ovas da Gali a é membro da oficina de direitos sociais de coia...

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nÚmero 122 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013 1,20 € periódico galego de informaçom crítica N ovas da G ali a “Que haja pobres nom é umha causa divina nem natural: a riqueza é nossa, e haverá que reparti-la” diEgo loREs é membro da oficina de direitos sociais de coia (vigo) pág. 6 junta com o frackinG 14 denunciam que a Junta está a favorecer no possível a abertura de exploraçons do subsolo galego mediante a técnica extrativa co- nhecida como 'fraturaçom hidráu- lica' ou 'fracking’, a qual tem muitas conseqüências para o ambiente. café uf em viGo 15 Entrevistamos luís Feijoo, um dos res- ponsáveis deste local vigués, com histó- ria, princípios e longe das modas. abrí- rom as portas na Rua do Prazer, há já trin- ta anos, com a arte, a ideologia e o debate bem presentes, das paredes às conversas. oPiniom mEu filho é um sER dEspREzávEl por olalha Barro e cristina cubeiro / 3 voltaR a pasolini por daniel salgado / 28 os paRvos no govERno por gustavo luca / 3 suPlemento central a revista de inverno a Rádio no nacionalismo galEgo vemos alguns episódios da vida deste instrumento ao serviço da causa galega, já desde o ano 1936. dE mEigas E mEigalhos Fazemos um percurso polas práticas de bruxaria que nestes tempos cibernéticos parece que vam ficando em desuso. Morre NGB e começa o assalto aos aforros crise financeira Nos últimos anos viu-se como a base do sistema financeiro ga- lego saltou polos ares. os gran- des poderes começárom a fa- zer jogos malabares com as en- tidades onde a cidadania gale- ga tinha depositados os aforros, tornando as velhas caixas num suculento prato para a grande banca. Por enquanto, a classe política nom dava umha res- posta à altura da situaçom. Nesta reportagem analisamos como a reestruturaçom da ban- ca segue a ser pagada pola po- pulaçom e milhares de traba- lhadores que irám para a rua. Por enquanto, a classe política continua sem dar umha respos- ta à altura da situaçom. / PÁG. 20 Dez centímetros mais perto do céu Entrevistamos Raquel Rei, realizadora dumha fita em que fala da relaçom própria e alheia com os tacons, instrumento de seduçom para umhas... e de tortura para outras / PÁG.22 a Junta blindou o monopólio do salvamento maríti- mo com meios aéreos, adjudicando-o à inaer Heli- cópteros offshore, pertencente à família proprietá- ria da Pescanova, que gere o serviço desde que foi instituído e que desde há pouco passou a controlar também as brigadas helitransportadas contra incên- dios. o PP volta a favorecer empresas 'amigas' para privatizar serviços em situaçons vantajosas já que o contrato, que foi engrossado até superar os seis mi- lhons de euros anuais, permitirá à empresa adquirir duas aeronaves por metade do preço. a melhora da concessom coincidiu com cortes no serviço, que fô- rom arranjados após vários acidentes mortais no mar que preocupárom a opiniom pública. / PÁG. 15 A mao rica e bondosa que mexe no berce os casos dos bebés roubados na Galiza Por vezes mesmo havia fatu- ras de compra e venda das crianças. Monjas, matronas, ginecólogos, notários e pais adotivos estavam implicados numha trama alegal de ado- çons patuadas que começárom no franquismo serôdio, e se es- tendêrom até bem entrados os 90. Também no país há casos, centos deles, segundo conta para o Novas da Galiza Estrel- la vázquez, presidenta da as- sociaçom sos Bebés Rouba- dos Galiza numha reportagem em que revemos a implicaçom ainda nom provada dumha monja de vigo. / PÁG. 16 Monopólio no salvamento marítimo precariza serviço

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nÚmero 122 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í t i c a

Novas da Gali a

“Que haja pobresnom é umha causa divina nemnatural: a riquezaé nossa, e haveráque reparti-la”

diEgo loREsé membro da oficina dedireitos sociais de coia (vigo)pág. 6

junta com o frackinG 14denunciam que a Junta está afavorecer no possível a abertura deexploraçons do subsolo galegomediante a técnica extrativa co-nhecida como 'fraturaçom hidráu-lica' ou 'fracking’, a qual tem muitasconseqüências para o ambiente.

café uf em viGo 15Entrevistamos luís Feijoo, um dos res-ponsáveis deste local vigués, com histó-ria, princípios e longe das modas. abrí-rom as portas na Rua do Prazer, há já trin-ta anos, com a arte, a ideologia e o debatebem presentes, das paredes às conversas.

oPiniom

mEu filho é um sER dEspREzávEl porolalha Barro e cristina cubeiro / 3

voltaR a pasolini por daniel salgado / 28

os paRvos no govERno por gustavo luca / 3

suPlemento central a revista de inverno

a Rádio no nacionalismo galEgovemos alguns episódios da vida deste instrumento ao serviçoda causa galega, já desde o ano 1936.

dE mEigas E mEigalhosFazemos um percurso polas práticas de bruxaria que nestestempos cibernéticos parece que vam ficando em desuso.

Morre NGB e começa o assalto aos aforros

crise financeira

Nos últimos anos viu-se como abase do sistema financeiro ga-lego saltou polos ares. os gran-des poderes começárom a fa-zer jogos malabares com as en-tidades onde a cidadania gale-ga tinha depositados os aforros,tornando as velhas caixas numsuculento prato para a grandebanca. Por enquanto, a classe

política nom dava umha res-posta à altura da situaçom.Nesta reportagem analisamoscomo a reestruturaçom da ban-ca segue a ser pagada pola po-pulaçom e milhares de traba-lhadores que irám para a rua.Por enquanto, a classe políticacontinua sem dar umha respos-ta à altura da situaçom. / PÁG. 20

Dez centímetros mais perto do céuEntrevistamos Raquel Rei, realizadora dumha fita em que falada relaçom própria e alheia com os tacons, instrumento deseduçom para umhas... e de tortura para outras / PÁG.22

a Junta blindou o monopólio do salvamento maríti-mo com meios aéreos, adjudicando-o à inaer Heli-cópteros offshore, pertencente à família proprietá-ria da Pescanova, que gere o serviço desde que foiinstituído e que desde há pouco passou a controlartambém as brigadas helitransportadas contra incên-dios. o PP volta a favorecer empresas 'amigas' para

privatizar serviços em situaçons vantajosas já que ocontrato, que foi engrossado até superar os seis mi-lhons de euros anuais, permitirá à empresa adquirirduas aeronaves por metade do preço. a melhora daconcessom coincidiu com cortes no serviço, que fô-rom arranjados após vários acidentes mortais nomar que preocupárom a opiniom pública. / PÁG. 15

A mao rica e bondosaque mexe no berce

os casos dos bebés roubados na Galiza

Por vezes mesmo havia fatu-ras de compra e venda dascrianças. Monjas, matronas,ginecólogos, notários e paisadotivos estavam implicadosnumha trama alegal de ado-çons patuadas que começáromno franquismo serôdio, e se es-tendêrom até bem entrados os

90. Também no país há casos,centos deles, segundo contapara o Novas da Galiza Estrel-la vázquez, presidenta da as-sociaçom sos Bebés Rouba-dos Galiza numha reportagemem que revemos a implicaçomainda nom provada dumhamonja de vigo. / PÁG. 16

Monopólio no salvamentomarítimo precariza serviço

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Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 201302 oPiniom

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociais in-toleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novas

a leG diante do conselhouniversitÁrio do estado

o representante da Universidadede santiago de Compostela noConselho Universitário do Estado,membro da liga Estudantil Gale-ga, vem de abandonar o pleno des-te organismo depois de fazer um-ha intervençom muito dura sobrea gestom do Governo espanhol.

desde a liga Estudantil Gale-ga, denunciamos que este orga-nismo é umha simples pantomi-ma que tem como único fim mos-trar umha imagem de normalida-de e diálogo entre o governo e acomunidade educativa do Estado,sem nenhum tipo de atribuiçomreal. Um organismo consultivo aoque reiteradamente nom se lheescuita, que se convoca com maisde três meses de demora e ao quenem sequer o seu presidente, oMinistro Wert, acode, mais quepara votaçons à comissom per-manente totalmente irrelevantes,fugindo de debate qualquer oupossibilidade de diálogo.

além disto, o Ministério o únicoque fijo foi umha defesa fechadada sua gestom baseando-se em ar-gumentos inaceitáveis: a crise im-pede fazer nada mais e nom há al-ternativas, e a herança recebida

nom nos permite reacionar antes.Perante este discurso, o repre-

sentante da UsC denunciou quesom precisas políticas diferentesem matéria educativa, estám-setomando medidas desde o Gover-no encaminhadas a resgatar o sis-tema financeiro enquanto des-troem o pequeno Estado do Bem-estar existente, recortam bolsas,modificam as leis para mercanti-lizar ao estudantado e tratá-lo co-mo simples força de trabalho enom como cidadaos, sobem as ta-xas e impedem que a mocidadepoda aceder a uns estudos supe-riores, obrigam à emigraçom aquem nom acha trabalho nem po-de pagar os seus estudos, e fo-menta reiteradamente a luta declasses, o elitismo e a segregaçomno ensino, fomentando delibera-damente só o privado.

Adrián Dios Vicente

o estado desmantela oserviço de correio rural

a sociedade Estatal de Correiosirá proceder em breve à imple-mentaçom dum plano que se re-monta a 2008, para extinguir asentregas postais no rural galego.Um decreto publicado naquela al-

tura e que apenas recebeu aten-çom, deixava em maos da empre-sa estatal Correios levar ou nomas entregas àquelas áreas compouca densidade de populaçom.Na prática, isto traduziu-se numaregulamentaçom que estabeleceque nom se levará o correio aqualquer aldeia ou morada queesteja a mais de 250 metros deuma estrada principal.

a medida, que previsivelmenteserá aplicada em 2013, deixarásem reparto paróquias inteiras,ficando excluídos do serviço en-tre 200.000 e 400.000 pessoas em

toda a Galiza. Correios alega queprocura apenas “melhores condi-çons” para os carteiros, destacan-do “problemas” do rural como a“falta de rótulos en las calles” ouas “deficiencias de señalización”,embora os aproximadamente1.000 carteiros rurais afirmamque estas questons nunca impe-diram o seu trabalho e o que naverdade quer a empresa estatal émaximizar os seus lucros (...).

os responsáveis de Correiosirám forçar às pessoas do rural adeslocarem-se até as capitalidadesdos municípios ou a lugares habi-

litados noutros pontos para reco-lherem o seu correio, o que eviden-cia um profundo desconhecimen-to da geografia humana e estrutu-ra populacional da Galiza (...).

o PT denuncia que esta medi-da está enquadrada no plano ge-ral de abandono e crescente mar-ginalizaçom do rural, evidencia-do com a reduçom e clausura deoutros serviços de educaçom,saúde e ensino, e que procura aacumulaçom de pessoas nasgrandes áreas urbanas (...).

ainda, o Partido da Terra con-sidera que, de continuar a Cor-reios com o seu plano, a respostadeve ser a de criar serviços pos-tais de base comunitária e proce-der à boicotagem da empresa es-tatal. Que sejam as comunidadesas que carreguem com os custosda lógica de lucro insaciável e ur-banocentrismo deve levar aomais enérgico rechaço, sendopreferível a dissoluçom desta so-ciedade estatal e o fim dos impos-tos com os que também carrega apopulaçom rural. Caso contrário,e como já acontece com outros“serviços públicos”, as comunida-des rurais que nom gozam deles,continuarám a pagar a sua exis-tência nas cidades.

Partido da Terra

Pola calada, difícil de ver, masa cada dia que passa, as men-sagens que nos enviam dire-

tamente os medios de comunica-çom públicos, já nom os empresa-riais, estam mais carregadas de ca-tolicismo. assim como soa: mensa-gens católicas, apostólicas eromanas. o opus dei, com todas assuas frentes abertas, que som mui-tas, até é quem de entrar na sanida-de e na Educaçom, porque nom ha-via entrar também na rádio e na Tv?Nas últimas semanas, o Telejornal

da Galega tem emitido incontáveisimagens do Papa de Roma, a fazercousas, sejam quais forem, paraalém das consabidas bençons deano novo. E há também notícias pe-quenas, que parecem feitas para se-rem passadas por alto, como se nomexistissem, mas que ficam na reti-na, como as dos convénios assina-dos entre a Junta e Cáritas, que an-tes nom teriam entrada nos noticiá-rios públicos, e que agora tenhemos seus 30 segundos em antena; ouas desnecessárias opinions de bis-

pos e curas sobre diversos temas deatualidade. a igreja mais rança e oneoconservadorismo mais burocrá-tico seguiram a reger as vidas do po-vo galego neste ano que acaba decomeçar, mas só se lhes deixarmos.as luitas som muitas, há tempo quecomeçárom, mas todas perseguemum objetivo comum: tombar um sis-tema que se alimenta de nós, da po-breza. desde a pobreza mesma háde sair a força para combater a pri-vatizaçom da sanidade e da Educa-çom, a rebaixa das pensons, o alon-

gamento das jubilaçons, os despe-jos, as ajudas aos bancos, a suba dosimpostos, a desapariçom da línguaprópria, o racismo contra as pessoasmigrantes... do paro, da raiva, da fa-me, ham de sair alternativas que nossirvam. Nalgumhas vilas o fenóme-no das assembleias abertas está adeixar boas iniciativas, como maiscentros sociais abertos -para alémdos que já inçavam o País-, comedo-res e hortas populares, mercadospróprios, com produtos do trabalhocooperativo... E, sobretodo, lugares

onde juntar-se, sabernos vivas e rea-gir contra o mal: o capital. sem que-rer parecer simples, a luita é, desdehá séculos, entre ricos e pobres. En-tre classe trabalhadora e classe diri-gente. Entre os bancos e os velhosque alí guardarom as suas poupan-ças. Cumpre termos claro que nóssomos as de abaixo, e que desdeonde estamos, desde a solidarieda-de e contra o medo, devemos rea-gir. Já nom é só questom de resistiro que venha, mas de desfazer o quenos queira apagar e, no seu sítio,realizar juntas esses sonhos que,como diz a palavra de ordem, nomcabem nas suas urnas.

Saber-se vivas para reagir contra o maleditorial

humor mincinho

D. LEGAL: C-1250-02 / as opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

EditoRaa.c. minho mEdia

consElho dE REdaçomiván g. Riobó, aarón lópez Rivas, Rubénmelide, Xavier miquel, antia Rodríguez gar-cía, Raul Rios, olga Romasanta, alonso vi-dal, paulo vilasenin, Xoán R. sampedro

sEcçonscronologia: iván cuevas / Economia:aarón lópez Rivas / agro: paulo vilasenine Jéssica Rei / mar: afonso dieste / media:Xoán R. sampedro e gustavo luca / a terra treme: daniel R. cao / além mi-nho: Eduardo s. maragoto / povos: José

antom ‘muros’ / dito e feito: olga Roma-santa / a denúncia: iván garcía / cultura:antia Rodríguez / desportos: anjo Rua nova, isaac lourido e Xermán viluba /consumir menos, viver melhor: Xan duro /a criança natural: maria álvares Rei /agenda: irene cancelas / a Revista: Rubénmelide / a galiza natural: João aveledo /gastronomia: luzia Rgues., sino seco /língua nacional: valentim R. fagim / criaçom: patricia Janeiro / cinema:francesco traficante, Xurxo chirro

dEsEnho gRáfico E maQuEtaçomhilda carvalho, Joám fernandes, manuel pintor, helena irímia

fotogRafiaarquivo ngz, sole Rei, galiza independente(gzi-foto), zélia garcia, Borja toja

administRaçomJosé viana e carlos Barros gonçales

logÍstica E puBlicidadEJosé viana e daniel R. cao

audiovisual: galiza contrainfo

humoR gRáficosuso sanmartin, pestinho, Xosé lois hermo,gonzalo, Ruth caramés, pepe carreiro, mincinho, Beto

coRREçom lingÜÍsticaXiam naya, fernando corredoira, vanessa vila verde, mário herrero

imagEm coRpoRativamiguel garcia

colaBoRam nEstE nÚmERoolalha Barro, cristina cubeiro, gustavo luca, Rocío fraga, m.B., carlos calvo varela, alba g. noia, charo lópez, Julio vilariño, zélia garcia e daniel salgado

fEcho dE Ediçom: 15/01/2013

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Quase tam desprezável co-mo eu. Cada vez que medim que cuidar-te é nom fa-

zer nada, que estar contigo é algosujo, algo que nengumha mulherdeveria fazer sem cobrar, eu escui-to: “teu filho é um ser desprezável”.

Que pouco vales! será que ain-da nom podes sair ao mercado,nem cotizar em bolsa, nem ven-

der-te como força de trabalho. Porisso, nom mereces que te respeite,que te queira, que satisfaga astuas necessidades. Tês de apren-der a sofrer, a ser submisso, a ca-lar, a que ninguém te vaia atender.

Meu picarinho, nom te assustes,porque no fundo a desprezávelsom eu. Porque tu és eu e eu somtu. as mulheres sempre somos al-go nojentas, sempre temos algode infra-humanas, mas desde quedecidim cuidar-te estou no limiarda exclusom social porque só te-

mos a identidade que nos confereo trabalho escravo. assim é, meubem, qualquer pessoa prefeririaescuitar que pago por trabalhardo que escuitar que estou na casacontigo. Essa frase provoca tal es-tridência que todo o mundo reagecom violência e agride sem cance-las. Mancam-me.

Parece tornar-se incompreensí-vel que a tua vida nom se baseiena carência. a carência, motordesta sociedade de consumo, des-ta sociedade do medo. Como ex-

plicar que em lugar de ber-ço uses o meu corpo? Emlugar de Nestle tomes omeu leite? Em lugar de bo-necos com música escuitesa minha voz? Mas hoje seique o meu corpo, o meu lei-te e a minha voz som des-prezáveis.

Traslado a minha raiba,provocada por este maltra-to, para todos, mas nom pa-ra essa mulher com as fi-lhas criadas que tenta ad-vertir-me: “estás a malcriá-lo”. sei que sofreu, queemudeceu o seu corpo di-zendo-se sem descanso: “épolo seu bem, é polo seubem, é polo seu bem, é poloseu bem”. Mui no fundo elasabe que apenas era polobem do patrom, do marido,do olho transversal do pa-triarcado. isto também éviolência machista. solida-

riedade com as vítimas, meuamor, solidariedade. Como recla-mo solidariedade comigo, outravítima dessa mesma violência.

Quando nom estamos perto, to-do o meu corpo brama por ti, co-mo nom escuitar-me? Convencé-rom-nos: “o meu corpo nom sabe,a minha mente si”. Todo o que tra-dicionalmente figérom as mulhe-res eram cousas desprezáveis, oúltimo na escala social. Na reali-dade, nem tam sequer está na es-cala social, é algo que nom podecontemplar-se, é o nom ser, o nomfazer. se queres luitar, luita por tefazer um oco num mundo de ho-mens onde a maternidade nomtem lugar, nom importa, tantotem. Nom luites por mudar o sta-

tus quo, por tornar visível o invisí-vel, por nomear as sem nome, porfazer o que nom é, o nada. isso éumha ameaça grande de mais.ainda ham cuspir que parecemosda “sección femenina”, quandode facto estamos a levantar umhabarricada anti-capitalista.

os cuidados nom podem ser ocentro da sociedade, nom pode-mos questionar a carência. a len-tidom nom pode ser um estilo devida, nom podemos parar a obso-lescência planificada. as entra-nhas nom som um bom juiz, nompodemos rachar com o senso co-mum. Bauman, Rodrigañez ou Fe-dericci podem escrever com a au-toridade da pluma, mas nós nompodemos fazer o que elas dim, is-so é imperdoável.

amor, confundim o meu cami-nho, tinha de ser um caminho deauto-ódio, de flagelaçom constan-te, de sofrimento e sacrifício. Maseu optei por um caminho de amorpróprio, de solidariedade, de ple-nitude e prazer. Haverá algo maisdesprezável neste mundo que um-ha mulher plena?

Respect me (us).Pd: Teu pai também quer parti-

cipar desta festa do amor. Haveráalgo mais deplorável? Um homemrebaixado a fazer tarefas de mu-lher! amar e cuidar, colo e mio-quinho, esse é o seu gram capital!Que ofensa para todo o seu géne-ro! Com certeza, quase é tam des-prezável como nós!

03oPiniomNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

oPiniom

Está inseguro alfonso Rue-da perante os méios. o vi-ce-presidente da Junta

anuncia que escapamos por umquase nada dumha “catástrofe”.

a raiz Grega katastrofein (de-balo universal) fora invocada commuita precisom pola agência UPiquando derrubaram as torres deManhattan. Na ocasiom que nosocupa, pola contra, nom falamosdumha trovoada de lume e ferrocimento que mata a 3.000 e con-gela a vida dum país, senom dummoço de 28 anos desarmado queandava pola devesa de Bugalhido.ouvirom bem: desarmado. a tro-pa que rodeou a devesa para de-ter a HMP, estava protegida comcoletes a prova de balas e armadacom rifles G36K que podem dis-parar 750 balas por minuto e vamdotados de mira ótica e de pontovermelho. Um Fiscal especializa-do em intervençom contra grupos

armados, dirigia a operaçom.despreza o nome da devesa emfavor do sistema descritivo deMarcial lafuente Estefanía paradescrever o lugar em que encer-rárom o detido: “vagava por um-ha zona de bosque”.

Rueda dava a roda em vilagar-cia, lugar entre os mais viçososdo País em armas ilegais, e esfor-çava-se por louvar o esforço béli-co dos oficiais do Estado contraum rapaz nom previsto de armasde fogo, fichado, vigiado desde háanos, de hábitos anotados e pre-vistos. a acusaçom, ainda nomprovada, de que HMP levava comel “três artefactos explosivos”nom se compara com a enverga-dura da operaçom. É um feito ob-jetivo que a palavra espanhola“artefato” priva de transcendên-cia qualquer descriçom e aindamais quando quem a projeta écargo público com preferênciaprotocolar.

o vice-presidente tem umha

personalidade atormentada, agó-nica no senso unamuniano.

Quando atravessa um martíriocénico coma o de vilagarcia pare-ce como se umha mosca verde lhepassear o espaço compreendidoentre o queixo e a raiz do trixémi-no. Nom é cativa responsabilida-de de entregar à prensa amiga ecrédula o nome, foto e domiciliodum cidadao de pleno direito eatribuir-lhe a intençom de cha-muscar vivos aos seus congéne-res. a acusaçom contra HMP su-cede a outras, nom provadas con-

tra conhecidos seus como a datenza delitiva dumha pota de va-por num domicilio viguês, há seismeses.

Na sua torturada comparecên-cia pública, Rueda também anun-ciou que com a detençom de HMPfora “descabeçado” o hipotéticogrupo identificado polo Fiscal co-mo conspiraçom de terror, mas ébem certo que em atuaçons pré-vias contra a mesma sociedadeacusada de marginal e delitiva, ocitado Fiscal Especial já senten-ciara no mínimo duas vezes o de-cepado capital. algum jornal ami-go do vice-presidente, desde po-siçons de profissionalismo nomsubsidiado, confirma que a cabe-ça “foi de novo descabeçada”.

