DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 2016. 2. 10. · cerebral e ajuda na...
Transcript of DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 2016. 2. 10. · cerebral e ajuda na...
-
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Música, Neurociências e a Educação
Por: Cláudia Lúcia Oliveira de Lemos
Orientador
Profª. Marta Pires Relvas
Rio de Janeiro
2016
DOCU
MENT
O PR
OTEG
IDO
PELA
LEI D
E DI
REITO
AUT
ORAL
-
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Música, Neurociências e a Educação
.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Neurociência Pedagógica
Por: Cláudia Lúcia Oliveira de Lemos
Rio de Janeiro
2016
-
AGRADECIMENTOS
A Deus, a minha querida irmã, aos
amigos e aos professores da AVM
-
DEDICATÓRIA
À minha família, pоr sua capacidade dе acreditar е investir еm mim, а minha professora orientadora qυе teve paciência е mе ajudou bastante à concluir еstе trabalho e também аоs meus professores da AVM qυе mе ensinaram е mе mostraram о quanto estudar é bom.
-
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo esclarecer que a música, tem um
extenso neurodesenvolvimento, com acesso direto à afetividade, controle de
impulsos, emoções e motivação. Capaz de estimular a memória não verbal; um
elemento de aplicação nas funções cerebrais, que envolve um armazenamento
de símbolos organizados e que estimula a capacidade de retenção e
memorização. Inclusive com a participação da neurociência, sendo aplicada
corretamente, auxilia a minimizar os sinais e sintomas de várias doenças, pois
melhora a comunicação, expressão, organização e relacionamentos. A música
é indicada para o desenvolvimento de potenciais e recuperação de funções,
com objetivos terapêuticos relevantes que envolvem a melhora das
necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas do indivíduo.
Toda pesquisa foi realizada através de referências bibliográficas sobre
música, neurociências e educação para o desenvolvimento cognitivo humano.
A importância deste trabalho também é fazer com que o professor
perceba a causa da dificuldade de aprendizagem do aluno, e com auxilio da
música, de forma educativa, deverá estimular ao educando, ter novas
estratégias de ensino para que assim a criança obtenha plasticidade cerebral
apresentando êxito no processo da aprendizagem.
PALAVRAS- CHAVE: música, neurociências e educação.
-
METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado com uma ampla variedade de pesquisa
bibliográfica para esclarecer a importância da música, da neurociência e da
educação auxiliando o professor para se ter um ensino de qualidade
fornecendo os subsídios teóricos para o desenvolvimento da pesquisa
abordada.
Através da utilização de referências bibliográficas de artigos científicos,
revistas científicas e também livros como embasamento da pesquisa
enfocando as palavras chaves música, neurociências e a educação.
A proposta desse trabalho é que os leitores possam observar a
importância da música, neurociência e da educação no desenvolvimento
humano.
Esta pesquisa tem um cunho qualitativo, foram utilizados bancos de
dados Scielo, e bases de livros de Relvas, (2012), Relvas et al, (2014), Filho,
(2006), Rocha et al, (2013), Silva, (2010) e Góes, (2009).
-
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................8
CAPÍTULO I
Música influenciando o ser humano..................................................................10
1.1- A música agindo no cérebro humano.........................................................11
1.2- A música e desenvolvimento......................................................................12
1.3- A música contribuindo na aprendizagem....................................................14
1.4- Música facilita a memorização....................................................................16
1.4.1- Memória e seus tipos...............................................................................17
CAPÍTULO II
A importância da Neurociência no desenvolvimento humano...........................20
2.1- Neurociência......................................................................................................20
2.1.1- Definição..................................................................................................20
2.2- Cérebro.......................................................................................................21
2.2.1- Córtex Cerebral.......................................................................................23
2.2.2- Neurociência Cognitiva............................................................................24
2.3- Neuroplasticidade cerebral.........................................................................27
CAPÍTULO III
Música, educação e a afetividade influenciando na aprendizagem.................30
3.1- O professor como um ser transformador em sala de aula.........................33
3.2- A afetividade contribuindo para a aprendizagem.......................................35
3.2.1- Sistema límbico.......................................................................................37
CONCLUSÃO....................................................................................................40
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................42
ÍNDICE...............................................................................................................46
-
8
INTRODUÇÃO
A música está presente em todos os momentos da vida do ser humano,
desde o período gestacional, onde o bebê percebe os sons até o ultimo dia de
vida, pois o último sistema a parar é o auditivo.
O processamento musical envolve uma ampla gama de áreas cerebrais
relacionadas à percepção de alturas, timbres, ritmos, à decodificação métrica,
melódico-hamônica, à gestualidade implícita e modulação do sistema de prazer
e recompensa que acompanham nossas reações psíquicas e corporais à
música. Através dos processos modulares integram percepções múltiplas em
uma experiência singular, essencialmente emocional que seduz e direciona ao
mesmo tempo nossos sentidos, nosso corpo e cognição. Também beneficia na
recuperação de várias doenças específicas.
A música inteiramente ligada a neurociência ativa o processamento
cerebral e ajuda na memorização, na concentração, nas emoções, levando em
conta o envolvimento lúdico e a transitividade que caracterizam a arte. É um
instrumento de aprendizagem que busca o equilíbrio e abrange a capacidade
de conhecer, conviver, crescer e humanizar-se com as várias dimensões da
vida (PINTO, 2009).
Segundo Alvarenga, 2012, algo novo apreendido na memória de longo
prazo modifica a estrutura do neurônio, as neurotrofinas, enfim, quanto mais
ativas estejam as células do cérebro, mais quantidades de neurotrofinas
produzem e isto gera mais conexões entre as distintas áreas do cérebro,
gerando assim a plasticidade cerebral.
O capítulo I enfatiza que a música influencia no desenvolvimento do ser
humano, agindo no cérebro humano desenvolvendo conexões sinápticas,
contribuindo na aprendizagem e facilitando a memorização de longa duração.
No capítulo II explica a importância da neurociência no desenvolvimento
humano definindo-a e destacando algumas estruturas cerebrais e suas
características e funções neuronais apresentando alguns tipos de
-
9
Neurociência, tais como: Neurociência Cognitiva, pois ajuda na compreensão e
na estimulação de novos neurônios contribuído para Neuroplasticidade
cerebral.
O capítulo III informa que a educação como processo contínuo de
formação e ensino aprendizagem, junto com a construção do conhecimento,
que faz parte do currículo dos estabelecimentos oficializados de ensino, sejam
eles públicos ou privados. O professor como um ser transformador em sala de
aula necessita da utilização de meios estimuladores para facilitar a
aprendizagem através de mecanismo, como a música que penetra no sistema
auditivo, isto é, a primeira porta de entrada o ouvido humano e estimulando o
lobo occipital provocando a ativação maior de áreas do hemisfério cerebral
esquerdo contribuindo para a aprendizagem trabalhando as emoções com a
afetividade e estimulando o sistema límbico.
A música, neurociência e a educação estão ligadas, pois os circuitos
neuronais são ativados pela música, uma vez que o aprendizado requer
habilidades multimodais que envolvem a percepção de estímulos simultâneos e
a integração de várias funções cognitivas como a atenção, a memória e das
áreas de associação sensorial e corporal, envolvidas tanto na linguagem
corporal quanto simbólica.
.
-
10
CAPÍTULO I
MÚSICA INFLUENCIANDO NO SER HUMANO
Música é a arte de combinar os sons, através dela, o corpo reage às
vibrações dos sons, são despertadas emoções que interferem no
funcionamento do organismo humano, de forma agradável aos ouvidos.
Filho (2006) pesquisou que, ao longo da história, a música esteve
presente e influente nas sociedades tão antiga, sendo mais remota Antiguidade
quanto o homem. De acordo com o historiador Diodoro (um século a.C.), a
palavra música deriva de um vocábulo egípcio, o que o levou a concluir que ela
se originou do Egito, sendo que a primeira ideia do som, a Música Primitiva era
usada para exteriorização de alegria, prazer, amor, dor, religiosidade e os
anseios da alma. Muito mais racionalmente, outros acreditam que o ponto de
partida para a criação da música é a própria natureza. Para outro historiador, a
música teve origem no canto das aves. Assim os historiadores divergem neste
ponto, mas concordam em atribuí-la.
A ideia do ritmo encontra-se em certos movimentos naturais: na
respiração, nas batidas do coração e na regularidade da marcha (andar). O
trote e o passo de um cavalo marcam bem o ritmo de dois a quatro tempos, e o
galope o de três tempos. O que está demonstrado, com certeza, é que a Índia,
o Egito, a Assíria, a Pérsia e a China, na sua antiga cultura muito anterior ao
período grego, possuíram uma arte musical desenvolvida. Quanto ao conceito
original de música, talvez porque o canto é tão natural ao homem quanto a
palavra, é que um dia, não se sabe ao certo quando e nem onde, aconteceu a
fusão da música com a palavra.
