Avaliação da Reatividade do Carvão Vegetal, Carvão Mineral ...
Estudo de Viabilidade Do Depósito de Carvão Moatize
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS
ESTUDO DE VIABILIDADE DO DEPÓSITO DE CARVÃO MOATIZE
Projeto de Diplomação
Carlos Alves
Edgar Mário Müller
Flávio Bittencourt de Castro Júnior
Guilherme Squissato Barboza
Porto Alegre, julho de 2007
SUMÁRIO
1. Introdução.........................................................................................................................2
1.1 Histórico e aspectos fisiográficos da região........................................................2
1.2 História do carvão e características gerais..........................................................5
2. Análise do banco de dados.................................................................................................6
2.1 Variografia..........................................................................................................10
3. Geologia............................................................................................................................11
4. Método de lavra...............................................................................................................12
5. Avaliação do depósito......................................................................................................14
5.1 Modelamento geológico......................................................................................14
5.1.1 Modelo de blocos.................................................................................18
5.2 Seqüenciamento de lavra....................................................................................18
6. Parâmetros da lavra...........................................................................................................27
6.1 Equipamentos da lavra........................................................................................27
6.2 Metodologia de seleção de equipamentos de carregamento e transporte............35
6.3 Conclusões sobre os equipamentos.....................................................................37
6.4 A lavra.................................................................................................................38
6.4.1 Remoção do solo..................................................................................39
6.4.2 Carregamento e transporte....................................................................40
6.4.3 Estradas.................................................................................................42
6.5 Perfuração e desmonte.........................................................................................43
6.5.1 Desmonte do estéril..............................................................................44
6.5.2 Desmonte do carvão.............................................................................45
6.5.3 Geomecânica........................................................................................48
6.6 Estudos para método alternativo de desmonte (Stratablast)..............................49
6.6.1 Considerações de estudos experimentais futuros.................................49
6.6.2 Stratablast.............................................................................................51
6.6.3 Experimentação....................................................................................55
7. Políticas de trabalho..........................................................................................................56
8. Beneficiamento.................................................................................................................57
8.1 Circuito de cominuição.......................................................................................57
8.2 O processo de beneficiamento.............................................................................59
8.3 Recuperação da usina..........................................................................................63
8.5 Projeto de disposição dos rejeitos.......................................................................67
8.5.1 Lançamento do rejeito..........................................................................67
8.5.2 Construção da barragem.......................................................................68
8.5.3 Aspectos ambientais.............................................................................68
8.5.4 Monitoramento.....................................................................................68
9. Economia...........................................................................................................................70
9.1 Termos Internacionais de Comércio (INCOTERMS).........................................70
9.1.1 Siglas....................................................................................................70
9.1.2 Significado Jurídico..............................................................................71
9.2 Tabelas comparativas com a variação do preço do carvão e custo de transporte.....72
9.3 Correção dos Custos Operacionais.....................................................................75
9.4 Análise de mercado.............................................................................................76
9.4.1 Poupança...............................................................................................76
9.4.2 CDI.......................................................................................................76
9.4.3 Título do Tesouro Americano (10-YEAR TREASURY NOTE).............76
9.5 Conceitos importantes de fluxo de caixa.............................................................77
9.5.1 Taxa de Atualização.............................................................................77
9.5.2 Payback.................................................................................................77
9.5.3 Valor Presente Líquido ou NPV (Net Present Value)................................77
9.5.4 Taxa Interna de Retorno (TIR).............................................................79
9.6 Impostos em Moçambique..................................................................................79
9.7 Custo de Investimento.........................................................................................80
9.8 Fluxo de Caixa.....................................................................................................81
9.8.1 Resultados do Fluxo de Caixa Simplificado.........................................84
9.8.2 Resultados do Fluxo de Caixa com Imposto........................................86
9.8.3 Resultado do Fluxo de caixa com Imposto e com Empréstimo...........88
9.8.4 Comparação entre os Fluxos de caixa..................................................89
9.9 Análise de Sensibilidade.....................................................................................90
10. Conclusão do estudo.......................................................................................................92
11. Bibliografia.....................................................................................................................93
Lista de Figuras
Figura 1. Mapa de Moçambique.......................................................................3
Figura 2. Mapa de localização do País.............................................................5
Figura 3. Malha amostral em superfície..........................................................7
Figura 4. Teor de enxofre..................................................................................7
Figura 5. Poder calorífico..................................................................................7
Figura 6. Distribuição dos teores de cinza (Chipanga)...................................8
Figura 7. Distribuição espacial dos teores de cinza (Chipanga).....................8
Figura 8. Distribuição dos teores de cinza (Bananeiras)................................8
Figura 9. Distribuição espacial dos teores de cinza (Bananeiras)..................8
Figura 10. Distribuição dos teores de cinza (Souza Pinto)...............................9
Figura 11. Distribuição espacial dos teores de cinza (Souza Pinto).................9
Figura 12. Mapa de localização dos furos..........................................................9
Figura 13. Curvas de nível da relação estéril/minério......................................9
Figura 14. Krigagem da camada Chipanga (esquerda) e Souza Pinto
(direita).............................................................................................11
Figura 15. Krigagem da camada Bananeiras.................................................11
Figura 16. Esquema da lavra no depósito de carvão com multi-
camadas............................................................................................13
Figura 17. Figura esquemática da lavra e suas operações unitárias.............13
Figura 18. Exemplo de um furo legenda 1.......................................................14
Figura 19. Furos com a nova legenda apliacada..............................................15
Figura 20. Posição dos furos de sonda e sentido das seções paralelas...........16
Figura 21. Falhas geológicas no modelamento................................................16
Figura 22. Detalhe dos wireframes da topografia e do corpo modelado
(transparentes) gerado e a disposição dos furos de
sondagem..........................................................................................17
Figura 23. Legenda indicando seqüência econômica dos blocos....................20
Figura 24. Visualização 3D dos blocos seqüenciados......................................20
Figura 25. Corpo de minério com o sequenciamento em efeito nuvem.........21
Figura 26. Corte pioneiro na cor cinza.............................................................21
Figura 27. Cinco cortes projetados segundo sequenciamento........................22
Figura 28. Wheel loader.....................................................................................27
Figura 29. Escavadeira hidráulica....................................................................28
Figura 30. Caminhão basculante do tipo hear dump......................................28
Figura 31. Escavadeira convencional para retirada de solo...........................29
Figura 32. Caminhão basculante (CARGO) para transporte do solo
removido...........................................................................................29
Figura 33. Moto-niveladora para correção de estradas..................................30
Figura 34. Perfuratriz sobre o carvão..............................................................30
Figura 35. Perfuratriz sobre esteira perfurando estéril.................................31
Figura 36. Caminhão pipa.................................................................................31
Figura 37. Caminhão de lubrificação...............................................................32
Figura 38. Caminhões tanque para abastecimento dos equipamentos
diesel.................................................................................................32
Figura 39. Caminhão que fará o transporte dos sacos de ANFO..................33
Figura 40. Trator de Lâmina (dozer)...............................................................33
Figura 41. Bomba para retirada de água do corte..........................................34
Figura 42. Caminhonetes, os veículos da mina................................................34
Figura 43. Ábaco para caminhões.....................................................................36
Figura 44. Croqui da malha de furação do estéril...........................................43
Figura 45. Croqui da malha de furação do minério........................................44
Figura 46. Ábaco da estabilidade dos taludes..................................................48
Figura 47. Procedimento clássico de desmonte para extração de carvão no
método strip mining........................................................................50
Figura 48. Desmonte (Stratablast).....................................................................51
Figura 49. Desmonte (Multiple Stratablast)......................................................52
Figura 50. Leitos estratificados dos materiais desmontados (Multiple
Stratablast)........................................................................................53
Figura 51. Multiple Stratablast...........................................................................53
Figura 52. Desmonte convencional...................................................................53
Figura 53. Frente carregada antes do desmonte.............................................54
Figura 54. Resultado do desmonte (multiple stratablast)...............................55
Figura 55. Peneiras vibratórias inclinadas de 8’ x 20’....................................57
Figura 56. Britador de mandíbulas 2036..........................................................58
Figura 57. Comparativo entre equipamento e granulometria.......................59
Figura 58. Colunas de flotação..........................................................................61
Figura 59. Gráfico de flotação em coluna de finos de carvão: comparação
com célula convencional.................................................................62
Figura 60. Espessadores.....................................................................................63
Figura 61. Fluxograma da planta de beneficiamento.....................................66
Figura 62. Esquema de construção de uma barragem de rejeitos.................68
Figura 63. Índice de Preços ao Consumidor (IPC) americano.......................75
Figura 64. Valor do título do tesouro americanos nos últimos 20 anos.........76
Figura 65. Gráfico NPV x Tempo do fluxo de caixa sem empréstimo e sem
imposto.............................................................................................84
Figura 66. Gráfico NPV x Tempo do fluxo de caixa com imposto.................86
Figura 67. Gráfico NPV x Tempo do fluxo de caixa com imposto e
empréstimo.......................................................................................88
Figura 68. Comparativo entre os NPV’s..........................................................89
Figura 69. Gráfico de análise de Sensibilidade................................................91
Lista de Tabelas
Tabela 1. Definição das camadas a serem
modeladas.........................................................................................15
Tabela 2. Volume e tonelagem de cada camada............................................17
Tabela 3. Volume e tonelagem de carvão.......................................................17
Tabela 4. Materiais movimentados em cada corte........................................22
Tabela 5. Porcentagem de carvão extraído de cada camada........................23
Tabela 6. Características dos carvões.............................................................23
Tabela 7. Fração de cada camada no depósito...............................................23
Tabela 8. Primeiro ano da lavra......................................................................24
Tabela 9. Segundo ano da lavra......................................................................24
Tabela 10. Terceiro ano da lavra......................................................................25
Tabela 11. Quarto ano de lavra.........................................................................25
Tabela 12. Quinto ano da lavra.........................................................................26
Tabela 13. Características médias das camadas de carvão do depósito de
Moatize.............................................................................................38
Tabela 14. Características médias das camadas de estéril do depósito
Moatize.............................................................................................38
Tabela 15. Equipamentos para remoção do solo.............................................39
Tabela 16. produção de carvão na região com uma camada..........................40
Tabela 17. remoção de estéril na região com duas camadas..........................40
Tabela 18. Produção de carvão na região com duas camadas........................41
Tabela 19. Remoção de estéril na região com duas camadas.........................41
Tabela 20. Produção de carvão na região com três camadas.........................42
Tabela 21. Remoção de estéril na região com três camadas...........................42
Tabela 22. Volume de explosivo no desmonte do carvão................................46
Tabela 23. Densidade de carga no desmonte do carvão..................................46
Tabela 24. Volume de explosivo no desmonte do carvão................................47
Tabela 25. Densidade de carga no desmonte do carvão..................................47
Tabela 26. Custos com ANFO...........................................................................47
Tabela 27. Custos com acessórios......................................................................47
Tabela 28. Custos horários do desmonte, incluindo
acessórios..........................................................................................47
Tabela 29. Características dos taludes e da rocha...........................................49
Tabela 30. Valores obtidos no ábaco.................................................................49
Tabela 31. Horas trabalhadas durante um dia................................................56
Tabela 32. Faixa granulométrica do ROM......................................................58
Tabela 33. Faixa granulométrica do Produto do britador de rolo
duplo.................................................................................................58
Tabela 34. Características de equipamentos de concentração
gravimétrica.....................................................................................60
Tabela 35. Resultados de flotação de finos de carvão em coluna e em células
convencionais...................................................................................62
Tabela 36. Recuperação do carvão metalúrgico na camada
chipanga...........................................................................................63
Tabela 37. Recuperação do carvão Energético na camada
chipanga...........................................................................................63
Tabela 38. Recuperação do carvão Energético na camada Souza
Pinto..................................................................................................63
Tabela 39. Recuperação do carvão metalúrgico na camada Souza
Pinto..................................................................................................63
Tabela 40. Recuperação do carvão Energético na camada
Bananeiras.......................................................................................64
Tabela 41. Recuperação do carvão Energético na camada
Bananeiras.......................................................................................64
Tabela 42. Custos dos Equipamentos da usina................................................65
Tabela 43. Preço do carvão metalúrgico norte-americano para
venda.................................................................................................72
Tabela 44. Preço do carvão energético americano para venda......................73
Tabela 45. Custo de importação do carvão metalúrgico norte-
americano.........................................................................................74
Tabela 46. Custos de infra-estrutura para a planta de
beneficiamento.................................................................................80
Tabela 47. Fluxo de caixa simplificado.............................................................83
Tabela 48. Resultados obtidos no fluxo de caixa simplificado........................84
Tabela 49. Fluxo de caixa com impostos...........................................................85
Tabela 50. Resultados do fluxo de caixa com impostos...................................86
Tabela 51. Fluxo de caixa com impostos e empréstimo...................................87
Tabela 52. Resultados do fluxo de caixa com impostos e
empréstimo.......................................................................................88
RESUMO EXECUTIVO DO PROJETO
O presente projeto trata de uma análise de viabilidade técnica e
econômica para a implantação de uma mina de carvão a céu aberto que se localiza na
África, no país Moçambique na província de Tete.
Nome: Mina Moatize
Localização: Moçambique - África
Minério: Carvão
Formato do depósito: Camadas tabulares
Camadas de carvão: Bananeiras, Chipanga e Souza
Pinto
Método de lavra: Strip mining
Recurso indicado: 216.163.396t
Taxa de produção ROM: 720.550t/mês
Vida útil da mina 25 anos
Dias de operação: 350dias/ano
Turnos de trabalho: 3turnos/dia
Regime de trabalho: 8h/turno
Beneficiamento: Meio denso, Flotação e Espirais
Recuperação mássica da usina: 90%
Investimento em Infra-Estrutura Local: US$ 40.926.000,00
Investimento da Usina de Beneficiamento: US$ 35.000.000,00
Investimento da Lavra: US$ 54.074.000,00
Investimento total: US$ 130.000.000,00
Custo operacional de Lavra: US$ 3,37/t
Custo operacional da Usina de Beneficiamento: US$ 4,30/t
Valor de venda do carvão metalúrgico: US$ 100,00/t
Valor de venda do carvão energético: US$ 30,00/t
Payback 2 anos
1
1 Introdução
O presente estudo tem como objetivo analisar a pré-viabilidade
técnica e econômica da abertura de uma nova mina a céu aberto para exploração de
carvão.
Esta jazida é caracterizada por três camadas principais de carvão que
possuem variações de espessura ao longo do depósito, possuindo espessuras superiores
a 20 metros. A zona estudada aparenta ter sofrido perturbações geológicas por
apresentar falhas nas camadas em dois pontos dos corpos de minério e por apresentar
zonas onde as ocorrências mais próximas da superfície foram erodidas.
Depois de realizado o modelamento do corpo de minério, com o
software Datamine Studio®, e das rochas encaixantes (overbourden e interbourdens),
foram realizados cálculos para se definir o recurso in situ. O método de lavra
selecionado foi o Strip mining, que é o método predominante utilizado na mineração de
carvão a céu aberto. Neste trabalho também foi realizado um estudo para se verificar a
possibilidade da aplicação de uma variação do novo método de lavra desenvolvido pela
empresa Orica chamado Stratablast, onde a proposta é utilizar o design de seu desmonte
de rocha.
Após de ser definido o modelo de blocos, o seqüenciamento de lavra
foi realizado e otimizado com o uso do software NPV Scheduler®. Com base nos blocos
seqüenciados foi possível locar o corte pioneiro e esquematizar os cortes sucessivos.