No processo de intençons dacúpula do PP contra os que parti-cipamos das afirmaçons contidasno manifesto Resistência Galega,também procura protagonismo odelegado do Ministério do inte-rior, samuel Juárez, desfeito em

ditirambos sobre a agudeza doFiscal Especial e da tropa armadaque manda. o tal delegado temincapacidade provada para orde-nar intervençons de agentes ar-mados, depois de fazer rir até asgalinhas com o seu plano paramatricular eletronicamente a po-pulaçom cabalar do País, incluí-dos os que andam aventureirospola Groba. ou é que passou já orecordo da sua atlética e fracassa-da promessa de deter a todos osparticipantes na conspiraçom in-cendiária arboricida?

Rueda e Juárez conhecem semdúvida o último barómetro doCis, publicado há um mês, no quea preocupaçom polos abusos enecessidades do poder som muitosuperiores ao temor dos que pro-movem manifestos como o de Re-sistência Galega. o paro, a econo-mia, a sanidade, o proceder dosbancos, os recortes e presenciade incapazes no governo produ-zem alarma social. Catástrofe,vem dizer o inquérito, é ter o Paísgovernado por parvos.

Gustavo Luca é jornalista

Catástrofe é que governem parvosgustavo luca

Meu filho é um ser desprezávelolalha Barro e cristina cubeiro

o fiscal Especial jásentenciara duas vezes antes da detençom de hmp o “descabeçamento”do hipotético grupo

amor, confundim omeu caminho, tinhade ser um caminhode auto-ódio, de flagelaçom constante,de sofrimento e sacrifício. mas opteipor um caminho deamor próprio, de solidariedade, deplenitude e prazer...

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Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 201304 acontece

aconteceo grupo municipal do BNG de Bueu apre-sentará umha moçom para que a Junta pi-da ao governo do Estado espanhol a aboli-çom do uso das ‘pelotas de goma’ por parteda Polícia. o BNG pide que o concelho seadira à campanha “stop balas de goma”.

bnG aPresenta moçom contra as ‘Pelotas de Goma’

Quem for presidente da deputaçom deourense durante 28 anos, Jose luis Bal-tar, foi denunciado polo fiscal chefe deourense polas irregularidades na con-trataçom laboral de 115 pessoas. Baltarpediu a baixa de militância do PP.

jose luis baltar é imPutado

10.12.2012 / Máis de 200 pes-soas concentram-se em Vigopara pedir o indulto para DavidReboredo.

11.12.2012 / Afetados polas pre-ferentes ocupam a sede centralde NGB na Corunha.

12.12.2012 / Mercedes Veiga,perceveira, morre entre Baionae Santa Maria de Oia trás sufrirum accidente laboral e agardar40 minutos polo helicóptero deSalvamento Marítimo.

13.12.2012 / Dous independen-tistas elevam a quatro as saídasda cadeia desde o dia 10. A me-tade produzem-se tras quatroanos de condena e o resto traspagar 6.000 euros de fiança.

14.12.2012 / Conselharia de MeioAmbiente aprova a declaraçomde impato ambiental da mina deouro prevista em Corcoesto.

15.12.2012 / Umhas 3.000 pes-soas manifestam-se em Lugocontra a estafa das preferentes.

16.12.2012 / Esculca publica da-dos do governo espanhol se-gundo os quais 538 pessoascom origem ou residência naGaliza estám dispersas em ca-deias de fóra do país, 84 delasem prissom preventiva.

17.12.2012 / A.P.R., actualmentepreso na Lama, apresenta de-núncia contra funcionários docárcere de Teixeiro por torturas.

18.12.2012 / Centos de pessoasconcentram-se, convocadas

polo Foro Galego de Imigra-çom, perante a Subdelegaçomdo Governo de Espanha na Co-runha e as comisarias de Com-postela e Ferrol.

19.12.2012 / Pessoas afetadaspolas preferentes tomam o Par-lamento e obrigam a suspen-der a sessom de control.

20.12.2012 / Queimam duas am-bulâncias em Carral e Cerzeda,coincidindo com o começodumha nova greve.

21.12.2012 / Maria Matilde Here-ro Barcia, vizinha de Fene, é as-sassinada pola sua parelha, doque estava a se separar. O ho-me, Jesús Candido RodríguezPrado, suicidou-se a seguir.

22.12.2012 / Conselho da Advo-gacia Galega considera 'perso-na non grata' ao ministro deJustiça, Alberto Ruiz Gallardón.

23.12.2012 / Coletivo Fartas“despeja” o menino Jesus dobelém do Obradoiro (Composte-

cronoloGia

ROCIO FRAGA / Na Corunha exis-tem hoje dous Centros de Planea-mento Familiar (CoF). Entre osdous atendem mais de 150.000mulheres dentre 15 e 54 anos, eisso sem contarmos a populaçommasculina que também fai usodos centros. o CoF de Beira-Mar,que depende do Concelho e dosERGas, atende à populaçomdos concelhos da Corunha, olei-ros, sada, Cambre e Carral. Nes-ta área vivem 90.834 mulheresdessa faixa etária. o outro centro,o do ventorrilho, atende 61.674mulheres residentes em 32 con-celhos: Carvalho, Coristanco, zás,Cabana de Bergantinhos, a lara-cha, Malpica, Ponte-Ceso, arteijo,Culheredo, Cerzeda, see, Corcu-biom, Camarinhas, Mugia, vi-mianço, laje, Betanços, abegon-do, Bergondo, oza dos Rios, Cur-tês, vilasantar, irijôa, Paderne,Minho, vilar-Maior, aranga, Ce-suras, Coirós, dumbria, sobradodos Monges e Fisterra.

Para atender devidamente se-melhante número de pessoas, se-ria necessário no mínimo dotarum terceiro centro, como reco-mendam a Federaçom de Centrosde Planeamento Familiar e a or-ganizaçom Mundial da saúde.ocorrerá justamente o contrário.Hoje, havendo dous Centros, alista de espera de entre três me-ses e um ano. Com um só Centro,muitas mulheres serám forçadas,

as que puderem, a recorrer a umaconsulta privada.

Estes Centros ocupam-se daatençom imediata às interrup-çons legais de gravidez, da ins-tauraçom rápida e segura do mé-todo anticonceptivo, dos efeitosseus secundários e complicaçonse de darem atençom à problemá-tica afetivo-sexual e de casal. Etambém, e desde o início, famum trabalho de educaçom. asequipas de trabalho dos CoFsom um referente e tenhem feitomuito em benefício da saúde dasmulheres, com profissionalismoe envolvimento, resolvendo pro-blemas que, derivados da saúde

afetivo-sexual e reprodutivacomportam grandes problemade integraçom social.

o CoF do ventorrilho funcionadesde 1981 e conta com umhaequipa formada por profissionaisde diferentes disciplinas: um gine-cologista, umha enfermeira, umhapsicóloga clínica, umha trabalha-dora social -em Educaçom sexuale Planeamento Familiar-, e umhaauxiliar de clínica. se o ginecolo-gista nom fosse substituído, issopoderia levar ao encerramento doCentro e, portanto, à perda de umserviço único, pois o CoF de Bei-ra-Mar nom poderia assumir acarga de utentes que ficariam de-

satendidas, já que ambos estámatualmente sobrecarregados.

as equipas de trabalho come-çárom a interpelar o sERGas pa-ra que cubra a reforma do gine-cólogo. a resposta da instituiçomfoi um engano ante os meios, afir-mando que de duas vagas que fi-cavam livres por jubilaçom, co-bririam umha, que nom é a doCoF, mas dos serviços de mater-nidade. diferentes plataformas ecoletivos feministas continuaráma pressionar para que se mante-nham os centros em funciona-mento e com todos os seus servi-ços e também para impedir quese dê mais um passo no caminho

de fechar e desmantelar os servi-ços de saúde pública.

Trata-se dum serviço impres-cindível e que, ademais, é econo-micamente rendível, se é que as-sumimos o discurso dos gover-nos, estatal e galego, e medimos asaúde em termos economicistas,algo que, evidentemente, nom de-veria ser assim. os números fa-lam a favor de que nom só semantenham, senon que se refor-cem este tipo de serviços. Mas,mais umha vez, os ataques à li-berdade das mulheres através dorecorte nas suas liberdades se-xuais som os que dirigem este ti-po de medidas.

Novo ataque aos direitos sexuais ereprodutivos das mulheres na Corunha

Possível encerramento do ‘centro de orientación familiar’ (cof) do ventorrilho

CEnTRo dE ESPECiAlidAdES do Ventorrilho, onde se encontra o CoF

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

Mariam Ruiz que saiu em liberdade o dia 23 de dezem-bro, logo de 10 anos no cárcere por per tença aos GRa-Po, foi encarcerada de novo durante dous dias quandofoi renovar o seu dNi o passado 26. socorro Rojo inter-nacional denúncia que um auto de Garzón 'traspapeladoaté agora' ordenaria o ingresso em prisom de 23 pessoas.

encarceram de novo umha Presa aPós três dias de liberdade

o coletivo Fartas reivindicou o roubo do “neno Jesus”do belem da Praça do obradoiro com a intençom de de-nunciar a atual situaçom de despejos. depois de quedormisse numha caixa automática, o boneco foi de novopara o seu sítio. Fartas afirmou que a maioria social re-clamará "outra sociedade radicalmente igualitária".

roubam o “neno jesus” Para denunciar os desPejos

la) numha açom simbólica e rei-vindicativa. Aparece o dia 26num caixa automático de Conjo.

25.12.2012 / É localizado o ca-dáver dumha mulher em Artei-jo, com signos de violência.

26.12.2012 / Cementos Cosmosanuncia a intençom de despe-dir a 60 dos 74 trabalhadoresda empresa em Sárria.

27.12.2012 / Uns trescentos tra-balhadores públicos concen-

tram-se em Compostela contraos cortes.

28.12.2012 / Centos de galegosmanifestam-se contra os des-pejos nas principais cidades.

29.12.2012 / Estátua de ManuelFraga Iribarne em Cambadosamence pintada como Batman.

30.12.2012 / Navieira Mar deOns anuncia a supressom dametade dos trajetos Cangas-Vi-go nos fins de semana.

01.01.2013 / Morre Jaime PazosBalboa, arroiado polo seu tra-tor em Agolada.

02.01.2013 / Vizinhos de Lodeiro(Viveiro) celebram com umhasolta de balons o falho doTSJG que sentença a inexecu-tabilidade da demoliçom dassuas vivendas.

03.01.2013 / Alcaide de Santia-go, Ángel Currás, citado comoimputado na operaçom Poké-mon. Procuradoria querela-se

contra José Luis Baltar, ex pre-sidente da Deputaçom de Ou-rense, por prevaricaçom.

04.01.2013 / Novagalicia Bancopropom aos sindicatos o des-pedimento de 2.508 trabalhado-res até 2017 e o feche de 327escritórios.

06.01.2013 / AMPA da escolapública de Castrelo de Minho“seqüestra” um rei mago da ca-valgada local para exigir comoresgate o professor de primária

suprimido por suposta falta dealunado.

08.01.2013 / Carlos Callón, pre-sidente da Mesa pola Normali-zaçom Linguística, é absolvidoda falta de injúrias ao juiz Anto-nio Fraga Mandián.

09.01.2013 / Audiência Nacionalespanhola ordena o embargodo património dos ex directi-vos de Nova Caixa Galicia JulioFernández Gayoso e FranciscoJavier García de Paredes.

cronoloGia

NGZ / o Partido Popular (PP)proporá umha declaraçom ins-titucional do Parlamento da Ga-liza na que a câmara condene o“terrorismo”. assim o anunciouo partido no governo da Juntana manhá seguinte à detençomdo independentista HadriamMosquera, conhecido como‘senlheiro’ entre as suas amiza-des. o arresto tivo lugar na noi-te da passada terça 8 de janeirono município de ames, onde re-side o jovem. É a primeira vezque a detençom dum indepen-dentista motiva umha reaçompolítica deste tipo por parte do

partido no Governo.até o de agora, as detençons

de independentistas só motiva-vam palavras de denúncia con-tra os detidos e detidas por partedos partidos do regime, conde-nas que eram recolhidas na im-prensa mas que nunca fora leva-da ao Parlamento deste jeito.Com este movimento, o PP obri-gará os grupos da oposiçom, cu-ja principal novidade é a coali-gaçom eleitoral aGE (formadapor anova e Esquerda Unida) aaceitar ou rejeitar a condena ins-titucional “ao terrorismo em ge-ral e à Resistência Galega em

particular” que pretendem quefaga o Parlamento da Galiza.ao fecho desta ediçom, nenhumdos partidos da oposiçom figeradeclaraçons oficiais a respeitode que postura tomaríam de che-gar a se fazer a proposiçom doPP. se no passado o BNG costu-mava de se manter em silêncioou mesmo celebrar as deten-çons, como figera de ana Pon-tón numha entrevista na TvG,desta vez políticos da frente co-mo Rubén Cela manifestáromnas redes sociais a sua posturacontra a legislaçom “anti-terro-rista” baixo a que se efetuam as

detençons, ao entendê-la contrá-ria aos direitos Humanos.

Mas a proposta do PP parece irlançada contra a alternativa Ga-lega de Esquerdas (aGE), únicogrupo novo no Parlamento nestalegislatura. anova, a pata nacio-nalista da coaligaçom, já rejeita-ra outras detençons de indepen-dentistas por violar os direitosHumanos com a lei anti-terroris-ta. a outra pata de aGE, Esquer-da Unida, nunca se pronunciousobre as detençons de indepen-dentistas galegas. ao funciona-rem como grupo parlamentar, apossiçom de aGE frente à even-tual petiçom de condena terá queestar feita em consenso entre am-bas forças políticas.

Torturasao dia seguinte da detençom,quando a Guarda Civil sacou Ha-driam do seu domicílio para le-vá-lo à carrinha policial, o detidopôde berrar que fora torturadotanto no momento da detençomcoma no momento do registo do-miciliário: “torturáron-me nomonte e estám-me ameaçando!”.Este seria o segundo caso de tor-turas denunciado por indepen-dentistas recentemente, após asdetençons de Xurxo e diego emvigo no passado outono.

o juiz da audiência Nacional,Fernando andreu, decretou pri-som incondicional para o detidosem acusaçom de pertença abanda armada nem possessomde explosivos. o juízo poderiademorar-se até quatro anos emvirtude da legislaçom “anti-ter-rorista” obviando, assim, a pre-sunçom de inocência e manten-do o detido na cadeia sem ser jul-gado nem condenado por ne-nhum tribunal.

O PP força o Parlamento aposicionar-se ante a detençomdum militante independentista

hadriÁm mosquera ‘senlheiro’ denunciou torturas Por Parte da Policía

NGZ / Esculca apresentou recen-temente umha queixa perante adireçom de Teixeiro e a defenso-ría del Pueblo onde som denun-ciadas as deficiências desta pri-som, que qualifica como muitoprecárias. o deterioro das infra-estruturas foi umha das críticasemitidas polo observatório, jáque as celas de primeiro grau so-frem um total abandono. Este es-tado pode implicar consequên-cias para a saúde dos presos, queneste grau passam muitas horasfechados nelas. Para além disto,o cárcere nom conta com nen-gum tipo de programa de ativida-des, requisito obrigatório segun-do a legislaçom vigente. Por últi-mo, denunciárom também as ca-rências sanitárias a que som sub-metidos os presos, quem tenhemque aguardar muito tempo paraserem examinados e mais aindapara serem tratados por especia-listas como o psiquiatra.

Esculcadenuncia ascondiçonsdo cárcerede Teixeiro

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06 acontece Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

o presidente da Mesa pola Normalizaçom lingüística,Carlos Callón foi absolvido do juízo de faltas por injúriasao ex-juiz decano da Corunha, antonio Fraga Madián.Callón recriminou o juiz que defendera a legalidade deutilizar o topónimo “la Coruña”, incumprindo a lei deNormalizaçom lingüística que estabelece a toponímia.

absolvem a carlos callón

verdegaia apresentou umha campanha para as festas deNatal, para recomendar à cidadania que se abstivera decomer lagostins tropicais. segundo a entidade esta espé-cie contêm químicos, têm um grave impato ambiental eempobrece a economia local. os ecologistas optam porprodutos das pesquerias de baixo impacto no litoral.

camPanha contra os laGostins troPicais

Como nasceu a ODS-Coia?a ods nasceu a finais de 2007. aprimeira pata da oficina é que so-mos e vivemos em Coia. desdesempre nos vimos metidos num-ha forma de entender a vida des-de o comum. Estivemos tambemacompanhando a luita polo direi-to a teito da gente sem lar da ci-dade. Nesta lógica apareceu agente do Grupo de agitaçom so-cial (Gas) e também Baladre, co-mo coordenaçom de luitas contraa pobreza, a precariedade e ex-clusom social. Graças a eles co-nhecemos os pontos de informa-çom sobre direitos sociais, que es-tám feitos à imagem do de Bara-kaldo, de Berri otxoak, que nas-ceu no 97. Enredados com a gentede Gas e de Baladre lançamo-nos a abrir a oficina que basica-mente é um ponto onde informa-mos de jeito alternativo das aju-das sociais que existem, porqueentendemos que a informaçomque existe é mui escassa e mui in-teressada. depois essa informa-çom serve para denunciar a po-breza e a exclusom na que vive-mos umha maioria.

Que tipo de problemas enfronta-des na ODS? Há algum perfil con-creto da gente que vém onda vós?a oficina está aberta às segundasde 17.00 a 19.00. No último anohá cada vez mais gente. Há al-gumha que já passou polos servi-ços sociais anteriormente, mas oaumento vem pola nova pobreza.Estas pessoas venhem porque es-tivérom nos serviços sociais doConcelho e lhes dim que nom hácartos ou que esses serviços nomsom para eles. Umha pessoa queia apanhando-se pola sua conta ede repente vê que a cousa vai mal,no iNEM dim-lhe que nos servi-ços sociais lhe podem ajudar, masao achegar-se ali começa a fliparcom as respostas, por que lhe dimque nom há cartos, que como tem

família a sua família tem a obrigade manté-lo... Há muita gente quese achega aqui com essa história.Falo da gente nova nos serviçossociais. a velha vive controladapor umha miséria, a gente quepercebe a Risga tem um excessi-vo controlo da sua vida por 400euros ao mês.

A que te referes com que há umexcessivo controlo?Entendemos que os serviços so-ciais funcionam como um instru-mento de controle social dos se-tores mais empobrecidos queproduz o capitalismo. os serviçossociais nom fôrom muito mais alóda caridade. Por umha Risga ti tésque dar contas periodicamente aumha trabalhadora social, tésumhas exigências para um proje-to de inserçom que che obriga abuscar trabalho, a fazer cursos, anotificar os teus cámbios em cou-sas tam íntimas coma se alguémvive no teu domicílio ou deixa deviver. obriga-che a dares contasde quase toda a tua vida e sempre

por umha miséria. outra cousa com que topamos

com frequência é a gente que vémaos serviços sociais porque nompode pagar as faturas. o Conce-lho de vigo, como quase todos osConcelhos, tem umhas ajudaseconómicas para situaçons deemergência. Estas ajudas tenhemum regulamento, que tem que serpúblico mas o pedimos umha infi-nidade de vezes e nom no-lo dam,e tem umhas bases. o que nompode ser é que chegues aos servi-ços sociais e che digam que nomtés direito a nada. isso é mentira.

o orçamento dessas ajudas em vi-go o ano passado foi algo menorde 500.000 euros. agora mesmo oque está a passar é que a ajuda écomo um direito graciável à tra-balhadora social ou aos serviçossociais, que segundo como lhespareça se concede ou nom.

A ODS-Coia participou num es-tudo de viabilidade da RendaBásica das Iguais (Rbis) na Gali-za. Em que se basearia a viabili-dade desta prestaçom?dizemos que é viável porque en-tendemos que no mundo o di-nheiro existe, que haja dados deque 1 em cada 4 galegos seja po-bre nom é umha causa divinanem natural. o que queremos di-zer é que a riqueza existe, é nos-sa, e haverá que reparti-la. Fige-mos umha aproximaçom de co-mo poderia ser a implantaçom naGaliza da Rbis e falamos de quenuns 15 anos poderíamos estar acobrá-la. Propom-se fazê-lo emvárias etapas, começando por co-letivos mais vulneráveis. o di-

nheiro viria por três vias: atravésde umha maior fiscalidade paraas grandes fortunas, da elimina-çom de gastos inecesários nummundo com justiça social, e deque ao juntar-se todas as presta-çons na Rbis desapareceria todoo aparato burocrático atual.

Durante o trabalho de campo fi-gestes encontros grupais, entre-vistas... Quais eram os debatesque se abriam?a renda básica é um conceito quedá muito para falar. sempre al-guém di que é umha utopia, co-mo pode ser que vivamos sem tra-balho! Quando perguntas o queaconteceria se a gente cobra-se arenda básica, responde-se queninguém vai trabalhar, mas seperguntas ao revés: como fariastu com esses 879 euros? o normalé que a gente diga que seguiriatrabalhando, talvez cambiaria detrabalhos, mas trabalharia. Euparticipei no grupo de intensida-de das pessoas sem lar e serviupara destapar o que é trabalho eo que é emprego. agora mesmopara viver necessitamos ter umemprego, porque nom há outraforma base de ter ingressos, peroisso é umha maneira de organi-zar a vida que nom tem por queser assi. saem muitas cousas, evemos que a riqueza sim queexiste, que os cartos aparecempara humanizar ruas enquanto sedesumanizam vidas na cidade.

“os serviços sociais funcionam como umhaforma de controlo dos setores empobrecidos”

entrevista a dieGo lores, da oficina de direitos sociais de coia

A.L. / O bairro viguês de Coia é desde o seu nascimento um exemplo de luita co-munitária. Nos anos 60 albergou a mão-de-obra que emigrava a Vigo para traba-lhar nas factorias que apareciam na época. Há uns 5 anos, abriu as suas portasumha entidade que tem por objetivo combater a exclusom que se está a incre-

mentar tanto no bairro como na cidade: a Oficina de Direitos Sociais (ODS) deCoia. Este ponto de informaçom e denúncia recebe ao público na paróquia doCristo da Vitória, umha comunidade cristá seguidora dos postulados da teologiade libertaçom que acompanhou desde sempre as vizinhas na sua luita.

“acompanhamos aluita polo direito a

teito da gente sem lar”

“informamos de jeitoalternativo das ajudas

sociais que existem”

“a riqueza existe,é nossa, e vai haver

que reparti-la”

“Que 1 em cada 4 galegos seja pobre

nom é causa divina”

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07aconteceNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

Meio Rural vêm de publicar umha nota onde deixasem efeito as ajudas para o fomento de sistemas deproduçom de raças galegas autóctones. Estes cortesde 350.000 Euros ajudavam a manter a centenas deexploraçons. as ajudas beneficiavam famílias gana-deiras de zonas de montanha de lugo e ourense.

cortes de 350.000 euros a Ganadaria GaleGa

os trabalhadores denunciam o feche da seçom de info-grafia como umha nova medida para empobrecer ascondiçons e seguir com o gradual desmantelamento. aisto sumam-se os despedimentos do ano passado e a de-sapariçom da web. denunciam também o brutal aumen-to do desemprego na comarca.

PeriGa o diÁrio de ferrol

NGZ / Um novo informe da cam-panha internacional “Roupas lim-pas” vêm de acusar novamente ainditex (juntamente com 20 em-presas textis mundiais) pola si-tuaçom em que se acham as suastrabalhadoras na Índia. o infor-me é a segunda parte do que já sepublicou em 2011 por duasoNG's holandesas que investi-gam as empresas subcontratadaspolas que se confeciona a roupadas grandes marcas de moda.Neste informe destapa-se comonenas e adolescentes trabalhamem condiçons insalubres durantemais de 72 horas à semana porum salário de 0,88 euros ao dia, edo que só podem dispor quando

levem trabalhado entre 3 e 5anos, que ademais vai servir paraque paguem os seus dotes matri-moniais. Embora que inditex jáfai anos que trabalha com estasempresas na Índia, nom foi atémaio de 2010 quando abriu a suaprimeira loja em delhi, e a dia dehoje segue a abranger por todo oterritório da Índia.

