuntos comporta-mentaise apoiar o surgi-mento devárias bandas de rock em

Curitiba. “Coloca-mos essesgrupos na capa. Uma vezpor mês sai uma capa comuma banda daqui”, informaAbonico.

Outros projetos

O trabalho na Gazeta ,abriu portas para queAbonico desenvolvesseprojetos alternativos. Notradicional Solar do Rosário,ele promove um curso sobre

a História do Rock. Nainternet, possui a revista“1999”, atualizada diaria-mente e para qqual escreveartigos que não cabem naGazeta. Criada em parceriacom o jornalista AlexandreMatias, do Diário do Povo,de Campinas, “1999” foiacessada por pessoas devários estados do Brasil e depaíses da Europa, além dosEstados Unidos, Japão e atéNicarágua.

Abonico não se consideraum jornalista especializadoem rock, mas um “crítico domundo pop”, que nãoesconde sua aversão aoacademicismo. Isso estáexplícito no seu própriovisual e na postura de ir aotrabalho de bermuda e usarbrincos, o que para ele aindanão foi assimilado por todosos colegas. “A grandeaversão ao estereótipo vemdos colegas, que dizem quesou um molequinho e uminconseqüente. Na verdade,a dificuldade das pessoas éa aceitação de uma culturade rua”. Indiferente àscríticas, Abonico segue – ebem- a vida.

Serviço: O endereçoele trônico de 1999 é:Http://página.de/1999

Abonico: Cultura de rua naspáginas da Gazeta do Povo

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A 14ª Mostra Coletiva deFotojornalismo no Paranáabre em 16 de dezembro,no Memor ia l de Cu rit i-ba.Promoção da ARFOC -Associaçã o dosRepórteres Fotográficos eCinemato-grá ficos doParaná, a Mos-t ra t ra zfotos de ma is de 6 0profissionais de Curiti-ba edo interior do Estado.

Mostra coletiva da Arfocnotas culturais

Carmem Cortês Koentopp, venceu o Concurso nacional Cataratas,de Contos e Poesia- edição 1999, promoção da Fundação Cultural deFoz do Iguaçu. Na categoria contos, outra jornalista entre osvencedores: Regina Benitez.

**“Histórias de Nossas Vidas”, escrito por 20 ex-meninos da

Fundação Educacional Profeta Elias, de Mandirituba, foi lançadoem 14 de outubro. O livro teve a supervisão carinhosa da jornalistaTereza Urban.

**“Comendo bolacha maria no dia de são nunca”. esse é o novo

livro de Manoel Carlos Karam, lançado em 16 de e outubro.

Marcha dostrabalhadoressem-terraligados aoMST. Fotode MarcoAndré Lima- O Estadodo Paraná

Literatura

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Novembro, 1999 - EXTRA PAUTA

torneio volvo de impren-sa

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serviço

convênios

SALÁRIOS DE INGRESSORepórter, redator, revisor, ilustrador, diagramador,repórter fotográfico, repórter cinematográfico973,23Editor1265,22Pauteiro1265,22Editor chefe1459,87Chefe de setor1459,87Cheffe de reportagem1415,15Estes são os menores salários que poderão ser pagos nas redações; Em julho omenor salário pago nas redações foi de R$ 973,23.Os valores da tabela são para jornada de trabalho de 5 horas.O piso salarial da categoria é definido em Acordo Coletivo de Trabalho, ConvençãoColetiva e/ou Dissídio Coletivo.

