Edição 287 • Ano XXII • Março de 2013 • Viçosa-MG … · obtenha a produção de 30...

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Edição 287 Ano XXII Março de 2013 Viçosa-MG Qualidade do leite: Descarte de vacas com mastite crônica Momento do Produtor: João Bosco Diogo - Fazenda da Onça Índices econômicos e produtivos de uma propriedade com mão de obra familiar Dicas do Veterinário: Úlceras da lactação em vacas leiteiras Ações do Laticínio Funarbe priorizam o bem estar e a satisfação do produtor rural p. 4 p. 3 p. 2 p. 2 p. 4 O sucesso da atividade leiteira começa com a qualidade do rebanho, através da criação e manutenção de animais que apresentem eleva- da fertilidade e altos índices de produtividade, além de tratos sanitários e o oferecimento de uma dieta bem equilibrada. O acasalamento dirigido permite o uso ra- cional de animais geneticamente superiores para alcançar os objetivos pré-estabelecidos com programas de melhoramento. As caracte- rísticas a serem selecionadas são: produção de leite, teores de gordura e proteína no leite, re- produção (ex: intervalo de partos), tipo e con- formação (principalmente do úbere), longevi- dade produtiva, idade da vaca, dentre outras. Como exemplo, podemos citar o produtor Sr. Ozanan Luiz Moreira, proprietário da Fazenda Varginha situada em Ubari (distrito de Ubá- -MG), que optou por realizar o acasalamento dirigido com a ajuda de um técnico especia- lizado na área e da equipe do PDPL-RV. No caso desta propriedade, o produtor priorizou no acasalamento, sêmen de touros que impri- mem melhor conformação de úbere e maior teor de sólidos totais (proteína e gordura) no leite para ser produzido por suas filhas. Este é um exemplo prático de como o acasalamento dirigido pode resultar em melhores indicado- res zootécnicos e maiores rentabilidades para a atividade leiteira. Além de acasalar os rebanhos, indicando os melhores touros para corrigir as característi- cas desejadas das vacas, o programa de aca- salamento dirigido oferece ao produtor uma série de relatórios para ajudá-lo no manejo da fazenda, sendo possível classificar os animais de acordo com seu mérito genético, além de visualizar os ganhos genéticos provenientes do acasalamento, identificando os touros mais presentes no rebanho e determinando o nível de consanguinidade dos acasalamentos, entre outros benefícios. A relação custo-benefício é determinada, à luz da genética, pelo mérito médio de todo o rebanho. Finalmente, manejo eficiente será mais rentável, quando aplicado a animais ge- neticamente superiores, que respondem às intensificações no uso das tecnologias, com maior produtividade de leite, maior persistên- cia de lactação, maior longevidade, dentre ou- tras características desejadas. O programa de melhoramento genético acrescenta um com- ponente de desafio e prazer à criação de vacas leiteiras. Mariana Maciel de Souza Santos Estudante de Medicina Veterinária Emílio Alves Fonseca Estudante de Agronomia Rafael Moura Estudante de Zootecnia Karolina Batista Nascimento Estudante de Zootecnia Lidiane Finoti Estudante de Medicina Veterinária Wagner Machado Estudante de Zootecnia Acasalamento dirigido O ano agrícola é um período definido pelas condições cli- máticas favoráveis ao desen- volvimento de uma determi- nada cultura, a qual se deseja plantar. Este, não necessaria- mente coincide com o início em janeiro e fim em dezem- bro, uma vez que é quando ge- ralmente tem início a estação chuvosa quando as plantas têm condições favoráveis para se desenvolverem através da água disponível no solo. Culturas anuais de ciclo cur- to se desenvolvem de forma mais vigorosa em apenas uma parte do ano. Após a época de colheita da safra, o solo per- manece em descanso até que as condições climáticas favorá- veis sejam reestabelecidas para que uma cultura seja plantada novamente. O período que