Benefícios imparáveisos benefícios da multinacionalgalega seguem sem conhecer tei-to, com umhas ventas de 11.362milhons de Euros em 2012 e como seu fundador, amancio ortegano terceiro posto dos mais ricosdo mundo, com umha estimaçom

de 57 bilhons de dólares de patri-mónio. ademais foi o multimilio-nário que mais ganhou no 2012,com uns benefícios netos de22.000 milhons de dólares. a no-va estratégia financeira de indi-tex passou agora por desfazer-sedas suas siCav's mais importan-tes e voltar inverter no negócioimobiliário. Em junho do ano pas-sado adquiriu um prédio no cen-tro de londres por 192 milhonsde Euros e na última semanacomprou um céntrico prédio nazona mais cara de Barcelona por100 milhons de Euros. Na capitalcatalá no último ano, amancioortega têm comprado três pré-dios por 233 milhons de Euros.

Inditex volta ser acusada detrabalho escravo na India

as vendas em 2012 suPerÁrom os 11.000 milhons de euros

NGZ / o PP acaba de efetuarumha reforma na legislaçompara facilitar a repressom con-tra os usuários e usuárias dasautoestradas que se negam a as-sumir os pagamentos. Nos últi-mos meses, e perante o aumen-to continuado dos preços dasportagens, tinha-se gerado ummovimento espontáneo de pes-soas que nom estavam a dispos-tas a correr com este gasto, jáque em muitas ocasions care-cem de alternativas mais bara-tas. ante a proliferaçom destegrupo, que na atualidade supe-ra já as mil pessoas, foi emitidoum novo texto em que somequiparadas as denúncias doquadro de pessoal das empre-

sas privadas concesionáriascom as emitidas pola GuardiaCivil de Tráfico. as medidas re-pressivas incluem também ainstalaçom de cámaras de ví-deo-vigiláncia nas portagens ea imposiçom de multas entre100 e 200 euros.

os interesses das empresasprivadas continuam a ser defen-didos polo governo, apesar deautoestradas como a aP-9 teremsido amortizadas há tempo. osaumentos nos preços das porta-gens galegas, somados à alta doiva, situam a quantia fixada poraudasa em 18% mais cara que oano anterior, constituindo umdos aumentos mais importantesde todo o Estado espanhol.

Mudam a lei paraperseguir quem nompaga nas autoestradas

ACçoM dA CAMPAnHA de #Boikotinditex

na Corunha

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Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 201308 acontece

NGZ / o Governo galego acabade cortar neste ano metade dasajudas para retrovirais e medi-camentos que até agora se facili-tavam às pessoas doentes de si-da, segundo declaram fontes dasaúde. Como consequência dis-to, pode ser que doentes criemresistência à medicina (se estámvários dias sem a tomar), o quesignificaria que teriam de come-çar outra vez o tratamento todo.Existe, além disso, risco de as de-fesas do organismo enfraquece-

rem, o que pode levar a gravesenfermidades. Todo isto aconte-ce depois de que no mês de de-zembro o Comité anti-sida deourense denunciasse publica-mente que a Junta reduziu emmetade as ajudas do Plano Gale-go contra a sida (que se juntamao cortes do governo espanhol).segundo o Comité estes cortespodem favorecer a propagaçomda doença, “já que cada vez maispessoas recorrem a atividadesilegais para sobreviver”.

Ajudas paracombater a sidaficam em metade

NGZ / a conselheira de sanida-de, Rocío Mosquera vem deanunciar que já se topou umhasoluçom ao financiamento donovo Hospital de vigo e que embreve continuarám as suasobras. segundo a conselheira,um 40% do financiamento jánom vai correr a cargo da em-presa concessionaria, senomque vai-no garantir a Juntaatravés do Banco Europeu deinvestimentos e do instituto deCrédito oficial. Para a associa-çom Galega em defesa da sani-dade Pública, “isto supom que aobra computará como dívidapública, negando um dos argu-mentos da Junta que insistia

que ia ser com finançamentoprivado”. Remarcam ademais,que a isto há que adicionar os70 milhons de cânon anuais quehá que pagar às empresas con-cessionárias, no mínimo duran-te os vindoiros 20 anos.

Periga a continuidade do Centrode Alta Resoluçom do Morraçodesde a mesma organizaçomtambém denunciam que nos or-çamentos para este 2013, nom hánenhumha verba para o CaR doMorraço. segundo a Plataformaem defesa da sanidade Pública,este feito amossa mais umha vezos benefícios que repercutirámem Povisa, já que a populaçom

vai ter que ir ao Hospital de vigo,com os custos e tempo de movi-mento que isto significa. a vizi-nhança da comarca, tambêm de-fende o CaR do Morraço, já que“tem pleno sentido o seu funcio-namento como hospital sem ca-mas, para que os pacientes po-dam realizar todas as provas nomesmo dia sem necessidade demovimento”. ademais, assegu-ram que o Centro de alta Resolu-çom é umha necessidade numhacomarca que padece a discrimi-naçom de estar na Área sanitáriade vigo e “nom ter um hospitalpúblico de referência, mais as lis-tas de espera intermináveis e adeficiente gestom de Povisa”.

Conselharia de Sanidade assumirá o40% do gasto do Hospital de Vigo

centro de alta resoluçom do morraço em PeriGo

NGZ / vários profissionais doHospital da Costa de Burela (aMarinha), denunciárom a ne-cessidade da abertura de umhaunidade oncológica própria, jáque até o momento perto de 90pessoas da comarca som envia-das aos serviços dos hospitaisde lugo ou da Corunha. Estaspessoas som potenciais desti-natários de tratamentos de qui-mioterapia e radioterapia, osquais tenhem sérios efeitos se-cundários. No caso de que odiagnóstico de cancro seja con-

firmado, a estes pacientesaguarda-os a peregrinagem,por vezes semanal, para segui-rem o tratamento: 90 ou 120 mi-nutos de ida, aguardando mui-tas das vezes, por outros pa-cientes; e 90 ou 120 minutos devolta, com as complicaçons quecausa a medicaçom, como náu-seas, vómitos e mal-estar geral.

segundo profissionais docentro burelao, uns 130 mari-nhaos e marinhás devem sub-meter-se cada ano a este tra-tamento.

Doentes da Marinhapercorrem centos dequilómetros para a quimioterapia

HoSPiTAl GERAl dE ViGo

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09aconteceNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

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assinatuRa

NGZ / a plataforma pola defesade Corcoesto qualificou de “cha-puça” a declaraçom de impactoambiental (dia) que a Conse-lharia de Meio ambiente apro-vou para o projecto mineiro deextraçom de ouro que Edgewa-ter Exploration ltd tem em Cor-coesto. segundo expom a Plata-forma numha nota de imprensa,a dia assume o Estudo de impa-to ambiental (Eia) apresentadopola empresa e, ainda que reco-nhece a existência de habitatsprotegidos no âmbito da explo-raçom mineira, nom se estabele-cem para estas nenhum tipo deproteçom especial. Por outrabanda, denuncia-se que no Eiade Edgewater nom se catalogá-rom muitas das espécies ani-mais especialmente protegidase que tampouco existe um estu-do do impacto socioeconómicoque a atividade mineira provo-cará na zona. a Plataforma de-núncia que toda a tramitaçomdo projeto estivo cheia de errose incorreçons. a associaçomecologista adEGa alertou tam-bém sobre umha fraudulenta ca-

raterizaçom dos refugalhos, quefôrom considerados pola diacomo “nom perigosos”, quandocontariam com milhares de to-neladas de arsénico ou cianeto.

Para alem disto, a sociedadeGalega de História Natural fijopúblico um informe do institutode investigaçons Marinhas e da

Universidade de vigo em que seassinala que a exploraçom mi-neira vai agravar a atual conta-minaçom por arsénico daságuas do rio anlhons, podendocontaminar o seu esteiro até ní-veis inaceitáveis para a saúdehumana e a conservaçom doecossistema ambiental.

Emitem declaraçom de impactoambiental à medida da multinacional

NGZ / aproveitando a lei Geralde sanidade, de 1986, a Juntatenciona ocupar as camas queestám a ficar vazias nos geriá-tricos, por mor do seu alto pre-ço, as mais das vezes, para se-rem ocupadas por pessoasusuárias de centros psiquiátri-cos de longa estancia, quer di-zer, por gente que leva nestescentros décadas. Neste proces-so, segundo conta o diário ma-drileno El País na sua seçom pa-ra Galiza, a intençom é “exter-nalizar” 145 pessoas do Centrode Conjo, em Compostela.

antes, em 2011, uns 26 anosapós a aprovaçom desta lei, queinaugurava o processo de inser-çom social das pessoas usuáriasde centros psiquiátricos, pre-vendo o progressivo desmante-lamento dos centros, a Junta fe-chava os psiquiátricos de Toéme Castro. as pessoas que naque-la altura nom puderom voltarpara as suas casas, a andares tu-telados, a umha pensom ou aumha residência de pessoasmaiores, fôrom ingressados nasunidades de agudos criadas noshospitais de Pinhor, para as pes-soas de Toém; e de Calde, paraos usuários de Castro. Proxima-mente, o processo será repetidono centro de Rebulhom, em vi-go, onde ainda ficam meio cen-tenar de pessoas internas, cujo

translado está à espera, segun-do a Junta, da abertura de umterceiro complexo de saúde pú-blico. Quando isto acontecer, sóficará o psiquiátrico de Conjoaberto, mas reduzido apenas àparte residencial. Já durante oano 2012, abandonárom o cen-tro um centenar de pessoas, ehá quase outro meio centoaguardando por umha vaga emresidências ou centros de pes-soas maiores. Esta“externaliza-çom” individualizada, tem emconta a capacidade económicade cada pessoa, quer dizer, asua pensom ou a existência deaforros com que, em teoria, de-veria pagar a sua vaga no cen-tro ao que for trasladado.

Levam para geriátricospacientes afetados pordoenças psiquiátricas

o Partido Popular deu mais um passo para permitir que a conces-som da fábrica da empresa papeleira ENCE continue na Ria de Pon-tevedra até 75 anos mais do previsto. o projeto de lei de Costascontará com umha emenda do partido que ocupa o governo do Rei-no de Espanha, esta resta-lhe poder de decissom às autonomias eoutorga-lho à administraçom do Estado que, deste modo, tem a últi-ma palavra sobre as prorrogaçons das grandes indústrias que seatopam no litoral. desta forma, seria labor da comunidade autóno-ma elaborar um informe ambiental, mas o Estado poderia desesti-má-lo alegando “motivos de interesse geral”. a associaçom poladefesa da Ria de Pontevedra, que leva mais de 20 anos a lutar con-tra a situaçom do complexo Ence-Elnosa em lourizám, assinalaque fica clara qual é a postura do PP no tocante ao futuro da Celuso-sa, cuja concessom se esgotaria no ano 2018.

Estado decidirá sobre apermanência de Ence

continua a batalha social e judicial contra a mina de corcoesto

NGZ / o Governo galego anun-ciou no dia 12 de dezembro queadjudicava um contrato de por-taria para a augas de Galicia àempresa iman Corporation por63.000 euros. Nas cláusulas téc-nicas da contrataçom, a Juntaespecifiva que precisará deduas pessoas para trabalhar nosescritórios da empresa emCompostela por umha prolon-gaçom de 15 meses. segundo aCiG-administraçom, se esta

mesma contrataçom fosse feitacom pessoal próprio (categoriade ordenança laboral numero5), o custo dos serviços seria de45.000 euros. Como a CiG di “seisto acontece num contrato deportaria, o que nom aconteceráem privatizaçons mais avulta-das?”. o sindicato nacionalistadenuncia estes contratos bene-ficiam os empresários à custade piorar o serviço e as condi-çons de trabalho do pessoal.

Junta paga maispor subcontratas

PSiQUiáTRiCodE Conjo

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10 acontece Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

aGro

Cada certo tempo ressurge o de-bate acerca do emprego detransgénicos na agricultura,quase sempre promovido por in-teresses comerciais, grupos delobbies, mas também por aca-démicos com relevância mediá-tica. Desta vez foi Mark Lynas,divulgador cientifico britânico,que fijo umha fervente defesados OGM na conferência anualde agricultura realizada em Ox-ford a começos de Janeiro.

P.V. / dentro de poucos meses de-ve ficar pronta a nova Políticaagrária Comum que traçará as li-nhas mestras da agricultura até oano 2012 para os estados mem-bros da UE. Quanto aos transgé-nicos, todo indica que continua-rám a imperar as mesmas regrasque já se venhem empregando naPaC atual; moratórias cada vezmais laxas com cada nova propos-ta da indústria para regular orga-nismos, e autorizaçom de ensaioscom novas modalidades transgé-nicas. Umha fonte próxima aoNovas que participou numhareuniom de contato com altos fun-cionários das intituiçoms euro-peias para comunicar propostasdesde a Galiza para incluir na no-va PaC, entre elas a proibiçom to-tal das culturas transgénicas nonovo quadro legislativo, afirmaque a resposta dos funcionáriosfoi rotunda, “é completamente im-possível considerar essa opçom”.

Neste contexto dilatado de ne-gociaçons aparecem as pressons

mediáticas na defesa dos transgé-nicos. os grupos de lobbies nompoupam esforços para conseguiro que querem com multidom deargumentos.

O fim do movimento anti-OGMo argumento central dos grupospró-oGM é que o movimento anti-oGM nom tem qualquer funda-mento científico que o sustente co-mo postura política ambientalistae contrária aos transgénicos. as-sim, em 3 de janeiro, o conhecidoambientalista e divulgador cientifi-co britânico Mark lynas intevéuna Conferência anual de agricul-tura de oxford, começando por di-zer: “antes de mais, quero pedirdesculpas; desculpas por ter esta-do durante muitos anos arrancan-do campos de culturas transgéni-cas, por ter ajudado a começar omovimento anti-oGM e assim de-monizar umha importante opçomtecnológica que pode ser empre-gada em benefício do ambiente”.

Na conferência, lynas analisaos argumentos em contra dostransgénicos e tenta refutá-los,porém sem citar estudos concre-tos. Pede também que o Estadointervenha para ‘liberalizar’ aspatentes de sementes transgéni-

cas e assim estender a grande es-cala a agricultura oGM.

Na sequência destas declara-çons o debate dos transgénicosvoltou ao primeiro plano, porémdesvalorizado polos pró-oGM.lynas pretende tirar toda racio-nalidade ao discurso dos anti-oGM para assim mostrar que aposição do movimento antitrans-génico é apenas uma questão decrenças crenças e já nom paga apena voltar a considerar mais osmesmos argumentos acientíficos.

Umha luita para decidirapesar deste embate mediático,os argumentos do movimentocontra os transgénicos continuamplenamente vigentes, assentandona maioria dos casos também naciência. Por exemplo, um estudorecente do departamento de obs-tetrícia e Ginecologia da Universi-dade de sherbroke no Quebequemostra a detecçom da Toxina Bt,empregada em transgénicos, em93% das mulheres grávidas no to-tal da amostragem. E ainda, outroestudo, do King’s College schoolof Medicine de londres, mostraque as plantas transgénicas quasenada tenhem contribuído para mi-norar o emprego de nitrogénio ououtras emendas que contribuempara o efeito estufa.

Neste começo de ano, um deba-te fundamental para a agriculturavolta a cena pública, e mais vivoque nunca, ao contrario do queafirmam os defensores da bio-tec-nologia e dos transgénicos.

Reconhecido ambientalista deixaluita anti-OGM para dizer quesom a soluçom ao efeito estufa

mar

O setor marisqueiroafronta o seu mês dejaneiro mais difícilMortandade e escasseza de bi-valves, sumado à crise, po-nhem contra as cordas um se-tor que na Galiza emprega amais de 10.000 trabalhadores.

A. DIESTE / o setor do maris-queio na Galiza é um pilar semo qual nom pode entender-se aeconomia de grande parte dasvilas costeiras do pais. som3.970 empregos na modalida-de de a pe (em mais de un 95%,ocupados por mulheres) e há2.585 embarcaçons, mais dametade da flota pesqueira ga-lega, que tenhen pemex, per-miso de exploraçom, para ma-riscar a flote. Estamos a falar,logo, por volta duns 10.000 em-pregos diretos. Cifra à que háque somar os indiretos e indu-cidos, desde factorias conser-veiras ate fabricantes de apa-relhos para a tarefa.

Um setor tam fulcral está aenfrontar o pior início de anodesde há dêcadas, como reco-nhecen profssionais e agrupa-çons do setor. Un cenário quevêm somar-se a um 2012 emque os dados de facturaçom eingressos já mostram as dificul-dades deste setor.

a campanha de livre maris-queio poderia pechar em zonascomo os lombos do Ulha (naRia de arousa e onde cada cam-panha faenam ate 500 embarca-çons ao dia) quatro meses antesdo previsto. os motivos: a mor-tandade de marisco, sobre todoberberecho por mor de riadas eumha praga, e a escasseza deoutras espécies.

“isto nom é de um dia para ou-tro. Há responsabilidades clarasda situaçom, tanto no que atingea desleixo na luita contra a con-

taminaçom das águas ate na fa-lha por parte da Junta de umhamínima planificaçom do maris-queio. apostárom polo simples,mentres colhades, todo bem,sem a mínima preocupaçom po-lo futuro”. Quem assi fala é umranheiro da Ria de arousa, comanos de experiência às costas.

da mesma opiniom som pa-tróns maiores e agrupaçons se-toriais: “imos ter que pecharquatro meses antes a campanhaporque nom há marisco. os pre-ços vam polo chao. E os milhei-ros de pessoas que trabalhamosnisto, que fazemos? imos a ou-tras artes? sim, mas entom ha-verá sobreexploraçom das mes-mas, como o bou de vara”.

Entre os pósitos mais críticoscom a gestom da Conselharia doMar com o livre marisqueio estáa de Povoa do Caramiñal. o seuresponsável, Manuel Maneiro,tem denunciado que a Junta sedesetendia da necesária planifi-caçom e profissionaldiade nagestom dos bancos marisquei-ros, por interesses de pósitosamigos. Maneiro critica que pormor dessa postura da adminis-traçom, “o marisqueio non estea,e mais en época de crise, sendoum motor de emprego e ingres-sos na costa galega”.

a uE atualizará na nova política agráriacomum a política referente aos ogm

dizem que o movimento antitransGénicos morreu

lynas tira toda racionalidade ao

discurso dos ánti-ogm

Em 2012 os dadoseconómicos mostramdificuldades no setor

denunciam que aJunta desatendeu agestom marisqueira

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11aconteceNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

economia

A.L.R. / o jornal estado-unidenseThe Wall Street Journal asseguraque o Estado espanhol empregouo Fundo de Reserva da segurançasocial para investir em dívida so-berana. segundo esta publica-çom, o Executivo espanhol teriaempregado esta reserva comocompradora em última instânciados bonos do governo, sendo estaumha operaçom que pom em ris-co o funcionamento deste fundocomo garante das pensons. as-

sim, teria-se investido polo menos90% do fundo de 65.000 milhonsde euros para investir numha dí-vida espanhola com altos riscos.

o Fundo de Reserva da segu-rança social está destinado a ga-rantir a cobertura de prestaçonscontributivas em épocas de criseeconómica. a maior parte destefundo está investida em dívida pú-blica, embora no ordenamento ju-rídico do Fundo se estabeleça queapenas se poderia investir em ele-

mentos “de alta qualidade credití-cia e alto nível de liquidez”. Querdizer, já o próprio Fundo nasceupara mover-se nos lamacentos cir-cuitos financeiros. Por outra ban-da, segundo indicam os meios es-panhóis, nos meses de setembro edezembro, o Governo espanhol ti-vo que colher em ambas as oca-sions algo mais de 3.000 milhonsde euros do Fundo de Reserva pa-ra diversas despesas relacionadascom a segurança social.

Imprensa internacional di que oFundo da Segurança Social estáinvestido em dívida espanhola

A.L.R. / a patronal dos empresá-rios espanhóis continua a pro-por publicamente um aprofun-damento nas políticas neo-libe-rais com a finalidade de preca-rizar cada vez mais o mercadode trabalho. Tanto a CEoE co-mo a CEPYME (a patronal daspequenas e médias empresas)querem criar um novo contratopara a juventude que teria co-mo referência o salário mínimo

inter-profissional, que na atuali-dade é de 645,30 euros mensais.

Esta nova proposta, se for le-vada à prática, irá agravar a ex-ploraçom laboral sobre um dossetores que mais está a padeceras dificuldades da crise econó-mica: metade dos jovens meno-res de 25 anos nom tem traba-lho na Galiza (dados do iNE) emuitos jovens estám a emigrarou voltam à casa dos pais.

Empresários querempagar à juventude o salário mínimo

A.L.R. / Em finais de 2012 haviano nosso país 278.787 pessoasdesempregadas, mais 2.251 re-lativamente ao mês de novem-bro. Estes dados indicam a Gali-za é a Comunidade autónomaonde mais subiu o desempregoem dezembro, que na média es-tatal desceu. a taxa de desem-prego cresceu quase em 8% em2012 e outras 20.553 pessoas vi-

nhérom juntar-se ao exército dedesempregados. Um incremen-to alarmante para a CiG, quedenuncia também que nos or-çamentos da Junta para 2013nom se articulam medidas deapoio aos setores produtivosque ajudem a umha recupera-çom económica, o que certa-mente que nom contribuirá pa-ra melhorar as cousas.

O ano 2012 deixa20.000 novas pessoasno desemprego

A.L.R. / Nas últimas semanas,as pessoas burladas com aspreferenciais tenhem intensi-ficado os seus protestos. aocupaçom de sucursais bancá-rias, para forçarem as entida-des a negociar e a que lhes de-volvam do dinheiro, é umhadas açons mais praticadas. as-sim está a ser na Costa da Mor-te (em Carvalho), na cidade daCorunha, em Compostela ouem muitas comarcas de vigo,onde desde há vários meses equase há concentraçons e pro-testos quase diários. duranteos protestos, as sucursais fi-cam praticamente paradas e jáhá trabalhadores que come-

cem a notar o desgaste. as rei-vindicaçons estám a medrar,justo quando as pessoas afeta-das estám a ver que mui pro-vavelmente vam perder boaparte dos seus aforros. assimo anunciou a Comissom Euro-peia, que pediu como condi-çom para a ajuda bancária asquatro entidades nacionaliza-das (entre as quais NovaGali-cia Banco) que penalizem comperdas aos titulares de dívidasubordinada e participaçonspreferenciais. Neste sentido oBanco de Espanha estimouque as perdas para os clientesde NovaGalicia Banco, serámdentre 30% e 70%.

Intensificam-se osprotestos sobre as preferenciais

A.L.R. / os tam anunciados contra-tos com a multinacional Pemex pa-ra construir dous floteis nas intala-çons da Navantia e da Barreras quedurante a campanha eleitoral oatual presidente da Junta apregooucomo um grande êxito voltam àatualidade mediática e política de-vido à incerteza sobre a sua execu-çom. segundo informaçons apare-cidas no digital Praza Pública, des-vendou-se recentemente que foiumha filial da empresa mexicana,PMi Norteamérica sa, que reali-

zou os contratos com a Junta acor-dando manter em “estrita confi-dencialidade” para nom pôr em ris-co a estratégia da filial para se as-segurar a sua contrataçom no con-curso que se realizará nos próxi-mos meses. ou seja, tocara-lhe aoconselho da Pemex Exploraçom eProduçom decidir se opta por estesnavios, num processo em que osdous floteis encarregados na Gali-za concorrem com outros projetos.segundo informaçons que apare-cérom nos meios empresariais já

no passado mês de setembro, senom fossem aceitas pola petroleiramexicana estes poderiam ser ar-rendados no mercado. deste mo-do, a “estrita confidencialidade” deque se fala no acordo poderia estarrelacionado com o concurso na Pe-mex e a possível concorrência quePMi Nasa teria que defrontar. al-guns dos partidos da oposiçomparlamentar, como o PsdeG ou oBNG, criticárom a opacidade e oespectáculo oferecido na campa-nha eleitoral com estes contratos.

