Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais ... · FERNANDA DAMASCENO CORREIA...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO FERNANDA DAMASCENO CORREIA Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais na eficiência da saúde pública dos municípios do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

FERNANDA DAMASCENO CORREIA

Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais na

eficiência da saúde pública dos municípios do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro

2014

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FERNANDA DAMASCENO CORREIA

Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais na

eficiência da saúde pública dos municípios do Rio de Janeiro

Dissertação de Mestrado apresentada

ao Programa de Pós-Graduação em

Administração, Instituto COPPEAD de

Administração, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Mestre em

Administração

Orientador: Claudia Affonso Silva Araújo

Rio de Janeiro

2014

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FICHA CATALOGRÁFICA

Correia, Fernanda Damasceno. Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais na eficiência da saúde pública dos municípios do Rio de Janeiro / Fernanda Damasceno Correia. – 2014. 82 f.: il. Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Instituto COPPEAD de Administração, Rio de Janeiro, 2014. Orientador: Claudia Affonso Silva Araújo 1. Saúde Pública Brasileira 2. Análise de Eficiência 3. DEA. 4. Regressão Truncada com Bootstrap I. Araújo, Claudia Affonso Silva (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto COPPEAD de Administração. III. Título.

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FERNANDA DAMASCENO CORREIA

Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais na eficiência da

saúde pública dos municípios do Rio de Janeiro

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Administração,

Instituto COPPEAD de Administração, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em

Administração

Aprovada por:

____________________________________________________

Prof. Claudia Affonso Silva Araújo, D.Sc (Orientador)

COPPEAD/UFRJ

____________________________________________________

Prof. Peter Fernandes Wanke, D.Sc

COPPEAD/UFRJ

____________________________________________________

Profa. Fernanda Filgueiras Sauerbronn, D.Sc

FACC/UFRJ

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AGRADECIMENTOS

Com esse texto chego ao fim do mestrado e concluo mais uma etapa importante

para o desenvolvimento da minha carreira. Nesse momento, felizmente, tenho muitas

pessoas a quem agradecer. É difícil começar por alguém. É claro que alguns tiveram

uma participação mais efetiva ao longo da minha caminhada, mas muitos tiveram

contribuições muito similares.

Começo falando de Deus, que na minha vida sempre teve uma participação

muito intensa. Muitos acreditam que ele não exista, mas independente do jogo de

verdade e mentira que envolve o tema a sua figura representativa dele me auxiliou

bastante nos meus momentos de maior aperto, onde só conseguia desabafar com ele,

ou talvez comigo mesma, como diriam alguns.

A minha família merece destaque nesta página, pois não só me apoiou e

encorajou diante das minhas decisões, como também me aturou nas crises de stress

ao longo do curso. Acho que preciso destacar a colaboração imensa da minha mãe,

que ao longo de toda a minha vida dedicou-se a mim de forma tão incondicional que

ainda não encontrei nada comparável, abdicando-se muitas vezes de si mesma. Ela

é uma pessoa sem a qual acredito que não teria conseguido chegar aqui, eu devo

meu diploma à ela. A minha irmã que com sua amizade, paciência e otimismo sempre

me mostrou que eu era capaz de realizar grandes coisas. Ao meu cunhado sempre

brincalhão me colocando pra cima e me divertindo. Agradeço em especial também a

minha vó que dedicou tantos anos da sua vida a minha educação e me ajudou a ser

uma pessoa íntegra, ética e forte.

Quando me refiro a minha família considero o círculo mais amplo, o que inclui

primos e tios, assim como diversos agregados que devido a convivência intensa não

consigo fazer distinção entre eles e minha família. Agradeço também ao Alan que ao

longo dos quase doze anos de convivência me ensinou a ser uma pessoa mais

equilibrada, calma, paciente e me ajudou a não enlouquecer durante o curso me

afastando um pouco dos livros.

Agradeço a toda a turma do Mestrado Coppead 2013 que dividiram comigo

tanto momentos de tensão e alegria, discutindo conceitos, analisando casos,

estudando para as provas e virando noites fazendo trabalho. Obrigada especialmente

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ao Grupo 7 e a turma de operações, com quem convivi mais intensamente durante a

jornada. Agradeço também as minhas duas grandes amigas, Carol e Nash, que me

deram muita força para que conseguisse chegar até o final.

Não posso deixar de agradecer aos professores que dedicação me ensinaram

muitas coisas. Agradeço em especial a minha orientadora Claudia que com paciência

e dedicação me guiaram nessa pesquisa tão importante para o mestrado. Agradeço

imensamente também ao Edgar, que ao longo desse projeto de pesquisa nos auxiliou

diante dos mais diversos desafios.

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RESUMO

CORREIA, Fernanda D. Análise do impacto de determinantes econômicos e

sociais na eficiência da saúde pública dos municípios do Rio de Janeiro. Orientador:

Claudia Affonso Silva Araújo. Rio de Janeiro: COPPEAD/UFRJ, 2014. Dissertação

(Mestrado em Administração).

O sistema de saúde público no Brasil é caracterizado por longas filas,

precariedade na estrutura das instalações e do atendimento. Esse contexto sinaliza a

demanda por melhorias urgentes nesse serviço que sejam capazes de aumentar o

nível dos resultados, mantendo padrões mínimos de qualidade. Em paralelo a isso,

enfrentam-se restrições no Brasil para ampliação do orçamento público no setor, em

função do já elevado gasto público total.

Diante desse cenário, a análise da eficiência comparativa pode apontar um

caminho para a melhoria do serviço. Essa análise é particularmente útil porque

possibilita a identificação de unidades que são capazes de gerar maiores outputs

utilizado o mesmo nível de input, e que por isso podem ser usadas como referência.

Além disso, é importante identificar os fatores externos que impactam a eficiência da

saúde para que assim políticas mais abrangentes e efetivas possam ser

estabelecidas.

Para isto, foi utilizada nesta pesquisa o método DEA (Data Envelopment

Analysis – Análise Envoltória de Dados) em duas etapas. Inicialmente, a técnica de

DEA foi utilizada para determinar os escores de eficiência técnica e de escala para

cada município. Na segunda etapa, o objetivo era determinar os principais fatores que

impactam a eficiência, por isso, recorreu-se à análise da regressão truncada com

bootstrap.

Os resultados corroboram a existência de espaço para melhorias por meio do

aumento da eficiência, e não necessariamente aumento dos recursos no setor. Além

disso, a etapa da regressão truncada com bootstrap aponta para um relacionamento

positivo entre educação e eficiência em saúde, ao passo que a atenção básica

pareceu impactar negativamente esse resultado para as unidades avaliadas.

Palavras-chave: Saúde Pública Brasileira, Análise de Eficiência, DEA,

regressão Truncada com Bootstrap

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ABSTRACT

CORREIA, Fernanda D. Analysis of economic and social determinants of public

health care efficiency in Rio de Janeiro municipalities. Orientador: Claudia Affonso

Silva Araújo. Rio de Janeiro: COPPEAD/UFRJ, 2014. Dissertação (Mestrado em

Administração).

The Brazilian public health system is usually characterized for long lines, and

precariousness facilities and treatment. This context shows the demand for urgent

improvements in this service to increase the outputs while keep the input and a

minimum quality standard. Together with it, Brazil is facing a restriction in budget

increase in public sector, because of the high level of public expenditure.

In this context, the comparative efficiency analysis shows to be a way to improve

the service and follow the restrictions. This kind of analysis is particularly useful

because it permit the identification of units that use the same amount of input and

generate more outputs and because of this it is used as benchmarking. Furthermore,

it is important to identify external factors that impact efficiency in public health care and

so more in-depth and effective policy could be establish.

To achieve this goal, the Data Envelopment Analysis (DEA) methodology was

used in a two stage technique. Initially, DEA was applied to estimate technical and

scale efficiency scores for each municipality evaluated. Then, in order to identify the

main determinants of these scores, we used the truncated regression with bootstrap.

The result shows that it is possible to improve the public health system without

invest in more inputs, for many of units analyzed. Furthermore, the second stage

indicate that there is a positive relation between education and efficiency in public

health care, however the primary care apparently shows to impact negatively the good

performance, for the units evaluated.

Keywords: Brazilian Public Heath Care, Efficiency Analysis, DEA, Truncated

Regression with Bootstrap.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. MEDIDAS DE EFICIÊNCIA COM ORIENTAÇÃO PARA INPUT E OUTPUT.......................................50

FIGURA 2. DIFERENÇA ENTRE AS CURVAS CRS E VRS ................................................................................55

FIGURA 3. BOXPLOT DAS VARIÁVEIS DE CONTROLE ..................................................................................67

FIGURA 4. BOXPLOT ESCORES DE EFICIÊNCIA MODELO CRS ......................................................................70

FIGURA 5. BOXPLOT ESCORES DE EFICIÊNCIA MODELO VRS ......................................................................71

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. RESUMO FATORES EXÓGENOS QUE IMPACTAM A SAÚDE PÚBLICA .........................................41

TABELA 2. CORRELAÇÃO DAS VARIÁVEIS DE INPUT ..................................................................................60

TABELA 3. ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS VARIÁVEIS DE INPUT ....................................................................65

TABELA 4. ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS VARIÁVEIS DE OUTPUT .................................................................66

TABELA 5. CLASSIFICAÇÃO DE VARIÁVEIS CONTEXTUAIS ..........................................................................68

TABELA 6. ESTATÍSTICAS BÁSICAS DOS RESULTADOS (DEA-CRS E DEA-VRS) .............................................69

TABELA 7. ESCORES DE EFICIÊNCIA E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DOS MUNICÍPIOS ...................72

TABELA 8. QUANTIDADE DE MUNICÍPIOS PARA O QUAL CADA DMU É REFERÊNCIA .................................72

TABELA 9. OUTPUTS OBJETIVO .................................................................................................................73

TABELA 10. VARIAÇÃO PERCENTUAL MÉDIA ENTRE OS OUTPUTS REAIS E OS OBJETIVOS ..........................74

TABELA 11. RESULTADOS DA REGRESSÃO TRUNCADA COM BOOTSTRAP ...................................................74

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................13

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................................................ 13

1.2. OBJETIVO DO ESTUDO .............................................................................................................................. 18

1.3. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ......................................................................................................................... 19

1.4. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ........................................................................................................................ 21

2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................................................22

2.1. ANÁLISE DE EFICIÊNCIA ............................................................................................................................. 22

2.1.1. Indicadores de performance .......................................................................................................... 25

2.1.2. Análise de fronteira estocástica - SFA ............................................................................................ 26

2.1.3. Análise envoltória de dados - DEA ................................................................................................. 27

2.2. ANÁLISE DE EFICIÊNCIA EM SAÚDE ............................................................................................................... 29

2.2.1. Aplicações do DEA na saúde .......................................................................................................... 30

2.3. DETERMINANTES DA EFICIÊNCIA DA SAÚDE PÚBLICA ........................................................................................ 34

2.4. HIPÓTESES DE PESQUISA ........................................................................................................................... 42

3. METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................................................................43

3.1. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS DO MODELO ....................................................................................................... 43

3.1.1. Seleção das unidades de análise .................................................................................................... 43

3.1.2. Seleção de inputs e outputs ........................................................................................................... 45

3.1.3. Seleção das variáveis de controle .................................................................................................. 47

3.2. MÉTODO DEA PARA ANÁLISE DE EFICIÊNCIA ................................................................................................. 48

3.2.1. Modelo CRS .................................................................................................................................... 51

3.2.2. Modelo VRS.................................................................................................................................... 52

3.3. SEGUNDO ESTÁGIO DO MODELO ................................................................................................................. 56

3.4. ANÁLISE DE COMPONENTE PRINCIPAL .......................................................................................................... 60

3.5. BASE DE DADOS UTILIZADA ........................................................................................................................ 62

3.6. LIMITAÇÕES DO MÉTODO DE PESQUISA: ....................................................................................................... 64

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................................65

4.1. ESTATÍSTICA DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS UTILIZADAS ....................................................................................... 65

4.2. ANÁLISE DE COMPONENTE PRINCIPAL .......................................................................................................... 68

4.3. MODELOS BÁSICOS .................................................................................................................................. 68

4.4. REGRESSÃO TRUNCADA COM BOOTSTRAP ..................................................................................................... 74

5. CONCLUSÃO ..........................................................................................................................................79

5.1. RESUMO ................................................................................................................................................ 79

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5.2. CONCLUSÕES .......................................................................................................................................... 80

5.3. CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS E GERENCIAIS ...................................................................................................... 81

5.4. CAMPO PARA PESQUISAS FUTURAS .............................................................................................................. 82

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................................................83

7. ANEXOS .................................................................................................................................................90

7.1. RESUMO DOS ESTUDOS ANALISADOS NA REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 90

7.2. FATORES EXÓGENOS QUE IMPACTAM A SAÚDE PÚBLICA POR AUTOR ................................................................. 107

7.3. ESCORES DE EFICIÊNCIA ........................................................................................................................... 111

7.4. UNIDADE DE REFERÊNCIA PARA MELHORIA DA EFICIÊNCIA .............................................................................. 114

7.5. OUTPUT OBJETIVO POR MUNICÍPIO ........................................................................................................... 117

7.6. VARIAÇÃO PERCENTUAL ENTRE OS OUTPUTS REAIS E OS OBJETIVOS POR MUNICÍPIO............................................. 120

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização do problema

A saúde no Brasil compreende dois sistemas principais: o Sistema Único de

Saúde (SUS) e um sistema custeado pelo setor privado. O SUS corresponde ao

modelo público de ações e serviços de saúde no Brasil e, por isso, é financiado e

operado pela administração pública. (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009)

O SUS foi criado em 1988 com o objetivo de universalizar e ampliar o

atendimento de saúde no Brasil. Nessa época, alguns princípios foram estabelecidos

na Lei Orgânica de Saúde e passaram a nortear o funcionamento desse sistema.

Dentre eles se destacam a universalidade de acesso a todos os níveis de assistência

à saúde, a igualdade na assistência à saúde, a integralidade da assistência à saúde

e a descentralização político-administrativa.

A descentralização nas diferentes esferas de governo, que iniciou a partir da

criação do SUS, redefiniu responsabilidade entre as esferas administrativas da

pública, com uma maior importância dos poderes executivos estaduais e municipais

na política de saúde, em especial os últimos. A descentralização foi estabelecida como

um mecanismo de fortalecimento das administrações locais, objetivando melhorar a

eficiência, a efetividade e os mecanismos de prestação de contas e acompanhamento

das áreas públicas. (GIOVANELLA, 2012)

Na configuração atual, o Ministério da Saúde (MS) é responsável pela

normatização, regularização e coordenação geral do sistema nacionalmente, apesar

de cada esfera participar do processo e desdobrar as medidas necessárias para sua

esfera de atuação. Para as atividades de prestação de serviço de saúde, seja na sua

execução ou no gerenciamento de terceiros, a responsabilidade é dividida entre

estados e municípios, geralmente de acordo com o nível de complexidade. Em linhas

gerais, a atenção primária e secundária são responsabilidade das administrações

municipais, ao passo que o governo estadual é responsável pela atenção de nível

terciário e de referência. O poder federal, por outro lado, opera poucos hospitais, a

maioria universitários e de referência. (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009 e

GIOVANELLA, 2012)

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A experiência brasileira de descentralização do SUS revela, contudo, a

complexidade de consolidar nacionalmente os princípios e diretrizes da política de

saúde em um país com dimensões continentais e heterogêneo. Um complicador

nesse processo é a autonomia dos estados e municípios, que, apesar das críticas

quanto a sua capacidade de financiamento da saúde pública, não são legalmente

obrigados a seguir as políticas federais. Diante desse contexto, a consistência e a

implantação de políticas e prioridades nacionais de saúde são garantidas por meio de

conselhos participativos e comissões e por incentivos financeiros contidos nos

repasses federais a estados e municípios para programas específicos.

(GIOVANELLA, 2012 e LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009)

Reformas recentes estabelecidas nos Pactos pela Saúde pretendem avançar

nesse processo de descentralização oferecendo às entidades subnacionais

flexibilidade para desenvolver e organizar seu sistema de atenção à saúde de acordo

com o seu contexto, mas especificam também metas de desempenho para cada nível

de governo. Embora ainda estejam em desenvolvimento, esses acordos estabelecem

a base para que o governo federal exerça um papel mais forte, utilizando seu poder

econômico para fortalecer o desempenho dos níveis subnacionais do sistema de

saúde. (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009)

Essas reformas gerenciais ainda não se refletiram em melhorias para o

atendimento de saúde pública. Assim, apesar de alguns avanços alcançados em

índices de saúde brasileiros desde a criação do SUS, o Brasil ainda ostenta um

desempenho mediano quando comparado a outros países com mesmo nível de

desenvolvimento econômico. As filas para atendimento são grandes. resultado do

excesso de pessoas e demandas, e levam a demora no atendimento dos pacientes.

Essa espera seria ainda maior se parte da população (43,3%) não tivesse buscado

atendimento na rede privada. Para os que conseguem ser atendidos, as condições

em ele acontece são muitas vezes precárias. Esses fatos evidenciam a grandiosidade

dos desafios para estruturar um sistema de saúde razoável para a população

brasileira. (PONTES et al., 2009 e SILVA et al., 2011)

Os próprios brasileiros, clientes do SUS, avaliam negativamente a qualidade

dos serviços de saúde no país, segundo dados de pesquisa realizada pela

Confederação Nacional da Indústria em 2012. Nessa mesma pesquisa, a dificuldade

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de conseguir atendimento, a falta de médicos e de estrutura das unidades públicas de

saúde apareceram como os problemas mais críticos do sistema brasileiro.

(CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, 2012)

Especialistas apontam diversos motivos para a manutenção dessa realidade,

porém dois aparecem de forma mais recorrente no discurso desses profissionais: o

nível de gasto em saúde pública no país e a ineficiência do sistema.

Para discutir a questão do gasto público em saúde é necessário inicial mente

entender suas fontes de recursos. O financiamento do SUS é realizado pelos três

poderes executivos, a partir de diversas formas de arrecadação próprios. Os governos

estaduais e municipais, contudo, recebem também repasses de fundos federais

(normalmente 80% do orçamento federal em saúde). Para esses repasses é adotada

uma série de critérios, que não são ajustados, contudo, em função das diferentes

condições regionais. O que não permite dimensionar a desigualdade entre as

condições sanitárias e socioeconômicas das populações de distintas áreas

geográficas. (GIOVANELLA, 2012 e LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009)

Apesar da participação financeira das três esferas de governo, autoridades

governamentais e especialistas na área defendem com frequência que a insuficiência

de recursos para a área é a maior causa dos problemas do setor, particularmente no

âmbito do SUS. (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009) Porém, ao se comparar o gasto

público em saúde per capita brasileiro com o de países da América Latina de Produto

Interno Bruto (PIB) per capita similar, verifica-se que o Brasil tem um nível de gasto

equiparado com o desse grupo de países, segundo dados de 2012 disponibilizados

pelo Banco Mundial.

Os defensores do aumento do orçamento público em saúde argumentam

contudo, que o nível de gasto público atual em saúde é incompatível com o modelo

de serviço público e universal pretendido pelo SUS. Assim, verifica-se um gasto

público em saúde no Brasil baixo, como percentual do PIB, quando comparado a

países com proposta similar de atenção, como os países europeus. (MARQUES;

MENDES, 2008)

Alguns aspectos relevantes quando se dimensiona os gastos públicos em

saúde no Brasil são a mudança na estrutura etária e a mudança do perfil de doenças

da população. Nas últimas duas décadas, o Brasil passou por uma transição

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demográfica acentuada. A taxa de crescimento populacional caindo, de

aproximadamente 4,4 para 1,7%, e a expectativa de vida crescendo, passando de

62,7 para 73,9 anos, entre 1980 e 2013. (IBGE, 2014) Em paralelo a isso, verificou-se

uma transição epidemiológica que levou a uma mudança na carga de doenças, de um

perfil onde doenças infecciosas predominavam para um perfil onde as doenças

crônicas não-transmissíveis ganharam destaques. (INSTITUTO BRASILEIRO DE

GEOGRAFIA ESTATÍSTICA, 2009)

Essas transformações aumentam a demanda por serviços de saúde e a

pressão sobre recursos financeiros. Projeções de gastos baseados nos níveis

orçamentários atuais mostram impacto acentuado no custo da saúde com a evolução

do quadro atual. Contudo, essa projeção é baseada num contexto caracterizado pela

insuficiência de ações de prevenção e promoção da saúde, deficiências dos sistemas

de referência, falta de disseminação e aplicação de tratamentos custo-efetivos e

ausência de redes funcionais que facilitem a aplicação de protocolos de

gerenciamento de casos em todos os níveis de atendimento. (LA FORGIA;

COUTTOLENC, 2009)

As três esferas da administração pública não parecem dispostas, contudo, a

aumentar o nível de gasto aplicado à saúde pública. Algumas evidências para isso

são: o não cumprimento, por parte da administração pública, do percentual mínimo de

gasto com saúde previsto na emeda constitucional 29, que obrigava municípios,

estados e governo federal a dedicarem parte dos seus orçamentos ao setor, e

tentativas do governo federal de incluir como despesa do ministério da saúde itens

não reconhecidos como gastos do SUS, como o Bolsa família. (MARQUES; MENDES,

2008)

Mas além de gastar mais, é necessário gastar melhor, ou seja, orientar os

gastos segundo estudos de avaliação tecnológica e protocolos clínicos que indiquem

a melhor forma de organizar e compor a gama de serviços incorporada em cada tipo

de cuidado à saúde. (GIOVANELLA, 2012) Nesse sentido, medidas introduzidas pelos

Pactos pela Saúde podem ajudar na medida em que possibilitam a criação de

mecanismos de pagamento vinculados ao desempenho, um elemento-chave para

promover mudanças. O alcance das metas de desempenho estabelecidas exigirá,

porém, o desenvolvimento de instrumentos voltados para o monitoramento do

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desempenho dos estados e municípios por parte do governo. (LA FORGIA;

COUTTOLENC, 2009)

Dessa forma, verifica-se que o aumento dos recursos no setor por parte da

administração pública é uma alternativa pouco provável de acontecer na prática. Há

uma segunda alternativa frequentemente discutida para melhorar os resultados do

setor: a redução da ineficiência na alocação e uso de recursos, que atualmente

contribui fortemente para o desempenho modesto do setor. (LA FORGIA;

COUTTOLENC, 2009)

A ineficiência da saúde pública brasileira é evidenciada em levantamento

realizado pela Bloomberg em 2014 que mediu a eficiência dos serviços de saúde de

51 países, a partir de informações disponibilizadas pelo Banco Mundial, Fundo

Monetário Internacional, Organização Mundial de Saúde e Departamento de saúde de

Hong Kong. Nessa análise o Brasil ocupou o penúltimo lugar (500). Para chegar a esse

resultado, o portal americano especializado em economia atribuiu uma nota para cada

país. Para o seu cálculo, foram usados critérios como expectativa de vida, média do

custo do serviço de saúde e o quanto esse custo representa quando comparado ao

PIB per capita de cada país.

Assim, o contexto atual da saúde pública no Brasil deixa evidente a demanda

por melhorias urgentes no serviço de saúde público, que sejam capazes de aumentar

o nível dos resultados desse sistema. Em paralelo a isso, enfrentam-se restrições para

ampliação do orçamento público no setor. Diante desse cenário, a análise da

eficiência comparativa entre as unidades locais gestoras da saúde pode apontar um

caminho para a melhoria do serviço. Essa análise é particularmente útil porque

possibilita a identificação de unidades que utilizam o mesmo nível de recurso e são

capazes de gerar maiores resultados e que por isso podem ser usadas como

referência. Os processos e práticas de gestão dessas unidades podem ser usados

como referência para melhoria do desempenho das unidades ineficientes.

Apesar das limitações do SUS aqui expostas, é necessário reconhecer que a

sua implantação reestruturou o sistema de saúde pública no Brasil e foi bem-sucedida

em vários aspectos. Por exemplo, criou um sistema nacional de saúde, racionalizou

os papeis dos diferentes níveis de governo, melhorou a coordenação entre eles e

descentralizou a prestação de serviços de saúde para o âmbito municipal. A reforma

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também expandiu a cobertura a toda a população e reduziu as desigualdades no

acesso à saúde. (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009)

É importante destacar também, que outros fatores devem ser considerados ao

analisar e comparar a saúde de uma região, uma vez que podem impactar diretamente

no processo de produção do serviço e, consequentemente nos resultados obtidos. O

acesso a água potável e saneamento, a educação das mulheres e distribuição de

recursos, por exemplo, podem influenciar os resultados. Políticas que canalizam

recursos para suprir as necessidades de saúde dos mais pobres e que buscam

melhorar a qualidade dos gastos podem ajudar a melhorar os resultados em saúde,

ao passo que um simples aumento no gasto, por exemplo, em atenção hospitalar de

alta complexidade, pode ter um pequeno impacto nos indicadores gerais de saúde.

(LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009)

Portanto, o desempenho da saúde depende do desempenho de outros setores

do governo externos à saúde. Nesse sentido, merecem destaque as políticas

econômicas e sociais, que devem estar orientadas para a eliminação ou redução de

riscos à saúde. Assim, a integração de políticas de saúde com as demais políticas

públicas é fundamental para o desenvolvimento de ações mais efetivas.

(GIOVANELLA, 2012)

1.2. Objetivo do estudo

Diante do contexto da saúde pública brasileira, esse estudo pretende responder

ao seguinte questionamento: qual o impacto de determinantes econômicos e sociais

na eficiência técnica do atendimento público de saúde dos municípios do Rio de

Janeiro?

Para responder a essa pergunta geral, faz-se necessário buscar respostas para

as seguintes perguntas específicas:

Qual é a eficiência técnica do atendimento público de saúde dos municípios de Rio de

Janeiro?

Qual o impacto do nível educacional da população sobre a eficiência técnica do

atendimento público de saúde dos municípios de Rio de Janeiro?

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Qual o impacto da infraestrutura da rede de saneamento básico sobre a eficiência

técnica do atendimento público de saúde dos municípios de Rio de Janeiro?

Qual o impacto da distribuição da renda da população sobre a eficiência técnica do

atendimento público de saúde dos municípios de Rio de Janeiro?

