Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

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Conteúdo programático

Introdução Didática e Metodologia de Ensino em Educação Física É Preciso ser Profissional Planejar é preciso Pilares do Planejamento A Prescrição em Educação Física Métodos de trabalho Recursos Físicos e Materiais Psicomotricidade História da Psicomotricidade no Brasil A evolução da Psicomotricidade A Psicomotricidade na organização funcional cerebral Origem da vida - gênese Origem das Espécies - Filogênese Ontogênese Sensação Percepção Formação de Imagem Simbolização Relações Interpessoais Elementos da psicomotricidade Esquema corporal A organização do corpo no espaço (organização espacial) A dominância lateral O equilíbrio A organização latero-espacial A coordenação dinâmica Desenvolvimento motor As áreas da psicomotricidade Comunicação e expressão Percepção Coordenação

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Orientação Conhecimento corporal e lateralidade Habilidades conceituais Habilidades psicomotoras e processo de alfabetização Distúrbios psicomotores Definição de distúrbio psicomotor Estudos iniciais sobre o distúrbio psicomotor Teorias e exercícios em psicomotricidade Esquema corporal Coordenação óculo-manual Coordenação dinâmica geral Motricidade fina das mãos e dos dedos Cuidando das mãos Amassando a massa Organização e estruturação temporal Exercício de organização e estruturação espacial Referências

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INTRODUÇÃO

Verificaremos que um professor eficaz planeja, organiza e se mantém sempre

um passo à frente. Começaremos contextualizando a prática pedagógica de quem

trabalha com atividades físicas e esportivas dentro das dimensões histórica e social

das quais os alunos provêm. Depois passaremos à conceituação dos pilares do

planejamento, identificando cada ator ou atividade do processo pedagógico.

A seguir estudaremos as bases da prescrição de exercícios físicos e

encerraremos o capítulo examinando os aspectos da metodologia de ensino

necessários ao bom desempenho de um profissional de educação física em sala de

aula.

Didática e Metodologia de Ensino em Educação Física

É Preciso ser Profissional

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O profissional que assume um grupo de pessoas para orientar atividades

físicas precisa saber que seu trabalho está inserido em uma realidade com fortes

componentes históricos e sociais.

Um dos grandes desafios da Educação Física hoje é atuar preventivamente

na comunidade, combatendo o sedentarismo e elevando os níveis de saúde da

população.

De acordo com a Carta Brasileira de Educação Física (CONFEF, 2000), o

profissional da Educação Física deverá lançar mão de todos os meios formais e não

formais (exercícios, ginásticas, esportes, danças, atividades de aventura,

relaxamento, etc.) para educar o ser humano para a saúde e para um estilo de vida

ativo.

Este documento sugere, além disso, que o trabalho educativo a partir do

movimento deve estabelecer relações também com o Lazer, a Cultura, o Esporte, a

Ciência e o Turismo e que ele tem compromissos com as grandes questões

contemporâneas da Humanidade como a inclusão dos idosos e das pessoas

portadoras de necessidades especiais, o combate à exclusão social, a promoção da

paz, a defesa do meio ambiente e a educação para a cidadania, democracia,

convivência com a diversidade (étnica, sexual, cultural, religiosa, etc.).

Historicamente, seu aluno faz parte de uma população que teve poucas

oportunidades de praticar atividades físicas: no Brasil a Educação Física sempre foi

tratada como um luxo, uma opção e às vezes como obrigação, mas só recentemente

ela vem sendo vista como uma necessidade e um direito.

Uma necessidade do ponto de vista da saúde (pelo seu importante papel na

promoção da saúde e na prevenção ou tratamento de diversas doenças). Também

do ponto de vista educacional a Educação Física já é reconhecida como uma

necessidade devido ao seu potencial para estimular a adoção de hábitos, valores e

conteúdos importantes em uma sociedade democrática, tais como inclusão, crítica,

cidadania, participação, cooperação, disciplina, método, organização, planejamento,

etc. Tudo isso tendo como base o prazer e o senso estético da livre expressão da

corporeidade dentro do esporte ou da atividade física preferida.

É por esse potencial de educação, promoção da saúde e de expressão da

liberdade, do prazer e da estética humana que a Educação Física se afirma não só

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como uma necessidade, mas também como um direito. O papel do Profissional de

Educação Física situa-se justamente neste contexto: planejar, promover, orientar,

controlar e avaliar a prática de esportes e atividades físicas com a intencionalidade

explícita de educar e promover a saúde dos cidadãos que lhe confiaram esta missão.

Por isso o trabalho do Profissional envolve técnica (conhecimento profundo

da atividade que ensina, de toda a sua linguagem gestual, de suas regras, sua

história, de suas dificuldades e de sua importância para a comunidade); ciência (conhecimento do ser humano do ponto de vista biológico, psicológico, social e

espiritual: anatomia, fisiologia, psicologia, antropologia, sociologia, filosofia, ensino

religioso, etc.) e pedagogia (conhecimento profundo da Arte de Ensinar, que reúne

todos os aspectos anteriores sob a luz da Didática, um dos pilares da Pedagogia).

Pare e pense:

É preciso ter competências técnicas: você contrataria para ensinar futebol

a seus filhos um “Professor Famoso” que estudou tudo de futebol, assistiu a milhares

de vídeos e partidas de futebol, colecionou Tudo sobre futebol, MAS nunca pegou

em uma bola, nunca fez ou sofreu um gol, nunca fez ou sofreu uma falta, nunca

comemorou uma vitória própria, nem nunca chorou uma derrota? O que ele sabe

sobre paixão, sonho, expectativa, medo, raiva, frustração, dor, limite, exaustão? É preciso ter competências científicas e pedagógicas: você contrataria

para ensinar atletismo a seus filhos um “Professor Campeão Olímpico” que viveu no

corpo todas as alegrias e todas as dificuldades de se dedicar integralmente ao

esporte, MAS que nunca parou para estudar a fundo o quê (do ponto de vista

fisiológico, psicológico e social) faz um indivíduo ser bem-sucedido ou não na prática

de um determinado esporte? Que jamais passou pela experiência de avaliar um

aluno e depois planejar, prescrever, orientar e supervisionar o treinamento até ver os

resultados aparecerem? Ou, no caso do resultado não aparecer, saber o quê precisa

ser ajustado para que os objetivos possam ser alcançados?

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Planejar é preciso

O foco do trabalho na Educação Física é o ser humano integral abordado a

partir do corpo. É preciso lembrar que o corpo, principalmente no ocidente, sempre

foi objeto de exclusão: coisificado pelas ciências da saúde, adestrado pela educação,

alienado pela política, demonizado pela religião.

Visto como objeto de trabalho, instrumento de transporte, palco de conflitos, o corpo da maioria de nossos alunos não teve acesso à educação física escolar na

infância e adolescência (a educação física ainda não é obrigatória em todo o currículo

escolar) e entre adultos este corpo não costuma ter tempo para o exercício, nem

para o jogo, o esporte ou o lazer.

O corpo chega ao Profissional de Educação Física espoliado, cansado, frágil,

com um repertório pequeno de movimentos (só faz bem movimentos relacionados

ao trabalho). Este corpo muitas vezes chega aos sessenta anos portando as doenças

do trabalho, da imobilidade, do sedentarismo (obesidade, hipertensão, cardiopatia,

colesterol alto, diabetes tipo II, “reumatismos”) e chega normalmente às aulas de

educação física com dor, muita dor (na coluna, nas pernas, nos braços, na

cabeça...). Isso sem contar as outras dores: da solidão, do abandono, da pobreza,

da falta de atendimento especializado, do desrespeito a direitos básicos, da violência

onipresente.

O professor que assume um grupo para orientar a prática de exercícios físicos

precisa ter essas realidades bem claras ao propor as atividades. É preciso saber que

nenhum exercício proposto se reduz ao ato mecânico de mover um braço ou uma

perna.

É preciso ter claro que cada movimento é, na verdade, uma possibilidade de

resgate da infância, redescoberta da corporeidade, liberação de afetos, superação

de dores, permissão para o prazer de viver... e, talvez, até de descobrir algum talento

esportivo.

E aí começa uma nova história, uma história da qual você professor faz parte. Uma história na qual a escola, a academia, o clube, a praça, o hospital, o parque,

etc. podem ser adotados como espaços para inclusão social, descoberta de talentos, educação para a saúde, autonomia e cidadania. Nesta história a

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atividade física torna-se o meio através do qual o processo educacional se dá em

função desses objetivos e, portanto, precisa ser bem planejada sob pena de não se

atingirem os resultados, de se desperdiçarem recursos e de se frustrarem as

expectativas, tanto dos alunos, como do próprio professor.

Falhas no planejamento podem acarretar efeitos adversos e bem diferentes

de qualquer expectativa baseada em “boas intenções” ou na “fé de que tudo vai dar

certo”:

• Se no planejamento não foi prevista a socialização é bem provável que

os alunos venham ao programa por meses sem estreitarem os laços de amizade e

camaradagem (entra mudo, sai calado);

• Se no planejamento não foi prevista a inclusão é bem provável que em

cada atividade proposta alguns alunos se sintam excluídos (ioga é para as

mulheres, musculação é para homens, não sirvo para correr, branco não consegue

sambar...);

• Se no planejamento não foi prevista a progressão é bem provável que

os alunos não percebam vantagem alguma em investir seu tempo em algo que não

apresenta resultados visíveis ou mensuráveis (a distância ou o tempo da caminhada

são os mesmos há um ano, o peso que levanto é o mesmo há meses, o que ganhei

com tanto trabalho, tempo e suor?);

• Se no planejamento não forem previstas atividades que levem em conta

a saúde é bem provável que nenhuma melhora seja verificada neste aspecto (o

médico me disse que com exercício minha pressão ou a glicose ou a dor melhoraria,

mas já estou praticando há cinco anos e continuo na mesma!);

• Se no planejamento não foram previstos os riscos é bem provável que

os alunos venham a sofrer danos com a atividade proposta (desconforto psicológico,

dor, lesão e até morte!).

Você sabia que um infarto causado por exercícios mal planejados pode

acontecer até várias horas depois da prática, podendo levar à morte ou invalidez?

Você sabia que uma crise glicêmica ou diabética causada por exercícios mal

planejados pode acontecer até várias horas depois da prática, muitas vezes à noite,

caso em que o aluno pode morrer dormindo?

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Você sabia que uma crise de dor causada por exercícios mal planejados pode

acontecer até várias horas depois da prática, quando passa o efeito do aquecimento

e das endorfinas, levando o aluno muitas vezes ao leito durante semanas, sob

medicação cara e pesada?

Um professor que planeja levando em conta a realidade do aluno, procurando proporcionar o máximo de benefícios e ao mesmo tempo prevenir os riscos sabe que

muito do progresso de cada aluno se deveu às atividades propostas por ele.

Um professor que planeja sabe também que os agravos nas doenças dos

alunos e até mesmo a morte de algum aluno ao longo do ano podem ter qualquer

causa (acaso, progressão natural da doença, acidente...), mas não a sua imperícia

ou omissão.

Já um professor que não se preparou e não planejou, jamais saberá por que

este aluno progrediu e aquele não. E jamais poderá afirmar que uma morte não foi

causada pelo seu trabalho, só porque não aconteceu durante a aula.

Estas reflexões nos levam à conclusão de que Planejar é preciso, não só por

motivos técnicos, mas também éticos: consciência tranquila e certeza do dever

cumprido não têm preço. Assim, um bom planejamento:

• Foca os recursos na direção da conquista dos objetivos;

• Evita que o trabalho se torne rotineiro e repetitivo;

• Previne os riscos do improviso;

• Aumenta a segurança das práticas.

Em seu planejamento, um professor eficaz deixa claro QUEM faz O QUÊ e

POR QUE, PARA QUEM e COMO, determinando ainda procedimentos de

AVALIAÇÃO para acompanhar o processo.

Um professor eficaz sabe que a parte mais importante de seu planejamento

será a tarefa de executá-lo. Ele sabe também que o “Plano A” pode não funcionar na

hora, mas como tem tudo planejado, ele tem sempre um “Plano B” preparado com

antecedência: assim nunca terá que improvisar e, livre deste tipo de preocupações,

pode dedicar-se mais aos alunos e à tarefa pedagógica, trabalhando sempre próximo

ao “ESTADO DA ARTE” profissional.

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Pilares do Planejamento

O planejamento visa à ação. Ele é um processo dinâmico de coordenação de

esforços e recursos ao longo do processo de ensino e aprendizagem, que permite

ao professor prever e avaliar a direção da ação principal e determinar rumos de ações

alternativas, servindo ainda para auxiliar o professor a tomar de decisões racionais,

tecnicamente embasadas.

Ao se planejar de uma aula ou projeto de atividades físicas é preciso

especificar claramente: quem vai fazer o quê, para quem e por que, a fim de se

determinar o como fazer (a metodologia de trabalho). É preciso também especificar

instrumentos de avaliação para acompanhamento e controle da atividade desde o

início.

No caso de um programa de atividades físicas para a população cada item

colocado acima corresponderia a:

• Quem faz é o profissional

de educação física;

• Por que faz são as

justificativas teóricas e os objetivos para

o programa ou para cada aula (saúde,

educação, esporte, lazer, etc.); • Para quem faz é o aluno; • O que faz são os

conteúdos de Educação Física (atividade física, exercícios, esporte, jogos, etc.);

• Como faz é metodologia de trabalho adequada às necessidades do

aluno, são as aulas propriamente ditas, prescritas e ministradas dentro dos princípios

do treinamento esportivo.

• Avaliação: instrumentos de acompanhamento e controle do aluno, da

atividade e do programa a fim de verificar questões como: quem é o aluno? Que

atividades podem ser desenvolvidas com ele neste lugar? O treinamento atingiu os

objetivos? Por quanto tempo mais serão mantidas as estratégias atuais? São

necessários ajustes? Onde?

AVALIAÇÃO

Por que faz

Para quem faz

Como fazer (metodologia)

Quem faz

O que faz

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Por ser dinâmico o planejamento não se resume ao plano de curso e aos

planos de aula, metodicamente executados e jamais alterados. Na verdade, ele se

realiza por ajustamentos sucessivos, sofrendo influências o tempo todo da realidade

à qual está sendo aplicado. Por isso a avaliação está presente o tempo todo, inclusive

durante a execução das tarefas.

O planejamento deve expressar os objetivos do programa de exercícios e ele

deve prever os meios para se alcançar esses propósitos, racionalizando a utilização

dos recursos e otimizando a tarefa principal da educação que é o processo ensino

aprendizagem.

Isto deve ser feito por escrito, em um caderno, pasta de planos avulsos ou em

qualquer outro meio (em papel ou digitalizado e arquivado em computador) que o

professor ache válido para escrever, guardar, recuperar, estudar e refazer seus

planos.

No exemplo do caderno, pode-se ter um caderno para cada disciplina que se

pretenda ministrar. As páginas iniciais são reservadas para o plano de curso e as

seguintes ficam destinadas aos planos de aula. O plano de curso é aquele mais geral,

que resume os principais pontos que nortearão o desenvolvimento do programa e a

confecção dos planos de aula. Já o plano de aula é mais específico e deve prever o

que acontecerá em cada aula.

Há vários modelos, você não precisará seguir exatamente o sugerido neste

curso, mas há algumas informações que não podem faltar em um plano,

independente do modelo, por isso segue abaixo um esquema básico que poderá ser

utilizado como esboço de planejamento tanto de curso, quanto de aula, que depois

será passada para o caderno de planos.

Modelo confecção de Plano

Modalidade: Campo preenchido com o nome da atividade proposta.

Professor: Campo preenchido com o nome de quem vai ensinar.

Público alvo: Campo preenchido com o aluno para quem se vai ensinar.

Objetivos: Campo preenchido com por que (motivos) se faz esta proposta.

Conteúdos: Campo preenchido com o que será feito dentro das aulas.

Metodologia: Campo preenchido com o como transcorrerão as aulas.

