Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

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9 1. INTRODUÇÃO A forma de como o homem trabalha vem se alterando, a empresa não é sempre um ambiente fixo de trabalho, e estas mudanças trazem novas possibilidades para os designers de móveis, uma vez que muitos profissionais optam a trabalhar em suas residências, modalidade conhecida como Home Office. Desenhar móveis para um home office, tema deste estudo, não é necessariamente fazer mais um móvel. Esses ambientes de trabalho necessitam de um estudo apurado de fatores ergonômicos, influências ambientais recorrentes de ambientes residenciais e fatores estéticos, pois, irá fazer parte de um ambiente já estruturado como quarto, sala, uma área de circulação. Desenvolver uma escrivaninha e uma cadeira, móveis base de um home office, é o objetivo deste estudo, de modo que estes móveis sejam multifuncionais, e como os espaços residenciais atuais vem reduzindo, eles devem ocupar menos espaço, possibilitando ser integrado ao maior número de ambientes possíveis. Para o desenvolvimento deste estudo, realizou-se uma pesquisa de natureza exploratória através de revisão bibliográfica de livros e artigos científicos, afim de desenvolver um móvel que contemple os objetivos determinados. Para o segundo capítulo, efetuou-se um estudo histórico acerca de fatos que foram importantes para evolução do trabalho até o surgimento do modelo de gestão em home office, sendo então na segunda etapa a de identificação do termo, conceitos e influencias de se trabalhar em casa. No terceiro capítulo, pôde-se observar os fatores de influência e contribuições do Design para o desenvolvimento do projeto, onde foi abordado questões como a ergonomia, os materiais naturais, poliméricos e metais, e seus processos de usinagem, e a estética com suas relações com os indivíduos. Após esse levantamento de informações históricas, começa no quarto capítulo o desenvolvimento do projeto, onde realizou-se a definição da metodologia, que foi utilizada no processo produtivo, ficando definido como base a criada por Bonsiepe (1984), conforme as seguintes etapas: etapas das análises, onde foi feita a lista de

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O contexto do Design e a primeira escola de desenho industrial: BAUHAUS.

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1. INTRODUÇÃO

A forma de como o homem trabalha vem se alterando, a empresa não é sempre

um ambiente fixo de trabalho, e estas mudanças trazem novas possibilidades para os

designers de móveis, uma vez que muitos profissionais optam a trabalhar em suas

residências, modalidade conhecida como Home Office.

Desenhar móveis para um home office, tema deste estudo, não é

necessariamente fazer mais um móvel. Esses ambientes de trabalho necessitam de

um estudo apurado de fatores ergonômicos, influências ambientais recorrentes de

ambientes residenciais e fatores estéticos, pois, irá fazer parte de um ambiente já

estruturado como quarto, sala, uma área de circulação.

Desenvolver uma escrivaninha e uma cadeira, móveis base de um home office,

é o objetivo deste estudo, de modo que estes móveis sejam multifuncionais, e como

os espaços residenciais atuais vem reduzindo, eles devem ocupar menos espaço,

possibilitando ser integrado ao maior número de ambientes possíveis. Para o

desenvolvimento deste estudo, realizou-se uma pesquisa de natureza exploratória

através de revisão bibliográfica de livros e artigos científicos, afim de desenvolver um

móvel que contemple os objetivos determinados.

Para o segundo capítulo, efetuou-se um estudo histórico acerca de fatos que

foram importantes para evolução do trabalho até o surgimento do modelo de gestão

em home office, sendo então na segunda etapa a de identificação do termo, conceitos

e influencias de se trabalhar em casa.

No terceiro capítulo, pôde-se observar os fatores de influência e contribuições

do Design para o desenvolvimento do projeto, onde foi abordado questões como a

ergonomia, os materiais naturais, poliméricos e metais, e seus processos de

usinagem, e a estética com suas relações com os indivíduos.

Após esse levantamento de informações históricas, começa no quarto capítulo

o desenvolvimento do projeto, onde realizou-se a definição da metodologia, que foi

utilizada no processo produtivo, ficando definido como base a criada por Bonsiepe

(1984), conforme as seguintes etapas: etapas das análises, onde foi feita a lista de

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verificação, análise diacrônica, a análise sincrônica e análise funcional/morfológica;

etapa de problematização, onde se analisou as informações coletadas através da

síntese das análises e gerou a lista de requisitos dos produtos; e na última etapa, o

processo de desenvolvimento, seguido pela geração de alternativas, onde foram feitos

os rafes, os desenhos e esboços, versão mais detalhada dos rafes das opções

escolhidas, a definição do modelo 3D e o desenvolvimento da Mocape/protótipo dos

produtos em suas formas finais.

Desenvolver móveis não é necessariamente criar mais um produto, para o

designer é resolver um problema, ou seja, sanar uma necessidade de forma a

integralizar conceitos, pesquisas e estudos e criar algo novo, ajudando a melhorar a

vida das pessoas.

Page 3: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

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2. TRANSFORMAÇÕES NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO E TRABALHO

O homem passou por grandes mudanças no decorrer de sua história, onde

transformações em sua forma de pensar o fizeram crescer intelectualmente, formando

grupos, comunidades e finalmente sociedades.

De acordo Martins & Laugeni (2005), o surgimento dos artesãos, foi sendo

definido ao longo do tempo, onde muitas pessoas se revelaram extremamente

habilidosas na produção de certos bens, e passaram a produzí-los conforme

solicitação e especificações apresentadas por terceiros. Surgiam, então, os primeiros

artesãos e a primeira forma de produção organizada, já que os artesãos estabeleciam

prazos de entrega, consequentemente classificando prioridades, atendiam

especificações prefixadas e determinavam preço para suas encomendas.

Os principais traços característicos do artesanato são os seguintes: a oficina que dirige é pessoal e não societária; nela o artesão assume uma posição de chefia ou mestre artífice; é possuidor dos instrumentos de trabalho; participa pessoalmente na elaboração dos bens e serviços que produz. O artesão exerce uma arte ou um ofício manual por sua conta, sozinho ou auxiliado por membros da sua família e um número restrito de companheiros ou aprendizes. Com a ajuda de ferramentas e mecanismos caseiros, visa produzir peças utilitárias, instrumentos de trabalho, artísticas e recreativas, com ou sem fim comercial. (GOMES, 2008, p.185)

O ambiente de trabalho do artesão era sua oficina (figura 1), que funcionava

em sua casa ou em alguma instalação em anexo, detinham de seus próprios meios

de produção onde utilizavam suas ferramentas e matéria-prima necessárias para a

execução. Os jovens que tivessem interesse de se tornar artesãos, deveriam ser

aceitos primeiramente como aprendizes onde receberiam o conhecimento, técnica e

instrução, para efetuar o serviço. Os instrumentos de trabalho utilizados, a experiência

e os hábitos formados adquiriram o carácter de tradição que se transformaram ao

longo das gerações.

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Figura 1. Representação de um ambiente de trabalho do sec. XVIII.

Fonte: http://poetawagner.blogspot.com.br/1

Então, conforme explica Costa (2009), com a decadência da era artesanal, que

decorreu o fim das oficinas tradicionais, ascensão das fábricas e o início da

mecanização da produção e a padronização dos produtos, marcando o advento da

Revolução Industrial. Um grande fator de influência para essas transformações que

ocorreram neste período se origina de evoluções tecnológicas, sendo um dos

principais responsáveis os transportes terrestres, como as ferrovias, expandindo e

facilitando o acesso a novos mercados e a maior quantidade de matéria-prima.

Nesse período, as ferrovias começavam a se impor com um meio eficiente de transporte. Até então, a navegação por canais tinha sido o meio de transporte utilizado, mas muito limitado em termo de extensão territorial. As ferrovias expandiram os mercados, reduziram o custo dos transportes de matéria-prima e, por conseguinte, dos produtos têxteis. (CARVALHO JR,1997, p.14)

Segundo Gomes (2008), a manufatura revolucionou totalmente o modo de

trabalho, introduzindo mudanças essenciais na natureza da organização da produção.

O antigo mestre desaparece com a manufatura, transformando-se num patrão com

funções diferentes das que exercia até então. O artesão deixa de criar por completo

1 Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-qDgBFVFpgFQ/ U5UJ03DUKYI/AAAAAAAAA0U/comE6_T9vSY/s1600/artes%C3 %A3o+sapateiro.jpg>. Acesso em: 27/10/2014.

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os objetos, de trabalhar com os seus próprios instrumentos, sob a supervisão do

mestre de todas as operações do seu ofício que, por sua vez, deixa de ser o

responsável direto pela mercadoria que produz. Surgem trabalhadores a

desempenhar funções específicas, onde se especializam apenas na execução de

algumas tarefas do seu antigo ofício, com perda de parte de suas capacidades

profissionais e criativas adquiridas com o mestre. A independência e a criatividade do

trabalhador são destruídas, transformando-se este num executor de tarefas

monótonas e repetitivas.

A produção industrial exige a combinação de quatro fatores fundamentais: o emprego sistemático e intensivo de máquinas acionadas por uma força motriz; o emprego de processos tecnológicos direcionados para a produção de bens para o mercado; a utilização de uma quota crescente de capital constante; a concentração dos meios de produção e dos operários assalariados em um local único, onde funcionasse igualmente a unidade de direção e de controle. (GOMES, 2008, p.192)

Segundo Soares (2009), as fábricas do início da Revolução Industrial não

apresentavam o melhor dos ambientes de trabalho. As condições das fábricas eram

precárias, eram ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos. Os salários

recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-se a empregar o trabalho

infantil e feminino. Os empregados chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e

estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas como,

por exemplo, férias, décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal

remunerado ou qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem

nenhum tipo de auxílio e passavam por situações de precariedade. ENGELS (2010)

descreve a situação dos operários ingleses no início da revolução industrial:

A atividade do operário tornou-se menos pensada e o esforço muscular foi reduzido, mas o próprio trabalho, facilitado, foi levado ao extremo da monotonia. Ele não permite ao operário nenhuma possibilidade de atividade espiritual e, no entanto, absorve-lhe a atenção a ponto de impedi-lo de pensar em qualquer outra coisa. A condenação a semelhante trabalho, que torna do operário todo tempo disponível, que mal o deixa comer e dormir, que não lhe permite fazer exercícios físicos e desfrutar da natureza, sem falar da ausência de atividade intelectual. (ENGELS,2010, p.158)

Este período é marcado pelo pensamento da produção em grande quantidade,

mas diferentemente do período artesanal onde se buscava qualidade e originalidade,

a produção industrial em massa traz consequências muito ruins, além do ambiente

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dos trabalhadores, passando a produzir produtos com baixa qualidade e de pouca

utilidade onde muitas vezes eram pouco funcionais, levando em conta sempre o baixo

custo e lucros altos.

Com o constante desenvolvimento tecnológico, passaram a ser usadas novas máquinas, novos materiais e novos processos de produção. Havia, porém, uma grande confusão quanto à concepção formal de produtos. Como o artesão foi afastado do processo de produção fabril, a coordenação da produção era feita pelo capitalista, cuja competência mais valiosa era de auferir lucros. Seu compromisso era com o capital e não com o projeto. Para ele, o usuário era reduzido à condição de comprador. Os empresários aplicavam as mais disparatadas configurações nos bens manufaturados: importante era que os custos de produção baixassem, a produtividade aumentasse e os ganhos crescessem. (NIEMEYER, 1997, p.31)

Como descrito por Bürdek (2006), foi através das consequências da produção

em massa e do desenvolvimento de produtos sem utilidade, qualidade e

funcionalidade, marco importante para ascensão industrial que buscam mudar essa

realidade, onde grandes empresas se formaram. Um grande exemplo foi a empresa

Morris, Marschall, Faulkner & Co de William Morris (figura 2) fundada em 1861, com

intuito de renovar as artes aplicadas. Ao seu redor surgiu o movimento Arts and

Crafts2, proporcionando a visibilidade do Design como parte essencial do processo

produtivo.

Figura 2. Ilustração do movimento Arts and Crafts por Willian Morris em 1876.

Fonte: http://www.artyfactory.com/3

2Segundo Mendonça (2011), o Arts and Crafts, foi o movimento idealizado e dirigido por John Ruskin e William Morris, possuindo duas características que o identificavam: a proposição da divisão das artes em denominações distintas – a arte pura (belas artes) e a arte aplicada (artesanato) – e a oposição ao modo de produção mecanizada, defendendo a ideia de um retorno ao sistema artesanal. 3 Disponível em: <http://www.artyfactory.com/art_appreciation/graphic_designers/william_morris/afri can-marigold.jpg>. Acesso em: 27/10/2014.

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Expressado por Bürdek (2006), com o fortalecimento do pensamento

renovador, vários grupos de pessoas se uniram, para que com o Design pudessem

agregar maior funcionalidade e fundamentos aos produtos, sendo eles produzidos

aliando técnica e arte. A consequência da união desses pensamentos renovadores

fez com que ocorresse o surgimento de vários movimentos artísticos, inovando tanto

o processo produtivo quanto o de desenvolvimento projetual. Sendo alguns deles: Art

Nouveau, Fovismo, Expressionismo, Futurismo, Cubismo, Orfismo, Construtivismo,

Vorticismo, Dadaísmo, entre outros.

Com intuito de aprofundar o conhecimento e de desenvolver seus conceitos,

Bürdek (2006) menciona que surgiram associações de artistas, artesãos, industriais e

publicitários que queriam perseguir a meta de melhorar e integrar o trabalho da arte,

da indústria e do artesanato por meio da formação e do ensino, sendo em 1907,

fundado em Munique na Alemanha, o Deutscher Werkbund (Liga de Ofícios Alemã).

