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Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária Agroecologia

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Escola Estadual deEducação Profissional - EEEPEnsino Médio Integrado à Educação Profissional

Curso Técnico em Agropecuária

Agroecologia

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Governador

Vice Governador

Secretária da Educação

Secretário Adjunto

Secretário Executivo

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC

Cid Ferreira Gomes

Domingos Gomes de Aguiar Filho

Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Maurício Holanda Maia

Antônio Idilvan de Lima Alencar

Cristiane Carvalho Holanda

Andréa Araújo Rocha

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 02

AGRICULTURAS DE BASE ECOLÓGICA........................................................................... 03

OBJETIVOS E CONCEITOS................................................................................................ 04

NÍVEIS DE TRANSIÇÃO DA AGROECOLOGIA................................................................... 06

BASES CIENTÍFICAS DA AGROECOLOGIA....................................................................... 07

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA AGROECOLOGIA.................................................................... 09

DESENHOS DE SISTEMAS AGROECOLÓGICOS............................................................. 15

MANEJO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS..................................................................... 25

TEORIA DA TROFOBIOSE................................................................................................... 35

AS PRINCIPAIS VERTENTES DA AGRICULTURA DE BASE ECOLÓGICA....................... 36

PRODUÇÃO DE INSUMOS NATURAIS............................................................................... 45

ADUBAÇÃO VERDE............................................................................................................. 52

DEFENSIVOS ALTERNATIVOS........................................................................................... 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 60

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AGROECOLOGIA

INTRODUÇÃO

A degradação ambiental e consequente redução de sua disponibilidade tornaram-se questões muitos discutidas atualmente. Existe grande preocupação com a qualidade e quantidade dos recursos naturais existentes.

Em muitas regiões, a modernização da agricultura, com a utilização de tecnologias intensivas em insumos, aconteceu sem a distribuição da terra. Os benefícios dessas medidas – geralmente chamadas de Revolução Verde – foram extremamente desiguais em termos de sua distribuição, com os maiores e mais ricos agricultores, que controlam o capital e as terras férteis, sendo privilegiados, em detrimento dos agricultores mais pobres e com menos recursos. A Revolução Verde também contribuiu para disseminar problemas ambientais, como erosão do solo, desertificação, poluição por agrotóxicos e perda de biodiversidade.

A poluição e o desperdício dos recursos naturais, que são de fundamental importância à manutenção da vida terrestre e ao desenvolvimento das atividades produtivas, vêm sinalizando limitações futuras da economia mundial e do bem estar humano. Decisões intertemporais de utilização dos recursos permeiam as discussões, através do conceito de desenvolvimento sustentável, que se refere à utilização presente desses recursos sem prejuízo da utilização futura.

A crise agrícola ecológica existente, hoje, na maior parte do Terceiro Mundo e O crescimento da atividade industrial e populacional, associado à falta de medidas que objetivem o desenvolvimento sustentável, indica a incapacidade de se produzir sem a geração de impactos negativos ao ambiente. Além de criar produtos, os processos produtivos utilizados externalizam poluentes danosos à saúde humana, animal e vegetal, gerando gastos monetários e perda de bem-estar à sociedade.

As estratégias de desenvolvimento convencionais revelaram-se fundamentalmente limitadas em sua capacidade de promover um desenvolvimento equânime e sustentável. Não foram capazes nem de atingir os mais pobres, nem de resolver o problema da fome, da desnutrição ou as questões ambientais. As inovações tecnológicas não se tornaram disponíveis aos agricultores pequenos ou pobres em recursos em termos favoráveis, nem se adequaram às suas condições agroecológicas e socioeconômicas. Recentemente, a discussão sobre o desenvolvimento sustentável ganhou rápido impulso em resposta ao declínio na qualidade da vida rural, bem como à degradação da base de recursos naturais associada à agricultura moderna. A produção agrícola deixou de ser uma questão puramente técnica, passando a ser vista como um processo condicionado por dimensões sociais, culturais, políticas e econômicas. Há um interesse geral em reintegrar uma racionalidade ecológica à produção agrícola, e em fazer ajustes mais abrangentes na agricultura convencional, para torná-la ambiental, social e economicamente viável e compatível. Muitos avanços tecnológicos inovadores estão sendo introduzidos, mas há, ainda, muito destaque para os aspectos tecnológicos. O foco é a substituição de insumos, ou seja, substituir agroquímicos caros e degradadores do meio ambiente e tecnologias intensivas em insumos por tecnologias brandas, de baixo uso de insumos externos. Este enfoque não atinge, no entanto, as causas ecológicas dos problemas ambientais na agricultura moderna, profundamente enraizadas na estrutura de monocultura predominante em sistemas de produção de larga escala.

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Somente políticas e ações governamentais podem fazer frente aos fatores estruturais e socioeconômicos que determinam a crise agrícola-ambiental e a miséria rural que ainda existem no mundo em desenvolvimento.

Só uma compreensão mais profunda da ecologia humana dos sistemas agrícolas pode levar a medidas coerentes com uma agricultura realmente sustentável. Assim, a emergência da agroecologia como uma nova e dinâmica ciência representa um enorme salto na direção certa. A agroecologia fornece os princípios ecológicos básicos para o estudo e tratamento de ecossistemas tanto produtivos quanto preservadores dos recursos naturais, e que sejam culturalmente sensíveis, socialmente justos e economicamente viáveis.

AGRICULTURAS DE BASE ECOLÓGICA

Desde muito tempo, os homens vêm buscando estabelecer estilos de agricultura menos agressivos ao meio ambiente, capazes de proteger os recursos naturais e que sejam duráveis no tempo, tentando fugir do estilo convencional de agricultura que passou a ser hegemônico a partir dos novos descobrimentos da química agrícola, da biologia e da mecânica, ocorridos já no início do século XX. Em diversos países, passaram a surgir estas agriculturas alternativas, com diferentes denominações: orgânica, biológica, natural, ecológica, biodinâmica, permacultura, entre outras, cada uma delas seguindo determinadas filosofias, princípios, tecnologias, normas e regras, segundo as correntes a que estão aderidas. Não obstante, na maioria das vezes, tais alternativas não conseguiram dar as respostas para os problemas socioambientais que foram se acumulando como resultado do modelo convencional de desenvolvimento e de agricultura que passaram a predominar, particularmente, depois da II Grande Guerra.

Neste ambiente de busca e construção de novos conhecimentos, nasceu a Agroecologia, como um novo enfoque científico, capaz de dar suporte a uma transição a estilos de agriculturas sustentáveis e, portanto, contribuir para o estabelecimento de processos de desenvolvimento rural sustentável.

A partir dos princípios ensinados pela Agroecologia passaria a ser estabelecido um novo caminho para a construção de agriculturas de base ecológica ou sustentáveis.

A opção pela terminologia “agricultura de base ecológica”, em primeiro lugar, tem a intenção de distinguir os estilos de agricultura resultantes da aplicação dos princípios e conceitos da Agroecologia, tanto do modelo de agricultura convencional ou agroquímica (um modelo que, reconhecidamente, é mais dependente de recursos naturais não renováveis e, portanto, incapaz de perdurar através do tempo).

A título de exemplo, cabe afirmar que não se deve entender como agricultura baseada nos princípios da Agroecologia aquela agricultura que, simplesmente, não utiliza agrotóxicos ou fertilizantes químicos de síntese em seu processo produtivo. No limite, uma agricultura com esta característica pode corresponder a uma agricultura pobre, desprotegida, cujos agricultores não têm ou não tiveram acesso aos insumos modernos por impossibilidade econômica, por falta de informação ou por ausência de políticas públicas adequadas para este fim. Na realidade, uma agricultura que trata apenas de substituir insumos químicos convencionais por insumos “alternativos”, “ecológicos” ou “orgânicos” não necessariamente será uma agricultura ecológica em sentido mais amplo. É preciso ter presente que a simples substituição de agroquímicos por adubos orgânicos mal manejados pode não ser solução, podendo inclusive

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causar outro tipo de contaminação. Por outro lado, alguns estudos sobre agricultura ecológica põem em evidência que as colheitas extraem do solo mais elementos nutritivos que os aportados pelo adubo natural, sem que pareça diminuir a fertilidade natural do solo.

OBJETIVOS E CONCEITOS

Considera-se Agroecologia como ciência ou campo de conhecimentos de natureza multidisciplinar, cujos ensinamentos pretendem contribuir na construção de estilos de agricultura de base ecológica e na elaboração de estratégias de desenvolvimento rural, tendo-se como referência os ideais da sustentabilidade numa perspectiva multidimensional. Ou seja, a agroecologia constitui o campo dos conhecimentos que promove o “manejo ecológico dos recursos naturais, através de formas de ação social coletiva que apresentam alternativas à atual crise de Modernidade, mediante propostas de desenvolvimento participativo desde os âmbitos da produção e da circulação alternativa de seus produtos, pretendendo estabelecer formas de produção e de consumo que contribuam para encarar a crise ecológica e social e, deste modo, restaurar o curso alterado da coevolução social e ecológica. Sua estratégia tem uma natureza sistêmica, ao considerar a propriedade, a organização comunitária e o restante dos marcos de relação das sociedades rurais articulados em torno à dimensão local, onde se encontram os sistemas de conhecimento portadores do potencial endógeno e sociocultural. Tal diversidade é o ponto de partida de suas agriculturas alternativas, a partir das quais se pretende o desenho participativo de métodos de desenvolvimento endógeno para estabelecer dinâmicas de transformação em direção a sociedades sustentáveis”.

Trata-se de uma nova abordagem que integra os princípios agronômicos, ecológicos e socioeconômicos à compreensão e avaliação do efeito das tecnologias sobre os sistemas agrícolas e a sociedade como um todo. Ela utiliza os agroecossistemas como unidade de estudo, ultrapassando a visão unidimensional-genética, agronomia, edafologia – incluindo dimensões ecológicas, sociais e culturais. Uma abordagem agroecológica incentiva os pesquisadores a penetrar no conhecimento e nas técnicas dos agricultores e a desenvolver agroecossistemas com uma dependência mínima de insumos agroquímicos e energéticos externos.

O objetivo é trabalhar com e alimentar sistemas agrícolas complexos onde as interações ecológicas e sinergismos entre os componentes biológicos criem, eles próprios, a fertilidade do solo, a produtividade e a proteção das culturas.

A produção sustentável em um agroecossistema deriva do equilíbrio entre plantas, solos, nutrientes, luz solar, umidade e outros organismos coexistentes. O agroecossistema é produtivo e saudável quando essas condições de crescimento ricas e equilibra das prevalecem, e quando as plantas permanecem resilientes de modo a tolerar estresses e adversidades. Às vezes, as perturbações podem ser superadas por agroecossistemas vigorosos, que sejam adaptáveis e diversificados o suficiente para se recuperarem passado o período de estresse. Ocasionalmente, os agricultores que empregam métodos alternativos podem ter de aplicar medidas mais drásticas (isto é, inseticidas botânicos, fertilizantes alternativos) para controlar pragas específicas ou deficiências do solo. A agroecologia engloba orientações de como fazer isso, cuidadosamente, sem provocar danos desnecessários ou irreparáveis. Além da luta contra as pragas, doenças ou problemas do solo, o agroecologista procura restaurar a resiliência e a força do agroecossistema.

Se a causa da doença, das pragas, da degradação do solo, por exemplo, for entendida

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como desequilíbrio, então o objetivo do tratamento agroecológico é restabelecê-lo. O tratamento e a recuperação são orientados por um conjunto de princípios específicos e diretrizes tecnológicas.

Elementos técnicos básicos de uma estratégia agroecológica

I . Conservação e Regeneração dos Recursos Naturaisa. Solo (controle da erosão, fertilidade e saúde das plantas)b. Água (captação/coleta, conservação in situ, manejo e irrigação)c. Germoplasma (espécies nativas de plantas e animais, espécies locais, germoplasma adaptado)d. Fauna e flora benéficas (inimigos naturais, polinizadores, vegetação de múltiplo uso)

II. Manejo dos Recursos Produtivosa. Diversificação:

- temporal (isto é, rotações, sequências)- espacial (policultivos, agroflorestas, sistemas mistos de plantio/criaçãode animais)- genética (multilinhas)- regional (isto é, zoneamento, bacias hidrográficas)

b. Reciclagem dos nutrientes e matéria orgânica:- biomassa de plantas (adubo verde, resíduos das colheitas, fixação de nitrogênio)- biomassa animal (esterco, urina, etc.)- reutilização de nutrientes e recursos internos e externos à propriedade

c. Regulação biótica (proteção de cultivos e saúde animal):-controle biológico natural (aumento dos agentes de controle natural)-controle biológico artificial (importação e aumento de inimigos naturais, inseticidas

botânicos, produtos veterinários alternativos, etc.)

III. Implementação de Elementos Técnicosa. Definição de técnicas de regeneração, conservação e manejo de recursos adequados às necessidades locais e ao contexto agroecológico e socioeconômico.b. O nível de implementação pode ser o da microrregião, bacia hidrográfica, unidade produtiva ou sistema de cultivo.c. A implementação é orientada por uma concepção holística (integrada)e, portanto, não sobrevaloriza elementos isolados.d. A estratégia deve estar de acordo com a racionalidade camponesa, incorporando elementos do manejo tradicional de recursos.

Na agroecologia, a preservação e ampliação da biodiversidade dos agroecossistemas é o primeiro princípio utilizado para produzir autorregulação e sustentabilidade. Quando a biodiversidade é restituída aos agroecossistemas, numerosas e complexas interações passam a estabelecer-se entre o solo, as plantas e os animais. O aproveitamento de interações e sinergismos complementares pode resultar em efeitos benéficos, pois:

- cria uma cobertura vegetal contínua para a proteção do solo;- assegura constante produção de alimentos, variedade na dieta alimentar e produção de

alimentos e outros produtos para o mercado;- fecha os ciclos de nutrientes e garante o uso eficaz dos recursos locais;- contribui para a conservação do solo e dos recursos hídricos através da cobertura morta

e da proteção contra o vento;

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- intensifica o controle biológico de pragas fornecendo um habitat para os inimigos naturais;

- aumenta a capacidade de múltiplo uso do território;- assegura uma produção sustentável das culturas sem o uso de insumos químicos que

possam degradar o ambiente.

Porém, restaurar a saúde ecológica não é o único objetivo da agroecologia. De fato, a sustentabilidade não é possível sem a preservação da diversidade cultural que nutre as agriculturas locais. O estudo da etno ciência (o sistema de conhecimento de um grupo étnico local e naturalmente originado) tem revelado que o conhecimento das pessoas do local sobre o ambiente, a vegetação, os animais e solos pode ser bastante detalhado. O conhecimento camponês sobre os ecossistemas geralmente resulta em estratégias produtivas multidimensionais de uso da terra, que criam, dentro de certos limites ecológicos e técnicos, a autossuficiência alimentar das comunidades em determinadas regiões.

Para os agroecologistas, vários aspectos dos sistemas tradicionais de conhecimento são particularmente relevantes, incluindo aí o conhecimento de práticas agrícolas e do ambiente físico, os sistemas taxonômicos populares e o emprego de tecnologias de baixo uso de insumos. Muitos cientistas nos países desenvolvidos estão começando a mostrar interesse pela agricultura tradicional em seus mais diferentes aspectos: capacidade de tolerar riscos, eficiência produtiva de misturas simbióticas de cultivos, reciclagem de materiais, utilização dos recursos e germoplasmas locais, habilidade em explorar toda uma gama de microambientes. É possível obter, através do estudo da agricultura tradicional, informações importantes que podem ser utilizadas no desenvolvimento de estratégias agrícolas apropriadas, adequadas às necessidades, preferências e base de recursos de grupos específicos de agricultores e agroecossistemas regionais. Entretanto, tal transferência de conhecimentos deve ocorrer rapidamente, ou essa riqueza de práticas se perderá para sempre.

A agroecologia fornece as ferramentas metodológicas necessárias para que a participação da comunidade venha a se tornar a força geradora dos objetivos e atividades dos projetos de desenvolvimento. O objetivo é que os camponeses se tornem os arquitetos e atores de seu próprio desenvolvimento.

NÍVEIS DE TRANSIÇÃO DA AGROECOLOGIA

Adicionalmente, é preciso enfatizar que o processo de transição agroecológica adquire enorme complexidade, tanto tecnológica como metodológica e organizacional, dependendo dos objetivos e das metas que se estabeleçam, assim como do “nível” de sustentabilidade que se deseja alcançar. Neste sentido, podemos distinguir três níveis fundamentais no processo de transição ou conversão para agroecossistemas sustentáveis.

O primeiro, diz respeito ao incremento da eficiência das práticas convencionais para reduzir o uso e consumo de insumos externos caros, escassos e daninhos ao meio ambiente. Esta tem sido a principal ênfase da investigação agrícola convencional, resultando disso muitas práticas e tecnologias que ajudam a reduzir os impactos negativos da agricultura convencional.

O segundo nível da transição se refere à substituição de insumos e práticas convencionais por práticas alternativas. A meta seria a substituição de insumos e práticas intensivas em capital, contaminantes e degradadoras do meio ambiente por outras mais benignas sob o ponto de vista ecológico. Neste nível, a estrutura básica do agroecossistema

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seria pouco alterada, podendo ocorrer, então, problemas similares aos que se verificam nos sistemas convencionais. O terceiro e mais complexo nível da transição é representado pelo redesenho dos agroecossistemas, para que estes funcionem com base em novos conjuntos de processos ecológicos. Nesse caso, se buscaria eliminar as causas daqueles problemas que não foram resolvidos nos dois níveis anteriores. Em termos de investigação já foram feitos bons trabalhos em relação à transição do primeiro para o segundo nível, porém estão recém começando os trabalhos para a transição ao terceiro nível, quando se estaria mais próximo de estilos de agriculturas sustentáveis.

Como se pode perceber, os três níveis da transição agroecológica, afastam, ainda mais, a ideia equivocada de Agroecologia como um tipo de agricultura, um sistema de produção ou uma tecnologia agrícola, por mais bondosa que esta possa ser. Além disso, estas breves considerações dão a dimensão exata da complexidade dos processos socioculturais, econômicos e ecológicos envolvidos e reforçam a natureza científica da Agroecologia, bem como o seu status de enfoque ou campo de conhecimento científico, multidisciplinar e orientado pelo desafiante objetivo de construção de estilos de agriculturas sustentáveis, nos médios e longos prazos.

BASES CIENTÍFICAS DA AGROECOLOGIA

Agroecologia nos faz lembrar-se de uma agricultura menos agressiva ao meio ambiente, que promove a inclusão social e proporciona melhores condições econômicas para os agricultores de nosso estado. Não apenas isso, mas também temos vinculado a Agroecologia à oferta de produtos "limpos", ecológicos, isentos de resíduos químicos, em oposição àqueles característicos da Revolução Verde.

Portanto, a Agroecologia nos traz a ideia e a expectativa de uma nova agricultura, capaz de fazer bem aos homens e ao meio ambiente como um todo, afastando-nos da orientação dominante de uma agricultura intensiva em capital, energia e recursos naturais não renováveis, agressiva ao meio ambiente, excludente do ponto de vista social e causadora de dependência econômica. Por outro lado, e isto é importante que se diga o entendimento do que é a Agroecologia e onde queremos e podemos chegar com ela não está claro para muitos de nós ou, pelo menos, temos tido interpretações conceituais diversas que, em muitos casos, acabam nos prejudicando ou nos confundindo em relação aos propósitos, objetivos e metas do trabalho que todos estamos empenhados em realizar.

Apenas para dar alguns exemplos do mau uso do termo, não raras vezes tem-se confundido a Agroecologia com um modelo de agricultura, com um produto ecológico, com uma prática ou tecnologia agrícola e, inclusive, com uma política pública. Isso, além de constituir um enorme reducionismo do seu significado mais amplo, atribui à Agroecologia definições que são imprecisas e incorretas sob o ponto de vista conceitual e estratégico, mascarando a sua real potencialidade de apoiar processos de desenvolvimento rural.

Por esses motivos, e sem ter a pretensão de fazer, neste momento, qualquer aprofundamento teórico e/ou metodológico, nos parece conveniente mencionar, objetivamente, como a Agroecologia vem sendo encarada sob o ponto de vista acadêmico e o seu vínculo com a promoção do desenvolvimento rural sustentável.

