do Governo da província da Milhons de pessoas poderám...

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NÚMERO 54 15 DE MAIO A 15 DE JUNHO DE 2007 1 Milhons de pessoas poderám morrer de fome em nome da ‘energia verdeREDACÇOM / Agrocombustíveis, biodiesel... som palavras de aparên- cia amável com o meio ambiente, mas atrás delas esconde-se umha radical transformaçom do sistema produtivo agrícola a nível mundial. Trata-se de destinar matérias pri- mas alimentares como o milho ou a soja à elaboraçom de combustíveis que iriam substituindo e sobretodo complementando os provenientes do petróleo. A Uniom Europeia e os EUA planificam a incorporaçom destes agrocombustíveis à compo- siçom dos convencionais e na Galiza já há seis projectos aprova- dos com os quais se espera produzir um milhom de toneladas anuais de etanol e biodiesel. Para impulsionar a implantaçom dos mesmos, as próprias multinacionais ligadas ao negócio da energia contam com generosas ajudas estatais e auto- nómicas: incentivos fiscais, isen- çom de pagamento de impostos e subsídios. Porém, o que os países desenvolvi- dos vem como umha soluçom para reduzir a dependência do petróleo, cujo modelo na realidade se perpe- tuaria, para os países pobres pode converter-se num verdadeiro desastre humanitário, visto o vasto território que estes países terám que dedicar à produçom de vege- tais para agrocombustíveis, superfí- cie agrária até agora destinada a cobrir as necessidades elementa- res da populaçom. Os efeitos já se começam a notar, e no México, por exemplo, o preço do milho subiu até 400%. Mas nom é necessário sair da Galiza para dar conta dos problemas provocados polo novo agronegócio. / Pág. 11 Entrevista a Luis Feijoo, da Associaçom de Solidariedade com o Curdistám / 05 E AINDA... Opinions de LaureanoF. Carballo, Rubén Valverde Domínguez,Valentim Fagim, Jacobe Pintor, Xosé Manuel G. Vilas e Ernesto Vázquez Sousa “A introduçom do português no ensino é umha questom de vontade política e nom podemos esquecer a escassa sensibilidade do PSOE” Anxo Louzao, secretário geral da CIG - Ensino PÁGINA 16 A situaçom da Saúde torna-se ainda mais insustentável com a chegada ao poder do bipartido Várias greves e conflitos laborais provam que o novo governo nom soubo solucionar os problemas herdados da era Fraga / 15 O ‘talante’ do PSOE REDACÇOM / Fôrom precisas car- gas policiais com feridos e a inter- vençom da própria Armada espan- hola e cinco lanchas da Guarda Civil para levar o Galicia Spirit até as ins- talaçons de Reganosa. A recente nomeaçom de José Pose Mesura como subdelegado do Governo na província da Corunha coincide com a repressom aos mariscadores da ria de Ferrol que pretendiam impedir a entrada ilegal do navio gaseiro em Mugardos. José Manuel Pose pro- vém do sindicalismo ligado ao PSdeG, mas umha vez mais volta- mos a comprovar que o historial ‘progressista’ dos diferentes dele- gados e subdelegados do Governo socialista nom matiza o seu critério repressivo, nem sequer em relaçom aos anteriores do PP. Obdulia Taboadela, que deixou o cargo para se incorporar à candidatura de Losada para o Governo municipal da Corunha, foi infelizmente um bom exemplo disto que estamos a dizer. Antes de chegar a subdelega- da do Governo tinha sido professo- ra de Organizaçons Sindicais e Sociologia Industrial e do Trabalho na Faculdade de Sociologia da Universidade da Corunha. Um rela- tório do Movimento polos Direitos Civis (MpDC) denunciava no mês passado o incremento da força poli- cial na cidade da Corunha na sua etapa de subdelegada. A violência afectou diferentes colectivos labo- rais (funçom pública, bombeiros, trabalhadores do telemarketing), imigrantes e organizaçons políticas e desportivas. O MpDC responsa- biliza ainda a Cámara municipal, que também implicou a polícia local na maior parte dos conflitos analisados. / Pág. 14 OS PAÍSES INDUSTRIALIZADOS ALIMENTARÁM COM COMIDA O SEU MODELO ENERGÉTICO SABOTAGENS CONTRA CONSTRUTORAS e obras do trem de alta velocidade ponhem em alerta forças policiais / 04 VITÓRIA DO METAL em Vigo depois de vários dias de contundentes protestos / 07 José Pose Mesura substitui Obdulia Taboadela como segundo de Ameijeiras na Subdelegaçom do Governo da província da Corunha

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NÚMERO 54 15 DE MAIO A 15 DE JUNHO DE 2007 1 €

Milhons de pessoas poderám morrer defome em nome da ‘energia verde’

REDACÇOM / Agrocombustíveis,biodiesel... som palavras de aparên-cia amável com o meio ambiente,mas atrás delas esconde-se umharadical transformaçom do sistemaprodutivo agrícola a nível mundial.Trata-se de destinar matérias pri-mas alimentares como o milho ou asoja à elaboraçom de combustíveisque iriam substituindo e sobretodocomplementando os provenientesdo petróleo. A Uniom Europeia eos EUA planificam a incorporaçomdestes agrocombustíveis à compo-siçom dos convencionais e na

Galiza já há seis projectos aprova-dos com os quais se espera produzirum milhom de toneladas anuais deetanol e biodiesel. Para impulsionara implantaçom dos mesmos, aspróprias multinacionais ligadas aonegócio da energia contam comgenerosas ajudas estatais e auto-nómicas: incentivos fiscais, isen-çom de pagamento de impostos esubsídios.Porém, o que os países desenvolvi-dos vem como umha soluçom parareduzir a dependência do petróleo,cujo modelo na realidade se perpe-

tuaria, para os países pobres podeconverter-se num verdadeirodesastre humanitário, visto o vastoterritório que estes países terámque dedicar à produçom de vege-tais para agrocombustíveis, superfí-cie agrária até agora destinada acobrir as necessidades elementa-res da populaçom. Os efeitos já secomeçam a notar, e no México, porexemplo, o preço do milho subiuaté 400%. Mas nom é necessáriosair da Galiza para dar conta dosproblemas provocados polo novoagronegócio. / Pág. 11

Entrevista a Luis Feijoo, daAssociaçom de Solidariedadecom o Curdistám / 05

E AINDA...

Opinions de Laureano F. Carballo, Rubén ValverdeDomínguez, Valentim Fagim, Jacobe Pintor, XoséManuel G. Vilas e Ernesto Vázquez Sousa

“A introduçom do português no ensino é umha questom de vontade política e nom podemos esquecer a escassa sensibilidade do PSOE”Anxo Louzao, secretário geral da CIG - Ensino PÁGINA 16

A situaçom da Saúde torna-seainda mais insustentável com achegada ao poder do bipartido

Várias greves e conflitos laborais provam que onovo governo nom soubo solucionar os problemasherdados da era Fraga / 15

O ‘talante’ do PSOE

REDACÇOM / Fôrom precisas car-gas policiais com feridos e a inter-vençom da própria Armada espan-hola e cinco lanchas da Guarda Civilpara levar o Galicia Spirit até as ins-talaçons de Reganosa. A recentenomeaçom de José Pose Mesuracomo subdelegado do Governo naprovíncia da Corunha coincide coma repressom aos mariscadores da riade Ferrol que pretendiam impedir aentrada ilegal do navio gaseiro emMugardos. José Manuel Pose pro-vém do sindicalismo ligado aoPSdeG, mas umha vez mais volta-mos a comprovar que o historial‘progressista’ dos diferentes dele-gados e subdelegados do Governosocialista nom matiza o seu critériorepressivo, nem sequer em relaçomaos anteriores do PP. ObduliaTaboadela, que deixou o cargo parase incorporar à candidatura de

Losada para o Governo municipalda Corunha, foi infelizmente umbom exemplo disto que estamos adizer. Antes de chegar a subdelega-da do Governo tinha sido professo-ra de Organizaçons Sindicais eSociologia Industrial e do Trabalhona Faculdade de Sociologia daUniversidade da Corunha. Um rela-tório do Movimento polos DireitosCivis (MpDC) denunciava no mêspassado o incremento da força poli-cial na cidade da Corunha na suaetapa de subdelegada. A violênciaafectou diferentes colectivos labo-rais (funçom pública, bombeiros,trabalhadores do telemarketing),imigrantes e organizaçons políticase desportivas. O MpDC responsa-biliza ainda a Cámara municipal,que também implicou a polícialocal na maior parte dos conflitosanalisados. / Pág. 14

OS PAÍSES INDUSTRIALIZADOS ALIMENTARÁM COM COMIDA O SEU MODELO ENERGÉTICO

SABOTAGENS CONTRA CONSTRUTORASe obras do trem de alta velocidade ponhem em alerta forças policiais / 04

VITÓRIA DO METAL em Vigo depois de váriosdias de contundentes protestos / 07

José Pose Mesura substitui Obdulia Taboadelacomo segundo de Ameijeiras na Subdelegaçomdo Governo da província da Corunha

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Tem futuro o PatrimónioCultural da Galiza? Pois,futuro nom sei, mas passa-

do, passado tem avondo… O que,decerto, nom tem é presente.Explico-me.

Ainda antes de emigrar (maisum) desta minha venerável pátriagalaica em teimosa autodes-truiçom, ainda, repito, nom mesinto advogado de umha causaperdida porque creio na plenapotencialidade do conhecimentoda nossa História.

E é que nesta trabalhosa, masformosa, angueira pola sobre-vivência e valorizaçom do nossoPatrimónio Cultural nom podeexistir a passividade ou aequidistáncia, agás como umhanojenta máscara de palhaço queesconde umha rejeiçom da análisede um gravíssimo problema paraeludir o compromisso, sendo anugalha umha estratégia deacomodaçom diante da incómodarealidade dos factos: o nossoPatrimónio Cultural está órfao.

A extraordinária esculturagranítica do guerreiro galaico deRalhe (Tabuada, Lugo) “des-fruta” estoicamente de umsurrealista seqüestro legal, presado esquecimento e com um“regime de visitas” que nem emGuantánamo (Cuba). Destemaljeito, um maravilhoso pedaçoda nossa História (a maiorrepresentaçom de um guerreirocelta de toda a Europa!) subsisteseqüestrado, convertido numgranítico refém invisível que nomcristaliza em conhecimento real,pedagógico, numha palavra, útil(ver pormenores da escultura emwww.concellodetaboada.com).

E todo istoenquadrado no marcovergonhoso de umhaburocrática nugalhaentalada num hipó-crita quietismo ou“galician slow-archa-eology” (“nem roçarum tojo!”), herdo derotinas e trapalhadasvárias do ainda recen-te passado “fragagó-nico” da Galiza. Mar-co este, choco edissipador, onde seprimam os sucedá-neos “culturais” irre-ais que escondem umcaríssimo nada (cha-me-se CRTVG, Jaco-beu, Cidade da “Far-tura”, etc.).

E que nom diga aJunta da Galiza que oproblema som osquartos. Estou abso-lutamente convenci-do de que se aescultura do guerreirocelta de Ralhe fosseumha imagem medie-val do Apóstolo jáestaria musealizada hámuitos anos (nomsendo a imagem um“ p o l i t i c a m e n t eincorrecto” SantiagoM a t a m o u r o s ,naturalmente…).

E será por dinheiro?Umha vitrininha numrecuncho de um

museu tampouco étam cara, digo eu (u-la‘tarifa plana’ do PeterEisenman?). E, aesses funcionários quesó pensam em euros,cumpre lembrar-lhesque o passado pagaem “afectivo”. E pagamui bem. O Patrimó-nio Cultural fornece àsociedade múltiplosrecursos pedagógicose, mesmo, terapêu-ticos, especialmentenecessários estesúltimos quando essasociedade desconhecea História de seu, denós. E logo? Porquecumpre “aplicarmo-nos” terapeuticamen-te o PatrimónioCultural que nosrodeia para curarmos agrave amnésia colecti-va que padecemos, onosso malsao pessi-mismo de etnia mal-dita pola História.Cumpre reivindicar asdiferenças que nosenriquecem (a todos,nom só os galegos) enos fam singularesnum mundo cada vezmais global e homo-geneizado.

Reivindico o nossodireito ao passado,neste caso emconcre-to, à nossa

raizame celta (mal chamada“castreja”, palavra vazia, falsa eparva como poucas). Asociedade que esquece oudesconhece o seu passado estásentenciada a se sentirestrangeira na sua própria casa,colonizada, alienada e comumha visom desesperançada dofuturo. De-vemos serradicalmente intran-sigentes nadefesa da nossa singularidadehistórica e rematar, de vez, coma ancestral frustraçom da nossanaçom. Cumpre deixarmos deser um povo de sherpas etomarmos posse dos nossoscumes, em todos os campos dapalavra Cultura. Porque o cernedo problema vegeta nessamentalidade suicida quecontinua a desprezar oPatrimónio Cultural de nóscomo algo alheio e sem valor.

Por todo isso, e depois de 8anos de trabalhos infrutuosos,apelo a sociedade galega paraarticular urgentemente umamplo conjunto de actos,apoios, ideias, iniciativas,propostas, et cetera, condu-centes à musealizaçom decontado do guerreiro galaico deRalhe, ícone galego dacivilizaçom celta europeia.

Em conclusom, gostaria dever que, por umha vez, o nossopassado tem futuro. Para que aGaliza deixe de ser umha boahistória mal contada:Musealizaçom do GuerreiroCelta de Ralhe JÁ!.

Laureano F. Carballoé Arqueólogo e Historiador

NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 200702 OPINIOM

O PELOURINHO DO NOVAS

Se tens algumha crítica a fazer, algumfacto a denunciar, ou desejas transmi-tir-nos algumha inquietaçom oumesmo algumha opiniom sobre qual-quer artigo aparecido no NGZ, este éo teu lugar. As cartas enviadas deve-rám ser originais e nom poderámexceder as 30 linhas digitadas a com-putador. É imprescindível que os tex-tos estejam assinados. Em caso con-trário, NOVAS DA GALIZA reserva-se odireito de publicar estas colaboraçons,como também de resumi-las ouestractá-las quando se consideraroportuno. Também poderám ser des-cartadas aquelas cartas que ostenta-rem algum género de desrespeito pes-soal ou promoverem condutas antiso-ciais intoleráveis. Endereço: [email protected]

EDUCAÇOM AFECTIVO-SEXUAL?

Na sua coluna mensal,Beatriz Santos fala amiúdesobre a conveniência de fazerumha diferença no ensinoentre a educaçom afectiva ea educaçom sexual. Deveparecer-lhe que o adjectivoafectivo maquilha a realidadedas relaçons sexuais etambém o seu tratamento naescola.

Eu penso que a educaçomafectiva deveria ser tratadacomo conteúdo transversal naescola, como alicerce das nos-sas relaçons pessoais a todosos níveis, mas além disso pare-ce-me fundamental que aeducaçom sexual se abordetambém de umha perspectivaafectiva. Há quem identifiqueo termo afectivo-sexual com

umha forma de entender osexo mui conservadora,mesmo repressora, sujeita àmoral católica e aos tabus degeraçons passadas. O certo éque a educaçom afectivo-sexual nom tem por que tratarde compromisso ou de víncu-los ‘tradicionais’, mas deempatia, um sentimentopouco explorado na secçom desexo deste jornal, e que, noentanto, é imprescindível paracompreendermos e respeitar-mos o nosso par sexual, querseja ocasional quer estável.Muitos dos complexos, frus-traçons e conflitos que se damnas relaçons sexuais poderiamevitar-se assumindo que, paraalém de seres sexuados, somostambém seres sentimentais,con todas as contradiçons eataduras emocionais que issoimplica. E também, com cer-teza, com um amplo catálogode afectos e adversons que

nom nos tornam mais débeis.Polo contrário, mais humanos.

Patricia A. Janeiro(Compostela)

COLAJET VS. CAPITÁM COLA

Lembro a surpresa que me provo-cárom as primeiras declaraçons deAlmunia ao perder as eleiçons quedérom a maioria absoluta a Aznar:ademais de anunciar a sua demis-som como secretário geral doPSOE, prometeu umha "vigilánciaimplacável da oposiçom para que oPP cumprisse realmente as suaspromesas eleitorais". O lógico pare-ce ser que se um candidato é afavor do programa eleitoral deoutro partido nom apresente umhalista alternativa, e se é contra, quese oponha à materializaçom dassuas medidas... mas nesta demo-cracia de supermercado o impor-

tante nom é a qualidade do produ-to, mas a marca de quem o comer-cializa.

Agora parece ser que um assesorde Lopez Aguilar foi despedidopor copiar para o PSOE dasCanárias o programa eleitoral dosCiutadans de Catalunya. O candi-dato anuncia, junto à depuraçomde responsabilidades, que o parti-do elaborará um novo programacom medidas "100% originais". Oconteúdo é o de menos: o relevan-te é apresentar umha oferta eleito-ral "diferente", independentemen-te do valor ético e político dessadistinçom.

Na sociedade de mercado asdiferenças entre os partidos expli-cam-se facilmente a partir dos mes-mos esquemas polos quais quandoéramos pequenos aprendemos adiferenciar Frigo, Camy, Miko e aextraparlamentar Avidesa.