Os primeiros representantes do Werkbund nos anos 20, foram Peter Behrens, Theodor Fischer, Herman Muthesius, Bruno Paul, Richard Riemerschmid, Henry Van de Velde e outros. No Werkbund manifestavam-se duas correntes principais: a estandardização industrial e a tipificação dos produtos de um lado, do outro o desenvolvimento da individualidade artística, como no caso de Van de Velde. Desta forma, foram essencialmente essas duas direções que marcaram o trabalho de projeto do século 20. (BÜRDEK, 2006, p.25)

Após o início da Werkbund, várias outras associações foram fundadas pela

Europa e, segundo Bürdek (2006):

Em 1902, Henry van de Velde fundou em Weimar um seminário de artes aplicadas que, sob sua orientação, transformou-se em 1906 em uma escola de artes aplicadas. Na sua fusão com a escola de artes plásticas sob a direção de Walter Gropius, formou-se a Staatliche Bauhaus Weimar (Casa da Construção Estatal de Weimar), que veio a ser o ponto central de partida do grande desenvolvimento do design. (BÜRDEK, 2006, p. 28)

A criação da Escola da Bauhaus marca a ascensão do Design e com os ideais

de Walter Gropius e seus professores, foi criado um novo tipo de profissional para a

indústria, alguém que domine igualmente a moderna técnica e a respectiva linguagem

formal. Gropius criou com isso os fundamentos para a mudança da prática profissional

do tradicional artista/artesão no designer industrial como é conhecido atualmente.

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Com os métodos da "pesquisa do comportamento" e da "análise funcional" assim como com uma "ciência da configuração" que se desenvolvia, deveriam ser clareadas as condições objetivas do projeto. Gropius formulou isto em 1926 da seguinte forma: "Um objeto é determinado pela sua ‘essência’. Para ser projetado de forma que funcione corretamente - um vaso, uma cadeira, uma casa – sua essência precisa ser pesquisada; pois ele necessita cumprir corretamente sua finalidade, preencher suas funções práticas, ser durável, barato e bonito" (Eckstein, 1985) Nesta tradição foi cunhado o termo "dados essenciais" (no original Wesenanzeichen) (Fischer/Mikosch, 1983) que determinam que cada produto tem informações típicas e funções práticas de visualização a orientar sua classe de produtos. (BÜRDEK, 2006, p.37)

Segundo Maia (2011), as novas relações sociais de produção, de organização

do trabalho e de mercado, presentes na maximização do lucro e na acumulação de

capital, definem o enquadramento da atividade de design numa relação de

interdependência. Estas condições, que configuram todo um território novo para a

criação, definem a configuração de uma nova realidade artificial na arquitetura ou no

Design, através do universo dos artefatos materiais, que promove novos modos de

vida, de cultura e de vivências sociais.

Semprebom, Alves & Esperidião (2010), expressam que com a ascensão da

“Era da Informação” e o surgimento de novas tecnologias, como celulares, notebooks

e internet, possibilitou ao trabalhador maior mobilidade. Com a expansão das formas

de comunicação o mundo passa a estar mais conectado, fator esse do grande

crescimento da internet, fazendo com que ocorra enormes transformações, gerando

um fenômeno conhecido como Globalização4. Toda essa integração, faz com que os

mercados de diferentes países criem interação, aproximando as pessoas e as

mercadorias, o que gerou uma grande expansão capitalista.

Segundo Pereira, Ávila & Boas apud Chiavenato (2006), com os computadores

e a tecnologia de ponta, o trabalho jamais será o mesmo. Computadores pessoais,

servidores, trabalho e produção assistidos por autômatos, softwares complexos de

gestão ou sistemas de informação, de decisão e outros desenvolvimentos

tecnológicos fazem parte vital do nosso local de trabalho e de nossas vidas. Seja para

4Segundo o site Dicio a Globalização é definida como: s.f. Processo que ocasiona uma integração, ou ligação estreita, entre economias e mercados, em diferentes países, resultando na quebra das fronteiras entre eles. P.ext. Âmbito atual da economia mundial em que companhias podem trabalhar, de maneira simultânea e em vários países, buscando custos menores e benefícios fiscais. Pedagogia. Tipo de processo de aprendizagem ou de percepção em que o sintético se sobrepõe ao analítico. Ação ou efeito de globalizar. (Etm. Globalizar + ção). (Dicionário Online de Português. Globalização. Dicio. [S.l.], [20--?]. Disponível em: <http://www.dicio.com.br/globalizacao/>. Acesso em: 24/09/2014.)

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melhor ou para pior, o fato é que o trabalho está sendo totalmente dominado por

código de barras, sistemas automáticos, correio eletrônico, telemarketing e o

crescente uso das supervias de informação como internet e intranet. As inovações

em Tecnologias de Informação5(TI) têm originado novos empregos, promovendo o

crescimento de novos mercados e aumentado o comércio e investimento

internacionais.

Aliada as novas tecnologias, a globalização e crescente terceirização dos

serviços contribuíram para o desenvolvimento de um novo modelo de trabalho: o

Home Office – Escritório Doméstico.

2.1 SOHO (Small Office Home Office)

A definição de trabalho flexível ou teletrabalho, tem relação com o local onde o

profissional irá exercer suas funções, podendo ser em locais diversos ou em suas

residências. Segundo Mello (1999), o teletrabalho é um modo de flexibilizar o sistema

de execução das atividades, facilitando para que ocorra um “convívio equilibrado da

família, responsabilidades no trabalho, além de reduzir o stress e as despesas

provenientes das constantes idas e vindas ao escritório tradicional”.

Mello (1999) expõem, que há indicação do surgimento do teletrabalho nos

Estados Unidos em 1857, na companhia Estrada de Ferro Penn.

Nesta época, a empresa usava o seu sistema privado de telégrafo para gerenciar o pessoal que estava distante do escritório central, ao ser delegado aos funcionários o controle no uso de equipamento e na mão de obra. Em outras palavras, a organização seguia o fio do telégrafo e a empresa acabou por transformar-se num complexo de operações descentralizadas. (MELLO, 1999, p. 9)

Mello (1999) expõem também, que “existem diversas formas de teletrabalho”,

variando principalmente o local onde serão executadas suas funções, sendo então:

Colaborador em seu domicílio (“home-office”): É o trabalho que o

indivíduo realiza em seu próprio lar (figura 3). Nesta modalidade, alguns

teletrabalhadores passam todo o tempo em seus domicílios, enquanto outros dividem

5Conforme Alecrim (2013), a Tecnologia da Informação (TI) pode ser definida como o conjunto de todas as atividades e soluções providas por recursos computacionais que visam permitir a obtenção, o armazenamento, o acesso, o gerenciamento e o uso das informações.

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o seu tempo entre sua residência e o escritório. É a modalidade em que se pensa

primeiro, quando se fala em teletrabalho, talvez por ter sido a primeira a ser teorizada

e implantada. Esta modalidade admite o teletrabalho: em tempo parcial, ou seja, um

período em casa e outro na empresa (teletrabalho baseado em casa); em tempo

integral, para um único empregador; autônomo freelance, para vários clientes ou

empregadores;

Figura 3. Ideia do projeto de home office com superfícies de madeira elegantes e tons minimalistas.

Fonte: http://www.decoist.com/6

Teletrabalho Pendular: onde o colaborador trabalha alguns dias em sua

residência e outros na sede da empresa;

Escritório da Vizinhança ou Centro Local: São conjuntos de escritórios onde

existem várias empresas e atendem aos empregados que moram nas proximidades

de onde estão localizados os centros;

Trabalho Nômade: quando o colaborador exerce as suas funções em trânsito

nos próprios clientes. É itinerante, tal como os funcionários da área de vendas. Esta

modalidade encontra-se em muitas organizações e apresenta o maior número de

características do teletrabalho;

6 Disponível em: < http://cdn.decoist.com/wp-content/uploads/2012/10/Home-office-design-idea-with-sleek-wooden-surfaces-and-minimalistic-overtones.jpg>. Acessado em 28/10/2014.

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Escritórios Satélites: exercer suas funções em locais que pertencem à própria

organização e que abrigam atividades específicas fora da organização central.

Escritórios satélites parecem muito com um escritório tradicional. Porém, a diferença

básica entre ambos escritórios consiste no fato de os que trabalham no escritório

satélite moram próximo ao local, independente do seu cargo, área ou setor. Nesta

configuração, se a empresa possuir vários escritórios satélites poderá ocorrer de um

mesmo departamento estar dividido em diversas unidades;

Hoteling: é usado frequentemente na sede da empresa por profissionais que

não precisam de uma mesa no escritório fixo, mas apenas de um local a ser utilizado,

talvez, uma vez por semana, onde possa receber correspondência, estar em contato

com o banco de dados principal da empresa ou receber um cliente num encontro face

a face.

Conforme os vários tipos de sistemas de trabalho flexível existentes, o foco

deste estudo é o “Home Office” ou “SOHO” (Small Office Home Office), sendo que,

Schirigatti & Kasprzak (2007) expõem que na concepção de home office, o trabalho

profissional é desenvolvido em ambientes diferenciados mas que compartilham a

infraestrutura do ambiente doméstico. Essa tendência mundial vem transformando o

pensamento de muitas pessoas, modificando essa relação empresa–profissional e

promete maiores oportunidades em vários setores, como os do Design, arquitetura,

contabilidade, cosméticos, alimentos, confecções, publicidade, computação gráfica e

consultoria em geral.

As transformações que vem ocorrendo na sociedade contemporânea indica

que os efeitos da globalização e das tecnologias da informação e comunicação estão

fazendo com que a forma de trabalho evolua, em consequência a isto surgem modos

flexibilizados de organização do trabalho que exige profissionais mais preparados, que

executem suas funções de forma proativa, hábil, multifuncional.

Bridges apud Pereira, Ávila & Boas (2006) ressalta que essas transformações

que estão ocorrendo necessitam de novas e diferentes formas de emprego, como o

emprego temporário, o trabalho em tempo parcial, o trabalho em horários flexíveis, e

o trabalho remoto (em escritórios virtuais ou no chamado “home office” ou

“teleworking”).

Conforme Schirigatti & Kasprzak (2007), o grande diferencial da gestão

profissional em Home Office se dá em decorrência de sua flexibilidade, diferentemente

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do modelo de carreira, esse profissional pode escolher o tipo de serviço e sua

quantidade, conforme o tempo que quer dedicar aos trabalhos, fazendo com que

determine através destes fatores seu rendimento médio, reduz o custo de

deslocamento e aumenta o tempo de trabalho ou tempo livre, pois não é necessário

sair de casa. No entanto, essa liberdade força esse tipo de profissional a gerenciar

seu próprio tempo consequentemente sua carreira profissional.

O Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas divulga que este novo modelo empresarial, decorrente da globalização da economia e do aumento da terceirização de serviços, está em expansão e vem mudando o perfil do emprego. (SEBRAE apud SCHIRIGATTI & KASPRZAK, 2007, p.29)

Um dos fatores que atualmente reduzem o crescimento de profissionais que

atuam em Home Office e que faz com que as empresas fiquem restringentes a esse

tipo de gestão, é o da redução de produtividade, que por estar longe da empresa

proporciona sensações de insegurança aos proprietários ou gerentes, decorrendo-se

de um equívoco constante e também de comparações com o trabalho informal.

SCHIRIGATTI & KASPRZAK (2007), expõem que há uma grande diferença

entre a ocupação e a remuneração dos trabalhadores por conta própria (profissionais

individuais) e/ou microempresários dos assalariados informais. Os primeiros

encontram-se no mercado de bens e serviços enquanto que os últimos estão no

mercado de trabalho e não possuem registro.

Os primeiros dependem das condições de oferta dos bens que produzem ou dos serviços que prestam e da evolução de seu mercado, (massa de mercado, renda familiar – seu volume, nível médio e distribuição de renda de sua clientela e de seus gostos) enquanto que os segundos para melhorar a sua situação ocupacional e de renda estão sujeitos aos fatores institucionais (regras de normas laborais), ao seu poder de barganha e às expectativas de seus empregadores sobre os negócios e a sua realização. (CASSIAMALI apud SCHIRIGATTI & KASPRZAK, 2007, p. 31)

Outro fator de influência, se dá pelo fato de que sua residência é seu “escritório”

ou local de trabalho, podendo alterar o modo como os novos clientes o identificam,

pois remetem a ausência de credibilidade em relação aos serviços prestados.

Entretanto, estão ocorrendo mudanças significativas no mundo do trabalho,

entre elas, a flexibilidade, inserida no contexto contemporâneo. Essas situações

podem estar impondo novas condições que consequentemente podem expressar

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novos significados para os profissionais e para as empresas, que os força a estar cada

vez mais enquadrados nessa nova realidade social.

2.2 Características Ambientais

Para se estabelecer características para um ambiente primeiro precisa-se

definir fatores de verificação para que se possa coletar e comparar os dados,

chegando assim a uma análise mais precisa sobre os problemas e benefícios de

produtos, móveis e ambientes.

Verifica-se por meio da integração entre acessibilidade, antropometria, design ergonômico, design universal, ergonomia e usabilidade, que é possível empregar soluções mais condizentes com as reais necessidades dos usuários, permitindo contemplar diversas potencialidades, que não seriam adequadamente atendidas pela ótica de uma área do conhecimento. (PASCHOARELLI & MENEZES, 2009, p.14)

Levando-se em conta à satisfação que o usuário possui ao usufruir os espaços,

Paschoarelli & Menezes(2009),consideram que esses sentimentos são resultados de

processos de cognições, reações e percepções que se tem do conjunto de condições

e do relacionamento dos elementos que o constituem, ou seja, das características do

usuário, dos atributos físicos dos espaços e das crenças do usuário sobre a vivência

ou uso desses espaços, e os classificam em dois grupos, considerando o imediatismo

de sua influência: primários (temperatura, iluminação, ruído, vibrações, odores, cores)

e secundários (arquitetura, relações humanas, remuneração, estabilidade, apoio

social).

Os fatores de influência primários mostram a necessidade de se definir o local

de trabalho em sua residência cuidadosamente para evitar adequações futuras, pois

podem influenciar efetivamente nas ações do profissional, como por exemplo, a

concentração, que pode facilmente ser quebrada por ruídos externos.

Outros tipos de interferência podem ser observados nos fatores secundários,

onde questões arquitetônicas do ambiente (dimensionamento espacial) e psicológicas

relacionadas ao usuário podem atrapalhar na execução das tarefas do trabalhador,

Page 14: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

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que se amplia mais no home office, pois deve contabilizar as questões familiares

nestas análises.

