Design Valorizando Produtos Da Agricultura Familiar - Hermes de Ré

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o design como ferramenta estrategica na promoção dos produtos oriundos da agricultura familiar

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    Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de Santa Catarina SA - EPAGRI Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico Universidade Federal de Santa Catarina Programa de ps-graduao em Design e Expresso Grfica Ncleo de Gesto de Design Autores Eugenio Merino Giselle Merino Luiz Fernando G. Figueiredo Capa, projeto editorial e editorao Eugenio Merino Equipe de projeto e Colaboradores Danilo Pereira, Andr Sens, Carina Scandolara, Augusto Fornari, Diogo Ropelato, Giselle Merino, Luiz Fernando Gonalves Figueiredo, Eliete Auxiliadora Ourives, Marcelo Schmidt, Eduardo e Eugenio Merino.

    Merino, E.; Merino, G., Figueiredo, L. F.G. Design Valorizando produtos da agricultura familiar Hermes de R. Florianpolis: EPAGRI, 2007. 109p.

    ISBN 97-88585-01-4582 Design Agricultura Familiar Santa Catarina

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    Estado de Santa Catarina Governador do Estado de Santa Catarina Luiz Henrique da Silveira Vice Governador Leonel Arcngelo Pavan Secretario de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural Antonio Ceron Presidente da EPAGRI Murilo Xavier Flores Diretores da EPAGRI Ditmar Alfonso Zimath, Joo Carlos Biasibetti, Elisabete Silva de Oliveira, Edson Silva Gerencia de informaes Danilo Pereira Gerencia de marketing e comunicao Angelo Mendes Massignam

    Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina Lucio Botelho

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    Agradecimentos

    A famlia de R que acreditou e confiou seu produto equipe.

    Aos parceiros e apoiadores, sem eles seria impossvel alcanar os

    resultados (Secretaria da Agricultura de SC, EPAGRI (ICEPA), Conselho

    Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico e Universidade

    Federal de Santa Catarina).

    A toda a equipe, sem ela como materializar idias e sonhos. Neste

    sentido agradecemos a todos os que de forma direta ou indireta

    auxiliaram a tornar esta idia realidade.

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    Executores

    Ncleo de Gesto de Design da Universidade Federal de Santa

    Catarina no nome de Andr Sens, Carina Scandolara, Augusto Fornari,

    Diogo Ropelato, Eugenio Merino, Giselle Merino, Luiz Fernando

    Gonalves Figueiredo, Eliete Auxiliadora Ourives e todos que de forma

    direta e indireta participaram algum momento do projeto, das

    discusses, das viagens.

    Colaboradores e Apoiadores

    A Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de Santa

    Catarina (EPAGRI/ICEPA) e Secretaria de Estado da Agricultura e

    Desenvolvimento Rural, Barbara Pettres (Imprensa ICEPA/EPAGRI),

    Maria Helena Dotto, Domingos Rogrio Donadel, Paulo Roberto

    Carneiro Maia e Joo Carlos Biasibetti (CETRESMO/EPAGRI), Marcelo

    Schmidt (Schimpack embalagens), Renato Broetto ex-secretrio

    adjunto da secretaria de Estado da Agricultura.

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    Prefcio

    Comentar sobre o lanamento deste terceiro volume do Projeto de

    Valorizao de Produtos da Agricultura Familiar atravs do DESIGN to

    importante quanto ver a dimenso que o projeto obteve. Tenho

    acompanhado distncia, matrias falando sobre o projeto em revistas na

    Italia, Uruguai, Portugal, Espanha, Turquia, alm de eventos tcnicos no

    Brasil.

    Projetos como este que juntam o saber e conhecimento dos

    pesquisadores e alunos de uma Universidade juntamente com instituies

    pblicas como Secretaria de Estado da Agricultura e Epagri, e Instituies

    no governamentais como Associaes, cooperativas e agricultores,

    mostram o quanto so necessrios projetos de parceria que alm de

    resultarem em economia de investimentos, resultam tambm em projetos

    melhores, mais inovadores, articulados e com o enfoque voltado ao social.

    A importncia de pensarmos em solues para melhorar a agregao de

    valor e conseqentemente a comercializao dos produtos da agricultura

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    familiar, j est se concretizando por iniciativas como a deste projeto, os

    novos programas da Secretaria Nacional da Agricultura Familiar

    MDA/SAF como os programas Agricultura Familiar e Mercado e

    Produtos e Mercados Diferenciados, alm de projetos do Sebrae e

    tantas outras instituies.

    O assunto Design j aparece em capas de revistas com VEJA, Pequenas

    Empresas Grandes Negcios, HSM Management, Consumidor Moderno e

    com isto cresce a cada dia o nmero de pessoas e instituies

    preocupadas e ao mesmo tempo dispostas a empreender a aplicao do

    Design nas mais diferentes reas como a que foi proposta na primeira

    verso do Projeto de Design em 2002.

    Sei que o caminho este, pois so projetos como o do Ncleo de Gesto

    do Design da UFSC, Sabores do Paran, Vitrine Rural no Rio Grande do Sul

    e tantos outros que esto em desenvolvimento que faro com que a

    Agricultura Familiar seja melhor reconhecida e remunerada.

    Danilo Pereira Gerente de informaes da EPAGRI

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    Sumrio

    Apresentao 11 Agricultura Familiar & Design 15 Agricultura Familiar 16 A contribuio do design na agricultura 21

    Projeto 27 Definio do projeto 31 Procedimentos 33 Diagnstico 39

    Desenvolvimento 41 Definio do projeto 42 Levantamento, anlise e discusso 52 Cachaa 53 Produo de cachaa 58 Pesquisa no ponto de venda 60 Lomba 63 Pesquisa da localidade 65 Definies de parmetros de projeto 70

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    Processo Criativo 73 Primeiras idias 76 Validao e refinamento 86

    Sntese 102

    Consideraes Finais 104

    Referncias 109

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    Apresentao

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    Apresentao

    O design vem participando de forma ativa no desenvolvimento social e

    econmico atravs das suas diversas manifestaes. Uma delas refere-

    se melhoria da qualidade aparente dos produtos exemplificada neste

    trabalho atravs do desenvolvimento de embalagens e rtulos para um

    produtor familiar da localidade de Palma Sola, extremo oeste do

    Estado de Santa Catarina Hermes de R.

    Uma das aplicaes consideradas recentes no design o Agro design,

    ou design aplicado agricultura, que tem por finalidade a aproximao

    do design, nas suas diversas formas de atuao a esta rea. No caso

    especfico deste trabalho, seu foco central na agricultura familiar

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    importante mencionar que o design, em todas suas manifestaes

    ainda se encontra distante de uma srie de setores produtivos, dentre

    eles a Agricultura. As razes so vrias dentre elas pode se citar o

    desconhecimento por parte dos produtores dos benefcios que o

    design pode lhes trazer, e de igual forma para os designers certo

    desconhecimento do que a agricultura pode oferecer.

    No poderia se negligenciar neste sentido a importncia da

    sustentabilidade em todas as dimenses da sociedade atual. Esta

    tendncia, que ganha sistematicamente novos adeptos em todos os

    setores produtivos, sem dvida um diferencial que deve ser

    incorporado. Considerando os aspectos sociais, econmicos e

    ambientais, o design pode contribuir no desenvolvimento de projetos

    que incorporem na sua essncia estes valores.

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    Neste sentido, objetiva-se apresentar, na prtica, como o design pode

    contribuir na melhoria deste tipo de produtos, utilizando-se de

    procedimentos sistematizados, numa viso participativa de todos os

    envolvidos.

    Como sntese o projeto pretende, desenvolver uma identidade visual

    que represente a agroindstria, atentando a questo de identificao

    de origem, especificamente neste caso ao produtor e aspectos

    geogrficos marcantes. Evidenciar e resgatar tambm valores oriundos

    da agricultura familiar e atentar para os aspectos de legislao

    vigentes.

    Buscar na sua identificao elementos que auxiliem a competitividade

    e entrada em novos mercados, buscando a sua diferenciao e

    incorporando a sustentabilidade.

