Diversidade de Riscos
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Edio 81
VUCAeGESTOdeRISCO
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Editorial
A tecnologia a favor da Gesto de Riscos .............................................................. 6
Acontece ....................................................................................................... 12
O mundo VUCA e a Gesto de Riscos: estamos preparados? ............................ 10
Riscos invisveis: Agresses fsicas e morais no ambiente de trabalho .................... 15
A materializao do servio de segurana atraves da
medio dos indicadores operacionais ................................................................. 22
Ler&Saber ..................................................................................................... 27
Edio 81 - ISSN 1678-2496N
A revista Gesto de Riscos uma publicao gratuita eletrnica mensal da Sicurezza Editora.
Rua Baro de Jaceguai, 1768. Campo Belo - So Paulo - SP, 04606-004, BRASIL
Diretores | Antonio Celso Ribeiro Brasiliano e Enza Cirelli.
Edio, arte e diagramao | Marina Brasiliano
Brasiliano & Associados Online | www.brasiliano.com.br
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EDITORIAL
Gesto de Krisis: Capacidade de Adaptao e Ao!!
A palavra crise, em grego antigo, krisis, significa tempo de deci-
so, sendo que numa crise e ou situao emergencial, o tempo
de agir sempre agora.
Charles Darwin observou que no so os mais fortes ou maio-
res que sobrevivem, mas aqueles com maior capacidade de
adaptao. Assim, a adaptao um fator-chave, especialmente numa crise e ou situao de grande
anormalidade. E, paradoxalmente, tambm mais fcil, uma vez que o instinto de sobrevivncia diminui
resistncias internas.
Por que escrevo este editorial novamente? Alis quase cpia do que escrevi em 2010 e 2011 em outros
nmeros desta mesma Revista, quando tivemos, no Brasil, tambm uma srie de eventos considerados
de consequncia massiva para a sociedade. Porque neste final do ano de 2014 estamos vivendo mais
uma vez os velhos novos problemas, principalmente em So Paulo: as inundaes, vendavais, queda de
rvores, falta de energia por mais de 48 horas, queda e ou deslizamentos de barreiras nas estradas. Pior
ouvimos as mesmas desculpas e respostas!!
O que no entendo a passividade tanto da sociedade como dos lderes empresariais e das instituies
pblicas em no focarem na gesto de crises com capacidade de viso prospectiva e na operacionalizao
de planos de respostas a emergncias. A viso prospectiva s conseguida atravs de um processo estru-
turado de gesto de riscos. Hoje, atravs da ISO 31000 Gesto de Riscos, velha por sinal, pois foi lanada
em dezembro de 2009!!!, onde sugere um processo estruturado e ordenado para prevenir riscos!!.
O que noto claramente a completa falta de estrutura de planejamento e pronto atendimento no Brasil
pela simples falta de viso!! No investimento senhores, viso e priorizao!!! Esta falta de viso faz
com que as crises passem a ser somente reativas, sem preparo.
Na administrao, o guru Peter Drucker escreveu que h quatro vetores estratgicos para que possamos
se adaptar rapidamente em situaes de crise. So eles: ontem, presente, futuro e interno.
Primeiro, a necessidade de preterir as atividades de ontem a favor das tarefas de amanh. Defender o
passado um risco maior que criar o futuro, ou seja, pensar que os procedimentos e sistemas sempre
so vlidos e que o contexto no muda um erro estratgico!!
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EDITORIAL
Segundo, o presente tem que ser gerido. Necessita saber a sua condio de recursos e meios. Qual sua
real situao? Quais so os pontos fortes e fracos? Conhecer a real condio de resposta diante da es-
tratgia, recursos e meios organizacionais imprescindvel na constante atualizao.
Terceiro, a dimenso do futuro, viso prospectiva. Respondendo s perguntas, se acontecerem esses
cenrios, quais sero os impactos?
Quarto e ltimo, o vetor interno. Suportaremos os impactos? Poderemos quebrar regras e paradigmas
para podermos sofrer as adaptaes e fornecer respostas eficientes?
Se em tempos normais essas quatro questes devem ser periodicamente abordadas, em momentos de
crise, a presso para a ao ainda maior. Em tempos de crise, essa transforma os problemas em emer-
gncias, portanto a ao deve ser imediata.
Agir j!! Essa uma responsabilidade da gesto do topo, porque o esprito de uma organizao
criado a partir do topo. E se cai porque o topo apodrece. Como diz o provrbio: as rvores morrem a
partir do topo (Drucker).
Por que ser que continuamos a ter as mesmas enchentes? Os mesmos deslizamentos? As mesmas r-
vores cadas? Sempre ser culpa de Deus? Sempre ser culpa da natureza? No falta gesto de riscos?
Na minha opinio falta responsabilidade em gesto de riscos! Vamos refletir...
Boa leitura e sorte!!!
Antonio Celso Ribeiro Brasiliano - Publisher [email protected]
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Qual a sua percepo de risco
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6Revista Gesto de Riscos| Edio 81
Conselhos administrativos, CEOs e outros mem-
bros da alta administrao das empresas esto
enfrentando nveis de complexidade do negcio
sem precedentes, condies econmicas inst-
veis, novas leis e regulamentaes, e exigncias
crescentes dos acionistas. Para enfrentar estes
desafios, os gestores esto adotando a disciplina
da gesto de riscos corporativosno planejamen-
to e avaliao dos objetivos estratgicos, alm
do monitoramento e documentao dos riscos
associados a estes objetivos.
A gesto de riscos deve estar alinhada com os
objetivos estratgicos da empresa, onde dever
ser constante a perseguio pela interconectivi-
dade destes a fim de se obter a fotografia das
condies da empresa. Na situao na qual vi-
vemos, no mais admissvel que os gestores
sejam omissos para identificar e tratar as fragili-
dades que possam impactar nos fatores crticos
de sucesso da companhia.