compreende a pós-colheita e o início do novo plantio recebe o nome de entressafra. Durante a entressafra, o solo que viria a ficar sem atividade agrícola, pode ser utilizado para o plantio de algumas culturas anuais de ciclo curto que consigam se Foi plantado nesta safri- nha, 1 ha de milho, sendo no plantio utilizados 8 sacos do adubo de formulação 08-28- 16, e serão utilizados 8 sacos do adubo de formulação 20- 00-20 e 4 sacos de uréia para cobertura. Já foi adquirida a lona que será utilizada na en- silagem, e o preço do serviço mecanizado será o mesmo cobrado pelo prestador na safra. Com o plantio realizado e todos os insumos comprados, estimados os gastos com her- bicida/inseticida semelhantes ao da safra, analisaremos en- tão uma tabela que correla- ciona a produtividade espera- da com o custo total estimado da safrinha. Como o custo total será de aproximadamente R$ 2.570,21 em relação à pro- dutividade, caso o produ- tor consiga 50 toneladas de silagem de milho, terá um custo de R$ 51,40/ton. Caso obtenha a produção de 30 toneladas, o custo passará para R$ 85,70/ton. Observa- mos na tabela 2 que, mesmo que o produtor obtenha uma produtividade mínima, ainda assim a produção da safrinha é atraente economicamente, pois se compararmos o custo da produção da safrinha com o preço de mercado da sila- gem (em torno de R$80,00 a até R$120,00 por tonelada) ele não terá prejuízo ao obtê- -la em sua propriedade a este custo. O sucesso na colheita do mi- lho safrinha está diretamente relacionado ao planejamento do processo produtivo dentro da propriedade, como a qua- lidade de sementes, insumos e tratos culturais utilizados. Além disto, é importante le- var em consideração os as- pectos singulares de cada propriedade, que apresenta particularidades quanto a to- pografia, fertilidade dos solos, tipos de máquinas, área plan- tada, nível tecnológico e, até mesmo, aspectos administra- tivos, que a torna diferenciada quanto a estrutura dos custos de produção. Viabilidade econômica da safrinha desenvolver nesse período de condições climáticas menos favoráveis. A safra obtida em função desta cultura recebe o nome de safrinha e é uma boa opção para que o pro- dutor possa obter uma renda extra. Neste contexto o produtor José Maria de Barros, visan- do incrementar a produção de silagem, realizou o plantio da safrinha. Antecipadamen- te, no entanto, orientado pelo Programa, realizou a compra dos insumos necessários, par- te primordial do planejamen- to que culminará em menores gastos na produção. A escolha de algumas características é decisiva para uma boa pro- dutividade, como a área irri- gável, devidamente estercada, que garantirá ao talhão a umi- dade necessária para o bom desenvolvimento da planta; a fertilidade do solo; fotoperído e radiação adequados; a esco- lha da semente a ser utilizada, com características como pre- cocidade, estabilidade e tole- rância ao déficit hídrico. O produtor José Maria, que tem um rebanho de vacas lei- teiras com produção média de 14,60 L por vacas em lactação, obteve produtividade média na safra de milho para sila- gem de 55 t/ha, com um custo de produção de R$ 2.759,88/ ha, tendo assim um custo de R$ 50,18 por tonelada de si- lagem de milho produzida. Tabela 1. Quantidade Preço total (R$) Semente 140 Kg (7 malas) 1.524,04 Calcário 14000 Kg 1.549,80 Adubo Químico 7450 Kg 10.555,50 Serviços Mecânicos Contratados 56 Hm 3.255,00 Herbicida 38,5 L 455,07 Inseticida 2 L 140,00 Tratamento de Sementes 1 L 441,80 Mão de obra contratada 16 L 480,00 Lona Plástica 1200 M 2 (3 lonas de 400 m 2 ) 870,00 Análise de solo 3 48,00 Total 19.319,21 Tabela 1 Produtividade Custo % do custo Valor de estimada (t/ha) (R$/t) da safra mercado (R$/t) 30 85,70 170,78% 35 73,43 146,33% 80,00 40 64,25 128,03% a 45 57,11 113,81% 120,00 50 51,40 102,43% Tabela 2 José Maria e seu filho iago