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A Prescrição em Educação Física

A prática segura de exercícios físicos sempre pressupõe:

• prescrição (qual modalidade será praticada por qual aluno ou turma

para atingir que objetivo?),

• orientação e supervisão (controle exercido por um professor presente,

junto com o aluno ou turma em uma situação pedagógica, facilitando o processo de

ensino e aprendizagem: aula).

A prescrição, orientação e supervisão são importantes porque neste tipo de

atividade física (exercício) sempre existe alguma expectativa de benefício (físico,

psicológico, social, etc.) que, para ser alcançado, sempre necessita de um mínimo

de conhecimento técnico, pois sempre envolve alguma dose de risco (risco social

de exclusão; risco psicológico de frustração e, principalmente, risco físico de lesão,

fadiga e até morte).

Para se discutir os princípios para a prescrição do exercício físico para que o

aluno melhore sua aptidão física e saúde, primeiro é preciso ter bem claro o que se

entende por Aptidão Física, Atividade Física e Exercício Físico (ASSUMPÇÃO,

2002):

• APTIDÃO FÍSICA: é uma série de atributos físicos que possibilita a qualquer pessoa o desempenho satisfatório de suas atividades da vida diária, que vão

desde o trabalho e cuidados pessoais até as recreativas, esportivas e de lazer.

• ATIVIDADE FÍSICA: é qualquer atividade ou movimento que provoque um

gasto de energia acima do repouso. São exemplos de atividades físicas: tomar

banho, dirigir, pintar, tocar um instrumento, andar, brincar, passear, fazer compras, trabalhar, dançar, jogar, varrer, jardinar e praticar exercícios físicos.

Campo preenchido com os instrumentos de avaliação que se vai utilizar

para aferir se o trabalho está dando resultado.

Avaliação:

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• EXERCÍCIO FÍSICO: é uma atividade física praticada regularmente com base numa prescrição que visa o condicionamento físico ou o desenvolvimento de habilidades esportivas ou a educação através do movimento. Todo exercício físico possui padrões característicos de cada

modalidade e devem estar ligados aos objetivos propostos, mas alguns estão

sempre presentes: frequência semanal, duração, intensidade, progressão,

dentre outros. Estes padrões são conhecidos em Fisiologia do Exercício como

Princípios de Prescrição ou Princípios do Treinamento Esportivo.

Princípios da prescrição

De acordo com NUNES há sete princípios que norteiam o planejamento e a

prescrição de exercícios físicos. Estes princípios são válidos desde o planejamento

de simples atividades físicas no leito ou na cadeira de rodas para um idoso infartado

até o planejamento de um treinamento para um atleta de alto rendimento.

Estes princípios são denominados PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO

DESPORTIVO:

1. PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA: Cada indivíduo é

diferente do outro. Algumas pessoas são naturalmente mais flexíveis (talento natural

para ioga, ginásticas), outras são mais fortes (facilidade para musculação, escaladas)

e outras têm maior potência aeróbia (predisposição para corridas, natação). Em um

grupo, pessoas diferentes apresentam diferentes níveis iniciais de aptidão física

(morfológica, cardiorrespiratória, muscular e articular), isto é característico de sua

individualidade biológica e precisa ser levado em conta na hora de planejar as

atividades de forma a valorizar os talentos naturais e, ao mesmo tempo, melhorar o

condicionamento das áreas em que o indivíduo tenha maior dificuldade.

2. PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE: exercícios específicos

produzem incrementos específicos. Treinar flexibilidade melhora a flexibilidade, não a força. Treinar força de pernas não melhora a força dos braços.

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3. PRINCÍPIO DA SOBRECARGA: para produzir melhoras é preciso

aumentar a carga. A Carga de trabalho é o somatório da quantidade de trabalho

(volume = duração + frequência + repouso) com a qualidade do trabalho (Intensidade

= tipo de esforço). Aumenta-se a carga diminuindo-se o repouso ou aumentando-se

um ou mais dos seguintes componentes: INTENSIDADE, DURAÇÃO e

FREQUÊNCIA do exercício.

4. A INTENSIDADE refere-se a quanto do máximo esforço se situa a prescrição.

Exemplo: passar de 50% para 55% da Frequência Cardíaca Máxima é fazer sobrecarga em

um treino aeróbio. Passar de 30% para 40% de 1RM (Uma Repetição Máxima) é fazer

sobrecarga em um treino de força. A DURAÇÃO refere- se a quanto tempo se submeterá o

corpo ao esforço. Exemplo: aumentar o tempo da sessão de treinamento de 30 para 40

minutos é fazer sobrecarga a partir da duração. A FREQUÊNCIA refere-se ao número de

sessões semanais. Exemplo: aumentar o número de práticas de 3 para 4 vezes na semana

é fazer sobrecarga a partir da frequência. 5. PRINCÍPIO DA ADAPTABILIDADE: o corpo se adapta às cargas a que

é constantemente submetido. Portanto, depois de algumas semanas levantando 10

vezes um peso 3 kg, o corpo se adapta e passa a levantar o mesmo peso 12, 15 ou

mais vezes ou então passa a ser capaz de fazer as 10 repetições agora com 4 kg.

Depois de algumas semanas caminhando 4 km em 1 hora, o corpo se adapta e já

consegue percorrer os 4 km em 45 minutos ou então em 1 hora descobre que já

consegue caminhar 5 km. Isso quer dizer que o corpo se tornou mais bem

condicionado, mas significa também que a partir daí, se nada for mudado, ele para

de progredir, ficando em estado de manutenção do que já foi ganho. Para continuar

progredindo será necessária uma sobrecarga.

6. PRINCÍPIO DA PROGRESSIVIDADE: a sobrecarga deve ser aplicada

sem saltos, gradativamente, para garantir os benefícios e prevenir lesões ou

acidentes.

7. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE: os benefícios decorrem da prática.

Os resultados para o condicionamento são cumulativos, não ocorrem na prática

intermitente.

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8. PRINCÍPIO DA REVERSIBILIDADE: se não houver continuidade perdem-se os ganhos obtidos. O tempo para voltar ao estágio inicial é, em média,

de 1/3 do tempo de treinamento. Exemplo: O aluno começou o programa aeróbio

caminhando 4 km em 1 hora. Em 9 meses já estava caminhando 7 km em 1 hora.

Parando o treinamento, aproximadamente em 3 meses ele volta à condição inicial.

Prescrevendo um Treinamento

A melhor maneira de escolher uma atividade para se alcançar objetivos mais

específicos do treinamento é classificá-la de acordo com sua atuação dentro dos

Componentes da Aptidão Física. De acordo com FALLS (1968) são 4 os

componentes da Aptidão Física: o Morfológico, o Cardiorrespiratório, o Muscular e o

Articular. O trabalho sobre cada componente da aptidão física exige o

desenvolvimento de Qualidades Físicas específicas.

Assim, para melhorar a Aptidão Física Morfológica é preciso trabalhar sobre

as Qualidades Físicas Percentual de Gordura e Distribuição da Gordura Corporal

(que envolve a combinação de dieta alimentar e exercícios aeróbios).

Para melhorar a Aptidão Física Cardiorrespiratória é preciso trabalhar sobre a

Qualidade Física denominada Potência Aeróbia.

Para melhorar a Aptidão Física Muscular é preciso trabalhar sobre as

Qualidades Físicas denominadas Força e Resistência Muscular.

E para melhorar a Aptidão Física Articular é preciso trabalhar sobre a

Qualidade Física denominada Flexibilidade.

Além disso, em um programa de condicionamento físico é necessário também

acrescentar exercícios que desenvolvam outras Habilidades Físicas tais como:

equilíbrio, coordenação, agilidade, velocidade, tempo de reação, potência.

Potência Aeróbia

As atividades físicas de natureza aeróbia são fundamentais para saúde, pois

promovem a diminuição dos riscos das doenças cardiovasculares.

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A atividade física regular promove um aumento da capacidade aeróbia

máxima, devido a um aumento da oferta de oxigênio para o trabalho muscular. Desta

forma a frequência cardíaca e a pressão arterial são proporcionalmente menores

para executar uma determinada carga de trabalho. As características básicas na

prescrição de um treino aeróbio são as mesmas para todas as idades.

Quando se fala de INTENSIDADE, a FCM (Frequência Cardíaca Máxima)

representa o máximo de esforço fisiologicamente possível. Acima deste valor o

sistema cardiorrespiratório não consegue mais suportar o esforço.

Jamais se treinará a 100% da FCM. Mesmo atletas de alto rendimento não

trabalham mais que alguns minutos nesta intensidade.

Para a maioria das pessoas ativas, com o objetivo de promoção de saúde e

condicionamento físico a faixa de trabalho será de 60% até valores próximos dos

80%. Para pessoas em reabilitação cardíaca (depois de um infarto ou de uma

internação por fratura, por exemplo) e para aqueles sedentários, em início de

treinamento, a intensidade deve começar com FCM próxima de 40% em sessões de

duração inferior a 20 minutos e gradualmente subir tendo como meta a intensidade

de 50 a 60% em sessão com 30 a 60 minutos de duração, quando termina a fase

terapêutica de reabilitação ou adaptação ao exercício e o aluno passa a treinar com

prescrições semelhantes aos das pessoas ativas.

Para se calcular a FCM podem-se utilizar vários recursos. O mais comum é a

Equação de Karvonen (KARVONEN et al., 1957):

FCM = 220 – idade

Por exemplo: Qual é a FCM de um indivíduo de 30 anos de idade?

Utilizando a fórmula FCM = 220 – idade é só substituir a idade por 30 e fazer

a conta. Cálculo: FCM = 220 – 30

Resultado: 190 bpm (batimentos por minuto)

Como jamais se trabalha na FCM, é importante calcular a Frequência Cardíaca de Treinamento para este indivíduo. Suponhamos que este aluno, para

quem calculamos a FCM de 190 bpm, é um indivíduo ativo. Sabendo que vamos

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trabalhar inicialmente com ele em uma faixa que deve começar a 60% da FCM e

isto pode chegar a 80% da FCM. Qual será a faixa de treinamento para este aluno?

Para isto, basta calcular quanto é 60% e 80% de 190 bpm.

Cálculo: 60% de 190 = 114 bpm 80% de 190 = 152 bpm

Portanto, com este aluno começaremos o treinamento a partir de uma

frequência cardíaca de 114 bpm que, ao longo do tempo, poderá chegar a 152 bpm.

Com relação à FREQUÊNCIA semanal para o treinamento aeróbio, de acordo

com o Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM, 2000) a frequência ideal

vai de 3 a 5 aulas semanais. Treinar 2 vezes, ou menos, aumenta o risco dos

problemas ligados ao excesso de carga por intensidade de treinamento (“atleta de

fim-de-semana”), sendo os mais sérios as lesões do aparelho locomotor e os eventos

cardiovasculares (infarto, derrame, morte súbita durante ou após o exercício). Já

treinar 6 vezes, ou mais, aumenta o risco dos problemas ligados ao excesso de carga

por volume de treinamento, que também causa lesões do aparelho locomotor e os

eventos cardiovasculares (infarto, derrame, morte súbita durante ou após o exercício)

e ainda acrescenta os distúrbios metabólicos, cujo resultado mais comum é a dor, a

fadiga crônica e o estresse físico e mental.

Com relação seleção de atividades para o treinamento aeróbio é preciso

separar as atividades acordo com o nível de controle sobre a intensidade que cada

uma possibilita. Com grupos de iniciantes, sedentários e em reabilitação é melhor

escolher atividades que permitam maior controle sobre a intensidade, tais como:

caminhar, correr, pedalar, subir e descer escada, alguns tipos de dança aeróbia,

alguns tipos de ginástica aeróbia e exercícios semelhantes, com pouca variabilidade

de movimentos e pouca exigência de precisão e correção da posição a cada instante.

Já com alunos mais treinados é possível utilizar modalidades mais dinâmicas

e com maior exigência de controle motor, pois já estarão condicionados a

perceberem a intensidade do esforço e educados para respeitarem seus limites.

Como modalidades mais dinâmicas entendem-se todos os esportes de grupo e

Page 18: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

alguns individuais (futebol, voleibol, natação, peteca, tênis, etc), boa parte das

danças e boa parte das ginásticas.

Força Muscular

O treinamento da força muscular é importante para o indivíduo manter a sua

capacidade para realizar as tarefas cotidianas, que normalmente necessitam muito

mais de força muscular, resistência muscular e flexibilidade do que de capacidade

aeróbia (OKUMA, 1998; SANTARÉM, 2000).

O treinamento resistido, também conhecido como treinamento de força, é uma

forma de exercício que requer que a musculatura corporal se mova contra uma força

oponente, geralmente oferecida por algum tipo de equipamento. O objetivo principal

desta forma de trabalho é promover adaptações fisiológicas e morfológicas no

músculo (FLECK & KRAEMER, 1999).

Nos exercícios contra-resistência os músculos se tornam mais fortes em

resposta à sobrecarga imposta que causa um "estresse" benéfico de adaptação: o

treinamento de força aumenta a capacidade oxidativa e promove algumas

modificações estruturais do tecido muscular, desenvolvendo a força e minimizando o

ritmo da perda da massa muscular devido ao sedentarismo ou ao envelhecimento.

Isso faz com que o treinamento contra-resistência seja o meio mais eficiente para

aumentar a força muscular e a massa muscular de idosos, sendo especialmente

importante estimular a prática destes exercícios por parte desta população (FARO

Jr. et al. 1996).

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A força muscular é definida como a quantidade máxima de força de tensão

que um músculo ou grupamento muscular consegue exercer contra uma resistência

em um esforço máximo.

A partir desta definição são considerados os dois tipos principais de

contrações musculares: a contração dinâmica e a contração estática. Na contração

dinâmica ou isotônica o músculo encurta-se com tensão variável ao deslocar uma

carga constante. Já na contração estática ou isométrica desenvolve-se tensão,

porém não existe mudança no comprimento do músculo (WEINECK, 2000).

Nas contrações dinâmicas observam-se dois tipos básicos de ações

musculares ou fases: ação muscular concêntrica na qual o músculo se encurta ao

deslocar uma carga e a ação muscular excêntrica na qual o músculo se estende de

uma forma controlada ao deslocar uma carga.

Já nas contrações estáticas a ação muscular denomina-se ação muscular

isométrica, nela não ocorre movimento da articulação: o músculo desenvolve tensão,

mas não existe alteração no comprimento do músculo (FOX & MATHEUS, 1983).

Um programa de treinamento resistido, com ou sem pesos, planejado e

adequado pode resultar em aumentos significativos na força, na densidade mineral

óssea e na flexibilidade, além de variados níveis de hipertrofia muscular (MCARDLE

et al. 1998).

KRAEMER et al. (1996) observam que o protocolo de um programa de exercício com peso deve considerar a seleção do exercício, sequência de exercícios,

intensidade utilizada, número de séries, o tempo de repouso (entre as séries e entre

os exercícios), respeitando dessa forma as adaptações fisiológicas.

Os princípios fundamentais do planejamento de um programa de treinamento

de força são os mesmos, não importa qual a idade dos participantes. O melhor

programa é o individualizado, para atender as necessidades e as condições de saúde

de cada pessoa (FLECK & KRAEMER, 1999).

Com relação ao aquecimento, ele pode ser feito utilizando-se os mesmos

movimentos que serão utilizados durante o treinamento específico, só que sem a

utilização de pesos. O objetivo é aumentar a circulação sanguínea de forma a se

Page 20: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

conseguir um pequeno aumento da temperatura nos músculos, facilitando o

metabolismo, melhorando a resposta ao exercício e diminuindo os riscos.

Uma outra estratégia para o aquecimento é utilizar nesta fase movimentos de

flexibilidade de curta duração, com várias repetições e dentro dos limites articulares

usuais. Isto proporciona uma movimentação corporal geral que atinge o mesmo

objetivo anterior de preparação para a atividade e redução de riscos.

