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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA Exploração de um modelo psicossocial de Mobilidade Urbana na Área Metropolitana de Lisboa Filomena Marilda Dos Reis Caxias Peixeiro MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA (Secção de Cognição Social Aplicada) 2017

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

Exploração de um modelo psicossocial de Mobilidade

Urbana na Área Metropolitana de Lisboa

Filomena Marilda Dos Reis Caxias Peixeiro

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

(Secção de Cognição Social Aplicada)

2017

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

Exploração de um modelo psicossocial de Mobilidade

Urbana na Área Metropolitana de Lisboa

Filomena Marilda Dos Reis Caxias Peixeiro

Dissertação orientada pelo Professor Doutor Sérgio Moreira

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

(Secção de Cognição Social Aplicada)

2017

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Resumo

A mobilidade urbana é um fenómeno complexo que envolve as deslocações realizadas

pelos indivíduos nas suas atividades diárias no contexto da cidade. Estas deslocações

devido ao aumento das áreas suburbanas provocaram um consequente aumento dos

transportes utilizados dessas áreas para os centros das áreas urbanas, como é o caso da

Área Metropolitana de Lisboa. A mobilidade tem sido estudada com o objetivo de

diminuir o impacto negativo da utilização de transportes individuais que põem em causa

o bem-estar psicológico do indivíduo. Uma vez que é importante estudar um conjunto

de variáveis de forma sistemática para perceber o fenómeno, foi estudado e discutido

um modelo psicossocial de mobilidade urbana, para transportes individuais, coletivos e

leves. Neste trabalho são apresentadas e discutidas medidas quantitativas de utilização

dos transportes que contempla a intermodalidade, especificamente uma medida de

proporção de distância e de proporção do tempo. Adicionalmente foram estudados para

uma amostra de 367 participantes, conjuntos de variáveis preditoras destas medidas e

que incluem, a adaptação da Escala de Atitudes e Crenças sobre os Transportes

individuais, coletivos e leves (Sousa, Sanches & Ferreira, 2013), da escala PCA 12

(Bonaiuto, Fornara & Bonnes, 2003) e da PCA Scale 10 (Bonaiuto, Fornara & Bonnes,

2003). Finalmente, foi também estudado, de que forma é que as medidas de proporção

se relacionam com consequentes da saúde e do espaço, através da Escala de Consumos

(Pacheco, 2005); da Escala de Saúde Mental MHI-5 (Ribeiro, 2001); da Escala de

Satisfação com a vida (Pereira, Melo, Gameiro & Canavarro, 2011) e com a Escala de

Autocuidado (Pacheco, 2005). Os resultados demonstram a relevância metodológica das

medidas de proporcionalidade da distância e do tempo associados às deslocações

pendulares e a importância de incluir uma dimensão psicossocial na compreensão dos

fenómenos de mobilidade.

Palavras-chave: Mobilidade urbana, transportes, variáveis psicossociais;

modelo psicossocial, intermodalidade.

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Abstract

Urban mobility is a complex phenomenon that involves dislocations carried out by work

in daily activities in the city context. Due to the increase of the suburban areas, these

displacements have caused a consequent increase use of transports, like Metropolitan

Area of Lisbon, for the center of urban areas. Mobility has been studied with the aim of

reducing the negative impact of the use of transport goods in person with the

individual's psychological well-being. Since it is important to study a set of variables in

a systematic way to perceive the phenomenon, a psychosocial model of urban mobility

for individual, collective and light transport was studied and discussed. In this work are

proposed and discussed quantitative measures of transport use that include

intermodality, specifically a measure of distance and proportion of time. In addition, a

sample of 367 participants, sets of predictor variables and safety measures, an

adaptation of the Scale of Attitudes and Beliefs on individual, collective and light

transport (Sousa, Sanches & Ferreira, 2013), PCA 12 scale (Bonaiuto, Fornara &

Bonnes, 2003) and the PCA Scale 10 (Bonaiuto, Fornara & Bonnes, 2003). Finally, it

was also studied, how the measures of proportion are related to health and space

consequences, through the Consumption Scale (Pacheco, 2005); of the MHI-5 Mental

Health Scale (Ribeiro, 2001); The Life Satisfaction Scale (Pereira, Melo, Gameiro &

Canavarro, 2011) and a Self-Care Scale (Pacheco, 2005). The results conclude a

methodological relevance of measures of distance and time proportionality associated

with commuting and an importance of include a psychosocial dimension in the

understanding of mobility phenomena.

Keywords: Urban mobility, transports, psychosocial variables; psychosocial model,

intermodality.

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Agradecimentos

“Nem todos aqueles que viajam sem rumo estão perdidos.” J.R.R.Tolkien

Estes 5 anos na minha viagem pela vida académica foram muito ricos em

aprendizagens, partilhas, momentos, mas principalmente, de gratidão. Por isso, este

trabalho, no fundo, é também um pouco de todos vós:

Ao Professor Sérgio Moreira, agradeço o seu rigor, método, entusiasmo e

confiança. Estou-lhe incrivelmente grata pela disponibilidade e dedicação, espelhada em

conselhos, revisão e muitas horas de trabalho! Foi incansável durante todo este

percurso. Obrigada pela compreensão e paciência, mas também pela sua capacidade

para ouvir as minhas ideias e dar sentido a todas as minhas dúvidas.

À Joana Dias, minha “assistente”, amiga e afilhada, agradeço teres feito parte

desta viagem de investigação! Obrigada por seres parecida comigo em tantas coisas,

mas tão diferente ao mesmo tempo. Por seres doce, mas também perspicaz e atenta ao

que te rodeia!

Ao João Silva, outro dos meus “assistentes” e agora também amigo. Obrigada

pela companhia nas reuniões, pelas ideias, pela capacidade de viver descontraidamente

a vida e pela disponibilidade!

Aos Professores da Secção de Cognição Social Aplicada, especialmente ao

Professor Leonel Garcia-Marques e ao Professor José Palma-Oliveira, agradeço por nos

terem acompanhado e incentivado a ser cada vez melhores na procura não só pelo

conhecimento científico, mas também pela postura crítica e criativa na Psicologia.

À Professora Rosa Novo, por me ter ajudado a distribuir questionários e junto

com a Rita, ter estado disponível para conversas sobre o domínio da Psicologia, mas

também como se podem ajudar boas amigas. Obrigada pela sabedoria e pela sua

disponibilidade a quem quer aprender!

Um agradecimento especial a todas as entidades que aceitaram partilhar o meu

estudo e que também permitiram que esta investigação fosse possível.

É também importante para mim agradecer a todas as pessoas que fizeram com

que eu crescesse a nível pessoal e profissional no último ano.

À Dra. Dalila Antunes, pela ajuda e compreensão durante o tempo de estágio,

mas também por me fazer chegar mais longe no domínio da aplicação da Psicologia,

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aumentando ainda mais o meu interesse por esta área. Muito obrigada pelas críticas,

pelos trabalhos de campo e por ter dedicado algum do seu tempo a aconselhar-me.

À Cláudia Rodrigues, à Catarina Palma e à Sofia Venâncio agradeço por terem

sido as melhores colegas e amigas que poderia ter encontrado no estágio. Cada

conselho, ideia e conversa fizeram de mim uma pessoa e profissional melhor.

Aos meus colegas de núcleo, mas também aos meus colegas de todo o curso.

Não teria sido a mesma coisa sem vocês. Lembro-me com pormenor da disponibilidade

para tirar dúvidas nas épocas de exame, na capacidade de entreajuda e na força de

vontade de todos vocês.

Querida Fii Bento, muito obrigada por todo o teu apoio, por teres sido uma das

minhas “filhas”, pelas tuas histórias de Santarém e pelos amigos que partilhaste.

Agradeço o teu cuidado pelo outro, todas as perguntas em intervalos roubados ao tempo

e o teu olhar genuíno. Foste uma das minhas inspirações para fazer cada vez um

trabalho melhor, mas também para ser uma versão melhorada de mim própria!

Querida Rita Lopes, obrigada pelos conselhos e pelos passeios por Lisboa e pela

faculdade, que me recordam que devo estar disponível também para o outro, além de ser

consciente de mim mesma. Estivemos lado a lado nas dificuldades, mas também na

diversão e na companhia ao longo da nossa vida académica. Foste parceira de

descobertas, atenta aos pormenores que dão significado às coisas verdadeiramente

importantes. Obrigada pela tua presença firme, cheia de brilho no caminhar e no olhar!

Querida Joana Farinhas, tu sabes que estás sempre no meu coração. Desculpa

nem sempre ter o tempo que tu mereces. Obrigada por teres sido tu a indicares-me o

caminho certo. Desculpa se não fui sempre a constância que precisaste, mas foste a

força suave que eu precisei para tomar o rumo.

À Carmen Gutierrez por me ter ajudado mais do que imagina e pela alegria do

encontro; à Alexandra Santos, à Marta Vieira, à Tânia Seabra, à Joana Semedo, à Ana

Pinto e à Alexandra Nogueira, companheiras de trabalho e de amizade que me ajudaram

a crescer e a querer ser cada vez melhor (principalmente como pessoa!); à Bruna Tomé,

à Mara Santos e à Cláudia Cordeiro, a disponibilidade e o carinho ao longo destes dois

anos. Porque para além de terem pertencido à minha vida académica durante estes anos,

são amigas que ocupam um lugar especial no meu coração. Muito obrigada a cada uma

de vocês!

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À Maria Beatriz Ferreira e à Mariana Piedade, as minhas meninas de Santarém,

muito obrigada por vos ter conhecido e poder chamar-vos de minhas amigas! Espero a

partir de agora poder dar-vos a atenção que vocês merecem e aparecer finalmente por aí.

À Andreia Peres e à Sara Silva, duas das pessoas que mais acreditaram em mim,

que nunca duvidaram que eu conseguiria, apesar de todas as dificuldades pelo caminho.

Foram meus pilares durante tempos difíceis, ainda que de formas diferentes e não podia

deixar de vos agradecer.

Aos Jovens Sem Fronteiras de Palmela, obrigada por me lembrarem que devo

“estar perto dos que estão longe, sem estar longe dos que estão perto!”

Ao meu padrinho, Pde. José Maria Gonçalves Furtado, obrigada pelas

recordações de todos os poemas, pelas partidas de sopas de letras, chá de hipericão e

encontros de Luz, mas principalmente pelo entusiasmo, pela alegria e apoio tão

característicos que me recordam que devo dar sempre o que de melhor tenho, ao outro.

Luís, músico, violinista e meu precioso irmão, obrigada por seres uma força que

me impele a ser diferente dos outros e mais forte. Aprendi a importância da resistência e

a necessidade de ser tolerante, mas também a sensibilidade de ser única, do teu lado.

Meu irmão David, obrigada por seres uma energia contagiante de luz que faz com que

tudo na minha vida seja um pouco mais brilhante.

Obrigada Mãe, por teres sido o exemplo que eu precisava para crescer. Estou

muito orgulhosa do que és hoje, porque sei o que caminhaste para chegar até aqui.

Agradeço cada esforço que fizeste, cada sorriso compartilhado e cada palavra de apoio,

anjo. Se terminei este trabalho, és tu uma das grandes responsáveis!

Obrigada Avó por teres sido minha companheira de vida durante os meus 23

anos e uma força gigante neste longo percurso. Tudo o que vivemos juntas fez com que

eu me tornasse uma pessoa melhor do que eu poderia ter sido, tornou-me no que eu sou

hoje. Estou tão grata por te ter na minha vida, como exemplo de esforço, de dedicação e

de Amor!

Dedico este trabalho final do meu curso académico a todos vocês, mas também àqueles

que embora não estejam aqui referidos, estão no meu coração e pensamento.

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Índice

I. Introdução Teórica .................................................................................................. 11

Mobilidade Urbana ..................................................................................................... 12

Impacto do Crescimento do uso do transporte individual .......................................... 13

Estudos sobre a utilização de transportes.................................................................... 15

Estudos relacionados com a utilização de transportes individuais .......................... 15

Estudos relacionados com a utilização de modos colectivos e suaves .................... 16

Variáveis relacionadas com a escolha de mobilidade ................................................. 17

Tempo e distância.................................................................................................... 17

Variáveis psicossociais ............................................................................................ 19

Intermodalidade ....................................................................................................... 20

Definição do problema e questões de investigação .................................................... 21

II. Método ....................................................................................................................... 24

Características da Amostra ......................................................................................... 24

Procedimentos ............................................................................................................. 26

Descrição do instrumento ........................................................................................ 26

Validade das Medidas Dependentes ........................................................................... 27

Diferenças entre as medidas totais estimadas, repartidas e reais ............................ 28

Proporção da distância e do tempo .......................................................................... 30

Medidas ....................................................................................................................... 32

Análise factorial de escalas ..................................................................................... 32

Perceções sobre os transportes ................................................................................ 33

Perceções sobre bairros de residência e de trabalho ............................................... 35

Saúde mental (MHI5) .............................................................................................. 36

Satisfação com a vida .............................................................................................. 36

Autocuidado e Consumos........................................................................................ 37

III. Resultados ................................................................................................................. 38

Caracterização das variáveis de mobilidade urbana ................................................... 38

Caracterização (aspectos de mobilidade) ................................................................ 38

Disponibilidade percebida sobre os transportes ...................................................... 40

Condicionamentos sobre a utilização de transportes............................................... 40

Percepções sobre os transportes .............................................................................. 41

Preditores .................................................................................................................... 45

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Preditores do uso dos transportes ............................................................................ 46

Preditores da proporção do uso dos transportes ...................................................... 47

Resumo dos Preditores ............................................................................................ 51

Consequentes .............................................................................................................. 61

IV. Discussão .................................................................................................................. 65

Implicações do estudo ................................................................................................. 65

Limitações e estudos futuros ....................................................................................... 71

V. Conclusão .................................................................................................................. 73

VI. Bibliografia ............................................................................................................... 74

Anexos ............................................................................................................................ 79

Anexo A. Modelo Agregador de Medidas .................................................................. 79

Anexo B. Questionário ............................................................................................... 96

Anexo C. Análise das dimensões relativas à escala de atitudes e crenças sobre os

transportes ................................................................................................................. 113

Anexo D. Análise descritiva dos itens das escalas ................................................... 115

Anexo E. Referências relativas aos valores de velocidade média dos diferentes

transportes ................................................................................................................. 119

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Lista de Quadros e Figuras

Quadro 1 – Estatística descritiva das variáveis sociodemográficas da amostra em

estudo

Quadro 2 – Estatística descritiva das medidas de diferenças entre os somatórios das

distâncias totais reportadas, reais e estimadas

Quadro 3 – Estatística descritiva dos dados estabelecidos para cada transporte

Quadro 4 – Estatística descritiva das variáveis de proporção de Kms e de Tempo

relativamente a cada meio de transporte utilizado

Quadro 5 – Estatística descritiva das variáveis de distância e de tempo percorridas por

meio de transporte

Quadro 6 – Análise descritiva dos itens da escala de atitudes e crenças dos transportes

individuais

Quadro 7 – Análise descritiva dos itens da escala de atitudes e crenças dos transportes

colectivos

Quadro 8 – Análise descritiva dos itens da escala de atitudes e crenças dos transportes

leves

Quadro 9 – Resultados relativos ao modelo psicossocial proposto nas variáveis

dependentes sobre o meio de transporte individual automóvel

Quadro 10 – Resultados relativos ao modelo psicossocial proposto nas variáveis

dependentes sobre o meio de transporte coletivo metro

Quadro 11 – Resultados relativos ao modelo psicossocial proposto nas variáveis

dependentes sobre o meio de transporte leve bicicleta

Quadro 12 – Resultados relativos ao modelo psicossocial proposto nas variáveis

dependentes sobre o meio de transporte leve andar a pé

Quadro 13 – Análise correlacional de consequentes em relação às medidas

dependentes de todos os meios de transporte considerados na amostra

Figura 1 – Variáveis envolvidas nas medidas dependentes, preditores e consequentes

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I. Introdução Teórica

O impacto da mobilidade urbana, em especial devido ao grande número de

indivíduos dependentes dos transportes individuais, tem efeitos na saúde física e

psicológica dos indivíduos, para além do impacto na qualidade ambiental (Palma-

Oliveira, 2004; Ruxa, 2013; Mantas, 2015; Almeida, 2010). Isto faz com que este seja

um tema pertinente para a investigação e contexto actual. Podem encontrar-se duas

principais abordagens na área da mobilidade urbana. Uma delas envolve as questões das

políticas de ordenamento do território e como é que as cidades se modificam enquanto

centros urbanos influenciados pela utilização dos transportes, muitas vezes em estudos

sobre mobilidade sustentável (Silva, 2013; Newman, Kenworthy & Vintila, 1995;

Santos, 1995; Noulas, Scellato, Lambiotte, Pontil, & Mascolo, 2012). Já a outra

abordagem refere-se à escolha modal e como fazem os indivíduos esta mesma escolha

(Ewings, Schooer & Greene, 2004; Palma-Oliveira, 2004).

O presente estudo justifica-se com a necessidade de ultrapassar estas abordagens

adotando uma perspectiva mais recente, em que a intermodalidade (utilização de mais

de um transporte para uma deslocação pendular) pode ser essencial para definir uma

metodologia que consiga avaliar a utilização dos transportes de uma forma adequada,

para se perceber através desta como é que os indivíduos são influenciados a tomar

determinadas decisões sobre o uso dos transportes (Jones, Cassady & Bowden, 2000;

Gebhardt et al., 2016). Embora não se rejeite a ideia de que existe um principal meio de

transporte, o grau em que cada um é utilizado pode ser influenciado por diferentes

preditores e consequentes nas deslocações pendulares. A partir da revisão de variáveis

pertinentes foi originado um modelo conceptual que vai ser estudado esta dissertação.

Como consequência desta proposta definiram-se três pontos fundamentais para o

actual estudo: o primeiro que envolve a caracterização dos agentes da mobilidade

urbana na Área Metropolitana de Lisboa, uma vez que existe um número reduzido de

estudos que envolvam esta temática a partir de uma perspectiva psicológica no contexto

português; o segundo em que se pretende perceber quais são os diferentes preditores que

afectam as deslocações em relação aos diferentes meios de transporte; e o terceiro que é

perceber a relação entre os consequentes e a utilização de cada um dos meios de

transporte. Espera-se que os resultados apresentados melhorem a compreensão do

fenómeno da mobilidade urbana em relação aos transportes utilizados e beneficiem o

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conhecimento da área, com vista a aumentar a utilização dos transportes leves e

colectivos e a diminuir a utilização dos transportes individuais.

De acordo com o apresentado, a estrutura desta dissertação vai refletir as

preocupações da investigação na área da mobilidade urbana, primeiro ao procurar o

impacto da mobilidade urbana em várias áreas, de seguida apresentando evidências das

relações entre as escolhas de mobilidade e as consequências que estas apresentam para

os indivíduos e através das variáveis explicitadas ou assumidas como relevantes para

este tema criar um modelo conceptual que faça sentido em relação ao conteúdo

estudado.

Mobilidade Urbana

As deslocações sempre foram uma necessidade do indivíduo para procurar

melhores condições e para garantir a sua sobrevivência, sendo que estas não acontecem

sem uma razão aparente (Noulas, Scellato, Lambiotte, Pontil, & Mascolo, 2012).

Através do movimento das pessoas e dos bens, observa-se que o acesso a mais bens e

serviços geralmente traz mais qualidade de vida à população (Costa, 2000). Pode então,

definir-se a mobilidade urbana como a frequência de deslocações pessoais

indispensáveis para satisfazer necessidades, em interação com o espaço que habitam e a

sociedade (Agência Portuguesa do Ambiente - APA, 2010). Estas deslocações podem

geralmente ser medidas através de alguns indicadores como a frequência das

deslocações, a distância percorrida na deslocação e o tempo médio despendido em

transportes, dependendo do acesso que têm aos transportes e também da posição do

indivíduo em relação à rede de transportes (Marques da Costa, 2007).

Os transportes também podem ser divididos em modos individuais, tal como o

automóvel e os veículos motorizados; em modos suaves ou leves, como a bicicleta e o

andar a pé e em transportes colectivos públicos ou privados, tais como o comboio, o

barco, o autocarro e o metropolitano (Almeida, 2010; Mantas, 2015).

Em 2007, uma sondagem nos Estados-membros da União Europeia, cerca de

53% de indivíduos, utilizavam o seu transporte individual nas deslocações diárias, 21%

dispunham do transporte colectivo e apenas 24% se deslocavam em modos suaves

(APA, 2010). No caso português, 15% dos inquiridos utilizavam o modo pedonal nas

deslocações diárias, mas apenas 1% das deslocações seriam realizadas em bicicleta.

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Ainda no mesmo ano, Portugal foi o terceiro Estado-Membro que menos deslocações

realizou em bicicleta e em 2010, apesar da percentagem de deslocações ter aumentado

(1,6%), igualando a Espanha, continua a registar-se uma fraca utilização da bicicleta

(Seabra et al., 2012). Portugal possui assim uma das taxas de motorização absoluta mais

elevadas do mundo, com 778 veículos por cada 1000 habitantes, e é o terceiro país da

União Europeia com mais automóveis ligeiros por habitante (EEA, 2007).

Consequentemente, a poluição e deterioração do ambiente tem sido um importante

problema provocado pelo desenvolvimento dos transportes movidos a combustível.

Segundo dados do Portal do Ambiente e do Cidadão em relação à mobilidade urbana

em Portugal, os problemas que estão a causar mais preocupação nos últimos dez anos,

entre a população portuguesa são o trânsito intenso, o ruído e a qualidade do ar. Uma

vez que grande parte dos indivíduos dispõe de veículo próprio, este é um problema que

afecta a mobilidade urbana é sugerido garantir um tempo mais curto dedicado às

deslocações (Costa, 2000).

Impacto do Crescimento do uso do transporte individual

Vários estudos dedicados à mobilidade urbana e sustentável referem que devido

à proliferação de automóveis, motociclos, existe grande impacto da sua utilização na

sustentabilidade económica, social e ambiental das cidades (Cameron, Kenworthy, &

Lyons, 2003). Podemos verificar então um aumento dos veículos motorizados,

particularmente automóveis e ao agravamento do congestionamento viário (Marques da

Costa, 2007). Este faz com que exista mais ruído, poluição atmosférica, stress, para

além de outros fatores que prejudicam a qualidade de vida dos indivíduos que vivem

nas cidades (APA, 2010; Palma-Oliveira, 2004). Assim, o aumento do número de

utilizadores de veículos privados considera problemas que são compostos por sete

dimensões: a gestão do tráfego; a sinistralidade; a falta de oferta de transporte público;

as dificuldades ao movimento pedonal; os impactes ambientais; as dificuldades de

estacionamento e o consumo de espaço público; a equidade no acesso ao transporte e à

mobilidade.