A usina de beneficiamento do minério foi projetada para fornecer dois
produtos: carvão metalúrgico (coqueificável) e carvão energético.
A próxima (última) etapa do projeto foi analisar a viabilidade técnica
e econômica da abertura da Mina Moatize, considerando o cenário econômico mundial
atual bem como os custos envolvidos de investimento e os custos operacionais para o
desenvolvimento e operação da mina.
1.1 Histórico e aspectos fisiográficos da região
Moçambique é um país da costa oriental da África Austral. É uma
antiga colônia de Portugal, desde o ano de 1500 e teve a sua independência em 1975.
2
Faz parte da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Sua capital e maior
cidade é Maputo.
Figura 1 Mapa de Moçambique.
A data da Independência do país Moçambique foi 25 de Junho de
1975. O chefe de Estado atual é Armando Emílio Guebuza. O país possui hoje um
sistema político multipartidário (Constituição de 1990 e 2004). Moçambique é
localizado estrategicamente na costa oriental da África Austral, e é a porta de entrada
para seis países do interior. O país possui uma área territorial de 799.390km2 (13.000
km2 de águas interiores).
A população de Moçambicanos segundo fontes de pesquisa de 2005
era de 19.420.036 habitantes. (Ano: 2005-Fonte: INE).
O clima da região caracteriza-se por ser de sub-tropical até tropical
(do sul para norte do país).
A capital e maior cidade é a Cidade de Maputo (estatuto de província).
A moeda local é a Metical (MT) e possui valor para o câmbio de
US$1=19.663,00 MT (Fonte Banco de Moçambique 14/04/2005).
3
O PIB per capita do país em 1998 era de US$ 236.9 e sofreu um
acréscimo de 9% no ano de 1999. O Produto interno bruto de Moçambique foi de US$
3,6 bilhões em 2001. O país é membro da União Africana.
Cerca de 45% do território moçambicano tem potencial para
agricultura, porém 80% de subsistência. Há extração de madeira das florestas nativas. A
reconstrução da economia (após o fim da guerra civil em 1992, e das enchentes de
2000) é dificultada pela existência de minas terrestres não desativadas.
Segundo dados de 1997, os principais produtos agrícolas são algodão,
cana-de-açúcar, castanha de caju, copra (polpa de côco) e mandioca. Na pecuária
segundo dados de 1996 a criação de bovinos era de 1,3 milhões, de suínos 175 mil e de
ovinos 122 mil. A atividade de pesca é reduzida apresentando cerca de 30,2 mil
toneladas em 1996.
Segundo o site oficial da República de Moçambique a atividade
mineira no país está presente, onde existem minas de carvão, sal, grafite, bauxita, ouro,
pedras preciosas e semipreciosas. Possui também reservas de gás natural e mármore.
O país possui um grande potencial turístico, destacando-se as zonas
propícias ao mergulho de aproximadamente dois mil quilômetros de litoral, os parques e
reservas de animais no interior do país. Para atrair investimentos estrangeiros foi criado
o Corredor de Desenvolvimento de Nacala (CDN), junto ao porto desta cidade, com
acesso rodoviário, suprimento de energia elétrica e com ligação por ferrovia até a cidade
vizinha Malaui.
4
Figura 2 Mapa de localização do País.
1.2 História do Carvão e características gerais
A mineração de carvão durante décadas foi intermitente e primitiva,
somente passando a adquirir estatura de uma indústria moderna a partir da Segunda
Guerra Mundial, ainda que em ritmo lento e cheios de altos e baixos. Apenas
recentemente ocorreu alguma recuperação, com a elevação dos preços e o maior
consumo de carvão nos complexos termoelétricos.
O carvão mineral, ou simplesmente carvão, é o recurso energético
não-renovável de maior abundância no globo terrestre, sendo um combustível fóssil
sólido formado a partir da matéria orgânica de vegetais depositados em bacias
sedimentares. Por ação de pressão e temperatura, em ambiente anaeróbio, sem contato
com o ar, e em decorrência de soterramento e atividade orogênica, os restos vegetais ao
longo do tempo geológico se solidificam, perdem oxigênio e hidrogênio e se
5
enriquecem em carbono, em um processo denominado carbonificação. Quanto mais
intensas a pressão e a temperatura a que a camada de matéria vegetal for submetida e
quanto mais tempo durar o processo, maior será o grau de carbonificação atingido, ou
rank, e maior a qualidade do carvão.
Os diversos estágios de carbonificação, do menor para o maior rank,
são dados pelo esquema: turfa → linhito → carvão sub-betuminoso → carvão
betuminoso → antracito segundo a classificação norte-americana ASTM.
As principais bacias sedimentares carboníferas foram geradas no
intervalo Permocarbonífero. Enquanto as bacias do hemisfério norte foram formadas no
período Carbonífero, as principais ocorrências de carvão do hemisfério sul, assim como
em Moçambique, datam do período Permiano Inferior.
2 Análise do banco de dados
O banco de dados é composto de 74 furos de sondagem. Foram
disponibilizados quatro arquivos contendo as seguintes informações:
• ASSAYS.TXT :: Contém a identificação de cada furo, início da seção avaliada,
término da seção avaliada, comprimento da seção avaliada, teor de voláteis, teor
de carbono fixo, teor de enxofre, poder calorífico.
• COLLAR.TXT :: Contém a identificação do furo e as coordenadas X, Y e Z em
UTM.
• GEOLOGY.TXT :: Contém a identificação do furo, início da seção avaliada,
término da seção avaliada e litologia de rocha encontrada.
A visualização da distribuição superficial dos furos é na figura a
seguir. Observa-se a malha irregular.
6
575000
575000
576000
576000
577000
577000
578000
578000
579000
579000
X (m)
X (m)
8214000 8214000
8215000 8215000
8216000 8216000
8217000 8217000
Y (m)
Y (m)
ASH
Figura 3 Malha amostral em superfície.
Foram realizados histogramas das características fornecidas no banco
de dados. Seguem abaixo.
SULPHUR(%)
0
0.5
1
1.5
2
2.5
SILT B G I LC LC_B M C PC SP SP_B SP0 UC
litologia
enxo
fre,
%
Figura 4 Teores de enxofre.
CV
15
20
25
30
35
alor
ífico
, kJ/
g
0
5
10
SILT B G I LC LC_B MC PC SP SP_B SP0 UC
litologia
pode
r c
Figura 5 Poder calorífico.
7
A) Teor de Cinzas:
O teor de cinza foi avaliado em cada uma das três camadas principais
conforme demonstrado abaixo. Percebe-se que a camada com melhor qualidade de cinza
(menor teor e menor variabilidade) é a Chipanga seguida pela Souza Pinto. A camada
Bananeiras apresenta um baixo teor de cinza geral, mas devido a pouca quantidade de
amostras nesta camada, a análise torna-se errática.
10
10
15
15
20
20
25
25
30
30
ASH
ASH
0.00 0.00
0.05 0.05
0.10 0.10
0.15 0.15
0.20 0.20
Frequencies
Frequencies
Nb Samples: 53Minimum: 11.55Maximum: 28.87Mean: 17.24Std. Dev.: 3.55
Histogram (ASH)
Figura 6 Distribuição dos teores de cinza Figura 7 Distribuição espacial dos teores de cinza (Chipanga). (Chipanga)
12
12
13
13
14
14
15
15
16
16
17
17
18
18
19
19
20
20
21
21
ASH
ASH
0.00 0.00
0.05 0.05
0.10 0.10
0.15 0.15
0.20 0.20
Frequencies
Frequencies
Nb Samples: 21Minimum: 12.11Maximum: 20.42Mean: 16.53Std. Dev.: 2.20
Histogram (ASH)
Isatis Figura 8 Distribuição dos teores de cinza Figura 9 Distribuição espacial dos teores de cinza
(Bananeiras) (Bananeiras)
8
20
20
30
30
40
40
50
50
60
60
70
70
80
80
ASH
ASH
0.0 0.0
0.1 0.1
0.2 0.2
0.3 0.3
0.4 0.4
Frequencies
Frequencies
ash - souzapintoNb Samples: 49
Minimum: 17.20Maximum: 76.90Mean: 23.54Std. Dev.: 8.88
Histogram (ASH)
Figura 10 Distribuição dos teores de cinza Figura 11 Distribuição espacial dos teores de cinza (Souza Pinto) (Souza Pinto)
B) Espessura:
A espessura das camadas foi acumulada no plano superficial para
determinar assim uma estimativa da relação estéril/minério superficial. Foi usado o
método de interpolação inverso do quadrado da distância, no software Surfer®.
Observam-se picos de elevada relação estéril/minério em uma zona específica, embora
esta zona não apresente as maiores espessuras de camadas e as maiores profundidades
do depósito.
2.1
1.7
2
2.4
2.9
6.1
5.1
6
1.4
3
3.5
4.1
2
1.4
1.3
1.6
1.5
1.8
2.5
2.3
2.21.2
0.68
0.573.4
11
4.32.3
3.2
0.641.9
1.1
1.6
1.4
1.9
2.4
2.1
1.61.1
1.7
0.53
6.84.3
4.63.3
4.2
1.91.83.5
2.8 2.1
2.63.5
9.1
1.4
2.5
0.84
2.5
1.8
19
13
0.69
1.3
20.420.33
4.31.11.40.590.57
0.440.63
0.63
575500 576000 576500 577000 577500 578000 578500 579000
8214500
8215000
8215500
8216000
8216500
8217000
8217500
Figura 12 Mapa de localização dos furos. Figura 13 Curvas de nível da relação E/M.
9
2.1 Variografia
Um estudo da continuidade espacial é necessário para avaliar uma
possível anisotropia do depósito. Como o banco de dados possui poucas amostras e tem
uma malha muito irregular essa verificação torna-se mais difícil; ainda sim foi feito um
estudo e foi modelado um variograma truncado em apenas uma estrutura. Não foi
constatada a presença de amostragem preferencial em nenhuma área, logo não se fez
uso da determinação de pesos para as amostras (declusterização).
A variável trabalhada será a porcentagem de cinza. Devido a
classificação atribuída ao carvão: metalúrgico, energético ou ganga, a quantidade de
cinza será o fator determinante. Os variogramas onidirecionais apresentaram uma boa
correlação, mas, os direcionais, pela restrita quantidade de amostras não conseguiram
capturar pares de amostras suficientes. Para o modelamento foram utilizados 10 lags de
350m com uma tolerância angular de 25º.
Os modelos de variogramas encontrados foram os seguintes:
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛
°°⋅+=
1182000;
23300063,6
NNSPHγ (Chipanga)
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛
°°⋅+=
451000;
13540007750
NNSPHγ (Souza Pinto)
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛
°°⋅+=
68800;
158300085,31
NNSPHγ (Bananeiras)
Com base nesses modelos, foi feita uma estimativa por Krigagem em
blocos de 100x100x10m. Foi utilizada discretização de 5x5x1m. A validação cruzada
obteve uma correlação nula devido ao fato de haverem poucos pares de amostras,
principalmente na camada Bananeiras. O erro relativo da krigagem foi praticamente
zero, indicando que a estimativa teve sua validade aceita. Esta estimativa por krigagem
obtida visa apenas verificar o possível comportamento do teor de cinza no corpo de
minério. As cores mais frias indicam uma menor porcentagem de cinza em bloco.
10
Fig 14 Krigagem da camada Chipanga (esquerda) e Souza Pinto (direita).
Fig 15 Krigagem da camada Bananeiras.
3 Geologia
O depósito de carvão é constituído por rochas de origem sedimentar, tais como,
siltitos e arenitos que são as litologias correspondentes a rocha estéril. O minério é
composto por três camadas horizontalizadas principais de carvão com a seguinte
nomenclatura: a Bananeiras, a Chipanga e a camada Souza Pinto, sendo apresentadas da
camada mais rasa, para a mais profunda. Entre as camadas de carvão existe novamente a
presença de material estéril compostos por siltitos e arenitos o chamado “interburden”.
As camadas de carvão apresentam características distintas quanto a sua
composição química e aproveitamento econômico.
A partir do modelamento realizado foi possível verificar intensa atividade
geológica nas camadas de carvão de Moatize. Algumas camadas de carvão foram
soerguidas e erodidas não ocorrendo em determinadas regiões do depósito. Este
11
depósito também indica a presença de duas falhas principais localizadas mais ao norte
que podem ser vistas no item modelamento.
4 Método de Lavra
O método de lavra a ser utilizado é o Strip mining, por ser o método
clássico de lavra a céu para carvão e por melhor se adequar à configuração deste caso.
O corte pioneiro será aberto com a utilização de escavadeiras
hidráulicas até que a largura do corte seja suficientemente grande para que a extração
continue com carregadeiras sobre rodas convencionais. A lavra utilizará o sistema de
carregadeira-caminhão para remoção das camadas de estéril bem como para a extração
de carvão. O estéril removido em um lado do corte será depositado no lado oposto
desta, onde o carvão já foi retirado, fechando-a novamente. O sistema carregadeira-
caminhão foi adotado por seu investimento inicial ser mais baixo, permitir flexibilidade
na produção de carvão em múltiplas camadas, oferecer rápido acesso às camadas e
menos atividades de recuperação e com baixo custo.
A mineração iniciará com a remoção das camadas de solo orgânico e
argiloso que serão depositados em pilhas fora do corte e posterior utilização para
recuperação ambiental. Em seguida a cobertura de estéril será perfurada e
posteriormente detonada para fragmentar o material, permitindo que este seja carregado
por escavadeiras hidráulicas (hydraulic excavator) e escavadeiras sobre rodas (wheel
loader) e transportados até o outro lado do corte por caminhões basculantes (rear
dump).
Depois da remoção da cobertura de estéril a camada de carvão será
perfurada e detonada para fragmentar o material, permitindo que sejam carregados por
escavadeiras hidráulicas (hydraulic excavator) e escavadeiras sobre rodas (wheel
loader) e transportados por caminhões basculantes até a unidade de britagem.
Diferentemente do estéril, o carvão deve ser fragmentado até uma granulometria
compatível com os equipamentos de britagem primária.
12
Figura 16 Esquema da lavra no depósito de carvão com multi-camadas.
Figura 17 Figura esquemática da lavra e suas operações unitárias.
Após o término da deposição de estéril nos cortes finalizados, estes receberão as
coberturas de solo argiloso e solo orgânico respectivamente, dando um aspecto natural à
topografia gerada. Sobre o solo orgânico será realizado o plantio de gramíneas para
fixação do solo e contenção da erosão.
13
5 Avaliação do depósito 5.1 Modelamento geológico
A quantificação dos recursos minerais do depósito de carvão foi feita
com a utilização do software Datamine Studio®. A partir das informações de 74 furos
de sondagem que se dispõem em uma malha irregular com profundidades variadas, foi
feita a interpretação do depósito com o uso do método das seções paralelas.
Foi feita uma análise estatística do banco de dados para definir quais e
quantas camadas de carvão seriam modeladas.
Com a utilização do software Datamine Studio® foi criada uma
legenda dos litotipos, para que se fizesse a correlação entre os mesmos, onde SILT
corresponde ao estéril e os demais índices correspondem ao carvão.
Figura 18 Exemplo de um furo Legenda 1.
Com este artifício foi possível concluir que embora existam diversas
classificações do carvão por causa de suas características (por exemplo: teor de cinzas e
teor de voláteis), algumas delas pertenceriam, segundo a interpretação espacial, à uma
mesma camada. Foi então estabelecido que seriam modeladas três camadas principais
que apresentaram maior freqüência nos furos, sempre observando suas disposições
espaciais. Estas camadas foram chamadas de Bananeiras, Chipanga e Souza Pinto.
