Pholoffraphias, vistas instantâneas, desenhos e caricaturas.

REVISTA DA SEMANAEdição semanal illustrada do JORNAL DO BRASIL

Redaotor-gerente, Dr. CÂNDIDO MENDES - Redactor-ohefe, Dr. FERNANDO MENDES DE ALMEIDA - Dlrector-technioo, GASPAR DE SOUZA

Anno IV —N 140 DOMINGO, 18 DE JANEIRO Numero : 3oo rCis>fá

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ARMANDO PALÁCIO VAL1IÉS i10)

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JOSÉ(NOVELLA DE COSTUMES MARÍTIMOS)

VERSÃODE

CUNHA K COSTA

IIIConcluiu afinal a sra. Isabel; approvou José a

ladi oeira e recebeu das m.iosdo algoz um punhadode ouro para repartir no dia seguinte com os com-panheiros. Depois que o guardou em uma bolsade couro escondida entre as pregas da faixa, poz-seoutra vez a dar voltas á boina com as mãos tre-mulas. Era chegado o momento critico de fallar.José nunca havia sido um orador eloqüente, masnaqaella emergência sentiu-se absolutamente pri-vado das qualidades que o constituem. Subia-lheá garganta, engasgando-o, um fluxo de sangue;apenas acertava em responder por monosyllabosás perguntas que a srá. Isabel lhe dirigia sobre osresultados da posca e as probabilidades e esperan-ças de futuro; a velha, depois de chupar Iheosangue, procurava mostrar-se amável co n elle. Mas aconversação, apesar disso, ia morrendo sem que omarinheiro lograsse dar forma verbd ao pen a-monto. E já a sra. Isabel se dispunha a pôr pontona palestra, levantando-se da cadeira, quandoElisa abriu de repente a porta e entro j; a pretextode procurar umas tesouras que lhe faziam falta;ao sahir, a escondidas da mãe, fez-lhe um sem nu-m M'0 de signaes e tregeitos, todos tendentes a re-clamar lhe o cumprimento d« promessa; e tãoimperiosos e terminantes que o pobre marinheiro,fazendo das tripas coraçio e concentrando todo oseu animo em um esforço sipreino, atreveu-se adizer:

Sra. Isabel...Teve medo da própria voz e até á velha sor-

prehendeu.Que dizias, querido?O olhar que acompanhou e>ta pergunta fel-o

baixar a cabeça; quedou-se alguns momentos sus-penso e embaraçado e, afinal, sem levantar osolhos, murmurou com voz rouca:

Sra. Isabel: no dia de S. João penso botara lancha á água...

Contra a sua espectativa, a velha não respon-deu uma palavra; continuou olhando-o fixamente.

Não sei se ainda se lembra do que me disseo inverno passado...

E a sra. Isabel... nem pio. Muda como umpeixe.

Eu não quizera incommodal-a... mas comoo tempo vae passando e já não ha estorvo demaior... depois, a gente não sabe o que ha derespondei* ao povo... e como já tenho casa apa-lavrada... o melhor seria despachar o negocioantes que o inverno aperte...

E a sra. Isabel... moita José ia-se pertur-bando cada vez mais : cravava os olhos no chãocom tal afinco que parecia desejar que elle seabrisse.

A velha dignou-se, ao cabo, exclamar alegre-mente.

Safa, que me metteste um susto! Cuideiao ver-te assim tartamudo que ias dar-me algumamá noticia é afinal de contas saes-te com o quemais podia agradar-me.

O rosto ao marinheiro tornou-se radiante.Que alegria, sra,! Tinha medo ...Medo ?! De que?... Não sabes que o desejo

tanto quanto tu o desejas?... José, tu és um bomrapaz, trabalhador, honesto, nada vicioso. Quemais posso desejar para minha filha? Desde quecomeçasle a cortejai a que te vejo com bons olhos,porque tenho a certeza de que a farás feliz. Atéagora tenho feito por vocês dois quanto estava naminha mio fazer e, se Deus me ajudar, conto iraté ao fim. Não me sahern do pensamento todo osanto dia ; e tomara já velos casados. Mas vocês,gente moça, querem tudo a vapor. Por que tantapressa ?... Tanto tu como a Elisa sois muito no-vos e a pezar de que, graças a Deus, vos nãofalta pdo, talvez elle não chegue para a filharada...Um bocadinho mais de paciência não custa : tra-balha tu quanto poderes para que nunca haja fome,e o resto virá ...

