Ensaios sobre Consciência

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Ensaios sobre Consciência refere-se a uma obra que tem como “objeto” a reflexão sobre a Consciência em si, tempo em que aborda, de forma experienciada, o objeto, finalidade, justificativa, fundamentos, método, recursos e fonte relativos à consciência, como bases para a compreensão do seu valor real e significativo no dia a dia das relações.

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Maribel Oliveira Barreto

Ensaios sobre Consciência

Salvador, Bahia

2016

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Projeto gráfico e editoração: Sathyarte - Arte e Mídia Ltda. e-mail:[email protected]

Capa:

Ana Paula Amorim

B26

Barreto, Maribel Ensaios sobre consciência / Maribel Oliveira Barreto. Salvador: Sathyarte, 2016. 142p.

1. Consciência - ensaios. 2. Consciência - espiritualidade. 3. Consciência - educação. I. Título.

CDD: 989

2ª Edição - Salvador/Bahia, 2016. Direitos desta edição reservados à autora,

que permite e estimula a reprodução de parte do livro, desde que seja citada a fonte.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

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SUMÁRIO

PREFÁCIO .......................................................................... 07

APRESENTAÇÃO ................................................................ 11

1 OBJETO .................................... 15

2 FINALIDADE ............................. 27

3 JUSTIFICATIVA .......................... 41

4 FUNDAMENTO ......................... 57

5 MÉTODO ................................... 71

6 RECURSOS .................................................... 87

7 FONTE .......................................... 101

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AGRADECIMENTOS

Compartilho sensações de gratidão, grandeza

e até mesmo de graça, enfim de alegria, com todos

os seres que fazem parte da nossa Existência, e

que nos auxiliam a plantar flores em nosso jardim

e, desfrutam, junto conosco, a atração das

borboletas, alargando a nossa consciência, e nos

favorecendo, nas ações do dia a dia, viver fazendo

tudo religiosamente.

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PREFÁCIO

Todo ser humano é possuído pelo Respirar da

Energia da Consciência em si mesmo que lhe faz respirar.

O sopro da abundância da VIDA DIVINA CRIADORA na

respiração de todo ser existente é AMOR. A música do

pulsar DIVINO em todas as células do corpo humano É

PRESENÇA. Todo ser humano possui a Vida de Deus em

si mesmo que lhe faz existir, respirar e viver. Deus É a

Vida do existir de toda existência humana. Falar de

consciência também implica falar da possibilidade da

abertura da visão que vê a VIDA de DEUS sendo a vida

da existência de si mesmo e de todo ser humano.

Haja a LUZ da CONSCIÊNCIA e veja a LUZ da

CONSCIÊNCIA: este é o eixo central da abordagem do

livro Ensaios sobre a consciência de Maribel Barreto,

que propõe o(a) leitor(a) mergulhar no oceano da

PRESENÇA da VIDA CRIADORA em si mesmo.

Fundamentada na compreensão de Jair Tércio de que a

consciência é a Presença de DEUS em nós, a autora

revela que a consciência É VIDA CRIADORA jorrando,

initerruptamente, na existência de todos os seres

humanos e de todas as outras formas de vida em todas

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as partes do nosso planeta Terra e dos outros planetas

de nossa galáxia e de outras galáxias e outros mundos

de todos os universos.

Maribel Barreto insere-se na mesma saga de

escritoras místicas e acadêmicas como Alice Bailey,

Simone Weil, Mary Baker Eddy, Vimala Thakar, Annie

Besant, entre outras. Nas suas pesquisas vivenciais sobre

a consciência, também aplicadas no seu serviço como

educadora da educação básica, da graduação e da pós-

graduação, ela ressalta que

a consciência é a energia potencial do Ser

Humano, que vive nele em estado de latência,

aguardando apenas o momento para ser

despertada, construída e/ou desenvolvida para

impeli-lo, inclusive, à autointegração, à

Iluminação, enfim, à libertação.

A vocação mística de Maribel Barreto como

educadora da revelação da realidade absoluta da

CONSCIÊNCIA enquanto VIDA DIVINA CRIADORA

pulsando na existência humana, lhe possibilitou não

somente criar a disciplina “Conscienciologia”, como

também inserir esta disciplina na matriz curricular de

todas as séries da educação básica e de todos os cursos

de graduação, além de inseri-la em vários cursos de pós-

graduação lato sensu e stricto sensu.

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No seu livro Ensaios sobre a consciência a autora

afirma que

Tratar da finalidade da consciência prevê tratar

da Vida. Afinal, assim como não existe vida sem

consciência, não existe consciência sem vida.

Neste sentido, cabe considerar que, como nos

indica a reflexão sugerida por Costa (2009), a

finalidade da consciência é, também, a de

refletir a existência como um todo, mas a partir

de nós mesmos. E, não é possível assim

proceder sem verificar, em si mesmo, que a

consciência é uma das faculdades inatas

capitais do Ser Humano que lhe possibilita

conhecer o Universo e sua Causa Prima.

Fora da liberdade não se pode atingir a

consciência e fora da consciência não é possível

atingir-se a fé.

Vejo que cada capítulo do presente livro da

educadora Maribel apresenta preciosas gotas-síntese do

oceano da revelação de que a CONSCIÊNCIA não tem

idade: a CONSCIÊNCIA está sempre nascendo e é

sempre Presença pulsando na existência de todas as

formas de vida, inclusive a humana. A CONSCIÊNCIA é

a PRESENÇA de DEUS em nós.

Noemi Salgado Soares Doutora em Educação

Diretora Pedagógica da Fundação União Planetária

Coordenadora do Centro Transdisciplinar de Educação e Formação de Educadores

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APRESENTAÇÃO

“Além de Deus, a nossa consciência

é a nossa maior testemunha”.

(JAIR TÉRCIO)

Ensaios sobre Consciência refere-se a uma obra que

tem como “objeto” a reflexão sobre a Consciência em

si, tempo em que aborda, de forma experienciada, o

objeto, finalidade, justificativa, fundamentos, método,

recursos e fonte relativos à consciência, como bases para

a compreensão do seu valor real e significativo no dia a

dia das relações.

Tem como “finalidade” auxiliar o Ser Humano

quanto ao despertamento, construção e/ou

desenvolvimento da Consciência, como recurso humano

de prioridade máxima para a compreensão da realidade.

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Esta obra tem como “justificativa” o fato de a

consciência ser considerada como uma das mais

importantes faculdades do Ser Humano que o favorece

a percepção direta; compreensão correta; auto-

integração; o autoconhecimento; e este, a

autotransformação, o autodesenvolvimento, por

conseguinte, a experiência completa, enfim, a

autorrealização, a iluminação.

Como “fundamentos”, dentre muitos que

norteiam a presente obra, citamos a Consciência como

aquela força interior do Ser Humano que o impele a

exteriorizá-la sob forma de ação, para os devidos fins,

pois em tudo tem uma razão de existir. Neste sentido,

pauta-se na direção de sensibilizar, despertar e renascer

o Ser Humano para aquilo que realmente se É.

No que se refere ao “método”, evidencia, de acordo

com os fundamentos da metodologia científica, o todo

que envolve a consciência, até porque, Ser Humano algum

pode evitar o que é, o que possa ser ou o que deva ser.

Este livro traz como “recursos”, artigos organizados

com códigos de reflexão de diferentes autores, parábolas

e histórias destacando os valores morais, éticos e

estéticos elevados, que indicam a consciência, bem

como citações comentadas para cada um dos itens da

metodologia científica.

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A “fonte” desta obra está assentada nas nossas

experiências pessoais, profissionais e espirituais, nas

experiências adquiridas junto ao nosso pai e mestre

espiritual Jair Tércio, bem como nos sentimentos,

pensamentos e/ou ações compartilhados a partir de

outros autores, com abordagens que contemplam

conhecimentos dos campos científico, filosófico e/ou

religioso, enaltecendo a máxima de que dentro de nós

mesmos existem todos os recursos que existem no

Universo; isto porque, o Ser Humano é a medida do

Universo em si mesmo.

Por fim, sintetizamos que Ensaios sobre

Consciência contempla nossas experimentações prévias

destinadas a sentirmos a utilidade prática da Consciência

na existência, considerando-a como o único

conhecimento que favorece ao Ser Humano bem lidar

com as questões da existência, pois a vida sempre nos

cobra a vida que deve ser vivida.

Quiçá eu tenha, nesta oportunidade, bem

comunicado aquilo que ela, Consciência, então,

entendo, me comunica.

A Autora

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1 OBJETO

Trata da especificação do assunto que se deseja

provar ou desenvolver, de modo contextualizado,

caracterizando-o, com limites razoavelmente definidos.

Se necessário, especificar o local, circunstância e outros

detalhes que permitam situar com segurança o objeto

da investigação. A área do conhecimento da ciência em

que acontecerá o estudo também deve ser apresentada

no texto.

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“A nossa Consciência é diretamente proporcional ao nosso grau de razão, e além”.

(JAIR TÉRCIO)

A razão não se recusa a aceitar a teoria de que a

Consciência é aquela faculdade humana que serve de

base também para comparar, julgar e/ou apreciar o

Todo, mas, como um todo, até porque ela, a consciência,

indica que tudo é e tem tudo; tudo é feito de tudo, e

tudo é feito do mesmo. E , neste sentido, somos

convidados a refletir que, tanto o Universo, quanto o

Ser Humano são regidos pelas mesmas Leis Universais,

estas que repousam na Consciência do último, sua

maior representação consciente neste mesmo Universo,

impulsionando o mesmo a realizar uma tarefa para o

todo do Universo qual está nele.

Assim, considerando a razão de nossa existência,

a razão muito importa. Ela nos dá independência; e a

nossa independência imita a evolução, que nos

empurra para além, possibilitando-nos integrar conosco

mesmo, com nosso próximo, com o meio em que

vivemos e, por conseguinte, com o Criador, que somos.

Eis que a razão no seu limite já é a própria Consciência.

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Ela é, portanto, uma Potência em toda parte,

esperando apenas a ocasião favorável para emergir, e

uma vez manifesta, operar sua finalidade até o fim.

“A consciência é um fato indubitável,

uma realidade primordial e um fato, nem secundário,

nem casual, de enorme importância”.

(TUNES e SIMÃO)

A importância da Consciência se deve ao fato, inclusive e principalmente, dela nos possibilitar conhecer o Universo e sua Causa Absoluta; bem como buscar encontrar outras realidades para nós ainda desconhecidas, favorecendo-nos agir incessantemente para achá-las, como que a escavarmos a terra o mais profundamente possível; a voarmos o mais alto possível; a inflamarmo-nos o mais intensamente possível; bem como a mergulharmos o mais profundamente possível; tudo isso em nós, por nós e a partir de nós mesmos.

Busca esta que é para todos, mas principalmente aqueles que, por já atingirem grau de inteligência significativo o bastante, alcançaram o que indica a noção exata de alma, de consciência e de Lei Natural, para a sua evolução abreviada consciente. Estes seres vivem na profundidade, visando fins internos, que favorecem o Ser, portanto afastados da possibilidade de tenderem a viver na superficialidade, visando fins

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externos, que só favorecem o ter, e os problemas que lhe são afeitos.

Neste sentido, a Consciência nos convoca para penetrarmos no vasto, simples e profundo das coisas, pois somente assim podemos, de maneira idêntica, justificar o fato dos Seres Humanos serem, ainda, tão superficiais.

“Há no fundo das almas

um precipício inato de justiça e de virtude,

com o qual nós julgávamos as nossas ações

e as dos outros como boas ou más;

e é a este princípio que dou o nome de consciência”.

(JEAN-JACQUES ROUSSEAU)

É através da Consciência que podemos ver nos atos

as intenções do ator, inclusive o seu lado bom. Afinal, o

mal não existe como causa no Universo. Nele tudo é

bem; tudo está bem; porque tudo acaba bem. A

evolução é prova cabal disto.

Eis que surge, neste processo, o evolutivo, a

oportunidade para que, no ser humano, os vícios

possam ser moralizados, ou seja, transformados em

virtudes, pelo conhecimento, lembrança e observância

às Leis Naturais que regem o Universo, que repousam

em sua Consciência.

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Neste sentido, devemos construir o nosso próprio

destino, tendo nossa Consciência como nosso primeiro

e último juiz, pois somente às Leis Naturais que regem

o Universo é facultado, por Deus, o direito de julgar a

Consciência como um todo, porquanto, assim como os

Seres Humanos regem suas relações segundo suas Leis

Materiais; Deus, por suas Leis Universais, rege as relações

Universais, afinal, Ele não joga cartas, dados ou ludo.

A parábola narra que (COSTA, 2009, p. 46):

Alguns Seres Humanos pouco inteligentes,

sabedores do trabalho de presciência do

Iluminado para com a humanidade, buscaram

encontrá-lo, propositalmente e o

questionaram muito bravos:

- O que fazes aqui?

E ouviram do Iluminado:

- Expandir a consciência da humanidade.

- Expandir o quê? Perguntaram eles.

Daí o Iluminado consumou:

- Já lhes ensinaram que, Deus não perguntará

a um Ser Humano de que raça ele é; perguntará

o que ele fez. Também lhes disseram que,

Deus retribuirá a cada um de acordo com as

suas obras. Também lhes ensinaram que,

nenhum brâmane é brâmane de nascença;

nenhum pária é pária de nascença; um pária é

um pária por suas ações; um brâmane é um

brâmane pelas suas ações. Vocês já aprenderam

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que, as ações falam mais alto do que as palavras.

Também aprenderam que, uma hora de boas

ações neste mundo é melhor do que toda uma

vida no mundo que virá. E já aprenderam que,

Deus não leva em conta as suas formas e posses,

mas o seu coração e as suas obras. Todavia, em

ciência vos digo que, viveis em um mundo de

causalidades; nele um Ser Humano não é julgado,

senão por seus atos, mas por suas obras, ou

melhor, por suas intenções; e que se a intenção

é boa então a obra é boa; e se a intenção é má

então a obra é má.

