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Curso Técnico em Agropecuária

Manejo do Solo e da Água

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Governador

Vice Governador

Secretária da Educação

Secretário Adjunto

Secretário Executivo

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC

Cid Ferreira Gomes

Domingos Gomes de Aguiar Filho

Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Maurício Holanda Maia

Antônio Idilvan de Lima Alencar

Cristiane Carvalho Holanda

Andréa Araújo Rocha

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Sumário

1.Aspectos Gerais da Física, Química, Morfologia e Conservação do Solo 03

1.1.Física do solo 03

1.1.1.Textura do solo 03

1.2. Químico do solo 04

1.3. Morfologia do solo 05

1.3.1. Identificação dos Horizontes-perfil de solo 06

1.3.2. Nomenclatura dos Horizontes 08

1.3.3. Demarcação dos Horizontes 08

1.3.4. Limite entre Horizontais 09

1.3.5. Outros Horizontais do solo 10

1.4. Conservação do Solo e Água 11

1.4.1. Planejamento Conservacionista 12

1.4.2. Princípios Básicos 12

2. Aptidão Agrícola das Terras 15

3. Erosão do Solo 17

3.1. Classificação das Erosões 18

3.1.1. Classificação das Erosões por Fatores Ativos 19

4. Sistemas de Cultivo Múltiplo 19

4.1. Conceito 19

4.2. Tipos de Cultivo Múltiplo 19

4.3. Sistemas Agroflorestais 21

5. Conceito de Fertilidade do Solo 24

6. Leis da Fertilidade do Solo 24

6.1. Lei do Mínimo 24

6.2. Lei dos Incrementos Decrescentes 24

6.3. Lei do Máxima (Bondoff) 25

7. Nutrientes Essenciais para as Plantas 26

7.1. Os Elementos Essenciais 26

8. Macro e Micronutrientes do Solo 27

9. Os Fertilizantes Químicos e Orgânicos e os Corretivos do Solo 29

9.1. Calagem 29

9.1.1. Efeitos da Calagem 29

9.1.2. Dose de Calcário 30

9.1.3. Dosagem de Calcário 30

9.1.3.1. Método S.M.P. 30

9.1.3.2. Método do Al, Ca e Mg 31

9.1.3.3. Método de Saturação de Bases 31

9.2. Adubação 32

9.3. Fontes de Fertilizantes 33

9.4. Perdas de Nutrientes 35

9.5. Eficiência Agronômica e Econômica 36

10. Solos Afetados por Sais 37

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10.1. Aspectos Gerais 37

10.2. Caráter Salino e Sálico 37

10.3. Caráter Sódico e Solodico 38

10.4. Recuperação de Solos Afetados por Sais 38

11. Interpretação de Boletins de Análise de Água 39

12. Adubação Orgânica 43

12.1. Aspectos Básicos 43

12.2. Aspectos Práticos 44

12.3. Adubação Orgânica na Produção Rural 45

12.4. Produção com Utilização de Resíduos Orgânicos e Compostagem 46

13. Compostagem, Adubação Química 48

13.1. Compostagem 48

13.1.1. Fundamentos Básicos dos Processos de Compostagem 48

13.1.2. Etapas da Compostagem 49

13.1.3. Composição Química da Matéria Prima e do Composto 50

13.2. Adubação Química 54

13.2.1. Definição do Nutriente a Aplicar 54

13.2.2. Classificação dos Fertilizantes 55

14. Vantagens e Desvantagens da Adubação Química 64

15. Uso de Defensivos Agrícolas 64

16. Referência Bibliográfica 71

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MANEJO DO SOLO E ÁGUA

01. A SPECTOS GERAIS DA FÍSICA, QUÍMICA, MORFOLOGIA E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS.

1.1. Física do solo

A Física do Solo constitui-se no ramo da Ciência do Solo que trata das propriedades físicas do

solo, bem como da medida, predição e controle dos processos físicos que ocorrem no solo.

Assim, como a Física Clássica lida com as formas e interrelações de matéria e energia, a Física

do Solo lida com o estado e movimento da matéria e ainda com os fluxos e transformações de

energia no solo.

De um lado o estudo fundamental da Física do Solo procura atingir um entendimento básico

dos mecanismos que governam o comportamento do solo e seu papel na biosfera, incluindo

processos interrelacionados como a troca de energia terrestre e os cicios da água e materiais

transportáveis no campo. De outro lado, a Física do Solo prática procura o manejo adequado

do solo através da irrigação, drenagem, conservação do solo e água, preparo, aeração e

controle da temperatura do solo, bem como o uso do material do solo para propósitos da

engenharia. A Física do Solo é então considerada tanto uma ciência pura como aplicada, com

uma ampla faixa de interesses, muitos dos quais participam de outros ramos da ciência do solo

e de outras ciências interrelacionadas tais como ecologia, hidrologia, climatologia. geologia,

sedimentologia, botânica e agronomia. A Física do Solo está intimamente relacionada à

mecânica do solo que trata o solo principalmente como material e suporte para construções.

Pode-se ainda definir Física do Solo como sendo o estudo das características e propriedades

físicas do solo. As expressões “características” e “propriedades” são empregadas no sentido de

se distinguir atributos do solo que podem ou não ser alterados com o uso e manejo do solo.

Nesse sentido, entende-se por características os atributos intrínsecos ao objeto, que servem

para defini-lo, independente do meio ambiente. Como exemplo podemos citar a distribuição

de partículas por tamanho (textura do solo). Já propriedades são atributos relativos ao

comportamento do objeto, são resultantes da interação entre características e o meio

ambiente. Um bom exemplo de propriedade física é a retenção de água pelos solos, que

depende do tamanho, composição e arranjo das partículas do solo. A maior parte dos atributos

do solo referem-se a propriedades.

1.1.1. Textura do Solo

Uma vez introduzido o conceito de que o solo é um sistema trifásico, o enfoque agora será

dado à fase sólida, que realmente caracteriza o solo, quando comparada com as demais.

A fase sólida é constituída de parte mineral e parte orgânica. A parte orgânica é formada pela

acumulação de resíduos animais e vegetais com variados graus de decomposição. Submetido a

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constantes ataques dos microrganismos, o material orgânico acaba por constituir-se em

componente transitório do solo, em constante renovação. A matéria orgânica exerce

importante papel no comportamento físico e químico do solo, atuando em muitas

propriedades deste. Contudo, ao estudo particular deste constituinte são reservados espaços

em outros ramos da Ciência do Solo, tais como na Química do Solo, na Fertilidade do Solo e

notadamente na Biologia do Solo. A parte mineral do solo é constituída de partículas unitárias

originadas do intemperismo das rochas, apresentando diversos tamanhos, formas e

composições.

A Textura do Solo constitui-se numa das características físicas mais estáveis e representa a

distribuição quantitativa das partículas do solo quanto ao tamanho. A grande estabilidade faz

com que a textura seja considerada elemento de grande importância na descrição,

identificação e classificação do solo. A textura confere alguma qualidade ao solo, no entanto,

sua avaliação apresenta conotação prioritariamente quantitativa.

Areia, Silte e Argila são as três frações texturais do solo que apresentam amplitudes de

tamanho variáveis em função do sistema de classificação, todos baseados em critérios

arbitrários na separação dos tamanhos das diversas frações. Contudo, dois sistemas são

considerados mais importantes no campo da pedologia, são eles: Sistema Norte Americano,

desenvolvido pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e Sistema

Internacional ou Atterberg desenvolvido pela Sociedade Internacional de Ciência do Solo (ISSS).

1.2. Química do solo

Somente a análise química da planta não é suficiente para o estabelecimento da essencialidade

de um elemento. As plantas absorvem do solo, sem muita discriminação, os elementos

essenciais, os benéficos e os tóxicos, podendo estes últimos, inclusive levá-las à morte. "Todos

os elementos essenciais devem estar presentes nos tecidos das plantas, mas nem todos os

elementos presentes são essenciais". Segundo MALAVOLTA, 1980 (citando Arnon e Stout, 1939

e lngen-Housz, século XlX), um elemento é considerado essencial quando satisfaz dois critérios

de essencialidade:

a) Direto - o elemento participa de algum composto ou de alguma reação, sem o qual ou sem a

qual a planta não vive;

b) Indireto - trata-se basicamente de um guia metodológico:

- na ausência do elemento a planta não completa seu ciclo de vida;

- o elemento não pode ser substituído por nenhum outro;

- o elemento deve ter um efeito direto na vida da planta e não exercer apenas o papel de, com

sua presença no meio, neutralizar efeitos físicos, químicos ou biológicos desfavoráveis para a

planta.

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• Macronutrientes: N, P, K, Ca, Mg e S

• Micronutrientes: B, Cl, Cu, Fe, Mn,Ni Mo e Zn

Alguns elementos podem afetar o crescimento e desenvolvimento das plantas, embora não se

tenha determinado condições para caracterizá-los como essenciais. MARSCHNER (1986) inclui

nesta categoria o sódio, silício, cobalto, níquel, selênio e alumínio. O Co é essencial para a

fixação biológica do N2 em sistemas livres e simbióticos (MARSCHNER, 1986) e a essencialidade

do Si (TAKAHASHI & MIYAKE, 1977) e do Ni (BROWN et al., 1987) tem sido propostas.

Os macronutrientes têm, em geral, seus teores expressos em percentagem (%) e os

micronutrientes em partes por milhão (ppm), todos na forma elementar. A única distinção na

classificação entre macro e micronutrientes é a concentração exigida pelas plantas. Os

macronutrientes ocorrem em concentrações de 10 a 5.000 vezes superior à dos

micronutrientes. EPSTEIN (1975) apresentou as concentrações médias dos nutrientes minerais

na matéria seca, suficientes para um adequado desenvolvimento das plantas; embora, deve-se

ter presente, porém, que muita variação existe dependendo da planta e do órgão analisado.

Segundo MALAVOLTA (1980), às vezes os micronutrientes são referidos como “oligoelementos”,

“elementos traços”, “elementos menores”, ou “microelementos”, tais expressões não devem

ser utilizadas pelos seguintes motivos: oligo que dizer “raro“ e os micronutrientes são comuns

a todas as plantas superiores; embora ocorram em pequena proporção, o resultado pode ser

quantificado – os teores estão acima do que se considere como traços; não são “menores” nas

suas funções, pois o crescimento e a produtividade poderão ser limitadas (diminuídos ou

impedidos) tanto pela falta de Mo como pela de N; “microelemento” é qualquer elemento,

nutriente ou não, que apareça em proporção considerada como muito pequena, Do mesmo

modo “macroelemento” não é sinônimo de macronutriente: o arroz e a cana-de-açúcar

contêm proporções de Si que não é essencial.

1.3. Morfologia do Solo

As informações morfológicas são importantes e indispensáveis para a identificação,

classificação e interpretações dos resultados analíticos dos solos. Nestas condições, podemos

imaginar quão distante da realidade edafológica se encontra quem procura interpretar

resultados analíticos obtidos para fins de fertilidade, de amostras superficiais de terras

morfologicamente desconhecidas.

Para a execução das descrições morfológicas procede-se à abertura de trincheiras onde não

existam barrancos de estrada ou outras exposições perfis de solos. Os cortes e barrancos de

estradas quando suficientemente profundos, se prestam para as observações morfológicas,

desde que livres da camada exterior de terra alterada pelo tempo.

Uma vez escolhido o local para descrição morfológica, procede-se à exposição de toda uma

camada edafizada até a rocha subjacente ou até uma porção do regolito não atingida pela ação

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dos fatores de gênese do solo. É indispensável que a escavação apresente pelo menos uma

parede vertical igualmente iluminada.

1.3.1. Identificação dos horizontes - perfil do solo

Os horizontes são camadas diferenciadas que se sucedem em profundidade, definindo o perfil

de um solo. Nem todos os solos os possuem. Quando presentes representam resultantes ou

consequências da ação dos fatores de gênese sobre o material de origem do solo.

Cada horizonte se distingue dos vizinhos por características normalmente acessíveis à

observação. Dentre estas, são particularmente úteis a cor, textura, estrutura, consistência e a

presença de formações especiais como carbonatos, concreções, adensamento, etc.

A identificação de um horizonte é feita pela caracterização morfológica de campo. Esta, não

raro, necessita de uma complementação com análises de amostras em laboratório. Assim, na

descrição de perfis de solos, coletam-se amostras representativas de cada horizonte

diferenciável, para a confirmação e caracterização analítica de laboratório.

Os horizontes de um perfil do solo são formados por fenômenos de adições perdas,

transformações e translocações, devido ao fato desses fenômenos ocorrerem com intensidades

diferentes através do regolito. O conjunto de horizontes em uma seção vertical que vai da

superfície até o material de origem é o perfil de solo.

Assim, o perfil do solo exprime a ação conjunta dos diversos fatores responsáveis pelo seu

aparecimento. Suas várias propriedades, tais como textura, cor, estrutura, consistência e

sequência de horizontes, caracterizam o solo e determinam o seu valor agrícola. Solos

diferentes possuem também perfis diferentes, por conseguinte o perfil do solo é unidade

fundamental para seu estudo. (Figura)

Perfis de solos vizinhos mostrando como as características de cada unidade variam em

profundidade.

Os perfis mostram as características do solo numa direção, ou seja, em profundidade.

Se a tais características forem acrescentadas as que ocorrem nas duas dimensões laterais da

área, teremos o corpo do solo, e o menor volume que pode ser chamado de "um solo" é

denominado pedon.

Cada horizonte é identificado por um símbolo. Os símbolos, são meras estimativas de

transformações que se supõem, atingiram o material de origem do solo, na posição do

horizonte.

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Quando se examina uma descrição morfológica é necessário conduzir a interpretação dos

símbolos para as peculiaridades exibidas pelo material original do solo, no ambiente e posição

do horizonte, porquanto essa foi a preocupação de quem procedeu ao exame morfológico e

assinalou tais símbolos aos horizontes.

Um símbolo identificando um horizonte, implica num conhecimento do processo que definiu

esse horizonte. Esse processo produziu transformações do material de origem do solo, na

posição do horizonte considerado.

Assim, a morfologia do solo não se restringe a uma identificação de horizontes pelos valores

absolutos de propriedades, mas também a uma interpretação do que atualmente aparece no

corpo do solo, relativamente ao material de origem.

1.3.2. Nomenclatura dos horizontes

Os horizontes recebem denominações com símbolos convencionais que leve significado

genético. Os principais símbolos usados pelo SNLCS (Serviço Nacional de Levantamento e

Conservação de Solos) são: O, A, B, C e R, que indicam feições dominantes, de acordo com o

grau de afastamento do material de origem. Os horizontes que recebem o símbolo O são os

que possuem feições mais afastadas do material original e o horizonte C é o que apresenta

aspectos mais próximos da rocha, que recebe a denominação R.

Representam a natureza do afastamento (grau de diferenciação) em relação ao material de

origem:

O - horizonte orgânicos

A,B - horizontes minerais

C - camada do regolito

R - Rocha

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Os horizontes principais O, A, B, C, podem ser ainda subdivididos de acordo com as

propriedades que apresentam. As subdivisões são representadas, colocando-se números

arábicos após as letras maiúsculas como exemplo: A1, A2, B1, B2 e C1. O número arábico que

acompanha as Maiúsculas A, B e C indicam apenas uma sequência em profundidade e não

requerem definições específicas.

Os algarismos arábicos também são empregados para designar descontinuidades litológicas,

tanto em horizontes como em camadas. Nesse caso, eles aparecem como prefixos. Exemplo:

2B2, 2C1, 2C2 ... Na Figura abaixo pode-se observar um exemplo de um perfil hipotético,

contendo a maior parte dos horizontes principais. Em nenhum caso os horizontes da Figura 2.

estão todos presentes num perfil, mas todo perfil contém alguns deles.

1.3.3. Demarcação dos horizontes

Com o auxílio da cor, estrutura e de outras características mais evidenciadas ao exame

morfológico do perfil de solo, demarcam-se os horizontes A, B e C, subdivididos ou não em

subhorizontes.

A profundidade de situação do horizonte tem por referência o topo do A1, ou do Ap.

Perfil de solo hipotético, contendo a maior parte dos horizontes principais.

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1.3.4. Limite entre horizontes

Uma vez tomadas as profundidades e espessuras no perfil em exame, pode-se

imediatamente estudar suas transições.

A transição de um horizonte para outro se refere à nitidez ou contraste de separação

entre eles. O grau de distinção é:

- Transição abrupta - quando a faixa de separação é mais estreita do que 2,5 cm;

- Transição clara - quando a faixa varia entre 2,5 e 7,5 cm;

- Transição gradual - quando a faixa varia entre 7,5 e 12,5 cm, e

- Transição difusa - quando a faixa é mais larga do que 12,5 cm.

Nas descrições, estas transições serão especificadas de acordo com a topografia da

linha ou faixa de separação como se apresenta entre os horizontes e podem ser:

Horizontal ou plana

Ondulada ou sinuosa

Irregulares, e

Descontínua ou quebrada.