Em 2000, os impactos negativos do transporte rodoviário tinham vindo a

agravar-se com o aumento dos congestionamentos de tráfego, à degradação do meio

ambiente e à diminuição da segurança rodoviária (Costa, 2000). Em relação ao sector

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económico, os transportes também têm um grande impacto. Em 1991, estima-se que, na

Europa, os serviços de transporte, incluindo o transporte privado, eram responsáveis por

5,6 milhões de empregos e a indústria dos equipamentos de transporte empregava 2,6

milhões de pessoas (Costa, 2000). A nível ambiental, “a contribuição dos transportes

para o conjunto de emissões de poluentes atmosféricos é muito significativa, sendo

responsável por um quarto da emissão de gases com efeito de estufa em Portugal, o

mesmo que as emissões decorrentes da produção de energia eléctrica nas centrais

termoeléctricas” (Instituto do Ambiente, 2005, cit. por Marques da Costa, 2007). Um

dos problemas ambientais que decorrem da utilização do automóvel para deslocações

chamadas de pequena amplitude, fazem com que grande parte da quilometragem da

distância percorrida seja feita com os níveis abaixo da temperatura normal do motor e

aumentam o consumo de combustível e as emissões que contribuem para a poluição

(Marques da Costa, 2007). Este é apenas um dos exemplos do impacto negativo dos

transportes individuais para os efeitos poluentes, estes que podem ser a causa para

problemas físicos e mentais nos indivíduos. A utilização destes transportes graças ao

crescimento da procura tem resultado tanto no consumo de recursos energéticos (que

podem ser finitos e escassos), assim como petróleo e derivados, para além de ser a causa

de muito ruído, o segundo maior problema em relação à emissão de poluentes

atmosféricos (Marques da Costa, 2007).

Em termos de segurança é também pertinente verificar que em 2010, morreram a

nível mundial cerca de 1,24 milhões de pessoas em acidentes rodoviários, sendo esta a

oitava causa de morte a nível global. Cerca de metade das mortes na estrada estão

relacionadas com peões (22%), ciclistas (5%) e motociclistas (23%). Estes números

apresentam variações, já que são os países com rendimentos medianos ou baixos que

registam valores mais elevados de acidentes com mortes envolvendo motociclistas,

peões ou ciclistas, o que se pode associar ao sistema de mobilidade dominante. Portugal

encontra-se acima da média da UE relativamente ao número de mortes em acidentes de

viação por milhão de habitantes (Mantas, 2015).

Podemos verificar que numa tentativa de reduzir o impacto negativo associado

aos meios de transporte na mobilidade urbana, principalmente os que têm consequências

ambientais, se tem tentado criar medidas que tornem estes mais sustentáveis. Segundo

dados relativos ao estudo da mobilidade urbana em relação à Área Metropolitana de

Lisboa, em 2007, podemos verificar que existe um envelhecimento demográfico

acentuado, o que está a afectar o público ao qual se está a disponibilizar os meios de

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transporte e famílias. Este está associado ao aumento do número de deslocações por

indivíduo (Hanson, 2004; Marques da Costa, 2007). Uma das medidas mais usuais de

melhorar a sustentabilidade das áreas urbanas tem sido a elaboração de planos para

aumentar a densidade residencial urbana para facilitar formas mais ecológicas de

transporte e também diminuir o uso do automóvel, mas só esta intervenção pode não ser

o suficiente. Isto devido à importância de factores culturais e psicossociais na

investigação sobre os transportes e mobilidade urbana (Thérèse et al., 2009). Assim,

têm sido delineadas estratégias para reduzir a utilização dos modos de transporte

privados que consomem recursos energéticos, com custo muito alto para o ambiente,

como é o caso do automóvel; mas também de estratégias que potenciam a utilização de

transportes colectivos e modos suaves, em relação ao transporte individualizado. A

melhoria das condições para os modos suaves, particularmente para o uso da bicicleta e

as transferências dos modos motorizados para os não motorizados, de forma a diminuir

taxas de motorização, traz consequências visíveis para os meios urbanos, entre elas a

redução da sinistralidade e o risco associado, a redução de utilização do espaço público,

a redução de congestionamento, ruído e emissões, a melhoria na saúde pública e

qualidade de vida, a poupança energética e a redução de custos (APA, 2010).

Estudos sobre a utilização de transportes

Estudos relacionados com a utilização de transportes individuais

A diminuição do uso do automóvel tem tido atenção por parte de várias ciências,

inclusive a psicologia. Uma das estratégias estudadas para este fim foi o compromisso

pessoal em comparação com a aplicação de taxas por quilómetro percorrido e o

preenchimento de diários de viagem por parte das famílias participantes. (Jakobsson,

2002). Foi verificado que os indivíduos que apenas se comprometiam a diminuir a

utilização do automóvel tinham melhores resultados do que através do planeamento de

viagens e de cobrança de taxas (Ramis & Santos, 2012). Também a alteração de hábitos

dos condutores foi alvo de estudos, para conseguir perceber de que forma é que

poderiam diminuir a frequência e a distância das viagens (Eriksson et al., 2008, cit. por

Ramis & Santos, 2012). Esta intervenção foi realizada através de diários em que o uso

do automóvel era planeado de acordo com motivos, percursos, modos de locomoção e

distâncias a serem percorridas, para os condutores poderem criar melhores alternativas.

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Verificou-se que o planeamento ajudava os indivíduos a diminuírem o uso do

automóvel apenas em algumas actividades, sendo que uma maior predisposição para a

mudança e a vontade de alterar os seus hábitos foi essencial para melhores resultados

(Eriksson et al., 2008, cit. Ramis & Santos, 2012).

Bamberg (2006) quis perceber a mudança de residência associada a uma

alteração importante na vida dos participantes para a alteração de hábitos relacionados

com a utilização de transportes. O objetivo deste estudo foi mais do que aumentar a

utilização dos transportes coletivos, diminuir a utilização do automóvel (Ramis &

Santos, 2012). Através da colaboração de uma empresa de transporte público local

ofereceram um dia inteiro de deslocações a um grupo de participantes e outro grupo, o

de controlo, não teve este livre-passe. O grupo de controlo teve piores resultados do que

o grupo experimental, tal como o previsto e os resultados evidenciaram que se os

transportes públicos forem eficazes (disponíveis e com baixo custo), os participantes

teriam mais probabilidades em alterar os hábitos, com uma quebra na utilização de

automóvel.

Estudos relacionados com a utilização de modos colectivos e suaves

Sabe-se que Portugal tem um valor muito elevado de utilização em relação aos

transportes individuais. Os utilizadores do automóvel também apresentam preocupações

em que o serviço dos transportes públicos melhore. No entanto, Palma-Oliveira (2004)

sugere que estes resultados se devem a que estes utilizadores considerem que se os

transportes públicos melhorassem, existiria uma redução de condutores a competir nas

vias públicas, uma vez que não consideravam mudar para os transportes públicos. Já os

utilizadores dos transportes públicos escolhiam estes meios de transporte por serem

mais baratos. Em relação aos utilizadores do automóvel, estes escolhiam este transporte

por ser mais rápido e mais cómodo, para além de existir uma correlação positiva entre a

posse do automóvel e a utilização do mesmo (Palma-Oliveira, 2004).

Num estudo realizado pela Comissão Europeia, em 2014, pode-se também

verificar que serão os homens a utilizar mais o automóvel, mas as mulheres preferem os

transportes públicos; as deslocações a pé são mais frequentes no sexo feminino e os

números relativos a deslocações feitas em bicicleta são semelhantes em ambos os sexos.

Também em relação a deslocações não motorizadas, será o grupo etário dos 55 e mais

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anos, e de seguida o dos 15-24 anos, aqueles em que prevalecem as deslocações a pé. A

bicicleta é mais utilizada pelos indivíduos com idades entre os 15 e 24 anos, e em

seguida, os indivíduos com 55 e mais anos. Os modos leves e os transportes públicos

são então preferidos pelas mulheres, os indivíduos mais jovens e os mais velhos

(Mantas, 2015).

Quanto à utilização de modos suaves como meio de transporte, mais

concretamente a bicicleta, dois dos factores mais importantes relacionam-se com o

conforto e a segurança (Providelo & Sanches, 2011). Estes autores utilizaram uma

análise factorial para avaliar a percepção de indivíduos brasileiros para a escolha da

bicicleta. Desta forma, perceberam que a maior parte dos indivíduos utilizavam as

bicicletas para lazer e exercício, sendo os fatores mais tidos em conta efetivamente o

conforto e a segurança, em que a probabilidade de utilizar mais a bicicleta se relaciona

com mais segurança e que esta probabilidade será menor se os indivíduos as

percepcionarem como menos confortável relativamente a outros meios de transporte.

Variáveis relacionadas com a escolha de mobilidade

Tempo e distância

Estudos sugerem que a distância da deslocação vai ter influência na mobilidade

dos indivíduos (Noulas et al., 2012). Noulas e colaboradores (2012) distinguem duas

teorias para a dependência da distância na mobilidade, a primeira das quais afirma que a

deslocação vai ser predita pelos custos (tempo e energia) dedicados à deslocação física;

a segunda tendência teórica defende que não existe uma relação direta entre a

deslocação e a distância, mas sim que a distância foi substituída por um efeito de

oportunidades, em que o ponto de chegada depende do número de oportunidades mais

perto do seu destino, pelo que a distância não importaria a não ser que as necessidades

da deslocação fossem satisfeitas. Apresentaram ainda dados que comprovam que não

existem padrões universais ao se considerar unicamente a distância enquanto função da

mobilidade, para além de que parece que a probabilidade de uma deslocação é

inversamente proporcional ao número de oportunidades interpostas entre o ponto de

partida e o ponto de chegada. Estas evidências vão ter consequências ao nível do

planeamento urbano, em que os recursos disponíveis vão aumentar ou diminuir as

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deslocações e a distância a que estas são realizadas (Noulas et al., 2012). Em relação à

percepção de distância, resultados referem que as distâncias casa-trabalho aumentaram

associadas à utilização crescente do automóvel e às deslocações pendulares, uma vez

que o crescimento das áreas suburbanas e a localização do trabalho dos indivíduos nos

centros das cidades as potenciam (Mantas, 2015).

Em relação à perceção de tempo foi também colocada a hipótese que as

deslocações feitas pelo indivíduo possam ser constantes. Zahavi (1974) terá criado o

conceito de time travel budget, a partir de uma teoria de Tanner nos anos 60, em que

prevê que cada indivíduo tem um tempo médio estável (orçamento de tempo de

transporte ou OTT) que dispõe para estas deslocações de forma diária. Assim foi

originado o Unified Mechanism of Travel (UMOT), um modelo de previsão do volume

e das características das deslocações pelas características do agregado familiar, do

sistema de transporte e da estrutura urbana, desenvolvido entre o fim da década de

setenta e início da década de oitenta (Zahavi, 1974).

No entanto, e apesar de existirem outros estudos que corroboram a existência do

orçamento do tempo de transporte (Schafer & Victor, 2000), também existem estudos

desenvolvidos a partir dos inquéritos à mobilidade e ao uso do tempo na Holanda que

vieram colocar em causa o princípio ao constatarem o aumento do tempo utilizado para

o transporte através de uma tolerância ao tempo despendido durante as viagens (Van

Wee et al., 2006, cit. por Marques da Costa, 2007). Assim, apesar deste orçamento do

tempo de transporte ter um valor constante ser apoiado por evidências empíricas, não

possui qualquer suporte teórico (Marques da Costa, 2007). Segundo estes autores, o

aumento do tempo de viagem relacionava-se com a sua troca por outros objectivos

(como a compra de uma casa maior) ou com incapacidade para se realojarem em

compensação ao aumento do congestionamento do trânsito. Quando confrontados com a

questão sobre a mudança de casa para um local mais próximo do seu destino

(geralmente o trabalho), os condutores assumiam que gostavam do local onde residiam

(identidade de lugar) ou que nunca tinham colocado essa hipótese (Levinson & Wu,

2005).

Em relação à medição da mobilidade, Almeida (2010), operacionalizou as

deslocações por transporte da seguinte forma: nos transportes individuais, através de

uma medição da distância percorrida, tendo em conta os desvios dos indivíduos, o

tempo despendido na deslocação e o cálculo dos km/dia, de ida e volta; nos transportes

coletivos foi pedido a especificação de todos os transportes utilizados na deslocação,

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mediu-se a distância percorrida, o tempo despendido e novamente o cálculo dos km/dia,

de ida e volta; por fim, nos transportes leves (só foi considerado o andar a pé) foi feita a

medição da distância e do tempo do percurso e o cálculo dos km/dia (ida e volta).

Variáveis psicossociais

Apesar das características inerentes às deslocações, para perceber as barreiras e

facilitadores à utilização de determinado transporte será importante conhecer quais as

variáveis psicossociais que poderão ter implicações. Uma destas variáveis são as

atitudes e crenças sobre os transportes. Duas das crenças negativas relativas a andar de

bicicleta são o risco de atropelamento e o perigo de assalto durante percurso. Estas duas

crenças estão intimamente ligadas com a sensação de segurança e com as crenças de

controlo que os indivíduos parecem ter sob o ambiente (Sousa & Ferreira, 2013). Já as

crenças mais positivas estão ligadas aos benefícios para o meio ambiente e para a saúde

física do utilizador, sendo as dimensões mais positivas a economia, o benefício para a

saúde, benefício ambiental, facilidade para estacionar e independência. No entanto, a

maior parte dos entrevistados possuíam atitudes neutras em relação ao ciclismo e não

uma atitude extrema, neste caso, de aprovação ou desaprovação (Sousa & Ferreira,

2013). Apesar de as atitudes para com a prática de andar de bicicleta poderem ser

neutras, é inevitável essa prática associar-se com benefícios como a conveniência, os

baixos custos, benefícios para a saúde (Heinen, Maat, & Van Wee, 2011). Heinen e

colegas utilizaram uma análise factorial subjacente à teoria da utilidade esperada de

Ajzen para perceber como as atitudes, as normas e os hábitos afectariam o uso da

bicicleta entre ciclistas e não ciclistas. O estudo incidiu sobre cidades holandesas, em

que existe à partida uma boa aceitação da utilização da bicicleta como meio de

transporte. Os resultados indicam que os fatores atitudinais podem oferecer alguma

explicação para o porquê de os indivíduos utilizarem a bicicleta e com mais frequência,

sendo esta também preferidas para distâncias curtas. Ciclistas parecem ter atitudes mais

positivas do que não ciclistas e geralmente consideram que a sua mudança lhes trouxe

benefícios ambientais, relaxamento físico e mental, ser mais barato, saúde, benefícios de

poupança de tempo, mas que não se preocupam tanto com os seus níveis de conforto. O

aumento na distância percorrida de bicicleta parece diminuir os benefícios percebidos

pelos indivíduos e a valoração das atitudes positivas iniciais (Heinen et al., 2011).

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Adicionalmente, Heinen e colegas identificaram também três fatores atitudinais

essenciais na utilização da bicicleta na ida para o emprego, nomeadamente a

consciência (awareness), os benefícios da viagem e a segurança (Heinen et al., 2011).

Gatersleben & Appleton, em 2007, utilizaram a abordagem transteórica da mudança

para perceber qual seria a melhor forma de as alterar de forma positiva e qual seria o

estádio mais adequado. Os resultados verificaram que a maior parte dos participantes

nunca tinham contemplado essa hipótese, mas os que passavam da contemplação para a

acção iam alterando as suas atitudes para significativamente mais positivas. Como

barreiras para a prática, os participantes indicavam a distância da viagem associada à

deslocação e a falta de segurança nas vias para as bicicletas, mais marcadas nos

indivíduos que utilizam a motivação externa. Indivíduos com motivação intrínseca têm

mais probabilidade de manterem a prática independentemente de qualquer

circunstância, porque gostam da prática, como consequência da experiência

(Gatersleben & Appleton, 2007).

Intermodalidade

Os problemas que são trazidos pela dependência do automóvel tornam os

transportes públicos coletivos importantes para diminuir as consequências ambientais e

físicas deste meio de transporte. No entanto, eventualmente os transportes coletivos não

estão sempre acessíveis em qualquer local da cidade e precisam de ser complementados

com outros meios de transporte (Gebhardt et al., 2016). Jones et al., (2000) discute a

definição da intermodalidade, em que estes chegam à conclusão de que esta é o

embarque de carga e o movimento de pessoas que envolvem mais do que um meio de

transporte durante uma única viagem. Também pode ser considerado como o uso de

pelo menos dois transportes durante o curso de uma única viagem, que permite as

viagens no espaço urbano, mas que requer troca entre o custo de transporte, a duração

das viagens e uma condição física exaustiva; já a multimodalidade é apresentada como a

utilização de diferentes modos ou combinações de modos para viagens de ida e volta.

Segundo estes autores, a intermodalidade é importante, até porque meios de transporte

como as deslocações pedonais são subestimadas (Olvera et al., 2016).

Segundo esta ideia existem poucos estudos sobre a intermodalidade como uma

prática diária dos utilizadores, padrões e motivos. Adicionalmente, nem as

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características das ofertas intermodais ou nem a disponibilidade da informação, que

moldam as decisões diárias em relação ao modo de transporte e à escolha do percurso

entre os passageiros intermodais é completamente compreendida. Isto também é

verdade para os atributos sócio demográficos que promovem ou prejudicam o

comportamento intermodal (Gebhardt et al., 2016).

Definição do problema e questões de investigação

Podemos observar que o aumento do número de automóveis a circular, em relação

aos números de utilizadores de transportes públicos e de modos suaves é um problema

que se reflecte na mobilidade urbana a diversas dimensões. Desta forma, o que se

pretende com este estudo é conseguir compreender a mobilidade urbana, considerando

as deslocações dos indivíduos, através da intermodalidade e uso dos transportes. Ao se

conseguir compreender quais as escolhas de mobilidade que vão influenciar o

comportamento urbano e consequentemente a utilização de transportes, podem ser

tomadas medidas a vários níveis de compreensão. Torna-se essencial saber como

podemos medir os comportamentos ligados a variáveis psicossociais que podem

contribuir para um modelo de preditores e consequentes de mobilidade urbana. Desta

forma, são extensas as variáveis que sugerem uma influência nas escolhas de

mobilidade como: a qualidade de vida (Palma, 2004); a segurança (Mantas, 2015); o

custo (Palma, 2004); variáveis sócio económicas como o género e a idade (Mantas,

2015; Sousa, 2005); o conforto e segurança (Providelo & Sanches, 2011); a distância

das deslocações; atitudes e crenças relativamente aos meios de transporte (Sousa &

Ferreira, 2013; Heinen et al., 2011); a eficácia dos transportes públicos colectivos

(Ramis & Santos, 2012); motivação intrínseca (Gatersleben & Appleton, 2007). Apesar

destas evidências, não existe nenhum estudo que investigue de forma sistemática quais

são os preditores e as consequências das escolhas de mobilidade, utilizando uma medida

de mobilidade que tenha em consideração a intermodalidade, particularmente em

Portugal.

Desta forma, os objectivos do presente estudo vão de encontro às necessidades

encontradas na literatura, ao realizar um estudo compreensivo de preditores e

consequentes de mobilidade urbana. O primeiro objectivo, mais metodológico, envolve

o desenvolvimento e a exploração de uma medida de escolhas de mobilidade que seja

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sensível à intermodalidade, utilizando medidas associadas à mobilidade (Almeida,

2010; Mantas, 2015); o segundo objectivo é o estudo de preditores das escolhas de

mobilidade em comparação a um conjunto de transportes, nomeadamente os transportes

individuais, colectivos e leves; o terceiro e último objectivo, prende-se com o estudo

dos consequentes das escolhas de mobilidade.

Os meios de transporte escolhidos foram o automóvel (condutor/passageiro);

transporte motorizado como a mota e a scooter; o barco; o comboio; o autocarro; o

metropolitano; a bicicleta e bicicleta eléctrica e deslocações a pé. Seguidamente, a partir

da revisão de literatura fez-se um levantamento das variáveis consideradas mais

pertinentes para a predição das variáveis dependentes. Enquanto variáveis dependentes

para medir a mobilidade definimos a distância e o tempo percorrido pelo indivíduo nas

suas deslocações típicas para um dia de semana, em relação aos diferentes transportes e

a proporção de distância (em quilómetros) e de tempo (em minutos), relativamente às

deslocações realizadas entre os diferentes transportes. Como variáveis preditoras dessas

deslocações, foram consideradas três principais dimensões: a primeira em que fazem

parte as variáveis socioeconómicas; uma segunda dimensão em que são estudadas as

variáveis de mobilidade; uma última dimensão, em que se estudam as variáveis

psicossociais. Por fim, enquanto variáveis consequentes da mobilidade, temos a saúde

(saúde mental, satisfação com a vida, satisfação profissional, autocuidado) e as

percepções sobre o local onde trabalha e onde reside (identidade de lugar e qualidade

ambiental).

Desta forma, foi percebido um conjunto de expectativas gerais que se tencionam

explorar a partir deste estudo que foram as seguintes:

H1: as medidas de proporção do uso dos transportes vão ser mais informativas sobre

o modelo de preditores proposto do que a medida de uso/não uso dos transportes, uma

vez que se refletem no quão exclusivo é o uso de um determinado transporte em relação

a outros disponíveis;

H2: os preditores psicossociais vão acrescentar poder explicativo em relação às

escolhas de utilização dos transportes;

H3: os diferentes consequentes irão ter respostas mais sensíveis à medida de

proporção do uso dos transportes do que à medida de uso/não uso dos transportes;

H4: espera-se ainda que os consequentes sejam diferentes em função do meio de

transporte, especificamente que os indicadores de saúde sejam mais favoráveis para os

transportes leves (Atkinson & Weigand, 2008).

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Tendo em conta de que o estudo que está a ser apresentado é de caráter exploratório

podem ser referidas outras hipóteses para serem discutidas de forma crítica em torno do

tema da mobilidade urbana.