Alongamento passivo, com maior permanência é indicado para o final da

atividade, na fase de relaxamento ou desaquecimento. Ele diminui a frequência

cardíaca, diminui o ritmo respiratório e libera alguns neurotransmissores nos

músculos e articulações que promovem relaxamento muscular e indiretamente,

relaxamento mental. Se este tipo de exercício for realizado antes do trabalho com

pesos, a título de aquecimento, acaba-se por atingir o resultado oposto do esperado,

pois a redução da frequência cardíaca e o relaxamento muscular não são objetivos

do aquecimento. Além do mais, este relaxamento aumenta o risco de lesões

musculares.

Com relação à intensidade, verifica-se que a alta intensidade provoca maior

aumento na força muscular de indivíduos de quaisquer idades, quando comparados

com os estudos utilizando treinamento com intensidade baixa e moderada

(FIATARONE et al., 1990; FLECK & KRAEMER, 1999).

É preciso lembrar que, embora o treinamento de alta intensidade seja

desejável, para que ele seja tolerado e traga resultados positivos para pessoas

sedentárias e para idosos é necessário um período de treinamento inicial, de

adaptação e aprendizagem dos movimentos, antes de treinar em um nível necessário

para provocar adaptações no músculo, mais tarde, com a progressão do programa

de treinamento.

Embora exista uma grande variedade de testes e medidas que podem ser

empregados para avaliar os efeitos de programas de exercícios com peso, o Teste

de 1 RM (uma repetição máxima) tem sido amplamente aplicado como avaliação da

força muscular: ele é utilizado em um de cada dois estudos científicos publicados

(RASO, 2000).

O Teste de 1 RM (Teste Isotônico de Uma Repetição Máxima), de acordo com as recomendações de procedimentos da Sociedade Americana de Fisiologia

Page 21: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

do Exercício (BROWN & WEIR, 2003), é o que mais se utiliza com objetivos

científicos e é aplicado da seguinte forma:

• Aquecimento: de 5 minutos, realizando movimentação do corpo todo e

aquecendo especificamente o grupo muscular que se pretende testar (podem-se

utilizar pequenos pesos para esta parte específica, realizando poucos movimentos).

• Teste: posicionar o corpo e membro a ser testado em relação ao peso.

Realizar um movimento completo, utilizando uma carga próxima de 100% da máxima

carga estimada para o indivíduo. Aumentar ou diminuir a carga ao longo de, no

máximo, 5 tentativas, registrando-se ao final o valor da carga para Uma Repetição

Máxima (1 RM), que é a maior carga contra a qual o indivíduo conseguiu realizar uma

única movimentação completa do grupo muscular.

• Repouso entre as tentativas deve ser de 60 segundos. Ao encontrar o valor para 1RM, passa-se aos cálculos para encontrar com

qual peso se fará o trabalho de força com a intensidade desejada.

Suponhamos que aplicamos este teste a um aluno idoso, para quem carga de

1RM para o bíceps foi de 10 kg. Suponhamos ainda que este seja um idoso

sedentário em início de treinamento. Sabendo que vamos trabalhar inicialmente com

ele em uma faixa que deve começar em 50% de 1RM e que isto pode chegar a 60%

de 1RM, qual será a faixa de treinamento de força para este idoso?

Para isto, basta calcular quanto é 50% e 60% de 10 kg.

Cálculo: 50% de 10 = 5 kg

60% de 10 = 6 kg

Portanto, com este aluno começaríamos o treinamento a partir de uma carga

de 5 kg que, ao longo do tempo, poderia chegar a 6 kg.

O único problema é que só conseguiríamos chegar a estes valores com idoso

ativo e saudável ou do adulto jovem, pois o ponto de partida é justamente testar qual

é a carga máxima que ele consegue suportar e isso jamais poderia ser feito com

segurança para o idoso sedentário ou portador de alguma patologia, fora de um

laboratório e sem equipamentos e metodologias adaptadas.

Fizemos os cálculos para você relembrar a lógica do teste. Entretanto, para

determinar a carga de treinamento de força para um aluno idoso real, precisaremos

de outros métodos mais simples e seguros.

Page 22: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

O método mais simples, seguro e eficiente é o de Estimativa de Carga pelo

número de repetições possíveis para uma determinada faixa de intensidade de

treinamento. A Carga Estimada por este método é praticamente a mesma da Carga

Calculada, com a diferença de que você chega a ela pelo caminho inverso: partindo

de cargas mais leves, até chegar à carga de treinamento ao longo de alguns dias

ajustando as cargas até que o aluno esteja trabalhando na intensidade que você

prescreveu.

Para estimar a carga por este método, você deverá encontrar junto com seu

aluno uma carga com a qual ele consiga trabalhar o número de repetições que você

sugeriu e nenhuma repetição a mais.

Número de repetições conseguidas e nenhuma a mais

Faixa de treinamento em % de 1 RM

1 100% 2 95%

4 90%

6 85%

8 80% 10 75%

12 70%

14 65%

De 15 a 20 50% a 60%

Essa escolha se faz a partir da tabela acima que correlaciona o percentual de

1 RM Calculado com o número de repetições possíveis (e nenhuma mais) para uma

carga dada.

Suponhamos que você esteja recebendo um aluno idoso sedentário e

pretenda trabalhar inicialmente com ele a uma intensidade de 50% a 60%. Na

primeira aula, num trabalho de bíceps, você coloca nas mãos dele um peso de 2 kg

e pergunta se ele acha que consegue levantá-lo umas 15 ou 20 vezes flexionando

os antebraços. Observe a execução quando for chegando aos valores estipulados.

Se antes de chegar a 15 repetições, você notar que o trabalho começa a ficar

Page 23: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

pesado, que ele começa a reclamar ou apresentar dificuldades, isto significa que

aquela carga de 2 kg está acima dos 50% ou 60% de intensidade e o exercício deverá

ser interrompido e a carga diminuída na próxima série ou na próxima aula. Já se o

seu aluno ultrapassou com tranquilidade as 20 repetições, isto quer dizer que a carga

está leve, abaixo dos 50% ou 60% de intensidade e o exercício será interrompido

algumas repetições depois e a carga aumentada na próxima série ou na próxima

aula. Este procedimento deverá ser repetido para cada exercício prescrito para cada

grupo muscular.

Quanto à seleção de atividades para o treinamento de força, estão incluídas nesta categoria todas as modalidades que trabalham contra-resistência, tanto em

máquinas, quanto com pesos livres. As aulas na sala de musculação são as mais

conhecidas, mas encaixam-se nesta categoria também trabalhos como as diversas

variantes do método pilates em aparelhos, trabalhos com extensores (rubber band),

atividades com medicine ball, circuitos ecológicos, esportes indígenas e esportes

rurais de carga (nestes três trabalha-se com levantamento e movimentação de

troncos e pedras; transporte de pequenos e médios animais ou volumes de cereais

em gincanas).

Não há diferença no resultado final para o desenvolvimento da força entre

trabalhos que utilizam aparelhos fixos e aqueles que utilizam implementos móveis.

Os cientistas apontam diferenças em relação a outras variáveis, como segurança e

estimulação neuromotora.

Com a relação à segurança, os aparelhos fixos (de musculação, pilates, etc.)

são os mais indicados, entretanto eles oferecem menor estímulo neuromotor para

desenvolvimento de habilidades como equilíbrio e coordenação, dentre outras. Já

nas atividades com implementos móveis estes estímulos neuromotores são mais

evidentes, principalmente com relação ao equilíbrio e coordenação, entretanto, o

controle da atividade já não é tão grande quanto nas máquinas, o que os contraindica

para situações que exijam controle total de riscos, tais como trabalho com idosos

frágeis e doentes em reabilitação.

É preciso lembrar que existem, ainda, outras modalidades de exercício que

trabalham a força utilizando o peso do próprio corpo ou a força contra a resistência

imposta por outra pessoa em atividades grupais. Encaixam-se nesta categoria

Page 24: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

trabalhos como: ginástica localizada, pilates de solo, bioginástica, ginástica natural,

tai chi chuan, lian kung e alguns tipos de hata ioga (Bikram, Power, Ashtanga,

Swásthya, Viniyoga, etc.), além de técnicas mistas como o método iogalates (ioga +

pilates).

A vantagem destas técnicas sem implementos está, primeiramente, no seu custo (que é zero, pois só utiliza o corpo e, no máximo, o solo que pode ser forrado

com uma toalha ou tapete macio). A outra vantagem é com relação ao aspecto

pedagógico: a aula é mais dinâmica, facilita a interação, o convívio, a participação e

a integração, favorecendo, portanto, os aspectos psicossociais do trabalho.

Flexibilidade

A flexibilidade é um termo geral que inclui a amplitude de movimento de uma

articulação simples e múltipla e a habilidade para desempenhar tarefas específicas.

A amplitude de movimento de uma dada articulação depende primariamente da

estrutura e função do osso, músculo e tecido conectivo e de outros fatores tais como

dor e habilidade para gerar força muscular suficiente.

Os exercícios de flexibilidade são compostos por modalidades que geralmente

não necessitam de preparo físico anterior (eles é que são, invariavelmente, utilizados

tanto na preparação ou aquecimento, quanto na volta à calma ou relaxamento, dentro

da prática das outras modalidades).

Page 25: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

Nas modalidades que trabalham a flexibilidade sempre estarão presentes em

algum grau as técnicas de Alongamento e Flexionamento combinadas ou não com

técnicas de Relaxamento, Exercícios Respiratórios e de Consciência Corporal (ou

Meditação).

Os exercícios de alongamento e flexionamento melhoram o estado geral da musculatura, aumentam a eficiência mecânica e a coordenação motora, corrigem a

postura e diminuem os riscos de lesões por acidentes ou por esforços repetitivos.

Os movimentos lentos e fluidos da maioria das modalidades, aliados ao

relaxamento, controle mental e exercícios respiratórios, incrementam a Consciência

Corporal, promovem intensa descontração psíquica, combatendo o estresse ao

mesmo tempo em que estimulam a criatividade e a disciplina. Isto permite ao

indivíduo um contato mais íntimo com seu mundo interior e a administração mais

eficiente de suas capacidades físicas, emocionais e intelectuais.

De acordo com DANTAS (1999), entende-se por alongamento o trabalho

submáximo dos músculos e articulações com o objetivo da manutenção da amplitude

articular. Além disso, pode ser usado durante o aquecimento e a volta à calma na

prática de outras modalidades de exercícios. Neste sentido indica-se uma

intensidade baixa de carga de trabalho, uma frequência mínima de 2 vezes por

semana, utilizando-se de 3 a 6 repetições por movimento, com 10 a 15 segundos de

permanência em cada posição. A técnica mais conhecida é a daquelas séries de

Alongamento tradicionalmente utilizadas em início e finais das aulas de educação

física.

Já por flexionamento, entende-se o trabalho máximo dos músculos e

articulações visando ao incremento da amplitude articular. Esta é a técnica que se

utiliza em trabalhos específicos (aulas) de flexibilidade. Existem técnicas de

flexionamento dinâmicas e estáticas.

No flexionamento dinâmico os exercícios usam a inércia para levar o

segmento corporal a um alongamento intenso, que vai além do arco articular. As

aulas devem ter uma frequência mínima de 2 vezes por semana, com 30 minutos de

duração do trabalho específico (mais 10 minutos de aquecimento e outros 10 de volta

à calma). Sugere-se realizar de 2 a 4 repetições por movimento, com 10 a 15

insistências para cada movimento, até o limite do desconforto muscular.

Page 26: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

As modalidades que mais se encaixam nestas características são as aulas de

Alongamento Dinâmico, o método pilates de solo (com ou sem implementos como

bola, barras, etc.), as técnicas de hata ioga dinâmica (Bikram, Power, Ashtanga,

Swásthya, Viniyoga, etc.), as técnicas de tai chi chuan dinâmico (estilos praticados

dentro da filosofia mais esportiva do wushu ou kung fu) e o lian kung tradicional

(praticado com número fixo de repetições e velocidade controlada por marcação

chinesa).

Todas as técnicas de flexionamento dinâmico devem ser utilizadas com parcimônia no trabalho com idosos e com sedentários, devido ao risco de lesões, que é alto em todas as modalidades. Com estas pessoas o mais seguro seria

sempre trabalhar com flexionamento estático, que permite maior controle e, portanto,

segurança.

No flexionamento estático utilizam-se movimentos suaves e permanência

em determinada postura para levar o segmento corporal a um alongamento intenso,

que vai além do arco articular. As aulas devem ocorrer com frequência mínima de 2

vezes por semana, com 30 minutos de trabalho específico (mais 10 minutos de

aquecimento e outros 10 de volta à calma). Sugere-se trabalhar de 3 até 6 repetições

por movimento, com 10 a 15 segundos de permanência em cada posição,

acrescentando técnicas de respiração e consciência corporal. Grande número de

estudos sugere que tempos maiores que 15 segundos não oferecem vantagem extra

nos ganhos de flexibilidade, portanto, se não houver outros motivos pedagógicos

para manter o aluno na posição, não há vantagem alguma em permanecer 20, 30,

45 ou 120 segundos, como aparecem em algumas propostas.

As modalidades que mais se encaixam nas características de flexionamento

passivo são as aulas de Alongamento Dinâmico Passivo, Método FNP (Facilitação

Neuromuscular Proprioceptiva, também conhecido como 3S - Scientific Stretching for Sports), a técnicas de hata ioga passiva (Hatha, Purna, Iyengar,

Ananda, Anusara, Tantra, Integral, Integrativa, Tibetana, Kundalini, Sivananda, etc.),

as técnicas de tai chi chuan mais passivas (praticado dentro da filosofia taoísta, mais

terapêutica) e o lian kung de forma crítica (praticado com foco no aluno, questionando

o tradicionalismo da modalidade).

Page 27: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

O tempo de descanso durante qualquer trabalho de flexibilidade deve ser de

igual duração (ou de até o dobro) do tempo utilizado para realizar a série de

repetições.

Prescrevendo na presença de doenças

É aconselhável também levar em conta no planejamento exercícios

específicos ou estratégias visando prevenção ou auxílio na reabilitação das doenças

prevalentes nas populações sedentárias e idosas:

Doença Indicações de exercícios Contra-indicações

Artrose e Dor crônica

TODOS. Priorizar contínuos,

aeróbios.

Sobrecarga para articulações levantamentos

de peso, corridas e práticas esportivas, ir devagar.

Cardiopatias TODOS. Priorizar contínuos,

aeróbios.

Igual hipertensão e evitar longa permanência

estática de pé (causa hipotensão postural)

Colesterol TODOS. Priorizar contínuos,

aeróbios.

Nenhuma.

Diabetes TODOS. Contínuos, aeróbios

devem ser realizados 7 dias na

semana.

Riscos MMII (varizes, pé diabético), risco

hipoglicemia (importante comer antes, evitar

fazer esportes solitários ou muito radicais:

pode desmaiar quando só), evitar exercícios

de média a alta intensidade quando glicemia

≥ 250 mg/dl (pode levar a cetose, coma e

morte ou lesão cerebral). Controlar PA nos

exercícios resistidos: pressão elevada pode

acelerar problemas oftalmológicos, renais e

cardíacos.

Hipertensão TODOS. Priorizar contínuos,

aeróbios.

Manobra de Valsalva durante esforço. Longa

permanência de braços ou pernas elevados.

Hipotensão e

Síncopes (desmaios)

TODOS. Priorizar contínuos,

aeróbios.

Atividades após comer, mudança rápida das

posições deitada ou sentada para de pé

(principalmente pela manhã), permanência

em pé por longo tempo, exercícios

respiratórios forçados, mergulho em água fria, ducha fria, massagens no pescoço,

Page 28: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

verificação de frequência cardíaca na artéria

carótida.

Obesidade TODOS. Priorizar contínuos,

aeróbios.

Sobrecarga para articulações dos MMII como

nas corridas e cuidado com práticas esportivas competitivas.

Osteoporose TODOS. Priorizar contínuos,

aeróbios ao sol e os de força para todos os sítios.

Riscos para quedas e fraturas.

