DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · parte da pesquisa de campo foram entrevistados...

61
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO VEZ DO MESTRE MOTIVAÇÃO DOS SERVIDORES PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO JUDICIÁRIO FEDERAL DO RIO DE JANEIRO: ANALISANDO PROBLEMAS E ALTERNATIVAS Por: Edvaldo de Barros Pinto Junior Orientador Profª. Adélia Maria Oliveira de Araújo Rio de Janeiro 2009 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

Transcript of DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · parte da pesquisa de campo foram entrevistados...

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO VEZ DO MESTRE

MOTIVAÇÃO DOS SERVIDORES PORTADORES DE

NECESSIDADES ESPECIAIS NO JUDICIÁRIO FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO: ANALISANDO PROBLEMAS E

ALTERNATIVAS

Por: Edvaldo de Barros Pinto Junior

Orientador

Profª. Adélia Maria Oliveira de Araújo

Rio de Janeiro

2009

DOCU

MENTO

PRO

TEGID

O PEL

A LE

I DE D

IREIT

O AUTO

RAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO VEZ DO MESTRE

<>

<>

<>

<>

<>

MOTIVAÇÃO DOS SERVIDORES PORTADORES DE

NECESSIDADES ESPECIAIS NO JUDICIÁRIO FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO: ANALISANDO PROBLEMAS E

ALTERNATIVAS

<>

<>

<>

<>

<>

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão de

Recursos Humanos

Por: . Edvaldo de Barros Pinto Junior

3

AGRADECIMENTOS

....à minha esposa Renata, que me faz

buscar ser um homem melhor dia após

dia, aos meus filhos Gabriel e Felipe

que junto com minha esposa são o

meu bem mais precioso, à minha

orientadora que me ajudou neste

trabalho, aos amigos que fazem a vida

valer a pena, à Universidade Cândido

Mendes que juntamente com seu corpo

docente altamente qualificado

conseguiu formatar este curso de pós

graduação, acrescentando

conhecimento a tantos alunos que

como eu tem sede de saber, aos

colaboradores, aos servidores com

necessidades especiais que com seus

muitos talentos e habilidades,

trabalham para a construção de um

judiciário mais eficiente e melhor para

os carentes de justiça e a todos que de

algum modo me ajudaram, seja na

confecção deste trabalho, seja na

elaboração do trabalho de

aprofundamento, recebam a minha

gratidão ......

DEDICATÓRIA

4

.....dedico este trabalho ao meu pai e à

minha mãe (ambos falecidos), que juntos

me ajudaram a entender o valor da

educação para minha vida .......

RESUMO

5

O tema motivação humana já tem sido bem muito bem debatido, com

muitas teorias formuladas e trabalhos realizados pelos mais diversos autores.

A intenção deste trabalho foi trazer às pessoas, de um modo geral e mais

particularmente, aos servidores do Judiciário Federal a realidade dos

servidores Portadores de Necessidades Especiais (PNE’S) de seus próprios

quadros e descobrir se o trabalho deste grupo especial de servidores, que com

talento, habilidade e muita luta conseguiu ingressar no serviço público, está

sendo prejudicado ou não pelo fato de terem algum tipo de necessidade

especial, e ainda, se esta necessidade está impedindo-os ou não de

assumirem cargos de gestão e de se associarem com outros colegas não

portadores de Necessidades Especiais (NPNEs).

Este trabalho partiu da hipótese que a integração dos servidores

públicos do Judiciário Federal, Portadores de Necessidades Especiais – PNEs,

com os outros servidores Não Portadores de Necessidades Especiais - NPNEs

e sua participação ativa nos projetos de seus setores, motiva-os para o

desempenho do seu trabalho e que a exclusão deles dos cargos de gestão e

do dia a dia de seus setores provoca o efeito inverso. Também buscou

entender que fatores influenciam na motivação deste grupo e o que fazer para

ajudá-los a ter uma motivação constante, analisando os problemas e sugerindo

alternativas possíveis para a resolução destes problemas

METODOLOGIA

6

Em termos metodológicos, a pesquisa feita para este trabalho pode ser

classificada como exploratória, descritiva, bibliográfica e de campo. As

organizações pesquisadas foram a Seção Judiciária do Estado do Rio de

Janeiro – Área administrativa e o Tribunal Regional Federal de 2ª Região.

Este estudo contou também com a ajuda do Sindicato dos Servidores

das Justiças Federais do Rio de Janeiro (SISEJUFE/RJ) que além de ter

prestado informações valiosas sobre o estudo em questão, por ter contatos

importantes com a administração das duas organizações, tem em seus

quadros 02 diretores portadores de necessidades especiais que trouxeram

mais luz a este estudo.

A amostra foi composta por 04 servidores PNEs (40% dos que

trabalham nas duas áreas estudadas), de setores diferentes dentro do

judiciário. Os dados foram obtidos por meio da aplicação de questionários. Na

parte da pesquisa de campo foram entrevistados informalmente servidores

Não PNEs e chefias imediatas dos servidores PNEs para entender melhor a

relação entre servidores com e sem Necessiades Especiais.

A abordagem utilizada para proceder à análise dos dados foi a

qualitativa, empregando alguns subsídios quantitativos e utilizando algumas

contribuições da análise de conteúdo.

O material bibliográfico foi colhido de minha biblioteca pessoal, do

material disponibilizado pela SICORDE – Sistema Nacional de Informações

sobre Deficiência da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) do

Governo Federal e das bibliotecas da Seção Judiciária do Estado do Rio de

Janeiro e do Tribunal Regional Federal de 2ª Região as quais agradeço, além

de pesquisas na internet devidamente documentadas e com datas de acesso.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

7

CAPÍTULO I - A MOTIVAÇÃO HUMANA:

CONCEITOS, DEFINIÇÕES, ORIGENS E

TEORIAS 10

CAPÍTULO II - OS PORTADORES DE

NECESSIDADES ESPECIAIS - PNEs 22

CAPÍTULO III – A MOTIVAÇÃO DOS

SERVIDORES PÚBLICOS PORTADORES DE

NECESSIDADES ESPECIAIS NO JUDICIÁRIO

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO: ANALISANDO

PROBLEMAS E ALTERNATIVAS

31

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

WEBGRAFIA

47

ANEXOS 48

ÍNDICE 60

FOLHA DE AVALIAÇÃO 62

INTRODUÇÃO

8

Desde o princípio dos tempos, o homem viveu na terra tendo como

base um conjunto de fatores que de maneira consciente ou inconsciente o

impeliram à ação. Adão, o primeiro homem vivente (conforme o relato bíblico

do livro de Gênesis, capítulo 03) ao ser expulso do paraíso precisou com o

suor do seu rosto conseguir o seu pão....(Pág.04). Desde então o “conseguir o

pão” passou a ser uma das necessidades humanas básicas. No bojo desta

necessidade básica surgiram outras como: abrigo, vestimenta, higiene,

proteção, etc.

Os séculos foram passando, a organização humana e a organização

do trabalho foram sendo modificadas e o nível das necessidades foi

aumentando. Para cada nova necessidade surge um estímulo que leva o

homem a agir e cada ação pode gerar um resultado positivo com a obtenção

da necessidade almejada ou um resultado negativo, desencadeando uma série

de atitudes previsíveis ou imprevisíveis conforme o nível intelectual, a

maturidade, as experiências e vivências de cada indivíduo.

Após a revolução industrial, muitos trabalhos foram realizados por

diferentes estudiosos sobre a motivação humana, ou seja, o que leva um

indivíduo à uma ação, quais são suas necessidades e em que ordem de

prioridade elas estão, em quais fatores se baseia o comportamento de um

indivíduo em seu local de trabalho ou o que influencia este comportamento.

O trabalho foi dividido em três capítulos:

O primeiro capítulo mostrará algumas concepções sobre motivação de

autores da área de psicologia e de administração, além de diversas teorias

para dar ao leitor uma visão mais abrangente do conceito.

O segundo capítulo discrrerá sobre as diversas definições de pessoa

Portadora de Necessidades Especiais – PNE, e sobre como estas definições

foram evoluindo junto com a atitude das pessoas em relação a este grupo,

tanto no mundo como no Brasil. Mostrará porém que apesar de ter havido uma

9

evolução, esta ainda está aquém daquilo que é possível fazer com relação aos

estes portadores.

O capítulo final focará a motivação relacionada aos servidores públicos

Portadores de Necessidades Especiais (PNEs), dentro do Judiciário Federal,

avaliando os questionários que foram aplicados a uma amostra deste grupo e

entrevistas informais e entrevistas informais com servidores Não Portadores de

Necessidades Especiais – NPNEs, visando, a partir dos estudos, normas e

questionários aplicados, confirmar ou reavaliar a hipótese levantada e propor

soluções para os problemas listados.

CAPÍTULO I

A MOTIVAÇÃO HUMANA: CONCEITOS, DEFINIÇÕES,

ORIGENS E TEORIAS

10

Este capitulo pretende destacar alguns dos muitos conceitos e

definições de diferentes autores sobre a motivação humana, para mostrar a

dificuldade em se definir uma “ verdade absoluta” a respeito do tema em

questão. Também pretende discorrer sobre as origens da motivação humana,

bem como sobre as teorias de motivação, tanto as chamadas Teorias de

Conteúdo como as chamadas Teorias de processo.

1.1 – Conceitos e definições de motivação humana

O conceito motivação humana tem sido tema de inúmeros trabalhos de

estudiosos das áreas de psicologia, administração e Recursos Humanos,

discutido exaustivamente nas empresas dos mais variados setores no Brasil e

no exterior, debatido nas salas de aulas das universidades e citada nos

diversos livros e revistas especializadas no assunto. Mas apesar das inúmeras

definições a respeito da motivação, será que podemos ter uma definição

precisa deste conceito tão abrangente?

A definição de Motivação conforme Aurélio Buarque de Holanda Ferreira

no Novo Dicionário Aurélio Século XXI é a seguinte: “Conjunto de fatores

psicológicos (conscientes ou inconscientes) de ordem fisiológica, intelectual e

afetiva, os quais agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo”

(p.1074). Estes fatores diversos, sejam eles conscientes ou inconscientes

provocam um estímulo no ser humano e este estímulo impulsiona-o à ação.

Com relação aos fatores psicológicos descritos acima, Freud (APUD

HALL e LINDZEY, 1984) compõe a personalidade em três grandes sistemas:

id, ego e superego. O id é a representação mais forte do mundo interno sendo

composto dos instintos, representações psicológicas do desejo e da

necessidade que geram tensão. Sua função é buscar a estabilidade

(homeostase) descarregando a tensão através de ações reflexas ou de

comandos para que o ego resolva o desconforto da necessidade encontrando

formas realistas de satisfação. O ego age para possibilitar a descarga de

11

energia originada no id pelos instintos. O ego deve integrar os instintos (id) e

as regras morais e sociais advindas do terceiro sistema, o superego,

representante interno dos valores e idéias tradicionais da sociedade, cuja

principal função é inibir os impulsos do id.

