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CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA ALEX VIANA CARDOSO TARCÍSIO CARNEIRO PAZ FIGUEIREDO O CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE SOB A ÓTICA DA GEOGRAFIA CULTURAL. Campos dos Goytacazes/RJ 2006

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CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

ALEX VIANA CARDOSO

TARCÍSIO CARNEIRO PAZ FIGUEIREDO

O CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE SOB A ÓTICA DA GEOGRAFIA

CULTURAL.

Campos dos Goytacazes/RJ

2006

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ALEX VIANA CARDOSO

TARCÍSIO CARNEIRO PAZ FIGUEIREDO

O CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE SOB A ÓTICA DA GEOGRAFIA

CULTURAL

Monografia apresentada ao Centro Federal de

Educação Tecnológica de Campos como requisito

parcial para conclusão do Curso de Licenciatura em

Geografia.

Orientador: Profº Ms. Synthio Vieira de Almeida

Campos dos Goytacazes/RJ

2006

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Senhor Jesus Cristo, o Deus Vivo, que nos encorajou e ajudou na

elaboração de um ousado trabalho.

Agradecemos também aos nossos familiares pelo amor e todo apoio que sempre nos

deram em nossa caminhada universitária; aos professores pela contribuição enriquecedora na

construção do conhecimento; aos amigos que sempre nos acompanharam e nos motivaram nas

lutas diárias; ao Reverendo Orsi e sua esposa pelo grande apoio que nos deram e ao nosso

orientador e professor Synthio, o qual com suas criticas construtivas contribuiu para a

lapidação do trabalho.

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DEDICATÓRIA

Tarcísio dedica esta monografia ao Deus Eterno e aos seus familiares pelo grande

amor recebido e compartilhado, e em especial, a sua amada esposa Fernanda.

Alex dedica este trabalho ao Senhor todo Poderoso, Deus, e a seus amigos e familiares

que sempre despenderam amor e compreensão no caminhar na trilha em busca do

conhecimento.

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RESUMO

Este trabalho pretende apontar uma importante causa do conflito árabe-israelense, a

religião. Muitas vezes ignorada ou desconhecida, esta causa pode acentuar ainda mais as

hostilidades entre os povos árabes e judeus. Vários esforços são realizados no campo

diplomático pelas autoridades mundiais e ao longo dos anos acordos foram feitos em prol do

entendimento na região. Contudo o objetivo desta monografia é levar o leitor a compreender

que uma das raízes deste problema é extremamente cultural. Apesar dos interesses

econômicos e geopolíticos existirem, o choque cultural tem sido um grande motor dessa

contenda.

Tendo em vista o volume de argumentos pró-Palestina apresentados na mídia e no

meio acadêmico, é encontrado aqui um ponto de vista israelense, para que assim, o leitor

possa conhecer também o outro lado do problema e formar uma visão mais ampla no que se

refere ao entendimento do conflito árabe-israelense. Entretanto, o trabalho não tem por

objetivo defender a unilateralidade de um dos lados, e sim apresentar um fator que complica

ainda mais o impasse.

Com isso, partiu-se de um panorama histórico sucinto que contribuiu para a formação

de uma visão mais sensível até a questão Jerusalém, pedra fundamental da construção do

conflito religioso.

Palavra-chave:Conflito. Choque Cultural. Religião

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ABSTRACT

This work intends to show an important cause of the arabian-israelian conflict, the

religion. For many times ignored or unknown, this cause may emphasize even more hostilities

among Arabians and jeuts. Many efforts are made in the diplomatic field by the world

authorities and over years deals were made in aid of understanding in this region, however,

the object of this monograph is to lead the reader to understand that one of this problem edge

is extremely cultutural. Besides of the economic and geopolitic interests, the cultural clash has

been the huge engine of this argument.

Bearing in mind the arguments volume pro-Palestine presented at the media and at the

academic environment, here it is found an israelian point of view, so this way the reader can

recognize the other side of the problem too and to create a bigger vision in what refers to the

Arabian-israelian conflict. However this work does not intend to defend one of the conflict

sides, but to show a fact that complicates even more this impasse.

With this, from a historical breef panorama that contributes to a more sensible vision

up to the Jerusalem question a more sensible vision up to the Jerusalem question, the

fundamental stone of the religion conflict construction.

Key-words: Conflict. Cultural clash. Religion

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Mapa sobre os reinos de Saul, Davi e Salomão................................................ .. 12

FIGURA 2. Templo de Jerusalém construído pelo rei Salomão.............................................. 23

FIGURA 3. Mapa sobre a cidade de Jerusalém........................................................................24

FIGURA 4. Mapa da divisão da região da Palestina proposto pela ONU em 1947.................25

FIGURA 5. Mapa atual de Israel e das regiões ocupadas por este país....................................25

FIGURA 6. Mapa da cidade de Jerusalém, intra-muros, com os lugares sagrados para os

judeus, cristão e mulçumanos...................................................................................................26

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS……………………………………………………………….............07

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................09

1 DESENVOLVIMENTO..................................................................................................... 11

1.1 Breve Histórico............................................................................................................11

1.2 Uma Motivação do Conflito.......................................................................................17

1.3 Jerusalém.....................................................................................................................22

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................27

REFERÊNCIAS......................................................................................................................29

ANEXOS..................................................................................................................................31

ANEXO A...........................................................................................................................32

ANEXO B.......................................................................................................................... 35

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INTRODUÇÃO

Varias são as razões que geram um conflito entre povos, dentre as quais se detectam: a

econômica, a política, a expansão territorial e entre outras a cultural. Por isso, este trabalho

visa apresentar o fator cultural como um gerador de conflitos, em que a religião encontra-se

intrínseca e tida como um “motor” de divergências. Este novo ramo da Geografia chamado de

Geografia Cultural trata deste assunto de maneira especial, pois analisa o território e a religião

de modo integrado e a relação entre ambos. Discorre também, da relação de poder entre eles

com uma abordagem geográfica.

