Desempenho de Caixilhos - Formulação de Modelos para ... · Desta forma, procura-se além de...

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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP Departamento de Engenharia de Construção Civil ISSN 0103-9830 BT/PCC/428 Desempenho de Caixilhos - Formulação de Modelos para Avaliação de Parâmetros de Segurança e Habitabilidade Carlos Yuiti Yamamoto Orestes Marraccini Gonçalves São Paulo - 2006

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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP

Departamento de Engenharia de Construção Civil

ISSN 0103-9830

BT/PCC/428

Desempenho de Caixilhos - Formulaçãode Modelos para Avaliação de Parâmetros

de Segurança e HabitabilidadeCarlos Yuiti Yamamoto

Orestes Marraccini Gonçalves

São Paulo - 2006

o presente trabalho é parte da dissertação de mestrado apresentada por Carlos YuitiYamamoto, sob orientação do Prof. Dr. Orestes Marraccini Gonçalves: "Desempenho deCaxilhos - Formulação de Modelos para Avaliação de Parâmetros de Segurança eHabitabilidade", defendida em 09/08/2005, na EPUSP.

A íntegra da dissertação encontra-se à disposição com o autor e na biblioteca de EngenhariaCivil da Escola Politécnica/USP.

FICHA CATALOGRÁFICA

Yamamoto, Carlos YuitiDesempenho de caixilhos - formulação de modelos para avalia­

ção de parâmetros de segurança e habitabilidade 1Carlos YuitiYamamoto, Orestes Marraccini Gonçalves. -- São Paulo: EPUSP,2006.

11 p. - (Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, Departa­mento de Engenharia de Construção Civil; BT/PCC/428)

1. Janelas 2. Esquadrias 3. Normas técnicas I. Gonçalves,Orestes Marraccini 11. Universidade de São Paulo. Escola Politécnica.Departamento de Engenharia de Construção Civil 111. Título IV. SérieISSN 0103-9830

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DESEMPENHO DE CAIXILHOS - FORMULA~Á{) DE MODELOS PARA AVALIAeÃ6DE PARÂMETROS DE SEGURANÇA E HABITABILIDADE

WINDOWS PERFORMANCE - MODEL FORMULATION FOR SAFETY ANDHABITABILITYP~TERSEVALUATION

Carlo6 y, YAMAMOTO; Orestes M. GONCALVES

1tE8UMO

o presente trabalho apresenta os atuais requisitos de desempenho para janelas, bem como os

critérios de desempenho a serem atendidos, e que estão prescritos na norma NBR10821:2000 ­

"Caixilho para edificação - Janelas". Através dos Programas Setoriais da Qualidade de Esquadrias

de Alumínio e de PVC foram possíveis as análises dos requisitos de desempenho, de seus

respectivos resultados e critérios de aprovação, nas quais foram verificados problemas de

interpretação do texto normativo, de capacitação laboratorial, nos métodos e nos procedimentos de

ensaios que não permitiam adequada avaliação de conformidade do produto.

A partir dessas análises, este trabalho propõe-se a dar subsídios para uma revisão da citada norma

brasileira. Desta forma, procura-se além de fornecer subsídios para a revisão da NBR 10821,

contribuir para a orientação no desenvolvimento de produtos na área de componentes e no

desenvolvimento de projetos.

PLAVRAS-CHAVE: janelas, normas técnicas, modelo matemático, desempenho.

ABSTRACT

This present work shows the current development requirements for windows, as wel1 as the

development criteria to be met and complied with standard "NBR 10821:2000 - Windows ­

Specification". The Aluminium and PVC frames Sectorial Quality Program made it possible to

perform the development requirements analyses from its respective results and approval criteria, in

which there were some problems of prescriptive text interpretation of laboratorial capacitatíon, in

methods and procedures that didn't al10w an adequate evaluation ofthe product conformity.

From these analyses, this work has the purpose of subsidizing a review of the Brazilian standard

previously mentioned. Therefore, it is demanded not only to provide subsidies for the NBR 10821

review, but also to contribute for directions in product development in the components field and

project development as well.

KEY WORDS: windows, standards, mathematic model, performance.