Filho (2006) ainda afirma que a música apresenta valor terapêutico. Na
Grécia antiga, Esculápio, o primeiro médico da humanidade, utilizava a música
para curar. Na mesma cultura, Pitágoras ensinava os seus discípulos a
empregar a música e o canto para se livrarem de medos, preocupações e
raiva. Alguns templos do oriente, a cura através de sons melódicos e de música
elevou-se ao status de arte maior. Sons repetidos ajudavam a induzir estados
-
11
de meditação. A influência da música era de grande ajuda na redução tensões
físicas e emocionais.
1.1- A música agindo no cérebro humano
A música é percebida através da parte do cérebro que recebe os estímulos
das emoções, sensações e sentimentos, sem antes ser submetida aos centros
cerebrais envolvidos com a razão e a inteligência, por estes motivos acaba
afetando a pessoa sem que ela se dê por conta, a resposta à música ocorre
mesmo quando o ouvinte não está dando uma atenção consciente a ela.
O ritmo das vibrações presentes nas músicas afeta de forma direta todas
as reações do organismo, gera estímulos no cérebro que são enviados ao
restante do corpo sendo capazes de provocar os mais variados sintomas, às
vezes bons, às vezes ruins. As canções com textos violentos aumentam os
pensamentos e sentimentos agressivos e as de tom mais humorístico
aumentam a hostilidade.
A dopamina é liberada antes mesmo do prazer associado à música
ouvida, e durante o próprio pico de prazer, ou seja, no auge emocional, na
realidade trata-se de dois processos fisiológicos distintos que envolvem
diferentes regiões do cérebro, durante o auge do prazer é ativado o núcleo
accumbens, envolvido na euforia produzida pela ingestão de psicoestimulantes
(como a cocaína), antes, no prazer por antecipação, a atividade da dopamina é
observada em outra área do cérebro.
A quantidade de liberação de dopamina no cérebro do indivíduo varia
conforme a intensidade da emoção e do prazer que a pessoa está sentindo, em
comparação com as medições realizadas ao escutar uma música.
A música, que não depende do cérebro superior para penetrar no
organismo pode estimular através do tálamo – a estação de todas as emoções,
sensações e sentimentos. Uma vez que o estímulo seja capaz de atingir o
tálamo, o cérebro superior é automaticamente invadido, e se o estímulo
continuar por algum tempo, um mais estreito contato entre o cérebro superior e
o mundo ou realidade pode ser assim estabelecido.
-
12
A plasticidade neural tem um papel fundamental, pois, a partir do aumento
no número de sinapses e de neurotransmissores, quer seja como o aumento
da potência da sinapse existente e a formação de novas conexões. Este fato
ocorre predominantemente a partir de exercícios musicais os quais são
apontados como capazes de desenvolverem o hemisfério esquerdo (área da
linguagem) e de beneficiarem a memória e a realização de tarefas espaciais.
As sinapses que fazem a comunicação dos neurônios entre si podem ser
formadas e desconectadas de forma cíclica durante a vida
Esse é o processo do aprendizado, seja ele cognitivo, psicomotor ou
emocional, e ocorre através da mediação de fatores de crescimento cerebral
chamados de neurotrofinas.
As neurotrofinas são produzidas como o resultado da atividade cerebral e
possuem uma importante função em certas áreas cerebrais, incluindo o córtex
frontal e o hipocampo.
Uma neurotrofina bastante conhecida é o Fator Neurotrófico Derivado do
Cérebro (FNDC).
Ele contribui não apenas para a criação de novas conexões sinápticas,
mas também para a neurogênese (neuroplasticidade) de novas células
cerebrais.
O FNDC ajuda na formação cerebral desde o nascimento até o final da
vida.
Com isso, a música é um estimulo fundamental para o desenvolvimento
cognitivo e no aspecto emocional, ajudando assim na neuroplasticidade.
1.2- A música e desenvolvimento
A música está presente na vida do ser humano, desde a fase gestacional.
O ouvido humano começa a se desenvolver na 10ª semana de gestação e é
funcional aos 4 meses e meio (de gestação). A partir de então, o feto é capaz
de ouvir alguns sons, sentindo os ritmos do corpo da sua mãe. É capaz de
ouvir sons externos, incluindo sons musicais e reconhecê-los logo após ao seu
nascimento. É importante informar que o balbuciar do bebê, as palmas e as
-
13
brincadeiras de interação com o meio externo, isto é, dinâmicas entre outras
favorecem no desenvolvimento cognitivo.
Os estímulos sonoros seguem pelo nervo auditivo até o lobo temporal,
onde se dá a senso-percepção musical: é nesse estágio que são decodificados
altura, timbre, contorno e ritmo do som. O lobo temporal conecta-se em
circuitos de ida e volta com o hipocampo, uma das áreas ligadas à memória, o
cerebelo e a amígdala, áreas que integram o chamado cérebro primitivo e são
responsáveis pela regulação motora e emocional, e ainda um pequeno núcleo
de massa cinzenta, relacionado à sensação de bem-estar gerada por uma boa
música.
Enquanto as áreas temporais do cérebro são aquelas que recebem e
processam os sons, algumas áreas específicas do lobo frontal são
responsáveis pela decodificação da estrutura e ordem temporal, isto é, do
comportamento musical mais planejado.
O hipocampo é umas das áreas responsáveis pela memória e sendo
sempre ativada com auxilio de uma canção familiar, com acompanhamento de
um ritmo envolvendo circuitos de regulação temporal do cerebelo, a
orquestração ativa o cerebelo e tronco cerebral, a leitura de partituras auxilia na
ativação ao córtex visual situado no lobo occipital, ouvir e cantar e relembrar
letras de musicas ativam as áreas de linguagem Broca e Wernicke, atividades
musicais que necessitam de sistemas cognitivos mais avançados, como por
exemplo, planejamento, ativará assim os lobos frontais.
Alguns benefícios que música apresenta na vida do ser humano:
• Tem efeito sobre os circuitos neurais do sistema nervoso autônomo.
• Ativa os circuitos neurais, inclusive do sistema límbico, afetando as
emoções e outras funções mentais.
• Afeta o sistema endócrino, estimulando a segregação de hormônios.
• Estimula o sistema imunológico melhorando a reação imunológica.
Tanto a percepção primária do som quanto seu entendimento sintático
são modulados pela experiência emocional de se ouvir música. A integração de
áreas corticais do cérebro com o sistema límbico (responsável pelas emoções)
-
14
faz com que o processamento musical seja influenciado pela emoção (ROCHA;
et al, 2013).
1.3- A música contribuindo na aprendizagem
Relvas (2010) informa que aprender é promover novas conexões neurais,
por isso sempre será necessário realizar um “up grade” dos nossos neurônios
para evitar o “empobrecimento” da qualidade dos nossos pensamentos e
atitudes.
No ensino da música, essa linguagem musical deve ser um dos meios
para alcançar a educação de pessoas criativas e críticas, e os bons resultados
serão obtidos pela adequação das atividades, pela postura reflexiva e crítica do
professor, facilitando a aprendizagem, propiciando situações enriquecedoras,
organizando experiências que garantam a expressividade infantil (SILVA,
2010).
A música pode ser uma atividade divertida e que auxilia na construção do
caráter, da consciência e da inteligência emocional do indivíduo, pois
desenvolve a mente humana, promove o equilíbrio, proporcionando um estado
agradável de bem-estar, facilita a concentração e o desenvolvimento do
raciocínio, sendo também um agente cultural contribuindo efetivamente na
construção da identidade do cidadão.
A música proporciona um importante modo de expressão pessoal. Todos
sentem a necessidade de estar em contato com os amigos. A autoestima é um
subproduto desta expressividade. O uso da música na aprendizagem,
valorizando trabalho em equipe, pois, para que uma orquestra tenha sucesso,
todos os seus elementos têm que trabalhar em conjunto harmoniosamente com
um único objetivo, o desempenho, e têm que se comprometer a aprender a
música, participar em ensaios, e praticar música em conjunto. Por isso, sua
importância também em sala de aula.
De acordo com Góes (2009), o trabalho em sala de aula com a música é
uma proposta que vai além do aspecto motivador, visto que permite dar
abertura para uma diversidade de oportunidades, contribuindo para o
desenvolvimento pleno da criança. Ao inserir a música na prática diária do
ambiente educativo, a mesma pode tornar-se um importante elemento
-
15
facilitador no processo de aprendizagem da escrita e da leitura criando o gosto
pelos diversos assuntos estudados, desenvolvendo a coordenação motora – o
ritmo, auxiliando na formação de conceitos, no desenvolvimento da autoestima
e na interação com o outro.
São diversas atividades que podem ser trabalhadas com as crianças
inclusive de educação infantil, explorando o universo musical e construindo sua
aprendizagem de maneira lúdica e de fácil entendimento.
