E a aventura começa no Brasil
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PUBLITURIS26 de Novembro 2010Hotelaria & Restauração
A consultora quer ir além dos clien-
tes “portugueses” e trabalhar com
todos os investidores, começando
pelos brasileiros, que dominam o
mercado.
A entrada da neoturis no merca-
do brasileiro vinha a ser traba-
lhada há vários anos. Porquê
esta aposta? Quais os objectivos?
A entrada neste mercado era uma
consequência natural de vários fac-
tores, entre eles o trabalho recor-
rente desenvolvido no Brasil nos
últimos cinco anos, a participação
da CB Richard Ellis (presente no
mercado há 30 anos) no capital da
neoturis e também do acompanha-
mento regular que fazemos dos
nossos clientes, muitos deles procu-
rando oportunidades neste país.
Existe actualmente um grande
fluxo de empresas portuguesas para
o Brasil; não só de investido-
res/promotores, mas também de
outros prestadores de serviços
como arquitectos, sociedades gesto-
ras de fundos de investimento com
quem a neoturis tem colaborado
nos últimos anos. Os serviços pres-
tados pela neoturis no Brasil serão
similares aos oferecidos em Portu-
gal, talvez com maior enfoque no
processo de junção de investidores,
financiadores e operadores para
projectos de maior dimensão.
Quem são os clientes neoturis no
Brasil actualmente?
Neste momento estamos a desen-
volver duas grandes linhas de
orientação. A primeira passa pela
consultoria tradicional que sempre
fizemos, nomeadamente estudos
de mercado, definição de conceito
e viabilidade complementada com
pesquisa e contratação de marcas
hoteleiras para empreendimentos
hoteleiros de cidade e resort. E a
segunda linha passa por, conjunta-
mente com os escritórios da CB
Richard Ellis de São Paulo e do Rio
de Janeiro, comercializar hotéis e
terrenos para hotéis/resorts nas
principais cidades do Brasil mas
também em áreas de resort.
No Brasil, temos vindo a colaborar
com marcas hoteleiras nacionais e
internacionais e vários investido-
res. No entanto, esta iniciativa não
visa trabalhar os clientes “portu-
gueses” mas sim todo o mercado
começando pelos investidores bra-
sileiros que dominam o mercado. A
parceria com a CB Richard Ellis
visa exactamente este objectivo.
Entre as tendências identificadas
pela neoturis para o mercado
brasileiro destacam-se as cadeias
budget, os hotéis full service em
cidades de média dimensão e os
boutique resorts. Quais destas
fileiras apresenta mais oportuni-
dades aos investidores?
Não se pode ser tão redutor a abor-
dar esta questão pois a experiência
de cada um dos investidores é
importante na definição sobre os
negócios a desenvolver no Brasil.
Cada um deles exige competências
diferentes e know-how específico.
Ainda assim, e pela escala que pro-
porcionam, a hotelaria budget está
na linha da frente do desenvolvi-
mento hoteleiro no Brasil, até pela
estrutura social, dominada pelas
classes média e media-baixa que
procuram este tipo de unidades.
A carência hoteleira é algo que se
manifesta em todas as regiões do
Brasil e a dimensão do mercado
interno potencia o desenvolvimen-
to de grupos nacionais ou interna-
cionais que pela sua dimensão e
cobertura atinjam a globalidade do
mercado, quer nas suas viagens de
negócios, quer nas de lazer.
Em relação aos resorts, de acordo
com a análise prospectiva efectua-
da, temos bases fundamentadas
para crer que nas imediações das
grandes cidades (até 300 quilóme-
tros de distância) serão efectuados
alguns desenvolvimentos que irão
atrair o mercado local e regional de
segunda habitação complementada
com o serviço hoteleiro prestado
por uma unidade purpose built.
O mercado residencial tem sido a
âncora de muitos investimentos
hoteleiros no Brasil, incluindo de
portugueses. Ao contrário da
Europa, este segmento não corre
riscos de quebra no Brasil?
Não concordo com essa opinião.
Essa realidade é apenas aplicada às
unidades do Nordeste em ambiente
de resort, que não constitui a maio-
ria dos investimentos nem nacio-
nais nem do mercado na sua globa-
lidade. Por outro lado, o mercado
de segunda residência é um merca-
do embrionário mas crescente,
sobretudo próximo dos grandes
centros urbanos como São Paulo,
Rio de Janeiro, Recife ou Salvador,
para destacar alguns. Não podemos
esquecer que qualquer destas cida-
des tem mais de um milhão de habi-
tantes e que a franja de população
que tem possibilidade de adquirir
uma segunda habitação é crescente
e cada vez com maior poder de
compra. Os fundamentos (dimen-
são da procura) para o desenvolvi-
mento deste produto estão presentes
no Brasil, pelo que cabe aos inves-
tidores desenvolverem produtos
adequados para essa procura. As
marcas internacionais, muitas delas
com quem a neoturis trabalha em
Portugal, como a Banyan Tree ou
Hyatt, estão atentas a este mercado,
sempre suportadas por um desen-
volvimento hoteleiro que constitui a
base da sua operação.