1. INTRODUÇÃO

O conceito de uma norma técnica é: "processo de formulação e aplicação de regras para otratamento ordenado de uma atividade especifica - por ex.emplo: fornecimento de produtos OU

serviços. Deve ser um processo de simplificação, baseado nos resultados já consolidados da ciência,da técnica e da experiência" (SANDERS, 1984).

Uma norma técnica é aplicável a produtos, processos, pessoal, sistemas de gestlo, serviços, entreoutros campos. Mas o que seria uma norma técnica? Norma técnica pode ser descrita como "umdocumento que estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido que fornece,para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou caracterlsticas para atividades ou para seusresultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto" (homepageda cni, acesso em abril de 2005).

Assim, as normas técnicas podem estabelecer requisitos de qualidade, de desempenho e desegurança, mas também podem estabelecer procedimentos, padronização de formas, de dimensões,de tipos, de usos, além de fixar classificações ou terminologias e glossários e definição dos métodosde ensaio. Ressalta-se que uma norma técnica deve determinar não somente as bases para opresente, mas também para o futuro e deve acompanhar o progresso, diminuindo a complexidadepresente e prevenindo sofisticações desnecessárias no futuro.

o processo de elaboração das normas técnicas deve ser desenvolvido em comissões de estudos daABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), sendo essas comissões organizadas em funçlode uma base setorial ou por temas de normalização que interfiram em diversos setores. Para tal, énecessária a identificação da demanda (pedidos ou sugestões de pessoas tlsicas ou jurldicas),posteriormente, será incluida no plano de normalização (inserção no plano vigente e balanço dasprioridades) e a atribuição de uma comissão de estudos da ABNT (produtores, comerciantes,consumidores, órgãos técnicos e profissionais que tratam do assunto) responsável pelodesenvolvimento do texto-base do projeto de norma, cuja participação é aberta a qualquerinteressado no assunto.

Após elaboração (por responsável credenciado), análise (discussão e busca de um consenso) eaprovação do texto-base pela comíssão de estudos, este será encaminhado como projeto de normapara consulta pública por um período de 60 a 120 dias. Nesta etapa, qualquer interessado poderáencaminhar à comissão de estudos: sugestões, comentários e recomendações para não aprovação(todos com justificativa técnica).

A análise dos votos será realizada e tudo deverá ser justificado tecnicamente pela comíssão deestudos (com o aceite ou não das sugestões, na qual busca-se o consenso para eventuais votosdiscordantes) e, após aprovação do projeto de norma, esta será convertida em norma brasileira(NBR) e entrará em vigor depois de determinado período de sua publicaçãO.

Toda empresa que deseja introduzir um produto no mercado deve verificar a existência de normastécnicas referentes ao produto em questão e adequá-lo a elas. O fornecimento de um produto quenão atende às normas implicará em esforços adicionais para a introdução nesse mercado. Normas,responsabilidades e códigos de defesa definidos, uma outra etapa é a avaliação da conformidade.Essa avaliação tem como objetivo a verificação se um produto, processo, pessoa ou serviço atendeaos requisitos técnicos especificados, nas quais serão utilizadas ferramentas como ensaios,inspeções e exames sistemáticos e independentes para verificação da conformidade com osrequisitos especificados (auditoria).

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Um ponto importante nessa avaliação é referente à segurança na competência técnica doslaboratórios que realizam os ensaios e testes de desempenho dos produtos. sendo de sumaimportância o atendimento de requisitos técnicos e administrativos por parte desses laboratórios. Doponto de vista técnico, espera-se que as medições realizadas sejam exatas (mais próximo do valorverdadeiro) e que apresentem repetitividade (concordãncia entre os resultados sucessivos, sobmesmas condições de medição) e reprodutibilidade (concordância entre os resultados, quandomedidos em condições variadas).

No entanto, outros pontos se destacam sob o aspecto da avaliação da conformidade, quais sejam:

=> As dificuldades no processo de elaboração de uma norma técnica;=> Ausência de capacitação laboratorial e, conseqüentemente, incapacidade para a realizaçAo

de inter-laboratoriais para obtenção de repetitividade e reprodutibilidade nas medições deensaios;

=> Dificuldades de compreensão ou diferentes interpretações de um mesmo documentotécnico.