A música deve servir como instrumento de estimulo no processo de
desenvolvimento cognitivo da criança, tem como intenção trazer mais prazer e
ludicidade à forma de aprendizagem infantil, afastando da sala de aula o mito
de que a aprendizagem é um processo chato e cansativo e deixando claro que
pode se dar de maneira prazerosa.
ILARI (2003) diz que a educação musical deveria ser oferecida o mais
cedo possível, tendo à possibilidade de desenvolver tanto a estrutura cognitiva
como a emocional, a social e a habilidade musical. O interesse pelo
desenvolvimento cognitivo musical tem crescido de modo substancial nas
últimas décadas devido a recentes descobertas no campo da neurociência. A
distinção entre alturas, timbres e intensidades já aconteceriam desde o
nascimento até o décimo mês de vida, tornando-se cada vez mais refinadas.
As preferências e memórias musicais também se dariam a partir dessa época,
por meio de processos imitativos e de impregnação, estando também
associado a inúmeras funções psicossociais, como a comunicação e o
desenvolvimento da linguagem compreensiva e expressiva, por exemplo, ou
entretenimento.
A música é indispensável no processo de desenvolvimento da criança,
podendo auxiliar no seu desenvolvimento cognitivo e, por isso, deve ser
valorizada no âmbito escolar a fim de potencializar a imaginação, a linguagem,
a atenção, a memória e outras habilidades, além de contribuir de forma eficaz
na aprendizagem habilitando as múltiplas inteligências e estimulando a
inteligência musical.
Desenvolve a criatividade e facilitando proporcionar contatos com outras
culturas e momentos alegres e prazerosos, nos quais transforma o espaço
-
16
escolar em um ambiente adequado à aprendizagem, além de estimular nos
alunos o ritmo e a coordenação motora, favorecendo sua autonomia e
interação com o grupo.
A música mexe com o ser humano, colocando-o em contato com os
sentimentos mais íntimos, fazendo chorar, sorrir, refletir, odiar, amar, lembrar...
A música tem uma capacidade prévia de alcançar o inconsciente através da
emoção, pois remete ao encontro com as primeiras experiências, adquiridas,
ainda, no período embrionário. A música influencia na arte, em geral na
dinâmica psíquica do indivíduo, desde a sua tenra idade, levando em conta a
dinâmica inconsciente/ consciente. (CARL JUNG, 1980).
A música como forma de aprendizagem tende no meio educacional
formar individuo questionador e explorador de seus valores e costumes e para
que isso ocorra é necessário começar esse trabalho desde bem cedo, pois a
criança necessita de uma aprendizagem diferenciada e alegre. O professor é o
mediador nesse processo de aprendizagem e cabe a ele saber trabalhar e
desenvolver atividades com a música.
Na sala de aula, a música aproxima a memória individual do professor
com a dos alunos. É importante contextualizar as canções com os estudantes,
e assim criar empatia para elas serem bem utilizadas.
A educação musical favorece a ativação dos chamados neurônios
espelho, localizados em áreas frontais e parietais do cérebro, e essenciais para
a chamada cognição social humana, um conjunto de processos cognitivos e
emocionais responsáveis pelas funções de empatia, ressonância afetiva e
compreensão de ambiguidades na linguagem verbal e não verbal.
1.4- Música facilita a memorização
A memória tem a capacidade de armazenar informações na mente e de
recuperá-las em algum momento futuro, um sistema dinâmico, criado e
modificado ao longo do tempo.
Através da memória a identidade é construída e indivíduos únicos são
formados. É na memória que as vivências são guardadas, sejam elas simples
-
17
ou complexas, somando-as a novas experiências e selecionando novos
momentos para viver.
A memória focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de
energia mental e deteriora-se com a idade. É um processo que conecta
pedaços de memória e conhecimentos a fim de gerar novas ideias, ajudando a
tomar decisões diárias.
Alguns aspectos da memória estão envolvidos em quase todas as
atividades, sendo assim, a memória é uma função cognitiva relacionada
diretamente à funcionalidade do indivíduo (ROSSETTO, 2008).
1.4.1- Memória e seus tipos
A memória pode ser classificada de maneira diferenciada, conforme o
critério adotado:
• quanto ao tipo de informação recebida (memória para fatos ou
memória episódica, memória para materiais linguísticos e
conhecimentos gerais sobre o mundo ou memória semântica,
memória para experiências pessoais ou memória autobiográfica,
memória para procedimentos ou memória procedural);
• quanto ao período de tempo durante o qual a informação foi
recebida e mantida (memória sensorial/incidental, memória de
curto prazo/memória de trabalho, memória de longo prazo e
memória prospectiva);
• quanto à modalidade sensorial responsável pela recepção e
registro da informação (memória visual, auditiva, olfativa e assim
por diante).
Pode-se classificar a memória em três sistemas:
• a memória sensorial, que é específica da modalidade sensorial e
se refere ao processamento rápido das informações recebidas
pelos órgãos dos sentidos, sendo que tais informações são
mantidas por alguns milésimos de segundo antes de passarem
para a memória de curto prazo;
-
18
• a memória de curto prazo, que guarda durante um tempo
determinado a informação proveniente da memória sensorial, antes
de transferi-la para a memória de longo prazo; essa informação
presente na memória de curto prazo pode ser perdida em virtude
da interferência de novas informações que vêm chegando;
• a memória de longo prazo, que retém as informações por períodos
mais longos, variando de alguns minutos a muitos anos.
A memória de curto prazo o centro da consciência, pois abriga os
pensamentos e as informações a que o indivíduo está atento no momento. A
memória pode ser subdivida em memória de curto prazo em memória primária
e memória operacional ou de trabalho.
A memória deve ser exercitada constantemente como condição para o
seu funcionamento satisfatório, bem como para sua expansão. Quanto mais a
memória é utilizada e trabalhada, mais o indivíduo aumenta sua capacidade de
retenção de informações e conhecimentos.
O potencial da mutabilidade cerebral tem uma profunda relação com as
experiências que os seres vivos humanos têm com as informações às quais
acessam todos os dias. Mas o conhecimento demanda processos
diferenciados de maturação. É a decantada maturidade. Se processos
diferenciados, sua representa a existência de dificuldades. Aprender não é
fácil. E as dificuldades de aprendizagem não estão ligadas apenas ao sistema
biológico cerebral, mas podem ser causadas por problemas passageiros, que
nem sempre, oferecem condições adequadas para superá-las com
tranquilidade (Relvas et al, 2014).
Mello (2012) afirma que existe uma plasticidade na memória dos
indivíduos e por meio de técnicas específicas é possível aumentar a eficiência
da gravação de informações e até mesmo reverter ou compensar déficits
cognitivos
Portanto, grande parte do processamento das informações acontece na
memória de trabalho, onde tais informações ganham significado ou são
transformadas para uma armazenagem mais duradoura.
-
19
Se o cérebro naturalmente tem a flexibilidade de revitalizar suas funções
por realocações de suas redes neuronais, a interferência do ambiente escolar,
nesse processo, deve surgir como solidária na organização das funções
cognitivas mais complexas, como memória, atenção e linguagem, responsáveis
pelo comportamento adaptativo e criativo intrínseco à comunicação humana.
(RELVAS et al, 2014).
Rizzon (2009) diz que a grande parte das memórias que, ao serem
evocadas, ainda formam uma nova memória naquele momento. É muito difícil
evocar uma só memória declarativa, como a letra de uma canção sem estar
relacionada a sua melodia, mais à memória de como cantar (procedural) e mais
ainda à memória de trabalho.
A memória é a base do conhecimento, portanto, deve ser trabalhada e
estimulada.
-
20
CAPÍTULO II
A IMPORTÂNCIA DA NEUROCIÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Segundo Tabacow (2006), a Neurociência existe há mais de um século.
Mas, a partir de 1950, o interesse pelo cérebro aumentou devido ao
aparecimento do computador, cujo funcionamento foi idealizado com base no
funcionamento do cérebro, mais especificamente em suas células, os
neurônios. Imaginou-se que ambos, computadores e cérebros, seriam dois
sistemas de processamento de informações. A partir de então, os estudiosos
do assunto começaram a utilizar o computador simulando estados mentais;
acreditava, e ainda acreditam que poderemos vir a conhecer os segredos da
mente a partir dessas simulações.
Apesar de o computador ser uma invenção do cérebro, é indiscutível que,
em certos contextos, a invenção superou o inventor. Hoje, PCs são capazes de
fazer cálculos e de trabalhar a uma velocidade assombrosa, sem queda de
produtividade ou ameaça de tédio. Porém, ao mesmo tempo, esses “cérebros”
não são tão potentes ou inteligentes como aqueles presentes nas caixas
cranianas. A “arquitetura” do nosso órgão é muito mais complexa do que a de
uma CPU e que ele trata as tarefas de forma diferente, como se tivesse
milhares de núcleos à sua disposição.
A velocidade de processamento do cérebro humano não pode ser medida
da mesma forma com as CPUs usadas nos computadores. Porém, é possível
estimar esse valor com base no funcionamento da retina, o tecido nervoso do
olho responsável, literalmente, pela visão que se tem do mundo.