1.3.5. Outros horizontes do solo

Outros símbolos usados para indicar características facilmente reconhecíveis e

associadas ao horizonte em questão estão indicados a seguir: (são usados em seguida à letra

maiúscula ou ao número arábico do horizonte respectivo. Ex.: B2g, Cg).

a - propriedades ândicas

b - horizonte enterrado

c - acumulação de concreções ou nódulos endurecidos

d - acentuada decomposição de material orgânico

e - escurecimento da parte externa dos agregados por matéria orgânica não associada a

sesquióxidos

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f - material laterítico e/ou bauxítico brando (plintita)

g - gleização forte

h - acumulação iluvial de matéria orgânica

i - incipiente desenvolvimento do horizonte B

j - tiomorfismo - material palustre rico em sulfetos

l - presença de carbonatos

k - acumulação de carbonato de cálcio secundário

m - forte cimentação

n - acumulação de sódio trocável

o - material orgânico mal ou não decomposto

p - distúrbio provocado por aração ou outras utilizações do solo

q - acumulação de sílica

r - rocha branda ou saprolito

s - acumulação iluvial de sesquióxidos com matéria orgânica

t - acumulação de argila (liuvial, formada no próprio horizonte, ou por concentração relativa)

u - modificações e acumulações antropogênicas

v - características vérticas

w - intensa alteração com inexpressiva acumulação de argila, com ou sem concentração de

sesquióxidos

x - cimentação aparente, reversível

y - acumulação de sulfato de cálcio

z - acumulação de sais mais solúveis em água fria que sulfato de cálcio

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1.4. Conservação do Solo e da Água

O solo é um recurso natural que deve ser utilizado como patrimônio da coletividade,

independente do seu uso ou posse. É um dos componentes vitais do meio ambiente e constitui

o substrato natural para o desenvolvimento das plantas.

A ciência da conservação do solo e da água preconiza um conjunto de medidas, objetivando a

manutenção ou recuperação das condições físicas, químicas e biológicas do solo,

estabelecendo critérios para o uso e manejo das terras, de forma a não comprometer sua

capacidade produtiva.

Estas medidas visam proteger o solo, prevenindo-o dos efeitos danosos da erosão aumentando

a disponibilidade de água, de nutrientes e da atividade biológica do solo, criando condições

adequadas ao desenvolvimento das plantas.

1.4.1.Planejamento Conservacionista

A solução dos problemas decorrentes da erosão não depende da ação isolada de um produtor.

A erosão produz efeitos negativos para o conjunto dos produtores rurais e para as

comunidades urbanas. Um plano de uso, manejo e conservação do solo e da água deve contar

com o envolvimento efetivo do produtor, do técnico, dos dirigentes e da comunidade.

O Agrônomo e outros Profissionais das ciências agrárias e ambientais, devem ser consultados

para elaboração do planejamento de conservação do solo e da água.

1.4.2. Princípios Básicos

Dentre os princípios fundamentais do planejamento de uso das terras, destaca-se um maior

aproveitamento das águas das chuvas. Evitando-se perdas excessivas por escoamento

superficial, podem-se criar condições para que a água pluvial se infiltre no solo. Isto, além de

garantir o suprimento de água para as culturas, criações e comunidades, previne a erosão,

evita inundações e assoreamento dos rios, assim como abastece os lençóis freáticos que

alimentam os cursos de água.

Uma cobertura vegetal adequada assume importância fundamental para a diminuição do

impacto das gotas de chuva. Há redução da velocidade das águas que escorrem sobre o

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terreno, possibilitando maior infiltração de água no solo e, diminuição do carreamento das

suas partículas.

Práticas Vegetativas

Florestamento e reflorestamento

Plantas de cobertura

Cobertura morta

Rotação de culturas

Formação e manejo de pastagem

Cultura em faixa

Faixa de bordadura

Quebra vento e bosque sombreador

Cordão vegetativo permanente

Manejo do mato e alternância de capinas

Práticas Edáficas

Cultivo de acordo com a capacidade de uso da terra

Controle do fogo

Adubação: verde, química, orgânica

Calagem

Práticas Mecânicas

Preparo do solo e plantio em nível

Distribuição adequada dos caminhos

Sulcos e camalhões em pastagens

Enleiramento em contorno

Terraceamento

Subsolagem

Irrigação e drenagem

A escolha dos métodos / práticas de prevenção à erosão é feita em função dos aspectos

ambientais e sócio-econômicos de cada propriedade e região. Cada prática, aplicada

isoladamente, previne apenas de maneira parcial o problema. Para uma prevenção adequada

da erosão, faz-se necessária a adoção simultânea de um conjunto de práticas.

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Apresentam-se, a seguir, comentários resumidos acerca de algumas destas práticas

conservacionistas:

Plantio em nível - neste método todas as operações de preparo do terreno, balizamento,

semeadura, etc, são realizadas em curva de nível. No cultivo em nível ou contorno criam-se

obstáculos à descida da enxurrada, diminuindo a velocidade de arraste, e aumentando a

infiltração d’água no solo. Este pode ser considerado um dos princípios básicos, constituindo-se

em uma das medidas mais eficientes na conservação do solo e da água. Porém, as práticas

devem ser adotadas em conjunto para a maior eficiência conservacionista.

Cultivo de acordo com a capacidade de uso - as terras devem ser utilizadas em função da sua

aptidão agrícola, que pressupõe a disposição adequada de florestas / reservas, cultivos

perenes, cultivos anuais, pastagens, etc, racionalizando, assim, o aproveitamento do potencial

das áreas e sua conservação.

Reflorestamento - áreas muito susceptíveis à erosão e de baixa capacidade de produção devem

ser mantidas recobertas com vegetação permanente. Isto permite seu uso econômico, de

forma sustentável, e proporciona sua conservação. Este cuidado deve ser adotado em locais

estratégicos, que podem estar em nascentes de rios, topos de morros e/ou margem dos cursos

d’água.

Plantas de cobertura - objetivam manter o solo coberto no período chuvoso, diminuindo os

riscos de erosão e melhorando as condições físicas, químicas e biológicas do solo.

Pastagem - o manejo racional das pastagens pode representar uma grande proteção contra os

efeitos da erosão. O pasto mal conduzido, pelo contrário, torna-se uma das maiores causas de

degradação de terras agrícolas.

Cordões de vegetação permanente - são fileiras de plantas perenes de crescimento denso,

dispostas em contorno. Algumas espécies recomendadas: cana-de-açúcar, capim-vetiver, erva-

cidreira, capim-gordura, etc.

Controle do fogo - o fogo, apesar de ser uma das maneiras mais fáceis e econômicas de limpar

o terreno, quando aplicado indiscriminadamente é um dos principais fatores de degradação do

solo e do ambiente.

Correção e adubação do solo - como parte de uma agricultura racional, estas práticas

proporcionam melhoramento do sistema solo, no sentido de se dispor de uma plantação mais

produtiva e protetora das áreas agrícolas.

A conservação do solo e da água melhora o rendimento das culturas e garante um ambiente

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mais saudável e produtivo, para a atual e as futuras gerações.

(*) 1. Terreno desmatado. 2. Terreno cultivado morro abaixo. 3. Assoreamento de rios e

açudes. 4. Erosão com voçoroca invade terras cultivadas. 5.Êxodo rural. 6. Lavouras cultivadas

sem proteção. 7.Pastagem exposta à erosão. 8. Inundações

(*) 1. Terreno com exploração florestal. 2. Terreno cultivado em curva de nível e outras

práticas conservacionistas. 3. Rios e açudes livres de assoreamento. 4. Culturas com práticas

conservacionistas. 5. Desenvolvimento de comunidades agrícolas. 6. Áreas de pastagens

protegidas contra a erosão. 7. Áreas de pastagens protegidas. 8. Inundações controladas e

áreas agrícolas reaproveitadas

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2. APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS.

O uso adequado da terra deve ser o primeiro passo em direção, não apenas a uma agricultura

correta e sustentável, mas também à conservação dos recursos naturais, especialmente o solo,

a água e a biodiversidade. Os cuidados, portanto, com o uso equilibrado destes recursos

devem prevalecer, evitando-se a corrida atrás do prejuízo, combatendo-se os efeitos quando,

na realidade, pode-se evitar ou amenizar as causas. Além do mais, o uso de ações corretivas

aos impactos ambientais e sociais negativos, onera sobremaneira o custo de sustentabilidade,

reduzindo o poder de competitividade e lucros no agronegócio.

No caso de aptidão agrícola para o técnico em fruticultura, que deve ser entendida como uma

ciência ou um conjunto de conhecimentos e métodos que permite estudar, analisar e avaliar

agroecossistemas, dentro do conceito de sustentabilidade (Caporal e Costabeber, 2002). Busca

deste modo, uma agricultura centrada em aspectos como: compatibilização entre atividades

produtivas e potencial dos agroecossistemas; o mínimo de impacto negativo ao meio

ambiente; e manutenção a longo prazo dos recursos naturais e da produtividade agrícola.

Nesse contexto, o conhecimento da aptidão agrícola reveste-se de grande importância, pois é

muito comum o uso das terras em desarmonia, ou sem considerar o seu verdadeiro potencial

agrícola. A avaliação da aptidão agrícola reveste-se de grande importância, pois sabe-se que

historicamente a ocupação agrícola das terras tem ocasionado problemas ambientais,

decorrentes não só do uso indevido de áreas frágeis, mas também da sobre utilização de terras

(uso do solo acima de sua capacidade produtiva). Sabe-se que em muitos casos, o uso de uma

área não é conduzido de forma compatível com sua real aptidão agrícola, resultando em

problemas de degradação de agroecossistemas, trazendo junto à perda de competitividade do

setor agrícola e deterioração da qualidade de vida da população.

LARACH (1990) ressalta que, embora a concepção da metodologia de aptidão agrícola tenha

sido desenvolvida para interpretação de levantamentos generalizados, ela é suficientemente

elástica para permitir reajustamentos, fato que pode ser de grande utilidade em projetos de

desenvolvimento rural sustentável.

Na avaliação da aptidão agrícola, procura-se diagnosticar o comportamento das terras para

lavouras, nos sistemas de manejo A (baixo nível tecnológico), B (nível tecnológico médio) e C

(nível tecnológico alto); para pastagem plantada e/ou silvicultura, no sistema de manejo B; e

para pastagem natural, no sistema de manejo A.

As terras sem aptidão para o uso agrícola são classificadas como de preservação da flora e

fauna. Ressalva-se que quando a metodologia faz esse destaque, deixa explícito de que estas

áreas possuem extrema fragilidade/limitação de uso, prestando-se somente a esse tipo de uso,

que é o preservacionista. Não há impedimento, todavia, que outras áreas de elevado

potencial, possam ser destinadas também a este tipo de uso. A adoção de níveis de manejo, no

sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras, é considerada como um procedimento

altamente válido, sobretudo em países como o Brasil, onde, numa mesma região, existe uma

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grande variedade de condições técnicas e socioeconômicas e, conseqüentemente,

diferenciados sistemas de manejo lado a lado (BENNEMA et al., 1964; RESENDE et al., 1995).

A partir dos fatores limitantes (fertilidade, água, oxigênio, suscetibilidade à erosão e

impedimento à mecanização), BENNEMA et al. (1964) consideram que o sistema de avaliação

da aptidão agrícola tem um caráter dominantemente ecológico, sobretudo no que tange aos

seus três primeiros fatores.

Nessa mesma linha, sobre o foco da metodologia, RAMALHO FILHO & BEEK (1995) apesar de

mencionarem aspectos referentes à relação custo/benefício e tendência econômica à longo

prazo, deixam claro de que o objetivo maior do método reside na orientação, com vistas à

sustentabilidade de uso das terras, no planejamento regional e nacional.

A avaliação da aptidão agrícola baseia-se na comparação das condições oferecidas pelas terras,

com as exigências de diversos tipos de usos. Trata-se, portanto, de um processo interpretativo

que considera informações sobre características de meio ambiente, de atributos do solo e da

viabilidade de melhoramento de qualidades básicas das terras.

Assim, o seu desenho metodológico compreende três etapas, seguindo as sugestões de

PEREIRA (2002) em relação com o preconizado por (RAMALHO FILHO & BEEK, 1995):

a) levantamento de dados e preparação de mapas básicos (solo, relevo, clima, uso da terra);

b) avaliação das terras com base em “tabelas de critérios”;

c) elaboração do mapa final de aptidão agrícola das terras.

O Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola, no Brasil, tem sido utilizado em favor de

diferentes sistemas de produção e da pesquisa agropecuária, oriundos do chamado processo

da modernização da agricultura, e, consequentemente, a par da dimensão social e da

realidade genuína da produção agrícola familiar. Existem hoje circunstâncias ainda mais

favoráveis que ensejam, pelo menos no contexto científico, a sua inclusão no estoque

tecnológico agroecológico, fato que concorre para a aceleração de uma verdadeira transição

agroecológica que tantos teorizam mas poucos sentem.

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3. EROSÃO DO SOLO.

O termo erosão provém do latim (erodere) e significa “corroer”. Nos estudos ligados à ciência

da terra, o termo é aplicado aos processos de desgaste da superfície terrestre (solo ou rocha)

pela ação da água, do vento, de queimadas, do gelo e de organismos vivos (plantas e animais),

além da ação do homem (CAMAPUM DE CARVALHO et al., 2006).

O processo erosivo depende de fatores externos, como o potencial de erosividade da chuva, as

condições de infiltração e escoamento superficial e a declividade e comprimento do talude ou

encosta e, ainda, de fatores internos, como gradiente crítico, desagregabilidade e erodibilidade

do solo. A evolução da erosão ao longo do tempo depende de fatores tais como características

geológicas e geomorfológicas do local, presença de trincas de origem tectônica e evolução

físico-química e mineralógica do solo.

Nos estudos apresentados por Camapum de Carvalho et al. (2006) determinados

esclarecimentos são necessários para complementar os fundamentos dessa pesquisa:

- no meio geotécnico tem-se dado grande importância ao estudo das erosões de origem

hídrica, dita lineares, que são classificadas como ravinas (sem surgência de água) e voçorocas

(com surgência de água). No trato dos processos erosivos, é igualmente necessário que se

considere a origem da ação dinâmica, o local, o momento e a velocidade de ocorrência do

processo erosivo;

- destaca-se, no entanto, que a dinâmica dos processos erosivos está intimamente ligada à

própria dinâmica de variáveis causais como o clima e uso do solo, sendo que, por exemplo, o

fato da primeira, clima, depender da segunda, uso do solo, reflete a sua complexidade;

- são exemplos dessa situação, no meio rural, o plantio e manejo do solo de modo

inapropriado, como a não observância de curvas de nível ou o desmatamento de matas

ciliares;

- a erosividade da chuva e a erodibilidade do solo são dois importantes fatores físicos que

afetam a magnitude da erosão do solo. Como visto, a erosão do solo depende de vários

fatores. Mesmo que a chuva, a declividade do terreno e a cobertura vegetal sejam as mesmas,

alguns solos são mais susceptíveis ao destacamento e ao transporte de partículas pelos

agentes de erosão que outros. Essa diferença, devido às propriedades do solo, é conhecida

como erodibilidade do solo.

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3.1. Classificação das erosões

Para Camapum de Carvalho et al. (2006) a classificação das erosões é apresentada a seguir:

- as erosões se classificam quanto à forma como surgiram, e podem se dividir em dois grandes

grupos: a erosão natural ou geológica e a erosão antrópica ou acelerada, sendo a geológica

ocasionada por fatores naturais, enquanto a antrópica esta relacionada a ação humana;

- o mais comum, no entanto, é classificar a erosão em quatro grandes grupos: erosão hídrica,

erosão eólica, erosão glacial e erosão organogênica.

Este material de manejo de solo dará ênfase ás erosões antrópicas de origem hídrica geradas

pela chuva. Estas erosões são geralmente classificadas em três tipos principais: erosão

superficial, erosão interna e erosão linear (sulco, ravina e voçoroca), segundoseu estagio de

evolução;

- a erosão superficial surge do escoamento da água que não se infiltra. Ela está associada ao

transporte, seja das partículas ou agregados desprendidos do maciço pelo impacto das gotas

de chuva, seja das partículas ou agregados arrancados pela força trativa desenvolvida entre a

água e o solo. O poder erosivo da água em movimento e sua capacidade de transporte

dependem da densidade e da velocidade de escoamento, bem como da espessura da lâmina

d’água e, principalmente, da inclinação da vertente do relevo. A formação de filetes no fluxo

superficial amplia o potencial de desprendimento e arraste das partículas de solo, dando,

quase sempre, origem aos sulcos que evoluem para ravinas podendo chegar à condição de

voçoroca;

Os escoamentos superficiais, originados por uma chuva intensa sobre uma bacia, é uma parte

do ciclo hidrológico local, sendo produzidos quando os componentes de recarga da bacia são

satisfeitos. Esses componentes são a interceptação e escoamento ao longo da vegetação, o

armazenamento no perfil do solo, a percolação profunda que atinge o aquífero e o

armazenamento em depressões da superfície .

O escoamento superficial e o processo de desagregação da estrutura do solo, produzidos pelas

gotas de chuva, constituem dois principais causadores da erosão pluvial. Como os dois

processos são causa direta da precipitação pluviométrica que ocorre em determinado local,

essa é considerada o elemento do clima mais importante no processo de erosão.

