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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO ESTILOS DE APRENDIZAGEM SEGUNDO OS POSTULADOS DE DAVID KOLB: UMA EXPERIÊNCIA NO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNOESTE. ANGELITA IBANHES ALMEIDA DE OLIVEIRA LIMA Presidente Prudente – SP. 2007

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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO

ESTILOS DE APRENDIZAGEM SEGUNDO OS POSTULADOS DE DAVID KOLB: UMA EXPERIÊNCIA NO CURSO DE

ODONTOLOGIA DA UNOESTE.

ANGELITA IBANHES ALMEIDA DE OLIVEIRA LIMA

Presidente Prudente – SP. 2007

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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO

ESTILOS DE APRENDIZAGEM SEGUNDO OS POSTULADOS DE DAVID KOLB: UMA EXPERIÊNCIA NO CURSO DE

ODONTOLOGIA DA UNOESTE.

ANGELITA IBANHES ALMEIDA DE OLIVEIRA LIMA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação - Área de Concentração: Instituição Educacional e Formação do Educador. Linha de Pesquisa: Formação e Prática Pedagógica do Profissional Docente.

Orientador: Profa. Dra. Sônia Maria Vicente Cardoso

Presidente Prudente – SP 2007

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378.17 Lima, Angelita Ibanhes Almeida de Oliveira L732e Estilos de aprendizagem segundo os postulados de David Kolb: uma experiência no curso de odontologia da Unoeste / Angelita Ibanhes Almeida de Oliveira Lima. -- Presidente Prudente: [s. n.], 2007. 141 f.: il. Dissertação (Mestrado em Educação) Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE, Presidente Prudente, SP, 2007.

Bibliografia

1. Aprendizagem. 2. Ensino. 3. Odontologia – Estudo ensino. I. Título.

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ANGELITA IBANHES ALMEIDA DE OLIVEIRA LIMA

ESTILOS DE APRENDIZAGEM SEGUNDO OS POSTULADOS DE DAVID KOLB: UMA EXPERIÊNCIA NO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNOESTE.

Dissertação apresentada a Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para qualificação do título de Mestre em Educação.

Presidente Prudente, 16 outubro 2007.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ Profa. Dra. Sônia Maria Vicente Cardoso Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE __________________________________________ Profª. Drª. Regina Célia Adamuz Universidade do Norte do Paraná - UNOPAR __________________________________________ Profª. Drª. Lucia Helena Tiosso Moretti Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE

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DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação aos meus pais,

Angelino de Almeida e Aparecida Ibanhes

de Almeida, estão dentro do meu coração

me deram o exemplo da vida.

A minha orientadora, Sônia Maria Vicente

Cardoso, pelo incentivo, persistência que

guiou os meus passos para esta

conquista.

A minha irmã, Maria Inês de Almeida

Silva, que com muita dedicação sempre

comigo por trás de todas as minhas

conquistas.

Ao meu esposo Augusto César de Oliveira

lima que com muito carinho, amor e

paciência, me proporcionou esta

conquista.

Aos meus filhos Laura e Neto, amores e

alegrias da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo.

Muitas pessoas me ajudaram neste caminhar, por meio de palavras de

incentivo, de apoio e de colaboração, assim, agradeço a todos aqueles que, direta

ou indiretamente, contribuíram para esta realização. De forma especial gostaria de

agradecer:

À Professora Doutora Sônia Maria Vicente Cardoso, minha orientadora, que

com muita competência, dedicação e amizade, assumiu esta orientação;

A Professora Doutora Lucia Helena Tiosso Moretti, membro da Banca de

Defesa, pelo incentivo e por estimular a reflexão na educação em um contexto

transdisciplinar;

À Professora Doutora Regina Célia Adamuz, membro da Banca de Defesa,

pelas valiosas críticas construtivas quanto ao conteúdo e técnica desta pesquisa;

A todos os colegas do Programa de Mestrado;

A Renata Sartor, assistente de pesquisa, pela colaboração na aplicação da

pesquisa e coleta de dados;

Aos professores do Curso de Mestrado, que souberam compreender as

dificuldades desta trajetória e contribuíram para a melhoria do meu desempenho

acadêmico;

Ao Professor Doutor José Maria Bertão, por partilhar seu conhecimento, suas

preciosas experiências e seu incentivo para que esta pesquisa se realizasse;

A todos os professores do Curso de Odontologia pela especial acolhida e

colaboração, pela oportunidade de compartilharmos conhecimento e experiência, e

pela ajuda na aplicação do Inventário de David Kolb;

Aos alunos sujeitos desta pesquisa que, gentilmente, propiciaram a realização

deste trabalho.

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RESUMO

ESTILOS DE APRENDIZAGEM SEGUNDO OS POSTULADOS DE DAVID KOLB:

UMA EXPERIÊNCIA NO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNOESTE.

Realizamos uma Pesquisa Qualitativa (Estudo de Caso), que apresenta como objeto de nossa preocupação a análise da adequação dos Estilos de Aprendizagem dos alunos do Curso de Odontologia de uma Universidade privada, do interior do estado de São Paulo, Brasil. Objetivamos identificar os Estilos de Aprendizagem predominantes, de acordo com a classificação proposta por David A. Kolb (1984), nos alunos do Curso de Odontologia. Utilizamos como principal referencial teórico a Teoria da Aprendizagem Experimental de David Kolb, entre outros. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram a Pesquisa Bibliográfica sobre esta temática e por meio da aplicação de um questionário baseado no Inventário de Estilos de Aprendizagem, elaborado por David Kolb, a 175 estudantes que vivenciam o método da ABP, sendo 175 da 1a termo e 48 da 8a termo, do referido Curso de Odontologia Os resultados revelaram que, na população de estudantes do estudo, predominou a dimensão da aprendizagem abstrata, identificada pelos Estilos de Aprendizagem Assimilador e Convergente, em 83% dos alunos. A distribuição dos Estilos de Aprendizagem entre os estudantes dos sexos masculino e feminino foi semelhante, seguindo padrões equivalentes de distribuição das orientações dos Estilos de Aprendizagem em todo o espaço amostral. Concluímos também, que essas grandes maiorias de alunos representadas pelos Estilos Assimilador e Convergente, exibem características de estudo que valorizam positivamente a proposição de hipóteses e das justificativas para o aprendizado por meio da resolução de problemas, no Curso de Odontologia. O presente trabalho permitiu a reflexão sobre os Estilos de Aprendizagem discentes, no Curso de Odontologia.

Palavras–chave: Estilos de Aprendizagem. Modos de Aprendizagem. Resolução de Problemas. Ciclo de Aprendizagem.

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ABSTRACT

STYLES OF LEARNING ACCORDING TO DAVID KOLB'S POSTULATES: AN EXPERIENCE IN THE COURSE OF DENTISTRY OF UNOESTE

We did a Qualitative Research (Study of a Case), in which we focused the analysis of the suitability of the Learning Styles to dentistry students at a private University, in the State of São Paulo, Brazil. We aimed the identification of the prevailing Learning Styles, according to the classification proposed by David A. Kolb (1984), in dentistry students. Among others David Kolb´s Experimental Learning Theory as theoretical references. The instruments used to collect the data were a Bibliographical Research on this theme and the application of a questionnaire based on the Learning Styles Inventory, elaborated by Kolb, to 175 students who experienced the PBL methodology (127 students were in the 1st Grade and 48 in the 8nd Grade of the Dentistry Course). The results showed that the abstract learning was predominant among these students. This characteristic was identified by the Assimilator and Converger Learning Styles present in 83% of the sample. The distribuition of Learning Styles between male and female students was similar, and followed equivalent patterns concerning the distribuition of instructions about the Learning Styles to the entire sample. We also concluded that the great majority of the students represented by the Assimilator and Converger Styles, present characteristics of learning which positively valorize the proposition of hypotheses and their justifications for the learning through the resolution of problems in the dentistry course. This study provided us a reflection on the Learning Styles of the students in a dentistry Course. Key-words: Learning Styles. Learning Methods. Resolution of Problems. Learning Cycles.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Ciclo de Aprendizagem elaborado por David Kolb (1999) ................. 35

FIGURA 2 - Os quatro modos (ou Dimensões) de Aprendizagem de David Kolb

(1984) ........................................................................................... 66

FIGURA 3 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem dos alunos, dos 1º e

8º Termos do Curso de Odontologia, em 2005 ................................. 94

FIGURA 4 - Distribuição dos Estilos de Aprendizagem e das Dimensões

Concreto-Abstrata do Ciclo de Aprendizagem de David Kolb nos

alunos dos 1º e 8º Termos do Curso de Odontologia, em 2005........ 99

FIGURA 5 - Distribuição dos Estilos de Aprendizagem e das Dimensões da

Aprendizagem de David Kolb nos alunos dos 1º e 8º Termos do

Curso de Odontologia, em 2005....................................................... 100

FIGURA 6 - Distribuição dos Estilos de Aprendizagem e das Dimensões da Ação

- Reflexão do Ciclo de Aprendizagem de David Kolb nos alunos

dos 1º e 8º Termos do Curso de Odontologia, em 2005................... 101

FIGURA 7 - Distribuição dos alunos dos 1º e 8º Termos do Curso de

Odontologia, em 2005, quanto ao sexo............................................ 107

FIGURA 8 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem dos alunos dos 1º e 8º

Termos do Curso de Odontologia, em 2005 do sexo feminino ........ 107

FIGURA 9 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem dos alunos dos 1º e 8º

Termos do Curso de Odontologia, em 2005, do sexo masculino ...... 108

FIGURA 10 - Distribuição dos Estilos de Aprendizagem dos alunos dos 1º e 8º

Termos do Curso de Odontologia, em 2005, com relação ao sexo .. 109

FIGURA 11 - Distribuição do somatório dos Estilos de Aprendizagem Assimilador

e Convergente (Dimensão Abstrata) comparado ao somatório dos

estilos de Aprendizagem Divergente e Acomodador (Dimensão

Concreta) entre os alunos do 1º e 8º Termos do Curso de

Odontologia, em 2005, com relação ao sexo .................................... 111

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FIGURA 12 - Distribuição dos Estilos de Aprendizagem e das Dimensões da

Aprendizagem nos alunos do sexo masculino dos 1º e 8º Termos

do Curso de Odontologia, em 2005................................................... 113

FIGURA 13 - Distribuição dos Estilos de Aprendizagem e das Dimensões da

Aprendizagem nos alunos do sexo feminino dos 1º e 8º Termos

do Curso de Odontologia, em 2005.................................................. 114

FIGURA 14 - Dimensão dos Estilos de Aprendizagem e das Dimensões da Ação –

Reflexão do Ciclo de Aprendizagem de David Kolb nos alunos dos

1º e 8º Termos do Curso de Odontologia, em 2005, de ambos os

sexos................................................................................................ 115

FIGURA 15 - Perfil da faixa etária do total de alunos dos 1º e 8º Termos do

Curso de Odontologia, em 2005....................................................... 115

FIGURA 16 - Perfil da faixa etária dos alunos do sexo masculino dos 1º e

8º termos do Curso Odontologia, em 2005....................................... 116

FIGURA 17 - Perfil da faixa etária dos alunos do sexo feminino dos 1º e 8º Termos

do Curso de Odontologia, em 2005................................................... 116

FIGURA 18 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem entre os alunos do 1º

Termo do Curso Odontologia, em 2005 ............................................ 118

FIGURA 19 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem entre os alunos

Do sexo feminino no 1º Termo do Curso Odontologia, em 2005 ..... 118

FIGURA 20 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem nos Alunos do sexo

masculino do 1º Termo do Curso Odontologia em 2005.................. 119

FIGURA 21 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem nos alunos do 8º

Termo do Curso de Odontologia, 2005 ............................................. 120

FIGURA 22 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem entre os alunos

Do sexo feminino do 8a termo do Curso Odontologia, em 2005 ....... 123

FIGURA 23 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem entre os alunos do

sexo masculino do 8º Termo do Curso de Odontologia, em 2005 ... 123

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LISTA DE TABELA

TABELA 1- Distribuição dos Estilos de Aprendizagem dos Alunos dos 1º e 8º

Termos do Curso de Odontologia, em 2005, com relação ao sexo.... 107

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - As quatro etapas do Ciclo de Aprendizagem e seus pontos fortes na aprendizagem.............................................................................. 64 QUADRO 2 - Os quatro tipos de Estilos de Aprendizagem de David Kolb ........... 68

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14

CAPÍTULO I A EXPOSIÇÃO DO PROBLEMA ......................................................................... 27

CAPÍTULO II TEORIA DA APRENDIZAGEM ........................................................................... 38

CAPÍTULO III ESTILOS DE APRENDIZAGEM E ESTILOS COGNITIVOS................................ 54

CAPÍTULO IV A ÊNFASE NO PROCESSO ENSINO – APRENDIZAGEM................................. 82

CAPÍTULO V APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ............................. 93

CONCLUSÕES FINAIS ....................................................................................... 127

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 122

APÊNDICES ........................................................................................................ 127

Apêndice 1 - Levantamento dos estilos de Aprendizagem dos Alunos do 1º e 8º Termos do Curso de Odontologia, da Universidade do Oeste Paulista............................................................................................. 137 Apêndice 2 - Inventário sobre os Estilos de Aprendizagem de David Kolb (IEA) ... 138

Apêndice 3 - Ficha de Identificação dos Sujeitos da Pesquisa .............................. 140

Apêndice 4 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido................................... 141

Apêndice 5 -Representação do Ciclo de Aprendizado ........................................ 142

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“Não há garantia de que a pesquisa resolverá todos os problemas, mas nenhum problema será resolvido sem a pesquisa”. (Anthony H. Purcell).

INTRODUÇÃO

O processo de aprendizagem é extremamente complexo não se

restringindo à aquisição de respostas ou mesmo de conhecimentos. Envolve

inúmeras variáveis que se combinam de diferentes formas sujeitas as influências de

fatores internos, externos, individuais e sociais (PFROMM NETO, 1987).

Muitos estudos no campo da percepção, da psicologia da

personalidade e as mais recentes contribuições dos teóricos do processamento da

informação têm procurado explicar o “como” e o “por que” das diferenças individuais

(PENNINGS; SPAN, 1991).

Os psicólogos da educação começam a integrar os dados desses

estudos aos trabalhos que procuram compreender a relação professor-aluno e a

importância das diferenças individuais na aprendizagem (IBID, p. 83).

A mudança de enfoque na forma de se conceber a aprendizagem e a

atenção que vem sendo dada ao “como” se aprendem, tem contribuído para o

surgimento das teorias e instrumentos de medidas classificados sob a designação

de “estilos de aprendizagem” e “estilos cognitvos” (PENNINGS; SPAN, 1991;

SANTOS; CERQUEIRA, 2000).

O processo de aprendizagem entendido como construção dos

conhecimentos, utiliza-se de estratégias personalizadas ou tem presente os estilos

de aprendizagem e/ou estilos cognitivos de cada indivíduo, considerando ainda o

contexto em que ocorre a aprendizagem. Sendo assim, pode-se afirmar que não

existe aprendizagem, mas indivíduos que aprendem com toda sua singularidade e

no seu ambiente específico (OLIVEIRA, 1998).

As teorias sobre estilos de aprendizagem ressaltam a necessidade de

se integrar o indivíduo com o ambiente de aprendizagem, ambiente este que

compreende: as matérias a aprender, a organização dessas matérias, a forma de

ensinar, os materiais que dão suporte ao ensino e o enquadramento onde essa

atividade ocorre (SANTOS; CERQUEIRA, 2000; GOULÃO, 1998).

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Não são raros os professores se perguntarem: “qual seria a melhor

forma de se trabalhar na construção dos conhecimentos?”, “que metodologias ou

estratégias de ensino seriam mais eficazes para determinadas turmas de alunos?”.

O conhecimento dos estilos de aprendizagem ajuda na tomada de decisões de

possíveis adequações do ensino ao estilo de aprender dos alunos. O que são,

então, estilos de aprendizagem? Encontraremos uma enorme variedade de

resposta, dependendo das orientações teóricas adotadas. Mas,todas concordam

que os estilos de aprendizagem seriam, a formas usuais ou maneira que o sujeito

adota na abordagem de tarefas de aprendizagem.

A questão dos estilos de aprendizagem, portanto, tem sido objeto de

um número crescente de investigações buscando melhorar o desempenho em

processos de ensino-aprendizagem (BARIANI, 1998; ROSA, 2000; CERQUEIRA,

2000; SCHMECK, 1988; KOLB, 1971; FELDER E SILVERMAN, 1993; WEINSTEIN,

GOETZ & ALEXANDER, 1988; CURY, 1983). Como ressaltam Santos, Bariani e

Cerqueira (2000), “há possibilidades de se tirar proveito educacional da avaliação

dos estilos de pensar e aprender, tanto no sentido de se obterem vantagens dos

potenciais identificados, como no enfrentamento dos limites percebidos” (p.155).

Para Felder (1998) uma combinação inadequada entre os estilos de

aprendizagem dos estudantes e o estilo de ensinar do professor pode tornar os

estudantes entediados e desatentos, com resultados deficientes nos testes,

desanimados com o curso ou chegando mesmo a abandoná-lo supondo estarem na

profissão errada. Teoricamente, os estilos de aprendizagem podem ser utilizados

para prever tipos de estratégias ou métodos de instruções mais efetivos a

determinado aluno ou grupo de estudantes.

Aplicação da identificação dos estilos de aprendizagem

As investigações sobre “estilos cognitivos” e “estilos de aprendizagem”

não se encontram restritas no âmbito educacional. Cada vez mais, as encontramos

em trabalhos desenvolvidos e aplicados nas mais diversas práticas da Psicologia.

Podemos citar a aprendizagem no âmbito organizacional, onde o desenvolvimento

das competências necessárias ao trabalho inicia-se, sobretudo, no aprendizado

escolar de uma determinada profissão, cujos métodos de ensino devem privilegiar a

experiência do maior número de diversidade de estilos de aprendizagem.

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Uma possível aplicação da identificação dos estilos cognitivos e de

aprendizagem se refere à codificação, cujo objetivo é a transmissão do

conhecimento em código a fim de torná-lo acessível aos interessados numa

organização. Segundo Davenport e Prusak (1998) a principal dificuldade encontrada

no trabalho de codificação nas organizações, incluindo a própria escola, é conseguir

que o conhecimento a ser codificado não perca as suas propriedades.

Uma codificação bem sucedida exigiria a observação de alguns

princípios básicos: (i) decidir a que objetivos o conhecimento codificado irá servir; (ii)

identificar o conhecimento existente nas várias formas apropriadas para atingir tais

objetivos; avaliar o conhecimento, segundo sua utilidade e adequação à codificação;

identificar um meio apropriado para codificação e distribuição. Neste último, a

identificação dos estilos de aprendizagem dos membros da organização permitiria a

adequação do meio mais apropriado no processo de codificação e sua

disseminação.

Sujeitos, por exemplo, que aprendem e retêm melhor a informação

apresentada visualmente, demandariam uma codificação apresentada através de

imagens, gráficos, videocassete, diagramas, cd-rooms, etc. (FELDER, 1993).

Verifica-se, também, que a compreensão da existência dessas tantas

formas e aprender levaram a Microsoft a desenvolver uma linha de produtos de

software Multimídia, com o objetivo de vitalizar o ambiente de aprendizagem e

estimular os alunos de modo a aprender melhor.

A linha encarta se sustenta na sua compreensão sobre a teoria das

“Inteligências Múltiplas” de Gardner, abordando os oito tipos de inteligência e

comprova os benefícios da aprendizagem interativa. O vário recurso da linha,

encarta obras de referência, Enciclopédia Encarta e Atlas Mundial Encarta oferecem

suporte a diferentes estilos de aprendizagem. Por exemplo, se o aluno possui um

estilo de aprendizagem “corporal-cinestésico”, ele pode contar com os recursos da

Encarta: viagens virtuais, vôos virtuais, viagens pelo mundo, cartografia e mapas

interativos.

Fica evidente a relevância desses estudos e pesquisas, que buscam

entender as formas de estratégias cognitivas, que os sujeitos utilizam na codificação

e organização da informação (estilos cognitivos). Como também a predisposição ou

forma que o sujeito adota na abordagem de tarefas de aprendizagem (estilos de

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aprendizagem) que estejam facilitando ou comprometendo a aprendizagem, ora na

esfera educacional, ora na esfera organizacional.

Os instrumentos utilizados para avaliação dos estilos de aprendizagem

permitem o levantamento do perfil dos estilos dos alunos com a indicação dos

prováveis pontos fortes e possíveis tendências ou hábitos que poderiam estar

conduzindo a dificuldades na vida acadêmica.

Contudo, o perfil levantado do aluno, não reflete a sua adequação ou

inadequação para uma determinada disciplina, curso ou profissão, mas ajuda a

melhorar a aprendizagem. A medida que o professor propõe não só atividades que

vão de encontro ao estilo preferencial de suas turmas, como também a escolha de

métodos instrutivos que desafiem outros estilos, a fim de estimular e fortalecer as

dimensões menos desenvolvidas.

No século XX, foi evidente a rápida transformação tecnológica e

científica que elevou, significativamente, a quantidade de informações em todas as

áreas do conhecimento. Na área odontológica, o processo foi tão intenso que a peça

- chave da atenção à saúde, vale dizer, o cirurgião dentista, já não pode ficar

desinformado ou desatualizado sob pena de que desacredite a própria tarefa. O

desempenho do cirurgião dentista está hoje condicionado ao crescente avanço

tecnológico e científico da odontologia, ao prever a integração da saúde e da

educação voltada ao social.

Masetto (1998) destaca como características básicas para a formação

de profissionais, a capacidade de buscar novas informações, o saber trabalhar com

essas informações, intercomunicar-se nacional e internacionalmente por meio de

recursos avançados de informática e a capacidade de produzir conhecimento e

tecnologia próprios que os torne, pelo menos em alguns setores, profissionais

menos dependentes, ou seja, mais críticos e criativos.

Os sistemas de saúde contemporâneos é uma produção social do

século XX, ou mais especificamente, uma continuidade no século XXI. Adquiriu

posição de destaque no mundo científico também pelo fato de seus praticantes se

manterem em contato direto e íntimo com as pessoas da sociedade, estabelecendo

com elas relações de confiança, humanidade, segredo e crédito social, atuando

como intermediários entre a sociedade e a ciência.

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O desenvolvimento tecnológico e o social produziram paradoxos

importantes. De um lado, assistimos entusiasmados à crescente e vigorosa

produção científica da Odontologia, a capacidade de esclarecimento e

desvendamento de incertezas de dentistas, aquinhoados com uma “porção”

(apenas) deste conhecimento complexo. Os profissionais da Odontologia encontram

uma enorme dificuldade, diríamos mesmo impossibilidade para assimilar, adotar e

praticar toda esta produção científica.

Recorremos aqui, às contribuições de Fernandes e Oliveira (1998),

quando estes autores esclarecem que a família e a sociedade não existem no vazio

e que são, portanto, parte integrante de um contexto mais amplo: biológico, sócio –

econômico e cultural. É necessário que se forneçam, durante a formação do

profissional de odontologia, elementos para se compreender melhor a diversidade

de universos culturais distintos. Só assim, o profissional desta área de conhecimento

estará apto para a difícil arte da dialética dos saberes e para a comunicação

cirurgião-dentista e paciente, enfim, para identificar e perceber, com maior clareza,

as estruturas geradoras da saúde e a das doenças em geral.

Conseqüentemente, para a inserção deste novo profissional na

sociedade, torna-se basilar uma séria reflexão sobre o Ensino de Odontologia, em

especial no que tange ao novo perfil deste profissional da saúde, o qual está sendo

chamado a enfrentar de forma adequada questões científicas, tecnológicas,

humanas e éticas.

A tecnologia, como refere Drucker (1993, p.153), “é importante,

principalmente porque nos forçará à realização de coisas novas, e não porque

permitirá que façamos melhor as coisas velha” Considerando-se tal afirmação, urge,

no momento atual, que o profissional da Odontologia também seja capaz de gerar

conhecimentos, de ser criativo e inovador.

Motivados pelos estudos de Kolb, nós realizamos, em 2005, um

levantamento dos Estilos de Aprendizagem dos alunos do primeiro Termo e do

ultimo termo do Curso de Odontologia, baseando-nos em 175 questionários

devidamente analisados. O estudo apresentou, na maioria da amostra (39%), o

Estilo de Aprendizagem Assimilador. O segundo grupo, com aproximadamente 1/3

do total (32%), apresentou o Estilo Convergente, e o restante da população

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distribuiu-se entre o Estilo Divergente e Acomodador, com 19% e 10%,

respectivamente.

Notamos na referida investigação, uma menor parcela da população

com um perfil de estudo mais independente e autônomo, representada pelo Estilo

Acomodador. Ao contrário, uma maior parcela dos indivíduos pesquisados estava

representada pelo Estilo Assimilador, exibindo características que requerem maior

participação do professor no direcionamento de suas atividades de estudo e

pesquisa.

Concluímos que não basta apenas desejarmos que os alunos sejam

autônomos e independentes com relação ao estudo, mas devemos, juntamente com

eles, traçar metas que permitam, passo a passo, a construção de um novo perfil de

aprendizado.

Objetivos da Pesquisa

Com este estudo, objetivamos conhecer e analisar o perfil dos Estilos

de Aprendizagem dos alunos do Curso de Odontologia, cuja metodologia assumida

é a tradicional.

Valendo-nos do conhecimento dos Estilos de Aprendizagem dos

alunos, propomos o seguinte objetivo.

Permitir que os alunos se conscientizassem, de suas preferências

relacionadas aos seus Estilos de Aprendizagem, e propiciar aos professores do

Curso de Odontologia pesquisado, uma reflexão sobre a temática de Estilos de

Aprendizagem discentes.

Objetivamos, também, buscar caminhos e possíveis respostas às

dificuldades próprias da inserção de um novo projeto pedagógico de modo que se

permita aos professores e alunos, conjuntamente, operacionalizarem as metas do

Curso de Odontologia e estabelecer trajetórias que possibilitem superar dificuldades

inerentes ao processo ensino – aprendizagem adotada.

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Referencial Teórico

Diversos autores elegem a aprendizagem como o objetivo final de toda

atividade educacional. Consideramos de extrema relevância as contribuições de

Gagné (1974), que descreve as diversas maneiras pelas quais à aprendizagem se

realiza, classificando-as em oito tipos de aprendizagem, dentre os quais o oitavo tipo

é denominado Aprendizagem por meio da Resolução de Problemas.

A Aprendizagem por Resolução de Problemas é um método de

aprendizagem pelo qual a combinação de princípios previamente aprendidos dá

origem a um novo princípio de ordem superior, que resolve o problema e se

generaliza a toda uma classe de situações estimuladoras que compreendem

problemas semelhantes. A solução de problemas ocorre quando as instruções

fornecidas à pessoa que aprende não incluem uma solução anunciada verbalmente,

exigindo dela, ao contrário, que conclua tal solução com seus próprios meios. Este

processo resulta, portanto, na aquisição de novas idéias que multiplicam a

aplicabilidade dos princípios aprendidos.

Cada pessoa possui características próprias ao realizar seu

aprendizado. Essas características são denominadas por alguns estudiosos Estilos

de Aprendizagem. Dentre os diversos estudiosos que constam de nosso

Levantamento Bibliográfico, contamos com a contribuição de David Kolb (1984), que

combinou as diferentes formas de percepção e de processamento de informações e

identificou quatro Estilos de Aprendizagem para adultos.

Contamos com as contribuições de outros autores que abordam a

questão dos Estilos de Aprendizagem, os quais serão comentados no decorrer de

nossa apresentação.