Miguel Garcia N.(Ourense)

Um celta em Guantánamo…LAUREANO F. CARBALLO

“A EXTRAORDINÁRIA ESCULTURAGRANÍTICA DO GUERREIRO GALAICO DE

RALHE DESFRUTA ESTOICAMENTE DE UMSURREALISTA SEQÜESTRO LEGAL, PRESA

DO ESQUECIMENTO E COM UM REGIMEDE VISITAS QUE NEM EM GUANTÁNAMO ”

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NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 2007 03EDITORIAL

Só de pura dema-gogia pode serqualificada a

apresentaçom de AnxoQuintana dos gruposde voluntários que esteano "vigiarám" os mon-tes; gente sem expe-riência nem formaçom,com umha visom limi-tada (que de facto já élimitada aos própriosreténs, que tenhemque guiar-se semprepolos postos de vigilán-cia situadas nos altos).Podem ter mui boaintençom e pôr muitocoraçom no que fam,mas sejamos sinceros:nom estám preparados para estatarefa, e sobretodo nom vam ir aolume.

Seguramente sejam precisos,sobretodo depois de que a calami-tosa Junta da Galiza comandadapolo BNG e o PSOE, que em nadase diferencia da do PP, acabasse deeliminar este ano as contrataçonsdos vigilantes móveis, depois deos ter mareado com apresentaçonsde pedidos, reclamaçons de méri-tos quando a Junta os varemavamal, ou nem sequer os varemava,provas físicas e pagamento detaxas. A Junta tivo a ‘feliz’ deci-som política de fazer os chama-mentos da categoria. E os pontosobtidos nas últimas campanhaspolos membros desta categoria?Perdêrom-se? A Junta nom res-ponde. E a gente que só estavaapontada nesta categoria? Para arua, para o desemprego. Outrospudérom safar e acabárom noutrascategorias.

Mas nom creio que isto se devaao excesso de pessoal; estaria cir-culando polos distritos florestaisum fax interno em que se pedegente para o SDCIF (leia-se servi-ço contra-incêndios) de extrema-da urgência porque nom se com-pletáron as vagas das demais cate-gorias. Nom tivesse sido melhorter feito os chamamentos dos vigi-

lantes móveis para que eles fos-sem por mais um ano os integran-tes das CAR (Quadrilhas deAcçom Rápida)?

O insulto máximo recebido foi aconstataçom de que os reténsCAR serám levados este ano polaempresa pública SEAGA (com lis-tas próprias), um arranjinho criadonuns meses, com o senhor AlfredoSuárez Canal como presidente eque nom se rege por nengum con-vénio colectivo. Nom se conhecea duraçom do contrato, a renume-raçom e as condiçons laborais,nem a formaçom dos trabalhado-res. Isto cheira a um primeiropasso para a privatizaçom do servi-ço que, como bem geral que é,deveria ser público e estar ao ser-viço do povo e nom de umhaempresa que este ano levará 20%do serviço e 80% para o ano.

Todo isto produz-se com a passi-vidade da UGT e da CIG (comome dói sendo eu nacionalista) ecom a única denúncia de CCOO.

Este ano nom só teremos queluitar contra o lume; tambémpolos nossos direitos, e já se anun-ciam greves gerais e manifesta-çons. Cada vez é mais claro:BNG=PSOE=PP=Dereita capi-talista que só procura o benefíciode uns poucos espezinhando osdireitos do povo.

DE CORUNHA A VIGO,A LEI COMO UM ELÁSTICO

PESTINHO +1

Os vigilantes móveisdo serviço contra-

indêndios para a ruaRUBÉN VALVERDE DOMÍNGUEZ

Quando a maioria das mobilizaçons popularesvinham acompanhavam um projecto trans-formador de longo alcance, as respostas vio-

lentas do poder escudavam-se na 'defesa da ordempolítica' para educar a opiniom pública na conve-niência do cacete e das algemas. Hoje, com a maio-ria das reivindicaçons laborais inseridas num estrei-to horizonte gremial e de reparto de recursos, a uti-lizaçom do choque já nem precisa desculpas muielaboradas.

Na Corunha, segundo acabam de denunciar orga-nismos preocupados com os direitos fundamentais,as polícias local e espanhola vivem instaladas numcativo estado de excepçom que culmina invariavel-mente com a agressom física de manifestantes des-armados: bombeiros, funcionários da cámara muni-cipal ou trabalhadoras de telemarketing padecêromna sua própria pele a defesa intransigente da 'ordempública', que apenas se entende alterada quandoquem protesta está privado de poder. As respostasde todos estes grémios às agressons fôrom tímidas,quase de desculpa: como se quem deu a ordem demalhar ou proibir manifestaçons se confundisse deobjectivo. Mas nom há confusom nengumha: num-

has ruas dedicadas ao comércio, ao carro particularou à impoluta promoçom turística da cidade-merca-doria, qualquer balbúrdia está de mais. Nem queesta seja politicamente correcta e pida apenas umbocado mais de tacto dos patrons.

Existe umha filosofia neoliberal do espaço públi-co, que vai de Califórnia a Paris, e da Itália à Galiza.A debilidade dos vínculos comunitários apontoa-secom a febre ordeira, da mesma maneira que o ante-rior vigor participativo das forças populares é com-pensado polas conferências de imprensa e os comu-nicados da Internet. Há, porém, sectores sociaisainda reticentes a este controlo económico, políticoe reticular do território. Demonstrou-no a greve donaval viguês, que apavorou dúzias de cronistas daimprensa empresarial, e levou os porta-vozes daextrema-direita a pedirem rápidas intervençonspoliciais. Longe de filantropias, a Delegaçom doGoverno sabia que actuava em campanha eleitoral,e que a lei da armadilha é tam flexível que permitequase todo: exceder-se ilegalmente nos rigorespunitivos, ou olhar para outro lado quando as únicasverdades que se pretendem som os votos e as garan-tias do poder.

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçomrespeitando a ortografia e citando procedência. A informaçom continua periodicamente no sítio web www.novasgz.com e no portal www.galizalivre.org

EDITORA

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Alonso Vidal, Antom Santos, IvánGarcia, Xiana Árias, Sole Rei, F. Marinho,Gerardo Uz, Eduardo S. Maragoto,André Casteleiro

DESENHO GRÁFICO E MAQUETAÇOM

Miguel Garcia, C.Barros, A. Vidal, X. Árias

IMAGEM CORPORATIVA

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FECHO DA EDIÇOM: 15/05/07

INTERNACIONAL

Duarte FerrínNuno Gomes (Portugal), Jon Etxeandia(País Basco) Juanjo Garcia (Países Cataláns)

COLABORAÇONS

Opiniom. Maurício Castro, X. Carlos Ánsia,Santiago Alba, Daniel Salgado, Kiko Neves,J.R. Pichel, R. Pinheiro, Carlos Taibo,Germám Ermida, Celso Á. Cáccamo, JorgePaços, Adela Figueroa, Joám Peres, PedroAlonso, Luís G. Blasco ‘Foz’, Alberte Pagán,Concha Rousia, Xurxo Martínez, AlexandreBanhos, Iván Cuevas, Raul Asegurado,Miguel Penas. Música. Jacobe Pintor. GalizaNatural. João Aveledo. Sexualidade. BeatrizSantos. Língua Nacional. Valentim Fagim.Descobre o que sabes. Salva Gomes. Desportos.Anxo Rua Nova, Xavier S. Paços. Cozinha.Joana Pinto, Miguel Burros, Ana Rocha

FOTOGRAFIA

Arquivo NGZNatália GonçalvesGZI

ADMINISTRAÇOM

Irene Cancelas Sánchez

HUMOR GRÁFICO

Suso Sanmartin, Pepe Carreiro,Pestinho+1, Xosé Lois Hermo,Gonzalo Vilas, Farruquinho,Aduaneiros sem fronteiras

CORRECÇOM LINGÜÍSTICA

Eduardo Sanches Maragoto,Fernando Vázquez Corredoira,Vanessa Vila Verde,Mário Herrero (Suplementos)

“O INSULTO MÁXIMO RECEBIDO FOI A CONSTATAÇOMDE QUE OS RETÉNS C.A.R. SERÁM LEVADOS POLA

EMPRESA PÚBLICA SEAGA, UM ARRANJINHO CRIADONUNS MESES, COM O SENHOR ALFREDO SUÁREZCANAL COMO PRESIDENTE E QUE NOM SE REGE

POR NENGUM CONVÉNIO COLECTIVO.”

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NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 2007

NOTÍCIAS

04 NOTÍCIAS

REDACÇOM / A detonaçom controla-da do explosivo colocado no passadodia 9 de Maio nas obras de umhaurbanizaçom em Cangas foi directa-mente ligada ao explosivo que esta-va preparado para explodir no dia23 de Março numha construçomem Nigrám. Ao contrário do primei-ro caso, no Morraço apareceu propa-ganda vinculada à chamada‘Resistência Galega’, o que levou àidentificaçom imediata da autoriaindependentista perante a opiniompública. No dia 15 de Maio umhanova bomba introduzida numhapanela de pressom aparecia frente àsede de Construcciones Mon nopolígono lucense do Ceao, depoisde ter sido efectuado um aviso adiferentes meios de comunicaçomtrês horas antes da explosom previs-ta, impedida pola intervençom dosTEDAX. De modo diferente aoscasos anteriores, a reivindicaçom foicomunicada directamente àimprensa, indicando-se a localiza-çom exacta do explosivo e denun-ciando o administrador da empresaManuel Mon por se ter enriquecido“com o aproveitamento urbanizá-vel” em Burela, localidade que pre-sidiu, e acusando a construtora deter recebido adjudicaçons emMinho, povoaçom que consideramsubmetida a “um urbanismo depre-dador”. Concluía o comunicadocom as palavras de ordem

“Nengumha agressom sem respos-ta” e “Frente à destruçom do nossopaís resistência generalizada”.No fecho da ediçom deste númeroconhecia-se umha nova sabotagem,desta vez de carácter incendiáriocontra um grande reboque que faziaparte da maquinaria que está a serutilizada para construir um viadutopara o Trem de Alta Velocidade naparóquia compostelana de SantaLuzia. Os meios vinculárom nova-mente a autoria à ‘ResistênciaGalega’ com base numha pintadaque apareceu ao pé do reboque epropaganda que seria localizada nasimediaçons. Paralelamente difun-dia-se a notícia de um ataque comcoquetéis molotov contra umhaurbanizaçom em construçom emCervo, acçom que foi rapidamentedesvinculada da suposta organiza-çom mencionada por vozes oficiais.O delegado do Governo espanholna Galiza, Manuel Ameijeiras,enquadrou a sucessom de sabota-gens numha “campanha de propa-ganda e proselitismo estúpido quenom leva nengures” e sugeriu possí-veis detençons em datas próximas.Pola parte da Uniom de GuardasCivis da Galiza alertárom sobre aque consideram “importante dimi-nuiçom” de efectivos policiais,denunciando passividade peranteacçons que “demonstram a prepara-çom dos terroristas”, asseveram, ao

tempo que voltam a insistir nasuposta existência de “conexonspalmárias” entre “grupos violentos”galegos e bascos.A origem da denominaçom‘Resistência Galega’ surgiu a partirda publicaçom de um manifesto a20 de Novem-bro de 2005que aludiagenericamentea diferentesataques e sabo-tagens desen-volvidos emanos anteriorese fazia um cha-mamento àacçom directadescentraliza-da como meca-nismo de res-posta, “semnomes nemsiglas”, confor-mando umapelo a propa-gar umha espé-cie de movi-mento “que seexprime atra-vés das suasacçons e que sedispom a im-pedir que osv e r d u g o sdesta Terra

durmam tranquilos”. Apesar de otexto nom ter sido assinado pornenhumha entidade conhecida,os serviços de informaçom doEstado apontam à existência deumha organizaçom chamada‘Resistência Galega’, sobretodo

após a localizaçom no Norte dePortugal de explosivos junto compropaganda que reproduzia adenominaçom, que foi tambémutilizada nas sabotagens deCangas e Santiago deCompostela.

O urbanismo selvagem na costa é um dos bojectivos prioritários das sabotagens independentistas

Confusom mediática perante sabotagens contrainteresses urbanísticos e as obras do AVEAtribuem acçons de diferente carácter a um suposto grupo independentista denominado ‘Resistência Galega’

O último relatório do Instituto Galego deEstatística (IGE) destaca o aceleramento do‘boom’ imobiliário nas zonas costeiras, ondepola primeira vez se está a construir mais quenas 7 principais cidades. Em 2006 eram 52.000as moradias edificadas, umha quantidadeinaudita na história do País que prevê ser supe-rada ao longo deste ano. A aprovaçom por parteda Junta da lei que restringe as edificaçons nacosta nom evitará o impacto das construçonsempreendidas e as promotoras e construtoraspreparam já as vias para esquivar a disposiçomlegislativa.Só entre Janeiro e Setembro de 2006 fôromconstruídas perto de dezassete mil vivendasem localidades costeiras. Neste mesmo perío-do e segundo dados procedentes da actividadedo sector da arquitectura levantavam-se214.103 novas obras, o que implica aproxima-damente seis vezes o crescimento estimadoda populaçom da Galiza administrativa.Entre os concelhos mais afectados polo assé-dio imobiliário destacam 27, que superam as900 licenças de obras entre 2001 e 2006. Casossignificativos som o de Malpica, com 522

vivendas construídas no ano passado (quandoem 2005 foram 29 as levantadas), ou a localida-de marinhá de Barreiros, onde moram 3.300pessoas: só em 2006 eram edificadas mais de1.500 moradias, suficientes para alojar o dobroda vizinhança local.O presidente da delegaçom corunhesa doColégio Oficial de Arquitectos da Galiza,Alberto Unsain, equiparou a exploraçom urba-nística do litoral com a Costa do Sol, apontan-do que a construçom está a crescer nesta áreaumha média de 80% cada ano. Ademais, ques-tiona que se estejam a empreender simultane-amente um número espectacular de obrassem planificar adequadamente o saneamentoou os equipamentos.O incremento das vivendas no litoral respondeao auge do turismo e ao incremento da aquisi-çom de segundas habitaçons, em boa medidapor promotoras e compradores procedentesdo interior espanhol. Entretanto, a pressomdos sectores interessados nesta tendência con-tinua a incidir no alcance das iniciativas legis-lativas dirigidas pretensamente a travar o quese considera umha ameaça para a costa.

Mais de 50.000 vivendas construídas desde 2006

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NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 2007 05NOTÍCIAS

“Quando apareceu a nossa faixa natelevisom turca a emissom foi interrompida”

11.04.07

O mercante Beza, com 3.700 tone-ladas de fertilizante vara na ria deRiba d’Eu.

12.04.07

A Junta aumenta em mais de 100%a oferta de emprego público sobreo ano anterior, a mês e meio daseleiçons autárquicas.

13.04.07

Vicente G.P., operário da empresaInergy, ferido após umha explosomnumha nave do polígono deVíncios (Gondomar).

14.04.07

José Cordero Ojea, vizinho deTriacastela de 51 anos, morre aocarregar peças de um moinho devento em Samos. No Íncio, o trac-torista J.C.P.V., de 71 anos, sofretambém um acidente, mas recebea alta médica.

16.04.07

Ministério do Interior abre 146novas vagas de polícia espanholana CAG.

17.04.07

Pequenos explosivos contra assedes da UGT e CCOO nas Pontesno meio da greve de mineiros. Oda UGT causou leves danos e o deCCOO nom chegou a estourar.

18.04.07

Os colectivos argentinos Associa-çom de Ex-Detidos Desaparecidose Centro de Profissionais polosDireitos Humanos pedem aomagistrado Norberto Oyarbide acomparecimento de Fraga Iribarnecomo testemunha no julgamentopolos crimes da AAA

19.04.07

Preço da habitaçom na Galizasobe 12,3% em Março, enquan-to a média estatal tende a seestabilizar.

20.04.07

Detido em Ponte Vedra o políciaespanhol Lucas Rodríguez com10 quilos de haxixe. Rodríguezfora readmitido no corpo após serabsolvido numha operaçom simi-lar.

21.04.07

Presidente da Cámara deOuteiro de Rei, José PardoLombao, reconhece ter engorda-do o censo do concelho com pre-sos e residentes de um geriátricosem o seu consentimento.

CRONOLOGIA

Como se entende que vospudessem deter?Quando apareceu a nossa faixana televisom turca a emissomfoi interrompida para ocultá-lo.As duas pessoas multadas nemsequer chegámos a estar atrásda faixa. Quinze minutosdepois de que a retirassemvimos como um polícia turco sedirigia à polícia espanhola assi-nalando a bancada. Quandocomeçamos a mover-nos apan-három-nos aos dous últimos dafila. Nom sabiam quem esta-vam a deter. Acusam-nos deprovocar violência, alucinante.Entendemos que toda a acçomdemocrática que se faga peran-te fascistas lhes provocará vio-lência, mas esse é um problemadeles. Nunca pensáramos quenos fossem deter.