Estas informações provenientes dos ambientes residenciais proporcionam

fomento para investigação de problemas que podem ser resolvidos através de

análises mais aprofundadas, podendo através delas possibilitar o desenvolvimento de

produtos que possam aumentar a comodidade do profissional que opta por trabalhar

em casa parcial ou integralmente, podendo consequentemente elevar sua

produtividade.

É importante destacar que o projeto ergonômico de home-offices não é apenas uma necessidade de conforto e segurança, e sim uma estratégia para os profissionais sobreviverem num mundo globalizado, a partir do momento que a conquista da qualidade dos produtos ou serviços e o aumento da produtividade só serão possíveis com a melhoria da qualidade de vida. (CHIMENTI, SELLAS & DLIMA, 2006, p.32)

Segundo Chimenti, Sellas & Dlima (2006), com os atuais recursos via Internet

e sistemas de rede em computadores, houve interesse das empresas em manter seus

funcionários trabalhando em casa, diminuindo custos para ambas as partes, como

tempo, que em grandes cidades é de grande importância, quanto aos gastos com

transporte. No entanto, grande parte das residências está despreparada para abrigar

áreas de trabalho em função da falta de espaço, inadequação do mobiliário ou até da

multiplicidade de funções num mesmo ambiente.

Os locais de trabalho estão ganhando cada vez mais importância estratégica na busca da melhora da adaptabilidade em relação a suas funções. O layout passou a ganhar destaque, garantindo a otimização dos espaços e consequentemente o melhor desempenho dos funcionários. Considerando o caso dos home-offices, sua adaptabilidade passa a ser considerada singular, principalmente devido a multiplicidade de funções dos espaços ou ainda de suas restritas dimensões, ambos os casos bastante comuns em apartamentos. (CHIMENTI, SELLAS & DLIMA, 2006, p.32)

Folz (2008) define outra característica que vem sendo discutida desde o século

XIX, a qual vem se intensificando atualmente, são os estudos relacionados ao

dimensionamento dos espaços habitacionais. Atualmente, vários aspectos estão

sendo levantados, onde o dimensionamento de modelos de habitação econômica tem

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sido o foco, pois à disposição dos móveis definiriam o espaço necessário de cada

compartimento.

Essa postura refletia a preocupação de adequação dos móveis dentro dos espaços reduzidos que estavam sendo propostos para as habitações econômicas, buscando evitar situações de interferência do móvel sobre circulações, iluminação e ventilação da habitação. (FOLZ, 2008, p. 110)

Salienta Folz (2008), que é importante lembrar que o aspecto dimensional é

uma das muitas questões a serem consideradas sobre a qualidade habitacional, não

se esquecendo que os termos ligados a essa definição têm significados diferenciados

conforme a camada social e o momento histórico.

Vale lembrar que o home office, é desenvolvido em um ambiente residencial,

normalmente familiar, onde há o convívio com uma ou mais pessoas, sendo assim,

Folz (2008) comenta, que há uma necessidade de executar um estudo para mensurar

a densidade habitacional, definindo o espaço necessário para cada indivíduo,

possibilitando uma distribuição melhorada dos móveis no ambiente.

Os ambientes reduzidos tem sido tema e inspiração para muitos designers, que

buscam na inovação de móveis multifuncionais melhorar e simplificar o convívio nas

residências populares, sendo este o principal objetivo de desenvolver este estudo.

Page 16: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

24

3. CONTRIBUIÇÕES DO DESIGN DE PRODUTO

O Design está presente em grande parte do que é desenvolvido atualmente,

tanto objetos, quanto mídias gráficas e impressas, onde o termo “produto” passa

constantemente por mudanças, sendo que sua maior visibilidade, segundo Bürdek

(2006, p. 7), se iniciou “ao final dos anos 70 dos pós-modernos, especialmente as

atividades extensamente divulgadas pela imprensa do Grupo Memphis, que se formou

em Milão ao final de 1980”, ficando evidente para a maioria das empresas o valor

estratégico do design.

A vida da maioria das pessoas não é mais imaginável sem o Design. O Design nos segue de manhã até a noite: na casa, no trabalho, no lazer, na educação, na saúde, no esporte, no transporte de pessoas e bens, no ambiente público - tudo é configurado de forma consciente ou inconsciente. Design pode ser próximo da pele, (como na Moda) ou bem afastado (como no caso do uso espacial). Design não apenas determina nossa existência ("Dasein", N.T.), mas neste meio tempo nosso próprio ser ("Sein", N.T.). Por meio dos produtos nos comunicamos com outras pessoas, nós definimos em grupos sociais e marcamos cada vez nossa situação social. Designou não Design - isto hoje não está mais em questão. (BÜRDEK, 2006, p. 11)

Figura 4. Ambiente desenvolvido pelo grupo Memphis.

Fonte: http://vintageesputa.com/7

7Disponível em: <http://vintageesputa.com/wp-content/uploads/2013/12/dise%C3%B1o-group-memphis.jpg>. Acesso em: 28/10/2014.

Page 17: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

25

O processo de desenvolvimento realizado através do Design, é definido por

condições e decisões, resultantes dos processos de criatividade, estudos e análises

realizadas antes, durante e após a concepção dos produtos. Bürdek (2006, p. 225)

salienta a importância de alguns fatores no processo produtivo, sendo estes “[...]os

desenvolvimentos socioeconômicos, tecnológicos e especialmente os culturais, mas

também os fundamentos históricos e as condições de produção técnica[...]”, “[...]assim

como os fatores ergonômicos ou ecológicos com seus interesses políticos e as

exigências artístico-experimentais”.

Na abordagem para o desenvolvimento deste estudo, será exposto de forma

simplificada, os aspectos ergonômicos e sua importância, os materiais e processos

mais empregados nos produtos, mais especificamente na área moveleira e os fatores

estéticos relacionados ao desenvolvimento projetual.

3.1 Ergonomia

Para definir um ambiente de trabalho eficaz e produtivo, devemos fazer uma

análise mais criteriosa do local, portanto, passando por um processo de investigação,

onde podemos dispor de inúmeras ferramentas para este estudo, sendo uma delas a

ergonomia. Segundo IIDA (2005, p. 1), “ela surgiu logo após a II Guerra Mundial,

como consequência do trabalho interdisciplinar realizado por diversos profissionais,

tais como engenheiros, fisiologistas e psicólogos, durante aquela guerra”, e ele explica

a ergonomia como sendo:

[...]o estudo da adaptação do trabalho ao homem. O trabalho aqui tem urna acepção bastante ampla, abrangendo não apenas aqueles executados com máquinas e equipamentos, utilizados para transformar os materiais, mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e urna atividade produtiva. Isso envolve não somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais. A ergonomia tem urna visão ampla, abrangendo atividades de planejamento e projeto, que ocorrem antes do trabalho ser realizado, e aqueles de controle e avaliação, que ocorrem durante e após esse trabalho. Tudo isso é necessário para que o trabalho possa atingir os resultados desejados. (IIDA, 2005, p.02)

O Designer deve dispor da utilização destas ferramentas para desenvolver

soluções cada vez mais funcionais para estes ambientes, tanto corporativos quanto

individuais, evitando que os profissionais tenham fadiga e/ou problemas graves

Page 18: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

26

provenientes de movimentos repetitivos que muitos trabalhos exigem. Se for um

ambiente corporativo seu estudo deve ser mais aprofundado, pois os profissionais

tendem a ficar sentados ou executando a mesma função sucessivas vezes e por um

grande espaço de tempo.

A atuação eficaz do designer - seja este designer de produto ou de interiores - irá garantir projetos que eliminem alguns riscos antecipados e neutralizem aqueles inerentes às atividades nos ambientes de trabalho ou no manuseio de um produto. Pesquisas apontam que produtos que integram ergonomia e design contribuem para a qualidade de vida, aumentam o bem-estar e o desempenho dos usuários. (CHIMENTI, SALLES & DLIMA, 2006, p.31)

Visando aplicar os conhecimentos da ergonomia (figura 1) para analisar,

diagnosticar e corrigir uma situação real de trabalho, IIDA(2005) divide a análise

ergonômica do trabalho(AET) em cinco fatores de estudo: análise da demanda,

análise da tarefa, análise da atividade, diagnóstico e recomendações.

Figura 5. Representação ergonômica das variações do sentar.

Fonte: HENRY DREYFUSS ASSOCIATES (2005, p 23)

A análise da demanda visa identificar a necessidade da intervenção

ergonômica no ambiente de trabalho visando entender a natureza e a dimensão dos

Page 19: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

27

problemas apresentados. Na análise da tarefa visa identificar a diferença que o que

está prescrito e o que é executado realmente, levando em conta, equipamentos e

moveis com problemas estruturais ou funcionais, podendo afetar a atividade. Na

análise da atividade deve-se analisar o comportamento ou a maneira do trabalhador

para realizar uma determinada tarefa.

A atividade é influenciada por fatores internos e externos. Os fatores internos localizam-se no próprio trabalhador e são caracterizados pela sua formação, experiência, idade, sexo e outros, além de sua disposição momentânea, como motivação, vigilância, sono e fadiga. (IIDA, 2005, p.61)

Para formulação do diagnóstico deve-se examinar os dados coletados nas

análises visando descobrir as causas que provocam os problemas e afetam as

atividades do trabalhador. As recomendações ergonômicas são os procedimentos

necessários para resolver os problemas com o ambiente (Figura 6) ou adequá-los,

como alguns casos com cadeirante na família, necessitando de ajustes e adaptações,

que ainda é pouco abordado, mas os estudos desta área vem crescendo bastante

(Figura 7).

Figura 6. Exemplo de estudo ergonômico com protótipo e resultado final.

Fonte: HENRY DREYFUSS ASSOCIATES (2005, p 13)

Page 20: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

28

Figura 7. Fatores de alcance para pessoas com necessidades especiais.

Fonte: Fonte: HENRY DREYFUSS ASSOCIATES (2005, p 19)

Segundo Chimenti, Sellas & Dlima (2006), classificam como de grande

importância as pesquisas ergonômicas, que normalmente tem como foco principal os

postos de trabalho, no qual as soluções sugeridas na maioria dos casos, não se aplica

aos home-offices. A demanda por este tipo de espaço vem crescendo nos últimos

anos e possui nos profissionais liberais e freelancers, seu grande público-alvo.

O entendimento de um espaço construído de trabalho está principalmente na compreensão das tarefas que ali se realizam, de que maneira estas se complementam e se sucedem, em que condições são executadas e quem são as pessoas que as executam, o que vai além da questão da função espacial arquitetônica e suas tecnologias construtivas. Na busca de todas essas respostas, a ergonomia torna-se a principal estratégia para alcançar melhores condições de trabalho e consequentemente um aumento de produtividade de seus usuários. (CHIMENTI, SELLAS & DLIMA, 2006, p.32)

Page 21: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

29

Conforme discutido então, análise ergonômica, é um dos estudos da área do

Design de suma importância para o processo de projeto, sendo que através dela que

serão identificados os principais problemas e necessidades a serem investigados no

desenvolvimento de projeto deste estudo.

3.2 Materiais e Processos

Para desenvolver um perfil de materiais para o desenvolvimento de um Home

Office, primeiro devemos definir os elementos que constituem este ambiente, pois

participa de um conjunto específico de móveis e acessórios que compõem o “escritório

residencial”. Segundo Mager & Merino(2001):

Esse novo profissional tem que estar, obrigatoriamente, online, dispondo de computador, internet, celular, pager e demais recursos que facilitem a comunicação, além de periféricos para seu computador como, impressora e scanner para auxiliar suas atividades. Os profissionais, e pessoas em geral que trabalham com este tipo de ferramentas, precisam estruturar o trabalho em suas casas, adquirindo ou adaptando seus móveis para acomodar estes equipamentos e criar seu ambiente de trabalho adaptado à decoração de sua casa. O móvel (geralmente uma mesa com prateleiras) que compõe este posto é chamado de home office. O computador passou a fazer parte do dia-a-dia das pessoas em suas residências, sendo utilizado por toda a família, de crianças a idosos, em seus trabalhos escolares, entretenimento e meio de comunicação. (MAGER & MERINO, 2001, p.1)

Na área moveleira, que será o foco principal deste estudo, possui uma gama

enorme de materiais que podem ser utilizados e vários processos de fabricação, onde

pode-se obter vários resultados, tanto de qualidade, resistência ou estética. Segundo

Lima (2006), os materiais são definidos como:

Todo material que é constituído por uma enorme quantidade de átomos, geralmente agrupados/ organizados na forma de moléculas que podem variar na configuração e quantidade. A forma como os átomos e moléculas estão dispostos no material é fundamental para determinar seu comportamento diante, por exemplo, de forças externas as quais seja submetido. (LIMA, 2006, p. 05)

De modo que, segundo Lima (2006), é muito importante saber como são as

estruturas dos materiais a serem utilizados nos produtos desenvolvidos, pois dessa

Page 22: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

30

maneira pode-se determinar como um material se comporta sob a ação de esforços

mecânicos, intempéries, sua aparência, seu peso, a sensação passada ao ser tocado,

seu desempenho elétrico e térmico etc. são propriedades definidas pela

microestrutura (e seus elementos) que o constitui.

As propriedades dos materiais podem ser definidas como físicas, químicas ou

físico-químicas, sendo as propriedades físicas, as que avaliam o comportamento do

material sob ação de esforços mecânicos, do calor, da eletricidade ou da luz, e as

propriedades químicas avaliam o desempenho/comportamento do material quando

em contato (alteração em nível molecular-estrutural) de água, ácidos, bases,

solventes, etc. Para determinar a classificação de suas propriedades, os materiais são

avaliados de acordo com ensaios estabelecidos por normas como a americana ASTM

(Americam Standards for testing and Materials), a alemã DIN (Deutsche Institut für

Normung), a internacional ISO (lnternational Organization for Standardization) entre

outras e, no Brasil, pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Num projeto de produto típico, a escolha definitiva de um ou mais materiais é formalmente estabelecida na etapa de detalhamento (também considerada como especificação do produto), sendo em geral, reflexo de uma sequência de levantamentos estudos e avaliações que vêm ocorrendo desde o início da atividade projetual. (LIMA, 2006, p. 12)

A escolha do material pode ser definida por conta da opção do cliente ou no

caso de indefinição de materiais no briefing8, pode-se adequar a estética que deseja

passar ao produto a ser desenvolvido.