Figura 1

Variáveis envolvidas nas medidas dependentes, preditores e consequentes

Medidas Dependentes Preditores Consequentes

Distância da deslocação

diária por transporte

Sócio económicos:

Idade; Sexo, Agregado

(número de dependentes);

Condição de trabalho;

Escolaridade; Rendimento

Identidade de lugar do

local de residência

Tempo da deslocação

diária por transporte

Mobilidade: perceção de

distância, perceção de

tempo; distância real

Identidade de lugar do

local de trabalho/escola

Proporção da distância (em

Kms) da deslocação por

transporte

Psicossociais: Atitudes e

crenças (associadas aos

transportes individuais,

colectivos e leves);

Identificação Social

Qualidade ambiental do

local de residência

Proporção de tempo (em

minutos) da deslocação por

transporte

Qualidade ambiental do

local de trabalho/escola

Saúde mental

Satisfação com a vida

Satisfação profissional

Consumos

Autocuidado

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II. Método

Características da Amostra

A amostra deste estudo é constituída por 367 participantes, com idades entre os

18 e 77 anos, dos quais 210 pertencem ao sexo feminino (58%) e 152 ao sexo masculino

(42%). A maioria da amostra tem estado civil solteiro (53%), mas também existe um

grande número de indivíduos casados, em união de facto ou a residir com companheiros

(41%), sendo que existem ainda 23 participantes divorciados ou separados (6,4%) e

apenas um dos participantes é viúvo.

A situação profissional dos participantes é principalmente repartida por dois

grupos: o dos trabalhadores a tempo inteiro (220 participantes; 60% da amostra) e o

grupo dos estudantes (com 110 participantes; 30% da amostra). Em relação ao resto da

amostra, 34 trabalham a tempo parcial (9%), 11 são desempregados (3%), 4 estão em

situação de reforma (1%), 1 apresenta incapacidade (perto de 0% da amostra) e 5

pertencem a outra categoria não contemplada nas restantes (1%). Em relação ao

agregado familiar, a média é de 2 indivíduos pertencentes por agregado familiar

(M=1.94, DP=.07), sendo que o número médio de dependentes é inferior a 1 (M=.55) a

idade do dependente mais novo tem um valor médio de 9 anos (M=9.38, DP=1.184).

Já ao referente à situação financeira dos indivíduos é possível perceber que a

maioria dos participantes do estudo percebem a sua situação financeira como positiva,

sendo que 184 (51%) destes admitem que a sua situação financeira “dá para viver” e

144 (40%) assumem que “dá para viver confortavelmente”. Apenas 31 dos participantes

percebem a sua situação financeira actual como negativa, em que 26 (7%) destes

escolheram a opção “é difícil viver” e apenas 5 dizem que “é muito difícil viver” (1%).

Em relação ao número de utilizadores em cada transporte existem 173

indivíduos que reportam ser utilizadores de automóvel (47% da amostra total), 92

indivíduos que utilizam o comboio (25% da amostra total), 122 indivíduos que referem

ser utilizadores de autocarro (33% da amostra total), 147 indivíduos utilizadores de

metro (40% da amostra total), 60 indivíduos que reportam ser utilizadores de bicicleta

(16% da amostra total) e 173 utilizadores que referem andar a pé (42% da amostra

total). Devido ao número reduzido de utilizadores, alguns dos transportes foram

retirados das análises, sendo eles o barco (8 utilizadores; 2% da amostra total), o

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táxi/Uber (10 utilizadores; 3% da amostra total) e a mota (13 utilizadores; 4% da

amostra total).

Quadro 1

Estatística descritiva das variáveis sociodemográficas da amostra em estudo

N Percentagem (%)

Sexo

Feminino 210 58%

Estado civil

Solteiro 190 52.5%

Casado, união de facto ou

a residir com companheiro

148

40.9%

Divorciado ou separado 23 6.4%

Viúvo 1 0.3%

Situação

Profissional

Emprego a Tempo Inteiro 220 59.9%

Emprego a Tempo Parcial 34 9.3%

Estudante 110 30%

Desempregado 11 3%

Reforma 4 1.1%

Incapacidade 1 0.3%

Outra 5 1.4%

Situação

Financeira

Dá para viver

confortavelmente

144 40.1%

Dá para viver 184 51.3%

É difícil viver 26 7.2%

É muito difícil viver 5 1.4%

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Procedimentos

A amostra para o estudo foi seleccionada a partir de determinados critérios

exigidos. Entre estes critérios, só responderam indivíduos que tivessem mais de 18 anos,

uma vez que as escolhas de mobilidade não seriam realizadas por estes, mas sim pelos

seus responsáveis legais; seria necessário que realizassem uma rotina de deslocações

regulares na Área Metropolitana de Lisboa, que envolvesse a sua área de residência, de

trabalho, ou outra; era necessário que utilizassem mais de um transporte nas suas

deslocações. A recolha teve lugar entre Março e Junho de 2017. O recrutamento de

participantes foi realizado por convite (amostra de conveniência) nas redes sociais e em

locais públicos. Os dados foram analisados estatisticamente através do software

estatístico IBM SPSS 23.

Descrição do instrumento

O instrumento escolhido para este estudo para avaliar de forma adequada aos

constructos a serem medidos foi um quantitativo, na forma de questionário, tendo em

conta a amostra necessária para ser representativa das deslocações urbanas em Lisboa,

tendo em conta os diferentes meios de transporte. O questionário (Anexo B) é composto

por diferentes medidas, que foram seleccionadas tendo em conta as variáveis que foram

consideradas como pertinentes para as deslocações em contexto urbano (Anexo A).

Para o estudo dos preditores das escolhas de mobilidade, foram medidas as

perceções sobre os transportes utilizando uma escala de Atitudes e Crenças sobre a

utilização da bicicleta, adaptada para transportes individuais, coletivos e leves,

constituída por um total de 15 itens para cada um dos três tipos de transportes:

individuais, coletivos e leves.

Para o estudo dos consequentes, foram utilizadas várias escalas. As perceções

sobre os bairros de residência e de trabalho foram medidas utilizando duas escalas: a

PCA12 e a PCA Scale 10, uma relativa a identidade de lugar e outra em que se

pretendia fazer a avaliação da qualidade ambiental percebida pelos indivíduos. A

primeira é constituída por 5 itens, sendo que a segunda é constituída por 8 itens,

totalizando os 13 itens. A saúde mental dos participantes da investigação foi medida

utilizando a escala MHI-5, versão reduzida da escala MHI e composta por 5 itens, já

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havendo resultados respeitantes à sua adaptação para a amostra portuguesa (Ribeiro,

2001). No entanto, a sua análise psicométrica também foi efetuada para a amostra deste

estudo. Foi também aplicada uma escala para avaliar a satisfação com a vida no

questionário. Para este efeito, utilizaram-se 4 itens baseados na escala EUROHIS-QOL-

8, de qualidade de vida, à qual foi incluída um item de satisfação profissional baseado no

Questionário de Satisfação Laboral de Meliá e Peiró (1989). A escala de consumos é

composta por dois itens que medem duas dimensões do consumo: o controlo sobre o

consumo e o funcionamento do indivíduo sobre substâncias como o tabaco, o álcool, o

café, substâncias psicoativas prescritas e substâncias psicoativas ilícitas. Já, a escala de

autocuidado inclui 4 itens sobre hábitos de sono, alimentares, a prática de exercício

físico e momentos de lazer.

Validade das Medidas Dependentes

Para medir as deslocações realizadas pelos indivíduos na Área Metropolitana de

procurou-se ter em conta as características principais de uma deslocação: a distância

percorrida na viagem, o tempo que o indivíduo demora e os transportes utilizados.

Considerando que as deslocações pendulares partem do princípio uma deslocação

regular com uma rotina diária, os transportes utilizados geralmente serão os mesmos.

Para identificar os transportes utilizados foi pedido aos participantes que escolhessem

de uma lista de hipóteses (i.e. automóvel, mota/scooter, barco, comboio, metro,

autocarro, táxi/Uber, bicicleta, andar a pé e outros) os transportes que eram utilizados,

considerando as deslocações realizadas num dia típico de semana. Para identificar a

distância e o tempo foi primeiro pedido aos participantes para indicarem a distância

total estimada em Kms e tempo total estimados em minutos para a totalidade das

deslocações diárias; de seguida foi também pedido aos participantes para distribuírem a

distância e o tempo por cada um dos diferentes meios de transporte utilizados.

Adicionalmente foram também pedidos os nomes das localidades ou locais que fossem

os pontos de partida e de chegada no percurso de ida e de volta para poder ser criada

uma medida de distância real percorrida. Com base nestas medidas foi possível calcular

a diferença entre o total estimado pelos participantes e o total percorrido (a partir do uso

dos pontos de partida e de chegada), a velocidade média de deslocação e proporção da

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distância e do tempo. Estas computações e a utilização dada para a validação das

respostas são descritas de seguida.

Diferenças entre as medidas totais estimadas, repartidas e reais

Para garantir que as medidas dependentes reportadas pelos indivíduos estavam a

compreender de forma adequada as medidas e se estas correspondiam aos valores reais,

criaram-se métodos de diferenças sobre as medidas para fazer este cálculo. Primeiro,

pedindo-se aos participantes para atribuir um valor total à distância percorrida e ao

tempo gasto na deslocação, em relação aos valores repartidos pelos transportes, permitiu

saber-se se esta medida tinha sido percebida pelos participantes e para perceber

possíveis enviesamentos. Desta forma, a diferença deste valor nos Kms foi em média de

2.06 e a diferença no tempo em minutos foi de -0.95, ambos os valores muito perto de

zero, o que sugere que os participantes perceberam de forma correta qual era o

procedimento em relação à tarefa. Também para perceber se existiam diferenças entre a

distância total estimada pelos participantes e a distância real, utilizaram-se duas

medidas. Assim através da medida total estimada pelo resultado da soma dos conjuntos

dos transportes por indivíduo foi possível medir a distância total estimada. A distância

real foi estimada a partir do cálculo da distância real reportada entre o ponto de partida e

o ponto de chegada, sendo que a diferença entre estas medidas foi em média de 2.14,

também muito próxima de zero. Esta medida sugere desta forma, que os participantes

fazem uma estimativa próxima da distância efetivamente percorrida. Através desta

medida e da utilização do ponto de partida e de chegada foi possível identificar

participantes que não faziam parte da Área Metropolitana de Lisboa ou que não

permitiam fazer este cálculo, sendo retiradas 41 respostas.

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29

Quadro 2

Estatística descritiva das medidas de diferenças entre os somatórios das distâncias

totais reportadas, reais e estimadas

Medidas N M DP Máximo;

Minimo

Quartis

25;50;75

Diferença entre o somatório de Kms

que inicialmente apresentado e

somatório repartido

328

2.06

16.86

230; -42.2

0; 0; 0

Diferença entre o somatório de

minutos que inicialmente

apresentado e somatório repartido

317

-0.95

16.44

215; 4

0; 0; 0

Diferença entre o somatório da

distância total reportada e a

distância real estimada

264

2.14

22.6

116; -111

-6; 0; 10

Velocidade média de deslocação

Para perceber se as medidas dependentes da distância e do tempo de deslocação

foram interpretadas adequadamente pelos indivíduos, foi criada uma medida de

fiabilidade que consistiu na velocidade média de deslocação em Kms/h. Assim sendo,

os utilizadores de automóvel reportam um valor médio de 48 Km/h; os utilizadores de

mota, 44 Km/h; os utilizadores de barco 19 Km/h; os utilizadores de comboio 46 Km/h;

os utilizadores de autocarro 24 Km/h; os utilizadores de metro, 25 Km/h; os utilizadores

de bicicleta, 36 km/h; por fim, quem anda a pé, faz uma estimativa de velocidade de 15

Km/h. Uma vez que o tempo de espera dos transportes é contabilizado juntamente com

o tempo efectivo na deslocação decidiu-se manter os valores muito baixos de

velocidade, para fazer jus a um possível viés que possa afetar a forma como os

indivíduos percepcionam, pelo menos o tempo da deslocação, se não a distância.

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30

Quadro 3

Estatística descritiva dos dados estabelecidos para cada transporte

Transportes Kms/horas

médios

DP Valor

máximo

Valor

mínimo

Critério

de

eliminação

Número

de casos

eliminados

Automóvel 48.25 35.94 240 3 >180Km/h 2

Comboio 43.92 27.37 160 10 >90Km/h 4

Autocarro 46.36 32.22 273.6 3 >180 1

Metro 23.77 23.28 180 3 >180 1

Bicicleta 31.66 37.5 240 2 >80 3

Andar a Pé 14.96 28.88 300 1 >30 10

Desta forma, depois de se identificar um critério de rejeição das respostas mais

extremadas, foram procurados dados objectivos para justificar critérios âncora que são

indicados na tabela em baixo (Cicloturismo, 2008; Vale, 2016), retiraram-se: 2

respostas dos utilizadores de automóvel (180 e 240 Km/h); 4 respostas de utilizadores

de comboio (acima dos 90 km/h); 1 resposta relativa a um utilizador de autocarro (274

km/h); 1 resposta dos utilizadores de metro (180 km/h); 3 respostas relativas a

utilizadores de bicicleta (acima dos 80 km/h) e 10 respostas relativas a indivíduos a

andar a pé (acima dos 30 km/h).

Proporção da distância e do tempo

Esta medida destina-se a perceber o grau de utilização do meio de transporte em

relação ao total da distância percorrida pelos indivíduos e do tempo utilizado para essa

mesma deslocação. Desta forma, podemos perceber que, em média, participantes

reportam que percorrem mais de metade da distância quando usam automóvel (M=74%,

DP=35%), comboio (M=66%, DP=36%) e a bicicleta (M=65%, DP=33%). Os

utilizadores de autocarro percorrem cerca de 49% (DP=31%) de distância total, os

utilizadores de metro, uma média de 40% (DP=29%) e quem anda a pé reporta 21% da

distância total em média (DP=25%). Em relação ao tempo associado às deslocações

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31

pendulares, estes valores refletem as mesmas diferenças associadas à distância. Em

média os indivíduos reportam que despendem mais de metade quando usam automóvel

(M=70%, DP=37%) e bicicleta (M=66%; DP=31%). No entanto, já em relação à

deslocação associada ao comboio, o tempo gasto representa apenas 49% em média do

tempo total da deslocação (DP=22%). No respeitante aos outros meios de transporte,

cerca de 49% (DP=28%) do tempo em média da deslocação é realizado em autocarro;

cerca de 37% (DP=25%) do tempo médio de deslocação é gasto a andar de metro e

apenas 21% (24%) do tempo médio é despendido a andar a pé.

Quadro 4

Estatística descritiva das variáveis de proporção de Kms e de Tempo relativamente a

cada meio de transporte utilizado

Automóvel Comboio Autocarro Metro Bicicleta Andar a Pé

N total 173 92 122 147 60 173

Proporção

de

utilização

(Kms)

Média 73.83% 65.51% 49.06% 39.18% 64.56% 20.87%

DP (34.91%) (36.27%) (31.42%) (28.76%) (32.83%) (25.43%)

Mínimo 1% 17% 4% 2% 7% 1%

Máximo 100% 100% 100% 100% 100% 100%

N (Kms) 153 74 92 114 57 145

Proporção

de

utilização

(Tempo)

Média 70.68% 48.72% 48.75% 36.58% 66.46% 32.20%

DP (36.56%) (21.53%) (28.20%) (24.73%) (31.42%) (24.15%)

Mínimo 5% 8% 4% 3% 5% 3%

Máximo 100% 100% 100% 100% 100% 100%

N (Tempo) 143 83 99 118 54 137

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32

Medidas

Análise factorial de escalas

O método utilizado para reduzir os conjuntos de itens em escalas adequadas para

este estudo foi a Análise Factorial Exploratória (AFE). De uma forma resumida, a

Análise Factorial permite que conjuntos de variáveis inter-relacionados entre si sejam

reduzidos por factores. Estes mesmos factores representam assim uma estrutura de

dados mais parcimoniosa que explica a maior quantidade possível de variância existente

nos itens originais utilizando o menor número possível de factores (Field, 2009;

Stevens, 2012; Fabrigar et al., 1999). O método de AFE foi escolhido ao invés da

Análise em Componentes Principais (ACP), porque se espera que os factores sejam

reflexo de processos psicológicos.

O método de extração dos factores escolhido foi o principal axis factoring.

Assume-se desta forma que as variáveis medidas são apenas uma amostra das variáveis

possíveis na explicação da variável latente, mas que os participantes constituem a

população. Uma vez que os resultados apenas se podem generalizar para a amostra que

se está a estudar, não se torna redutor para a interpretação dos itens que compõem os

factores (Field, 2009). Para além disso, este método não tem pressupostos do posto de

vista da distribuição dos dados, o que simplifica a análise para conjuntos numerosos de

itens (Brown, 2006). Neste processo, foram tidos os seguintes cuidados:

Número de factores: Inicialmente serão eliminados da análise factores com níveis de

variância explicada muito baixas, tendo em conta um critério mínimo de autovalor> 0.7.

Este é um critério mínimo e não garante que todos os factores com autovalores até 0.7

sejam considerados. A seleção dos factores depende da combinação entre a sua

interpretação / proximidade aos resultados originais e níveis de variância explicada

obtidos.

Itens que compõem os factores: A interpretação dos itens que compõem cada factor

foi realizada a partir da consideração das soluções rodadas (aplicou-se a rotação

Oblimin, partindo do pressuposto que os factores da escala estarão correlacionadas).

Itens que explicam níveis de variância baixa no conjunto dos factores (itens com

comunalidades <0.09) foram eliminados. Itens com correlações baixas com os factores

(i.e., itens com pesos factoriais> 0.25) também foram eliminados da análise. Por fim,

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33

itens com correlações elevadas e semelhantes entre si com mais do que um factor

também foram eliminados. Considera-se importante ter algum cuidado com a utilização

de factores com itens cujos pesos factoriais são genericamente reduzidos ou de factores

com um número muito reduzido de itens (3 ou menos), já que podem conduzir à

instabilidade da estrutura factorial.

Computação dos factores: Antes da computação dos factores foi verificada a

consistência interna de cada um dos factores utilizando o alfa de Cronbach (Cronbach,

1951; Cortina, 1993). Apenas foram computados factores em que os itens revelaram

índices de consistência aceitáveis (i.e., alfas> 0.6).

Antes da realização da análise factorial foram realizadas análises descritivas

iniciais aos itens. O objectivo seria identificar a presença de outliers, desvios severos à

normalidade, e multicolineariedade extrema ou ausência de correlações, o que poderia

influenciar a estabilidade da estrutura factorial resultante. Seguidamente à computação

dos factores foram realizadas análise descritivas dos factores para identificar outliers,

desvios à normalidade, e multicolineariedade entre factores (quando aplicável). De

forma a tornar a leitura e a interpretação dos dados mais fácil tendo em conta o número

de escalas analisadas, a sua análise psicométrica foi detalhada e apresentada com a

formação final dos itens, em anexo no final do estudo (Anexos C e D).

Perceções sobre os transportes

Dos 15 itens desta escala foram retirados dois itens relativos ao custo dos

transportes (“É barato.”) e relativos ao esforço físico (“Exige muito esforço físico.”)

uma vez que não se adaptam de forma consistente à avaliação dos diferentes transportes

considerados, apresentando cross-loading e pesos factoriais baixos.

Escala sobre a Percepção de Transportes Individuais

A análise dos 13 itens que avaliam a perceção sobre os transportes individuais

revela que os itens que demonstravam valores mais elevados de cross-loading e pesos

factoriais mais baixos foram retirados (itens 5,11 e 14). Tornou-se a fazer uma nova

análise, em que a melhor solução de acordo com o ponto de inflexão do scree plot é

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34

composta por quatro factores. Estes quatro factores explicam cerca de 49% da variância

explicada. Foram assim identificadas quatro dimensões de itens: a experiência

proporcionada pelos transportes; o risco associado aos transportes; os benefícios

associados aos transportes e a previsibilidade sobre os aspectos das deslocações

associados aos transportes. A consistência interna dos itens da escala completa é alta

(alfa = 0.76). Em relação à consistência das dimensões da escala também demonstram

resultados com uma boa consistência interna, em que a primeira que remete para a

experiência em transportes individuais, tem um alfa de Cronbach de 0.73; a dimensão

dos riscos dos transportes individuais tem um valor de alfa de Cronbach de 0.65; a

dimensão relativa aos benefícios tem 0.64 de alfa de Cronbach e a última dimensão da

escala em relação à previsibilidade dos transportes individuais tem um alfa de Cronbach

com o valor de 0.72.

Escala sobre a Percepção de Transportes Colectivos

A análise dos 13 itens que avaliam a perceção sobre os transportes coletivos

revela que os itens que demonstravam valores mais elevados de cross-loading e pesos

factoriais mais baixos foram retirados (itens 3, 5, 7, 9, 11). Tornou-se a fazer uma nova

análise, em que a melhor solução de acordo com o ponto de inflexão do scree plot é

composta por três factores. Estes quatro factores explicam cerca de 41% da variância

explicada. Foram assim identificadas três dimensões de itens: a experiência

proporcionada pelos transportes e a identificação social com o transporte utilizado (ao

contrário do que acontece com a escala nos transportes individuais e nos transportes

leves, aqui existe unidimensionalidade); o risco associado aos transportes e a

previsibilidade sobre os aspectos das deslocações associados aos transportes. Em

relação à consistência interna da escala tem um alfa aceitável (alfa =0.64). Em relação à

consistência das diferentes dimensões da escala podemos verificar que a dimensão

relativa à experiência e identificação com os transportes colectivos tem um valor alto de

consistência interna, com um alfa de Cronbach de 0.77. No entanto, há que ter alguma

cautela na interpretação relativa às duas outras dimensões, uma vez que a dimensão do

risco dos transportes colectivos tem um valor de alfa de Cronbach de 0.58 e a dimensão

da previsibilidade com um alfa de Cronbach de 0.50.

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Escala sobre a Percepção dos Transportes Leves

A análise dos 13 itens que avaliam a perceção sobre os transportes leves revela

que os itens que demonstravam valores mais elevados de cross-loading e pesos

factoriais mais baixos foram retirados (itens 5, 6, e 11). Tornou-se a fazer uma nova

análise, em que a melhor solução de acordo com o ponto de inflexão do scree plot é

composta por quatro factores. Estes quatro factores explicam cerca de 47% da variância

explicada. Foram assim identificadas quatro dimensões de itens: a experiência

proporcionada pelos transportes e a identificação social com o transporte utilizado; o

risco associado aos transportes; os benefícios associados aos transportes e a

previsibilidade sobre os aspectos das deslocações associados aos transportes. Depois de

fazer esta análise percebeu-se também que o item 7, apesar do seu peso factorial ainda

obedecer aos critérios, não ocupava a mesma dimensão que nos transportes individuais,

em que a estrutura factorial se manteve. Desta forma, foi retirado e voltou-se a realizar a

análise factorial. Esta escala também tem um valor de alfa aceitável de 0.68.

