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    DA DIFICULDADE DE SER UM ANT: INTERLDIO NA FORMA DE DILOGO

    O professor em seu escritrio na London School of Economics, numa tarde escura de tera-

    feira, em janeiro, antes de subir para o Beavere tomar um drinque. Ouve-se uma batida suave,

    mas insistente. Um aluno entra.

    !luno" incomodo#

    $rofessor" %e forma al&uma. Estou em servio. Entre e sente-se.

    !" Obri&ado.

    $" 'oc( parece... um pouco confuso#

    !" )em, * verdade. %evo di+er que acho meio dificil aplicar a eoria do !tor-ede ao meuestudo de caso sobre empresas.

    $" E no * para menos/ Ela no se aplica a coisa al&uma.

    !" 0as nos ensinaram... 1uero di+er... $arecia uma coisa importante. Ento no serve para

    nada#

    $" $ode servir, desde que no se 2aplique3 a isto ou 4quilo.

    !" %esculpe, mas o senhor est5 propondo al&um tipo de parado6o 7en aqui# %evo di+er que

    sou apenas um aluno de doutorado em Estudos Or&ani+acionais, portanto no espere...amb*m no conheo muita coisa dos franceses, s li um pouco dos 2Thousand Plateaus3 que,

    ali5s, no entendi muito bem...

    $" Lamento, mas no estava querendo ser sutil. 1ueria di+er apenas que a !8 * antes de tudo

    um ar&umento ne&ativo. 8o a9rma nada de positivo sobre nenhum assunto.

    !" 0as ento o que ela pode fa+er por mim#

    $" O melhor que ela pode fa+er por voc( * di+er al&o como" 21uando seus informantes

    misturarem informao, hard:are, psicolo&ia e pol;tica numa frase, no a divida em

    pedacinhos isolados< tente acompanhar a sequ(ncia dos elementos que pareceriamtotalmente incomensur5veis caso voc( adotasse o procedimento normal3. =sso * tudo. ! !8

    no pode lhe di+er positivamente o que seja a sequ(ncia.

    !" 0as ento por que ela * chamada de teoria, se no di+ nada a respeito das coisas que

    estudamos#

    Uma verso deste di5&lo&o encontrafse em he Social Stud> of =nformation and

    ?ommunication echnolo&>, editado por ?. !v&erou, ? ?iborra e @. @. Land, O6ford Universit>

    $ress, ABBC, p. DA-D.

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    $" F uma teoria, e muito slida, a meu ver G mas sobre como estudar as coisas, ou antes,

    sobre como no estud5-las. 0elhor ainda" sobre como conceder aos atores espao para se

    e6pressarem.

    !" O senhor quer di+er que outras teorias sociais no fa+em isso#

    $" %e certo modo, sim. E por causa de sua prpria fora" so timas ao afirmar coisas

    substantivas sobre a composio do mundo social. 8a maioria dos casos, isso * bom< os

    in&redientes so conhecidos< seu repertrio deve permanecer limitado. 0as no funcionam

    quando tudo muda rapidamente. 8em para estudos or&ani+acionais, estudos da informao,

    marHetin&, estudos de ci(ncia, tecnolo&ia ou administrao, cujos limites so terrivelmente

    va&os. ! !8 * necess5ria para tpicos novos.

    !" 0as meus a&entes, isto *, as pessoas que estou estudando na empresa, formam uma s*rie

    de redes. Esto li&ados a muitas outras coisas por toda parte...

    $" $ois esse * justamente o problema/ 'oc( no precisa da eoria do !tor-ede para a9rmar

    isso. 1ualquer teoria social dispon;vel o faria. F pura perda de tempo recorrer a um ar&umento

    to bi+arro apenas para mostrar que seus informantes 2formam uma rede3.

    !" 0as formam/ @ormam uma rede/ 'eja, andei traando suas cone6Ies" chipsde computador,

    padrIes, educao, dinheiro, recompensas, pa;ses, culturas, salas de reuniIes empresariais,

    tudo/ 8o descrevo assim uma rede, no sentido que o senhor lhe atribui#

    $" 8o necessariamente. ?oncordo que isso parece tremendamente confuso, sobretudo por

    culpa nossa G inventamos uma palavra abomin5vel. 0as voc( no deve confundir a rede

    desenhada pela descrio com a rede usada para descrever.