Dentro deste contexto, este boletim apresenta a análise dos resultados obtidos em ensaios realizadosnas janelas de correr de alumínio e de PVC, no âmbito dos Programas Setoriais da Qualidade deEsquadrias de Alumínio e de PVC, cadastrados sob os números 05.19 e 05.10, respectivamente, noPrograma Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat - PBQP-H do Ministério das Cidadesdo Govemo Federal. Essa análise tem como objetivo principal dar subsídios para uma revisãonormativa da NBR10821 :2000 - Caixilho para edificação - Janelas, além de um aprimoramento dosmétodos e procedimentos de ensaios das Normas citadas neste trabalho.

2. NORMAS TÉCNICAS DE JANELAS

Nos tempos atuais, a economia de mercado se desenvolve notadamente pela concorrência. Nestecontexto, em todos os produtos (incluindo janelas) a serem lançados precisam ser diferenciados comrelação aos dos concorrentes, devendo atender não só às expectativas do produtor, como porexemplo: aproveitamento de recursos disponíveis (matéria-prima, equipamentos, mão-de-obra),baixo custo de produção e boas perspectivas de venda, como também às expectativas dos usuários,como: desempenho adequado, facilidade de instalação, uso e manutenção e preço acessível, alémdas expectativas da comunidade, não produzindo poluição nas fases de produção e montagem.

SOUZA (1983) apresentou uma tabela contendo 14 exigências do usuário, elaborada a partir danorma ISO 6241 (1984), na qual julgava aplicáveis às esquadrias, 12 das 14 citadas e que serviamde orientação para aplicação do conceito de desempenho. As exigências estão apresentadas naseqü8ncia:

=> Exigências de segurança estrutural: elementos estruturais não devem atingir o estado delimite último (ruina) e o estado de limite de utilizaç!o (deformações n!o devem ultrapasslU'os limites aceitáveis para utilizaç!o);

=> Exigências de segurança ao fogo: necessidade de limitação do risco de início de incêndiodentro do próprio edificio, limitaç!o do risco de propagação do fogo e da fumaça e gasestóxicos gerados em caso de incêndio, garantia de alerta e fuga dos ocupantes do edificio emcaso de incêndio e disponibilidade de sistemas de extinção de incêndio intemos e extemosao edificio;

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~ Exigências de segurança à utilização: exigências relacionadas à segurança na circulação emovimentação no edificio, segurança contra o risco dos equipamentos e instalações deprovocarem explosões, choques, etc e segurança contra intrusões de animais e homens;

::) Exigências de estanqueidade: estanqueidade ao ar, à água e à poeiras e materiais sólidos;~ Exigências de conforto higrotérmico: limitação das sensações desagradáveis provocadas

pela perda excessiva de calor pelo corpo;=> Exigências de pureza do ar: para garantir a pureza do ar no interior dos edificios e controle

de odores provenientes da edificaç!o ou conduzidas pelos seus ocupantes;=> Exigências de conforto visual: nível de som aceitável, ruídos de impactos, ruídos de

equipamentos exteriores ao ediflcio, ruídos de tráfego terrestre e aéreo, sonoridade eintimidade;

~ Exigências de conforto acústico: usufruto de luz, níveis de iluminação mínimos e máximos,obscuridade para o sono;

~ Exigências de conforto antropodinâmico: limitação de acelerações e vibrações, conforto nasoperações de manobra dos vários componentes do ediflcio;

=> Exigências de higiene: garantia de não prejudicar a saúde do usuário;=> Exigências de durabilidade: ao longo de sua vida útil, o edifício deve conservar o seu

desempenho;=> Exigências de economia.

Algumas das exigências de segurança e de habitabilidade citadas anteriormente constam nas atuaisNormas Técnicas Brasileiras de Esquadrias, quais sejam:

=> NBR10821/00 - Caixilho para edificação - janelas, bem como outras três normas entrariamem vigor, quais sejam:

=> NBR6485100 - Caixilho para edificação - Janela, fachada-cortina e porta externa ­Verificação da penetração de ar;

=> NBR6486/00 - Caixilho para edificação - Janela, fachada-cortina e porta externa ­Verificação da estanqueidade à água;

=> NBR6485100 - Caixilho para edificação - Janela, fachada-cortina e porta externa ­Verificação do comportamento quando submetido a cargas uniformemente distribuídas;

=> NBR 10820/89 - Caixilho para edificação - Janela - Tenninologia;=> NBRI0829/89 - Caixilho para edificação - Janela - Medição da atenuação acústica ­

Método de ensaio;=> NBRI0830/89 - Caixilho para edificação - Acústica dos edifícios - Terminologia;=> NBRI0831189 - Projeto e utilização de caixilhos para edificações de uso residencial e

comercial - Janelas - Procedimento.