... a indústria moveleira utiliza, sobretudo, materiais de natureza sintética e artificial como os polímeros reforçados com fibras de vidro ou na forma de laminados plásticos para acabamentos em chapas de madeira. O surgimento da espuma de poliuretano impulsionou o setor de estofados, substituindo com eficiência as fibras naturais de crina de cavalo, até então, utilizadas para assentos e encostos. Os metais também são solicitados pelos fabricantes de móveis, principalmente na forma de tubos estruturais e componentes de mecanismo. Materiais alternativos como vime e junco vêm contribuindo para o desenvolvimento de tecnologia (produtos e processos inovadores) na área de móveis. (TEIXEIRA, CÂNDIDO & ABREU, 2001, p.30)

8Segundo a ADG (2002), o termo de origem inglesa Briefing significa: “Resumo; série de referências fornecidas contendo informações sobre o produto ou objeto a ser trabalhado, seu mercado e objetivos. O briefing sintetiza os objetivos a serem levados em conta para o desenvolvimento do trabalho. Muitas vezes, o designer auxilia em sua delimitação.”

Page 23: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

31

Na indústria moveleira, atualmente há vários profissionais que trabalham no

desenvolvimento de novos materiais para utilização na confecção móveis e

acessórios, no entanto, pode-se definir alguns que são mais utilizados, levando em

conta alguns fatores que contribuem para sua escolha, como sua utilização,

maleabilidade, resistência, etc., sendo eles as fibras naturais (madeiras), os metais e

os polímeros, que serão descritos mais detalhadamente abaixo.

3.2.1 Metais

Os metais são utilizados pelos homens segundo Lima (2006), em um período

compreendido entre 4.000 e 5.000 a.C., sendo os mais utilizados o Ouro e o Cobre

por serem encontrados em uma quantidade relativamente abundante, e após o

crescimento do Império Romano iniciou-se a era de ferro, onde começam a utilizar o

metal que é a base para muitos materiais que são utilizados em várias áreas de

desenvolvimento atualmente.

O ferro foi, na verdade, utilizado de forma embrionária por diversos povos. Podemos dizer que em torno de 1500 a. C. ele que já era conhecido pelos hititas, egípcios e chineses e que, nesta época, começou a ser explorado de forma regular com destaque para região conhecida por O ri ente Próximo, seu consumo desde então foi crescente. O ferro foi sem dúvida uma matéria-prima fundamental para a humanidade, contudo, a busca para melhorar seu desempenho sempre existiu. Como mostras deste esforço podemos citar as têmperas aplicadas por gregos e romanos, a forja catalã, entre outros, que buscavam além do endurecimento o aumento de resistência geral do material. As evoluções destas técnicas vieram a resultar na obtenção do aço resultante da combinação do ferro com pequeno percentual de carbono, que apresenta propriedades superiores às do ferro, principalmente dureza e resistência à corrosão. LIMA, 2006, p.37)

Atualmente existem vários tipos de metais sendo utilizados, onde podemos

destacar, por exemplo, o níquel, o magnésio, o titânio e o zircônio que têm sido

utilizados "ligados" aos metais tradicionais, tendo em vistas sua constante redução de

peso, aumento da resistência à corrosão, aumento da resistência ao calor, entre

outras propriedades.

Page 24: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

32

Lima (2006) divide os metais em ferrosos e não-ferrosos, onde eles podem

variar suas propriedades, sendo assim, dotados de elevada, dureza, grande

resistência à tração, à compressão, elevada plasticidade/ductilidade sendo também

bons condutores elétricos e térmicos. Sua estrutura atômica, ou seja, sua rede

cristalina que determinará quais são ou serão suas propriedades fundamentais,

dependendo de sua pureza ou ligação.

Metais puros são compostos de átomos de mesmo tipo. As ligas metálicas são compostas de dois ou mais elementos químicos, sendo que pelo menos um elemento é metal. A maioria dos metais usados nas aplicações de engenharia são ligas. Em geral, os metais são divididos em ferrosos e não-ferrosos. Cada metal possui propriedades mecânicas e físicas específicas que o tornam ideal para uma acerta aplicação especifica. Os metais são combinados em uma variedade de ligas, originando, assim, um número variado de propriedades mecânicas que se aplicam perfeitamente às necessidades específicas. Recentemente, os metais tornaram-se disponíveis em forma de pó, o que facilitou a fabricação de ligas e, em alguns casos, tornou-se possível a confecção de ligas previamente inviáveis. (LESKO, 2004, p. 9)

Segundo Lima (2006), o ferro que constitui a base para todos os materiais

conhecidos como metais ferrosos, onde o mesmo pode ser obtido por diversos

minérios, sendo que, no Brasil, a obtenção de aço e de ferro fundido dá-se por meio

da extração e do uso da hematita.

Para transformar a hematita em matéria-prima industrial é necessário submetê-la ao processo siderúrgico que em suma permite a obtenção da liga constituída de ferro e carbono (ferro fundido suas ligas) e posteriores derivações em produtos siderúrgicos (aço espaços ligados).(LIMA, 2006, p.39)

Lima (2006) classifica os metais não-ferrosos, como o grupo de metais nos

quais a presença do elemento ferro é muito pequena em sua composição. Neste grupo

participam metais como o alumínio, o cobre, o bronze, como também diversos outros

melais, inclusive ligas de relevante importância industrial. Existem hoje inúmeros

processos de transformação desses materiais, sendo definido o melhor processo

através do resultado que se quer obter, podendo gerar chapas, tubos, moldes, barras,

etc.

Page 25: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

33

Lima (2006), expõe os principais processos e os divide em grupos:

Estamparia de corte:

Corte simples – prensa guilhotina – normalmente utilizado para corte de

chapas;

Perfuração – prensa hidráulica - normalmente utilizado para corte de chapas;

Conformação mecânica:

Dobramento de chapas - chapas metálicas viradas com diferentes formatos e

tamanhos para componentes estruturais, revestimentos e outros componentes para a

indústria de carroceria, naval, ferroviária, refrigeração, construção civil, móveis,

mobiliário urbano, utensílios domésticos, etc.

Estampagem - obtenção de chapas metálicas deformadas para fabricação de

produto diversos: carrocerias de autos, caminhões etc., tanque de motos, pias,

refletores de luminárias, baixelas, bandejas, talheres, panelas e outros utensílios

domésticos, pás, latas de bebidas e outras embalagens, dobradiças, peças

estruturais, etc.;

Forjamento - peças mais resistentes do que aquelas obtidas em outros

processos, onde diversos tipos de forjamento foram sendo desenvolvidos ao longo do

tempo para atender às necessidades específicas de fabricação, como, por exemplo:

a cunhagem, o encalcamento, a extrusão, o fendilhamento, a furação, o recalcamento

entre muitos outros;

Curvamento de tubos - estruturas tubulares para móveis (estantes, cadeiras,

sofás etc.), luminárias, postes de iluminação, estruturas para construção civil,

componentes para automóveis, corrimão, balaústre e colunas para ônibus, peças para

lanchas e outras embarcações;

Trefilação de tubos -tem como objetivo a obtenção de comprimentos maiores

do material com a redução de sua secção, contudo, no mesmo processo, podem-se

melhorar as propriedades mecânicas do metal e seu acabamento superficial;

Sinterização - obtenção de peças pequenas com peso variando entre 56

gramas e 4,5 kg que requeiram elevada precisão, riqueza de detalhes com muito

Page 26: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

34

acabamento superficial como engrenagens, fresas, buchas, mancais, válvulas,

moedas e medalhas etc.;

Fundição -Adequada para obtenção de peças com geometria intrincada ou

complexa, a fundição caracteriza-se, em termos gerais, em submeter um material

metálico (em geral, ligas de ferro, cobre, alumínio, zinco ou magnésio) na forma de

sucata ou lingote a um elevado e contínuo aquecimento, em fornos elétricos ou

cubilô9, de maneira que o metal possa atingir seu ponto de fusão, para então ser

vertido (despejado) no interior de um molde/cavidade.

Fundição em areia - obtenção de peças médias e grandes que em geral

requeiram pouco acabamento como hidrantes, base para máquinas, bloco de

motores, tampa de bueiros, equipamentos urbanos, etc.;

Fundição em casca (Shellmolding) - obtenção de peças pequenas, médias e

grandes que requeiram acabamento superficial razoável (superior àquele conseguido

no processo em areia) e alguma precisão como: coletores de ar, hélices,

escapamentos, peças para máquinas, bloco de motores, tampa de conectores

industriais, etc.;

Fundição em cera perdida - obtenção de peças muito pequenas com peso em

torno de 2g, médias e até grandes com 50 kg que requeiram excelente acabamento

superficial e elevada precisão tendo, por isso, aplicação na indústria pesada indo até

a indústria de joias (guardadas as diferenças inerentes às necessidades e limitações

de cada setor) - hélices de turbina, engrenagens, mancais, conectores, juntas,

próteses ortopédicas, peças para pequenas máquinas e utensílios domésticos, bloco

de motores etc.;

Fundição centrífuga - obtenção de peças pequenas que requeiram acabamento

superficial muito bom e precisão e riqueza de detalhes como modelos em escala,

brinquedos, hélices, joias e bijuterias, pequenos mecanismos, bloco de motores,

tampa de conectores industriais.

Extrusão - o processo de extrusão consiste em pressionar com um pistão um

tarugo de liga de alumínio aquecido (dentro de um êmbolo) contra uma matriz (com

9Segundo Lima(2006), é tipo de· forno só para ferro fundido.

Page 27: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

35

desenho da secção desejada). Sob efeito de elevada pressão e ação da temperatura,

o material vai gradativamente passando pela matriz tomando assim, sua forma.

Quando o perfil atinge o comprimento desejado, é cortado podendo ou não ser

submetido à aplicação de têmpera10.

3.2.2 Naturais

Os materiais naturais acompanham o homem, dos primórdios aos dias atuais,

onde através do tempo e do surgimento de novas tecnologias, sua utilização sofreu

inúmeras evoluções, desde seu processamento até suas propriedades foram

melhorando ou sendo aperfeiçoados.

Segundo Lima (2006), “Material natural é todo aquele extraído pelo homem da

natureza de forma planejada ou não, sendo que, para a sua utilização artesanal ou

industrial não tenha havido modificações profundas em sua constituição básica.”.

Sendo sua classificação em: Orgânicos de fonte animal, com destaque para lã,

seda, pérola; Orgânicos de fonte vegetal, temos fibras de algodão, cânhamo, linho

e o sisal utilizados na indústria têxtil. Também neste grupo temos a madeira, o bambu,

o polímero natural conhecido como látex e o âmbar (gema natural); no grupo dos

Inorgânicos temos os granitos mármores, usados na construção civil, as pedras

preciosas como a água marinha, ametista, safira, etc., utilizadas na indústria de jóias.

Por razões óbvias os materiais naturais acompanham toda trajetória da humanidade desde os primórdios até hoje sendo que, com o advento dos materiais sintéticos são cada vez menos consumidos. A substituição destes materiais pode ser justificada, em alguns casos, pela menor resistência a esforços frequentes, a exposição às intempéries, a variações constantes nas condições do ambiente (como nos níveis de umidade do ar, por exemplo) como ocorre com algumas fibras naturais. Outro fator que contribui para esta substituição são os custos de produção superiores em relação aos materiais sintéticos, principalmente se considerarmos altos volumes de produção. (LIMA, 2006, p.85)

No entanto, com o desenvolvimento de novas tecnologias de produção e

processamento, que proporcionou a redução do custo de produção, vem se

10Conforme Lima (2006), é uma técnica para obter endurecimento e aumento de resistência do material.

Page 28: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

36

retomando a utilização destes materiais. Na questão ambiental, também pode-se

considerar o alto fator de renovação de alguns tipos de árvore, como por exemplo, o

eucalipto e o processo de retorno para natureza que proporciona um efeito nocivo

menor a natureza. Com utilização de materiais sintéticos, principalmente pela

utilização de polímeros, vários problemas ambientais ocorreram, como por exemplo,

o acúmulo de lixo e o alto período de tempo de decomposição desses materiais podem

ser considerados outro fator desta retomada.

A madeira constitui o mais antigo material utilizado pelo homem sendo até hoje explorada pela facilidade de obtenção, e pela flexibilidade com que permite ser trabalhada. Estes fatores aliados a possibilidade da renovação de reservas florestais por meio de manejos adequados, permite considerarmos este grupo de materiais praticamente inesgotável. Se explorada de forma consciente. (LIMA, 2006, p.86)

Lima (2006) expõem que em decorrência da rápida utilização das árvores, as

madeiras utilizadas atualmente no mercado, detém de restrições dimensionais

reduzidas, sendo seus cortes de modo geral, estreitos e de grande comprimento, seria

necessário grande período de tempo para que possam se desenvolver plenamente.

Seu tronco é dividido em: casca, alburno, cerne e medula.

A madeira para exploração comercial, seja para aplicações voltadas à Engenharia - estruturas, construção civil, etc. - como para outros campos como o de mobiliário, decoração, revestimentos, etc., é derivada do tronco de árvores exógenas que compreendem as coníferas (gimnospermas - sem frutos para geração de sementes) e as folhosas ou frondosas (angiosperma - sementes nos frutos). (LIMA, 2006, p. 86)

Nas árvores, segundo Lima (2006), a casca tem a função de proteção, evitando

que fungos, bactérias ou outros agentes externos afetem sua saúde. No alburno, que

ocorre o transporte da seiva no interior da planta. Através do cerne que ocorre a

sustentação da arvore, para fins comerciais, é a parte mais apreciada. Medula, parte

mais interna do tronco, área de característica esponjosa e de baixa resistência,

normalmente rejeitada para maioria das aplicações.

