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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Faculdade de Engenharia
ESTUDO DA APLICABILIDADE DE UM MODELO DE MANUTENO E UMA INSTALAO METALOMECNICA
(ESCOLA PROFISSIONAL DE TRANCOSO)
Joaquim Alfredo Saraiva Cabral
Dissertao para obteno do Grau de Mestre em
Engenharia Electromecnica (2 ciclo de estudos)
Orientador: Prof. Doutor Carlos Manuel Pereira Cabrita
Covilh, Junho de 2011
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Dedicada minha esposa
ngela Filipa Vigia Machado Cabral.
E minha filha
Ilda Machado Cabral.
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AGRADECIMENTOS
Os meus mais sinceros agradecimentos ao Professor Carlos Manuel Pereira Cabrita pelos
conselhos, apoio e dedicada orientao dada no decorrer de todo este trabalho.
direco da Escola Profissional de Trancoso, por me terem proporcionado todo o apoio e
pela flexibilidade horria que me foi facultada, deixo tambm aqui um agradecimento.
Agradeo a todos os familiares e amigos que directa ou indirectamente me apoiaram e
ajudaram durante a realizao deste trabalho.
Expresso tambm aqui um especial agradecimento ao meu Pai, Me, Irmos, Filha e
especialmente minha esposa ngela Filipa Vigia Machado Cabral pelo suporte indispensvel
que sustentou todo o esforo para a elaborao deste trabalho, e dedico tambm a uma
pessoa muito especial por tudo o que fez por mim que a minha tia e madrinha que j no
esta presente neste mundo.
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RESUMO
Este trabalho aborda um estudo para a aplicabilidade de um modelo de manuteno de uma
instalao metalomecnica, em que a rea de manuteno dos equipamentos de produo
passar por um processo interno de reestruturao, alterando a forma de actuao actual
para uma nova metodologia onde o objectivo principal o ensino/ aprendizagem.
Para este novo cenrio, prope-se uma reavaliao das actividades e responsabilidades dos
envolvidos com as actividades de manuteno, evidenciando o aspecto da manuteno,
elaborando e fornecendo propostas para a melhoria da sinergia operacional, valorizando os
colaboradores (alunos) e o alcance de resultados positivos para as reas envolvidas e para a
organizao (escola).
PALAVRAS-CHAVE
Aprendizagem, Manuteno, Manuteno Autnoma, Preventiva, Valorizao.
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ABSTRACT
This paper addresses a study for the applicability of a maintenance model of
metalomechanical installation, in which the area of production equipment maintenance will
undergo significant internal restructuring, changing the present actuation form to a new
methodology where the main objective is teaching / learning.
For this new scenario, we propose a reassessment of responsibilities and activities involved
with maintenance activities, emphasizing the aspect of maintenance, developing and
delivering proposals for the improvement of operational synergy, valuing the employees
(students) and the achievement of positive results for the areas involved and for the
organization (school).
KEYWORDS
Learning, Maintenance, Autonomous Maintenance, Preventive, Valuation.
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NDICE
AGRADECIMENTOS .......................................................................................... v
RESUMO ..................................................................................................... vii
PALAVRAS-CHAVE ......................................................................................... vii
ABSTRACT ................................................................................................... ix
KEYWORDS .................................................................................................. ix
PARTE 1 GENERALIDADES E CONCEITOS .................................................................. 1
1.1. INTRODUO ........................................................................................... 2
1.2. COMPETNCIAS DOS RESPONSVEIS DA MANUTENO .......................................... 5
1.2.1. Competncias Gerais ........................................................................... 5
1.2.2. Competncias Especficas da rea: .......................................................... 6
1.3. IMPORTNCIA DA MANUTENO .................................................................... 6
1.3.1. Conceitos em Manuteno ..................................................................... 7
1.3.2. Recursos Necessrios para a Manuteno ................................................... 9
1.4. POLTICAS DE MANUTENO ...................................................................... 10
1.4.1. Manuteno Correctiva ....................................................................... 11
1.4.1.1. Tipos de Manuteno Correctiva ......................................................... 13
1.4.1.2. Organizao da Manuteno Correctiva ................................................. 13
1.4.2. Manuteno Preventiva ....................................................................... 15
1.4.2.1. Objectivos da Manuteno Preventiva .................................................. 17
1.4.2.2. Organizao do Plano de Manuteno Preventiva ..................................... 19
1.4.2.3. Documentao da Manuteno Preventiva ............................................. 20
1.4.2.4. Formas de Controlo da Manuteno Preventiva ....................................... 21
1.4.3. Manuteno Preditiva ......................................................................... 23
1.4.3.1. Objectivos da Manuteno Preditiva .................................................... 24
1.4.3.2. Metodologia .................................................................................. 25
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1.4.4. Anlise de Avarias ............................................................................. 26
1.4.5 Formas de Monitorizao ...................................................................... 28
1.5. MODELOS DE MANUTENO ....................................................................... 31
1.5.1. Manuteno Produtiva Total ................................................................. 32
1.5.2. Manuteno Centrada na Fiabilidade ...................................................... 36
1.5.3. Novas Prticas e Filosofias ................................................................... 39
1.5.3.1. Melhoria da Eficincia dos Activos ....................................................... 39
1.5.3.2. Conceito de Optimizao da Eficincia dos Activos .................................. 40
1.5.3.3. A Fiabilidade na Manuteno Industrial ................................................. 41
1.5.3.4. Fiabilidade de Implementao Rpida .................................................. 42
1.5.3.5. Manuteno Centrada na Fiabilidade Simplificada.................................... 43
1.5.3.6. Manuteno Baseada no Risco ............................................................ 43
1.5.3.7. Manuteno de Fiabilidade Pr-activa .................................................. 44
1.5.3.8. Fiabilidade Centrada no Operador ....................................................... 44
1.6. CONCEITOS DE FALHA E AVARIA .................................................................. 46
PARTE 2 CASO PRTICO ................................................................................... 50
2.1. CARACTERIZAO DA UNIDADE - ESCOLA PROFISSIONAL DE TRANCOSO ................... 51
2.1.1 Breve Historial ................................................................................ 51
2.1.2. rea de Influncia ........................................................................... 52
2.1.3- Recursos Humanos e Materiais .............................................................. 54
2.1.3.1 Recursos Humanos ......................................................................... 54
2.1.3.2 Recursos Materiais ......................................................................... 55
2.2 PLANEAMENTO DA MANUTENO DA OFICINA DE MECNICA ............................... 58
2.2.1 Descrio Geral da Unidade ................................................................ 58
2.2.2. Descrio dos equipamentos ................................................................ 58
2.2.3 - Sistema Actual de Manuteno ............................................................. 73
2.2.3.1. Objectivos .................................................................................... 74
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2.3. Propostas de Melhoria Continua .................................................................. 75
2.3.1. Objectivos ...................................................................................... 77
PARTE 3 CONSIDERAES FINAIS ........................................................................ 82
3.1. CONCLUSES ......................................................................................... 83
3.2. SUGESTES PARA TRABALHO FUTURO ........................................................... 84
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 86
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Lista de Figuras
Figura 1.1 - Variao do nmero de defeitos acumulados em funo do nmero de horas trabalhadas de um componente ............................................................................. 8
Figura 1.2 - Curva da banheira relativa ao andamento do custo da manuteno em funo do tempo do funcionamento de um componente ............................................................ 9
Figura 1.3 - Sistemas de Controlo da manuteno ..................................................... 21
Figura 1.4- Objectivos da manuteno preditiva ...................................................... 24
Figura 1.5 - Meta principal da manuteno preditiva ................................................. 25
Figura 1.6 - Evoluo de um parmetro medido em funo do tempo ............................. 27
Figura 1.7 - Curva de tendncia da evoluo do ciclo de vida de um equipamento ............. 27
Figura 1.8 - Esquematizao sequencial das tarefas associadas manuteno preventiva .... 28
Figura 1.9 -Pilares da estrutura da Manuteno Produtiva Total. .................................. 33
Figura 1.10 - Iceberg das grandes perdas ................................................................ 36
Figura 2.1 - Vista Geral da Escola ......................................................................... 51
Figura2.2 - Provenincia geogrfica dos alunos da EPT ............................................... 52
Figura 2.3 - Apresentao geral da Oficina de Mecnica ............................................. 58
Figura 2.4 - Engenho de furar de coluna................................................................. 59
Figura 2.5 - Esmeriladora ................................................................................... 60
Figura 2.6 - Mquina de dobrar tubo e mesa de traagem ........................................... 61
Figura 2.7 - Tornos mecnicos universais ................................................................ 62
Figura 2.8 - Fresadoras universais ........................................................................ 63
Figura 2.9 -Quadros elctricos de alimentao do torno e da fresadora .......................... 63
Figura 2.10 - Mquina de lavagem de peas e macaco vertical ..................................... 64
Figura 2.11 - Grua mvel e macacos horizontais de elevao ....................................... 65
Figura 2.12 - Elevador e aspirador de leo de automveis ........................................... 66
Figura 2.13 - Posto de soldadura e mquinas de soldar (TIG; MIG; elctrodo revestido) ....... 67
Figura 2.14 - Forno de tratamento trmico e prensa hidrulica .................................... 68
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Figura 2.15 - Compressores mvel e fixo de ar comprimido ......................................... 68
Figura 2.16 - Serrotes de corte de fita, de disco e de lmina ....................................... 69
Figura 2.17 - Guilhotina de corte de chapa. ............................................................ 69
Figura 2.18 - Fresadora e torno CNC ..................................................................... 70
Figura 2.19 - Painel de ferramentas e acessrios ...................................................... 73
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Lista de Quadros
Quadro 1.1 - Evoluo temporal das diferentes polticas de manuteno ........................ 12
Quadro 1. 2 - Ficha de manuteno exemplificativa .................................................. 15
Quadro1 3 - Ficha de servio exemplificativa. ......................................................... 16
Quadro 1.4 - Sinaltica de segurana exemplificativa ................................................ 16
Quadro1.5 - Ficha de equipamento exemplificativa ................................................... 20
Quadro 1.6 - Ficha de manuteno preventiva exemplificativa ..................................... 22
Quadro1.7 - Ficha de controlo exemplificativa ......................................................... 23
Quadro 1.8 Esquematizao dos mtodos e processos a adoptar para diferentes tipos de equipamentos. ............................................................................................... 30
Quadro 2.1 - Situao dos tcnicos do Ciclo de Formao 2009-2010, diplomados pela EPT .. 54
Quadro 2.2 - Apresentao da Estrutura Orgnica Funcional da EPT ............................... 57
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PARTE 1 GENERALIDADES E CONCEITOS
PARTE 1
GENERALIDADES
E
CONCEITOS
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1.1. INTRODUO
Desde a existncia das mquinas, muitos empresrios dedicaram-se a estudar e a
propor formas mais eficientes de organizar o processo fabril. Todas elas visavam atingir o
grau mximo de produtividade. Os mais importantes sistemas produtivos criados nesta
filosofia foram o Taylorismo e o Fordismo.