Atualmente a Neurociência é uma das áreas que mais avançou, em
termos de indagação e investigação, nos últimos tempos.
2.1- Neurociência
2.1.1- Definição
De acordo com Relvas (2012), neurociência é um campo de estudo entre
Anatomia, Biologia, Farmacologia, Fisiologia, Genética, Patologia, Neurologia,
-
21
Psicologia, Psiquiatria, Química, Radiologia e os vislumbrados estudos
inerentes à educação humana no ensino e na aprendizagem.
Rezende (2008) afirma que a Neurociência lida com os mecanismos
biológicos, as estruturas cerebrais, as doenças mentais, a cognição, o sistema
nervoso e as emoções. Conhecer seus encantos requer desmistificar conceitos
e linguagens e adentrar numa direção com desafios no universo do aprender.
Neurociência é, portanto, um conjunto de ciências cujo sujeito de
investigação é o sistema nervoso com particular interesse em como a atividade
do cérebro se relaciona com a conduta e a aprendizagem.
Navia, (2012) diz que o agente central e motivador de toda pesquisa
neurocientífica é o sistema nervoso. Sendo assim, as neurociências podem ser
definidas como a ciência que estuda o sistema nervoso humano e animal. Seus
parâmetros de investigação envolvem o desenvolvimento, o funcionamento, a
evolução, as relações estabelecidas entre a mente e o comportamento, além
das alterações do sistema nervoso.
A Neurociência contribui para a aprendizagem, auxiliando o professor na
prática educativa, favorecendo o raciocínio lógico da condição humana. Ajuda
aos educadores a perceber o que ocorre no cérebro humano, quando o ser
está em contato com novas informações, como elas estão sendo processadas,
as novidades e, de que forma este aprendizado se tornará conhecimento para
o restante da vida.
2.2- Cérebro
O cérebro é um sistema aberto organizado, sendo moldado por meio da
interação, com objetos e situações as quais ocorrem ao redor, na tentativa de
estabelecer conexões entre os padrões novos e os que já existem.
O cérebro humano é formado por quase cem bilhões de neurônios
intrinsecamente conectados que permitem desde a regulação de funções
básicas, como a respiração, até tarefas elaboradas, tais como acreditar em
uma ideia. Todas as condutas humanas, sejam elas explícitas ou implícitas,
são possibilitadas por essas redes neurais. Contudo, os neurônios apenas não
-
22
são suficientes para explicar essas condutas. A experiência de cada um parece
unir as dimensões social, biológica e psicológica.
O cérebro humano tem muitas funções. Controla a temperatura do corpo,
a pressão arterial, a quantidade de batimentos cardíacos e a respiração.
O cérebro abriga milhões de informações que são trazidas pelos
sentidos como visão, audição, tato, paladar e olfato, e, tem a competência de
controlar todos os movimentos do corpo, como o caminhar, sentar, correr,
pular, permitindo o sonho, pensamento, raciocínio e sentimento de diversas
emoções. (LÉO, 2010).
O cérebro é a parte mais desenvolvida do encéfalo sua massa de tecido
cinza-rósea apresenta duas substâncias diferentes, sendo uma branca, na
região central, e uma cinzenta, da qual se forma o córtex cerebral. No córtex
cerebral as superfícies corticais não são uniformes, possuem saliências (giros)
e depressões (sulcos).
O SN divide-se em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso
Periférico (SNP). O SNC é o centro coordenador das conexões nervosas,
através do encéfalo e medula espinal, processa a regulação de todas as
estruturas que medeiam a interação entre o organismo e o meio ambiente. O
encéfalo recebe e processa a informação integrada (interna e externa) uma vez
que dirige a atividade de outros sistemas. O encéfalo compreende:
- Telencéfalo: Constituído pelos dois hemisférios cerebrais.
- Diencéfalo: Situa-se na linha mediana, entre os dois hemisférios, se divide
em: Epitálamo, tálamo e hipotálamo.
Epitálamo - Forma a glândula pineal e a habênula;
Tálamo - É a estação retransmissora de informações no cérebro, com exceção
das informações olfatórias;
Hipotálamo - Controla o sistema endócrino e interfere nas funções viscerais.
Cerebelo: Localiza-se por trás do tronco cerebral. É responsável pelo equilíbrio
e a coordenação motora.
http://www.infoescola.com/anatomia-humana/encefalo/
-
23
Tronco cerebral: É a substância nervosa que vai do cérebro à medula. No
centro há uma formação reticular no controle da consciência, sono e vigília. É
dividido em três partes :
- Mesencéfalo - Porção superior do tronco cerebral, de onde se originam os
pares de nervos cranianos III e IV;
- Ponte - Porção média do tronco cerebral, de onde se originam os pares de
nervos cranianos V, VI, VII e VIII;
- Bulbo - Porção inferior do tronco cerebral, de onde se originam os pares de
nervos cranianos IX, X, XI XII. (SANTOS, 2002).
Fonte: Saúde Howstuffworks- comotudofunciona
http://saude.hsw.uol.com.br/cerebro7.htm Acesso em: Jan, 2016.
2.2.1- Córtex Cerebral
O córtex cerebral, um tecido fino com uma espessura entre 1 e 4 mm e
uma estrutura laminar formada por 6 camadas distintas de diferentes tipos de
corpos celulares, é constituído por células neuroglias e neurônios. Além de
nutrir, isolar e proteger os neurônios, as células neuroglias são tão críticas para
certas funções corticais quanto os neurônios, ao contrário do que se pensava
alguns anos atrás.
Lobos Cerebrais
O córtex cerebral é dividido em áreas denominadas lobos cerebrais, cada
uma com funções diferenciadas e especializadas. Os lobos são: lobo frontal,
lobo occipital, lobo parietal e o lobo temporal.
http://saude.hsw.uol.com.br/cerebro7.htmhttp://www.infoescola.com/sistema-nervoso/neuronios/
-
24
Os lobos parietais, temporais e occipitais estão envolvidos na produção
das percepções resultantes das informações obtidas por nossos órgãos
sensoriais do que diz respeito à relação do meio ambiente e nosso corpo. O
lobo frontal, por sua vez, por incluir o córtex motor, o córtex pré-motor e o
córtex pré-frontal, está envolvido no planejamento de ações e movimento,
assim como no pensamento abstrato.
Fonte: Descomplicando o Cérebro Neurologia Veterinária e Neurociência
https://vetneuro.wordpress.com/c_erebro.jpg.Acesso em Jan.2016.
Todas as atividades estão relacionadas ao funcionamento do cérebro. Ele
é um órgão vital muito importante para o desenvolvimento humano, para a
aprendizagem e a cognição. Atrasos cognitivos e motores causam
lesionamento no cérebro. O desenvolvimento cerebral depende muito da
genética, da maneira como qual a pessoa foi criada e educada e também do
meio.
2.2.2- Neurociência Cognitiva
Conceitos cognitivos são baseados em observações comportamentais
consistentes. Conceitos inferidos em neurociência cognitiva incluem áreas de
estudo tais como linguagem, aprendizagem, memória ou visão.
A Neurociência cognitiva procura estabelecer correlações entre:
•Propriedades de estímulos apresentados ao SNC;
•Medidas da atividade cerebral por meio de técnicas e tecnologias diversas;
•Propriedades mentais, por meio do comportamento observável (relatos
verbais e não verbais e expressões de comportamento).
https://vetneuro.wordpress.com/c_erebro.jpg.Acesso%20em%20Jan.2016
-
25
Processos mentais abordados na Neurociência Cognitiva:
a) Aprendizagem e Memória;
b) Atenção;
c) Motivação e Emoções;
d) Sensação e Percepção;
e) Identidade Pessoal (o “Eu”);
f) Pensamento e Funções Executivas;
g) Linguagem e Interpretação;
h) Motricidade e Planejamento Motor
Fonte: (Imagem extraída do livro "Cem Bilhões de Neurônios - Lent, 2002")
http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/t_2002/t_2002_renato_aposo_e_francine_va
z/neurociencia.htm Acesso em Jan.2016.
Vista superior do cérebro humano, mostrando seus dois hemisférios.
Estão colocadas as principais especializações de cada hemisfério, algumas
bem confirmadas e outras ainda em debate.
Tendo a célula responsável pelo sistema nervoso chamado neurônio,
apresentando função importante no corpo humano.
Os neurônios são responsáveis pela transmissão da informação através
da diferença de potencial elétrico na sua membrana, enquanto as demais
células, as células da neuroglia (ou glia), sustentam-nos e podem participar da
http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/t_2002/t_2002_renato_aposo_e_francine_vaz/neurociencia.htmhttp://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/t_2002/t_2002_renato_aposo_e_francine_vaz/neurociencia.htm
-
26
atividade neuronal ou da defesa. No SNC, essas células são os astrócitos, os
oligodendrocitos, as células da micróglia e as células ependimárias. No SNP,
são as células-satélites e as células de Schwann.