Relativamente às diferentes dimensões da escala, a primeira dimensão relativa à

experiência demonstrou uma alta consistência interna, com um valor de alfa de

Cronbach de 0.74; a dimensão relativa ao risco dos transportes leves, tal como

aconteceu no caso dos transportes colectivos teve um valor de consistência interna que

demanda cautela na sua interpretação, uma vez que o alfa de Cronbach é de 0.59; a

dimensão dos benefícios dos transportes leves apresentou um valor de consistência

interna adequado, com um alfa de Cronbach de 0.69 e por fim, a dimensão relativa à

previsibilidade também tem um valor adequado com um alfa de Cronbach de 0.65 de

consistência interna.

Perceções sobre bairros de residência e de trabalho

Ambas as escalas foram utilizadas para avaliar os bairros de residência e os bairros

de trabalho/escola em que os indivíduos permaneciam, por isso os resultados relativos

às escalas vão ser apresentados em separado relativamente ao que destinavam medir

como construto.

A escala de identidade de lugar em análise demonstrou-se unidimensional, como

comprovado pelo ponto de inflexão do scree plot. Esta dimensão única é encontrada

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tanto em relação ao bairro de residência como no de trabalho ou/e escola. Este factor

explica cerca de 47% da variância explicada no caso do bairro de residência e cerca de

43% no bairro de trabalho ou/e escola. A consistência interna da escala de identidade de

lugar no bairro de residência é alta, com o alfa de Cronbach no valor de 0.81; já o valor

da consistência interna da escala em relação ao bairro de trabalho/escola é alto, mas um

pouco mais baixo com em relação à escala de residência (alfa=0.78).

Pertencendo à segunda escala, foi retirado o item 12 (“É um local que não tem o tipo

de comércio de que gosto.”), com valores das comunalidades e pesos fatoriais baixos,

prejudicando a dimensão única da escala. Após ser retirado o item, a escala de qualidade

ambiental apresenta características muito semelhantes à escala de identidade de lugar,

com uma única dimensão, expressadas de forma clara no ponto de inflexão do scree

plot. Uma vez mais, isto acontece tanto no bairro de residência, como no bairro de

trabalho/escola. Assim sendo no bairro de residência, este factor explica 39% da

variância explicada, já no bairro de trabalho/escola explica cerca de 31% desta

variância. Também foi encontrada uma elevada consistência interna na escala, sendo

que no bairro de residência o valor do alfa é de 0.81 e no bairro de trabalho/escola é

novamente um pouco mais baixo, embora este efeito não seja muito expressivo

(alfa=0.74).

Saúde mental (MHI5)

Esta escala demonstrou-se unidimensional, como comprovado pelo ponto de

inflexão do scree plot. Esta dimensão explica cerca de metade da variância explicada,

com o valor de 53%. A consistência interna da escala MHI-5 é alta (alfa = 0.84), um

valor considerado como adequado na literatura.

Satisfação com a vida

Esta escala demonstrou-se unidimensional, como comprovado pelo ponto de

inflexão do scree plot. Esta dimensão explica cerca de 47% da variância explicada. A

escala apresenta um valor alto de consistência interna, com o alfa de Cronbach a um

valor de 0.83.

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Autocuidado e Consumos

Esta escala revelou um valor de 42% de variância explicada, sendo

unidimensional como apontado pelo ponto de inflexão do scree plot e consistência

interna considerada adequada (alfa = 0.73). Em relação aos consumos, cada uma das

substâncias (tabaco, café, álcool, substâncias psicoativas prescritas e substâncias

psicoativas ilícitas) tinha um item destinado ao controlo do consumo da substância e

outro item relativo ao funcionamento do indivíduo. Foram realizadas correlações

bivariadas entre cada um dos pares de itens, sendo que os resultados se demonstraram

favoráveis à computação de um índice comum de adição para cada uma das substâncias

analisadas, excepto para as substâncias psicoativas ilícitas. Desta forma, os dois itens

em relação ao tabaco, tinham o valor da correlação de Pearson de 0.72 (p <0.01); em

relação ao café, a correlação era de 0.54 (p <0.01); já relativamente ao álcool o valor era

de 0.5 (p <0.01); quanto às substâncias psicoativas prescritas o valor da correlação era

de 0.51 (p <0.01) e em relação às substâncias psicoativas ilícitas o valor era de 0.27,

mas não era significativa, tal como anteriormente indicado.

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III. Resultados

Caracterização das variáveis de mobilidade urbana

Caracterização (aspectos de mobilidade)

Médias (tempo/distância) por transporte e total

A amostra utilizada para a caracterização da mobilidade urbana na Área

Metropolitana de Lisboa consiste em 173 indivíduos que reportam ser utilizadores de

automóvel (47% da amostra total), 92 indivíduos que utilizam o comboio (25% da

amostra total), 122 indivíduos que referem ser utilizadores de autocarro (33% da

amostra total), 147 indivíduos utilizadores de metro (40% da amostra total), 60

indivíduos que reportam ser utilizadores de bicicleta (16% da amostra total) e 173

utilizadores que referem andar a pé (42% da amostra total). A distância percorrida em

quilómetros por estes utilizadores é em média de 29 Kms no caso do automóvel

(DP=30.61) - num total de 4511 Kms reportados; realizam em média 34.84 Kms de

comboio (DP=39.42) – num total de 2578 Kms reportados; 15.11 Kms em média de

distância realizada em autocarro (DP=20.69) – num total de 1390 Kms reportados; em

média 7.39 Kms de metro (DP=6.03) – num total de 842 Kms reportados; 14.09 Kms

realizados em média de bicicleta (DP=9.36) – num total de 803 Kms reportados - e 3.29

Kms a andar a pé (DP=3.24) – num total de 477 Kms reportados. Em relação ao tempo

médio de deslocação em minutos, os utilizadores de automóvel demoram em média

40.66 minutos nas suas deslocações (DP=34.66) – num total de 5814 minutos

reportados; as deslocações de comboio demoram em média 44.88 minutos (DP=31.36)

– num total de 3725 minutos reportados; as deslocações de autocarro têm um valor

médio de 39.11 minutos (DP=35.49) – num total de 3872 minutos reportados; as

deslocações de metro demoram em média 21.44 minutos (DP=12.76) – num total de

2530 minutos reportados; as deslocações de bicicleta têm um valor médio de 37.96

minutos (DP=26.36) – num total de 2050 minutos reportados e as deslocações a andar a

pé demoram em média 19,91 minutos (DP=15,76) – num total de 2728 minutos

reportados.

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Quadro 5

Estatística descritiva das variáveis de distância e de tempo percorridas por meio de

transporte

Automóvel Comboio Autocarro Metro Bicicleta Andar a Pé

Distância

percorrida

na

deslocação

(Kms)

Média 29.48 34.84 15.11 7.39 14.09 3.29

DP 30.61 39.42 20.69 6.03 9.36 3.24

Mínimo 1 2 1 1 1 <1

Máximo

150 300 120 30 40 25

N (Kms) 153 74 92 114 57 145

Tempo

despendido

na

deslocação

(Minutos)

Média 40.66 44.88 39.11 21.44 37.96 19.91

DP 34.66 31.36 35.49 12.76 26.36 15.76

Mínimo 4 7 5 2 1 2

Máximo

186 160 200 90 120 120

N (Tempo) 143 83 99 118 54 137

Em relação à perceção da distância e do tempo do percurso realizado pelos

indivíduos foram colocadas duas questões, ambas com cinco pontos na escala de Likert.

A primeira relativa à distância, o 1 correspondia a uma distância “Muito curta” e 5 a

“Muito longa”, o valor médio é de 2.93 (DP=.99); relativamente ao tempo em que 1

corresponde a “Pouco tempo” e 5 a “Muito tempo”, o valor médio é de 3.15 (DP=1.18).

Percepções – distância

Para se perceber de que forma é que poderia existir um enviesamento da

distância estimada pelos indivíduos e a distância real foram pedidos aos participantes

que estes, além de distribuírem a distância estimada por transporte utilizado no percurso

normal, indicassem a localidade dos pontos de partida e de chegada no início e no fim

de um dia típico. Assim, foi possível estabelecer uma estimativa da distância real, para

além da reportada. Os resultados indicam valores muito próximos entre a distância

estimada pelos indivíduos (M=33.05; DP=33.8) e a distância real estimada (M=35.42;

DP=30.24).

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Disponibilidade percebida sobre os transportes

Em relação à disponibilidade percebida sobre os transportes foi utilizada uma

escala de Likert de 1 a 5 pontos, em que o 1 corresponde a totalmente indisponível e o 5

a totalmente disponível. Desta forma, os meios de transportes que foram considerados

mais disponíveis foram (por ordem crescente) andar a pé (M=4.03; DP=1.51); autocarro

(M=3.98; DP=1.18); automóvel (M=3.73; DP=1.57); táxi, Uber (M=3.67; DP=1.52);

metro (M=3.61; DP=1.54); comboio (M=3.18; DP=1.54); bicicleta (M=2.56; DP=1.75);

barco (M=1.62; DP=1.18) e mota (M=1.42; DP=1.13).

Os indivíduos quando questionados sobre qual seria o meio de transporte que

escolhiam se este tivesse permanentemente disponível entre os transportes individuais,

colectivos e leves tiveram resultados muito aproximados. Cerca de 35.8% dos

indivíduos escolheriam os transportes individuais (113 respostas), 33.9% escolheriam os

transportes colectivos (107 respostas) e 30.4% escolheriam transportes leves (97

respostas).

Condicionamentos sobre a utilização de transportes

Relativamente a indivíduos que referiram ter algum condicionamento (seja problema de

saúde ou experiência) que impedissem de utilizar algum meio de transporte, podemos

verificar 6 indivíduos condicionados à utilização do automóvel; 5 indivíduos

condicionados à utilização de mota/scooter; 1 indivíduo condicionado à utilização de

barco; 3 indivíduos condicionados à utilização do comboio; 6 indivíduos condicionados

à utilização de autocarro; 4 indivíduos condicionados à utilização do metro; 2

indivíduos condicionados à utilização do táxi; 13 indivíduos que estão condicionados à

utilização de bicicleta; 2 indivíduos condicionados a andar a pé.

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Percepções sobre os transportes

Através de uma escala de atitudes e crenças sobre os transportes foi possível

verificar quais as percepções dos indivíduos sobre estes. Esta é uma escala de Likert de

5 pontos, em que 1 corresponde a “Discordo totalmente” e 5 a “Concordo totalmente”.

Estas escalas foram aquelas em que os itens apresentaram mais alterações à sua

versão original e dessa forma, porque o valor informativo da análise item a item é

pertinente será também apresentado. Assim sendo, em relação aos transportes

individuais, por ordem crescente, o item com maior valor de média, logo com a qual, os

indivíduos mais concordam é “Dá uma sensação de independência” (M=4.13;

DP=1.09); “Permite gastar menos tempo no percurso” (M=3.62; DP=1.26); “Tem um

risco elevado de acidente” (M=3.16; DP=1.15); “É divertida” (M=3.02; DP=1.23);

“Tem sempre os mesmos custos associados” (M=2.68; DP=1.34); “Demora sempre o

mesmo tempo a percorrer o trajeto escolhido” (M=2.49; DP=1.25); “Traz prestígio”

(M=2.40; DP=1.26); “Faz-me sentir bem quando penso em mim como utilizador deste

meio de transporte” (M=2.37; DP=1.23); “Tem um risco elevado de assalto” (M=2.3;

DP=.99); “Traz benefício para a minha saúde” (M=2.15; DP=1.21); “Não traz

problemas de estacionamento” (M=2.07; DP=1.37); “É barato” (M=2.01; DP=1.06); “É

uma parte importante da minha identidade” (M=1.9; DP=1.2); “Exige muito esforço

físico (M=1.55; DP=.88) e por último, “Melhora o meio ambiente” (M=1.54; DP=.97).

Quadro 6

Análise descritiva dos itens da escala de atitudes e crenças dos transportes individuais

Itens N M DP Min. Max.

Demora sempre

o mesmo tempo

a percorrer o

trajeto

escolhido.

306 2.49 1.25 1 5

Tem sempre os

mesmos custos

associados. 302 2.68 1.34 1 5

Melhora o meio

ambiente. 305 1.54 .97 1 5

Traz benefício 302 2.15 1.21 1 5

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para a minha

saúde.

É barato. 304 2.01 1.06 1 5

Dá uma

sensação de

independência. 306 4.13 1.09 1 5

Não traz

problemas de

estacionamento. 306 2.07 1.37 1 5

É divertida. 301 3.02 1.23 1 5

Permite gastar

menos tempo

no percurso. 305 3.62 1.26 1 5

Traz prestígio. 304 2.40 1.26 1 5

Exige muito

esforço físico. 302 1.55 .88 1 5

Tem um risco

elevado de

acidente. 306 3.16 1.15 1 5

Tem um risco

elevado de

assalto. 304 2.30 .99 1 5

É uma parte

importante da

minha

identidade.

305 1.90 1.19 1 5

Faz-me sentir

bem quando

penso em mim

como utilizador

deste meio de

transporte.

304 2.37 1.23 1 5

Quanto aos transportes colectivos, o item com maior valor médio é “Não traz

problemas de estacionamento” (M=4.74; DP=.77); “Tem sempre os mesmos custos

associados” (M=3.93;DP=1.23); “Melhora o meio ambiente” (M=3.8; DP=1.14); “Faz-

me sentir bem quando penso em mim como utilizador deste meio de transporte”

(M=2.77; DP=1.29); “É barato” (M=2.74; DP=1.12); “Traz benefício para a minha

saúde” (M=2.68; DP=1.17); “Demora sempre o mesmo tempo a percorrer o trajeto

escolhido” (M=2.65; DP=1.27); “Tem um risco elevado de assalto” (M=2.63;

DP=1.08); “Permite gastar menos tempo no percurso” (M=2.4; DP=1.16); “É divertida”

(M=2.38; DP=1.08); “Exige muito esforço físico” (M=2.22; DP=1.08); “Dá uma

sensação de independência” (M=2.14; DP=1.05); “É uma parte importante da minha

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43

identidade” (M=2.04; DP=1.13); “Traz prestígio” (M=2.01; DP=.94); “Tem um risco

elevado de acidente” (M=1.87; DP=.858).

Quadro 7

Análise descritiva dos itens da escala de atitudes e crenças dos transportes colectivos

Itens N M DP Min. Max.

Demora sempre

o mesmo tempo

a percorrer o

trajeto

escolhido.

309 2.65 1.27 1 5

Tem sempre os

mesmos custos

associados. 308 3.93 1.23 1 5

Melhora o meio

ambiente. 307 3.80 1.14 1 5

Traz benefício

para a minha

saúde. 307 2.68 1.17 1 5

É barato. 306 2.74 1.12 1 5

Dá uma

sensação de

independência. 306 2.14 1.05 1 5

Não traz

problemas de

estacionamento. 307 4.74 .77 1 5

É divertida. 304 2.37 1.08 1 5

Permite gastar

menos tempo

no percurso. 306 2.40 1.16 1 5

Traz prestígio. 306 2.01 .94 1 5

Exige muito

esforço físico. 305 2.22 1.08 1 5

Tem um risco

elevado de

acidente. 305 1.87 .86 1 5

Tem um risco

elevado de

assalto. 305 2.63 1.08 1 5

É uma parte

importante da

minha

identidade.

306 2.04 1.13 1 5

Faz-me sentir

bem quando 305 2.77 1.29 1 5

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penso em mim

como utilizador

deste meio de

transporte.

Já relativamente aos transportes leves, o item com maior concordância é

“Melhora o meio ambiente” (M=4.79; DP=.6); “Traz benefício para a minha saúde”

(M=4.77; DP=.65); “É barato” (M=4.73; DP=.66); “Não traz problemas de

estacionamento” (M=4.53; DP=.89); “Dá uma sensação de independência” (M=4.22;

DP=1.08); “É divertida” (M=4.09; DP=1.03); “Tem sempre os mesmos custos

associados” (M=4.08; DP=1.29); “Faz-me sentir bem quando penso em mim como

utilizador deste meio de transporte” (M=3.95; DP=1.2); “Exige muito esforço físico”

(M=3.84; DP=1.06); “Demora sempre o mesmo tempo a percorrer o trajeto escolhido”

(M=3.28; DP=1.41); “É uma parte importante da minha identidade” (M=3.10;

DP=1.40); “Tem um risco elevado de acidente” (M=3.0; DP=1.18); “Tem um risco

elevado de assalto” (M=2.74; DP=1.1); “Traz prestígio” (M=2.6; DP=1.16); “Permite

gastar menos tempo no percurso” (M=2.47; DP=1.38).

Quadro 8

Análise descritiva dos itens da escala de atitudes e crenças dos transportes leves

Itens N M DP Min. Max.

Demora sempre

o mesmo tempo

a percorrer o

trajeto

escolhido.

301 3.28 1.41 1 5

Tem sempre os

mesmos custos

associados. 297 4.08 1.29 1 5

Melhora o meio

ambiente. 298 4.79 .6 1 5

Traz benefício

para a minha

saúde. 297 4.77 .65 1 5

É barato. 297 4.73 .66 1 5

Dá uma

sensação de

independência. 296 4.22 1.02 1 5

Não traz 297 4.53 .89 1 5

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problemas de

estacionamento.

É divertida. 297 4.09 1.03 1 5

Permite gastar

menos tempo

no percurso. 296 2.47 1.38 1 5

Traz prestígio. 296 2.60 1.16 1 5

Exige muito

esforço físico. 296 3.84 1.06 1 5

Tem um risco

elevado de

acidente. 296 3.00 1.18 1 5

Tem um risco

elevado de

assalto. 295 2.74 1.1 1 5

É uma parte

importante da

minha

identidade.

296 3.10 1.40 1 5

Faz-me sentir

bem quando

penso em mim

como utilizador

deste meio de

transporte.

295 3.95 1.2 1 5

Preditores

Para identificar os preditores em relação à escolha de mobilidade dos indivíduos

foram realizadas duas técnicas estatísticas, que tiveram em conta diferentes medidas

dependentes. Primeiro foi considerado o uso de cada um dos transportes, através da

regressão logística, para identificar estes possíveis preditores; seguidamente procedeu-

se à predição da proporção de distância e de tempo de cada transporte envolvido nas

deslocações pendulares através do método da regressão linear hierárquica em três

passos. Esta foi encarada como a forma mais discriminativa de realizar uma comparação

metodológica em relação às escolhas de mobilidade dos indivíduos, uma vez que

permitia a verificação da contribuição dos modelos e da coincidência das variáveis

preditoras em relação aos dois métodos considerados.

Uma das opções metodológicas tomadas foi a utilização das medidas de

proporção de distância e de tempo por transporte em detrimento das medidas efetivas de

distância e de tempo, uma vez que estas permitiam uma melhor consideração sobre o

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46

efeito que o grau de preferência de um determinado tipo de transporte tem na escolha de

mobilidade do indivíduo e afeta a forma como este toma essas mesmas decisões de

mobilidade. Desta forma, o grau de utilização de um transporte manifestado e medido

com a proporção de distância e de tempo de deslocação passado nesse transporte pode

ser predito pelas variáveis em estudo, independentemente da distância ou do tempo em

que utilizam este mesmo meio de transporte. Em relação aos meios de transporte

considerados, alguns destes foram excluídos devido a uma reduzida dimensão amostral,

sendo estes a mota/scooter, o barco e o táxi/Uber; depois de analisados os resultados,

particularmente em relação à predição realizada com recurso às regressões lineares

hierárquicas foi decidido ignorar os dados relativos ao autocarro e ao comboio, uma vez

que os valores de ajustamento aos modelos foram perto de zero; devido à dimensão

amostral relativa à bicicleta, que corresponde a um valor mais baixo do que o

recomendado para as análises estatísticas realizadas, deve ter uma interpretação

cautelosa uma vez que a potência de teste pode estar comprometida (Vanvoohris &

Morgan, 2007).

Preditores do uso dos transportes

Para avaliar de que forma é que a utilização dos transportes poderia afetar a

predição pelas variáveis estudadas, realizou-se uma análise de regressão logística para

cada um dos transportes.

No caso do automóvel, o teste dos coeficientes do modelo do teste de omnibus

(Chi-square = 180.08, df = 27, Sig. = 0.00) e os testes de Hosmer e Lemeshow (Chi-

square = 3.65, df = 8, Sig. = 0.89) sugerem que o modelo se ajusta à predição da

utilização deste meio de transporte. As variáveis que predizem a utilização do

automóvel são a situação profissional de estudante, a disponibilidade do automóvel, a

disponibilidade dos transportes colectivos, a previsibilidade dos transportes leves, o

esforço físico dos transportes individuais e o custo dos transportes coletivos.

No caso do metro, o teste dos coeficientes do modelo do teste de omnibus (Chi-

square = 112.68, df = 27, Sig. = 0.00) e os testes de Hosmer e Lemeshow (Chi-square =

5.08, df = 8, Sig. = 0.75) sugerem uma vez mais que o modelo está ajustado para prever

a utilização do meio de transporte. Em relação à utilização do metro, esta é predita pela

posse da carta de condução, a disponibilidade do automóvel, a disponibilidade dos

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transportes colectivos, a disponibilidade da bicicleta, a disponibilidade para andar a pé,

a previsibilidade dos transportes individuais, a experiência/identidade dos transportes

colectivos e a experiência dos transportes leves.

No caso da bicicleta, o teste dos coeficientes do modelo do teste de omnibus

(Chi-square = 185.44, df = 27, Sig. = 0.00) e os testes de Hosmer e Lemeshow (Chi-

square = 0.98, df = 8, Sig. = 0.99) sugerem que o modelo é particularmente bem-

sucedido para a predição da utilização deste meio de transporte. Para a utilização da

bicicleta, os preditores são a posse de carta de condução, a disponibilidade da bicicleta,

a disponibilidade para andar a pé, os benefícios dos transportes individuais, a

previsibilidade dos transportes colectivos, a experiência dos transportes leves e os

benefícios dos transportes leves.

No caso de andar a pé, o teste dos coeficientes do modelo do teste de omnibus

(Chi-square = 87.89, df = 27, Sig. = 0.00) e os testes de Hosmer e Lemeshow (Chi-

square = 3.92 df = 8, Sig. = 0.87) também sugerem que o modelo está ajustado para

prever os factores da utilização deste meio de transporte. Para andar a pé as variáveis

significativas para a predição da utilização foram a disponibilidade do automóvel, a

disponibilidade da bicicleta e a disponibilidade para andar a pé.

Preditores da proporção do uso dos transportes

Para esta medida volta-se a considerar apenas o transporte individual automóvel,

o transporte colectivo metro e os transportes leves bicicleta e andar a pé.