O instinto exerce uma pressão determinada por sua força e pela

intensidade da necessidade subjacente; ele é o verdadeiro propulsor da

personalidade. A forma de energia pela qual os instintos realizam sua tarefa é

denominada de libido. O deslocamento da libido ao buscar a satisfação das

necessidades e baixar a tensão (homeostase), “gera um acúmulo de energia

não descarregada, que agirá como força motivadora permanente do

comportamento” (HALL E LINDZEY, 1984).

Ainda segundo Hall e Lindzey (1984), a motivação pode impulsionar o

indivíduo através de determinados estímulos a ações no sentido de imposição

de novos desafios a si próprio, reconhecimento de suas competências

funcionais, ou ainda, aceitação pelo grupo de trabalho, necessidade de auto-

estima, etc. Este tipo de motivação é inata do indivíduo; ou seja, já vem com o

indivíduo desde o seu nascimento (motivação intrínseca). A motivação também

pode agir internamente no indivíduo através de forças externas ou estímulos

externos, positivos ou negativos (motivação extrínseca). Muitos estudiosos tem

conceituado a motivação. Alguns deles estão listados abaixo:

Bergamini et. Al. (1997, p. 14) define motivação como “uma inclinação

para a ação que tem origem em um motivo” e complementa argumentando que

“a motivação, portanto, nasce somente das necessidades humanas e não

daquelas coisas que satisfazem essas necessidades”.

Maslow (1954) diz que “O homem é um animal que deseja e que

raramente alcança um estado de completa satisfação, exceto durante um curto

tempo. À medida que satisfaz um desejo, sobrevem outro que quer ocupar o

12

seu lugar. Quando este é satisfeito, surge outro ao fundo. É característica do

ser humano, em toda a sua vida, desejar sempre algo”.

Para Atkinson (2002) “a motivação dirige o comportamento para um

determinado incentivo que produz prazer ou alivia um estado desagradável”.

Magill (1984) se refere à motivação como “causa de um

comportamento” ou ainda, em suas próprias palavras, como “alguma força

interior, impulso ou uma intenção, que leva uma pessoa a fazer algo ou agir de

certa forma.”

Chiavenato (1980) ressalta que “a motivação está relacionada com o

sistema cognitivo do indivíduo, que inclui os seus valores pessoais e é

profundamente influenciado por seu ambiente físico e social, por sua estrutura

fisiológica, por seus processos fisiológicos, por suas necessidades e

experiências anteriores.”

Existem outros inúmeros autores e inúmeras outras definições e

conceitos sobre motivação que acabam por se assemelharem e se

complementarem , como variações sobre o mesmo tema.

1.2 – Origens da motivação humana e teorias relacionadas

Para termos um melhor entendimento a respeito da motivação humana,

é preciso conhecer um pouco sobre suas origens, sobre os estudos e teorias

formuladas a respeito e que balizaram e solidificaram o conceito.

Ao longo da história da civilização humana percebemos várias formas

de se estudar a motivação humana: fatores internos x fatores externos,

13

acontecimentos futuros x acontecimentos passados, comportamento inato x

comportamento aprendido, etc.

Segundo Pierón (1969), a origem do estudo da motivação iniciou-se na

antigüidade, mais precisamente no hedonismo e no idealismo. Por hedonismo,

entende-se a "...tendência a agir de forma a evitar o que seja desagradável e a

atingir somente o agradável.", ou seja, o hedonismo (do grego hedone que

significa prazer), tratava da busca do prazer, do conforto e da evitação da dor

(“o prazer como o supremo bem da vida humana”) e trazia como base a ideia

de que todas as ações podem ser medidas em relação ao prazer e a dor que

produzem (PIERÓN, 1969:209).

Segundo Mook (1987), Sócrates questionava o hedonismo como a

principal preocupação relacionada ao limite que separava o homem dos

animais (prazer racional x prazer irracional). Sócrates postulava que era a

razão que permitia ao homem sobrepor-se aos instintos que seriam a base da

irracionalidade.

Ainda segundo Mook (1987), o idealismo consistia no pensamento que

compreendia o ser, o fundamento da realidade, como ideia. No idealismo, o

mais importante nas ações humanas são as ideias, realizáveis ou não, mas

quase sempre imaginadas como realizáveis. Para o idealismo, a virtude (o agir

de forma correta) e o saber são os tipos de motivação mais altos.

Segundo Silva (1996), o idealismo remonta sua origem à filosofia de

Platão que pensava a realidade através da separação (chórismos) entre a

matéria e o espírito, sendo a primeira correpondente ao que nos é dado

através da sensibilidde e o segundo, ao que é proveniente da ideia inteligível

do pensamento.

Ainda segundo Silva (1996), o realismo contrapôs-se ao idealismo, pois

defendia a ideia de que eram as realidades e os fatos que deviam reger as

relações humanas (idealismo ético e político).

14

Não pretendo me aprofundar mais nestes dois fatores, apenas ilustrá-los

como fatores básicos da motivação humana e que a seu modo ajudaram no

desenvolvimento das teorias motivacionais (agrupadas por teorias de conteúdo

e teorias de processo) e estudos que serão descritos a seguir.

1.3 - PRINCIPAIS TEORIAS MOTIVACIONAIS

As teorias motivacionais podem ser descritas adequadamente em dois

grupos: Teorias de Conteúdo e Teorias de Processo.

As Teorias de Conteúdo podem ser subdivididas em teorias gerais (que

se dedicam à análise do comportamento humano, ou seja, o que motiva as

pessoas) e teorias organizacionais (que analisam o comportamento humano

nas situações de trabalho), já as Teorias de Processo buscam analisar como o

comportamento é motivado (SILVA,2001).

A descrição tanto das chamadas Teorias de Conteúdo quanto das

Teoras de Processo listadas abaixo são segundo Silva (2001) em seu trabalho

intitulado Teorias da Administração.

1.3.1 - TEORIAS DE CONTEÚDO

Teoria da Hierarquia das Necessidades – Maslow (apud SILVA,2001)

A Teoria da Hierarquia das Necessidades de Abraham Maslow estuda

a motivação das pessoas através de suas necessidades. Esta teoria está

assentada sobre os seguintes pressupostos:

1. As necessidades insatisfeitas motivam as pessoas ou influenciam o

seu comportamento. Enquanto uma necessidade básica não for

15

satisfeita, as outras, não exercem influência sobre o comportamento do

indivíduo (princípio da dominância).

2. As necessidades agrupam-se segundo uma hierarquia.

3. As necessidades de qualquer nível de hierarquia emergem como

motivadores significativos apenas quando as necessidades de níveis

inferiores na hierarquia já estiverem razoavelmente satisfeitas

(princípio da emergência).

Maslow organizou as necessidades humanas em cinco grupos ou

categorias conforme sua hierarquia, predominância e probabilidade (pirâmide

de hierarquia das necessidades) conforme a descrição a seguir:

1. Necessidades Fisiológicas: Alimento, Água, oxigênio, sono, sexo, etc

(necessidades instintivas).

2. Necessidades de Segurança: busca de proteção contra ameaças e

privações.

3. Necessidades Sociais: amizade, afeto, amor (necessidades

relacionadas ao convívio social).

4. Necessidade de Estima: desenvolvimento de autoconfiança e do

sentimento de utilidade (ser útil e necessário). A frustração desta

necessidade produz sentimentos de inferioridade e impotência.

5. Necessidade de Auto-Realização: necessidade de realização do

próprio potencial do indivíduo, utilização plena de seus talentos.

NECESSIDADE DE AUTO - REALIZAÇÃO

16

NECESSIDADE DE ESTIMA

NECESSIDADES SOCIAIS NECESSIDADE DE SEGURANÇA NECESSIDADES FISIOLÓGICAS

Teoria ERC (Existência, Relacionamento e Crescimento) – Alderfer

Esta teoria foi desenvolvida pelo psicólogo Clayton Alderfer (apud

SILVA,2001), à partir da teoria de Maslow e de novas pesquisas e concorda

que a motivação pode ser medida através de uma hierarquia de necessidades,

mas diverge da teoria de Maslow que acreditava que as pessoas subiam

progressivamente dentro das hierarquias das necessidades. Alderfer entendia

que as pessoas subiam e desciam dentro da hierarquia de necessidades,

sentindo-se motivada por necessidades de diferentes níveis e que a frustração

das necessidades de um nível elevado levava o indivíduo a um retorno às

necessidades de nível inferior, mesmo que estas já tivessem sido satisfeitas

em um momento anterior.

Nesta teoria, existem apenas três fatores essenciais para a motivação:

1. Necessidades Existenciais: corresponde às necessidades fisiológicas e

de segurança de Maslow.

2. Necessidades de Relacionamento: corresponde às necessidades

sociais e de auto-estima de Maslow.

3. Necessidades de Crescimento: corresponde às necessidades de auto-

realização de Maslow.

Teoria da Realização (Teoria das Necessidades adquiridas) –

McClelland

17

Para David McClelland (apud SILVA,2001) , as necessidades podem

ser aprendidas e socialmente adquiridas com a interação com o ambiente e se

dividem em três categorias:

1. Necessidades de Realização(nR): desejo de ser melhor, de ser

excelente, mais eficiente. Pessoas com essas necessidades gostam de

correr riscos calculados, traçar metas e ter responsabilidades.

2. Necessidades de Poder(nP): desejo de controlar os outros e influenciá-

los. Pessoas com essas necessidades têm grande poder de

argumentação (poder que pode ser positivo ou negativo) e gostam de

assumir cargos de liderança.

3. Necessidade de Afiliação(nA): desejo de apoio, de estabelecer

relacionamentos significativos, de companheirismo, apoio, etc.

Pessoas com essas necessidades colocam as pessoas acima das

tarefas.

Teoria dos dois fatores – Herzberg

Frederic Herzberg (apud SILVA,2001) desenvolveu esta teoria à partir

da teoria das necessidades de Maslow, mas como Clayton Alderfer, também

discordou de alguns pontos daquela teoria. A investigação de Herzberg

demonstrou que os fatores que provocam atitudes positivas com relação ao

trabalho não são os mesmos que provocam atitudes negativas e que era

necessário distinguir os conceitos de motivação e satisfação.

Para Herzberg dois grupos de necessidades orientam o

comportamento das pessoas e devem ser considerados independentes: As

necessidades motivadoras e as necessidades higiênicas.