Segundo Lima (2006), conhecer as partes e suas respectivas funções e formas

como são suas estruturas podem mostrar claramente suas características e

Page 29: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

37

aplicações, sendo elas: o cheiro, que pode ou não impossibilitar sua utilização; a cor,

pode indicar sua resistência, no entanto, normalmente é explorado com caráter

decorativo; o brilho ou lustre, é a capacidade da madeira de refletir a luz, mas nem

todas têm essas propriedades, sendo que algumas possuem como um de seus

atrativos a falta de brilho, ou seja, sua opacidade; a textura pode ser definida pelas

suas células, observando como são posicionadas, seu tamanho, e sua quantidade,

podendo ser classificada como fina, média ou grossa; e a grã, é a distribuição das

fibras ao longo do eixo do tronco (longitudinal), determina sua utilização, podendo por

exemplo de um tronco que tem grã reversa, dificultar a serragem, empenar com maior

facilidade e que na maioria dos casos ter baixo desempenho mecânico. Temos

também a grã direita, que tem uma maior facilidade de uso e resistência mecânica, no

entanto não possui muitos desenhos, e a grã ondulada, que possui uma boa

resistência e é dotada de desenhos.

A partir da derrubada das árvores, elas passam por vários processos até que

se alcance seu objetivo final, podendo se obter madeira maciça ou outros produtos

como: papel, papelão, aglomerados e MDFs, laminados e compensados, entre outros.

Posteriormente, dentro das serrarias, as toras poderão ser submetidas ao trabalho de torneamento (produção de chapas para compensado), faqueamento (produção de folhas para revestimento), descascamento (produção de cavacos para fabricação de aglomerados, MDFs, papelão etc.) ou falquejo e desdobro (produção de peças em madeira maciça). Uma tora é falquejada ou faqueada se dela for retirada quatro costaneiras tornando sua secção retangular (o que nem sempre é necessário ou desejado). (LIMA, 2006, p. 89)

As pesquisas com materiais naturais, principalmente no desenvolvimento de

novas formas de utilização desses materiais, como é no caso dos móveis, onde

antigamente a utilização de árvores com sua constituição menor, normalmente não

eram utilizados, mas que com esses avanços e formas de processamento e

melhoramento desses materiais, possibilita várias soluções (Lima, 2006). Como

expressam Teixeira, Cândido & Abreu (2001), temos como exemplo o diâmetro

pequeno das árvores de eucalipto, que com o crescimento rápido geram tábuas

estreitas incompatíveis com design de formas retilíneas. A integração entre P&D

(Pesquisa e Desenvolvimento) e o Design resultou na introdução de eucalipto no

Page 30: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

38

segmento de móveis por meio de chapas sarrafiadas e coladas, possibilitando novas

formas de utilização.

Além de baratear o custo final, preservando o mesmo patamar de qualidade,

Teixeira, Cândido & Abreu (2001) expõe que a relação entre o uso de novos materiais

e as novas técnicas produtivas proporcionam a modernização dos processos de

fabricação e a inovação dos produtos, que emergem com o aprimoramento do Design,

agregando novas formas, funções (multifuncionalidade) e consequentemente sua

valorização.

3.2.3 Polímeros

Descreve Lesko (2004, p.121), o termo plástico como sendo “resinas e

polímeros que são feitos de hidrogênio, carbono, nitrogênio, oxigênio, flúor, silicone e

cloro, em sua maioria derivados do petróleo”.

Segundo Lima (2006, p.147) “o termo plástico é a maneira mais popular e

também comercial de se chamar um material polimérico (ou simplesmente polímero)”.

Sendo assim:

Polímero é todo material formado por um punhado de moléculas especiais compostas pela repetição de milhares de unidades básicas intituladas de meros. O que justifica o nome de polímeros (poli = muitas e meros = partes). Pelo fato destas moléculas serem muito grandes, os polímeros são considerados substâncias macromoleculares. (LIMA, 2006, p. 147)

Conforme Lima (2006), os polímeros e sua facilidade de transformação,

adquirindo formas, texturas e cores, vem fascinando cada vez mais os profissionais

de projeto, pois em geral, eles são dotados de baixa densidade, resistência química e

capacidade de isolamento elétrico e térmico, ampliando as possibilidades criativas e

projetuais.

Segundo Lima (2006), os polímeros podem ser:

Um polímero pode ser orgânico ou inorgânico, natural ou sintético. A lã, a borracha de seringueira bem como a celulose são polímeros orgânicos

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39

naturais, já o polietileno, o poliestireno e o ABS são polímeros orgânicos sintéticos. Por sua vez, o grafite é um polímero inorgânico natural. (LIMA, 2006, p. 147)

Lesko (2004) divide os polímeros em duas categorias, conforme sua reação ao

ser aquecido, sendo elas: termoplásticos ou termofixos. “Os termoplásticos amolecem

e fundem quando aquecidos e endurecem quando resfriados”. Esse comportamento

possibilita que este material possa ser moldado por vários processos, como injeção,

extrusão, rotomoldagem, etc., podendo ser reutilizado novamente para

processamento posterior. Os termofixos “formam ligações cruzadas (cross links) –

interconexões entre moléculas vizinhas-, estrutura que tende a restringir os

movimentos da cadeia”, em decorrência disto, ao ser aquecido tende a degradar-se

facilmente, diferentemente do termoplástico que amolece; no entanto, há estudos de

reciclagem que possibilitam o reuso de alguns termofixos.

Os polímeros dotados de cadeias moleculares lineares e/ou ramificadas são denominados de termoplásticos pois permitem o reamolecimento quando submetidos a ação do calor - isso se dá pelo fato de ocorrer apenas uma transformação física (do posicionamento das moléculas umas em relação às outras) sendo por esta razão recicláveis. Os polímeros dotados de cadeias moleculares com ligações cruzadas são denominados de termofixos ou termorrígidos que não permitem o reprocessamento depois de terem endurecidos - isso ocorre pelo fato de ocorrer uma transformação de natureza química durante o processamento caracterizada pelo cruzamento entre as moléculas que é irreversível não sendo, por esta razão, recicláveis (embora existam casos específicos de reaproveitamento). (LIMA, 2006, p. 149)

Conforme Lima (2006), dependendo do tipo de comportamento mecânico do

polímero, ele pode ser considerado: um elastômero, uma espuma, uma fibra ou um

plástico.

Elastômero: polímeros que na temperatura ambiente, podem ser estirados

inúmeras vezes (pelo menos, o dobro de seu comprimento original) e, com a

eliminação do esforço de estiramento, retornam imediatamente ao seu comprimento

inicial. Neste grupo estão inseridas as borrachas sintéticas termoplásticas e termofixos

(como também a natural).

Fibras: segundo Lima apud Agnelli (2001), "são materiais definidos pela

condição geométrica de alta relação entre o comprimento e o diâmetro da fibra" [...]

Page 32: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

40

"os polímeros empregados na forma de fibras, são termoplásticos orientados no

sentido do eixo das fibras (orientação longitudinal); principais fibras poliméricas:

náilons, poliésteres lineares saturados o poli (tereftalato de etileno) - PET; poli

(acrilonitrila) e fibras poliolefínicas."

Espumas: alguns polímeros sob a ação mecânica, térmica ou por reações

químicas podem ser expandidos formando plásticos expandidos notáveis pela relativa

flexibilidade e pela baixa densidade como, por exemplo, a espuma de poliestireno

conhecido popularmente como isopor (nome comercial deste material produzido pela

BASF).

Plásticos: polímeros que em condições normais se apresentam sempre no

estado sólido (podendo variar quanto a flexibilidade).

Outro aspecto que merece atenção diz respeito às formas mais comuns de denominação dos plásticos. Podemos encontrar a designação completa como polietileno, poliestireno, policloreto de vinila etc. que, na maioria das vezes, não corresponde à nomenclatura química correta mas que é aceito comercialmente. É comum utilizarmos siglas com letras maiúsculas para designar os plásticos como por exemplo podemos citar: polietileno de alta densidade - PEAD; polietileno de baixa densidade - PEBD; poliestireno de alto impacto - PSAI; acrilonitrila butadieno estireno - ABS. Devemos tomar cuidado com as siglas em inglês que são aceitas no mercado internacional e que, na maioria das vezes, diferenciam-se daquelas em nosso idioma: PEAD corresponde a HDPE; PEBD corresponde a LDPE; PSAI corresponde a HIPS etc.(LIMA, 2006, p. 151)

Deve-se entender claramente as propriedades físicas e mecânicas dos

polímeros para que se possa fazer sua aplicação em móveis ou objetos, podendo ter

um melhor rendimento produtivo, acabamento e resistência podendo claramente

expandir as possibilidades de criação, agregando novas formas e usabilidades, sem

perder o fator estético.

3.3 Estética

Conforme Löbach apud Gomes Filho (2006) “o conceito de estética

provém da palavra grega ‘aisthesis’ e significa percepção sensorial”, sendo assim “A

Estética é a ciência das aparências percebidas pelos sentidos”. Então, conforme

Löbach (2001), “a função estética é a relação entre um produto e um usuário no nível

Page 33: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

41

dos processos sensoriais. A função estética dos produtos é um aspecto psicológico

da percepção sensorial durante o seu uso”.

A criação estética do designer industrial é considerada como processo no qual se possibilita a identificação do homem com o ambiente artificial por meio da função estética dos produtos. Com isso, fica claro que a missão do designer industrial não é "a produção de belos resultados que mascaram a falta de qualidade da mercadoria". A configuração do ambiente com critérios estéticos é importante para as relações do homem com os objetos que o rodeiam, pois a relação elo homem com o ambiente artificial é tão importante para a saúde psíquica como os contatos com seus semelhantes. A função estética dos produtos, atendendo às condições de percepção do homem, é a tarefa principal do designer industrial. (LÖBACH, 2001, p. 62)

Para o desenvolvimento de projeto de design, várias questões são analisadas

e uma série de fatores são levados em conta para que se possa alcançar o objetivo

principal do produto, ou seja, sanar as expectativas dos indivíduos, sendo necessário,

conforme Moraes (2013), um “estudo do público, seus hábitos, sua cultura, seus

modos de agir”.

Analisando o público alvo no desenvolvimento dos projetos, deve-se além da

ergonomia, utilidade, praticidade e aplicabilidade, buscar o fator estético. Segundo

Lisboa & Bisognin (2003), as discussões que envolvem a estética nos remetem a

questões sempre abertas a novas respostas e expostas a constantes

questionamentos, abrindo desse modo, os paradigmas sobre o belo, a criatividade, o

produto industrializado, o homem, a forma e o mundo.

Mas há, de certa forma, um consenso de que qualquer coisa que seja bela será desejada pelas pessoas, logo a criação de um objeto belo já poderia ser por si só um grande passo. Ai é que se apresenta o desafio: o que é belo para alguns pode não ser exatamente belo para outros. Durante muito tempo tem se estudado e proposto teorias da forma no design para a concepção de objetos harmônicos e belos, um exemplo disto é a teoria da Gestalt e as hipóteses levantadas sobre a Proporção Áurea, estruturadas em conceitos como proporção, harmonia, composição, forma, equilíbrio, contraste, entre outras. (MORAES, 2013, p.1)

Segundo Gomes Filho (2006), a função estética é subordinada a diversos

aspectos sócio culturais no que diz respeito, principalmente, ao repertório de

conhecimento do usuário, ou seja, sua experiência pessoal, cultural e artística.

Page 34: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

42

Salienta também, que a aparência do objeto desenvolvido pelos designers, não são

apenas definidos pelo “gosto” pessoal do profissional durante o desenvolvimento

projetual, mas sim de um sistema de “comunicação estética” (figura 5).

O processo de comunicação estética tem início no momento em que se começa a conceber e desenvolver o projeto de qualquer objeto na sequência da relação: design-produto-usuário, que se traduz: a) na figura do designer como remetente (ou seja, criador do objeto); b) do produto industrial como mensagem (ou seja, o próprio produto); c) da figura do usuário-consumidor (que é o destinatário do produto que vai ser utilizado). (GOMES FILHO, 2006, p. 97)

Figura 8. Cadeira “Vermelha”, um dos grandes hits assinados pelos Campana, com sua estética pendida para arte.

Fonte: http://www.pernambucoconstrutora.com.br/11

Gomes Filho (2006, p.97-101), define que é necessário levar em conta algumas

considerações estéticas no desenvolvimento do produto, relacionado a sua

configuração visual, sendo elas:

Estética do Objeto: é o resultado final da aparência do objeto, é concernente

aos sinais e às características formais propriamente ditas do produto. Isto é,

refere-se à adoção de um determinado partido estético-formal (Exemplo:

formas orgânicas, geométricas ou combinadas, eventuais adornos, cores,

acabamentos, etc.) e, por sua vez, subordinado ao estilo e seus atributos

adotados na organização visual do objeto (figura 6).

11 Disponível em: < http://pernambucoconstrutora.com.br/blog/wp-content/uploads/2011/07/Irm%C3%A3os-campana-4.jpg>. Acesso em: 28/10/2014.

Page 35: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

43

Figura 9. Sofá Sushi desenvolvido pelos Irmãos Campana, produzido em tiras de EVA.

Fonte: http://atdigital.com.br/12

Valor Estético: Refere-se aos sistemas de normas socioculturais de pessoas

ou grupos sociais, que contribuem com parcela de influência na aparência do

objeto. Por exemplo, existem notórias diferenças de valores culturais e

econômicas entre indivíduos ou grupos que vivem no centro das grandes

metrópoles versus aqueles que vivem na sua periferia.

Estética generativa: Diz respeito ao emprego da teoria estética no processo

do design do produto. É o emprego dos conhecimentos sobre a estética e

organização visual da forma do objeto (sua gestalt), aprendido nos bancos

escolares, na literatura de modo geral e por outros meios, que devem fazer

parte do repertório conceitual e prático do designer.

Processo de design: A estética generativa contribui diretamente no processo

de definição do design do produto na fase de pesquisa, estudos, experimentos,

etc., que vão concorrer para a definição final da sua configuração estético-

formal.

