Educação Ambiental no Ambiente de Trabalho

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“A Educação Ambiental no Ambiente de Trabalho: o ser humano no seumundo”Autoras:Márcia Cristina MartilhoThais Felippe de MeloValor Cursos e Treinamentos. Piracicaba ­ SPJaneiro de 2013

O conteúdos desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

Valor Cursos e TreinamentosRua João Franco de Oliveira, s/n, esquina com a Rua Professor Benedito deAndrade.Distrito Industrial Unileste.Piracicaba ­ SPTel: 34242020E­mail: [email protected]: http://www.valorsustentavel.com

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Nos últimos anos temos nosdefrontamos com o desafio de fazercom que diferentes setores dasociedade sejam envolvidos,comprometidos e atuantes em seusespaços próprios de produção ecriação como co­responsáveis pelaqualidade socioambiental.

Uma postura de análisecrítica da realidade é fundamentalpara tornar possível identificarsituações de problemas ambientaisque sejam relevantes e estratégicasfrente a um dado contexto e comoessas questões serão trabalhadas.Essa análise implica em umareleitura da realidade a partir de umconceito amplo de meio ambienteque inter­relacione os sistemasnaturais e sociais, abarcando aapropriação e uso dos recursosnaturais (base de sustentação danossa sociedade), os modos comoas coletividades estão organizadas efuncionam para satisfazer as suasnecessidades e as relações deprodução e os sistemasinstitucionais e culturais (QUINTAS,2003).

Normalmente a EducaçãoAmbiental praticada pelas empresasé realizada fora de seus limites, paraum público diverso ao da empresa,como por exemplo, patrocinando

projetos em escolas. Entretanto, aeducação realizada pela empresapode sensibilizar e motivar todos osníveis hierárquicos e as partesinteressadas (fornecedores, clientese comunidades do entorno,parceiros reais e potenciais) paraformar elos e responsabilidadescompartilhadas em relação ao meioambiente.

A Educação Ambiental é umprocesso participativo, através doqual o indivíduo e a coletividadeconstroem valores sociais, adquiremconhecimentos, atitudes ecompetências voltadas para aconquista e manutenção do direitoao meio ambiente ecologicamenteequilibrado previsto na ConstituiçãoFederal.

Neste contexto, a EducaçãoAmbiental passa a ser uminstrumento inquestionável nogerenciamento ambiental de umaempresa, sendo indutora de ummodelo de desenvolvimento quetenha como parâmetros e índices desucesso o estado dos recursosnaturais e a qualidade de vida.

“Art. 225. Todos têm direito aomeio ambiente ecologicamenteequilibrado, bem de uso comumdo povo e essencial à sadiaqualidade de vida, impondo­se aoPoder Público e à coletividade odever de defendê­lo e preservá­lo

para as presentes e futuras

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Nos últimos anos vemocorrendo à incorporação dosconceitos de desenvolvimentosustentável e de atuação respon­sável pelas empresas, o que requeruma mudança de cultura e exige umprograma de Educação Ambientalque mobilize todos os seus níveishierárquicos.

Assim, o meio ambiente é umagente catalisador do processo deinteração dentro de uma empresa.Um Sistema de Gestão Ambientalimplica em que estruturas,departamentos, empregados, ativi­dades e ações dentro da empresaestejam interagindo e integradas,não sendo seu objetivo cuidar domeio ambiente e sim a melhoria dodesempenho ambiental e opera­cional de uma organização (MOTTA,2009).

Portanto, um Programa deEducação Ambiental não pode serestringir a uma coletânea detreinamento visando a sensibilizaçãoe motivação dos empregados ou serum treinamento técnico comple­mentar aos procedimentos. OPrograma deve estar presente deforma ativa no próprio posto detrabalho dos operadores (MOTTA,2009).

A Educação Ambiental édiferente de treinamento, pois estetem como meta a boa aplicação denormas e procedimentos, inclusiveos de caráter ambiental, necessáriospara o exercício das funções decada empregado. O foco daEducação Ambiental é criar edisseminar valores e transformaratitudes, o que inclui, mas não selimita a, difusão de informações econhecimentos (MOTTA, 2009).

Esse processo começa com acompreensão das questõesambientais envolvidas nos proces­

sos da empresa, sejam eles deprodução ou administrativo. Todocolaborador deve estar conscientedas questões ambientais presentesem seu ambiente de atuação, doseu desempenho ambiental e dopróprio desempenho operacional.

A base de um programa desensibilização é fazer com que osfuncionários entendam de que formaa sua atitude está relacionada aodesempenho operacional e ambien­tal de sua área (MOTTA, 2009).

Política Nacional deEducação Ambiental em seu art. 3ºestabelece que como parte de umprocesso educativo mais amplo,todos tem direito a educação am­biental, sendo que em seu §V, domesmo artigo, incube: “às empre­sas, entidades de classe, institui­ções públicas e privadas, promoverprogramas destinados à capacitaçãodos trabalhadores, visando à me­lhoria e ao controle efetivo sobre oambiente de trabalho, bem comosobre as repercussões do processoprodutivo no meio ambiente”(BRASIL, 1999).

