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www.congressousp.fipecafi.org Estudo de evento e desastre ambiental: os efeitos do rompimento da barragem de Brumadinho (MG) no valor acionário da companhia Vale S.A. e seus pares MATHEUS DOS SANTOS BATISTA SALOMÃO Universidade Federal do Paraná EDUARDO FELIPE PIRES Universidade Federal do Paraná JONAS EDUARDO PARANÁ Universidade Federal do Paraná CHARLES GONÇALVES DOS SANTOS Universidade Federal do Paraná MARIANA MEDEIROS DANTAS DE MELO BRESSAN Universidade Federal do Paraná Resumo O objetivo desta pesquisa é analisar de que forma o preço das ações da Companhia Vale S.A. foi afetado pela divulgação da informação sobre o rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho (MG), como também, o reflexo desse evento no preço das ações de empresas internacionais que atuam no setor de mineração. Para tanto, foi realizado um estudo de eventos a partir do histórico de cotações do índice Ibovespa, do índice S&P500, do ativo VALE3 e dos ativos de outras sete empresas do mesmo segmento de atuação da Vale S.A. Quatro hipóteses nortearam a pesquisa, utilizando-se os retornos anormais (RA) para corroborá-las ou não: (a) H0:RA ≥ 0 nas ações da Vale; (b) (H1): RA < 0 nas ações da Vale; (c) (H0): RA ≥ 0 nas companhias pares da Vale; (d) (H1): RA < 0 nas companhias pares da Vale. Após calculado os retornos anormais das amostras, constatou-se que para um nível de significância de 1% houve a rejeição da hipótese nula (a), ou seja, houve evidências empíricas de que a informação sobre o rompimento da barragem impactou negativamente no preço das ações da empresa Vale S.A. No tocante aos reflexos do evento no segmento de mineração, representado pelas sete empresas internacionais, não foi possível constatar a rejeição da hipótese nula (c), isto é, não ocorreram retornos anormais que justificassem a influência do evento em questão. Sendo assim, esta pesquisa conseguiu confirmar a Hipótese dos Mercados Eficientes (HME), uma vez que a divulgação da informação do rompimento da barragem foi absorvida pelos ativos. Palavras chave: Estudo de Eventos, Desastres Ambientais, Hipótese de Mercados Eficientes.

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Estudo de evento e desastre ambiental: os efeitos do rompimento da barragem de

Brumadinho (MG) no valor acionário da companhia Vale S.A. e seus pares

MATHEUS DOS SANTOS BATISTA SALOMÃO

Universidade Federal do Paraná

EDUARDO FELIPE PIRES

Universidade Federal do Paraná

JONAS EDUARDO PARANÁ

Universidade Federal do Paraná

CHARLES GONÇALVES DOS SANTOS

Universidade Federal do Paraná

MARIANA MEDEIROS DANTAS DE MELO BRESSAN

Universidade Federal do Paraná

Resumo

O objetivo desta pesquisa é analisar de que forma o preço das ações da Companhia Vale S.A.

foi afetado pela divulgação da informação sobre o rompimento da barragem de rejeitos em

Brumadinho (MG), como também, o reflexo desse evento no preço das ações de empresas

internacionais que atuam no setor de mineração. Para tanto, foi realizado um estudo de eventos

a partir do histórico de cotações do índice Ibovespa, do índice S&P500, do ativo VALE3 e dos

ativos de outras sete empresas do mesmo segmento de atuação da Vale S.A. Quatro hipóteses

nortearam a pesquisa, utilizando-se os retornos anormais (RA) para corroborá-las ou não: (a)

H0:RA ≥ 0 nas ações da Vale; (b) (H1): RA < 0 nas ações da Vale; (c) (H0): RA ≥ 0 nas

companhias pares da Vale; (d) (H1): RA < 0 nas companhias pares da Vale. Após calculado os

retornos anormais das amostras, constatou-se que para um nível de significância de 1% houve

a rejeição da hipótese nula (a), ou seja, houve evidências empíricas de que a informação sobre

o rompimento da barragem impactou negativamente no preço das ações da empresa Vale S.A.

No tocante aos reflexos do evento no segmento de mineração, representado pelas sete empresas

internacionais, não foi possível constatar a rejeição da hipótese nula (c), isto é, não ocorreram

retornos anormais que justificassem a influência do evento em questão. Sendo assim, esta

pesquisa conseguiu confirmar a Hipótese dos Mercados Eficientes (HME), uma vez que a

divulgação da informação do rompimento da barragem foi absorvida pelos ativos.

Palavras chave: Estudo de Eventos, Desastres Ambientais, Hipótese de Mercados Eficientes.

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1 INTRODUÇÃO

Desde o início da atividade de mineração no período colônia, diversas foram as

transformações ocorridas na mineração brasileira. Com o intuito de aumentar a produtividade

desse segmento econômico, foi fundada uma sólida indústria de base, mediante a instauração

de empresas e entidades estatais. (Fernandes, & Araujo, 2016). Nesse contexto de

desenvolvimento da mineração, surge a Companhia Vale. Criada em 1942 no governo Getúlio

Vargas para a exploração das minas de ferro na região de Itabira, no estado de Minas Gerais, a

Vale é hoje uma empresa privada, de capital aberto, sendo uma das líderes na produção mundial

de minério de ferro. (Companhia Vale S.A. [VALE], 2012).

A atividade de mineração, como toda exploração de recursos naturais, provoca impactos

no meio ambiente, tanto na exploração das áreas naturais quanto na geração de resíduos,

desempenhando papéis cruciais no contexto das organizações. Como propõe Laguna e Capelle-

Blancard (2010) acidentes ambientais afetam diretamente as receitas das empresas ao

interromper o processo de produção, além de gerar externalidades negativas na saúde e nos

ecossistemas. Seguindo essa mesma percepção, trabalhos como os de Blanco, Maquieira, &

Lozano (2009) e Yamaguchi (2008) apontam que desastres ambientais, tais como um

vazamento de petróleo ou o rompimento de uma barragem de contenção, podem influenciar a

percepção dos investidores sobre os fluxos de caixa futuros da empresa. Levando a um

movimento de compra e venda de ações, influenciando seu preço (Bansal, & Clelland, 2009).