Oxalá a Consciência nos conduza a vivermos

sempre com boas intenções, apoiadas pelo bom senso

e pela razão, afinal, bons sentimentos, bom senso, boa

intenção e razão, noção exata de ética, estética e moral

elevadas, bem como a noção exata de alma, de

Consciência e de Lei Natural são sinônimas.

Conta a história (COSTA, 2012, p. 32):

A CONSCIÊNCIA É A PRESENÇA DE DEUS EM NÓS

Aroní, um Mestre Religioso que residia na

Chapada Diamantina Baiana, que primava pela

Iluminação, estudioso de todas as ciências da

Iluminação, construía, juntamente com seus

Shelas, mais um Santuário de Luz, no Morro dos

Gerais, no Município de Piatã. Na medida que

ensinava aos seus Tirões acerca da importância

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do saber labutar com as pedras brutas, tal

Mestre se preocupava em carregar as pedras

maiores e mais pesadas, a fim de preservá-los.

Daí um de seus Shelas apontou:

-Mestre o Senhor já atingiu a Iluminação; não

precisa carregar estas pedras para a construção

desses santuários. Deixe-nos fazer isso para o

Senhor. Estamos aqui para isso.

E ouviu dele:

- E você sabe para quem estou fazendo estes

santuários?

Ele respondeu:

- Para nós e outros que aqui poderão estar

oportunamente, é claro, Mestre.

E o Mestre prosseguiu:

- Exatamente! Portanto, para Deus. Porquanto,

desde já até agora tudo, principalmente todas

as pessoas são para mim, Deus.

Quiçá a Consciência nos faça buscar, achar e

manter o que em essência somos, pois é verificável o

fato de que, na mesma medida em que nos volvemos

para a consciência, ela se volve para nós, nos

possibilitando encontrar o caminho que vai para o nosso

interior, e além. Os grandes ícones da humanidade são

provas cabais disto.

Etimologicamente, a palavra consciência refere-se

a um atributo altamente desenvolvido na espécie

humana, pelo qual o homem toma, em relação ao mundo

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e a seus estados interiores, aquela distância em que se

cria a possibilidade de níveis mais altos de integração,

‘conhecimento, noção, ideia’. Do latim: conscientia. ‘Ter

conhecimento (de algo)’ (CUNHA, 2010, p. 173).

Pode-se afirmar que a consciência relaciona-se à

descoberta ou reconhecimento de algo, quer de algo

exterior, como um objeto, uma realidade, uma situação

etc., quer de algo interior, como as modificações sofridas

pelo próprio eu, conhecimento do bem e do mal.

O sociólogo Camargo (2010, p. 2) evidencia três

sentidos da consciência: o psicológico, o epistemológico

e o metafísico e assim expressa:

Em sentido psicológico, a consciência é a

percepção do eu por si mesmo, este é o

conceito mais conhecido. Em sentido

epistemológico, a consciência é primeiramente

o sujeito do conhecimento. Em termos

metafísicos, chamamos muitas vezes à

consciência o Eu.

A Consciência, nesta concepção, parece-nos claro,

envolve subjetividade, autoconsciência e a capacidade

de perceber a relação entre si e o outro; é uma qualidade

psíquica, e também é um atributo do espírito.

De acordo com Neumann (2008, p. 220), há razões

científicas justas para que se considere a consciência

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um dos órgãos experimentais da vida, o que é mais

justificável, em todo caso, do que deixar de lado esse

fator fundamental da existência espiritual humana e

relegá-lo ao campo da reflexologia ou do

comportamentalismo.

Para Velmans (1997) a consciência é termo com

vários sinônimos: a atenção e estado de atenção, o

‘conteúdo da consciência’ e a autoconsciência. Assim,

o problema da investigação psicológica reside em não

se limitar ao estudo de fenômenos e processos na

superfície da consciência, mas em penetrar em sua

estrutura interna.

E, portanto, a consciência deve ser considerada

como um movimento interno específico gerado pelo

movimento da atividade humana. Corroborando com

tal compreensão, Minsky (1991) atribui ao termo

consciência o significado da organização de diferentes

formas de sabermos o que acontece dentro da mente,

corpo, e no mundo exterior.

Penrose (1999) argumenta que a consciência é uma

característica da ação quântica do cérebro não podendo

ser simulada em computador. E Goswami aprofunda ainda

mais e evidencia: “A consciência tem de ser uma identidade

diferente do cérebro, a fim de produzir um efeito causal

sobre ele. Ela pertence a um mundo separado, fora do

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corpo material” (GOSWAMI, 2008, p.155).

Vejamos a analogia citada por Ferguson (2007) que

nos conduz para além do cérebro, para além do tempo

presente e do nosso próprio corpo:

Uma consciência saudável é como uma teia de

aranha, e você é a aranha no centro. O centro

da teia é o momento presente. Mas o

significado de nossa vida depende daqueles

finos fios que se estendem para outros tempos,

outros lugares, e das vibrações por toda a teia

(WILSON, 1978 apud FERGUSON, 2007, p. 204).

E de acordo com esta concepção é fácil

compreender a hipótese elaborada por Leon (1995) de

que a consciência seria uma propriedade natural do

mesmo tipo que a vida, quando surgiu de processos

evolutivos.

A partir do trabalho de Chalmers (1996), muitos

pesquisadores atuais vieram a assumir a compreensão da

consciência incluindo, além do processo que gera a

consciência desperta, também a experiência de um mundo

fenomenal ou um ‘como é sentir-se em tal situação’, que

caracteriza a chamada ‘perspectiva da primeira pessoa’

ou o ‘aspecto subjetivo’ da experiência consciente.

Neste caso, temos uma teoria subjetivista da

consciência, defendida por Searle (1998), que se apoia

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na ideia de que os nossos estados de consciência

(experiências sensoriais, pensamentos, etc.) são estados

intrinsecamente subjetivos e, portanto, quanto a esse

aspecto, irredutíveis a qualquer definição e explicação

de caráter científico.

A consciência, pois, é constituída por diferentes

fenômenos, os quais precisam ser explicados na sua

totalidade para se chegar a uma explicação final cada

vez mais elaborada. E como bem expressa Chalmers

(2003) nas suas pesquisas sobre consciência, alguns dos

fenômenos da consciência são mais fáceis de descrever

utilizando-se de métodos científicos atuais, já outros,

por não poderem ser explicados por esses tipos de

métodos, podem ser classificados como difíceis. Uma

vez que necessitariam de uma nova visão científica para

sua solução e ele tem sido persistente na busca de

desvendar, de forma cada vez mais profunda, este

sentido mais difícil da consciência, em si.

E nesta busca de compreensão do todo da

consciência Di Biase (2005) bem evidencia que matéria,

vida e consciência não são consequentemente entidades

separadas, mas uma “unidade holística indivisível, um

continuum holoinformacional inteligente, auto-

organizador, permeando todo o universo e se desdobrando

em uma infinita holoarquia cósmica” (DI BIASE, 2005, p.7).

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Assim, podemos evidenciar, após análise de

diferentes, porém, complementares, pesquisadores acerca

do objeto da consciência, que tal compreensão é, apesar

de simples, vasta e profunda. E isso deve ser objeto de

nossas buscas, ainda que pareça corresponder a,

concomitantemente, atravessar um deserto muito

extenso e mais do que extenuante; descer um abismo

muito profundo e mais do que apavorante; bem como

subir uma montanha muito alta e mais do que

intimidante. Contudo, tal conhecimento, o da

consciência, é inegável, inevitável e autossustentável, pois

a verdade, inclusive de nós mesmos, não só propõe, mas

também impõe ser compreendida, para os devidos fins.

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2 FINALIDADE

2.1 Objetivo geral:

· Trata da própria significação do tema

investigado. Deve dizer o mais precisamente

possível os fins teóricos e práticos que se

propõe alcançar; qual o objetivo maior do

tema.

2.2 Objetivo específico:

· Apresenta caráter mais concreto. Têm função

intermediária e instrumental, permitindo, de

um lado, atingir o objetivo geral e, de outro,

aplicá-lo a situações particulares.

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“A consciência é uma das faculdades inatas capitais

do Ser Humano e sua finalidade é também a de refletir

a Existência como um todo”.

(JAIR TÉRCIO)

Tratar da finalidade da consciência prevê tratar

da V ida. Afinal, assim como não existe vida sem

consciência, não existe consciência sem vida. Neste

sentido, cabe considerar que, como nos indica a

reflexão sugerida por Costa (2009), a finalidade da

consciência é, também, a de refletir a existência como

um todo, mas a partir de nós mesmos. E, não é possível

assim proceder sem verificar, em si mesmo, que a

consciência é uma das faculdades inatas capitais do

Ser Humano que lhe possibilita conhecer o Universo e

sua Causa Prima.

Não é difícil perceber que, somente quando

conhecemos algo, a ponto de compreendê-lo, é que

podemos refleti-lo significativamente; não é possível

compreender se não com o Todo, porquanto, no

Universo não há fragmentação em essência; assim,

mesmo as partes contém nelas o Todo da Vida; afinal,

tudo é e tem tudo; tudo é feito de tudo, e tudo é feito

do mesmo. Bom que se rediga. Portanto se queremos

algo compreender é necessário integrarmo-nos, a

ponto de enxergar a integração das partes quais

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entram em tal equação.

Eis mais um dos papéis da Consciência:

demonstrar-nos que já conhecemos a Existência, tempo

em que nos indica que no Universo não há espaço para

desintegração, pois, para o Real só há infinitude,

atemporalidade, enfim, totalização. E daí podemos dizer

estar preparados para refleti-la em nossa conduta

individual. Para tanto, é dela também auxiliar o Ser

Humano a adquirir confiança, convicção e certeza para

com as coisas da vida, no sentido de poder viver e morrer

bem, de acordo com as Leis, que nela repousam.

“Qual a verdadeira contribuição da consciência?

A resposta é uma grande variedade de vantagens óbvias e não

tão óbvias na gestão da vida”.

(ANTÓNIO DAMÁSIO)

A consciência, como repouso das Leis Naturais que

Regem o Universo, é a força interior do Ser Humano

que o impele a exteriorizá-la sob forma de ação que

gera e/ou mantém o equilíbrio dinâmico, isto é, a imitar

a Criação. Ela é, portanto, a força do Ser Humano que o

permite - tal qual o fez com os Iluminados, grandes

mestres da Humanidade - exilar-se, meditar e silenciar-

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

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-se, de forma voluntária, consciente e ciente, para

ouvir tudo, d’Aquilo que lhe é Origem Causal. Origem

esta da qual, tudo tem sido dito e que todos têm ouvido,

embora nada tenha sido falado.

Não é preciso muito para se entender que a

consciência é muito mais do que o que ela faz; e senão

pode-se afirmar, mas não é demais sugerir que ela é a

energia potencial do Ser Humano, e que vive nele em

estado de latência, aguardando apenas o momento para

ser despertada, construída e/ou desenvolvida para

impeli-lo, inclusive, à autointegração, à Iluminação,

enfim, à libertação.

Isto considerado, podemos dizer que é

provadamente verdadeira a teoria de que a inteligência

tem papel preponderante em tal processo, pois fora dela

não é possível atingir-se a verdade; fora desta não é

possível atingir-se a liberdade; fora da liberdade não se

pode atingir a consciência e fora da consciência não é

possível atingir-se a fé.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

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"Quando o ser humano usa

das suas forças em domínio,

a exemplo da reflexão, concentração,

meditação, vibração, percepção,

contemplação e exaltação,

produzindo atenção plena

para com qualquer objeto e/ou fenômeno,

acessa o reino incorruptível da coisa em si,

ou seja, do que é tal qual se manifesta.

Isto é a consciência e ciência desperta”.

(JEFERSON FREIRE)

Para o Ser Humano, estados harmônicos de

consciência, tais como: reflexão, concentração, meditação,

vibração, percepção, contemplação e exaltação são, além

de, ao mesmo tempo, necessidade e desejo, também

instrumentos capazes de sincronização com a Ordem

Universal, que sobeja à realidade que vivenciamos. A

Realidade, tal qual é, não só importa, como exige ser

contatada, pois existe algo em nós, e no nosso interior,

que só a Consciência pode acessar, fomentando uma

compreensão maior de Deus, a Vida das Leis e suas Leis,

por parte do gênero humano. Para tanto, o cultivo da

virtuosidade caracterizado, inclusive, por estas citadas

forças em domínio é o caminho da Iluminação; até porque,

tais práticas nos levam de nossa exterioridade à nossa

interioridade; de nossa aparência à nossa essência.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

32

A prática da reflexão, concentração, meditação,

vibração, percepção, contemplação e exaltação nos

ajudam a despertar, construir e/ou desenvolver o melhor

de nós mesmos e nos envolver com isso. Envolvimento

este, que nos leva a exercitar a atenção plena, o que

significa consentir conseguir manter-se abreviando o

inevitável encontro com o que é verdadeiro. Afinal, a

compreensão, assim como a concepção, advém com a

percepção direta do que é tal qual é e não tal como

pensamos ser.

A parábola (COSTA, 2009, p.12) narra que:

Um Ser Humano pouco inteligente observava

o Iluminado ajudando à humanidade a

despertar, construir e/ou desenvolver a

consciência dela. De repente, como se do nada,

o Iluminado lhe indagou:

- O que você faz quanto ao Princípio Criador, a

Finalidade da Vida, bem como a Razão de Nossa

Existência?

Irritado, o Ser Humano pouco inteligente

lhe disse:

- Você está me questionando como tolo?

O Iluminado, então, disse:

- Diga você.

E ouviu dele:

- O que quero; só o que quero.

Daí o Iluminado consumou:

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

33

- Pois em ciência vos digo - o Ser Humano tem o

dever moral de saber o que faz, enquanto está

fazendo, pois é mais fácil se quiser parar.