Problemas respiratórios

TODOS. Priorizar contínuos,

aeróbios. Acrescentar

Exercícios Respiratórios.

Atividades fatigantes.

Sedentarismo TODOS. Priorizar contínuos,

aeróbios.

Irregularidade (≤ 2 vezes semana) +

competitividade = síndrome do atleta de fim- de-semana (infarto, morte).

Varizes TODOS. Priorizar contínuos,

aeróbios. Fortalecer membros inferiores.

Isométricos de membros inferiores e longa

permanência estática de pé (prejudica retorno venoso)

Métodos de trabalho

A partir de agora passaremos a estudar o como programar, distribuir,

organizar, controlar as atividades na prática, para que a prescrição saia do papel e

se transforme em aula.

Ao escolher um exercício (caminhada, ginástica, esportes, etc.) é necessário

sempre perguntar: Qual é o principal componente da aptidão física que está sendo

trabalhado com esta atividade? Que adaptações ou que outras atividades precisarei

acrescentar para trabalhar os demais componentes e, assim, realmente, conseguir

um trabalho sério de Condicionamento Físico?

Lembre-se que os exercícios, além de trabalharem a aptidão física devem

também ser agradáveis, prazerosos e integrativos. Por isso, em uma aula, deve-se

procurar exercitar todas as estruturas móveis do corpo, dando preferência às

atividades que abordem o corpo de forma global. Portanto, observe após planejar um

programa se foram contemplados minimamente os seguintes aspectos nas

Page 29: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

atividades de condicionamento físico: Potência aeróbia, Força muscular,

Flexibilidade, Equilíbrio,

Educação postural, Coordenação motora, Habilidades psicomotoras, Imagem

corporal, Agilidade, Tempo de reação, Mobilidade das articulações, Respiração,

Lateralidade, Ritmo e Reflexos.

O trabalho deve ser metódico e estruturado, obedecendo a um planejamento

bem fundamentado. De acordo com YANGUAS et al., (1998), a um observador

externo deverá ficar claro que houve:

Explicação verbal dos exercícios: O tom de voz deve ser alto e as palavras

devem ser bem vocalizadas, para assegurar a compreensão. Utilizando uma

linguagem inteligível, clara, concisa e motivante, o professor informa que exercício

será realizado, que materiais ou equipamentos serão utilizados e se o trabalho será

individual ou grupal;

Descrição passo a passo do exercício; Demonstração dos exercícios por parte do professor (ou com auxílio de um

aluno experiente como modelo);

Realização dos exercícios pelos alunos: É preciso estar atento ao que

acontece a cada aluno, mas sem perder a noção do conjunto (nas atividades

grupais);

Estimulação (reforço) durante a execução, com observações e elogios

sinceros. O professor deve desenvolver confiança, segurança e alegria. Deve

respeitar os diferentes ritmos dos alunos, procurando estimulá-los, mas evitando a

superproteção. Cuidado com a Infantilização do aluno, principalmente dos Idosos. Seu aluno tem uma mão, não uma mãozinha. Um pé e não um pezinho...

Correção de forma discreta e preferencialmente grupal, evitar situações e

linguagens que possam ferir ou humilhar quaisquer alunos; Descanso e recuperação não devem ser negligenciados; Teoria: Os temas transversais e os conteúdos interdisciplinares fazem parte

da aula. O aluno precisa entender o propósito do seu treinamento. Reserve um

momento da aula para aprofundar o processo de Educação de seu aluno. Faça

Page 30: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

comentários, recomendações e sugestões a respeito dos exercícios e das

experiências vivenciadas nas aulas e suas implicações na vida diária.

O professor deve demonstrar atenção e receptividade permanente às

propostas e observações dos alunos utilizando essas informações em seu

planejamento tanto para selecionar atividades, quanto para determinar a forma de

executá-las.

Recursos Físicos e Materiais

Espaço Físico

O espaço escolhido para realizar atividades físicas deve ser adequado para o

tamanho do grupo e as características da atividade. O local deve possuir boa

iluminação, boa ventilação, temperatura agradável. O piso (da sala, quadra, pista)

deve ser adequado à prevenção de quedas (não derrapante, isento de buracos, livre

de objetos em que se possa tropeçar). A utilização do espaço deve favorecer boa

visibilidade do professor e audição dos comandos e orientações para as atividades.

Page 31: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

Equipamentos e Materiais

É preciso lembrar sempre que o planejamento da atividade física tem seu

centro na ação pedagógica (que ocorre entre professor e alunos), equipamentos e

materiais são recursos, que podem ou não estar disponíveis. Equipamentos de

última geração nem sempre são sinônimos de atendimento de qualidade. Qualidade

se obtém com um bom diagnóstico da população, prescrição correta das atividades

e planejamento eficiente da execução das atividades prescritas. Caso, no

planejamento, se opte pela utilização de equipamentos e materiais, estes deverão

ser escolhidos de acordo com a atividade proposta.

Em academias de educação física geralmente os equipamentos já estão

alocados segundo as atividades em salas específicas: de musculação, de ginástica,

de natação, etc. Já em projetos sociais e programas comunitários em campos,

parques e praças o professor precisará utilizar seus conhecimentos técnicos e sua

Page 32: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

criatividade para desenvolver alternativas de exercícios com recursos existentes na

própria comunidade.

A confecção em grupo de materiais alternativos (cabos de vassoura = bastão;

garrafas pet com água ou areia = anilhas; garrotes injeção = extensores elásticos;

etc.) pode ser uma boa oportunidade para estreitar os laços entre os membros do

grupo através de um projeto em comum, no qual as ideias, experiências e talentos

de cada um poderão ser colocados em evidência, criando espaço pedagógico no

qual poderão ser trabalhadas algumas competências sociais tais como: liderança,

participação, democracia, planejamento, organização, cidadania.

Circuitos ou outros equipamentos fixos já instalados em parques, praças e

outros espaços públicos também poderão ser utilizados dentro do planejamento das

atividades. E salões de festa, sedes sociais de clubes, salões paroquiais, quadras

cobertas, poderão transformar-se em salas de ginástica, danças, ioga, alongamento,

jogos, etc.

Dependendo da atividade, colchonetes poderão ser substituídos por toalhas

grossas, esteiras, lonas ou outras opções para tornar confortáveis e seguras as

atividades de solo.

A música é sempre bem-vinda, pois além de ajudar a marcar ritmo, motivar e

estimular para os exercícios, ela também proporciona benefícios psicológicos sobre

o humor e cria especo pedagógico para se trabalhar questões afetivas e emocionais

(como lembranças, saudades, medos, perdas, amor, amizade, alegria, esperança,

etc.) a partir do ritmo (que remete a uma época ou lugar) ou da letra (que explicita os

conteúdos).

Secretaria

Mesmo que a atividade de secretaria se resuma a uma pasta ao lado do caderno de planos de aula na sacola do professor, há dados que precisam ser

obtidos e necessitam estar sempre à mão.

Page 33: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

a. Agenda de endereços e telefones: de todos os alunos e de um parente

para contato em caso de emergência, da polícia, dos bombeiros e de um serviço de

ambulância.

b. Fichas de inscrição com a anamnese de todos os alunos, que

fornecem informações úteis para o planejamento e em caso de emergência pode

ajudar a tomar atitudes mais acertadas.

c. Lista de chamada para controle de frequência e outras anotações

diárias relativas aos alunos.

d. Fichas de avaliação: úteis na hora do planejamento das atividades

para o grupo e importantíssimas na hora de orientar individualmente os alunos, além

de permitir acompanhar com base em dados objetivos a evolução da turma. Discutir

com os alunos as modificações nos valores de suas avaliações pode ser um

instrumento muito útil para motivar a permanência na atividade.

PSICOMOTRICIDADE

A educação pelo movimento ao longo do tempo contribuiu para que cientistas

e precursores analisassem a evolução da motricidade humana como um todo. Os

gregos analisavam o corpo negligente em função da mente, acreditava-se que a

mente não tinha relação com o corpo e seus sentidos. Dessa forma, marcos

históricos estimularam profissionais ousados a novos desafios no século XIX.

Page 34: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

A Psicomotricidade surgiu na França (1900-1940), em Paris, sendo Dupré o

seu precursor ao evidenciar a “Síndrome da Debilidade Motora”. Verificou que existia

uma estreita relação entre anomalias psicológicas e anomalias motrizes, levando em

consideração a recordação do corpo passado, a valorização do corpo presente e a

reabilitação do corpo futuro.

O corpo passa a ser estudo de profissionais das áreas: neurológica,

psiquiátrica e psicológica, na intenção de compreender o corpo e as estruturas

cerebrais, na necessidade de clarear os fatores patológicos, da síndrome de

debilidades motrizes e debilidades mentais.

Dupré integrou os movimentos às funções psicológicas superiores, à

inteligência e à afetividade. Ele estabeleceu uma relação entre o cérebro e o

comportamento sobre a debilidade motora, associado à lei do paralelismo

psicomotor, relacionado ao desenvolvimento motor e intelectual. (LOUREIRO, 2009).

Dupré (1913), contradiz a separação corpo – mente, estabelece seus

conceitos da Psicomotricidade: mente - movimento, dessa forma contribui para

outros desafios importantes no nível do desenvolvimento funcional cognitivo, motor

e afetivo. A partir dessa contradição, vários autores seguiram a etiologia de Dupré

como HEAD, Esquema Corporal; SHLIDER, imagem do corpo; Piaget,

desenvolvimento das crianças e Wallon (1925), emoções e tônus foi o pioneiro da

Psicomotricidade. (LOUREIRO, 2009).

Wallon como médico e psiquiatra, consolidou seu interesse em conhecer a

organização biológica do homem. A partir desse conceito fundou um laboratório de

pesquisa junto à escola francesa com o objetivo em atender crianças “anormais”,

localizada na periferia de Paris. Devido sua dedicação nos atendimentos clínicos e o

interesse pela psicologia da criança, em 1939 ele se muda para sua própria sede.

(WALLON, 1920 a 1937 in GALVÃO, 1995).

Wallon, ao longo de sua carreira analisou o estudo da criança como um

recurso para conhecer o psiquismo humano, debruçou com atenção e engajamento

no processo de desenvolvimento infantil. Dessa maneira, impulsionou médicos,

neuropsiquiatras, pedagogos, psicólogos e outros profissionais às primeiras

tentativas de estudos da reeducação psicomotora, na concepção de agregar como

Page 35: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

processo básico de intervenção tônica, mental, motora e afetiva como meio de

relação da ação com o outro.

Os estudos consagraram importantes nomes como: Ajuriaguerra, Guilmain,

Erickson, Bérges, Soubiran e Stambak, envolvidos com o trabalho no hospital Henri

Rouselle, na França, onde contribuíram para os primeiros terapeutas psicomotores,

além de desenvolver uma intensa atividade científica propagada pelos projetos de

Wallon.

Na França, em 1967, pela equipe Ajuriaguerra com a proposta da Dra. Giselle

Soubiran, criou o primeiro ISRP (Instituto Superior Reeducação Psicomotor), assim

sendo, em 1974 houve o reconhecimento da saúde como profissão que culminou o

“Primeiro Diploma Estadual” – Psicorreducador, porém teve reconhecimento do

governo francês. Em 1985 foi substituído pelo “Diploma Estadual Psicomotricista” em

docência de formação. (LOUREIRO, 2009).

Em 1970, Simone Raiman chega ao Brasil, com suas experiências

psicocinéticas seguindo o mesmo intuito da escola francesa. No ano 1979 o

Ministério da Educação convida a Dra. Dalila Costallat e Dra. Gisele Soubiran para

virem ao Brasil divulgar sua pesquisa: a Psicomotricidade como processo de

reabilitação em pessoa com deficiência mental. (COSTALLAT, in LOUREIRO, 2009).

Por meio da Dra. Beatriz Loureiro, a Psicomotricidade conseguiu estabilidade

no Brasil, surgiu à fundação GAE - Grupo de Atividades Especializadas em São

Paulo, com o objetivo em atender crianças com dificuldade psicomotoras. Partindo

do seu empenho estabeleceu formação universitária pública e particular, cursos de

Pós-graduação, intercâmbio entre os países Brasil/França. A expansão da disciplina

progrediu na América do Sul, América do Norte, América Central e em outros países,

sendo hoje bem representada na França pelos presidentes das Delegações OIPR –

Organização Internacional da Psicomotricidade e Relaxação. No Brasil, a Dra.

Beatriz Loureiro postulou as formações e atuações de ontem, hoje e certamente de

amanhã. Desde 1996 foi criada em São Paulo a O.N.P - Ordem Nacional dos

Psicomotricistas de São Paulo. (LOUREIRO, 2009).

Page 36: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

História da Psicomotricidade no Brasil

A história da Psicomotricidade no Brasil, segue os passos da escola francesa.

Era clara e nítida a influência marcante da Escola Francesa de Psiquiatria Infantil e

da Psicologia na época da 1ª guerra em todo mundo. O Brasil foi também invadido,

ainda que tardiamente, pelos primeiros ventos da Pedagogia e da Psicologia. Nos

países europeus, pesquisadores se organizavam em grupos de trabalho: era preciso

responder as aspirações e necessidades da sociedade industrial, que levava as

mulheres ao trabalho formal, deixando as crianças em creches.

Os franceses se conscientizavam sobre a importância do gesto e

pesquisavam profundamente os temas corporais. André Thomas e Saint-Anné

Dargassie, iniciavam suas pesquisas sobre tônus axial. A maturação, os reflexos

tônicos arcaicos do nascimento dos primeiros anos de vida, produziram as primeiras

palavras-chave da Psicomotricidade.

No entanto, Henri Wallon ousou falar em Tônus e Relaxamento e Dr.

Ajuriaguerra combinou às suas pesquisas, a importância do tônus falada por Wallon

em seus escritos sobre o diálogo tônico. Dra. Giselle Soubiran iniciou sua prática de

Page 37: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

relaxação psicotônica e fez seguidores. Empenhada cada vez mais em mostrar ao

mundo, a importância do tônus no dia a dia, ela apontou aos pesquisadores,

caminhos a serem seguidos e estudados e deixou clara a sintomatologia tônica

corporal do século. No Brasil, Antonio Branco Lefévre buscou junto às obras de

Ajuriaguerra e Ozeretski, influenciado por sua formação em Paris, a organização da

primeira escala de avaliação neuromotora para crianças brasileiras.

A evolução da Psicomotricidade

1790 – Maine de Brian, primeiro a valorizar o movimento como componente

essencial da estruturação do “eu”. Para ele, é na ação que o EU toma consciência

de si mesmo e do mundo. O “eu” não pensa, vive-se;

1874 – C. Koupernik foi o principal indicador do que poderíamos chamar de

Psicomotricidade do adulto;

1885 – Jean M. Charcot a partir do estudo sobre o membro fantasma, histeria,

evidência as interferências do psiquismo sobre o corpo e do corpo sobre o psiquismo,

encaminhando uma mudança progressiva da visão dualista;

1890 – Freud ressalta a noção do inconsciente, do corpo pulsão, do corpo

relação, ou seja, o corpo passa a desempenhar um papel importante nas formações

inconscientes;

1900– Karl Wernicke usou pela primeira vez o termo psico-motricidade;

1901– Phillipe Tisié falou que por Educação Física não se deve entender

apenas exercício muscular do corpo, mas também e principalmente o treinamento

dos centros psicomotores pelas associações múltiplas e repetidas entre movimento

e pensamento;

1906 – Dupré publicou na Revue de Neurologie o resultado dos estudos sobre

a Psicomotricidade, nos quais define a síndrome da debilidade motora, para

evidenciar o paralelismo psicomotor, ou seja, a associação estreita entre

desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade;

1909 – Ajuriaguerra foi considerado o iniciador da psicomotricidade da criança

com o relatório sobre a debilidade motora. A psicomotricidade seria a experiência do

corpo, como diálogo tônico, podendo ser lida como uma linguagem.