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    Agricultura Familiar & Design

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    Agricultura Familiar & Design

    Agricultura Familiar

    A agricultura uma atividade que acompanha o ser humano desde

    seus primrdios, ajudando num primeiro momento na subsistncia do

    mesmo e transformando-se gradativamente, com as mudanas sociais,

    polticas e econmicas, numa atividade comercial muito importante

    para os pases.

    Em muitos casos esta atividade a fora principal de um pas e

    responde por um nmero significativo de pessoas envolvidas, neste

    sentido a agricultura familiar, segundo dados do Ministrio do

    Desenvolvimento Agrrio (MDA, 2005), foi responsvel por 10,1% do

    Produto Interno Bruto Nacional - (PIB) do ano de 2003.

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    A agricultura familiar uma forma de produo onde predomina a interao entre gesto e trabalho; so os agricultores familiares que dirigem o processo produtivo, dando nfase na diversificao e utilizando o trabalho familiar, eventualmente complementado pelo trabalho assalariado. (www.mda.gov.br/saf, 2007).

    Tendo como base os critrios de classificao do Programa Nacional da

    Agricultura Familiar - Pronaf, estima-se que a agricultura familiar em

    Santa Catarina representa um universo de 180 mil famlias, ou seja,

    mais de 90% da populao rural. Estas famlias de agricultores, apesar

    de ocuparem apenas 41% da rea dos estabelecimentos agrcolas, so

    responsveis por mais de 70% do valor da produo agrcola e

    pesqueira do estado, destacando-se na produo de 67% do feijo,

    70% do milho, 80% dos sunos e aves, 83% do leite e 91% da cebola

    (CEPA, 2007). Caracterizando-se por uma produo realizada por

    grupos familiares de pequeno porte, que vem se organizando atravs

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    de associaes e cooperativas, com o objetivo de melhorar sua

    performance comercial.

    A agricultura familiar responsvel por quatro em cada dez alimentos que chegam mesa dos brasileiros. (www.radiobras.gov.br, 2007).

    Existem aproximadamente cinco milhes de estabelecimentos

    agropecurios em todo o Brasil. Desse total, mais de 4,1 milhes (84%)

    so de agricultores familiares. O setor fundamental para a produo

    agrcola. Um estudo feito pela FIPE (Fundao Instituto de Pesquisas

    Econmicas, 2006), mostra que, somente em 2003, o setor foi

    responsvel por 10,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional,

    movimentando R$ 156,6 bilhes. A agricultura familiar tambm

    responde por mais de dois teros dos postos de trabalho no campo.

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    A agricultura familiar no Brasil praticada por 14 milhes de pessoas, o que equivale a 60% do total da agricultura brasileira. Os estabelecimentos agropecurios de origem familiar representam 85% de todos existentes no Pas. E, ainda, mais da metade dos produtos da cesta bsica so produzidos por unidades de agricultura familiar, como feijo, arroz e milho. No entanto um segmento que tem apresentado grande necessidade de apoio pela sua dificuldade em responder s novas exigncias de quantidade e qualidade do produto agrcola no mercado. (www.sebraego.com.br, 2007).

    A relao que vem sendo estabelecida entre o governo e instituies

    em favor do desenvolvimento da agroindstria de pequeno porte vm

    sendo objeto de investimentos e como forma de melhor entender esta

    relao se faz necessrio definir alguns conceitos, dentre eles a

    agroindstria de pequeno porte.

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    Agroindstria de pequeno porte entendida como uma unidade

    industrial de transformao e/ou beneficiamento de produtos

    agropecurios, localizada no meio rural, gerenciada pelos prprios

    agricultores, em escala no industrial tradicional (de grande

    agroindstria) (Prezotto, 1997).

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    A contribuio do Design na Agricultura

    Segundo o documento referencial do Ministrio do Desenvolvimento

    Agrrio (2007), os produtos oriundos da agricultura, neste caso,

    especificamente da agricultura familiar se apresentam com bons nveis

    de qualidade, quanto sua produo que se caracteriza por quantidades

    consideradas pequenas. Neste sentido existe a possibilidade de um

    controle maior, tendo em vista que em muitos casos uma produo

    quase artesanal. O volume de produtos alcanado atravs da juno

    das produes individuais na forma de associaes e ou cooperativas,

    com a finalidade de atender a demanda e reduzir custos de

    comercializao.

    Observa-se, no entanto, que um dos problemas enfrentados refere-se

    forma de apresentar os produtos nos pontos de venda, sendo que

    este problema se multiplica no momento em que os produtos passam

    a ser comercializados em ambientes maiores, onde a concorrncia

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    direta se manifesta, como por exemplo, supermercados. Isto pode ser

    corroborado pelas tendncias para ano de 2006, que indicam um

    crescimento nas possibilidades de consumo, principalmente em

    produtos de valor agregado, prevendo um cenrio expansivo (Haberli,

    2005).

    Desta forma, associando as necessidades de consumo crescentes,

    consumidores cada vez mais exigentes e preocupados, os aspectos

    informacionais dos produtos e em especial os alimentos ganham uma

    grande importncia. Somado a isto os aspectos esttico-formais,

    referentes ao ponto de contato entre consumidores e produtos

    tambm se torna importante.

    ...nos negcios, o design entendido, cada vez mais como uma atividade essencial que confere vantagem competitiva de duas maneiras: ao trazer a tona o significado emocional que produtos e servios tm para o consumidor e ao captar o alto valor dessas ligaes emocionais. (Lojacono e Zaccai, 2004:98).

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    Sendo assim, ao conciliar um produto de boa qualidade, com uma

    apresentao que estabelea o vinculo com seu consumidor, estar-se-

    atentando para os dois envolvidos, o consumidor e o produtor,

    intermediados pelo design, estabelecendo uma interao bem

    sucedida.

    Ainda h outro ponto importante onde o design pode contribuir de

    forma indireta a agricultura familiar, no caso da permanncia no

    campo. Tem-se observado nos ltimos 50 anos um aumento gradativo

    do xodo rural (Altmann et al, 2003) sendo objeto de grande

    preocupao. Os grandes centros chamam a ateno, principalmente

    das novas geraes, que no encontram oportunidades de crescimento

    e desenvolvimento no eixo rural.

    O esforo por minimizar esta situao tem levado a procurar

    alternativas de propiciar oportunidades de crescimento e

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    desenvolvimento no meio rural. Neste ponto, o design,

    especificamente o agro design se apresenta como uma alternativa no

    sentido de poder contribuir e em alguns casos minimizar esta situao,

    valorizando os produtos na sua qualidade aparente, permitindo que os

    mesmos possam integrar a cadeia econmica com vantagens

    competitivas (Merino e Pereira, 2005).

    importante esclarecer que o design no se restringe unicamente a

    qualidade aparente, retratada neste trabalho nos seus rtulos e

    embalagens, mas tambm a grande aplicabilidade do design, que vai

    desde produtos at mdias digitais, passando por uma grande gama de

    alternativas.

    O design corretamente gerenciado se constitui numa fonte de vantagens competitivas, uma eficaz metodologia para a inovao de produtos e processos e um fator de rentabilidade econmica em qualquer setor (DDI, 2005:01).

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    Desta forma a competitividade um fator fundamental quando se

    trata da comercializao de produtos. Segundo pesquisa realizada pela

    Confederao Nacional da Indstria CNI (2005), cerca de 50% das

    empresas investiu em design, sendo que esse esforo foi maior nos

    estabelecimentos de maior porte: 56,7% das mdias e grandes

    empresas investiram nessa atividade, contra 43,2% das micro e

    pequenas. Nos setores de vesturio e acessrios e de mveis, em

    especial, a atividade de design foi estratgica para a consolidao das

    empresas no mercado. Os setores farmacuticos (78,6%) e de

    alimentos (75%) destacaram-se entre aqueles que evidenciaram

    impactos positivos do investimento em design sobre as vendas.

    Estes dados oriundos do setor industrial servem de referncia para a

    agricultura, especificamente para os empreendimentos de pequeno

    porte, objeto deste trabalho, e conseqentemente inferir que

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    possvel incorporar o design e obter melhorias na competitividade dos

    produtos.

    As contribuies so de fato bastante importantes e numerosas. Neste

    sentido este texto no pretende esgot-las e sim apresentar um

    panorama com alguns dos fatores que podem ser integrados entre

    estas duas reas. Neste sentido o papel do design para preservar a

    identidade e qualidades regionais fundamental.