Com base em vários estudiosos e pesquisadores nesta área, a Agroecologia tem sido reafirmada como uma ciência ou disciplina científica, ou seja, um campo de conhecimento de

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caráter multidisciplinar que apresenta uma série de princípios, conceitos e metodologias que nos permitem estudar, analisar, dirigir, desenhar e avaliar agroecossistemas. Os agroecossistemas são considerados como unidades fundamentais para o estudo e planejamento das intervenções humanas em prol do desenvolvimento rural sustentável. Nestas unidades geográficas e socioculturais que ocorrem os ciclos minerais, as transformações energéticas, os processos biológicos e as relações sócioeconômicas, constituindo o lócus onde se pode buscar uma análise sistêmica e holística do conjunto destas relações e transformações. Sob o ponto de vista da pesquisa Agroecológica, os primeiros objetivos não são a maximização da produção de uma atividade particular, mas sim a otimização do equilíbrio do agroecossistema como um todo, o que significa a necessidade de uma maior ênfase no conhecimento, na análise e na interpretação das complexas relações existentes entre as pessoas, os cultivos, o solo, a água e os animais. Por esta razão, as pesquisas em laboratório ou em estações experimentais, ainda que necessárias, não são suficientes, pois, sem uma maior aproximação com os diferentes agroecossistemas, elas não correspondem à realidade objetiva onde seus achados serão aplicados e, tampouco, resguardam o enfoque ecossistêmico desejado.

São relações complexas deste tipo que alimentam a moderna noção de sustentabilidade, tão importante aspecto a ser considerado na atual encruzilhada em que se encontra a humanidade.

Em essência, o Enfoque Agroecológico corresponde à aplicação de conceitos e princípios da Ecologia, da Agronomia, da Sociologia, da Antropologia, da ciência da Comunicação, da Economia Ecológica e de tantas outras áreas do conhecimento, no redesenho e no manejo de agroecossistemas que queremos que sejam mais sustentáveis através do tempo. Trata-se de uma orientação cujas pretensões e contribuições vão mais além de aspectos meramente tecnológicos ou agronômicos da produção agropecuária, incorporando dimensões mais amplas e complexas, que incluem tanto variáveis econômicas, sociais e ecológicas, como variáveis culturais, políticas e éticas. Assim entendida, a Agroecologia corresponde, como afirmamos antes, ao campo de conhecimentos que proporciona as bases científicas para apoiar o processo de transição do modelo de agricultura convencional para estilos de agriculturas de base ecológica ou sustentáveis, assim como do modelo convencional de desenvolvimento a processos de desenvolvimento rural sustentável.

Suas bases epistemológicas mostram que, historicamente, a evolução da cultura humana pode ser explicada com referência ao meio ambiente, ao mesmo tempo em que a evolução do meio ambiente pode ser explicada com referência à cultura humana. Ou seja:

a) Os sistemas biológicos e sociais têm potencial agrícola; b) este potencial foi captado pelos agricultores tradicionais através de um processo de

tentativa, erro, aprendizado seletivo e cultural;c) os sistemas sociais e biológicos co-evoluíram de tal maneira que a sustentação de cada

um depende estruturalmente do outro; d) a natureza do potencial dos sistemas social e biológico pode ser mais bem

compreendida dado o nosso presente estado do conhecimento formal, social e biológico, estudando-se como as culturas tradicionais captaram este potencial;

e) o conhecimento formal, social e biológico, o conhecimento obtido do estudo dos sistemas agrários convencionais, o conhecimento de alguns insumos desenvolvidos pelas ciências agrárias convencionais e a experiência com instituições e tecnologias agrícolas ocidentais podem se unir para melhorar tanto os agroecossistemas tradicionais como os modernos;

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f) o desenvolvimento agrícola, através da Agroecologia, manterá mais opções culturais e biológicas para o futuro e produzirá menor deterioração cultural, biológica e ambiental que os enfoques das ciências convencionais por si sós.

Na prática e teoricamente, a Agroecologia precisa ser entendida como um enfoque científico, uma ciência ou um conjunto de conhecimentos que nos ajuda tanto para a análise crítica da agricultura convencional (no sentido da compreensão das razões da insustentabilidade da agricultura da Revolução Verde), como também para orientar o correto redesenho e o adequado manejo de agroecossistemas, na perspectiva da sustentabilidade.

A Agroecologia não pode ser confundida com um estilo de agricultura. Também não pode ser confundida simplesmente com um conjunto de práticas agrícolas ambientalmente amigáveis. Ainda que ofereça princípios para estabelecimento de estilos de agricultura de base ecológica, não se pode confundir Agroecologia com as várias denominações estabelecidas para identificar algumas correntes da agricultura "ecológica". Portanto, não se pode confundir Agroecologia com "agricultura sem veneno" ou "agricultura orgânica", por exemplo, até porque estas nem sempre tratam de enfrentar-se em relação aos problemas presentes em todas as dimensões da sustentabilidade. Estas são considerações que julgamos ser de suma importância quando se almeja promover a construção de processos de desenvolvimento rural sustentável, orientados pelo imperativo socioambiental, com participação e equidade social, como já nos referimos em outro texto.

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA AGROECOLOGIA

Os agroecossistemas abrangem comunidades de plantas e animais, bem como seus ambientes físicos e químicos, que foram modificados pelos humanos para produzir comida, fibras, combustíveis e outros produtos para seu consumo e para processamento. A agroecologia é o estudo holístico dos agroecossistemas, abrangendo todos os elementos humanos e ambientais. Enfoca a forma, a dinâmica e as funções do conjunto de inter-relações e de processos nos quais esses elementos estão envolvidos. Uma área usada para a produção agrícola, um campo plantado, por exemplo, são vistos como sistemas complexos nos quais também ocorrem processos ecológicos encontrados sob condições naturais tais como: reciclagem de nutrientes, interações predador/presa, competição, simbiose, neutralismo, comensalismo, protocooperação, amensalismo ou antagonismo e mudanças relacionadas a sucessão ecológica.

No trabalho agroecológico adaptado, está implícita a ideia de que, pela compreensão das relações e processos ecológicos, os agroecossistemas podem ser manipulados de forma a melhorar a produção e a produzir de modo mais sustentável, com menos impactos ambientais e sociais negativos e com menor utilização de insumos externos.

Os agroecologistas reconhecem, hoje, que o consorciamento, a agrossilvicultura e outros métodos tradicionais de agricultura imitam os processos ecológicos naturais e que a sustentabilidade de muitas práticas locais deriva dos modelos ecológicos que elas seguem. Ao se planejarem sistemas agrícolas que imitam a natureza torna-se possível otimizar o uso da luz do sol, dos nutrientes do solo e da chuva.

A Agricultura Ecológica busca aproximar as condições de cultivo com o que ocorre na Natureza, otimizando o uso da luz do sol, dos nutrientes do solo e da chuva. Procura imitar a Natureza. Sendo assim seus princípios são justamente as LEIS DA NATUREZA que agora

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iremos conhecer:

Fluxo de Matéria e Energia

O sol é a grande fonte de energia da Natureza. A energia solar apresenta-se na forma de radiação luminosa que é repassada por toda a cadeia alimentar; entretanto, esta energia não retorna ao sol. Seu fluxo é livre, aberto. A matéria, entretanto, segue pelo processo de produção, consumo e decomposição, uma trajetória circular.

Reciclagem Permanente

Na Natureza tudo é reaproveitado e se transforma; nada se perde. Os vegetais são consumidos pelos animais. Estes, ao morrerem são decompostos pelos microorganismos, gerando nutrientes que alimentarão os vegetais, e o ciclo continua. Podemos dizer que não existe lixo na natureza.

Interdependência

Todos os componentes da Natureza estão inter-relacionados. Ao mexermos com um desses componentes, estaremos mexendo com o todo. Ordem Dinâmica

O equilíbrio interdependente não é estático; é dinâmico. Foi se formando lentamente por meio de um processo de evolução. Portanto este equilíbrio é estável, porém frágil. Estável porque passou longo tempo para ser formado e frágil porque necessita permanentemente das condições que assegurem sua renovação.

Equilíbrio Auto-regulado

Na natureza os ecossistemas têm a capacidade de reordenar-se, regular-se, caso ocorra algum desequilíbrio, retornando assim a condição inicial de equilíbrio. Todavia, essa capacidade possui um limite que, se não for respeitado, levará o sistema ao colapso.

Quanto maior a Diversidade, maior a Estabilidade

Quando mais diversificados forem os componentes de um ecossistema, maior será a condição de equilíbrio ou capacidade de reordenamento.

O Solo como Organismo Vivo

O solo é uma relação complexa entre substâncias orgânicas e inorgânicas, organismos vegetais e animais, ar, água e nutrientes. Ele não é um mero depósito de nutrientes, mas, uma estrutura que respira, alimenta-se, tal qual um ser vivo. Nele repousam milhões de micros seres. Por isso na Agricultura Ecológica não se alimenta plantas, mas, o solo.

A janela da vida: James Lovelock

James Lovelock é um cientista inglês que, durante os anos 1970, fez parte do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, no projeto que estudou a possibilidade de existência de vida em Marte. No processo, ele desenvolveu teoria a respeito da evolução da vida que revolucionaram

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a visão que temos de nosso próprio planeta. Também, mostrou que a vida não somente se adapta, mas modifica o ambiente em larga escala, afetando a temperatura, umidade e composição da atmosfera, a deposição de minérios, e o próprio clima global.

Finalmente, lançou a teoria de que o planeta constitui uma grande teia articulada e interdependente de ecossistemas, que ele denominou de teoria de gaia, em homenagem à antiga deusa grega da fertilidade, Gaia.

Foi demonstrado pelo cientista norte – americano Lynn Margullis, que a vida evoluiu também por cooperação e simbiose entre espécies distintas, como fungos e bactérias, e que este processo foi decisivo para a geração dos ancestrais dos seres vivos atuais.

Embora a evolução da vida sobre a terra seja um campo do conhecimento bastante fora do alcance do público em geral, James Lovelock criou um conceito de imensa utilidade prática para se entender desde micro até macroecossistemas. Esta ferramenta de análise de ambientes se chama “Janela da vida”, e que pode ser usada para ajudar na compreensão de como se formam desde musgos em uma parede até ecossistemas que cobrem um continente inteiro.

A janela da vida consiste num triângulo em que cada extremidade abriga um dos elementos limitantes ou potencializadores da vida, quais sejam:

Radiação, na forma de luz e calor, produzido pelo sol ou outra forma de energia radiante, como atividade nuclear que produz o calor das camadas internas do planeta;Nutrientes, na forma de elementos químicos que constituem as rochas e que se incorporam à água e aos organismos vivos, os quais, por sua vez, ao se decomporem, repõem estes nutrientes, no fluxo. Portanto, são nutrientes inorgânicos e orgânicos;Umidade, nas suas várias formas (líquida, gasosa – vapor d’água, sólida-gelo).

O triângulo ilustra como a combinação entre diferentes fatores, na forma de oportunidades ou limitantes a vida, podem definir formas, estrutura e estratégias de reprodução das diferentes formas de vida.

A janela da vida é uma ferramenta que nos ajuda a entender os diversos ecossistemas os desertos, regiões Polares e Temperados, Regiões Tropicais Úmidas bem como nos permite entender como, cada indivíduo, assim como a comunidade à que pertence, estão estruturados, de maneira a fazer um uso ótimo da radiação, umidade e nutrientes disponíveis, permitindo sua sobrevivência e evolução.

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Biodiversidade

Os componentes bióticos compreendem todos os seres vivos que vivem numa determinada área. Num ecossistema equilibrado e independente, os componentes bióticos podem ser agrupados em produtores (ou autótrofos), consumidores (ou heterótrofos) e decompositores.

Biodiversidade Cadeia Trófica

Produtores ou autótrofos – A manutenção de vida num organismo é conseguido a partir de energia química acumulada nos compostos orgânicos que constituem os alimentos. As formas de vida capazes de fabricar esses alimentos, através de substâncias inorgânicas simples obtidas do meio ambiente, são denominadas produtores ou autótrofos. Conforme a fonte de energia utilizada na síntese de matéria orgânica, os produtores podem ser classificados em fotossintetizantes (obtém energia de luz solar) e quimiossintetizantes (obtém energia de substâncias químicas oxidadas).

Nos ecossistemas aquáticos, os principais produtores são representados pelas algas fotossintetizantes que integram o fitoplâncton (organismos flutuantes de natureza vegetal). Nos ecossistemas terrestres, os produtores são representados pelas plantas clorofiladas, com destaque especial para o grupo dos angiospermas.

Consumidores ou heterótrofos – compreendem os organismos incapazes de produzir seu próprio alimento. Em vista disso nutrem-se dos produtores ou de outros consumidores. Denomina-se consumidor primário o organismo que se nutre de um produtor; consumidor secundário é aquele que se nutre de um consumidor primário; já o consumidor terciário obtém seu alimento de um consumidor secundário, e assim por diante. Neste grupo estão bem representados os animais

Decompositores – São consumidores muito especiais, uma vez que se nutrem de plantas e animais mortos. Esses organismos, geralmente microscópicos (bactérias, fungos e vírus), desagregam a matéria orgânica morta, transformando-a em compostos inorgânicos simples que são devolvidos ao meio ambiente e podem ser reutilizados pelos produtores. Essa verdadeira demolição dos compostos orgânicos, chamada decomposição ou mineralização, é fundamental para a reciclagem da matéria e faz dos decompositores as grandes “usinas processadoras de lixo” do mundo. A ação decompositora, portanto, impede que o planeta fique

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inteiramente recoberto por uma camada orgânica morta, fato que inviabilizaria a existência da vida na terra.

Os produtores, como os únicos organismos capazes de produzir alimentos, constituem a “porta de entrada” da energia do mundo vivo. Por isso, o fluxo energético desenvolve um trajeto no sentido produtores - consumidores - decompositores, formando uma teia alimentar, que dá origem a um conjunto de cadeias tróficas que se interagem num ecossistema.

Interação dos elementos Biogeoquímicos

Todos os seres vivos, dos mais rudimentares aos mais complexos, são formados por incontáveis combinações de elementos químicos que se agrupam de maneira a construir a matéria viva com movimentos cíclicos de elementos e substâncias, passando do mundo vivo para o mundo físico e vice versa, constituindo os ciclos biogeoquímicos: ciclo de carbono, ciclo de nitrogênio, ciclo de oxigênio, ciclo da água e outros elementos.

Diversas interações ecológicas ocorrem no agroecossistema e que deveremos está atentos para um melhor aproveitamento dos recursos locais.

Predação – “Caça” de uma população sobre a outra, o predador é beneficiado e a presa prejudicada.

Simbiose antagônica, parasitismo – Associação interespecifica desarmônica, em que indivíduos de uma espécie, denominada parasita, alojam-se em outros, de outra espécie, denominada hospedeira, causando-lhe um desequilíbrio metabólico.

Competição – Rivalidade ou luta entre duas populações de nichos semelhantes, por um fator limitante. Ambas são prejudicadas, embora a mais apta acabe predominando.

Inquilinismo – é definido como uma associação interespecifica harmônica na qual apenas uma espécie é beneficiada sem, entretanto, existir prejuízo para a outra espécie associada.

Comensalismo – Organismos que se associa a outros, obtendo deles restos alimentares, não prejudicam os seus hospedeiros.

Simbiose Mutualística – Associação interespecífica harmônica, em que as duas espécies envolvidas auferem benefícios mútuos.

Neutralismo – Não há interação. Embora fisicamente próximos, as populações ocupam nichos diferentes.

Protocooperação – Intercâmbio de compostos entre duas populações, favorecendo a ambos, sem ocorrência de simbiose, também denominada de Sintrofismo e/ou sinergismo.

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Antibiose, Amensalismo ou Antagonismo – Uma população é prejudicada por um fator (ex. Toxina), produzida pela outra população; este não é afetado. As vezes deve-se admitir que a população antagônica possa ser favorecida pela eliminação da outra, sua competidora.

Manejo de Sucessão

É do conhecimento geral que a principal característica das florestas do trópico e subtrópico úmido é a manutenção dos nutrientes na, biomassa, e não no solo. Portanto, o sucesso da agricultura nestas condições depende mais da contínua ciclagem de nutrientes e do sinergismo criado pelo consórcio de espécies, do que de seu acúmulo ao nível do solo. Portanto, ao utilizar o fluxo da sucessão natural de espécies e seus ciclos e padrões para formar nossos agroecossistemas, estamos refinando nossa tecnologia agrícola. Nossos cultivos passam a se beneficiar dos nutrientes ciclados pelo sistema natural de modo contínuo, pela convivência com a vegetação nativa e não às custas da mineralização dela e do sistema vivo original.

A estratégia do planeta terra é complementar a do sol. Ela converte mediante a vida vegetal e animal a energia radial do sol em complexos orgânicos. Cada ser vivo tem sua função específica contribuindo diretamente através dos processos de fotossíntese e quimiossíntese, realizado pelas plantas, bactérias, e algas verdes, indiretamente cumprindo funções de transformação, intermediação, transporte, otimização e aceleração de processos sucessionais.

Princípios da sucessão natural das espécies

O primeiro passo são os colonizadores, que se encontram em terrenos completamente destruídos, barrancos, lugares superexplorados. Primeiro surgem as bactérias, que criam condições para o desenvolvimento de alguns musgos e líquens que vai criando condições para espécies mais exigentes até chegar a condição das plantas pioneiras do sistema seguinte que é o sistema de lignina.

O sistema de lignina está caracterizado por espécies de plantas com uma relação carbono/nitrogênio muito elevado. O componente de lignina na composição da matéria orgânica é elevado e portanto a decomposição da matéria orgânica das folhas e da parte lenhosa é lenta. As árvores que aparecem no sistema de lignina tem frutos pequenos e não são comestíveis pelo homem e animais de maior porte, serve de abrigo para pequenos animais mamíferos, pássaros, insetos, lagartos, etc. Quando as condições de vida forem melhoradas através de dinâmica da mesma vida (processos sucessionais), começam a surgir outras espécies que formam sistemas intermediários que obedece a uma sequência de sucessão, os elementos pioneiros, secundários, transicional e primários. Após o sistema intermediário vem o Sistema de luxo que são caracterizados por produzir frutos grandes com elevado teor de carboidrato, gordura e proteína, propiciando condições de interação com animais de maior porte, inclusive o homem.

Para construirmos nossos agroecossistemas é de fundamental importância que nos espelhemos nos sistemas de sucessão natural afim de melhor usarmos as diversas interações existentes dos recursos naturais dentro do agroecossistema.

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DESENHOS DE SISTEMAS AGROECOLÓGICOS

Os sistemas agroflorestais (SAF), que incluem uma série de Opções de Cultivo Simultâneo ou Sequencial de árvores com cultivos agrícolas e (ou) animais, vêm sendo apontados como alternativas de uso agrícola da terra, principalmente em regiões tropicais, por apresentarem capacidade potencial para aumentar o nível de sustentabilidade do agroecossistema, quanto aos aspectos agronômicos, sociais, econômicos e ecológicos.

Os Estados Unidos e países da América Latina e Europa têm divulgado os SAF como opção para o melhor aproveitamento dos recursos naturais na produção agropecuária, apresentando a capacidade de reduzir ao mínimo o uso de insumos não renováveis e conservar o meio ambiente. No Brasil, entretanto, os SAF não têm sido divulgados e pesquisados adequadamente, embora, tenhamos pré-requisitos significativos para a boa disseminação e adoção dessa forma de uso da terra, tais como: grande quantidade de terras degradadas; grande número de pequenas propriedades em determinadas regiões; existência de bacias hidrográficas desordenadas e que servem de mananciais de abastecimento a municípios com alta concentração demográfica; êxodo rural como conseqüência da difusão da agricultura intensiva baseada em altos insumos e mecanização; drástica redução da biodiversidade nas áreas de produção agropecuária extensas áreas de pastagens desprovidas de árvores de sombra; ausência de tradição da suplementação alimentar baseada em forragens lenhosas; deficiência nas práticas de conservação de solo; e necessidade de recuperação de fragmentos florestais.

Os SAF constituem-se numa opção interessante e viável para a oferta simultânea cie madeira, alimentos e outros bens, podendo ser implantados ou utilizados em terras já ocupadas com sistemas de monocultivos, seja agrícola ou florestal. Para o produtor ou empresário florestal, as principais vantagens seriam a redução do custo de implantação e de manutenção inicial de seus povoamentos, mediante a receita produzida pela cultura intercalar, e, para os agricultores e pecuaristas, a garantia de condições ambientais mais adequadas para suas lavouras ou animais e um suprimento adicional de madeira, para uso próprio ou para comércio. Outrossim, o plantio de árvores em lavouras e pastagens constitui uma forma de reposição, embora pequena, da cobertura florestal destruída pelo avanço da fronteira agrícola. Desta forma, os SAF constituem-se numa alternativa interessante de uso da terra, embora sejam escassos os conhecimentos sobre utilização atual e potencial, o que tem dificultado sua difusão pela extensão rural e pelas cooperativas existentes.

Os SAF constituem opção objetiva para melhorar e conservar os recursos produtivos, com aumento da oferta de madeira, alimentos e de outros bens e serviços, de forma seqüencial ou simultânea na mesma unidade de área.

