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ECO - 720 Fundamentos de Finanças In ternacionais 1 ECO 720 – Fundamentos ECO 720 – Fundamentos de Finanças de Finanças Internacionais Internacionais Aula 3. A mobilidade internacional Aula 3. A mobilidade internacional do capital do capital Prof. André M. Biancareli 19/03/2010

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Prof. André M. Biancareli

19/03/2010

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Aulas passadasAulas passadasRelações financeiras internacionaisBalanço de PagamentosTaxas de câmbioRegimes cambiaisOutras frentes de política econômica:

– Fiscal– Monetária

Hoje: mobilidade internacional do capital

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Perguntas prévias...Perguntas prévias... Se eu quiser, eu posso mandar minha

riqueza para fora do país? Posso ter conta em um banco na Suíça? Eu gasto quanto eu quero em uma

viagem internacional? Um estrangeiro que quiser aplicar no

Brasil (bolsa, títulos públicos) pode? E pode sair quando ele quiser?

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Perguntas prévias...Perguntas prévias... Foi sempre assim? Faz algum sentido limitar a entrada e

saída de fluxos financeiros? Definição intuitiva:

– Mobilidade do capital é a liberdade para os fluxos financeiros transitarem por entre as fronteiras nacionais dos diferentes países e pelas diferentes moedas

Notícias sobre isso recentemente?

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Argumentos favoráveisArgumentos favoráveis Quais seriam as vantagens da mobilidade? Literatura teórica lista 4 grandes benefícios:

a. Compartilhamento e diversificação de riscosb. Financiamento externo à disposição de países

com dificuldades de BPc. Contribuição da poupança externa ao

desenvolvimentod. Disciplina sobre a política macroeconômica

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Há como medir a liberdade?Há como medir a liberdade? Algumas possibilidades:

– Indicadores de quantidade (de facto) Medir o quanto entra e sai de fluxos de capital

entre as fronteiras O mesmo para os estoques de ativos e passivos

financeiros– Indicadores de preço

“lei do preço único” Diferenças de preço: indicador de bloqueios

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Há como medir a liberdade?Há como medir a liberdade?

– Indicadores qualitativos (de jure) Análise específica da legislação de cada país Avaliar as possibilidades legais de entrada e

saída

Vocês acham que o Brasil é muito ou pouco livre? Mais ou menos aberto financeiramente do que a China, p.ex.?

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Há como medir a liberdade? Há como medir a liberdade? (de facto)(de facto)

Gráfico 1 Integração financeira, (ativos + passivos externos)/PIB, 1970-2004

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004

Global Países industrializados Em desenvolvimento/ emergentes

Fonte: Lane e Milesi-Ferreti (2006), Statiscal Appendix. Elaboração própria.

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Há como medir a liberdade? Há como medir a liberdade? (de jure)(de jure)

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Há como medir a liberdade? Há como medir a liberdade? (de jure e de facto)(de jure e de facto)

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Há como medir a liberdade? Há como medir a liberdade? (de jure e de facto)(de jure e de facto)

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Colocando areia na engrenagem...Colocando areia na engrenagem...

Há como impedir ou reduzir a mobilidade internacional do capital?

Como?– Cobrar IOF na entrada pode ser um jeito?

O que são “controles de capital” Notícias a esse respeito recentemente?

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Economistas do Fundo Monetário Internacional reverteram a antiga oposição da entidade aos controles de capital e sugeriram que os países usem impostos e regulamentação para moderar a vasta movimentação de recursos da atualidade, para que não motivem o surgimento de bolhas e outras calamidades financeiras. O Fundo declarou que mercados emergentes com controles tiveram melhor desempenho que outros durante a crise mundial.

A recomendação é a demonstração mais importante de apoio do Fundo às iniciativas de controlar o capital, e também uma reversão dos conselhos que dava aos países em desenvolvimento apenas três anos atrás. O FMI sempre defendeu o fluxo livre de capital como uma condição para o livre comércio e para que esses países prosperassem.

Mas a crise financeira mundial forçou o Fundo a repensar seus velhos dogmas. “Tentamos analisar as provas e tentamos aprender alguma coisa com a crise atual”, disse Jonathan Ostry, vice-diretor de pesquisa do FMI, que escreveu o estudo“Movimentação de Capitais: O Papel da Regulamentação” junto com outros cinco economistas do Fundo.

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Tipos e objetivos de controles de Tipos e objetivos de controles de capitalcapital

Controles de capitais Diretos/quantitativos X Indiretos/tax-based

Entrada X saída

Residentes X Não-residentesDiferenças analíticas• Temporários/dinâmicos X permanentes/estáticos

• Gestão de crises de BOP X autonomia política doméstica

Tipo de fluxo: end. Externo, invest. Portfólio, IED

Diferenças operacionais

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Um pouco de história...Um pouco de história... O grau de mobilidade do capital não é uma

constante ao longo da história Uma das características da época da

“globalização” é justamente a elevação da mobilidade

– Os gráficos mostram esse movimento... Porém, a alta mobilidade também não é inédita

– Tentativa “introspectiva” de medir no longo prazo

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Um pouco de história...Um pouco de história...