Para melhor entendimento, saliente-se que o Taylorismo ou Administrao cientfica
o modelo de administrao desenvolvido pelo engenheiro estadunidense Frederick Taylor
(1856-1915), que considerado o pai da administrao cientfica. Caracteriza-se pela nfase
nas tarefas, objectivando o aumento da eficincia ao nvel operacional. considerada um
subcampo da perspectiva administrativa clssica.
O fato mais marcante da vida de Taylor foi o livro que publicou em 1911 "Princpios de
Administrao Cientfica" com esse livro ele tenta convencer aos leitores de que o melhor
forma de administrar uma empresa atravs de um estudo, de uma cincia. A ideia principal
do livro a racionalizao do trabalho que nada mais que a diviso de funes dos
trabalhadores e com isso Taylor critica fortemente a Administrao por incentivo e
iniciativa, que acontece quando um trabalhador por iniciativa prpria sugere ao patro
ideias que possam dar lucro a empresa incentivando o seu superior a dar-lhe uma recompensa
ou uma gratificao pelo esforo demonstrado o que criticado por Taylor pois uma vez que
se recompensa um subordinado pelas suas ideias ou actos, tornamo-nos dependentes deles.
Taylor acredita na ideia da eficincia e eficcia que a agilidade e rapidez dos funcionrios a
gerar lucro e ascenso industrial. Princpios Fundamentais do livro de Taylor "Princpios de
Administrao Cientfica" [1]-[2]:
Princpio do Planeamento: Substituir os mtodos empricos por mtodos cientficos e
testados.
Princpio da Seleco: Como o prprio nome diz selecciona os trabalhadores para as suas
melhores aptides e para isso so formados e preparados para cada funo a desempenhar.
Princpio de Controlo: Superviso feita por um superior para verificar se o trabalho est ser
executado como foi estabelecido.
Princpio de Execuo: Para que haja uma organizao no sistema as distribuies de
responsabilidades devem existir para que o trabalho seja o mais disciplinado possvel.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9ricahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Frederick_Taylorhttp://pt.wikipedia.org/wiki/1856http://pt.wikipedia.org/wiki/1915
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Idealizado pelo empresrio estadunidense Henry Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor
Company, o Fordismo um modelo de produo em massa que revolucionou a indstria
automobilstica a partir de Janeiro de 1914, quando introduziu a primeira linha de montagem
automatizada. A Ford utilizou risca os princpios de padronizao e simplificao de
Frederick Taylor e desenvolveu outras tcnicas avanadas para a poca. As suas fbricas eram
totalmente verticalizadas. Ele possua desde a fbrica de vidros, a plantao de seringueiras,
at a siderrgica.
A Ford criou o mercado de massa para os automveis. A sua inteno era tornar o automvel
to barato que todos poderiam compr-lo, porm mesmo com o abaixamento dos custos de
produo, o sonho de Henry Ford permaneceu distante da maioria da populao.
Uma das principais caractersticas do Fordismo foi o aperfeioamento da linha de montagem.
Os veculos eram montados em tapetes rolantes que se movimentavam enquanto o operrio
ficava praticamente parado, a realizar uma pequena etapa da produo. Desta forma no era
necessria quase nenhuma qualificao dos trabalhadores. Outra caracterstica a de que o
trabalho entregue ao operrio, em vez desse ir busc-lo, fazendo assim a analogia
eliminao do movimento intil.
O mtodo de produo fordista exigia vultosos investimentos e grandes instalaes, mas
permitiu que a Ford produzisse mais de 2 milhes de carros por ano, durante a dcada de
1920. O veculo pioneiro da Ford no processo de produo fordista foi o mtico Ford Modelo T.
Juntamente com o sucesso do Fordismo, com as vendas do lendrio modelo "T", surgiu um
ciclo o qual mudou a vida de muitos americanos da poca, o chamado ciclo da prosperidade,
graas ao aumento de vendas do Ford "T" muitos outros sectores tiveram um desenvolvimento
substancial, sectores como o txtil, siderrgicas, energia (combustvel), entre tantos outros
que foram afectados directa ou indirectamente com a fabricao desses carros.
O Fordismo teve seu pice no perodo posterior Segunda Guerra Mundial, nas dcadas de
1950 e 1960, que ficaram conhecidas na histria do capitalismo como Os Anos Dourados.
Entretanto, a rigidez deste modelo de gesto industrial foi a causa do seu declnio. Ficou
famosa a frase de Ford, que dizia que poderiam ser produzidos automveis de qualquer cor,
desde que fossem pretos. O motivo disto era que a tinta na cor preta secava mais rpido e os
carros poderiam ser montados mais rapidamente.
A partir da dcada de 1970, o Fordismo entra em declnio. A General Motors flexibiliza a sua
produo e o seu modelo de gesto. Lana diversos modelos de veculos, de vrias cores e
adopta um sistema de gesto profissionalizado. Com isto a GM ultrapassa a Ford, como a
maior produtora do mundo.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_Fordhttp://pt.wikipedia.org/wiki/1863http://pt.wikipedia.org/wiki/1947http://pt.wikipedia.org/wiki/Ford_Motor_Companyhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ford_Motor_Companyhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Produ%C3%A7%C3%A3o_em_massahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Frederick_Taylorhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Linha_de_montagemhttp://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1920http://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1920http://pt.wikipedia.org/wiki/Ford_Modelo_Thttp://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Mundial
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Na dcada de 1970, aps os choques do petrleo e a entrada de competidores japoneses no
mercado automobilstico, o Fordismo e a Produo em massa entram em crise e comeam
gradativamente a serem substitudos pela Produo enxuta, modelo de produo baseado no
Sistema Toyota de Produo.
Em 2007 a Toyota torna-se a maior produtora de veculos do mundo e pe um ponto final no
Fordismo.
Resumindo: O Fordismo foi iniciado nos EUA onde o ritmo da produo imposto pelas
mquinas, o trabalhador faz um consumo de tarefas especializadas e de participar mais do
consumo.
Fazendo uma rpida retrospectiva, podemos identificar no Taylorismo uma pretenso em
submeter o trabalhador ao ritmo da mquina, com o mnimo de interrupes, predominando
neste sistema de produo a diviso e a subdiviso de tarefas, bem como a valorizao de
procedimentos mecnicos que dispensavam o raciocnio dos trabalhadores. O Fordismo surgiu
numa tentativa de aperfeioar este primeiro sistema, havendo em ambos os casos, como
exigncia, o domnio de habilidades especficas.
A manuteno, embora despercebida, sempre existiu, mesmo nas pocas mais remotas.
Comeou a ser conhecida com o nome de manuteno por volta do sculo XVI na Europa
central, juntamente com o surgimento do relgio mecnico, quando surgiram os primeiros
tcnicos em montagem e assistncia. Tomou corpo ao longo da Revoluo Industrial e firmou-
se, como necessidade absoluta, na Segunda Guerra Mundial. No princpio da reconstruo ps-
guerra, Inglaterra, Alemanha, Itlia e principalmente o Japo delineou-se o desempenho
industrial nas bases da engenharia de manuteno.
