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236 Análise da atuação do empreendedor público e a evolução e resultados das políticas de esportes no Governo de Minas Gerais Alexandre Massura Neto Resumo: O presente artigo descreve a experiência do empreendedor público _ que já atuava em projetos esportivos entre 2005 e 2006 como superintendente de Esportes do Governo Mineiro _ na execução do projeto estruturador Minas Olímpica. Relata sua contribuição e resultados alcançados em face dos desafios para aprimorar a política de esporte, propondo um equilíbrio dos aspectos políticos e técnicos na implementação de uma diretriz pública de esporte estruturante em Minas Gerais. O artigo relaciona os resultados obtidos no projeto estruturador Minas Olímpica à compreensão institucional e ao perfil do empreendedor público para superar os obstáculos descritos. Destaca o alinhamento do projeto às diretrizes estratégicas do Governo de Minas Gerais, levando a uma reflexão sobre a expansão desse personagem na gestão pública. Por fim, o artigo situa o momento que o esporte vive no Brasil, de preparação para sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, como oportunidade para tratar os resultados de uma política pública de esporte nos próximos planos de governo, sob a ótica do capital humano e do desenvolvimento econômico, e, nesse contexto, a atuação de empreendedores públicos. Palavras-chave: Estruturação do esporte; empreendedor público; desafios; equilíbrio técnico e político; resultados. EPR_2 8/19/10 1:23 PM Page 116

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Análise da atuação do empreendedor público ea evolução e resultados das políticas deesportes no Governo de Minas Gerais

Alexandre Massura Neto

Resumo: O presente artigo descreve a experiência do empreendedorpúblico _ que já atuava em projetos esportivos entre 2005 e 2006como superintendente de Esportes do Governo Mineiro _ na execuçãodo projeto estruturador Minas Olímpica. Relata sua contribuição eresultados alcançados em face dos desafios para aprimorar a políticade esporte, propondo um equilíbrio dos aspectos políticos e técnicosna implementação de uma diretriz pública de esporte estruturante emMinas Gerais. O artigo relaciona os resultados obtidos no projetoestruturador Minas Olímpica à compreensão institucional e ao perfildo empreendedor público para superar os obstáculos descritos.Destaca o alinhamento do projeto às diretrizes estratégicas doGoverno de Minas Gerais, levando a uma reflexão sobre a expansãodesse personagem na gestão pública. Por fim, o artigo situa o momentoque o esporte vive no Brasil, de preparação para sediar a Copa doMundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, como oportunidade paratratar os resultados de uma política pública de esporte nos próximosplanos de governo, sob a ótica do capital humano e do desenvolvimentoeconômico, e, nesse contexto, a atuação de empreendedores públicos.

Palavras-chave: Estruturação do esporte; empreendedor público;desafios; equilíbrio técnico e político; resultados.

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Introdução

A sólida formação superior em economiapela University of Minnesota e pós-gra-duação em gestão com ênfase em marketingpela Fundação Dom Cabral atenderamplenamente à pré-qualificação demandadapara o cargo de empreendedor público.Destaca-se, como diferencial, a expe-riência anterior como servidor público eos resultados alcançados como superin-tendente de Esportes na extintaSubsecretaria de Esporte, durante a 1ªGeração do Choque de Gestão _ 2003-2007.

Concluído o processo de pré-qualifi-cação, a nomeação para o cargo deempreendedor público veio atrelada àfunção de gerente do projeto estrutu-rador Minas Olímpica, vinculado àSecretaria de Estado de Esporte e daJuventude (SEEJ). Inicialmente, esse pro-jeto foi alocado na Área de ResultadosVida Saudável1 do Plano Mineiro deDesenvolvimento Integrado _ PMDI2007-2023 _ e, a partir de 2008, realocado

na Área de Resultados ProtagonismoJuvenil.

É importante destacar que o projetoMinas Olímpica tem representado, desde2007, uma parcela significativa _ aproxi-madamente 80% _ de todo o orçamentoanual do tesouro estadual destinado àSEEJ, podendo ser considerado, emrelação a outros projetos estruturadores,um dos que possuem o maior número deações correlacionadas: dez no total. Noprojeto, uma das atribuições doempreendedor público é gerenciar aequipe de colaboradores. O Quadro 1indica as ações do Minas Olímpica e asáreas institucionais da SEEJ diretamenteenvolvidas em cada uma delas.