    As que es perfectamente lgico que los productos de

    diseo fortalezcan la imagen de la regin y, con ella, sus

    cualidades y su identidad (Valcke, 2004:34).

  • Hermes de R

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    Projeto

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    Projeto

    Partindo do princpio que o design e a gesto so suscetveis de

    aplicao a qualquer empresa (Predica, 2006:6), so necessrios que

    sejam definidos os procedimentos a serem seguidos para o

    desenvolvimento do projeto.

    Neste caso, a proposta tem por princpios a integrao e a inovao

    (Merino, 2002), se utilizando de estratgias que possibilitem o

    envolvimento direto do cliente, tanto no levantamento de

    informaes, quanto na definio dos parmetros de projeto e

    certamente na configurao final do produto. Isso tudo sem esquecer o

    consumidor e mercado como um todo, foco primordial para os

    aspectos de competitividade.

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    Las nuevas exigencias del mercado hacen que los

    productos deban tener una identidad propia y personal

    para un cliente que es cada vez mas exigente (Predica, 2006:08).

    Com relao integrao e inovao, fundamental que existam

    equipes multidisciplinares atuando em sintonia. No caso dos produtos

    oriundos da agricultura familiar os profissionais de marketing,

    alimentos, nutrio, engenharia, legislao, design, informao, dentre

    outros precisam buscar uma convergncia de pensamentos e aes

    visando um objeto maior e comum que deve ser definido

    estrategicamente.

    Acompanhando esta forma de trabalho, a inovao se apresenta como

    ferramenta atual e inegavelmente um dos elementos que fazem do

    design ganhar fora e importncia no mundo globalizado e

    competitivo.

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    Finalmente a sustentabilidade junto aos seus princpios deve estar

    presentes em todos os projetos desenvolvidos pelo design, respeitando

    e considerando a realidade local tanto dos produtores, quanto dos

    consumidores, visando minimizar os impactos advindos de todas as

    etapas do processo.

    Na agricultura, a sustentabilidade ganha uma fora importante ao ser

    responsvel por significativas parcelas do desenvolvimento econmico

    e social do estado de Santa Catarina. Desta forma o design melhorando

    a qualidade aparente dos produtos (embalagem/rotulagem), pode

    tambm auxiliar na reduo de impactos, como por exemplo, o

    empobrecimento das famlias que vivem da agricultura familiar.

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    Definio do Projeto

    Definir uma estratgia: especialmente importante quando tm sido detectados dficits estruturais ou quando se parte da ausncia completa de antecedentes de design. (Predica, 2006:16).

    Conforme citao anterior, o cliente desconhecia totalmente o design,

    mas reconhecendo, aps, a apresentao da idia global do projeto

    que ele no possua uma forma adequada para se inserir no mercado,

    objetivo maior do empreendimento familiar.

  • Hermes de R

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    Com o objetivo de desenvolver a embalagem e rotulagem da cachaa

    produzida pelo produtor Sr. Hermes de R, considerando a realidade

    local, a produo, o mercado direto e atual, o mercado indireto e

    futuro, dentre outros fatores importantes para potencializar sua

    comercializao e principalmente reconhecimento, que foi feita a

    definio do projeto, bem como os procedimentos que seriam

    adotados para seu desenvolvimento.

  • Hermes de R

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    Procedimentos Os procedimentos utilizados neste projeto apiam-se nos aspectos

    estratgicos da Gesto de Design, neste sentido foram seguidos os

    seguintes passos: diagnstico, definio, determinao e integrao.

    (Merino, 2002).

  • Hermes de R

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  • Hermes de R

    35

    No diagnostico realizada uma anlise da situao, frente

    problemtica que originou a demanda, utilizando-se de ferramentas e

    tcnicas de levantamento de informaes. Este primeiro momento, de

    fato, fundamental para (re) conhecer as variveis, os atores diretos e

    indiretos, suas capacidades e limitaes, suas expectativas e projees,

    dentre outros fatores.

    Na definio, so formalizados os caminhos a serem percorridos para o

    alcance dos objetivos gerados na etapa anterior. A determinao

    refere-se aos pontos fortes e fracos evidenciados na etapa anterior,

    que permitiram definir critrios que auxiliaram o processo de gerao

    de alternativas. Finalmente a integrao, que na prtica permeia todas

    as etapas propostas, incentiva inter-relao das diversas reas

    envolvidas, com a finalidade de tornar o projeto mais eficaz e eficiente,

    gerando solues adequadas e viveis.

  • Hermes de R

    36

    Na parte operacional, o processo tem como base a gesto participativa

    de todos os atores envolvidos, neste sentido as visitas ao local de

    produo so fundamentais, ao igual que os levantamentos realizados

    nos pontos de venda para estudo do comportamento dos produtos.

    O processo de design se apoiou nas informaes coletadas e nos

    parmetros de projeto definidos pelo produtor bem como as limitaes

    impostas. Aps a gerao de alternativas por parte da equipe de

    projeto, foram apresentados ao produtor e famlia. Os mesmos

    discutiram junto equipe de projeto a (s) melhor (es) alternativa (s), e

    juntos escolheram. Para cada alternativa foram elaborados prottipos

    com os rtulos desenvolvidos que somados as imagens bidimensionais

    e registro fotogrfico serviram como base para a tomada de deciso.

    importante mencionar que o nmero de alternativas a serem geradas

    pela equipe durante o processo de desenvolvimento no tem limites, a

  • Hermes de R

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    no ser o tempo disponvel para esta etapa. Aps a anlise e definio

    da viabilidade (tcnica, financeira, etc), recomenda-se escolher a

    proposta que melhor responda aos critrios definidos. No entanto

    deve-se considerar o cliente e sua viso do design que o leva a

    imaginar que ter mais de uma alternativa para escolher, neste

    sentido a equipe dever optar por uma estratgia, que pode ser a

    apresentao de uma proposta ou de um nmero maior.

    A resposta do nmero ideal no existe, cada situao apresenta

    particularidades que a equipe dever considerar e determinar a melhor

    estratgia. No caso do NGD, se prima pela definio do conceito

    somado a aplicao em duas alternativas, podendo em casos especiais

    e extremos chegar a trs, mas tecnicamente os projetos so

    encaminhados sobre o(s) conceito(s) que tecnicamente respondem de

    melhor forma aos parmetros de projeto.

  • Hermes de R

    38

    Os procedimentos prticos seguidos no processo de design apoiaram-

    se tambm nas propostas de Vidales (1995), que apresenta as etapas:

    analtica, criativa e executiva, juntamente com a proposta de Mestriner

    (2002), onde so consideradas questes relativas ao processo,

    consumo, inter-relao com outras reas, dentre outras questes.

    Em sntese, os procedimentos adotados pelo Ncleo de Gesto de

    Design, no desenvolvimento deste projeto, se resumem a:

    Definio do projeto e levantamentos preliminares;

    Levantamento, anlise e discusso das pesquisas;

    Definio de parmetros de projeto;

    Processo criativo;

    Validao e refinamento;

    Aprovao e especificaes;

    Produo.

    Com base nestas informaes a seguir apresentado o projeto, de

    forma resumida, evidenciando os momentos mais marcantes do

    processo como forma de retratar e servir de exemplo para futuras

    experincias.

  • Hermes de R

    39

    Diagnstico da situao atual, Perspectivas e aspectos Legais

    O objeto do projeto (cachaa) vinha sendo produzido num alambique

    artesanal, com uma produo limitada devido disponibilidade de

    matria prima (cana e acar) e ao de tempo do prprio produtor que

    o divide na produo de outros produtos tais como frutas, milho,

    criao de gado, etc., todos em pequena escala, praticamente para a

    subsistncia da famlia.

    Especificamente quanto ao produto cachaa. Esta j possua um nome

    que o identificava nas localidades prximas, sendo que toda a

    produo era consumida e reconhecida com sendo uma boa cachaa

    pelos consumidores. Destaca-se que o produto reconhecido como

  • Hermes de R

    40

    cachaa da lomba, em razo da propriedade estar localizada numa

    lomba. O produto embalado em garrafas PETs (reaproveitadas) ou

    garrafes de 5 litros.

