DETERMINANTES SOCIAIS X DETERMINAÇÃO SOCIAL
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DETERMINANTES SOCIAIS X DETERMINAÇÃO SOCIAL
“(...) saúde define-se no contexto histórico de determinada
sociedade e num dado momento de seu desenvolvimento, devendo
ser conquistada pela população em suas lutas cotidianas.”(8a Conferência Nacional de Saúde)
Determinantes sociais
X
Determinação Social do Processo Saúde Doença
Modelo de Determinantes daequidade em saúde
OMS, Comissão de DeterminantesSocias de Saúde, 2005
DESIGUALDADES SOCIAIS EM SAÚDE
• Características sociais que sistematicamente colocam alguns grupos em desvantagem com relação à oportunidade de ser e se manter sadio;
• fortemente atreladas à organização social;
• tendência a refletir grau de iniquidade de uma sociedade
(BARATA, 2009)
Desigualdades sociais em
saúde
Processo saúde-doença em si
Acesso e utilização dos
serviços
RA
CIS
MO
Pessoal/ InternalizadoSentimentos
Condutas
InterpessoalAções
Omissões
Institucional
Material
Acesso ao poder
Baseado no modelo proposto por JONES, 2002WERNECK, 2016
RACISMO INSTITUCIONAL
“A falha coletiva de uma organização em prover um serviço apropriado e profissional às pessoas por causa de sua cor,cultura ou origem étnica” (Carmichael; Hamilton, 1967)
“O racismo institucional estádiretamente ligado à forma comoa sociedade está estruturada ecom a falta de reconhecimentoda cidadania plena da populaçãonegra, resultando na redução doacesso integral a bens e serviçosde qualidade, menorparticipação e negligência dasnecessidades específicas,potencializando agravos àsaúde.” (MS, 2016)
RACISMO NO BRASIL
FRAGILIDADE DO EIXO SAÚDE NESSA TEMÁTICA
• Produção científica
• Fomento
QUESITO RAÇA/COR E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
Dificuldades na conceituação, coleta, grau de cobertura e qualidade da informação
• Sistemas de informação em saúde:
• SINASC e SIM: 1996
• SINAN: 2000
• SIH e APAC: 2008
• SISMAMA: 2009
• Vigitel: 2006
• SIAB e SISHiperdia: NÃO TEM
DADOS ESTATÍSTICOS EM SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA
“Os perversos efeitos dessa programação social sobre a população negra são inúmeros (diversos e assimétricos nas várias fases do ciclo de vida) e podem
ser evidenciados, direta ou indiretamente, a partir da análise de alguns aspectos das relações interpessoais e das relações que o grupo estabelece
com as instituições; da análise de sua situação sócio-econômica, condições de vida e de desenvolvimento humano, participação no mercado de trabalho,
acesso aos bens e equipamentos sociais e de sua morbimortalidade” (LOPES, 2004)
RENDA PER CAPITA
Fonte: IPEA. Dados: PNAD, 2012.
MORADIA
Fonte: IPEA. Dados: PNAD, 2012.
ESCOLARIDADE
Fonte: IPEA. Dados: PNAD, 2012.
Analfabetismo: • negros 13,6% e brancos 6,2% • crianças de 7 a 14 anos que não frequentavam a escola em 2008: 62% eram negras(PNAD/IBGE, 2008)
Remuneração e renda se houvesse o fim da discriminação:• Mulheres negras: 60% mais• Mulheres brancas: 40% mais• Homens negros: 10 a 25% mais(SOARES, 2000)
Fim da pobreza resolve iniquidade racial?(LOPES, 2004)
Preventivo > 25 anos
18,1% das mulheres negras e 13,2% das mulheres brancas jamais haviam
realizado o exame
Taxa de mortalidade materna
Entre as mulheres negras era 65,1% superior a das mulheres brancas
Mulheres negras grávidas morrem mais de causas maternas, a exemplo da hipertensão própria da gravidez,
que as brancas
Mamografia > 40 anos
40,9% das mulheres negras jamais haviam realizado o exame e26,4% das mulheres brancas
PNAD, 2008
SAÚDE DA MULHER
SAÚDE MATERNA
LEAL at et, 2017
SAÚDE DA CRIANÇA
Desnutrição
Risco 90% maior entre crianças pretas e pardas que entre brancas.
Morte por doença infecciosa e parasitária < 5 anos
Risco 60% maior de uma
criança preta ou parda
morrer do que uma criança
branca
BRASIL, 2005.