As neuróglias assumem diferentes funções no sistema nervoso. Elas
cercam os neurônios, mantendo-os fixos, cada um no seu lugar, e fornecendo-
lhes o oxigênio e os nutrientes que necessitam.
O papel destas células é fixar e alimentar os neurônios humanos.
Elas têm outro papel relevante. De fato, não cabe apenas aos neurônios
participar na transmissão de sinais que ocorre no sistema nervoso.
As células gliais também comunicam entre elas e com os próprios
neurônios, sendo perfeitamente capazes de alterar os sinais das células
nervosas nas fendas sinápticas que existem entre os neurônios e podendo
inclusivamente influenciar o local onde se formam as sinapses.
Ao que tudo indica, as neuróglias participam, de forma ativa, nas
chamadas transmissões sinápticas, regulando a libertação de
neurotransmissores e mesmo libertando-os, tal como ao ATP que, por sua vez,
modela as funções pré-sinápticas.
Esta função faz com que as neuróglias tenham um papel crucial na
capacidade de aprender e construir memórias. Do mesmo modo, serão
relevantes para a recuperação de lesões neurológicas.
Além de servirem para cercar, isolar e alimentar os neurônios e de
participarem na transmissão de estímulos e mensagens, as células gliais têm
igualmente como função destruir patógenos e remover os neurônios mortos,
assim como manter a homeostase e formar a mielina.
São elas que fabricam as moléculas que alteram ou inibem o crescimento
de dendritos e axônios, promovendo a reparação de células lesadas.
A maioria dos neurônios possui três regiões responsáveis por funções
especializadas:
• Corpo celular
• Dendritos
• Axônio
-
27
Fonte: Bioloja materiais didáticos –Anatomia e Fisiologia Humanas Profª Ana Luisa Miranda Vilela
http://www.afh.bio.br/basicos/Nervoso1.htm Acesso em: Jan, 2016.
Corpo celular: é nesta estrutura que se dá a síntese proteica, sendo
também nesta aqui que ocorre a convergência das correntes elétricas geradas
na árvore dendrítica. Cada corpo celular neuronal contém apenas um núcleo
que se encontra no centro da célula. É também nesta estrutura que estão
alojadas todas as funções celulares em geral.
Dendritos: São extensões citoplasmáticas ou prolongamentos
especializados em receber e transportar os estímulos das células sensoriais,
dos axônios, e de outros neurônios. Possuem múltiplas ramificações e
extremidades arborizadas, o que lhes dá a capacidade de receber múltiplos
estímulos de vários neurônios em simultâneo.
Axônios: São fibras dos neurônios que conduzem impulsos para longe do
corpo da célula. Estes impulsos podem ser passados para outro neurônio, para
um músculo ou uma glândula. Um axônio é uma fibra simples, que pode ser
muito longa e que se ramifica na extremidade. Alguns axônios são recobertos
com um material gorduroso chamado Mielina que isola e protege a fibra.
2.3- Neuroplasticidade cerebral
A neuroplasticidade é à capacidade do sistema nervoso de alterar
algumas das propriedades morfológicas e funcionais em resposta a alterações
do ambiente, é a adaptação e reorganização da dinâmica do sistema nervoso
mediante as alterações.
http://www.afh.bio.br/basicos/Nervoso1.htm
-
28
A plasticidade nervosa não ocorre apenas em processos patológicos, mas
também tem funções extremamente importantes no funcionamento normal do
indivíduo.
Por haver esta capacidade é que, crianças que sofreram acidentes com
perda de massa encefálica, déficits motores, visuais, de fala e audição, vão se
recuperando gradativamente e podem chegar à idade adulta sem sequelas.
As formas de plasticidade:
• Regenerativa: Consiste no recrescimento dos axônios lesados. É
mais comum no sistema nervoso periférico.
• Axônica: ou plasticidade ontogenética, ocorre de zero a 2 anos de
idade, é a fase crítica, fundamental para desenvolvimento do SN.
• Sináptica: Capacidade de alterar a sinapse entre as células
nervosas.
• Dendrítica: Alterações no número, no comprimento, na disposição
espacial e na densidade das espinhas dendríticas, ocorrem
principalmente nas fases iniciais do desenvolvimento do indivíduo.
• Somática: Capacidade de regular a proliferação ou morte de
células nervosas. Somente o sistema nervoso embrionário é
dotado dessa capacidade.
A inteligência musical é um traço compartilhado e mutável que pode estar
presente em grau até acentuado mesmo em crianças com deficiência
intelectual. Crianças com síndrome de Willians, um tipo de doença genética,
apresentam deficiência intelectual e habilidades de percepção, de identificação,
classificação de diferentes sons e de nuances de andamento, mudança de
tonalidade, muitas vezes, extraordinárias.
O período do neurodesenvolvimento mais sensível para o
desenvolvimento de habilidades musicais se dá nos primeiros 8 anos de vida.
Estudos com potenciais evocados mostram que bebês já nos primeiros 3
meses de vida apresentam várias competências musicais para reconhecer o
contorno melódico, diferenciam consonâncias e dissonâncias e mudanças
rítmicas. A exposição precoce à música além de facilitar a emergência de
-
29
talentos ocultos, contribui para a construção de um cérebro biologicamente
mais conectado, fluido, emocionalmente competente e criativo.
Crianças em ambientes sensorialmente enriquecedores apresentam
respostas fisiológicas mais amplas, maior atividade das áreas associativas
cerebrais, maior grau de neurogênese (formação de novos neurônios em área
importante para a memória como o hipocampo) e diminuição da perda neuronal
(apoptose funcional).
O avanço das correlações da música com a função cerebral exige cada
vez mais, um trabalho multidisciplinar (músicos, neurologistas, educadores
musicais) que dê acesso à multiplicidade de experiências musicais, lúdicas,
criativas, prazerosas, na análise do impacto da música no
neurodesenvolvimento. Este alcance poderá significar um resgate do sentido
integrado da arte, educação e ciência e um novo status para invenção e
criatividade.
-
30
CAPÍTULO III
MÚSICA, EDUCAÇÃO E A AFETIVIDADE
INFLUENCIANDO NA APRENDIZAGEM
A educação e a aprendizagem estão ligadas ao desenvolvimento do
cérebro, o qual é moldável aos estímulos do ambiente. O aprender e o lembrar
do estudante ocorre no seu cérebro. Os estímulos do ambiente levam os
neurônios a formar novas sinapses.
Na relação ensino/aprendizagem deve se levar em consideração os
fatores afetivos. Nesta relação há três pontos importantes a serem levados em
consideração: a emoção exerce influência no raciocínio, os sistemas cerebrais
ligados à emoção estão ligados aos sistemas destinados à razão e a mente
não pode ser separada do corpo.
Oliveira (2014) informa que a mente, o cérebro e os processos neurais
envolvidos no pensamento e na aprendizagem têm possibilitado a emergência
de explicações e uma melhor compreensão da ciência da educação. As
investigações multidisciplinares e interdisciplinares com a contribuição científica
estão abrindo o caminho que pode levar a pesquisa educacional básica à
prática da sala de aula.
A educação musical, em idade escolar, exerce também a função de
ensinar conceitos, ideias, sociabilidade, dentre as técnicas utilizadas para a
aprendizagem estão os jogos musicais, que utilizados de forma lúdica além de
fonte de motivação e neurodesenvolvimento, podem ativar os sistemas de
controle da memória, da linguagem, da atenção e do pensamento superior.
Santos et al, (2015) afirmam que à medida que as funções cognitivas vão
se desenvolvendo no individuo, melhora-se a percepção musical, pois as
percepções não é somente sensório-motora, mas passa a envolver outras
sensações táteis - cinestésica, visual e motora.
De acordo com Silva (2010), a música pode ser trabalhada em várias
áreas da educação, como: Língua Portuguesa, raciocínio lógico matemático,
História, Geografia e Ciências, isto é, a música favorece a interdisciplinaridade.
No entanto, para atingir essas áreas o professor poderá atribuir atividades que
-
31
contribuam para que o indivíduo aprenda a viver na sociedade, abrangendo
aspectos comportamentais como disciplina, respeito, gentileza, civilidade,
valores e aspectos didáticos, com a formação de hábitos específicos, tais como
os relativos a datas comemorativas, cores, números, noções de higiene, a
manifestações folclóricas, poesias relacionadas a habilidades: análise, síntese,
discriminação visual e auditiva, coordenação visomotora. Ou seja, atividades
que facilitará a aprendizagem, fixando assuntos relevantes, unindo o útil ao
agradável.