O fato do evento catastrófico - que dá fundamento a este estudo - ser reincidente, agrava

ainda mais a situação. Segundo Magness (2008), há uma diferença significativa no

comportamento dos investidores em casos de um segundo acidente ambiental envolvendo

empresas do mesmo setor industrial. Em virtude do baixo conhecimento sobre o funcionamento

da empresa e suas operações, os investidores enxergam o primeiro acidente como uma

fatalidade. Entretanto, quando um segundo acidente ocorre, o comportamento muda, e os

investidores passam a penalizar, de forma geral, as empresas do setor.

Baseando-se na relação entre desastres ambientais e mercado de capitais, Nogueira e

Angotti (2011) apontam que o mercado tende a reagir frente à divulgação de acidentes

ambientais de forma negativa, desvalorizando o preço das ações das empresas. Por conseguinte,

esses eventos também podem influenciar de maneira negativa o retorno das ações das

companhias. (Brito, 2005; Fernandes, 2013). Nesse aspecto, a utilização da metodologia do

estudo de evento torna-se viável visto que a mesma é amplamente utilizada para testar a

eficiência informacional do mercado, isto é, os efeitos que determinadas informações causam

no mercado de capitais. Segundo a hipótese de mercado eficiente, devido à racionalidade do

mercado, os efeitos do evento refletirão imediatamente nos preços das ações (Campbell, Lo, &

Mackinlay, 1997).

Assim, diante de um acontecimento de tamanha magnitude como é o caso do

rompimento da barragem de Brumadinho (MG), torna-se interessante realizar um estudo

analítico e confirmatório das consequências desse evento no valor acionário da companhia Vale

S.A, assim como no valor acionário de empresas internacionais que atuam no mesmo segmento

- mineração.

Com base no exposto, o presente trabalho apresenta a seguinte problemática: Quais os

reflexos do rompimento da barragem de Brumadinho (MG) sobre o valor acionário da

Companhia Vale S.A e seus pares? Para responder tal pergunta será utilizada da estatística

descritiva e também da estatística inferencial para a construção das Hipóteses.

Diante da temática abordada na pesquisa, entende-se que este trabalho pode ser

relevante pela importância que o mercado de capitais desempenha no desenvolvimento

econômico de um país, ao realizar a transferência de recursos financeiros de forma efetiva e

segura entre os agentes econômicos. Além disso, o estudo chama a atenção para os riscos

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inerentes das empresas que exploram o meio ambiente como atividade econômica,

demonstrando que eventos negativos relacionados ao meio ambiente podem gerar sérios

prejuízos financeiros, ambientais e sociais para as Companhias e, consequentemente, para os

investidores. Como alerta Campos et al. (2017), é cada vez maior a preocupação dos

investidores, em buscar analisar não somente o aspecto econômico das empresas, mas também

o seu relacionamento com o meio ambiente e com a sociedade para o processo de tomada de

decisão.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Mercado financeiro e desastres ambientais

O mercado de capitais é uma peça fundamental para o desenvolvimento da economia,

sua função é conectar diversos aspectos e agentes econômicos, tanto poupadores quanto

tomadores de recursos. Sendo um segmento do mercado financeiro, fica difícil imaginar a

economia nos dias atuais sem ele. Diante de uma economia cada vez mais sofisticada, o valor

da ação vira protagonista e concentra em si a atenção dos investidores, analistas financeiros e

gestores (Vessio, 2015).

Apresentando uma concepção do atual funcionamento desse mercado global, o

historiador Yuval Harari (2016) afirma que a bolsa de valores é o sistema de processamento de

dados mais rápido e mais eficiente criado pelo gênero humano. E que quando milhões de

pessoas por todo o mundo têm acesso à todas as informações relevantes, elas determinam o

preço mais acurado das ações, mediante o ato de comprá-las e vendê-las.

Na visão do autor, o mercado é orquestrado pelas notícias que circulam na sociedade,

isto é, os investidores são sensíveis à novas informações; e refletem tal característica nos preços

dos ativos. Quando a informação divulgada se trata de um desastre ambiental de grandes

proporções (como foi o caso do rompimento da barragem de Brumadinho-MG), uma situação

de alvoroço pode se instalar, tendendo a causar uma fuga de recursos de investidores e

principalmente de acionistas da companhia. Como coloca Milone (2013), nos casos dos

desastres socioambientais relevantes, em geral é observada uma queda imediata no valor das

ações das empresas responsáveis. Isto é justificável, pois os acidentes impactam os fluxos de

caixa das empresas (Blanco, Maquieira, & Lozano, 2009; Yamaguchi, 2008) e aumentam os

custos ambientais e sociais (Deegan, 2002; Karpoff, Lott, & Wehlry, 2005). Pargal e Wheeler

(1995) informam que as pressões da comunidade e as sanções informais podem também agravar

as penalizações diante de um acidente ambiental.

O desencadear de penalizações e medidas governamentais de regulamentação que

podem surgir após um desastre ambiental acabam por atingir não apenas a empresa envolvida,

mas também seus pares, isto é, empresas que atuam no mesmo setor. Magness (2008) observou

uma diferença significativa no comportamento dos investidores em casos de um segundo

acidente ambiental envolvendo empresas do mesmo setor industrial. Segundo a autora, em um

reincidente caso de desastre ambiental, os investidores tendem a punir as empresas que atuam

no mesmo segmento, principalmente por afligirem uma maior demanda de informações,

gerando um aumento dos custos de evidenciação. Por sua vez, Clinch e Sinclair (1987) apontam

que essa característica de afetar o segmento como um todo pode ser sentida no mercado de

capitais, com a oscilação do preço das ações.

Heflin e Wallace (2015) mostram que, após o vazamento de petróleo da British

Petroleum, ocorrido em 2010, os investidores passaram a procurar empresas de petróleo e gás

com melhores evidenciações ambientais. Acreditava-se que as empresas estariam mais bem

preparadas para possíveis mudanças na regulação ambiental, e também por apresentarem um

menor risco de acidentes.

