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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIENCIAS FARMACÊUTICAS
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica Área Tecnologia de Alimentos
Elaboração de produtos com características funcionais a base de quinoa
(Chenopodium quinoa Willd.)
ADELAIDA GIOVANNA VIZA SALAS
Dissertação para obtenção do grau de MESTRE
Orientadora:
Profa. Dra. SUZANA CAETANO DA SILVA LANNES
São Paulo 2011
Adelaida Giovanna Viza Salas
Elaboração de produtos com carácteristicas funcionais a base de quinoa
(Chenopodium quinoa Willd.)
Comissão Julgadora da
Dissertação para obtenção do grau Mestre
Profa. Dra. Suzana Caetano da Silva Lannes orientadora/presidente
_________________________ 1º examinador
_________________________ 2º examinador
São Paulo,_______________de 2011.
Cuando crezcas, descubrirás que ya defendiste mentiras, te engañaste a
ti mismo o sufriste por tonterías.
Si eres un buen guerrero, no te culparás por ello, pero tampoco dejarás
que tus errores se repitan.
Pablo Neruda
DEDICATÓRIA
Aos meus queridos e amados pais, Héctor e
Juana pelo amor e por tudo o que fizeram para que
eu completasse mais essa etapa na minha vida.
A minha querida tia Victoria (in memoriam),
pelo amor e apoio incondicional.
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me iluminado durante toda essa caminhada, dando-me força para enfrentar às dificuldades, humildade para reconhecer e corrigir os erros e sabedoria para agradecer e obter às conquistas. A minha Orientadora, Profa. Dra. Suzana Caetano da Silva Lannes, pela competência, dedicação, paciência e amizade. À USP – FCF, principalmente ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica - Área Tecnologia de Alimentos, por ter possibilitado a realização desta tese. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão da bolsa de estudos para a realização deste curso.
À DANISCO, BUNGE, Gelita, M.Cassab e Corn Products pela doação das matérias primas.
À família Portocarrero Prado (Polly, José, Paúl, Harnold, Jimmy, Herbert, Diego, Marita, Gloria, Charo) pelo apoio e amor incondicional. Aos meus tios César e Dora pelo bom recebimento, carinho e apoio durante minha estadia na Argentina. A toda minha família e em especial as minhas primas (os) pela forca e palavras de aliento (Olga, Mary, Nora, Yeny, Luzmila, Alfredo, Simón); meus sobrinhos (as) (Saúl, Pamela, Paola, Fanny, Edwin, Cielo, Mauricio) que me fazem lembrar que existe alegria em cada um de seus sorrisos e seus cálidos abraços. Às minhas amigas (os) deste caminho longo Delia, Roxana, Claudia, Vanessa, Viviana, Johana, Gerby, Zoraida, Miriam, Raúl, Henry, Mário (amigas e amigos que apareceram nesta etapa da minha vida); Gianella, Verónica, Maryvel, Edyth, Maritza, Milton, Alcides, Teddi, Lenin. Às minhas amigas (os) e colegas do laboratório e Departamento: Alline, Beatriz, Danielle, Fernando, Magnolia, Orquídea, Estela, Vanessa, Roberta Polak, Fabiana, Ana Lu, Ana Carolina e Ana Paula. A minha querida amiga Ivani pela amizade, alegria, companhia e torcida. Aos Funcionários, Alexandre, Nilton, Fátima, Juarez, Elsa e Miriam pela atenção e auxílio. A todos aqueles que indireta o diretamente contribuíram para a realização deste trabalho. MUITO OBRIGADA!!!
RESUMO SALAS, V. A. G. Elaboração de produtos com características funcionais a base de quinoa (Chenopodium quinoa Willd.). 2011. 106 p. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo.
A tendência a uma alimentação saudável vem fazendo surgir oportunidades no desenvolvimento de alimentos, criando diversos produtos que ofereçam benefícios fisiológicos e nutricionais aos consumidores. Esses produtos têm por finalidade atender consumidores que procuram alimentos para dietas especiais e/ou com características funcionais. Seguindo a isso, neste trabalho, foram formulados produtos com características funcionais, agregando valor nutricional, utilizando-se como um dos ingredientes principais a quinoa (Chenopodium quinoa Willd.), que possui alto conteúdo de nutrientes e isenção de glúten. Foram desenvolvidas seis formulações de preparados para recheios, contendo quinoa, suco de laranja, colágeno hidrolisado e ácido cítrico, combinados com os seguintes ingredientes nas respectivas formulações: 1A (goma xantana + sacarose), 1B (goma xantana + xarope de alta frutose + açúcar invertido), 1C (goma xantana + sucralose); 2A (N-succinil-quitosana+ sacarose), 2B (N-succinil-quitosana + xarope de alta frutose+ açúcar invertido), 2C (N-succinil-quitosana + sucralose); e cinco formulações de bolos, sendo uma formulação padrão (farinha de trigo, açúcar, chocolate em pó, gema e clara desidratadas, gordura, fermento químico, café solúvel, emulsificante) e quatro formulações com substituição da farinha pelos seguintes ingredientes: A (farinha de quinoa, farinha de arroz), B (Farinha de quinoa), C (Farinha de arroz), D (Farinha de quinoa, Polidextrose - Litesse). Ainda, na formulação D substituiu-se a sacarose por Lactitol e sucralose. Procedeu-se a escolha do tipo de gordura a ser utilizada nas formulações (testou-se três tipos de margarinas e dois de gorduras para uso em panificação), sendo escolhida a gordura vegetal low trans por apresentar um produto com as melhores características físicas testadas (textura, volume e cor). Avaliaram-se as características físico-químicas e físicas das formulações dos preparados e dos bolos. A substituição de goma xantana por N-succinil-quitosana nos preparados não apresentou grande diferença nas determinações químicas efetuadas, contudo apresentou diferenças estruturais, sendo que os sistemas formulados com quitosana mostraram melhor recuperação de estrutura na análise de tixotropia; duas formulações foram classificadas como diet/light. Nos bolos, as formulações com farinha de quinoa mostraram maior conteúdo protéico; a formulação com farinha de arroz apresentou menor valor lipídico e as formulações com quinoa com e sem sacarose maior valor protéico, sendo estas as mais indicadas para indivíduos celíacos e diabéticos, respectivamente. Poucas variações foram encontradas nos resultados da análise de cor da crosta e miolo, volume específico e textura nas diferentes formulações e em relação à formulação padrão.
Palavras-chave: Isenção de glúten, panificação, confeitos, óleos e gorduras.
ABSTRACT
SALAS, V. A. G. Development of quinoa (Chenopodium quinoa Willd.) based products with functional characteristic. 2011. 106 p. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo.
The trend towards healthy food is giving rise to opportunities in the development of food, creating several products that offer nutritional and physiological benefits to consumers. These products are designed to address consumers looking for foods for special diets and/or with functional characteristics. Following this, in this work were formulated products with functional characteristics, adding nutritional value, using as one of the main ingredients, the quinoa (Chenopodium quinoa Willd.), which possesses a high content of nutrients and its free of gluten. Six fillings formulations were developed containing quinoa, orange juice, hydrolyzed collagen and citric acid, combined with the following ingredients in their formulations: 1A (sucrose + xanthan gum), 1B (xanthan gum + high fructose syrup + inverted sugar), 1C (xanthan gum + sucralose), 2A (N-succinyl-chitosan + sucrose), 2B (N-succinyl-chitosan + high fructose syrup + inverted sugar), 2C (N-succinyl-chitosan + sucralose), and five formulations of cakes, with one being a standard formulation (flour, sugar, cocoa powder, dried yolk and white, fat, baking powder, instant coffee, emulsifier) and four formulations with a flour substitute by the following ingredients: a (quinoa flour, rice flour), B (quinoa flour), C (rice flour), D (quinoa flour, polydextrose - Litesse). Even more, the formulation D sucrose was substituted by Lactitiol and sucralose. Proceeded to choose the type of fat to be used in formulations (three types of margarine and two of fat were tested for use in baking), with the low trans vegetable fat being chosen for presenting a product with the best physical characteristics tested (texture, volume and color). The physicochemical and physical properties of the cakes and fillings were evaluated. As a result it was obtained from the quinoa prepared with orange juice, an increased amount of protein that the conventional jams and fillings, the substitution of xanthan gum by N-succinyl-chitosan did not show much difference in the chemical determinations made, but it showed structural differences, were systems that were formulated with chitosan showed better recovery of structure in the thixotropy analysis; two formulations were classified as diet/light. In cakes, formulations with quinoa flour showed a higher protein content; the formulation with rice flour showed the lowest lipid; the quinoa (with and without sucrose) formulations are more suitable for celiac and diabetics, respectively. Few differences were found in the analysis of color from the crust and crumb, specific volume and texture between the different formulations and when compared to the standard formulation.
Keywords: gluten-free, bakery, confectionary, fats and oils.
LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Parede do intestino delgado normal em comparação com a parede com as
vilosidades atrofiadas de uma pessoa com Doença Celíaca.........................
18
Figura 2 - Produtos que os celíacos gostariam de encontrar disponíveis no mercado..........................................................................................................
19
Figura 3 - Estrutura da massa do bolo formado por uma mistura complexa de numerosas bolhas de ar e partículas de gordura dispersas...........................
22
Figura 4 - Planta da quinoa (Chenopodium quinoa Willd.)..............................................
23
Figura 5 - Características da massa com glúten………………………............................
27
Figura 6 - Cacau e produtos…………………………………………………………………..
29
Figura 7 - Estrutura química da N-succinil-quitosana.....................................................
34
Figura 8 - Análise do Perfil de Textura (TPA) com interpretação dos parâmetros - Firmeza: F1; Coesividade: A2/A1; Gomosidade: F1x(A2/A1); Elasticidade: L2/L1; Adesividade: A3; Mastigabilidade: Gomosidade * L2/L1; Resiliência: A5/A4..............................................................................................................
40
Figura 9 - Curva de fluido com comportamento tixotropico.............................................
41
Figura 10 - Testes reológicos............................................................................................
41
Figura 11 - Fluxograma do preparo da elaboração dos preparados para recheios...........................................................................................................
45
Figura 12 - Fluxograma de elaboração dos bolos.............................................................
47
Figura 13 - Espectrofotômetro HunterLab, modelo UltraScamTMXE (HUNTER-LAB)................................................................................................................
51
Figura 14 - Reômetro MARS Haake……………………………………………….….........
52
Figura 15 - Texturômetro (TA-XT2 Texture Analyser - Stable Micro Systems, Inglaterra)........................................................................................................
53
Figura 16 - Etapas de avaliação das amostras com ensaios de tixotropia com tensão controlada em teste oscilatório, teste rotacional com taxa de deformação controlada e tensão controlada em teste oscilatório.......................................
60
Figura 17 - Bolo formulado com as variações do tipo de gordura e margarinas...............
65
Figura 18 - Fatias dos bolos formulados com as variações do tipo de gordura e margarinas......................................................................................................
65
Figura 19 - Localização no plano de coordenadas cromáticas a* b* do miolo do bolo elaborado com as variações de gordura: PROPAN 44, PROPAN 00 Low Trans; Margarina: Pró Bisc 80, Pró Bisc 80 Low Trans, Pró Bisc 80 Low Trans Sat.......................................................................................................
67
Figura 20 - Comparação dos valores de firmeza dos bolos com as diferentes variações de gorduras e margarinas...............................................................................
68
Figura 21 - Comparação dos valores de elasticidade nos bolos com as diferentes variações de gorduras e margarinas..............................................................
70
Figura 22 - Comparação dos valores de coesividade no bolo com as diferentes variações de gorduras e margarinas..............................................................
71
Figura 23 - Comparação dos valores de mastigabilidade no bolo com as diferentes variações de gorduras e margarinas..............................................................
72
Figura 24 - Comparação dos valores de resiliência no bolo com as diferentes variações de gorduras e margarinas..............................................................
73
Figura 25 - Comparação dos valores do parâmetro firmeza das diferentes formulações de bolos...........................................................................................................
85
Figura 26 - Comparação dos valores do parâmetro elasticidade das diferentes formulações dos bolos....................................................................................
87
Figura 27 - Comparação dos valores do parâmetro coesividade das diferentes formulações dos bolos....................................................................................
88
Figura 28 - Comparação dos valores do parâmetro mastigabilidade das diferentes formulações dos bolos....................................................................................
89
Figura 29 - Comparação dos valores do parâmetro resiliência das diferentes formulações dos bolos....................................................................................
90
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Formulações dos preparados para uso em recheios de produtos de confeitaria e panificação..................................................................................
44
Tabela 2 - Formulações dos bolos ……………………………………………………………
46
Tabela 3 - Media dos valores ± desvio padrão da composição centesimal e do valor calórico total dos preparados para uso em recheios de produtos de confeitaria e panificação..................................................................................
56
Tabela 4 - Informação da Composição para uso em Rotulagem Nutricional das formulações de preparados para recheios com goma xantana..............................................................................................................
58
Tabela 5 - Informação de Composição para uso em Rotulagem Nutricional das formulações de preparados para recheios com N-succinil quitosana hidrogel..............................................................................................................
58
Tabela 6 - Media dos valores ± desvio padrão das análises de sólidos solúveis totais e de pH dos preparados para uso em recheios de produtos de confeitaria e panificação........................................................................................................
59
Tabela 7- Media dos valores ± desvio padrão da análise do volume específico dos bolos da formulação B produzidos com as variações de gorduras e margarinas.........................................................................................................
63
Tabela 8 - Media dos valores ± desvio padrão dos parâmetros da análise de cor dos miolos dos bolos da formulação B produzidos com as variações de gorduras e margarinas...............................................................................................;......
66
Tabela 9 - Media dos valores ± desvio padrão da composição centesimal e valor calórico total dos bolos formulados..................................................................
77
Tabela 10 - Informação de composição para uso em Rotulagem Nutricional dos bolos formulados.........................................................................................................
79
Tabela 11 - Media dos valores ± desvio padrão de Atividade de Água das diferentes formulações dos bolos......................................................................................
80
Tabela 12 - Media dos valores ± desvio padrão da análise do volume das formulações do bolo...............................................................................................................
81
Tabela 13 - Media dos valores ± desvio padrão da luminosidade L*, e coordenadas cromáticas a*, b* da crosta e do miolo dos bolos............................................. .
82
Tabela 14 - Cálculo do custo para cada bolo formulado de 300 g.....................................
91
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 -
Composição média de macro e micronutrientes em 100 g do grão de quinoa em comparação a outros cereais.
24
Quadro 2 - Composição media de aminoácidos em 100 g do grão de quinoa em comparação com o trigo e leite
25
Quadro 3 -
Composição da concentração de vitaminas (mg/100 g- base seca) em comparação com arroz, cevada e trigo.
26
LISTA DE SIMBOLOS
p Nível descritivo correspondente ao erro
°C Graus Celsius
a* Coordenada cromática a
b* Coordenada cromática b
L* Luminosidade
η Viscosidade em regime permanente de cisalhamento
t Tempo
T Temperatura
Pa Pascal
US$ Moeda norte-americana Dólar
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 16
1.1. Alimentos com características funcionais………………………………........................ 16
1.2. Produtos para fins especiais....................................................................................... 17
Doença Celíaca.................................................................................................................. 18
Diabetes............................................................................................................................. 20
1.3. Desenvolvimento de Formulações.............................................................................. 20
1.4. Recheios para produtos de confeitaria e panificados................................................. 21
1.5. Produtos panificados - bolos....................................................................................... 21
1.6. Ingredientes................................................................................................................. 22
Quinoa................................................................................................................................ 22
Farinha de trigo.................................................................................................................. 27
Farinha de arroz................................................................................................................. 28
Cacau................................................................................................................................. 28
Substitutos de Sacarose.................................................................................................... 29
Sucralose...................................................................................................................... 30
Açúcar invertido............................................................................................................. 30
Xarope de alta frutose................................................................................................... 31
Lactitol........................................................................................................................... 32
Polidextrose - Litesse®.................................................................................................. 32
Hidrocolóides...................................................................................................................... 33
Goma Xantana............................................................................................................ 33
Quitosana.................................................................................................................... 33
Colágeno Hidrolisado.................................................................................................. 34
Gorduras............................................................................................................................ 36
Margarina........................................................................................................................... 38
Emulsificantes.................................................................................................................... 38
1.7. Propriedades físicas.................................................................................................... 39
Textura............................................................................................................................... 39
Reologia............................................................................................................................. 40 2. OBJETIVOS................................................................................................................ 42 3. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 42 MATERIAIS........................................................................................................................ 42
Preparados para uso em recheios de produtos de confeitaria e panificação.................... 42
Bolos.................................................................................................................................. 42 MÉTODOS......................................................................................................................... 43
Parte Experimental............................................................................................................. 43 Desenvolvimento das Formulações dos Preparados para uso em recheios de
produtos de confeitaria e panificação............................................................................. 43
Desenvolvimento das Formulações dos Bolos.............................................................. 46
Determinações físico-químicas.......................................................................................... 47
Preparados e Bolos....................................................................................................... 47
Umidade............................................................................................................................. 47
Proteína.............................................................................................................................. 48
Lipídeos.............................................................................................................................. 48
Cinzas................................................................................................................................ 49
Carboidratos Totais............................................................................................................ 49
Valor Calórico Total............................................................................................................ 49
Preparados para recheios............................................................................................. 50
pH....................................................................................................................................... 50
Sólidos Solúveis Totais...................................................................................................... 50
Bolos.............................................................................................................................. 50
Atividade de água............................................................................................................... 50
Cor...................................................................................................................................... 50
Determinações Físicas....................................................................................................... 51
Preparados.................................................................................................................... 51
Reologia............................................................................................................................. 51
Bolos.............................................................................................................................. 52
Volume............................................................................................................................... 52
Textura .............................................................................................................................. 53 4. ESTATÍSTICA............................................................................................................. 53 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................. 54 5.1. Preparados para uso em recheios de produtos de confeitaria e panificação........................................................................................................................
54
Teores de umidade, proteína, lipídeos, cinzas, carboidratos, Valor Calórico Total .......... 55
Sólidos Solúveis Totais e pH.............................................................................................. 59
Reologia Oscilatória e Rotacional.................................................................................... 60 5.2. Bolos......................................................................................................................... 62 5.2.1. Formulação com variação no tipo de gordura.................................................... 62
Volume Específico.............................................................................................................. 63
Cor...................................................................................................................................... 65
Textura............................................................................................................................... 67
Firmeza......................................................................................................................... 68
Elasticidade................................................................................................................... 69
Coesividade................................................................................................................... 70
Mastigabilidade............................................................................................................. 71
Resiliência..................................................................................................................... 72 5.2.2. Formulações A, B, C, D e P................................................................................... 74
Avaliação físico-química..................................................................................................... 76
Atividade de Água.............................................................................................................. 79
Volume específico.............................................................................................................. 80
Cor da Crosta e Miolo........................................................................................................ 82
Textura............................................................................................................................... 84
Firmeza......................................................................................................................... 85
Elasticidade................................................................................................................... 86
Coesividade................................................................................................................... 88
Mastigabilidade............................................................................................................. 89
Resiliência..................................................................................................................... 90
Cálculo do custo................................................................................................................. 91 6. CONCLUSÕES........................................................................................................... 92 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 93
16
1. INTRODUÇÃO
Os hábitos de alimentação e vida da população dos diversos segmentos da
sociedade levam à busca de alimentos mais saudáveis promotores de saúde e
conseqüentemente de qualidade de vida.