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3.1.1. Classificação da erosão pelos fatores ativos

Fator Termo

1. água - Erosão hídrica

2. chuva - Erosão pluvial

3. fluxo superficial - Erosão laminar

4. fluxo concentrado - Erosão linear (sulco, ravina, voçoroca)

5. rio - Erosão fluvial

6. lago, reservatório - Erosão lacustrina ou límica

7. mar - Erosão marinha

8. geleira - Erosão glacial

9. neve - Erosão nival

10. vento - Erosão eólica

11. terra, detritos - Erosão soligênica

12. organismos - Erosão organogênica

13. plantas - Erosão fitogênica

14. animais - Erosão zoogênica

15. homem Erosão antropogênica

4. SISTEMAS DE CULTIVO MÚLTIPLO.

4.1. Conceito

Cultivo de duas ou mais culturas no mesmo espaço (intercultivos), que podem ser em

sequência (cultivos sequenciais) ou não.

4.2. Tipos de cultivo múltiplo

1.Cultivo Multiplo mistos: duas ou mais culturas simultâneas sem um arranjo espacial;

2. Cultivo Multiplo em fileiras: cultivo em fileiras distintas;

3.Cultivo Multiplo em faixas: com espaçamento suficiente para permitir a execução de

práticas culturais de forma independente, com largura adequada à interação das

espécies;

4. Cultivo Multiplo de revezamento: a segunda cultura é plantada antes que a primeira

atinja a maturidade.

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Figura: Tipos de cultivo

Vantagens

Aumento da produtividade e da produção;

Melhor uso dos recursos disponíveis (terra, trabalho, tempo, água e nutrientes);

Redução dos danos causados por insetos, patógenos e plantas espontâneas;

Redução nos custos com insumos externos;

Melhores condições socioeconômicas relativas à maior estabilidade da produção, ao

melhor estado nutricional, diversidade de alimentos;

Menor dano ao meio ambiente.

Restrições

Na possibilidade de mecanização;

Deficiências no desenvolvimento de máquinas adaptadas a este tipo de cultivo.

Aspectos a serem avaliados

Profundidade das raízes;

Morfologia radicular;

Ciclo de vida;

Área foliar;

Época de cultivo;

Espaçamento;

Porte e hábito das plantas;

Pesquisas com as espécies de interesse

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4.3. Sistemas Agroflorestais

Sistema sustentável de manejo e cultivo da terra que procura aumentar os

rendimentos de forma contínua, combinando a produção de cultivos florestais arbóreos

com cultivos de campos aráveis e/ou animais de maneira simultânea ou sequencial

sobre a mesma unidade de terra, aplicando técnicas de manejo compatíveis com as

práticas culturais das populações locais. (ICRAF- International Center For Research in

Agroforestry)

Objetivo

Otimizar a produção por unidade de superfície, respeitando sempre o princípio de rendimento

contínuo, principalmente através da conservação/manutenção do potencial produtivo dos

recursos naturais renováveis: conservação dos solos, recursos hídricos, fauna e das florestas

nativas. (Constantin, 2009)

Os Sistemas Agroflorestais envolvem arranjos de uso da terra e tecnologias em que plantas

lenhosas perenes são cultivadas em associação com plantas herbáceas e/ou animais, em uma

mesma unidade de manejo, e de acordo com um arranjo espacial, temporal ou ambos, nos

quais deve haver tanto interações ecológicas como econômicas entre os componentes do

sistema. (Fassbender, 1987)

Classificação

Agrosilvicultutal, aqueles constituídos de árvores e/ou de arbustos com culturas

agrícolas; Silvipastoris, cultivos de árvores e/ou de arbustos com pastagens e/ou

animais; e Agrossilvipastoris, cultivo de árvores e/ou arbustos com culturas agrícolas,

pastagens e/ou animais (Medrado 2000).

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Interdependência

1.As árvores beneficiam o cultivo (sombreamento, disponibilidade de nutrientes, microclima

etc)

2.O cultivo beneficia as árvores por deslocar plantas espontâneas que poderiam interferir no

desenvolvimento das árvores

3.Os animais retornam alguns nutrientes ao solo através da urina e do esterco

4.Os restos culturais e as árvores servem como fonte de proteína para os animais

5.Os seres humanos são beneficiados:

-Produção em uma mesma área de animais e vegetais

-Economia de mão-de-obra para broca-e-queima

-Utilização de madeira extraível do sistema

-Forragem para os animais

-Frutos da mata e do cultivo

Desenhos dos Agroecossistemas

1.Plantio em bordadura: quando as árvores são destinadas a: cercas-vivas, quebra-

ventos, forragem ocasional, produtos que podem ser colhidos, como lenha ou frutas.

2.Cinturões de proteção: quando o vento é um problema. Ênfase na produção de

culturas.

3.Cultivos em faixas: quando a árvore é destinada a proporcionar cobertura morta de

folhas caídas para favorecer a cultura.

4.Árvores em áreas cultivadas: quando as árvores também têm valor agrícola, podem

ser dispersadas no sistema de cultivo ou pastagem, uniforme ou aleatoriamente.

5.Pousio rotativo: quando as condições do solo são tão pobres, tornando o cultivo ou

pastoreio permanente inviável. Separa-se uma parte da área para deixar as árvores

crescerem e recuperarem o solo.

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5. CONCEITO DE FERTILIDADE DO SOLO.

O manejo da fertilidade do solo visa à nutrição mineral das plantas, por isso é importante

considerar a planta como um organismo vivo e como sua anatomia e fisiologia podem

influenciar na sua capacidade de utilizar eficientemente os recursos (naturais ou adicionados)

disponíveis ao seu crescimento e desenvolvimento. Logo, o manejo da fertilidade do solo deve

ser feito como uma das práticas, que associadas às demais, pode proporcionar maior

produtividade às culturas com menor impacto ambiental.

O entendimento dos processos que ocorrem no solo é facilitado ao considerá-lo um sistema

aberto, coloidal e frágil. O termo aberto leva a compreensão da continuidade dos fenômenos,

da possibilidade de ganhos e perdas, tanto de matéria como de energia, da necessidade de

atuação com cautela na adição de insumos e dos ciclos dos elementos químicos como um

contínuo atmosfera-solo-hidrosfera.

O termo coloidal induz o pensamento da reatividade físico-química dos íons ou moléculas com

os colóides orgânicos e inorgânicos do solo. Gera as diferentes possibilidades de formas dos

nutrientes em se sorver no solo, sua capacidade para lixiviação, relaciona-se com sua

disponibilidade e fitotoxicidade.

O termo frágil relaciona a vida do solo. Envolve a biociclagem de nutrientes, a síntese de

compostos orgânicos com capacidade de solubilização-quelação de nutrientes, a fixação

biológica de nitrogênio, o armazenamento de nutrientes na biomassa, entre outras.

6. LEIS DA FERTILIDADE DO SOLO.

6.1. Lei do Mínimo

A deficiência de um nutriente no solo, mesmo que todos os outros sejam fornecidos à planta,

afetará o seu crescimento vegetativo.

Na realidade, o que acontece com a agricultura é em vez da ausência total, é mais comum

ocorrer pelo menos um nutriente disponível em quantidades insuficientes. Assim, a

produtividade será limitada pelo nutriente que estiver em menor disponibilidade, mesmo que

todos demais estejam presentes em quantidades adequadas. Esse princípio, conhecido como

Lei do Mínimo ou Lei de Liebig, em homenagem ao seu idealizador (Jusrus Von Liebig, Austraia,

1840).

Através da visualização de um barril com tábuas laterais quebradas, pode-se entender melhor

a lei do mínimo (Figura 6). Adicionando-se água ao barril, o nível mais elevado que se

conseguirá atingir será aquele permitido pela tábua mais baixo. Transferido isto para a

nutrição, quer dizer que não adianta ter, por exemplo, quantidades de molibdênio, cloro e

cobre suficiente, se a quantidade de nitrogênio, fósforo e potássio são insuficientes. Ainda

neste exemplo, se a deficiências de nitrogênio, fósforo e potássio fossem corrigidas, a

produção ficaria limitada pelo enxofre.

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6.2. Lei dos Incrementos Decrescentes

A lei dos incrementos decrescentes foi desenvolvida por Mitscherlich na primeira década deste

século. Considerada como uma expressão matemática de crescimento que se aplica bem a

muitos casos de resultados experimentais de curvas de reposta.

E o que é curva de resposta?

É a relação entre a produção e o nutriente aplicado.

Em estudos de fertilidade do solo e adubação, são fundamentais as curvas de respostas para

descrever os efeitos de nutrientes aplicados sobre as produções e, também, para comparar

diferentes fontes de um mesmo nutriente.

Mitscherlich descreveu um grande número de trabalhos experimentais em vasos e no campo,

testando quantidades sucessivas de nutrientes, de cada vez. Verificou que, ao adicionar

quantidades sucessivas de nutrientes, maior incremento em produção era obtido com a

primeira quantidade aplicada. Com aplicações sucessivas de quantidades iguais do nutriente,

os incrementos de produção são cada vez menores, conforme ilustrados nas Figuras 7 e 8 para

uma curva de resposta da bananeira a nitrogênio. Observa-se que, apesar de ter sido utilizado

a mesma cultivar de bananeira mas em condições edafoclimáticas diferentes, a resposta ao

nitrogênio com base na produtividade foi significativamente diferente entre as regiões, e

conseqüentemente, as doses de nitrogênio para obter a máxima produtividade também

diferiu entre as regiões.

6.2. Lei do Máximo (Bondoff)

Ao colocarmos um fator de produção em excesso, a produção não aumentará, tendendo

inclusive a diminuir drasticamente.

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Representação gráfica da lei do máximo (POTAFOS, 1998)

7. Nutrientes essenciais para as plantas.

7.1. Os elementos essenciais

Somente a análise química da planta não é suficiente para o estabelecimento da

essencialidade de um elemento. As plantas absorvem do solo, sem muita discriminação, os

elementos essenciais, os benéficos e os tóxicos, podendo estes últimos, inclusive levá-las à

morte. "Todos os elementos essenciais devem estar presentes nos tecidos das plantas, mas

nem todos os elementos presentes são essenciais". Segundo MALAVOLTA, 1980 (citando

Arnon e Stout, 1939 e lngen-Housz, século XlX), um elemento é considerado essencial quando

satisfaz dois critérios de essencialidade:

a) Direto - o elemento participa de algum composto ou de alguma reação, sem o qual

ou sem a qual a planta não vive;

b) Indireto - trata-se basicamente de um guia metodológico:

- na ausência do elemento a planta não completa seu ciclo de vida;

- o elemento não pode ser substituído por nenhum outro;

- o elemento deve ter um efeito direto na vida da planta e não exercer apenas

o papel de, com sua presença no meio, neutralizar efeitos físicos, químicos ou

biológicos desfavoráveis para a planta.

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A Tabela abaixo, apresenta cronologicamente um breve histórico da descoberta e

demonstração da essencialidade dos elementos. Além do C, O e H (orgânicos), treze elementos

(minerais) são considerados essenciais para o desenvolvimento das plantas, sendo estes

divididos por aspectos puramente quantitativos em dois grupos:

Macronutrientes: N, P, K, Ca, Mg e S

Micronutrientes: B, Cl, Cu, Fe, Mn,Ni, Mo e Zn

Alguns elementos podem afetar o crescimento e desenvolvimento das plantas, embora não se

tenha determinado condições para caracterizá-los como essenciais. MARSCHNER (1986) inclui

nesta categoria o sódio, silício, cobalto, níquel, selênio e alumínio. O Co é essencial para a

fixação biológica do N2 em sistemas livres e simbióticos (MARSCHNER, 1986) e a essencialidade

do Si (TAKAHASHI & MIYAKE, 1977) e do Ni (BROWN et al., 1987) tem sido propostas.

Descoberta e demonstração da essencialidade dos elementos

8. MACRO E MICRONUTRIENTES DO SOLO.

Os macronutrientes têm, em geral, seus teores expressos em percentagem (%) e os

micronutrientes em partes por milhão (ppm), todos na forma elementar. A única distinção na

classificação entre macro e micronutrientes é a concentração exigida pelas plantas. Os

macronutrientes ocorrem em concentrações de 10 a 5.000 vezes superior à dos

micronutrientes. EPSTEIN (1975) apresentou as concentrações médias dos nutrientes minerais

na matéria seca, suficientes para um adequado desenvolvimento das plantas (Tabela 1.3);

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embora, deve-se ter presente, porém, que muita variação existe dependendo da planta e do

órgão analisado.

Segundo MALAVOLTA (1980), às vezes os micronutrientes são referidos como

“oligoelementos”, “elementos traços”, “elementos menores”, ou “microelementos”, tais

expressões não devem ser utilizadas pelos seguintes motivos: oligo que dizer “raro“ e os

micronutrientes são comuns a todas as plantas superiores; embora ocorram em pequena

proporção, o resultado pode ser quantificado – os teores estão acima do que se considere

como traços; não são “menores” nas suas funções, pois o crescimento e a produtividade

poderão ser limitadas (diminuídos ou impedidos) tanto pela falta de Mo como pela de N;

“microelemento” é qualquer elemento, nutriente ou não, que apareça em proporção

considerada como muito pequena, Do mesmo modo “macroelemento” não é sinônimo de

macronutriente: o arroz e a cana-de-açúcar contêm proporções de Si que não é essencial.

Concentração média dos nutrientes minerais na matéria seca suficientes para um

adequado desenvolvimento das plantas.

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9. OS FERTILIZANTES QUÍMICOS E ORGÂNICOS E OS CORRETIVOS DO SOLO.

9.1. Calagem

A acidez do solo é normalmente refletida pelo baixo pH (entre 4 e 5,5), elevada saturação da

alumínio e baixos teores de bases trocáveis ( soma de cálcio, magnésio, potássio e sódios

trocáveis) . O pH é um índice que reflete o equilíbrio entre a concentração dos íons H+ e OH-

existente na solução do solo , em determinado momento. Íons trocáveis são aqueles

adsorvidos (adsorção é a retenção temporária de íons ou moléculas na superfície de

substância sólida) na fração sólida do solo, mas em equilíbrio com a solução do solo e

portanto, potencialmente disponíveis para serem absorvido pelas plantas.

Em solos ácidos, as plantas têm pouco desenvolvimento de raízes, o que limita o

aproveitamento da água e dos nutrientes adicionados ao solo, por meio dos adubos ou

fertilizantes. É necessário corrigir a acidez para se obter melhor absorção dos nutrientes,

melhor aproveitamento dos fertilizantes, e consequentemente, produtividades mais altas das

plantas. O corretivo mais utilizado na agricultura brasileira é o calcário dolomítico (mistura

natural de carbonato de cálcio e de magnésio).

9.1.1. Efeitos da Calagem

A calagem, ou seja, a aplicação e incorporação de calcário ao solo, tem os seguintes efeitos

imediatos e diretos:

Aumento do pH;

Diminuição do teor de alumínio trocável (Al³+) e da saturação de alumínio no

complexo de troca (expressa pelo percentual dos sítios de troca ocupados por Al);

Aumento do teor de cálcio (Ca²+) e magnésio (Mg ²+) trocáveis e da saturação de

bases.

Esses efeitos são explicados pelas seguintes reações que acontecem quando o calcário é

aplicado ao solo:

Reação 1:

CaCO3 + H2O = Ca³ + 2 OH- + CO2

Reação 2:

Al³ + 3 OH - = Al (OH)3

Reação 3:

Argila –H Argila = Ca

- H + 20 H - = ou +2H2O

Hú Húmus

Argila

Ou

Húmus

Argila

Ou

Húmus

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Verifica-se que a reação do calcário com o solo úmido (Reação 1) produz íons hidroxilas (OH-),

os quais reagem com alumínio trocável (Reação 2) e com o hidrogênio trocável (Reação 3). O

resultado dessas reações é que a acidez é neutralizada, resultando num solo com maior pH,

menos alumínio tóxico e mais cálcio e magnésio trocáveis, ou seja, um solo mais adequado

para o crescimento das raízes e das culturas.

Além desses efeitos químicos, a calagem resulta em outras melhorias para o solo, tais como:

aumento da capacidade de troca de cátions (mais cargas negativas), favorecimento da

atividade biológica e aproveitamento mais eficiente de nutrientes adicionados pela adubação.

O aumento das cargas negativas reflete-se na menor lixiviação ou perda de nutrientes,

especialmente do potássio. A atividade biológica do solo, a fixação de nitrogênio atmosférico e

a mineralização da matéria orgânica são favorecidas com a aplicação de calcário ao solo.

9.1.2. Dose de calcário

Verifica-se que a produção de milho, sem calagem (mesmo com adubação adequada), é muito

baixa, mas cresce com a aplicação de calcário. Observa-se também o efeito residual da

calagem por vários anos, ou seja, a produção de milho mantém-se alta quando doses altas de

calcário foram aplicadas no primeiro ano. Inversamente, observa-se nesta figura, um

decréscimo de produção ou longo dos anos quando não foi aplicado calcário no primeiro ano

ou mesmo quando doses baixas foram aplicadas.

Como toda prática agrícola, a colagem tem dosagem ótima de calcário. Aplicações acima da

necessidade podem causar prejuízos na produção e efeitos negativos no solo, principalmente

na maior disponibilidade de alguns nutrientes. Por isso, e muito importante aplica a dose

correta.

9.1.3. Dosagem de Cal

Os métodos para estimar a necessidade de colagem têm como fundamento elevação de pH do

solo ou a redução de um efeito tóxico a um nível desejado, levando em conta os componentes

de acidez do solo.