Litologias do banco de dados como, por exemplo, a “G” que foram observadas apenas
em poucos furos sem correlação espacial foram modeladas como material estéril para
facilitar a geração dos sólidos, já que suas inserções no modelamento não causariam
14
incremento significativo no volume de minério. A tabela abaixo explica quais camadas
serão modeladas.
Litologia CamadaB BananeirasG SILTI SILT
LC ChipangaLC_B ChipangaMC ChipangaPC ChipangaSP Souza Pinto
SP_B Souza PintoSP0 Souza PintoUC Chipanga
Tabela 1 Definição das camadas a serem modeladas
Foi feita então uma segunda legenda no software Datamine Studio®
apenas com as informações necessárias segundo a nova classificação. A figura abaixo
demonstra os furos de sondagem já com a nova legenda aplicada, onde a cor vermelha
representa a camada Bananeiras, a verde a camada Chipanga e a cor amarela a camada
Souza Pinto. A cor marrom representa o material estéril.
Figura 19 Furos com a nova legenda aplicada
Inicialmente foi objetivado ter um entendimento do comportamento
espacial das camadas de carvão, visto que a malha de sondagem não apresenta um
comportamento regular.
15
Figura 20 Posição dos furos de sondagem e sentido das seções paralelas
Após esta etapa foram geradas seções paralelas no sentido SE-NO
para que depois fossem gerados os sólidos. Durante a interpretação das seções foi
possível observar presença de duas falhas geológicas. O critério da verificação de
existências destas falhas foi o mergulho mais acentuado (brusco) das camadas que
ultrapassam os ângulos típicos de mergulhos deste tipo de corpo de minério.
A próxima figura demonstra a estratigrafia das camadas onde a cor
vermelha representa a camada Bananeiras, a cor verde representa a camada Chipanga e
a cor amarela representa a camada Souza Pinto. A cor marrom descrimina o
overbourden assim como os interbourdens existentes.
Figura 21 Falhas geológicas no modelamento.
É sabido que o corpo de minério se estende além dos furos das
extremidades, porém, não foram feitas extrapolações laterais no modelamento para que
não se superestimasse o volume de minério por se tratar de um corpo de minério com
16
grandes variações de espessura. O corpo foi modelado apenas até os furos de sondagem
das extremidades.
Figura 22 Detalhe dos wireframes da topografia e do corpo modelado (transparentes) gerado e a
disposição dos furos de sondagem.
Foi então calculado o volume e a massa de todas as camadas, que
estão na tabela abaixo:
Material Volume (m3) Massa (t)Estéril (above Bananeiras) 46,656,359 116,640,898 Carvão (Bananeiras) 9,371,954 14,995,126 Estéril (above Chipanga) 134,192,730 335,481,825 Carvão (Chipanga) 83,810,682 134,097,091 Estéril (above Souza Pinto) 148,385,184 370,962,960 Carvão (Souza Pinto) 41,919,487 67,071,179
Tabela 2 Volume e tonelagem de cada camada.
Volume Total de carvão (m3) Massa total de carvão (t)135,102,123 216,163,397
Tabela 3 Volume e tonelagem de carvão.
17
5.1.1 Modelo de Blocos
Foi realizado no software Datamine Studio®. Inicialmente foi criado
um prototype, que possui as mesmas dimensões do modelo de bloco a ser criado e serve
como estrutura para armazenar com as dimensões do modelo de blocos a ser criado.
As dimensões do prototype criado foram:
Direção X com ponto inicial na coordenada 575200 contando com 43
blocos de 100m nesta direção. Na direção Y, o ponto inicial é a coordenada 8214000
contando com 36 blocos de 100m nesta direção. Na direção Z o ponto inicial é a cota -
140 e nesta direção serão construídos 37 blocos de 10m. O prototype obtido é apenas a
as definições do modelo a ser criado.
A seguir foi feito o preenchimento do modelo criado com blocos de
100x100x10m com o comando wirefill. O tamanho de bloco escolhido foi determinado
pela altura de bancada e, por se tratar de um strip mining, as dimensões de bloco podem
ser grandes em superfície (grande movimentação de material). O arquivo resultante
desses processos é um arquivo de blocos que será então preenchido pelo wireframe do
corpo de minério com o comando trival. É atribuído peso 1 para bloco dentro do corpo e
0 para bloco fora do corpo de minério (opção mined). Uma sub-blocagem é levada em
consideração.
5.2 Seqüenciamento de Lavra
Com o modelo de blocos já definido, foi feito com a utilização do
software NPV Scheduler® , a otimização do seqüenciamento de lavra.
Cada bloco recebeu um valor econômico (VALUE) que foi calculado
segundo a fórmula:
VALUE=VALUE1+VALUE2+VALUE3+VALUE4
Onde:
VALUE1= (TWASTE).(CL)
18
VALUE2= (TCHIP).
(%RejeitoCHIP).(CL+CB)+(%MCHIP)*(%RECP)*($VM)+(%ECHIP)*(%RECP)*($VE)
VALUE3= “ídem fórmula VALUE2 porém com valores para o carvão Souza Pinto”.
VALUE4= “ídem fórmula VALUE2 porém com valores para o carvão Bananeiras”.
Sendo que:
- TWASTE: tonelagem de estéril;
- CL: custo de lavra por tonelada;
- TCHIP: tonelagem de carvão Chipanga;
- %RejeitoCHIP: fração de rejeito da planta de beneficiamento de carvão Chipanga;
- CB: custo de beneficiamento por tonelada;
- %MCHIP: fração de carvão metalúrgico do carvão Chipanga;
- %RECP: recuperação global da planta de beneficiamento;
- $VM: valor de venda por tonelada de carvão metalúrgico com custos de lavra e
beneficiamento já inclusos;
- $VE: valor de venda por tonelada de carvão energético com custos de lavra e
beneficiamento já inclusos;
- %ECHIP: fração de carvão energético do carvão Chipanga;
Após a etapa de seqüenciamento com a utilização do NPV
Scheduler®, foi inserido no software Datamine Studio® as informações geradas e
obteve-se o seguinte cenário dos blocos (pushbacks) seqüenciados:
19
Figura 23 Legenda indicando seqüência econômica dos blocos.
De posse dos blocos seqüenciados foi possível locar o corte pioneiro
(Box Cut) e realizar o seqüenciamento dos próximos cortes da lavra. A legenda da
figura superior indica a seqüência dos blocos mais econômicos que foi utilizada para a
definição dos cortes. Os blocos onde a legenda não se aplica (brancos) são da seqüência
posterior ao décimo quarto corte (pushback).
Figura 24 Visualização em 3D dos blocos seqüenciados.
Os pushbacks gerados no NPV Scheduler respeitam um critério de
extração de 8.600.000t de minério por ano com ângulos de face de 80°.
20
Figura 25 Corpo do minério com o seqüenciamento em efeito de nuvem.
A figura a seguir indica o local e a configuração do corte pioneiro que
foi escolhido buscando extrair o máximo possível de blocos mais econômicos e já se
prevendo a locação dos cortes posteriores sempre relevando suas respectivas
operacionalidades.
Figura 26 Corte pioneiro na cor cinza (Wireframes no modo transparente).
A figura a seguir demonstra os cinco primeiros cortes realizados
verificando a operacionalidade e a maximização de lucro baseado no seqüenciamento.
21
Figura 27 Cinco cortes projetados segundo o seqüenciamento.
A figura acima demonstra cinco cortes sendo as suas respectivas
seqüências a seguinte:
- Corte pioneiro: cor cinza;
- Corte 2: cor azul;
- Corte 3: cor bordô;
- Corte 4: cor ciano;
- Corte 5: cor verde escuro.
O volume de cada material movimentado em cada corte foi calculado
no Datamine Studio® com o uso dos comandos TRIVAL, COPY, EXTRA e STATS. Os
resultados estão discriminados nas tabelas a seguir.
Estéril (t) Carvão Total (t) Chipanga Souza Pinto BananeirasCORTE PIONEIRO 37,409,667 8,717,302 6,773,344 1,943,958 0
CORTE2 33,726,808 5,014,779 3,096,329 1,918,450 0CORTE3 34,043,858 7,957,943 5,893,612 1,977,718 86,613 CORTE4 31,978,136 9,522,459 6,289,144 581,168 2,652,147 CORTE5 27,736,655 8,559,948 5,540,201 2,041,394 978,353
FRAÇÃO (t)
Tabela 4 Materiais movimentados em cada corte
22
Estéril (t) Carvão Total (t) Chipanga Souza Pinto BananeirasCORTE PIONEIRO 37,409,667 8,717,302 77.7 22.3 -
CORTE2 33,726,808 5,014,779 61.7 38.3 - CORTE3 34,043,858 7,957,943 74.0 24.9 1.1 CORTE4 31,978,136 9,522,459 66.0 6.1 27.9 CORTE5 27,736,655 8,559,948 64.7 23.8 11.5
REPRESENTAÇÃO PERCENTUAL (%)
Tabela 5 Porcentagem de carvão extraído de cada camada
Os próximos cortes seguirão os critérios de definição anteriormente
utilizados e seguindo os cortes já demonstrados. Para a região sul um novo corte
pioneiro deverá ser locado para que se sigam as operações de produção.
Com o seguinte cenário que está demonstrado nas tabelas abaixo,
foram previstas as produções anuais verificando os cortes anteriormente projetados
detalhando a quantidade de cada material extraído para a meta de produção anual
calculada anteriormente por Taylor de aproximadamente 8.6Mt para que fossem
possíveis um maior detalhamento e precisão no fluxo de caixa.
Características do carvão Bananeiras Chipanga Souza Pinto
Fração Metalúrgica (%) 44,44 36,66 24,44Fração Energética (%) 4,44 36,66 30,00
Fração Rejeito da Planta (%) 51,12 26,68 45,56 Tabela 6 Características dos carvões
Camadas de carvão Participação no Depósito (%)Bananeiras 6,94Chipanga 62,04
Souza Pinto 31,03 Tabela 7 Fração de cada camada no depósito
Com estas informações então foi possível realizar uma previsão
detalhada trabalhando-se com uma média ponderada usando pesos para cada camada
(calculados com base na fração de cada camada no volume total do depósito), dos
quatro primeiros anos da massa de carvão energético e carvão metalúrgico e o que
poderá ser rejeitado pela planta de beneficiamento obviamente dependendo do valor de
sua recuperação global. Com o detalhamento dos quatro primeiros anos será feita uma
estimativa para os demais anos.
Seguem as tabelas de lavra detalhada dos quatro primeiros anos da
lavra, o campo Estéril refere-se à massa do overbourden e dos interbourdens:
23
Bananeiras (t) Chipanga (t) Souza Pinto (t) Estéril (t)0 6718358 1928177 37105979
Bananeiras (%) Chipanga (%) Souza Pinto (%)0 77,7 22,3
Metalúrgico (t) Energético (t) Rejeito da Planta (t)2929394 3037372 2679769
Metalúrgico (%) Energético (%) Rejeito da Planta (%)33,88 35,13 30,99
Total de Estéril (t) Total de carvão (t)37105979 8646536
Frações (metalúrgico, energético, rejeito da planta)
ANO 1
99% extraído no 1º anoCorte Pioneiro
Tabela 8 Primeiro ano da lavra.
Bananeiras (t) Chipanga (t) Souza Pinto (t) Estéril (t)0 54985 15781 303688
Bananeiras (%) Chipanga (%) Souza Pinto (%)0 77,7 22,3
Bananeiras (t) Chipanga (t) Souza Pinto (t) Estéril (t)0 3096329 1918450 33726808
Bananeiras (%) Chipanga (%) Souza Pinto (%)0 61,74 38,26
Bananeiras (t) Chipanga (t) Souza Pinto (t) Estéril (t)38757 2637251 884982 15233819
Bananeiras (%) Chipanga (%) Souza Pinto (%)1,10 74,06 24,84
Metalúrgico (t) Energético (t) Rejeito da Planta (t)2808208 2981432 2856740
Metalúrgico (%) Energético (%) Rejeito da Planta (%)32,48 34,48 33,04
Estéril (t) Total de carvão (t)49264314 8646536
ANO 2
Corte 345% extraído no 2º ano
Frações (metalúrgico, energético, rejeito da planta)
Corte Pioneiro1% extraído no 2º ano
Corte 2100% extraído no 2º ano
Tabela 9 Segundo ano da lavra.
24
Bananeiras (t) Chipanga (t) Souza Pinto (t) Estéril (t)47856 3256360 1092736 18810039
Bananeiras (%) Chipanga (%) Souza Pinto (%)1,09 74,06 24,85
Bananeiras (t) Chipanga (t) Souza Pinto (t) Estéril (t)1183573 2806653 259358 14270869
Bananeiras (%) Chipanga (%) Souza Pinto (%)27,85 66,05 6,10
Metalúrgico (t) Energético (t) Rejeito da Planta (t)2603157 3171445 2871934
Metalúrgico (%) Energético (%) Rejeito da Planta (%)30,11 36,68 33,21
Estéril (t) Total de carvão (t)33080908 8646536
ANO 3Corte 3
55% extraído no 3º ano
Corte 444,63% extraído no 3º ano
Frações (metalúrgico, energético, rejeito da planta)
Tabela 10 Terceiro ano da lavra.
Bananeiras (t) Chipanga (t) Souza Pinto (t) Estéril (t)1468575 3482490 321810 17707267
Bananeiras (%) Chipanga (%) Souza Pinto (%)27,85 66,05 6,10
Bananeiras (t) Chipanga (t) Souza Pinto (t) Estéril (t)385590 2183513 804557 10931615
Bananeiras (%) Chipanga (%) Souza Pinto (%)11,43 64,72 23,85
Metalúrgico (t) Energético (t) Rejeito da Planta (t)2430174 3234917 2981445
Metalúrgico (%) Energético (%) Rejeito da Planta (%)28,11 37,41 34,48
Estéril (t) Total de carvão (t)28638882 8646536
Frações (metalúrgico, energético, rejeito da planta)
Corte 455,37% extraído no 3º ano
Corte 539,41% extraído no 3º ano
ANO 4
Tabela 11 Quarto ano de lavra.
Segundo os cálculos realizados apenas 39,41% do corte serão
extraídos no 4º ano. Portanto se tem 60,59% do corte 5 que serão extraídos no 5º ano de
lavra, que correspondem à 5186288t de carvão. Para se atingir a meta de 8646536t
anuais deverão ser extraídos, portanto mais 3460248t do próximo corte.
25
Bananeiras (t) Chipanga (t) Souza Pinto (t) Estéril (t)592763 3356688 1236836 16805040
Bananeiras (%) Chipanga (%) Souza Pinto (%)11,43 64,72 23,85
Estéril (t) Total de carvão (t)16805040 5186288
O material restante do corte 5 será lavrado em 7,2 meses.
Uma aproximação com base nos cálulos realizados, será feita para os próximos anos e na continuação do 5º ano.
ANO 5Corte 5
60,56% extraído no 3º ano
Tabela 12 Quinto ano da lavra.
26
6 Parâmetros da Lavra
6.1 Equipamentos da Lavra
Os equipamentos utilizados na lavra serão descritos abaixo, como uma
forma justificar a sua escolha nesta mina.
Escavadeira sobre rodas (Wheel loader): as escavadeiras sobre rodas
possuem certas vantagens sobre as shovels. O custo por metro cúbico de material
removido é mais baixo, possuem maior mobilidade, são mais práticas para realizar
misturas “blendagem” de materiais, podem facilmente mudar de função, possuem uma
maior facilidade de venda. Uma de suas desvantagens é o grande desgaste de pneus em
terrenos muito irregulares, sendo esta um possível problema visto o panorama mundial
do mercado mineiro que demanda um número muito grande de pneus.