    !" %e novo/#

    $" 'oc( sem dJvida aceitar5 que rabiscar com um l5pis no * o mesmo que rabiscar a forma de

    um l5pis. F a mesma coisa com esta palavra amb;&ua" rede. ecorrendo 4 eoria do !tor-ede,

    voc( pode descrever al&o que de modo al&um lembre uma rede G um estado de esp;rito

    individual, uma pea de m5quina, uma persona&em de 9co< ao contr5rio, pode descrever

    uma rede G metrK, es&otos, telefones G no desenhada no estilo !tor-ede. 'oc( est5

    simplesmente confundindo o objeto com o m*todo. ! !8 * um m*todo, ali5s quase sempre

    ne&ativo< no di+ nada sobre aformadaquilo que * desenhado com ele.

    !" 1ue confuso/ Entretanto, os e6ecutivos da minha empresa no formam uma bela, visivel e

    poderosa rede#

    $" alve+... quer di+er, sem dJvida. 0as, e da;#

    !" E dai que posso ento estud5-los com base na eoria do !tor-ede/

    $" %e novo, talve+ sim e talve+ no. udo depende do que voc( prprio permite a seus atores

    ou melhor, actantesM fa+er. Estar conectado, estar interconectado ou ser hetero&*neo no

    basta. udo depende do tipo de ao que Nua de um para outro G da; as palavras 2net3 redePe 2:orH3 trabalhoP. 8a verdade, dever;amos di+er 2:orHnet3 em ve+ de 2net:orH3. O que

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    temos de enfati+ar * o trabalho, o movimento, o Nu6o e as mudanas. 0as 2network3 pe&ou e

    as pessoas pensam que estamos falando da Qorld Qide Qeb ou coisa semelhante/

    !" O senhor quer di+er ento que, ao mostrar meus atores relacionados na forma de uma rede,

    no estou reali+ando um estudo !8#

    $" F e6atamente o que di&o" a !8 lembra mais o nome de um l5pis ou pincel do que o nome

    de uma forma espec;9ca a ser desenhada ou pintada.

    S" 0as quando eu disse que a !8 era uma ferramenta e per&untei se podia ser aplicada, o

    senhor disse que no/

    $" $orque ela no * uma ferramenta, ou melhor, porque as ferramentas nunca so 2meras3

    ferramentas a serem aplicadas" sempre modificam os objetivos que se tem em mente. Esse * o

    si&ni9cado de 2ator3. O !tor-ede sim, o nome * mesmo idiotaM lhe permite produ+ir al&uns

    efeitos que voc( no obteria por meio de al&uma outra teoria social. F s o que posso &arantir.

    rata-se de uma e6peri(ncia muito comum. ente desenhar com um l5pis de &ra9te ou com

    carvo e ver5 a diferena< e assar tortas num forno a &5s ou num forno el*trico no * a mesma

    coisa.

    !" 0as no * isso que meu supervisor deseja. Ele quer um quadro onde colocar meus dados.

    $" Se quer arma+enar mais dados, compre um disco r;&ido maior.

    !" Ele sempre di+" 2!luno, voc( precisa de um quadro de refer(ncia3.

    $" alve+ seu supervisor venda pinturas/ Sem dJvida, quadros so bons para e6ibio"

    dourados, brancos, entalhados, barrocos, de alum;nio, etc. 0as voc( j5 viu al&um pintor que

    inicie sua obra-prima escolhendo primeiro a moldura# =sso seria meio estranho, no#

    !" O senhor brinca com as palavras. $or 2quadro3 entendo uma teoria, um ar&umento, um

    tema &eral, um conceito G al&o para dar sentido aos dados. =sso * sempre necess5rio.

    $" 8o, no */ %i&a-me, se R * uma simples 2variante3 de , o que vale mais a pena estudar" R,

    que * a variante especial, ou , que * a re&ra#

    !" $rovavelmente ... mas R tamb*m, s para se saber se * realmente uma aplicao de...

    bem, os dois, creio eu.

    $" Eu 9caria com , pois R no nos diria nada de novo. Se al&o * apenas uma 2instTncia de3

    outro estado de coisas, este * que merece ser estudado. Um estudo de caso que precisa

    tamb*m de um quadro... foi mal escolhido, para comecar/

    !" 0as sempre * preciso inserir as coisas num conte6to, no#

    $" 8unca entendi bem o que si&ni9ca conte6to. ! moldura fa+ a pintura parecer mais bonita,

    atrai o olhar, aumenta o valor, permite a datao da obra G mas no acrescenta nada 4

    pintura em si. ! moldura, ou conte6to, * justamente a soma de fatores que no fa+ diferenca

    para os dados, no altera o que se sabe deles. Se eu fosse voc(, dei6aria os tais quadros delado. ?ontente-se com descrever o estado de coisas que tem diante dos olhos.