Os métodos mais utilizados são:

9.1.3.1. Método SMP

O método conhecido por SMP, bastante difundido no Sul do Pois, tem com principio o

decréscimo do pH de uma solução-tampão (solução que resiste a mudança de pH) apos

equilíbrio com o solo. Com o valor do pH SMP, utiliza-se uma tabela (ou função) dever ser

obtida em cada região, após os dados obtidos numa região podem subestimar ou superestimar

a necessidade real de calcário em outra região.

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9.1.3.2. Método do Al, Ca e Mg

O método baseado nos teores de alumínio, cálcio e magnésio, extraídos solução normal

cloreto potássio é bastante utilizado no Brasil Central. Estema a necessidade de calcário (N.C.)

em t/há, através de formula, ás vezes consideradas empíricas, tal como:

N.C.=(Al+ 2)+[2-(Ca+Mg)]

Sendo Al e Ca + Mg expressos em miliequivalentes/100cm de solo.

9.1.3.3. Método de saturação de bases

Este método é baseado na correlação verificada pela pesquisa entre o pH e a saturação de

base do solo. A formula utilizada e a seguinte:

CTC (V2----V1)

N.C. = ________________

100

Onde,

CTC=capacidade de trocar cátions obtida pelo soma de base (Ca, Mg, K, Na) e

H + Al extraídos com acetato de cálcio 1N pH 7,0;

V1 = Saturação de base atual do solo, obtida pela relação soma de base x 100/CTC;

V2 = saturação de base desejada, geralmente 50% a 60%.

Na relação de um método para estimar a necessidade de calcário e necessário conhecer a

relação entre o rendimento das diferentes cultura e o pH do solo. As tabelas de recomendação

de colagem e adubação, disponíveis em cada estado ou região, fornecem os detalhes dessa

relação.

Finalmente, deve-se ressaltar que as dose calculadas através desses métodos ou formular

partem do principio de que o calcário a ser utiliza tem um poder Relativo de Neutralização

Total (PRNT) de 100%. Caso o calcário tenha um índice diferente, é necessário corrigir a dose

calculada por um fator (f), obtida pela equação:

f = 1

PRNT

9.1.4. Manejo da Calagem

Uma vez definida a dose de calcário, a primeira preocupação do produtor diz respeito à

escolha do melhor produto a ser adquirido, considerando sua qualidade e seu preço.

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A qualidade de um calcário é medida pela sua composição química (teor de óxidos de calcário

e magnésio) e pela sua granulometria (expressa pelo tamanho da das partículas de calcário). A

combinação desses fatores é expressa pelo PRNT. Em termos gerais, um bom calcário deve ter:

a) alto teor de óxido de Ca e Mg;

b) adequada relação Ca/Mg trocáveis (em torno de 5)

c) alta percentagem de particular fina, ou seja, ser finamente moído;

d) preço compatível com sua qualidade ou com seu PRNT.

Adquirindo o calcário, surge a necessidade de definir os procedimentos de sua aplicação ao

terreno e incorporação ao solo.

A época de aplicação varia em função das condições climáticas e do manejo da propriedade.

Sempre que possível e recomendado aplica o calcário com antecedência de três a seis meses

do plantio, já que e necessário tempo para sua reação com o solo.

O método mais comum de aplicação é a distribuição uniforme na superfície do solo (manual

ou com maquinas distribuidoras de calcário), com posterior incorporação.

O método e a profundidade de incorporação do calcário são fatores de grande relevância e

muitas vezes determinam o menor ou maior sucesso dessa prática.

A recomendação para se obter melhor uniformidade de incorporação é a aplicação de metade

da dose antes da lavração e a outra metade após a lavração, antes da gradagem. Essa

recomendação é especialmente válida quando o solo é virgem (1° cultivo) e quando a dose

recomendada é alta.

De modo geral, é importante incorporar o calcário à maior profundidade possível, criando

condições adequadas para o crescimento das raízes em camadas mais profundas de solo (Fig.

2). Incorporações rasas (inferiores a 20 cm) resultam em concentração das raízes na superfície

do solo, camada que seca mais rapidamente nos períodos de estiagem.

O manejo da calagem, contudo, varia de propriedade para propriedade. Geralmente é função

das condições climáticas e da disponibilidade de tempo e de maquinaria adequada. Em

resumo, o manejo deve ser decidido pelo condutor em função desses fatores.

9.2. Adubação

A maioria dos solos agricultáveis do Brasil apresenta média a baixa capacidade de suprir os

elementos nutritivos ou nutrientes de que as plantas precisam para produzir economicamente.

Mesmo solo com alta fertilidade natural tendem a diminuir sua capacidade produtiva em

consequência da extração ou retirada dos nutrientes por sucessivas colheitas e, muitas vezes,

também em função da perda de nutrientes por lixiviação e erosão.

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A solução para esse problema é a adubação, ou seja, a incorporação de produtos naturais ou

industrializados que contem, em sua composição, altos teores dos nutrientes necessários para

o desenvolvimento das plantas.

Em síntese, a adubação é a pratica agrícola que trata da utilização racional dos adubos ou

fertilizantes.

Os adubos podem ser de origem orgânica ou mineral. Recentemente, tem havido discussões

sobre adubação mineral versus adubação orgânica. Na realidade agrícola, essas formas são

complementares e competitivas, tendo em vista que os adubos orgânicos têm como papel

mais destacado, o melhorando das propriedades físicas e biológicas do solo, ao passo que o

papel dos adubos minerais é a melhoria das propriedades químicas e o fornecimento de

nutrientes, conforme se verá mais na frente.

As propriedades físicas e biológicas mais influenciadas pela adubação orgânica são a

estruturação e aeração do solo, a capacidade de retenção de água e as atividades microbianas,

ao passo que a propriedade física mais influenciada pela adubação mineral é a capacidade de

troca de íons.

Em conjunto com a calagem, a adubação tem representado um fator importante na produção

agrícola brasileira e representa parcela substancial no custo dessa produção. Por isso, requer

conhecimentos e tecnologias específicas, principalmente em termos de quantidade (dose),

fonte, época e modo de aplicação.

9.3. Fontes de Fertilizantes

Fertilizante ou adubo é um produto mineral ou orgânico, natural ou industrializado,

fornecedor de um ou mais nutrientes vegetais. Existe uma grande variedade de materiais que

podem ser usados como fertilizantes. Do ponto de vista químico, eles podem ser classificados

em minerais, orgânicos e organo-minerais.

Os fertilizantes minerais são compostos inorgânicos ou mesmo orgânicos industrializados,

como é o caso da uréia. Esses fertilizantes podem ser simples, mistos ou complexos.

Os orgânicos são compostos de origem natural, vegetal ou animal. Os principais materiais

orgânicos usados na agricultura brasileira são: estercos, tortas, farinhas, bagaço de cana,

palhas, adubos verdes e restos de culturas. Os fertilizantes orgânicos normalmente possuem

baixo teor de nutrientes. Assim, seu papel principal é o de melhorar as condições do solo, tais

como o aumento da porosidade, aeração, retenção de água, atividade microbiana e

capacidade de retenção de nutrientes. Sua ação é dependente da aplicação de grandes

quantidades no solo, fato que limita seu uso em virtude da pouca disponibilidade e do custo

do produto, principalmente quando envolve transporte.

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Os fertilizantes organo-minerais são resultantes da mistura de compostos orgânicos e

minerais. Sua aplicação tem sido restrita.

Do ponto de vista físico, os fertilizantes podem ser categorizados em sólidos, líquidos ou

fluídos e gasosos. Os sólidos podem ser aplicados na forma de pó ou granulados. A grande

maioria dos fertilizantes minerais é produzida e usada na forma sólida granulada, em virtude

da facilidade e de manuseio e de aplicação ao solo. Os fluídos se apresentam no estado

líquido, seja na forma de soluções ou suspensões. Os gasosos são poucos empregados no

Brasil.

A eficiência dos diversos fertilizantes está estreitamente relacionada com suas características

ou propriedades. Dentre estas se destacam a concentração em nutrientes e a solubilidade

quando aplicadas ao solo.

Os fertilizantes com alta concentração de nutrientes apresentam vantagens econômicas

quanto ao armazenamento, transporte aplicação, apesar de exigirem alta tecnologia de

produção industrial.

A solubilidade reflete a capacidade de um material se dissolver em água ou outra solução

diluída, tal como ácido nítrico ou citrato de amônio. Conforme discutido anteriormente, as

plantas absorvem os nutrientes na forma iônica, sendo, assim, necessário que os materiais

fertilizantes adicionados ao solo se decomponham e se dissolvam. O uso de materiais de baixa

ou média solubilidade requer um manejo especial.

A grande maioria dos fertilizantes utilizados na agricultura brasileira é de origem mineral, no

estado sólido, na forma granulada e de alta solubilidade. A tabela 2 relaciona as principais

fontes de fertilizantes consumidos no Brasil e suas principais características.

9.4. Perdas de nutrientes

Os nutrientes aplicados na agricultura podem ser perdidos, de várias formas. O conhecimento

das causas dessas perdas é importante para direcionar o manejo da adubação e assim

maximizar a eficiência dessa prática.

As principais perdas são causadas por erosão, lixiviação, volatilização e fixação irreversível.

A erosão é o desagregamento e o arraste do solo provocado pela água ou pelo vento. Além da

perda de nutrientes, a erosão resulta em degradação ambiental, principalmente dos recursos

hídricos. Seu controle é um aspecto vital no planejamento do uso da terra para a agricultura.

A lixiviação é a lavagem vertical através do perfil do solo, com perda de nutrientes nas águas

de drenagem e possível poluição dessa água. Essa perda afeta principalmente os íons mais

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fracamente retidos pelo sono, tais como: NO3-, SO42 e Cl-. Essa é a principal razão para o uso

parcela de fertilizantes nitrogenados, conforme discutido posteriormente.

A volatilização é a perda de nutrientes na forma de gás que evapora para a atmosfera. A mais

importante é a volatilização da amônia gasosa (NH3), quando o fertilizante é deixado na

superfície do solo através da aplicação em cobertura de adubos nitrogenados. A minimização

desse tipo de perda é obtida com o enterrio do adubo ou com sua aplicação em solo úmido.

A fixação é a transformação de formas solúveis de nutrientes para formas insolúveis através da

reação do material aplicado com o solo. Essa reação do material aplicado com o solo. Essa

reação ocorre, principalmente, com o nutriente fósforo, através de sua reação com o alumínio

e o ferro trocáveis, presentes em solos ácidos. A maneira mais fácil de minimizar essas reações

é pela neutralização prévia da acidez do solo, com a calagem.

Definida a dose a fonte mais adequada, técnica e economicamente, para cada área ou gleba a

ser cultivada, resta decidir sobre o melhor manejo da adubação. Neste sentido, reveste-se de

importância a época e o modo de aplicação dos fertilizantes.

A maior parte da adubação é feita na época do plantio, sendo conhecida como adubação de

base. O fertilizante, normalmente composto N-P-K, é aplicado na mesma operação do plantio.

Para culturas anuais, o fertilizante é incorporado alguns centímetros abaixo e ao lado da

semente. Portanto, é aplicado em sulco. Para culturas perenes, é aplicado na cova, misturado

ao solo. Na implantação de pastagens, os adubos são incorporados à camada arável do solo,

tendo em vista que as pastagens são, normalmente, semeadas a lanço, em toda a superfície do

terreno.

Em complementação à adubação de base, os fertilizantes são também aplicados quando a

cultura ou plantação já está desenvolvida. Trata-se da adubação em cobertura, mais

praticadas para culturas perenes, tais como cafezeiro, laranjeira e outras fruteiras. Nesse caso,

o fertilizante, na forma sólida, é aplicado na superfície de terreno (na projeção da copa), ou

diretamente nas folhas, através da conhecida adubação foliar. As pastagens perenes também

podem receber aplicação a lanço de fertilizantes em cobertura.

A adubação de cobertura é também praticada em culturas e pastagens anuais. A situação mais

clássica é a aplicação de nitrogênio, nas culturas de milho, arroz e trigo. O fertilizante

nitrogenado, comumente uréia ou sulfato de amônio, é aplicado na superfície do solo, em

períodos que variam de 20 a 60 dias, após o plantio. Tendo em vista minimizar perdas de

nitrogênio por volatilização de amônia para a atmosfera, é recomendável fazer algum tipo de

incorporação desse fertilizante sem, contudo, danificar muito as raízes das plantas.

Com relação ao modo de aplicação dos fertilizantes, existem um sem-número de opções, todas

resultado da combinação de cinco maneiras clássicas:

a) Em sulco, na linha de plantio (tradicional para cultivos anuais);

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b) A lanço, com posterior incorporação na camada arável (usado mais comumente para

pastagens);

c) Em cobertura, sem incorporação ou com incorporação incipiente (tradicional para o cultivo

de gramíneas e culturas perenes);

d) Aplicação diretamente na área foliar das plantas (mais comum para culturas perenes);

e) Aplicação na cova de plantio, no caso do uso de mudas como instrumento de multiplicação.

Finalmente, cabe destacar aplicação de fertilizante através da água de irrigação, prática

conhecida como fertirrigação e que envolve um manejo específico para cada tipo de irrigação

e para cada cultura. Envolve, ainda, a escolha de fontes de fertilizantes adequados para esta

prática.

A prática da calagem e adubação fazem parte do sistema produtivo da grande maioria das

atividades agrícolas brasileiras e tem sido responsável por uma parcela substancial do custo da

produção agrícola. Portanto, é necessária a busca contínua da máxima eficiência agronômica e

econômica do uso desses insumos.

9.5. Eficiência Agronômica e Econômica

Neste ponto, deve-se ressaltar que a calagem e a adubação são atividades que se

complementam. A pesquisa tem demonstrado, com freqüência, a interação positiva entre

essas práticas. Os rendimentos obtidos com a adição de calcário e fertilizantes são superiores à

soma dos acréscimos simples obtidos pela aplicação separada de cada insumo.

A calagem e adubação fazem parte de um conjunto complexo de praticas que compõem o

sistema produtivo agrícola e devem ser analisados neste contexto e não isoladamente. A

partir dessa analise, busca-se dimensionar as adubações, principalmente em termos de fonte,

dose, época e modo de aplicação, de forma a proporcionar o melhor aproveitamento dos

fertilizantes e o melhor retorno econômico para o produto rural.

Do ponto de vista meramente agronômico, o que se busca é a máxima produção por área

cultivada, procurando-se tirar proveito das interações positivas entre a colagem e a adubação

e as demais praticas agrícolas. Mas agricultura deve ser uma atividade econômica, de onde se

espera que os produtores rurais usem esses insumos para obter lucros.

A recomendação de adubação deve ser feita à luz das relações de preços entre o produto a ser

produzido e o fertilizante a ser aplicado. Conhecendo-se a curva de resposta da cultura à

adição do fertilizante, e a relação de preços, é possível estimular a dose de máxima eficiência

econômica, ou seja, a dose na qual é possível obter o maior retorno econômico para cada

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unidade de fertilizante aplicado ou a dose com maior relação benefício/custo. A figura 13

ilustra o método para se calcular essa dose, conhecendo-se a curva de resposta e os custos de

adubação, expressos em produto ou grão.

Além dos aspectos agronômicos e econômicos, tem crescido a consciência de que a calagem e

a adubação devem estar inseridas num contexto ambiental ou de agricultura sustentável. Não

existem dúvidas sobre os efeitos positivos dessas práticas agrícolas. Seu inadequado

dimensionamento ou manejo, entretanto, poderá causar prejuízos ao ambiente,

principalmente quando se pratica uma agricultura intensiva e contínua, similar as áreas

hortícolas próximas aos centros urbanos. Assim, por exemplo, o uso excessivo de nitrogênio

pode diminuir a qualidade das águas do subsolo para fins de consumo urbano. Portanto,

nessas condições, é necessário planejar o uso desses insumos e prever um esquema de

monitoramento através da análise do solo e da água.

10. SOLOS AFETADOS POR SAIS.

10.1 Aspectos Gerais

Normalmente, solos afetados por sais são encontrados em zonas áridas e semi-áridas, onde a

evaporação é superior à precipitação. A drenagem interna deficiente apresentada em alguns

solos dessas regiões, juntamente com a excessiva evaporação produz a acumulação de sais

solúveis e o incremento do sódio trocável na superfície e/ou na subsuperfície dos solos.

A região de insuficiência hídrica do Nordeste brasileiro cobre uma superfície de 150 milhões de

hectares. Nessa região a maioria dos perímetros de irrigação apresenta solos com alto teor de

salinidade e/ou sódio trocável, que provocam desde a diminuição nos rendimentos das

culturas até o abandono das áreas exploradas. Aproximadamente 20 % da área total dos

perímetros irrigados implantados no Estado de Pernambuco encontram-se com problemas de

salinidade e/ou sodicidade (Magalhães, 1995).

10.2.Caráter salino e sálico

Quantidade significativa de sais no solo interfere no desenvolvimento da maioria das

culturas devido o aumento da pressão osmótica da solução do solo inibindo a capacidade

fisiológica da planta de absorver água e pela acumulação de quantidades tóxicas de

váriosíons, notadamente boro, comdistúrbios no balanço de íons (Buring, 1970; Hayward

&Wadleigth, 1949).