Não obstante ser uma prática antiga de uso da terra seu estudo como ciência é relativamente recente. No Brasil os estudos iniciais datam de 1980. A presença de um componente arbóreo, a diversidade de espécies e a grande produção de fitomassa favorecem sua sustentabilidade pela ciclagem direta de nutrientes entre a vegetação e o solo. Esses autores salientam também que, se bem planejados, os SAF podem apresentar, entre outras, as vantagens de melhor utilização dos recursos naturais disponíveis (luz, água e nutrientes), menor incidência de pragas e doenças, maior diversificação da produção, diminuição dos riscos econômicos, melhor distribuição temporal do uso da mão-de-obra familiar e maior estabilidade.

Definições e características

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Os sistemas agroflorestais são considerados opções agroecológicas do uso da terra e incluem, na maioria dos casos, vantagens que, em geral, superam suas desvantagens, no que se refere aos principais componentes da sustentabilidade, ou seja, o econômico, o social e o ambiental.

Várias definições podem ser utilizadas para descrever e qualificar os SAF, contudo a de uso mais difundido talvez seja a apresentada por Nair (1984), citada e modificada por Daniel et al. (1999a), em que "Sistemas agroflorestais são formas de uso da terra que envolvem deliberada retenção, introdução, ou mistura de árvores ou outras plantas lenhosas nos campos de produção agrícola/animal, visando obter benefícios resultantes das interações econômicas, ecológicas e sociais". Em decorrência das interações ecológicas e econômicas entre os diferentes componentes dos SAF, estes são sistemas estrutural e funcionalmente mais complexos do que as monoculturas.

Desta forma, os SAF constituem-se em modalidade viável de uso da terra, segundo o princípio do rendimento sustentado, que permite aumentar a produção total ou de uma maneira escalonada, por meio da integração de florestas com culturas agrícolas e (ou) criações, aplicando práticas de manejo compatíveis com os padrões culturais da população local.

Num SAF, portanto, pelo menos um dos componentes envolvidos é lenhoso e perene, podendo ser árvores, arbustos, palmeiras ou bambus.

Os quintais e pomares domésticos, em geral, constituem-se em um ótimo e no mais antigo exemplo de SAF, formados empiricamente, de forma casual, sem arranjo definido e, ou delineamento, visando o suprimento da família, sobretudo em frutas, durante o ano, sem nenhuma preocupação de fundo econômico ou ecológico. No entanto, claramente, observa-se uma combinação de espécies perenes, com espécies temporárias e animais domésticos.

Assim, entende-se por SAF qualquer uso múltiplo da terra que:• tem relações complementares entre árvores e culturas agrícolas, buscando-se a

produção combinada de alimentos, frutos, forragem, lenha, matéria orgânica, entre outros;• é geralmente, mas não necessariamente, de baixo custo de aplicação;• utiliza eficientemente a luz solar, a umidade e os nutrientes, em relação aos

monocultivos agrícolas ou florestais;• reduz e previne a degradação, como por exemplo: erosão, lixiviação, enchentes ou os

efeitos de uma insolação excessiva causada em um solo exposto.

A característica mais importante dos SAF parece ser a estabilidade ou sustentabilidade ecológica, e, desta forma, os SAF apoiam-se sobre os princípios da diversidade biológica, com o emprego de maior número de espécies para conseguir estabilidade ecológica, e, econômica e, da perenidade (longevidade) do sistema, pelo uso permanente da mesma área. A estabilidade econômica é garantida pelas diferentes alternativas de produção e (ou) mercado, pelo emprego das várias culturas. Essas características tornam os SAF sustentáveis pela habilidade do agrossistema em manter a produtividade quando sujeito a estresse ou perturbação.

Nos SAF os recursos como água, luz e nutrientes podem ser insuficientes para as espécies envolvidas, de forma que os seus componentes devem ser arranjados de forma a não competirem seriamente pêlos mesmos recursos do meio. Essa competição pode se manifestar

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de várias maneiras, e a produção de uma espécie pode tanto aumentar como diminuir em relação ao seu monocultivo, de maneira individual ou mútua. Esses arranjos, contudo, têm sido feitos praticamente ao acaso, em razão das poucas informações para suprir totalmente, pela pesquisa, a necessidade de conhecimento nesta área.

Em função da própria natureza heterogênea dos diversos tipos de SAF, onde diferentes organismos compartilham o mesmo espaço, o ambiente físico afeta e interage com esses sistemas de modo complexo ao longo das fases de seu ciclo, com reflexos no crescimento (de arvores, culturas, pastos e animais), no maneio (de microclima, água, solo, plantas e animais) e nas interações entre seus componentes (árvore/cultura, árvore/pastagem, árvore/animal e suas combinações).

Quanto mais componentes integrarem um SAF, mais complicadas se tornam as interações múltiplas em espaço e tempo. Embora haja muita polemica sobre o que é ou não sustentável, de um modo geral consideram-se não sustentáveis os modelos intensivos de produção, consumidores de grandes quantidades de insumos não renováveis ou poluentes do meio ambiente e exigente em operações de preparo do solo e equipamentos. Os sistemas agroflorestais são considerados tecnologias sustentáveis. Entretanto, há controvérsias quanto às afirmações de que os SAF em geral sejam realmente sustentáveis. Contudo, nem todas as combinações de árvores com cultivos agrícolas ou animais alcançam os objetivos da sustentabilidade, do incremento na produção e dos benefícios para a pobreza rural. Isso induz à necessidade de dispor de procedimentos metodológicos para avaliar os níveis de sustentabilidade dos sistemas agroflorestais..

Classificação dos SAFs

Os SAF podem ser categorizados em três modos distintos, com base estrutural, funcional e socioeconômica e ecológica. Destes, o critério estrutural é o mais comum e refere-se à composição, incluindo a mistura dos elementos lenhosos, a estratificação vertical e o arranjo temporal dos diferentes componentes.

Portanto, estruturalmente e com base na natureza dos componentes dos SAF, propõem a seguinte terminologia:

Sistemas Agrossilviculturais - envolvem cultivos agrícolas e árvores, incluindo arbustos e (ou) trepadeiras: Classificados como:

- Método Taungya (Cultura Intercalar): consiste no estabelecimento de cultivos florestais com culturas agrícolas. Emprega o cultivo de espécies anuais nos primeiros anos do cultivo de uma floresta ou de um SAFs. Exs: Bracatinga com feijão, arroz, milho; Cacau com Banana, Milho, Feijão, Café; Castanheira com Café, Banana, Pupunha, Milho, mandioca, entre outros.

- Cultivo em Aléias (Alley Cropping): são cultivadas espécies úteis para a recuperação da fertilidade natural dos solos nas ruas entre as fileiras ou renques plantados com espécies arbóreas, geralmente leguminosas, onde sofrem podas periódicas durante o ano. Estas barreiras de proteção para as culturas agrícolas são mantidas com portes baixos. São cultivadas inclusive em curvas de nível e em terraços como quebra-ventos, cercas vivas, etc. Sua grande vantagem é que o gado se alimenta de seus cortes e o solo é alimentado diretamente com o corte de suas reservas que são dispostas normalmente entre as linhas dos cultivos. Podem revitalizar um ambiente rapidamente e trazer muita economia no manejo do

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gado. Também podem ser muito importantes como corredores de combate e prevenção aos incêndios florestais, onde são montadas em áreas próximas às florestas, com o plantio de faixas concentradas de até 05ms de largura. Faixas maiores são camadas de quebra-fogos ou Stop-fires. Exs. Acácias, leucena, Algaroba, Caliandra, Erytrina. entre outras.

- Arborização de Culturas: utiliza-se espécies arbóreas de porte médio e alto para a produção de madeira, frutos ou usos múltiplos, plantadas a espaçamentos regulares e amplos permitindo inclusive a mecanização. São os chamados Sistemas Agroflorestais Tradicionais. São muito importantes para as zonas de transição entre as matas e os campos, para a região do Cerrado Brasileiro, para os sistemas de produção monoculturais de Cana-de-açucar e Soja no Brasil, para as comunidades autóctones da Amazônia, entre outras.

-Árvores para Sombreamento: espécies arbóreas de porte médio e alto, madeireiras, frutíferas ou para usos múltiplos, usadas para a proteção de culturas agrícolas anuais ou perenes de sombra (Cacau, Chá, Café, Pupunha, Cardamomo, Gengibre, Medicinais, etc).São formados de forma mais densa e compacta.

-Suporte para Trepadeiras: árvores e arbustos para uso como esteio de culturas como Maracujá, Uva, Chuchu, Cará, Pimenta-do-reino, Guaraná, etc. banbu, Acácia, Grevilha, Eucalipto, Arueira, Mogno, Cedro, entre outras.

-Árvores de Valor Comercial: espécies florestais que são cultivadas em áreas específicas, normalmente em terrenos inclinados, na forma de bosques úmidos ou não, que objetivam a venda futura de madeira para movelaria principalmente. Também são cultivadas para cercas vivas inclusive de divisas territoriais e para sombreamento de estradas.

-Árvores para Melhoramento da Fertilidade dos Solos: espécies florestais que possuem a capacidade de nitrogenar o solo enriquecendo-o com niveis de Nitrogênio e Fósforo muito mais elevados e são cultivadas normalmente em práticas mais longas de pousio, no repovoamento de florestas. Também são utilizadas em Sistemas Agroflorestais - SAFs, sobretudo nos sistemas de cultivo em aléias ou alley clopping.

-Agricultura Indígena Tradicional Amazônica: esta agricultura aborígene amazônica chega a introduzir um consórcio com 100 espécies diferentes de aproveitamento alimentar, medicinal, para combater pragas e atrair caça. Possui o uso da Batata-doce como planta básica de controle da regeneração natural da floresta. Seu sistema sustentável possui grande e farta fonte de vitaminas, energia e proteínas.

Sistemas Silvipastoris - referem-se à associação de pastagens e (ou) animais e árvores. Seus principais tipos característicos são:

-Arborização com pastagens: árvores madeireiras, frutíferas ou com usos múltiplos, plantadas a espaçamentos largos, com ou sem a presença de gado, para fins de utilização e/ou comercialização dos seus produtos. Ótimo para o Cerrado e Campos do Sul do Brasil.

-Bosques de proteção: bosquetes densos de árvores com área limitada, plantados com mudas normais com ou sem a presença de gado, para produção de energia, pólen, manutenção da biodiversidade e rotação. Podem ser manejados com desbastes, replantio de espécies importantes, e normalmente possuem espinhos. Ótimo para o Nordeste e Cerrado.

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-Bancos de Proteína: plantio de arbóreas ou arbustivas forrageiras a espaçamentos regulares, para pastoreio com periodicidade limitada e que podem ser combinadas ainda com adubos verdes de plantas leguminosas com gramíneas.

-Consorciação com florestas: introdução de animais nos estágios iniciais das florestas, respeitando os limites aceitáveis para o bom desenvolvimento das plantas (6).

Sistemas Agrossilvopastoris - combinam cultivos agrícolas, pastagens e (ou) animais e árvores.

São os sistemas onde existe a interação entre os componentes de produção agrícola, florestal e animal, sabiamente manejados, onde são mantidas áreas sendo cultivadas com árvores que possuem disponibilidade de alimentos para os animais, como barreiras vivas ou uso de plantas para fins múltiplos (lenha, forragem, adubos verde, etc). São muito importantes para a formação de centros de reprodução da vida silvestre.

Em qualquer um desses sistemas a integração de seus componentes poderão se dar de forma simultânea ou seqüencial e em uma infinidade de combinações possíveis.

Outros Tipos de SAFs

-Cercas vivas: O moirão é substituído por espécies arbóreas, madeireiras, frutíferas ou para usos múltiplos, as quais tem as funções principais de escoradouro, proteção contra ventos, excesso de insolação, enxurradas, e produção de frutas, lenha, melhoria da fertilidade dos solos, etc. Exs. Cipreste, Pinheiro de Araucária, Pinheiro Bravo, Arueira, Buriti, Acácia, Leucena, Sabugueiro, Banana, Maracujá, Uva.

-Quebra-ventos: árvores e arbustos para proteção contra ventos dominantes, em áreas de pastagens ou de agricultura. Exs. Casuarina, Grevilha, Bracatinga, Abacateiro, Manga, Jaca, Hibisco, Dracena, Banana, Guandu, Mamona, etc.

-Hortos-caseiros em SAFs: sistemas multi-estratificados com misturas de espécies arbóreas, arbustivas, herbáceas e rasteiras, para fins diversos com ou sem animais. Encontram-se geralmente próximas à residências do produtor.

-Pastos Apícolas: plantio de bosquetes de arbóreas ou arbustivas para fins apícolas. Exs. Eucalipto, Acácias, Citrus, Trigo Mouriso, Melilotus, etc.

-Plantios Aquassilvícolas: árvores e arbustos ao redor de tanques de produção (peixes, camarões, rãs, etc.), para fins forrageiros e de proteção, principalmente compostos por frutíferas. Ex. Mangueira, Goiabeira, Pessegueiro,etc.

-Mata Natural Enriquecida: a mata natural, já explorada seletivamente ou ainda sem sofrer intervenção, pode ser transformada em um SAF de maior interesse produtivo, através de um manejo adequado. Para o caso de culturas de sombra (Palmito, Cardomomo, Café, Gengibre, Medicinais, etc.), é feita uma limpeza de sub-bosque, para plantio. No caso de outros sistemas, um desbaste seletivo pode permitir a introdução de culturas agrícolas e de animais, como ocorre nos planaltos do Paraná onde alguns agricultores preservam a Erva-mate e a Araucária, principalmente, em seus sistemas de produção original.

-Sistemas Combinados ou Cultivos Múltiplos: onde dois ou mais níveis verticais são ocupados sem intervenção significativa de um sistema com o outro. Como exemplo citamos o

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caso de plantios de culturas de espécies arbóreas como a Acerola em consórcio com Café, Abacaxi, Caju, Cajá, arborização de culturas onde também são alocadas barreiras vivas para o controle de erosão superficial ou produção de adubo verde, ou forragem como é o caso de bancos de proteína ou de plantios de Cana e Banana.

-Culturas de Sombra: introdução em florestas já formadas. Como exemplo citamos a produção de cogumelos comestíveis, Palmitos, Guaraná, etc.

-Barreiras contra incêndios: uso de linhas de arbustos (Ex. Leucaena, Coprosna, Caliandra) ou árvores (ex.: Salix viminalis, Acacia melanoxylon), que são resistentes ao fogo, na borda de florestas e de campos. São chamadas de Stop-fire.

SAF como alternativas de manejo de fragmentos florestais e recuperação de áreas degradadas

Os SAF têm sido praticados desde há muitos séculos, embora somente nos últimos anos tenha merecido atenção especial, graças aos benefícios que podem oferecer quanto ao uso dos solos, inclusive, sob o aspecto ecológico. Por combinar benefícios de produção (alimentos, forragem, macieira e outros) e de serviços (conservação do solo, manutenção da fertilidade, ciclagem de nutrientes, restabelecimento de microclima e outros), os SAF apresentam inegável vocação de sustentabilidade.

A fragmentação florestal é um fenômeno associado à expansão da fronteira agrícola e, devido às elevadas taxas de desmatamento e seus consequentes efeitos deletérios na paisagem, vem sendo motivo de preocupação por parte de estudiosos e ambientalistas, especialmente nos últimos anos. A implantação de projetos para a recuperação de fragmentos florestais e matas ciliares requer altos investimentos por parte dos proprietários rurais. Sendo assim, novas alternativas para reduzir esse investimento devem ser testadas e desenvolvidas, contribuindo para uma ampla difusão e implantação de projetos de recuperação ambiental em propriedades privadas.

Os SAF podem ser utilizados como uma técnica para recuperação de fragmentos, onde o objetivo não é a produção contínua de produtos agrícolas, mas sim a produção nos primeiros anos de implantação do projeto de recuperação para viabilizá-lo economicamente, apresentando, assim, grande potencial para um desenvolvimento sustentável, pela conservação dos solos e da água, a diminuição do uso de fertilizantes e defensivos agrícolas, a adequação à pequena produção, a conservação da biodiversidade e a recuperação de fragmentos normais e matas ciliares.

Os SAFs são utilizados como alternativas sustentáveis a recuperação de pastagens degradadas, apoiando-se nas potencialidades, que os mesmos têm para promover melhorias nas propriedades químicas físicas e biológicas do solo. Os SAF têm sido preconizados como sistemas sustentáveis e divulgados como uma solução alternativa para a recuperação de áreas degradadas, envolvendo não só a reconstituição das características diretamente relacionadas ao solo, como também a recuperação da paisagem de uma forma geral, a qual envolve todos os fatores responsáveis pela produção em harmonia com o ecossistema: o solo, a água, o ar o microclima, a flora e a fauna. Os SAF em essa potencialidade, em vista das seguintes características: transferência de nutrientes de camadas inferiores para a superfície cio solo; fixação de nitrogênio; redução de erosão e de lixiviação; aumento ao teor de matéria orgânica, de umidade e de fauna do solo; formação de microclima ameno, tanto para o solo quanto para

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os animais; transformação da paisagem; e aumento da biodiversidade. Outra possibilidade de adoção de SAF refere-se a restauração e recomposição da reserva legal, na qual e permitido o manejo sustentável da vegetação arbórea. Neste caso os SAF poderiam ser praticados até a fase de fechamento do dossel da vegetação arbórea/ arbustiva, na forma de sistema agrissilvicultural, e após este, pela adoção de sistemas silvipastoris. Vantagens e desvantagens dos SAF

Conforme já mencionado, os SAF são reconhecidos como uma prática agrícola que contribui para o desenvolvimento sustentável, apresentando vantagens e desvantagens que variam de importância segundo o contexto socioeconômico e cultural.

As principais vantagens e desvantagens dos SAF podem assim serem resumidas:Vantagens Biológicas, Físicas e Ambientais: melhor ocupação do "site"; melhoria das

propriedades químicas, físicas e biológicas cio solo; aumento da produtividade; controle da erosão do solo; redução de variáveis microclimáticas; redução do risco de perda de produção; tutor ou suporte para trepadeiras; uso adequado do sombreamento.

Vantagens Económicas e Sociais: aumento da renda do produtor rural; maior variedade de produtos e (ou) serviços; melhoria na alimentação do homem do campo; redução de riscos de insucesso; redução dos custos de plantio; melhoria na distribuição de mão-de-obra rural; redução das necessidades de capinas.

Desvantagens: aumento na competição entre os componentes vegetais; potencial para perda de nutrientes; danos mecânicos durante a colheita ou tratos culturais; danos promovidos pelo componente animal; alelopatia; habitat ou hospedeiros para pragas e doenças; dificuldade de mecanização; dificuldade no planejamento.

Escolha do componente arbóreo

O sucesso do SAF depende da escolha correta de seus componentes. Neste aspecto, em relação ao componente arbóreo, elevem ser considerados os atributos silviculturais e a função de serviço desempenhada pelo mesmo; os níveis de competição promovidos com os demais componentes; a possibilidade de múltiplos usos (lenha, madeira, frutos, entre outros); a adaptação às condições eclafoclimáticas específicas; o ritmo de crescimento; a capacidade de rebrota; baixa exigência nutricional; baixa susceptibilidade a pragas e doenças; serem economicamente rentáveis; não apresentarem efeitos alelopáticos; e a possibilidade de safra diferenciada, de forma a garantir absorção de mão-de-obra e receitas ao produtor nas várias épocas do ano.

Teoricamente desejam-se espécies arbóreas capazes de acumular e liberar nutrientes para os cultivos a elas associados, mediante a adição de quantidades significativas de matéria orgânica, a fixação de nitrogênio atmosférico, o acúmulo de nutrientes com possibilidades de devolvê-los ao solo por meio de ciclagem e a amenização da temperatura do solo.

Implantação de SAF

Embora os SAF sejam alternativas viáveis de uso da terra, na sua implantação devem ser considerados, entre outros, os seguintes fatores:

• diagnóstico da realidade local e do atual sistema de produção adotado pelo agricultor;• caracterização da área, produção, calendário agrícola e problemas locais;• estudo de mercado, considerando-se o que, quando, quanto e como produzir?

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Verificar a disponibilidade de mão-de-obra nas várias épocas do ano;• caracterização das potencialidades agrícolas/ecológicas da propriedade;• estudo de capital;• arranjo das plantas no sistema, principalmente no que se refere ao espaçamento e à

época de plantio.

Pelo menos dois aspectos devem ser considerados para o bom desenho de um sistema agroflorestal: a arquitetura da parte aérea e subterrânea das espécies arbóreas – as quais relacionam-se à competição e à exigência dos componentes do sistema; e a ecofisiologia das espécies envolvidas -espécies que dependem de clareiras/sombreamento para estabelecimento e desenvolvimento.