1. Necessidades Motivadoras (intrínsecas): estão relacionadas com o

conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas executadas pelas

18

pessoas (conteúdo do cargo) e, ao contrário das nececidades

higiênicas, estão sob o controle das pessoas. Ex:

2. Necessidades higiênicas (extrínsecas): se localizam no ambiente que

rodeia as pessoas e tem relação com as condições com as quais elas

realizam seu trabalho (contexto do cargo). Ex:

Na relação com a pirâmide da hierarquia das necessidades de Maslow,

os fatores higiênicos de Herzberg correspondem às necessidades fisiológicas

de Maslow (base da pirâmide), bem como às necessidades de segurança e

sociais (necessidades intermediárias da pirâmide) e os fatores motivacionais

correspondem às necessidades de auto-estima e auto-realização de Maslow

( necessidades mais elevadas – topo da pirâmide).

Teoria X e Y – McGregor

Este modelo definido por Douglas McGregor (apud SILVA,2001)

baseou-se em duas teorias:

1. Teoria X: considera que todo trabalhador tem aversão ao trabalho e só

trabalha porque necessita. Os trabalhadores evitarão o trabalho

sempre que puderem. Considera ainda que a maioria das pessoas

prefere ser dirigida para não assumir responsabilidades, pois não são

ambiciosas e são preguiçosas. Para estes, o trabalho tem importância

secundária e os administradores devem coagi-los com punições ou

motivá-los com salários e outros benefícios.

2. Teoria Y: considera que o trabalho é algo semelhante à diversão ou ao

descanso. Assume que as pessoas têm o desejo de trabalhar e que se

o trabalho for realizado em um ambiente adequado e confortável trará

19

satisfação às pessoas. Assume também que as pessoas aceitam e

buscam responsabilidades em que possam explorar suas

potencialidades (inteligência e criatividade) para proveito da empresa.

1.3.2 - TEORIAS DE PROCESSO

Teoria do Caminho-Meta – House

A teoria de House (apud SILVA,2001) assume que os líderes motivam

um desempenho melhor de seus subordinados atuando de modo a fazê-los

crer que os resultados importantes podem ser alcançados por meio de esforço

concentrado. Para atingir estes objetivos o líder precisa ser capaz de

manifestar quatro estilos de comportamento diferentes.

1. Diretivo: fornece aos subordinados diretrizes específicas para a

realização das tarefas, cria expectativas e fixa padrões para o

desempenho.

2. Prestativo: demonstra interesse pelo bem-estar dos subordinados e é

acessível .

3. Participativo: solicita ideias e sugestões dos subordinados e incentiva a

participação em decisões que os afete diretamente.

4. Orientado para objetivos: fixa objetivos desafiadores e atrativos para

promover o desempenho no trabalho.

Teoria da Equidade – Stacy Adams

A teoria de Stacy Adams (apud SILVA,2001) fundamenta-se na

premissa que os trabalhadores buscam justiça quanto às recompensas

recebidas, comparando-as com as de seus colegas de trabalho (comparação

20

social). Quando há desigualdade, ocorre a inequidade, que pode ser positiva

(quando o trabalhador recebe mais que seus colegas) ou negativa (quando

recebe menos).

Teoria da Expectação - Vroom

A Teoria de Vroom (apud SILVA,2001) norteia-se em uma visão

econômica do indivíduo e vê as pessoas como seres individuais com vontades

e desejos diferentes relativos ao trabalho e que tomam decisões com o que

lhes é mais apropriado no momento. Esta teoria possui os seguintes

pressupostos relativos ao comportamento dos indivíduos:

1. O comportamento é motivado por uma combinação de fatores do

indivíduo e do ambiente.

2. Os indivíduos tomam decisões relativas a seu comportamento no

trabalho.

3. Os indivíduos têm necessidades, desejos e objetivos diferentes.

4. Os indivíduos se comportam baseados em suas expectativas.

Os principais componentes desta teoria são:

1. Valência: força do desejo de um indivíduo para um resultado particular.

2. Expectativa: Conjunto de esforços para o primeiro nível de resultados.

3. Instrumentalidade: relação entre desempenho e recompensa.

Teoria do Reforço – Skinner

21

Já a teoria de Skinner (apud SILVA,2001) baseia-se na idéia que o

reforço condiciona o comportamento sendo que este é determinado por

experiências negativas ou positivas, devendo o gerente estimular

comportamentos desejáveis e desencorajar comportamentos indesejáveis.

O reforço positivo se dá de várias formas tais como: premiações,

promoções e até um simples elogio a um trabalho bem feito. São motivadores

vistos que incentivam o alto desempenho.

O reforço negativo condiciona o funcionário à não se comportar de

maneira desagradável, atuando através repreensões chegando até a

demissões.

CAPÍTULO II

OS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS

O objetivo deste capítulo é o de clarificar o conceito de Portador de

Necessidades Especiais ou PNEs, mostrar como o entendimento das pessoas

Não Portadoras de Necessidades Especiais – NPNEs sobre o que é ser um

Portador de Necessidades Especiais – PNE evoluiu, mesmo que lentamente,

ao longo da história e mostrar a evolução deste entendimento no Brasil com a

elaboração de Leis e Decretos para a proteção dos direitos deste grupo de

indivíduos.

2.1 – Portador de Necessidades Especiais – Conceitos,

definiçoes e dados estatísticos.

Como definimos uma pessoa Portadora de Necessidades Especiais?

No dicionário Aurélio em sua sexta edição revista e atualizada não foi

encontrado o termo Portador de Necessidades Especiais, sendo que as

22

palavras abaixo relacionadas descrevem a Necessidade Especial e o Portador

da seguinte maneira:

Deficiência 1. Carência 2. Insuficiência

Deficiente 1. Em que há deficência 2. Pessoa que apresenta

deficiência física ou psíquica

Apesar das definições etimológicas estarem corretas, será que elas

definem o Portador de Necessidades Especiais em sua essência?

A dificuldade de definição começa pelas várias expressões utilizadas

para designar Pessoas com Necessidades Especiais - PNEs. Dentre estas,

pode-se destacar, citando o trabalho de Nair Lemos Gonçalves (1979):

“pessoas portadoras de deficiências”, “individuos de capacidade limitada”,

“minorados”, “impedidos”, “descapacitados”, “excepcionais”, “minusválidos”,

“disable person”, “handicapped person”, “unusual person”, “special person”,

“inválido”, “deficiente”.

Segundo Marano (2001, p. 125) “do ponto de vista da Medicina

Ocupacional, é considerado deficiente todo aquele que apresenta certas

deficiências físicas ou psíquicas não incapacitantes, porém determinantes, e

em caráter definitivo, de uma limitação de sua capacidade de trabalho”.

O escritor gaúcho Mário Quintana descreveu com excelência poética

algumas definições em seu poema intitulado deficiências:

“Deficiente” é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando

as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem

ter consciência de que é dono do seu destino.

“Louco” é quem não procura ser feliz com o que possui.

“Cego” é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de

miséria e só olha para seus míseros problemas e pequenas dores.

23

“Surdo” é aquele que não tem tempo de ouvir o desabafo de um

amigo ou o apelo de um irmão, pois está sempre apressado para o

trabalho e quer garantir os tostões no fim do mês.

“Mudo” é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde

por trás da máscara da hipocrisia.

“Paralítico” é quem não consegue andar na direção daqueles que

precisam de ajuda.

“Diabético” é quem não consegue ser doce.

“Anão” é quem não sabe deixar o amor crescer.

E finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:

“Miseráveis” são todos os que não conseguem falar com Deus.

Passando para uma definição mais técnica a respeito da pessoa

portadora de deficiência, artigo 4º do Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de

1999 descreve a pessoa portadora de deficiência da seguinte forma:

Art 4º - É considerada pessoa portadora de deficiência a que se

enquadra nas seguintes categorias:

I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais

segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função

física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia,

monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia,

hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros

com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e

as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções;

II - deficiência auditiva - perda parcial ou total das possibilidades

auditivas sonoras, variando de graus e níveis na forma seguinte:

a) de 25 a 40 decibéis (db) - surdez leve;

b) de 41 a 55 db - surdez moderada;

c) de 56 a 70 db - surdez acentuada;

d) de 71 a 90 db - surdez severa;

24

e) acima de 91 db - surdez profunda; e

f) anacusia;

III - deficiência visual - acuidade visual igual ou menor que 20/200 no

melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (tabela de

Snellen), ou ocorrência simultânea de ambas as situações;

IV - deficiência mental - funcionamento intelectual significativamente

inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações

associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:

a) comunicação;

b) cuidado pessoal;

c) habilidades sociais;

d) utilização da comunidade;

e) saúde e segurança;

f) habilidades acadêmicas;

g) lazer;

h) trabalho.

V - deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências.

O primeiro artigo da Convenção 159 da OIT (Organização

Internacional do Trabalho) de 1983, define pessoa com deficiência da seguinte

maneira:

Art.1- Para efeito desta Convenção, entende-se por “pessoa deficiente”

todas as pessoas cujas possibilidades de obter e conservar um emprego

adequado e de progredir no mesmo fiquem substancialmente reduzidas devido

a uma deficiência de caráter físico ou mental devidamente comprovada.

25

No Brasil, segundo o Censo realizado no ano 2000 pelo IBGE –

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, existem cerca de 24,5 milhões de

brasileiros portadores de algum tipo de deficiência, distribuidos da seguinte

forma: 8,3% tem alguma deficiência mental, 4,1% tem alguma deficiência

ffsica, 22,9% tem alguma deficiência motora, 48,1% tem deficiência visual e

16,7% tem deficiência auditiva.

2.2 – A Evolução do conceito ao longo da história Para entender melhor a evolução do conceito sobre o Portador de

Necessidades Especiais e da relação das pessoas com este grupo especial, é

preciso olhar para o passado, para a organização das sociedades de cada

época e de suas relações de trabalho.

De acordo com Pessoti (1984), antes do advento do cristianismo

existia uma noção de deficiência física associada à superstição e ao

misticismo. Um corpo físico sem defeito ou imperfeições era considerado uma

dádiva divina, enquanto que qualquer tipo de deficiência era considerada um

castigo divino. Estes seres degenerados, segundo o entendimento da época,

deviam ser mortos pela vergonha que causavam aos familiares e à sociedade.

Segundo Aranha (1979) e Pessoti (1984), na antiguidade, as atividades

econômicas que definiam a relação do homem com a sua realidade eram

representadas pela agricultura, pela pecuária e pelo artesanato. A terra e o

rebanho eram abundantes, de posse familiar da nobreza. A produção era

realizada por indivíduos economicamente dependentes, que tinham por

senhores, os donos desses bens. O “homem” era o senhor, sendo que os

demais indivíduos, não senhores, eram considerados sub-humanos. Desta

forma, valores sociais eram atribuídos aos senhores, enquanto que aos

demais, não cabia atribuição de valor, contando com sua condição de

subhumanos. A deficiência, nessa época, inexistia enquanto problema, sendo

que as crianças que apresentavam deficiências imediatamente detectáveis, a

atitude adotada era a da “exposição”, ou seja, o abandono ao relento, até a

morte.