Mais do que dominar extensos conteúdos, o processo de

aprendizagem é o que se deve ser valorizado.

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Contextualização

A Universidade pesquisada, é particular, e como já foi mencionado

permanece no modelo tradicional.

O corpo docente deste Curso de Odontologia totalizava, no ano de

2005, 45 professores. Dentre os quais, 05 possuíam o Título de Doutores e 20 o

Título de Mestres, 19 apresentavam o Título de Especialista e 1 era graduado.

Estavam matriculados, em 2005, nos 1º e 8º Termos do Curso de

Odontologia 177 e 92 alunos em cada termo, selecionados, por meio de processo

seletivo em 2004 e 2001, respectivamente.

É valido lembrar que os alunos matriculados, não necessariamente

estão cursando, pois, por motivos vários apenas uma parcela destes dão

continuidade ao curso.

Sujeitos da Pesquisa

Os sujeitos da pesquisa foram os alunos dos 1a e 8a termos do Curso

de Odontologia da Universidade escolhida onde desenvolvemos nossa pesquisa, a

qual utiliza a aprendizagem baseada no método tradicional, como uma de suas

metodologias de ensino – aprendizagem, desde 2000.

Conforme citado anteriormente, dentre os 177 alunos matriculados no

1a termo do Curso de Odontologia, em 2005, apenas 162 alunos efetivamente

cursavam, onde, 13 alunos estavam ausentes no dia da aplicação do questionário e

2 alunos negaram-se a participar da pesquisa. Sendo assim, os questionários foram

aplicados a 127 alunos do termo deste Curso de Odontologia.

Em relação ao 8° Termo do Curso de Odontologia da referida

Universidade, em um total de 92 matriculados em 2001, que durante os anos

quando chegou ao oitavo houve diminuição dos alunos, não houve faltas no dia da

aplicação do questionário, porém 5 alunos recusaram-se a colaborar com a

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pesquisa. Contamos, assim, com 48 alunos do Termo do referido Curso de

Odontologia respondendo ao questionário.

Metodologia

Realizamos um Estudo de Caso, no Curso de Odontologia, conforme já

mencionamos. Utilizamos um levantamento de dados obtidos no próprio local onde

os fatos ocorrem, isto é, neste caso em uma instituição de Ensino Superior, mais

especificamente no Curso de Odontologia de uma Universidade do Oeste Paulista.

Obtivemos estes dados por meio de uma Pesquisa de Campo, que,

segundo Lakatos (1996), é aquela efetuada com o propósito de conseguir

informações acerca de um determinado problema, para o qual se procura uma

resposta, ou uma hipótese que se queira comprovar, ou ainda, desvendar novos

fenômenos ou as relações entre eles.

A coleta das informações foi alcançada por meio da técnica de

questionários (Apêndice 3) que são definidos, segundo a referida autora, como

instrumentos de coletas de informações, constituídos por uma série ordenada de

perguntas que devem ser respondidas por escrito, sem a necessidade da

identificação do entrevistado e sem a presença do pesquisador, após a devida

apresentação dos objetivos da investigação.

Foi utilizado como instrumento para a identificação dos Estilos de

Aprendizagem dos estudantes do Curso de Odontologia o Inventário de Estilos de

Aprendizagem (IEA), desenvolvido por David A. Kolb, inicialmente em 1976 e após

várias revisões originou a versão de 1999, sendo esta última versão utilizada para

nossa pesquisa (Apêndice 2).

O instrumento “Inventário de Estilos de Aprendizagem (Learning Style

Inventory – LSI)”, desenvolvido por Kolb, foi traduzido, adaptado e submetido a uma

aplicação piloto para dez estudantes universitários do 4a Termo do curso de

Odontologia, da citada universidade, em outubro de 2004. Após a aplicação piloto

deste Inventário e sua posterior análise, resultaram algumas alterações da redação e

da estrutura final do instrumento que utilizamos em nossa pesquisa.

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Esse instrumento é um questionário de auto - relato, composto por

doze séries de palavras, ou seja, doze sentenças com quatro finais para cada uma

delas.

O respondente é solicitado a completar os quatro finais possíveis,

sendo necessário ordená-las em ordem crescente, do grau “1” até o grau “4”. Então,

utilizando os espaços disponíveis, o aluno ordena com o número “4” o final da

sentença que descreve melhor o seu modo de aprendizado. Em seguida, deve

posicionar o “1” para o final de sentença que parece menos descrever a maneira que

ocorre seu aprendizado. Para os outros dois finais “3” e “2” deve ordenar a

conclusão de maior e de menor representatividade para o modo de aprender,

respectivamente (Apêndice 2).

Os informantes foram orientados, por escrito, para o preenchimento do

questionário e alertados para se certificarem de que todos os finais de sentença

foram ordenados, sem empates.

Como já foi mencionado anteriormente, existem no Ciclo de

Aprendizagem proposto por Kolb (1984) quatro modos ou dimensões de

aprendizagem representadas pelos planos:

• Sentir: Experiência concreta (EC), representando a aprendizagem

como resultada dos sentimentos;

• Observar: Observação reflexiva (OR), representando a

aprendizagem por meio da avaliação e da reflexão;

• Pensar: Conceituação abstrata (CA), representando a aprendizagem

por meio do raciocínio;

• Fazer: Experimentação ativa (EA), representando a aprendizagem

por meio da ação.

Os quatro prováveis finais de cada uma das sentenças do Inventário de

Estilos de Aprendizagem (IEA) da versão 1999, são dispostos em colunas, de forma

que em cada coluna posicionam-se as palavras – chave (sentir, observar, pensar ou

fazer) que representam cada um dos modos de aprendizagem propostos por Kolb.

Na primeira coluna encontram-se dispostos os finais de frases que

indicam a Experiência concreta (EC) representada pela palavra sentir; na segunda

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coluna a Observação reflexiva (OR) vai representada pela palavra observar; na

terceira a Conceituação abstrata (CA), definida pela palavra pensar e, na quarta

coluna, a Experimentação ativa (EA) representada pela palavra fazer.

Em seguida, somamos o total de pontos das quatro colunas para cada

modo de aprendizagem: EC total, OR total, CA total e EA total.

Em um diagrama de Estilos de Aprendizagem, proposto por David Kolb

(1985), munidos do somatório dos valores obtidos em cada modo de aprendizagem,

marcamos nos eixos correspondentes os quatro pontos, representado aqui como

Ciclo de Aprendizado (Apêndice 5). Em seguida, unimos esses pontos, obtendo

linhas que formam um quadrilátero (figura semelhante a uma “pipa”).

A área definida entre as linhas formadas pelas ligações entre os pontos

marcados com as linhas da figura formada e os eixos propriamente ditos, será

diferente em cada um dos quatro quadrantes do diagrama. A maior área,

comparando-se as quatro áreas formadas, definirá o estilo predominante. Para

definirmos o Estilo de Aprendizagem predominante em relação ao quadrante, temos

de observar o seguinte:

• O quadrante superior direito representa o estilo Divergente

• O quadrante inferior direito representa o estilo Assimilador

• O quadrante inferior esquerdo representa o estilo Convergente

• O quadrante superior esquerdo representa o estilo Acomodador

Os quatro modos de aprendizagem, combinados dois a dois, vão

determinar os quatro Estilos de Aprendizagem propostos por Kolb.

O Inventário proposto por Kolb e utilizado em nossa investigação mediu

o esforço do estudante que se apóiam nos quatro modos distintos de aprendizagem,

parte de um Ciclo de Aprendizagem de quatro etapas.

Para nos certificarmos do estilo predominante dos estudantes, os

resultados dos quatro modos de aprendizagem foram revistos e recontados,

certificando-se que o somatório total das quatro colunas seja de 120 pontos (12

sentenças com 4 finais possíveis, numerados de “1” a “4”).

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Em seguida, subtraímos os modos de aprendizagem CA menos EC,

indicando o resultado do aprender preferencial, por meio de raciocínio e como

resultado dos sentimentos, respectivamente. A abstenção de um número positivo

sugere que o resultado é mais abstrato (relacionando – se mais intensamente à

conceituação abstrata). Um resultado negativo indica uma dimensão mais concreta

(relativo à experiência ativa).

Da mesma forma, se subtrairmos os modos de aprendizagem EA-OR e

obtivermos um resultado positivo, isto significa que os resultados são mais

relacionados à ação, ou, em caso negativo, que é mais reflexivo.

A seguir, marcamos os dois números obtidos das subtrações CA-EC e

EA-OR, nas duas linhas de uma grade específica ou diagrama de confirmação dos

Estilos de Aprendizagem propostos por Kolb em 1981 e revisado em 1985, como

parte do Inventário de Estilos de Aprendizagem de Kolb, identificando e confirmando

o Estilo de Aprendizagem predominante.

Procedimentos e Coleta de dados

Para a coleta dos dados, os Inventários de Estilos de Aprendizagem

foram entregues pela pesquisadora a cada um dos professores das 1a e 8a Termos

do Curso de Odontologia, para que somente esses professores, o aplicassem em

seus respectivos alunos, em novembro de 2005.

Apesar de o questionário ser auto - aplicável, foi realizada uma

explicação verbal aos professores dos referidos termos, em setembro de 2005. Cada

aluno poderia dispor de aproximadamente 20 minutos para responderem às

perguntas.

Foi solicitado para que todos os estudantes das 1a e 8a termos do

Curso de Odontologia que respondessem ao questionário recordando-se e referindo-

se a uma experiência de aprendizagem recente, que tenha ocorrido durante as

atividades de aprendizado.

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Antes do início da análise dos dados obtidos mediante as respostas

dos alunos ao instrumento Inventário dos Estilos de Aprendizagem (IEA), os

exemplares, juntamente com a folha dos dados de identificação de cada aluno

(Apêndice 5), foram submetidos a uma inspeção visual, para verificar se estavam

completos e preenchidos adequadamente.

Salientamos que, anexo a cada questionário constava o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido assinado previamente pela pesquisadora, o qual

depois de lido, era assinado pelo aluno que houvesse concordado em participar da

investigação (Apêndice 4).

Observamos que 20 alunos (15 do 1a termo e 5 do 8a termo) negaram-

se a colaborar com a pesquisa, uma vez que 13 alunos do 1. Termos estavam

ausentes e 2 alunos não participaram da pesquisa, e 5 alunos do 8. Termo não

participou da pesquisa.

Análise de dados

Para a análise dos dados concernentes às informações pessoais dos

estudantes, tais como idade, sexo, ano de ingresso no Curso de Odontologia,

mediante aprovação em processo seletivo, foram efetuadas descrições

apresentadas em tabelas e gráficos, organizados de acordo com a distribuição de

freqüência com o intuito de caracterizar cada sujeito da pesquisa para posterior

discussão com profissionais da área de estatística.

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CAPÍTULO I

A EXPOSIÇÃO DO PROBLEMA

Nos tempos atuais, as escolas de Odontologia defrontam com o

desafio da adequação de um modelo pedagógico cujo objetivo seja formar

profissionais segundo este novo perfil, valendo-se de um processo coletivo de

discussão e construção de consensos. Surge, então, uma valiosa oportunidade de

reformular os objetivos e funções para o ensino de Odontologia.

Em razão disso, alguns cursos de Odontologia estão procurando

aprimorar os métodos de ensino – aprendizagem, assim como elaborar novos

currículos e investir em novas técnicas didáticas.

Segundo Hossne (1994, p. 51),

Mudanças de grade curricular, reformulação de cargas horárias, mudanças epidérmicas do conteúdo e da forma, acréscimos e “enxertos” improvisados de temas não são mais suficientes, se é que alguma vez foram realmente suficientes (mesmo quando autenticamente buscados).

Em meio à discussão do modelo pedagógico vigente na maioria das

escolas de Odontologia brasileiras, ressurge a preocupação com a adequação

curricular dos cursos à nova realidade. Essa preocupação aponta para um

movimento de transformação de algumas delas.

Partimos do pressuposto de que existe uma inadequação do Modelo

Pedagógico desse curso, ao se constatar que, após concluírem os cursos de

graduação, os profissionais desta área apresentam formação didático-pedagógica,

ética e humanística deficientes. São precocemente especializados, inadequados

para o trabalho com a comunidade e para o atendimento às demandas da população

e conclui que se torna imprescindível uma intervenção profunda no processo de

formação profissional, caracterizando um novo paradigma educacional.

A reformulação da formação do cirurgião dentista, aponta para um

novo paradigma, como citam Batista e Silva (1998), segundo os quais a Odontologia

não é uma ciência biológica, mas uma ciência humana com base na Biologia. A

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importância da formação humanista do cirurgião-dentista e a necessidade de

flexibilidade institucional, estrutural e particularmente intelectual do processo de

reformulação curricular do Curso de graduação em Odontologia.

O Curso de Odontologia da universidade pesquisada está moldando

seu novo Projeto Pedagógico e Curricular, procurando ainda por uma metodologia

de aprendizagem, que devera ser resumida até então no trabalho tradicional.

Citando Venturelli (1996:3), “as verdadeiras inovações serão o resultado das

características, necessidades e imaginação local de quem os façam”.

Segundo Kolb (1999), o aprender é uma das capacidades mais

importantes do ser humano, e cada pessoa ao defrontar-se com novas experiências,

ou com a necessidade de solucionar problemas, ou com novas situações de

aprendizagem, o faz de modo distinto.

No universo das diferenças individuais, os Estilos de Aprendizagem

denotam tendências distintas básicas nas formas de aprender, de relacionar os

dados com a realidade e de elaborar conclusões entre eles e a habilidade de

aprender com base na resolução de problemas do cotidiano, ou inseridos em um

contexto educacional.

Segundo Cerqueira (2000), o reconhecimento da existência de

diferentes Estilos de Aprendizagem sugere proporcionar ao estudante universitário

um maior aproveitamento de seus estudos e de sua autonomia, na medida em que

ele pode identificar características peculiares do Estilo de Aprendizagem mais

indicado às práticas de cada população, no que se refere à aquisição do

conhecimento.

Messick (1984) refere que a identificação dos Estilos de Aprendizagem

pode ter um valor educacional importante, e diz até que alguns Estilos de

Aprendizagem podem influenciar o modo como os professores ensinam e como os

alunos aprendem, bem como a maneira com que os professores e os alunos

interagem no processo ensino – aprendizagem.

Os estudos sobre os estilos individuais de aprendizagem, têm sido

objetos de preocupação de pesquisadores e teóricos através de anos. As teorias de

explicação dos modelos de aprendizagem criados por esses estudiosos e os seus

instrumentos de avaliação despertaram o nosso interesse quanto às necessidades e

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preferências do aprendizado discente adequadas aos métodos de ensino –

aprendizagem.

A Pesquisa – Inventário de David Kolb

Esta investigação é resultado da preocupação com a aplicação do

Inventário de David Kolb no Curso de Odontologia de uma universidade privada do

Estado de São Paulo, o que nos levou as reflexões sobre o processo ensino –

aprendizagem no ensino odontológico. Nossa experiência como administradora da

citada universidade, durante a implantação do referido método educacional, motivou-

nos a refletir e a analisar o processo de aprendizagem dos alunos deste Curso.

Mediante a prática educativa dos professores do referido curso e considerando que

cada estudante apresenta modos distintos e consistentes de percepção,

organização e retenção de informações, e que, portanto, aprende de uma maneira

diferente, nos instigou a levar este estudo como objeto de nossa pesquisa.

Se desejarmos que os nossos estudantes tenham uma aprendizagem

adequada em nossas escolas de Odontologia, temos de dar especial atenção aos

seus Estilos de Aprendizagem. Conhecendo e considerando, pois, as características

ou as preferências de aprendizagem de cada aluno de uma maneira personalizada

para implementar e realmente facilitar a construção do seu conhecimento também

de uma forma individualizada.

O professor, ao considerar cada um dos padrões individuais de

aprendizagem ou Estilos de Aprendizagem de seus alunos, poderá ajudar o

estudante a conhecer e aperfeiçoar seu próprio Estilo de Aprendizagem, ou seja, o

professor poderá orientar melhor a aprendizagem de cada aluno, se souber como

este aluno aprende. Releva redefinir o perfil e o papel do professor, que deixará de

ser apenas um indivíduo que domina determinado conteúdo e algumas técnicas

didáticas, para ser ele um professor possuidor também de uma compreensão mais

ampla do processo de aprendizagem e das características de seus alunos.

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Com base nas contribuições de Cardoso e Jandl Jr. (1998), concluímos

que, por meio do conhecimento e apresentação pelos professores dos Estilos de

Aprendizagem de cada aluno e do grupo em geral em sala de aula, permitir-se-á

cada aluno definir seu estilo ou Estilos de Aprendizagem predominantes e conhecer

em que condições aprenderão melhor.

Assim, a investigação e a análise dos Estilos de Aprendizagem

discentes poderão apresentar resultados significativos e substanciais para os alunos,

para os professores, para o pensar sobre um modelo de ensino e,

conseqüentemente, para um melhor processo de educação odontológica, pois este

estudo pode identificar possíveis fatores que intensifiquem ou reduzam a qualidade

do aprendizado.

A investigação que propusemos reflete uma tendência para valorizar e

investigar os múltiplos determinantes do processo de aprendizagem e da formação e

do desenvolvimento do ser humano.

Segundo Cianflone (1996), conhecer estas características de

aprendizagem dos alunos e suas relações nos processos de aprendizagem reforça a

convicção de que o caminho para a organização e o aprimoramento do processo

educacional é a compreensão do estudante.

Para a autora, a característica específica da aprendizagem é

conceituada como um complexo de aptidões, que pode ser distribuído por dois

âmbitos: o intelectual e o da personalidade.

No âmbito intelectual, podemos considerar, em primeiro lugar, o

conhecimento prévio que o aluno possui e que é relevante para a sua

aprendizagem. É importante, porém, ressaltar que é difícil, teórica e

metodologicamente, identificar o volume, os tipos ou mesmo a organização destes

conhecimentos. Consideram-se, ainda, no âmbito das destrezas intelectuais

identificadas, em segundo lugar, as estratégias utilizadas para o processamento das

informações, consideradas como métodos, que o aprendiz utiliza para selecionar,

organizar e operar as informações. Essas estratégias, uma vez aprendidas, tendem

a ser estáveis, porém, podem ser mutáveis em função do tempo e de circunstâncias

de aprendizagem vivenciados. E, em uma terceira e última fonte, valorizamos os

processos cognitivos básicos, os quais se referem à capacidade de memória, tempo

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de reação e capacidade de síntese, apenas treinadas ou aprimoradas, portanto, pela

aprendizagem ou pela existência.

No âmbito da personalidade, podemos destacar a motivação pelo

resultado (achievement motivation), ou auto – eficácia. Esse aspecto tem profunda

relação com o rendimento do aluno, na medida em que essa dimensão está

associada ao esforço despendido na realização de tarefas e a auto – estima, sendo

esta uma das principais fontes de motivação.

Uma outra dimensão da personalidade, ainda segundo a autora, refere-

se à tendência das pessoas para atribuir a causa de seus sucessos e fracassos a

fatores internos ou externos, descritos como internalidade ou externalidade,

respectivamente.

A ansiedade também é considerada pela autora como uma outra

dimensão da personalidade, e pode interferir no rendimento do estudante. Dá-se

especial atenção ao Ensino de Odontologia, uma vez que o aluno mantém contato

íntimo com diversos seres humanos em seus aspectos biológicos, psicológicos e

sócio–econômicos e presenciam por meio destes relacionamentos situações de

medo, sofrimento, insegurança, doenças.

Tais elementos podem contribuir como fatores incentivadores ou

inibidores da motivação e da aprendizagem, uma vez que os estudantes desta área

do conhecimento podem, por um lado, considerar essas situações como

desafiadoras para o seu processo de aprendizagem. E, por outro lado, podem

envolver-se emocionalmente com a dor e com o sofrimento de seus pacientes,

dificultando assim seu processo de aprendizagem.

A “qualidade” da formação profissional de Odontologia é determinada

pela complexa interação entre diversos fatores ligados à instituição de Ensino de

Odontologia, ao corpo docente e, a nosso ver, especialmente, ao estudante. Dentre

as características próprias do corpo discente, as marcas pessoais de aprendizagem

constituem um fator de grande relevância, uma vez que estão intimamente

relacionadas com o aprendizado.

A questão do melhor desempenho do estudante de que faz o curso de

odontologia não deve ser entendida exclusivamente pelo prisma dos aspectos

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cognitivos. Deve ser reconhecida a importância do papel e do número variado de

Estilos de Aprendizagem nas diferentes etapas de sua formação acadêmica.

A compreensão do perfil de cada estudante com suas características

de aprendizagem e a sua incorporação por uma Escola Odontologia que adota uma

metodologia centrada no estudante, é de fundamental relevância, pois poderá ajudar

na construção de uma educação apropriada e eficaz.

Com base no que foi exposto, é possível considerar a relevância da

investigação dos Estilos de Aprendizagem no contexto acadêmico, para a formação

do profissional da saúde, assim como seu valor na qualidade propiciadora de

subsídios para a compreensão das necessidades específicas do seu ensino

/aprendizagem. E especialmente porque permite aos professores o

desenvolvimento, a implantação e a adequação de métodos pedagógicos interativos

e fornecedores de um estilo reflexivo de pensamento.

Por esta perspectiva, o desenvolvimento e a implantação de um novo

modelo pedagógico, no Curso de Odontologia da referida Universidade, poderá

interferir no Estilo de Aprendizagem de seus alunos. Como um determinante do

processo de aprendizagem e formação do cirurgião dentista, uma vez que os alunos

desempenham papéis de gerenciadores de sua própria aprendizagem e dependerão

também de circunstâncias, contextos e tempos de aprendizagens de que

disponham.

O Objeto de Estudo e a Revisão Bibliografia

O objeto da nossa preocupação foi à análise dos Estilos de

Aprendizagem dos alunos do Curso de Odontologia de uma universidade privada, do

interior do Estado de São Paulo.

Entendemos o conceito de Estilo de Aprendizagem definido por Keefe

(1988) como os comportamentos da esfera cognitiva, afetiva e fisiológica, que

servem como indicadores de como os alunos percebem seu ambiente de

aprendizagem, nele interagem e a ele respondem.

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Cada pessoa possui seu próprio Estilo de Aprendizagem predominante,

como referem Cardoso e Jandl Júnior (1998), estilo esse que é característica

razoavelmente estável de cada indivíduo, mas não imutável. Os Estilos de

Aprendizagem podem variar dependendo das circunstâncias e do contexto em que

vive o aluno. Fatores políticos, sociais, econômicos, biológicos ou psicológicos

podem influenciar na habilidade de o aluno reter o conhecimento.

À medida que o aluno progride em seu processo de aprendizagem,

esse processo vai interferir no seu Estilo de Aprendizagem, pois ele descobre novos

e melhores modos de aprender e poderá passar a fazer uso desses modos, de

acordo com sua preferência.

O Estilo de Aprendizagem pode diferir também no que diz respeito à

idade do aluno, ao tempo hábil para que ele realize a aprendizagem e ao nível de

exigência de sua tarefa de aprendizagem.

Contando com as contribuições de Kolb (1984), tendo em vista seus

inúmeros estudos sobre os Estilos de Aprendizagem, identificamos duas atividades

de aprendizagem distintas: a percepção (ou apreensão) e o processo (ou

transformação).

Entendemos a percepção, segundo o autor, como a interpretação dos

diversos estímulos registrados no cérebro pelos dispositivos sensoriais. Esses

dispositivos são idênticos (ou quase) em todos os indivíduos. No entanto, a

interpretação dos estímulos varia imensamente, por vezes, de uma pessoa para

outra.

A percepção pode ser determinada por vários elementos, entre os

quais citamos as necessidades subjetivas das pessoas como as emoções, os

interesses, os impulsos e os hábitos. A percepção é favorecida igualmente pela

familiaridade ou não dos indivíduos em relação aos estímulos a que são expostos e,

ainda, pelas próprias características dos objetos, das pessoas envolvidas e das

situações externas percebidas.

Em suma, a percepção depende da experiência que o percebedor tem

de si mesmo, combinada à experiência que tem do objeto, no contexto onde essa

experiência é percebida.

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Há indivíduos que percebem melhor a informação por meio de

experiências concretas, ouvindo-as, tocando-as ou vendo-as, ao passo que outros a

percebem por intermédio de experiências abstratas, isto é, utilizando conceitos

mentais.

Ainda, segundo Kolb (1984), uma vez percebida a informação, deverá

ser esta processada, caracterizando a percepção das informações e o seu

processamento como atividades relacionadas entre si, e não estanques, no

processo de aprendizagem.

Esse processamento também se apresenta distinto nas diferentes

pessoas. Algumas pessoas processam melhor a informação, desenvolvendo uma

aprendizagem por meio da ação, ao passo que outras a processam melhor por meio

da observação e da reflexão.

Desta forma, Kolb combinando as diferentes formas de percepção e

processamento de informações, elaborou um modelo denominado Teoria da

Aprendizagem Experimental, destacando a importância que julga ter a experiência

no processo de aprendizagem. Com ênfase neste aspecto, o autor propõe um

modelo de aprendizagem baseado em um processo cíclico de quatro etapas, ou

dimensões.

Para Kolb, o processo de aprendizagem inicia-se com uma experiência

concreta, que envolve o aprender por meio dos sentimentos e do uso dos sentidos; é

seguido pela observação e reflexão, que diz respeito ao aprender observando e

refletindo, conduzindo à conceituação abstrata, que se relaciona ao aprender por

meio da idealização e do raciocínio lógico, e finaliza com a experimentação ativa,

que se refere ao aprender fazendo. Para ele, a experiência influencia e transforma

as situações, que, por sua vez, conduzem a novas experiências concretas,

sugerindo, assim, que o processo de aprendizagem seja cíclico.

Esse modelo proposto é representado graficamente como se vê logo a

seguir, na Figura 1:

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FIGURA 1 - Ciclo de Aprendizagem Elaborado por David Kolb

Experiência Concreta (EC)

(sentindo)

Acomodador

Convergente

Observação Reflexiva (OR) (observando)

Assimilador

Divergente

Experimentação Ativa (EA) (fazendo)

Conceituação Abstrata (CA)

(pensando)

Fonte: Ciclo de Aprendizagem de David Kolb (1984) – Revisado em 1999.

A Teoria de Aprendizagem segundo KOLB

Gostaríamos de tecer alguns comentários a respeito da Teoria da

Aprendizagem Experimental de David Kolb e descrever seus Estilos de

Aprendizagem propostos, estilos esses enfocados em nossa pesquisa, embora este

assunto seja retomado mais adiante. O autor posicionou, então, em cada um dos

quatro quadrantes da figura anterior, cada um dos quatro tipos de Estilos de

Aprendizagem por ele designado: 1- Divergente; 2- Assimilador; 3- Convergente; 4-

Acomodador.

O estilo divergente, do modelo de Kolb, situado no quadrante superior

direito, tem uma tendência predominante em aprender baseado na experiência

concreta e na observação reflexiva. São indivíduos que se destacam por sua

habilidade de contemplar as situações por diferentes perspectivas e de organizar

muitas relações em um todo significativo. São questionadores, criativos, geradores

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de alternativas, reconhecedores de problemas e hábeis em compreender as

pessoas.

Seus pontos fortes são opostos ao do estilo convergente. Os carentes

deste estilo podem encontrar dificuldades em gerar idéias, reconhecer os problemas

e as oportunidades, ao passo que os indivíduos intensamente divergentes podem

apresentar dificuldades nas tomadas de decisões dadas a sua facilidade de

reconhecer múltiplas alternativas.

O estilo assimilador, do esquema de Kolb, situado no quadrante inferior

direito, aprende por meio da observação reflexiva e conceituação abstrata.