O rosto de José ia-se toldando outra vez.Ernquanto não chega o grande dia, prose-

guiu a velha, nào te dê cuidado a Elisa : eu velareiporque o seu carinho nào diminua e seja tão boap trahalhadeira como até aqui... Vamos, não fi-

safra do bonito e quando < lia acabai', se fòi' boa,falia reinos.

\i dizendo isto, levantou se; José fez o mesmosem (lespregar os olhos do ch o ; tio triste e aba-lido que nicttia dó. A sra. Isabel deu-lhe algumaspaimadinhas carinhosas no hombro, empurrando-oao mesmo tempo para a porta.

Toca a ceiar, rapaz, que. tu já nas de tervontade o nós também. Elisa — accrcscentou le-vanlando a voz, — alumia ao José que se vae em-hora. ib»as noites e até amanhã.

As mesmas lhe de Deus, sra. — respondeuJosé com voz sumida.

Elisa desceu com elle a escada e abriu-lhe aporta. Ambos se olharam tristemente.

-- Tua m''e nào quer—disse elle.Ouvi tudo.

Guardaram silencio um instante; elle,da bandade fora; ella, dentro do portal, com o eandieiro deazeite numa das mãos e encostando se com a ou-tra á humbreira da porta.

(C.Qiüiivm).

FERNANDO AMAftOL£oi quem primeiro despertou, em terras para--*- naenses, a orientalesCa enrythmia do Verso.

Nascido em Paranaguá pela época de 1830 epassando a vida como um real Senhor que o era,na hoje decahida cidade de Morretes, que representava então o núcleo principal do adiantamentodeste bello recanto do Brasil, Fernando Amarocelebrava a grandeza do Sonho nos violinos daRima, plantando no seu tempo o mais gloriosomarco do espirito de nossa terra.

Sem as loucuras trancedentaes da genialidade,mas inspirado sempre, foi o antigo bardo, nestaparagem meio americana, meio scandinava, e poronde nem sombras palmilhavam dos sapadores dagrande civilisaçio, o éco esthesiaco da dôr men-talisada e do êxtase maravilhoso de que vivem oslevitas da contemplação.

A 16 de Novembro de 1857, a terra que lhe ali-mentara os cânticos viu o no poente da morte queo amortalhava aos 26 annos de edade, como umdoloroso crepúsculo em pleno dia!

Obscuro, delimitando o mundo tão vasto eatormentado no luminoso esforço do seu Ideal, emque a sua alma se estrellejaria como um infinito,o Poeta suave e sincero esculpiu a obra que lhefora dado crear e pela qual, embora sem purpurasreaes, o Paraná começa de erguer o munumentoda sua gloria.

A Turris Eburnea curva-se ante o nome doSonhador de Armia, no anniversario de sua morte,e illumina a pagina de honra com o seu bustofidalgo, para entrar na liça com o broquel maisquerido que ha por estas margens do Universo.

Primeiros versos publicados no Estado do Paraná:

VERSOS A' ARMIAAo vêr, ó minha Armia, que partias,Que dé mim para longe te ausmlavas,Quiz por despedida ir a teus braçosMas vacillante fiquei, fiquei confuso...Os membros trêmulos de suor banhados ! .Com olhos fixos em ti... como se fossesDivindade do céo baixada á terra,Eu pude consagrar-te alto respeitoA' par de adorações, á par do extremoE muito santo amor que tu conheces;E parece, ó minha Armia, ser um sonhoQue eu sofíresse por amor, tanta amarguraQuando a taça de mel me estava em frente!Eu mesmo, pois, não creio que pudesseConter-me sem que fosse nos teus lábiosTransportado de amor levar um beijoN'aquell'hora de acerbo apartamento!...Mas me pude deter sem dar um passo,E immovel fiquei, qual uma estatua,Com olhos fixos em ti!... Não reparasteD'esta alma o mysterio no semblante?!..N'essa hora fatal que tu partiasEram, quaes farpâos, os meus desejosA retalharem-me o peito que, indeciso,Menosprezando a lei de amor tão santo,Não soube ç >mpík,hendér fortes impulsosOue diziam: ali, de.Armia ao colloVae por breve momento reclinar-teE refrigerio buscar, qu<> ella se au^enln !...N1cssa hora, p'r» mini ílo i-ies enTeiosEram, como, punhaes < s ineus anliêlosVibrados pela mã» d • acerbo pejojQue roubou-me o prazer e linítivoDe gozar 0 nue am«,r tem por victoriaD'em teu* lábio:' deixar impresso um beijo!...Apenas commovido, ao separar-nos,E ferido pelos ecos da tristeza,Tua dextra apertei, e èjéctrisado,Entre chammas de amor c vão receio,Eu pude articular, com minhas dores,Um adeus tão somente! E lu partiste,Ficando-me a saudade e o solírimento!

