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DESEMPENHO E QUALIDADE DE CARCAÇA EM OVINOS CRUZADOS NO DISTRITO FEDERAL
ALINE VIEIRA LANDIM
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
BRASÍLIA/DF DEZEMBRO/2005
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
DESEMPENHO E QUALIDADE DE CARCAÇA EM OVINOS CRUZADOS NO DISTRITO FEDERAL
ALINE VIEIRA LANDIM
ORIENTADOR: ARTHUR DA SILVA MARIANTE CO-ORIENTADORA: CONCEPTA MARGARET MCMANUS PIMENTEL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PUBLICAÇÃO: 208/2005
BRASÍLIA/DF DEZEMBRO/2005
ii
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
DESEMPENHO E QUALIDADE DE CARCAÇA EM OVINOS CRUZADOS NO DISTRITO FEDERAL
ALINE VIEIRA LANDIM
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA À FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS NA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO DE DISCIPLINAS DE PRODUÇÃO ANIMAL. APROVADA POR: ___________________________________________ Arthur da Silva Mariante, PhD (Embrapa Cenargen) (ORIENTADOR) CPF: 123.483.920-20 E-mail : [email protected] ___________________________________________ Concepta Margaret McManus Pimentel, PhD (Universidade de Brasília) (CO-ORIENTADORA) CPF: 688.272.881/04, E-mail : concepta@unb .br ___________________________________________ Guilherme Soares Filho, Dr. (Faculdade da Terra de Brasília - FTB) (EXAMINADOR EXTERNO) CPF: 262593114-00 E-mail : gu [email protected] ___________________________________________ José Américo Soares Garcia, Dr. (Universidade de Brasília). (EXAMINADOR INTERNO) CPF: 674.280.106-91 E-mail : jasgarcia@unb .br BRASÍLIA/DF, 02 de DEZEMBRO de 2005
iii
FICHA CATALOGRÁFICA REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA LANDIM, A.V. Desempenho e Qualidade de Carcaça em Ovinos Cruzados no Distrito Federal. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2005, 81 p. Dissertação de Mestrado. CESSÃO DE DIREITOS NOME DO AUTOR: Aline Vieira Landim TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Desempenho e Qualidade de Carcaça em Ovinos Cruzados no Distrito Federal. GRAU: Mestre ANO: 2005 É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva-se a outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor. _______________________________ Aline Vieira Landim CPF: 841190043 - 68 Rua Inácio Rodrigues Lima n° 22 - Junco 62030-210 – Sobral/CE - Brasil (088)6141086 / (061) 96811240 E-mail:[email protected]
Landim, Aline Vieira Desempenho e Qualidade de Carcaças em Ovinos Cruzados no Distrito Federal. / Aline Vieira Landim; orientação de Arthur da Silva Mariante – Brasília, 2005. 81p : il. Dissertação de Mestrado (M) – Universidade de Brasília/ Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, 2005.
1. Cortes. 2. Mensurações. 3. Músculo 4. Rendimentos I. Mariante, A. II. PhD.
iv
“De tudo ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando, a certeza de que é preciso continuar,
a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar.
Portanto devemos:
Fazer da interrupção um novo caminho, da queda um passo mais firme, do medo
uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro”.
Fernando Pessoa
v
DEDICO
Ao meu querido pai Gilson que continua abrindo
mão de seus sonhos para que eu possa realizar os
meus.
A minha querida mãe Sandra, pela dedicação
infinita e que sempre esteve comigo nas minhas
decisões, sendo a maior incentivadora nesta fase.
Ao meu irmão Márcio e a minha cunhada Evilânia,
pelo carinho e pela torcida.
A minha sobrinha Maria Eduarda e o meu afilhado
João Pedro que tornaram os meus dias muito mais
felizes, mesmo distante deles.
Aos meus avós maternos Luiz e Cleonice que
sempre me apoiaram e me amaram.
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus por caminhar sempre comigo permitindo mais esta conquista e pelo
constante cuidado, ajudando-me a vencer os obstáculos;
À Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – FAV/UnB, por disponibilizar os
recursos necessários para minha formação e realização deste trabalho;
À Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico –
FUNCAP, pela concessão da bolsa e pelo imensurável apoio à pesquisa brasileira;
Ao Orientador Dr. Arthur da Silva Mariante, pelos ensinamentos, orientação e
confiança na realização deste trabalho, os quais contribuíram em muito para meu
crescimento profissional;
À Co-orientadora e professora Dra. Concepta McManus Pimentel, pela significativa
orientação, sem a qual teria sido impossível a realização deste trabalho e acima de
tudo por sua amizade, confiança e incentivo ao aprendizado;
Aos Professores Dr. Hélder Louvandini e Dr. José Américo Soares Garcia pela
colaboração na execução do projeto;
Aos mestres e amigos da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA: Professores
Adalberto Gadêlha, Gabrimar Araújo, Marcos Pinheiro, Ângela Vasconcelos e
Tereza Lacerda, pelas palavras de incentivo amizade e confiança sempre
depositada em minha pessoa;
Aos grandes e inesquecíveis colaboradores Professor Dr. Petrônio Timbó, Dr.
Liduíno e Dr. José Vitorino de Souza pela preciosa ajuda para que eu pudesse
concretizar o meu sonho de pesquisa;
vii
Aos estudantes de Medicina Veterinária que me ajudaram na realização desta
pesquisa, Alva, Ananda, André, Bruno, Eduardo, Érica, Luís, Pablo, Priscila, Samuel,
Vanessa, e em especial a Rosilene Gugel pela amizade, companheirismo e valiosa
ajuda neste trabalho;
Aos animais experimentais, sob nosso controle, eles crescem, dependem e confiam.
Respeito haja, enquanto vivos, pois não será em vão seu sacrifício (Sampaio,1998);
A Yuri Yamaguchi, Veterinária do Laboratório de Nutrição Animal, pela amizade e
preciosa ajuda nas análises laboratoriais;
Aos funcionários do Centro de Manejo de Ovinos, Sr. Elias e Sr. Zequinha, pela boa
vontade com que colaboraram na condução do experimento;
Ao meu namorado, Normandes Vieira (Teco) pelo carinho e dedicação, me
proporcionando momentos agradáveis em meio a tanto estudo;
Às minhas tias Eneida, Sílvia, Tereza e Zeneida pelo incentivo e carinho, sempre
dispostas a colaborar;
À amiga Eliandra Bianchini e sua filhota Katharine, pelos bons momentos durante
todo o período do Curso e pela grande amizade que construímos;
Às amigas Aline Marinho, Caroline Demo e Natalie Soter pelo carinho, amizade e
por tornarem os meus dias mais felizes em Brasília;
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram e torceram para que este
trabalho pudesse ser realizado, Muito Obrigada!
viii
ÍNDICE
CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS
Página
1.Introdução 1
2.Revisão de Literatura 3
2.1.Histórico das raças ovinas 3
2.1.1.Raça Santa Inês 4
2.2.2.Raça Bergamácia 5
2.2.3.Raça Texel 6
2.2.Desempenho de cordeiros 7
2.3.Utilização da ultra-sonografia para predição de
características da carcaça
8
2.4.Medidas corporais 10
2.5.Características quantitativas da carcaça 11
2.5.1.Rendimento da carcaça quente e fria e cortes
cárneos
11
2.5.2.Perdas de peso ao resfriamento 13
2.5.3.Componentes da carcaça 14
2.5.4. Área de olho de lombo 15
3. Objetivos 16
4. Referência Bibliográfica 17
ix
ÍNDICE
CAPÍTULO 2 – DESENVOLVIMENTO DE OVINOS PUROS E CRUZADOS
CRIADOS NO DISTRITO FEDERAL
Página
Resumo 24
Abstract 25
1. Introdução 26
2. Material e Métodos 28
2.1. Local 28
2.2. Animais e instalações 28
2.3. Manejo alimentar 28
2.4. Ultra-sonografia 29
3. Delineamento experimental 30
4. Resultados e Discussão 30
5. Conclusões 37
6. Referências Bibliográficas 38
x
ÍNDICE CAPÍTULO 3 - CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DA CARCAÇA E
MEDIDAS MORFOMÉTRICAS DE DIFERENTES RAÇAS DE OVINO
Página
Resumo 40
Abstract 41
1. Introdução 42
2. Material e Métodos 44
2.1. Local 44
2.2. Animais e instalações 44
2.3. Manejo alimentar 45
2.4. Medidas corporais 45
2.5. Procedimentos para abate e cálculos para rendimento 47
2.6. Procedimento das mensurações durante o abate 47
2.7. Obtenção da hemi - carcaça e de cortes comerciais 48
3. Delineamento experimental 49
4. Resultados e Discussão 50
5. Conclusões 59
6. Referências Bibliográficas 60
xi
ÍNDICE
CAPÍTULO 4 - COMPONENTES FÍSICOS E QUÍMICOS DA 12ª COSTELA DE
OVINOS DE DIFERENTES GRUPOS GENÉTICOS
Página
Resumo 64
Abstract 65
1. Introdução 66
2. Material e Métodos 68
2.1. Local 68
2.2. Animais e instalações 68
2.3. Manejo alimentar 68
2.4. Procedimentos para abate e obtenção da hemi-carcaça 69
2.5. Dissecação e determinação da composição química da 12ª costela 70
3. Delineamento experimental 71
4. Resultados e Discussão 72
5. Conclusões 77
6. Referências Bibliográficas 78
7. Conclusão Geral 81
xii
ÍNDICE DE FIGURAS Figura Página
Capítulo 1 1– Ovinos da raça Santa Inês. 4
2 – Ovinos da raça Bergamácia. 5
3 – Ovinos da raça Texel. 6
4 – Imagem realizada na área de olho de lombo por ultra-som. 8
5 – Carcaça inteira dos ovinos experimentais. 13
6– Exemplares das 12ª costelas de ovinos puros e cruzados 15
Capítulo 2
1 – Relações entre idade e características ultra-sonográficas observadas e estimadas usando regressões em ovinos (a) Medida diagonal transversal por ultra-som-MDTUS e (b) Medida diagonal longitudinal por ultra-som - MDLUS
35
2 – Relações entre idade e características ultra-sonográficas observadas e estimadas usando regressões em ovinos (a) Área de olho de lombo diagonal transversal por ultra-som-AOLTUS e (b) Área de olho de lombo longitudinal por ultra-som - AOLLUS
35
3 – Relação entre idade e espessura de cobertura de gordura(a) e (b) e relação entre idade e peso semanal
36
Capítulo 3 1 – Cortes cárneos efetuados na meia carcaça dos animais experimentais
49
2 – Representação gráfica dos dois primeiros autovetores
58
Capítulo 4
1– Mensurações realizadas no músculo Longissimus dorsi
70
2 – Amostras da 12ª costela antes e após o processo de secagem na estufa
71
xiii
ÍNDICE DE TABELAS Tabela Página
Capítulo 2 1 – Composição bromatológica das dietas experimentais 29 2 – Resumo da análise de variância de ovinos nas diferentes raças e cruzamentos por meio da avaliação ultra-sonográfica in vivo e desempenho ponderal
31
3 – Médias do desempenho ponderal e avaliação ultra-sonográfica in vivo das raças de ovinos puros e cruzados estudados e comparados pelo teste de Tukey a 5%, de acordo com as raças
33
4 – Correlações entre as características de ovinos de diferentes grupos genéticos
34
Capítulo 3
1 – Composição bromatológica das dietas experimentais 45 2–Resumo da análise de variância das características de carcaça de ovinos puros e cruzados
51 3a– Média das características de carcaça de ovinos de diferentes genótipos estudados e comparados pelo teste de Tukey a 5%, de acordo com as raças
52
3b– Média das características de carcaça de ovinos de diferentes genótipos estudados e comparados pelo teste de Tukey a 5%, de acordo com as raças
53
4– Média dos cortes cárneos de ovinos puros e cruzados comparados pelo teste de Tukey a 5%
54
5– Média da espessura de pele usando adipômetro em ovinos comparados pelo teste de Tukey a 5%, de acordo com as raças
55
6– Níveis de significância das raças de ovinos por meio da avaliação de características morfométricas
55 7– Correlação entre as características de ovinos de diferentes grupos genéticos
57
xiv
Capítulo 4
1 – Composição bromatológica das dietas experimentais 74 2 –Componentes da 12ª costela de ovinos de diferentes grupos genéticos estudados e comparados pelo teste Tukey a 5%
78 3 –Composição química (%) do músculo Longissimus dorsi de ovinos puros e cruzados comparados pelo teste Tukey a 5%
79 4 –Mensurações no músculo Longissimus dorsi de ovinos de puros e cruzados estudados e comparados pelo teste Tukey a 5%
80 3 –Correlação entre as características de ovinos de diferentes grupos genéticos
82
xv
DESEMPENHO E QUALIDADE DE CARCAÇA EM OVINOS CRUZADOS NO
DISTRITO FEDERAL
RESUMO
Foram estudadas as características de carcaça de 48 ovinos machos e inteiros,
oriundos de quatro grupos genéticos diferentes, sendo 27 animais da raça Santa
Inês, 10 da raça Bergamácia, 5 oriundos do cruzamento do Texel com ovelhas
Santa Inês e 6 animais provenientes do cruzamento de um reprodutor Bergamácia
com ovelhas Santa Inês. Os animais foram mantidos no pasto (Grupo 1) e em semi-
confinamento (Grupo 2). Foram analisadas as características sobre desempenho
ponderal, avaliação ultra-sonográfica “in vivo”, medidas morfométricas e
características quantitativas da carcaça de ovinos. Os dados foram analisados
usando o procedimento GLM (Análise de variância), CORR (Correlação),
PRINCOMP (Componentes principais), REG (Regressão) e teste de médias (Tukey
5%) do programa estatístico SAS (Statistical Analysis System). Os animais que
apresentaram pesos mais baixos, tendem a possuir menores valores nas
características ultra-sonográficas., verificado através das correlações de baixa a
média. Verificou-se que a correlação dos cortes comerciais com os pesos e
rendimentos de carcaça quente e fria, respectivamente, foram de média a alta e
positiva. Em geral a idade ao abate teve correlações baixas com as características
da carcaça. Os componentes principais mostraram que os animais que
apresentaram alto peso de abate tendem a obter altos pesos para as partes da
carcaça. Os animais cruzados apresentaram em geral as maiores médias
relacionadas às características analisadas.
Palavras-chave: crescimento, peso, ultra-som
xvi
PERFORMANCE AND CARCASS QUALITY IN CROSSBRED SHEEP IN THE FEDERAL DISTRICT
ABSTRACT Performance and carcass traits were studied on 48 male entire sheep from four genetic
groups with 27 animals Santa Inês, 10 Bergamasca, 5 from a cross with Texel sire and
Santa Inês dams and 6 from a cross with a Bergamasca sire and Santa Inês dams.
Animals were reared at pasture (Group 1) and in semi-confinement (group 2). Data
collected included growth traits, “in vivo” ultrasound measurements, morphological
measurements and carcass quality traits.Data were analyzed using GLM procedures
(Variance analysis), CORR (Correlation), PRINCOMP (Principal Component), REG
(Regression) and means compared using Tukey test at 5% in the SAS ® program.Lighter
animals tended to have low ultrasound measures. The correaltions between weights,
output and commercial cuts was in general high to medium. Age at slaughter had low
correlations with carcass traits. Principal components showed that heavier animals at
slaughter had higher carcass cut weights. The crossed animals had in general presented
the related average greaters to the analyzed characteristics.
Key words: growth, weight ,ultrasound
1
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. Introdu ção
A ovinocultura sempre apresentou grande importância para a humanidade,
pela produção de lã, pele, carne e leite. Sua produção está difundida em quase
todas as regiões do mundo, ora como atividade de subsistência, ora como sistema
de produção avançado (Alvarenga, 2003).
As indústrias de carne vermelha têm que competir com outras fontes de
proteína, especialmente suínos e aves. Esses têm mostrado um crescimento muito
maior do que as carnes de bovinos e ovinos, em parte pela preocupação com a
saúde, mas principalmente pela sua conveniência e o seu preço competitivo
(Nogueira Filho, 2003). Além disto, países como Austrália, China e a Nova Zelândia,
que concentram, respectivamente 28%, 14% e 9% do efetivo mundial são os
maiores detentores de rebanhos ovinos no panorama mundial. Já os três maiores
rebanhos de ovinos da América Latina são os da Argentina, Brasil e Peru, que
juntos, representam 68,9% da população total de ovinos da região (Devendra, 2002).