    Foi realizada uma pesquisa junto ao Instituto Nacional da Propriedade

    Industrial e no foram encontrados registros dos nomes inicialmente

    cogitados: cachaa da Lomba, o nome do produtor (Hermes de R),

    dentre outras buscas iniciais.

    Desta forma, a proposta de desenvolver um projeto junto a este

    produtor se apresenta com uma perspectiva bastante promissria e

    como um grande desafio.

  • Hermes de R

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    Desenvolvimento

  • Hermes de R

    42

    Definio do Projeto e Levantamentos Preliminares

    Esta etapa se caracteriza pelo levantamento prvio de informaes e

    definies do projeto a ser desenvolvido. Neste caso especifico o

    Instituto CEPA (atualmente incorporado a EPAGRI), atravs dos seus

    estudos, pesquisas e conhecimentos in loco da realidade da agricultura

    em todo o Estado de Santa Catarina, observando as potencialidades

    definiu como provvel projeto o caso do produtor Hermes de R.

    Como forma de corroborar a escolha, foram realizados contatos com

    os responsveis do Centro Experimental da EPAGRI de So Miguel do

    Oeste (CETRESMO), os quais apoiaram a iniciativa. Uma das razes foi

    que este produtor estava recebendo todo o apoio tcnico para

    produzir sua cachaa dentro de padres de excelncia e orientado pela

    EPAGRI local, com a qual estaria fazendo cursos sobre o tema.

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    Centro de Treinamento da EPAGRI So Miguel do Oeste/SC.

    Outro fator decisivo para a escolha foi o interesse do prprio produtor,

    que em reunies anteriores junto a representantes da Secretaria da

    Agricultura demonstrou grande vontade em poder participar do

    projeto. Considerando que ele estaria construindo um alambique, e

    que o resultado final do projeto estaria muito prximo da data de

    concluso das obras e conseqentemente poderia dispor de

  • Hermes de R

    44

    embalagem, rtulos e principalmente uma identidade visual (marca),

    para iniciar suas atividades de produo e comerciais.

    Aps ter a definio do potencial do projeto, e sabendo-se o tipo de

    produto que poderia vir a ser desenvolvido, foram realizadas novas

    pesquisas, buscando informaes sobre o produto (cachaa), sobre a

    localidade (aspectos geogrficos, sociais, econmicos), sobre o tipo de

    produo, dentre outros itens, com a finalidade de se terem

    informaes para iniciar o processo.

  • Hermes de R

    45

    Mapa do Estado de Santa Catarina (www.guianet.com.br/sc/mapasc.htm).

    Com base nestas e outras informaes foi realizada uma visita a

    propriedade do Sr. Hermes de R, localizada em Palma Sola, extremo

    Oeste do Estado de Santa Catarina, distante a 623 km de Florianpolis,

    prximo ao municpio de Jos dos Cedros.

    Palma Sola

    NGD/UFSC

  • Hermes de R

    46

    Estrada localidade de Palma Sola/SC.

    A propriedade se localiza numa regio montanhosa, conhecida como

    lomba, neste sentido foi evidenciada pelo produtor que a cachaa

    produzida por ele era conhecida como cachaa da lomba.

  • Hermes de R

    47

    Durante uma das visitas foi realizada uma apresentao do projeto,

    mostrando os resultados anteriormente alcanados em outros projetos

    aplicados a agricultura familiar, a proposta de operacionalizao, bem

    como detalhes julgados importantes do processo. Nesta visita alm de

    membros do NGD, estavam presentes representantes da ICEPA/EPAGRI

    e da Secretaria da Agricultura.

    Apresentao famlia de R do projeto (Palma Sola/SC).

  • Hermes de R

    48

    Ao final da mesma, foi proposto oficialmente desenvolver um projeto

    prprio para ele, para o qual houve grande receptividade e alegria por

    parte de todos os presentes. Aps esta apresentao a equipe visitou a

    propriedade e fez o primeiro levantamento com o produtor e famlia,

    conhecendo as atuais instalaes de produo, dentre elas o

    alambique.

    Alambique e vista geral da propriedade do Sr. Hermes de R (Palma Sola/SC).

  • Hermes de R

    49

    Foi possvel conhecer tambm s instalaes (em construo) do novo

    alambique e principalmente as idias e sonhos do produtor e de sua

    famlia. Com estas novas instalaes a produo instalada seria de

    30.000 litros/ano.

    Vista geral do alambique em construo.

  • Hermes de R

    50

    De posse das informaes coletadas durante a visita a equipe retornou

    para Florianpolis para continuar com as atividades do projeto. Esta

    primeira visita foi muito importante, por que permitiu conhecer o

    cliente, bem como definir os caminhos a serem seguidos. Dentro dos

    procedimentos que fazem parte do processo de desenvolvimento de

    projetos, utilizados pelo NGD, esta o registro escrito de todas as

    reunies, visitas, pesquisas, etc., que tenham relao com o projeto.

    Estes tipos de aes vem auxiliando de forma significativa o

    andamento dos projetos, no sentido de sempre se ter informaes

    atualizadas e mais confiveis.

    Assim sendo antes, durante e aps a visita os membros da equipe

    registraram atravs de imagens, filmagens e escritos tudo o que

    aconteceu. A seguir apresentado um resumo das informaes

    coletadas, como forma de exemplificar.

  • Hermes de R

    51

    HERMES DE R Produtor de Cachaa Artesanal de Palma Sola

    Pauta Apresentao do NGD/UFSC e dos projetos desenvolvidos + papel do Design.

    Presentes Sr. Hermes de R e famlia, Cetresmo/SC, ICEPA/EPAGRI-Florianpolis, Secretaria da Agricultura de SC e equipe do NGD/UFSC.

    Observaes e comentrios

    Produo de cachaa de app. 30.000 l/ano, com Alambique em construo; Produz vinho e cria gado; A propriedade se localiza numa lomba: Cachaa da Lomba; Produo e engarrafamento artesanal; No possui registro (j solicitado); A populao local se caracteriza por um baixo poder aquisitivo; Palma Sola possui aproximadamente 34 comunidades com uma diferenciao social acentuada, comercio em bares e direto nas propriedades; Produo com pretenso e previso de crescimento; Dificuldade de matria prima (cana), por isto da cadncia da produo; Capacidade do alambique de 500 litros, com possibilidade de fazer at 4 alambicadas por dia.

    Comercializao CETRESMO: garrafa de 2 litros (PET) R$ 3,50 / garrafo de 4,8 litros R$ 8,00; Produtores da regio: garrafo de 4,8 litros R$ 5,00 a 6,00; Vinda de So Paulo: garrafo de 4,8 litros R$ 2,80, re-embalada para 1 litro comercializada a R$ 1,20.

    Consideraes importantes

    Proposta experimental; pensar no regional; definido um nico produto de boaqualidade; Embalagens para comercializao local: plstico e fora da regio em vidro (a ser analisada pela equipe tcnica), mantendo uma nica marca (identificao); Associar o produto ao nome do produtor.

    Futuras aes Iniciar pesquisa e elaborar um cronograma de atividades e aes. Encaminhar documento com estas especificaes a todos os envolvidos, solicitando anuncia formal (proposta de trabalho); retorno em app. 45 dias.

    Resumo do registro da primeira visita realizada a propriedade do Sr. Hermes de R.

  • Hermes de R

    52

    Levantamento, Anlise e Discusso

    Nesta etapa a equipe de projeto iniciou uma srie de pesquisas para

    aumentar e aprofundar o conhecimento sobre o assunto. Dentre as

    pesquisas realizadas podem-se destacar: pesquisas de ponto de venda,

    pesquisas sobre o histrico e processo de produo da cachaa,

    fornecedores de embalagens, processos e disponibilidade de impresso

    de rtulos, pesquisas dos aspectos regionais, geogrficos, culturais e

    sociais da localidade e dos potenciais pblicos alvos, dentre outros

    assuntos de interesse.

    De forma a ilustrar estas pesquisas sero apresentados alguns resumos

    destes levantamentos.

  • Hermes de R

    53

    Cachaa

    O que cachaa? aguardente de cana de acar, e aguardente

    bebida de elevado teor alcolica, obtida por destilao de frutas,

    cereais, sementes.