Por Fernando Amaro de Miranda.Morreles 31 de Julho de 1835.*

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RECREAÇÕESs(y-J :>Ó SL» Kr

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A< soluções dos problemas publicados no nossoniiaíer.o OHsVadó são a-í ~' ffuiniós :

Da charada antiga, Pâliür.o : <11 charada casal, Sul-vio — Sulvia; e da charada bisaila, Pequena —Pena.

Nhasinh», Tupy, Aymoré, Talo, Durval Pinto, Qui-ninha, Juliela, Azer, Francisco Tclles e Oremus solve-ram todos os três problemas; Almerinda, Zica, Hor-tencia, Aracy, Odilla, Güiomàr, Nato. Santinha, CarlotaMorena, Jerr.nymo e FI>«.ronM-n.á os çl'ois primeiros.

Para hoje apresentamos-.:charada novíssima {Oremus)

2 — 2 — A rainha moça foi á fonte Siciliana.CHARADA EM TERMO POR LETTOAS ''TlipiJ)

(A* galante eollega Horlencia) '

Moedascharada indiana (Rortencia)

(A' illuslre Nhasinha)Desta i ha veiu um pintor allemão para conferen-

ciar com o general inglez na cidade da França.VNAAAAA

CORRESPONDÊNCIA

Macambira. — Recebemos.trrhliiMMlcs .i;mi'»r

XADREZPROBLEMA N. 201 — N. Harrop.

Pretas (6)

mÊ^LWfà ___________ Wmmmm -BI P | |Brancas (10) — Mate em 2 lances

PROBLEMA N. 202 - Prodignat.Pretas (7)

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Rrrnc.M- (10 — Maio. em 3 lances

SOLUÇÃO DO PROBLEMA N. 197 (&'. Campos)1 D 8 C R (Inicial) 5 variantes.

SOLUÇÃO DO PROBLEMA N. 198 (S. Gold)1 B 4 B D, C 6 D) x 13; 2 D 4 D x. etc.1 , C 4 B D ; 2 C x C x etc.

, P 5 D ;. 2 D 7 C x etc.* »

Resolvidos pelos srs: Auto, Theo, mlle. B. E.,Vedo, C. De Vincenzi, Silvam», Roberto De Vincen/.i,Feliciano Moraes, Feliciano Moraes Filho. M. Lauriano,Salvio e Álipiü de Oliveira. N. 197 : Arthur, C. Guinia-rães (Barl)acén.M) e Gaissa.ho.

« MATCII .. RIO S. PAULO.Alé o dia 13 for.un traVcallos os seguintes lances:

Purlida n. IBrancas (Rio)

P 4 RC 3 B RB 5 C

Partida n. 2Brancas (S. Paulo) Pretas (Rio)

P 4 P 4 RC 3 B C 3 B D

Pelo confronto com o que publicámos no numeropassado, verifica-se que em uma semana foi apenasadiantado um lance de parte a pàite em cada partida

Pretas (S. Paulo;P.4 RC 3 B D

quês triste; náo ha tempo mais alegre que o noi-vado. Deita a lancha no mar para aproveitar a

Da Turris Eburnéa.16—11—900 Curityba — Estado do Paraná.

e apie se continuar ness.i prop(,n.;ão, nao se potrerachegar ao 50° lance antes de um anno, o que natural-mente tiraria o interesse que deve despeitara contenda

Pholographias, visiàs instantâneas, desenhos e caricaturas.