O mercado nacional de carne ovina tem sido abastecido, principalmente, com
carcaças de animais velhos, pois a maioria dos produtores não fornecem ovinos com
um padrão de carcaça para os abatedouros, os quais na sua maioria são ilegais, não
garantindo qualidade do produto ao consumidor. De acordo com Silva Sobrinho
(2001), o consumo per capita de carne ovina no Brasil não ultrapassa 30
g/habitante/ano, enquanto que na Austrália e Nova Zelândia, o consumo médio
chega a 20 kg/habitante/ano, sendo, portanto um consumo brasileiro ainda muito
pequeno.
Segundo Barreto Neto (2003), na região Centro-oeste as estatísticas indicam
uma tendência de crescimento dos rebanhos, devido principalmente, à inserção da
ovinocultura nos sistemas integrados de produção de bovinos de corte. As
perspectivas de incremento dos rebanhos na região permitem vislumbrar um cenário
otimista para os próximos vinte anos, quando o efetivo deverá situar-se em torno de
20 milhões de cabeças.
2
Na busca pela diminuição da idade ao abate e melhorias da qualidade de
carcaça, têm-se introduzido raças de corte precoces, para a obtenção de cordeiros
com pesos mais elevados em menor espaço de tempo, com altos rendimentos de
carcaça, de modo que atendam as exigências crescentes do mercado consumidor
por qualidade (Carvalho et al., 1980).
O objetivo de melhorar as características de carcaças de ovinos Santa Inês,
através de cruzamentos com raças lanadas, especializadas em carne, tem sido
perseguido em algumas regiões do país, onde as condições de manejo e nutrição
são melhores (Sousa et al., 2003). Os aspectos relacionados ao abate e à carcaça
de animais especializados para corte devem ser conhecidos, para que estratégias
de melhoramento sejam conduzidas, no sentido a aumentar a eficiência produtiva e
a satisfação dos consumidores.
A avaliação das medidas corporais dos animais produtores de carne é
importante, pois as mesmas indicam o rendimento de carcaça e a capacidade
digestiva e respiratória dos animais (Santana, 2001). A medição de animais vivos
utilizando a ultra-sonografia tem como objetivo disponibilizar informações
quantitativas precisas e objetivas da composição corporal de animais vivos. Essas
informações visam à predição das diferenças genéticas entre os indivíduos e a
identificação de reprodutores geneticamente superiores para características
indicadoras de qualidade e produtividade de carcaça (Karsburg, 2003).
As poucas informações relacionadas aos grupos genéticos no setor da
ovinocultura motivam pesquisas que proporcionem características de melhor
qualidade na carcaça para o mercado consumidor interessado por tal produto.
3
2. Revisão de Literatura
2.1. Histórico das raças ovinas
Na Europa, a revolução industrial, o aumento das indústrias de
beneficiamento e o crescimento da população urbana, foram responsáveis pelo
maior poder de compra e consumo de carne. Devido a esta maior demanda, os
ovinos passaram a ser uma fonte de carne de grande importância. Seguiu-se então,
o desenvolvimento das raças para corte, tão conhecidas atualmente e difundidas em
todo o mundo (Otto et al.,1997).
Segundo Nogueira Filho (2005), os ovinos foram introduzidos no Brasil pelos
colonizadores europeus e adaptaram-se muito bem às condições adversas da
caatinga nordestina. Criados, inicialmente, em rebanhos fechados, adaptaram-se
naturalmente às condições adversas possibilitando o aparecimento de novos tipos
raciais com grande rusticidade, embora perdendo, obviamente, algumas de suas
características produtivas.
Algumas tentativas de melhoria do rebanho nacional foram feitas com a
importação de animais europeus sem, no entanto, se atentar para a compatibilidade
racial com os animais inicialmente trazidos para o Brasil. Esse fato, aliado às
facilidades de deslocamento dos rebanhos entre fazendas e mesmo entre áreas
criadoras distintas, resultantes da abertura de estradas, permitiu uma grande mistura
racial, com o cruzamento indiscriminado entre tipos raciais distintos, a ponto de
grande parte do rebanho ser hoje considerado sem raça definida – SRD
(Kasprzykowski, 1982).
4
2.1.1. Santa Inês
Figura 1- Ovinos da raça Santa Inês
Fonte: Arquivo pessoal
A Santa Inês é uma raça deslanada encontrada em todas as regiões do
Brasil. Esta raça surgiu do cruzamento das raças Morada Nova, Crioula e
Bergamácia, seguido de um período de seleção e/ou evolução para ausência de lã,
sendo uma excelente alternativa para os criadores brasileiros que buscavam animais
de grande porte, produtivos, de pêlo curto e perfeitamente adaptados às condições
climáticas do Brasil (Mason,1980).
Entre os animais deslanados do Nordeste, os da raça Santa Inês, juntamente
com seus mestiços, apresentam-se como a principal alternativa no que se refere ao
aumento da produtividade. Figueiredo & Fernandes (1990), citados por Silva et al.
(1996), apontam a raça Santa Inês como melhoradora do rebanho ovino nordestino.
Deve-se salientar que, juntamente com a elevação da produtividade aumentam as
exigências no que se refere à adoção de medidas que tenham como base alterações
na composição genética do rebanho e melhoria das condições de manejo.
As ovelhas apresentam excelente capacidade leiteira para criar os cordeiros,
boa prolificidade e, em condições favoráveis, podem ser férteis durante todo o ano
(Oliveira, 2001). Os resultados de pesquisas realizadas no Departamento de
Zootecnia da Universidade Federal de Lavras - MG (Furusho, 1995; Santos, 2000), a
raça Santa Inês apresenta alta velocidade de crescimento e produz uma carcaça de
boa qualidade, sendo uma raça de potencial para produção de meio sangue em
cruzamentos industriais.
5
O padrão da pelagem inclui o branco, o vermelho, o preto e o malhado. Em
condições de pastejo, o peso de uma ovelha adulta varia de 40 a 60 kg e os machos
podem atingir até 130 kg em sistema de confinamento (Sousa, 1987).
Na Região Centro-oeste, são escassas as informações sobre o crescimento
de ovinos deslanados. Daí a necessidade de que sejam desenvolvidas mais
pesquisas, visando selecionar indivíduos precoces e estabelecer critérios mais
adequados de seleção.
2.1.2. Bergamácia
Figura 2. Ovinos da raça Bergamácia
Fonte: Arquivo pessoal
A Bergamácia também conhecida como Bergamasca, Bergamasker ou
Gigante de Bergamo, é originária da Itália. É uma raça fácil de ser manejada, devido
ao seu temperamento dócil. Sua lã, de coloração branca e de espessura média,
apresenta baixa qualidade e sua pele muitas vezes é exportada (Macedo,1996).
É uma raça rústica, pouco exigente e que prospera, no Brasil, em áreas das
regiões Sudeste e Nordeste. É um ovino de grande porte, com altura média de 80
cm e peso de 75 kg na fêmea e 120 kg no macho adulto (Arco, 2005).
Nunes et al. (1997) relataram que os animais da raça Bergamácia, além da
aptidão leiteira, apresentam condições para produção de carne. Além disso, esses
autores consideram serem as fêmeas muito prolíferas, produzindo cordeiros com
bom peso ao nascer, favorecendo, a produtividade do rebanho.
6
Recomenda-se a raça para a formação de pequenos rebanhos em fazendas
mistas e também para melhorar os ovinos brasileiros quanto às produções de carne
e leite (Alzugaray, 1986).
2.1.3. Texel
Figura 3. Ovinos da raça Texel
Fonte: www.clubedofazendeiro.com.br
No Brasil, existe um grande interesse pelo estudo dos cruzamentos de raças
freqüentemente usadas nos rebanhos ovinos, como é o caso de cruzamentos entre
Bergamácia e Santa Inês, com raças especializadas, como a Texel.
Esta raça é de origem holandesa, da ilha de Texel. Foi introduzida no Brasil
por volta de 1972. Segundo O'Ferral & Tinon (1979) e Latif & Owen (1980) o Texel
possui grande potencial para produção de carne magra, sendo viável a sua
utilização como raça paterna em cruzamentos industriais. De acordo com Carvalho
et al. (1980), essa raça é amplamente utilizada em diversos países, com esta
finalidade.
A raça Texel é uma das raças com bom potencial para produção de carne na
região Centro-oeste, ao passo que os ovinos Santa Inês são predominantes e mais
adaptados às condições edafoclimáticas dessa região. Sendo assim, o estudo do
desempenho dessas raças em confinamentos na região Centro-oeste é importante
para viabilizar a utilização dessas duas raças isoladas ou através de cruzamentos
para explorar a complementaridade dessas raças.
7
São animais precoces, caracterizando-se pela produção de carcaças de boa
qualidade, com baixo teor de gordura e que apresentam também lã branca e, por
isso, são muito utilizados no cruzamento industrial com matrizes laneiras ou mistas
(Arco, 2005).
Em condições de pastagem, os cordeiros machos têm ganhos de peso médio
de 300 g e as fêmeas de 275 g, entre os 30 e 90 dias de idade. A raça Texel é
considerada prolífera, produzindo carneiros com peso entre 110 a 120 kg e fêmeas
adultas com 80 a 90 kg (Arco, 2005).
2.2. Desempenho dos cordeiros
Os mecanismos de controle do crescimento e desenvolvimento dos ovinos de
corte vêm sendo intensamente pesquisados nos últimos anos. Segundo Hammond
(1971), o crescimento pode ser definido como o acúmulo de massa, enquanto o
desenvolvimento refere-se às mudanças na forma e preenchimento das funções dos
indivíduos.
Quando se trabalha com animais destinados à produção de carne, faz-se
necessário à determinação do peso ideal para abate. Essa determinação deve estar
baseada nas exigências do mercado consumidor, já que, de um modo geral, o
consumidor deseja uma carcaça com alta proporção de carne, adequada proporção
de gordura e uma reduzida proporção de ossos (Santos, 1999).
As atividades desenvolvidas por produtores dentro de um sistema de criação
de ovinos buscam maximizar a eficiência no processo de desenvolvimento animal. O
objetivo é superar os pontos atuais da curva de crescimento e diversos fatores
genéticos e ambientais que podem, assim como, suas interações alterar a eficiência
do crescimento, bem como a composição e a distribuição dos tecidos corporais.
Entre os principais fatores, destacam-se raça, idade, sexo, nutrição e genética.
A estimação do peso corporal poderia inclusive ser utilizada para seleção,
uma vez que as despesas com mantença estão relacionadas com o peso dos
animais e representam uma alta proporção das despesas com alimentação (Martins
et al., 2003).
8
2.3. Utili zação da ultra-sonog rafia para predição de características da carcaça
Figura 4. Imagem realizada na área de olho de lombo por ultra-som
Fonte: Arquivo pessoal
A técnica de ultra-sonografia começou a ser utilizada inicialmente em bovino
de corte na década de 50, pelo Dr. James Stouffer de Cornell University. Na época,
os aparelhos eram primitivos, as medições eram difíceis, e os resultados não muito
satisfatórios (Sainz et al., 2002).
Segundo Thwaites (1984), a ultra-sonografia teve uma mudança significativa
nos anos 80, onde o ultra-som, com um número maior de cristais dispostos
linearmente possibilitou a geração e a recepção de sinais com maior rapidez.
Atualmente os aparelhos são muito mais sofisticados, e os resultados podem ser
excelentes (Stouffer,1991).
Com o desenvolvimento da tecnologia de ultra-sonografia, tornou-se mais
fácil, rápido e barato fazer as medições no animal in vivo. A ultra-sonografia
apresenta muitas vantagens para a avaliação genética de qualidade de carcaça.
Entretanto, variáveis importantes como o conhecimento e experiência do técnico
com aparelho, tipo de fabricante do equipamento, sondas utilizadas, software de
interpretação e o parâmetro da característica estudada são fundamentais para
determinar a exatidão da técnica de ultra-sonografia (Busboom et al., 2000).
A técnica de ultra-som tem sido utilizada em maior escala, principalmente na
bovinocultura de corte (Hamlin et al., 1995) e na suinocultura (Liu & Stouffer, 1995),
9
e em menor escala na ovinocultura (Stanford et al., 2001) e caprinocultura (Delfa et
al., 1999).
No Brasil a técnica poderia contribuir na determinação do ponto ideal de abate
dos animais nos diferentes sistemas de produção, porém com enfoque bastante
diferente, onde a prioridade seria a obtenção do mínimo de espessura de gordura de
cobertura (EGC), indicado para prevenir a perda da qualidade da carcaça por
resfriamento. Esta metodologia também poderia auxiliar a identificação de práticas
de manejo e nutrição que otimizem a deposição de músculo e na seleção de animais
de crescimento rápido e com bom rendimento de cortes cárneos (Leão, 2004).
Atualmente a carcaça ovina tem se tornado importante objeto de estudo no
contexto nacional e sua mensuração oferece grande oportunidade de melhorar a
eficiência produtiva do rebanho. Assim, a ultra-sonografia, surge como uma técnica
viável (Frost et al., 1997), acurada e de custo aceitável para esta função (Houghton
& Turlington, 1992).
Vários pesquisadores têm utilizado as medidas obtidas para estimar o
desenvolvimento muscular e o grau de acabamento em animais in vivo como
estimativa da composição de carcaça (Suguisawa, 2002), assim como, o rendimento
de cortes cárneos comerciais antes do abate (May, 2000).
Em ovinos são medidas a área de olho de lombo (AOL) e a espessura de
gordura de cobertura (EGC) na secção do músculo Longissimus dorsi a partir de
imagens tomadas entre a 12ª e a 13ª costelas. Estas estimativas, quando obtidas
por técnicos experientes, têm apresentado alta repetibilidade, assim como são altas
correlações com as medidas correspondentes tomadas na carcaça após o abate
(Moser et al., 1998; Hassen et al., 1999).
O conhecimento das medidas obtidas por esta técnica é importante, pois, os
coeficientes de correlação são muito influenciados pela variação entre os animais.
Assim, caso exista grande variação da característica estudada dentro do rebanho,
torna-se imprescindível à utilização da ultra-sonografia em tempo real para estimar
melhor as diferenças apresentadas (Busboom et al., 2000).
O uso da ultra-sonografia para predizer a porcentagem de gordura
intramuscular da carne, embora não muito convincente para alguns pesquisadores
(Houghton & Turlington, 1992) está sendo cada vez mais pesquisada e vem
demostrando resultados satisfatórios. É uma ferramenta poderosa que pode ajudar o
10
Brasil a competir no mercado internacional, oferecendo a qualidade requerida por
diferentes mercados consumidores (Hassen et al., 2001).
Apesar das medidas de AOL e EGC feitas por ultra-sonografia utilizadas nas
equações de predição da composição de carcaça serem acuradas (Silva, 2001),
torna-se evidente a necessidade de mais estudos nesta área para obtenção de
metodologias mais adequadas e de maior aplicação prática.
2.4. Medidas corporais
Mensurações morfométricas fornecem informações suplementares em
programas de melhoramento genético e são úteis para determinar tendências ao
longo dos anos em uma raça (Magnabosco et al.,1996). O conhecimento sobre as
medidas corporais de um grupamento genético apresenta notável contribuição para
a definição deste grupo, principalmente no que se refere à definição de seu porte a
aptidões (Sousa et al., 2003).
De acordo com Santana (1996), a avaliação das medidas corporais em
animais produtores de carne, como o comprimento do corpo, perímetro torácico,
altura da cernelha e da garupa são importantes, pois as mesmas indicam o
rendimento de carcaça e a capacidade digestiva e respiratória dos animais.
As mensurações morfométricas têm se destacado como importante
ferramenta auxiliar na avaliação do desempenho animal e quando analisada
juntamente com outros índices zootécnicos, constitui uma importante base de dados
para a avaliação individual dos animais e para determinar a evolução do sistema
produtivo (Borges et al., 2004).