Quando falarmos em riscos, importante que
as empresas possuam uma Poltica e Processo
de Gesto de Riscos Corporativos, para isso vou
citar a ISO 31000, norma considerada guarda-
-chuva do assunto. A ISO 31000 foi desenvol-
vida com base na NS/AS 4360, norma de Ges-
to de Risco utilizada na Austrlia e na Nova
A TECNOLOGIA A FAVOR DA GESTO DE RISCOSPor Talitha Medrado;
Consultora da Brasiliano & Associados e aluna do curso: MBA de Gesto de Riscos da FESP/FAP/Brasiliano & Associados
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Revista Gesto de Riscos| Edio 81
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Zelndia e considerada a mais eficiente. O obje-
tivo se tornar um conjunto nico de diretrizes
para a rea. A ISO 31000 dever ser aplicada em
todas as reas da empresa, de forma integrada.
Abaixo o framework da ISO 31000 (figura 1)
aplicada metodologia Brasiliano:
O processo de gesto de riscos se inicia na Co-
municao e Consulta, onde realizada a co-
municao interna e so sensibilizados os fun-
cionrios referente a cultura de gesto de riscos
na companhia. Devero ser envolvidas as reas
de marketing e recursos humanos, pois pos-
suem maior conhecimento do pblico interno e
das formas de acesso a este. Inserir a cultura de
gerenciamento de risco corporativo e sua inter-
conectividade importante, pois um funcionrio
pode estar preocupado com o roubo do carro
dele, enquanto outro est preocupado com va-
zamento de informaes.
importante salientar que a rea de gesto de
riscos dever manter constante monitoramento
dos riscos, fase 7 do framework em que sua dina-
micidade deve ser vista de perto pelos gestores.
Os constantes avanos da tecnologia permitiram
que fossem criadas solues atravs de softwa-
res para o gerenciamento dos riscos da empresa,
sendo possvel que alta administrao possua vi-
so holstica dos riscos e nveis de riscos de cada
departamento e assim cobrar aes ativas dos
gerentes responsveis. J uma realidade nas
organizaes a utilizao de softwares para au-
xiliar na gesto de riscos.
No privilgio apenas de consultorias essa uti-
lizao, muitas empresas especialistas na rea
comercializam softwares de gesto corporati-
va para auxiliar seus clientes e garantir maior
transparncia nas informaes. O software de
gerenciamento de riscos deve disponibilizar
1. Comunicao econsulta
7. Monitoramento eanlise crtica
2. Contexto Estratgico
3. Identificao de Riscos3.1 Identificao de Processos Crticos3.2 Condio Anlise Situacional3.3 Listagem, Definio e Classificao dos Riscos3.4 Identificao dos Fatores de Riscos3.5 Identificao da Motricidade3.6 Matriz Swot - Magnitude x Importncia3.7 Fatores de Riscos Comuns3.8 Matriz de Impacto Cruzado
Processo de avaliao de riscos
4. Anlise e Avaliao de Riscos Inerente4.1 Probabilidade X Impacto4.2 Matriz de Riscos4.3 Nvel de Riscos
5. Anlise e Avaliao de Riscos Residual5.1 Probabilidade X Impacto5.2 Matriz de Riscos5.3 Nvel de Riscos
6. Respostas aos Riscos 6.1 Matriz de Priorizao dos Riscos6.2 Plano de Ao6.3 Priorizao das Aes6.2 Projeo Futura Probabilidade x Impacto
Figura 1
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8Revista Gesto de Riscos| Edio 81
parametrizao alinhada com a estratgia e o
apetite de risco da empresa.
A utilizao do software fornece anlise inte-
grada para tecnologia, pessoas e ambientes
alm de conjunto de base de conhecimentos
internos da empresa. Permite tambm viso in-
tegrada da Governana, Riscos e Compliance.
As solues disponveis no mercado, geralmen-
te renem todos os dados relacionados ges-
to de riscos em um nico ambiente, incluin-
do uma biblioteca reutilizvel de riscos e seus
respectivos controles e avaliaes, eventos, tais
como riscos, controles eficazes e ineficazes,
perdas e no conformidades, indicadores de
desempenho e planos de tratamento.
A utilizao de softwares realmente faz com que
o gerenciamento de risco torne-se algo intrnse-
co nos processos dirios em todos os nveis das
organizaes com objetivo real de alavancar a
evoluo dos negcios que possua uma aborda-
gem holstica para resolver os problemas crticos,
formular estratgias, agregar valor atravs de
dados e anlises.
Na Brasiliano & Associados utilizado e comer-
cializado o software GRC-BM, que permite s
organizaes identificar, analisar, avaliar, moni-
torar e gerenciar seus riscos corporativos utili-
zando uma abordagem integrada. O SOFTWARE
GRC-BM est estruturado no framework do M-
todo Brasiliano Avanado de Gesto e Anlise
de Riscos Corporativos, utilizado e implantado
pela Brasiliano & Associados em inmeras em-
presas no Brasil e no exterior, conforme as me-
lhores prticas, tais como: ISO 31000, 31010,
27000, 28000, COSO entre outras.
O mercado tecnolgico oferece diferentes alter-
nativas para monitoramento e permite que os
gestores atuem preventivamente para mitigar o
risco e mant-los sob um nvel aceitvel. As or-
ganizaes podem contar com um sistema de
gesto de projetos totalmente integrado para
selecionar, implementar e monitorar as respostas
aos riscos, sendo apoiados por todo um conjun-
to de recursos que um sistema robusto de ges-
to de projetos pode oferecer.
Alm de projetos, as solues tecnolgicas dis-
ponibilizam suporte a planos de ao, ofere-
cendo alternativas simples para os tratamentos
dos riscos, garantindo assim a eficincia na ges-
to integrada de riscos em toda a organizao.
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ACONTECE
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Brasiliano & Associados vence a licitao, para Estruturar a rea de Defesa Urbana do Municpio de Itupeva em So Paulo.
Brasiliano & Associados contratado pelo
Municpio de Itupeva, localizado no Estado de
So Paulo, para Elaborar e Estruturar o Plano
Diretor de Defesa Urbana, com foco em Res-
postas a Contingncias e Desastres.
O objetivo do contrato estruturar um Plano
Diretor Estratgico de Defesa Urbana, fo-
cado para Respostas a todo tipo de Emergn-
cias que o Municpio de Itupeva est exposto.
Estas Emergncias vo desde os riscos da na-
tureza e meio ambiente, como tambm os ris-
cos de grandes acidentes que podem impac-
tar de forma massiva o Municpio de Itupvea .