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Edição 287 • Ano XXII • Março de 2013 • Viçosa-MG

Qualidade do leite: Descarte de vacas com

mastite crônica

Momento do Produtor: João Bosco Diogo - Fazenda da Onça

Índices econômicos e produtivos de uma

propriedade com mão de obra familiar

Dicas do Veterinário: Úlceras da lactação em vacas leiteiras

Ações do Laticínio Funarbe priorizam o

bem estar e a satisfação do produtor rural

p. 4p. 3p. 2p. 2 p. 4

O sucesso da atividade leiteira começa com a qualidade do rebanho, através da criação e manutenção de animais que apresentem eleva-da fertilidade e altos índices de produtividade, além de tratos sanitários e o oferecimento de uma dieta bem equilibrada.

O acasalamento dirigido permite o uso ra-cional de animais geneticamente superiores para alcançar os objetivos pré-estabelecidos com programas de melhoramento. As caracte-rísticas a serem selecionadas são: produção de leite, teores de gordura e proteína no leite, re-produção (ex: intervalo de partos), tipo e con-formação (principalmente do úbere), longevi-dade produtiva, idade da vaca, dentre outras.

Como exemplo, podemos citar o produtor Sr. Ozanan Luiz Moreira, proprietário da Fazenda Varginha situada em Ubari (distrito de Ubá--MG), que optou por realizar o acasalamento dirigido com a ajuda de um técnico especia-lizado na área e da equipe do PDPL-RV. No caso desta propriedade, o produtor priorizou no acasalamento, sêmen de touros que impri-mem melhor conformação de úbere e maior teor de sólidos totais (proteína e gordura) no leite para ser produzido por suas filhas. Este é um exemplo prático de como o acasalamento dirigido pode resultar em melhores indicado-res zootécnicos e maiores rentabilidades para a atividade leiteira.

Além de acasalar os rebanhos, indicando os melhores touros para corrigir as característi-cas desejadas das vacas, o programa de aca-salamento dirigido oferece ao produtor uma série de relatórios para ajudá-lo no manejo da fazenda, sendo possível classificar os animais de acordo com seu mérito genético, além de visualizar os ganhos genéticos provenientes do acasalamento, identificando os touros mais presentes no rebanho e determinando o nível de consanguinidade dos acasalamentos, entre outros benefícios.

A relação custo-benefício é determinada, à luz da genética, pelo mérito médio de todo o rebanho. Finalmente, manejo eficiente será mais rentável, quando aplicado a animais ge-neticamente superiores, que respondem às intensificações no uso das tecnologias, com maior produtividade de leite, maior persistên-cia de lactação, maior longevidade, dentre ou-tras características desejadas. O programa de melhoramento genético acrescenta um com-ponente de desafio e prazer à criação de vacas leiteiras.

Mariana Maciel de Souza Santos Estudante de Medicina Veterinária

Emílio Alves Fonseca Estudante de Agronomia

Rafael Moura Estudante de Zootecnia

Karolina Batista Nascimento Estudante de Zootecnia

Lidiane Finoti Estudante de Medicina Veterinária

Wagner Machado Estudante de Zootecnia

Acasalamento dirigido

O ano agrícola é um período definido pelas condições cli-máticas favoráveis ao desen-volvimento de uma determi-nada cultura, a qual se deseja plantar. Este, não necessaria-mente coincide com o início em janeiro e fim em dezem-bro, uma vez que é quando ge-ralmente tem início a estação chuvosa quando as plantas têm condições favoráveis para se desenvolverem através da água disponível no solo.

Culturas anuais de ciclo cur-to se desenvolvem de forma mais vigorosa em apenas uma parte do ano. Após a época de colheita da safra, o solo per-manece em descanso até que as condições climáticas favorá-veis sejam reestabelecidas para que uma cultura seja plantada novamente. O período que compreende a pós-colheita e o início do novo plantio recebe o nome de entressafra.

Durante a entressafra, o solo que viria a ficar sem atividade agrícola, pode ser utilizado para o plantio de algumas culturas anuais de ciclo curto que consigam se

Foi plantado nesta safri-nha, 1 ha de milho, sendo no plantio utilizados 8 sacos do adubo de formulação 08-28-16, e serão utilizados 8 sacos do adubo de formulação 20-00-20 e 4 sacos de uréia para cobertura. Já foi adquirida a lona que será utilizada na en-silagem, e o preço do serviço mecanizado será o mesmo cobrado pelo prestador na safra.

Com o plantio realizado e todos os insumos comprados, estimados os gastos com her-bicida/inseticida semelhantes ao da safra, analisaremos en-tão uma tabela que correla-ciona a produtividade espera-da com o custo total estimado da safrinha.