Figura 28: Wheel loader.
Escavadeira Hidráulica (Hydraulic Excavator): são equipamentos de
escavação montados sobre esteiras. Serão utilizados para abrir os cortes pioneiros onde
é necessário retirar o material sob o equipamento até que o corte seja suficientemente
grande para o uso das escavadeiras sobre rodas “wheel loader”.
27
Figura 29 Escavadeira hidráulica.
Caminhões basculantes fora-de-estrada (Rear Dump): este tipo de
caminhão é indicado para pistas mais inclinadas, como no caso deste depósito, onde
grande parte da pista possui uma inclinação de 10%. O basculamento pela parte traseira
da caçamba permite a formação de pilhas para o carvão e também uma deposição mais
precisa para o material estéril que será despejado nos cortes já minerados para o seu
devido fechamento.
Figura 30 Caminhão basculante do tipo Rear Dump.
Escavadeira convencional: possuem grande mobilidade, diversidade
de funções e baixo custo de investimento e custo operacional. São ideais para a remoção
das camadas de solo argiloso e solo orgânico.
28
Figura 31 Escavadeira convencional para retirada de solo.
Caminhões basculantes (CARGO): serão utilizados para o
transporte do solo argiloso e orgânico removido. Basculam a sua carga formando pilhas
de estoque e também serão utilizados para recolocar as camadas de solo sobre o estéril
na reconstituição dos terrenos minerados. Possuem preço mais acessível, são mais leves
e de manutenção mais barata e simples do que os caminhões fora-de-estrada, porém este
tipo de caminhão possui menor durabilidade.
Figura 32 Caminhão basculante (CARGO) para transporte do solo removido.
Moto-niveladora: este equipamento manterá as estradas em boas
condições, diminuindo e corrigindo as falhas e os buracos produzidos. As estradas
precisam estar em boas condições para diminuir a resistência ao rolamento e assim
aumentar a produtividade dos caminhões. Este equipamento também será utilizado no
decapeamento das camadas de solo.
29
Figura 33 Moto-niveladora para correção de estradas.
Perfuratriz rotativa (carvão): o carvão é uma rocha de baixa dureza
e extremamente friável e por esta razão serão utilizadas perfuratrizes rotativas sobre
esteiras. As brocas utilizadas terão 5,5” de diâmetro e dentes de aço. A velocidade de
furação é maior no carvão do que no estéril e por ser uma rocha mais frágil a razão de
carga será menor utilizando-se furos de menor diâmetro.
Figura 34 Perfuratriz sobre o carvão.
Perfuratriz rotativa (estéril): o estéril é constituído por rochas de
baixa dureza e é por esta razão serão utilizadas perfuratrizes rotativas sobre esteiras.
Serão utilizadas brocas tricônicas, com dentes de aço, de 6” de diâmetro no material
estéril, constituído por arenitos e siltitos de baixa dureza. A velocidade de furação no
estéril é menor do que no carvão.
30
Figura 35 Perfuratriz sobre esteira perfurando estéril.
Caminhão pipa: será utilizado para o transporte de água na mina e
principalmente manter a umidade da pista para evitar a geração de poeiras.
Figura 36 Caminhão pipa.
Caminhão de lubrificação: este caminhão percorrerá a mina para
realizar a lubrificação periódica dos equipamentos, evitando que estes tenham que se
deslocar até um ponto específico para efetuar esta tarefa, aumentando assim a
disponibilidade mecânica dos equipamentos.
31
Figura 37 Caminhão de lubrificação.
Caminhão de abastecimento de combustível: este caminhão atuará
em conjunto com o caminhão de lubrificação, pois a parada para a lubrificação também
será utilizada para realizar o abastecimento dos equipamentos diesel. Evitando que os
equipamentos se desloquem até um ponto para abastecimento aumenta-se a
disponibilidade mecânica dos mesmos.
Figura 38 Caminhões tanque para abastecimento dos equipamentos diesel.
32
Caminhão de explosivos: este caminhão fará o transporte dos sacos
de ANFO utilizado no desmonte tanto de estéril quanto no desmonte de carvão.
Figura 39 Caminhão que fará o transporte dos sacos de ANFO.
Trator de lâmina (dozer): estes equipamentos possuem enorme
versatilidade e serão utilizados para espalhar o estéril basculado pelos caminhões, abrir
novas estradas, realizar a limpeza de pequenas áreas removendo matérias e formando
pilhas para o carregamento destes.
Figura 40 Trator de lâmina (dozer).
Bomba d’água: serão utilizadas bombas d’água móveis para retirar a
água, oriunda das chuvas ou dos lençóis freáticos, dos cortes de mineração.
33
Figura 41 Bomba para retirada de água do corte.
Camionetes: são os veículos mais indicados para circular nas estradas
e nos terrenos da mina, pela sua maior robustez quando comparada a um veículo de
passeio convencional. Serão utilizadas para transportar engenheiros, supervisores,
encarregados de setor e afins para vistorias e inspeções na mina.
Figura 42 Caminhonetes, os veículos da mina.
34
6.2 Metodologia de seleção de equipamentos de carregamento e
transporte
Os equipamentos de lavra foram escolhidos utilizando-se as seguintes
fórmulas, retiradas do Mining Engineering Handbook:
Escavadeira sobre rodas (wheel loader) e escavadeira hidráulica
(hydraulic excavator):
BC = Yx(Cx(1+S))/(QxAxUxB)
- BC: Tamanho da concha (16,6m3, 11,5m3, 7,0m3 - escavadeira);
- Y: Produção anual (8.659.980t);
- C: Tempo de ciclo (52s , 44s, 45s - escavadeira);
- S: Fator de empolamento (30%);
- Q: Horas trabalhadas no ano (6825h);
- A: Disponibilidade (parcela das horas programadas em que as escavadeiras estão
mecanicamente disponíveis), (80%);
- U: Utilidade (parcela do tempo disponível na qual o equipamento está efetivamente
trabalhando), (90%);
- B: Fator de enchimento da concha (90%);
Os caminhões foram escolhidos de acordo com a sua compatibilidade
com as escavadeiras e a quantidade foi determinada através de um ábaco específico.
Caminhão basculante 94t (rear dump): tempo de carga 176s, tempo
de subida cheio 514s, tempo basculamento 60s, tempo de volta 180s). O tempo total de
ciclo será de 930s. Este tempo pode variar, dependendo da escavadeira utilizada para o
carregamento dos caminhões e das condições da pista.
Caminhão basculante 45t (rear dump): tempo de carga 132s, tempo
de subida cheio 406s, tempo basculamento 60s, tempo de volta 202s). O tempo total de
35
ciclo será de 800s. Este tempo pode variar, dependendo da escavadeira utilizada para o
carregamento dos caminhões e das condições da pista.
Figura 43 ábaco para caminhões
1) Escolhem-se os caminhões que serão utilizados e verifica-se o seu peso vazio e o
seu peso cheio;
2) Escolhe-se a curva que corresponde à soma da inclinação da pista e a resistência
ao rolamento que esta apresenta;
3) Então são traçadas duas retas verticais no gráfico da esquerda, uma para o
caminhão cheio e outra para o caminhão vazio, até que esta encontre a reta inclinada
que indica a resistência total ao rolamento;
4) A partir do ponto de encontro destas duas retas se traça uma linha horizontal até
que esta atinja a curva do gráfico da direita;
5) A partir deste ponto de encontro se traça uma linha vertical e encontra-se a
velocidade do caminhão;
36
6.3 Conclusões sobre os equipamentos:
- A lavra poderá ser realizada utilizando-se equipamentos de baixo
custo operacional e baixo custo de investimento o que facilita a sua aquisição no
mercado de máquinas;
- Maior facilidade para aquisição de peças de reposição e encontro de
mão de obra para manutenção;
- Possuem maior liquidez no caso da necessidade de substituição
destes equipamentos;
- Possuem maior mobilidade com a possibilidade de locomoção
rápida para atuação em várias frentes diferentes de trabalho, fator de grande valia neste
depósito;
- A eventual indisponibilidade de um equipamento não causará grande
impacto na produção, pois estes representam uma pequena parcela do sistema
produtivo.
37
6.4 A Lavra
A região avaliada do depósito de carvão de Moatize possui três
camadas distintas de carvão com espessuras e características variada. Este depósito pode
ser dividido em três regiões distintas quanto à ocorrência das camadas de carvão.
Camada
Volume (m3)
Toneladas
Espessura
(m)
Área
(m2)
Densidade
superficial (t/m2)
Bananeiras 9.371.954 14.995.126 12 780.996 19,2
Chipanga 83.810.682 134.097.091 26,3 3.186.718 42,1
Souza Pinto 41.919.487 67.071.179 10,6 3.954.669 17,0
Total 135.102.123 216.163.397 78,2
Tabela 13 Características médias das camadas de carvão do depósito de Moatize.
Camada Cobertura (m3) Relação E/M (m3/t)
Espessura de estéril
(m)
Estéril sobre Bananeiras 46.656.359 3,11 59,7
Estéril sobre Chipanga 134.192.730 1,00 42,1
Estéril sobre Souza Pinto 148.385.184 2,21 37,5
Tabela 14 Características médias das camadas de estéril do depósito Moatize.
A primeira região possui uma área de 767.951m2 onde ocorre apenas
uma camada das camadas de carvão, a Souza Pinto, com uma espessura média de
10,6m.
A segunda região possui uma área de 2.405.722 m2 onde duas
camadas de carvão estão presentes, a Chipanga e a Souza Pinto.
A terceira região possui uma área de 780.996 m2 onde as três camadas
de carvão estão presentes, Bananeiras, Chipanga e a Souza Pinto.
As três regiões do depósito serão lavradas através do método de lavra
em tiras, “Strip Menem”, com a remoção das camadas de estéril utilizando escavadeira
sobre rodas “wheel loader”, escavadeiras hidráulicas “hydraulic excavator” e
caminhões basculantes “rear dump” de 94t. O estéril é constituído por rochas de
origem sedimentar tais como siltitos e arenitos e deve ser fragmentado com o uso de
explosivos, do tipo ANFO, para permitir a sua retirada. Não é necessária grande razão
38
de carga para fragmentação do material estéril, pois ele apresenta baixa resistência
mecânica e não há necessidade de produzir material com granulometria fina, atribuindo-
se a esta rocha fragmentada um empolamento de 30%. As escavadeiras sobre rodas e
escavadeiras hidráulicas farão o carregamento do estéril nos caminhões basculantes, que
por sua vez farão o basculamento deste material nas tiras de onde o carvão já foi
removido.
A extração de carvão também será realizada utilizando escavadeiras
sobre rodas “wheel loader”, escavadeiras hidráulicas “hydraulic excavator” e
caminhões de basculantes do tipo “rear dump” com capacidade de carga de 45t. O
carvão será fragmentado utilizando explosivos, do tipo ANFO, para obtenção de
granulometrias compatíveis com os equipamentos das etapas de britagem atribuindo-se
ao carvão um empolamento de 30%. Escavadeiras sobre rodas e escavadeiras
hidráulicas farão o carregamento dos caminhões basculantes que levarão o carvão até a
unidade de britagem ou para as pilhas de estoque.
6.4.1 Remoção do Solo
Visando a preservação ambiental e a entrega da região minerada em
condições semelhantes às que foram encontradas antes da mineração, as camadas dos
dois diferentes tipos de solo serão removidas e armazenadas de acordo com a suas
características. Duas escavadeiras de 0,2m3 farão o carregamento de caminhões do tipo
CARGO, de 30t, removendo a camada superficial 30cm de solo orgânico, seguida de
uma camada de 70cm de solo argiloso. Estes dois solos serão previamente armazenados
em pilhas distintas e posteriormente serão usados para recobertura das pilhas de estéril
depositado nos cortes minerados.
Equipamento Capacidade Quantidade
Escavadeira 0,2m3 2
Caminhão 30t 6
Tabela 15 Equipamentos para remoção do solo
39
6.4.2 Carregamento e Transporte
Região com uma camada: possui uma área de 767.951m2 onde será
efetuada uma descobertura diária de uma área de 1.453m2. A produção diária de carvão
será de aproximadamente 24.705 toneladas sendo que para isso é necessária a remoção
de 54.495m3 de estéril. Na remoção de material estéril serão utilizadas cinco
escavadeiras sobre rodas com capacidade de 16,6m3 e dezenove caminhões de 94t para
o transporte de material estéril. Outras duas escavadeiras sobre rodas, de 11,5m3 e nove
caminhões basculantes de 45t serão utilizados para o carregamento e transporte de
carvão.
Camada
Área
(m2/d)
Densidade
superficial (t/m2)
Produção
diária (t/d)
Produção
anual (t/a)
Percentual
(%)
Souza Pinto 1453 17 24704,4 8646536,0 100,00
Total 17 24704,4 8646536,0 100,00
Tabela 16: produção de carvão na região com uma camada.
Camada
Área
(m2/d)
Altura da
cobertura (m)
Produção diária
(m3/d)
Produção
anual (m3/a)
Percentual
(%)
Souza Pinto 1453 37,5 54495,0 19073241,2 100,00
Total 37,5 54495,0 19073241,2 100,00
Tabela 17: remoção de estéril na região com duas camadas.
Região com duas camadas: possui uma área de 2.405.722m2 onde
será efetuada uma descobertura diária de uma área de 418m2. A produção diária de
carvão será de aproximadamente 24.705 toneladas, com 17598,2 toneladas de carvão
extraídas da camada Chipanga e 7.106,2 toneladas extraídas da camada Souza Pinto.
Serão removidos 33.273,6m3 de estéril por dia, com remoção de 17.598,2m3 da
cobertura da camada Chipanga e 15.675,4m3 da cobertura da camada Souza Pinto. Na
remoção de material estéril sobre a camada Chipanga serão utilizadas duas escavadeiras
sobre rodas com capacidades de 16,6m3 e de 11,5 m3 respectivamente, e quatro
caminhões basculantes de 94t para o transporte de estéril. Na remoção de material
estéril sobre a camada Souza Pinto serão utilizadas duas escavadeiras sobre rodas com
40
capacidade de 16,6 m3 e 11,5m3 respectivamente e três caminhões basculantes de 94t
para o transporte de estéril.
Na produção de carvão será utilizada uma escavadeira sobre rodas de
16,6m3 para a camada Chipanga e 6 caminhões basculantes de 45t. Para a camada Souza
Pinto será utilizada uma escavadeira hidráulica de 7m3 e 3 caminhões basculantes de
45t.
Camada
Área
(m2/d)
Densidade
superficial (t/m2)
Produção
diária (t/d)
Produção
anual (t/a)
Percentual
(%)
Chipanga 418 42,1 17598,2 6159376,7 71,24
Souza Pinto 418 17 7106,2 2487159,3 28,76
Total 59,1 24704,4 8646536,0 100,00
Tabela 18 Produção de carvão na região com duas camadas.
Camada
Área
(m2/d)
Altura da
cobertura (m)
Produção diária
(m3/d)
Produção
anual (m3/a)
Percentual
(%)
Chipanga 418 42,1 17598,2 6159376,7 52,89
Souza Pinto 418 37,5 15675,4 5486380,7 47,11
Total 79,6 33273,6 11645757,5 100,00
Tabela 19 Remoção de estéril na região com duas camadas.