Aspecto relacionado à aspectos não agrícolas refere-se aos processos de corrosão em

estruturas metálicas enterradas as quais são bastante influenciadas pela presença de sais.

Quanto maior a quantidade de sais mais elevada sua condutividade elétrica (menor

resistividade) consequentemente maior sua capacidade corrosiva. Kendrew (1978)

considera como muito corrosivos solos que apresentam condutividade elétrica > 2 dS m-1.

No outro extremo estão os solos não corrosivos (dS m-1 < 0,1).

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A classificação de solos descrimina solos com caráter salino (4 > dS m-1 < 7), solos com

caráter sálico (dS m-1 > 7) e os outros que seriam solos não salinos.

Solo com eflorescência de sais. Os teores elevados de sais

desse solo impede o desenvolvimento das plantas e constituem

importante agente corrosivo para estruturas metálicas não

protegidas.

10.3. Caráter sódico e solódico

Nas regiões semiáridas é comum também a ocorrência de solos com expressivos teores de Na+

no complexo sortivo. A porcentagem de saturação por sódio (PSS) é utilizada no SiBCS para

identifica três situações de solos com essa condição: a)os solos com caráter solódico (PSS entre

6 e 15%), b) solos com caráter sódico (PSS > 15%) e solos com horizonte plânico com caráter

sódico (antigamente denominado de horizonte nátrico).

Os solos com caráter sódico e, com menor expressão os com caráter solódico, apresentam

importantes distúrbios nutricionais pois o sódio interfere no crescimento de plantas devido

inibir a absorção do cálcio e magnésio Para a maioria das culturas, o cálcio começa a se tornar

indisponível quando a saturação por sódio se aproxima a 50% (Hayward &Wadleigh, 1949).

10.4. Recuperação de solos afetados por sais

A recuperação de solos afetados por sais tem como objetivo principal à redução da

concentração dos sais solúveis e do sódio trocável no perfil do solo, a um nível não prejudicial

ao desenvolvimento das culturas. A diminuição do grau de salinidade envolve o processo de

solubilização e a conseqüente remoção pela água de percolação, enquanto a diminuição do

teor de sódio trocável envolve o seu deslocamento do complexo de troca pelo cálcio antes do

processo de lixiviação.

Por apresentar baixo custo e relativa abundância com que é encontrado em várias partes do

mundo, o gesso é o corretivo mais utilizado para recuperação de solos sódicos e salinosódicos.

Magalhães (1995) cita que Pernambuco possui 83% das reservas de gesso de jazidas do País,

localizadas próximas aos perímetros irrigados.

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A eficiência do gesso como corretivo é dependente da dissolução. Alguns dos fatores que

influenciam a taxa de dissolução do gesso no solo são a granulométrica das partículas do gesso

e o método de aplicação do corretivo.

11. INTERPRETAÇÃO DE BOLETINS DE ANÁLISE DE SOLO E ÁGUA.

A interpretação correta da análise é de grande importância para que a restituição de

elementos nutritivos que foram retirados do solo por colheitas anteriores ou perdidos de

diferentes modos sejam repostos de forma a mais aproximada das necessidades da cultura.

Embora possa parecer tarefa fácil, muitos erros na prática da adubação são provenientes de

uma má interpretação da análise, às vezes ocorrendo por falta de conhecimento do assunto ou

negligência de quem faz a interpretação dos parâmetros analisados. Para dilimir dúvidas que

sempre ocorrem no âmbito dos que militam na área agronômica e mais especificamente na

fertilização de solos, teceremos comentários sobre os referidos parâmetros, como:

pH do solo- É o índice que mede a concentração de íons hidrogênio na solução do solo, logo é

a expressão da acidez ativa ou atual. Entretanto, indiretamente sabemos que a maior ou

menor disponibilidade de nutrientes depende em muito do pH do solo.

Deve-se ressaltar que as vezes o pH do solo está baixo e não quer dizer que seja necessária a

prática da calagem, se por acaso outros componentes da reação do solo, como cálcio e

magnésio e alumínio apresentem teores adequados. Pode ocorrer que os teores de cálcio e

magnésio estejam acima do nível crítico e ainda o pH do solo ser

< 5,0, o que se deve unicamente a um maior poder tampão do solo.

pH e a disponibilidade de nutrientes no solo (Adaptado Lopes, 1989)

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Nitrogênio, enxofre e boro - Verificamos que em pH muito ácido ou alcalino, a

disponibilidade desses elementos diminui isso ocorre em virtude da redução do processo de

humificação da matéria orgânica que é a fonte natural dos mesmos para a planta.

Fósforo - O processo de fixação química ou retrogradação, ocorre estando o pH do solo numa

faixa muito ácida, principalmente abaixo de 5,0, onde ocorre a precipitação do fósforo, através

dos íons Fe, Al e Mn, formando fosfatos insolúveis, principalmente na forma de hidroxifosfatos

desses íons. Na faixa básica, a retrogradação ocorre através do cálcio, havendo a formação do

fosfato bi e tricalcico.

Cálcio, potássio e magnésio - A disponibilidade dessas bases, é maior quando o pH do solo

está acima de 5,5, pois em pH muito baixo ocorre diminuição dos seus conteúdos, em virtude

do processo de lixiviação.

Ferro, cobre, zinco e manganês - Esses micronutrientes metálicos, estão mais disponíveis

quando o pH do solo é menor que 5,0, pois estão nas formas iônicas. A medida que o pH

aumenta, ocorre a insolubilização desses íons para a forma de óxidos e hidróxidos, diminuindo

consequentemente as suas disponibilidades.

Molibidênio e cloro - A medida que o pH do solo aumenta, ocorre um acréscimo na

disponibilidade desses íons, por ocorrer descomplexações de compostos contendo os mesmos.

Alumínio - Com o aumento do pH, o alumínio trocável é insolubilizado para a forma de

hidróxido de alumínio, diminuindo o seu efeito retrogradante e/ou fitotóxico para a planta.

Matéria Orgânica- Antigamente expressava-se o teor de matéria orgânica e carbono por

porcentagem. Hoje o sistema internacional indica que os mesmos devem ser expressos g C(ou

M.O.)/dm³.

Na determinação do teor de matéria no solo multiplica-se o carbono orgânico por 1.72

(constate).

Relações existentes entre cátions (Ca/Mg, Ca/K e Mg/K)

Essas relações não têm importância prática, tratando-se de uma utopia, o importante é que os

teores dos elementos mencionados estejam adequados, com boas saturações desses

elementos no complexo adsortivo de troca, e que não haja preponderância muito grande de

um elemento em relação ao outro, para que não ocorram os problemas mencionados abaixo:

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a) Adubações pesadas de potássio em solos pobres de magnésio, normalmente levam a uma

deficiência de magnésio, logo para que não ocorra o problema deve-se prevenir com

umacalagem previamente efetuada antes da adubação potássica;

b) Embora seja mais barato que os calcários dolomítico e magnesiano, o calcário calcitico só

deve ser aplicado se o conteúdo de magnésio no solo for superior a 0,8 cmolc/dm³, para que

não ocorra problemas com a nutrição em magnésio.

Fórmulas para cálculo das percentagens de saturação de cálcio, magnésio, potássio e sódio

%Ca = Cmolc(Ca)/dm³ x 100

Cmolc(CTC total)

CTC ou T = Ca + Mg + K + (H + Al), expresso em Cmolc/dm³

%Mg = Cmolc(Mg)/dm³ x 100

Cmolc(CTC total)/dm³

%K = Cmolc(K)/dm³ x 100

Cmolc(CTC total)/dm³

%Na = Cmolc(Na)/dm³ x 100

Cmolc(CTC total)/dm³

Alumínio Trocável

Ao interpretar valores de alumínio trocável no solo sabemos que o ideal é não termos

a presença desse elemento, pois além da sua ação retrogradante em relação ao fósforo no

solo seja qual for o teor de alumínio, o que irá diminuir a disponibilidade daquele nutriente

para planta, também deve-se levar em conta que o alumínio pode ser fitotóxico a depender da

sua saturação.

A figura a cima mostra o efeito maléfico de íons como alumínio, ferro e manganês que estando

em excesso no solo reduz drasticamente o crescimento do sistema radicular das plantas.

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Fórmula para cálculo da percentagem de saturação de alumínio:

m% = Cmolc(Al)/dm³ x 100

Cmolc(CTC efetiva)/dm³

CTC efetiva = Ca + Mg + K + Al, (expresso em Cmolc/dm³)

Tabela . Interpretação dos valores m%

Soma de Bases de um Solo

Como o próprio nome diz é a soma dos cátions: cálcio, magnésio e potássio, sendo

representadas pela letra S, e expressa cmolc/dm³.

S = Ca + Mg + K + (Na) (cmolc/dm³)

A soma de bases é um dado importante, pois indica a pobreza ou riqueza do solo dos

nutrientes acima citados.

Capacidade de Troca de Cátions de um Solo

Representado por CTC ou T, diz respeito a quantidade total de cátions retirados no solo, em

estado trocável. Também é expresso em Cmolc/dm³.

m% Classificação

0-15 Baixo (não prejudicial)

16-35 Médio (levemente prejudicial)

35-50 Alto (prejudicial)

>50 Muito Alto (muito prejudicial)

CTC ou T = Ca + Mg + K + (H + Al)(Cmolc/dm³)

Um valor baixo da CTC do solo indica que o mesmo não suportaria adubações ou calagens

pesadas, havendo grandes perdas de nutrientes por lixiviação.

Percentagem de Saturação de Bases de um Solo

É a soma das bases trocáveis expressa em percentagem da capacidade de troca de cátions.

Representada por V sendo expressa em %, ou seja, (V%). Um solo com percentagem de

saturação baixo, indica que o colóide ou micela tem uma maior adsorção de H+ e Al++, e

menores quantidades de Ca++, Mg++ e K+. Nesse caso o solo poderá ser ácido, podendo

inclusive ter alumínio tóxico a planta.

V = 100 x S. (%)

Obs.: O V da fórmula acima é o teor da percentagem de saturação de bases do solo,

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logo é o V1

Solos eutróficos (férteis): V≥ 50%

Solos distróficos (pouco férteis): V< 50%

Solos álicos (muito pobres): Al trocável ≥ 0,3 Cmolc/dm³ e m% ≥ 50%.

12.Adubação Orgânica

12.1.Aspectos Básicos

A atividade antropogênica tem aumentado progressivamente a geração de resíduos orgânicos

que necessitam serem reincorporados aos sistemas naturais. O conhecimento da dinâmica da

matéria orgânica, dos elementos químicos e microorganismo presente nos resíduos orgânico é

fundamental para a eficiência econômica e ambiental. Exemplos destes resíduos é a vinhaça

produzida pela agroindústria álcool açucareira, os lodos das estações de tratamento de

efluentes de indústrias ou de cidades, os dejetos animais, o lixo domiciliar urbano, os rejeitos

gerados por agroindústrias, entre outras.

O aumento de rejeitos de origens variadas, bem como a necessidade de preservação dos

recursos naturais como o solo e a água faz com que se pense em otimização da ciclagem de

nutrientes, mas, ao mesmo tempo, objetivando o manejo correto dos contaminantes e

poluentes. Caso não sejam atendidos estes requisitos, provavelmente estaremos

disseminando o impacto ambiental para áreas maiores e talvez de forma irreversível.

A composição dos estercos é muito variável, sendo influenciada por vários fatores, como a

espécie animal, a raça, a idade, a alimentação, o material usado como cama, o tratamento

dado à matéria prima esterco, além de outros. Grande parte da quantidade de nitrogênio,

fósforo e potássio ingerida pelos animais adultos são eliminadas nas fezes e urina. A cama de

aves apresenta, em média, 3,2% de N, 3,5% de P e 2,5% de K; o esterco fresco de bovinos,

1,4% de N, 0,8% de P e 1,4% de K e o esterco líquido de suínos, 0,45% de N, 0,4% P e 0,16% de

K. A cama de aves é mais concentrada em nutrientes do que os de outros animais domésticos,

por várias razões:

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a) são mais secos, contendo de 5 a 15% de água contra 65 a 85% nos demais;

b) contêm as dejeções sólidas e líquidas misturadas;

c) provêm de aves criadas, na maior parte das vezes, com rações concentradas.

A composição e as características do esterco indicam que este material possui potencial para a

utilização direta no solo como fertilizante orgânico, podendo apresentar presença de

organismos patogênicos, teores elevados de nitratos e volatilização de amônia. O lodo de

esgoto apresenta pH próximo à neutralidade; em torno de 60 a 70% de sólidos; teores de N em

torno de 3,0%, P (1,5%) e S (1,1%), considerados relativamente altos, assemelhando-se aos

existentes em estercos de animais domésticos, enquanto o K (0,3%) aparece em baixa

concentração.

Geralmente possui altas concentrações de micronutrientes e apresentar problemas com

metais pesados (Cr, Cd, Ni, Pb, Ba). Pode oferecer riscos de poluição do ambiente com

substâncias orgânicas, assim como as possíveis transmissões de doenças ao homem e aos

animais, devido à presença de microrganismos patogênicos no lodo.

Nos resíduos orgânicos de origem animal uma grande parte do nitrogênio encontra-se já na

forma mineral, fornecendo N às culturas, mas podendo ser perdido por volatilização ou por

lixiviação, uma vez que o amônio é rapidamente transformado em nitrato. O potássio

encontra-se totalmente disponível, enquanto que mais da metade da quantidade de fósforo

ainda está na forma orgânica.

A grande variabilidade nos teores de nutrientes nos resíduos orgânicos animais é um

empecilho na recomendação. Geralmente usam-se estercos como fonte de nitrogênio e o

equilíbrio dos demais nutrientes deveriam ser efetivados com os fertilizantes minerais. Para

melhorar as recomendações na utilização de estercos líquidos deve-se usar a correlação entre

a densidade e o teor de N, P e K nos estercos líquidos de suínos e bovinos, mas mesmo assim

não se elimina por completo a variabilidade.

12.2. Aspectos Práticos

Os dejetos de bovinos e suínos podem ser manejados na forma sólida, existe um consenso de

que o manejo na forma líquida é aquele que oferece o maior número de opções, além de

aumentar a eficiência de recuperação e manutenção dos nutrientes. As lagoas de decantação

constituem-se na forma preferencial de armazenamento dos dejetos nas grandes criações de

suínos, as esterqueiras e, mais recentemente, as bioesterqueiras, contendo uma câmara de

fermentação e outra de armazenamento, destacam-se como os principais modelos de

depósitos dos dejetos nas pequenas propriedades.

A maior parte dos trabalhos conduzidos, até o momento, com o objetivo de avaliar o potencial

fertilizante dos dejetos de animais utilizou o sistema de cultivo convencional, com aração e

posterior gradagem para a incorporação do resíduo orgânico ao solo. O índice de eficiência de

liberação dos nutrientes aplicados na forma orgânica para a forma mineral é de 50% para o N

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no primeiro cultivo e de 20% no segundo cultivo, de 60% para o P no primeiro cultivo e de 20%

no segundo cultivo, e de 100% para o K no primeiro cultivo.

Os melhores resultados de pesquisa para dejetos líquidos de suínos, tanto do ponto de vista

técnico como econômico, foram obtidos com a aplicação de 40 m3 por hectare. Essa dose

pode ser menor se complementada com adubos minerais naqueles nutrientes que estão em

menor quantidade no esterco ou que as plantas sejam mais exigentes. Neste sentido, há uma

preocupação atual de recomendar doses de estercos associadas a rotações de culturas,

visando a maximização dos efeitos de ambos.

A aplicação dos dejetos animais diretamente sobre a superfície da palhada de plantas de

cobertura, antecedendo à implantação das culturas comerciais, deve influenciar a dinâmica

dos nutrientes de forma distinta daquela observada no sistema de manejo convencional. Um

dos nutrientes mais afetados deve ser o nitrogênio, uma vez que, sua disponibilidade está

diretamente relacionada à população microbiana do solo. A manutenção da umidade do solo

proporcionada pelas plantas de cobertura, especialmente nas camadas superficiais, possa

favorece a nitrificação em relação ao pousio onde o solo permanece praticamente descoberto.

Isso pode levar a perdas de N por lixiviação ou por desnitrificação, uma vez que, a absorção

desse nutriente pelas plantas ainda é pequena. O enfoque principal de estudos de valor

nutricional dos dejetos animais envolve o N, pois ele é o nutriente exigido em maiores

quantidades, está presente em maior concentração, sofre transformações ligadas à

disponibilidade de C ele apresenta uma dinâmica no solo com alto grau de complexidade e é o

nutriente com maior potencial poluente no esterco.

A aplicação dos dejetos animais deveria ser feita, de acordo com as recomendações do SCC,

com incorporação ao solo. Preconiza-se isso para evitar as perdas de N por volatilização e para

acelerar a decomposição do material orgânico e conseqüentemente a disponibilização

daqueles nutrientes que estão na forma orgânica. No entanto, nos sistemas sem revolvimento

é obrigatória a aplicação dos dejetos na superfície do solo e geralmente é feita sobre a

palhada.