O desenvolvimento e emprego de alimentos que possam atender a esses
preceitos dependem do valor nutricional, funcional e das mudanças que ocorrem
durante as diferentes etapas desde sua produção até o consumo.
Neste trabalho procedeu-se a formulações alimentícias objetivando-se agregar
valor nutricional a produtos que são consumidos comumente pela população. Bases
ou preparados para recheios foram elaborados, bem como bolos de chocolate.
Denominou-se preparado para recheio o produto elaborado com a finalidade de
ser usado diretamente como recheio não forneável em produtos panificados, ou em
produtos da indústria de confeitos como chocolates e bombons; também tais
preparados podem se juntar a ingredientes como gorduras, fondants, chocolates,
obtendo-se novas formulações de recheios com características desejáveis para as
diversas aplicações. Utilizou-se o grão de quinoa com suco de laranja como base
dessas formulações.
Para os bolos, iniciou-se com a escolha do melhor tipo de gordura disponível no
mercado de produtos industriais para uso em massas de bolos. Feita a escolha
procedeu-se a uma formulação padrão e quatro variações com a finalidade da
retirada total de glúten e de sacarose. Utilizou-se para isso farinha de quinoa e
farinha de arroz em substituição à farinha de trigo, e substitutos da sacarose como
sucralose e litesse.
A quinoa (Chenopodium quinoa Willd.), um grão dos Andes de América do Sul,
apresenta entre suas características alto teor de proteína, carboidrato de baixo
índice glicêmico, isenta de glúten, vitaminas e ácidos graxos essenciais;
recentemente introduzida no mercado brasileiro.
No Brasil, as pesquisas com quinoa começaram na década de 1980 pela
Embrapa, procurando adaptá-la ao solo de cerrado brasileiro. A comparação entre a
quinoa andina com a produzida no Brasil resulta em: perfil de proteínas de 90% em
ambas, fibras entre 13% contra 8,5% a quinoa brasileira contém maior quantidade
de fibras, os resultados indicaram grandes semelhanças genéticas com a original.
17
1.1. Alimentos com características funcionais
O interesse dos consumidores pela relação dieta-saúde (ARAYA; LUTZ,
2003; MARKOSYAN; MCCLUSKEY; WAHL, 2009) fez surgir consideráveis
oportunidades para a indústria alimentícia, criando diversos produtos, sejam
elaborados ou semi-prontos, que ofereçam benefícios fisiológicos e nutricionais
sobre a saúde dos consumidores e sem efeitos negativos (PALANCA et al., 2006;
BATTOCHIO, 2007).
Entre as tendências apresentam-se a redução do teor calórico, o
desenvolvimento de produtos com menor conteúdo em gorduras, produtos com
baixo índice glicêmico, com ingredientes funcionais, entre outros (GARCIA-CASAL,
2007), que exerçam efeitos benéficos para a saúde se consumidos de forma regular
(LUTZ et al., 2008).
A definição de alimentos funcionais é uma questão controversa,
especialmente para as agências reguladoras (McCRORIE; BONE, 2008).
As alegações aprovadas relacionam a propriedade funcional e/ou de saúde
de um nutriente ou não nutriente do alimento, conforme a Resolução nº 18/1999. No
entanto, a comprovação da eficácia da alegação deve ser realizada caso a caso,
considerando a formulação e as características do alimento. O produto que estiver
registrado na categoria de alimentos com alegação de propriedade funcional e/ou de
saúde deve apresentá-las conforme lista aprovada. Portanto, a frase referente à
alegação aprovada deve ser apresentada por completo em um mesmo local e com
mesmo destaque (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 1999).
1.2. Produtos para fins especiais
Uma forma de segmentar o mercado de alimentos funcionais é pelo benefício
à saúde. No entanto, a procura de benefícios particulares cresce com as tendências
de determinada doença (PRICEWATERHOUSECOOPERS, 2009).
Alimentos especialmente formulados ou processados são aqueles nos quais
se introduzem modificações no conteúdo de nutrientes, adequados às utilizações em
dietas, diferenciadas e/ou opcionais, atendendo às necessidades de pessoas em
condições metabólicas e fisiológicas específicas (ANVISA, 1998a).
18
Doença Celíaca
A Doença Celíaca é uma enteropatia auto-imune complexa causada por uma
intolerância permanente ao glúten em indivíduos geneticamente predispostos
(NIEWINSKI, 2008). Pessoas com esta doença têm sensibilidade a certas
seqüências de aminoácidos (prolaminas) encontradas na fração do trigo (gliadina),
centeio (secalina) e da cevada (hordeína) (THOMPSON, 2003). Esta patologia
digestiva causada pelo efeito tóxico do glúten, proteína de alguns cereais, danifica
as vilosidades do intestino interferindo na absorção dos nutrientes dos alimentos
(FOWELL et al., 2006).
Quando se consomem essas proteínas ocorrem alterações na mucosa do
intestino delgado levando à má absorção de nutrientes. Estes tipos de alterações
ocorridas na mucosa entérica de uma pessoa com Doença Celíaca apresentam-se
na Figura 1 (THOMPSON, 2003).
Figura 1 - Parede do intestino delgado normal em comparação com a parede com as vilosidades atrofiadas de uma pessoa com Doença Celíaca.
O único tratamento comprovado para a Doença Celíaca é a exclusão estrita
do glúten na dieta ao longo da vida. Todos os alimentos e medicamentos que
contenham glúten, centeio, cevada e derivados devem ser eliminados sendo que,
mesmo em pequenas quantidades, podem ser prejudiciais (NIEWINSKI, 2008).
Produtos sem glúten são muitas vezes pobres em vitamina B, vitamina D, cálcio,
ferro, zinco, magnésio e fibra.
Parede do intestino com a doença
Parede do intestino normal
19
A Norma CODEX STAN 118-1979 indica que alimentos para regimes
especiais, destinados para pessoas intolerantes ao glúten, são alimentos dietéticos
que estão constituídos ou são elaborados unicamente com um ou mais ingredientes
que não contem trigo (todas as espécies do Triticum, como o trigo duro, espelta e
kamut), centeio, cevada, aveia ou suas variedades híbridas, e cujo conteúdo de
glúten não exceda os 20 mg/kg do total determinado nos alimentos tal como são
vendidos ou distribuídos ao consumidor (CODEX ALIMENTARIUS, 2008).
Poucos produtos livres de glúten são enriquecidos ou fortificados,
aumentando assim o risco de deficiências nutricionais (KUPPER, 2005). Na Figura 2
apresentam-se dados estatísticos sobre quais são os produtos que as pessoas com
Doença Celíaca gostariam de encontrar com maior facilidade no mercado
(ASSOCIAÇÃO DOS CELÍACOS DO BRASIL, 2009).
Figura 2 - Produtos que os celíacos gostariam de encontrar disponíveis no mercado.
Os produtos alimentícios comercializados devem informar sobre a presença
de glúten como medida preventiva e de controle da doença. Todos os alimentos
industrializados devem conter em seu rótulo e bula, obrigatoriamente, as inscrições
"contêm glúten" ou "não contém glúten", conforme o caso. A advertência deve ser
impressa nos rótulos e embalagens dos produtos respectivos, assim como em
cartazes e materiais de divulgação, em caracteres com destaque, nítidos e de fácil
leitura (ANVISA, 2003a).
20
Tomando como referência a prevalência da Doença Celíaca em populações
européias ou de ancestralidade européia que varia entre 0,3 a 1%, muitos casos
provavelmente permanecem sem diagnóstico por períodos prolongados de tempo.
No Brasil, os dados de prevalência disponíveis são ainda escassos, mas é provável
que esta não esteja muito afastada das encontradas no Velho Mundo (GANDOLFI et
al., 2000).
Diabetes
Diabetes Mellitus é uma doença de etiologia múltipla, decorrente da falta de
insulina e/ou da incapacidade de produzir insulina adequadamente. Caracterizam-se
por hiperglicemia crônica, freqüentemente acompanhada de dislipidemia,
hipertensão arterial e disfunção endotelial. Os sintomas decorrentes de hiperglicemia
acentuada incluem perda inexplicada de peso, poliúria, polidipsia e infecções.
Mesmo em indivíduos assintomáticos poderá haver hiperglicemia discreta, porém em
grau suficiente para causar alterações funcionais ou morfológicas por um longo
período antes que o diagnóstico seja estabelecido (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
DIABETES, 2011).
WILD et al. (2004), estudaram a prevalência da Diabetes e os números de
pessoas de todas as idades com diabetes para os anos de 2000 e 2030. Foram
utilizados dados por idade e sexo de países da Organização Mundial da Saúde. A
prevalência da diabetes para todas as faixas etárias foi estimada em 2,8% em 2000
e 4,4% para 2030. O número total de pessoas com diabetes deverá aumentar de
171 milhões em 2000 para 366 milhões em 2030.
1.3. Desenvolvimento de Formulações
Um dos aspectos essenciais no desenvolvimento de produtos é permanecer
informado em relação aos produtos concorrentes. Produtos que foram formulados
devem ser revisados regularmente. Existem diversas razões pelas quais uma
mudança pode ser considerada, por exemplo (MANLEY, 2000):
- Troca de embalagem, que pode acrescentar interesse do consumidor e/ou
melhorar na estabilidade;
21
- Troca de ingrediente da formulação;
- Mudanças no processamento, que podem aumentar a eficiência da produção;
- Modificações no produto.
1.4. Recheios para produtos de confeitaria e panificados
Produtos com recheios de base gordurosa são freqüentemente descritos
como bombons, trufas. Estes recheios podem também ser utilizados em biscoitos,
wafers, proporcionando uma enorme variedade de produtos adequados para todos
os tipos de mercados (BIRKETT; DENMARK, 2009).
Os recheios caracterizam-se pela base (gordura, açúcar, frutas). Esta
característica inclui limitações na produção (seja na cobertura, preenchimento e
esfriamento), de armazenamento (variações na cristalização da gordura) e nas
características sensoriais (BIRKETT; DENMARK, 2009).
Recheios com base de açúcar têm menor preço que o chocolate, estes
recheios são formulados a partir de açúcar cristal ou refinado, açúcar invertido,
xarope de glicose ou ingredientes similares, sendo possível fazer versões isentas de
açúcar dirigidas ao mercado de alimentos especiais (BILL, 2009).
Outros tipos de recheios são utilizados no preparo de bombons, como
cremes, licores, fondants, geléias e frutas secas misturadas à massa do chocolate
(RICHTER, 2005; MIQUELIM, 2006). As frutas, quando utilizadas como recheios de
bombons, podem ser cristalizadas e cobertas de chocolate, podem estar na forma
de geléia de fruta ou em recheios de fruta com consistência cremosa (SOLER;
QUEIROZ; VEIGA, 1996; MIQUELIM, 2006).
1.5. Produtos panificados - bolos
O mercado de bolos vem apresentando nos últimos anos uma crescente
importância no setor de trigo. No Brasil, o aumento do consumo das misturas para
bolos e bolos industriais parece alheio à estagnação de outros segmentos e figura
entre as categorias que mais crescem em volume. Diversos fatores podem explicar a
evolução no consumo de bolos, desde a questão da praticidade, aumento de preço
do pão, ou pela modernização dos sistemas de misturas, até a aplicação de novos
22
emulsificantes e fermentos de alto desempenho. Algumas tendências têm sido
observadas na indústria, entre as quais podem-se destacar o crescimento dos bolos
tipo premium, as porções individualizadas, formulações livre de gordura trans, uso
de farinhas integrais e, principalmente, a manutenção de alto padrão de qualidade
do produto, focando-se especialmente à maciez e frescor do produto (FARINHAS...,
2008).
Bolo é o produto assado, preparado à base de farinhas ou amidos, açúcar,
fermento químico ou biológico, podendo conter leite, ovos, manteiga, gordura e
outras substâncias alimentícias que caracterizam o produto (ANVISA, 1978). A
massa do bolo é uma mistura complexa de diversos ingredientes e numerosas
bolhas de ar e partículas de gordura disperssas em uma fase aquosa contínua,
podendo ser visualizada na Figura 3 (SAHI, 2008).
Figura 3 - Estrutura da massa do bolo formado por uma mistura complexa de numerosas bolhas de ar e partículas de gordura dispersas.
1.6. Ingredientes
Quinoa
A quinoa (Chenopodium quinoa Willd.) é um pseudocereal originário dos
Andes que no passado seu cultivo teve maior distribuição geográfica na América do
Sul, desde Nariño na Colômbia até Tucumán na Argentina e as ilhas de Chilóe no
Chile, sendo cultivada por culturas Pré-Colombianas, Aztecas e Mayas, nos vales do
México (BRADY et al., 2007).
A planta da quinoa (Figura 4) apresenta tolerância à geada, salinidade e seca,
e tem a capacidade de crescer em solos marginais (BHARGAVA; SHUKLA; OHRI,
23
2006); com facilidade de produção sem o uso de fertilizantes e de pesticidas, pela
grande adaptação a diferentes condições agro-climáticas (KOZIOL, 1992; MUJICA
et al., 2004; JANCUROVÁ ; MINAROVIČOVÁ; DANDÁR, 2009).
Figura 4 - Planta da quinoa (Chenopodium quinoa Willd.)
No Perú e na Bolívia, flocos de quinoa, tortilhas, panquecas, grãos inteiros
são comercialmente produzidos, constituindo-se em um produto de fácil escolha
para as necessidades dos consumidores de produtos naturais; sendo difundida na
Inglaterra, Alemanha, Dinamarca, Espanha, Rússia, Portugal, Himalaia, Sul da Ásia
e Namíbia (MUJICA et al., 2004).
No Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e
Universidades do centro do país fizeram pesquisas para seu uso como cultivo de
cobertura no inverno. Foram feitas avaliações de germoplasma e trabalhos
agronômicos, assim como estudos nutricionais atestando bom desempenho
(SPEHAR, 2006).
A quinoa é altamente nutritiva em relação a outros cereais (KOZIOL, 1992;
WATANABE et al., 2003; JANCORUVÁ; MINAROVIČOVÁ e DANDÁR, 2009). No
Quadro 1 apresenta-se a composição media do grão de quinoa e de outros cereais
(AYALA; ORTEGA; MORON, 2004).
24
Quadro 1 - Composição média de macro e micronutrientes em 100 g do grão de quinoa em comparação a outros cereais.
No entanto o valor importante do grão da quinoa encontra-se no balanço de
aminoácidos (Quadro 2).
73,8068,9062,6070,7569,5881,3059,85Carboidrato g/100g
1,601,205,602,084,302,205,73Gordura g/100g
1,703,408,702,651,680,055,10Fibra g/100g
9,5010,408,2011,7210,677,6914,16Proteína g/100g
1,202,402,601,461,480,604,73Cinza g/100g
12,6012,7012,3011,3412,2810,259,80Umidade %
0,000,000,004,102,500,007,47Zinco mg/g
0,000,000,003,400,481,102,21Manganês mg/g
3,705,805,303,300,002,6010,90Ferro mg/g
0,000,000,00502,00330,00150,001040,00Potássio mg/g
0,000,000,00147,00120,00157,00204,20Magnésio mg/g
376,00323,00253,00406,00256,00325,00408,30Fósforo mg/g
38,0054,0088,0043,70150,0023,0066,60Calcio mg/g
CevadaCenteioAveiaTrigoMilhoArrozQUINOAComponente
73,8068,9062,6070,7569,5881,3059,85Carboidrato g/100g
1,601,205,602,084,302,205,73Gordura g/100g
1,703,408,702,651,680,055,10Fibra g/100g
9,5010,408,2011,7210,677,6914,16Proteína g/100g
1,202,402,601,461,480,604,73Cinza g/100g
12,6012,7012,3011,3412,2810,259,80Umidade %
0,000,000,004,102,500,007,47Zinco mg/g
0,000,000,003,400,481,102,21Manganês mg/g
3,705,805,303,300,002,6010,90Ferro mg/g
0,000,000,00502,00330,00150,001040,00Potássio mg/g
0,000,000,00147,00120,00157,00204,20Magnésio mg/g
376,00323,00253,00406,00256,00325,00408,30Fósforo mg/g
38,0054,0088,0043,70150,0023,0066,60Calcio mg/g
CevadaCenteioAveiaTrigoMilhoArrozQUINOAComponente
25
Quadro 2 - Composição media de aminoácidos em 100 g do grão de quinoa em comparação com o trigo e leite.
* Aminoácidos essenciais
Os cereais comuns são pobres em aminoácidos limitantes (lisina, metionina e
triptofano) (BHARGAVA; SHUKLA; OHRI, 2006; GORINSTEIN et al., 2008). A
quinoa supera sua composição em relação ao trigo, milho, cevada e aveia quanto
aos aminoácidos, com exceção da fenilalanina e da leucina (DIJKSTRA;
LINNEMANN; BOEKEL, 2003; AYALA; ORTEGA; MORON, 2004). Constitui-se
também um bom complemento para as leguminosas, que são muitas vezes pobres
em metionina e cisteína (VALENCIA-CHAMORRO, 2003; JANCUROVÁ;
MINAROVIČOVÁ; DANDÁR, 2009).
Castro et al. (2007) avaliaram a digestibilidade in vitro da quinoa indicando
que esta apresenta valores consideráveis de digestibilidade, o que evidencia sua
qualidade protéica.
2,03,95,2Glicina
3,33,74,7Alanina
--3,5Prolina
2,83,67,4Argina*
--6,7Tirosina
--4,8Serina
--7,0Cisterina
--16,2Ácido Glutámico
--8,6Ácido Aspártico
4,73,67,6Valina*
1,01,01,2Triptofano*
3,12,75,7Treonina*
3,74,25,3Fenilalanina*
2,12,15,5Metionina*
5,62,28,4Lisina*
7,35,87,3Leucina *
4,83,37,0Isoleucina *
1,71,74,6Histidina *
LeiteTrigoQUINOAAminoácidos
AMINOACIDOS (100 g)
2,03,95,2Glicina
3,33,74,7Alanina
--3,5Prolina
2,83,67,4Argina*
--6,7Tirosina
--4,8Serina
--7,0Cisterina
--16,2Ácido Glutámico
--8,6Ácido Aspártico
4,73,67,6Valina*
1,01,01,2Triptofano*
3,12,75,7Treonina*
3,74,25,3Fenilalanina*
2,12,15,5Metionina*
5,62,28,4Lisina*
7,35,87,3Leucina *
4,83,37,0Isoleucina *
1,71,74,6Histidina *
LeiteTrigoQUINOAAminoácidos
AMINOACIDOS (100 g)
26
A quinoa apresenta uma proporção de D-xilose (120,0 mg/100 g), maltose
(101,0 mg/100 g), baixo teor de glicose (19,0 mg /100 g) e frutose (19,6 mg/100 g)
que são responsáveis pela diminuição da resposta glicêmica no consumo de sua
farinha (OGUNGBENLE, 2003).