Destacam-se por seu raciocínio indutivo e por sua habilidade em criar modelos

abstratos ou teóricos. Interessam-se mais pelo aspecto lógico de uma idéia, do que

pelo seu valor prático. Em certas ocasiões, parecem se interessar mais pelas idéias

do que pelas pessoas. Percebem uma ordenação ampla e a organizam logicamente.

Os que carecem deste estilo são incapazes de aprender com seus

erros e não enfocam os problemas sistematicamente.

O componente assimilador excessivo pode tender a construir “castelos

no ar” e ser incapaz de aplicar seus conhecimentos em situações práticas.

O estilo convergente, representado no quadrante inferior esquerdo,

proposto por Kolb, prefere utilizar a conceituação abstrata e a experimentação ativa

para aprender.

A aplicação prática das idéias é um ponto forte desses indivíduos.

Obtém mais sucesso ao lidar com situações que têm uma única solução correta.

Salientam-se por utilizar o raciocínio hipotético dedutivo, por definirem

bem os problemas e por serem capazes de tomar decisões.

Os indivíduos que são opostos a este estilo podem não comprovar

suficientemente suas idéias, ao passo que aqueles demasiadamente polarizados em

convergência podem resolver os problemas equivocadamente, ou tomar decisões

com excessiva rapidez.

O estilo acomodador, situado no quadrante superior esquerdo, do

esquema de Kolb, tem preferências de aprendizagem baseadas na experimentação

ativa e experiência concreta. Os indivíduos adaptam-se bem às situações imediatas,

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aprendem, sobretudo, fazendo coisas e aceitando desafios. Atuam mais

influenciados pelos sentidos e sentimentos do que por uma análise lógica.

São intuitivos e capazes de resolver um problema por ensaio e erro.

Seus pontos marcantes são opostos ao do estilo assimilador.

Para Kolb, a experiência pode influenciar e modificar as situações de

aprendizagem, influenciando, portanto, a forma de aprender.

O estudante deve, durante as situações de aprendizagem, estar

envolvido emocionalmente (experiência concreta), escutar, observar e refletir

(observação reflexiva), criar idéias e conceitos mentais (conceituação abstrata) e

finalmente decidir o que fazer com aquilo que foi aprendido (experimentação ativa).

Durante o processo de aprendizagem o aprendiz poderá tornar-se

melhor em alguns desses passos do processo de aprendizagem do que em outros,

resultando no desenvolvimento de um estilo predominante de aprendizagem.

As idéias de Kolb permitem aos professores enfatizar etapas

particulares do Ciclo de Aprendizagem, e assegurar que os alunos sejam conduzidos

em torno de todo ciclo.

Como refere Keefe (1988), quando são consideradas as diferenças

individuais, os alunos terão um melhor desempenho em seu aprendizado. Estilos

cognitivos indicam preferências que um indivíduo tem de perceber e processar a

informação, não necessariamente a habilidade para aprender. Assim, os estudantes

com habilidades de aprendizagem semelhantes, porém estilos cognitivos distintos

podem alcançar diferentes patamares de sucesso em um mesmo ambiente.

Concordamos com Bordenave e Pereira (1991), quando estes autores

identificam a aprendizagem como um processo qualitativo, pelo qual a pessoa fica

mais bem preparada para novas aprendizagens, não se tratando, pois, de um

aumento quantitativo de conhecimentos, mas de uma transformação estrutural da

inteligência das pessoas.

Acreditamos na relevância da análise sobre os diferentes modos de o

aluno perceber e processar a informação, bem como na importância de seu

comportamento nas situações de aprendizagem, no Curso de Odontologia da

Universidade pesquisada.

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CAPÍTULO II

Teorias da Aprendizagem

Diversos pesquisadores propuseram teorias científicas para a

modelagem do processo de aprendizagem humano desde Pavlov a Skinner, Gagné,

Piaget ou Vygotsky e Feuerstein, incluindo ainda Ausubel, Bandura e Novack, até o

momento nenhuma conseguiu se impor como teoria definitiva, que englobe e

explique todas as manifestações do comportamento em situações de ensino-

aprendizagem (Vasconcelos e Almeida,1998; Sarmento Jr. e Passos, 1990).

Apesar da multiplicidade de teorias, todas concordam ao reconhecer

que os processos de aprendizagem desempenham um papel central no

desenvolvimento humano. Seria impossível encontrar uma única definição de

aprendizagem, que fosse aceita por unanimidade entre educadores e psicólogos. É

importante ressaltar que uma teoria provém de hipóteses comprovadas, total ou

parcialmente, e não de opiniões pessoais e subjetivas (Claude Bernard apud

Campos, 1982).

Uma teoria só pode ser considerada verdadeiramente útil se esta for

capaz de modificar-se com o progresso da ciência, mantendo-se submetida à crítica

de novos fatos e de novas relações verificadas. Segundo Campos (1982), uma

adequada teoria da aprendizagem deve:

1) Ser realista: ajuda o professor a tomar consciência do que ocorre em

classe.

2) Não cegar o professor para a realidade.

3) Encarar as situações de aprendizagem como um todo.

4) Destacar as condições de aprendizagem: (a) maturidade, (b)

prontidão e (c) motivação.

5) Ter características dinâmicas: (a) todo comportamento tem uma

causa, (b) todo comportamento tem objetivos, (c) as causas e

objetivos são múltiplos, (d) o comportamento é um processo

contínuo e envolve o organismo inteiro (p. 159).

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Muitas são as tentativas de classificação das teorias da aprendizagem,

para melhor compreender seus pressupostos, sejam elas associacionistas, do

processamento da informação, construtivistas, interacionistas. Embora tais

classificações ofereçam uma sistematização do assunto, existe entre os estudiosos

que toda e qualquer classificação são passíveis de críticas (Campos, 1982). Uma

determinada teoria ou abordagem do processo de aprendizagem irá privilegiar um ou

outro aspecto do fenômeno educacional, conduzindo inevitavelmente a vários tipos

de reducionismo (MIZUKAMI, 1986).

Numa abordagem humanista, por exemplo, o centro é relação

interpessoal, colocando a dimensão humana como sendo o núcleo do processo,

enquanto numa abordagem comportamentalista, a ênfase recai sobre a dimensão

técnica, ou seja, nos aspectos objetivos, mensuráveis e controláveis do processo.

Embora estas abordagens evidenciem determinados aspectos em detrimento de

outros, suas propostas procuram entender e explicar aspectos específicos do

processo ensino-aprendizagem e que não deve ser desconsiderada, além de

possibilitarem, do ponto de vista lógico, uma variedade de aplicações pedagógicas.

O conhecimento humano, desta forma poderá ser explicado

diferentemente no que se refere a sua gênese e desenvolvimento, conduzindo a

visões particulares de homem, mundo, cultura, sociedade, educação, etc. Para

Mizukami (1986) as abordagens não constituem sistemas fechados e não são as

únicas fontes de respostas possíveis e completas para a situação de ensino-

aprendizagem. Foram elaboradas para explicar de forma sistematizada

determinados fenômenos e sua aceitação ou rejeição irá depender do confronto com

os dados do real, conduzindo a um processo permanente de discussão entre teoria

e prática e, mais, fornecem diretrizes para a ação docente, mas a elaboração que

cada professor fará delas é individual e intransferível.

Serão analisadas, a seguir, com mais detalhes as abordagens

comportamental, construtivista e a sócio-histórica da aprendizagem, sendo dentre

outras, as que mais têm influenciado os professores (MIZUKAMI,1986;

CAMPOS,1982; BIGGE,1977; PFROMM NETO, 1987; COLL, PALACIOS &

MARCHESI, 1996). Por outro lado, entendemos que uma interação entre as três irá

melhor fundamentar o conceito de “estilos de aprendizagem” que será abordado

neste estudo.

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Abordagem comportamentalista – Teoria do condicionamento Operante de B. F. Skinner

Os fundamentos da teoria de Skinner baseiam-se nas teorias do tipo

estímulo-resposta, como no conexionismo de Thorndike e o behaviorismo

desenvolvido por Watson. Skinner, à semelhança dos dois psicólogos referidos,

suponha que o homem é neutro e passivo e que todo comportamento pode ser

descrito em termos mecanicistas (CAMPOS, 1982). Ele considera o organismo

sujeito às contingências do meio, sendo o conhecimento uma cópia de algo que

simplesmente é dado no mundo externo. Esta abordagem caracteriza-se pela

primazia do objeto. O conhecimento é resultado direto da experiência (MIZUKAMI,

1986).

Para os comportamentalistas a ciência tem como função descobrir a

ordem natural dos eventos, mostrando que certos acontecimentos se relacionam

sucessivamente com os outros.

No Brasil, Skinner pode ser considerado como um representante da

“análise funcional” do comportamento dos mais difundidos e estudados no contexto

educacional (MIZUKAMI, 1986). Os modelos de instrução fundamentados no

neobehaviorismo skinnerianos são desenvolvidos a partir da análise dos processos

por meio dos quais o comportamento humano é modelado e reforçado. Neste

sentido, para que se possa aplicar a análise comportamental no ensino é necessário

considerar que tanto os elementos do ensino como as respostas do aluno podem ser

analisadas em seus componentes comportamentais.

Fica evidente que o professor precisará aprender a analisar os

elementos que são próprios do seu comportamento, bem como seus padrões de

interação, para que possa ser capaz de controlá-los e modificá-los quando for

necessário ou até mesmo desenvolver outros padrões.

A visão de homem, nesta abordagem, se sustenta na afirmativa de que

ele é uma conseqüência das influências ou forças existentes no meio ambiente

(SKINNER, 1981). De onde se conclui que dentro desta perspectiva o homem não é

livre, já que é um produto do meio e que todo comportamento tem causas, e essas

causas são contingências de reforço a que está exposto. O ambiente é o modelador

primário da existência humana, mas pode ser alterado a fim de que comportamentos

adequados sejam aprendidos e comportamentos inadequados sejam extintos

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(SCHEEFER, 1986). “A pessoa não age sobre o mundo: o mundo é que age sobre

ela. Isso representa algo pouco lisonjeiro” (SKINNER, 1972, p.165).

O ideal é transferir o controle da situação ambiental para o próprio

sujeito de forma que a pessoa se torne auto-controlável, auto-suficiente

(MIZUKAMI,1986; MOROZ,1993). Do ponto de vista comportamental se não é

possível impedirmos que o ambiente determine o desenvolvimento das emoções,

motivações, pensamentos e comportamentos, por outro lado se faz necessário a

emancipação do homem sobre as estruturas (família, escola, sociedade, etc.) para

que ele possa adquirir consciência dessas ações e estruturas que estão

determinando seu comportamento, possibilitando que assuma a direção de sua

própria vida, a partir de seu auto-conhecimento (TORÓS, 1996).

Sociedade e cultura são categorias bastante discutidas na obra de

Skinner, uma vez que toda sua proposta tem como meta uma modificação social.

Para ele o ambiente social é a cultura que modela e preserva o comportamento

daqueles que nela vivem (SKINNER, 1973). A cultura é definida, então como sendo

um conjunto de contingências de reforço. Skinner deve a tese de que a vida do

homem pode ser boa e prazerosa, se as tradições sociais forem substituídas por um

planejamento amplo visando o bem-estar para a grande maioria das pessoas, e para

tal, deve ser aplicada à teoria do reforço.

Uma cultura bem planejada é um conjunto de contingências de reforço, sob o qual os membros se comportam de acordo com procedimentos que mantêm a cultura, capacitam-na a enfrentar emergências e modificam-na de modo a realizar essas mesmas coisas mais eficientemente no futuro (SKINNER, 1980, p.205).

A educação está intimamente ligada à transmissão cultural. São a

educações que transmite conhecimentos, bem como comportamentos éticos,

práticas sociais, habilidades básicas para manipulação e controle do ambiente.

Tendo em vista estes aspectos, parece inegável o poder controlador que a educação

assume. Por outro lado, permanece uma questão de ordem epistemológica: o de se

saber, exatamente, o que se quer ensinar (MIZUKAMI, 1986). Contudo, parece ser

objetivo último da educação que os próprios indivíduos sejam dispensadores dos

reforços que eliciam seus comportamentos.

Referindo-se à educação, Skinner (1969) afirma que “educação é o

estabelecimento de comportamento que seja vantajoso para indivíduo e para os

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outros em um tempo futuro. O educar envolve a atuação de alguém em relação a

outrem.” (p.402) E refletindo sobre os problemas e os métodos de ensino, ele aponta

duas grandes falhas: a primeira está relacionada com a dificuldade de a escola

explicitar de forma clara os objetivos a serem atingidos e a segunda como sendo a

não aplicação de métodos que considerem as leis da aprendizagem, quanto a este

último, não há um planejamento do ensino respeitando o ritmo e repertório de cada

aluno aos comportamentos a serem estabelecidos, e a escola faz uso constante do

controle aversivo (talvez por ser mais fácil de ser obtido, mas não leva à

aprendizagem efetiva) (MOROZ,1993; MIZUKAMI, 1986).

“Existiria uma conspiração de silêncio sobre o ensinar uma habilidade”

(SKINNER, 1987, p.114), apontando para uma total ausência de

trabalhos que façam referência a “como” os alunos são ensinados e a “como”

poderiam ser ensinados.

Visando efetivamente, planejar procedimentos para levar a um

aprendizado de determinados comportamentos desejados, se faz necessário

responder algumas perguntas: (a) que comportamentos serão ensinados?; (b) de

que reforços podem dispor?; (c) que respostas estão disponíveis?; (d) como os

reforços podem ser mais eficientemente planejados? (CAMPOS, 1982).

Para os behavioristas a aprendizagem pode ser definida como: Uma

mudança relativamente permanente em uma tendência comportamental e/ou na vida

mental do indivíduo, resultantes de uma prática reforçadora. (Rocha, 1980, p.28)A

aprendizagem é um processo e, em suas unidades mais primárias ou básicas,

ocorre quando a pessoa, em virtude de determinadas experiências que incluem

necessariamente inter-relações com o contexto, produz respostas novas, modifica as

existentes, ou quando algumas atividades já existentes são emitidas em relação a

aspectos novos do contexto, ou seja, quando o indivíduo estabelece novas relações

entre sua atividade e o ambiente do qual faz parte. (DEL RIO 1996, p. 32). Ainda,”

mudança na probabilidade de respostas, e na maioria dos casos determinada pelo

condicionamento operante” (CAMPOS,1982, p.191).

Tomando as três definições acima, parecem concordar que a

aprendizagem implica em mudanças que ocorrem como resultado de uma

experiência reforçadora. (MASUR apud DEL RIO, 1996).

Ensinar, nesta abordagem, requer um arranjo de contingências, e este

arranjo depende de elementos observáveis onde o comportamento ocorre: um

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evento antecedente, uma resposta, um evento conseqüente (reforço) e fatores

contextuais. Não se pode deixar de frisar que este arranjo e planejamento, de

contingências de reforço que leva ao aluno a aprender são de responsabilidade do

professor.

Ele deverá garantir a aquisição do comportamento. A eficiência na

elaboração e utilização dos modelos depende igualmente de habilidades do

professor. Ele tem um papel importante já que auxilia o aluno, no entanto, ele

precisa estar bem atento para o tipo de auxílio que fornece. Como já foi mencionada

anteriormente, embora a responsabilidade do processo recaia sobre o professor, o

importante é que o processo ensino-aprendizagem, promova no aluno a

incorporação do controle das contingências de reforço, fazendo emergir

comportamentos de auto-governo.

Finalizando, pode-se considerar como pontos relevantes no que tange

ao ensino-aprendizagem, nesta abordagem: o homem enquanto produto do meio e

reativo a ele; e que tanto o meio quanto o homem podem ser controlados e

manipulados; o ensinar passa por um arranjo de contingências para que a

transmissão cultural seja viabilizada; o ensino envolve a aplicação de conhecimentos

científicos à ação pedagógica, técnicas aplicadas diretamente no contexto da sala

de aula. Skinner propõe enquanto projeto educacional formar alunos para o auto-

governo e isto só será possível se houver por parte dos agentes educacionais,

interessados em ensinar e pensar, uma atuação planejada que deverá envolver o

arranjo de contingências de reforço apropriadas e identificar as contingências mais

adequadas para o ensino. (MIZUKAMI, 1986; MOROZ, 1993).

Abordagem construtivista de Jean Piaget

O psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) criou uma psicologia nova,

colocando-a no contexto geral da interação entre sujeito e o meio. A abordagem

construtivista preocupa-se com o desenvolvimento da inteligência, sua estrutura e

esquemas mentais de funcionamento, onde a compreensão da gênese do psiquismo

é feita através do estudo de desenvolvimento infantil.

Durante mais de 50 anos analisando o psiquismo infantil, concluiu que

cada criança constrói ao longo de seu desenvolvimento o seu próprio modelo de

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mundo (GOURLART, 1987). A epistemologia genética é a ciência que explica como

o conhecimento é adquirido, como o indivíduo chega a conhecer.

Para Piaget (1926), “o desenvolvimento é um processo que conduz de

certos estados de equilíbrio aproximado a outros qualitativamente diferentes,

passando por múltiplos desequilíbrios e reequilibrações” (p.11), processo esse em

que a criança desempenha uma função ativa em relação ao seu meio ambiente.

É, portanto, um processo coerente de sucessivas mudanças

qualitativas das estruturas cognitivas, derivando cada estrutura e sua respectiva

mudança, lógica e inevitavelmente, da estrutura precedente. A partir das

experiências vividas ela vai se aproximando do objetivo final que é o raciocínio

abstrato. Sendo assim, “a inteligência é a adaptação mental mais avançada.... é um

ponto de chegada, e suas fontes se confundem com as da adaptação sensório-

motora em geral e, mais adiante, com a adaptação biológica mesma”. (PIAGET,

1926, p.18-19)

A inteligência é, então, considerada como uma extensão de certas

características biológicas e o funcionamento intelectual uma forma especial de

atividade biológica, cujas características fundamentais são: a organização, a

adaptação e a assimilação (BEE, 1977). Para Piaget, a organização e adaptação

não são vistas como processos separados, ou seja, a atividade intelectual não pode

ser separada do funcionamento “total” do organismo (FLAVEL, 1975). As atividades,

intelectual e biológica, são partes do processo global através do qual o organismo se

adapta ao meio e organiza as experiências.

Os processos de organização e adaptação intelectual para serem

entendidos requerem o domínio de quatro conceitos cognitivos básicos, a saber:

esquema, assimilação, acomodação e a equilibração.

• Esquema: Tal termo ajuda entender porque as pessoas apresentam

respostas mais ou menos estáveis aos estímulos, como também os fenômenos

associados à memória. “Esquemas são as estruturas mentais ou cognitivas pelas

quais os indivíduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio”

(WADSWORTH, 1992, p.2).

Os esquemas são estruturas mentais ou cognitivas que organizam as

experiências como elas são percebidas pelo organismo e classificadas em grupos,

de acordo com características comuns (DAVIDOFF, 1983). Novos esquemas não

substituem os anteriores; eles os incorporam resultando numa nova mudança

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qualitativa. Pode-se afirmar, então, que a organização das experiências acontece

por transformações qualitativas ou quantitativas dos esquemas já existentes. Desta

forma surgem os esquemas mentais ou cognitivos.

• Assimilação:

A assimilação é a ação do sujeito sobre o mundo que o rodeia com os

esquemas que já possui, podendo ser visto como um processo cognitivo de

classificar ou colocar novos elementos em esquemas existentes.

• Acomodação:

A acomodação é a tendência para se ajustar a um novo objeto e alterar

os esquemas de ação a fim de se adaptar a tal objeto, sem perder sua continuidade

nem seus poderes anteriores de assimilação. O organismo “muda” a estrutura para

encaixar o estímulo.

Assimilação e acomodação são funções complementares e

representam os dois aspectos imutáveis da inteligência (RAPPAPORT; FI RI;

DAVIS, 1981).

• Equilibração:

Os processos de assimilação e acomodação são necessários para o

crescimento e desenvolvimento cognitivo, sendo de igual importância as

quantidades relativas dos mesmos. As quantidades de tais processos que irão

capacitar a pessoa a detectar diferenças e semelhanças entre os estímulos, uma vez

que cada um desses extremos levaria a um desenvolvimento intelectual normal.

Portanto, um equilíbrio entre assimilação e acomodação é tão necessário quanto os

processos em si, sendo ele o mecanismo autoregulador,necessário para garantir

uma interação eficiente do indivíduo com o ambiente (PULASKI, 1986).

Equilibração é o mecanismo interno que regula esses processos de

assimilação e acomodação. É assim que se processam o crescimento e

desenvolvimento cognitivo em todas as suas fases, ou seja, do nascimento até a

fase adulta, o conhecimento é construído pelo indivíduo.

O processo de acomodação resulta numa mudança qualitativa na

estrutura intelectual (esquema), enquanto que a assimilação somente acrescenta à

estrutura existente uma mudança quantitativa. Piaget descreve o desenvolvimento

intelectual em termos de estágios, onde as pessoas apresentam estruturas

cognitivas qualitativamente diferentes. Estes estágios correspondem à aquisição e

complexidade sucessivas de estreituras lógicas (PIAGET, 1970).

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Para Piaget (1970) os fatores que estão implicados no

desenvolvimento cognitivo são:

(1) a maturação que é a manifestação do potencial herdado, sendo o

mecanismo pelo qual estes limites são estabelecidos e hereditariedade que impõe

limites amplos para o desenvolvimento em qualquer momento;

(2) experiência ativa são aquelas que provocam “assimilação” e

“acomodação”, resultando em mudanças cognitivas (mudanças nas estruturas ou

esquemas);

(3) interação social, intercâmbio de idéias entre pessoas;

(4) equilibração regulador que permite que novas experiências sejam

incorporadas, com sucesso aos esquemas.

Torna-se evidente, a importância do papel da “educação” na

abordagem construtivista, ao criar situações desequilibradoras para o aluno, e que

permitam a construção progressiva das noções e operações mais sofisticadas do

pensamento. A educação é, pois, condição formadora e necessária ao

desenvolvimento natural do ser humano, na medida em que procurará provocar nos

alunos uma busca incessante de novas soluções e estimular também a busca de

novas estratégias de compreensão da realidade (MIZUKAMI, 1986).

A aprendizagem consiste numa aquisição em função do

desenvolvimento, isto é, implica em assimilar o objeto a esquemas mentais. O

conceito de aprendizagem, nessa abordagem, se encontra inserido num processo

mais amplo de desenvolvimento de estruturas mentais (PIAGET; GRÉGO, 1974).

O ensino enquanto reorganizador dos dados da experiência deve

promover um nível desejado de aprendizagem. Desta forma, a função do ensino é

de levar progressivamente, ao desenvolvimento de operações, a fim de impedir a

formação de hábitos, que nada mais é do que a fixação numa única forma de ação,

sem reversibilidade e associatividade (PIAGET, 1970). A relação professor-aluno, na

perspectiva construtivista, se difere da tradicional, onde o professor é simples

transmissor de conhecimento. Cabe ao professor evitar a rotina, fixação de

respostas, hábitos.

Para tal é igualmente necessário que o professor não só conheça e

conviva com seus alunos, observando seus comportamentos, colaborando nas suas

experiências, perguntando, etc., como também é indispensável que ele conheça sua

disciplina, a estrutura da mesma, para que possa propiciar situações

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desequilibradoras aos alunos. É importante lembrar que a teoria piagetiana, não é

uma pedagogia (embora em muitas escolas a tomem assim), mas uma teoria do

conhecimento, do desenvolvimento e como foi, aqui, colocado traz implicações para

o ensino.

Uma das implicações fundamentais é que o desenvolvimento cognitivo

se faz na troca do organismo e o meio, a partir das ações do indivíduo. A ação do

indivíduo constitui o centro do processo e o fator social ou educativo e uma condição

de desenvolvimento (MIZUKAMi, 1986; PULASKI, 1986). Isto aponta para a principal

característica do ambiente no qual o aluno está inserido: ele precisa ser desafiador,

promover desequilíbrios. A motivação se caracteriza por desequilíbrio, necessidade,

carência, contradição, desorganização, etc. Um ambiente com estas características

será propício à motivação intrínseca do aluno.

Goulart (1987) afirma que:

a) Só é possível planejar o ensino quando se conhece bem o

desenvolvimento do aluno e, particularmente, daquele aluno a quem se vai ensinar;

b) O ensino deve ser um elemento facilitador do desenvolvimento e não

entrave a ele ou um processo dele divorciado;

c) Deve-se utilizar uma metodologia ativa, já que o aluno é o agente de

seu próprio desenvolvimento. (p.15)

De onde se pode concluir a necessidade de ordenar os métodos de

ensino sob pontos de vista lógicos e práticos, mas sobretudo escolher os mais

adequados a partir da capacidade de trabalho do aprendiz. A obra de Piaget, sem

dúvida, continua sendo importante referência para a orientação do ensino,

principalmente quando a meta é a formação de indivíduos autônomos.

Abordagem sócio-histórica de Vygotsky

Lev Semenovich Vygotscky (1896-1934) se destaca no contexto da

psicologia e da educação ao centralizarem-se no estudo das funções psicológicas

superiores ou processos mentais superiores sob uma orientação social. Nesta

perspectiva a gênese da psyché humana é indiscutivelmente histórico-cultural, ou

seja, envolve a interação do organismo individual com o meio físico e social em que

vive.

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Vygotsky trabalha com a noção de que a relação homem-mundo não é

relação direta, mas fundamentalmente mediada por sistemas simbólicos. A

linguagem, enquanto sistema simbólico básico para todos aos grupos humanos, irá

ocupar em lugar central na obra de Vygotsky. Ela desempenha duas funções

básicas que são: a de “intercâmbio social” e “pensamento generalizante” e esta sua

função generalizante a torna um instrumento do pensamento (VYGOTSKY, 1989).

Compreender a relação entre pensamento e linguagem é fundamental para a

compreensão do funcionamento psicológico do ser humano (OLIVEIRA, 2000).

A contribuição da obra de Vygotsky para os temas, desenvolvimento

humano, o aprendizado e as relações entre desenvolvimento e aprendizado é

incontestável. Vygotsky procura compreender a origem do desenvolvimento dos

processos psicológicos ao longo da história da espécie humana e da história

individual. Ao enfatizar o desenvolvimento, utiliza uma abordagem genética e que

também está presente na teoria de Piaget. Contudo, diferentemente de Piaget, não

chegou a elaborar uma concepção estruturada de desenvolvimento humano. O que

Vygotsky oferece são reflexões e dados de pesquisas referentes a vários aspectos

de desenvolvimento. Paralelamente às preocupações com o desenvolvimento, ele

enfatiza a importância do aprendizado, afirmando que:

Aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança (...), aprendizado não é desenvolvimento; entretanto, o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer. “Assim o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas, culturalmente organizadas e especificamente humanas”. (VYGOTSKY, 1996, p.110-118)

No que tange à relação processo de desenvolvimento e maturação, irá

também se diferenciar de Piaget. Enquanto Piaget, considera, a maturação do

organismo como fundamental, pois é ela que permite ao indivíduo agir sobre o

mundo, levando conseqüentemente ao desenvolvimento cognitivo, Vygotsky postula

que a maturação é importante, mas é o aprendizado que permite o despertar dos

processos internos de desenvolvimento, se não acontecer o contato do indivíduo

com o ambiente cultural, o processo de desenvolvimento fica comprometido

(VYGOTSKY, 1996).

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Por exemplo: se um indivíduo está inserido num grupo cultural que não

dispõe de um sistema de escrita e caso ele permaneça isolado nesse meio, jamais

será alfabetizado, mesmo possuindo todos os requisitos inatos necessários para tal.