Embora não substituam medidas de características de desempenho, é
importante que mensurações sejam feitas para que possam estimar as respostas
correlacionadas (Winkler et al.,1997). Apesar da relevante importância da
ovinocultura no Brasil, ainda são escassos os dados morfométricos das raças de
ovinos de corte. Dessa forma, e considerando-se os progressos na seleção e
melhoramento destes animais faz-se necessária à obtenção de novas mensurações.
11
Segundo Perez et al. (1996), animais provenientes do cruzamento entre as
raças Texel e Bergamácia apresentaram valores maiores para perímetro de garupa,
região onde há maior acúmulo de carne, enquanto que os animais da raça Santa
Inês puros, obtiveram comprimento de carcaça maior do que os animais
provenientes do cruzamento.
De acordo com Gregory citado por Hedrick (1983), escores e estimativas
subjetivas explicam apenas 20 a 25% da variação nas características de carcaça,
que afetam o valor quantitativo e qualitativo das mesmas. Jones et al. (1999),
encontraram correlações genéticas entre os escores de conformação e proporções
dos tecidos que não foram significativamente diferentes de zero e, portanto, de
pequeno valor na predição da composição da carcaça.
2.5. Características quantitativas da carcaça
2.5.1 Rendimento de carcaça quente e fria e cortes cárneos
O rendimento é um dos principais fatores que está diretamente relacionado
com a qualidade da carcaça. De acordo com Sousa (1993), fatores como idade do
animal, raça, sexo, idade ao abate, velocidade de crescimento, sistema de
alimentação e cruzamento são importantes na estimativa do rendimento dos
diversos tecidos da carcaça.
Segundo Pérez (1995), o rendimento é que determina o maior ou menor custo
da carne para o consumidor, motivo relevante para despertar o interesse para esse
parâmetro, sendo um incentivo para os criadores que investem nessa atividade.
A valorização da carcaça ovina depende da relação entre peso vivo e idade,
sendo que a meta é a busca de animais que atinjam maiores pesos a menores
idades. Atualmente considera-se peso vivo de abate de 30 - 32 kg para os machos,
com rendimentos de carcaça que variam de 40 a 50%, levando-se em consideração
a conformação da carcaça, que envolve o desenvolvimento e perfil das massas
musculares e a quantidade e distribuição da gordura de cobertura (Silva Sobrinho,
2001).
12
Segundo Zeola (2002), existem variações no rendimento de carcaça entre
sexos. Machos inteiros crescem mais rapidamente do que fêmeas, enquanto
machos castrados exibem características intermediárias. Se estes fossem abatidos à
mesma idade, os machos produziriam carcaças mais pesadas que a dos machos
castrados, que por sua vez pesariam mais do que as das fêmeas. Considerando tais
diferenças, o conteúdo de gordura tende a ser maior nas fêmeas, seguido dos
machos castrados e menor nos machos inteiros.
Yeates (1967), relatou que quando se utilizou o peso da carcaça quente para
calcular o rendimento, ocorreu erro de 2 a 3% em decorrência da diferença entre
peso da carcaça quente (após o abate) e peso da carcaça frio (24 horas em câmara
de refrigeração a 2 - 4C° ), denominado rendimento comercial, que se constitui em
um importante indicador da disponibilidade de carne ao consumidor.
Para se estimar o rendimento de cortes comerciais, como as proporções de
músculos e de tecido adiposo na carcaça, tem sido amplamente utilizados a área
transversal do músculo Longissimus dorsi, que é um músculo de maturidade tardia e
de fácil mensuração (Veloso, 2002).
As carcaças podem ser comercializadas inteiras ou sob a forma de cortes. Os
cortes cárneos em peças individualizadas associados à apresentação do produto
são fatores importantes na comercialização.
A padronização dos cortes a serem comercializados é definida pelo mercado
consumidor, que determina pesos mínimos e máximos de acordo com os costumes
regionais. O peso ideal para cada corte é aquele em que a sua valorização é
máxima tanto para o produtor como para o consumidor. Os cortes possuem valores
econômicos diferentes, e a proporção de cada um é importante na avaliação
comercial da carcaça (Huidobro & Cañeque, 1993).
De acordo com Santos & Pérez (2000a), o sistema de cortes deve respeitar
aspectos como quantidades relativas de músculo, gordura e osso; facilidade de
realização pelo operador e versatilidade, ou seja, facilidade de uso pelo consumidor.
13
Figura 5. Carcaça inteira dos ovinos experimentais
Fonte: Arquivo pessoal
2.5.2. Perdas de peso ao resfriamento
A perda de peso pelo resfriamento ocorre devido à perda de umidade da
carcaça na câmara fria durante o processo de resfriamento (Kirton, 1986). Essas
dependem da quantidade de gordura de cobertura da carcaça (a qual forma uma
camada protetora, que de acordo com sua espessura, determina maior ou menor
porcentagem de perda) e da umidade relativa da câmara fria, que deve ser
controlada visando menores perdas (Yeates citado por Garcia, 1998).
A espessura de gordura subcutânea tem papel relevante na comercialização
da carne, sendo fundamental no processo de resfriamento da carcaça. A falta de
gordura de cobertura permite uma perda excessiva de água, ocasionando, além da
perda de peso, o escurecimento da carne durante o período de resfriamento.
De acordo com Silva Sobrinho (2001), os valores mais encontrados na
literatura para perdas de peso ao resfriamento estão em torno de 4%, porém essa
porcentagem pode variar em função do peso ao abate do animal e do grau de
cobertura da carcaça. Carneiro (2001), avaliando características de carcaça de
ovinos da raça Texel encontraram o valor médio de 2,7% para as perdas de peso ao
resfriamento. Santos & Pérez (1999), não encontraram diferença significativa pelo
teste de Tukey (P>0,05) para as raças Santa Inês e Bergamácia.
14
2.5.3. Compon entes da carcaça
Segundo Macedo et al. (2000), em relação às características quantitativas das
carcaças, o componente de maior importância na carcaça é o músculo, uma vez que
este constitui a carne magra, comestível e disponível para venda. Os músculos de
maturidade tardia são indicados para representar o índice mais confiável do
desenvolvimento e tamanho do tecido muscular, assim o Longissimus dorsi é o mais
indicado, pois, além da maturidade tardia, é de fácil mensuração.
De acordo com a idade e o sexo do animal, observa-se diferentes proporções
de músculo, gordura e osso. Para maiores idades, há diminuição da porcentagem de
músculo e aumento na de gordura, tendo variações em sua amplitude os ossos
menores (Silva Sobrinho, 2001).
A composição tecidual baseia-se na dissecação da carcaça, quando são
separados gordura, músculo e osso. A dissecação completa da carcaça, ou da meia
carcaça, apenas se justifica em casos especiais, por ser um trabalho lento e
oneroso. O mais comum e viável é a utilização de uma parte representativa da
carcaça (Osório, 1992).
Segundo Galvão et al. (1991), os tecidos, muscular, adiposo e ósseo são os
de maior interesse na comparação de carcaças de ovinos. O osso é o tecido de
desenvolvimento mais precoce e o músculo, o mais importante na valorização da
carcaça, enquanto que o adiposo é o que mais interfere na composição tecidual.
A utilização de medidas que possam ser correlacionadas com as
composições da carcaça é de grande valia para se evitar o processo oneroso da
dessecação total da mesma. Neste contexto, a 12ª costela tem sido apontada como
o corte que melhor expressa a proporção de músculo, gordura e osso (Silva & Pires,
2000).
15
2.5.4. Área de olho d e lombo
Figura 6. Exemplares das 12ª costelas de ovinos puros e cruzados
Fonte: Arquivo pessoal
A área do músculo Longissimus dorsi ou área de olho de lombo é considerada
medida representativa da quantidade e distribuição das massas musculares, assim
como da qualidade da carcaça (Bonifacino et al.,1979).
O lombo, apesar de ser pequeno, é um dos cortes com melhor proporção de
músculo, além da facilidade de ser retirado o Longissimus dorsi, e de atingir bom
valor no mercado.
O músculo dorsal (Longissimus dorsi) possui maturidade tardia e de fácil
mensuração, o que torna o músculo de preferência para este propósito. Crouse &
Dikeman (1976), demonstraram uma relação positiva entre o músculo dorsal na 12ª
costela (Área de olho de lombo) e várias medidas de rendimento da carcaça.
16
3. Objetivos
Os objetivos desse trabalho foram:
♦ Avaliar o desenvolvimento ponderal e a acurácia do método ultra-sonográfico na
determinação da área de olho de lombo e da espessura de gordura de cobertura
na carcaça de animais resultantes de diferentes grupos genéticos;
♦ Avaliar a influência das raças Santa Inês, Bergamácia, Texel e seus
cruzamentos, nas características quantitativas da carcaça e as medidas
corporais;
♦ Análise da composição tecidual e mensurações no músculo Longissimus dorsi,
na altura da 12ª costela de ovinos de diferentes grupos genéticos.
17
4. Referências Bibliográficas
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24
DESEMPENHO DE OVINOS PUROS E CRUZADOS CRIADOS NO DISTRITO
FEDERAL
RESUMO
Foram estudadas as características de carcaça de 48 ovinos machos e inteiros,
oriundos de quatro grupos genéticos diferentes, sendo 27 animais da raça Santa
Inês, 10 da raça Bergamácia, 5 oriundos do cruzamento do Texel com ovelhas
Santa Inês e 6 animais provenientes do cruzamento de um reprodutor Bergamácia
com ovelhas Santa Inês. Os animais foram mantidos no pasto (Grupo 1) e em semi-
confinamento (Grupo 2). Foram analisadas as características sobre desempenho
ponderal e avaliação ultra-sonográfica “in vivo”. Os dados foram analisados usando
o procedimento GLM (Análise de variância), CORR (Correlação), REG (Regressão)
e teste de médias (Tukey 5%) do programa estatístico SAS (Statistical Analysis
System). As correlações entre peso vivo e características ultra-sonográficas
mostraram que animais com pesos mais baixos, tendem a possuir menores valores
nas características medidas por ultra-som. A correlação entre área de olho de lombo
e espessura de cobertura de gordura foi média e positiva, indicando um aumento da
espessura de cobertura de gordura. O grupo genético Texel x Santa Inês apresentou
maior média para característica de peso semanal. Enquanto que os animais da raça
Bergamácia apresentaram menores médias para as características ultra-
sonográficas, embora ela só tenha diferido do grupo genético Texel x Santa Inês,
que apresentou as maiores médias para essas características.
Palavras-chave: aol, medidas, cruzamento
25
PERFORMANCE IN PURE AND CROSSBRED SHEEP IN THE FEDERAL
DISTRICT
ABSTRACT
Performance and carcass traits were studied on 48 male entire sheep from four
genetic groups with 27 animals Santa Inês, 10 Bergamasca, 5 from a cross with
Texel sire and Santa Inês dams and 6 from a cross with a Bergamasca sire and
Santa Inês dams. Animals were reared at pasture (Group 1) and in semi-confinement
(Group 2). Performance traits and ultra-sound evaluations were taken on the
animals. Data were analyzed using the GLM (General Linear Model) procedure of
SAS ®, as well as CORR (Correlation), REG (Regression and means compared
using Tukey (5%). Correlations between weights and ultrasound traits showed that
lighter animals had lower ultrasound measures. The correlation between eye muscle
área and fat cover was medium and positive, indicating that an increase in depth was
associated with an increase in fat cover. The Texel x Santa Inês group showed
higher growth rates and the Bergamasca lowest ultrasound measures and these
were only significantly different from the Texel x Santa Inês, which had the highest
values for these traits.
Key words: aol, measures, crossing
26
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO DE OVINOS PUROS E CRUZADOS CRIADOS NO
DISTRITO FEDERAL
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é o nono maior produtor de ovinos do mundo. A população de ovinos
é de aproximadamente 14.731.000 milhões de cabeças, sendo que o maior rebanho
encontra-se na região Nordeste com 8.030.000 cabeças, das quais 3.024.169 estão
na Bahia, sendo o estado com maior rebanho. As regiões Sul e Sudeste contam
com, respectivamente, 4.357.000 e 434.054 cabeças (Anualpec, 2004).
Na região Centro-oeste a criação de ovinos de corte é desenvolvida
principalmente em sistema extensivo, com pouca tecnologia e baixo investimento em
infra-estrutura, o que inviabiliza o controle de desempenho a partir da pesagem
periódica dos animais e mensurações no animal vivo que permitam predizer
características quantitativas da carcaça, rendimento e proporção de cortes.
A avaliação das medidas corporais dos animais produtores de carne como
comprimento do corpo, altura da cernelha e garupa, perímetro torácico e do pernil,
entre outros, poderão influenciar o preço de venda do produto, modificando a
percepção visual do consumidor e favorecendo o consumo de carne ovina (Santana,
2001).
Os ovinos deslanados são utilizados para a produção de carne e pele. Estes
animais destacam-se, sobretudo, pela rusticidade, fator que os faz obter bom
desempenho produtivo. A raça Santa Inês apresenta tamanho corporal superior às
demais raças de ovinos deslanados (Araújo,1997). A raça Texel surge como uma
alternativa em cruzamentos industriais, sendo viável a sua utilização como raça
paterna, pois possui grande potencial de carne magra (Latif & Owen, 1980).
A demanda por carne ovina, verificada nos últimos anos, tem proporcionado
um crescimento da ovinocultura em várias regiões do mundo. Este fato, associado à
maior eficiência de produção e comercialização do produto, resultará em uma oferta
de carne de qualidade, oriundas de animais jovens com quantidades adequadas de
músculo e gordura na carcaça (Kempster et al.,1987). No entanto, os sistemas
tradicionais de produção não conseguem abastecer esse crescente mercado, parte
27
devido ao uso de grupos genéticos não apropriados para as respectivas regiões de
exploração (Sousa et al, 2003).
A forma mais rotineira de se medir o crescimento é pelo aumento de peso em
um determinado período de tempo, ou seja, a velocidade de crescimento pode ser
determinada pelo ganho de peso diário. O peso vivo é, geralmente, a medida mais
segura do rendimento de carne do animal. As medidas corporais, no entanto, podem
servir como indicadores do peso vivo e de rendimento de carcaça. Vários trabalhos
têm destacado a importância do conhecimento da correlação entre tamanho corporal
e peso vivo no estabelecimento de critérios de seleção (Bathaei, 1995).
Ovinocultores com visão empresarial buscam adequar seus sistemas de
produção para melhorar a eficiência produtiva do rebanho, tentando associar a
rusticidade de algumas raças à utilização de instrumentos de alta tecnologia que
permitem medições precisas de componentes do tecido animal e composição da
carcaça, as quais são difíceis de serem obtidas por inspeção visual ou palpação no
animal vivo (Miller, 2001). Assim, a ultra-sonografia, surge como uma técnica viável
para estimar a espessura de gordura de cobertura (EGC) e área de olho de lombo
(AOL) a partir de imagens tomadas nos animais vivos.
Desta forma, o objetivo do trabalho foi o de verificar o efeito de diferentes
grupos genéticos sobre o desempenho ponderal e obter medidas de área de olho de
lombo, espessura de gordura subcutânea, utilizando a tecnologia de ultra-sonografia
real time.
28
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Local
Este experimento foi desenvolvido no período de 2004 e 2005 no Centro de
Manejo de Ovinos na Fazenda Água Limpa da Universidade de Brasília - UnB,
localizado junto à cidade de Brasília - DF. O clima da região é do tipo AW pela
classificação de Köppen, com temperatura média anual de 21,1° C, tendo 16° C e
34° C como mínima e máxima absolutas, respectivamente. A precipitação anual
média é de 1.578,5 mm e a média anual de umidade relativa do ar, é de 68%.
2.2. Animais e instalações
Foram utilizados 48 ovinos machos , de parto simples e gemelares, oriundos
de quatro grupos genéticos diferentes, sendo 27 animais da raça Santa Inês (SI), 10
da raça Bergamácia (B), 5 oriundos do cruzamento do Texel com ovelhas Santa Inês
(TE x SI) e 6 animais provenientes do cruzamento de um reprodutor Bergamácia
com ovelhas Santa Inês (B x SI).