Tal exemplo nos indica que a nossa consciência deve

estar em cada ato nosso; ela é a diferença entre o sono

e a vigília, pois, ainda que nada deva ser proibido, nem

tudo convém para que todos vivam em harmonia. Eis

a importância da pratica; assim, prático é aquele que,

embora não produza, vive a agir, porém, deliberando

acerca do que convém, ou não, logo, se inteligentes o

bastante fazemos de nossas consciências nossos juízes.

É fato que vontade, consciência e ciência são

faculdades indispensáveis para o Ser Humano que deseja

realizar, porquanto quando usamos a nossa vontade

buscamos o melhor; quando usamos nossa consciência

fazemos o que é melhor; e quando usamos nossa

ciência fazemos o melhor e da melhor maneira.

Que a humanidade compreenda que a verdade

muda, reforma ou transforma o Ser Humano, mas isso

é uma questão de reforma da consciência, que é uma

questão, inclusive, de autoconhecimento do Ser

Humano. Para tanto, a consciência exige ser admirada,

a fim de que se ofereça como a única chave do domínio

sobre nós mesmos, em todos os ramos do nosso viver.

Page 36: Ensaios sobre Consciência

BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

34

A história conta que (COSTA, 2012, p.47):

ENQUANTO HOUVER INTERMEDIÁRIO HAVERÁ PERDA

O sol já estava se deitando nos braços

acalentadores da lua cheia, quando da hora de

uma outra fase da realização das tarefas de

aprimoramento espiritual do dia, no templo

espiritualista do mestre O’Mim, o despertador.

Este mestre era famoso por sua maneira nada

moderada de despertar, desenvolver e expandir

consciências. Ele era, para os que o conheciam,

um lídimo anfitrião da consciência. No momento desta tarefa, seus discípulos geralmente se aproximavam do mestre para

realizarem a rotineira contemplação na busca

de encontrar a verdadeira fonte: o Imutável de

si mesmo. Pois, para eles, a busca do Imutável

não se tratava apenas de mais uma opção, mas

a de uma condição de prioridade máxima, para

as suas vidas. Portanto, a verdadeira tarefa.

Pois bem, neste dia, quando da realização da

tarefa de meditação, verificou o mestre que

Jino, um dos mais exigentes de seus discípulos,

demonstrava dificuldade em realizá-la. Daí,

O’Mim levantou-se, foi até ele e o indagou,

sorrateiramente, acerca do seu estado, ouvindo

dele:

- Sabe o que é mestre? Estou meio chateado

comigo mesmo. É que só hoje eu vi que ainda

não consegui conceber do Imutável quantidade

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

35

suficiente para que eu viva no meu dia a dia

em equilíbrio dinâmico, factualmente. O meu

dia a dia tem sido ainda

transtornos, desconfortos e insatisfações.

- Então é para você estar bem, porquanto quem

conhece suas limitações conhece sua força.

Disse o mestre O’Mim.

- Ah! Mestre, já aprendi isso, mas ainda me é

muito difícil a praticidade que isso indica.

- Pois bem, e o que você tem feito quanto a isso,

meu querido? Perguntou o mestre.

- Tudo que posso, mestre. Consumou Jino.

- Não é o suficiente. Disse seguramente O’Mim,

e continuou.

- Porquanto, nenhuma fronteira é tão longe que

não possamos alcançar, ainda que esteja numa

dimensão inconcebível de concepção. E aquele

que deseja contactar com o Imutável deve, por

exemplo, aprender a saber pensar. E pensar a

mais não poder, enfim, até o desmedido,

porquanto, não é possível encontrar o Imutável

enquanto você está presente. Só o podeis sentir

sem ti. Não é possível encontrar o Imutável com

o mutável. O atemporal com o temporal, ou

seja, com o pensamento. Portanto, você tem o

dever moral de saber pensar, a ponto de saber

pensar sem o pensamento, se tornando você e

a coisa uma coisa só. Não pode existir

intermediário, porquanto, enquanto houver

intermediário, há perda. Pense nisso.

Page 38: Ensaios sobre Consciência

BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

36

Terminou O’Mim e voltou à contemplação. E

Jino, revigorado, demonstrava a sua gratidão

com um aperto nos lábios que forçava as maçãs

do seu rosto convidar os olhos a agirem de

maneira idêntica.

Ser humano é buscar saber

acerca de tudo aquilo que

a mente separou ou separa,

com e durante o tempo.

Pensar é de todo Ser, inclusive, o humano. Ele para

agir pensa. E o faz de três maneiras, senão vejamos:

pensando com o pensamento fixo; pensando com o

pensamento flexível; e pensando sem o pensamento. É

observável o fato de que aqueles que só pensam com

pensamento fixo, ou seja, pensam com o pensamento

sem a participação da inteligência, criam, implantam e

mantêm o caos, tanto individual, quanto social; aqueles

que pensam com pensamento flexível, ou seja, pensam

com pensamento, mas com a participação da

inteligência administram o caos em níveis aceitáveis de

boa convivência; e os que pensam sem pensamento,

ou seja, pensam com a inteligência, mas sem a

participação do pensamento, além de não mais criar o

caos deixam de lhe dar guarida e sempre convivem com

o novo e distinto, embora nunca distante. E isto o

favorece a conviver com a dimensão onde as ações têm

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

37

como base a velocidade da Luz em seu padrão absoluto.

Se assim podemos dizer.

Neste caso, destacamos a reflexão de Tolle (2007,

p. 67-68) ao afirmar que:

quando entramos em contato com essa

dimensão que trazemos dentro de nós – e isso

é nosso estado natural, e não uma conquista

milagrosa –, todas as ações que praticamos e

os relacionamentos que estabelecemos

refletem o estado de unificação com a Vida

Única que sentimos em nosso interior.

Dialogando com esta perspectiva, Ornstein (1991)

asserta que despertar a consciência significa

autoconhecimento, o percebimento dos diversos eus

que nos são interiores e sua parcialidade, tempo em

que mantemo-nos cônscios dos domínios mais amplos

da percepção. Isto ocorre porque, conforme nos indica

Leontiev (1978), a consciência não é mero

conhecimento, não é apenas um sistema de

conhecimento ou de conceitos adquiridos. Sua

propriedade é um movimento interno que reflete o

movimento real da vida do próprio sujeito, o qual ela –

consciência – media; e, somente nesse movimento, o

conhecimento encontra sua relevância com respeito.

Daí, cabe considerar que

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

38

quando as coisas vão mal no mundo, estão

mostrando que há algo de errado com o

indivíduo, porque há algo de errado em mim.

Portanto, se eu for sensato, examinarei a mim

mesmo em primeiro lugar... Em suma, o

essencial é a vida do indivíduo. Só ela faz

história, só ela promove grandes

transformações, só ela cria o futuro. Todo o

futuro, toda a história do mundo, brota da

soma gigantesca desses fontes ocultas que

existem no interior dos indivíduos. Mesmo em

nossa vida mais privada e subjetiva não somos

apenas testemunhas passivas ou vitimas de

nossa era, mas também seus construtores. Nós

fazemos nossa própria época (JUNG, 1953

apud ZOHAR e MARSHALL, 2006, p.10).

É função da Consciência, também abrir a

percepção de que somos todos parte de um todo e a

este pertencemos, eis a espiritualidade. Segundo

Leonardo Boff (2003, p. 23),

espiritualidade tem a ver com experiência, não

com doutrina, não com dogmas, não com ritos,

não com celebrações. Nasceram da

espiritualidade, podem conter a espiritualidade,

mas não são a espiritualidade. São água

canalizada, não a fonte da água cristalina. É

grandioso quando a religião ou determinado

caminho espiritual consegue de fato canalizar a

experiência espiritual e nos levar continuamente

a beber da fonte.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

39

Alcançar a verdadeira fonte, parece-nos claro, é

função da Consciência, reconhecer em si a Vida, e a

mesma V ida em tudo e em todos. Contudo, a

consciência é não-condicionada pela mente, é livre para

ser o que é: não aquilo que pensamentos e crenças

dizem ser. As palavras em um ensinamento espiritual

apenas apontam para o estado de consciência essencial

do ser humano. Alcançado esse estado de consciência,

o ser humano vive a vida na Terra, a partir dessa

liberdade, expansividade e maestria sobre a realidade

interna e externa, pois está alinhado com a essência

daquilo que o criou: a vasta inteligência criativa que

permeia e dá Vida a todo o Universo (BORINE, 2007).

Que possamos, desta forma, buscar dentro de nós

aquilo cuja fonte levamos conosco, e que contempla,

inclusive e principalmente, todos os mistérios do

Universo. Eis o fim da Consciência!

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

41

3 JUSTIFICATIVA

A Justificativa é o convencimento de que o trabalho

de pesquisa é fundamental de ser efetivado. Explica por

que o tema é de suma importância, para a sociedade

ou para alguns indivíduos. A Justificativa exalta a

importância do tema a ser estudado, ou justifica a

necessidade imperiosa de se levar a efeito tal

empreendimento.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

42

“Quanto maior é a consciência

maior é a possibilidade de contato

com a nossa essência”.

(JAIR TÉRCIO, 2009)

Só a evolução tem aquele instante que passa a

capacidade de conduzir-nos ao nível de compreensão

que está por vir, qual restabelece-nos àquilo que em

essência somos – coisa que só a Consciência admira,

descobre e celebra-nos, disponibilizando para os devidos

fins. Ora, não é porque não se pegou, não se viu ou não

se ouviu algo que se pode negar a sua existência,

porquanto a realidade não é, nem está na aparência,

mas na essência.

Eis a relevância da Consciência, o fato de que,

quando manifestada no Ser Humano, em grau

significativo, o ajuda a eleger valores morais, éticos e

estéticos, no mínimo, elevados; a identificar as

faculdades e qualidades formadoras do seu ser; bem

como a buscar saber, significativamente, acerca do

Princípio Criador, da Finalidade da Vida e da Razão de

Nossa Existência, inclusive e principalmente, a partir de

si mesmo, possibilitando, cada vez mais, o viver da

essência; e quem assim procede tão logo percebe-se

não se apegando a nenhuma forma ou aparência.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

43

Justamente por este motivo, a consciência livrar-

nos da ditadura da aparência. Quanto mais consciência

tem o Ser Humano, menos conflitos e menos

desequilíbrios tem e na sociedade produz. E por isso

consideramos que a conduta do Ser Humano é

diretamente proporcional ao grau de consciência por

ele, até então adquirido.

“Uma transformação interna radical

e evolução a um novo nível de consciência

deve ser a única esperança real que temos

para a atual crise global trazida pela dominância

do mecanismo paradigmático ocidental”.

(Stanislav Grof)

A mudança, reforma e/ou transformação da

sociedade inicia-se com a mudança, reforma e/ou

transformação de nós mesmos, em nossa

individualidade; deste modo, é dever nosso viver em

estado de eterna transformação, de eterno

renascimento, por conseguinte, devemos bem avizinhar-

-nos das coisas que nos são mais próximas e não das

mais distantes, mesmo porque, não é possível haver

transformação, se não houver compreensão do objeto

a ser transformado. E não pode haver compreensão se

não houver atenção plena, enfim, aproximação. Neste

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

44

sentido, cabe considerar que ao empreender

na transformação do átomo exterior, como até

então fazemos, demonstramos não saber, ainda, como

realizar a transformação do nosso átomo interior.

Eis que podemos, mais uma vez, reportarmos ao

exemplo dos grandes mestres da humanidade, que

demonstra, factualmente, a verdade do fato de que a

transformação, momento a momento, não é presunção,

mas arma do sábio. Afinal, reforma, mudança ou

transformação alguma ocorre na sociedade, enquanto

não ocorre reforma, mudança ou transformações na

consciência da individualidade que a compõe, mantém

e amplia. Contudo, muito importa empreendermos na

transformação, e não nas reformas e/ou mudanças,

porquanto, diferente das últimas, transformação implica

naquela revolução que é irreversível, pois que se realiza

no interior.

Portanto, devemos ser breves e conscientes na

busca desta revolução que possibilita, minimamente, o

enfraquecimento das paixões animalescas; a construção

do senso de igualdade, extinguindo toda e qualquer

desavença; o desenvolvimento da fraternidade, ocupando

o espaço do egoísmo; bem como o alcance da liberdade

como expressão máxima da consciência. Neste caso,

estamos tratando da única revolução indispensável, que

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

45

é a revolução espiritual, portanto, aquela que se realiza

no interior do Ser Humano, esta trindade que tem dever

moral de viver não mais adormecida.

“É dito que a Consciência, o ser atemporal,

é o presente além do tempo – e, supostamente

atemporal é a 'fonte' da qual tempo

e todas as experiência humanas surgem”.

(PETER DZIUBAN)

Não é dispensável saber que vivemos num mundo

de causalidades, contudo, são muitas as evidências de

que existe em nós uma dimensão onde a causalidade

não é um fato; nela o que é atemporal vive manifesto e

induzindo-nos a compreendê-lo, mas sem o temporal

como meio. O meio determina o fim.

O essencial, o atemporal, enfim, o imutável é

aquilo sem o qual a coisa não é o que É, ou melhor, não

existe. O novo, o absoluto, a essência, o imutável, enfim,

o atemporal existe e sempre vem para todos, mas

principalmente para aqueles que já despertaram,

desenvolveram e/ou expandiram a sua consciência em

grau significativo o bastante, fazendo-a presente.

Contudo, somente quando nos desocupamos somos

ocupados por aquilo que é eterno, atemporal, enfim,

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

46

imutável, a verdade; afinal, não se encontra o novo, o

absoluto, a essência, o imutável, enfim, o atemporal por

adivinhação, mas por reflexão, pois só esta antecipa. O

atemporal está disponível, mas está à nossa frente,

portanto não precisamos nos esforçar para alcançá-lo;

para tanto, consciência em grau significativo o bastante.