Dificuldades no desenvolvimento dos SAF

Os seguintes aspectos que têm dificultado a adoção dos SAF:* falta de tradição agroflorestal;* imediatismo e falta de conscientização do produtor;* de conhecimento dos benefícios do SAF, bem como das tecnologias adequadas,

principalmente aquelas que envolvem o componente animal;* legislação ambiental que desestimula, na unidade produtiva, o convívio com o SAF

(não permissão para cortes/raleios da vegetação florestal nativa para implantação de SAF)* falta de pesquisas em SAF que o qualifique e o quantifique;* carência de recursos humanos treinados;* desconhecimento sobre ecofisiologia das espécies florestais, principalmente, nativas.

SAFs de maior ocorrência no Nordeste

- Algaroba + Palma + Agave + Guandu + Leucena: para o semi-árido, um Sistema Agroflorestal - SAF mais tradicional para pastagem . Possui ainda baixo aproveitamento energético e permacultural. Deveria ser combinado com o uso intenso de matéria-orgânica na forma de mulching, uso de cercas vivas e formação de bosquetes mais úmidos com Cedro, Mogno, Castanheira, Açaí, Oiticica, Dendê, Maniçoba, leguminosas como Algaroba, Eritrina, Grevilha, Leucena, Ingá, entre outros.

- Leucena + Guandu + Palma + Milho + Cana + Calopônio: para colheita de Milho, como forrageira e para pastagens durante a seca. O gado vai ter pasto com leguminosa e vai ganhar peso e sombra.

- Castanha + Seringueira + Côco + Banana + Cacau + Cana + Melancia + Milho: um SAF que poderá fornecer muitos resultados econômicos e enriquecer a dieta dos agricultores na região. Áreas mais próximas as matas amazônicas.

- Palma + Algaroba: pastagens sombreadas com o uso da leguminosa.

- Babaçu + Arroz: colhe-se óleo, castanha e o cereal.- Árvore de Niem + Arroz: sugestão para SAF no semiárido.

- Algaroba + Capim-buffel: para pastos no semiárido, pode-se introduzir a Glicirídea, a Leucena, o Guandu e o Calopogônio.

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- Caprinos + Avelós: semi-árido. Recomenda-se o uso de bosquetes e a integração com os Sistemas Silvopastoris que utilizam leguminosas em aléias consorciadas com as pastagens.

- Côco + Cacau + Maniçoba + Abacaxi: na zona da mata, é bem econômico. A Maniçoba produz borracha.

- Maniçoba + Guandu + Palma: zona do semiárido com pastoreios rotativos.

- Leucena + Sorgo + Mucuna ou Feijão-bravo-do-Ceará: semiárido e zona-da-mata, plantio em aléias e para pastoreio e adubação verde.

Tabela 1. Espécies vegetais para SAFs NordestinosNome Cientifico Nome Comum

Cocos nucifera (Côco)Anacardium occidentalis (Cajú)Orbignya martiana (Babaçu)Theobroma cacau (Cacau)Copernicia cerifera (Carnaúba)Elaeis guineensis (Dendê)Prosopis julifora (Algaroba)Piptadenia spp. (Angico)Mauritia vinifera (Buriti)Cocos coronata (Licuri)Licania rigida (Oiticica)Caryocar brasiliensis (Pequi)Spondias tuberosa (Umbu)Apocynum hancornia (Mangaba)Euphorbia gymroclada (Avelós)Coffea arábica (Café)Agave sisalano (Sisal)Glicirídia spp. (Gricirídia)Opuntia ficcus (Palma)Annona sp (Pinha)Annona muricata (Gravinha)Pisidium guajava (Goiaba)Caryca papaya (Mamão)Schinopsis brasiliensis (Baraúna)Erytrina Veluntina (Mulungu) Ziziphus joazeiro (Juazeiro)Manihot glaziovii (Maniçoba)Eucalyptus sp (Eucaliptos)Mimosa caesalpiniaefolia (Sabiá)Leucaena spp. (Leucena)Manihot sp (Maniçoba)Parkia platycephala (Faveira)Caryocar brasiliensis (Pequi)Musa sp (Banana)Swietenia macrophylla (Mogno)Carapa guianensis (Andiroba)

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Bertholletia excelsa (Castanha-do-Brasil)Theobroma grandiflorum (Cupuaçu)Inga sp (Ingá)Orbygnia martiniana (Babaçu)Guilielma gasipaea (Pupunha)Piper nigrum (Pimenta-do-reino)Colubrina rufa (Sobrasil)Clitoria racemosa (Eritrina) Hevea Brasilium (Seringueira)Elaeis guineensis (Dendê)Annonna montana (Araticum)Platonia insigns (Bacuri)Vanilla spp. (Baunilha)Cedrela odorata (Cedro Vermelho)Copaiba sp. (Copaiba)Artocarpus altilis (Fruta-pão)Genipa americana (Genipapo)Aniba rosoedora (Pau Rosa)Copernicia cerifera (Carnaúba)Mauritia vinifera (Buriti)Astrocarymum vulgare (Tucumã)Euterpe oleraceae (Açaí)Caryca papaya (Mamão)Passiflora sp (Maracujá)Nectandra myriantha (Canela)Paullinia cupana (Guaraná)Byrsonima verbacifolia (Murici)Eugenia dysenterica (Cagaiteira)Guazuma ulmifolia (Mutamba)Helicteris brevispira (Pau-santo)Kielmeyera coriácea (Vinhático)Plathymenia reticulata (Pê ou Piuva)Aspidosperma sp. (Guatambú)Ouratea hexasperma (Cabeça-de-negro)Tabebuia ochrace (Tabebuia)Trema micrantha (Chumbinho)Vochysia tucanorum (Pau-terra)Qualea grandiflora (Pau-terra-largo)Vernonia ferruginea (Assa-peixe)Gualsa grandiflora (Araçá)Psidium so (Goiaba)Psidium guajava (Amendoim-do- campo)Platypodium elegans (Jacarandá-do-campo)Machaerium acutifolium (Pitanga)Dipterix alata (Baru)Roupala montana (Carne-de-vaca)Tibouchina sp. (Quaresmeira)Salacia campestris (Bacupari)Guariroba (Syagrus oleraceae)Pouteria ramiflora (Curriola)

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Crhysophyllum soboliferum (Fruto-dotatu)Compomanesia cambessedeana (Gariroba)Bromelia balansae (Gravatá)Jaracatia heptaphyla (Jaracatiá)Hymenaea stilbocarpa (Jatobá-da-mata)Genipa americana (Genipapo)Acrocomia aculeata (Macaúba)Brosimum gaudichaudii (Mama-cadela)Hancornia speciosa (Mangaba)

MANEJO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Manejo das Plantas, Manejo dos Solos, Manejo dos Animais nos Sistemas Agroflorestais.

O manejo tem como objetivo recuperar, manter ou aumentar o nível de produtividade do sistema e favorecer a conservação dos recursos disponíveis. Desse modo, as técnicas de manejo visam manter a capacidade produtiva do sistema, o balanço de nutrientes e o suprimento de água aos componentes.

Manejo das Plantas

Escolha das espécies

Na escolha das espécies, são considerados os aspectos inerentes a cada espécie (biologia, ecologia e fenologia), às condições ambientais, ao desenho do SAF (Sistema Agroflorestal), aos de ordem cultural (hábitos alimentares, materiais e crendices) e aos de ordem econômica (mercado - comercialização e preço). As informações sobre biologia e ecologia das espécies indicam as necessidades nutricionais, de temperatura, luz e água, dando uma ideia da densidade de plantio e das associações possíveis.

Arranjo Espacial

Depende de vários aspectos, tais como espécies associadas, função de cada componente no sistema, características dos produtos a serem obtidos, ciclo desejado de cada componente, tratamentos culturais previstos, tipo de tecnologia empregada e colheita da produção de cada componente.

Atualmente, existe a tendência de se utilizar o plantio em fileiras ou faixas, pois permite uma melhor ocupação da área e facilita a sistematização dos tratos culturais e da colheita. É possível estabelecer SAF a partir da introdução de cultivos agrícolas ou animais em áreas de vegetação natural arbustiva ou do componente arbóreo em sistemas agrícolas já estabelecidos.

A introdução do componente arbóreo nas áreas agrícolas pode ser feita através da regeneração natural ou artificial, sendo mais comum esta última, devido ao esgotamento do banco de sementes do solo e à ausência da vegetação natural remanescente nas áreas circunvizinhas.

Os tratos silviculturais empregados no manejo de regeneração são os mesmos aplicados na condução de florestas naturais ou plantadas.

Arranjo espacial com regeneração artificial - existe uma ampla flexibilidade na distribuição espacial dos componentes, o que permite um melhor controle das condições ambientais, obtido

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também através do uso de tratamentos silviculturais como a poda e o desbaste.

Arranjo espacial com regeneração natural - nas áreas de vegetação nativa, as espécies de interesse estão distribuídas em diferentes padrões, podendo estar dispersas regular ou aleatoriamente na área, ou em grupos, dependendo das características dos processos de dispersão. Esta distribuição natural poderá ser alterada com desbaste ou adensamentos.

A introdução de espécies domesticadas, nestas áreas, pode se dar a partir de tratamentos de refinamento, podas e de aberturas no dossel, procurando-se privilegiar as espécies florestais de interesse e compatibilizando a intensidade dos tratamentos silviculturais às condições ambientais (luz, umidade, temperatura e solo) exigidas pela espécie introduzida.

Arranjo temporal - aproveitam-se as diferenças nas exigências das espécies através das etapas de crescimento e desenvolvimento e as mudanças ecológicas ocorridas na sucessão da vegetação. A variável tempo amplia as dimensões do sistema agrícola que, na maioria das vezes, pode ser considerado bidimensional: Área (A²), enquanto que os sistemas agroflorestais (SAF) possuem, mais duas dimensões: Área (A²) x Altura (H) x Tempo (T), o que confere a estes sistemas uma maior complexidade e dinamismo.

Manejo dos Solos

O manejo do solo nos SAF deve ser entendido sob o ponto de vista sistêmico. O ecossistema possui um potencial produtivo natural, cujos nutrientes encontram-se distribuídos entre os componentes bióticos (vegetação e animais) e no solo. As entradas ocorrem através de precipitações atmosféricas, fertilizantes químicos ou orgânicos, de rações e sais minerais, e as saídas pela erosão, lixiviação e colheita.

Um dos objetivos do manejo é a redução das perdas (saídas). A perda por erosão e lixiviação pode ser parcialmente reduzida com práticas adequadas No entanto, a colheita é uma atividade desejável e fundamental nos SAF.As técnicas de manejo do SAF devem cumprir os seguintes objetivos:

• Manter o solo coberto com vegetação ou com seus resíduos, durante a maior parte do ano.

• Manter o conteúdo de matéria orgânica das camadas superficiais do solo. • Manter um sistema de raízes superficiais para contribuir na estrutura e na ciclagem de

nutrientes. • Minimizar a remoção de matéria orgânica e nutrientes, através da colheita.• Evitar queimadas.

Manejo dos Animais nos Sistemas Agroflorestais

Os princípios de manejo são semelhantes aos que regem o manejo dos animais em outros sistemas. Deve-se observar a carga animal, a capacidade suporte da pastagem e a sua variação ao longo do ano. Observa-se, ainda, a variedade de fonte alimentar, a suplementação alimentar (sal mineral, ração), fornecimento de água, controle de patologias e do hábitat, incluindo as condições microclimáticas e as instalações. Em geral, são usadas espécies domésticas como bovinos, ovinos, caprinos, suínos, aves, peixes, camarões, abelhas e bicho da seda, podendo ser manejada ainda a fauna silvestre (capivara, queixada, etc.).

Cuidados especiais devem ser tomados quanto à introdução das espécies exóticas de animais no SAF para que não se tornem pragas.

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No caso de pastagens, deve-se ter cuidado quanto à compactação do solo. É preferível o uso de um número maior de piquetes como pequenas áreas ao uso de um número reduzido de piquetes como extensas áreas.

Diagnóstico de plantas prejudicadas pelo desequilíbrio nutricional

A adubação (para a planta) e a fertilização (para o solo) consistem no fornecimento de todos os elementos necessários para que a planta tenha um desenvolvimento saudável e equilibrado. Geralmente adubação e fertilização são usados como sinônimos, embora o primeiro refere-se mais especificadamente a planta e o segundo ao solo.

A fertilização e adubação orgânica são aquelas praticas que completam a nutrição da planta com elementos de origem natural e sem ter sido previamente alterados ou transformados quimicamente. A fertilização e adubação orgânica diferem da fertilização e adubação convencional porque o primeiro usa insumos com uma baixa concentração de nutrientes que não são quimicamente manipulados enquanto o segundo usa uma alta concentração de nutrientes previamente manipulados.

As plantas são organismos que tem uma função de alimentação totalmente diferente dos seres humanos porque apesar de produzirem seu próprio alimento (os açucares são produzidos pelo processo fotossintético na planta), elas necessitam de um suprimento contínuo de elementos minerais para desempenhar essa função. Esses nutrientes são derivados do processo de degradação químico-fisica dos minerais durante a formação do solo, da decomposição da matéria orgânica no solo ou de adubações suplementares e são absorvidos fundamentalmente pelo sistema radicular. Os nutrientes que são mais prontamente disponíveis às raízes são aqueles que se acham dissolvidos na água dentro do solo.

Modelo adubação

Convencional com fertilizantes químicos altamente solúveis:- Prós: fornece nutrientes para altíssimas produções; fácil de aplicar.- Contras: gera desbalanço nutricional na planta; gera uma planta mais sensível a taque de pragas e doenças; provoca acidificação e salinização de solos; gera muitas perdas por volatilização e lixiviação; pode contaminar o lençol freático.

Orgânica:- Prós: mantém a planta equilibrada nutricionalmente; libera os nutrientes de forma gradual, de acordo com necessidade da planta; sofre pequena ação de lixiviação (drenagem dos sais) devido a sua alta CTC; produz alimentos sem agrotóxicos, menos perecíveis e que o mercado geralmente paga mais; mantém o meio ambiente mais saudável e preservado.- Contras: precisa ser planejado e feito com antecedência; não tão fácil para aplicar; precisa de mais cuidado e trabalho do agricultor.

O funcionamento do metabolismo de nutrientes na planta

Os minerais que se encontram no solo, embora requeridos em pequenas quantidades, são de fundamental importância para o desempenho das principais funções metabólicas da célula. Em outras palavras eles são uma ”comida” necessária para o desenvolvimento da

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planta. Existem três categorias de elementos nutritivos pela planta: os elementos essenciais, benéficos e tóxicos.

Quando a planta não vive sem um determinado elemento, este é considerado essencial. Quando uma dessas três condições é atendida, o elemento é considerado como nutriente essencial.

QUANDO: Um elemento é essencial quando...OU: O elemento é parte de algum constituinte ou metabólico essencial para a planta, não

podendo ser substituído por outro elemento...OU: O elemento deve estar diretamente envolvido no metabolismo da planta como

constituinte de molécula, participar de uma reação, etc.

Há os elementos chamados de, que não são essenciais, mas aumentam o crescimento e a produção em situações particulares. Há divergência entre pesquisadores sobre quais seriam estes elementos e encontramos citações sobre sódio, silício, cobalto, selênio, alumínio e níquel. Já elemento é aquele que não pertence às categorias anteriores e que diminui o crescimento e a produção, podendo levar à morte da planta. É importante observar que os mesmos elementos benéficos podem se tornar tóxicos se forem suprimidos em quantidades elevadas, muito além do que necessário.

O crescimento e o desenvolvimento das plantas depende de três elementos essenciais: o, e , mais alguns que são essenciais e benéficos em pequenas quantidades mas tóxicos em grandes quantidades. O carbono, oxigênio, hidrogênio e os outros elementos não estão disponíveis diretamente para planta. Eles se encontram no ar e na água. Então a planta precisa “processar” o ar e a água do solo para tirar o carbono, oxigênio, hidrogênio na quantidade desejada.

Mas como faz a planta para usar esses nutrientes? Essa é a ação da fotossíntese que usa a luz do sol junto com a presença de dióxido de carbono para fazer esse processamento. Através do processo da fotossíntese, as moléculas de, e são ligadas entre si, formando os açucares que são fonte de energia para planta.

Os sais minerais são denominados por derivarem dos minerais no solo, e o processo pelo qual as plantas os adquirem é denominado nutrição mineral que funciona assim: os nutrientes minerais estão presentes no solo e vem dissolvidos pela ação da água da chuva ou da irrigação. Assim que a raiz da planta estiver em contato com essa região do solo que contem água, conseguirá absorver os nutrientes minerais. O processo de absorção se dá com gasto de energia da planta. Ela queima os açucares que foram formados pela ação da fotossíntese para absorver minerais como cálcio, magnésio, potássio, trocando uma quantidade equivalente de hidrogênio. Depois de adquiridos, todos eles são incorporados às plantas pelo mais diversos processo de formação, desenvolvimento e manutenção das suas partes.

O carbono, oxigênio e hidrogeno fazem parte de praticamente todas as moléculas orgânicas dos vegetais e são responsáveis entre o 94% e 97% do peso seco de uma planta. Os demais nutrientes que são absorvidos e fixados na planta a partir dos minerais presentes na água do solo, são responsáveis entre o 3% e 6% do peso da planta.

A relação entre os vários nutrientes para o bom funcionamento da planta

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Alguns nutrientes minerais essenciais nos tecidos vegetais estão presentes em diferentes proporções. Essas proporções dividem os nutrientes minerais em duas categorias:

- Macronutrientes ou nutrientes necessários em grandes quantidades, os quais estão todos listados a seguir: (N) nitrogênio, (P) fósforo, (K) potássio, (Ca) cálcio, (S) enxofre e (Mg) magnésio.

- Micronutrientes ou aqueles necessários em pequenas quantidadesos quais estão todos listados a seguir: (Fe) ferro, (Mn) manganês, (Cu) cobre, (Zn) zinco,

(B) boro, (Mo) molibdênio e (Cl) cloro.

A divisão entre micro e macronutrientes não tem correlação com uma maior ou menor essencialidade. Todos são igualmente essenciais, só que em quantidades diferentes. Uma conseqüência da essencialidade por igual dos nutrientes é a chamada "Lei do mínimo" de Liebig (Figura 1). Essa lei estabelece que todos os nutrientes tem que estar disponíveis para planta na quantidade e proporção ideal. Se não tiverem disponíveis nesta proporção, não será atingida a produtividade esperada e a produção será limitada pelo elemento que está presente em quantidade proporcionalmente menor. Nesse caso, mesmo se aumentarmos a concentração dos demais nutrientes, não haverá um aumento da produtividade. Por exemplo, se imaginarmos um tonel de vinho e sendo cada fertilizante uma ripa lateral, o vinho, como a produção de uma planta, nunca atingirá o máximo se uma das ripas estiver quebrada, pois o vinho escoará por ela. A mesma coisa acontece na planta: a falta de um nutriente compromete toda a produção.

Figura 1. Representação da "Lei do mínimo de Liebig". Onde estão representados todos os nutrientes essenciais, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, zinco, cobre, manganês, ferro, boro, cloro, molibdênio, cobalto.

Além de se levar em conta a Lei do mínimo, é necessário considerar que também há um máximo para a utilização. Isso quer dizer que a produção máxima quase sempre não é a produção mais rentável. Quando ocorre deficiência de algum nutriente, isto pode ser visualizado pela formação de "sintomas de deficiência".

O quadro sintomatológico depende principalmente de 2 fatores:A função ou as funções do elemento. Cada elemento tem uma função principal na planta.

Dependendo de qual componente da planta o nutriente faz parte, a função é onde ele mostra a

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deficiência. Por exemplo, o cálcio, que faz parte da formação da parede celular, fica fixado nas partes mais velhas da planta e não consegue ser translocado até a parte nova da planta. Assim a deficiência de cálcio se mostra nas partes novas.

A mobilidade do nutriente na planta. A mobilidade do nutriente mostra se ele é ou não redistribuído, de partes velhas para partes novas (em formação) da planta. Os nutriente podem ser classificados em moveis, pouco moveis e muito pouco moveis. A mobilidade dos nutrientes é importante para determinar qual nutriente está deficiente. Um mesmo sintoma de deficiência pode ser mostrado, mas se ele aparece na parte nova da planta é um nutriente e se aparece na parte velha, é outro nutriente. Também é importante para que se conheça como aplicar alguns nutrientes em condições de deficiência. O cálcio e o boro, por exemplo, são muito pouco móveis e não adianta colocar fonte de cálcio no solo pois a planta não se recuperará a tempo. Neste caso é melhor fazer pulverizações até que o fluxo de nutrientes dentro da planta seja reestabelecido.

Antes do aparecimento dos sintomas de deficiência, o metabolismo e o crescimento já foram comprometidos de alguma forma. Um monitoramento dos teores de nutrientes foliares ou do solo é uma ação preventiva porque ao aparecimento dos primeiros sintomas, pode-se fornecer aqueles nutrientes que estão comprometendo o metabolismo e crescimento da planta.