Com as normas citadas em vigor foi realizado um diagnóstico pela TESIS - Tecnologia de Sistemasem Engenharia em parceria com o IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de SloPaulo, no âmbito do PSQ de Esquadrias de Alumínio, no período de setembro a dezembro de 2001.na qual notou-se o desconhecimento de muitos dos fabricantes participantes do Programa, docomportamento das janelas (da tipologia de correr), quando submetidas aos ensaios prescritos nareferida norma.

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3. EXPERIMENTO: MATERIAIS E MÉTODOS

Para os experimentos, foram utilizadas amostras de janelas do tipo de correr de aluminio ou de PVCcom duas, três, quatro ou seis folhas e dimensões compreendidas entre 1,Om e 1,5m de altura por1,Om a 2,Om de largura. As janelas ensaiadas eram consideradas conformes em relação aosrequisitos de desempenho exigidos na Norma NBRl082l (2000) - Caixilho para edificação ­Janelas. Tal conformidade foi verificada no âmbito do Programa de Garantia da Qualidade deEsquadrias de Aluminio e de PVC inscritos sob os números 05.19 e 05.10, respectivamente, noPrograma Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat - PBQP-H.

Foram verificados os seguintes requisitos e suas respectivas condições de aprovação,resumidamente apresentadas na tabela 1:

Tabela 1- Requisitos da Norma NBRI0821/00

.. ..Re$lst~hdaaj) Ajanelirri:lo deve'é!pre~n~r: ."};'\;..~~oí~c:>·~%ritil~'; .,á)'deformaÇ:lorêSlClual ,superiôraO,4Ofo"dov3êr(cOn1jji'lmehtdJlvre dÓ' perf1i'~emanállséW .','..,,,~%POi~~iÕ~':~ôt~S! :>b).rqpturàdosVldrO~j .,'" ., •..••• '."; . " '.,.,. ' , ,..............., ,;:C-

'i· Imobilizados' ..•... -~crdeter.loraçãodeqqal~u.er'cornp()n;ehte.~,. ".•' .. '~'-' ---< --, ,,- -"- -- .--, 'c -Aj;M~i~'~ã~-dév~~á~r~én~i:'" . .' ,......•....... ' " ....'.....•..•. , ".

'Resistência à fle)(ãó ,a) defom,a~o residual superlofa O,4°(odoV:lo (êomprlmehtollvre itCtpertU'~rrrâ~all~)j'b)rúptura dôs,vlqrosj .' . ' . . .' " ,

',' •. . c) deterioração de qualquercomponente.· . '--- .. V~fifl~~b';db-' ---, Aj~hei~':~ã~ -d~~~-~pr~~htái:' -. -. --, -, -, -'' -- .. ,-.. -.-., c- -, --, -- -, - -.'" ,- -. - - --- - --,-

compdrtam~nt()sob a) deteridração de qualquercomponente;açõesrepétiaas dê b) resistir a 10.000 dClosde~bertUrae'feçhanieritOj

.' .'.•. abertura.·e '. .' c) .forçade'abertura da fólha'(medlda a cáda 1:000 clclosl Inferior a 10pNj_, '. fechamento, .' ..d)Jorçade'fechamento da folha (medida'a çadal.OQOclclos) lóferloraSON;

,.-.. -... ,- -, --' .-,- -~~~-~' ~~~~.~~~'~~-~~;~~~~~~~-~~b"~lj~~t;;~~~~'~~~~~;6~d;â~~~~'~sY~~~'~~cseªve,oçla~~ecioar no Interior dos recintos, na qual ri:lo devera' ultrapassar 0;5 ·,rôlsí quando m~ICI~a,"uma .