As fases do projeto incluem:
1) Conhecer as caractersticas e recursos do
Municpio de Itupeva;
2) Identificar Riscos e elaborar Cenrios de
Desastres, de mdia e grande magnitude;
3) Avaliar os riscos e Cenrios de Desastres, com o objetivo de priorizar as aes e recursos;
4) Elaborar e Estruturar as aes estratgicas e os respectivos recursos;
5) Treinar as equipes da Defesa Civil do Municpio de Itupeva, tanto no processo de ges-
to como nas aes de contingncias.
O projeto conduzido pela Secretaria de Defesa Civil do Municpio de Itupeva.
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e a gesto
de riscos:
estamos
preparados?
VUCA O MUNDO
Por Antonio Celso Ribeiro Brasiliano;Diretor Executivo da Brasiliano & Associados;[email protected].
VUCA uma sigla utilizada para descrever a volatilidade (volatility), a incerteza (uncertainty), a comple-
xidade (complexity) e a ambiguidade (ambiguity) nos ambientes e situaes. VUCA em ingls, VICA em
portugus! Oriunda do vocabulrio militar americano, o uso comum do termo VUCA comeou no final
dos anos 1990 e foi, posteriormente, utilizado nas ideias de liderana estratgica que se aplicam em
uma ampla gama de organizaes, incluindo desde organizaes sem fins lucrativos educao.
O conceito VUCA expressa a complexidade da nossa sociedade contempornea, devido interdepen-
dncia e a globalizao, situaes que antes tinham pouco impacto, mas que agora refletem em toda
sociedade. Por exemplo, a catstrofe de Fukushima fez as montadoras japonesas no Brasil pararem suas
linhas produtivas devido a falta de peas. Ou seja a interdependncia uma realidade no mundo globa-
lizado e deve fazer parte da gesto de riscos!.
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Revista Gesto de Riscos| Edio 81
Partindo desta abordagem, o US Army War Col-
lege formulou um programa de formao para
o desenvolvimento das lideranas militares, ao
nvel estratgico, o qual contempla a adoo de
metodologias adequadas para enfrentar o VU-
CA e fazer frente a um ambiente extremamente
agressivo e predador. O US Army College, carac-
teriza os componentes deste contexto envolven-
te do seguinte modo:
- Volatilidade:, marcada pelo ritmo
elevado com que ocorrem mudanas
com impacto na vida das sociedades
desenvolvidas e, concomitantemen-
te, nas suas organizaes. Assim,
no atual contexto de uma Era da
Informao e do Conhecimento,
os dados e as evidncias existen-
tes no momento presente podem
no ser suficientes para a tomada
de deciso. Antecipar e prever o
que pode acontecer, por exemplo
durante o perodo de execuo de
um projeto, so dimenses, por
vezes, absolutamente decisivas.
- Incerteza:, uma caracterstica do
contexto marcada pela necessidade de
se assumir que o conhecimento sobre
uma dada situao sempre incom-
pleto, potencializando deste modo o
aparecimento de opinies divergentes
sobre a melhor estratgia a prosseguir,
exigindo uma cuidadosa anlise do
risco. De fato, cada vez mais difcil
levantar cenrios futuros com base em
acontecimentos passados.
- Complexidade: caracterstica do
contexto envolvente que est asso-
ciada dificuldade de compreender
o resultado das interaes das vrias
componentes de um sistema, uma
vez que estas raramente so de na-
tureza mecanicista e linear. A Teoria
da Complexidade vem, deste modo,
mostrar a interdependncia essencial
de todos os fenmenos. Nesta ponto,
a assuno de fenmenos complexos,
no seio de uma organizao, impe
a necessidade de admitir interaes
no-lineares entre os componentes
do sistema, com consequncias que
se multiplicam rpida e imprevisivel-
mente. Caracterstica mais do mar-
cante do sculo XX e XXI!
- Ambiguidade: descreve um tipo espe-
cfico de incerteza que resulta de di-
ferenas na interpretao quando as
evidncias existentes so insuficientes
para esclarecer o significado de um
determinado fenmeno. Na prtica,
no mbito da gesto das organiza-
es, a consequncia deste fato a
elevada probabilidade das lideranas
poderem interpretar, legitimamente,
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12
Revista Gesto de Riscos| Edio 81
eventos de formas
diferentes, aumentan-
do significativamente
a probabilidade de erros na inter-
pretao dos mesmos. A impreciso
da realidade, o potencial de erros
de leitura, os significados misto de
condies; a falta de ao, confu-
so entre causa e efeito e a falta de
clareza. Para Greg Hutchins, especia-
lista americano em gesto da quali-
dade e gesto de risco: ns estamos
saindo de um mundo linear de saber
a soluo dos problemas e tomar
uma deciso clara para um mundo
dinmico de entender o sentido, de
tomada de deciso baseada no risco,
em condies VUCA.
O mundo VUCA e ou VICA s pode ser geren-
ciado com base em riscos. Da a importncia
de todos os gestores saberem e ou possurem
a competncia de lidar com as incertezas. Bus-
cando na histria militar encontramos tambm
o General Prussiano CLAUSEWITZ (1780-1831),
que escreveu a obra intitulada Da Guerra, que
teve como referencial histrico as Guerras Na-
polenicas. Seu pensamento militar foi moldado
pelas incessantes campanhas militares levadas a
cabo pelo Pequeno Corso por toda a Europa
ao longo de cerca de vinte anos. Clausewitz par-
te da premissa que a guerra no possua regras
fixas e que seus princpios no eram dogmas
inflexveis. Na realidade, seus conceitos so re-
flexes filosficas sobre a conduo da guerra.
Clausewitz ainda antev a importncia do con-
texto psicolgico e social, no campo estratgico.