NUTRIENTES:- Móveis: N, P, K, Mg, Cl e Mo. Os sintomas aparecem em folhas velhas, pois eles são retirados destas para serem utilizados pelas folhas novas.- Pouco Móveis: S, Cu, Fe, Mn, Ni e Zn.- Muito pouco móveis: Ca e B.

SOLO-PLANTAA solução do solo é o compartimento de onde a raiz retira ou absorve os elementos

essenciais. O encontro dos nutrientes com as raízes pode envolver três processos diferentes (Figura 2): fluxo de massa, interceptação radicular e difusão. Nos primeiros dois processos, é a solução aquosa do solo contendo nutrientes que chega em contato com a raiz. No terceiro (difusão) é a raiz que vai em contato com o nutriente. De todos os macronutrientes somente o cálcio é interceptado pela raiz.

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Figura 2 Esquema de nutrição de uma planta

A transpiração, ou seja, a perda de água pelas folhas e caules, é importante para os nutrientes que entram em contato com a raiz principalmente por fluxo de massa. Neste caso, a atmosfera retira água da planta, que retira água do solo, que contem alguns nutrientes que vem puxados dentro da planta. Por outro lado, o tamanho do sistema radicular é muito importante para a absorção de elementos que entram em contato com a raiz por difusão e interceptação radicular, pois havendo um sistema radicular vasto, com muitas radicelas absorventes, haverá a maior chance de encontras os outros nutrientes essenciais, como fósforo, potássio e cálcio.

Em um sistema radicular de uma planta, didaticamente podemos encontrar três partes:a) Parte de crescimento é a região que fica nas pontas das raízes somente.b) Parte de fixação e absorção de água são as raízes grossas e grandes, que são

profundas no solo.c) Parte de absorção de nutrientes e de água são as raízes bem finas, da espessura de

um barbante, geralmente de cor clara. Ficam na parte mais rasa do solo.

As raízes crescem preferencialmente nas zonas do solo que permanecem úmidas e com nutrientes disponíveis. Por exemplo, ao fazermos uma adubação superficial ou muito localizada, estaremos estimulando o crescimento das raízes de um modo também concentrado. Esse tipo de crescimento é prejudicial para a planta já que, em condições onde a água ou outros nutrientes possam ser escassos, um sistema radicular profundo e diversificado seria mais vantajoso. Um exemplo é um cultivo de milho, onde haja parte do campo com uma raiz profunda e parte com raiz rasa. Se faltar água, as plantas que tem raiz profunda terão acesso a água por mais tempo que as plantas de raízes rasas, onde o solo seca rapidamente na falta de chuvas.

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Funções e origem dos elementos essenciais

Nitrogênio (N): A matéria orgânica do solo e a fixação biológica de nitrogênio (FBN) são as principais fontes naturais deste nutriente que costuma ser exigido em quantidades superiores aos demais nutrientes minerais. O nitrogênio atua diretamente na produção de açúcares na folha e influencia sobremaneira na produção intensiva de folhas e ramos.

Fósforo (P): Depois do nitrogênio, o fósforo é o elemento mais frequentemente limitante nos solos brasileiros que são pobres deste nutriente. Assim a planta não consegue se desenvolver e produzir adequadamente. A falta de fósforo é o que mais restringe a produção agrícola no Brasil. O fósforo atua no processo de formação de açucares, atua para haver uma boa floração e para que a planta cresça mais rapidamente. As principais fontes para agricultura orgânica são os fosfatos de rocha e os termofosfatos. Os fosfatos de rocha são naturais e pouco solúveis, e há algumas jazidas no Brasil. O termofosfato é quando processamos fisicamente (moer) e termicamente (sob alta temperatura) o fosfato natural, para melhorar sua solubilidade, que pode ser usado na agricultura orgânica.

Potássio (K): Depois de N e P os solos são mais comumente deficientes em K. Devido a isso são comuns as formulações de fertilizantes com N-P-K. O K é importante no controle de água dentro da planta, pois ele comanda a abertura e fechamento dos estômatos (“poros”) das plantas. Ele transloca também os açucares para os frutos, regulando a doçura e produção deles. As principais fontes de potássio são as cinzas, palhas de café, sulfato de potássio e restos vegetais.

Enxofre (S): A maior parte dos S das plantas encontra-se nos aminoácidos metionina e cisteína. As principais fontes são os sulfatos, que são minerais naturais, processados fisicamente nas empresas. As principais fontes naturais são os restos orgânicos de vegetais. Sua função é promover a nutrição proteica da planta para seu crescimento.

Cálcio (Ca): É’ importante para o crescimento e estruturação da planta e confere resistência da planta a pragas e doenças. Seu fluxo na planta depende muito do fluxo transpiratório. Sua principal fonte é o calcário.

Magnésio (Mn): Faz parte da clorofila, que dá cor verde a planta. Suas principais fontes são o calcário e o sulfato de magnésio. Sua função principal é fazer que as folhas fiquem ativas para a fotossíntese. Micronutrientes. Afetam todas as reações químicas dentro da planta, inclusive sua produção. Suas principais fontes são os sulfatos, ácido bórico e matéria orgânica. Os micronutrientes são: ferro, zinco, cobre, manganês, boro, cloro, molibdênio e cobalto.

Principais fatores que afetam a aquisição de micro e macro nutrientes

A disponibilidade dos nutrientes é afetada principalmente pelas seguintes características do solo:- PH: O pH afeta a disponibilidade de praticamente todos os nutrientes do solo.- A CTC (Capacidade de Troca de Cátions) do solo: O CTC é calculada pelas analises químicas do solo. É uma indicação da capacidade do solo de trocar nutrientes com a planta. Quanto maior a CTC do solo, maior será a disponibilidade potencial de nutrientes. A disponibilidade real é determinada pela alta concentração de bases e baixa concentração de íons de hidrogênio e alumínio.

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- Várias Interações entre nutrientes: Essas interações podem ser sinérgicas, quando um nutriente ajuda o outro a ser absorvido, como o fósforo com o cálcio, ou antagônicas, onde um atrapalha a absorção do outro como o fósforo com o zinco.- Relação C/N (carbono/nitrogênio) do material vegetal depositado no solo: Se for de alta relação (maior que 20-30) o N ficará imobilizado nos microorganismos. As leguminosas normalmente têm relação C/N entre 12-15 de modo que mais N ficará disponível. Isso indica que se colocarmos muita palha crua no solo, ele “roubará“ nitrogênio do solo, gerando uma deficiência nas plantas, pois a tendência de qualquer matéria orgânica é reduzir a relação C/N (processo de decomposição da matéria orgânica). A relação C/N ideal é entre 20/1 a 30/1.- Fixação biológica de N: A fixação biológica de N torna disponível o N da atmosfera para o solo através da fixação de microorganismos de vida livre ou diretamente para os vegetais simbiontes. Muitos microorganismos do solo “trabalham” junto com algumas plantas para coletar o nitrogênio presente na atmosfera e fixá-lo no solo. Com a morte dessas plantas, todo o nitrogênio fica disponível para as plantas do próximo cultivo.

Pragas, insetos invasores e doenças derivadas pela agricultura convencional

Nos sistemas orgânicos, há alguns conceitos fundamentais que precisam ser entendidos para explicar o desenvolvimento de pragas ou insetos invasores que são geralmente causados pela agricultura convencional:- Equilíbrio ecológico: é a condição de um ambiente natural em que ocorrem relações harmoniosas e equilibradas entre os organismos vivos e o meio ambiente ao longo do tempo.

- Diversidade biológica ou biodiversidade: compreende todas as formas de vida do planeta (animais, plantas e microorganismos), suas diferentes relações e funções e os diversos ambientes formados por eles.

- Simplificadores de cultivo: os produtos químicos conhecidos por agrotóxicos são agentes simplificadores do meio ambiente, pois matam todos os insetos, fungos e bactérias presentes. Isso causa a seleção negativa das pragas agrícolas porque por critérios evolutivos tem indivíduos que podem resistir aos agrotóxicos e que podem se proliferar com grande rapidez. Os agrotóxicos matam os insetos benéficos e os maléficos são selecionados pelos seus indivíduos mais resistentes. Isso tudo leva a uma produção sem fim de agrotóxicos cada vez mais caros e mais venenosos. Com o extermínio de insetos benéficos, outros insetos, que normalmente não são pragas, tornam-se, pois, não há mais controle da sua população pelo ambiente.

Designa-se como praga o surto de determinadas espécies nocivas ao desenvolvimento agrícola de determinadas culturas. Embora se refira geralmente a insetos, também se pode aplicar a consideradas plantas invasoras. Esta condição é gerada por algum tipo de desequilíbrio ambiental quando elos da cadeia alimentar são quebrados e ocorre a perda dos inimigos naturais que regulamentam o ecossistema.

No caso de insetos, por exemplo, a abundância de alimentos gerada por monoculturas e a falta de predadores ou inimigos naturais gerada pelo uso excessivo de inseticidas nas lavouras pode gerar uma “condição praga”. No caso de plantas invasoras ou também chamadas espontâneas, o uso excessivo e localizado de fertilizantes químicos alimenta tanto a cultura como as demais plantas nativas presentes no local. Usualmente estas plantas nativas conseguiram se adaptar naturalmente ao clima, ao solo e aos organismos do meio ambiente. Quando fertilizantes químicos são introduzidos no local, essas plantas nativas acabam se

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desenvolvendo mais rapidamente e com mais vigor que as plantas cultivadas, transformando-se em plantas invasoras.

As doenças podem ser causadas principalmente por fungos, bactérias ou vírus que se desenvolvem quando encontram condições específica adequadas. Plantas saudáveis, equilibradas nutricionalmente são mais resistentes ao ataque de doenças.

- Fungos: são transmitidos mecanicamente, ou seja, pela circulação de seres vivos como insetos, pelo vento, ferramentas agrícolas de cultivo ou mesmo pela circulação do homem na lavoura. Os fungos penetram na planta quando esta sofreu algum tipo de ferimento, seja causado por insetos ou pelo homem. São identificados por manchas na planta. Existem fungicidas sintéticos e naturais. Os principais fungicidas naturais serão ensinados nas fichas técnicas, como a Calda Bordaleza, a Calda Sulfocálcica e a Calda Viçosa.

- Bactérias: são transmitidas via água, seja pela saliva de vetores, em gotículas de água de irrigação contaminada ou água que escorre no canteiro. Uma planta doente é facilmente identificada pelo amolecimento e o mau cheiro que exala. As medidas de controle de bactérias são culturais, como a rotação de culturas e eliminação de plantas atacadas entre outras. Também faz-se aplicação preventiva de bactericidas naturais, como o extrato da planta Nim e a calda bordaleza. Depois que a planta foi infectada, ela deve ser eliminada.

- Vírus: são as piores doenças que as plantas podem ter, fazendo-as murchar, amarelar e não crescer. Vão definhando, definhando até morrer. Seu principal disseminador é o pulgão, um inseto sugador que vai inoculando o vírus. Primeiro pica a planta doente e depois pica as plantas sadias, transmitindo o vírus e as contaminando. Não há como recuperar plantas com viroses, portanto devem ser arrancadas e queimadas. Os vírus vivem no solo ou nas próprias plantas. A erradicação e controle são difíceis. O mais indicado é a prevenção.

Há alguns fatores que influenciam no desenvolvimento de determinadas doenças:

- Interação de temperatura com umidade: alguns fungos se desenvolvem em velocidade muito rápida em situação de alta temperatura e alta umidade do ambiente. Por exemplo, oídio em quiabo se assemelha a uma camada de algodão bem fina sobre a folha do quiabo.

- Hospedeiros nas plantas espontâneas: as plantas invasoras, por serem geralmente mais adaptadas ao ambiente que as cultivadas, podem ser hospedeiras de doença, mas não serem afetadas. As doenças podem ser transmitidas de uma planta para outra por seres vivos que se alimentam da planta doente e depois se alimenta da planta cultivada, ou pela água.

- Melhoramento genético de plantas cultivadas: as plantas cultivadas atualmente passaram por um longo processo de melhoramento genético para aumentar a produção ou mudar o aspecto e tamanho da parte comercializável. Isso fez uma seleção negativa para plantas que tem capacidade de produzir substâncias que promovem a sanidade vegetal. Assim, essas plantas são mais sensíveis a pragas e doenças.

- Cultivos sucessivos e monoculturas: quando se realiza cultivos sucessivos da mesma planta na mesma área se induz a perpetuação e multiplicação de determinados tipos de microorganismos, que podem ser patogênicos, pois sempre há plantas para ser colonizada. Quando há grandes plantações, o excesso de um mesmo material genético influi no aparecimento de um excesso de um mesmo microorganismo.

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- Manejo do cultivo: o uso de máquinas agrícolas nas entre linhas de plantas perenes, como as frutíferas, pode danificar as raízes que ficam nessa área e servir então como porta de entrada para fungos e bactérias.

- Uso de fertilizantes solúveis: fertilizantes solúveis provocam alterações nas quantidades de nutrientes dentro das plantas de forma anormal, e principalmente em relação ao nitrogênio. Ocorre a formação de aminoácidos livres dentro da planta, os quais servem como alimento pronto para pragas e doenças.

- Escolha de sementes e mudas: a escolha de mudas e sementes sadias é fundamental para iniciar um cultivo sem doenças. Assim, as sementes devem vir de empresas ou entidades idôneas. A produção própria de semente, no caso de cultivo de variedades, deve ser em área destinada para isso, onde o monitoramento de pragas e doenças deve ser redobrado.

- Trato cultural adequado em plantas perenes (árvores): um cultivo agrícola, além dos processos normais de adubação, monitoramento de agentes nocivos e colheita, também deve haver tratamentos de limpeza e poda, onde se retira galhos doentes, frutas passadas e faz-se podas que permitem a entrada de radiação solar direta dentro da copa da planta. Isso impede a formação de um microclima dentro da copa da planta, que favorece o aparecimento de doenças.

- Irrigação: as plantas irrigadas sofrem menos estresse. Assim não há a perda excessiva de folhas nos períodos secos, nem a liberação dos aminoácidos e radicais livres dentro da planta, os quais aumentam a sensibilidade a pragas e doenças.

- Ferramentas, veículos e implementos: todas as ferramentas, veículos, implementos tem que ser periodicamente limpos. Além dessa revisão periódica, quando se passa de um cultivo a outro, ou quando são cultivos de agricultores diferentes, deve-se realizar tal limpeza.

TEORIA DA TROFOBIOSE

Trofobiose (trofo=alimento e biose=existência de vida). Portanto, quer dizer: todo e qualquer ser vivo só sobrevive se houver alimento adequado disponível para ele. Em 1980, o pesquisador francês Francis Chaboussou, publica na França “Lês Plantes Malades des Pesticides”, que seria publicado no Brasil em 1987, como “Plantas Doentes pelo uso de agrotóxicos – a Teoria da Trofobiose”. O livro de Chaboussou reúne evidências, de trabalho do próprio autor e da literatura científica, de que tanto pesticidas quanto fertilizantes podem alterar a composição da seiva vegetal, tornando-a mais propicia à multiplicação de pragas e doenças.

Apesar de ser conhecida desde a década de 1960, é raramente ensinada e discutida na faculdades e orgãos de pesquisa agronômica, pois evidencia os aspectos negativos dos adubos minerais altamente solúveis e agrotóxicos ao metabolismo vegetal; embora seja uma base fundamental para a visão ecológica da agricultura e bastante mencionada por agrônomos ligados ao movimento ambientalista.

Dentro dos parâmetros da metodologia científica, Chaboussou interpreta o ataque de insetos e a presença de moléstias como um desequilibrio nutricional causado por estresse hídrico, agrotóxicos, excesso de adubação ou condições climáticas inadequadas que impedem a síntese de proteínas (proteosíntese). Verificou que a principal fonte alimentar dos predadores e parasitas das plantas são substâncias de alta solubilidade presentes nos tecidos vegetais,

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como, por exemplo, açúcares solúveis, aminoácidos livres e oligoelementos. A aplicação de agrotóxicos provoca nas plantas um estado de desordem metabólica que desregula os mecanismos de proteólise (quebra de proteínas) e proteosintese (síntese de proteínas) nos tecidos vegetais. Em consequência, sobram nutrientes na seiva das plantas.

A Teoria da Trofobiose diz que uma planta desequilibrada nutricionalmente torna-se mais suscetível a pragas e patógenos. A adubação mineral e o uso de agrotóxicos provocam inibição da síntese de proteínas, causando acúmulo de nitrogênio e aminoácidos livres no suco celular e na seiva da planta, alimento que pragas e patógenos utilizarão para se proliferar. Portanto um vegetal bem alimentado e manejado considerando todas as suas necessidades e equilíbrios, dificilmente será atacado por "pragas e "doenças". As ditas pragas e doenças, morrem de fome numa planta equilibrada. Podemos trocar o nome de pragas e doenças para indicadores de mau manejo. Insetos, ácaros, nematóides, fungos, bactérias e vírus são a conseqüência e não a causa do problema. Desta forma, em agricultura sustentável (orgânica) tratamos as causas para que os resultados sejam os mais duradouros e equilibrados possíveis. Existe por trás desta teoria, uma base bioquímica onde as enzimas responsáveis por processos importantes da planta quando na ausência de alguns nutrientes (metais) e condições ambientais, perdem sua capacidade de catalisar as reações, diminuindo sua eficiência. Desta forma algumas substâncias ficam acumuladas na planta e servem de alimentos para os insetos.

Na agricultura orgânica, o simples fato de se buscar uma produção vegetal e animal mais equilibrada e sadia, nos leva a pensar e agir diferentemente da agricultura convencional, principalmente no manejo da fertilidade dos solos. A busca por um alimento com maior valor biológico e com propriedades organolépticas melhores, nos levou a buscar outras formas de fertilização dos solos mais equilibradas que levam em conta as proporções dos nutrientes no solo e não só os teores totais.

AS PRINCIPAIS VERTENTES DA AGRICULTURA DE BASE ECOLÓGICA

Na década de 20, surgiam, quase simultaneamente, alguns movimentos contrários ao uso dos agrotóxicos e valorizando o uso da matéria orgânica e de outras práticas culturais favoráveis aos processos biológicos.

Agricultura Biodinâmica

Começa na Alemanha – em 1924, iniciada pelo filosofo Rodolf Steiner, esse método preconizava a moderna abordagem sistêmica, entendendo a propriedade como um organismo sadio, onde solo, plantas, animais e o homem convivem em harmonia e a fertilidade seja à base de sua autossuficiência. Steiner ressaltou a importância das relações entre o solo e as forças de origem cósmica da natureza, recomenda o uso de preparado biodinâmico preparado por ele. Movimento difundido através dos praticantes da antroposofia.

Atualmente, a Biodinâmica, além de manter a visão de que a propriedade agrícola deve ser vista como um organismo, em que a individualidade de cada situação deve ser respeitada, tem a preocupação de orientar práticas agrícolas que respeitem a natureza, onde o método é empregado. Em geral, são indicadas como práticas agrícolas:

a) a interação entre a produção animal e a produção vegetal, com a obtenção do composto orgânico proveniente da compostagem de dejetos animais e resíduos vegetais;

b) a orientação astronômica para a definição dos períodos de semeadura e demais

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atividades agrícolas;c) a utilização de compostos líquidos elaborados a partir de substâncias animais, vegetais

e minerais, como o objetivo de equilibrar o campo de cultivo com as forças vitais da natureza;d) a preocupação com a harmonia ambiental do campo, onde a propriedade deve estar

em equilíbrio com o meio natural também no aspecto visual, plantando cercas-vivas, culturas de bordadura e vizinhança, culturais pioneiras em áreas degradadas procurando fazer o reflorestamento de acordo com a vegetação natural;

e) o uso da adubação verde com o aproveitamento de toda a potencialidade das leguminosas, inclusive em consórcio ou rotação com cereais;

f) o cultivo de ervas e seu uso na forragem.

Os princípios da Agricultura Biodinâmica podem ser aplicados em qualquer região, não havendo um pacote de técnicas que devam ser seguidas. Considerando-se que a base da Antroposofia para o cultivo das plantas e para a criação é o respeito ao ecossistema natural, onde essas atividades são realizadas, as propriedades agrícolas que seguem a Agricultura Biodinâmica adotam práticas agrícolas distintas mantendo os mesmos princípios.