Por causa da ênfase que dá aos processos sócio-históricos, aprendizado implica em

interdependência dos indivíduos participantes do processo. “O ensino-aprendizagem

inclui: aquele que aprende, aquele que ensina e a relação entre essas pessoas”

(OLIVEIRA, 2000, p. 57).

Um conceito indispensável, neste modelo, na compreensão da relação

desenvolvimento e aprendizado é o de “zona de desenvolvimento proximal”.

Vygotsky, denomina: “nível de desenvolvimento real, a capacidade de

realizar tarefas deforma independente, ou seja, este nível define funções que já

amadureceram, constituindo produtos finais do desenvolvimento, já consolidados”. O

“nível de desenvolvimento potencial” é a capacidade de a criança desempenhar

tarefas auxiliadas por um adulto, são funções ainda não amadurecidas, mas que se

encontra em estado embrionário. O “nível de desenvolvimento real” caracteriza o

desenvolvimento mental retrospectivamente, enquanto o nível de desenvolvimento

potencial caracteriza o desenvolvimento mental.

A partir da diferença destes dois níveis, Vygotsky (1996) postula zona

de desenvolvimento proximal como sendo: “a distância entre o nível de

desenvolvimento real que se costuma determinar através da solução independente

de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da

solução de problemas, sob a orientação de um adulto ou em colaboração com

companheiros mais capazes” (p.112).

A zona de desenvolvimento proximal é, pois, um domínio psicológico

em constante transformação: “aquilo que uma criança é capaz de fazer com a ajuda

de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã” (OLIVEIRA, 2000, p.60).

Esta concepção deixa claro que o estado do desenvolvimento mental

de uma criança só pode ser determinado se forem revelados os seus dois níveis: o

“real” e o “proximal”.Devido à relevância da relação do indivíduo com seu ambiente

sócio cultural, sem a qual o organismo não se desenvolve plenamente, é na zona de

desenvolvimento proximal que a ação de outros indivíduos é mais transformadora.

Neste sentido, a concepção de Vygotsky exerce uma implicação direta

no ensino, onde a escola passa a ter um papel indispensável, uma vez que o

aprendizado, como já foi ressaltado, impulsiona o desenvolvimento.

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Mas a escola só desempenhará bem o seu papel, se ela for capaz de

dirigir o aprendizado para etapas intelectuais ainda não consolidadas pelos alunos.

Por outro lado, a eficácia desta ação só será possível na medida em que o

“mediador”, neste caso o professor, conheça bem o nível de desenvolvimento

potencial de seus alunos.

Fica claro que para o indivíduo que freqüente a escola, o aprendizado é

o impulsionador mais importante do seu desenvolvimento, onde professor é quem irá

interferir diretamente na zona de desenvolvimento proximal dos alunos, provocando

“saltos” que não aconteceriam espontaneamente (OLIVEIRA, 2000). “O único bom

ensino é o que se adianta ao desenvolvimento” (VYGOTSKY, 1988, p.114).

Com relação à atividade escolar, não é só a mediação do professor

que provoca modificações no desenvolvimento dos alunos, mas a interação dos

alunos entre si. Como o grupo de alunos é sempre heterogêneo, aqueles mais

adiantados poderão contribuir substancialmente no desenvolvimento dos outros.

Oliveira (2000), afirma que “é impossível pensar o ser humano privado

no contato com o grupo cultural, que lhe fornecerá os instrumentos e signos que

possibilitarão o desenvolvimento das atividades psicológicas mediadas, tipicamente

humanas”. (p. 79)

O aprendizado, nesta concepção, é o processo fundamental para a

construção do ser humano. O desenvolvimento da espécie humana e do indivíduo

dessa espécie está, pois, baseado no aprendizado que, para Vygotsky, sempre

envolve a interferência, direta ou indireta, de outros indivíduos e a reconstrução

pessoal da experiência e dos significados.

Ao terminar este capítulo, onde se procurou explicitar os principais

aspectos das três abordagens apresentadas e as implicações diretas de cada uma

delas na aprendizagem, uma questão nos remete a um problema crucial na área da

educação: a relação entre propostas teóricas e prática pedagógica.

Observamos, de forma bastante freqüente no contexto educacional

brasileiro, a escolha de um referencial teórico para a compreensão do fenômeno

educativo, com a ingênua convicção que este solucionaria as questões concretas da

prática em sala de aula. Isto é, com certeza, uma postura questionável.

Não parece adequado também perguntar “qual é a melhor teoria”: a de

Skinner, Piaget ou Vygotsky? No confronto das três, aqui abordados (existem ainda

muitas outras, como já foi assinalado), constatamos inegáveis contribuições que elas

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legaram à área da educação e da psicologia, embora apresentando diferenças

marcantes. Antes de descartar entre uma ou outra, ou buscar agrupá-las como se

fossem equivalentes, o aprofundamento teórico em cada uma destas concepções,

certamente suscitará maiores reflexões sobre o objeto que se está estudando. No

nosso caso particular se busca melhor compreender os “estilos de aprendizagem”

enquanto característica daquele que aprende e ensina, inseridos neste contexto

mais amplo que é o processo ensino-aprendizagem.

Verifica-se que, tanto Skinner quanto Piaget e Vygotsky, ressaltam a

relevância da relação entre o indivíduo e o ambiente na construção dos processos

psicológicos, embora que, para Skinner, o indivíduo recebe mais passivamente a

ação do meio, diferentemente dos outros dois, onde o indivíduo é ativo em seu

próprio processo de desenvolvimento.

Por outro lado, é inegável para as três abordagens o lugar fundamental

da educação. A escola, enquanto agência social tem uma responsabilidade na

promoção do aprendizado e do desenvolvimento psicológico dos indivíduos, onde o

professor ocupa um papel de grande importância na mediação desta trajetória. Por

isso, é fundamental que o professor possa conhecer melhor as características

individuais de seus alunos, sua forma de aprender, como também sua forma de

ensinar a sua própria disciplina. E assim poderá proporcionar aos alunos uma maior

compreensão de como eles próprios se relacionam com o conhecimento e como é

sua maneira de aprender.

Tal afirmação colabora para melhor compreensão do objeto deste

trabalho: os “estilos de aprendizagem”. O processo de desenvolvimento considerado

na sua relação com a aprendizagem, leva o sujeito a construir formas que lhes

sejam mais adequadas de responder ao meio, ou seja, estabelecem formas

preferenciais de como aprender, lembrar, perceber, ou decidir algo, enfim de “ser”.

Esse conjunto de habilidades e competências individuais compõe o sistema de

personalidade dos indivíduos. As três abordagens da aprendizagem apresentadas

apesar de percorrem caminhos diferentes para explicar o desenvolvimento cognitivo

do indivíduo, acabam por se convergir em um mesmo resultado: determinam os

diferentes estilos de aprendizagem e subsidiam os educadores e pesquisadores a

identificar tais diferenças.

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O sujeito acabará sempre por construir estilos particulares de respostas

independentemente da ênfase dada pelas teorias à “soberania do meio ambiente”,

“da relação sujeito mundo” ou “processo de mediação”.

Projeto Pedagógico e Curricular do Curso de Odontologia

O que se conhece sobre o Projeto Pedagógico? Como podemos utilizar

os conhecimentos por eles fornecidos no Curso de Odontologia?

Por isso, logo a seguir apresentaremos algumas reflexões sobre ele

porque o seu conhecimento é indispensável para o exercício competente do

cirurgião dentista indicador de intervenção no processo de ensino aprendizagem no

preparo pedagógico dos professores dos recursos de aprendizagem e à medida que

devemos ter para oferecer aos nossos alunos, uma educação ampla, abrangendo

Ciências Sociais e Humanas, integrando o Curso de Odontologia na Universidade da

qual faz parte e na sociedade onde está inserido.

É objetivo geral do curso, segundo o Projeto Pedagógico e Curricular

da Universidade pesquisada, formar o cirurgião dentista apto a enfrentar os desafios

do novo milênio, capaz de buscar soluções para os graves problemas de saúde que

afligem a sociedade e procurar fazer que as descobertas científicas e tecnológicas

sejam utilizadas, com eqüidade, para o bem de toda a humanidade.

São objetivos do Projeto: “levar à formação de profissional competente,

capaz de responder a uma demanda não só específica de sua área de atuação, mas

global da sociedade, enquanto cidadão.”

Constam do referido Projeto as seguintes posições Pedagógicas e

Curriculares: a garantia do contato dos alunos de Odontologia com as realidades de

saúde e sócio - econômicas da comunidade, desde a primeira série do Curso de

Odontologia; a realização de um processo educativo, interativo e construtivo;

Embora este curso apresente método tradicional o Curso de

Odontologia considera o aluno o elemento importante do aprendizado. Este aluno é

exposto a situações motivadoras, nos grupos de estudo, é incentivado a estabelecer

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objetivos cognitivos dentro dos objetivos gerais e específicos de cada disciplina que

compõem a matriz curricular. Os estágios, as atividades laboratoriais, pesquisas via

internet e os vídeos completam a sua formação.

Ser “gerenciador” do próprio conhecimento haveria de ser motivação

suficiente como justificativa para a busca de uma aprendizagem mais dinâmica e a

criação de uma metodologia mais adequada à agilidade do pensamento.

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CAPÍTULO III

Não basta somente fazer, Nem tampouco pensar. Nem é o bastante simplesmente fazer e pensar. Aprender por meio da experiência deve envolver um vínculo entre o fazer e o pensar. (KOLB, 1984).

ESTILOS DE APRENDIZAGEM E ESTILOS COGNITIVOS

Origem e Conceitos

O foco deste estudo são os Estilos de Aprendizagem. Faremos aqui

referências sobre o Estilo Cognitivo e o Estilo de Aprendizagem, tendo em vista que

grande parte da literatura ventila estes dois conceitos concomitantemente. Após

essa abordagem inicial, serão focalizadas, especificamente, as cogitações sobre o

Estilo de Aprendizagem.

Há teóricos e pesquisadores que utilizam os termos Estilo Cognitivo e

Estilo de Aprendizagem sem diferenciá-los conceitualmente, ao passo que outros

acreditam ter ambos esses termos o mesmo significado, razão por que podem ser

usados indistintamente. Entwistle (1991) acredita que os dois termos são similares e

os usa intercaladamente, outros como, por exemplo, Pennings e Span (1991)

consideram os dois termos diferentes e tentam defini-los segundo conceituações

diversificadas.

De acordo com Riding e Cheema (1991), os estudos sobre Estilos de

Aprendizagem e Estilos Cognitivos datam de 1883, pelo menos experimentalmente,

com trabalho de Galton. Esses autores destacam também, o fato de que o termo

Estilo Cognitivo foi utilizado em 1937 por Allport, e descrito como um modo típico e

habitual de a pessoa resolver problemas, pensar sobre eles, percebê-los e lembrar-

se de fatos ou situações.

Os resultados de pesquisas nessa área foram em grande número e

tiveram popularidade durante a década de 60 e início dos anos 70. Nas duas

décadas subseqüentes, o assunto atraiu pouco interesse dos pesquisadores;

recentemente, porém, é objeto constante de estudos por parte de indivíduos

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envolvidos com ensino e treinamento (RIDING; CHEEMA, 1991; SANTOS, BARIANI,

CERQUEIRA, 2000).

Segundo Pennings e Span (1991), tanto os Estilos Cognitivos como os

Estilos de Aprendizagem relacionam-se à forma e não ao conteúdo daquilo que se

pensa, sabe, percebe, lembra, decide ou aprende. Estilos Cognitivos, no entanto,

parecem dizer respeito a estratégias de processamento de informações para

resolução de problemas, e ao Estilo de Aprendizagem interessa o modo como os

alunos interagem com as condições de aprendizagem, incluindo aspectos cognitivos,

afetivos, físicos e ambientais relacionados ao processo de aquisição das

informações.

Estes autores sustentam que, apesar de cada conceito ter a sua

origem e história, existe neles pressupostos comuns como estes a seguir:

• Em cada um dos estilos o processamento da informação ambiental,

como tentativa de adaptação ao meio ambiente, leva as pessoas à aquisição de

estruturas de conhecimento utilizadas para regular o seu comportamento.

• Ambos os estilos incluem capacidade de percepção, pensamento,

memória, aprendizagem, motricidade e resolução de problemas, e aplicam-se às

diferentes situações relacionadas com estas funções.

• Os estilos são padrões de adaptação típicos e específicos dos seres

humanos, e não são observados diretamente, mas sim inferidos por meio da

observação.

• O desenvolvimento dos estilos ocorre com base na utilização

repetida de determinadas estratégias na execução de tarefas diferentes, com

similares exigências e condições adaptativas.

• Em ambos os estilos, os indivíduos são mais eficientes em situações

para as quais desenvolvem padrões de adaptação adequados.

• Pressupõe-se que a melhor adaptação a longo prazo é otimizada

pela modificação do estilo não determinante.

As diferenciações entre os dois conceitos, identificados por Pennings e

Span abordam os seguintes aspectos:

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• Os estilos cognitivos ligam-se à tradição diferencial e experimental

no domínio da percepção visual, ao passo que os Estilos de Aprendizagem

relacionam-se às variações das condições educativas em que o aluno aprende

melhor, e às diferenças da estrutura adaptativa do aluno durante o processo de

aprendizagem escolar.

• Os Estilos de Aprendizagem são mais facilmente reconhecidos pelos

professores, e pressupõe-se que poderão ser usados na tomada de decisões tendo

em vista melhor adequação do ensino.

Riding e Cheema (1991) apontam como diferença entre os Estilos

Cognitivos e Estilos de Aprendizagem, o número de elementos relacionados.

O Estilo de Aprendizagem engloba vários elementos os quais não são

extremos, ou seja: é isto ou aquilo. Relacionam-se esses elementos à forma como

interagem com as condições sob as quais processam a informação, abrangendo

aspectos cognitivos, afetivos, físicos e ambientais, ao passo que o Estilo Cognitivo

apresenta uma dimensão bipolar entre o indivíduo e sua aprendizagem, ou seja,

relaciona-se às estratégias para processamento das informações e de resolução de

problemas.

Segundo Riding e Cheema (1991), o Estilo Cognitivo e o Estilo de

Aprendizagem têm sido vistos de 3 modos distintos: como uma estrutura, como um

processo ou como estrutura e processo.

Quando considerados o estilo como uma estrutura, pressupomos uma

estabilidade ao longo do tempo e a necessidade de se adaptarem às necessidades

educacionais ao aprendiz.

Se os estilos são considerados processo, são vistos como dinâmicos,

e, como se modificam, buscam fortalecer suas potencialidades e compensar

prováveis fragilidades.

Se o conceito de estilo engloba estrutura e processo, admite-se ser

esse processo relativamente estável, passível de ser modificado na medida em que

novos eventos o influenciam direta ou indiretamente.

Esses 3 modos de entender os estilos vão evidenciados nas diferentes

concepções registradas pela literatura.

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Almeida (1992), referindo-se a Pennings e Span (1991), define Estilo

Cognitivo como formas pessoais e características de análise dos conhecimentos

externos de organização e processamento da informação e experiência, ou

resolução de problemas.

Gardner; Holzman; Klein; Linton e Spence (1959 apud PENNINGS;

SPAN 1991, p. 99), conceituam Estilo Cognitivo como “processos internos (intra-

indivíduos) de controle cognitivo, enquanto formas características de integração dos

conhecimentos externos”.

Messick (1984) define Estilos Cognitivos como uma propriedade

estrutural do próprio sistema cognitivo, havendo modos característicos e auto-

conscientes da percepção, recordação, pensamento e resolução de problemas,

existindo, portanto, uma maneira ou forma característica pelas quais as pessoas

pensam, aprendem e se relacionam umas com outras pessoas.

Assim, segundo Messick, os Estilos Cognitivos podem ter relevância

não apenas para o processo de aprendizagem individual em várias áreas do

conhecimento, mas também para as interações humanas na escola, nas famílias e

em diversos grupos sociais.

Quanto às definições de Estilo Cognitivo, notamos algumas

sobreposições de características nas várias concepções. Há pesquisadores que

incluem fatores psicológicos, de personalidade e de meio ambiente; outros

referentes somente a fatores psicológicos.

Messick (1984) destaca, ainda que, embora a variedade de

caracterização de Estilo Cognitivo seja fonte de confusão neste campo de pesquisa,

os vários conceitos existentes são sobrepostos ao invés de mutuamente exclusivos,

e propõe, então, estas três alternativas para as diferentes concepções de Estilo

Cognitivo:

• A primeira refere-se às diferenças individuais consistentes em

propriedades da estrutura cognitiva, como o grau de diferenciação conceitual, de

discriminação ou de articulação, ou da integração hierárquica das unidades

cognitivas.

• A segunda define Estilo Cognitivo como modos auto-conscientes de

percepção, reflexão, recordação e resolução de problemas.

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• A terceira refere-se a Estilo Cognitivo como preferências cognitivas,

ou seja, os modos característicos pelos quais as pessoas preferem conceituar e

organizar as informações.

Deste modo, todas essas concepções alternativas implicam no fato de

que os Estilos Cognitivos são diferenças individuais nos modos de organizar e de

processar as informações e experiências, ao passo que o conceito de Estilo de

Aprendizagem é utilizado em aplicações educacionais e de treinamento, reservando-

se a interesses práticos e orientados, portanto, para a ação. Fica clara então a razão

por que o termo Estilo Cognitivo é empregado em descrições teóricas e acadêmicas.

O Estilo de Aprendizagem, segundo Reynolds e Gerstein (1992), é

considerado de forma multidimensional, envolvendo preferências perceptuais,

visuais, auditivas e táteis; um meio físico necessário: som, iluminação, temperatura;

preferência por um determinado meio social: preferindo aprender individualmente ou

em grupos; diferentes horas do dia: manhã, tarde, noite além de um tipo de

motivação e de valor.

As definições de Estilos de Aprendizagem emprestam variadas

conotações ao termo, referindo-se a tipos de personalidade, a processos cognitivos,

a fatores ambientais ou a variáveis afetivas.

Citamos a definição de Keefe (1988) para Estilos de Aprendizagem, já

referida anteriormente, considerando-os como comportamentos cognitivos e afetivos,

que se apresentam relativamente estáveis indicando a via de como os aprendizes

compreendem, interagem e respondem ao ambiente de aprendizagem.

Referindo-se a Estilos de Aprendizagem, Curry (1983) estabelece uma

curiosa analogia com as camadas de uma cebola, visando auxiliar-nos à

compreensão das múltiplas facetas deste conceito. De acordo com o autor, na

camada externa da cebola localizam-se as preferências instrucionais, ou seja,

preferências referentes às escolhas individuais do meio no qual se aprende, sendo

esta a dimensão mais vulnerável a modificações, por estar mais exposta, e, portanto,

susceptível às influências de diferentes aspectos do ambiente de aprendizagem.

A segunda camada desta hipotética estrutura diz respeito ao

processamento das informações, sendo a via de acesso intelectual das pessoas

utilizada para assimilar a informação, considerando-se que durante o processamento

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não há envolvimento direto do meio. É entendida essa dimensão como mais estável

do que a primeira dimensão, mas, apesar disso, ainda pode ser mutável por

estratégias educacionais de aprendizagem.

A terceira camada da cebola é a mais interna e seria simbolizada pelo

estilo cognitivo de personalidade, considerado como o modo utilizado pelo indivíduo

para adaptar e assimilar as informações. Essa camada não interage diretamente

com o meio, sendo, assim, uma dimensão relativamente permanente da

personalidade, expressa de forma indireta e detectável apenas quando o

comportamento do indivíduo é observado em muitas instâncias da aprendizagem.

A seguir, selecionamos algumas das definições mais expressivas de

Estilos de Aprendizagem, com uma breve análise de suas particularidades.

Schmeck (1982) define Estilos de Aprendizagem como aquele estilo

que uma pessoa manifesta quando se confronta com uma tarefa de aprendizagem

determinada e complementa, dizendo que é também uma predisposição do aluno

em adotar uma estratégia particular de aprendizagem, independentemente das

exigências específicas das tarefas.

Entwistle (1988) considera Estilo de Aprendizagem como uma

orientação do indivíduo para a aprendizagem, ou seja, a consistência na abordagem

que um aprendiz demonstra na realização de tarefas específicas de aprendizagem.

Para Dunn, Dunn e Price (1979), o Estilo de Aprendizagem é definido

como uma maneira pela quais dezoito elementos distintos, procedentes de quatro

grupos de estímulos básicos (ambiental, emocional, sociológico e físico), afetam a

habilidade de um indivíduo para absorver e reter a informação. Os elementos

básicos citados pelos autores são:

- Ambientais: luminosidade, temperatura, ambiente formal x informal, odores

e som;

- Emocionais: responsabilidade, motivação, persistência e necessidade de

estrutura;

- Sociológicos: aprender sozinho, com colegas, com adultos, ou de forma

variada;

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- Físicos: horário do dia, modalidades preferenciais de atenção e

necessidade de alimento e/ou de movimentar-se durante a aprendizagem.

A crítica freqüente a esta definição consiste na ausência do elemento

inteligência, deixando de lado aspectos importantes no processo de aprendizagem,

como a reflexão, a análise e a generalização.

Dunn (1986) apresenta o conceito de Estilo de Aprendizagem

baseando-se em condições por meio das quais as pessoas concentram-se,

absorvem, processam e retêm informações e habilidades. Segundo a autora, poucas

pessoas são influenciadas por todos os quatro grupos de estímulos propostos. A

maioria dos indivíduos é influenciada por 14 ou 16 desses elementos elencados

pelos autores na sua maneira de aprender.

Considera, ainda, a autora que encontra uma variedade de Estilos de

Aprendizagem entre os grupos familiares, acadêmicos e culturais, o que sugere a

coexistência de diversos Estilos de Aprendizagem, ainda que possa ocorrer a

predominância de um determinado tipo.

Por essa concepção, somos levados a considerar que nenhum Estilo

de Aprendizagem haveria de ser melhor que o outro, e concordamos com a autora

quando esta sugere que uma das causas dos problemas de aprendizagem

decorrentes destes consiste na existência de uma incompatibilidade, entre as

estratégias de ensino adotadas pelo professor e os Estilos de Aprendizagem

predominantes entre os alunos.

Apesar da variedade de definições, é de se ver que os estudiosos têm

concordado em um aspecto: os diferentes conceitos não implicam distintos níveis de

habilidade, capacidade ou inteligência. Trata-se de um modo preferencial de os

indivíduos a usarem suas habilidades, não havendo Estilos de Aprendizagem bons e

maus, mas apenas diferentes.

Considerando a dificuldade de distinção entre o Estilo Cognitivo e o

Estilo de Aprendizagem, e optando por abordar o que alguns autores que apontam

como característica de um estilo denominado Estilo de Aprendizagem procuramos

neste trabalho limitar esse conceito considerando as afirmações dos autores que

definem como Estilos de Aprendizagem as condições por meio das quais os

indivíduos percebem e processam as informações, ou seja, como esses indivíduos

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61

interagem mediante as condições de aprendizagem que englobam aspectos

cognitivos, afetivos, biológicos, ambientais e psicológicos.

Tomamos aqui a teoria de David A. Kolb por referencial prioritário, uma

vez que a população por ele estudada centrou-se em indivíduos adultos, coincidindo

com os sujeitos - alvo desta pesquisa .

A Teoria da Aprendizagem Experimental de David A. Kolb

Tomamos a Teoria de David Kolb de cuja experiência citada

anteriormente (Objeto de Estudo), para uma melhor visão de sua Teoria da

Aprendizagem Experimental, dado o valor e a oportunização de seus estudos

relativos ao aprender, em especial, nas escolas.

David Kolb (1976) iniciou seus estudos sobre Estilos de Aprendizagem

a partir de 1971, e desenvolveu uma linha de pesquisas que percebe os estudantes

como uma população alvo, por serem dependentes do êxito permanente em um

mundo em constantes mudanças, o que exige capacidades para examinar novas

oportunidades e o aprender com sucessos e fracassos.

Kolb tem-se direcionado ao conhecimento de como aprendemos, como

assimilamos as informações, como solucionamos problemas e tomamos decisões.

Esses estudos o levaram a propor um Modelo denominado Experimental, para

enfatizar a importância que ele atribui a experiência, no processo de aprendizagem.

Segundo Kolb (1985, p. 26), a Teoria da Aprendizagem Experimental

define-se como “o processo pelo qual o conhecimento é criado através da

transformação da experiência”.

Com bases nas características da Aprendizagem Experimental

apresentam-se três proposições:

• Concebe-se a aprendizagem como um processo, não centrado

apenas em resultados, mas como um processo que pode ser constantemente

formulado ou reformulado.

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• Entende a aprendizagem como um processo contínuo,

fundamentado na experiência, ou seja, todo conhecimento é derivado de uma

experiência de aprender.

• Encara o processo de aprendizagem como uma busca de resolução

de conflitos entre modos dialéticos de adaptação ao mundo, isto é, a aprendizagem

da capacidade da resolução de conflitos entre a experiência concreta (“o sentir”) e a

conceituação abstrata (“o conceituar”) e conflitos entre observação reflexiva (“o

observar”) e a experimentação ativa (“o fazer”).

O autor considera a aprendizagem como um processo holístico de

adaptação humana, social e psicológica ao meio, jamais podendo ser considerada

isoladamente de outros aspectos do ser humano. É, portanto, um processo ativo e

auto-dirigido, que pode ser aplicado todos os dias da vida, não necessitando de

situações específicas de aprendizagem.

Para Kolb (1985), o aprendizado é o processo pelo qual ocorre o

desenvolvimento do indivíduo. A Teoria da Aprendizagem Experimental enfatiza a

relação entre características internas dos indivíduos e as circunstâncias externas,

entre o conhecimento pessoal e o social, sem, no entanto, desconsiderar a realidade

da maturação biológica e as realizações do desenvolvimento.

Para o autor, a forma de aprendizagem pode ser descrita pelo nível de

estrutura integrativa dos quatro modos de aprendizagem, ou dimensões da

aprendizagem:

• Estrutura afetiva na experiência concreta, resultando em vivência de

sentimentos maiores.

• Estrutura perceptual na observação reflexiva, resultando em

observações mais aguçadas e em diferentes perspectivas.

• Estrutura simbólica na conceituação abstrata, culminando na

elaboração de conceitos mentais mais apurados.

• Estrutura comportamental na experimentação ativa, originando

ações maiores e mais complexas.

Nos estágios iniciais da aprendizagem, a progressão ao longo de cada

uma das quatro dimensões pode ocorrer com relativa independência; nos estágios

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mais elevados, porém, o comprometimento adaptativo para o aprendizado produz

uma necessidade de integração destes quatro modos de aprendizagem.

Com base na Teoria da Aprendizagem Experimental, Kolb (1984)

define Estilo de Aprendizagem como um modo de aprendizagem relativamente

estável, que deriva de configurações consistentes das transações entre o indivíduo e

o meio, de acordo com os modos predominantes pelos quais aprendemos e lidamos

com as idéias e com as situações do dia a dia.

Assim, Kolb, propõe um modelo de aprendizagem experimental

baseado em um processo cíclico de quatro etapas, encadeadas da seguinte

maneira, conforme o Quadro 1, a seguir.

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QUADRO 1 - As quatro etapas do Ciclo de Aprendizagem e seus pontos fortes na

aprendizagem

Experiência Concreta (EC)

Etapa do Ciclo de Aprendizagem que enfatiza a relação

pessoal do estudante com outras pessoas nas

situações diárias. Nessa etapa, o estudante tende a

confiar mais em seus sentimentos do que em um

enfoque sistemático dos problemas e das situações.