26

Segundo Pessoti (1984), na Idade Média, as sociedades passaram a

se estruturar em feudos, mantendo ainda como atividades econômicas a

agricultura, a pecuária e o artesanato. O advento do Cristianismo veio

influenciar o desenvolvimento da visão abstrata de Homem, que passou a ser

visto como ser racional, criação e manifestação de Deus. A organização sócio-

política mudou sua configuração, passando a exibir, então, três extratos sociais

formais: nobreza, clero (detentores do saber) e servos (responsáveis pela

produção). Em função da disseminação das ideias cristãs, o diferente não

produtivo (deficiente) adquiriu, nesse momento histórico, “status” humano, já

que passou a ser considerado também possuidor de uma alma. Em sendo

assim, não mais se fazia aceitável sua exterminação. Gradativamente, sua

custódia e cuidado passaram a ser assumidos pela família e pela Igreja,

embora não haja evidências de esforços específicos e organizados de lhes

prover acolhimento, proteção e/ou tratamento.

Ainda segundo Pessoti (1984), as causas desta excepcionalidade

estavam ligadas ao conceito de pagamento de pecados. A participação da vida

em sociedade ainda não era permitida, as pessoas deficientes deveriam

permanecer segregados em mosteiros e instituições, à margem do processo

social. No final do século XV foi marcado por uma revolução de ideias com as

mudanças no sistema de produção baseado em feudos para o capitalismo

mercantil. Com a formação dos estados modernos acontece uma nova divisão

social do trabalho, com a elaboração de contratos de trabalho entre os

proprietários dos meios de produção e operários.

O avanço na medicina muda o conceito que se tinha do portador de

deficiência relacionado ao conceito de pecado, dando lugar a um conceito

médico. Começaram a surgir hospitais psiquiátricos para confinar os pacientes

considerados doentes (deficiência encarada como uma doença que

incomodadva a sociedade) ou seja: a institucionalização do paciente. Desde

seu início, este consistiu da retirada das pessoas de suas comunidades de

27

origem e sua manutenção em instituições residenciais isoladas, denominadas

Instituições Totais, em localidades distantes de suas famílias (POLLOWAY

ET.AL., 1996).

Segundo Nambu (2003), os séculos XVII e XVIII foram marcados pelos

estudos da deficiência como fenômeno. Este período marcou o

encaminhamento de uma diversidade de ações sociais: desde a

institucionalização em conventos e hospícios, até o ensino especial segregado.

No século XIX, o modo de produção capitalista continuou a se fortalecer,

mantendo o sistema de valores e de normas sociais. Tornou-se necessária a

estruturação de sistemas nacionais de ensino e de escolarização para todos,

com o objetivo de formar cidadãos produtivos e a mão de obra necessária para

a produção. A atitude de responsabilidade pública pelas necessidades do

deficiente começou a se desenvolver, embora se mantivesse ainda a tendência

de manter a instituição fora do setor público, sob a iniciativa e sustentação do

setor privado.

Ainda segundo Nambu (2003), no século XX, implantou-se o

capitalismo moderno, financeiro, monopolizado. Este se caracterizou pelo

surgimento dos grandes capitalistas, detentores do poder, que passaram a

definir a força de trabalho da qual necessitavam para alcançar os objetivos de

aumento do capital. Em sendo assim, criaram-se condições para garantir o

volume necessário de trabalhadores. A população excedente permaneceu

marginalizada, sem contar com oportunidades reais de mudança.

Multiplicaram-se as leituras sobre a deficiência, representadas por diferentes

modelos. Constata-se, na compreensão da deficiência, a manutenção do

modelo metafísico, coexistindo com o modelo médico, o modelo educacional, o

modelo da determinação social e, mais no final desse século, o modelo sócio-

histórico. A origem do fenômeno, portanto, continuou sendo de natureza sócio

político-econômica, embora sua leitura tenha sido feita em diferentes

dimensões, aparentemente desvinculadas desta realidade.

2.3 - A evolução do conceito no Brasil

28

No Brasil, conforme explicado por Nambu (2003), a atenção à pessoa

com deficiência caracterizou-se inicialmente pela institucionalização e pela

segregação total dessa parcela da população.

Segundo o Procurador do Ministério Público do Trabalho de São Paulo,

Dr. Ricardo Tadeu Marques da Fonseca em seu artigo intitulado: “Evolução

cultural aumenta inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho”

e anexado a este trabalho, até antes da promulgação, as pessoas com

deficiência eram conhecidas como inválidas”, “incapazes’ ou “excepcionais”.

Segundo Nambu (2003), os efeitos das mudanças nas políticas de

saúde após 1964 começaram a se fazer visíveis, abrindo caminho para o

paradigma dos serviços. A mudança de valores e de ação passou a se

manifestar pela quase segregação, representada pela mudança de natureza

das instituições já existentes, ou pela criação de novas entidades, agora de

prestação de serviços.

Ainda segundo Nambu (2003), a partir da década de 80, começou a

haver uma rejeição do paradigma de segregação e de exclusão das pessoas

Portadoras de Necessidades Especiais, bem como das instituições. Leis,

Decretos e Emendas começaram a ser elaborados visando à proteção desse

grupo.

Em termos de amparo legal, a primeira notícia de proteção específica

ao Portador de Necessidades Especiais, conforme Araújo (2001) foi a Emenda

Constitucional nº 1, de 1969. Ainda segundo o autor citado acima, a Emenda

Constitucional nº 12, de 1978, ampliou estes direitos.

Constituição de 1988, trouxe em seu Título I alguns Princípios

Fundamentais, entre eles: A dignidade da pessoa humana (Art. 1º - Parágrafo

III) e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (Art 1º - Parágrafo IV).

29

Já em seu Título II, Capítulo I, Artigo 5º, transcrito literalmente abaixo, diz que:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e á

propriedade, nos termos seguintes......

Em seu Artigo 203, que trata da assistência social, a Constituição

versa que a assistência social será prestada a quem dela necessitar,

independentemente de contribuição à seguridade social e tem por objetivos:

(Parágrafo IV) A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de

deficiências e a promoção de sua integração à vida comunitária.

À partir da Constituição, outras Leis e Decretos foram promulgados no

sentido de promover a integração citada acima, entre elas:

• A Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, que delineia a Política

Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, sendo

regulamentada pelo Decreto nº 914, de 06 de setembro de 1993.

• A Lei nº 8213,de 24 de julho de 1991, em seu Artigo nº 89, que dispõe

sobre a habilitação e reabilitação profissional do Portador de

Deficiência.

• A Lei nº 10.048, de 08 de novembro de 2000 que trata do atendimento

prioritário ao portador de deficiência ou com mobilidade reduzida.

• A Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas

gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das

pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.

O Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999 que revogou o Decreto

nº 914 e regulamentou a Lei nº 7.853.

• O Decreto nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004, que regulamenta as

Leis nº 10.048 e 10.098 citadas acima.

30

CAPÍTULO III

A MOTIVAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS

PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO

JUDICIÁRIO FEDERAL DO RIO DE JANEIRO:

ANALISANDO PROBLEMAS E ALTERNATIVAS

Ao abordarmos a motivação, geralmente percebemos a dificuldade em

conceituá-la, como pudemos ver no capítulo I deste trabalho. São muitas as

variáveis, situações, condições, etc, tornando difícil definir uma “verdade

absoluta” para este tema.

Esta conceituação torna-se ainda mais difícil quando a motivação está

relacionada ao Portador de Necessidades Especiais (PNE) seja no Judiciário

Federal ou em qualquer esfera do serviço público ou privado, já que a

motivação dos Portadores de Necessidades Especiais poderá estar

relacionada a fatores específicos (ARANHA, 1995), além dos fatores já

descritos nos conceitos e nas teorias expostas no capítulo anterior. Estes

fatores específicos podem ser de ordem física (a própria condição física do

Portador de Necessidades Especiais que o desmotiva para o trabalho),

arquitetônica (barreiras arquitetônicas que tornam a ida ao trabalho um

tormento), cultural (a dificuldade daqueles que não são Portadores de

Necessidades Especiais – Principalmente as chefias imediatas, em lidar no

trabalho com aqueles que são), educacional (qualificação dos Portadores de

Necessidades Especiais) entre outras.

31

Com o advento das Leis, Decretos e regulamentações garantindo a

proteção constitucional da pessoa com necessidades especiais, avançou-se

muito na contratação destes profissionais, mas também foram criados alguns

problemas para as empresas.

A Lei nº 8213 de 24 de julho de 1991, conforme já citada no capítulo II,

passou a exigir que um percentual do número de vagas de qualquer empresa

fosse preenchido por Portadores de Necessidades Especiais – PNE. Á partir

da Lei, a quantidade de Portadores de Necessidades Especiais que

precisariam ser contratados por uma empresa com mais de 1000 funcionários

passou a ser de 5% ou 50 funcionários para suas posições, que antes eram

ocupadas por pessoas sem necessidades especiais. Essa nova realidade

passou a exigir das empresas uma adaptação de suas instalações, programas,

missão, valores, etc para este novo perfil de funcionário.

O segundo diz respeito à capacitação destes profissionais para

assumir estas posições.

De acordo com reportagem exibida na revista Veja, edição de 31 de

outubro de 2007, uma delegada regional do Trabalho de São Paulo explica que

a Lei que destina vagas aos Portadores de Necessidades Especiais, esbarrou

no seu próprio sucesso e que a dificuldade maior das empresas é a falta de

capacitação deles. Explica ainda que as grandes empresas não conseguem

preencher as vagas mesmo após publicar anúncios em jornais e tentar atrair

Portadores de Necessidades Especiais contratados por outras empresas.

O terceiro diz respeito à socialização dos Portadores de Necessidades

Especiais nos locais de trabalho. Sobre este ponto Werneck e Gil fazem as

seguintes colocações:

“Integrar? Depende de algumas condições, das possibilidades de cada

pessoa. Como proposta é cheia de sés” (WERNECK,1999, p.21)

32

“Quando visamos incluir Portadores de Necessidades Especiais dentro

de um ambiente organizacional, é imprescindível que lhe seja assegurada

condições de interação aos demais funcionários e colaboradores (internos e

externos). Contratá-los deve ir além dos trâmites meramente burocráticos,

sendo necessário oferecerem possibilidades para desenvolverem-se

atendendo aos critérios de desempenho previamente estabelecidos”.

(GIL, 2002).

Some-se a esses problemas a dificuldade de contratação, capacitação,

socialização e adequação das instalações de um poder público como o

Judiciário Federal, e temos a hipótese sugerida neste trabalho de que os

Portadores de Necessidades Especiais no Judiciário Federal podem estar

sendo excluídos inconscientemente dos cargos de gestão e do dia a dia do

órgão, o que pode estar gerando neste grupo uma desmotivação e uma falta

de comprometimento dentro da organização. Para saber se a hipótese

sugerida neste trabalho estava correta, foi aplicado um questionário com dez

perguntas, localizado no anexo 5 deste trabalho e cujos resultados estão

descritos abaixo.