',.i' distância de 2cm da janela corri press:lo de·30Pa. " .' . . , '

·Çlúan.~()ateridlda e~~()hdlçãoi .asjanelaspOderãos~rúijll;ad~s~n1t9d~S'ª$r~g!~eSd6ip~r~:~~~.,."~;~rmeabillçlade·~oa... classe$: .··normal"e .melhorCida ' (J)ara ,'as ·.C!ªSS~., r~forçada .• e' ·exq!pd,cí.rtªI~':~s·J!lil~lá:s:i.dê.v.er!.ó,~r<\',~' .'subÕ'\éSlc1âsà:,ptE!~º'de';50~a)'~saso'QCOIi'~rtI:vazalT1entÔs'comveroêlB' ,'.' Y'CiO

:;~:' " ,'~rf~~O~~~rn"áli~~~~~~~~t~~~':o"ik~d~~i~8~ilt~~a~:!~'~~:'1l~~~,i·'~~~\I····"~~i····ã'S~t'.<êatari~~ê Riôl;ránde'qirsülj. .',: ", 'cu ..~~~/9:,:'", '. QS,.e. .~. '~:o.t.~rª?:iJ,,~ry;

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4. RESULTADOS E ANÁLISES

4.1 Verificação do comportamento sob ações repetidas de abertura e fechamento

Das 120 amostras ensaiadas, apenas cinco amostras (4,2%) apresentaram não conformidade emrelação a esse requisito. No entanto, tal constatação não se deve ao dimensionamento adequado dosrodízios instalados nas janelas e sim à redução do peso das folhas, obtidas através da diminuição naespessura da placa de vidro, diminuição geometria dos perfis (inércia) e na espessura das paredesdos perfis que compõem a janela.

Outros pontos relevantes em relação aos resultados obtidos e ao método de ensaio:

=> Janelas com maiores vãos (folhas de maiores dimensões na largura) são mais exigidasdevido à maior velocidade de translação;

~ Não há menção da folha a ser ensaiada;:::) Algumas tipologias de janelas não possuem puxadores instalados nos perfis de folha,

gerando dificuldades na forma de aplicação e medição da força necessária para abertura dafolha ensaiada;

:::) Por se tratar de um ensaio longo, seria interessante a possibilidade de interrupção do ensaioquando verificadas forças superiores aos limites estabelecidos.

4.2 Resistência à flexão

Das 296 amostras ensaiadas, 80 amostras (27,0%) apresentaram algum tipo de não conformidade aoreferido requisito, quais sejam: deformação residual superior a 0,4% do comprimento do perfil

. analisado (residual, 30 amostras - 10,1% do total ensaiado); ruptura do vidro (vidro, 8 amostras­2,7% do total ensaiado) ou deterioração de qualquer componente da janela (componente, 42amostras - 14,2% do total). A figura 1 apresenta os percentuais de cada ocorrência.

Percentual de ocorrêncIas· resIstêncIa' flex'o

I_ aprovados - residual [J '.1dro _ componente I

Figura 1: Percentual de ocorrência no requisito de resistência à flexão para janela do tipo de correr

Outros pontos relevantes em relação aos resultados obtidos e ao método de ensaio: posição da folhaa ser ensaiada; qual a folha a ser ensaiada (folha de vidro, veneziana); posicionamento dos relógioscomparadores quando ensaiada porta de correr com travessa; execução de cinco ciclos após arealização do ensaio e cálculo da deformação residual.

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4.3 Resistência ao esforço horizontal, no plano da folha, com um dos cantos imobilizado

Neste requisito as leituras realizadas indicaram uma rotação da folha em tomo do ponto deimobi1izaç~o e, posteriormente, deformação do perfil (o comportamento verificado apresentouleitura do relógio 3 com valores superiores à leitura do relógio 2 - ponto de aplicação da carga - esuperiores à leitura do relógio 1 - ponto de imobilização da janela, conforme ilustrado na figura 2).Desta forma, a utilizaç~o da expressão de cálculo da deformação nesses casos, indicou um resultadon!o conclusivo, ou seja, o número obtido na expressão de cálculo pode ter representado areprovação ou não da amostra no ensaio, sem que houvesse realmente uma deflexão máxima oudeformação residual de fato.

Assim, os resultados obtidos em 33 amostras ensaiadas neste requisito indicaram que 66,7% e69,7% das amostras ensaiadas apresentaram o "comportamento inadequado" no cálculo dasdeflexões máximas e deformações residuais, respectivamente, ou seja, essas leituras indicaram arotação da folha em tomo do ponto de imobilizaç~o e, posteriormente, deformação do perfil.