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Redactor-gerente, Dr. CÂNDIDO PRENDES— Redactor-chefe, Dr. FERNANDO MENDES DE ALMEIDA — Director-technico, GASPAR DE SOUZA

Antio IV — N. 140

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jjK',: •¦¦', 446 — N. 140 REVISTA DA SEMANA 18 DE jÁNEinO de 1903

CHRONICAMMWWj

f Jm dos horrores das^-^nossas cadeias é apromiscuidade em quovivem os delinqüentesmenores, o seu contantocom o dei ihq u en teadulto, o longo estagiono cárcere aguardandojulga monto e, depoisdeste, <> cumprimento d<*pena ao lado do habituadas prisõ" s. A essa ath-ínospli' ra peslilonta sóas nlinas privilegiadasresistem, mas es^as só]>or um erro judiciárioirão parar a essas «es-lufas tio Mal», como acer-taçlartieiit'? lhes chamouum grande poela. Asou-Iras, as que nasceram daMiséria <>u riella. seeducaram, | crdem naquelieambiente de perversão atênue claridade que aindalhes bruxoleia num tocantinho da consciência.Já de si mal allumiadas,ficam de todo ás escurase a sociedade, com assuas sabias leis repressi-vas, vae assim errandoperiódicamen te novosinsubmissos, novos des-esperados e novos rc-probos.

Verdade seja que noque respeita á criminalidade infantil e adolescentenão andam os velhos paizes da Europa muito maisadiantados. Na Inglaterra,a pátria dohabeas corpas,

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somina de iniguidado omáximo perigo social.Poífof talvez aflirma; scque a lriglntorra incubasem dar por tal, uma i0Igi-ode revoltados. i\cUIsó a' cr.minalidade ado-lescente, mas a proibiacriminalidade i n faniils o assimiladas ao adulíouseiro e yesèiro na do-linqueneia atroz. As g\»,{.des de ferro, os cano-reiros,a policia,a promis-cuidado, a linguagem éaltitudes severas dos mu-gistrados. Depois, a èx-piaçH,o nas inimundasprisões d»; direito com-mim. Um horrot que

Pala crio dc Lopcz — Casa do goVerno do Paraguay.

das liberdades publicas e das instituições humani-tarias, esse serviço ó deplorável e, no conceito deabalisadós e experientes legista^, allia á maior

começa a preoceu parmuitos espíritos na so-ciedade britannica e acrear uma corrente dereforma radical.

Só os Estados Uni-dos, até hoje, pensai ana serio no problema, eu i-dando logo de resolvei ocom a actividade, o bomsenso, a necessidade deaccão immediata que oscaracterisa. Em muitascidades, funecionam tri-bunaes do policia cot-reccional privativos dadelinqüência infantil eadolescente. Nem forro-lhos, nem muralhassombrias, nem policiasfardados, nem juizes de

aspecto carrancudo. A admoestaçào paterna!, oconselho bondoso, a oxhortaçio carinhosa. Paral-lelamente, funecionam admiráveis instituições de

GKI1P0 DE SENHOülTAS PARAGUAYAS NA FESTA DE CARIDADE REALIZADA EM ASSUHPCÃO M 14 DE MAIO DE 1902, NO THEATRO NACIONAL DO PARAGDAY^^^EiaafEMIBj BBBBaaa^^-^^^aBEEERBEEEBMEB»^B F? * á&BJ BBaa^^

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l í, ..:'f:Isabel Bóvolini,

1 — Teresü Macins, {Peru1 ; 2— Elorlia Aguinaga, (Chilo;; 3 — Maria(Siiissa); 7 — Ersilia Ilein, (Paraguay); 8 — Maria E

Aplegar, (Franca); 4Gauná, (Argentina); 9— Er-ilia

Alice Ferreira, (Brasil)-; 5 — Tomasn Fernandez, (Holivia;:/¦ ...,.r„...\ i.) \t ... ii % ... .. AV.,,er!' (MÇ?lco); 10 — Concepcion Levicri, (Inglaterra): 11 — Elodia Ribeiro,(Lruguay); 12 — Maria Manzoni, (Áustria); 13 — Soíia Mendez, (Portugal) ;14 - Matilde Hivolini, (Allemanha) 15- Erminia Arriola, (Norte America); 10 - Margarida Buelour, (llalia); 17 - lienefrida Monlero, (Hespanha).

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18 de Janeiro de 1903 REVISTA DA SEMANA 447 — N. 140

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patronntò destinadas a arrancar ao vicio c ao'nino essas consciências que, muitas vezes, nem$n<Waí» a adquirira noçáo do Bem é do Mal.f s.slrn pasa o pequeno delinqüente das mrtos doiÜJ

iUa as ^a 5»ridadft social e o numero dosegoiHi-ndos bastaria, por si só, para consagrarainstituição.V»nndo teremos nós, no Brasil, cousa que se'issemdhe a °ste systema previdente e salutar?