O desenvolvimento de planos e progra-mas esportivos não estruturantes aliadosà histórica influência político-institu-cional nas áreas esportivas nos governos,não só em Minas Gerais, mas em todo o

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1 Para mais detalhes das áreas de resultados, verPMDI 2007-2023, p. 20-40.

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Brasil, também sinalizava o desafio deexecutar um projeto nesse setor que prio-rizasse o planejamento e a avaliação dasua eficiência. A partir desse cenário, estetrabalho se propõe a relatar a experiên-cia, os desafios enfrentados e os resulta-dos alcançados como empreendedorpúblico, ex-servidor superintendente deEsportes e gerente do projeto estrutu-rador Minas Olímpica no Governo deMinas Gerais.

Atuação do empreendedor público

A atuação do empreendedor norteou-sepor três perspectivas. A primeira foi ela-borar um plano de projeto sólido em queo esporte, ainda que de formasecundária, contribuísse para resultadosintersetoriais. A segunda, sob a ótica doEpR, liderar a equipe para uma culturade prioridade do plano de projeto e o

cumprimento de marcos e metas. E, porfim, a perspectiva de inovar na execuçãodas ações e processos frente aos obstácu-los enfrentados. Concomitantemente aessa conduta gerencial, o empreendedorpúblico norteou-se pela compreensão doprojeto político institucional da SEEJ nointuito de promover a sinergia entre asdemandas técnica e política.

Em relação à percepção dos colabo-radores da SEEJ sobre esse novo persona-gem, o papel do empreendedor públicofoi bem aceito. Um dos fatores quepodem ter contribuído é a participaçãodo empreendedor público no processotransitório da extinta Subsecretaria deEsporte para a nova SEEJ. Juntamentecom o atual secretário-adjunto destaSecretaria, Rogério Romero, alocou umaparte da equipe técnica e dos colabo-radores em áreas-meio importantes paraa orientação do fluxo de trabalho da nova

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Quadro 1Ações do Projeto Estruturador Minas OlímpicaAção Responsabilidade diretaModernização do Complexo Gerência do projeto (empreendedor público e gerente adjuntoMineirão Mineirinho do projeto estruturador)Implantação do Centro de Gerente do Projeto (empreendedor público)Treinamento Esportivo (CTE) Nova Geração Superintendência de Esporte Educacional (SEE) Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG) Superintendência de Esporte Educacional (SEE) Saúde na Praça Superintendência de Esporte Educacional (SEE) Jogos do Interior de Minas (JIMI) Superintendência de Esporte de Competição (SEC) Oficinas de Esporte Superintendência de Esporte de Competição (SEC) Qualificação de Gestores Esportivos Superintendência de Esporte Educacional (SEE) Implantação do Sistema Superintendência de Políticas Desportivas Regionais (SPDR) Gerencial de EsporteAmpliação de Reestruturação de Superintendência de Políticas Desportivas Regionais (SPDR) Espaços EsportivosFonte: Secretaria de Estado de Esporte e da Juventude (SEEJ).

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SEEJ. Apesar dos desafios enfrentados,isso facilitou a atuação como empreende-dor público, pois manteve sua imagemrelacionada ao papel de coordenador daspolíticas de esportes. De fato, o quehouve foi uma transposição da experiên-cia anterior como superintendente,porém com um número maior de açõespara execução e maior comprometimentoformal por resultados vinculados.

Entre 2005 e 2006, como superinten-dente, apoiado por colaboradores naextinta Subsecretaria de Esportes, con-seguiu promover o alinhamento da exe-cução da política esportiva que buscava,além da eficiência, o estabelecimento dealguns critérios técnicos quanto à ade-quação às necessidades políticas da enti-dade. Essa convergência foi possívelporque foi aberto um canal de comuni-cação que levou as áreas técnica e políti-ca a entendimentos mútuos.

Atualmente, por meio do acordo de resul-tados da SEEJ, que vincula, entre outros,resultados do projeto estruturador, houveum compartilhamento de responsabili-

dades para as decisões tático-opera-cionais entre a área técnica _ oempreendedor público e colaboradoresvinculados às ações do projeto estrutu-rador _ e a área político-institucional doórgão. Nesse ambiente, houve intensotrabalho para quebrar o paradigma deque algumas decisões que deveriam obe-decer a critérios somente políticos passema considerar a importância dos aspectostécnicos.