    O que destilao? Destilao fazer com que uma substncia em

    estado lquido evapore, tornando-se gasosa. O vapor obtido passa por

    um processo de condensao e se transforma em gotas pinga

    retornando ao seu estado lquido.

  • Hermes de R

    54

    Em outros pases produtos prximos so obtidos de diferentes

    matrias primas e mundialmente conhecidos. A figura a seguir

    apresenta alguns exemplos.

    pais matria prima produto RSSIA centeio vodca

    ITLIA mosto do bagao da uva grappa

    ALEMANHA cereja kirsh

    JAPO arroz saqu

    ESCCIA cevada maltada usque

    PORTUGAL uva bagaceira

    CHILE uva pisco

    BRASIL cana de acar cachaa

    Alguns produtos representativos do processo.

    A origem do nome, segundo Cmara Cascudo (1979), no seu dicionrio

    do Folclore Brasileiro, afirma que provm do Castelhano cachaza,

    vinho de borras.

    A cachaa artesanal feita com cana de acar tratada a po-de-l

    (cana cultivada sem agrotxico e colhida sem fogo). Na fermentao os

  • Hermes de R

    55

    nutrientes so exclusivamente naturais (caldo de cana moda, fub,

    farinha de arroz sem inseticidas), um processo trabalhoso e lento que

    pode durar at 38 horas. O fermento natural carrega uma flora

    microbiana mista que produz lcool e outros componentes que

    realam o sabor e o aroma da cachaa, o bouquet em portugus

    buqu.

    A cachaa industrializada geralmente feita com mistura de melao

    mais aguardente. O processo de fermentao da cachaa industrial

    acelerado por aditivos qumicos, demora no mximo 5 horas. Sua

    destilao realizada em aparelhos chamados de colunas ou troncos

    de destilao, destiladores aquecidos a vapor, podendo atingir uma

    produo de milhares de litros por dia.

  • Hermes de R

    56

    Segundo a Associao dos Produtores de Cachaa artesanal do Paran a

    historia da cachaa foi seguinte:

    Foi primeira bebida destilada na Amrica Latina, descoberta por acaso

    entre os anos de 1530 e 1550 durante a produo do acar;

    Inicialmente era servida como suplemento aos animais e escravos, logo

    deixou as senzalas e chegou s mesas da corte, transformando-se no

    sculo XIX em smbolo de brasilidade e resistncia contra o colonialismo

    de Portugal;

    Bebida que acompanhou todas as mudanas ocorridas em cinco sculos

    de Brasil, participou da Revoluo Pernambucana e da Inconfidncia

    Mineira;

    A cachaa foi bebida escolhida para brindar a Independncia do Brasil

    por D. Pedro I e, pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, nas

    comemoraes dos 500 anos de descobrimento ao brindar com o

    Presidente de Portugal, como um smbolo de nossa brasilidade e de nossa

    relao amistosa com outros povos.

  • Hermes de R

    57

    Complementando estas informaes, segundo o site do Museu da

    cachaa, os primeiros relatos sobre a fermentao vem dos egpcios

    antigos, no qual utilizavam para a cura de vrias molstias, inalando o

    vapor de lquidos aromatizados e fermentados absorvido diretamente do

    bico de uma chaleira, num ambiente fechado.

    Em seguida os gregos registram o processo de obteno de cqua ardens.

    A gua que pega fogo - gua ardente.

  • Hermes de R

    58

    Produo da Cachaa

    A aguardente de cana de acar a segunda bebida alcolica

    consumida no Brasil. So aproximadamente 70.000.000 de doses

    consumidas diariamente entre as 18 e 21 horas. Estima-se que um em

    cada dois brasileiros toma sua dose diria.

    A produo em Santa Catarina se situa na faixa de 6.000.000 de litros

    anuais, com um consumo na ordem de 35.000.000 de litros. Santa

    Catarina possui 14.664 ha de cana-de-acar plantados, localizados

    predominantemente nas regies mais quentes do estado, no Litoral,

    Vale do Itaja e Oeste, estes nmeros tendem a aumentar ano a ano,

    permitindo estas informaes prever a dimenso da importncia deste

    produto.

  • Hermes de R

    59

    Segundo dados da Fenaca - Federao Nacional das Associaes dos

    Produtores de Cachaa de Alambique, da produo anual estimada em

    1,3 bilhes de litros (dos quais 60% industrializados e 40% artesanais

    de alambique) consumida mais de 1 bilho de litros por ano apenas

    no mercado interno. No externo, a bebida oficial do Brasil conquista o

    mercado de luxo e apresenta qualidade em condies de concorrer

    com os principais destilados do mundo.

  • Hermes de R

    60

    Pesquisa de Ponto de Venda

    Esta pesquisa teve como finalidade o levantamento de informaes

    relativas ao produto Aguardente/Cachaa, fazendo parte da fase

    analtica da metodologia utilizada neste projeto.

  • Hermes de R

    61

    Os procedimentos utilizados foram observao e anlise visual de

    produtos similares nas prateleiras, atentando para aspectos formais de

    rtulos, especificaes cromticas, embalagens, capacidades,

    acessrios, etc.

    Foram levantadas informaes sobre preos dos produtos, bem como

    origem dos mesmos. Neste item foram observadas e analisadas

    questes histricas e formas de produo sob a tica de identificao

    de origem, bem como outras informaes existentes tais como receitas

    e dicas de uso dos produtos.

    Outras informaes referentes a promoes, prmios, embalagens e

    rtulos especiais foram observadas quando existentes.

  • Hermes de R

    62

    Como exemplo, apresentado uma das pesquisas realizadas.

    Nome Procedncia Cont. ml R$ Selo [*] Obs. Veio de Minas So Gonalo do

    Rio Abaixo 750 Sim Caixa ilustrada

    Minha Deusa Betim 1000 Sim

    Pira Pora PiraPora 750 Sim Selo Brasil export + Vidro cachaa de Minas [idem]

    Cachaa Mineira Ouro 100 limite

    Careau 700 sim

    Cachaa Artesanal de Minas Benvinda

    Patus de Minas 700 No Vidro cachaa do Brasil

    Monte Abrao Itatianu 960 sim

    Freguesia do Carmo Prata 700 no Vidro cachaa do Brasil

    Samba e Cana Lagoa Santa 700 Sim [**]

    Vidro cachaa do Brasil + folheto

    Magia de Minas Guape 750 sim Vidro cachaa de Minas [idem] + rtulo

    Aguardente da Boa Vista

    Barroso 980 sim

    Vale Verde 1000 sim

    Germana 1000 Embalagem em palha

    [*] AMPAQ Associao Mineira dos Produtores de Cachaa de Qualidade.

    [**] Selo de Cachaa Artesanal (THEE SINGLE BRAZILIA SPIRIT)

  • Hermes de R

    63

    Lomba

    A regio onde est localiza a propriedade montanhosa e localiza-se

    exatamente numa Lomba. Sendo assim, foram realizadas pesquisas

    sobre este assunto, como forma de buscar subsdios para potencializar

    a identificao de origem, apoiada nos aspectos geogrficos.

  • Hermes de R

    64

    Propriedade do Sr. Hermes de R, na lomba (Palma Sola/SC).

    Segundo o dicionrio, Lomba = Planura sobre a serra ou qualquer

    altura. Lomba = preguia.

    No Dicionrio de Sinnimos encontra-se que, Lomba = chapado,

    crista, cume, indolncia, preguia, medo, moleza, vrtice, lombeira,

    lazeira, encosta, duna, escarpa.

  • Hermes de R

    65

    Segundo HOUAISS (2001), Lomba = 1. Dorso ou crista arredondada de

    colina; serra; monte; montanha. 2. a parte mais alta do telhado;

    cumeeira. 3. Pequeno monte de areia ou terra que se forma pela ao

    do vento. 4. Ladeira, declive. 4.1 RS declinidade de pequenos morros e

    de coxilhas baixas; lombada. 5. (Reg.) pouca disposio para o

    trabalho; preguia, lombeira.