Nos ltimos anos, com a intensa concorrncia, os prazos de entrega dos produtos passaram a
ser relevantes para todas as empresas. Com isso, surgiu a motivao para se prevenir contra
as avarias de mquinas e equipamentos.
Alm disso, outra motivao para o avano da manuteno foi a maior exigncia por
qualidade. Essas motivaes deram origem a uma manuteno mais planeada.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Produ%C3%A7%C3%A3o_em_massahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Produ%C3%A7%C3%A3o_enxutahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_Toyota_de_Produ%C3%A7%C3%A3o
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1.2. COMPETNCIAS DOS RESPONSVEIS DA MANUTENO
S que mais avanos e mudanas tecnolgicas continuaram a ocorrer e assim estes modelos
ficaram ultrapassados, uma vez que no conseguiram suprir as novas exigncias do mercado
porque no se preocuparam com a qualificao dos trabalhadores. Se antes exigia-se
especificidade, o mercado actual exige um conjunto de competncias.
As polticas pblicas no campo educacionais vm exigindo, como patamar mnimo de
escolaridade para a qualificao profissional, um curso tcnico. Baseando-se em documentos
que regem a organizao e o planeamento dos cursos de nvel tcnico, como tambm na
prpria prtica, de notar que o mercado de trabalho na rea de manuteno industrial
necessita cada vez mais tcnicos com formao multidisciplinar e certificaes que possam
actuar na rea, desenvolvendo a melhoria contnua dos mtodos e processos em andamento
dentro das modernas normas das prticas da qualidade, economia, gesto ambiental e
segurana do trabalho.
Esta tendncia ocorre devido preocupao das indstrias em garantir a integridade
operacional das suas mquinas e equipamentos, visando reduzir custos, implementar maior
qualidade e aumentar a sua produtividade, e, desta forma, tornarem-se mais competitivas
para afirmar a sua sobrevivncia no mercado globalizado. Por exemplo, certos produtos s
podem ser exportados para pases pertencentes Unio Europeia quando atendem aos
requisitos de normas internacionais, como a ISO 9000, a ISSO 14000 e a ISO 18000. Para o
atendimento a estas normas, a qualificao profissional preponderante, incluindo os
profissionais de manuteno.
O objectivo da gesto de Gesto da Manuteno no s a preparao e qualificao dos
futuros profissionais de manuteno, mas tambm proporcionar dinamismo e criatividade, de
forma a investigar o constante avano profissional e da indstria no mundo [1]-[2]-[3]-[4]-[5].
1.2.1. Competncias Gerais
Neste foco, um profissional em manuteno deve possuir competncias gerais e especficas, a
saber [3]-[4]-[5]:
Desenvolver caractersticas preponderantes, senso crtico, autonomia intelectual e
sociabilidade;
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Desenvolver esprito empreendedor;
Contribuir com a iniciativa de gesto do seu prprio percurso no mercado de trabalho
de modo flexvel, interdisciplinar e contextualizado;
Ter slidas bases de conhecimentos tecnolgicos e cientficos;
Ter boa comunicao oral e escrita;
Desempenhar as actividades com qualidade, controle do custo e segurana;
Ter postura profissional e tica.
1.2.2. Competncias Especficas da rea:
Elaborar planos de manuteno;
Fazer oramentos de materiais, servios e equipamentos;
Executar, interpretar e fiscalizar ensaios mecnicos e tecnolgicos;
Fiscalizar, acompanhar e controlar servios de manuteno industrial;
Interpretar e executar projectos de instalao de equipamentos e acessrios;
Conhecer e aplicar adequadamente procedimentos, normas e tcnicas de
manuteno;
Planear, programar e executar manuteno industrial rotineira e em paragens;
Avaliar, qualificar e quantificar equipes para realizao de servios de manuteno
industrial;
Especificar e identificar correctamente materiais de construo mecnica.
1.3. IMPORTNCIA DA MANUTENO
Com a globalizao da economia, a busca da qualidade total em servios, produtos e gesto
ambiental passou a ser a meta de todas as empresas. Veja o caso abaixo:
Imagine um fabricante de rolamentos e que tenha concorrentes no mercado. Para que os
clientes se mantenham e conquiste outros, ele precisar tirar o mximo rendimento das
mquinas para oferecer rolamentos com defeito zero e preo competitivo. Dever tambm
estabelecer um rigoroso cronograma de fabricao e de entrega dos seus rolamentos. Imagine
agora que no exista um programa de manuteno das mquinas...
Isto d uma ideia da importncia de se estabelecer um programa de manuteno, uma vez
que as mquinas e equipamentos com defeitos e/ou paradas, os prejuzos sero inevitveis,
provocando [1]-[2]-[3]-[4]-[5]-[6]:
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Diminuio ou interrupo da produo;
Atrasos nas entregas;
Perdas financeiras;
Aumento dos custos;
Produtos com possibilidades de apresentar defeitos de fabricao;
Insatisfao dos clientes;
Perda de mercado.
Todos esses aspectos mostram a importncia que se deve dar manuteno. At
recentemente, a gerncia de nvel mdio e corporativo tinha ignorado o impacto da operao
da manuteno sobre a qualidade do produto, custos de produo e, mais importante, no
lucro bsico. A opinio geral cerca de 20 anos atrs era de que manuteno um mal
necessrio, ou nada pode ser feito para melhorar os custos de manuteno. Mas as novas
tcnicas de gesto e os sistemas de manuteno tm mudado isso, reduzindo os custos da
manuteno em relao a facturao.
1.3.1. Conceitos em Manuteno
Dois conceitos de manuteno [3]-[4]-[5]-[6]-[7]:
Pode ser considerada como a engenharia do componente uma vez que estuda e controla o
desempenho de cada parte que compe um determinado sistema;
Pode ser considerada como o conjunto de cuidados tcnicos indispensveis ao funcionamento
regular e permanente de mquinas, equipamentos, ferramentas e instalaes. Esses cuidados
envolvem a conservao, a adequao, a restaurao, a substituio e a preveno.
Por exemplo:
Lubrificao de engrenagens = conservao
Rectificao de uma mesa de desempeno = restaurao.
Troca do terminal de um cabo elctrico = substituio.
Substituir o leo lubrificante no perodo recomendado pelo fabricante = preveno.
Em suma, manuteno actuar no sistema (de uma forma geral) com o objectivo de evitar
quebras e/ou paragens na produo, bem como garantir a qualidade planeada dos produtos.
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ESTUDO DA APLICABILIDADE DE UM MODELO DE MANUTENO DE UMA INSTALAO METALOMECNICA
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De uma maneira geral, a manuteno numa empresa tem como objectivos:
1. Manter equipamentos e mquinas em condies de pleno funcionamento para garantir a
produo normal e a qualidade dos produtos;
2. Prevenir provveis avarias ou quebras dos elementos das mquinas.
Outros conceitos:
a) Manuteno ideal - a que permite alta disponibilidade para a produo durante todo o
tempo em que ela estiver em servio e a um custo adequado.
b) Vida til de um componente - o espao de tempo que este componente desempenha as
suas funes com rendimento e disponibilidade mximas. medida que a vida til se
desenvolve, desenvolve-se tambm um desgaste natural (crescente), que aps um certo
tempo inviabilizar o seu desempenho, determinando assim o seu fim.
c) Ciclo de vida de um componente (Fig. 1.1).
Figura 1.1 - Variao do nmero de defeitos acumulados em funo do nmero de horas trabalhadas de um componente
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1) Fases de amaciamento - os defeitos internos do equipamento manifestam-se pelo uso
normal e pelo auto ajuste do sistema. Normalmente estes defeitos esto cobertos pela
garantia de fbrica.
2) Vida til do componente - esta a fase de pouqussimas quebras e/ou paragens e a fase
de maior rendimento do equipamento;
3) Envelhecimento - os vrios componentes vo atingindo o fim da vida til e passam a
apresentar quebras e/ou paragens mais frequentes. a hora de decidir pela reforma total ou
sucata.
Na Fig. 1.2 mostra-se a curva da banheira relativa ao custo da manuteno para cada fase.
Figura 1.2 - Curva da banheira relativa ao andamento do custo da manuteno em funo do tempo do funcionamento de um componente
1.3.2. Recursos Necessrios para a Manuteno
Para que possa ocorrer manuteno, h necessidade que exista disposio desta os
seguintes recursos [3]-[5]:
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a) Recursos materiais - equipamentos de teste e de medio, ferramentas adequadas, espao
fsico satisfatrio, entre outros.
b) Recursos de mo-de-obra - dependendo do tamanho da empresa e da complexidade da
manuteno aplicada, h a necessidade de uma equipe formada por profissionais qualificados
em todos os nveis;
c) Recursos financeiros - necessrios para uma maior autonomia dos trabalhos;
d) Recursos de informao - responsvel pela capacidade de obter e armazenar dados que
sero a base dos planos de manuteno.
1.4. POLTICAS DE MANUTENO
Existem duas polticas (tambm designadas comummente por tipos) bsicas de manuteno: a
planeada e a no planeada [1]-[2]-[3]-[4]-[5]-[6]-[7].