Desta forma, tal como é apresentado na tabela em baixo, no caso do automóvel,

para a variável dependente da proporção de Kms, o bloco de variáveis relativo ao

tamanho do efeito para as variáveis socioeconómicas foi significativo, embora o valor

de ajustamento tenha sido baixo, em que as variáveis preditoras significativas foram a

situação profissional de estudante (relação negativa) e a posse de carta de condução. O

bloco de variáveis relativo à disponibilidade dos transportes também foi significativo,

sendo que os valores de ajustamento foram mais altos relativamente ao bloco de

variáveis socioeconómicas. As variáveis preditoras que foram significativas foram a

perceção de tempo (relação negativa), a disponibilidade do automóvel e a

disponibilidade dos transportes coletivos (relação negativa). Relativamente ao bloco de

variáveis psicossociais, este também foi significativo, tendo o melhor nível de

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contribuição de ajustamento ao modelo. As variáveis preditoras significativas foram o

risco dos transportes colectivos, o risco dos transportes leves (relação negativa), o custo

dos transportes colectivos e o esforço físico dos transportes leves. O modelo para esta

variável dependente apresenta valores de cerca de metade de variância explicada com as

variáveis que foram incluídas no modelo total (R2 = 0,635, R2 ajustado = 0,532).

Em relação aos preditores da medida dependente da proporção de tempo para o

uso do automóvel, verifica-se que o primeiro bloco com variáveis socioeconómicas é

significativo, em que as variáveis preditoras foram a situação profissional de estudante

(relação negativa) e a posse de carta de condução; o bloco relativo à disponibilidade

mostrou ser significativo, em que as variáveis preditoras são a disponibilidade do

automóvel com uma relação positiva, a perceção de tempo, a disponibilidade dos

transportes colectivos e disponibilidade para andar a pé com uma relação negativa. O

último bloco relativo às variáveis psicossociais também foi significativo, em que as

variáveis preditoras significativas foram a experiência dos transportes individuais

(relação negativa), o risco dos transportes colectivos, o risco dos transportes leves e os

benefícios dos transportes leves com relações negativas e a previsibilidade dos

transportes leves, o custo dos transportes colectivos e o esforço físico dos transportes

leves com relações positivas. Para o modelo total, houve uma contribuição para o

ajustamento do modelo de cerca de 60%, com uma variância explicada já significativa

por parte das variáveis preditoras (R2 = 0.69, R2 ajustado = 0.6).

Comparando estas duas medidas dependentes para o uso do automóvel pode-se

verificar que a maior parte das variáveis preditoras são coincidentes em ambos os

modelos, embora a medida da proporção de tempo tenha no geral melhores resultados

de ajustamento estatístico, em que as variáveis da disponibilidade para andar a pé, os

benefícios dos transportes leves e a previsibilidade dos transportes leves são adicionadas

como preditoras. Chama-se à atenção para o facto destas variáveis serem todas relativas

aos transportes leves, o que significa que esta medida dependente pode ser mais sensível

a este tipo de transporte relativamente à proporção de Kms.

No caso do transporte do metro, para predizer a utilização medida através da

proporção de Kms, o bloco de variáveis socioeconómicas não foi significativo. Embora

haja uma variável preditora significativa respeitante à situação económica, mas que

aconselha alguma cautela na sua interpretação, devido à falta de significância estatística

deste bloco. Já o bloco relativo às variáveis de disponibilidade foi estatisticamente

significativo com relações negativas da variável dependente com as variáveis preditoras

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de perceção de tempo e disponibilidade de transportes colectivos; o bloco relativo às

variáveis psicossociais foi estatisticamente significativo se for utilizado um critério mais

liberal de 0.08 para o valor p de significância. Neste bloco as variáveis preditoras foram

a experiência dos transportes individuais, os benefícios dos transportes individuais, a

previsibilidade dos transportes colectivos e o custo dos transportes individuais (preditor

com relação negativa). Podemos ver que o modelo explica alguma da variância

explicada com a contribuição de todas as variáveis preditoras, embora se deva

considerar que as variáveis que não são estatisticamente significativas possam estar a

prejudicar o modelo (R2 = 0.53, R2 ajustado = 0.33).

Em relação à medida da proporção do tempo para a utilização do metro, o

primeiro bloco de variáveis (socioeconómicas) também não foi estatisticamente

significativo. O bloco relativo à disponibilidade dos transportes foi significativo, sendo

que a variável preditora para este transporte foi a percepção de tempo. Por fim, o bloco

relativo às variáveis psicossociais também não foi significativo. O modelo com a

contribuição das variáveis preditoras explica níveis baixos de variância (R2 = 0.41, R2

ajustado = 0.18).

Ao se compararem as duas medidas dependentes para este modelo, pode-se

verificar que a proporção de Kms parece ser uma melhor medida de previsão do que a

proporção de tempo. É também relevante que a variável preditora de ambas as medidas

cujo bloco é significativo estatisticamente (com p <0.01) seja a percepção de tempo.

Para a predição do uso da bicicleta, na medida da proporção de Kms, o bloco

relativo às variáveis socioeconómicas não foi significativo, embora existam variáveis

com significância estatística, sendo elas, a situação profissional estudante e a

escolaridade. O bloco relativo às variáveis da disponibilidade também não foi

significativo, mas duas das variáveis têm significância estatística no modelo completo,

sendo elas a disponibilidade dos transportes colectivos (relação positiva) e a

disponibilidade para andar a pé (relação negativa). Já o bloco das variáveis psicossociais

foi significativo e as variáveis preditoras encontradas foram os benefícios dos

transportes individuais (relação positiva), a previsibilidade dos transportes individuais

(relação negativa), o risco dos transportes leves (relação negativa) e a previsibilidade

dos transportes leves (relação positiva). Segundo os valores de ajustamento, existem

vantagens em considerar o modelo completo em relação aos blocos de variáveis

isolados (R2 = 0.77, R2 ajustado = 0.48).

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Em relação à medida da proporção de tempo, o bloco relativo às variáveis

socioeconómicas, este não foi significativo à semelhança do que aconteceu com a

medida de proporção de Kms. No entanto, a variável de escolaridade teve uma relação

significativa e positiva para a predição da proporção de tempo de uso da bicicleta. O

bloco de variáveis relativas à disponibilidade também não teve significância estatística.

Mas para o modelo completo, as variáveis de disponibilidade dos transportes colectivos

(relação positiva) e a disponibilidade para andar a pé (relação negativa) tiveram um

papel enquanto preditoras. Em relação ao bloco das variáveis psicossociais, este

isoladamente também não é estatisticamente significativo; as variáveis preditoras para a

proporção de tempo no uso da bicicleta deste bloco foram os benefícios dos transportes

individuais e a previsibilidade dos transportes leves, com relações positivas. Segundo os

valores de ajustamento do modelo, existem vantagens em considerar o modelo completo

em relação aos blocos de variáveis isolados, pela variância explicada (R2 = 0.72, R2

ajustado = 0.35).

Neste meio de transporte, a proporção de Kms parece ser melhor predita por este

modelo do que a proporção de tempo, tanto quando verificamos o ajustamento do

modelo, como pelo número de variáveis consideradas por ambos os modelos.

Comparando as duas medidas de proporção, verifica-se que ambas consideram como

variáveis preditoras a escolaridade, a disponibilidade dos transportes colectivos e de

andar a pé, os benefícios dos transportes individuais e a previsibilidade dos transportes

leves, sendo que apenas a proporção de Kms é predita por mais variáveis.

No caso das deslocações pedonais, pode-se verificar que na proporção de Kms, o

bloco relativo aos preditores socioeconómicos não é significativo nem apresenta

nenhuma variável que contribua para o modelo. Em relação ao bloco da disponibilidade

dos transportes, mostrou ser significativo, em que a variável preditora das deslocações

pedonais neste caso foi a percepção de tempo (relação negativa). O bloco relativo às

variáveis psicossociais foi significativo e as variáveis preditoras para andar a pé

consideradas foram a experiência e identificação com os transportes colectivos (relação

negativa) e o esforço físico dos transportes individuais (relação positiva). O modelo

derivado do conjunto de todas as variáveis também possui mais variância explicada em

relação aos blocos de variáveis em separado (R2 = 0.4; R2 ajustado = 0.22).

Na medida da proporção de tempo, o bloco de preditores socioeconómicos não

foi significativo, tal como tinha acontecido com a proporção de Kms. O bloco de

preditores de disponibilidade sobre os transportes já foi significativo, com a

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contribuição das variáveis da percepção de tempo (relação negativa), a disponibilidade

da bicicleta (relação negativa) e a disponibilidade para andar a pé (relação positiva). No

bloco de preditores psicossociais não foi encontrada significância estatística, mas a

variável do custo dos transportes leves (relação positiva) foi aqui considerada. Apesar

do valor de variância explicada não ser muito alto, o modelo completo contribui para a

melhoria da predição do uso da deslocação pedonal em relação aos blocos isolados (R2

= 0.39; R2 ajustado = 0.22).

Ao comparar ambas as medidas de uso dos transportes em relação à proporção

de Kms e de tempo, verifica-se que para este meio de transporte são muito semelhantes

na sua contribuição, mas que enquanto a proporção de Kms parece ser mais sensível às

variáveis psicossociais, a proporção de tempo de uso parece ser melhor predito pela

disponibilidade, sendo que ambas são melhor preditas pela percepção de tempo.

Resumo dos Preditores

Os resultados em relação à comparação das medidas de “proporção” sugerem

dois resultados importantes. Um deles que ambos os modelos têm níveis consideráveis

de tamanho do efeito em relação aos meios de transporte estudados. Este resultado

aparece de forma consistente: por exemplo, estes modelos explicam todos mais de 50%

da variação da proporção de uso e do uso/não uso dos transportes individuais, entre 35%

e 50% dos transportes leves, e entre 18% e 36% do uso do metro. Outro dos resultados

pertinentes entre estas duas medidas relaciona-se com a análise específica dos preditores

na medida em que alguns destes são redundantes em ambos. Ainda que de uma forma

geral, o uso/não uso pareça mais sensível às variáveis de disponibilidade dos

transportes. Estes resultados requerem uma análise mais atenta no futuro. Na

comparação entre os modelos para as medidas de proporção de tempo e de proporção de

kms nos diferentes transportes verifica-se ainda, que estes modelos são genéricamente

semelhantes ao nível do tamanho do efeito global, da contribuição de cada bloco de

variáveis para o modelo global, e da contribuição específica de cada variável dentro de

cada bloco. Existem, no entanto, algumas idiossincrasias ao nível dos preditores para o

andar a pé e ao nível do valor explicativo do modelo para o metro. De novo, estes

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resultados requerem uma análise futura mais atenta. Já a análise do valor preditivo de

cada bloco de variáveis revela que as variáveis socioeconómicas e de disponibilidade

dos transportes são particularmente importantes na explicação do uso do transporte

individual. Contudo, em todos os modelos as variáveis psicossociais revelaram-se

importantes, particularmente na explicação da utilização do metro, transportes leves, e

andar a pé.

Alguns dos resultados encontrados e de alguma forma, inesperados, foram no

caso do uso do automóvel resultados significativos em ambas as medidas de proporção

com o risco dos transportes leves, com uma relação negativa e resultados em que as

medidas de proporção foram preditas pelo custo dos transportes coletivos. Outro dos

resultados inesperados foi, no caso do metro, uma predição da proporção de Kms da

variável preditora dos benefícios dos transportes individuais. Esta variável também foi

encontrada como preditora das duas medidas de proporção dos utilizadores de bicicleta.

Estes resultados podem ter-se verificado devido a efeitos de moderação que, no entanto,

não são tidos em consideração na análise estatística através da regressão linear

hierárquica. Para ter acesso a essa informação seria necessário fazer blocos mais

pequenos e fazer um estudo que tenha maior potência de teste para poder incluir as

moderações identificadas nos modelos de regressão.

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Tabela 9

Resultados relativos ao modelo psicossocial proposto nas variáveis dependentes sobre o meio de transporte individual automóvel

Automóvel Regressão Logística Uso/Não Uso Proporção de Kms Proporção de Tempo

Beta Wald Exp (B) Valor-p Betas finais T Valor-p Betas finais T Valor-p

Situação Profissional

Estudante -2.01 7.31 .13 .01*** -.20 -2.12 .04** -.28 -3.21 .00***

Carta de condução -.79 1.21 .45 .27 .18 2.54 .01** .17 2.59 .01**

Tamanho do efeito Na F (5,118) = 7,278, p = 0.00; R2 = 0,236.

R2 = 0,236; R2 ajustado = 0,203.

F (5,115) = 8,614, p = 0.00; R2 = 0,272

R2 = 0,212; R2 ajustado = 0,241.

Perceção de Tempo .36 2.59 1.43 .11 -.19 -2.56 .01** -.21 -3.11 .00***

Disponibilidade Automóvel 1.28 45.05 3.60 .00*** .26 3.61 .00*** .26 3.79 .00***

Disponibilidade Transportes

Coletivos -.41 3.08 .67 .08** -.19 -2.48 .01** -.19 -2.65 .01***

Disponibilidade Andar a Pé -.01 .01 .99 .94 -.13 -1.64 .10 -.15 -2.10 .04**

Tamanho do efeito Na F (5,113) = 11.73, p = 0.00; R2 = 0.26.

R2 = 0.5; R2 ajustado = 0,45.

F (5,110) = 11.81, p = 0.00; R2 = 0.25

R2 = 0.53; R2 ajustado = 0.48.

Experiência Transportes

Individuais .62 2.74 1.85 .10 -.14 -1.66 .10 -.15 -1.80 .08*

Experiência e Identificação -.52 2.22 .59 .14 -.07 -.99 .32 -.04 -.52 .60

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54

Transportes Colectivos

Risco Transportes Colectivos .43 1.67 1.54 .20 .19 2.38 .02** .24 3.33 .00***

Risco Transportes Leves .46 2.74 1.58 .10 -.17 -2.20 .03** -.16 -2.14 .03**

Benefícios Transportes Leves -.40 .69 .67 .40 -.14 -1.74 .09 -.21 -2.75 .01***

Previsibilidade Transportes

Leves -.60 6.75 .55 .01*** .06 .81 .42 .18 2.49 .01**

Esforço físico Transportes

Individuais -.63 4.19 .53 .04** -.07 -.94 .35 .00 .02 .98

Custo Transportes Colectivos -.48 4.56 .62 .03** .21 3.13 .00*** .17 2.75 .01***

Esforço físico Transportes

Leves -.02 .01 .98 .93 .26 2.96 .00*** .26 3.18 .00***

Tamanho do efeito Cox & Snell R2 = 0.51

Nagelkerke R2 = 0.68

F (17,96) = 2.13, p = 0.11, R2=0.14.

R2 = 0.64; R2 ajustado = 0.53.

F (17,93) = 2.84, p = 0.001, R2=0.16.

R2 = 0.69; R2 ajustado = 0.60.

Notas: *. p < 0.08, **. p < 0.05, ***. p < 0.01.

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Tabela 10

Resultados relativos ao modelo psicossocial proposto nas variáveis dependentes sobre o meio de transporte coletivo metro

Metro Regressão Logística Uso/Não Uso Proporção de Kms Proporção de Tempo

Beta Wald Exp (B) Valor-p Betas finais T Valor-p Betas finais T Valor-p

Situação Financeira -.54 3.29 .58 .07* .23 2.37 .02** .14 1.33 .19

Carta de condução 1.42 6.87 4.14 .01*** .17 1.70 .09 .06 .53 .60

Tamanho do efeito Na F (5,86) = 1.81, p = 0.12, R2=0.1.

R2 = 0.1; R2 ajustado = 0.04.

F (5,91) = 0.74, p = 0.59, R2=0.04.

R2 = 0,04; R2 ajustado = -.01.

Perceção de Tempo .25 1.86 1.29 .17 -.49 -4.82 .00*** -.40 -3.63 .00***

Disponibilidade Automóvel -.57 20.97 .57 .00*** -.07 -.73 .47 -.05 -.43 .67

Disponibilidade Transportes

Coletivos .62 8.73 1.86 .00*** -.20 -1.95 .06* -.12 -1.10 .28

Disponibilidade Bicicleta -.29 4.69 .75 .03** .09 .73 .47 .02 .18 .86

Disponibilidade Andar a Pé .32 4.84 1.38 .03** .02 .19 .85 .08 .73 .47

Tamanho do efeito Na F (5,81) = 5.22, p = 0.000, R2=0.22.

R2 = 0.32; R2 ajustado = 0.23.

F (5,86) = 3.39, p = 0.01, R2=0.16.

R2 = 0.2; R2 ajustado = 0.10.

Experiência Transportes

Individuais -.01 .00 .99 .97 .27 2.23 .03** .15 1.15 .25

Benefícios Transportes -.31 1.31 .74 .25 .26 2.27 .03** .17 1.34 .18

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Individuais

Previsibilidade Transportes

Individuais -.41 3.35 .66 .07* -.20 -1.74 .09 -.01 -.06 .95

Experiência e Identificação

Transportes Colectivos .59 4.47 1.80 .04** -.05 -.51 .61 -.17 -1.50 .14

Previsibilidade Transportes

Colectivos -.23 1.19 .80 .28 .19 1.87 .07* .19 1.77 .08

Experiência Transportes Leves -.55 4.45 .58 .04** .01 .12 .90 .09 .73 .47

Custo Transportes Individuais .03 .02 1.03 .88 -.36 -3.13 .00*** -,40 -3,28 .00***

Custo Transportes Colectivos .05 .08 1.05 .78 .15 1.61 .11 ,25 2,54 .01**

Tamanho do efeito Cox & Snell R2 = 0.36

Nagelkerke R2 = 0.49

F (17,64) = 1.66, p = 0.08, R2=0.21.

R2 = 0.53; R2 ajustado = 0.33.

F (17,69) = 1.49, p = 0.13, R2=0.22.

R2 = 0.41; R2 ajustado = 0.18.

Notas: *. p < 0.08, **. p < 0.05, ***. p < 0.01.

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Tabela 11

Resultados relativos ao modelo psicossocial proposto nas variáveis dependentes sobre o meio de transporte leve bicicleta

Bicicleta Regressão Logística Uso/Não Uso Proporção de Kms Proporção de Tempo

Beta Wald Exp (B) Valor-p Betas finais T Valor-p Betas finais T Valor-p

Situação Profissional Estudante -2.85 1.95 .06 .16 .43 2.73 .01** .24 1.36 .19

Escolaridade -.30 .83 .74 .36 .33 2.75 .01** .37 2.78 .01**

Carta de condução 5.54 3.58 254.82 .06* -.01 -.09 .93 -.04 -.28 .78

Tamanho do efeito Na F (5,44) = 1.864, p = 0.12, R2=0.18.

R2 = 0.18; R2 ajustado = 0.08.

F (5,43) = 1.61, p = 0.18, R2=0.16.

R2 = 0.16; R2 ajustado = 0.06.

Disponibilidade Transportes

Coletivos -.24 .31 .78 .58 .26 2.05 .05** .34 2.44 .02**

Disponibilidade Bicicleta 3.29 10.93 26.82 .00*** .23 1.56 .13 .15 .92 .37

Disponibilidade Andar a Pé -1.18 4.69 .31 .03** -.42 -3.27 .00*** -.41 -2.85 .01***

Tamanho do efeito Na F (5,39) = 2, p = 0.1, R2=0.17.

R2 = 0.34; R2 ajustado = 0.17.

F (5,38) = 1.97, p = 0.11, R2=0.17.

R2 = 0.33; R2 ajustado = 0.16.

Benefícios Transportes

Individuais -2.23 7.65 .11 .01*** .35 2.54 .02** .33 2.12 .05**

Previsibilidade Transportes

Individuais -.97 2.28 .38 .13 -.38 -2.78 .01** -.25 -1.61 .12

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Previsibilidade Transportes

Colectivos -1.52 4.78 .22 .03** -.20 -1.62 .12 -.20 -1.47 .16

Experiência Transportes Leves 2.10 5.86 8.16 .02** -.17 -1.19 .25 -.23 -1.43 .17

Risco Transportes Leves -.59 .87 .56 .35 -.24 -1.84 .08* -.20 -1.33 .20

Benefícios Transportes Leves 2.19 3.83 8.95 .05** .15 1.11 .28 .19 1.25 .22

Previsibilidade Transportes

Leves .30 .39 1.35 .53 .30 2.36 .03** .34 2.38 .03**

Tamanho do efeito Cox & Snell R2 = 0.52

Nagelkerke R2 = 0.84

F (17,22) = 2.33, p = 0.03, R2=0,42.

R2 = 0.77; R2 ajustado = 0.48.

F (17,21) = 1.68, p = 0.11, R2=0.38.

R2 = 0.72; R2 ajustado = 0.35.

Notas: *p < 0.08, **. p < 0.05, ***. p < 0.01.

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Tabela 12

Resultados relativos ao modelo psicossocial proposto nas variáveis dependentes sobre o meio de transporte leve andar a pé

Andar a pé Regressão Logística Uso/Não Uso Proporção de Kms Proporção de Tempo

Beta Wald Exp (B) Valor-p Betas finais T Valor-p Betas finais T Valor-p

Tamanho do efeito Na F (5,114) = 0,671, p = 0,646, R2=0,029.

R2 = 0,029; R2 ajustado = -0.14.

F (5,115) = 1,860, p = 0,107, R2=0,075.

R2 = 0,075; R2 ajustado = 0,035.

Perceção de Tempo -.02 .02 .98 .89 -.28 -2.92 .00*** -.38 -4.01 .00***

Disponibilidade Automóvel -.43 13.75 .65 .00*** .11 1.12 .27 .05 .47 .64

Disponibilidade Bicicleta -.30 5.92 .74 .02** -.17 -1.46 .15 -.24 -2.07 .04**

Disponibilidade Andar a Pé .56 18.15 1.75 .00*** .06 .60 .55 .20 1.99 .05**

Tamanho do efeito Na F (5,109) = 3.24, p = 0.01, R2=0.24.

R2 = 0.15; R2 ajustado = 0.08.

F (5,110) = 5.9, p = 0.00, R2=0.2.

R2 = 0.27; R2 ajustado = 0.2.

Experiência e Identificação

Transportes Colectivos .31 1.44 1.36 .23 -.21 -2.16 .03** -.11 -1.14 .26

Esforço físico Transportes

Individuais .10 .22 1.11 .64 .24 2.58 .01** .12 1.33 .19

Custo Transportes Leves .31 1.26 1.37 .26 .14 1.37 .18 .20 1.86 .07***

Tamanho do efeito Cox & Snell R2 = 0.3

Nagelkerke R2 = 0.39

F (17,92) = 2.19, p = 0.01, R2=0.24.