Ao nascer os cordeiros foram identificados individualmente com coleiras de
metal e permaneceram junto de suas respectivas mães, até atingirem 15 kg, peso
determinado para o desmame. Os animais no final da tarde eram recolhidos em
baias localizadas em galpão com piso de concreto e cobertos com telhas de zinco.
Em média, os animais do primeiro lote tinham 1 ano e os do segundo e tinham entre
5 a 10 meses de idade.
As pesagens dos cordeiros e as medidas ultra-sonográficas, foram realizadas
a cada 7 e 30 dias, respectivamente, com a finalidade de monitorar o
desenvolvimento ponderal dos mesmos, até a data estabelecida para o abate.
2.3. Manejo alimentar Os animais do primeiro lote, nascidos entre março e maio de 2004, foram
mantidos em regime semi-extensivo, numa pastagem de Andropogon gayanus,
recebendo suplementação de concentrado de 300 g/cab/dia no final da tarde. O
fornecimento de sais minerais foi feito à vontade. Já os animais do segundo lote
29
nascidos entre dezembro de 2004 e maio de 2005, passaram a receber 500
g/cab/dia de concentrado dividido entre o início e o final do dia, além do
fornecimento de silagem de milho, em decorrência do período da seca.
A dieta foi calculada com base nas exigências nutricionais estabelecidas pelo
AOAC (1995). A composição de concentrado utilizado foi de 55% de farelo de milho,
30% farelo de soja, 10% farelo de girassol e 5% farelo de trigo, cuja análise
bromatológica encontra-se na Tabela 1.
Tabela 1. Composição bromatológica das dietas experimentais
Constituintes Concentrado Silagem Matéria Seca (MS)
Matéria Mineral (MM)*
Extrato Etéreo (EE)*
Proteína Bruta (PB)*
Fibra Detergente Neutro (FDN)*
Fibra Detergente Ácido (FDA)*
88,06
3,28
3,18
22,11
16,29
7,44
44,94
3,25
3,30
6,60
58,12
29,47
* Valores expressos em % de MS
2.4. Ultra – sonog rafia
O equipamento de ultra-sonografia utilizado para determinar as mensurações
das características de carcaça foi o aparelho Aloka SSD-500 equipado com um
transdutor linear de 5 MHZ.
Para realização da técnica de ultra-sonografia, cada animal foi contido e
procedeu-se a limpeza do local e a tricotomia da área de medição, em seguida
colocou-se mucilagem no dorso do mesmo para perfeito acoplamento do transdutor
com o corpo do animal, a aproximadamente 12 cm da linha média dorsal, dentro do
12° espaço intercostal. O transdutor foi disposto paralelamente à linha média dorsal
(sentido longitudinal) e foram avaliadas a Medida Diagonal Longitudinal (MDLUS) e
a Área de Olho de Lombo Longitudinal (AOLLUS). Com o transdutor posicionado
transversalmente avaliou-se a Medida Diagonal Transversal (MDTUS) , Área de
Olho de Lombo Transversal (AOLTUS).e Espessura de gordura de cobertura (EGC).
30
As MDLUS e MDTUS foram medidas a fim de avaliar a profundidade de gordura e as
AOLUS e AOLTUS foram avaliadas para delimitar toda a extensão do músculo.
3. Delineamento experimental
Os dados coletados foram analisados por meio do software Statistical
Analysis System (versão 8.2 atualizada 1999) pela aplicação dos procedimentos
GLM (Análise de Variância), CORR (Correlação), REG (Regressão) e testes de
médias (Tukey 5%). O modelo matemático utilizado foi o seguinte:
Yij =µ+Gi+Ek+EGjk+eijkl
onde:
Yij = conjunto das variáveis dependentes;
µ = média geral;
Gi = efeito da i-éssima grupo genético (i = 1, 2, 3, 4 e 5);
Ek = efeito da k-éssima época (1 e 2);
EGjk = interação entre época e raça;
eijkl = erro aleatório associado a cada observação.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 2 mostra o resumo da análise de variância para as características
ultra - sonográficas (Medida diagonal longitudinal por ultra-som - MDLUS, Medida
diagonal transversal por ultra-som - MDTUS, Área de olho de lombo longitudinal- por
ultra-som - AOLLUS, Área de olho de lombo transversal por ultra-som - AOLTUS e
Espessura de gordura de cobertura - EGC) e desempenho ponderal -PS de ovinos
de diferentes raças.
Houve influência da variável raça (P<0,001) sobre o peso semanal (PS) dos
animais, o que já era previsto neste estudo, uma vez que as raças utilizadas eram
diferenciadas em relação às suas conformações físicas, como tamanho e presença
ou não de lã na pele. No que diz respeito às características avaliadas por ultra-som
a raça não exerceu efeito significativo (P>0,05).
O tipo de parto não influenciou significativamente as características
analisadas (P>0,05), ou seja, partos simples ou gemelares dos animais
31
experimentais não afetaram o desenvolvimento ponderal. O resultado discorda dos
observados por Peeters et al. (1995), em estudo com cordeiros resultantes de
cruzamentos de Suffolk, obtiveram melhores resultados para cordeiros de partos
simples, avaliando características de peso.
Em relação ao mês de pesagem, época de nascimento, assim como a
interação entre época e raça houve influência significativa para todas as
características estudadas (P<0,01).
De acordo com Figueiredo (1986), a influência da época de nascimento sobre
o peso da cria é condicionada, principalmente, pela maior ou menor disponibilidade
e qualidade da pastagem, pois as precipitações pluviais sofrem variações ao longo
do tempo, associando-se às mudanças de temperatura, com reflexos quali-
quantitativos sobre as pastagens, o que reflete no desempenho do animal.
Tabela 2. Resumo da análise de variância de ovinos nas diferentes raças e
cruzamentos por meio da avaliação ultra-sonográfica in vivo e
desempenho ponderal.
Fonte de Variação
PS MDLUS MDTUS AOLLUS AOLTUS EGC
Raça *** Ns Ns Ns Ns Ns
TP Ns Ns Ns Ns Ns Ns
Época *** *** *** *** *** **
Época *Raça *** ** ** ** ** Ns
Mespes *** *** *** *** *** ***
IdPes *** Ns Ns * Ns **
Iddesm *** *** *** *** *** Ns
CV (%) 14,39 20,66 20,66 23,57 23,01 31,16
X 19,83 1,07 1,02 7,57 4,64 2,0
*P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001; NS: Não significante; PS: Peso semanal; MDLUS: Medida diagonal longitudinal no ultra-som; MDTUS: Medida diagonal transversal no ultra-som; AOLLUS: Área de olho de lombo longitudinal no ultra-som; AOLTUS: Área de olho de lombo transversal no ultra-som; EGC: Espessura de gordura de cobertura;TP: Tipo de parto; Mespes: Mês da pesagem; IdPes: Idade ao peso; Iddesm: Idade a desmama; CV: Coeficiente de variação
32
O efeito da idade ao desmame influenciou a maioria das características,
avaliada por ultra-som (P<0,001), mas não apresentou diferença para espessura de
gordura de cobertura (EGC). Resultado similar ao obtido por Silva Sobrinho (2001),
que relata que a idade a desmama influencia não só o desempenho dos cordeiros
como as características da carcaça.
As médias das medidas ultra - sonográficas de MDLUS, MDTUS, AOLLUS,
AOLTUS e EGC encontradas neste trabalho foram de 1,07 cm; 1,02 cm; 7,57 cm2;
4,64 cm2 e 2,0 mm, respectivamente. As medidas AOLLUS e AOLTUS obtidas neste
trabalho foram superiores aos valores encontrados por Leão (2004), que encontrou
valores de 3,54 e 2,61 cm2 para AOLLUS e AOLTUS, respectivamente, em ovinos
da raça Santa Inês.
Macedo et al. (2000) obtiveram uma média de AOL de 10,92 cm2 para
cordeiros Texel, utilizando três métodos de alimentação (Silagem de milho +
concentrado) e Brito (2003), encontrou valor de 11,1 cm2 de AOL em ovinos da raça
Santa Inês. Os valores médios encontrados por esses autores foram superiores aos
obtidos neste experimento, provavelmente devido à utilização de alimentação
diferente.
A média encontrada para EGC foi de 2,0 mm, sendo semelhante aos
resultados obtidos por Brito (2003) e Siqueira & Fernandes (2000), que verificaram
em ovinos da raça Santa Inês valores de 1,8 e 1,4 mm, respectivamente. Ambos
resultados foram inferiores aos resultados encontrados por Leão (2004), de 3,5 mm
em ovinos Santa Inês.
Na Tabela 3 podem ser vistas as médias do desempenho ponderal e
avaliação ultra-sonográfica, mostrando que o grupo genético Texel x Santa Inês (TE
x SI) apresentou maior média no peso semanal, em seguida os das raças
Bergamácia (B), Bergamácia x Santa Inês (B x SI) e Santa Inês (SI) com valor
inferior, mas não diferindo estatisticamente entre eles (P>0,05).
Os animais da raça Bergamácia apresentaram menores médias para MDLUS,
MDTUS, AOLLUS e AOLTUS, embora essas raças só tenham diferido do grupo
genético Texel x Santa Inês, que apresentou as maiores médias para essas
características.
33
Tabela 3. Médias do desempenho ponderal e avaliação ultra – sonográfica in vivo
das raças de ovinos puros e cruzados estudados e comparados pelo teste
Tukey a 5%, de acordo com as raças.
Grupos Genéticos PS MDLUS MDTUS AOLLUS AOLTUS EGC
(kg) (cm) (cm) (cm2) (cm2) (mm)
B 19,16a 1,03a 0,98a 7,36a 4,40a 2,1abc
B x SI 19,00a 1,07ab 1,00ab 7,41a 4,48ab 1,7b
SI 19,32a 1,07ab 1,01a 7,58a 4,65ab 1,9b
TE x SI 20,69b 1,15b 1,12b 8,25a 5,13b 2,2c
Médias com letras diferentes em uma coluna diferiram (P<0,05), segundo o teste de Tukey. PS: Peso semanal; MDLUS: Medida diagonal longitudinal no ultra-som; MDTUS: Medida diagonal transversal no ultra-som; AOLLUS: Área de olho de lombo longitudinal no ultra-som; AOLTUS: Área de olho de lombo transversal no ultra-som; ECG: Espessura de gordura de cobertura; B: Bergamácia; B x SI: Bergamácia x Santa Inês; SI: Santa Inês; TE x SI: Texel x Santa Inês
Não houve diferença significativa pelo teste de Tukey entre os grupos
genéticos na característica de AOLLUS. Porém, para a medida da AOLTUS houve
diferença apenas entre as raças Bergamácia e Texel x Santa Inês.
O grupo genético Texel x Santa Inês foi o que apresentou maior média de
espessura de gordura de cobertura (2,2 mm), diferindo apenas das raças Santa Inês
e Bergamácia x Santa Inês.
Os valores encontrados por Müller et al (1996), também foram semelhantes
ao deste trabalho, sendo o valor de 2,9 mm para EGC de cordeiros Corriedale, Ideal,
Romney Marsh e mestiços entre estas raças. De acordo com Müller (1980), a
espessura de gordura de cobertura contribui positivamente na determinação do
ponto ideal de abate dos animais nos diferentes sistemas de produção, onde a
prioridade seria a obtenção do mínimo de EGC, indicado para prevenir a perda da
qualidade da carcaça por resfriamento.
A Tabela 4 apresenta as correlações entre medidas ultra-sonográficas e
pesos. Observa-se que, em geral, as correlações envolvendo as características
avaliadas usando o ultra-som, foram de média à alta e positiva (>0,33) entre elas, ou
seja, quando aumenta o valor de uma característica, conseqüentemente, aumenta o
valor da outra. Por exemplo, quando aumenta o valor da AOLLUS há também um
aumento na MDLUS.
34
Com relação às medidas de AOLLUS e AOLTUS foram obtidas correlações
altas e positivas destas com MDLUS e MDTUS, mas apresentaram correlação de
baixa à média com a característica de peso semanal - PS.
Observa-se que o peso semanal apresentou em geral, correlações de baixa à
média para quase todas as características, embora não tenha apresentado para
idade do peso (0,88). Estes resultados indicam que animais que apresentam pesos
mais baixos, tendem também a possuir menores valores nas características ultra-
sonográficas. Estes resultados contradizem os encontrados por Moser et al. (1998),
que verificaram correlação alta e positiva entre as características de AOL e
desenvolvimento ponderal.
Tabela 4. Correlações entre as características de ovinos de diferentes grupos
genéticos.
PS MDLUS MDTUS AOLLUS AOLTUS EGC
MDLUS 0,324
MDTUS 0,353 0,801
AOLLUS 0,281 0,964 0,803
AOLTUS 0,285 0,799 0,951 0,831
EGC 0,065 0,372 0,377 0,339 0,375
IDPES 0,888 0,064 0,057 0,015 -0,004 -0,068
PS: Peso semanal; MDLUS: Medida diagonal longitudinal no ultra-som; MDTUS: Medida diagonal transversal no ultra-som; AOLLUS: Área de olho de lombo longitudinal no ultra-som; AOLTUS: Área de olho de lombo transversal no ultra-som; EGC; Espessura de gordura de cobertura.; Idpes: Idade do peso.
Neste trabalho a correlação entre AOL e EGC foi média e positiva, isto indica
que para cada cm2 de comprimento da AOL, deve haver um aumento da EGC. O
valor encontrado para esta correlação é antagônico ao encontrado por Leão (2004),
que encontrou correlação baixa e negativa trabalhando com ovinos da raça Santa
Inês.
Segundo Bueno et al. (2000), a área de olho de lombo é de extremo
interesse, pois apresenta correlação alta e positiva com a quantidade de músculo na
carcaça.
Hedrick (1983) afirma que a relação entre EGC e AOL, medida por ultra-
sonografia no animal vivo, tem sido similar às relações entre as mesmas na carcaça.
Rouse et al. (2000), também encontraram boas correlações entre as medidas feitas
35
por ultra-som e as feitas posteriormente na carcaça. Entretanto, alguns trabalhos
relatam correlações mais baixas entre essas medidas (Ribeiro et al.,1999).
As figuras abaixo representam a relação entre a idade e as características
ultra-sonográficas. Também apresentada à linha de tendência para essas
características (regressão linear).
Na Figura 1(a e b) pode ser observado que ocorreu um crescimento de ambos
valores das MDLUS e MDTUS, ou seja, na medida em que os animais atingiam
maior idade, as medidas analisadas também acompanhavam o crescimento.
Figura1. Relações entre idade e características ultra-sonográficas observadas e estimadas usando regressões em ovinos (a) Medida diagonal longitudinal no ultra-som-MDLUS e (b) Medida diagonal transversal no ultra-som - MDTUS.
Verificou-se na Figura 2 (a e b) que os valores médios para AOLLUS e
AOLTUS avaliados por ultra-som também apresentaram crescimento na medida em
que os animais atingiam maior idade.
Figura 2. Relações entre idade e características ultra-sonográficas observadas e estimadas usando regressões em ovinos (a) Área de olho de lombo longitudinal no ultra-som - AOLLUS e (b) Área de olho de lombo transversal no ultra-som- AOLTUS.
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36
A Figura 3 (a) apresenta relação de crescimento entre a espessura de
gordura de cobertura e idade dos animais experimentais e (b) a relação entre idade
e peso semanal. Como pode ser observado, os valores médios da EGC e peso
semanal aumentaram de acordo com o crescimento dos animais.
Figura 3. Relação entre idade e espessura de gordura de cobertura - EGC (a) e (b) relação entre idade e peso semanal –PS em ovinos.
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kg
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Y=11,336+0,0051* Idade R2= 0.62
b)
37
5. CONCLUSÕES
Os animais cruzados apresentaram maior desenvolvimento para as
características de peso e ultra-sonográficas estudadas.
Para as características medidas por ultra-som os animais da raça Bergamácia
apresentaram menores médias, embora só tenham diferido do grupo genético Texel
x Santa Inês, que apresentou as maiores médias para essas características.
O grupamento Texel x Santa Inês também apresentou maior média de
espessura de gordura de cobertura, diferindo apenas das raças Santa Inês e
Bergamácia x Santa Inês.