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Em nível mundial, ocorreram diversos acidentes ambientais que resultaram em perdas

financeiras e econômicas para as organizações responsáveis. No ano de 1982, um incidente na

Johnson & Johnson (fabricante de Tylenol) levou a morte 5 pessoas por intoxicação nos EUA

- devido aos medicamentos estarem contaminados com cianureto -, o fato fez com que as ações

da companhia desvalorizassem cerca de 29% (Dowdell, Govindaraj, & Jain, 1992). O

vazamento de gases tóxicos (isocianato de metila e o hidrocianeto) que escaparam de um tanque

durante operações de rotina da empresa Union Carbide, localizada em Bhopal na índia, levou

4.000 pessoas a morte e deixou aproximadamente 200.000 feridos. O evento ocorrido em

dezembro de 1984 causou uma redução de US$ 1 bilhão ou 27,9% no preço das ações ordinárias

da empresa. O estudo realizado por (Blacconiere, & Patten, 1994) ainda aponta que outras

empresas químicas também acabaram sendo afetadas, tendo em vista as ameaças de regulação

das indústrias e os custos mais elevados.

Hamilton (1995) investigou os efeitos da divulgação de dados relacionados ao nível de

poluição das empresas. Através de informações publicadas no Toxics Release Inventory (TRI)

nos EUA, o autor constatou que as empresas cujos níveis de poluição estiveram acima do

esperado apresentaram retornos negativos anormais significativos, correspondendo a uma perda

média de U$ 4,1 milhões no valor das ações no dia em que o relatório foi divulgado.

Com o intuito de verificar se eventos ambientais influenciaram no retorno de ações de

empresas listadas na Bovespa, Brito (2005) selecionou uma amostra com 12 eventos ambientais

negativos e 18 eventos ambientais positivos ocorridos entre 1994 e 2004. A conclusão de seu

estudo foi que o mercado reagiu de forma estatisticamente significativa às notícias ambientais

negativas, penalizando as empresas infratoras, mas não reagiu às notícias ambientais positivas.

Em um estudo realizado por Laguna e Capelle-Blancard (2010) concluiu-se que o

mercado acionário reagiu negativamente a uma amostra de 64 catástrofes nas indústrias

petroquímicas de todo o mundo, durante os anos de 1990 a 2005. Em média, as empresas

tiveram uma desvalorização de 1,3% em seu valor de mercado. Por sua vez, Nogueira e Angotti

(2011) também objetivaram identificar a reação do mercado de capitais à divulgação de

informações sobre o vazamento de petróleo de quatro empresas mundiais do setor petrolífero.

Os autores chegaram à conclusão de que no período de 2000 a 2010, a amostra com trinta

eventos analisados impactou negativamente no preço das ações e nos retornos das empresas.

Em 2010 uma plataforma petrolífera operada pela British Petroleum sofreu uma série

de explosões, causando a morte de 11 funcionários e o derramamento de 148 milhões de litros

de petróleo bruto no mar. Ao analisar a resposta do mercado financeiro frente a este acidente

ambiental ocorrido no Golfo do México, Milone (2013) concluiu que a companhia perdeu 55%

de seu valor de mercado (em relação a seu valor na data do acidente).

Utilizando a metodologia de Estudo de Evento, Fernandes (2013) buscou identificar a

influência do disclosure ambiental negativo involuntário no retorno anormal dos setores com

alto índice de poluição (Exploração, Refino, Minerais Metálicos, Papel e Celulose, e

Siderurgia). Em sua amostra constituída de 29 eventos, contemplando o período de 2007 a 2012

constatou-se que a divulgação dos impactos ambientais influenciou negativamente o preço e o

retorno das ações.

Na contramão dos trabalhos apresentados até agora, Jones e Rubin (1999) não

encontraram uma relação direta entre eventos ambientais negativos e retornos anormais. Os

pesquisadores selecionaram empresas que tiveram seus respectivos nomes vinculados a eventos

ambientais negativos. Essa característica também foi encontrada no mercado acionário

brasileiro. Mendes (2012) buscou analisar se o disclosure involuntário negativo decorrente de

acidentes ambientais era capaz de afetar a volatilidade das ações. Em seu estudo composto por

42 acidentes ambientais, entre 1995 e 2010, com empresas listadas na Bolsa de Valores de São

Paulo, concluiu-se que esse disclosure não provocou efeitos na volatilidade das ações.

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O evento ocorrido em Brumadinho “é o pior desastre em uma barragem em todo o

mundo na última década” (Revista Veja [VEJA], 2019). Além do grande número de vítimas

fatais, um evento dessa magnitude também acaba afetando inúmeras outras pessoas de forma

indireta. Nesse aspecto, devido a Companhia Vale ter seu nome relacionado a este evento

extremamente negativo, presume-se que haverá um efeito negativo nos retornos dos seus ativos.

E com base na literatura apresentada, também seria possível notar esses efeitos nas ações de

Companhias concorrentes da Vale S.A.

2.2 Hipótese de mercados eficientes

A hipótese de mercados eficientes (HME), cujo desenvolvimento se atribui a Eugene

Francis Fama, passou a ocupar um lugar de destaque na teoria de finanças. Tavares (2006),

afirma que a partir dessa “proposta” de existência de um mercado eficiente, novas teorias e

pesquisas sobre o comportamento de preços no mercado financeiro foram desenvolvidas.

O que Fama (1970) propõe é a existência de um mercado capaz de absorver as

informações disponíveis e refleti-las, instantaneamente, nos preços dos títulos. Hendriksen e

Van Breda (1999) adicionam que os mercados são eficientes no sentido de que os preços dos

títulos refletem integralmente as informações disponíveis de forma não viesada. Isto é, nenhuma

informação relevante é ignorada pelo mercado, e se relevantes são refletidas no preço em

equilíbrio dos títulos. Logo, segundo a hipótese, não existem ações baratas ou caras — já que

o mercado eficiente precifica a cotação de uma ação no seu valor justo. Dessa forma, conseguir

retornos acima da média do mercado não seria possível.