R2 = 0.4; R2 ajustado = 0.22.

F (17,93) = 1.09, p = 0.37, R2=0.12.

R2 = 0.39; R2 ajustado = 0.22.

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Notas: *. p < 0.08, **. p < 0.05, ***. p < 0.01.

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Consequentes

Através do estudo correlacional com o coeficiente de correlação linear de

Pearson, verificaram-se resultados significativos para diferentes medidas dependentes

em todos os transportes, embora não para todas variáveis que foram selecionadas para

consequentes (adição, identidade de lugar - local de residência/local de trabalho ou

escola –, qualidade ambiental - local de residência/local de trabalho ou escola –,

autocuidado e saúde mental). De facto, uma vez que os dados relativos à adição ao

álcool e à adição de substâncias lícitas prescritas não estabeleceram relações

significativas com o uso de transportes, foram excluídas da análise.

Assim sendo, constatou-se que no automóvel existe uma relação negativa fraca

entre a proporção de Kms e adição ao café (r=.209, p <0.05); uma relação positiva

muito fraca entre a proporção de Kms e a identidade de lugar do local de residência

(r=.193, p <0.05); uma relação negativa fraca entre a proporção de Kms e a identidade

de lugar do local onde os indivíduos estudam ou trabalham (r=.309, p <0.01) e também

uma relação negativa fraca entre esta variável independente e a proporção de tempo

(r=.347, p <0.01). Verificou-se ainda uma relação positiva muito fraca entre o uso do

automóvel e a identidade de lugar do local de residência (r=.163, p <0.01), uma relação

negativa muito fraca entre a proporção de Kms e o autocuidado (r=.161, p <0.08) e uma

relação negativa muito fraca entre a proporção de tempo e o autocuidado (r=.171, p

<0.08).

No caso do autocarro verificou-se uma relação negativa fraca entre a proporção

de Kms percorridos e a adição ao café (r=.245, p <0.08) e uma relação negativa fraca

entre a proporção de tempo e a adição ao café (r=.222, p <0.08).

Para o comboio foi encontrada uma relação negativa moderada entre a

proporção de Kms e adição ao tabaco (r= -.414, p <0.05) e uma relação positiva muito

fraca entre o uso do transporte e a identidade de lugar do local de trabalho/escola

(r=.168, p <0.01).

Já para o caso do transporte colectivo do metro foram verificadas uma relação

positiva muito fraca entre o uso do transporte e a identidade de lugar no local de

trabalho ou escola (r=.162, p <0.01), uma relação negativa fraca entre a proporção de

Kms e a qualidade ambiental do local de residência (r=-.211, p <0.05) e uma relação

positiva muito fraca entre a proporção de tempo e a qualidade ambiental do local de

trabalho (r=.176, p <0.08).

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A bicicleta foi o transporte em que se constataram mais relações significativas.

O uso do transporte obteve uma relação positiva fraca com a adição ao tabaco (r=.229, p

<0.01), uma relação negativa muito fraca com a adição ao café (r= -.160, p <0.05), uma

relação negativa muito fraca com a qualidade ambiental do local de residência (r= -.123,

p <0.05), uma relação positiva fraca com o autocuidado (r=.229, p <0.01) e uma relação

positiva muito fraca com a saúde mental (r=.166, p <0.01). Verificou-se com a

proporção de Kms uma relação negativa fraca com a qualidade ambiental do local de

residência (r= -.289, p <0.05), uma relação positiva moderada com o autocuidado

(r=.421, p <0,01) e uma relação com a saúde mental (r=.288, p <0.05). Por fim,

encontrou-se uma relação positiva fraca entre a proporção de tempo e o autocuidado

(r=.308, p <0.05).

As deslocações pedonais obtiveram duas relações significativas. Verificou-se

uma relação negativa muito fraca com a saúde mental (r= -.139, p <0.05) e uma relação

negativa muito fraca com a satisfação com a vida (r= -.181, p <0.01).

De alguma forma, os resultados através do número de correlações significativas

sugerem que a medida do uso relaciona melhor os resultados das correlações para os

meios de transporte leves do que para os outros transportes. Já as medidas de proporção

parecem relacionar melhor os resultados das variáveis independentes com os transportes

colectivos e individual. Em relação aos transportes individualmente, aqueles que estão

associados a piores resultados nos consequentes são o andar a pé, o autocarro e o

comboio, cada um com apenas duas relações significativas, embora o andar a pé tenha

relações significativas mais fracas. Já o transporte que esteve associado a melhores

resultados foi a bicicleta.

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Tabela 13

Análise correlacional de consequentes em relação às medidas dependentes de todos os meios de transporte considerados na amostra

Automóvel Autocarro Comboio Metro Bicicleta Andar a pé

1a 2b 3c 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3

1. Adição (Tabaco) -.414** .229***

2. Adição (Café) .209** -.245* -.222* -.160**

3. Identidade de

lugar

(Local de

residência)

.193**

4. Identidade de

lugar

(Local de trabalho

ou escola)

-

.309***

-

.347*** .168*** .162***

5. Qualidade

ambiental

(Local de

residência)

.163*** -.211** -.123**

6. Qualidade

ambiental

(Local de trabalho

ou escola)

.176* -.289**

7. Autocuidado -.161* -.171* .229*** .421*** .308**

8. Saúde mental .166*** .288** -.139**

9. Satisfação com a

vida

-

.181***

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Notas: *. p < 0.08, **. p < 0.05, ***. p < 0.01.

a. O valor 1 corresponde à medida de uso/não uso dos transportes.

b. O valor 2 corresponde à medida de proporção de distância (Kms).

c. O valor 3 corresponde à medida de proporção de tempo (minutos).

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IV. Discussão

Implicações do estudo

Pode-se considerar que os objetivos deste estudo foram alcançados, no entanto,

há que fazer considerações sobre determinados resultados. Em primeiro lugar, uma

reflexão sobre a diferença nas medidas de distância percecionada pelo indivíduo e a

estimativa de distância real que não teve diferenças acentuadas, com uma média muito

próxima de zero. Conclui-se assim, que a maioria dos indivíduos consegue fazer uma

estimativa muito próxima do real, que acabou por ser benéfico para a operacionalização

das medidas dependentes. Uma das possíveis explicações para estes dados, prendem-se

com o tipo da tarefa, uma vez que era pedido para os indivíduos fazerem uma repartição

do seu tempo por meio de transporte. Isto obrigava a que estes ganhassem consciência

do tempo e da distância que seriam necessários para as deslocações e que fizessem uma

estimativa mais confiável das características do percurso. É claro que em estudos de

escolha modal em que se considera apenas um dos transportes será mais difícil

considerar os meios de transporte de forma integrada, por isso esta noção de

intermodalidade e de considerar as deslocações como integradas ou complementares e

não independentes entre si torna-se uma necessidade para uma maior compreensão do

fenómeno (Gebhardt et al., 2016; Jones, 2000).

Tal como se pôde verificar, as medidas de proporção e a medida de proporção

vieram a mostrar-se ambas medidas com bom poder preditivo para as variáveis, em que

demonstram valores consideráveis de tamanho do efeito, para além de serem

semelhantes quando falamos de contribuições para os modelos. Este resultado implica

que exista apoio à expectativa que foi colocada sobre a capacidade informativa da

medida da proporção de distância e de tempo, mas reservas quanto a considerá-la como

mais informativa do que ao uso/não uso dos transportes.

Outro ponto relevante é o peso do modelo das variáveis psicossociais em relação

aos meios de transporte que estão a ser estudados, particularmente na utilização do

automóvel e da bicicleta. No primeiro caso, a relevância da disponibilidade quase a par

com as variáveis psicossociais, mas também o menor poder preditivo das variáveis

sócio económicas. Este resultado relativo às variáveis socioeconómicas também pode

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ser explicado pelas características da amostra, uma vez que pode haver uma maior

associação com a perda de mobilidade devido a variáveis socioeconómicas quando esta

diminui para indivíduos com menor capacidade económica e em maior vulnerabilidade

social, o que não era o caso (Sousa, 2005). No segundo caso, a expressão do poder

preditivo das variáveis psicossociais enquanto bons preditores da utilização dos meios

de transporte. Quanto aos outros transportes estas diferenças não foram tão acentuadas,

muito embora as variáveis psicossociais tenham em geral mais expressão do que as

variáveis sócio económicas, disponibilidade e perceção de tempo. No entanto foram

encontradas dificuldades em relação aos transportes coletivos, particularmente nos

modelos relativos ao comboio e autocarro. É importante colocar possíveis hipóteses

para a dificuldade encontrada nestes transportes específicos. Uma delas e talvez menos

satisfatória, embora mais fácil de testar é a de que a amostra não tenha sido

suficientemente representativa de cada um destes transportes. Outra das hipóteses será a

de que, depois de ponderarem a utilização dos transportes individuais e leves, os

indivíduos acabem por escolher os transportes colectivos por uma questão de

inevitabilidade, ao excluírem as restantes opções. Se for este o caso, torna-se

fundamental perceber as interações entre os meios de transporte e de que forma se pode

controlar a utilização do automóvel, por exemplo. Também por esta razão, os dados

reportados podem ser de especial importância.

Relativamente às regressões logísticas realizadas sobre a utilização ou não

utilização dos transportes pode-se verificar que todos os transportes revelaram que os

modelos se adequavam para fazer a predição, especialmente no caso do metro e da

bicicleta, o que já se esperava tendo em conta outros estudos (Thérèse et al., 2009).

No automóvel, as medidas de proporcionalidade sobre a distância percorrida e o

tempo utilizado que correspondem ao grau de utilização desse transporte em relação a

outros disponíveis tem mais poder explicativo do que a medida de uso/ não uso,

situação já referida anteriormente. A nível conceptual verificamos que a utilização do

automóvel é muito sensível à disponibilidade, tanto positivamente para a

disponibilidade da utilização do automóvel, como negativamente para a disponibilidade

dos outros transportes (particularmente os colectivos), muito embora os melhores

resultados sejam sempre com o modelo a incluir as variáveis psicossociais. Neste meio

de transporte podemos assim verificar que a 2ª hipótese do estudo é confirmada.

Podemos encontrar duas justificações para este resultado: dispor de um automóvel é

essencial para a sua utilização e a indisponibilidade dos outros transportes facilita esta

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utilização; ou a falta de disponibilidade surge como forma de compensar os aspetos

negativos relacionados com esta utilização. De facto, a posse de automóvel, que pode

também ser relacionada com a acessibilidade ao automóvel e com a posse de carta de

condução, outro dos preditores encontrados, é frequentemente apresentado enquanto

resultado em estudos de escolha modal. Estes resultados mais uma vez confirmam as

políticas de mobilidade urbana e de ordenamento do território que vão no sentido de

condicionar o uso do transporte individual por parte dos utilizadores e aumentar a

disponibilidade dos transportes coletivos (Palma-Oliveira, 2004; Thérèse et., 2009;

Silva, 2013).

Neste meio de transporte risco atribuído aos transportes colectivos e dos

transportes leves enquanto preditor pode ser mais uma vez, uma forma que os

indivíduos têm de explicar a sua utilização deste meio de transporte. Também a

previsibilidade dos transportes leves foi considerado um preditor, o que nos pode dizer

que apesar dos transportes leves serem previsíveis, isso pode não significar um

benefício para estes mesmos transportes, logo levarem ao aumento da utilização do

automóvel. Em relação à relação negativa entre a proporção de quilómetros/ tempo na

deslocação e o risco e benefícios dos transportes leves, pode ser um efeito de

experiência para curtas distâncias e de interação entre modos. Outro dos resultados

encontrados, mas que não apresenta grandes surpresas é a situação profissional de

estudante que, no caso deste meio de transporte, pode relacionar-se com um reduzido

poder económico por parte destes indivíduos para fazer face aos custos da compra do

automóvel, portanto reduzir a proporção de distância e de tempo para esse mesmo meio.

Para além de que preferem outros dos meios disponíveis como no caso da bicicleta, com

a qual este preditor tem uma relação positiva. Em relação aos custos é particularmente

curioso o resultado dos custos dos transportes colectivos que nos dizem que apesar do

uso do transporte ser predito por custos mais reduzidos (item corresponde a “É mais

barato”) na percepção sobre os transportes colectivos, a proporção de Kms e de tempo

são preditos negativamente por estes custos. Ou seja, os custos mais reduzidos vão

diminuir a proporção de Kms e de tempo no automóvel, segundo a percepção dos

transportes coletivos. Este resultado pode sugerir a interpretação de que efetivamente o

preço não reforça os utilizadores de transporte individual ao uso de transportes

colectivos, devido aos preços reduzidos. Isto pode ser uma consequência de um

estereótipo de cariz socioeconómico em que os utilizadores dos transportes coletivos

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sejam percecionados como mais carenciados e esta não seja uma percepção clara para

os utilizadores dos transportes individuais.

No caso dos transportes colectivos, estes tiveram uma reação muito diferente em

relação ao modelo, o que pode ter a ver com as especificidades entre si, e mesmo dentro

do público-alvo. Em relação aos resultados relativos ao metro, o único meio de

transporte coletivo que acabou por ser contemplado nos resultados deste estudo devido

a questão amostrais e metodológicas, parece sugerir um efeito de interação entre os

transportes utilizados, devido aos seus preditores como é o caso da experiência e dos

benefícios dos transportes individuais que predizem a proporção de quilómetros

percorridos deste meio de transporte. Já a perceção de tempo é preditor tanto da

proporção de quilómetros da deslocação como a proporção de tempo despendido, sendo

que a relação é negativa, o que faz sentido sendo que o tempo de espera é um dos

aspetos que deixa os indivíduos mais insatisfeitos com o serviço neste momento. O

custo dos transportes individuais prediz negativamente a proporção de quilómetros e de

tempo neste meio de transporte, ao mesmo tempo que o custo dos transportes colectivos

prediz a proporção de tempo gasto. Estes valores indicam que o custo é uma das

principais razões para a utilização deste meio de transporte, o que está de acordo com a

literatura (Palma-Oliveira, 2004).

A bicicleta foi um dos transportes que pareceu responder de forma muito

expressiva aos modelos particularmente às variáveis psicossociais. Esta é uma reflexão

particularmente pertinente, nomeadamente para proporcionar medidas efetivas para uma

mobilidade urbana sustentável. Apesar dos resultados demonstrarem que ser estudante,

o nível de escolaridade e que uma maior disponibilidade para os transportes coletivos e

menor disponibilidade para andar a pé predizem o comportamento de utilização da

bicicleta, os preditores psicossociais merecem destaque. A relação negativa entre a

previsibilidade dos transportes individuais e a utilização deste meio de transporte parece

ser um preditor compreensível, consequência da necessidade de uma maior percepção

de controlo, como demonstrado pela relação positiva do preditor da previsibilidade dos

transportes leves.

Os resultados das deslocações pedonais sugerem também uma melhor resposta

às variáveis psicossociais. O maior risco associado aos transportes coletivos e um menor

risco associado aos transportes leves é um resultado interessante relativamente aos

preditores de distância e proporção de quilómetros das deslocações pedonais. Também a

experiência dos transportes leves prediz a distância das deslocações e a relação negativa

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da previsibilidade dos transportes leves poderá ser exatamente consequência desta

mesma experiência. A perceção de tempo que prediz negativamente a proporção de

quilómetros e proporção de tempo despendidos na deslocação é um resultado esperado,

uma vez que quando um indivíduo perceciona que a deslocação demora menos tempo

está disposto a percorrer mais quilómetros e em mais tempo. Estes resultados em

relação às deslocações pedonais podem realmente significar que estas estão a ser

subestimada como defende Olvera e colaboradores (2016).

Os resultados relativos ao preditor dos benefícios dos transportes individuais

relativamente à proporção de Kms do uso do metro e da proporção de distância e de

tempo do uso da bicicleta foram particularmente curiosos, mas ao qual se sugere que

este se deva a possíveis efeitos de contágio dos benefícios do automóvel para estes

transportes. Possíveis melhorias que se podem considerar como benefícios tais como a

criação e manutenção de vias rodoviárias e de acessibilidades podem facilitar a

utilização destes meios de transporte, aumentando possivelmente o conforto e a

segurança (Providelo & Sanches, 2011).

Embora fosse esperada uma maior expressão por parte dos consequentes à

utilização dos diferentes meios de transporte, pode-se verificar que os valores médios

destes podem ter tido uma influência nestes resultados. Uma vez que a amostra tinha

níveis médios de saúde mental, satisfação com a vida e autocuidado, pode ser que os

efeitos não tenham sido mais acentuados devido a uma amostra homogénea a este nível.

Em relação à hipótese de que os consequentes iriam ter respostas mais sensíveis às

medidas de proporção do que ao uso de transportes, os resultados sugerem-no, através

do número de relações e da força das relações desta última medida. Todas as relações

medidas pela medida do uso foram fracas ou muito fracas, comparando com as medidas

das proporções. As proporções, no entanto, apesar de parecerem uma medida mais

efectiva, também não foram além de relações moderadas. Os resultados também

sugerem que as medidas sejam sensíveis ao tipo de transporte, em que a medida do uso

tem mais relações com os transportes leves e as medidas das proporções são mais

sensíveis aos transportes individual e coletivo. Estes são assim sugestivos de uma

interpretação direcionada para a maior variabilidade da distância e do tempo

relacionados com os transportes individuais e colectivos.

Em relação ao automóvel verificou-se que as proporções tinham relações

negativas muito fracas com o autocuidado, o que expressa que apesar de essa relação ser

muito superficial os hábitos diários dos indivíduos podem estar a influenciar a decisão

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que estes tomam sobre as suas escolhas de mobilidade. De salientar também o facto de

não existirem relações entre o uso do automóvel e as medidas de proporção com a saúde

mental e com a satisfação com a vida.

Existem estudos que sugerem a existência da influência do ambiente externo e

das condições ambientais à utilização de determinados transportes (Chen & Chang,

2015), pelo que procurou-se verificar qual seria a relação entre a qualidade ambiental e

a identidade de lugar ao local de residência e ao local de trabalho ou escola dos

indivíduos. Apenas o automóvel, o comboio, o metro e a bicicleta foram sensíveis a

estas variáveis.

Na bicicleta, encontrou-se uma relação fraca negativa na proporção de

quilómetros percorridos e a qualidade ambiental do local de residência e uma relação

positiva moderada com a qualidade ambiental do local de trabalho ou escola. Isto pode

querer significar que os indivíduos valorizam mais andar de bicicleta, quando o local de

emprego ou escola tem uma maior qualidade ambiental, no entanto, parecer haver uma

relação contrária quando é no local de residência.

Os resultados em relação à saúde mental e ao autocuidado foram também, de

alguma forma, surpreendentes. Era esperada uma maior expressão na saúde mental, mas

talvez seja um reflexo dos níveis geralmente adequados de bem-estar psicológico da

amostra inquirida. No entanto, este consequente teve relações positivas com a utilização

da bicicleta (contrariando os resultados de Humphreys e colaboradores (2013) que

apenas encontraram evidências relativas ao bem-estar físico dos indivíduos que

utilizavam a bicicleta e as deslocações pedonais, mas não do bem-estar psicológico, mas

concordantes com Heinen e colaboradores (2011)) e negativos com o andar a pé. Este

resultado negativo pode significar que exista uma relação com o andar a pé e o mal-

estar psicológico. O valor apresentado pode também estar a resultar de uma interação

com outras variáveis, neste caso poderia ser com a condição financeira. Este pode criar

um constrangimento à escolha do indivíduo. Já o resultado relativo ao autocuidado foi

de encontro ao esperado, com relações negativas com a utilização de automóvel, ainda

que muito fracas, mas com relações positivas fracas a moderadas nas variáveis

dependentes respeitantes à utilização de bicicleta.

É também curioso verificar a estrutura gráfica da tabela que sugere que enquanto

os consequentes da adição estão dispersos pelos meios de transporte, as variáveis

relativas ao ambiente envolvente como a qualidade ambiental e a identidade de lugar

estão mais relacionadas com transportes individuais e coletivos; sendo que as variáveis

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indicadoras de qualidade de vida e saúde mental estão mais relacionadas com os meios

de transporte leves.

Limitações e estudos futuros

Apesar dos resultados favoráveis à resposta ao fenómeno da mobilidade urbana

e à preferência por um determinado transporte, existem limitações a certos níveis que

faz sentido discutir. A maior limitação que está associada ao presente estudo

exploratório tem a ver com a utilização de uma metodologia abrangente que pode levar

à interação de muitas das variáveis que estão a ser propostas. Uma das evidências do

impacto destas interações, pode ser a relação negativa da deslocação pedonal com a

saúde mental, em que estas podem estar condicionadas às utilizações porque estas são

exigidas, ao invés de ser uma escolha independente de constrangimentos. Assim sendo,

seria conveniente identificar quais são estas interações, para perceber de que forma é

que se podem reduzir os custos ou efeitos que estas possam ter entre si. Isto só é

possível com um estudo mais aprofundado e isolado a estas mesmas variáveis.

Outra das grandes limitações deste estudo envolve a falta de maturação teórica

de algumas das variáveis dependentes. Aprofundar e testar repetidamente uma variável

é profundamente necessário quando se pretende estudar um fenómeno tão complexo que

se requer a máxima atenção em relação à metodologia utilizada para garantir resultados

que demonstrem a sua realidade.

Um dos aspetos que pode ter de alguma forma ter limitado uma compreensão

mais holística sobre o estudo das medidas dependentes foi a não utilização das medidas

efetivas de distância e de tempo. Esta foi uma escolha metodológica, pois apesar de se

terem obtido resultados relativos a estas medidas que iam de encontro aos resultados

encontrados nas medidas de proporção de tempo e proporção de distância, preferiu-se

por razões de dimensão amostral não se considerarem estas medidas neste estudo

exploratório. Desta forma, considera-se pertinente uma visão comparativa dos

resultados, mas que tenha em conta as variáveis que foram revistas no presente estudo.

Outra questão metodológica, que pode ter influenciado os resultados, tem a ver com a

implicação da utilização da medida uso/não uso sem a frequência da utilização, uma vez

que inclui os resultados dos sujeitos que utilizam pouco o transporte e pode diminuir a

sensibilidade da medida.

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Aconselha-se ainda que todas sejam medidas complementares para um melhor

aprofundamento do fenómeno, uma vez que a adequação do modelo para com as

especificidades de cada transporte podem ter potencializadas com o estudo separado de

cada conjunto dos preditores, em particular a disponibilidade. Seria ainda importante

considerar uma amostra mais alargada para estudos futuros para não condicionar

resultados, particularmente devido ao número de variáveis e à complexidade

demonstrada por estas, mesmo que se chame à atenção para a expressividade destes

resultados tendo em conta a amostra utilizada, principalmente em relação aos meios de

transporte leves (em concreto, a bicicleta).