Segundo Koziol (1992) indica-se que em 100 g de peso seco de quinoa
encontram-se concentrações maiores de vitaminas em comparação ao arroz, à
cevada e ao trigo (Quadro 3); em 100 g de porção comestível existem vitaminas
como B6 (0,20 mg), ácido pantotênico (0,61 mg), ácido fólico (23,5 µg), biotina (7,1
µg) e outras vitaminas que estariam presentes em quantidades menores às
necessidades diárias.
Quadro 3 - Composição da concentração de vitaminas (mg/100 g - base seca) em comparação com arroz, cevada e trigo.
Concentração de Vitaminas (mg/100 g - base seca)
Vitaminas Quinoa Arroz Cevada Trigo
Tiamina (B1) 0,38 0,47 0,49 0,55
Riboflavina (B2) 0,39 0,10 0,20 0,16
Niacina (B3) 1,06 5,98 5,44 5,88
Acido Ascórbico (C) 4,00 0 0 0*
α- Tocoferol 5,37 0,18 0,35 1,15
β- Caroteno 0,39 NR 0,01 0,02
* Variação de 0,00 - 1,50 mg de vitamina C em 100 g. NR: Não Reportado.
Um dos principais constituintes do grão de quinoa é o amido (57 - 69%)
localizado no endosperma, com uma composição de amilose de aproximadamente
5 - 20% e 88 - 95% de amilopectina nas diversas variedades cultivadas de quinoa
(LORENZ; COULTER; JOHNSON, 1995; TANG; COPELAND, 2007; LINDEBOOM et
al., 2005). Esta porção de amido apresenta uma absorção de água de 49,5 - 93,0%
(LORENZ; COULTER; JOHNSON, 1995) com uma capacidade emulsificante de
104,0%, podendo ser utilizado como agente emulsificante na produção de
embutidos, sopas e bolos (OSHODI; OGUNGBENLE; OLADIMEJI, 1999).
27
O teor lipídico da quinoa varia de 5 a 7%, sendo rico em ácidos graxos
essenciais como linoléico e α-linolênico, apresentando alta concentração de
antioxidantes como α-tocoferol e γ-tocoferol (REPO-CARRASCO; ESPINOZA;
JACOBSEN, 2003; NG et al., 2007). A comparação do perfil de ácidos graxos do
óleo do grão com aquele presente no milho e soja revelou quantidades semelhantes
para os ácidos graxos linoléico (C18:2), oléico (C18:1) e linolênico (C18:3),
correspondendo a aproximadamente 88% dos ácidos graxos totais da semente
(BORGES et al., 2010).
Farinha de trigo
A farinha de trigo é um produto obtido da moagem controlada do grão de
trigo. É um dos ingredientes mais importantes na fabricação dos bolos,
principalmente para estabelecer a estrutura do miolo (DESROCHERS; SEITZ;
WALKER, 2003).
Sua importância está relacionada às propriedades apresentadas por suas
proteínas, que dão à massa características únicas de viscoelasticidade (Figura 5).
Essencial para a retenção de gases da fermentação e do forneamento de produtos
de panificação, permitindo que aproximadamente 70% da produção mundial de trigo
seja usada como alimento, predominantemente na forma de farinha em pães, bolos,
biscoitos, cereais matinais e massas alimentícias (CARDOSO, 2007).
Figura 5 - Características da massa com glúten.
Apesar da quantidade baixa de proteína na farinha de trigo, a qualidade é
alta, suficiente para garantir a formação de filmes para a captura de gás em
28
pequenas bolhas de ar (DESROCHERS; SEITZ; WALKER, 2003), com a capacidade
de aumentar o volume, reprimir o colapso mediante a retenção de ar e expansão
garantindo uma dispersão uniforme dos ingredientes (WILDERJANS et al.,2008).
Farinha de arroz
O arroz (Oryza sativa, L.) é dentre os cereais cultivados o que mais se
destaca, por ser o alimento básico da maioria da população sendo originário do
sudoeste da Ásia, pertencente à família Gramineae, subfamília Pooideae, não sendo
bem conhecido o número exato de espécies do gênero Oryza (BORTOLATO et al.,
2003).
Segundo Kennedy e Burlingame (2003), o arroz é o principal alimento para 15
países da Ásia e do Pacífico e 10 países da América Latina. Durante as etapas do
processamento do arroz são gerados grãos quebrados. Destes, apenas 10% podem
ser adicionados ao produto final. O restante é utilizado como matéria-prima para
outras finalidades, como a produção de farinha de arroz (DORS; PINTO; BADIALE-
FURLONG, 2009).
A substituição por farinha de arroz em formulações exibe vantagem por esta
ser hipoalergênica. Pode ser consumida por portadores da Doença Celíaca,
facilmente digerível e tem sabor pouco característico, sendo favorável para o uso
como ingrediente em produtos industrializados (GALERA, 2006).
A fração protéica do arroz, embora quantitativamente pequena, apresenta
uma composição balanceada de aminoácidos como lisina, metionina e treonina em
comparação à da farinha do trigo (AGUILAR, 2004).
Existem variedades de arroz com ampla faixa de teor de amilose (permite
seleção de acordo com a finalidade). O pequeno tamanho dos grânulos de amido
apresenta textura extremamente suave com o cozimento e sabor brando, contém
baixos níveis de sódio e são facilmente digeríveis (NABESHIMA; EL DASH, 2004).
Cacau
Cacau é um fruto da planta de Theobroma cacao L. (Figura 6), árvore
originaria das florestas tropicais da América com extensões nas regiões equatoriais
29
da África e Ásia. Os alimentos preparados a partir dos grãos de cacau foram
consumidos por mais de 2600 anos, inicialmente por Meso-Americanos,
constituindo-se agora em um dos alimentos processados mais consumidos
(LECUMBERRI et al., 2007).
Figura 6 – Cacau e seus produtos.
Produtos à base de cacau estão entre os alimentos funcionais com base na
presença dos flavonóides e sua influência sobre a resposta da via inflamatória, como
já foi demonstrado por vários estudos in vitro. O consumo regular ou ocasional de
cacau, rico neste composto, exerce efeitos benéficos sobre a pressão arterial,
resistência à insulina e estresse oxidativo (SELMI et al., 2008).
Williams; Tamburic e Lally (2009) indicaram que o consumo regular de
chocolate rico em flavonóides pode ser eficaz na proteção da pele humana contra os
efeitos nocivos aos raios ultravioletas. Assim também Janszky et al. (2009) referem
que o consumo do chocolate é associado à menor mortalidade devido a doenças
cardíacas, em pacientes sem diabetes. Os resultados apontam cada vez mais a
provas que o chocolate é uma fonte rica de compostos bioativos benéficos.
Miller et al. (2006) e GU et al. (2006) indicam que produtos de confeitaria e
panificação que utilizam cacau em pó desengordurado natural são fonte de
flavonóides, procianidinas e atividade antioxidante natural, assim como também
atribuem cor, sabor e aroma nestes produtos.
Substitutos de Sacarose
Dentre os substitutos da sacarose encontram-se os adoçantes que são
produtos formulados para conferir sabor doce aos alimentos e bebidas, constituídos
30
de alguns edulcorantes e que podem conter na sua composição álcool etílico, água,
amidos modificados, dextrinas, dextrose, fruto-oligossacarídeos, isomalto-
oligossacarídeos, frutose e seus xaropes, xarope de glicose, glicerina ou glicerol,
isomalte, lactose, maltitol e seu xarope, maltodextrina, manitol, polidextrose,
polietilenoglicol, propilenoglicol, sacarose, sorbitol, dentre outros (ANVISA, 2001).
Três novos aditivos edulcorantes podem ser utilizados em alimentos no Brasil: a
taumatina, eritritol e neotame (ANVISA, 2008).
Os adoçantes também são agrupados como nutritivos e não nutritivos
diferenciando-se pela energia que fornecem. Uma grande variedade de ingredientes
concedem a doçura com um valor de energia que equivale a 4 kcal/g. Os alcoóis de
açúcar ou polióis adoçam com menos energia por grama (2 kcal/g), pois não são
totalmente absorvidos pelo intestino sendo menos disponíveis para o metabolismo
energético. Os não-nutritivos não oferecem energia, pois adoçam com pouco volume
e podem ser referidos como de alta intensidade. Ambos adoçantes podem substituir
o açúcar (ADA REPORTS, 2004).
Adoçantes de alta intensidade são utilizados também para a produção de
alimentos, a indústria destaca os aspectos benéficos de sua utilização como a
facilidade de consumo por aquelas pessoas que sofrem diabetes e as que desejam
controlar o peso (ZYGLER; WASIK; NAMIESNI, 2009).
Sucralose
É um edulcorante de alta intensidade, não calórico e não cariogênico. Derivado
do açúcar, em um processo que substitui seletivamente três grupos hidroxila por três
átomos de cloro na molécula de sacarose. É versátil, apresentando excelente
estabilidade em líquidos e em alimentos que sofrem tratamento térmico, sendo
também solúvel em água. Possui excelente estabilidade a diferentes temperaturas e
pHs; o perfil de sabor da sucralose aproxima-se muito ao perfil do açúcar, sendo que
1 g de sucralose substitui a doçura de 500-800 g de açúcar (GRENBY, 1991;
GREENLY, 2003; BATTOCHIO, 2007).
Açúcar invertido
Açúcar invertido é um xarope composto de glicose, frutose e sacarose residual
resultante de uma reação de hidrólise da sacarose. Esta hidrólise é conhecida como
31
inversão, pois o xarope dos monossacarídeos (glicose e frutose) desvia um feixe de
luz polarizada para a esquerda, enquanto as soluções de sacarose desviam esse
feixe para a direita (AKGOL et al., 2001).
Em comparação com o açúcar cristal, a utilização do invertido apresenta
diversos benefícios, tais como (RODRIGUES, 2003):
- Melhoria do controle de processo de fabricação de alimentos e da manutenção
de condições higiênicas nas indústrias alimentícias;
- Alta pureza química evitando a geração de precipitados indesejáveis nos
produtos em função de elevados teores de ferro, cobre, cálcio;
- Alto controle microbiológico devido à menor atividade de água que possui,
podendo-se, às vezes, dispensar a necessidade de pasteurização no produto
final;
- Menor espaço necessário para a estocagem;
- Elimina a necessidade de investimentos em equipamentos para a dissolução e
filtração do açúcar;
- Redução de perdas.
Se comparado à solução de sacarose apresenta: maior higroscopicidade,
retendo umidade em ambientes muito secos; maior solubilidade, atuando como
inibidores de cristalização e reduzindo custos com frete; reduz o ponto de
congelamento, propriedade útil em produtos que são congelados; em produtos com
baixo teor de gordura, sua utilização evita que esses comecem a quebrar e secar;
possui viscosidade baixa, conferindo plasticidade a sorvetes, cremes e fondants.
Apresenta uma razão de dulçor de 105:100 em relação à sacarose.
Xarope de alta frutose
Descoberto em 1800, tornando-se um produto importante em 1970, substituiu a
sacarose em muitos produtos pela doçura e menor preço (LARRY; GREENLY,
2003).
Conhecido também como xarope de alta frutose de milho (High Fructose Corn
Syrup - HFCS) é uma mistura de frutose e dextrose com a mesma composição do
açúcar invertido, obtido enzimaticamente a partir de grãos de milho e do tratamento
do xarope de glicose com alta dextrose com a enzima glicose isomerase, que
32
converte a dextrose em frutose. Esse xarope não é comumente empregado na
União Européia, embora seja bem mais atrativo financeiramente nos Estados Unidos
e Canadá (EDWARDS, 2000).
O xarope de frutose é altamente valorizado para bebidas, doces e alimentos
processados na indústria devido aos seus atributos especiais, como alta solubilidade
e natureza cristalina, a capacidade de impedir o crescimento microbiano e aumento
da vida útil do produto. Apresenta uma razão de dulçor de 173:100 em relação à
sacarose (JOHNSON; PADMAJA; MOORTHY, 2009).
Lactitol
É aprovada a inclusão do lactitol na lista de aditivos da Legislação Brasileira
com a função de edulcorante, em quantidade suficiente para obter o efeito desejado
(q.s.p.), e não especificada (ANVISA, 1998b).
É um edulcorante de apenas 2,4 kcal/g, derivado do açúcar do leite (LARRY ;
GREENLY, 2003). Higroscópico, inodoro e não é suficientemente solúvel, não causa
problemas de processamento com soluções de viscosidade semelhantes, com ponto
de congelamento semelhante ao da sacarose, em concentrações iguais (ALONSO;
SETSER,1994).
É utilizado em uma variedade de produtos alimentícios para substituir a
sacarose apresentando propriedades físico-químicas semelhantes; resistente à
digestão por ser fermentado pela microbiota gastrointestinal. Estudos caracterizam-
no como um possível prebiótico (DRAKOULARAKOU et al., 2007). Não contribui
com a cárie dentária ou o aumento de glicose no sangue (GREENLY, 2003).
Polidextrose - Litesse®
A polidextrose é um polissacarídeo não digerível com um conteúdo calórico de
1 kcal/g, utilizado principalmente como substituto da sacarose e fibra dietética em
alimentos, proporcionando efeitos fisiológicos semelhantes aos de outras fibras
dietéticas, sendo não cariogênico (BURDOCK; FLAMM, 1999; FLOOD; AUERBACH;
CRAIG, 2004 ).
33
É um agente espessante com natureza amorfa (HICSASMAZ et al., 2003);
permite a percepção plena de sabores, diminui a resposta relativa da glicemia sendo
assim adequado para os consumidores que procuram controlar a ingestão de
carboidratos, incluindo os diabéticos, sendo reconhecido como uma fonte de fibras
prebióticas (DANISCO, 2009).
A alegação de propriedade funcional da Polidextrose poderá ser utilizada
desde que a porção do produto pronto para consumo forneça no mínimo 3 g se o
alimento for sólido ou 1,5 g de fibras se o alimento for líquido. Acrescentando-se no
rótulo do produto “As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino. Seu
consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida
saudáveis” (ANVISA, 1999).
Hidrocolóides
Goma Xantana
É um polissacarídeo natural, tem sido utilizado na indústria de alimentos
devido a suas propriedades reológicas pseudoplásticas e estabilização de emulsão,
estabilidade de temperatura, compatibilidade com ingredientes alimentares (ZHAO et
al., 2009). Quando é adicionado aos alimentos líquidos aumenta a taxa de
cisalhamento e abaixa a viscosidade, dando este comportamento vantagens ao
produto no transporte por bombas ou em misturadores (KIM ; YOO, 2006).
Quitosana
A quitosana é resultado da desacetilação da quitina em diferentes graus; a
quitina é um polissacarídeo encontrado com facilidade na natureza. Estudos têm
sido realizados, principalmente na área de biotecnologia em países com extenso
litoral, por ser um material biodegradável. Algumas de suas aplicações são
destacadas como (TORRES, 2001):
- Em aplicações médicas como agente hemostático, agente de liberação
controlada de drogas (por exemplo, anticâncer), agente hipocolesterolêmico;
- Em diversos produtos na área de cosméticos;
- Na agricultura no revestimento de sementes;
- Na área de alimentos através de aditivos, produtos dietéticos e antifúngicos;
34
- Na clarificação da água e no tratamento de resíduos orgânicos.
Dentre as inumeráveis características que distinguem a quitosana dos demais
polissacarídeos destacam-se a atividade antimicrobiana provocando a inibição do
crescimento de microrganismos, como E. coli, Fusarium, Alternaria,
Helminthosporium. Alguns pesquisadores explicam que estas atividades
antimicrobianas da quitosana provem de seus grupos amínicos (N.V.; KUMAR,
2000). A quitosana é reconhecida também como não tóxica (AIDER, 2010).
A N-succinil-quitosana (Figura 7) é um derivado quimicamente modificado do
biopolímero quitosana. Esta modificação química possibilita à quitosana solubilidade
em pH que pode variar do ácido (2,0 a 3,0) até alcalino (13,0 a 14,0). Estas
propriedades possibilitam novas aplicações na área biotecnológica e de alimentos
(MELLO et al., 2004).
Figura 7 – Estrutura química da N-succinil-quitosana.
A quitosana é registrada na categoria de alimentos com alegação de
propriedade funcional e/ou de saúde destacando: "A quitosana auxilia na redução da
absorção de gordura e colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma
alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”. Esta alegação pode ser
utilizada desde que a porção do produto pronto para consumo forneça no mínimo 3
g de quitosana se o alimento for sólido ou 1,5 g se o alimento for líquido (ANVISA,
1999).
Colágeno Hidrolisado
Gelatina obtida da hidrólise do colágeno (TANAKA; KOYAMA; NOMURA,
2009) é uma das poucas proteínas que contem hidroxilisina, no entanto a
35
composição em aminoácidos é desequilibrada desde o ponto de vista nutritivo com
carência em triptofano, sendo rica em glicina, hidroxiprolina (até 10% do colágeno
em mamíferos), prolina (FENNEMA, 1996).
Apresenta-se como uma estrutura principal de aproximadamente 30% da
proteína corporal de todos os vertebrados, mais de 90% da proteína extracelular no
tendão, osso e mais de 50% da pele compreendem o colágeno. Assim, o colágeno
pertence a uma família de moléculas geneticamente distintas que têm uma
configuração em tripla hélice originada de três subunidades de cadeias
polipeptídicas. Foram isolados 13 tipos, que variam em comprimento da hélice,
natureza e tamanho de porções não helicoidais (FRIESS, 1998).
Gelse; Poschl e Aigner (2003) descreveram 26 tipos geneticamente distintos
de colágeno baseados em sua estrutura e organização molecular. Os tipos mais
abundantes de colágeno são I, II e III, e dos tipos V e XI, que formam as fibrilas
extracelulares; de todos estes tipos o colágeno tipo I é o predominante em animais
maiores, especialmente na pele, tendões, ossos, músculos, cartilagens; este tipo de
colágeno é composto de três cadeias denominadas , ordenadas de tal forma que
95% correspondem a uma tripla hélice (FRIESS, 1998). Pode ter aplicação nas
áreas farmacêutica, médica, cosmética e de alimentos, devido a suas propriedades
como extensoras, umidificante, emulsificante, potencializador da textura e do valor
nutritivo, conferindo melhores resultados tecnológicos e econômicos aos produtos
(TORRES, 2001; BAZIWANE; HE, 2003).
Quando o colágeno sofre o processo de hidrólise é nomeado como colágeno
hidrolisado, gelatina hidrolisada, colágeno peptídico (TANAKA; KOYAMA; NOMURA,
2009). Esta variação apresenta-se como um tipo especial de gelatina que,
geralmente, tem característica de não formar gel. Este tipo de colágeno é preparado
basicamente com uma redução drástica do tamanho molecular, através do uso de
enzimas. Depois do reaquecimento, processo este que também destrói qualquer
enzima residual, as soluções concentradas são secas em spray dryers. O pó
resultante é solúvel em água fria. Essa peculiaridade do colágeno hidrolisado torna-
se mais fácil para ser consumido, pode ser misturado com vários tipos de alimentos,
sem alterar sabor, odor ou textura (GELITA, 2007).