Reforçando as ideias dos autores supracitados, Brealey e Myers (1995) definem

mercados eficientes como aqueles em que os agentes formam expectativas em relação aos

preços, tendo como base toda a informação disponível sobre os eventos que possam influenciar

os preços das ações negociadas. A eficiência de mercado também pode ser entendida pelo

momento em que os preços são determinados de forma a igualar as taxas marginais de retorno

ajustado ao risco entre os tomadores e poupadores, utilizando todas as informações disponíveis

na formação dos preços dos ativos (Copeland, Weston, & Shastri, 2005). Essa ideia de

equilíbrio está relacionada com a prevalência de investidores racionais no mercado. Isto é, os

investidores/acionistas competem ativamente entre si, visando obter o máximo de lucro

possível em suas escolhas (Tavares, 2006).

De modo a elucidar as ideias apresentadas nesse tópico, a Figura 1 demonstra o

comportamento de um mercado dito eficiente.

Figura 1 Reação do preço de uma ação à uma nova informação

Fonte: Adaptado de Silva (2003)

Preço da Ação

Sobre reação do Mercado

Reação do Mercado Eficiente

28,00

20,00

Reação lenta do Mercado

-8

-4

12 Dias Dia da divulgação da informação

relevante

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A imagem demonstra a reação dos preços de uma ação a uma nova informação. Quando

os preços reagem de maneira razoável pode-se considerar o mercado como eficiente. Todavia,

se a informação é passada para o mercado e há uma demora para que seus integrantes reajam

pode-se considerar esse mercado como relativamente ineficiente.

2.2.1 Condições para verificação da hipótese de eficiência de mercado

Para que um mercado se caracterize como eficiente, alguns requisitos devem ser

cumpridos, como afirma Damodaran (2001):

(a) A ineficiência de mercado deveria fornecer a base para um esquema ter

desempenho melhor do que o mercado e obter retornos adicionais. Para que isso seja verdade,

o ativo que é a fonte da ineficiência tem que ser negociado; e os custos de transações para a

execução do esquema têm que ser menores do que os lucros esperado com o esquema.

(b) Deverá haver investidores que maximizam o lucro e que: reconheçam o

“potencial para retorno adicional”; possam replicar o esquema de “derrotar o mercado” que

obtém retorno adicional; e tenham os recursos para negociar a ação até que a ineficiência

“desapareça”.

Segundo Fama (1970), as condições para um mercado eficiente seriam: (i) inexistência

de custos de transação; (ii) todas as informações são disponibilizadas sem custos para todos os

participantes do mercado; (iii) existência de expectativas homogêneas quanto aos efeitos dos

preços futuros de cada título. Por sua vez, Camargos e Barbosa (2007), argumentam que tais

condições são suficientes, mas não necessárias. Para os autores, mesmo elevados custos de

transação não impedem o ajuste dos preços às novas informações, além do que, o mercado pode

ser eficiente se um número suficiente (parcial) de investidores tiver acesso à informação.

2.2.2 Tipos de Eficiência de Mercado

Hendriksen e Van Breda (1999) estimam três categorias amplas de informações:

informações que podem ser obtidas simplesmente através da observação dos preços de

mercado, portanto, preços de períodos passados já que os preços esperados não podem ser

observados no mercado; todas as informações disponíveis para o mercado, o que inclui, além

dos preços passados, todas as outras formas de informação disponíveis para o mercado; todas

as informações existentes, sendo elas os preços passados, as informações disponíveis para o

mercado e as informações que podem ser adquiridas somente por alguns participantes do

mercado, ou seja, as informações privilegiadas. Diante dessas categorias de informações, Fama

(1970) desdobra a HME em três formas: forma Fraca, forma Semiforte e forma Forte.

Forma fraca de eficiência: Nenhum investidor pode obter retornos anormais baseados

na expectativa de que preços passados são bons sinalizadores dos preços futuros. Ou seja,

informações de preços passados, não são úteis ou relevantes para atingir retornos em excesso.

Forma semiforte de eficiência: nessa forma, que se situa entre a forma fraca e a forte, o

conjunto de informações contêm toda informação publicamente disponível na data. Esse

conjunto de informações inclui os preços passados, preços correntes, informações contábeis,

informações que não são contábeis etc., mas exclui as informações privilegiadas. Esses dados

são prontamente disponíveis a baixo custo; consequentemente, não se espera observar, em testes

dessa forma de eficiência, a ocorrência sistemática de taxas de retorno anormal. Segundo

Damodaran (2001), as possíveis reações do mercado diante de novas informações são as

seguintes: imediata confirmação da hipótese de eficiência semiforte; lentos retornos adicionais

aos investidores após o anúncio; e exagerada reação instantânea com correção posterior. Essa e

a forma considerada mais próxima da realidade

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Forma forte de eficiência: indica que os preços refletem todas as informações existentes

no mercado (históricas, públicas e privadas). Assim, nenhum investidor obteria ganho anormal

em relação ao mercado, pois os preços se ajustam imediatamente ao surgimento de novas

informações. Dessa forma, um insider, mesmo de posse de dados confidenciais ainda não

publicados, não obteria nenhum ganho adicional.

De acordo com Camargos e Barbosa (2007) a metodologia mais utilizada para aferir a

forma semiforte é o estudo de eventos, cujos testes procuram mensurar a velocidade do

ajustamento dos preços dos títulos ao redor de uma data específica, quando da divulgação de

informações relevantes.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia de Estudo de Eventos avalia o reflexo de eventos corporativos no preço

das ações de companhias listadas em bolsa de valores. Tais eventos podem ser anunciados de

forma voluntária pela própria empresa, também por outras entidades, tais como os órgãos

reguladores, ou ainda por empresas concorrentes (Sorescu et al, 2017).

O evento investigado nesse estudo é o rompimento da barragem de Brumadinho/MG,

um dos maiores desastres ambientais no setor de mineração brasileiro. Para avaliar a eficiência

do mercado acionário, foi coletado o histórico de cotação (de fechamento) da Companhia Vale

S.A, do índice Ibovespa, do índice S&P500 e o histórico de cotação dos pares da Vale S.A. pelo

web site Yahoo Finance. Tal procedimento tem o intuito de medir o impacto do evento sobre o

preço das ações da Vale e seus players, bem como no mercado (Elton et al, 2004).