Já no que respeita aos desafios, a
neoturis enumera a morosidade
dos licenciamentos; a complexi-
dade fiscal. A entrada no merca-
do com parceiros locais continua
a ser a melhor aposta para ultra-
passar estes obstáculos?
Cremos que sim, aliás este fenóme-
no é normal em todos os mercados,
basta ver a dificuldade que os pro-
motores internacionais enfrentaram
em Portugal quando procuraram
fazer este desenvolvimento de
forma isolada e sem parceiros
locais. A promoção de projectos,
sejam eles turísticos, residenciais
ou mesmo industriais, carece de
forte conhecimento local algo que
os parceiros locais trazem para as
parcerias.
Depois das entradas dos grupos
Pestana, Vila Galé e Tivoli, pode-
se dizer que os investimentos
portugueses no Brasil entraram
numa nova fase. Que esperar
deste país numa altura em que
tanto se fala das oportunidades
da Copa 2014 e das Olimpíadas?
A grande oportunidade do Brasil
não é a Copa do Mundo nem as
Olimpíadas; estes são apenas even-
tos catalisadores de uma mudança
de paradigma do Pais. O mais
importante é o crescimento econó-
mico, sendo hoje o Brasil a oitava
maior economia do mundo, ultra-
passando já Espanha. No entanto, o
turismo é ainda um sector embrio-
nário da economia brasileira, repre-
sentando menos de 3% do PIB.
A neoturis, juntamente com a
CBRE, está procurando maximizar
este momento e consolidar-se com
uma empresa de referência na con-
sultoria em turismo no espaço da
Lusofonia. Desde a fundação da
empresa, já desenvolvemos projec-
tos em Angola, Moçambique, Cabo
Verde, São Tomé, entre outros.
Que mudanças devem ser intro-
duzidas? É preciso mais marcas
hoteleiras internacionais? Mais
turistas estrangeiros?
Todas as marcas internacionais já
estão de olhos voltados para o mer-
cado brasileiro; aliás, dos contactos
já mantidos com as principais,
todas elas estão, de forma muito
agressiva, perseguindo oportunida-
des nos segmentos de lazer e de
negócios. Não se resumem aos seg-
mentos de luxo e apostam também
e sobretudo nos segmentos mais
baixos, nomeadamente na hotelaria
de serviços limitados (budget).
Sobre a representatividade do turis-
mo internacional no Brasil, pode
afirmar-se que hoje é ligeiramente
superior a cinco milhões de visitan-
tes, enquanto a vizinha Argentina
alcança semelhante valor mas sem
a riqueza cultural, ecológica ou
económica do Brasil.
A neoturis vai continuar a apos-
tar na internacionalização? Qual
é o próximo mercado?
Temos vindo a apostar na interna-
cionalização desde sempre. Desta-
cam-se diferentes projectos realiza-
dos em todos os PALOP (à excep-
ção de Timor) tanto para clientes
por tugueses como para locais.
Angola é um mercado que tem
vindo a requerer mais os nossos ser-
viços e onde estamos representados
através dos parceiros da CB
Richard Ellis e o Zenki Group.
Por último, a neoturis pertence a
uma associação Europeia de con-
sultores (www.salon consul ting. -
com ), o que nos permitiu desenvol-
ver projectos em Espanha, Alema-
nha, e Croácia, entre outros. Nos
mercados de maior dimensão,
como o Brasil, é possível uma pre-
sença constante mas noutros de
menor dimensão, teremos uma pre-
sença casuística e de acordo com as
necessidades. Um exemplo desta
estratégia é a relação privilegiada
com marcas do Sudoeste Asiático
como a Banyan Tree ou a Alila
Hotels & Resorts onde, não tendo
presença física, conseguimos atrair
para diversos empreendimentos em
Portugal (ex: Tivoli, Termas do
Estoril, SAIP ou L’And). ■
Fátima [email protected]
A neoturis concretizouum objectivo antigo: a entrada no Brasil. Nuno Constantino, sócio da neoturis e responsávelpela delegação, explica a estratégia
DR
Nuno Constantino está a dirigir o escritório do Brasil, em São Paulo
E a aventura começa no Brasil
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