3.1 – MOTIVAÇÃO DOS SERVIDORES PORTADORES DE NECESSIDADES

ESPECIAIS NO JUDICIÁRIO FEDERAL: ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS /

ENTREVISTAS

Ao aplicar o questionário ao grupo de servidores Portadores de

Necessidades Especiais que seriam avaliados (anexo 5), foram realizadas

entrevistas com cada um deles para extrair mais informações além das que

estariam contidas nos questionários e para certificação de que os questionários

seriam respondidos.

Também foram feitas entrevistas informais, que não foram gravadas

nem documentadas (dois diretores do Sindicato dos Servidores das Justiças

Federais do Rio de Janeiro – SISEJUFE/RJ Portadores de Necessidades

33

Especiais e com o diretor geral do mesmo sindicato, porém, não Portador de

Necessidades Especiais).

Ao avaliar a quantidade de servidores para a amostragem, um fato que

chamou a atenção foi a pequena quantidade de servidores Portadores de

Necessidades Especiais nos prédios onde os questionários seriam aplicados.

Outro fato curioso, conforme relatado pelos dois diretores do

SISEJUFE/RJ responsáveis pelo Núcleo dos Portadores de Necessidades

Especiais – NPNE, foi a ausência de servidores com necessidades especiais

em um dos prédios do Tribunal Regional Federal (conforme informação

passada ao Sindicato pela Subsecretária de Recursos Humanos do Órgão) e

também a relocação dos servidores Portadores de Necessidades Especiais de

um prédio da Justiça Federal que não oferecia condições adequadas de

acessibilidade para outro com melhores condições.

Na avaliação do nível de escolaridade dos entrevistados (pedida no

início do questionário), foi verificado que todos possuíam nível superior

completo e que alguns estavam fazendo um curso de pós graduação. Este fato

é importante, pois descreve um perfil atual dos servidores Portadores de

Necessidades Especiais da área de estudo em questão.

Outra constatação referente ao tempo de serviço público é a de que

todos os entrevistados têm mais de dez anos de serviço público, (conforme

respostas dos questionários), o que dá mais embasamento às respostas, pois

estamos tratando com servidores que já adquiriram a estabilidade e que

passaram por processos de mudança de locais de trabalho, mudanças de

diretorias dentro da Justiça Federal e de presidências dentro do Tribunal

Regional Federal e por isso podem avaliar as perguntas contidas no

questionário de maneira abrangente e não por fatos isolados vistos por quem

ainda está se adaptando à rotina de seu novo emprego.

34

As necessidades também foram abordadas no questionário, sendo que

dentre os entrevistados encontram-se três servidores deficientes visuais, um

com deficiência física decorrente de paralisia infantil e uma com deficiência

física leve.

Com relação às respostas dos entrevistados (identificados pelas

iniciais de seus nomes para preservar sua privacidade e para maior

autenticidade das respostas ), o trabalho pôde chegar às seguintes análises:

3.1.1 – Interesse / Comprometimento com o trabalho

Com relação ao interesse dos servidores em relação ao seu trabalho

(perguntas 01 e 02 do questionário), todos os entrevistados demonstraram ter

um alto interesse no sentido de colaborar com sua capacidade para uma

melhora do mesmo.

Outra avaliação com relação a este tópico é a de que todos concordam

que, apesar de gostarem do local onde estão trabalhando, poderiam fazer mais

do que estão fazendo (principalmente os servidores com deficiência visual que

afirmam que a sua deficiência, não os atrapalha em seu trabalho e que têm um

maior potencial a ser desenvolvido).

Um fato interessante é que os diretores do Sindicato dos Servidores

das Justiças Federais – SISEJUFE/RJ que são portadores de deficiência

visual, estão entre os diretores mais atuantes daquele sindicato, o que na

prática comprova a assertiva dos servidores com este tipo de deficiência de

que a cegueira não os impede de fazer nada no trabalho desde que possuam

as ferramentas certas para trabalhar.

3.1.2 – Treinamento e desenvolvimento

Com relação ao treinamento e desenvolvimento dos Portadores de

Necessidades Especiais (perguntas 03 e 04 do questionário), todos concordam

35

que não existe um programa de treinamento adequado para este público-alvo

e que faltam equipamentos que se adequem às suas necessidades.

Com a necessidade de contratação de mais servidores com

necessidades especiais, todos acreditam que haverá uma melhora significativa

tanto no treinamento como nos programas de trabalho do Judiciário.

3.1.3 – Acessibilidade

A questão da acessibilidade é uma questão complexa, pois não

envolve apenas as barreiras arquitetônicas (ausência de rampas, banheiros

adaptados, etc) mas também as barreiras culturais (ausência de uma política

de integração para o Portador de Necessidades Especiais) e neste tópico há

uma divergência de opiniões, pois para os servidores com deficiência visual, a

acessibilidade não é das mais adequadas, mas não é impeditiva para eles.

Para os servidores com deficiência física a acessibilidade é impeditiva,

pois em muitos prédios do Judiciário não existem banheiros adaptados para

cadeirantes. Um dos servidores entrevistados que trabalhou por muito tempo

em um dos prédios da Justiça Federal, relatou que o local não possuía

nenhuma adaptação para Portadores de Necessidades Especiais. Neste caso,

a própria arquitetura do prédio passou a ser uma barreira para o acesso deste

servidor.

3.1.4 – Relação dos servidores PNEs com servidores NPNEs

Com relação a este tópico do questionário (perguntas 06, 07,08 e 09),

Todos concordam que a relação de trabalho com os colegas Não Portadores

de Necessidades Especiais – NPNEs é muito boa e que não existem fatores

impeditivos.

E explicação para esta questão pode estar relacionada a alguns

fatores que podem estar ajudando neste bom relacionamento entre Portadores

36

de Necessidades Especiais x Não Portadores. Estes fatores estão descritos na

pesquisa de perfil dos servidores públicos publicada pelo Sindicato dos

Servidores das Justiças Federais – SISEJUFE/RJ e anexada a este trabalho, a

qual mostra que 34,9% destes servidores tem idades entre 36 e 45 anos e

23,5% entre 46 e 55 anos, portanto 58,4% dos servidores estão numa idade de

maior maturidade e de maior compreensão das necessidades de outros

colegas.

Outro fator descrito na pesquisa que pode estar influenciando

positivamente esta boa qualidade no relacionamento é o grau de escolaridade

dos servidores do Judiciário Federal. A pesquisa revelou que 92% dos

servidores já freqüentaram a faculdade, 84% tem pelo menos um curso

superior completo e 37% tem pós-graduação.

Mais um fator que merece destaque está relacionado ao perfil

profissional dos servidores do Judiciário Federal. Na questão tempo de serviço,

47% dos servidores têm entre 08 e 15 anos de serviço no Judiciário e 18%

entre 16 e 20 anos. Isso mostra que 65% do total de servidores têm

experiência de mais de 08 anos no serviço público (inclusive os entrevistados).

Outros fatores que não foram colocados na pesquisa, mas que afetam

tanto aos servidores Portadores de Necessidades Especiais como aos

servidores Não Portadores, são os fatores remuneração e benefícios.

Mais de 90% dos servidores do Judiciário Federal são Técnicos

Judiciários (nível de 2º grau) ou Analistas Judiciários (nível de 3º grau) sendo

que em ambos os casos a remuneração inicial encontra-se acima de 10

salários mínimos, incluindo salários, gratificações e benefícios (Fonte:

Sindjus/DF). Mesmo que a remuneração e os benefícios não sejam um fator de

satisfação como alguns trabalhos gostam de ressaltar, eles certamente não

são um fator de insatisfação, ou seja, com o nível de remuneração citado, os

servidores são colocados num patamar acima das necessidades fisiológicas da

37

pirâmide da Hierarquia das Necessidades de Maslow e dos fatores higiênicos

de Herzberg.

Uma questão que chamou a atenção e que não foi colocada

abertamente nas perguntas, mas que foi mencionada por um dos entrevistados

e pelos diretores do Sindicato na entrevista, foi a questão das Funções

Comissionadas e Cargos em Comissão, as FC’s e CJ’s como são comumente

chamadas no Judiciário Federal. Com relação ao recebimento destas

gratificações todos os entrevistados colocaram que nunca receberam estas

gratificações efetivamente.

Hoje no Judiciário Federal acontece uma grande disputa com relação

ao recebimento das gratificações por parte dos servidores em geral, já que

algumas delas aumentam significativamente o valor final dos salários no final

do mês (como é o caso das CJ´s que são cargos em comissão destinados aos

servidores que exercem funções de Chefia, Assessoramento e Direção).

As Funções Comissionadas e os Cargos em Comissão são de livre

nomeação e exoneração, e são dados por critérios de confiança (funções de

confiança do administrador) e por isso fica difícil fazer um juízo de valor ao

colocar a questão como preconceito (conforme descrito em um dos

questionários) ou como uma barreira cultural por parte das chefias superiores

em lidar com um supervisor ou diretor Portador de Necessidades Especiais já

que esta é uma questão de foro íntimo de cada administrador.

3.1.5 – Propostas para melhor adequação do Judiciário aos PNEs

As maiores reclamações dos servidores Portadores de Necessidades

Especiais com relação a este tópico e conforme já citado anteriormente, dizem

respeito às barreiras de acessibilidade criada pelos programas da própria

38

Justiça Federal que segundo estes servidores não os atende em sua essência,

pois estes programas foram criados para serem usados por pessoas Não

Portadoras de Necessidades Especiais – NPNEs e com as novas contratações

de servidores com necessidades especiais não houve uma adaptação do

programa para esta nova realidade, ou ainda, a compra ou o desenvolvimento

de um novo programa que atenda à necessidade de Portadores e Não

Portadores de Necessidades Especiais.

3.2 – ANALISANDO PROBLEMAS E SOLUÇÕES

Os maiores problemas relatados pela amostra de servidores que

preencheram os questionários e foram entrevistados foram as barreiras

arquitetônicas e a falta de programas adaptados ao Portador de Necessidades

Especiais – PNEs.

Quanto ao primeiro problema listado, a Norma da Associação

Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR Nº 9050, revisada em 2004 e que

trata da acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos

urbanos, trás uma série de normas aplicáveis aos prédios do Judiciário no

sentido da remoção das barreiras arquitetônicas para os Portadores de

Mobilidade Reduzida – PMR que vai além do portador de Necessidades

Especiais – PNEs, incluindo também os obesos, os idosos, as gestantes, etc.

Algumas normas de acessibilidade que poderiam ser aplicadas aos

atuais prédios do Judiciário são:

• Substituição de todas as portas menores que 80cm por portas com

esta medida ou acima.