A parábola (COSTA, 2009, p.22) narra que:

- V iemos estar contigo para fazê-lo ver algumas coisas que você não está percebendo e nós já estamos irritados e não suportamos mais. Caso você não nos ouça, nós lhe calaremos da forma que desejarmos, pois o que você está fazendo para com a humanidade, dizendo que está ajudando-a a despertar, construir e/ou desenvolver a sua consciência, não está certo.

Diziam os Seres Humanos pouco inteligentes ao Iluminado e ouviram como resposta:

- Não primo pelo certo ou errado, mas pelo legal

ou ilegal. O certo ou errado está afeito à

consciência humana e o legal ou ilegal está afeito

à consciência cósmica. Vejamos: é certo, vocês

me questionarem como fazem agora, mas não é

legal a sua intenção. O certo tem a ver conosco,

com as nossas opiniões, mas o legal tem a ver

com a Lei Natural. O certo, no muito, nos leva ao

bem supremo, mas só depois de

experimentarmos o mal extremo. E o legal nos

mantém no bem supremo. Portanto, meus caros,

precisamos compreender as diferenças

significativas que existem entre o certo-errado

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

47

e o legal-ilegal, sob pena de não nos adequarmos

àqueles princípios fundamentais que nos fazem

querer, raciocinar e realizar segundo a verdadeira

tarefa que nos faz retornar para o verdadeiro lar,

sem sair do lugar, pois não há para onde ir. Isto

porque, encontrar com Deus, nosso Pai que Sou,

não é uma questão de busca, mas de localização,

pois o centro é e está em toda parte.

Oxalá compreendamos que o Ser Humano, esse

objeto que reflete as ações, tem o dever moral de agir

de forma que se denuncie como um Ser originário

daquele Ser que é o Centro Absoluto de onde partem

todas as ações, de modo a conceber a verdade que

reside no fato de que quem não concentra a sua atenção

em si mesmo não sabe o que é vigiar; e quem vive assim

não constrói seu centro; seu Ser; enfim, sua consciência.

A história conta que (COSTA, 2012, p.91):

QUANTO MENOS CONFLITO MAIS CONSCIÊNCIA

Mc’Goi e Mc’Frai, discípulo e mestre,

respectivamente, conversavam, enquanto

caminhavam por entre as veredas do jardim do

seu templo. Esse mestre era um imutabilista,

orador deveras significativo acerca do caos e

suas ramificações. Eis que num dado instante

falou Mc’Goi ao seu mestre:

- Mestre, Mc’Lot, Mc’Igro e Mc’Esmar estão

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

48

discutindo muito. Eles estão sempre

conversando sobre as diversas manifestações

dos três maiores problemas da humanidade: a

corrupção, a violência e a volúpia no homem,

na sociedade e no mundo, e quando o fazem,

geralmente me dão a impressão de que nada

concluem e, o que é pior, brigam muito.

- Tenho visto.

Considerou o mestre.

- Mas mestre, o Senhor tem visto isto e não

toma uma providência?

Disse Mc’Goi e ouviu do mestre:

- Digo sim. Eu ouvi dizer que três pessoas

conversavam e, como você diz, discutiam muito,

mas nunca concluíam nada, pois sequer eles

sabiam onde queriam chegar. Eram Mc’Dai, Mc’Toi

e Mc’Lac. Eles conversavam, entre si, sobre as suas

qualidades e suas respectivas utilidades numa

instituição. Um exigia que o outro chegasse à

mesma conclusão que ele também havia chegado.

Eis que um dia, em tal discussão, Mc’Lac

demonstrou que queria um pouco mais de espaço

naquela sociedade para expor suas idéias. Mc’Dai,

que não a liderava, defendia Mc’Lac de Mc’Toi, que

além de liderá-la, chamava Mc’Lac de

impossibilitado, pois era retardado mental e tudo

que lhe é afeito. E Mc’Toi chamava Mc’Dai de idiota

por defender Mc’Lac. Eis que num dado momento

da discussão, intercedeu Mc’Lac e disse:

- Por favor, calma, não se chateiem, não

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

49

briguem. Então vocês não sabem que a briga é

o caminho mais longo?

Terminou o mestre e continuou a caminhada

pelo jardim do templo observando a disputa

entre um besouro e uma lesma, embora todo

ouvido para com Mc’Fai, que calado estava e

calado continuou. Era hora de aprender, na

prática, o fato de que é mais fácil realizar a fissão

nuclear do que acabar com preconceitos. Eis

porque importa sabermos analisar, pois a análise

dos fatos elimina a confusão.

Ser humano é buscar saber

sentir, pensar e agir,

segundo aquilo que é embasado

na inteligência e desprovido do pensamento.

Quiçá a humanidade compreenda que devemos ser,

desde cedo, educados de forma a não perdermos o

caminho verdadeiro, de modo que possamos contemplar

o fato de que sempre haverá estrelas brilhando para nos

mostrar o caminho; que quem contempla, no mínimo,

exercita o caminho interno; porquanto a Consciência mais

do que só mostra o seu caminho.

Deste modo, exortamos a afirmação de Ramatís

(2004) que:

não será preciso nada além da consciência para

o desbravamento de todos os caminhos; não

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

50

será preciso cabedal de cultura, mas pura e

simplesmente a pureza de intenção. O

momento exato de libertação está na

compreensão plena de todo o caminho, saiba

ou não ter o uso da palavra burilada; as almas

simples estão mais perto da verdade

(RAMATIS, 2004, p.112).

Segundo António Damásio (2010) à medida que o

processo de consciência tornou-se mais complexo, e

com o advento de funções da memória, raciocínio e

linguagem que evoluíram a par, a humanidade foi

apresentada a novos benefícios da consciência. São

inúmeras as vantagens nesse domínio, tornou-se

possível analisar o futuro possível e tardar ou inibir as

reações automáticas. Para o autor “foi esta a orientação

da consciência que nos trouxe uma gestão mais precisa

da homeostase básica e, em última análise, o início da

homeostase sociocultural” (DAMÁSIO, 2010, p. 330).

Eis que, para Emília Queiroga, conforme exposto

em seu site,

a humanidade se encontra imersa num oceano

de consciência e vida inteligente que através de

um constante processo criativo, nos permite

encontrar um propósito e um significado real,

amplo e profundo para a nossa existência.

Quando realmente percebemos nossa vida

como parte de um Todo Maior, reconhecemos

simultaneamente nossa grandeza e

insignificância diante da vida”. (QUEIROGA, site)

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

51

A razão não se recusa a teoria de que maiores

detalhes só vê quem se aproxima; e só se aproxima

quem usa a consciência, isto é, quem pensa com

inteligência. Dialogando com esta ideia, Blackmore

(2011) afirma que aos olhos da posteridade, o

‘problema da consciência’ não será diferente do

‘problema da vida’. Ainda nesta perspectiva Dziuban

(2008) nos indica que a consciência é tão ilimitada que

não deixa horizontes. Afinal, quando a consciência

chega em seu ápice, então conhece e sente o mistério

da Existência, a ponto de realizá-la.

Na busca de indicar-nos o processo de realização

da Existência em nós mesmos, Bailey (2007) chama-

-nos atenção para que

tentemos conscientizar-nos de que não existe isso

de matéria inorgânica, que cada átomo é uma

vida. Entendamos que todas as formas são vivas,

e cada uma é apenas o veículo de expressão de

uma entidade interna. Compreendamos

igualmente que isso também vale para os

conjuntos de formas. Assim encontraremos a

chave para a compreensão de nós mesmos, e

talvez do mistério do sistema solar (BAILEY,

2007, p.62).

Conforme exorta Pinheiro (2011), o ser humano

atual não mais aceita como definitivas as explicações

materialistas a respeito da vida, pois mesmo os

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

52

cientistas sabem que, na vida, tudo é impulsionado

adiante; para tanto, expande-se e requer

aprimoramento. Assim, o ser humano sente a

necessidade de evoluir, crescer e obter respostas mais

lógicas e coerentes para seus questionamentos íntimos,

sob pena de sua vida tornar-se sem sentido e se perder

em caminhos ermos. No que Borine (2008, p.34)

complementa que:

é importante sabermos que nenhum ser

humano escapa deste processo evolutivo

natural, pois ele é de inteira responsabilidade

pessoal. A consciência, a espiritualidade, a

matéria e a vida, tudo está interconectado e

interrelacionado. A teoria dos sistemas chegou

para nos mostrar isso; ela nos mostra a

importância da interatividade. Quanto mais

distantes da essência estivermos, mais

desconexões, distúrbios surgem e se refletem

como sofrimentos, dores. Quanto mais

estamos integrados com a nossa essência, mais

plenitude poderemos experimentar. Uma

grande luta, talvez a maior de todas, ocorre

dentro de nós e, na maioria das vezes, dura toda

vida: o terror da entrega e o medo da

unificação. Ansiamos retornar à origem da

consciência, mas temos medo.

As descobertas da física quântica, através de

experimentos que comprovaram a dualidade onda-

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

53

partícula, desvendaram dimensões da realidade até

então desconhecidas pela ciência. No entanto, estes

mesmos experimentos revelaram algo mais intrigante:

que a consciência do observador interfere no objeto

observado. Dito de outra maneira, a consciência

influencia na manifestação da partícula subatômica a

qual, dependendo de como é realizado o experimento,

manifesta-se como matéria ou como energia (REICHOW,

2006). Os físicos como Goswami (2007) e Wolf (2003)

constataram a nível microcósmico que a consciência

do pesquisador interfere no resultado da pesquisa.

Estes experimentos nos demonstram que não é

mais possível negar o fato de que tudo vive

dinamicamente interconectado, porém só quando

silenciamos, isto é, quando mentalmente desocupados,

podemos notar o que é ser e estar inseparavelmente

conectado com todas as coisas, conectado com o Todo;

e é aí, e somente aí, que pode-se perceber algo além

dos símbolos, além do conhecido, além das aparências,

enfim, além das formas.

Assim, podemos afirmar que nossas ações e

reações demonstram o grau de consciência que temos,

deste modo quem não vive conectado com sua

interioridade se perde na exterioridade criando todo

tipo de problema que tão logo lhe será dispensado.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

54

Diante do advento das discussões sobre

consciência, ou melhor, da preocupação para com a

mesma, Ruy Cézar do Espírito Santo (2006, p. 2),

expressa:

nesse momento, sinto que estamos no início

de uma nova época, que denominaria de

maturidade do ser humano. Claro que vamos

conviver ainda com muitos adolescentes... Não

esqueçamos que foram vinte séculos de

adolescência...Na verdade, o que chamo de

maturidade está inserido no contexto de

conscientização ou conscencilização como já

referido e, seguramente, isto implica também

num longo Caminhar...

Esta nova época citada por Espírito Santo,

naturalmente, acarreta num movimento transformador,

sobre o qual Houston (1993, p.21-2) atesta:

o que está ocorrendo, acredito, está muito

longe daquilo que se tem chamado de

‘mudança de paradigma’. Trata-se de transição

de sistema total, uma mudança na própria

realidade. Enquanto uma mudança de

paradigma poderia ser comparada ao girar de

um caleidoscópio e observar as peças

distribuindo-se de acordo com um novo padrão

e com novas relações entre elas. A transição

sistema-total demandaria a inclusão, no todo,

de peças inteiramente novas. Até mesmo o

mundo está mudando.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

55

Vivemos, pois, como seres inteligentes que somos,

no mundo de casualidades, onde não há questão sem

três soluções, tampouco corpo sem três dimensões; a

consciência encerra em si uma visão, cada vez mais,

nova, ampla e significativa acerca desta realidade.

Buda, por exemplo, já dizia que ela – a consciência

– guarda a sabedoria Universal em estado de latência,

porquanto nela só há Unidade, mas desde quando

centrada no indivíduo.

Assim sendo, é inconteste e inegável que a

realidade está disponível para todos, mas é preciso se

por a caminhar. Eis onde reside o valor real e significativo

da consciência, qual nos impele a exteriorizá-la sob

forma de ação.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

57

4 FUNDAMENTOS

Apresenta os principais conceitos teóricos

necessários ao desenvolvimento de um trabalho, é o

suporte teórico para os estudos, análise e reflexões. O

Fundamento é a base, alicerce, fundação da

investigação. Refere-se à necessidade do assunto. Afinal,

nenhuma pesquisa parte da estaca zero.

É imprescindível correlacionar o tema com o

universo teórico, optando-se por um modelo teórico

de embasamento à interpretação do significado dos

dados e fatos levantados. Os pressupostos teóricos

servem para o pesquisador fundamentar a interpretação

de suas ideias. A partir das fontes documentais ou

bibliográficas busca-se avaliar o que foi realizado e o

que baseia a relevância do tema investigado.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

58

A base teórica deve permitir ao pesquisador uma

visão ampla das várias abordagens que configuram sua

área de estudos, oferecendo condições para que se

produza uma discussão entre os resultados revelados pela

pesquisa e a bibliografia referente ao tema de estudo.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

59

“A Consciência sabe fazer ser verificada não só a sua importância,

mas também a sua relevância”.

(JAIR TÉRCIO)

Partimos da premissa de que se queremos mudar

o mundo necessitamos que a mudança básica aconteça

dentro de nós, o que confirma a importância da

Consciência. Com ela, confirmamos que não

permaneceremos assim eternamente.

Para tanto, a Consciência em grau cada vez mais

significativo, pois assim como um átomo tira do seu

núcleo sua energia, também um furacão tira do seu olho

toda a sua força, também o Ser Humano tira do seu

centro sua força. Neste sentido, temos o dever moral

de investir no nosso centro, potencializando nossas

realizações, em todas as esferas do nosso viver, quer

pessoal, profissional, bem como espiritual, afinal, o

centro é toda parte.