_ Ponto de flxa;1oO Ponto de 8PDca;1o de ClNl1a--o Ponto de medlçlo • Ponto de Dxaç40

O Ponto de 6P/lcaçlo de CllI'f1II--O Ponto de met:Jl&lo

Figura 2: Ilustraçlo da deformaçlo do perfil

Outros pontos relevantes em relação aos resultados obtidos e ao método de ensaio: posição indicadapara a imobi1izaç~o da folha a ser ensaiada; qual a folha a ser ensaiada (folha de vidro, veneziana);posicionamento dos relógios comparadores quando ensaiada porta de correr com travessa; execuçãode cinco ciclos após a realízação do ensaio e expressão de cálculo da deformação residual.

4.4 Resistência ao esforço horizontal, no plano da folha, com dois cantos imobilizados

Das 190 amostras ensaiadas, 43 amostras (22,6%) apresentaram algum tipo de não conformidade aoreferido requisito, quais sejam: deformação residual superior a 0,4% do comprimento do perfilanalisado (residual, 35 amostras - 18,4% do total ensaiado); ruptura do vidro (vidro, 1 amostra­0,5% do total ensaiado) ou deterioração de qualquer componente da janela (componente, 7 amostras- 3,7% do total). A figura 3 apresenta os percentuais de cada ocorrência;

Outros pontos relevantes em relação aos resultados obtidos e ao método de ensaio: qual a folha a serensaiada (folha de vidro, veneziana); posicionamento dos relógios comparadores quando ensaiadaporta de correr com travessa; execução de cinco ciclos após a realização do ensaio e expressão decálculo da deformação residual.

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Percentual de ocorrlnc/as • res/stfnc/a ao esforçohorizontal, no plano da folha, com dois cantos

Imoblll,ados

• aprovados • f9sldual o vidro 11 componente

Figura 3: Percentual de ocorrência no requisito de resistência ao esforço horizontal, no plano da folha,

com dois cantos imobilizados para janela do tipo de correr

4.5 Permeabilidade ao ar

Nos Programas Setoriais da Qualidade de Esquadrias de PVC e de Alumínio, 74 amostras foramsubmetidas ao ensaio de permeabilidade ao ar para a determinaç!o da velocidade do ar, nas quais 37apresentaram vazamentos de ar com velocidades superiores a O,5m/s em algum ponto de mediçãona janela. Cabe observar que neste requisito não há ''reprovação'' de uma amostra, ou seja, caso aamostra ensaiada obtenha resultados que ultrapassem os limites estabelecidos, esta amostra terálimitações de uso (não poderá ser utilizada nos estados de São Paulo; Paraná; Santa Catarina e RioGrande do Sul, conforme condições apresentadas na tabela 1).

Neste requisito, foram verificados outros pontos relevantes em relação aos resultados obtidos e aométodo de ensaio, quais sejam: área de coleta de ar pelo equipamento de mediç!o (anem6metro) e aárea de medição (a referida norma não exige a medição em locais como fecho e venezianas).

4.6 Estanqueidade à água

Em 258 amostras ensaiadas no âmbito dos PSQ de Esquadrias de Alumínio e de PVC, foramverificadas no requisito de estanqueidade à água que, 71 amostras foram reprovadas, ou seja,apresentaram algum tipo de vazamento com pressões inferiores à 40Pa (classe normal - região I ­conforme critérios apresentados na tabela 1).

Outros pontos relevantes verificados neste requisito e seu respectivo método de ensaio foramrelativos: ao sistema de drenagem (posicionamento de orificios para drenagem da água); sistemasde vedação dos caixilhos; controle no processo de instalação; problemas de interpretação da norma(o que caracteriza a reprovação de uma janela, sistemas de dispersão de água da câmara de ensaios,etc).

4.7 Resistência às cargas uniformemente distribuídas

Das194 amostras ensaiadas no requisito de resistência às cargas uniformemente distribuídas, 15amostras foram reprovadas, ou seja, apresentaram: deformações instantâneas superiores ao limite

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admissível ou deformações residuais superiores ao limite admissível ou deterioração de algumcomponente ou ruptura do vidro.