Estética da informação: Relacionada com o processo de percepção e

consumo visual do produto pelo individuo, no processo de uso. São as

informações e conhecimentos próprios do repertório estético do usuário-

consumidor, com o qual ele vai julgar o valor da aparência do objeto em última

instância.

Processo de uso: A estética da informação tem relação direta com o

conhecimento do objeto pelo usuário. Sobretudo em relação a parâmetros

12 Disponível em: <http://atdigital.com.br/designdecor/wp-content/uploads/2011/12/Sushi_Sofa_Campana11.jpg>. Acesso em: 28/10/2014.

Page 36: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

44

ergonômicos e gestálticos de utilização do produto. São informações que o

designer vai recolher dos consumidores como processo de “realimentação” de

suas informações para eventual redesign do produto.

Estética empírica: Concerne à investigação de ideias sobre valores estéticos

em pesquisas realizadas com grupos de usuários selecionados. São

conhecimentos que devem chegar ao designer e serem também levados em

consideração na formulação estética do objeto.

Gomes Filho (2006), expõem que a articulação entre estes fatores e

informações, de forma criativa, talentosa e coerente, irão proporcionar ao designer,

desenvolver a melhor aparência para o produto. Sendo então, de grande importância

a utilização destas informações para determinar uma melhor estética para o produto

a ser desenvolvido atingindo assim o objetivo de resolver os problemas enfrentados

pelos usuários e adicionando qualidades com fator psicológico-funcional ao ambiente

a que o objeto está inserido.

Page 37: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

45

4. DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO

Como base metodológica para a sistematização dos levantamentos

bibliográficos realizados na primeira etapa deste estudo e desenvolvimento dos dois

projetos será utilizada a metodologia de Bonsiepe (1984) (figura 7).

Através das informações coletadas foram definidos como o objetivo projetual o

desenvolvimento de dois móveis, uma cadeira e uma escrivaninha, sendo estes os

móveis que são denominados parte do ambiente de um Home Office, podendo além

deles conter outras peças ou móveis, mas que não serão relevados neste projeto.

A metodologia a ser utilizada contém as seguintes etapas: análises,

problematização, geração de alternativas, desenhos e esboços, modelo 3D e o

Mocape/protótipo. Cada etapa será definida e detalhará cada uma das propostas

projetuais, tanto da cadeira, quanto da escrivaninha.

Figura 10. Metodologia projetual.

Fonte: Adaptado de BONSIEPE (1984)

Page 38: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

46

4.1 Análises

As etapas pertencentes as análises, tem como objetivo a coleta de

informações, a fim de determinar os atributos e as características físicas e/ou estéticas

que deverá possuir o(s) produto(s) antes de, conforme Bonsiepe (1984), “entrar na

fase propriamente do design, do desenvolvimento de alternativas”.

4.1.1 Listas de Verificação

A escrivaninha de um escritório tanto tradicional (figura 8) quanto home office

(figura 9) é de grande importância, pois é onde será realizado as ações de manejo

desse ambiente de trabalho, onde serão realizados trabalhos, normalmente, com as

mãos, em computadores de mesa (desktops) ou notebooks, com desenhos ou

documentos, etc.

Figura 11. Ambiente de trabalho corporativo ou estação de trabalho.

http://www.tradeindia.com/13

13 Disponível em: < http://img.tradeindia.com/fp/1/366/598.jpg>. Acesso em: 11/11/2014.

Page 39: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

47

Figura 12. Ambiente de trabalho em home office.

http://blog.prestus.com.br/14

As escrivaninhas de modo geral, são constituídas de um tampo, normalmente

de madeira, 4 pés ou na forma mais moderna, ao invés dos pés possui duas chapas

constituídas, em sua maioria, do mesmo material do tampo, no entanto, com

espessura inferior à do tampo. A grande maioria dos modelos oferecidos no mercado

possuem gaveteiros acoplados ao tampo, onde pode variar o lado em que irá se

localizar, podendo variar o número de gavetas conforme a qualidade do móvel ou a

necessidade do cliente. Essas escrivaninhas ou mesas de escritório, são em sua

maioria produzidas em materiais naturais, normalmente MDF (ver item 3.2.2 Naturais)

devido ao custo e sua maleabilidade, mas podendo também ter em sua composição

um conjunto de materiais, como detalhes ou partes em metal, em polímeros, podendo

possuir tampo de vidro ou detalhes em vidro. Poderá possuir mecanismos de abertura

e fechamento se esta escrivaninha possuir gaveteiro ou portas.

14 Disponível em: < http://blog.prestus.com.br/wp-content/uploads/2014/10/home-office1-1024x764.jpg>. Acesso em: 11/11/2014.

Page 40: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

48

Em decorrência das reduções dos espaços residenciais, um fator que se tem

notado crescimento, são dos móveis multifuncionais, podendo ser de grande

importância sua aplicação em escrivaninhas, pois agregar funções a um móvel poderá

maximizar os espaços desse ambiente e consequentemente proporcionar bem estar

ao usuário. Outra possibilidade de melhora seria a da utilização mais acentuada de

combinações de polímeros e MDF, reduzindo o custo de produção e uma grande

possibilidade reciclagem ou reutilização no futuro.

Nas cadeiras de escritório temos uma gama enorme de modelos e

composições, podendo ser giratório ou fixo, acento acolchoado (com espuma) ou

rígido, podendo ou não possuir rodízio, variações de apoios para os antebraços ou

não possuir.

Em sua constituição mais encontrada temos combinações de metais para parte

estrutural e polímeros para os acabamentos e detalhes. Atualmente, a maioria das

cadeiras possuem sistema de regulagem de altura do acento e em alguns casos dos

apoios para os antebraços. Sistema de encaixe de suas partes normalmente com

pressão, como o caso dos rodízios facilitando sua troca com maior facilidade, e da

união da parte superior com a parte inferior da cadeira, também para uma possível

troca de peças, ou com parafusos para fixar as partes, como acento e encostos, na

estrutura. Articulação das partes e multifuncionalidade são características pouco

abordadas em cadeiras.

4.1.2 Análise Diacrônica

Nesta etapa segundo Bonsiepe (1984), é efetuada a pesquisa para

levantamento de material histórico a fim de demonstrar a evolução e as mutações

sofridas por um determinado produto no transcurso do tempo. Através da coleta dos

dados históricos, dos movimentos decorrentes do século XIX e XX, foi desenvolvida

uma tabela, demostrando os movimentos mais importantes e suas principais

influências e contribuições para o design da escrivaninha e da cadeira de escritório

(tabela 1).

Page 41: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

49

Tabela 1. Descrição dos móveis, movimento inspiração e autor que desenvolveu.

Produto Movimento /

Autor Descrição

Figura 13. Home Office da “Red House”

(Fonte: Blog Mobe Interiores15)

Arts and Crafts

(1850-1914) /

William Morris

Ambiente de home office, pertencente

a “Red House”, casa projetada por

Willian Morris e pelo arquiteto Philip

Webb.

A casa é um exemplo dos preceitos

pregados por Morris no Arts and

Crafts, sendo que todo o interior e

exterior foi projetado e desenvolvido

por ele.

Os móveis, em sua maioria, eram em

madeira feitos artesanalmente

mantendo o estilo rústico e natural.

Nos estofados, eram utilizadas as

estampas características do

movimento, com elementos da

natureza, como os desenhos de

Morris.

(Fonte: Blog Mobe Interiores16)

Figura 14. Art Nouveau desk and armchair

Fonte: Art Finding 17

Art Nouveau

(1890-1918) /

Camille Gauthier

& Paul

Poinsignon

Uma mesa e poltrona com estilo do

movimento Art Nouveau por Camille

Gauthier & Paul Poinsignon, possuem

sua base em madeira esculpida

organicamente estilizada, gaveta com

puxadores em bronze e na cadeira

uma superfície de couro original e sua

base esculpida à mão. A mesa e

cadeira ambos têm o mesmo padrão

esculpido e o detalhe da flor.

15 Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_0SCcmnCxvw4/SUqLY6N7piI/AAAAAAAAAB8/68JvUfap PvQ/s400/13.jpg>; Acesso em: 20/11/2014. 16 REZENDE, Estelita Rúbia. Mobiliário e Interiores no período Arts and Crafts. Blog Mobe Interiores. [S.l.], 2008. Disponível em: <http://mobeinteriores.blogspot.com.br/>. Acesso em: 12/11/2014. 17 Disponível em: <http://www.artfinding.com/images/lot/_315/macklowe_gallery_art_nouveau_desk_and_armchair_1246619 7122173.jpg>; Acesso em: 20/11/2014

Page 42: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

50

Figura 15. Art Nouveau Armchair

Fonte: Art Finding18

Assim como conceito do movimento

os moveis privilegiam a assimetria e

as linhas curvas, enfatizando flores e

integração com a natureza, tanto nos

materiais, quanto na forma.

(Fonte: Autor)

Figura 16. Cadeira Tulipa Saarinen

Fonte: Tipografos.net19

Futurismo (1909-

1916) / Eero

Saarineen

Uma cadeira que foi destaque

relacionada com o Futurismo é a

cadeira tulipa de Eero Saarinen.

Cadeira de linhas elegantes e

orgânicas, ela usava o poliéster

reforçado com fibra de vidro no

assento e alumínio fundido e brilhante

no pé do móvel. Mais uma vez, a ideia

foi a criação de uma cadeira que

funcionasse como se fosse uma peça

só, facilitando a produção industrial e

barateando o produto.

(Fonte: Oppa Design20)

De Stijl (1917-

1931) / Gerrit

Rietveld

Rietveld neste conjunto retrata a base

do movimento De Stijl (O Estilo), que

tinha como fundamento rejeitar toda e

qualquer reprodução da natureza e

entendia as artes plásticas como um

sistema autônomo de forma,

superfície e cor.

Na concepção dos móveis da linha

“Crate”, Rietveld segue linhas retas,

18 Disponível em: <http://www.artfinding.com/images/lot/_315/macklowe_gallery_art_nouveau_desk_and_armchair_124661971 25345.jpg>; Acesso em: 20/11/2014. 19 Disponível em: <http://tipografos.net/design/Tulpanstolen.jpg>; Acesso em: 20/11/2014. 20 Oppa Design. Futurismo. Site Oppa. [S.l.], 201-?. Disponível em: < http://www.oppa.com.br/ glossario/futurismo>. Acesso em: 13/11/2014.

Page 43: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

51

Figura 17. Crate Desk

Fonte: Handmade Charlotte21)

com ângulos exatos e forma

simplificada, coloração escura e

detalhes da textura da madeira.

(Fonte: Autor)

Figura 18. Desk “Tardieu” (mod. 1517)

Fonte: HACHE (2011)22

Art Déco (1920-

1939) / Jacques-

Emile Ruhlmann

Ruhlmann completou a Desk “Tardieu”

(mod. 1517) em 1929 e a exibiu no

salão dos artistas decoradores

daquele ano.

Sua forma capta os conceitos do Art

Déco, que se vale de linhas retas ou

esféricas, das figuras geométricas e

do desenho de natureza abstrata,

seguindo um padrão em meia lua e os

gaveteiros posicionados de forma a

seguir sua curvatura.

Produzido em chapas de madeira

laqueada e detalhes em metal

cromado passando um aspecto de

elegância ao móvel. Possui uma

luminária acoplada e suporte para os

pés entre os gaveteiros.

(Fonte: HACHE, 2011 22)

A mesa baseada do movimento

Streamline, pertence a série “móveis

em forma de tambor” da empresa de

Mauser Werke Waldeck. Mauser

Waldeck foi uma das maiores

fabricantes de barris de chapa

21 FAUCETT, Rachel. Vintage Modern Desk Love. Site Handmade Charlotte. [S.l.], 2012. Disponível em: <http://media3.hand madecharlotte.com/wp-content/uploads/2012/02/7-vintage-desks.jpg>. Acesso em: 2011/2014. 22 HACHE, Laurent. Very Important auction : Les collections du château de Gourdon. Site Authenticite. [S.l.], 2011. Disponível em: <http://www.authenticite.fr/authenticite_uk_news_printvery_important_auction___les_collections_du_chateau_ de_gourdon-324.html>. Acesso em: 13/11/2014.

Page 44: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

52

Figura 19. London Desk

Fonte: Flickr23

Streamline -

Aerodinâmica

(1930-1950) /

Mauser Werke

Waldeck

metálica de 1920 até 1930. Esta

empresa inovadora desenvolvia uma

série de móveis em forma de tambor,

sendo as mesas, as mais sofisticadas

desta série, sendo nomeadas depois

de cidades como Berlim, Hamburgo,

Tóquio ou Rio. Esta mesa é uma

versão chamada Londres, possui esse

formato arredondado com os detalhes

metálicos, possui portas de correr nas

bases da mesa revelando cinco

gavetas escondidas.

(Fonte: Flickr - Tradução do Autor)

Figura 20. Desk S285

Fonte: Freshome24

Bauhaus (1919-

1933) / Marcel

Breuer

De acordo com Platforma

Arquitectura, algumas peças de

mobiliário projetado mais de meio

século atrás, ainda estão na moda

hoje em dia. A mesa S285, projetada

por Marcel Breuer em 1932. Tecta,

fábrica na Alemanha, é a instituição

que assumiu oficialmente os

desenhos do arquiteto, e começou a

produzir a mesa novamente na

contemporaneidade. A peça de

mobiliário minimalista, produzido com

tubos metálicos curvados e madeira,

passando um aspecto elegante e

simplificado.

(Fonte: Freshome - Tradução do Autor)

Fonte: Autor

23 Disponível em: < http://www.zeitlosberlin.com/typo3temp/pics/stamped/zeitlos-berlin_streamline-modernist-office-table-london-by-mauser-waldeck-in-original-oliv.2e1c272b7c.jpg>; Acesso em: 20/11/2014. 24 Disponível em: <http://cdn.freshome.com/wp-content/uploads/2011/02/minimalist-desk-Freshome03.jpg>. Acesso em: 20/11/2014.