Qual o impacto da cobertura da atenção básica sobre a eficiência técnica do

atendimento público de saúde dos municípios de Rio de Janeiro?

Qual o impacto da proporção da população idosa sobre a eficiência técnica do

atendimento público de saúde dos municípios de Rio de Janeiro?

1.3. Delimitação do estudo

Neste estudo foram estabelecidas algumas fronteiras para escopo de análise.

Geograficamente, o estudo pretende analisar o estado do Rio de Janeiro, tendo os

municípios como unidade de análise. Este estado foi escolhido dentre os demais

estados da federação por sua relevância no cenário econômico brasileiro e pelas

peculiaridades de alguns dos seus indicadores relacionados à saúde pública.

O estado do Rio de Janeiro gerou em 2011 um Produto Interno Bruto (PIB) de

R$ 462.376 milhões, o que equivale a 11.2% do PIB brasileiro, ficando atrás apenas

do estado de São Paulo. Isso equivale a um PIB per capita de R$ 28 696,42, o terceiro

maior PIB per capita do país, atrás apenas de Brasília e de São Paulo,

respectivamente. (IBGE, 2014)

Apesar dos resultados econômicos do estado, os recursos destinados à saúde

pelas autoridades públicas ainda são baixos. Segundo estudo realizado pelo Conselho

Federal de Medicina (CFM), o estado do Rio de Janeiro destinou R$ 4.7 bilhões à

saúde pública em 2013, o que equivale a um gasto per capita de R$ 288.19 ao ano.

Isso representa apenas 13.4% do que os beneficiários de planos de saúde gastam

por ano para ter acesso à assistência suplementar. Esse contexto coloca o estado na

19º posição no ranque de gasto público per capita em saúde. (CFM, 2014).

Já em relação à rede de atendimento, no Rio de Janeiro havia em 2013 um

estabelecimento de saúde para cada 965 habitantes, a 18º posição no ranque dos

estados brasileiros. O Distrito Federal ocupa a primeira posição, com 479 habitantes

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para cada hospital, Santa Catarina vem em seguida, com 494, já em São Paulo há

690 habitantes para cada estabelecimento, o nono estado no ranque. (IBGE, 2014 e

Ministério da Saúde, 2014)

Dado esse contexto peculiar da saúde no estado do Rio de Janeiro, de baixo

investimento, conforme materializado nos indicadores apresentados, somado à alta

relevância econômica do estado, ele foi escolhido para análise nesse projeto.

O período de análise compreende o ano de 2010, essa definição foi função da

disponibilidade de informações das variáveis contextuais. A pesquisa também tem

como foco de análise a saúde pública, envolvendo todos os níveis de atenção -

atenção básica, de média e alta complexidade.

A eficiência será analisada sob o ponto de vista técnico, ou seja, os resultados

em termos de serviços gerados com os inputs disponíveis, não sendo considerada

nenhum tipo de informação financeira. Essa escolha foi feita por ser a eficiência

técnica diretamente relacionada ao gerenciamento da operação da unidade, como

práticas gerenciais, estrutura organizacional e processo de produção, conforme será

explicado em detalhe posteriormente.

Essa análise será realizada utilizando o método não paramétrico Análise

Envoltória de Dados (Data envelopment Analysis – DEA). Essa técnica foi escolhida

por conseguir trabalhar com múltiplos inputs e outputs e não requerer que

pressupostos sejam assumidos em relação aos dados.

Já os determinantes econômicos e sociais, cujo impacto na eficiência será

verificado são: o nível de educação, extensão da rede de saneamento básico,

redistribuição de renda, cobertura da atenção básica e proporção de idosos. Esses

determinantes foram selecionados a partir do referencial teórico analisado, que os

consideravam mais críticos para a eficiência da saúde pública.

É importante destacar também alguns pontos que estão fora do escopo dessa

análise. Não se pretende com esse estudo fazer qualquer tipo de análise sobre a

qualidade do atendimento público ou do impacto desse sistema na saúde da

população.

Page 21: Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais ... · FERNANDA DAMASCENO CORREIA Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais na eficiência da saúde pública

21

1.4. Organização do estudo

O estudo está organizado em 5 capítulos: introdução, revisão de literatura,

metodologia de pesquisa, apresentação dos resultados e conclusão. Na introdução é

apresentada uma contextualização do tema juntamente com a relevância do seu

estudo e, em seguida, os objetivos da pesquisa e suas delimitações são exibidas.

O capítulo seguinte traz uma revisão da literatura sobre o assunto,

considerando o escopo e o objetivo dessa pesquisa. O objetivo desse capítulo é

estabelecer um embasamento teórico que seja um direcionador para responder a

pergunta de pesquisa e para a condução da fase empírica do estudo. Nele são

discutidas a análise de eficiência e em especial sua aplicação à saúde pública, assim

como as variáveis contextuais que a impactam.

O capítulo três apresenta a metodologia definida para condução da etapa

empírica e sua congruência com os objetivos da pesquisa. Os parâmetros do modelo

utilizados neste estudo também são apresentados, assim como informações sobre a

base dados utilizada.

O capítulo quatro apresenta os resultados encontrados em cada etapa do

modelo escolhido, assim como relaciona esses resultados com a literatura analisada.

O último capítulo traz um resumo do estudo, suas conclusões e limitações assim como

campos para pesquisas futuras.

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22

2. REVISÃO DE LITERATURA

Este capítulo dedica-se a expor o referencial teórico que embasou a etapa

empírica desse estudo. Assim, inicialmente é exposto um breve referencial sobre

análise de eficiência, em seguida analisa-se como esse tipo de análise pode ser

empreendida no contexto da saúde, em especial no Brasil. Por fim, discute-se os

principais determinantes da eficiência da saúde pública.

2.1. Análise de eficiência

O escopo central deste estudo, conforme já mencionado, é a análise de

eficiência da saúde municipal. Por isso, um primeiro aspecto que precisa ser analisado

é o conceito de eficiência em si e as formas pelas quais é possível medi-la,

principalmente considerando o contexto da saúde pública.

As unidades de saúde combinam em seu processo produtivo vários recursos,

como pessoas, materiais e equipamentos para obter múltiplos produtos, como

consultas e exames de diagnóstico. A relação entre a quantidade de recursos utilizada

e a quantidade de produtos gerados indica a eficiência do processo de produção. Uma

empresa eficiente produz mais em relação aos recursos utilizados do que uma

empresa ineficiente, mas alguns fatores podem estar envolvidos: otimização e melhor

gestão do processo de produção, combinação de recursos na proporção mais

adequada de forma a não haver desperdício ou produção em escala suficiente para

minimizar os custos fixos. Esses fatores correspondem a tipos diferentes eficiência,

conforme veremos posteriormente. (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009)

Essas medidas de eficiência visam, em última análise, verificar o desempenho

da unidade analisada nesse quesito. O conceito de desempenho, contudo, é relativo.

Assim, é possível, por exemplo, medir o desempenho de uma empresa em relação a

um resultado dela no passado ou em relação a outra empresa naquele mesmo

período. Esse tipo de medição pode ser realizado no setor público e privado, tanto em

empresas de bens como de serviços. Pode-se analisar também o desempenho de

unidades dentro de uma mesma empresa. (COELLI et al., 2005)

A eficiência, por sua vez, além dessa distinção de unidade de comparação pode

ser analisada no seu sentido técnico e no seu sentido alocativo. No primeiro caso, a

eficiência está relacionada à maximização de outputs e minimização dos inputs

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utilizados. Esta eficiência está associada a fatores internos à unidade tomadora de

decisão, como práticas gerenciais, estrutura organizacional e processo de produção,

não sendo considerados valores financeiros. (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009,

THANASSOULIS, 2001 e COELLI et al., 2005)

Já a eficiência alocativa, considera informações de preços e, nesse caso, o

objetivo passa a ser a seleção do mix de inputs que produz uma determinada

quantidade de output a um custo mínimo e que maximize a receita. Este tipo de

eficiência é impactada por fatores externos ou do ambiente em que a organização

opera como, por exemplo, políticas voltadas para a demanda ou políticas setoriais que

muitas vezes determinam o tamanho das operações. (LA FORGIA; COUTTOLENC,

2009 e THANASSOULIS, 2001)

Por fim, a eficiência a total é a combinação das duas medidas de eficiência

anteriormente apresentadas. Thanassoulis (2001) defende que é mais importante

para uma unidade ter eficiência total do que somente eficiência técnica, argumentando

que uma unidade totalmente eficiente é também tecnicamente eficiente, e que o

contrário nem sempre é verdade. Por outro lado, no entendimento de Farrell (1957), a

eficiência técnica está diretamente relacionada ao gerenciamento da operação de

uma unidade, sendo mais relevante do que a eficiência alocativa e, por consequência,

do que a eficiência total. Para este autor, a eficiência alocativa é mais sensível à

introdução de novas unidades na análise e a erros de estimativa de fatores de preços,

além da aplicabilidade gerencial e a interpretação dos resultados serem mais difíceis.

Por isso, neste estudo optou-se por avaliar a eficiência técnica dos municípios

analisados.

A discussão sobre eficiência pode também incluir o componente tempo.

Quando se considera a comparação da produtividade ao longo do tempo, uma fonte

adicional de mudança de produtividade, chamada de mudança tecnológica, é

possível. Isso envolve avanços tecnológicos que podem ser representados pelo

deslocamento para cima da fronteira de produção. (COELLI et al., 2005)

Apesar de existirem diversas enfoques possíveis para a medição do

desempenho em eficiência, seu principal objetivo é aumentar diversas noções de

eficiência. Contudo, na sua manifestação mais comum, ela se materializa na

construção de várias tabelas. No contexto de gerenciamento da performance,

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contudo, isso é apenas o começo de um exercício. Assim, em uma análise mais

detalhada é possível a inspeção dos melhores e piores em desempenho, o que torna

possível o entendimento do processo de produção e a obtenção de informações úteis

que podem ajudar a todas as unidades em análise a melhorar em eficiência.

(THANASSOULIS, 2001)

O objetivo mais amplo no sentido de medir e publicar informações é assegurar

o controle da organização, assumindo-se que os stakeholders da organização têm

algum consenso, mesmo que de forma ampla, sobre os objetivos organizacionais que

estão refletidos na missão da empresa. A missão é então operacionalizada por meio

da definição de um conjunto de objetivos que se refletem em medidas de performance.

Metas para esses objetivos podem ser estabelecidas para cada uma dessas medidas

de maneira a refletir as prioridades da organização.(THANASSOULIS, 2001)

A definição e o acompanhamento de medidas e objetivos de desempenho,

quando realizados de forma contínua e sistemática, podem trazer resposta

comportamental sobre a organização e, por sua vez, pode levar a uma mudança no

desempenho. E essa mudança pode e deve ser na direção refletida na missão e nas

prioridades da organização. (THANASSOULIS, 2001)

O acompanhamento da performance, como todas as ferramentas gerenciais,

tem pontos negativos e positivos. O lado negativo está relacionado ao custo

(principalmente de medir) e às consequências indesejáveis do processo de medição

e publicação do desempenho (como, por exemplo, concentração em áreas objeto da

medição em detrimento de outras áreas também importantes e não medidas, foco no

curto prazo em detrimento do longo, manipulação dos dados, entre outros). Já os

benefícios se concentram no controle da organização na direção pretendida e na

melhoria da produtividade. Dessa forma, para obter os benefícios da ferramenta é

necessário implantar um sistema de medição de performance que minimize os custo

e maximize os benefícios.(THANASSOULIS, 2001)

Existem diversas formas de medir a eficiência da unidade de analise escolhida

para estudo. Três métodos são utilizados mais frequentemente: indicadores de

produtividade; análise envoltória de dados (data envelopment analysis - DEA); e

análise de fronteira estocástica (Stochastic Frontier Analysis – SFA). (COELLI et al.,

2005)

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25

Os métodos para medir a eficiência diferem, em geral, quanto ao tipo de medida

que ele produz, ao tipo de dados que demandam e aos pressupostos assumidos sobre

a estrutura da tecnologia de produção e o comportamento econômico dos tomadores

de decisão. (COELLI et al., 2005)

Os indicadores de produtividade são mais frequentemente aplicados para

agregar uma serie de dados e prover medidas de mudança tecnológica. Eles são

capazes também de comparar a eficiência relativa entre empresas em um ponto do

tempo. Este método assume que todas as empresas são tecnicamente eficientes. Já

o DEA e o SFA são mais frequentemente aplicados em dados de uma amostra de

empresas. Eles não assumem que todas as empresas são tecnicamente eficientes.

Tanto o DEA como o SFA podem ser usados para medir tanto a mudança tecnológica

como a de eficiência, se um conjunto de dados estiver disponível. (COELLI et al.,

2005)

Antes de discutir cada um desses métodos separadamente, é importante definir

os conceitos de fronteira de produção e de conjunto de possibilidades de produção,

que são comuns aos diversos métodos usados para esse tipo de análise.

A fronteira de produção representa o máximo output atingível para cada nível

de input e pode ser usada para definir a relação entre inputs e outputs. Ela reflete o

estado atual de tecnologia na indústria. Dessa forma, empresas em determinada

indústria que operam sobre essa fronteira são tecnicamente eficientes, já as que

operam abaixo dela não o são. (COELLI et al., 2005)

Essa fronteira envolve todas as combinações de input e output factíveis, isto é,

o conjunto de possibilidades de produção. Os pontos sobre a fronteira definem o

subconjunto de unidades eficientes desse conjunto de pontos factíveis. (COELLI et

al., 2005)

2.1.1. Indicadores de performance

Um método simples e frequentemente utilizado para medir performance de

unidades operacionais é o indicador de performance. Esse método consiste em uma

relação de algum output sobre um input pertencente à unidade analisada.

(THANASSOULIS, 2001) O indicador é um número que mede mudanças em um

conjunto de variáveis relacionadas. Conceitualmente eles podem ser usados para

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comparações ao longo do tempo, por exemplo, para medir mudanças de preços e

quantidades, e sobre o espaço, por exemplo, diferenças entre empresas industriais,

regiões e países. (COELLI et al., 2005)

Contudo, um simples indicador de desempenho é raramente suficiente para

cobrir a eficiência relativa de unidades operacionais reais. (THANASSOULIS, 2001)

O índice de eficiência, por exemplo, é um indicador frequentemente utilizado, que

transforma todos os recursos em um único escalar a partir dos seus preços. Isso

envolve a complexidade de estimar preços de diversas unidades quando em análises

comparativas. A mesma dificuldade é encontrada quando o indicador usado é o custo,

também frequentemente verificado na prática. (FARRELL, 1957)

Em um contexto real, existem, nas unidades avaliadas, questões relacionadas

a economias e deseconomias de escala e a múltiplos inputs e outputs caracterizando

a operação que está sendo comparada. Assim, esse método só consegue lidar com

tal complexidade por meio de múltiplos indicadores. Isso não permite, contudo, a

utilização de único benchmark de mínimos inputs e outputs que possa ser usado para

medir a performance de cada unidade operacional. Além disso, nesse contexto, a

variedade de taxas não captura como os múltiplos inputs afetam simultaneamente os

múltiplos outputs do processo de transformação mantido pela unidade analisada.

(THANASSOULIS, 2001)

Dessa forma, o método de medição por meio de indicadores de performance

somente captura todo o processo de transformação quando um único input e um único

output estão envolvidos. Uma vez que nos movemos para um contexto mais realístico,

que envolve múltiplos inputs e outputs, uma abordagem de modelagem torna-se

necessária para medir o desempenho. Nesse caso, existem dois tipos de métodos

frequentemente utilizados, o SFA e o DEA. (THANASSOULIS, 2001)

2.1.2. Análise de fronteira estocástica - SFA

Esse método paramétrico de modelagem faz uso de modelos de regressão

para estimar a equação que define as unidades avaliadas como eficientes. Essa

função de regressão, arbitrariamente escolhida, define a fronteira que envolve o

conjunto de possibilidades de produção e pode ser determinada por diversas técnicas.

Essas técnicas fornecem os coeficientes das variáveis da função de regressão, um

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componente relacionado à ineficiência e um relacionado ao ruído estatístico. Esses

dois últimos componentes são tratados por meio do valor esperado. A determinação

da eficiência de cada unidade, por sua vez, é feita pela comparação entre o valor

previsto pela equação teórica e o verificado na extração de dados reais.

(THANASSOULIS, 2001 e COELLI et al., 2005a)

Os métodos paramétricos fornecem uma melhor compreensão do processo de

produção das unidades avaliadas e fornecem um sumário de medidas de performance

mais do que uma coleção de indicadores. Contudo, o modelo tem algumas limitações,

entre elas destacam-se a impossibilidade de lidar com múltiplos inputs e outputs, uma

vez que essa categoria de método é melhor ilustrada em um contexto onde há um

único input ou um único output, e a necessidade de estabelecer o tipo de modelo de

regressão e a forma de distribuição de algumas variáveis do modelo, o que pode levar

a uma especificação errada do modelo. (THANASSOULIS, 2001)

Em relação a este último ponto, Farrell (1957) defende que quanto mais

complexo é o processo, menos acurada a função teórica será. Dessa forma, para este

autor, a melhor alternativa é comparar a performance de uma unidade com o melhor

atualmente atingível, do que com um ideal inatingível. Essa proposição é alinhada

com o método de análise envoltória de dados (DEA), por ele defendido, que será

apresentado na próxima sessão e detalhado no próximo capitulo.

2.1.3. Análise envoltória de dados - DEA

Dentre os métodos não paramétricos, o DEA é o mais utilizado. Em sua forma

mais tradicional, pode ser usado para avaliar a eficiência comparativa de unidades de

operação homogêneas como escolas, hospitais, empresas de serviço.

(THANASSOULIS, 2001)

O modelo utiliza os inputs, convertidos pelas unidades avaliadas em outputs

úteis, para mensurar a eficiência comparativa que cada unidade individual mantém no

seu processo de transformação. (THANASSOULIS, 2001) O método se baseia na

ideia de que as unidades de produção, ou unidades tomadoras de decisão, buscam

maximizar seus produtos em relação a determinada quantidade de recursos, ou

minimizar a quantidade de recursos consumidos para um determinado nível de

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produto. (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009 e HOLLINGSWORTH; DAWSON;

MANIADAKIS, 1999)

Para classificar organizações produtivas de acordo com a pontuação de

eficiência relativa, o método usa programação linear. Esta técnica determina quais

unidades são consideradas eficientes e dessa forma desenha a fronteira de

possibilidades de produção. O DEA assume que a distância de uma unidade para

essa fronteira é resultado de ineficiências. (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009 e

HOLLINGSWORTH; DAWSON; MANIADAKIS, 1999)

Esta abordagem apresenta algumas vantagens em relação a outros métodos

possíveis. O DEA não requer que nenhum tipo de pressuposto seja assumido em

relação aos dados, não havendo também a necessidade de nenhum link entre input e

output. Em vez disso, um conjunto de possibilidades de produção é construído a partir

dos inputs e outputs observados, envolvendo todos os correspondentes possíveis, e

por isso este método é chamado análise envoltória de dados. O modelo é capaz ainda

de trabalhar com múltiplos inputs e outputs. (BANKER; CHARNES; COOPER, 1984 e

THANASSOULIS, 2001)

O DEA fornece algumas informações adicionais úteis para a gestão da

performance das unidades analisadas. Ele identifica, por exemplo, alvos a serem

seguidos pelas unidades para se tornarem eficientes, isto é, o nível de input adequado

ao nível de output mantido, ou inversamente o nível de output adequado para o nível

de input mantido. Além disso, para as unidades eficientes é possível determinar se

elas operam em economias ou deseconomias de escala e fornece medidas das

mudanças que as economias de escala podem trazer. É possível ainda estimar a taxa

marginal de substituição entre os fatores de produção e eles normalmente diferem

entre os diferentes segmentos que constituem a fronteira de eficiência.

(THANASSOULIS, 2001)

É importante destacar, ainda, que o objetivo da análise pode não medir a

eficiência e a produtividade em si, mas analisar seus determinantes, como no caso

deste estudo. Isto pode ser feito por meio do que é chamado de DEA em dois estágios.

Neste tipo de estudo, no primeiro estágio se obtém os escores de eficiência por meio

do DEA e então esses escores são correlacionados com diversas variáveis

exploratórias que acredita-se influenciar o desempenho. Esse segundo estágio pode

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ser feito por meio de regressão linear, regressão Tobit ou estimador de máxima

verossimilhança. (HOLLINGSWORTH; DAWSON; MANIADAKIS, 1999 e

EMROUZNEJAD; PARKER; TAVARES, 2008 e HOLLINGSWORTH, 2003)

2.2. Análise de eficiência em saúde

Desde de os anos 80, a análise de eficiência tem sido usada para avaliar o

desempenho da produtividade dos serviços de saúde. Mas o número de estudos nos

últimos anos tem crescido drasticamente. (HOLLINGSWORTH, 2008)

Uma característica peculiar dos hospitais, e do sistema de saúde de maneira

geral, é a produção conjunta de múltiplos outputs (como altas, consultas

ambulatoriais, procedimentos de emergência, exames de diagnósticos), que não

podem ser facilmente resumidos em uma única medida. Isso torna conveniente a

adoção de métodos que possibilitem o uso de múltiplos inputs e outputs e que não

requerem a especificação do processo produtivo a priori para estimar eficiência. (LA

FORGIA; COUTTOLENC, 2009)

Três estudos liderados por Hollingsworth (HOLLINGSWORTH; DAWSON;

MANIADAKIS, 1999; HOLLINGSWORTH, 2003; e HOLLINGSWORTH, 2008)

apresentam conclusões relevantes sobre pesquisas de eficiência em saúde. O artigo

publicado em 1999 analisou 91 artigos publicados sobre o assunto até 1997; o artigo

de 2003 analisou 188 artigos publicados até 2002, e o artigo publicado em 2008 fez a

análise de 317 artigos publicados até 2006. Estas análises evidenciaram a frequente

utilização de abordagens não paramétricas, sendo a principal ferramenta o DEA. Os

autores também verificaram a utilização de técnicas paramétricas, em cerca de 10%

dos artigos analisados, com destaque para o SFA.

Na mesma linha, Hussey et al. (2009), após revisarem artigos publicados sobre

a análise de eficiência em saúde entre 1990 e 2008, concluíram que quase metade

dos estudos usaram indicadores, taxas entre um input e um output. Os demais estudos

aplicaram métodos econométrico ou de programação matemática. Essas abordagens

diferem das baseadas em indicadores porque permitem a utilização de múltiplos

inputs e outputs e variáveis explicativas. Dentro dessa segunda categoria duas

abordagens são mais comuns, DEA e SFA, com destaque para a primeira.

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Estes mesmos autores compararam também as métricas utilizadas no campo

acadêmico com as aplicações de mercado, como softwares. Eles afirmam que não há

uma sobreposição entre os métodos usados no mercado e os disponíveis na literatura.

Segundo eles, isso pode ser resultado da complexidade dos métodos acadêmicos, da

sensibilidade dos resultados às escolhas de especificações e da dificuldade de

interpretar os resultados. Isso demostra a necessidade da ampliação de estudos no

campo para que sua disseminação consiga alcançar também o mercado.

Em função da relevância e ampla aplicação do método DEA em estudos de

análise de eficiência em saúde, esse método foi escolhido para a aplicação prática

dessa pesquisa. A próxima sessão expande de forma um pouco mais detalhada as

aplicações desse tipo de método em saúde, que irá embasar a etapa empírica.

2.2.1. Aplicações do DEA na saúde

A classificação dos artigos publicados em DEA por ano, sem restringir a

somente aplicações em saúde, revela que um grande percentual dos trabalhos foram

publicados nos últimos 5 anos. (EMROUZNEJAD; PARKER; TAVARES, 2008)

Liu et al. (2013b) analisaram as publicações em DEA entre os anos de 1978 e

2010, de forma ampla. O resultado mostrou que elas se dividem em duas grandes

categorias, pesquisas empíricas, que têm maior representatividade em número de

publicações, e pesquisas puramente metodológicas. Verificaram, também, não haver

diferença entre a abordagem metodológica utilizada entre as diferentes áreas onde o

método é aplicado. As variantes mais aplicadas, segundo esses autores, são o DEA

network e análise contextual de dois estágios, sendo esta última a mais comum.

Os artigos analisados no âmbito desse estudo, apesar de focados em saúde,

também apresentaram padrão semelhante ao estudo de Liu et al., (2013b) em relação

ao objetivo da publicação. A maior parte deles é de caráter empírico, enquanto alguns

se dedicam à apresentação de variantes dos modelos básicos, como pode ser visto

no anexo 7.1.

Já em relação aos setores que mais aplicam o método, cinto indústrias se

destacam: bancos, saúde, agricultura e fazendas, transporte e educação. Liu et al.,

(2013b) acreditam que há três razões para isso. A primeira é a necessidade de

medição de desempenho de algumas das áreas de aplicação, como por exemplo a

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31

saúde, que tem a forte necessidade, tanto do governo como de organizações

individuais, de checar o efeito de políticas públicas implementadas. A segunda está

relacionada com a maior acessibilidade de dados. Já a terceira razão tem relação com

o suporte de jornais focados em publicações em determinada área.

O racional por trás de usar DEA em saúde está relacionado à sua aplicabilidade

para múltiplos input-output, natural nos serviços de saúde, e à simplicidade das

suposições por trás do método. (HUSSEY et al., 2009)

Olhando mais especificamente as aplicações de DEA em saúde, verifica-se que

dentre elas, a maior parte utiliza somente o DEA. Nesse caso, as análises focam na

eficiência técnica mais que na alocativa. Isso se dá, principalmente, em função dos

problemas de valorar inputs e output na prestação de serviço de saúde. Verifica-se,

contudo, o crescimento nos últimos anos de aplicação de DEA em dois estágios.

((HOLLINGSWORTH; DAWSON; MANIADAKIS, 1999, HOLLINGSWORTH, 2003 e

HOLLINGSWORTH, 2008) Esta aplicação é particularmente compatível com os

objetivos desta pesquisa.