EH dilíicil responder. Talvez nunca; lalve/. ama-lihl. Todas as medidas de ordem politin, a.lmi-nistrativa ou social sio, entre nós, impulsi\:is;obedecem ao capricho de momento, â nevrose deo xasilo. Por isso n io ha previsòes possíveis ivsiaterra que a natureza, contra a vontade <los hu-mens, se obstina em perpetuar e embrllezar.

Jacques Itoiiliomme.

Numa briga um sujeito recebeu um solcmnis-simo ponlapé.

A otTensa é grave e as calças, de cândida lia-nrlla, ficam rasgadas.

0 paciente volta-se para o distribuidor;Senhor, quero, custe o que custar, uma re-

paraçáo.Pois bem, mande as calçis a um alfaiate etaça elle o concerto á minha custa.

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448 — N. 140 REVISTA DA SEMANA 18 ííé Janeiro de 1903

Visita do sr. chefe de policia á fazenda de Dois Rios, na Ilha Grande, onde vae ser instaüada a Colônia Correccional

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Vista do porto em que eglá situado o Lazareto <la Ilha Grandee onde ancorou o Republica.

Casa da administração da fazenda 4° ®01S P-'os e parle dosalojamentos destinados aos colonos.

v. •

OS Tf{ES DESTINOS(Continuação do n. 139)

I mmoveis, parece escutarem algnna Voz longin-¦*- qua, que só ellas ouvem, atra vez da bruma doPassado. Nào se íitain. Cegos para o mundo exte-rior, seus olhos nào dis-tinguem senão visões daalma, extasiados na su-blime cegueira do so-nho. Nem faliam entre si— pois que mouquinhasjá, por alto que fallas-sem, não lograriam fa-zer sé entender. Não lal-Iam nunca. Mas o Ocea-no, que é o eterno con-fidente dos que sonham,o velho Oceano que éseu amigo, falia por ei-ias. E ás vezes, parecesoluçar;..

Crepúsculos roxos dabeiia-inar! Hora mysticado sonho! Sobre as cou-sas extaticas, um gravesilencio paira, como naespera augusta de ai-guina apparição divina.

As ondas, as nuvens,parecem immoveis. Já asondas, como freiras, re-zam mais baixinho e seacalmam para dormir.Estagnada em sombra, aTerra envolve-se no seumanto de bruma —e sóo mar rutila ainda. Dir-sé ia que toda a luz etoda a côr fugiram paraelle.

Sob os jardins das

nuvens, as nguns luminosas .lembram outros jar-dins chimericos de lilazes e violetas dosfolhadns.Ch.nrcos da praia são espelhos de poentes, entreos phantasticos penedos que se azulam. O inlcr-mino Oceano resplandescente parece arder numinc< ndio f crico de cores. Relâmpagos t\o pedra-ria*, ehnmmas errantes palpitam, deslizam á su-

perficie das vagas, comoCada crista de espumaincendiado. Cada ondanereida, polvilhada dedesata.

O' mar de miragens,ládórdò clíimeràs! Oue

i!if*.;:>'j w-M;' :.'-i-:;^-:-r:,•'.;.••-.¦;••.¦ v.-:'}«:v . __j_i^__ '¦ ¦¦ ' ^'"r^K-^iú-'-'-;^ >:¦ • <,&':. ;V.::-.-.--WfMÊÊÊÈÉÊÊÊÊÊmmmfiLtÂiMMf-, v^i^^aaaaaaaaaai BBi¥í% *'"*«?¦¦¦ ' aa BaBBj;|Mí; 'ís^fBB BB */wBal BBBm mVc ' ãIBBBBBBBBBBB '" -íâ-B B>-'". ;^wI m\ - Wm\ mim.'' ^«ll BBJ B. rs-«BB^^B^-::"V'/ . li :'.;';í?-':*«Wrw^Pf^ WÊ& '<' aFT^^BBBaaaaBaW--* ' ' "¦ . PJtKi 1 WPfl »-k ãBS-f ¦ ^1 ¦ ' >1^ >¦ W ¦* ¦'•H¦¦BBB^fe,;;.-;:..^:;^^^^»*^ fO fia* ••---' !• '¦•'^g- -...¦•!' .'..:.^':' |•'^tlmWfSMwSiisÊ''^ '*>í".*?'? ,---~:• <^*L ¦ *%^sBBv5''í 'ái?^e-- BB '*r*. ITüâw- ' ^^ '•¦>¦ '¦ «-âí.* ?'v- è^{í',i'-v -BBBBBBBHBaB^BBB^K Éa Ba ";¦ '^.JmmmmãrmÈÈmÊlsC ',' W47 ¦»¦' -1 BsBf; >,- -' '*^^™^™Baa™<aiiBBWR««^^BBiBjia]|ffl^^ 1 aj