Incerteza sobre os contratos com aPemex para a construçom de flotéis

obriGam a fechar sucursais

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DANIEL R. CAO / Nos dias finais dojá passado 2012, o EzlN voltou to-mar as ruas de Chiapas em protes-ta pola desatençom às suas de-mandas por parte do recentemen-te escolhido governo de EnriquePeña Nieto. Milhares de indígenaszapatistas vestidos com os seustradicionais passa-montanhas,marchárom e tomárom de formapacífica e silenciosa as cinco prin-cipais cidades de Chiapas, numhademonstraçom de que o movi-mento zapatista “está mais vivoque nunca”. a data escolhida temum claro significado, a declara-çom da selva lacandona em quese declarava a guerra ao Estadomexicano foi um 1 de Janeiro, di-versas mobilizaçons silenciosaspercorriam as localidades chiapa-necas. Mas também aproveitáromos zapatistas o 15 aniversário damatança de acteal, onde gruposarmados assassinárom a sanguefria a 45 indígenas, e a nova eramarcada polo calendário maia. Nofim do ato a voz do subcomandan-te Marcos assegurava: “ouvem? Éo som do seu mundo que se derru-ba, e o do nosso que ressurge. odia que foi dia era noite, e noite se-ra o dia, no que será o dia”. Nosdias seguintes à reapariçom dosubcomandante houvo umha olea-da de críticas por parte de váriossetores da direita mexicana, mes-mo chegárom a diagnosticar-lheum cancro. Marcos respondeu-lhes com as suas missivas carga-das de humor. Finalmente numhacarta do 31 de dezembro e para co-memorar os 19 anos do levanta-mento de 1994, o subcomandanteassegurava que “nestes anos for-talecemo-nos e melhoramos signi-ficativamente as nossas condiçonsde vida. o nosso nível de vida é su-perior ao das comunidades indíge-

nas afins ao governo, que recebemesmolas e som seduzidos com ál-cool e artigos inúteis”. acabavalembrando que “se o PRi nuncamarchou, nós muito menos”.

Reestructuraçom das comunidadesNos seus comunicados advertemestarem dispostos a continuarcom a sua agenda insurgente, re-jeitando os intentos de negaçom esilenciamento levados a cabo po-los diferentes aparelhos dos Esta-dos, do próprio exército aos meiosde comunicaçom do país, que nosúltimos tempos referírom diversasnovas em relação à suposta desa-pariçom dos zapatistas. de aí queumha das palavas força nos seuscomunicados seja “nós nunca nosfomos”. isto é devido, segundomeios próximos aos indígenas, aum processo de reestruturaçomdas comunidades pois, nom se po-de esquecer, os ataques a estassom contínuos.

a volta à agenda original doEzlN, deve-se à rutura dos chama-dos acordos de san andrés, assina-dos polo ex-presidente Ernesto ze-dillo, neles comprometia-se ao reco-nhecimento constitucional dos di-reitos e da cultura indígenas, acor-dos que agora fôrom rotos por PeñaNieto. o fato de tornarem as mobili-zaçons também é devido às promes-sas realizadas por parte do PRi, par-tido que ostenta o governo e do qualformam parte tanto zedillo comoPeña Nieto, em que afirmavam queesses direitos seriam restauradoscom a sua volta ao governo. Precisa-mente é um facto como este o queprovoca que os comunicados doEzlN procurem recordar de novoaos políticos mexicanos as promes-sas que fôrom realizadas, mas dei-xando claro que nom procuramalianças com nenhum deles.

aliás, umha das chamadas aopovo mexicano e aos movimentossociais de dito país, consiste no re-lato dos ataques cometidos por Pe-ña Nieto nas suas anteriores res-ponsabilidades. Principalmenteduas que som ressaltadas como asmais graves. a primeira, que tinhaoutorgado responsabilidades aWilfrido Robledo Madrid, que no

seu dia fora o encarregado da to-ma policial de san salvador aten-co, e que é tristemente recordadopola ordem dada aos polícias, ecumprida, de que durante a tomase levassem a cabo violaçons sele-tivas a mulheres indígenas. E, a se-gunda, a polémica detençom deignacio del valle no mês de maiodo ano 2006. del valle era um des-tacado dirigente do Frente de Pue-blos en defensa de la Tierra.

Repressom continuadaNo ultimo ano a Junta do Bôm go-verno (as assembleias a partir dasquais som organizadas as basesdo EzlN) tem denunciado insis-tentemente a perseguiçom e en-carceramento de vários dos seusmembros por parte do governo.assim denunciam que na zona donorte de Chiapas os paramilitarese a segurança pública do estado,

tenhem levado umha campanhade roubos, deslocamentos, intimi-daçons e despejos das suas comu-nidades e terras ancestrais de for-ma continuada. Especialmente nacomunidade de Unión Hidalgo,onde os paramilitares chegárominclusive a disparar e atemorizaras habitantes para poder ficarcom as terras cultivadas com mi-lho. Noutra comunidade zapatis-ta, as denúncias venhem dos des-troços de umha loja de artesania emais da construçom de umhaponte para comunicar várias fin-cas de terratenentes numha zonaonde há restos de tumbas maias.

O futuroa nova legislatura apresenta-secaldeada no Estado de Chiapas,dado que a insurgência prometecontinuar as suas mobilizaçons,mas desta vez acrescenta um no-vo objetivo, vislumbrado tambématravés dos seus comunicados, aaçom sobre as instituiçons. destemodo, chama aos governos locaisdo Estado chiapaneco a disponi-bilizar os seus recursos para agestom coletiva, para assim alcan-çar maiores taxas de bem-estarpara os seus administrados e, so-bretodo, maior justiça social.

o que já pode ser afirmado éque os zapatistas continuamadiante com a sua particular for-ma de fazer política, já seja a tra-vés da sua retórica, oscilandosempre entre o poético e o discur-so revolucionário mais contun-dente, ou no seu modo de encenaro conflito, já que na sua “reapari-çom” tomárom a decisom de or-ganizarem marchas massivas po-las principais cidades do Estadode forma silenciosa e portandopassa-montanhas a maior partedos assistentes.

Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 201312 internacional

o zapatismo volta lançar umha mensagem ao governo mexicano polo reconhecimento dos seus direitos

Ezln volta sair à rua 19 anos depois do levantamento inicial

a terra tremeestÁm disPostos a continuar com a aGenda insurGente, rejeitando os intentos de silenciamento

tenhem denunciadoperseguiçons e

encarceramentos

os paramilitareschegárom a disparar-para ficar com terras

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E. MARAGOTO / Chico César defi-ne-se como artista militante e asensibilidade político-socialdele emerge em cada conver-sa, em cada cançom. É natural,ele nom nasceu rico, como amaior parte dos artistas brasi-leiros que conhecemos, e sócom oito anos já conseguiu oprimeiro emprego num dos es-tados mais pequenos do Bra-sil, a Paraíba, ainda que já sesaiba que quem di pequeno noBrasil quer dizer de tamanhomédio deste lado do Atlántico:ocupa tanto como duas Gali-zas. O seu êxito internacionalchegou pola mao de temas quelogo se tornárom verdadeiroshinos afroamericanos como‘Mama África’ ou ‘Respeitemmeus cabelos, brancos’. Nanossa terra, umha música com-posta por ele (‘Pensar em vo-cê’) tem soado mais na voz deDaniela Mercury ou de UxíaSenlle, com quem o Chico vi-nhera pola primeira vez à Gali-za na ediçom inaugural de Can-tos na Maré. A este festival vol-tou agora para comemorar odécimo aniversário do encon-tro lusófono. Desta vez com-partilhou cartaz com o por-tuense Rui Veloso, o moçambi-cano Cheny Wa Gune e a gale-

ga Sés, mas estivo acompa-nhado por muitos outros músi-cos em Ponte Vedra: Dani Black(Brasil), Paulo Borges (Açores),Berg (Portugal), Sérgio Tannus(Brasil) ou a própria Uxía Senl-le. Nós fomos buscá-lo à Casadas Crechas, onde já é tradicio-nal que uns dias antes da festase faga um encontro de artis-tas lusófonos. Falou-nos nomapenas como músico, tambémcomo político brasileiro, poisagora detém um cargo culturalno seu estado natal.

Como vias a Galiza primeiro ecomo vês agora que sabes dela?ao conhecer um lugar da Espanha

que nom falava espanhol, que fala-va português, fiquei muito curiosoe quando cheguei entendim: elesnom som espanhóis, som galegos.Tenhem umha língua: dançam nes-sa língua, cantam nessa língua, vi-vem nessa língua. Confirmou paramim que a Espanha é umha abstra-çom autoritária e sentim-me muipróximo dos galegos, porque a lín-gua que falam é umha língua muitopróxima da língua que falam os ve-lhos do interior falam, que meu paifala: é umha língua que troca o jotapelo xis, por exemplo.

Para um artista com sensibilida-de político-social como tu, a quecontinente achas que é preciso

estarmos mais atentos?É importante estarmos atentos àEuropa. admitirmos que o capita-lismo faliu, o capitalismo resultoumal, nom pode produzir tantascoisas inúteis para tanta genteútil. as pessoas precisam de coi-sas para o dia-a-dia e o capitalis-mo produz mercadorias e maismercadorias. os trabalhadoresnom possuem tanto como paracomprar tanto produto e tu nompodes comprar todos os anos umautomóvel, umha máquina de la-var, uns sapatos; nós nom precisa-mos disso. Precisamos de comer,amar, dormir e isso nom é o capi-talismo; o capitalismo é só consu-mir. Entom, nós devemos olharpara a Europa e ver que isso deuerrado: o capitalismo falhou.

Entre a socialdemocracia euro-peia, a evoluçom do Brasil gozade grande admiraçom. Tu achasque se está a tornar um país maisjusto desde o governo de Lula?Um pouco, mas precisa muitomais. Porém, os movimentos so-ciais nom podem entregar o seudestino a governos. devem apenasformatar cousas que já nom estámna rua, que já nom dá para seremseguradas por mais tempo. os mo-vimentos sociais existem para con-quistar novas cousas. o Brasil ain-

da nom fijo umha reforma agráriadecente: muitos camponeses bra-sileiros vivem sem terra.

Antes comentaste-nos que o Bra-sil é um país muito autossufi-ciente musicalmente. Achas quea Lusofonia em geral e a Galizaem particular tenhem cabimentonesse continente musical?os ícones da música brasileira,Chico Buarque, Gilberto Gil... de-vem levar a lusofonia para o Bra-sil. Eles podem dizer: “a lusofo-nia é importante”, nom apenas co-mo umha referência a um poucode Cesárea Évora, um pouco de...Como se chama esta cantora defado portuguesa?

Amália Rodrigues.... um pouco de amália. Nom! Éimportante levar Cabo verde etambém a Guiné Bissau, mas nomsó como umha idealizaçom, se-nom como algo concreto.

O que representa para ti a Cantosna Maré no âmbito da Lusofonia?Cantos na Maré é a lusofonia tor-nada realidade: Moçambique,Cheny Wa Gune, angola, Portu-gal, Rui veloso, a Galiza, Uxía, é arealidade do que se canta lusofo-nicamente no mundo, e isso inte-ressa-me muito.

JOSÉ ANTOM ‘MUROS’ / o Povosamaracca é um descendente di-reto dos antigos escravos cimar-roes da zona fronteiriça entre osuriname e a Guiane que no sé-culo Xvii-Xviii escapárom carao interior do mato deixando asplantaçons em fugas e grandesrebelions coletivas. a sua confor-maçom fijo-se na luta contra osseus antigos amos integrando-see simbiotizando-se à nova terra,criando com a integraçom nela ea sua herdança de múltiplos po-vos da África, a sua própria cul-tura, a qual se mimetizava comos rios e com o denso mato tropi-cal e lhes permitiu livrar contra o

poder colonial da coroa holande-sa umha guerra de liberaçom du-rante uns 100 anos. Este conflitorematou no ano 1762, ano emque os Paises Baixos assinam umtratado com os chefes do povosaramacca onde se lhes reconhe-ce a sua liberdade e competência"nos seus próprios assuntos"; umséculo antes da libertaçom dosescravos da colónia, este povo foiconquistado.

os saramaccas, com umha po-pulaçom atual dumhas 180.000pessoas, vivírom em liberdade atéos anos 20 do século passadoquando os poderes exteriores co-meçam a penetrar no seu territó-

rio. Este período até os anos 80nom foi com todo o mais duro dasua história. Nos 80 depois da in-dependência do suriname, (ex-colónia) o governo golpista-mili-tar cobiçava as terras e os mine-rais do povo saramacca, rejeitavao seu autogoverno, a propriedadecomunal da terra para além dotrabalho em mao-comum. duran-te dez anos com milhares de refu-giados e com a entrada da explo-raçom mineira, tráfico de drogas,jogo... aos samaraccas nom lhesquedou mais remédio que tomaras armas novamente. Nom foi atédepois da entrada do governo de-mocrático quando começou a

cambiar a situaçom: os líderes dopovo saramaca apelárom à Co-missom interamericana de direi-tos Humanos reclamando justiçapara governarem a terra, isto foia meados da década dos 90. aCorte interamericana de direitosHumanos emite no 2007 umhasentença que lhe outorga nom sódireitos coletivos sobre a terrados seus antepassados e antepas-sadas para além da exploraçomdos recursos naturais (rios, ma-deira, terra, minerais...), senomque também blinda o seu sistemacomunitário. Esta histórica sen-tença foi um precedente para to-dos os povos cimarroes e indíge-

nas das américas.Estas povoaçons afortunadas

pese às dificuldades permitem-nos mostar-lhe ao mundo umhaherdança orgulhosa de comuni-dade: Haiti, primeira república deescravos libertos (1804) do mun-do contra o poder francês; nas res-tantes Caraibas onde comunida-des pretas e misturadas resaltamsua herdança africana, os seusidiomas crioulos. Num Brasil on-de fôrom reconhecidos até o deagora mais de 2.000 quilômbosherdeiros das comunidades afri-canas originárias com proprieda-de comunal da terra e do trabalhoe serviços coletivos.

13internacionalNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

vivêrom em liberdade até os anos 20 do século passado quando os poderes exteriores começam a penetrar no seu territórioPovos

Saramaccas e afrodescendentes na América

“a Espanha é umha abstraçom autoritária e sinto-me muito próximo dos galegos”

chico césar, oriGinÁrio do brasil, é o autor da PoPular cançom ‘mamÁ África’ e amiGo da Galiza

“devemos olhar para a Europa e ver que isso deu errado: o capitalismo falhou”além minho

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14 a denÚncia Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

a denÚncia vidal-pardo é apoderado solidário da sucursal inmobiliária de Bankia

XAVI MIQUEL / O artigo 4.d daLei de incompatibilidades dosaltos cargos da Junta explicitaque as compatibilidades comatividades públicas som a re-presentaçom nos conselhosde organismos ou empresascom capital público e de enti-dades de direito público, cummáximo de pertencer a dousconselhos. Cum baleiro legalque representa a estas com-patibilidades, o Secretário Ge-ral de Meio Rural, FranciscoJosé Vidal Pardo y Pardo tem,polo menos, dez cargos em di-ferentes conselhos de admi-nistraçom de empresas públi-cas e mesmo nalguma imobi-liária como Bankia Habitat.

vidal Pardo foi nomeado secreta-rio Geral da Conselheria do Mar o23 de abril de 2009 com a entradado novo governo na Junta de Fei-joo e no 2012, com a restrutura-çom do governo, mudava para sersecretario Geral Técnico da Con-selheria do Medio Rural. Cedo, co-meçarom-lhe caer vários cargoscomo vogal em varios conselhosde administraçom, tais como nasociedade Pública de administra-cions de Galiza, a Comissom su-perior de Urbanismo, a autorida-de Portuaria da Corunha, Portosde Galiza, o instituto Tecnologicopara o Control do Meio Marinho(iNTECMaR), o Fondo Galego deGarantia agrária, a agencia paraa Modernizaçom Tecnológica daGaliza (aMTEGa). Também estadentro do Patronato Fundaçomsemana verde e realiza atos comoponente. ademais, segundo o re-gistro mercantil, é apoderado soli-dário de Bankia Habitat (a sucur-sal inmobiliária do banco resgata-do) e entre 2009 e 2011 foi tam-bém apoderado solidário de ‘Ci-sa, cartera de inmuebles sl’, acarteira inmobiliaria do antigobanco unido a Bankia, Bancaja.assim as cousas, embora a lei deincompatibilidades é ambíguaneste campo, vidal Pardo tem po-lo menos dez postos na adminis-traçom de entidades públicas e éumha pessoa que leva a polêmicadetras dende a sua entrada comojurista na Junta em 2004.

Punta CaiomUm dos temas mais controverti-dos é o que envolve a ampliaçomdo porto de Caiom (laracha), va-

lorada em mais de 7 milhons deEuros e cumha amplitude de 2,5quilometros quadrados que se vaientrar no mar. Em setembro dopassado ano, a fiscalia da sEPRo-Na começou a investigar umhadenúncia apresentada pola asso-ciaçom de vizinhos Punta da sen-

reira de Caiom e a Plataforma po-la defensa do setor MartitimoPesqueiro da Galiza (Pladesema-pesga), contra Conselheria deMeio Rural, o Concelho de lara-cha e a empresa Portos de Galicia,sobre os riscos meiombientais daampliaçom do porto. Neste senti-do a denúncia, que foi considera-da por Bruselas e lhe pide ao esta-do que o investigue, tambémaponta a vidal Pardo, como secre-tário geral da conselharia e comovogal da empresa Portos de Gali-cia. a parte dos graves efeitosmeioambientais do novo porto(que iria mar adentro e que a se-gunda fase da ampliaçom esta pa-rada) também se denunciam ondefôrom a parar os fundos europeiosrecevidos para a obra ou a revalo-rizaçom dumha zona adjunta aampliaçom que pertence a Con-

fraria. ademais também denun-ciam que o projeto real nunca foiposto a exposiçom pública e quedespois que se pedira, por parteda vizinhança nom houvo contes-taçom a traves do silêncio admi-nistrativo.

Contratos com bancosMais aló da possível incompatibili-dade de ser vogal da Comissiomsuperior de Urbanismo e ter umposto numha entidade bancaria,em boa parte das grandes ofertasdestes organismos, as empresasganhadoras tenhem representa-

çom bancária. No caso de Bankia(antigua Bancaja) desembarcouna Galiza coa noticia que ia inver-tir uns 50 milhons de euros naconstrucçom do maior veleiro detres paos do mundo, que se estabaa construir em Marim a traves daFactoria Naval. Finalmente a in-versom foi para a estaleira (e nompara o velero) conjuntamente comoutras entidades bancarias. Tam-bém é notável a entrada de Bankianum dos projetos estrelas da Jun-ta como é o novo Hospital de vigo,onde na parte financeira a entida-de bancária está integrada dentrodo grupo Concessia Cartera. ou-tros casos som os das concessionsda autopista da Costa da Morte oua de transporte Transmonbus, asduas participadas polo capital deNovaGalicia Banco. dentro de sPiGalicia umha das grandes benefi-ciarias das contrataçons é Taboa-da y Ramos, empresa de lalim emoi relacionada coa familia Cui-nha. Também cumpre destacarque entre as beneficiarias das con-trataçons da secretaria Geral, estásivsa-soluciones informáticas,que recebeu 163.000 euros por umcontrato de atualizaçom das equi-pas informaticas das confrarias depesa. Nesta empresa foi presiden-ta até março do ano passado, Ma-ria victoria vázquez, responsávelademais da carteira industrial deNovaCaixaGalicia, e que tinha umsoldo de 538.460 euros ao ano.

O Secretário Geral do Meio Rural ostentadez cargos de vogal em vários conselhos

a lei de incomPatibilidades só Permite a Pertença a dous órGaos deste tiPo

Entrou na conselhariado meio Rural graças

à amizade pessoalcom alfonso Rueda

vidal Pardo naceu no ano 1973 em lu-go, mas a educaçom universitária fijo-a em Madrid, na catolica e elitista Uni-

versidade Pontificia Comillas. licenciado co-mo avogado abriu um despacho em lugo epouco despois entrou como funcionario naJunta sendo letrado do gabinete jurídico naCorunha e em ourense no serviço Galego desaúde (sERGas) e finalmente foi assessor ju-rídico do Jurado de Expropiaçom de Galiza.Nos últimos meses, vidal Pardo saiu a pales-

tra, junto coa sua mulher, Cayetana CastroRial (que é directora Geral da assessoria Jurí-dica Geral da Junta), já que lhe foi entregadodas mans do Hipercor de Marineda City (aCorunha) um carro de produtos basicos comvalor de 300 euros, num programa para fami-lias necessitadas. ademais segum publicou oXornal de Galicia, a entrada de vidal Pardo naConselharia de Medio Rural foi umha apostapessoal de alfonso Rueda devido á amiçadeque desde há tempo mantenhem Rueda e a es-

posa de vidal Pardo, Cayetana Castro. No arti-go defende-se a politizaçom da assessoria daJunta, entre outros, coa parelha já que os doussacarom a oposiçom em 2004, sem ter moitaexperiência jurídica. vidal Pardo, foi-se fazen-do um homem forte de Feijoo, quando com amudança de governo dijo que o seu anteriorjefe, Jose vicente alvariño, cercano a Touriño,lhe ocultara informaçom à sua esposa sobre orecurso de Pescanova contra a denegaçom daautorizaçom para a planta de Tourinhám.

José Vidal-Pardo, um homem para todo

é notável a entradade Bankia num grandeprojeto da Junta comoo novo hospital de vigo

a controvérsia cresceucom a ampliaçom doporto de caiom, que

valeu mais de 7 milhons

tem sido polémicodesde a sua entrada

como jurista na Junta

FRAnCiSCo VidAl-PARdo, no centroda imagem, secretario geral técnico da

Conselharia do Meio Rural e do Mar

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15a exameNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

a exame inaer também é responsável pola gestom das brigadas helitransportadas contra incéndios

M.B. / Nos termos do acordo subs-crito pola Junta, em cinco anos, asaeronaves passarám a ser proprie-dade da firma da família Fernán-dez de sousa-Faro, que controlamais de 70% do negócio dos heli-cópteros no Estado espanhol atra-vés do grupo inaer inversionesaéreas. assim, Fernández de sou-sa-Faro compra e por um preço desaldo (metade do que custárom) oPesca 1 e o Pesca 2 com base emvigo e Celeiro, respectivamente.deste modo, o País perderá osseus meios aéreos de resgate, jáque os dous Helimer operativospertencem ao Ministério do Fo-mento espanhol.

a decisom do PP de vender osdous helicópteros modelo sikors-ky s-76 C+ foi mui criticada polaoposiçom, já que a Junta receberá13,7 milhons por uns aparelhosque fôrom adquiridos nos EUa hásete anos por 27 milhons de eu-ros, sendo conselheiro das PescasEnrique lópez veiga e cuja hipo-teca com o Banco santander sesaldou em 2010.