Ao levar em considerao estes dois contextos,
Clausewitz est sugerindo que a incerteza e o
acaso sejam levados em considerao na to-
mada de deciso no campo de batalha. Outros
fatores que no sejam s mili-
tares devem entrar na anlise
do comandante. Afirma ainda
que a guerra o reino do perigo. A guerra o
domnio do esforo e do sofrimento fsico. Para
poder resistir preciso uma certa fora fsica e
moral que, inata ou adquirida, pode tornar in-
diferente a estes fatores. CLAUSEWITZ ressalta
ainda que: Provido dessas qualidades e guia-
do pelo simples bom senso, um homem j um
bom instrumento de guerra... Se formos mais
longe no que a guerra exige daqueles que ela
se consagra, descobriremos que a qualificao
intelectual ocupa o primeiro lugar. A guerra o
domnio da incerteza.
Com isto Clausewitz quer dizer que mais de trs
quartos de aes militares permanecem em um
nvel de incerteza muito grande, ou seja, nas
brumas. Enfatiza que para dominar a incerteza
h a necessidade de uma inteligncia sutil e pene-
trante, que o comandante possua instinto de po-
der visualizar as grandes variveis que fazem par-
te do campo de batalha: o adversrio, sua prpria
fora, sua fora moral, o terreno, as condies do
tempo, os recursos empregados e com tudo isso
a estratgia, a forma de enfrentar o inimigo.
A guerra o domnio do acaso, nenhuma outra
esfera de atividade deixa tanta margem a este
desconhecido, nenhuma se encontra em tama-
nho nvel de incerteza, sob todos estes pontos
de vista. Em todas as circunstncias a incerteza
entra no curso dos acontecimentos.
Clausewitz j, naquela poca, estava de forma
direta indicando o gerenciamento de um mundo
VUCA, onde na viso dele o grande estrategista
deveria dominar e amar a incerteza, responden-
do a ela com total flexibilidade e quebra total de
regras e dogmas!!
O mundo VUCA e ou VICA s pode
ser gerenciado com base em riscos.
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Revista Gesto de Riscos| Edio 81
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O mundo VUCA baseada na prpria gesto de
riscos, lidando com cenrios complexos e alta-
mente dinmico, onde se exige dos gestores:
- viso do todo e no da parte
(lembram que preciso enxergar a
floresta e no a rvore!!);
- grande velocidade na tomada de
deciso (o movimento mais impor-
tante, no podemos ficar parado, se
ficarmos o inimigo mata! O timo
inimigo do bom, conhecem?);
- no ortodoxia, pensar fora da caixa,
no dogmatizar solues, ser criativo
diante das incertezas;
- colaborao e co-criao entre as
equipes, redes de colaborao, estar
conectado para o entendimento
rpido do contexto;
- agilidade, saber mover-se com grande
flexibilidade, possuir estrutura leve
para poder carregar.
O mundo VUCA um mundo que para ser ven-
cido preciso possuir estes preceitos, o velho
novo conceito da Gesto de Riscos. Por esta ra-
zo que a Gesto de Riscos deve ser internaliza-
da nas empresas de forma a possuir capilaridade
em todos os processos e respectivos nveis or-
ganizacionais. Com isto a mdia e alta gerncia
das organizaes estaro aptas a lidarem com
o mundo VUCA e, desta forma, a empresa ter
uma grande vantagem competitiva frente aos
seus adversrios.
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COMO PROMOVER A EFICINCIA NOS PROCESSOS
Auditoria Baseada em RiscosA ao da Auditoria testar a eficcia dos controles.
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agresses fsicas e morais no ambiente de trabalho
Introduo
Recentemente, foi lanada uma pesquisa que avalia o cenrio de assdio s mulheres brasileiras, que
acontece tanto em espaos pblicos (ruas, condues e parques) como no ambiente de trabalho. Trata-
-se da Chega de fiu-fiu, que mostra que 33% das 7762 mulheres respondentes j foram assediadas
enquanto exerciam suas funes profissionais.
Infelizmente no Brasil, a falta de cultura empresarial adequada para prevenir e precaver os riscos am-
bientais no trabalho, que ainda tem no lucro o foco principal e que acaba deixando de lado o fator
humanitrio, impossibilita uma aplicao adequada de regras voltadas educao necessria nesse e
outros contextos importantes abordados neste artigo.
Por Helena Guimares; Gestora de Riscos e aluna do curso: MBA de Gesto de Riscos da FESP/FAP/Brasiliano & Associados
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Revista Gesto de Riscos| Edio 81
Necessitamos criar uma cultura de incluso, des-
tacando a do trabalho, pois nesse enfoque que
os danos atingem diretamente as pessoas. Os em-
presrios devem criar uma cultura solidria neste
sentido, e de responsabilidades para com todos
os seres humanos. preciso ter em mente que
estes riscos podem passar desapercebidos pelos
gestores, sendo necessrio prev-los e control-
-los atravs de um estudo de Preveno e Perdas.
Neste trabalho abordaremos com mais detalhes:
a) Riscos inerentes ao meio ambiente do
trabalho;
b) Agresso s mulheres;
c) Assdio moral no trabalho.
MeIo Ambiente do Trabalho
Diferentemente das outras divises didticas do
Direito Ambiental, o meio ambiente de trabalho
relaciona-se direta e imediatamente com o ser
humano trabalhador no seu cotidiano, em sua
atividade laboral exercida em proveito de outrem.
Como definio mais abrangente de meio am-
biente de trabalho, defini-se o local onde as
pessoas desempenham suas atividades laborais,
sejam remuneradas ou no, cujo equilbrio est
baseado na salubridade do meio e na ausncia
de agentes que comprometem a incolumidade
fsico-psquica dos trabalhadores, independen-
temente de condio que ostentem (homens ou
mulheres, maiores ou menores de idade, cele-
tistas, servidores pblicos, autnomos, etc.),
edio O Globo, professor Fiorillo.
Garantindo a proteo ao
meio ambiente de trabalho
Convm salientar que h distino entre pro-
teo ao meio ambiente de trabalho e a pro-
teo do direito do trabalho, pois, o primeiro
tem por objeto jurdico a sade e a segurana
do trabalhador, para que desfrute a vida com
qualidade, atravs de processos adequados
para que se evite a degradao e a poluio
em sua vida. J o direito do trabalho vincula-
-se a relaes unicamente empregatcias com
vnculos de subordinao.