    Pesquisa da Localidade

    A partir de informaes coletadas no site da prefeitura de Palma Sola

    (http://www.palmasola.sc.gov.br), afirma-se que, os primeiros colonizadores chegaram a Palma Sola, pela regio do Paran, pois era

    mais favorvel, sendo que era mais fcil o deslocamento pelos campos

  • Hermes de R

    66

    do Er, Palmas, do que vir por terras dobradas que se encontram em

    ao lado sul e oeste do municpio.

    O nome de Palma Sola, segundo tradio popular, derivado de Palma

    Suela, que significava na expresso castelhana, palmeira solitria, que

    ficava localizada na atual praa central do municpio. Essa palmeira na

    parte superior do tronco dividia-se em trs partes e servia como

    referncia para quem chegava e para forasteiros que por ali passavam.

    Por volta de 1920, j havia algumas famlias de caboclos que moravam

    no municpio, isolados de outras civilizaes, alguns chegavam a se

    identificar como ndios, pois viviam de forma simples, plantavam

    somente para subsistncia, a forma de comrcio era a troca, e o

    principal produto era o sal, tecidos, produtos que no eram produzidos

  • Hermes de R

    67

    na propriedade. As famlias se denominavam os Lara, Cabral, Mello,

    Oliveira, Rocha, Piruchim, algumas oriundas da Argentina.

    Em 1945 comearam a chegar colonos gachos, descendentes de

    italianos, germnicos e poloneses. Em 1951, chega famlia Crestani e

    juntamente trouxeram os Pauletti, Gritti, Zabot, no total em 23

    pessoas, passando por Clevelandia, Marmeleiro e Flor da Serra.

    Como na maioria dos municpios da regio os imigrantes obtinham a

    compra de terras atravs de empresas colonizadoras. Deste modo, a

    famlia Crestani com a inteno de desenvolver as atividades

    econmicas, construiu uma serraria e formou-se um ncleo de

    povoao.

    O sonho dos pioneiros tornou-se realidade em 18 de dezembro de

    1961, quando o ento Governador Celso Ramos Sancionou a Lei n.

    787/61, passando Palma Sola a categoria de municpio. A 30 de

    dezembro do mesmo ano o municpio era oficialmente instalado.

  • Hermes de R

    68

    Palma sola (http://www.palmasola.sc.gov.br)

    As caractersticas fsicas da regio, que possui uma rea Total -

    313,8km2. Com um clima Mesotrmico mido, com vero quente e

    invernos rigorosos. A temperatura mdia de 17,4C, e uma altitude de

    870m acima do nvel do mar.

  • Hermes de R

    69

    A cobertura vegetal original da cidade compreende dois tipos de

    formao: florestas e campos. Na rea do Municpio aproximadamente

    60 % so terrenos forte ondulados e 40% so suave ondulado.

    O municpio delimitado por vrios rios que formam a bacia do Rio das

    Antas, Capetinga, Lageado Grande, Rio Tracutinga e Lageado

    Conceio. O clima tipicamente subtropical, onde as temperaturas

    no inverno so baixas, chegando a ndices abaixo de zero e no vero,

    elevando-se as mximas de 35 a 38. As mdias das precipitaes

    pluviomtricas por ano variam entre 1900 e 2500 mm.

  • Hermes de R

    70

    Definio de Parmetros de Projeto

    Com base nas informaes coletadas e analisadas foi possvel definir os

    parmetros bsicos, os quais deveriam estar representados no projeto.

    importante mencionar que todo projeto de design objetiva em

    primeiro lugar atender a demanda inicial, ou seja, o cliente direto que

    contrata os servios do design. Juntamente com o pblico alvo que se

    pretende atingir, neste sentido importante criar mecanismos durante

    o processo, para que este item no seja negligenciado.

  • Hermes de R

    71

    Os parmetros bsicos do projeto deveriam considerar os seguintes

    itens:

    Buscar a caracterstica regional, atentando para as questes

    geogrficas da localidade (lomba);

    Definir um nico produto de excelente qualidade;

    Definir as embalagens para comercializao local no material PET

    (plstico) e fora da regio em vidro (este fator dever ser

    cuidadosamente analisado, principalmente pela questo custo);

    Desenvolver uma identidade nica para o produto cachaa que

    possa ser aplicada a outros produtos j produzidos, ou que venham

    a ser produzidos;

    Associar o nome do produtor a identidade;

    Considerar os aspectos logsticos, tanto de comercializao, quanto

    de fornecedores (grfica, garrafas, embalagens, etc);

    Destacar o tipo de produo: artesanal e com cuidados ecolgicos /

    colonial;

    Destacar o tipo de propriedade: agricultura familiar.

  • Hermes de R

    72

    Tendo como base estas consideraes, obtidas junto ao produtor e

    pelas pesquisas e anlises realizadas pela equipe, procede-se ao

    desenvolvimento de propostas.

  • Hermes de R

    73

    Processo Criativo

  • Hermes de R

    74

    Processo Criativo

    O processo criativo se caracteriza, no caso do design e especificamente

    o design grfico pela representao grfica de idias,

    preferencialmente na forma bidimensional e manualmente. Neste

    sentido importante reforar a importncia do desenho manual como

    tcnica bsica para apresentar os primeiros conceitos, em soma

    representao grfica de idias se torna uma etapa imprescindvel em

    qualquer projeto de design.

  • Hermes de R

    75

    Assim sendo, como forma de reconhecer padres e elementos grficos

    que fazem parte do projeto, foram estudadas as cores, formas,

    materiais, da matria prima utilizada. A partir das quais, foi possvel

    desenvolver elementos formais que representassem de forma clara e

    inequvoca que o produto vem da cana de acar.

    Imagens ilustrativas da matria prima.

  • Hermes de R

    76

    Primeiras Idias

    Aps as pesquisas realizadas, foram gerados os desenhos que

    representavam graficamente as primeiras idias. Todos estes

    desenhos, num primeiro momento no possuem restries de

    nenhuma ordem, apenas a considerao das informaes levantadas

    inicialmente.

    Esta etapa considerada dentro da sistemtica adotada pelo NGD

    como primordial. Nela os membros da equipe podem representar

    graficamente suas idias, facilitando a expresso, a discusso e

    principalmente a troca.

  • Hermes de R

    77

    Resultante da etapa de criao, as propostas so cuidadosamente

    analisadas, levando em considerao diversos aspectos, dentre eles:

    tcnicos, financeiros, materiais, bem como avaliando a resposta das

    propostas aos conceitos e parmetros de projeto. Para isto podem ser

    utilizadas matrizes de anlise, recomendando-se que no fique restrita

    a equipe de projeto, incorporando sempre que possvel, outros atores,

    dente eles o principal que o potencial consumidor/usurio.

    Definidas as propostas, so desenvolvidos prottipos virtuais, como

    forma de fazer uma nova anlise e avaliao. Neste caso, a embalagem

    foi modelada em 3D, possibilitando uma aproximao bastante real da

    textura da embalagem (vidro), bem como detalhes, tais como tampa.

  • Hermes de R

    78

    Modelagem em 3D da embalagem.

    Aps esta modelagem so aplicados ao produto os rtulos

    desenvolvidos e feitas as anlises de validao, ajustes de

    posicionamento, e outros itens que se faam necessrios.

  • Hermes de R

    79

    No caso deste projeto, foram definidas pela equipe depois de

    realizadas as anlises e avaliaes, trs alternativas que responderiam

    de forma satisfatria aos critrios e parmetros.

    As diferenas entre elas foram consideradas moderadas, tendo em

    vista a anlise tcnica realizada. Observam-se nas trs propostas o

    nome do produtor na posio central e de maior destaque, e as formas

    de rtulo inferior, com elementos de identificao geogrfica de

    origem (lomba), bem como da matria prima (cana de acar).

  • Hermes de R

    80

    Propostas em 3D.

    Simultaneamente foi pensada uma embalagem secundria para

    transporte. Foi escolhido derivado da celulose como material base e

    um processo de impresso num nmero reduzido de cores para

    minimizar custos de produo. Neste sentido, foi aproveitado como

    fundo a cor natural do papelo e feitas aplicaes em apenas uma cor,

  • Hermes de R

    81

    com diferenciao atravs do uso de retcula. O prottipo virtual

    permite visualizar a proposta, bem como proceder a oramentos de

    produo e verificao de viabilidade.