Manuteno no planeada: Ocorre quando no h uma programao de data e hora; pode
ocorrer a qualquer momento. Por isso conhecida como correctiva, j que visa corrigir
problemas. Divide-se em:
Inesperada: Tem o objectivo de localizar e reparar defeitos repentinos em equipamentos
que trabalham em regime de trabalho contnuo.
Ocasional: Consiste em fazer consertos de avarias que no param a mquina. Ocorrem
quando h paragem de mquina, por outro motivo que no defeito, como por exemplo,
no caso de atraso na entrega de matria-prima.
Manuteno planeada: Ocorre com um planeamento e uma programao prvia. Classifica-se
em trs categorias:
Preventiva: Consiste no conjunto de procedimentos e aces antecipadas que visam
manter a mquina em funcionamento.
Preditiva: um tipo de aco preventiva baseada no conhecimento das condies de
cada um dos componentes das mquinas e equipamentos. Esses dados so obtidos por
meio de um acompanhamento do desgaste de peas vitais de conjuntos de mquinas e de
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equipamentos. Testes peridicos so efectuados para determinar a poca adequada para
substituies ou reparao de peas. Exemplos: anlise de vibraes de mancais.
Detectiva: a manuteno preditiva dos sistemas de proteco dos equipamentos, como
painis de controlo por exemplo. Busca avarias ocultas destes sistemas, evitando que os
mesmos no trabalhem quando necessrio, como um sistema de desligamento
automtico em caso de super-aquecimento.
Engenharia de Manuteno: o nvel mais elevado de investimento em manuteno.
Consiste em procurar as causas da manuteno j no projecto do equipamento,
modificando situaes permanentes de mau desempenho, problemas crnicos, e
desenvolvendo a manutibilidade.
importante citar aqui a Manuteno Produtiva Total (TPM), que no um tipo de
manuteno, mas um sistema de gesto completo, envolvendo todos os tipos de manuteno.
Foi desenvolvido no Japo e tem uma viso holstica, isto , o operador de uma mquina
mais responsvel do que por uma simples operao [8]-[9]-[10].
No Quadro 1.1 descreve-se a evoluo temporal das diferentes polticas (ou tipos) de
manuteno.
1.4.1. Manuteno Correctiva
A manuteno correctiva corresponde ao estgio mais primitivo da manuteno mecnica.
Entretanto, como praticamente impossvel acabar totalmente com as avarias, a manuteno
correctiva ainda existe.
definida como um conjunto de procedimentos que so aplicados a um equipamento fora de
aco ou parcialmente danificado, com o objectivo de faz-lo voltar ao trabalho, no menor
espao de tempo e custo possvel. , portanto, uma manuteno no planeada, de reaco,
no qual a correco de avaria ou de baixo desempenho d-se de maneira aleatria, isto ,
sem que a ocorrncia fosse esperada. Implica altos custos, porque causa perdas na produo
e geralmente a extenso dos danos aos equipamentos maior. importante observar que
pode englobar desde a troca de um simples parafuso de fixao quebrado como substituir
todo um sistema elctrico em falha [3]-[4]-[5]-[6].
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Quadro 1.1 - Evoluo temporal das diferentes polticas de manuteno
Perodos Ate dcada de 1950 Dcada de 1950 Dcada da 1960 Dcada de 1980
Estagio
Conceitos
Manuteno
correctiva
Manuteno
Preventiva
Manuteno do
sistema de
produo
Manuteno
produtiva total
(TPM)
Reparao
correctiva x x x x
Gesto
mecnica da
manuteno
x x x
Manutenes
Preventivas x x x
Viso
sistemtica x x
Manuteno
correctiva com
incorporao de
melhorias
x x
Preveno de
manuteno x x
Manuteno
preditiva x
Abordagem
participativa x
Manuteno
autnoma x
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1.4.1.1. Tipos de Manuteno Correctiva
Pode-se dividir a manuteno correctiva em reparao e reforma [4]-[5]-[6].
Reparao: E a correco de uma avaria inesperada, sem qualquer planeamento (ver Fig.
1.1).
Na regio 1 (fase de amaciamento) existe um crescimento do nmero de defeitos a partir do
ponto zero, decorrente da acomodao dos componentes recm instalados, bem como da
manifestao de possveis avarias internas dos materiais utilizados.
Na regio 2 (vida til) pode-se notar que o nmero de defeitos permanece sem alterao.
nesta fase que o equipamento tem seu melhor desempenho pois est sempre no melhor
rendimento e com ausncia de defeitos (paragens).
Na regio 3 (envelhecimento) o nmero de defeitos comea a crescer e o custo da
manuteno torna-se caro.
A manuteno correctiva de reparao aplica-se exactamente na regio 2 do grfico, quando
o equipamento est na sua melhor performance, e ocorrem quebras/avarias inesperadas.
Reforma: quando o equipamento atinge seu rendimento mnimo (nvel mnimo) ou a regio 3,
ele no est mais apto a desempenhar as suas funes satisfatoriamente, uma vez que produz
pouco (muitas paragens), sem qualidade e com custo elevado. Deste ponto em diante,
existem duas opes: substituir (vender ou sucata) o equipamento ou fazer uma manuteno
correctiva de reforma. Define-se reforma como a completa anlise, desmontagem,
substituio e ou recuperao dos componentes, limpeza, montagem, testes, pintura, etc.
Existem vrias classes de reforma, desde a mais simples at as mais complexas, que envolvem
tambm a modernizao do equipamento. importante tambm lembrar que a reforma deve
ser precedida por uma profunda anlise tcnica (mecnica e econmica) sobre o
equipamento, a fim de concluir a melhor opo: substituio ou reforma.
1.4.1.2. Organizao da Manuteno Correctiva
Oficina: fundamental que toda empresa possua uma oficina de manuteno suficientemente
equipada que permita a resoluo dos problemas mais comuns que ocorrem com os
equipamentos. Deve prever ferramentas, peas de reposio, instrumentos de medio e
controle, fichas (fichas de solicitao e controle de manuteno), etc. Os trabalhadores
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devero ser bem formados e como caracterstica bsica devem ser participativos e
trabalharem em equipa [3]-[5]-[6].
Controle: O controlo realizado pela ficha de manuteno e a ficha de servio.
Ficha de manuteno correctiva: Cada operador responsvel pelo seu equipamento,
portanto, ele quem deve avisar ao sector de manuteno sobre os defeitos ocorridos. A
comunicao feita atravs da ficha de manuteno (solicitao de manuteno), onde se
informa sobre os sintomas e possveis causas do problema (Quadro 1.2).
Ficha de servio: Tem por objectivo documentar os problemas executados no equipamento
durante o tempo de manuteno, seja na oficina de manuteno ou no seu local. Nesta ficha
so anotadas as peas substitudas, modificaes feitas, outros problemas encontrados, bem
como a provvel causa do defeito. Esta ficha de servio dever ser arquivada numa pasta que
mostre toda a histria de manuteno do referido equipamento. importante destacar o
nmero total de horas trabalhadas, pois isto servir para o clculo do custo da manuteno
correctiva realizada (Quadro 1.3).
Sinalizao: Para efectuar a manuteno correctiva, ou mesmo uma simples inspeco, num
equipamento ou sistema, no seu prprio local, fundamental tomar diversos cuidados no
sentido de garantir a segurana das pessoas envolvidas, quer do operador de manuteno,
quer das pessoas do processo produtivo nas proximidades.
Esses cuidados so essenciais para a segurana. O isolamento pode ser feito por uma simples
sinalizao ou at pelo isolamento do equipamento por barreiras. Em ambos os casos, torna-
se necessrio a colocao de um aviso identificando que a mquina est em manuteno,
sendo necessrio conter o nome da pessoa responsvel pelo trabalho e prazo estimado para
trmino dos trabalhos. A partir deste instante o operador de manuteno o nico
responsvel pela operao do equipamento. Nenhuma outra pessoa dever ligar ou desligar a
mquina, estar prximo ou interferir no trabalho, a no ser que seja solicitado. Nos casos de
manuteno elctrica, o cuidado com o isolamento elctrico primordial (Quadro 1.4).
A proteco dos locais de trabalho e das pessoas que neles trabalham atravs de cores e de
sinais de preveno constitui uma tcnica especial de segurana que permite a obteno de
resultados importantes. Em certos momentos, o trabalho deve continuar paralelo a certas
circunstncias temporais: trabalhos de manuteno, situaes de emergncia, etc. Assim
torna-se necessrio o uso de cores e sinais uniformes para prevenir certos riscos.
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Quadro 1. 2 - Ficha de manuteno exemplificativa
Escola Profissional de Trancoso Ficha de Manuteno Correctiva
Equipamento: Localizao:
Defeito Provvel:
Sintoma Apresentado:
Causa Provvel:
Solicitado por: Recebido por:
Data: / / 2011 Data: / / 2011
Horrio: Horrio:
1.4.2. Manuteno Preventiva
Nas instalaes industriais, as paragens para a manuteno constituem uma preocupao
constante para a programao da produo. Se as paragens no forem previstas, ocorrem
vrios problemas, tais como: atrasos no cronograma de fabricao, indisponibilidade da
mquina, elevao de custos, etc.