Silva (2011) explica que toda a expressão musical age sobre a mente,
favorecendo a descarga de emoções, da expressão da reação motora e alívio
das tensões. Os movimentos adaptados a um ritmo é resultado de um conjunto
total de atividades coordenadas. Assim que, atividades como: o cantar, o bater
palmas, gesticular, bater os pés, são experiências valiosas para as crianças,
pois favorecem o desenvolvimento do senso rítmico a coordenação motora os
quais, são fatores importantes para o processo da leitura e da escrita.
Os desenvolvimentos significativos decorrentes da inclusão da música na
aprendizagem são:
• o desenvolvimento socioafetivo;
• a construção do próprio mundo;
• inter-relações com base na afetividade.
A música afeta o funcionamento cerebral, pois as alterações fisiológicas
com a sua exposição são múltiplas e vão desde a modulação neurovegetativa
dos padrões de variabilidade dos ritmos endógenos da frequência cardíaca,
dos ritmos respiratórios, dos ritmos elétricos cerebrais, dos ciclos circadianos
de sono-vigília, até a produção de vários neurotransmissores ligados à
recompensa, ao prazer e ao sistema de neuromodulação da dor. Treinamento
musical e exposição prolongada à música considerada prazerosa aumentam a
produção de neurotrofinas produzidas em nosso cérebro em situações de
desafio, podendo determinar não só aumento da sobrevivência de neurônios
como mudanças de padrões de conectividade na chamada plasticidade
cerebral.
-
32
A música é um instrumento de ativação, dentre outras localizações
cerebrais, além de mexer com atenção, memória e percepções, facilitando
assim a aprendizagem.
De acordo com a pesquisa de Batista (2011), a aprendizagem ocorre
basicamente em três estágios:
A - Subaprendizagem: Entrou em contato com o assunto, mas não
prestou atenção, portanto não assimilou.
B - Aprendizagem simples: Entrou em contato com o assunto, prestou
atenção, mas não memorizou.
C - Superaprendizagem ou aprendizagem ideal: Entrou em contato com o
assunto, prestou atenção, assimilou e memorizou.
Os dois primeiros casos necessitam de acompanhamento
psicopedagógico e análise (exames e testes) para detectar onde há e qual
seria a possível falha. Sendo neste ponto, vêm as dificuldades, os problemas e
os distúrbios, que também podem ocorrer basicamente de três formas:
A- Causas psicológicas: Traumas, problemas familiares, problemas
financeiros, etc.
B- Causas orgânicas: Desnutrição, anemia ou distúrbios, como dislexia,
disgrafia, entre outros.
C- Causas do sistema: Inadequação dos métodos aplicados em
aprendizagem, despreparo dos professores e comunidade escolar.
A relação música-neurociências o entendimento tenderia à naturalização,
à supersimplificação dos processos cognitivos musicais. O cérebro é um
ecossistema altamente integrado não cabendo mais o imaginário mecanicista e
behaviorista, pois ele nada se parece com uma máquina e os processamentos
musicais no cérebro excedem qualquer noção limítrofe de estímulo-resposta. E
a ideia de planejamento do aprendizado, apesar de não ser nova, soa como
uma dica neurocientífica que uma aprendizagem mais consciente e a
organização mental possa ter mais sentido e resultado que aquela
automatizada pelo hábito. A sinergia dos processos musicais é ampla e
diversa. O cérebro possui generalizações em sua estrutura e certos padrões de
processamento musical comuns ao ser humano, mas o caminho conectivo
-
33
entre os neurônios e de origem pessoal. O curioso é que o meio a algumas
generalizações essa informação parece ser importante fator determinante de
individuação.
Enfim, a música é um instrumento facilitador da aprendizagem, portanto, o
seu uso em sala de aula deve ser incentivado para que novas conexões
aconteçam e os objetivos sejam alcançados.
3.1- O professor como um ser transformador em sala de aula
De acordo com Relvas (2012), conhecer o processo da aprendizagem se
tornou um novo desafio para os professores, o ambiente é a sala de aula. É
preciso reconfigurar este lugar de forma que se possa promover uma maior
convergência entre ciência, aprendizagem, ensino e educação.
O papel do educador é complexo, pois exige muito mais que apenas
reprodução dos conhecimentos e experiências. O professor deve ter uma ação
pedagógica inovadora, que possa despertar no aluno a curiosidade e o
interesse no desenvolvimento das atividades. O profissional também deve
facilitar e mediar na construção ativa do conhecimento do estudante.
Segundo Carvalho (2010), o indivíduo, permanentemente em busca de
respostas para as suas percepções, pensamentos e ações, tem suas conexões
neurais em constante reorganização e seus padrões conectivos alterados a
todo o momento, mediante processos de fortalecimento ou enfraquecimento de
sinapses. No cérebro, há neurônios prontos para a estimulação. A atividade
mental estimula a reconstrução de conjuntos neurais, processando
experiências vivenciais e/ou linguísticas, num fluxo e refluxo de informação. As
informações, captadas pelos sentidos e transformadas em estímulos elétricos
que percorrem os neurônios, são catalogadas e arquivadas na memória.
O professor tem um grande desafio, que é enxergar seu aluno em sua
totalidade e concretude. A escola é um meio fundamental para o
desenvolvimento do professor e do aluno, pois nesse meio um é afetado pelo
outro, e ambos pelo contexto onde estão inseridos. Quando não há satisfação
das necessidades afetivas, cognitivas e motoras causa prejuízos a ambos, e
isso afeta diretamente o processo da aprendizagem.
-
34
Para Freitas et al, (2015), a atenção é uma das funções mais importantes
do sistema nervoso central para o aprendizado. Com ela, podemos, diante de
uma variedade de estímulos dos mais diferentes tipos, aos quais somos
expostos diariamente, definir o que é mais relevante em determinado momento
e focar nossa atenção para aprender algo sobre aquilo que nos instiga. No
entanto, nossa capacidade de manter a atenção em determinado
estímulo/tema é limitada a um curto período de tempo, por isso a importância
de utilizar estímulos de diferentes tipos no processo de aprendizagem.
A neurociência tem uma grande relevância na formação de professores,
pois oferece aos educadores um aprofundamento sobre o cérebro no processo
de aprendizagem.
A neurociência e a pedagogia se completam, pois juntas oferecem uma
inovadora parceria, respeitando as especificidades de cada ciência. Levam os
estudantes a um novo sistema, através do qual biologicamente se constrói a
fonte de novas conexões neurais.
Os profissionais da escola devem ter em mente que, se um indivíduo não
pode aprender da maneira como é ensinado, é melhor ensiná-lo como ele pode
aprender, utilizando diversas formas de ensinar.
O professor precisa desenvolver capacidades, reconhecer as
transformações tecnológicas de informação em sala de aula, atender as
diversidades culturais, respeitando as diferenças, investindo na atualização
cientifica, técnica e cultural, integrando no exercício da sua docência a
dimensão afetiva, bem como desenvolvendo comportamento ético a fim de
orientar os alunos em valores e atitudes. É necessário ser um bom planejador,
pois, as novas tecnologias são instrumentos para os educandos e educadores
no processo de formação do cidadão.
O professor necessita transformar sua prática pedagógica em
constatações relevantes diante de suas experiências, criando fundamentações
científicas, que permitam utilizar em suas aulas, procedimentos adequados aos
alunos, às suas necessidades, de modo a permitir os avanços no
desenvolvimento e, mais tarde, ser um indivíduo participativo na sociedade.
-
35
A prática educativa, tendo como objetivo a produção de aprendizagens
que devem ser pertinentes ao momento atual, tendo em vista as necessidades
do mercado de trabalho advindos da globalização e das tecnologias de
informação e comunicação.
O educador quando se dedica ajuda a construir infinitas personalidades.
Descobre estratégias para compreender seus educandos e, motiva-os para
obter prazer em descobrir novos ensinamentos. São os educadores que
ajudam os seus alunos a construir suas próprias estradas quando procuram
formas diversas para estimulá-los em suas capacidades.
Motivando e acreditando em cada aprendiz, o educador vai ajudando a
esculpir cérebros eficazes.
O professor deve respeitar a velocidade de aprendizagem de cada aluno
e perceber suas limitações. É necessário que o educador crie novos métodos
para fazer com que os conhecimentos sejam recebidos com alegria e prazer
para que assim possa obter um grande êxito em seu trabalho.
3.2- A afetividade contribuindo para a aprendizagem
A afetividade é importante para o ensino e aprendizagem na medida em
que contribui para a criação de um clima de compreensão, de confiança, de
respeito mútuo e de motivação. Num ambiente afetivo e seguro, os alunos
mostram-se calmos e tranquilos, constroem uma autoimagem elevada,
participam das atividades propostas e contribuem para o cumprimento dos
objetivos educacionais. No caso contrário, o aluno rejeita o professor e a
disciplina por ele ministrada, perde o interesse em frequentar a escola, sendo
levado ao fracasso escolar.
A emoção e a motivação influenciam na aprendizagem. Os sentimentos,
intensificando a atividade das redes neurais e fortalecendo suas conexões
sinápticas, podem estimular a aquisição, a retenção, a evocação e a
articulação das informações no cérebro.