Page 38: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

Ajuriaguerra que afirmou que o papel da função tônica não é apenas o de servir de

pano de fundo da ação corporal, mas é também um modo de relação com o outro;

1925 – Dupré retoma o termo psicomotricidade na obra Pathologie de

l’imagination et de l’émotivité, empregado, também, na mesma época, por Wernicke;

Henri Wallon apresenta a famosa classificação das síndromes psico- motoras e

sustenta um paralelismo das manifestações motoras e psíquicas, impregnado do

reducionismo neurológico, fruto do dualismo corpo-alma;

1930 – H. Wallon distingue dois tipos de atividades motoras e faz uma escala

de desenvolvimento da criança, além de relacionar diretamente o movimento com o

desenvolvimento psíquico;

1935 – E. Guillmain, além de montar um teste psicomotor, analisou o

paralelismo entre o comportamento geral da criança e o teste psicomotor e descobre

três funções essenciais: atividades tônica, relacional e intelectual;

1937 – Jean Piaget demonstra a importância do movimento, com base de toda

a estruturação da inteligência humana. Reafirma que a atividade motora é o ponto

de partida para o desenvolvimento das inteligências. A partir daí a função tônica e a

coordenação dos esquemas serão reconhecidos pelas psicologias como objeto de

estudo;

1948 – Heuyer fala da psicomotricidade como a associação estreita entre o

desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade;

1960 – 1º edição da obra “Educação Psicomotora e Retardo Mental” de Picq

e Vayer, que significa o ponto em que a educação psicomotora ganha

verdadeiramente uma autonomia, e se converte em uma atividade educativa original

e com objetivos próprios;

1963 – No quadro universitário do Hospital Salpétrière, na França, expediu-

se um certificado de Reeducação da Psicomotricidade; 1963-1973 –Institucionalização e dispersão das doutrinas e do método;

1974 – Existe, na França, o diploma de Estado de Psicomotricista, obtido através dos Ministérios da Saúde e da Família, envolvendo três anos de estudos,

após o Bacharelado;

1980 – Com o incentivo de Françoise Desobeau, foi criada a SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA PSICOMOTORA (SBTP), integrada à sociedade

Page 39: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

Internacional de Terapia Psicomotora (SITP), num encontro em Araruama, onde

estiveram presentes 40 profissionais de oito profissões diferentes e de oito Estados

do Brasil.

1982 – I Congresso Brasileiro de Psicomotricidade; foram iniciadas as

primeiras publicações na área de Psicomotricidade através dos Anais do congresso,

dos exemplares IPERA, da própria Sociedade, além de revistas como

CONTINUIDADE, do CESIR e CORPO E LINGUAGEM, da Editora Jacobé, que era

dirigida por um dos membros da Sociedade;

1983 – Foram criados cursos de Pós-graduação de Psicomotricidade, na

Universidade Estácio de Sá e no Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação

(IBMR), constituindo um passo importante na história da Psicomotricidade.

1985 – Decreto 85.188, de 7.02.1985, rebatizou o diploma de Estado de Psicomotricidade.

1989 – Em Julho foi aberto, no IBMR, o curso de formação de

Psicomotricidade com duração de 4 anos, a nível de graduação.

Definição Psicomotricidade:

A Psicomotricidade é a ciência

que busca esclarecer o organismo

como condição primeira do

pensamento, afinal, toda função

psíquica supõe um equipamento

orgânico. Contudo, adverte que não

lhe constitui uma razão suficiente, já

que objetos da ação mental vêm do

exterior, isto é, do grupo ou ambiente no qual o indivíduo se insere. Os fatores de

natureza orgânica e social são uma complexa relação de reciprocidade que ao longo

de sua existência aborda as contradições. (WALLON, in GALVÃO, 1995).

Page 40: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

Definição em Psicomotricidade (in LOUREIRO, 2009)

Conforme as informações abordadas na figura 1, a espécie humana é

verificada como uma perspectiva dialética da evolução do homem na sua atividade

corporal, conjunto de reações que constitui um processo de sensação privilegiada

em relação com o mundo exterior, interferindo em pontos positivos e negativos do

indivíduo na construção da sua consciência.

Psico é o conjunto de características psicológicas de um indivíduo, de

fenômenos psíquicos e processos mentais, que provêm do Psiquismo, é uma energia

inteligente, gerada pelo cérebro (espírito/alma), aleatória ou objetiva da força que a

gerou. Conforme pesquisadores no assunto, criar é conseguir aquilo que se deseja

que se tem como objetivo “ação e reação/ causa e efeito".

Motricidade é o conjunto de funções e relações asseguradas pelo esqueleto, músculo e o sistema nervoso periférico, que permite o movimento e o deslocamento

do homem no ambiente que vive. (LOUREIRO, 2009).

Portanto, a somática do Psico/Motricidade da essência à Psicomotricidade é

que estimula a área psicomotora comentada por diversos estudiosos: saber fazer

(cognição/memória), querer fazer (motivação controle das emoções) e poder fazer

(atenção), visa a aprendizagem e adaptação holística do ser humano, que tem

finalidade de associar o pensamento, ato e o gesto. Estudando o desenvolvimento

cognitivo, afetivo e motor do indivíduo, podemos associar de forma coerente toda a

dimensão de uma rede interdisciplinar que veio dar estudo ao movimento.

Page 41: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

O trabalho psicomotor beneficia a criança no controle de sua motricidade,

utilizando de maneira privilegiada a base rítmica associada a um trabalho de controle

tônico e de relaxação cautelosamente conduzido. (LE BOULCH, 1987).

Portanto, a Psicomotricidade visa privilegiar a qualidade da relação afetiva, a

mediatização, disponibilidade tônica, segurança gravitacional e o controle postural, a

noção do corpo, sua lateralização e direcionalidade e a planificação práxica,

enquanto componentes essenciais e globais da aprendizagem e do seu ato mental

concomitante, entre o corpo e a motricidade.

As evidências dos precursores estabelecidas acima demonstram a

objetividade da Psicomotricidade no meio social, na concepção de abordar critérios

que beneficiem o indivíduo no seu desempenho sobre suas próprias ações e

reações.

O trabalho psicomotor pode dirigir-se tanto à melhoria de posturas, posições,

atitudes e atividades motoras, quanto para introduzir novas aprendizagens. O corpo

como porta de entrada e saída da aprendizagem expõe toda a transcendência de

sua experiência concreta ou sensorial, no contexto abstrato ou perceptivo, enfim para

o representativo ou simbólico, melhorando a qualidade de vida. No entanto, ilustra a

importância que o movimento e a postura têm no processo contínuo de percepção

do mundo exterior na introdução do conhecimento. (GONÇALVES, 2010).

A Psicomotricidade é fundamentada na Ontogênese, (ciência que estuda a evolução do homem) que, por sua vez, estrutura-se na Filogênese (ciência que

estuda a evolução da espécie). Dessa forma, acredita-se que a espécie humana

progrediu sobre as bases de mutações, passando por todos os processos de

diferenciação em relação aos animais, até terem a possibilidade de desenvolverem

um sistema de comunicação simbólica, o qual, passa os conhecimentos a outros

seres da mesma espécie. (QUIRÓS apud GONÇALVES, 2010).

A Psicomotricidade é uma área do conhecimento que se ocupa do estudo e

da compreensão dos fenômenos relacionados com o movimento corporal, seu desenvolvimento e integridade. (NUNES, 1995, in LOUREIRO, 2009).

Percebe-se a Psicomotricidade como orientação, direção e mediatização para o processo de aprendizagem no plano corporal e gráfico, que gerou a

Page 42: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

possibilita avaliar e elaborar um plano Terapêutico Psicomotor, visando oferecer

cada vez mais ferramentas para o corpo, buscando consciência corporal diante das

experiências adquiridas.

A Psicomotricidade na organização funcional cerebral

A motricidade tem a função de levar as experiências concretas ao cérebro, a

qual fará decodificação das informações sensoriais, perceptivas e afetivas

vivenciadas pela criança. O desenvolvimento neurológico da criança é informação

resultante de todas as aquisições registradas na sua maturação de comportamento

e aprendizagem.

O Sistema Límbico é uma unidade responsável pelas emoções e certos

comportamentos necessários à sobrevivência do ser humano. Nos pilares da

Psicomotricidade significa “o querer fazer, o poder fazer, o saber fazer”, o qual

corresponde o processamento neural: processa, integra e age, a Figura – 2 é um

resumo simplificado de que forma o cérebro funciona no SNC e algumas estruturas

que participam do sistema límbico: Córtex pré-frontal –lida com o raciocínio; Corpo

caloso –divisão dos hemisférios; Tálamo – responsável por receber informações

sensorias do corpo; Hipotálamo – responsável pela homeostase corporal e controla

Page 43: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

da temperatura e a emoção do corpo; Lobo temporal – é o centro cerebral da fala;

Amígdala – é uma coleção em forma de amêndoa, de núcleos localizados

profundamente no lobo temporal ; Hipocampo – é formado pelas substâncias

cinzentas e brancas na parte do lobo temporal; Vermis cerebelar; (GONÇALVES,

2010).

Luria, psicólogo russo, pioneiro dos estudos do funcionamento cerebral,

traduziu o mecanismo o cérebro em sistemas funcionais. A figura - 2 anatômica

resume as captações e funções sensoriais importantes no processo de informação

cérebro/corpo e corpo/cérebro decorrentes dos impulsos nervosos transmitidos pelas

sinapses elétricas e os transmissores dos mecanismos motor/movimento,

cognitivo/pensamento e afetivo/emoção na estrutura cerebral.

A maturação cerebral efetua-se, igualmente, através da emergência de

sistemas funcionais e em interação sistêmica, vários conjuntos de células neuronais

específicas. Portanto, a instalação de conexões neurais provocadas pela

aprendizagem sucessivamente vai permitir a integração complexa da informação

multissensorial, a qual ilustra a passagem da linguagem corporal, a linguagem falada

e a linguagem escrita. (FONSECA, 2008).

Page 44: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

Cada unidade neurofuncional desempenha uma função específica no

processo funcional cerebral, estabelecendo o tempo e o modo em que o ser humano

esteja apto a um repertório de aquisições necessárias para maturação, organização

e integração no seu desenvolvimento e a novas aprendizagens.

Mediante competências psicomotoras agrupadas em neuroblocos.

Page 45: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

1ª Unidade Neurobloco Funcional Postura – é composta pela Tonicidade e

Equilibração corresponde à aquisição da persistência motora “atenção” reguladora

tônus, da vigília corporal e dos estados de alerta mental, sua função reticular de

regular e modular o tônus do córtex, mantendo o cérebro em estado funcional de

alerta.

2ª Unidade Neurobloco Funcional Somatognosia – corresponde à noção do

corpo esquema e imagem corporal, lateralização, estrutura espaço-temporal que

constituem na memória corporal “recepção, codificação e processamento sensorial,

está localizada na região lateral do córtex, na função de receptor dos lóbulos occipital

(visão), temporal (auditivo) e parietal (sensorial tátil), analisando e armazenando as

informações no cérebro.

3ª Unidade Neurobloco Funcional Práxia - é responsável pela verificação,

correção e estratificação das formas das práxia global e distal que condizem à

capacidade de relacionar as ações globais e refinadas da conduta humana na

consciência e expressão voluntária. Estão associados aos lóbulos frontais do cérebro

e ao telencéfalo. Dentro da Psicomotricidade LURIA e COSTALLAT, são bases do

conhecimento para se entender as diversas manifestações do ato psicomotor pela

via corporal e gráfica. LOUREIRO, (2009)

Os processos mentais do homem em geral, e a atividade consciente em

particular; sempre ocorrem com a participação das três unidades, cada uma das

quais tem o seu papel a desempenhar nos processos mentais e fornece a sua

contribuição para o desempenho dos referidos processos. (LURIA, 1981, in

GONÇALVES, 2010)

Nessa dimensão de imagem as bases psicomotoras otimizam a estruturação

desse processo de aquisições, pois organizam, e pontuam o momento em que o ser

humano “a criança” está apta a integrar as suas competências seguidas por Luria.

Page 46: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

Desenvolvimento Psicomotor de 0 a 7 anos.

Conforme o desenvolvimento da criança retratada nesta figura 4, ressalta um

caminho convergente destes estudiosos, a evolução da criança no sistema funcional

cerebral, se processa em várias inserções de aprendizagem e desenvolvimento.

Com base na figura - 4 Ajuriaguerra expõe, seu padrão de desenvolvimento

psicomotor no Corpo Agido, a criança é receptora no espaço subjetivo e evolui

através do diálogo tônico e o desaparecimento das reações primitivas. No Corpo

Atuante, a criança é espectadora a um espaço pré-representado, dialogo tônico, com

mobilidade espaço-temporal em reação a um plano gnósico e social progressivo. No

Corpo Práxico, a criança é vista como um ator no espaço, com o objetivo de

processar o diálogo consigo próprio, automatizando as aquisições com redução do

tempo. “A Psicomotricidade é a realização de um pensamento através de um ato

motor, coeso, harmonioso e preciso”. (AJURIAGUERRA, 1982 in LOUREIRO, 2009).

Com base na figura – 4, Wallon diz que a influência está caracterizada no ambiente sobre a aprendizagem e o desenvolvimento psíquico da criança. A

Page 47: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

criança exposta a uma linguagem tônica, facilitará seu ajuste ao ambiente,

evidenciando a motricidade como essência deste processo e a construção do eu

corporal. CorpoVivido – estágios impulsivos, tônico-emocional e sensório-motor.

Corpo Percebido – estágios projetivo e personalístico. Corpo Representado – estágio

categorial. Dessa forma, a criança evolui sua aprendizagem no mundo exterior em

função da relação. “O movimento não é um puro deslocamento no espaço nem uma

adição pura e simples de contrações musculares; o movimento tem um significado

de relação e de interação afetiva com mundo exterior”. (WALLON, in GONÇALVES,

2009).

Portanto, a Psicomotricidade mediatiza o ato psicomotor através das

intervenções psicomotoras que conduz, a organização e a vivência, a estimula a criar

relações infinitas conscientes que façam a criança ficar segura dos seus atos e ter

satisfação em realizá-las, pois estão integrados à linguagem da Psicomotricidade

“Querer Fazer, Saber Fazer e Poder Fazer não deixando de perder sua

oportunidade no mundo externo.

ORIGEM DA VIDA - GÊNESE

É evidente a diversidade da origem

da vida, a qual engloba a evolução pré-

orgânica e a evolução orgânica da

humanidade. Sendo assim, resulta em

mudanças contínuas que ocorrem desde a

concepção ao nascimento, e do

nascimento à morte, este período de

processos evolutivos, maturacionais

e hierarquizados ocorre

em um plano biológico e social.

É óbvio que a definição de vida é sinônimo de energia. Esta visão idealista

da vida procede das explicações que vão de Platão a Aristóteles como um princípio

Page 48: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

espiritual e sobrenatural determinada por uma força suprema e divina. Com isso,

permite reconhecer a noção de vida, a formação da matéria, resultante da

combinação e da constelação de fenômenos físico-químicos que originaram o

aparecimento de vida no planeta Terra. (FONSECA, 1998).

A matéria orgânica é a condição dos seres vivos, que por definição, são organismos compostos de órgãos, que subentende um corpo que vive em

permanente troca de energia com o meio externo. Cadencia a transformação no

aspecto morfológico e comportamental que requer uma permanente adaptação ao

meio exterior, no processo de assimilação e acomodação. (FONSECA, 1998).

Origem das Espécies - Filogênese

Na teoria da evolução, a espécie é vista como uma continuidade biológica e

genética, ou seja, a criação, variabilidade, fertilidade e a reprodução natural de

indivíduo, que inclui uma noção de tempo e uma sequência.

A espécie passou a não ser explicada puramente por um simples ato de

criação, mas por um processo lento de transformação em longos períodos de tempo.

Esta concepção contemporânea categoriza um princípio evolutivo, onde todas as

espécies vivas evoluem a partir de formas simples.

Page 49: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

As espécies mudam no espaço e no tempo conforme suas variações de

populações, adaptações, eco fenótipos, isolamentos, migrações, alterações do

envolvimento em um processo de seleção natural e luta pela sobrevivência.