Eis que é função da Consciência não somente

compreender a Realidade, mas vivenciá-la, de maneira

direta, correta e completa no cotidiano do nosso viver,

oportunizando transformações, de forma cada vez mais

urgente, intensa e plena, e fortalecendo a

consonância de nossa consciência interna,

individual, com a consciência externa, Universal.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

60

“O Ser Humano pode e sempre expande

sua percepção sobre a realidade,

resultando num processo gradativo

de tomar consciência de si próprio,

como um atributo de uma Consciência maior”. (EMÍLIA QUEIROGA)

Ao tratarmos da Consciência e sua importância,

enaltecemos que esta implica em atentar-se aos fatos

da realidade, tanto interior quanto exterior, favorecendo

um viver consciente, portanto, equilibrado, consigo, com

o outro e com o Todo do qual fazemos parte.

Para tanto, bem conviver com o mundo objetivo e

o mundo subjetivo, lembrando que o mundo objetivo é

superficial, não substancial e transitório. Já o mundo

subjetivo favorece absorvermos o seu valor significativo

real, qual sua conduta o denunciará.

Eis que quanto maior integração, de forma

equilibrada, com os mundos objetivo e subjetivo, maior

será o grau de nossa consciência, portanto, maior é o

grau da nossa capacidade de alcançar, perceber e

discernir a única verdade digna do nome, a partir de

nós mesmos.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

61

“A perfeição eterna que a consciência é,

não está distante num estado divino em algum lugar”.

(PETER DZIUBAN)

Iniciamos esta reflexão lembrando que buscar

Deus significa localizar-se, ou melhor, perder-se nEle.

Neste sentido, quanto menor a distância maior o grau

de compreensão e força de realização.

Vale lembrar, entretanto, que existe mais presença

em nós do que sentimos falta e necessitamos nos

conectar, de forma firme, segura e definitiva com esta

força que nos constitui, certos de que quanto mais

focamos nossa consciência em nós mesmos, em nosso

centro, mais os possíveis conflitos são evitados e os

existentes são extintos, os quais não passam de novos

desafios que devem ser enfrentados, vencidos e

superados, à luz das Leis Naturais que regem o Universo,

que repousam na nossa Consciência.

Eis que a nossa consciência está sempre presente

em nossa natureza e nossa natureza segue sempre o

que implica, indica e orienta as Leis Divinas, as Leis

Universais, enfim, as Leis Naturais que regem o Universo,

em prol da sua evolução abreviada e consciente. E assim,

quando a consciência está presente, a experiência

humana é inteira; e mais do que inteira, é total; e muito

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

62

mais do que total, é plena, porquanto identificadora.

A parábola narra (COSTA, 2009, p. 125):

- Quem é você?

Perguntaram os Seres Humanos pouco

inteligentes ao Iluminado, preocupados com a

sua presença tão desconhecida no seio da

humanidade.

Ele respondeu:

- O presente justo e perfeito para quem tem tudo.

Que possamos nos identificar na essência com

nosso Criador, que somos, pois somente assim toda e

qualquer distância poderá ser extinta. Lembrando

que ser consciente o bastante implica viver sem

tempo, sem distância e sem resistência.

Conta a história (COSTA, 2012, p. 48):

AUTOCONHECER EXIGE SABERMOS

VOLVER O NOSSO OLHAR PARA DENTRO

DE NÓS MESMOS

Numa manhã de inverno nebulosa, fria e

sonolenta, um mendigo faminto passava diante

da casa de um homem universitário, muito rico,

que vivia bêbado e drogado, enfim,

completamente desequilibrado. A casa estava

com a porta aberta e o mendigo não hesitou e

entrou, indo direto para a cozinha, como se já

a conhecesse. Chegando lá, abriu a geladeira e

os armários, achou alimentos diversos e

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

63

começou a banquetear-se, como e o quanto

podia. O dono da casa estava presente e

movimentando-se na mesma, chegou no

ambiente onde o mendigo estava se

alimentando, muito tranquilamente, e, quando

se deparou com ele, sua única reação não foi

nada agradável.

- Ei você! O que está fazendo aqui, rapaz?

Perguntou, bradando, o dono da casa drogado,

e ouviu do mendigo, cheio de sensibilidade,

simplicidade e significado, cuja forma de falar

denunciara:

- Tomando conta de minha vida e você?

Era o sinal que o dono da casa precisava e tanto

esperava. Eis que o bêbado ouviu aquilo que o

mendigo lhe dissera, rindo, muito alegremente,

como se fosse pela primeira vez, era mágico,

era único. Flechado, o bêbado deixou que o

mendigo terminasse aquilo que fazia. Desta

data em diante sua vida mudou como da água

para o vinho. Procurou um templo de

religiosidade que lhe pudesse ajudar quanto ao

despertamento, conhecimento e expansão das

suas faculdades e qualidades, principalmente

aquelas que lhe dão a condição de concepção,

e nunca mais deixou de, cada vez mais,

exercitar a sua condição de saber pensar para

poder, cada vez mais, absorver, de maneira

suficiente, o valor significativo real das

relações.

Page 66: Ensaios sobre Consciência

BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

64

Este homem já tinha ouvido algo acerca da

possibilidade da iluminação, mas como um

acadêmico e cheio de intelecto, ou seja, de

inteligência engessada, nunca quis escutar o

que ouvia, por conseguinte, esteve adiando

aquilo que não pode ser eternamente evitado:

o nosso reencontro com a nossa origem, Deus,

afinal, tudo retorna. Deus, que é infinito na

duração e extensão, porém finito na distância,

não evita que nós, seus filhos, O encontremos,

porquanto no Universo não há perda e tudo

evolui, até identificar-se com o Absoluto. Eis

que tudo está em ascensão do relativo para o

Absoluto. Portanto, Deus, por ser Pai

Verdadeiro, não evita a aproximação de seus

filhos e os quer sempre por perto, estejam eles

crescidos ou não. Para tanto, vive Ele aspirando

e conspirando, persistente, ininterrupta e

inteligentemente.

Ser humano é buscar saber

reconhecer os Sinais Divinos,

a partir de si mesmo.

Esperamos, neste contexto, que toda e qualquer

distância que exista entre nós e o Todo que somos e

reside em nós e no Todo possa ser extinta, afinal,

enquanto há distância, há relatividade, por conseguinte,

há incompreensão. Eis que o problema da

incompreensão não deve ser nosso; para tanto,

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

65

consciência em grau cada vez mais significativo.

Fica claro para nós que com a Consciência e somente

com ela os ditos problemas com que nos defrontamos,

ao estudar os fatos conhecidos sobre a vida e a existência,

são passíveis de uma definição mais clara do que até

agora, embora não tenhamos todas as respostas a nossas

indagações, nem até agora descoberto as soluções de

todos os problemas, para remediar os males do mundo

como bem evidencia Bailey (2007).

Para ela, o simples fato de podermos definir os

ditos males, de que podemos indicar a direção em que

jaz o mistério, e que as luzes da ciência, da religião e da

filosofia tenham sido ampliadas sobre largas extensões

antes consideradas território das sombras, é uma

garantia de êxito no futuro (BAILEY, 2007).

Tal processo envolve um desabrochar de dentro

para fora, um desenvolvimento a partir do centro, indica

evolução, desenvolvendo a vida que existe no íntimo

de todas as unidades, “o impulso de expansão que acaba

por fundir todas as unidades e conjuntos, até chegarmos

à soma total de toda manifestação que pode chamar-

se de Natureza, ou Deus, e que é o conjunto de todos

os estados de consciência” (BAILEY, 2007, p. 21).

Dessa forma, a ideia fundamental que Bailey

salienta (2007) é que a evolução pode ser seguida

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

66

cosmo acima, de átomo da química e da física ao

homem, à Vida que sustenta um planeta, até o Logos,

a divindade de nosso sistema solar, a inteligência ou

Vida que existe por trás de todas as manifestações da

natureza, e além, para um esquema ainda maior, no

qual mesmo esse nosso Deus tem que representar o

seu papel e ocupar um lugar.

Nós não nascemos humanos; nós nos tornamos

humanos, através de um processo de autorrealização

que exige um enorme investimento de tempo e de

energia, em trilhas evolutivas. Assim, podemos dizer que

o ser humano introduziu uma outra qualidade de

evolução neste planeta, que se refere à evolução

consciente e intencional.

Conforme Rudolf Steiner (1985), em tempos

remotos, anteriores à época histórica, os seres humanos

tinham uma convivência direta com os mundos

suprassensíveis. A consciência humana dessa época

pode ser comparada com a nossa consciência quando

sonhamos. “Nesse período da terra, os contornos físicos

do mundo sensorial não eram tão nítidos como o são

para o homem moderno; em compensação os seres

humanos, sabiam-se conduzidos e protegidos por seres

de natureza espiritual” (MOGGI, 2008, p.1).

A consciência é, pois, algo tão maior e temos,

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

67

muitas vezes, a pretensão de limitá-la. É prudente

compreender os seus mecanismos e metas, pois o seu

desenvolvimento é a própria evolução humana. “Uma

síntese é necessária para podermos integrar as

fragmentações que ficaram por milênios perdidas, onde

muitas pessoas ainda hoje buscam fora o que está

dentro de si mesmas” (BORINE, 2009, p. 1).

De acordo com Borine (2009) é chegado o

momento da grande síntese, isto é, a integração cada

vez maior do conhecimento, para podermos atingir o

cerne do homem e o seu processo evolutivo no universo.

A Psicologia da Consciência traz uma compreensão da

dimensão do ser humano, tendo-se em vista o campo

da consciência, vasto ainda, cheio de revelações e

descobertas, mas inerente em seus mais variados

aspectos. Ela tem a possibilidade de integrar os

mecanismos da psique humana considerando o seu

campo energético.

Goswami (2011) aprofunda ainda mais e nos

mostra, praticamente, que no universo não existe um

único objeto. Em essência o que existe é a consciência.

Ela cria a matéria, isto é, a energia que é uma

consequência da existência da consciência.

Originalmente, como bem afirma Borine (2003),

de alguma forma a consciência criou a energia e de

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

68

alguma forma esta mesma consciência se desidentificou,

formando a matéria que ilusoriamente achamos que é

sólida, mas que, na verdade, é composta de imensos

vazios, também chamado de universo subatômico.

Segundo Chalmers “conhecemos a consciência

mais diretamente do que conhecemos qualquer outra

coisa e, por isso, nenhuma ‘prova’ seria apropriada”

(CHALMERS, 1996, pp. XII-XIII). Sabemos, entretanto,

que em qualquer cultura ou situação existem sempre

aqueles seres humanos que se antecipam aos outros e

demonstram a existência de um grau mais elevado de

consciência.

São as pessoas que demonstram essas qualidades

do pensar do futuro, tanto na esfera política, militar,

científica, religiosa ou artística que são reconhecidos

como verdadeiros gênios ou lideranças carismáticas, tais

como: Bethoven, Mozart que compunham operas aos 8

anos de idade; Einstein que desenvolveu a teoria da

relatividade aos 24 anos, apesar de ser considerado inábil

pelo seu professor de matemática do curso primário;

Ghandi que fez a libertação de um país a partir de uma

estratégia incomum; ou ainda Jesus, Buda, Maomé, para

ficarmos apenas com alguns exemplos (MOGGI, 2008).

A ciência, entretanto, ainda carece de consciência.

E neste sentido Chalmers (1996) bem evidencia que a

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

69

ciência não explicará tão cedo como se dá a experiência

da consciência porque a consciência é a manifestação

cósmica dentro de nós e segundo ele tudo tem

consciência, desde uma pedra até a mais gigantesca

estrela.

Eis que se considerarmos que tudo tem consciência

pode-se deduzir que existem consciências primitivas e

consciências mais desenvolvidas e avançadas. E de

acordo com Borine (2008, p.6), “assim como existem

consciências evolutivamente inferiores aos seres

humanos, como um grão de areia ou um animal, é

possível deduzir que existe vida fora da Terra, podendo

ser mais evoluída organicamente e também a nível de

consciência”.

Assim sendo, a evolução, como o maior

fundamento da consciência se pratica e ela, a

consciência, é a demonstração factual de tal evolução,

que tem a tarefa de nos levar à nossa Origem Causal;

com esforço voluntário, consciente e ciente.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

71

5 MÉTODO

Trata da maneira, ou maneiras, de ordenar a ação

de acordo com os princípios do objeto, respeitando

ainda a ordem que se segue na procura da verdade, no

estudo da ciência, para procurar um fim determinado.

Abarca as técnicas e processos de desenvolvimento do

objeto investigado.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

72

“A tomada de Consciência do Ser Humano também se dá,

quando do seu discernimento

acerca da diferença entre a necessidade e o desejo

considerando os seus fins”.

(JAIR TÉRCIO)

A consciência do ser humano é determinada, tanto

pelas escolhas que ele faz, quanto pela forma com que

ele conclui tais escolhas. É certo que todos nós temos

consciência, embora nem todos se atentem para tal

fato. Contudo, somente quem já vive, de forma

voluntária, consciente e ciente, despertando-a,

construindo-a e/ou desenvolvendo-a pode beneficiar-

-se dela em todas as circunstâncias do viver. Mas

só sabemos que a temos quando a sentimos e

agimos, concomitantemente, com base nela. Eis

que a consciência inicia-se com a atenção; e ir contra

ela não é certo, não é legal, não é são.

Estudos profundos e precisos acerca das questões

que envolvem a temática da consciência, seus

determinantes e suas implicações vêm sendo realizados

nas diversas áreas do conhecimento nos últimos anos,

o que comprova ampliação de reflexões sobre o tema,

e se configura como componente de fundamental

contribuição para o processo de desenvolvimento

integral do ser humano.

Page 75: Ensaios sobre Consciência

BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

73

Para que o ser humano possa viver integrado, e

em equilíbrio dinâmico, deve empreender esforços no

sentido de mudar sua forma de viver; no entanto, só se

muda a forma de viver através do despertamento,

construção e desenvolvimento da consciência. Para

tanto, inclusive, paciência, persistência e inteligência;

razão, bom senso e boa intenção; bem como sabedoria,

força e beleza nas ações, são fundamentais.