Mais recentemente, alguns estudos têm apresentado análises sobre mudança

de produtividade, cuja técnica mais usada de medição é o índice de Malmiquist. Um

pequeno número de aplicações passou também a apresentar alguns testes, como o

modelo de pesos restritos, a análise de retorno de escala, o uso de análise estatística

ou de sensibilidade nos resultados e testes para verificação da validade dos modelos

usados. (HOLLINGSWORTH; DAWSON; MANIADAKIS, 1999, HOLLINGSWORTH

2003 e HOLLINGSWORTH, 2008)

Nesse ponto, há uma crítica comum aos estudos publicados que está

relacionada à baixa utilização de análises de sensibilidade ou teste estatístico. Isso

pode se dar em parte pela inexistência de métodos aceitos para proceder e de teste

estatístico padrão. Progresso tem sido feito especialmente com uso de técnicas de

bootstrap. (HOLLINGSWORTH; DAWSON; MANIADAKIS, 1999)

A maior parte das aplicações de DEA em saúde usam como unidade de análise

hospitais. (HUSSEY et al., 2009, HOLLINGSWORTH; DAWSON; MANIADAKIS,

1999, HOLLINGSWORTH, 2003, HOLLINGSWORTH, 2008 e HUSSEY et al., 2009)

Regiões administrativas, como municípios, foram usadas em poucos estudos, menos

de 10%. As pesquisas com esse escopo mostram, contudo, existir um caminho para

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melhorias dessas unidades, em função da baixa média dos escores de eficiência

verificados. (HOLLINGSWORTH, 2008, HOLLINGSWORTH, 2003 e

HOLLINGSWORTH; DAWSON; MANIADAKIS, 1999)

O exame de publicações mais recentes, como realizado no escopo desse

estudo, mostra que esse perfil de unidades de análise, com foco em hospitais,

prevalece, como pode ser visto no anexo 7.1. Estudos que avaliem a saúde de regiões

cujo gerenciamento é realizado por entidades governamentais também são poucos.

Olhando especificamente para estudos realizados no Brasil, é possível perceber um

maior número de pesquisas com esse escopo.

A acurácia da performance estimada depende, contudo, do uso apropriado e

bem especificado do modelo, da inclusão dos inputs e outputs relevantes e do uso de

dados acurados. (HOLLINGSWORTH; DAWSON; MANIADAKIS, 1999) Por isso, uma

questão relevante quando se aplica DEA na saúde está relacionada à medição do

resultado do setor, que é uma das especificações básicas do modelo. Existe

atualmente uma inviabilidade de medir o resultado real, que é o ganho de saúde dos

pacientes. Isso deve ser levado em consideração ao analisar o resultado dos estudos

que aplicam essa técnica. Uma segunda questão está relacionada à qualidade dos

dados disponíveis, um problema do setor. (HOLLINGSWORTH; DAWSON;

MANIADAKIS, 1999, HOLLINGSWORTH, 2003 e HOLLINGSWORTH, 2008)

Assim, a aplicação do método DEA em saúde deve ser feita observando

algumas ressalvas. Essa técnica funciona melhor com produtos que são homogêneos

e unidimensionais e não múltiplos e heterogêneos como no caso da saúde. Além

disso, os resultados estimados podem ser sensíveis a mudanças nas suposições e

especificações básicas usadas no modelo, às características do ambiente em que a

unidade opera e os resultados podem só ser válidos para unidades específicas sob

investigação. (HOLLINGSWORTH; DAWSON; MANIADAKIS, 1999 e

HOLLINGSWORTH, 2003)

Outro ponto que merece atenção ao analisar as publicações existentes em DEA

está relacionado ao fato de que muitas pesquisas são realizadas apenas porque há

software e dados disponíveis, o que facilita o cálculo da eficiência relativa. Isso

provoca uma baixa reflexão sobre a especificação do modelo, que pode apresentar

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33

um resultado enviesado e, assim, levar a tomada de decisão baseada em informação

irreal, com consequências desastrosas. (HOLLINGSWORTH, 2008)

Apesar do método possuir limitações, Emrouznejad; Parker; Tavares (2008)

afirmam que existe pouca dúvida de que o DEA, e sua aplicação, continuará sendo a

arena primária de pesquisas avançando no campo. Os autores atribuem três razões

para isso. A primeira delas está relacionada ao fato de que medir a eficiência e

produtividade de grandes organizações não é um exercício trivial, envolvendo uma

complexa estrutura de múltiplos inputs e outputs. O DEA considera tais questões

eficiente e efetivamente. A segunda razão é a não disponibilidade de um grande

número de alternativas, com aplicações reais envolvendo eficiência, que possam

instigar acadêmicos e gestores a conduzir estudos no campo. Além disso, conforme

o DEA amadurece, mais investigadores tenderão a entrar nesse campo. A terceira e

última justificativa está relacionada à habilidade de conseguir dados para estudos, que

é relativamente mais fácil atualmente do que há uma década atrás.

A bibliografia analisada por esses autores mostra que a maior parte dos artigos

utilizando o DEA foram publicados nos Estados Unidos, Reino Unido e em outros

países desenvolvidos. Eles destacam o crescimento recente do número de estudos

também em países em desenvolvimento.

Pensando em desenvolvimentos futuros no campo. Liu et al. (2013a) apontam

quatro tendências: aplicação de DEA em dois estágios com análise de regressão de

fatores contextuais, extensões de modelos, aplicações com tipos especiais de dados

e exame de estruturas internas da unidade avaliada. Dentre essas, a aplicação de

DEA em dois estágios é a mais ativa. (LIU et al., 2013a)

Dentro desse contexto de análise em dois estágios, é importante destacar os

resultados relacionados à saúde de regiões administrativas, escopo de alguns dos

estudos analisados nessa pesquisa, cujos resultados servem de comparação para os

encontrados na presente pesquisa. Um primeiro ponto que merece destaque é o

emprego frequente do DEA em dois estágios, onde é utilizado tanto regressão simples

como associadas ao bootstrap ou regressão Tobit, apesar de o primeiro caso ser mais

frequente.

Outro tópico que merece destaque são as características das unidades

consideradas eficientes em estudos cujo escopo eram unidades administrativas.

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34

Nesse sentido, Pelone et al. (2012) camparam a eficiência técnica do atendimento

clínico de vinte regiões da Itália e avaliaram o impacto de variáveis contextuais na

eficiência. O estudo apontou que um melhor uso dos recursos pode levar a um melhor

nível de prestação de serviço de saúde. Amado e Santos (2009) chegaram à mesma

conclusão em seu estudo sobre a avaliação da atenção básica em Portugal, para eles

o melhor uso dos recursos pode levar não só a mais oferta do serviço, mas também a

um melhor serviço.

Dentro do contexto brasileiro, alguns autores também chegaram a conclusões

similares. Varela, Martins e Fávero (2012) ao analisarem a eficiência da saúde dos

municípios alagoanos, apontou que seria possível aumentar consideravelmente a

quantidade de serviços prestados à população sem a necessidade de novas dotações

orçamentárias na maioria dos municípios. Essas conclusões apontam para a

necessidade da realização de tais avaliações, já que os resultados podem indicar que

o caminho para a melhoria do desempenho da saúde pública pode não demandar o

aumento de recursos financeiros.

Um resultado instigante é o encontrado por Silva (2009) ao estudar a saúde

dos municípios de Minas Gerais. Este autor verificou que as regiões com pior situação

social e econômica do estado apresentavam escores de eficiência mais altos, e por

isso maior otimização dos recursos, que as regiões mais desenvolvidas

economicamente. Além disso, a maior parte dos municípios apresentou escores

médios de eficiência baixos em todas as áreas, demostrando a necessidade de

melhoras na alocação dos recursos.

Uma vez verificada a compatibilidade do método aos objetivos do estudo, é

necessário verificar quais variáveis serão consideradas como determinantes

econômicos e sociais que impactam a eficiência da saúde municipal.

2.3. Determinantes da eficiência da saúde pública

A análise de eficiência não pode ser considerada isoladamente, deve-se

considerar o contexto em que uma determinada unidade opera, que pode estar

colaborando para o seu bom ou mau resultado. Quando a unidade de análise envolve

saúde, o desempenho pode ser fortemente afetado por fatores exógenos.

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35

Nessa linha, Almeida (2003) defende a inclusão dos aspectos sociais que

impactam a saúde em avaliações de desempenho nesse campo. Isso porque as

condições de saúde da população são afetadas por fatores sociais, econômicos e

ambientais, podendo, dessa forma, intervir de maneira importante nos resultados dos

serviços de saúde.

Esse mesmo autor destaca que no caso brasileiro, interessa compreender o

impacto dos determinantes socioeconômicos e demográficos sobre a saúde e seu

desempenho em distintos grupos sociais. Assim, para que a análise de eficiência

consiga relativizar esses diversos fatores é importante que se verifique quais deles

podem impactar a eficiência da saúde municipal para posteriormente incluí-los no

modelo de análise.

Dentro desse quadro de determinantes da saúde da população, quatro

categorias se destacam: genética, cuidado médico, hábitos do indivíduo (como

nutrição, fumo, prática de atividades físicas, excesso de consumo de álcool) e

característica sociais do local em que o indivíduo vive. (BLANE; BRUNNER;

WILKINSON, 1996)

Dentre essas categorias, as características sociais predominam. Isso pode ser

constatado analisando os dados relativos a fatores preponderantes para o

aparecimento de doenças e assumindo alguns pressupostos. Esses dados mostram

que uma fração substancial de variação de doenças entre populações, ou entre

estratos dela, não é explicada por variações genéticas, cuidado médico ou hábitos de

risco. Essa proporção substancial está provavelmente associada às características

sociais. Desse modo, verifica-se que a saúde resulta da interação entre o homem e

as circunstâncias sociais e o ambiente físico em que vive. (BLANE; BRUNNER;

WILKINSON, 1996)

Os conceitos relacionados aos determinantes sociais da saúde podem dar um

indicativo de características do ambiente social, que podem estar colaborando para o

aparecimento de doenças ou enfermidades em uma população e assim

sobrecarregando o sistema de saúde.

Os determinantes sociais da saúde são as condições econômicas e sociais em

que as pessoas vivem e trabalham e que moldam sua saúde. Eles determinam

primariamente as condições de saúde ou doença das pessoas e estão relacionados à

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36

quantidade e à qualidade de uma variedade de recursos disponíveis aos indivíduos.

(RAPHAEL, 2009) Esses determinantes apontam tanto para as características

específicas do contexto social que afetam a saúde, como para a maneira com que as

condições sociais traduzem esse impacto sobre a saúde. (COMISSÃO DE

DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE, 2005) Essa abordagem contrasta com a

visão tradicional da ciência da saúde com o foco da saúde pública em fatores

biomédicos e de hábitos de risco. (RAPHAEL, 2009)

A preocupação com os determinantes sociais da saúde não é nova. Sabe-se

desde a metade do século XIX que as condições de vida são os determinantes

primários da saúde. (RAPHAEL, 2009) Esse conceito surgiu formalmente, contudo, a

partir de uma série de comentários publicados nos anos 70 e no início dos anos 80,

que destacavam as limitações das intervenções sobre a saúde, quando orientadas

pelo risco de doença nos indivíduos. Os críticos defendiam que para compreender e

melhorar a saúde, é necessário focalizar as populações, com pesquisas e ações de

políticas direcionadas às sociedades as quais esses indivíduos pertencem.

Argumentavam também que a atenção médica não era o principal fator de auxílio à

saúde das pessoas, sendo apenas o suporte aos doentes. Esse auxílio estaria ligado

aos fatores que ajudam as pessoas a ficarem saudáveis. (COMISSÃO DE

DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE, 2005)

Assim, qualquer esforço para substancialmente melhorar a saúde da população

deve ser baseado no entendimento de que a saúde é o resultado da interação de

pessoas com seu ambiente social e físico, a ecologia social da saúde. (BLANE;

BRUNNER; WILKINSON, 1996)

Dentre as características socioeconômicas citadas por essa corrente teórica

podemos citar: condições na infância, renda, disponibilidade e qualidade da educação,

alimentação, habitação, emprego, condições de trabalho, saúde e serviço social.

(RAPHAEL, 2009) Para Piola et al. (2009), os determinantes sócio estruturais,

relacionados ao padrão de desenvolvimento, mais relevantes são o grau de educação

da sociedade, a renda e sua distribuição e as condições ambientais, sobretudo as de

saneamento básico.

Uma validação empírica dessas teorias é o estudo de Lopes, Toyoshima,

Provezano (2009), que mostra que variáveis relacionadas às áreas de saúde,

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educação, renda e infraestrutura apresentaram alto grau de discriminação entre os

grupos de municípios das microrregiões de Minas Gerais, avaliados com boa ou má

condição de saúde. É importante destacar também que os determinantes sociais de

saúde que merecem maior atenção são aqueles que podem ser potencialmente

alterados pela ação baseada em informações. (COMISSÃO DE DETERMINANTES

SOCIAIS DA SAÚDE, 2005) Dessa forma, esse estudo optou por analisar o impacto

da educação, saneamento, renda, atenção básica e proporção de população idosa no

desempenho da saúde municipal.

A elevação do nível educacional da população em geral, e das mães em

particular, constitui fator fundamental para o decréscimo da taxa de mortalidade de

crianças, um indicador associado ao resultado do sistema de saúde. (PIOLA et al.,

2009) Lopes, Toyoshima, Provezano (2009) também mostraram a existência de

relacionamento entre as condições de saúde e a educação, representado pela taxa

de alfabetização, na medida em que essa variável apresentou alto grau de

discriminação entre os grupos de boa ou má condição de saúde. Da mesma forma,

Varela; Martins; Fávero, (2012) constataram, em seu estudo nos municípios

alagoanos, que o maior grau de escolaridade da população favorece o bom

desempenho em eficiência. Equivalentemente, Santos (2008), ao analisar a eficiência

dos gastos públicos em saúde dos municípios brasileiros, constatou que a taxa de

alfabetização influencia positivamente na qualidade da saúde da população.

Almeida (2003) também utilizou indicadores relacionados ao nível educacional

da população, no modelo de avaliação da saúde por ele proposto para o contexto

brasileiro, desenvolvido com base na análise do sistema de avaliação de diversos

países. Isso mostra ser esse um componente relevante na análise do desempenho da

saúde. Os resultados do estudo de Martins (2014), que analisou a eficiência da

atenção básica dos municípios brasileiros, apontaram, contudo, não ser significante

um dos indicadores relacionados a educação, o atendimento de crianças de 4 a 6

anos de idade por unidades escolares, enquanto que a taxa de analfabetismo entre

pessoas de 15 anos ou mais mostrou ter relação com a eficiência da saúde.

A infraestrutura de uma região está diretamente relacionada às condições de

saúde da população. Nesse sentido, o saneamento básico é apontado por Santos

(2008) como consensual nos estudos de economia da saúde como de relevante

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impacto sobre as condições de saúde da população. Seu estudo, que analisou a

eficiência dos gastos públicos em saúde dos municípios brasileiros, mostrou

correlação positiva entre indicadores relacionados a saneamento básico e a qualidade

da saúde da população. Martins (2014), em seu estudo sobre a eficiência da atenção

básica dos municípios brasileiros, também mostrou ser o saneamento básico

significativo para explicar ineficiências em saúde.

Almeida (2003) também incluiu o saneamento no modelo proposto para

avaliação da saúde no contexto brasileiro. Este autor também propôs um conjunto de

outros indicadores ambientais, como concentração de material particulado em

suspensão, concentração de ozônio (ppm), emissões de CFC, automóveis por

habitante, ônibus por habitante, emissões industriais. A indisponibilidade detalhada de

tais informações por município, contudo, torna sua utilização inviável num modelo de

avaliação e por isso não foram considerados nessa análise. Segundo esse mesmo

autor, essa inviabilidade se dá em função da descontinuidade da coleta de dados, da

não padronização e ruptura metodológica, da baixa cobertura da rede de amostragem

e atraso ou desatualização de dados.

O nível de renda da população também tem impactos significativos na saúde

da população. Em países avançados os sistemas de redistribuição de renda permitem

que os cidadãos satisfaçam suas necessidades mínimas de vida e mantenham um

padrão de vida razoável. (BLANE; BRUNNER; WILKINSON, 1996) Raphael (2009)

mostra o impacto do nível de renda na saúde ao destacar que mesmo em países que

garantem acesso aos procedimentos médicos, como o Canadá, o acesso à saúde é

afetado por fatores relacionados a renda, como a compra dos medicamentos

prescritos. Por isso, a situação socioeconômica (e aspectos a ela relacionados, como

a escolaridade) é um determinante importante das condições de saúde das

populações. (REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA SAÚDE, 2009).

Um exemplo dessa relevância é a inclusão por Almeida (2003) de indicadores

relacionados a renda no modelo proposto para avaliação da saúde brasileira.

Lopes, Toyoshima, Provezano (2009) verificaram no seu estudo em

microrregiões de Minas Gerais a existência de relacionamento entre as condições de

saúde da população e o nível de renda, assim como Santos (2008), em seu estudo

sobre a eficiência dos gastos públicos brasileiros, cujos resultados apontaram

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relacionamento entre a renda e a qualidade da saúde da população. Já Martins (2014),

em sua avaliação da atenção básica dos municípios brasileiros, constatou relação

entre a distribuição e o nível de renda e a eficiência em saúde. Já Hadad; Hadad;

Simon-Tuval (2013) ao comparar a eficiência da saúde de países da Europa,

verificaram relação entre o índice Gini e a eficiência, conforme esse índice aumentava

a eficiência do sistema de saúde diminuía.

Uma forma de lidar com as diferenças econômicas é atenção básica, que atua

no âmbito da prevenção. (REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA

SAÚDE, 2009) Piola et al. (2009) também destacaram o papel da atenção básica na

melhoria de diversos índices brasileiros relacionados ao resultado da saúde. O estudo

Pelone et al. (2012), que avalia o atendimento clínico de regiões da Itália, também

constata que o melhor uso dos recursos em atenção básica podem levar a melhora

dos serviços de saúde em um nível sistêmico. Já Santos (2008), em seu estudo sobre

a eficiência dos gastos públicos, e Martins (2014), ao analisar a eficiência da atenção

básica dos municípios brasileiros, apesar de terem incluído a cobertura do programa

de saúde da família como uma possível variável que explique ineficiências na saúde,

essas variáveis não mostraram ser significativas para o desempenho.

A estrutura da população etária também é reconhecida como uma variável

fundamentalmente ligada à demanda por serviços de saúde e determina

necessidades organizacionais e tecnológicas do sistema de saúde como um todo,

apesar de não relacionadas aos determinantes sociais da saúde. (REDE

INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA SAÚDE, 2009)

Sabe-se que os cuidados de saúde necessários para a população com mais de

60 anos de idade são diferentes daqueles apresentados pelo resto da sociedade. Isso

se dá em função da incapacidade e do processo degenerativo, característicos dessa

faixa etária. Isso aumenta a demanda por serviços médicos e sociais, requerendo

investimentos consideráveis em recursos físicos, medicamentos, pessoal capacitado

e procedimentos tecnológicos. No Brasil, esse quadro é agravado pela carga dupla de

doenças, que se caracteriza pela concomitância de doenças crônicas e de doenças

infecciosas. (REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA SAÚDE, 2009)

A magnitude do aumento da demanda por assistência à saúde, em função do

envelhecimento da população, pode ser observada pelo número de idosos com

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problemas crônicos de saúde. Dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio

(PNAD, 2003), que inclui uma amostra representativa de idosos brasileiros, mostram

que somente 22% dos idosos não apresentam doenças crônicas, ao passo que 30%

apresentam pelo menos três doenças desse tipo. Essa alta prevalência de doenças

crônicas resulta em maior necessidade de cuidados médicos, que se reflete nas

consultas médicas e nas hospitalizações. (REDE INTERAGENCIAL DE

INFORMAÇÕES PARA SAÚDE, 2009)

Em anos recentes, o número médio de internações na população idosa tem

sido o dobro do registrado entre o restante dos adultos; essa razão aumenta

gradualmente com a idade, chegando a mais de três vezes na faixa etária de 80 e

mais anos. (REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA SAÚDE, 2009) O

reconhecimento da importância da população idosa na análise do desempenho do

sistema de saúde pode ser verificado com a sua inclusão no modelo proposto por

Almeida (2003) para a avaliação da saúde no Brasil. Martins (2014), que analisou a

eficiência da atenção básica dos municípios brasileiros, e Varela; Martins; Fávero

(2012), em seu estudo nos municípios alagoanos, também verificaram relação entre

o percentual de idosos na população e a eficiência em saúde. Já Pelone et al. (2012),

no seu estudo sobre o atendimento clínico de regiões da Itália, não verificaram relação

entre a idade da população e a eficiência.

É importante destacar, contudo, que o envelhecimento populacional é uma

mudança demográfica irreversível. O progressivo envelhecimento da população

resultará em um aumento da carga de doenças e de incapacidades, com consequente

aumento da demanda por serviços médicos e sociais neste país. O seguimento idoso

já responde por 38% dos gastos com hospitalizações no âmbito do SUS e esses

gastos deverão aumentar ao longo do tempo. Somente o investimento em ações

preventivas, em todos os seus níveis, poderá melhorar o cenário apresentado e

reverter as expectativas do seu agravamento. (REDE INTERAGENCIAL DE

INFORMAÇÕES PARA SAÚDE, 2009)

A Tabela 1 apresenta um resumo mostrando por variável a ser analisada os

autores que as citaram.

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Tabela 1. Resumo fatores exógenos que impactam a saúde pública

Variáveis analisadas Autores

Educação

(PIOLA et al., 2009)

(LOPES, TOYOSHIMA, PROVEZANO, 2009)

(VARELA; MARTINS; FÁVERO, 2012)

(SANTOS, 2008)

(ALMEIDA, 2003)

(MARTINS, 2014)

Saneamento

(SANTOS, 2008)

(MARTINS, 2014)

(ALMEIDA, 2003)

Renda

(RAPHAEL, 2009)

(REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA SAÚDE, 2009)

(ALMEIDA, 2003)

(LOPES, TOYOSHIMA, PROVEZANO, 2009)

(SANTOS, 2008)

(MARTINS, 2014)

(HADAD; HADAD; SIMON-TUVAL, 2013)

Atenção básica

(REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA SAÚDE, 2009)

(PIOLA et al., 2009)

(PELONE ET AL., 2012)

(SANTOS, 2008)

(MARTINS, 2014)

Proporção de população idosa

(REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA SAÚDE, 2009)

(ALMEIDA, 2003)

(MARTINS, 2014)

(VARELA; MARTINS; FÁVERO, 2012)

(PELONE ET AL., 2012)

Tamanho da população

(SANTOS, 2008)

(VARELA; MARTINS; FÁVERO, 2012)

(PELONE ET AL., 2012)

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42

2.4. Hipóteses de pesquisa

Considerando o objetivo central desse estudo, verificar o impacto de fatores

exógenos na eficiência da saúde municipal, e a literatura disponível sobre tais fatores,

pode-se definir as seguintes hipóteses a serem testadas na pesquisa quantitativa:

H1: O nível educacional da população tem impacto positivo sobre a eficiência da

saúde municipal.

H2: A extensão da cobertura da rede de saneamento básico na cidade tem impacto

positivo sobre a eficiência da saúde municipal.

H3: A redistribuição de renda na população tem um impacto positivo sobre a eficiência

da saúde municipal

H4: A extensão da cobertura da atenção básica tem um impacto positivo sobre a

eficiência da saúde municipal

H5: A maior proporção da população idosa tem um impacto negativo sobre a eficiência

da saúde municipal

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3. METODOLOGIA DE PESQUISA

Este capítulo procura descrever a metodologia utilizada na condução da

pesquisa quantitativa. Para isso, inicialmente as variáveis do modelo serão

apresentadas, em seguida, o método de pesquisa é descrito em maiores detalhes,

assim como as especificidades da variante do modelo escolhido para os fins dessa

pesquisa. Por fim, são apresentadas as características da base de dados utilizada.

3.1. Definição das variáveis do modelo

Para avaliação da eficiência por meio do DEA é necessário estabelecer quais

variáveis de input e output serão utilizadas para a caracterização do modelo, assim

como as unidades que farão parte do escopo do trabalho. Além disso, como será feita

análise do impacto de variáveis contextuais na eficiência das unidades avaliadas é

necessário definir também esses fatores exógenos. Esta sessão é dedicada ao

delineamento desses componentes do modelo.

3.1.1. Seleção das unidades de análise

O primeiro passo na avaliação da performance utilizando métodos

comparativos como o DEA é a definição da unidade de avaliação, isto é, a entidade

cujo desempenho será comparado com o de outras entidades do mesmo tipo. Uma

delineação inadequada dessa unidade pode levar a uma análise enviesada e, por isso,

sua determinação é crucial no processo. No DEA, essa unidade é chamada DMU do

inglês Decision Making Unit. (THANASSOULIS, 2001)

Para que essa definição seja feita de forma adequada é importante que as

DMUs atendam a alguns critérios: devem ser homogêneas, no sentido de que devem

usar os mesmos recursos para produzir os mesmos resultados, variando apenas o

volume, ou seja, devem ter processos produtivos semelhantes (LA FORGIA;

COUTTOLENC, 2009 e THANASSOULIS, 2001); devem ser também tomadoras de

decisão, o que implica ter o controle sobre o processo que elas desenvolvem para

transformar inputs em outputs. (THANASSOULIS, 2001)

Além de atender às características demandadas pelo modelo, a DMU deve

também ser compatível com os objetivos pretendidos com a avaliação de

desempenho. Este estudo pretende avaliar a eficiência da saúde pública do Rio de

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Janeiro e, como exposto no capitulo1, no Brasil a gestão dos recursos de saúde é

responsabilidade principalmente pelos governos locais, com fiscalização das esferas

estadual e federal. Em função desse papel de administrador, os municípios foram

escolhidos como unidade de avaliação. Além disso, eles podem ser considerados

unidades homogêneas na medida em que usam os mesmos tipos de recursos para

gerar os mesmos resultados.