Mas o trato preferente para comesta empresa nom acaba aqui,pois, com efeito, nom se vê afeta-da polas sucessivas reduçons or-çamentais de Feijóo e os fundosdestinados a salvamento maríti-mo com helicópteros aumentá-rom um milhom e meio de eurosanuais. de facto, o custo da con-cessom elevou-se na última adju-dicaçom em outubro de 2012 atéultrapassar os seis milhons de eu-ros por ano. Com o regresso do PPa sam Caetano, em 2010, a quan-tia já montara até cinco milhons,superando os 4,6 do contrato queo bipartido PsoE-BNG herdou doGoverno Fraga.

Incumprimento de contrato?as relaçons entre a inaer e o ser-vizo de Guardacostas de Galiciasom tam velhas como a fundaçomdeste serviço dependente da Con-selharia das Pescas, em 1995, poriniciativa lópez veiga. desde en-tom, a Helicsa – filial da inaer –tem recebido mais de 100 milhonsde euros por participar na gestompara adquirir aeronaves. Entre-tanto, este conglomerado empre-

sarial acumula mais de 20 expe-dientes sancionadores da avia-çom Civil e inspeçom do Traba-lho, segundo denunciam sindica-tos e associaçons profissionais.

agora vê melhorado o contrato,trás ganhar um concurso públicoem que foi a única concorrente;cousa estranha, visto tratar-sedumha convocatória de ámbitoeuropeu. a gestom do serviço es-tatal de salvamento também foiatribuído afinal à inaer. afinal edepois de a empresa recorrer aostribunais, porque no início o Go-verno espanhol selecionara outraempresa. aqui, na Galiza, desdeque o serviço lhe foi adjudicado, aHelicsa começou logo a recortar.assim, em plena campanha doNatal, suprimiu as guardas pre-senciais, que porém tivo de resta-belecer depois de morrerem vá-rias pessoas no mar.

o caso mais grave foi o afoga-mento dumha percebeira em oia,que estivo à mercê das ondas maisde 45 minutos à espera do helicóp-tero do aeroporto de Peinador,sendo que o tempo de respostamáximo que estipula o contratopúblico é de 10 minutos. a Juntalimitou-se a anunciar que investi-gará se a empresa incumpriu ascondiçons do acordo, já que quan-do ocorreu o sinistro tinha sus-

pendidas as guardas presenciaisnas bases e optara por um siste-ma de guardas localizadas, supos-tamente após o abandono de vá-rios pilotos para trabalharem noestrangeiro.

Irregularidades no processoEm 1990, pouco antes de ser no-meado conselheiro das Pescas,lópez veiga promove a criaçomdo serviço de Busca e salvamen-to, que mais tarde seria o serviçode Gardacostas de Galiza. Juntoao seu sucessor no departamentoautonómico, Juan Caamaño —, fi-lho de Francisco Caamaño Gon-zález, coronel do exército fran-quista que chegou a ser alcalde deFerrol e vice-presidente da CaixaGalicia e do Celta de vigo—, re-

crutam o viguês Fernando Novoa,ex-oficial da armada espanhola epiloto de helicópteros de salva-mento que trabalha para a Juntacomo assessor marítimo. Novoaconvence Fraga para importar omodelo da sociedade estatal desalvamento e segurança Maríti-ma (sasemar).

as irregularidades marcárom oprocesso desde o início. assim, talcomo informava o Novas da Gali-za no número 37, os dous primei-ros diretores-gerais da sasemarna Galiza (José Álvarez Álvarez eEmiliano Martín Bauza) chegá-rom ao cargo depois de serem de-mitidos do serviço de vigilánciaaduaneira (sva) polas suas rela-çons com contrabandistas e nar-cotraficantes. o primeiro, recen-temente falecido, chegaria a pre-sidir à sogama.

a gestom do serviço foi desde ocomeço um suculento negócio pa-ra as empresas, como no caso daadquisiçom de meios aéreos, quese deixou nas maos da Helicsa.Novoa detém o cargo de conse-lheiro-delegado e à cabeça da hol-ding está Manuel Fernández desousa-Faro, o presidente da Pes-canova, com 21% das açons. Masa família em conjunto é dona de50% dos títulos através da empre-sa de material ferroviário Transfe-

sa, anteriormente presidida porquem hoje é o máximo responsá-vel da inaer, antonio domínguezGarcés, casado com umha das ir-más Fernández de sousa.

Contactos com a Casa RealFontes empresariais consultadaspor esta publicaçom confirmá-rom que a empresa de helicópte-ros adquiriu os seus primeirosaparelhos na Noruega entre osque fôrom dados de baixa emtrabalhos de assistência a plata-formas petrolíferas (os chama-dos seaking). Trata-se de apare-lhos obsoletos, faltos da tecnolo-gia e dos elementos necessáriospara resgates no mar (sistemasde posicionamento, gruas...). Éum negócio redondo já que a He-licsa recebia depois das adminis-traçons umha quantia anual porcada um deles, sistema que lhepermitia recuperar num só anotodo o capital investido.

as origens da Helicsa remon-tam ao ano 1965. Na página webda empresa explicava-se que nas-ce por iniciativa de Eduardo saa-vedra –que viria a ser piloto doatual rei espanhol– e com a ajudaeconómica das galegas Ucomar ezeltia. Mas as relaçons da famíliaBourbon com a empresa iriamalém e nom falta quem tenha atri-buído a d. Juan Carlos mediaçonsjunto do rei norueguês em favorda empresa do seu piloto. Pessoasdo contorno de Fernando Novoaconfirmárom que o empresário faiostentaçom da sua amizade comd. Juan Carlos, com quem teriapartilhado viagens em helicópte-ros da Junta.

a inaer, da família ProPrietÁria da Pescanova, retoma Guardas Presenciais aPós vÁrias mortes no mar

Empresa que monopoliza salvamento marítimopor ar ganha mais enquanto precariza o serviço

A Junta blindou o monopólio do salvamento marítimo com meios aéreos naGaliza adjudicando-o à Inaer Helicópteros Offshore, pertencente à famíliaproprietária da Pescanova, que gere o serviço desde que foi instituído e quedesde há pouco passou a controlar também as brigadas helitransportadascontra incéndios. O PP volta a favorecer empresas 'amigas' para privatizar

serviços em situaçons vantajosas já que o contrato, que foi engrossado atésuperar os seis milhons de euros anuais, permitirá à empresa adquirir duasaeronaves por metade do preço. A melhora da concessom coincidiu comcortes no serviço, como a eliminaçom das guardas presenciais, que fôromrestituídas após vários acidentes mortais no mar.

a família fernández desousa-faro recebeu100 milhons com a

compra de helicópteros

inaer ganha mais deseis milhons por ano

polos meios aéreospara o salvamento

os seus primeiros helicópteros foram

antes dados de baixa na noruega

desde que obtivo aconcessom da Juntainiciou umha políticacontinuada de cortes

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Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 201316 em anÁlise

há 110 expedientes doutros tantos casos ligados à galiza, emque supostamente se cometeu um delito de detençom ilegalem anÁlise

Conhecemos a existência dos ca-sos de bebés roubados meados osanos 2000, através das históriasdalgumhas famílias que soubé-rom, após muitos anos de oculta-mento, da existência dum filho,dumha filha ou dum irmao. o rou-bo de crianças acabadas de nas-cer e a sua posterior venda come-çou nos anos 50, nos cárceres dotardo-franquismo ou a jeito de re-presália, nas casas republicanas.Mas esta miserável prática, desen-volvida sobretodo pola igreja,continuou mantendo-se durantedécadas por todo o Estado espa-nhol, indo, para além das famílias“roxas”, às mais desfavorecidasou empobrecidas. Também se re-gistárom casos na Galiza, ondemesmo há dados da venda decrianças a começos dos anos 90.

após os anos do pós-guerra, aigreja, através de curas, freiras, mé-dicos ultras e mesmo juízes e advo-gados, seguiu a meter mao nos ber-ces, enganando maes e pais, e pre-parando as faturas para as novasfamílias. Mas desta volta o roubo debebés fijo-se de maneira mais sub-til, naqueles hospitais ou casas deacolhida que geria a instituiçom,mas também longe das suas redes,se produzia, ao mesmo tempo, emclínicas privadas e hospitais públi-cos. as maes costumavam, acaba-das de parir, escuitar dos lábios dummédico ou dumha freira, que o re-cém-nado nom tinha vida. Por ve-zes, a dor, a vergonha, a raiva... nomlhes deixava abrir a caixa que lhesera entregue, ou a idade ou a situa-çom social -na sua maioria, eramaes solteiras, com poucos recur-sos-, nom lhes ajudavam a reagirante o doutor ou a monja que as en-ganava e manipulava para ficarcom a criança, e depois introduzi-laem redes ilegais de adopçom. Nomé mais que a velha história do rico,do poderoso, a aproveitar-se dequem vive na pobreza, daquelasmulheres enganadas, desprezadas,apartadas da sociedade por pariremsoas, sem um homem ao carom.

Há pouco tempo que se souboda existência deste mercado escu-ro que demandava crianças paraserem compradas e vendidas, masa força do movimento associativo

daqueles nenos e nenas, que agorajá som homens e mulheres, e da-quelas maes, que começárom a sejuntar, e contárom a sua história,obrigou a Fiscalía a atuar.

A força do movimento associati-vo: SOS Bebés Roubados Galizaa associaçom sos Bebés Rouba-dos Galiza começou a atuar for-malmente na primavera de 2012.segundo contou a este jornal a suapresidenta, Estrella vázquez, an-tes nom tinham umha associaçomprópria, senom que participavamda coordenadora estatal, “masnom saíamos na imprensa, e pare-cia que na Galiza nom havia casos,por isso decidimos dar o passo”.Na atualidade, tenhem 110 expe-dientes doutros tantos casos liga-dos á Galiza, em que supostamen-te se praticou um delito de deten-çom ilegal. Há três casos que já fô-rom admitidos a trámite pola Fis-calia Geral da Galiza, mas nom édoado começar um processo emque se precisam tantas provas edocumentaçom.

segundo contou vázquez, nasua associaçom assessoram as pes-soas sobre os passos que devem se-guir e a documentaçom de que pre-cisam: vários advogados revisamos casos, e se há indícios de delito,começam com a denúncia, en-quanto o laboratório colaboradorfai as provas de adN necessárias.Nom se trata dum processo fácil,

denunciam em sos Bebés Rouba-dos, porque muitas vezes encon-tram impedimentos, habitualmen-te dos hospitais onde os nenoseram apanhados: o antigo HospitalMunicipal labaca, hoje sede doCentro oncológico, o Materno-in-fantil e o CHUaC, na Corunha; ouo Nicolás Peña, o Geral e o Hospi-tal da Cruz vermelha, em vigo;Montecelo, em Ponte-vedra; e al-gumhas clínicas privadas, entreoutros.

a maior parte dos casos,ficamosa saber , registárom-se no sul daGaliza. “Temos umha cheia de ca-sos dos 60 aos 70, e mesmo um ca-so de 1989, com fatura! Umha ne-na: pagárom por ela 200.000 pese-tas”, diz Estrella vázquez do outrolado do telefone, assinalando dire-tamente para a freira Josefa Garcíaveiga, gestora da chamada CasaCuna de vigo, que era quem assi-nava a maior parte dos documen-tos alegais de adopçom no sul, as-sim como muitos dos falsos certifi-cados de falecemento das crianças.Mas tamém está a implicaçom devários profissionais médicos, longeda influência da igreja.

Monjas, dinheiro e fitas de vídeoGarcía veiga era umha monja daCasa Cuna de vigo, agora denomi-nada Fogar santa isabel que estápor trás de, polo menos, duasadopçons ilegais. aqueles pais pa-ra quem “conseguia” crianças, co-

mo se fossem umha mercadoria,pagavam-lhe durante anos, ago-chando a transaçom em “doaçonspara a congregaçom”.

García veiga, já retirada, foi, em2004, superiora Geral da congre-gaçom “siervas de la Pasión” -comlares em vigo, Barcelona, valència,Yaoundé (Camarons), Querétaro eCelaya (México)-, mas, apesar deaparecer a sua assinatura mesmoem faturas de compra e venda,nunca falou do tema. o pouco quedixo sobre os casos dos nenos rou-bados foi ante as cámaras de gra-vaçom do documentário Torneu-

me el fill! Els nens robats del fran-

quisme, emitido no espaço Sense

Ficció da televisión pública cataláem 2011. Na fita, a monja de vilar-devós (vale de verim), assinalanumha estranha divagaçom: “Nomme entra na cabeça desvendar na-da. Que te mates agora a dar voltasinutilmente para mim é umha per-da de tempo, de verdade”. Nom sa-be, nom lembra que foi o que a le-vou a colher cativos num lugar, evendé-los noutro. Mais para Estrel-la vázquez a cousa está mui clara:

“podo dizer com a boca cheia queera todo um negócio, que era polodinheiro. Por isso colhiam os pe-quenos das famílias pobres, e da-vam-nos às famílias ricas”. Com es-te sistema, asseguravam-se déca-das de mantimento para os laresonde continuavam a receber mu-lheres grávidas.

Mas do outro lado da trama es-tám os pais e maes a aguardar polofilho encarregado. Por vezes, contaEstrella vázquez, os pais adopti-vos nom som conhecedores daprocedência do bebé, mas a maiorparte das vezes, sabem de ondevem. dum jeito mui pragmático,vázquez lembra que começarem asair na imprensa ajudou-lhes mui-to, “porque sempre se pensou queisto nom acontecera na Galiza,mas quando começárom a ler so-bre nós, a gente começou a falar”.Porque se conta um segredo tamgrande? Tam doloroso? Estrella es-tá certa: “toda pessoa às portas damorte confessa os pecados”, e porvezes, ver que outras pessoas an-dam na mesma, ajuda a falar. “aogalego custa-lhe contar os segre-dos, reconhecer que levava umhacaixa baleira. Conheço o casodumha mulher que sabia que nomlevava o seu cativo na caixa, quenom morrera, mas até o de agora,muitas décadas após, nom deu opasso de o buscar”.

À dor e à depressom pola perda,une-se a incerteza e o medo. Mui-tas das vezes, quando Estrella vaidar a notícia dum positivo nas pro-vas de adN, encontra-se com si-tuaçons complicadas: pessoas quesabem dumha nova família ou quese dam conta de que os seus paispagárom por elas. “Muita gente fi-ca bloqueada”, assinala vázquez,mas recalcando que dar o passomerece a pena. “Há gente choran-do ante umha tumba na que nomhá nada, e desenterrando velhasdores, enquanto decide se exumarou nom”. Mas quando lhe pergun-tam pola necessidade de dar o pas-so, apura muito ao falar para dizerque se maes, filhos, irmaos... te-nhem dúvidas, que nom o pensem,que se ponham em contato com asassociaçons, porque “nom lhescusta nada”.

as crianças comPradas na Galiza a exame

A mao rica mexe no berce, a mao pobre enterra a caixa

por umha nena comprada no ano

1989 pagárom200.000 pesetas

a monja Josefa garcíaveiga era quem assinava

a maior parte dos documentos alegais

há gente chorando ante umha tumba em

que nom há nada, edesterrando velhas dores

ANTIA RODRIGUEZ / Por vezes mesmo havia faturas de com-pra e venda das crianças. Monjas, matronas, ginecólogos,notários e pais adoptivos estavam implicados numha tramaalegal de adopçons patuadas que começárom no franquis-

mo serôdio, e se estendêrom até bem entrados os 90. Ta-mém na Galiza há casos, centos deles, segundo conta nes-ta reportagem Estrella Vázquez, presidenta da associaçomSOS Bebés Roubados Galiza.

AnTiGA RESidênCiA SAniTáRiA AlMiRAnTE ViERnA EM ViGo

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17crónica GrÁficaNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

Recolhemos as imagens do mês na galizafotografias de galiza contrainfocrónica GrÁfica

o MEninHo jESúS Foi SEQüESTRAdo do obradoiro polo coletivo Fartas, em protesto polos despejos. Antes de ser

liberado posava assim com o nGZ

TRABAlHAdoRAS E TRABAlHAdoRES do Hostal dos Reis Católicos,

em greve polo ERE de Paradores

CEnToS dE PESSoAS saírom à rua na Galiza -na imagem,

em Compostela-, em protesto polo en-carceramento de Hadriám Mosqueira

A SiMBóliCA QUEiMA doS FACHoS na noite de lume novo fixou o ponto de partida

para que no CS A Revolta começassem a pesquisa e investigaçom desta tradiçom

o APAlPAdoR VolToU baixar do monte para percorrer as vilas e cidades do País. na imagem, a gente do

Centro Social Fuscalho acompanha o gigante

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18 em anÁlise Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

em anÁlise a Junta manifesta-se “aberta” a instalar na galiza esta técnica,altamente agressiva para com o ambiente e a saúde pública

X.R.SAMPEDRO / o 'gás de xisto' é adenominaçom que se dá a peque-nas formaçons de gás, com formade 'lascas', no meio de camadas derochas sedimentares. ao contráriodo que acontece com as grandesbolsas de gás natural, que som ex-ploradas em estruturas extrativasde escala industrial, a ideia por trásda exploraçom do gás de xisto é ade inçar o território de dúzias depequenas estruturas para 'aprovei-tar' a riqueza do subsolo.

o processo consiste em abrirum poço que penetre na terra unsquatro quilómetros. Este poço ra-mifica-se em poços horizontaisque medem também alguns quiló-metros. Por esses poços introduz-se a pressom, empregando umhamistura de água e areia, que vaiprovocar artificialmente a 'fratura'que dá nome ao processo. a pres-som nas fendas dentro dos depó-sitos de rochas sedimentares re-benta esses depósitos, fazendodesmoronar os estratos de rocha,as bolsas de gás libertam-se poçoacima, e som recolhidas pola es-trutura deste em superfície.

ora bem, nem umha só das fa-ses do processo tem demonstradona prática ser segura e/ou inócuapara o ambiente e a saúde huma-na. o que pode ser apresentadocomo um processo simples e pura-mente físico, trai consigo umha sé-rie de implicaçons químicas e geo-lógicas verdadeiramente graves.

Poluiçom por químicosa questom fundamental, génesede riscos posteriores, é que estatécnica emprega produtos quí-

micos nocivos. o que as empre-sas nom dim é que, para maximi-zarem ganhos e provavelmentecomo única maneira de fazeremrendíveis as exploraçon, essaágua e areia que som injetadasnos poços contenhem misturasde químicos que servem para es-boroar a rocha mais rápido. a es-te respeito, o último relatório doParlamento Europeu, de outubrode 2012, recolhe os resultados daanálise de fluidos empregadosem fratura hidráulica na alema-nha: “todos [os fluidos de fratu-raçom] contenhem químicoscom quocientes de risco por ci-ma significativamente de 1, oque indica que esses químicossom críticos do ponto de vista to-xicológico”. E ainda, que “esfor-ços em investigaçom e desenvol-vimento substancialmente maisavançados vam ser necessáriosantes que umha fraturaçom hi-dráulica sem químicos tóxicospoida ser possível”.

Este relatório confirma resul-tados semelhantes aos verifica-dos por cientistas independentes(os que conseguem situar-se forado campo de poder do lobbyenergético), e que constatam aincidência de “toxinas agudascomo o 2-butoxietanol”, “oitosubstáncias classificadas comocancerígenas conhecidas, comoo benzeno e a acrilamida, o óxi-do de etileno e vários solventes àbase de petróleo contendo subs-táncias aromáticas”, “sete classi-ficadas como mutagénicas”, e“cinco classificadas como tendoefeitos sobre a reproduçom”.

assim, ficam em nada as ale-gaçons com que porta-vozes e

agentes de relaçons públicasdas empresas do setor atribuema contaminaçom denunciadapolos movimentos sociais esta-do-unidenses à desregulamen-taçom e más práticas. Era nessalinha que se pronunciava em de-zembro a 'Plataforma shale GasEspaña', lobby do setor para oestado espanhol. Numha confe-rência de imprensa, o seu repre-sentante Juan Carlos Muñoz di-zia que a atividade podia ser“compatível” com a proteçom doambiente e que a legislaçom es-panhola é “das mais garantistasda Europa”.

o qual é como nom dizer na-da. Pois Muñoz nem mencionouos químicos tóxicos nem as con-clusons dos relatórios da EU,que consignam que “nom existeumha análise completa e deta-lhada disponível publicamentedo quadro regulamentar euro-peu relativo à extraçom de gásde xisto”, e que o quadro “relati-

vo à fraturaçom hidráulica, queconstitui o elemento central daextraçom de gás de xisto, apre-senta diversas lacunas”.

Radioatividade e lumeE, como resume a UE, “evitar osquímicos tóxicos nos fluidos nomevitará todos os riscos relativos aorefluxo desses fluidos para a su-perfície, pois virám misturadoscom águas que amiúdo contenhemsubstáncias nocivas”. o efeito ime-diato da fraturaçom artificial de ro-chas na libertaçom de partículasradioativas é dificilmente controlá-vel polas empresas extratoras. aspartículas de uránio, rádio ou ra-dónio (este especial e perigosa-mente presente em solos galegos),ao desintegrarem-se em metais pe-sados, contaminam com facilidadeaquíferos subterráneos e águas su-perficiais. a curto prazo, a conta-minaçom ameaça os trabalhado-res em contato mais direto com es-ses metais. a curto e meio prazotoda a gente estará a consumir me-tais pesados através das águas con-taminadas. a consumir e acumu-lar, dado que esses metais nom po-dem ser eliminados polo organis-mo humano. Essa contaminaçomdos aquíferos, neste caso por me-tano que é libertado mas nom en-contra a via de saída polos poços,deu também lugar ao alarmante fe-nómeno de lares norte-americanosem que a água da torneira pode fa-cilmente tornar-se numha bola delume, toda umha metáfora da de-pendência e absoluta entrega aoscombustíveis fósseis por parte domodo de produçom dominante.

nem umha só das fases do Processo tem demonstrado ser seGura e/ou inócua Para o ambiente e a saÚde

O que esconde a “fraturaçom hidráulica paraa obtençom de gás natural nom convencional”

Nos começos de dezembro, o Governo autonómico tornava pública, através dodiretor-geral da Indústria, Energia e Minas, a sua “aposta decidida na procura dejazigos de gás natural nom convencional”. Ángel Bernardo Tahoces assinalava avontade da Junta de favorecer no possível as exploraçons do subsolo galegomediante a técnica extrativa conhecida como 'fraturaçom hidráulica' ou 'frac-king', técnica aplicada para a extraçom do 'gás de xisto' e que véu sendo objeto

dumha dura polémica nos últimos anos, nos Estados Unidos de América e tam-bém na Espanha. No nosso país, de momento e que se saiba, a possibilidadedeste tipo de extraçons nom passa ainda dum desiderato do governo autonómi-co, mas a vontade manifesta deste e o facto de já terem começado prospeçonsem território espanhol, levam-nos a aprofundar nas conseqüências para o am-biente o ambiente se a ideia prosperasse.

os poços estudadospola uE usam químicosconsiderados tóxicos

centros sociaiscs abrenteArcade · Souto Maior

aguilhoarO Forno · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

cso bairro do curaBairro do Cura · Vigo

bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

cso casa do ventoFigueirinhas · Compostela

cso a kasa negraPerdigom · Ourense

ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

a cova dos ratosRomil · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

o fuscalhoRua Colom · Guarda

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

cso liceo Estribela · Marim

cs lume!Rouxinol nº16 · Vigo

mádia levaSerra de Ancares · Lugo

cso PalaveaPalaveia · Corunha

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

csoa o salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

csa xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

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19dito e feitoNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

dito e feito “Quigemos construir umha alternativa, um lazer nom alienante distinto ao que se oferece normalmente nos bares”

“Se seguimos aqui é porque nom mudamosos princípios com que nasceu o nosso local”

Neste 2013 celebrades o aniver-sário do vosso local. Com queideia o criastes há já 30 anos?a nossa ideia era construir um lo-cal alternativo, onde se combinas-sem ideologia e arte. Quigemosconstruir umha alternativa de la-zer, onde os conteúdos culturais epolíticos fossem os protagonistas.