Desde 2007, ao assumir o cargo deempreendedor público, várias tratativasforam provocadas para alinhar e ba-lancear a gestão do projeto na SEEJ. Sejapela própria atuação do empreendedorpúblico e/ou de outros agentes vincula-dos ao projeto, essas tratativas têm alme-jado avanços para evitar gargalos em suaexecução. Nesse contexto, os processosvinculados ao projeto em algumas situa-ções competem com os anseios político--institucionais, fragilizando a prioridade,delineada pelas diretrizes do Governo, dofoco na execução dos projetos estrutu-radores.

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O desenvolvimento de planos e programas esportivos não estru-

turantes aliados à histórica influência político-institucional nas

áreas esportivas nos governos, não só em Minas Gerais, mas em

todo o Brasil, também sinalizava o desafio de executar um pro-

jeto nesse setor que priorizasse o planejamento e a avaliação da

sua eficiência.

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Os projetos estruturadores apresentavamcomo características essenciais acapacidade de transformar a estratégiado governo em ações concretas esinalizar as mudanças desejadas para asociedade. Para tanto, tais iniciativasconstituíram foco prioritário quanto àalocação de recursos do Estado deMinas Gerais (TOSCANO, 2008, p. 3).

Para superar esse desalinhamento, temcontribuído a determinação doempreendedor público e da equipe daSEEJ em alcançar os resultados. Atendo-se

sempre às legislações e princípios daAdministração Pública, ao modelo geren-cial que orienta o planejamento integrado,monitoramento sistêmico dos marcos e aavaliação das metas e seus resultados con-solidou-se, por exemplo, o modelo decontratualização por Organizações daSociedade Civil de Interesse Público(OSCIPs)2 na execução de ações do pro-jeto Minas Olímpica.

A gestão

A necessidade do acompanhamento efi-ciente das etapas para alcance dos obje-tivos do projeto trouxe insegurança aoscoordenadores das ações devido aodesconhecimento de ferramentas e méto-dos para definição de marcos, indi-cadores e metas. Para familiarizá-los comtais ferramentas, foi proposta a definiçãode produtos para as ações que não apre-sentavam valores iniciais, além de umasistematização dos dados apurados naexecução para formação de valores dereferência de indicadores no futuro.

A dimensão do projeto Minas Olímpica eo monitoramento sistêmico posto emprática pela Gestão Estratégica deRecursos e Ações do Estado (GERAES)levaram o empreendedor público a alo-car um colaborador para dar apoio aoacompanhamento das atividades doscoordenadores das dez ações planejadas,e à equipe da área-meio da SEEJ para aexecução de processos do projeto. Osresultados da alocação desse colaboradortêm sido positivos e têm possibilitadouma maior coordenação do fluxo dasinformações e a convergência de dadosda execução das diversas ações. Além defacilitar a sistematização e análise dosresultados pelo empreendedor público, adisseminação desses resultados entrecolaboradores e dirigentes influencia nas

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2 Organização da Sociedade Civil de InteressePúblico (OSCIP) é um título concedido a orga-nizações de direito privado, sem fins lucrativos,que atuem no desenvolvimento de projetos eprogramas sociais que representem o interessepúblico. Cf. Lei Estadual n. 14.870/2003.

[...] houve intenso trabalho

para quebrar o paradigma de que

algumas decisões que deveriam

obedecer a critérios somente

políticos passem a considerar a

importância dos aspectos técnicos.

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decisões estratégicas para as revisões doPPAG3.

Ainda para superar o descompasso dasprioridades, o empreendedor público tembuscado um alinhamento entre as áreas-meio responsáveis, por meio de reuniõesnas quais se desenham os possíveiscenários para determinados processos. Adinâmica tem melhorado o fluxo de tra-balho dos principais processos. No entanto,tem encontrado barreiras para decisõesarrojadas e necessárias, ora por conser-

vadorismo, ora por interpretações jurídi-cas, muitas vezes, divergentes das que sãoaté institucionalmente preconizadas peloGoverno.

A eficiência nos processos para a exe-cução de projetos continuados, emmuitos casos, pode ser alcançada pormeio da publicação de editais seletivosque ajudam a testar o mínimo de com-prometimento dos proponentes. Uma daspossíveis causas para o lento avanço dessemodelo de seleção por edital para escolha

dos potenciais beneficiários das ações eprojetos é que esse procedimento aindadeve ser amadurecido politicamente. Oretardamento dessas mudanças adminis-trativas, evidentemente, tem postergadoavanços, bem como a obtenção de me-lhores resultados.

No que tange ao monitoramento docronograma, à execução do orçamento eàs ações do Minas Olímpica com quali-dade, o empreendedor público tem con-duzido a equipe e colaboradores da SEEJ

a uma reflexão sobre a necessidade deadoção de ferramentas de gestão, evitandonegligências e aperfeiçoando o acompa-nhamento das tarefas.