(FONESCA, 1998).

Estes exemplos mencionados da genética humana servem para demonstrar que a evolução da espécie não pode ser interpretada sem o esclarecimento

necessário da mudança de condições do meio, no processo bioquímico e fisiológico

que determinam aspectos comportamentais, presentes na diferença genética

(genótipo) e naturalmente no processo evolutivo do fenótipo. A mãe relatou que após

a gravidez do primeiro filho teve de tomar antidepressivo durante 4º (quatro) mês. Na

segunda gestação sofreu uma queda, caiu sentada no chão no 6º (sexto) mês de

gravidez, mas não houve trauma no feto.

No entanto, a Psicomotricidade otimiza os princípios importantes e

fundamentais no desenvolvimento da criança na evolução felogênica, na intenção de

reconhecer dados concretos e significativos de forma reflexível.

Ontogênese

Decorre de um processo embrionário o qual visa compreender o sentido

biológico e dinâmico da filogenética à motricidade. Dessa maneira, os estudos da

concepção da fecundação e gestação do zigoto, caracteriza um ser humano, único

e determinado no início da sua vida. A ontogênese permite o estudo sistemático e

minucioso do desenvolvimento e crescimento humano nos aspectos morfológicos,

fisiológicos e químicos do ser humano, desde a fecundação até a maturidade para

reprodução do indivíduo.

O ciclo embrionário visa organização, estruturação e função da morfologia

somática e da energia dos agentes genéticos de crescimento, permite passo a passo

do comportamento neurofuncional e as escalas de desenvolvimento do embrião, feto,

prematuro e recém-nascido ao termo criança, dando começo às atividades motoras.

A ontogênese da motricidade aborda o desenvolvimento humano de forma

hierarquizada que leva tempo para atingir a maturação tônica e estruturas

Page 50: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

funcionais na evolução do corpo. Seguindo a lei céfalo-caudal (da cabeça para os

pés) e a lei próximo-distal (do eixo do corpo para extremidade), diante da tonificação

tubo neural, o embrião desenvolve processo muscular em termos evolutivos ao

corpo: cabeça, pescoço, tronco, braços, pernas, mãos, pés e dedos das mão e dedos

dos pés, obedecendo um processo dialético das vias corticais curtas a vias longas.

Entretanto, afirma que o sistema muscular não evolui biologicamente de uma forma

diferente do sistema neurológico, pois ambos comunciam ao nível do

desenvolvimento motor (ativo) e sensorial (reativo), um conjunto sinápticos no

processo de mielinização. (FONSECA, 1998).

A evolução do cérebro humano se processa à semelhança de uma casa, como

alas e superestrutura, no decorrer da filogênese, dando à homem herança

considerada ímpar a reposta somática e cognitiva cognição espaço-tempo-

simbologia-linguagememoção. (MACLEAN, in LOUREIRO, 2009).

Tendo como foco o estudo dificuldade aprendizagem – ortográfica na

Psicomotricidade, trabalhamos no tempo atencional na área psicomotora relacionada

à Tonicidade e Equilibração propondo atividades e técnicas nas leis do

desenvolvimento, partindo do global ao específico, e, do concreto ao abstrato.

Toda esta dimensão de expressão é possível por intermédio das aquisições

sociais, pois encaminham a criança para a sua autonomia. A criança começa pelo

espaço que não ultrapassa o alongamento de seus braços, inicia a modificação do

envolvimento e o espaço como autocriação da própria independência da pessoa

humana e isso permite à criança, a descoberta do seu mundo de criação e de

satisfação.

Page 51: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

Ontogênese: É o desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação até a

maturidade para a reprodução Fonte: (in LOUREIRO, 2009, ).

Ontogênese refere-se ao amadurecimento e repete a gênese e a filogênese.

Neste momento o indivíduo está completo e estruturado, pronto para originar um

novo ser. As grandes conquistas da espécie humana, consideradas como produto

final das tendências filogenéticas, podem ser resumidas nos seguintes sistemas

funcionais ontogenéticas que constituem a hierarquia da motricidade humana à

postura bípede, à praxia e visão binocular, à linguagem falada, linguagem escrita e a

cultura social. (FONSECA, 1998).

A aprendizagem da leitura envolve diversas habilidades – linguísticas,

perceptivas, motoras, cognitivas – e por esta razão não se pode atribuir a nenhuma

delas isoladamente a responsabilidade pelas desadaptações da criança na escola.

Page 52: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

É preciso, portanto, descobrir em qual área ela se encontra mais comprometida.

(MORAIS, 1986, in OLIVEIRA, 2003).

As dificuldades de aprendizagem escolar são percebidas no momento do

ingresso da criança no ensino formal. O conceito abrange 40% das crianças no

Brasil, as quais frequentam o sistema educacional, apresentam dificuldades de

aprendizagem. Tal incapacidade é influenciada por múltiplas causas como: visual

perceptivo, memória, atenção, linguagem, leitura/escrita ou problemas

comportamentais e sociais. (WAJNSZTEJN, 2005). Sensação É o nível de comportamento, que se refere somente à ativação de estruturas

senso neurais, a qual está presente na vida do ser humano antes mesmo de nascer,

dados exteroceptivos – vindos do meio exterior; proprioceptivos – vindos dos

músculos, tendões e articulações em movimento; interoceptivos – vindos dos órgãos

internos, levando-o a desenvolver uma capacidade de reconhecimento e

decodificação das informações relacionadas com seu meio. Percepção Os elementos de comportamento concomitantes ao funcionamento do SNC

começam com a percepção e é definida como déficit neurológico que pode consistir

de conversões inadequadas de sensações dos impulsos elétricos. Pressupõe a

incapacidade de uma criança perceber através da audição ou da visão a diferença

de som das letras “cold e coal; m e n; b e d”; e no corpo, a falta de percepção das

partes corporais, são sensações proprioceptivas que constituem a desordem da

percepção. Segundo PIAGET e HEAD, os aspectos psicomotores da Lateralidade

estão ligados diretamente ao Esquema e Imagem Corporal e estruturações temporal-

espacial.

A criança após 7 (sete) anos de idade deve conseguir localizar, discriminar,

nomear e conceituar em si num primeiro plano e após 9 (nove) anos de idade

identificar no outro e no espaço gráfico, relacionando as noções tridimensional e

bidimensional. Dessa forma, a criança adquiriu noção proprioceptiva e orientação do

corpo, tempo e do espaço refletindo no plano gráfico. (LOUREIRO, 2009).

A percepção, como processo receptivo, não subentende somente a discriminação, a capacidade de distinguir entre os sons ou estímulos visuais, mas

Page 53: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

também a capacidade de organizar a sensação num todo significativo, a capacidade

de estruturar a informação que está sendo recebida. Pressupõe, além disso, a

atenção. O processo global de percepção é uma experiência que exige atenção,

organização, discriminação e percepção.

Formação de Imagem Salienta o comportamento como aspecto funcional cognitivo, no que diz

respeito aos Distúrbios de Aprendizagem. Não é fácil desenvolver um quadro de

terapia sem incluir a formação de imagem, pois através da tomada de consciência

distingue-se o processo de percepção, memória e a capacidade de identificar,

reconhecer e apreender apresentando extraordinárias experiências conforme a

formação da imagem, que está ligada ao corpo, baseada nas experiências de

sensações auditivas, visuais, táteis, gustativas, cinéticas e tônicas, nas quais a

criança pode ter percepções no nível do próprio corpo ou vivida com uma outra

pessoa que colabora para definição desta imagem. As intervenções psicomotoras

realizadas sucedem-se de forma para direcionar o processo simbólico e intuitivo de

organizar, reconhecer e construir o próprio corpo. (BOSCANI, 2006). Simbolização

É abrangente, englobando o tipo verbal e não verbal de aprendizagem e

recordação. Refere-se à capacidade de representar a experiência. Não se sabe se

essa capacidade é sinônimo do desenvolvimento da consciência. Entretanto, é

discutido que o comportamento simbólico é representativo e essencialmente

exclusivo do ser humano. O uso de palavras como um instrumento de pensamento

ou raciocínio ou resolução de problemas, significa as experiências vivenciadas de

apreender, avaliar e recordar “tempo, tamanho, distância, volume, forma, altura e

velocidade”; portanto, é importante para a criança conhecer, para dar condições de

bem estar geral na aprendizagem educacional. A criança que apresenta a dificuldade

facilmente poderá estar perturbada ou estar em carência do desenvolvimento gráfico.

Nesse momento, torna-se fundamental a vivência simbólica, específica da realidade

humana, para decodificar as imagens, de interpretar formas simples e complexas,

que permitem à criança, postura, uma

Page 54: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

analogia entre o traço e o objeto, dando base ao aprendizado da escrita e da leitura

que são simultâneas. A Psicomotricidade permite expressões, percepções do corpo

em diversas situações que procede no processo de desenvolvimento de corpo não

vivido nem globalizado, proporcionando uma autonomia na comunicação corporal.

Relações Interpessoais Enfatizam a atitude de que a criança não tem sentimento de relacionamento

com outras crianças e que antes era visto somente como Distúrbio Emocional. A

criança não tem a capacidade para reconhecer e identificar as atitudes e sentimentos

dos outros, mesmo quando vê suas expressões faciais, não conseguindo distinguir

entre manifestações de tristeza e felicidade, raiva e gentileza, delicadeza e

indelicadeza, a desobediência e ajuda.

Noção espacial gráfica: é analisado o ponto inicial do desenho, a noção

espacial do papel direita/esquerda, o domínio lateral destro/canhoto, a

proporcionalidade simétrica acima/abaixo;

Qualidade do desenho: observa-se complementação das principais partes

do corpo, características e preenchimento corporal boca/olhos/nariz;

Proporcionalidade do desenho: o preenchimento corporal não pode ser

maior que as partes centrais: cabeça/tronco/braços/pernas;

O contexto do desenho – as correlações psicoemocionais: obedecem aos

aspectos afetivos ou omitem déficit intelectual, orgânico, motor ou neurológico,

sexualidade, diferenças sexuais, vestuário, expressões faciais

“agressivo/triste/alegre, olhar insinuante/ cílios roupas transparentes, devem

ser levados em consideração. Portanto, vale ressaltar que Avaliação Psicomotora

procede em observações à idade do sujeito, o nível do seu desenvolvimento motor,

cognitivo e afetivo. (SPITZ, WALLON, DI-LEO in LOUREIRO, 2009).

O desenvolvimento psicomotor da criança está intimamente relacionado à

evolução própria, o qual insere no seu contexto social e cultural, e o faz de forma

dinâmica e dialética através de rupturas e desequilíbrios provocados por contínuas

reorganizações que ocorrem dentro do seu ser total e completo. A aprendizagem é,

portanto considerada a condição necessária e fundamental no processo de

desenvolvimento de funções psicológicas, dessa maneira a Psicomotricidade

Page 55: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

implica a uma organização neuropsicológica corporal e intelectual da criança.

(FONSECA, 2008).

Dificuldades de Aprendizagem Fonte: (Fonseca, 2008).

Devemos salientar que dificuldade de aprendizagem está relacionada ao

conjunto de fatores que sensibilizam a motricidade humana, tendo em vista

estabelecerem correlações múltiplas entre as avaliações psicomotoras, observadas

durante as sessões.

Conceitos da psicomotricidade segundos diversos autores:

Ajuriaguerra, médico psiquiatra, considerado pela comunidade científica

como o “Pai da Psicomotricidade”, define assim: “ Psicomotricidade se conceitua

como ciência da saúde e da educação, pois indiferentes das diversas escolas,

psicológica, condutista, evolutista, genética, e etc, ela visa a representação e a

expressão motora, através da utilização psíquica e mental do indivíduo. ”

Dalila M. M. de Costallat, “A Psicomotricidade como Ciência de Síntese, que

com a pluralidade de seus enfoques, procura elucidar os problemas que afetam as

interrelações harmônicas, que constituem a unidade do ser humano e sua

convivência com os demais. ”

Page 56: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

Germaine Rossel, “A Educação Psicomotora é a educação de controle

mental e da expressão motora”.

Giselle B. Soubiran “Psicomotricidade e Relaxação, bases fundamentais da

estrutura psico corporal, estática e em movimento, precedente e condicionante a toda

atividade psíquica”.

Vítor da Fonseca, “A psicomotricidade visa privilegiar a qualidade da relação

afetiva, a mediatização, a disponibilidade tônica, a segurança gravitacional e o

controle postural, à noção do corpo, sua lateralização e direcionalidade e a

planificação práxica, enquanto componentes essenciais e globais da aprendizagem

e do seu ato mental concomitante. Nela o corpo e a motricidade são abordados como

unidade e totalidade do ser. O seu enfoque é, portanto, psico somático, psico

cognitivo, psiquiátrico, somato-analítico, psico neurológico e psico terapêutico”. P. Vayer, “É a educação da integridade do ser, através do seu corpo”. Beatriz Loureiro, “Psicomotricidade é a otimização corporal dos potenciais

neuro, psico- cognitivo funcionais, sujeitos às leis de desenvolvimento e maturação,

manifestadas pela dimensão simbólica corporal própria, original e especial do ser

humano.”

Hurtado (1983), diz que a psicomotricidade é a educação dos movimentos,

ou através dos movimentos, visando a melhor utilização das capacidades

psicofísicas da criança. Neste caso utiliza-se o movimento como meio e não como

fim a ser atingida. A Psicomotricidade é o suporte básico que auxilia a criança a

adquirir tanto sensações e percepções como conceitos, os quais lhe darão o

conhecimento de seu corpo e, através desse, do mundo que o rodeia.

Coste (1981), define a Psicomotricidade como uma técnica em que cruzam e

se encontram múltiplos pontos de vista, e que utiliza numerosas ciências

constituídas, entre a biologia, psicologia, psicanálise, sociologia e linguística. É

considerada como uma terapia, “a terapia psicomotriz” a qual desenvolve a

capacidade de expressão do indivíduo, fazendo com que haja um novo conhecimento

do corpo.

Schinca (1992), o controle e conhecimento do próprio corpo são essenciais

para o estabelecimento da ligação entre o indivíduo e o meio externo. A relação

Page 57: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

entre cada ser e o exterior se manifesta através de atos e comportamentos

motores, adaptados e ajustados mediante as sensações e percepções.

Meur e Staes (1984), relatam que o estudo da psicomotricidade é recente

sendo que só no início deste século abordou-o assunto ainda que superficialmente.

Em uma primeira fase, a pesquisa teórica fixou-se, sobretudo no desenvolvimento

motor da criança. Depois se estudou a relação entre o atraso no desenvolvimento

motor e o atraso intelectual da criança. Seguiram-se estudos sobre o

desenvolvimento da habilidade manual e aptidões motoras em função da idade. Hoje

em dia os estudos ultrapassam os problemas motores, pesquisando também as

ligações com a lateralidade, a estruturação espacial e a orientação temporal por um

lado e, por outro, as dificuldades escolares de crianças com inteligência normal. Faz

também com que se tome consciência das relações existentes entre o gesto e a

afetividade.

Para De Meur (1984), a psicomotricidade quer justamente destacar a relação

existente entre a motricidade, a mente e a afetividade e facilitar a abordagem global

da criança por meio de uma técnica. A psicomotricidade baseia- se em princípios a

partir da vivência do corpo no espaço e no tempo, desenvolvendo a consciência de

si mesmo, como um ser capaz de sentir expressar e o mais importante, ser capaz de

partilhar e comunicar-se com os demais.