Foi escolhido o conflito árabe-israelense por ser uma disputa ainda atual e importante

para as civilizações do Ocidente e do Oriente. Detectou-se nesse conflito um grande

complicador que é o choque cultural, principalmente, no que tange a religião. Utilizou-se

como referencial teórico a Zeny Rosendahl e o Samuel Huntington, e a metodologia adotada

foi a descritiva.

Sabe-se que os interesses econômicos na região existem e são de grande escala, no

entanto buscou-se restringir e direcionar a abordagem ao fator cultural, que é um instigante do

conflito. Este fator tem a religião como alimentadora das diferenças. A religião só sobrevive

se sua territorialidade for preservada e, neste sentido, pode-se acreditar que é pela existência

de uma religião que se cria um território e é pelo território que se fortalecem as experiências

religiosas coletivas ou individuais. E para a manutenção dessas relações, estratégicas políticas

espaciais são adotadas. (ROSENDAHL,1996)

O desenvolvimento foi dividido em três subseções para uma melhor organização do

trabalho. Na primeira subseção é apresentado um breve histórico dos povos e do conflito; a

segunda, fala de uma das motivações do conflito que é de grande importância para o

entendimento do problema; e a terceira apresenta a questão Jerusalém. O que se pretende

nesta monografia é apresentar uma visão que para alguns é procedente e lógica, e para outros,

um pouco desconhecida ou questionável, que é a visão cultural. Entretanto, é preciso

considerar que a própria cultura é um motivo de conflito de interesses nas sociedades

contemporâneas, um conflito pela sua definição, pelo seu controle, pelos benefícios que pode

assegurar. (DOS SANTOS, 1988)

É oportuno ressaltar que o presente trabalho utiliza-se também de algumas obras de

especialistas judeus e árabes que auxiliam a ampliar a compreensão do tema que não é

entendido pela maioria das pessoas através da mídia, que informa sobre o assunto de modo

superficial, priorizando somente os acontecimentos recentes, como massacres, atentados

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terroristas, etc. Com isso, se ignora a gênese das divergências entre árabes e israelenses. Seus

valores, interesses e ações se chocam na medida em que o mesmo território é dividido por

estas duas civilizações. Mais importante que localizar o significado da divindade única para

estes povos é entender o que significa esta região para suas concepções religiosas. Mais ainda,

é entender como a Palestina (para os árabes) ou a Terra de Israel (para os judeus) se

transforma num símbolo que alimenta o conflito.

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BREVE HISTÓRICO DOS POVOS E DO CONFLITO

Árabes e judeus descendem de um semita chamado Abraão. Por volta do século XVIII

a.C., Abraão veio de Ur, no sul da Mesopotâmia, para a terra de Canaã, antigo nome da região

palestina. Ele se fixou nas cercanias do vale do Jordão. Visto que nenhum dos testamentos da

Bíblia havia sido terminado, Abraão não era nem judeu nem muçulmano, mas um crente na

unicidade de Deus, ou seja, um monoteísta. Agar, escrava-concubina de Abraão, gerou-lhe um

filho chamado Ismael, de quem os atuais muçulmanos traçam sua descendência; sua esposa,

Sara, gerou-lhe um filho chamado Isaque, do qual os judeus traçam sua linhagem. Seu filho

Isaque gerou Jacó (Israel). (HADI, 1999)

Aproximadamente em 1300 a.C. os doze filhos de Jacó (Israel) partiram para o Egito.

José, um dos mais jovens filhos de Jacó, administrou por alguns anos o país e os israelitas se

multiplicaram e ganharam força. Centenas de anos depois eles foram escravizados pelos

egípcios e libertados sob a liderança de Moisés, fundador do judaísmo, o mais eminente

legislador do judaísmo e também profeta para as três religiões monoteístas. Deixaram o Egito

por volta do século XIII a.C. e vagaram durante quarenta anos no deserto, e segundo o Torá

(livro sagrado do povo judeu que é composto pelo antigo testamento) durante esse tempo,

receberam a lei divina no monte Sinai. ( TOGNINI, 1978)

O laço judeu à terra de Israel data de mais de 3700 anos. De acordo com a Bíblia, uma

das fontes históricas para o estudo da origem do povo judeu, Deus prometeu que os

descendentes do patriarca Abraão herdariam a terra. O Livro Sagrado judaico revela que o

povo judeu foi escravizado no Egito, até que Deus o libertou. (Êxodo: capitulo 14, versículo

30). Segundo o relato bíblico, após sua libertação do Egito, o povo foi liderado por Moisés – o

maior profeta da história judaica – e levado à terra de Israel. No entanto, foi com Josué que se

conquistou a terra, iniciando assim a formação do primeiro estado judeu.

Segundo os registros geográficos e históricos da Bíblia, a terra de Canaã, atual

Palestina, foi conquistada pelos hebreus sob o comando de Josué, após a morte de Moisés, em

aproximadamente 1400 a.C. Contudo, esta conquista foi um processo árduo que culminou na

vitória de Davi, descendente da tribo de Judá, sobre os filisteus e outros povos inimigos de

Israel. Ele fundou a “fortaleza de Sião”, a “cidade de Davi”, a Jerusalém (TOGNINI, 1978).

