Estabelecimento de Benchmarks para os Custos de Utilização … · 2014. 11. 18. · Resumo...
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Leonel Fernandes Lemos
Estabelecimento de Benchmarkspara os Custos de Utilização dosEdifícios Hospitalares Portugueses
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Universidade do MinhoEscola de Engenharia
novembro de 2013
Tese de MestradoCiclo de Estudos Integrados Conducentes aoGrau de Mestre em Engenharia CivilÁrea de Especialização: Construções
Trabalho efetuado sob a orientação doProfessor Doutor Ricardo Mateus
e coorientação doProfessor Doutor Luís Bragança
Leonel Fernandes Lemos
Estabelecimento de Benchmarkspara os Custos de Utilização dosEdifícios Hospitalares Portugueses
Universidade do MinhoEscola de Engenharia
Agradecimentos
Universidade do Minho i
Agradecimentos
A dissertação que agora se apresenta, representa o culminar de um ciclo de estudo, um
período de viva onde estudar e terminar este mestrado era o principal objetivo. Pelo caminho
surgiram muitas dificuldades que consequentemente concluíram em enormes alegrias.
Durante cinco anos de estudo tive a oportunidade de partilhar dias, noites, horas e horas de
estudo com colegas de curso. Juntos conseguimos ultrapassar todas as dificuldades. Agradeço
a todos estes, o companheirismo, espírito de equipa e amizade. Espero, um dia ter a
oportunidade de cooperar profissionalmente. Um abraço a todos.
Apesar de representar uma tarefa individual, a conclusão desta dissertação não seria possível
sem a dedicação, o empenho e a determinação de todo um grupo de trabalho. Assim, gostaria
de agradecer:
• Ao meu orientador, Professor Doutor Ricardo Mateus e coorientador, Professor
Doutor Luís Bragança, pela dedicação, tempo despendido, compreensão, pela capacidade
critica permanente, incentivo, reconhecimento de trabalho, bem como pelos conhecimentos
transmitidos.
• À Mestre Arquiteta Fátima Castro, pela disponibilidade e apoio demonstrado, pelo
acompanhamento às entidades hospitalares; Obrigado por tudo.
• À Marta Pereira, pela disponibilidade demonstrada durante todo o processo, espírito
de equipa, pela partilha de conhecimento eficaz com todo o grupo de trabalho, por todo o
trabalho realizado. Uma colega de curso que não tinha conhecido particularmente durante
os quatro anos de curso, mas que guardo com muita estima e amizade;
A total cooperação, a disponibilidade para reunir, a constante preocupação em nos informar
do estado de arte, agradeço à equipa da ACSS responsável pelo PEBC e ECO-AP toda a ajuda
concedida.
À minha família e amigos mais chegados, um muito obrigado pela força e vontade que me
transmitiram. Aos meus pais e irmã, obrigado por tudo. Obrigado pelo vosso incentivo
incessável, pelo apoio, pela compreensão, e acima de tudo, pelo vosso amor. Ao meu irmão,
obrigado pela força que deixaste connosco. Um homem da área da construção, sei que estaria
muito orgulhoso.
Agradecimentos
ii Universidade do Minho
Por fim, quero também deixar uma palavra de agradecimento à minha namorada Vânia
Ribeiro, pelo amor, carinho e compreensão. Com ela este objetivo tornou-se possível.
Obrigado pelo entusiasmo, incentivo e apoio constante durante todo este ciclo de estudo.
A todos, muito obrigado.
Resumo
Universidade do Minho iii
Resumo
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) contribui para a proteção da saúde dos portugueses,
contudo a sua gestão tem-se revelado, por vezes, pouco eficiente, uma vez que não é possível
controlar a procura, assim como os custos.
Os edifícios hospitalares têm uma grande e complexa variedade de recursos e exigências nos
seus diversos campos de atuação, que juntamente com o aumento da esperança média de vida
e o avanço científico e tecnológico, tornam o estudo desta tipologia de edifícios um desafio
aliciante. A gestão hospitalar rapidamente se apercebeu que: para o SNS se tornar uma
estrutura financeira estável, seria necessário melhorar o desempenho, tornando-se assim o
benchmarking a palavra do momento.
A avaliação do desempenho não cria somente os benchmarks, como fornece também
informação em falta às instituições e organizações e demonstra como melhorar o desempenho.
Através da metodologia benchmarking espera-se obter o valor das melhores práticas exercidas
pelos edifícios hospitalares e assim fornecer aos gestores hospitalares e projetistas a
possibilidade de identificação de pontos de melhoria com vista à redução de custos de
utilização e aumento da sua eficiência.
Desta forma, com o trabalho realizado conseguiu-se definir benchmarks para os custos de
utilização (água, energia, gás e resíduos) de edifícios hospitalares portugueses, estabelecendo
uma base para a proposta de redução dos mesmos. Permite-se, assim, aos gestores
hospitalares averiguar qual o posicionamento do hospital do qual são responsáveis,
verificando a sua eficiência em cada indicador estudado.
Com o presente estudo, é esperado um contributo significativo para a evolução do estado de
arte sobre a temática abordada e contribuir para que futuras investigações consigam um
aumento na eficiência dos edifícios hospitalares, através da redução de custos de utilização.
Palavras-chave:
Sustentabilidade; Benchmark; eficiência hospitalar; custos de utilização; gestão hospitalar;
Resumo
iv Universidade do Minho
Abstract
Universidade do Minho v
Abstract
The National Health Service (NHS) contributes to the protection of the health of the
portuguese people but its management has sometimes proved inefficient due to the
unforeseeable demand and running costs.
The great hospital buildings within the NHS, which possess a large and complex variety of
resources and demands in their various fields of work, allied to the rise of life expectancy and
technological advances, make the study of this building typology an enticing challenge.
Hospital management soon realized that in order to stay a financial stable institution it had to
become cost effective, making benchmarking a path to follow.
Therefore, the performance evaluation creates not only benchmarks but also provides
information that the institutions and organizations lack demonstrating how to improve
performance. Through this methodology it is expected to obtain the value of the best practices
exercised by hospitals providing hospital managers and designers the ability to identify
improvement measures aimed at reducing running costs and increased efficiency.
Therefore, this assignment aimed to set benchmarks for running costs (water, electricity, gas
and residues) of portuguese hospital facilities, establishing a foundation to a proposal of cost
cuts to keep them running. It allows hospital managers to find its market positioning and its
score on the various studied indicators.
At the end of the assignment, it is expected a significant contribution to the evolution of the
state of the art of the matter and contribution so that future investigations achieve increased
efficiency by reducing hospital running costs.
Keywords :
Sustainability; Benchmark; hospital efficiency; running costs; hospital management;
Abstract
vi Universidade do Minho
Índice
Universidade do Minho vii
Índice
CAPÍTULO 1 - FUNDAMENTAÇÃO E OBJETIVOS 1
1.1. Introdução 1
1.2. Enquadramento 3
1.3. Objetivos 6
1.4. Estrutura da Tese 7
CAPÍTULO 2 - PROCESSO DE BENCHMARKING 9
CAPÍTULO 3 - ESTADO DE ARTE 17
3.1. Benchmark Ambiental em Instituições do Ensino Superior (IES) 19
3.1.1. IES de Portugal - Campus da FCT/UNL 19
3.2. Benchmarks hospitalares 31
3.2.1. Hospitais SA 32
3.2.2. Hospitais Ibéricos 36
3.2.3. ACSS 2013 39
CAPÍTULO 4 - RECOLHA DE DADOS 45
4.1. Tratamento de dados 45
4.2. Agrupamento de dados 48
CAPÍTULO 5 - ESTABELECIMENTO DE BENCHMARKS DE CUSTOS PARA
EDIFICIOS HOSPITALARES 55
5.1. Dados estatísticos 55
5.2. Benchmarks para custos de utilização 57
CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 71
6.1. Principais conclusões 71
6.2. Perspetivas futuras 72
ANEXOS 1
Índice
viii Universidade do Minho
Índice
Universidade do Minho ix
Índice de Figuras
Figura 1 -‐ Pilares da construção sustentável -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 4 Figura 2 -‐ Melhoria promovida pelo benchmark -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 11 Figura 3 -‐ Metodologia pdcl segundo deming, relatório do comité temático de benchmark da fnq -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 15 Figura 4 -‐ Metodologia de trabalho -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 19 Figura 5 -‐ Consumo de energia nas ies em análise – 2008 -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 29 Figura 6 -‐ Consumo de água nas ies em analise – 2008 -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 30 Figura 7 -‐ recolha de informação -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 33 Figura 8 -‐ Ranking de eficiência global dos hospitais em estudo -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 34 Figura 9 -‐ Exemplo de benchmark da alavanca 1 -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 34 Figura 10 -‐ GAP dos hospitais SA -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 35 Figura 11 -‐ Estudo dos pogramas críticos do hospital h. D. Guimarães -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 36 Figura 12 -‐ Comparação da mortalidade bruta e ajustada pelo risco -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 38 Figura 13 -‐ Comparação das complicações brutas e ajustadas pelo risco -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 38 Figura 14 -‐ Instituições hospitalares alvo de análise -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 40 Figura 15 -‐ Dimensões de benchmarking e indicadores do estudo -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 41 Figura 16 -‐ Sistema de avaliação por cores -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 41 Figura 17 -‐ Divisão dos edifícios hospitalares -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 51 Figura 18 -‐ Influência dos custos de utilização (grupo I) -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 54 Figura 19 -‐ Influência dos custos de utilização (grupo II) -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 54 Figura 20 -‐ Influência dos custos de utilização (grupo III) -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 54 Figura 21 -‐ Curva de gauss -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 57 Figura 22 -‐ Custo de água por m2 dos edifícios hospitalares do grupo I -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 60 Figura 23 -‐ Custo de água por m2 dos edifícios hospitalares do grupo II -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 60 Figura 24 -‐ Custo de água por m2 dos edifícios hospitalares do grupo III -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 61 Figura 25 -‐ Custo de energia por m2 dos edifícios hospitalares do grupo I -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 61 Figura 26 -‐ Custo de energia por m2 dos edifícios hospitalares do grupo II -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 62 Figura 27 -‐ Custo de energia por m2 dos edifícios hospitalares do grupo III -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 62 Figura 28 -‐ Custo de gás por m2 dos edifícios hospitalares do grupo I -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 63 Figura 29 -‐ Custo de gás por m2 dos edifícios hospitalares do grupo II -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 64 Figura 30 -‐ Custo de gás por m2 dos edifícios hospitalares do grupo III -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 64 Figura 31 -‐ Custo de resíduos por m2 dos edifícios hospitalares do grupo I -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 65 Figura 32 -‐ Custo de resíduos por m2 dos edifícios hospitalares do grupo II -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 65 Figura 33 -‐ Custo de resíduos por m2 dos edifícios hospitalares do grupo III -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 66 Figura 34 -‐ Custo total por m2 dos edifícios hospitalares do grupo I -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 67 Figura 35 -‐ Custo total por m2 dos edifícios hospitalares do grupo II -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 67 Figura 36 -‐ Custo total por m2 dos edifícios hospitalares do grupo III -‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐ 68
Índice
x Universidade do Minho
Índice
Universidade do Minho xi
Índice de Tabelas
Tabela 1 -‐ Motivos para o benchmark .................................................................................................................. 10 Tabela 2 -‐ Diferentes tipos de benchmark ........................................................................................................... 13 Tabela 3 -‐ Indicadores de desempenho ambiental aplicáveis a ies ...................................................................... 20 Tabela 4 -‐ IES selecionadas para benchmarks ...................................................................................................... 24 Tabela 5 -‐ Dados das ies selecionadas para realização de benchmark ................................................................ 26 Tabela 6 -‐ Exemplo de ficha de benchmark .......................................................................................................... 27 Tabela 7-‐ Níveis de autoavaliação ........................................................................................................................ 27 Tabela 8 -‐ Resultados dos indicadores de sustentabilidade na categoria energia para as ies em analise – 2008 28 Tabela 9 -‐ Resultados dos indicados de sustentabilidade na categoria água para as ies em analise – 2008 ....... 30 Tabela 10 -‐ Características dos hospitais do grupo de comparação .................................................................... 37
Tabela 11 -‐ Benchmarking da dimensão económica para o indicador FSE/m2 de área útil ................................. 42
Tabela 12 -‐ Potencial para redução dos custos FSE i ............................................................................................ 43 Tabela 13 -‐ Parâmetros nº de camas, área útil e custos utilização ....................................................................... 49 Tabela 14 -‐ Determinação dos quartis .................................................................................................................. 50 Tabela 15 -‐ Hospitais, custos de utilização e área útil do grupo i .......................................................................... 51 Tabela 16 -‐ Hospitais, custos de utilização e área útil do grupo ii ......................................................................... 52 Tabela 17 -‐ Hospitais, custos de utilização e área útil do grupo iii ........................................................................ 53 Tabela 18 -‐ Verificação de discrepância para custos de gás (grupo i) ................................................................... 58 Tabela 19 -‐ Resumo das melhores práticas, práticas convencionais e piores práticas de todos os indicadores .. 59
Índice
xii Universidade do Minho
Abreviaturas
Universidade do Minho xiii
Abreviaturas
ACSS – Administração Central de Sistema de Saúde
ASHE – American Society of Healthcare Engineering
ARS – Administração Regional de Saúde
CH – Centro Hospitalar
EPE – Entidade Publica Empresarial
FCT/UNL – Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa
GEE – Gases Efeito Estufa
IES – Instituições do Ensino Superior
PEBC e ECO.AP – Plano estratégico do Baixo Carbono e Programa de Eficiência Energética
da Administração Publica
PPP – Parcerias Público Privadas
SA – Sociedade Anónima
SGA – sistemas de gestão ambiental
SNS – Sistema Nacional de Saúde
SPA – Setor Publico Administrativo)
ULS – Unidade Local de Saúde
Abreviaturas
xiv Universidade do Minho
Capítulo 1 – Fundamentação e objetivos
Universidade do Minho 1
CAPÍTULO 1 - FUNDAMENTAÇÃO E OBJETIVOS
1.1. Introdução
A presente dissertação com o tema “Estabelecimento de benchmarks para os custos de
utilização dos edifícios hospitalares portugueses”, finaliza o ciclo de mestrado de dois anos na
área de construções no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia Civil da Universidade
do Minho.
O Sistema Nacional de Saúde português é fruto de um longo percurso de progressivo
reconhecimento do direito à proteção social da saúde, consagrado institucionalmente em 1976
(Aguiar, 2010).
A avaliação do desempenho das organizações de saúde, mais concretamente dos hospitais, é
um fator que tem merecido grande enfoque não só a nível internacional como nacional
(Aguiar, 2010). Assim sendo, os três importantes desafios dos sistemas de saúde são: a
sustentabilidade, a qual depende do pleno equilíbrio a longo prazo entre as receitas e as
despesas, a accountability (responsabilidade), sendo que esta passa por demonstrar de forma
sistemática e objetiva, a adequada utilização dos recursos disponíveis, e a inovação a qual
consiste na capacidade de adquirir novos conhecimentos e novas tecnologias na prática clínica
(Delgado, 2010).
A sustentabilidade é um conceito que está organizado segundo três dimensões: ambiental,
económica e social. Para um edifício ser considerado sustentável, isso depende do equilíbrio
estabelecido entre as três dimensões referidas, da importância que se atribui a cada uma delas,
dos indicadores utilizados, da tipologia da utilização do edifício e dos fatores socioculturais,
económicos, bem como dos problemas ambientais característicos de cada região (Bragança,
Mateus, 2012).
Assim sendo, o conceito de desenvolvimento sustentável na indústria da construção envolve
todo o ciclo de vida do edifício, desde a extração e transformação das matérias-primas até à
fase de demolição e/ou desconstrução, passando por todas as outras fases como o
planeamento, projeto, construção, utilização e manutenção (Castro, Mateus, Bragança, 2012).
No estudo apresentado será dado maior ênfase à dimensão económica, visto ser o objeto o
estabelecimento de benchmarks de custos de utilização de edifícios hospitalares.
Capítulo 1 – Fundamentação e objetivos
2 Universidade do Minho
É de salientar que os grandes desafios das instituições são mesmo a promoção da qualidade
dos serviços aumentando a eficiência, criando uma linguagem comum de indicadores de
desempenho e benchmarks, selecionando adequadamente a inovação face às necessidades da
população, de forma a evitar a subutilização ou a sobre-utilização de recursos (Delgado,
2010).
Um dos instrumentos mais utilizados para avaliar o desempenho e a eficiência das
organizações é o benchmark, sendo que este deve constituir uma base através da qual se
desencadeiam processos de ajustamento das organizações, comparando competências e
processos, de modo a identificar as melhores práticas para depois as ensaiar, adaptar e
implementar (Freitas et al., 2001).
Segundo Camp (1994), o benchmark é definido como um processo contínuo de medir
produtos, serviços, e práticas com os maiores concorrentes de uma empresa ou os líderes do
mercado. Esta ferramenta administrativa foi introduzida nos anos 80 nos Estados Unidos pela
Companhia Xerox, tendo vindo a ser reconhecida desde então como um modo eficiente e
efetivo de aperfeiçoar uma grande variedade de práticas empresariais (Camp, 1994; Mosel,
Gift, 1994).
Assim sendo a utilização de técnicas de benchmark, tornou-se uma prática convencional em
muitas indústrias, contudo na área da saúde em Portugal esta apenas foi aplicada nos últimos
anos, trazendo a sua implementação ao nível dos cuidados de saúde, a redução do tempo de
internamento, bem como a diminuição da taxa de mortalidade, levando desta forma à redução
de custos e melhoramento dos cuidados de saúde prestados (Mosel, Gift, 1994; Berkey, 1994;
Libby, Grove, Adams, 1997).
O estudo da sustentabilidade em edifícios hospitalares portugueses torna-se assim urgente.
Esta tipologia de edifícios são grandes consumidores energia por terem de manter grandes
volumes de ar à temperatura de conforto, isto é, necessitam de grandes quantidades de energia
para aquecimento e arrefecimento, mas também para o funcionamento dos equipamentos das
especialidades terapêuticas e manutenção do edifício.
Capítulo 1 – Fundamentação e objetivos
Universidade do Minho 3
1.2. Enquadramento
A construção é um dos setores económicos mais importantes, contudo este setor ainda se
baseia em muitos sistemas construtivos convencionais e na mão-de-obra não qualificada, o
que leva à (Bragança, 2012):
• Excessiva utilização de recursos naturais;
• Excesso de consumo de energia;
• Excessiva produção de resíduos;
Esta realidade conduz a um elevado impacte ambiental, económico e social da construção. Por
esta razão, este passa ser tema-chave para os profissionais deste setor, dada esta realidade ser
incompatível com o desenvolvimento sustentável (Bragança, 2012).
No que diz respeito ao impacte ambiental, este caracteriza-se pela utilização de cerca de 50%
das matérias-primas retiradas da crosta terrestre e pela emissão de cerca de 1/3 dos gases
efeito estufa (GEE). Relativamente ao impacto económico, a construção é um o setor motor
da economia. Em relação ao impacto social, o setor da construção é constituído por 2,4
milhões de empresas na U.E., das quais 97% são pequenas médias empresas (PME’s) com
menos de 20 empregados, representando um total de 7,2% de emprego, fazendo com que esta
indústria tenha importantes responsabilidades a nível social (Bragança, 2012).