Como o custo total será de aproximadamente R$ 2.570,21 em relação à pro-dutividade, caso o produ-tor consiga 50 toneladas de silagem de milho, terá um custo de R$ 51,40/ton. Caso obtenha a produção de 30 toneladas, o custo passará para R$ 85,70/ton. Observa-

mos na tabela 2 que, mesmo que o produtor obtenha uma produtividade mínima, ainda assim a produção da safrinha é atraente economicamente, pois se compararmos o custo da produção da safrinha com o preço de mercado da sila-gem (em torno de R$80,00 a até R$120,00 por tonelada) ele não terá prejuízo ao obtê--la em sua propriedade a este custo.

O sucesso na colheita do mi-lho safrinha está diretamente relacionado ao planejamento do processo produtivo dentro da propriedade, como a qua-lidade de sementes, insumos e tratos culturais utilizados. Além disto, é importante le-var em consideração os as-pectos singulares de cada propriedade, que apresenta particularidades quanto a to-pografia, fertilidade dos solos, tipos de máquinas, área plan-tada, nível tecnológico e, até mesmo, aspectos administra-tivos, que a torna diferenciada quanto a estrutura dos custos de produção.

Viabilidade econômica da safrinhadesenvolver nesse período de condições climáticas menos favoráveis. A safra obtida em função desta cultura recebe o nome de safrinha e é uma boa opção para que o pro-dutor possa obter uma renda extra.

Neste contexto o produtor José Maria de Barros, visan-do incrementar a produção de silagem, realizou o plantio da safrinha. Antecipadamen-te, no entanto, orientado pelo Programa, realizou a compra dos insumos necessários, par-te primordial do planejamen-to que culminará em menores gastos na produção. A escolha de algumas características é decisiva para uma boa pro-dutividade, como a área irri-gável, devidamente estercada, que garantirá ao talhão a umi-dade necessária para o bom desenvolvimento da planta; a fertilidade do solo; fotoperído e radiação adequados; a esco-lha da semente a ser utilizada, com características como pre-cocidade, estabilidade e tole-rância ao déficit hídrico.

O produtor José Maria, que tem um rebanho de vacas lei-teiras com produção média de 14,60 L por vacas em lactação, obteve produtividade média na safra de milho para sila-gem de 55 t/ha, com um custo de produção de R$ 2.759,88/ha, tendo assim um custo de R$ 50,18 por tonelada de si-lagem de milho produzida. Tabela 1.

Quantidade Preço total (R$)Semente 140 Kg (7 malas) 1.524,04Calcário 14000 Kg 1.549,80Adubo Químico 7450 Kg 10.555,50Serviços Mecânicos Contratados 56 Hm 3.255,00Herbicida 38,5 L 455,07Inseticida 2 L 140,00Tratamento de Sementes 1 L 441,80Mão de obra contratada 16 L 480,00Lona Plástica 1200 M2 (3 lonas de 400 m2) 870,00Análise de solo 3 48,00Total 19.319,21

Tabela 1

Produtividade Custo % do custo Valor de estimada (t/ha) (R$/t) da safra mercado (R$/t) 30 85,70 170,78% 35 73,43 146,33% 80,00 40 64,25 128,03% a 45 57,11 113,81% 120,00 50 51,40 102,43%

Tabela 2

José Maria e seu filho Thiago

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PDPL-RV&

PCEPL

Publicação editada sob a responsabilidade do

Coordenador do PDPL-RV:Adriano Provezano

Gomes

Jornalista Responsável:José Paulo Martins

(MG-02333-JP)

Redação:Christiano Nascif

Zootecnista

Marcus Vinícius C. MoreiraMédico Veterinário

André Navarro LobatoMédico Veterinário

Thiago Camacho RodriguesEngenheiro Agrônomo

Diagramação e coordenação gráfica:

João Jacob Neide de Assis

Endereço do PDPL-RV:Ed. Arthur Bernardes

Subsolo/Campus da UFVCep: 36570-000

Viçosa - MG

Telefax: (31) 3899 5250E-mail: [email protected]: www.pdpl.ufv.br

Facebook: Pdpl Minas Gerais

Jornal da Produção de Leite

Dicas do Veterinário:

As úlceras da lactação geram problemas recorrentes na roti-na de propriedades de sistema intensivo ou semi-intensivo de produção de leite. Trata-se de uma ferida crônica provocada pelo verme Stephanofilaria spp. As feridas se localizam prefe-rencialmente na inserção ante-rior do úbere ou no ligamento medial. Caracteriza-se por uma região de alopecia (sem pelos), lesões circulares, geralmente há a formação de crostas e pode apresentar prurido (coceira).