Segundo o autor:

Além das sete nações que habitavam a terra de Canaã, ao tempo da

conquista por Josué, Israel estava cercado por grande número de nações e multidão

de povos. Algumas dessas nações eram ricas e poderosas, aguerridas e fortes; outras

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menores e mais fracas, porém, todas elas perigosas e constituíram uma ameaça

constante para Israel. As principais eram: Filístia, Fenícia, Amaleque, Moabe,

Amom, Edom, Mídia e Síria. Estas oito nações do passado desapareceram. Os

povos, entretanto, não. Sobrevivem na amálgama de árabes que habitam terras

férteis algumas e ermos desertos outras. Desde a Mesopotâmia, aos montes Líbanos

e Ante Líbanos, do Deserto da Arábia ao Sinai e Mar Vermelho, do Vale do Jordão

à Orla do Mediterrâneo, entrando para a África, habitam os povos árabes, com

reinos diferentes, costumes diversos, política distinta mas sempre os árabes,

descendentes de Abraão e Hagar através de Ismael. Unidos, porém, pela religião,

pela língua e pelo ódio que devotam ao povo hebreu. (TOGNINI, 1978, p. 23).

A nação judaica formou a sua primeira monarquia constitucional por volta do ano

1000 a.C., conforme o mapa abaixo:

Fonte: http://www.escoladominical.com.br/

O segundo rei dos judeus, Davi, sucedeu Saul e ampliou o Reino estabelecendo Jerusalém

como a capital do país. Um de seus filhos, Salomão, liderou a construção do Templo Sagrado

de Jerusalém e consolidou o império. Quatro séculos depois o império entrou em crise e os

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judeus foram levados cativos para a Babilônia. Em 539 a.C, inicia-se o domínio persa, e Ciro,

imperador da Pérsia, ordena a volta dos judeus. Após dois séculos, a Terra de Israel passa a

ser governada pelo macedônio Alexandre, o Grande. (TREIGNIER, 1992)

Em 63 a.C, o império romano conquista a região. No ano 70 d.C., os romanos

destruíram a cidade e o Templo Sagrado. Tudo o que restou até hoje foi sua Muralha

Ocidental, conhecida como Muro das Lamentações, considerado pelo judaísmo como o local

mais sagrado do mundo. Além de destruir o Templo Sagrado de Jerusalém, o império romano

expulsou os judeus de sua terra, dando início à diáspora, que significa a dispersão dos judeus

para outros países. Todavia, apesar de terem sido conquistados pelos romanos, muitos judeus

continuaram a viver na Terra de Israel. Conforme (BAERD, 2004), eles não abandonaram a

região totalmente:

É um erro comum achar que todos os judeus foram forçados à Diáspora

pelos romanos após a destruição do segundo templo de Jerusalém, no ano 70 d.C.,

e que só 1.800 anos depois regressaram à Palestina exigindo seu país de volta. Na

realidade, o povo judeu tem mantido laços com sua pátria histórica por mais de

3.700 anos. (BAERD, 2004, p. 09).

Geograficamente, a Palestina era um lugar estratégico. No passado, egípcios, assírios,

caldeus, medo-persa e gregos aproveitaram essa vantagem; os romanos muito mais. Os

romanos, possuindo a Palestina, tinham a chave do Oriente Médio na mão. Por seus territórios

passavam as estradas que levava a toda às partes do mundo conhecido. Até mesmo o nome

dado a esta terra de “Palestina” (outrora Canaã) foi de autoria dos romanos com intenção de

humilhar o povo dominado, pois, como se sabe, o termo Palestina deriva dos filisteus, povo

inimigo de Israel nos tempos remotos. ( BAERD, 2004)

Os romanos eram tolerantes nos assuntos religiosos, entretanto, eram implacáveis no

âmbito político-administrativo. O poder romano foi mais na direção política do que na

espiritual. De certa forma, incentivaram a cultura grega em todos os aspectos, inclusive no

culto aos seus deuses. (TOGNINI, 1978)

Em 622 começa a pregação de Maomé1. Dez anos depois ele morre, mas deixa

milhares de seguidores. Em 638 os muçulmanos tomam Jerusalém. Aproximadamente no

século IX, comunidades judaicas foram restabelecidas em Jerusalém. No século XI, a

população judaica crescia nas cidades de Rafah, Gaza, Ashkelon, Jaffa e Ceasarea. Durante o

século XII, muitos judeus que viviam na Palestina foram massacrados pelas Cruzadas, porém

1 Segundo a tradição islâmica, aproximadamente em 610 o anjo Gabriel apareceu varias vezes a Maomé e

anunciou que Alá (Deus, em árabe) o escolhera para ser Seu profeta, sucedendo a Abraão, Moisés e Jesus.

(TREIGNIER, 1992)

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nos séculos seguintes, a imigração para a Terra de Israel continuou e muitas comunidades

religiosas judaicas se fincaram em Jerusalém e outras cidades. No século XVI, começa o

domínio Otomano.

Com a chegada do século XIX surge o sionismo, movimento de retorno dos judeus à

Palestina (Terra de Israel). O processo de colonização sionista tinha uma característica muito

própria: não pretendia explorar a mão-de-obra como a Inglaterra fazia, porém substituí-la

totalmente pela imigrante. A idéia de estabelecer um estado judeu moderno começou a ganhar

grande popularidade no século XIX na Europa. Um jornalista austríaco chamado Theodor

Herzl levou adiante o ideal sionista, definido como o movimento nacional de libertação do

povo judeu. (SALEM, 1991).