Assim sendo, é necessário definir prioridades, que se aproximem das metas e objetivos do
desenvolvimento sustentável. Um edifício para ser considerado sustentável, o seu projeto deve
assentar no equilíbrio entre as três dimensões da sustentabilidade descritas anteriormente
(ambiental, económica e social) (Bragança, 2012).
O conceito de desenvolvimento sustentável, envolve todas as fases de ciclo de vida de um
determinado produto ou edifício. Assim é imprescindível a minimização de impactes
negativos desde a extração e transformação das matérias-primas que o constituem, passando
pelo planeamento/projeto para a sua aplicação, incluindo as fases de construção, utilização,
manutenção e demolição de um edifício (Figura 1) (Mateus, Bragança, 2011).
Capítulo 1 – Fundamentação e objetivos
4 Universidade do Minho
Figura 1 - Pilares da construção sustentável (Mateus, 2004)
Deste modo, a sustentabilidade depende da importância que se atribui a cada uma das
dimensões do desenvolvimento sustentável, dos indicadores utilizados, da tipologia da
utilização do edifício e dos fatores socioculturais, económicos, bem como dos problemas
ambientais característicos de cada região (Mateus, 2004)
Os edifícios hospitalares, bem como todos outros edifícios do SNS (Sistema Nacional de
Saúde), são edifícios com uma grande e complexa variedade de recursos e exigências nos seus
diversos campos de atuação, o que torna o estudo desta tipologia de edifícios um desafio
aliciante (Robert, Guenther, 2006).
Os edifícios hospitalares representam um foco fundamental de estudo no processo de
avaliação do ciclo de vida dos edifícios, dado serem grandes consumidores quer de recursos
naturais, quer de energia, a qual é utilizada em sistemas de aquecimento, arrefecimento e para
o funcionamento de equipamentos e aparelhos, entre outros. Assim, o setor da saúde tem um
peso importante na economia das nações e nas suas políticas, devido ao facto de este setor
estar diretamente relacionado com a saúde humana. Existem vários parâmetros que
contribuem para que este sector seja considerado um dos maiores consumidores de recursos
humanos e de energia, dos quais se destacam (Castro, Mateus, Bragança, 2012):
• Funcionamento de equipamentos por períodos de 24h;
• Elevado número de circulação de pessoas;
• Existência de zonas de trabalho distintas, as quais apresentam necessidades
energéticas diferentes;
• Presença de diversas funções como: tratamento, ensino, pesquisa, reabilitação,
promoção da saúde, bem como prevenção da doença;
Capítulo 1 – Fundamentação e objetivos
Universidade do Minho 5
• Necessidade de existência de equipamentos de reserva, para que esteja
assegurado o fornecimento constante de energia;
• Dimensão das instalações.
Desta forma, quando se pensa no projeto de um ambiente hospitalar, são tidas em conta
algumas preocupações como: o clima (onde o edifício é construído), a insolação, a tipologia
do terreno, a eficiência em relação ao desenvolvimento das atividades e adaptabilidade a
novas descobertas e tecnologias (Castro, Mateus, Bragança, 2012).
É de salientar que um hospital tem um consumo médio de energia por metro quadrado (m²),
10 vezes superior ao consumo de um edifício de escritórios com laboratórios de investigação,
o que leva a que por ano esta tipologia de edifícios consuma mais eletricidade do que
qualquer outra construção existente em qualquer cidade portuguesa. Segundo Castro, Mateus
e Bragança (2012), um exemplo prático do peso que os equipamentos e todas as outras
variáveis descritas anteriormente têm ao nível dos consumos nesta tipologia de edifícios, é o
caso do hospital de S. João, o qual aumentou em cerca de 8% o consumo de energia entre os
anos de 2007 a 2009, devido à introdução de novos equipamentos, ventilação e às obras que
se encontravam em curso (Castro, Mateus, Bragança, 2012).
Atualmente, já existem vários estudos desenvolvidos no âmbito hospitalar, os quais se focam
no conceito de desenvolvimento sustentável. Contudo na sua grande maioria estas são
voltados para a dimensão económica (gestão empresarial). A maior parte das organizações
para a saúde e equipas de projeto, que começaram a debruçar-se sobre construção sustentável
dos edifícios hospitalares, tinham o intuito de perceber quais as vantagens que este tipo de
prática acarretava ao nível da redução de custos e melhor qualidade disponibilizada aos
utilizadores, de forma a preservarem o meio ambiente (Castro, Mateus, Bragança, 2012).
Assim sendo, vários países têm procedido à publicação de diretrizes de projetos para edifícios
hospitalares, sendo que segundo Castro, Mateus e Bragança (2012), de entre estes é de
destacar as recomendações para projetos hospitalares que o Green Building committee da
American Society of Healthcare Engineering (ASHE) publicou em 2002. Outra das
publicações por estes autores referida são os princípios da arquitetura sustentável, de forma a
melhorar o meio ambiente, implementando regras com o intuito de reduzir os resíduos. Este
projeto foi desenvolvido pelo American Hospital Association’s, em parceria com a United
States Environmental Protection Agency (Castro, Mateus, Bragança, 2012).
Capítulo 1 – Fundamentação e objetivos
6 Universidade do Minho
Em suma, neste trabalho será estudada a eficiência dos hospitais quanto aos custos de
utilização. Para tal, será usado para aferir esse desempenho/eficiência a ferramenta de
benchmarks que, segundo Freitas et al. (2001), deve constituir uma base sobre a qual se
desencadeiam processos de ajustamento das organizações (empresariais e institucionais) às
novas realidades, comparando competências e processos, designadamente com as
organizações de excelência, de modo a identificar as melhores práticas para depois as ensaiar,
adaptar e implementar.
1.3. Objetivos
O estudo desenvolvido tem por base a análise dos custos de utilização dos hospitais
portugueses, tendo em conta esta tipologia de edifícios.
Para o estudo e a análise comparativa dos custos de utilização foi utilizada a metodologia
benchmarking para o estabelecimento da “melhor prática”, definida pelos 25% melhores
hospitais estudados, através da qual se obteve a melhor eficiência hospitalar, da “prática
convencional”, a qual é definida pela mediana dos hospitais estudados, e ainda da “pior
prática” definida pelos 25% piores hospitais estudados, através da análise de custos por m2 de
área útil em cada grupo de hospitais.
O estabelecimento de benchmarks é uma metodologia cada vez mais utilizada pelas
organizações internacionais e nacionais, sendo aqui proposto também para os hospitais
portugueses. Através desta metodologia espera-se obter o valor das melhores práticas
observadas nos edifícios hospitalares e assim fornecer aos gestores hospitalares e projetistas a
possibilidade de identificação das medidas de melhoria com vista a redução dos custos de
utilização e aumento da sua eficiência.
Com este estudo é esperado um contributo significativo para a evolução do estado de arte
sobre a temática abordada e contribuir para que futuros trabalhos de investigação consigam
um aumento da eficiência dos hospitais através da redução de custos de utilização, pelo
estabelecimento de benchmarks para estes edificios.
Capítulo 1 – Fundamentação e objetivos
Universidade do Minho 7
1.4. Estrutura da Tese
A presente dissertação encontra-se organizada em seis capítulos, onde se apresentam todas as
opções e metodologias adotadas. Seguidamente é apresentada uma breve explicação de cada
capítulo.
No primeiro capítulo expõe-se os aspetos gerais relativamente á construção sustentável em
edifícios hospitalares. Assim, começa-se por apresentar uma breve introdução e
enquadramento dos custos de utilização na construção sustentável. Seguidamente são
especificados os objetivos principais do presente estudo.
Com o segundo capítulo pretende-se esclarecer o leitor desta dissertação em que consiste o
processo de benchmarking. Assim, será apresentada a definição de benchmark segundo
autores diferentes, bem como os princípios, motivos e objetivos da utilização desta
metodologia para avaliação do desempenho. Serão ainda apresentadas vantagens e
desvantagens dos principais tipos de benchmark, bem como a relação entre estes.
O terceiro capítulo consiste na revisão bibliográfica sobre benchmarking. Foca estudos onde
foi empregada a metodologia benchmarking em edifícios hospitalares, bem como em outras
tipologias de edifícios.
No quarto capítulo será referida a metodologia de recolha de dados, descrevendo as
dificuldade sentidas e as entidades fornecedoras dos dados pretendidos (custos de utilização).
Neste capitulo será mencionado o método de agrupamento dos edifícios hospitalares de modo
a serem estabelecidos os grupos hospitalares.
No quinto capítulo são estabelecido os benchmarks dos custos de utilização dos edifícios
hospitalares parceiros de estudo. Neste capítulo será apresentada a forma para obtenção da
“melhor prática”, prática convencional e “ pior prática” de cada indicador estudado (custo de
água, energia, gás e resíduos) para cada grupo de edifícios hospitalares.
Por fim, no capítulo seis serão citadas as considerações finais. Primeiramente serão
apresentadas as principais conclusões sobre o estudo realizado, e seguidamente algumas
sugestões para trabalho futuros.
Capítulo 1 – Fundamentação e objetivos
8 Universidade do Minho
Capítulo 2 – Processo de benchmarking
Universidade do Minho 9
CAPÍTULO 2 - PROCESSO DE BENCHMARKING
O benchmark é um processo de melhoria do desempenho através da identificação,
compreensão, adaptação e implementação de melhores práticas e processos que se encontram
dentro e fora da instituição (Eco SMEs, 2004). Este processo baseia-se no estudo e
compreensão das entidades concorrentes/parceiros, que os levam a obter melhores resultados,
identificando as melhores práticas entre as várias instituições estudadas. A implementação
dessas melhorias pressupõe a capacidade de crítica e autocrítica, de questionar os processos
existentes e assumir uma atitude inovadora para implementar essas melhorias, que deverão ser
adoptadas a todos os níveis, no contexto concreto em que se situam.
Assim, o processo de benchmark baseia-se num princípio simples: “aprendermos uns com os
outros” (Freitas et al., 2001), envolvendo a criação de parcerias para troca de informações
sobre processos e medições, resultando na fixação das metas de melhoria realistas (Eco
SMEs, 2004).
A natureza do benchmark, assenta em determinados princípios (Freitas et al., 2001; Hospitais
SA, 2003):
• Ferramenta aplicável a toda a organização;
• Orientado por processos e não focalizado no individual;
• Explicar diferenças de desempenho económico-financeiras entre os hospitais, através de processos de gestão;
• Avaliar o potencial de melhoria de cada entidade hospitalar, centrando-se em cada uma das principais áreas estudadas;
• Ajudar a prevenir a complacência através do desenvolvimento da disciplina de focalização externa;
• Promover um pensamento “avançado” a todo o momento;
• Identificar “melhores práticas” e melhorias a implementar a curto prazo de forma a potenciar a melhoria identificada.
Os benchmarks são estudos utilizados para determinar o desempenho e para identificar uma
diferença de desempenhos entre organizações. É habitual existirem organizações que
declaram estar a realizar um benchmark quando, na realidade, estão a recolher benchmarks ou
informação sobre as organizações concorrentes (Freitas et al., 2001).
Capítulo 2 – Processo de benchmarking
10 Universidade do Minho
Para a maioria das organizações, os objetivos são alusivos à competitividade, à focalização no
cliente, ao melhoramento dos processos e à definição de metas e medições de produtividade
realistas. O benchmarking pode ajudar na definição de cada um desses pontos de referência
(Tabela1) (Freitas et al., 2001).
Tabela 1 – Motivos para o benchmark (Freitas et al., 2001)
Objetivos Sem benchmarking Com benchmarking
Tornar-se concorrencial Focalizado internamente Compreensão da concorrência
Alteração evolucionária Ideias a partir de práticas provadas
Melhores práticas do
sector de atividade
Poucas soluções Muitas opções
Excessivas atividades de recuperação Desempenho superior
Definir os requisitos dos
clientes
Baseadas no histórico ou na inspiração Realidade do mercado
Percepção Avaliação objectiva
Estabelecer metas e
objectivos realistas
Falta de focalização externa Credível, sem dúvidas
Reativo Pró-ativo
Desenvolver verdadeiras
medições de
produtividade
Perseguição por projeto Resolve os problemas reais
Forças e fraquezas não compreendidas Compreende os resultados
Via de menor resistência Baseado nas melhores práticas do
sector de atividade
A comparação de desempenho entre instituições e o estabelecimento das “melhores práticas”
trazem enumeras vantagens para estas, como o ganho estratégico, vantagens operacionais e
económicas, bem como, um desempenho rápido ou imediato das instituições (Eco SMEs,
2004). Estas terão acesso imediato ao processo que as leva a melhores resultados entre os
analisados. Sendo que com outros métodos convencionais levaria um período de tempo mais
longo, até obter a mesma eficiência que as instituições conseguem utilizando o benchmark.
Este facto pode-se verificar no gráfico da Figura 2.
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 11
Figura 2 – Melhoria promovida pelo benchmark (Adaptado: Eco SMEs, 2004)
Existem diferentes definições de benchmark, que segundo Freitas et al. (2001) se deve em
grande parte a uma mudança de focalização e não a um desacordo fundamental. Mas também
existem diferenças quanto às atividades de benchmark, podendo estas ter objectivos e âmbitos
muito diferentes, e não há uma maneira única de abordagem ao benchmark (Andersen, 1996).
Deste modo, segundo Andersen (1996), podem-se definir três tipos principais de benchmark
relativamente ao “com que é comparado”:
• Benchmark de desempenho (“Como deveríamos estar a fazer isto?”) – é a
comparação das medidas de desempenho obtidas, com as metas estabelecidas
inicialmente. Sendo o benchmark uma meta que é estabelecida internamente ou por
um grupo consultor profissional.
• Benchmark de processo (“Como é que os outros alcançam?”) – é a comparação de
métodos e práticas de processos para realização de negócios. Tem como objetivo
aprender e implementar as “melhores práticas” no seu próprio processo.
• Benchmark estratégico (“O que devíamos estar a fazer?”) – é a comparação das
escolhas estratégicas realizadas por outras organizações, com o objetivo de obter
informações para melhorar a sua própria organização, através da experiencia da
observação de outras estratégias.
Ainda segundo o mesmo autor, Andersen (1996), o benchmark pode ser definido em quatro
tipos, no que se refere ao “contra o que é comparado”:
• Benchmark interno – baseia-se no estudo e análise contínua da própria organização,
de forma a estabelecer metas ambiciosas, para a implantação de melhores práticas, em
Capítulo 2 – Processo de benchmarking
12 Universidade do Minho
toda a organização. A vantagem principal do benchmark interno é a sua aplicabilidade,
sendo exigidos poucos recursos e tempo. O grande inconveniente é que se dirige
apenas a um padrão interno, não havendo comparação com outras organizações.
• Benchmark concorrencial: baseia-se na comparação com os principais concorrentes,
de modelos ou funções específicos. Também é designado por reverse engineering –
desmontar um produto ou programa para ver como funciona. A vantagem do
benchmark concorrencial consiste na comparação realizada diretamente com os
principais concorrentes participantes, sabendo que existe uma grande dificuldade na
obtenção de informação acerca dos processos de cada organização, sendo este um
inconveniente do benchmark concorrencial e o facto da simples comparação com a
concorrência pode não indicar as melhores práticas que devem ser seguidas.
• Benchmark funcional: compara funções ou processos específicos com os melhores
do sector e da classe. É um tipo de benchmark muito útil para a organização, mas dado
que se remete apenas a funções ou processos específicos, pode não trazer benefícios
para as outras operações das organizações empresariais interessadas.
• Benchmark genérico: é das metodologias de benchmarks que melhores resultados
traz para as organizações. Baseia-se na comparação de todas as funções da atividade
empresarial e promove um esforço sucessivo de comparação de funções e processos
com os dos melhores da classe.
Quando considerada a experiência das organizações na aplicação de benchmark, pode-se
considerar que, frequentemente existe algum tipo de sucessão nos tipos de benchmark usados,
onde o benchmark de desempenho surge antes do benchmarking de processo e o benchmark
interno antes do benchmark externo (Szekely, 1996).
Relacionando as metodologias do “com que é comparado” e as “contra o que é comparado”
sugeridas por Andersen (1996), verifica-se na Tabela 2 que, umas combinações são mais
relevantes que outras.
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 13
Tabela 2 – Diferentes tipos de benchmark, adaptado de Anderson (1994)
Benchmark Benchmark Benchmark Benchmark
interno competitivo funcional genérico
Benchmark
de
desempenho
Processo Oferece pontos de Útil em certos Fraca comparação
importante e referência Aspetos, mas nem de dados puros
necessário mas exteriores. Boa sempre permite devido às
não permite saber comparação de uma comparação. diferenças nos
qual o indicadores de
processos e
desempenho desempenho
produtos
realmente possível
Benchmark
de
processo
Bom ponto de Poderia ser muito Boa maneira de Melhor maneira de
partida e útil mas apresenta encontrar novas encontrar novas
aprendizagem de limitações legais e ideias, com ideias e promover
benchmarking éticas na partilha menores melhorias
mas sem de informação limitações legais e fundamentais
expectativa de sobre processos éticas que no
ideias
benchmarking
competitivo
Benchmark
estratégico
Dificuldade em Competidores são Não muito útil Não muito útil
encontrar pistas os melhores devido às devido às
para melhores parceiros para diferenças nas diferenças nas
estratégias obter ideias sobre ideias de negócio ideias de negócio
internas estratégias e
planeamento
Os benchmarks podem ser determinados comparando os processos propriamente ditos, às
estruturas organizacionais, aos sistemas de gestão, aos factores humanos ou às metodologias
estratégicas. Simplificando, as melhores práticas são o “como” do benchmark, comparadas
com “o quê” que é o benchmark (Freitas et al., 2001).
A ferramenta de benchmark tem oferecido resultados muito positivos para várias
organizações, que foram aperfeiçoando esta metodologia com a experiencia que foram
obtendo. Feita uma análise a alguns exemplos é possível identificar alguns factores críticos
que determinam o grau de êxito alcançado (Freitas et al., 2001):
Relevância média Relevância baixa Relevância significativa
Capítulo 2 – Processo de benchmarking
14 Universidade do Minho
• Manter a conformidade legal, cumprindo as normas e orientações legais, éticas e
administrativas;
• Identificar os processos de trabalho críticos e submete-los, em primeiro lugar, ao
benchmark; certificar-se de que os peritos da equipa de trabalho estão perfeitamente
familiarizados com o benchmark de processos;
• A organização deverá focalizar as atividades de benchmarking, tendo em conta os
objectivos principais do benchmarking: missão, processos críticos e factores críticos
de êxito;
• O benchmark deve ser utilizado para melhorar os desempenhos;
• Manter o fluxo de comunicação durante o projeto, mais especificamente com
organizações com melhores práticas do benchmark;
• Focalização nos processos e nas práticas de funcionamento e não apenas nos números;
• Filtrar o âmbito do estudo de benchmark, centrando-o nos processos ou subprocessos
que podem ser analisados eficazmente;
• Definir os processos internos e resolver quaisquer defeitos importantes antes de se
começar a efetuar o benchmarking externo;
• Há que utilizar os recursos próprios de formação e organizacionais para aumentar a
eficiência do benchmark organizacional;
• Importa pôr em prática as alterações ou as melhorias resultantes do benchmark para
promover o empenho organizacional.