Quanto ao critério de seleção dos pares da Companhia Vale, utilizou-se da plataforma

de informações financeiras Thomson Reuters e do Yahoo Finance, onde através de filtragem,

buscou-se empresas que atuassem no mesmo segmento da empresa brasileira -mineração de

ferro -, obtendo-se um total de 21 empresas. Todavia, para a execução desse estudo, foram

consideradas as companhias com maior valor de mercado e que não possuíssem incongruências

nos seus dados, obtendo-se uma amostra de 7 companhias. Sendo elas: BHP Billiton

(BHP.NYSE); Rio Tinto (RIO.NYSE); Glencore (GLEN.LSE); Anglo American (AAL.L);

MMC Norilsk Nickel (NILSY); Newmont Mining Corporation (NEM.NYSE) e Fortescue

Metals Group Limited (FMG.AX).

3.1 Janela de Eventos

Segundo Camargos e Barbosa (2003), através do estudo de eventos com base no método

do cálculo de retornos normais é possível identificar alguma anormalidade nos retornos das

ações das empresas, o que permite verificar se um evento influenciou no comportamento dos

retornos das ações. Dessa forma, a metodologia de estudo de eventos foi aplicada neste trabalho

para analisar os efeitos do rompimento da barragem de Brumadinho (MG) no preço da ação da

Companhia Vale (VALE3) -responsável pela barragem-, e também verificar se houve efeitos

nas ações de companhias internacionais que atuam no mesmo segmento que a Vale.

A Janela de Eventos foi composta por 5 dias anteriores ao evento e 5 dias posteriores ao

evento. Destaca-se que o evento aqui estudado - o rompimento da barragem- ocorreu no dia

25/01/2019, conforme apresentado na Figura 2 a seguir:

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Figura 2 Definição da janela de eventos e janela de estimação

Fonte: Adaptado de Yamamoto et al (2008)

Cabe ressaltar que o dia exato do rompimento da barragem ocorreu no dia 25/01/2019,

uma sexta-feira. Nessa data é comemorado o aniversário de São Paulo, fato que ocasionou a

não abertura da Bolsa de Valores Brasileira nesse dia, retornando sua abertura apenas na

segunda feira, dia 28/01/2019. Por esse motivo esta data passou a ser a data zero. Ainda em

tempo, também é importante destacar que para a análise das empresas pares da Vale S.A foi

considerado o dia do Evento como sendo 25/01/2019, pois o feriado que ocorreu em São Paulo

não interferiu nos ativos estrangeiros e nem no índice S&P500.

3.2 Janela de Estimação

Posteriormente a coleta do histórico de fechamento dos ativos e dos índices já citados,

ocorreu a definição da janela de estimação. Segundo Bodie et al (2010), a janela de estimação

é uma sequência temporal utilizada para calcular o comportamento normal do preço diário das

ações. Por sua vez, o comportamento é considerado normal quando construído durante período

temporal que antecede a ocorrência do evento em estudo: dia do rompimento da barragem.

Nesse trabalho a janela de estimação abrange o período de 27 de novembro de 2017 a

17 de janeiro de 2019 (nos ativos do exterior o fim da Janela de Estimação se deu no dia

16/01/2019). Para construí-la, utilizaram-se como variáveis de cálculo: (Ri) retorno contínuo

diário da ação analisada e (Rmt) retorno contínuo diário do mercado, conforme a transformação

logarítmica dos retornos apresentada a seguir:

Ri= ln (Pt/Pt-1)

Rmt = ln (Ct/Ct-1)

Em que: Pt é o preço da ação no período t; Pt-1 é o preço da ação no período t-1; Ct é a

cotação do mercado no período t; Ct-1 é a cotação do mercado no período t-1; ln representa o

logaritmo natural para determinação dos retornos diários na forma de capitalização contínua.

Nesse estudo, o retorno contínuo diário do mercado (Rmt) é representado pelo índice

Ibovespa e S&P500. Desse modo, a Janela de Estimação é formada pelos retornos diários

observados da ação VALE3 e demais empresas de mineração (Ri) e os retornos diários do

mercado (Rmt), com o intuito de utilizá-los para estimar os parâmetros necessários para

determinação dos retornos diários esperados e retornos diários anormais.

A série da janela de estimação para o ativo VALE3 e o índice Ibovespa foi composta

por 279 observações. Por sua vez, a janela de estimação composta pelos ativos de companhias

pares da Vale S.A e o índice S&P500 é formada por 299 observações. Ambas as janelas

terminam 5 dias antes da data zero (dia do evento). Após estipuladas as janelas e realizado o

cálculo dos retornos diários das ações e dos índices, os parâmetros α e β puderam ser estimados

Janela de Estimação de α e β Janela do Evento

-5 dias +5 dias

Dia do Evento

Ativo Vale3 x IBOV : 27/11/17 – 17/01/19

Demais ativos x S&P500 :27/10/17 – 16/01/19

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por meio de uma regressão linear simples, chamada também de modelo de mercado (Elton et

al. 2012), que utiliza a seguinte fórmula:

Ri = αi + βiRmt+εi

Os parâmetros α e β medem o coeficiente de interceptação e inclinação do modelo linear,

respectivamente. Neste estudo, os parâmetros foram obtidos pelas funções “INTERCEPÇÃO”

e “INCLINAÇÃO” presentes no software Excel. Diante das novas constantes encontradas é

possível obter o retorno esperado (REi), que nada mais é do que o comportamento que esperava

se encontrar no ativo caso o evento tivesse ocorrido. O retorno esperado é dado pela equação:

REi(Ri│Rmt)=αi + βiRmt

Desse modo, os retornos esperados refletem o comportamento do ativo em questão com

base nos parâmetros α e β, bem como dos retornos de mercado observados dentro da janela de

eventos.