38
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANUALPEC. São Paulo: FNP Consultoria & Comércio, 2004. p. 301-302. ARAÚJO, A. M.; SILVA, F. L. R.; BARROS, N. N. Medidas corporais de ovinos deslanados da raça Santa Inês. EMBRAPA - CNPC. CE, 1997. ASSOCIATION OF OFFICIAL AGRICULTURAL CHEMISTS. Off icial method s of analysis of AOAC. 16.ed. Arlington: AOAC International, 1995. v.1, 4/1-4/30p. BATHAEI, S. S. La croissance et le développement corporel de la naissance à la maturité dans la raca ovine iranienne Mehraban à queue grasse. Revue d’élevage et de Médicine Vetérinaire des Pays Tropicaux, v. 48, n. 02, p. 181-194, 1995. BRITO, E. A.; et al. Desempenho de caprinos e ovinos terminados em confinamento. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, V.40, 2003, Santa Maria. Anais… Santa Maria: SBZ, 2003. CD-ROM. BUENO, M. S.; CUNHA, E. A.; SANTOS, L. E. Características de carcaça de cordeiros Suffolk abatidos em diferentes idades. Revista Brasileira de Zootecnia, 29 (6), p.1803-1810, 2000. FIGUEIREDO, E. A. P. Potencial breeding p lans developed from observed genetic parameteres and simulated genotypes for Morada Nova sheep in Northeast Brazil College Station. Texas A & M University, 1986. 178p. Tese (Mestrado em Zootecnia) - Texas A & M University, 1986. HEDRICK, H. B. Methods of estimating live animal and carcass composition. Journal Animal Science, v. 57, n.5, p.1316-1326,1983. KEMPSTER, A.J.; CROSTON,D.; GUY, D. R.; JONES, D.W. Growth and carcass characteristics of crossbred lams by tem sire breeds, compared at the same estimarted carcass subcutaneous fat proportion. Animal Produ ction ., v.44., n.1, p.83-98, 1987. LAFIT, M.G.A., OWEN, E. A note on the growth performance and carcass composition of Texel and Suffolk sired lambs in a intensive system. Animal Produ ction ., 30 (2): 311-314,1980. LEÃO, C. C. Uso do u ltra-som na determinação da qualidade de carcaça de ovinos Santa Inês. Brasília: Faculdade de Agrono mia e Medicina Veterinária, 2004, 50 p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária/ Universidade de Brasília. MACEDO, F. A. F.; SIQUEIRA, E. R.; MARTINS, E. N.; MACEDO, R. M. G. Qualidade de carcaças de cordeiros Corriedale puros e mestiços terminados em pastagem e confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 29, n. 5, p. 1520 - 1527, 2000.
39
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40
CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DA CARCAÇA E MEDIDAS
MORFOMÉTRICAS DE DIFERENTES RAÇAS DE OVINOS
RESUMO
Foram estudadas as características de carcaça de 48 ovinos machos e inteiros,
oriundos de quatro grupos genéticos diferentes, sendo 27 animais da raça Santa
Inês, 10 da raça Bergamácia, 5 oriundos do cruzamento do Texel com ovelhas
Santa Inês e 6 animais provenientes do cruzamento de um reprodutor Bergamácia
com ovelhas Santa Inês. Os animais foram mantidos no pasto (Grupo 1) e em semi-
confinamento (Grupo 2) Foram analisados as características morfométricas e
quantitativas da carcaça. Os dados foram analisados usando o procedimento GLM
(Análise de variância), CORR (Correlação), PRINCOMP (Componentes principais) e
teste de médias (Tukey 5%) do programa estatístico SAS (Statistical Analysis
System). Verificou-se que a correlação dos cortes comerciais com os pesos e os
rendimentos de carcaça quente e fria foram de média a alta e positiva. Os
componentes principais mostram que animais com alto peso ao abate tendem a
obter altos pesos para as partes da carcaça. Os animais da raça Bergamácia
apresentaram menor média para os cortes cárneos examinados, enquanto que o
grupo genético Texel x Santa Inês apresentaram as maiores médias.
Palavras-chave: cortes, medidas, rendimentos
41
QUANTITATIVE CARCASS AND MORPHOLOGICAL TRAITS IN DIFFERENT
GENETIC GROUPS OF SHEEP
ABSTRACT
Performance and carcass traits were studied on 48 male entire sheep from four
genetic groups with 27 animals Santa Inês, 10 Bergamasca, 5 from a cross with
Texel sire and Santa Inês dams and 6 from a cross with a Bergamasca sire and
Santa Inês dams.
Animals were reared at pasture (Group 1) and in semi-confinement (Group 2).
Mophological traits and carcass caracteristics were studied Data were analyzed
using the GLM (General Linear Model) procedure of SAS ®, as well as CORR
(Correlation),REG (Regression and means compared using Tukey (5%). The
correlation between weights and carcass output was medium to high. Principal
components showed that heavier animals at slaughter had higher carcass cut
weights. The Texel x Santa Inês group had the highest slaughter weight and carcass
cut weights which the Bergamasca had the lowest mean meat cut weights.
Key words: cuts, measurements, killout
42
CAPÍTULO 3 – CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DA CARCAÇA E
MEDIDAS MORFOMÉTRICAS DE DIFERENTES RAÇAS DE OVINOS
1. INTRODUÇÃO
Para que a ovinocultura seja um empreendimento economicamente viável é
necessário, entre outros fatores, propiciar ao animal condições de exteriorizar o
máximo desempenho de suas potencialidades através de alimentação, manejo e
cruzamentos adequado, e deste modo alcançar as condições de peso e/ou
terminação para abate, mais precocemente.
No Brasil, a cadeia da carne ovina ainda é bastante incipiente, sendo o peso da
carcaça o elemento regulador dos abates. Segundo Müller (1991), os mercados
consumidores normalmente apresentam exigências de peso mínimo dos diversos
cortes cárneos, evitando abate de animais em condições insatisfatórias de
desenvolvimento muscular e acabamento.
Das raças introduzidas no Distrito Federal, prevaleceu a Santa Inês, pela sua
adaptação às condições locais, pelo seu tamanho e suposta prolificidade (McManus
et al., 2002). Segundo esses autores, o mercado do Centro-oeste para carne de
ovinos é excelente, pois a região mostra-se altamente propícia à ovinocultura, pois
os índices aqui registrados têm sido superiores aos obtidos nas outras regiões do
país.
No sistema de produção de carne ovina, deve-se destacar os aspectos
quantitativos relacionados à carcaça, pois o conhecimento dos pesos e rendimentos
dos principais cortes da carcaça são critérios para enriquecer a avaliação do
desempenho animal (Silva e Pires, citados por Zundt et al., 2001).
A comercialização dos ovinos, geralmente, é feita com base no peso vivo, em
função da falta de adequado sistema de classificação de carcaças. Portanto, o
rendimento de carcaça torna-se um parâmetro importante na comercialização do
produto (Perez, 1995; Sainz, 1996).
O rendimento dos cortes da carcaça é um dos principais fatores que estão
diretamente relacionados com a qualidade da carcaça. Conforme Colomber-Rocher
et al.(1988), o rendimento de carcaça é determinado pelos diversos componentes
corporais do animal, e o valor de uma carcaça depende, entre outros fatores, dos
pesos relativos de seus cortes, sendo que, para melhorar esse valor, torna-se
43
necessário aprimorar aspectos relativos à nutrição, sanidade, manejo, raças e
cruzamentos.
A partir dos pesos da carcaça quente e fria, são calculados os rendimentos.
Quando se utiliza o peso da carcaça quente para calcular o rendimento, ocorre uma
diferença de 2 a 3% em virtude da variação entre os pesos da carcaça fria (24 horas
de refrigeração) e quente (após o abate). Estas diferenças são as perdas de peso ao
resfriamento, as quais dependem da quantidade de gordura de cobertura,
responsável pela proteção da carcaça e diminuição das perdas de umidade. Como é
comercializada a carcaça fria, o rendimento considerado é chamado de comercial,
diferentemente do rendimento da carcaça quente (Yeates, citado por Garcia,1998).
A avaliação do rendimento é de grande importância para determinar o
desempenho do animal durante seu desenvolvimento, pois expressa a relação
porcentual entre o peso da carcaça e o peso vivo animal (Osório et al.,1998). O
rendimento aumenta com o aumento do peso vivo e com o grau de acabamento do
animal. Todos esses tipos de rendimento são importantes parâmetros na avaliação
de cordeiros que vêm se destacando por apresentar potencialidades para produção
de carne como os da raça Santa Inês e Bergamácia (Peron et al., 1993).
Assim, os objetivos deste trabalho foram avaliar o peso de abate, o peso e o
rendimento da carcaça, o percentual de perda ao resfriamento, as mensurações
morfométricas e os cortes comerciais da carcaça de ovinos de diferentes grupos
genéticos.
44
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Local
Este experimento foi desenvolvido no período de 2004 e 2004 no Centro de
Manejo de Ovinos na Fazenda Água Limpa da Universidade de Brasília - UnB,
localizado junto à cidade de Brasília - DF. O clima da região é do tipo AW pela
classificação de Köppen, com temperatura média anual de 21,1° C, tendo 16° C e
34° C como mínima e máxima absolutas, respectivamente. A precipitação anual
média é de 1.578,5 mm e a média anual de umidade relativa do ar, é de 68%.
2.2. Animais e instalações
Foram utilizados 48 ovinos machos inteiros, de partos simples e gemelares,
oriundos de quatro grupos genéticos diferentes, sendo 27 animais da raça Santa
Inês (SI), 10 da raça Bergamácia (B), 5 oriundos do cruzamento do Texel com
ovelhas Santa Inês (TE x SI) e 6 animais provenientes do cruzamento de um
reprodutor Bergamácia com ovelhas Santa Inês (B x SI).
Ao nascer, os cordeiros foram identificados individualmente com coleiras de
metal e permaneceram junto de suas respectivas mães, até atingirem 15 kg, peso
determinado para o desmame. Os animais no final da tarde eram recolhidos em em
baias localizadas em galpão com piso de concreto e cobertos com telhas de zinco.
Em média, os animais do primeiro lote tinham 1 ano e os do segundo, tinham entre 5
a 10 meses de idade.
As pesagens dos cordeiros foram realizadas a cada 7 dias, com a finalidade
de monitorar o desenvolvimento ponderal dos mesmos, até a data estabelecida para
o abate. As medidas corporais foram coletadas em dois períodos em maio de 2004 e
setembro de 2005, assim como as mensurações realizadas com o adipômetro.
45
2.3. Manejo alimentar
Os animais do primeiro lote, nascidos entre março e maio de 2004, foram
mantidos em regime semi-extensivo, numa pastagem de Andropogon gayanus,
recebendo suplementação de concentrado de 300 g/cab/dia no final da tarde. O
fornecimento de sais minerais foi feito à vontade. Já os animais do segundo lote
nascidos entre dezembro de 2004 e maio de 2005, passaram a receber 500
g/cab/dia de concentrado dividido entre o início e o final do dia, além do
fornecimento de silagem de milho, em decorrência do período da seca.
A dieta foi calculada com base nas exigências nutricionais estabelecidas pelo
AOAC (1995). A composição de concentrado utilizado foi de 55% de farelo de milho,
30% farelo de soja, 10% farelo de girassol e 5% farelo de trigo, cuja análise
bromatológica encontra-se na Tabela 1.
Tabela 1. Composição bromatológica das dietas experimentais
Constituintes Concentrado Silagem Matéria Seca (MS)
Matéria Mineral (MM)*
Extrato Etéreo (EE)*
Proteína Bruta (PB)*
Fibra Detergente Neutro (FDN)*
Fibra Detergente Ácido (FDA)*
88,06
3,28
3,18
22,11
16,29
7,44
44,94
3,25
3,30
6,60
58,12
29,47
* Valores expressos em % de MS
2.4. Medidas corporais
As medidas corporais, obtidas segundo a metodologia descrita por Santana
(2001) e Osório (1998), foram as seguintes:
y $OWXU ���! FHUQHO "#� �$&� $ )R % PHQVXU �&�&�(' WLOL]DQGR-se uma régua de
madeira graduada em centímetros. A altura foi tomada pela distância vertical entre o
ponto mais alto e o solo, com o animal mantido em posição correta de aprumos;
46
y $OWXU )+*!, JDU -&.#) �$*� / )R 0 PHQVXU )&*&)1- WLOL]DQGR-se uma régua de madeira
graduada em centímetros. A altura foi tomada pela distância vertical entre o ponto
mais alto e o solo, com o animal mantido em posição correta de aprumos;
y &RPSULPHQW 2 FRUSRUD 3 �&&� / )R 0 PHQVXU )&*!)4- WLOL]DQGR-se uma fita métrica
graduada em centímetros. Distância entre a base da cauda e a base do pescoço.
y &RQGLoão Corporal (CDC): Foi avaliada a quantidade de gordura entre a
segunda e a quinta vértebras lombares (L2 a L5), na região do esterno e em torno da
inserção da cauda, sendo atribuídos escores subjetivos, que variaram de 1 a 5, onde
1= muito magra e 5= muito gorda, de acordo com o grau de distribuição e acúmulo
de tecido adiposo na musculatura.
y (VSHVVXU 576!8�9#8 O 8 �(3(� : )R ; PHQVXU 5&6&5=< VDQGR-se um adipômetro,
utilizado para determinar as medidas das características de carcaça. É um aparelho
usado para medir dobras de pele com alto nível de precisão. Sua escala é dividida
em décimos de milímetros e refletem a gordura subcutânea.
y *RUGXU >@?&A FREHUWXU >@?&> FDUFDo > �*&&� B )R C DYDOL >&?&> VXEMHWLYDPHQW AED#A O >quantidade e distribuição da gordura externa na carcaça, através de índices
crescentes, variando de um (magra) a cinco (muito gorda).
y 3HUtPHWro de Pernil (PEP): Foi mensurado usando-se uma fita métrica
graduada em centímetros, medindo o contorno dessa região.
y 3HUtPHWU F WRUiFLF F �3(7� G )R H PHQVXU I&JKFML WLOL]DQGR-se uma fita métrica
graduada em centímetros. O perímetro foi obtido na parte posterior das espáduas
junto às axilas;
47
2.5. Procedimento para abate e cálculos para rendimento
Os animais foram pesados antes de serem submetidos a jejum, obtendo-se o
peso vivo sem jejum (PV). Antes do abate, os animais foram novamente pesados,
obtendo o peso vivo ao abate (PCJ).
Os animais foram abatidos após jejum de aproximadamente 16 horas de dieta
hídrica e sólida. Os animais sofreram dessensibilização atlanto-occiptal, sendo em
seguida seccionadas as veias jugulares e as artérias carótidas para a sangria.
Posteriormente procedeu-se a esfola, sendo a pele retirada e pesada (PP).
Em seguida, fez-se então uma abertura ao longo de toda a linha mediana ventral
para retirada das vísceras e pesagem dos órgãos da cavidade torácica (pulmão,
coração e traquéia) e da cavidade abdominal (fígado e os rins). O conteúdo do trato
digestório foi obtido por diferença de peso do trato cheio e vazio, para determinação
do peso do corpo vazio (Silva Sobrinho, 2001).
Logo após a evisceração, retirou-se a cabeça e a parte distal dos membros,
obtendo assim a carcaça inteira, que foi identificada e pesada logo em seguida.
Terminada a evisceração, pesaram-se as carcaças, obtendo-se o peso da
carcaça quente (PCQ), e calcularam-se o rendimento de carcaça quente (RCQ=
PCQ/PCJ x 100) e o rendimento biológico verdadeiro (RB= PCQ/PCV x100).
Em seguida as carcaças foram refrigeradas a 4° C por 24 horas em câmara fria.
Ao final desse período registraram-se o peso da carcaça fria (PCF), a perda de peso
pelo resfriamento (PR= PCQ - PCF/PCQ x 100) e o rendimento de carcaça fria ou
comercial (RCF= PCF/PCJ x 100).
2.6. Procedimento das mensurações durante o abate
Após o abate e a sangria, usando o adipômetro mediu-se a espessura de pele
umbilical (EPU), a espessura de pele do lombo direito (EPLD) e esquerdo (EPLE),
da base da cauda (EPBC), da paleta direita (EPPD) e esquerda (EPPE) e da perna
direita (EPED) e esquerda (EPEE).