Sendo que a abordagem do processo de benchmark é realizada pela entidade promotora, todo
o processo será então condicionado por essa identidade, divergindo quer em termos de
concepção do modelo de avaliação do desempenho (modelo de benchmark), quer em termos
de mecanismos de implementação.
Embora a maioria das iniciativas de benchmark estejam relacionadas com questões
financeiras e de gestão, o benchmark ambiental está a tornar-se cada vez mais um elemento
fundamental na gestão ambiental das organizações, ajudando estas a atingir um bom
desempenho ambiental tendo como exemplo os melhores nesta área (Eco SMEs, 2004). Este
tipo de benchmark, muitas vezes surge simplesmente para listar e comparar o desempenho
ambiental de diferentes organizações. Contudo, se este for entendido como uma ferramenta de
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 15
melhoria contínua, terá de ser mais ambicioso, não se restringindo a listar ou a comparar mas
também a analisar as práticas que levam a um desempenho ambiental superior (EEA, 2001).
Desta forma, o benchmark ambiental, deve incluir todas as áreas de atividade de uma
organização, não se limitando apenas às atividades que têm um impacto ambiental óbvio, mas
recorrendo à avaliação dos sistemas de gestão ambiental (SGA), desempenho dessa mesma
gestão, contabilidade ambiental, gestão de recursos e resíduos, qualidade ambiental dos
produtos, educação ambiental, desenvolvimento de políticas de ambiente, práticas de
auditoria, relações com clientes, bem como resposta à emergência (Szekely, 1996).
Da bibliográfica consultada, consegue-se destacar um conjunto de etapas comuns nas
metodologias abordadas por diferentes autores, razoavelmente bem modeladas pelo ciclo de
melhoria contínua de Deming: Planear (Plan), Executar (Do), Analisar (Check) e Corrigir
(Act) (Figura 3) (Ribeiro, 2004).
Figura 3 - Metodologia PDCL segundo Deming, Relatório do comité Temático de Benchmark da FNQ
(Possa & Matos, 2009)
Capítulo 2 – Processo de benchmarking
16 Universidade do Minho
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 17
CAPÍTULO 3 - ESTADO DE ARTE
Ao longo dos últimos trinta anos, o SNS de Portugal tem vindo a sofrer alterações acentuadas,
tornando-se estas cada vez mais evidentes, sobretudo no que respeita ao envolvimento cada
vez maior e preocupado da sociedade (Lapão, 2005).
O estado Português, despendeu em 2005 de cerca de 10,2% da sua riqueza no sector da saúde
(OCDE, 2007). Comparativamente com outros parceiros europeus, este gasto marca um
esforço muito significativo, dando assim muita relevância a este sector público, dado que
recursos escassos se debatem com necessidades e espectativas crescentes.
No ano de 2006, o sector hospitalar português, teve gastos na ordem dos 3700 milhões de
euros, representando este cerca de 49% do orçamento de estado (ACSS, 2008).
Segundo Shortell e Kaluzny (2006), os fatores externos que têm contribuído de forma
significativa para o aumento dos custos hospitalares referidos, são:
• Desenvolvimento tecnológico;
• Aumento da prevalência de doenças crónicas;
• Aumento do consumo de fármacos;
• Aumento da esperança média de vida das populações.
Segundo Mateus e Bragança (2011), um dos tipos de estratégias de melhoria/recuperação
deste fator, é a promoção do aumento da eficiência dos processos utilizados, para que o
consumo de recursos seja minimizado. Sendo de extrema importância, que a estas técnicas de
gestão se aliem as ferramentas que defendem os princípios da sustentabilidade, podendo estas
contribuir significativamente para o sector da economia, satisfação social, bem com do
cuidado ambiental (Lapão, 2005).
O esforço de apuramento de custos com maior exatidão requer a implementação de
instrumentos e metodologias as quais têm como principais finalidades (Costa et al, 2008):
• Conhecer melhor a estrutura de consumo de recursos das organizações de saúde;
• Permitir tomar decisões estratégicas e operacionais, que tenham um menor grau de risco associado;
• Reorganizar processos produtivos no sentido de maximizar a sua eficiência;
• Gerir o doente ao longo do processo de produção com critério de custo-efetividade;
Capítulo 3 – Estado de arte
18 Universidade do Minho
• Contribuir para a melhoria organizacional, através da comparação e utilização de técnicas de Benchmark entre organizações;
• Permitir desenvolver metodologias de definição de preços e de financiamento dos serviços de saúde com maior rigor e fiabilidade.
Têm sido vários os estudos realizados na área da saúde a nível internacional, para avaliação
do desempenho dos hospitais, dentro dos quais podem citar-se, a título perfeitamente
exemplificativo (Costa et al, 2010):
- EUA – “Best Hospitals” (Hill, Winfrey e Rudolph, 1997; O`Muirchearthaigh, Murphy e
Moore, 2002), “One Hundred Top Hospitals” (HCIA, 1999; Griffith, Alexander e
Jelinek, 2002) e “Risk-Adjusted Quality Outcomes Measures” (DesHarnais et al, 1997 e
2000), do Reino Unido (Amaratunga et al, 2002, Chang, Lin e Northcott, 2002;
Department of Health, 2002; NHS, 2002 e Snelling, 2003);
- Austrália (Ibrahim et al, 1998; Degeling et al, 2000; NHPC, 2001 e ACHS, 2002).
É de extrema importância salientar que em Portugal estes tipo de estudos não se encontram
tão desenvolvidos, contudo existem alguns já concluídos, dos quais se destacam os estudos
realizados por (Costa et al, 2010):
• INA – “Avaliação dos hospitais Fernando Fonseca e Garcia da Orta”, 1999 e “Projeto de Avaliação de Unidades de Saúde”, 2001,
• IGIF (Barros, 2001a; Barros 2001b e Barros, 2001c),
• Avaliação dos hospitais SA.
• A nível académico, já foram realizados alguns estudos, tais como os apresentados por
Costa e Reis (1993), Dias Alves (1994), Dismuke e Sena (1998), Barros e Sena
(1999), Cabral e Barriga (1999) e Carreira (1999).
Ainda em relação a Portugal, o tipo de avaliação citado anteriormente, ganhou mais enfâse
após a publicação em diário da república do “Novo Regime Jurídico da Gestão Hospitalar”,
pela lei nº 27/2002 de 8 de Dezembro.
Deste modo, começa-se por realizar uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em estudo, de
forma a obter conhecimentos aprofundados e a conseguir definir o enquadramento do
trabalho. Com a realização da pesquisa pretende-se também obter uma comparação do estado
de arte nesta temática no contexto nacional e internacional, bem como a análise de estudos já
realizados.
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 19
A pesquisa efetuada tem como objetivo o desenvolvimento de conhecimento, através da
exploração de metodologia de benchmarks, tendo por base a procura de redução de custos de
utilização no meio hospitalar.
3.1. Benchmark Ambiental em Instituições do Ensino Superior (IES)
3.1.1. IES de Portugal - Campus da FCT/UNL
A Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL), criada
em 1977, situada na margem sul do rio Tejo, no Monte de Caparica tem uma área de 30 ha,
com capacidade de expansão, associada a outras atividades da Universidade, até 60 ha,
constitui uma das nove unidades orgânicas da Universidade Nova de Lisboa (UNL).
Com este estudo, Santos (2009), pretendeu dar um contributo para a implementação de boas
práticas de desenvolvimento sustentável em campus universitários, utilizando o benchmark
como ferramenta de gestão.
A metodologia utilizada para a realização deste trabalho foi a esquematizada na Figura 4.
Figura 4 - Metodologia de trabalho (Santos, 2009)
Capítulo 3 – Estado de arte
20 Universidade do Minho
Analisando a Figura 4, e segundo a autora, depois de definidos os objectivos, procede-se à
recolha de informação, à elaboração de um plano experimental e a uma pesquisa bibliográfica.
Seguidamente, a autora desenvolveu uma grelha de indicadores (Tabela 3) de
sustentabilidade aplicáveis em campus universitários, sendo estes essencialmente no âmbito
ambiental. 38 Indicadores de desempenho ambiental e 30 boas práticas de gestão ambiental,
divididos por 10 categorias:
• Administração;
• Materiais;
• Alimentação;
• Energia;
• Água;
• Biodiversidade;
• Emissões Atmosféricas;
• Resíduos;
• Mobilidade;
• Comunidade;
Tabela 3 - Indicadores de desempenho ambiental aplicáveis a IES (Santos, 2009)
Categoria Indicador Unidades
Administração
Compromissos assumidos pela administração
com a sustentabilidade do campus nº de compromissos assumidos / ano
Percentagem de objectivos e metas de
sustentabilidade propostos atingidos
% de objectivos
metas atingidos / ano
Adoção de declarações/acordos de
sustentabilidade locais, nacionais ou
internacionais
nº de declarações adotadas
% trabalhadores não docentes afetos
à sustentabilidade
Total de custos e investimento com a proteção
ambiental, por tipo euros / ano euros / ETI
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 21
Tabela 3 (cont.) - Indicadores de desempenho ambiental aplicáveis a IES (Santos, 2009)
Categoria Indicador Unidades
Administração
Pagamento de coimas significativas por
incumprimento das leis e regulamentos
ambientais euros / ano
Número total de sanções não-monetárias
por incumprimento das leis e
regulamentos ambientais nº sanções / ano
Materiais
Materiais utilizados, em peso ou volume
(Por exemplo: papel, consumíveis
informáticos, reagentes)
t/ano t/ETI ; m3/ano ; m3/ETI
Percentagem de materiais utilizados que
são provenientes de reciclagem % materiais reciclados
Energia
Consumo direto de energia por fonte MWh/ano ; kWh/ETI ; kWh/m2
Consumo indireto de energia MWh/ano ; kWh/ETI ; kWh/m2
Total de poupança de energia devido a
melhorias na conservação e na eficiência
MWh/ano
% (ano de referência)
Energia elétrica proveniente de fontes
renováveis
MWh/ano
% consumo de energia
proveniente de fontes renováveis
Certificação energética de edifícios % de edifícios certificados
Água
Consumo total de água por fonte m3/ano ; m3/ETI ; m3/m2
Recursos hídricos significativamente
afectados pelo consumo de água m3 afectados
Percentagem de água reciclada e
reutilizada
% água reciclada ;
% água reutilizada
Capítulo 3 – Estado de arte
22 Universidade do Minho
Tabela 3 (cont.) - Indicadores de desempenho ambiental aplicáveis a IES (Santos, 2009)
Categoria Indicador Unidades
Água
Descarga total de água residual, por
qualidade e destino m3/ano ; m3/ETI ; m3/m2
Identificação, dimensão, estatuto de
proteção e valor para a biodiversidade dos
recursos hídricos e respetivos habitats,
afetados de forma significativa pelas
descargas de água e escoamento
superficial
m3 de recursos hídricos afetados
Biodiversidade
Localização e área dos terrenos
pertencentes, arrendados ou administrados
pela organização, no interior de zonas
protegidas, ou a elas adjacentes, e em
áreas de alto índice de biodiversidade fora
das zonas protegidas
m2 de solos em zonas protegidas
% solos em zonas protegidas
Habitats protegidos ou recuperados % solos a manter ou transformar
em habitats naturais / ano
Número e volume total de derrames
significativos
nº derrames / ano
m2 solo contaminado / ano
Número de espécies, na Lista Vermelha da
IUCN e na lista nacional de conservação
de espécies, com habitats em áreas
afetadas por operações, discriminadas por
nível de risco de extinção
nº de espécies
Emissões atmosféricas
Emissões totais diretas de GEE, por peso t/ano ; t/ETI ; t/m2
Outras emissões indiretas de GEE, por
peso t/ano ; t/ETI ; t/m2
Reduções alcançadas com as iniciativas
para reduzir as emissões de GEE t emissões reduzidas / ano
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 23
Tabela 3 (cont.) - Indicadores de desempenho ambiental aplicáveis a IES (Santos, 2009)
Categoria Indicador Unidades
Emissões atmosféricas
Compromisso para compensação de emissões % emissões compensadas / ano
Emissão de substâncias destruidoras da
camada de ozono, por peso t/ano ; t/ETI ; t/m2
NOx, SOx e outras emissões atmosféricas
significativas, por tipo e peso t/ano ; t/ETI ; t/m2
Resíduos
Quantidade total de resíduos produzidos, por
tipo e método de eliminação t/ano ; t/ETI ; t/m2
Peso dos resíduos transportados, importados,
exportados ou tratados, considerados
perigosos nos termos da Convenção de
Basileia – Anexos I, II, III e VII, e
percentagem de resíduos transportados por via
marítima, a nível internacional
t/ano
% de resíduos perigosos / ano
Materiais entregues para reciclagem por tipo
(por exemplo: papel e cartão, plástico, vidro)
t/ano
% de resíduos entregues para
reciclagem / ano
Percentagem de materiais entregues para
compostagem % de resíduos compostáveis /
ano
Mobilidade
Utilização de combustíveis limpos na frota
automóvel
t combustível limpo consumido
/ ano
% combustível limpo no total de
combustível utilizado
Vias pedonais e cicláveis no campus
km vias pedonais no campus
km vias cicláveis no campus
% vias pedonais e cicláveis no
campus
Capítulo 3 – Estado de arte
24 Universidade do Minho
Tabela 3 (conclusão) - Indicadores de desempenho ambiental aplicáveis a IES (Santos, 2009)
Categoria Indicador Unidades
Comunidade
Informação, sensibilização e envolvimento
da comunidade recorrendo à internet nº de acessos externos ao sítio
Web /ano
Oportunidades de estágios na área da
sustentabilidade do campus nº estagiários / ano
Promoção de uma competição de
sustentabilidade
nº de competições / ano
nº de pessoas envolvidas nas
competições / ano
Com base nas pesquisas efetuadas, nomeadamente nos relatórios de sustentabilidade
disponíveis online, Santos (2009) selecionou as IES (Instituições do Ensino Superior) para a
realização do benchmark de desempenho, sendo a maioria das IES norte-americanas, pois são
as que têm mais trabalho desenvolvido nesta área da sustentabilidade de IES. De forma a
analisar a realidade em diferentes continentes, a autora selecionou ainda duas IES (Tabela 4)
com informação disponível na área da sustentabilidade dos seus campus. A autora optou
assim por uma universidade australiana (Universidade de Macquaire) e outra europeia
(Instituto de Tecnologia de Zurique).
Tabela 4 - IES selecionadas para Benchmarks (Santos, 2009)
IES Localização Factor de escolha
Classificação Fonte de
informação Report
Card
Web
Ranking
Universidade
de Michigan Michigan, EUA
Significativa visibilidade das práticas de
sustentabilidade através da internet e
disponibilidade de informação B+ 6º
Relatório
ambiental anual
de 2008 Em 2009 obteve a classificação (B+) na
avaliação do The College Sustainability
Report
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 25
Tabela 4 (Conclusão) - IES selecionadas para Benchmarks (Santos, 2009)
IES Localização Factor de escolha
Classificação Fonte de
informação Report
Card Web
Ranking
Universidade
de Harvard
Massachusetts,
EUA
É a IES mais antiga dos EUA (1836) e uma
das instituições educacionais mais
prestigiadas do mundo
Apresenta um programa na área da
sustentabilidade desde 1999 (Harvard Green
Campus Initiative)
Em 2009 obteve a melhor classificação (A-)
na avaliação do The College Sustainability
Report, a par do Oberlin College
A- 3º
Informação
disponível em
http://www.gree
ncampus.harvar
d.edu/
Universidade
de Macquaire
Sydney,
Austrália
IES com uma política de sustentabilidade
acentuada e práticas implementadas - 376º
Relatório Anual
de
Sustentabilidade
de 2008
Instituto de
Tecnologia de
Zurique
Zurique, Suíça - 40º
Relatório
ambiental anual
de 2008
FCT/UNL Almada,
Portugal Caso de estudo selecionado - -
Diversos
serviços da
FCT/UNL
Escolhidas as instituições, a autora procedeu à análise de dados (Tabela 5) dessas IES com a
aplicação da ferramenta de benchmarks desenvolvida. De salientar que, durante a recolha de
dados e pesquisa bibliográfica a autora identificou algumas lacunas existentes ao nível da
sustentabilidade das IES, tais como, a ausência de uma ferramenta de benchmark para IES.
Capítulo 3 – Estado de arte
26 Universidade do Minho
Tabela 5 - Dados das IES selecionadas para realização de benchmark (Santos, 2009)
Indicadores FCT/UNL
(Portugal)
Universidade
de Michigan
(EUA)
Universidade
de Harvard
(EUA)
Universidade
de Macquaire
(Austrália)
Instituto de
Tecnologia
de Zurique
(Suíça)
Área do campus (ha) 24,7 3 071 150 126 62
Nº de edifícios 24 380 652 S.D. S.D.
Nº de alunos inscritos 7 452 41 042 18 769 32 785 11 888
Nº de docentes 456
37 044
2 500 1 098
9 049
Nº de funcionários não docentes 235 S.D. 1 123
População total do Campus 8 030 78 086 S.D. 35 006 20 937
ETI (funcionários + alunos) 8 030 41 040 S.D. 24 645 14 825
O Equivalente a Tempo Inteiro (ETI) é uma unidade per capita, que representa um aluno ou
funcionário que está a tempo integral no Campus Universitário.
Após análise e tratamento de dados obtidos, Santos (2009) desenvolveu 10 fichas de
benchmark, uma para cada categoria analisada.
As fichas de benchmark “permitem uma autoanálise da sustentabilidade das IES a qualquer
momento, com práticas definidas e que permitem atingir um nível de desempenho sustentável
mais elevado. Estas fichas definem para cada categoria o objetivo geral, os objetivos
específicos, os indicadores de sustentabilidade e suas unidades e boas práticas a adoptar na
busca da sustentabilidade dos campus universitários”.
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 27
Tabela 6 - Exemplo de ficha de benchmark (Santos, 2009)
Benchmark | 1
CATEGORIA – ADMINISTRAÇÃO
OBJECTIVO GERAL
Assumir ao nível da gestão de topo a sustentabilidade do campus universitário
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
� Incentivar e fomentar práticas de sustentabilidade
� Tomada de decisões com base em critérios de sustentabilidade
� Integrar a sustentabilidade do campus nas restantes atividade da IES
INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE
� Compromissos assumidos pela administração com a sustentabilidade do campus
� Percentagem de objectivos e metas de sustentabilidade propostos atingidos
� Adoção de declarações/acordos de sustentabilidade locais, nacionais ou internacionais
� Pessoal afeto às políticas e programas de sustentabilidade
� Total de custos e investimento com a proteção ambiental, por tipo
� Pagamento de coimas significativas por incumprimento das leis e regulamentos ambientais
� Número total de sanções não-monetárias por incumprimento das leis e regulamentos ambientais
BOAS PRÁTICAS
� Assinatura de compromissos e/ou declarações de sustentabilidade
� Existência de um conselho consultivo para a sustentabilidade do campus
� Utilização de critérios de sustentabilidade na seleção dos investimentos
� Definição de metas e objectivos concretos para sustentabilidade do campus
� Disponibilização de pessoal a tempo inteiro afecto aos programas de sustentabilidade
� Implementação de procedimento para verificação da conformidade legal a nível ambiental
No final de cada ficha de benchmark, a autora apresenta cinco níveis de autoavaliação que
permitem que a cada IES se posicione face à sustentabilidade atual de cada categoria, de
acordo com a implementação ou planificação das boas práticas (Tabela 7).