As ferramentas que têm ajudado a moni-torar, com mais detalhamento, o estágiode execução das ações do projeto são oplano de ação e o quadro de gestão àvista. O empreendedor público introduziu

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3 Plano Plurianual de Ação Governamental, verdetalhes em: <http://www.planejamento.mg.gov.br/governo/planejamento/ppag/ppag.asp>.

[...] ao assumir o cargo de empreendedor público, várias tratativas

foram provocadas para alinhar e balancear a gestão do projeto

na SEEJ. Seja pela própria atuação do empreendedor público

e/ou de outros agentes vinculados ao projeto, essas tratativas

têm almejado avanços para evitar gargalos em sua execução.

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essa espécie de painel de bordo, que éatualizado semanalmente e repassado aoscoordenadores das ações do projeto.Uma reunião coordenada pela altagerência da SEEJ é realizada semanal-mente. Nesses encontros, monitoram-se eatualizam-se as tarefas. Constam tambémdesse instrumento marcos e metas deresponsabilidade de cada coordenador ea sua situação conforme a cor dos faróis:verde, para marcos em dia; amarela, paraos com até 60 dias de atraso; vermelha,para aqueles com atrasos superiores a 60

dias. Esta metodologia foi transposta doGeraes.

Pode-se dizer que o papel do empreende-dor público tem fortalecido a adoção deferramentas gerenciais e métodos deavaliação não só pelos colaboradores vin-culados ao projeto estruturador, mas portoda a área esportiva no órgão. Oempreendedor público também temenfatizado os parâmetros que aSecretaria de Estado de Planejamento e

Gestão (SEPLAG) preconiza, transpondoessa prática para a SEEJ e constatandouma evolução satisfatória. Tem-se buscadoainda promover a cultura da reciclagemprofissional com o encami-nhamento decoordenadores de ações do projeto paracursos de qualificação, o que tem apre-sentado resultados positivos. Percebe-secomo esses colaboradores voltam dostreinamentos dispostos e aptos a adotar asnovas práticas e métodos, assimilando-osno seu dia a dia.

Outra ação gerencial que tem demons-trado avanços é o incentivo a uma maiorcooperação entre os colaboradores dediferentes áreas e órgãos. Esse amadure-cimento tem permitido, em certa medida,superar a ideia equivocada de que secre-tarias nos governos são “ilhas”. A equipetambém tem buscado soluções em outrosdepartamentos e órgãos de maneira maisautônoma.

Resultados

O ambiente favorável a essa permeabili-dade entre órgãos e o perfil de atuação doempreendedor público geraram em curtoprazo resultados fundamentais para aconsolidação da proposta de construiruma política de esporte estruturante emMinas Gerais.

Uma das metas alcançadas de maior visi-bilidade foi a entrega do caderno de can-didatura de Belo Horizonte à Copa 2014,cuja elaboração foi coordenada peloempreendedor público com agentes devários órgãos afins. O trabalho culminoucom a escolha da capital mineira como

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[...] o papel do empreen-

dedor público tem fortalecido a

adoção de ferramentas gerenciais

e métodos de avaliação [...] por

toda a área esportiva no órgão.

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uma das 12 cidades-sedes do mundial defutebol.

Outra proposta bem-sucedida foi a exe-cução do Nova Geração, que beneficia 20mil crianças e adolescentes no estado pormeio de atividades artísticas, esportivas eeducacionais complementares ao turnoescolar. Para esta ação, o empreendedorpúblico, após proposição da coordenado-ria afim, julgou como uma adequadaestratégia técnica um atendimento viaInstituições de Ensino Superior (IES) ecomunidades locais, na proporção de10% pelas IES e o resto diretamente communicípios e algumas entidades.Inicialmente, a parceria com as IESsofreu resistência. Porém, essa oposiçãofoi superada porque a proporção dealunos atendidos pelas IES foi acordadacomo meta estruturante na respectivaárea de resultados do projeto e seudesempenho pactuado no acordo deresultados da SEEJ. Esse alinhamentoevidencia uma das interferências positivasda instrumentalização gerencial imple-mentada pelo Governo de Minas Gerais.