    Embalagem secundria em 3D.

  • Hermes de R

    82

    A planificaao da embalagem permite ter uma viso completa do

    produto, e possibilita conferir se de fato est acompanhando as

    diretrizes do projeto.

    Planificao da embalagem secundria.

  • Hermes de R

    83

    Os resultados a nvel virtual alm do fator esttico, permitem elaborar

    com maior confiabilidade os prottipos materiais.

    Os prottipos materiais foram elaborados pela equipe, tendo como

    base a garrafa de vidro de 700 ml, com a escrita em relevo Cachaa do

    Brasil e Cachaa of Brazil.

    Os rtulos foram impressos em processo digital e papel adesivado. Foi

    includo no prottipo o selo do IPI (imposto sobre o produto

    industrializado), item obrigatrio a este tipo de produto, possibilitando

    uma maior aproximao a realidade do produto quando produzido em

    escala.

  • Hermes de R

    84

    Prottipo real das propostas (1).

    A primeira proposta buscou formalmente representar atravs do rtulo

    inferior a regio montanhosa onde se encontra localizada a

    propriedade, somada ao uso de elementos que representam a cana de

    aucar.

  • Hermes de R

    85

    As duas propostas seguintes, seguiram o mesmo princpio, se

    diferenciando pelo formato do rtulo, que retrata a forma da lomba,

    que geograficamente e socialmente um forte elemento de

    reconhecimento do produtor. Foram feitas duas possibilidades, uma

    delas com um rtulo frontal limitado e outra com uma curva mais

    suave, envolvendo toda a embalagem.

    Prottipos reais das propostas (2 e 3).

  • Hermes de R

    86

    Validao e Refinamento

  • Hermes de R

    87

    Validao e Refinamento

    Aps a etapa do processo criativo, e analisado as alternativas que

    apresentavam melhor desempenho diante das exigncias do projeto,

    foi realizada uma nova visita ao produtor onde foram apresentadas as

    propostas.

    Visita para validao junto ao cliente (Palma Sola/SC).

  • Hermes de R

    88

    Num primeiro momento, foram discutidos com o produtor os

    procedimentos adotados para o desenvolvimento das propostas que

    seriam apresentadas, e que no existiria obrigatoriedade de aceit-las.

    Eles (produtor e famlia) poderiam fazer os comentrios que

    entendessem necessrios. Aps o entendimento e concordncia

    procede-se a apresentao, que contava com a presena do produtor e

    famlia, juntamente com representantes do EPAGRI/ICEPA, Secretaria

    do Estado da Agricultura e equipe do NGD.

    Apresentao para validao junto ao cliente (Palma Sola/SC).

  • Hermes de R

    89

    Durante a apresentao foi mostrado de forma resumida o processo de

    desenvolvimento, bem como as pesquisas que foram realizadas.

    Somados a isto, as anlises e parmetros que nortearam a gerao das

    alternativas. Neste ltimo, foram apresentados os desenhos que

    geraram os prottipos virtuais e logo os prottipos materiais.

    Foi possvel evidenciar que ao ver e pegar os prottipos materiais o

    cliente pode ter de fato uma percepo clara e direta de como ficaria

    seu produto.

    A resposta foi muito positiva, e pode ser sintetizada numa das falas do

    prprio produtor:

    .......no precisava ser a minha idia....... ...referenciando-se a utilizao da lomba no rtulo.

  • Hermes de R

    90

    Isto em razo de ter identificado vrios dos parmetros utilizados como

    sendo informaes apresentadas por ele mesmo.

    Foi apresentada a embalagem secundria individual, no modelo virtual.

    Esta embalagem deveria ter um custo reduzido e teria como finalidade

    ser uma opo a mais para os clientes, sendo que o produto seria

    comercializado apenas com a garrafa.

    O material escolhido foi o papelo micro ondulado, por apresentar

    uma resistncia suficiente e um custo dentro das especificaes. Sendo

    assim foram feitos prottipos e solicitados oramentos a empresa

    Schimpack (www.schimpack.com.br), empresa que vem apoiando as

    aes do NGD nos ltimos anos, participando tanto dos projetos,

    quanto de atividades acadmicas, possibilitando uma aproximao

    efetiva entre o mercado e as instituies de ensino e pesquisa.

  • Hermes de R

    91

    O mesmo se apresentou vivel e foi solicitado um lote inicial de 300

    embalagens, as quais seriam produzidas e entregues juntamente com o

    lote piloto de rtulos, tampas e garrafas de vidro, previstas no

    oramento do projeto.

    Como forma de fazer uma diferenciao para o lanamento foi

    desenvolvida uma quantidade menor (50 caixas), na cor preta e as

    demais na cor natural.

    Esta embalagem atingiu o objetivo proposto, com uma apresentao

    diferenciada, que certamente o distinguiria dos concorrentes ao serem

    expostos nos pontos de venda.

  • Hermes de R

    92

    Embalagem secundria de lanamento.

    A embalagem secundria foi aceita pelo cliente, que concordou com a

    proposta e passou a utiliz-la imediatamente. Seguido a isto, o

    produtor e famlia foram orientados na aplicao dos rtulos, para o

    qual demosntrou bastante destreza e agilidade.

  • Hermes de R

    93

    Produto final e embalagem secundria de lanamento.

    importante mencionar, que tendo em vista as limitaes de produo

    e custos, no possvel se pensar neste primeiro momento, num

    processo automatizado de etiquetagem. Neste sentido a aplicao

    manual seria uma opo vivel e de acordo com a realidade.

  • Hermes de R

    94

    Um outro apecto que vai ao encontro destas limitaes, refere-se ao

    fechamento (tampa), pensada inicialmente para ser de metal, foi

    substituda por uma de material plstico, que apresenta uma fcil

    aplicao e fechamento hermtico.

    ........o problema produzir uma cachaa com

    qualidade para colocar a....... (Sr. Hermes).

    Estes aspectos so muito importantes no desenvolvimento de um

    projeto desta natureza. Recomenda-se sempre que possvel

    desenvolver aes conjuntas com o cliente, observando e

    considerando atentamente a realidade na qual est inserida, para que

    os impactos advindos do projeto no sejam fonte de problemas

    futuros.

  • Hermes de R

    95

    Montagem dos produtos pelo produtor e famlia.

    Juntamente com o lote de embalagens secundrias na cor preta para

    lanamento, foi produzida a embalagem secundria padro. O

    resultado do ponto de vista tcnico se apresentou satisfatrio, sendo

    que os rtulos de identificao foram adesivados nas mesmas.

  • Hermes de R

    96

    .......que bonito ....vai saber agora....... (Sra. Elena, esposa).

    Embalagem secundria padro.

    A viso do conjuto de embalagens se mostrou satisfatria, mantendo o

    padro proposto no projeto, com equilbrio e harmonia. A manuteno

    da cor natural da matria prima da embalagem transfere uma maior

  • Hermes de R

    97

    leveza ao produto. importante mencionar que ajustes so realizados

    a todo momento no projeto, buscando uma melhor equao entre o

    ideal e o possvel, neste sentido, a modo de exemplo citado o uso de

    rtulos adesivos na embalagem, em razo do custo.

    Conjunto do produto final.

  • Hermes de R

    98

    Os resultados finais do projeto foram materializados e concretizados

    com a entrega de um lote piloto de produo que contava com

    garrafas de vidro, segundo a especificao, tampas, rtulos e

    embalagens secundrias. Juntamente com este material foi entregue

    ao produtor os arquivos em CD-room necessrios a produo de novos

    materiais.

    Detalhe do rtulo.

  • Hermes de R

    99

    A percepo aps a verso finalizada do projeto, por parte dos

    envolvidos foi muito positiva. Refletindo, na opinio deles de forma

    bastante clara o seu produtor, a qualidade do produto, a identificao

    e principalmente uma aparncia que em nada deixaria a desejar com

    futuros concorrentes.

    Vista superior do produto.

  • Hermes de R

    100

    Os comentrios obtidos por pessoas no diretamente relacionadas ao

    projeto (potenciais clientes), tambm refletem o resultado alcanado.

    Pode-se citar as apresentaes realizadas em eventos, congressos,

    entrevistas, etc, nas quais as manifestaes sempre foram no sentido

    de identificar o produto como competitivo e diferenciado.