Tabela 7- Níveis de autoavaliação (Santos, 2009)
Níveis
1 2 3 4 5
Os planos para implementar
estas boas práticas estão numa
fase mínima de
desenvolvimento ou não se
encontram descritos
Os planos para implementar
estas boas práticas existem
mas requerem aprovação
superior e disponibilização
de meios
Plano abrangente,
totalmente documentado
e implementado e revisto
regularmente.
Capítulo 3 – Estado de arte
28 Universidade do Minho
Analisando e comparando os dados, a autora apresenta por categoria dos indicadores de
desempenho e pela adopção das boas práticas os resultados obtidos do benchmark
realizado. De seguida, descreveu os passos a serem dados pela FCT/UNL para conseguir
atingir as verdadeiras práticas de sustentabilidade.
A título de exemplo, aborda-se neste documento os resultado nas categorias energia e água.
Opta-se por estas categorias, porque no estudo efetuado em edifícios hospitalares, o custo de
energia e água são custos de utilização também abordados.
! Categoria: Energia
Dos indicadores selecionados anteriormente, a autora constatou a não existência de
dados, nas IES em análise, para o indicador consumo indireto de energia.
Tabela 8 - Resultados dos indicadores de sustentabilidade na categoria Energia para as IES em analise – 2008 (Santos, 2009)
Indicadores FCT/UNL Univ. Michigan Univ.
Harvard Univ. Macquarie IT Zurique
Consumo
direto de
energia
8 868 MWh/ano
1,1 MWh/ETI
30 kWh/m2
1 826 000 MWh/ano
23,4 MWh/ETI
630 kWh/m2
ND
609 614 MWh/ano
2,5 MWh/ETI
306 kWh/m2
102 000 Wh/ano
9,7 MWh/ETI
236 kWh/m2
Poupança de
energia por
melhorias na
conservação e
eficiência de
uso
ND ND
2,7
milhões
euros
ND 24% (ref. 2004)
Energia
elétrica
proveniente
de fontes
renováveis
0,93 MWh/ano 5 063 MWh/ano <
1% (geração)
15,7%
(compra)
0,01%
(geração)
5% ND
Certificação
energética de
edifícios
0 0% 1 Edifício
certificado
20
Edifícios
certificados
40
edifícios
registados
ND ND
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 29
Na Figura 5 encontram-se representados os consumos de energia nos IES estudandos,
referente ao ano 2008.
Figura 5 - Consumo de energia nas IES em análise – 2008 (Santos, 2009)
Considerando que a Universidade de Macquaire tem quatro áreas de ensino: Letras, Ciências,
Economia e Negócios e Ciências Humanas e que o Instituto de Tecnologia de Zurique
desenvolve as suas atividades nas áreas da Química, Física, Engenharia Eléctrica e
Informática, é espectável que o consumo de energia por ETI seja mais elevado na
Universidade Suíça, apesar de ser inferior no rácio relativo à área do campus. A FCT/UNL
apresenta um consumo de energia significativamente abaixo das restantes IES analisadas
(Santos, 2009).
Embora um dos edifícios da Universidade de Michigan tivesse alcançado certificado LEED
ouro em 2005, a certificação energética foi considerada apenas como uma boa prática
adoptada, visto que os campus universitários dispõem de 380 edifícios. Assume-se que a
totalidade de edifícios com certificação energética é 0%.
! Categoria: Água
Dos indicadores selecionados anteriormente, constatou-se a não existência de dados, nas
IES em análise, nos seguintes indicadores:
o Avaliação dos recursos hídricos significativamente afectados pelo consumo de água;
o Identificação, dimensão, estatuto de proteção e valor para a biodiversidade dos recursos hídricos e respectivos habitats, afectados pela descarga de água e escoamento
Capítulo 3 – Estado de arte
30 Universidade do Minho
Tabela 9 - Resultados dos indicados de sustentabilidade na categoria Água para as IES em analise – 2008 (Santos, 2009)
Indicadores FCT/UNL Univ.
Michigan
Univ.
Harvard
Univ.
Macquarie IT Zurique
Consumo total de
água
75 808 m3
9,4 m3/ETI
0,31 m3/m2
4 920 772 m3
63,0 m3/ETI
0,16 m3/m2
ND
200 196 m3
8,1 m3/ETI
0,16 m3/m2
280 013 m3
18,9 m3/ETI
0,45 m3/m2
Percentagem de água
reciclada e
reutilizada
0 ND ND ND ND
Descarga total de
água residual, por
qualidade e destino
65 968 m3 ND ND ND ND
Na Figura 6 encontram-se representados os consumos de água nos IES estudados,
referente ao ano 2008.
Figura 6 - Consumo de água nas IES em analise – 2008 (Santos, 2009)
Por fim, a autora deste estudo conclui, aconselhando:
• A criação de um conselho centralizado, o qual fosse responsável por todos os aspetos que estejam relacionados com a sustentabilidade e que incidisse nas tomadas de decisões;
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 31
• O Levantamento Ambiental de 2000, tem sido um contributo fundamental para tornar os campus universitários sustentáveis. Todavia, ao longo dos últimos nove anos o campus esteve sujeito a inúmeras alterações entre as quais se destacam: a construção de novos edifícios, as mudanças de departamentos e consequentemente o aumento do número de alunos, os quais se traduzem em impactos nas suas atividades;
• A certificação ambiental do campus da FCT/UNL e o SGA, a qual se encontra ainda em implementação, deverá ser um contributo para a obtenção de um conhecimento maior de determinados indicadores e também para um maior desenvolvimento das práticas de sustentabilidade;
• Seria interessante a FCT/UNL, trabalhar conjuntamente com outras IES portuguesas ou até internacionais, com a finalidade de partilha de experiências e conhecimentos, tal como já foi realizado por outras IES no estrangeiro em matéria de sustentabilidade;
O estudo efetuado tem por finalidade contribuir para o desenvolvimento de boas práticas na
área da sustentabilidade a aplicar em campus universitários, contudo apesar da exaustiva
pesquisa realizada, poderão existir algumas lacunas e algumas questões que ficaram por
analisar. Seria de extrema importância no futuro, o melhoramento e atualização desta mesma
análise, de forma a colmatar possíveis falhas existentes, progredindo assim na busca da
sustentabilidade (Santos, 2009).
3.2. Benchmarks hospitalares
O Sistema Nacional de Saúde português (SNS) surge como resultado de um processo
histórico e progressivo, o qual reconhece o direito à proteção social da saúde, tendo sido este
constitucionalmente consagrado em 1976. Assim sendo, e com o pressuposto de se manter
este mesmo direito outrora implementado e face ao aumento progressivo dos gastos na área da
saúde, num contexto em que é urgente a redução da despesa pública, torna-se fundamental a
implementação de uma administração eficiente e ponderada dos recursos disponíveis.
São vários os estudos, que se focam sobre a importância da avaliação do impacto que a
mudança do modelo de gestão/estatuto jurídico tem ao nível do desempenho dos hospitais
portugueses. Contudo este setor possui algumas particularidades como por exemplo: a
imperfeição do mercado de saúde, o que limita a sua utilização como um instrumento de
coordenação/controlo das atividades e o conflito existente entre o objetivo da obtenção de
lucros e o facto de estar-se perante um serviço de natureza pública onde a eficiência se torna
um ponto fulcral dos serviços prestados (Rego, 2008; Nunes, 2009).
Capítulo 3 – Estado de arte
32 Universidade do Minho
Assim sendo, pode-se concluir que é fundamental o estabelecimento de uma regulação
independente, a qual garanta a eficiência do ponto de visto económico, de forma a corrigir os
defeitos do mercado, aplicando critérios éticos e sociais (Nunes et al., 2007, 2009).
Existem já alguns estudos desenvolvidos em hospitais portugueses Setor Publico
Administrativo (SPA), Sociedade Anónima (SA) e Entidade Publica Empresarial (EPE), com
a finalidade de se avaliar o impacto que o modelo de gestão tem nos mesmos. (Costa, 2009,
OPSS, 2009, Rego, 2008, Barros e Simões, 2007, UOGF, 2007, UOGF, 2006, Gouveia et al.,
2006, Unidade de Missão - Hospitais SA 2005, OPSS, 2005, Giraldes et al., 2005, Costa e
Lopes, 2005, Mossialos et al., 2002). Em 2013, a Administração Central do Sistema de Saúde
(ACSS) publicou um relatório de benchmarking de hospitais públicos portugueses, como
apoio à melhoria do sistema nacional de saúde na construção do mercado público de
prestadores de cuidados de saúde.
3.2.1. Hospitais SA
Os hospitais SA são Sociedades anónimas de capitais exclusivamente públicos (OPSS, 2005),
sendo que a tutela é exercida pelos ministros das Finanças e da Saúde. O regime jurídico é o
do Direito Privado e introduzem-se os sistemas de avaliação por mérito e os sistemas de
incentivos com base na produtividade, bem como limites ao endividamento (30% do capital
social) (Aguiar, 2010).
Estas unidades hospitalares, passaram a ser regidas por uma legislação própria, e pelo regime
jurídico do Sector Empresarial do Estado (regime jurídico da gestão hospitalar) e pelo direito
comercial. Assim sendo, o regime financeiro e tributário é semelhante ao que vigora para as
empresas privadas (Aguiar, 2010).
No sentido de identificar o potencial de melhoria dos hospitais, foi desenvolvido um estudo
em 31 unidades SA, com base na metodologia de benchmark (Hospitais SA, 2003).
No que respeita à metodologia utilizada, esta consistiu na recolha de informação, fixação do
ranking global e seleção de benchmark para cada alavanca selecionada (Hospitais SA, 2003).
Para a realização deste estudo, foi recolhida informação qualitativa acerca dos hospitais, a
qual consistia (Hospitais SA, 2003):
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 33
• Caracterização global do hospital e estrutura organizativa;
• Descrição da atividade do hospital (área de influência, principais linhas de atividade com descrição de oportunidades de melhoria e restrições já identificadas, bem como principais processos onde se identificam oportunidades de melhoria);
• Identificação do principal equipamento instalado e caracterização da sua utilização;
• Caracterização dos Recursos Humanos.
Como se pode verificar pela análise da Figura 7, a informação recolhida pelos autores
deste estudo foi obtida através de três entidades: IGIF (Instituto de Gestão Informática e
Financeira da Saúde), ARS (Administração Regional de Saúde) e principalmente junto
dos próprios hospitais parceiros de estudo. Após esta recolha, os dados foram tratados de
forma a serem comparados e eliminar enviesamentos.
Figura 7 - Recolha de informação (Hospitais SA, 2003)
Concluída a fase de recolha de dados, os autores do estudo procederam à realização do
ordenamento dos hospitais em função do seu desempenho (Figura 8).
Capítulo 3 – Estado de arte
34 Universidade do Minho
Figura 8 - Ranking de eficiência global dos Hospitais em estudo (Hospitais SA, 2003)
Para identificar os programas críticos, houve necessidade de decompor o índice de eficiência
global nas suas principais alavancas (indicadores) primordiais de explicação do resultado
económico para o sistema no seu conjunto.
Figura 9 - Exemplo de benchmark da alavanca 1 (Hospitais SA, 2003)
De forma a concluir a investigação através do estudo de benchmarks, os autores procederam à
realização do benchmark para cada uma das alavancas selecionadas e avaliação do potencial
de melhoria decorrente do alinhamento com os “top 10” hospitais identificados no ranking
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 35
global, ou com os “top 10” de cada alavanca (exemplo Figura 9), sendo o “top 10” as
melhores práticas encontradas.
De forma a identificar as zonas problemáticas ao nível do desempenho económico, os autores
procederam à decomposição da estrutura de custos dos hospitais SA e identificação do GAP
(diferencial de desempenho entre o ideal “top 10”, e os restantes hospitais do estudo) de
desempenho por linha de produção. Na Figura 10, pode-se verificar o peso de cada linha de
produção no GAP total.
Figura 10 - GAP dos hospitais SA (Hospitais SA, 2003)
Por fim, foram identificados os programas críticos e propostas soluções de melhoria. De
seguida apresenta-se a título de exemplo, na Figura 11, os resultados obtidos no Hospital de
Guimarães.
Capítulo 3 – Estado de arte
36 Universidade do Minho
Figura 11 - Estudo dos pogramas críticos do hospital H. D. Guimarães (Hospitais SA, 2003)
3.2.2. Hospitais Ibéricos
Saber se os hospitais europeus são comparáveis, se os grandes hospitais universitários têm
margem de melhoria, e se a eficiência técnica dos diferentes modelos terapêuticos é
equiparável ou se apresenta variações que indiciam práticas menos eficientes, são matéria da
maior transcendência para os cidadãos e para as administrações. As entidades gestoras
contribuirão decisivamente para a qualidade dos serviços prestados, bem como a adequada
utilização dos recursos e os ganhos em Saúde (IASIST, 2012; Sais et al., 2012).
Com o objetivo de se comparar resultados clínicos sobre a atividade de internamento e de
cirurgia ambulatória entre países ibéricos, de analisar a variabilidade presente em cada país e
dentro dos mesmos. Foi realizado um estudo em 28 grandes Hospitais Universitários de
Portugal e Espanha no ano de 2010 com intuito de facultar aos responsáveis clínicos, gestores
e profissionais de saúde informação rigorosa e atualizada sobre o desempenho clínico dos
principais hospitais portugueses (Sais et al., 2012).
Este estudo foi elaborado não com o intuito do estabelecimento de um ranking, mas sim de
disponibilizar um conhecimento útil de forma a se perceber melhor os sucessos obtidos, bem
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 37
como o potencial de evolução nas várias dimensões que constituem estas unidades. (Sais et
al., 2012)
Tal como em outros casos de estudo, os autores desta investigação começaram por selecionar
os parceiros de benchmark e recolha de dados dos mesmos (Sais et al. , 2012).
Assim sendo, neste estudo foram analisadas as seguintes dimensões: qualidade e
exaustividade dos registos clínicos, complexidade e severidade da casuística, gestão dos
tempos de internamento, cirurgia ambulatória programada e qualidade dos resultados clínicos
traduzidos nas dimensões de mortalidade, complicações e readmissões (Sais et al., 2012).
Na Tabela 10, encontram-se expostas as principais características de dimensão, eficiência e
complexidade do conjunto de hospitais.
Tabela 10 -- Características dos Hospitais do Grupo de Comparação (Sais et al. , 2012)
Portugal Espanha
Áreas (internamento) Media Min. Máx. Média Min. Máx.
No de altas de internamento por
hospital
37.768 23.419 49.431 32.261 20.572 45.620
Idade da casuística (anos) 54,0 – – 54,4 - -
Peso médio (complexidade)
Índice (incluindo a GCD-14)4 1,47 1,25 1,60 1,49 1,20 1,94
Índice (excluindo a GCD-14)4 1,57 1,34 1,67 1,63 1,27 1,94
Demora média (dias) 8,00 6,90 8,80 7,80 6,50 9,10
Número de camas por hospital 1.053 550 1.434 921 588 1.428
Episódios de internamento urgentes 55,80% 49,90% 61,00% 60,80% 47,10% 77,60%
Episódios de internamento
cirúrgicos
47,00% 41,60% 54,00% 42,70% 33,80% 51,10%
De seguida, são apresentados alguns exemplos para as problemáticas estudadas, quanto à
qualidade assistencial (mortalidade e complicações).
No que respeita à mortalidade o gráfico da Figura 12, permite comparar não só as taxas brutas
de mortalidade, como também os índices de mortalidade ajustadas pelo risco (Sais et al.,
2012).
Capítulo 3 – Estado de arte
38 Universidade do Minho
Figura 12 - Comparação da mortalidade bruta e ajustada pelo risco (Sais et al. , 2012)
Tal se pode verificar no gráfico da Figura 12, em Portugal o único hospital que apresenta um
número de óbitos superior ao que seria de esperar, tendo em conta a casuística (IMAR= 1,22),
é aquele que apresenta o menor número de diagnósticos registados/codificados por alta. Ou
seja, com base na informação obtida através dos processos clínicos dos pacientes, este
hospital não conseguiu justificar 22% dos óbitos observados (Sais et al., 2012).
No que refere às complicações, o gráfico da Figura 13 permite comparar as taxas brutas de
complicações, bem como os índices de complicações ajustadas pelo risco (ICAR – Índice de
complicações ajustadas pelo risco) (Sais et al., 2012).
Figura 13 - Comparação das complicações brutas e ajustadas pelo risco (Sais et al. , 2012)
Após a análise do gráfico da Figura 13, os autores constataram que os hospitais em Portugal
apresentam, de um modo geral, um número de episódios com complicações inferior ao que
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 39
seria de esperar tendo em conta o risco da casuística. Contudo, é de extrema importância
salientar que a menor exaustividade do registo/codificação de dados dos pacientes poderá
estar a contribuir para um sub-registo de todas as complicações verificadas nos hospitais (Sais
et al., 2012).
Como forma de conclusão deste estudo, os autores referem que não existem diferenças
estatisticamente significativas entre os hospitais dos dois países, embora exista uma grande
variabilidade entre os vários hospitais estudados dentro de cada país. Os autores alertam para
o facto de em Portugal não existir grande cuidado com os registos clínicos, o que na falta
destes leva a conclusões precipitadas (Sais et al., 2012).
É de grande importância salientar, que segundo Sais et al. (2012), todos os hospitais parceiros
deste estudo têm significativa margem de progressão na comparação com o benchmark,
quanto às durações de internamento. “No caso português, a aproximação aos melhores
desempenhos permitiria poupar, numa perspectiva estrutural, cerca de 1.080 camas. Este
seria o cenário ideal, sem os constrangimentos relacionados com os casos sociais ou a
escassez de oferta em camas de Cuidados Continuados, situação que, infelizmente, ainda se
verifica em Portugal” (Sais et al., 2012).
Em suma, a qualidade assistencial dos hospitais portugueses, pode-se considerar bastante
positiva, devendo-se esta à competência dos profissionais, às tecnologias utilizadas no
diagnóstico, bem como no tratamento de doentes (Sais et al., 2012).
3.2.3. ACSS 2013
O ano de 2013 é marcado pela entrada em vigor da publicação de relatórios de Benchmarking
trimestrais, os quais são baseados no modelo proposto pela Administração Central do Sistema
de Saúde (ACSS), tendo como finalidade comparar o desempenho das instituições e
identificar as melhores práticas.