Em uma situação de aprendizagem, o estudante confia

mais em seu critério amplo e em sua capacidade de

adaptação às mudanças.

Aprendizagem como resultado dos sentimentos

• Aprender como resultado de experiências

específicas.

• Relacionar-se com as pessoas.

• Ser sensível aos sentimentos e às pessoas.

Observação Reflexiva (OR)

Etapa do Ciclo de Aprendizagem, em que se

compreendem as idéias e as situações provenientes de

diferentes pontos de vista. Em uma situação de

aprendizagem, o estudante confia na paciência, na

objetividade e em um juízo cuidadoso, porém, não

toma necessariamente nenhuma ação. Confia nos

próprios pensamentos e sentimentos para formular

opiniões.

Aprendizagem por meio da observação e da audição

• Observar cuidadosamente antes de fazer um juízo.

• Ver as coisas de diferentes perspectivas.

• Buscar o significado das coisas.

Conceituação Abstrata (CA)

Nessa etapa, a aprendizagem compreende o uso da

lógica e das idéias, mais que o uso dos sentimentos,

para o estudante compreender os problemas ou as

situações. Em geral, confia na planificação sistemática

e desenvolve teorias e idéias para resolver os

problemas.

Aprendizagem por meio de Raciocínio

• Analisar com lógica as idéias.

• Planificar sistematicamente.

• Atuação baseando-se na compreensão intelectual

de uma situação.

Experimentação Ativa

A aprendizagem, nessa etapa, toma a forma ativa – o

estudante experimenta com a intenção de influenciar

ou modificar situações, e tem um enfoque prático e um

interesse pelo que realmente funciona, em oposição à

mera observação de uma situação. Aprecia o

cumprimento das coisas e gosta de ver os resultados

de sua influência e generosidade.

Aprendizagem por meio da ação

• Habilidade para cumprir as tarefas.

• Envolver riscos.

• Influenciar pessoas e acontecimentos por meio da

ação.

Fonte: KOLB, (1993, p.22 ). Edição revisada em 1999.

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As quatro etapas do Ciclo de Aprendizagem são assim descritas por

Kolb:

1º Experiência Concreta – EC (aprendendo pela

experiência): aprender por meio dos sentimentos e do uso dos

sentimentos, aprender baseando-se em experiências

específicas (lidando com as pessoas, ouvindo-as, tocando-

as...)

2º Observação Reflexiva - OR (aprendendo pela reflexão):

aprender observando cuidadosamente antes de fazer

julgamentos, observar soluções possíveis de diferentes

perspectivas e procurar o significado das coisas.

3º Conceituação Abstrata – CA (aprendendo pelo

pensamento): a aprendizagem nesta etapa compreende a

análise lógica das idéias, o planejamento sistemático e a

compreensão intelectual de uma situação ou informação.

4º Experimentação Ativa – EA (aprender fazendo): a

aprendizagem nesta etapa adquire uma forma ativa,

influenciando pessoas e acontecimentos por meio da ação,

correndo riscos e mostrando habilidade em “fazer algo com a

aprendizagem”.

Como referido anteriormente, Kolb (1984) posicionou as duas

dimensões ou modos de aprendizagem da experiência concreta e conceituação

abstrata ao longo de um eixo vertical, sendo que este último foi colocado na parte

inferior do eixo, e combinou-os com as dimensões da observação reflexiva e da

experimentação ativa colocadas em um eixo horizontal; estando esta última

posicionada do lado esquerdo. Isto resultou em um gráfico de quatro extremidades,

como mostra a Figura 2, a seguir.

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FIGURA 2 - Os quatro modos (ou Dimensões) da Aprendizagem de David Kolb

Conceituação Abstrata (CA)

(pensamento)

Observação Reflexiva (OR)

(observação/reflexão)

Experimentação Ativa (EA)

(ação)

Experiência Concreta (EC)

(percepção/sensação)

Fonte: KOLB, 1984.

1- A parte superior do eixo vertical, ou posição de 12 horas no relógio foi

definida como Experiência Concreta, ou Dimensão Concreta.

2- A extremidade direita do eixo horizontal, ou posição de 3 horas no relógio,

foi designada Observação Reflexiva, ou Dimensão da Reflexão.

3- A parte inferior do eixo vertical ou posição de 6 horas no relógio, foi

nomeada Conceituação Abstrata, ou Dimensão Abstrata.

4- A extremidade esquerda do eixo horizontal ou posição de 9 horas, foi

designada Experimentação Ativa, ou Dimensão da Ação.

Segundo o autor, como já foi mencionado anteriormente, a experiência

adquirida por meio dos sentimentos (Experiência Concreta) e transformada por meio

da observação da experiência em várias perspectivas (Observação Reflexiva)

resulta no que pode ser denominado Estilo Divergente. A experiência adquirida por

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meio da compreensão e análise das informações (Observação Reflexiva) e

transformada por meio de uma lógica teórica resulta no Estilo Assimilador. Ao passo

que a experiência obtida por meio do pensamento e compreensão intelectual de

uma situação ou de informações (Conceituação Abstrata) e transformada por meio

da ação, tem como resultado o Estilo Convergente, quando essa experiência é

alcançada pela habilidade em fazer coisas (Experimentação Ativa) e transformada

com base em experiências específicas (Experiência Concreta), resulta no Estilo

Acomodador.

Kolb, então posicionou, em cada um dos quadrantes, um dos tipos de

Estilo de Aprendizagem que havia norteado (conforme referido no Capítulo I desta

pesquisa) conforme visualizado a seguir, no Quadro 2.

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QUADRO 2 - Os quatro tipos de Estilos de Aprendizagem de David Kolb.

Convergente Combina as etapas de aprendizagem da Conceituação Abstrata e da Experimentação

Ativa.

As pessoas que se inclinam por esse tipo de aprendizagem se destacam quando se trata

de encontrar o uso prático das idéias e teorias. Se esse é o Estilo de Aprendizagem

preferido, essa pessoa tem a capacidade de resolver problemas e tomar decisões que se

baseiam em encontrar soluções para questões ou problemas, e prefere manejar

situações ou problemas técnicos e não temas sociais e interpessoais. Estas habilidades

de aprendizagem são importantes por serem eficazes em carreiras técnicas e de

especialização.

X

X

Divergente Combina as etapas de aprendizagem da Experiência Concreta e da Observação

Reflexiva.

As pessoas que se inclinam por esse tipo de aprendizagem atuam melhor quando se

trata de observar situações concretas de diferentes pontos de vista, e sua maneira de

enfrentar as situações consiste em observar em vez de atuar. Se esse é o estilo

preferido de uma pessoa, se aconselha que ela aproveite as situações que requerem

que gere uma gama de idéias, como em uma sessão de tempestade de idéias brilhantes

(brainstorming). Provavelmente, essa pessoa deve Ter muitos interesses culturais e deve

gostar de reunir informações. Esta capacidade imaginativa e de sensibilidade aos

sentimentos é necessária para serem eficaz nas carreiras de arte, espetáculos em geral

e serviços.

Assimilador Combina as etapas de aprendizagem da Conceituação Abstrata e da Observação

Reflexiva.

As pessoas que se inclinam por esse Estilo de Aprendizagem se destacam quando se

trata de entender uma ampla gama de informações e der-lhe-lhe uma forma concisa e

lógica. Se esse é o Estilo de Aprendizagem de uma pessoa, provavelmente as pessoas

interessam menos a ela e seu interesse maior é nas idéias abstratas e nos conceitos.

Em geral, as pessoas com esse Estilo de Aprendizagem consideram que é mais

importante que uma teoria tenha um sentido lógico que um valor prático. Esse Estilo de

Aprendizagem é importante para ser eficaz nas carreiras científicas e de informações.

X

X

Acomodador Combina as etapas de aprendizagem da Experiência Concreta e da Experimentação

Ativa.

As pessoas que se inclinam para esse Estilo de Aprendizagem possuem a capacidade

de aprender principalmente da experiência prática. Se esse é o estilo de uma pessoa,

provavelmente ela aprecia levar a cabo planos e envolver-se com experiências novas e

desafiadoras. Sua tendência pode ser para agir guiada por seu instinto mais do que pela

análise lógica. No momento de resolver um problema, pode ser que confie mais nas

pessoas para conseguir informações do que em sua própria análise técnica. Esse Estilo

de Aprendizagem é importante para ser eficaz nas profissões (carreiras) que tendem à

ação, tais como marketing ou vendas.

Fonte: KOLB, 1984. Edição revisada em 1999

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Com a finalidade de caracterizar detalhadamente cada um dos Estilos

de Aprendizagem propostos por David Kolb, os descreveremos, a seguir.

O primeiro Estilo de Aprendizagem proposto por Kolb é:

I. Divergente

(Pragmatist ou Diverger)

Os estudantes que adotam este estilo demonstram habilidade em

adquirir coisas já prontas. Gostam de argumentar com informações específicas e de

explorar o porquê de cada situação de aprendizagem. Preferem à informação

apresentada de maneira detalhada, sistemática e discutida, como, por exemplo, com

resumos e referências sempre à mão. Nesta situação, o aluno gosta que o professor

responda às suas questões e apresente sugestões.

O segundo tipo de Estilo de Aprendizagem é o seguinte:

II. Assimilador

(Reflector ou Assimilators)

Trata-se de um tipo de aluno que se sente bem com o aprendizado de

informações organizadas, que tende a respeitar conhecimentos de especialistas.

Esse aluno não gosta de explorar a aprendizagem.

Quanto às técnicas voltadas para o reflexivo abstrato, Kolb inclui:

apresentação em vídeos, seguida de demonstração, pela exploração do assunto em

um laboratório, sempre com a preparação do professor, palestras e conferências.

Esse aluno gosta de ter alguém disponível como recurso para resposta às suas

dúvidas.

Os alunos definidos por este estilo preferem, portanto, observar

cuidadosamente, analisando as perspectivas diferentes, buscando, então, o seu

significado.

O terceiro tipo de Estilo de Aprendizagem refere-se ao que se segue:

III - Convergente

(Theorist ou Convergers)

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São estudantes que analisam logicamente as idéias e realizam um

planejamento sistemático. Sentem-se motivados a descobrir a relevância ou o

“como” de cada situação de aprendizagem.

Os métodos que colaboram para esta preferência de estilo incluem

instrução interativa, não passiva e problemas fixos ou exercícios para exploração.

O último Estilo de Aprendizagem assim se descreve:

IV - Acomodador

(Activist ou Accommodators)

Nesta dimensão, os indivíduos aprendem por intermédio das

experiências concretas e são motivados pela pergunta, que dá significado à

experiência de aprendizagem. São participantes ativos em sua aprendizagem.

Esses alunos são motivados pela descoberta independente e

beneficiam-se de atividades laboratoriais, pesquisas de campo, trabalhos e

simulação.

Aprendem, pelas experiências específicas e pela sensibilidade e

sentimentos relativos às pessoas.

Ciclo de Aprendizagem de David Kolb

Estes quatro Estilos de Aprendizagem, propostos por Kolb (1984),

compõem o Ciclo de Aprendizagem (conforme descrição anterior), na qual

abordaremos detalhadamente a seguir.

No primeiro quadrante do ciclo, o aluno desenvolve um motivo para

aprender o material a ser estudado, participando de uma experiência concreta ou do

“tipo sensitiva”.

Deste modo, a experiência concreta da primeira fase é seguida por

uma observação reflexiva, durante a qual os estudantes identificam os seus

sentimentos sobre o que aconteceu. Naturalmente, alguns estudantes do grupo

podem nunca identificar a necessidade de um determinado conceito e passarão por

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um processo, do qual não têm permissão para “sair”, com pouca esperança de obter

sucesso.

Deslocando-se no segundo quadrante do ciclo, o aluno trabalha com o

objetivo de obter amadurecimento individual, visando à formação de conceitos

(abstratos). É nesta terceira fase que o estudante mais aprende, possibilitando, de

fato, o surgimento da síntese mental para a aprendizagem.

Depois, na quarta fase, o aluno trabalha com o material, esclarecendo

o vocabulário, criando classificações e atividades similares. Este é o aspecto mais

familiar para o professor, e, tendo em vista a segurança do controle por parte do

professor, associado ao exigido no segundo quadrante, este é sempre um momento

em que o profissional docente empenha-se num maior esforço.

A quinta fase inicia o terceiro quadrante do ciclo, chamado de fase

prática ou de personalização. O estudante manipula o material que objetiva estudar

de modo a torná-lo pessoalmente significativo. Levando-se em conta as modalidades

cerebrais, o aluno caminha gradualmente da atividade estruturada da quinta fase

para as “dificuldades” da experimentação ativa que caracterizam a sexta fase.

As atividades culminantes do quarto quadrante têm o objetivo de

integrar a aplicação e a experiência. Os estudantes estão tentando combinar o

conhecimento obtido pela experiência pessoal e a experimentação e “fazer algo”

com isto, ensinando a eles próprios e aos outros. Ao compartilhar esses

conhecimentos com outras pessoas, novas experiências são criadas e, então, a

percepção/sensação produzida por essas experiências inicia um novo processo

cíclico de aprender.

A Teoria da Aprendizagem Experimental proposta por Kolb (1984)

sugere, portanto, que o processo de aprendizagem no qual o conhecimento é criado

por meio da transformação da experiência, é cíclico e que deva envolver todas as

etapas. Pode-se iniciar o Ciclo de Aprendizagem em qualquer etapa ou a partir de

qualquer modo de aprendizagem, mas essas etapas de aprendizagem devem ser

seguidas em seqüência, ou seja, uma etapa após a outra.

O Ciclo da Aprendizagem, desta forma, fornece um ”feedback”, que é a

base para a nova ação e avaliação das conseqüências desta ação. Os alunos

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deveriam passar pelo ciclo muitas vezes, o que se classifica, segundo Kolb, como

um Espiral de Ciclos de Aprendizagem.

Em resumo, Kolb conceitua o processo de aprendizagem experimental

como “uma espiral de ação e pesquisa consistindo de quatro momentos principais:

planejar, agir, observar e refletir”.

Race (1993) propôs uma variante segundo o modelo de Kolb, usando

linguagem mais do dia-a-dia. Ele refere-se às etapas de: querer, fazer, recarregar

(feedback) e assimilar. Essa variante tem sido usada por alguns dos autores para

explorar a natureza do processo de aprendizagem com vários grupos de alunos e

professores.

Como seu próprio nome indica, “A Teoria da Aprendizagem

Experimental” afirma a importância das atividades experimentais de ação, como,

trabalho de campo e sessões de laboratório, não priorizando, contudo,

exclusivamente, estas formas de aprendizagem. Para o autor, o importante é

conduzir o aluno sistematicamente a cada etapa do ciclo, certificando-se de que

laços eficazes sejam feitos entre as várias etapas.

Segundo Jenkins (1997), o modelo proposto por Kolb apresenta uma

crítica explícita àqueles programas altamente teóricos, ou seja, àqueles cursos que

não valorizam a experiência anterior ou o conhecimento dos alunos. É igualmente

crítica àquelas atividades experimentais (por exemplo, certos cursos de área,

simulações ou jogos) nos quais os alunos recebem pouco preparo, ou nenhuma

chance real para refletir a respeito da experiência e relacioná-la com suas leituras

mais amplas ou com aspectos mais explicitamente teóricos do curso.

Kolb (1984) sugere que os alunos desenvolvam uma preferência pela

aprendizagem de uma maneira particular. O estilo preferido reflete uma tendência,

em vez de algo categórico, e os alunos podem adotar Estilos de Aprendizagem

diferentes em diferentes situações. Contudo, os aprendizes tendem a favorecer

alguns procedimentos em detrimento de outros.

Kolb identifica quatro Estilos de Aprendizagem, cada um dos quais

associado a uma maneira de solucionar problemas, ou seja, o autor referido

relaciona as etapas do seu Ciclo de Aprendizagem com as etapas da Aprendizagem

Baseada na Resolução de Problemas.

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Estilos de Aprendizagem de David kolb

David Kolb faz uma comparação da metodologia baseada na resolução

de problemas com o Ciclo de Aprendizagem por ele proposto. Essa analogia é feita,

pelo autor, em cada uma das etapas do Ciclo de Aprendizagem.

Segundo Kolb (1999), quase todos os problemas com os quais nos

deparamos no trabalho, na vida ou em situação de aprendizado formal envolvem os

seguintes processos, na ordem que se segue:

• Identificação do problema ou questionamentos.

• Seleção do problema.

• Considerações sobre soluções possíveis (hipóteses).

• Avaliação das hipóteses, confirmando-as ou descartando-as.

• Escolha de uma solução plausível.

• Execução da solução.

De todo modo, algumas vezes, algumas fases são ignoradas, outras

vezes, o aprendiz tende a se concentrar mais em uma delas, o qual depende do seu

Estilo de Aprendizagem predominante.

O Estilo Divergente vê as situações por muitas perspectivas e confia

profundamente em “brainstorming” (“tempestade de idéias”), pois gosta de seguir ou

dar idéias em debates livres. Comparam o problema com a realidade e são bons

identificadores de questões ou de diferenças nos problemas.

O Estilo Assimilador por meio do raciocínio indutivo caracteriza o

estudante com a habilidade para selecionar os problemas e criar modelos teóricos

ou hipóteses para a resolução do problema em questão.

O Estilo Convergente, apoiado na compreensão intelectual do

problema, prefere avaliar as hipóteses confirmando-as ou descartando-as por meio

de justificativas planejadas sistematicamente. Apoiando-se em seus estudos

baseados no raciocínio dedutivo escolhem uma solução plausível para o problema.

O Estilo Acomodador demonstra habilidade em colocar em prática os

planos, soluções dos problemas e experiências, adaptando-se às condições

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imediatas. Estes indivíduos são hábeis na execução prática de uma solução para o

problema.

Desta forma, a identificação dos Estilos de Aprendizagem

predominantes nos alunos pode relacionar-se à forma preferível de solucionar

problemas, ou melhor, o aluno, ao compreender seu Estilo de Aprendizagem, poderá

refletir sobre sua própria habilidade em resolver problemas.

Ao determinarmos o estilo preferencial de aprender de cada aluno, e ao

correlacionar esse estilo com a respectiva etapa valorizada pela dinâmica da

Aprendizagem Baseada em Problemas, percebemos qual a etapa que deve ser

priorizada ou estimulada pelo professor, na qualidade de facilitador do processo de

aprendizagem, com a finalidade de aprimorar-se o aprendizado.

David Kolb (1999) aponta algumas indicações plausíveis para que os

educandos possam reforçar suas habilidades em divergir, assimilar, convergir e

acomodar pensamentos a fim de reconhecer problemas, criar hipóteses, justificar

hipóteses e escolher uma solução para o problema a se resolver.

Vejamos os itens abaixo relacionados:

1. Para melhorar as habilidades em divergir: tornar-se sensível ao

sentimento das pessoas; tornar-se mais sensível aos valores; imaginar

as implicações de equívocos; ouvir com a “mente aberta”; juntar as

informações.

2. Para melhorar as habilidades em assimilar: organizar as

informações; testar teorias e idéias; construir modelos conceituais;

projetar experimentos; analisar dados consideráveis.

3. Para melhorar suas habilidades em convergir: cria novas formas de

pensar e fazer; experimentar novas idéias; escolher a melhor solução;

determinar objetivos; tomar decisões.

4. Para melhorar as habilidades em acomodar: procurar novas

oportunidades; exercer influência e poder de liderança; executar os

objetivos; tornar pessoalmente envolvido; negociar com as pessoas.

A escolha particular do Estilo de Aprendizagem reflete as habilidades

individuais, ambiente e história do aprendizado. De acordo com Kolb, os alunos

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aprendem melhor quando o assunto da matéria é apresentado ou explorado de uma

maneira consistente, com seu Estilo de Aprendizagem preferido.

Os alunos tendem a fazer o que for mais fácil para eles, quando são

deixados por conta própria, o que significa usar seu próprio Estilo de Aprendizagem

ou “seu estilo de resolver problemas”.

Igualmente, professores podem ensinar de maneira a refletir seus

próprios Estilos de Aprendizagem e não implicitamente supor que todos os seus

alunos aprendam da mesma maneira. Há, contudo, evidências de que a

aprendizagem (ou pelo menos a fixação) seja intensificada quanto mais etapas da

aprendizagem forem usadas, ou seja, quanto mais vezes passarmos pelo Ciclo de

Aprendizagem, durante a experiência de aprendizado por meio da resolução de

problemas, nos tornaremos mais hábeis na resolução de problemas.

Uma outra aplicação do conhecimento dos modos de estudo dos

alunos seria a capacidade de melhorar o estudo em equipe, Kolb (1999) afirma que

um grande número de fatores pode contribuir para a efetividade do aprendizado em

grupo, e considera os Estilos de Aprendizagem dos membros do grupo de estudo

um importante fator.

O professor e os alunos do grupo de estudo, ao conhecerem os Estilos

de Aprendizagem dos membros da equipe, pode se comprometer em valorizar cada

uma das etapas do Ciclo de Aprendizagem, com a finalidade de assegurar que todos

os Estilos de Aprendizagem atuem representados por vários alunos do grupo. Neste

aspecto, todos os ângulos do problema estudado poderão ser considerados durante

a tarefa de aprendizagem da equipe.

Nesta situação de estudo em grupos, Kolb (1999) lembra que pode

haver indivíduos com diferentes perspectivas, sendo assim, o conhecimento dos

Estilos de Aprendizagem dessas pessoas podem permitir ao grupo estar aberto a

escutar e a refletir sobre as sugestões, idéias e experiências de todas as formas de

aprender, assim representada, evitando-se muitas vezes conflitos desnecessários.

Neste contexto, que a metodologia da ABP, no Curso de Odontologia,

por meio do aprendizado baseado na resolução de problemas em grupos de

estudante pode beneficiar-se da identificação dos Estilos de Aprendizagem,

especialmente, em três aspectos. Em primeiro lugar, por permitir a identificação do

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“estilo de resolver problemas” dos alunos. Em segundo lugar, por facilitar a atividade

em equipe e possibilitar a resolução dos problemas enfatizando as suas etapas

seqüenciais. E, por último, por ajudar a evitar os “conflitos” de idéias entre os

membros da equipe, por intermédio da reflexão sobre as idéias oriundas de

diferentes estilos de aprender.

Dunn e Dunn (1992), o afirmam que, se o aluno for, de fato,

considerado um parceiro no processo de aprendizagem, deverá conhecer as

variáveis que mais influenciam o seu Estilo de Aprendizagem. Sabedor dos

resultados de uma avaliação sobre seu modo de aprender, o aluno é capaz de

escolher, conscientemente, o modo pelo qual o conteúdo pode ser assimilado com

maior eficácia.

Esta fala confirma o argumento de Kolb, segundo o qual os professores

precisam encorajar os alunos a se engajarem em todas as quatro etapas do Ciclo de

Aprendizagem ou da resolução de problemas. Na verdade, Kolb (1984) está a

sugerir que há benefícios potenciais na aplicação dessa forma de aprendizagem, na

medida em que existe uma incompatibilidade intencional entre Estilo de

Aprendizagem e estilo de instrução. Urge ter em mente que:

O objetivo é tornar o aluno auto - renovador e auto - direcionado, para focar o desenvolvimento integral onde a pessoa esteja altamente desenvolvida em cada um dos quatro modos de aprendizagem; o ativo, o reflexivo, o abstrato e o concreto. Aqui, ensina-se ao aluno a experimentar a tensão e o conflito entre estas orientações, porque é a partir destas tensões que a criatividade brota (1984, p. 34).

O Inventário dos Estilos de Aprendizagem de David Kolb

As diversas medidas de Estilo de Aprendizagem existentes foram

propostas para lidar com os conceitos de estilos de processamento de informações,

aplicáveis na interseção entre as diferenças individuais do nível de personalidade e

escolhas do formato da aprendizagem de acordo com o ambiente (SANTOS;

BARIANI; CERQUEIRA, 2000).

Uma das medidas de Estilos de Aprendizagem foi desenvolvida por

David Kolb a partir de seus estudos, no início da década de 70.

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No período de 1971 até 1976, o autor propôs o Inventário de Estilos de

Aprendizagem (IEA) em sua “Versão original”, o qual foi revisado entre 1981 e 1985,

quando adquiriu, então, um novo formato e um novo método de pontuação,

originando a “Versão dois“. Em 1999, surgiu a “Versão três” do Inventário de Estilos

de Aprendizagem, com a finalidade de descrever o comportamento do aprendiz

frente às situações de aprendizagem, considerando-se os seguintes aspectos:

Ser construído na forma pela que as pessoas o responderiam, ou seja,

da forma semelhante como aprenderiam em determinada situação;

Apresentar-se no formato de autodescrição, facilitando a escolha da

resposta;

Ser formado por medidas de Estilo de Aprendizagem que deveriam

predizer o comportamento, de forma coerente com a Teoria da

Aprendizagem Experimental.

Assim, conforme descrição anterior nesta pesquisa, utilizando os

espaços disponíveis, o indivíduo deve ordenar com o número “4” o final da sentença

que melhor descreve o modo como à pessoa aprende. Em seguida, posicionar o

número “1” para o final da sentença que parece menos descrever a maneira de o

indivíduo aprender.

Para os outros finais de frases o indivíduo deve ordenar com os

números “3” e “2” para as sentenças de maior e de menor valor, para o modo como

a pessoa aprende, respectivamente.

Após a atribuição dos valores a cada opção, o indivíduo deve certificar-

se de que ordenou todos os finais de sentença e que não provocou empates para os

finais diferentes da mesma sentença.

Para uma maior fidedignidade das respostas, os indivíduos devem

recordar-se de uma experiência de aprendizagem ou estudo recente, em casa, na

escola ou no trabalho, que tenham vivenciado e procurar atribuir às respostas

relacionadas a esse processo de aprendizagem.

Os indivíduos devem, ainda segundo Kolb (1999), ser orientados

quanto às instruções de preenchimento deste inventário e devem ter um tempo

aproximado de 15 a 20 minutos para esse preenchimento.

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Os quatro finais de cada sentença estão dispostos em colunas de

forma que a primeira coluna corresponda à dimensão do sentir (Experiência

Concreta - EC), a segunda coluna corresponda à dimensão do observar

(Observação Reflexiva – OR), a terceira coluna relacione-se à dimensão do pensar

(Concentração Abstrata – CA) e a quarta coluna corresponda ao fazer (Experiência

Ativa – EA).

Realiza-se, a seguir, o somatório dos pontos obtidos na primeira

coluna, na segunda coluna e assim sucessivamente, de forma que em cada coluna

resulte uma pontuação entre 12 e 48. A pontuação das quatro colunas (ou

dimensões da aprendizagem) deve somar um total de 120.

Deve-se escrever, no espaço indicado no questionário, o total de

pontos de cada uma das dimensões: EC total, OR total, CA total e EA total.

Obtidas as pontuações, subtraem-se os resultados encontrados dois a

dois (CA-EC) e (EA-OR), identificando o Estilo de Aprendizagem predominante.

Um resultado positivo na escala CA-EC indica ser o resultado mais

abstrato, ao passo que um resultado negativo nesta mesma escala indica ser esse o

resultado mais concreto. Da mesma forma, um resultado positivo na escala EA-OR

indica serem os resultados mais ativos ou, se for negativo, serão os resultados mais

reflexivos.

Para se identificar o Estilo de Aprendizagem predominante, de acordo

com o modelo proposto por Kolb, é preciso transportar os valores numéricos obtidos

em CA, OR, EC e EA para um diagrama. Ligando-se os 4 pontos forma-se um

desenho padrão tipo “pipa”. Como o Estilo de Aprendizagem de cada pessoa é

único, dependendo das várias dimensões e preferências de aprendizagem, o

formato da “pipa” pode variar. As preferências indicadas pelo desenho da “pipa”

revelam o Estilo de Aprendizagem do indivíduo.