É um mito a idéia de que a Palestina possuía uma identidade nacional. Vale a pena

ressaltar o que diz Dershowitz:

Como entidade geográfica, a Palestina tinha fronteiras incertas e em

constante mudança. Não era uma entidade política. Qualquer sentido significativo

sob o regime otomano, que prevaleceu entre 1516 a 1918, a Palestina estava

dividida em várias partes territoriais denominadas de Sanjaks. Esses Sanjaks faziam

parte de unidades administrativas chamadas de Vilayets. A maior parte da Palestina

pertencia ao Vilayet da Síria era governada de Damasco por um paxá, explicando,

assim, por que geralmente se fazia referência à Palestina como Síria meridional.

Depois de uma ocupação de dez anos pelo Egito nos anos de 1830, a Palestina foi

dividida no Vilayet de Beirute, que cobria o Líbano e a parte norte da Palestina (até

onde hoje se situa Tel Aviv), e o Sanjak independente de Jerusalém, que cobria

aproximadamente de Jafa até Jerusalém e ao sul até Gaza e Beersheva. Assim, não

está claro que o que significa dizer que os palestinos eram o povo que originalmente

habitava a “nação” da Palestina. (DERSHOWITZ, 2004, p.41)

O aparecimento do anti-semitismo, no final do século XIX, levou ao surgimento de

pogroms - massacres organizados de judeus - na Rússia e na Europa Oriental. Esta notória

violência contra judeus europeus ocasionou imigrações maciças para a Terra de Israel ou

Palestina. Em 1914, o número de imigrantes vindos da Rússia para a região, já alcançava os

cem mil. Muitos judeus vindos do Iêmem, Marrocos, Iraque e Turquia imigraram para a Terra

de Israel. Quando os judeus começaram, no final do século XIX a imigrar para seu antigo

território, em grande escala, viviam por lá aproximadamente 250.000 árabes. (IBIDEM)

Enquanto isso, os judeus imigravam de forma acentuada desde a segunda metade do

século XIX motivados pelo pensamento sionista. Segundo Tognini (1978), Sionismo deriva

de Sião, que quer dizer “colina ressecada pelo sol”. Sião localiza-se em Jerusalém e tipifica

Israel como nação. Em 1909, eles fundaram o Kibutz, a primeira colônia agrícola comunitária.

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Os períodos posteriores às guerras mundiais foram decisivos para os judeus. No final

da Primeira Guerra, os ingleses ocuparam a Palestina. Em 1917, o chanceler inglês Arthur

Balfour manifestou-se a favor de um estado judeu na Palestina, desde que fossem respeitados

os direitos dos palestinos. Três anos depois, a Liga das Nações, o embrião da ONU, autorizou

os britânicos a administrarem o território palestino. Com o final da Primeira Guerra Mundial e

o fim do Império Otomano, interesses imperialistas europeus passam a dominar o Oriente

Médio. As potências Inglaterra e França partilharam a região e ignoraram algumas fronteiras

interessantes aos árabes, dentre elas, a Palestina e a Síria (SUTTI & RICARDO, 2003).

Após a Segunda Guerra Mundial, milhares de judeus estabeleceram-se na terra de seus

ancestrais, pois a perseguição nazista durante a guerra intensificou a emigração européia para

a Palestina que foi financiada por magnatas judeus europeus. Muitos acreditavam estar

levando prosperidade e oportunidade de emprego à região. E, realmente, os árabes estavam se

beneficiando de um novo mercado de trabalho e a criação de novas cidades, como Tel Aviv,

fundada em 1909. Os palestinos não possuíam qualquer reivindicação de cunho nacionalista

até o crescimento da imigração judaica na região e o compromisso de um lar judeu firmado

pelas potências estrangeiras. Os árabes palestinos fundaram seu ideal nacionalista com o

advento do sionismo. Pode-se dizer, com isso, que o próprio movimento sionista motivou a

idealização do nacionalismo palestino. (REIS FILHO; FERREIRA & ZENHA, 2000).

É oportuno analisar o ódio aos judeus a partir do século XIX, segundo Hobsbawm:

Os judeus estavam presentes em quase todo lugar e podiam simbolizar com

facilidade tudo o que havia de mais odioso num mundo injusto, inclusive seu

compromisso com os ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa que os tinham

emancipado e ao fazê-lo, os haviam tornado mais visíveis. Eles podiam servir como

símbolos do odiado capitalista/financista; do agitador revolucionário da corrosiva

influencia dos “intelectuais sem raízes” e dos novos meios de comunicação; da

competição – como poderia ele ser outra coisa se não “injusta”? – que lhes dava

uma fatia desproporcional dos empregos em certas profissões que exigiam

educação; e do estrangeiro e forasteiro como tal. Para não falar da visão aceita entre

os cristãos antiquados de que eles tinham matado Jesus.

A antipatia aos judeus de fato era difusa no mundo ocidental, e a posição

deles na sociedade do século XIX ambígua. (...) Aqui, uma estrada reta conduz do

anti-semitismo de base ao extermínio dos judeus durante a Segunda Guerra

Mundial. (HOBSBAWM, 2002, p.123)

Em 1948-49, acontece a primeira guerra entre israelenses e árabes após a criação de

Israel, a qual, vitoriosa, anexa grandes áreas de terra. Jordânia e Egito asseguram a

Cisjordânia e a Faixa de Gaza, respectivamente. O controle de Jerusalém é dividido entre

Israel, na porção ocidental, e a Jordânia, na porção oriental e em 1964 nasce a OLP

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(Organização para a Libertação da Palestina). Em 1967, ocorre a Guerra dos Seis Dias. Israel

comemora sua vitória dramática - em que mais do que o dobro do seu território foi capturado:

é conhecida também a primeira bomba atômica israelense e o início do terrorismo palestino.