Em seguida, foi realizada a evisceração, sendo retirados os órgãos torácicos
(OT) (pulmão, coração, traquéia e diafragma) e os órgãos abdominais (OA) (fígado e
48
rins), que foram pesados separadamente. As carcaças foram avaliadas
subjetivamente para predição da gordura de cobertura da carcaça e em seguida foi
mensurado o comprimento da carcaça.
Após o abate e evisceração, a carcaça permaneceu por 24 horas em câmara
fria (4° C). Posteriormente, a carcaça foi dividida longitudinalmente em duas
metades. A metade esquerda da carcaça foi subdividida nos seguintes cortes,
conforme Silva Sobrinho (2001): pescoço, paleta, costela, lombo e perna.
2.7. Obtenção da hemi-carcaça e de cortes comerciais As hemi-carcaças foram separadas através de corte longitudinal na espinha
vertebral, obtendo-se duas metades aproximadamente simétricas. Fez-se a
pesagem da hemi-carcaça esquerda e em seguida seccionada em cinco regiões
denominadas cortes comerciais, conforme Silva Sobrinho (2001): pescoço, paleta,
costela, lombo e pernil, que foram individualmente pesados (Figura 1).
Pescoço: refere-se às sete vértebras cervicais, efetuando-se um corte oblíquo
entre a sétima cervical e a primeira torácica;
Paleta: compreende a região que tem como base anatômica à escápula, o
úmero, a ulna, o rádio e o carpo;
Costela/Fralda: esse corte compreendeu a região anatômica da parede
abdominal e 2/3 da região ventral torácica. Sua base óssea foi metade
correspondente do esterno cortado sagitalmente, aproximadamente os 2/3 ventrais
das oito costelas e terço ventral das cinco restantes;
Lombo: compreende as 6 vértebras lombares;
Pernil: seccionada na articulação da última vértebra lombar e a primeira sacra
e na junta tarso – metatarsiana, tendo como base óssea o ílio, o púbis, o ísquio, o
fêmur, a tíbia e o tarso.
49
Figura 1. Cortes cárneos efetuados na meia carcaça dos animais experimentais Fonte: Adaptado de Garcia (1998) e de Silva Sobrinho (1999)
3. Delineamento experimental
Os dados coletados foram analisados por meio do software Statistical
Analysis System (versão 8.2 atualizada 1999) pela aplicação dos procedimentos
GLM (Análise de variância), CORR (Correlação), PRINCOMP (Componentes
principais), testes de médias (Tukey 5%). O modelo matemático utilizado foi o
seguinte:
Yij =µ+Gi+Ek+EGjk+eijkl
PERNIL
50
onde:
Yij = conjunto das variáveis dependentes;
µ = média geral;
Gi = efeito da i-éssima grupo genético (i = 1, 2, 3, 4 e 5);
Ek = efeito da k-éssima época (1 e 2);
EGjk = interação entre época e raça;
eijkl = erro aleatório associado a cada observação.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 2 estão apresentados os dados referentes às características
quantitativas da carcaça de ovinos de diferentes grupos genéticos. Verificou-se que
houve influência da raça e época de nascimento (P<0,01) sobre a idade ao abate
(IdAbt) e peso com jejum (PCJ), o que já era previsto neste estudo, uma vez que
foram utilizadas raças distintas e em períodos de disponibilidade de alimentos
diferenciados, principalmente no período experimental de 2004.
O peso vivo ao abate (PCJ) não afetou significativamente a maioria das
características analisadas, tendo apresentado diferença apenas para raça e época
de nascimento (P<0,01), discordando com os valores encontrados por Leão (2004),
que verificou a influência do peso vivo na maioria das características analisadas na
carcaça.
A média obtida para peso do corpo vazio (PCV) neste trabalho, foi de 24,35
kg, sendo superior ao valor encontrado por Garcia (1998), de 23,95 kg, estudando o
efeito da substituição do milho moído pelo resíduo de panificação (biscoito) em
ovinos.
As médias das características de carcaça encontradas no presente estudo
estão de acordo com os encontrados por autores trabalhando com ovinos (Kffuri,
1993 e Fernandes, 1994), que encontraram valores de peso de carcaça quente
(PCQ) entre 9,51 e 14,0 kg; peso de carcaça fria (PCF) entre 9,37 e 13,7 kg, e
rendimento de carcaça quente (RCQ) entre 37 e 38%. Corroborando com Santos et
al. (2002), que obtiveram valores de PCQ de 13,3 kg para animais da raça Santa
Inês e de 13,5; 13,8 e 13,9 kg para animais, ½ Ile de France, ½ Poll Dorset e ½
51
Suffolk, respectivamente, e RCQ de 47,6% para Santa Inês e de 46,5; 46,7 e 49,5 %
para os mestiços ½ Suffolk, ½ Ile de France e ½ Poll Dorset, respectivamente.
Tabela 2. Resumo da análise de variância das características de carcaça de ovinos
puros e cruzados.
Variável IdAbt PCJ PCQ PCF PCV PR RCQ RCF GC
Raça * * NS NS NS NS NS NS NS
Época *** *** NS NS NS NS *** *** NS
TP NS NS NS NS NS NS NS NS NS
CV (%) 14,99 10,29 14,00 14,19 10,69 56,85 6,89 7,19 19,37
X 326,62 27,85 10,53 10,20 24,35 3,22 38,42 37,25 2,77
*P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001;NS: Não significante; IdAbt: Idade ao abate; PCJ: Peso com jejum; PCQ: Peso de carcaça quente; PCF: Peso de carcaça fria; PCV: Peso do corpo vazio;PR: Perda ao resfriamento; RCQ: Rendimento de carcaça quente; RCF: Rendimento de carcaça fria.; GC: Gordura de cobertura.
Essa variação de resultados encontrados na literatura possivelmente está
associada aos diferentes tipos raciais e ao peso de abate desses animais, que
variam de 30 a 40 kg, sendo superiores ao do presente estudo. Isso já havia sido
observado por Figueiró e Benavides (1990), ao verificarem que, ao se elevar o peso
de abate, há também acréscimo no rendimento da carcaça.
Selaive Villarroel et al. (2003), também encontraram valores menores de 9,81
e 8,14 kg, para PCQ e 40,39 e 39,91%, para RCQ, para cordeiros mestiços Texel e
Santa Inês abatidos com pesos de 23,7 e 20,7 kg.
As características de PCQ e PCF apresentadas na Tabela 3a mostram que os
ovinos cruzas Bergamácia x Santa Inês (B x SI) obtiveram pesos de carcaça quente
e fria e superiores aos demais grupos genéticos, mas não apresentando diferença
significativa entre os demais. Os pesos superiores observados para os animais
cruzados indicam que as raças Santa Inês e Bergamácia apresentam alto potencial
de ganho, quando utilizadas em cruzamentos com uma raça especializada na
produção de carne. Entretanto, estes resultados obtidos para PCQ e PCF não estão
de acordo com os encontrados por Martins (1997), que observou diferença
significativa nos pesos das carcaças (p<0,05) entre cruzamentos das raças Santa
Inês e Bergamácia.
A Tabela 3a mostra que a idade ao abate de cordeiros evidenciou diferença
entre as raças e época de nascimento (P<0,01), sendo demonstrado pelo teste de
52
Tukey que o grupo genético Texel x Santa Inês (TE x SI) foi o que apresentou maior
idade ao abate.
Tabela 3a. Média das características de carcaça de ovinos de diferentes genótipos
estudados e comparados pelo teste Tukey a 5%, de acordo com as
raças.
Grupos Genéticos IdAbt (kg)
PCJ (kg)
PCV (kg)
PCQ (kg)
PCF (kg)
PR (%)
PHC (kg)
B 311,20a 26,14a 23,06a 9,64a 9,30a 3,5a 4,68a
B x SI 319,83a 27,55a 23,96a 10,65a 10,31a 3,0a 5,08a
SI 315,22a 27,22a 23,80a 10,59a 10,25a 3,4a 5,02a
TE x SI 335,00ab 28,42a 24,69ab 10,27a 9,94a 3,3a 5,05a
Médias com letras diferentes em uma coluna diferiram (P<0,05), segundo o teste de Tukey. IdAbt: Idade ao abate; PCJ: Peso com jejum: PCV: Peso do corpo vazio; PCQ: Peso de carcaça quente; PCF: Peso de carcaça fria; PR: Perda ao resfriamento; PHC: Peso da hemi-carcaça; B : Bergamácia; B x SI: Bergamácia x Santa Inês; SI: Santa Inês; Te x SI: Texel x Santa Inês
Para as perdas de peso pelo resfriamento não houve diferença (p>0,05) para
as variáveis analisadas, devido à escassa gordura de cobertura na carcaça. A média
obtida neste trabalho foi de 3,22%. Esse valor foi semelhante ao encontrado por
Macedo (1998), de 3,35%, trabalhando com cordeiros confinados Corriedale,
Bergamácia x Corriedale e Hampshire Down x Corriedale. Esses valores foram
superiores aos observados por Carneiro (2001) que ao estudarem as características
da carcaça de cordeiros Texel, encontraram um valor médio de 2,67% para quebra
pelo resfriamento.
Segundo Martins (1997), a perda no resfriamento indica o percentual de peso
que é perdido durante o resfriamento da carcaça, em função de alguns fatores,
como perda de umidade e reações químicas que ocorrem no músculo. Assim,
quanto menor for esse porcentual maior é a probabilidade da carcaça ter sido
manejada e armazenada de modo adequado.
A média encontrada para gordura de cobertura (GC) neste trabalho foi de
2,77, sendo superior ao valor obtido por Bueno et al. (2001), que verificaram em
ovinos Santa Inês, a média de 1,82 para essa mesma variável. Diferiram, no
entanto, dos valores encontrados por Silva (2002) e Cunha et al. (2001) que
relataram médias de 1,5 e 1,4, respectivamente. Os valores encontrados por Garcia
et al. (2000) confirmam os resultados desse trabalho, pois também trabalhando com
53
ovinos da raça Santa Inês, pois obtiveram valores de 2,3 e 2,4 para gordura de
cobertura (Tabela 3b).
De acordo com o teste de Tukey verificou-se que não houve diferença entre as raças
estudadas para a gordura de cobertura da carcaça (P>0,05).
Poucos estudos têm sido realizados em relação aos órgãos corporais.
Possivelmente, esse reduzido interesse deve-se ao fato destas variáveis não
fazerem parte da carcaça comercial. Todavia, pesquisas nessa área devem ser
realizadas, já que os órgãos internos, através de um processamento adequado,
podem se tornar valiosos subprodutos da indústria da carne (Kirton et al., 1995).
Segundo Lopez et al. (1992), os pesos elevados de determinados
componentes, não constituintes da carcaça, podem atuar de forma negativa em seu
rendimento, principalmente, a cabeça, pele e sangue.
Verificou - se que, de acordo com o teste de Tukey, os pesos dos órgãos da
cavidade torácica e abdominal não apresentaram diferença significativa entre as
raças, mas no peso da pele houve diferença entre as raças, sendo que o
grupamento Texel x Santa Inês foi o que apresentou a maior média (4,10 kg),
diferindo apenas da raça Santa Inês (Tabela 3b).
Tabela 3b. Média das características de carcaça de ovinos de diferentes genótipos
estudadas e comparadas pelo teste Tukey a 5%, de acordo com as raças.
Grupos Genéticos
RCQ (%)
RCF (%)
RV (%)
POT (%)
POA (%)
PPEL (kg)
GC (1-5)
B 37,20a 35,85a 41,52a 0,73a 0,64a 3,6 abc 2,5a
B x SI 39,45a 38,26a 45,11ab 0,79a 0,59a 3,0bc 3,1a
SI 39,60a 38,40a 45,20b 0,78a 0,62a 2,53b 2,6a
TE x SI 36,57a 35,39a 42,08ab 0,70a 0,54a 4,10c 3,0a
Médias com letras diferentes em uma coluna diferiram (P<0,05), segundo o teste de Tukey. RCQ: Rendimento de carcaça quente; RCF: Rendimento de carcaça fria; RV: Rendimento verdadeiro; POT: Peso dos órgãos torácicos; POA: Peso dos órgãos abdominais; PPEL: Peso de pele; GC: Gordura de cobertura; B: Bergamácia; B x SI: Bergamácia x Santa Inês; SI: Santa Inês; Te x SI: Texel x Santa Inês.
Por meio dos resultados apresentados na Tabela 4 constatou-se que não
ocorreram diferenças (P>0,05) entre as raças em relação aos cortes cárneos. Os
valores médios dos cortes comerciais encontrados foram: 1,73; 0,30; 1,02; 1,46 e
0,47 kg para pernil, lombo, paleta, costela e pescoço, respectivamente. Esses
resultados concordam com os obtidos por Gonzaga Neto (2003), que trabalhando
54
com cordeiros Morada Nova encontrou valores médios de 1,75; 0,67; 1,06; 1,33 e
0,51 kg, respectivamente, para as mesmas características.
Tabela 4. Média dos cortes cárneos de ovinos puros e cruzados comparados pelo
teste Tukey a 5%.
Grupos Genéticos
PERNIL (kg)
LOMBO (kg)
PALETA (kg)
COSTELA (kg)
PESCOÇO (kg)
B 1,57a 0,27a 0,95a 1,34a 0,46a
B x SI 1,72a 0,33a 0,98a 1,51a 0,46a
SI 1,74a 0,30a 1,02a 1,43a 0,46a
TE x SI 1,72a 0,32a 1,04a 1,42a 0,45a
X 1,73 0,30 0,19 1,46 0,47
Médias com letras diferentes em uma coluna diferiram (P<0,05), segundo o teste de Tukey. B: Bergamácia; B x SI: Bergamácia x Santa Inês; SI: Santa Inês; Te x SI: Texel x Santa Inês
Oliveira et al. (2002) demostram valores médios de cortes comerciais: 1,67;
0,91 e 3,08 kg para paleta, lombo e pernil, respectivamente, de ovinos Santa Inês.
As diferenças em relação aos nossos resultados podem ser em virtude do nível
nutricional e do sistema de criação dos animais.
Dos cortes cárneos estudados, o pernil foi o corte que apresentou maior
média (1,73 kg), quando comparado com os demais cortes. Os resultados
concordam com os observados por Farusho - Garcia et al. (2004), que relatam que a
paleta e o pernil representam mais de 50% da carcaça, sendo estes cortes o que
melhor predizem o conteúdo total dos tecidos da carcaça.
De acordo com o teste Tukey os animais da raça Bergamácia apresentaram
menor média para os cortes cárneos examinados, mas não diferiram
estatisticamente dos demais grupos genéticos.(Tabela 4).
Na Tabela 5 os valores médios da espessura de pele apresentaram diferença
significativa somente para a espessura umbilical medida no animal vivo (EPUV) e
post mortem (EPUM). Os animais do grupamento genético Texel x Santa Inês
apresentaram diferença significativa quando comparados com as raças Santa Inês e
Bergamácia, em relação à espessura umbilical (P<0,05).
55
Tabela 5. Média da espessura de pele usando o adipômetro em ovinos comparados
pelo teste Tukey a 5%, de acordo com as raças.