• Adaptação de pelo menos 01 banheiro de cada andar para Portadores

de Necessidades Especiais – PNEs, conforme ABNT NBR 9050 – P.65

a 77. Cabe ressaltar que o SISEJUFE/RJ na reforma de sua sede, já

39

adaptou um de seus banheiros para PNEs, colocou todas as portas

com mais de 80cm e interligou todas as suas áreas para melhor

acessibilidade de todos os usuários).

• No prédio da Seção Judiciária do Rio de Janeiro localizado na Av. Rio

Branco 243, a instalação de transporte vertical adaptado para

Portadores de Necessidades Especiais – PNEs entre o térreo e a

sobreloja (seção de distribuição) resolveria o problema atual, já que os

elevadores não param no local e há espaço para a instalação deste

equipamento. Este equipamento seguiria a orientação da ABNT NBR

13994/2000 - Seção 05.

• Elevadores com sistema de voz e sinalização em braile ou textos em

relevo e adaptados pela NBR 13.994/2000.

• Eliminação de pequenos anteparos na entrada do prédio citado acima,

rampeando as entradas para maior acessibilidade.

• Criação de faixas táteis e comunicação visual em braile para

portadores de necessidades visuais.

• Compra de mesas com dimensóes de até 1.50m de comprimento por

0.50m de largura e altura mínima livre de 0,73m, pois acima destas

medidas fica difícil para o cadeirante acessar objetos e abaixo desta

altura, a cadeira de rodas não entra na mesa.

• Adaptação de interruptores e tomadas das alturas atuais para uma

altura compreendida entre 0,60m e 1,00m e entre 0,40m a 1,00m para

as tomadas (outras adaptações devem estar entre 0,40m e 1,20m -

ABNT NBR 9050 – P.13).

• Sinalização tátil (em braile ou texto em relevo) entre 0.90m e 1.10m

indicando cada sala pois a visual já existe (ABNT NBR 9050 – P.28).

40

• Sinalização visual nas escadas, sinalizações táteis e táteis de alerta

nos pisos, para avisar sobre obstáculos e junto dos elevadores (ABNT

NBR 9050 – P.30,31 e 33).

• Colocação de mapas táteis com informações escritas, sonoras e em

braile para acesso dos Portadores de Necessidades visuais, auditivas

e motoras (ABNT NBR 9050 – P.29).

• Destinação de áreas reservadas a pessoas com mobilidade reduzida e

pisos táteis nas escadas de emergência (P.41).

• Os bebedouros já são de garrafão, apenas precisam ter o suporte de

copos a uma altura entre 0.73m e 0.90m (P.90).

Estas são algumas das adaptações que poderiam ser executadas nas

próximas reformas dos prédios do Judiciário. Uma relação mais completa está

contida na própria NBR 9050 com maior riqueza de detalhes. Estas mudanças

seriam de simples execução e fariam uma grande diferença para os servidores

do Judiciário Portadores de Necessidades Especiais – PNEs.

Quanto à adaptação dos programas de computador, cabe ressaltar

que já houve algum progresso dentro do Judiciário nesse sentido, já que

alguns setores que possuem em seus quadros servidores Portadores de

Necessidades Especiais (segundo conversas informais com servidores

NPNEs) já contam com impressora em braile e programas de computador

adaptados para estes servidores, mas nem todos os setores possuem estas

facilidades e outros não estão preparados para novas contratações.

A compra de TDD (telecommunications device for the deaf), TS

(telefone para surdos) ou telefone de texto (ambos se referem ao mesmo

aparelho) seria uma outra necessidade no Judiciário Federal visando às

futuras contratações. Este telefone vem com um teclado parecido com o de um

41

computador e com ele os surdos podem comunicar-se, caso os dois pólos da

conversação possuam o aparelho (que pode vir com ou sem impressora e ser

portátil).

É preciso também formar cursos específicos para o servidor Portador

de Necssidades Especiais, tanto de ambientação quanto de uso de programas

adaptados. Os cursos de ambientação também seriam feitos para os

servidores Não Portadores de Necessidades Especiais para que estes possam

aprender como se relacionar melhor com seus pares, conhecer suas

deficiências, seus talentos e suas capacidades.

CONCLUSÃO

Ao ponderar sobre este trabalho, sobre as respostas contidas nos

questionários e avaliando o que foi dito nas entrevistas informais com

servidores e gestores do Judiciário Não Portadores de Necessidades

Especiais, cabe tecer algumas considerações:

Na amostra composta pelos quatro servidores Portadores de

Necessidades Especiais, todos confirmaram que não tiveram acesso aos

42

cargos de supervisão, chefia e assessoramento, comprovando em parte a

hipótese proposta neste trabalho (de que os Portadores de Necessidades

Especiais, sejam elas visuais, motoras, locomotoras, auditivas e/ou outras,

pareciam formar um grupo à parte no Judiciário Federal do Rio de Janeiro e

poderiam estar sendo excluídos inconscientemente dos cargos de gestão e do

dia a dia do órgão, causando a este grupo uma desmotivação no trabalho).

Por outro lado, esta exclusão, mesmo que involuntária por parte das

chefias imediatas destes servidores não tem sido fator de desmotivação e sim

de maior dedicação e trabalho no sentido do recebimento do reconhecimento

merecido, o que vai de encontro em parte à hipótese proposta.

Outro ponto que merece destaque é que estes servidores não formam

um grupo a parte, já que se relacionam bem com todos os servidores e chefias

(conforme ilustrado nas entrevistas informais com servidores Não Portadores

de Necessidades Especiais e gestores) e participam ativamente do sindicato

(conforme entrevista informal com o diretor geral do Sindicato dos Servidores

das Justiças Federais do Rio de Janeiro – SISEJUFE/RJ).

Para aproveitarmos melhor a força destes servidores (conforme relatado

por eles nos questionários anexos) é preciso remover apenas as barreiras de

ordem arquitetônica e promover uma maior acessibilidade aos programas de

gestão administrativa e processual do Judiciário Federal, o que com boa

vontade é possível.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ARANHA, Maria.S.F. Integração Social do Deficiente: Análise Conceitual e

Metodológica. Temas em Psicologia, n° 2, pp.63-70, 1995.

ARANHA, Maria.S.F. Trabalho e Emprego: Instrumento de Construção da

Identidade Pessoal e Social. Coleção de Estudos e Pesquisas na Área de

Deficiência. Brasília: 2003.

43

ATKINSON.R.; SMITH.E.; BEM.D. Introdução à psicologia de Hilgard. 13.Ed.

Porto Alegre: Artmed,2002.

BERGAMINI.C.W. Psicologia Aplicada à Administração de Empresas:

Psicologia do Comportamento Organizacional. 4ª ed. São Paulo:

Ed. Atlas, 2006

CASADO, Tânia et All. As Pessoas na Organização.São Paulo:Ed.Gente, 2002

CERVO, A.L. e BERVIAN, P.A. Metodologia Científica. São Paulo:

Ed. Prentice Hall, 2002.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração: Teoria, Processo e Prática. São

Paulo: Makron Books, 1994, 2ª Edição

CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Recursos Humanos. São Paulo:

Editora Atlas, 1980, vol , p. 81.

CLARK, Gordon H, Essays on Ethics and Politics, Trinity Foundation,

P. 113-114

Congresso Nacional. Lei Nº 7853, de 24 de outubro de 1989,Brasília-DF,1989.

Congresso Nacional. Lei Nº 8213, de 24 de julho de 1991,Brasília-DF,1991.

Congresso Nacional. Lei Nº 10.048, de 08 de novembro de 2000.

Brasília-DF,2000.

Congresso Nacional. Lei Nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

Brasília-DF,2000.

Congresso Nacional. Decreto Nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Política

Nacional para Integração da pessoa com deficiência. Brasília-DF,1999.

44

Congresso Nacional. Decreto Nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004.

Brasília-DF,2004.

GIL, M. O que as pessoas podem fazer pela inclusão das pessoas com

deficiência. São Paulo: Instituto ETHOS, 2002.

GONÇALVES, Nair Lemos. O Estado de Direito do Excepcional. In: Congresso

Nacional de Federação Nocional das APEs 9, 1979. (Separata)

HALL, Calvin S.; LINDZEY, Gardner. Teorias da Personalidade.

São Paulo: Epusp,1984, v.1.

HERZBERG, F. Como se faz para motivar um funcionário. In Biblioteca

Harvard de Administração. São Paulo: Editora Abril, 1975.

IDÉIAS EM REVISTA. Revista do Sindicato dos Servidores das Justiças

Federais. Rio de Janeiro. Editora Minister, ano III, 2009.

MAGILL, R.A. Aprendizagem Motora: conceitos e aplicações. São Paulo:

Edgard Blucher, 1984.

MARANO, Vicente P. Medicina do Trabalho: Controles Médicos: Provas

Funcionais. 4 Ed. São Paulo: LTr, 2001.

MASLOW, A. Motivação e Personalidade. New York: Harper & Row, 1954.

MELO, Sandro N. O Direito ao Trabalho da Pessoa Portadora de Deficiência:

O Princípio Constitucional da Igualdade: Ação Afirmativa.São Paulo: LTr, 2004.

MOOK, Douglas G., Motivation – The organization of action. New York.

W.W.Norton & Company , 1987.

45

NAMBU, Tais. S. Construindo um Mercado de Trabalho Inclusivo – Guia

Prático para Profissionais de Recursos Humanos. Volume 10,

Brasília: 2003.

PIÉRON, H. Dicionário de Psicologia. Porto Alegre: Editora Globo, 1968.

PESSOTI, Isaías. Deficiência mental: da superstição à ciência. São Paulo:

EDUSP, 1984

WERNECK, C. Sociedade inclusiva. Quem cabe no seu todo? 1ª edição.

Rio de Janeiro: Ed.WVA, 1999.

SILVA, Benedito. Dicionário de Ciências Sociais, Rio de Janeiro:FGV,1996.

SILVA. Reinaldo O. Teorias da Administração.1.ed. São Paulo: Pioneira, 2001.

WEBGRAFIA

BISPO,Patrícia. Itaú valoriza política de diversidade. Entrevista ao site

http://www.rh.com.br/Portal/Responsabilidade_Social/3500/itau-valoriza-

politica-de-diversidade.html – Página acessada em 31/08/2009

FONSECA, Ricardo Tadeu Marques. Evolução cultural aumenta inserção de

pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Palestra sobre o tema,

proferida em evento sobre inserção social de pessoas com deficiência,

ocorrido no período de 29/11 a 02/12/2004 em Washington D.C.

Informações prestadas para o site:

www.ame-sp.org.br/colocacao_profissional/colocacao_04.shtml

46

Acessado em 01/09/2009

NORMA BRASILEIRA ABNT NBR 9050. Acessibilidade a edificações,

mobiliário, espaços e equipamentos urbanos de 31.05.2004. Informações

retiradas do site: http://www.mpdft.gov.br/sicorde/NBR9050-31052004.pdf

Acessado em 02/09/2009

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Convenção 159 de 01 de

junho de 1983. Acessada no site http://www.cedipod.org.br/w6oit159.htm.