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    !" 2?ontente-se com descrever3... %esculpe-me, mas isso no * um pouco in&(nuo# 8o *

    e6atamente o tipo de empirismo ou realismo contra o qual fomos advertidos# Eu pensava que

    seu racioc;nio era mais so9sticado que isso.

    $" $or achar que a descrico * f5cil# alve+ a esteja confundindo com s*ries de clich(s. $ara

    cada cem livros de coment5rios e ar&umentos, e6iste um de descrio. %escrever, observar umestado de coisas concreto, descobrir o Jnico relato adequado a uma situao, sempre achei

    isso muito des&astante.

    !" ?onfesso que me sinto perdido. Ensinaram-nos que h5 dois tipos de sociolo&ia, a

    interpretativa e a objetivista. O senhor no querer5 di+er que adota o tipo objetivista, no#

    $" !divinhou/ Sim, no h5 dJvida.

    !" O senhor# 0as disseram-nos que era uma esp*cie de relativista/ eria a9rmado que nem as

    ci(ncias naturais so objetivas. ?ertamente prefere a sociolo&ia interpretativa por causa dos

    pontos de vista, da multiplicidade de posturas e por a; afora.

    $" 8o simpati+o nada com as tais sociolo&ias interpretativas. 8ada. !o contr5rio, acredito

    9rmemente que as ci(ncias sejam objetivas G que mais poderiam ser# Elas tratam de objetos,

    no# Eu s disse que os objetos talve+ sejam mais complicados, condensados, mJltiplos,

    comple6os e intricados do que os 2objetivistas3, como voc( di+, &ostariam que fossem.

    !" 0as * e6atamente isso que as sociolo&ias 2;nterpretativas3 sustentam, no#

    $" Oh, no, de modo al&um/ Elas diriam que desejos humanos, si&ni9cados humanos,

    intenIes humanas etc. introdu+em certa 2Ne6ibilidade interpretativa3 num mundo de objetosinNe6;veis, de 2puras relaIes causais3 ou de 2cone6Ies estritamente materiais3. =sso no * de

    modo al&um o que estou di+endo. %iria, antes, que este computador aqui na minha mesa, esta

    tela, este teclado, so objetos feitos de v5rias camadas, tanto quanto voc(, a; sentado com seu

    corpo, sua lin&ua&em, suas preocupaIes. F o prprio objeto que acrescenta multiplicidade, ou

    melhor, a coisa, a 2reunio3. 1uando voc( fala em hermen(utica, por mais precauIes que

    tome, sempre al&u*m dir5" 20as, * claro, e6istem tamb*m coisas naturais, objetivas, que

    no so interpretadas.

    !" Era justamente isso o que eu ia di+er/ 8o e6istem s realidades objetivas, mas tamb*m

    subjetivas/ %a; precisarmos dos dois tipos de teorias sociais...

    $" Est5 vendo# ! armadilha de sempre" 28To s... mas tamb*m3. Ou voc( estende o

    ar&umento a tudo, tornando-o inJtil G 2interpretao3 vira sinKnimo de 2objetividade3 G ou

    o limita a um aspecto da realidade, o humano, e ento voc( est5 perdido... uma ve+ que a

    objetividade est5 sempre do outro lado do muro. 8o fa+ diferena considerar esse outro lado

    mais rico ou mais pobre< de qualquer modo, est5 fora de alcance.

    !" 0as o senhor no ne&ar5 que tem tamb*m seu posto de observao, que a !8 tamb*m

    est5 situada em al&um lu&ar, que o senhor tamb*m acrescenta uma camada de interpretao,

    uma perspectiva...

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    $" Oh, no, por que eu 2ne&aria3 isso# 0as, e da;# O melhor de um posto de observao * que

    voc( pode permanecer nele e modi9c5-lo/ $or que eu me 2ape&aria3 a ele# %e onde esto,

    aqui na erra, os astrKnomos dispIem de uma perspectiva muito limitada. omemos por

    e6emplo Vreen:ich, o observatrio situado rio abai6o. W5 esteve l5# F um bonito lu&ar. 8o

    entanto, os astrKnomos procuraram alterar essa perspectiva recorrendo a instrumentos,

    telescpios, sat*lites. $odem a&ora desenhar o mapa da distribuio das &al56ias por todo o

    universo. Xtimo, no# %(-me um posto de observao e eu lhe mostrarei de+enas de maneiras

    de desloc5-lo. Oua bem" toda essa oposio entre 2ponto de vista3 e 2viso a partir de lu&ar

    nenhum3 pode ser i&norada sem nenhum problema. E tamb*m a diferena entre postura

    2interpretativa3 e postura 2objetivista3. %ei6e de lado a hermen(utica e volte ao objeto G ou

    melhor, 4 coisa.