No meio ambiente do trabalho o homem tra-
balhador que atingido direta e imediatamente
pelos danos ambientais, portanto esse princpio
um dos fundamentais previstos na Constitui-
o Federal de 1988, inserido em seu artigo
7, inciso XXII, que estabelece como direito do
trabalhador urbano e rural a reduo dos riscos
inerentes ao trabalho por meio de normas de
sade, higiene e segurana.
Dois outros princpios devem ser mencionados, o
da informao e o princpio do poluidor-pagador.
A informao entre os trabalhadores, atravs de
seus sindicatos e federaes, acaba contribuin-
do para a defesa da vida e da sade dos prprios
trabalhadores, e tambm para esclarecer a po-
pulao em geral para as condies sadias do
meio ambiente.
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Revista Gesto de Riscos| Edio 81
O princpio do poluidor-pagador possui duas
razes fundamentais: primeiro, prevenir o dano
ambiental e segundo, em no havendo preven-
o, impe-se a reparao da forma mais inte-
gral possvel, ou seja, o poluidor deve prevenir
danos a sua atividade para evitar problemas
maiores ao meio ambiente, cabendo-lhe o nus
de utilizar todos os equipamentos e meios ne-
cessrios para evit-lo.
Assim, a obteno do meio ambiente do traba-
lho com absoluta adequao e seguro tornou-se
um dos mais importantes e fundamentais direi-
tos do cidado trabalhador, pois sua no-obser-
vncia representa agresso a toda a sociedade,
j que ela que assume os gastos pelos aciden-
tes (Seguro de Acidentes do Trabalho SAT),
arcando com o custo da Previdncia Social, e o
Sistema nico de Sade SUS.
Conforme indicam os ndices, os acidentes do
trabalho ocorrem por prticas inadequadas no
meio ambiente do trabalho, podendo-se men-
cionar, como cita Simo de Melo:
a) a falta de investimento na preveno
de acidentes por parte das empresas;
b) os problemas culturais que ainda in-
fluenciam a postura das classes patro-
nal e profissional no que diz respeito
no priorizao da preveno dos
acidentes laborais
c) a ineficincia dos Poderes pblicos
quanto ao estabelecimento de po-
lticas preventivas e fiscalizao dos
ambientes de trabalho;
d) os maquinrios e implementos agrco-
las inadequados por culpa de muitos
fabricantes que no cumprem corre-
tamente as normas de segurana e
orientaes previstas em lei;
e) a precariedade das condies de
trabalho por conta de prticas equi-
vocadas de flexibilizao do Direito
do Trabalho.
Salienta o referido autor que a soluo vai de-
pender de todos, e principalmente de sua cons-
cientizao para diminuir os riscos ambientais,
assim conduzindo eliminao dos riscos para a
sade do trabalhador.
Agresso s mulheres no ambiente de trabalho
A violncia contra a mulher no trabalho caracte-
riza-se principalmente por:
a) Salrios desiguais para trabalho de
igual valor;
b) Revista ntima;
c) Assdio sexual;
O estudo de cada um destes fatores podem di-
minuir ou eliminar os riscos para a sade do tra-
balhador no ambiente de trabalho, consideran-
do-se a grau de importncia no estudo do meio
ambiente de trabalho.
Salrios desiguais
Conforme estudo divulgado pelo Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), fora
do ambiente domstico os salrios pagos s
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Revista Gesto de Riscos| Edio 81
trabalhadoras representam 72,7% do valor pa-
go aos homens.
Segundo o economista Renato Meirelles, especiali-
zado em mercados emergentes e diretor do Instituto
DataPopular, conclui que este dado est associado
s tarefas domsticas, que na maioria das vezes so
de responsabilidade da mulher: Ou a profissional
no se dedica da forma como gostaria ao mercado
formal ou tem de abrir mo dos avanos na pro-
fisso por conta da sobrecarga que tem em casa,
avalia ele, que realizou o levantamento em parceria
com o Instituto Feminista para a Democracia.
Isso aumenta a rotatividade das mulheres nos
postos de trabalho e contribui para que a mo
de obra feminina, que tem se capacitado cada
vez mais em cursos, faculdades e ps-gradua-
o, no chegue aos postos de gerncia e cargos
de chefia em condies semelhantes dos ho-
mens, inclusive do ponto de vista salarial, com-
pleta Renato Meirelles.
Para Vernica Ferreira, antroploga e pesquisado-
ra do Instituto Feminino para a Democracia, est
enraizado na cultura que executar tarefas casei-
ras um verbo conjugado somente por sujeitos
femininos. uma resistncia estrutural que toca
no machismo. Os homens no querem assumir as
atividades porque o tempo dedicado a outras
questes, como o lazer, afirma a pesquisadora.
Segundo ela, ficou incorporado que a mulher po-
de trabalhar fora de casa desde que d conta da
dupla jornada. Se h um problema com a crian-
a, por exemplo, o problema da me. Na nossa
pesquisa, mesmo entre as poucas mulheres que
tmajuda dos companheiros,a tarefa deles fa-
zer compras no supermercado, ilustra.
O resultado do acmulo de funes pode ser
medido pelos algarismos diferentes nos holerites
femininos e masculinos, mas tambm em outras
reas. O caminho para equilibrar as tarefas do-
msticas, de acordo com os especialistas, edu-
car meninos e meninas com a responsabilida-
de destas funes igualmente distribudas, sem
questes de gneros.
Revista ntima
Relatora do projeto que probe revista ntima de
mulheres em empresas e rgos pblicos da ad-
ministrao direta e indireta, a deputada federal
J Moraes (PCdoB/MG) apresentou substitutivo
global reiterando o veto da prtica nos locais de
trabalho.
A proposio, apresentada em 1990 pela depu-
tada Jandira Feghali (PCdoB/RJ) e reapresentada
em 2007 por Alice Portugal (PCdoB/BA), ganhou
trs emendas na Comisso de Trabalho, Admi-
nistrao e Servio Pblico uma das quais abrin-
do brecha para a realizao da prtica.
Em seu parecer, alm de incorporar textos aper-
feioando a proposio, J Moraes manteve o
propsito inicial da matria: a de vetar a revista
ntimatanto de funcionrias nos locais de traba-
lho,quanto de clientes. J no ambiente prisional
ficou determinado que a revista ntima de mu-
lheres s poder ser feita por mulheres.