Agricultura Natural

No Japão na década de 1930 e 1940, o mestre Mokiti Okada, após cinco anos de experimentação, cria uma religião em que o princípio fundamental é o de que as atividades agrícolas devam respeitar as leis da natureza. Esta religião serve como alicerce para a Agricultura Natural, a qual procura minimizar a intervenção no ambiente e nos processos naturais, opondo-se aos outros sistemas discutidos. Os quatro princípios básicos são: fazer agricultura sem cultivo do solo (arar arruína o solo), não utilizar fertilizantes químicos ou orgânicos, não capinar o solo (as plantas companheiras enriquecem o solo) e não utilizar agrotóxicos. Dessa forma, o agricultor não deve arar e gradear a terra, não deve utilizar insumos químicos e nem compostos orgânicos e, muito menos, agrotóxicos. A visão reducionista é completamente desconsiderada nesse sistema, procurando-se utilizar técnicas que aperfeiçoem o equilíbrio ambiental. Assim, dentre as práticas agrícolas recomendadas estão à rotação de culturas, a adubação verde, a cobertura morta, o controle de pragas e doenças pela manutenção das características naturais do ambiente e melhoria das condições do solo e emprego de inimigos naturais. Só em último caso devem-se usar produtos naturais não poluentes, compostos vegetais e microorganismos.

Biológica

Iniciada pelo político Hans Piter Muller, na Suíça em 1930. Os aspectos econômicos e sócio-políticos eram a base da proposta, se preocupando com a autonomia dos produtores e com o sistema de comercialização direta aos consumidores.

Foi na França em 1960 que a agricultura biológica mais se difundiu, tendo como difusor Claude Aubert, que propunha a saúde das plantas, e, portanto dos alimentos, se dá por meio da manutenção da “saúde” dos solos. Este princípio apoia-se em um tripé “cujas bases, de igual importância, são: o manejo dos solos, a fertilização com fosfatos naturais, basalto e rochas calcárias e a rotação de culturas”.

Agroecologia

Surge na América Latina, destaca-se nesse movimento o Professor Chileno da

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Universidade da Califórnia em Berkeley Miguel Altiere, e no Brasil ONG’S, Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa – AS-PTA e o Centro de Agricultura Ecológico de Ipê – CAE-IPÊ. Fundamenta-se na busca de atender simultaneamente às necessidades de preservação ambiental e de promoção socioeconômica dos pequenos agricultores. Em face da exclusão política e social desses agricultores. Usa como ferramenta a teoria de Trofobiose, formulada pelo cientista Francês, Francis Chaboussou.

Permacultura

Surge na Austrália o movimento da Permacultura, tem como ideólogo Bil Mollisson. Desenvolvendo a ideia da criação de agroecossistemas sustentáveis através da simulação dos ecossistemas naturais, o movimento da permacultura caminha para a priorização das culturas perenes como elemento central de sua proposta. Dentre as culturas perenes, destacam-se as árvores, das quais se procuram espécies para suprir o maior número possível das necessidades humanas, do amido ao tecido, não usam rotação de cultura.

A permacultura ocupa-se também de assuntos urbanos, tais como a construção de cidades ecologicamente adaptadas, minimizando as necessidades de energia, materiais e esforços externos e maximizando os mecanismos naturais que podem contribuir para a satisfação das necessidades urbanas.

Agricultura Orgânica

Na Inglaterra de 1925 a 1930 surge a corrente de Agricultura Orgânica, que mais tarde se dissemina pelos Estados Unidos. Tendo como idealizador Albert Houvard, Inglês e Jerome Irving Rodele dos Estados Unidos. Fundamenta-se no uso de composto orgânico, aproveitando os resíduos internos da fazenda. Howard inventou o processo “indore” de compostagem, que aprendeu com agricultores indianos.

Nos primeiros anos do século XX, o inglês Albert Howard, trabalhando na Índia, observou que os agricultores não utilizavam fertilizantes químicos e nem agrotóxicos no cultivo e na criação animal, e que as plantas e os animais de tração apresentavam menor incidência de doenças do que aqueles conduzidos com a utilização de vários métodos convencionais de controle sanitário. O pesquisador também observou que os hindus (índios americanos) utilizavam diversas técnicas para aproveitar os materiais orgânicos produzidos na propriedade.

Com base nessas observações. Howard realizou vários estudos sobre compostagem e adubação orgânica. Após vários anos de pesquisa, ele desenvolveu o sistema ‘Indore” de compostagem, em que os matérias produzidos na propriedade agrícola eram transformados em húmus, que, aplicado ao solo em época conveniente, asseguraria a vida biológica do solo e atenderia às demandas de nutrição e de sanidade das culturas. Dessa forma, os alimentos produzidos seriam de alto valor nutritivo.

Agricultura orgânica é o termo frequentemente usado para designar a produção de alimentos e outros produtos vegetais que não faz uso de produtos químicos sintéticos, tais como fertilizante e pesticida, nem de organismos geneticamente modificados, e geralmente adere aos princípios de agricultura sustentável. Este sistema de produção, que exclui o uso de fertilizantes, agrotóxicos e produtos reguladores de crescimento, tem como base o uso de estercos animais, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controlo biológico de pragas e doenças. Pressupõe ainda a manutenção da estrutura e da profundidade do solo, sem

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alterar suas propriedades por meio do uso de produtos químicos e sintéticos.

Definição: agricultura orgânica é um conjunto de processos de produção agrícola que parte do pressuposto básico de que a fertilidade é função direta da matéria orgânica contida no solo. A ação de microorganismos presentes nos compostos biodegradáveis existentes ou colocados no solo possibilitam o suprimento de elementos minerais e químicos necessários ao desenvolvimento dos vegetais cultivados. Complementarmente, a existência de uma abundante fauna microbiana diminui os desequilíbrios resultantes da intervenção humana na natureza. Alimentação adequada e ambiente saudável resultam em plantas mais vigorosas e mais resistentes a pragas e doenças.

Princípios

• O solo é considerado um organismo vivo, e dele deve ser retirado o mínimo possível;• Uso de adubos orgânicos de baixa solubilidade;• Controle com medidas preventivas e produtos naturais;• O mato (ervas daninhas) faz parte do sistema. Pode ser usado como cobertura de solo e

abrigo de insetos;

Motivos pra se consumir um produto orgânico

• Proteger as futuras gerações;• Prevenir a erosão do solo;• Proteger a qualidade da água;• Rejeitar alimentos com agrotóxicos;• Melhorar a saúde dos agricultores;• Aumentar a renda dos pequenos agricultores (agricultura familiar, comércio justo);• Apoiar os pequenos agricultores;• Prevenir gastos futuros;• Promover a biodiversidade;• Descobrir sabores naturais.• Você contribuir para acabar com envenenamento por pesticidas de milhares de agricultores;• Ajuda a preservar pequenas propriedades;

Características

O princípio da produção orgânica é o estabelecimento do equilíbrio da natureza utilizando métodos naturais de adubação e de controle de pragas.

O conceito de alimentos orgânicos não se limita à produção agrícola, estendendo-se também à pecuária (em que o gado deve ser criado sem remédios ou hormônios), bem como ao processamento de todos os seus produtos: alimentos orgânicos industrializados também devem ser produzidos sem produtos químicos artificiais, como os corantes e aromatizantes artificiais.

Pode-se resumir a sua essência filosófica em desprezo absoluto por tudo que tenha origem na indústria química. Todas as demais indústrias: mecânica, energética, logística, são admissíveis desde não muito salientes.

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A cultura de produtos orgânicos não se limita a alimentos. Há uma tendência de crescimento no mercado de produtos orgânicos não-alimentares, como fibras orgânicas de algodão (para serem usadas na produção de vestimentas). Os proponentes das fibras orgânicas dizem que a utilização de pesticidas em níveis excepcionalmente altos, além de outras substâncias químicas, na produção convencional de fibras, representa abuso ambiental por parte da agricultura convencional.

Importância econômica

O movimento orgânico cresce em todo o mundo, e mesmo nos EUA é grande o número de homegardeners que utilizam a produção orgânica, pessoas que optaram por produzir em casa os vegetais que consomem para garantir a isenção de agrotóxicos.

A produção orgânica, por sua própria natureza, se adequa à pequena propriedade rural, e com frequência esses produtores se organizam em cooperativas para comercializar seus produtos. Essa organização permite o contato direto com o mercado consumidor, crescente nos grandes centros. A demanda por produtos orgânicos tem sido maior que a oferta, levando a um aumento dos preços dos alimentos orgânicos (e consequentemente, um aumento na renda dos seus produtores). Além disso, cresce o número de feiras de produtos orgânicos, onde o produtor vende direto ao consumidor.

Orgânico como coletivo

Com o desenvolvimento em número e em qualidade, e também com o crescimento do mercado para seus produtos, os movimentos de produção orgânica, sentiram a necessidade de criar uma organização em nível internacional, tanto para o intercâmbio de experiências como para estabelecer os padrões mínimos de qualidade para os produtos de todos os movimentos. Decide-se pelo termo “agricultura Orgânica” para designar o conjunto das propostas alternativas, fundando-se em 1972 a International Federation of Organic Agriculture movements – IFOAM.

A IFOAM passa a estabelecer as normas para que os produtos pudessem ser vendidos com o seu selo “orgânico”. Tais normas, além de proibirem os agrotóxicos, restringem a utilização de adubos químicos e incluem ações de conservação dos recursos naturais. Incluem ainda aspectos éticos nas relações sociais internas da propriedade e no trato com os animais.A Instrução normativa nº 07, de 17 de maio de 1999, dispõe sobre normas para a produção de produtos orgânicos vegetais e animais, editada pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento.

Do Conceito

“Considera-se sistema orgânico de produção agropecuário e industrial todo aquele em que se adotem tecnologias que aperfeiçoem o uso de recursos naturais e sócio-econômicos, respeitando a integridade cultural e tendo por objetivo a auto-sustentação no tempo e no espaço, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não renováveis e a eliminação do emprego de agrotóxicos e outros insumos artificiais tóxicos, organismos geneticamente modificados – OGM/transgênicos ou radiação ionizantes em qualquer fase do processo de produção, armazenamento e de consumo, e entre os mesmos, privilegiando a preservação da saúde ambiental e humana, assegurando a transferência em todos os estágios da produção e de transformação, visando:

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a) a oferta de produtos saudáveis e de elevado valor nutricional, isento de qualquer tipo de contaminante que ponham em risco a saúde do consumidor, do agricultor e do meio ambiente;

b) a preservação e a ampliação da biodiversidade dos ecossistemas, natural ou transformado, em que se insere o sistema produtivo;

c) a conservação das condições físicas, químicas e biológicas do solo, da água e do ar;d) o fomento da integração efetiva entre agricultor e consumidor final de produtos

orgânicos, e o incentivo à regionalização da produção desses produtos orgânicos para os mercados locais;

e) considera-se produto de agricultura orgânica, seja “in-natura” ou processado, todo aquele obtido em sistema orgânico de produção agropecuário e industrial. O conceito de sistema orgânico de produção agropecuária e industrial abrange os denominados: ecológicos, biodinâmicos, natural, sustentável, regenerativo, biológicos, agroecológicos e permacultura. “Para efeito desta instrução considera-se produtor orgânico tanto o produtor de matérias-primas como o processador das mesmas”.

Certificação da agricultura orgânica

O consumidor não conseguiria pessoalmente visitar as propriedades agrícolas para verificar se os alimentos que se dizem orgânicos foram produzidos segundo critérios realmente ecológicos. Para fazer isso, existem instituições chamadas de “certificadoras”, ligadas às Associações de Produtores.

O que é certificação?

Certificação, como o termo utilizado na agricultura orgânica, significa garantir a origem (procedência) e qualidade orgânica dos produtos obtidos. A certificação orgânica é um processo de auditoria de origem e tragetória de produtos agrícolas e industriais, desde sua fonte de produção até o ponto final de venda ao consumidor.

O certificado é um documento para comprovar a origem e a forma de produção para os consumidores que não têm como visitar o produtor para saber se o produto adquirido realmente corresponde às informações constantes no rótulo. O produtor ou o grupo produtivo é certificado por uma instituição credenciada. A certificação convencional por essas entidades tem um custo, mas é necessária para a venda em alguns mercados nacionais e no internacional. A certificação apresenta-se sob a forma de um selo afixado ou impresso no rótulo ou na embalagem do produto.

Porque certificar?

O estabelecimento de normas para regular a produção, o processamento, a certificação e a comercialização de produtos orgânicos surgiu da necessidade de os consumidores terem segurança quanto à qualidade dos produtos que adquirem, pelo filão de mercado que surgiu em vários países, impulsionado pelo crescimento da demanda por produtos cultivados com métodos da agricultura orgânica.

A diferenciação de produtos orgânicos ocorre com base em suas qualidades físicas, decorrentes principalmente da ausência de agrotóxicos e adubos químicos, por exemplo, que estão mais diretamente relacionadas à forma como esses produtos foram produzidos. Estas

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características embutidas nos produtos orgânicos não podem ser observadas com facilidade no momento da compra. A distância entre consumidores e produtores e a incapacidade de se ter certeza quanto à forma pela qual os produtos orgânicos foram produzidos justificam a necessidade de monitoramento da produção por uma terceira parte, independente.

A certificação é, portanto, uma garantia de que produtos rotulados como orgânicos tenham de fato sido produzidos dentro dos padrões da agricultura orgânica. A emissão do selo ou do certificado ajuda a eliminar, ou pelo menos reduzir, a incerteza com relação à qualidade presente nos produtos, oferecendo aos consumidores informações objetivas, que são importantes no momento da compra.

A certificação orgânica começa a ser exigida para alguns produtos destinados à exportação, como soja, café, mel, hortaliças, óleos essenciais, óleo de dendê, caju, açúcar, mate, citrus, banana e guaraná. Nesses casos, a organização certificadora precisa, na maioria das vezes, ser credenciada pela IFOAM ou pelas normas ISO-65 para emitir um certificado que tenha reconhecimento internacional.

O desenvolvimento do mercado de produtos orgânicos depende fundamentalmente da confiança dos consumidores na sua autenticidade, que, por sua vez, só pode ser assegurada por legislação e/ou programas de certificação eficientes. O novo ramo de atividade que surge com a regulamentação da agricultura orgânica pode ser desempenhado com diferentes níveis de seriedade, compromisso ético, transparência e competência.

Quando os consumidores decidem pela compra de produtos orgânicos e pelo pagamento de um prêmio por efeitos positivos à saúde e redução de impacto ambiental, entre outros atributos, eles esperam obter, em troca, um produto de origem orgânica garantida. Assim como os produtores orgânicos, que arcam com custos de produção mais elevados, os consumidores desejam estar protegidos contra os falsos produtos orgânicos.

Quem certifica?

Desde os anos 70 surgiu à necessidade de fixarem-se normas e procedimentos para dar garantia ao consumidor da procedência e sistema de produção dos produtos orgânicos e biodinâmicos ofertados. Na época foram as ONG’s as responsáveis por elaborarem sistemas de controle a fim de dar esta garantia. Organizações de produtores, consultores e simpatizantes não governamentais aperfeiçoaram durante as ultimas duas décadas seus sistemas de controle, e passaram, a princípio, a serem credenciadas e auditadas, elas mesmas, por uma Federação Internacional, denominada INFOAM (Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica). Mais tarde os governos, sobretudo Comunidade Europeia, começaram a exigir a participação dos governos-sede dos produtos orgânicos certificados no processo de regulamentação e credenciamento de certificadoras.

No Brasil a certificação orgânica é realizada por cinco certificadoras nacionais e outras 13 internacionais, em menor escala. Dentre as certificadoras nacionais encontramos o Instituto Biodinâmico (IBD), a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), a OIA e a Fundação Omiti Okada (MAO), como principais.

Como funciona a certificação orgânica?

O ponto de partida são as “Normas e Padrões para Qualidade Orgânica”, documento

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comum a todas as certificadoras, mas que apresenta variações de acordo com particularidades ideológicas (sempre no escopo da regulamentação maior do INFOAM).

A partir do momento em que o produtor sente-se apto a contratar a certificação, entra em contato com a certificadora desejada, enviando documentação inicial e pagamento da taxa de inscrição.

A inspeção ocorre logo após, e consiste em reunir dados, checar documentos de compra de insumos, venda de produtos, operações de campo e o sistema de condução orgânica. Também são checadas instalações, sacarias e embalagens, situação geral social e empregatícia de funcionários. O objetivo é verificar o sistema de controle adotado pela empresa, de modo a dar garantias da inexistência de riscos de mistura e contaminação com produtos não certificados.

Para a auditoria proposta utilizam-se tabelas, onde são lançados os dados de histórico de compra e venda de produtos, entrada e saídas de produtos e dados de eventuais processamentos. Um mapa de glebas é também elaborado.

Após a inspeção, o inspetor elabora relatório e o envia à certificadora, que por sua vez a submete ao seu conselho de Marcas, para avaliação da decisão final. O selo é então concedido ao produtor, que passa a fazer uso do mesmo por um período revalidável de um ano.

Como auditar?

Para uma auditoria perfeita da trajetória do produto é necessário que a empresa agrícola organize um sistema de controle de todas as operações: de campo, colheita, estoque de matéria prima, processamento, estoques de produtos acabados e seu transporte para o mercado consumido. O nível de controle varia de atividade para atividade, e na prática em geral, encontramos nesta área da administração, grandes carências, que devem ser saneadas durante o acompanhamento do projeto. Geralmente, o grande gargalo na certificação orgânica deriva da dificuldade do produtor em montar esta estrutura de controle, de forma profissional, sistemática e constante.

Uma vez realizada a organização, é tarefa da certificadora avaliar os dados quantitativos e confrontá-los com notas fiscais de compra e venda fichas de campo, estoque e etc. O inspetor deverá deixar o projeto, certo de que os controles refletem fielmente a situação prática, no dia-a-dia da empresa.

Sobre o selo

O selo orgânico não é de propriedade do produtor que o recebe e sim uma marca cedida por outra organização (certificadora), mediante contrato assinado entre as partes. No entanto, o selo é conquista do produtor e reflete o fato de que seu sistema produtivo guarda conformidades com as normas nacionais e internacionais sobre Produção Orgânica. Deve por isso ter seu uso zelado para que sua credibilidade seja sempre preservada frete ao consumidor.

A agência certificadora não exerce uma função “de policia” sobre o produtor e sim, constitui-se em parceiro para soluções gradual e regular de problemas em conjunto. Não se deseja, portanto perder de vista o aspecto de confiança mútua. Os aspectos de segurança

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jurídica existem, mas corem paralelamente à relação de respeito e ética entre as partes. Ao utilizar-se de insumos considerados de uso restritos, por exemplo, o produtor deve notificar a agência certificadora, solicitando autorização para seu uso. Além de notificar, este procedimento permite que a certificadora possa verificar se existem deficiências de manejo que, uma vez sanadas, implicariam na não necessidade de uso daquele insumo.

Formas de certificação e critérios

A Certificação Social do Comércio Justo - “Fair Trade” - garante que todo o sistema de produção é socialmente justo; não explora a população local, nem o trabalho infantil; respeita os direitos humanos, códigos de conduta, transparência de valores, relação ética com os clientes e empregados, voluntariado, filantropia estratégica e balanço social, e a geração de desenvolvimento para toda a comunidade envolvida.

A Certificação Ecológica comprova o manejo adequado da produção, respeitando os ciclos naturais. Esta certificação se baseia em diferentes critérios como os cuidados adequados com o lixo e o uso de produtos não poluentes.

Já os Sistemas Participativos de Garantia são processos de verificação descentralizados, considerando que cada grupo conhece melhor a realidade de onde atua. Esse processo diminui custos e proporciona maior integração e participação entre produtores e consumidores.

Trata-se uma alternativa para a venda local e também regional, que não precisa de certificado emitido pelas entidades autorizadas. O processo de geração de credibilidade pressupõe a participação solidária de todos os segmentos interessados em assegurar a qualidade do produto final e do processo de produção.

Uma experiência foi desenvolvida no sul do Brasil pela Rede Ecovida de Agroecologia, que é atualmente formada por 180 grupos de agricultores de três Estados, envolvendo 2.300 famílias. A unidade operacional da Rede são os Núcleos Regionais, hoje 21, formados por grupos de agricultores, grupos de consumidores e entidades de assessoria.

A Rede Ecovida de Agroecologia trabalha a certificação “como um processo pedagógico onde agricultores, técnicos e consumidores se integram no intento de buscarem uma expressão pública da qualidade do trabalho que desenvolvem.” No processo da Rede Ecovida de Agroecologia a Certificação Participativa se dá em torno do produto orgânico e a credibilidade é gerada a partir da seriedade conferida à palavra da família agricultora e se legitima socialmente, de forma acumulativa, nas distintas instâncias organizativas que esta família integra.

Este Sistema de Garantia é interessante também para o Nordeste, adaptado à realidade dos agricultores familiares da região, colocando estes como sujeitos no monitoramento da qualidade dos seus produtos com a construção de uma rede de Agroecologia.

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PRODUÇÃO DE INSUMOS NATURAIS

COMPOSTAGEM

Manejo e utilização na agricultura orgânica

A compostagem é um processo de preparo de fertilizante natural, o húmus, a partir de resíduos orgânicos – esterco do gado, palhas etc. O composto orgânico resultante pode ser aplicado no solo para melhorar suas características, sem riscos ao ambiente. Todo o processo envolve transformações extremamente complexas de natureza bioquímica, realizadas por milhões de microorganismos do solo que têm na matéria orgânica in natura sua fonte de energia, nutrientes minerais e carbono. O emprego de composto orgânico em uma propriedade é uma forma de reduzir o uso de insumos industrializados, priorizando os recursos naturais.