O estudo da psicomotricidade envolve cinco temas distintos: tomada de

consciência do corpo, a formação da personalidade da criança, isto é

desenvolvimento do esquema corporal, através do qual a criança toma consciência

do seu próprio corpo e das possibilidades de expressar-se por meio desse corpo;

tomada de consciência da lateralidade, a criança percebe que seus membros não

reagem da mesma forma, percebe uma maior dominância dos movimentos de um

hemicorpo do que no outro (assimetria funcional); tomada de consciência do espaço,

tomada de consciência da situação do seu próprio corpo em um meio ambiente,

tomada de consciência da situação das coisas entre si, possibilidade do sujeito se

organizar perante o mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si; tomada de

consciência do tempo, que diz respeito a como a criança se localiza no tempo,

capacidade de situar-se em função da sucessão dos acontecimentos (antes, durante,

após), da duração dos acontecimentos (longo, curto), da sequência (dias

Page 58: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

da semana, meses ano), caráter irreversível do tempo (ontem, hoje, amanhã) e

renovação cíclica do tempo (orientação temporal); tomada de consciência da relação

corpo-espaçotempo, como a criança se expressa também através do desenho,

completa com o domínio progressivo do desenho e do grafismo.

Sociedade Brasileira de Psicomotricidade - “a ciência que tem como objeto

de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo

interno e externo”, a psicomotricidade é um assunto que todos os profissionais de

Educação Física devem tomar conhecimento. O site da SBP vale uma visita com

calma e atenção. A lista de cursos de formação, especialização e pós-graduação é

bastante detalhada, assim como a programação de eventos que acontecem em todo

o Brasil.

Para quem se interessar pelo assunto, antes de ir à livraria adquirir as

indicações da seção “publicações” deve visitar a seção “glossário”, para inteirar-se

dos termos técnicos mais usados.

Elementos da psicomotricidade

A psicomotricidade envolve os seguintes elementos: esquema e

imagem corporal, coordenação global, equilíbrio, dominância lateral, orientação

espacial e lateroespacial, orientação temporal, coordenação dinâmica das mãos.

Estes elementos são considerados básicos para o desenvolvimento global da

criança, são pré-requisitos necessários para a criança adquirir à aprendizagem da

leitura e da escrita; vivenciar a percepção do seu corpo com relação aos objetos,

saber discriminar partes do seu corpo e ter controle sobre elas e obter organização

de espaço e tempo.

Esquema corporal

É um elemento básica indispensável para a formação da personalidade da

criança. É a representação da imagem que a criança tem de seu próprio corpo. A

criança se sentirá bem na medida em seu corpo lhe obedece, em que o conhece

bem, em que pode utiliza-lo não somente para movimentar-se, mas também para

Page 59: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

agir. Uma criança cujo esquema corporal é mal constituído não coordena bem os

movimentos, na escola a grafia é feia, e a leitura expressiva, não harmoniosa: a

criança não segue o ritmo da leitura ou então para no meio de uma palavra. Segundo

De Meur (1989), uma criança que se sinta à vontade significa que ele domina o seu

corpo, utiliza-o com desenvoltura e eficácia, proporcionando-lhe bem estar, tornando

fáceis e equilibrados seus contatos com os outros.

A organização do corpo no espaço (organização espacial)

É a capacidade de movimentar o próprio corpo de forma integrada, dentro de um ambiente contendo obstáculos, passando por eles. Movimentos com rastejar,

engatinhar, e andar, irão propiciar a criança o desenvolvimento das primeiras noções

espaciais: perto, longe, dentro, fora. Para De Meur (1989), os problemas quanto à

orientação temporal e espacial, como por exemplo, com a noção “antes-depois”,

acarretam principalmente confusão na ordenação dos elementos de uma sílaba. A

criança sente dificuldade em reconstruir uma frase cujas palavras estejam

misturadas, sendo a analise gramatical um quebra-cabeça para ela. Uma má

organização espacial ou temporal acarreta fracasso em matemática. Com efeito, para

calcular a criança deve ter pontos de referência, colocar os números corretamente,

possuir noção de “fileira”, de “coluna”; deve conseguir combinar as formas para fazer

construções geométricas. Diante de problemas de percepção espacial uma criança

não é capaz de distinguir um “b” de um “d”, um “p” de um “q”, “21” de “12”, caso não

perceba a diferença entre a esquerda e a direita. Se não se distingue bem o alto e o

baixo, confunde o “b” e o “p”, o “n” e o “u”, o “ou” e o “on”.

Page 60: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

A dominância lateral

Refere-se ao esquema do espaço interno do indivíduo, que o capacita utilizar

um lado do corpo com melhor desembaraço do que outro, em atividades que

requeiram habilidade, caracterizando-se por uma assimetria funcional. A definição da

lateralidade ocorre à medida que a criança se desenvolve. A lateralidade na criança

não deve ser estimulada até que não tenha sido definida, quando a criança é forçada

a usar um lado do corpo torna-se prejudicial para a lateralidade, devido a fatores

culturais os mais antigos acham que não é correto a criança escrever com a mão

esquerda, forçando-a a utilizar a mão direita par tal ação, os pais devem favorecer a

escolha feita pelas crianças. Na idade onde ainda prevalece a bilateralidade, se ainda

a criança tiver tendência para o sinistrismo e os pais tentarem fazer algo para que

impeça, pode levar a criança a apresentar danos na motricidade e contribuir para o

surgimento de problemas de aprendizagem.

O equilíbrio

É a função na qual os indivíduos mantêm sua estabilidade corporal durante

os movimentos e quando em estado de imobilidade (Masson,1985). Shinca (1992),

relata que o bom equilíbrio é essencial para a conquista da locomoção assim como

a independência dos membros superiores. A dificuldade de equilibrar-se produz

estados de ansiedade e insegurança, pois a criança não consegue manter um estado

estático ou de movimento e isto atrapalha a relação entre equilíbrio físico e psíquico.

Picq e Vayer (1985), diz que na presença de algum distúrbio do equilíbrio pode-se

observar uma indisponibilidade imediata dos movimentos, desequilíbrio corporal

global, marcha não harmoniosa, tensões musculares locais, desalinhamentos

anatômicos e imprevisibilidade de atitudes. Socialmente a criança pode apresentar

tendência à inibição ou desejo de esconder, e falta de confiança em si mesmo.

A organização latero-espacial

Page 61: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

Desenvolve da seguinte maneira, aos 6 anos a criança tem conhecimento do

lado direito e esquerdo do seu corpo, aos 7 anos reconhece a posição relativa entre

dois objetos, aos 8 anos reconhece o lado direito e esquerdo em outra pessoa, aos

9 anos consegue imitar movimentos realizados por outras pessoas com o mesmo

lado do corpo no qual a pessoa realiza o movimento, isto é transpõe o lado da pessoa

para o seu, aos 10 anos reproduz movimentos de figuras esquematizadas, e aos 11

anos consegue identificar a posição relativa entre 3 objetos.

A coordenação dinâmica

A coordenação dinâmica geral da a criança um bom domínio do corpo

suprindo a ansiedade habitual, diminui as sincinesias e as tensões trazendo um

controle satisfatório e confiança com relação ao próprio corpo.

Com relação à coordenação dinâmica das mãos Le Boulch (1982) diz que a

habilidade manual ou destreza constitui um aspecto particular da coordenação

global. Reveste muita importância nas praxias, no grafismo, pelo que deve dar se

muita atenção particular. A criança quando apresenta algum distúrbio no

desenvolvimento da coordenação (tanto global como da dinâmica das mãos), poderá

apresentar dificuldades escolares com disgrafia, ultrapassa linhas e margens do

caderno, pode ter dificuldades na apreensão de dedos e nos gestos.

Os potenciais humanos, são apoiados nas

áreas básicas da Psicomotricidade, seu estudo e pesquisa constantes do

esquema e da imagem corporal, da lateralização, da tonicidade, da equilibração e

coordenação, são enriquecidos instrumentalmente, estimulando o sentimento de

competência, de autoestima, entendendo o ser humano em constantes e complexas

adaptações, fazendo-o concluir que é amado e aceito, tornando-o transformador e

produtor social.

Sintetizando, a Psicomotricidade subtende uma concepção holística de

aprendizagem e de adaptação do ser humano, que tem por finalidade, associar

dinamicamente, o ato ao pensamento, o gesto à palavra, o símbolo ao conceito.

Page 62: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

DESENVOLVIMENTO MOTOR

O desenvolvimento motor é o resultado da maturação de certos tecidos

nervosos, aumento em tamanho e complexidade do sistema nervoso central,

crescimento dos ossos e músculos. São, portanto, comportamentos não aprendidos

que surgem espontaneamente desde que a criança tenha condições adequadas para

exercitar-se. Esses comportamentos não se desenvolverão caso haja algum tipo de

distúrbio ou doença. Podemos notar que crianças que vivem em creches e que ficam

presas em seus berços sem qualquer estimulação não desenvolverão o

comportamento de sentar, andar na época adequada que futuramente apresentarão

problemas de coordenação e motricidade.

As principais funções psicomotoras é um bom desenvolvimento da

estruturação do esquema corporal que mostre a evolução da apresentação da

imagem do corpo e o reconhecimento do próprio corpo, evolução de preensão e da

coordenação óculo-manual que nos proporciona a fixação ocular e preensão e olhar

e desenvolvimento da função tônico e da postura em pé e reflexos arcaicos da

estruturação espaço-temporal (tempo, espaço, distância e retina).

Um perfeito desenvolvimento de nosso corpo ocorre não somente

mecanicamente, mas sim que são aprendidos e vivenciados junto a família, onde a

criança aprende a formar a base da noção de seu 'eu corporal'.

Não podemos esquecer de citar a importância dos sentimentos da criança na

fase do conhecimento de seu próprio corpo, pois um esquema corporal mal

estruturado pode determinar na criança um certo desajeitamento e falta de

Page 63: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

coordenação, se sentindo insegura e isso poderá desencadear uma série de reações

negativas como: agressividade, mal humor, apatia que às vezes parece ser algo tão

simples poderá originar sérios problemas de motricidade que serão manifestados

através do comportamento.

AS ÁREAS DA PSICOMOTRICIDADE

Para fins didáticos subdividiremos a psicomotricidade em áreas que, embora

citadas isoladamente, agirão quase sempre vinculadas umas às outras;

entenderemos por "Prática Psicomotora" todas as atividades que visam estimular as

várias áreas que mencionaremos a seguir:

COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

A linguagem é função de expressão e comunicação do pensamento e função

de socialização. Permite ao indivíduo trocar experiências e atuar - verbal e

gestualmente - no mundo.

Por ser a linguagem verbal intimamente dependente da articulação e da respiração, incluem-se nesta área os exercícios fonoarticulatórios e respiratórios.

PERCEPÇÃO

Percepção é a capacidade de reconhecer e compreender estímulos recebidos.

A percepção está ligada à atenção, à consciência e a memória. Os estímulos que

chegam até nos provocam uma sensação que possibilita a percepção e a

discriminação. Primeiramente sentimos, através dos sentidos: tato, visão, audição,

olfato e degustação. Em seguida, percebemos, realizamos uma mediação entre o

sentir e o pensar. E, por fim, discriminamos reconhecemos as diferenças e

semelhanças entre estímulos e percepções. A discriminação é que nos permite

saber, por exemplo, o que é verde e o que é azul, e a diferença entre o 1 e

Page 64: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

o 7. As atividades propostas para esta área devem auxiliar o desenvolvimento da

percepção e da discriminação.

COORDENAÇÃO

A coordenação motora é mais ou menos instintiva e ligada ao desenvolvimento

físico. Entendida como a união harmoniosa de movimentos, a coordenação supõe

integridade e maturação do sistema nervoso. Subdividiremos a coordenação motora

em coordenação dinâmica global ou geral, visomanual ou fina e visual. A

coordenação dinâmica global envolve movimentos amplos com todo o corpo (cabeça,

ombros, braços, pernas, pés, tornozelos, quadris etc.) e desse modo 'coloca grupos

musculares diferentes em ação simultânea, com vistas à execução de movimentos

voluntários mais ou menos complexos". A coordenação visomanual engloba

movimentos dos pequenos músculos em harmonia, na execução de atividades

utilizando dedos, mãos e pulsos. A coordenação visual refere-se a movimentos

específicos com os olhos nas mais variadas direções.

As atividades psicomotoras propostas para a área de coordenação estão

subdivididas nessas três áreas.

ORIENTAÇÃO

A orientação ou estruturação espacial/temporal é importante no processo de

adaptação do indivíduo ao ambiente, já que todo corpo, animado ou inanimado,

ocupa necessariamente um espaço em um dado momento. A orientação espacial e

temporal corresponde à organização intelectual do meio e está ligada à consciência,

à memória a às experiências vivenciadas pelo indivíduo.

CONHECIMENTO CORPORAL E LATERALIDADE

A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo

ocupa um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens, recebe sons,

sente cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade corpo é

Page 65: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

centro, o referencial. A noção do corpo está no centro do sentimento de mais ou

menos disponibilidade e adaptação que temos de nosso corpo e está no centro da

relação entre o vivido e o universo. É nosso espelho afetivo-somático ante uma

imagem de nós mesmos, do outro e dos objetos. O esquema corporal, da maneira

como se constrói e se elabora no decorrer da evolução da criança, não tem nada a

ver com uma tomada de consciência sucessiva de elementos distintos, os quais,

como num quebra-cabeça, iriam pouco a pouco encaixar-se uns aos outros para

compor um corpo completo a partir de um corpo desmembrado. O esquema corporal

revela-se gradativamente à criança da mesma forma que uma fotografia revelada na

câmara escura mostra-se pouco a pouco para o observador, tomando contorno,

forma e coloração cada vez mais nítidos. A elaboração e o estabelecimento deste

esquema parecem ocorrer relativamente cedo, uma vez que a evolução está

praticamente terminada por volta dos quatro ou cinco anos. Isto é, ao lado da

construção de um corpo 'objetivo', estruturado e representado como um objeto físico,

cujos limites podem ser traçados a qualquer momento, existe uma experiência

precoce, global e inconsciente do esquema corporal, que vai pesar muito no

desenvolvimento ulterior da imagem e da representação de si. O conceito corporal,

que é o conhecimento intelectual sobre partes e funções; e o esquema corporal, que

em nossa mente regula a posição dos músculos e partes do corpo. O esquema

corporal é inconsciente e se modifica com o tempo.

Quando tratamos de conhecimento corporal, inserimos a lateralidade, já que

é a bússola de nosso corpo e assim possibilita nossa situação no ambiente. A

lateralidade diz respeito à percepção dos lados direito e esquerdo e da atividade

desigual de cada um desses lados visto que sua distinção será manifestada ao longo

do desenvolvimento da experiência. Perceber que o corpo possui dois lados e que

um é mais utilizado do que o outro é o início da discriminação entre a esquerda e

direita. De início, a criança não distingue os dois lados do corpo; num segundo

momento, ela compreende que os dois braços encontram-se um em cada lado de

seu corpo, embora ignore que sejam "direito" e "esquerdo". Aos cinco anos, aprende

a diferenciar uma mão da outra e um pé do outro. Em seguida, passa a distinguir um

olho do outro. Aos seis anos, a criança tem noção de suas extremidades direita e

esquerda e noção dos órgãos pares, apontando sua

Page 66: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

localização em cada lado de seu corpo (ouvidos, sobrancelhas, mamilos, etc.). Aos

sete anos, sabe com precisão quais são as partes direita e esquerda de seu corpo.

As atividades psicomotoras auxiliam a criança a adquirir boa noção de espaço e

lateralidade e boa orientação com relação a seu corpo, aos objetos, às pessoas e

aos sinais gráficos.

Alguns estudiosos preferem tratar a questão da lateralidade como parte da

orientação espacial e não como parte do conhecimento corporal.

HABILIDADES CONCEITUAIS

A matemática pode ser considerada uma linguagem cuja função é expressar

relações de quantidade, espaço, tamanho, ordem, distância, etc.