FREE LANCERedaçãoLauda de 20 linhas (1.440 caracteres)52,34Mais de duas fontes: 50%a maisEdição por páginaTablóide67,72Standard81,15Diagramação por páginaTablóide33,86Standart46,20Revista25,25(*) Tablita / Ofício / A417,23Revisão(*) Lauda (1.440 caracteres)13,66(*) Tablóide28,51(*) Tablita21,54(*) Standard59,53Ilustração(*) Cor80,77(*) P&B53,84Reportagem fotográfica - ARFOCReportagem EditorialSaída cor ou P&B até 3 horas123,14Saída cor ou P&B até 5 horas230,87Saída cor ou P&B até 8 horas307,84Adicional por foto solicitada23,23Foto de arquivo para uso editorial184,70Reportagem Comercial/InstitucionalSaída cor ou P&B até 3 horas244,92Saída cor ou P&B até 5 horas435,76Saída cor ou P&B até 8 horas615,70Adicional por foto46,20Reportagem CinematográficaEquipamento e estrutura funcionalfornecida pelo contratante(*) Saída até 3 horas67,43(*) Saída até 5 horas107,68(*) Saída até 8 horas177,00Adicional por hora26,92Foto de arquivo para uso em:Anúcio de jornais400,00Anúcio de Revista e TV430,97Capa de Disco e Calendário554,11Outdoor848,95Cartazes, Folhetos e Comisetas277,05Audiovisual até 50 unidades584,90Audiovisual acima de 50 unidades àcombinarDiária em reportagem que inclui viagem338,64Reportagem aérea internacional àcombinar(*) Hora técnica53,84Observações importantes:A produção (filme, laboratório, hospedagem, transporte, seguro de vida,credenciamento, etc.) é por conta do contratante; Na republicação, serão cobrados100% do valor da tabela;A foto editorial não pode ter utilização comercial.

Bares e restaurantesDescontos de 10% nosseguintes bares e restaurantes:Bar Brahma ( Av. GetúlioVargas, 234, esquina com R.João Negrão, fone 224-1628),Bar do Alemão ( Largo daOrdem, fone 223-2585),Churrasquinho de Gato ( Av.Água Verde, 531, esquina com R.Castro, fone 342-5874), ShimaRestaurant (Rua Pres. Taunay,892, fone 224-3868).BlockbusterPromoção. A cada fita locada, ojornalista pode levar duas. Válidapara quem se cadastrar naBlockbuster. Ao retirar as fitas, o

* Para usufruir destesconvênios, os associadosdevem apresentar acarteira de identidade dejornalista.

jornalista deve, pessoalmentemostrar a carteira de identidadeda Fenaj atualizada.Estação Plaza ShowEntrada gratuita aos jornalistas.A promoção só não é válida aoscinemas, que cobrarão dojornalista preço integral doingresso.Academia KineGinástica, Nutrição eFisioterapia. Desconto de 20%.R. Mauá, 706 B, Alto da Glória.Fone 253-3841.AquáticaVários planos para natação,ginástica, musculação ehidroginástica. R. Antonio

Grade, 563, fone 335-1310.Metropolitan SportsDesconto de 25% nas aulas denatação, hidroginástica,musculação, step, localizada edança de salão. R. EmilianoPerneta, 297, Piso L.Good LifeServiços de Odontologia,Medicina. Fonaudiologia,Fisioterapia, Psicologia eMassoterapia. Descontos etabelas especiais, de acordo comsua necessidade. Endereços: R.Padre Agostinho , 2800, fone335-4362 (Odonto e Fono); Av.Silva Jardim, 266, fone 233-2577(Fisio); R. Padre Anchieta, 1826,

2º andar, conj. 212, fone 335-5954 ( Medicina) e R. PrincesaIsabel, 927, fone 233-3192 (Psicoe Massoterapia).Ao Seu AlcanceA Clínica Odontológica Ao SeuAlcance oferece serviços com até30% de descontos na tabela doConselho Regional deOdontologia. R. Voluntários daPátria, 475/conj. 301-A, fone232-0166.Psicologia Infantil ePsiquiatriaO psiquiatra Vitório Ciupka e aspsicólogas infantis SuzaneCiupka e Denise CiupkaYamagutt oferecem descontos

especiais para os jornalistas.Mais informações pelo telefone336-7308. O fax da clínica é 335-54652Farmácia DasseteDesconto de 10% nopagamento à vista, ou prazo de30 dias com cheque pré-datado,sem desconto. Av. sete deSetembro, 4655 e 4853, ou peloDisque Remédio, fone 244-9911.

Tempo nublado e muitofrio. Quem acreditava que osjornalistas não compare-cessem ao Torneio Volvo deImprensa, com o tempojogando nestas condições,enganou-se redondamente.Lá estiveram perto de 170profissionais da imprensa,demonstrando que o futebol,disparado, não é só o esportemais discutido nas redações,mas o que reúne o maiornúmero de jornalistas pra-ticantes.