Úlceras da lactação em vacas leiteirasJéssica Gonçalves de OliveiraEstudante de Medicina Veterinária

Como prevenir? É importante a realização do

controle de moscas no curral, visto que estas irão transmitir

os vermes de vacas doentes para vacas sadias, e também realizar a vermifugação periódica do reba-nho.

Como tratar?•limpezadolocalcomiodo;•utilização de pomadas a base

de organofosforados.

Prejuízos causados:•acarreta em perdas na produ-

ção;•asinfecçõesbacterianassecun-

dárias podem evoluir para uma mastite;

•geragastoscommedicamentos.A presença de úlceras da lac-

tação em rebanhos geram trans-tornos para o produtor, desta forma, preconiza-se trabalhar a sua prevenção. Medidas sim-ples como o controle de moscas no curral e vermifugação dos animais podem evitar que elas apareçam, e deste modo, evitar prejuízos econômicos para o produtor.

A busca por bons indica-dores produtivos e econômi-cos é algo constante em uma propriedade leiteira. Para se conseguir bons resultados, está incluído neste processo o adequado manejo de pas-tagens, uso de animais com aptidão leiteira, manejo cor-reto de culturas (ex. capim, cana, milho), sendo que um dos fatores que influenciam diretamente nesses índices é a mão de obra, que pode atuar de forma positiva ou negativa neste processo.

Só é possível atingir índices satisfatórios quando se possui uma mão de obra eficiente. Na busca dessa eficiência te-mos observado cada vez mais a presença do produtor e sua família desenvolvendo os tra-balhos nas suas propriedades.

Um exemplo da utilização do trabalho familiar está no Sítio Água Limpa, de pro-priedade do Sr. Geraldo Alei-xo em Porto Firme-MG. Em sua propriedade, o Sr. Geral-do trabalha juntamente com dois de seus filhos, José Luiz e Paulo Sérgio, e conta também com um funcionário contra-tado, que auxilia no trato dos animais e na manutenção das pastagens.

Quando o assunto é eficiên-cia, o Sr. Geraldo é uma das

João Márcio Alvim Estudante de Medicina Veterinária

Daniel Getúlio Ferreira Estudante de Zootecnia

Índices econômicos e produtivos de uma propriedade

com mão de obra familiar

referências entre os produto-res assistidos pelo PDPL-RV. Atualmente a propriedade tem um gasto com mão de obra em relação à renda bru-ta do leite de 7,41%, que é um valor muito baixo, uma vez que consideramos como valor de referência para este indica-dor no máximo 15%. Outros valores que chamam a atenção na propriedade são as taxas de retorno do capital sem terra, que está em 16,63% ao ano e a com terra, que atualmente é

9,10% a a. Para estes indicado-res consideramos 15% e 10% a.a., respectivamente, como valores de referência.

Quando avaliamos os indica-dores produtivos da proprie-dade também nos deparamos com valores muito satisfató-rios. Podemos destacar nestes indicadores a relação vaca em lactação/total de vacas, que está em 82%; vacas em lacta-ção/total do rebanho, 47%; a média do GPP dos animais em cria e recria que é de 503g/

dia, podendo ser considerado um caso de sucessos e suces-são familiar na atividade lei-teira. Com este ganho de peso, a idade ao primeiro parto prevista é de 29 meses. Outro indicador que podemos desta-car, é o intervalo de partos que hoje é de 12,5 meses.

Estes valores apresentados são resultados da dedicação do produtor em relação à as-sistência técnica prestada pelo Programa nestes 24 anos de parceria.