Ingredientes do composto CompostoA função dos fertilizantes orgânicos

A produtividade das culturas é consequência da ação conjunta de vários fatores: preparo da terra, variedade, adaptação climática, nutrição, espaçamento, disponibilidade de água, conservação de solo, mão-de-obra especializada, etc. A produtividade será máxima, quando todos os fatores estiverem à disposição da cultura. No entanto, a nutrição é o fator que mais contribui para o rendimento.

Há mais de um século sabe-se que as plantas necessitam de treze elementos essenciais: Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Enxofre (S), Zinco (Zn), Boro (B), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo), Cloro (Cl). Alguns deles são requisitados em menor e outros, em maior quantidade.

Nutrir uma planta, do ponto de vista agronômico, não significa simplesmente estimar suas exigências minerais e fornecer insumos concentrados. Embora os fertilizantes minerais (químicos) sejam mais difundidos, mais fáceis de adquirir, transportar, armazenar e distribuir mecanicamente no solo, não significa que sejam perfeitos. Seu principal atributo, a solubilidade, por três razões, nem sempre é vantajoso:

a) Doses excessivas de sais solúveis podem intoxicar as plantas, além de salinizar e acidificar os solos;

b) Os vegetais não absorvem os nutrientes apenas por estes ocorrerem em abundância. Existem peculiaridades na absorção de cada elemento, tais como: pH, presença de antagônicos, espécie iônica, teor nas células, temperatura, aeração, nível de CO2, etc. Isto

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significa que o nutriente deve estar no lugar certo, em quantidade adequada e no momento mais propício para ser aproveitado.

c) Em solos tropicais, as chuvas abundantes promovem a lixiviação de alguns nutrientes; enquanto que a acidez, associada à elevada capacidade de absorção, provoca a imobilização de outros; neste ambiente, os sais solúveis ficam mais suscetíveis às perdas. Preconiza-se, então, promover, no solo, melhores condições físicas, químicas e biológicas para o aproveitamento dos nutrientes presentes e dos adicionados.

Os solos que correspondem a tais considerações foram formados sob ação da intempérie, comum nas regiões mais quentes e chuvosas. A água abundante lixiviou boa parte dos nutrientes e acidificou o meio. O calor e o tempo, associados à umidade, degradaram as argilas mais complexas e proporcionaram condições para a rápida decomposição da matéria orgânica. Os solos gerados nessas condições são mais pobres, profundos, ácidos, com baixo teor de matéria orgânica. São também conhecidos como latossolos. Além disso, a presença do homem agravou as transformações a medida que consumiu a fertilidade original sem uma reposição proporcional e degradou a estrutura ao introduzir um manejo mecanizado sem adequações. No entanto, esta situação não impediu o desenvolvimento da agricultura, mas, certamente, a tornou altamente dependente de práticas de conservação, que visam reconstruir a estrutura perdida. Caso contrário, os plantios sucessivos provocariam a completa exaustão e a baixa produtividade.

A fertilidade do solo, por sua vez, é resultado de uma combinação de fatores físicos, químicos e biológicos capazes de, em conjunto, propiciar melhores condições para obtenção de altos rendimentos. A matéria orgânica, ou húmus, interfere em todos esses fatores. Práticas que visam conservar ou aumentar o teor de matéria orgânica do solo (por exemplo: combater a erosão, manter a cobertura vegetal, rotação de culturas, descanso, etc.) são as mais eficazes para proporcionar rendimentos elevados às culturas.

São as propriedades coloidais do húmus, principalmente aquelas relacionadas à agregação das partículas, que conferem estabilidade estrutural ao solo. Em consequência dos agregados, formam-se macro e microporos, responsáveis pela aeração e pela capacidade de retenção de água, respectivamente.

As propriedades químicas do húmus são representadas principalmente pelo fornecimento de nutrientes essenciais; pela interação com as argilas formando o complexo argilo-húmico, dada à elevada capacidade de absorção, provoca a imobilização de outros; neste ambiente, os sais solúveis ficam mais suscetíveis às perdas. Preconiza-se, então, promover, no solo, melhores condições físicas, químicas e biológicas para o aproveitamento dos nutrientes presentes e dos adicionados.

Fatores que interferem na compostagem

Os principais fatores que governam o processo de compostagem são:

a) Microrganismos: A conversão da matéria orgânica bruta ao estado de matéria humificada é um processo microbiológico operado por bactérias, fungos e actinomicetes. Durante a compostagem há uma sucessão de predominâncias entre as espécies envolvidas.b) Umidade: A presença de água é fundamental para o bom desenvolvimento do processo. Entretanto, a escassez ou o excesso de água pode desacelerar a compostagem.c) Aeração: A compostagem conduzida em ambiente aeróbio, além de mais rápida, não produz

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odores putrefatos nem proliferação de moscas.d) Temperatura: O metabolismo exotérmico dos microrganismos, durante a fermentação aeróbia, produz um rápido aquecimento da massa. Cada grupo é especializado e desenvolve-se numa faixa de temperatura ótima. Promover condições para o estabelecimento da temperatura ótima para os microrganismos é fundamental.e) Relação Carbono/Nitrogênio (C/N): Os microrganismos absorvem os elementos carbono e nitrogênio numa proporção ideal. O carbono é a fonte de energia para que o nitrogênio seja assimilado na estrutura.f) Preparo prévio da matéria-prima: A granulometria é muito importante uma vez que interfere diretamente na aeração da massa original. Partículas maiores promovem melhor aeração, mas o tamanho excessivo apresenta menor exposição à decomposição e o processo será mais demorado.g) Dimensões e formas das pilhas: Quanto ao comprimento, este pode variar em função da quantidade de materiais, do tamanho do pátio e do método de aeração. Já a altura da pilha depende da largura da base. Pilhas muito altas submetem as camadas inferiores aos efeitos da compactação. Pilhas baixas perdem calor mais facilmente ou nem se aquecem o suficiente para destruir os patogênicos. O ideal é que as pilhas apresentem seção triangular, com inclinação em torno de 40 a 60 graus, com largura entre 2,5 e 3,5 metros e altura entre 1,5 e 1,8 metros.

Aprendendo a fazer a compostagem

Muitas pessoas acreditam que um bom composto é difícil de ser feito ou exige um grande espaço para ser produzido; outras acreditam que é sujo e atrai animais indesejáveis. Se for bem feito, nada disto será verdadeiro. Um composto pode ser produzido com pouco esforço e custos mínimos, trazendo grandes benefícios para o solo e as plantas. Mesmo em um pequeno quintal ou varanda, é possível preparar o composto e, desta forma, reduzir a produção de resíduos inclusive nas cidades. Por exemplo, com restos das podas de parques e jardins se produz um excelente composto para ser utilizado em hortas, na produção de mudas, ou para ser comercializado como adubo para plantas ornamentais. Desta forma, são obtidos dois ganhos ao mesmo tempo: com a produção do composto propriamente dita e um benefício indireto que é a redução de gastos de transporte e destinação do lixo orgânico produzido pela comunidade local.

Outro engano muito comum é mandar para a lata do lixo partes dos alimentos que poderiam ir para o prato: folhas de muitas hortaliças (como as da cenoura e da beterraba), talos, cascas e sementes são ricas fontes de fibra e de vitaminas e minerais fundamentais para o bom funcionamento do organismo. O que comprova que a melhoria da saúde tanto de famílias ricas ou pobres pode ser conseguida como medidas simples como o reaproveitamento integral de alimentos, e o desenvolvimento de bons hábitos de vida e nutrição.

Todos os restos de alimentos, estercos animais, aparas de grama, folhas, galhos, restos de culturas agrícolas, enfim, todo o material de origem animal ou vegetal pode entrar na produção do composto.Contudo, existem alguns materiais que não devem ser usados na compostagem, que são: madeira tratada com pesticidas contra cupins ou envernizadas. vidro, metal, óleo, tinta, couro, plástico e papel, que além de não serem facilmente degradados pelos microorganismos, podem ser transformados através da reciclagem industrial ou serem reaproveitados em peças de artesanato. A fabricação do composto imita este processo natural, porém com resultado mais rápido e controlado. A seguir, serão descritos os materiais e as etapas para a elaboração

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das pilhas de composto numa propriedade rural.

Materiais para fazer o composto • Esterco de animais. • Qualquer tipo de plantas, pastos, ervas, cascas, folhas verdes e secas • Palhas • Todas as sobras de cozinha que sejam de origem animal ou vegetal: sobras de comida,

cascas de ovo, entre outros. • Qualquer substância que seja parte de animais ou plantas: pelos, lãs, couros, algas.

Observação: Quanto mais variados e mais picados (fragmentados) os componentes usados, melhor será a qualidade do composto e mais rápido o término do processo de compostagem.

Modo de preparo das pilhas de composto

Escolha do local: deve-se considerar a facilidade de acesso, a disponibilidade de água para molhar as pilhas, o solo deve possuir boa drenagem. Também é desejável montar as pilhas em locais sombreados e protegidos de ventos intensos, para evitar ressecamento. Iniciar a construção da pilha colocando uma camada de material vegetal seco de aproximadamente 15 a 20 centímetros, com folhas, palhadas, troncos ou galhos picados, para que absorva o excesso de água e permita a circulação de ar. Terminada a primeira camada, deve-se regá-la com água, evitando encharcamento e, a cada camada montada, deve-se umedecê-la para uma distribuição mais uniforme da água por toda a pilha. Na segunda camada, devem-se colocar restos de verduras, grama e esterco. Se o esterco for de boi, podem-se colocar cinco centímetros e, se for de galinha, mais concentrado em nitrogênio, um pouco menos. Novamente, deposita-se uma camada de 15 a 20 cm com material vegetal seco, seguida por outra camada de esterco e assim sucessivamente até que a pilha atinja a altura aproximada de 1,5 metros.

A pilha deve Ter a parte superior quase plana para evitar a perda de calor e umidade, tomando-se o cuidado para evitar a formação de "poços de acumulação" das águas das chuvas. Vale lembrar que durante a compostagem existe toda uma sequência de micro-organismos que decompõem a matéria orgânica, até surgir o produto final, o húmus maduro. Todo este processo acontece em etapas, nas quais fungos, bactérias, protozoários, minhocas, besouros, lacraias, formigas e aranhas decompõem as fibras vegetais e tornam os nutrientes presentes na matéria orgânica disponíveis para as plantas.

Descrição das transformações

Logo após a formação da pilha inicial, começa a proliferação dos microrganismos. Inicialmente, na fase mesófila, predominam bactérias e fungos mesófilos produtores de ácidos; com a elevação da temperatura, aproximando-se da fase termófila, a população predominante será de actinomicetes, bactérias e fungos termófilos. O aumento da temperatura nesta fase (podendo superar 70°C) é influenciado pela maior disponibilidade de oxigênio, promovida pelo revolvimento da pilha inicial. Passada a fase termófila, o composto vai perdendo calor e retomando a fase mesófila, porém, com outra composição química e aspecto mais escurecido. Esta tomando a segunda fase mesófila, mais longa, é acompanhada pela diminuição da relação C/N abaixo de 20. Finalmente, com a fase criófila, em que a temperatura diminui, podem ser encontrados protozoários, nematóides, formigas, miápodes, vermes e insetos.

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Substâncias geradas durante a compostagem

No processo de compostagem, que se completa após a formação do húmus, três fases distintas podem ser reconhecidas:

a) rápida decomposição de certos constituintes pelos microrganismos.b) síntese de novas substâncias criadas pelos microrganismos.c) formação de complexos resistentes em razão dos processos de condensação e

polimerização. Resíduos vegetais e animais não são igualmente atacados, nem se decompõem inteiramente de uma só vez; seus diversos constituintes são decompostos em diferentes estágios, com diferentes intensidades e por diferentes populações de microrganismos. Os açúcares, os amidos e as proteínas solúveis são decompostos em primeiro lugar, seguindo-se de algumas hemiceluloses e demais proteínas. Celulose, certas hemiceluloses, óleos, gorduras, resinas e outros constituintes das plantas são decompostos mais demoradamente. As ligninas, certas graxas e taninos são os materiais considerados mais resistentes à decomposição. Enquanto houver decomposição aeróbia, o carbono será liberado como gás carbônico, entretanto, se o processo tornar-se anaeróbio, eliminar-se-ão, além do CO2, metano, álcool e ácidos orgânicos. As proteínas, por decomposição, são primeiramente hidrolisadas por enzimas proteolíticas produzidas pelos microrganismos, gerando polipeptídios, aminoácidos e outros derivados nitrogenados; o nitrogênio orgânico é convertido à forma amoniacal. Ao final do processo obtém-se o húmus, ou seja, uma substância escura, uniforme, amorfa, rica em partículas coloidais, proporcionando a este material, propriedades físicas, químicas e físico-químicas diferentes da matéria-prima original. O tempo médio para que a pilha original se decomponha até a bioestabilização é de 30 a 60 dias. Para a completa humificação, serão necessários mais 30 a 60 dias.

Desta forma, para completar-se o processo na pilha, serão necessários aproximadamente 90 dias. Para aplicação no solo, a utilização do material bioestabilizado é justificada por três motivos:a) Ao passar pela fase termófila haverá a destruição de ovos, larvas e microrganismos patogênicos que, porventura puderem existir na massa inicial.

b) Ao apresentar relação C / N abaixo de 20 ainda haverá atividade biológica, mas não haverá o “sequestro” do nitrogênio do solo para completar o processo.

c) A temperatura não é alta o suficiente para causar danos às raízes ou às sementes. A velocidade e o grau de decomposição dos resíduos orgânicos pode ser medido de várias maneiras:a) Quantidade de CO2 desprendidob) Diminuição da relação C/Nc) Ciclo da temperaturad) Elevação e estabilização do pH

Além disso, o processo da compostagem traz em si, outros resultados que favorecerão o posterior desenvolvimento das culturas agrícolas no campo, tais como: • Diminuição do teor de fibras do material, o que no caso do composto que será incorporado

ao solo evitará o fenômeno da "fixação do nitrogênio", que provoca a falta deste nutriente para a planta.

• Destruição do poder de germinação de sementes de plantas invasoras (daninhas) e de organismos causadores de doenças (patógenos).

• Degradação de substâncias inibidoras do crescimento vegetal existente na palha in natura

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(não compostada).

Sistemas de compostagem

Sendo um processo biológico, as transformações ocorrem de acordo com os princípios já mencionados. No entanto, os métodos variam de sistemas particularmente artesanais, até sistemas complexos, onde os fatores interferentes são monitorados e controlados com relativa precisão. Os sistemas de compostagem, segundo Fernandes (2000), agrupam-se em três categorias:

a) Sistemas de leiras revolvidas (Windrow) A mistura de resíduos é disposta em leiras, sendo a aeração fornecida pelo revolvimento

dos materiais e pela convecção do ar na massa do composto.

Na agricultura, compostagem em leiras (também conhecido como Sistema Windrow) é a produção de composto ao empilhar matéria orgânica ou restos biodegradáveis, como esterco e restos culturais, em pilhas alongadas conhecidas como (leiras). Na produção de composto em grande escala, este método é considerado uma das opções mais eficientes. Geralmente, as leiras são revolvidas/reviradas para manter as características físicas e químicas ótimas, como porosidade, teor de oxigênio, teor de umidade, distribuição de calor, etc. O processo de compostagem pode ser controlado através do monitoramento e ajuste dos seguintes parâmetros: razão/proporção inicial de carbono e nitrogênio, proporção de material volumoso adicionado para garantir porosidade, tamanho e umidade da leira e frequência de revolvimento. A temperatura da leira precisa ser monitorada e registrada constantemente, pois assim pode-se determinar a frequência ideal de revolvimento, produzindo composto em menos tempo possível. A coleta manual de temperatura pode não ser feita eficientemente e pode expor o funcionário a patógenos. Ao coletar as informações automaticamente, através de um sensor wireless, serão transmitidas para um computador onde todas a temperatura esta sendo constantemente armazenada, melhorando a eficiência e reduzindo o tempo necessário para completar a compostagem.

Equipamentos

As revolvedoras de leira são máquinas (implementos ou autopropelida) que atravessam as leiras de compostagem com um rotor. A largura pode variar, assim como a altura. Existem máquinas de todo tamanho. As revolvedoras passam por cima da leira a uma velocidade baixa, com direção e sentido constante. À medida que a revolvedora atravessa a leira, o rotor passa por dentro da leira, revolvendo-a. Desta forma, ar fresco (oxigênio) é adicionado ao sistema, enquanto o ar que estava contido entre as partículas sólidas do sistema (rico em dióxido de carbono) é liberado na atmosfera. Sendo assim, os microrganismos aeróbios poderão fazer a troca gasosa, e, portanto, promovendo a decomposição em sua forma mais eficiente. Amostras de emissão de gases em composto feitos pela Environmental Management Consulting levantaram questões sobre a emissão de gás metano (conhecido popularmente como “gás do pântano” ou “biogás”) no processo de compostagem. Uma mostra mostrou que até 26% do carbono residual, pode ser emitido na forma de metano. Contudo, sabe-se que o metano se forma em condições anaeróbias. Portanto o metano só, e somente só, se formará durante o processo de compostagem, se a leira não sofrer revolvimento eficaz, mantendo os organismos em sistema anaeróbio.

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Utilização

Recomenda-se utilizar as revolvedoras em superfícies planas e rígidas. Atualmente existem diversos tipos de tração para as revolvedoras. As revolvedoras modernas podem vir de fábrica com dois tipos de tração: rodados ou por esteira (conhecida também por “lagarta mecânica”). Ao optar pela tração por esteira, a revolvedora poderá trabalhar com mais facilidade em terrenos desagregados e/ou encharcados, situações que rodados geralmente tem menos tração.

Aplicações específicas

Ao redor do mundo, destilarias cujos produtos são derivados do melaço da cana geram grande quantidade de efluentes e resíduos sólidos. Para cada litro de álcool produz-se por volta de 8 litros de efluentes. Os efluentes tem DBO (Demanda Bioquímica por Oxigênio) de 60.000 PPM e 1,50,000 de DCO (Demanda Química por Oxigênio), ou até mais. Sendo assim, este efluente precisa ser tratado, e a compostagem é conhecida por ser o método mais vantajoso economicamente. Usinas de açúcar geram um resíduo chamado de “torta de filtro” durante o processo feito nas destilarias anexas às usinas. Se forem apenas destilarias autônomas, não há produção de torta. Tal torta é constituída por 30% de fibras (carbono) e grande quantidade de água. Frequentemente o destino da torna, no Brasil, é diretamente a lavoura. Contudo, a compostagem enriquece as propriedades nutricionais da torta (ou de qualquer outro material), transformando-a em um rico fertilizante e condicionador de solo. Os equipamentos utilizados para revolver leiras, vão desde máquinas extremamente automatizadas e especializadas, até simplesmente retroescavadeiras.

As máquinas especializadas são muito mais eficientes (tempo, hora/máquina, combustível, peças, durabilidade, etc.), naturalmente. Contudo, existem muitas pessoas e pátios de compostagem que utilizam retroescavadeiras para revolver as pilhas e leiras de compostagem.

b) Sistema de leiras estáticas aeradas (Static pile) A mistura é colocada sobre tubulação perfurada que injeta ou aspira o ar na massa do

composto. Neste caso não há revolvimento mecânico das leiras.c) Sistemas fechados ou reatores biológicos (In-vessel) Os materiais são colocados dentro de sistemas fechados, que permitem o controle de

todos os parâmetros do processo de compostagem.

Os sistemas de compostagem também são classificados quanto ao tempo. Neste caso os processos são lentos ou acelerados. Consideram-se lentos, aqueles os quais a matéria prima é disposta em montes nos pátios de compostagem após sofrer separação de materiais não decomponíveis, como é o caso dos resíduos domiciliares, recebendo revolvimentos periódicos para arejar e ativar a fermentação. Os processos acelerados são os que proporcionam tratamento especial à matéria-prima, melhorando as condições para fermentação, principalmente o arejamento e o aquecimento. A compostagem em pátio, com injeção de ar nas pilhas de composto ou exaustão de seus gases, é um exemplo de processo acelerado.

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Compostor artesanal Revolvedora de leira em um pátio de compostagem profissional

ADUBAÇÃO VERDE

Adubação verde ou plantio verde é o nome dado à prática de adicionar leguminosas na superfície do solo com intenção de enriquecê-lo nutricionalmente. A decomposição destes restos orgânicos favorece o aumento da produção de biomassa vegetal.