Segundo Reutersward; Andersson e Asp (1985), a gelatina hidrolisada é
absorvida desde o intestino, sendo isto de importância considerável para analisar a
36
absorção e qualidade da gelatina. Assuma-se que peptídeos são hidrolisados no
trato gastrointestinal antes da absorção, para que os aminoácidos entrem
predominantemente na circulação.
No Japão o colágeno peptídico é um dos ingredientes mais comuns como
alimento funcional, com objetivo de manter a integridade óssea normal. A
recomendação diária do colágeno peptídico como alimento funcional é de 1-10 g
(16,6-166 mg/kg de peso por dia) (WU et al., 2004).
Gorduras
Gordura é um elemento importante na alimentação humana por apresentar
propriedades nutricionais, funcionais e organolépticas. É vital para o metabolismo
pleno do organismo humano porque fornece ácidos graxos essenciais necessários
para a estrutura das membranas celulares e prostaglandinas, servindo como
transportadora das vitaminas lipossolúveis A, D, E, e K. Podem ser sólidas ou
líquidas em temperatura ambiente, dependendo da sua estrutura e de sua
composição. Diferenciam-se como gordura saturada e gordura insaturada,
dependendo da sua estrutura química (FENNEMA, 1996).
Gordura trans, que contem ácidos graxos na forma trans, é um tipo específico
de gordura formada por processo de hidrogenação natural (ocorrido no rúmen dos
animais) ou industrial. A biohidrogenação ocorre quando os ácidos graxos ingeridos
por ruminantes são parcialmente hidrogenados por sistemas enzimáticos da flora
microbiana intestinal destes animais. A hidrogenação industrial adiciona hidrogênio a
óleos vegetais poliinsaturados com auxílio de um catalisador, sob pressão e
temperatura apropriadas. Esse processo promove a formação de ácidos graxos com
ponto de fusão elevado, devido à orientação linear nas moléculas trans e ao
aumento no índice de saturação, e maior estabilidade ao processo de oxidação
lipídica (CRAIG-SCHMIDT; TEODORESCU, 2008).
As gorduras trans são utilizadas em alimentos industrializados por aumentar
sua validade; contudo, são nocivas para o organismo. Os alimentos que podem
conter gordura trans são frituras, molhos de salada, margarinas, recheios, produtos
de chocolate, entre outros alimentos processados (O‟BRIEN, 2009;
DESENVOLVENDO..., 2008).
37
Em julho de 2003 a Food and Drug Administration (FDA) emitiu a
regulamentação que exige a declaração no rótulo do tipo de gordura presente nos
alimentos, sendo obrigatória a partir do 01 de janeiro de 2006. Esta regulamentação
influencia aos fabricantes de alimentos reduzirem ou eliminarem as gorduras trans
de seus produtos (FOOD AND DRUG ADMINISTRATION, 2010).
No Brasil, seguindo a preocupação de vários países (Canadá, Suécia,
Inglaterra), estabeleceram-se critérios e exigências informativas para oferta e
publicidade de alimentos considerados com quantidades de gordura saturada, de
gordura trans, dentre outros atributos. A resolução confere especial atenção às
publicidades dirigidas às crianças, com o objetivo de coibir “práticas excessivas que
levem o público infantil a padrões de consumo incompatíveis com a saúde e que
violem seu direito à alimentação adequada” (art. 2º). Define ainda, ALIMENTO COM
QUANTIDADE ELEVADA DE GORDURA SATURADA é aquele que possui em sua
composição uma quantidade igual ou superior a 5 g de gordura saturada por 100 g
ou 2,5 g por 100 mL na forma como está à venda. ALIMENTO COM QUANTIDADE
ELEVADA DE GORDURA TRANS é aquele que possui em sua composição uma
quantidade igual ou superior a 0,6 g para 100 g ou 100 mL na forma como está
exposto à venda (ANVISA, 2010).
Em 2003 tornou-se obrigatória a declaração no rótulo sobre o conteúdo de
gordura trans do produto (ANVISA, 2003).
As características das gorduras selecionadas para uma determinada
aplicação são de importância na concepção de um produto para uma finalidade
específica. Formulação de margarinas, cremes vegetais e outros produtos à base de
gorduras devem ser primeiramente baseados no entendimento das relações entre
medições físicas específicas e a composição das misturas dos óleos e seus
componentes junto com uma apreciação dos efeitos do processamento. A estrutura
cristalina das gorduras é importante na formulação, porque cada forma do cristal
possui sua própria propriedade física (dureza, maciez, solubilidade, sensação na
boca, aeração) dependendo do alimento em que este ingrediente seja incorporado
(O‟BRIEN, 2009).
38
Margarina
Margarina e produtos relacionados contem uma fase aquosa e uma fase de
gordura e são caracterizadas como emulsões de água em óleo, onde a fase aquosa
é finamente dispersa em forma de gotículas na fase de gordura. A fase gordurosa e
o processo de fabricação são selecionados de acordo com a aplicação no produto.
Entende-se por margarina o produto gorduroso em emulsão estável com leite
ou seus constituintes ou derivados, e outros ingredientes, destinados à alimentação
humana, com odor e sabor característico. A gordura láctea, quando presente, não
deverá exceder a 3% m/m do teor de lipídios totais (MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 1997).
O creme vegetal é definido como um produto em forma de emulsão plástica
ou fluida, constituído principalmente de água e óleo vegetal e ou gordura vegetal,
podendo ser adicionado de outro(s) ingrediente(s) (ANVISA, 2005).
Emulsificantes
A composição estrutural dos emulsificantes inclui partes lipofílicas e
hidrofílicas com uma união homogênea de duas fases (aquosa e lipídica). Os
emulsificantes podem ser compostos por monoglicerídeos de ácidos graxos ou
ácidos graxos saturados (SHUKLA, 2005).
As propriedades emulsificantes das gorduras e óleos podem ser melhoradas
com ajustes de estrutura da gordura e adição de agentes tensoativos que amplificam
e intensificam a funcionalidade da gordura, margarina ou produtos gordurosos. Além
de formar emulsões os emulsificantes realizam uma série de funções que podem ou
não estarem relacionadas com emulsificação, estas funções contribuídas são:
estabilizador de emulsão, agente antienvelhecimento, aeração, textura, lubrificador,
antiespumante, dispersante, barreira de umidade, barreira de oxigênio, modificador
de cristalização, redutor de viscosidade, agente molhante, agente de aglomeração,
melhorador da palatabilidade. Nenhum destes sistemas emulsificante ou
emulsionantes pode realizar todas essas funções. De tal forma, cada surfactante
atuará como agente emulsificante para um determinado produto ou fórmula
(O‟BRIEN, 2009).
39
DIMODAN HP-M é um monoacilglicerol destilado comestível, totalmente
hidrogenado à base de óleo de palma que poder ser aplicado em manteigas,
margarina, café, produtos de panificação, caramelos e toffes. Em produtos de
panificação melhora a maciez e atribui estrutura uniforme ao miolo e reduz a taxa de
envelhecimento (DANISCO, 2010).
1.7. Propriedades físicas
Textura
A textura é a manifestação sensorial e funcional da estrutura, propriedades
mecânicas e de superfície dos alimentos detectados através dos sentidos: visão,
audição, tato e sinestesia. Esta definição transmite conceitos importantes como
(SZCZESNIAK, 2002):
- Textura é uma propriedade sensorial, portanto apenas o ser humano (ou um
animal, no caso de alimentos para animais) pode perceber e descrever. Os
instrumentos para análises de textura podem detectar e quantificar apenas
alguns parâmetros físicos que devem ser interpretados em termos da
percepção sensorial;
- É um atributo de multi-paramétrico;
- Deriva da estrutura do alimento (macroscópica, ou microscópica molecular);
- É detectado por vários sentidos.
Os diversos parâmetros são classificados em determinadas categorias. A
classificação dos termos de textura para sólidos e semi-sólidos deu origem a um
método instrumental de Análise do Perfil de Textura (TPA), que envolve a
compressão de uma substância de ensaio pelo menos duas vezes quantificando os
parâmetros mecânicos por curvas de força-deformação (SZCZESNIAK, 2002). Na
Figura 8 apresenta-se a interpretação dos parâmetros de textura que são: firmeza,
elasticidade, adesividade, coesividade, fraturabilidade, mastigabilidade, gomosidade
e resiliência.
40
Fonte: Modificado de Stable Micro Sistems (2011)
Figura 8 - Análise do Perfil de Textura (TPA) com interpretação dos parâmetros -
Firmeza: F1; Coesividade: A2/A1; Gomosidade: F1x(A2/A1); Elasticidade: L2/L1; Adesividade: A3; Mastigabilidade: Gomosidade * L2/L1; Resiliência: A5/A4.
Reologia
Descreve a deformação de um corpo (sólidos, líquidos ou gases) sob a ação
de forças (SCHRAMM, 2006).
As medidas reológicas são bastante relevantes na indústria alimentícia como
instrumento para a caracterização física de matérias-primas antes do
processamento de produtos e durante a fabricação, bem como para alimentos
acabados (ABU-JDAYIL; MOHAMEED; EASSA, 2004).
A tixotropia é um fenômeno reológico de grande importância industrial, um
líquido tixotrópico (Figura 9) é definido pelo seu potencial de ter uma estrutura de gel
reversível sempre que a substância for mantida em repouso por um longo período
de tempo. A tixotropia, para certas aplicações, pode ser favorável ou negativa
(STEFFE, 1996; SCHRAMM, 2006).
41
Figura 9 - Curva de fluido com comportamento tixotrópico
De acordo com a informação desejada, as medidas reológicas podem ser
obtidas em testes dinâmicos ou oscilatórios, por exemplo (Figura 10). Em um ensaio
rotacional uma amostra preenche o espaçamento anular entre a placa e o cilindro
(gap), sendo submetida a um cisalhamento por um tempo determinado, permitindo
que os dados resultantes de testes de tensão de cisalhamento, taxas de
cisalhamento e viscosidade sejam tratadas matematicamente em unidades físicas
apropriadas. Em um reômetro oscilatório a parte móvel do sistema de medição
oscila, criando vibrações que são transferidas para a amostra. Isso fornece
informações sobre o comportamento viscoelástico da substância. A oscilação é
geralmente realizada em deformações muito baixas. Ao contrário dos testes de
rotação, testes oscilatórios têm a vantagem de que as amostras não são destruídas
durante os testes (STEFFE, 1996; SCHRAMM, 2006).
Fonte: Modificado de Betioli et al.; (2009)
Figura 10 – Testes reológicos
42
2. OBJETIVOS
O objetivo principal deste trabalho foi formular produtos agregando valor
nutricional e características funcionais, utilizando como componente principal a
quinoa; tais produtos são destinados à indústria de panificação e confeitos. Foram
estudadas suas propriedades químicas e físicas.
3. MATERIAL E MÉTODOS
MATERIAIS
Preparados para uso em recheios de produtos de confeitaria e panificação
- Suco de Laranja concentrado congelado - Lanjal (Global Sucos);
- Grão integro da quinoa (Chenopodium quinoa Willd.) - (Quinua Real Brasil Ltda);
- Colágeno Hidrolisado HIDROGEL B30 (Gelita - South América);
- Açúcar refinado (União);
- Sucralose (Splenda) (Anexo 1);
- Ácido Cítrico, P.A. – Monohidratado (Reagem);
- N-succinil-quitosana em gel (elaborada no Laboratório de Tecnologia Químico-
Farmacêutica – FBT/FCF/USP – responsável Prof. Bronislaw Polakiewicz - aluna
Karina Mello);
- Goma Xantana (Tradal Brazil);
- Xarope de alta frutose (CornProducts) (Anexo 2);
- Açúcar líquido invertido (Tradal Brazil).
Bolos
- Farinha de quinoa orgânica (Chenopodium quinoa Willd.) - (Quinua Real
Brasil Ltda);
- Farinha de arroz (URBANO);
- Farinha de trigo tradicional tipo-1 (Dona Benta);
- Chocolate em pó solúvel (Dois Frades - Nestlé);
- Café solúvel granulado (NESCAFÉ -Nestlé);
- Açúcar refinado (União);
- Fermento químico em pó (Royal);
43
- Sucralose (Splenda) (Anexo 1);
- Gordura PROPAN 44 (BUNGE) (Anexo 3);
- Gordura PROPAN 00 Low Trans (BUNGE) (Anexo 4);
- Margarina Pró Bisc 80 (BUNGE) (Anexo 5);
- Margarina Pró Bisc 80 Low Trans (BUNGE) (Anexo 6);
- Margarina Pró Bisc 80 Low Trans Sat (BUNGE) (Anexo 7);
- Gema pasteurizada desidratada (COOPER OVOS) (Anexo 8);
- Clara pasteurizada desidratada (COOPER OVOS) (Anexo 9);
- Lactitol MC (DANISCO) (Anexo 10);
- Litesse (Polidextrose) (DANISCO) (Anexo 11);
- DIMODAN -HP-M (DANISCO) (Anexo 12).
MÉTODOS
Parte Experimental
Desenvolvimento das Formulações dos Preparados para uso em recheios
de produtos de confeitaria e panificação
Os preparados para recheios foram elaborados no Laboratório de Física
Industrial II, Faculdade Ciências Farmacêuticas - Universidade de São Paulo.
Foram desenvolvidas seis formulações apresentadas na Tabela 1, todas
contendo quinoa + suco de laranja concentrado congelado (58 ºBrix) que foi diluído
em água até uma concentração de sólidos solúveis de 15 ºBrix (suco de laranja) +
colágeno hidrolisado + ácido cítrico, com as variações: 1A (goma xantana +
sacarose), 1B (goma xantana + xarope de frutose + açúcar invertido) e 1C (goma
xantana + sucralose); 2A (N-succinil-quitosana + sacarose), 2B (N-succinil-quitosana
+ xarope de alta frutose + açúcar invertido), 2C (N-succinil-quitosana + sucralose).
44
Tabela 1 - Formulações dos preparados para uso em recheios de produtos de confeitaria e panificação.
Ingredientes (%) Amostras
1A 1B 1C 2A 2B 2C
Suco de laranja 39,28 39,28 57,14 39,11 39,11 56,80
Quinoa em grão 26,18 26,18 38,10 26,08 26,08 37,86
Sacarose 31,42 - - 31,29 - -
Açúcar invertido - 18,85 - - 18,77 -
Xarope de alta frutose - 12,57 - - 12,52 -
Sucralose - - 0,23 - - 0,23
Colágeno hidrolisado 2,09 2,09 3,05 2,09 2,09 3,03
Goma xantana 0,63 0,63 0,91 - - -
Ácido Cítrico 0,39 0,39 0,57 0,39 0,39 0,57
N-succinil-quitosana - - - 1,04 1,04 1,51
Total 100 100 100 100 100 100
O desenvolvimento dos preparados de quinoa com suco de laranja foi
mediante a seqüência apresentada na Figura 11.
45
Figura 11 - Fluxograma do preparo da elaboração dos preparados para recheios.
Embalar
2C 2B 2A 1C 1B 1A
Lavar até liberação das impurezas
Ferver com água em uma proporção 1:3 (quinoa:água)
Homogeneizar: quinoa gelatinizada com o suco de laranja
Misturar: quinoa gelatinizada+suco de
laranja, ¾ do total do peso da sacarose e colágeno
hidrolisado
Pesar com os demais ingredientes
Para gelatinizar
Misturar: (quinoa gelatinizada+suco de
laranja), açúcar invertido, xarope de frutose,
colágeno, hidrolisado goma xantana
Misturar: quinoa gelatinizada+ suco de
laranja, colágeno hidrolisado, sucralose
Misturar: (quinoa gelatinizada+suco de
laranja), sacarose, colágeno hidrolisado
Misturar: quinoa gelatinizada+suco de
laranja, açúcar invertido, xarope de frutose e colágeno hidrolisado
Misturar: quinoa gelatinizada+suco de
laranja, colágeno hidrolisado, sucralose
Classificar e pesar a quinoa
Aquecer até 110 oC ou
63oBrix
Acertar pH
Embalar
Aquecer até ebulição
Aquecer até 110 oC ou
63oBrix
Aquecer até 95 oC ou
47oBrix
Acertar pH
Embalar Aquecer até 110
oC ou
63oBrix
Aquecer até ebulição
Acertar pH
Embalar
Aquecer até ebulição Aquecer até ebulição
Aquecer até 110 oC ou
63oBrix
Aquecer até 95 oC ou
47oBrix
Acertar pH
Embalar
Adicionar quitosana
Acertar pH
Embalar
Adicionar quitosana
Adicionar quitosana
Acertar pH
Adicionar o ¼ do total do peso da sacarose restante
misturada com a goma xantana
46
Desenvolvimento das Formulações dos Bolos
Os bolos foram elaborados no Laboratório de Física Industrial II e planta
piloto, Faculdade Ciências Farmacêuticas - Universidade de São Paulo. Os
equipamentos utilizados foram: batedeira planetária KitchenAid 525W/120V/60Hz;
forno elétrico tipo estacionário 4000W/220V (Flexa de Ouro).
O desenvolvimento dos bolos foi feito mediante a seqüência apresentada na
Figura 12.
Foram desenvolvidas cinco formulações apresentadas na Tabela 2, uma
formulação padrão feita com farinha de trigo e as outras quatro feitas com farinha de
quinoa e arroz, substituindo-se na última formulação o açúcar por Lactitol MC e
Litesse (Polidextrose), para obter bolos isentos de sacarose.
A partir da formulação do bolo elaborado com 100 % de farinha de quinoa (B)
(Tabela 2) foram testados dois tipos de gorduras (PROPAN 44, PROPAN 00 Low
Trans) e três tipos de margarinas (Pró bisc 80, Pró bisc 80 Low Trans, Pró bisc 80
Low Trans Sat), utilizadas pela indústria de panificação, para se verificar seu
desempenho na formulação através de alguns testes físicos (volume e textura) e
escolher qual gordura seria utilizada nas outras formulações para a continuidade do
trabalho.
Tabela 2 - Formulações dos bolos.
Ingredientes (%) Amostras
P A B C D
Farinha de trigo 15,54 - - - -
Farinha de quinoa - 7,77 15,54 - 16,04
Farinha de arroz - 7,77 - 15,54 -
Açúcar refinado 15,54 15,54 15,54 15,54 -
Chocolate em pó 12,43 12,43 12,43 12,43 12,83
Gema desidratada 7,18 7,18 7,18 7,18 7,41
Clara desidratada 3,82 3,82 3,82 3,82 3,95
Gordura PROPAN 00 LT 6,99 6,99 6,99 6,99 7,22
Fermento químico 2,33 2,33 2,33 2,33 2,41
Café instantâneo 0,78 0,78 0,78 0,78 0,80
DIMODAN -HP-M 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05
Lactitol - - - - 12,83
Litesse - - - - 1,60
Sucralose - - - - 0,04
Água 35,34 35,34 35,34 35,34 36,47
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
47
Figura 12 - Fluxograma de elaboração dos bolos.