As emoções fornecem aos indivíduos comportamentos voltados para a
sobrevivência e são inseparáveis das ideias e sentimentos relacionados à
-
36
recompensa ou punição, prazer ou dor, aproximação ou afastamento,
vantagem ou desvantagem pessoal.
Pabst (2012) afirma que emoções em ação tornam-se poderosos fatores
de motivações. Pois são elas que definem o rumo de cada ação e dão a partida
nas realizações de longo prazo. Mas elas também podem trazer problemas.
Quando o medo se transforma em ansiedade, o desejo dá lugar à ganância,
uma contrariedade converte-se em raiva, e a raiva em ira, a amizade dá lugar a
inveja e o amor a obsessão, ou o prazer se torna um vício, as emoções
começam a voltar-se contra a própria pessoa. A saúde mental depende da
higiene emocional e, na grande maioria, os problemas mentais refletem o
colapso da organização emocional. As emoções podem ter consequências
tanto úteis quanto patológicas.
Trabalhar as emoções no ambiente escolar significa dotar os alunos de
recursos e estratégias de conduta que lhe permitam ter maior controle de si
mesmo, pois aquele que aprendeu a gerenciar melhor suas emoções pode
evitar ou minimizar a interferência de pressões externas e internas que se
convertem em estresse, melhorando a saúde psicológica e tendo mais chances
de progredir tanto no âmbito acadêmico quanto social.
Reis (2011), explica que uma criança assistida, cuidada e educada em
ambientes que ofereçam motivos suficientes ao seu desenvolvimento, detém
maiores possibilidades de torna-se um adulto consciente das suas ações, ainda
que possa se defrontar com situações adversas. Emoção e motivação estão
relacionadas uma a outra, correspondem a impulsos, que são incitamentos
internos à uma ação ou de incentivos externos, que são, às vezes, indiretos à
essa mesma ação.
A aprendizagem eficiente é aquela construída sobre a base da crítica e da
reflexão sobre objeto do conhecimento, para que assim possa proporcionar ao
sujeito a capacidade de perceber o mundo que o cerca.
O destino do cérebro depende de estímulos, da escola, da família e do
meio ambiente, além de elementos essenciais que influenciam na
aprendizagem, ambiente, idade, genética, nutrição, psicológico, áreas corticais
e principalmente motivação.
-
37
É fundamental que os professores entendam que são os sentimentos que
impulsionam a aprendizagem positiva ou negativamente, compreendendo que
o aluno é um ser emocional que pensa. Coerente com esta nova visão é
importante que os mestres aprendam a "ler e entender" as emoções de seus
alunos procurando lidar de forma adequada, com elas o aluno constrói através
de diálogo, conhecimentos com colegas, professores e pessoas desenvolvendo
competências e valores essenciais a fim de que possa viver junto á família, a
sociedade e no futuro ao exigente mundo do trabalho.
Gobbi (2001) aponta que estratégias afetivas são vistas como
instrumentos que encorajam o aprendiz e reduzem a sua ansiedade. Elas são
usadas para regular as emoções, contribuindo para o sucesso ou fracasso do
aluno. Com o controle emocional, o estudante pode alcançar os objetivos,
através do uso da música, que tem o poder de acalmar, divertir, tocar
profundamente as pessoas, até mesmo no momento de aprender.
Trabalhando com estas diferenças de dificuldades cognitivas cabe ao
professor criar estratégias que leve ao aluno estimulado pelo meio que o cerca
desenvolver novas sinapses, isto é, cérebro estimulado leva ao despertar pelo
interesse pelo ensino e aprendizado.
A teoria cognitiva reconhece que no ato do planejamento pedagógico o
educador deve considerar elementos ligados à aprendizagem, linguagem, as
emoções, à atenção.
Muitos educadores buscam formas para estimular o desenvolvimento do
cérebro e a inteligência de cada criança. Os educadores devem basear que
cérebro saudável é cérebro ativo.
Danello (2011) diz que há duas memórias, uma que se emociona e sente
e outra que compreende e reflete (a emoção e a razão). Cada pessoa
apresenta diferentes reações conforme a utilização de seu cérebro. Na
interação da emoção, o sistema límbico é o responsável pelo prazer. A falta de
interesse gera problemas, inibindo o processo de aprendizagem.
3.2.1- Sistema límbico
-
38
De acordo com Villela 2013, o sistema límbico é uma região formada por
neurônios e é constituído de massa cinzenta, essa região é denominada lobo
límbico.
O sistema límbico responde pelos comportamentos instintivos, pelas
emoções e pelos impulsos básicos, como sexo, ira, prazer e sobrevivência.
Forma um elo entre os centros de consciência superiores no córtex cerebral e o
tronco encefálico, que regula os sistemas corporais como o sistema endócrino;
o SNA (Sistema Nervoso Autônomo) e age no mecanismo da memória e
aprendizado.
Segundo Ribas, 2007, do ponto de vista morfológico, as estruturas que
compõem o sistema límbico se caracterizam como uma série de curvas em
forma de "C" que têm como centro o tálamo e o hipotálamo em cada
hemisfério.
As estruturas do sistema límbico são:
• Hipotálamo: é responsável por diversas funções importantes
como: regulagem do sono, pela libido, controla o apetite e a
temperatura corporal; quando a temperatura aumenta o hipotálamo
age na dilatação dos capilares para o resfriamento sanguíneo. Age
juntamente a hipófise, ajudando o sistema endócrino.
• Corpos mamilares: responsáveis por regularem os reflexos
alimentares.
• Tálamo: é responsável por quatro sentidos: tato, paladar, visão e
audição. Também é responsável pelas sensações de dor, quente
ou frio e a pressão do ambiente. Apenas os sinais do olfato são
enviados diretamente ao córtex cerebral sem ter que serem
“filtrados” pelo tálamo.
• Giro cingulado: é responsável pelos odores e a visão
• Amígdala cerebral: é nesta região onde é identificado quando há
perigo, medo e ansiedade. Elas são responsáveis por memórias
emocionais.
• Hipocampo: é responsável pela memória recente. Quando uma
pessoa se lembra de algo, aumenta significadamente o
-
39
metabolismo desta estrutura, resultando no aumento do fluxo
sanguíneo.
• Tronco cerebral: é responsável pelas reações emocionais
• Área tegmental ventral: grupo de neurônios localizados em uma
parte do tronco cerebral. Uma parte dele secreta dopamina. A
descarga espontânea ou a estimulação elétrica dos neurônios da
região dopaminérgica mesolímbica produzem sensações de prazer.
• Área septal: constitui um dos centros do prazer do cérebro.
A principal função do sistema límbico é a integração de informações
sensitivo-sensoriais com o estado psíquico interno, onde é atribuído um
conteúdo afetivo aos estímulos, a informação é registrada e relacionada com
as memórias pré-existentes, o que leva à produção de uma resposta emocional
adequada, consciente e/ou vegetativa.
-
40
CONCLUSÃO
A música tem influência positiva na aprendizagem. Pois ela favorece a
ativação dos neurônios espelho, localizados em áreas frontais e parietais do
cérebro, e essenciais para a chamada cognição social humana, um conjunto de
processos cognitivos e emocionais responsáveis pelas funções de empatia,
ressonância afetiva e compreensão na linguagem verbal e não verbal. Sem a
música, o êxito da aprendizagem não seria tão facilmente e significativamente
alcançado.
A música vem como estímulo para ativar neurônios, ajudar na plasticidade
cerebral, com isso, na aprendizagem. Ela também pode provocar o aumento da
imunidade.
É fundamental que o professor conheça as estruturas do cérebro
responsáveis pela aprendizagem. A neurociência oferece um grande potencial
para nortear o trabalho na educação. Portanto, é importante construir pontes
entre a neurociência e a prática educacional.
O professor tem o papel de provocar desafios, facilitar reflexões e permitir
a comunicação entre emoções e afetos num ser que é orgânico e mental. O
aluno tem a capacidade de questionar, argumentar e apresentar autonomia em
aprender.
Sem emoção não há aprendizagem. Se o professor não tiver um carisma,
capacidade de estimular e motivar o aluno para o aprendizado, este não
ocorrerá de forma positiva ou até mesmo pode nem vir a existir e a criança
passar a temer o professor ou a matéria.
Existem várias formas de aprender pelos circuitos neurais, portanto há
várias formas de ensinar. Cabe ao professor buscar a melhor maneira para
incentivar, estimular e motivar, ou seja, despertar o interesse de cada aluno
para novas aprendizagens fortalecendo as conexões afetivas e emocionais do
-
41
sistema límbico, a partir da ativação do sistema de recompensa, pois quanto
mais o aluno gostar do que está sendo ensinado, mais vontade ele terá de
continuar aprendendo.
-
42
BIBLIOGRAFIA
ALVARENGA, Simone Pereira de. Contribuição da Neurociência no
processo ensino aprendizagem em alunos com paralisia cerebral.