A proposio, que entrou na pauta de votao
e foi aprovada em maro de 2011 pela Cma-
ra dos Deputados, uma iniciativa de grande
repercusso j que a revista ntima representa
agresso e constrangimento imposto s mulhe-
res, em especial, no local de trabalho, segundo
Ou a profissional no se dedica da forma como
gostaria ao mercado formal ou tem de abrir mo
dos avanos na profisso por conta da sobrecarga
que tem em casa,
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Revista Gesto de Riscos| Edio 81
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comenta a deputada, cuja prtica, ainda est
presente em alguns setores da economia.
O texto aprovado prev multa de R$ 20 mil ao
empregador, valor que ser dobrado em caso de
reincidncia. Isto, sem contar os valores relativos
a sanes de ordem penal, alm de indenizao
por danos morais e materiais. A matria seguiu
para aprovao pelo Senado, cuja relatora a
Senadora Ana Rita (PT) que em setembro de
2014 aprovou a proibio da revista ntima a
funcionrias de rgos pblicos e entidades da
administrao direta e indireta.
Assdio Sexual
Este assunto tomou srias propores principal-
mente porque a participao feminina no mer-
cado de trabalho cada vez maior, aumentan-
do, consequentemente a relao de convivncia
entre os gneros. Em muitos casos, o assdio
se apresenta de forma to comum que nem
considerado mais uma agresso. Para se ter uma
ideia da gravidade disso, legalmente difcil pro-
var que uma mulher est sendo assediada. At
mesmo dentro da empresa ser defendida nesses
casos exceo. A tendncia mais comum a
mulher deixar o emprego para se ver livre da si-
tuao explica aco-fundadora do Instituto KVT,
Ramy Arany.
Ainda h a questo de se achar que todas as
mulheres gostam de ser assediadas e devem
aceitar o assdio sempre porque tudo no passa
de elogio. interessante, pois existem crenas
que levam os homens a pensarem e agirem des-
ta forma, isto nos leva a crer que talvez o assdio
pode ter funcionado em algumas situaes, com
algum tipo de individualidade feminina, ou de
desejos e interesses ocultos, e com isso, este tipo
de comportamento foi perpetuado, observa a
co-fundadora.
O assdio sexual no trabalho sempre um ato
de poder, sendo o assediador um superior hie-
rrquico da pessoa assediada. De maneira clara,
trata-se de uma insinuao ou proposta sexual
repetida e no desejada por uma das partes. Es-
sa insinuao ou proposta pode ser verbal, ges-
tual ou fsica.
Consequncias do Assdio Sexual:
Stress emocional;
Perda do poder de concentrao;
Transtornos de adaptao;
Ansiedade;
Insegurana;
Baixa auto-estima;
Faltas ao trabalho;
Perda de produtividade;
Perda de motivao.
Assdio Moral no Trabalho
a exposiodos trabalhadores e trabalhadoras
a situaes humilhantes e constrangedoras, re-
petitivas e prolongadasdurante a jornada de tra-
balho e no exerccio de suas funes, sendo mais
comuns em relaes hierrquicas autoritrias e
sem simetrias, em que predominam condutas
negativas, relaes desumanas e ticas delonga
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Revista Gesto de Riscos| Edio 81
durao, de um ou mais chefes dirigida a um ou
mais subordinado(s), desestabilizando a relao
da vtima com o ambiente de trabalho e a orga-
nizao,forando-o a desistirdo emprego.
Caracteriza-se pela degradao deliberada das
condies de trabalhoem que prevalecem atitu-
des e condutas negativas dos chefes em relao
a seus subordinados, constituindo uma experi-
ncia subjetiva que acarreta prejuzos prticos e
emocionais para o trabalhador e a organizao.
A vtima escolhida isolada do grupo sem expli-
caes, passando a ser hostilizada, ridiculariza-
da, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada
diante dos pares. Estes, por medo do desempre-
go e a vergonha de serem tambm humilhados,
associado ao estmulo constante competitivi-
dade, rompem os laos afetivos com a vtima
e, frequentemente reproduzem e reatualizam
aes e atos do agressor no ambiente de tra-
balho, instaurando o pacto da tolerncia e do
silnciono coletivo, enquanto a vtima vai gra-
dativamente se desestabilizando, fragilizando e
perdendosua autoestima.
Concluso
O desabrochar do individualismo reafirma o per-
fil do novo trabalhador: autnomo, flexvel,
capaz, competitivo, criativo, agressivo, qualifica-
do e empregvel. Estas habilidades o qualificam
para a demanda do mercado que procura a ex-
celncia e sade perfeita. Estar apto significa
responsabilizar os trabalhadores pela formao/
qualificao e culpabiliz-los pelo desemprego,
aumento da pobreza urbana e misria, desfo-
cando a realidade e impondo aos trabalhadores
um sofrimento perverso.
A humilhao repetitiva e de longa durao in-
terfere na vida do trabalhador e trabalhadora de
modo direto, comprometendo sua identidade,
dignidade e relaes afetivas e sociais, ocasio-
nando graves danos sade fsica e mental, que
podem evoluir para a incapacidade de trabalho,
desemprego ou mesmo a morte, constituindo
umrisco invisvel, porm concreto, nas relaes
e condies de trabalho, que deve ser eliminado.
Referncias:
RIZZATO, Almir, Edies Rumo Sustentvel,
Meio ambiente de trabalho 2009, artigo pu-
blicado de MEIRELLES, Renato, edio Globo
pesquisa;
FIORILLO, Celso Antonio (professorLivre-Docen-
te em Direito Ambiental do Brasil(pela PUC-SP),
publicaes Universidade Metodista;
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A estrutura do FRAUD RISK oferece passo a passo, o processo de fraudes, testando a eficcia dos controles e implementando o processo preventivo.
coM TrANspArNciA A VerDADe ApArece
frAuD risk AssessMeNT
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A MATERIALIZAO DO SERVIO DE SEGURANA ATRAVES DA MEDIO DOS INDICADORES OPERACIONAISPor Caio Pirutti Fraisoli ; Gestor de Riscos e aluno do curso: MBA de Gesto de Riscos da FESP/FAP/Brasiliano & Associados
Servio de Segurana Privada (Lei 7102/83).