Assim, por exemplo, se uma pessoa tem preferências pela experiência

concreta e observação reflexiva, há uma tendência a ter um Estilo Divergente, pois a

maior área da “pipa” encontra-se no primeiro quadrante (ou quadrante superior

direito do círculo). Concluímos que, quanto mais o desenho de “pipa” pertence ao

quadrante superior direito do diagrama, mais o indivíduo tende a divergir, partindo de

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soluções convencionais, juntamente com possibilidades alternativas e, portanto,

mais capacitada será a pessoa no estilo de divergir. E, assim, sucessivamente.

Assim, o formato da “pipa” revela as preferências individuais relativas

às quatro fases do ciclo.

Quanto mais próximo do centro do diagrama estiverem os pontos

obtidos por uma pessoa, mais equilibrado será seu estilo. Segundo o modelo

proposto por Kolb, pode-se encontrar um estilo denominado Estilo em Equilíbrio ou

Estilo Balanceado, no qual a figura com formato de “pipa” conterá áreas

semelhantes em todos os quadrantes, e pontos iguais obtidos em cada uma das

dimensões da aprendizagem (CA=EC=OR=EA).

Ainda segundo Kolb (1999), o Estilo em Equilíbrio representa: baseado

em suas várias pesquisas, uma porcentagem extremamente pequena dos Estilos de

Aprendizagem encontrados.

Uma outra situação, também descrita pelo autor, será a obtenção do

Estilo Misto, quando a figura representada pela “pipa” no diagrama, ocupar duas

áreas iguais e predominantes em dois quadrantes vizinhos, demonstrando, por

exemplo, Estilo Misto Divergente e Assimilador, se os dois quadrantes ocupados

pela figura geométrica “pipa” forem, por exemplo, equivalentes nos 1o e 2o

quadrantes do ciclo proposto por Kolb.

Os Estilos de Aprendizagem e os Métodos de Ensino

Intimamente relacionado ao Estilo de Aprendizagem, está o Método de

Ensino. Vários autores perceberam que a adequação do Método de Ensino às

necessidades e preferências do estudante, que conduzem a bons resultados.

Dunn e Dunn (1992) afirmam que quando os estudantes são ensinados

por meio de estratégias que complementam seus Estilos de Aprendizagem, eles

sentem-se motivados, alcançam níveis mais altos de desempenho e demonstram

comportamento e atitudes mais positivos.

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Por outro lado, Brasch (1994) esclarece que os professores devem ser

sensíveis à presença de diferentes Estilos de Aprendizagem em sala de aula e usar

estratégias de aprendizagem e recursos metodológicos variados, para que às vezes,

beneficie um Estilo de Aprendizagem, e às vezes outro estilo, com a finalidade que

ocorra uma flexibilização dos Estilos de Aprendizagem discentes.

Bariani, Cerqueira e Santos (2000) prevêem a influência positiva da

identificação dos Estilos de Aprendizagem em quatro áreas do processo ensino –

aprendizagem:

• Planejamento de currículos;

• Os métodos instrucionais;

• Os métodos de avaliação;

• Orientação aos estudantes.

Essas autoras, ao discutirem as implicações educacionais da

identificação dos estilos de aprendizagem, concluem que as instituições

educacionais deveriam estar mais atentas às condições oferecidas pelos alunos,

tanto no que se refere aos métodos de ensino propostos, quanto no oferecimento de

qualquer atividade complementar necessária ao aprendizado.

Messick (1984), discutindo as implicações educacionais dos Estilos de

Aprendizagem, refere que o próprio estudante pode expandir seu campo de estudo,

ao conhecer o seu estilo de pensar e aprender. De posse deste conhecimento, o

estudante poderá recorrer a estratégias que vão ao encontro do seu estilo e também

lidar melhor com estratégias não adaptadas ao seu estilo.

Um outro aspecto importante citado por Messick (1984), é que a partir

da identificação dos Estilos de Aprendizagem do professor e dos alunos, esse

conhecimento pode atenuar o efeito negativo das diferenças entre as formas de

aprendizado, levando a uma melhor comunicação entre professores e alunos.

Percebemos uma discordância entre os pontos de vista de vários

estudiosos. Há aqueles que defendem a idéia de que o melhor desempenho é

alcançado quando o método de ensino é consonante ao seu estilo de aprendizado;

outros defendem a existência de um melhor resultado quando os métodos de ensino

são variados, partindo da premissa que o aluno deva ser desafiado e experimentar

certo desconforto intelectual para ser motivado a buscar o conhecimento.

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As diferentes possibilidades de uso da demonstração dos Estilos de

Aprendizagem são desafiadores na educação. Seja qual for à maneira que se

entenda essa questão, a identificação dos Estilos de Aprendizagem pode ter um

valor educacional considerável, uma vez que pode viabilizar práticas educacionais

mais eficazes, ou pelo menos propiciar a reflexão sobre elas.

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CAPÍTULO IV

Á aprendizagem é a aquisição da capacidade de explicar, de aprender e compreender, de enfrentar criticamente situações novas. Não é um mero domínio de técnicas, habilidades e muito menos a memorização de algumas explicações ou teorias (D’AMBRÓSIO, 1999, p. 89).

A ÊNFASE NO PROCESSO ENSINO – APRENDIZAGEM

O Aprender: Diferentes Perspectivas

O objetivo final do planejamento relativo a uma atividade de ensino é a

aprendizagem dos alunos. Neste capítulo, delineamos uma reflexão valendo-nos da

identificação e da análise dos elementos que marcam as concepções do ensinar e

do aprender embasados em alguns estudos e pesquisas levantados durante nossa

revisão bibliográfica. Mesmo assumindo os riscos e a inevitabilidade de certo

reducionismo ao abordar a aprendizagem, considera necessário fazê-lo a fim de

explicitarmos o seu sentido.

Segundo Delors (1999), referindo-se ao relatório para a UNESCO da

Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, a educação deve

organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, no decorrer de

toda a vida, serão os pilares do conhecimento para cada indivíduo: aprender a

conhecer, aprender a fazer, aprender a viver em grupo e aprender a ser.

O aprender a conhecer visa à aquisição de um repertório de saberes,

codificados. O aumento dos saberes permite compreender melhor o ambiente nos

seus diversos aspectos, favorece o despertar da curiosidade intelectual, estimula o

sentido crítico e permite o entendimento da realidade, mediante a aquisição de

autonomia na capacidade de discernir. O conhecimento é múltiplo e evolui

infinitamente.

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Refere-se Delors, ainda, o fato de que o aprender a fazer é poder agir

sobre o meio envolvente e, portanto, está mais estreitamente ligado à questão da

formação profissional, ao passo que o aprender a viver em grupo possibilita a

participação e a cooperação de uns com os outros em todas as atividades humanas,

desenvolvendo-se a compreensão do outro e a percepção das interdependências.

Continuando com as contribuições de Delors, vemos que o aprender a

ser refere-se à educação como uma contribuição para o desenvolvimento total da

pessoa - espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético,

responsabilidade pessoal e espiritualidade.

Masetto (1998) refere-se ao processo de aprendizagem como um

processo de crescimento e desenvolvimento de uma pessoa em sua totalidade,

valorizando o conhecimento, a atualização contínua desse conhecimento, a

pesquisa, o estudo dos diversos aspectos que cercam um problema, a cooperação,

a solidariedade, a criatividade e o trabalho em equipe.

Os sistemas educativos formais, como regra geral, voltam-se

essencialmente, se não exclusivamente, ao sentido de priorizar o acesso ao

conhecimento e, em menor escala à atividade prática, em detrimento de outras

formas de aprendizagem.

Importa conceber a educação como um todo, e por essa perspectiva

deverão ser orientadas as reformas educativas, quando da elaboração de

Programas Pedagógicos Curriculares.

Esses quatro aspectos mencionados por Delors (o saber, o saber fazer,

o saber conviver e o saber ser) devem ser os pilares de sustentação do processo

ensino - aprendizagem ao longo de toda a nossa vida.

A educação ocupa cada vez mais espaço nas nossas vidas à medida

que aumenta o papel que todos nós desempenhamos na dinâmica das sociedades

modernas. Essa educação continuada não é um ideal longínquo, mas constitui uma

realidade marcada por um conjunto de mudanças, que a tornam cada vez mais

necessária.

Propomos o reconhecimento de que cada indivíduo é um todo integral,

em permanente evolução e não desvinculado do contexto histórico no qual o

processo da educação que se dá.

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Valeria aqui evocar estes dizeres de Kenski:

O ensino deve objetivar uma aprendizagem através do envolvimento integral do aluno: o racional e o emocional; a análise lógica e a imaginária, a imagem e o som, a ação; a conversa; a interação; o desafio; a exploração de possibilidades; o assumir de responsabilidades; o criar e o refletir juntos... (1996, p.146).

Batista e Silva (apud LIMA GONÇALVES, 1998) chamam a atenção

para o fato de que aprender não é simplesmente reter uma informação, tendo em

vista sua transitoriedade, e reconhece tantos outros aspectos relevantes para que a

aprendizagem realmente ocorra. Refere que a informação, ao aprender precisa ser

significativa para o aluno, sendo preciso que os estudantes atribuam sentidos aos

conteúdos, percebendo-os na aplicabilidade às situações que lhes dizem respeito.

Um outro aspecto relevante para o autor é o estímulo a pensar. A

informação deve se relacionar com a circunstância de vida do aluno, incentivando-o

a formular questões, ativar conhecimentos anteriores, transferir e aplicar o que

aprendeu para o entendimento de um determinado fenômeno ou assunto.

Segundo Magro (1979), o ato de aprender envolve a apropriação do

conhecimento, a transformação e a avaliação crítica. Assim, para o autor é um

processo a que você chega de uma forma e, vivenciando aquele processo, você sai

de uma forma melhor aperfeiçoamento e mais clara a fim de, efetivamente, modificar

alguma coisa. O aprender é viver esse processo.

Não devemos conceber a aprendizagem fora de um contexto cultural,

histórico e político, pois cada pessoa organiza seu processo intelectual ao longo de

sua história de vida, mas a capacidade cognitiva é própria de cada indivíduo,

havendo Estilos de Aprendizagem reconhecidos em culturas distintas e também no

interior de uma mesma cultura.

Segundo Batista e Silva, (apud HAIDT, 1994).

A mobilização dos esquemas mentais leva o sujeito a participar ativamente da ação de adaptar-se ao meio, quer pela assimilação, quer pela acomodação. Conforme o autor, a aprendizagem é a assimilação de dados novos aos esquemas mentais anteriores, e a conseqüente reorganização ou reestruturação, tanto de dados assimilados como também dos esquemas de assimilação anteriores, para se ajustarem aos novos dados.

Aprender é evoluir no sentido psicológico do termo. É passar de certo platô do desenvolvimento cognitivo para outro e isso pode ser o que se chama de

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conscientização ou ampliação de consciência. Aprendizagem, em poucas palavras, é experiência de vida (1998, p.106).

Procurando compreender como se realiza esse processo de

aprendizagem, contaremos com as contribuições de alguns autores que o estudaram

teoricamente.

As Contribuições de Gagné

Segundo Gagné (1974), são por meio da ocorrência da aprendizagem

que se desenvolvem habilidades, apreciações e raciocínios, bem como as

esperanças, as aspirações, as atitudes e os valores do homem. Gagné defende,

ainda, que o desenvolvimento humano depende de dois fatores: o crescimento e a

aprendizagem. Depende também da interação desses dois fatores.

Gagné (1974) relatou a importância de se descreverem as diversas

maneiras pelas qual a aprendizagem se realiza, arrolando uma hierarquia de tipos

de aprendizagem que se distribuem por oito tipos: Aprendizagem de Signos,

Aprendizagem do Estímulo-Resposta, Aprendizagem em Cadeia, Aprendizagem de

Associações Verbais, Aprendizagem de Discriminações Múltiplas, Aprendizagem de

Conceitos, Aprendizagem de Princípios e Aprendizagem de Resolução de

Problemas.

A Aprendizagem de Signos manifesta-se como resposta a um sinal ou

signo definido como qualquer coisa que substitui ou indica outra coisa, em razão de

algum tipo de associação entre elas. Por exemplo: quando vemos um céu escuro e

repleto de nuvens e escutamos trovões, logo pensamos: “vai chover”, pois

associamos esses sinais a estímulos anteriores.

A Aprendizagem Estímulo – Resposta consiste em responder a um

sinal. Trata-se de um tipo de aprendizagem que compreende a execução de

movimentos musculares precisos e a resposta a estímulos ou combinações de

estímulos muito específicos. A resposta aprendida é razoavelmente precisa e implica

movimentos musculares bem definidos. Pode se exemplificar este tipo de

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aprendizagem quando um adulto começa a pronunciar palavras em língua

estrangeira.

A Aprendizagem em Cadeia é outra situação de aprendizagem

extremamente simples e freqüente. Trata-se de uma série de ligações estímulos-

resposta, já aprendidos anteriormente. Expressões como “João e Maria”, “capa e

espada” e “nunca mais” são exemplos nos quais o primeiro membro da expressão

sugere-nos o forte relacionamento com o segundo.

O quarto tipo de aprendizagem referido por Gagné é a Aprendizagem

de Associações Verbais, que consiste em um tipo de aprendizagem em cadeia o

qual implica uma operação de processos simbólicos bastante complexos.

O autor representa este tipo de aprendizagem ao aprender-se que a

palavra “fósforo” corresponde em francês à palavra “alumette”. Quando, para

aprendermos mais rapidamente a palavra equivalente, notamos que a sílaba lum,

que ocorre na palavra iluminar, a qual já é conhecida, liga as duas palavras.

Delineia-se, então a seqüência: um fósforo ilumina; lum; “alumette”. Para muitas

pessoas, a cadeia se estabelece mais prontamente por intermédio da imagem visual

de um fósforo inflamado.

A Aprendizagem de Discriminações Múltiplas implica a associação de

vários elementos, mas também implica separar e discriminar. Esse processo ocorre

quando um professor aprende a identificar e a chamar cada aluno pelo nome.

O sexto tipo de aprendizagem é denominado por Gagné

Aprendizagem de Conceitos. Para o autor, aprender um conceito significa aprender

a responder a estímulos como propriedades abstratas (por exemplo: posição,

número), opostas às propriedades físicas concretas (comprimento de onda ou

intensidades específicas). É de se esperar que uma criança aprenda conceitos

importantes por meio desse procedimento. Assim, ela poderá aprender o que é um

círculo, um quadrado, uma árvore ou um animal de uma determinada espécie.

Na Aprendizagem de Princípios não está envolvida apenas a

aprendizagem de uma cadeia verbal de conceitos. Um princípio é uma relação entre

dois ou mais conceitos. Praticamente tudo o que podemos afirmar de modo geral

sobre a realidade física ou social são princípios. Naturalmente, para verificar o

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princípio, como uma cadeia de dois ou mais conceitos, deve-se observar se a

pessoa que aprende sabe realmente utilizar o princípio adquirido.

Uma vez adquiridos alguns princípios, o ser humano pode utilizá-los

com múltiplas finalidades, atuando sobre seu ambiente e procurando controlá-lo. Por

meio dos processos de combinação de princípios antigos e novos, o aprendiz torna-

se apto a resolver problemas novos para ele, adquirindo, assim, maior reserva de

habilidades.

Esses problemas podem ser novos apenas para quem o está

resolvendo, mas não para outras pessoas. Ao procurar-se a solução para

problemas, as pessoas de grande capacidade criadora são capazes de encontrar

soluções inéditas e valiosas para a sociedade.

O Ensinar: Novas Competências Docentes

Neste contexto, o que podemos entender por ensinar?

Freire (1999, p. 26) diz que “o educador é aquele que, além de ensinar,

aprende; e educando é aquele que além de aprender, ensina”.

Ensinar e aprender estão intimamente articulados, sendo mutuamente

vias de influência e de transformação. Para que ocorra o processo ensino -

aprendizagem é necessário que exista comunicação presencial ou virtual (on line)

entre educador e educando.

De acordo com Batista e Silva (1998, p. 108), ensinar pressupõe a

criação de condições favoráveis para que ocorra o aprendizado. É muito difícil

dissociar o aprender do ensinar.

Entendemos que a atuação do professor não deva expressar-se como

a de um mero transmissor de informação, e sim como o trabalho de um mediador no

processo de aprendizagem. O professor de nossos dias deverá saber orientar os

educandos sobre onde colher o saber, sendo mediador da aprendizagem dos

alunos, individualmente ou coletivamente.

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O ensino superior deve preparar o profissional que aprenda a aprender,

e aprender a fazê-lo com autonomia. A educação precisa propiciar muito mais o

desenvolvimento do pensar do que da memória.

Batista e Silva (1998) dizem que é preciso considerar que os

professores não serão ou deverão ser substituídos por máquinas, ou mesmo terão

suas funções dispensadas neste processo. Deverão atuar, sim, como mediadores,

estimuladores, consultores ou facilitadores da aprendizagem, mais do que como

detentores ou transmissores de conhecimentos.

É de extrema relevância a proposição de um rol de competências que

contribuam para delinear a atividade docente, conforme proposta de Philippe

Perrenoud, autor que tomou como referência um elenco de competências, o qual foi

adotado em Genebra em 1986 tendo em vista a formação contínua, de cuja

elaboração o autor participou ativamente.

Perrenoud (2000), ao eleger as 10 grandes famílias de competências

para ensinar, prioriza aquelas que emergem atualmente.

A noção de competência designada pelo autor traduz a capacidade de

mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar cada tipo de situação.

Para Perrenoud, o educador deverá ser capaz de: trabalhar em equipe,

participar da administração escolar e procurar informar e envolver os pais na

construção dos saberes. Também é competência do professor utilizar novas

tecnologias, saber enfrentar os deveres e dilemas éticos da profissão. Deve-se

pensar que administrar a própria formação contínua vem ao encontro da

necessidade de admitir que a educação seja por si só inacabada.

Os outros quatro grupos de competências, propostas pelo autor,

referem-se direta ou indiretamente à aprendizagem. Seria oportuno tecer aqui

breves comentários sobre cada uma delas.

O primeiro grupo de competências faz menção à capacidade de o

professor organizar e dirigir as situações de aprendizagem. Esta competência global

mobiliza várias competências mais específicas.

• Conhecer, no caso de determinada disciplina, os conteúdos a serem

ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem.

• Trabalhar com base nas representações dos alunos.

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• Trabalhar com base nos erros e nos obstáculos à aprendizagem.

• Construir e planejar dispositivos e seqüências didáticas.

• Envolver os alunos em atividades de pesquisa e em projetos de

conhecimento.

Por meio das contribuições do autor, concluímos que todas as

competências evocadas têm um forte componente didático. Este componente

didático esbarra incessantemente na questão dos sentidos e da subjetividade do

professor e de seu aprendiz.

O segundo grupo de competências diz respeito à capacidade de

administrar a progressão das aprendizagens. Não se podem programar as

aprendizagens humanas como a produção de objetos industriais, em razão da ética,

da diversidade dos aprendizes e da autonomia dos sujeitos envolvidos.

Essa competência também mobiliza outras competências mais

específicas:

• Conceber a administrar situações - problema ajustadas às

possibilidades dos alunos e no seu nível.

• Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino.

• Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de

aprendizagem.

• Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de

acordo com uma abordagem formativa.

• Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de

progressão.

O terceiro grupo de competências consiste em conhecer e fazer evoluir

os dispositivos de diferenciação. Neste grupo, põe-se ênfase no fato de que não

basta à educação ter sentido, mas ela deve também envolver, motivar e mobilizar o

aprendiz. Esse grupo de competências não remete a um único método ou dispositivo

específico, consistindo em utilizar todos os recursos disponíveis para organizar as

atividades e as interações para propiciar a cada aprendiz, que as vivencie, tão

freqüentemente quanto possível, situações de aprendizagens fecundas.

Nesse grupo de competências, o autor salienta essas quatro

competências seguintes:

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• Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma.

• Abrir e ampliar a gestão de classe para um espaço mais amplo.

• Fornecer apoio integrado e trabalhar com alunos portadores de

dificuldades.

• Desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples

de ensino mútuo.

O último grupo de competências mencionado por Perrenoud refere-se

ao envolvimento dos alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho. Pela nossa

ótica, essa abordagem é a mais fascinante.

Podemos isolar diversos componentes desse grupo:

• Suscitar o desejo de aprender, explicar a relação com o saber, o

sentido do trabalho escolar e desenvolver no estudante a capacidade de auto -

avaliação.

• Instituir e fazer funcionar um conselho de alunos (conselho de classe

ou de escola) e negociar com eles diversos tipos de regras e de contratos.

• Oferecer atividades opcionais de formação.

• Favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno.

D’Ambrósio (1999) cita que há uma distinção entre as pessoas que têm

desejo de saber e aquelas que têm prazer em aprender por aprender. Essas últimas

superam os obstáculos e conquistam novos horizontes, pouco lhes importando o

resultado, somente lhes interessando o processo. Neste grupo de alunos, o

professor limita-se a propor desafios intelectuais e problemas, pois o aluno já tomou

a decisão de aprender.

No primeiro grupo de alunos que manifesta desejo de saber, esse

desejo já existe, porém, não é uniforme, é múltiplo. Do desejo de saber à decisão de

aprender, o caminho é árduo e cabe ao professor fazer que o aluno reforce a

decisão de aprender e estimule o desejo de saber.

Recorremos às palavras de Alves (1994, p. 86), “a tarefa primordial do

professor é seduzir o aluno para que ele deseje e, desejando, aprenda”. Concluímos

que a aprendizagem resulta de um processo de construção que ocorre nas esferas

cognitiva e afetiva, ou seja, quando um indivíduo aprende, aprende por inteiro

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empregando suas capacidades intelectuais e suas emoções na aquisição do

conhecimento.

Conhecimento e Transdisciplinaridade

Entendemos a transdisciplinaridade no que diz respeito ao que está

entre, através (por meio) e além das disciplinas. Ao mesmo tempo, que ultrapassa

as disciplinas, a transdisciplinaridade as aceita independentemente de quaisquer

limites rígidos entre as disciplinas. A natureza transdisciplinar aceita e supõe a

diferença entre os sujeitos (inseparáveis) do ato de aprender.

Sendo assim, é preciso pensar que a trajetória peculiar de cada um,

com seus aspectos cognitivos, afetivos e psicológicos que fazem parte da nossa

autoformação, pode interferir intensamente na produção do conhecimento.

Qualquer conhecimento é, inexoravelmente, produto de uma

construção intelectual, biológica, emocional e social sobre a natureza.

Concordamos com Abreu Junior (1996:41) quando refere que o

conhecimento não está em nós mesmos e, nem nos é oferecido por meio de objetos.

É algo elaborado dentro de um contexto, é fruto de uma visão de mundo, e, assim

sendo, pode ser constantemente modificado em seu próprio processo de construção

de planos de trabalhos epistemológicos que ajudam na sua organização.

Concluímos que qualquer conhecimento é, portanto, complexo.

D’Ambrósio (1999) admite que a primeira fonte do conhecimento seja a

realidade na qual estamos imersos, e que o conhecimento é gerado holisticamente,

e não seguindo qualquer esquema ou estruturação disciplinar.

A transdisciplinaridade não se contenta com o aprofundamento do

conhecimento das partes, mas com a mesma intensidade procura conhecer as

ligações entre essas partes, vai além das organizações internas de cada disciplina e

procura elos entre peças que por séculos foram isoladas.

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Na transdisciplinaridade, são ultrapassadas as fronteiras da

organização do conhecimento por disciplinas fechadas. Não há “super especialistas”

nos assuntos.

Concordamos com Abreu Jr. (1996) quando este afirma o que se

segue:

O conhecimento é uma construção que se faz entre as pessoas, no âmbito de uma sociedade a qual não é estanque nem fora das pessoas. Faz-se também na natureza, que é o ambiente originário do mundo, onde se estabelecem os planos, as fronteiras e os horizontes onde se pode agir (1996, p. 180).

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CAPITULO V

ANÁLISE E DISCUSÃO DOS DADOS

Neste capítulo, embasados na sua própria essência qualitativa,

queremos registrar que os alunos em sua maneira de aprender processam

informações de varias maneiras de acordo com sua percepção e força sensoriais,

além disso, procuramos deixar claro de como os alunos percebem, interagem e

respondem ao seu ambiente de aprendizagem.

Com isso, mostramos por meio de dados que o professor deve ter

consciência, que há uma maioria na hora de aprender, por isso é interessante o

professor conhecer os estilos de aprendizagem, munir-se de técnicas que atendam a

esses estilos adotando assim, uma Pedagogia plural beneficiando o maior numero

de alunos em sala de aula.

Acreditamos que um programa de ensino baseado no conhecimento de

estilos de aprendizagem nos seus alunos é revolucionário, pois não estará

massificando o conhecimento, mas, a partir do planejamento de atividades variadas.

O professor poderá implementar e variar a construção do conhecimento do aluno e

melhorar a sua performance em sala de aula.

Preliminarmente à análise das respostas dos alunos, submeteram-se

os questionários respondidos à inspeção visual, para verificar se estes estavam

completamente e adequadamente preenchidos.

Analisaram-se, então, 175 questionários, sendo 127 dos alunos da 1º

Termo do Curso de Odontologia e 48 dos alunos da 8a Turma do mesmo Curso, em

2005.

Houve, então, um total de 20 questionários não respondidos na nossa

pesquisa, pois 13 alunos do 1º Termo estavam ausentes e 2 alunos negaram-se a

participar. E ainda do 8º Termo 5 alunos não tiveram interesse em participar da

pesquisa.

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Assim, consideramos em nossa pesquisa 175 Inventários sobre Estilos

de Aprendizagem respondidos adequadamente, sendo 127 no 1º Termo, e 48 no 8º

Termo, do Curso de Odontologia da referida universidade paulista.

A prova estatística utilizada na análise quantitativa dos dados obtidos

foi, o quadrado e o nível de significância estabelecido em 0,05.

Análise dos dados dos alunos dos 1º e 8º termos do Curso de Odontologia, em 2005.

Em relação ao objetivo referente à identificação dos Estilos de

Aprendizagem no total de alunos pesquisados dos 1º e 8º termos do Curso de

Odontologia em 2005 foi observada a seguinte predominância, tal como mostra a

figura 3, a seguir:

FIGURA 3 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem dos alunos, das 1º e 8º

Termos do Curso de Odontologia, em 2005.

96 (55%)

50 (28%) 10(6%) 19(11%)DivergenteAssimiladorConvergenteAcomodador

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

Nos alunos das 1º e 8º Termos do Curso de Odontologia da referida

Universidade do interior do Estado de São Paulo, em 2005, os sujeitos da pesquisa

apresentou o Estilo de Aprendizagem Predominante Assimilador, totalizando 96

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alunos 55% ou, aproximadamente, 2/4 do total de alunos. Seguido do estilo

Convergente, apontado por 50 estudantes 28%, ou aproximadamente, 1/4 do

espaço amostral.

Consideramos importante observar que apenas 10 alunos 6% preferem

o Estilo Acomodador e 19 alunos 11% identificam-se com o Estilo Divergente.

O Estilo Assimilador, demonstrado no quadrante inferior direito do

diagrama de Kolb, apontado pela maioria (96 alunos ou 55%) dos alunos destaca-se

por seu raciocínio indutivo e pela sua habilidade em criar modelos teóricos ou

abstratos e de assimilar as informações dentro desses modelos. São indivíduos que

mostram facilidade para compreender as informações e organizá-las de forma

lógica.