Que pensades fazer agora?Nom temos pensado pagarnada, é um verdadeiro atentadoaos nossos direitos. Estivem nacadeia, fum torturado em 1972por defender a democracia,estivem um mês no hospital por

umha malheira que me dêromem comisaria. Como queremagora fazer-me assumir que porordem de um polícia de um paísfascista a dizer que temos quepagar 8.000 euros de multa pordizer que o Curdistám tem queser livre!, resulta demencial.Está a supor-nos gastos masestamos dispostos a chegaraonde faga falta. Se todosvamos cedendo nom haverásaída.

Porque a Turquia tem tantopoder?A chave é a sua situaçom geoes-tratégica, vital para Ocidente.Os EUA tenhem umha aliançaférrea com eles, som os encar-gados de pressionar a Europaquando há qualquer tipo deconflito com Turquia. É umpaís mui poderoso economica edemograficamente. De entrarna UE passaria a ser o Estadomais povoado e com umhasfinanças em expansom. Som80.000.000 e tenhem muitosrecursos, como o petróleo doCurdistám.

Que caracteriza a repressomturca?A reacçom perante a apariçom daguerrilha foi aplicar umha políticade terra queimada, convertendoaldeias em escombros e provocan-do um éxodo para as cidades doleste. Turquia nom guarda as maismínimas exigências de qualquerpaís medianamente democrático:há tortura reconhecida, 10.000presos políticos curdos, sindica-tos ilegalizados, o partido comu-nista e a sua esquerda fora dalegalidade, os direitos das mulhe-res som mínimos, nom há liberda-de de imprensa... que aconteceriase isto estivesse a passar emCuba? Acabam de matar um jor-nalista só por falar abertamentesobre o conflito com a Arménia.

Está unido o povo curdo?Ainda que existem uns 70.000cipaios pagados polo Estado, opovo é praticamente unánime emtorno à guerrilha PKK e ao partidodemocrático que vai mudando denome a medida que o ilegalizam econta com muita força. Chegároma ter 12 deputados no parlamentoturco, mas o Estado mudou a leieleitoral para impedir que pui-dessem ter representaçom senom tinham apoios em todo oterritório turco. Contam comimportantes governos emCámaras Municipais, como a pró-pria capital do Curdistám,Diyarbakir. É um partido poten-te, mui organizado, com um bomfinanciamento e líderes carismá-ticos e reconhecidos.

Luis Feijoo é membro da Associaçom de Solidariedade com o Curdistám (ASK)

REDACÇOM / A Associaçom de Solidariedade com o Kurdistám nasciaem Vigo em finais da década de 80 com o objectivo de denunciar asituaçom de guerra encoberta que sofre o povo curdo em territórioturco desde há décadas. O colectivo saltou à actualidade informati-va quando pessoas solidárias exibiam em Balaídos umha grande faixacom a mensagem “Freedom for Kurdistan” num jogo de futebolentre o Centa e o Fenerbaçe disputado em finais do ano passado. Ainfluência internacional do Estado turco traduziu-sse em duas multasde 4.000 euros pola parte da Subdelegaçom de Governo de PonteVedra para dous integrantes da ASK acusados de incitarem à violên-cia por este facto. Um deles, Luis Feijoo, analisa o contexto da suasançom e a situaçom actual do povo curdo.

REDACÇOM / O colectivo interna-cionalista ‘Fuga em Rede’ prepara aorganizaçom das suas brigadas parao Verao e o Outono, com viagensprojectadas à comunidade de terrastomadas Ilha Zapatera naNicarágua, a comunidades indíge-nas de Chiapas e Oaxaca e a territó-rios da Palestina histórica. Depoisde algo menos de um ano de exis-tência e com várias experiênciassolidárias já empreendidas, preten-dem continuar este ano a participardo que consideram proliferaçom“de resistências com a superaçomda doença capitalista como únicorumo marcado”.

Na apresentaçom das brigadas

para este ano pretendem a “cons-truçom colectiva de umha máqui-na de aprender, de ver e escuitar”,que contribua para “construir ummovimento mais forte que naGaliza poda vertebrar as diferen-tes alternativas que a autonomiados movimentos anticapitalistasproduz num universo de propostaglobais”.

Para informar-se sobre comoparticipar nestas iniciativas ofere-cem o correio electró[email protected]. Ainda,estám a preparar umha brigadapara visitar o movimento de ocupa-çom de fábricas e os territóriosmapuche na Argentina.

REDACÇOM / A Deputaçomprovincial de Ourense apro-veitou o módulo de inserçomlaboral para as mulheres víti-mas de exclusom social paracolocar pessoas nas listaseleitorais. Conforme pudosaber Novas da Galiza, estasmulheres “teriam assegura-do” o seu emprego depois dodia 27 de Maio, sem ficaresclarecido, porém, qual seráo destino das actuais trabal-hadoras.

Com data de 31 de Marçode 2006 fora aprovado numplenário da DeputaçomProvincial de Ourense um

plano integral com fundoseuropeus de emprego queatendesse as mulheres víti-mas ou em risco de seremexcluídas socialmente. Oplano, segundo Isabel Pérez,deputada provincial do BNG,continha muitos pontos obs-curos, como a flexibilidadeetária (mulheres de 25 a 55anos) e a indefiniçom a res-peito da hipótese de as mul-heres a promover serem ape-nas vítimas de exclusomsocial ou também laboral(tendo em conta as queren-ças da Deputaçom ourensanapola colocaçom laboral).

‘Fuga em Rede’ organizabrigadas solidárias para visitarNicarágua, México e Palestina

A Deputaçom Provincial deOurense protagoniza obscurosmovimentos pre-eleitorais

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NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 200706 NOTÍCIAS

22.04.07

A UE situa a Galiza entre as 17

zonas com maior dependência e

diferentes cálculos anunciam que

terá um reformado por cada 2 tra-

balhadores em menos de 25 anos.

23.04.07

Presos da Lama tardam mais de 30

minutos a ser evacuados após um

incêndio. A directora geral espan-

hola de Instituiçons Penitenciá-

rias, Mercedes Gallizo, confirma ao

dia seguinte que as cadeias nom

tenhem plano de emergências.

24.04.07

Relatório da Conselharia do

Trabalho desvenda que em Março

houvo 5.153 acidentes laborais na

Galiza.

25.04.07

Pescanova anuncia a sua intençom

de fazer na Galiza estabelecimen-

tos de piscicultura de polo menos

3.000 toneladas, já que viveiros

menores “nom som rentáveis”.

Tourinho declarará ao dia seguinte

que “as portas da Galiza estám

sempre abertas para a Pescanova”.

27.04.07

Desemprego sobe na Galiza 10%

no primeiro trimestre de 2007, até

chegar a 112.600 pessoas, segundo

o Inquérito da Populaçom Activa.

28.04.07

Queima em Vigo de umha máqui-

na processadora de madeira da

empresa Nigrán Forestal que reali-

zava o trabalho de 12 operários. A

Junta investiga a relaçom com

sabotagens semelhantes em

Cotobade.

29.04.07

Vizinhos de Valga impedem por

terceiro dia a circulaçom dos com-

boios e anunciam que, se numha

semana nom houver soluçons de

Fomento para a passagem de nível

em que morrêrom 3 pessoas no dia

25, impedirám a passagem de qual-

quer trem polo concelho.

30.04.07

30 afectados e afectadas pola

depuradora do Lagares entram no

pleno viguês com bombas fétidas.

Ao mesmo tempo, 300 mariscado-

ras de Combarro fecham-se 24

horas na Deputaçom da Corunha

para reclamarem o pagamento das

ajudas polas inundaçons do

Outono.

01.05.07

A Cámara Municipal de Cangas

denunciou perante a Junta nos

REDACÇOM / Conferências, deba-

tes, projecçons, recitais e até

umha pequena manifestaçom

fôrom algumhas das actividades

que aquecêrom os motores dos

participantes no festival da lín-

gua Em Movimento à espera de

umha noite musical com um

elenco de luxo. Coanhadeira,

Guezos e Galegoz fôrom os enca-

rregados de fazer dançar as cerca

de 300 pessoas que se chegárom

ao Pólo Universitário de Ourense

para pôr o fecho ao encontro

anual dos centros sociais galegos.

Numerosas actividades

De entre as actividades progra-

madas, as da tarde fôrom as que

mais assistência tivérom.

Depois de um jantar no próprio

Pólo Universitário ao qual mais

tarde chegou a música ao vivo, e

em que muitas pessoas desco-

brírom, talvez pola primeira

vez, iguarias vegetarianas para

qualquer paladar, dezenas de

pessoas abarrotárom o novo

espaço da Esmorga para verem

dez curtas-metragens galegas.

Algumhas das mais esperadas

até contárom com a presença

dos realizadores, como

DesHabitado, da autoria de

José Manuel Mouriño e Manuel

Nanín. Finalizada a sessom de

cinema, começou o recital de

poesia com Belém de Andrade,

Nolim, Séchu Sende, Sílvia

Capom e o cabo-verdiano

Silvino Évora. Desde a reivindi-

caçom patriótoca de Silvino

Évora até a ternura dos textos

de Séchu Sende, o público

entregou-se à poesia como pou-

cas vezes acontece. De fora,

podia até parecer ser aquilo um

concerto de música. A Esmorga

só mandou a gente para o con-

certo quando acabou a conversa

“Conhece o teu mundo” em

que participárom reintegracio-

nistas de diversos ámbitos nor-

malizadores, entre os quais um

representante do Novas da

Galiza que anunciou a próxima

publicaçom de um guia dos

centros sociais galegos: Espaços

Livres para umha Nova Cultura.

Futuro dos centros sociais

O futuro de um movimento que

nom para de crescer foi um dos

temas recorrentes das conversas

de muitos e muitas participan-

tes, que protagonizárom alguns

debates que nom estivérom

isentos de polémica nas sema-

nas prévias à realizaçom do fes-

tival, chegando a provocar a

ausência da Rádio Kalimera do

mesmo. Entre eles, o papel das

instituiçons na financiaçom das

actividades desenvolvidas ou a

natureza da coordenaçom entre

os diferentes centros sociais.

Ourense, capital da língua por um diaFestival da Língua ‘Em Movimento’ reúne centenas de reintegracionistas

UPG instrumentaliza A Mesa para ampliar apoios

REDACÇOM / A Uniom do Povo

Galego (UPG) tirou proveito do

seu controlo da Mesa pola

Normalización Lingüística para

enquadrar politicamente os seus

contactos no ensino médio e con-

tribuir para reforçar a presença

hegémonica desta formaçom nas

juventudes do BNG e no campo

estudantil ligado mais directa-

mente a estas. O Novas da Galiza

revela esta informaçom depois de

ter acesso exclusivo a um docu-

mento interno elaborado por um

ou vários membros da

Permanente da Mesa a 30 de

Dezembro de 2006, a partir dos

contactos conseguidos na greve

convocada polas Mocidades da

Mesa, que reivindicava maior pre-

sença da língua no ensino médio,

a 8 de Novembro.

O documento percorre até 47

localidades do país para explicar

que jovens ou grupos de jovens

participárom desta greve e que

relaçom mantenhem com os

Comités Abertos de Estudantes,

com umha concisa explicaçom

sobre se conhecem esta organiza-

çom estudantil, participam ou

colaboram, e mesmo se, na opi-

niom das redactoras ou redacto-

res, "parecem interessados" em

participar ou se polo contrário é

"preferível aguardar"; também se

especifica que contactos militam

ou simpatizam com Galiza Nova,

para esclarecer ademais com que

corrente mostram maior afinida-

de. Em cada caso incluem-se os

nomes destes moços e moças, e

freqüentemente o telefone ou

algumha outra forma de contacto,

habitualmente através de algum

membro das mocidades da UPG

na comarca correspondente.

Assim, o documento refere-se a

algumha agrupaçom local já orga-

nizada, como a de Ourense, em

termos bem expressivos como

"grupo dos CAE bastante nume-

roso, mas controlado por Isca e

nalgumha medida por EN

(Esquerda Nacionalista)".

Quanto à comarca do Baixo

Minho, a redacçom nom deixa

lugar a dúvidas sobre a intençom

do ou dos redactores: "Comarca

controlada por Isca: olho!".

Precisamente Isca! é mencionada

até em 6 ocasions no documento

com outras expressons como

"grupo organizado nos CAE vin-

culado a Isca" ou "grupo de rapa-

zes, todos da mao de Isca", ou

simplesmente para advertir de

que esta organizaçom tem con-

tacto com eles; entretanto, de um

contacto no Barbança afirma-se

simplesmente que se trata de

umha "nova alta na UMG".

Um documento elaborado por liberados da Mesa enquadra politicamente os contactos no

ensino médio da organizaçom lingüística

O documento analisa as afinidades políticas dos contactos da Mesa

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NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 2007 07NOTÍCIAS

Políticos e imprensa empresarial apavoradospor umha greve 'como as da Transiçom'A firmeza dos grevistas conseguiu que a patronal cedesse ante quase todas as exigèncias

últimos seis anos um total de 300obras ilegais na costa.

04.05.07

M.P., operário português de 27anos, ferido grave ao se derru-bar no Covelo a valeta em quetrabalhava.

05.05.07

Direcçom Geral de Patrimónioda Junta confirma expedientesancionador contra Norfor, filialda ENCE, por destruir umpetróglifo no concelho deRianjo. O mesmo dia, 4.000 pes-soas exigem que a ENCE aban-done a Ria de Ponte Vedra.

06.05.07

Secretário Geral de Emigraçomda Junta, Manuel LuísRodríguez, estima que umhaboa depuraçom do censo exte-rior eliminaria uns 100.000votantes inscritos.

07.05.07

Mariscadores e mariscadoras deFerrol impedem por duas vezesa entrada do navio gaseiroGalicia Spirit na ria de Ferrol.No dia 9, a polícia espanholaimpedirá que se volte a deter aentrada do barco.

08.05.07

Ángel Recamán, director deNavántia Ferrol-Fene, imputadojunto com outras oito pessoaspor homicídio imprudente, polamorte de quatro trabalhadorespor asfixia em Junho de 2005.

09.05.07

Diário Oficial da Galiza publicaCatálogo galego de espécies ame-açadas, no qual figuram 49 espé-cies em perigo de extinçom e 132em situaçom “vulnerável”.

10.05.07

O vice-ddirector da RealAcademia Espanhola, GregorioSalvador, afirma que a imposi-çom lingüística do espanhol nofranquismo é menos grave doque a das “línguas co-oficiais”hoje.

REDACÇOM / O metal de Vigofijo honra à sua fama durantemais de umha semana de greve.Há um ano, dirigentes da CIGadvertiam que 'o novo convéniofora umha conquista', e que omais difícil ia ser cumpri-lo.Com efeito. A própria pressomdos trabalhadores precarizadoslevou a convocar umha novagreve, nesta ocasiom restrita aosector naval. Mais de 5.000 tra-balhadores mantivérom umduro braço-de-ferro com apatronal de ASIME, sem nen-gum apoio dos grandes partidose com contínuas críticas daimprensa empresarial polos'modos' na mobilizaçom. Alonga experiência jogou a favordos trabalhadores, e a épocaeleitoral atou de pés e maos aDelegaçom do Governo e ossectores mais extremistas dopatronato. Os partidos nomqueriam pagar o pato.Com um apoio total e um pesoespecial dos sindicatos naciona-listas CUT e CIG, a grevecolapsou Vigo desde o primeirodia. As exigências nom eram

outras que o cumprimento doconvénio, nomeadamente doponto que estipulava um míni-mo de 45% de trabalhadorescom contrato indefinido.ASIME, e nomeadamente aempresa Montajes Nervión SA,incumpriam parte do acordocom total descaramento.

Choque de posiçons econtundência dos protestosDesde que as declaraçons dosresponsáveis patronais nomeram nada condescendentes, asassembleias de trabalhadoresaprovárom a radicalizaçom doprotesto dous dias depois deeste começar. Aos berros de'lume, lume' (dos que se demar-cava CCOO, e nomeadamenteUGT), milhares de operárioscolapsavam a cidade com barri-cadas incendiárias. Tambémfôrom ocupadas sedes oficiaiscomo a das Finanças, bancos e asede da Junta em Vigo, quesofreu sérias danificaçons. Opatronato aproveitou o ataqueà sua sede com bombas incen-diárias para dizer que os grevis-

tas 'utilizavam métodos terro-ristas', e alguns meios culpabili-zárom 'moços independentis-tas' polos destroços.

Longas negociaçons esilêncio políticoAs negociaçons começáromaginha, mas com posiçons afas-tadíssimas. A expectaçom dosmanifestantes perante as lon-gas sessons negociadoras vira-vam em desilusom mal os diri-gentes sindicais expunham oandamento das conversas.ASIME atreveu-se mesmo avetar a CUT da comissomnegociadora; o sindicato nacio-nalista acedeu “para nom blo-quear nada.” Tanto o seu repre-sentante, Manolo Camaño,como o representante da CIGAntolín Alcántara fôrom dosmais secundados nas reunions.Ambas as forças denunciárom o“pouco interesse daConselharia do Trabalho porchegar a um acordo.” Com efei-to, a atitude do bipartido foi detotal inibiçom, enquantoCorina Porro pedia aos berros

umha carga policial. As forçasda ordem limitárom-se a infil-trar as manifestaçons commembros da brigada de infor-maçom para deter trabalhado-res no fim da jornada. Umhaforma de estarem presentessem que a situaçom estourasse.