Portanto, o ser humano que vive de forma omissa,

preguiçosa e/ou irresponsável diante da vida, buscando

cada vez mais segurança, satisfação e prazer; que

mostra não ter compromisso com o que é nobre; e que

ironiza todo tipo de preocupação para com o próximo,

demonstra que inobserva o que indica a noção de

consciência.

Até porque, a ética universal do ser humano é algo

absolutamente indispensável à convivência humana, a

qual deve ser pautada pela consciência. Portanto, mais

do que um ser no mundo, o ser humano é uma presença

no mundo; e, como tal, deve agir de modo a contribuir

para que o todo viva em harmonia. Nesta perspectiva,

a consciência se torna indispensável e inevitável, pois

não é possível pensar o ser humano longe da ética,

muito menos fora dela.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

74

“Só a progressiva sistematização

dos conteúdos da consciência

leva ao aumento da continuidade da consciência,

ao fortalecimento da vontade e à capacidade

da livre ação”.

(ERICH NEUMANN)

A consciência está em toda parte, em todo o

Cosmo, em todos os reinos da Natureza e, finalmente,

no átomo, onde se revela como reatividade inteligente.

No entanto, o caminho que a humanidade percorreu

nas diferentes etapas evolutivas levou a um

desenvolvimento unilateral de suas potencialidades,

provocando um desequilíbrio na forma de vida,

responsável pelos problemas que hoje vivenciamos.

No entanto, o ser humano que já tem consciência

da responsabilidade como dever e da liberdade como

direito; tem consciência de sua utilidade individual e

social, e age e interage com base, não só no

conhecimento, mas também no autoconhecimento,

pois compreende que a consciência precisa ser

desenvolvida em todo o seu potencial, explorada,

expandida e aprofundada no contato consigo, com o

que está à volta e com o universo como um todo. Essa

é a condição para alcançar a plenitude do potencial

humano.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

75

Assim, quem vive pensando e agindo pela razão,

bom senso e boa intenção em grau significativo, tão

logo percebe sua consciência fortalecendo-se, a ponto

de expandir-se e influenciar tudo e todos ao seu redor.

“Da matéria para o corpo,

do corpo para a mente, da mente para o Espírito.

Em cada caso, a consciência oculta

uma identidade exclusiva

com uma dimensão menor e mais superficial,

e se abre para ocasiões

mais profundas, amplas e superiores,

até que se abra para o princípio dele,

no próprio Espírito”.

(KEN WILBER)

Para a psicologia transpessoal formulada por Wilber

(1980) e outros pesquisadores, o desenvolvimento da

consciência pode atingir diversos níveis, inclusive ordens

mais elevadas de unidade, identidade e integração, que

resultam na unidade universal e na Identidade Suprema.

Nesta perspectiva, a consciência não é abstração;

não é algo intocável, mas sim aquilo que somos na

totalidade do nosso ser, o que inclui, simultaneamente,

as dimensões do corpo, da personalidade (emoção) e

da espiritualidade.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

76

Assim, quem deseja humanizar-se, cada vez mais,

deve primar por despertar, construir e/ou desenvolver

a sua consciência; manter-se fiel aos seus propósitos

nobres; e indagar quanto à criação natural, de forma

paciente, persistente e inteligente; bem como refletir

quanto ao que é e já tem à disposição.

E quem quiser avaliar seu grau de consciência,

além de viver autoconhecendo, voluntariamente, deve

buscar pesquisar e analisar até compreender, bem como

praticar até sentir o que é estabelecido pelas Leis

Universais, segundo os três fundamentos que norteiam

o todo de suas manifestações e/ou realizações, a saber:

o Centro de onde parte todas as ações; o Agir, ou a

ação em si mesma; e o Objeto que reflete as ações.

Hoje se sabe que a consciência está relacionada,

de tal modo, com o cérebro, e por consequência com a

inteligência, que seria difícil as dissociarmos. Daí a

importância e necessidade do ser humano,

fundamentado em Leis Universais, construir e expandir

um estado de consciência em prol da preservação de

gênero humano, e por consequência de ações morais

elevadas. Isso porque, a consciência é uma das mais

importantes faculdades que possibilita ao ser humano

discernir o verdadeiro caminho que deve seguir.

No entanto, enquanto não despertamos, construímos

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

77

e/ou desenvolvemos a consciência, então construamos a

razão, em nós mesmos, pois a realidade não pode viver

eternamente oculta, tampouco sendo ocultada.

A parábola narra que (COSTA, 2009, p. 54):

A humanidade, que recebia a visita do Iluminado,

e devido às interpelações dele à mesma, quanto

ao que ela já sabia acerca do entendimento da

Vida como um todo, indagou-lhe:

- Quem é você?

Ele respondeu:

- Eu sou a única demonstração da Lei do Esforço

Desmedido; eu sou Aquilo pelo qual você

sempre rezou.

Ela prosseguiu, agora num tom de indagação:

- O que deseja de mim?

E ouviu dele:

- Ajudá-la a despertar, construir e/ou

desenvolver sua inteligência para que possa

saber reconhecer a verdade e realizar mutações

significativas em sua consciência.

Daí ouviu dela, muito antes de deixá-lo expor

suas ideias práticas:

- Ora, saia daqui, você se daria muito bem com

os Seres Humanos pouco inteligentes.

E o Iluminado disse-lhe:

- Eu já os procurei e mostrei para eles o que

devemos fazer quanto a tal, mas ainda não

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

78

entramos em acordo. Contudo, lhe asseguro que

é impossível eles não nos ajudarem, pois em

ciência vos digo - o mal em Mim, há muito,

agonizou terminalmente. Tudo tem uma razão

de existir; tudo sempre prova a sua real eficácia;

enfim, absolutamente tudo tem Eu, que Sou e

Tenho absolutamente tudo; e falo isso por minha

profundidade, pois não tenho outra autoridade.

Não é difícil de ser observando o fato de que na

mesma medida que o ser humano se volve para a

consciência, a consciência se volve para o ser humano,

pois Deus nos dá a necessidade e nós provamos isso,

na medida em que utilizamos nossa consciência para

ascender de relativos a absolutos, segundo, inclusive, a

razão, bom senso e boa intenção de nossas ações.

Conta a história (COSTA, 2012, p. 93):

TUDO É RELATIVO,

PORQUE NADA É COMPOSTO

DE UM SÓ ELEMENTO INDIVISÍVEL

Era um inverno rigoroso, não pelas chuvas, mas

pelo frio intenso, e o sol, ainda que à

disposição, não se arriscava em apresentar-se

de maneira veemente, pois quase nunca era

convidado para ser contributivo como sabia e

queria, mas sim, só como podia. E as nuvens

densas, atentas, preocupavam-se em manter

tal estado, se encarregando de assegurar a

conduta desse amigo que, embora tendo a

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

79

intenção de contribuir com os planetas ao seu

redor, quase sempre o faz de maneira

desordenada.

Pois bem, neste tempo, a terra descansava seu

solo, refrescando-o, sem preocupar-se com os

possíveis exageros das intempéries, porquanto

agora era a hora de preparar-se para as águas

que viriam e deveriam ser saudadas como bem

vindas. Era o momento de entender-se que a

fauna e flora seriam transformadas

radicalmente. Eis que novas adequações

seriam exigidas.

No templo do mestre Poquí, um dos

espiritualistas mais estudiosos acerca da

Imutabilidade, principalmente voltada às Leis

Invioláveis da Natureza, todos estavam reféns

do frio. Era um momento de reflexão e, neste

tempo, sempre o mestre usava da palavra para

falar e dizer algo de muito significativo para os

seus discípulos, que o acompanhavam na senda

da imutabilização, ou seja, na prática do

conhecimento, autoconhecimento e auto-

realização, por conseguinte, a prática da

evolução abreviada consciente. O assunto do

dia era as relações.

- Mestre - dizia Borné, um dos seus discípulos

mais estudiosos - já aprendemos contigo que a

vida se prova pelo movimento e exige ser

compreendida por todos nós, mas só nos

oferece o viver, que é ser e estar em relação

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

80

com o todo do qual somos parte integrante, tão

importante quanto todas as outras. Já

aprendemos também que ser e estar cada vez

mais conscientes disto implica em, cada vez

mais, saber absorver, em nós mesmo, o valor

significativo real das relações. E quanto mais

assim, menos problemas somos, temos ou

criamos e ampliamos.

- Pois bem, para ser e estar em condições

mínimas indubitáveis para isso realizar, tão

consciente, quanto a sua importância exige,

buscamos aqui, contigo, através das indicações

da Imutabilidade, comprovar isto, se assim

podemos dizer, o experimentando direta,

correta e completamente, em nós mesmos,

através, inclusive, do trabalho de

despertamento de nossas faculdades, tais como:

necessidade, vontade, imaginação, inteligência,

verdade, consciência e ciência, pelo

desenvolvimento de nossas qualidades, a saber:

sentir, querer, pensar, reconhecer, ousar,

raciocinar e realizar, segundo o uso de nossas

forças em domínio, tais como: reflexão,

concentração, meditação, vibração, percepção,

contemplação e exaltação, respectivamente.

Daí mestre, me surgiu uma questão: afinal, qual

a finalidade da vida, que só a alcançamos

através das relações?

- Meu querido Borné - continuou Poquí - o

mestre verdadeiro é aquele que prima pelo

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

81

método de ensino que facilita o aprendizado; é

aquele que prima pelos que estão prontos a

aprender, mas que não gostam, não necessitam,

não exigem facilidades, tampouco dependem

de ser ensinados, mas sim de ser bem

conduzidos.

- Portanto lhes digo, com aquilo que nos dizes

agora, demonstras estar em condições mínimas

indubitáveis de conseguir o que desejas. Assim,

o que esse seu prezado amigo pode agora lhe

dizer é que os persistentes vencem, mas só os

inteligentes encontram a fonte.

- Eis meu caro, que a finalidade da vida eu no-la

posso dar. Afinal, a vida não é algo que se possa

narrar, descrever, tampouco, explicar, embora se

possa favorecer alcançar o seu valor significativo

real, mas só absorvendo-o, em si mesmo,

portanto, só aquele que já chegou neste grau de

consciência pode realizar tal façanha, e contentar-

se em não poder no-la dar.

Terminou o mestre com um movimento

estático, e o seu corpo físico denunciava a sua

alegria de haver no templo, não só

entendimento, mas também compreensão,

que é, para com os seus discípulos, a sua maior

função. Porquanto, ao contrário do

entendimento a compreensão vem com a

percepção direta do que é, tal qual é, e é isso o

que possibilita a imutabilização.

E Borné? Ah! Borné relaxou e espalhou-se no

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

82

chão como que se despreocupando, porquanto

mais uma vez via, demonstrado pelo seu mestre

que, da vida tudo já foi dito e ouvido, embora

nada tenha sido falado. Tratava-se agora de ver

quem deseja tornar-se testemunha e

testemunhar.

Ser humano é buscar saber

usar o que indica, tanto a relatividade

quanto a Imutabilidade,

para alcançar, em si mesmo,

o valor significativo real das relações,

portanto, a verdade, e se libertar.

Sentir, pensar e agir com base em valores imutáveis

de Leis Universais pressupõe Consciência. E quanto mais

conhecimento de si, mais Consciência. Eis que muito

importa ao ser humano buscar, em seu viver, envolver-

se não somente com a cultura material, ou seja, aquela

que lhe oportuniza a especialização, e que com a qual

embasa o seu agir; mas também envolver-se com a

cultura espiritual, ou seja, aquela que lhe oportuniza a

redenção, porquanto o auxilia também a que desperte,

conheça, desenvolva, mantenha e use o seu potencial,

ou melhor, o seu sentimento já existente, bem como a

construir novos sentimentos, enfim, que lhe favoreça

despertar a sua consciência.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

83

Uma vez autoconscientizado do seu papel no

Universo, o ser humano passa a ser e estar em condições

mínimas, indubitáveis, para planejar o seu viver, quer

no nível pessoal, profissional, bem como espiritual;

podendo gerenciá-lo a que produza, como fatos, os

resultados plausíveis e razoavelmente úteis, esperados.

Com isso é, senão impossível, pouco provável haver, no

viver do ser humano enquanto pouco inteligente então

a confusão, os desencontros e os desconfortos

que lhe permeiam o viver.

Sustentamos que, inclusive, a prática de exercícios

psíquicos de conectividade é, seguramente, o método

mais direto, correto e completo de despertamento,

construção e/ou desenvolvimento da consciência. São

exercícios, cujas vibrações, que ativam regiões

importantes de nosso cérebro, potencializando as

nossas estruturas psíquicas, capazes de nos favorecer

maior domínio sobre nós mesmos, sobre nossas

emoções, medos e frustrações, nos auxiliando,

consequentemente, a saber lidar melhor com as

tentações, pressões e provocações no nosso dia a dia

das relações.

Especificamente, destacamos sete exercícios, a

saber: Concentração do Leão; Reflexão da Leoa;

Testemunhar da Garça; Olhar do Mangusto;

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

84

Introspecção da Crisálida; Auto-observação da

Borboleta; Giro do Elefante (BARRETO, 2011).

Tais exercícios são voltados para o despertar,

construir e/ou desenvolver da consciência, a partir dos

exemplos da própria natureza, como meio de conexão

com o divino que reside em tudo, bem como e em cada

um de nós.

É interessante a prática consciente de tais exercícios

diariamente, por em tempo que, no mínimo, nos faça

lembrar que não estamos realizando, visto que,

similarmente aos exercícios físicos, tão necessários ao

nosso bem estar, os exercícios psíquicos nos possibilitam

não apenas relaxamento físico, mas integração interior;

portanto, mais inteligência e consciência à disposição,

enfim, autoconhecimento, este que nos define tal qual

somos, capaz de nos revelar todas as nossas

potencialidades e tudo aquilo que ainda podemos ser.