Expectativa de vida ao nascer• Brancos: 73,99 anos
• Negros: 67,87 anos(FAUSTINO, 2012)
• Risco de morte por causa externa: • 56% maior em negros
• 70% maior em um homem negro do que em um homem branco(BRASIL, 2005)
Jovens negros de 10 a 29 anos apresentam risco de morrer 80% maior que jovens brancos
(SOARES FILHO, 2012)
MORTALIDADE
WAISELFISZ, 2015
BRASIL, 2016.
VIOLÊNCIA
DOENÇAS CRÔNICAS
BRASIL, 2016.
POPULAÇÕES QUE MERECEM DESTAQUE
“A associação de sistemas múltiplos de subordinação tem sido descrita de vários modos: discriminação composta, cargas múltiplas, ou como dupla ou tripla
discriminação. A interseccionalidade é uma conceituação do problema que busca capturar as consequências estruturais e dinâmicas da interação entre dois ou mais eixos de subordinação. Ela trata especificamente da forma pela qual o racismo, o
patriarcalismo, a opressão de classe e outros sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que estruturam as posições relativas de mulheres, raças, etnias, classes e outras. Além disso, a interseccionalidade trata da forma como ações e políticas específicas geram opressões que fluem ao longo de tais eixos,
constituindo aspectos dinâmicos ou ativos do desempoderamento.”(CRENSHAW, 2002).
Fatores histórico-sociais
Fatores políitico-institucionais
Fatores comportamentais
Vulnerabilidade/
violência estrutural
MULHERES NEGRAS
MULHERES NEGRAS
Indicadores sociais: desvantagem sistemática das mulheres negras.(ABRAMO, 2004)
Fenômeno da dupla discriminação.(PINHEIRO, 2004)
Diferenças no tratamentoMaior peregrinação em maternidades e menos anestesia, por exemplo.
(GOES e NASCIMENTO, 2012; LEAL; GAMA e CUNHA, 2005)
Feminização da AIDS.(SOUZA, MARINHO E MELO, 2012)
Poder de negociação sexual.(BATISTA, 2002)
Mulheres negras portadoras de HIV/AIDS são ainda mais vulneráveis, individualmente, que mulheres não negras.
(LOPES, 2003)
QUILOMBOLAS
• Condições sanitárias;
• Ausência de serviços de saúde locais;
• Dificuldade: saúde integral X manutenção das crenças e tradições destes grupos;
• Maior prevalência de determinados agravos;
• Poucos dados em saúde.
(FREITAS et. al, 2011)
POVO DE TERREIRO
Racismo institucional e iniquidades de acesso:
• Equipes que não realizam visita aos terreiros por medo;
• Os terreiros, por sua vez, reclamam que o PSF não os atendia.
• Intolerância religiosa e escassez de profissionais da saúde membros dessas religiões;
• “os adeptos confiam mais nos pais e mães de santo do que em nós”, fala do médico.
(SILVA, 2007)
POVO DE TERREIRO
“As religiões afro-brasileiras possuem um modelo de cuidado e atenção à saúde que tem repercussão na
melhoria da qualidade de vida dos adeptos e da comunidade do entorno. Os terreiros reúnem um
repertório simbólico e real de alternativas de informação/educação/atendimento na prática de lidar
com a saúde e com a educação, podendo tornar-se importante instrumento estratégico para o
enfrentamento de várias doenças e para a promoção da saúde.”
(SILVA, 2007)
O mágico da diáspora: DesMembrar terra-chão Mas se eu já fui trovão
Que nada desfez Eu sei ser Trovão Que nada desfaz, nem O capataz Nem a solidão Nem estupro corretivo contra Sapatão Os complexo de contenção Hospício é a mesma coisa
que presídio é a mesma coisa que Escola é a mesma coisa que prisão que a mesma coisa de hospício É a mesma coisa que As políticas Uterinas De extermínio Dum povo que não
é Reconhecido como civilização(Mas eu sei ser trovão E se eu sei ser trovão Que nada desfez Eu vou ser trovão Que nada desfaz)Nem a solidão Nem o capataz Estupro
corretivo contra Sapatão a loucura da Solidão capataz queimarem A herança De minhas Ancestrais Arrastarem Cláudia Pelo camburãoCaveirão111 Tiros contra5 Corpos111
Corpos Mortos Na prisão Eu sei ser trovão? Que nada desfez? Eu já fui trovão e se eu já fui trovão eu sei ser trovão! Eu sei ser trovão que nada Nada Desfaz Epahey oyá! Eu sei
ser Trovão E nada Me desfaz
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REFERÊNCIAS
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WERNECK, J. Racismo institucional e saúde da população negra. Saúde Soc. São Paulo, v.25, n.3, p.535-549, 2016
OBRIGADA!