Para evitar esses problemas, as empresas introduziram um planeamento e uma programao
da manuteno. A manuteno preventiva o estgio inicial da manuteno planeada, e
obedece a um padro previamente esquematizado. Ela estabelece paragens peridicas com a
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finalidade de permitir as reparaes programadas, assegurando assim o funcionamento
perfeito da mquina por um tempo predeterminado [3]-[4]-[5]-[6]-[10].
Quadro1 3 - Ficha de servio exemplificativa.
Escola Profissional de Trancoso Ficha de Servio n _____ / 2011
Equipamento: ________________________________________________________ N ______________
Executor: ______________________________________________________
Data: _____ / ______/ 2011
Hora incio: _____________ Hora final: _____________
Total de horas trabalhadas: ______________
Defeito(s) Encontrado(s):
Causa Provvel:
Procedimento:
Peas Substitudas:
Assinatura Executor: Assinatura Responsvel Sector:
Quadro 1.4 - Sinaltica de segurana exemplificativa
Escola Profissional de Trancoso
EQUIPAMENTO
EM
MANUTENO
Observao: Cor de fundo amarelo; Destaque Preto (Sugesto).
Operador de Manuteno: Tempo Estimado: ____: _____ h
Incio: ___: ___ h Trmino: ___: ___ h
Data: ____ / ____ / 2011
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Seguidamente explicitam-se os principais conceitos da manuteno preventiva [3]-[4]-[5]-[6]-
[10]:
a) Planeamento da manuteno - significa conhecer os trabalhos, os recursos para execut-los
e tomar decises.
b) Programao da manuteno - significa determinar pessoal, dia e hora para execuo dos
trabalhos.
c) Controle da manuteno - a recolha e tratamento de dados, seguido de interpretao.
d) Organizao da manuteno - significa a maneira como o servio de manuteno se
compe, se ordena e se estrutura para alcanar os objectivos visados.
e) Administrao da manuteno - significa normalizar as actividades, ordenar os factores de
produo, contribuir para a produo e para a produtividade com eficincia, sem desperdcios
e retalhos.
1.4.2.1. Objectivos da Manuteno Preventiva
Os principais objectivos das empresas so: reduo de custos, qualidade do produto, aumento
de produo, preservao do meio ambiente, aumento da vida til dos equipamentos e
reduo de acidentes do trabalho. Como a manuteno preventiva colabora para alcanar
estes objectivos? [3]-[4]-[5]-[6]-[10].
a) Reduo de custos - A grande maioria, das empresas procuram reduzir os custos incidentes
nos produtos que fabricam. A manuteno preventiva pode colaborar actuando na reduo
das peas sobressalentes, diminuio nas paragens de emergncia, aplicando o mnimo
necessrio, ou seja, sobressalente X compra directa; horas suprfluas X horas trabalhadas;
material novo X material recuperado.
b) Qualidade do produto - A concorrncia no mercado nem sempre ganha com o menor preo.
Muitas vezes ela ganha com um produto de melhor qualidade. Para atingir essa meta, a
manuteno preventiva dever ser aplicada com maior rigor, ou seja: mquinas deficientes X
mquinas eficientes; abastecimento deficiente X abastecimento optimizado.
c) Aumento de produo - preciso manter a fidelidade dos clientes j cadastrados e
conquistar outros. A manuteno preventiva colabora para o alcance dessa meta actuando no
binmio produo atrasada X produo em dia.
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d) Efeitos no meio ambiente - Em determinadas empresas, o ponto mais crtico a poluio
causada pelo processo industrial. Se a meta da empresa for a diminuio ou eliminao da
poluio, a manuteno preventiva, como primeiro passo, dever estar voltada para os
equipamentos antipoluio, ou seja, equipamentos sem acompanhamento X equipamentos
revisados; poluio X ambiente normal.
e) Aumento da vida til dos equipamentos - O aumento da vida til dos equipamentos um
factor que, na maioria das vezes, no pode ser considerado de forma isolada. Esse factor,
geralmente, consequncia de:
Reduo de custos;
Qualidade do produto;
Aumento de produo;
Efeitos do meio ambiente.
f) Reduo de acidentes do trabalho - No raros os casos de empresas cujo maior problema
a grande quantidade de acidentes. Os acidentes no trabalho causam:
Aumento de custos;
Diminuio do factor qualidade;
Efeitos prejudiciais ao meio ambiente;
Diminuio de produo;
Diminuio da vida til dos equipamentos.
Como um equipamento sob manuteno preventiva tende a no parar em servio e se
mantm regulado por longos perodos, pode-se enumerar as seguintes vantagens:
Paragens programadas ao invs de paragens imprevistas;
Maior vida til do equipamento;
Maior preo numa eventual troca do equipamento;
Maior qualidade do produto final;
Diminuio de horas extras.
Por outro lado, existem as provveis desvantagens:
Maior nmero de pessoas envolvidas na manuteno;
Folha de pagamento mais elevada;
Possibilidade de introduo de erros durante as intervenes.
Entretanto, sabe-se que as vantagens so muito superiores que as desvantagens,
principalmente no que se refere ao custo anual da manuteno.
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1.4.2.2. Organizao do Plano de Manuteno Preventiva
Considere uma indstria que ainda no tenha definida a manuteno preventiva, onde no
haja controlo de custos e nem registos ou dados histricos dos equipamentos. Se essa
indstria desejar adoptar a manuteno preventiva, dever percorrer as seguintes fases
iniciais de desenvolvimento [3]-[4]-[5]-[6]-[10]:
a) Decidir qual o tipo de equipamento que dever marcar a instalao da manuteno
preventiva, que deve ser realizado numa cooperao da superviso de manuteno e de
operao;
b) Efectuar o levantamento e posterior cadastro de todos os equipamentos que sero
escolhidos para iniciar a instalao da manuteno preventiva (plano piloto);
c) Redigir o histrico dos equipamentos, relacionando os custos de manuteno (mo-de-obra,
materiais e, se possvel, lucro cessante nas emergncias), tempo de paragens para os diversos
tipos de manuteno, tempo de disponibilidade dos equipamentos para produzirem, causas
das avarias etc.
d) Elaborar os manuais de procedimentos para manuteno preventiva, indicando as
frequncias de inspeco com mquinas a trabalhar, com mquinas paradas e as
intervenes.
e) Enumerar os recursos humanos e materiais que sero necessrios implementao da
manuteno preventiva.
f) Apresentar o plano para aprovao da gerncia e da directoria.
g) Formar e preparar a equipe de manuteno.
Se uma empresa contar com um modelo organizacional ptimo, com material sobressalente
adequado e racionalizado, com bons recursos humanos, com boa ferramenta e instrumentos e
no tiver quem saiba trabalhar com eles, essa empresa estar a perder tempo no mercado. A
escolha da ferramenta e dos instrumentos importante, porm, mais importante a
formao da equipa que ir utiliz-los.
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1.4.2.3. Documentao da Manuteno Preventiva
Um plano de manuteno bem elaborado precisa ser controlado. As informaes geradas
podem ser processadas de diversas maneiras: manual, semi-automatizado, e totalmente
informatizado. Porm, qualquer que seja a forma adoptada, a estratgia a ser tomada
tem como base:
Codificao do equipamento: cada um dos equipamentos dentro da empresa ser
identificado e codificado em relao sua posio dentro de determinada seco;
Arquivo de mquinas: para cada equipamento dever ser aberta uma pasta de
informaes onde constar quaisquer informaes;
Codificao das peas: para facilitar a substituio de peas, cada equipamento ser
dividido em sistemas, conjuntos e peas, sendo que cada um deles receber um cdigo
de identificao;
Criao de fichas de informao e controle:
Ficha do equipamento: tem por objectivo reunir as principais informaes a respeito
de um tipo de equipamento (Quadro 1.5).
Quadro1.5- Ficha de equipamento exemplificativa
Escola Profissional de Trancoso Ficha de Mquina n___/2011
Equipamento: Cdigo
Fabricante:
Funo:
Localizao:
Data de compra: Valor:
Fornecedor: Endereo:
PRINCIPAIS PEAS DE REPOSIO
Cdigo Pea Fabricante
Ficha de manuteno preventiva: o ponto de partida da manuteno preventiva o
levantamento das partes da mquina mais sujeitas a avarias e dos pontos que exigem
regulao peridica. Essas informaes so normalmente fornecidas pelo fabricante
(Quadro 1.6).
Ficha de controlo: tem por objectivo controlar a vida til de cada um dos
componentes e peas de um determinado equipamento (Quadro 1.7).
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1.4.2.4. Formas de Controlo da Manuteno Preventiva
o sistema no qual as manutenes preventivas so controladas e analisadas por meio de
formulrios e mapas, preenchidos manualmente e guardados em pastas de arquivo. O controlo
pode ser automatizado, no qual toda a interveno da manuteno tem os seus dados
armazenados em computadores, para melhoria da logstica da informao alm da obteno
facilitada de consultas, listagens, tabelas e grficos, aumentando grandemente a agilidade na
tomada de decises.