Assim, seguidamente apresenta-se um relatório de Benchmarking hospitalar, o qual reporta
dados referentes ao período de atividade entre Janeiro e Dezembro de 2012, sendo que desta
análise apenas constam 31 entidades hospitalares do sector empresarial do estado e 3
Capítulo 3 – Estado de arte
40 Universidade do Minho
entidades em regime de parceria público privada, agrupadas em 5 grupos, como se pode
verificar na Figura 14.
Figura 14 - Instituições hospitalares alvo de análise (ACSS, 2012)
As entidades hospitalares no estudo apresentado foram dividas em 5 grupos homogéneos
(Figura 14), tendo estes sido determinados recorrendo a clustering hierárquico (consiste em
agrupar de forma hierárquica diferentes objetos, que se encontrem dispersos em grupos –
clusters, de forma a que os objetos no mesmo cluster sejam similares), contudo este
instrumento não é perfeito mas possibilita a comparação entre instituições similares, podendo
existir instituições “fronteira” entre os grupos, as quais podem ser penalizadas no exercício.
As entidades em estudo foram comparadas em 4 dimensões: acesso, qualidade, produtividade
e económica, sendo cada uma destas dimensões estudada em vários indicadores, como podem
verificar na Figura 15.
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 41
Figura 15 - Dimensões de Benchmarking e indicadores do estudo (ACSS, 2013)
Após a distribuição das instituições hospitalares por grupo, como está expresso anteriormente
na Figura 14, utilizaram o sistema de cores (Figura 16) para avaliação das mesmas, o qual
consiste em atribuir a cor: vermelho, amarelo ou verde, às instituições que constituem cada
grupo, tendo em conta a divergência por estas apresentadas em relação à melhor prática do
grupo onde estão inseridas.
Figura 16 - Sistema de avaliação por cores (ACSS, 2013)
Capítulo 3 – Estado de arte
42 Universidade do Minho
Na Tabela 11, apresenta-se a título de exemplo o benchmarking do indicador FSE I
(fornecimento e serviços externos I) correspondente à dimensão económica, que expressa o
fornecimento de serviços externos por m², através do qual se pode verificar qual a instituição
hospitalar que apresenta a melhor prática dentro de cada grupo. Este indicador tem por
finalidade refletir a eficiência na gestão da infraestrutura, a qual inclui a eficiência energética
de cada instituição.
É de salientar que se apresenta este exemplo visto ser esta dimensão (económica) a abordar
neste documento, sendo que este indicador (FSE I) engloba o fornecimento de serviços
externos por m² de área útil (FSE/m² de área útil), ou seja, considera os custos com
eletricidade, combustíveis, água e outros fluidos, ferramentas, utensílios de desgaste rápido,
rendas e alugueres, entre outros, por área útil.
Tabela 11 - Benchemarking da dimensão económica para o indicador FSE/m² de área útil (ACSS, 2013)
Capítulo 3 – Estado de arte
Universidade do Minho 43
Tabela 12 - Potencial para redução dos custos FSE I ( Adaptado ACSS, 2013)
Grupo Instituições Poupanças Estimadas
Resultados Operacionais a 31 de dezembro
Resultados Operacionais Potenciais
B CH Médio Ave 431.821 € -‐96.812 € 335.009 € B CH Póvoa de Varzim/Vila do Conde 418.546 € 1.569.369 € 1.150.823 € B HD Figueira da Foz 00 € 801.098 € 801.098 € B H Santa Maria Maior 387.002 € 221.097 € 608.099 €
C CH Barreiro/Montijo 639.055 € 11.151.597 € 10.512.543 € C CH Cova da Beira 2.075.573 € 13.194.783 € 11.119.211 € C CH Leiria-‐Pombal 2.093.638 € 680.830 € 2.774.468 € C CH Setúbal 1.508.751 € 15.866.082 € 14.357.331 € C CH Alto Ave 354.971 € 4.765.948 € 4.410.977 € C CH Baixo Vouga 461.921 € 10.365.917 € 9.903.996 € C CH Barlavento Algarvio 1.070.994 € 3.881.011 € 2.810.017 € C CH Entre Douro e Vouga 961.374 € 578.097 € 383.277 € C CH Médio Tejo 1.664.440 € 17.753.396 € 16.088.956 € C HD Santarém 450.498 € 11.698.418 € 11.247.920 € C CH Tâmega e Sousa 00 € 2.059.008 € 2.059.008 € D CH Trás-‐os-‐Montes e Alto Douro 1.553.578 € 657.156 € 2.210.734 € D CH Vila Nova de Gaia/Espinho 1.304.543 € 2.331.447 € 1.026.904 € D Hospital de Braga, PPP 878.224 € n.a. n.a. D Hospital de Faro 837.090 € 5.571.295 € 4.734.205 € D H Espírito Santo de Évora 693.701 € 4.322.294 € 3.628.593 € D H Fernando da Fonseca 1.683.372 € 1.436.510 € 3.119.882 € D H Garcia de Orta 887.474 € 6.509.774 € 5.622.299 € D CH Tondela-‐Viseu 00 € 1.374.878 € 1.374.878 € E CH Lisboa Central 00 € 30.171.612 € 30.171.612 € E CH Lisboa Ocidental 1.420.153 € 3.060.158 € 1.640.005 € E CH São Ojai 2.378.484 € 2.043.641 € 4.422.125 € E CH Lisboa Norte 1.488.203 € 81.670.854 € 80.182.651 € E CH Porto, EPE 2.517.451 € 3.228.535 € 711.084 € E CH Universitário de Coimbra 4.036.027 € 36.682.325 € 32.646.298 € F IPO Coimbra 286.070 € 1.109.695 € 1.395.764 € F IPO Lisboa 913.072 € 8.895.912 € 7.982.840 € F IPO Porto 00 € 417.112 € 417.112 €
33.396.028 € 268.284.824 € 235.767.021 €
O autor deste estudo, salienta que apesar das instituições estarem inseridas em grupos
homogéneos, não apresentam a mesma carteira de serviços, o que leva a que as poupanças
estimadas para cada área de custos sejam apenas indicativas e não acumulativas, ou seja,
refletindo apenas o posicionamento de cada instituição face ao posicionamento da instituição
Capítulo 3 – Estado de arte
44 Universidade do Minho
mais eficiente do grupo. Assim sendo, segundo o autor não será expectável que todas as
instituições atinjam os níveis de poupança estimados (ACSS, 2013).
Capítulo 4 – Recolha de dados
Universidade do Minho 45
CAPÍTULO 4 - RECOLHA DE DADOS
A utilização do benchmarking como ferramenta de estudo da eficiência é normalmente
realizada por iniciativa e uma ou várias empresas parceiras de benchmark que pretendem
obter uma ferramenta-chave para a melhoria do desempenho. Assim, os parceiros de
benchmark serão responsáveis por facultar a informação para a realização deste estudo.
Este estudo de benchmarks será uma exceção neste tipo de estudo, pois não serão as entidades
parceiras (hospitais) a fornecer os dados, mas sim, esta recolha de dados foi da
responsabilidade da equipa de investigação.
Assim, neste capítulo serão enumeradas as metodologias e dificuldades associadas a esta
recolha de dados bem como as parcerias conseguidas para este fim. Será ainda explicado o
modo de agrupamento das várias entidades hospitalares.
4.1. Tratamento de dados
A primeira fase deste estudo passou pela recolha de dados, a qual requer um processo
criterioso na definição dos parceiros que participam no estudo, sendo portanto esta fase uma
das de maior importância nesta investigação. Contudo, destaca-se que os hospitais que
participam num estudo de benchmark têm de estar preparados para participar numa iniciativa
que requer disponibilidade de tempo, a qual é bastante exigente.
É de ressaltar o processo minucioso na recolha de dados, bem como na definição dos hospitais
parceiros, devido ao facto de já existirem outras iniciativas de benchmark mal sucedidas. Este
cuidado deve-se à experiencia facultada por outras equipas de investigação, que alertam para
que tarefas de recolha de dados e o empenho das entidades parceiras na realização de estudos
de benchmarking sejam levadas com particular empenho. As entidades parceiras nestes
estudos carecem de tempo suficiente para detalhar os dados eficazmente para um estudo que
requer todo o pormenor possível e desejado.
Destaca-se que neste caso de estudo, como o mesmo não foi requerido por uma empresa, mas
sim por uma equipa de investigação, torna este processo mais cuidadoso na seleção dos
hospitais alvo de análise.
Capítulo 4 – Recolha de dados
46 Universidade do Minho
Assim, a recolha de dados e seleção dos hospitais que iriam participar no estudo foi realizado
tendo em consideração as etapas preliminares sugeridas pelos autores Bemowski (1991),
Spendolini (2002) e Kalof e Ostblom (1993), para cada indicador em estudo. Estes autores
consideram essencial a execução das seguintes:
• Avaliar as expectativas dos “clientes” no estudo de benchmarks;
• Identificar potenciais barreiras a uma condução normal do estudo; selecionar e formar a equipa de benchmarks;
• Obter o empenhamento da direção de topo através da disponibilização dos recursos necessários.
O primeiro passo na recolha de dados teve início na análise rigorosa do “Relatório & Contas”
dos hospitais públicos portugueses, com a finalidade de se compreender as questões que iriam
ser alvo de análise nos pontos seguintes desta dissertação, tornando-se assim o ponto de
partida do estudo “olhar para dentro” planeando este estudo de benchmark a partir dai.
Contudo durante a análise destes, percebeu-se que na maioria dos hospitais os consumos e
custos de utilização não se encontravam detalhados, dado que estes são realizados pelo
hospital central e não por cada entidade hospitalar, ou seja, estes resumem um ano de
trabalhos de todos os hospitais que fazem parte desse centro hospitalar, e não se referem a
cada entidade hospitalar. Este facto, foi mais um entrave à recolha de dados, dado que a
informação das unidades hospitalares se encontrar agrupada por centro hospitalar, e a
informação pretendida seria adquirir os dados para cada indicador em estudo e para cada
hospital. É importante referir que os hospitais, em que não fosse possível obter essa
informação detalhada, não iria constar no estudo, dado não estarem em condições de fazer
parte de um estudo de benchmark, por falta do trabalho interno descrito anteriormente.
Assim, para ultrapassar esta primeira barreira, desenvolveu-se a consulta através de contacto
electrónico (email) e posterior contacto telefónico hospital a hospital para levantamento dos
entidades dispostas a participar neste estudo e consequente disponibilização dos dados
pretendidos. Contudo, esta metodologia verificou-se não ser a melhor a adotar, pois poucos
foram os hospitais a responder aos e-mail e ao contacto telefónico efetuado. Assim sendo,
tornou-se fundamental o estabelecimento de contacto com ARS Norte, através do qual foi
possível obter dados como:
• Informação de estudos já realizados até á data;
• Aconselhamentos importantes para o estudo a desenvolver;
Capítulo 4 – Recolha de dados
Universidade do Minho 47
• Acesso aos dados que os hospitais e centros hospitalares da região norte enviam para a
ARS Norte
• Contacto da Administração Central de Sistemas de Saúde (ACSS).
Após o estabelecimento de contracto com a ARS Norte e com a ACSS, foi possível obter os
dados do Plano Estratégico do Baixo Carbono e Programa de Eficiência Energética da
Administração Pública (PEBC e ECO-AP).
O PEBC e o ECO-AP, estão inseridos no âmbito do Ministério da Saúde e têm como
objetivos primordiais a redução de emissões de gases com efeito de estufa e o aumento da
eficiência nos consumos das instalações, em particular dos edifícios hospitalares. Assim
sendo, o grande desafio destas entidades é conseguir implementar até 2020 uma eficiência
energética de cerca de 30% nos organismos e serviços da Administração pública, resultando
desta forma simultaneamente benefícios económico, bem como melhoria da prestação de
serviços. A aplicação destes organismos, engloba neste momento todas as unidades do SNS,
ou seja, edifícios hospitalares EPE (Hospitais Públicos) e PPP (Parcerias Público Privadas).
Entretanto, na sequência dos casos de estudos efetuados, foi publicada a Resolução do
Conselho de Ministro n.º 93/2010, de 26 de Novembro, que estabelece que se proceda à
elaboração de planos sectoriais de baixo carbono, para cada Ministério, e a Resolução do
Conselho de Ministros n.º 2/2011, de 9 de Dezembro, que criou o Programa de Eficiência
Energética na Administração Pública (ECO.AP). Mais tarde, no Ministério da Saúde foram
publicados três despachos (ACSS, 2013):
" Despacho n.º 1729/2011, de 21 de janeiro
Dando autonomia à “Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. (ACSS), em
conjunto com as Administrações Regionais de Saúde (ARS), de definir a estratégia de
implementação do Plano Estratégico do Baixo Carbono no sector da Saúde (PEBC) e
que determina a nomeação de Gestores Locais de Energia e Carbono pelas ARS,
hospitais, centros hospitalares, unidades locais de saúde (ULS) e agrupamentos de
centros de saúde (ACES)”
" Despacho n.º 8662/2012, de 28 de junho
“Determinou a nomeação de um Gestor Local de Energia e Carbono por todas as
entidades públicas do sector da saúde”
Capítulo 4 – Recolha de dados
48 Universidade do Minho
" Despacho n.º 4860/2013, de 9 de abril
“Determina as metas de redução de consumos a observar em 2013, determina o
desenvolvimento de um Guia de Boas Práticas para o Sector da Saúde e estabelece as
atribuições e competências a atribuir aos Gestores Locais de Energia e Carbono do
Ministério da Saúde.”
4.2. Agrupamento de dados
No caso em estudo, é realizada uma identificação dos processos-alvo e das
alavancas/indicadores para medir, monitorizar e comparar os resultados, tendo em
consideração o objetivo de minorar os custos de utilização dos hospitais em estudo.
Selecionados os hospitais que serão “parceiros” de estudo e as alavancas/indicadores, é
realizada uma divisão destes por grupos, tendo em conta um indicador a avaliar que será
proporcionar ao crescimento dos custos.
Para a realização de benchmarking entre hospitais portugueses é essencial agrupar as
entidades parceiras de estudo, por grupos de forma que todos os hospitais pertencentes ao
mesmo grupo sejam similares. Esta preocupação foi evidente desde o início da recolha de
dados, visto que um objetivo primordial foi a recolha de dados por unidade hospitalar invés de
dados agrupados por centro hospitalar, visto que um centro hospitalar é totalmente diferente
de outro, seja no numero de unidades hospitalares pertencentes, seja na dimensão dessas
unidades, quer nos serviços externos e internos que cada uma das unidades hospitalares
poderá ter dentro de cada dentro hospitalar. Assim, tornar-se desnecessário comparar centros
hospitalares.
Desde modo, para definir os grupos e quais os hospitais pertencentes a cada grupo, teve-se
primeiramente que definir qual o indicador responsável pela definição do intervalo de cada
grupo, isto é, se seria o ano de construção, área de abrangência, número de camas ou área útil,
a limitar os grupos hospitalares. De forma a obter a informação pretendida destes parâmetros
referente a cada hospital, consultou-se os sites das entidades hospitalares, das ARS e da
ACSS. Para obtenção da população residente na área de abrangência de cada entidade
hospitalar recorreu-se aos Censos 2011.
Capítulo 4 – Recolha de dados
Universidade do Minho 49
Analisados os dados recolhidos, verifica-se que o aumento da área útil é proporcional ao
aumento dos custos de utilização, o que não acontece com os outros parâmetros analisados,
como o número de camas, ano de construção nem com a área de influencia.
Quanto à área de abrangência verifica-se rapidamente que este parâmetro não poderia refletir
o custo de utilização, visto existirem hospitais a receber doentes de fora da área de
abrangência. Quanto maior a dimensão e importância do hospital, maior será o numero de
doentes recebidos por estes hospitais, que iram consumir recursos mesmo que fora da área de
abrangência.
O ano de construção é um parâmetro no qual também seria possível basear o estudo, visto que
não se conseguiu obter o ano de construção e de reconstrução de todas as entidades hospitais
em tempo útil para a conclusão deste estudo.
Na definição dos grupos tendo em consideração os parâmetros número de camas e a área útil,
foi estudando comparando-os numericamente com os custos de utilização. Compara-se o
incremento de cada parâmetro e o aumento dos custos de utilização. Consultando a Tabela 13
verifica-se que hospitais muito semelhantes quanto ao número de camas os custos são muitos
dispares.
Tabela 13 - Parâmetros nº de camas, área útil e custos utilização
Hospital Nº de
camas
Área Útil
[m2]
Custos de
Água
Custos de
Energia Custos de Gás
Custos de
Resíduos
H8 401 71 245,00 644 221,30 € 1 085 208,76 € 1 325 979,37 € 444 900,00 €
H36 400 35 565,00 234 293,12 € 756 741,14 € 298 074,87 € 263 589,00 €
H28 111 9 468,00 275 798,51 € 645 630,22 € 616 906,41 € 73 871,82 €
H43 106 6 266,00 72 485,84 € 176 737,62 € 200 205,03 € 10 668,19 €
H15 306 28 281,00 299 999,17 € 996 399,23 € 231 723,52 € 184 914,10 €
H37 303 27 088,00 157 158,34 € 508 899,08 € 250 669,85 € 269 118,98 €
Analisando a Tabela 13, verifica-se que quanto maior a área útil do hospital, maior será os
custos de utilização, mesmo para situações como os hospitais H8/H36, H28/H43 e H15/H37,
Capítulo 4 – Recolha de dados
50 Universidade do Minho
onde para um número de camas similares, os custos aumentam com o aumento da área útil do
edifício hospitalar.
Assim, conclui-se que a divisão dos edifícios hospitais seria através área útil, isto é, o
intervalo que ia definir cada grupo, seria um intervalo de área útil, faltando definir qual o
intervalo de cada grupo.
Optando-se por agrupar os edifícios hospitalares em função da área útil, foi necessário
selecionar um método para definir o intervalo de área de cada grupo de hospitais. Para o
efeito, optou-se por agrupar os edifícios através dos quartis da área úteil. Na Tabela 14, consta
os resultados do calculo dos quartis, definindo assim as fronteiras entre cada grupo.
Tabela 14 – Determinação dos quartis
Quartil Limite dos
quartis
Q1 -‐ quartil 1 8807 m2
Q3 -‐ quartil 3 37 663 m2
Assim, deste agrupamento resultam três grupos de edifícios hospitalares, sendo que o grupo I
será composto por hospitais com área superior ao quartil 3 (quartil superior), o grupo III os
hospitais com área inferior ao quartil 1 (inferior) e o grupo II com as área compreendidas
entre o quartil 3 e 1. Deste modo, conseguiu-se definir a composição dos 3 grupos de
hospitais a ser alvo do estudo de benchmarking:
• Grupo I – edifícios hospitalares com área útil superior a 37.663,00 m2
• Grupo II – edifícios hospitalares com área útil compreendida entre 8.807,00 m2 e
37.663,00 m2
• Grupo III – edifícios hospitalares com área útil inferior a 8.807,00 m2
Consideradas as áreas, pôde-se então definir os grupos, repartindo os hospitais por cada grupo
tendo em conta a área útil do hospital. A Figura 17 expressa esta divisão.
Capítulo 4 – Recolha de dados
Universidade do Minho 51
Figura 17 - Divisão dos edifícios hospitalares
Na Figura 17 encontram-se os hospitais, distribuídos por três grupos, delimitados pelos
quartis 3 e 1. O grupo I e III são compostos por 14 entidades hospitalares, enquanto o grupo II
é composto por 27. No total farão parte desde estudo, isto é, serão parceiros de benchmark, 55
entidades hospitalares do SNS.