12.3. Adubação Orgânica na propriedade rural

O aproveitamento integral e racional de todos os recursos disponíveis dentro da propriedade

rural, com a introdução de novos componentes tecnológicos, aumenta a estabilidade dos

sistemas de produção existentes, bem como maximiza a eficiência dos mesmos, reduzindo

custos e melhorando a produtividade. A associação dos diversos componentes em sistemas

integrados, que preservem o meio ambiente, estabelece o princípio da reciclagem: "o resíduo

de um passa a ser insumo de outro sistema produtivo".

Os sistemas agropecuários dão origem a vários tipos de resíduos orgânicos, os quais,

corretamente manejados e utilizados, revertem-se em fornecedores de nutrientes para a

produção de alimentos e melhoradores das condições físicas, químicas e biológicas do solo.

Quando inadequadamente manuseados e tratados, constituem fonte de contaminação e

agressão ao meio ambiente, especialmente quando direcionados para os mananciais hídricos.

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A produção econômica, tanto de grãos quanto de pastagens, pressupõe a oferta de nutrientes

às plantas oriunda de uma fonte que não o solo, em quantidade e qualidade compatíveis com

a obtenção da produtividade que se pretende. Essa fonte são os adubos químicos e orgânicos,

que podem ser usados de maneira exclusiva ou associados.

As culturas, especialmente as produtoras de grãos, após sua colheita, deixam uma grande

quantidade de resíduos contendo nutrientes retirados do solo. As produções animais recebem

seus alimentos através dos concentrados e das plantas cultivadas e nativas. Somente uma

parte desses elementos contidos nos alimentos ingeridos pelos animais resulta em ganho de

peso e crescimento, sendo a maior parte eliminada através do esterco e da urina. A

transformação dos resíduos em insumos agrícolas de baixo risco ambiental exige a adoção de

adequados processos de manejo, tratamento, armazenamento e utilização.

O princípio da sustentabilidade dos processos se verifica na implantação dos sistemas de

produção pecuários, cujos projetos e programas integram as construções e equipamentos de

manejo dos animais, bem como a estrutura de armazenamento, manejo, tratamento e

utilização dos resíduos gerados. As dietas, tanto para suínos e aves quanto para bovinos, são

oriundas de sistemas de produção de grãos e forragens, exigindo cuidadoso balanceamento

para um resultado técnico e econômico. Sabe-se que a alimentação representa a maior parte

do custo final da produção.

12.4.Produção com a utilização de resíduos orgânicos e compostagem

As alternativas de reciclagem de dejetos de suínos, aves e bovinos mais adotadas nas regiões

de cerrado são as adubações para produção de grãos e forragens. O alcance da adequada

reciclagem necessita do conhecimento do volume e da composição em nutrientes dos resíduos

produzidos pelos diversos processos criatórios. O estabelecimento da estrutura de

armazenamento e a subseqüente estabilização dos resíduos de suínos baseia-se, para ciclo

completo, em 150 a 170 litros/dia por fêmea no plantel.

Para o núcleo de produção de leitões, o volume de dejetos é considerado de 35 a 40 litros/dia

por matriz. Os criatórios somente com terminados geram normalmente de 13 a 15

litros/suíno/dia. A produção diária de esterco (fezes + urina) dos bovinos leiteiros é

aproximadamente 10% de seu peso corporal, o que representa, na maioria dos casos, uma

quantidade de 45 a 48 kg/vaca/dia. Já bovinos de corte confinados produzem em torno de 30 a

35 kg/cabeça/dia. Os sistemas de produção animal geram continuamente dejetos e estes, para

serem utilizados como insumo adequado, necessitam de armazenamento e estabilização.

Para efeito do estabelecimento da capacidade dessa estrutura, recomenda-se sempre a

adoção da quantidade real de dejetos produzidos num período de 90 a 120 dias, acrescidos de

20% como margem de segurança. Uma das razões é a disponibilidade de área livre para a

aplicação e outra a de efetuar estabilização natural anterior ao seu uso, aumentando, assim, a

segurança ambiental. A locação dos depósitos em pontos estratégicos dentro das áreas de

utilização minimiza o custo operacional do sistema de distribuição. A utilização dos dejetos

como insumo pode ser feita de forma integral ou com separação de sólidos.

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A fertilização normalmente realiza-se de forma integral e a fertirrigação, de ambas as

maneiras. O sólido deve sempre ser submetido ao processo compostagem, para evitar perdas

e disponibilizar os nutrientes para culturas a serem desenvolvidas na propriedade. A

compostagem é um processo de fermentação aeróbio que reduz a carga orgânica nociva dos

resíduos sólidos. A eficiência da estabilização depende da relação entre o carbono e o

nitrogênio (C:N) dos resíduos (1:25 a 1:30), bem como da umidade dos mesmos, que deve ser

em torno de 55 a 60%.

Uma lavoura de milho pode gerar entre 6 e 12 t ha-1 de resíduos vegetais. As lavouras com

maior produtividade de grãos certamente proporcionam quantidades maiores de resíduos do

que as menos produtivas. Esses resíduos contêm quantidades apreciáveis de nutrientes que se

encontram temporariamente imobilizados. A taxa de liberação para a cultura subseqüente

depende do manejo destes. Se incorporados ao solo, essa taxa se acelera; se mantidos sobre o

solo, como cobertura morta para plantio direto, ela é retardada, observando-se que, quanto

menos picada for, menor é a taxa de decomposição. Decorrente disso, em sistema de plantio

direto há inicialmente maior demanda de nutrientes, especialmente de nitrogênio. Após

estabelecido o sistema, a demanda decresce, pois a reciclagem entra em equilíbrio, quando,

então, os nutrientes imobilizados são liberados às plantas. Em média, pode-se considerar que

a palhada de milho imobiliza as quantidades de nutrientes mostrados na tabela abvaixo

Quantidade média de nutrientes imobilizados pela palhada de milho.

Palhada

(t ha-1)

Nitrogênio Fósforo Potássio Cálcio Magnésio

(kg ha-1)

6 - 12 30 - 45 4 - 6 50 - 70 12 - 20 5 - 7

Fonte: Adaptado de diversos resultados analíticos de diversas cultivares (Embrapa Milho e Sorgo).

Quando a cultura de milho é colhida para ensilagem, cortando-se as plantas a 0,40 m, a

exportação de potássio pode ser reduzida em mais de 50%, em comparação ao corte próximo

ao solo. Os resíduos culturais de milho compostados em mistura com dejetos animais

proporcionam um adubo orgânico de alta qualidade.

A utilização dos resíduos depende do conhecimento de sua qualidade. A maioria dos sistemas

de produção de suínos gera dejetos com o conteúdo de matéria seca variando de 1,7 a 3,5% e

os de bovinos estabulados e/ou confinados varia de 5% a 16% (Tabela abaixo).

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Composição média dos estercos de suínos, bovinos e frangos.

Estercos kg m-3 ou tonelada

PH MS % N P2O5 K2O

Suínos

(líquido integral)

7,2 - 7,8 1,3 - 2,5 1,6 - 2,5 1,2 - 2,0 1,0 - 1,4

Suínos

(líquido separado)

7,0 - 7,5 0,1 - 0,3 0,7 - 0,9 0,3 - 0,5 0,6 - 0,8

Bovinos(chorume) 7,0 - 7,5 10 - 15 1,5 - 2,5 0,6 - 1,5 1,5 - 3,0

Bovinos

(fezes+urina)

6,8 - 7,5 12 - 15 4,5 - 6,0 2,1 - 2,6 2,8 - 4,5

Bovinos (sólido) 7,0 - 7,5 45 - 70 15 - 25 8 - 12 8 - 15

Aves (cama frango) 6,0 - 7,5 65 - 90 24 - 40 20 - 35 18 - 35

Fonte: Adaptado de diversos autores.

Esses conteúdos poderão variar, dependendo do sistema de higienização empregado e do

desperdício dos comedouros e bebedouros. O conhecimento desses valores é a base para o

cálculo da adubação que cada cultura exige, em função da produtividade pretendida.

Os dejetos, como fertilizante, podem ser aplicados no solo de maneira uniforme e/ou

localizada, dependendo do tipo de equipamento envolvido e do sistema de plantio adotado.

Os equipamentos mais utilizados são os tanques ou carretas tratorizados e sistemas de

aspersão. Para os líquidos, os aspectos positivos da aspersão são a maior área possível de ser

fertilizada com o mesmo equipamento, maior precisão nas doses estabelecidas e menor

investimento em equipamentos por unidade de área e conseqüente menor custo da

fertilização. A distribuição por aspersão é em torno de 50% menor que o da fertilização com

tanque tratorizado. Este, por sua vez, traz grave inconveniente de compactar o solo, pelo

intenso trânsito na hora da aplicação.

13. Conceito de compostagem. Adubação química, conceitos e necessidades.

13.1.Compostagem

13.1.1.Conceito

A compostagem é um processo biológico de biodegradação e biossíntese aeróbio de

biomoléculas orgânicas com produção de gás carbônico, água e biomoléculas que farão parte

da constituição dos novos organismos e de produtos de seu metabolismo.

13.1.2. Fundamentos básicos do processo de compostagem

A compostagem é praticada desde a História antiga, porém até recentemente, de forma

empírica . Gregos , romanos, e povos orientais já sabiam que resíduos orgânicos podiam ser

retornados ao solo , contribuindo para sua fertilidade. No entanto, só a partir de 1.920, com

Albert Howard, é que o processo passou a ser pesquisado cientificamente e realizado de forma

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racional. Nas décadas seguintes, muitos trabalhos científicos lançaram as bases para o

desenvolvimento desta técnica , que hoje pode ser utilizada em escala industrial.

O emprego de compostos orgânicos na produção agrícola é uma prática adotada no mundo

inteiro. Seu grau de eficiência depende do sistema e da forma como se executa o processo de

preparo do mesmo e das matérias primas utilizadas, podendo ocorrer elevadas variações de

qualidade. A riqueza nutricional e biológica que os compostos orgânicos conferem ao solo e às

plantas auxiliam sobre maneira no seu cultivo, permitindo melhorar as qualidades químicas,

físicas e biológicas do solo.

De acordo com Pereira Neto & Stentiford (1992), o processo de compostagem deve incluir

uma fase termofílica, cuja temperatura se situa na faixa de 45-65ºC, quando ocorre a

higienização do material, e uma fase de maturação ou cura, quando ocorre a humificação e a

produção do composto propriamente dito.

Nakagawa (1992) cita que um composto orgânico mais pobre em nutrientes, porém rico em

carbono, terá um excelente papel nas propriedades físicas do solo. Quando ricos em

nutrientes, terá finalidade dupla ou tripla no solo, agindo como melhorador do solo sob o

ponto de vista físico, como fertilizante de disponibilidade controlada e, se contiver população

ativa de microorganismos, como condicionador biológico.

13.1.3. Etapas da compostagem

A compostagem consiste na oxidação do material orgânico por uma sucessão rápida de

populações microbianas sob condições aeróbias, dando origem a um produto estabilizado, de

coloração escura, em que os compostos orgânicos sofreram mineralização e processos de neo-

síntese, assumindo natureza coloidal, denominado composto.

O composto apresenta uma relação C/N próxima de 10 e uma composição em elementos

minerais que varia em função da origem do material que foi compostado e da técnica de

compostagem empregada.

Durante a compostagem ocorrem duas fases distintas: a fase termofílica e a fase de

estabilização ou cura.

A fase termofílica ocorre no início do processo e a temperatura se eleva rapidamente,

podendo atingir valores de 65 °C, quando ocorre a higienização do material, ou seja,

organismos patogênicos, ovos de helmintos e outros agentes causadores ou transmissores de

doenças são eliminados, tornando mais seguro o uso do composto.

Após a fase termofílica, por volta dos 40 dias de compostagem, a temperatura volta a se

equilibrar com a temperatura ambiente e o processo atinge a chamada fase de maturação ou

cura, em que correm reações que levam à humificação do produto (Pereira Neto & Stentiford,

1992).

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Etapas que ocorre processo de compostagem

13.1.4. Composição química da matéria prima e do composto

A composição química do composto depende da composição química dos resíduos que foram

usados na sua produção e também do processo utilizado.

Na Tabela abaixo é apresentada a composição química de alguns produtos orgânicos que

podem ser utilizados para compostagem.

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Além dos nutrientes das plantas, é importante conhecer a composição em elementos ou

compostos potencialmente tóxicos, principalmente no caso da compostagem de resíduos

como lixo urbano, lodo de esgoto, esterco de suínos, resíduos industriais, de modo a se utilizar

o composto sem riscos para o meio ambiente e para a saúde dos animais e do homem.

Os processos de compostagem podem ser dividos em três grandes grupos:

• Sistema de leiras revolvidas ( windrow) , onde a mistura de resíduos é disposta em leiras ,

sendo a aeração fornecida pelo revolvimento dos resíduos e pela convecção e difusão do ar na

massa do composto. Uma variante deste sistema, além do revolvimento, utiliza a insuflação de

ar sob pressão nas leiras

• Sistema de leiras estáticas aeradas (static pile), onde a mistura a ser compostada é colocada

sobre uma tubulação perfurada que injeta ou aspira o ar na massa do composto, não havendo

revolvimento mecânico das leiras.

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• Sistemas fechados ou reatores biológicos (In-vessel) , onde os resíduos são colocados dentro

de sistemas fechados, que permitem o controle de todos os parâmetros doprocesso de

compostagem.

Obtenção prática de um composto de serragem e esterco de curral

1.Em um terreno limpo, marcar um retângulo com largura entre 1 e '1,5 m e um comprimento

que dependerá do volume de composto a produzir.

2.O material rico em carbono (relação C/N larga) disponível (serragem, palha de arroz, palha

de amendoim, lixo urbano, lodo de esgoto) deverá participar com uma proporção 3. No caso,

usar-se o bagaço de cana.

Em função do volume de composto, usar um recipiente como medida (balde,carriola, carroça,

caminhão) e dispor sobre o retângulo marcado no terreno uma primeira camada do resíduo

como na figura abaixo.

Adição de uma medida de lodo de esgoto por meio de uma carriola sobre a primeira camada

de bagaço de cana obtida com três carriolas.

3.Em seguida, adicionar um volume do resíduo que funcionar como fonte de N e inoculo de

microrganismos para que o processo oxidativo biológico ocorra.

4.Irrigar o meio por meio de uma mangueira, de tal forma que a umidade atinja

cerca de 50-60 da capacidade de retenção de água da mistura.

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Molhando a leira com água de torneira

5.Adicionar, sucessivamente, uma camada de bagaço de cana e uma de lodo de esgoto até que

a leira atinja uma altura de cerca de 1-1,5 m, adicionando água a cada nova camada de bagaço

de cana + lodo de esgoto.

6.Após a última camada de lodo de esgoto, revestir a leira com bagaço de cana.

Leira concluída.

Uma maneira prática de ser verificar se o teor de umidade está correto é pegar um pouco da

mistura, colocar na mão e tentar fazer uma bolota. Se conseguir, o teor de umidade está

próximo do ideal. A água não deve escorrer pelas mãos (excesso de água) e a massa também

não deve esfarelas (pouca água).

7.Após uma semana (ou quando a temperatura atingir cerca de 50-60oC, promover à revirada

da leira, de tal modo a provocar um abaixamento da temperatura e também expor larvas que

porventura tenham surgido no meio à radiação solar.

Durante o revolvimento, adicionar água de modo a restaurar a umidade do meio.

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Vantagens do processo de compostagem:

a) Não formação de gases com cheiro desagradável;

b) Redução do volume, peso e teor de umidade dos resíduos, facilitando o transporte, o

armazenamento e aplicações;

c) Inativação de patógenos;

d) Transformação dos resíduos sólidos em adubos orgânicos;

e) Reciclagem de nutrientes contidos nos resíduos

f) Aproveitamento de lixo urbano;

g) Educação ambiental.

Desvantagens do processo de compostagem (lixo urbano):

a) Custo elevado de investimento ;

b) Necessidade de dispor os rejeitos em aterro;

c) Necessidade de estudo de mercado para usar o composto ;

d) Necessidade de pessoal treinado para a operação ;

e) Contato direto dos operários com o lixo.

13.2. Adubação Química

O correto manejo da fertilidade é responsável por grande parte dos ganhos de produtividade

das culturas. Considerando a fertilidade natural da grande maioria dos solos brasileiros, os

ganhos nas nossas condições podem ser ainda muito mais elevados.

Neste contexto, em complementação às práticas corretivas, a prática da adubação

propriamente dita assume papel de relevada importância. Mas, por representar uma

significativa parcela nos custos de produção, a adubação tem que ser feita com a máxima de

eficiência para resultar na obtenção da produtividade máxima econômica(PME), para causar o

mínimo de danos ao meio ambiente, para se obter produtos agrícolas com qualidade e para se

evitar o desperdício de recursos naturais não renováveis.

13.2.1. Definição do Nutriente a Aplicar

A primeira resposta a ser dada no processo de recomendação de adubação diz respeito à

definição dos nutrientes a serem aplicados. Tal definição somente é possível ao se considerar,

de forma conjunta, os fatores solo, planta e agricultor.

Fatores básicos a serem considerados para a correta recomendação de práticas corretivas e

de adubação.

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13.2.2. Classificação dos Fertilizantes

Adubos Minerais

Podem conter macro e micronutrientes nas suas constituições ou ambos (adubos mistos

ou misturas fertilizantes).