Até porque, quanto maior é prática de exercícios

psíquicos de conectividade maior é o grau de

consciência do ser humano; e quanto mais consciência,

maior é a sua reputação moral; e quanto mais assim,

mais ele vive uma vida de grande valor significativo

pragmático.

Portanto, estados harmônicos de consciência - tais

como: reflexão, concentração, meditação, vibração,

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

85

percepção, contemplação e exaltação - são capazes de

sincronização com a Ordem Universal, que sobeja à

realidade que vivenciamos. E o que nos motiva a

despertar, construir e/ou desenvolver nossa consciência

está afeito ao fato de que até mesmo o mistério da

existência só pode ser desvendado por ela.

Assim, é notório o fato de que, quem reconhece

os esforços da consciência despertam-na, constroem-

na e/ou desenvolvem-na, de forma cada vez mais

abreviadamente.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

87

6 RECURSOS

Apresenta e trata dos equipamentos e materiais

necessários ao desenvolvimento e/ou manutenção do

objeto investigado e de todos os outros tópicos

abordados anteriormente.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

88

“Se silenciado interiormente, o ser humano educa-se,

disciplina-se e desperta a sua consciência

e a utiliza como recurso para o cumprimento de seus deveres,

na conquista da evolução, inclusive, abreviada”.

(JAIR TÉRCIO)

A primordial ocupação do gênero humano deve

ser, o mais breve possível, tornar-se e manter-se

consciente da sua razão de existir, bem como agir

concomitante em função disto, sob pena de fazer, de si

mesmo, mais um recurso de criação de conflitos, não

só individuais, mas também sociais. Pois, senão nada,

pouco adianta o ser humano querer encontrar-se em

estado de ser melhor e não conquistar os devidos

valores, métodos e recursos para manter-se no mesmo.

Nesta perspectiva, o ser humano deve buscar saber

determinar os recursos necessários, inclusive, os sutis e

subjetivos; bem como deve buscar saber demonstrar a

importância de se aprender, principalmente com a

experiência.

Vale considerar, no entanto, que o nosso interior

tem recursos que o externo não tem; mas quem já

concebe a verdade disto, em si mesmo, sabe. Sabe,

inclusive, reconhecer que a inteligência é também um

dos recursos disponíveis para o despertamento,

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

89

desenvolvimento e expansão da nossa consciência.

Senão vejamos:

A inteligência que é uma das características da

consciência, que no decorrer da história dos

estudos da Ciência da Mente questionava

sobre como ela havia surgido, ou mais

exatamente se partículas não inteligentes

poderiam compor um conjunto que poderia

produzir inteligência. A resposta é sim a partir

de como essas partículas se organizam.

Partículas organizadas pressupõem critérios de

inteligência e reforçando esta tese, John Searle

indica que os neurônios em si não são

conscientes, mas a partir de sua organização

no cérebro, mesmo sem apresentarem o

aspecto da consciência, apresentam-se

como inteligentes, que em si indica que a

inteligência é uma das características da

consciência. (SEARLE, 1998, p. 45)

A admissão do fator inteligência nos levará

inevitavelmente à evolução da consciência, em suas

múltiplas formas, desde os tipos de consciência que

consideramos subumanas, passando pela humana, até

a que pode ser considerada pela lógica (mesmo que

não possa ser comprovada) como super-humana

(BAILEY, 2007, p.19).

Até porque, é da inteligência favorecer ao ser

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

90

humano estar naquele estado de ser do qual só dele se

pode receber as revelações novas e absorver o seu valor

genuíno da sua existência. É da inteligência suprir nossas

inquietações. É da inteligência nos mostrar que temos

a eternidade à nossa disposição. Enfim, é da inteligência

nos colocar no centro do ciclone de nossas buscas, a

ponto de nos favorecer tornar-nos consciente de nossa

essência mais profunda. Eis que é da inteligência, e não

do intelecto, abrir as portas das dimensões da

consciência que existe também no ser humano.

Importa, no entanto, enfatizar o fato de que,

tomado concretamente, o ser humano constitui uma

totalidade complexa. Quando dizemos “totalidade”

significa que nele não existem partes justapostas. Tudo

nele se encontra articulado e harmonizado. Quando

dizemos “complexa” significa que “o ser humano não é

simples, mas a sinfonia de múltiplas dimensões. Entre

outras, discernimos três dimensões fundamentais do

único ser humano: a exterioridade, a interioridade e a

profundidade” (BOFF, 2003, p.1).

Ora, o fim do ser humano está no seu Princípio

Divino; o seu primeiro e último meio é o

autoconhecimento; e os seus únicos recursos são as Leis

Divinas, as Leis Universais, enfim, as Leis Naturais que

regem o Universo, estas que repousam na sua

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

91

consciência. Assim,

Nossa consciência desperta é apenas uma

parte da totalidade da nossa consciência

indivisa. Há também uma consciência extensa

ou intensificada que se fundamenta em

campos de informação indestrutíveis e em

constante evolução, e onde todo o

conhecimento, sabedoria e amor incondicional

estão presentes e disponíveis (LOMMEL, 2006

apud LASZLO, 2008, p. 124).

Quem sua consciência desperta, constrói e/ou

desenvolve, em grau significativo o bastante, não se

afeta com o oposto, com o relativo, enfim, com o que é

superficial. Assim, na medida em que autoconhecemos,

conhecemos o nosso interior, que deve ser conhecido

até a sua mais íntima profundidade; e quanto mais nos

autoconhecemos, melhor nos movimentamos em

relação ao mundo exterior, que deve ser conhecido até

a sua mais ampla superficialidade.

Neste contexto, importa lembrar que a unidade

de pensamento entre a religião, filosofia e ciência é o

recurso mais poderoso para o conhecimento da vida

como um todo, e tende a ser mais ainda, na medida

em que a complexidade das relações entre o indivíduo,

a sociedade e o meio ambiente exige ser compreendida

cada vez mais brevemente.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

92

A parábola narra que (COSTA, 2009, p. 54):

A humanidade encontrou-se com o Iluminado.

Era uma festa em comemoração à chegada da

estação da verdade e tocavam uma música: a

inteligência. Todos eram puro deleite com seu

espetáculo. Eis que o Iluminado se aproximou

da humanidade e lhe disse:

- Por gentileza, você pode me conceder esta

dança?

Ela respondeu com gesto no olhar, e, toda

inebriada, mais do que aceitou.

Dançando, no meio da relação ele lhe falava,

cheio de graça:

- Você está tão diferente desde a última vez que

nos encontramos.

Ela respondeu:

- E você continua o mesmo: tão igual, justo,

perfeito e imutável.

Ele continuou:

- Venha, vamos comemorar noutro lugar.

Deixemos este ambiente e vamos para a

consciência, mas antes traga contigo sua

imaginação e não esqueça sua inteligência, pois

irá necessitar delas.

Ela, então, perguntou em tom de curiosidade:

- E depois, eu acordo?

Daí ouviu dele:

- Claro minha cara! Pois em ciência vos digo -

quem vê um Iluminado não compreende e

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

93

quem compreende não vê um Iluminado.

É fato que a sabedoria divina vem do nosso

interior - ambiente de nossa consciência; e o

seu papel é descobrir a realidade, a ponto de

prover ao ser humano conexão íntima com

o nosso princípio criador, mas a partir de

si mesmo. Eis que a consciência é uma

necessidade absoluta, considerando os

resultados que buscamos.

Não será preciso nada além da consciência para o

desbravamento de todos os caminhos; não será preciso

cabedal de cultura, mas pura e simplesmente a pureza

de intenção. “O momento exato de libertação está na

compreensão plena de todo o caminho, saiba ou não

ter o uso da palavra burilada; as almas simples estão

mais perto da verdade” (RAMATIS, 2004, p.112).

Portanto, quem quer caminhar em busca da

verdade não precisa de demonstrações, mas de

sentimento próprio. Até porque, na conduta do ser

humano, são indispensáveis: a construção e o

despertamento de sentimentos elevados; a construção

de pensamentos segundo a eleição de valores imutáveis;

o exercício da reflexão; e o correto direcionamento às

nobres aspirações.

Conta a história (COSTA, 2012, p. 93):

Page 96: Ensaios sobre Consciência

BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

94

SER OU NÃO SER. EIS A QUESTÃO

Maré de março rebentava na praia, e o mestre

espiritualista, O´Cavím, estava com seus

discípulos a contemplá-la em sua incisiva

investida contra os recifes na praia, que

deixavam clara a sua intenção em resistir para

não se transformarem de pedra bruta naquilo

que já era este pretenso amigo, que, inclusive,

sua conduta denunciava. Ali e agora, era notório,

como uma coisa viva. Sabia ela, que não seria

evitada por muito tempo pelos recifes, haja vista,

uma parte destes, já como areia, denunciava o

quanto não mais podia resistir à paciente,

persistente e inteligente investida do mar, e

chegava a ponto de ter que imitá-lo; era uma

questão de tempo. Coisa que só a água, e/ou

algo que equivalha, sabe fazer, afinal, água mole

em pedra dura tanto bate até que fura.

O mestre O’cavim tinha uma verdadeira paixão

pelos benefícios incomuns da requintada

combinação entre os complementares, e nunca

se deixava impedir de acessar o reservatório

da Imutabilidade, ou seja, da Moralidade do

Universo que a conduta dos corpos celeste

denuncia, porquanto primava pela energia pura

e a criatividade ilimitada. A confiança,

convicção e certeza, para com a verdadeira

essência, eram peculiaridades notáveis neste

mestre.

Enfim, o mar continuava sua investida à praia,

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

95

e a enamorava não só como devia, mas

também como podia.

A mesma conduta tinham os shelas para com

o seu mestre, que os fazia experimentar direta,

correta e completamente, a importância da

contemplação e a sua relação com a

consciência, uma das mais relevantes

faculdades inatas capitais do ser humano.

Ensinava, este mestre, aos seus discípulos que,

quanto mais contemplativo mais próximo.

Nesta experimentação, por parte dos

contempladores, era notório o fato de que o

mar, todo vaidoso, já fazia questão de que

fossem denunciadas a sua meiguice e doçura

para com a praia, porquanto, ela já respondia

a altura, tentando retê-lo em suas entranhas,

quando da investida do mesmo.

Eis que neste tempo, no templo, quando do

término do exercício de aprimoramento

espiritual, Greque, um dos shelas do mestre

O´Cavím, pediu-lhe que fizesse algumas

considerações acerca da relação mestre/

discípulo. Que então o fizera. Dizia ele:

- Meus caros, não existem mestres, mas

discípulos.

- O fato de se dizer que se tem um mestre não

significa que se é discípulo.

- Senão nada, pouco importa se ter um mestre

e não ser discípulo.

- O mestre dos mestres é o tolo.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

96

- Quem faz um mestre é o discípulo.

- Só os que ainda não são discípulos, exigem

mestres.

- Não depende de um mestre a nossa

iluminação, a nossa emancipação, a nossa bem-

aventurança, enfim, a nossa imutabilização,

mas de nós mesmos.-

- Ser discípulo implica na capacidade de

aprender e sentir, de autoperceber, bem como

de saber lidar racional e equilibradamente com

situações novas, enfim, de ser um eterno

aprendiz.

- Ser discípulo é uma necessidade essencial para

todos nós, principalmente para aqueles que já

se puseram no caminho e a caminhar.

- Discípulo é aquele que está pronto. Pronto

para dar seu sentimento, pensamentos, atos e

obras, mas não só seus sentimentos,

pensamentos, atos e obras, mas também seu

corpo, sua alma e seu espírito; e não só os seus

sentimentos, pensamentos, atos e obras, bem

como seu corpo, sua alma e seu espírito, mas

também seus sentimentos, pensamentos, atos

e obras, seu corpo, sua alma e seu espírito, bem

como sua vida.

- Eis que, enquanto um ser humano tolo exige,

senão ser, ter mestre, um Iluminado exige ser

discípulo.

Finalizou o mestre, mas ainda ouviu:

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

97

- Sim mestre, mas o senhor é o nosso mestre, e

lhe somos muito gratos, por tudo!

Reconsiderou Greque. E todos eram ouvidos,

tempo em que acenavam com aceite com a

cabeça, como que numa ação de confirmação.

- Meus queridos, ser mestre significa, no muito,

encorajar a outros na busca da verdadeira

morada, segundo a força do seu exemplo, mas

através da verdadeira tarefa, tal como fazemos

agora. Ser mestre significa ter estado preso

quanto, como e onde outros estão, e ter achado

a chave para escapar, e então poder, não só

dizer que é possível, mas também ensinar a

outros de como devem proceder para tal, mas,

como eu disse, pela força de seu exemplo, que

a sua conduta deve denunciar.

Terminou o mestre, indicando com os olhos e

acenando com a cabeça que o mar já

começava a recolher-se, e deveria ser, então,

imitado por esses contempladores silenciosos,

do silêncio criador.

Ser humano é buscar saber

como ser um eterno aprendiz.

Assim, devemos imitar a Deus, mas como Ele nos

criou, pois que, como um Verdadeiro Pai, Ele vive bem

conduzindo os seus filhos, dando-lhes, princípios morais,

éticos e estéticos elevados; portanto Universais. Coisa

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

98

da consciência! Afinal, em boa condição vivem aqueles

que boa condução têm.

É verificável o fato de que, quando as coisas vão

mal no mundo, estão mostrando que há algo de errado

com o indivíduo. Portanto, se sensatos o bastante,

devemos estar em estado de atenção plena, percepção

inabalável e/ou vigilância constante, para conosco, para

o nosso interior. Em suma, devemos estar cônscios de

que o caos social nada mais é senão o produto do nosso

caos individual. Ele é a demonstração factual do

resultado coletivo do nosso caos interior, porquanto não

é possível parar de agir e ao agirmos, o projetamos em

nosso exterior.