“...let us make the fanciful assumption that international capital mobility or global capital market integration could be measured in a single parameter”

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Um pouco de história...Um pouco de história... Portanto, de maneira estilizada, temos

quatro períodos distintos:– Padrão-Ouro (1860-1914): alta mobilidade– Entre-guerras(1914-1945): baixa mobilidade– Bretton Woods (1945-1971): baixa– “Globalização” : alta mobilidade

As datas, obviamente, não são rígidas, há outras divisões e outros títulos

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Um pouco de história...Um pouco de história... O gráfico usa Float para o período pós-

1971– A que ele está se referindo?

Regime cambial predominante também varia ao longo da história...

Padrão-Ouro: predomínio de câmbio fixo Bretton Woods: câmbio fixo Globalização: câmbio flutuante

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Relações entre câmbio e mobilidade?Relações entre câmbio e mobilidade?

No que o alto/baixo grau de mobilidade internacional dos capitais influenciaria na escolha do regime cambial?

– Dificuldade de manter uma taxa fixa diante de maiores entradas e saídas de fluxos?

– Essa é uma das explicações convencionais! Mas tem um outro fator a considerar

nessa relação...

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Câmbio, mobilidade e taxas de jurosCâmbio, mobilidade e taxas de juros

Suponha o seguinte caso: câmbio fixo e alta mobilidade do capital

– Governo comprometido a comprar/vender US$ a um preço fixo

– Isso significa necessidade de atrair capitais externos para manter a cotação desejada

– Como se atrai capitais: Taxa de juros!– Câmbio fixo com alta mobilidade do capital implica

portanto colocar a taxa de câmbio no ponto necessário para atrair capitais (mercado externo determina o nível da taxa de juros)

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Câmbio, mobilidade e taxas de jurosCâmbio, mobilidade e taxas de juros

Suponha o seguinte caso: câmbio flutuante e alta mobilidade do capital

– Governo não tem compromisso com cotação, câmbio vai variar de acordo com oferta/demanda

– Se houver saída de capitais, sobe o câmbio (movimento inverso na entrada)

– Governo pode colocar a taxa de juros no ponto em que quiser (objetivos internos): saída/entrada de capitais vai impactar na taxa de câmbio

– Câmbio flutuando faz o ajuste

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Câmbio, mobilidade e taxas de jurosCâmbio, mobilidade e taxas de juros

O contraste entre esses dois casos significa que, diante da alta mobilidade internacional do capital, tenho 2 opções:

– Controlo o câmbio e abro mão do controle da taxa de juros;

– Controlo a taxa de juros e abro mão do controle da taxa de câmbio

É um dilema, ou trade-off Não dá pra controlar ambos ao mesmo tempo?

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Câmbio, mobilidade e taxas de jurosCâmbio, mobilidade e taxas de juros

A saída seria abrir mão da mobilidade internacional do capital:

– Sem liberdade de entrada e saída de capitais, posso ter câmbio fixo e taxa de juros sob controle!

Na verdade, eu não tenho um dilema, mas sim um “trilema” ou “trindade impossível”:

– Governos precisam escolher dois entre três estados desejáveis: mobilidade do capital, política monetária autônoma e controle sobre a taxa de câmbio

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Câmbio, mobilidade e taxas de jurosCâmbio, mobilidade e taxas de juros Typically they are confronted with three typically

desirable, yet contradictory, objectives:– 1. to stabilize the exchange rate;– 2. to enjoy free international capital mobility,;– 3. to engage in a monetary policy oriented toward domestic

goals.– Because only two out of the three objectives can be mutually

consistent, policymakers must decide which one to give up. This is the trilemma. If monetary policy activism (3) is taken to mean the ability to drive local interest rates away from the world rate—the criterion we shall employ here—then arbitrage in open capital markets (2) and simple interest parity under a credibly fixed exchange rate (1) clearly defeat the objective.

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Câmbio, mobilidade e taxas de jurosCâmbio, mobilidade e taxas de juros

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O “trilema” na históriaO “trilema” na história

As três soluções polares correspondem, de maneira estilizada, às configurações que prevaleceram no Padrão-Ouro, em Bretton Woods e na Globalização

– Padrão-Ouro: alta mobilidade, política monetária condicionada e câmbio fixo;

– Bretton Woods: baixa mobilidade, política monetária independente e câmbio fixo

– Globalização: alta mobilidade, política monetária independente e câmbio flutuante

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O “trilema” na históriaO “trilema” na história

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O “trilema” na históriaO “trilema” na história

O que explicaria a passagem de uma situação para outra?

Prestar atenção que este é um dos pontos centrais do texto de Eichengreen (1996)

O texto trata especificamente de Bretton Woods, mas tem um alcance maior...