Para tanto, pode­se desen­volver um programa de EducaçãoAmbiental que envolva um conjuntode atividades sistematizadas, e coma participação dos diversos setoresda organização, que não pode estardistanciado da realidade operacionale ambiental da empresa, bem comodo contexto de vida de seuscolaboradores.

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O que se percebe, noentanto, é que a EducaçãoAmbiental ficou distanciada em certamedida do ambiente corporativo,apesar do trabalho e da produçãoocupar papel central da vida e dacultura humana sendo determinantepara as transformações doambiente. Por meio do trabalho,ocorre um processo quesimultaneamente altera a natureza eautotransforma o próprio ser quetrabalha (BETTEGA, 2009).

O ambiente específico dotrabalho significa muito mais que olocal de trabalho restrito aointerior das fábricas:

O mundo do trabalho e,portanto das empresas, não podeser encarado como algo mecânico,

duro e frio que se dá sem apresença de homens emulheres. Aocontrário, é um espaço repleto designificações, parte importante davivência em sociedade, onde o serhumano constrói suas percepçõesde mundo baseadas nas relaçõescom o outro em sua vida cotidiana ecom o ambiente que o cerceia,portando recebe e troca etransforma a realidade, trazendoseus sentidos próprios para dentro epara fora do ambiente corporativo.

Paulo Freire (1983) nosaponta que o “o homem não podeser compreendido fora de suasrelações com o mundo, de vez que éum ‘ser­em­situação’, é também umser do trabalho e da transformaçãodo mundo”.

A educação ambiental, nãoabolindo sua visão crítica dasociedade, precisa ocupar osespaços onde há seres humanosque atuam na sociedade. O mundodo trabalho dentro das fábricas é umdestes espaços. O desafio desteprocesso é entender o meio comocampo de relações intensas e osseres como sujeitos protagonistasestruturando uma EducaçãoAmbiental que “recusando tanto odesespero quanto o otimismoingênuo” seja, portanto esperanço­samente critica (FREIRE, 1983)

“deve abranger tudo que serefira ao 'habitat' laboral, princi­palmente o local de trabalho(aberto ou fechado, interno ouexterno) e imediações que neleinterfiram, bem como aspráticas e métodos detrabalho, a edição, cumprimentoe fiscaliza­ção das normas desaúde, segurança e higienedo trabalho, a implementaçãode medidas preventivas dedoenças e acidentes do trabalho, aconscientização ou educação detrabalhadores e empresários sobrea necessidade de zelar pelo meioambiente laboral adequado, aadoção de equipamentos deproteção coletiva e individualdos trabalhadores, a rejeição demáquinas e equipamentos queponham em risco a saúde e a vidados trabalhadores, a abolição decontato direto do trabalhador comsubstâncias nocivas à saúde,entre outros” (SOARES, s.d.).

“E sua esperança crítica repousanuma crença também crítica: deque os homens podem fazer erefazer as coisas; podemtransformar o mundo. Crença emque, fazendo e refazendo ascoisas os homens podem superara situação em que estão sendoum quase não ser e passar a serum estar sendo em busca do sermais”.

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Dessa forma, deve­seconsiderar uma abordagemeducacional que se fundamente naexperiência intensa e íntima dogrupo, respeitando os diferentessaberes e fazeres, suscitandocondições para que o grupo crie umfazer educacional que lhe sejapróprio e condizente com suarealidade (OLIVEIRA, 1995).

A Educação Ambiental nãotem a intenção de ser radical, e simde ser um processo transdisciplinar,transformador e consciencioso quetem a intenção de interferir de formadireta com hábitos e atitudes doscidadãos. Esta ciência visa odesenvolvimento da consciênciaambiental e da cidadania ecológicado individuo, onde é estabelecido orespeito entre os seres vivos queexistem em nosso planeta emelhoraria da estrutura de uma

sociedade (QUINTAS, 2003).Assim a Educação Ambiental

conduz os profissionais a umamudança de comportamento eatitudes em relação ao meioambiente interno e externo àsorganizações. A EducaçãoAmbiental nas empresas tem umpapel muito importante, porquedesperta cada funcionário para aação e a busca de soluçõesconcretas para os problemasambientais que ocorremprincipalmente no seu dia­a­dia,no seu local de trabalho, naexecução de sua tarefa, portantoonde ele tem poder de atuaçãopara a melhoria da qualidadeambiental dele e dos colegas.Esse tipo de educação extrapola asimples aquisição de conhecimento(VIEIRA, 1998 apud ADAMS, 2005).

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A Educação Ambiental é umaprática que se insere, em seu amplocontexto, nos ambientesempresariais, principalmente pelaimplantação de Sistema de GestãoAmbiental (ADAMS, 2005).