Em 1973, países árabes vizinhos de Israel se unem para atacá-lo no dia sagrado do Perdão

(Yom Kippur) e perdem a guerra. Em 1982, Israel ataca o sul do Líbano para forçar a retirada

da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), liderada por Yasser Arafat deste país.

Cinco anos depois estoura uma sublevação árabe conhecida como intifada. A "intifada"

palestina contra Israel tem início na Cisjordânia e em Gaza. Jovens manifestantes palestinos

atiram pedras em soldados israelenses nos territórios ocupados; os militares respondem com

prisões e deportações. Mais de 20 mil pessoas são mortas ou feridas. (OLIC, 1991)

O acordo de Oslo reconhece o Estado de Israel e a Palestina ganha certa autonomia em

1993. Yasser Arafat e o primeiro-ministro de Israel Yitzhak Rabin assinam a Declaração de

Princípios, em Washington, baseada nas conversas de Oslo. No ano seguinte, se faz o acordo

de paz com a Jordânia e a Palestina fica autônoma na Faixa de Gaza e em Jericó; Arafat torna-

se o líder do governo palestino. Em 2000, Israel retira-se do sul do Líbano e finalmente

entrega à administração da Autoridade Palestina 6,1% do território da Cisjordânia. Palestinos

e israelenses se reúnem para novas negociações em Washington. (IBIDEM)

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UMA MOTIVAÇÃO DO CONFLITO

Historicamente falando, o conflito árabe-israelense é encarado por grande parte destes

dois povos pelo viés étnico e religioso, contrariando muitos pensadores atuais do conflito que

defendem a idéia de que se trata de uma questão simplesmente política. É claro que a política

está em tudo, todavia, uma das motivações da disputa é religiosa. Ambos acreditam ser o

“outro” o povo bastardo descendente de Abraão. Muitos palestinos e israelenses crêem

também que a guerra é um meio autêntico de se conquistar a almejada terra que lhes foi

prometida: a terra santa. Para os judeus, a terra é santa porque lhes foi prometida por Deus;

para os muçulmanos, porque Jerusalém é a cidade onde Maomé subiu aos céus; para os

cristãos, porque Jesus sendo judeu nasceu e viveu lá. Em Israel há três dias de descanso:

sexta-feira, do muçulmano; sábado do judeu e domingo para o cristão. (TOGNINI, 1978)

Por diversos fatores se baseia o povo judeu pela posse da Terra de Israel, os principais

são os seguintes: Em primeiro lugar, a terra de Israel foi prometida por Deus aos judeus. Esta

é a antiga terra dos profetas e patriarcas, como mostra o anexo A:

Eretz Israel é o local onde nasceu o povo judeu. Alí é que se formou seu

caráter espiritual, religioso e nacional. Ali é que ele realizou sua independência e

criou uma cultura de alcance tanto nacional quanto universal. Ali é que ele escreveu

a Bíblia e a doou ao mundo. Obrigado ao exílio, o povo judeu continuará fiel ao país

de Israel no transcorrer de todas as dispersões, orando sem cessar para voltar a ele,

sempre com a esperança de ali restaurar sua liberdade nacional. (ANEXO A, p. 32)

Nos seus livros sagrados, inúmeras passagens citam Israel e destacam Jerusalém

como sagrada ao povo judeu. Até suas orações falam do retorno do povo à sua cidade sagrada.

Estas orações são feitas em direção a Jerusalém. Durante as festas judaicas, as preces são

encerradas recitando a frase: “ano que vem em Jerusalém”, em segundo lugar, desde que os

judeus foram exilados pelo império romano, a terra de Israel nunca foi estabelecida como um

estado. A região foi dominada e colonizada por vários impérios, todavia nunca voltou a ser

um estado soberano. A avançada agricultura e a construção de cidades foram desenvolvidas

por imigrantes judeus para restabelecer um estado no seu lar histórico; em terceiro lugar, o

estado de Israel foi criado pelas nações unidas em 1947. É um estado democrático moderno e

soberano; em quarto lugar, toda a terra de Israel foi comprada pelos judeus ou conquistada por

Israel em guerras de defesa, após o país ter sofrido ataques de seus vizinhos árabes. Outros

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fatores e argumentos são também apresentados como fundamentais: 99,9% do Oriente Médio

são controlado por árabes, Israel representa apenas um décimo de 1% da região ou 0,1%; da

história demonstrou que a segurança do povo judeu somente pode ser preservada através da

existência de um estado judeu forte e soberano. 2

O povo palestino baseia suas reivindicações pela terra de Israel em diversos fatores: os

árabes muçulmanos viveram por muitos anos na região: o povo palestino tem direito a

independência e a soberania nacional como nos informa o anexo B:

Terra de mensagens divinas reveladas à humanidade, a Palestina é o país

natal do povo árabe palestino. Ali é que ele cresceu, desenvolveu-se e expandiu-se.

Sua existência nacional e humana afirmou-se ali numa relação orgânica ininterrupta

e inalterada entre o povo, sua terra e sua história.