Determinações físico-químicas
Preparados e Bolos
Umidade
- Para análise de umidade nos preparados para recheios pesou-se 5 g da
amostra (em triplicata), em cadinhos de porcelana previamente tarados, colocou-se
a amostra na estufa a 105 °C por duas horas e, posteriormente, resfriou-se em
dessecador com sílica gel. As operações de aquecimento em estufa e resfriamento
no dessecador foram realizadas até obter um peso constante. Calculou-se o teor de
Misturar os ingredientes em pó
Misturar os ingredientes em pó + ingredientes gordurosos + ingrediente líquido
Bater por 5 minutos em a batedeira planetária KitchenAid 525W/120V/60Hz, a uma velocidade de 150 rpm.
Adicionar em formas para bolo inglês untadas (20 cm x 4 cm)
Assar em forno elétrico tipo estacionário 4000 w/220 v (Flexa de Ouro/SP) pré aquecido por 40 minutos à
temperatura de 180 oC
Pesar os ingredientes
Embalar em saco de polietileno após resfriamento
48
umidade por diferença. Análises realizadas em triplicata (ASSOCIATION OF
OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS, 1995).
- Para análise de umidade nos bolos foram picados e homogeneizados casca +
miolo, pesando-se 10 g da amostra em cápsulas de porcelana (em triplicata), que foi
colocada em estufa a 105 C por duas horas. Após a desidratação, foram mantidos
em um dessecador com sílica-gel por meia hora. As operações de aquecimento em
estufa e resfriamento no dessecador foram realizadas até obter um peso constante.
Calculou-se o teor de umidade por diferença. As análises foram realizadas em
triplicata (ESTELLER; ZANCANARO JÚNIOR; LANNES, 2006; AOAC, 1995).
Proteína
Realizou-se a quantificação do teor de nitrogênio pelo método Kjeldahl AOAC
970.22 (1995) modificado, que se baseia em três etapas: digestão, destilação e
titulação. Pesou-se 0,5 g de amostra em papel de seda e transferiu-se para o tubo
micro Kjeldahl (papel+amostra). A matéria orgânica é decomposta e o nitrogênio
existente é finalmente transformado em amônia. Sendo o conteúdo de nitrogênio das
diferentes proteínas aproximadamente 16%, introduziu-se o fator empírico 6,25 para
transformar o número de g de nitrogênio encontrado em número de g de protídeos,
fator que foi aplicado em os produtos elaborados com quinoa (preparados para
recheios e bolos); no caso do bolo elaborado com farinha de trigo utilizou-se o fator
de 5,7 e para os bolos feitos com farinha de arroz de 5,95. As análises foram
realizadas em triplicata.
Lipídeos
Pesou-se 5 g de amostra (preparados, bolos triturados) em papel de filtro e
amarrou-se com fio de lã previamente desengordurado. Transferiu-se o papel de
filtro amarrado para o aparelho extrator tipo Soxhlet que foi acoplado ao balão de
fundo chato. Adicionou-se éter de petróleo em quantidade suficiente para um
Sohxlet e meio. Adaptou-se a um refrigerador de bolas, mantendo sob aquecimento
em chapa elétrica. A extração foi contínua por 16 horas (duas a três gotas por
segundo). Retirou-se o papel de filtro amarrado, destilou-se o éter e transferiu-se o
49
balão com o resíduo extraído para uma estufa a 105 oC, resfriou-se em dessecador
até temperatura ambiente (AOAC, 1995). As análises foram realizadas em triplicata.
Cinzas
Pesou-se 5 g de cada amostra (preparados, bolos triturados) em uma cápsula
previamente tarada e incinerou-se na mufla a 550 ºC (por 5 horas). Resfriou-se em
dessecador até a temperatura ambiente e pesou-se. A quantidade de cinzas foi
calculada como sendo a diferença entre a massa do cadinho com as cinzas (final) e
o peso do cadinho (inicial) (AOAC, 1995). As análises foram realizadas em triplicata.
Carboidratos Totais
Realizou-se para todas as amostras de preparados e bolos segundo a
Resolução – RDC n° 360 de 23 de dezembro de 2003 (ANVISA, 2003). A
determinação de carboidratos é realizada por diferença, isto é, a fração de
carboidratos corresponde a 100 menos a somatória das frações protéica, lipídica,
cinzas, umidade e fibra. Neste trabalho os cálculos foram efetuados sem o teor de
fibras.
Valor Calórico Total
Realizou-se para todas as amostras de preparados e bolos segundo a
Resolução – RDC n° 360 de 23 de dezembro de 2003 (ANVISA, 2003); a quantidade
do valor energético foi calculada utilizando-se os seguintes fatores de conversão:
- Carboidratos (exceto polióis) 4 kcal/g - 17 kJ/g;
- Proteínas 4 kcal/g - 17 kJ/g;
- Gorduras 9 kcal/g - 37 kJ/g;
- Polióis 2, 4 kcal/g -10 kJ/g;
- Polidextroses 1 kcal/g - 4 kJ/g.
50
Preparados para recheios
pH
Pesou-se 10 g da amostra, em triplicata, a quantidade foi transferida para um
Erlenmeyer de 250 mL, adicionando-se 100 mL de água destilada, agitando-se
constantemente até dissolver a amostra e as partículas ficarem uniformemente
suspensas. Imediatamente determinou-se com um pHmetro HD 8602 (Delta Ohm)
(AOAC, 1995). As análises foram realizadas em triplicata.
Sólidos Solúveis Totais
A determinação do teor de sólidos solúveis totais foi feita com a amostra
diretamente no refratômetro Hand Refractometer-high-Contrast type 45-82% marca
Shibuya Optical, previamente calibrado com água. Expressos em °Brix. (AOAC,
1995). As análises foram realizadas em triplicata.
Bolos
Atividade de água
Realizou-se esta análise no segundo dia de elaboração das amostras no
equipamento Higrômetro Decagon modelo CX-2 (USA) (AQUALAB, s/d.), à
temperatura constante (25,0±0,3 °C), com amostra suficiente para cobrir a placa de
análise. As análises foram realizadas em triplicata.
Cor
Os bolos foram fatiados com uma faca de aço, uma espessura de 2,5 cm,
escolhendo-se as fatias centrais de cada bolo (cor do miolo) e quadrados da crosta
do bolo (cor da crosta), foram avaliadas utilizando-se o espectrofotômetro
HunterLab, modelo UltraScamTMXE e sistema CIELAB, com ângulo do observador
de 10 e iluminante D65, 420 nm (Figura 13). Ajustado para a refletância. Após
calibração com padrão (placas de cerâmica branca e verde), utilizou-se o Universal
Software 4.10 (Universal Inc., USA). Cada fatia da amostra foi colocada na parte
51
central voltada para abertura de 1”. Para a crosta, tomou-se um quadro de 5 cm x 5
cm da parte superior mais homogênea do bolo. Os valores de CIE L*, a*, b* foram
registrados em análise efetuada no mínimo em triplicata (ESTELLER; ZANCANARO
JÚNIOR; LANNES, 2006).
Figura 13 - Espectrofotômetro HunterLab, modelo UltraScamTMXE (HUNTER-LAB).
Determinações Físicas
Preparados
Reologia
As formulações foram testadas a 23 C no Reômetro MARS Haake (Figura 14),
sistema cone-placa C35/1 Ti polido, seguindo-se uma rotina de três etapas onde se
avaliaram a tensão controlada em teste oscilatório (1 Hz, 0,01 Pa), teste rotacional
com taxa de deformação controlada (50 1/s) e tensão controlada em teste oscilatório
(1 Hz, 5 Pa).
52
Figura 14 - Reômetro MARS Haake.
Bolos
Volume
O volume específico dos bolos foi determinado considerando-se a média
aritmética dos resultados obtidos de seis determinações. Foi utilizado o método de
semente de painço, substituindo-se as sementes por micro esferas de polietileno,
um copo de vidro liso e transparente com dimensões de 7,5 cm de altura x 7,5 cm de
diâmetro. Em seguida, parte delas foi substituída pela amostra e o volume
completado até a borda e nivelamento com auxilio de régua plástica. As esferas
remanescentes, correspondendo ao volume do bolo, foram colocadas em cilindro
graduado expressando-se o resultado em mL/g, a massa do bolo foi determinada em
balança analítica (EL-DASH; CAMARGO; MANCILLA, 1982; ESTELLER;
ZANCANARO JÚNIOR; LANNES, 2006; AACC, 2000). As análises foram realizadas
no mínimo em triplicata.
53
Textura
As análises foram realizadas no 2 dia de armazenamento com seis fatias (25
mm) de cada amostra tomando-se os valores médios para cada parâmetro. Foi
utilizado o texturômetro (TA-XT2 Texture Analyser - Stable Micro Systems,
Inglaterra) (Figura 15), análise de dupla compressão, probe cilíndrico 25 mm
perspex P/25P, velocidade pré-teste 1,0 mm/s; velocidade do teste 1,7 mm/s;
velocidade pós-teste 10,0 mm/s, distância 6,2 mm, força 10 g, aquisição de dados
200 pontos por segundo (PPS). Os dados foram coletados através do programa
“Texture Expert for Windows”-versão 1.20 (Stable Micro Systems). Parâmetros
avaliados: Firmeza (gf), coesividade (Adimensional), mastigabilidade (gf),
elasticidade (Admensional), adesividade (gf) e resiliência (ESTELLER; ZANCANARO
JÚNIOR; LANNES, 2006).
Figura 15 - Texturômetro (TA-XT2 Texture Analyser - Stable Micro Systems, Inglaterra).
4. ESTATÍSTICA
Na análise estatística realizou-se a média e desvio padrão para todas as
análises. No entanto em algumas avaliações utilizou-se o pacote estatístico
Statistica versão 8 onde foram tratados os resultados por meio da análise de
variância (ANOVA) e posteriormente pelo teste de comparação de médias - Tukey,
com nível de significância de 5%.
54
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Preparados para uso em recheios de produtos de confeitaria e
panificação
Desenvolveram-se diferentes formulações de preparados para recheios, que
são produtos cujas finalidades são a de serem usados diretamente como recheios
de produtos para confeitaria, como chocolates e bombons, ou em produtos para
panificação, como bolos; ainda podem ser usados em combinação com outras
bases: gordurosas (chocolates, creme de leite, por exemplo) ou açucaradas
(fondant, leite açucarado, por exemplo) fornecendo novas opções de formulações.
Observaram-se as tendências demonstradas pelos consumidores registradas nas
últimas décadas, relacionadas, principalmente, com a aparência física e problemas
de saúde (doença cardíaca, câncer, diabetes, aterosclerose, doença celíaca). As
formulações ainda podem ser comercializadas em recipientes próprios, prontas para
consumo. Indica-se para uso industrial ou caseiro.
A procura por alimentos fortificados com pouca ou nenhuma quantidade de
gordura leva a desenvolver produtos que ofereçam estes benefícios, objetivando, em
algumas delas, o direcionamento a dietas. O desafio para formular estes tipos de
produtos envolve a substituição de ingredientes que são associados a funções
específicas no produto.
As seis formulações desenvolvidas (Tabela 1) tiveram como base de preparo a
quinoa (Chenopodium quinoa Willd.) devido às propriedades nutricionais deste
pseudocereal, em combinação com suco de laranja (que se prestou também como
corante e aromatizante), colágeno hidrolisado e ácido cítrico.
As formulações 1A e 2A contem sacarose sendo estas indicadas como
formulações padrão. Utilizou-se a sacarose nestas formulações pela interação com
outros ingredientes e como agente de dulçor, mascarar sabores, influenciar no ponto
de gelatinização do amido (HELSTAD, 2006).
A diferença da composição das formulações 1B e 2B com relação às outras é a
substituição da sacarose por açúcar invertido e xarope de alta frutose. Tal
substituição foi aplicada pelas características do açúcar invertido em produtos de
55
confeitaria evitando a cristalização e redução da umidade (BUREY et al., 2009).
Xarope de alta frutose além de possuir as mesmas propriedades apresenta atributos
especiais como solubilidade, maior poder dulçor que o açúcar invertido e natureza
não cristalina (JOHNSON; PADMAJA; MOORTHY, 2009).
Nas formulações 1C e 2C utilizou-se sucralose em substituição da sacarose,
açúcar invertido e xarope de alta frutose, por apresentar características altamente
estáveis a altas temperaturas em meio ácido e não interagir quimicamente com
outros ingredientes, além de manter o sabor em aproximadamente 99% por mais de
um ano em armazenamento (RODERO; RODERO; AZOUBEL, 2009).
As formulações 1A, 1B, 1C diferenciam-se das 2A, 2B, 2C, respectivamente,
pela utilização do hidrocolóide, já que nas três primeiras utilizou-se goma xantana
como agente espessante e por apresentar características destacáveis como
solubilidade em água fria (DE CASTRO, 2003). Nas formulações 2A, 2B e 2C
utilizou-se a N-succinil-quitosana como um novo ingrediente para uso em recheios,
com características particulares.
Teores de umidade, proteína, lipídeos, cinzas, carboidratos, Valor Calórico
Total
Os valores médios da composição centesimal das diferentes amostras de
preparados para recheios em produtos de confeitaria e panificação apresentam-se
na Tabela 3.
56
Tabela 3 - Media dos valores ± desvio padrão da composição centesimal e do valor calórico total dos preparados para uso em recheios de produtos de confeitaria e panificação.
Amostra Umidade
± (%)
Proteína
± (%)
Lipídeos
± (%)
Cinzas
± (%)
CHO1
± (%)
VCT
± (%)
1A 44,97±0,59b
3,08±0,03b 0,58±0,02d 0,43±0,01a 50,94±0,62e 221,27±2,27e
1B 52,29±0,50d
3,46±0,03c 0,26±0,02b 0,42±0,01a 43,56±0,55c 190,44±1,93c
1C 73,46±0,15f 4,11±0,01a 1,48±0,02f 0,58±0,01b 20,37±0,19a
111,24±0,54a
2A 41,68±0,45a
3,56±0,03d 0,53±0,02c 0,42±0,02a 53,82±0,51f 234,24±1,80f
2B 48.32±0,83c
4,11±0,04a 0,17±0,01a 0,41±0,01a
46,99±0,87d
205,89±3,37d
2C 69,66±0,29e 5,02±0,01e 1,40±0,01e 0,57±0,03b 23,35±0,24b 126,09±1,17b
n: 3
: desvio padrão. Todas as formulações contem quinoa + suco de laranja + colágeno hidrolisado + ácido cítrico, com as variações 1A (goma xantana + sacarose), 1B (goma xantana + xarope de frutose + açúcar invertido) e 1C (goma xantana + sucralose); 2A (N-succinil-quitosana + sacarose), 2B (N-succinil-quitosana + xarope de frutose + açúcar invertido), 2C (N-succinil-quitosana + sucralose). Carboidratos (CHO)
1: calculado por diferença sem fibra;
VCT: Valor Calórico Total
* Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05).
Nos dados apresentados na Tabela 3 o teor de umidade das diferentes
amostras de preparados apresentaram diferença significativa (p<0,05), com valores
que variaram entre 41-73 %, sendo os maiores valores para as amostras que
contem sucralose e valores menores para as amostras que contem sacarose. As
amostras 1C e 2C apresentaram maior quantidade de umidade, também devido ao
teor de sólidos solúveis (ºBrix) mais baixo. A umidade representa a água contida no
alimento e sua quantidade esta relacionada com a estabilidade, qualidade e
composição afetando na estocagem dos alimentos, maior quantidade de umidade
ocasionaria a deterioração mais rapidamente (CECCHI, 2003).
Quanto aos resultados obtidos do teor de proteína, as amostras 1C e 2B não
apresentaram diferença significativa (p>0,05), sendo que as amostras 1A, 1B, 2A e
2C apresentaram diferença significativa (p<0,05) entre elas. Observa-se que os
preparados com N-succinil-quitosana apresentaram conteúdo protéico maior que as
amostras com goma xantana, também devido ao teor de nitrogênio detectado pelo
tipo de análise de proteína efetuado. As amostras com sucralose apresentaram
57
maiores valores em relação às demais por conter em sua composição maior
quantidade de quinoa.
Segundo Schumacher (2008), na adição de 20 % de quinoa à chocolate
previamente derretido e temperado, obteve-se como resultado aumento de 36,80%
do teor protéico quando comparado com o chocolate padrão, com elevação de todos
os aminoácidos essenciais.
Os resultados obtidos para os lipídeos variaram de 0,53 a 1,48 %, onde as
quantidades menores são para as formulações com sacarose e maiores para as
formulações com sucralose, apresentado diferenças significativas (p<0,05) entre
todas as amostras. O acréscimo ao valor de lipídeos nas amostras 1C e 2C pode ser
devido ao maior conteúdo de quinoa na sua formulação.
Carboidratos variaram entre 20,37 - 53,82 % sendo os menores valores para as
amostras que em sua composição contem sucralose e maiores valores para as
amostras com sacarose, açúcar invertido e xarope de alta frutose. As seis
formulações apresentaram diferenças significativas (p<0,05) entre elas.
O conteúdo de cinzas das amostras 1C e 2C em relação aos valores das
amostras 1A, 1B, 2A, 2B apresentaram diferença significativa (p<0,05). Nas
amostras sem sacarose observa-se este aumento já que suas formulações contem
maior quantidade de quinoa em relação às outras formulações.
O Valor Calórico Total (VCT) apresentou diferença significativa (p<0,05) entre
as amostras. Destaca-se que se obteve redução de aproximadamente 50% da
formulação 1C para 2C (sucralose); das formulações 1B e 2B (xarope de alta frutose
e açúcar invertido) obteve-se uma redução de 15% em relação ao padrão
(sacarose).
As amostras 1C e 2C estariam inseridas na classificação de alimentos
dietéticos, que são aqueles especialmente formulados e/ou padronizados de forma
que sua composição atenda às necessidades dietoterápicas especiais de pessoas
com exigências físicas, metabólicas, fisiológicas e/ou patológicas particulares, por
proporcionar a ausência da sacarose, apresentando-se como um produto diet. Além
disso, também se apresentam como um alimento light por conter uma redução
mínima de 25% de calorias (ANVISA, 1998a).
58
Nas Tabelas 4 e 5 encontram-se os valores de informação nutricional para
construção da Rotulagem Nutricional dos preparados para recheios, segundo
legislação vigente (ANVISA, 2003; ANVISA, 2005b). A quantidade utilizada para
cálculo foi de 10 g, estimando-se um consumo mínimo.
Tabela 4 - Informação de Composição para uso em Rotulagem Nutricional das formulações de preparados para recheios com goma xantana.