Outras ocorrências verificadas neste requisito: critério de aprovação na execução da movimentaçãode abertura e fechamento após a realizaçlo do ensaio; posicionamento e quantidade de relógioscomparadores.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados de ensaios obtidos ao longo de três anos de Programas Setoriais da Qualidade emEsquadrias de PVC e de alumínio permitiram dar subsídios para uma futura revisão normativa daNBRI0821:2000 - Caixilho para edificação - Janelas, além de um aprimoramento dos métodos eprocedimentos de ensaios das Normas citadas neste trabalho.

S.l O produto janela

A janela deve atender a inúmeras exigências de qualidade, de desempenho e de custo, de forma asatisfazer as necessidades do usuário. No entanto, o atendimento a todas essas exig8ncias é dedificil compatibilização se confrontadas com as necessidades do fornecedor. Outro ponto relevanteé referente ao processo construtivo das janelas, na qual a qualidade do produto tem grandeinfluência do material utilizado para a sua fabricação (aço, alumínio, madeira ou PVC). Materiaiscomo o alumínio e o aço, em sua maioria, utilizam de sistemas tradicionais de produção, ou seja, ofator humano tem grande relevância na qualidade final do produto.

Esquadrias de PVC estão menos suscetíveis a "falhas" humanas, em função do seu processoprodutivo ser altamente industrializado, à base de máquinas e equipamentos para a confecção dasjanelas e necessidade de mão-de-obra especializada para a operação de tais equipamentos.

Os pontos apresentados demonstram a importância da qualificação dos produtos, que envolvem asnormas técnicas (com definições das propriedades e critérios adequados), o controle da qualidadedo produto no seu processo construtivo e as políticas de atuação voltadas ao usuário, como: oCódigo de Defesa do Consumidor (1990), Programas da Qualidade (QUALlliAB, PBQP-H) eatravés de financiamentos públicos e privados (com constatação prévia da qualificação do produto).

S.2 Normas brasileiras de janelas e Programas Setoriais da Qualidade

OS PSQ de Esquadrias vêm se desenvolvendo há vários anos (esquadrias de PVC desde 1989 eesquadrias de alumínio desde 2001) e demonstrando a sua eficiência ao longo do tempo,viabilizando acordos setoriais (QUALlliAB, PBQP-H, bancos privados e públicos), capacitandolaboratórios para execução de ensaios, o combate à não conformidade às normas técnicas, commelhorias na qualidade dos produtos disponibilizados no mercado. No entanto, a evolução e aeficácia desses PSQ foram obtidas através de um esforço comum entre fabricantes, fornecedores dematéria-prima, órgãos públicos e privados e a sociedade.

A compatibilização das expectativas do produtor com as expectativas do usuário são regidas pornormalização técnica e requerem um trabalho árduo, principalmente, referente à seleção derequisitos de qualidade a serem atendidos pelo produto, da definição dos critérios e parâmetros dedesempenho a serem utilizados (com ampla pesquisa nacional e internacional) e de análise dosprodutos existentes para identificação de pontos convergentes e divergentes dos objetivos a seremalcançados.

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Assim, desde o início dos trabalhos de acompanhamento da qualidade das esquadrias de alumínio ede PVC, grandes avanços foram verificados nessa ârea, frente aos requisitos exigidos na NBRI0821(2000), graças aos esforços dos fabricantes no desenvolvimento de novos projetos, vinculados aosensaios em protótipos (resgatando e valorizando o trabalho dos projetistas no desenvolvimento dasjanelas) e ao maior controle no processo produtivo (controle da mão-de-obra, de suprimentos,matéria-prima, etc). .

Um outro ponto importante a destacar é referente à capacitação laboratorial, qua assim como osPSQ, evoluíram e procuraram demonstrar segurança na realização de ensaios de desempenho dosprodutos. No entanto, sob o aspecto técnico ainda há muitos pontos a serem melhorados, como onúmero reduzido de laboratórios capacitados, de forma a viabilizar a realização de inter­laboratoriais para a obtenção de repetitividade e reprodutibilidade nas medições de ensaios edificuldades de compreensão ou diferentes interpretações de um mesmo documento técnico.