Adubação Nitrogenada

Principais Adubos Nitrogenados

Embora exista uma gama de fontes de nitrogênio para as plantas cultivadas, as mais

usuais no Norte e Nordeste são: uréia, sulfato de amônio, e as misturas granuladas

complexas fosfato monoamônico (MAP) e fosfato diamônico (DAP), que são adubos

contendo nitrogênio e fósforo nas suas constituições. Em menor escala também se

emprega o nitrocálcio.

Uréia

É o adubo nitrogenado mais vendido no mundo e bastante empregado nas adubações:

fundação ou em cobertura (solo, pulverizações foliares, fertirrigação). Dos adubos

nitrogenados sólidos é o que apresenta maior concentração de nitrogênio (45% de N),

como também é a forma de N mais estável no solo quimicamente (forma amídica). Tem

como desvantagens apresentar altos índices de salinidade (75) e acidez (75), também

tem como característica negativa o seu grau de pureza, pois é constituído apenas pelo

nitrogênio.

Morfologicamente o adubo pode ser encontrado no mercado nas formas cristalina ou

granulada. A forma de grânulos deve ser preferencialmente eleita em relação à

cristalina, pois é menos higroscópica e tem melhor comportamento no solo, em virtude

da liberação do nutriente ocorrer de modo parcimonioso. A uréia é um adubo muito

higroscópico. Por conter o nitrogênio amídico na sua constituição, e o mesmo só é

absorvido após a reação de amonificação ou carbonatação proporcionada pela enzima

urease que está no solo em grandes proporções.

Sulfato de Amônio

É um adubo empregado nas misturas NPK, principalmente quando as fontes de fósforo

e potássio não contêm enxofre nas suas constituições. Se comparado com a uréia, tem

pequena concentração de nitrogênio 20% de N na forma amoniacal, mas em

contrapartida tem 24% de enxôfre na forma de sulfato, sendo um adubo menos puro que

a uréia ponto positivo). Apresenta como desvantagens: altos índices salinos (69) e de

acidez (110); fisicamente também é pouco estável (higroscópico), pois só é encontrado

no mercado na forma cristalina, que tem maior superfície de contacto. Por kg de

nutrientes é mais caro que o adubo uréia.

Misturas complexas – MAP e DAP

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Embora não sejam fontes exclusivas de nitrogênio, são empregadas por nossos

agricultores, principalmente nas adubações de plantio. A característica mais positiva dos

fosfatos de amônio é que em cada grânulo do adubo estão encerrados os nutrientes

nitrogênio e fósforo, ponto importante, pois minimizam as perdas desses elementos no

solo, por lixiviação e retrogradação respectivamente.

Os teores de nitrogênio e fósforo nos fosfatos de amônio são: o fosfato

monoamônioco tem em média (11% de N) na forma amoniacal e (44% de P2O5) solúvel

em água, e o fosfato diamônico, 18% de N na forma amoniacal e aproximadamente

(40%P2O5) solúvel em água. Apresentam respectivamente (58) e (75) de índice de

acidez.

Nitrocálcio

Das fontes de N apresentadas é a menos estável quimicamente no solo (perda por

lixiviação), pois a metade do elemento no adubo está na forma nítrica, tem (27% de N) é

um adubo que apresenta pequeno índice de acidez (26). É bastante higroscópico. Tem

pequenas concentrações de CaO e MgO, com respectivamente (7% e 3%), logo essas

impurezas benéficas não podem ser pontos determinantes para escolha desse material,

em relação a uréia ou o sulfato de amônio.

Escolha do Adubo Nitrogenado

A má eleição de um adubo tem sido uma das causas de insucesso das adubações; logo,

para que obtenhamos maiores respostas às adubações, deveremos proceder de maneira

criteriosa à escolha do material fertilizante.

Em relação ao adubo nitrogenado, temos, na verdade, no mercado com maior

disponibilidade apenas duas fontes: uréia e sulfato de amônia; para a escolha de um

desses adubos deve-se atentar para os seguintes aspectos: concentração de N e preço

(nesse particular, a uréia leva uma enorme vantagem em relação ao sulfato de amônio,

pois tem mais que o dobro de sua concentração), constituição química do adubo (o

sulfato de amônio, por conter nitrogênio e enxofre, tem uma maior diversidade de

nutrientes), forma de N no adubo (ambos se equivalem, pois as formas de N neles

contidas são quimicamente mais estáveis no solo que adubos contendo N na forma

nítrica).

Como foi visto, ambas as fontes apresentam vantagens e desvantagens; cabe a quem vai

adubar ter o bom senso de escolher o adubo que melhor se encaixe a sua programação

de adubação; em outras palavras; caso a adubação nitrogenada tenha apenas a finalidade

de repor o nitrogênio, o adubo escolhido deve ser a uréia, pois os custos com a

adubação nitrogenada serão minimizados, em virtude da concentração de N no adubo.

Entretanto, se o adubo nitrogenado for também a fonte de enxôfre, a eleição recairá no

sulfato de amônio; essa escolha pode ocorrer caso o agricultor já tenha em sua

propriedade o superfosfato triplo, que praticamente não tem enxofre e o cloreto de

potássio não encerra esse elemento em sua constituição.

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Uma das três fontes da mistura NPK necessita ter enxofre em sua constituição, pois

estando esse macronutriente em falta a produção poderá ser limitada pelo mesmo, já que

os nossos solos são pobres em matéria orgânica, que seria a fonte original de enxofre

para a planta.

Modo de Aplicação dos Adubos Nitrogenados

É a forma como o adubo é aplicado no solo tratando-se de adubos solúveis em água,

como os nitrogenados, o modo de aplicação deve ser o mais localizado possível,

diminuindo se sobremodo o contacto do adubo com o solo, e, conseqüentemente, a

perda por lixiviação(principal perda).

Adubação Fosfatada

Principais Adubos Fosfatados

As fontes mais empregadas de fósforo nas adubações de restituição são:

superfosfatosimples, superfosfato duplo ou triplo (também denominado de concentrado)

e os fosfatos de amônio. Como fonte solúvel em água, pode-se incluir também

osuperfosfato “30”, entretanto a sua difusão no mercado é pequena, principalmente em

nossa região.

Superfosfato simples

Bastante empregado principalmente quando na mistura NPK, ele é a fonte de enxofre.

Apresenta (20% de P2O5) solúvel em água e (12% de S) na forma de sulfato, não altera

a reação do solo, tem pequeno índice de salinidade, aproximadamente 8. No mercado

pode ser encontrado nas formas pulverulenta e granulada; sempre que possível deve-se

dar preferência a essa última forma, pois além de facilitar a distribuição do adubo no

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solo (manual ou mecanicamente), o nutriente fósforo fica menos susceptível a sua

principal perda que é a retrogradação.

Superfosfato triplo

É o adubo fosfatado mais empregado no mundo, pois a alta concentração (45% de P2O5)

barateia sobremodo os custos com a adubação. Como o superfosfato simples, também

não altera a reação do solo, tem pequeno índice salino, aproximadamente 10. Pode

também ser encontrado nas formas de pó ou grânulos. A concentração de enxofre na sua

constituição é muito pequena, girando em torno de 2 a 3%, sendo um ponto negativo em

relação a esse aspecto. Os adubos fosfatados têm baixíssimas higroscopicidades,

principalmente nas formas granuladas.

Época de Aplicação do Adubo Fosfatado

Para culturas perenes, além das adubações fosfatadas de viveiro e plantio, deve-se

efetuar ano/ano que serão procedidas em cobertura do solo, nas épocas devidas

sugeridas pela pesquisa, ou seja, antes da emissão de inflorescência.

Adubos Fosfatados Insolúveis em Água

São os fosfatos naturais minerais ou seja apatitas e fosforitas, que possuem o fósforo nas

suas constituições principalmente nas formas aniônicas bivalente (HPO4=) e

trivalente(PO4=) e uma pequena concentração do íon monovalente (H2PO4-), forma que

é ordinariamente absorvida pela planta. Essas apatitas e fosforitas nomeadas na

classificação são insolúveis em água, logo, tem maior uso nas adubações de correção,

podendo, entretanto, suplementar adubos solúveis em adubações de manutenção.

Época e Modo de Aplicação

Para maior eficiência desses fosfatos naturais, recomenda-se a incubação dos mesmos

no solo 120 – 180 dias antes da implantação de uma cultura. Na adubação de correção, o

solo deve ficar em pousio, não se deve implantar uma cultura, visando comercialização

de um produto, entretanto, como o tempo de pousio é longo, torna-se necessário, o

plantio de um adubo verde, para proteger o solo.

Adubação potássica

Principais Adubos Potássicos

Nas adubações de restituição, as fontes potássicas mais empregadas em ordem

decrescente são: cloreto de potássio, sulfato de potássio e sulfato duplo de potássio e

magnésio.

Cloreto de Potássio

É o adubo potássico mais vendido no mundo; isso se deve principalmente em virtude de

sua alta concentração (60% de K2O), entretanto, devido à presença do Cloro na sua

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constituição, torna-se impraticável o uso desse adubo em algumas culturas, aumentando

a qualidade do produto agrícola colhido.

Dos materiais fertilizantes usualmente empregados nas adubações, o cloreto de potássio

é o que apresenta maior índice salino, variando entre (114 e 116), logo, deve-se ter

maiores cuidados na aplicação desse adubo, principalmente nas adubações de plantio,

para que o produto não fique próximo à parte de propagação.

Não altera a reação do solo. Apresenta-se em duas formas: a cristalina e a granulada; a

forma cristalina é mais higroscópica que a granulada, entretanto a higroscopicidade dos

adubos potássicos é bem menor que a dos nitrogenados.

Sulfato de Potássio

Depois do cloreto de potássio, é o adubo potássico mais usado no Brasil; apresenta uma

boa concentração do elemento principal, com (48 a 50% de K2O) na sua constituição e

aproximadamente (18% de enxofre) na forma de sulfato. Tem índice salino menor do

que o cloreto de potássio, aproximadamente 46,1; não altera a reação do solo, logo, é

um adubo que apresenta comportamento neutro no solo. No mercado a única forma

encontrada é a cristalina, mesmo assim não é muito higroscópico.

Sulfato duplo de Potássio e Magnésio

Pouco difundido em nossa região, tem aproximadamente valores iguais em K2O e

enxofre, na ordem de (22%), e (18%) em óxido de magnésio; tem pequena

higroscopicidade.

Locais corretos de aplicação de materiais fertilizantes em adubações em cobertura para

culturas perenes em diferentes estágios de vida, inclusive na fase safreira (Guia

rural,1995)

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Absorção de N, P, K por diferentes culturas.

A tabela abaixo, mostra que os elementos nitrogênio e potássio, são mais requeridos que

o elemento fósforo pela maioria das culturas, mesmo esse último, sendo reposto ao solo

em doses maiores que os primeiros (relação fertilizante 1:2:1 ou 1: 2:0,5). A maior

aplicação de dosagens de fósforo, se deve ao seu baixo coeficiente de aproveitamento,

que está em torno de 10 a 30%, enquanto o nitrogênio e potássio, apresentam valores

em torno de 70% e 50%, respectivamente. Por conseguinte, fisiologicamente, a planta

não tem avidez maior por fósforo, embora normalmente, se pense ao contrário.

USO DOS ADUBOS CONTENDO MICRONUTRIENTES

Fontes Com Micronutrientes Metálicos

As principais fontes dos elementos ferro, cobre, zinco e manganês são: os sulfatos, fritas

(FTE) e quelatos. O uso de sais solúveis, como os sulfatos têm baixa eficiência, porque

pode haver uma rápida conversão desses íons para compostos não assimiláveis pelas

plantase/ou grandes perdas por lixiviação principalmente em solos com baixa CTC

(arenosos).

Para aplicações via solo deve-se usar um material fertilizante em que os nutrientes

estejam menos predispostos as diferentes perdas, como as fritas (FTE) e principalmente

os quelatos, já que a liberação do(s) elemento (s) se dá parcimoniosamente, diferente

dos sais solúveis que após a solubilização do produto e descomplexação, a liberação do

íon ou íons ocorre prontamente incidindo em maiores perdas.

O maior uso dos sulfatos deve recair nas adubações foliares ou fertirrigação. Os

quelatos por serem solúveis em água podem também serem empregados nas

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pulverizações foliares e fertirrigações, o que não ocorre as fritas (FTE), por serem

insolúveis em água.

Fontes de Micronutrientes não Metálicos

Boro

As fontes mais usuais de boro são: bórax, ácido bórico, solubor e fritas (FTE) as três

primeiras fontes podem ser utilizadas nas aplicações no solo, por ocasião do plantio,

como também em cobertura, sob a forma de pulverização foliar, pois são solúveis em

água, entretanto o uso das fritas só pode ocorrer nas aplicações via solo, por ser

insolúvel em água. As correções de deficiências minerais com micronutrientes devem

ser feitas via pulverização foliar.

Molibdênio

As fontes mais empregadas são molibdato de sódio, molibdato de amônio, que podem

ser usados nas adubações via solo, pulverizações foliares ou fertirrigações. As fritas

também podem ser usadas, entretanto seu emprego é pequeno pela menor concentração

de molibdênio e ser insolúvel em água.

Cloro

Só conhecemos deficiências do elemento em condições controladas.

Mistura dos Fertilizantes

É a associação de dois ou mais adubos simples, que apresentem compatibilidade física e

principalmente química. A mistura objetiva principalmente diminuir os custos de

aplicação e garantir adequada proporção de nutrientes para a cultura. As misturas

podem ser pré fabricadas (misturas comercializadas) ou preparadas na fazenda (misturas

formuladas) tendo como base a análise química do solo e exigências nutricionais da

cultura.

Misturas Comerciais

Embora sejam muito utilizadas, o seu uso de forma indiscriminada como vem

ocorrendo, pode trazer sérios prejuízos para o agricultor, pois em geral são adquiridas

no comercio sem levar em consideração as necessidades de nutrientes do solo, como

também exigências nutricionais das plantas.

Quando recomendadas por Engenheiros agrônomos ou técnicos agrícolas, essas

misturas irão suplementar um bom conteúdo de nutrientes do solo e satisfazer as

necessidades da planta, já que serão escolhidas tomando-se por base a analise química

do solo, e a recomendação de adubação para a cultura naquela região. As vezes se faz

necessário a suplementação com outros adubos simples contendo macro ou

micronutrientes em adubações de plantio ou pós-plantio. As misturas 10-10-10; 4-14-8;

6-12-6 e 10-20-10, são as mais vendidas no comercio e quase sempre não dão respostas

compatíveis com os gastos efetuados com esse insumo.

Misturas Preparadas na Fazenda

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Esse tipo de mistura deve ser preparado sob a supervisão de um Engenheiro agrônomo

ou técnico agrícola, em virtude dos seguintes fatores: proceder a interpretação da análise

química do solo escolher e associar de forma correta os adubos simples, levando em

consideração constituições químicas (diversidade e concentração de nutrientes),

compatibilidade física e química dos adubos simples e cálculos para a determinação da

formulação.

Formula Fertilizante

Os fertilizantes são especificados por fórmulas, de acordo com seu conteúdo em

nitrogênio, fósforo e potássio, expressos em porcentagem. O nitrogênio é expresso na

forma elementar (N), enquanto o fósforo e potássio na forma de óxidos P2O5 e K2O,

respectivamente. Uma formulação fertilizante 10-10-10, quer dizer que em 100 kg de

mistura dos adubos simples, contendo NPK, se tem 10% de N, 10% de P2O5 e 10% de

K2O. Quando a mistura fertilizante apresenta apenas dois macronutrientes, o elemento

suprimido é substituído pelo número zero. Exemplos: 0-20-10; 20-0-10; 20-10-0, em

que os elementos em falta são respectivamente: nitrogênio, fósforo e potássio. Nos

fertilizantes simples, a representação fertilizante numérica é apenas do elemento que

nomeia o adubo, sem representação para elemento ou elementos acompanhantes.

Exemplos: sulfato de amônio 20-0-0 (N – P2O5 – K2O); uréia 45-0-0 (N – P2O5 – K2O);

superfosfato triplo 0-45-0 (N – P2O5 –K2O); cloreto de potássio 0-0-60 (N – P2O5 –

K2O); sulfato de potássio 0-0-48 (N – P2O5 –K2O).

Mistura NPK (Adaptado de Coelho, 1973)

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14. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ADUBAÇÃO QUÍMICA.

Na prática da agricultura, no trabalho com o solo e as plantas, devemos encarar a terra como

um amplo sistema onde devem viver em equilíbrio um número incalculável de pequeninos

seres, insetos e vegetais, que garantem a perfeita fertilidade do solo e a saúde das plantas.

Os adubos químicos podem poluir o Meio Ambiente porque alguns se dissolvem na água,

causando três conseqüências:

1. Uma parte é rapidamente absorvida pelas raízes das plantas causando o aumento das

células fazendo com que aumente muito seu nível de água. Consequentemente as plantas

ficam mais acessíveis a pragas e doenças, além de menos gostosas e pobres em vitaminas.

2. Outra parte é lavada pelas águas das chuvas e pela regagem, indo poluir rios, lagos e demais

fontes das águas a morte de rios e lagos, pois a grande quantidade de nutrientes além de

estimularem um crescimento exagerado das algas que respiram todo o oxigênio da água.