Úlceras da lactação

Sr. Geraldo Aleixo, esposa e filhos

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3Colheita de milho

João Bosco, seu filho André e seus funcionários Evandro e Ednei

A Fazenda da Onça, situada no município de Porto Firme – MG teve sua sede erguida no século XIX, passou de geração em gera-ção até chegar ao Sr. João Bosco Diogo, quem a administra nos dias de hoje. A propriedade pos-sui 49 ha dedicados à pecuária leiteira, destes, 39,9 ha de pasta-gem de braquiária; 1 ha de capim elefante; 1,6 ha de cana de açúcar; 5,1 ha utilizados para plantio de milho na safra e feijão na safri-nha o restante refere-se a áreas de reserva legal, preservação perma-nente, plantio de eucalipto, estra-das e benfeitorias.

No ano de 2007, João Bosco procurou por assistência técnica no PDPL-RV e PCEPL, visando melhorar os índices produtivos e agronômicos de sua fazenda, ter controles zootécnicos e financei-ros mais precisos para auxiliá-lo nas tomadas de decisões. Tendo este somatório de recursos acessí-veis, o auxiliaria a chegar a pata-mares mais elevados de eficiência

Momento do Produtor: João Bosco Diogo - Fazenda da Onça

Antônio de Carvalho VianaEstudante de Zootecnia

Davi Ribeiro e RibeiroEstudante de Medicina Veterinária

na pecuária leiteira, como era seu desejo. Nas atividades de rotina na fazenda, seu filho, André Dio-go, estudante de Medicina Vete-rinária, juntamente com a equipe de funcionários, os irmãos, Edi-nei e Evandro Martins, auxiliam os estagiários nas atividades como a pesagem dos animais, va-cinação e vermifugação, além de estarem diariamente coletando dados zootécnicos, agronômicos e econômicos, tornando assim os índices apresentados cada vez mais confiáveis.

Atualmente o rebanho é com-posto por 27 vacas em lactação; 10 vacas secas; 14 novilhas na fase reprodutiva; 25 animais em recria e 5 bezerras em aleita-mento. Os animais são da raça girolando, com grau de sangue variando do meio sangue ao 15/16 HZ e se destacam pela alta produtividade, com produção por lactação média de 5193,4 l/lactação, em 305 dias. O lote 1, de maior produção, obteve média de 29,3 litros no controle leiteiro do dia 27 de fevereiro de 2013. As vacas em lactação são divi-didas em 5 lotes levando-se em consideração dias em lactação, produção, reprodução e um lote reservado às primíparas. Os ani-mais recebem durante todo o ano

silagem de milho e capim picado, e durante a seca recebem também cana corrigida com uréia e sulfato de amônio. A dieta dos animais é toda equilibrada no cocho, exce-ção feita às vacas secas e o lote de menor produção das vacas em lactação, estas têm o pasto como componente principal da dieta. Já os animais em aleitamento são manejados em abrigos individu-ais, onde recebem 5 litros de leite por dia além de concentrado de qualidade, minerais e água à von-tade.

O Sr. João Bosco Diogo sempre se preocupou com o melhora-mento genético na propriedade. Seja com descarte estratégico dos animais menos produtivos, ou lançando mão de tecnolo-gias como inseminação artificial (prática realizada desde 1997) e protocolos de IATF, utilizando sempre touros melhoradores, o que vem lhe rendendo bons fru-tos na reposição do gado com animais jovens de alta qualidade. Fato que destaca a aptidão leitei-ra de suas vacas é que, mesmo os animais meio sangue girolando, produzem leite sem bezerro ao pé, aceitam bem a ordenhadei-ra e a presença do ordenhador e têm boa persistência de lactação, em média 305 dias. Para acelerar

ainda mais o desenvolvimento do rebanho, no próximo mês será re-alizada pela equipe do Programa a primeira transferência de em-brião do PDPL-RV, onde o ani-mal Alcatra (vaca 1/2 sangue HZ que produziu 9921.7 litros em sua última lactação encerrada) será superovulada, inseminada e seus embriões viáveis serão intro-duzidos em receptoras.

Outro destaque na parceria en-tre produtor e Programa este ano foi na área agronômica. Com a troca de experiências, o empenho dos funcionários e a confiança

que o Sr. João Bosco deposita na equipe do PDPL-RV seguindo as recomendações dos técnicos e es-tagiários, registrou-se uma safra recorde apesar das condições me-teorológicas adversas. O híbrido plantado produziu 67,5 ton/ha em 4,5 ha, perfazendo um total de 303,75 toneladas de silagem de milho que estão disponíveis para alimentar o rebanho nos próxi-mos 12 meses.