Informação para uso em Rotulagem Nutricional
Porção: 10 g
Quantidade por porção
1A %VD* 1B %VD* 1C %VD*
Valor Calórico Total 22 kcal ou
92 kJ 1
19 kcal ou 81 kJ
1 10 kcal ou 43 kJ
0,5
Carboidratos 5,09 g 1,7 4,36 g 1,5 2,04 g 0,7
Proteínas 0,31 g 0,4 0,35 g 0,5 0,41 g 0,5
Gorduras totais 0,04 g 0,1 0,04 g 0,1 0,06 g 0,1 (*)% Valores Diários de referência com base em uma dieta de 2000 kcal ou 8400 kJ. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas.
Tabela 5 - Informação de Composição para uso em Rotulagem Nutricional das formulações de preparados para recheios com N-succinil quitosana hidrogel.
Informação para uso em Rotulagem Nutricional
Porção: 10 g
Quantidade por porção
2A %VD* 2B %VD* 2C %VD*
Valor Calórico Total 23 kcal ou
98 kJ 1
21 kcal ou 86 kJ
1 13 kcal ou
53 kJ 0,6
Carboidratos 5,38 g 1,8 4,70 1,6 2,34 g 0,8
Proteínas 0,36 g 0,5 0,41 0,5 0,50 g 0,7
Gorduras totais 0,05 g 0,1 0,02 0,0 0,14 g 0,3 (*)% Valores Diários de referência com base em uma dieta de 2000 kcal ou 8400 kJ. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas.
O preparado para recheio é considerado um alimento não essencial, que não
tem necessariamente o objetivo de fornecer nutrientes essenciais, classificado no
Grupo 8 (Açúcares, balas, chocolates, salgadinhos) da Pirâmide dos Alimentos, com
59
sugestão de até 2 porções diárias, com 80 kcal cada, para uma dieta de 2530 kcal
por dia (ANVISA, 2003).
Sólidos Solúveis Totais e pH
Os resultados das médias da análise de sólidos solúveis totais, expressos em
ºBrix, e de pH das diferentes amostras de preparados para recheios encontram-se
na Tabela 6.
Tabela 6 - Media dos valores ± desvio padrão das análises de sólidos solúveis totais e de pH dos preparados para uso em recheios de produtos de confeitaria e panificação.
Amostra
Sólidos Solúveis Totais (ºBrix)
±
pH
±
1A 62,5±0,5b 3,64±0,02
1B 53,5±0,5c 3,72±0,01
1C 40,5±0,5a 3,67±0,01
2A 62,5±0,5b 3,55±0,01
2B 55,5±0,5d 3,66±0,02
2C 41,5±0,5a 3,62±0,01 n: 3
: desvio padrão. Todas as formulações contem quinoa + suco de laranja + colágeno hidrolisado + ácido cítrico, com as variações 1A (goma xantana + sacarose), 1B (goma xantana + xarope de frutose + açúcar invertido) e 1C (goma xantana + sucralose); 2A (N-succinil-quitosana + sacarose), 2B (N-succinil-quitosana + xarope de frutose + açúcar invertido), 2C (N-succinil-
quitosana + sucralose). *Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05).
Os produtos light/diet (1C e 2C) preparados com substituição de sacarose
apresentaram-se com redução de sólidos solúveis totais, não sendo diferentes
significativamente entre si (p>0,05). Os resultados foram maiores para as amostras
com sacarose em sua formulação (1A e 2A). As formulações 1B e 2B mostraram-se
diferentes significativamente (p<0,05) entre si e entre as outras amostras.
60
Reologia Oscilatória e Rotacional
Na Figura 16 observam-se as curvas obtidas nas determinações reológicas das
diferentes amostras, com ensaios de tixotropia a partir do teste oscilatório conjugado
com teste rotacional em taxa de deformação e tensão controlada.
(1) Análises em duplicata.
Figura 16 - Etapas de avaliação das amostras com ensaios de tixotropia em ensaio oscilatório conjugado com teste rotacional em taxa de deformação e tensão controlada.
Poucas diferenças foram encontradas entre os comportamentos dos recheios
com goma xantana (1A, 1B, 1C) e com N-succinil-quitosana (2A, 2B, 2C).
Apesar de todas as amostras apresentarem recuperação do sistema, as
formulações com N-succinil-quitosana mostraram-se um pouco melhor.
Em relação ao comportamento reológico dos preparados feitos com sacarose
poucas diferenças foram encontradas, no entanto para as amostras com sucralose a
recuperação foi menor para a amostra com N-succinil-quitosana, isto pode ser
devido ao decréscimo da viscosidade. A maior viscosidade foi encontrada para a
amostra 2A e as menores para as amostras 2C e 1C, respectivamente.
Segundo Silva Junior (2008) o gel de N-succinil-quitosana exibe grande
estabilidade, com predominância de resposta elástica (G'>G") ate próximo de 300
61
Pa, não sofre alterações em diferentes freqüências de oscilação e o módulo elástico
é sempre superior ao viscoso.
62
5.2 Bolos
5.2.1. Formulação com variação no tipo de gordura
Inicialmente foram testados cinco tipos de gorduras (gorduras vegetais e
margarinas) na formulação B para escolha do melhor tipo de gordura a ser utilizada
em todas as formulações. Isto se deveu à grande opção que o mercado oferece à
indústria de panificação, bem como obter um entendimento da ação da gordura em
formulação de bolo.
Bolo é um produto assado formado por uma emulsão complexa de
ingredientes que o compõe, baseado num processo de mistura onde bolhas de ar
minúsculas ficam presas na massa por meio das proteínas ativas provenientes do
ovo, farinha e demais ingredientes (com composição protéica) formando um filme
protetor em torno das bolhas de ar impedindo sua coalescência (KOCER et al.,
2007; CAUVAIN, 2009).
As gorduras são um dos ingredientes principais na estrutura do bolo devido
que, além de estabilizar as bolhas de ar (propriedade exercida da fração cristalina da
gordura), outorgar outras características como maciez, estabilidade, favorecendo as
características sensoriais ao produto (KOCER et al., 2007).
Para determinar o papel da gordura em formulações é necessário primeiro ter
conhecimento da definição gordura. Em panificação este é geralmente o termo dado
a um material que é uma mistura de óleos (líquidos) e gorduras (sólidas), obtido a
partir de fontes diferentes, geralmente de origem vegetal.
As partes básicas das gorduras são os ácidos graxos, que podem vir livres ou
fazendo parte dos gliceróis (mono, di e triacilgliceróis). Todos os óleos e gorduras
naturais são misturas de gliceróis e as propriedades das gorduras e óleos individuais
dependem da quantidade e distribuição desses que podem estar presentes.
Assim, a constituição química da gordura é de grande importância. O ponto
de fusão, bem como o conteúdo de gordura sólida e características de textura, como
consistência, são características físicas cujo conhecimento é necessário.
O desafio para os produtores de gorduras é de oferecer tais produtos com o
menor teor possível de ácidos graxos saturados e trans com desempenho
satisfatório no produto final, que possuam características de resistência ao
aquecimento prolongado e à oxidação (DESENVOLVENDO..., 2008).
63
Volume Específico
Na Tabela 7 apresentam-se os valores da determinação do volume específico
da formulação B produzida com as diversas variações dos tipos de gorduras e
margarinas.
Tabela 7 - Media dos valores ± desvio padrão da análise do volume específico dos bolos da formulação B produzidos com as variações de gorduras e margarinas.
Gorduras e margarinas (amostra B)
Volume Específico (cm3/g)
±
PROPAN 44 2,62±0,05c
PROPAN 00 LT 2,48±0,05b,c
Pró bisc 80 2,38±0,19ª,b
Pró bisc 80 LT 2,28±0,14a,b
Pró bisc 80 LTS 2,26±0,01a n: 3
: desvio padrão. Gordura: PROPAN 44, PROPAN 00 Low Trans; Margarina: Pró bisc 80, Pró bisc 80 Low Trans, Pró bisc 80 Low Trans Sat, *Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05).
O bolo elaborado com gordura hidrogenada PROPAN 44 apresentou melhor
desempenho (maior volume) em relação às demais amostras. O bolo elaborado com
margarina Pró bisc 80 não apresentou diferença significativa (p>0,05) em relação às
demais amostras (PROPAN 00 LT, Pró bisc 80 LT, Pró bisc 80 LTS).
O melhor desempenho da gordura hidrogenada PROPAN 44 pode ser devido
à estrutura cristalina que apresenta (β'). Contudo, observa-se que a diferença entre
os valores encontrados para as diferentes amostras testadas não foi grande, não
havendo diferenças significativas entre as amostras elaboradas com as margarinas,
bem como entre as gorduras, e entre a margarina elaborada com gordura
hidrogenada com as gorduras.
As gorduras sólidas podem existir em diferentes formas cristalinas (α, β', β)
em função de seu histórico de temperatura na produção e utilização. O tamanho e
64
forma dos cristais de gordura também afeta a sua funcionalidade. Pequenos cristais
têm maior área de superfície em relação aos grandes e por isso são capazes de
reter grandes quantidades de óleo liquido dentro da matriz cristalina. Gorduras
contendo pequenos cristais são mais eficazes na produção de bolos com maior
volume que aqueles que contem cristais maiores (BROOKER, 1996; CAUVIAN;
YOUNG, 2001).
A principal função da gordura na produção de bolos é ajudar com a
incorporação de ar na massa durante a mistura. Também afeta o tamanho da bolha
de ar na massa e a estabilidade da bolha durante, antes e durante os primeiros
estágios de cozimento. Massas de bolos são essencialmente uma “espuma”, que é
um sistema em que as bolhas de ar são presas e mantidas em uma fase aquosa.
Sistemas de espuma são caracterizados pelo fato de que todas as bolhas de ar são
separadas entre si por uma fina película de estabilizante. Durante o cozimento as
mudanças de espuma para uma esponja, que é um sistema no qual todas as células
de ar estão interligadas e vapores e líquidos podem mover-se através da matriz. A
formulação tem papel importante na formação da esponja e suas propriedades
(CAUVIAN; YOUNG, 2001).
A película protetora que se forma ao redor das bolhas de gás pode vir de
diversas fontes. A gordura pode contribuir para as películas protetoras na
constituição de espuma da massa (TELLOKE, 1984; CAUVIAN; YOUNG, 2001).
A forma cristalina da porção sólida da gordura é importante para determinar a
funcionalidade da gordura em bolos. Quando a temperatura aumenta no forno, a
gordura sólida se transforma em óleo líquido e a flutuação natural das bolhas de ar
faz com que esses tentem se mover para cima e escape. Quanto mais tempo as
bolhas são mantidas na massa do bolo, maior o volume significa que a gordura deve
ter um alto ponto de fusão. No entanto, dispersão dos cristais de gordura sólida é
importante se forem para ser eficaz e uma parte de óleo liquido é necessária para
adquirir pronta dispersão (TELLOKE, 1984; CAUVIAN; YOUNG, 2001).
65
Cor
A cor é um dos atributos principais da aparência na maioria dos produtos
alimentícios. A importância de sua determinação pode ser a padronização do
produto.
Figura 17 - Bolo formulado com as variações do tipo de gordura e margarinas.
Figura 18 – Fatias dos bolos formulados com as variações do tipo de gorduras e margarinas.
66
Na Tabela 8 apresentam-se os valores de luminosidade (L*), e de
coordenadas cromáticas (a*, b*) para os bolos elaborados.
Conforme visualizado (Figura 17), o bolo elaborado com margarina Pró Bisc
80 LTS apresenta coloração da crosta diferenciada em relação às outras amostras,
contudo a coloração do miolo (Figura 18) não apresenta diferença significativa com a
amostra preparada com a gordura PROPAN 00 LT. Pode-se sugerir que a coloração
mais clara da crosta pode ter ocorrido devido à migração de cristais de gordura de
baixo ponto de fusão para a superfície, devido à formulação da margarina que é livre
de ácidos graxos trans e pobre em saturados, que geralmente apresentam maior
ponto de fusão.
Tabela 8 - Media dos valores ± desvio padrão dos parâmetros da análise de cor
dos miolos dos bolos da formulação B produzidos com as variações de gorduras e margarinas.
Gorduras e margarinas
(amostra B)
L*
±
a*
±
b*
±
PROPAN 44 22,00±0,89a 13,51±0,23d 18,30±0,10d
PROPAN 00 LT 19,91±0,43b 11,49±0,02a 14,32±0,18a
Pró bisc 80 23,11±0,53c 12,66±0,23c 16,99±0,35c
Pró bisc 80 LT 21,66±0,22a 12,01±0,21b 15,63±0,69b
Pró bisc 80 LTS 20,98±0,70a,b 11,60±0,33a 14,55±0,64a
n: 4
: desvio padrão. Gordura: PROPAN 44, PROPAN 00 Low Trans; Margarina: Pró bisc 80, Pró bisc 80 Low
Trans, Pró bisc 80 Low Trans Sat, *Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey
(p<0,05).
Os menores valores de luminosidade (L*) dos miolos do bolo apresentaram as
formulações elaboradas com gordura PROPAN 00 LT e margarina Pró bisc 80 LTS,
não apresentando diferença significativa entre si (p>0,05).
Amostras com valores do parâmetro de luminosidade (L*) inferiores a 50
indicam menor reflectância da luz numa escala de 0 a 100, sendo o caso das
amostras avaliadas. Esteller; Zancanaro Jr e Lannes (2006) encontraram que bolos
com valores de L* mais altos indicam maior refletância da luz, traduzindo-se pobre
67
em ingredientes com coloração clara, fermento químico inadequado, temperatura e
tempo inadequados de cocção.
Para melhor visualização na Figura 19 apresenta-se o diagrama de
coordenadas cromáticas a*, b* com variação da cor do miolo dos bolos elaborados
com os diferentes tipos de gorduras e margarinas. Observa-se que os resultados
das coordenadas cromáticas a*, b* situam-se nas regiões entre vermelho e amarelo,
apresentando valores positivos para estas coordenadas. No entanto visualiza-se que
o bolo elaborado com PROPAN 00 LT e Pró bisc LTS apresentaram um desvio
aproximado de 2º na cor, em relação à gordura PROPAN 44 e margarina Pró Bisc
80 ao cromático b*.
Figura 19 - Localização no plano de coordenadas cromáticas a* b* do miolo do bolo
elaborado com as variações de gordura: PROPAN 44, PROPAN 00 Low Trans; Margarina: Pró Bisc 80, Pró Bisc 80 Low Trans, Pró Bisc 80 Low Trans Sat.
Desta forma os resultados concordam com Silva et al. (2009) e Padilha et al.
(2010) que indicam que valores positivos das coordenadas cromáticas a* e b*
resultam na coloração marrom que é característica em produtos elaborados com
chocolate (ESTELLER; ZANCANARO; LANNES, 2006).
Textura
A textura é uma propriedade que engloba um conjunto de características
físicas que refletem o nível da apreciação sensorial do produto, que derivam da
PROPAN 44
PROPAN LT
Pró bisc 80
Pró bisc 80 LT
Pró bisc 80 LTS
0
5
10
15
20
0 5 10 15
b *
a *
Vermelho
Amarelo
68
estrutura, que por sua vez reflete a composição química do produto. Avaliaram-se
os parâmetros discutidos a seguir.
Firmeza
Os resultados da firmeza do bolo produzidos com diferentes gorduras e
margarinas, referentes ao segundo dia de armazenamento, apresentam-se na
Figura 20.
O valor da firmeza é a força máxima de compressão, obtida no primeiro pico do
gráfico de compressão. A dureza não precisa ocorrer no momento da mais profunda
compressão, embora normalmente ocorra para a maioria dos produtos.
*Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05).
Figura 20 - Comparação dos valores de firmeza dos bolos com as diferentes
variações de gorduras e margarinas.
Amostras produzidas com a gordura PROPAN 44 apresentaram menor valor
de firmeza em relação às demais amostras. No entanto os bolos elaborados com a
gordura PROPAN 00 LT e com a margarina Pró bisc 80 LTS não apresentaram
diferença significativa (p>0,05) entre elas. Estas últimas gorduras apresentam menor
conteúdo de gordura sólida a 10 °C e, como as outras, teores muito baixos ou
nenhum (PROPAN LT) a 33,3 °C e 37,8 °C ou 45 °C. A gordura PROPAN 44 (39 °C)
apresenta ponto de gotejamento (fusão) próximo ao da Pró bisc 80 LTS (40 °C),
observando-se que este não interfere no parâmetro de firmeza.
b
a c
a
d
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
PROPAN 44 PROPAN 00 LT Pró bisc 80 Pró bisc 80 LT Pró bisc 80 LTS
Gordura Margarina
Firm
eza
(g f
)
69
A gordura que apresenta em sua constituição menor conteúdo de gordura
sólida em temperaturas mais elevadas pode ser comparada com o uso de óleo
durante o forneamento. Segundo Gomez et al. (2008) bolos elaborados com óleo
são, mais macios e apresentam maior umidade do que aqueles elaborados com
gordura, no entanto a estrutura do miolo é menos homogênea.
Sowmya et al. (2009) avaliaram a substituição da gordura por óleo de
gergelim obtendo como resultado da análise de textura para o parâmetro firmeza
que os bolos elaborados com 50% de gordura, 50% de óleo de gergelim e goma
xantana acrescentaram diferenças significativas deste parâmetro, no entanto quando
utilizou-se 0,5 g de Hidroxipropilmetilcelulose (HPMC) em substituição da goma
xantana este parâmetro diminuiu, indicando que a adição de HPMC é benéfica para
melhorar a textura do bolo com 50% de óleo de gergelim.
Matsakidou, Blekas e Paraskevopoulou (2010), avaliaram a substituição da
margarina por azeite de oliva extra virgem e a mistura entre eles, dando como
resultados maiores valores de firmeza e coesividade para as formulações que
apresentaram tais substituições.
Elasticidade
Elasticidade é como o produto retorna a posição inicial após ter sofrido
deformações (SZCZESNIAK, 2002).
Os resultados de elasticidade nos bolos com as diferentes variações de
gorduras e margarinas, avaliadas no segundo dia de armazenamento, apresentam-se
na Figura 21.
70
*Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05). .
Figura 21 - Comparação dos valores de elasticidade nos bolos com as diferentes variações de gorduras e margarinas.
O bolo elaborado com gordura hidrogenada PROPAN 44 apresentou menor
valor de elasticidade em relação às demais amostras, não apresentando diferença
significativa (p>0,05) com a amostra Pró bisc 80.
As amostras elaboradas com PROPAN 00 LT e Pró bisc 80 não apresentaram
diferenças significativas (p>0,05) entre elas, assim como também as amostras Pró
bisc 80 LT e Pró bisc 80 LTS.
O parâmetro elasticidade em bolos está bastante relacionado à estrutura
formada pelas proteínas presentes. Neste estudo o uso das margarinas auxiliou na
promoção de massas com maior elasticidade. O perfil dos resultados encontrados em
geral é semelhante as resultados de firmeza e de mastigabilidade.
Coesividade
Coesividade é a força das ligações internas ou grau de deformação da amostra
antes da ruptura (SZCZESNIAK, 2002).