Figura 1.3 - Sistemas de Controlo da manuteno
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Quadro 1.6 - Ficha de manuteno preventiva exemplificativa
Escola Profissional de Trancoso
Equipamento: Cdigo
FICHA DE MANUTENO PREVENTIVA - INSPEO PERIDICA
Tarefa Situao
1. Limpeza
Lavar e limpar toda a unidade.
2. Motor
Apertar os parafusos de montagem, se necessrio
Regular o motor
Verificar o jogo da ponta do virabrequim
Verificar os drenos da caixa de ar
Inspeccionar os orifcios de admisso e anis dos pistes
Medir a compresso e presses no crter, caixa de ar e na exausto
Verificar a sincronizao dos motores (unidades com dois motores)
3. Purificador de ar
Verificar se o sistema de admisso de ar tem trincas ou vazamentos
4. Correias de accionamento
Verificar a tenso e o desgaste de todas as correias de accionamento
17. Acessrios
Verificar o funcionamento de todos os acessrios
18. Inspeco Geral
Inspeccionar toda a unidade, procurar vazamentos, porcas e parafusos soltos, trincas, soldas partidas e peas empenadas
Operar a unidade e verificar o funcionamento de todos os controles
19. Lubrificao
Fazer lubrificao e verificaes recomendadas pela Tabela de Lubrificao para intervalos de 10, 50, 100, 200, 500 e 1000 horas de operao.
Identificao do Operador de Manuteno
Data da Inspeco
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Quadro1.7 - Ficha de controlo exemplificativa
Escola Profissional de Trancoso Ficha de Controle n _____/2011
Equipamento:
Pea/Sistema:
Cdigo:
Cdigo:
Data da Troca
(dd/mm/aa)
Horas
Trabalhadas
Horas
Acumuladas
Responsvel
(ident.)
Vida til estimada:
x horas
1.4.3. Manuteno Preditiva
A manuteno preditiva uma fase bem avanada de um plano global de manuteno.
Refere-se ao processo no qual a interveno sobre um equipamento ou sistema somente
realizado quando este apresenta uma mudana na sua condio de operao. Significa
predizer as condies de funcionamento dos equipamentos permitindo sua operao contnua
pelo maior tempo possvel [4]-[5]-[6]-[10]. Todo o controle d-se pela observao destas
condies, como por exemplo, pela observao do nvel de rudo de um determinado mancal
de rolamento.
aquela que indica as condies reais de funcionamento das mquinas com base em dados
que informam o seu desgaste ou processo de degradao.
Trata-se da manuteno que prediz o tempo de vida til dos componentes das mquinas e
equipamentos e as condies para que esse tempo de vida seja bem aproveitado. Na Europa,
a manuteno preditiva conhecida pelo nome de manuteno condicional e nos Estados
Unidos recebe o nome de preditiva ou previsional
Conceito: o conjunto de actividades de acompanhamento das variveis ou parmetros que
indicam a performance ou desempenho dos equipamentos, de modo sistemtico, visando
definir a necessidade ou no de interveno.
Quando a interveno, fruto do acompanhamento preditivo, realizada, estamos na verdade
realizar uma manuteno correctiva planeada.
Na prtica diria da manuteno, torna-se difcil separar onde termina a manuteno
preventiva e onde se inicia a manuteno preditiva, pois embora muitos operadores de
manuteno desconheam o mtodo, eles j o utilizam parcialmente na prtica. Por exemplo,
-
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quando determinam a paragem de uma mquina fora da programao preventiva pelo facto
da mesma estar super-aquecida ou com vibrao fora do comum, mesmo que ainda trabalhe.
Para realizar a manuteno preditiva torna-se necessrio mudar toda a filosofia de actuao
da equipe de trabalho. preciso, antes de tudo, capacitar uma equipe em manuteno
preditiva e orientar todo o pessoal por meio de formao especfica.
1.4.3.1. Objectivos da Manuteno Preditiva
Os objectivos da manuteno preditiva so inmeros, comparados ao mtodo da manuteno
meramente correctiva ou da preventiva [4]-[5]-[6]-[10]:
Determinar, antecipadamente, a necessidade de servios de manuteno numa pea
especfica de um equipamento;
Eliminar desmontagens desnecessrias para inspeco;
Aumentar o tempo de disponibilidade dos equipamentos;
Reduzir o trabalho de emergncia no planeado;
Impedir o aumento dos danos;
Aproveitar a vida til total dos componentes e de um equipamento;
Aumentar o grau de confiana no desempenho de um equipamento ou linha de
produo;
Determinar previamente as interrupes de fabricao para cuidar dos equipamentos
que precisam de manuteno.
Por meio desses objectivos, pode-se deduzir que eles esto direccionados a uma
finalidade maior e importante: reduo de custos de manuteno e aumento da
produtividade (Fig. 1.4).
Figura 1.4- Objectivos da manuteno preditiva
-
ESTUDO DA APLICABILIDADE DE UM MODELO DE MANUTENO DE UMA INSTALAO METALOMECNICA
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1.4.3.2. Metodologia
A manuteno preditiva preocupa-se com as alteraes que ocorrem no comportamento
normal do equipamento. Para chegar-se s informaes que traduzem a instabilidade de um
equipamento, h necessidade de se estabelecer um diagnostico sobre o equipamento, que
consiste na monitorizao de seus componentes.
Para o desenvolvimento do diagnstico, o profissional de manuteno dever estudar o
equipamento para compreender a cadeia de funcionamento e ento descobrir a origem das
avarias, bem como as consequncias destas nos outros componentes. O conhecimento do
funcionamento permite, com segurana, obter os dados necessrios ao diagnstico dentro de
uma estreita margem de erros. Descobrir as causas de uma avaria mais importante do que a
simples troca de um componente danificado [4]-[5]-[6]-[10].
Para a elaborao de um diagnstico, os envolvidos no problema precisam saber qual o
mecanismo de deteriorao que leva gerao de avarias e como uma avaria exerce aco
nos componentes associados. A operao de um equipamento ou mesmo componente, em
perfeitas condies, fornece alguns dados, que so denominados parmetros (vibraes,
temperatura, presso, etc.), permitindo executar o diagnstico com boa margem de
segurana. Na Fig. 1.5 esquematiza-se a meta principal da manuteno preditiva.
Figura 1.5 - Meta principal da manuteno preditiva
No caso comum, basta verificar uma alterao nestes parmetros que o problema pode ser
resolvido, efectuando a manuteno neste componente.
Entretanto, quando se trata de um processo racional, a substituio no simplesmente
executada, mas sim so estudados os efeitos da alterao dos componentes associados e,
principalmente, so investigadas as causas do desgaste visando obter meios de atenuar tais
causas, quando no so eliminadas.
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Para a implantao de uma sistemtica de manuteno preditiva num equipamento ou
sistema, necessrio:
a) Verificao de quais os componentes e das operao no equipamento isto depende;
b) Verificar, junto ao fornecedor, quais os valores numricos dos parmetros que interessam
manuteno (valores padres referentes a equipamentos novos);
c) Determinao do procedimento de medio destes parmetros que interessam
manuteno;
d) Fixao dos limites normal, alerta e perigoso para os valores desses parmetros. Deve-se
utilizar os valores estabelecidos nas especificaes internacionais, na ausncia de dados
experimentais;
e) Elaborao de um procedimento para registar e tabelar todos os valores que forem
medidos (referentes aos valores padres);
f) Determinao experimental ou emprica dos intervalos de tempo entre as medies
sucessivas.
* Observaes:
Este item fundamental, uma vez que o responsvel pela manuteno deve assegurar que
no haja paragens no programadas devido quebra de um componente qualquer durante o
perodo entre observaes sucessivas.
Caso contrrio, o programa de manuteno perde o sentido, uma vez que sua finalidade
principal evitar paragens inesperadas.
1.4.4. Anlise de Avarias
A anlise da tendncia de avaria consiste em prever com antecedncia a quebra, por meio de
instrumentos e aparelhos que exercem vigilncia constante, procedimento a necessidade de
reparo [3]-[4]-[5]-[6]. Esta tendncia pode ser vista nas Figs. 1.6, 1.7 e 1.8.
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Figura 1.6 - Evoluo de um parmetro medido em funo do tempo
1 Zona de medidas peridicas normais: intervalo definido previamente.
2 Zona de desenvolvimento do defeito: durao entre as medidas diminui (acompanhamento
da evoluo do defeito);
3 Zona de diagnstico do defeito: a manuteno prevista;
4 Zona de realizao da manuteno: antes da ocorrncia da avaria. Aps a interveno, h
um retorno zona 1.
Figura 1.7 - Curva de tendncia da evoluo do ciclo de vida de um equipamento
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Figura 1.8 - Esquematizao sequencial das tarefas associadas manuteno preventiva
1.4.5 Formas de Monitorizao
A avaliao do estado do equipamento d-se atravs da medio, acompanhamento ou
monitorizao de parmetros. Esse acompanhamento pode ser feito de trs formas [5]:
Acompanhamento ou monitorizao subjectiva: D-se pela percepo de que algum
parmetro est fora do comum, por exemplo: colocar a mo na caixa de mancal e perceber
que a temperatura est acima do normal; visualizar o lubrificante da mquina e comparar a
viscosidade; verificar o rudo acima do comum na caixa de velocidades; etc.