O presente artigo tem por objetivo, trazer aos interessados no uma crtica s praticas ou padres
de mercado utilizados na atividade de Segurana Privada em nosso pas quanto materializao ou
demonstrao dos servios prestados, mas sim, uma viso de como tangibilizar esta atividade aos
tomadores de servios em geral.
A Segurana Privada no Brasil tem tomado uma posio muito importante dentro do mundo corpora-
tivo, uma vez que desde a virada do sculo XXI, com o aumento nos ndices de criminalidade, da inse-
gurana e as modificaes dos comportamentos da populao e devido a ineficincia e limitaes de
nossas foras policiais bem como nossa legislao penal.
Nesse momento a Segurana Privada se v em uma posio de fornecer todo apoio e suporte s organi-
zaes privadas e pblicas, e preencher essas lacunas existentes, deixadas pelo Estado em uma linha de
proteger atravs de atividades especficas os seus bens, pessoas e processos. A Segurana Privada, re-
gulamentada pela Lei N7102 de 20 de junho de 1983 com atividades disciplinadas pela Portaria 3.233
de 10 de dezembro de 2012 do Departamento de Polcia Federal, com o intuito de mitigar os riscos
existentes nas atividades das organizaes foi dividida em cinco atividades, sendo:
I. vigilncia patrimonial: atividade exercida em eventos sociais e dentro de estabelecimentos,
urbanos ou rurais, pblicos ou privados, com a finalidade de garantir a incolumidade fsica
das pessoas e a integridade do patrimnio;
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Revista Gesto de Riscos| Edio 81
II. transporte de valores: atividade de
transporte de numerrio, bens ou
valores, mediante a utilizao de ve-
culos, comuns ou especiais;
III. escolta armada: atividade que visa
garantir o transporte de qualquer
tipo de carga ou de valor, incluindo
o retorno da equipe com o respec-
tivo armamento e demais equipa-
mentos, com os pernoites estrita-
mente necessrios;
IV. segurana pessoal: atividade de
vigilncia exercida com a finalidade
de garantir a incolumidade fsica de
pessoas, incluindo o retorno do vigi-
lante com o respectivo armamento e
demais equipamentos, com os per-
noites estritamente necessrios; e
V. curso de formao: atividade de for-
mao, extenso e reciclagem
de vigilantes.
So atividades exploradas em todos os setores,
indstria, shopping, portos, aeroportos, hospi-
tais, condomnios residenciais e comerciais e em
grandes eventos, tais como, a Copa do Mundo e
a Olimpadas de 2016.
A Prestao do Servio e suas Caractersticas
Segundo Fernando S e Silva e Michel Pipolo,
o setor de prestao de servios de segurana
detm algumas caractersticas que aos mesmos
moldes da prestao de servios gerais as dife-
renciam de outras modalidades existentes no
mercado, sendo:
Intangibilidade
Os bens so tangveis, ou seja, possuem dimen-
ses fsicas, podendo ser tocados, como o caso
de um automvel. J servios, so geralmente
intangveis, tais quais as atividades de segurana
patrimonial e/ou a consulta a um mdico, exem-
plos de produtos puramente intangveis.
Inseparabilidade
Um aparelho celular produzido na sua fbrica,
sem a presena do consumidor. Um servio s po-
de ser realizado na presena do cliente, seja na
forma fsica ou de um contato a distncia, mas
que seja simultneo a prestao do servio. Mes-
mo no caso de servios que s so terminados
aps um perodo de tempo considervel, como a
entrega de uma correspondncia, o incio e o fim
do servio so realizados na presena dos clientes
(aquele que envia a carta e quem a recebe). Para
os servios de segurana, na maioria das vezes,
a entrega acontece nas instalaes dos clientes,
com o cliente presente ou distncia, confiando
que suas instalaes esto protegidas pela em-
presa que contratou para o servio.
Perecibilidade
Servios no podem ser estocados como no caso
dos bens. Por exemplo, o servio de ronda no-
turna de um vigilante, numa instalao de uma
planta petroqumica, no ser fornecido se no
for contratado antes da noite (a empresa forne-
cedora precisa saber da necessidade de ronda
naquela noite). Na manh seguinte, o mesmo
circuito de ronda, ter outra caracterstica, dife-
rente do servio noturno. Por exemplo, poder
estar totalmente claro, permitindo uma ampla
viso do setor distncia, sem a necessidade
do vigilante no local, pois qualquer ameaa se-
r detectada. Um automvel em estoque, no
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Revista Gesto de Riscos| Edio 81
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mudar nada se comprado um dia depois de vis-
to pelo consumidor.
Variabilidade
Embora no exista unanimidade entre os au-
tores pesquisados, sobre esta caracterstica do
servio, achamos importante fazer parte de
nossas anlises. Como os servios dependem
de diferentes pessoas para sua entrega, pos-
suem a caracterstica de variabilidade, de acor-
do com quem o responsvel pela entrega na-
quele momento. O porteiro Jos que trabalha
no turno diurno tem atitudes diferentes (entre-
ga o servio diferente) do porteiro Antnio que
o responsvel pelo turno da noite, na portaria
do prdio que contrata os servios de portaria
de nossa empresa. A diferena de atitudes fa-
cilmente percebvel pelo cliente.
A Criao de Valor
Para empresrio a atividade de segurana priva-
da em sua organizao tem a qualidade de CUS-
TO, uma fatia que pode representar, de 10% a
15% de seu oramento anual com facilities, por
essa razo que a modalidade de escolha de pres-
tador licitao, at ento muito praticada nas
instituies pblicas, toma o mercado privado,
com o intuito de estabelecer um equilbrio van-
tajoso entre CUSTO X QUALIDADE.
Para o segmento de prestao se servios, cria-
-se valor no momento em que h a percepo
do Tomador de Servios que o grau de benefcio
obtido com a da utilizao deste servio pro-
porcionalmente maior ou igual ao valor ($) gas-
to. Da nasce a necessidade das empresas adota-
rem ou criarem uma metodologia ou sistemtica
de levar a quem os contratou a justificativa ou
retorno da fatura paga pelos servios prestados.