Região com três camadas: possui uma área de 780.996m2 onde será
efetuada uma descobertura diária de uma área de 316m2. A produção diária de carvão
será de aproximadamente 24.736 toneladas, com 6.065,5 toneladas de carvão extraídas
da camada Bananeiras, 13.299,9 toneladas de carvão extraídas da camada Chipanga e
5.370,5 toneladas de carvão extraídas da camada Souza Pinto. Serão removidos
44.018,8m3 de estéril por dia, com remoção de 18.865,2m3 da cobertura da camada
Bananeiras, 13.303,6m3 da cobertura da camada Chipanga e 11.850,0m3 da cobertura da
camada Souza Pinto. Na remoção de material estéril sobre a camada Bananeiras serão
utilizadas duas escavadeiras sobre rodas com capacidade de concha de 16,6m3 e 11,5 m3
respectivamente e sete caminhões basculantes de 94t para o transporte de estéril. Na
remoção de estéril sobre a camada Chipanga será utilizada uma escavadeira sobre rodas
com capacidade de 16,6m3 e cinco caminhões basculantes de 94t para o transporte de
estéril. Na remoção de material estéril sobre a camada Souza Pinto será utilizada uma
41
escavadeira sobre rodas com capacidade de 16,6m3 e 4 caminhões basculantes de 94t
para o transporte de estéril.
Na produção de carvão será utilizada uma escavadeira hidráulica de
7,0m3 para a camada Bananeiras e 2 caminhões basculantes de 45t. Para a camada
Chipanga será utilizada uma escavadeira sobre rodas de 11,5m3 e 4 caminhões
basculantes de 45t. Por fim a camada Souza Pinto utilizará uma escavadeira hidráulica
de 7,0m3 e 2 caminhões basculantes de 45t para a extração de carvão.
Camada
Área
(m2/d)
Densidade superficial
(t/m2)
Produção
diária (t/d)
Produção
anual (t/a)
Percentual
(%)
Bananeiras 316 19,2 6065,5 2122934,7 24,52
Chipanga 316 42,1 13299,9 4654976,5 53,77
Souza Pinto 316 17 5370,5 1879681,7 21,71
Total 78,3 24736,0 8657593,0 100,00
Tabela 20 Produção de carvão na região com três camadas.
Camada
Área
(m2/d)
Altura da cobertura
(m)
Produção
diária (m3/d)
Produção
anual (m3/a)
Percentual
(%)
Bananeiras 316 59,7 18.865,2 6.602.820,0 42,86
Chipanga 316 42,1 13.303,6 4.656.260,0 30,22
Souza Pinto 316 37,5 11.850,0 4.147.500,0 26,92
Total 139,3 44.018,8 15.406.580,0 100,00
Tabela 21 Remoção de estéril na região com três camadas.
6.4.3 Estradas
A remoção do material estéril e a extração do carvão exigirão a
permanente construção e manutenção das estradas. Manter as estradas em boas
condições é fundamental para garantir a produtividade da frota de caminhões, sabendo
que estradas em más condições aumentam a resistência ao rolamento e
conseqüentemente o tempo de ciclo de produção desta frota.
As estradas não devem ser muito inclinadas, o que ocasiona uma baixa
velocidade de trafego, mas também não devem ser muito pouco inclinadas onde existe
uma diferença de nível considerável a ser vencida, fazendo com que o trajeto seja muito
42
longo. Esses dois tipos de estrada fazem com que tempo de ciclo dos caminhões fique
muito longo diminuindo a produtividade da frota. Segundo a literatura especializada
recomenda-se o uso de estradas no interior do corte com inclinação de
aproximadamente 10% ou seis graus e fora do corte a inclinação será a menor possível.
Às condições da pista foi atribuída uma resistência ao rolamento de 3%.
6.5 Perfuração e Desmonte
Perfuração do estéril: a cobertura de material estéril será perfurada
com uma perfuratriz rotativa munida de broca tricônica de 6” de diâmetro. Os furos
terão 11 metros de profundidade, sendo que 90 centímetros do furo serão destinados
como tampão. A malha de furos terá 5,6 metros de espaçamento e 2,8 metros de
afastamento entre as linhas de furos. Não haverá sub-furação.
Figura 44 Croqui da malha de furação do estéril.
5,6m
∅=6” 2,8m
Perfuração do carvão: nas camadas de carvão serão utilizadas
perfuratrizes rotativas munidas de brocas de 4,5” de diâmetro. Os furos terão em média
11 metros de profundidade, sendo que cerca de 70 cm do furo serão destinados para o
tampão. A malha de furos terá 5,6 metros de espaçamento e 2,8 metros de afastamento
entre as linhas de furos. Não haverá sub-furação.
43
Figura 45 Croqui da malha de furação do minério.
5,6m
∅=4,5” 2,8m
O desmonte implica em significativos custos sobre a tonelada de
minério produzido, e por isso a filosofia do desmonte deve ser bem entendida e aplicada
na prática. Para a remoção do material estéril uma fragmentação pequena é necessária,
pois este apenas será removido e depositado em outro local. Já o carvão necessita ser
fragmentado a uma granulometria mais fina, para que seu tamanho não exceda ao da
capacidade dos britadores primários. A característica comum entre o estéril, constituído
por arenitos e siltitos, e o minério, no caso o carvão, é que estas duas rochas são muito
friáveis e não necessitam de elevadas razões de carga.
Para o desmonte, tanto do estéril quanto do carvão, os furos serão
carregados com ANFO, produzido na própria mina utilizando uma mistura de
aproximadamente 94% de nitrato de amônio granulado e 6 % de “óleo queimado”, um
resíduo gerado pelos próprios equipamentos de mineração. Mais detalhes da produção
de ANFO podem ser vistas no tópico especial.
6.5.1 Desmonte do estéril
Os furos serão carregados derramando-se o ANFO que será preparado
na mina e armazenado em sacos. Cada furo receberá aproximadamente 153,1kg de
ANFO e serão fechados com uma coluna de 90 centímetros de tampão com o próprio
fragmento da rocha gerada durante a perfuração. Cada furo será iniciado por um
reforçador “booster” de nitropenta com massa correspondente a 250g deste explosivo
ligados ao cordel detonante. A ligação entre os furos e as linhas de furos será feita
44
através de cordel detonante do tipo NP 05, com retardos entre linhas de furos de 25ms.
O cordel detonante por sua vez será ligado a uma espoleta “primer” à base de azida de
chumbo conectado um estopim a base de pólvora que será acionado por fogo. A razão
de carga será de 357g de ANFO por tonelada de estéril desmontado.
6.5.2 Desmonte do carvão
Os furos serão carregados derramando-se o ANFO que será preparado
na mina e armazenado em sacos. Cada furo receberá aproximadamente 88,1kg de
ANFO e serão fechados com uma coluna de 70 centímetros de tampão com o próprio
fragmento da rocha gerada durante a perfuração. Cada furo será iniciado por um
reforçador “booster” neste caso uma emulsão de nitrato de amônia com densidade de
1,13 , encartuchada, com massa correspondente a 500g deste explosivo ligados ao
cordel detonante. A ligação entre os furos e as linhas de furos será feita através de
cordel detonante do tipo NP 05, com retardos entre linhas de furos de 25ms. O cordel
detonante por sua vez será ligado a uma espoleta “primer” à base azida de chumbo
conectado um estopim a base de pólvora que será acionado por fogo. A razão de carga
será de 320g de ANFO por tonelada de carvão desmontado.
A seguir serão mostrados os parâmetros utilizados no desmonte:
Desmonte do estéril:
H: altura de bancada (11m);
θ: ângulo de inclinação da faz com a vertical (10º);
B: espaçamento (5,6m);
A: afastamento (2,8m);
D: diâmetro (6”);
T: tampão (90cm);
Espaçamento: B = H/(2*cosθ);
Afastamento: A = H/(4*cosθ);
Tampão: T = 6*D[cm];
Volume desmontado: área*H, onde área (502m2) corresponde à avanço (22,4m) x
largura da praça (22,4m);
Quantidade de furos por linha (Qf): avanço/B (4);
45
Quantidade de linhas (Ql): largura da praça/A (8);
Número de furos: Nf = Qf*Ql (32);
Área do furo cm2 Volume do furo cm3 Volume Explosivo cm3
182,32 203.645 186.717
Tabela 22 Volume de explosivo no desmonte do carvão.
Qtde de explosivo
kg/furo
Qtde total de
explosivo kg
Vol. Rocha
desmontado m3
Densidade da
rocha t/m3
Densidade
de carga g/t
153,1 4.926 5.519,4 2,5 357,0
Tabela 23 Densidade de carga no desmonte do carvão.
A área a ser desmontada, especificada acima, corresponde a um
módulo de área unitário. O desmonte será realizado utilizado múltiplos desta área para
diminuir o tempo de parada dos equipamentos e também para adequar-se melhor as
geometrias específicas de cada corte.
Desmonte do carvão:
H: altura de bancada (11m);
θ: ângulo de inclinação da faz com a vertical (10º);
B: espaçamento (5,6m);
A: afastamento (2,8m);
D: diâmetro (4,5”);
T: tampão (70cm);
Espaçamento: B = H/(2*cosθ);
Afastamento: A = H/(4*cosθ);
Tampão: T = 6*D[cm];
Volume desmontado: área*H, onde área (502m2) corresponde à avanço (22,4m) x
largura da praça (22,4m);
Quantidade de furos por linha (Qf): avanço/B (4);
Quantidade de linhas (Ql): largura da praça/A (8);
Número de furos: Nf = Qf*Ql (32);
46
Área do furo cm2 Volume do furo cm3 Volume Explosivo cm3
102,56 114.550,39 107.408,69
Tabela 24 Volume de explosivo no desmonte do carvão.
Qtde de
explosivo kg/furo
Qtde total de
explosivo kg
Vol. Rocha
desmontado m3
Densidade da
rocha t/m3
Densidade de
carga g/t
88,1 2.833,8 5.519,4 1,6 320,9
Tabela 25 Densidade de carga no desmonte do carvão.
A área a ser desmontada, especificada acima, corresponde a um
módulo de área unitário. O desmonte será realizado utilizado múltiplos desta área para
diminuir o tempo de parada dos equipamentos e também para adequar-se melhor as
geometrias específicas de cada corte.
Razão de
carga (kg/t)
Produção
horária (m3/h)
Produção horária
(t/h)
Quantidade de
ANFO/furo (kg)
C. ANFO
($/t)
Custo
($/h)
Estéril 0,357 1.929,6 4.823,9 153,1 0,39 671,63
Carvão 0,320 791,8 1.266,9 88,1 0,39 158,11
- - - - - Total 829,74
Tabela 26 Custos com ANFO.
Acessórios para:
Tipo
Custo ($)
Quantidade(un)
Total ($)
Qtde de material
(t)
Custo ($/t)
Produção (t/h)
Custo ($/h)
Estéril Booster 3,5 32 112 13.798,4 0,008 4.823,9 39,16
Carvão Cartucho 1 32 32 8.831,0 0,004 1.266,9 4,59
Estéril Cordel 0,25 112 28 13.798,4 0,002 4.823,9 9,79
Carvão Cordel 0,25 112 28 8.831,0 0,003 1.266,9 4,02
- - - - - Total 0,017 Total 57,55
Tabela 27 Custos com acessórios.
Custo total com desmonte ($/h) 887,29
Tabela 28 Custos horários do desmonte, incluindo acessórios.
47
6.5.3 Geomecânica
As características geométricas do corte são importantes para a
estabilidade e segurança dos trabalhadores bem como para possibilitar a extração do
carvão e a remoção do estéril. O corte será dividido em bancadas de aproximadamente
11 metros com ângulo de face de 80 graus, tanto onde há material estéril como no
carvão.
Entre estas bancadas serão feitas bermas com 10 metros de largura.
Tratores de lâmina “dozer” moverão o material estéril depositado nos cortes já
minerados para formação de estradas para transporte de estéril e carvão.
Figura 46 Ábaco de estabilidade de taludes.
48
Parâmetro Símbolo Valor Ângulo de face gr ψf 80,00
Peso específico (kN/m3) γ 25,00
Ângulo atrito interno gr Ф 37,00
Coesão (kN/m2) c 50,00
Fator de segurança F 1,30 Tabela 29 Características dos taludes e da rocha.
Valor gráfico
c/(y.H.TanФ) 0,06 Valor F
c/(y.H.F) 0,037 1,29
TanФ/F 0,61 1,23
Tabela 30 Valores obtidos no ábaco.
6.6 Estudos para método alternativo de desmonte (Stratablast)
6.6.1 Considerações de estudos experimentais futuros;
Algumas considerações sobre a prática convencional de desmonte
(throw blasting) no método strip minig:
- Ocasiona uma diluição indesejada do carvão;
- O ciclo de detonação inclui etapas demoradas de operação;
- Em camadas individuais devem repetir-se o todo o processo onerando tempo;
- A cada novo desmonte existe geração de poeira, ruído e vibração podendo ser
inconforme aos padrões ambientais;
- As operações envolvidas no ciclo da detonação de carvão incorrem riscos adicionais
por se trabalhar por períodos prolongados sob o highwall;
49
A figura a seguir demonstra um esquema do desmonte convencional
(throw blasting) utilizado no método Strip mining.
Figura 47 Procedimento clássico de desmonte para extração de carvão no método strip mining.
Estes inconvenientes poderão ser extintos (otimizados) com a
utilização da metodologia de desmonte de rochas de um novo método de lavra
desenvolvido pela empresa Orica chamado Stratablast, que nada mais é do que uma
variação do Strip mining, porém com desmonte de rochas diferenciado. Segundo fontes
de pesquisas, já foram realizados alguns estudos de caso em minas de carvão como, por
exemplo, em Queensland (Ensham Coal Mine) com múltiplas camadas de minério e
profundidade significativa, e obtiveram-se resultados positivos.
50
6.6.2 Stratablast
Este novo método consiste em simultaneamente perfurar, carregar e
desmontar múltiplas camadas de estéril (overbourden e interbuden) e carvão. A
utilização de uma nova tecnologia de detonadores eletrônicos (i-konTM) que são
programados com a utilização de um software (SHOTPlus-iTM), tem sido recentemente
desenvolvido e testado. O método permite a exploração de todos benefícios do throw
blasting enquanto fornece um incremento na diminuição de perda de carvão por
diluição, uma diminuição nos danos indesejados das estruturas do maciço rochoso e
principalemente otimizando o tempo em que se realizam os ciclos de desmonte.
O método torna possível o desmonte de múltiplas camadas
simultaneamente (camadas de estéril e camadas de carvão), o que nos mostra ser
interessante para uso em nosso projeto por se tratar de uma mina de carvão de múltiplas
camadas, da seguinte forma como demonstrado na próxima figura.
Figura 48 Desmonte (Stratablast).
Este metodologia fornece um desmonte onde existe uma estratificação
dos materiais no produto final mantendo-os em leitos separados e, diminuindo assim a
diluição do minério e agilizando a operacionalidade da lavra.
A próxima figura demonstra um esquema onde é possível desmontar
mais de uma camada de carvão e/ou estéril (Multiple Stratblast).
51
Figura 49 Desmonte (Multiple Stratablast).
52
A próxima figura demonstra um esquema do produto do desmonte,
que é a estratificação dos materiais fragmentados (Multiple Stratablast).
Figura 50 Leitos estratificados dos materiais desmontados (Multiple Stratablast)
As figuras seguintes demonstram uma comparação entre o desmonte
convencional e o Stratablast onde é possível notar uma diluição inferior com o uso do
novo método.
Figura 51 e 52 Na figura à esquerda (51) foi utilizado o Multiple Stratablast, na da direta (52) o desmonte
convencional.