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O chefe de policia, a sua comitiva e os representantes da imprensa na fazenda de Dois Rios,logo lepois da chegada ao local.

uma labareda num trigal.s'ii;iza prisma de crystal

é uma verde cabelleira deo palas e corae^, que se

mar de saudades, emba-bíblica paz elisea na tuasolemne immensidade,sob ó vago bruxoleio dalilz angelisante! Nenhumlythmo eguala a reli-giosa harmonia da tuaelegia antiga! Por issoos que soffrem, e os quese recordam, vem pio-curar te, ó Mar divino,para esquecer e parachorar!

. Esphynges da sau-dade, suspensas sobre osabysmos do infinito, astrês velhinhas absorvema sua alma na alma doOceano.

De todo o Passadomorto, só elle lhes fadaainda, o vasto Mar éter-no, ao mesmo tempouniforme c multiformecomo a vasta Vidaeterna. Imagem do seudestino, sempre a chorara mesma dôr inalterav. 1,elle as viu nascer e uma um lhes viu morrertodos aquelles que amii-ram. Por elle foram cria-das. Ao seu lado vivera ntoda a vida. Na infânciabrincou com ellas ^aareia, como uma criança.Depois, quando foramcrescendo, ensinou-as a

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Pateo central dá fazenda, alojamentos e outras dependências da mesma. Na colônia de Dois Rios — Uni dos pontos piltòrescos do seu littoralg

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18 de Janeiro de 1903 REVISTA DA SEMANA 449 — N. 140

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A excursão á 1'lia Grande — A bordo do Republica — 0 commandante, officiaes e alguns excursionistas.

cantar, ao rythmo das suas ondas, os seus amoresprimeiros. E agora, já velhinho, vem ás tardesconversar com cilas e tomar o sol, como um velhi-nho também, encostado aos rochedos da praia.

[Continua.) Jusfno de Montalv&o.¦ *»^V^*_^^ ^J »

CONSELHEIRO FREITAS HENRIQUESEstampamos na primeira pagina deste numero

o retrato do conselheiro Freitas Henriques, presi-dente aposentado do Supremo Tribunal Federal,íallecido no dia Io do corrente.

SPORTCYCLISMO

VELO-CLUBRealiza-se hoje a assembléa geral de sócios afim de

empossar.a nova direct<>ri:i, ouvir o parecer a com-missão de contas e tratar da reforma dos estatutos.

Esta é a 2n convocaçã > e a assembléa funecionarácom qualquer numero.0 Velo iniciará e-4e anno em fevereiro próximoas corridas da nova temporada.O motocyclo encommendado á casa Clément, deParis, só chegará cm fins de fevereiro ou princípiosde ii>arco.

Os corredores acham-se influídos com a vinda domotocyclo e contam que brevemente grandes provashaverá oceasião de assistir.TOURING-CLUB DO RIO

Brevemente terá logar na linha de tiro desta futu-rosa sociedade um outro torneio entre os sócios.0 sr. Adelino S >ares, director da aula, que dirigiu

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com tanta proficiência o ultimo torneio, organisará asbases do certamem e as condições da inscripção.— As obras na pista do Cattete começarão portodo este mez, desejando em março a digna directoriarealizar as corridas de inauguração.

Conhecido e hábil engenheiro fiscalisará os tra-balhos, dotando-a com os melhoramentos introduzidosnos velodromos da Europa.

Também será construída uma linha de tiro e a se-cretaria mudar-se-ha para perto.

SP0RT-CLUBCompleta hoje seu Io anniversario o Sport Club,

sociedade sportiva composta de uma pleiade de dis-tinetos moços da nossa sociedade.

Para commemorar esta gloriosa data realiza-sehoje na pista do Jardim Zoológico uma grande festa,com um programma cheio de attracções e sorpresas.

Um grupo d> gentis senhoritas toma parte no tor-neio de tiro organisado e dirigido pelo sr. Manuel Dias

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1 o«nng-G?lub do Rio—Adelino Soares, director da aulade hro.e organisador do torneio.