Inspirado na multiplicidade das civilizações e na diversidade das culturas,

buscando nela suas tradições espirituais e temporais, o povo árabe palestino

desenvolveu-se numa completa unidade entre o homem e seu solo. Sobre os passos

dos profetas que se sucederam nessa terra bendita, é de suas mesquitas, igrejas e

sinagogas que se elevam os louvores ao Criador e os cânticos da misericórdia e da

paz. (ANEXO B, p. 35) 3

Jerusalém é a terceira cidade sagrada na religião muçulmana, local de elevação de Maomé aos

céus segundo o Corão; o Oriente Médio é dominado por árabes. Outras religiões ou

nacionalidades não pertencem à região; todos os territórios árabes que foram colonizados

tornaram-se estados completamente independentes, exceto a Palestina; os palestinos

tornaram-se refugiados. Outros países vizinhos árabes nunca os aceitaram completamente e

eles vivem freqüentemente, em campos de refugiados tomados pela miséria.

Israel e um estado colonial, imperialista, colonizador, comparável ao regime do

Apartheid da África do Sul. Esta primeira acusação parte de pessoas influentes nos meios

acadêmicos, políticos e religiosos, que afirmam inclusive que um estado judeu na Palestina só

poderia existir pelo deslocamento da maioria da população palestina, pois esta é mais antiga e

representa a população nativa da região. Esta é a segunda acusação.

Há sérias controvérsias nestas afirmações, segundo Dershowitz:

Israel é um estado composto principalmente de refugiados e seus

descendentes, exercendo seu direito à autodeterminação. A partir da década de

1880, os judeus que se mudaram para onde hoje é Israel eram refugiados escapando

do anti-semitismo opressivo da Europa colonial e dos estados muçulmanos do

Oriente Médio e do norte da África. Ao contrário de colonizadores servindo aos

2 Dados extraídos do site <htt: //www.10emtudo.com.br.htm>. Acesso em: 31 de out. 2006.

3 Traduzido pelo autor.

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objetivos expansionistas comerciais e militares de nações imperialistas como Grã-

Bretanha, França, Holanda e Espanha, os refugiados judeus estavam saindo dos

países que os tinham oprimido durante séculos. (DERSHOWITZ, 2004, p.28)

É oportuno ressaltar também o que nos diz Hobsbawm:

Após o estabelecimento de Israel – ainda outro dos efeitos da guerra – cerca

de 1,3 milhão de palestinos foram registrados na Agencia de Socorro e Trabalho

da Nações Unidas (UNRWA); do outro lado, em inícios da década de 60, 1,2

milhão de judeus haviam migrado para Israel, a maioria deles também refugiados.

Em resumo, a catástrofe humana desencadeada pela Segunda Guerra Mundial é

quase certamente a maior da historia humana. (HOBSBAWM, 2002, p.58)

O conflito entre israelenses e palestinos é uma questão geográfica. Terras são

disputadas, fronteiras modificadas, conquistadas e estratégias geopolíticas são postas em

prática, contudo em vista de todos os fatores apresentados e defendidos por ambas as partes, é

nítido que um dos principais motores desta disputa é o ideal religioso confrontado pelo

adversário. Um dos pontos fundamentais da crença judaica é que todo o povo será liderado de

volta à Terra Prometida de Israel e que todo o passado será restabelecido. Acredita-se que o

Messias irá liderar o retorno de todo o povo judeu à Terra de Israel. Todavia, muitos judeus

acreditam que eles próprios podem iniciar este retorno à terra histórica. É a partir daí que

entra o Sionismo lutando pelo ideal de um Estado judeu soberano e independente.

Bem antes dos primeiros sionistas europeus terem chegado à Palestina, programas de

inspiração religiosa e outras diversas formas de violência vitimaram judeus de todas as idades.

Simplesmente por intolerância religiosa, eles foram perseguidos cruelmente durante a

ocupação egípcia na Palestina na década de 1830. Em 1834, lares judeus na cidade de

Jerusalém foram saqueados e suas mulheres violentadas. Tudo em nome da religião

muçulmana. (DERSHOWITZ, 2004)

É claro que não são todos os muçulmanos judeus e cristãos que agem assim, mas em

todo o processo de conflito as atrocidades foram cometidas pelos radicais religiosos de ambas

as partes.

Entre os judeus que viviam em Jericó, durante o século VII havia refugiados do

massacre sangrento de tribos árabes judaicas por Maomé. Os judeus de lá tinham vivido

pacificamente entre seus vizinhos árabes até que o profeta Maomé desferiu atrocidades

desumanas sobre seu inimigo derrotado, massacrando homens, mulheres e crianças judias, sob

a máxima Maometana: “Jamais podem existir duas religiões na Arábia”. (IBIDEM)

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O islamismo contemporâneo constitui-se contra os modelos políticos “importados”

(liberalismo leigo, socialismo, etc.) e contra seus fracassos, tanto externos (derrotas contra

Israel) quanto internos (falta de democracia e impotência para resolver os problemas do

subdesenvolvimento). É nesse sentido que ele se opõe ao Ocidente, condenado por suas

ideologias perversas e pelo excesso de modernização. Trata-se de um movimento de

identidade que vê na islamização da sociedade a maneira de enfrentar os desafios do século.