Interessam-se mais pelo aspecto lógico de uma teoria ou de uma

concepção, do que por seu valor prático ou por envolvimento com as emoções. Em

situações de aprendizado formal, preferem leituras, palestras e exploração de

modelos analíticos, e precisam de tempo hábil para “pensar nas coisas”.

Estes sujeitos, com o Estilo de Aprendizagem Assimilador (Apêndice 1)

envolvem-se também com a dimensão da observação reflexiva do Ciclo de

Aprendizagem de Kolb (1999),e portanto, em situações de aprendizado confiam na

paciência, na objetividade e na observação detalhada antes de fazer um juízo

cuidadoso, porém não tomam, necessariamente, nenhuma conduta prática durante

aprendizagem.

Durante a Aprendizagem Baseada em Problemas, o Estilo Assimilador

salienta-se na consideração de soluções alternativas e na elaboração das hipóteses

plausíveis para a resolução de problemas, confirmando-as ou descartando-as por

meio de justificativas sólidas.

Deve ser destacado, também, o Estilo Convergente, situado no

quadrante inferior esquerdo do diagrama de Kolb, demonstrado como preferencial

por 28% dos estudantes. Embora, este estilo envolva a conceituação abstrata do

Ciclo de Aprendizagem de Kolb, apresenta como um ponto forte a capacidade de

aplicação prática de suas teorias ou hipóteses. Salientam-se por seu raciocínio

hipotético dedutivo e obtêm mais sucesso ao lidar com uma única solução correta.

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Em situações de aprendizado formal, os indivíduos com Estilo de

Aprendizagem Convergente preferem “experimentar ativamente novas idéias” e

adaptam-se bem a simulações, experimentos laboratoriais, exercícios para a

exploração e estágios práticos para o exercício profissional.

Durante a resolução de problemas, os sujeitos identificados com o

Estilo Convergente, demonstram habilidade em escolher uma hipótese e executar

uma solução, ou seja, salientam-se também, pela experimentação ativa de sua

hipótese, com a intenção de influenciar as pessoas ou modificar as situações por

meio da ação. Gostam de ver os resultados de sua influência e de sua iniciativa.

Deve ser aqui destacado que, no total de sujeitos de nossa pesquisa

não foram encontrados indivíduos com Estilo em Equilíbrio, que demonstram

preferências equivalentes em todos os quadrantes do diagrama do Ciclo de

Aprendizagem, e pontos iguais obtidos em cada uma das quatro dimensões da

aprendizagem do diagrama de Kolb.

Baseado em várias pesquisas, Kolb (1999) obteve uma porcentagem

extremamente pequena do Estilo em Equilíbrio. De acordo com esse autor, os

indivíduos com o perfil de aprendizagem Balanceada ou em Equilíbrio tendem a

demonstrar mais flexibilidade em adaptações para diferentes situações de

aprendizagem. Um perfil de estilo totalmente balanceado, entretanto, não é

necessariamente o melhor, uma vez que não quantifica o quão competente cada

pessoa é, ao usar todas as dimensões da aprendizagem em diferentes situações.

Por outro lado, a presente pesquisa não revelou indivíduos em Estilo

Misto, que demonstram áreas iguais e predominantes em dois quadrantes vizinhos

do diagrama de Kolb. O autor, em seus estudos diz que cerca de 4% dos indivíduos

podem apresentar o Estilo Misto e conclui que a presença deste estilo não implica

necessariamente uma maior habilidade em aprender, e sim as suas preferências

para os diferentes tipos de experiências de aprendizagem.

O resultado obtido em nossa pesquisa vem ao encontro do resultado

identificado por Cerqueira (2000), ao estudar 2.552 estudantes universitários de

vários estados de cinco regiões do Brasil, utilizando o Inventário de Estilos de

Aprendizagem proposto por Kolb, o qual revelou predomínio da aprendizagem

assimiladora sobre os demais estilos, em todas as áreas do conhecimento.

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O segundo estilo preferencial na pesquisa da autora referida, porém, foi

o Divergente 22,5%, ao passo que na presente pesquisa o Estilo Convergente

ocupou o segundo lugar da preferência do estudo discente. Talvez essa diferença

deve-se ao fato de os alunos de nossa pesquisa cursar os 1º e 8º termos de um

Curso de Odontologia, enquanto Cerqueira (2000) considerou variados cursos de

graduação em ciências da saúde, em geral, em diferentes séries.

Os resultados baixos em relação à aprendizagem acomodadora, em

nossa pesquisa, podem ser atribuídos ao fato de que os alunos dos 1º e 8º termos

aprendem por meio do método tradicional, que, apesar de possuírem conteúdos

integrados são essencialmente teóricos, e não baseados na atividade prática como

prefere o estilo acomodador.

Bariani (1998) comenta que em sua pesquisa os estudantes não se

diferenciam quanto aos seus Estilos de Aprendizagem em função de cursos

freqüentados, no entanto, parece que há uma variação na predominância dos estilos

em função dos termos dos cursos.

Diversos autores notaram que os procedimentos educativos também

podem influenciar os Estilos de Aprendizagem discentes, como Bariani (1998) e

Halpin e Peterson (1986), os quais relatam que os alunos aprendem a se adaptar às

práticas educacionais a que são sujeitos para realizar a aprendizagem.

Sobral (1992) lembra ser possível que as influências recebidas do meio

pelos sujeitos, bem como as suas características de aprendizagem, sejam fatores

relevantes e determinantes do seu estilo preferencial de aprendizagem.

Observamos que os dados obtidos no estudo de Sobral, são

semelhantes aos da nossa pesquisa, no que concerne ao predomínio dos Estilos de

Aprendizagem relacionados à dimensão abstrata nos alunos pesquisados, exceto

quanto ao predomínio do Estilo Assimilador 55% em relação ao Estilo Convergente

28% na pesquisa que realizamos ao passo que na pesquisa desenvolvida por

Sobral, o Estilo Convergente era preferido por 39,8% dos alunos e o Estilo

Assimilador foi identificado em 32,7% do mesmo espaço amostral.

Percebemos que os alunos com Estilo Assimilador preferem aprender

por meio da análise lógica das idéias e das sínteses mentais e que gostam de

formular hipóteses plausíveis para os problemas utilizados para a aprendizagem e

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suas justificativas, demonstrando, portanto, preferências por analisar diferentes

perspectivas nos problemas estudados, procurando o seu significado.

Quanto às técnicas voltadas para o Estilo Assimilador, Kolb inclui a

apresentação de vídeos e simulações e informa que os alunos com esse estilo

buscam tempo disponível para estudo individual para responder às suas dúvidas.

Quanto às técnicas que colaboram com o Estilo Convergente, o autor refere:

problemas fixos ou exercícios para a exploração e a instrução interativa, não

passiva.

A baixa preferência, entretanto, por Estilos de Aprendizagem

relacionados à dimensão concreta, conforme observada na presente pesquisa,

coincidindo com o resultado da pesquisa de Sobral (1992), demonstra, ainda,

segundo Kolb, que os participantes não são motivados à aprendizagem por meio de

experiências concretas específicas e nem pela sensibilidade dos sentimentos

relativos às pessoas.

Vale ressaltar que estes resultados podem ser atribuídos também à

influência da dimensão da personalidade, dos aspectos afetivos, emocionais e

psicológicos dos alunos, tendo em vista a complexidade do comportamento humano.

Abre-se, portanto, a possibilidade de uma reflexão sobre a aprendizagem, sem uma

única conclusão que comprove efetivamente os resultados obtidos.

Em seguida, retomaremos alguns comentários relativos às tendências

dos alunos dos 1º e 8º Termos do Curso de Odontologia em aprender

preferencialmente por meio das dimensões aqui citadas: concreta, da reflexão,

abstrata ou da ação. Optamos por realizar esta análise referindo-se aos eixos da

dimensão concreto–abstrata e da dimensão ativo – reflexiva. Do diagrama de Estilos

de Aprendizagem de David kolb (1999), discutidos, anteriormente, nesta pesquisa.

Com relação à dimensão concreto–abstrato, observamos um nítido

predomínio da orientação abstrata no diagrama de Estilos de Aprendizagem

proposto por Kolb no total dos alunos dos 1a e 8a termos do Curso de Odontologia

pesquisados, uma vez que 151 alunos (83% do total), resultado do somatório dos.

Estilos Assimilador (96 alunos ou 55%) e Convergente (50 alunos ou

28%) identificaram suas preferências de aprendizado envolvendo a dimensão

abstrata, tal como revela a Figura 4, a seguir:

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FIGURA 4 - Distribuição dos Estilos de Aprendizagem e da Dimensão Concreto-

Abstrata, do Ciclo de Aprendizagem de David Kolb nos alunos dos 1º

e 8º termos do Curso de Odontologia, em 2005.

83%

17%

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Assimilador +Convergente

Divergente +Acomodador

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

Notamos também, uma minoria dos alunos (29 ou 17%) que se

deslocaram para a dimensão concreta, obtida pelo somatório dos Estilos Divergente

(19 alunos ou 14%) com o Estilo Acomodador (10 estudantes ou 6%), como vimos

na figura anterior e na Figura 5, a seguir:

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FIGURA 5 - Distribuição dos Estilos de Aprendizagem e das Dimensões da

Aprendizagem nos alunos das 1a e 8a termos do Curso de

Odontologia, em 2005.

Acomodador Divergente

*10 (6%) *19 (11%)

Convergente Assimilador

*50 (28%) *96 (55%)

Dimensão Abstrata

**146 (83%)

Dimensão da Ação

***60 (34%)

Dimensão Concreta

**29 (17%)

Dimensão da Reflexão

***115 (66%)

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

* O somatório destas porcentagens é de 100% ** O somatório destas porcentagens é de 100% *** O somatório destas porcentagens é de 100% Todos os números colocados antes das porcentagens referem-se ao número de alunos dos 1a e 8a Termos do Curso de Odontologia, em 2005.

Ao enfocarmos a dimensão da ação – reflexão, percebemos um

deslocamento significativo para a atividade reflexiva em todos os alunos das duas

séries estudadas. Pois 115 alunos 66%, representados pelo somatório dos Estilos

Divergente (19 alunos ou 11%) e Assimilador (96 alunos ou 55%) representam a

maioria dos alunos do espaço amostral de estudantes de dois termos do Curso de

Odontologia, em 2005. Enquanto que, 60 sujeitos (34%) representados pelo

somatório dos Estilos Convergente (50 alunos ou 28%) e Acomodador (10

estudantes ou 6%) deslocam-se para a dimensão da ação, como vemos na figura

anterior e na Figura 6, a seguir:

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101

FIGURA 6 - Distribuição dos Estilos de Aprendizagem e das Dimensões da Ação –

Reflexão do Ciclo de Aprendizagem de David Kolb nos alunos dos 1º e

8º Termos do Curso de Odontologia, em 2005.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

D ivergente +A ssimilado r

C o nvergente +A co mo dado r

Dimensão daReflexãoDimensão daAção

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

A análise desses dados demonstra um deslocamento da forma de

aprendizado preferencial dos alunos dos 1º e 8º Termos do Curso de Odontologia,

em 2005, para as dimensões abstratas (83%) e reflexivas (66%) dos eixos do

diagrama de Kolb.

Um outro dado a ser valorizado é a identificação dos Estilos de

Aprendizagem nos sujeitos dos sexos feminino e masculino, no total de alunos das

duas séries estudadas, em 2005.

Do total de alunos dos 1º e 8º Termos do Curso de Odontologia pesquisados

118 (54%) eram do sexo feminino e 57 (46%) do sexo masculino, como mostra a

Figura 7, abaixo.

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FIGURA 7 - Distribuição dos alunos dos 1º e 8º Termos do Curso de Odontologia,

em 2005, quanto ao Sexo.

57 (33%)

118 (67%)

MasculinoFeminino

Fonte: Resultado do Questionário aplicado aos alunos do curso investigado, 2005.

Ao analisarmos os sujeitos do sexo feminino (118 alunas) dos 1º e 8º

termos do Curso de Odontologia, em 2005, quanto à identificação dos Estilos de

Aprendizagem predominantes percebemos que um total de 62 mulheres (52%)

prefere o Estilo Assimilador ou aproximadamente 2/4 destes sujeitos, e 36 mulheres

(31%) o Estilo Convergente, como mostra a figura 8, a seguir:

FIGURA 8 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem dos alunos das 1º e 8º

Termos de Odontologia, em 2005, do sexo feminino.

62 (52%)

36 (31%)15 (13%)5 (4%)

DivergenteAssimiladorConvergenteAcomodador

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

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Observamos também, que, do total de alunas, apenas 15 (13%)

revelam o Estilo Divergente, seguido de 5 (4%) que demonstram o Estilo

Acomodador.

Ao analisarmos o total de sujeitos do sexo masculino pesquisados dos

1a e 8a termos do Curso de Odontologia, em 2005, notamos a predominância do

Estilo Assimilador em 34 alunos (59%), seguido por 14 alunos (25%) do Estilo

Convergente e uma igualdade de preferência entre os Estilos Divergentes, e

Acomodador, com cinco estudantes (8%) em cada estilo, como visualizamos na

Figura 9, logo a seguir.

FIGURA 9 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem dos alunos dos 1a e 8a

termos do Curso de Odontologia, em 2005, do sexo masculino.

4 (8%)5 (8%)14 (25%)

34 (59%)

DivergenteAssimiladorConvergenteAcomodador

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

Ao compararmos os quatro Estilos de Aprendizagem predominantes,

identificados nos alunos das duas séries pesquisadas, com os sexos masculino e

feminino, obtemos a seguinte Figura 10.

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FIGURA 10 - Distribuição dos Estilos de Aprendizagem dos alunos dos 1º e 8º

termos do Curso de Odontologia, em 2005, com relação ao sexo.

0

10

20

30

40

50

60

Divergente Assimilador Convergente Acomodador

Feminino

Masculino

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

Notamos nas figuras anteriores, que não foram demonstradas

diferenças significativas em relação à identificação do Estilo Assimilador entre os

sexos, com pequena preferência deste estilo pelo sexo masculino (59%). Já em

relação ao Estilo Convergente, também não observamos diferenças significativas,

porém notamos uma leve tendência à preferência deste estilo pelos alunos do sexo

feminino (31%).

Ao destacarmos a identificação do Estilo Divergente em estudantes

homens e mulheres dos 1º e 8º Termos estudados, percebemos um predomínio dos

alunos do sexo feminino (13% do total) em aprender com o envolvimento de

sentimentos e emoções, comparado a 8% do total desta preferência nos homens.

A diferença significativa entre os estilos preferenciais de estudantes,

homens e mulheres foram encontrados no Estilo Acomodador, identificado em 4%

do total de estudantes mulheres e em 8% do total de estudantes homens.

Demonstrando, comparativamente, uma maior tendência nos homens, do

aprendizado por meio das atividades práticas.

Kolb (1999) refere que, em vários de seus estudos com a utilização do

Inventário de Estilos de Aprendizagem (IEA) para indivíduos do sexo masculino e

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105

feminino, estes indivíduos mostraram uma similaridade na dimensão da ação –

reflexão e apresentaram-se bastante distintos, em relação à dimensão concreto–

abstrato.

Diz o autor que 59% dos homens, em seus estudos, estavam

orientados para a dimensão do abstrato, com 41% para o concreto; as mulheres,

entretanto, mostraram o oposto, com 58% em concreto e 42% em abstrato,

sugerindo que as mulheres seriam mais orientadas para o concreto, por meio da

aprendizagem, que envolve sentimentos e emoções. Conclui o autor, que isto talvez

se deva ao fato de que as mulheres sejam freqüentemente ensinadas e socialmente

retribuídas por relações, que envolvem sentimentos, ao passo que os homens são

freqüentemente ensinados e socialmente recompensados por desenvolverem um

modo impessoal, lógico e sem envolvimento das emoções.

Em nossa pesquisa, a maioria dos homens (57 alunos ou 84%)

representados pelo somatório dos Estilos Convergente (14 alunos ou 25%) e

Assimilador (34 alunos ou 59%) que estão envolvidos com a dimensão abstrata. E,

nas mulheres pesquisadas (118 alunas ou 83%) que somam o Estilo Convergente

(36 alunas ou 31%) e Assimilador (62 alunas ou 52%), também se envolvem,

predominantemente com a dimensão abstrata, como observamos na Figura 11, a

seguir:

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106

FIGURA 11 - Distribuição do somatório dos Estilos de Aprendizagem Assimilador e

Convergente (Dimensão Abstrata), comparado ao somatório dos

Estilos de Aprendizagem Divergente e Acomodador (Dimensão

Concreta) entre os alunos dos 1º e 8º termos do Curso de

Odontologia, em 2005, com relação ao sexo.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Divergente +Acomodador(DimensãoConcreta)

Assimilador +Convergente

(DimensãoAbstrata)

Feminino

Masculino

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

Concluímos, então, em ambos os sexos analisados isoladamente, o

Estilo Assimilador demonstrou ser o estilo preferido, seguido pelo Estilo

Convergente. Não demonstrando, assim, uma diferença significativa do estilo de

aprendizagem relacionado ao sexo, com relação à dimensão concreta – abstrata no

total de alunos dos 1a e 8a termos do Curso de Odontologia da referida

Universidade, uma vez que os alunos de ambos os sexos preferem o aprendizado

por meio das dimensões abstrata, conforme observamos também na Tabela 1, a

seguir:

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107

TABELA 1 - Distribuição dos Estilos de Aprendizagem dos alunos dos 1a e 8a termos

do Curso de Odontologia, em 2005, com relação ao sexo.

Estilos de Aprendizagem

Sexo Divergente % Assimilador % Convergente % Acomodador %

Feminino 15 13 62 52 36 31 5 4

Masculino 4 8 34 59 14 25 5 8

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

Notamos uma expressiva minoria de alunos com predomínio dos

Estilos Divergente e Acomodador em ambos os sexos, demonstrando, portanto,

pouca orientação concreta.

Ao analisarmos o eixo da ação – reflexão do diagrama de Kolb,

percebemos que nos alunos do sexo masculino, 67% dos sujeitos (38 alunos),

demonstram deslocamento para a dimensão da reflexão, obtidos pelo somatório dos

Estilos Divergente (8% ou 4 alunos) e Assimilador (59% ou 34 alunos) como mostra

a Figura 12, a seguir:

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FIGURA 12 - Distribuição dos Estilos de Aprendizagem e das Dimensões da

Aprendizagem nos alunos do sexo masculino das 1º e 8º Termos

do Curso de Odontologia, em 2005.

Acomodador Divergente

*5 (8%) *4 (8%)

Convergente Assimilador

*14 (25%) * 34(59%)

Dimensão da Reflexão

***38 (67%)

Dimensão Abstrata

**48 (84%)

Dimensão da Ação

***19 (33%)

Dimensão Concreta

**9 (16%)

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999. * O somatório destas porcentagens é de 100% ** O somatório destas porcentagens é de 100% *** O somatório destas porcentagens é de 100% Todos os números colocados antes das porcentagens referem-se ao número de alunos do

sexo masculino dos 1a e 8a termos do Curso de Odontologia, em 2005.

Enquanto que nas estudantes do sexo feminino, 35% do total (41

alunas), representadas pela soma das alunas com o Estilo Acomodador identificado

(5 alunas ou 4% do total), e das alunas convergentes (36 ou 31% do total) são

orientadas para a dimensão da ação, ao passo que 77 alunas (65% do total)

representam o somatório dos Estilos Divergente (15 alunas ou 13%) e Assimilador

(62 alunas ou 52%) estão deslocadas para a dimensão da reflexão, como mostra a

Figura 13, a seguir:

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109

FIGURA 13 - Distribuição dos Estilos de Aprendizagem e das Dimensões da

Aprendizagem nos alunos do sexo feminino das 1a e 8a Termos do

Curso de Odontologia, em 2005.

Acomodador Divergente

*5 (4%) *15 (13%)

Convergente Assimilador

*36 (31%) *62 (52%)

Dimensão da Reflexão

***77 (65%)

Dimensão da Ação

***41 (35%)

Dimensão Abstrata

**98 (83%)

Dimensão Concreta

**20 (17%)

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999. * O somatório destas porcentagens é de 100% ** O somatório destas porcentagens é de 100% *** O somatório destas porcentagens é de 100% Todos os números colocados antes das porcentagens referem-se ao número de alunas do

sexo feminino, dos 1a e 8a termos do Curso de Odontologia, em 2005.

De acordo com os comentários anteriores, nas estudantes do sexo

feminino das 1a e 8a Termos do Curso de Odontologia, em 2005, também há um

significativo deslocamento para a dimensão abstrata, como demonstrou a figura

anterior. Conforme discussão apresentada, tanto os alunos do sexo masculino,

quanto do sexo feminino, apresentam um deslocamento significativo para a

dimensão reflexiva em porcentagens semelhantes, como notamos na Figura 14, a

seguir:

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110

FIGURA 14 - Distribuição dos Estilos de Aprendizagem e das Dimensões da Ação –

Reflexão do Ciclo de Aprendizagem de David Kolb nos alunos das 1a

e 8a Termos do Curso de Odontologia, em 2005, de ambos os sexos.

65% 67%

35% 33%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Divergente +Assimilador

(Dimensão daReflexão)

Convergente +Acomodador(Dimensão da

Ação)

Feminino

Masculino

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

Com relação à idade dos alunos pesquisados, observamos que todos

os alunos dos 1a e 8a termos do Curso de Odontologia, em 2005, possuíam entre 17

e 27 anos, como notamos, a seguir, na Figura 15.

FIGURA 15 - Perfil da faixa etária do total de alunos dos 1a e 8a termos do Curso de

Odontologia, em 2005.

0

10

20

30

40

50

17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27

Número deAlunos

Fonte: Resultado do Questionário aplicado aos alunos do curso investigado em 2005.

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111

Ao considerarmos o total de sujeitos (175) observamos que a grande

maioria destes (140 estudantes ou 80%) encontra-se, entre 19 e 21 anos de idade.

A análise dos dados, considerando o total de alunos de ambos os

sexos pesquisados, com relação às suas faixas etárias, mostra que, os alunos do

sexo feminino, 100 alunos (85%) encontram-se entre 19 e 21 anos, assim como 42

alunos (74%) do sexo masculino, também se encontram nesta faixa etária.

Não há, portanto, nenhuma diferença significativa entre os alunos dos

sexos masculino e feminino com relação à faixa etária predominante, como é

demonstrado nas Figuras 16 e 17, a seguir:

FIGURA 16 - Perfil da faixa etária dos alunos do sexo masculino dos 1º e 8º termos

do Curso de Odontologia, em 2005.

02468

1012

17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27

DivergenteAssimiladorConvergenteAcomodador

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

FIGURA 17 - Perfil da faixa etária dos alunos do sexo feminino dos 1 e 8º termos do

Curso de Odontologia, em 2005.

02468

1012

17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27

DivergenteAssimiladorConvergenteAcomodador

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

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112

David Kolb (1999) diz que o estilo de aprendizagem, em grande parte,

pode ser moldado por experiências vividas, pois em situações de aprendizagem

diferentes do estilo predominante de uma pessoa, poderá haver uma adaptação da

aprendizagem às novas experiências.

Lembramos que os Estilos de Aprendizagem não são características

fixas e imutáveis, mas, sim refletem um estado atual da mente. Estima-se que as

diferentes preferências de aprendizagem possam mudar levemente de situação para

situação de aprendizagem. Ao mesmo tempo, há, na maioria das vezes, alguma

estabilidade nos pontos obtidos no Inventário de Estilos de Aprendizagem (IEA) a

longo prazo, como refere Kolb.

Em nosso trabalho, os sujeitos da pesquisa encontram-se, em sua

grande maioria, em uma faixa etária variando entre 19 e 21 anos, tanto nos alunos

do 1º termo quanto os alunos do 8º termo. Não permitindo, assim, a comparação dos

Estilos de Aprendizagem predominantes, com as demais faixas etárias, as quais

poderiam ter vivenciado diferentes experiências de aprendizagem ou de vida.

Análise dos dados do 1º Termo do Curso de Odontologia, em 2005.

Na primeira série do Curso de Odontologia, em 2005, num total de 127

alunos, o estilo preferencial de aprendizagem foi o Assimilador, apontado por 61

sujeitos (48%), ao passo que o segundo estilo preferencial foi o Convergente,

apontado por 37 alunos (29%).

O índice para o Estilo Divergente foi demonstrado por 19 sujeitos (15%)

e, em menor predomínio, encontramos o Estilo Acomodador, aparente em apenas

10 alunos (8%) da 1º termo, como mostra a Figura 18, abaixo.

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113

FIGURA 18 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem entre os alunos do 1º

termo do Curso de Odontologia, em 2005.

37 (

61 (48%)

29%)19 (15%)10 (8%)

DivergenteAssimiladorConvergenteAcomodador

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

Com relação ao sexo, observamos que nos alunos do sexo feminino da

1º termo do Curso de Odontologia, em 2005, 85 estudantes pesquisados, o Estilo de

Aprendizagem Assimilador foi predominante em 40 alunos (46%) e o segundo Estilo

de Aprendizagem preferencial foi o Convergente, com 25 sujeitos (29%), seguido

pelo Divergente, com 17 representantes (21%). Em última referência, observamos o

Estilo Acomodador em apenas 3 alunos, como demonstra a Figura 19, a seguir:

FIGURA 19 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem entre os alunos do sexo

feminino no 1º Termo do Curso de Odontologia, em 2005.

3 (4%)17 (21%)

25 (29%)

40 (46%)

DivergenteAssimiladorConvergenteAcomodador

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

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114

O Estilo Assimilador também foi o mais apontado entre os sujeitos do sexo

masculino do 1º termo, com 21 sujeitos (50%). O Estilo Convergente foi o preferido

de 12 pessoas (29%), seguido pelo Estilo Acomodador, com 5 alunos (12%) e pelo

Estilo Divergente com 4 alunos (9%), notado na Figura 20, a seguir:

FIGURA 20 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem entre os alunos do sexo

masculino no 1º Termo do Curso de Odontologia, em 2005.

DivergenteAssimiladorConvergenteAcomodador

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

Deve ser aqui destacada, a manutenção da ordenação dos dois estilos

preferenciais de aprendizagem entre os alunos do sexo feminino e os do sexo

masculino do 1º Termo do Curso de Odontologia da referida Universidade, sendo os

Estilos: Assimilador na liderança e Convergente em segundo lugar, em ambos os

sexos.

O terceiro estilo determinado no sexo feminino dos alunos do 1º Termo

do Curso de Odontologia, em 2005, foi o Estilo Divergente (21%) seguido do

Acomodador (4%), ao passo que nos alunos do sexo masculino do referido termo, o

terceiro estilo a prevalecer foi o Acomodador (12%), seguido do Divergente (9%).

Notamos ainda, que a orientação concreta, em ambos os sexos,

manteve-se equivalente, totalizando 25% (Acomodador somado ao Divergente) no

sexo feminino, e 21% do mesmo somatório no sexo masculino.

No estudo realizado por Sobral (1992), a distribuição dos estilos de

aprendizagem entre estudantes dos sexos masculino e feminino foi

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115

significativamente diferente, observado por um excesso relativo de orientação

concreta entre as mulheres, diferentemente do resultado da presente pesquisa.

Análise dos dados dos alunos da 8a série do Curso de Odontologia em 2005.

Quanto aos estilos apontados no 8º Termo do Curso de Odontologia,

em um total de 48 alunos, identificamos 30 sujeitos (62%) com Estilo Assimilador.

O Estilo Convergente foi apontado em 13 estudantes (27%).