Grupos EPUV EPUM EPLD EPLE EPBC EPPD EPPE EPED EPEE
B 0,30a 0,30a 0,61a 0,60a 0,60a 0,40a 0,40a 0,40a 0,40a
B x SI 0,32ab 0,36ab 0,47a 0,63a 0,50a 0,40a 0,32a 0,40a 0,38a
SI 0,30a 0,30a 0,44a 0,50a 0,60a 0,36a 0,30a 0,41a 0,36a
TE x SI 0,36b 0,36b 0,48a 0,60a 0,43a 0,36a 0,40a 0,40a 0,40a
Médias com letras diferentes em uma coluna diferiram (P<0,05), segundo o teste de Tukey. EPUV: Espessura umbilical in vivo; EPUM: Espessura umbilical post mortem; EPLD: Espessura de pele do lombo direito; EPLE: Espessura de pele do lombo esquerdo; EPBC: Espessura de pele da base de cauda; EPPD: Espessura de pele da paleta direita; EPPE: Espessura de pele da paleta esquerda; EPED: Espessura de pele do pernil direito; EPEE: Espessura de pele do pernil esquerdo; Grupos: Grupos Genéticos;B: Bergamácia; B x SI: Bergamácia x Santa Inês; SI: Santa Inês; Te x SI: Texel x Santa Inês
Muitos trabalhos estão utilizando as medidas corporais para ajudarem na
avaliação de grupos genéticos, principalmente no que se refere à definição de seu
porte a aptidões. Segundo Guilbert & Gregory (1952), medidas corporais, junto com
o peso vivo do animal, descrevem melhor o indivíduo ou população que os métodos
convencionais de ponderações e classificação por escores. As seleções praticadas
atualmente enfatizam muito o tamanho corporal, pois está diretamente relacionado
com o peso do animal (Scarpati et al.,2001).
Na Tabela 6 verifica-se que, o grupamento Texel x Santa Inês apresentou
maior valor médio de comprimento corporal (CAV). Para as variáveis analisadas
como altura de cernelha (AC) e perímetro torácico (PT) a raça Texel x Santa Inês
não apresentou diferença quando comparada às demais raças.
Tabela 6. Média das características morfométricas em ovinos comparados pelo teste Tukey a 5%, de acordo com as raças. Grupos Genéticos CAV CAM AC PT ECMIN ECMAX
B 64,1ab 57,6a 63,4a 73,8b 2,5a 2,7a
B x SI 62,5ab 55,8a 63,5a 73,6ab 2,6a 2,8a
SI 59,5a 56,2a 62,2a 71,1a 4,5a 2,6a
TE x SI 67,0b 56,4a 62,2a 73,6ab 2,6a 2,8a
X 61,90 56,58 63,00 72,71 2,54 2,75
Médias com letras diferentes em uma coluna diferiram (P<0,05), segundo o teste de Tukey. CAV: Comprimento do corpo no animal vivo; CAM: Comprimento do corpo no animal post mortem; AC: Altura de cernelha; PT: Perímetro torácico; AG: Altura de garupa; PEP: Perímetro do pernil; EMI: Escore mínimo; EMA: Escore máximo; TP: Tipo de parto; Int x Cast: Inteiro vs Castrado; CV : Coeficiente de variação.
56
As médias encontradas para as características estudadas neste trabalho
foram 61,90; 63,00 e 72,71 cm, para CC, AC e PT, respectivamente. Esses
resultados foram semelhantes aos apresentados por McManus & Miranda (1997),
estudando ovinos da raça Santa Inês com 82,34 e 64,94 cm, para PT e CC,
respectivamente. O valor de CAV encontrado nesse trabalho foi superior ao valor de
57,39 cm encontrado por Siqueira & Fernandes (2000) e inferior ao valor de 72,65
cm encontrado por Oliveira et al.(2002).
Segundo Jones et al. (1999), a estimativa das características da carcaça é de
suma importância para complementar a avaliação do desempenho do animal
durante seu desenvolvimento.
A Tabela 7 apresenta as correlações entre as mensurações morfométricas,
pesos e características de carcaça. Verificou-se que a correlação dos cortes
comercial com PCQ e PCF variou de média a alta e positiva (>0,42), ou seja, quando
aumenta o valor de uma característica, conseqüentemente aumenta o valor da outra.
As características de RCQ e RCF apresentaram correlação média (>0,33)
somente para lombo e pescoço, enquanto que os demais cortes apresentaram
correlação baixa e negativa.
Em geral a idade ao abate teve correlações baixas com as características da
carcaça. A correlação de peso com jejum (PCJ) com as medidas morfométricas
foram de média a alta (>0,30). Concordando com resultados encontrados por
Martins et al. (2004), que observaram correlações de média a alta de peso vivo com
as medidas de carcaça.
De um modo geral, as correlações obtidas em relação à espessura de pele
medidas no animal in vivo e post mortem foram baixas. As demais características
analisadas referentes à carcaça apresentaram correlações baixas com peso de pele,
órgãos torácicos e abdominais. Pires et al. (2000) descrevem que na espécie ovina,
o cordeiro apresenta os maiores rendimentos, por isso o estudo do crescimento dos
constituintes do corpo do animal (patas, sangue, pele e vísceras) auxilia na
determinação do peso ótimo do abate.
57
Tab
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7. C
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19
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,29
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24
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,39
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-0
,49
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0,
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3
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0,
63
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0,36
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09
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,40
-0,0
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46
-0,3
7 0,
43
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0,
50
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0 0,
00
0,29
-0
,31
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PA
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31
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63
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0,
78
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80
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,01
-0,2
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47
0,05
0,
25
0,85
0,
26
CO
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0,16
0,
50
0,52
0,
87
0,88
-0
,25
0,86
0,
19
0,20
-0
,20
0,49
0,
32
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0,
79
0,36
0,
54
PE
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5 0,
29
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0,
74
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,35
0,71
0,
33
0,35
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,20
0,38
0,
43
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6 0,
60
0,35
0,
50
0,70
CA
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42
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13
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0,
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,41
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0,15
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24
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0,
13
CA
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0,
35
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38
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,09
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7 -0
,20
0,17
0,
19
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0,
44
0,00
0,
30
0,36
0,
39
0,48
AC
0,
68
0,72
0,
71
0,28
0,
24
0,19
0,
26
-0,6
0 -0
,59
-0,2
0 0,
37
-0,2
2 0,
50
0,45
0,
26
0,40
0,
22
0,14
0,
41
0,29
PT
0,
77
0,72
0,
76
0,38
0,
35
0,14
0,
38
-0,5
8 -0
,57
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0 0,
45
-0,1
2 0,
61
0,49
0,
36
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0,
41
0,25
0,
54
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0,
56
Em
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0
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0,
32
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0,
55
-0,2
5 0,
59
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0,
16
-0,2
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21
0,10
0,
03
0,54
0,
35
0,50
0,
70
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0,
14
0,20
0,
22
0,20
Em
a 0,
07
0,32
0,
34
0,52
0,
53
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8 0,
56
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0,
11
-0,2
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23
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0,
06
0,52
-0
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0,22
0,
15
0,13
0,
17
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0,
25
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0,
95
GC
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0,
27
0,27
0,
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,18
0,47
0,
13
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,20
0,29
0,
17
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9 0,
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0,
30
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24
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21
0,30
0,
25
EP
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0,
44
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0,
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0,
26
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,44
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0 0,
27
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0,
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58
Para melhor explicar as (co) variações entre as características da carcaça foi
realizado uma análise de componentes principais.
Figura 2. Representação gráfica dos dois primeiros autovetores
Os primeiros dois autovetores explicaram 50% do total da variação entre as
características (Figura 2).
O primeiro componente mostra que os animais que apresentaram alto peso
com jejum (PCJ) tendem a obter altos pesos para as partes da carcaça, e vice versa,
como esperado. Este resultado concorda com Kempster et al. (1987), os quais
demonstram que o rendimento da carcaça aumenta com o aumento do peso vivo.
Foi verificado que o aumento dos pesos dos cortes cárneos aumentou com o
peso de abate dos animais. Concordando com Carvalho et al. (1980) que também
encontrou esses resultados.
O segundo autovetor mostra que animais com um aumento nas
características de EPUV, GCC e PJ diminui as características de IdAbt, AC e POA
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59
5. CONCLUSÕES
Considerando as características quantitativas estudadas, relacionadas aos
pesos de carcaça quente e fria, e peso dos cortes cárneos comerciais, os grupo
genéticos que se mostraram mais eficiente em relação aos rendimentos foram os
animais cruzados.
Os pesos superiores observados para os animais cruzados indicam que as
raças Santa Inês e Bergamácia apresentam alto potencial de ganho, quando
utilizadas em cruzamentos com uma raça especializada na produção de carne.
Para as características morfométricas os grupamentos raça Texel x Santa
Inês apresentou maior valor médio de comprimento corporal, embora a raça Texel x
Santa Inês não tenha apresentado diferença para as características de altura de
cernelha e perímetro torácico, quando comparado às demais raças.
60
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64
COMPONENTES FÍSICOS E QUÍMICOS DA 12ª COSTELA DE OVINOS DE
DIFERENTES GRUPOS GENÉTICOS
RESUMO
Foram estudadas as características de carcaça de 48 ovinos machos e inteiros,
oriundos de quatro grupos genéticos diferentes, sendo 27 animais da raça
Santa Inês, 10 da raça Bergamácia, 5 oriundos do cruzamento do Texel com
ovelhas Santa Inês e 6 animais provenientes do cruzamento de um reprodutor
Bergamácia com ovelhas Santa Inês.Os animais foram mantidos no pasto
(Grupo 1) e em semi-confinamento (Grupo 2) Foram analisados a composição
física e química da 12ª costela no músculo Longissimus dorsi. Os dados foram
analisados usando o procedimento GLM (Análise de variância), CORR
(Correlação) e teste de médias (Tukey 5%) do programa estatístico SAS
(Statistical Analysis System). Os valores médios dos componentes químicos da
12ª costela dos ovinos, através do teste de Tukey, apresentaram diferenças
entre raças. A raça Bergamácia apresentou diferença significativa entre
Bergamácia x Santa Inês, sendo esta diferente da raça Santa Inês e similar às
demais raças. Os grupos genéticos afetaram (p<0,05) a área de olho de lombo,
sendo que as raças Bergamácia e Santa Inês apresentaram diferença
significativa em relação aos demais grupos. A Santa Inês foi à raça que
apresentou menor área de olho de lombo, enquanto que as raças Bergamácia
x Santa Inês, Santa Inês e Texel x Santa Inês apresentaram maior valor médio.
Palavras-chave: carcaça, composição química, músculo
65
PHYSICAL AND CHEMICAL COMPONENTS OF THE 12TH RIB IN SHEEP
FROM DIFFERENT GENETIC GROUPS
ABSTRACT
Performance and carcass traits were studied on 48 male entire sheep
from five genetic groups with 27 animals Santa Inês, 10 Bergamasca, 5 from a
cross with Texel sire and Santa Inês dams and 6 from a cross with a
Bergamasca sire and Santa Inês dams. Animals were reared at pasture (Group
1) and in semi-confinement (Group 2). Mophological traits and carcass
caracteristics were studied Data were analyzed using the GLM (General Linear
Model) procedure of SAS ®, as well as CORR (Correlation),REG (Regression
and means compared using Tukey (5%). The physical and chemical
composition of the 12th rib on the Longissimus dorsi was evaluated. There were
positive correlations between the eye muscle área and Longissimus dorsi
measurements with negative correlations with ash, gross protein and slaughter
age. High, positive correlations were found with muscle length and depth and
eye muscle area. Mean values of chemical components of the 12th rib showed
significant differences between genetic groups. The Bergamasca was
significantly different from the Bergamasca x Santa Inês, which was also
different from the Santa Inês and similar to the other groups. Genetic group
affected (p<0.05) true eye muscle area with the pure Santa Inês and
Bergamasca being less than the other groups. The Santa Inês group had the
lowest eye muscle área which crossbred and Bergamasca x Santa Inês, Santa
Inês e Texel x Santa Inês groups had the highest mean value
Key words: carcass, chemical composition , muscle
66
CAPÍTULO 4 – COMPONENTES FÍSICOS E QUÍMICOS DA 12ª COSTELA
DE OVINOS DE DIFERENTES GRUPOS GENÉTICOS
1. INTRODUÇÃO
Os ovinos representam uma opção ao desenvolvimento pecuário
brasileiro, por sua precocidade, prolificidade e adaptação às mais distintas
condições ambientais e de manejo. O mercado de carne ovina no Brasil
expande-se de forma significativa nos últimos anos. Entretanto, interpõe-se a
um grave problema, devendo ser minimizado urgentemente que é a qualidade
do produto.
A preferência pela carne ovina apresenta aspectos comuns, como a
busca por carne macia com pouca gordura e muito músculo. Devido a estes
aspectos é fundamental a implantação de técnicas racionais de criação,
visando maior produtividade por área e obtenção de carne de melhor
qualidade, buscando atender as crescentes exigências do mercado consumidor
(Zeola, 2002).
O estudo a respeito da composição química da carcaça de ovinos é
muito limitado. O primeiro pesquisador citado na literatura a conduzir trabalhos
sobre a composição corporal foi Van Bezold (1857) citado por Poveda (1984).
No início do século XX vários trabalhos foram realizados, em que se
procurou estudar não somente a composição de todo o corpo vazio, como
também a composição da proporção comestível, por ser um trabalho menos
oneroso (Santos, 2003).
A determinação da composição corporal deve ser entendida como a
análise física e/ou química, direta, de todos os tecidos ou partes comestíveis do
animal. Sendo assim, o conhecimento da composição física e química da
carcaça, expresso normalmente em termos de porcentagem de músculo, tecido
adiposo e ossos; e água, proteína, gordura e cinzas, respectivamente, são de
grande interesse na comparação de grupos genéticos, de fontes e níveis
nutricionais utilizados para avaliar o desempenho animal (Santos et al., 2003).
67
A composição química da carne ovina varia com a categoria do animal e
com a sua localização na carcaça. A raça, o manejo e o sistema de
alimentação também podem afetar nas características químicas da carne
(Sañudo et al.,2000).
O componente de maior importância na carcaça é o músculo,
constituindo a carne comestível e disponível para venda. Os músculos que
amadurecem mais lentamente, como o Longissimus dorsi, apresentam maior
confiabilidade em estudos de desenvolvimento e tamanho do tecido muscular.
Assim, a área de olho de lombo é representativa da quantidade e distribuição
das massas musculares, assim como a qualidade da carcaça (Bonifacino et al.
1979 citados por Carneiro , 2001).
As medidas de comprimento, largura, espessura e profundidade são
utilizadas para expressar o desenvolvimento da carcaça como um todo, e o de
suas diferentes partes ou regiões, possibilitando a avaliação objetiva da
conformação (Starke & Joubert, 1961). As medidas da carcaça quando
combinadas com o peso predizem satisfatoriamente sua composição em
gordura, músculo e osso (El Karin et al.,1999).
A tomada de medidas que possam correlacionar às composições da
carcaça são de grande valia para se evitar o processo oneroso da dessecação
total da mesma. Neste contexto a 12ª costela tem sido apontada como corte
que expressa bem a proporção de músculo, gordura e osso (Silva & Pires,
2000).
Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar os componentes da 12ª
costela da carcaça de ovinos de diferentes grupos genéticos criados no Distrito
Federal.
68
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Local
Este experimento foi desenvolvido no período de 2004 e 2005 no Centro
de Manejo de Ovinos na Fazenda Água Limpa da Universidade de Brasília -
UnB, localizado junto à cidade de Brasília - DF. O clima da região é do tipo AW
pela classificação de Köppen, com temperatura média anual de 21,1° C, tendo
16° C e 34° C como mínima e máxima absolutas, respectivamente. A
precipitação anual média é de 1.578,5 mm e a média anual de umidade relativa
do ar, é de 68 %.
2.2. Animais e instalações
Foram utilizados 48 ovinos machos castrados e inteiros, de partos
simples e gemelar, oriundos de quatro grupos genéticos diferentes, sendo 27
animais da raça Santa Inês (SI), 10 da raça Bergamácia (B), 5 oriundos do
cruzamento do Texel com ovelhas Santa Inês (TE x SI) e 6 animais
provenientes do cruzamento de um reprodutor Bergamácia com ovelhas Santa
Inês (B x SI).
Ao nascer os cordeiros foram identificados individualmente com coleiras
de metal e permaneceram junto de suas respectivas mães, até atingirem 15
Kg, peso determinado para o desmame. Os animais no final da tarde eram
recolhidos em baias localizadas em galpão com piso de concreto e cobertos
com telhas de zinco. Em média, os animais do primeiro lote tinham 1 ano e os
do segundo tinham entre 5 a 10 meses de idade.