53
As figuras abaixo demonstram o resultado do desmonte na mina de
Ensham Coal em Queensland (Multiple Stratablast). É possível observar a interface
entre as camadas de carvão e de estéril. Neste caso foi usado uma razão de carga de
ANFO de 0,4 kg/m3.
Figura 53 Frente carregada antes do desmonte.
Figura 54 Resultado do desmonte (Multiple Stratablast)
Com a utilização desta nova tecnologia pode-se esperar um
consumo maior de explosivos, pois a razão de carga requerida será maior, e um maior
54
custo com a utilização dos detonadores eletrônicos, porém existirão menores diluições
do minério e menor tempo será “perdido” com os ciclos das operações de desmonte de
rocha e o produto desmontado que se manterá estratificado facilitará, agilizará e
otimizará a operação de carregamento da lavra.
6.6.3 Experimentação
Simultaneamente às frentes convencionais, serão lavradas frentes
experimentais (com o uso do método alternativo de desmonte) em locais a serem
posteriormente definidos, para que se possa chegar a uma conclusão sobre o assunto.
Caso conclua-se que a substituição total do desmonte convencional pelo Stratablast ou
Multiple Stratablast seja interessante, já se terá o pessoal treinado e habituado com a
nova metodologia de desmonte.
Os custos com treinamento dos engenheiros de nossa empresa e
com a empresa terceirizada (bem como os custos com os detonadores eletrônicos) estão
incluídos no fluxo de caixa discriminados no campo de pesquisa e desenvolvimento.
55
7 Políticas de trabalho
O empreendimento mineiro funcionará de acordo com os parâmetros
de produção de Taylor que de terminaram uma vida útil da mina de vinte e cinco anos.
A partir desta informação será necessária uma produção anual de 8.646.536 toneladas
de carvão.
A mina irá operar em 3 turnos diários de oito horas cada um, em um
total de 350 dias por ano correspondendo a um total de 6.825 horas efetivamente
trabalhadas neste período. Durante 15 dias distribuídos durante todo o ano a mina ficará
parada para realização de manutenção preventiva de equipamentos nestes dias os
funcionários serão dispensados.
Turnos diários Tempo Parada Perdas por deslocamento Horas efetivas
3 8h 1h 30 min 19,5 horas
Tabela 31 Horas trabalhadas durante um dia.
A mina contará com um prédio administrativo de 1.000m2 com
escritórios onde serão realizados os planejamentos de curto e longo prazo, reuniões com
supervisores e diretores, além de toda parte burocrática do empreendimento. Haverá
também uma oficina mecânica de 1.500m2 onde será realizado a manutenção e o
conserto de equipamentos da mina. Esta oficina contará com equipamentos
especializados para mecânica pesada bem como equipamentos de mecânica leve,
manutenção elétrica e outros.
56
8 Beneficiamento
8.1 Circuito de Cominuição
Para beneficiar o carvão de Moatize, é proposta uma planta aonde os
teores de recuperação da mesma devem ser os mais altos possíveis, pois se tratam de um
carvão coqueificável de alto valor econômico. O processo de cominuição inicia pela
passagem do ROM por uma série de três peneiras vibratórias inclinadas de 8’ x 20’ de
comprimento, aonde o minério será classificado por faixa granulométrica:
Fig. 55 Peneiras vibratórias inclinadas de 8’ x 20’
A fração maior que 3 3/4” (9,52 mm) seguirá para dois britadores
primários de mandíbulas 2036 aonde o produto gerado irá para o britador de duplo rolo.
A fração entre 3 ³/4” e ¹/2” (95,2 mm x 12,5 mm) irá se unir ao produto do britador
primário de mandíbulas 2036 e ambos alimentarão os três britadores de duplo rolo
5430, com capacidade de 360 st/h e abertura de 1” (25,4 mm). Após isso, haverá uma
segunda fase de peneiramento aonde o material maior que ¹/2” será beneficiado para
carvão energético e o material entre ¹/2” e 16 malhas e menor que 16 malhas segue
junto com o mesmo processo da material do primeiro peneiramento. Serão duas
peneiras vibratórias inclinadas de 8’ x 20’ de comprimento.
57
Fig. 56 Britador de mandíbulas 2036
A fração entre ¹/2” e 16 (12,5 mm e 1 mm) malhas é o tamanho ideal
para o beneficiamento de carvão metalúrgico, logo, todo o retido é enviado direto à
separação por meio denso. A fração menor de 16 malhas (menor que 1 mm), o passante
da peneira, é enviado para hidrociclones aonde é separada a fração menor que 60
malhas. Serão cinco hidrociclones que possuem diâmetro de 26” (660 mm). Nestes
ciclones, 50% da polpa de alimentação irá para o underflow e 50% para o overflow.
Tabela 32 Faixa granulométrica do ROM (alimentação de 1400t.h-1)
Tabela 33 Faixa granulométrica do Produto do britador de rolo duplo
58
8.2 Processo de Beneficiamento
O Processo de enriquecimento do minério terá três processos
distintos nos quais a granulometria resultante da cominuição é o parâmetro que
determina a escolha. Nas frações maiores que ¹/2” somente se recuperará carvão
energético, para isso, utilizará três vasos de meio denso de 800 t/h, aonde o afundado
será rejeito, e o flutuado será o carvão energético. O meio denso será feito a partir de
uma liga de ferro e silício, onde o mesmo será recuperado, posteriormente.
Nas frações entre ¹/2” e 16 malhas, o método de recuperação será,
também, por vasos de meio denso, entretanto, haverá três vasos com 800 t/h, de
densidades diferentes, aonde o primeiro flutuado será o produto metalúrgico e o
afundado do primeiro será a alimentação do segundo. O flutuado do segundo será o
produto energético e o afundado será rejeito. As densidades de corte para cada vaso
será: 1,6 g/cm³, para o primeiro e 2 g/cm³, para o segundo.
Para a escolha dos vasos (tanques) de meio denso, foi analisado
parâmetros importantes como tamanho de partícula, aonde o tanque precisaria atuar em
12,7 mm e 1 mm, conforme a figura 57 abaixo e a capacidade do equipamento, como
mostra a tabela 34. O equipamento que melhor atendeu as expectativas foi os tanques.
Fig. 57 Comparativo entre equipamento e granulometria
59
Tabela 34 Características de equipamentos de concentração gravimétrica
Os produtos e rejeitos, após passarem pelo meio denso, seguirão para
peneiras de drenagem e lavagem, de onde sairá o carvão ou o rejeito e parte do meio
denso. A peneira constitui de duas seções, sendo a primeira de drenagem, onde todo o
meio coletado passará por um densificador e retornará parte de meio para os vasos. A
outra parte será homogeneizada junto ao meio retirado na segunda seção da peneira,
ambos passaram por um tanque e um espessador e após subseqüentemente para um
separador magnético. O que for rejeito no separador magnético, passará por outro.
Todos os concentrados dos separadores retornam aos vasos, enquanto o rejeito será
enviado para a barragem.
Nas frações entre 16 malhas e 60 malhas, o processo de recuperação
do carvão será feito por espirais, no qual terá três etapas: rougher, scavenger e cleaner,
aonde serão dois circuitos, será retirado no primeiro o carvão metalúrgico e no segundo
o carvão energético. Após esse processo, cada produto e o rejeito passam por peneiras
de deslamagem, aonde se recuperará a água utilizada no processo.
A escolha dos espirais para o uso no beneficiamento se enquadra na
tabela 34 onde a faixa granulométrica é adequada e representa um custo operacional
baixíssimo. Podemos considerar também uma recuperação aceitável desse processo.
Nas frações ultrafinas, que são menores que 60 malhas, a recuperação
será feita em duas colunas de flotação. O flotado da primeira coluna será o concentrado
de carvão metalúrgico e o da segunda será o concentrado de carvão energético.
60
Apesar da flotabilidade natural do carvão, o uso de reagentes se faz
necessário devido ao fato de que a recuperação econômica seria insuficiente. Foi
escolhido o óleo diesel como coletor numa concentração de 1,5 Kg/t, sendo necessário
dispersá-lo em forma de emulsão previamente.
Fig. 58 Colunas de flotação
O uso de colunas de flotação foi discriminado (Rubio,1988),
apresentando uma tabela comparativa que mostrava o desempenho de células
convencionais e células de coluna para carvões. Abaixo, na tabela 35, pode ser visto que
o desempenho da coluna é melhor do que o da célula convencional em termos de
recuperação e menor teor de cinzas. Na figura 59, verifica-se a influência direta da água
de lavagem na elevação do teor do concentrado. Também é comparado o desempenho
das células convencionais e das coluna de flotação com relação a concentração de óleo
diesel. Nota-se o melhor desempenho da coluna neste caso.
61
Tabela 35 Resultados de flotação de finos de carvão em coluna e em células convencionais
Figura 59 Gráfico de flotação em coluna de finos de carvão: comparação com célula convencional
Os concentrados da flotação necessitam de filtração. Logo, passarão
por um espessador 100’ de diâmetro, em seguida, serão direcionados à filtros de disco
de 2500 sq ft. O rejeito da flotação será enviado para a barragem.
Fig. 60 Espessadores
62
8.3 Recuperação da Usina
A recuperação da usina oscilará dependendo da camada que estiver
sendo lavrada. Para a camada Chipanga, as recuperações em relação à massa total de
ROM serão de 33% de carvão energético e 33% de carvão metalúrgico; para a camada
Souza Pinto, as recuperações serão de 27% carvão energético e 22% de carvão
metalúrgico e para a camada Bananeiras, de 40% de carvão energético e 4% de carvão
metalúrgico.
A variação da recuperação se deve ao rank de cada camada de carvão e do grau
de incerteza dos dados apresentados pelas mesmas. Abaixo temos as tabelas de
recuperações de cada equipamento para cada camada.
Tabela 36 Recuperação do carvão metalúrgico na camada chipanga
Tabela 37 Recuperação do carvão Energético na camada chipanga
Tabela 38 Recuperação do carvão Energético na camada Souza Pinto
Tabela 39 Recuperação do carvão metalúrgico na camada Souza Pinto
63
Tabela 40 Recuperação do carvão Energético na camada Bananeiras
Tabela 41 Recuperação do carvão Energético na camada Bananeiras
64
65
Tabela 42 Custos dos Equipamentos da usina
Figura 61 Fluxograma da planta de Beneficiamento
66
67
8.5 Projeto de Disposição dos Rejeitos
Uma polpa com 25% de sólidos em peso será descartada da usina a uma
vazão de 3000m³/h. Este rejeito possui partículas de liga de ferro-silício do classificador
por meio denso e reagentes utilizados na flotação, além de metais solubilizados e grau de
acidez elevado devido a oxidação da pirita.
O clima da área de estudo é classificado como tropical, sendo
influenciado pela extremidade Sul do Sistema de Monções da África Ocidental. A estação
chuvosa concentra 85-91% da precipitação anual e ocorre de Dezembro a Abril. A
precipitação anual média mais próxima da cidade de Tete é de 644mm, enquanto que a
evapotranspiração é de 1626mm.
A geologia do local é formada pelo Gnaisso-Granitico do Moçambique
belt e as jazidas de carvão fazem parte de uma extensa área desde Chingodzi ao rio
Meconbedzi. Situado ao sul da região montanhosa do distrito, as jazidas estão localizadas
na bacia carbonífera de Moatize-Minjova. A água para o uso na planta será retirada do rio
Meconbedzi.
8.5.1 Descarte do Rejeito
A área escolhida para a construção da barragem será baseada no mapa
geológico do local, ficando mais próximo possível da planta de beneficiamento, em cota
inferior ao do sistema de beneficiamento.
O local escolhido não deverá ser uma área de preservação permanente e nem de
solos férteis. Também não deverá ficar próximo a áreas a montante de captação de água
para abastecimento público e atividades agrícolas, sendo estabelecidas em um local com
baixa permeabilidade.
Um pré-tratamento deverá ser realizado antes do descarte dessas águas no sistema
hídrico.
8.5.2 Construção da barragem
A barragem será construída em solo argiloso, próximo a planta de
beneficiamento, terá uma altura de 60m (talude), e uma área superficial de 10 Km².
A cota da barragem será inferior a da planta de beneficiamento e maior que a cota
do nível d’água do rio Meconbedzi.
Na obra será depositado sobre o siltito uma camada de 0,5m de argila.
Fig 62 esquema de construção de uma barragem de rejeitos.
O escoamento do rejeito até a barragem passará por um processo prévio de ajuste do pH
com cal virgem, ocasionando a precipitação dos metais.
8.5.3 Aspectos Ambientais
A precipitação pluviométrica máxima foi levada em consideração como
parâmetro para dimensionamento da barragem. Logo, não haverá riscos associados a
transbordamento por chuvas.
8.5.4 Monitoramento
O monitoramento do lençol freático na região da barragem será realizado
com piezômetros instalados em distâncias de 150m das margens da barragem e serão
coletadas amostras (100ml) a cada 7 dias. O material será enviado um para o laboratório da
68
empresa e um laboratório particular. Os resultados serão enviados para o órgão de controle
ambiental responsável.
Será realizado o plantio de gramíneas no talude para diminuir os efeitos erosivos
sobre o solo exposto (principalmente em épocas de fortes chuvas). O controle de pH (canal,
rio, saída da planta), metais pesados e oxigênio será constante. Serão obtidos laudos
periódicos de inspeção da barragem contendo: dados básicos, observações, gráficos de
acompanhamento das leituras dos equipamentos, diagnósticos e recomendações.
69
9 Economia
O valor de venda do carvão foi atribuído levando em conta a sua cotação
no mercado internacional. A base dos dados foi obtida na página oficial das estatísticas
energéticas dos Estados Unidos (Energy information administration – official energy
statistics from the U.S. Government). A base de preços avaliada foi do carvão americano
por possuir maior acessibilidade aos seus dados.
O valor estipulado para este projeto será de US$ 100,00 por tonelada de
carvão grau metalúrgico e US$ 30,00 por tonelada do carvão energético. Sabe-se que estes
valores estão atualmente abaixo do preço de mercado e não está incluso neste valor, o custo
de seguro e transporte, que serão baseados em termos internacionais de comércio em
contratos adicionais.
9.1 Termos Internacionais de Comércio (INCOTERMS)
A Câmara de Comércio Internacional (CCI) criou regras para
administrar conflitos oriundos da interpretação de contratos internacionais firmados entre
exportadores e importadores concernentes à transferência de mercadorias, às despesas
decorrentes das transações e à responsabilidade sobre perdas e danos.
A CCI instituiu, em 1936, os INCOTERMS (International Commercial
Terms). Os Termos Internacionais de Comércio, inicialmente, foram empregados nos
transportes marítimos e terrestres e a partir de 1976, nos transportes aéreos. Mais dois
termos foram criados em 1980 com o aparecimento do sistema intermodal de transporte que
utiliza o processo de unitização da carga.
9.1.1 Siglas
Representados por siglas de 3 letras, os termos internacionais de
comércio simplificam os contratos de compra e venda internacional ao contemplarem os
direitos e obrigações mínimas do vendedor e do comprador quanto às tarefas adicionais ao
processo de elaboração do produto. Por isso, são também denominados "Cláusulas de
70
Preço", pelo fato de cada termo determinar os elementos que compõem o preço da
mercadoria, adicionais aos custos de produção.
9.1.2 Significado Jurídico
Após agregados aos contratos de compra e venda, os Incoterms passam a
ter força legal, com seu significado jurídico preciso e efetivamente determinado. Assim,
simplificam e agilizam a elaboração das cláusulas dos contratos de compra e venda.
Grupo F, de Free (Transporte Principal não Pago Pelo Exportador): Mercadoria entregue a
um transportador internacional indicado pelo comprador.
- FOB - Free on Board - Livre a Bordo do Navio. O vendedor, sob sua conta e risco, deve
colocar a mercadoria a bordo do navio indicado pelo comprador, no porto de embarque
designado. Compete ao vendedor atender as formalidades de exportação; esta fórmula é a
mais usada nas exportações brasileiras, por exemplo, por via marítima ou aquaviário
doméstico. A utilização da cláusula FCA será empregada, no caso de se utilizar transporte
rodoviário, ferroviário ou aéreo.
Grupo C de Cost ou Carriage (Transporte Principal Pago Pelo Exportador): O vendedor
contrata o transporte, sem assumir riscos por perdas ou danos às mercadorias ou custos
adicionais decorrentes de eventos ocorridos após o embarque e despacho.
- CIF - Cost, Insurance and Freight - Custo, Seguro e Frete. Cláusula universalmente
utilizada em que todas despesas, inclusive seguro marítimo e frete, até a chegada da
mercadoria no porto de destino designado correm por conta do vendedor; todos os riscos,
desde o momento que transpõe a amurada do navio, no porto de embarque, são de
responsabilidade do comprador; o comprador recebe a mercadoria no porto de destino e
arca com todas despesas, tais como, desembarque, impostos, taxas, direitos aduaneiros.
Esta modalidade somente pode ser utilizada para transporte marítimo. Deverá ser utilizado
o termo CIP para os casos de transporte rodoviário, ferroviário ou aéreo.
71
9.2 Tabelas comparativas com a variação do preço do carvão e custo de transporte
Tabela 43 Preço do carvão metalúrgico norte-americano para venda
72
Tabela 44 Preço do carvão energético americano para venda
73
Tabela 45 Custo de importação do carvão metalúrgico norte-americano
74
9.3 Correção dos Custos Operacionais
Os custos operacionais foram calculados com a utilização do Western
Mine e estão cotados em dólar a preços de 1995. De modo a manter a mesma data base para
as receitas e despesas envolvidas neste estudo, esses custos devem ser atualizados para
preços de 2007. Considerando-se que a variação desses custos acompanha a inflação norte
norte-americana, utilizou-se o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos para
calcular a variação no período 1995 – 2007. Segundo dados obtidos do IPEA, a variação do
IPC-EUA no período segue o comportamento apresentado no gráfico abaixo.
Figura 63 Índice de Preços ao Consumidor (IPC). No original: Consumer Price Index for All Urban
Consumers (CPI-U): U.S. city average, not seasonally adjusted.
Janeiro de 1995 = 150,30
Maio de 2007 = 207,95
Logo, o reajuste dos custos operacionais é igual a:
%36,38100)130,15095,207( =−= xreajuste
75
9.4 Análise de Mercado
Para efeito deste projeto compara-se o ganho do empreendimento ao
rendimento de alguns investimentos que, diferentemente da mineração, não envolvem
riscos. Consideram-se como exemplos de rendimentos alternativos sem riscos as seguintes
aplicações:
9.4.1 Poupança
A rentabilidade média da poupança brasileira é de 6% ao ano. Como um
investimento de baixo risco é atrativo para investidores conservadores, entretanto, como
pode ser observado, não possui uma boa rentabilidade.
9.4.2 CDI
Os certificados de depósitos interbancários possuem a rentabilidade
limitada à taxa SELIC, cuja cotação atual é de 12% ao ano, o que equivale a, em termos
reais (descontada a inflação), aproximadamente 9% ao ano.
9.4.3 Título do Tesouro Americano (10-YEAR TREASURY NOTE)
Por se tratar de um dos investimentos mais sólidos do mundo é apontado
como referência mundial. Os ganhos não são muito rentáveis (nos últimos anos em torno de
5% a.a., como pode ser observado no gráfico abaixo), mas são garantidos.
10-YEAR TREASURY NOTE
0
2
4
6
8
10
12
1/2/
1987
1/2/
1989
1/2/
1991
1/2/
1993
1/2/
1995
1/2/
1997
1/2/
1999
1/2/
2001
1/2/
2003
1/2/
2005
1/2/
2007
Figura 64 Valor do título do tesouro americanos nos últimos 20 anos
76
9.5 Conceitos Importantes de Fluxo de caixa
9.5.1 Taxa de Atualização
A taxa de atualização pode ser vista como a taxa mínima de atratividade.
Significa a taxa mínima de rentabilidade que a empresa exige de seus projetos de
investimento. É uma taxa associada a um baixo risco, ou seja, qualquer sobra de caixa pode
ser aplicada, na pior das hipóteses, na taxa de atualização.
9.5.2 Payback
A estimativa do payback representa o período de recuperação do
investimento inicial. É obtido calculando-se o número de anos que será necessário para que
os fluxos de caixa futuros acumulados igualem o montante do investimento inicial.
Esta alternativa pressupõe inicialmente a definição de um limite de tempo máximo para
retorno do investimento. Após a definição deste prazo é analisado o fluxo de recursos do
projeto, comparando o volume necessário de investimento com os resultados a serem
alcançados futuramente, verificando o período onde o saldo tornou-se igual a zero. Se este
prazo de recuperação for um período aceitável pelos proprietários, então o projeto será
efetivado, caso contrário será descartado.
9.5.3 Valor Presente Líquido ou NPV (Net Present Value)
O valor presente líquido ou NPV, também conhecido como valor atual
líquido é o critério mais recomendado por especialistas em finanças para decisão de
investimento. Esta recomendação está fundamentada no fato de que o NPV considera o
valor temporal do dinheiro (um recurso disponível hoje vale mais do que amanhã, porque
pode ser investido e render juros), não é influenciado por decisões menos qualificadas
(preferências do gestor, métodos de contabilização, rentabilidade da atividade atual), utiliza
todos os fluxos de caixa futuros gerados pelo projeto, refletindo toda a movimentação de
caixa. Além disso, permite uma decisão mais acertada quando há dois tipos de
77
investimentos, pois, ao considerar os fluxos futuros a valores presentes, os fluxos podem
ser adicionados e analisados conjuntamente, evitando a escolha de um mau projeto só
porque está associado um bom projeto. Segundo BREALEY E MYERS (1992) são quatro
as ações básicas para o gestor decidir sobre determinado investimento:
I. Prever os fluxos de caixa futuros;
II. Identificar o custo de oportunidade do capital investido que deve refletir o valor do
dinheiro no tempo e o risco envolvido no projeto;
III. Utilizar este custo para atualizar os fluxos futuros e somá-los (identificação do valor
presente);
IV. Calcular o valor presente líquido subtraindo-se do valor presente o investimento
inicial necessário;
O valor presente (VP) ou valor atual (VA) representa o valor hoje de um
fluxo ou de uma série futura de fluxos de caixa. Para atualizar estes fluxos é utilizado o
custo médio ponderado de capital, representando o prêmio que os investidores exigem pela
aceitação do recebimento adiado. O NPV consiste no valor presente dos fluxos de caixa
futuros reduzido do valor presente do custo do investimento.
NPV = - Valor do Investimento Inicial + Valor Presente do Investimento
O valor presente líquido de um investimento é um critério simples para
que se decida se um projeto deve ser executado ou não. O NPV permite dizer quanto
dinheiro um investidor precisaria ter hoje para desistir de fazer o projeto. Se o NPV for
positivo o investimento vale a pena, pois executá-lo é equivalente a receber um pagamento
igual ao NPV. Se for negativo, realizar o investimento hoje é equivalente a pagar algo no
presente momento e o investimento deveria ser rejeitado.
Sob a ótica do acionista só é interessante investir em um novo projeto se
o valor presente dos fluxos futuros for maior do que a disponibilidade atual, pois
representará aumento do valor da empresa e, conseqüentemente, maximização da sua
riqueza. O termo valor presente líquido destaca que já está sendo considerado o custo
78
corrente do investimento para determinar o seu valor, ou seja, já está embutida a taxa de
juros apropriada. É o valor presente dos fluxos de caixa produzidos pelo novo investimento.
9.5.4 Taxa Interna de Retorno (TIR)
É uma taxa intrínseca do projeto, dependendo apenas dos fluxos de caixa
projetados. É a taxa que remunera o investimento e que torna nulo o valor presente líquido
dos fluxos de caixa. Também denominada de taxa de retorno do fluxo de caixa atualizado.
A TIR é identificada através de várias tentativas e erros e exige uma série de aproximações
sucessivas. No estudo apresentam-se dois tipos de fluxo de caixa: não alavancado e
alavancado. O fluxo de caixa não alavancado é aquele em que não se consideram os
empréstimos. O fluxo de caixa alavancado é aquele em que se consideram os empréstimos.
A TIR do fluxo de caixa alavancado tende a ser maior que a do não alavancado quando a
taxa de juros do empréstimo é menor que a TIR do fluxo de caixa não alavancado. Isso se
deve ao fato de que se introduz dinheiro ao fluxo de caixa a um custo menor que a
rentabilidade do negócio, ou seja, há uma antecipação de receitas a um custo menor que a
taxa de reinvestimento do capital.
A TIR encontrada deverá ser comparada com a taxa mínima de
atratividade no momento da decisão do investimento ou financiamento. Para aceitar o
investimento, a TIR deverá ser maior do que a taxa mínima de atratividade.
9.6 Impostos em Moçambique
A indústria de extração mineira atualmente está sujeita a uma série de
isenções fiscais especiais em Moçambique. Todos os projetos de exploração mineira estão
isentos dos direitos alfandegários na importação de materiais, equipamentos e peças
sobressalentes durante todos os ciclos de vida do projeto e estão isentos também de
impostos indiretos nestas importações. Não há uma especificação atual da carga tributária
que deve ser paga por uma grande companhia, isto é dependente do acordo de exploração
mineira.
79
A lei de exploração mineira de 2002 isenta grandes companhias (com
acordos mineiros) do pagamento de royalties (pagos por companhias pequenas, no caso do
carvão 3%). As taxas de depreciação podem ser transportadas por um prazo de cinco anos e
a base da depreciação pode ser de até duas vezes o valor real do bem. Um novo regime
fiscal que generaliza os contratos de exploração mineira, elaborado em 2003 está em fase
de aprovação até a presente data.
9.7 Custo de Investimento
Custos de investimento estão divididos em 3 categorias:
• Investimento na Lavra: equipamentos para a lavra.
• Investimento no beneficiamento: equipamentos para a britagem e classificação,
equipamentos e estruturas auxiliares (instalação de equipamentos, tubulações,
elétrica, instrumentação, praça de trabalho, edificações e funcionários). Estes custos
foram baseados na metodologia proposta no livro Cost Estimation Handbook for the
Australian Mining Industry e foram usados os fatores multiplicadores mais altos
devido à falta de infra-estrutura percebida na localidade e sua distância de algum
centro urbano.
• Investimentos em infra-estrutura geral: foi tomado como base à distância entre o
centro urbano mais próximo e a carência de infra-estrutura local, levando em conta
ser uma área relativamente remota.
min max- - - 10,000,000.00
10,000,000.00 0.17 0.25 2,500,000.00 10,000,000.00 0.07 0.25 2,500,000.00 10,000,000.00 0.13 0.25 2,500,000.00 10,000,000.00 0.03 0.12 1,200,000.00 10,000,000.00 0.15 0.35 3,500,000.00 10,000,000.00 0.07 0.15 1,500,000.00 10,000,000.00 0.07 0.15 1,500,000.00 10,000,000.00 0.03 0.18 1,800,000.00
27,000,000.00 0.12 0.3 8,100,000.00
35,100,000.00 0 0.15 -
35,100,000.00 Custo Total Fixado
Instalação de encanamentoInstalação elétricaInstrumentaçãoEstrutura da usinaEstruturas auxiliaresServiçoes gerais da usinaPraça de trabalhoEquipamentos e instalaçãoEngenharia, gerenciamento e construção
Custo dos equipamentos Multiplicador
ContingenteCusto Total instalado
Preço total de compra de equipamentosInstalação dos equipamentos
ITEM
Tabela 46 Custos de infra-estrutura para a planta de beneficiamento
80
9.8 Fluxo de Caixa
O Fluxo de Caixa é o instrumento gerencial que fornece às empresas,
num determinado momento, a visão de suas necessidades de Recursos Financeiros, em
períodos atuais e futuros, assegurando uma boa Administração Financeira. É uma das
ferramentas gerenciais mais eficientes de Planejamento e Controle. O conceito de Fluxo
está associado ao fato de que os Saldos Finais de Caixa no período 1 serão os Saldos
Iniciais de Caixa no período 2, representados por dias, semanas, meses, etc.
O Fluxo de Caixa Orçado indica os saldos finais de Caixa, para
determinar se um déficit ou excesso de Caixa é esperado em cada período planejado. Cada
saldo positivo (excesso de caixa) orçado num período gera cobertura nos saldos negativos
posteriores. Os saldos negativos (déficits de caixa) orçados têm que ser cobertos com
financiamentos em curto prazo.
Os primeiros 4 anos de lavra da mina serão baseados no sequenciamento
e nas cavas projetadas, por isso terão seus valores estimados de receitas e custos com um
nível de precisão e acuracidade elevados. Nos demais 21 anos de operação, foi feita uma
estimativa das receitas e custos, descontados os volumes já minerados e considerando a
participação de cada camada de minério e seus respectivos valores de porcentagem de
carvão metalúrgico e energético.
Os investimentos em infraestrutura geralmente depreciam ao longo de
todo o projeto, por isso não será preciso reinvestimento, já o investimento em maquinário
deprecia em 5 anos e então será reinvestido, em geral, 80% do valor inicial, considerando
um valor residual do maquinário velho que se vendeu a 20% do valor inicial.
Os investimentos que tem vida útil maior que o projeto tem depreciação
acelerada, ou seja, no final do projeto depreciaram totalmente e os demais depreciam em 8
e 12 anos, considerando a partir da sua utilização.
A carga de impostos calculada foi de 30%, embora atualmente em
Moçambique esse valor esteja menor. A taxa de atualização empregada foi de 10% ao ano
(próximo a SELIC média do ano descontada da inflação) de modo a atualizar o valor
monetário total do fluxo de caixa pela taxa mínima de atratividade, ou seja, pela
81
rentabilidade que se deixa de ganhar por não ter investido num outro projeto que possui a
mínima atratividade admitida.
Foram feitos estudos de estimativa dos custos em longo prazo, de modo
a verificar a viabilidade do projeto, respeitando a produção anual estipulada por Taylor.