Alguns índices zootécnicos e econômicos são reflexos da efi-ciência e organização da admi-nistração do proprietário e seu filho:

Vacas em lactação

Vista panorâmica da propriedade

Q1: Dados econômicos e de produção referentes ao período de mar/12 a fev/13 deflacionados pelo IGP-DI 02/13

Indicadores em destaqueProdução média de leite 449,74 L/diaIdade ao primeiro parto 28 mesesIntervalo de partos 12,25 mesesGanho de peso ponderal 0,754 kg/diaCCS (referente a março/13) 503 mil/mlCBT (referente a março/13) 8 mil ufc/mlLucro unitário 0,0908 R$/LTaxa de remuneração de capital com terra 5,3 % ao ano

O Sr. João Bosco, juntamente com seu filho e com auxílio dos funcionários e da equipe do PDPL-RV e PCEPL, demonstrou a possibilidade de que a atividade

leiteira seja viável e atrativa economicamente, se administrada com dedicação e esforço buscando aprender e se aprimorar a cada dia.

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Descarte de vacas com mastite crônica

Qualidade do leite

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Denomina-se mastite a infla-mação da glândula mamária do animal, causada na maioria das vezes por uma infecção bacte-riana, cuja evolução depende de caso para caso, podendo ser crô-nica ou aguda.

A evolução crônica seria o processo inflamatório que ocor-re de forma lenta e progressiva. Normalmente esses casos são decorrentes de mastites agudas que não foram tratadas ou en-tão tratadas de forma ineficiente. A maneira correta de se tratar a mastite clínica, e com isso evitar que ela se torne crônica, é conti-nuar com a medicação por mais três aplicações após os sintomas desaparecerem (sumir o grumo). Caso esse procedimento não seja adotado, as bactérias podem so-frer mutação, com conseqüente desenvolvimento de resistência à base do antibiótico usado. Essa condição pode ser o ponto de partida para uma infecção persis-tente do tecido mamário e a apre-sentação da doença vai depender da bactéria causadora da mastite, do medicamento usado no tra-tamento e das características in-dividuais do animal. Ressalta-se ainda que o problema pode ser conseqüência de um traumatis-mo local, ou seja, alguma agres-são ao úbere do animal.

Com relação à apresentação clínica, a mastite crônica pode ser caracterizada pelo endureci-mento e deformidade do quar-to afetado. O úbere do animal ainda pode apresentar-se aver-melhado, tenso ou retraído. O problema não tende a se resolver espontaneamente, principal-mente se for causado pelas bac-térias Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae, respon-sáveis por promover a mastite contagiosa. Nesse caso, as bacté-rias têm mecanismos de atuação na glândula mamária que em alguns períodos da lactação po-dem agravar a inflamação e em

outros momentos há melhora. Com isso, é normal que os sinto-mas e sinais persistam por muito tempo. No caso de infecção por Staphylococcus aureus, o trata-mento é caro e deve ser feito nos períodos em que o animal não esteja produzindo leite. Porém, o resultado nem sempre é satis-fatório, estimando-se a porcen-tagem de 30% de cura, o que é considerado baixo.

Outros fatores que devem ser levados em conta para se tra-tar ou não o animal acometido, seriam o estágio da lactação, a idade do animal e o histórico de ocorrência de mastite clínica. Vacas mais velhas e próximas do final da lactação apresentam me-nor chance de cura.

A mastite crônica além de ge-rar despesas com tratamento faz com que a vaca produza menos leite e este não pode ser destina-do à indústria. Caso contrário, haveria elevação da Contagem de Células Somáticas (CCS) do leite do tanque. Além disso, es-ses animais são focos persisten-tes dos agentes causadores da doença, sendo potenciais conta-minadores de animais sadios.

Animais que passam por 3 a 4 tratamentos e continuam com alta CCS, vacas com período de descarte do leite superior a 30 dias, que apresentaram mais de três casos de mastite clínica na mesma lactação e não responde-ram ao tratamento de vaca seca de forma satisfatória, devem ser descartadas. Essa medida é con-siderada emergencial, e mesmo sendo a maneira mais rápida e prática de se resolver o problema, não deve ser usada como único método para controle de mastite.