Touring-Club do Rio—Io vencedor (medalha de ouro)Diniz Teixeira Lobo.

de Carvalho que terá assim oceasião de ver coroadosos seus esforços.

Das corridas fazem parte dous grandes prêmios:Imprensa, na distancia de 8.000 metros e Sport-Club nade 20.000, nos quaes acham-se inscriptos bons corredo-res que se têm esforçado em cotejos no campo deSantAnna.

O que vae ser a corrida de hoje dil-oo enthusiasmonão só dos sócios como de distinetas familias habi-luées das festas deste estimado centro cyelista.

CLUB ATHLETICO SANTA THEREZA

Está marcada para hoje, á 1 hora da tarde, a assem-bléa geral de sócios afim de eleger a nova directoria.

EN com satisfação que noticiamos a realização daassembléa geral, pois isto traduz a próxima phasede glorias e de lutas em que este conhecido centrosportivo vae entrar.

GRUPO UNIÃO SPORTIVAAs próximas corridas deste novel centro cyelista,

como ja noticiámos, eslão marcadas para o Io domingode fevereiro. Parece que além dos dois pareôs que dei-xaram de realizar-se na ultima corrida serão organisa-dos outros com corredores do Grupo.

Neste mesmo dia será feita a entrega de medalhas.CLUB ATHLETICO DIAS DA SILVA

A digna directoria desta estimada aggremiação cy-clista pretende realizar,no domingo próximo ,uma cor-

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Touring-Club do Rio — 2o vencedor (medalhade prataValeriano do Couto.

rida intima antes da inaugural, afim de serem conheci-das as forças dos corredores e ser assim organisado oquadro.

A Revista da Semana, como prometteu, dá nestasecção os retratos dos vencedores do grande torneiodè tiro, realizado no Touring-Club do Rio.

O Io vencedor, Diniz Teixeira Lobo, é um atiradormuito moderno e feito no Touring. Nos torneios emque se tem inscripto tem sempre revelado muito adi-antamento e presentemente pôde competir com os me-lhores atiradores.

Em seu peito vêm-se diversas medalhas, que sãoas victorias obtidas em torneios de tiro, cyclismo etc.

O 2o vencedor, Valeriano do Couto, é outro ades-trado atirador; dotado de muita calma e com umapratica de mais de nove annos alcançou, por pequenaaifferença do Io, a honrosa collocação do 2o logar.

Custodio Gonçalves da Cunha, o 3o vencedor, étambém um atirador respeitado. Muitas são as victo-rias obtidas no Tiro Federal e em outros certamensem que se tem empenhado, ao lado de grandes atira-dores, fazendo sempre figura saliente.

Finalmente o 4o vencedor é o sr. Miguel EmilioRomano, que apezar de se descuidar um tanto, aindaassim no ultimo dia deu um grande impulso conse-guindo a 4a collocação, sobre os 17 concurrentes.

Os prêmios que cabem aos vencedores são: me-dalha de ouro ao Io, de prata ao 2o, de bronze ao 3o euma surpreza ao 4o.

A falta de espaço obriga-nos a restringir os dadossobre cada um dos vencedores que nesta nora elevambem alto os nomes do glorioso Touring-Club do Rio edo sr. Adelino Soares, director da aula de tiro, que é oorganisador das bases do grande certamen do mezpassado.

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Touring-Club do Rio —3o vencedor (medalha de bronze)Custodio Gonçalves da Cunha.

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^r450 — N. HO REVISTA DA SEMANA 1S oi; .Ia.nkiuo dr 1903

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OS THEATROSdeu-nos terça-feira a ltt representação, nesta época,do drama Coração de Pae.

Entretanto, nem por isso deixará esta secçiode ser mantida, antes a ausência de companhiasnos dá certa folga para tratar detalhadamente dealguns grandes successos do theatro francez que,por falta de espaço, fomos obridados a pôr departe..

Entre as peças de que nos vamos occupar nospróximos números da Hèüista da Semana figurama rruncésca. dá fíimini,de d,Anh,uhzio e La Cai1-mélilc; de Cátulle WinM^^^fx^^^^s^M

Actriz Àdelina Nunes, do theatro S. José.

artiu para S. Paulo e Santos, em tournée, acompanhia Dias Braga, estreando na capital

paulista com A Honra, de Sudermann, traducçãode Cunha e Costa. A peça agradou, a julgar pelasinformações que recebemos e pela critica da im-prensa paulista.