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) - Universidade Candido
Mendes, Instituto A Vez do Mestre Rio de janeiro, 2012.
BATISTA, Renata Silva Santos. A dislexia como dificuldade de
aprendizagem. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) -
Universidade Candido Mendes, Instituto A Vez do Mestre Rio de janeiro, 2011.
CARVALHO, Fernanda Antoniolo Hammes de. Neurociências e educação:
uma articulação necessária na formação docente. Trab. educ. saúde
(Online), Rio de Janeiro, v. 8, n. 3, p. 537-550, nov. 2010.
DANELLO, Carla Cristiane Pilloto. Cérebro cognitivo e cérebro emocional:
contribuições da neurociência na formação continuada de professores.
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) - Universidade Candido
Mendes, Instituto A Vez do Mestre, Rio de Janeiro 2011.
FILHO, Levy Vargas. A Arteterapia como Facilitadora do Processo de
Individuação. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) ISEPE -
Instituto Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão. Rio de Janeiro 2006.
FREITAS, Diana Paula Salomão de; MOTTA, Cezar Soares; MELLO-CARPES,
Pâmela Billig. As bases neurobiológicas da aprendizagem no contexto da
investigação temática freiriana. Trab. educ. saúde, Rio de Janeiro, v. 13, n.
1, p. 109-122, abr. 2015.
GOBBI, Denise. A música enquanto estratégia de aprendizagem no ensino
da língua inglesa. Out. 2001. p. 133. Dissertação apresentada para obtenção
do grau de Mestre em Letras. Universidade Caxias do Sul e Universidade
Federal do Rio Grande do Sul Mestrado Interinstitucional em estudos da
linguagem Porto Alegre, 2011.
GÓES. Raquel Santos, A música e suas possibilidades no
desenvolvimento da criança e do aprimoramento do código linguístico
-
43
UDESC VIRTU@L - ONLINE Revista do Centro de Educação a Distância –
CEAD/UDESC Vol. 2, N.º 1, p. 27. (2009) ISSN 1984-206. Florianópolis - 43
mai. /jun. 2009. Acesso em Jan.2016.
ILARI, Beatriz. A música e o cérebro: algumas implicações do
neurodesenvolvimento para a educação musical Revista da ABEM. Porto
Alegre. V. 9. 7-16, set. 2003.
JUNG, C.G. Psicologia do Inconsciente. Tradução de Maria Luíza Appy 2º
edição 1980, Walter Verlag, AG, Olten. CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Jung, Carl Gustav, 1875-1961.
J92p Psicologia do inconsciente /C G Jung; tradução de Maria Luiza Appy.
Petrópolis, Vozes, 1980.
LÉO, Maria de Fátima Gomes. Neurociências e educação. Trabalho de
Conclusão de Curso (Especialização) - Universidade Candido Mendes, Instituto
A Vez do Mestre Niterói, 2010.
MELLO, Maria Inês de Souza A. A música como instrumento de intervenção
psicopedagógica, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro -
UENF Mestrado em cognição e linguagem Centro de Ciências do Homem
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ , 2012.
NAVIA, Diogo G. NEUROCIÊNCIAS, MÚSICA E EDUCAÇÃO:
INVESTIGAÇÕES PERTINENTES Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro – UNIRIO Mestrado em Música SIMPOM: pp. 365. Subárea de
Educação Musical. - SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUANDOS EM
MÚSICA ANAIS DO II SIMPOM 2012.
OLIVEIRA, Gilberto Gonçalves de. Neurociências e os processos
educativos: um saber necessário na formação de professores. Educação
Unisinos 18(1):13-24, janeiro/abril 2014.
PABST, Sylvia. O cérebro emocional no processo ensino- aprendizagem.
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) - Universidade Candido
Mendes, Instituto A Vez do Mestre, Rio de Janeiro 2012.
PINTO, Rogerio da Silva. A música no processo de desenvolvimento
infantil. Monografia de fim de curso de Licenciatura em Música – Instituto Villa-
-
44
Lobos, Centro de Letras e Artes, Disciplina Educação Musical. Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro. 2009.
REIS, Sônia. Desenvolvimento da aprendizagem emocional: processo
cognitivo no ambiente na sala de aula. Trabalho de Conclusão de Curso
(Especialização) - Universidade Candido Mendes, Instituto A Vez do Mestre Rio
de janeiro, 2011.
RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Educação: Potencialidades dos
Gêneros Humanos na Sala de Aula. Marta Relvas. 2ª Ed. Rio de Janeiro:
WAK 2010.
RELVAS, Marta Pires. Neurociência na prática pedagógica. Rio de Janeiro:
Wak, 2012. p. 34.
RELVAS, Marta Pires; et al.Que cérebro é esse que chegou na escola? Rio
de Janeiro Wak, 2014 2ª edição. pp. 109-113.
REZENDE, Mara Regina Kossoski Felix. A Neurociência e o ensino-
aprendizagem em ciências: um diálogo necessário. Escola Normal Superior
pós-graduação em educação e ensino de ciências na Amazônia mestrado
profissional em ensino de ciências na Amazônia. Manaus – AM 2008.
RIBAS, Guilherme Carvalhal. As bases neuroanatômicas do
comportamento: histórico e contribuições recentes. Rev. Bras. Psiquiatr.
São Paulo, v. 29, n. 1, p. 63-71, mar. 2007.
RIZZON, Flávia Garcia. Os mecanismos da memória na construção do
pensamento musical. Trabalho de conclusão (especialização) em Educação.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação. Porto
Alegre 2009.
ROCHA, V. C.; BOGGIO, P. S. A música por uma óptica neurocientífica. Per
Musi, Belo Horizonte, n.27, 2013, p.132-140 Recebido em: 10/09/2011-
Aprovado em: 12/05/2012 Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo,
SP. PER MUSI – Revista Acadêmica de Música – n.27, 236 p., jan. - jun., 2013.
ROSSETTO, Tania Cristina Fascina Sega. Interface entre a musicoterapia e
a terapia ocupacional na estimulação da memória em um grupo de
idosos. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) Universidade de
-
45
Ribeirão Preto Departamento de Música Curso de Pós-Graduação em
Musicoterapia. Ribeirão Preto 2008.
SANTOS, Laízi da Silva e PARRA, Claudia Regina. Música e Neurociências
Inter-Relação entre Música, Emoção, Cognição e Aprendizagem. Publicado
em: 2015 http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0853.pdf Acesso em: Jan.
2016.
SANTOS, Rocilene Otaviano dos. Estrutura e Funções do Córtex Cerebral.
Centro Universitário de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde. Trabalho de
Conclusão de Curso com obtenção do grau de Licenciado em Ciências
Biológicas. Brasília – 2002.
SILVA, Leni Regina Schellin da. A música e a neurociência pedagógica.
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) - Universidade Candido
Mendes, Instituto A Vez do Mestre Rio de janeiro, 2011.
SILVA, Denise Gomes da. A Importância da música no processo de
aprendizagem da criança na educação infantil: uma análise da literatura.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em
Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. 2010.
TABACOW, Luiz Samuel. Contribuições da neurociência cognitiva para a
formação de professores e pedagogos. Dissertação (mestrado) – Pontifícia
Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Pós
Graduação em Educação. Campinas – PUC, 2006.
VILLELA, Rachel dos Reis. A relação do cérebro emocional com a
aprendizagem. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização)-
Universidade Candido Mendes, Instituto A Vez do Mestre, Rio de Janeiro 2013.
http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0853.pdf
-
46
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
AGRADECIMENTOS
DEDICATÓRIA
RESUMO
METODOLOGIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................8
CAPÍTULO I
Música influenciando o ser humano..................................................................10
1.1- A música agindo no cérebro humano.........................................................11
1.2- A música e desenvolvimento......................................................................12
1.3- A música contribuindo na aprendizagem...................................................14
1.4- Música facilita a memorização...................................................................16
1.4.1- Memória e seus tipos..............................................................................17
CAPÍTULO II
A importância da Neurociência no desenvolvimento humano...........................20
2.1- Neurociência......................................................................................................20
2.1.1- Definição..................................................................................................20
2.2- Cérebro.......................................................................................................21
2.2.1- Córtex Cerebral.......................................................................................23
2.2.2- Neurociência Cognitiva............................................................................24
-
47
2.3- Neuroplasticidade cerebral.........................................................................27
CAPÍTULO III
Música, educação e a afetividade influenciando na aprendizagem.................30
3.1- O professor como um ser transformador em sala de aula.........................33
3.2- A afetividade contribuindo para a aprendizagem.......................................35
3.2.1- Sistema límbico.......................................................................................37
CONCLUSÃO....................................................................................................40
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................42
ÍNDICE...............................................................................................................46
-
48
AGRADECIMENTOSA Deus, a minha querida irmã, aos amigos e aos professores da AVMMETODOLOGIA1.4- Música facilita a memorizaçãoFOLHA DE ROSTO