3.3. Determinação de retornos: esperado e anormal

Para verificar o impacto de determinado evento no preço de uma ação é necessário medir

o retorno anormal que a divulgação daquele fato gerou. Para o cálculo dessa medida, compara-

se a diferença obtida entre o retorno normal da ação com o retorno obtido pelo modelo de

estimativa da ação (Bodie et al. 2010). Sendo que para o cálculo desta diferença utiliza-se a

seguinte fórmula:

RAi= Ri- REi(Ri│Rmt)

Onde: RAi é o retorno anormal do título no período t; Ri é o retorno normal das ações

no período t; REi mede o retorno esperado das ações; Rmt representa o retorno do mercado

(representado pelos índices).

Deste modo, o retorno anormal representa um valor positivo ou negativo, que pode ser

significativo ou não. Sendo que, o critério adotado para medir a significância deste retorno é o

teste de hipótese. Através do resultado obtido pela divisão dos Retornos Anormais dos dias da

Janela de eventos pelo o erro padrão da regressão temos o t calculado. Esse teste t é comparado

com o t tabelado que determinará a presença ou não de significância. Os valores críticos nos

Testes de Hipóteses unicaudais são 1,28, 1,64 e 2,33 para 10%, 5% e 1% de significância

estatística, respectivamente.

3.4 Construção das hipóteses

Para responder a questão de pesquisa desse estudo, os retornos anormais (RA) serão

utilizados para corroborar ou não a hipótese de pesquisa. Assim, a análise das hipóteses foi

dividida em duas ideias principais.

A primeira corresponde aos efeitos negativos nas ações da Vale, que é representada

pelos seguintes modelos:

(a) - Hipótese Nula: (H0): RA ≥ 0

(b) - Hipótese Alternativa: (H1): RA < 0

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Nesse contexto, a hipótese nula considera que não ocorreram efeitos negativos nas ações

da Companhia Vale. Para a segunda etapa, avaliou-se os efeitos negativos nas companhias que

atuam no mesmo setor da Vale, formulando-se as seguintes hipóteses:

(c) - Hipótese Nula: (H0): RA ≥ 0

(d) - Hipótese Alternativa: (H1): RA < 0

Para operacionalizar os Testes de Hipóteses para retornos anormais, deve-se fazer uma

comparação entre um valor crítico t (distribuição t de Student) e um valor t calculado (Benninga

& Czaczkes, 2014). Nesse aspecto, os valores calculados de t, para ambos os estudos, que forem

inferiores a -2,33, isto é, 1% de significância, suportariam a rejeição da Hipótese Nula.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

As análises dos dois estudos aconteceram de maneira individual. Primeiramente foram

analisados os resultados obtidos da relação entre o índice Bovespa e a Companhia Vale,

posteriormente, os resultados obtidos da relação entre o índice S&P500 e as demais

Companhias mineradoras que compõem a amostra.

4.1 Índice Bovespa e a Companhia Vale S.A

Através dos dados apresentados nas Tabelas 1 e 2 pôde-se desenvolver a análise

descritiva. Nelas foram apresentadas a média e o desvio padrão (Tabela 1), assim como os

retornos máximos e mínimos (Tabela 2). O intuito dessa analise é observar variações bruscas

nos retornos ao longo do período estudado.

Tabela 1 Estatística descritiva da janela de estimação e da janela de eventos

Janela de Estimação Janela de Eventos

(Antes da Data Zero)

Janela de Eventos (Data

Zero e posteriores)

Ativos Média D.P Média D.P Média D.P

IBOV (1) 0,076% 1,365% 0,482% 0,893% 0,155% 1,167%

VALE3 (2) 0,171% 2,052% 0,696% 0,531% -3,808% 11,569%

Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

NOTA: IBOV: Índice Ibovespa; Média: representa a média dos retornos diários observados durante a (i) janela de

estimação; (ii) a janela de eventos anterior ao evento; e (iii) a janela de eventos incluída a Data Zero e os dias

posteriores. D.P (Desvio Padrão): representa a volatilidade dos retornos diários observados durante a (i) janela de

estimação; (ii) a janela de eventos anterior ao evento; e (iii) a janela de eventos incluída a Data Zero e os dias

posteriores.

Em relação à Janela de Estimação, não foi possível constatar diferenças relevantes ainda

que de forma descritiva, tanto na média quanto na volatilidade. Cabe ressaltar que o índice

Ibovespa é formado por uma variedade de ativos, sendo assim, é natural que seu desvio padrão

seja menor que o do ativo individual. Quanto a Janela de Eventos antes do rompimento da

barragem, notou-se que os valores se encontram ainda mais próximos.

Por sua vez, quando analisadas a Janela de Eventos que inclui a data zero e os 5 dias

posteriores, notamos significativas alterações. A primeira alteração relevante acontece no

retorno médio do ativo da Vale, onde o mesmo passou a ser negativo, auferindo o valor de -

3,808%, sendo que em períodos anteriores ele era positivo e maior que os retornos do Ibovespa.

Outra alteração de destaque, certamente a mais notável, ocorreu na volatilidade dos retornos.

Enquanto o índice Ibovespa obteve 1,167%, o ativo VALE3 atingiu 11,569%, o que demonstra

ter havido grandes variações nos retornos nesse curto período de tempo. Seguindo a mesma

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linha de análise, a tabela 2 visa complementar as conclusões acima, nela se encontram os

valores dos retornos máximos e mínimos para cada Janela de tempo.

Tabela 2 Estatística descritiva da janela de estimação e janela de eventos

Janela de Estimação Janela de Eventos

(Antes da Data Zero)

Janela de Eventos (Data

Zero e posteriores)

Ativos Máx Mín Máx Mín Máx Mín

IBOV (1) 4,469% -4,593% 1,518% -0,949% 1,409% -2,313%

VALE3 (2) 6,307% -7,073% 1,030% -0,362% 8,647% -28,182%

Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

NOTA: IBOV: Índice Ibovespa; Máx e Mín: representam, respectivamente, o retornos máximo e o menor retorno

obtido para cada janela de análise

Como é possível notar, os dados da Janela de Estimação não evidenciam anormalidades,

o mesmo ocorre para a Janela de Eventos antes da data zero. Percebe-se, todavia, que tanto os

retornos máximos e mínimos diminuíram na supracitada Janela de Eventos em comparação a

Janela de Estimação, mas essa queda ocorreu de maneira “uniforme” no ativo VALE3 e no

índice Ibovespa.