As avaliações forma feitas em 3 categorias:
• Fluxo de caixa simplificado;
• Fluxo de caixa com impostos;
• Fluxo de caixa com impostos e empréstimo;
82
Carvão Met. (US$/t) 100.00 Atualização: 10.00% custo lavra 3.37Carvão Energ.(US$/t) 30.00 TIR 76.46% custo benef 4.3Rec. Planta 90%
AnoProdução de Minério
(Mt)Reservas restantes
(Mt) Receita M$
Custo Operacional
(M$)Investimento
M$ Cash-FlowSom. Cash-
FlowsCash-Flow Atualizado
Som. Cash-Flow
Atualizados0 0.00 216.16 0.00 0.00 65 -65.00 -65.00 -65.00 -65.001 0.00 216.16 0.00 0.00 65 -65.00 -130.00 -59.09 -124.092 8.65 207.51 345.65 191.37 0 154.29 24.29 127.51 3.423 8.65 198.87 333.24 232.34 0 100.90 125.19 75.81 79.234 8.65 190.22 319.91 177.80 0 142.11 267.30 97.06 176.295 8.65 181.57 306.06 162.83 0 143.23 410.53 88.93 265.226 8.65 172.93 319.91 174.72 0 145.20 555.72 81.96 347.187 8.65 164.28 319.91 174.72 0 145.20 700.92 74.51 421.698 8.65 155.63 319.91 174.72 0 145.20 846.12 67.74 489.439 8.65 146.99 319.91 174.72 32.3892 112.81 958.93 47.84 537.27
10 8.65 138.34 319.91 174.72 0 145.20 1104.13 55.98 593.2511 8.65 129.69 319.91 174.72 0 145.20 1249.32 50.89 644.1412 8.65 121.05 319.91 174.72 0 145.20 1394.52 46.26 690.4113 8.65 112.40 319.91 174.72 8.085 137.11 1531.63 39.72 730.1214 8.65 103.75 319.91 174.72 0 145.20 1676.83 38.24 768.3615 8.65 95.11 319.91 174.72 0 145.20 1822.03 34.76 803.1216 8.65 86.46 319.91 174.72 0 145.20 1967.23 31.60 834.7217 8.65 77.82 319.91 174.72 32.892 112.31 2079.53 22.22 856.9418 8.65 69.17 319.91 174.72 0 145.20 2224.73 26.12 883.0519 8.65 60.52 319.91 174.72 0 145.20 2369.93 23.74 906.7920 8.65 51.88 319.91 174.72 0 145.20 2515.13 21.58 928.3721 8.65 43.23 319.91 174.72 0 145.20 2660.32 19.62 948.0022 8.65 34.58 319.91 174.72 0 145.20 2805.52 17.84 965.8323 8.65 25.94 319.91 174.72 0 145.20 2950.72 16.22 982.0524 8.65 17.29 319.91 174.72 0 145.20 3095.92 14.74 996.7925 8.65 8.64 319.91 174.72 0 145.20 3241.12 13.40 1010.1926 8.65 0.00 319.91 174.72 0 145.20 3386.31 12.18 1022.37
FLUXO DE CAIXA SIMPLIFICADO
83
Tabela 47 Fluxo de caixa simplificado
84
9.8.1 Resultados do Fluxo de Caixa Simplificado
NPV
400.00
600.00
800.00
1000.00
1200.00
18 21 24
NPV
(M U
S$)
-200.00
0.00
200.00
0 3 6 9 12 15
TEMPO (anos)
Figura 65 Gráfico NPV x Tempo do fluxo de caixa sem empréstimo e sem imposto
Soma dos fluxos de caixa (MUS$): 3386.31Soma flx.de caixa atualizados (MUS$): 1022.37Taxa de Atualização (%): 10.00%Taxa Interna de Retorno do C.P.(%): 76%Payback (anos): 2Breakeven price variation factor (%): 49%Cash breakeven price var.factor (%): 42%
Tabela 48 Resultados obtidos no fluxo de caixa simplificado
Depreciação: 20% custo lavra 3.37 carvao met 100Atualização: 10.00% custo benef 4.3 carvao energ 30
Rec. Planta 90% TIR 66%
AnoProdução de Minério (Mt)
Reservas restantes (Mt) Receita M$
Custo Operacional
(M$)Investimento
M$ DepreciaçãoReceita
TributávelImpostos
(30%) Cash-FlowSom. Cash-
FlowsCash-Flow Atualizado
Som. Cash-Flow
Atualizados0 0.00 216.16 0.000 0.00 65 0 0.000 0.00 -65.00 -65.00 -65.00 -65.001 0.00 216.16 0.000 0.00 65 2.5 0.000 0.00 -65.00 -130.00 -59.09 -124.092 8.65 207.52 345.655 191.37 0 2.5 151.788 0.00 154.29 24.29 127.51 3.423 8.65 198.87 333.237 232.34 0 8.28620833 92.613 45.54 55.36 79.65 41.59 45.014 8.65 190.22 319.913 177.80 0 8.28620833 133.825 27.78 114.33 193.98 78.09 123.105 8.65 181.58 306.058 162.83 0 8.28620833 123.057 40.15 103.08 297.06 64.00 187.116 8.65 172.93 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 36.92 108.28 405.34 61.12 248.237 8.65 164.28 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 509.46 53.43 301.668 8.65 155.64 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 613.59 48.57 350.239 8.65 146.99 319.913 174.72 32.892 8.28620833 136.912 41.07 71.23 684.82 30.21 380.44
10 8.65 138.34 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 788.94 40.14 420.5911 8.65 129.70 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 893.07 36.49 457.0812 8.65 121.05 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 997.19 33.18 490.2613 8.65 112.40 319.913 174.72 8.085 8.28620833 136.912 41.07 96.04 1093.23 27.82 518.0814 8.65 103.76 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 1197.36 27.42 545.5015 8.65 95.11 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 1301.48 24.93 570.4316 8.65 86.47 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 1405.60 22.66 593.0917 8.65 77.82 319.913 174.72 32.892 8.28620833 136.912 41.07 71.23 1476.84 14.09 607.1818 8.65 69.17 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 1580.96 18.73 625.9119 8.65 60.53 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 1685.09 17.03 642.9320 8.65 51.88 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 1789.21 15.48 658.4121 8.65 43.23 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 1893.33 14.07 672.4822 8.65 34.59 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 1997.46 12.79 685.2723 8.65 25.94 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 2101.58 11.63 696.9024 8.65 17.29 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 2205.71 10.57 707.4725 8.65 8.65 319.913 174.72 0 8.28620833 136.912 41.07 104.12 2309.83 9.61 717.08
26 8.65 0.00 319.913 174.72 0 8.28620833 311.627 41.07 104.12 2413.96 8.74 725.82
FLUXO DE CAIXA SEM EMPRÉSTIMO COM IMPOSTO
85
Tabela 49 Fluxo de caixa com impostos
86
9.8.2 Resultados do Fluxo de Caixa com Imposto
NPV com impostos
-2
-1
300.00
400.00
500.00
600.00
700.00
800.00
18 21 24
NPV
(M U
S$)
00.00
00.00
0.00
100.00
200.00
0 3 6 9 12 15
Tempo (anos)
Figura 66 Gráfico NPV x Tempo do fluxo de caixa com imposto
Soma dos fluxos de caixa (MUS$): 2413.96Soma flx.de caixa atualizados (MUS$): 725.82Taxa de Atualização (%): 10.00%Taxa Interna de Retorno do C.P.(%): 65.74%Margem (%): 44.64Payback (anos): 2Breakeven price variation factor (%): 51%Cash breakeven price var.factor (%): 41%
Tabela 50 Resultados do fluxo de caixa com impostos
Depreciação: 20% TIR #DIV/0! custo lavra 3.37 met 100Atualização: 10.00% Tx Juros 15% custo benef 4.3 energ 30Rec. Planta 90% impostos 30% 100%
AnoProdução de Minério (Mt)
Reservas restantes
(Mt)Receita
M$
Custo Operacional
(M$)Investimento
M$ Depreciação
Empréstimo juro=15%
M$
Principal da dívida
(M$)Reembolso
(M$)Juros (M$)
Receita Tributável
Impostos (30%) Cash-Flow
Som. Cash-Flows
0 0.00 216.16 0.000 0.00 65 0 130 130.00 0.00 0.00 0.000 0.00 65.00 65.001 0.00 216.16 0.000 0.00 65 2.5 0 130.00 0.00 19.50 0.000 -6.60 -77.90 -12.902 8.65 207.52 345.655 191.37 0 2.5 0 130.00 0.00 19.50 132.288 39.69 95.10 82.203 8.65 198.87 333.237 232.34 0 8.286208333 0 97.50 32.50 19.50 73.113 21.93 26.97 109.174 8.65 190.22 319.913 177.80 0 8.286208333 0 65.00 32.50 14.63 119.200 35.76 59.23 168.395 8.65 181.58 306.058 162.83 0 8.286208333 0 32.50 32.50 9.75 125.190 37.56 63.42 231.816 8.65 172.93 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 32.50 4.88 132.037 39.61 68.21 300.027 8.65 164.28 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 404.158 8.65 155.64 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 508.279 8.65 146.99 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 612.4010 8.65 138.34 319.913 174.72 32.892 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 71.23 683.6311 8.65 129.70 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 787.7512 8.65 121.05 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 891.8813 8.65 112.40 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 996.0014 8.65 103.76 319.913 174.72 8.085 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 96.04 1092.0415 8.65 95.11 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 1196.1716 8.65 86.47 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 1300.2917 8.65 77.82 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 1404.4218 8.65 69.17 319.913 174.72 32.892 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 71.23 1475.6519 8.65 60.53 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 1579.7720 8.65 51.88 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 1683.9021 8.65 43.23 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 1788.0222 8.65 34.59 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 1892.1523 8.65 25.94 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 1996.2724 8.65 17.29 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 2100.3925 8.65 8.65 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 2204.52
26 8.65 0.00 319.913 174.72 0 8.286208333 0 0.00 0.00 0.00 136.912 41.07 104.12 2308.64
FLUXO DE CAIXA COM EMPRÉSTIMO E COM IMPOSTO
87
Tabela 51 Fluxo de caixa com impostos e empréstimo
88
9.8.3 Resultado do Fluxo de caixa com Imposto e com Empréstimo
NPV (com empréstimo e imposto)
-100.00
0.00
100.00
200.00
300.00
400.00
500.00
600.00
700.00
800.00
21 24
NPV
(M U
S$)
0 3 6 9 12 15 18
TEMPO (anos)
Figura 67 Gráfico NPV x Tempo do fluxo de caixa com imposto e empréstimo
Soma dos fluxos de caixa (MUS$): 2308.64Soma flx.de caixa atualizados (MUS$): 691.03Taxa de Atualização (%): 10.00%Payback (anos): 2Breakeven price variation factor (%): 50.00%Cash breakeven price var.factor (%): 41.00%
Tabela 52 Resultados do fluxo de caixa com impostos e empréstimo
9.8.4 Comparação entre os Fluxos de caixa
Os resultados do fluxo de caixa apontam uma forte acentuação da
diminuição do NPV quando é calculado o peso dos impostos. O fluxo de caixa obtido
tomando um empréstimo de US$ 130M mostra que o NPV diminui sensivelmente.
0
200
400
600
800
1000
1200
FC FCI FCIE
NPV
Figura 68 Comparativo entre os NPV’s
89
9.9 Análise de Sensibilidade
A análise de sensibilidade consiste em um estudo de análise da
viabilidade com o objetivo de determinar o grau de variação dos resultados e dos
indicadores de viabilidade ante as alterações das variáveis mais relevantes na
determinação da viabilidade. No caso deste estudo serão variadas:
• Recuperação da Planta;
• Preço de venda do carvão metalúrgico;
• Taxa de atualização;
• Custo de lavra;
• Custo de Beneficiamento;
• Investimento;
Os parâmetros base do estudo de fluxo de caixa foram:
Recuperação da Planta = 90%
Taxa de Atualização = 10%
Preço de venda do Carvão Metalúrgico = US$ 100,00/t
Custo de Lavra = US$ 3,37/t
Custo de beneficiamento = US$ 4,30/t
Investimento = US$ 130 M
As variações avaliadas ficaram entre 80% a 120% dos parâmetros base
do projeto e são mostradas abaixo:
90
Análise de Sensibilidade
80.00%
85.00%
90.00%
95.00%
100.00%
105.00%
110.00%
115.00%
120.00%
80.00% 90.00% 100.00% 110.00% 120.00%
Variação
NPV
(%)
Rec. PlantaTx AtualizaçãoPreço VendaCusto LavraCusto PlantaInvestimento
Figura 69 Gráfico de análise de sensibilidade
Com base nos resultados do estudo de sensibilidade percebe-se que os
parâmetros mais impactantes no resultado financeiro do empreendimento são a
recuperação da planta, o preço de venda e o custo da lavra.
91
10 CONCLUSÃO DO ESTUDO
De acordo com os resultados do fluxo de caixa, o projeto mostra-se
viável. Podemos considerar também que o resultado foi subestimado por terem sido
adotados impostos acima do que hoje podem ser atualmente negociados no país
Moçambique e também por ter sido subestimado o preço atual do carvão no mercado
internacional. A não extrapolação no modelamento do corpo mineral além dos limites dos
furos de sondagem das extremidades da malha também conta como um fator que pode ter
subestimado o potencial do empreendimento, já que é sabido que depósitos de carvão não
apresentam o fim brusco de suas camadas como foi modelado no software, gerando assim
menores volumes do que se poderiam obter caso fossem feitas extrapolações.
Comparando com investimentos tradicionais (e conservadores), o
empreendimento possui um alto valor de retorno, muito superior a qualquer outro
investimento (excluindo comparação com qualquer outro projeto de mineração). O risco
envolvido é a possível instabilidade do país, mas apresentando uma taxa de inflação de
1,22% em abril de 2007 e tendo contratos internacionais assinados, forte crescimento do
PIB e potencial turístico em alta, a conclusão do estudo de pré-viabilidade é da certeza de
um ótimo empreendimento para um grande grupo com capital suficiente para o
investimento, e de disponibilidade de profissionais qualificados. Já comparando com
investimentos de alto risco, um índice da BOVESPA, o S&P500, um índice da variação
das 500 maiores, o retorno médio dos últimos 10 anos foi de 8,5% ao ano. Outro
investimento de alto risco, o IBOV, o retorno médio dos últimos 10 anos foi de 23,82%.
Foi aprovado recentemente pelo governo de Moçambique contrato
para a exploração do projeto de carvão de Moatize, pela Companhia Vale do Rio Doce,
localizado na província de Tete, Noroeste do país. O contrato tem duração prevista de 25
anos com períodos de prorrogação e estará submetido aos regimes, fiscal, aduaneiro e
cambial do país.
92
11 Bibliografia
CHIRONIS, N. P. 1978. Coal Age Operating Handbook of Coal Surface Mining and
Reclamation, vol. 2 – Coal Age Library of Operating Handbooks, New York (USA),
McGraw Hill, 442 p.
NIELSEN, G. F. 1982. Coal Age Equipament Guide, New York (USA), McGraw Hill,
230 p.
SAMPAIO, C. H. & TAVARES, L. M. M. 2005. Beneficiamento Gravimétrico. Ed.
UFRGS, 604 p.
RUBIO, J. 1988. Carvão Mineral, Caracterização e Beneficiamento, vol.1 - Nova Linha
Artes Gráficas, Porto Alegre, 240 p.
Manual de Britagem. 4 ed.. São Paulo. Fabrica de Aço Paulista, 1985. Ca.150.
HARTMAN, H. L. 1992. SME - Mining Engineering Handbook 2a Ed -
Littleton : SME, 1992.
NOAKES, M. & LANZ T. 1993. Cost Estimation Handbook for the Australian Mining
Industry, Parkville, Vic. : Australasian Institute of Mining and Metallurgy, 1993. 412 p.
Preço de Exportação de Carvão para Energia
http://www.eia.doe.gov/emeu/international/stmforelec.html (08/07/2007).
Preço para Importação de Carvão Metalúrgico
http://www.eia.doe.gov/emeu/international/cokeimp.html (08/07/2007).
93
94
INCOTERMS
http://www.bb.com.br/portal/on/intc/dwn/IncotermsRevised.pdf (08/07/2007).
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
http://www.ipeadata.gov.br/ (08/07/2007).
Energy Information Administration
http://www.eia.doe.gov/cneaf/coal (08/07/2007).