Estamos, pois, reduzidos, em matéria thcar-'

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Estamos, pois, reauztuos, em maieria mua-bal, á sociedade artística que explora o.S. José,ex-Variedades e que depois da Virgem Negra,

Actriz Felicidade dos Santos,da companhia que actualmente trabalha no S. José.

Actriz Olyinpia Moiilani. do theatro S. José.

montagem desses trabalhos, sua riqueza e pro-priedade de enscmiação, merece um estudo com-pleto, pois eqüivale a melhor das lições e servede excellente modelo aos nossos emprezarios eartistas.

Pela Francesca da fíimini, maravilhosa recons-tiluiçlo histórica, começaremos no próximo nu-mero.

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Lobos na Malhada, peça cm 3 actos, de costumes porfeuguezes, de Cunha z Costa — U acfco.

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452 — N. 140

(Continuação do n. 139)

Kpara que quer você" levar isso? Os cazembistask que vão comnosco riram-se hontem muito com

as partidas que elle fez; estiveram a admiral-onuma retoiça pegada. No Cazembe nào ha destesanimaes, segundo elles afíirmam.

— Pois sim, sim, —continuou o governadorasperamente^Vá^lá para o seu logar e mais o-burror .

Ouviram-se vozes de commando. A expediçãotomou o caminho do grande rio que tinha de atra-vessar para a outra margem.

De nariuas a tremer, os grandes olhos castanhos razos d'agúa, num olhar triste de morti-

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Capitão dr. Neiva de Figueiredo, director da ColôniaCorreccional.

ficado, o Chimancata, aquelle folião que teteadmirara em correrias e idyllios pelas margensdo rio, ia agora arrastado pela arreata, de quandoem quando a esticar o pescoço, como se umafunda magua o prendesse alli e houvesse per-cebido para que longas e asperrimas jornadaso queriam levar.

A travessia do Zambeze tinha de ser feita

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REVISTA DA SEMANA 18 de Janeiro de 1903

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Henrique Oswald, o maestro brasileiroque em Paris, no concurso de musica de camera aberto

pelo Figarc, obteve o primeiro logarentre seis centos e tantos concurrentes de

diversas nacionalidades.

em alamadias, grosseiras canoas feitas de umgrande tronco de arvore escavado.

Foi uma cousa difíicillima! De cabeça no ar,as patas t azeiras de reforço ás outras, finca-das no chão, olhos humidos, esgazeados, o Chi-mancata negava-se a embarcar, como se nà*o po-desse apartar-se daquella sua terra natal, dondenão tinha animo de partir porque ella ficava.

— Lá mais força tens tu, mas a respeitode teima, nós veremos —ameaçava o Montalvoaos encontrões a elle.

Subitamente, dos lados da villa, ouve-se umornear suspirado, juvenil, com alguma cousa demusTc^^cnlembrar-o--dolorid o ¦¦Fondó-ásLLuciíL..

E era um rondo que se aproximava.Foi então que o Montalvo nio poude ter mAo

no Chimancata. Ergueu-se-lhe de mios no ar, ar-regaçou os beiços num sorriso de indefmivel ju-bilo, a descobrir-lhe os dentes brancos de maríimnovo e preludiou uma romanza de improviso.

Assim como se zurrasse tremulamente algumacousa que dissesse, como na opera:

O' belValma innamorala!

E o Montalvo furioso:-ChóIChó!

E o rondo orneado cada vez mais perto.Emfim com o auxilio dos dois negros da ai-

madia, e quasi em braços, o conseguiram mettera bordo.

Precisamente quando assomava na entrada docaminho, de cabeçada em pedaços c alabarda derastos, como num lance de theatro, amargurada

FOLHINHAS

e louca, a linda burrinhado João Degredado, gio-vinella bianca e geme-bonda.

A ária daquella ma-gua que ella orneou, sóo coração do Chimancataa soube entender.

Antônio «le C. Júnior.

(Conlinúa)

Os srs. M. NI. Raposo & C„ proprietários da perfu-maria Beija-FIòr, enviaiam-nos duas bcllas folhinhasde destelhar, para o anno corrente, além de alguns, ele-gantes espelhinhos e magníficos mata-borrões, annun-ciativos de seu estabelecimento commcrcial.

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João Clapp, recentemente fallecido.

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