Novamente, como foi apresentado na Tabela 1, a grande mudança ocorre na Janela de

Eventos que abrange a data zero, onde houve uma queda brusca (-28,182%) no ativo VALE3

demonstrado pela coluna Mínimo. Por sua vez, o índice Ibovespa também auferiu um retorno

mínimo considerável nesse período, isso pode ser reflexo do rompimento da barragem, tendo

em vista que o peso da companhia Vale na composição do índice é relevante. Por fim, ainda na

Janela de Eventos que inclui a data zero, verifica-se um retorno máximo de 8,647% no ativo,

isso se dá devido a uma recuperação ocorrida na cotação após queda brusca no valor do papel.

As análises descritivas das duas tabelas aqui apresentadas nos fornecem fortes indícios

de que o Evento (rompimento da barragem) causou efeitos significativos e negativos nos

retornos da Companhia Vale S.A. Dessa forma, cabe realizar o teste de hipóteses para confirmar

o resultado. Nesse aspecto, foi desenvolvido as seguintes hipóteses:

(a) - Hipótese Nula: (H0): RA ≥ 0

(b) - Hipótese Alternativa: (H1): RA < 0

Nesse sentido, de acordo com a hipótese nula o rompimento da barragem de

Brumadinho (MG) não causou efeito negativo e significativo nos retornos das ações da

Companhia Vale S.A, já que admite que os retornos anormais serão positivos, enquanto que a

hipótese alternativa admite que o rompimento da barragem de Brumadinho (MG) causou efeito

negativo e significativo nos retornos das ações da Companhia Vale S.A devido aos retornos

anormais negativos.

A Tabela 3 apresenta os retornos anormais obtidos da diferença entre os retornos

observados e retornos esperados. Para realizar o estudo de hipótese desses retornos anormais

foi considerado o nível de significância de 1%.

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Tabela 3 Resultados em percentuais (%) dos retornos anormais diários para o ativo VALE3

(X) 5A 4A 3A 2A 1A Evento 1D 2D 3D 4D 5D

(2) 0,29% 0,89% 0,21% -0,19% -0,06% -26,63%*** 0,63% 7,51% -2,80% 1,17% -4,11%

Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

NOTA: ***representa a significância dos retornos anormais (ARi) ao nível de 1%, tendo como valores críticos

(bicaudais) -2,33 ou +2,33. Os dias presentes na janela de eventos são assim identificados: (i)5A, 4A, 3A, 2A e

1A – 18/01/2019, 21/01/2019, 22/01/2019, 23/01/2019 e 24/01/2019; e (ii) 5D, 4D, 3D, 2D, 1D – 29/01/2019,

30/01/2019, 31/01/2019, 01/02/2019 e 04/02/2019.(iii) DZ é a data zero, dia do evento: 28/01/2019.Retornos

anormais (ARi): foram obtidos a partir dos estimadores oriundos das regressões MQO para cada estudo de eventos

conduzido. Erro Padrão: determinado para a janela de estimação de cada regressão computada. (2): Representa o

ativo VALE3.

Dividindo os retornos acima pelo desvio padrão da regressão encontramos o t observado

para cada data. Dentre os valores obtidos, apenas o dia do Evento (28/01/2019) e a data 2D

(30/01/2019) obteve-se retornos anormais significativos. Para o dia do evento o t encontrado

(calculado) foi de -14,75, demonstrando assim que a hipótese nula foi rejeitada, ou seja, houve

evidências de que o a divulgação da informação do rompimento da Barragem atingiu de forma

negativa o valor das ações da Companhia Vale.

Quanto ao retorno anormal significativo e positivo que ocorreu dois dias após o evento,

entende-se que seja mais um efeito adverso do mercado ao enxergar o preço da ação em um

patamar bem abaixo da normalidade, havendo assim um leve movimento de compra. Com o

intuito de demonstrar visualmente tais retornos anormais significativos, a figura 3 apresenta os

retornos esperados e anormais para a data do Evento e para a data 2D. Dessa forma, fica notória

a discrepância entre os retornos.

Figura 3 Reflexo do evento nos retornos da Vale S.A.

Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

O resultado encontrado corrobora com diversos estudos que relacionaram a divulgação

de noticias de desastres ambientais e a queda no preço de ativos. Como por exemplo, o de

Nogueira e Angotti (2011) cujo estudo constatou que o mercado reagiu de maneira negativa

frente à divulgação de acidentes petrolíferos. O mesmo aconteceu com a British Petroleum após

a divulgação do acidente no Golfo do México, como demonstra Milone (2013). Esses e outros

estudos aqui apresentados apenas reafirmam a hipótese da reação negativa do mercado

(representados pelos retornos dos ativos) frente à divulgação de desastres ambientais.

15.00%

10.00%

5.00%

0.00%

-5.00%

-10.00%

-15.00%

7,5109%

-1,5567%

1,1357%

-26,6255%

5A 4A 3A 2A 1A Evento 1D 2D 3D 4D 5D

Retorno Esperado

Retorno Anormal

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4.2 Índice S&P500 e as demais Companhias da amostra

A segunda pergunta que se procurou responder nesse trabalho foi saber se a divulgação

da informação do rompimento da Barragem de Brumadinho também afetou significativamente

nos retornos de outras companhias ligadas ao setor de mineração.

Diante da literatura abordada nesse estudo, esperou-se que o evento catastrófico também

pudesse refletir de maneira negativa nas ações das companhias concorrentes da Vale. Para tanto,

assim como foi desenvolvido no problema anterior, também foram desenvolvidas as hipóteses

a serem testadas. Sendo elas:

(a) - Hipótese Nula: (H0): RA ≥ 0

(b) - Hipótese Alternativa: (H1): RA < 0

Nesse sentido, de acordo com a hipótese nula o rompimento da barragem de

Brumadinho (MG) não causou efeito negativo e significativo nos retornos das ações de

companhias que atuam no segmento de mineração, já que admite que os retornos anormais

serão positivos, enquanto que a hipótese alternativa admite que o rompimento da barragem de

Brumadinho (MG) causou efeito negativo e significativo nos retornos das ações de companhias

que atuam no segmento de mineração devido aos retornos anormais negativos. Na tabela abaixo

estão os retornos anormais de todas as Companhias que foram tratadas como pares da Vale

nesse estudo.