Já o estado do Rio de Janeiro foi escolhido dentre os demais estados da

federação por sua relevância no cenário econômico brasileiro e pelas peculiaridades

de alguns dos seus indicadores relacionados à saúde pública, de baixo investimento,

conforme apresentado na sessão 1.3. O intuito é verificar a existência de

discrepâncias entre os municípios do estado em relação à eficiência em saúde

pública, verificar os determinantes dessas discrepâncias e apresentar um benchmark

para as regiões ineficientes para que elas possam melhorar a sua performance.

Assim, um aumento dos investimentos na região poderia ser melhor aproveitado ao

destinar recursos para mecanismos que aumentem a eficiência das regiões de baixo

desempenho. Além disso, será possível perceber quais unidades podem melhorar sua

performance sem um aumento nos investimentos, isto é. a partir da análise dos

processos das unidades eficientes.

Um aspecto relevante nos modelos da DEA é a relação entre o tamanho da

amostra (o número de DMUs) e o número de variáveis (input e output). Quanto maior

o número de variáveis em relação ao tamanho da amostra, maior será a proporção de

organizações apontadas como eficientes. Portanto, uma mostra muito pequena

afetará tanto a capacidade do modelo em discriminar as organizações mais e menos

eficientes, como a própria consistência dos resultados. Por isso, é importante que o

número de DMUs seja maior que três vezes o número de inputs e outputs somados,

ou maior que a multiplicação do número de inputs pelo de outputs existentes, qual

dessas opções for maior. (COOPER; SEIFORD; TONE, 2007) O estado do Rio de

Janeiro possui atualmente 92 municípios e cada um deles foi incluído nesse estudo.

O número de variáveis incluídas são 5 inputs e 5 outputs, conforme será explicado em

seguida. Verifica-se, então, que sua soma é 10 e sua multiplicação 25, e assim, o

número de unidades e variáveis incluídas,92, atende os critérios estabelecidos.

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45

3.1.2. Seleção de inputs e outputs

Para medir o desempenho da DMU usando DEA é preciso estimar os níveis

dessas variáveis de forma que ela opere eficientemente. Sua identificação na

avaliação de DMUs é tão difícil quanto crucial e por isso a omissão de alguns inputs e

outputs importantes pode enviesar a avaliação. Os inputs devem capturar todos os

recursos que impactam os outputs. Os outputs, por sua vez, devem refletir todos os

resultados úteis pelos quais se deseja avaliar a DMU. (THANASSOULIS, 2001)

A escolha das variáveis de input está relacionada com o objetivo da análise de

eficiência empreendida. Existem dois tipos de inputs possíveis: físicos ou financeiros.

Ao optar pelo primeiro tipo é possível avaliar o output que pode ser produzido mais

rápido, com menos pessoas, em menos tempo e com menos insumos; por outro lado,

escolhendo inputs financeiros, isto é monetizados, é possível analisar como produzir

os outputs de forma mais barata, reduzindo o custo de mão de obra, dos insumos,

entre outros, por meio do seu uso mais eficiente ou pela sua substituição por inputs

menos custosos (HUSSEY et al., 2009). Como este estudo optou pela análise de

eficiência técnica, apenas variáveis físicas foram incluídas.

Já em relação às variáveis de output, sua definição envolve uma complexidade

adicional no caso da saúde em função da dificuldade de medir seus resultados, isto

é, mudanças no estado de saúde do indivíduo tratado. Por isso, a maior parte das

pesquisas realizadas no setor usam algum output intermediário, isto é, a performance

em atividades físicas em termos de número de pacientes tratados. Os poucos estudos

que avançaram nesse sentido, avaliaram o resultado em termos de mortalidade e

qualidade do tratamento (HOLLINGSWORTH, 2003, HOLLINGSWORTH, 2008).

A definição das variáveis específicas a serem utilizadas teve por base a

literatura revisada e a disponibilidade de informações relativas às variáveis na base

de dados do SUS, usada nesta pesquisa.

O anexo 7.1 mostra os trabalhos mais relevantes publicados entre 2006 e 2012.

É possível nos estudos de aplicações de DEA em saúde pública a distinção entre

focos em atenção básica e atenção secundária. Como esta dissertação objetiva

analisar a eficiência da saúde de um município como um todo, as variáveis utilizadas

deveriam analisar ambos os tipos de atenção. Dessa forma, foram selecionadas as

variáveis frequentemente utilizadas nesses dois grupos.

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46

As variáveis de input escolhidas foram: número de leitos, número de médicos,

número de enfermeiros, demais profissionais de saúde e equipamentos. Apesar da

variável demais profissionais de saúde não estar entre as mais frequentes nos

trabalhos analisados, grande número deles usou variáveis similares como todos os

funcionários da unidade de saúde, não separando médicos ou enfermeiros, ou como

todas as categorias de funcionários da unidade, por isso foi feita uma adaptação dessa

variável.

As variáveis selecionadas para output foram: atendimentos com internação,

atendimentos sem internação e procedimentos de diagnóstico (para analisar a

atenção secundária), atendimentos totais realizados pelo programa de atenção básica

e pessoas atendidas pelo programa de atenção básica (para analisar atenção básica).

Vale destacar que apesar dos procedimentos de diagnósticos não apresentarem

frequência elevada nos artigos revisados, as demais variáveis mais citadas que essa

estão incorporadas nas primeiras duas variáveis selecionadas.

A variável “altas médicas”, apesar de estar presente como output em diversos

estudos analisados, não foi considerada nesta dissertação pelo fato de o escopo da

pesquisa envolver a saúde municipal como um todo, que possui unidades de saúde

com diversos níveis de complexidade. Dessa forma, a inclusão dessa variável levar a

resultados distorcidos, desfavorecendo municípios que concentram hospitais que

tratam doenças de maior risco.

Para cada uma dessas variáveis, uma ou mais informações foram extraídas do

banco de dados do SUS. As informações de input foram extraídas do conjunto de

informações da rede assistencial. Mais especificamente, as variáveis “número de

médicos”, “número de enfermeiros” e “demais profissionais de saúde” estavam

armazenadas no grupo “Recursos Humanos a partir julho 2007”, sendo os

profissionais contabilizados por ocupações que atendem ao SUS. Já a “quantidade de

equipamentos” e o “número de leitos” foram obtidos a partir do grupo “Recursos

Físicos”, a primeira selecionando o item “Equipamento” e o segundo as “Demais

opções”. Foram considerados todos os equipamentos em uso, à exceção dos de

infraestrutura, e todos os tipos de leitos existentes.

As informações de output, por sua vez, foram extraídas do conjunto de

informações de assistência à saúde. Mais especificamente, a variável “atendimentos

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47

com internação” corresponde às “AIH (Autorização de Internação Hospitalar)

aprovadas para procedimento cirúrgico”; já a variável “atendimentos sem internação”

é o somatório dos “procedimentos clínicos ambulatoriais”, “procedimentos clínicos

hospitalares” e “procedimentos cirúrgicos ambulatoriais”; os “procedimentos de

diagnóstico”, por sua vez, correspondem às “AIH aprovadas para procedimento de

diagnóstico” ambulatorial e hospitalar. As variáveis relativas à atenção básica foram

extraídas do grupo “Atenção Básica - saúde da família”, sendo os “atendimentos

totais” obtidos na opção “produção e marcadores”, reunindo todos os atendimentos

realizados nesse programa e as “pessoas atendidas” na opção “cadastramento

familiar”, contabilizando-se o “número total de pessoas cadastradas”.

3.1.3. Seleção das variáveis de controle

Conforme já discutido na sessão 2.3, as variáveis cujo impacto na eficiência da

saúde municipal será analisado nesse estudo são: educação, saneamento básico,

renda, atenção básica e população idosa. Existem, contudo, diversos indicadores que

mensuram esses fatores, como pode ser observado no anexo 7.2. Nesta sessão será

descrito o indicador específico utilizado para cada variável, assim como as fontes de

informação utilizadas. É importante destacar que o critério utilizado para seleção dos

indicadores foi a frequência da sua referência na literatura analisada, assim como a

disponibilidade de informações no Brasil abrangendo a esfera municipal.

O nível educacional de uma população é frequentemente mensurado pela taxa

de alfabetização e média anos de estudo dos adultos. Neste estudo, optou-se pela

taxa de analfabetos. Para a mensuração do impacto do saneamento básico, foi

utilizado o indicador pessoas em domicílios com abastecimento de água e

esgotamento sanitário inadequados. Já a população idosa foi mensurada pelo

percentual de pessoas com 65 anos ou mais. Todos esses indicadores foram

extraídos em Novembro de 2014 do Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil

2013. Esse atlas é uma plataforma de consulta ao Índice de Desenvolvimento Humano

Municipal (IDHM) que contém 180 indicadores relativos a população, educação,

habitação, saúde, trabalho, renda e vulnerabilidade, elaborados a partir de dados

extraídos dos Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010.

A renda é comumente avaliada por dois indicadores que analisam aspectos

distintos dessa variável. São eles, renda per capita e índice de redistribuição de renda.

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48

Os estudos analisados utilizam os dois indicadores, algumas vezes ambos, contudo,

quando somente um deles é utilizado, o segundo é mais citado. Além disso, no

contexto brasileiro, onde a desigualdade social é acentuada, indicadores que

considerem a redistribuição da renda retratam melhor a realidade. Por isso, foi

utilizado o Índice Gini, que retrata a distribuição de renda em uma região. Esse

indicador também foi extraído do Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil 2013.

Por fim, a atenção básica foi analisada por meio da cobertura do Programa de

Saúde da Família e Agentes Comunitário, que mede a abrangência do programa.

Essas informações foram extraídas do banco de dados do Departamento de Atenção

Básica (DAB), também em novembro de 2014.

3.2. Método DEA para análise de eficiência

Conforme já mencionado anteriormente, a Análise Envoltória de Dados (Data

Envelopment Analysis - DEA) é um método não paramétrico para análise de eficiência,

que faz uso de programação linear para o cálculo dos parâmetros de comparação.

Nesta sessão, o método será descrito com maior detalhe.

A medida de eficiência usando DEA se baseia em estimativas do grau em que

a unidade avaliada pode assegurar mais resultado para o seu nível de recursos ou o

grau em que pode usar menos insumos para obter o nível de resultado esperado. A

escolha de um modelo que priorize resultados ou otimize recursos está relacionada à

orientação escolhida, para output no primeiro caso, ou para input no segundo.

(FARRELL, 1957)

A escolha da orientação a ser adotada depende das características da

operação e dos objetivos da análise. Para defini-la, é necessário verificar sobre que

elementos, output ou input, a DMU tem maior gerência, o que depende do seu

contexto. Em hospitais, por exemplo, em geral há relativamente pouco controle sobre

o nível de output, que podem ser pacientes de várias categorias necessitando de

tratamento, existindo maior controle sobre os inputs, como médicos, enfermeiros, etc.

(THANASSOULIS, 2001 e COELLI et al., 2005)

Neste estudo, optou-se por usar uma orientação para output. Apesar de vários

autores defenderem que o uso da orientação para input no contexto de saúde ser mais

adequado (como por exemplo NEILL et al., 2008 e THANASSOULIS, 2001 Fulton et

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49

al (2008), para mais exemplos olhar a anexo 7.1), alguns estudos apontam que a

orientação para output pode também ser compatível com esse contexto (ANCARANI,

DI MAURO, GIAMMANCO, 2009, DIMAS, GOULA, SOULIS, 2010, VALDMANIS,

BERNET, MOISES 2010, para mais exemplos olhar a anexo 7.1).

A saúde pública no Brasil tem algumas características que diferem das

referências usadas pelos autores que defendem a orientação para input. No Brasil, a

demanda por atendimentos de saúde é maior que a oferta do serviço, como fica

evidente na extensão das filas para atendimento no SUS (PONTES et al., 2009). Por

isso, o número de pacientes atendidos é determinado pela capacidade de atendimento

da estrutura de saúde, que é gerenciada pela DMU definida para esse estudo, os

municípios. Dessa forma, o output também está sob a gestão dos municípios.

A gestão financeira do serviço de saúde pública, por sua vez, é realizada a

partir de um orçamento fixo, como todos os serviços públicos no país, por isso, a

eficiência é perseguida por meio da maximização de atendimentos. (VARELA;

MARTINS; FÁVERO, 2012, ANCARANI; DI MAURO; GIAMMANCO, 2009 e

MARTINS, 2014) Dadas essas características da saúde pública no Brasil, a orientação

para output parece mais adequada para o contexto brasileiro, na medida em que com

os insumos disponíveis à administração local (inputs) devem oferecer o máximo de

atendimentos possíveis (outputs) dentro de padrões mínimos de qualidade.

É importante destacar também que apesar da necessidade dessa definição a

priori da orientação do modelo, a fronteira eficiente resultante será composta pelas

mesmas unidades em ambas as orientações. Além disso, em muitos casos a escolha

da orientação tem apenas uma pequena influência nos coeficientes de eficiência.

(COELLI et al., 2005)

Essa influência acontece porque os escores de eficiência no DEA são

estimados a partir da máxima distância da unidade para a fronteira, em uma contração

ou expansão radial sem prejuízo dos inputs ou outputs, a depender da sua orientação.

A Figura 1 ilustra a diferença entre essas duas abordagens em um modelo com um

input e um output. A referência do ponto A para eficiência, quando a orientação para

input é adotada, é o ponto C e o coeficiente de eficiência é a razão entre os segmentos

OF e OG. Já quando a orientação para output é adota, o ponto de referência passa a

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50

ser D e o coeficiente de eficiência é a razão entre os segmentos OH e OB.

(THANASSOULIS, 2001)

Figura 1. Medidas de eficiência com orientação para input e output

(THANASSOULIS, 2001)

Os exemplos anteriormente apresentados nesse estudo mostraram casos que

utilizam duas ou três variáveis e que, portanto, são facilmente solucionados a partir

de métodos gráficos. Quando, porém, a unidade analisada envolve mais que quatro

variáveis, entre inputs e outputs, a solução por métodos gráficos é mais complexa.

Por isso, a forma mais geral de cada modelo DEA, isto é, que permite a utilização de

múltiplos recursos e resultados, envolve a utilização de programação linear e é desta

forma que cada um deles será descrito neste estudo. (THANASSOULIS, 2001)

Um aspecto relevante quando se analisa a eficiência de uma operação é a

escala em que ela trabalha. Em muitos processos produtivos, a eficiência aumenta na

medida em que o volume da produção também aumenta, porque os custos fixos são

diluídos entre um volume maior de produto. Por exemplo, hospitais de pequeno porte

podem ser ineficientes porque têm uma capacidade de produção muito baixa para

absorver os custos fixos de equipamentos e instalações. (LA FORGIA;

COUTTOLENC, 2009)

Os retornos de escala representam o grau em que um aumento proporcional

em todos os recursos utilizados resulta em um aumento na quantidade produzida.

Retornos constantes de escala (Constant Returns to Scale - CRS) ocorrem quando

um aumento em todos os recursos resulta em um aumento proporcional no produto.

Quando um aumento nos recursos utilizados resulta em um aumento mais que

proporcional no produto, diz-se que a organização opera com retornos crescentes de

escala (Increase Return to Scale - IRS). Quando um aumento no produto é menos que

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51

proporcional ao aumento nos recursos, fala-se em retornos decrescentes de escala

(Decrease Return to Scale - DRS). (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009)

No DEA, os retornos de escala são tratados já nos seus modelos básicos. O

primeiro deles, o modelo CRS, desenvolvido por Charnes, Copper e Rhodes (1978),

estima eficiência pressupondo retornos constantes de escala. Porém, retornos

constantes de escala nem sempre são adequados à realidade das organizações, por

isso a análise de eficiência por meio do CRS resultaria em medidas de eficiência

técnica distorcidas pela eficiência de escala. Pensando na realidade dessas

empresas, Banker, Charnes e Cooper (1984) propuseram o modelo VRS, que estima

eficiência assumindo retornos variáveis de escala.

3.2.1. Modelo CRS

A função objetivo (1) e as restrições (2) e (3), apresentadas a seguir, descrevem

o modelo CRS orientado para input, assumindo que existem N DMUs (j= 1 ... N),

usando m recursos para assegurar s resultados e denotando por xij e yij o nível no i-

ésimo input e r-ésimo output respectivamente observado da DMU j. A sua solução

identifica um ponto dentro do conjunto de possibilidades de produção que usa a menor

proporção de recursos da DMU J0 enquanto oferece nível de resultados que é no

mínimo tão alto quanto esse da DMU j0.

Já a função objetivo (4), e as restrições (5) e (6) descrevem o modelo orientado

para output. Neste caso são identificados os pontos da fronteira de possibilidade de

produção que oferece a máxima expansão radial possível do nível de output da DMU

jo, sem aumentar nenhum dos inputs. Além disso, qualquer valor que satisfaça a

função objetivo e atenda suas restrições identifica um ponto dentro do conjunto de

possibilidades de produção, construída a partir das DMUs (j = 1 ... N).

CRS com orientação para input

(1) 𝑀í𝑛𝑖𝑚𝑜 𝑘𝑜 – Ɛ [ ∑ 𝑆𝑖−𝑚

𝑖=1 + ∑ 𝑆𝑟+𝑠

𝑟=1 ]

Sujeito a:

(2) ∑ 𝜆𝑗𝑁𝑗=1 𝑥𝑖𝑗 = 𝑘0 𝑥𝑖𝑗𝑜 − 𝑆𝑖

− 𝑖 = 1 … 𝑚

(3) ∑ 𝜆𝑗𝑁𝑗=1 𝑦𝑟𝑗 = 𝑆𝑟

+ + 𝑦𝑟𝑗0 𝑟 = 1 … 𝑠

𝜆𝑗 ≥ 0, 𝑗 = 1 … 𝑁, 𝑆𝑖−, 𝑆𝑟

+ ≥ 0 ⋁ 𝑖 𝑒 𝑟 , 𝑘 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒

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52

CRS com orientação para output

(4) 𝑀á𝑥𝑖𝑚𝑜 ℎ𝑗𝑜 + Ɛ [ ∑ 𝐼𝑖𝑚𝑖=1 + ∑ 𝑂𝑟

𝑠𝑟=1

Sujeito a:

(5) ∑ 𝛼𝑗𝑁𝑗=1 𝑥𝑖𝑗 = 𝑥𝑖𝑗𝑜 − 𝐼𝑖 𝑖 = 1 … 𝑚

(6) ∑ 𝛼𝑗𝑁𝑗=1 𝑦𝑟𝑗 = 𝑂𝑟 + ℎ𝑗𝑜 𝑦𝑟𝑗𝑜 𝑟 = 1 … 𝑠

α ≥ 0, j = 1...N, Ii, Or ≥ 0 ˅ i e r, hjo livre

Onde:

𝑥𝑖𝑗 = 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑝𝑢𝑡𝑠

𝑦𝑟𝑗 = 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑑𝑒 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡𝑠

𝜀 = 𝑖𝑛𝑓𝑖𝑛𝑖𝑡𝑒𝑠𝑖𝑚𝑎𝑙 𝑛ã𝑜 − 𝑎𝑟𝑞𝑢𝑖𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑛𝑜1

𝑠𝑟− = 𝑓𝑜𝑙𝑔𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑝𝑢𝑡𝑠 (𝑖𝑛𝑝𝑢𝑡 𝑠𝑙𝑎𝑐𝑘), 𝑜𝑟𝑒𝑖𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑝𝑢𝑡

𝑠𝑟+ = 𝑓𝑜𝑙𝑔𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡𝑠 (𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡 𝑠𝑙𝑎𝑐𝑘), 𝑜𝑟𝑒𝑖𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑝𝑢𝑡

I𝑖 = 𝑓𝑜𝑙𝑔𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑝𝑢𝑡 (𝑖𝑛𝑝𝑢𝑡 𝑠𝑙𝑎𝑐𝑘), 𝑜𝑟𝑒𝑖𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡

𝑂𝑟 = 𝑓𝑜𝑙𝑔𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡 (𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡 𝑠𝑙𝑎𝑐𝑘), 𝑜𝑟𝑒𝑖𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡

𝜆𝑗𝑒 𝑘0 = 𝑝𝑎𝑟â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑎 𝑠𝑒𝑟𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜, 𝑜𝑟𝑒𝑖𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡

𝛼𝑗𝑒 ℎ0 = 𝑝𝑎𝑟â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑎 𝑠𝑒𝑟𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜, 𝑜𝑟𝑒𝑖𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡

3.2.2. Modelo VRS

A função objetivo (7) e as restrições (8) e (9) representam o modelo VRS

orientado para input, enquanto que a função objetivo (11) e as restrições (12) e (13)

referem-se ao modelo orientado para output, onde as DMUs (j= 1 ... N) usam m

recursos para assegurar s resultados e denotando por xij e yij o nível no i-ésimo input

e r-ésimo output, respectivamente, observado da DMU j.

1 O infinitesimal não-arquimediano é um número menor que qualquer número real positivo e produto

de ε por qualquer número real, não importando quão grande é esse multiplicador, continua menor que qualquer número real positivo (COOPER et al., 2007).

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53

VRS com orientação para input

(7) 𝑀í𝑛𝑖𝑚𝑜 ℎ𝑜 – Ɛ [ ∑ 𝑆𝑖−𝑚

𝑖=1 + ∑ 𝑆𝑟+𝑠

𝑟=1 ]

Sujeito a:

(8) ∑ 𝜆𝑗𝑁𝑗=1 𝑥𝑖𝑗 = ℎ0 𝑥𝑖𝑗𝑜 − 𝑆𝑖

− 𝑖 = 1 … 𝑚

(9) ∑ 𝜆𝑗𝑁𝑗=1 𝑦𝑟𝑗 = 𝑆𝑟

+ + 𝑦𝑟𝑗0 𝑟 = 1 … 𝑠

(10) ∑ 𝜆𝑗𝑁𝑗=1 = 1

𝜆𝑗 ≥ 0, 𝑗 = 1 … 𝑁, 𝑆𝑖−, 𝑆𝑟

+ ≥ 0 ⋁ 𝑖 𝑒 𝑟 , ℎ𝑜 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒

CRS com orientação para output

(11) 𝑀á𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑧𝑗𝑜 + Ɛ [ ∑ 𝐼𝑖𝑚𝑖=1 + ∑ 𝑂𝑟

𝑠𝑟=1

Sujeito a:

(12) ∑ 𝛼𝑗𝑁𝑗=1 𝑥𝑖𝑗 = 𝑥𝑖𝑗𝑜 − 𝐼𝑖 𝑖 = 1 … 𝑚

(13) ∑ 𝛼𝑗𝑁𝑗=1 𝑦𝑟𝑗 = 𝑂𝑟 + 𝑧𝑗𝑜 𝑦𝑟𝑗𝑜 𝑟 = 1 … 𝑠

(14) ∑ 𝛼𝑗𝑁𝑗=1 = 1

α ≥ 0, j = 1...N, Ii, Or ≥ 0 ˅ i e r, zjo livre

Onde:

𝑥𝑖𝑗 = 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜𝑠

𝑦𝑟𝑗 = 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠

𝜀 = 𝑖𝑛𝑓𝑖𝑛𝑖𝑡𝑒𝑠𝑖𝑚𝑎𝑙 𝑛ã𝑜 − 𝑎𝑟𝑞𝑢𝑖𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑛𝑜

𝑠𝑟− = 𝑓𝑜𝑙𝑔𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑝𝑢𝑡𝑠 (𝑖𝑛𝑝𝑢𝑡 𝑠𝑙𝑎𝑐𝑘), 𝑜𝑟𝑒𝑖𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑝𝑢𝑡

𝑠𝑟+ = 𝑓𝑜𝑙𝑔𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡𝑠 (𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡 𝑠𝑙𝑎𝑐𝑘)𝑜𝑟𝑒𝑖𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑝𝑢𝑡

I𝑖 = 𝑓𝑜𝑙𝑔𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑟𝑒𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜 (𝑖𝑛𝑝𝑢𝑡 𝑠𝑙𝑎𝑐𝑘)𝑜𝑟𝑒𝑖𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡

𝑂𝑟 = 𝑓𝑜𝑙𝑔𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 (𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡 𝑠𝑙𝑎𝑐𝑘), 𝑜𝑟𝑒𝑖𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡

𝜆𝑗𝑒 ℎ0 = 𝑝𝑎𝑟â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑎 𝑠𝑒𝑟𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜, 𝑜𝑟𝑒𝑖𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡

𝛼𝑗𝑒 𝑧0 = 𝑝𝑎𝑟â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑎 𝑠𝑒𝑟𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜, 𝑜𝑟𝑒𝑖𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡

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54

Tanto no modelo CRS quanto no VRS, se qualquer uma das variáveis de folga

tem valor positivo na solução ótima, isso significa que o correspondente input ou

output da DMU j0 pode melhorar mais, após o nível desses inputs terem sido reduzidos

ou os outputs expandidos radialmente a proporção ko ou ho. Observe que os valores

factíveis de K0 nas equações (1), (2) e (3) e de hjo nas equações (4) (5) (6) são sempre

menores ou iguais a 1, assim como o valor de ho nas equações (7), (8) e (9) e zjo nas

equações (11), (12) e (13) são sempre maiores ou igual a 1. (THANASSOULIS, 2001)

Assim, se o escore de eficiência for igual 1 (k0 = 1 ou ho=1, para o modelo CRS,

e hjo = 1 ou zjo= 1, para o modelo VRS) e as variáveis de folga são iguais a zero, então

a DMU jo é Pareto-eficiente. Por outro lado, se k0 = 1 ou ho=1 (modelo CRS), ou hjo =

1 ou zjo= 1 (modelo VRS), e o valor de alguma das variáveis de folga for positivo, a

DMU fornece o resultado esperado com nível de recursos eficientes para as variáveis

cuja folga é zero, mas com nível ineficiente para as variáveis com folga positiva e, por

isso, essa unidade não é Pareto-eficiente.

Já se a DMU apresenta k0 < 1 ou 1/ho > 1 (modelo CRS), ou hjo < 1 ou 1/zjo > 1

(modelo VRS), a unidade não é Pareto-eficiente e sua eficiência é ko ou hjo, para o

modelo com orientação para input, e 1/hjo ou 1/zjo, para o modelo com orientação para

output. É importante destacar também que o modelo não apresenta folgas positivas

para todas as variáveis, pois nesse caso seria possível reduzir ou expandir todas elas

em conjunto até que uma delas apresente folga zero. (THANASSOULIS, 2001)

Além dos valores das variáveis de folga e do nível de eficiência, o modelo

também fornece as unidades de referência para que a DMU melhore a sua eficiência,

a variável 𝛌, para o modelo com orientação para input, e a variável α, para o modelo

com orientação para output. Ela representa ainda a proporção dos inputs ou outputs,

dependendo da orientação do modelo, dessa unidade ou a combinação de duas

unidades que devem ser usados para obter o nível esperado de output ou input.