Page 45: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

53

4.1.3 Análise Sincrônica

Esta etapa é de grande importância, pois através deste estudo possibilita

observar os produtos em desenvolvimento atualmente e evita a possibilidade de

reinvenção (Bonsiepe, 1984), podendo ser observado abaixo. Foram coletados 5

modelos de escrivaninha (tabela 2) e 3 modelos de cadeira de escritório (tabela 3) e

suas respectivas descrições.

Tabela 2. Escrivaninhas desenvolvidas atualmente com suas informações.

Imagem do Produto Autor / Site Descrição

Figura 21. The Celine Desk

Fonte Case Furniture25

Nazanin Kamali /

Case Furniture

O móvel produzido em

madeira, possui suas pernas

cônicas e inclinadas que dá à

esta peça uma estética muito

delicada, combinada com uma

gaveta escondida e suas

proporções reduzidas.

(Fonte: Case Furniture - Tradução do

Autor)

James Broad /

Workstyled.com

LD Desk é feita à mão em

American Black Walnut, com

um tempo e as pernas de trás

feitas em laminado.

Acabamento de poliuretano

25 Disponível em: < http://www.casefurniture.co.uk/assets/Uploads/Celine-desk.jpg >. Acesso em: 20/11/2014

Page 46: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

54

Figura 22: LD Desk

Fonte: Workstyled.com26

preto durável. A mesa

combina detalhes coloridos

com seu aspecto formal e o

contraste entre a cor escura e

o tom natural da madeira

passa aspecto irreverente e

agradável ao móvel.

(Fonte: Workstyled.com - Tradução do

Autor)

Figura 23. Airia Desk

Fonte: Kaijustudios.com27

Kaiju Studios /

Herman Miller Store

A mesa Airia Desk, equilibra

design de mobiliário bem com

recursos que ajudam a mantê-

lo organizado. Use a superfície

principal para o seu laptop ou

quando se trabalha com a

mão. Manter a desordem fora

da superfície primária,

colocando periféricos, papéis,

copos de café na superfície

secundária elevada. Uma

gaveta com três organizadores

na bandeja removível mantém

os pequenos itens no lugar,

fora da vista, e à mão. Tem

um espaço guardar seu laptop,

iPad e artigos de papelaria,

uma prateleira na parte de

trás, aberturas elegantes para

os cabos. Este móvel possui

um estilo simplificado e uma

estrutura elegante.

(Fonte: Herman Miller Store -

Tradução do Autor)

26 Disponível em: < http://workstyled.com/wp-content/uploads/2010/02/desk-3-500x312.jpg >. Acesso em: 20/11/2014. 27 Disponível em: < http://kaijustudios.com/kimages/airia1.jpg >. Acesso em:20/11/2014.

Page 47: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

55

Figura 24. Homework

Fonte: Tomaskral.ch28

Tomas Kral /

Tomaskral.ch

Uma mesa de trabalho simples

que foi criada para ser ainda

mais funcional: um pano de

alumínio é colocado sobre

uma mesa de madeira, então

dobrada para formar uma

extensão refinada ao móvel,

podendo colocar objetos ou

artigos de papelaria ou livros.

(Fonte: Tomaskral.ch29 - Tradução do

Autor)

Figura 25. Oxymoron Desk

Fonte: Dezeen.com30

Anna Lotova /

Dezeen.com

Desenvolvida pela designer

russa Anna Lotova, a mesa

possui uma fenda entre duas

camadas de espuma por baixo

da superfície de madeira para

criar espaços macios para

armazenar artigos de

papelaria e outros objetos.

Design minimalista, com linhas

simples, possibilitam a este

móvel um aspecto arrojado.

(Fonte: Dezeen.com31 - Tradução do

Autor)

Fonte: Autor

28 Disponível em: < http://www.tomaskral.ch/uploads/projects_fotky/small/5730d0dfa6de9d816086c14 6709e9572.jpg >; Acesso em: 20/11/2014. 29 Disponível em: < http://www.tomaskral.ch/en/homework >. Acesso em: 13/11/2014. 30 Disponível em: < http://static.dezeen.com/uploads/2013/12/Oxymoron-Desk-by-Anna-Lotova_dezee n_bann.jpg >. Acesso em: 20/11/2014. 31 Disponível em: <http://www.dezeen.com/2013/12/28/oxymoron-desk-by-anna-lotova/>. Acesso em: 13/11/2014.

Page 48: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

56

Tabela 3. Cadeiras desenvolvidas atualmente com suas informações.

Imagem do Produto Autor / Site Descrição

Figura 26. Cadeira de Escritório Sevilha

Fonte: Novomundo.com.br32

Empresa Rivatti /

Mobly

A Cadeira de Escritório

Sevilha, é símbolo de

sofisticação. Se adapta tanto

em ambientes empresariais,

quanto residenciais.

Possui um Design Clássico e

oferece o Sistema Relax, que

lhe garante máximo conforto.

Possui estrutura cromada,

revestimento em couros

sintético, e uma capa protetora

dos braços com fecho para

remoção.

(Fonte: Mobly.com.br33)

Figura 27. Cadeira de Escritório CAPC 534/7

Fonte: Mobly.com.br34

Mobly /

Mobly.com.br

Produzida em metal com

acabamento cromado, o

assento e o encosto contam

com um confortável

revestimento em corino, além

de possuir sistema giratório e

rodízios para facilitar sua

locomoção.

(Fonte: Mobly.com.br35)

32 Disponível em: < http://www.novomundo.com.br/fotos/32695_0_1000x1000.jpg >. Acesso em: 20/11/2014. 33 Disponível em: <http://www.mobly.com.br/cadeira-de-escritorio-sevilha-i-mobly-1539.html>. Acesso em: 13/11/2014. 34 Disponível em: < http://static.mobly.com.br/r/900x900/p/Mobly-Cadeira-de-EscritC3B3rio-CAPC-5342F7-1415-1223-1-zoom.j pg >. Acesso em: 20/11/2014. 35 Disponível em: < http://www.mobly.com.br/cadeira-de-escritorio-capc-534-7-3221.html>. Acesso em: 13/11/2014.

Page 49: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

57

Figura 28. Cadeira de Escritório Gênova

Fonte: Lojaskd36

Acasa /

Lojaskd.com.br

Cadeira de escritório, com

regulagem dos braços,

sistema relax multi-

sincronizador e base em

alumínio. Design elegante e

simplificado, possui leve

curvatura no encosto para se

adaptar as costas,

proporcionando ainda mais

conforto ao usuário.

(Fonte: Lojaskd37)

Fonte: Autor

36 Disponível em: < http://cdn.lkd.com.br/31800/31840/31840_3_zoom_30.jpg >. Acesso em: 20/11/2014 37 Disponível em: <http://www.lojaskd.com.br/cadeira-de-escritorio-genova-preto-acasa-31840.html>. Acesso em: 13/11/2014.

Page 50: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

58

4.1.4 Análise Funcional / Morfológica

Conforme Bonsiepe (1984), a análise “funcional” de um produto, serve para

reconhecer e compreender as características de uso de um produto, incluindo

aspectos ergonômicos (macroanálise), e as funções técnico-físicas de cada

componente ou subsistema do produto (microanálise). Na análise “morfológica”,

podemos reconhecer e compreender a estrutura formal (concepção formal) de um

produto, sua composição, partindo de elementos geométricos e suas transições

(encontros). Incluindo também informações sobre acabamento cromático e tratamento

das superfícies.

Tabela 4. Análise funcional/morfológica do produto

Produto Dimensões Detalhes funcionais do

produto

Figura 21. The Celine Desk

Comprimento: 1100 mm

Altura

750 mm

Profundidade: 550 mm

Possui gaveteiro baixo

que se oculta quando fechado;

O gaveteiro possui corrediça de extensão podendo acessar todo espaço da gaveta

Espaço aberto para guardar objetos;

Dimensões pequenas podendo se adaptar facilmente em pequenos ambientes.

Espaço do móvel possibilita a utilização de notebooks, no entanto, seu espaço permite facilmente a utilização de computadores desktop.

Contraste da cor natural da madeira com o branco do detalhe da gaveta traz um aspecto rústico ao design moderno do móvel.

Page 51: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

59

Tem formato retangular com cantos retos;

Seus pés cônicos levemente inclinados, propõem a elegância do retrô.

Figura 22: LD Desk

Comprimento: 1460 mm

Altura

800 mm

Profundidade: 800 mm

Não possui gaveteiro,

tendo apenas compartimentos abertos para guardar pequenos objetos;

A utilização do detalhe em madeira superior formando os pés frontais sobrepostos a parte do tampo da mesa que como uma peça única forma os pés de traz, trazem um contraste agradável ao móvel dividindo-o em duas partes;

Possui dimensões médias, mas devido a sua profundidade ser um pouco maior, pode ser difícil de utilizar em ambientes como corredores ou áreas de circulação;

Seu tampo possui cantos retos podendo causar acidentes, dependendo de seu posicionamento no ambiente;

Espaço do móvel possibilita a utilização de notebooks, no entanto, seu espaço permite facilmente a utilização de computadores desktop.

As cores nas repartições do tampo, proporcionam um

Page 52: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

60

pouco mais de alegria ao móvel, tendo em vista que as cores predominantes são escuras.

Figura 23. Airia Desk

Comprimento: 1420 mm

Altura

775 mm

Profundidade: 760 mm

Possui gaveteiro baixo

que se oculta quando fechado;

O gaveteiro possui corrediça de extensão podendo acessar todo espaço da gaveta;

Possui dimensões médias mas devido a sua profundidade ser um pouco maior, pode ser difícil de utilizar em ambientes como corredores ou áreas de circulação;

Espaço do móvel possibilita a utilização de notebooks, no entanto, seu espaço permite facilmente a utilização de computadores desktop, mas devido ao seu design não é o foco deste móvel.

Possui recorte e furação para passar fios;

Contraste da cor natural da madeira com o branco traz um aspecto rústico ao design retrô do móvel

Seus cantos arredondados e seus pés finos levemente inclinados passa um aspecto de elegância.

Não possui gaveteiro

Page 53: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

61

Figura 24. Homework

Comprimento:

1560 mm

Altura 800 mm

Profundidade:

800 mm

Possui dimensões médias, mas devido a sua profundidade ser um pouco maior, pode ser difícil de utilizar em ambientes como corredores ou áreas de circulação;

Espaço do móvel possibilita a utilização de notebooks, no entanto, seu espaço permite facilmente a utilização de computadores desktop, mas devido ao seu design não é o foco deste móvel.

Foi utilizado um tecido de alumínio, formando uma espécie de “aba”, onde pode-se colocar objetos, livros, etc.;

Contraste da cor natural da madeira com o cinza do metal traz um aspecto rústico ao design simples da mesa.

Figura 25. Oxymoron Desk

Comprimento: 1500 mm

Altura

750 mm

Profundidade: 550 mm

Não possui gaveteiro Possui dimensões

médias, mas sua profundidade é de tamanho reduzido, possibilitando várias possibilidades;

Seus pés são finos presos com suporte de metal;

No tempo superior tem um recorte, por onde pode ser passado a fiação do carregador ou luminária;

Page 54: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

62

A proposta do móvel é para utilização de notebooks;

Possui camada acolchoada entre o tampo da mesa e o tampo superior, podendo ser guardado objetos pequenos, livros, etc.;

Contraste da cor natural da madeira com o cinza do tecido traz um aspecto rústico ao design simples da mesa.

O design de cantos arredondados atribui ao móvel, suavidade e reduz a possibilidade de acidentes.

Figura 26. Cadeira de Escritório Sevilha

Largura: 560 mm

Altura Total 1150-1230

mm Altura Acento 490-570 mm

Profundidade:

480 mm

Feita em metal revestido com couro sintético;

Pé giratório com rodízio;

Suporte revestido para os antebraços;

Os revestimentos possuem zíper, podendo ser removidos para limpeza;

Regulagem de altura; Possui os pés e

detalhes cromados; Tem o acento reto e o

encosto com uma leve curvatura, possibilitando um encaixe mais suave ao usuário.

Este modelo pode ter cor branca ou preta com os contrastes metálicos do cromado.

Possui algumas peças de encaixe e rodízios

Page 55: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

63

em plástico (polímero) preto.

Figura 27. Cadeira de Escritório CAPC

534/7

Largura: 600 mm

Altura Total 820 mm

Profundidade:

600 mm

Feita em metal revestido com couro sintético preto;

Pé giratório com rodízio;

Regulagem de altura; Possui os pés com

detalhes cromados; Possui um formato

estilo poltrona com encosto baixo, podendo ser em grandes períodos, desconfortável;

Figura 28. Cadeira de Escritório Gênova

Largura: 655 mm

Altura Total 1180 mm

Profundidade:

645 mm

Feita em haste de

metal, revestido com poliéster;

Pé giratório com rodízio;

Regulagem de altura com sistema a gás;

Suporte para os antebraços com regulagem;

Encosto para cabeça; Possui os pés com

detalhes cromados; Seu encosto levemente

curvado, possibilita conforto ao usuário;

O acento levemente curvado proporciona uma sensação mais

Page 56: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

64

cômoda para que utiliza por várias horas por dia evitando problemas de circulação sanguínea nas pernas.

Fonte: Autor

Page 57: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

65

4.2. Problematização

Na etapa de problematização, foram sistematizados os dados coletados a fim

de criar a lista de requisitos para o desenvolvimento de uma escrivaninha e uma

cadeira, objetivos deste estudo.

4.2.1. Sínteses das Análises

Para analisar os dados obtidos, primeiramente observa-se as mudanças

apresentadas através dos movimentos artísticos de maior destaque nas Artes e no

Design, onde pode-se ver movimentos extravagantes como o Art Nouveau, prezando

os detalhes artesanais e curvas, com arabescos e florais, sempre com foco na

elegância e luxo.

Pode ser observado também no futurismo, a inclusão de outros materiais, como

os polímeros, na composição dos móveis, que até então a principal matéria prima

utilizada era a madeira. O futurismo traz aos móveis, formas mais curvilíneas e

artísticas, também encontradas nas formas aerodinâmicas do movimento Streamline,

onde era muito utilizado o metal como matéria prima.