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Portanto, o acompanhamento que se d atravs dos sentidos viso, audio, tacto e olfacto.
Pode ser feito por qualquer um, inclusive o prprio operador. E a monitorizao ser to
confivel quanto a experincia do operador. Este acompanhamento deve sempre ser
incentivado, e j feito muitas vezes sem mesmo ser percebido. Entretanto, no deve ser
usado como nico mtodo, porque h risco da percepo no ocorrer ou de ocorrer uma
percepo errada.
Acompanhamento ou monitorizao objectiva: feito com base em medies utilizando
equipamentos ou instrumentos especiais.
Considera-se objectiva por fornecer um valor de medio do parmetro que est a ser
acompanhado que no depende dos sentidos do operador do instrumento. importante que
os monitores sejam treinados e os instrumentos estejam aferidos e calibrados.
Monitorizao contnua: tambm um acompanhamento objectivo. Foi adoptada inicialmente
nos equipamentos de alta responsabilidade cujo desenvolvimento do defeito dava-se em
pouco tempo. Como o seu custo era alto, s assim e que erra justificado nesta situao, mas
com o desenvolvimento dos sistemas digitais e da informtica, isso tem-se tornado possvel,
ainda que restrito a equipamentos caros. Um exemplo a monitorizao dos grupos geradores
nas centrais hidroelctricas da, cuja monitorizao d-se na sede da empresa, ou seja, os
instrumentos instalados nas centrais monitorizam parmetros (como vibrao, temperatura de
mancais, etc.) que so transmitidos e monitorizados em tempo real da sede. Isso no significa
que exista um tcnico 24 horas por dia, pois possvel que existam programas que
monitorizam e exibem relatrios normais e de alerta de forma automtica.
O espectro da manuteno preditiva bastante amplo, variando desde um simples exame
visual a um sistema complexo de monitorizado das condies de operao das mquinas com
o auxlio de sofisticados aparelhos de medio e anlise.
invivel estabelecer ou classificar todos os mtodos e processos possveis para obter um
programa de manuteno preditiva eficiente e econmico. Existe um nmero bem
determinado de parmetros a monitorizar. O Quadro 1.8 explicita resumidamente as
principais variveis e as mquinas e equipamentos que as utilizam.
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Quadro 1.8 Esquematizao dos mtodos e processos a adoptar para diferentes tipos de equipamentos.
Os principais parmetros a controlar actualmente so os seguintes [5]-[6]:
a) Vibrao: o acompanhamento e anlise de vibraes so um dos mais importantes mtodos
de predio em vrios tipos de indstria, sendo a nfase em equipamentos rotativos, mas
tambm aplicvel a muitos outros (asa de avio, molas de vago de trem, estrutura sujeita
aco do vento, etc.).
b) Temperatura: a medio da temperatura um dos parmetros de mais fcil compreenso e
acompanhamento. Alguns exemplos clssicos so: temperatura em mancais de mquinas
rotativas (a elevao pode ser resultado de desgaste ou problemas relacionados
lubrificao); temperatura da superfcie de equipamentos estacionrios (a elevao pode
indicar danos no isolamento); temperatura em barramentos e equipamentos elctricos (a
elevao pode indicar maus contactos).
c) Lubrificao: A anlise de lubrificante no s permite economia, por aumentar o intervalo
de troca recomendado pelo fabricante, como tambm detecta outros problemas, como
vedao deficiente entre outros. Existem duas tcnicas: a tradicional consiste em verificao
das caractersticas do lubrificante para verificar a continuao adequada; j a tcnica
ferrogrfica permite avaliar as condies de desgaste das mquinas, tomando por base a
anlise de partculas presentes no leo lubrificante.
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Da mesma forma que se faz um plano de manuteno preditiva, necessrio planear e
executar aces que visem a motivao do pessoal de manuteno, j que o homem a pea
chave para o sucesso de qualquer actividade. Algumas aces que devem ser implementadas
so:
Criao de listas de e-mail contendo toda lotao da manuteno, visando divulgar
elogios, perdas operacionais, acidentes ou incidentes, indicadores e outros pontos
relevantes;
Presena do Gerente de Manuteno nas oficinas de manuteno e rea industrial,
visando troca de informaes com executantes, supervisores, tcnicos, engenheiros,
etc. ;
Manter e dar prioridade total realizao de reunies semanais dos gerentes e
supervisores de manuteno, para troca de informaes e relatrios;
Dar oportunidade e incentivar o fast feedback para todos os empregados de
manuteno. Feedback significa retornar as informaes que surgiram com as
actividades, e fast de forma rpida, exacta e adequada. Visa a melhoria do sistema
da forma mais rpida possvel;
Induzir os gerentes e supervisores a comunicar aos subordinados as suas histrias
profissionais e pessoais, incentivando e desafiando os funcionrios com relao
carreira e tambm humanizando as relaes;
Realizar inspeces sistemticas nos sectores para conhecimento das rotinas alm de
valorizao e integrao dos funcionrios;
Manter programas de formao, cursos e seminrios, que no s aperfeioam os
funcionrios como representa incentivos ao crescimento profissional dos mesmos;
Pontualidade, seriedade e respeito nas relaes interpessoais entre chefia e
funcionrios, e entre os prprios funcionrios;
Realizar eventos para celebrar sucessos obtidos.
1.5. MODELOS DE MANUTENO
De entre os modelos de manuteno referidos no subcaptulo anterior, sero de seguida
analisados, com algum detalhe, os modelos TPM-Total Productive Maintenance (Manuteno
Produtiva Total ou Manuteno de Produtividade Total) e RCM-Reliability Centred
Maintenance (Manuteno Centrada na Fiabilidade) [1]-[2]-[3]-[4]-[5]-[6]-[8]-[9]-[10]. Esta
escolha justifica-se plenamente, na medida em que ambos os modelos tm sido aplicados com
xito na indstria, a nvel mundial, no decorrer das ltimas duas dcadas, e por serem
modelos cuja filosofia se baseia na optimizao da relao custo/eficcia da Funo
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Manuteno que, por sua vez, conduz a elevados nveis de segurana de pessoas e bens,
continuidade do processo produtivo e proteco do meio ambiente.
Sendo a cultura industrial portuguesa tradicionalmente fechada, e marcada por uma forte
departamentalizao das funes dentro da empresa, a adopo da filosofia TPM significaria
uma melhoria do seu desempenho, ao nvel da reduo de custos e do aumento da
produtividade. Por outro lado, a adopo da filosofia RCM permite minimizar as dificuldades
de manuteno de sistemas, cada vez mais complexos, cuja manuteno preventiva, do ponto
de vista tradicional, impe custos e nveis de indisponibilidade elevados, devido a paragens
para aces de manuteno, insustentveis para as empresas que se querem competitivas.
1.5.1. Manuteno Produtiva Total
Durante muito tempo as indstrias funcionaram com o sistema de manuteno correctiva.
Com isso, ocorriam desperdcios, no trabalho, perda de tempo e de esforos humanos, alm
de prejuzos financeiros. Com o surgimento da manuteno preventiva e preditiva, surgiram
tambm sistemas de gesto de manuteno que procuram a mxima eficincia.
Um destes sistemas de gesto, que se tornou conhecida pela sua eficincia a manuteno
produtiva total, conhecida pela sigla TPM (total productive maintenance), que envolve
manuteno preventiva e preditiva alm de muitos outros aspectos [3]-[4]-[5]-[8]-[9].
Na procura de maior eficincia da manuteno, por meio de um sistema compreensivo,
baseado no respeito individual e na total participao dos empregados, surgiu a TPM, em
1970, no Japo. Os factores que contriburam foram os seguintes:
Avano na automao industrial;
Procura em termos da melhoria da qualidade;
Aumento da concorrncia empresarial;
Emprego do sistema just-in-time (sistema que produz a partir das encomendas ao
invs de produzir e empurrar as vendas);
Maior conscincia de preservao ambiental e conservao de energia;
Dificuldades de recrutamento de mo-de-obra para trabalhos considerados sujos,
pesados ou perigosos;
Aumento da gesto participativa e surgimento do operrio polivalente.
Todas essas ocorrncias contriburam para o aparecimento da TPM. A empresa que usava
mquinas preocupava-se em valorizar e manter o seu patrimnio, pensando em termos de
custo do ciclo de vida da mquina ou equipamento. No mesmo perodo, surgiram outras
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teorias com os mesmos objectivos, mas a TPM mostrou ser extremamente eficaz. Comeou a
ser implantado por empresas Portuguesas a partir da dcada de 1990.
Os oito pilares da TPM so as bases sobre as quais construmos um programa de TPM,
envolvendo toda a empresa e habilitando-a para encontrar metas, tais como defeito zero,
avarias zero, aumento da disponibilidade de equipamento e lucratividade. No s envolvem
termos materiais, mas humanos tambm.