Para Adams (2005) existe anecessidade urgente de umamobilização que propicie a inclusãoda Educação Ambiental nasdiferentes esferas sociais,principalmente nos ambientesempresariais, para que seja possívelestancar e reverter o quadrosocioambiental atual. .

Adams (2005) cita aimportância de um processoeducativo que inclua a EducaçãoAmbiental nas empresas, pois estapossibilitará a reflexão parapromover mudanças de atitudes emtodos os componentes dainstituição. Ainda segundo Adams(2005), atualmente, grande partedas empresas já estão empenhadasem incluí­la em suas práticasrotineiras, independente deexigências legais e de normasexigidas pelas certificações.

Um dos maiores desafiospara o exercício de açõeseducativas no processo de gestãoambiental é a busca necessária demediação face à multiplicidade de

interesses e à diversidade deinterlocutores. A pluralidade deinteresses dos diferentes indivíduos,grupos ou segmentos sociais, noprocesso de apropriação e uso derecursos naturais, caracterizam adiversidade de interlocutores. Osdiferentes interesses afetos àsquestões ambientais, normalmenteevidenciam conflitos que exigemmediação para fazer viabilizar odiálogo. Os atores que estãoenvolvidos no uso e na gestão dosrecursos, as relações de força epressões que configuram o acessoou não a estes recursos, a maneiracomo os processos decisóriosocorrem, são fatores determinantespara se avaliar como as forçassociais se articulam na apropriaçãoe uso de recursos naturais, porindivíduos, grupos ou segmentossociais (OLIVEIRA, 1995).

Outra questão apontada porAdams (2005) é a importância doplanejamento para a realização deatividades educativas, pois o mesmonorteia a ação, indicandoobjetivos, metas, formas deaplicação, utilização de recursosdidáticos, avaliação. Para que sealcance o compromisso docolaborador com a melhoria dodesempenho ambiental é preciso,em primeiro lugar, que ele perceba asua importância no processoprodutivo, tendo acesso a

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conhecimentos básicos sobre meioambiente, que o auxiliem naidentificação das principais fontesgeradoras de impactos ambientaisdo seu posto de trabalho. Paraalcançar tais objetivos, aelaboração de um Programa deEducação Ambiental é umaferramenta imprescindível para aconscientização e qualificação dosempregados, nivelandoinformações e conhecimentos(LIMA e SERRÃO apud ADAMS,2005).

Percebe­se também que éextremamente importante autilização de materiais didáticos deapoio para a Educação Ambientaltornar­se mais significativa nosambientes empresariais. Érecomendado, pela conferência de

Tbilisi (1977), que se formulemprincípios básicos para prepararmodelos de manuais e de materiaisde leitura para a sua utilização emtodos os níveis dos sistemas deeducação formal e não­formal eque se utilizem, na maior medidapossível, a documentação existente,e se aproveitem os resultados daspesquisas em educação aoelaborar materiais de baixo custo(ADAMS, 2005).

A Educação Ambiental notrabalho pode se transformar numcompleto programa educacionalincluindo material didático­pedagógico e pode ser adotadacom eficácia e ser adaptada àsnecessidades de qualquerorganização, com simplicidade ebaixo custo.

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Um Programa de EducaçãoAmbiental precisa ser um conjuntode atividades sistematizadas e coma participação ativa dos diversossetores da empresa. Assim comoem outras temáticas, para seconstruir um Programa de EducaçãoAmbiental é preciso definir diretrizese construir diversos Projetos.

Um programa é um grupo deprojetos relacionados, gerenciadosde modo coordenado para aobtenção de benefícios estratégicose controle que não estariamdisponíveis se eles fossemgerenciados individualmente. Osprojetos dentro de um programa sãorelacionados através do resultadocomum ou da capacidade coletiva.

Um Programa de EducaçãoAmbiental deve ter como focoultrapassar as questõesoperacionais, técnicas e desegurança do ambiente laboral econstituir uma estratégia maisabrangente, incorporando aEducação Ambiental como valorcultural da empresa. Desse modo épossível disseminar conceitos edemonstrar a influência de cadapessoa para a qualidade ambientaldo meio em que vive.

Como ferramenta do Sistemade Gestão Ambiental, os Programasde Educação Ambiental também tema função de auxiliar na elaboraçãode indicadores ambientais e dedesempenho que demonstrem nãosó os benefícios do Programa, mastambém do próprio Sistema deGestão Ambiental e que se traduzaem atitudes proativas na empresa,principalmente no seu dia­a­dia(MOTTA, 2009).

A existência de um programade Educação Ambiental no âmbitode toda organização estimula ocomprometimento do funcionáriocom o enfoque ambiental, ajudandona proteção e melhoria do ambientee conduzindo­o a uma reflexãosobre seu agir. Deste modo, cria­seum ambiente em que é possível amudança de comportamentos eatitudes em relação ao meioambiente interno e externo àsempresas, despertando ofuncionário para a ação e a buscade soluções concretas para osproblemas ambientais que ocorremprincipalmente no seu dia­a­dia, noseu local de trabalho, na execuçãode sua tarefa.

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