Para a prática da adubação verde, as leguminosas têm ganhado preferência entre os agricultores e uma das principais razões é a fixação de N2 atmosférico pela ação nitrificante das bactérias, especialmente do gênero Rhizobium, que se associam com as raízes destas plantas, fornecendo-lhe o nitrogênio e recebendo o carboidrato em troca.

As leguminosas também produzem grande quantidade de biomassa e suas raízes são pivotantes (sistema de raízes formado por uma raiz central que penetra verticalmente no solo, onde da raiz central partem raízes laterais que também são ramificadas), favorecendo a captura de nutrientes presentes em camadas profundas do solo. Após o processo de decomposição da biomassa destas leguminosas, os nutrientes serão disponibilizados para o desenvolvimento das plantas de agricultura.

Cultura de leguminosas - a base da adubação verde

Para o plantio de leguminosas é importante que as plantas sejam mais resistentes às pragas e que produzam grande quantidade de massa seca, com sementes que tenham uma boa germinação e que tenham um crescimento rápido. Para o sucesso do plantio, o solo deve ser bem arado e adubado antes das sementes serem introduzidas para germinação.

O corte das plantas semeadas pode ser de caráter tardio ou precoce mas, se a planta for cortada muito jovem, o processo de decomposição será mais rápido, uma vez que ela contém mais elementos minerais, diminuindo assim a sua massa vegetal, de grande importância para as plantas que serão diretamente beneficiadas com este acúmulo de partes orgânicas. Contudo, quando o corte da planta é feito tardiamente, a decomposição ocorre de forma mais lenta devido ela possuir mais lignina e celulose em sua composição, levando ao aumento da produção de massa vegetal, bem como ao aumento da quantidade de húmus.

Na adubação verde aplicamos várias leguminosas como: crotalárias (Crotalária juncea, Crotalária paulina, Crotalária espectabilis, Crotalária gratiana), mucuna preta (Mucuna aterrima), mucuna anã (Mucuna deeringiana), feijão-guandu (Cajanus cajan), feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), feijão-de-corda (Vigna unguiculata), caupi (Vigna unguiculata), ervilhaca (Vicia sativa), soja titan (Glycine max), tremoço (Lupinus albus, Lupinus luteus, Lupinus angustifolius), labe-labe (Dolichos lablab), sesbânia (Sesbania aegyptiaca e Sesbânea aculeara), calôpogonio (Calopogonio muconoides), leucena (Leucaena spp) e centrosema

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(Centrosema pubescens). Contudo faz-se necessário que estudos tentem incorporar plantas de cultivo nativo, na tentativa de amenizar os impactos causados pelas leguminosas exóticas, para determinado tipo de solo.

Adubação verde e a decomposição do húmus

A utilização da adubação verde otimiza o processo de formação do húmus. A formação do húmus ocorre conforme o material orgânico, animal e vegetal, no solo são decompostos por bactérias e fungos. Esses microorganismos utilizam-se de componentes desse material para formação de seus tecidos, outros são sublimados e outros são transformados em material biológico escuro, chamado de húmus, que se que se diferencia do material original por suas propriedades físico-químicas. Para aumentar a retenção de água, bem como a umidade do solo pode-se aplicar a matéria orgânica (restos de vegetais) no solo como forma de cobertura.

Adubação verde, retenção de água e fertilidade do solo

O uso da água pelos vegetais é muito elevado. A água é disponibilizada através de um ramificado sistema de raízes. Em seguida, ela transporta e dissolve os nutrientes no interior das plantas. A matéria orgânica direta ou indiretamente pode aumentar a capacidade de armazenamento de água no solo. O húmus, por sua quantidade de matéria orgânica, ajuda o solo na retenção de água, bem como aumenta a capacidade de infiltração, melhorando as condições físicas como a granulometria, evitando que apareçam crostas impermeáveis no solo. Com o aumento da capacidade de infiltração de água no solo, pode-se evitar perdas por erosão e por evaporação. Solos argilosos, por exemplo, retêm mais água em sua composição e as raízes das plantas vão mais profundamente a essas camadas mais úmidas do solo formando um vegetal mais vigoroso e melhorando as colheitas

Plantas de Cobertura mais utilizadas

Plantas de cobertura é o nome dado para plantas usadas no plantio verde, isto é, que permaneceram no solo cooperando para fertilização. Testes científicos comprovaram a eficácia do sorgo, braquiária, milheto e crotalária no acúmulo de nitrogênio, os mesmos autores indicam que a maior taxa de liberação de nitrogênio ocorre 42 dias após a dessecação da cobertura.

Contudo, é importante ressaltar que estas espécies citadas acima são exóticas, isto significa que elas foram introduzidas no Brasil, e não fazem parte do grupo de espécies nativas. Espécies exóticas podem competir com as plantas nativas por espaço, polinizadores, nutrientes e outros, podendo, dessa forma, causar certo desequilíbrio nos ambientes em que são inseridas fugindo do controle e invadindo ecossistemas naturais.

Vantagens gerais da adubação verde

A utilização da adubação verde é um manejo sustentavelmente viável para os agrossistemas, pois gera vantagens para os produtores, consumidores e, principalmente, para os ecossistemas que mantêm os ciclos dos nutrientes.

Podem ser apontadas como vantagens do plantio verde o aumento da camada vegetal que otimiza a infiltração de água no solo, diminuindo a ocorrência de erosões, e evaporação edáfica, isto é, a evaporação de água que está nos poros das camadas superficiais do solo e que, normalmente, é aproveitada pelos vegetais de raízes curtas, retornando rapidamente para

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o ciclo hidrológico devido à evaporação;

Um dos elementos aprisionados na camada do solo é a água, que o mantêm úmido por mais muito mais tempo, ocasionando em uma economia de gastos; A utilização de plantio verde, ao favorecer a umidade do solo, aumenta as trocas *catiônicas do mesmo, tornando certos íons (antes indisponíveis) acessíveis às bactérias, fungos e raízes de plantas;

Outra vantagem é o aumento do teor de matéria orgânica que favorece o desenvolvimento de bactérias fixadoras de nitrogênio, importantes para as plantas que, sozinhas não conseguem fazê-lo; A fixação do nitrogênio somado ao acúmulo do fósforo são fatores extremamente importantes para as plantas sintetizarem seus polímeros de aminoácidos, fundamentais na produção dos fotossintatos, crescimento e manutenção;

A fixação do N também contribui para a diminuição da contaminação dos solos e das águas dos lençóis freáticos reduzindo ou evitando uso de fertilizantes;

A utilização da adubação verde aumenta as defesas do solo, diminuindo os gastos com fertilizantes;

Uma outra vantagem é que os raios ultravioleta não incidem diretamente sobre o solo, diminuindo a evaporação da água e erosão solar;

O aumento da massa vegetal, bem como dos organismos decompositores gera uma maior utilização dos gases presentes na atmosfera, promovendo a diminuição dos gases de efeito estufa;

Aumento da disponibilidade de íons como o Na+ (sódio), Ca2++ (cálcio) e o Mg (magnésio) no solo.

DEFENSIVOS ALTERNATIVOS

O que são Defensivos Alternativos?

São produtos preparados a partir de substâncias não prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, destinados a auxiliar no controle de pragas e doenças da agricultura. A vantagem do uso destes produtos é tanto propiciar a redução do uso de agrotóxicos nos cultivos convencionais, quanto a possibilidade de utilização em sistemas orgânicos de produção, favorecendo a obtenção de produtos com menos ou nenhum resíduo químico, portanto, mais saudáveis para o consumidor final.

Pertencem a esse grupo as formulações que têm como características principais a baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e à natureza, a eficiência no combate aos artrópodos e microrganismos nocivos, o não favorecimento à ocorrência de formas de resistência desses fitoparasitas, boa disponibilidade e custo reduzido. Estão incluídos na categoria os agentes de biocontrole, os diversos biofertilizantes líquidos, as caldas Sulfocálcica, Viçosa e Bordalesa, os feromônios, os extratos de plantas, entre outros.

Com relação ao registro destes produtos, o Ministério da Agricultura informou que estará publicando no próximo AGROFIT (cadastro dos produtos agrotóxicos e domissanitários permitidos para uso no Brasil) um capítulo referente aos defensivos alternativos.

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Agentes de Biocontrole

São produtos formulados a partir de parasitos de insetos ou de microrganismos (fungos, bactérias, vírus, protozoários e nematóides), que lhes causam doenças, ou de parasitóides, que em geral depositam ovos nos insetos-praga. No mundo, mais de 120 espécies de insetos e ácaros prejudiciais às plantas, já são controlados total ou parcialmente com a introdução de agentes de controle biológico.

Alguns exemplos no Brasil:Trichogramma spp. – controle da traça e brocas do tomateiro; das lagartas do cartucho e da espiga do milho; da lagarta da maçã; da broca da cana-de-açúcar, entre outras.Baculovirus anticarsia – controle da lagarta da soja;Bacillus thurigiensis – controle de lepidópteros e mosquitos;Metarhizium anisopliae – controle de cigarrinha das pastagens, formigas, alguns coleópteros, outros insetos e carrapatos;Acremonium sp. – agente biológico utilizado para o controle das lixas do coqueiro.Beauveria bassiana - controle do gorgulho da cana-de-açúcar e da broca da bananeira, Cosmopolites sordidus (Coleoptera: Curculionidae).

Biofertilizantes líquidos

Estes produtos, ao serem absorvidos pelas plantas, funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes inespecíficos. Acredita-se que possam influir positivamente na resistência das plantas ao ataque de pragas e de agentes de doenças, regulando e tonificando o metabolismo. Revelam potencial para controlar diretamente alguns fitoparasitas através de substâncias com ação fungicida, bactericida ou inseticida presentes em sua composição. A receita de alguns encontram-se abaixo:

• Calda biofertilizante ou biofertilizante liquido.

Desenvolvida e pesquisada pela EMATER Rio, a calda biofertilizante demostra excelente efeito no aumento da resistência das plantas ao ataque de pragas e doenças e como adubo foliar. O processo de fabricação e bastante simples, sendo viável sua produção, na propriedade, desde que tenha esterco de gado disponível.

Ingredientes e materiais necessários: 1 Tambor plástico de 200 litros; 1 garrafa; 75 Kg de esterco fresco de bovino; 75 Litros de água e Mangueira plástica.

Preparo e uso: Em um tambor de 200 litros, coloca todo esterco e água, deixando um espaço de 20 cm, entre tampa e o liquido formado. Fecha-se hermeticamente o tambor, adapta-se uma mangueira fina à tampa com saída para uma garrafa com água. Deixa-se curtir por 30 dias. Em seguida côa-se o preparo e pulveriza-se as plantas atacadas na proporção de 1 litro da calda para 1 a 3 litros de água a depender do tipo de praga e nível de danos.

• Urina de vaca

Muito rica em potássio, nitrogênio, cloro, enxofre, sódio, fenóis e acido indol acético, apresenta comprovada ação pragas e doenças, além de efeito fertilizante.

Ingredientes necessários: urina de vaca e água.

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Preparo e uso: A urina geralmente e recolhida de vacas leiteiras, na hora da primeira ordenha, sendo em seguida, armazenada num recipiente plástico com tampa, por três dias, para que haja a liberação de amônia. Em seguida pode ser aplicada, diluída em água, no solo, ou pulverizada sobre as plantas, ma proporção que varia de meio litro a 5 litros de urina para 100 litros de água de acordo com a cultura e idade da planta. Atenção: para evitar reações químicas indesejáveis, a urina não deve entrar em contatos com baldes metálicos.

• Neem Indiano

O Neem indiano, também conhecido como amargosa é uma arvore originaria da Índia, já em cultivo no Brasil, com reconhecidas propriedades medicinais, sendo, porém, na agricultura, utilizada para controle de pragas e doenças.

Ingredientes necessários: folhas, sementes e água.

Preparo e uso de folhas e sementes:

Uso de folhas: Recolhe-se as folhas nos pés, deixando-as secar por 5 dias na sombra. Para acelerar a extração das substancias utilizadas no combate de pragas e doenças, recomenda-se passar as folhas numa forrageira, liquidificador ou pilão. Em seguida mistura-se 1 Kg de folhas picada ou pó, em 2 litros de água, deixando essa solução em repouso de 6 a 8 horas. Essa solução, após cuada, deve ser completada com água, até um volume de 20 litros, para posterior pulverização no campo.

Uso de sementes: As sementes são prensadas para a retirada do óleo e posterior uso contra pragas dos grãos armazenados, moscas, ácaros, broca e ferrugem. Veja essas recomendações:

Controle de moscas e ácaros à base de óleo formulado em água: recomenda-se a dosagem de 4 cc de óleo por litro de água.Controle das pragas dos grãos armazenados: utiliza-se 500 cc de óleo por toneladas de grãos.

• CINZA DE MADEIRA

Apresenta eficiente no controle de pragas como lagarta, insetos sugadores e doenças fúngicas, além de efeito fertilizante.

Ingredientes necessários: 1 Kg de cinza de madeira; 1 Kg de cal e 100 litros de água.

Preparo e uso: Misturar todos os entredentes deixando em repouso por 24 horas. Em seguida filtrar e pulverizar preventivamente sobre as plantas atacadas.

� MACERADO DE SAMAMBAIA

Ação contra lagarta em geral.

Ingredientes necessários: 500 gramas de folhas secas de samambaia e 2 litros de água.

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Preparo e uso: Numa vasilha colocar todas as folhas em água, levando-as ao fogo e deixando ferver por 30 minutos. Em seguida, deixar a solução em repouso por 24 horas. Pulverize as plantas usando 1 litro do caldo do macerado para 10 litros de água. Observação: Volte a pulverizar após 10 dias.

• MACERADO DE ALHO

Ação repelente contra pulgão.

Ingredientes necessários: 4 dentes de alho e 1 litro de água

Preparo e uso:Amasse o alho em uma vasilha ou liquidificador com um pouco de água. Em seguida, acrescente o restante da água e deixe em repouso por 12 dias. Observação: Pulverize as plantas, utilizando 1 litro da mistura para 10 litros de água.

• PIMENTA VERMELHA + FUMO

Ação contra pulgões vaquinha e lagarta

Ingredientes necessários: 50 gramas de fumo em rolo picado, um punhado de pimenta, um litro de álcool e 250 gramas de sabão em pó.

Preparo e uso: Colocar toda pimenta e o fumo num litro de álcool deixando curtir por 7 dias. Em seguida, diluir o preparo em 10 litros de água, acrescente nesse momento o sabão em pó. Coar essa mistura antes de pulverizar as plantas atacadas. Antes de consumir o produto pulverizado, obedeça a carência de 12 dias para eliminar o cheiro forte.

• MACERADO DE URTIGA

Ação contra pulgões

Ingredientes necessários: 500 gramas de urtiga fresca e 10 litros de água.

Preparo e uso: Colocar toda a urtiga juntamente com a água, num balde plástico, deixando curtir por 2 dias. Em seguida coar e pulverizar sobre as plantas atacadas.

• SABÃO + QUEROSENE

Ação contra pulgões ácaros e mosca dos frutos.

Ingredientes necessários: 1 kg de sabão picado, 3 litros de querosene e 3 litros de água.

Preparo e uso: Derreter todo o sabão picado numa panela com água quente. Em seguida desligue o fogo e acrescente o querosene, mexendo bem a mistura. Para pulverizações aconselha-se diluir 1 litro dessa mistura com 15 litros de água. Obs. Guardar um intervalo de 15 dias antes de realizar a colheita.

• MANIPUEIRA

Ação contra nematódeos, ácaros, insetos sensíveis, fungicida e efeito herbicida. Segundo

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estudo do professor José Júlio da Ponte, a manipueira com fins inseticida ou acaricida deve ser aplicada pelo menos três vezes na cultura com intervalos semanais.

Controle de ácaros e insetos sensíveis: A diluição vai depender do porte da planta e sensibilidade do inseto, podendo variar desde a mistura de 1 parte de manipueira para 1 a 3 partes de água.

Controle de fungos: Empregada basicamente no controle de OÍDIOS, em formulações que variam, da manipueira pura, até a diluição de 1 parte de manipueira para 1 a 4 partes de água. No controle de fungos, o tratamento deve se estender no mínimo a 3 semanas, com 1 pulverização a cada 7 dias. Para maior aderência do produto recomenda-se acrescentar na mistura 1% de farinha de trigo.

Controle de nematódeos: Usar a manipueira diluída em água, na proporção, de 1 litro de manipueira para 1 litro de água, tendo-se o cuidado de usar de 4 a 6 litros por metro quadrado deixando o solo em repulso por 8 dias, tendo-se o cuidado de revolver quando do cultivo.

• CALDA SULFOCÁLCICA

É um tradicional defensivo agrícola formado do preparo a quente, da mistura de enxofre, cal virgem e água. Apresenta conhecida ação inseticida, acaricida e fungicida.

Ingredientes necessários: 10 kg de enxofre, 5 Kg de cal virgem e 50 litros de água.

Preparo e uso: Num tambor de ferro ou inox, dissolver o enxofre em um pouco de água quente, até formar uma pasta mole no fundo do recipiente. Em seguida, levar o tambor ao fogo adicionando o resto da água. Quando iniciar a fervura, derramar lentamente o cal virgem na solução, mexendo com uma pá de madeira bem comprida. Deixar ferver por 50 minutos, mexendo sempre. É bom pomar cuidado com os vapores liberados durante a reação e queima dos produtos. A medida que a mistura subir durante a fervura, vá adicionando um pouco de água. Quando a mistura atingir a coloração pardo-avermelhado é sinal de que a calda estará pronta para o uso. Basta coar em um pano fino e realizar a diluição em água nas proporções que podem variar de: 1 litro de preparo para 8, 25, 30, 40 ou 75 litros de água dependendo da forma de tratamento requerida e do tipo de praga ou doença a controlar.

• ÓLEO

O óleo tem ação principalmente contra cochonilhas, podendo ser de origem vegetal o, mineral ou de peixe. As diluições mais empregadas na agricultura são aquelas que utilizam 1 litro de óleo para cada 50 ou 100 litros de água.

Os óleos devem ser empregados com cuidado para não afetar os inimigos naturais das pragas, devendo-se evitar aplicações em dias quentes ou a intervalos menores de 20 dias da aplicação de enxofre para evitar uma possível reação toxica nas plantas.

• ANGICO

Apresenta ação contra formigas cortadeiras.

Ingredientes necessários: folhas de angico e água

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Preparo e uso: Deixar 1 kg de folhas de angico de molho em 10 litros de água por 8 dias. Em seguida usar 1 litro do preparo para cada metro quadrado de formigueiro.

• VIUVA ALEGRE

Ação contra mosca branca, trips e pulgões.

Preparo e uso: Triturar bem as ramas em uma vasilha ou balde, acrescentar em seguida a água. Deixar em repouso por 12 dias. Em seguida, coar e aplicar sobre as plantas.

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Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

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Hino do Estado do Ceará

Poesia de Thomaz LopesMúsica de Alberto NepomucenoTerra do sol, do amor, terra da luz!Soa o clarim que tua glória conta!Terra, o teu nome a fama aos céus remontaEm clarão que seduz!Nome que brilha esplêndido luzeiroNos fulvos braços de ouro do cruzeiro!

Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!Chuvas de prata rolem das estrelas...E despertando, deslumbrada, ao vê-lasRessoa a voz dos ninhos...Há de florar nas rosas e nos cravosRubros o sangue ardente dos escravos.Seja teu verbo a voz do coração,Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!Ruja teu peito em luta contra a morte,Acordando a amplidão.Peito que deu alívio a quem sofriaE foi o sol iluminando o dia!

Tua jangada afoita enfune o pano!Vento feliz conduza a vela ousada!Que importa que no seu barco seja um nadaNa vastidão do oceano,Se à proa vão heróis e marinheirosE vão no peito corações guerreiros?

Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!Porque esse chão que embebe a água dos riosHá de florar em meses, nos estiosE bosques, pelas águas!Selvas e rios, serras e florestasBrotem no solo em rumorosas festas!Abra-se ao vento o teu pendão natalSobre as revoltas águas dos teus mares!E desfraldado diga aos céus e aos maresA vitória imortal!Que foi de sangue, em guerras leais e francas,E foi na paz da cor das hóstias brancas!

Hino Nacional

Ouviram do Ipiranga as margens plácidasDe um povo heróico o brado retumbante,E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdadeConseguimos conquistar com braço forte,Em teu seio, ó liberdade,Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívidoDe amor e de esperança à terra desce,Se em teu formoso céu, risonho e límpido,A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,És belo, és forte, impávido colosso,E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido,Ao som do mar e à luz do céu profundo,Fulguras, ó Brasil, florão da América,Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra, mais garrida,Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;"Nossos bosques têm mais vida","Nossa vida" no teu seio "mais amores."

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símboloO lábaro que ostentas estrelado,E diga o verde-louro dessa flâmula- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,Verás que um filho teu não foge à luta,Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada, Brasil!

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