Nas Tabelas 15, 16 e 17, estão agrupados todas as entidades hospitalares e resumidos todos os
custos de utilização, bem como as áreas úteis referentes ao grupo I, II e III, respetivamente.
Tabela 15 - Hospitais, custos de utilização e área útil do grupo I
Hospitais Custos de Água Custos de
Energia Custos de Gás
Custos de
Resíduos
Área Útil
[m2]
GRU
PO I
H1 260 144,16 € 1 255 826,77 € 770 651,00 € 233 160,74 € 132 850,00
H2 1 050 858,72 € 3 052 704,35 € 683 207,10 € 475 683,00 € 127 211,97
H3 316 359,72 € 931 656,39 € 1 051 007,49 € 164 953,00 € 49 960,00
H4 323 889,99 € 241 875,60 € 1 873 584,24 € 566 461,29 € 58 851,00
H5 232 592,00 € 957 940,79 € 1 709 041,29 € 141 438,90 € 48 960,00
H6 577 397,54 € 994 937,52 € 387 115,00 € 149 865,54 € 45 640,00
H7 93 916,47 € 641 924,30 € 353 535,30 € 350 408,01 € 42 385,00
H8 644 221,30 € 1 085 208,76 € 1 325 979,37 € 444 900,00 € 71 245,00
H9 145 196,35 € 501 875,22 € 397 683,78 € 99 823,00 € 38 726,00
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
H1 H3 H5 H7 H9 H11 H13 H15 H17 H19 H21 H23 H25 H27 H29 H31 H33 H35 H37 H39 H41 H43 H45 H47 H49 H51 H53 H55
Área (m
2)
Edificio hospitalar
Grupo I Grupo II Grupo III QUARTIL 3 QUARTIL 1
Capítulo 4 – Recolha de dados
52 Universidade do Minho
Tabela 15 (Conclusão) - Hospitais, custos de utilização e área útil do grupo I
Hospitais Custos de Água Custos de
Energia Custos de Gás
Custos de
Resíduos
Área Útil
[m2]
GRU
PO I
H10 502 888,00 € 810 750,03 € 532 509,81 € 115 433,00 € 42 688,93
H11 47 509,10 € 1 401 025,26 € 73 931 023,00 € 282 022,94 € 53 040,00
H12 469 174,23 € 3 183 913,13 € 110 163,63 € 1 286 709,06 € 102 098,00
H13 131 187,55 € 557 746,97 € 336 216,38 € 90 718,28 € 42 321,00
H14 269 880,00 € 1 589 628,09 € 720 200,57 € 297 810,06 € 43 388,00
Tabela 16 - Hospitais, custos de utilização e área útil do grupo II
Hospitais Custos de
Água
Custos de
Energia Custos de Gás
Custos de
Resíduos
Área Útil
[m2]
GRU
PO II
H15 299 999,17 € 996 399,23 € 231 723,52 € 184 914,10 € 28 281,00
H16 219 155,06 € 950 599,29 € 609 935,61 € 129 479,80 € 29 127,00
H17 166 677,69 € 466 303,84 € 204 032,82 € 61 250,79 € 16 020,00
H18 106 527,43 € 663 971,25 € 205 265,04 € SD 27 833,00
H19 115 072,00 € 264 826,63 € 292 271,65 € 52 919,44 € 21 000,00
H20 1 091 325,72 € 1 262 215,16 € 17 507,75 € 454 624,85 € 33 798,00
H21 108 655,91 € 268 051,99 € 6 316,95 € 81 218,19 € 16 947,00
H22 236 992,07 € 530 987,39 € 215 234,87 € 96 919,38 € 19 637,54
H23 58 386,62 € 365 537,28 € 269 074,95 € SD 21 048,00
H24 125 312,00 € 221 548,28 € 187 639,49 € 44 838,90 € 17 105,00
H25 114 976,96 € 492 504,79 € 234 479,50 € 113 280,65 € 18 498,00
H26 191 065,84 € 311 298,95 € 346 895,59 € SD 15 106,00
H27 118 367,71 € 206 893,00 € 24 893,99 € SD 11 482,00
H28 275 798,51 € 645 630,22 € 616 906,41 € 73 871,82 € 9 468,00
H29 51 384,86 € 158 653,78 € 96 689,01 € 21 130,33 € 8 834,00
H30 126 692,32 € 473 930,37 € 311 128,19 € 90 740,24 € 24 772,00
H31 184 530,00 € 508 992,71 € 257 952,99 € 176 189,00 € 30 000,00
H32 121 807,62 € 267 354,89 € 349 269,17 € 171 862,16 € 12 710,80
H33 237 991,88 € 573 983,14 € 427 618,53 € 116 311,31 € 33 330,20
H34 98 860,74 € 280 355,60 € 221 170,25 € SD 23 108,08
H35 47 684,57 € 129 428,17 € 9 552 831,00 € SD 12 518,45
H36 234 293,12 € 756 741,14 € 298 074,87 € 263 589,00 € 35 565,00
Capítulo 4 – Recolha de dados
Universidade do Minho 53
Tabela 16 (Conclusão) - Hospitais, custos de utilização e área útil do grupo II
Hospitais Custos de
Água
Custos de
Energia Custos de Gás
Custos de
Resíduos
Área Útil
[m2]
GRU
PO II
H37 157 158,34 € 508 899,08 € 250 669,85 € 269 118,98 € 27 088,00
H38 212 153,49 € 766 916,67 € 1 258 649,32 € 300 085,00 € 22 150,00
H39 74 282,00 € 291 991,73 € 297 268,14 € SD 36 600,00
H40 148 592,00 € 412 453,37 € 304 940,84 € SD 34 512,00
H41 136 003,00 € 404 224,70 € 261 918,54 € SD 31 484,00
Tabela 17 - Hospitais, custos de utilização e área útil do grupo III
Hospitais Custos de
Água
Custos de
Energia Custos de Gás
Custos de
Resíduos
Área Útil
[m2]
GRU
PO III
H42 210 492,26 € 395 224,79 € 416 831,17 € SD 5 110,00
H43 72 485,84 € 176 737,62 € 200 205,03 € 10 668,19 € 6 266,00
H44 25 792,63 € 78 871,10 € 58 838,97 € 9 716,70 € 5 138,00
H45 6 208,85 € 34 481,59 € 37 569,23 € 3 012,22 € 4 435,00
H46 37 714,52 € 141 868,85 € 88 227,82 € SD 7 976,07
H47 59 907,73 € 210 297,11 € 128 186,80 € 21 632,13 8 776,00
H48 17 465,01 € 77 275,84 € 35 961,19 € 24 872,00 6 427,00
H49 14 725,00 € 50 366,11 € 44 637,63 € 3 369,00 3 513,30
H50 27 552,79 € 173 235,74 € 99 642,23 € 9 241,84 6 458,74
H51 13 435,04 € 103 018,89 € 16 699,33 € 5 622,40 6 573,25
H52 35 393,00 € 52 309,94 € 19 240,02 € 18 063,00 3 019,74
H53 9 036,17 € 61 778,75 € 54 202,69 € 7 210,77 3 920,00
H54 25 685,88 € 93 835,93 € 71 941,75 € SD 3 839,00
H55 206 032,29 € 333 141,05 € 213 710,07 € 43 793,76 € 7 687,00
De salientar que existem edifícios hospitalares com custos de utilização elevados, que serão
alvo de uma analise mais pormenorizada mais à frente nesta dissertação.
Da análise dos dados em estudo, representados nas Tabelas 15 a 17, pode-se rapidamente
verificar quais os indicadores com maior influência nos custos totais.
Capítulo 4 – Recolha de dados
54 Universidade do Minho
Nas Figuras 18, 19 e 20 está representada a influência que cada indicador tem no seu grupo.
Facilmente se verifica que entre os indicadores analisados, o custo de energia e de gás sãos os
parâmetros com maior influência, isto é, dos indicadores estudados, estes sãos os que mais
recursos económico consomem às entidades hospitalares.
Figura 18 - Influência dos Custos de Utilização (Grupo I)
Figura 19 - Influência dos Custos de Utilização (Grupo II
Figura 20 - Influência dos Custos de Utilização (Grupo III)
Custo de
Água, 14%
Custo de
Energia, 43%
Custo de Gás, 31%
Custo de
Resíduos, 12%
Custo de Água 17%
Custo de Energia 46%
Custo de Gás 25%
Custo de Resíduos 12%
Custo de Água 14%
Custo de Energia 48%
Custo de Gás 32%
Custo de Resíduos
6%
Custo de Água
Custo de Energia
Custo de Gás
Custo de Resíduos
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
Universidade do Minho 55
CAPÍTULO 5 - ESTABELECIMENTO DE BENCHMARKS DE CUSTOS
PARA EDIFICIOS HOSPITALARES
Concluída a tarefa do agrupamento dos dados, o estabelecimento de benchmarks dos grupos
de hospitais torna-se possível.
Para a realização de benchmarks é fundamental o domínio básico de estatística aplicada que
será também abordada neste capítulo.
5.1. Dados estatísticos
A estatística é a ciência responsável pela recolha de informação (amostragem e planeamento
de experiências), seleção da informação recolhida, obtenção dos dados necessários para o
estudo que se pretende realizar, organizar os dados obtidos, analisar os mesmos, para
posteriormente se proceder à interpretação dos resultados. Esta permite prever uma evolução
futura de um dado fenómeno. Assim, segundo Faria, Menezes (2006) pode-se afirmar que a
estatística é uma ciência fundamental quando se tem de tomar decisões em situações de
incerteza (Faria, Menezes, 2006).
Quando se querer investigar, o passo primordial no tratamento de dados é a análise uni
variada (cada variável é estudada isoladamente, sendo calculada para cada uma as
frequências, medianas, médias, entre outras), através do cálculo das medidas de localização
central e de dispersão para cada variável isoladamente, ou seja, a média, o desvio-padrão,
mediana, desvio-quartil e moda. Contudo, as medidas mencionadas anteriormente não
poderão ser calculadas para qualquer tipo variável, dado ser importante definir qual o tipo de
variáveis que constituem o estudo realizado, para que a estatística possa ser utilizada de forma
adequada. No que diz respeito às variáveis, sumariamente estas podem ser qualitativas
nominais (variáveis cujos valores não têm uma relação de ordem entre eles), qualitativas
ordinais (variáveis cujos valores não são métricos, mas incluem uma relação de ordem),
variáveis quantitativas discretas (variáveis cujos valores são medidos numa escala métrica e
apenas podem assumir valores inteiros) e as variáveis quantitativas contínuas (variáveis cujos
valores são medidos numa escala métrica, podendo estas assumir qualquer valor num
determinado intervalo) (Pina, 2006; Faria, Menezes, 2006)
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
56 Universidade do Minho
No caso do estudo realizado, as variáveis utilizadas são quantitativas discretas, visto que estas
permitem quantificar os custos de cada um dos componentes e apenas podem assumir valores
inteiros.
Posto isto, é importante efetuar uma breve abordagem às medidas de localização e que dados
relevantes estes permitem obter no estudo a realizar. Existem três medidas bases de
localização, a média, a moda e a mediana.
A média (𝜇) é a medida de localização mais utilizada e de mais fácil interpretação a qual
permite “resumir” em apenas uma informação a característica de um conjunto de dados
(Faria, Menezes, 2006/2007).
𝜇 = 𝑋! + 𝑋! +⋯+ 𝑋!
𝑁 = 𝑋!!
!!!
𝑁 [1]
Em que:
- 𝜇 é a média da população
- Xi é o i-ésimo dado da população
- N é o tamanho da população
A mediana é um número de tendência central, ou seja, 50% da população terá valores iguais
ou inferiores à mediana e 50% dos valores serão iguais ou superiores à mesma.
𝑋!"# = 𝐿! + 𝑁2 − 𝐹!"!!
𝑓!"𝑥 𝐴
[2]
Em que:
- 𝑋!"# é a mediana
- 𝐿! é o limite inferior da população
- 𝐹!"!! é o somatório das frequências anteriores a classe onde se encontra a mediana
- 𝑓!" é a frequência da classe onde se encontra a mediana
- 𝐴 é a amplitude da classe
- N é o tamanho da população
Para além das medidas de localização anteriormente mencionadas, também existem as
medidas de dispersão, das quais faz parte o desvio-padrão, sendo que este dá informação
sobre a dispersão de dados, assim sendo, este apenas pode tomar valores positivos e quanto
maior este for, maior será a dispersão dos dados.
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
Universidade do Minho 57
𝐷𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 − 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 = (𝑋! − 𝜇)!
𝑁 [3]
Em que
- 𝜇 é a média
- Xi é o i-ésimo dado da população
- N é o tamanho da população
Nesta investigação estas medidas de localização foram contabilizadas utilizando uma folha de
calculo automático da Microsoft, o MS EXCEL.
5.2. Benchmarks para custos de utilização
O principal objetivo desta dissertação é o estabelecimento de benchmarks para custos de
utilização dos edifícios hospitalares portugueses. Neste capítulo será definida a melhor
prática, a prática convencional, bem como a pior prática com auxilio de um programa de
calculo automático, o MS Excel.
Antes da definição dos benchmarks procede-se à validação dos dados recolhidos. Embora os
dados recolhidos estejam validados pelas entidades hospitalares, há hospitais com custo de
utilização discrepantes que serão excluídos deste estudo.
Decidiu-se fazer esta verificação relacionando o custo por m2 à curva de gauss representada
na Figura 21.
Figura 21 - Curva de Gauss
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
58 Universidade do Minho
Verificou-se se o custo do indicador por m2 estaria entre o intervalo [ µμ− 3σ ; µμ+ 3σ ],
sendo µμ a média e σ o desvio padrão. Optou-se por excluir a amostra fora deste intervalo, pois
iram incrementar o valor da “melhor prática” e da “prática convencional”. Assim, estes
valores não farão parte dos dados em estudo para esse indicador (água, energia, gás e
resíduos).
A título de exemplo, apresenta-se na Tabela 18 a verificação para o custo de gás relativamente
ao grupo I.
Tabela 18 - Verificação de discrepância para custos de gás (Grupo I)
Custo de gás -‐ grupo I
Hospitais €/m2
Verificação
intervalo
𝛍 -‐3σ 𝛍 +3σ
GRU
PO I
H1 5,80 OK
-‐994,09 1219,32
H2 5,37 OK
H3 21,04 OK
H4 31,84 OK
H5 34,91 OK
H6 8,48 OK
H7 8,34 OK
H8 18,61 OK
H9 10,27 OK
H10 12,47 OK
H11 1393,87 KO
H12 1,08 OK
H13 7,94 OK
H14 16,60 OK
Pode-se concluir que o edifício hospitalar H11 estar fora do intervalo considerado como
limite quanto ao custo de gás do grupo I. Assim, este custo não será tido em consideração para
o estabelecimento dos benchmarks. Em anexo encontra-se a verificação para a restante
amostra.
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
Universidade do Minho 59
O estabelecimento de benchmarks dos edifícios hospitalares tem como objetivo a obtenção da
“melhor prática” e da “prática convencional”. Para efetuar esta análise, determinou-se os
custos por m2 de área útil de cada indicador, água, energia, gás e resíduos. Seguidamente
determinou-se a “prática convencional” definida pela média do grupo, e a “melhor prática”
confinada aos 25% melhores valores (custo por m2) do grupo em estudo.
Efetuados os cálculos numa folha de cálculo automático (MS EXCEL) para os três grupos e
para cada indicador (água, energia, gás e resíduos), obteve-se os valores dos custos por m2
relativos á melhor prática, prática convencional e pior prática, resumidos na Tabela 19.
Tabela 19 - Resumo das melhores práticas, práticas convencionais e piores práticas de todos os indicadores
Grupo I Grupo II Grupo III
Melho
r
prática
Prática
conv
encion
al
Pior prátic
a
Melho
r
prática
Prática
conv
encion
al
Pior prátic
a
Melho
r
prática
Prática
conv
encion
al
Pior prátic
a
Custo de água [€/m2] 3,26 5,13 7,78 4,52 6,31 9,58 3,09 4,87 10,38
Custo de energia [€/m2] 13,67 18,82 23,45 13,67 18,40 25,93 15,35 17,32 24,44
Custo de gás [€/m2] 7,94 10,27 18,61 8,33 10,95 12,82 8,47 12,71 15,43
Custo de resíduos [€/m2] 2,75 3,52 6,71 3,70 5,40 7,70 1,19 1,84 3,17
Custo Total [€/m2] 33,97 46,22 49,46 37,35 43,66 55,54 28,20 33,73 47,90
Nos gráficos de barras das Figuras seguintes, encontram-se resumidos os custos por m2 de
área útil de cada hospital e a representados com linha verde a “melhor prática”, a linha
amarela a “prática convencional” e com linha vermelha a “pior prática” No anexo poder-se-á
consultar os valores detalhados.
Nos gráficos das Figuras 22, 23 e 24, podem-se verificar os custos de água por m2 de área
útil dos grupos I, II e III.
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
60 Universidade do Minho
Figura 22 - Custo de água por m2 dos edifícios hospitalares do grupo I
Pode-se verificar que H1, H7, H11 e H13 são edifícios hospitalares com custos de água igual
ou inferior à “melhor prática” (3,26 €/m2) do grupo I, ou seja, com eficiência quanto ao
consumo de água. Quanto aos hospitais custos de água igual ou superiores á “pior prática”
(7,78 €/m2), constam os hospitais H2, H6, H8, e H10.
Figura 23 - Custo de água por m2 dos edifícios hospitalares do grupo II
Analisando o grupo II quanto ao custo de água por m2, os edifícios hospitalares com melhor
eficiência (4,52 €/m2) são os H18, H23, H34, H35, H39, H40 e H41. Os edifícios H15, H17,
H22, H26, H27, H28 e H32 classificam-se como edifício com “pior prática” (9,582 €/m2). O
edifício H20 como podemos verificar na Tabela em anexo, não está dentro do intervalo
definido anteriormente.
1,96
8,26
6,33 5,50
4,75
12,65
2,22
9,04
3,75
11,78
0,90
4,60 3,10
6,22
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11 H12 H13 H14
Custos/m
2
10,61 7,52
10,40
3,83 5,48 6,41
12,07
2,77
7,33 6,22
12,65 10,31
29,13
5,82 5,11 6,15 9,583
7,14 4,28 3,81
6,59 5,80
9,578
2,03 4,31 4,32
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
H15 H16 H17 H18 H19 H21 H22 H23 H24 H25 H26 H27 H28 H29 H30 H31 H32 H33 H34 H35 H36 H37 H38 H39 H40 H41
Custos/m
2
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
Universidade do Minho 61
Figura 24 - Custo de água por m2 dos edifícios hospitalares do grupo III
Finalizando a análise dos custo de água, é verificada “melhor prática” e a “pior prática” do
grupo III. Assim, os hospitais deste grupo com melhor eficiência, onde os custos de água por
m2 de área útil são igual ou inferior a 3,09 €/m2, são H45, H48, H51 e H53. Por outro lado, os
hospitais com eficiência igual ou menor a 10,38 €/m2 são H42, H43, H52 e H55.