Trata-se dum dos projetos maislongevos do País. Mantivestes es-sa primeira ideia?Em essência nom mudou, e pensoque isso é um dos nossos maioresêxitos. É certo que os tempos somoutros, e nós medramos com eles:começamos pondo vinilos e agoraempregamos o youtube. aliás,ampliamos o local, construímos aterraça, estabelecemos umha ex-posiçom de pintura permanente,… Mas a ideologia e o vínculo como social mantivérom-se sempre.

E quanto ao público? Transfor-mou-se nestas décadas?a nós sempre nos interessou nomenvelhecermos com o público;nom gostamos dessa ideia tam ro-mántica do cliente que vai vendopassar os anos desde o mesmo bar.Queremos dinamismo. Gente dade sempre, sim, mas sobretodomuita mocidade, muito público re-novado e activo. Gostamos dessaheterogeneidade. E sempre pensa-mos que, se o local estava vivo, vi-ria toda essa geraçom nova, e mar-charia todo aquele que se foi abur-guesando e a quem, com probabili-dade, já nom luita por aquilo queera tam importante na sua mocida-de. Em todo caso, o público do Uffoi sempre um público mui varia-do, ao que procuramos atrair comatividades mui diferentes.

Tínhades algum referente de lo-cal semelhante quando começas-tes com esta iniciativa?Nom demasiadas! Em vigo era osegundo ou terceiro pub queabria, mas a nossa era umha pers-petiva diferente. Tampouco co-nhecíamos cafés fora da Galizaque tiveram a linha que nós pro-curávamos, ainda que existiam re-ferentes históricos como Els Qua-tre Gats de Barcelona ou o Majes-tic do Porto. Há que ter em contaque o Uf é filho dumha situaçompolítica mui concreta, fruito dotrabalho de várias pessoas quecoincidíamos ideologicamente.Perseguíamos umha ideia mui cla-ra de cultura, na que a música, oslivros, o cinema, ou o teatro tives-sem espaço, e conseguissem su-prir a alienaçom social que costu-ma predominar nos bares conven-cionais. Nós nom ficamos milio-

nários com o nosso local, mas simconseguimos o que queríamos,que era criar um pequeno grupode resistência cultural e social. is-so existe em todas as partes domundo, ainda que a gente queprocura isso poda desembocar emincitativas mui diferentes… Unsabrem umha livraria, outros um-ha loja, outros umha carniçaria, enós apostamos num café.

Este interesse tam marcado polocultural, o político e o social faique o Uf poda recordar mais a umcentro social do que a um bar…É certo, mas nós sempre quige-mos deixar mui claro o que so-mos, e nom somos um centro so-cial. Mentiríamos se nom dixésse-mos que somos um bar, só quecom umhas inquietudes pouco ha-bituais. Nom temos umha inten-çom organizativa como a que po-

de haver num centro social, aindaque no nosso local se tenham reu-nido as mais diversas associa-çons: umha rádio pirata, umha as-sociaçom de defesa do Kurdis-tám,… Projetos do mais diverso,que sabem que sempre tivérom asportas do Uf abertas.

Como poderíamos definir, da-quela, o papel do Uf na vida so-cial, cultural e política de Vigo? Penso que conseguimos ser um re-ferente nesses sentidos, e estamosorgulhosos disso. os 30 anos quelevamos às nossas costas consoli-dam-nos como um sítio sério, bempensado e bem montado. algo quesempre nos definiu é que nunca pe-dimos subvençons; houvo quemnos tachou de demasiado estritos,mas quando começas a ceder nistoacabas fazendo umha cultura mer-cenária, e nom era o que quería-mos. a gente sabe que somos o barcom o maior videoclube, biblioteca,discoteca; o primeiro que tivo umgrupo fixo de jazz, e um espaço on-de começárom iniciativas tam des-tacadas como a campanha anti-oTaN. Por aqui passárom pessoasque eu nem sonhara com ver, comootelo saraiva de Carvalho ou Gar-cía Calvo. a gente tem em conta to-do isso. E se somos um referentepara tantas cousas e tam diferentesé, justamente, porque nom nos mo-vemos nem viramos de chaqueta.

Teatro, concertos, concursos depoesia, pintura, ciclos de cine-ma, aulas de música, mercadi-nho alternativo, conferencias…O vosso leque de atividades érealmente amplo! Mesmo edita-des umha revista própria, aWork in Progress.sim. Nela escrevemos sobretodoas pessoas que levamos o local,ainda que sempre há algumas co-laboraçons de gente que nesse mo-mento para mais por aqui. Cadanúmero é mui diferente, com dis-tintos temas e um número de pági-nas que também varia. Temos tra-tado o matrimónio rosa, a Beckett,ou mesmo criado um número apartir dumha imagem concreta.

E o que diriades a quem opinaque este tipo de espaços nom te-nhem viabilidade num contextode crise como o atual?Pois que estám mal acostumados!É certo que nom som bons temposporque a gente está sem recursos,mas do que a gente se queixa real-mente é de que nom haja subven-çons, porque houvo muitas pes-soas que viviam disso e nom dumtrabalho real pola cultura. aos quelevávamos pelejando por renovar-nos à margem das esmolas, nomnos mudou tanto o panorama. so-mos o mesmo povo, e temos osmesmos problemas. Pode ser queo que faga falta, para além de or-ganizarmo-nos, e deixar de tertantas expectativas económicas,porque estávamos consumindomuito mais do que precisávamos.Há que mudar o chip, adaptar-se,reinventar-se, mas a melhor provade que projetos como este seguema ser viáveis é que, 30 anos depois,seguimos aqui.

“a ideia era construirum local alternativo,

onde se combinassemideologia e arte”

entrevista a luis feijoo, do café uf (viGo)

O.R. / Procuravam um projeto a longo prazo, que nom se camuflasse com as mo-das, que tivesse claros os seus princípios e nom tivesse reparos em manifestá-los. E abrírom as portas do Café Uf, na viguesa Rua do Prazer. Trinta anos de-

pois, a arte, a ideologia e o debate continuam bem presentes nas paredes e en-chendo as conversas de quem se achega a este local cheio de história. Luis Fei-joo expom-nos as razons que os movérom e a resposta do público.

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Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 201320 em anÁlise

o banco receberá 5.425 milhons de euros para o plano de reestruturaçom para vender-se ou integrar-se noutra entidadeem anÁlise

A.L / No mês de novembro deu-sea conhecer o golpe definitivo aosistema financeiro galego. desdeo seu pedestal europeu, o comis-sário de Concorrência da UE, oespanhol Joaquín almunia, debu-lhava as condiçons que deverámcumprir as entidades candidatasa beneficiar do resgate à banca eque constituem umha nova burla.assim, a entidade que nasceu dafusom das caixas galegas, a NGBanco, deverá vender-se ou inte-grar-se noutra entidade no prazode cinco anos. Em troca disso, aNG receberá 5.425 milhons de eu-ros para executar um plano de re-estruturaçom que irá deixá-la emcondiçons rendíveis para a futuracompradora. o plano de re-estru-turaçom da NG Banco é todo éum exemplo de como se saqueiaum povo. Em dezembro o Fundode Re-estruturaçom ordenadaBancária (FRoB) avaliava estaentidade negativamente em -3.091 milhons de euros e indica-va como se deveria fazer a recapi-talizaçom. deste jeito, o FRoB ob-terá 100 por cento das açons e ini-ciará umha chamada “operaçomacordeom”, que consiste em pôro capital a zero e procurar novosinvestidores. de caminho, encon-tra-se também o roubo, ou “qui-ta”, às pessoas aforradoras quecontam com participaçons prefe-renciais, um complexo produto fi-nanceiro que as caixas galegasvendêrom sem informar comoera devido aos seus clientes habi-tuais. o FRoB avalia em mais de1.000 milhons o que estes clientesenganados deveram dar.

desde CiG-Banca exponhemquais som as graves repercussonsque este plano terá tanto para aspessoas que trabalham em NGBanco como para a sociedade ga-lega no seu conjunto. Uns 2.508despedimentos na entidade, as-sim como as que poderiam ter lu-gar nas empresas auxiliares; a de-sapariçom das acçons da antigacaixa de aforros em NCG Banco,

o que pom em perigo a continui-dade da obra social pois a sua su-pervivência dependeria dos divi-dendos produto dessas participa-çons; o feche de oficinas no ru-ral... som alguns dos negativosefeitos que deixa o processo de re-estruturaçom, ademais da fortequita para quem conta com dívidasubordinada e a transformaçom,através do resgate bancário, emdívida pública da dívida privadadas entidades financeiras.

A bancarizaçom que começara a guerra entre os bancos e as cai-xas fora declarada há décadas.Em teoria, estas últimas nomeram sociedades anónimas, comosom os bancos. Eram fundaçonsque destinariam o que ganhassema financiar e expandir a própriaentidade, a promover iniciativasempresariais ligadas ao territórioem que estám implantadas e arealizar trabalho social e cultural.Mas, a concorrência com os ban-cos para conseguirem mais depó-sitos levou a que, na prática, asCaixas de aforros começassem ajogar nos circuitos financeiros emque jogava a grande banca, espe-

cialmente no negócio imobiliário.Foi entom que começou a banca-rizaçom, dirigida por esses execu-tivos que começárom a investirem mercados como o imobiliárioe se topárom de súpeto com umburaco de milheiros de milhonsde euros trás do estoupido da bo-lha imobiliária.

No número 165 da revista Tem-

pos Novos o economista RamónYáñez indicava que desde os anos90 se tem praticado um “processode bancarizaçom imperfeita”, emboa medida devido à desregula-mentaçom financeira que estavaem curso. Yáñez di que “o novomodelo concretizou-se num pro-cesso de acastelamento de bancose caixas nas posiçons próprias e,ao mesmo tempo, numha tentati-va de arrebatar parte do negóciodas outras entidades”. as caixasgalegas começam umha política

expansiva, abrindo centos de su-cursais fora do território galego erealizando operaçons perigosas.a conseqüência foi “um aumentodo volume de crédito concedidopolas caixas galegas a atividadesimobiliárias, muitas delas situa-das fora do País, e umha partici-paçom acionarial desmedida emempresas do mesmo setor comum elevado caráter especulativo”,explica Yáñez nesse artigo. Equando explode a bolha, a moro-sidade ligada com a especulaçomimobiliária dispara.

Representaçom e retribuiçonsdurante todo este processo deaniquilaçom das entidades gale-gas de aforro, vozes do naciona-lismo institucional afirmárom anecessidade da sobrevivência dascaixas, por serem as únicas enti-dades em que ainda se mantinhacerto controlo público. Mas talcontrolo é na verdade quase queinexistente, pois a representaçomda administraçom nos conselhosdas caixas é mínima, se bem quepor vezes a Junta tenha chegado aacordos com as duas grandes cai-xas galegas, sobretodo no relacio-

nado com as obras sociais.assim, o jornalista Julián Rodrí-

guez indicava, no seu livro seño-res de Galicia, que a Caixa Galiciae Caixanova estavam entre as cai-xas de aforro menos politizadas doEstado espanhol. segundo essetrabalho, no início deste século,75% dos conselheiros da Caixa Ga-licia e 60% da Caixanova eram de-signados por impositores, empre-gados e entidades benéficas e so-ciais. Em ambas as Caixas, Conce-lhos e deputaçons escolhiam 25%dos conselheiros. Na Caixanova fi-cava 15% de peso político atravésde entidades fundadores, como fô-rom o Concelho de vigo e as de-putaçons de ourense e Ponte-ve-dra, mas segundo aponta Rodrí-guez o município viguês tem dele-gado tradicionalmente a sua parti-cipaçom em empresários locais.

o mesmo livro indica tambémque os conselhos de administra-çom das velhas caixas de aforrogalegas eram alguns dos melhorremunerados na Espanha. assim,durante anos a Caixa Galicia des-tinava para soldo agregado (salá-rios, ajudas de custo e compro-missos por pensons) umha médiaanual de cinco milhons de euros,enquanto a Caixanova dava paraeste capítulo umha soma algo su-perior a quatro milhons de euros.Que é o que realmente fôrom asCaixas de aforros, sobretodo nosseus últimos anos? iniciativas derelevância social ou instrumentospara a ganáncia de determinadasfamílias de empresários?

crise financeira na Galiza

A morte de Novagalicia Banco ou o assalto ao aforro galego

Estimam uns 2.500despedimentos pola

reestruturaçom

Nos últimos anos viu-se como a base do sistema financeiro galego saltoupolos ares. Os grandes poderes começárom a fazer jogos malabares com asentidades onde a cidadania galega tinha depositados os aforros, tornando asvelhas caixas de aforros num suculento prato para a grande banca. Ademais,a classe política nom deu tampouco umha resposta à altura da situaçom. Porumha parte, a críptica postura do PP, que a nível autonómico dizia apostarnumha entidade galega enquanto a nível estatal urgia as privatizaçons e as

grandes concentraçons, e por outra a posiçom da esquerda parlamentar, quedefendia com unhas e dentes o modelo das caixas de aforros, umhas entida-des que já há anos que se afastaram dos seus princípios e que eram contro-ladas por umha banda de executivos que pensavam mais nos seus ganhosque nos aforros da gente. O resultado desta re-estruturaçom, como lhe cha-mam, é um empréstimo multimilionário à banca que deverá pagar a popula-çom e milhares de trabalhadores na rua.

o fRoB avaliou obanco negativamente

em -3.091 milhons

os afetados polas‘preferenciais’ perde-rám 1.000 milhons

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Nos últimos anos o panorama infor-mativo tem mudado de maneira ra-dical. A crise e os novos canais deinformaçom estám a fazer passarpor umha grave situaçom à impren-sa escrita, sobretodo a dos grandesgrupos comerciais. Na Galiza, o gru-po de ‘La Voz de Galicia’ tambémnom está a atravessar o seu melhormomento. Com dívidas de 30,7 mi-lhons de euros, demandas sindicaise perda de leitores, nom se prevêum futuro promissor para o grupo.Embora as subvençons públicascontinuem a untar o jornal, numhaestranha contradiçom da parte dogoverno do PP, que promove em-presas com claro défice.

XAVI MIQUEL / o principal problema deLa Voz de Galicia é que nos últimosanos está a perder leitores a cada mêsque passa. Nom é um problema exclusi-vo do jornal que mais se vende na Gali-za, mas La Voz é um dos jornais quemais se ressente. segundo os dados daoficina de Justificación de la difusión(oJd) para 2012, La Voz de Galicia per-deu 16,3% de leitores diários, passandode 48.643 exemplares diários vendidosem finais de 2011 para 40.716 no fim de2012. acrescente-se-lhe a perda de difu-som que em 2010 desceu pola primeiravez de 100.000 exemplares e que nosanos seguintes continuou a descer atéchegar a 81.872 leitores diários.

À perda contínua de venda de jornaishá que somar a crise económica que so-fre o grupo presidido por santiago Reylatorre. segundo os últimos dados daasociación de Editores de diarios Espa-ñoles (aEdE) correspondentes a 2011, ogrupo editor de La Voz de Galicia temumha dívida de 30,7 milhons de euros. omesmo relatório no ano 2011 di que o jor-nal fechou o exercício com perdas dequase dous milhons e meio de euros, aacrescer aos outros dous milhons e meioque o grupo gastou nas pré-jubilaçons dopessoal. E a descida da publicidade naimprensa escrita em geral, afeta La Voz

com uma queda de anunciantes que podeser de 15%,. segundo se expom num rela-tório da empresa publicitária zenthinelaEm 2012 as tarifas de publicidade no diá-rio galego eram de 7.718 euros a páginanos dias úteis e de 11.935 euros nos diasferiados. o comité de empresa denunciaque, além do jornal, também a televisomdo grupo (V Television) é um fundo deperdas inquantificável e é a ela que atri-buem boa parte da responsabilidade polasituaçom e a dívida do grupo em geral.

34 pessoas despedidas num anooutro eido em crise é o laboral. Em 27de dezembro de 2012, umha sentençado Julgado social nº3 da Corunha con-

denava la voz de Galicia por violaçomde direitos fundamentais. o jornal, comefeito, mudara de secçom um trabalha-dor por se afiliar à CiG. segundo a sen-tença, “apreciam-se indícios de que amudança de secçom ocorreu como con-seqüência da sua incorporaçom numhalista do sindicato CiG e pola sua condi-çom de representante eleito dos traba-lhadores e presidente do Comité de Em-presa”. ademais, a sentença obriga ojornal a readmitir no seu anterior postoo trabalhador. Todo isto se passa nummomento em que o pessoal de La Voz

está a minguar dia após dia e onde aperda de salário cada vez é mais notó-ria. depois de pagar 2,5 milhons de eu-ros em indemnizaçons e prémios aostrabalhadores que aceitaram prejubilar-se ou beneficiar dumha baixa incentiva-da, durante o ano 2012, o Grupo vozcontinuou com os despedimentos emtodas as áreas. assim, la voz passou deter um quadro de pessoal composto por452 empregados em 2009 para 367 noinício do ano passado. No ano passado34 trabalhadoras e trabalhadores fôromdespedidos. Havia quem estivesse a tra-balhar na empresa desde 1972. alémdos despedimentos, a rebaixa dos salá-rios está a tornar-se umha constante.Em 2009 o Comité de Empresa decidiubaixar-se os soldos em 3% em troca deque fossem mantidos todos os postos detrabalho. agora, com a negociaçom doconvénio coletivo para os próximos 3anos, haverá umha nova baixada de 3%.

100 milhons de subvençonsContodo, La Voz de Galicia continua aser o jornal que mais dinheiro públicorecebe cada ano em forma de subven-

çons, subscriçons ou convénios por par-te da Junta. a última destas chegou noúltimo dia do ano 2012, nas ajudas àsempresas jornalísticas. a Conselhariada Presidência outorgou 681.925,20 eu-ros às empresas do grupo voz reparti-dos em 611.000 ao jornal, 24.400 ao rá-dio e mais de 46.000 euros à cadeia detelevisom. Nada novo, já que este siste-ma é umha constante nos esquemas derendimentos de la voz de Galicia, co-mo manifestam os 3,5 milhons de eurosque no 2010 fôrom injetados ao jornal.destes, 1.315.768,70 euros correspon-dem a “subscriçons, fornecimento deexemplares e inserçons publicitárias”,619.652 euros som dados mediante“convocatória pública em regime deconcorrência competitiva” e1.525.379,59 euros som derivados deconvénios de colaboraçom com diver-sas Conselharias”. assim, em 2008, obipartido no governo da Junta deu qua-se 7 milhons de euros. Todos estes da-dos som fruito do relatório de fiscaliza-çom do Tribunal de Contas para a Juntaem 2010, que deixa ver como o governogalego deu 15,2 milhons de euros aosmeios de comunicaçom privados. Nesteúltimo ano também houvo vários con-vénios com diferentes Conselharias, co-mo os 150.000 euros assinados com aConselharia da Economia para a difu-som de “conteúdos de interesse para asociedade no ámbito competencial”, ouos 110.000 assinados com a secretaria-Geral dos Meios para a “difusom infor-mativa das potencialidades de santiagode Compostela”. Na linha de conta en-tram também umha ajuda do igape de2,2 milhons euros em 2010 para a novarotativa do grupo, ou o contrato de maisde 1,1 milhons de euros para a “realiza-çom de trabalhos para a elaboraçom daediçom electrónica do doG”. Contodo,o diário “depor sport” (na particularguerra entre o presidente do deportivo,augusto César lendoiro, e o jornal desantiago Rey) publicou que La Voz de

Galicia tem recebido mais de 100 mi-lhons de euros nos últimos 20 anos.

21mediaNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

‘la voz’ continua a ser o jornal que mais dinheiro público recebe cadaano em forma de subvençons, subscriçons ou convénios da Juntamedia

‘La Voz de Galicia’ afronta umha grave crise interna

notas de rodaPé

no famoso conto dinamarquês, o Rei toma adecisom de mostrar-se nu para nom parecer

estúpido. Eis a chave do argumento: o alfaiateavisa que só os parvos ficarám insensíveis ante ofasto da real seda.

Para os inconvenientes do nudismo nom salta-rem à vista, o Rei precisa da complicidade da

Corte e em particular dos seus cronistas. o quenom previra andersen é que sucederia no casode o protagonista da história ser estúpido, em coi-ros ou vestido.

osenhor de Rato, por exemplo, quarta gera-çom de prestamistas do Paço Real, colabora

e deixa cair capa, faixa, calças e meias no mo-mento de entrar vestido de adám pola porta gran-de da Telefónica, chapado dum salário que dupli-ca o do chefe do Governo.

Rato fai quer um sacrifício para atrair as mira-das e salvar o pudor do monarca, quer um

desafio para deixar o Urdangarín num segundotermo. Como ministro das Finanças de aznar, Ra-to vendera a interesses privados a participaçomdo Estado na Telefónica.

outros participantes no transvase público-pri-vado da Telefónica já foram premiados com

despachos de caoba na Companhia: o terror decorruptos zaplana, o caçador de empresas e gen-ro do Rei e o home da atual vice-presidente dogoverno Rajoy.

imprensa e Tv convenhem o fato de o rei ser onunca visto. a TvE escolheu um Master em adu-

laçom, tam arcaico no jeito de tratar o Rei que o en-trevistado parecia algo mais moderno e liberal.

Mas todos os riscos estavam cobertos na alian-ça de empresas privadas e públicas de co-

municaçom, juramentadas a que nunca o monar-ca aparecera mais ricamente vestido. algum co-mentarista obrigado polo juramento, nom deu re-sistido e acusou a entrevista do Rei de represen-taçom de antiquário.

omanifesto de Primo de Rivera (1923) tam-bém era anacrónico e, igualmente, declara-

va regalmente vestido a um coroado em coiros.ainda mais: o tal manifesto era um rebato violen-to contra o nacionalismo em geral e contra o in-dependentismo catalám em particular.

oministro Morenés, vendedor de minas banidasem todo o mundo, alarma contra “provoca-

çons” nom identificadas à “instituiçom militar”(quererá dizer: a administraçom das forças arma-das) Eis a parte castrense do manifesto. o Rei-Nuacerta contas ao “rupturismo“ e reclama “unidade”.

jesús Hermida experimenta umha imprevistaondulaçom mandibular, humilha os olhos e

exclama: “Moderno, moderno!”.

O Manifesto Intransigentedo Rei Nu

a última subvençom deuquase 700.000 euros aogrupo voz, que despediu119 pessoas em 4 anos

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

cultura “tomando como ponto de partida os sapatos de salto, tentamosanalisar o mundo por que caminhamos as mulheres”

raquel rei é realizadora do documental ‘deu centímetres més a ProP del cel’

Como surgiu a ideia central dodocumentário?Já havia tempo que lhe dava voltasa esta ideia, a pensar nos sapatosde salto como algo venerado porumhas pessoas e odiado por ou-tras. Um mesmo objeto tem signi-ficados mui diversos, pois nom éapenas calçado, e tomando isto co-mo ponto de partida, tentamosanalisar o mundo polo que cami-nhamos as mulheres. Em 2011 co-mecei o Mestrado em documentá-rio em Barcelona, e tivem a opor-tunidade de desenvolver este pro-jeto e de produzi-lo através da Es-cola de Cinema. Provavelmente otivesse feito de todas formas, por-que levava tempo pensando nele,mas aproveitei a oportunidade.