Com o surgimento da escola da Bauhaus, os móveis passam sofrer mudanças

onde o foco principal é simplicidade, aplicabilidade e a facilidade de fabricação, muito

observado nos móveis a partir deste período, como o exemplo o móvel Desk modelo

S285, onde Marcel Breuer, utiliza tubos metálicos dobrados para a estrutura do móvel,

inovação da época, também observado no ícone da Bauhaus a cadeira “Wassily”,

desenvolvida por ele e nomeada com o nome de seu amigo e colega Wassily

Kandinsky.

Uma grande mudança que foi ocorrendo ao longo do tempo, nos móveis, que

foi abordado ao longo do estudo, que se deve pelo fato da redução dos espaços

internos das residências, onde pode ser observado primeiramente na análise

diacrônica, ou seja, ao longo da história, demonstra móveis de grande porte

Page 58: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

66

normalmente com muitos detalhes, em contra partida, temos os atuais, observados

na análise sincrônica, móveis mais simples, com menos detalhes, com tamanho mais

reduzido, normalmente desenhados para ocupar locais específicos dos ambientes

residenciais.

A utilização de matéria prima natural utilizada antigamente, como a madeira na

forma maciça, que se perdeu um pouco ao longo do tempo, em decorrência das

pesquisas e surgimento de novos materiais, vem se firmando como matéria prima

principal atualmente, mas na forma de MDF’s e MDP’s, pois além de serem

ecologicamente corretas utilizando madeiras de reflorestamento, reduzem o custo e o

tempo de produção, ficando os detalhes do móvel para aplicação de outros materiais,

como os polímeros ou metais.

4.2.2. Listas de Requisitos

Analisando os dados coletados no item anterior, foram determinados os

seguintes requisitos para o desenvolvimento do projeto:

Formas simples;

Baixo custo;

Ocupar pouco espaço

Pelo fator ecológico utilizar

materiais de reciclagem ou com

menor impacto ambiental;

Ser ergonômico (espaço,

posicionamento, alcance, etc...)

Possuir múltiplas funções;

Page 59: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

67

4.3. Projeto

Através dos requisitos determinados pela coleta dos dados, foram geradas as

alternativas a fim de desenvolver um produto que detenha todos ou a maioria dos

deles, possibilitando o móvel comtemplar o objetivo deste estudo.

4.3.1 Geração de Alternativas

A) Mesa:

Através dos dados coletados foram gerados 5 (cinco) possibilidades, dentre as quais, serão escolhidas duas para próxima etapa. A proposta mesa 1, tinha como base a ideia inicial, de contemplar um conjunto que através da estrutura da cadeira e da mesa se tornaria um móvel só.

Figura 29. Proposta mesa 1

Fonte: Autor

A proposta mesa 2, 3 e 4, seguiriam o padrão de móveis com base nos estudados nas análises, com foco no formato, dimensões e cores.

Page 60: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

68

Figura 30. Proposta mesa 2

Fonte: Autor

Figura 31. Proposta mesa 3

Fonte: Autor

Figura 32. Proposta mesa 4

Fonte: Autor

Page 61: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

69

Figura 33. Proposta mesa 5

Fonte: Autor

A proposta mesa 5, contempla uma estrutura diferenciada, onde vários aspectos podem ser abordados ou adicionados. Conforme as propostas desenvolvidas acima, foram escolhidas as propostas 4 (quatro) e 5 (cinco) para detalhamento e escolha do modelo a ser desenvolvido.

B) Cadeira:

Através dos dados coletados foram gerados 4 (quatro) possibilidades, dentre as quais, será escolhida a versão a ser desenvolvida. Na proposta cadeira 1, segue um padrão mais tradicional, porém com detalhes que podem adicionar características ousadas ao móvel.

Figura 34. Proposta cadeira 1

Fonte: Autor

Page 62: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

70

Para proposta cadeira 2, a ideia era a de adicionar funcionalidades ao móvel, onde o mesmo tivesse espaço para colocar livros, revistas ou assemelhados.

Figura 35. Proposta cadeira 2

Fonte: Autor

A proposta cadeira 3 e 4, tinha o intuito de dobrar-se e no espaço entre o acento e o encosto pudesse ser posicionado o encosto para cabeça.

Figura 36. Proposta cadeira 3

Fonte: Autor

Page 63: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

71

Figura 37. Proposta cadeira 4

Fonte: Autor

Conforme os modelos desenvolvidos, foi definido para desenvolvimento dos renderings e mocape a proposta cadeira 1.

4.3.2. Desenhos e Esboços

Conforme as propostas escolhidas, segue, primeiramente, a proposta mesa 4,

onde foram definidas as partes que levariam a pintura e as partes que seriam de

madeira, acrescentando o gaveteiro, onde ficou observado a pouca possibilidade de

variação do móvel e a impossibilidade de agregar algum diferencial, comparando aos

já apresentados nas análises deste estudo.

Figura 38. Proposta mesa 4 colorida com detalhe da gaveta.

Fonte: Autor

Page 64: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

72

A proposta mesa 5, traz uma identidade ao móvel, diferenciando-se dos

produzidos no mercado, com suas curvas, podem agregar outras utilidades sem

perder sua estrutura básica.

Figura 39. Proposta mesa 5 colorida com detalhe das gaveta e baú.

Fonte: Autor

Conforme o detalhamento das propostas escolhidas, ficou definido para

desenvolvimento dos renderings e mocape a proposta mesa 5, onde será detalhada

suas partes e funcionalidade e desenvolvidos os desenhos técnicos.

4.3.3. Modelo 3D

Através da definição do modelo a ser desenvolvido, foram geradas as

modelagens da cadeira e da mesa e seus respectivos renderings em 3D no programa

Sketchup Pro e Vray, conforme as figuras abaixo.

Page 65: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

73

A) Branco – conforme as figuras 37 e 38, temos a opção na cor branca,

possibilitando ao móvel neutralidade, podendo ser utilizado em ambientes de

muita cor ou mais claros. Em sua estrutura inicial possui duas gavetas,

posicionadas nas curvas da mesa, onde pode-se guardar canetas, lápis,

pendrives, etc., possuindo também uma base removível na parte central, que

pode ser usada como porta objetos ou ser retirada, encaixando-se abaixo das

gavetas para ser usado como base para papelaria, livros, revistas, etc...

Figura 40. Rendering Vray da mesa, vista frontal.

Fonte: Autor

Figura 41. Rendering Vray da mesa.

Fonte: Autor

Page 66: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

74

Na parte superior da mesa, temos um baú para guardar objetos ou até mesmo

o carregador do notebook e também duas tomadas no padrão atual. Na figura 39,

podemos ver a mesa com a cadeira, contemplando o conjunto nomeado de “Simple

Office”.

Figura 42. Rendering da mesa com o modelo da cadeira.

Fonte: Autor

Com a possibilidade da remoção da base inferior da mesa, a mesma, poderá

ser utilizada por cadeirantes, pois possui o espaço para o posicionamento tranquilo

da cadeira de rodas, conforme figura 40.

Figura 43. Rendering da mesa com uma cadeira de rodas genérica.

Fonte: Autor

Page 67: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

75

Outra característica adicionada ao conjunto, é da possibilidade dobrar a

cadeira e posicioná-la abaixo da mesa, reduzindo o espaço ocupado pelos dois

móveis, conforme figura 41.

Figura 44. Rendering da mesa com o modelo da cadeira (fechada).

Fonte: Autor

B) Preto – determinar a utilização da cor preta, possibilitando outra opção com a branca, se deve por serem cores opostas do padrão cromático, mas principalmente, por serem de fácil combinação com vários ambientes.

Figura 45. Rendering da mesa cor preta.

Fonte: Autor

Page 68: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

76

Figura 46. Rendering da mesa com o modelo da cadeira (aberta e fechada).

Fonte: Autor

Na figura 44 e 45, podemos observar a mesa em suas duas possibilidade de uso e a cadeira na cor preta, também observado na figura 43.

Figura 47. Rendering da mesa com o modelo da cadeira e a cadeira de rodas.

Fonte: Autor

Page 69: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

77

Figura 48. Rendering da mesa com o modelo da cadeira e a cadeira de rodas.

Fonte: Autor

Na figura 46, podemos ver a cadeira de modo aberto para utilização e fechado para ser guardada.

Figura 49. Rendering o modelo da cadeira.

Fonte: Autor

Page 70: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

78

Após o desenvolvimento dos renderings foram feitos os desenhos técnicos da

mesa e da cadeira e suas respectivas partes individualmente (Anexo 1 – pranchas da

mesa seguindo do 1 ao 10 e da cadeira 1 ao 6). Ilustração da mesa com as medidas,

conforme desenho técnico nas figuras 47 e 48.

Figura 50. Vistas essenciais da mesa com todas as partes.

Fonte: Autor

Figura 51. Perspectiva explodida da mesa com todas as partes separadas.

Fonte: Autor

Page 71: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

79

Ilustração da cadeira com as medidas, conforme desenho técnico nas figuras

49 e 50.

Figura 52. Vistas essenciais da cadeira com todas as partes.

Fonte: Autor

Figura 53. Perspectiva explodida da mesa com todas as partes separadas.

Fonte: Autor

Page 72: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

80

4.3.4. Mocape / Protótipo

Conforme modelo final da mesa e da cadeira, foi desenvolvido o mocape em

escala 1:2, com algumas de suas funções, como compartimento baú (figura 51), na

parte superior, e a base removível que pode ser usado como porta objetos ou

papelaria (livros, revistas, etc.), liberando o espaço para o cadeirante. A cadeira,

também em escala 1:2, com sistema de dobra e o sistema giratório (figura 52),

conforme figuras abaixo.

Figura 54. Fotografia da mesa com baú aberto.

Fonte: Autor

Figura 55. Fotografia da cadeira em escala reduzida (1:2).

Fonte: Autor

Page 73: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

81

As figuras 53 e 54, comtemplam o conjunto em escala reduzida posicionados

para utilização.

Figura 56. Representação do Simple Office.

Fonte: Autor

Figura 57. Home Office.

Fonte: Autor

Page 74: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

82

Desenvolver os mocapes, possibilitaram observar sua forma e a interação entre

a cadeira e mesa, podendo imaginar sua usabilidade em escala real. Outro fator que

o mocape possibilitou, é o de analisar os dois produtos integrados ao ambiente e de

entender seu funcionamento, podendo antes de sua fabricação, encontrar pequenos

detalhes, que futuramente, podem ser melhorados.

Page 75: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

83

5. RESULTADOS

Desenvolver móveis requer muito mais do que ter uma boa ideia e executá-la,

pois na realidade atual, onde a necessidade de inovação é quase uma necessidade,

o ato de criar depende de vários fatores, como ergonômicos, estéticos, ecológicos e

acessíveis, onde este último é pouco explorado. Mas não é o caso de desenvolver

algo específico para o cadeirante, e sim algo que seja natural no processo projetual,

contemplando algo comum para todos.

No conjunto desenvolvido neste estudo, foi utilizada uma abordagem sutil nas

cores de modo a se adaptar aos ambientes mais coloridos, passando um aspecto de

neutralidade no ambiente. Foi projetado em duas cores principais, branco e preto,

sendo que as partes sem pintura mostrarão a cor natural da madeira (no caso do

projeto foi optado pelo pinus (Pinus elliottii) por ser uma madeira de reflorestamento

de fácil manuseio e menor impacto ambiental) apenas com aplicação de verniz,

trazendo um tom rústico e simples ao móvel.

A cadeira possui um sistema de dobra, possibilitando após o uso que seja

guarda em baixo da mesa, não atrapalhando a circulação do ambiente. É uma cadeira

giratória com ajuste de altura podendo ser reclinada. Os pés são feitos de aço

galvanizado com revestimento de “laminado flexível” de madeira.

A mesa possui medidas específicas para utilização de notebook ou papéis até

o formato A3, com acesso ao compartimento de objetos que encontra-se na parte

superior da mesa. Possui também espaço aberto em baixo da mesa para guardar

objetos como o notebook, livros, papéis, objetos, etc., quando a residência possuir

algum cadeirante que utilizará a mesa, esse compartimento poderá ser retirado,

podendo ser encaixado nas laterais internas da mesa, se transformando em porta

livros ou objetos. Há também duas pequenas gavetas, uma em cada lado da mesa,

onde as mesmas não possuem puxadores, mas recortes embaixo delas para que

possa utilizá-las, e tomadas na própria mesa facilitando acesso à energia. Suas partes

são de fácil montagem e desmontagem o que facilita seu transporte e possibilita

ocupar menos espaço de estoque na loja.

Page 76: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

84

Através do desenvolvimento deste projeto inicial, que futuramente poderá ser

um linha de produtos, possibilitou a união de conceitos, experiências e fatores

importantes na vida de todas as pessoas, onde o produto através do Design, onde foi

possível agregar multifuncionalidade, acessibilidade e simplicidade em suas

características, proporcionando aos usuários uma solução em home office funcional

para seu ambiente residencial.

Page 77: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

85

6. CONCLUSÃO

A escolha do tema para o desenvolvimento dos móveis, objetivo deste estudo,

foi definido a partir de observações de áreas de grande crescimento e que tem atraído

muitos designers. A ideia do desenvolvimento de um home office possibilitou utilizar

todo conhecimento e experiência adquiridos e transformá-lo em um produto que

possibilite as pessoas, a possibilidade de ver com olhos deferentes um espaço tão

importante de suas residências.

O processo de desenvolvimento, envolvendo todo o estudo, as pesquisas, as

leituras, possibilitou criar de forma natural o produto, onde foi possível apresentar um

modelo simples, mas ao mesmo tempo completo e com suas peculiaridades,

acrescentadas pelo Design.

Estes novos móveis, a escrivaninha e a cadeira, que compõem o home office irão

adicionar simplicidade, multifuncionalidade e acessibilidade ao ambiente residencial,

fatores de grande importância na sociedade atual.

Page 78: Designer e a Bauhaus . Uma Monografia

86

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