Tabela 4 Resultados em percentuais (%) dos retornos anormais diários para as empresas pares da Vale S.A.

(X) 5A 4A 3A 2A 1A Evento 1D 2D 3D 4D 5D

(3) 0,28% -0,94% -2,18% 0,08% 0,01% 2,48% 0,73% 1,95% 1,68% 0,02% -0,33%

(4) 0,80% -1,23% -1,35% -0,99% -0,24% 3,90%

*** 1,51% 3,32% -0,03% 1,21% -0,63%

(5) 0,49% 1,94% -1,81% -1,18% 0,53% 2,83% -

1,55% 2,06% 1,98% 0,99% -1,02%

(6) -

0,21% 0,84% -0,58% 0,06% -0,63% 3,37% 0,37% -0,67% 1,51% 1,68% 2,03%

(7) 0,38% -0,05% -0,18% 1,04% 0,19% -

1,16%

-

1,46% 1,02% 3,48% 0,24% -1,03%

(8) 0,06% 0,21% 1,41% 0,30% -0,05% 2,85% -

0,53% 1,97% 0,19% 1,03% -0,77%

(9) 1,68% 1,56% 2,80% -1,71% 0,22% 1,59% 0,98% 4,73%*

**

7,25%*

** 4,05% 3,32%

Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

NOTA: ***representa a significância dos retornos anormais (ARi) ao nível de 1%, tendo como valores

críticos (bicaudais) -2,33 ou +2,33. Os dias presentes na janela de eventos são assim identificados: (i)5A, 4A, 3A,

2A e 1A – 17/01/2019, 18/01/2019, 22/01/2019, 23/01/2019 e 24/01/2019; e (ii) 5D, 4D, 3D, 2D, 1D – 28/01/2019,

29/01/2019, 30/01/2019, 31/02/2019 e 01/02/2019.(iii) DZ é a data zero, dia do evento: 25/01/2019. Retornos

anormais (ARi): foram obtidos a partir dos estimadores oriundos das regressões MQO para cada estudo de eventos

conduzido. Erro Padrão: determinado para a janela de estimação de cada regressão computada. Na coluna X

encontram-se os ativos, onde: (3): BHP.NYSE; (4): RIO.NYSE; (5): GLEN.LSE; (6): AAL.L; (7): NILSY; (8):

NEM.NYSE; (9): FMG.AX.

Através dos dados da Tabela n é possível constatar que para o dia do evento houve

apenas uma empresa (Rio Tinto) com retorno anormal significativo, com o t calculado de

2,7621. Por sua vez para o segundo e terceiro dias após o evento houve retornos anormais para

a companhia Fortescue Metals Group, com t calculado de 2,4914 e 3,8228, respectivamente.

Atenta-se o fato dos retornos anormais encontrados serem positivos, de modo que não foi

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possível encontrar evidências de que o rompimento da Barragem de Brumadinho afetou no

preços dos ativos das empresas quem compõem a amostra.

Uma possível explicação para que o desastre ambiental não tenha afetado as demais

companhias que atuam no mesmo segmento é o fato de ter ocorrido com uma empresa

reincidente. Dessa forma, não houve uma interpretação negativa do mercado quanto ao setor de

mineração, ficando as mazelas restritas apenas a empresa envolvida diretamente com o evento.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho buscou analisar o impacto que o rompimento da barragem de

Brumadinho (MG) causou nas ações da Companhia Vale, assim como nas ações de companhias

presentes no exterior, mas que atuam no segmento de mineração.

Para tanto, utilizou-se do estudo de eventos como metodologia com o intuito de verificar

a presença de retornos anormais. O método em questão já foi utilizado em diversas pesquisas

que buscavam estudar a reação do mercado diante de eventos de caráter ambiental e social

(Dowdell et al., 1992; Blacconiere, & Patten, 1994; Hamilton, 1995; Brito, 2005; Laguna, &

Capelle-Blancard, 2010; Nogueira, & Angotti, 2011; Milone, 2013).

Quanto ao primeiro estudo - o reflexo do acidente nos retornos da Vale AS -, foi possível

notar retornos anormais negativos e significativos frente à divulgação da notícia, demonstrando

que o mercado (os acionistas) não viram com bons olhos o evento. Dessa forma, o estudo

corrobora com a ideia de que eventos relacionados a acidentes e/ou desastres ambientais, de

alguma maneira, impactam de forma negativa os retornos das empresas envolvidas no desastre.

Por outro lado, o estudo de evento que tinha o intuito de analisar o impacto do acidente

nos retornos das sete companhias mineradoras internacionais não demonstrou retornos

anormais negativos e significativos. Isso revela que apesar do evento desastroso ser de grande

magnitude, o segmento minerador não foi afetado pela divulgação da notícia. Além disso, o

fato da Companhia Vale ser reincidente também pode ter contribuído para que o mercado

enxergasse negativamente apenas a empresa envolvida, e não o segmento como um todo.

No que tange as limitações dessa pesquisa, salienta-se o fato de haver apenas 7 empresas

compondo a amostra do estudo que objetivava analisar os impactos da divulgação da notícia no

segmento minerador. Outra limitação foi o fato de não haver uma comparação com o impacto

do rompimento da Barragem em Mariana (MG), no ano de 2015, nos retornos da Companhia

Vale S.A . Ainda assim, tais limitações não tiram a relevância da pesquisa.

Ao verificar a relação entre os retornos anormais e a divulgação de uma notícia, o

presente trabalho pode contribuir com as evidências empíricas sobre a confirmação da HME

nas ações e no período analisado. Sendo assim, espera-se que esse trabalho possa contribuir

para a realização de novos estudos que utilizem o estudo de eventos como metodologia.

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