2.3. Manejo alimentar
Os animais do primeiro lote, nascidos entre março e maio de 2004,
foram mantidos em regime semi-extensivo, numa pastagem de Andropogon
gayanus, recebendo suplementação de concentrado de 300g/cab/dia no final
da tarde. O fornecimento de sais minerais foi feito à vontade. Já os animais do
69
segundo lote nascidos entre dezembro de 2004 e maio de 2005, passaram a
receber 500g/cab/dia de concentrado dividido entre o início e final do dia, além
do fornecimento de silagem de milho, em decorrência do período da seca.
A dieta foi calculada com base nas exigências nutricionais estabelecidas
pelo AOAC (1995). A composição de concentrado utilizado foi de 55% de farelo
de milho, 30% farelo de soja, 10% farelo de girassol e 5% farelo de trigo, cuja
análise bromatológica encontra-se na Tabela 1.
Tabela 1. Composição bromatológica das dietas experimentais
Constituintes Concentrado Silagem Matéria Seca (MS)
Matéria Mineral (MM)*
Extrato Etéreo (EE)*
Proteína Bruta (PB)*
Fibra Detergente Neutro (FDN)*
Fibra Detergente Ácido (FDA)*
88,06
3,28
3,18
22,11
16,29
7,44
44,94
3,25
3,30
6,60
58,12
29,47
* Valores expressos em % de MS
2.4.Procedimento para abate e obtenção da hemi-carcaça
O abate foi realizado antecedido de jejum de aproximadamente 16 horas
de dieta hídrica e sólida. Os animais sofreram dessensibilização atlanto-
occiptal, sendo em seguida seccionadas as veias jugulares e as artérias
carótidas para a sangria.
Terminada a manipulação pós-abate, as carcaças foram submetidas a
resfriamento a 24 horas por 4° C de temperatura. Posteriormente as carcaças
foram divididas em duas meia carcaças através de corte longitudinal na
espinha vertebral, obtendo-se duas metades aproximadamente simétricas.
A hemi-carcaça esquerda foi pesada e em seguida retirou-se uma fração
da costela com cortes transversais de todos os animais experimentais. No
músculo Longissimus dorsi, na altura da 12ª costela, foram efetuadas
mensurações para cálculo da área de olho de lombo através do desenho deste
músculo feito em papel vegetal utilizando-se o gabarito padrão transparente
quadriculado (1 cm2/célula), adaptado de (Cunha et al.,2001).
70
Segundo Silva Sobrinho (1999), a escolha deste músculo foi baseado no
fato deste ser de maturação tardia e fácil mensuração, apresentando
confiabilidade para expressar o desenvolvimento e tamanho do tecido
muscular. As mensurações constaram de três medidas: Medida A (área de olho
de lombo); B (profundidade máxima do músculo) e Medida C (comprimento
máximo do músculo), ilustrado na Figura 1.
Após as mensurações a fração da 12ª costela foi acondicionada em um
saco plástico, identificada e armazenada à temperatura de –20 C° até o
momento da dissecação para separação do músculo, gordura e osso.
Figura 1. Mensurações realizadas no músculo Longissimus dorsi: A (área de olho de lombo); B (profundidade máxima do músculo) e C (comprimento máximo do músculo)
Fonte: Adaptado de Silva Sobrinho (1999) 2.5. Dissecaçã o e determinação da composição qu ímica da 12ª costela
Foram realizadas dissecações das 12ª costelas, conforme a metodologia
adaptada de Hankins & Howe (1946), visando determinar as proporções de
músculo, osso e gordura.
As amostras foram retiradas do freezer, sendo descongeladas à
temperatura ambiente e pesadas individualmente. A dissecação, ou seja, as
separações dos componentes teciduais (osso, músculo e gordura) foram
pesados individualmente e consistiu para obtenção de suas proporções em
relação aos demais tecidos.
71
Os componentes teciduais das costelas foram moídos em conjunto, em
seguida congelados à temperatura de -20°C. As amostras foram pesadas antes
e após serem enviados a estufa a 60°C para pré – secagem por 48 horas, para
determinação de matéria seca (MS). Após este procedimento, no Laboratório
de Nutrição Animal todo material foi novamente triturado para realização da
análise química, determinando-se o teor de proteína bruta, extrato etéreo,
matéria mineral e matéria seca corrigida a 105°C segundo AOAC (1995).
Figura 2. Amostras da 12ª costela antes e após o processo de secagem na estufa.
3. Delineamento experimental
Os dados coletados foram analisados por meio do software Statistical
Analysis System (versão 8.2 atualizada 1999) pela aplicação dos
procedimentos GLM (Análise de variância), CORR (Correlação) e testes de
médias (Tukey 5%). O modelo matemático utilizado foi o seguinte:
Yij =µ+Gi+Ek+EGjk+eijkl
onde:
Yij = conjunto das variáveis dependentes;
µ = média geral;
Gi = efeito da i-éssima grupo genético(i = 1, 2, 3, 4 e 5);
Ek = efeito da k-éssima época (1 e 2);
EGjk = interação entre época e raça;
eijkl = erro aleatório associado a cada observação.
72
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 2 apresenta a composição (músculo, gordura e osso) da 12ª
costela de ovinos Santa Inês, Bergamácia, Texel e seus cruzamentos.
Os resultados obtidos na análise da 12ª costela não apresentaram
diferenças significativas entre os grupos genéticos (P>0,05), mostrando que
apesar das diferentes raças estudadas e comparadas, não houve interferência
na composição da 12ª costela, que tem sido apontada como parâmetro de alta
correlação na avaliação da composição corporal (Kempster et al.,1976).
Garcia et al. (2001), trabalhando com ovinos de diferentes genótipos
abatidos aos 15 e 25 kg, encontraram valores médios para proporção de osso
de 18, 19 e 15,60% e para proporção de gordura, 4,99 e 7,18%
respectivamente. Estes valores encontrados estão de acordo com os
resultados obtidos no presente trabalho.
Não se constatou efeito do grupo genético para as porcentagens de
músculo, gordura e osso (P>0,05), estando de acordo com os resultados
obtidos por Güney (1989), porém diferente dos resultados verificados por
Fahmy et al (1992) e Sañudo et al (1992). Provavelmente o efeito do grupo
genético encontrado por esses autores tenha sido decorrente do abate de
ovinos com idade superior aos dos cordeiros desse trabalho.
Tabela 2. Componentes da 12ª costela de ovinos de diferentes grupos
genéticos estudados e comparados pelo teste Tukey a 5%, de
acordo com as raças.
Componentes B B x SI SI TE x SI CV(%)
12ª Costela 50,97a 61,81a 60,61a 47,89a 24,0
Músculo(g) 21,99a 29,94a 30,74a 22,55a 31,3
Gordura(g) 8,97a 13,1a 10,07a 8,22a 38,6
Osso(g) 17,13a 16,24a 16,95a 14,24a 21,9 aLetras iguais na mesma linha não diferem pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade; B: Bergamácia; B x SI: Bergamácia x Santa Inês; SI: Santa Inês; TE x SI: Texel x Santa Inês; CV: Coeficiente de variação.
73
Os valores médios dos componentes químicos da 12ª costela dos
ovinos, através do teste de Tukey, apresentaram diferenças entre raças quanto
ao teor de extrato etéreo e matéria mineral. A raça Bergamácia apresentou
diferença significativa entre Bergamácia x Santa Inês, sendo esta similar às
demais raças. A raça Bergamácia apresentou, de forma geral, um maior valor
de matéria mineral (22,80), mas diferindo da raça Texel x Santa Inês (Tabela
3).
As médias de proteína e matéria seca não apresentaram diferença
significativa entre raças. Assim como também não foi verificado efeito do grupo
genético sobre os parâmetros estudados (P>0,05).
Garcia (1998), testando diferentes dietas de confinamento, não
encontraram efeito sobre a composição química do músculo Longissimus dorsi
de ovinos machos ½ Texel x ½ SRD. Estes autores encontraram valores de
19,30 a 20,13% para proteína, de 1,41 a 3,00% para gordura e de 0,95 a
1,33% para cinzas, valores inferiores referente aos encontrados neste trabalho,
provavelmente devido à utilização de músculos diferentes.
Zapata et al (2001), trabalhando com ovinos da raça Somalis x ½ Crioula
e Santa Inês x ½ Crioula, recebendo suplementação não encontraram efeito
sobre a composição química dos músculos do pernil. Estes autores
encontraram valores médios de proteína, cinza e gordura de 19,19 a 18,46%,
1,08 a 1,10% e 2,01 a 2,39%, respectivamente.
Estudos realizados com ovinos Santa Inês alimentados com silagem de
girassol verificaram valores de 46,48; 33,33; 16,34 e 44,95 % de PB, EE, MM e
MS, respectivamente (Sousa, 2004).
Os resultados obtidos neste trabalho foram semelhantes aos de Veloso
(2002), realizado com ovinos Santa Inês recebendo suplementação com alta
proteína apresentaram valores médios de 56,2; 16,1 e 21,9% de PB, EE e MM.
No presente trabalho, o teor de proteína não diferiu entre os grupos
genéticos (P>0,05), estando de acordo com Wallace et al.(1999), que também
não observou variação neste parâmetro e opondo -se aos resultados de
Snowder et al.(1994), que encontraram diferença para proteína na composição
química do músculo.
74
Tabela 3. Composição química (%) do músculo Longissimus dorsi de ovinos puros e cruzados estudados e comparados pelo teste de Tukey a 5%.
Parâmetros (%) B B x SI SI TE x SI CV(%) Matéria Seca 95,96a 95,60a 95,70a 95,59a 1,19 Proteína Bruta 56,01a 52,97a 56,76a 56,43a 6,73 Extrato Etéreo 13,88a 24,45b 16,07ab 15,19ab 32,82 Matéria Mineral 22,80ab 18,96a 22,59ab 23,61b 14,15 a,b,cLetras distintas na mesma linha diferem significativamente(P<0,05) entre si pelo teste de Tukey; B : Bergamácia; B x SI: Bergamácia x Santa Inês; SI: Santa Inês;TE x SI: Texel x Santa Inês; CV: Coeficiente de variação
A menor proporção de matéria mineral na raça Bergamácia x Santa Inês
(18,96%) em relação aos valores dos outros grupos ocorreu devido a maior
quantidade de gordura (24,45%).
Murphy et al. (1994), verificou que os cordeiros somente na pastagem
apresentaram menor porcentagem de gordura (média de 5,43%) que os
suplementados (11,54%).
As médias para as medidas realizadas no Longissimus dorsi encontram -
se na Tabela 4. O músculo Longissimus dorsi, que é de maturidade tardia, tem
correlação positiva com o desenvolvimento corporal, ou seja, de acordo com
esta medida é possível mensurar a quantidade de músculo da carcaça (Taylor,
1985).
O comprimento máximo do músculo (Medida C) não foi influenciado
(p>0,05) pelos grupos genéticos estudados, apresentando valor médio de 4,43.
Corroborando com os resultados de Loose et al. (1981) e Siqueira (1983).
Outra medida objetiva, que indica a musculatura total da carcaça, é a
profundidade do músculo Longissimus dorsi (Medida B) Palsson (1939).
Tabela 4. Mensurações no músculo Longissimus dorsi de ovinos puros e
cruzados comparados pelo teste de Tukey a 5%. Parâmetros B B x SI SI TE x SI CV(%)
Medida A 7,32a 9,20ab 10,04b 9,35ab 26,45
Medida B 2,34a 2,74a 2,52a 2,69a 18,69
Medida C 3,94a 4,37a 4,61a 4,15a 17,63 a,b,c,Letras distintas na mesma linha diferem significativamente(P<0,05) entre si pelo teste de Tukey; B : Bergamácia; B x SI: Bergamácia x Santa Inês; SI: Santa Inês; TE x SI: Texel x Santa Inês; AOL: Área de olho de lombo; CV: Coeficiente de variação;Medida A: Área de olho de lombo; Medida B:Profundidade do músculo;Medida C: Comprimento máximo do músculo.
75
A média geral constatada no presente estudo, para a área de olho de
lombo (Medida A) (9,43 cm2), está de acordo com os resultados relatados por
Kirton et al. (1972) e Boylan et al. (1976). Concordando também com Zeola
(2002), que verificou valores médios de 4,33 cm, 1,84 cm e 6,30 cm2, para as
medidas C, B e A, respectivamente, trabalhando com ovinos Morada Nova
submetidos a diferentes níveis de concentrado na dieta alimentar.
Os grupos genéticos afetaram (P<0,05) a área de olho de lombo
(Medida A), sendo que a raça Bergamácia apresentou diferença entre a raça
Santa Inês, mas não diferindo significativamente em relação aos demais
grupos. A Bergamácia foi à raça que apresentou menor área de olho de lombo
(7,32), enquanto que a Santa Inês apresentou maior valor médio (10,04),
embora não tenha diferido das raças Bergamácia x Santa Inês e Texel x Santa
Inês.
Macedo (1998), trabalhando com cordeiros confinados Corriedale, Bergamácia
x Corriedale e Hampshire Down x Corriedale, submetidos a dietas de 18% de proteína,
encontrou área de olho de 10,21 cm2.
Silva Sobrinho (1999), trabalhando com ovinos de diferentes genótipos,
observou comprimento e profundidade máxima do músculo e área de olho de
lombo de 5,69 cm, 2,78 cm e 12,47 cm2, respectivamente.
Em estudo para avaliar os efeitos de substituição do milho moído pelo resíduo
de panificação (biscoito) para ovinos, Garcia (1998), não encontrou diferença (P>0,05)
das substituições sobre a área de olho de lombo, com média de 9,92 cm2.
Tabela 5. Correlações entre as características de ovinos de diferentes grupos genéticos.
MedA Frac Musc Gord Osso MedC MedB MS MM EE PB Frac 0,46 Musc 0,55 0,91 Gord 0,31 0,78 0,57 Osso 0,07 0,58 0,32 0,38 MedC 0,71 0,43 0,49 0,32 0,01 MedB 0,65 0,21 0,31 0,02 -0,07 0,51 MS 0,19 0,28 0,21 0,41 0,04 0,14 0,18 MM -0,31 -0,56 -0,47 -0,77 -0,05 -0,42 -0,05 -0,55 EE 0,23 0,60 0,48 0,77 0,17 0,31 0,07 0,44 -0,89 PB -0,02 -0,22 -0,05 -0,45 -0,24 -0,02 -0,02 -0,26 0,37 -0,58 IdAbt -0,09 -0,28 -0,15 -0,55 0,01 -0,30 0,18 -0,36 0,72 -0,67 0,18 AOL: Área de olho de lombo; FRAC: Fração; MUSC: Músculo; GORD: Gordura; MedA: Medida A; MedB: Medida B; MS: Matéria seca; MM: Matéria mineral; EE: Extrato etéreo; PB: Proteína brutaI; dAbt: Idade ao abate.
76
As características observadas no músculo Longissimus dorsi
apresentaram correlações de média a alta entre elas, ou seja, quando aumenta
o valor de uma característica, conseqüentemente aumenta o valor da outra
(Tabela 5).
De modo geral, observou-se correlação positiva entre AOL (Medida A)
com características analisadas no músculo Longissimus dorsi, embora tenha
apresentada correlações negativas para MM, PB e IdAbt.
Para as Medidas B e C verificaram-se correlações altas e positivas com
a medida A. Enquanto que para as características da composição física
(músculo, osso e gordura) apresentaram correlações de baixa a média (0,07).
77
5. CONCLUSÕES
As análises dos componentes da 12ª costela não apresentaram
diferenças significativas entre os grupos genéticos, mostrando que apesar das
diferentes raças estudadas e comparadas, não houve interferência na
composição (músculo, gordura e osso).
A área de olho de lombo verificada nos diversos grupos genético,
apresentou a Bergamácia como a raça de menor área de olho de lombo,
enquanto que a Santa Inês apresentou maior valor médio, embora não tenha
diferido das raças Bergamácia x Santa Inês e Texel x Santa Inês.
78
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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81
7. CONCLUSÃO GERAL
Os animais cruzados apresentaram melhores resultados nas
características estudadas, sendo uma boa alternativa para os criadores que
buscam aumentar a produtividade em seu rebanho.
Os ovinos de origem européia mais uma vez demonstraram que não
atendem as expectativas dos produtores da região Centro-oeste, sendo as
condições de manejo nutricional um dos fatores primordiais na obtenção desse
resultado.