Um acordo ratificado portodas as partesDepois de longas negociaçons– que incluírom a viagem demembros de ASIME à sede bil-baína de 'Montajes Nervión'para convencer esta empresada necessidade de ceder –, asprincipais exigências sindicaisfôrom aprovadas. O patronatoconsiderou finalmente que“nom perdeu ninguém”, aindaque a satisfaçom no ámbito sin-dical fosse evidente. No sectorconvivem um velho proletaria-do com grande tradiçom sindi-cal com mocidade precária commenor experiência de luita,mas que já protagonizou a pas-sada greve do metal ponteve-drês, e esta mais recente dosector naval.

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NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 200708 INTERNACIONAL

NUNO GOMES / Um acordo entre os hospi-tais de Verim e Chaves poderá permitir àsduas instituições a cooperação entre si,havendo mesmo a possibilidade de a uni-dade de Chaves passar a receber utentesdo concelho galego, e vice-versa.Entretanto foi anunciado que a Junta daGaliza poderá vir a disponibilizar algumasespecialidades médicas e cirúrgicas na pro-víncia de Ponte Vedra a utentes portugue-ses. Em Tominho, na mesma província,terminaram as obras de renovação eampliação do centro de apoio a toxicode-pendentes, que será o primeiro a atendergalegos e portugueses. Em Valença, ondeestá previsto encerrar-se o serviço deurgência, os protestos da população afecta-

da foram transformados numa corrida aoCartão Europeu de Seguro de Saúde, quepermite o atendimento em qualquer paísda União. Assim, os utentes poderão ace-der o hospital de Tui, do outro lado do rio.

O projecto CASTRENOR – CulturaCastreja no Noroeste Peninsular, que pre-para a candidatura dos castros do noroestepeninsular a Património da Humanidadeda UNESCO, tem finalmente disponível asua página na internet. Em www.castre-nor.com poderá ser pesquisada informaçãorelativa aos castros e à candidatura.

O Prémio Camões 2007, o mais importan-te galardão literário da língua portuguesa,

foi atribuído ao escritor português AntónioLobo Antunes. Ao contrário do vencedordo ano anterior, José Luandino Vieira, querecusou o prémio, Lobo Antunes irámesmo receber os 100.000 euros previs-tos.

Mia Couto venceu a 17.ª edição do PrémioUnião Latina de Literaturas Românicas,que anualmente distingue um autor delíngua latina. O prémio é de 12.000 euros,dos quais metade servirão para patrocinar atradução e edição de uma das obras dovencedor numa língua latina na qual aindanão tenha sido editado. O autor moçambi-cano, de 52 anos, foi o primeiro africano aser distinguido com este galardão.

Outro africano, desta feita angolano, foi ovencedor do 12.º Prémio da FicçãoEstrangeira do jornal britânico TheIndependent. José Eduardo Agualusa, de 46anos, foi premiado pela edição britânica dolivro O Vendedor de Passados (Book ofChameleons). O prémio, de 14.600 euros,será divido entre Agualusa e o tradutor,Daniel Hahn.

Os Maias, obra-prima absoluta de Eça deQueiroz, será publicado pela primeiravez nos Estados Unidos. O livro foi edi-tado pela primeira vez em Portugal emJunho de 1888, e é considerado um dosromances europeus mais importantes doséculo XIX.

NOVAS DE ALÉM-MINHO

Novas eleiçons municipais, novas incógnitassobre o futuro das cámaras municipais

As eleiçons autárquicas que vam terlugar na Galiza no próximo dia 27 deMaio serám muito indicativas do

rumo que vai tomar a sociedade galega nosanos vindouros. Há várias hipóteses. Umresultado muito favorável ao BNG e oPSOE pode consolidar a mundança degoverno que se produziu nas últimas elei-çons ao Parlamento Galego. Mas o perigode um êxito excessivo do PSOE, com todasas cartas ao seu favor, pode acabar por ‘fago-citar’ o nacionalismo institucional que oBNG representa se conseguir a maioriaabsoluta nas próximas autonómicas, com asdificuldades que isso traria consigo parafazer coalhar um discurso de naçom noPaís, ainda com todas as eivas que, porserem minoria, apresenta um BNG quenom parece estar no momento mais doce anível de apoio popular.

Outra das incógnitas vai ser que é o quevai acontecer com o PP. Acabará esfarelan-do-se a sua rede de poder local peranteumha oposiçom que em muitas ocasionsnom duvida em usar as mesmas armas elei-toralistas que antes usava a direita, taiscomo relacionar poder autonómico e apoioàs reivindicaçons locais, tal e como pude-mos observar já no discurso da pré-cam-panha? Esta é a situaçom que imaginaparte da direita ou ‘centro’ que já se foiafastando aos poucos de um PartidoPopular cada vez mais radicalizado e longeda realidade dos interesses da populaçom.Além disso, os vinte anos de governo popu-lar incapacitam-nos para fazer críticas amuitas desfeitas polas quais ainda eles somresponsáveis. Para este lento esfarelamen-to da direita há já preparadas outras forçasmoderadas, pretensamente galeguistas,mas que fam propaganda em espanhol,como é o caso do Partido Galeguista, oupretensamente de centro, como é o casode Terra Galega, da qual alguns membrosdo PP chegárom já a afirmar publicamenteque tinha o apoio de filo-franquistas comoCacharro Pardo, o até agora eterno presi-dente da Deputaçom Provincial de Lugo.Contodo, além das três forças maioritárias,e afora candidaturas de carácter vicinal ou

independentistas que apenas tenhemcarácter testemunhal nalguns concelhos,só Terra Galega e o Partido Galeguista con-seguírom ter umha presença significativanas quatro províncias. E centrando-nos umpouco mais nestas forças, por serem decriaçom recente, cumpre comentar que nocaso de Terra Galega observa-se comoumha grande parte dos candidatos somantigos filiados do PP que por desavençasde carácter local ou personalista, acabamapresentando-se com umha força afim ide-ologicamente para depois das eleiçonsnegociar com a direita. O discurso oficial éque som de centro, mas isso será algo queterám que demonstrar, assim como o seupretenso carácter galeguista. Nom seentendem assim casos como o de Ordes,onde ainda há menos de três anos o candi-dato de Terra Galega defendia num plenoas ruas franquistas que ainda há nessa vila edefendendo veementemente a figura deCalvo Sotelo, o da famosa frase em quedizia preferir “umha Espanha vermelha aumha Espanha partida”. Contodo, TerraGalega logrou apresentar candidaturas emquarenta e nove concelhos distribuídos portodo o mapa autonómico.

Por outro lado o Partido Galeguista lide-rado por Soto logrou apresentar trinta eumha candidaturas, centradas neste casofundamentalmente nas circunscriçons daCorunha e Ponte Vedra. O que consigafazer este partido é umha incógnita, embo-ra as sondagens lhe dem algumha possibili-dade nas duas grandes cidades, algo fulcralpara poderem lançar candidaturas nasautonómicas.

Além destas novas forças autodenomina-das nacionalistas e de centro moderado,pola primeira vez desde as primeiras elei-çons autárquicas de 1979, as duas forçasde esquerda maioritárias conseguíromapresentar candidaturas em todos os con-celhos da Galiza autonómica, sendo a pri-meira vez que o nacionalismo o consegue.

Concluindo, estas podem ser umhaseleiçons que marquem um antes e umdepois para um PP que vai ter que defen-der com unhas e dentes umha rede clien-

telar cada vez mais perfurada polo restodas organizaçons políticas, tanto as dogoverno autonómico como as das forçasque, sendo cissons ou próximas ideologica-mente, vam tentar tirar proveito de umhahipotética crise do PP. Se com a perda decámaras decresce também o seu poder nasdeputaçons, ficará cada vez mais longe dogoverno da Junta, por falta de aliados. Oque o Partido Galeguista e Terra Galegaconsigam fazer é umha dúvida que se resol-verá logo.

Poucas candidatasA tarefa pendente de todas as forças políti-cas deste país continua a ser a escassa pre-sença feminina nas candidaturas àPresidência das Cámaras Municipais. OBNG é a força que mais candidatas apre-senta, mas ainda assim som apenas 64entre 315. Porém, o número de candidatasque o resto das forças apresenta é aindamenor. De facto, nas sete grandes cidades,das 21 candidaturas das três principais for-ças políticas, há só duas mulheres, umha doPP e outra do PSOE por 19 homens. OBNG nom apresenta nengumha mulhercandidata nas grandes cidades, o qual mati-za que seja a força com maior número decandidatas. Na igualdade ainda fica umlongo caminho por percorrer, estando aindamuito longe o almejado 50 % de mulherescandidatas, ou polo menos a percentagemde mulheres políticas que há, por exemplo,nos países escandinavos.

Voto emigranteAinda que novamente centrou parte dapré-campanha o importante peso dosvotantes do CERA, que em muitos casos,nomeadamente em pequenos concelhosde Ourense e Lugo, serám decisivos paraeleger o presidente, por nom falar já decasos paradigmáticos como o de Aviom,que tem mais votantes ausentes que resi-dentes. Novamente assistimos ao teatrode que o CERA nom pode continuarassim, com a limpeza de milhares de votan-tes fictícios e novamente teremos nas pró-ximas eleiçons a mesma situaçom.

FRANCESCO TRAFICANTE

REDACÇOM / Em SOS Courel advertem da iminen-te legalizaçom da louseira A Campa. Esta louseirafunciona sem licença autónomica ou municipal ecom umha ordem de encerramento desde 2002que teria sido desrespeitada apesar da sua ratifica-çom polos diferentes tribunais de Justiça.

Segundo SOS Courel, a Junta teria respondido àcampanha de sensibilizaçom iniciada pola associa-çom ambientalista em 2004, com um projecto em2005 que incluía um parque natural “mutilado” eque só abrangia o Courel Norte, deixando o sul doCourel à vontade das louseiras e a sua expansom.Denunciam a incapacidade da Junta da Galiza paraassumir a recuperaçom de espaços “aniquilados”como as bacias dos rios Pácios e Vilarbacu, ondeestám a trabalhar cinco macro-louseiras, e respon-sabilizam-na das concessons no oeste do Courel(CUPA II.2) e no sul da bacia do Lor, com duasmacro-louseiras prestes a abrirem, CUPA II.3 eILUSIÓN.2. O projecto passaria também por lega-lizar A Campa, a controvertida louseira, com ordemde encerramento desde há cinco anos.

Apesar da aprovaçom para 2007/08 do ParqueNatural, SOS Courel adverte que o sobre-explora-do Sul da serra continuará a sofrer a actividade denove macro-louseiras à vez.

Folgoso, concelho ‘mineiro’A prevista lei de Ordenaçom da Minaria da Galizaincluirá a declaraçom de Folgoso do Courel comoconcelho mineiro. Segundo os ambientalistas cou-relaos, devido a um inexistente interesse social, “aminaria terá prioridade sobre o parque natural”,dando cabo de espaços de interesse paisagísticoúnicos na Galiza, como a própria bacia do Lor,“zona biogeográfica mediterránica integrada naAtlántica”.

A SOS-Courel tem reclamado desde há anos,devido à avançada idade dos seus habitantes, ahabilitaçom de uma pista florestal como estradapara a Póvoa do Brolhom, que reduza o tempo parachegar ao Hospital de Monforte que no Invernopode demorar até 3 horas. Longe de se aprovar talmedida, foi licitado o melhoramento da estradaLU-651 que une Folgoso e o Vale de Quiroga, masque é também passagem tradicional dos camionsque assistem as louseiras. Mais um dado que paraos ambientalistas demonstra as cumplicidadesentre o expansionista e poluente sector da Lousa ea Junta da Galiza.

Cumplicidades daAdministraçom e aindústria louseira naserra do Courel

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NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 2007 09OPINIOM

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Muito se está a especularcom umha 'nova' alter-nativa agrícola no nosso

país que mesmo se situaria comoum sector de peso se forem che-gadas a plantar as mais de170.000 hectares que diz quesom idóneas para estes cultivos.

Primeiramente convém apon-tar que o interesse polos denomi-nados cultivos energéticos temsido determinado por diversasdirectivas europeias no sentidode situar no horizonte do 2010um abastecimento em agrocom-bustíveis de 5% das necessidadesde hidrocarbonetos dos estadosda Uniom. Esta é decerto a únicaenergia supostamente "renová-vel" em que se determinammetas concretas, diferentementede outras fontes como a solar ou aeólica. Isto nom é casualidade setivermos em conta o interesse dediversos lobbys e grupos multina-cionais energéticos e agrícolas emaproveitar um maná de fundospúblicos que vam ser dedicados aesta "oportunidade verde".

Na perspectiva galega de ten-tar atingir os objectivos das direc-tivas autóctones situaria-se anecessidade de dedicar umhaenorme superfície de boas terraspara estes cultivos, já que se estáa falar principalmente de cultivoscomo o girassol ou a couve-nabiça('colza'), já que os cereais produ-zem bioetanol, que é muitomenos rentável em termos de efi-ciência energética. Aliás, essasuperfície teórica, com base emdados do Instituto Energético da

Galiza, corresponde a terras delavoura que somam na actualida-de umhas 400.000 hectares, queé mais de metade da actualsuperfície agrária útil. Qualquerhipótese provocaria um estrangu-lamento dos actuais sectoresagro-pecuários ponteiros como oleite, a carne, a batata e outros,para além de encarecer o acesso àterra ao aumentar umha procurainchada pola expectativa de sub-vençons públicas, pois nom édoutra cousa de que se fala.

Os cultivos energéticos preci-sam de boa terra fértil de lavra-dio, de maneira que se desbota apossibilidade dos comunais poloimpacto que teria este aprovei-tamento em termos de sobre-mecanizaçom e erosom do solo.

Da mesma maneira, os cultivosenergéticos mostram outras gra-ves inconsistências como o seusuposto rendimento energético,que se estima em 600 litros dediesel por hectare e ano, e dosquais se deve restar o que segasta no cultivo, sementes,máquinas e outros custos sote-rrados nom avaliados (fertilizan-tes, pesticidas e herbicidas).Decerto, há estimaçons queindicam que o que se poderiatirar por hectare, em limpo, seriaquase 0 ou mesmo negativo(todos os monocultivos extensi-vos e mecanizados som energeti-camente negativos depois decomputado o balanço de input-output), já que a produçom debiodiesel nom compensa todos

os gastos internalizados.Há um rigoroso estudo italiano

que considera mais rentávelimportar a produçom de colza egirassol da Europa do Leste doque cultivar as 4 milhons de hec-tares para atingir os objectivoseuropeus de 5%.

De facto, os investimentosprojectados na Galiza (daCorunha, Ferrol, Vergondo,Vigo, etc.) estám encaminhadosa importar as matérias primas daAmérica ou da Ásia através dosportos, para serem transforma-das em agrocombustíveis. Istoconecta o problema com a sufi-ciência alimentar dessas zonas ehá já estudos que demonstram adevastaçom que ocasionariaambientalmente e socialmentea escala global.

A quem beneficia isto?Podemo-nos perguntar quem sebeneficia disto se já sabemos que

nom dá de comer a ninguém eademais é um combustível maiscaro de obter que os baseados nopetróleo?

Podemos aventurar que bene-ficiarám os seguintes agentes: asmultinacionais energéticas porterem subsidiado fiscalmente osagrocombustíveis e ser obrigató-rio o seu uso, os lobbys de 'desen-volvimento rural' para venderemo 'novo produto', os grupos aca-démico de investigaçom financia-dos com dinheiro público, os ven-dedores de maquinaria pesadaagrícola e as multinacionais dosagroquímicos e transgénicos.

Seguramente nom beneficia-rám a suficiência energética gale-ga, a fertilidade dos nossos solos,os nossos ganadeiros, que teriamcomprometido a terra, e as finan-ças públicas, que terám de gastardinheiro inutilmente e deixariamde receber impostos, já que semisençons fiscais nom é atraente obiodiesel para as petroleiras.

Urge um debate público sobreesta importante questom quepoderia alterar significativamentea ordenaçom agrícola e florestaldo País já que corremos o risco decomprometer recursos financei-ros valiosos de que precisam ossectores agro-pecuários básicosdo nosso país (ganadaria, horta,batata e vinho) e o que é pior:ocasionar umha devastaçomsocioeconómica e ambiental irre-versível no nosso contexto actual.

Xosé Manuel González Vilasé responsável dos sectores agrários do SLG

Os agrocombustíveis na Galiza,umha verdadeira oportunidade?

XOSÉ MANUEL GONZÁLEZ VILAS

URGE UM DEBATE.PODERIAM ALTERAR

SIGNIFICATIVAMENTE

A ORDENAÇOM

AGRÍCOLA E

FLORESTAL DO PAÍS.CORREMOS O RISCO

DE COMPROMETER

OS SECTORES

AGRO-PECUÁRIOS

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HILDA CARVALHO / A UniomEuropeia e os EUA estám a planifi-car a incorporaçom massiva dosagrocarburantes na composiçomdos combustíveis como maneira depaliar o incremento do preço dosbarris de cru e para manter o'modelo petróleo' durante o maiortempo possível. Conforme aos pro-pósitos da UE, em 2020, 10% doscarburantes deverám proceder daagricultura e para avançar nestesentido o Ministério da Indústriadeterminou que daqui a três anosa percentagem destes combustí-veis deverá atingir 6%, quando naactualidade nom se chega a 1%.Desta maneira, veremos emergerempresas conhecedoras de ter ademanda garantida que importa-rám as matérias-primas para ven-der o produto maiormente no mer-cado internacional. Na Galiza somjá seis os projectos aprovados, queaguardam produzir um milhom detoneladas anuais de combustíveisde origem vegetal, nomeadamenteetanol e biodiesel.