3. Há ainda uma terceira parte que se evapora, como no caso dos adubos nitrogenados (como

o sulfato de amônio) que sob a forma de óxido nitroso pode destruir a camada de ozônio da

atmosfera.

Vários tipos de fertilizantes químicos deixam o solo muito ácido, além de serem destruidores

dos seres decompositores do solo. A utilização dos adubos químicos, dos defensivos agrícolas e

das sementes híbridas forma um círculo vicioso, interessante apenas para as multinacionais da

agroindústria. As sementes ditas melhoradas necessitam mais adubação para se

desenvolverem. A utilização do adubo torna as plantas mais fracas e mais aptas ao ataque de

pragas e doenças. Assim quanto mais adubos, mais aumento de produção e mais venenos e

menos saúde nos alimentos.

O emprego exagerado de fertilizantes gera desequilíbrio ecológico. Os seres decompositores

não conseguem reciclar na mesma proporção em que são colocados no

15. USO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS.

Normas e usos defensivos agricolas

Agrotóxicos são os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos,

destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento dos

produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de

outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade

seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres

vivos considerados nocivos (Lei Federal 7.802 de 11.07.89).

Toxidades dos defensivos agrícolas

A toxicidade da maioria dos defensivos é expressa em termos do valor da Dose Média Letal

(DL50), por via oral, representada por miligramas do produto tóxico por quilo de peso vivo,

necessários para matar 50% de ratos e outros animais testes. Assim, para fins de prescrição

das medidas de segurança contra riscos para a saúde humana, os produtos são enquadrados

em função do DL50, inerente a cada um deles, conforme mostra a tabela

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Tabela . Classificação toxicológica dos agrotóxicos em função do DL50.

Classe

toxicológica

Descrição Faixa indicativa de cor

I Extremamente tóxicos (DL50 < 50 mg/kg de

peso vivo)

Vermelho vivo

II Muito tóxicos (DL50 – 50 a 500 mg/kg de peso

vivo)

Amarelo intenso

III Moderadamente tóxicos (DL50 – 500 a 5000

mg/kg de peso vivo)

Azul intenso

IV Pouco tóxicos (DL50 > 5000 mg/kg de peso

vivo)

Verde intenso

Equipamento de proteção Individual EPIs

Os EPIs mais comumente utilizados são: máscaras protetoras, óculos, luvas impermeáveis,

chapéu impermeável de abas largas, botas impermeáveis, macacão com mangas compridas e

avental impermeável. Os EPIs a serem utilizados são indicados via receituário agronômico e

nos rótulos dos produtos.

Recomendações relativas aos EPIs

Devem ser utilizados em boas condições, de acordo com a recomendação do

fabricante e do produto a ser utilizado;

Devem possuir Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho;

Os filtros das máscaras e respiradores são específicos para defensivos e têm data de

validade;

As luvas recomendadas devem ser resistentes aos solventes dos produtos;

O trabalhador deve seguir as instruções de uso de respiradores;

A lavagem deve ser feita usando luvas e separada das roupas da família;

Devem ser mantidos em locais limpos, secos, seguros e longe de produtos químicos

Transporte dos defensivos agrícolas

O transporte de defensivos pode ser perigoso, principalmente, quando as embalagens são

frágeis, devendo-se tomar as seguintes precauções

Nunca transportar defensivos agrícolas junto com alimentos, rações, remédios etc.;

Nunca carregar embalagens que apresentem vazamentos;

Embalagens contendo defensivos e que sejam suscetíveis a ruptura deverão ser

protegidas durante seu transporte usando materiais adequados;

Verificar se as tampas estão bem ajustadas;

Impedir a deterioração das embalagens e das etiquetas;

Evitar que o veículo de transporte tenha pregos ou parafusos sobressalentes dentro do

espaço onde devem ser colocadas as embalagens;

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Não levar produtos perigosos dentro da cabine ou mesmo na carroceria se nela

viajarem pessoas ou animais;

Não estacionar o veículo junto às casas ou locais de aglomeração de pessoas ou de

animais;

Em dias de chuva sempre cobrir as embalagens com lona impermeável se a carroceria for

aberta.

Um fator importante na armazenagem é a temperatura no interior do depósito. As

temperaturas mais altas podem provocar o aumento da pressão interna nos frascos,

contribuindo para a ruptura da embalagem, ou mesmo, propiciando o risco de contaminação

de pessoas durante a abertura da mesma. Pode ocorrer ainda a liberação de gases tóxicos,

principalmente daquelas embalagens que não foram totalmente esvaziadas, ou que foram

contaminadas externamente por escorrimentos durante o uso. Estes vapores ou gases podem

colocar em risco a vida de pessoas ou animais da redondeza.

Recomendações gerais

Armazenar em local coberto de maneira a proteger os produtos contra as intempéries;

A construção do depósito deve ser de alvenaria, não inflamável;

O piso deve ser revestido de material impermeável, liso e fácil de limpar;

Não deve haver infiltração de umidade pelas paredes, nem goteiras no telhado;

Funcionários que trabalham nos depósitos devem ser adequadamente treinados,

devem receber equipamento individual de proteção e ser periodicamente submetidos

a exames médicos;

Junto a cada depósito deve haver chuveiros e torneira, para higiene dos trabalhadores;

Um “chuveirinho” voltado para cima, para a lavagem de olhos, é recomendável.

As pilhas dos produtos não devem ficar em contato direto com o chão, nem

encostadas na parede;

Deve haver amplo espaço para movimentação, bem como arejamento entre as pilhas;

Estar situado o mais longe possível de habitações ou locais onde se conservem ou

consuma alimentos, bebidas, drogas ou outros materiais, que possam entrar em

contato com pessoas ou animais;

Manter separados e independentes os diversos produtos agrícolas;

Efetuar o controle permanente das datas de validade dos produtos;

As embalagens para líquido devem ser armazenadas com o fecho para cima;

Os tambores ou embalagens de forma semelhante não devem ser colocados

verticalmente sobre os outros que se encontram horizontalmente ou vice-versa;Deve

haver sempre disponibilidade de embalagens vazias, como tambores, para o

recolhimento de produtos vazados;

Deve haver sempre um adsorvente como areia, terra, pó de serragem ou calcário para

adsorsão de líquidos vazados;

Deve haver um estoque de sacos plásticos, para envolver adequadamente embalagens

rompidas;

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Nos grandes depósitos é interessante haver um aspirador de pó industrial, com

elemento filtrante descartável para se aspirar partículas sólidas ou frações de pós

vazados;

Se ocorrer um acidente que provoque vazamentos, tomar medidas para que os

produtos vazados não alcancem fontes de água, não atinjam culturas, e que sejam

contidos no menor espaço possível. Recolher os produtos vazados em recipientes

adequados. Se a contaminação ambiental for significativa, avisar as autoridades, bem

como alertar moradores vizinhos ao local.

Pequenos depósitos

Não guardar defensivos agrícolas ou remédios veterinários dentro de residências ou de

alojamento de pessoal;

§Não armazenar defensivos nos mesmos ambientes onde são guardados alimentos,

rações ou produtos colhidos;

Se defensivos forem guardados num galpão de máquinas, a área deve ser isolada com

tela ou parede, e mantida sob chave;

Não fazer estoque de produtos além das quantidades previstas para uso a curto prazo,

como uma safra agrícola;

Todos os produtos devem ser mantidos nas embalagens originais. Após remoção

parcial dos conteúdos, as embalagens devem ser novamente fechadas;

No caso de rompimento de embalagens, estas devem receber uma sobrecapa,

preferivelmente de plástico transparente para evitar a contaminação do ambiente.

Deve permanecer visível o rótulo do produto;

Na impossibilidade de manutenção na embalagem original, por estar muito danificada, os

produtos devem ser transferidos para outras embalagens que não possam ser confundidas

com recipientes para alimentos ou rações. Devem ser aplicadas etiquetas que identifiquem o

produto, a classe toxicológica e as doses a serem usadas para as culturas em vista. Essas

embalagens de emergência não devem ser mais usadas para outra finalidade. Somente os

engenheiros agrônomos e florestais, nas respectivas áreas de competência, estão autorizados

a emitir a receita. Os técnicos agrícolas podem assumir a responsabilidade técnica de

aplicação, desde que o façam sob a supervisão de um engenheiro agrônomo ou florestal

(Resolução CONFEA No 344 de 27-07-90).

Para a elaboração de uma receita é imprescindível que o técnico vá ao local com problema

para ver, avaliar, medir os fatores ambientais, bem como suas implicações na ocorrência do

problema fitossanitário e na adoção de prescrições técnicas.

As receitas só podem ser emitidas para os defensivos registrados na Secretaria de Defesa

Agropecuária - DAS do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que poderá dirimir

qualquer dúvida que surja em relação ao registro ou à recomendação oficial de algum produto.

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Aquisição dos defensivos agrícolas

Procurar orientação técnica com o engenheiro agrônomo ou florestal;

Solicitar o receituário agronômico, seguindo-o atentamente;

Adquirir o produto em lojas cadastradas e de confiança;

Verificar se é o produto recomendado (nome comercial, ingrediente ativo e

concentração);

Observar a qualidade da embalagem, lacre, rótulo e bula;

O prazo de validade, o número de lote e a data de fabricação devem estar

especificados;

Exigir a nota fiscal de consumidor especifi

O preparo da calda é uma das operações mais perigosas para o homem e o meio

ambiente, pois o produto é manuseado em altas concentrações. Normalmente esta

operação é feita próximo a fontes de captação de água, como poços, rios, lagos,

açudes etc. Geralmente ocorrem escorrimentos e respingos que atingem o operador, a

máquina, o solo e o sistema hídrico, promovendo desta forma a contaminação de

organismos não alvos, principalmente daqueles que usarão a água para sua

sobrevivência.

Cuidados antes das aplicações

Siga sempre orientação de um técnico para programar os tratamentos fitossanitários;

Leia atentamente as instruções constantes do rótulo do produto e siga-as corretamente.

O rótulo das embalagens deve conter as seguintes informações:

- A dosagem a ser aplicada; Número e intervalo entre aplicações; Período de carência; Culturas, pragas, patógenos etc. indicados; DL50; Classe toxicológica;Efeitos colaterais no homem, animal, planta e meio ambiente; Recomendações gerais em caso de envenenamento; Persistência (tempo envolvido na degradação do produto); Modo de ação do produto; Formulação; Compatibilidade com outros produtos químicos e nutrientes ;

Precauções:

Inspecione sempre o plantio;

Abra as embalagens com cuidado, para evitar respingo, derramamento do produto ou levantamento de pó;

Mantenha o rosto afastado e evite respirar o defensivo, manipulando o produto de preferência ao ar livre ou em ambiente ventilado;

Evitar o acesso de crianças, pessoas desprevenidas e animais aos locais de

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manipulação dos defensivos;

Não permita que pessoas fracas, idosas, gestantes, menores de idade e doentes, apliquem defensivos.

As pessoas em condições de aplicarem defensivos devem ter boa saúde, serem ajuizadas e competentes;

Estar sempre acompanhado quando estiver usando defensivos muito fortes;

Verifique se o equipamento está em boas condições;

Use aparelhos sem vazamento e bem calibrados, com bicos desentupidos e filtros limpos;

Use vestuários EPIs durante a manipulação e aplicação de defensivos. Após a operação, todo e qualquer equipamento de proteção deverá ser recolhido, descontaminado, cuidadosamente limpo e guardado.

Cuidados durante as aplicações

Não pulverizar árvores estando embaixo delas;

Evitar a contaminação das lavouras vizinhas, pastagens, habitações etc;

Não aplique defensivos agrícolas em locais onde estiverem pessoas ou animais

desprotegidos;

Não aplique defensivos nas proximidades de fontes de água;

Não fume, não beba e não coma durante a operação sem antes lavar as mãos

e o rosto com água e sabão;

Não use a boca - nem tampouco arames, alfinetes ou objetos perfurantes –

para

desentupir bicos,válvulas e outras partes dos equipamentos;

Não aplique defensivos quando houver ventos fortes, aproveite as horas mais

frescas do dia;

Não fazer aplicações contra o sentido do vento;

Não permitir que pessoas estranhas ao serviço fiquem no local de trabalho

durante as aplicações;

Evitar que os operários durante a operação trabalhem próximo uns dos outros.

Cuidados após as aplicações

As sobras de produtos devem ser guardadas na embalagem original, bem

fechadas;

Não utilize as embalagens vazias para guardar alimentos, rações e

medicamentos;

queime-as ou enterre-as;

Não enterre as embalagens ou restos de produto junto às fontes de água;

Queime somente quando o rótulo indicar e evite respirar a fumaça;

Respeite o intervalo recomendado entre as aplicações;

Respeite o período de carência;

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Não lave equipamentos de aplicações em rios, riachos, lagos e outras fontes de

água;

Evite o escoamento da água de lavagem do equipamento de aplicações ou das

áreas

aplicadas para locais que possam ser utilizados pelos homens e animais;

Ao terminar o trabalho, tome banho com bastante água fria e sabão.

A roupa de serviço deve ser trocada e lavada diariamente.

Descarte das embalagens vazias

O destino das embalagens vazias é atualmente regulamentado por lei e de

responsabilidade do fabricante do produto, que periodicamente deve recolhê-las.

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16. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

OLIVEIRA, T.S.; ORTIZ-ESCOBAR, M.E. Sistemas de cultivo múltiplo e o semiárido.

In: Andrade, E.; Pereira, O.; Dantas, E. Semiárido e o manejo dos recursos naturais.

Fortaleza, 2010.

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p. 490-507.

BUCKMAN, HARRY O.; BRADY, NYLE C. Natureza e propriedades dos solos. Trad. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1982. FERREIRA, P.H.M. Princípios de manejo e conservação do solo. São Paulo, Nobel,1979. 135p. GALETI, P.A. Práticas de controle à erosão. Campinas, Instituto Campineiro deEnsino Agrícola, 1984. 278p. KIEHL, EDMAR JOSÉ. Manual de Edafologia: relações solo-planta. São Paulo: Ed. Agronômica CERES, 1979. MALAVOLTA, EURÍPEDES. Manual de química agrícola: adubos e adubação. São Paulo: Ed. Agronômica CERES, 1981. MELLO, F. A. F.; SOBRINHO, M. O. C. B.; ARZOLLA, S.; SILVEIRA, R. I. NETTO, A. C. & KIEHL, J. C. Fertilidade do solo. São Paulo: Nobel, 1983. 400 p. NOLLA, D. Erosão do solo, o grande desafio. 1ª ed., Porto Alegre, DDIR/CORAG,1982. 412p. PAULUS, GERVÁSIO (org.). Agroecologia Aplicada: práticas e métodos para uma agricultura de base ecológica. Porto Alegre: EMATER/RS, 2000. PRIMAVESI, ANA. Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais. São Paulo: Nobel, 2002. RAIJ, B. VAN. Fertilidade do solo e adubação. Piracicaba: Ceres, Potafós, 1991. 343p. SÁ, J. C. de M. Manejo da fertilidade do solo no plantio direto. Castro: Fundação ABC, 1993. 96 p. SOUZA, C.M.; PIRES, F.R. Adubação Verde e Rotação de Culturas. Ed. UFV.Ciências Agrárias - 96. Caderno Didático. 72p. 2002.

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Hino do Estado do Ceará

Poesia de Thomaz LopesMúsica de Alberto NepomucenoTerra do sol, do amor, terra da luz!Soa o clarim que tua glória conta!Terra, o teu nome a fama aos céus remontaEm clarão que seduz!Nome que brilha esplêndido luzeiroNos fulvos braços de ouro do cruzeiro!

Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!Chuvas de prata rolem das estrelas...E despertando, deslumbrada, ao vê-lasRessoa a voz dos ninhos...Há de florar nas rosas e nos cravosRubros o sangue ardente dos escravos.Seja teu verbo a voz do coração,Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!Ruja teu peito em luta contra a morte,Acordando a amplidão.Peito que deu alívio a quem sofriaE foi o sol iluminando o dia!

Tua jangada afoita enfune o pano!Vento feliz conduza a vela ousada!Que importa que no seu barco seja um nadaNa vastidão do oceano,Se à proa vão heróis e marinheirosE vão no peito corações guerreiros?

Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!Porque esse chão que embebe a água dos riosHá de florar em meses, nos estiosE bosques, pelas águas!Selvas e rios, serras e florestasBrotem no solo em rumorosas festas!Abra-se ao vento o teu pendão natalSobre as revoltas águas dos teus mares!E desfraldado diga aos céus e aos maresA vitória imortal!Que foi de sangue, em guerras leais e francas,E foi na paz da cor das hóstias brancas!

Hino Nacional

Ouviram do Ipiranga as margens plácidasDe um povo heróico o brado retumbante,E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdadeConseguimos conquistar com braço forte,Em teu seio, ó liberdade,Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívidoDe amor e de esperança à terra desce,Se em teu formoso céu, risonho e límpido,A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,És belo, és forte, impávido colosso,E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido,Ao som do mar e à luz do céu profundo,Fulguras, ó Brasil, florão da América,Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra, mais garrida,Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;"Nossos bosques têm mais vida","Nossa vida" no teu seio "mais amores."

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símboloO lábaro que ostentas estrelado,E diga o verde-louro dessa flâmula- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,Verás que um filho teu não foge à luta,Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada, Brasil!

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