Nesse arranjo com as IES no NovaGeração, as instituições universitáriastêm propiciado resultados na ação comoum todo, trazendo subsídios para melho-rar a eficiência, inclusive na avaliação dosimpactos do projeto. Os primeiros resul-tados já foram vistos em 2009, por meiode ampla revisão por essas entidades domodelo de qualificação adotado anterior-mente. Foram alcançadas, por exemplo,maior aplicabilidade prática dos eixos doprograma, economia de recursos e quali-dade percebida pelos participantes naqualificação inicial que aconteceu nosegundo semestre de 2009. Toda a quali-ficação foi executada por uma IES, aUniversidade do Estado de Minas Gerais(UEMG), de Passos, que tem desenvolvidoa ação com 400 adolescentes desde 2008.

Para 2010, alguns estudos de caso serãoapresentados, e o refinamento da tec-nologia social do programa será siste-matizado e expresso em cadernospedagógicos, técnicos e experiênciaspráticas, que serão publicados e compar-tilhados com toda a rede das IES.

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[...] a proposta [...] para reduzir o universo de atendimento em

prol de maior eficácia dos objetivos e alcance das metas surtiu

resultados. A evasão global foi reduzida de mais de 30%, em

2008, para 12,2%, em 2009; e mais de 70% dos atletas das

Oficinas de Esportes participaram de competições de alto nível,

vinculadas às federações esportivas.

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Processos formais de avaliação de resulta-dos e de impacto estão sendo estudadosjuntamente com a rede.

Outros resultados são evidentes: os ter-mos de parcerias com Oscips _ propostospelo empreendedor público para a exe-cução e o aprimoramento da gestão dosJogos Escolares de Minas Gerais (JEMG)e dos Jogos do Interior de Minas _ melho-raram a percepção de qualidade da orga-nização pelos atletas, técnicos e diri-gentes, além de terem aumentado direta-mente o número de participantes. Deacordo com os dados disponíveis noSistema de Informação Gerencial doEsporte (SIGE) na SEEJ, a quantidadede municípios e escolas nos JEMGaumentou, entre 2007 e 2009, respecti-vamente de 434 para 604 e de 2.596para 4.249. Faz-se necessário ressaltarque o período registrou também aevolução anual dos indicadores.

Já na ação das oficinas de esportes, a pro-posta do empreendedor público e daequipe para reduzir o universo de atendi-

mento em prol de maior eficácia dosobjetivos e alcance das metas surtiu resul-tados. A evasão global foi reduzida demais de 30%, em 2008, para 12,2%, em2009; e mais de 70% dos atletas dasOficinas de Esportes participaram decompetições de alto nível, vinculadas àsfederações esportivas. Além disso, algunsatletas estão sendo convidados a integrarequipes de grandes clubes nacionais einternacionais. Ademais, os atletas que sedestacarem pelas oficinas de esporte,entre outros, serão convidados a treinar eaprimorar suas habilidades esportivas nomoderno Centro de Treinamento Esportivo,em Belo Horizonte, já em construçãocomo uma das ações previstas no projetoestruturador Minas Olímpica.

Outra iniciativa do secretário-adjunto daSEEJ e do empreendedor público que sesobressai é a construção da parceria entrea pasta de Esporte e a Secretaria deEstado de Educação (SEE) para o apri-moramento do esporte escolar, cujo focotem sido alternado entre essa ação doMinas Olímpica e o projeto estruturador

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O exercício do cargo de empreendedor público, além de elevar o

nível de competências e de maturidade profissional, tem propi-

ciado maior confiança para colocar em prática projetos ousados

e de alta complexidade orientados por resultados e para captar

e ativar os pontos fortes das pessoas na equipe.

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Escola de Tempo Integral (ETI). Osresultados apresentam uma percepção namelhoria da atuação do profissional deeducação física do Estado após a qualifi-cação de 2 mil professores, em 2008 e2009. De acordo com pesquisa daFundação de Desenvolvimento daPesquisa (Fundep), entidade contratadapara avaliar essa qualificação, após real-ização dos módulos I e II em 2008, 98%dos professores disseram que a capaci-tação ajudou a preparar e a executar asoficinas e aulas de educação física nasETIs. No que diz respeito à ampliação doconteúdo, 34%, e a uma maior clareza dopapel que desempenham 12%.

Estes dados puderam ser confirmadosquando a pesquisa apurou que 93,5% dosdirigentes escolares afirmaram que houvemudanças após a capacitação, de acordocom a distribuição a seguir.