Quando começaste com oguiom, já pensavas dar-lhe for-malmente esse toque tam pes-soal que impremem cousas co-mo falar em primeira pessoa oua tua própria voz em off?a verdade é que formalmentenom gosto muito da voz em off,mas nesta ocasiom era ideal, por-que o documentário tem parteimportante de umha ideia pes-soal, parte de mim, de como euvivim certas cousas, de comopenso. saímos do próprio, domais pequeno, para contar algomais grande. Nom queria ter um-ha presença fundamental na pe-ça, mais bem a minha história se-ve de fio condutor, partindo dopessoal para que outra gente vaiadando a sua opiniom. É um pe-queno piar que serve para ir fian-do o discurso narrativo.

Como trabalhaste no processode criaçom?ao fazer o documentário na Esco-la, tivemos que seguir umha es-trutura clássica, com construçome desenvolvimento de guiom.Noutros trabalhos nom costumoescrever tanto, desenvolver tantoas ideias no papel, mas nesta oca-siom, a partir de pequenas frasesque definiam o que queríamos fa-zer, fomos construindo o guiom.assim, chegamos a identificar asideias chave sobre as que cons-truir umha peça de 25 minutos,

que nom é muito, sobre os este-reótipos com que se constrói o gé-nero, quer dizer, como somos vis-tas as mulheres no sistema pa-triarcal.

És mulher e feminista, e no teutrabalho sempre está presente aperspectiva de género. Mas,acreditas na etiquetagem, ulti-mamente na moda, de “cinemafeminista”?Nom sei se creio muito na etique-tagem. a verdade é que sempreprocuram meter-te num géneroou noutro, mas no que eu acredi-to é no cinema feito a partir dacrítica, com um posicionamentode género mui marcado. Paramim ser feminista é questionar o

sistema, e isto implica a denún-cia, a crítica social. som as duascousas juntas, e para mim nompodem ser separadas num cine-ma entendido como arma social.

Para além da carga de críticasocial, este documentário estácheio de humor, de retranca...sim, é algo mui procurado, feitode forma totalmente intenciona-da. Queria contar a história comretranca, com ironia, e isto porvezes era complicado de explicarpara os e as companheiras quefigérom comigo o documentário,porque vinham de outras partesdo Estado e do mundo, e nomcompreendiam algumhas cou-sas. acho que os documentáriostambém devem ser feitos comhumor, porque assim entrammais fácil: nom tenhem porqueser sempre sérios. Para além dis-to, num projeto pessoal como es-te, a retranca tinha que estar pre-sente, como representaçom deumha parte de mim, que tambémme define.

O documentário Deu centímetres

Més a Prop del Cel foi apresenta-do em Barcelona o passado ve-rao e, posteriormente, em Com-postela. O dia 11 de janeiro tam-bém foi projetado na Corunha,mas de momento nom pode servisto na Rede. Para quando?a verdade é que já tenho vonta-de, mas como o estamos a en-viar a festivais, e está a entrarnestes circuítos fechados, nomnos permitem publicá-lo na Re-de ainda. Porém, eu tenho mui-tas ganas de que comece a cir-cular, e que poida ser visto portoda a gente interessada. Tam-bém poderá ser visto na Galiza,mas ainda nom temos progra-madas mais apresentaçons.

Começaste, junto com a escrito-ra Andrea Nunes, o coletivo AsCandongas do Quirombo. Emque consiste este projeto?as Candongas nascêrom em 2008de um modo simpático: andrea di-xo-me “tu sabes fazer vídeos, e eupoemas... Juntas podemos fazervideopoemas”, e assim começa-mos. o projeto foi transcendendoos limites da uniom de poesia eaudiovisual, e também temos feitoalguns documentários e curtas dedenúncia. Para mim é realmenteum projeto mui lindo, porque nospermite ser criativas, e tambémter umha visom de género e femi-nista. Há poucas cousas que assi-ne fora das Candongas, a verdadeé que me ilusiona pertencer a estecoletivo. Tem parte de ilusom, par-te de crítica, e persegue o objetivode construir um audiovisual dife-rente, transgredindo os limites decertas artes. Realmente somosduas colegas, com muita gente aonosso redor, que fazemos cousasde que gostamos partindo da críti-ca, do feminismo e da poesia.

A.R.G. / Raquel Rei (Moar, 1983) é criadora e rea-lizadora de um documentário de 25 minutos fei-to em quatro línguas -catalám, galego, castelha-no e inglês-, onde os sapatos de salto se con-

vertem na metáfora que nos convida a refletirsobre a construçom do género e a posiçom queocupamos as mulheres na nossa sociedade.Destaca a visom mui pessoal que lhe dá à fita

umha narraçom em primeira pessoa, que conta,com humor, a relaçom própria com os sapatosde salto, instrumento de seduçom para umhas...e de tortura para outras.

“ser feminista é questionar o sistema.

implica a denúncia, a crítica social”

“os documentáriospodem ser feitos comhumor, porque assim

entram mais fácil”

“acredito no cinema feito a partir da crítica, com um posicionamento de género mui marcado”

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23Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013 cultura

um site recolhe os gentilícios da costa da morte graças aos seus leitoresREDAÇOM / o site Quepasanacos-ta.com recolheu, graças aos seuscolaboradores e leitores, algunsdos gentilícios que recebem oscosteiros das diferentes vilas daCosta da Morte.

Começam falando dos fiste-rraos como “pescos”, mas, segun-do parece, esta é umha palavramui estendida de laje até Muros,porque, segundo contam, “os dacosta som Pescos, mesmo comum “rabudos” acrescentadoquando se lhe quer dar um tomde sanha”. Noutras zonas, comoem Corme, os da costa preferem

chamar-se “marinheiros“, embo-ra muitas vilas os conheçam co-mo “chocolateiros“, e aos de la-je, “papeiros“. os que nom somdo litoral som chamados de“montanheses“, quer dizer, aque-la gente de terra adentro, de con-celhos como Maçaricos.

depois já entram a nomear asvelhas “guerras” entre vilas. Porexemplo, os ceenses e os corcu-bioneses som “coreanos” e “pela-dos”, respetivamente. o primeironome tem origem, segundo QPC,na ideia de que a fronteira entreCee e Corcubiom coincide com o

paralelo que separa as duas Co-reias; a segunda numha praga depiolhos histórica, que criou páni-co. Para além disso, a gente deCorcubiom chama aos seus vizin-hos de Fisterra “paparrucheiros“.outras alcunhas recolhidas somas de “seboleiros” para os dedumbria; “corvos” para os deMogia e os de lira; “carneiros”para os de Camarinhas; “pindeg-hos” os de Pindo; “laghartos” pa-ra os de larinho; e “piolhos ver-des”, outra vez para os de Fiste-rra. o site ainda admite contri-buiçons dos seus leitores.

humoristas por natureza?REDAÇOM / Edicións Morgantepublica umha obra de Félix Caba-llero sobre o humor galego.

'o humor galego alén da re-tranca' é umha investigaçom deFélix Caballero, publicada porEdicións Morgante, que recolhee analisa as diferentes opinonsque fôrom vertidas durante dé-cadas, de Castelao a Piñeiro,passando por Celestino Fernán-dez de la vega, Paz andrade ousiro lópez, sobre a importánciado humor como elemento defini-

tório da identidade galega. Tentando responder perguntas

como “É o humor um traço essen-cial da psique galega? som os ga-legos humoristas por natureza?Existe um humor galego diferen-te do doutros povos? Quais se-riam as suas características? Ten-hem os galegos um humor de au-toproteçom? Riem-se deles mes-mos?...”, é analisado o modo quetemos de nos rir e repassa as vi-sons que tem dado a cultura doPaís sobre este fenómeno.

desaparece o prémio de literaturajuvenil da fundaçom caixa galiciaREDAÇOM / o mesmo dia queEdicións Xerais de Galiciaapresentou umha nova convo-catória, a número 30, do seuPrémio Xerais de Novela, dota-do com 15.000 euros; e a 28ªediçom Prémio Merlín de lite-ratura infantil, dotado com10.000 euros; chegou a certifi-caçom da desapariçom do pré-mio Fundaçom Caixa Galicia deliteratura Juvenil.

Foi no passado 10 de janeiroquando se soubo que o patroci-nador atual retirava o seu apoio,e a editorial está a procurar umnovo patrocínio para poder re-cuperar o galardom em 2014.

Este último prémio, que che-gou a ter cinco ediçons, quatrodelas anuais, e que também es-tava dotado com 10.000 euros foioutorgado por última vez em2011 a Hector Carré pola sua

obra Febre quando adquiriu ca-rácter bianual, antes disso tinhasido realizado anualmente des-de o ano 2006 e foi recebido porRosa aneiros, Jaureguizar, analfaya e Marilar aleixandre. deEdicións Xerais asseguram que,umha vez que o patrocinadoratual retirou o seu apoio, figéromtodo o possível por conservá-loeste ano procurando outro pa-trocinador quando já foi confir-mada a desapariçom do patrocí-nio da Fundación Novacaixagali-cia. Mesmo assim, a editorialnom está disposta a desistir e jáprocuram a maneira de poder re-cuperá-lo no ano 2014 com umnovo patrocínio.

Convocam um certame de tex-tos de contracapaa associaçomcultural ferrolana Muíño do ven-to convoca o i Premio Muíño dovento de textos de contracapa

com o objetivo de “promover aqualidade dos textos que acom-panham o livro na contracapa ounas lapelas e para destacar a suaimportáncia pola informaçomque transmite ao futuro leitor”.

ao certame da associaçom so-ciocultural do bairro de Canido,podem-se apresentar todos oslivros de literatura infantil e ju-venil editados em 2012. o pré-mio é o quadro do pintor ferro-lano Poldo Rapela, que será en-tregado ao autor do livro. Paraalém disso, e se nom houverdesacordo por parte dos auto-res, os livros apresentados aoconcurso serám entregues às bi-bliotecas do bairro ferrolano.Vi-

taminas para o galego, a qualtambém foi desenvolvida com aajuda do micro-mecenado atra-vés de contribuiçons individuaisatravés da internet.

alexandre Bóvedachega à B.d.REDAÇOM / o álbum Bóveda, un

alegato pacifista contra a inxus-

tiza quer achegar a figura e opensamento de alexandre Bóve-da, membro do Partido Galeguis-ta e fuzilado em 1936. Está des-enhada por Carlos sardiña etambém é de Pitusa arias.

Encontramos na rede um no-vo projeto de banda desenhadaque procura financiamentoatravés do crownfunding: trata-se da história aos quadrinhoschamada Bóveda, un alegato

pacifista contra a inxustiza, quequer rever a figura do galeguis-ta assassinado em 1936. a obraestá realizada polo desenhadorCarlos sardiña e a historiadora

Pitusa arias, em colaboraçomcom sonradiofusión, a associa-çom de amizade com a rádio lo-cal da Galiza. apenas precisam4.300 euros para editar a novelagráfica. as contribuiçons po-dem ser realizadas através dosite catalám verkami.

a publicaçom desta Bd é um-ha iniciativa de Meios em Gale-go, o coletivo de que fai parte oNovas da Galiza, junto com ou-tros 9 meios de comunicaçom doPaís, criadores da campanha Vi-

taminas para o galego, a qualtambém foi desenvolvida com aajuda do micro-mecenado atra-vés de contribuiçons individuaisatravés da internet.

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Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 201324 desPortos

d desP

orto

sroteiros da amal 2013

os 3º Jogos da lusofonia, o maior even-to multidesportivo de língua portuguesa,serão realizados em Goa, Índia do 2 ao10 de Novembro de 2013, incluindo 9modalidades: atletismo, Basquetebol,voleibol de Praia, voleibol, Futebol, Ju-do, Ténis de Mesa, Taekwondo e Wushu.

joGos da lusofonia em Goa

a agrupaçom de Montanha Águaslimpas (aMal) apresentou o seu pro-grama para 2013 com roteiros de dife-rentes duraçons e dificuldades, vamincluir rotas polo Maciço Galego, os-cos (na Terra Návia-Eu) e um acampa-mento de montanha no Courel.

Arranca o ano da transferênciado Play Off Nacional da LNBde Conjo para Marroços

Mais vetos à simbologia galega dentro de recintos desportivos

XERMÁN VILUBA / Quando Rubénotero, o atual Coroceiro Nacionalda lNB, vestiu a espetacular co-roça da lNB que o acreditava co-mo tal no lusco e fusco de umhamágica tarde no campo de fute-bol de terra de Conjo, todos os alipresentes já sabíamos que, porcausa da lamentável especulaçommunicipal que vai transformar onosso espaço natural de jogo numcampo de erva artificial para aprática de desportos coloniais, es-te 2013 a lNB nom poderá disporda já mítica pista para a disputado Play off Nacional. desde queo soubemos, e de modo absoluta-mente autogestionado, a lNBprocurou umha nova situaçomem Compostela. depois de váriasopçons, escolhemos a brava paró-quia de Marroços para, este últi-

mo fim de semana de maio, dis-putar no seu campo de futebol asfinais nacionais que vam ter denovo todo o país em vela. Por ou-tro lado, o ano 2012 nom puidoser despedido com mais força,com o espetacular aberto da au-têntica em Ponte vedra, no marcodo Galiza-Curdistám, que supujoo impulso para, na mesma ma-drugada do dia 1 de janeiro, emRiba d'Eu, disputar o explosivoabertinho dos Calos de ano no-vo. as bilhardas cada dia, comaçons como estas, ou as realiza-das em Bueu, com o abertinho doRoscom de Reis; e em Monterro-so, com o abertinho do Tiçom deNatal; mostram às claras a firme-za de um projeto de luta e militán-cia constante... Bilharda sempre:adiante com o varal!!!

ISAAC LOURIDO / desde finaisda década de 1970, os recintosdesportivos do estado espanhol,e especialmente o estádios defutebol profissional, pola suaprojeçom massiva, constituíromum espaço mais de luita e con-testaçom simbólica contra ashegemonias desenhadas polospoderes políticos. No contextodo rearme mediático do nacio-nalismo espanhol da última dé-cada, fôrom promocionadasgrandes polémicas à volta dapresença de determinados sím-bolos em eventos desportivos,como as bandeiras esteladas ca-talás ou a simbologia dos coleti-vos de apoio aos presos e pre-sas políticas bascas, ao tempoque era ignorada a exibiçom deparafernália fascista por partedas claques de extrema-direita.

Para o caso galego, a censu-ra descontínua (mas nom ane-dótica) da simbologia do na-cionalismo de esquerda nomevitou que a sua presença sejaimportante e esteja normaliza-da a dia de hoje nos principaisestádios do país. Contodo, ve-tos recentes anunciam a possi-bilidade de mudanças nesta si-

tuaçom. após a confiscaçom,por parte da polícia espanhola,de bandeiras patrióticas e daPlataforma que voltem à Casano jogo de futebol Real Ma-drid-Celta (20 de outubro), apolémica chegou aos jogos debasquetebol do obradoiroCaB, ao proibir o dispositivopolicial a entrada no MultiusosFontes do sar das bandeirasgalegas com a estrela vermel-ha nos jogos contra Cajasol (27de outubro), Murcia (10 de no-vembro) e Gran Canaria (25 denovembro).

as reaçons a esta polémicadefinírom as posiçons sobre aquestom. o clube informou daexistência de denúncias préviasfeitas por seguidores da própriaequipa, ao tempo que adjudica-va a responsabilidade final aodispositivo policial e propunhanom misturar o obradoiro coma “política”. Por sua vez, a Can-didatura do Povo e o BNG cha-márom a acudir massivamenteao sar com as bandeiras censu-radas, enquanto o grupo muni-cipal da formaçom autonomistaanunciava que se persistia o ve-to renunciariam ao privilégio de

assistirem gratuitamente aopalco de honra. a suspensomdo veto nos últimos jogos, bemcomo a ausência de posiciona-mentos explícitos sobre o as-sunto por parte de qualquergrupo de siareiros e siareiras,desativárom um conflito quepermanece latente também nosjogos do santiago Futsal.

No debate público sobre osacontecimentos fôrom mistura-dos critérios de legitimidade e

legalidade. a lei contra a vio-lência, o racismo, a xenofobia ea intoleráncia no desporto, de2007, estabelece no artigo 7 quenom podem ser exibidos “fai-xas, bandeiras, símbolos ou ou-tros sinais que incitem à violên-cia ou ao terrorismo ou que in-cluam mensagens de caráter ra-cista, xenófobo ou intolerante”.Com base neste ordenamentojurídico, as vozes discrepantesdefinem o veto às bandeiras na-cionalistas como umha inter-pretaçom arbitrária, interessa-da e ideologicamente motivadada lei, coincidente agora com orecrudescimento dos conflitosnacionais e sociais no interiordo Reino de Espanha.

autodEtERminaçom

diREito dE autodEtERminaçom, um potEncial dEmocRático

texto de henrique del Bosquezapata, prologado por uxío-Breo-gán diéguez cequiel

Editam: causa galiza e a fenda8 euros (com os gastos de envio)Breve e acessível manual sobre

o direito de autodeterminaçom e asua aplicaçom na galiza

versom em norma agal e Rag

atlas histÓRico

atlas histÓRico da galizaE do seu contorno geográfico e cultural

texto de José manuel Barbosadesign gráfico e ilustraçom de José

manuel gonçales Ribeira50 euros (gastos de envio incluídos)Edita: Edições da galizaamplo percurso pola história da gali-

za através dos diferentes mapas de ca-da etapa a toda a cor

solicita-os em: [email protected] ou no telefone. 692 060 607

o conto do apalpadoR

textos de lua sende e alexandre miguensilustraçons de leandro lamas15 € (gastos de envio incluídos)Editam: Edições da galiza e

a fenda Editorialcuidada ediçom para criançasque aborda a figura do mítico personagem natalício34 páginas, 12 ilustraçons, tampas duras

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25desPortosNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

90º aniversÁrio da seleçom GaleGa de futebol: umha naçom, umha seleçom

Crónica do Galiza-Curdistám

ana Peleteiro e lolo Penas, melhores atletas do ano

Na Gala anual do atletismo galego, junto à campeoa mun-dial júnior de triplo salto e o campeom estatal de 10.000 me-tros, também fôrom premiados Frank Casanyas (olímpicoem londres), Borja Barbeito (sub-23), soledad Castro e Xo-sé luís otero (veteranos), a sociedade Gimnástica de Pon-tevedra (clubes) ou José antonio Pardal, abelardo Moure eJavier Medrano (treinadores).

liceo Ganha a taça continental de hóquei em Patins

o histórico clube corunhês do liceo remontou em Riaçor oresultado adverso do jogo realizado na itália (5-1) e, comumha atuaçom destacada do guarda-redes Xavi Malián,conseguiu vencer nos penalties. Com esta nova vitória, oatual campeom da Europa soma a sua sexta Taça Conti-nental e continua a crescer a sua lenda. ainda, a equipa se-gue à fronte da oK liga.

1922. Coia, vigo. debute da seleçom galega de fu-tebol com vitória frente a Castela, 4-1.

2012. a Junqueira, Ponte vedra. a seleçom galegade futebol jogará por 4º ano consecutivo graças aoesforço das siareiras Galegas.

1923. Galiza estreia-se contra esquadras interna-cionais: Galiza vence lisboa (3-1) e inglaterra(7-2).

2012. a 5.000 km da Galiza, a seleçom curda, dis-pom-se a partir. as autoridades de Turquia e doiraque, dous dos 4 Estados que ocupam o Curdis-tám, negam as visas aos futebolistas.

1923. Golpe de Estado e ditadura de Primo de Ri-vera. a seleçom galega é proibida.

2012. da Europa partem futebolistas curdos emautocarro destino Ponte vedra. venhem ilusiona-dos por representarem o seu país. solicitam a li-berdade para abdullah Öcalan, lider do PKK

1930. Com a ii República, Galiza regressa ao cam-po de jogo.2012. Prévia ao jogo: almoço, convívio, bilharda,futebol gaélico. Um milhar de pessoas manifes-tam-se em Ponte vedra solicitando liberdade parao Curdistám e a Galiza.

1936. Golpe de Estado franquista. Repressom. asgalegas som privadas de jogar com seleçom própria.

2012. Homenagem às trainheiras galegas no está-dio. invisibilizadas por forma dupla: ser galegas edesportistas; som as quíntuplas vencedoras dabandeira da Concha de donosti.1996. Torcedoras das principais equipas de futeboldo País criam siareir@s Galeg@s.

2012. Federaçom galega de futebol, clubes, polí-cia, meios de comunicaçom... os inimigos da Gali-za esforçam-se na censura e no boicote do jogo....

2005. os anos de luita de ssGG permitem que aJunta da Galiza recupere o jogo amigável de Natal.Galiza enfrenta-se contra Uruguai.

2012. … mas a Galiza e o Curdistám, povos irmaos,saem ao terreno de jogo na boa vila.

2008. Partido Popular de Feijoo enterra, mais um-ha vez, as seleçons galegas.

2009. ssGG toma a iniciativa e recupera o jogoamigável. Galiza goleia 9-0 a equipa paraguaia.

2012. apitada final. 3-2 para a irmandinha. o re-sultado apenas importou. Curdistám e Galiza ven-cêrom como naçons: jogando reclamárom o direi-to a competirem como seleçons oficiais em tor-neios internacionais.

TEXTo: Anjo RUA noVA / FoToGRAFiAS: GAliZA ConTRAinFo

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26 temPos livres Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

temPos livres

SINO SECO / amiúde som procu-rados tótems de identidade na-cional em animais como a vacae o porco ou em alimentos comoo polvo, mas se quigermos falarde um alimento que se pode di-zer que é genuinamente galego,aí temos o grelo. Parece ser queo consumo das folhas destaplanta só é registado no territó-rio da Gallaecia histórica e nal-gum lugar de China, noutros lu-gares só costumam comer as ra-ízes desta brassica, que nós usa-mos principalmente como forra-gem para o gado. Bem, poisparece que os galaicos nom an-damos desencaminhados ao co-mermos estas folhinhas porque,para além de serem saborosas enutritivas, ricas em vitaminas eem cálcio, há estudos que asse-guram que tenhem propriedadesanticancerígenas através de um-ha substância que contenhemchamada glucosinolatos.

o grelo, cimo ou cimom é orebento do nabo (Brassica ra-

pa) sobre o que depois se hádesenvolver a flor da mesma.Portanto, é preciso esclarecerdesde já que a rabiça ou nabiçasai exatamente do mesmo lugarque o cimom, mas num estádioanterior; da mesma planta po-

demos obter os dous produtos,um antes de começar a flora-çom e outro depois. E é precisoesclarecer isto pola cofussomgeneralizada que há sobre estestermos, hoje em dia podemosencontrar nas lojas nabiças quesom mais bem grelos e grelosque nem a rabiças chegam.

É um cultivo mui estendido eque se adapta perfeitamente àsterras de por aqui, de facto nor-malmente nom precisa de pra-guicidas, para além de ter a vir-tude de que a sua época de pro-duçom é em pleno inverno,quando nom abundam outrasverduras. de sabor característi-co, bastante azedo, que nom dei-xa indiferente, ou gostas ounom. os grelos na cozinha tra-dicional som sobretodo destina-dos ao caldo, é umha das muitasverduras com que se pode fazer,incluso há lugares onde tambémusam a raiz. Provavelmente sejano lacom com grelos onde o gre-lo alcance o seu bem merecidoprotagonismo culinário, esteprato chegou a ser um dos maisconhecidos da cozinha galega,ainda que talvez nom fosse muireconhecido.