Acessado em 03/set/2009

QUINTANA,Mário. Deficiências. Poema acessado no site

http://www.pedroozorio.com.br/mensagens/deficiências.htm

Acessada em 03/09/2009

REVISTA VEJA - Edição 2032 de 31 de outubro de 2007 – Pleno emprego

http://veja.abril.com.br/311007/p_100.shtml - Acessado em 31/08/2009

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Artigo da revista Veja sobre mercado de trabalho para PNEs;

Anexo 2 >> Reportagem sobre política de diversidade do banco Itaú (PNEs); Anexo 3 >> Gráficos - Estudo sobre perfil do Judiciário Federal – Idéias em revista - revista do SISEJUFE/RJ – Ano III. Anexo 4 >> Artigo – Procurador Tadeu Marques da Fonseca Anexo 5 >> Questionários

47

ANEXO 1

VEJA Edição 2032 31 de outubro de 2007

Sociedade

Pleno emprego

Obrigadas por lei a reservar cotas para deficientes, empresas não conseguem preencher vagas – falta mão-de-

obra

David Oliver/Stone/Getty Images

48

Há vagas: faltam deficientes com capacitação

para preenchê-las

Na região metropolitana de São Paulo há 1 milhão de desempregados, o equivalente a 10% da população economicamente ativa e o dobro de toda a população do Amapá. Mas uma categoria especial de trabalhadores vive numa situação rara de pleno emprego. Desde que a chamada lei de cotas para deficientes passou a ser cumprida, o total de pessoas contratadas sob essa classificação no estado de São Paulo já passa de 70.000 (veja o quadro abaixo). Cerca de 60% do setor privado paulista está em dia com as cotas, que variam conforme o número de empregados de cada empresa. Não há estatísticas precisas para os outros estados, mas o Ministério do Trabalho informa que houve um aumento das contratações de deficientes em todo o país. Trata-se de uma conquista impressionante, principalmente num lugar em que leis nascem para nunca ser cumpridas.

Em São Paulo, no entanto, o sucesso dessa lei específica produziu um efeito colateral inusitado: grandes empresas não conseguem preencher as vagas mesmo após publicar anúncios em jornais e tentar atrair deficientes já contratados por outras empresas.

A delegada regional do Trabalho em São Paulo, Lucíola Rodrigues Jaime, uma das primeiras a se dedicar ao assunto, reconhece que a lei esbarrou no seu próprio sucesso. A dificuldade maior das empresas é a falta de capacitação da grande maioria dos deficientes. Mas hoje já é difícil até mesmo ocupar vagas de baixo nível educacional. Outra dificuldade é preencher cotas nos setores que exigem capacitação física plena, como em segurança e limpeza. Nesses casos, afirma Lucíola, a saída é partir para medidas compensatórias. "Após negociarmos com uma empresa de segurança, ela passou a patrocinar atletas deficientes", diz a delegada. Para o advogado trabalhista Paulo Sergio João, sócio do escritório Mattos Filho, a lei fazia sentido no passado, quando as companhias não tinham políticas de responsabilidade social. "Não há

49

uma quantidade de deficientes capacitados para preencher as cotas. Ela precisa ser revista."

A lei de cotas é de 1991 e foi regulamentada em 1999. Uma das dificuldades foi a própria definição de deficiência – considerada atualmente a perda ou a anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica. A fiscalização das cotas só teve início em 2001. Apenas a partir daí as empresas começaram a se preocupar com o assunto. Tanto quanto a responsabilidade social, pesou a ameaça pecuniária. A multa aplicada às companhias que não cumprem a legislação é pesada – em torno de 1.200 reais para cada vaga não preenchida, emitida toda vez que houver uma fiscalização. Seja qual for a motivação das empresas, resta claro que a lei de cotas tem funcionado para os deficientes. O desafio passa a ser transpor deficiências crônicas do próprio país – a maior delas a baixa capacitação da mão-de-obra.

ANEXO 2

Itaú valoriza política de diversidade

Patrícia Bispo

Em 1991, a Lei de nº 8.213 determinou que empresas, com mais de 100 funcionários, deveriam destinar 2% de suas vagas aos portadores de necessidades especiais (PNE). No entanto, mais do que cumprir o que determina a Legislação, as organizações viram-se diante de uma incógnita: como e onde recrutar esses

profissionais? Foi para encontrar a resposta deste questionamento que o Itaú instituiu, em 1999, o Programa de Contratação de Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais.

"Na época, percebemos que a contratação de profissionais portadores de necessidades especiais não era um processo sistemático. Realizávamos os

50

processos seletivos através de consultorias e procuramos descobrir porque esses trabalhadores não chegavam à nossa organização. Simplesmente, eles não se apresentavam à consultoria que terceirizava a seleção", comenta a gerente geral da Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas do Itaú, Ana Beatriz Balduíno Patrício.

Para solucionar a questão, num primeiro momento, a empresa teve a preocupação de saber o que se passava no mercado de trabalho e que se relacionava diretamente a estes trabalhadores. "Promovemos palestras internas junto às áreas de Recursos Humanos e de Desenvolvimento de Pessoas", complementa Ana Beatriz, ao salientar que a empresa convidou entidades e especialistas que explanaram a realidade que envolvia os PNE. "E a primeira premissa da empresa foi estabelecer que o programa seria permanente e respaldado nos pilares da responsabilidade social do Itaú, bem como na questão da diversidade organizacional", afirma Ana Beatriz.

Segundo ela, outra preocupação da empresa foi não praticar o assistencialismo, mas sim firmar uma política de contratação voltada para a competência e o potencial do colaborador. "Sempre que entrevistamos um portador de necessidades especiais, levamos em consideração a clareza do perfil do cargo a ser preenchido, para que este novo colaborador venha a atender às necessidades da função", reforça Ana Beatriz.

O programa de contratação de PNE do Itaú adotou algumas peculiaridades. Dentre elas, a flexibilidade em relação a alguns requisitos como escolaridade e idade. Além disso, a empresa também não exige que o trabalhador, em questão, possua experiência profissional. No entanto, quando surge uma vaga para um portador de necessidades especiais, a organização procura dar oportunidade aos funcionários através de seleção interna. "Caso não tenhamos um colaborador que atenda às exigências da função, verificamos se há currículos de PNE em nosso cadastro e só depois de esgotar essas possibilidades, é que abrimos um processo seletivo mais amplo. E quando necessário, divulgamos as vagas existentes junto a entidades como o Padef e o Gelre", explica a gerente geral de Desenvolvimento de Pessoas.

O processo seletivo, que viabiliza a contratação desses profissionais pelo Itaú, é o mesmo adotado para os demais colaboradores. O candidato passa por uma consultoria interna e uma entrevista com o gestor que irá atuar com ele. O acompanhamento, após a contratação, segue a mesma linha que se aplica a todos os funcionários da companhia, ou seja, o colaborador PNE participa completamente das etapas da gestão de desempenho da organização.

Atualmente, a empresa possui trabalhadores PNE em várias áreas como a Jurídica, de Sistemas, a Comercial e a de Recursos Humanos, sendo o maior

51

percentual concentrado no prédio administrativo de São Paulo. "O ambiente físico do prédio foi todo adaptado para atender a estas pessoas. Já as agências do Itaú estão sendo adaptadas, aos poucos, para atender aos colaboradores e aos nossos clientes", comenta Ana Beatriz.

No que se refere à produtividade dos PNE, a gerente geral de Desenvolvimento de Pessoas do Itaú comenta que se comparada aos outros funcionários, não há diferença alguma. "Só selecionamos pessoas que atendam às necessidades do cargo. Todos passam pelo mesmo processo de seleção e avaliação de competências. Hoje, contamos com profissionais PNE que atuam na empresa há mais de quinze anos", finaliza Ana Beatriz, ao enfatizar que qualquer portador de necessidades especiais poderá encaminhar seu currículo através do site da organização: www.itau.com.br.

Palavras-chave: | Itaú | deficiente |

www.rh.com.br/Portal/Responsabilidade_Social/3500/itau-valoriza-politica-de-diversidade.html

Acessada em 31/ago/2009

52

ANEXO 3

53

Fonte: Ideias em revista (revista do Sindicato dos Servidores do

Judiciário Federal do Rio de Janeiro) – Ano III – número 25 –

agosto e setembro de 2009

54

ANEXO 4 – Reportagem com o Procurador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca

Evolução cultural aumenta inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho

"A inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho é uma questão de mudança de paradigma cultural e social e as cotas são medidas desencadeadoras das discussões sociais". Foi o que defendeu o Procurador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, ao proferir palestra em Washington, Estados Unidos. O evento sobre a inserção social de pessoas com deficiência ocorreu no período de 29/11 a 02/12/2004, promovido pelo Banco Mundial e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo o Procurador, somente após o rompimento com a ditadura militar no Brasil e a promulgação da Constituição de 1988, as pessoas com deficiência, antes conhecidas como inválidas, incapazes ou excepcionais, são beneficiadas pelos artigos 1°, 3° e principalmente pelo 7°, que proíbe a discriminação a pessoas com deficiência em relação ao acesso ao emprego e à remuneração. Ele citou o artigo 37, também da Constituição Federal, o qual determina que as empresas públicas ou privadas com 100 ou mais empregados em seu quadro estão obrigadas a preencher com pelo menos 2% dos cargos com pessoas portadoras de deficiência ou habilitadas. Os concursos também devem reservar para os PPDs 20% das suas vagas. Representantes das Américas, África, Europa, Índia e Austrália discutiram sobre programas que estimulem a concessão de empréstimos a baixo custo para projetos sociais, principalmente para países que já desenvolvam atividades nesse sentido. O Procurador apresentou o Ministério Público do Trabalho como defensor da lei, da democracia e dos direitos do cidadão, frisando que as prioridades voltam-se para a erradicação do trabalho infantil, escravo, para a defesa dos direitos das pessoas com deficiência, no combate à discriminação, às fraudes nos contratos de trabalho, além da defesa do meio ambiente de trabalho, dos povos indígenas e da moralidade pública. Doutor Ricardo Tadeu sugere a adoção de contratos de aprendizagem, na forma da Lei 10.097/2000, que admite a intermediação de entidades sem fins lucrativos com vistas à "formação profissional", bem como programas públicos de formação profissional.