Promoção da Volvo doBrasil e do Sindicato dosJornalistas, em comemoraçãodo Dia Mundial da Liberdadede Imprensa, o Torneioaconteceu na sede daempresa. Se não foi marcadopor lances de futebol arte, oTorneio o foi peladeterminação dos jogadores.A decisão do título lembrou aCopa de 94. No “temporegulamentar” empate de 1 a1 entre a Rádio Transaméricae a Folha do Paraná. Comosó uma equipe teria de sesagrar campeã, o título foi,então, decidido na cobrançados pênaltis. A RádioTransamérica acertou todosos pênaltis e venceu por 3 a1. O terceiro lugar ficou coma Gazeta do Povo.

Ao todo 14 equipes par-ticiparam. Além da Rádio

Torneio é decidido nos pênaltis

Transamérica, Folha doParaná e Gazeta do Povo, quedespontaram desde a primeirarodada como favoritas, láestiveram as seguintesequipes: Indústria & Comé-rcio Futebol Clube, SeleçãoBand de Futebol e Regatas,Jornal do Estado FutebolClube, Agência Rural de

Notícias, O Estado do Paraná,Prefeitura Municipal deCuritiba, Rádio Clube-B2,Secretaria de Estado daComunicação Social e ExtraPauta. Os jornalistas da TVParanaense de Televisão láestiveram com duas equipes:uma levou orgulhosamente onome da empresa, outra dotelejornal Paraná TV.

A tensão edescontraçãoda torcida

A equipe daRádio

Transamérica:título nos

pênaltis

Os vice-campeõesda Folha doParaná

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EXTRA PAUTA - Novembro, 1999 19

imagens

Foi em setembro.Urutides Borges deixou aGazeta do Povo e penduroudefinitivamente a máquinafotográfica. Oficialmenteaposentado em 93 pelaGazeta, e em 94 pelo Paláciodo Governo, Borges aos 69anos quer agora se dedicarsó à família: a mulher e aosdois filhos.

Natural de Araguari, SantaCatarina, Borges trabalhou43 anos como repórter-fotográfico. Foi um ano noDiário do Paraná – seuprimeiro emprego, em 56-,seis na Tribuna do Paraná e33 na Gazeta do Povo, paraonde fotografou de 66 atésetembro último. E trabalhoude 65 a 94 na ComunicaçãoSocial do Palácio Iguaçu.

Profissional do tempo emque as Roleiflex eram aspreferidas nos jornais, pelaslentes de Borges passaramepisódios como a Guerra doPente e alguns dos principaispolíticos do país e do Estadonos últimos 40 anos. Entreos quais: um João Goulartsorridente com militares, umano antes do Golpe de 64, eum Tancredo Neves comuma menina, retrato doBrasil democrático que sedesenhava em 84.

Sem se imaginar com umpassado que pudesse ter sidodiferente, Borges deixa ojornalismo contente. “Eu tiveuma vida muito gratificante”,diz. “Conheci tanta gente,que até parece que vivimais”.

Urutides Borges

Adeus àsmáquinas

Em sentido horário, a partir do alto, fotos de presidentes: TancredoNeves e uma menina, em Curitiba, durante o início da campanhaDiretas Já, em 1984; João Goulart e militares, um ano antes de serdeposto em 64; João Figueiredo na inauguração da fábrica da Volvo,em 84 (ao seu lado estão Karlos Rieschbieter e o então governador NeyBraga), e Humberto Castelo Branco, em 65, com o então secretário daAgricultura, Paulo Pimentel, ladeados pelo chefe-de-gabinete deCastelo, Ernesto Geisel.Ao lado, duas fotos de Borges: a maior, quando sua máquina foidestruída, por ele ter fotografado bicheiros para a Tribuna, em 57. Amenor, agora, aos 69 anos.

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Para tudo tem limite. Nossos salários não sãoreajustados há 24 meses e os patrões, agora, querem

que aceitemos um reajuste menor que a inflação.Tenha santa paciência ! Queremos, no mínimo,

reposição salarial e não um abono comocompensação das perdas, porque este abono não

será incorporado ao salário em negociações futuras.Quanto a dívida dos patrões, ela existe porque eles

não querem reconhecer nosso direito em nãoperdermos a dignidade diante de uma inflação

crescente.Aceitar essas propostas é dar um presente de Natal

a quem nos cozinha lentamente.Para tudo tem um limite. Por isso jornalistas e

gráficos estão juntos e mostrarão que as coisas têmque mudar.

A presença de todos é imprescindível. Só assimteremos salário e condição de vida decentes.

M A N I F E S T O

Assembléia Geral em 17 denovembro, às 11 horas.

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