TABELA 1Dados da pesquisa de avaliação da aplicabilidade da qualificação dos professores de educação física nas ETIsDescrição Avaliação (%)A aula melhorou 43,0Verificaram-se novas atividades 32,6Observou-se maior motivação 30,4do professorObservou-se maior motivação 26,1dos alunosFonte:Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa

(FUNDEP)

Por último, uma ação inovadora que seinicia em 2010 em parceria com a inicia-tiva privada, da qual se espera um resul-tado positivo e impactante, é o MinasOlímpica Saúde na Praça, um espaço

público para a saúde da população. Naparceria, a SEEJ, entre outros investimen-tos, instalou equipamentos para a práticada atividade física ao ar livre nas cidades,e a iniciativa privada custeará os profis-sionais que orientarão os cidadãos sobreas atividades que contribuam para a me-lhoria da saúde e qualidade de vida. Aação prevê uma atuação intersetorialcom a Secretaria de Estado da Saúde(SES). Inicialmente haverá a implantaçãoem 25 municípios, onde será conduzidauma avaliação processual e de resultadosefetivos de mudança dos hábitos de vida esaúde dos cidadãos. Uma empresa espe-cializada foi licitada para coordenar aexecução das atividades nesses espaços.

Oportunidades

O desafio à frente é o de dar sequência àpolítica de esporte estruturante, que prio-rize a participação do agente público comperfil técnico-gerencial, com habilidadede liderança e visão de futuro.

A oportunidade dada ao Brasil de sediaros dois maiores eventos esportivos domundo nos próximos seis anos coloca nasmãos dos governantes o ensejo de deixaro legado do esporte como uma políticapública que contribua efetivamente paraa formação do capital humano e para odesenvolvimento econômico, já visto emBarcelona, nos Jogos Olímpicos de 1992;na Alemanha, na Copa de 2006; e naAustrália, com as Olimpíadas de Sidney,em 2000.

Para Minas Gerais, as oportunidades sãoainda maiores pelas iniciativas de uma

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política estruturante de esporte que já foisemeada. O desafio é avançar qualitativa-mente no que já foi implementado, pormeio do Minas Olímpica, priorizando aformação de equipe técnica hábil paralidar com conceitos de gestão e balancearas necessidades político-institucionaispara que não se deteriore o potencial dosresultados técnicos alcançáveis. De fato,para isso acontecer como previsto, haveránecessidade de outras transformações,que vão ao encontro da atual agenda po-sitiva de transformação da gestão públicaem Minas Gerais desde 2003.

À luz dessas mudanças, fica a sugestãopara aperfeiçoamento do atual modelode gestão, com os empreendedores públi-cos do Governo de Minas, que contempleuma avaliação que se desdobre em áreasou perspectivas da atuação gerencial doempreendedor para serem pactuadas demaneira customizada. Por exemplo, umaperspectiva pode ser a avaliação dosresultados da atuação intersetorial doempreendedor em prol de atingir metas.

Considerações Finais

Diante da evolução por que passa aAdministração Pública em Minas Geraise da responsabilidade do empreendedorpúblico em “fazer acontecer”, este artigoprocurou demonstrar as experiênciascotidianas deste agente, bem como levan-tou reflexões sobre perfil e habilidades nasuperação de obstáculos. Para isso, desta-cou-se a autonomia de permeabilidade, oímpeto de promover as mudançasnecessárias e o perfil determinado dessanova representação profissional.

Importante registrar a oportunidade decrescimento profissional que esse pro-grama tem propiciado ao empreendedorpúblico. O exercício do cargo deempreendedor público, além de elevar onível de competências e de maturidadeprofissional, tem propiciado maior con-fiança para colocar em prática projetosousados e de alta complexidade orienta-dos por resultados e para captar e ativaros pontos fortes das pessoas na equipe, natentativa de compatibilizá-las com suasfunções.

A oficialização do Brasil como sede daCopa do Mundo de 2014 e dasOlimpíadas de 2016 beneficiará profun-damente o esporte no Brasil ante os ga-nhos oriundos de profissionais que atuamno ambiente de tensões, envolvidos narealização desses projetos, os quais serãopeças-chave no processo das mudançasestruturantes, especialmente nas políticasde esporte para os próximos anos. Paraisso, os “empreendedores” precisarãoatuar como agentes de mudança,

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O desafio à frente é o dedar sequência à política

de esporte estruturante, que prio-rize a participação do agentepúblico com perfil técnico-geren-cial, com habilidade de liderançae visão de futuro.

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acelerando o ainda moroso desenvolvi-mento socioesportivo brasileiro e tomandoas decisões corajosas para superar asmuralhas que se apresentarem no caminho,como tem sido a experiência bem-sucedidano Governo de Minas Gerais.

Referências

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