    !" 0as sempre estarei limitado por meu posto de observao 96o, por minha perspectiva, por

    minha subjetividade.

    $" Sem dJvida/ 0as quem lhe disse que 2ter um posto de observao3 si&ni9ca 2estarlimitado3 ou, especialmente, 2subjetivo3# 1uando voc( vai ao e6terior e avista os sinais

    2)elvedere ,Y Hm3, 2$anorama3, 2)ella vista3 e 9nalmente che&a ao lu&ar emocionante, isso

    ser5 acaso prova de seus 2limites subjetivos3# 8o, a coisa em si, o vale, os picos, as estradas *

    que lhe permitem a&arrar, se&urar, apreender. ! melhor prova disso * que, dois metros

    abai6o, voc( no v( nada por causa das 5rvores e, dois metros acima, no v( nada por causa

    do estacionamento. 8o entanto, continua com sua 2subjetividade3 limitada e leva consi&o

    e6atamente o mesmo 2posto de observao3/ 'oc( tem v5rios pontos de vista de uma est5tua

    porque a prpria est5tua * tridimensional e lhe permite G sim, permite G &irar em torno dela.

    Uma coisa suporta diversos pontos de vista quando * bastante comple6a, intricada, bem

    or&ani+ada e bela G objetivamente bela.

    !" odavia, com certe+a nada * objetivamente belo. ! bele+a tem de ser subjetiva< &osto e cor,

    relativos... ?aramba, estou perdido de novo/ 0as ento por que perder tanto tempo nesta

    escola combatendo o objetivismo. O que o senhor di+ no pode estar certo.

    $" $orque as coisas que as pessoas chamam de 2objetivas3 so, o mais das ve+es, clich(s de

    elementos concretos. 8o temos boas descriIes de coisa al&uma" do que seja um

    computador, um soft:are, um sistema formal, um teorema, uma empresa, um mercado. 8o

    sabemos quase nada sobre o que vem a ser esse ne&cio que voc( estuda, uma or&ani+ao.

    ?omo a distin&uir;amos das emoIes humanas# $ortanto, h5 duas maneiras de criticar aobjetividade. Uma delas consiste em afastar-se do objeto em direo ao ponto de vista

    humano subjetivo. 0as * sobre a outra direo que estou falando" a volta ao objeto. Os

    positivistas no possuem a objetividade. Um computador descrito por !lan urin& * bem mais

    rico e bem mais interessante que os descritos na revista Qired, no# ?omo vimos em classe

    ontem, a f5brica de sabo descrita por ichard $o:ers em Grain parece mais viva do que tudo

    quanto se l( nos estudos de caso de Zarvard. O se&redo * retornar ao empirismo.

    !" !inda assim, sou limitado por minha viso.

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    $" ?laro que *. 0as, de novo, e da;# 8o v5 nessa conversa de 9car 2limitado3 4 prpria

    perspectiva. odas as ci(ncias inventaram meios de deslocar-se de um ponto de vista a outro,

    de um quadro de refer(ncia a outro, &raas a %eus" a isso se chama relatividade.

    !" !; est5/ Ento o senhor se confessa um relativista/

    $" 0as claro, que mais eu podia ser# Se quero a&ir como cientista e alcanar a objetividade,

    tenho de saber passar de um quadro de refer(ncia a outro, de um posto de observao a

    outro. Sem esses deslocamentos, 9caria limitado a meu prprio ponto de 'ista para sempre.

    !" Ento associa objetividade a relativismo#

    $" ! 2relatividade3. Sim, sem dJvida. odas as ci(ncias fa+em o mesmo. ! nossa tamb*m.

    !" 0as qual * a nossa maneira de alterar pontos de vista#

    $" W5 lhe disse, estamos no ne&cio de descriIes. Os outros trabalham com clich(s. $esquisas,investi&aIes, trabalhos de campo, arquivos, recenseamentos, seja l5 o que for G ns vamos,

    ouvimos, aprendemos, praticamos, tornamo-nos competentes, mudamos de opinio. 0uito

    simples, de fato" a isso se chama pesquisa. )oas pesquisas sempre produ+em um monte de

    descriIes novas.