Logo, para evitar tais perdas econômicas e produtivas, é de extrema importância a preven-ção de novos casos de masti-te que posteriormente possam apresentar-se casos crônicos. Isso pode ser feito através de higiene na ordenha, limpeza do ambiente em que as vacas se en-contram, uso de medicamentos específicos e de boa qualidade e mão de obra qualificada.

Henrique de Oliveira VolpeEstudante de Medicina Veterinária

As 10 maiores produções do mês de Fevereiro de 2013

Ord Produtor Município Produção

1 Antônio Maria da Silva Araújo Cajuri 105.056

2 José Afonso Frederico Coimbra 53.223

3 Hermann Muller Visc. Rio B 52.571

4 Marco Túlio Kfuri Araújo Oratórios 43.977

5 Paulo Frederico Araponga 36.866

6 Cristiano José Lana Piranga 24.986

7 Joaquim Campos Júnior Dores do Turvo 24.783

8 Sérgio H. V. Maciel Coimbra 22.365

9 Danilo de Castro Ervália 21.980

10 Luciano Sampaio Teixeiras 20.414

AS 10 maiores produtividades do mês de Fevereiro de 2013 Ord Produtor Município Produtividade por Produtividade por vaca em lactação vaca total 1 Antônio Maria da Silva Araújo Cajuri 28,0 20,60 3 José Afonso Frederico Coimbra 20,4 17,44 2 Davi C. F. de Carvalho Senador Firmino 22,6 15,97 4 Áureo de Alcântara Ferreira Guaraciaba 18,0 15,62 5 José Francisco Gomide Cajuri 16,1 15,35 6 Ozanan Moreira Ubá 17,0 13,58 7 Célio de Oliveira Coelho Porto Firme 16,5 13,32 8 Sérgio H. V. Maciel Coimbra 16,6 13,29 9 Paulo Frederico Araponga 16,7 12,91 10 Danilo de Castro Ervália 16,9 11,97

Ações do Laticínio Funarbe priorizam o bem estar e a satisfação do produtor ruralReferência na Zona da Mata

mineira, o Laticínio Funarbe está investindo constantemen-te em políticas de valorização e reconhecimento do trabalho do produtor rural. Quatro progra-mas já foram implantados com o intuito de estreitar o relacio-namento com o produtor. O Programa de Incentivo à Qua-lidade do Leite (PIQL) bonifica os fornecedores de acordo com a qualidade da sua produção leiteira. O objetivo é estimular a produção de um leite de alta qualidade. O Safra Certa (PSC) é um programa que garante ao produtor um adiantamento, correspondente a até 60% do pagamento do leite fornecido no mês, para a aquisição de in-sumos a preços acessíveis. Este adiantamento permite a compra de matéria-prima no momento certo do ano, a fim de garantir a safra dos alimentos. Já o Pro-grama Compra Fácil (PCF) rea-liza parcerias com fornecedores de insumos agropecuários para que eles forneçam aos produto-res estes insumos a preços mais acessíveis.

Além destes programas, tem o Prêmio Funarbe de Quali-dade que premiará, ao final de todos os anos, os produtores

que mantiveram um padrão de qualidade elevado no forneci-mento de leite para o laticínio. Para o zootecnista Evaldo Pau-lo Firmino, Analista de Capta-ção de Leite da empresa, “estas ações junto aos produtores e a reestruturação do setor de cap-tação de leite, com a aquisição de um novo caminhão para a coleta a granel em horários pré--determinados, são essenciais para a produção de alta quali-dade, referência do Laticínio Funarbe”.

Fonte para entrevista: Evaldo Paulo Firmino, zoo-

tecnista graduado pela Univer-sidade Federal de Viçosa, com experiência em gestão técnica e econômica de sistemas de pro-dução de leite.

Informações: Sérgio Faria Marketing do Laticínio FunarbeTelefone: (31)3899 2282 ramal 205

Presença de grumos no teste da caneca

Quatro programas já foram implantados com o intuito de estreitar o relacionamento com o produtor