Os Estilos, Divergente e Acomodador foram representados por 3

estudantes (7%) e 2 (4%) dos alunos, respectivamente, conforme ilustrado na Figura

21, a seguir:

FIGURA 21 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem nos alunos do 8º Termo

do Curso de Odontologia, em 2005.

2 (4%) 3 (7%)13 (27%)

30 (62%)

DivergenteAssimiladorConvergenteAcomodador

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

Podemos observar que, nos universitários do 8º Termo do Curso de

Odontologia, predomina a assimilação do pensamento de uma forma mais

expressiva (62%), quando comparado aos alunos do 1º Termo do mesmo Curso de

Odontologia, com predomínio do estilo assimilador em 48% dos alunos pesquisados.

Interpretamos os dados do levantamento dos Estilos de Aprendizagem

dos alunos do 8º Termo do Curso de Odontologia com evidência da predominância

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116

dos dois estilos denominados por David Kolb, Assimilador (30 alunos ou 62%) e

Convergente (13 alunos ou 27%), de modo conjunto, portanto, em 33 alunos (89%).

Quando verificamos que estes dois estilos predominantes (Assimilador

e Convergente), de acordo com o diagrama proposto por Kolb, estão localizados nos

dois quadrantes inferiores e ambos com a dimensão da conceituação abstrata,

concluímos que estes alunos apresentam uma nítida preferência na sua

aprendizagem por meio do pensamento e da análise lógica das idéias, para a busca

de uma compreensão intelectual. Evidenciando-se a motivação em buscar as

informações individualmente e contando com uma estrutura interna de referência.

Estes estudantes, com a dimensão da aprendizagem deslocada para

a dimensão abstrata, preferem envolver-se na organização e seqüência dos

conteúdos. São indivíduos que se sentem melhor em situações que requerem uma

análise impessoal, facilmente corrigem o outro nas atividades em grupo e expõem,

espontaneamente, o motivo de seus erros à equipe de estudo. Preocupam-se mais

com conteúdo do que com a integração professor - aluno e preferem aprender

individualmente, porém gostam de ter alguém (um professor ou outros alunos, por

exemplo) disponível como recurso de aprendizagem para respostas às suas dúvidas

ou como complementação às suas argumentações. Podem, portanto, exigir

características que requeiram a participação do professor no direcionamento de suas

atividades de estudo, demonstrando um perfil de aprendizagem dependente (em

alguns aspectos ou em algumas circunstâncias) do “facilitador” de sua

aprendizagem.

Cardoso e Jandl Jr. (1998), ao analisarem 127 alunos das primeiras

séries de um Curso de Análise de Sistemas e Ciência da Computação, em 1998,

com o objetivo do levantamento dos Estilos de Aprendizagem, motivados com os

estudos de Kolb, perceberam que, 2/5 desta amostra (39%) apresentavam o Estilo

Assimilador, e que aproximadamente 1/3 do total de estudantes (32%)

apresentavam o Estilo Convergente, e que o restante da população se distribuía

entre os Estilos, Divergente e Acomodador com, respectivamente, 19% e 10% do

total de estudantes. Os autores notaram aspectos que vão ao encontro dos

resultados de nossa pesquisa, no que se refere à identificação de um estilo mais

independente e autônomo, representado pelo Estilo Acomodador em uma menor

parcela da população de estudantes.

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117

Talvez a conclusão mais significativa que se possa chegar por meio da

análise dos resultados de nossa pesquisa, comparado às pesquisas de Cardoso e

Jandl Jr. (1998), Sobral (1992) e Cerqueira (2000) é que o predomínio da

identificação do Estilo Assimilador em todas essas pesquisas, pressupõe se que

nossos alunos possam exibir características de aprendizado que requeiram maior

participação do professor no direcionamento de suas atividades de estudo e de

pesquisa. Se desejamos, alunos independentes em seu aprendizado, o professor

deve estar atento ao relacionamento com os seus alunos, no sentido de criar um

ambiente e circunstâncias que facilitem o desenvolvimento do potencial de

aprendizado do aluno.

Ainda, examinando o 8º Termo, relacionamos o estilo preferencial de

aprendizagem com relação ao sexo.

Nas mulheres pesquisadas (33 alunas) no 8º Termo do Curso de

Odontologia, em 2005, houve um predomínio do Estilo Assimilador em 18 alunas

(55%), seguido pelo Estilo Convergente em 10 estudantes (33%).

Os Estilos, Divergente e Acomodador foram apontados,

respectivamente, por 3 alunas (7%) e 2 alunas (5%) do total de estudantes do sexo

feminino do 2º Termo do Curso de Odontologia pesquisado, como ilustra a Figura

22, abaixo.

FIGURA 22 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem entre os alunos do sexo

feminino do 8º Termo do Curso de Odontologia, em 2005.

10 (33%)2 (5%) 3 (7%)

18 (55%)

DivergenteAssimiladorConvergenteAcomodador

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

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118

Nos homens pesquisados no 8º Termo do mesmo curso (15 alunos), o

predomínio do Estilo Assimilador foi ainda maior, demonstrado por 11 estudantes

(70%), como veremos na figura 25.

Dentre os homens do 8º Termo do Curso de Odontologia, em 2005, 3

alunos (19%) registraram o Estilo Convergente e apenas 2 alunos (7%) e 1 aluno

(4%), foi caracterizado como Divergente e Acomodador, respectivamente.

FIGURA 23 - Predominância dos Estilos de Aprendizagem entre os alunos do sexo

masculino do 8º Termo do Curso de Odontologia, em 2005.

1 (7%)1 (4%)3 (19%)

11 (70%)

DivergenteAssimiladorConvergenteAcomodador

Fonte: Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, 1999.

Notamos que o Estilo de Aprendizagem Assimilador, entre alunos do 2º

Termo do Curso de Odontologia, em 2005, é o predominante nos estudantes do

sexo masculino (70%) comparado aos estudantes do sexo feminino (55%).

Nas mulheres houve uma motivação do Estilo Convergente em 33%

das alunas, ao passo que nos homens a preferência chegou a 19% dos alunos.

Podemos concluir que o pensamento convergente, fica evidenciado em mulheres,

nesta situação, demonstra habilidade em lidar com problemas que requeiram uma

clara resposta convencional (uma solução correta), com base nas informações

recebidas e sentem-se motivadas a descobrir a relevância ou o “como” de cada

situação de aprendizagem, por meio do raciocínio dedutivo (conclusivo).

A possibilidade de identificação do Estilo de Aprendizagem tem, então,

em nossa pesquisa, como desafio adicional, o da correlação entre estilos com a

maior ou a menor motivação de atuação nas diferentes etapas da metodologia

baseada na educação tradicional.

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119

Observamos que, no total dos sujeitos desta pesquisa (estudantes das

1º e do 8º Termo do Curso de Odontologia), a sua maioria dos alunos (83%)

corresponde ao somatório dos Estilos Assimilador (55%) e Convergente (28%). E

realizam sua aprendizagem, envolvidos pela formulação da(s) hipótese(s), com a

consciência de sua natureza provisória. São capazes de utilizar o conhecimento já

existente para elaborar justificativa(s) para as hipóteses ou teorias induzidas.

Mostram-se envolvidos com a identificação de objetivos de aprendizagem que darão

conta de aprofundar o conhecimento sobre o assunto e, finalmente, valendo-se da

escolha de uma hipótese plausível para o problema em questão e mediante a

possibilidade de sua aplicação prática, comprovam ou descartam a veracidade da

hipótese.

Não foi identificado predomínio do Estilo Divergente, nem do Estilo

Acomodador (orientação concreta) que demonstra estudo independente e autônomo

comparado aos outros dois estilos propostos por Kolb, nem nos alunos do 1º Termo

e nem nos alunos do 8º Termo do referido Curso de Odontologia, em 2005. Isto

demonstra que de uma forma geral, o grupo de universitários pesquisados é carente

neste estilo e pode encontrar dificuldades em reconhecer os problemas e as

oportunidades, em gerar idéias ou questionamentos, em ser criativos, em tratar os

problemas por meio da demonstração e da generalização de várias respostas

igualmente aceitáveis e em tornar-se sensível aos problemas.

É importante ressaltar que o professor pode induzir ou provocar um

estado de dúvida, que motive o aluno a elaborar perguntas do tipo “por quê?”. É, é

importante, porém, a orientação do professor em não dar as respostas, nem em

indicar a linha de trabalho que os alunos deverão seguir, mas sim, em discutir as

questões levantadas pelos alunos e verificar se os objetivos propostos estão sendo

atingidos.

Um outro aspecto relevante a ser considerado é que os professores,

sabedores dos diferentes estilos preferenciais de aprendizagem de seus alunos,

podem propor se possíveis for à conformação dos grupos de estudo, com os

estudantes que representem cada um dos quatro estilos de aprendizagem

conhecidos, mesmo que estes estilos se encontrem em proporções diferentes de

representação no grupo. Isto evitaria a formação aleatória de grupos de estudo,

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120

contendo integrantes que sejam identificados, por exemplo, apenas por um ou dois

dos Estilos de Aprendizagem predominantes.

Os resultados anteriormente expostos, referentes à identificação dos

Estilos de Aprendizagem predominantes, sugerem que o componente emocional

(dos sentimentos) não foi valorizado, para o processo de aprendizagem, pela maioria

dos alunos dos 1º e 8º Termos do Curso de Odontologia, em 2005, uma vez que a

minoria dos alunos demonstrou aprender por meio da experiência concreta, o que é

evidenciado pela pequena identificação dos Estilos Divergente e Acomodador nos

alunos pesquisados.

Cabe ressaltar, conforme citado aqui, que os resultados obtidos podem

ser o reflexo da pequena exposição dos alunos dos 1º e 8º Termos do Curso de

Odontologia às situações da prática odontológica. Nas atividades práticas os alunos

têm uma vivência de uma situação real e, portanto, podem interagir e aprender com

as pessoas envolvidas (pacientes) nessas situações por meio de sentimentos,

emoções e percepções.

Nesta perspectiva, o grupo total de alunos estudado pode ter enfoques

diferentes de aprendizado, como refere Rosa (1999), quando diz que os diferentes

resultados em relação à identificação dos Estilos de Aprendizagem predominantes,

podem ser atribuídos à influência da realidade social e econômica. Onde estão

envolvidos, por dimensões da personalidade que podem estar entre os fatores

determinantes de sua escolha de carreira odontológica, no qual não foi possível ser

detectado pelo instrumento utilizado em nossa pesquisa.

Exemplificando, Rosa (1999) realizou seus estudos em 114 alunos

matriculados na 4a série de dois Cursos de Medicina em duas universidades

particulares católicas do interior do Estado de São Paulo, com o objetivo de associar

os Estilos de Aprendizagem propostos por Kolb à escolha da carreira médica. A

autora identificou, na primeira universidade, que 39,1% dos entrevistados

apresentavam o Estilo de Aprendizagem Convergente, seguido do Estilo

Assimilador, apontado por 37,5% dos sujeitos. Na Segunda universidade, o Estilo

preferencial identificado pela autora foi o Assimilador, apontado por 44% dos alunos,

enquanto que o segundo Estilo preferencial foi o Convergente, demonstrado por

36,9% dos estudantes.

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121

Retomamos, portanto, o questionamento que relaciona o progredir dos

estudos e a maior atividade voltada à prática odontológica, com o fato de os

estudantes poderem vir a desenvolver os Estilos de Aprendizagem que possam

valorizar, também, o aprendizado envolvendo as emoções e o desenvolvimento de

uma maior sensibilidade aos problemas e às deficiências da sociedade.

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122

CONCLUSÕES FINAIS

O principal objetivo deste estudo foi o de identificar, nos alunos dos 1º

e 8º Termos do Curso de Odontologia de uma Universidade privada do interior do

Estado de São Paulo, Brasil, os Estilos de Aprendizagem propostos por David Kolb.

Concluímos que, com relação aos objetivos propostos conseguimos

detectar os seguintes aspectos à população de estudantes do presente estudo,

predominou a dimensão da aprendizagem abstrata, identificada pelos Estilos de

Aprendizagem Assimilador e Convergente.

A distribuição dos Estilos de Aprendizagem propostos por Kolb entre os

estudantes dos sexos masculino e feminino foram semelhantes, seguindo padrões

equivalentes de distribuição das orientações dos estilos de aprendizagem em todo o

espaço amostral.

Não foi demonstrada diferença significativa entre preferências de

Estilos de Aprendizagem entre homens e mulheres, com relação às dimensões

concreto – abstrata e da ação – reflexão. Em alunos de ambos os sexos

predominaram a dimensão abstrata no eixo da dimensão concreto - abstrata e, no

eixo da ação – reflexão, a dimensão da reflexão foi a evidenciada. É importante

comentar que o predomínio da dimensão abstrata foi o mais expressivo, entre todos

os estudantes pesquisados, de ambos os sexos.

Por outro lado, esses resultados observados podem, em parte, ser

atribuídos à grande homogeneidade da amostra em relação à faixa etária, uma vez

que a maioria dos estudantes pesquisados encontra-se entre 19 e 21 anos de idade,

e cursando por opção de carreira profissional, um curso de graduação em

Odontologia.

Os resultados apontados evidenciam, na amostra estudada, baixos

resultados em relação à aprendizagem acomodadora e divergente, em ambos os

sexos. Estes estilos de aprendizagem estão situados em modalidades concretas de

experiência por meio da prática e do envolvimento de sentimentos e emoções.

Futuras pesquisas poderiam enfocar a possibilidade de diferenças de

gêneros de estilos, em outras séries do Curso de Odontologia, com a finalidade de

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123

avaliação da estabilidade dos Estilos de Aprendizagem, da verificação de progredir

do curso e com um maior envolvimento dos alunos com as atividades da prática

propriamente dita ( por exemplo, o atendimento a pacientes, em clínicas, nos postos

de saúde, entre outros) haveria uma mudança na identificação destes estilos.

Acreditamos que essa linha de pesquisa, abrangendo a estabilidade do

estilo de aprendizagem, possa ser promissora, cabendo investigações futuras sobre

a história social do indivíduo relacionado à sua trajetória educacional.

Concordamos com Bariani, Cerqueira e Santos (2000), uma vez que

não temos a intenção de superestimar a questão dos Estilos de Aprendizagem sobre

o processo ensino – aprendizagem, em detrimento de outros aspectos igualmente

importantes. Acreditamos, porém, que a educação deva se preocupar não somente

com a aquisição do conhecimento, mas também, com o modo de pensar e de

aprender dos estudantes. É importante ressaltar, que os estilos de aprendizagem

podem influenciar a trajetória educacional dos indivíduos, mas também o seu

cotidiano.

Messick (1984) diz que os estilos de aprendizagem podem ser

relevantes, não somente para o processo de aprendizagem individual, mas também,

para a própria natureza do comportamento social e das interações humanas na

escola, na família e em outros grupos sociais.

Como mencionado anteriormente neste trabalho, consideramos

importante reafirmar que, conforme as concepções educativas a que nos referimos,

o conceito de Estilo de Aprendizagem deve incidir nas diferenças qualitativas das

formas de aprendizado, não importando-nos as diferenças quantitativas de

aprendizagem. Foi nesta perspectiva, que a nossa pesquisa transcorreu ao

identificarmos os estilos de aprendizagem discentes.

Outra linha promissora de estudo, seria a identificação dos estilos de

aprendizagem e de ensino do professor, pois poderia permitir a correlação da forma

de aprender dos alunos com a forma de ensinar do professor. Esta linha de pesquisa

traria informações complementares para a investigação das diferentes formas de

aprender.

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124

Por outro lado, não podemos ignorar a complexidade do processo

ensino – aprendizagem e tentar demonstrar apenas uma simples relação de causa e

efeito entre o Estilo de Aprendizagem dos alunos e o estilo de ensino do professor.

Entendemos Estilo de Aprendizagem como uma dentre as muitas

variáveis que interferem neste processo educacional. Precisa ser ponderado,

entretanto, que o estudo e o conhecimento dos estilos de aprendizagem dos

universitários devem, pelo menos, ser considerado para reduzir uma variável que

possa interferir na aprendizagem, ou na atitude dos alunos frente a ela.

Conforme destacado por Snyders (1995), o professor sendo aquele

que valoriza a aprendizagem em todas as suas etapas, deve dar ao estudante

segurança necessária para que ele progrida em seus estudos e revele-se mais

capaz do que pensava ou receava ser. Para o autor, o professor é quem tem o dever

de manter a segurança do estudante mesmo nas tarefas mais árduas.

Baseado nesta observação, a investigação dos estilos de

aprendizagem discentes relevante tanto para que o aluno possa refletir sobre si

mesmo e descobrir-se a si mesmo na qualidade de aprendiz, quanto para que o

professor possa levar em conta que diferentes estilos de aprendizagem requerem

modos diferentes de ensino. Pois ao valorizar as características dos alunos o

professor poderá favorecer o desenvolvimento de aspectos mais positivos de cada

pólo de estilo de aprendizagem, de modo a poder adaptá-lo às diversas exigências

da vida profissional.

Um dos objetivos da educação odontológica é o de que o cirurgião

dentista seja capaz de buscar respostas para as questões que surgem na prática

odontológica. A vivência de situações na vida profissional e a experiência de

diferentes circunstâncias trarão, com o decorrer do tempo, segurança na atividade

profissional, mas a capacidade de buscar o conhecimento sempre será decisiva para

o exercício da profissão odontológica, durante toda a vida.

Segundo Bariani (1998), o objetivo de ajudar a formação e o

desenvolvimento de um membro produtivo e dinâmico da sociedade, dificilmente

será atingido se o ensino for programado estritamente para corresponder a um Estilo

de Aprendizagem discente, pois o aluno não saberia agir em situações que

requisitassem uma abordagem diferente.

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Neste contexto, uma abordagem variada de estratégias de ensino pode

ser considerada para promover o desenvolvimento da flexibilidade de Estilos de

Aprendizagem, uma vez que o profissional mais flexível tende a ser mais bem

sucedido.

A maior contribuição deste trabalho na possibilidade de oferecer aos

docentes, tanto do ensino superior, médio e fundamental caminhos para a discussão

dos diferentes modos de aprender dos estudantes, que não poderão se examinados

apenas de uma forma poética ou filosófica, na busca para torná-los ideal.

É preciso caminhar além da especulação. A questão da expectativa no

que concerne a Universidade é ampla e se faz necessária, nesse momento na

medida em que os estilos de Aprendizagem poderão determinar aos docentes

estratégias de ensino e aprendizagem. Compatíveis aos estilos dos estudantes,

gerando desta forma uma aprendizagem satisfatória, um lugar de crescimento,

criatividade e satisfação.

Conforme a lição Snyders (1988 p. 20): “ousarei dizer que o mundo de

hoje é favorável à satisfação e que não devemos abdicá-la.” \o que às vezes ocorre

é uma insatisfação do aluno por ter que assumir um não aprendizado, cujo fracasso,

necessariamente não é seu.

Não é possível pensar em Instituição de Ensino Superior, sem pensar

no sucesso educativo de todos aqueles que a integra, como também, não é possível

pensar de qualquer tipo de Organização Social e Comunitária, sem pensar no bem

estar e no sucesso de todos que dela fazem parte. O bem estar e o sucesso do

cidadão, passa necessariamente pelo seu desenvolvimento pessoal.

Portanto, qualquer sistema de educação que não contribua de uma

maneira clara e eficaz para este objetivo é um sistema irremediavelmente ineficiente,

pois o princípio e o fim do bem estar, do sucesso, da satisfação, seja material, social,

não podem desligar-se do jeito do homem ser, de ser feliz, de tornar-se mais pessoa

ao longo de sua existência.

Nossa pesquisa se torna relevante, na medida em que se faz uma

reflexão sobre os estilos de aprendizagem de estudantes universitários de um curso

de Odontologia. Além disso, reflete sobre seus objetivos, seu papel e função social,

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constituindo-se assim, o pano de fundo e preocupação de toda análise realizada

por nós sobre as diferentes maneiras de aprender.

Nossa proposta buscou instigar e investigar como vem sendo

trabalhado o aluno no cotidiano da sala de aula e não apenas tivemos ao longo do

trabalho uma visão unilateral, onde muitos docentes ainda insistem em ignorar.

Talvez com ela, possamos redescobrir uma Universidade capaz de oferecer uma

educação de excelência e não privarmos de ir ao encontro das expectativas desses

futuros profissionais, e com isso torná-los mais qualificados e mais competentes.

Como proposta final deste trabalho, gostaríamos de apresentar um

programa de capacitação de professor para o reconhecimento dos Estilos de

Aprendizagem dos seus alunos e técnicas que atendam os estilos levantados em

sala de aula.

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APÊNDICES

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APÊNDICE 1

Levantamento dos Estilos de Aprendizagem dos Alunos do 1º e 8º Termos do

Curso de Odontologia, da Universidade do Oeste Paulista.

Estilo de Aprendizagem ( Total )

39%

10%19%

32%

Accommodator

Assimilator

Converger

Diverger

Estilo Quan. % Diverger 24,3 19% Converger 40,64 32% Assimilator 49,53 39% Accommodator 12,70 10% Total 127 100%

Fonte: Lima, Angelita -2005.

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APÊNDICE 2

Inventário Sobre os Estilos de Aprendizagem de David Kolb (IEA)

O Levantamento de Estilos de Aprendizagem descreve a maneira como você aprende e o como você lida com idéias e situações de cada dia em sua vida.

Abaixo existem 12 sentenças com quatro finais cada uma delas. Complete os finais para as sentenças de acordo com o quanto você acha que cada um desses finais coincide com o modo como você faz quando está aprendendo algo. Tente lembrar-se de algumas situações nas quais você teve de aprender algo novo.

Então, utilizando os espaços disponíveis, ordene com um “4” o final de sentença que descreve melhor como você aprende. Em seguida, posicione o “1” para o final de sentença que parece menos descrever a maneira como você aprende.

Para os outros dois finais de frases ordene o “3” e “2” para as conclusões de maior e de menor valor para o modo como você aprendeu, respectivamente. Certifique-se que ordenou todos os finais para cada sentença.

Por favor, não provoque nenhum empate para finais diferentes da mesma sentença.

Observe o exemplo de uma sentença com os diferentes finais propostos ordenados na primeira linha do questionário:

Quando eu aprendo:

__3_ Eu gosto de lidar com meus sentimentos.

__1_ Eu gosto de observar e escutar.

__2_ Eu gosto de pensar sobre idéias.

__4_ Eu gosto de estar fazendo coisas.

1-Quando eu aprendo:

___ Eu gosto de lidar com meus sentimentos.

___ Eu gosto de observar e escutar.

___ Eu gosto de pensar sobre idéias.

___ Eu gosto de estar fazendo coisas.

2-Eu aprendo melhor quando:

___ Eu levo em conta meus pressentimentos e sentimentos.

___ Eu escuto e observo cuidadosamente.

___ Eu faço uso de raciocínio lógico.

___ Eu trabalho duro para cumprir as tarefas.

3-Quando estou aprendendo:

___ Eu tenho sentimentos e reações fortes.

___ Eu sou quieto e reservado.

___ Eu sou levado a ponderar as coisas.

___ Eu sou responsável com as coisas.

4–Eu aprendo através do:

___ Sentir. ___ Observar.

___ Pensar. ___ Fazer.

5– Quando eu aprendo:

___ Eu estou aberto a novas experiências.

___ Eu levo em conta todos os

___ Eu gosto de analisar as coisas e

___ Eu gosto de experimentar

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ângulos dos assuntos.

decompô-las em suas partes

as coisas.

6- Quando estou aprendendo:

___ Eu sou uma pessoa intuitiva.

___ Eu sou uma pessoa observadora.

___ Eu sou uma pessoa lógica.

___ Eu sou uma pessoa ativa.

7- Eu aprendo melhor de (a):

___ Relações pessoais.

___ Observações.

___ Teorias racionais.

___ Uma oportunidade para experimentar e praticar.

8- Quando eu aprendo:

___ Eu sinto-me pessoalmente envolvido com as coisas.

___ Eu penso antes de agir.

___ Eu gosto de idéias e teorias.

___ Eu gosto de ver os resultados de meu trabalho.

9- Eu aprendo melhor quando:

___ Eu levo em conta meus sentimentos.

___ Eu levo em conta minhas observações.

___ Eu levo em conta minhas idéias.

___ Eu posso experimentar as coisas por mim mesmo.

10- Quando eu estou aprendendo:

___ Eu sou uma pessoa aberta a sugestões, idéias e críticas.

___ Eu sou uma pessoa reservada.

___ Eu sou uma pessoa racional.

___ Eu sou uma pessoa responsável.

11- Quando eu aprendo:

___ Eu me envolvo.

___ Eu gosto de observar.

___ Eu avalio as coisas.

___ Eu gosto de ser ativo.

12- Eu aprendo melhor quando:

___ Eu sou receptivo e mente aberta.

___ Eu sou cuidadoso.

___ Eu analiso as idéias.

___ Eu sou prático.

O Ciclo do Aprendizado

CE ___

RO ___

AC ___

AE ___

Grade do Tipo de Aprendizagem: AE – RO = AE – RO ___ - ___ = _______ AC – CE = AC – CE ___ - ___ = _______ Copyright 1985 David A. Kolb revised 1999.

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APÊNDICE 3

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA

Nome:____________________________________________________________ Termo:____________ Data:___________

1. Qual a sua idade:

anos 2. Sexo:

masculino feminino 3. Estado civil:

solteiro(a) divorciado(a)

casado(a) companheiro(a)

viúvo(a) outros 4. Em que ano ingressou no Curso de Odontologia da Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE ?

2000 2001 2004

2001 2003 2005

outro: especificar: 5. Em relação ao seu ingresso no Curso de Odontologia da Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE ?

aprovado(a) por processo seletivo

transferido(a) Especificar local de origem: _____________________________

Especificar ano da transferência 6. Você já freqüentou outro(s) curso(s) de graduação?

sim não Em caso afirmativo: Qual(is) curso(s)? _________________________________

Ano(s) de ingresso neste(s) outro(s) curso(s) -

Ano(s) de conclusão do(s) curso(s), caso de tê-lo(s) concluído - Fonte: Modelo de questionário utilizado em nossa pesquisa, 2005.

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141

APÊNDICE 4

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Prezado (a) aluno (a), Conforme requisito do Comitê de Ética em Pesquisa desta

Universidade, estou me apresentando a você e descrevendo brevemente a pesquisa que estarei realizando.

Meu nome é Angelita Ibanhes Almeida de Oliveira Lima, sou mestranda na área de Educação e estou realizando uma pesquisa sobre os estilos de aprendizagem discente.

Com este estudo, objetivo identificar nos alunos das 1a e 8a termos do Curso de Odontologia, aos quatro Estilos de Aprendizagem propostos por David Kolb, cada um dos quais associado a uma maneira de solucionar os problemas utilizados neste Curso de Odontologia.

Sua participação constará em tão somente responder a um questionário de auto – preenchimento e devolvê-lo a pesquisadora.

Os questionários ficarão sob a minha responsabilidade e será garantido o meu empenho em manter o sigilo das informações fornecidas visando protegê-lo de eventuais questões éticas que possam surgir.

Em todas as etapas da pesquisa fica garantido o direito de ser excluído e o de não ser identificado, se assim o desejar, bem como recusar-se a responder quaisquer perguntas sem precisar se justificar.

Desta forma, solicito sua colaboração, pela qual antecipadamente agradeço, e me coloco a sua disposição para eventuais esclarecimentos.

Desejo participar desta pesquisa, que envolverá o preenchimento de um questionário.

________________________ _____________________ Nome do Aluno Angelita I. A. Oliveira Lima ________________________ _____________________ Assinatura Data

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APENDICE 5

Representação do Ciclo de Aprendizado

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