    !" 0as eu j5 tenho um monte de descriIes/ Estou me afo&ando nelas, eis o meu problema.

    $or isso me sinto perdido e achei que era boa ideia procurar o senhor. ! !8 poder5 me

    ajudar com essa montanha de dados# $reciso de um quadro de refer(ncia/

    $" 20eu reino por um quadro de refer(ncial3 0uito comovente< acho que entendo seu

    desespero. 0as no, a !8 no serve para isso. Seu principal postulado * que os prprios

    atores fa+em tudo, inclusive seus quadros de refer(ncia, suas teorias, seus conte6tos, sua

    metaf;sica, at* suas ontolo&ias. !ssim, o rumo a se&uir ser5, temo eu, mais descriIes.

    !" !s descriIes, por*m, so muito compridas. Eu preferiria e6plicar.

    $" Est5 vendo# $or isso discordo de boa parte do ensino em ci(ncias sociais.

    !" %iscordaria da necessidade, para elas, de e6plicar os dados que acumulam# E o senhor ainda

    se considera um cientista social e um objetivista/

    $" S o que sustento * que, se sua descrio precisa de uma e6plicao, no * uma boa

    descrio. !penas as descriIes ruins precisam ser e6plicadas. F tudo muito simples, na

    verdade. O que se entende, quase sempre, por 2e6plicao social[# O acr*scimo de outro ator

    que transmitir5 aos j5 descritos a ener&ia necess5ria para a&ir. 0as se voc( tiver de

    acrescentar al&um, ento a rede no est5 completa. E se os atores j5 reunidos no possuirem

    ener&ia su9ciente para a&ir, no so 2atores3, e sim meros intermedi5rios, bobos, fantoches.

    8o fa+em nada e no deveriam constar da descrio. 8unca vi uma boa descrio que

    precisasse de e6plicao. 0as j5 li centenas de descriIes ruins que nada lucraram com o

    acr*scimo de um monte de 2e6plicaIes3. E a !8 no ajudou.

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    !" lsso * muito an&ustiante. Eu deveria saber G meus cole&as me advertiram para no cutucar

    a !8 com vara curta. E a&ora o senhor vem me di+er que eu no deveria sequer tentar

    e6plicar coisa al&uma/

    $" Eu no disse isso. %isse apenas que ou sua e6plicao * relevante G e, na pr5tica, assim

    voc( ter5 acrescentado um novo a&ente 4 descrio de uma rede mais lon&a do que pensavaG, ou o ator no fa+ nenhuma diferena e voc( estar5 apenas juntando um elemento

    irrelevante que no melhora nem a descrio nem a e6plicao. 8esse caso, jo&ue-o fora.

    !" odos os meus cole&as, no entanto, os usam. @ala-se em 2cultura empresarial da =)0[,

    2isolacionismo britTnico3, 2presso do mercado3, 2interesse prprio3. $or que eu me privaria

    dessas e6plicaIes conte6tuais#

    $" $ode mant(-las de reserva ou us5-las para preencher as lacunas de seu quadro que no

    fa+em nenhuma diferena para voc(. 8o pense, por*m, que elas e6plicam al&uma coisa. 8a

    melhor das hipteses, aplicam-se i&ualmente a todos os seus atores, sendo portantosup*rfluas, uma ve+ que no podem introdu+ir uma diferena entre eles. 8a pior, afundam os

    novos atores interessantes num dilJvio de atores velhos. %esdobre o conteJdo com todas as

    suas cone6Ies e ter5, em acr*scimo, o conte6to. ?omo disse em \oolhaas, 2o conte6to fede3.

    F simplesmente uma maneira de interromper a descrio quando se est5 muito cansado ou

    enfadado para prosse&uir.

    !" Esse * justamente o meu problema" interromper. $reciso terminar meu doutorado. S

    faltam oito meses. O senhor fala sempre em 2mais descriIes3, mas isso me lembra as curas

    do @reud" an5lise sem 9m. 1uando parar5# 0eus atores esto por a;/ !onde devo ir# O que

    vem a ser uma descrio completa#

    $" Xtima per&unta. $r5tica. ?omo no me canso de di+er" 2ese boa * tese feita3. 0as h5 outra

    maneira de parar, al*m de 2acrescentar uma e6plicao3 ou 2inserir num quadro3.

    !" E qual *#

    $" $are depois de escrever suas cinquenta mil palavras ou qualquer que seja a e6i&(ncia aqui