A compreensão, assim como a concepção, vem

com a percepção direta do que é tal qual é. E só a

consciência nos favorece este estado de ser! Ela, a

consciência, nunca é demais; é dela produzir aquela

condição indubitável com a qual o ser humano pode,

então, de forma direta, alcançar o que é verdadeiro; e é

isso que faz com que tal ser se encontre naquele estado

de ser, no qual o que é se mostra tal qual é.

A consciência é algo tão maior, mas enquanto

pouco inteligentes temos a pretensão de limitá-la. É

prudente compreender os seus mecanismos e metas,

pois o seu desenvolvimento é a própria evolução

Page 101: Ensaios sobre Consciência

BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

99

humana. Uma síntese é necessária para podermos

integrar as fragmentações que ficaram por milênios

perdidas, onde muitas pessoas ainda hoje buscam fora

o que está dentro de si mesmas. É chegado o momento

da grande síntese, isto é, a integração cada vez maior

do conhecimento, para podermos atingir o cerne do

homem e o seu processo evolutivo no universo

(BORINE, 2012).

Assim, é evidente que um dos nossos maiores

problemas reside no fato de que o reconhecimento da

verdade só é realizado por poucos seres humanos, os

que já despertaram a sua consciência, a ponto de

reconhecer a verdade que reside em todas as coisas;

contudo, a divulgação de tais verdades é muito lenta; e

a integração delas nos nossos usos e costumes é mais

lenta ainda. Contudo, se há vontade, então há um

caminho; se há consciência, então há determinação; e

se há ciência, então há realização. Bom que seja redito!

Eis que é a ação de nosso ser que exerce impacto

decisivo, porquanto provoca sensibilização e

despertamento, é aquela que se radica na nossa

consciência, e que integra, em nosso ser, o sentir, pensar

e agir. Portanto, muito importa saber sentir, saber

pensar e saber agir.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

101

7 FONTE

Trata do nascedouro do tema investigado, o que

ou quem o gera, atenta também em definir esta

fonte, o que é ela e porque gera o objeto de

investigação.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

102

“A Consciência é como o nada

que está em tudo, como um todo”.

(JAIR TÉRCIO)

Sentimos que o Todo é uma Ordem exatamente

definida e, como tal, impele o Ser Humano buscar

desvendar para achar o Ser, através das experiências

em todos os níveis, bem como com Ele se unificar, ou

melhor, se identificar. Eis que a consciência, que

representa a própria presença de Deus no Ser Humano,

o possibilita encontrar aquilo que é encontrável, mas

somente quando se extingue, imensuravelmente, todo

tempo, distância e resistência.

E quando não há limite de tempo, não há distância

nem mesmo nenhum tipo de resistência, no vasto

Campo Universal, o Ser Humano não apenas sentirá o

desejo de atingir o ponto mais alto da ciência e da

perfeição, mas conseguirá fazê-lo, muito brevemente.

Entretanto, para lá chegarem, é necessário a

análise, a consciência das coisas; é necessária a análise

para poder concluir e afirmar, com plena confiança,

convicção e certeza, que tudo aquilo que está fazendo

é feito porque ele sabe fazer; e para saber tudo aquilo

que fez foi indispensável que analisasse tudo aquilo que

aprendeu, tal como impulsiona a consciência, esta que

atrai o que vai adiante.

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

103

“[...] tudo que existe e se move no cosmo é gerado pela

consciência, aqui entendida como algo transcendental –

fora do espaço-tempo, não local e onipresente”.

(AMIT GOSWAMI)

A consciência nos revela que o Ser Humano nasceu

para buscar e religar-se à sua origem transcendente,

que está no nosso interior, que é tudo. E, neste sentido,

tem o dever moral de viver voluntariamente

evangelizando-se, moralizando-se, enfim,

espiritualizando-se, pois tudo tem uma razão de existir,

ainda que desconhecida, intangível ou transcendental.

Assim, é da consciência nos capacitar a viver além

do nível conhecido, mundano, profano; bem como viver

sentindo, pensando e agindo em termos de uma

dimensão transcendente.

Ela, a consciência, é tão determinada, intensa e

dinâmica que nos faz capazes em responder à

transcendentalidade à altura. Ela é prova que pode e

deve ser despertada, construída e/ou desenvolvida para

os devidos fins, que nos conduzem à nossa fonte, à nossa

origem, ao nosso centro.

Assim sendo, o Ser Humano tem o dever moral de

viver, cada vez mais, se moralizando, autoconhecendo,

enfim, espiritualizando-se. E não basta só ousar; só

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

104

querer; só assistir; só aprender; só sentir; até porque,

caminhamos para a nossa origem transcendental; e o

que nos eleva à mesma é o que aprendemos e sentimos.

“Deus é o conjunto de todos os estados de consciência”.

(ALICE BAILEY)

O Ser Humano deve se tornar e manter sensível o

suficiente a ponto de absorver e refletir Deus, através

de suas ações, como a água absorve e reflete os éteres,

a luz, ou seja, as Leis Divinas, as Leis Universais, enfim,

as Leis Naturais que regem o Universo, que repousam

na consciência do Ser Humano.

Neste sentido, o valor significativo real não está

nos atos, mas nas obras; não está na água, mas na fonte;

não está nos produtos, mas na origem; não está no ter,

mas no ser, onde repousam nossas fontes de velocidade,

sentido e direção.

E para penetrar nesta dimensão, a consciência,

através das práticas do refletir, concentrar, meditar, vibrar,

perceber, contemplar e exaltar, que favorece ao Ser

Humano se preparar para conversar com Deus, abrindo

a porta que nos leva à verdadeira fonte imorredoura.

A parábola narra (COSTA, 2009, p. 122):

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

105

Deus entregou uma carta ao Iluminado, que se

preparava para ajudar à humanidade a

despertar, construir e/ou desenvolver sua

consciência, e disse-lhe:

- Tome filho, guarde esta carta, pois a

humanidade irá procurar por ela e você a

entregará como prova de meu amor por ela.

O Iluminado indagou-lhe com inteligência:

- Pai, posso saber o conteúdo de tal documento?

Deus respondeu com paternidade:

- Sim filho; é a Lei; se quiser saber acerca dela

olhe para a natureza; se quiser sentir, olhe para

você; e se quiser ser, sede como Eu Sou,

cumpra-a fazendo-a ser cumprida.

Daí o Iluminado consumou:

- Seu discurso; minha missão; nossa Obra, Pai.

Assim, fica fácil compreender que Deus é e está

em todas as partes; é santificado em nós, que somos o

seu maior reino; e onde é feita a vontade dele, tanto no

que está acima, quanto no que está embaixo.

Conta a história (COSTA, 2012, p. 93):

DEUS NÃO É PARTICULAR, MAS SIM GERAL

Bertí era um cientista na acepção exata da

palavra, portanto um imutabilista dos mais bem

preparados quanto ao despertamento da

consciência humana. Para ele, era objeto de

trabalho nunca fazer reformas e/ou mudanças,

mas sim, transformações radicais e profundas

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

106

nas consciências dos seres humanos.

Porquanto, ele já tinha como experiência a

verdade interna do fato de que reforma ou

mudança é transformação adiada.

Era sua premissa de vida demonstrar que a

consciência é uma das mais significativas

propriedades da matéria em hominização,

portanto, uma das mais importantes

faculdades inatas capitais do gênero humano.

Essa faculdade que é alcançada cada vez mais,

efetivamente, quando o homem pensa com

inteligência, ou seja, quando pensa com o

pensamento com a participação da

inteligência, por conseguinte, pensa com

pensamentos equivalentes às Leis Divinas, às

Leis Universais, enfim, às Leis Naturais que

regem o Universo. E isso, sabia ele, era a única

atividade-meio específica que favorecia ao Ser

humano atingir a condição indubitável de

pensar sem o pensamento, ou seja, de pensar

com a inteligência sem a participação do

pensamento. Porquanto, não é possível, ao Ser

humano, deixar de conhecer, aproximar e

identificar-se com as Leis Divinas, as Leis

Universais, enfim, com as Leis Naturais que

regem o Universo. Bom que se rediga.

Hoje, primeiro dia da primavera, no templo do

mestre imutabilista Bertí era também os

primeiros minutos após a última refeição do

dia. O sol já escamotiava-se por entre as últimas

nuvens mais próximas do horizonte e a pouca

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

107

luz já favorecia que fossem vistas as primeiras

estrelas no céu, que ainda meio claro e meio

escuro, fazia com que as mais luminosas se

apresentassem para o maior espetáculo sideral,

de maneira rotineira, ou seja, equilibrada,

dinâmica e brilhantemente.

Neste tempo, estudos reflexivos eram

realizados entre o mestre e seus shelas, no

templo.

Eis que nesta oportunidade ouvira-se de Rode,

um dos discípulos do mestre Bertí:

- Mestre o que é Ser humano?

- Meu querido, recorra ao que indica a Lei de

Atração e Repulsão, bem como a Lei de

Relatividade, no que respeita não a criação, mas

a manutenção da mecânica celeste e terás as

respostas.

Disse-lhe o mestre, buscando com o olhar no

céu, a posição do astro rei e suas coadjuvantes

visíveis, naquele instante.

E Rode franziu a testa e foi pegar papel e lápis.

Era hora de recorrer a ciência material, ao

conhecimento, ao pensamento, ao intelecto,

enfim, ao conhecido. Afinal, já sabia ele que só

é possível encontrar o desconhecido através

da compreensão do conhecido.

Ser humano é buscar saber

a verdade que encerra no fato de que

o caminho é geral,

mas o caminhar é particular.

Page 110: Ensaios sobre Consciência

BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

108

Neste sentido, cada um deve fazer a sua parte para

que o todo se manifeste em cada um de nós, através de

nós e além de nós. E, enquanto seres conscientes, que

possamos fazer sempre mais, em relação ao devido para

que o todo viva em harmonia.

Assim sendo, é inegável o fato da relação do ser

humano com a natureza e com o todo do qual é parte

integrante e integrada, e recorremos a Dejours (1999,

p.74), que de maneira clara nos evidencia que “quando

dizemos que o homem pertence ao mundo da natureza,

indicamos que o funcionamento e, em parte, o

comportamento humano são submetidos a leis. Leis

imutáveis, estáveis, universais, que decorrem, em última

instância, das leis da matéria”.

E neste sentido, Deus nos dá esta lição edificante:

a sua bondade, embora infinita, não impediu que a sua

sabedoria criasse a severidade dos mundos de correção

espiritual, destinados aos que se afastam da linha reta

estabelecida pelas suas leis, pois “não basta sentir o

amor; é preciso saber exercê-lo de modo que bondade

e sabedoria formem duas linhas paralelas, a fim de que

se estabeleça o equilíbrio entre o sentir e o saber”

(RAMATIS, 2006, p.33).

E esse equilíbrio advém da faculdade da

consciência, em que através dela, como meio, o homem

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BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência

109

tem de contemplar tudo quanto “se passa no seu íntimo,

assistir à própria existência, ser, por assim dizer,

espectador de si próprio.” (GUIZOT, 2005, p. 24). A ponto

de estar, cada vez mais, aberto para compreender, por

exemplo, o processo natural da dor, da velhice e da

morte, como fases inevitáveis do nosso processo de

evolução abreviado e consciente, até a iluminação.

Referendando esta compreensão destacamos a

afirmação de Boff (2003) acerca do envelhecer e morrer.

Na sua visão, para a pessoa espiritual o envelhecer e o

morrer pertencem à vida, não matam a vida, mas

transfiguram a vida, permitindo um patamar novo para

a vida.

Assim como ao nascer, nós mesmos não

tivemos que nos preocupar, pois, a natureza

agiu sabiamente e o cuidado humano zelou

para que esse curso natural acontecesse, assim

analogamente com a morte: passamos para

outro estado de consciência sem nos darmos

conta dessa passagem. Quando acordarmos

nos encontraremos nos braços aconchegantes

do Pai e Mãe de infinita bondade, que desde

sempre nos esperavam. Cairemos em seus

braços. E então nos perderemos para dentro

do amor e da fonte de vida (BOFF, 2003, p.3).

Estaremos assim, conectados com a fonte da vida,

com nossa consciência desperta, até porque para além

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da morte só levaremos nossa consciência. Segundo

Lommel (apud Laszlo, 2008) nossa consciência desperta

é apenas uma parte da totalidade da nossa consciência

indivisa. Há também uma consciência extensa ou

intensificada que se fundamenta em campos de

informação indestrutíveis e em constante evolução, e

onde todo o conhecimento, sabedoria e amor

incondicional estão presentes e disponíveis.

Como bem define Dziuban (2008, p. Xi):

“consciência é tudo que existe, e nada existe fora disto.

Quanto mais ilógico isso soa, mais você deve a você

mesmo analisar com uma mente fresca, pensamento

aberto, e não ser limitado por uma mente cristalizada”.

Assim a compreendemos, como completamente não-

intelectual, e não-denominável. Ela simplesmente é.

Lembremos passagem do diálogo de Deus com

Moisés, conforme nos relembra Bailey (2007, p.73).

Deus assim expressou: ‘Eu sou aquilo que Sou’. Ela

propõe dividir esta frase em três partes: (1) a consciência

atômica, EU SOU; (2) depois o grupo, EU SOU AQUILO -

uma unidade autocentrada, um ser autoconsciente,

porém algo ainda maior; e, por fim, (3) EU SOU AQUILO

QUE SOU como uma realidade fundamental, quando o

homem dentro do conjunto se reconhecerá como uma

expressão da vida universal, e a própria consciência

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grupal se unirá àquela que é a soma de todos os grupos.

Assim sendo, podemos destacar a afirmação de

Frankl (2005, p. 40) de que “a Consciência é a voz da

transcendência e, por isso, ela mesma é transcendente”.

Porquanto, o Ser Humano nasceu para buscar sua

origem transcendente; e Deus abençoa aqueles que já

se conscientizaram disto.

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