O Plano de Energias Renováveisdo governo Zapatero asseguraincentivos fiscais nos primeirosdez anos de funcionamento dascentrais, que representarám maisde 2800 milhons de euros, paraalém de isentar as empresas dopagamento dos impostos de hidro-carbonetos e permitir-lhe optar asubsídios de carácter autonómicocomo já acontece na Galiza. Estasapetecíveis condiçons nom passá-rom inadvertidas para construto-ras, entidades financeiras, petro-leiras e grandes empresários, quepromovem novas instalaçons noPaís para se situar como um dostrês pólos peninsulares de produ-çom de agrocarburantes juntamen-te com Castela-Leom e aCatalunha.

A teoria aponta para um interes-se ambientalista nas medidas, quetratam do abastecimento energéti-co a todos os níveis e proponhemsubstituir as formas de geraçomactuais por outras renováveis. Noentanto, no caso dos carburantes, ofacto de manter o modelo de con-sumo no quadro de um crescimen-to exponencial da procura, nom

evitará a poluiçom ambiental destaorigem e poderá ocasionar outrotipo de danos ao meio ambientedesde a própria produçom damatéria-prima ao seu processa-mento e combustom, segundosugerem numerosos estudos aca-démicos e relatórios ambientais.

Alimentos mais carosOs agrocarburantes utilizam para asua produçom maiormente maté-rias-primas alimentares, como omilho, a cana de açúcar, a beterraba

ou a soja. Com os mecanismosactuais de geraçom dos chamados'biocombustíveis' requerem-segrandes monoculturas que estám aencarecer os alimentos básicos econcorrem directamente com o seumercado. O consumidor de milhopor excelência, o México, viu nosúltimos anos encarecer o preçodeste produto em 400% por causadas tarifas aduaneiras das exporta-çons para os EUA e a suba interna-cional do seu valor pola produçomde carburantes. Na Argentina, o

mesmo vegetal passou em dousanos a custar 60% mais caro, daíque o seu consumo esteja a ser sub-sidiado por fundos do tesouro.

Mas nom é necessário sair daGaliza para se apreciarem os efeitosde um processo global que acabade começar: o preço da cevada, otrigo e o milho encarecêrom-se aum ritmo acelerado, enquanto opreço das raçons para alimentar ogado está a disparar-se atingindosubas entre 20 e 30% em questomde meses, conforme manifestaçons

de gadeiros de Santa Comba. Numsector ameaçado em diferentesfrentes, os produtores estám a pro-curar alternativas utilizando o baga-ço sobrante da produçom de cerve-ja de conhecidas marcas, assimcomo restos do processamento decereais para mitigar umha situaçomque já foi denunciada polos trêsprincipais sindicatos agrários.

O próprio Fundo MonetárioInternacional reconhece que acrescente procura de agrocarburan-tes poderá incrementar os preçosdos óleos alimentares e da carne,aproximando o preço dos cereaisaos do petróleo. A nível internacio-nal, o cereal elevou em 40% o seuvalor só em 2006. O subdirector deanálise do FMI, Charles Collyns,assumiu publicamente que "pro-mover o uso de agrocarburantes aníveis insustentáveis é problemáti-co com a tecnologia actual",enquanto "os países desenvolvidostendem a vê-lo como umha solu-çom rápida para reduzir a depen-dência do petróleo".

Para além destes factores, apropagaçom de monoculturas emÁfrica, Ásia e América Latina des-envolverá um mercado no qual ospreços serám ditados polas trans-

A FUNDO

O PROCESSO MUNDIAL JÁ MOTIVOU NA GALIZA AUMENTOS NOS PREÇOS DOS CEREAIS E DOS ALIMENTOS PARA O GADO

O crescimento da demanda de petróleo unido ao carácter limitado desta fonte de energia levoua pensar em combustíveis de origem agrícola como complemento ou substituto do chamadoouro negro. Isso sim, sem planear mudanças nos padrons de consumo nem na dependência,pois as grandes petroleiras e os interesses do centro capitalista estám por trás deste movimen-to táctico nas políticas de abastecimento de carburantes. Para salvar as ingentes necessidadespor parte dos países ricos precisarám-sse milhons de hectares da superfície agrária do Terceiro

Mundo que substituirám produçons alimentares e florestas. Os preços dos cereais disparam-se já a nível global por esta causa. O sector pecuário nacional afronta umha espectacular subano custo dos alimentos para animais enquanto o recente aumento do preço do pam em Lugotem a mesma causa. É só o começo de umha precipitada corrida planificada por Washington eBruxelas, que exige cumprir requerimentos em poucos anos que só poderám satisfazer-sse hipo-tecando a alimentaçom dos mais pobres e lançando umha nova ameaça para o sector primário.

Os interesses do agronegócio ocultam as sombrasda irrupçom dos combustíveis de origem vegetal

Pérez Toriño em reuniom com representantes da multinacional Abengoa, proprietária da primeira central de agrocarburantesda Galiza, que produz 140 toneladas anuais de etanol. A empresa é a segunda produtora desta substáncia no mundo

As grandesmonoculturasestám a encareceros alimentosbásicos e concorremdirectamente como seu mercado.O México, viunos últimos anosencarecer o preçodo milho em 400%

As condiçons nas plantaçons caracterizam-se pola extrema precariedade.A contínua industrializaçom está a reduzir o número de pessoas necessárias

NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 2007 11A FUNDO

O subdirector deanálise do FMI,Charles Collyns,assumiu publicamenteque "promover o usode agrocarburantes aníveis insustentáveisé problemático coma tecnologia actual",enquanto "os paísesdesenvolvidos tendema vê-lo como umhasoluçom rápida parareduzir a dependênciado petróleo"

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NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 200712 A FUNDO

Manuel Fraga inaugurava em 2003a central de Abengoa em Cúrtis,denominada Bioetanol Galicia SA,abrindo as portas à segunda produ-tora de etanol do mundo para pro-duzir 140 toneladas anuais de com-bustível. Recentemente PérezTourinho reunia-se com responsá-veis da empresa para apoiar umprojecto inovador de aproveita-mento da biomassa florestal atra-vés da gasificaçom para produzir deforma combinada energia eléctricae carburantes. Com a marcaXesGalicia, será a primeira iniciati-va neste ámbito a nível mundial epoderá servir para promover o tra-balho no monte. À diferença dasoutras empresas que iniciarám aactividade, poderá obter o grossodas matérias-primas no País.

Várias das centrais em projectoconcorrem entre si para produzirmais toneladas de combustível. Apriori, a maior será a que prevê ins-talar-se entre Salvaterra e asNeves, que já tem reservados90.000 metros quadrados para pro-cessar soja, colza e palma importa-da que chegaria à fábrica através deum oleoduto de 35 quilómetrosprevisto de Rande até o chamado

'Porto Seco', o polígono onde selocalizará a fábrica que depende daAutoridade Portuária de Vigo.Aguarda gerar 900.000 toneladasde carburantes por ano, metadepara vender no Estado e metadepara exportar para a Europa. Amaior accionista do projecto, com70% do capital, é a construtoraIsolux, acompanhada polo BancoSantander e outros investidores.Outra grande empresa, a Acciona,produzirá 200.000 toneladas anuaisde biodiesel a partir de 2009 emArteijo, ao pé da refinaria daRepsol-YPF. Este projecto contacom o apoio do IGAPE no seufinanciamento, com a entrada de3,7 milhons de euros (já contribuiuum total de 12 para a instalaçomdestas empresas), o que foi dura-mente criticado polo do SindicatoLabrego Galego, que considera airrupçom dos agrocarburantescomo "um cavalo de Troia queesconde umha nova devastaçomagrária e alimentar". A Entabánprojecta gerar em Ferrol as mesmastoneladas de combustível que a deArteijo, iniciando a produçom noano que vem. E os outros projectosanunciados som a Biocarburantes

de Galicia (Bgal) em Begonte, pro-movida por vários ex-futebolistas; aTecnoambiente em Cerceda, queprocessará plásticos para produzir3500 toneladas de dissolventes ecarburantes, e a Ariasa Bioenergiaque se instalará em Ordes.

Para além destas iniciativas e vis-tos os requerimentos internacio-nais encaminhados a intensificar a

produçom destes carburantes, émais do que provável que na próxi-ma década se instalem novas cen-trais no País. Roberto Tojeiro jámanifestara a vontade de aprovei-tar as instalaçons da Forestal delAtlántico, que mantém junto àschaminés da Reganosa e que sóteria que adaptar minimamentepara produzir agrocarburantes,actividade que já ensaiou a come-ços da década de '90.

Pérez Tourinho prevê gerar em2009 por volta de 200.000 tonela-das de combustíveis procedentesde vegetais e tanto no seu departa-mento como no da Indústria e nodo Meio Rural estám a dar-se ospassos necessários para cumprir asdirectrizes marcadas pola UE. EmSam Caetano estám a estudar aincorporaçom de plantaçons noPaís para abastecer as centrais deagrocarburantes, embora as possi-bilidades existentes sejam míni-mas em comparaçom com a ener-gia que se prevê abastecer. O MeioRural localizou 170.000 hectaresque poderiam valer para sementarcolza, soja ou girassol, enquanto odirector geral de Investigaçom eFormaçom Agroflorestal, Gonzalo

Flores, apontou para as áreas daCorunha-Sobrado, Val d'Eorras eAlhariz como sendo as mais ade-quadas para exploraçons massivasde milho, trigo e cevada. Noentanto, só para a central daInfinita Renováveis em Salvaterraserám necessários mais de milhome médio de hectares de plantaçonsde oleoginosas, dez vezes maisque a área estimada polaConselharia de Suárez Canal paraabastecer a indústria.

O filom das energias renováveisdeu azo à criaçom em Fevereiro deum grande grupo empresarial,Gaelsa Energias SA, presidido porManuel Jove e em que participamEpifanio Campo (irmao do rege-dor de Ortigueira), José ManuelCortizo, Manuel Añón e JacoboCouceiro, conselheiro-delegado daAlcuba. Em base ao objecto socialreferenciado no Registo Comercialvisa dedicar-se à "promoçom, pros-pecçom, construçom, implanta-çom e exploraçom de instalaçons ecentrais de produçom de energia",o que poderá incluir desde instalarparques eólicos a produzir agrocar-burantes, energia solar ou aprovei-tar biomassa.

O negócio dos combustíveis a partir de alimentos começa na GalizaTourinho prevêgerar em 2009 porvolta de 200.000toneladas decombustíveisprocedentes devegetais. Váriasconselhariaspreparam o caminhopara cumprir asdirectrizes da UE

nacionais que dominem o negó-cio, gerando redes de dependên-cia para os países pobres queficarám dependentes dos movi-mentos da economia internacio-nal. É também provável que empoucos anos matérias-primas taiscomo, por exemplo, o milhofiquem obsoletas por se encon-trarem alternativas energetica-mente mais rendíveis -a produ-çom actual de milho para etanolsó resulta lucrativa graças aossubsídios estatais- o que podetornar-se um factor de risco paraos países produtores. Os EUAestám a pesquisar a substituiçomde milho por pasto, madeira, oucaules de plantas, numha linhade investigaçom energética quetem como objectivo substituirmais de 70% das suas importa-çons de petróleo a partir de luga-res que considera "instáveis" atéo 2025. Por enquanto, lança oseu olhar para a América Latina eacaba de estabelecer acordosestratégicos com Lula da Silvapara introduzir plantaçons einvestimentos no Haiti,Salvador, República Dominicanae Sam Cristovo e Nevis.

Ainda que o impacto da irrupçomdestes combustíveis nom estejano debate público, organizaçonsambientalistas como a ADEGAcomeçárom a se posicionar. Numrelatório elaborado por Martiño-Fiz López Lindoso e Manuel SotoCastinheira o colectivo assumeque som "fontes de energia reno-vável, contribuem para reduzir adependência energética, e ten-hem benefícios económicos esociais". No entanto, o relatórioassinala os perigos da predomi-náncia do interesse económicosobre a incidência ambiental esocial, polo que reclama aprofun-dar o estudo de umha questomque consideram polémica.

Os sindicatos agrários enfren-tam-se à suba de preços dos cereaise derivados por causa do auge dosagrocarburantes e, no caso do SLG,ponhem em causa directamente osapoios da Junta a centrais como ade Arteijo, como relatava o NOVAS

DA GALIZA no passado número 52.A partir de umha crítica radical aomodelo de consumo, o sindicato

labrego nacionalista aduz numcomunicado que nom se está aincidir nos aspectos que ocasionama destruiçom ambiental e alertapara os riscos de se cumprirem asdirectrizes da Comissom Europeianeste ámbito: para que 10% doconsumo de combustíveis procedade culturas energéticas, Galizadeveria dedicar a este fim "800.000hectares cada dous anos", superfí-cie que supera a utilizada actual-mente para fins agrícolas e obten-çom de forrageiras.

AMBIENTALISTAS E LABREGOS ALERTAM DOS PERIGOSOs sindicatos agráriosenfrentam-se à subade preços dos cereaise derivados por causados agrocarburantes e,no caso do SLG, ponhemem causa os apoiosda Junta a centraiscomo a de Arteijo

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NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 2007 13A FUNDO

Um dos elementos chave para anali-sar a viabilidade desta aposta é obalanço energético entre os custosda produçom e o rendimento dopróprio combustível. Ainda que osrelatórios oficiais apontem para umresultado modestamente favorável,os professores David Pimentel eTad Patzek denunciam que estesnom tenhem em conta o conjuntodo gasto energético em todo o pro-cesso, ao nom converterem em ter-mos energéticos os factores produti-vos da agricultura, que inclui consu-mo de fertilizantes, herbicidas,maquinaria, preparaçom da terra,recolecçom, transporte e processa-mento, entre outros. Somando asestimativas de gasto de energia detodos os elementos da produçom,Pimentel e Patzek concluem que seestá a gastar mais energia proceden-te do petróleo para produzir o equi-valente em agrocarburantes com osmétodos actuais. No dia de hoje sóse entende a continuidade dos pro-jectos em curso polos fortes subsí-dios e fontes consultadas indicamque nos encontramos numha fasetransitória, à espera de procurar asmatérias-primas mais ajeitadas paratratar com novos mecanismos deprocessamento e tecnologias maissofisticadas que permitam um apro-veitamento rendível destes recur-sos. Ademais, carburantes como oetanol, que produz 66% da energiagerada pola gasolina, só podem utili-zar-se como complemento de deri-vados do petróleo, servindo apenaspara frear temporariamente os efei-tos da carência de um recurso comdata de caducidade cuja dependên-cia persistirá enquanto o modelo deconsumo se mantiver.

AfaláciadoscombustíveisecológicosO facto de proceder de matérias-pri-mas vegetais e reduzir emissons deCO2 na combustom em certasmodalidades nom evita a poluiçomgerada, por exemplo, nas plantaçonsintensivas de monocultivos e no pro-cesso global até a obtençom do car-burante. Os elementos que podemresultar nocivos para o ambientecomeçam com o tratamento genéti-co das sementes e continuam com autilizaçom de diferentes produtosquímicos agressivos que desgastam a

terra, sem esquecer as ingentesnecessidades de água precisas paramanter umha produçom crescenteque a meio prazo tornaria as terrasimprodutivas.

Mesmo assim, diferentes estudosacadémicos indicam que o etanolproduz gases que favorecem mais oefeito de estufa do que a gasolina,para além de emitir dióxido de car-bono. O biodiesel é a alternativa quepermite a substituiçom completado carburante derivado do petróleoe que só emite o CO2 que as plantasabsorvêrom durante o seu cresci-mento; no entanto as plantaçons

que permitem a sua elaboraçomsom as causantes, por exemplo, dadeflorestaçom do 87% da superfícieboscosa da Malásia, que foi substitu-ída por plantaçons de palma. O pro-cesso começa a se reproduzir naSumatra, no Bornéu e na Indonésia.

A ameaça às superfícies florestaissoma-se à substituiçom dos usos deantigas plantaçons destinadas à ali-mentaçom das pessoas, concorren-do neste espaço em desigualdadede condiçons pola envergadura dasmultinacionais envolvidas no agro-negócio da energia. Num mundocom perto de mil milhons de pesso-as que padecem fame, organismosdependentes da ONU indicam queesta cifra significará em 2025 45%mais de pessoas desnutridas frenteaos dados de 1990. Tendo em contaque as pessoas com menos recursosdestinam de 50 a 80% dos seus ren-dimentos a alimentos, a situaçomapresenta um carácter alarmantepara os mais desfavorecidos. SílviaRibeiro, do colectivo ambientalistaETC-Group assinala que a quanti-dade de graos de milho para enchero depósito de um camiom chegapara alimentar umha pessoa duranteum ano. E 80% do comércio mun-dial do milho está nas maos de trêsgrandes corporaçons.