(THANASSOULIS, 2001)

É importante destacar, que o modelo CRS produz medidas de eficiência iguais

em ambas as orientações. Já quando existem retorno de escala, como medido no

modelo VRS, o escore de eficiência associado às unidades ineficientes pode diferir.

(THANASSOULIS, 2001)

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55

Comparando a descrição matemática dos dois modelos, CRS e VRS, é possível

notar que o modelo VRS diferencia-se apenas pela adição da restrição de

convexidade ∑ 𝜆𝑗𝑁𝑗=1 = 1 𝑜𝑢 ∑ 𝛼𝑗

𝑁𝑗=1 = 1. Dessa forma, o centro da diferença entre os

modelos está no fato que no VRS usa-se a interpolação entre o nível de outputs ou

inputs no entorno da unidade analisada e não uma extrapolação do nível de output ou

input de uma unidade muito diferente dela, como é feito no caso do modelo CRS. A

Figura 2 ilustra graficamente a diferença entre os dois modelos. (THANASSOULIS,

2001)

Figura 2. Diferença entre as curvas CRS e VRS

(BOGETOFT; OTTO, 2011)

A eficiência calculada a partir do modelo VRS é também chamada de eficiência

pura em referência ao fato dela ser líquida de qualquer efeito de escala. Dessa forma,

a eficiência técnica total pode ser decomposta em dois componentes, eficiência de

escala e eficiência técnica interna. Além disso, a eficiência técnica pura é sempre

maior que a eficiência técnica total. (THANASSOULIS, 2001)

Para calcular os efeitos de escala é necessário estimar as medidas de

eficiência com e sem retorno de escala e depois calcular a razão entre os valores

estimados pelos dois modelos. A equação (15) descreve a relação entre a eficiência

e o retorno de escala. (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009)

(15) 𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 = 𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑇é𝑐𝑛𝑖𝑐𝑎

𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑇é𝑐𝑛𝑖𝑐𝑎 𝑃𝑢𝑟𝑎

A eficiência de escala mede o impacto da escala da operação na produtividade

da DMU. Por definição, mede a diferença entre a eficiência calculada a partir dos

modelos CRS e VRS. Se a eficiência de escala de uma unidade é igual a 1, isso

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significa que a sua eficiência não é impactada pela escala da operação. Por outro

lado, se a eficiência de escala é menor que 1, a escala da operação impacta a sua

produtividade. Ainda, quanto maior a divergência entre a eficiência calculada pelos

modelos CRS e VRS, menor o valor da eficiência de escala e mais adverso é o

impacto da escala na produtividade. (THANASSOULIS, 2001)

É importante destacar por fim que a medida de eficiência por meio do DEA é

determinada a partir das DMUs usadas na análise. Dessa forma, se mais unidades

forem adicionadas às anteriormente usadas, a fronteira eficiente pode ser alterada e

assim a eficiência da DMU. Além disso, uma unidade pode ser ineficiente em sentido

absoluto e ser eficiente na análise DEA. O método DEA mostra apenas se a unidade

pode ou não melhorar seu desempenho frente às demais unidades avaliadas.

(THANASSOULIS, 2001)

Como já mencionado anteriormente, algumas alternativas e variações do

modelo CRS e VRS foram desenvolvidas, embora os modelos básicos sejam os mais

usados. (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009) Essas variações servem para acomodar

o objetivo final da análise. O modelo secundário usado nesse trabalho, assim como

sua adequação ao objetivo desse trabalho, está detalhado na sessão 3.3.

3.3. Segundo estágio do modelo

O DEA é frequentemente classificado como determinístico em oposição a

econométrico ou estatístico. Essa característica dificulta a aplicação de testes de

hipótese genuíno e análise de regressão, ferramental frequentemente utilizado para

avaliar impacto de um conjunto de variáveis em um determinado parâmetro estudado.

Apesar do DEA não ter historicamente enfatizado o uso de testes estatísticos

tradicionais, considerável progresso tem sido feito a esse respeito nos últimos 15

anos. (BOGETOFT; OTTO, 2011)

Em algumas situações existe um interesse particular em realizar teste de

hipóteses e construir intervalos de confiança baseados nos modelos DEA. Alguns

deles são: testes de pressupostos básicos do modelo, como retornos de escala,

avaliação da relevância de inputs e outputs, teste de diferenças entre grupos em

termos de eficiência, avaliação da dependência do resultado em eficiência de fatores

externos. (BOGETOFT; OTTO, 2011)

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57

Em relação a esse último ponto, Fried et al. (2002) destacam que o

desempenho de uma DMU é influenciado por três diferentes fatores: a maneira pela

qual o gestor organiza as atividades, as características do ambiente em que as

atividades acontecem e o impacto de fatores não sistemáticos, variáveis omitidas e

fenômenos relacionados. Esse último fator é frequentemente coletado pelos erros

aleatórios explicitados em análises estatísticas. Percebe-se também, que o primeiro

dos fatores mencionados é endógeno enquanto que os outros dois são exógenos.

Como eles podem impactar fortemente o resultado da DMU, é desejável que a

influência de cada um deles seja explicitada.

Esse tipo de análise, por sua vez, demanda um conjunto de informações sobre

as características ambientais, além dos dados de input e output, e o desenvolvimento

de um modelo que incorpore características ambientais dentro do procedimento de

avaliação de performance. Além disso, para capturar a influência da sorte no

desempenho o modelo deve ser estocástico (FRIED et al., 2002). Contudo, os

modelos básicos de DEA são determinísticos, como destacado anteriormente.

Os modelos em dois estágios, por sua vez, usam dados de input e output no

primeiro estágio, e informações relacionadas às variáveis ambientais no segundo

estágio. Nesse caso, o objetivo é determinar o impacto de variáveis ambientais

observadas na avaliação inicial de performance, explicando variações e validando o

modelo. Se o segundo estágio é baseado em DEA o resultado será determinístico e

incapaz de considerar efeitos de ruídos estatístico. Contudo, se o segundo estágio é

baseado em regressão, esse modelo é capaz de atribuir alguma porção da variação

da performance a efeitos de ruído estatístico. (FRIED et al., 2002 e BOGETOFT;

OTTO, 2011)

Simar e Wilson, (2007) também destacaram que muitos dos estudos que

analisaram a eficiência por meio do DEA aplicaram a abordagem em dois estágios.

Nesses casos, a segunda etapa era frequentemente realizada por meio da aplicação

de técnicas de regressão. As variáveis utilizadas nesses estudos para regressão

eram, predominantemente, características do ambiente em que as unidades

operavam que impactavam de forma significativa seu resultado. Dentre esses estudos

que utilizaram métodos de regressão, dois modelos são recorrentes, a regressão Tobit

e a regressão linear trunca com bootstrap.

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58

Esses mesmos autores defendem a utilização da regressão linear truncada

com bootstrap. Essa escolha é baseada nos resultados das simulações de Monte

Carlos por eles realizada que apontaram ser esse modelo mais adequado, pois

reduziu o ruído estatístico. Além disso, Bogetoft e Otto (2011) apontaram que o uso

da regressão Tobit em contextos de benchmarking é foco de grandes debates na

literatura, mas que ainda assim ela é utilizada.

Os estudos analisados no âmbito desse trabalho também apontaram ser a

regressão linear pertinente para o caso da saúde (vide anexo 7.1), contudo em muitos

dos trabalhos analisados o método de regressão é aplicado sem que se tenha uma

estimativa ou o valor verdadeiro de parâmetros estatísticos fundamentais para esse

tipo de análise. Por isso, nesse estudo optou-se por usar a regressão linear truncada

com bootstrap.

O bootstrap baseia-se na replicação de amostragens aleatórias dos dados

originais para assim criar um novo e aleatório conjunto de dados do mesmo tamanho

que o original. A partir dessa amostra é possível desenhar conclusões sobre a

distribuição da estatística que estamos interessados e, dessa forma, responder a

muitas questões estatísticas. (BOGETOFT; OTTO, 2011)

A ideia central do bootstrap é que se a distribuição empírica de xb corresponde

aproximadamente à distribuição verdadeira de x. Isso significa que pode-se usar a

distribuição empírica (xb) como a verdadeira e não conhecida distribuição de x. Então,

quando se está interessado na variância e na média x, que é difícil ou impossível de

ser determinada, pode-se simplesmente usar a variância empírica da média do

bootstrap (xb), que é mais fácil de ser obtida. Além disso, usando o resultado do

bootstrap pode-se também determinar diretamente o intervalo de confiança do

parâmetro analisado. (BOGETOFT; OTTO, 2011)

É importante destacar, contudo, que ao realizar um número pequeno de

reamostragens no bootstrap, é possível encontrar estatísticas bem distintas de uma

tentativa para outra mesmo utilizando padrões idênticos. Entretanto, se o número de

replicações for alto, cada vez que repetimos o modelo as estatísticas serão quase as

mesmas. Quando o número de replicações é maior que 1000, passa a ser difícil

encontrar qualquer diferença no nível de variância entre as diferentes rodadas. Dessa

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59

forma, o nível de precisão da variância estimada determina o número de replicações.

(BOGETOFT; OTTO, 2011)

Algebricamente, a proposição de Simar e Wilson (2007) pode ser resumida nas

equações mostradas a seguir. Elas apresentam o modelo de regressão que se deseja

testar:

(16) δi = Zj β + εj

Onde δi = escores de eficiência

Zj = vetor que representa as variáveis contextuais que impactam os escores de

eficiência

β = parâmetros a serem calculados pelo modelo

εj = ruído estatístico

Assumindo que o ruído estatístico comporta-se como uma distribuição normal

com média igual a zero, variância desconhecida e truncada à esquerda, a equação

pode ser reescrita da seguinte forma, substituindo os escores de eficiência por seus

estimadores:

(17) δi ^ ≈ Zj β^ + εj

Onde εj ~ N (0 ,σε2), j=1,…,n

Os estimadores de eficiência são calculados por meio da maximização da

função de verossimilhança, respeitando (β ,σε2). Como explicitado anteriormente, é

possível determinar os intervalos de confiança para a eficiência estimada. Esse

intervalo incorpora as informações da estrutura dos parâmetros e a suposição da

distribuição normal.

A equação de regressão para o caso particular estudado nessa pesquisa é

apresentada a seguir. Ela incorpora as variáveis contextuais definidas para estudo na

sessão 2.3.

δ(i,t) = β1 . [EDUC](i,t) + β2 . [SANEA](i,t) + β3 [RENDA](i,t) + β4 . [ATEN_BAS](i,t) + β5 .

[IDOSOS](i,t)

Onde δ(i,t) = escores de eficiência VRS ou CRS, variável dependente

Βi = variáveis a serem calculadas

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60

EDUC(i,t) = variável contextual que representa o nível de instrução da população

SANEA(i,t) = variável contextual que representa a extensão da cobertura da rede de

saneamento básico

RENDA(i,t) = variável contextual que representa o nível de renda da população

ATEN_BAS(i,t) = variável contextual que representa a extensão da cobertura do

programa de atenção básica

IDOSOS(i,t) = variável contextual que representa o percentual da população idosa

3.4. Análise de componente principal

Uma das críticas à abordagem paramétrica para análise de eficiência está

relacionada à sua capacidade discriminatória e consistência dos resultados, que é

função da relação entre o tamanho da amostra e o número variáveis utilizadas.

(ADLER; BERECHMAN, 2001) Curi, Gitto, Mancuso (2011) afirmam que sempre

quando há um alto nível de correlação entre variáveis de input ou output é possível

reduzir o número de variáveis utilizadas no modelo. Daraio e Simar (2007) são mais

enfáticos ao defenderem que um elevado nível de correlação entre as variáveis de

input ou output pode prejudicar a robustez do modelo, e por isso, nesses casos a

agregação de variáveis não somente é possível como é recomendada.

A Tabela 2 mostra a correlação entre as variáveis de inputs utilizadas nesse

estudo. Nelas notamos o alto nível de correlação entre todas as variáveis

selecionadas (acima de 90%). Por isso, antes de rodar o modelo é necessário que a

essas variáveis sejam tratadas de forma a reduzirem o nível de correlação entre si.

Tabela 2. Correlação das variáveis de input

Uma maneira frequentemente utilizada para reduzir o número de variáveis

utilizadas no modelo reduzindo o grau de correlação entre as variáveis é o método

desenvolvido por Adler Golany (2001) que combina DEA e Análise de Componente

Principal (Principal Component Analysis - PCA).

Leitos Médicos Enfermeiros Demais Profissionais Equipamentos

Leitos 1.0000 0.9963 0.9951 0.9964 0.9953

Médicos 0.9963 1.0000 0.9976 0.9982 0.9982

Enfermeiros 0.9951 0.9976 1.0000 0.9970 0.9971

Demais Profissionais 0.9964 0.9982 0.9970 1.0000 0.9968

Equipamentos 0.9953 0.9982 0.9971 0.9968 1.0000

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61

A PCA se preocupa em explicar a estrutura de variância e covariância de um

conjunto de variáveis por meio de poucas combinações lineares dessas variáveis. Seu

objetivo geral é a redução dos dados e sua interpretação. Esse método reconhece

que são necessários todos os p componentes inicialmente definidos para o modelo

para que se consiga reproduzir a variabilidade total do sistema. Contudo,

frequentemente, muito dessa variabilidade pode ser descrita por um pequeno número

(k) componente principais (CP), geralmente entre 80% e 90% da variabilidade. Nesses

casos, há quase tanta informação nas k componentes principais como existia nas p

variáveis originais. Então, as k CPs podem substituir as variáveis iniciais e, os dados

originais, que compreendiam m medições de p variáveis é reduzido a um conjunto de

dados que correspondem a n medições de k componentes principais. (JOHNSON;

WICHERN, 2007 e ADLER; GOLANY, 2001)

É importante destacar também, que uma análise de componente principal

frequentemente revela relacionamentos que não se suspeitava previamente e assim

permite interpretações que anteriormente não seriam feitas. (JOHNSON; WICHERN,

2007) Wanke (2012) também destaca que usando componentes principais maiores

informações são retidas, mitigando o risco de resultados imprevisíveis. Segundo esse

autor quando se escolhe uma variável em detrimento de outra aumenta-se a

probabilidade de imprevisibilidade nos resultados, mesmo quando há justificativa

científica ou gerencial razoável para omissão ou inclusão de variáveis.

Algebricamente os componentes principais são combinações lineares

particulares de p variáveis aleatórias X1,X2,...,Xp. Geometricamente, essa combinação

linear representa a seleção de um novo sistema coordenado obtido pela rotação do

sistema original onde X1,X2,...,Xp eram os eixos coordenados. Esses novos eixos tem

a direção com a maior variabilidade possível e fornecem uma simples e mais

parcimoniosa descrição de estrutura de covariância. (JOHNSON; WICHERN, 2007)

Análise de componente principal depende unicamente da matriz de covariância

(ou de correlação) de X1,X2,...,Xp.. (JOHNSON; WICHERN, 2007) Assim, assumindo

que X = [X1,X2,...,Xp] seja um vetor aleatório que possui uma matriz de covariância V

com autovalores μ1 ≥ μ2 ≥ ... ≥ μp ≥ 0 e autovalores normalizados l1, l2, ..., lP. Considere

as equações lineares (18) (19) e (20), onde o índice sobrescrito t representa o

operador matricial “transposta”. (ADLER; GOLANY, 2001)

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62

(18) 𝑋𝑃𝐶𝑖 = 𝑙𝑖𝑡𝑋 = 𝑙1𝑖𝑋1 + 𝑙2𝑖𝑋2 + … + 𝑙𝑝𝑖𝑋𝑝

(19) 𝑉𝑎𝑟(𝑋𝑃𝐶𝑖) = 𝑙𝑖𝑡𝑉𝑙𝑖, 𝑖 = 1,2, … , 𝑝

(20) 𝐶𝑜𝑣(𝑋𝑃𝐶𝑖, 𝐶𝑜𝑣(𝑋𝑃𝐶𝑘) = 𝑙𝑖𝑡𝑉𝑙𝑘𝑖, 𝑖 = 1,2, … , 𝑝 , 𝑘 = 1,2, … , 𝑝

A componente principal será, então, não correlacionada e também a

combinação linear das variáveis que apresente maior variância. (JOHNSON;

WICHERN, 2007 e)

Os inputs e outputs utilizados na DEA são estritamente positivos. Por isso,

quando os resultados do PCA apresentarem valores negativos todos os valores

encontrados devem ser acrescidos pelo resultado mais negativo e somado uma

unidade, conforme mostrado em (21). Isso garante que todos os valores encontrados

sejam estritamente positivos (ADLER; GOLANY, 2001)

(21) 𝑋𝑃𝐶𝑖~ = 𝑋𝑃𝐶 + 𝑏, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑏 = 𝑀𝑖𝑛 {𝑋𝑃𝐶𝑖} + 1

Por fim, é importante ressaltar que antes da aplicação da análise deve-se

verificar a adequação dos dados a esse tipo de método. Dois testes são úteis para

fazer essa avaliação, verificar a adequação do fator de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e

realizar o teste de Bartlett. O primeiro fator é um indicador que compara a magnitude

do coeficiente de correlação observado com a magnitude do coeficiente de correlação

parcial, indicando a proporção da variância dos dados que pode ser considerada

comum a todas as variáveis analisadas. Quanto mais próximo de 1 esse fator estiver,

recomenda-se no mínimo 0.6, mais adequada é a amostra à aplicação da análise

fatorial. Já o teste de Bartlett analisa-se se a matriz de correlação das variáveis

estudadas é uma matriz identidade, o que indicaria ausência de correlação entre os

dados. Procura-se para um nível de significância assumido em 5% rejeitar a hipótese

nula de matriz de correlação identidade. (TABACHNICK; FIDELL, 2013 e FERREIRA;

BAPTISTA; LIMA, 2004)

3.5. Base de dados utilizada

Para a aplicação do método DEA para a análise de eficiência é imprescindível

a existência de uma base de dados consistente. O objeto desse estudo, por sua vez,

é a saúde pública do estado do Rio de Janeiro, dessa forma, as informações que

suportaram a análise de eficiência compreenderam a produção hospitalar,

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63

ambulatorial e de atenção básica pública do estado, assim como os recursos utilizados

para a prestação do serviço de saúde, conforme descrito anteriormente.

No Brasil, as informações relativas à saúde pública dos municípios são

disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, que centraliza as informações de saúde

repassadas pelos municípios. O repasse de informações pelas administrações locais

é um pré-requisito para que esses recebam recursos do Fundo Nacional de Saúde.

(UGÁ et al., 2013 e VARELA; MARTINS; FÁVERO, 2012).

Depois de cadastradas as informações pelas unidades de saúde locais, os

dados são consolidados e disponibilizados por dois canais principais: o TABWIN, um

programa desenvolvido pelo DATASUS para tabulação dos dados de saúde e que

apresenta informações em nível mais detalhado, possibilitando visualizar informações

abrangendo inclusive a unidade de saúde; e o TABNET, aplicativo de tabulação de

informação de saúde para internet que apresenta informações abrangendo a esfera

municipal. Como o objetivo desse trabalho é a análise da eficiência a nível municipal,

optou-se por exportar os dados já consolidados do segundo aplicativo.

As informações de cada mês de 2010, foram extraídas da base de dados e

exportadas para um arquivo Excel, durante o mês de Maio de 2014, e em seguida

consolidadas para cada ano. O valor anual atribuído a cada variável foi a média

aritmética dos valores mensais, à exceção da das pessoas cadastradas no programa

saúde da família, cuja informação é disponibilizada anualmente. O horizonte de tempo

foi selecionado em função da disponibilidade de informações.

Para as variáveis de input e output, as informações foram extraídas do

DATASUS, onde há informações possíveis de serem utilizadas de 2008 a 2013. Em

2007 foram realizadas algumas alterações na base de dados de forma que as

informações anteriores a essa data não têm equivalente exato às disponibilizadas

após essa data. Já em relação às variáveis relacionadas aos fatores contextuais, a

maior parte delas foi extraída do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

(IDHM) com consolida informações do Censo brasileiro. O último ano de realização

dessa pesquisa foi 2010. Por isso, essa pesquisa utilizou dados de 2010 para o cálculo

dos modelos anteriormente mencionados. Após a estruturação da base dados, os

dados foram tratados no software estatístico R (R for Windows 3.1.1).

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64

3.6. Limitações do método de pesquisa:

O método de pesquisa utilizado neste estudo apresenta algumas limitações.

Em primeiro lugar essa pesquisa foi realizada a partir de informações extraídas de

fonte secundária, o que apresenta vantagens e desvantagens. Thiétart (2001)

apresenta como vantagens a economia de custo e esforço, pois os dados já se

encontram disponíveis de forma consolidada, e a possibilidade de comparações

temporais, pois frequentemente esse tipo de fonte de informação apresenta uma base

histórica. Contudo, o autor menciona também a existência de algumas desvantagens,

como a dificuldade de obter esse tipo de informação, incompatibilidade do formato dos

dados disponíveis com o desenho da pesquisa e a variação do grau em que a base

de dados é exaustiva e apropriada.

Além disso, o DEA pressupõe a escolha do conjunto de inputs e outputs que

podem não cobrir todos os aspectos que seriam relevantes para estimar a fronteira

eficiente e consequentemente estabelecer de forma equivocada a eficiência dos

municípios. Para minimizar os efeitos desta limitação, este estudo optou pela escolha

de variáveis anteriormente referenciadas na literatura.

Algumas limitações são consequência da própria utilização do método de DEA.

Essa técnica funciona melhor com produtos que são homogêneos. Além disso, os

resultados estimados podem ser sensíveis a mudanças nas suposições e

especificações básicas usadas no modelo, as características do ambiente em que a

unidade opera e os resultados podem só ser válidos para unidades específicas sob

investigação. (HOLLINGSWORTH; DAWSON; MANIADAKIS, 1999 e

HOLLINGSWORTH, 2003)

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65

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capitulo objetiva expor os principais resultados verificados a partir da

aplicação do modelo delineado no capitulo 3. Inicialmente são apresentadas

estatísticas descritivas das variáveis utilizadas, em seguida os resultados da aplicação

do PCA nas avariáveis de input e output é apresentado. Na terceira sessão, os

resultados dos modelos básicos de DEA são discutidos. Por fim, os resultados do DEA

em dois estágios são analisados.

4.1. Estatística descritiva das variáveis utilizadas

Antes de analisar os resultados do modelo estabelecido para este estudo, é

importante analisar algumas características das variáveis utilizadas, que podem

enriquecer a discussão sobre os resultados obtidos.

Conforme discutido na sessão 3.1, as variáveis selecionadas para input foram:

número de leitos, número de médicos, número de enfermeiros, demais profissionais

de saúde e equipamentos. Já as variáveis de output foram: atendimentos com

internação, atendimentos sem internação, procedimentos de diagnóstico,

atendimentos totais do programa de atenção básica e pessoas atendidas por esse

programa. A Tabela 3 e a 0 apresentam as estatísticas descritivas dessas variáveis

relativas aos 92 municípios do Rio de Janeiro estudados, para o ano de 2010.

Tabela 3. Estatísticas descritivas variáveis de input

Leitos Medicos Enfermeiros Demais Profissionais Equipamento

Média 1022.13 597.67 146.67 1187.08 1036.33

Mediana 174.21 138.25 25.17 320.42 141.58

Desvio Padrão 4374.08 2556.54 775.18 4903.43 5040.34

Mínimo 0.00 17.00 3.33 52.42 10.67

Máximo 41594.58 24384.25 7426.25 46679.08 47901.67

1Q 102.00 63.04 13.48 170.60 71.52

3Q 693.13 409.60 68.46 661.06 536.48

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66

Tabela 4. Estatísticas descritivas variáveis de output

Verifica-se que as variáveis input apresentam alto grau de dispersão, como

pode ser constatado pelo elevado desvio padrão e elevada diferença entre os valores

máximos e mínimos de todas as variáveis. Isso sinaliza a disparidade das condições

de infraestrutura de saúde entre os municípios analisados. De maneira similar, as

variáveis de output também apresentaram elevado grau de dispersão.

Analisando os quartis, verifica-se que em 2010, 25% dos municípios tinham até

102 leitos, 63 médicos, 13 enfermeiros, 170 profissionais e 71 equipamentos ao passo

que 25% dos municípios tinham mais de 693 leitos, 409 médicos, 68 enfermeiros, 661

profissionais e 536 equipamentos.

Já analisando as variáveis de output, observa-se que 25% dos municípios

realizam até 28276 atendimentos sem internação, 7 atendimentos com internação,

5263 procedimentos de diagnóstico, 3406 atendimentos de saúde da família e tem

13247 pessoas cadastradas no programa de saúde da família. Já olhando o quartil

superior, verifica-se que 25% dos municípios realizam mais de 142783 atendimentos

sem internação, 152 atendimentos com internação, 36046 procedimentos de

diagnóstico, 15906 atendimentos de saúde da família e tem 51154 pessoas

cadastradas no programa de saúde da família. Uma característica que se destaca nas

variáveis de output é o número de variáveis de resultado cujo mínimo verificado na

amostra utilizada é zero, sinalizando que o município não realiza aquele tipo de

atendimento.