Relativamente aos consequentes, também revelam um nível de complexidade

elevado, e tendo em conta que é um estudo exploratório, esta passa por apenas uma

leitura superficial dos dados encontrados. Com vista a aumentar as evidências empíricas

de que os meios de transporte leves estão mais relacionados com variáveis de saúde

mental e qualidade de vida, bem como os transportes individuais e coletivos estão mais

relacionados com variáveis que envolvem a qualidade ambiental e identidade de lugar

sugere-se um estudo mais aprofundado em separado destas variáveis. Ainda em relação

aos consequentes será pertinente deixar uma nota relativa aos resultados da adição que

podem não ter sido tão representativos devido aos baixos níveis de consumo que foram

assumidos pelos utilizadores. Estes resultados foram então influenciados por

características da amostra, mas sugerem já evidências de que é pertinente estudar este

tema com mais profundidade.

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V. Conclusão

É possível que os resultados deste estudo exploratório tragam uma nova visão à

investigação da mobilidade urbana e dos transportes, particularmente neste caso

português. Primeiro, os dados demonstram a relevância metodológica de medidas de

proporcionalidade da distância e do tempo associados às deslocações pendulares.

Segundo, os dados revelam a importância de incluir uma dimensão psicossocial na

compreensão dos fenómenos da mobilidade. Por fim, ficam por explorar modelos

parcelares mais simples mas que permitam estudar a interação nas variáveis na forma

como explicam a utilização dos transportes como medidas pelas variáveis de proporção

de tempo e de distâncias propostas. Este será um campo de exploração futura para este

projecto.

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Anexos

Anexo A. Modelo Agregador de Medidas

Índice

1. Preditores

1.1. Variáveis Sócio Económicas;

1.2. Hábitos e Consumos;

1.3. Variáveis de Mobilidade;

1.3.1. Perceção de Distância e de Tempo;

1.3.2. Comute;

1.3.3. Condições.

1.4. Variáveis Psicossociais;

1.4.1. Perceções sobre os diferentes meios de transporte;

a) Previsibilidade dos serviços;

b) Atitudes e crenças;

1.4.2. Identificação Social.

2. Variáveis Dependentes de Mobilidade Urbana

2.1. Frequência de utilização de Meios de Transporte;

2.2. Tempo de utilização de Meios de Transporte;

2.3. Distância percorrida em Meios de Transporte.

3. Consequentes

3.1. Qualidade de Vida;

3.2. Satisfação profissional;

3.3. Perceções sobre o bairro (de residência/ de trabalho);

3.3.1. Identidade;

3.3.2. Qualidade Ambiental;

3.4. Intenção de utilização;

3.5. Saúde mental.

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1. Preditores

1.1. Variáveis Socioeconómicas

Nome Variáveis Socioeconómicas

Descrição Variáveis socioeconómicas dizem respeito a características

básicas dos indivíduos (e.g. sexo, idade, situação económica)

que ilustram as suas pertenças grupais fundamentais e a sua

situação pessoal e quotidiana, de modo a se poder conhecer a

amostra inquirida.

Itens/ Medidas • Sexo: Indique o seu género: masculino, feminino,

outro;

• Idade: Em que ano nasceu?

• Estado civil: Diga-me, por favor, qual das seguintes

situações se aplica melhor ao seu estado civil legal?

Solteiro;

Casado(a) / União de facto / A viver com

companheiro(a);

Separado(a) / Divorciado (a)/ União civil dissolvida/

Viúvo;

• Condição face ao trabalho: Quais das seguintes

situações melhor se aplica à sua situação? (escolha

múltipla)

A fazer trabalho pago,

Desempregado,

Em situação de reforma,

Em situação de doença,

Em situação de incapacidade/invalidez permanente,

(Outra) / (Recusa) / (Não sabe).

• Composição do agregado familiar:

Quantos dependentes é que tem a cargo (e.g., filhos,

familiares) (questão aberta);

Qual a idade do dependente mais novo que tem a cargo?

(questão aberta, em anos)

• Perceção sobre a remuneração de trabalho actual:

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81

Permite viver confortavelmente;

Dá para viver;

É difícil viver;

É muito difícil viver.

• Escolaridade:

Indique o número de anos de escolaridade completa.

Referências

Bibliográficas

Adaptado de ESS Round 7: European Social Survey Round 7

Data (2014). Data file edition 1.0. Norwegian Social

Science Data Services, Norway – Data Archive and

distributor of ESS data for ESS ERIC.

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1.2. Hábitos e consumos

Nome Hábitos e consumos

Descrição Variáveis que avaliam dimensões relativas a escolhas do

indivíduo, relativamente a hábitos e consumos que possam

estar relacionados com a sua escolha de transporte para

mobilidade.

Itens/ Medidas 1 – Como considera o seu estilo de vida (Pouco satisfatório –

muito satisfatório):

1.1. O meu estilo de vida corresponde ao meu ideal;

1.2. Estou satisfeito com o meu estilo de vida;

1.3. Considero o meu estilo de vida adequado;

1.4. O meu estilo de vida contribui para a minha

felicidade;

1.5. Se pudesse alteraria o meu estilo de vida.

2 – Em que medida considera a sua vida nos diversos

aspectos abaixo indicados:

2.1. Relação com a família;

2.2. Relações com os seus colegas de trabalho;

2.3. Relações com os seus amigos.

3 – Como considera a frequência do seu consumo nas

substâncias abaixo indicadas (Não consumo – Consumo

muito frequentemente)? +

3.1. Consumo de Tabaco;

3.2. Consumo de álcool;

3.3. Consumo de café;

3.4. Consumo de medicamentos (Auto-medicação ou

prescritos);

3.5. Consumo substâncias psicoactivas ilícitas (e.g.,

haxixe, cocaína).

4 – Em que medida se considera satisfeito nas seguintes

áreas (Pouco satisfatório – muito satisfatório)?

4.1. Distância da sua casa ao seu trabalho de trabalho;

4.2. Práticas de condução;

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4.3. Número de horas de sono; *

4.4. Hábitos alimentares; *

4.5. Prática de exercício físico; *

4.6. Os momentos de lazer e pausa planeados e

regulares. +

Referências

Bibliográficas

Pacheco, J. E. P. (2005). Burnout e estilos de vida em

profissionais de saúde (Universidade do Algarve).

Notas * Itens utilizados

+ Itens ou sub-escalas adaptadas

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1.3. Variáveis de Mobilidade

Nome Variáveis de Mobilidade

Descrição Variáveis que dizem respeito à forma como os indivíduos

percepcionam as suas deslocações de forma efectiva.

Medidas/Itens 1.3.1. Perceções

Perceção de Distância

• Quantos quilómetros que percorre no seu comute diário?

• Como qualifica a distância que percorre no seu comute diário:

Perceção de Tempo

• Quanto tempo acha que percorre na sua utilização diária? Dê

uma estimativa em minutos;

• Como qualifica o tempo do seu comute diário;

1.3.2. Comute

• Descrição do comute típico (localidades) em relação à

distância total diária percorrida.

1.3.3. Condições

Variáveis que determinam o uso de transportes

• Tem alguma condição de saúde ou teve alguma experiência

que o condicione na utilização de diferentes meios de

transporte?

Disponibilidade para utilização

• Em que grau tem disponível, os seguintes transportes, nas suas

deslocações diárias?

Referências

Bibliográficas

Heinen, E., Maat, K., & Van Wee, B. (2011). The role of attitudes

toward characteristics of bicycle commuting on the choice to

cycle to work over various distances. Transportation Research

Part D: Transport and Environment, 16(2), 102–109.

//doi.org/10.1016/j.trd.2010.08.010

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1.4. Variáveis Psicossociais

Nome Variáveis Psicossociais

Descrição Variáveis psicológicas e sociais que possam explicar a

percepção em relação à escolha de diferentes meios de

transporte.

Itens/ Medidas 1.4.1. Perceções sobre a utilização do meio de

mobilidade no trajeto diário (por

transporte)

a) Previsibilidade no serviço de transportes (ideias

de itens)

1. Tenho a certeza de que este transporte percorre

sempre a mesma distância.

2. Tenho a certeza de que este transporte demora

sempre o mesmo tempo a percorrer o trajeto

escolhido.*

3. Tenho a certeza de que os custos do transporte

são sempre os mesmos.*

4. Sei que este transporte chega sempre à mesma

hora.

5. Sei que este transporte faz o mesmo percurso

todos os dias.

6. Tenho a certeza de que tenho disponível este

transporte.*

b) Atitudes e crenças (adaptado de atitudes e crenças

relativas à utilização da bicicleta)

Itens:

1. A sua utilização melhora o meio ambiente;*

(ambiente)

2. A sua utilização traz benefício para saúde; * (saúde)

3. Este transporte é barato; * (financeira)

4. A sua utilização dá-me uma sensação de

independência; * (independência)

5. É fácil de estacionar no local de

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trabalho/casa/escola;* (facilidade de utilização)

6. Andar de (…) é divertido;* (prazer)

7. Se eu usar (…) vou gastar menos tempo no

percurso;* (tempo)

8. Andar de (…) traz prestígio para a minha imagem;*

9. Andar de (…) exige muito esforço físico;* (esforço)

10. Se andar de (…) posso ter um acidente; + (perigo)

11. Se andar de (…) posso ser assaltado. (perigo)

Numa escala de 1 a 5, em que 5 será “totalmente adequada”

e 1 “totalmente desadequada”, diga como se adequam estas

afirmações a cada um dos meios de transporte apresentados

abaixo:

Escala de Likert de 5 pontos:

“Totalmente adequada” (5 pontos) a “Totalmente

desadequada” (1 ponto)

Referências

Bibliográficas

Sousa, A. A. de, Sanches, S. da, P., Ferreira, M. A. G.

(2013). Atitudes Com Relação Ao Uso Da Bicicleta –

Um Estudo Piloto.

Providelo, K. J., Sanches, P. S. de (2010). Análise Fatorial

Da Percepção Sobre O Uso Da Bicicleta. 4o Congresso

Para O Planeamento Urbano, Regional, Integrado e

Sustentável, 10.

Notas * Itens utilizados

+ Itens ou sub-escalas adaptadas

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1.4.2. Identificação Social

Nome Identificação Social

Descrição Identidade social é a parte da identidade do indivíduo que decorre das

suas pertenças a grupos e do valor que este atribui a essas pertenças. A

identificação é a magnitude de uma determinada identidade para o

indivíduo. O que se pretende é medir a identificação dos indivíduos

com os utilizadores dos diferentes meios de transporte.

Medidas/Itens Versão adaptada da Escala de Cameron (2004) utilizando 1 item de

cada componente:

“De uma forma geral ser utilizador deste meio de transporte é uma

parte importante da minha identidade” *

“Geralmente sinto-me bem, quando penso em mim como utilizador

deste meio de transporte” *

“Eu sinto fortes laços de ligação com utilização deste meio de

transporte”

Todos os itens respondidos numa escala de 1 (Discordo Totalmente) a

6 (Concordo Totalmente)

3 Dimensões em Análise Fatorial: (1) Cognitive centrality, 2) Ingroup

ties e 3) Ingroup Affect)

Referências

Bibliográficas

Cameron, J. E. (2004). A three-factor model of social identity. Self and

identity, 3(3), 239-262.

Notas * Itens utilizados

+ Itens ou sub-escalas adaptadas

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2. Medidas de Mobilidade Urbana (Variáveis Dependentes)

Nome Variáveis de Mobilidade Urbana Descrição

Variáveis que medem características de mobilidade

urbana que se podem utilizar para perceber qual é a

intensidade e a escolha dos indivíduos nas suas

deslocações diárias. Medidas/Itens “Com as perguntas que se seguem pretendemos

conhecer os meios de transporte que habitualmente

utiliza num dia típico de semana.”

Frequência de utilização de meios de transporte

(deslocações)

“Considerando as deslocações que faz num dia típico de

semana, qual a frequência com que utiliza cada um dos

transportes seguintes:”

Percentagem de tempo nas deslocações:

“Considerando as deslocações que faz num dia típico de

semana, qual a percentagem de tempo que passa em cada

um dos meios de transporte seguintes:”

Percentagem de distância percorrida nas deslocações:

“Agora, considerando as deslocações que faz num dia

típico de semana, qual a percentagem de distância que

percorre em cada um dos transportes seguintes:”

Transportes:

• Transporte privado (condutor/passageiro);

• Transporte público (comboios);

• Transporte público (autocarro);

• Transporte público (metro);

• Transporte leve (bicicleta/eléctrico);

• Transporte leve (a pé).

Referências Bibliográficas Jakobsson, C., Fuji, S., Gärling, T. (2002).

Effects of economic disincentives on private car

use. Transportation, vol. 29, pp. 349-370.

Mantas, A. I. J. S. (2015).

Representações e Práticas em torno da Deslocação

Pedonal e Velocipédica em Portugal, (I).

Marques da Costa, N. (2007). Mobilidade e Transporte

em Áreas Urbanas, O caso da Área Metropolitana

de Lisboa. Departamento de Geografia,

Faculdade de Letras de Lisboa, PhD, 585.

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89

Seabra, M. I. C., Pinheiro, A. S. M., Marcelino, C. T.,

Costa, M., & Bento, S. P. (2012). CICLANDO -

Plano de Promoção da Bicicleta e de Outros

Modos Suaves, 1.

doi.org/10.1017/CBO9781107415324.004

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3. Consequentes

3.1. Qualidade de vida

Nome Qualidade de Vida

Descrição Variáveis que avaliam dimensões relativas a escolhas que o

indivíduo faz em interacção social, nos diferentes núcleos a

que pertence

Itens/ Medidas • 1. Como avalia a sua qualidade de vida? [How would

you rate your quality of life?] (Geral) *

• 2. Até que ponto está satisfeito(a) com a sua saúde?

[How satisfied are you with your health?] (Saúde) *

• 3. Tem energia suficiente para a sua vida diária? [Do

you have enough energy for everyday life?]

• 4. Até que ponto está satisfeito(a) com a sua

capacidade para desempenhar as actividades do seu

dia-a-dia? [How satisfied are you with your ability to

perform your daily living activities?] (Actividades) *

• 5. Até que ponto está satisfeito(a) consigo próprio(a)?

[How satisfied are you with yourself?] (Autoestima)

*

• 6. Até que ponto está satisfeito(a) com as suas

relações pessoais? [How satisfied are you with your

personal relationships?] (Relações)*

• 7. Tem dinheiro suficiente para satisfazer as suas

necessidades? [Have you enough money to meet your

needs?]

• 8. Até que ponto está satisfeito(a) com as condições

do lugar em que vive? [How satisfied are you with

the conditions of your living place?]

Referências

Bibliográficas

Pereira, M., Melo, C., Gameiro, S., & Canavarro, M. C.

(2011). Estudos psicométricos da versão em Português

Europeu do índice de qualidade de vida EUROHIS-

QOL-8. Laboratório de Psicologia, 9, 109-123.

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Notas * Itens utilizados

+ Itens ou sub-escalas adaptadas

3.2. Satisfação profissional

Nome Satisfação profissional

Descrição Satisfação profissional é a atitude geral da pessoa face ao seu

trabalho e pode ser uma das variáveis consequentes que

podem ser afectadas pela utilização de diferentes meios de

transporte.

Itens/ Medidas Um dos itens é baseado no Questionário de Satisfação

Laboral de Meliá e Peiró (1989).

• Em geral, qual o seu grau de satisfação ou

insatisfação com o seu trabalho?

Referências

Bibliográficas

Meliá, J. & Peiró, J. (1989). La medida de satisfacción

laboral en contextos organizacionales: El Cuestionario

de satisfacción S20/23. Psicologemas, 5, 59-74

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92

3.3. Perceções sobre o bairro (Residência/Trabalho)

3.3.1. Identidade

Nome

Escala PCA 12

Descrição

Escala que tenta perceber qual é a perceção dos

indivíduos em relação ao bairro em que vivem e o

grau de comprometimento em relação a este.

Medidas/Itens

• This is the ideal neighbourhood for me

(Este é o bairro ideal para mim);

• I would willingly live in another

neighbourhood

(Eu iria facilmente viver para outro

bairro); *

• This neighbourhood is part of me

(Este bairro é parte de mim); *

• It would be very hard for me to leave this

neighbourhood

(Seria muito difícil para mim deixar este

bairro); *

• I have nothing in common with this

neighbourhood

(Não tenho nada em comum com este

bairro); *

• I identify with the people of this

neighbourhood

(Identifico-me com as pessoas do bairro); *

• I do not subscribe to this neighbourhood’s

life-style

(Não me identifico com o estilo de vida dos

meus vizinhos);

• I do not feel integrated in this neighbourhood

(Não me sinto integrado neste bairro).

Alfa da escala (0.91)

Eigenvalue (4.88)

Variância Explicada (%) 61.0

Referências Bibliográficas

Bonaiuto, M., Fornara, F., & Bonnes, M. (2003).

Indexes of perceived residential environment

quality and neighbourhood attachment in

urban environments: a confirmation study on

the city of Rome. Landscape and urban

planning, 65(1), 41-52 Notas * Itens utilizados

+ Itens ou sub-escalas adaptadas

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93

3.3.2. Qualidade Ambiental

Nome

PCA Scale 10

Descrição

A escala mede diferentes condições sobre a saúde e

qualidade ambiental da área de residência.

Medidas/Itens 1. Residents health is threatened by pollution;

2. The air is clean;

3. This neighbourhood is generally not polluted;

4. This is a polluted neighbourhood;

5. There is too much noise;

6. The heavy traffic in this neighbourhood is

very annoying;

7. This is a quiet neighbourhood;

8. This is a clean neighbourhood.

Adaptada:

• A saúde dos residentes é ameaçada pela

poluição; +

• O ar é limpo; +

• O bairro é geralmente não poluído; +

• Este é um bairro poluído;

• Existe demasiado barulho; +

• O tráfico neste bairro é muito aborrecido; +

• Este é um bairro tranquilo; +

• Este é um bairro limpo.

Itens acrescentados:

• Sinto-me seguro neste local. (segurança).

Referências Bibliográficas Bonaiuto, M., Fornara, F., & Bonnes, M. (2003).

Indexes of perceived residential environment

quality and neighbourhood attachment in

urban environments: a confirmation study on

the city of Rome. Landscape and urban

planning, 65(1), 41-52.

Notas * Itens utilizados

+ Itens ou sub-escalas adaptadas

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94

3.4. Intenção de utilização

Nome Intenção de utilização

Descrição Variável que mede a intenção que o indivíduo possui em

utilizar cada um dos meios de transporte relativos ao estudo

em questão.

Itens/ Medidas “Se tivesse disponível o seguinte meio de transporte, quão

provável seria utilizá-lo?”

Transportes:

• Transporte privado (condutor/passageiro);

• Transporte público (comboios);

• Transporte público (autocarro);

• Transporte público (metro);

• Transporte leve (bicicleta/eléctrico/);

• Transporte leve (a pé).

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3.5. Saúde Mental

Nome

MHI-5

Descrição

A escala mede a saúde psicológica

Medidas/Itens 11. Durante quanto tempo, no mês que passou, se

sentiu muito nervoso?

(Sempre; quase sempre; a maior parte do

tempo; durante algum tempo; quase nunca;

nunca)

17. Durante quanto tempo, no mês que passou, se

sentiu calmo e em paz?

(Sempre; quase sempre; a maior parte do

tempo; durante algum tempo; quase nunca; nunca)

19. Durante quanto tempo, no mês que passou, se

sentiu triste e em baixo?

(Sempre; quase sempre; a maior parte do

tempo; durante algum tempo; quase nunca; nunca)

27. Durante quanto tempo, durante o mês que

passou, se sentiu triste e em baixo, de tal modo

que nada o conseguia animar?

(Sempre; com muita frequência;

frequentemente; com pouca frequência; quase

nunca; nunca)

34. No último mês durante quanto tempo se sentiu

uma pessoa feliz?

(Sempre; quase sempre; a maior parte do

tempo; durante algum tempo; quase nunca; nunca)

Referências Bibliográficas Ribeiro, J. L. P. (2001). Mental Health

Inventory: Um estudo de adaptação à população

portuguesa. Psicologia, Saúde & Doenças, 2 (1), 77-

99.

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96

Anexo B. Questionário

Obrigado por ter acedido ao questionário do nosso estudo!

O objectivo deste questionário é conhecer a forma como nos deslocamos no nosso dia-

a-dia e as nossas percepções sobre os diferentes meios de transporte.

O que precisa de saber antes de iniciar a sua participação:

* Responda sozinho(a) - a companhia de outras pessoas pode provocar distracção;

* Seja o mais sincero possível - estamos interessados naquilo que é a sua opinião e a sua

percepção mais imediata;

* As suas respostas serão totalmente anónimas e confidenciais – estamos interessados

no que as pessoas dizem em geral e não no que cada pessoa dirá em específico;

* A duração estimada de resposta é de aproximadamente 10/15 minutos;

* No final do questionário sentirá que aprendeu alguma coisa sobre a forma como se

desloca;

* A sua participação é totalmente voluntária – se sentir necessidade, pode interromper a

sua participação no nosso estudo.

Para participar no nosso estudo deverá:

* Ter mais de 18 anos;

* Ter uma rotina que envolva deslocações regulares na área metropolitana de Lisboa

(e.g., entrar ou sair de Lisboa, casa-trabalho, casa-escola).

Este estudo está a ser desenvolvido na Faculdade de Psicologia da Universidade de

Lisboa no âmbito da dissertação de mestrado de Filomena Peixeiro. Para mais

informações consulte a nossa página web

(https://sites.google.com/view/estudomobilidadeurbana/inicio).

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97

Vamos começar por fazer algumas perguntas sobre si. Isto ajudará a familiarizar-

se com o nosso questionário e ficaremos a saber um pouco mais sobre si.

Idade (em anos): _____________

Sexo:

Masculino

Feminino

Estado civil

Solteiro

Casado(a) / União de facto / A viver com companheiro(a)

Separado(a) / Divorciado(a)

Viúvo(a)

Quais das seguintes situações melhor se aplica à sua situação? (assinale todas as opções

que se apliquem)

A fazer trabalho pago a tempo inteiro

A fazer trabalho pago a tempo parcial

Desempregado

Estudante

Em situação de reforma

Em situação de doença

Em situação de incapacidade/invalidez permanente

Outra / Recusa / Não sabe

Quantas pessoas fazem parte do seu agregado familiar? (não conte consigo)

______________________________________________________________

Quantas pessoas fazem parte do seu agregado familiar? (não conte consigo)

________________________________________________________________

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Quantos dependentes é que tem a cargo (e.g., filhos, familiares)?

_____________________________________________________

Quantos dependentes é que tem a cargo (e.g., filhos, familiares)?

_____________________________________________________

Qual a idade do dependente mais novo que tem a cargo? (Coloque a idade em anos. Se

tiverem "menos de 1" ano coloque "1".)

_______________________________________________

Qual a afirmação que melhor descreve a sua situação financeira:

Permite viver confortavelmente

Dá para viver

É difícil viver

É muito difícil viver

Escolaridade Indique a opção que corresponde melhor ao seu grau de escolaridade:

Ensino básico (1º ao 4º ano)

Ensino básico (5º ou 6º ano)

Ensino básico (7º ao 9º ano)

Ensino secundário (10º ao 12º ano)

Cursos CET

Licenciatura

Mestrado

Doutoramento

Outro ____________________

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Carta de condução Possui carta de condução?

Não

Sim

Possui carta de condução?

Se possui carta de condução indique quais os tipos: (assinale todas as opções que se

apliquem)

Motociclo (AM, A1, A2, A)

Automóvel

Pesado

Outro

Num dia típico, algumas pessoas deslocam-se utilizando mais do que um meio de

transporte, enquanto outras pessoas utilizam apenas um. O que pretendemos neste

bloco é conhecer quais os meios de transporte que utiliza num dia típico de semana

para chegar ao seu destino e para regressar do seu destino. Assim, pedimos que

imagine o seu dia típico de semana e as suas deslocações de ida e volta, para que

nos responda às questões que se seguem.

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Considerando as deslocações que faz num dia típico de semana, quais são os transportes

seguintes que utiliza:

Automóvel

Mota, Scooter

Barco

Comboio

Autocarro

Metro

Taxi, uber

Bicicleta, Bicicleta elétrica, Trotinete, Skate

Andar a pé

Outro ____________________

Em média, quantos quilómetros percorre num dia típico de semana para chegar e para

regressar do seu destino? (Estamos interessados em saber a sua estimativa, não precisa

de fazer contas exatas).

___________________________________________________

"Considerando as deslocações que faz num dia típico de semana, quais são os

transportes seguintes que utiliza:"

Como distribui essa distância (em Kms) pelos meios de transporte que utiliza:

______ Automóvel

______ Mota, Scooter

______ Barco

______ Comboio

______ Autocarro

______ Metro

______ Táxi, uber

______ Bicicleta, Bicicleta elétrica, Trotinete, Skate

______ Andar a pé

______ Outro

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Como qualifica a distância que percorre num dia típico?

1 2 3 4 5

Muito curta Muito longa

Em média, quanto tempo gasta em deslocações num dia típico de semana para chegar e

para regressar do seu destino? (Estamos interessados em saber a sua estimativa, não

precisa de fazer contas exatas).

___________________________________________________________

"Considerando as deslocações que faz num dia típico de semana, quais são os

transportes seguintes que utiliza:"

Tempo por transporte Como distribui esse tempo (em minutos) pelos meios de

transporte que utiliza:

______ Automóvel

______ Mota, Scooter

______ Barco

______ Comboio

______ Autocarro

______ Metro

______ Táxi, uber

______ Bicicleta, Bicicleta elétrica, Trotinete, Skate

______ Andar a pé

______ Outro

Como qualifica o tempo que demora o percurso num dia típico?

1 2 3 4 5

Pouco tempo Muito tempo

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102

Num dia típico, passamos por várias localidades nas nossas deslocações. Nesta

secção pretendemos saber quais são essas localidades (nome da freguesia, da rua

ou da localidade) para poderemos estimar as distâncias efetivas percorridas e os

padrões dos percursos.

Considere o seu início de dia - indique-nos as localidades (nome da freguesia, da rua ou

da localidade) que constituem o ponto de partida e ponto de chegada no percurso de

início de dia.

Ponto de partida ___________________________

Ponto de chegada __________________________

Efectua desvios ao caminho mais directo entre o ponto de partida e o ponto de

chegada? (Por exemplo, para deixar os filhos na escola, para fazer compras).

Sim

Não

Considere o seu fim de dia - indique-nos as localidades (nome da freguesia, da rua ou da

localidade) que constituem o ponto de partida e ponto de chegada no percurso de fim de

dia.

Ponto de partida ___________________________

Ponto de chegada __________________________

Efectua desvios ao caminho mais directo entre o seu ponto de partida e ponto de

chegada?

Sim

Não

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103

Assinale se tiver alguma condição de saúde (por exemplo, dificuldade de mobilidade)

ou experiência anterior negativa (por exemplo, trauma por acidente) que o condicione

na utilização de algum dos meios de transporte em baixo:

Automóvel

Mota, Scooter

Barco

Comboio

Autocarro

Metro

Taxi, Uber

Bicicleta, Bicicleta elétrica, Trotinete, Skate

Andar a pé

Que meios de transporte considera que tem permanentemente à sua disposição e pode

escolher utilizar nas suas deslocações diárias.

1

Totalmente

Indisponível

2 3 4 5

Totalmente

Disponível

Automóvel

Mota,

Scooter

Barco

Comboio

Autocarro

Metro

Taxi, Uber

Bicicleta,

Bicicleta

elétrica,

Trotinete,

Skate

Andar a pé

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104

Se tivesse permanentemente à sua disposição os meios de transporte em baixo, qual é

que escolhia preferencialmente para utilizar nas suas deslocações diárias?

Transporte individuais (por exemplo, o automóvel, a mota) (1)

Transporte colectivo (por exemplo, o comboio, o autocarro, o metro) (2)

Transporte leve (por exemplo, a bicicleta, as bicicletas elétricas, as deslocações a

pé) (3)

Nesta secção pretendemos conhecer o que pensa em geral sobre diferentes meios de

transporte. Vamos repetir um conjunto de afirmações para o transporte

individual, transporte colectivo, e transporte leve e, para cada um, pedir a

sua percepção geral sobre estes, quer os utilize ou não com regularidade.

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105

Em geral, a utilização dos meios de transporte individuais (por exemplo, o

automóvel, a mota):

Discordo

totalmente

(1)

2 3 4 Concordo

totalmente

(5)

Demora sempre o mesmo

tempo a percorrer o trajeto

escolhido.

Tem sempre os mesmos

custos associados.

Melhora o meio ambiente.

Traz benefício para a minha

saúde.

É barato.

Dá uma sensação de

independência.

Não traz problemas de

estacionamento.

É divertida.

Permite gastar menos tempo

no percurso.

Traz prestígio.

Exige muito esforço físico.

Tem um risco elevado de

acidente.

Tem um risco elevado de

assalto.

É uma parte importante da

minha identidade.

Faz-me sentir bem quando

penso em mim como

utilizador deste meio de

transporte.

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106

Em geral, a utilização dos meios de transporte colectivos (por exemplo, o comboio,

o autocarro, o metro):

Discordo

totalmente

(1)

2 3 4 Concordo

totalmente

(5)

Demora sempre o

mesmo tempo a percorrer

o trajeto escolhido.

Tem sempre os mesmos

custos associados.

Melhora o meio

ambiente.

Traz benefício para a

minha saúde.

É barato.

Dá uma sensação de

independência.

Não traz problemas de

estacionamento.

É divertida.

Permite gastar menos

tempo no percurso.

Traz prestígio.

Exige muito esforço

físico.

Tem um risco elevado de

acidente.

Tem um risco elevado de

assalto.

É uma parte importante

da minha identidade.

Faz-me sentir bem

quando penso em mim

como utilizador deste

meio de transporte.

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107

Em geral, a utilização dos meios de transporte leve (por exemplo, a bicicleta, a

bicicleta elétrica, as deslocações a pé):

Discordo

totalmente

(1)

2 3 4 Concordo

totalmente

(5)

Demora sempre o mesmo

tempo a percorrer o

trajeto escolhido.

Tem sempre os mesmos

custos associados.

Melhora o meio ambiente.

Traz benefício para a

minha saúde.

É barato.

Dá uma sensação de

independência.

Não traz problemas de

estacionamento.

É divertida.

Permite gastar menos

tempo no percurso.

Traz prestígio.

Exige muito esforço

físico.

Tem um risco elevado de

acidente.

Tem um risco elevado de

assalto.

É uma parte importante da

minha identidade.

Faz-me sentir bem

quando penso em mim

como utilizador deste

meio de transporte.

Este é último bloco de questões que temos para lhe colocar.

Nesta secção pretendemos saber mais algumas informações sobre a forma como se

sente em relação aos espaços da cidade em que costuma passar o seu tempo e em

relação a si próprio.

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108

Vamos começar pelos espaços da cidade onde costuma passar o seu tempo.

Considere o seu local de residência - indique em que grau concorda com as frases

seguintes:

Discordo

totalmente

(1)

2 3 4 Concordo

totalmente

(5)

Eu iria facilmente para

outro local.

Este local é parte de mim.

Seria muito difícil para

mim deixar este local.

Não tenho nada em

comum com este local.

Identifico-me com as

pessoas do local.

Sinto que este local

contribui para a minha

saúde.

Este local tem muito

ruído.

Este local tem uma boa

qualidade do ar.

Este local tem uma

paisagem de que gosto.

É um local com pouco

trânsito.

É fácil estacionar neste

local.

É um local que não tem o

tipo de comércio de que

gosto.

Sinto-me seguro neste

bairro.

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109

Agora, considere o local onde trabalha, estuda, ou onde passa mais tempo no seu dia-a-

dia - indique em que grau concorda com as frases seguintes:

Discordo

totalmente

(1)

2 3 4 Concordo

totalmente

(5)

Eu iria facilmente para

outro local.

Este local é parte de mim.

Seria muito difícil para

mim deixar este local.

Não tenho nada em

comum com este local.

Identifico-me com as

pessoas do local.

Sinto que este local

contribui para a minha

saúde.

Este local tem muito

ruído.

Este local tem uma boa

qualidade do ar.

Este local tem uma

paisagem de que gosto.

É um local com pouco

trânsito.

É fácil estacionar neste

local.

É um local que não tem o

tipo de comércio de que

gosto.

Sinto-me seguro neste

bairro.

Agora vamos falar sobre a forma como se sente em relação a si próprio.

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110

Indique a sua satisfação em relação a estes aspetos da sua vida:

Totalmente

insatisfeito

(1)

2 3 4 Totalmente

satisfeito (5)

Saúde

Capacidade

para

desempenhar

as atividades

do seu dia-a-

dia

Consigo

próprio

Relações

pessoais

Trabalho

Qualidade de

vida

Durante quanto tempo no mês que passou se sentiu:

1

Sempre

2

Quase

sempre

3 A maior

parte do

tempo

4

Durante

algum

tempo

5

Quase

nunca

6

Nunca

Muito nervoso

Calmo e em

paz

Triste e em

baixo

Triste e em

baixo, de tal

modo que

ninguém o

conseguia

animar

Feliz

Indique a sua posição em relação às seguintes afirmações: "Sinto que consumo de forma

descontrolada…"

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111

Totalmente

controlada

(1)

2 3 4 Totalmente

descontrolada

(5)

Não

consome

(99)

...Tabaco

...Café

...Álcool

...Substâncias

psicoactivas

prescritas (ex.,

benzodiazepinas)

...Outras

substâncias

psicoativas (ex.

haxixe; cocaína)

Indique a sua posição em relação às seguintes afirmações: "Sinto dificuldade em

funcionar no dia-a-dia sem consumir..."

Nenhuma

dificuldade

(1)

2 3 4 (Toda a

dificuldade)

(5)

Não

consome

(99)

...Tabaco

...Café

...Álcool

...Substâncias

psicoactivas

prescritas (ex.,

benzodiazepinas)

...Outras

substâncias

psicoativas (ex.

haxixe; cocaína)

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112

Em que medida se considera satisfeito com:

Muito

insatisfeito

(1)

2

3 4 Muito

satisfeito

(5)

Número de

horas de sono

Hábitos

alimentares

Prática de

exercício

físico

Momentos de

lazer e de

pausa

planeados e

regulares

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113

Anexo C. Análise das dimensões relativas à escala de atitudes e crenças

sobre os transportes

Quadro 1

Itens da escala de atitudes e crenças sobre os transportes

1. Demora sempre o mesmo tempo a percorrer o trajeto escolhido.

2. Tem sempre os mesmos custos associados.

3. Melhora o meio ambiente.

4. Traz benefício para a minha saúde.

5. É barato.

6. Dá uma sensação de independência.

7. Não traz problemas de estacionamento.

8. É divertida.

9. Permite gastar menos tempo no percurso.

10. Traz prestígio.

11. Exige muito esforço físico.

12. Tem um risco elevado de acidente.

13. Tem um risco elevado de assalto.

14. É uma parte importante da minha identidade.

15. Faz-me sentir bem quando penso em mim como utilizador deste meio de

transporte.

Quadro 2

Transportes individuais

Itens/Variância

Explicada

Comunalidades Experiência Risco Benefícios Previsibilidade

6 0.552 0.796 -0.106 -0.073 0.090

8 0.485 0.635 0.082 0.073 -0.053

9 0.378 0.530 -0.106 0.028 -0.134

15 0.345 0.413 0.121 0.139 -0.158

10 0.236 0.404 0.202 -0.005 -0.052

13 0.739 -0.057 0.853 0.143 -0.019

12 0.337 0.059 0.564 -0.095 0.049

3 0.705 -0.124 0.061 0.859 -0.017

4 0.473 0.301 -0.098 0.540 0.008

1 0.664 0.038 0.049 -0.081 -0.823

2 0.619 -0.070 -0.018 -0.002 -0.816

7 0.293 0.115 -0.112 0.115 -0.411

Variância

Explicada - 25.14% 9.76% 7.46% 6.2%

Alfa - 0.73 0.648 0.64 0.724

M (SD) - 3.12 (0.86)

2.73

(0.93)

1.84

(0.94) 2.4 (1.06)

N - 307 306 306 307

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114

Quadro 3

Transportes Coletivos

Itens/Variância

Explicada

Comunalidades Experiência/

Identificação

Risco Previsibilidade

14 0.487 0.712 0.028 -0.087

15 0.518 0.711 -0.142 -0.079

8 0.408 0.640 0.015 -0.002

10 0.315 0.570 0.025 -0.046

4 0.298 0.485 0.075 0.172

6 0.28 0.450 -0.050 0.183

12 0.568 0.111 0.729 -0.112

13 0.354 -0.094 0.590 0.054

1 0.667 0.161 0.014 0.769

2 0.179 -0.053 -0.034 0.424

Variância

Explicada - 23.96% 10.03% 6.74%

Alfa - 0.766 0.582 0.504

M (SD) - 2.34 (0.76)

2.25

(0.82) 3.29 (1.02)

N - 307 305 309

Quadro 4

Transportes leves

Itens/Variância

Explicada

Comunalidades Experiência Risco Benefícios Previsibilidade

14 0.557 0.715 0.006 0.091 0.037

15 0.591 0.686 0.043 0.184 0.085

10 0.347 0.576 0.125 -0.127 -0.043

8 0.363 0.565 -0.069 0.194 -0.065

9 0.254 0.458 -0.043 -0.142 0.116

12 0.456 0.068 0.668 -0.020 0.017

13 0.394 -0.031 0.627 0.034 -0.019

3 0.563 -0.039 0.056 0.747 0.065

4 0.537 0.127 -0.051 0.699 0.010

1 0.650 0.191 -0.077 -0.101 0.718

2 0.436 -0.081 0.029 0.105 0.667

Variância

Explicada - 22.43% 10.02% 9.17% 5.2%

Alfa - 0.74 0.59 0.69 0.65

M (SD) - 3.25 (0.87)

2.97

(0.96)

4.78

(0.54) 3.68 (1.16)

N - 297 296 298 301

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115

Anexo D. Análise descritiva dos itens das escalas

Quadro 1

Análise descritiva dos itens da escala de identidade do local de residência

Itens N M DP Mín. Máx.

Eu iria facilmente para

outro local. 299 2,84 1,277 1 5

Este local é parte de

mim. 301 3,26 1,291 1 5

Seria muito difícil para

mim deixar este local. 302 3,00 1,282 1 5

Não tenho nada em

comum com este local. 299 1,99 1,131 1 5

Identifico-me com as

pessoas do local. 299 2,94 1,074 1 5

Quadro 2

Análise descritiva dos itens de qualidade ambiental do local de residência

Itens N M DP Mín. Máx.

Sinto que este local

contribui para a minha

saúde.

301 3,08 1,166 1 5

Este local tem muito

ruído. 300 2,49 1,212 1 5

Este local tem uma boa

qualidade do ar. 301 3,13 1,100 1 5

Este local tem uma

paisagem de que gosto. 301 3,40 1,260 1 5

É um local com pouco

trânsito. 302 2,91 1,237 1 5

É fácil estacionar neste

local. 299 2,99 1,402 1 5

É um local que não tem

o tipo de comércio de

que gosto.

299 2,65 1,243 1 5

Sinto-me seguro neste

bairro. 301 3,98 ,961 1 5

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116

Quadro 3

Análise descritiva dos itens da escala de identidade de lugar do local de trabalho ou

escola

Itens N M DP Mín. Máx.

Eu iria facilmente para

outro local. 297 3,15 1,320 1 5

Este local é parte de

mim. 295 2,85 1,261 1 5

Seria muito difícil para

mim deixar este local. 294 2,58 1,239 1 5

Não tenho nada em

comum com este local. 295 2,38 1,088 1 5

Identifico-me com as

pessoas do local. 294 3,17 1,014 1 5

Quadro 4

Análise Descritiva dos itens da escala de qualidade ambiental do local de trabalho ou

escola

Itens N M DP Mín. Máx.

Sinto que este local

contribui para a minha

saúde.

294 2,64 1,096 1 5

Este local tem muito

ruído. 295 3,22 1,247 1 5

Este local tem uma boa

qualidade do ar. 295 2,65 1,112 1 5

Este local tem uma

paisagem de que gosto. 294 3,16 1,227 1 5

É um local com pouco

trânsito. 294 2,17 1,235 1 5

É fácil estacionar neste

local. 294 2,40 1,484 1 5

É um local que não tem

o tipo de comércio de

que gosto.

294 2,90 1,314 1 5

Sinto-me seguro neste

local. 294 3,75 ,936 1 5

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117

Quadro 5

Análise Descritiva dos itens da escala de satisfação com a vida

Itens N M DP Mín. Máx.

Saúde 291 3,87 ,834 1 5

Capacidade para

desempenhar as

atividades do seu dia-a-

dia

294 4,19 ,734 1 5

Consigo próprio 293 3,90 ,850 1 5

Relações pessoais 295 3,89 ,870 1 5

Trabalho 294 3,45 ,950 1 5

Qualidade de vida 294 3,66 ,855 1 5

Quadro 6

Análise Descritiva dos itens da Escala de Saúde Mental MHI-5

Itens N M DP Mín. Máx

Durante quanto tempo

no mês que passou se

sentiu: (Muito nervoso)

295 4,20 1,064 1 6

Durante quanto tempo

no mês que passou se

sentiu: (Calmo e em

paz)

294 3,30 1,061 1 6

Durante quanto tempo

no mês que passou se

sentiu: (Triste e em

baixo)

292 4,51 ,940 1 6

Durante quanto tempo

no mês que passou se

sentiu: (Triste e em

baixo, de tal modo que

ninguém o conseguia

animar)

294 5,29 ,974 1 6

Durante quanto tempo

no mês que passou se

sentiu: (Feliz)

295 3,02 1,061 1 6

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118

Quadro 7

Análise Descritiva dos Itens da dimensão de controlo no consumo de substâncias

Itens N M DP Mín. Máx.

Tabaco 89 2,62 1,310 1 5

Café 234 1,96 1,153 1 5

Álcool 218 1,53 ,881 1 5

Substâncias psicoativas

prescritas 45 1,31 ,668 1 3

Outras substâncias

psicoativas 53 1,32 ,673 1 3

Quadro 8

Análise Descritiva dos itens na dimensão do funcionamento sobre o consumo de

substâncias

Itens N M DP Mín. Máx.

Tabaco 101 2,36 1,474 1 5

Café 237 2,76 1,390 1 5

Álcool 209 1,17 ,499 1 4

Substâncias psicoativas

prescritas 56 1,29 ,680 1 4

Outras substâncias

psicoativas 66 1,09 ,381 1 3

Quadro 9

Análise Descritiva dos itens na Escala de Autocuidado

Itens N M DP Mín. Máx.

Número de horas de

sono 296 3,05 1,146 1 5

Hábitos alimentares 296 3,23 1,022 1 5

Prática de exercício

físico 296 2,70 1,271 1 5

Momentos de lazer e de

pausa planeados e

regulares

296 2,92 1,075 1 5

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119

Anexo E. Referências relativas aos valores de velocidade média dos

diferentes transportes

Meio de

Transporte

Valores médios Km/h Referências

Carro Valores entre 50 a 70

Km/h dentro da cidade

(determinados bairros 30

Km/h)

Cicloturismo, F. P. (2008). A Bicicleta e

Mobilidade Sustentável em

Lisboa. Princípios e Orientações

para elaboração duma Carta

Ciclável em Lisboa.

Mota Poucas respostas –

ainda não considerar

--------------------------------------------------

------------

Barco Poucas respostas –

ainda não considerar

--------------------------------------------------

------------

Comboio Varia entre os 50 Km/h e

os 220 Km/h.

Marisa, A., & Alonso, J. (2010). Os

comboios em Portugal. Faculdade

de Engenharia da Faculdade do

Porto.

Autocarro Valores semelhantes aos

do carro, mas com

valores potencialmente

mais reduzidos devidos à

paragem nas estações

devidas

Metro Até 72 Km/h. Http://www.metrolisboa.pt/material-

circulante/serie-99/

Bicicleta 15/16 Km/h

20Km/h

Vale, D. S. (2016). A cidade e a

bicicleta: uma leitura

analítica. Finisterra-Revista

Portuguesa de Geografia, (103),

45-66.

Cicloturismo, F. P. (2008). A Bicicleta e

Mobilidade Sustentável em

Lisboa. Princípios e Orientações

para elaboração duma Carta

Ciclável em Lisboa.

Andar a pé 5 Km/h Cicloturismo, F. P. (2008). A Bicicleta e

Mobilidade Sustentável em

Lisboa. Princípios e Orientações

para elaboração duma Carta

Ciclável em Lisboa.