Mas há muitas maneiras deconsumir esta verdura que sem-pre dá um plus a qualquer cozi-do. Já no século XiX o senhorManuel Maria Puga y Parga, Pi-cadilho, dava-nos conta de umha

receita de chulas de grelos que équando menos curiosa, que con-sistia numha massa para chulascom cimos cozidos, ovos, farin-ha, sal e canela, que depois aca-bava de cozinhar num molhocom caldo, gema de ovo cozido evinagre. o mesmo grande gastró-nomo, em todos os sentidos dapalavra, deixou-nos umha recei-ta de tortilha de grelos, que é fei-ta com a parte destes que nomtem folhas, cozida e passada polafrigideira, a modo de espargos.introduz assim a combinaçom deovos e grelos, tam socorrida na

cozinha galega mais atual: revol-to de grelos e gambas, inclusogrelos, gambas e presunto, ougrelos e cogumelos.

Trata-se de umha verdura comum sabor tam potente que admi-te perfeitamente preparaçons co-mo o paté ou a crema. Conhece-mos casos em que umha receitade paté de grelos foi o fator cha-ve para conquistar umha namo-rada com evidente bom gosto. in-felizmente nom sabemos essamaravilhosa receita, ainda que sipodemos dar a de um paté de gre-los fácil e que pode valer para re-

ciclar os restos dalgum majesto-so cozido: simplesmente há quebater os grelos cozidos junto comum pouco de queijo untuoso, pre-viamente passaremos os grelospola frigideira com um pouco decebola refogada, alho e, no últi-mo momento, algo de pimentom.Também podem ser utilizadospara fazer espetaculares empa-das vegetais e nom som para na-da desprezáveis à hora de elabo-rar lasanhas ou cousas similares,pois casa perfeitamente com oqueijo, e isto nom é por acaso,pois os melhores queijos som osque som produzidos quando osanimais estám alimentados denabos. Pode surpreender mais obom convívio que tem com al-gum produto do mar, mas sem-pre devemos ter cuidado de queo seu sabor pronunciado nomobscureça outros.

da importáncia que tivo e ain-da tem na dieta esta verdura fala-nos a sua difusom polo mundoadiante, a gente emigrada ideousempre maneiras de dispor dela;mas também o viva que está a pa-lavra que lhe dá nome, nom só noâmbito gastronómico, pois tam-bém serve como subterfúgio pa-ra fazer referência aos órgaos se-xuais em toda a lusofonia. Tam-bém é habitual que apareça emtodo tipo de ditos e cantigas, co-mo esta que fala da recomendá-vel rota do grelo.

C.C.V. / Pouco a pouco trabalhossurgidos do que se poderia cha-mar historiografia militante vampreenchendo ocos ou enriquecen-do com perspectivas diferentes asversons ‘oficiais’ da história re-cente do movimento de liberta-çom nacional.

a enorme achega de GonçalesBlasco ‘Foz’ vai precisamente aumha área onde a fossilizaçom evigilância das versons é maior,além de estar rodeada de umhasérie de mitos e rumores que ain-da a obscurecem mais. Tem oacerto, aliás, de chamar a aten-çom para umha frente amiúdedesprezada no nacionalismo ga-lego: as relaçons internacionais;demonstrando que isto nom sem-pre foi assim, embora o desleixovenha de mui atrás.

se a profusom de dados e o de-talhismo na reconstruçom pode

resultar abafante a umha leiturade síntese, também resulta ne-cessária perante umha historio-grafia que abusou das fontes desegunda mao, repetindo erros. Epor outra parte tem a virtude deenviar-nos à quotidianidade damilitáncia da época: o desespe-ro nas comunicaçons clandesti-nas por correio, as preocupa-çons pessoais, as dificuldadeseconómicas etc. Constituindoesse corpus de documentos vi-venciais, quase etnológicos, um-ha parte seguramente mais in-

teressante que os detalhes pro-gramáticos ou os debates bizan-tinos de altas instáncias.

Com certeza, esta investiga-çom será mae de muitas outras: ahistória da rádio na propaganda

nacionalista, as traduçons para ogalego da internacional, as pri-meiras apariçons da estreleira, avivência militante da emigraçome/ou exílio, ou a revisom da gene-alogia galeguista, umha vez ve-

mos como o legado do Conselhoda Galiza –inçado de velhos arre-distas da sNP, como Moisés daPresa ou Ricardo Flores-, é con-fiado aos marxistas da UPG, co-mo Celso Emílio ou o jovem Mén-dez Ferrín, enquanto os seus her-deiros naturais, os pinheiristas,renegam dele.

Enfim, unha potente investiga-çom cuja autoria de um partici-pante nom questiona tanto a suaobjetividade quanto a enriquece.Falta, por certo, por publicar ain-da o interessante e extenso capí-tulo dedicado às relaçons com aesquerda lusa que, como apontouo autor, seguramente verám a luznum boletim da aGlP.

GoNÇalEs BlasCo, luís ‘Foz’. A po-

lítica e a organizaçom exterior da UPG

(1964-1986), laiovento, santiago de

Compostela, 2012.

entrelinhas história(s) militante(s) da Galiza exterior

Gastronomia Podemos atoPar na tenda nabiças que som mais bem Grelos e Grelos que nem a rabiças cheGam

Examina umha frenteamiúde desprezadano nacionalismo: as

relaçons internacionais

grelos

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27temPos livresNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2013

que fazer

16.01.2013 / PROJEÇOM DEZ32, DE AVI MOGRABI /21:30 no C.S. O Pichel (RuaSanta Clara, 21). COMPOSTELAorganiza o Cineclube de Com-postela. vosG. No ciclo ‘Pales-tina’.

18.01.2013 / PALESTRA IN-FORMATIVA: ‘INCINERADO-RA NON’ / 20:00 / CONCER-TO DE JRISTOS KANELOS EDAVID RUIZ / 21:30 no C.S. ACova dos Ratos (Rua Romil,3). VIGONa palestra intervenhem anxosaborido e Xosé Manuel lópezFernández, da associaçom 'in-cineradora No deza Non'.

18.01.2013 / CEIA VEGANA /22:00 no C.S. Vagalume (RuaNóreas, 5). LUGOTodas as sextas-feiras.

19.01.2013 / II ENCONTROGALEGO SOBRE A AUDITO-RIA DA DÍVIDA / 10:30 noCentro Sociocultural dasFontinhas (Rua Berlim, 13).COMPOSTELAdinamiza o grupo da dívida deCompostela com ajuda da pla-taforma catalá para o mesmofim. Jornada de análise sobrea dívida externa para esclare-cer a sua legitimidade. Mais in-formaçom no site www.ama-rantesetem.org.

19.01.2013 / ROTEIRO POLALÍRICA MEDIEVAL GALEGO-PORTUGUESA / 11:00 naPraça do Pam. COMPOSTELAorganiza a.C. o Galo. visitaguiada por isabel Morán e Joséantónio souto, co-autores de Oamor que eu levei de Santiago,polos espaços das cantigas dostrovadores medievais.

19.01.2013 / II SERÁM DE CA-BEIRAS / 21:00 em Cabeiras.ARBOorganiza a Comunidade deMontes vizinhais em Mao Co-mum de Cabeiras. Música aovivo e o espetáculo Galiza Te-rra Meiga.

20.01.2013 / CONCERTO DEAPOIO À ESCOLA SEMENTE/ 20:00 no Auditório de Gali-za (Avenida do Burgo dasNaçons). COMPOSTELAConcerto de Narf, Xoán Curiele Héctor lorenzo, dentro dajornada 'sementes de Música'.a escola (Rua salvadas, 47) es-tará aberta de 16:00 a 19:00.

25.01.2013 / CEIA CUBANA /21:30 na Fundaçom Artábria(Travessa de Batalhons, 7).FERROLas reservas podem ser realiza-das no endereço [email protected].

21.01.2013 / WORKSHOP DEAUTO-REPARAÇOM DE BICI-CLETAS ‘RECICLOS’ / 18:00

em Forum Propolis (Rua Bar-celona, 115). CORUNHATodas as segundas-feiras.Workshop para aprender aarranjar bicicletas.

22.01.2013 / AULAS DE RE-CUPERAÇOM / 17:30 no C.S.Mádia Leva (Rua Serra deAncares, 18). LUGOReforço escolar para o estu-dantado de primária. Todas asterças e quintas-feiras.

22.01.2013 / MERCADO ‘EN-TRE LUSCO E FUSCO’ /19:00 no Parque de Belvis.COMPOSTELATodas as terças-feiras. inclui‘Espaço de Troca’ de diferentesobjetos, roupa, etc.

22.01.2013 / TERÇA DE CINE-MA / 19:30 no Ateneu Ferro-lano (Rua Madalena, 202-204). FERROLCiclo de projeçons; todas asterças-feiras.

23.01.2013 / TERTÚLIA SO-BRE OS ARQUIVOS HISTÓ-RICOS / 20:00 no Ateneu Fe-rrolano. FERROL

23.01.2013 / PROJEÇOM DE EAGORA ONDE IMOS? / 20:30no C.S. A Cova dos Ratos. VIGO

23.01.2013 / PROJEÇOM DEA COR DAS OLIVEIRAS, DECAROLINA RIVAS / 21:30 noC.S. O Pichel. COMPOSTELA

organiza o Cineclube de Com-postela. vosG. No ciclo ‘Pales-tina’.

25, 26 e 27.01.2013 / VIII CON-GRESSO GALEGO DE ORNI-TOLOGIA / 10:00 no salomde atos do Local Social deNeanho. CABANA DE BERGANTINHOSorganiza a sociedade Galegade ornitologia. Mais informa-çom em http://congresogalego-ornitoloxia.blogspot.com.es/.

25.01.2013 / APRESENTAÇOMDO LIVRO LETRAS DEAMOR E GUERRA / 20:30 naFundaçom Artábria. FERROLCom a presença do autor, Ra-miro vidal alvarinho.

25.01.2013 / CONCENTRA-ÇONS POLA LIBERDADEDOS PRESOS E PRESAS IN-DEPENDENTISTAS / 20:00.LUGO, OURENSE, VIGO ECOMPOSTELATodas as últimas sextas-feirasde cada mês. Convoca Ceivar.Mais informaçomemhttp://www.ceivar.org/.

26.01.2013 / CONCERTO DENHIÓ + THE BROSAS / 22:30na Fundaçom Artábria. FERROLEntrada de graça.

30.01.2013 / PROJEÇOM DEVIDEOCARTOGRAFIAS: AÍ-DA, PALESTINA, DE TILLROESKENS, E PELÍCULAURGENTE POR PALESTINA,DE ALBERTE PAGÁN / 21:30no C.S. O Pichel. COMPOSTELAorganiza o Cineclube de Com-postela. vosG. Com a presen-ça de alberte Pagán, Fayez Ba-dawi e Mohamed safa. No ci-clo ‘Palestina’.

06.02.2013 / VIDAL BOLAN-HO RECUPERADO. CITASAUDIOVISUAIS / 19:00 no Sa-lóm Teatro (Rua Nova, 34).COMPOSTELAa obra de Bolanho comentadapor inma lópez silva e XoséManuel Fernández Castro. so-bre Agasalho de Sombras.

07.02.2013 / VIDAL BOLANHORECUPERADO. CITAS AU-DIOVISUAIS / 19:00 no SalómTeatro. COMPOSTELAa obra de Bolanho comentadapor inma lópez silva e XoséManuel Fernández Castro. so-bre Rosalia.

10.02.2013 / MÚSICAS DO-CES. PETISCOS MUSICAISNA HORA DO CAFÉ / 16:30 e17:30 na Confeitaria La Es-quina (Pça. Galiza). ARÇUAatuaçom de davide salvado.Haverá pastel amendoado ebolo de santiago. duas sessonscom aforo mui limitado.

13.02.2013 / VIDAL BOLAN-HO RECUPERADO. CITASAUDIOVISUAIS / 19:00 no Sa-lóm Teatro. COMPOSTELAa obra de Bolanho comentadapor inma lópez silva e Xosé Ma-nuel Fernández Castro. sobreLaudamuco, Senhor De Ningures.

14.02.2013 / VIDAL BOLAN-HO RECUPERADO. CITASAUDIOVISUAIS / 19:00 no Sa-lóm Teatro. COMPOSTELAa obra de Bolanho comentadapor inma lópez silva e XoséManuel Fernández Castro. so-bre Saxo Tenor.

vários coletivos organizam roteiros polo pico sacro, oíncio, sam mamede e vilámos fins de semana de inverno es-tám cheios de roteiros organizadospor diferentes coletivos ao longode toda a geografia.

adega organiza o segundo ciclode ‘Roteiros pola galiza mágica’,com umha programaçom que seestende até junho. as suas convo-catórias saem sempre da faculda-de de formaçom do professorado

(avenida de Ramón ferreiro) delugo às 9:00 hh. o dia 20 de ja-neiro vam visitar o pico sacro, emcompostela; o 17 de fevereiro, an-darám pola terra de oíncio.

a agrupaçom de montanhaáguas limpas apresentou tam-bém a sua programaçom anual.Em 2013 vam conhecer o maziçogalego e começam com um rotei-

ro dos vales de sao mamede aosmontes do samiom. será no fimde semana do 19 e 20 de janeiro.

o centro cultural Rueiro de cóia(vigo) organiza também caminha-das polos arredores da sua cidade.no dia 16 de fevereiro vam visitaras ‘Redondezas de vilám’. sairámda igreja do cristo da vitória (vi-go) às 9:00 hh.

manifestaçom pola línguaa plataforma Queremos galego!convoca, para o domingo 27 dejaneiro, umha ‘manifestaçom po-la língua que nos une’. a protestasairá às 12h00 da alameda decompostela. a plataforma, daqual fam parte centos de coleti-vos, organiza esta protesta para

exigir a derrogaçom do “decreta-zo” contra o galego e defender oseu ensino nas escolas públicas.Queremos galego! disponibilizaautocarros para acudir a compos-tela. há informaçom sobre os ho-rários e localidades no sitehttp://www.queremosgalego.org/.

o furancho malaherba de ma-tamá abre em janeiro. o furan-cho, que promove o coletivocultural malaherba para a re-caudaçom de fundos para assuas atividades, estará abertono fim de semana do 18, 19 e20 de janeiro. a associaçomanuncia atuaçons musicais adiário e outras atividades queainda estám pendentes de se-rem confirmadas. Está na pra-ça de sam mauro, na paróquiaviguesa de matamá.

abre ofuranchomalaherba

em matamÁ

em janeiro e fevereiro

no dominGo, 27 de janeiro

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

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Novas da Gali a apartado 39 (15701) compostEla tel. 692 060 607 [email protected]

porque um es-critor e cine-asta italiano

morto há mais de 37anos fala para nós for-ma parte da intempes-tividade das resistên-cias. a história move-se em espirais, diag-nosticava o clássico, ea metáfora da velhatoupa serve ainda co-mo sintoma da fragili-dade de todo o sólido.“nada resiste a potên-cia unificadora da me-táfora”, explicou pierpaolo pasolini, “atra-vés dela, cada cousa écomparável às ou-tras”. no combate po-lo valor de uso da lin-guagem, o poeta d’As

cinzas de Gramsci

nunca cedeu espaçoao partido da ordem.sabia que na luita porumha palavra se ativa-va a história da luitade classes. Quer dizer,a história da humani-dade.

Enfrentado à ideiaburguesa de progressoe defensor da autono-mia das culturas sub-alternas, crítico des-trutor do sentido co-mum que mana do ca-pital e das relaçons so-ciais que este gera, aobra de pasolini trans-porta um ódio quasefísico pola civilizaçomdo consumo. “agoraentramos no períododas consequências”,véu dizer o lukacs se-rôdio, coetáneo do he-rético comunista ita-liano. o tempo dessacatástrofe, em que asmaiorias sociais engu-lipam literalmentemerda, é retratado nofilme Saló ou os 120

dias de Sodoma. nopoema O orfo de Von

Spreti, escrito em abrilde 1970, pasolinitambém segue a falarpara nós: “é mui difi-cilmente demonstrável/ que aló onde há fas-cismo poda haver im-parcialidade: / isto, oteu filho já aprendeu anom querer sabê-lo”.

daniel salgado

voltar aPasolini

Foste duas vezes finalista do Pre-mio Merlim que convoca Xeraiscom Carabranca, mas finalmentedecides nom publicar com eles.Que foi o que aconteceu?Foi um desacordo mutuo. da últimavez que Carabranca ficou finalista,na editorial estavam interessados empublicar o texto, mas quando lhesmostrei as ilustraçons definitivasnom gostárom, de facto dixérom quepareciam “bocejos inacabados, feitosa lápis e sujos, simples e com poucavida”. Como eu estava (e estou) muicontente com as ilustraçons e sem-pre considerei que faziam um acom-panhamento idóneo para esse textodecidim nom publicar com eles, poisisso implicaria alterar o conjunto. aminha ideia, desde o início, era queCarabranca fosse esse texto comacompanhado de essas ilustraçons;nom eram cousas separadas.

Apesar de nom publicares comeles, decidiste continuar adiantecom a autoediçom. Como foi estaexperiência e que vantagens tivesteao te teres autofinanciado?Provei noutras editoriais que tam-pouco mostrárom interesse e, final-mente, decidim autoeditar-me (averdade é que nom me imagino aCarabranca ficando numha gaveta).a experiência foi mui boa, sobreto-do como experiência. aprende-semuito, a grande desvantagem, po-rém, é todo o trabalho e o tempo queleva porque a inexperiência, às ve-zes, provoca que as cousas nomsaiam como esperavas, sempre apa-recem problemas com que nem se-quer contavas.

sem dúvida, a grande vantagem éo controlo que tés sobre o que fás.Em todo momento és tu quem deter-mina o resultado, e no plano criativoninguém che pom condiçons, cousaque sim acontece quando trabalhascom umha editorial. os condicionan-tes que costumam pôr estám maisrelacionados com o conteúdo quecom a forma, mas nom deixam deser condicionantes e, às vezes, vamcontra o resultado final. Quando tepublicas tu próprio, és tu quem tem aúltima palavra sobre o tipo de papel,o tamanho do livro, número de tintasou mesmo a tipografia, esse tipo decousas que, ainda que poida parecerque nom tenhem importáncia, deter-minam em grande medida o aspectofísico do livro.

Escreveste dous contos: Carabrancae Bea. Que partilham as duas prota-gonistas e em que se diferenciam?Penso que som mui diferentes; nomtanto as protagonistas em si, senomo que se mostra de cada umha delas.Bea é o retrato de umha moça daque-les anos setenta, e é unha moça doseu tempo... Carabranca é umha his-toria sobre a literatura, a aventura eo romance, da mao de umha almacuriosa e brava, Carabranca, quepercorre o mundo e encontra multit-dom de situaçons e pessoas.

Nos contos tratas de transmitir algumtipo de ensinança ou simplesmentepretendes contar umha história?Nom trato de ensinar nada, só tratode mostrar umha história e ser omais fiel possível à própria história.as narraçons tenhem vida por si pró-prias, tenhem o seu rimo e um ca-minho bastante definido; se os res-peitas a historia funciona, se preten-des pôr algo “teu”, normalmente acousa acaba coxeando. Essa é a min-ha experiência. Com isso nom querodizer que nom haja outras pessoasque escrevam histórias fantásticascom conteúdo ou pretensons mora-listas, mas nom tem nada a ver como que eu fago.

Para além de escrever, ilustras.Qual é o processo à hora de criar,escrever e ilustrar a história? É to-

do feito ao mesmo tempo ou cadacousa tem o seu momento?No meu caso sempre vai o texto pri-meiro. depois de ter a história nasmaos fago o trabalho de ilustraçomque considero mais ajeitado -dentrodo meu estilo-. Este processo é assimpara os meus trabalhos e para o tra-balho doutras pessoas, sempre tra-balhei assim, com poucas excepçons.Há tempo que tenho um trabalho pa-rado, está mui bem definido em ter-mos de estilo e já tenho feito umhadúzia de ilustraçons, mas nom consi-go acabar a história. Talvez seja essetrabalho o que vai ficar na gaveta.

Como aparecêrom estas histórias?Qual foi a tua inspiraçom?No caso de Bea foi simples: é o dia adia de umha criança alá pola décadados setenta. No caso de Carabrancaa história apareceu de casualidade;pensava escrever a história de umharelaçom de amor-ódio entre um ra-paz e umha rapariga, com fantasmasincluídos, mas apareceu Edelmiro, eda caneta de Edelmiro nasceu Cara-branca. os dous tinham tam claro oseu papel que eu tentei manter-me àmargem; fôrom eles próprios quemescrevêrom a sua história.

Antes os contos estavam baseadosna moral ou no patriarcado (prínci-pes que resgatavam princesas, mul-heres más ou boas, passivas...), mas

agora temos outro tipo de literatu-ra infantil onde as mulheres to-mam as rendas da sua vida e os ho-mens partilham protagonismo comelas. Inverter estes valores podeajudar a educar as crianças em va-lores de igualdade e respeito?sem dúvida. É evidente que os livrosque leem as crianças influem na suavisom do mundo e das relaçons. Quehoje em dia sejam as moças e as ne-nas quem protagonizem livros infan-tis e que, dentro desses pequenosmundos que som os livros, tenhamcapacidade plena de decisom sobrea sua vida e as suas açons, é um exer-cício por adaptar a literatura à reali-dade, ou àquilo que a realidade teriade ser. Mas, ironicamente, o própriofacto de fazeres esta pergunta de-monstra que ainda resta muito tra-balho por fazer.

Fala-me dos teus desenhos, nosteus dous contos destaca a quasetoral ausência de cor e que sommui minimalistas, algo estranho nomundo dos desenhos que ilustramcontos infantis.Questom de estilo. se por mim fosse,na maior parte dos casos publicariaunicamente desenhos a lápis. Nomvejo a necessidade de umha mudan-ça: é o que gosto de fazer e nom vejomotivo para fazê-lo doutro modo. Éum pouco como se alguém lhe per-guntasse a um artista japonês do su-mi-e porque nom utiliza têmpera decores nas suas obras. simplesmentenom funciona assim.

Há grandes ilustradoras e ilus-tradores infantis numha linha se-melhante, sobretodo em trabalhospara primeiros leitores, ainda quehoje em dia estejam mais na modaos conteúdos mais “barrocos” ecomplexos. de facto, às vezes pen-so que os trabalhos tam simplesnesta época de excesso de conteú-do gráfico (tanto na quantidade co-mo na qualidade), devem ser agra-decidos ainda que só seja polo des-canso visual que procuram.

Quais som os teus próximos projetos?Por agora tenho um álbum de ilus-traçom acabado sobre vidas fictíciasde santos que busca padrinho (talvezacabe autoeditando-o também), e es-tou a ajudar a um amigo, Mrk Wiers-ma, com as ilustraçons para um ál-bum, um disco-livro com as suascançons -precioso, por certo-.

“Os livros que as crianças leeminfluem na sua visom do mundo”

MARIA ÁLVARES / Iván Sende une narraçom e ilustraçom para criardous contos para crianças onde as protagonistas som duas mo-ças. Histórias que falam de aventura, literatura, raiva e valentia eque provocárom o interesse da editorial Xerais. Finamente, Iván,

igual que as protagonistas do seu conto, apostou na liberdade edecidiu-se pola autoediçom. Enquanto os seus livros se vam tor-nando conhecidos, Ivan continua a ilustrar os contos de MaríaReimóndez e espera publicar um álbum de ilustraçom.

ivÁn sende é ilustrador e escritor