Além das variáveis de input e output, é interessante analisar também

características das variáveis de contextuais utilizadas, a saber, educação,

saneamento básico, renda, atenção básica e população idosa. A Figura 3 apresenta

o boxplot das variáveis de controle utilizadas. Por ela é possível perceber que algumas

Atend Sem Inter Atend Com Inter Proced Diagnóstico Prod SaúdeFamília Pess Saúde Família

Média 168837.39 205.86 51394.63 15738.49 53483.39

Mediana 53610.67 35.92 13181.13 7643.46 23463.50

Desvio Padrão 340871.63 851.55 150529.55 21831.12 91315.22

Mínimo 5858.92 0.00 411.58 0.00 0.00

Máximo 2573048.58 8019.17 1363713.42 122358.08 714339.00

1Q 28276.44 7.44 5263.33 3406.60 13247.75

3Q 142783.71 152.19 36046.81 15906.02 51154.25

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67

das variáveis apresentam pequeno grau de dispersão. Por exemplo, a cobertura da

rede de saneamento básico varia entre 85.5% e 100%, além disso, 50% dos valores

dessa variável estão entre 0.97 e 0.99. Já o Índice Gini, varia entre 0.42 e 0.62, sendo

que em 50% dos municípios essa variável está entre 0.47 e 0.51.

Figura 3. Boxplot das variáveis de controle

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O baixo grau de dispersão entre as variáveis pode, contudo, reduzir o poder

discriminatório da segunda etapa do modelo. Por isso, para a etapa de regressão

truncada com bootstrap os valores originais das variáveis cobertura de saneamento,

Índice Gini e proporção de idosos, foi substituído por valores que indicassem se a

DMU apresentava valores alto, médios ou baixo para essas variáveis. Os valores de

corte foram estabelecidos a partir quartis, conforme mostrado na Tabela 5.

Tabela 5. Classificação de variáveis contextuais

4.2. Análise de componente principal

Conforme discutido no capítulo 3, as variáveis de input selecionadas para esse

estudo apresentam elevado grau de correlação entre si. Como isso pode enviesar os

resultados do modelo, foi aplicada a análise de componentes principais nessas

variáveis.

Dois componentes principais foram capazes de explicar 99% da variação total

dessas variáveis. Esses componentes se mostraram adequados segundos os dois

testes padrão aplicados. O fator de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi 0.92, maior que o

recomendado 0.6. Já em relação ao teste de Bartlett, rejeitou-se a hipótese nula de

que a matriz de correlação era uma matriz identidade com nível de significância menor

que 5%.

Já as variáveis de controle, apresentaram baixo nível de correlação entre si.

Por isso, nenhuma delas precisou ser excluída ou ajustada por meio de componentes

principais.

4.3. Modelos básicos

Após verificada a pertinência e a validade da utilização dos componentes

principais, foram calculados os escores de eficiência usando tais componentes para

Saneamento Básico Indice Gini Prop Idosos

Alto > = 0.994 > = 0.49 > = 0.098

Médio-alto > = 0.986 e < 0.994 > = 0.485 e < 0.49 > = 0.085 e < 0.098

Médio-baixo >= 0.968 e < 0.986 >= 0.47 e < 0.485 >= 0.072 e < 0.085

Baixo < 0.968 < 0.47 < 0.072

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69

os modelos básicos, CRS e VRS. Foi calculada também a eficiência de escala, para

verificar a criticidade dessa dimensão nas unidades avaliadas.

A Tabela 6 apresenta algumas estatísticas elementares dos resultados obtidos.

Como previsto, o modelo CRS produziu menores escores médios de eficiência,

0.2755, contra 0.7027 do modelo VRS, onde a eficiência máxima é representada pelo

escore 1.0. Isto significa que o modelo VRS encontrou mais unidades eficientes do

que o modelo CRS (29 contra 7). Esse resultado era esperado porque o modelo CRS

estabelece uma curva tecnológica linear, enquanto que o modelo com retornos de

escala é mais flexível, estabelecendo como fronteira os pontos mais próximos a curva

linear.

Tabela 6. Estatísticas básicas dos resultados (DEA-CRS e DEA-VRS)

No modelo CRS 7 municípios foram considerados eficientes (7.1%): Belford

Roxo, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, São Gonçalo, São João de

Meriti e Volta Redonda. Já no modelo VRS 29 tiveram escore de eficiência igual a 1

(31.52%), 23 a além dos apontados pelo DEA-CRS também foram considerados

eficientes, a saber, Angra dos Reis, Bom Jesus do Itabapoana, Comendador Levy

Gasparian, Iguaba Grande, Itaboraí, Italva, Japeri, Macaé, Macuco, Magé, Mesquita,

Miguel Pereira, Nilópolis, Paracambi, Paty do Alferes, Quatis, Resende, São Francisco

de Itabapoana, São José de Ubá, São Pedro da Aldeia, Sapucaia e Tanguá. O anexo

7.3 apresenta a lista completa de escores de eficiência por município.

2010

Média 0.2755

Mediana 0.1489

Desvio Padrão 0.2915

1Q 0.0797

3Q 0.3698

DMUs Eficientes (%) 7.61%

Média 0.7027

Mediana 0.6527

Desvio Padrão 0.2646

1Q 0.4776

3Q 1.0000

DMUs Eficientes (%) 31.52%

Média 0.3592

Mediana 0.2736

Desvio Padrão 0.2819

CRS

VRS

EE

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70

Conforme mencionado, as unidades consideradas eficientes no modelo CRS

continuam eficientes no modelo VRS, a diferença nos resultados ocorre em função de

mais DMUs serem consideradas eficientes no segundo modelo. Isso ocorre porque

existe uma mudança na fronteira eficiente com algumas DMUs consideradas

ineficientes passando a serem avaliadas como eficientes. Com isso, novas unidades

passam a ser usadas como benchmarking das ineficientes, o que altera seus escores

de eficiência, uma vez que sua distância relativa da unidade eficiente é alterada.

No modelo CRS 25% dos municípios analisados apresentaram escores de

eficiência maiores do que 0.79 e outros 25% menores do que 0,369. Já no modelo

VRS, considerando o quartil superior 25% das cidades apresentaram escores de

eficiência iguais a 1, isto é, são eficientes, e outros 25% menores do que 0.477.

Verifica-se que no primeiro caso os escores de eficiência são mais concentrados em

valores baixos, enquanto que no modelo VRS os escores são menos concentrados e

apresentam maior frequência de escores mais elevados. A Figura 4 e a Figura 5

apresentam o boxplot dos escores de eficiência e permitem visualizar essas

características.

Figura 4. Boxplot escores de eficiência modelo CRS

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71

Figura 5. Boxplot escores de eficiência modelo VRS

É possível perceber também a existência de economias de escala na operação

das unidades de saúde municipais analisadas. Verifica-se ainda que esse impacto é

acentuado, uma vez que a eficiência de escala calculada está próxima de zero. Em

função da criticidade da escala para o resultado em eficiência das unidades, é

pertinente analisar a operação das unidades avaliadas por meio do modelo que

considera retornos variáveis de escala (VRS).

Analisando os resultados de ambos os modelos, verifica-se que mesmo no

modelo VRS, que apresenta escores maiores do que os do modelo CRS, o escore

médio não é alto. Isso demonstra a existência de espaço para melhoria de eficiência,

considerando apenas os municípios contemplados nesse estudo, isto é, usando-os

como referência. Esse resultado está alinhado com algumas pesquisas acadêmicas

sobre o assunto (HOLLINGSWORTH, 2008, HOLLINGSWORTH, 2003 e

HOLLINGSWORTH; DAWSON; MANIADAKIS, 1999 e VARELA; MARTINS;

FÁVERO, 2012), principalmente no contexto brasileiro, que também encontraram

baixos escores médios de eficiência para unidades municipais. Isso sinaliza

oportunidades de melhoria por meio da análise da operação dos seus pares de

referência.

Alguns autores, principalmente os que utilizaram como objeto de análise a

saúde no Brasil, como por exemplo Silva (2009), apontaram conclusão intrigante

destacando que as regiões menos desenvolvidas economicamente eram mais

eficazes na otimização dos recursos. Esse fato também foi verificado neste estudo,

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72

mas a magnitude dessa diferença foi pequena, como pode ser visto na Tabela 7. Ela

mostra os escores de eficiência médio para dois grupos de municípios, um com PIB

per capita maior do que R$ 40 000 e outro, esse mais expressivo em termos de

número de municípios, com PIB per capita menor do que este valor.

Tabela 7. Escores de eficiência e o desenvolvimento econômico dos municípios

O DEA permite também verificar quais unidades podem ser utilizadas como

referência pelas unidades ineficientes para melhoria da sua performance. Nesse

sentido 10 municípios (10.8%) foram identificados como referência para outras

unidades ineficientes. Merece destaque para os municípios de Angra dos Reis, Belford

Roxo, Iguaba Grande, Italva, Japeri e Macuco, que são referência para 66 municípios

ineficientes, conforme pode ser visto na Tabela 8. O resultado para todas as unidades

pode ser encontrado no anexo 7.3.

Tabela 8. Quantidade de municípios para o qual cada DMU é referência

Município Quantidade de municípios para o qual é referência

Belford Roxo 26

Angra dos Reis 12

Japeri 12

Italva 10

Iguaba Grande 6

Macuco 6

Nova Iguaçu 3

Comendador Levy Gasparian 2

Macaé 2

Mesquita 2

Bom Jesus do Itabapoana 1

Cardoso Moreira 1

Magé 1

Nilópolis 1

Paracambi 1

Quatis 1

Resende 1

PIB per capitaPercentual de

municípios

Escore de

eficiência médio

Até 40 000 88.89% 0.7070

40 000 ou mais 13.04% 0,6743

Total 100% 0.7027

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73

Município Quantidade de municípios para o qual é referência

São Francisco de Itabapoana 1

São Gonçalo 1

Tanguá 1

Volta Redonda 1

O DEA permite identificar também, em um modelo orientado para output, quais

outputs mais estariam contribuindo para o resultado negativo em eficiência. Isto pode

ser feito por meio da análise dos valores objetivo para essas variáveis, isto é, seus

valores ideais. Esses valores são calculados a partir dos valores de folga e dos níveis

atuais das variáveis consideradas.

A Tabela 9 apresenta as estatísticas descritivas dos outputs objetivo. A sua

comparação com a 0, que apresentou a estatística descritiva os outputs reais, permite

identificar as lacunas a serem preenchidas pela administração pública para que os

municípios consigam produzir o resultado esperado em saúde. Nesse sentido,

destacam-se os outputs “atendimento sem internação” e “produção de saúde da

família”, que apresentaram maior lacuna, e que por isso, deveriam ser foco de análise

mais profunda por parte da administração pública. A lista completa com os outputs

objetivos por município encontra-se no anexo 7.5.

Tabela 9. Outputs objetivo

Uma forma alternativa para avaliar a mesma questão é a verificação da

representatividade da lacuna observada em relação aos níveis atuais de output. Em

termos matemáticos, calculou-se a diferença entre o output objetivo e o atual,

dividindo-se o resultado pelo output atual. Os valores médios para cada uma das

variáveis representam o avanço percentual médio que os municípios precisarão

realizar para aumentar a eficiência da saúde. A Tabela 10 mostra esses cálculos para

o universo analisado. Por ela é possível perceber que os outputs “atendimento sem

Atend Sem Inter Atend Com Inter Proced Diagnóstico Prod SaúdeFamília Pess Saúde Família

Média 222551.07 212.57 54345.57 19427.98 60478.15

Mediana 65742.01 39.29 13577.50 12917.89 26129.40

Desvio Padrão 363143.89 852.40 150565.01 22142.53 94198.56

1Q 29841.23 12.55 6431.16 6148.00 15921.99

3Q 301892.70 152.19 41932.60 24230.47 62100.37

Mínimo 8525.17 0.00 652.17 1473.42 5387.00

Máximo 2573048.58 8019.17 1363713.42 122358.08 714339.00

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internação” e “produção de saúde da família” são aqueles necessitam de maior

incremento para alcançar os valores objetivo. A lista completa com a variação

percentual por município encontra-se no anexo7.6.

Tabela 10. Variação percentual média entre os outputs reais e os objetivos

Esse tipo de resultado permite que os gestores públicos consigam identificar os

pontos que necessitam de maior atenção, nesse estudo “atendimento sem internação”

e “produção de saúde da família”. Aponta, dessa forma, um ponto de partida para

análises visando a melhoria da eficiência.

4.4. Regressão truncada com bootstrap

Após calculados os escores de eficiência dos municípios selecionados para

estudo, foi analisado o impacto de algumas variáveis exógenas no desempenho das

unidades, a saber, educação, saneamento básico, renda, atenção básica e população

idosa. Para isso, foi utilizada a regressão linear truncada com bootstrap. A equação

estabelecida para análise do impacto desses fatores é reapresentada na equação

(22).

(22) δ(i,t) = β1 . [EDUC](i,t) + β2 . [SANEA](i,t) + β3 [RENDA](i,t) + β4 . [ATEN_BAS](i,t) + β5 .

[IDOSOS](i,t)

Os resultados, calculados pelo método proposto por Silmar e Wilson (2007),

usando tanto o escore de eficiência do modelo CRS como do modelo VRS, encontram-

se na Tabela 11.

Tabela 11. Resultados da regressão truncada com bootstrap

Atend Sem Inter Atend Com Inter Proced Diagnóstico Prod SaúdeFamília Pess Saúde Família

Média 63.42% 40.15% 36.53% 114.30% 26.72%

Coeficiente Erro P valor Coeficiente Erro P valor

Constante 0.8305 0.1677 0.0000 0.9378 0.1719 0.0000

Educação -0.0481 0.0134 0.0004 -0.0250 0.0131 0.0533

Saneamento básico -0.0021 0.0036 0.4943 -0.0025 0.0036 0.4657

Redistribuição de renda 0.0004 0.0027 0.6199 0.0013 0.0027 0.5449

Cobertura Saúde da Família -0.2348 0.1306 0.0712 -0.0710 0.1311 0.5241

Proporção de idosos -0.0010 0.0040 0.5760 -0.0008 0.0040 0.6046

VRSCRS

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75

Verifica-se que o resultado usando tanto o modelo CRS como o VRS foi similar,

a diferença maior entre eles está relacionada com o grau de significância do impacto

das variáveis e a variável cobertura do programa saúde da família. Como o objetivo

maior final ao aplicar o método era a verificação das hipóteses estabelecidas, os

resultados serão apresentados com base em cada uma delas.

H1: O nível educacional da população tem impacto positivo sobre a eficiência da

saúde municipal.

Observou-se relação negativa entre a taxa de analfabetismo e a eficiência (com

nível de significância de 1%, para o modelo CRS e 10% para o modelo VRS), nas

unidades analisadas. A H1, portanto, foi confirmada.

Esses resultados são compatíveis com os resultados encontrados por Varela;

Martins; Fávero (2012) ao analisar a eficiência da atenção básica dos municípios

alagoanos por meio do DEA, e por Martins (2014), em pesquisa similar englobando

todos os municípios brasileiros. Santos (2008) também chega a resultados parecidos

ao analisar a eficiência dos gastos públicos em saúde dos municípios brasileiros.

Verifica-se também a congruência do resultado com as conclusões de Piola et al.

(2009) sobre o relacionamento entre a melhoria de indicadores brasileiros

relacionados a saúde e a educação, e com as de Lopes, Toyoshima, Provezano

(2009), que relacionaram educação às condições de saúde.

H2: A extensão da cobertura da rede de saneamento básico na cidade tem impacto

positivo sobre a eficiência da saúde municipal.

Não foi possível comprovar a hipótese de que o saneamento básico tem

impacto positivo sobre a eficiência da saúde municipal

H3: A redistribuição de renda na população tem um impacto positivo sobre a eficiência

da saúde municipal

Não foi possível comprovar a hipótese de que a redistribuição de renda na

população tem impacto positivo sobre a eficiência da saúde municipal

H4: A extensão da cobertura da atenção básica tem um impacto positivo sobre a

eficiência da saúde municipal

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Não foi possível comprovar a hipótese de que a extensão da cobertura da

atenção básica tem impacto positivo sobre a eficiência da saúde municipal. Ao invés

disso, um resultado não apontado pela literatura foi observado no modelo CRS, a

existência de uma relação negativa entre a extensão da cobertura de saúde da família

e a eficiência (com nível de significância de 10%). É importante destacar contudo, que

o trabalho de Pelone et al. (2012), que verificou relação positiva entre a eficiência e a

cobertura da atenção básica, analisou o contexto da saúde italiana e teve como

escopo apenas o atendimento clínico. Já os estudos da Rede Interagencial de

Informações para Saúde (2009) e de Piola et al. (2009) eram estudos qualitativos que

não pretendiam oferecer respostas definitivas, mas sim direcionadores para pesquisas

empíricas no assunto. Santos (2008) e Martins (2014), por sua vez, não verificaram

em suas pesquisas significância para a relação entre a cobertura da atenção básica e

a eficiência da saúde, o que já sinalizava a fragilidade de conclusões sobre o assunto.

H5: A maior proporção da população idosa tem um impacto negativo sobre a eficiência

da saúde municipal

Não foi possível comprovar a hipótese de que a maior proporção da população

idosa tem impacto negativo sobre a eficiência da saúde municipal.

Ao analisar os resultados frente às hipóteses formuladas, um questionamento

aparece. Quais as possíveis razões para que apenas uma hipótese tenha sido

comprovada neste estudo, uma vez que a literatura apontava no sentido da existência

de um relacionamento entre a eficiência e as variáveis testadas?

Nesse sentido, é importante destacar que a literatura analisada, que apontava

conexão entre essas variáveis (ALMEIDA, 2003, BLANE, BRUNNER, WILKINSON,

1996, RAPHAEL, 2009, REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA SAÚDE

2009, SANTOS 2008, LOPES, TOYOSHIMA, PROVEZANO, 2009, MARTINS, 2014,

VARELA; MARTINS; FÁVERO, 2012, HADAD, HADAD, SIMON-TUVAL, 2013 e

PELONE ET AL., 2012) tinha escopo de análise com características diferentes da

empreendida nessa pesquisa, o que pode explicar as diferenças encontradas.

O modelo proposto por Almeida (2003), que incorporava as três variáveis cujo

relacionamento com a eficiência não foi constatado (redistribuição de renda na

população, extensão da cobertura da atenção básica e maior tamanho da população

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idosa), as análises de Blane, Brunner, Wilkinson (1996) e de Raphael (2009), que

relacionaram eficiência à renda, e as considerações da Rede Interagencial de

Informações para saúde (2009) sobre o relacionamento entre a proporção de idosos

e a eficiência utlizaram como método de pesquisa abordagens qualitativas, que

possuem objetivo diferente dos desta pesquisa e cujos resultados demandam análises

quantitativas posteriores, que verifiquem a validade das conclusões por eles

apresentadas, como os próprios autores frequentemente ressaltam.

Alguns autores (SANTOS, 2008 e LOPES, TOYOSHIMA, PROVEZANO,

2009), apesar de utilizarem abordagem quantitativas, empregaram métodos distintos

dos escolhidos para o presente estudo, o que pode explicar a diferença dos

resultados. Santos (2008), que relacionou a eficiência na saúde ao saneamento

básico e a renda, analisou a eficiência dos gastos e não a eficiência técnica, foco

deste estudo. Além disso, o resultado por ele encontrado foi baseado no método SFA.

Já Lopes, Toyoshima, Provezano (2009) relacionaram a renda às condições de saúde

e não à eficiência propriamente dita, e para isso utilizaram análise fatorial, de

agrupamentos e discriminante.

É importante destacar também, que no presente estudo, além de analisar a

eficiência técnica ao invés da alocativa, utilizou-se variáveis distintas das empregadas

nos estudos de DEA analisados que consideraram variáveis exógenas (PELONE et

al., 2012, MARTINS, 2014 SANTOS; GONÇALVES; FIGUEIREDO, 2014, VARELA;

MARTINS; FÁVERO, 2012, VARELA, 2008 e MARINHO, 2003), o que também pode

ser fonte de divergência entre os resultados.

Algumas pesquisas (MARTINS, 2014, VARELA; MARTINS; FÁVERO, 2012,

HADAD, SIMON-TUVAL, 2013 e PELONE ET AL. 2012) utilizaram ainda unidades de

análise distintas das investigadas neste estudo, o que também pode explicar a não

congruência de parte dos resultados. Martins (2014), que relacionou o desempenho

da saúde ao saneamento básico e à estrutura etária, e Varela; Martins; Fávero (2012),

que verificaram relacionamento entre eficiência e a proporção de idosos, restringiram

seu escopo de análise à atenção básica. Por outro lado, Hadad, Hadad, Simon-Tuval

(2013), que verificaram relação entre a distribuição de renda e a eficiência, e Pelone

et al. (2012), que encontraram relacionamento com a proporção de idosos, analisaram

a realidade de países europeus, bastante distinta da brasileira.

Page 78: Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais ... · FERNANDA DAMASCENO CORREIA Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais na eficiência da saúde pública

78

As diferenças apontadas, tanto em escopo de análise, variáveis selecionadas

e método utilizado, são ainda potencializadas em função da qualidade das

informações públicas disponibilizadas. Assim, a utilização no presente estudo de base

de dados distintas das utilizadas pela literatura analisada, associada a baixa

confiabilidade das informações disponibilizadas, fato que é acentuado quando as

informações abrabgem a esfera municipal, podem estar contribuidos também para as

diferenças encontradas.

Page 79: Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais ... · FERNANDA DAMASCENO CORREIA Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais na eficiência da saúde pública

79

5. CONCLUSÃO

Este capitulo é dedicado à síntese da pesquisa, apresentando e discutindo seus

resultados e levando em consideração os diversos públicos nela interessados. Assim,

inicialmente um resumo do trabalho é apresentado, em seguida as principais

conclusões são discutidas e posteriormente é analisada a contribuição de tais

resultados tanto para gestores como para acadêmicos. Por fim são sugeridos alguns

campos para pesquisa futura.

5.1. Resumo

Este estudo teve por objetivo analisar o impacto de determinantes econômicos

e sociais na eficiência da saúde pública dos municípios do Rio de Janeiro. Para atingi-

lo e para garantir que o tema proposto fosse adequadamente tratado, a revisão de

literatura abordou os principais aspectos relacionados à análise de eficiência, em

especial sua aplicação no contexto da saúde e a vulnerabilidade da eficiência em

saúde aos fatores contextuais.

Como método para o cálculo da eficiência utilizou-se o DEA em dois estágios.

Isso foi necessário porque as variáveis de input apresentavam alto grau de

correlação entre si, o que poderia prejudicar a capacidade de discriminação do

modelo. Após reduzidas as variáveis de input a dois componentes principais,

Antes de calcular os escores de eficiência segundo o modelo delineado, foi

aplicada a análise de componentes principais nas variáveis de input como forma de

reduzir o grau de correlação entre essas variáveis, que poderia prejudicar a

capacidade de discriminação do modelo. Após reduzidas as variáveis de input a dois

componentes principais a primeira etapa do modelo foi realizada, os escores de

eficiência operacional foram obtidos por meio dos modelos básicos de DEA (CRS e

VRS). Em seguida, realizou-se a regressão truncada com bootstrap, segunda etapa

do modelo. A finalidade do segundo estágio era identificar os principais fatores que

afetam a eficiência da saúde pública municipal no Rio de Janeiro, durante o período

analisado, sob a ótica das variáveis contextuais escolhidas, objetivo maior desse

estudo.

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80

5.2. Conclusões

Os resultados permitiram que se chegasse a um panorama geral da eficiência

relativa entre os municípios fluminenses e do relacionamento entre esta e algumas

das variáveis exógenas escolhidas para esse estudo, no ano de 2010.

A primeira etapa mostrou que existe espaço para melhoria da eficiência da

saúde municipal do estado. O baixo escore médio de eficiência sinaliza que é possível,

para diversos municípios avaliados, aumentar o número de outputs (atendimentos)

sem que para isso seja necessário o aumento dos recursos. Essa mudança de

eficiência pode ser buscada por meio da análise do processo de produção e das boas

práticas utilizadas nas DMUs consideradas de referência.

Além disso, foi possível constatar que para o período analisado, os outputs que

mais estão contribuindo para o resultado dos municípios ineficientes do estado do Rio

de Janeiro são “atendimento sem internação” e “produção de saúde da família”. Dessa

forma, esses dois outputs deveriam ser analisados com mais cautela por parte dos

gestores, pois melhorias nessas duas variáveis representariam avanços significativos

em termos de eficiência.

A etapa da regressão truncada com bootstrap aponta para a importância da

educação para a eficiência em saúde. Esse relacionamento positivo ocorre porque

com a elevação do seu nível educacional, a população consegue entender e se

engajar em políticas de prevenção, assim como passam a procurar atendimento

prematuramente, evitando o avanço de doenças.

A extensão da cobertura da atenção básica, por sua vez, mostrou relação

negativa com a eficiência, para o modelo CRS, o que não era previsto pela literatura.

Alguns estudos mostraram, contudo, que o relacionamento positivo entre essas

variáveis nem sempre era verificado, o que de alguma forma sinaliza a fragilidade

desse fator em explicar a eficiência. Além disso, é importante destacar que a

implantação dos programas de atenção de forma mais ampla no estado do Rio de

Janeiro se iniciou mais recentemente, 1999. (CAZELLI, 2003). Desta forma, na data

analisada ainda não era possível verificar os resultados dessa política de prevenção.

Já as variáveis relacionadas a saneamento básico, distribuição de renda e

proporção de idosos, não mostraram relacionamento significativo com a eficiência. Os

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estudos que apontavam para esse tipo de relacionamento apresentavam, contudo,

características metodológicas bastante distintas das deste estudo, o que pode explicar

as discrepâncias. Tais características eram principalmente abordagens qualitativas,

métodos quantitativos diferentes e unidades e regiões de análise distintas.

5.3. Contribuições teóricas e gerenciais

Os resultados desse estudo apresentam para os gestores dos municípios

avaliados a possibilidade de melhorar o nível de outputs sem a necessidade de investir

em mais recursos. Isso pode ser alcançado por meio do alinhamento de práticas e

processos, tendo em vista as unidades consideradas eficientes e os outputs que mais

estão colaborando para o mau resultado em eficiência.

Esse estudo traz também reflexões sobre como os diversos orçamentos

governamentais se relacionam. Os resultados apontaram que os investimentos em

educação, nas unidades avaliadas, podem estar impactando o nível eficiência da

saúde. Isso ressalta a importância do gerenciamento global do sistema de serviços

públicos.