Consideramos o exemplo abaixo para melhor
explicar tal justificativa ou retorno dado
ao tomador:
Se um posto de vigilncia 24 horas tem o custo
de R$15.000,00 (quinze mil reais) ao tomador
do servio, ao final do ms o prestador da mes-
ma forma que entrega a medio do servio
realizado para em breve faturar, ele tambm ir
entregar uma um relatrio das aes de segu-
rana realizadas no corrente ms, destacando
principalmente, a somatria em pecnia das
prevenes realizadas neste perodo.
Mas como se cria valor se isso corresponde nada
mais do que foi pactuado no contrato?
Para se criar valor e principalmente fortalecer a
relao de confiana entre TOMADOR X PRES-
TADOR o relatrio apresentado deve conter os
benefcios obtidos pela presena deste posto
dentro da organizao. Como a relao de
oferecer o servio em troca de um valor em pe-
cnia, por que no devolver ao tomador no
somente as informaes sobre os acontecimen-
tos ou aes realizadas mas tambm o que foi
poupado ou prevenido trazendo prestao o
conceito de Preveno X Perdas, usualmente uti-
lizado em operaes logsticas e varejo.
A partir da o tomador inicia uma percepo de
que a prestao do servio de segurana no so-
mente representa um CUSTO para seu oramen-
to, mas sim uma excelente ferramenta de pre-
veno de perdas, podendo lhe retornar parcela
do dinheiro pago em aes preventivas, ocasio-
nadas por furtos, roubos e desvios.
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Revista Gesto de Riscos| Edio 81
Indicadores e a Medio do Desempenho
Inicialmente, para se medir o desempenho da
prestao do servio, deve ser realizar um ali-
nhamento com o tomador de servio, com a
finalidade de balizar as atividades e aes da
prestao, tais como, os KPIs (Key Performance
Indicator) e acordar um nvel de servio espera-
do, chamado de SLA (Service Level Agrement)
ou ANS (acordo de nvel de servio).
Os KPIs (Key Performance Indicator) so indica-
dores de desempenho que levam ao tomador a
viso quantitativa das aes realizadas e contro-
ladas pelo prestador fazendo compreender se os
objetivos traados esto sendo atingidos.
Podem ser consideradas como KPIs na prestao
de servio de segurana as rondas perimetrais,
acesso de pessoas, acesso de veculos, ocorrncias
registradas, ocorrncias prevenidas, dentre outras.
O SLA (Service Level Agreement) trata-se de um
acordo ou contrato entre o tomador e o pres-
tador, delimitando e determinando metas para
que o servio seja realizado da maneira corre-
ta e apropriada. Geralmente so determinados
no incio da da prestao. Podem estar contidos
em um SLA, o absentesmo, turn-over, ndice de
ocorrncia, treinamento, manuteno de equi-
pamentos, preveno de perdas, atendimento
aos requisitos legais, dentre outros.
Pode-se utilizar para medir a segurana, di-
versas tcnicas e sistemas, desde planilhas em
Excel, e-mails, at sistemas informatizados com
armazenamento de dados, documentos, fotos,
registros e aes em nuvem.
Aplicao de um Sistema de Medio Case
Como estudo de caso, tem-se abaixo dos dados
da medio da prestao do servio de segurana
de uma multinacional especializada na produo
de produtos qumicos e petroqumicos no pero-
do de 01/Jan at 26/Nov do corrente ano, tendo
como ferramenta um software de medio de
indicadores de desempenho, que, funcionando
em 3 mdulos: ocorrncias, ronda e check-list,
compilam e armazenam todas as informaes
inseridas, transformando-as em representaes
grficas de fcil visualizao e interpretao.
Ocorrncias: evidenciada a quantidade
de ocorrncias, podendo ser analisadas
por tipo, faixa de horrio, classificao,
dentre outros. Para isso, deve-se inserir os
dados no sistema, que aps concluso,
enviado ao gestor/tomador a ocorrncia e
seus dados para Avaliao. Essa avaliao
consiste em determinar o grau de critici-
dade desta ocorrncia podendo ser desde
um simples desvio, leve, moderada, severa
ou catastrfica. (Figura 1)
25
Invaso de rea - 19%
Desvio Interno - 35,7%
Fonte: PerformanceLab
Furto - 45,2%
TIPO DE OCORRNCIAFigura 1 OCORRNCIA REGISTRADAS POR FAIXAS DE HORRIOS
Noturno - 23,4%
Diurno - 76,6
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Revista Gesto de Riscos| Edio 81
Sistema de ronda: demonstrado ao
tomador, o quantitativo de rondas
realizadas dentro da organizao, evi-
denciando o comparecimento de um
integrante da equipe de segurana
em pontos sensveis pr-determina-
dos do site, sendo, cabines primrias,
caixa dgua, permetro, instalaes
administrativas, CPD, dentre outros.
So determinados Ciclos e periodi-
cidades obrigatrias que iro criar
uma rotina de trabalho e conferncia
destas reas.(Figura 2)
Check-list: o check-list contm ques-
tionamentos alinhados com o SLA
que devem ser respondidos conforme
os acontecimentos de cada turno de
servio (12 horas), onde, aplicada a
metodologia prpria de pontuaes
e pesos mostra ao tomador na forma
de relgio qual a situao de sua
operao (em porcentagem). Podem
compor o check-list perguntas como:
Houve falta de algum colaborador?
Algum colaborador apresentou atesta-
do mdico? Houve alguma ocorrncia
no servio?, dentre outras. (Figura 3)
A apresentao dos indicadores operacionais
em forma de grficos ou dashboards uma es-
tratgia muito bem colocada a ponto de que a
operao fale e transmita as informaes pu-
ramente operacionais da mesma lngua do ges-
tor, dispensando a demonstrao de planilhas,
papeis e registro de controles e atividades de
segurana, mostrando-se mais prtico e rpido
a sua visualizao, anlise e avaliao.
Figura 2
Figura 3
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truo de um plano de um Continuidade de Negcios, incluindo medidas contingenciais e de emergncia.
Como comentrio final e para reflexo de todos, cito a frase de um autor desconhecido,
Lanamento
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GESTO DE CONTINUIDADE DE NEGCIOS
planejamento E agilidade A GARANTIA
DAS SUAS operaes
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