(MASSOULIÉ, 1994)

Muitas atrocidades são cometidas em nome da religião. Neste conflito, homens são

voluntários a morrerem com bombas no corpo, motivados pela religiosidade. Querem

defender a qualquer preço a sua civilização que engloba as tradições, os costumes e a religião,

ou seja, a cultura. E a religião tem grande peso na cultura de um povo. Segundo o célebre

sociólogo Durkheim, a religião engendrou tudo que há de essencial na sociedade, como diz:

...quase todas as grandes instituições nasceram da religião. Ora, para que os

principais aspectos da vida coletiva tenham começado por ser meras variedades da

vida religiosa, é preciso evidentemente que a vida religiosa seja a forma mais

elevada e como que uma expressão abreviada de toda uma vida coletiva. Se a

religião engendrou tudo que há de essencial na sociedade, é que a idéia da sociedade

é a alma da religião. (DURKHEIM, apud RODRIGUES,1984,P.168)

O que acontece na Palestina, atualmente, é um grande choque civilizacional, segundo

Huntington:

Em primeiro lugar, as diferenças entre as civilizações não são apenas reais,

são básicas. As civilizações distinguem-se umas das outras pela história, língua,

cultura, tradição e, especialmente, pela religião. Pessoas de civilizações diferentes

têm pontos de vista diferentes sobre as relações entre Deus e o homem, o indivíduo

e o grupo, o cidadão e o Estado, os pais e os filhos, o marido e a mulher, assim

como perspectivas diferentes sobre a importância relativa dos direitos e das

responsabilidades, a liberdade e a autoridade, a igualdade e a hierarquia. Estas

diferenças são o produto do trabalho de séculos. Não desaparecerão brevemente.

São bem mais importantes do que as diferenças entre ideologias políticas e regimes

políticos (HUNTINGTON, p. 10, 1993).

Trata-se aqui de duas visões de mundo diferentes em conflito pela posse da mesma

região. Região esta, que para eles é fundamental em suas culturas.

Os interesses econômicos e políticos estão inseridos, e isso é óbvio. Os Estados

Unidos e a própria ONU têm sido parciais algumas vezes, a favor de Israel. Como nos diz

Chossudovsky:

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Não é necessário dizer que a guerra atual de Israel contra a Palestina é parte

estratégica dessa nova guerra e, nesse sentido, a invasão do Iraque desencadearia

inevitavelmente uma guerra de alcance muito maior, no Oriente Médio, na qual

Israel sem duvida se alinharia ao eixo anglo-americano. (CHOSSUDOVSKY, 2004,

p. 166)

Mas isso não exclui a relevância cultural do problema, visto que, os líderes políticos

permitem e, de certa forma utilizam o fator cultural e especialmente a religião, como o

“combustível” do conflito. As diferenças religiosas e étnicas, principalmente após a Guerra

Fria, têm gerado os grandes conflitos da atualidade. No período da Guerra Fria estas

lideranças estavam “amortecidas” por trás da bipolaridade. Quando terminou a Guerra Fria

estas diferenças vieram à tona. Ainda mais que a etnia, a religião discrimina fortemente as

pessoas. Um indivíduo pode ser meio-francês e meio-árabe e, simultaneamente até cidadão

dos dois países. É mais difícil ser meio judeu e meio muçulmano. (HUNTINGTON, 1993)

As civilizações, bem como as religiões unem e dividem a humanidade. Fé e família,

sangue e crença são aquilo com que as pessoas se identificam e pelas quais lutarão e

morrerão. Por isso o conflito árabe-israelense é um choque de civilizações. E a religião é um

dos principais pilares de uma civilização. É a sua base cultural. Com isso, os árabes

muçulmanos têm visto este choque como uma legitimação de independência cultural em

relação ao Ocidente. (IBIDEM)

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JERUSALÉM

Jerusalém possui uma vasta e rica história marcada por seu significado religioso e

simbólico. Sua importância central e o imaginário espiritual da cidade deram origem a vários

estudos sobre o passado da cidade. O resultado é que agora se pode encontrar variadas fontes

de apoio a qualquer argumento. Por isso, uma revisão geral da história de Jerusalém não

deveria se deter sobre detalhes, mas, tentaria detectar as linhas gerais que se completam para

formar o legado de Jerusalém. A diversidade e a santidade da cidade, bem como seu potencial

como um centro de convergência de diversas civilizações, constituem a grandeza da cidade.

(HADI, 1999).

A cidade de Jerusalém estava dividida em Ocidental (israelense) e Oriental (árabe) até

1967. A partir deste ano, os judeus dominaram a parte oriental e a anexaram tornando a

cidade unificada no âmbito administrativo. Israel quer a soberania exclusiva.

Jerusalém está edificada sobre montes: a noroeste, o Acra; a nordeste, o Bezeta; ao

ocidente, o Sião, ao Oriente, o Moriá e a Sudeste, o Ofel.

A cidade antes de ser conquistada pelos filhos de Israel pertencia aos Jebuseus, por

isso, chamava-se Jebus. Alguns estudiosos afirmam que a primeira parte da palavra Jerusalém

quer dizer “Fundamento”, enquanto que “Salém” significa “paz”, logo, a cidade da paz. Os

hebreus também a chamaram de cidade de Davi, cidade Santa, cidade de Deus e Sião. Quando

os romanos a dominaram também se chamou Aelia Capitolina, no tempo do Imperador Aelio

Adriano que a paganizou.

Segundo Khalid (1999), a cidade de Jerusalém assume o posto de a mais disputada

entre muçulmanos e judeus. Para os muçulmanos ela representa o lugar onde o profeta

Maomé peregrinou, sendo guiado pelo anjo Gabriel, intercedeu por Abraão, Moisés, Jesus e

outros profetas e depois foi conduzido para o céu ficando a uma “distância de dois arcos” do

próprio trono de Deus. Para o Islã, Jerusalém é o lugar da ascensão de Maomé e, por extensão,

de todo homem com Alá. Para muitos judeus e cristãos estas afirmações são consideradas

como heresia.