É possível perceber, dessa forma, que os resultados encontrados possuem

caráter prático, deixando nítida a aplicabilidade da técnica de DEA na mensuração da

eficiência da saúde pública. Ainda que a saúde seja impactada por fatores exógenos,

alguns deles possivelmente não tratados nesse estudo, o método pode ser visto pelos

gestores de organizações similares às tratadas aqui como uma ferramenta útil,

fornecendo direcionamentos para que suas unidades alcancem novos patamares de

eficiência e se aproximem das unidades consideradas referência.

Esse tipo de análise é particularmente relevante no contexto atual da saúde

pública brasileira, com demandas urgentes de melhoria do atendimento, tanto em

qualidade quanto em quantidade. Esse avanço precisa ser realizado, contudo, dentro

de um contexto de restrição do aumento do orçamento dedicado à saúde, ao menos

no curto prazo. Esses fatos sinalizam que ações para melhoria da eficiência podem

ser o caminho para se alcançar um patamar superior.

Por fim, é importante destacar que as variáveis utilizadas nesta pesquisa, assim

como a unidades de análise selecionada, podem ser facilmente modificadas para

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82

obter um modelo específico de avaliação para cada unidade de saúde. Os resultados

podem ainda ser atualizados conforme o banco de dados disponível seja ampliado,

incorporando dados mais recentes. Dessa forma, seria possível acompanhar o

desenvolvimento do setor. Além disso, a revisão de literatura apresenta um panorama

geral de análise de eficiência, em especial no contexto da saúde, que pode ser uma

referência tanto para acadêmicos como para gestores na área.

5.4. Campo para pesquisas futuras

O escopo de análise dessa pesquisa se limitou aos munícios Rio de Janeiro,

essa escolha foi função da relevância econômica do estado e da peculiaridade de

alguns dos seus indicadores de saúde, que incitou a curiosidade para a pesquisa.

Uma sugestão para estudos futuros é, portanto, a inclusão dos demais estados da

federação.

Os resultados do modelo de regressão também sinalizam oportunidades para

pesquisas futuras no campo. O Anexo 7.2 apresenta um resumo das variáveis

utilizadas por cada um dos autores analisados para explicar ineficiências, ou impactos

de maneira geral, em saúde. Ela evidencia a diversidade de pontos de vista na

literatura acerca desses fatores exógenos que impactariam a saúde pública. Dessa

forma, estudos tanto no sentido de esclarecer quais variáveis são mais relevantes

tanto análises quantitativas que testem novas variáveis no segundo estágio do modelo

seriam interessantes.

Por fim, sugere-se também a aplicação de outras variantes do modelo DEA

diferentes das aplicadas nessa pesquisa. Este tipo de abordagem responderia,

contudo, a perguntas de pesquisa diferentes das aqui formulada. Poderia ser avaliada

por exemplo a mudança de produtividade ao longo do tempo.

Page 83: Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais ... · FERNANDA DAMASCENO CORREIA Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais na eficiência da saúde pública

83

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90

7. Anexos

7.1. Resumo dos estudos analisados na revisão de literatura

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(ANCARANI; DI MAURO;

GIAMMANCO, 2009)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (CRS, VRS, NIRS (non-increasing return-to-scale)) 2ª etapa: Tobit

(Interval Regression Model)

Output

DMUs com e sem internação:

Leitos Médicos

Equipe não médica Rotatividade das salas de cirurgias

Custo de manutenção DMUs sem internação:

Médicos Equipe não médica

Despesa de manutenção

DMUs com e sem internação:

Altas de casos agudos e de longa

duração multiplicado por DRG

Casos tratados no dia e/ou dia de cirurgia

Atendimentos ambulatoriais DMUs sem internação:

Atendimentos ambulatoriais

Realocação da enfermaria para um novo hospital Introdução de gestão computadorizada de

pacientes Admissão de profissionais

com novas habilidades Conflitos entre médicos

Importância da maximização do lucro

Importância da maximização do prestígio da unidade Presença de unidade

cirúrgica Hospital com e sem

internação

Hospital Itália 48

(DIMAS; GOULA; SOULIS,

2010)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA 2ª etapa: Malmiquist

e Tobit

Output Leitos

Salários pagos Despesas totais

Dias de internação Atendimentos sem

internação Atendimento de

emergência

Taxa de ocupação dos leitos Tempo médio de

permanência dos pacientes Custo médio do paciente

Leitos Número médio de pacientes

diários

Hospital Grécia 27

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91

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(FULTON et al, 2008)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (VRS)

2ª etapa: Regressão (OLS, Ridge

regression e Robust regression)

Input

Leitos Dias de ocupação de

leitos Empregados por categoria (FTE)

Gastos com paciente internados

Gastos com pacientes sem

internação Custos

Horas de sala de operação

Número de serviços oferecidos

Atendimento complexo com

internação Atendimentos

cirúrgicos Atendimentos clínicos

Atendimentos ambulatorial

Atendimentos emergência

Casos atendidos ajustados a

complexidade Nascimentos

Equipe treinada

Carga de trabalho População Qualidade

Acesso Eficiência

Tempo Estado médico

Hospital EUA 24

(GOK; SEZEN, 2013)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (CRS e VRS)

2ª etapa: Regressão múltipla

Input

Leitos Médicos especialistas

(FTE) Médicos não

especialistas (FTE)

Taxa de utilização dos leitos

Rotatividade dos leitos

Atendimentos cirúrgicos

Dias médios de internação

Altas de pacientes Atendimentos sem

internação Nascimentos

Qualidade estrutural Eficiência do hospital Tamanho do hospital

Dias médios de permanência Médicos

Hospital Turquia 348

(HARRISON; KIRKPATRIC

K, 2009) DEA (VRS) Input

Leitos Empregados (FTE)

Despesa operacional (excluindo folha de

pagamento)

Dias de internação Atendimentos

cirúrgicos Atendimento sem

internação

N/A Hospital EUA 190

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92

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(KAO; LU; CHIU, 2011)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (ICA, PCA) e Variable

Reduction 2ª etapa: Slack

Não Indicado

Leitos Médicos

Enfermeiros Equipe de Apoio (farmacêuticos, psicólogos, etc)

Equipe Administrativa

Atendimentos cirúrgicos

Atendimentos sem internação

Atendimentos de emergência

N/A Modelo Taiwan 21

(KATHARAKI, 2008)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (CCR)

2ª etapa: Contribuição dos inputs e outputs para o score de

eficiência por meio da média aritmética

Input

Leitos Equipe Médica (enfermeiros e

médicos) Gasto total (exclui salário da equipe

médica)

Dias de internação / leitos-dias

Atendimento total Exames em

pacientes sem internação

Testes laboratoriais

Localização do hospital Hospital Grécia 32

(KRISTENSEN;

BOGETOFT; PEDERSEN,

2010)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (VRS e NDRS) com bootstrap para

corrigir viés 2ª etapa: Algoritmo

para separar ganhos de eficiência em ganhos técnicos, de escala ou de mix

Não Indicado

Custo operacional (excluindo custos que não contribuem para

o tratamento de doenças somáticas)

Atendimento com internação

Atendimento sem internação

Número de pacientes em zona cinza (que

podem ser potencialmente

internados ou não) Valores medidos em

diferentes DRGs

N/A Hospital Dinamar

ca 36

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93

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(MAGNUSSEN; NYLAND,

2008) DEA (CRS e VRS)

Não Indicado

Nível menos agregado Despesas

administrativas Custo do

departamento auxiliar Custo do

departamento clínico Nível intermediário

Despesas administrativas

Custo do departamento auxiliar

e clínico Nível mais agregado

Custo total

Nível menos agregado

Dias de internação Alta de pacientes

Atendimentos sem internação

Nível intermediário Alta de pacientes

Atendimentos sem internação

Nível mais agregado Alta de pacientes

N/A Departam

entos hospital

Noruega 146

(ÖZGEN; SAHIN, 2010)

DEA (VRS) Input

Enfermeiras (FTE) Número de máquinas

para diálise disponíveis

Sessões de hemodiálise

N/A Centro de

Diálise Turquia 830

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94

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(NAVARRO-ESPIGARES;

TORRES, 2011)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (VRS)

2ª etapa: Malmiquist

Input

Leitos Médicos

Enfermeiros Demais equipes do

hospital

Modelo Básico: Pontos de DRG e

atividade ambulatorial (agrega consultas, emergências sem

internação e procedimentos ambulatoriais) Modelo para

qualidade: adicionou cada um dos

indicadores de qualidade (tempo de

permanência no hospital, mix de

casos atendidos, taxa de utilização, percentual de

cirurgias programadas,

rotatividade do centro cirúrgico, percentual

de cesáreas Modelo de qualidade percebida: Indicador de satisfação medido

por uma pesquisa (rodou dois modelos

um com essa variável a mais e outro

somente com esse output)

N/A Hospital Espanha 27

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95

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(NAYAR; OZCAN,

2008) DEA (CRS) Input

Leitos Equipe total

Despesa operacional excluindo folha de

pagamento Custo com bens de

capital Depreciação

Total de Ativos

Modelo padrão: Altas ajustadas à

complexidade Atendimentos sem

internação FTE treinado

Modelo de qualidade: Altas ajustadas à

complexidade Atendimentos sem

internação FTE treinado Percentual de pacientes que

receberam antibiótico no tempo certo Percentual de pacientes com

avaliação do nível de oxigenação,

Percentual de pacientes com

vacinação pneumonial

N/A Hospital EUA 53

(TIEMANN; SCHREYÖG

G, 2012)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (VRS)

2ª etapa: Bootstrap

Input

Médicos Enfermeiros

Outros profissionais clínicos

Equipe não clinica Equipe administrativa

Suprimento (gasto com compras

excluindo folha de pagamento, despesa com bens de capital e

depreciação)

Modelo padrão: Atendimentos com internação ao ano

(ajustado à complexidade do

hospital) Modelo de qualidade: mortalidade média no hospital (ajustado à complexidade do

hospital)

Ensino (atividades de treinamento para equipe não

médica) Proporção de camas no

hospital alugadas Índice de competitividade do

mercado local em que o hospital está inserido

Índice do mix do hospital

Hospital Alemanh

a 548

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96

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(PELONE et al., 2012)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (CRS) e Bootstrap

2ª etapa: Tobit

Input

Médicos clínicos gerais para cada 10000 habitantes

Médicos plantonistas para cada 10000

habitantes

Atendimento com internação devido a

complicação decorrentes da

diabetes para cada 1000 habitantes com

18 anos ou mais Atendimento com internação devido infarto para cada

1000 habitantes com 65 anos ou mais Vacinação contra

gripe para cada 100 habitantes com 65

anos ou mais Encaminhamento

dado pelos plantonistas para

cada 100000 habitantes

Número de pessoas com 65 anos ou mais dividido pelo número de pessoas com idade entre 15 e 64 anos Número de habitantes por

km² Percentual dos gastos totais

de saúde dedicados à atenção secundária

Percentual do PIB dedicado a gastos com saúde pública

Região Italia 20

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97

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(VALDMANIS; BERNET; MOISES,

2010)

DEA (CRS) Output

Leitos Residentes (FTE) Equipe total (FTE) Enfermeiros (FTE) Leitos da unidade

cardíaca Residentes da

unidade cardíaca (FTE)

Equipe da unidade cardíaca (FTE)

Leitos na unidade intensiva

Residentes da unidade intensiva

(FTE) Equipe da unidade

intensiva (FTE) Leitos unidade

intensiva pediátrica Residentes na

unidade intensiva pediátrica (FTE)

Equipe da unidade intensiva pediátrica

(FTE)

Dias de internação Dias de internação de pacientes cardíacos Dias de internação médica/cirúrgica

Dias de internação em unidade intensiva

pediátrica Valores ajustados a

complexidade

N/A Hospital EUA 162

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98

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(HADAD; HADAD; SIMON-

TUVAL, 2013)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA super-efficiency

(VRS) e DEA cross-efficiency (CRS)

2ª etapa: Regressão

Output

Modelo I: Densidade de leitos

para internação Densidade de

médicos Gasto com saúde per

capita Modelo II:

Gasto com saúde per capita

PIB per capita Consumo de frutas e vegetais per capita

Expectativa de vida 1 - mortalidade

infantil

Consumo de gordura Gasto público com saúde

Desemprego Índice Gini

Índice ambiental Arranjo organizacional Uso de programas de

gerenciamento de doenças Objetivo de saúde pública é

definido e comunicado Controle de encaminhamento

pelo médico de saúde da família

Saúde Países

Países da

OECD 31

(FERREIRA; PITTA, 2008)

DEA (CRS e VRS) Output

Despesas totais em saúde

Proporção de transferências de alta

e média complexidades no

total de transferências do

SUS Proporção da

produção ambulatorial realizada

por prestadores federais e estaduais.

Atendimentos ambulatoriais de

média e alta complexidades

Atendimento básicos

N/A Região São

Paulo, Brasill

24

Page 99: Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais ... · FERNANDA DAMASCENO CORREIA Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais na eficiência da saúde pública

99

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(SILVA, 2009)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (CCR)

2ª etapa: Bootstrap

Output

Análise de educação e cultura:

Gastos per capita com educação e

cultura PIB per capita

Análise da saúde Gastos per capita

com saúde PIB per capita

Análise de Habitação e urbanismo

Gastos per capita com Habitação e

Urbanismo PIB per capita

Atendimento faixa 4 a 6 anos

Atendimento faixa 7 a 14 anos

Atendimento faixa 15 a 17 anos

% população atendida por

Programas de Saúde da Família(PSF) Cobertura vacinal

média % de famílias

cadastradas no PSF e Programa Agentes

Comunitários de Saúde (PACS) que vivem em domicílios com esgotamento

sanitário % de famílias

cadastradas noPSF e PACS que vivem em domicílios urbanos com coleta de lixo

Percentual de famílias cadastradas no PSF e PAC que vivem em domicílios

de construção de Tijolo

N/A Regiões Minas Gerais, Brasil

404

Page 100: Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais ... · FERNANDA DAMASCENO CORREIA Análise do impacto de determinantes econômicos e sociais na eficiência da saúde pública

100

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(VALDAMANIS, 2010)

DEA (CRS, IRS, DRS)

Input

Leitos Enfermeiros (FTE)

Equipe (FTE) Gastos

Dias de internação Índice de

complexidade dos atendimentos

Receitas

N/A Hospital EUA N/A

(KETABI, 2011)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (CRS)

2ª etapa: Super-efficiency and full-

ranking

Input

Leitos Equipamento médico

Equipe (médicos, enfermeiros e

técnicos) Capacitações tecnológicas

Percentual de ocupação dos leitos

Tempo médio de permanência Percentual de sobrevivência

Taxa de performance

N/A unidades cardíacas

Irã 23

(ARAÚJO; BARROS; WANKE,

2014)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (CRS)

2ª etapa: Bootstrap

Output

Área do hospital Leitos totais

Leitos em UTIs Leitos em

emergência Total de pessoas

Médicos Enfermeiros

Salas de atendimento Sala de cirurgia

Atendimento com internação

Atendimento em UTI Atendimento com

internação na emergência

Atendimentos sem internação Cirurgias

Propriedade e foco para resultado Tamanho

Especialização

Hospital Brasil 20

(HALKOS; TZEREMES,

2011)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: Free disposal hull (FDH)

e DEA (CRS e VRS) 2ª etapa: Bootstrap

Input Leitos

Funcionários Dias de internação

PIB per capita Densidade populacional

Regiões Grécia 50

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101

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(BARNUM et al., 2011)

Comprar o modelo Fixed Proportion

Additive (não substitutabilidade de input e output) com

DEA Additive (substitutabilidade

de inputs e output) e o modelo CCR -

(substitutabilidade de inputs e outputs)

com o Fixed Proportion Ratio

(não substitutabilidade

nos inputs e outputs)

Não indicado

Leitos Funcionários (FTE)

Para comparação entre FPA e ADD: Atendimentos com

internação Para comparação entre CCR e FPR: Atendimentos com

internação Atendimentos sem

internação

N/A EUA 87

(LAI; HUANG; WANG, 2011)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (CCR e BBC)

2ª etapa: benchmarking

knowledge-based system (BKBS)

Input

Médicos Enfermeiros

Equipamentos caros Diversidade de

equipamentos caros

Atendimentos com internação

Atendimentos sem internação

Certificado de qualidade (1- percentual de

infecção hospitalar)

N/A Hospital Taiwan 16

(LOZANO, 2012)

Cooperative DEA Game

Input Médicos

Enfermeiros

Atendimentos sem internação

Atendimentos com internação

N/A Hospital Espanha 12

(TONE; TSUTSUI,

2010)

DEA (CCR-I-C, SBM-I-C, EBM-I-C)

Input Médicos

Enfermeiros

Atendimentos com internação

Atendimento sem internação

N/A Hospital Japão 12

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102

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(WEI et al., 2011b)

DEA (CCR-I e DEA-R-I)

Input Leitos

Médicos

Dias de internação Atendimentos

cirúrgicos Atendimentos sem

internação

N/A Hospital Taiwan 21

(WEI et al., 2011c)

DEA (CCR), DEA-R-I e Super-DEA-R-I

Input Leitos

Médicos

Atendimentos com internação

Atendimentos sem internação

Atendimentos cirúrgicos

N/A Regiões Taiwan 21

WEI et al., 2011a

DEA (CCR) e DEA-R-I

Input Leitos

Médicos

Atendimentos com internação

Atendimentos sem internação

N/A Hospital Taiwan 4

(PASTOR; APARICIO,

2010b)

DEA (BBC e RAM) e Least-Distance

Measure

Não Indicado

Médicos Enfermeiros

Atendimentos com internação

Atendimentos sem internação

N/A N/A 14

(FONSECA; FERREIRA,

2009)

DEA (VRS) e Bootstrap

Output

Equipe Equipamentos

Estabelecimentos de saúde

Atendimentos ambulatoriais

Número de famílias acompanhadas

(atenção básica, PSF e PACS)

N/A

Região Brasil 66

(SILVA; VIDAL, 2008)

DEA (CRS e VRS) Output

Leitos per capita Médicos per capita

Estabelecimentos per capita

Gasto com internações per

capita

Atendimentos com internações per

capita Inverso da taxa de

mortalidade

N/A Região Região Norte, Brasil

64

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103

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(AMADO; SANTOS,

2009) DEA (CRS) Output

Médicos Enfermeiros

Equipe administrativa Equipe técnica

Outros profissionais de suporte

Consultas familiares planejadas

Consultas de saúde maternidade

Consultas de saúde infantil

Consultas de saúde adulta

Consultas de saúde de idosos

Visitas domiciliares por médico

Outras consultas por médico

Consultas por enfermeiro

Visitas domiciliares por enfermeiro

Curativos e outros tratamentos

Número de injeções Vacinas

N/A Região Portugal 351

(THANASSOULIS; SILVA PORTELA;

GRAVENEY, 2012)

DEA (VRS) Input

Volume de encaminhamentos

para o tratamento de pacientes com

internação Volume de

encaminhamento para pacientes sem

internação Volume de remédios

prescritos

Volume de pacientes registrados

Mix de pacientes registrados,

separados em grupos por idade, sexo e por

um índice de privações de

condições de saúde, que varia de acordo com a região em que

o paciente mora

N/A Região Reino Unido

75

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104

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(MARTINS, 2014)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (VRS)

2ª etapa: Regressão

Output

Despesa dos municípios na

atenção básica em saúde

Cobertura populacional

estimada pelas equipes básicas de

saúde Cobertura

populacional estimada pelas

equipes básicas de saúde bucal

Cobertura com a vacina tetravalente

Média da ação coletiva de

escovação dental supervisionada Proporção de

exodontia em relação aos procedimentos

Indicador de proporção de

internações sensíveis à atenção básica

% População que vive em domicílios com banheiro e

água encanada % Pessoas em domicílios

com abastecimento de água e esgotamento sanitário

inadequados Taxa de atendimento escolar

faixa 4 a 6 anos Taxa de analfabetismo faixa

de 15 anos ou mais Índice de Gini

Proporção de pobres Renda per capita média

% Pessoas que possuem plano de saúde suplementar

em 2010 e 2011 Grau de formalização do

trabalho das pessoas ocupadas

% População com 65 anos de idade ou mais

% População que vive em domicílios com energia

elétrica

Região Brasil 4584

(SANTOS; GONÇALVES

; FIGUEIREDO

, 2014)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: Cluster analysis e DEA

(VRS) 2ª etapa: Malmiquist

Output

Equipe de saúde da família

Estabelecimentos para atendimentos de

atenção básica

Pessoas registradas no programa de atenção básica

Número de visitas às pessoas atendidas

Atendimentos ambulatoriais

IDH Número de beneficiários do

programa Bolsa Família Número de pessoas com

plano de saúde dividido pelo número de pessoas

cadastradas no programa de atenção básica

Número de habitantes

Região Região

Sudeste, Brasil

1097

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105

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(VARELA; MARTINS; FÁVERO,

2012) e

(VARELA, 2008)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (VRS)

2ª etapa: Regressão

Output Despesa com

atenção básica

Ações de Enfermagem e

Outros Procedimentos de

Saúde – Nível Médio Ações médicas

básicas Ações básicas em

odontologia Ações executadas

por outros profissionais – Nível

superior Pessoas cadastradas

pelo PSF Pessoas cadastradas

pelo PACS

População urbana Faixa-etária (0 e 18 anos) Faixa-etária (60 anos ou

mais) Densidade populacional

Escala dos estabelecimentos de saúde

Percentual de recursos próprios aplicados na saúde

Região São

Paulo, Brasill

603

(MARINHO, 2003)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (CCR)

2ª etapa: Regressão

Output

Leitos per capita Estabelecimentos credenciados per

capita Capacidade

ambulatorial instalada per capita

Valor médio da internação

Valor médio dos procedimentos ambulatoriais

Atendimentos com internação em

hospitais credenciados per

capita Atendimentos

ambulatoriais per capita

Taxa de mortalidade

População dos municípios PIB dos municípios

Prazo médio de permanência.

Região Rio de

Janeiro, Brasil

57

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106

Autores Método Orient. Inputs Outputs Variáveis de controle Unid de Análise

Local N

DMUs

(SILVA, 2012)

DEA em duas etapas:

1ª etapa: DEA (CCR)

2ª etapa: Regressão

Input

Leitos Médicos

Enfermeiros Técnicos em enfermagem Auxiliares de enfermagem

População residente no município

Estabelecimentos de atenção básicas de

saúde

Atendimento com internação

Atendimentos ambulatoriais

Inverso do número de óbitos infantis no

município de 2000-2009 (sobrevida).

N/A Região Alagoas,

Brasil 102

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107

7.2. Fatores exógenos que impactam a saúde pública por autor

Autores Variáveis analisadas

(HADAD; HADAD;

SIMON-TUVAL, 2013)

Consumo de gordura

Gasto público com saúde

Desemprego

Índice Gini

Índice ambiental

Arranjo organizacional

Uso de programas de gerenciamento de doenças

Objetivo de saúde pública é definido e comunicado

Controle de encaminhamento pelo médico de saúde da família

(HALKOS; TZEREMES,

2011)

PIB per capita

Densidade populacional

(SANTOS;

GONÇALVES;

FIGUEIREDO, 2014)

IDH

Beneficiários do programa Bolsa Família

Pessoas com plano de saúde / número de pessoas cadastradas no programa de

atenção básica

Habitantes

(MARINHO, 2003)

Habitantes

PIB dos municípios

Prazo médio de permanência.

(PELONE et al., 2012)

Faixa-etária (65 anos ou mais) / Faixa-etária (15 e 64 anos)

Habitantes por km²

Percentual dos gastos totais de saúde dedicados à atenção secundária

Percentual do PIB dedicado a gastos com saúde pública

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108

Autores Variáveis analisadas

(VARELA; MARTINS;

FÁVERO, 2012)

e

(VARELA, 2008)

População urbana

Faixa-etária (0 e 18 anos)

Faixa-etária (60 anos ou mais)

Densidade populacional

Escala dos estabelecimentos de saúde

Percentual de recursos próprios aplicados na saúde

(RAPHAEL, 2009)

Condições da infância

Renda

Disponibilidade e qualidade da educação

Alimentação

Habitação

Emprego

Condições de trabalho

Saúde e serviço social

Hábitos da população

(BLANE; BRUNNER;

WILKINSON, 1996) Redistribuição de renda

(REDE

INTERAGENCIAL DE

INFORMAÇÕES PARA

SAÚDE, 2009)

Estrutura etária da população

Condições socioeconômicas

(PIOLA et al., 2009)]

Grau de educação da sociedade

Renda e sua distribuição

Condições ambientais, sobretudo as de saneamento básico

Elementos culturais e comportamentais

Atenção básica

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109

Autores Variáveis analisadas

LOPES TOYOSHIMA,

PROVEZANO (2009)

Média dos anos de estudo dos adultos

Taxa de alfabetização

Acesso à energia elétrica e geladeira

Índice de Gini

Esperança de vida ao nascer

Morbidade hospitalar

Percentual de internação por condições sensíveis à atenção ambulatorial

Percentual de nascidos vivos cujas mães realizaram quatro ou mais pré-natais

Existência de equipamentos de diagnóstico

(SANTOS, 2008)

Percentual da população assistida pelo Programa de Saúde da Família e Agentes

Comunitários da Saúde

Participação dos leitos privados que atendem ao SUS

Participação das transferências no total das receitas dos municípios

Porcentual de enfermeiros com ensino superior

Relação entre capital e trabalho na produção de saúde

Recursos estaduais utilizados por cada município

Importação de pacientes

Renda per capita

Desigualdade de renda

Percentual de pessoas abaixo da linha de pobreza

Percentual de população urbana

Porcentual de domicílio com água encanada

Domicílios com energia elétrica

Domicílios com serviços de coleta de lixo

Domicílios subnormais

Distância de cada município à capital estadual.

Analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais

Média de anos de estudo entre as pessoas com mais de 25 anos.

Taxa de vítimas de acidente de trânsito

Taxa de homicídios

Taxa de suicídios

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110

Autores Variáveis analisadas

(ALMEIDA, 2003)

Determinantes ambientais: concentração de material particulado em suspensão,

concentração de ozônio, emissões de CFC, automóveis por habitante, ônibus por

habitante, emissões industriais (poluição ambiental); cobertura de rede de

abastecimento de água, cobertura de rede de esgotamento sanitário, cobertura dos

serviços de coleta de lixo (saneamento básico); umidade, temperatura,

precipitação (condições climáticas).