Está-se a gastar maisenergia procedente dopetróleo para produziro equivalente emagrocarburantes comos métodos actuais.No dia de hoje só seentende a continuidadedos projectos em cursopolos fortes subsídios

Sílvia Ribeiro, do ETC-Group assinala que a quantidade de graos de milho para encher o depósito de um camiom chegapara alimentar umha pessoa durante um ano. 80% do comércio do milho está nas maos de três grandes corporaçons

Mais energia gastada na sua produçomque a gerada polo combustível resultanteANALISTAS CONSIDERAM UM ENGANO APRESENTAR OS AGROCARBURANTES COMO SOLUÇOM AMBIENTALISTA

- O etanol é álcool etílico que costuma destilar-se a partir de milho,cana de açúcar, beterraba ou mandioca. O Brasil e os EUA som osmaiores produtores do mundo, com umha quota de 90% sobre ototal gerado. Só se aproveita misturado com derivados do petróleo.- O biodiesel é um combustível sintético que se obtém principal-mente a partir de óleos vegetais como a soja, a palma ou a colza. AAlemanha lidera a produçom com mais de 60% do total, seguido daFrança e dos EUA. As matérias-primas procedem principalmenteda Malásia, Indonésia e outros países da regiom Ásia-Pacífico. Podesubstituir totalmente o gasóleo ou misturar-se com el e serve paraa maior parte dos veículos que utilizam este combustível fabricadosnos últimos dez anos.

Etanol e Biodiesel

Multinacionais lideramo agronegócio

As principais impulsionadoras do'boom' dos agrocarburantes som emparte as mesmas que se beneficiá-rom até o momento do negócioassociado ao petróleo. O presidentedo Instituto Nacional deTeconologia Industrial daArgentina, Enrique Martínez, refe-re que as petroleiras precisam man-ter o sistema de distribuiçom decombustíveis antes da implanta-çom da alternativa do hidrogénio oudos híbridos de combustível e elec-tricidade. Na sua argumentaçomconclui que está a optar-se pormanter as redes de poder actuaisvencelhadas ao chamado 'ouronegro', oferecendo desta maneira"umha soluçom política e nom tec-nológica".

O professor chileno daUniversidade de Berkeley MiguelAltieri considera que os movimen-tos actuais respondem ao "desenhode umha nova estrategia de repro-duçom por parte do capitalismo,que está a tomar o controlo dos sis-temas alimentares", a partir deumha aliança inédita por parte de"multinacionais petroleiras, biotec-nológicas, automobilísticas, grandesmercaderes de grao e algumhas ins-tituiçons conservacionistas".

Na longa lista de empresas envol-vidas no mercadeio global de agro-carburantes encontram-se compan-hias vinculadas à promoçom detransgénicos (Syngenta, Monsanto,Dupont, Dow, Bayer, BASF), aslíderes da produçom de cereais(Cargill, Archer, Daniel Midland,Bunge), conhecidas petroleiras(Shell, Total, British Petroleum),grupos de automoçom(Volkswagen, Peugeot, Citröen,Renault, Saab) e grandes empresasde transportes. No caso da Galiza,para além das empresas ligadas àproduçom de energia, salienta airrupçom das construtoras, com umpeso especialmente destacado naeconomia espanhola em relaçom àsituaçom internacional, como corro-borava a revista Forbes no seu últi-mo relatório sobre as maiores fortu-nas do planeta.

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NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 200714 ANÁLISE

Em finais de Abril, oMovimento pelos Direitos Civisapresentou um relatório ondese denuncia o incremento noemprego da força policial naCorunha. O relatório asseguraque na etapa anterior à partidado ex-ppresidente municipal,Paco Vázquez, para exercer deembaixador no Vaticano, aestratégia era o simples silen-ciamento da oposição. Noentanto, com a nova municipali-dade, o recurso às cargas poli-ciais tornou-sse mais frequente,o qual outorga mais visibilidadeaos conflitos que sacodem acidade herculina. Facto, que oMpDC atribui a uma menor"inteligência táctica" daSubdelegação do Governo.

Orelatório, sob o título de"Corunha: golpear contra oque se mova", baseia a sua

argumentação em oito intervençõ-es policiais contra colectivos labo-rais (funcionários, bombeiros e tra-balhadores do telemarketing), imi-grantes (batida policial contra a"pirataria musical" em Agosto de2006) e organizações políticas (cargacontra a Federação AnarquistaGalega, contra manifestantes inde-pendentistas no içamento da ban-deira espanhola no Orção, contra osSiaeiros Galegos no dia do jogoGaliza-Equador ou a repressão quesofreram as pessoas contrárias aodesfile militar em Abril de 2005). OMpDC explica que solicitara expli-cações e responsabilidades por esta"mudança de tendência" sem quenem a Delegação nem aSubdelegação tenham atendidoestas queixas.

Na exposição do MpDC destaca-se a responsabilidade da CâmaraMunicipal fazendo participar acti-vamente a polícia local nos dispositi-vos policiais dos casos denunciados.

Omissões do relatórioPorém, o relatório patenteia umasérie de carências que não podemos

deixar de constatar. Uma destascarências é a ausência de cidadescomo Ferrol ou Compostela, tambémsob a jurisdição da Subdelegação doGoverno. Estas omissões justificam-se porque o MpDC julga que nelasnão se constata "um modus operanditão intenso e restritivo com os direi-tos fundamentais".

Afirma-se também que o recursoà violência policial foi mais frequen-te do que durante a época de Aznarna presidência espanhola. Porém, asetapas de Fernandez de Mesa ouDiz Guedes na Delegação, não apa-recem como referências de contras-te. Obvia-se igualmente as actuaçõ-es específicas contra colectivos polí-ticos que numa altura anterior à che-gada do PSOE ao governo deMadrid e Compostela, tinham algu-ma dificuldade para lograr umhacerta incidência social; ou o mesmotratamento expeditivo que recebe-ram algumas das mobilizações con-tra a LOU, por parte das Forças deSegurança do Estado.

Como compensação, o relatóriooferece uma vasta recensão sobrefilosofia do direito e dos protocolosde actuação policial; nomeadamen-te, no que respeita ao tipo de inter-venções repressivas descritas nele.

A responsável na CorunhaAs intervenções referidas em"Corunha: golpear contra o que semova" estão todas incluídas naetapa de Obdulia Taboadela comosubdelegada do Governo. Estalicenciada em Ciência Política eSociologia pela UniversidadeComplutense de Madrid , e nadana capital do Estado em 1964, ace-deu ao cargo através da livre desig-nação atribuída ao delegado dogoverno, Manuel Ameijeiras. Estadesignação foi apresentada como anomeção duma "pessoa indepen-dente" para a Subdelegação, o qual

foi acolhido com ironia pelas pesso-as conhecedoras da trajectória deObdulia, já que o seu nome soavapara o cargo desde a chegada aogoverno espanhol de Zapatero.Além disso, a sua proximidade dalinha política do PSOE era sobeja-memte conhecida e não ocultadapela interessada.

Obdulia Taboadela ministravaaulas de Organizações Sindicais eSociologia Industrial e do Trabalho"na Faculdade de Sociologia daUniversidade da Corunha, aondechegou juntamente com outrosprofessores madrilenos devido àfalta de formados galegos na maté-ria. Este sector do professorado,com alguma excepção, estava carac-terizado por um vago progressismoabsolutamente alheio à realidade doPaís e marcadamente espanholista.São numerosas as suas intervençõesneste sentido: acusando agressiva-mente os seus estudantes de quererolhar "o RH" dos professores porsolicitarem mais lentes autóctonesconhecedores da realidade social daGaliza (Dezembro de 2001), cen-surando nas aulas discentes críticoscom a Carta Magna espanhola, ourelativizando ironicamente a oficia-lidade do topónimo corunhês

(Fevereiro de 2006).A sua posição constitucionalista,

defendida com uma notável intran-sigência, transluzia-se nas suas liçõ-es, que em muitas ocasiões eramabertas louvanças aos sindicatosmaioritários pelo seu papel na con-solidação da reforma política.Reflectiu-se também na sua candi-datura ao decanato (2001), quandoprometeu liberdade de expressãonos painéis da faculdade, "desdeque os cartazes colocados lá não fos-sem contrários à Constituição".

Esta candidatura contou com oapoio de quase todas as organizaçõ-es de estudantes com representa-ção na Junta de Faculdade, incluí-dos os CAF de Sociologia. Porém, opeso do professorado nas votaçõesfez inclinar a eleição pelo continuis-ta Antón Alvarez Sousa.

Já como mão-direita deAmeixeiras na Corunha, a sua actua-ção esteve caracterizada pela polé-mica. Às actuações repressivascomo as reflectidas no relatório doMpDC, sucedera-lhe uma totalimpermeabilidade face às críticasque recebia o exercício do seu cargo.Também reforçou o quadro policialcom novas incorporações porque era"uma demanda da sociedade civil euma necessidade de que o própriogoverno se apercebia".

Obdulia Taboadela não deixou ocargo por causa deste exercíciopolémico, mas pela sua inclusão naslista da candidatura de Losada paraas eleições autárquicas.

O seu sucessor na Subdelegaçãoé um outro bom conhecedor docampo sindical: o ex-director pro-vincial do INEM, Jose ManuelPose Mesura, procedente da UGT,do Conselho Escolar da Galiza edo Conselho Universitário daUniversidade da Corunha; tam-bém ligado ao PSdG. A sua chega-da coincide com a emergência daluta em Beçoucos e Trasancos con-tra a Reganosa e com uma actua-ção policial que anuncia poucasmudanças na linha repressiva dosúltimos anos.

A repressão na Corunha nos últimos anos

O relatório "Corunha: golpear contra o que se mova", baseia a sua argumentação em oito intervenções policiais contracolectivos laborais, imigrantes e organizações políticas. O MpDC solicitara explicações e responsabilidades

ANÁLISE

CENTROS SOCIAIS

AguilhoarSanta Marinha, 30Ginzo de Límia

Alto MinhoCatassol, 15 · Lugo

ArtábriaTrav. Batalhons · Ferrol

Atreu!S. José, 8 · Corunha

Baiuca VermelhaRua Redondela, 11Ponte Areias

Casa EncantadaBetanços · Compostela

A Casa da TrigaP. Maior · Ponte Areias

A Cova dos RatosRomil, 3 · Vigo

A Fouce de OuroBertamiráns - Ames

A FormigaLugar d’A FormigaRedondela

O FrescoP. Abastos · Ponte Areias

Henriqueta OuteiroQuiroga Palacios, 42Compostela

A RevoltaReal, 32 · Vigo

A TiradouraReboredo · Cangas

ÂNGELO PINEDA MARINHO

Obdulia Taboadelanão deixou o cargopor causa da polémica,mas pela sua inclusãonas lista da candidaturade Losada para aseleições. O seusucessor é o ex-directorprovincial do INEM

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HELENA IRÍMIA / Apesar de se con-vocar paralelamente noutros pon-tos do Estado espanhol, a greve dasambuláncias que se iniciou naGaliza em Janeiro de 2006 foiespecialmente longa, intensa econflitiva. A virulência com a queos motoristas defendiam os seusdireitos pujo de relevo a situaçomdiscriminatória em que realizavamo seu trabalho os cerca de 1.500empregados afectados: horáriosmais longos, horas extraordináriasexcessivas, salários muito mais bai-xos que noutros pontos do Estadoe veículos que em muitas ocasionsnom cumpriam todas as normas desegurança exigíveis. A sua situaçomchegava ao absurdo de terem depagar do seu peto as multas detrânsito por ultrapassarem a veloci-dade máxima permitida quandoacudiam a algumha urgência, factodenunciado no Parlamento galego.Como noutras ocasions, as reivin-dicaçons destes trabalhadores nomeram situaçons concretas e anedó-ticas, mas parte de umha situaçomde precariedade na Sanidade gale-ga, e poucos meses depois os médi-cos de atençom primária reivindi-cavam também umha série de mel-horas imprescinvídeis nas suascondiçons. As principais, maiordotaçom de pessoal para melhorara rátio de pacientes por médico -nalguns casos superiores a 1.000-e estabelecer um sistema de quen-das rotatórias para garantir quecada doutor tenha ao menos dezminutos para atender cada doen-te. Umhas reivindicaçons que selevan realizando desde há mais desete anos, mas que nem aAdministraçom do PP antes nem ado PSOE -responsável daSanidade- agora atenderam.

Os protestos dos médicos deatençom primária iniciárom-se em

finais de 2006 e continuárom noinício deste ano, com greves inclu-ídas. O mesmo método utilizáromos médicos interinos, com proble-mas similares para realizarem o seutrabalho. A sua greve obrigou a sus-pender vários centos de operaçonse milhares de consultas em toda aGaliza. Porta-vozes da principalassociaçom que aglutina estes pro-fissionais no nosso país indicáromao NOVAS DA GALIZA o seu mal-estar por a Conselharia daSanidade "fixar novas datas paraconsultas e intervençons cirúrgicaspara dificultar a obtençom dedados reais sobre as conseqüênciasda greve no canto de procurar solu-çons à nossa situaçom".

Recolocar o pessoal das fundaçonsO único problema solucionado -aomenos por enquanto- é o único cria-do especificamente polo 'fraguis-

mo': as fundaçons sanitárias, criadaspolo PP para introduzir mecanis-mos de gestom privada na saúdepública. Cerca de 1.600 emprega-dos passarám antes do Verao -con-cretamente em 30 de Junho- a fazerparte do pessoal do Serviço Galegoda Saúde, um deslocamento poloqual se pretende equipará-los aoresto do pessoal sanitário quedepende da Administraçom galega.Porém, a decisom continua sendoduramente criticada por quem jáfaziam parte do Serviço Galego daSaúde, já que ao seu entender osrequisitos e o procedimento paraentrar num e noutro som muitodiferentes, e ponhem como exem-plo as denúncias por irregularidadesna atribuiçom de algumha vaga parao Centro de Transfusons da Galiza.Contudo, instituiçons como o 061continuarám actuando como se fos-sem fundaçons, já que a

Conselharia aduz que existe umhagrande complexidade jurídica parapoder integrá-lo no organigrama daJunta, pois contrariamente às fun-daçons nom existe algum outro cen-tro que efectue funçons similares.

Sem respostas e gastos supérfluosAs principais queixas indicadas porprofissionais da saúde consultadosncidem na linha do referido aolongo desta reportagem. O biparti-do herdou umha Sanidade deses-truturada, com alguns elementosprivatizados na teoria mas que naprática continuavam a ser umhafonte de despesas públicas sem adevida transparência -as funda-çons-, com umha insuficiência depessoal médico e precariedade demeios. Porém, os actuais responsá-veis do departamento nom deramrespostas para esta situaçom.Como em 2002, a Junta tem pre-visto investir este ano na Sanidade31 por cento do seu orçamento,mas existem dúvidas sobre se vairepercutir em solucionar as princi-pais reivindicaçons ou em sufragaros custos de eliminar as fundaçons,do crescente pessoal funcionarialda Administraçom... ou a notíciarecente da mudança corporativa doSergas, que passará a figurar sem-pre como Serviço Galego da Saúde,com o conseqüente gasto milioná-rio em material secundário com onovo logótipo, "umha mudançacosmética para nada mudar".

Conflitos laborais, greves de ambuláncias ede médicos interinos polo fim das fundaçons

Os protestos na sanidade continuam em diferentes ámbitos e respondem a problemáticas concretas. Está a sair à luza realidade oculta de um sector em que o activismo sindical nom tinha mostrado protagonismo nos últimos anos

Desde que a começos de 2006 se realizasse em todo o País umha longa e conflitiva greve dosmotoristas das ambuláncias, na sanidade galega nom deixárom de sair à luz umha série de pro-blemas que incidem, sobretudo, nas deficientes condiçons em que muitos profissionais devem

realizar o seu trabalho. Nom se trata de problemáticas que aflorem agora com o bipartido, masde situaçons insustentáveis que já agromavam contra a queda do 'fraguismo' e para os que osactuais gestores da Conselharia da Sanidade nom soubérom dar resposta.

REPORTAGEM

NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 2007 15REPORTAGEM

ESTOURA NA SANIDADE GALEGA A HERANÇA ENVENENADA DO 'FRAGUISMO'

Como em 2002, aJunta tem previstoinvestir este anona Sanidade 31por cento do seuorçamento, masexistem dúvidassobre se vairepercutir emsolucionar asprincipaisreivindicaçons ouem sufragar oscustos de eliminaras fundaçons

O bipartido herdouumha Sanidade deses-truturada, com déficesde pessoal e precariedadede meios mas aindanom deu respostas

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NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 200716 CULTURA

CULTURA

Que lugar deve ocupar o

ensino do português na Galiza?

Creio que nom deveria ser

‘segunda língua’ na nossa naçom,

mas a realidade é sumamente

difícil. Sendo realistas, o que

dizemos é que o português tem

que ser umha possível segunda

língua no ensino, como outras.

Neste caso sabemos que parte

em inferioridade de condiçons

em relaçom a outras como o

francês.

Inferioridade, porquê? Há mais

professorado de francês? Ou mais

procura?