Nos gráficos das Figuras 25, 26 e 27 apresenta-se os custos de energia por m2 de área útil dos
grupos I, II e III.
Figura 25 - Custo de energia por m2 dos edifícios hospitalares do grupo I
A “melhor prática” do grupo I, definida pelas entidades hospitalares com custo de energia
igual ou inferior 13,67 €/m2 são os edifícios H1, H4, H9 e H13. Os edifícios hospitalares com
41,19
11,57
5,02 1,40
4,73 6,83
2,72 4,19 4,27 2,04
11,72
2,31
6,69
26,80
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
H42 H43 H44 H45 H46 H47 H48 H49 H50 H51 H52 H53 H54 H55
Custos/m
2
9,45
24,00
18,65
4,11
19,57 21,80
15,15 15,23 12,96
18,99
26,41
31,18
13,18
36,64
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11 H12 H13 H14
custo/m2
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
62 Universidade do Minho
consumos e consequentes custos elevados, ou seja, custos iguais ou superiores a 23,45 €/m2
são os hospitais H2, H11, H12 e H14.
Figura 26 - Custo de energia por m2 dos edifícios hospitalares do grupo II
Quanto ao grupo II, analisando os custos verifica-se que os hospitais H19, H24, H34, H35,
H39, H40, H41 tem eficiência hospitalar neste indicador. Por outro lado, classificados como
“pior prática” (25,93 €/m2) estão os edifícios H15, H16, H17, H20, H22 e H38. O edifício
H28 tem custos por m2 superior a [ µμ− 3σ ; µμ+ 3σ ].
Figura 27 - Custo de energia por m2 dos edifícios hospitalares do grupo III
35,23 32,64
29,11
23,86
12,61
37,35
15,82
27,04
17,37
12,95
26,62
20,61 18,02 17,96 19,13 16,97
21,03 17,22
12,13 10,34
21,28 18,79
34,62
7,98
11,95 12,84
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
H15 H16 H17 H18 H19 H20 H21 H22 H23 H24 H25 H26 H27 H29 H30 H31 H32 H33 H34 H35 H36 H37 H38 H39 H40 H41
custo/m2
28,21
15,35
7,77
17,79
23,96
12,02 14,34
26,82
15,67 17,32
15,76
24,443
43,34
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00
H43 H44 H45 H46 H47 H48 H49 H50 H51 H52 H53 H54 H55
custo/m2
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
Universidade do Minho 63
Finalizando a análise dos custos de energia, analisamos o grupo III. Verifica-se que os
hospitais H44, H45, H48 e H49 têm custo inferior a 15,35 €/m2, logo práticas eficientes.
Quanto aos hospitais com custos superiores a 24,44 €/m2 estão H43, H50, H54 e H55. O
hospital H42 pertence ao grupo III, mas seu custo por m2 é superior a (µμ+ 3σ), logo não
entra no estudo deste indicador.
Nos gráficos de barras das Figuras 28, 29 e 30, pode-se verificar os custos de gás por m2 de
área útil dos grupos I, II e III.
Figura 28 - Custo de gás por m2 dos edifícios hospitalares do grupo I
Para iniciar a análise da eficiência dos consumos de gás, verifica-se quais os hospitais com
maior e menor eficiência neste indicador do grupo I. Assim, no Figura 31, pode-se verificar
que os edifícios hospitalares com custos inferior ou igual a 7,944 €/m2 são H1, H2, H12 e
H13. Do lado oposto estão aqueles com eficiência inferior a 18,612 €/m2, sendo estes H3, H4,
H5 e H8.
O hospital H11 como podemos verificar na Tabela em anexo, tem um custo (1393,87 €/m2)
cerca de quarenta vezes superior ao valor mais alto do grupo, logo fora do intervalo definido
como limite.
5,80 5,37
21,04
31,84 34,91
8,48 8,34
18,612
10,27 12,47
1,08
7,944
16,60
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H12 H13 H14
custo/m2
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
64 Universidade do Minho
Figura 29 - Custo de gás por m2 dos edifícios hospitalares do grupo II
Do grupo II, a análise dos hospitais conclui-se que edifícios como o H15, H18, H20, H21,
H27, H39 e H41 fazem parte das melhores práticas, visto ter consumo igual ou inferior a
8,335 €/m2. Os hospitais H16, H19, H26, H28, H32, H33 e H38 têm custos iguais ou
superiores á “pior prática” (12,818 €/m2).
Tal como hospitais referenciados anteriormente, o hospital H35 não fará parte desta amostra
pois tem um custo por m2 de área útil excessivamente elevado (763,10 €/m2) comparando com
a restante amostra do grupo inserido. Assim superior a µμ+ 3σ .
Figura 30 - Custo de gás por m2 dos edifícios hospitalares do grupo III
8,19
20,94
12,74
7,37
13,92
0,52 0,37
10,96 12,78
10,97 12,68
22,96
2,17
65,16
10,95 12,56
8,60
27,48
12,83 9,57 8,38 9,25
56,82
8,12 8,84
8,32
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
H15 H16 H17 H18 H19 H20 H21 H22 H23 H24 H25 H26 H27 H28 H29 H30 H31 H32 H33 H34 H36 H37 H38 H39 H40 H41
custo/m2
31,95
11,45 8,471
11,06 14,61
5,60
12,705 15,428
2,54 6,37
13,83
18,74
27,80
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
H43 H44 H45 H46 H47 H48 H49 H50 H51 H52 H53 H54 H55
custo/m2
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
Universidade do Minho 65
Por último no indicador custo de gás, pode-se analisar os edifícios hospitalares do grupo III.
Classificados como “melhor prática” temos os edifícios H45, H48, H51 e H52. Por outro lado,
os edifícios hospitalares H43, H54 e H55 são as “piores práticas” do grupo III.
O edifício H42 não fará parte da amostra para o estudo dos custos de gás por m2, pois este
edifício tem seu custo superior ao valor definido como limite.
Nos gráficos das Figuras 31, 32 e 33, pode-se consultar os custos de resíduos por m2 de área
útil dos grupos I, II e III.
Figura 31 - Custo de resíduos por m2 dos edifícios hospitalares do grupo I
No grupo I, os edifícios hospitalares com melhor eficiência no indicador custo de resíduo são
H1, H9, H10 e H13. Os edifícios abaixo da “pior prática” (6,71 €/m2) são H4, H7 e H12.
Figura 32 - Custo de resíduos por m2 dos edifícios hospitalares do grupo II
1,76
3,74 3,30
9,63
2,89 3,28
8,27
6,24
2,58 2,70
5,32
12,60
2,14
6,86
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11 H12 H13 H14
custo/m2
6,54
4,45 3,82 2,52
13,45
4,79 4,94
2,62
6,12 7,80
2,39 3,66
5,87
13,52
3,49
7,41
9,93
13,55
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
H15 H16 H17 H19 H20 H21 H22 H24 H25 H28 H29 H30 H31 H32 H33 H36 H37 H38
custo/m2
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
66 Universidade do Minho
No grupo II existem alguns edifícios que não reúnem condições para participar num estudo de
benchmarking, visto não disponibilizaram os dados quanto ao custo de resíduos. Nestas
condições estão os edifícios H18, H23, H26, H27, H34, H35, H39, H40 e H41.
Os edifícios hospitalares H19, H24, H29, H30 e H33 têm custos com resíduos inferiores a
3,70€/m2. Como “pior prática”, definida pelos edifícios com custos superior a 7,71 €/m2, estão
H20, H28, H32, H37 e H38.
Figura 33 - Custo de resíduos por m2 dos edifícios hospitalares do grupo III
Para finalizar a análise dos resultados dos benchmarks hospitalares, verifica-se que no grupo
III os edifícios com melhor eficiência nos custo com resíduos são H45, H49 e H51, pois têm
custos iguais ou inferiores a 1,20 €/m2. Os edifícios H48, H52 e H55, estão acima de 3,17€/m2
(“pior prática”).
Conforme acontece com alguns edifícios do grupo II, neste grupo também existem edifícios
com ausência de dados dos custos com resíduos, como se sucede com os edifícios H42, H46 e
H54.
Assim, foi possível estabelecer um ranking de hospitais para cada grupo, identificando as
melhores práticas para cada indicador (água, energia, gás e resíduos).
A fase de análise de resultados resulta na comparação do desempenho dos hospitais
selecionados dentro de cada grupo. Sendo que, o objetivo primordial desta comparação é a
verificação de discrepâncias de desempenhos e a caracterização das melhores práticas e das
praticas convencionais, para cada grupo de hospitais.
1,70 1,89
0,68
2,46
3,87
0,96 1,43
0,86
5,98
1,84
5,70
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
H43 H44 H45 H47 H48 H49 H50 H51 H52 H53 H55
custo/m2
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
Universidade do Minho 67
Com vista uma caracterização dos custos de utilização totais, apresenta-se nos gráficos das
Figuras 34, 35 e 36 os custos totais por m2 de área útil de cada grupo de hospitais.
Figura 34 – Custo total por m2 dos edifícios hospitalares do grupo I
Da análise do gráfico da Figura 37, conclui-se que os edifícios hospitalares do grupo I com
eficiência correspondente à “melhor prática” são H1, H7, H9 e H13, visto terem custos totais
por m2 de área útil inferiores ou iguais a 33,969 €/m2. Com a classificação de “pior prática”
estão os edifícios hospitalares com custos iguais ou superiores a 49,46 €/m2, o H4, H5, H12 e
H14.
Figura 35 - Custo total por m2 dos edifícios hospitalares do grupo II
18,97
41,37
49,32 51,07
62,11
46,22
33,969
49,13
29,56
45,95 49,462
26,37
66,32
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H12 H13 H14
custo/m2
60,57 65,55
56,07
34,53 27,39
55,00
33,87
51,64
37,11 40,47 37,59
71,62
40,68 43,66 43,78
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
H15 H16 H17 H19 H21 H22 H24 H25 H29 H30 H31 H32 H33 H36 H37
custo/m2
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
68 Universidade do Minho
No grupo II, os edifícios com melhor eficiência são os hospitais H19, H21, H24 e H29. Como
piores práticas estão os edifícios H15, H16 e H32.
Figura 36 - Custo total por m2 dos edifícios hospitalares do grupo III
Por ultimo, do estabelecimento de benchmarks para custos totais resta analisar o grupo III.
Neste grupo, os edifícios com maior eficiência, onde os custos por m2 são iguais ou inferiores
a 28,20 €/m2 estão H45, H48 e H51. Como “pior prática” estão os edifícios H43, H50 e H55,
com custos superiores a 47,90 €/m2.
Os edifícios hospitalares para os quais não se conseguiram obter dados de um ou mais
indicadores, ou que os seus dados sejam discrepantes quando comparados com restantes os
edifícios do mesmo grupo, não farão parte no estudo dos custos totais. Assim, apenas farão
parte da amostra para o estabelecimento de benchmarks dos custos totais, edifícios
hospitalares com dados de todos os indicadores (água, energia, gás e resíduos), estando esses
dentro no intervalo definido como válido, isto é, no intervalo [ µμ− 3σ ; µμ+ 3σ ]. Deste
modo, os hospitais H11 do grupo I, H18, H20, H23, H26, H27, H28, H34, H35, H38, H39,
H40 e H41 do grupo II e os edifícios hospitalares H42, H46 e H54 do grupo III, não entram
no estudo dos custos totais.
As organizações que utilizarem os processos de benchmark, só poderão melhorar o
desempenho quando forem alteradas as práticas e comportamentos existentes, perante os
resultados do benchmark. Antes de serem implementas essas alterações, a atividade de
benchmark é apenas um exercício de recolha de dados (Freitas et al., 2001).
73,43
33,71 18,33
47,86
24,21 32,19
47,95
21,11
41,40 33,73
103,64
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
H43 H44 H45 H47 H48 H49 H50 H51 H52 H53 H55
custo/m2
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
Universidade do Minho 69
Segundo Lara Ribeiro (2004), a implementação das melhores práticas, envolve normalmente
os seguintes passos:
• Identificar as oportunidades de melhoria;
• Criar um plano de implantação das melhores práticas;
• Monitorizar e acompanhar o progresso de implementação da melhor prática (este constitui o primeiro passo para o planeamento de um novo benchmark).
O benchmark torna-se assim um ciclo de melhoria constante, onde todas as organizações
envolvidas tiram vantagens.
Capítulo 5 – Estabelecimento de benchmarks de custos para edifícios hospitalares
70 Universidade do Minho
Referências Bibliográficas
Universidade do Minho 71
CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
6.1. Principais conclusões
O trabalho realizado baseou-se na pesquisa, recolha e tratamento de dados respeitantes a custo
de utilização de edifícios hospitalares. É importante referir, que esta recolha de dados
inicialmente tornou-se pouco eficaz ao nível da obtenção dos dados requeridos, contudo com
as reuniões obtidas foi possível estabelecer contacto com a ACSS. Esta entidade, facultou os
dados (custos de utilização) referentes ao ano de 2012 validados pelos hospitais parceiros
deste estudo. Deste modo, espera-se que futuros trabalhos nesta ou em outra temática, se
focalizem mais no tratamento de dados e menos na recolha, aproveitando os contactos já
estabelecidos.
Numa primeira observação dos dados recolhidos, verifica-se de uma forma geral que os
custos de utilização aqui estudados intensificam-se com o aumento da área útil do edifício.
Assim, os edifícios hospitalares foram agrupados em função da sua área útil. O grupo I é
composto por edifícios hospitalares com área útil igual ou superior a 37 663 m2, o grupo II
por edifícios com área útil compreendida entre 8 805 m2 e 37 663 m2, e o grupo III pelos
edifícios hospitalares com área útil igual ou inferior a 8 805 m2.
Da análise dos dados de cada grupo de hospitais, verifica-se que estes edifícios concentram
muitos dos seus gastos em energia e gás, cerca de 46% em energia e 29% em gás, ou seja,
cerca de 75% dos custos de utilização são realizados com energia e gás. Estes consumos,
devem-se aos equipamentos que esta tipologia de edifícios possui.
Tal como referido, o objetivo desta dissertação foi o estabelecimento de benchmarks para os
custos de utilização dos edifícios hospitalares portugueses. Com a utilização da metodologia
de benchmark, estabeleceu-se a “melhor prática” (edifícios mais eficientes em cada
indicador), a “prática convencional” (edifícios com prática entre a “melhor prática” e a “pior
prática”) e a “pior prática” (edifícios com grande potencial de melhoria da sua eficiência)
referente ao ano 2012. Desta forma, neste caso de estudo, foi possível realizar uma análise
comparativa entre as entidades hospitalares, de forma a identificar as entidades hospitalares
com melhor eficiência. Assim fornecer aos gestores hospitalares e aos projetistas a
possibilidade de estabelecer medidas de melhoria com vista a redução dos custos de
Referências Bibliográficas
72 Universidade do Minho
utilização. Sendo que, neste estudo apenas foram realizadas comparações de custos de
utilização de água, energia, gás e resíduos entre edifícios hospitalares dentro de cada grupo.
A definição das melhores práticas quanto aos custos de água, energia, gás e resíduos, foram
conseguidas através do cálculo do quartil inferior, ou seja, 25% dos valores mais baixos são
considerados melhores práticas. Para definição dos edifícios hospitalares com menor
eficiência, isto é, hospitais onde o custo por m2 de área útil se situa abaixo de uma fronteira
que confina os edifícios com maiores custos, designando-se assim de as “piores práticas”,
definidas pelos 25% dos valores mais baixos, ou seja, conseguidas através do quartil superior.
Para uma entidade hospitalar verificar se os seus custos são eficientes, basta calcular os custos
por m2 de área útil e verificar no respetivo grupo o seu posicionamento. O benchmark torna-se
assim um ciclo de melhoria constante, onde todas as organizações envolvidas tiram
vantagens.
Com o estudo realizado através da metodologia de benchmarking, pretende-se contribuir para
a sustentabilidade hospitalar. Apesar de as entidades hospitalares já se encontrarem inteiradas
desta temática devido ao programa ECO-AP desenvolvido pela ACSS, com este estudo
espera-se contribuir para a realização futura de uma metodologia de apoio ao projeto de
edifícios hospitalares sustentáveis, onde poderão ser definidos princípios de sustentabilidade
nesta tipologia de edifícios em Portugal.
6.2. Perspetivas futuras
As perspetivas futuras nesta matéria de benchmarks hospitalares no sistema nacional de
saúde, continuam a ir ao encontro do trabalho interno que as entidades de saúde portuguesas
têm que dispor para poderem ser parte dum estudo como este. Esta metodologia de avaliação,
torna-se muito eficaz quando há empenho de todas as entidades parceiras do estudo, as quais
neste caso são os hospitais portugueses. É essencial abordar mais profundamente
determinadas entidades hospitalares que carecem de alguma informação adicional e que neste
estudo não foi possível obter por não estar facilmente acessível, tais como: ano de
reabilitação, tipo de reabilitação, serviços e equipamentos comuns a outros hospitais, o que
conduz a maiores consumos e custos. Devem ser encontrados mecanismos legislativos ou
Referências Bibliográficas
Universidade do Minho 73
incentivos, para influênciar estas entidades a participarem fluentemente neste estudo,
facultando todos os dados detalhados.
Como foi identificado anteriormente neste documento, uma das dificuldades foi encontrar o
parâmetro que melhor atendia o agrupamento dos hospitais. Em futuros estudos a serem
realizados no âmbito desta temática, com uma base de dados mais detalhadas e
pormenorizadas, deve ser estudado se o parâmetro área útil continua a ser o mais indicado
para o agrupamento dos hospitais, bem como o método de divisão dos mesmos.
Em futuras investigações, propõe-se que o estudo realizado seja efetuado para anos diferentes
ao aqui estudado (2012). Assim analisar as discrepâncias e procurar conclusões sobre motivos
que levam a estas.
A sustentabilidade, no que diz respeito à dimensão económica está muitas vezes dependente
dos avanços tecnológicos, visto que, com estes poder-se-á conseguir melhoria da eficiência
energética, hídrica e da produção/tratamento dos resíduos. Assim, deve-se garantir que
existem apoios à investigação nesta temática, realizando estudos que permitam garantir um
aumento na eficiência, visto que como qualquer outro investimento, estes estudos têm custos.
Com o estudo realizado e com as melhorias a que estará sempre sujeito, espera-se contribuir
para a realização de uma metodologia de apoio ao projeto de edifícios hospitalares
sustentáveis, tal como acontece no presente com os edifícios residenciais. Espera-se que além
da dimensão económica aqui analisada, se estude também a dimensão ambiental e social, de
forma a conseguir definir princípios de sustentabilidade a adotar pelas equipas de projeto a
quando da conceção, reabilitação, bem como da gestão dos edifícios hospitalares.