Determinantes socioeconômicos: distribuição de renda, razão de renda, proporção

de pobres, renda familiar mensal per capita até meio salário mínimo, proporção de

famílias de baixa renda (distribuição de renda), número médio de anos de estudo,

taxa de analfabetismo, níveis de escolaridade (escolaridade), taxa de desemprego

(emprego), variável criada a partir das variáveis setor de atividade e posição,

ocupação (ocupação) fecundidade, distribuição etária, número médio de pessoas

por cômodo, proporção da população em habitações subnormais (demográficos),

incidência de delitos e homicídios e número de jovens acusados de delito (outros).

Determinantes comportamentais e biológicos: proporção de adultos fumantes,

proporção de adolescentes fumantes, proporção de menores de 15 anos que

vivem em domicílios com fumantes, proporção de adultos e adolescentes que

fazem uso de drogas lícitas e ilícitas por adultos e adolescentes, proporção de

adultos/adolescentes que consomem regularmente bebidas alcoólicas, proporção

de adultos que executam atividade física regularmente, proporção de pessoas

sexualmente ativas que usam preservativo, padrão alimentar, composição calórico

proteica da ingestão alimentar.

(MARTINS, 2014)

Percentual da população que vive em domicílios com banheiro e água encanada

Percentual de pessoas em domicílios com abastecimento de água e esgotamento

sanitário inadequados

Taxa de atendimento escolar da população de 4 a 6 anos de idade

Taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais de idade

Índice de Gini

Proporção de pobres

Renda per capita média

Percentual de pessoas que possuem plano de saúde suplementar em 2010 e 2011

Grau de formalização do trabalho das pessoas ocupadas

% População com 65 anos de idade ou mais

Percentual da população que vive em domicílios com energia elétrica

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111

7.3. Escores de eficiência

Município Modelo CRS Modelo VRS

Angra dos Reis 0.6200 1.0000

Aperibé 0.0852 0.4870

Araruama 0.1557 0.6771

Areal 0.0573 0.3581

Armação dos Búzios 0.1722 0.7728

Arraial do Cabo 0.1043 0.5319

Barra do Piraí 0.1996 0.6243

Barra Mansa 0.6981 0.9965

Belford Roxo 1.0000 1.0000

Bom Jardim 0.1323 0.5010

Bom Jesus do Itabapoana 0.1989 1.0000

Cabo Frio 0.3716 0.6139

Cachoeiras de Macacu 0.1985 0.5869

Cambuci 0.0675 0.8057

Campos dos Goytacazes 0.7621 0.9796

Cantagalo 0.1480 0.6527

Carapebus 0.0587 0.3561

Cardoso Moreira 0.0494 0.4954

Carmo 0.0655 0.3693

Casimiro de Abreu 0.1575 0.4197

Comendador Levy Gasparian 0.0589 1.0000

Conceição de Macabu 0.0950 0.3050

Cordeiro 0.1297 0.5364

Duas Barras 0.0373 0.2074

Duque de Caxias 1.0000 1.0000

Engenheiro Paulo de Frontin 0.1021 0.3299

Guapimirim 0.0783 0.9380

Iguaba Grande 0.1375 1.0000

Itaboraí 0.7843 1.0000

Itaguaí 0.2241 0.4091

Italva 0.0462 1.0000

Itaocara 0.0741 0.4774

Itaperuna 0.2464 0.8777

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112

Município Modelo CRS Modelo VRS

Itatiaia 0.0990 0.2538

Japeri 0.4113 1.0000

Laje do Muriaé 0.0405 0.3790

Macaé 0.5017 1.0000

Macuco 0.0428 1.0000

Magé 0.8106 1.0000

Mangaratiba 0.1374 0.9246

Maricá 0.1673 0.6931

Mendes 0.1201 0.3763

Mesquita 0.4187 1.0000

Miguel Pereira 0.1117 1.0000

Miracema 0.1097 0.3648

Natividade 0.2106 0.6139

Nilópolis 0.9315 1.0000

Niterói 0.5585 0.6338

Nova Friburgo 0.2832 0.8643

Nova Iguaçu 1.0000 1.0000

Paracambi 0.1497 1.0000

Paraíba do Sul 0.2469 0.5333

Paraty 0.1219 0.8140

Paty do Alferes 0.1116 1.0000

Petrópolis 0.5415 0.5750

Pinheiral 0.2390 0.6349

Piraí 0.2486 0.9127

Porciúncula 0.2042 0.4396

Porto Real 0.1165 0.3921

Quatis 0.0562 1.0000

Queimados 0.1998 0.9713

Quissamã 0.1322 0.3700

Resende 0.4681 1.0000

Rio Bonito 0.1990 0.9139

Rio Claro 0.0963 0.2711

Rio das Flores 0.0500 0.5545

Rio das Ostras 0.0798 0.4896

Rio de Janeiro 1.0000 1.0000

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113

Município Modelo CRS Modelo VRS

Santa Maria Madalena 0.0446 0.4319

Santo Antônio de Pádua 0.1346 0.4895

São Fidélis 0.0514 0.3542

São Francisco de Itabapoana 0.1289 1.0000

São Gonçalo 1.0000 1.0000

São João da Barra 0.0922 0.4782

São João de Meriti 1.0000 1.0000

São José de Ubá 0.0414 1.0000

São José do Vale do Rio Preto 0.0709 0.3665

São Pedro da Aldeia 0.8707 1.0000

São Sebastião do Alto 0.0386 0.5000

Sapucaia 0.4378 1.0000

Saquarema 0.1702 0.6527

Seropédica 0.2049 0.5180

Silva Jardim 0.1131 0.4280

Sumidouro 0.0687 0.4782

Tanguá 0.0796 1.0000

Teresópolis 0.3645 0.7795

Trajano de Moraes 0.0532 0.4611

Três Rios 0.3951 0.9244

Valença 0.2441 0.4544

Varre-Sai 0.0429 0.4786

Vassouras 0.1690 0.5711

Volta Redonda 1.0000 1.0000

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114

7.4. Unidade de referência para melhoria da eficiência

Município Unidade de referência

VRS Unidade de referência

CRS

Angra dos Reis Angra dos Reis Belford Roxo

Aperibé Japeri São Gonçalo

Araruama Angra dos Reis Duque de Caxias

Areal Japeri Duque de Caxias

Armação dos Búzios Belford Roxo Belford Roxo

Arraial do Cabo Italva Nova Iguaçu

Barra do Piraí Belford Roxo Nova Iguaçu

Barra Mansa Belford Roxo São Gonçalo

Belford Roxo Belford Roxo Belford Roxo

Bom Jardim Japeri Nova Iguaçu

Bom Jesus do Itabapoana Bom Jesus do Itabapoana Duque de Caxias

Cabo Frio Angra dos Reis Duque de Caxias

Cachoeiras de Macacu Angra dos Reis Duque de Caxias

Cambuci Italva Nova Iguaçu

Campos dos Goytacazes Belford Roxo Belford Roxo

Cantagalo Macuco São Gonçalo

Carapebus Iguaba Grande Nova Iguaçu

Cardoso Moreira Cardoso Moreira Nova Iguaçu

Carmo Belford Roxo Nova Iguaçu

Casimiro de Abreu Angra dos Reis Nova Iguaçu

Comendador Levy Gasparian Comendador Levy Gasparian Nova Iguaçu

Conceição de Macabu Japeri Duque de Caxias

Cordeiro Italva São Gonçalo

Duas Barras Belford Roxo Duque de Caxias

Duque de Caxias Belford Roxo Belford Roxo

Engenheiro Paulo de Frontin Iguaba Grande Nova Iguaçu

Guapimirim Italva Duque de Caxias

Iguaba Grande Iguaba Grande Belford Roxo

Itaboraí Belford Roxo Duque de Caxias

Itaguaí Belford Roxo Belford Roxo

Italva Italva Nova Iguaçu

Itaocara Belford Roxo Duque de Caxias

Itaperuna Belford Roxo Duque de Caxias

Itatiaia Angra dos Reis Duque de Caxias

Japeri Japeri Belford Roxo

Laje do Muriaé Japeri São Gonçalo

Macaé Macaé Nova Iguaçu

Macuco Italva Nova Iguaçu

Magé Magé Nova Iguaçu

Mangaratiba Angra dos Reis Nova Iguaçu

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115

Município Unidade de referência

VRS Unidade de referência

CRS

Maricá Angra dos Reis Duque de Caxias

Mendes Iguaba Grande Nova Iguaçu

Mesquita Belford Roxo Belford Roxo

Miguel Pereira Belford Roxo Nova Iguaçu

Miracema Italva São Gonçalo

Natividade Iguaba Grande São Gonçalo

Nilópolis Nilópolis São Gonçalo

Niterói Nova Iguaçu Belford Roxo

Nova Friburgo Angra dos Reis Belford Roxo

Nova Iguaçu Nova Iguaçu Nova Iguaçu

Paracambi Paracambi Belford Roxo

Paraíba do Sul Belford Roxo São Gonçalo

Paraty Belford Roxo Belford Roxo

Paty do Alferes Mesquita Duque de Caxias

Petrópolis Belford Roxo Belford Roxo

Pinheiral Macuco São Gonçalo

Piraí Comendador Levy Gasparian São Gonçalo

Porciúncula Belford Roxo São Gonçalo

Porto Real Mesquita São Gonçalo

Quatis Quatis Duque de Caxias

Queimados Japeri Nova Iguaçu

Quissamã Belford Roxo Nova Iguaçu

Resende Resende São Gonçalo

Rio Bonito Japeri Belford Roxo

Rio Claro Iguaba Grande São Gonçalo

Rio das Flores Macuco São Gonçalo

Rio das Ostras Macaé Belford Roxo

Rio de Janeiro Nova Iguaçu Rio de Janeiro

Santa Maria Madalena Italva Nova Iguaçu

Santo Antônio de Pádua Belford Roxo São Gonçalo

São Fidélis Japeri Belford Roxo

São Francisco de Itabapoana São Francisco de Itabapoana Duque de Caxias

São Gonçalo São Gonçalo São Gonçalo

São João da Barra Angra dos Reis Duque de Caxias

São João de Meriti Belford Roxo São Gonçalo

São José de Ubá Macuco Nova Iguaçu

São José do Vale do Rio Preto Japeri Duque de Caxias

São Pedro da Aldeia Belford Roxo São Gonçalo

São Sebastião do Alto Italva Belford Roxo

Sapucaia Belford Roxo Duque de Caxias

Saquarema Angra dos Reis Duque de Caxias

Seropédica Belford Roxo Nova Iguaçu

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116

Município Unidade de referência

VRS Unidade de referência

CRS

Silva Jardim Macuco Nova Iguaçu

Sumidouro Macuco Nova Iguaçu

Tanguá Tanguá Duque de Caxias

Teresópolis Belford Roxo Nova Iguaçu

Trajano de Moraes Italva Duque de Caxias

Três Rios Angra dos Reis Rio de Janeiro

Valença Belford Roxo Nova Iguaçu

Varre-Sai Japeri Duque de Caxias

Vassouras Japeri São Gonçalo

Volta Redonda Volta Redonda Volta Redonda

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117

7.5. Output objetivo por município

Município Atend Sem

Inter Atend Com

Inter Proced

Diagnóstico Prod

SaúdeFamília Pess Saúde

Família

Angra dos Reis 521441.33 261.75 150434.50 30027.58 95154.00

Aperibé 29145.00 13.46 4981.17 5669.42 7996.00

Araruama 386543.69 158.50 43861.33 22426.31 55525.00

Areal 17330.75 11.29 5543.92 2343.25 12112.00

Armação dos Búzios 149260.67 39.17 10275.75 7680.83 27508.32

Arraial do Cabo 62129.08 39.42 6818.83 6575.55 19961.00

Barra do Piraí 549899.21 169.58 42999.30 13746.83 62219.16

Barra Mansa 348378.76 333.50 77682.97 46498.25 108977.00

Belford Roxo 1293470.25 536.00 122572.83 27409.25 159911.00

Bom Jardim 68078.19 26.58 8397.42 13999.28 26181.00

Bom Jesus do Itabapoana 79559.92 74.17 11629.92 11552.08 49739.00

Cabo Frio 870424.12 265.67 68861.00 17731.00 86231.00

Cachoeiras de Macacu 116004.52 50.00 22305.58 32981.29 43235.00

Cambuci 29717.08 47.00 4276.29 4033.25 13664.00

Campos dos Goytacazes 817573.33 1119.75 229133.63 67256.76 248713.87

Cantagalo 41131.50 16.25 13014.75 13868.78 20422.00

Carapebus 21846.00 8.26 6439.65 3776.75 16374.97

Cardoso Moreira 16671.17 0.00 652.17 2795.50 9746.00

Carmo 26323.42 27.25 3750.67 3938.08 12985.00

Casimiro de Abreu 94413.08 37.58 15682.25 12471.44 28584.00

Comendador Levy Gasparian 22516.50 0.00 2561.67 3763.92 9249.02

Conceição de Macabu 36425.92 38.34 3416.58 2394.08 20378.00

Cordeiro 52884.12 25.33 7178.42 11918.90 24773.00

Duas Barras 11331.17 5.50 1235.00 1473.42 7776.00

Duque de Caxias 1040721.25 439.58 205227.37 35289.70 243019.00

Engenheiro Paulo de Frontin 35448.25 16.26 4914.15 6811.17 13020.00

Guapimirim 49100.58 50.33 13563.83 23942.87 22054.10

Iguaba Grande 118468.00 0.00 3534.17 6083.92 23849.00

Itaboraí 149686.67 155.83 67459.50 41958.17 183247.00

Itaguaí 196675.25 65.60 38283.01 10149.75 37313.69

Italva 29642.58 90.92 3533.67 2014.08 9963.00

Itaocara 52378.33 48.08 8476.42 15779.13 15771.00

Itaperuna 550527.59 332.67 67560.54 15395.28 81766.16

Itatiaia 30213.67 11.00 6428.33 13055.11 20918.00

Japeri 474680.00 209.75 31651.58 1744.42 40885.00

Laje do Muriaé 10290.17 5.69 6079.68 2735.25 8485.08

Macaé 195157.50 277.92 26145.67 25153.00 83185.00

Macuco 21046.17 0.00 1681.50 2598.58 5387.00

Magé 350356.75 141.25 84538.25 64889.17 160409.00

Mangaratiba 104211.87 64.75 33620.08 31010.15 39670.93

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118

Município Atend Sem

Inter Atend Com

Inter Proced

Diagnóstico Prod

SaúdeFamília Pess Saúde

Família

Maricá 119388.75 34.37 36624.25 7807.58 35277.00

Mendes 43673.75 45.70 8975.58 7980.50 16679.00

Mesquita 363896.00 0.00 44828.00 12665.75 51626.00

Miguel Pereira 43758.04 120.92 8007.72 6404.67 22119.06

Miracema 27420.83 27.58 6833.50 16708.82 17150.00

Natividade 47291.83 25.14 10504.36 14054.92 22618.74

Nilópolis 115707.67 16.75 92633.42 63983.00 88723.00

Niterói 507079.98 666.97 203381.00 54061.19 203678.86

Nova Friburgo 789495.84 264.83 88344.08 18931.76 100465.19

Nova Iguaçu 897796.17 307.67 278063.83 53761.33 220094.00

Paracambi 98696.42 127.92 19372.75 7566.00 25573.00

Paraíba do Sul 93592.31 52.92 14112.19 16461.33 40601.00

Paraty 91719.67 41.00 14783.67 7122.78 24415.14

Paty do Alferes 27548.50 0.00 12354.25 4277.83 22816.00

Petrópolis 292805.83 579.82 115157.80 46981.33 150684.80

Pinheiral 53655.92 29.08 13591.17 15811.33 23078.00

Piraí 51301.33 67.17 13924.00 16351.00 26077.79

Porciúncula 49025.67 32.49 8446.39 13582.50 17843.00

Porto Real 55912.66 11.81 10272.69 7606.08 17793.00

Quatis 20970.25 12.08 2879.75 2026.92 13109.00

Queimados 382082.74 201.00 35389.75 13828.83 46384.61

Quissamã 53565.42 22.25 12497.36 8443.42 20712.00

Resende 119065.33 275.00 34314.50 30252.83 61744.00

Rio Bonito 240506.31 163.83 30180.72 13707.33 40081.00

Rio Claro 27986.92 8.65 6065.73 6340.25 14926.00

Rio das Flores 19143.69 4.67 4338.42 5961.52 9049.00

Rio das Ostras 63405.83 64.83 21757.11 14831.47 37183.91

Rio de Janeiro 2573048.58 8019.17 1363713.42 122358.08 714339.00

Santa Maria Madalena 15846.08 21.92 2683.92 4268.11 7113.00

Santo Antônio de Pádua 213485.02 62.33 13003.74 9380.42 26334.00

São Fidélis 48940.42 27.79 10164.58 4429.90 9884.00

São Francisco de Itabapoana 56417.25 9.00 38732.50 5913.50 26653.00

São Gonçalo 331463.50 1410.50 289559.08 114385.92 359480.00

São João da Barra 40329.17 22.42 13347.50 29019.97 19428.00

São João de Meriti 672934.75 89.92 163595.92 34869.33 127554.00

São José de Ubá 18170.67 0.00 1538.75 2580.33 6978.00

São José do Vale do Rio Preto 22288.33 12.25 7026.67 19351.92 15069.00

São Pedro da Aldeia 94109.33 84.67 33650.33 58952.08 47863.00

São Sebastião do Alto 49093.70 19.33 4755.50 9094.32 7992.00

Sapucaia 33329.67 0.00 3399.67 7506.67 90980.00

Saquarema 79363.99 25.58 26375.08 7897.50 35291.00

Seropédica 93276.75 30.58 16729.75 12780.67 37793.00

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119

Município Atend Sem

Inter Atend Com

Inter Proced

Diagnóstico Prod

SaúdeFamília Pess Saúde

Família

Silva Jardim 36612.50 17.60 10271.42 6979.67 21770.00

Sumidouro 23358.23 11.67 8478.75 14010.30 13001.00

Tanguá 8525.17 0.00 15385.42 4402.50 18842.00

Teresópolis 809992.20 316.33 75753.06 24326.33 104406.62

Trajano de Moraes 16721.92 6.92 2080.69 2857.42 11132.00

Três Rios 304921.65 139.00 73014.25 39679.27 63208.15

Valença 473905.44 115.17 33470.82 15937.58 53127.00

Varre-Sai 24335.65 4.83 3126.67 6349.97 9040.00

Vassouras 266273.35 134.83 36158.77 13404.83 35835.00

Volta Redonda 400357.83 556.17 139738.50 64184.00 174017.00

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120

7.6. Variação percentual entre os outputs reais e os objetivos por município

Município Atend Sem

Inter Atend Com

Inter Proced

Diagnóstico Prod

SaúdeFamília Pess Saúde

Família

Angra dos Reis 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Aperibé 0.00 0.18 0.00 0.00 0.00

Araruama 3.88 0.00 0.00 2.61 0.65

Areal 0.00 ∞ 0.00 0.00 0.00

Armação dos Búzios 0.00 ∞ 0.29 0.00 0.33

Arraial do Cabo 0.00 0.00 0.00 0.06 0.00

Barra do Piraí 5.42 0.00 0.85 0.00 1.93

Barra Mansa 1.02 0.00 0.90 0.00 0.00

Belford Roxo 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Bom Jardim 0.91 0.00 0.00 0.64 0.00

Bom Jesus do Itabapoana 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Cabo Frio 2.30 0.00 0.00 0.00 0.00

Cachoeiras de Macacu 0.37 0.00 0.00 4.11 0.00

Cambuci 4.07 0.00 3.44 0.00 0.00

Campos dos Goytacazes 0.00 0.00 0.12 ∞ ∞

Cantagalo 1.57 0.00 0.00 0.40 0.00

Carapebus 0.00 ∞ 1.83 0.00 0.55

Cardoso Moreira 0.00 ∞ 0.00 0.00 0.00

Carmo 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Casimiro de Abreu 0.00 0.00 0.00 0.36 0.00

Comendador Levy Gasparian 0.00 ∞ 0.00 0.00 0.00

Conceição de Macabu 0.00 14.33 0.00 0.00 0.00

Cordeiro 0.72 0.00 0.00 0.37 0.00

Duas Barras 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Duque de Caxias 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Engenheiro Paulo de Frontin 0.00 0.33 0.08 0.00 0.00

Guapimirim 0.40 0.00 0.00 9.41 0.32

Iguaba Grande 0.00 ∞ 0.00 0.00 0.00

Itaboraí 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Itaguaí 0.00 0.24 1.15 0.00 0.30

Italva 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Itaocara 0.00 0.00 0.00 4.01 0.00

Itaperuna 2.54 0.00 1.84 0.38 0.34

Itatiaia 0.00 0.00 0.00 26.55 0.00

Japeri 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Laje do Muriaé 0.00 3.55 13.77 0.00 4.03

Macaé 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Macuco 0.00 ∞ 0.00 0.00 0.00

Magé 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Mangaratiba 0.41 0.00 0.00 3.18 0.61

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121

Município Atend Sem

Inter Atend Com

Inter Proced

Diagnóstico Prod

SaúdeFamília Pess Saúde

Família

Maricá 1.65 0.00 0.00 0.00 0.00

Mendes 0.00 ∞ 0.00 0.00 0.00

Mesquita 0.00 ∞ 0.00 0.00 0.00

Miguel Pereira 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Miracema 0.00 0.00 0.00 1.27 0.00

Natividade 0.00 0.16 0.67 0.00 9.26

Nilópolis 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Niterói 0.05 0.52 0.00 0.52 0.54

Nova Friburgo 2.74 0.00 0.00 1.02 1.26

Nova Iguaçu 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Paracambi 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Paraíba do Sul 0.55 0.00 0.01 0.00 0.00

Paraty 0.00 0.00 0.00 0.14 0.07

Paty do Alferes 0.00 ∞ 0.00 0.00 0.00

Petrópolis 0.00 0.27 0.07 0.00 0.18

Pinheiral 0.00 5.98 0.00 0.00 0.00

Piraí 0.00 0.00 0.00 0.00 0.02

Porciúncula 0.00 2.58 0.07 0.00 0.00

Porto Real 0.61 1.21 0.33 0.00 0.00

Quatis 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Queimados 3.46 0.00 0.07 0.00 0.24

Quissamã 0.00 0.00 1.39 0.00 0.00

Resende 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Rio Bonito 0.95 0.00 0.17 0.00 0.00

Rio Claro 0.00 0.33 0.50 0.00 0.00

Rio das Flores 0.33 0.00 0.00 0.81 0.00

Rio das Ostras 0.00 0.00 3.07 4.43 2.71

Rio de Janeiro 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Santa Maria Madalena 0.00 0.00 0.00 0.43 0.00

Santo Antônio de Pádua 7.60 0.00 0.13 0.00 0.00

São Fidélis 0.00 1.15 0.00 ∞ 0.00

São Francisco de Itabapoana 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

São Gonçalo 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

São João da Barra 0.00 0.00 0.00 22.79 0.00

São João de Meriti 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

São José de Ubá 0.00 ∞ 0.00 0.00 0.00

São José do Vale do Rio Preto 0.00 0.00 0.00 7.89 0.00

São Pedro da Aldeia 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

São Sebastião do Alto 0.49 0.00 0.00 6.69 0.00

Sapucaia 0.00 ∞ 0.00 0.00 0.00

Saquarema 0.08 0.00 0.00 0.00 0.00

Seropédica 0.00 0.48 0.49 0.00 0.00

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122

Município Atend Sem

Inter Atend Com

Inter Proced

Diagnóstico Prod

SaúdeFamília Pess Saúde

Família

Silva Jardim 0.00 ∞ 0.00 0.00 0.00

Sumidouro 0.04 0.00 0.00 2.12 0.00

Tanguá 0.00 ∞ 0.00 0.00 0.00

Teresópolis 4.00 0.00 0.65 0.00 0.90

Trajano de Moraes 0.00 0.00 0.05 0.00 0.00

Três Rios 1.80 0.00 0.00 0.47 0.08

Valença 4.00 0.00 0.15 0.00 0.00

Varre-Sai 2.29 0.00 0.00 2.19 0.00

Vassouras 4.11 0.00 1.54 0.00 0.00

Volta Redonda 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

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123

(AMADO; SANTOS, 2009) (ANCARANI; DI MAURO; GIAMMANCO, 2009) (ARAÚJO; BARROS; WANKE, 2014) (BARNUM et al., 2011) (DIMAS; GOULA; SOULIS, 2010) (FERREIRA; PITTA, 2008) (FONSECA, POTY; FERREIRA, 2009) (FULTON LAWRENCE V., LASDON LEON S., MCDANIEL JR REUBEN R., 2008) (GOK; SEZEN, 2013) (HADAD; HADAD; SIMON-TUVAL, 2013) (HALKOS; TZEREMES, 2011) (HARRISON; KIRKPATRICK, 2009) (KAO; LU; CHIU, 2011) (KATHARAKI, 2008) (KETABI, 2011) (KRISTENSEN; BOGETOFT; PEDERSEN, 2010) (LAI; HUANG; WANG, 2011) (LOZANO, 2012) (MAGNUSSEN; NYLAND, 2008) (MARINHO, 2003) (NAVARRO-ESPIGARES; TORRES, 2011) (NAYAR; OZCAN, 2008) (ÖZGEN; SAHIN, 2010) (PASTOR; APARICIO, 2010) (PELONE et al., 2012) (SANTOS; GONÇALVES; FERREIRA, 2014) (SILVA, 2009) (SILVA, 2012) (SILVA; VIDAL, 2008) (THANASSOULIS; SILVA PORTELA; GRAVENEY, 2012) (TIEMANN; SCHREYÖGG, 2012) (TONE; TSUTSUI, 2010) (VALDMANIS, 2010) (VALDMANIS; BERNET; MOISES, 2010) (VARELA; MARTINS; FÁVERO, 2012) (WEI et al., 2011a) (WEI et al., 2011b) (WEI et al., 2012) (MARTINS, 2014) (VARELA, 2008)