Os valores de coesividade obtidos nas análises dos bolos obtidos no segundo
dia de armazenamento com variações de gorduras e margarinas apresentam-se na
Figura 22.
a
b a,b
c c
0.85
0.86
0.87
0.88
0.89
0.90
0.91
0.92
0.93
0.94
0.95
0.96
PROPAN 44 PROPAN 00 LT Pró bisc 80 Pró bisc 80 LT Pró bisc 80 LTS
Gordura Margarina
Elas
tici
dad
e
71
*Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05).
Figura 22 - Comparação dos valores de coesividade no bolo com as diferentes variações de gorduras e margarinas.
Observa-se que o bolo elaborado com a gordura PROPAN 00 LT obteve maior valor
do parâmetro coesividade com diferença significativa (p<0,05) em relação às demais
amostras. Esta gordura apresenta conteúdo de gordura sólida bem mais baixo que as
demais à temperatura de 10 °C, sugerindo-se tal interferência. Os bolos elaborados
com gordura PROPAN 44 e margarinas Pró bisc 80, Pró bisc 80 LTS não
apresentaram diferenças significativas (p˃0,05) entre si tal como os bolos Pró bisc 80
e Pró bisc 80 LT.
Mastigabilidade
Os resultados do parâmetro mastigabilidade nos bolos, avaliados no segundo
dia de armazenamento, com as diferentes variações de gorduras e margarinas
apresentam-se na Figura 23.
a,b
c
a,b
a
b
0.76
0.78
0.80
0.82
0.84
0.86
0.88
0.90
0.92
PROPAN 44 PROPAN 00 LT Pró bisc 80 Pró bisc 80 LT Pró bisc 80 LTS
Gordura Margarina
Co
esi
vid
ade
72
*Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05).
Figura 23 - Comparação dos valores de mastigabilidade no bolo com as diferentes variações de gorduras e margarinas.
O bolo elaborado com gordura hidrogenada (PROPAN 44) apresentou menor
valor e o bolo elaborado com margarina Pró bisc LTS maior valor apresentando-se
com diferença significativa. Os bolos elaborados com gordura PROPAN 00 LT não
apresentam diferença significativa (p>0,05) em relação às margarinas Pró bisc 80 e
Pró bisc 80 LT.
A mastigabilidade somente se aplica a produtos sólidos e está relacionada com
a gomosidade e com a elasticidade, sendo o perfil dos resultados encontrados aqui é
semelhante ao perfil de resultados da elasticidade e da firmeza.
Resiliência
Os resultados da resiliência nos bolos com variações de gorduras e margarinas,
avaliados para o segundo dia de armazenamento, apresentam-se na Figura 24.
Observa-se que não houve diferença significativa (p>0,05) entre as amostras,
observando-se ainda que nos resultados da elasticidade, parâmetro relacionado com
a resiliência, apenas uma amostra apresentou diferença significativa das outras.
Resiliência é a forma como um produto "luta para reconquistar a sua posição
original". Pode-se pensar nisso como elasticidade instantânea, já que a resistência é
c
a,b a
b
d
0.00
500.00
1000.00
1500.00
2000.00
2500.00
PROPAN 44 PROPAN 00 LT Pró bisc 80 Pró bisc 80 LT Pró bisc 80 LTS
Gordura Margarina
Mas
tiga
bili
dad
e (
g f)
73
medida sobre a retirada da primeira penetração, antes do período de espera ser
iniciado.
*Índices iguais, na mesma coluna, indicam que não existe diferença significativa pelo teste de Tukey (p>0,05).
Figura 24 - Comparação dos valores de resiliência no bolo com as diferentes variações de gorduras e margarinas.
Assim, a gordura low trans (PROPAN 00 LT) foi a escolhida para uso nas
próximas formulações, sendo um produto com isenção de gordura trans e
propriedades físicas de acordo com os objetivos do projeto: maior volume, maior
firmeza, elasticidade e mastigabilidade médias, resiliência comparável à da gordura
hidrogenada. Os parâmetros de cor dos miolos foram próximos.
a a
a a a
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
PROPAN 44 PROPAN 00 LT Pró bisc 80 Pró bisc 80 LT Pró bisc 80 LTS
Gordura Margarina
Re
siliê
nci
a
74
5.2.2 Formulações A, B, C, D e P
A procura de produtos isentos de glúten vem aumentando nos últimos anos; a
remoção do glúten apresenta desafios tecnológicos por ser esta uma proteína que
possui propriedades de retenção de gás durante a fermentação e preservação dos
níveis de umidade na massa (GALLAGHER; GORMLEY; ARENDT, 2004).
Produtos elaborados a partir do trigo, como aqueles de panificação e massas
alimentícias, são substituídos por produtos especialmente formulados. No entanto
existem divergências entre e dentro dos países sobre os tipos de alimentos e grãos
que deveriam ser permitidos em uma dieta livre de glúten, assim como a quantidade
de glúten em um alimento designado como "sem glúten" deve ser autorizada a
conter. Por esta razão a Food and Drug Administration (FDA) emitiu uma
regulamentação definitiva em 2008, definindo o termo “sem glúten” para efeitos de
rotulagem dos alimentos, indicando que um alimento pode ser rotulado desta forma,
desde que o produto final apresente as seguintes características (THOMPSON;
MÉNDEZ, 2008):
- Não conter trigo, cevada, centeio, ou variedades cruzadas destes grãos, como o
triticale;
- Não conter ingredientes derivados de trigo, cevada, centeio e que não foram
processados para remoção do glúten.
No Brasil, a legislação atual preconiza que “Todos os alimentos e bebidas
embalados que contenham glúten, como trigo, aveia, cevada, malte e centeio e/ou
seus derivados, devem conter, no rótulo, obrigatoriamente, com a declaração que
CONTENHAM GLÚTEN OU NÃO CONTENHAM GLÚTEN (ANVISA, 2002; ANVISA,
2003a).
Entre os produtos de panificação que contem glúten encontram-se os bolos
que são produtos aerados quimicamente com formulações que variam em todo o
mundo (ORITZ, 2004); o termo bolo refere-se a produtos a base de farinha de trigo,
açúcar, ovos, gorduras ou óleos e líquidos (GALLAGHER, 2008).
A substituição da farinha de trigo por farinha de quinoa realizou-se devido à
composição protéica da farinha de quinoa constituída de albuminas e globulinas
(proteínas citoplasmáticas), que se caracterizam por formar géis e fornecer uma
matriz estrutural e não conter proteínas de armazenamento (glutelinas e prolaminas)
75
(ALVAREZ-JUBETE; ARENDT; GALLAGHER, 2009). Estes tipos de proteínas
caracterizam-se por formar géis e fornecer uma matriz estrutural para retenção de
água, aromas, açúcares; ingredientes alimentares úteis na aplicação de alimentos e
desenvolvimento de novos produtos, proporcionando uma nova dimensão à
funcionalidade da proteína facilitando a ligação e aprisionamento da água (OSHODI;
OGUNGBENLE; OLADIME, 1999).
A estrutura da massa do bolo tem formação do glúten menor que no pão,
estando relacionada à interação dos demais ingredientes na formulação como
açúcares e gorduras (GALLAGHER, 2008).
Outros componentes essenciais e aproveitáveis da farinha de quinoa são os
carboidratos, encontrando-se majoritariamente na forma de amido, composto por
dois tipos de polissacarídeos (amilose e amilopectina) (FAERGEMAND; KROG,
2006). A amilose com 12,1% apresenta-se numa quantidade menor que em raízes,
cereais, tubérculos e leguminosas (YANGZHOU; STUTTGART, 1999); e com 88 a
95% de amilopectina (LINDEBOOM et al., 2005).
O açúcar adicionado às formulações, além de fornecer energia e doçura,
diminuiu a água disponível durante o cozimento permite que as bolhas de ar se
expandam e retarde a gelatinização do amido (INDRANI; RAO, 2008).
Adicionou-se ovo desidratado a fim de acrescentar valor nutricional e por
desempenhar um papel multifuncional na formação da massa do bolo, atuando na
formação da espuma, emulsificação, textura, ligação de água, cor e sabor
(INDRANI; RAO, 2008).
A gordura low trans (PROPAN 00 LT) foi utilizada por ter sido escolhida a
partir dos testes iniciais efetuados na formulação B (item 5.2.1.), sendo um produto
com isenção de gordura trans e propriedades físicas de acordo com os objetivos do
projeto: maior volume, maior firmeza, elasticidade e mastigabilidade médias,
resiliência comparável à da gordura hidrogenada.
O emulsificante (DIMODAN-monodiglicerideo) foi utilizado na formulação dos
bolos para controlar a desestabilização e interação entre gorduras, proteínas,
carboidratos, ajudando na formação de espuma, emulsificação, estabilidade na
massa, dispersão homogênea da gordura e maior tolerância às mudanças da
formulação, bem como aumentar a vida de prateleira (FAERGEMAND; KROG,
2006).
76
O cacau em pó foi utilizado para atribuir cor e sabor ao produto, sendo sua
característica como ingrediente funcional um fator a ser considerado.
Na formulação D houve a substituição da sacarose por lactitol (12,83%),
Litesse® (polidextrose) (1,60%) e sucralose (0,04%). O lactitol apresenta
características semelhantes à sacarose com uma solubilidade semelhante ao
açúcar, apresentando estabilidade em condições ácidas, alcalinas e resistência a
altas temperaturas (LIVESEY, 2003). O Litesse® (polidextrose) foi adicionado para
diminuir o conteúdo calórico, agregar fibra e apresentar funcionalidade semelhante à
sacarose em produtos de panificação retardando a gelatinização do amido
(DANISCO, 2009). A sucralose apresenta características de estabilidade ao calor,
acidez e não degradar sob condições de temperatura utilizadas em panificação.
A farinha de arroz foi utilizada em substituição à farinha de trigo e quinoa, por
esta ser livre de glúten e apresentar entre suas características proteínas de maior
valor biológico comparada ao trigo (KENNEDY; BURLINGAME, 2003) e outros
constituintes em quantidades menores como lipídios, fósforo e oligoelementos. A
proteína da farinha de arroz é composta também por proteínas de armazenamento
que são classificadas em albuminas (proteínas hidrossolúveis), globulinas (proteínas
solúveis), prolaminas (proteínas solúveis no álcool) (BAO; BERGMAN, 2004).
Avaliação físico–química
A composição centesimal, bem como o valor calórico das formulações dos
bolos apresenta-se na Tabela 9.
77
Tabela 9 - Media dos valores ± desvio padrão da composição centesimal e valor calórico total dos bolos formulados.
Amostras
Umidade
± (%)
Proteína
± (%)
Lipídeos
± (%)
Cinzas
± (%)
CHO1
± (%)
VCT2 (%)
P 31,58±0,79b 8,13±0,82a 21,70±0,23b 2,17±0,03c 36,42±1,87a,b 377,5*
A 32,31±0,89b 8,77±0,08a 19,94±1,00a 2,48±0,01a 36,50±1,97a,b 362,55*
B 28,86±0,76a 9,89±0,13b 19,97±0,82a 2,66±0,05b 38,62±1,38b 373,76*
C 34,93±0,93c 8,75±0,15a 17,95±0,12c 2,44±0,03a 35,94±1,21a,b 340,28*
D 29,75±0,14a 11,41±0,34c 21,43±0,58b 2,64±0,04b 34,77±0,60a 352,26*
n: 3
: desvio padrão. Padrão contendo P (farinha de trigo, chocolate em pó, sacarose, fermento químico, gema e clara desidratadas, emulsificante, gordura); e quatro com substituição da farinha pelos seguintes ingredientes: A (farinha de quinoa, farinha de arroz), B (Farinha de quinoa), C (Farinha de arroz), D (Farinha de quinoa, Lactitol, Sucralose); Carboidratos (CHO)
1: calculado por diferença sem fibra;
VCT2*: Valor Calórico Total calculado segundo os fatores disponíveis na Resolução da ANVISA;
Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença pelo teste de Tukey (p<0,05).
O valor do teor de umidade da formulação C apresenta diferença significativa
(p<0,05) em relação ao padrão e as demais formulações; já a formulação A não
apresentou diferença significativa em relação ao padrão. A formulação B não diferiu
significativamente com a formulação D (p>0,05), sendo formulações apenas com
farinha de quinoa, que possui uma capacidade de absorção de água de 147%
(LORENZ; COULTER; JOHNSON, 1995). A farinha de arroz apresenta elevada
capacidade de retenção de água (KUPPER, 2005). A formulação C (com 100% de
farinha de arroz) apresentou o maior teor de umidade. Os valores de umidade (34,93
- 29,75 %) encontram-se próximos aos valores encontrados por Esteller; Zancanaro
Júnior e Lannes, (2006), que observaram a proximidade dos valores encontrados
àqueles dos bolos industrializados, próxima a 30%.
Com relação ao teor protéico, as formulações A e C não apresentaram
diferenças significativas (p>0,05) em relação à formulação padrão. As formulações B
e D contem maior conteúdo protéico, podendo-se atribuir à utilização de 100% de
farinha de quinoa. Bolos disponíveis no mercado geralmente apresentam teor um
pouco menor de proteína (± 7,33%).
As formulações desenvolvidas com farinha de arroz não apresentaram
diferença significativa (p>0,05) para proteína com a formulação padrão (P). A farinha
78
de arroz é caracterizada pelo teor em aminoácidos essenciais extremamente
variados como: teor em lisina bastante reduzido (4,95%), situando-se entre o trigo
(3,1%) e soja (7,8%); contem entre 6% e 7% de proteína, mas não forma glúten
(KUPPER, 2005).
O teor lipídico da formulação C apresentou diferença significativa (p<0,05) com
a formulação padrão (P) e com as outras formulações, também mostrou-se menor,
equiparando-se ao valor do produto de mercado (± 16,67 %). A formulação D não
apresentou diferença significativa (p>0,05) em relação ao padrão (P) e obteve valor
maior de composição lipídica em relação às demais formulações, este acréscimo
pode ter ocorrido, porque esta formulação contem farinha de quinoa (100%), que
apresenta maior quantidade de lipídeos em relação aos demais cereais. A
formulação A não diferiu estatisticamente da formulação B.
Para os resíduos de incineração (cinzas), as formulações B, D e A, C não
tiveram diferença significativa (p>0,05) entre si, mas apresentaram maior teor com
relação à formulação padrão. O maior teor de cinzas das formulações B e D pode
dever-se ao conteúdo alto (100%) de farinha de quinoa, que se caracteriza por seus
teores de cálcio, ferro, fósforo.
A composição em carboidratos para as diferentes amostras em relação ao
padrão (P) não apresentou diferença significativa (p>0,05). No entanto as
formulações B e D apresentaram diferença entre si. Para produto de mercado similar
ao padrão encontra-se teor de 50 % de carboidratos.
Não houve grande variação entre os Valores Calóricos Totais encontrados para
as diferentes formulações. A formulação D é apresentada como um produto diet
(ANVISA, 1998a), por apresentar supressão ou substituição de nutrientes, no caso
dos sem glúten e sacarose. Produto de mercado similar ao padrão apresenta valor
calórico também similar de 226,00 kcal por fatia de 60 g.
Utilizou-se Litesse (polidextrose), ingrediente anteriormente já utilizado por
Ronda et al. (2005) como uma opção para o preparo de alimentos dietéticos com
baixo conteúdo calórico e reduzido índice glicêmico, produzindo uma aceitabilidade
similar aos bolos feitos com sacarose. Foi utilizada também por Baroni et al. (2003)
no desenvolvimento de mistura em pó para bolo inglês light com frutas, onde
obtiveram bons resultados quando substituíram 25% de açúcar refinado por
79
polidextrose, indicando que a utilização de polidextrose, como agente de volume e
baixo teor calórico (1 kcal/g), permitiu as reduções em energia, dulçor e cor caramelo
no produto testado pronto ao consumo.
Na Tabela 10 apresentam-se os valores da informação nutricional para
construção da Rotulagem Nutricional dos bolos formulados, segundo legislação
vigente (ANVISA, 2003; ANVISA, 2005b). A quantidade utilizada para cálculo foi de
60 g, estimando-se uma fatia.
Tabela 10 - Informação de composição para uso em Rotulagem Nutricional dos bolos formulados.
Informação de Composição para uso em Rotulagem Nutricional
Porção: 10 g
Quantidade por porção
P
%VD* A %VD* B %VD* C
%VD* D
%VD*
Valor Calórico Total
226 kcal ou 11
217 kcal ou 11
224 kcal ou 11
204 kcal ou 10
211 kcal ou 11
949 kJ 911 kJ 941 kJ 857 kJ 886 kJ Carboidratos 21,85 g 7,28 21,9 7,3 23,17 g 7,72 21,56 g 7,19 12,20 4,07
Polióis
7,68
Polidextrose
0,96
Proteínas 4,88 g 6,5 5,26 7,0 5,93 g 7,9 5,25 g 7 6,85 9,13
Gorduras totais 13,02 g 23,67 11,96 21,74 11,98 g 21,78 10,77 g 19,58 12,86 23,38
(*)% Valores Diários de referência com base em uma dieta de 2000 kcal ou 8400 kJ. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas.
Bolo está classificado no Grupo 1 (Cereais, pães, raízes e tubérculos) da
Pirâmide dos Alimentos, com sugestão de até 8 porções diárias, com 150 kcal cada,
para uma dieta de 2530 kcal por dia (ANVISA, 2003).
Atividade de água
A atividade de água é o principal responsável pela deterioração dos
alimentos, que é um fenômeno de degradação provocado por microorganismos,
reações químicas e enzimáticas que podem ocorrer durante o período de
armazenamento (RODRIGUES, 2003).
80
Os valores de Atividade de água para as diferentes formulações dos bolos
apresentam-se na Tabela 11.
Tabela 11 - Media dos valores ± desvio padrão de Atividade de Água das diferentes
formulações dos bolos.
Amostras
Atividade de Água (Aw)
±
P 0,87±0,04a
A 0,88±0,02a
B 0,88±0,01a
C 0,91±0,02a
D 0,89±0,04a n: 3
: desvio padrão. Padrão contendo P (farinha de trigo, chocolate em pó, sacarose, fermento químico, gema e clara
desidratadas, emulsificante, gordura); e quatro com substituição da farinha pelos seguintes ingredientes: A (farinha de quinoa, farinha de arroz), B (Farinha de quinoa), C (Farinha de arroz), D
(Farinha de quinoa, Lactitol, Polidextrose (Litesse), Sucralose). Índices iguais, na mesma coluna, indicam que não existe diferença significativa pelo teste de Tukey (p>0,05).
Conforme os resultados, não se observaram diferenças significativas (p>0,05)
dos valores de atividade de água das amostras (Tabela 12).
Os bolos formulados pertencentes encontraram-se acordo com a classificação
em Ribeiro e Seravalli (2007), alimentos com atividade de água entre 0,85 e 0,6
pertencem ao grupo dos alimentos denominados Alimentos com Umidade
Intermediária, como cereais, farinhas, doces de massa, nozes e amêndoas. No
entanto não estaria dentro dos parâmetros de alimentos com atividade de água
inferior a 0,6 que são alimentos microbiologicamente estáveis (GAVA; SILVA;
FRIAS, 2009).