Com os resultados de ensaios realizados em janelas de correr foram possíveis a verificação deproblemas nos procedimentos, métodos e alguns critérios de avaliação de ensaios nas atuais normasbrasileiras de janelas. Amplas discussões foram realizadas entre especialistas da ârea, fabricantes etécnicos de laboratórios, no intuito de aprimorar os métodos de ensaio e adequar os critérios deexigência das normas apresentadas neste trabalho, visando uma futura revisão normativa.

REFERtNCIAS BmLIOGRÁFICAS

1. SANDERS, T. R. B. Objetivos e princípios da normalização. Rio de Janeiro, ABNT, 1984

2. CNI Confederação Nacional da Indústria. Disponível em:<http://www.normalizacao.cni.org.br>. Acesso em 15 de abril de 2005.

3. INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S.A.:PBQP, Critérios mínimos de desempenho de habitações térreas de interesse social. São Paulo,1998.

4. MANUAL TÉCNICO DE CAIXILHOS, JANELAS: aço, alumínio, vidros, PVC, madeira,acessórios, juntas e materiais de vedação. São Paulo, Pini, 1991.

S. FERNANDES, Vera C. Janelas de PVC rígido: características da qualidade. São Paulo, EscolaPolitécnica da Universidade de São Paulo, 1991 (Dissertação de Mestrado).

6. COMIT~ BRASILEIRO DE CONSTRUÇÃO CIVIL. CE-02:136.01 - Comíssão de Estudos·Desempenho de Edificações - Desempenho de edificações habitacionais de até S pavimentos­Parte 1: Requisitos gerais, Projeto 02:136.01.001, Rio de Janeiro, ABNT, 2004.

7. _. Desempenho de edificações habitacionais de até 5 pavimentos - Parte 4: Fachadas e paredesinternas, Projeto 02: 136.01.001, Rio de Janeiro, ABNT, 2004.

8. _. Perfis e Janelas de PVC rígido - Requisitos e métodos de Ensaio, Projeto 02: 111.04.011, Riode Janeiro, ABNT, 2004.

9. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Forças devidas ao vento emedificações - procedimento, NBR 6123. Rio de Janeiro, ABNT, 1987.

10. _. Caixilho para edificação - Janela fachada-cortina e porta externa - Verificação dapenetração de ar; NBR6485. Rio de Janeiro, ABNT, 2000.

11. _. Caixilho para edificação - Janela fachada-cortina e porta externa Verificação daestanqueidade à água; NBR6486. Rio de Janeiro, ABNT, 2000.

12. _. Caixilho para edificação - Janela fachada-cortina e porta externa - Verificação do

11

comportamento, quando submetido a cargas unifonnemente distribuídas; NBR6487. Rio deJaneiro, ABNT, 2000.

13. =' Projeto, execução e aplicações - vidros na construção civil- procedimento; NBR 7199. Riode Janeiro, ABNT, 1988.

14. _. Vidro na construção civil; NBR 7210. Rio de Janeiro, ABNT, 1988.15. _. Caixilho para edificação - janela - tenninologia; NBR 10820. Rio de Janeiro, ABNT, 1989.16. _. Caixilho para edificação - janela - especificação; NBR 10821. Rio de Janeiro, ABNT, 2000.17. _. Desempenho de janelas de alumínio em edificação de uso residencial e comercial; NBR

7202. Rio de Janeiro, ABNT, 1982.18. _. Caixilho para edificação - janela - medição da atenuação acústica - método de ensaio; NBR

10829. Rio de Janeiro, ABNT, 1989.19. _. Caixilho para edificação - acústica em edificações - terminologia; NBR 10830. Rio de

Janeiro, ABNT, 1989.20. ~. Projeto e utilização de caixilhos para edificações de uso residencial e comercial - janelas ­

procedimento; NBR 10831. Rio de Janeiro, ABNT, 1989.21. SOUZA, Roberto de. A contribuição do conceito de desempenho para a avaliação do edificio e

suas partes: aplicação às janelas de uso habitacional. São Paulo, 1983. Dissertação (Mestrado)­Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.

22. PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat. Programas Setoriaisda Qualidade de Materiais e Serviços. Disponível em: <http://www.cidades.gov.br/pbqp-h>.Acesso em 30 de março de 2005.

23. Código de Defesa do Consumidor - Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990.