    Detalhe do rtulo.

  • Hermes de R

    101

    ....... agora posso levar os produtos para fora daqui de Palma Sola. ............ assim fica muito mais

    fcil....... (Sr. Hermes de R).

  • Hermes de R

    102

    Sntese

    A identidade visual desenvolvida respondeu as necessidades do

    produtor e do mercado. Na mesma foi utilizado o nome do produtor

    como identidade e no caso da identificao geogrfica de origem,

    utilizou no prprio rtulo um formato curvo que simboliza a lomba,

    remetendo a localidade e reconhecimento do produtor

    (Hermes/cachaa da lomba).

    Identidade Visual Hermes de R.

  • Hermes de R

    103

    O nome (identidade) foi criado especialmente para ele, com formas

    que lembrem a matria prima (cana de acar).

    O suporte especificado foi a garrafa de vidro de 700 ml, especfica para

    o produto Cachaa do Brasil, com tampa plstica na cor prata e

    rtulo adesivado bipartido.

    Rtulos.

  • Hermes de R

    104

    Consideraes Finais

    importante mencionar, que o produtor no possua rtulo, nem

    embalagem apropriados para uma comercializao em pontos de

    venda.

    A produo que ele vinha tendo era embalada em garrafas plsticas de

    refrigerante (PET) e a marca conhecida do produto era cachaa da

    lomba, como referncia a localizao geogrfica da propriedade que

    fica no alto de uma lomba.

    Aps o projeto o mesmo recebeu uma nova identidade visual, rtulos e

    embalagem prpria para seu produto, com um grande diferencial,

    sendo reconhecida no concurso de Design Catarina, promovido pelo

    Centro de Design Catarina, SEBRAE no ano de 2005.

    O Sr. Hermes de R vem produzindo cachaa h bastante tempo,

    comercializando a mesma, nas proximidades da sua propriedade,

    tendo bastante sucesso por parte dos consumidores que o reconhecem

  • Hermes de R

    105

    como um excelente produtor. Este fato incentivou o mesmo a procurar

    junto a EPAGRI/SC cursos para aprimorar a produo, buscando neste

    tipo de produo uma melhoria da renda e por conseqncia da

    qualidade de vida, isto demonstra um esprito empreendedor e postura

    proativa.

    Faltava ainda um item importante, a qualidade aparente, que atravs

    do NGD/UFSC e ICEPA/EPAGRI descobriu que o design poderia auxili-

    lo, podendo melhorar ainda mais, aumentando suas expectativas e

    sem dvida as chances de sucesso.

    Para a equipe, chegar a locais distantes, pessoas simples, produtos de

    excelente qualidade e ajud-los a torn-los mais competitivos algo

    difcil de explicar em palavras.

    .....a emoo e alegria estampada no rosto do senhor e famlia um sentimento muito gratificante !!!

  • Hermes de R

    106

    Do ponto de vista do design, a identificao do produto e diferenci-lo

    dos demais, informando sobre seu contedo e benefcios que o mesmo

    possa proporcionar, so elementos chaves. Associado a isto num

    processo sistematizado e consciente, congregando conhecimentos e

    informaes de diferentes reas, junto aos prprios clientes diretos

    (produtores), possvel alcanar resultados significativos, tendo como

    base os princpios de inovao e integrao, alicerces da Gesto de

    Design, elementos bases na proposta deste projeto.

    Finalmente, deve ser destacada como elemento fundamental deste

    tipo de projeto, a contribuio que o design pode ter como elemento

    de diferenciao e competitividade. Isto aplicado a um pequeno

    produtor que dificilmente teria acesso ao design em razo da distncia,

    recursos financeiros disponveis, dentre outros e que atravs de

    parcerias entre o governo e instituies de ensino e pesquisa possibilita

  • Hermes de R

    107

    uma melhoria na qualidade de vida e principalmente um aumento na

    expectativa de crescimento e desenvolvimento. Neste sentido a

    Sustentabilidade, no apenas ambiental, mas principalmente

    econmica e social se manifestam como um fator chave no sucesso.

    ...sem dvida, nosso muito obrigado a todos!!!!!!

  • Hermes de R

    108

    ....me falaram pelo telefone que ficou muito bonito.....a gente vai se animar mais um pouquinho......os rapazes esto

    trabalhando com vontade mesmo para nos darmos continuidade

    ao trabalho.....muito Bom!!!!..... (Sr. Hermes).

  • Hermes de R

    109

    Referncias

    Aguardente Bordalesa. http://www.aguardentebordalesa.com/Aguardente.htm. Acesso em 05082007. ALTMANN, R., et al. Perspectivas para a agricultura familiar: horizonte 2010. Florianpolis: Instituto CEPA/SC, 2003. BRDE: Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul. Redes de Agroindstria de pequeno porte: experincias de santa Catarina. Florianpolis: BRDE, 2004. CASCUDO, Lus da Cmara. Dicionrio do folclore brasileiro. 5 ed. So Paulo: Edies Melhoramentos, 1979. CEPA. http://cepa.epagri.sc.gov.br/aspectos/menu_sc.htm. Acessado em 11 de agosto de 2007. Confederao Nacional da Indstria. Indicadores de Competitividade na indstria brasileira / CNI. 2. ed. rev. e atual. Braslia: CNI, 2005. CUNHA, Antnio Geraldo da. Dicionrio nova fronteira etimolgico. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Frontera, 1997. DDI. Estudio del impacto econmico del diseo en Espaa. Sociedad Estatal para el desarrollo del diseo y la innovacin. Espaa, 2005. Dicionrio houaiss da lngua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetivo, 2001. Dicionrio de Sinnimos. Portugal: Editora Porto. Federao Nacional dos Produtores de Cachaa de Alambique. http://www.fenaca.org.br/ acessado em 03/05/2007. MDA: Ministrio de Desenvolvimento Agrrio. Acessado em 10 de maro de 2006. www.mda.gov.br

  • Hermes de R

    110

    MDA: Ministrio de Desenvolvimento Agrrio. Programa de Agro industrializao da Produo dos Agricultores Familiares 2003/2006: Sabor de Brasil. 2003 MERINO, E. Gesto de design: inovao e integrao. Revista ABCDesign, edio n 2, 2002. MERINO, E., PEREIRA, D. The valorization of family agro-industry products through the design as differentiation and competitiveness

    factor. In: 1st Product and Service Design Symposium and Exhibition on Agricultura Industries. Izmir, Turkey, 2005:28. MERONI, Anna. Strategic design for the food sector: the food-system innovation. In: 1st Product and Service Design Symposium and Exhibition on Agriculture Industries. Izmir, Turkey, 2005:8. MESTRINER, Fabio. Design de embalagem: curso avanado. So Paulo: Pearson Eucation do Brasil. 2002 Museu da Cachaa. http://www.museudacachaca.com.br/historia.html - acesso em: 05/08/2007. PRONAF: O Pronaf e a agricultura familiar catarinense. Florianpolis, 2002. LOJACONO, G., ZACCAI, G. A empresa focada no Design. Revista HSM Management. no 47, ano 8, novembro e dezembro 2004, p.98:143. HABERLI, Leandro. Tendncias e perspectivas 2006. Revista Embalagemmarca, na VII, n 76, dezembro 2005, p. 32:44. VIDALES, Maria Dolores. El mundo del envase. Manual para el diseo y producin de envases y embalages. Mxico: Ed. Gustavo Gili, 1995. Prefeitura de palma Sola. http://www.palmasola.sc.gov.br. Acessado em 07/03/2007.

  • Hermes de R

    111

    PREZOTTO, Leomar Luiz. A agro industrializao de pequeno porte: higiene, qualidade e aspectos legais. Florianpolis: CEPAGRO, v.1, n.2, dez. 1997. PRONAF: O Pronaf e a agricultura familiar catarinense. Florianpolis, 2002. VALCKE, J. In: Temas de diseo en la europa de hoy. Editado por Stuart MacDonald Espaa. 2004.

  • Hermes de R

    112

    Este livro foi produzido no inverno de 2007,

    na cidade de Florianpolis.

    As fontes utilizadas foram Calibri e Zurich LtCn BT.

  • Hermes de R

    113