Nom queremos que isto seja

visto como umha luita entre

línguas. Pensamos que todas

podem ser estudadas como

segunda opçom. Porém, o natural

é que o português tenha polo

menos o mesmo status para ser

segunda opçom no ensino em

qualquer centro do País. Isso

hoje nom é assim porque o

assunto deve sofrer ainda alguns

processos prévios.

Quais?

Primeiro tem que haver

professorado capacitado disposto

a leccionar e a Administraçom

tem de apostar para ser possível

oferecer português em cada

centro. Em segundo lugar os

centros educativos devem

solicitá-la após a terem oferecido

como optativa e a Administraçom

tem que aceitar a proposta dos

centros. A Administraçom, em

princípio, di que nom teria

problema. Qual é o problema

entom se todas estes requisitos

se cumprem? O problema é que

na ESO cada centro pode

oferecer até três matérias

optativas, no máximo. Como se

oferecem dous obradoiros, só fica

espaço para umha segunda

língua, que é obrigatório oferecer,

mas só umha, e os centros

escolhem maioritariamente o

francês. O ideal seria que o item

de língua estrangeira abrangesse

mais possibilidades num mesmo

centro para o alunado escolher.

E isso será possível?

Por enquanto nom há nengum

quadro legal estatal que obrigue

a proceder dessa maneira.

Quando for desenvolvida a

regulamentaçom do ensino

médio segundo a LOE

esperemos que a administraçom

educativa galega faga umha

interpretaçom o mais aberta

possível.

É entom umha questom de

vontade política?

Obviamente. Se fosse

entendida a importáncia, como

recurso cultural, educativo e

laboral de umha língua com

duzentos milhons de falantes...

se se entendesse que a nossa

língua é deficitária em muitos

ámbitos, o desenho estratégico

teria de ser necessariamente

diferente no ámbito do ensino.

Pensas que mudou a vontade

política, com o novo governo?

Eu vou referir-me à

Conselharia de Educaçom, que

está nas maos do PSOE. A

Estremadura fijo umha aposta

decidida neste sentido, contando

na actualidade com 9.000 alunos,

mas na Galiza nom podemos

esquecer que a sensibilidade do

PSOE em relaçom a este assunto

é mui pobre. Numha reuniom

que tivemos há pouco com a

directora geral de Ordenaçom

Educativa ela estava de acordo

em que o português devia ter a

importáncia que merecia no

ámbito educativo, mas do que se

di ao que se fai há-che muita

distáncia. A nossa funçom é

estarmos atentos e ter umha

atitude reivindicativa para que

isso seja facilitado.

A Administraçom pode

escudar-se na falta de procura...

Neste sentido, como dirigente

de um sindicato nacionalista,

maioritário no sector, que pode

dizer para justificar essa

paradoxal falta de procura?

A peso da história,

determinado com políticas

elaboradas para desprezar aquilo

que nos é próprio, é enorme. É

evidente que o principal

problema é o centralismo e

diversos projectos políticos que

nos fam esquecer que temos um

país ao lado que, nom apenas no

terreno cultural, mas também no

económico e no laboral, poderia

ser de grande ajuda. Todos os

galegos devem ter trabalho na

própria terra, mas hoje em dia

nom cabe dúvida de que para

muitos galegos o Norte de

Portugal fica tam ou mais central

do que Espanha, sendo cada dia

mais as empresas que trabalham

nesta regiom levando pessoal

galego.

Que está a fazer a CIG neste

momento em prol do português

no ensino?

Estamos a fazer umha

campanha informativa para dar a

conhecer esta opçom e os centros

de ensino saberem os passos que

tenhem que dar. Para além disso

comunicamos à Conselharia esta

reivindicaçom, levando-a

também ao Parlamento Galego.

Este ano deu-se um pequeno

avanço, que som as estadias em

Portugal para formar o

professorado, mas depois há

cousas inexplicáveis como que

agora que começa a haver leitores

de francês e inglês nos centros de

ensino, mas nom há de

português.

É interessante explorar este

caminho, mas deve dizer-se que

existe grande resistência no

próprio Portugal para fazer estes

intercámbios. Se Portugal tivesse

outra atitude, também poderia

influir nas perspectivas

adoptadas polos governos

autonómicos de cá.

“Entender que a nossa língua é deficitária em muitos ámbitos implica outro desenho estratégico da presença do português no ensino”

EDUARDO MARAGOTO / O fortalecimento das relaçons transfronteiriças e o fomento de maissaídas laborais para o alunado galego som duas das razons que a Confederaçom IntersindicalGalega (CIG) expujo em Março à Directora Geral de Ordenaçom Educativa para implicar estedepartamento no impulso ao ensino da língua portuguesa na ESO, no Bacharelato e nos ciclosformativos de FP em que som leccionadas línguas estrangeiras. Mas nom só: a CIG entende que aintroduçom do português poderia influir na “valorizaçom positiva do galego”, reforçando “a

aprendizagem do nosso idioma”. Aproveitando o debate do rascunho do novo currículo de ensinosecundário na Galiza, tanto a CIG como o Movimento Defesa da Língua (MDL) já estám apublicitar nos centros educativos os trámites necessários para tornar possível esta opçom e exigemda Administraçom esforços na mesma direcçom. Porém, para além de umhas medidas declaraçonsde boa vontade pola parte da Conselharia, o processo encontra numerosos entraves. Explica-no-los Anxo Louzao.

Anxo Louzao, secretário geral da CIG - Ensino

Anxo Louzao e a CIG levam ao Parlamento galego a reivindicaçom do Português no ensino

A Estremadura

fijo umha aposta

decidida neste

sentido a favor

do português,

contando na

actualidade com

9.000 alunos,

mas na Galiza

nom podemos

esquecer que a

sensibilidade do

PSOE em

relaçom a este

assunto é mui

pobre

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NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 2007 17CULTURA

REDACÇOM/ Já vai mais de um

ano desde que aparecia no panora-

ma musical Galician Chimpanzee,disco que servia de apresentaçom

à banda GalegoZ. O projecto nas-

cia algo antes, em finais de 2005,

quando membros do Colectivo

Perverso criavam o que num

começo pretendia ser só um grupo

virtual. Porém, ao bom acolhimen-

to do primeiro single elaborado

por estes músicos, procedentes de

bandas como Xenreira, Nenos da

revolta, A Matraca Perversa,

Jarbanzo Negro, Diplomáticos de

Montealto, Mutantes Metálicos

Band ou A Compañía do Ruído,

levou-os a se constituírem em

banda, física e tangível.

Marcos Payno, Denís Mutante,

Pulpiño Viascón, Manuel Payno,

Alex Salgueiro, Tómás Ruido e

Matías Olazábal apresentam agora

Revolution Dance, novo disco que

recolhe a semente do Aranhoto

Style de Galician Chimpanzee e traz-

nos umha carga maior de sons her-

dados de músicas dos anos 70.

Letras críticas e mordazes que

nom esquecem as referências

sócio-políticas de actualidade a

temas como os incêndios ou as

inundaçons, misturadas com sons

que fusionam ritmos ska, reggae,funk ou mesmo soul.

Revolution Dance foi gravado em

Ribeira, no estúdio da Companhia

do Ruído, e foi editado polo selo

Ouvirmos. Neste mês de Maio

começou já a sua apresentaçom

polos palcos do País, que promete

directos com importante protago-

nismo da imagem e dos jogos de

luzes, tirando proveito desse

ritmo discotequeiro e irreverente

que desprende o álbum a começar

polo título. Em Ourense estám cerca-dos, pior que em Caldas, inundados. Ea Estrada está arrasada, já nom há,nom fica nada. Este Verao de certe-

za que ainda nos ham-de fazer

botar uns bailes.

Diamantes galego-portugueses da

Banda de Poi

Quase ano e meio após o seu

primeiro trabalho, Mór, a Banda

de Poi regressa à actualidade

musical galega com um single que

antecederá o seu segundo disco. A

nova peça leva por nome 45Diamantes, e é o fruto de várias

semanas de provas e de gravaçons

nos estudos da Companhia do

Som (Porto).

Trata-se de um 'nascimento' já

antecipado na entrevista que rea-

lizávamos ao líder do grupo, o bar-

bançano Tonhito de Poi, no núme-

ro 49 deste jornal, que nos infor-

mava de que estavam “forçando

ainda mais a máquina” para pode-

rem apresentar logo um novo tra-

balho que pretende continuar fiel

à filosofia fundacional: misturar

ideologia e tecnologia para “tentar

unir num mesmo idioma um povo

dividido”.

MÚSICA

GalegoZ, segunda entrega: a revoluçom dance

A pessoa que isto escreve

nasceu sendo Fajín. Um apelido

estranho, algo assim como

apelidar-se Sombrero ou Bufanda.

No entanto, tinha nascido em

Vigo, cidade espanhol-falante,

portanto era natural ter um

apelido deste género (isso

achava eu na minha meninice).

Aliás, o local para onde eu olhava

era Castela.

Com a adolescência, nasce o

questionamento e o interesse

polo nom marcado, enfim, polo

que nom faz parte do statu quo, e

a língua galego-portuguesa

figura nesse pack ocupando um

lugar privilegiado. Ao acto de

passar de Hablar para Falar, nom

demora em seguir toda umha

série de subprodutos de Falar,

entre eles a ortografia dos

apelidos. Várias conversas com

especialistas em onomástica

deslocam o meu apelido do

campo semántico ‘roupa’ para o

de ‘árvores’: Fagim, escrito com

g, viria do latim Faginum e seria

umha ‘faia pequena’. De resto,

existe como topónimo em vários

locais da costa corunhesa e vem-

se a dar umha mudança

importante, o horizonte deixa

de ser Castela e passa a ser

Galiza. A história acabava por

aqui se nom tivesse recebido

recentemente um correio-e

intrigante. Quem mo enviava

era um brasileiro cujo nome nom

lembro mas sim o seu apelido...

Fagim. Estava a indagar as suas

origens e já conseguira alguns

dados de interesse... a sua avó,

filha de galegos, nascera em

Portugal e fora a primeira

mulher a divorciar-se na

nascente República. Estes

factos fizeram com que o meu

horizonte mudasse mais umha

vez, agora saltando um rio,

Portugal e até um oceano, Brasil.

Umha visita ao Registo Civil

pode ter a sua importância. A

importância de se chamar...

ANA ROCHA / Ingredientes

(6/8pessoas): 6 picantons

(quicos inteiros), 4 colheradas

de manteiga. Para o recheio: 3

colheradas de azeite, 1 cebola

picada, 4 canecas de carne de

anho picado, 3/4 de amêndoa

picada, 3/4 de pinhons, 2/3

canecas de arroz cozido, sal,

pimenta e salsa para decorar.

Aquecemos o forno a 180

graus, numha frigideira com

azeite refogamos a cebola e

acrescentamos a carne de

anho até que fique bem doura-

dinha.

Noutra frigideira mais pequena

torramos as amêndoas e os pin-

hons até que fiquem douradin-

hos. Quando estiver todo pronto,

misturamos a carne, as amêndoas,

os pinhons e o arroz cozido.

Salpimentamos e com umha col-

her recheamos os picantons.

Esfregamos os picantons com

manteiga e pomo-los numha tra-

vessa a assar de 60 a 70 minutos.

Acabamos servindo os picantons

numha travessa e com a substán-

cia que deite banhamos os pican-

tons. Decoramos com salsa.

ARROZ COM CHÍCHAROS

Picantons recheios

LÍNGUA NACIONAL

A importância de se chamar...VALENTIM R. FAGIM

Soluçons:1.1/9000 2. Santo Domingo 3. Partido Galeguista 4. Sofia 5. Expressionismo

6. 1973

DESCOBRE O QUE SABES... Por Salva Gomes

1. Umha de cada sete mulheres

morre no parto ou em complicaçons

derivadas deste nos países neocoloni-

zados e empobrecidos. Que percenta-

gem se dá nos países industrializados?

-1 em cada 4000 -1 em cada 7000 -1em cada 9000

2. Onde tivo lugar o levantamento

mais importante dos Cimarrons?

-Porto Príncipe -Santo Domingo-Kingston

3. Quem editou em México em

1944 o Cancioneiro da Luita Galega,

inspirado na luita antifranquista?

-Casa Galega do D.F. -PartidoGaleguista -II Congresso da Emigraçom

4. Onde se encontrava o nacionalis-

ta de esquerda Luís Tobio a realizar

funçons diplomáticas da II República

espanhola na altura do levantamento

fascista de 1936?

-Sofia -Moscova -Berlim

5. A que estilo pictórico se liga

Raimundo Patinho antes de ‘cair’ na

banda desenhada?

-Realismo -Expressionismo-Impressionismo

6. Quando é retirada a homossexua-

lidade da listagem de doenças mentais

nos EUA?

-1966 -1969 -1973

Desejar, o desejo é umha quali-

dade própria das pessoas; a erótica

(vid. ngz nº 40) é quem dá conta

dele.

O desejo erótico foca-se tanto

para o quem (o sujeito) como para

o como (a maneira, a amatória, oars amandi). Todos os sujeitos des-

ejosos somos susceptíveis de ser

objecto de desejo. Nesta dinámi-

ca qualquer pessoa é susceptível

de ser persuadida, convencida,

mas nom vencida. Podemos per-

suadir e convencer, mas nunca

vencer. A reiteraçom de amatórias

nom desejáveis aniquila o desejo

do quem.

Umha amatória desejável com

um sujeito desejado é o princípio

básico da ERÓTICA. Mas nom

todo o encontro entre sexos

(iguais ou diferentes) responde a

este princípio. No entanto, certa

sexologia, por chamar-lhe assim,

pujo, está a pôr, um grande

empenho em determinado comoesquecendo o desejo, os DES-

EJOS. Esta estranha troca e

imperdoável esquecimento leva a

que se repare pouco naqueles e a

que mesmo tenhamos dificuldade

para reconhecê-los em nós.

Parece que todo vale com tal de

alcançar um determinado como,

que qualquer pessoa pode, mesmo

deve, exercer esse padrom, sem

maior reflexom, aniquilando o pri-

vilégio da criaçom. E, nom obstan-

te, cada pessoa é quem de inven-

tar a própria amátoria, ser artífice

do seu particular ars amandi.Reconhecer o próprio desejo, ser-

lhe fiel, respeitá-lo, é umha das

premissas chave da felicidade e,

fugir-lhe, ter-lhe medo, negá-lo,

do contrário.

Eu desejo o que creio desejar

ou, entom, engano-me com o que

me digo e me dim que podo, que

devo desejar?. Desejo quem real-

mente desejo ou quem parece

‘apropriado’ que deseje?. Sei o que

desejo, sei dos meus desejos?

“Tivem medo de bogar, Tivem medo da auga clara, Anque fora c’uns bôs remos Anque fora na mar calma”

Maria Marinho

A CONJUGAR O VERBO SEXUAR

BEATRIZ SANTOS

O desejo desejável

A banda criada em 2006 apresenta novo disco, editado polo selo Ouvirmos

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NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 2007

Amensagem de mudança

através da propaganda do

governo adquiriu com o

tempo umha sofistificaçom ines-

perável num país onde, tradicio-

nalmente, as fórmulas da política

moderna sucumbiam à maquina-

ria eleitoral do espanholismo de

direita. O governo do progresso

demonstrou a sua destreza nas

técnicas publicitárias, que permi-

tem dar brilho numha arma con-

tra a qual nom há hipótese para a

resistência: a cultura. Sobram

aliás, os altifalantes de prestígio

para propagar o renascimento cul-

tural do nosso País, através de uns

media que facilitam a feliz difu-

som, cd incluído com a selecçom

das melhores músicas em galego,

para comemorar o dia anual dedi-

cado à nossa língua e editado por

La Voz de Galicia, célebre jornal

caracterizado por anos de luita

para a normalizaçom lingüística

deste País... Também amplos sec-

tores da inteligência galega aplau-

dem com força o surgimento da

indústria audiovisual, musical,

teatral, etc. enquanto esperam ser

gratificados polo seu enorme

esforço com subsídios, espaços

televisivos, festivais multicores e

outros eventos. Mesmo a institui-

çom se apercebe da necessária

aproximaçom com o mundo lusó-

fono, e até organiza homenagens

televisivas e maciças ao grande

Zeca, princípio e fim da política

reintegradora do governo galego.

Esta hegemonia do cultural no

discurso público, pretende a

identificaçom do que somos com

a imagem publicitada, como refle-

xo de umha normalidade social

que confirma a nossa convergên-

cia com a modernidade europeia,

fomentando aliás a fórmula mági-

ca do consenso que nom permite

contestaçom. O cenário musical

do nosso País relançado por

mudanças conjunturais mostra-se

em muitas ocasions sensível para

com este discurso, que permite

dissensons parciais e algumha

pluralidade, mas que ignora um

amplo sector da populaçom gale-

ga totalmente despreocupada

com os interesses do negócio da

indústria musical, cinematográfi-

ca, etc., apoiados e difundidos por

empresas que escondem obscuras

intençons. Existe um sector que

nom acredita na mensagem cultu-

ral porque, em definitivo, é um

discurso ‘político’, na pior das

acepçons do próprio termo. Um

sector que se vê só, e que apenas

confia em si mesmo, para além

dos poderes públicos e privados

por bem intencionados que se

mostrem.