Referências Bibliográficas
Universidade do Minho 74
Referências Bibliográficas
Universidade do Minho 75
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Anexo A
Universidade do Minho A.1
ANEXOS
Anexo A
A.2 Universidade do Minho
Anexo A
Universidade do Minho A.3
Tabela A.1 – Dados dos hospitais e verificação da discrepância dos custos por m2 – Grupo I
Hospitais( Hospitais(
Área(Útil(((((((
[m2]
Ano(de(
construção
Área(de(
influência
Nº(de(camas
Custos(de(Gás
Custos(de(
Água
Custos(de(
Energia
Custos(de(
Resíduos
€/m2
(μH3σ(;(μ+3σ()
Custo(de(
Água
€/m2
(μH3σ(;(μ+3σ()
Custo(de(
Energia
€/m2
(μH3σ(;(μ+3σ()
Custo(de(
Gás
€/m2
(μH3σ(;(μ+3σ()
Custo(de(
Resíduos
Custo([€]
€/m2
Custos(totais
GRUPO(I
H1
H2
H3
H4
H5
H6
H7
H8
H9
H10
H11
H12
H13
H14
260$144,16$€
1$255$826,77$€
770$651,00$€
233$160,74$€
2011
284407
705
132$850,00
1$050$858,72$€
3$052$704,35$€
683$207,10$€
475$683,00$€
1959
236528
1076
127$211,97
316$359,72$€
931$656,39$€
1$051$007,49$€
164$953,00$€
1995
132249
528
49$960,00
323$889,99$€
241$875,60$€
1$873$584,24$€
566$461,29$€
1991
381799
556
58$851,00
232$592,00$€
957$940,79$€
1$709$041,29$€
141$438,90$€
1996
174478
337
48$960,00
577$397,54$€
994$937,52$€
387$115,00$€
149$865,54$€
2011
388436
246
45$640,00
93$916,47$€
641$924,30$€
353$535,30$€
350$408,01$€
1985
345933
414
42$385,00
644$221,30$€
1$085$208,76$€
1$325$979,37$€
444$900,00$€
1844
360638
401
71$245,00
145$196,35$€
501$875,22$€
397$683,78$€
99$823,00$€
1928
33510
295
38$726,00
502$888,00$€
810$750,03$€
532$509,81$€
115$433,00$€
2000
87981
279
42$688,93
47$509,10$€
1$401$025,26$€
73$931$023,00$€
282$022,94$€
1997
301562
627
53$040,00
469$174,23$€
3$183$913,13$€
110$163,63$€
1$286$709,06$€
1954
398624
984
102$098,00
131$187,55$€
557$746,97$€
336$216,38$€
90$718,28$€
1877
428191
186
42$321,00
269$880,00$€
1$589$628,09$€
720$200,57$€
297$810,06$€
2012
287119
424
43$388,00
1,96
OK
8,26
OK
6,33
OK
5,50
OK
4,75
OK
12,65
OK
2,22
OK
9,04
OK
3,75
OK
11,78
OK
0,90
OK
4,60
OK
3,10
OK
6,22
OK
9,45
OK
24,00
OK
18,65
OK
4,11
OK
19,57
OK
21,80
OK
15,15
OK
15,23
OK
12,96
OK
18,99
OK
26,41
OK
31,18
OK
13,18
OK
36,64
OK
5,80
OK
5,37
OK
21,04
OK
31,84
OK
34,91
OK
8,48
OK
8,34
OK
18,612
OK
10,27
OK
12,47
OK
1393,87
KO
1,08
OK
7,944
OK
16,60
OK
1,76
OK
3,74
OK
3,30
OK
9,63
OK
2,89
OK
3,28
OK
8,27
OK
6,24
OK
2,58
OK
2,70
OK
5,32
OK
12,60
OK
2,14
OK
6,86
OK
2$519$782,67$€
$$$$$
18,97
5$262$453,17$€
$$$$$
41,37
2$463$976,60$€
$$$$$
49,32
3$005$811,12$€
$$$$$
51,07
3$041$012,98$€
$$$$$
62,11
2$109$315,60$€
$$$$$
46,22
1$439$784,08$€
$$$$$
33,97
3$500$309,43$€
$$$$$
49,13
1$144$578,35$€
$$$$$
29,56
1$961$580,84$€
$$$$$
45,95
75$661$580,30$€
$$$1426,50
5$049$960,05$€
$$$$$
49,46
1$115$869,18$€
$$$$$
26,37
2$877$518,72$€
$$$$$
66,32
Anexo A
A.4 Universidade do Minho
Anexo A
Universidade do Minho A.5
Tabela A.2 - Dados dos hospitais e verificação da discrepância dos custos por m2 – Grupo II
GRUPO&II
Hospitais& H15
H16
H17
H18
H19
H20
H21
H22
H23
H24
H25
H26
H27
H28
H29
H30
H31
H32
H33
H34
H35
H36
H37
H38
H39
H40
H41Hospitais&
299#999,17#€
996#399,23#€
231#723,52#€
184#914,10#€
2010
206479
306
28#281,00
219#155,06#€
950#599,29#€
609#935,61#€
129#479,80#€
2001
499671
390
29#127,00
166#677,69#€
#####466
#303
,84#€#
204#032,82#€
61#250,79#€
1975
108395
293
16#020,00
106#527,43#€
663#971,25#€
205#265,04#€
SD1975
433399
331
27#833,00
115#072,00#€
264#826,63#€
292#271,65#€
52#919,44#€
1985
74412
246
21#000,00
1#091#325,72#€
1#262#215,16#€
17#507,75#€
454#624,85#€
1995
552971
772
33#798,00
108#655,91#€
268#051,99#€
6#316,95#€
81#218,19#€
1975
124413
144
16#947,00
236#992,07#€
530#987,39#€
215#234,87#€
96#919,38#€
1970
152758
238
19#637,54
58#386,62#€
365#537,28#€
269#074,95#€
SD2000
97962
153
21#048,00
125#312,00#€
221#548,28#€
187#639,49#€
44#838,90#€
1973
66100
164
17#105,00
114#976,96#€
492#504,79#€
234#479,50#€
113#280,65#€
1964
133832
194
18#498,00
191#065,84#€
311#298,95#€
346#895,59#€
SD1986
157232
15#106,00
118#367,71#€
206#893,00#€
24#893,99#€
SD1951
244377
221
11#482,00
275#798,51#€
645#630,22#€
616#906,41#€
73#871,82#€
1956
70152
111
9#468,00
51#384,86#€
158#653,78#€
96#689,01#€
21#130,33#€
1919
110529
115
8#834,00
126#692,32#€
473#930,37#€
311#128,19#€
90#740,24#€
1890
36473
202
24#772,00
184#530,00#€
508#992,71#€
257#952,99#€
176#189,00#€
1915
78450
409
30#000,00
121#807,62#€
267#354,89#€
349#269,17#€
171#862,16#€
1953
42541
351
12#710,80
237#991,88#€
573#983,14#€
427#618,53#€
116#311,31#€
1985
213584
388
33#330,20
98#860,74#€
280#355,60#€
221#170,25#€
SD1974
28492
181
23#108,08
47#684,57#€
129#428,17#€
9#552#831,00#€
SD1994
41179
8912#518,45
234#293,12#€
756#741,14#€
298#074,87#€
263#589,00#€
1904
99006
400
35#565,00
157#158,34#€
508#899,08#€
250#669,85#€
269#118,98#€
1910
254443
303
27#088,00
212#153,49#€
766#916,67#€
1#258#649,32#€
300#085,00#€
1997
305375
380
22#150,00
74#282,00#€
291#991,73#€
297#268,14#€
SD2000
129510
144
36#600,00
148#592,00#€
412#453,37#€
304#940,84#€
SD2003
95228
220
34#512,00
136#003,00#€
404#224,70#€
261#918,54#€
SD1985
78964
359
31#484,00
Área&Útil&&&&&&&
[m2]
Ano&de
&construção
Área&de&
influ
ência
Nº&de
&cam
asCu
stos&de&Gá
sCu
stos&de&
Água
Custos&de&
Energia
Custos&de&
Resídu
os€/m2
(μU3σ&;&μ+3σ&)
10,61
OK
7,52
OK
10,40
OK
3,83
OK
5,48
OK
32,29
KO
6,41
OK
12,07
OK
2,77
OK
7,33
OK
6,22
OK
12,65
OK
10,31
OK
29,13
OK
5,82
OK
5,11
OK
6,15
OK
9,583
OK
7,14
OK
4,28
OK
3,81
OK
6,59
OK
5,80
OK
9,578
OK
2,03
OK
4,31
OK
4,32
OK
Custo&de
&Ág
ua
€/m2
(μU3σ&;&μ+3σ&)
35,23OK
32,64OK
29,11OK
23,86OK
12,61OK
37,35OK
15,82OK
27,04OK
17,37OK
12,95OK
26,62OK
20,61OK
18,02OK
68,19KO
17,96OK
19,13OK
16,97OK
21,03OK
17,22OK
12,13OK
10,34OK
21,28OK
18,79OK
34,62OK
7,98
OK
11,95OK
12,84OK
Custo&de
&En
ergia
€/m2
(μU3σ&;&μ+3σ&)
8,19
OK
20,94OK
12,74OK
7,37
OK
13,92OK
0,52
OK
0,37
OK
10,96OK
12,78OK
10,97OK
12,68OK
22,96OK
2,17
OK
65,16OK
10,95OK
12,56OK
8,60
OK
27,48OK
12,83OK
9,57
OK
763,10
KO
8,38
OK
9,25
OK
56,82OK
8,12
OK
8,84
OK
8,32
OK
Custo&de
&Gá
s
€/m2
(μU3σ&;&μ+3σ&)
6,54
OK
4,45
OK
3,82
OK
2,52
OK
13,45OK
4,79
OK
4,94
OK
2,62
OK
6,12
OK
7,80
OK
2,39
OK
3,66
OK
5,87
OK
13,52OK
3,49
OK
7,41
OK
9,93
OK
13,55OK
Custo&de
&Re
sídu
os
Custo&[€]
€/m2
1#713#036,02#€
60,57
1#909#169,76#€
65,55
898#265,14#€
56,07
725#089,72#€
34,53
464#243,04#€
27,39
1#080#133,71#€
55,00
579#338,67#€
33,87
955#241,90#€
51,64
327#857,98#€
37,11
1#002#491,12#€
40,47
1#127#664,70#€
37,59
910#293,84#€
71,62
1#355#904,86#€
40,68
1#552#698,13#€
43,66
1#185#846,25#€
43,78
Custos&to
tais
Anexo A
A.6 Universidade do Minho
Anexo A
Universidade do Minho A.7
Tabela A.3 - Dados dos hospitais e verificação da discrepância dos custos por m2 – Grupo III GRUPO&III
Hospitais& H42
H43
H44
H45
H46
H47
H48
H49
H50
H51
H52
H53
H54
H55Hospitais&
210,492,26,€
395,224,79,€
416,831,17,€
SD5,110,00
72,485,84,€
176,737,62,€
200,205,03,€
10,668,19,€
1988
39626
106
6,266,00
25,792,63,€
78,871,10,€
58,838,97,€
9,716,70,€
1965
55398
285,138,00
6,208,85,€
34,481,59,€
37,569,23,€
3,012,22,€
1928
28150
204,435,00
37,714,52,€
141,868,85,€
88,227,82,€
SD1936
34739
577,976,07
59,907,73,€
210,297,11,€
128,186,80,€
21,632,13
2005
154645
172
8,776,00
17,465,01,€
77,275,84,€
35,961,19,€
24,872,00
1922
112263
104
6,427,00
14,725,00,€
50,366,11,€
44,637,63,€
3,369,00
1935
238296
543,513,30
27,552,79,€
173,235,74,€
99,642,23,€
9,241,84
1929
43737
616,458,74
13,435,04,€
103,018,89,€
16,699,33,€
5,622,40
1947
68791
206,573,25
35,393,00,€
52,309,94,€
19,240,02,€
18,063,00
1955
29213
633,019,74
9,036,17,€
61,778,75,€
54,202,69,€
7,210,77
1842
50380
233,920,00
25,685,88,€
93,835,93,€
71,941,75,€
SD1955
59446
443,839,00
206,032,29,€
333,141,05,€
213,710,07,€
43,793,76,€
1943
196113
165
7,687,00
Área&Útil&&&&&&&
[m2]
Ano&de
&construção
Área&de&
influ
ência
Nº&de
&cam
asCu
stos&de&Gás
Custos&de&
Água
Custos&de&
Energia
Custos&de&
Resídu
os€/m2
(μL3σ&;&μ+3σ&)
41,19OK
11,57OK
5,02
OK
1,40
OK
4,73
OK
6,83
OK
2,72
OK
4,19
OK
4,27
OK
2,04
OK
11,72OK
2,31
OK
6,69
OK
26,80OK
Custo&de
&Ág
ua
€/m2
(μL3σ&;&μ+3σ&)
77,34KO
28,21OK
15,35OK
7,77
OK
17,79OK
23,96OK
12,02OK
14,34OK
26,82OK
15,67OK
17,32OK
15,76OK
24,443
OK
43,34OK
Custo&de
&En
ergia
€/m2
(μL3σ&;&μ+3σ&)
81,57KO
31,95OK
11,45OK
8,471OK
11,06OK
14,61OK
5,60
OK
12,71OK
15,43OK
2,54
OK
6,37
OK
13,83OK
18,74OK
27,80OK
Custo&de
&Gás
€/m2
(μL3σ&;&μ+3σ&)
1,70
OK
1,89
OK
0,68
OK
2,46
OK
3,87
OK
0,96
OK
1,43
OK
0,86
OK
5,98
OK
1,84
OK
5,70
OK
Custo&de
&Re
sídu
os
Custo&[€]
€/m2
460,096,68,€
73,43
173,219,40,€
33,71
81,271,89,€
18,33
420,023,77,€
47,86
155,574,04,€
24,21
113,097,74,€
32,19
309,672,60,€
47,95
138,775,66,€
21,11
125,005,96,€
41,40
132,228,38,€
33,73
796,677,17,€
103,64
Custos&to
tais
Anexo A
A.8 Universidade do Minho
Anexo A
Universidade do Minho A.9
Tabela B.4 – Custos por m2 de área útil e verificação das práticas – Grupo I Hospitais( Hospitais(
€/m2
Custo(de
(Água
Classificação
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custo(de
(Água
€/m2
Custo(de
(Ene
rgia
ClassificaçãoCusto(de
(Ene
rgia
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custo(de
(Ene
rgia
€/m2
Custo(de
(Gás
Classificação
Custo(de
(Gás
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custo(de
(Gás
€/m2
Custo(de
(Resíduo
s
ClassificaçãoCusto(de
(Resíduo
s
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custo(de
(Resíduo
s
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custos(to
tais
€/m2
GRUPO(I
H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10
H11
H12
H13
H14
1,96
8,26
6,33
5,50
4,75
12,65
2,22
9,04
3,75
11,78
0,90
4,60
3,10
6,22
7,78
3,26
5,13
9,45
24,00
18,65
4,11
19,57
21,80
15,15
15,23
12,96
18,99
26,41
31,18
13,18
36,64
18,82
13,67
23,45
5,80
5,37
21,04
31,84
34,91
8,48
8,34
18,612
10,27
12,47
1,08
7,944
16,60
10,27
7,94
18,61
1,76
3,74
3,30
9,63
2,89
3,28
8,27
6,24
2,58
2,70
5,32
12,60
2,14
6,86
3,52
2,75
6,71
18,97
41,37
49,32
51,07
62,11
46,22
33,97
49,13
29,56
45,95
49,46
26,37
66,32
49,46
46,22
33,97
Anexo A
A.10 Universidade do Minho
Anexo A
Universidade do Minho A.11
Tabela B.5 - Custos por m2 de área útil e verificação das práticas – Grupo II Hospitais( Hospitais(
€/m2
Custo(de
(Água
Classificação
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custo(de
(Água
€/m2
Custo(de
(Ene
rgia
ClassificaçãoCusto(de
(Ene
rgia
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custo(de
(Ene
rgia
€/m2
Custo(de
(Gás
Classificação
Custo(de
(Gás
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custo(de
(Gás
€/m2
Custo(de
(Resíduo
s
ClassificaçãoCusto(de
(Resíduo
s
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custo(de
(Resíduo
s
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custos(to
tais
€/m2
GRUPO(IIH15
H16
H17
H18
H19
H20
H21
H22
H23
H24
H25
H26
H27
H28
H29
H30
H31
H32
H33
H34
H35
H36
H37
H38
H39
H40
H41
10,61
7,52
10,40
3,83
5,48
6,41
12,07
2,77
7,33
6,22
12,65
10,31
29,13
5,82
5,11
6,15
9,583
7,14
4,28
3,81
6,59
5,80
9,578
2,03
4,31
4,32
6,31
4,52
9,58
35,23
32,64
29,11
23,86
12,61
37,35
15,82
27,04
17,37
12,95
26,62
20,61
18,02
17,96
19,13
16,97
21,03
17,22
12,13
10,34
21,28
18,79
34,62
7,98
11,95
12,84
18,40
13,67
25,93
8,19
20,94
12,74
7,37
13,92
0,52
0,37
10,96
12,78
10,97
12,68
22,96
2,17
65,16
10,95
12,56
8,60
27,48
12,83
9,57
8,38
9,25
56,82
8,12
8,84
8,32
10,95
8,33
12,82
6,54
4,45
3,82
2,52
13,45
4,79
4,94
2,62
6,12
7,80
2,39
3,66
5,87
13,52
3,49
7,41
9,93
13,55
5,40
3,70
7,70
60,57
65,55
56,07
34,53
27,39
55,00
33,87
51,64
37,11
40,47
37,59
71,62
40,68
43,66
43,78
43,66
37,35
55,54
Anexo A
A.12 Universidade do Minho
Anexo A
Universidade do Minho A.13
Tabela B.6 - Custos por m2 de área útil e verificação das práticas – Grupo III
Hospitais( Hospitais(
€/m2
Custo(de
(Água
Classificação
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custo(de
(Água
€/m2
Custo(de
(Ene
rgia
ClassificaçãoCusto(de
(Ene
rgia
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custo(de
(Ene
rgia
€/m2
Custo(de
(Gás
Classificação
Custo(de
(Gás
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custo(de
(Gás
€/m2
Custo(de
(Resíduo
s
ClassificaçãoCusto(de
(Resíduo
s
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custo(de
(Resíduo
s
Conven
cion
al((((
[€/m
2]
Melho
r(Prática(
[€/m
2]
Pior(((((
Prática((((((((
[€/m
2]
Custos(to
tais
€/m2
GRUPO(IIIH42
H43
H44
H45
H46
H47
H48
H49
H50
H51
H52
H53
H54
H55
41,19
11,57
5,02
1,40
4,73
6,83
2,72
4,19
4,27
2,04
11,72
2,31
6,69
26,80
4,87
3,09
10,38
28,21
15,35
7,77
17,79
23,96
12,02
14,34
26,82
15,67
17,32
15,76
24,443
43,34
17,32
15,35
24,44
31,95
11,45
8,471
11,06
14,61
5,60
12,71
15,43
2,54
6,37
13,83
18,74
27,80
8,47
15,43
12,71
1,70
1,89
0,68
2,46
3,87
0,96
1,43
0,86
5,98
1,84
5,70
1,84
1,19
3,17
73,43
33,71
18,33
47,86
24,21
32,19
47,95
21,11
41,40
33,73
103,64
33,73
28,20
47,90