Fonte:

www.ame-sp.org.br/colocacao_profissional/colocacao_04.shtml Acessado em 01/09/2009

ANEXO 5 – QUESTIONÁRIOS

55

Instituição Selecionada: Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro End: Av Rio Branco 243 – Centro – Rio de Janeiro/RJ CEP: 20040009 Nome / Idade: D.O / 41 anos Cargo ou função:Técnico Judiciário. Nível de instrução / Formação: Superior completo / Direito Área de especialização (caso haja):Cursando pós graduação em direito Tempo de trabalho na instituição: 11 anos Tempo de experiência anterior: 04 anos Tipo da Necessidade Especial (surdez,cegueira,etc): Deficiência visual

1 – Descreva seu interesse com relação ao seu trabalho. R – Alto, gosto do que faço (queria fazer mais)

2 – Acha que você está no lugar que você gostaria de estar e fazendo o que você está fazendo dentro da instituição? Justifique?. R - Não, pois tenho capacidade para fazer mais do que faço hoje.

3 – Como portador de necessidades especiais, o que você analisa de positivo e negativo na política de treinamento e desenvolvimento de sua organização? R- Nada de positivo, não há política de treinamento para PNEs nem material.

4 – Você acha que a política de treinamento e desenvolvimento para portadores de necessidades especiais poderia ser mais eficiente? Como? R- Sim, programas adaptados p/ PNEs, a consulta processual é ruim p/ nós.

5 - Descreva a acessibilidade para o seu local de trabalho? R- Para o deficiente visual não é tão ruim, mas para outros PNEs é ruim.

6 - Existe algum fator ou fatores dentro do seu ambiente de trabalho que sejam impeditivos para um melhor desempenho seu como servidor? Descreva-o(s) R- Dentro da Seção não, mas nunca fui titular de cargos de chefia.

7- Você percebe alguma diferença na relação entre os colegas que não são portadores de necessidades especiais e você? Caso afirmativo, acha que esta diferença pode ser ocasionada pela sua necessidade especial? Por quê? R- Não, se houver algum problema é velado.

8 – Você percebe algum tipo de exclusão, mesmo que discreta por parte dos colegas dentro do ambiente de trabalho? Caso afirmativo, a que você atribui este comportamento por parte dos colegas. R- Não

9 – Você se sente preterido com relação ao recebimento de tarefas dentro da organização? Em caso afirmativo justifique. R- As tarefas não me são dadas, tenho que pegá-las para fazer.

10 – Caso pudesse propor, quais seriam suas propostas para uma adequação mais eficiente dos portadores de necessidades especiais e sua organização? R- Melhorar os programas de computador e adaptação do prédio aos PNEs. Instituição Selecionada: Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro

56

End: Av Rio Branco 243 – Centro – Rio de Janeiro/RJ CEP: 20040009 Nome / Idade: R.S / 35 anos Cargo ou função:Analista Judiciário. Nível de instrução / Formação: 3º grau completo / Direito Área de especialização (caso haja):Cursando pós graduação em direito Tempo de trabalho na instituição: 10 anos Tempo de experiência anterior: 09 meses Tipo da Necessidade Especial (surdez,cegueira,etc): Deficiência visual

1 – Descreva seu interesse com relação ao seu trabalho. R – Alto

2 – Acha que você está no lugar que você gostaria de estar e fazendo o que você está fazendo dentro da instituição? Justifique?. R - Não, pois poderia estar produzindo mais do que produzo hoje.

3 – Como portador de necessidades especiais, o que você analisa de positivo e negativo na política de treinamento e desenvolvimento de sua organização? R- Nada positivo, não tem treinamentos nem materiais adequados para PNEs.

4 – Você acha que a política de treinamento e desenvolvimento para portadores de necessidades especiais poderia ser mais eficiente? Como? R- Sim, programas em braile, acessibilidade aos sistemas de informática.

5 - Descreva a acessibilidade para o seu local de trabalho? R- Não é boa, mas não é impeditiva para o deficiente visual (para outros sim).

6 - Existe algum fator ou fatores dentro do seu ambiente de trabalho que sejam impeditivos para um melhor desempenho seu como servidor? Descreva-o(s) R- Não.

7- Você percebe alguma diferença na relação entre os colegas que não são portadores de necessidades especiais e você? Caso afirmativo, acha que esta diferença pode ser ocasionada pela sua necessidade especial? Por quê? R- Não.

8 – Você percebe algum tipo de exclusão, mesmo que discreta por parte dos colegas dentro do ambiente de trabalho? Caso afirmativo, a que você atribui este comportamento por parte dos colegas. R- Dos colegas não, mas no sentido de recebimento de gratificações sim.

9 – Você se sente preterido com relação ao recebimento de tarefas dentro da organização? Em caso afirmativo justifique. R- Não.

10 – Caso pudesse propor, quais seriam suas propostas para uma adequação mais eficiente dos portadores de necessidades especiais e sua organização? R- Melhoria dos sistemas, programas e remoção de barreira para os PNEs. Instituição Selecionada: Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro

57

End: Av Rio Branco 243 – Centro – Rio de Janeiro/RJ CEP: 20040009 Nome / Idade: S.N. / 50 anos Cargo ou função:Técnico Judiciário. Nível de instrução / Formação: 3º grau completo / Arquitetura Área de especialização (caso haja):Pós graduação em Arquitetura Tempo de trabalho na instituição: 11 anos Tempo de experiência anterior: 02 anos Tipo da Necessidade Especial (surdez,cegueira,etc): Deficiência auditiva

1 – Descreva seu interesse com relação ao seu trabalho. R – Normal

2 – Acha que você está no lugar que você gostaria de estar e fazendo o que você está fazendo dentro da instituição? Justifique?. R - Não.

3 – Como portador de necessidades especiais, o que você analisa de positivo e negativo na política de treinamento e desenvolvimento de sua organização? R- Nada a comentar.

4 – Você acha que a política de treinamento e desenvolvimento para portadores de necessidades especiais poderia ser mais eficiente? Como? R- Sim, com intérprete de LIBRAS à disposição do Setor de Treinamento.

5 - Descreva a acessibilidade para o seu local de trabalho? R- Não tenho dificuldades, mas não tenho acesso a programas de computador extra trabalhista (WEB-TORPEDOS, MSN, ETC).

6 - Existe algum fator ou fatores dentro do seu ambiente de trabalho que sejam impeditivos para um melhor desempenho seu como servidor? Descreva-o(s) R- Poeira, fungos, mofo e falta de material.

7- Você percebe alguma diferença na relação entre os colegas que não são portadores de necessidades especiais e você? Caso afirmativo, acha que esta diferença pode ser ocasionada pela sua necessidade especial? Por quê? R- Não, pois não tenho tempo por causa da alta demanda de trabalho.

8 – Você percebe algum tipo de exclusão, mesmo que discreta por parte dos colegas dentro do ambiente de trabalho? Caso afirmativo, a que você atribui este comportamento por parte dos colegas. R- Não.

9 – Você se sente preterido com relação ao recebimento de tarefas dentro da organização? Em caso afirmativo justifique. R- Não.

10 – Caso pudesse propor, quais seriam suas propostas para uma adequação mais eficiente dos portadores de necessidades especiais e sua organização? R- Melhoria dos sistemas, programas e remoção de barreira para os PNEs. Instituição Selecionada: Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro

58

End: Av Rio Branco 243 – Centro – Rio de Janeiro/RJ CEP: 20040009 Nome / Idade: M.N. / 33 anos Cargo ou função: Técnico Judiciário. Nível de instrução / Formação: 3º grau completo / Direito Área de especialização (caso haja): -------------- Tempo de trabalho na instituição: 10 anos Tempo de experiência anterior: Não Tipo da Necessidade Especial (surdez,cegueira,etc): Deficiência visual

1 – Descreva seu interesse com relação ao seu trabalho. R – Alto

2 – Acha que você está no lugar que você gostaria de estar e fazendo o que você está fazendo dentro da instituição? Justifique?. R - Sim. Em outras épocas achava que poderia fazer mais, mas agora não.

3 – Como portador de necessidades especiais, o que você analisa de positivo e negativo na política de treinamento e desenvolvimento de sua organização? R- Positivos – Preocupação com a atualização dos Servidores NPNEs. Negativos – Falta treinamento adequado para deficientes visuais, apostilas, etc.

4 – Você acha que a política de treinamento e desenvolvimento para portadores de necessidades especiais poderia ser mais eficiente? Como? R- Sim, c/instrumentos mais adequados para PNEs e programas mais amigáveis.

5 - Descreva a acessibilidade para o seu local de trabalho? R- Para o deficiente visual não há problema de acessibilidade (para outros sim).

6 - Existe algum fator ou fatores dentro do seu ambiente de trabalho que sejam impeditivos para um melhor desempenho seu como servidor? Descreva-o(s) R- Barulho excessivo.

7- Você percebe alguma diferença na relação entre os colegas que não são portadores de necessidades especiais e você? Caso afirmativo, acha que esta diferença pode ser ocasionada pela sua necessidade especial? Por quê? R- Não agora, mas no passado alguns servidores não sabiam lidar com deficiências.

8 – Você percebe algum tipo de exclusão, mesmo que discreta por parte dos colegas dentro do ambiente de trabalho? Caso afirmativo, a que você atribui este comportamento por parte dos colegas. R- Não.

9 – Você se sente preterido com relação ao recebimento de tarefas dentro da organização? Em caso afirmativo justifique. R- Não.

10 – Caso pudesse propor, quais seriam suas propostas para uma adequação mais eficiente dos portadores de necessidades especiais e sua organização? R- Investimento permanente em softwares, planejamento do espaço interno.

ÍNDICE

59

FOLHA DE ROSTO

2

AGRADECIMENTO

3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

MOTIVAÇÃO HUMANA – CONCEITOS, DEFINIÇÕES,

ORIGENS E TEORIAS. 10

1.1 – Conceitos e definições de motivação humana 10

1.2– Origens da motivação humana e teorias relacionadas 13

1.3 – Principais teorias motivacionais 14

1.3.1 – Teorias de conteúdo 15

1.3.2 – Teorias de processo 19

CAPÍTULO II

O PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS.

22

2.1 – Portador de necessidades Especiais:

Conceitos, definições e estatísticas. 22

2.2 – A evolução do conceito ao longo da história 25

2.3 - A evolução do conceito no Brasil 28

60

CAPÍTULO III

A MOTIVAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS

PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO

JUDICIÁRIO FEDERAL DO RIO DE JANEIRO:

ANALISANDO PROBLEMAS E ALTERNATIVAS. 31

3.1 - Motivação dos servidores portadores de

necessidades especiais no Judiciário Federal:

Análise dos questionários / entrevistas. 33

3.1.1 - Interesse/ comprometimento com o trabalho 35

3.1.2 - Treinamento e desenvolvimento 35

3.1.3 - Acessibilidade 36

3.1.4 - Relação dos servidores PNEs com os servidores

NPNEs 36

3.1.5 - Proposta de melhor adequação do Judiciário aos

PNEs 39

3.2 - Analisando problemas e soluções 39

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

WEBGRAFIA 47

ANEXOS 48

ÍNDICE 60

61

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: