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Estudo e avaliação do conforto térmico nas residências de interesse social em climas quente
e úmido Julho/2016
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016
Estudo e avaliação do conforto térmico nas residências de interesse
social em climas quente e úmido
Ewerton Neri de Araújo – [email protected]
Master em Arquitetura
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Rio Branco, AC, 20 de julho de 2015
Resumo
Este artigo visa mostrar estudos realizados e desenvolvidos na área de conforto ambiental,
enfocando a insolação nas residências dos conjuntos habitacionais de interesse social,
especificamente em residências do Programa Habitacional Cidade do Povo na Cidade de Rio
Branco, programa desenvolvido pelo Governo do Estado do Acre iniciado no ano de 2012.
Serão abordados critérios e avaliação da insolação e suas variáveis, desenvolvendo assim
um estudo comportamental examinado e que possa servir de víeis para uma nova proposta de
qualificação para este programa de moradia e para futuros empreendimentos desta
categoria. Para contemplar o estudo usou-se como base a troca de materiais, da inclusão de
novos tipos de materiais e componentes energéticos, ainda, o uso da Simulação do software
DesignBuilder na análise do desempenho termo-energético, sendo a ferramenta recomendada
pela NBR 15.575.
Palavras-chave: Conjuntos habitacionais. Interesse social. Conforto ambiental.
DesignBuilder.
1. Introdução
Desde 2007 o mundo se transformou efetivamente em um planeta consideravelmente urbano,
pois mais da metade da população mundial passou a viver nas cidades. Em muitas das grandes
cidades milhões de pessoas vivem em condições inadequadas, quanto ao ambiente construído
de forma correta. As cidades crescem mais rápidas do que antes e tornam-se cada vez mais
atrativas para as pessoas. No Brasil mais de 80% da população vive em espaços urbanos. A
cidade de Rio Branco não escapa dessa afirmação. O efeito do consumo de energia no
aquecimento global é um dos motivos mais importantes para se adotar políticas de redução do
consumo de energia elétrica (CUNHA, 2004:67). O setor residencial é responsável por cerca
de 50% do consumo de energia, segundo o Balanço Energético Nacional (dados do EPE -
Ministério de Minas e Energia). Os materiais de construção civil têm uma intensa influência
sobre as condições de conforto no ambiente interior, sobre o consumo energético da própria
edificação. O Arquiteto e Urbanista responsável pela elaboração do projeto deve propor
direções e recursos disponíveis no projeto para definir os detalhes da casa, principalmente,
buscar a adequação da mesma ao clima local, no caso deste artigo, ao clima quente e úmido
de Rio Branco. A utilização dos conceitos bioclimáticos na elaboração do projeto, associado à
escolha correta e motivada em materiais construtivos, fará com que a residência consuma
menos energia para obter as condições de conforto necessárias para um bom desenvolvimento
das atividades a que se destina. O auxílio de ferramenta de simulação, como o programa
DESIGNBUILDER, permite ajudar nas disposições do projeto, através do cálculo do
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desempenho térmico das edificações, possibilita ainda, que o profissional possa verificar os
dados que serão obtidos em função de suas escolhas, tanto no rumo da edificação quanto em
tipologia, escolha de materiais de fechamentos, aberturas e estratégias de ventilação natural.
Podendo dessa forma atender um bom grau conforto fazendo com que diminua o uso
excessivo de equipamentos mecânicos de refrigeração e iluminação, ainda mais por não ser
em quase sempre inacessíveis financeiramente à maioria da população que residem nessas
áreas de habitação popular, abordaremos a troca substancial de alguns materiais e inclusões de
novos, para assim chegarmos a um bom grau de eficiência energética dentro da edificação.
Nesse sentido buscaremos propor aqui soluções que construam um ambiente havido de
habitar e ou mesmo amenizar o que hoje podemos presenciar nas principais residências
questionadas neste artigo.
2. Residências habitacionais de interesse social
“O Brasil, como os demais países da América Latina, apresentou intenso processo
de urbanização, especialmente na segunda metade do século XX. Em 1940, a
população urbana era de 26,3% do total. Em 2000 ela é de 81,2%. [...] Trata-se de
um gigantesco movimento de construção de cidade, necessário para o assentamento
residencial dessa população bem como de suas necessidades de trabalho,
abastecimento, transportes, saúde, energia, etc”. (ARRIGHI, 1997:43)
A função primordial da habitação é a de abrigo. Com o desenvolvimento de suas habilidades,
o homem passou a utilizar materiais disponíveis em seu meio, tornando o abrigo cada vez
mais elaborado. Mesmo com toda a evolução tecnológica, sua função primordial tem
permanecido a mesma, ou seja, proteger o ser humano das intempéries e de intrusos (ABIKO,
1995).
O “Interesse Social” como terminologia na habitação no Brasil já era utilizada nos programas
para faixas de menor renda do extinto Banco Nacional da Habitação (BNH) (ABIKO, 1995).
Como diretriz de políticas públicas, segundo Bonduki (2003), a Constituição Federal de 1988
previa o princípio da função social do uso do solo urbano. Sob este princípio, o conceito de
Interesse Social é constitucionalmente incorporado às políticas habitacionais para os setores
de população de baixa renda.
Porém nada impede que possamos propor materiais e técnicas construtivas que viabilizem que
essas construções possam interdepender de grande custo, trataremos aqui nesse estudo de
como inserirmos esses itens sem perder a essência governamental que é a de economia,
quando tratamos de valores finais para edificações deste fim.
3. Conforto Térmico
Em estudos realizados, Fanger 1970, define que o conforto térmico é “uma condição da mente
que expressa satisfação com o ambiente térmico” segundo ele, em função desse conforto
envolver variáveis físicas, ambientas, e pessoais que, não é possível satisfazer termicamente
falando todas as pessoas em um mesmo ambiente, devido aos aspectos de cada um. Depende
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ainda de fatores como: temperatura do ar (umidade e pressão), temperatura média,
velocidades do ar. Nas pessoais de cada indivíduo está nas vestes, na própria taxa metabólica.
Segundo o Manual de Conforto térmico FROTA, A. Barros; SCHIFFER explana que, “o
conhecimento do clima, aliado ao dos mecanismos de trocas de calor e de comportamento
térmico dos materiais permite uma intervenção consciente da arquitetura, incorporando os
dados relativos ao meio ambiente externo de modo a aproveitar o que o clima apresenta de
agradável e amenizar seus aspectos negativos”.
Segundo LOPES (1993) “há três formas de interferir no projeto arquitetônico e melhorar o
conforto do edifício, através: controle de energia solar incidente, que seriam (implantação,
orientação, localização, proteção externa, características dos componentes externos) do
controle de energia solar absorvida, sendo a propriedade superficial do material e componente
que o envolve, e do controle de transmissão termofísicas interna dos materiais construtivos do
habitar” “O organismo humano pode ser comparado a uma máquina térmica a qual gera calor
quando executa algum trabalho. O calor gerado pelo organismo deve ser dissipado
em igual proporção ao ambiente, a fim de que não se eleve nem diminua a
temperatura interna do corpo [...] esses desiquilíbrios ocasionados entre a geração e
a dissipação do calor pelo organismo podem ocasionar sensações desconfortáveis,
ou mesmo patologias em casos mais extremos” (XAVIER, 1999:78).
O Estado do Acre por exemplo, de acordo com a classificação de koppen, o clima acreano é
do tipo equatorial, quente e úmido, com temperaturas médias anuais variando entre 24,5ºC e
32ºC tendo duas estacoes prevalecentes, uma seca e uma chuvosa, sendo o período mais
quente do ano entre maio e outubro. Sabemos que o conforto térmico varia de região para
região. Não há como considerarmos a sensação térmica de lugares como Rio Branco que é
quente e úmido com outras cidades de clima quente e seco por exemplo. No ser humano por
exemplo, a temperatura média do corpo é da ordem de 37ºC, com limite muito estreitos de
36,1ºC e 37,2ºC. Quando identificamos o que temos disponível e como aproveitar o clima, passamos a nos
preocupar com a qualidade da edificação que proporemos a um determinado ser, a partir
desses conceitos que se é interessante propor estudos e experiências até chegar a um fator
comum.
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Figura1:Isolamento térmico: zoneamento bioclimático
Fonte: Abrapex (2015)
4. O uso de softwares para a simulação e cálculo de consumo de energia e temperatura
A cada ano vemos a necessidade de melhorar a qualidade de vida das pessoas. Na economia
de energia e otimização dos espaços no que diz respeito a desempenho térmico que, veio a
aparecer programas de simulações computacionais, dentro desses novos programas está o
chamado EnergyPlus, software que simula carga térmica e análise energética do edifício.
Considerando este novo recurso que estaremos trabalhando com a ferramenta DesignBuilder
para simularmos o ambiente já construído de uma residência tipo, do programa habitacional
localizado na cidade do povo em Rio Branco, com aa ajuda do software em questão faremos
simulação no período de outubro que é considerado um dos meses mais quente na cidade.
Analisaremos como atualmente uma habitação desta se comporta na situação atual e de como
se comportaria, levando em consideração outro tipo de material escolhido para seu
desempenho térmico ser melhorado.
4.1 NBR 15.575/2013
A cada A partir de 19 de julho de 2013 passou a vigorar a Norma Brasileira 15.575/2013 –
Desempenho de Edificações Habitacionais, que estabelece padrões no que se refere à
eficiência das edificações no Brasil. Cada parte da norma foi organizada por categoria, dentre
elas a habitacionalidade referente a desempenho térmico e acústico, andando em conjunto
com o EnergyPlus.
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5. Edificação sob avaliação – Residência tipo no programa habitacional Cidade do Povo
A “Cidade do Povo” (uma cidade dentro da cidade) abrange uma área de aproximadamente
650 hectares, na qual estão sendo construídas 10.518 casas, e também escolas, sendo
entregues até a presente data mais de 3.000 moradias, contará também com: delegacias,
postos de saúde e infraestrutura necessária para atender a população com serviços públicos
básicos, além de áreas verdes e de comércio. Está localizada na BR-364, quilômetro 5. Terá
uma população estimada em 50 mil pessoas.
Figura 2: Vista das residências habitacionais da cidade do povo em construção
Fonte: Crea Sergipe (2015)
Dentre as residências já entregues pelo Governo do Estado do Acre estão essas quatro
tipologias:
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Figura 3: Vista das tipologias de residências habitacionais entregues no programa
Fonte: Crea Sergipe (2015)
Será objeto de estudo a residência abaixo:
Figura 4: Edificação escolhida para estudo
Fonte: Crea Sergipe (2015)
A residência abordada no estudo, compreende-se numa área aproximada de 43m², distribuídos
entre, sala/cozinha, dois dormitórios, um banheiro PNE, um espaço de serviço ao ar livre. A
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unidade habitacional em questão tem por sua vez, materiais comuns nas edificações da cidade
de Rio Branco, alvenaria em bloco cerâmico de oito furos, rebocadas e permeabilizadas com
selador acrílico e tinta látex PVA, os pisos cerâmicos PEI-4 nas dependências dos cômodos
comuns e de azulejos no banheiro. A cobertura em telhas cerâmicas tipo colonial com o
madeiramento necessário para a sua sustentação, beirais com no máximo 60cm, conta ainda
com um sistema de aquecimento da água através de um reservatório térmico (boiler) mais um
coletor solar (placa). As esquadrias de vidro temperado 6mm com armadura de alumínio, as
portas internas em madeira, e a externa metálica.
Ao consideramos este materiais que, faremos a simulação considerando o mês de outubro
como variável e verificando o conforto térmico para o modelo de edificação abaixo, como
mostra o projeto:
Figura 5: Edificação escolhida para estudo
Fonte: Google Earth (2015)
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Figura 6: Edificação escolhida para estudo
Fonte: Google Earth (2015)
Figura 7: Planta baixa da Edificação escolhida para estudo
Fonte: ARAÚJO, Ewerton (2015)
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Figura 8: Volumetria da Edificação escolhida para estudo
Fonte: ARAÚJO, Ewerton (2015)
Figura 9: Edificação em3D
Fonte: ARAÚJO, Ewerton (2015)
Usando o projeto atual com seus materiais, usando o programa se simulação DesignBuilder, e
usando o mês de outubro como referência, temos a seguinte configuração de conforto térmico
na residência:
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Figura 10: Uso do software DesignBuilder – Energy Plus na Edificação do estudo
Fonte: ARAÚJO, Ewerton (2015)
Observamos que a temperatura radiante fica em torno de 29,50ºC. E 309 horas de desconforto
térmico.
Ao mesmo tempo que, ao propor a troca de alguns matérias e inclusão de outros, podemos
identificar uma mudança considerável no conforto térmico dentro da unidade habitacional em
estudo.
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Figura 11: 3D da Edificação do estudo – com mudanças de materiais
Fonte: ARAÚJO, Ewerton (2015)
Propomos aqui a troca do tijolo comum de oito furos rebocado com cimento e revestido com
tinta PVA comum, pelo tijolo ecológico. Na cobertura dispusemos de uma manta térmica
abaixo das telhas comum que receberam tinta resinada branca para retenção de parte do corpo
de calor que atravessa a telha. Os vidros temperados existentes recebendo uma camada de
fumê 75% com proteção contra os raios ultravioleta. No quesito propostas que independem de
simulação de conforto térmico propomos um sistema de entrada e saída de ar por dentro da
cobertura para a circulação da ventilação natural. Consistindo ai na capitalização de um
ambiente mais fresco. O uso de árvores que retenham a insolação também faz parte do estudo
proposto aqui.
Figura 12: Uso do software DesignBuilder – Energy Plus na Edificação do estudo
Fonte: ARAÚJO, Ewerton (2015)
6. O uso do tijolo ecológico como condicionante de economia e conforto térmico na
edificação
Dos materiais escolhidos para troca na análise da residência escolhida iremos abordar o
porquê da escolha o tijolo ecológico, que segundo especialistas, é um material econômico, a
obra ganha rapidez uma economia de 30% no custo final da construção, pois demanda menos
tempo de assentamento, outra vantagem é que esse tipo de material dispensa a etapa de
recorte das paredes, pois as instalações elétricas e hidráulicas podem ser embutidas durante a
execução da alvenaria, seu processo de fabricação não exige queima em forno à lenha e, por
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isso, não polui o ar e ainda evita desmatamentos. Para o assentamento, em vez de argamassa
comum, é usada uma cola especial vendida pelos fabricantes do tijolo.
No livro “Mundo Sustentável”, TRIGUEIRO explica que “o tijolo é o mais popular dos
materiais de construção. Está na casa do rico e na casa do pobre. Toda construção leva tijolo.
Mas tem um problema: o tijolo convencional precisa ser cozido em fornos. Para cada
milheiro, lá se vão cinco árvores, até ficar no ponto. Além do grande consumo de energia,
tijolo sem cimento, chapisco, e emboço não serve para muita coisa. O que muita gente não
sabe nem imagina é que existe sim, um tijolo que não usa cimento nem argamassa: basta
encaixar”. Dentro de seu livro informa de uma fábrica de tijolos ecológicos oriunda de
pesquisas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, não havendo olaria nem forno. Sendo
50% do tijolo feito de pó de pedra, 40% de solo, e 10% de cimento. O material é moído e
prensado e depois de aprovado em testes pronto para o uso na construção.
“A redução do custo se dá pricncipalmente na mão-de-obra porque o sistema
contrutivo facilita a montagem da parede e dispensa chapisco, emboço, reboco, a
argamassa de assentamento é um filete de cola. Os tijolos são auto encaixaveis. E a
parede tem consistência. Alem disso não pede pintura. Se quiser, basta rejunte, mas
também n~so é necessário. Pode colocar verniz, um selador acrílico para dar
acabamento. Fosco, brilhante, até de assoalho. No final das contas, na hora de pagar
a conta da casa feita de tijolo ecológico, se tiver uma equipe que saiba o que fazer, e
comparando com o tijolo ceramico e o bloco de concreto armado a economia é de
pelo menos 30%, uma diferença bastante expressiva quando a gente fala em
construção de casa popular”. (FRANCISCO CASA NOVA, PROFESSOR DO
PROGRAMA DE ENGENHARIA CIVIL DA COPPE/UFRJ).
O intuito do uso do tijolo ecológico vai além da área térmica para a área econômica, pois
proporciona obras mais baratas e com curto espaço de tempo em sua construção.
7. Dados obitidos na avaliação
Quando realizado as duas avaliações, uma da edificação existente e outra de uma nova
proposta, verificamos que a incidência de desconforto térmico durante o mês de outubro ficou
na faixa de 309 horas no mês com temperatura média de 29,5ºC considerando a análise da
residência existe. Temos então 43% de horas no mês analisado com temperaturas
desconfortáveis. Já no estudo e análise de uma nova proposta tendo como base a troca de
materiais e alguns subsídios de amenização de temperatura como tratado no item 5 deste
artigo, observamos que houve uma queda no desconforto mensal na edificação de: 29,5ºC
caiu para 25,7ºC, tendo uma redução de 3,8ºC na edificação, e também incidiu no desconforto
térmico em horas que saiu de 309 horas para 185 horas, o que corresponde a 25,69%. Uma
diferença de 17,31%. Tornando assim a residência mais harmoniosa em relação a existente,
tornando-a com o desempenho termo-energetico mais eficaz e consequentemente econômica,
me diante o fato que, tende a diminuir o uso excessivo de equipamentos mecânicos de
refrigeração e iluminação.
Abaixo vemos o gráfico entre os dois estudos:
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Figura 13: Gráfico dos dados obtidos no estudo
Fonte: ARAÚJO, Ewerton (2015)
Aqui vemos o comparativo entre os dois (edificação existente e nova proposta) e da redução
em desconforto térmico equivalente na análise:
Figura 14: Gráfico dos dados obtidos no estudo
Fonte: ARAÚJO, Ewerton (2015).
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Figura 15: Gráfico dos dados obtidos no estudo
Fonte: ARAÚJO, Ewerton (2015).
8. Conclusão
Infere-se a partir do abordado, a importância que as novas edificações, sendo elas de interesse
social ou não devem apresentar atualmente no mundo que vivemos, mundo esse que muda
constantemente, seja físico ou materialmente. O clima mundial está cada dia nos instigando a
nos movermos e procurarmos melhorar as condições sejam, do ambiente construído, ou
principalmente da adaptação dos já construídos. O estudo de avaliação deste artigo
proporcionou uma visão de como materiais podem interferir no conforto térmico de um
ambiente, mostrou também a importância que devemos dar ao projetarmos uma atmosfera
onde irá habitar pessoas.
Conseguimos através deste estudo, amenizar uma situação hoje existente não só nas
residências de regiões de clima quente e úmido, mas em outras regiões que tenham
similaridade quando queremos falar em desempenho termo-energético. Mediante aos
resultados obtidos, podemos estimular o uso de outros tipos de materiais e/ou soluções do
âmbito do conforto térmico nas próximas edificações que por ventura venhamos a realizar,
usar o que foi alcançado em novas edificações e propor um ambiente mais habitável e
confortável.
Atualmente o uso de softwares com o DesignBuilder proporciona o estudo prévio da
edificação, ainda mais por ser o que usa como parâmetro a NBR 15.575/2013, proporciona
melhoramos o projeto em busca do desempenho correto de energia que o mesmo irá promover
pós construção.
Podemos perceber nos resultados obtidos que a simples substituição de materiais e a
estratégia de melhoria em outros pontos como o caso de pintar a telha na cor branca
possibilitou no mês de maior incidência de calor, uma redução de 17,31% em horas no total
do mês em conforto térmico na residência.
Com isso, podemos tirar deste estudo que o mundo mudou climaticamente falando e temos
que usar das ferramentas certas para não termos que sofrer futuramente com edificações mal
projetadas, energeticamente prejudiciais, o que acabam contribuindo mais ainda com as
mudanças climáticas existenciais.
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