A medida em que brinca com formas, quebra-cabeças, caixas ou panelas, a

criança adquire uma visão dos conceitos pré-simbólicos de tamanho, número e

forma. Ela enfia contas no barbante ou coloca figuras em quadros e aprende sobre

sequência e ordem; aprende frases: acabou, não mais, muito, o que amplia suas

ideias de quantidade. A criança progride na medida do conhecimento lógico-

matemático, pela coordenação das relações que anteriormente estabeleceu entre os

objetos. Para que se construa o conhecimento físico (referente a cor, peso, etc.), a

criança necessita ter um sistema de referência lógico-matemático que lhe possibilite

relacionar novas observações com o conhecimento já existente; por exemplo: para

perceber que um peixe é vermelho, ela necessita um esquema classificatório para

distinguir o vermelho de todas as outras cores e outro esquema classificatório para

distinguir o peixe de todos os demais objetos que conhece.

HABILIDADES PSICOMOTORAS E PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

As habilidades psicomotoras são essenciais ao bom desempenho no

processo de alfabetização. A aprendizagem da leitura e da escrita exige habilidades tais como:

• dominância manual já estabelecida (área de lateralidade);

Page 67: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

• conhecimento numérico suficiente para saber, por exemplo, quantas

voltas existem nas letras m e n, ou quantas sílabas formam uma palavra (área de

habilidades conceituais);

• movimentação dos olhos da esquerda para a direita, domínio de

movimentos delicados adequados à escrita, acompanhamento das linhas de uma

página com os olhos ou os dedos, preensão adequada para segurar lápis e papel e

para folhear (área de coordenação visual e manual);

• discriminação de sons (área de percepção auditiva);

• adequação da escrita às dimensões do papel, reconhecimento das

diferenças dos pares b/d, q/d, p/q etc., orientação da leitura e da escrita da esquerda

para a direita, manutenção da proporção de altura e largura das letras, manutenção

de espaço entre as palavras e escrita orientada pelas pautas (áreas de percepção

visual, orientação espacial, lateralidade, habilidades conceituais);

• pronúncia adequada de vogais, consoantes, sílabas, palavras (área de

comunicação e expressão);

• noção de linearidade da disposição sucessiva de letras, sílabas e

palavras (área de orientação têmporo-espacial);

• capacidade de decompor palavras em sílabas e letras (análise);

• possibilidade de reunir letras e sílabas para formar novas palavras

(síntese).

Distúrbios Psicomotores

Page 68: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

"O que não percebeu, negais que exista; o que não calculastes, é mentira; o

que vós não pensastes, não tem peso, metal que não cunhais, dizeis que é falso."

(Goethe)

Que há com ela? O que acontece com essa criança desajeitada?

Porque, apesar de sua aparência cheia de torpor e inabilidade, quando consegue

aproximar-se, mostra-se com encanto e interesse?

O que há com ela? Andou tarde, caiu quantas vezes... precipitava-se pelas

escadas ao invés de desce-las, ou morria de medo como se fosse um grande

empreendimento... escalá-las e não apenas subi-las. E vestir-se. O que seria a

manga, onde estariam os braços, as pernas das calças? Enfiam-se pela cabeça? Por

que existem laços de sapato? Para atormentar crianças? Ou talvez, a sua mãe que,

desoladamente, contempla sua dificuldade? E um caderno? Começa-se de que lado?

Por que as coisas são assim? Que estranho é este mundo de lados que não tem

lados... O que há com esta criança?

Seus movimentos são desajeitados, lentos e pesados. Quando andam,

apoiam duramente o calcanhar no solo. Quando crianças custam a aprender a subir

e descer escadas, nas escolas, evitam participar de jogos, nas quais geralmente são

ridicularizadas e afastadas: tê-las como parceiras é perder na certa.

Tal ser é uma questão e uma dificuldade para seus pais, para seus mestres,

para todos nós. Como entendê-lo. Como ajudá-lo?

DEFINIÇÃO DE DISTÚRBIO PSICOMOTOR

A criança descrita na história acima apresenta um distúrbio de motricidade: uma dispraxia.

Praxias: São sistemas de movimentos coordenados em função de um

resultado ou de uma intenção. Não são nem reflexos, nem automatismos, nem

movimentos involuntários. O estudo sobre os distúrbios das praxias foram

primeiramente, sistematizados em adultos. Estas perturbações consistiam em perda

ou alterações do ato voluntário, como de lesão no sistema nervoso central. São as

apraxias.

Page 69: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

Pesquisas foram desenvolvidas com crianças que mostraram serem algumas

delas portadoras de um determinado distúrbio cujos sintomas assemelhavam-se aos

adultos. Por outro lado mesmo existindo a lesão, ela incidia sobre um cérebro ainda

em desenvolvimento e portanto em condições diferentes a dos adultos.

A partir destas considerações e da preocupação em estabelecer-se uma

psicopatologia diferencial da criança e do adulto passa-se a encontrar, na literatura,

a denominação de dispraxia ou apraxia de evolução quando se trata de distúrbios

das praxias na criança.

Apraxia aparece referindo-se ao distúrbio infantil.

Classificação das apraxias. Distinguem três variedades:

a) Apraxia sensório-cinética - que se caracteriza pela alteração da síntese

sensório-motora como a desautomatização do gesto. Não há nela distúrbios de

representação do ato.

b) Apracto-somato-gnosia espacial - caracterizada por uma

desorganização do esquema corporal e do espaço.

c) Apraxia de formulação simbólica que se caracteriza por uma

desorganização da atividade simbólica e da compreensão da linguagem. A finalidade é de estabelecer os diferentes tipos de distúrbios.

ESTUDOS INICIAIS SOBRE O DISTÚRBIO PSICOMOTOR

Debilidade Motora é uma condição patológica da mobilidade, às vezes

hereditária e familiar, caracterizada pela exageração dos reflexos tendinosos, uma

perturbação do reflexo plantar, um desajeito dos movimentos voluntários intencionais

que levam a impossibilidade de realizar voluntariamente a ação muscular.

Distúrbio Psicomotor: significa um transtorno que atinge a unidade

indissociável, formada pela inteligência, pela afetividade e pela motricidade.

Paratonia: É a possibilidade que apresentam certas crianças de relaxar

voluntariamente um músculo.

Page 70: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

Sincinesias: São fenômenos normais em crianças.

Catalepsia: É uma aptidão anormal para a conservação de uma atitude.

Outros sinais são marcados como certas epilepsias, espasmos dos músculos lisos,

alguns estados de excitação e de agitação e a instabilidade.

Assim muitos anos, os distúrbios de psicomotricidade e portanto, as dispraxias, foram

vistos sob o nome de debilidade motora que é uma insuficiência de imperfeição das

funções motoras consideradas do ponto de vista da sua adaptação.

Os distúrbios da Psicomotricidade são definido sob o nome de Disfunções

Psicomotoras.

Pesquisas feitas com crianças deficientes mentais focalizando os processos que

estariam na base das deficiências da aprendizagem. Adotaram a classificação das

deficiências mentais, proposta por Straus (1933) em endógenas aquelas crianças

com antecedentes familiares de distúrbios mentais; em exógenas as crianças

portadoras de lesão cerebral.

Teorias e Exercícios em Psicomotricidade

ESQUEMA CORPORAL Conhecimento intuitivo imediato que a criança tem do próprio corpo,

conhecimento capaz de gerar as possibilidades de atuação da criança sobre as

partes do seu corpo, sobre o mundo exterior e sobre os objetos que a cercam.

Exercício 1 : Reconhecendo as partes essenciais do corpo - O profissional

diz os nomes das seguintes partes do corpo: cabeça, peito, barriga, braços,

pernas, pés, explorando uma parte por vez.

A criança mostra em si mesma a parte mencionada pelo profissional,

respeitando o nome que designa. Primeiramente o trabalho deverá ser

realizado de olhos abertos, e a seguir de olhos fechados. Olhos abertos:

Aprendizado. Olhos fechados: Quando dominar as partes do corpo.

Page 71: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

Exercício 2: A criança deverá reconhecer também as partes do rosto: nariz,

olhos, boca, queixo, sobrancelhas, cílios, trabalhar também com os dedos com a mão

apoiada sobre a mesa a criança deverá apresentar o pulso, o dedo maior e o dedo

menor, os nomes dos dedos são ensinados a criança pedindo que ela levante um a

um dizendo os respectivos nomes dos dedos.

Exercício 3: Trabalhar com os olhos - Em pé ou sentado a criança

acompanha com os olhos sem mexer a cabeça, a trajetória de um objeto que se

desloca no espaço.

Exercício 4: Sentir os rins - Deitada com as pernas estendidas e as mãos

sobre os rins a criança dobra os joelhos e encosta-os no peito. Comentar com a

criança que a parte do corpo que se apoia com força sobre suas mãos chama-se

rins. Exercício 5: Automatizando a noção de direita e esquerda

Conhecendo a direita e a esquerda do próprio corpo mostrar a criança qual é

a sua mão direita e qual é a sua mão esquerda. Dominando este conceito, realizar o

exercício em etapas:

- fechar com força a mão direita;

- depois a esquerda;

- Levantar o braço direito;

- depois o esquerdo;

- bater o pé esquerdo;

- depois o direito;

- mostrar o olho direito;

- depois o esquerdo;

- mostrar a orelha direita;

- depois a esquerda;

- levantar a perna esquerda;

- depois a direita.

Trabalhar com os olhos abertos, e quando a criança estiver dominando o exercício trabalhar com os olhos fechados.

Page 72: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

Exercício 6: Localizando elementos na sala de aula. A criança deverá dizer

de que lado está a porta, a janela, a mesa da sala de aula, etc. em relação a si

mesma. Durante a realização do exercício, não deixar a criança cruzar os braços,

pois isso dificulta sua orientação espacial.

COORDENAÇÃO ÓCULO-MANUAL

A finalidade dos exercícios de coordenação óculo-manual tem como

finalidade o domínio do campo visual, associada a motricidade fina das mãos.

Exercício - Realizar este jogo em duas etapas:

A criança bate a bola no chão, apanhando-a inicialmente com as duas

mãos, e depois ora com a mão direita, ora com a mão esquerda. No início a criança

deverá trabalhar livremente. Numa segunda etapa o professor determinará

previamente com qual das mãos a criança deverá apanhar a bola.

A criança joga a bola para o alto com as duas mãos, apanhando-a com as

duas mãos também. Em seguida, joga a bola para o alto com uma só mão,

apanhando-a com uma só mão também.

Variar o uso das mãos. Ora com a direita ora com a esquerda.

Jogo de Pontaria no Chão - Desenhar um círculo no chão ou utilizar um arco.

As crianças deverão jogar a bola dentro do círculo. Aumentar gradativamente à

distância.

Variar jogando a bola na frente, atrás, do lado esquerdo, do lado direito do círculo.

COORDENAÇÃO DINÂMICA GERAL

Estes exercícios possuem a função de equilíbrio que é a base essencial

da coordenação dinâmica geral que possuem a finalidade de melhorar o comando

nervoso, a precisão motora e o controle global dos deslocamentos do corpo no tempo

e no espaço. Constituem-se de exercícios de marchas e saltos. Apresentamos

exercícios em que a criança a nível de experiências vividas,

Page 73: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

manipula conceitos espaciais importantes para o seu preparo para a

alfabetização.

Os conceitos espaciais: direita, esquerda, atrás, na frente, entre, perto, longe,

maior, menor; são vivenciados através de movimentos específicos. A partir daí

propomos exercícios com maior intensidade. Se coloca a medição de um raciocínio,

de uma reflexão sobre os dados vivenciados no primeiro nível. Dessa forma permite

a criança passar para a etapa de estruturação temporal requerida para o aprendizado

da leitura e da escrita.

Exercício: Andando saltando e equilibrando-se.

1. Andando de cabeça erguida

2. A criança anda com um objeto sobre a cabeça (pode ser um livro de

capa dura). Dominada esta etapa a criança para, levanta uma perna formando um

angulo de noventa graus e coloca-se lentamente no chão. O mesmo trabalho deverá

ser feito com a outra perna.

3. Quem alcança?

4. O professor segura um objeto a uma determinada altura (pode ser um

lápis, uma bola) a criança deverá saltar para alcança-lo . Inicialmente fazer o

exercício em pé, depois de cócoras.

MOTRICIDADE FINA DAS MÃOS E DOS DEDOS

Os exercícios de motricidade fina são muito importantes para a criança, na

medida em que educam é gesto requerido para a escrita, evitando a apreensão e a

prisão inadequados que tanto prejudicam o grafismo, tornando o ato de escrever uma

experiência aversiva a criança.

CUIDANDO DAS MÃOS

Exercício de Motricidade Fina :

Trabalhando só com os braços - Este exercício tem como objetivo desenvolver

a independência segmentar do braço em relação ao tronco, o que beneficia e facilita

o trabalho da mão no ato de escrever. Apresentamos uma série

Page 74: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

de gráficos (traçados) que o professor deverá reproduzir em tamanho grande no

quadro de giz ou programá-los em cartões. As crianças por sua vez deverão

reproduzi-los com gestos executados no ar.

AMASSANDO A MASSA

Fazendo Bolas de Massa - O professor distribui a classe bolas de massa de

tamanhos variados (usar massa para modelar) sentada, com o cotovelo apoiado

sobre a carteira, a mão para o alto, a criança aperta as bolas de massa com força,

amassando-as. Orientar a criança para que trabalhe com dois dedos por vez.

Trabalhar primeiro uma das mãos, depois com a outra e, finalmente, com as duas

juntas.

Fazendo as bolas de massa - Realizar o mesmo trabalho do exercício

anterior, neste caso, porém a massa é apresentada em forma de disco, com a qual

a criança deverá fazer uma bola.

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO TEMPORAL

Esse mediador trabalha com noções importantes para o aprendizado da

escrita e particularmente da leitura, favorecem o desenvolvimento da atuação da

memória. A estruturação temporal fornecerá as possibilidades de alfabetizar-se.

Exercício: Reproduzindo ritmos com as mãos. O professor executa um

determinado ritmo, seguindo algumas estruturas rítmicas (.. ... ...) por exemplo,

batendo a mão sobre a carteira, durante um certo tempo, a criança apenas escuta,

depois reproduz o rítmico executado pelo professor, batendo a mão sobre a carteira

também. Variar o ritmo. Lento, normal e rápido.

Fazer o exercício inicialmente com os olhos abertos e em seguida, de

olhos fechados.

EXERCÍCIO DE ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL Deslocando um objeto no espaço, a criança coloca um objeto qualquer ora a

sua frente, ora atrás, ora a direita, ora a esquerda, segundo o comando do professor.

Page 75: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entender a questão histórica e evolução da Psicomotricidade bem como

relatar as personalidades importantes para o crescimento desta ciência, a

Psicomotricidade contribui para o ensino aprendizagem e aprimorando conceitos

como: Tonicidade,

Equilibração; Lateralização, Esquema e Imagem Corporal, Estruturação

Espacial e Temporal; Praxia Global e Fina.

Entender o que é? Querer saber, querer fazer e para que serve, bem como a

sua atuação, é que o trabalho busca elucidar a Psicomotricidade, tornando a

discussão gratificante reavivando o prazer do ensino aprendizagem, objetivando

desafios e possibilidades no tocante a temática proposta.

O trabalho psicomotor com o foco no controle Tônico postural possibilita minimizar as dificuldades de aprendizagem, conscientização do ritmo, atenção,

concentração, no esquema imagem corporal, no processo de aprendizagem.

As Intervenções Psicomotoras demonstraram dados animadores em alguns

pontos e em outros não. Porém, a Psicomotricidade é a uma ciência instrumental,

que bem planejada poderá alcançar resultados satisfatórios nas aquisições motoras,

cognitivas e emocionais.

A Terapia Psicomotora sucede-se de forma evolutiva com melhorias

constatadas nos seguintes aspectos: cognitivos, de tempo/espaço/ritmo, atenção,

concentração e percepção.

Desta forma fica claro que o estudo da Psicomotricidade sucede de uma forma

evolutiva nos aspetos cognitivos, motor e afetivo, e é tida como uma ciência

instrumental que bem planejada, poderá alcançar resultados satisfatórios para o

reconhecimento das mudanças do cotidiano de um ser. As mudanças são:

perceptivas, temporal, de concentração e percepção auxílio.

Page 76: Curso Ensino na Educação Física e Psicomotricidade

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