Nom se deve entender por isto

umha posiçom de debilidade. A

comunidade permanentemente

céptica aos consensos pesquisa

sempre alternativas, exerce de

forma activa o soberanismo; som

os espigadores e as espigadoras

modernas tal e como o entendeu

a cineasta francesa Agnés Varda, e

assimilam, como referentes pró-

prios, as formas e os fundos que

exprimem os revoltados no

mundo.

Nom acho melhor modo do que

este para apresentar o recopilató-

rio do grupo feminino brasileiro

Mercenárias, editado polo selo de

música Soul Jazz, que dedica o

seu catálogo às músicas da perife-

ria, que fundem a raiva eléctrica

do punk dos subúrbios do

Ocidente, com os ritmos de dança

que sacodem os guetos negros de

Kingston, Nova Iorque, São

Paulo, etc., e que tem no Brasil

um foco de permanente atençom

nom por acaso. Estas brasileiras

revolucionárom o panorama musi-

cal nos inícios da década de oiten-

ta, com golpes de velozes compo-

siçons rítmicas que num suspiro

se armavam contra o tédio e a

conformidade, assinalando sem

complexos responsáveis e inimi-

gos com todas as letras. Cultura

sim, mas entendida como a

extensom do campo de batalha,

como alerta e recordaçom perma-

nente de que somos periferia e

estamos em guerra embora tenhamosque reflexionar.

Estamos em tempos de cam-

panha eleitoral e de fundo ouve-

se umha das músicas das

Mercenárias: políticos falam deamor, pánico.

OPINIOM DESPORTOS

JACOBE P. V.

Políticos falam de AmorBILHARDA-LNB: O BATER

DO DESPORTO MAIS PUNK!

XERMÁN VILUBA / Ainda com o

fumo nos olhos e o doce sabor do

trabalho bem feito a LNB (Liga

Nacional de Bilharda) encara

esperançada um novo repto, o de

periodicamente abrir umha

pequena janela neste grande meio

que agora mais que nunca desafia

as normativas por imperativo legal

para receber a tam desejada por

outros meios esmola institucional.

Desde há já uns anos dúzias de bil-

hardas voltárom para cortar o ar da

Galiza impulsionados polo ódio e a

raiva dos palanadores e palanado-

ras da LNB. Com o berro de ‘outro

desporto é possível’ começou a

andar esta tribo de desportistas

galegos fartos já de esperarem por

algo que nunca ia chegar. O esque-

cimento institucional e mediático

era e continua a ser um facto san-

grante de maneira que a LNB

pegou no lema punk de do it your-self e organizou a primeira compe-

tiçom regular de ámbito nacional

do desporto galego. A SUPERLI-

GA de bilharda nesta época 2006-

07 realiza já a sua segunda ediçom

e conta com 6 franquícias em jogo,

com epicentro na Marinha. Conta

com desportistas chegados de todo

o País e inclusive com incorpora-

çons de palanadores e palanadoras

estrangeiras que reforçam estas

cada vez mais poderosas equipas.

O desporto da bilharda está conce-

bido como umha prática de carác-

ter mixto, quer dizer, mulheres e

homens disputando a mesma com-

petiçom e a SUPERLIGA de bil-

harda já tem consumada esta

experiência, podendo considerá-la

como um rotundo êxito. Da

mesma maneira que acontece nou-

tros desportos como o ciclismo,

por exemplo, para além da classifi-

caçom geral, existem outras tabe-

las classificatórias para poderem

ser assim premiados todos os

aspectos competitivos deste des-

porto de essência tradicional.

Assim, temos a Tabela Feminina, a

Tabela de Franquícias e a Tabela

de Varados [ou lançamentos direc-

tos]. Mas a LNB nom só centra os

seus esforços em pôr em marcha

esta SUPERLIGA. A realizaçom

de torneios por toda a geografia

galega é também umha das nossas

prioridades absolutas e um exem-

plo disto é a realizaçom do

Bilharda All Stars na pista da

Sapateira na cidade da Corunha,

onde estrelas do Leste e Oeste do

País se confrontárom numha

espectacular partida na recente-

mente realizada 2º ediçom do All

Stars. A LNB pujo em andamento

um inaudito concurso de Varados,

a genuína versom bilhardeira do

concurso de mates, em que um

jovem palanador corunhês chama-

do David Fontán logrou desafiar o

experiente jogador da selecçom do

Leste, Juán Pico, que depois de

umha espectacular série de lança-

mentos pudo vencer a emergente

estrela do combinado do Oeste.

Outro dos pilares fundamentais

sobre os quais assenta a filosofia

LNB é o de potenciar totalmente

a até agora ilegalizada Selecçom

Galega de Bilharda, a alcunhada

AUTÊNTICA, que tivo o seu

debute no ano 2006 numha histó-

tica partida contra as Astúrias na

pista de Piyarnu. Esse facto fijo

com que a LNB nomeasse como

máximo responsável técnico e por-

tanto seleccionador nacional de

bilharda o experiente Fernando

Veiga. Dele e da sua equipa técni-

ca depende directamente a con-

fecçom anual dos programas referi-

dos à selecçom galega de bilharda

senior, junior e categorias inferio-

res. A SUPERLIGA de bilharda

encara nestes momentos o seu

sprint final sendo Ismael, o Zidane

da bilharda, o seu líder a apenas 1

ponto do seu mais imediato perse-

guidor Vicente palanador da EkipA

SaFaRi. A serpente multicor da

LNB prepara já novos desembar-

ques e pode que seja na tua paró-

quia , vila ou cidade por onde

passe este furacám que arranca

chantos e invade leiras. Bilharda

LNB, um escarro ao imperialismo

desportivo!

18 E MAIS

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NOVAS DA GALIZA15 de Maio a 15 de Junho de 2007 19DESPORTOS

UM SIAREIRO DE PASAROM / Apassada quarta-feira 11 de abril,o Ponte Vedra C.F. disputava ojogo de ida da final da copa fede-raçom no estádio de Passarom.Este torneio é um título derecente criaçom (1994) que dis-putam as equipas de 3ª e 2ªDivisom B do futebol espanhol.

Este jogo nom teria especialtranscendência se nom fossepolos factos que acontecêromesse dia; muita gente sabe já quetipo de personagens dirigem ofutebol actual… entes caciquis-tas e vorazes que assaltam direc-tamente as arcas das federaçonsem que som altos cargos.Podemos pôr como exemplo osescándalos da Federaçom Galegade Futebol, de certa actualida-de, ou todos os obscuros jogos daFederaçom espanhola… malver-saçom de fundos, utilizaçom defundos públicos para benefíciopessoal, ameaças a trabalhado-res, utilizaçom de informaçomprivilegiada…

Pois bem, disputando-se afinal deste torneio na nossa vila,Angel Mª Villar e Julio Meana(presidentes da Federaçomespanhola e galega de futebolrespectivamente) figérom actode presença no estádio ponteve-drês. A bancada de Passarom, econcretamente o fundo norte,onde se situa a claque 'FuryaGranate' (de marcado carácteranti-fascista e defensora dosdireitos da Galiza), recebeuestas personagens como mere-ciam… "Villar cabrom, demis-som!... Corrupçom na federa-çom…" A bancada simplesmen-te fijo o que tantas outras vezesqualquer siareiro ou siareiraexprime num jogo mas desta veztivo maior repercussom.

Parece ser que o senhor Villare companhia nom se sentiam àvontade no palco polos inces-santes berros que lhes coravama cara e as ordens nom se figé-rom esperar. Exercendo a suainfluência caciquista pugéromrapidamente em marcha os ser-viços repressores espanhóis, e oassédio contra os e as jovens sia-

reiras do Ponte Vedra tornou-sepatente. Tanto foi assim que demaneira discreta e qual porcaartimanha à saida do encontrodous rapazes fôrom identifica-dos de um modo nada amável(nom nos tenhem acostumadosa melhores modais) e fôrominformados que teriam que res-ponder perante a justiça espan-hola mediante umha sançomadministrativa. Esta acçomlembra os comportamentosmais fascistas.

Os factos tivérom tal reper-cussom que, em dias posterio-

res, a imprensa local, a TVG einclusive algum meio a nívelestatal divulgárom o acontecido,isso sim, em nengum momentoem defesa ou justificaçom, sim-plesmente relatando os factos.Na semana seguinte a imprensalocal publicava que as sançons àsquais terám de fazer frente estessiareiros e siareiras podem che-gar a 4.000 euros e 5 meses deproibiçom da entrada a recintosdesportivos.

É curioso que isto aconteçaquando todo o mundo sabe quena imensa maioria dos estádios defutebol som insultados jogadores,árbitros e claques rivais e nin-guém é punido por isso, inclusivequando ditos insultos som racis-tas ou as consignas coreadas somde marcado carácter fascista, masneste caso as cousas fôrom dife-rentes. Se calhar, ser presidentede umha federaçom de futebol dádireito a reprimir qualquer tipode crítica a umha pessoa por maistirana que seja.

Sem dúvida factos como estesponhem de manifesto a democra-cia de que tanto se gaba esteEstado e nom fam senom dar arazom aos que nom calamos e pro-testamos perante a injustiça, arepressom e este tipo de pessoas.

“Fazer frente à federaçom espanhola de futebol sai caro”

Sem dúvida factos como estes ponhem de manifesto a democracia de que tanto se gaba este Estado e nom fam senomdar a razom aos que nom calamos e protestamos perante a injustiça, a repressom e este tipo de pessoas

A presença de Ángel Maria Villar em Passarom foi respondida nas bancadaspor siareiros que denunciárom a corrupçom da federaçom de futebol

“Disputando-sea final da copafederaçom emPonte Vedra,Angel Mª Villare Julio Meana(presidentes daFederaçom espanholae galega de futebolrespectivamente)figérom acto depresença no estádiopontevedrês. Abancada de Passarom,e concretamente ofundo norte, onde sesitua a claque 'FuryaGranate' (de marca-do carácter anti-fas-cista e defensora dosdireitos da Galiza),recebeu estas perso-nagens comomereciam… "Villarcabrom, demissom!...Corrupçom na fede-raçom…" A bancadasimplesmente fijo oque tantas outrasvezes qualquersiareiro ou siareiraexprime num jogo,mas desta vez tivomaior repercussom”

“Se calhar, serpresidente deumha federaçomde futebol dádireito a reprimirqualquer tipo decrítica a umhapessoa por maistirana que seja”

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OPINIOM 2EDITORIAL 3NOTÍCIAS 4ELEIÇONS MUNICIPAIS 8

A FUNDO 11ANÁLISE 14CULTURA 16DESPORTOS 18

Se eu fosse um plagiador re-escreveria uma peça emdous lances. A obrinha dura-

ria dez minutos apenas.Lance I. Levanta-se o pano e apare-ce um pequeno centro social comcafetaria e balcão. As paredes estãopintadas há não muito, decoradascom murais, palavras de ordem e car-tazes reivindicativos. Há umasmesas dispostas para reunião, arru-madas, mas de muito uso. Sobre elaspapéis com carimbos oficiais e mortaletra administrativa. Ao redor há umavelha lizgaira, uma mulher vestidacom desafio, uma moça garrida, duasrapariguinhas bonitas, um velhopetrúcio e três mocinhos trocistas.Todos vestem para as medras e commuita cor, até nos cabelos, brilhaalgum metal em narizes, pestanas eorelhas. Todos choram a fio e enxu-gam os olhos com as mãos. Todosfazem o pranto e dizem coisas tristesque fazem rir, ditos cheios de expres-sões lusistas, palavras de gentesangurentas e cobiçosas que pensamque uma multa municipal, umadenegação de subsídios a que se temjusto direito é uma grande desgraça.O pranto deve ter uma cousa cho-queira, para que estourem a rir os dafila da frente. E quando se fartaremde rir os senhoritos baixará o pano. LanceII. Levanta-se o pano e apare-ce um belo escritório / gabinete mini-malista. Desenho e luz, algum óleoabsurdo e caríssimo. À esquerda,numa mesa, cartazes e livros escoamde uma mesa. Em trípodes os desen-hos coloristas, futuristas e crípticossobre os quais se está a trabalhar, coma palavra memória em esvaída tipo-grafia de desenho. Ao fundo do cená-rio, um armário hiperbólico, de gros-sas caixas amarelentas sob o rótuloProjectos, rotuladas PolíticaLinguística, Escolas, Bibliotecas,Arquivo Nacional... No centro umacadeira alta e mui grande presideuma limpa mesa de madeira e vidro.Algum papel, algum objecto de escri-tório. Ao seu redor chora uma donaesguia, vaporosa, elegante, em linho eazebiche, duas senhoronas comaspecto funcionarial, dous homensmaduros de barba e casaco em quenão acomodam bem. Todos fazem opranto e enxugam as lágrimas companos de seda. Todos vão dizendouma por uma as mesmas parvadasque disseram os anteriores diante dospapéis. Ditos tristes e frustrantes,cheios de castelhanismos, que fazemrir porque a incapacidade de gerir odinheiro público não é para tanto.E quando a gente do galinheiro sefartar de rir a cachão baixará o panomui amodinho.

“Pode ser que haja 'facturas' pendentes de pagarpolos partidos aos promotores de Reganosa”

CARMELO TEIXEIRO COMITÉ CIDADAO DE EMERGÊNCIA PARA A RÍA DE FERROL

ERNESTO VÁZQUEZ SOUZA

Se eu fosse umplagiador...

- AA potente resposta perante aentrada do primeiro buque paraReganosa surpreendeu a maisde um. Nom crês que estavasilenciada perante a opiniompública a oposiçom de boa partedos vizinhos ao projecto?- Surpreendeu a aqueles quenom tinham informaçom doque acontece desde há uns oitoanos em Ferrolterra com a plan-ta de gas, a informaçom dasactuaçons do Comité cidadánnon chegava poque estava a sercensurada, silenciada ou mani-pulada por La Voz de Galicia,que desde o ano 2001 dedicamuitas páginas de publicidadeencoberta a favor de Reganosa,com artigos escritos numhaempresa de Compostela, cha-mada Incis, onde um tal DavidChedas escreve os textos queultimamente só assina umhajornalista de La Voz de Galiciaem Ferrol. Outros meios nomfigérom essa censura mas che-gam a menos gente.

- OO Comité de Emerxenciaparte directamente das associa-çons de base. Por que nom temo apoio dos principais partidos?- O Comité Cidadán deEmerxencia nasceu em 2001 deassociaçons cidadás, culturais eambientalistas, sem participa-çom dos partidos nem dos sin-dicatos. No ano 2004 foi consti-tuida a Asamblea Cidadán emque se admitiu a participaçomde representantes locais departidos e sindicatos que nosapoiavam nas mobilizaçons,mas posteriormente as suasdirecçons galegas fôrom impe-dindo a sua intervençom, com aexcepçom de Esquerda Unida.O PP nunca nos tinha apoiadopois foi o criador do problemade Reganosa. O BNG e PSOEapoiarom-nos até o ano 2003,depois a trama de Reganosacaptou o apoio dos seus diri-gentes provocando as demis-sons de alguns dos concelhei-ros de ambos partidos em 2004

e 2005. Quanto às razons, podeser que no bipartito se vejamcativos da herdança que lhesdeixou Fraga e non queiram sairdaí polos custos que issopudesse ter. Outro motivopode ser que haja 'facturas'pendentes de pagar aos promo-tores de Reganosa.

- QQue recursos vos ficam paratentar a saída da central de gásda sua localizaçom? Como seentende a unanimidade institu-cional em volta desta polémica?- Vamos continuar com osmeios de que nos seja possíveldispor para defendermos avida, a ria e a legalidade.

As nossas actuaçons sommodestas, pacíficas e peque-nas, mas produzem um efeitomui grande. Existe umha novatrapalhada com a acta de 4 deMaio assinada por FranciscoBarroso Palomino, director daÁrea de Energia, organismoprovincial do Ministério deIndústria na Coruha, contra aque os nossos advogadosestám a preparar um conten-cioso administrativo. Paraalém disto, a partir da entrada

do Galicia Spirit, existe umperigo real, que continua logode ter descargado 140,000metros cúbicos de gas naturalliquefeito nos tanques deReganosa. Também se estáma produzir fortes olores a gásque resultam insoportáveisnas vivendas entre os 150metros e os 500 metros.

As mariscadoras de Mugardosestám a encontrar na beira domar restos químicos espumososcom umha costra de dez centí-metros de espessura. Todo issoé resultado das provas queReganosa está a fazer. Vam serdenunciados todos os danosque se produzam.

- PPreparades novas iniciativaspara as próximas datas?A quarta-feira 23 de Maio rea-lizamos umha assembleia cida-dá para tratar dous pontos: aautoinculpaçom de todosquantos queiram por partici-par nas actuaçons de bloqueiodos gaseiros, e decidir asactuaçons perante o anúnciode un segundo gaseiro quepretende entrar na ria deFerrol antes do fim de Maio.

C. BARROS / Entrevistamos a Carmelo Teixeiro, coordenador do ComitéCidadao de Emergência para a Ria de Ferrol, com quem analisamos aposiçomdestecolectivoeasexpectativascomquecontaparao futuroapósa entrada na ria do primeiro buque carregado de gás para sortir Reganosa.