Saraiva Cabral [5] descreve que para a implementao do TPM so necessrios os seguintes
oito pilares bsicos (ver Fig.1.9):
1. Melhorias individualizadas nas mquinas;
2. Estruturao da manuteno autnoma;
3. Estruturao da manuteno planeada;
4. Formao para incremento das capacidades do operador e do tcnico da manuteno;
5. Controlo inicial do equipamento e produtos;
6. Manuteno da qualidade;
7. TPM nos escritrios;
8. Higiene, segurana e controlo ambiental.
Figura 1.9 -Pilares da estrutura da Manuteno Produtiva Total.
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Saraiva Cabral [5] considera que o pilar da manuteno autnoma o mais importante do
TPM, por permitir aplicar os cuidados bsicos de manuteno da mquina atravs do
operador.
So sete as etapas para a aplicao da manuteno autnoma [3]-[5]-[8]-[9]:
1. Limpeza inicial: eliminando na totalidade as sujidades que se formam no equipamento,
bem como a deteco de inconvenincias e sua reparao.
2. Medidas de combate contra a fonte de sujidade e local de difcil acesso: efectuar
melhorias quanto fonte de sujidades, preveno contra derrames e locais de difcil
limpeza e lubrificao, reduzir o tempo gasto nesses procedimentos.
3. Elaborao de normas de limpeza e lubrificao: efectuar normas de limpeza de forma a
manter efectivamente o menor tempo para as operaes de limpeza, reaperto (
necessrio indicar o tempo dirio requerido para tais operaes).
4. Inspeco geral: deteco e restaurao de falhas do equipamento atravs da aplicao
de tcnicas de inspeco geral conforme o manual de inspeco.
5. Inspeco autnoma: elaborao e execuo da folha de inspeco.
6. Organizao e ordem: padronizar os itens de controlo dos diversos locais de trabalho e a
sistematizao total da sua manuteno:
- Normas de inspeco de limpeza e de lubrificao.
- Normas de fluxo de materiais no local de trabalho.
- Padronizao do registo de dados.
- Normas de controlo de ferramentas, moldes e dispositivos.
7. Consolidao: desenvolver as directrizes e as metas e executar regularmente o registo da
actividade de melhoria.
A implementao da TPM segue quatro grandes passos [3]-[5]-[8]-[9]:
1. Capacitao:
Operadores: realizar manuteno autnoma, ou seja, ser o tcnico de manuteno do
equipamento (atravs da monitorizao subjectiva e outras aces);
Executores: no serem muito especializados, mas polivalentes, ou seja, podem
resolver mais que um tipo de problema;
Engenheiros: projectarem equipamentos que exijam o mnimo de manuteno.
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2. Aplicar o programa dos oito S:
Seiri: organizao, eliminando o suprfluo;
Seiton: arrumao, identificando e colocando tudo em ordem;
Seiso: limpeza, implica em limpar sempre e no sujar;
Seiketsu: padronizao, implica manter a arrumao, limpeza e ordem;
Shitsuke: disciplina, fazer tudo espontaneamente;
Shido: formao, constante capacitao pessoal;
Seison: eliminar as perdas;
Shikari yaro: realizar com determinao e unio.
3. Eliminar as seis grandes perdas:
Perdas por quebra;
Perdas por demora na troca de ferramentas e regulao;
Perdas por operao em vazio (espera);
Perdas por reduo da velocidade em relao ao padro normal;
Perdas por defeitos de produo;
Perdas por queda de rendimento.
4. Aplicar as cinco medidas para obteno da quebra zero:
Estruturao das condies bsicas;
Obedincia s condies de uso;
Regenerao do envelhecimento dos equipamentos;
Prevenir falhas (erros) de projecto;
Incrementar a capacitao tcnica do pessoal.
A ideia de quebra zero baseia-se no conceito de que a quebra a falha invisvel. A falha
visvel causada por uma srie de avarias invisveis, assim como um iceberg tem apenas a sua
ponta visvel (Fig. 1.10). Logo, se os operadores estiverem conscientes de que devem evitar
avarias invisveis, a quebra deixar de ocorrer.
Efeitos da TPM nos recursos humanos: na forma como proposta, oferece grandes benefcios
no s empresa, mas tambm aos funcionrios:
Aumento de autoconfiana;
Aumento da ateno no trabalho;
Aumento da satisfao;
Melhoria do esprito de equipa;
Desenvolvimento e aquisio de habilidades;
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Maior senso de responsabilidade pelos equipamentos;
Maior satisfao pelo reconhecimento.
A manuteno no deve ser apenas aquela que conserta, mas, sim, aquela que elimina a
necessidade de consertar (annimo).
Figura 1.10 - Iceberg das grandes perdas
1.5.2. Manuteno Centrada na Fiabilidade
Em funo das grandes mudanas que ocorreram nas ltimas dcadas - aumento do nmero e
diversidade de equipamentos que necessitam ser mantidos, sistemas cada vez mais
complexos, novas tcnicas de manuteno, maiores responsabilidades atribudas Funo
Manuteno, etc - os responsveis por equipas de manuteno sentiram a necessidade de
adoptar um mtodo de trabalho que sintetizasse os novos avanos num modelo coerente,
modelo esse que permitisse avaliar os novos desafios e aplicar os novos recursos disponveis,
de uma forma mais racional. A RCM Reliability Centred Maintenance (Manuteno
Centrada na Fiabilidade) foi considerada como a metodologia mais adequada, pois baseia-se
nesta filosofia de trabalho, e j foi amplamente testada durante um longo perodo de tempo,
e em vrios segmentos da indstria [1]-[2]-[3]-[4]-[5]-[6].
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A sua metodologia determina uma convergncia de objectivos e de esforos da Funo
Produo e da Funo Manuteno, nomeadamente atravs do seu envolvimento em trabalho
de grupo, o que gera uma dinmica e uma motivao dos elementos envolvidos, o que,
seguramente, contribui para os bons resultados que a sua aplicao tem evidenciado.
O desenvolvimento da metodologia da RCM - Manuteno Centrada na Fiabilidade, teve a sua
origem na indstria aeronutica dos Estados Unidos, no incio da dcada de sessenta. Nessa
altura, todos os avies americanos, por norma, eram sujeitos a uma manuteno preventiva
completa, incluindo a verificao de todos os sistemas e a substituio de muitos
componentes. Com o surgimento do Boeing 747, trs vezes maior do que o maior avio de
passageiros at ento existente, constatou-se que, aplicar o mesmo conceito de manuteno
preventiva no 747, seria inexequvel, pois o avio ficaria muito mais tempo imobilizado do
que a voar, e o custo da manuteno seria proibitivo. Saliente-se que esta aeronave possui
apenas 4,5 milhes de componentes! Idntica situao sucede actualmente com o Airbus
A380, com uma quantidade significativamente superior de componentes.
Assim, a evoluo tecnolgica das aeronaves, e tambm a perspectiva do aumento do nmero
de unidades em operao, exigiram um reexame dos processos de manuteno, visando a
segurana operativa destes equipamentos e a racionalizao dos custos operacionais das
empresas.
Em 1968, representantes das empresas areas, dos fabricantes e do governo americano
reuniram-se num comit, com a finalidade de desenvolver estudos de anlise das falhas
ocorridas e do plano de manuteno das aeronaves. O documento foi inicialmente publicado
como MSG-1 e, em 1970, apresentado em verso revista sob o ttulo de MSG-2.
Importa destacar que esses estudos conduziram a uma importante alterao, do ponto de
vista da anlise da manuteno, no sentido de no se analisar apenas cada equipamento, mas
tambm de se analisar a funo exercida por esse equipamento em relao ao sistema em
que est inserido.
No incio da dcada de 70 a US Navy tornou-se a primeira entidade a aplicar a RCM em navios.
Em 1980, a RCM passou a ser exigida como tcnica de manuteno preventiva em todos os
navios da marinha americana, seguidos pelo exrcito e pela fora area. A EPRI-Electric
Power Research (Investigao em Energia Elctrica) realizou os primeiros trabalhos analticos
para aplicao da RCM em centrais trmicas e nucleares americanas, o que veio a ser
consolidado em 1983, no Sistema de Arrefecimento de Componentes nas centrais nucleares de
Turkey Point, aplicao essa seguida com sucesso pela Central Nuclear de McGuire.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos promoveu um estudo do estado da arte da
manuteno na rea da aviao comercial. Como resultado, publicaram o relatrio intitulado
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RCM - Reliability Centred Maintenance (Manuteno Centrada na Fiabilidade), que
constituiu um marco para o estabelecimento do conceito de Manuteno Centrada na
Fiabilidade. Mais tarde, no incio dos anos 80, e como referido anteriormente, a RCM passou
tambm a ser aplicada nos demais segmentos da rea industrial e no somente na da aviao.
A implantao deste modelo dever ser concretizada atravs da constituio de grupos de
trabalho multidisciplinares e multifuncionais, constitudos por elementos da Funo Produo
e da Funo Manuteno, provenientes de diversos nveis hierrquicos, com prvia formao
geral na metodologia RCM e nas respectivas tcnicas aplicveis, devendo ser apoiados por
especialistas no modelo.
Estes grupos de trabalho devero identificar em primeiro lugar as falhas crticas dos
equipamentos, nomeadamente as designadas por falhas escondidas, que no afec