Volume específico
O volume específico do bolo é considerado importante para a aceitabilidade
dos consumidores na determinação da qualidade. Na Tabela 12 apresentam-se os
81
valores médios para o volume específico dos bolos em relação às diferentes
formulações.
Tabela 12 - Media dos valores ± desvio padrão da análise do volume das formulações do bolo.
Amostras Volume específico (cm3/g)
±
P 2,49±0,14c
A 2,40±0,06b,c
B 2,26±0,30a,b
C 2,15±0,04a
D 2,24±0,14a,b n: 6
: desvio padrão. Padrão contendo P (farinha de trigo, chocolate em pó, sacarose, fermento químico, gema e clara desidratadas, emulsificante, gordura); e quatro com substituição da farinha pelos seguintes ingredientes: A (farinha de quinoa, farinha de arroz), B (Farinha de quinoa), C (Farinha de arroz), D (Farinha de quinoa, Lactitol, Polidextrose (Litesse), Sucralose).
Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05).
Como se observa na Tabela 13 foram pequenas as diferenças de volumes
encontradas nas formulações. A formulação C apresenta menor valor do volume
especifico com diferença significativa (p<0,05) em relação à formulação padrão. As
formulações A, B e D não apresentaram diferença significativa (p>0,05). A
diminuição do volume em relação às demais formulações pode ter acontecido pela
composição protéica da farinha de arroz e sua interferência na formação e
agregação da estrutura ao redor das bolhas de ar na massa. A formulação A não
apresentou diferença significativa (p>0,05) em relação à formulação padrão, pois o
glúten contido na farinha de trigo atuaria no bolo como aglutinante e não como um
elemento estrutural, como é no caso do pão que forma a estrutura básica. No bolo o
pleno desenvolvimento de glúten não é necessário devido aos altos níveis de
gordura e açúcar. Contudo, isso não implica que o glúten seja funcionalmente inerte,
especialmente durante o cozimento, onde as interações das proteínas podem se
tornar importante para dar a estrutura (WILDERJANS et al. 2008). Quando são
utilizadas farinhas mistas ocorrem alterações nas propriedades físicas e
tecnológicas, que podem ser favoráveis ou não conforme ao produto. No caso do
82
bolo, a farinha fraca é desejável, pois a estrutura deste produto é mais leve e porosa
(BORGES et al., 2006).
A formulação D que utilizou a mistura de lactitol, litesse (polidextrose) e
sucralose em substituição à sacarose, não diferiu significativamente (p>0,05) em
relação as formulações A, B e C.
Cor da Crosta e do Miolo
Na Tabela 13 apresentam-se os resultados para cor da crosta e do miolo das
diferentes formulações de bolos, valores de luminosidade (L*), e coordenadas
cromáticas a*, b*.
Tabela 13 - Media dos valores ± desvio padrão da luminosidade L* e coordenadas
cromáticas a*, b* da crosta e do miolo dos bolos.
Amostras
Crosta Miolo
L* a* b* L* a* b*
± ± ± ± ± ±
P 25,18±0,78a 7,55±0,66a 12,86±0,69a 21,76±1,20c
9,52±0,67a,b 14,98±0,98a,b
A 23,69±1,06a 8,09±1,18a 13,10±1,65a 19,51±0,80b 10,00±1,32b 15,25 ±1,82b
B 25,03±0,25a 7,48±1,58a 13,17±1,86a 20,06±0,90b 8,84±0,39a 14,14±0,77a,b
C 23,52±1,92a 7,28±0,70 a 11,95±0,17a 17,75±0,61a 9,32±0,32a,b 13,81±0,54a
D 20,51±1,88b 8,47±2,17a 12,57±2,11a 18,43±0,70a 9,44±0,51a,b 14,26±1,00a,b n: 6
: desvio padrão. Padrão contendo P (farinha de trigo, chocolate em pó, sacarose, fermento químico, gema e clara desidratadas, emulsificante, gordura); e quatro com substituição da farinha pelos seguintes ingredientes: A (farinha de quinoa, farinha de arroz), B (Farinha de quinoa), C (Farinha de arroz), D (Farinha de quinoa, Lactitol, Polidextrose
(Litesse), Sucralose). *Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05)
Em relação à cor da crosta das diferentes formulações dos bolos verificou-se
que a formulação D apresentou menor valor de luminosidade com diferença
significativa (p<0,05) em relação à formulação padrão e demais formulações,
podendo dever-se a ausência de sacarose (substituição por lactitol, Litesse e
sucralose). A diferenciação de coloração foi anteriormente relatada por Lin; Hwang;
Yeh (2003) indicando na cor dos bolos, especialmente para os valores de
luminosidade da crosta, a oligofrutose e a polidextrose promoveriam as reações de
83
escurecimento. O valor de a* foi maior também para esta amostra, demonstrando
uma tonalidade mais escura.
Ronda et al. (2005) indicaram que para bolos elaborados com adoçantes
diferentes da sacarose os valores do parâmetro luminosidade é notavelmente
superior ao da formulação padrão. Os bolos elaborados com oligofrutose
apresentaram uma coloração mais escura que o controle.
Gallagher et al.(2004) indicaram que de uma forma geral a substituição de
sacarose em 100% diminui a medida do parâmetro luminosidade (L*) que depende
dos efeitos da reação de Maillard; além disso o aumento no teor de açúcares do leite
e proteínas causa maior escurecimento da crosta (menor L*) e a diminuição destes
deixa a crosta mais clara (maior L*) relacionado, portanto, às interações do grupo
carbonila do carboidrato com o grupo amino do aminoácido ou da proteína (reação
de Maillard).
Em relação à cor do miolo no parâmetro de luminosidade (L*) da formulação
padrão obteve maior valor, apresentando diferença significativa (p<0,05) em relação
às demais formulações. As formulações C, D e A, B, respectivamente, não
apresentaram diferenças significativas (p>0,05) entre si e mostraram valores
menores.
Capriles et al. (2008) obtiveram diminuição do valor de luminosidade em bolo
quando acrescentaram farinha de amaranto em substituição a farinha de trigo e
amido de milho, indicando que a crosta e miolo dos bolos com tal substituição
apresentariam uma cor mais avermelhada, especialmente no miolo. A cor intrínseca
de farinha de amaranto integral (L =74,4, a = 4,33, b = 21,3) causa o escurecimento
dos bolos.
Segundo Gomez, Ruiz-París e Oliete (2010) indicam que a cor do miolo
depende dos ingredientes já que o aumento da temperatura não é alto para
ocasionar reações de Maillard ou reações de caramelização.
Os resultados das coordenadas cromáticas (a*, b*) para a cor da crosta das
diferentes formulações dos bolos não apresentaram diferença significativa (p>0,05)
entre as diversas formulações para as duas coordenadas.
Em quanto à coordenada cromática a* para a cor do miolo a formulação B
apresentou diferencia significativa em relação ao padrão e para a coordenada
84
cromática b* as formulações B, D e A, C não apresentaram diferencia significativa
em relação ao padrão.
Textura
Diferentes proporções de ingredientes nas formulações produzem texturas
diferentes. A análise do perfil de textura tem demonstrado ser uma ajuda valiosa
para avaliar alimentos; mediante ensaios comparativos esta técnica é claramente
imitativa dos movimentos que a boca realiza (ROSENTHAL, 2006). Sendo assim, a
textura pode ser usada como um indicador da qualidade em produtos de panificação
(ABDULLAH, 2008).
O maior problema da substituição dos cereais que contêm glúten por outras
matérias-primas que não o contêm é a necessidade de apresentarem algumas
propriedades tecnológicas, como estruturação da massa, conferindo qualidade aos
produtos (BORGES et al., 2006). Desta forma foram avaliados os seguintes
parâmetros de textura para as diferentes formulações dos bolos.
Firmeza
O parâmetro da textura “firmeza” é importante em produtos de panificação
devido a sua utilização para a avaliação do produto e por sua estreita associação
com a percepção humana (KARAOGLU; KOTANCILAR; GERÇEKASLAN, 2008). Os
resultados do parâmetro firmeza para as formulações dos bolos apresentam-se na
Figura 25, avaliadas no segundo dia de armazenamento.
85
*Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05).
Figura 25 - Comparação dos valores do parâmetro firmeza das diferentes formulações de bolos. Padrão contendo P (farinha de trigo, chocolate em pó, sacarose, fermento químico, gema e clara desidratadas, emulsificante, gordura); e quatro com substituição da farinha pelos seguintes ingredientes: A (farinha de quinoa, farinha de arroz), B (Farinha de quinoa), C (Farinha de arroz), D (Farinha de quinoa, Lactitol, Litesse (Polidextrose), Sucralose).
Os resultados encontrados para a firmeza foram: a formulação D não
apresentou diferença significativa (p>0,05) em relação ao padrão; as formulações A,
B e C apresentaram diferença significativa (p<0,05) entre elas e a padrão
apresentado maiores valores que este.
A menor firmeza do bolo padrão pode ser devido à formação da rede de
glúten que se caracteriza por maior retenção do gás e, conseqüentemente, uma
estrutura mais volumosa (SCHAMNE, 2007). O aumento da firmeza no miolo do bolo
pode ser atribuído à recristalização da amilose e amilopectina e à formação de
complexos entre as proteínas e o amido (SEYHUN et al., 2003).
A adição de proteínas parece acelerar e aumentar a firmeza do miolo. As
fibras também contribuíram com a firmeza segundo o relatado por Gomez et al.
(2003), provavelmente devido ao espessamento das paredes que cercam as bolhas
do ar no miolo. Dhingra; Jood (2004) observaram um endurecimento gradual da
a
b
d
c
a
0.00
500.00
1000.00
1500.00
2000.00
2500.00
3000.00
3500.00
4000.00
4500.00
5000.00
P A B C D
Fir
me
za
(g
f)
Bolos
86
textura do miolo quando acrescentaram farinha de cevada e soja (OLIETE et al.,
2008).
Gomez et al, (2008) indicaram que a influência da farinha na firmeza foi
inversamente proporcional ao volume do bolo. Portanto, a firmeza aumentou quando
a porcentagem de farinha de grão de bico foi maior. Estas diferenças foram também
observadas por Guinot; Mathlouthi (1991), que observaram que a adição de proteína
de soja aumentou a firmeza dos bolos tipo esponja. Gomez et al. (2008) indicaram
que bolos com maior volume específico e maior simetria apresentaram menores
valores de firmeza. Assim como bolos elaborados com farinha integral apresentaram
maior firmeza, mastigabilidade, menor coesividade e resiliência do que os bolos de
farinha branca. Neste trabalho também se observa uma relação inversa entre
firmeza e volume para a maioria das amostras.
Elasticidade
Os resultados da elasticidade nos bolos apresentam-se na Figura 26, para o
segundo dia de armazenamento.
87
*Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05).
Figura 26 - Comparação dos valores do parâmetro elasticidade das diferentes
formulações dos bolos. Padrão contendo P (farinha de trigo, chocolate em pó, sacarose, fermento químico, gema e clara desidratadas, emulsificante, gordura); e quatro com substituição da farinha pelos seguintes ingredientes: A (farinha de quinoa, farinha de arroz), B (Farinha de quinoa), C (Farinha de arroz), D (Farinha de quinoa, Lactitol, Polidextrose (Litesse), Sucralose).
Observa-se que as formulações B, C e D não apresentam diferença
significativa (p>0,05) em relação à formulação P (padrão). No entanto a formulação
A apresentou diferença significativa (p<0,05) em relação às demais formulações
(Figura 22). O produto com farinha de quinoa apresentou maior elasticidade.
Segundo Esteller (2004) a adição de proteínas, por exemplo glúten isolado do
trigo, melhoraram a elasticidade final de pães, assim como também a adição de
Polidextrose e Benefat favoreceram o aumento da elasticidade. A elasticidade
apresentada pelo bolo padrão pode estar relacionada à presença de glutenina,
proteína constituinte de glúten, que é responsável pela elasticidade da massa
(SCHAMNE, 2007).
a
b
a
a a
0.85
0.86
0.87
0.88
0.89
0.90
0.91
0.92
0.93
0.94
P A B C D
Ela
sti
cid
ad
e
Bolos
88
Coesividade
Coesividade é definida como "quão bem o produto resiste a uma segunda
deformação em relação à primeira" (KARAOGLU; KOTANCILAR; GERÇEKASLAN,
2008). Na Figura 27 apresentam-se os resultados para o parâmetro de coesividade
nos bolos avaliados no segundo dia de armazenamento.
*Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05).
Figura 27 - Comparação dos valores do parâmetro coesividade das diferentes
formulações dos bolos. Padrão contendo P (farinha de trigo, chocolate em pó, sacarose, fermento químico, gema e clara desidratadas, emulsificante, gordura); e quatro com substituição da farinha pelos seguintes ingredientes: A (farinha de quinoa, farinha de arroz), B (Farinha de quinoa), C (Farinha de arroz), D (Farinha de quinoa, Lactitol, Polidextrose (Litesse), Sucralose).
Em relação à coesividade, somente a formulação B apresentou diferença
significativa (p<0,05) em relação a padrão. As formulações A, C e D não
apresentaram diferença significativa (p>0,05) entre elas e entre o padrão.
Menores valores de coesividade foram encontrados nas formulações com
100% de farinha de quinoa. A formulação padrão apresentou maior resultado, pois a
farinha de trigo é capaz de formar uma massa coesa, firme e reter gases, devido a
b a,b
a a,b
a,b
0.00
0.10
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0.70
0.80
0.90
1.00
P A B C D
Co
es
ivid
ad
e
Bolos
89
sua composição química e em especial as suas proteínas e capacidade para formar
glúten (LEÓN; ROSELL, 2007).
Características observadas por Gomez et al. (2008) indicaram valores
menores de coesividade quando quantidade de farinha de grão de bico (farinha
protéica) foi aumentada em formulações com farinha de trigo.
Mastigabilidade
Na Figura 28 apresentam-se os resultados para o parâmetro de
mastigabilidade nos bolos, que foram avaliadas no segundo dia de armazenamento.
*Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05).
Figura 28 - Comparação dos valores do parâmetro mastigabilidade das diferentes
formulações dos bolos. Padrão contendo P (farinha de trigo, chocolate em pó, sacarose, fermento químico, gema e clara desidratadas, emulsificante, gordura); e quatro com substituição da farinha pelos seguintes ingredientes: A (farinha de quinoa, farinha de arroz), B (Farinha de quinoa), C (Farinha de arroz), D (Farinha de quinoa, Lactitol, Polidextrose (Litesse), Sucralose).
Em relação aos resultados do parâmetro mastigabilidade as formulações A e
D não apresentaram diferença significativa (p>0,05) em relação à formulação padrão
a a
c
b
a
0.00
500.00
1000.00
1500.00
2000.00
2500.00
3000.00
3500.00
4000.00
P A B C D
Ma
sti
ga
bilid
ad
e (
gf)
Bolos
90
(P). No entanto as formulações B e C apresentaram diferença significativa (p<0,05)
entre elas, e entre as demais formulações.
Maiores valores de mastigabilidade apresentaram as formulações B e C com
100% de farinha de quinoa e farinha de arroz, respectivamente. O menor valor
obtido foi para a formulação sem sacarose.
Resiliência
Na Figura 29 apresentam-se os resultados para o parâmetro de resiliência
nos bolos, que foram avaliadas no segundo dia de armazenamento.
*Índices diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05).
Figura 29 - Comparação dos valores do parâmetro resiliência das diferentes
formulações dos bolos. Padrão contendo P (farinha de trigo, chocolate em pó, sacarose, fermento químico, gema e clara desidratadas, emulsificante, gordura); e quatro com substituição da farinha pelos seguintes ingredientes: A (farinha de quinoa, farinha de arroz), B (Farinha de quinoa), C (Farinha de arroz), D (Farinha de quinoa, Lactitol, Polidextrose (Litesse), Sucralose).
Em relação ao parâmetro de textura resiliência as formulações A, B e C não
apresentaram diferença significativa (p>0,05) em relação ao padrão (P). No entanto
a formulação D apresentou tal diferença.
Resiliência é a taxa de recuperação da elasticidade e resulta da diminuição da
união intramolecular entre os ingredientes na massa (OLIETE et al., 2008). As
a
a,b a,b
a
b
0.28
0.29
0.30
0.31
0.32
0.33
0.34
0.35
0.36
0.37
P A B C D
Resiliê
ncia
Bolos
91
formulações A, B e D apresentaram a diminuição deste parâmetro quando foi
utilizada farinha de quinoa.
Cálculo de custo
A Tabela 14 apresenta o cálculo do custo para cada bolo formulado de 300 g,
conforme tamanho encontrado no mercado para produtos similares. O valor atual do
mercado de produto similar à formulação padrão é aproximadamente R$ 4,00.
Tabela 14 - Cálculo do custo para cada bolo formulado de 300 g.
Bolo (300 g)
R$* U$S**
P 2,52 1,45
A 2,94 1,69
B 3,29 1,89
C 2,60 1,49
D 4,21 2,42
*Cálculo baseado no custo fornecido pelos fabricantes dos ingredientes
(01/07/2011-01/08/2011); ** Calculo baseado na cotação do fechamento do dólar no dia 10/10/2011.
Através da Tabela 14 é possível perceber que houve acréscimo no custo em
relação à formulação padrão e às outras formulações por apresentar ingredientes
que substituem a sacarose.
92
6. CONCLUSÕES
Preparados para recheios
O suco de laranja mostrou-se eficiente como aromatizante e corante, sendo
próprio para uso em combinação com a quinoa nas formulações
apresentadas;
A substituição de goma xantana por quitosana não apresentou grande
diferença nas determinações químicas efetuadas, apresentando pequenas
diferenças estruturais, sendo que os sistemas formulados com quitosana
mostraram melhor recuperação de estrutura na análise de tixotropia;
As duas formulações elaboradas sem sacarose foram classificadas como
diet/light, com maiores teores protéico e lipídico, menores teores de
carboidratos e de valor calórico total.
Bolos
A gordura low trans foi utilizada por ter sido escolhida a partir dos testes
iniciais efetuados, sendo um produto com isenção de gordura trans e
propriedades físicas de acordo com os objetivos do projeto: maior volume,
maior firmeza, elasticidade e mastigabilidade médias, resiliência comparável à
da gordura hidrogenada. Os parâmetros de cor dos miolos foram próximos;
Foram formulados bolos sem adição de farinha de trigo (glúten), com
substituição total por farinhas de quinoa e de arroz, obtendo-se produtos sem
glúten, bem como produtos sem adição de sacarose;
As formulações com farinha de quinoa possuem maior conteúdo protéico; a
formulação com farinha de arroz menor valor lipídico; a formulação com
quinoa e sem sacarose possui isenção de glúten, sendo esta a mais indicada
para indivíduos celíacos, diabéticos, classificada como diet;
A formulação com 100% de farinha de arroz e sacarose apresentou-se a
menos calórica;
Poucas variações foram encontradas entre as formulações nos resultados da
análise de textura, de volume, bem como da cor.
93
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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