Jerusalém também faz parte de um dos “pilares” do islã, as cinco preces diárias. A

qibla – a direção da prece – era direcionada para Jerusalém, contudo, uma revelação posterior

transferiu a qibla para Meca, a cidade natal de Maomé. Hoje, Jerusalém é conhecida como a

primeira das duas qiblas, a “Santa”.

O centro do poder muçulmano, ao longo dos séculos, mudou de uma grande capital

para outra: de Medina para Damasco, depois Cairo e a otomana Constantinopla. Mas depois

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que Jerusalém se tornou parte do estado muçulmano em 637 esbanjou cuidado e atenção na

forma de monumentos públicos: escolas de estudo do Corão e das tradições do profeta,

mesquitas, mausoléus, termas, etc. A história, o simbolismo e a tradição se firmam nesta

construção, cuja presença se espraia sobre Jerusalém. (KHALID, 1999).

Para os judeus, Jerusalém representa um lugar de grande memória e objeto de amor,

desde o tempo de Davi que a fundou como capital do Reino de Judá e Salomão que ali

edificou o templo. Veja figura abaixo:

Fonte:http//www. lexicorient.come.otemplej.htm

Muitos especialistas em religião têm dito que Jerusalém ocupa um lugar especial na

religião e tradição judaicas, talvez mais especial do que qualquer outro grupo tomado

individualmente. Certamente houve uma presença judia pelos últimos 3000 anos e um período

de reinado judeu com capital em Jerusalém. Mas a presença e o governo muçulmano têm sido

bastante extensos, e houve igualmente, uma presença cristã muito densa. Durante milhares de

anos em seus registros históricos, Jerusalém teve uma série quase inimaginável de

conquistadores. Por isso ela possui uma rica textura de significado religioso, cultural e mesmo

político. (HADI, 1999).

Jerusalém se transforma num espaço-simbolo. Segundo Rosendahl (2003), o território

favorece o exercício da fé e da identidade religiosa, e é pelo território que se materializa a

relação simbólica existente entre cultura e espaço, com isso torna-se um “geossimbolo”.

Após a morte do profeta muçulmano Maomé, as forças do Islã tomaram Jerusalém do

império bizantino, cuja capital era Constantinopla, assinando um documento pelo qual a

cidade santa era entregue ao segundo Califa sucessor de Maomé. Omar Ibn-al-Khattab. A

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cidade permaneceu sob domínio muçulmano durante mais de mil e duzentos anos, exceto o

período das cruzadas. Em 1917, no final da Primeira Guerra Mundial, os árabes perderam o

controle da região para os britânicos (KHALID, 1999).

Como diz Massoulié:

O que esta em jogo é a reapropriação de um patrimônio cultural em grande

parte identificado ao islã. O sistema regional, instável porque sempre em busca de

uma formula de legitimidade política, teria finalmente encontrado essa formula com

o islamismo? Esta é, sem dúvida, uma das questões-chave da política do Oriente

Médio neste fim de milênio. (MASSOULIÉ,1994,P.40)

Em 1860 os judeus começaram a construir um bairro fora dos muros, já que só existia

a Jerusalém antiga a intra-muros. Conforme mapa abaixo:

Fonte:http// www.bible-history.comjerusalemindex.html

A tensão cresce quando a ONU cria em 1948 o Estado de Israel, como diz Tognini:

E só foi restaurado o Estado judaico em 1948. Desde que o judeu se

implantou na Palestina, no meado desde século XX, o mundo todo passou a se

despertar pelo Oriente Médio, e até mesmo os árabes, esquecidos por séculos,

passaram a ocupar lugar proeminente entre as nações (TOGNINI, 1978, p. 15).

Contrariando uma resolução da ONU de 1947, da criação de dois estados

independentes dentro da Palestina e a internacionalização de Jerusalém, Israel ocupou

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militarmente a parte moderna da cidade. Em 1967, capturou a cidade velha da Jordânia. Esta

resolução apresentou suas disposições sobre os lugares santos, a minoria religiosa e os direitos

de propriedade, colocando-os sob a garantia das Nações Unidas, vetando qualquer

modificação neles sem o consentimento da Assembléia Geral da ONU. Em 1980, Israel

proclamou Jerusalém sua capital eterna. Esta ação foi condenada pela Conferência dos

Estados Islâmicos e pela opinião pública em geral. (CATTAN, 1999).

Veja os mapas abaixo:

Divisão proposta pela ONU em 1947. Divisão atual da região.

Fonte:http//www.arij.orgatlastable.htm Fonte:http//www.uc3m.esuc3mdpto.htm

É preciso entender a universalidade de Jerusalém. Não basta apenas olhar a cidade como

parte ocidental (Israelense) e oriental (Palestina). Veja mapa abaixo:

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Fonte:http// www.uc3m.esuc3mdptoHCSIGLOS5.ht.rar

Qualquer esforço e acordo político ou geográfico deve esforçar-se na esfera da

reconstrução histórica e religiosa, pois o fato de que as três religiões contendedoras derivem

da mesma mensagem divina é algo que pode agravar o impasse.

Considerando o modo especial de Jerusalém ser apreciada pelos seguidores da religião

abraâmica, a fonte do judaísmo, cristianismo e islã; é recomendável que as partes em

contenda, principalmente os radicais judeus e muçulmanos, busquem um curso de

convergência e harmonia. É bastante curioso que a mensagem de uma verdade universal

propagada por um pai comum (Abraão) pudesse ser o maior obstáculo para o entendimento e

convergência daqueles que professam ser seus descendentes e seguidores.

(NUSSEIBEH,1999).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho procurou alcançar uma compreensão objetiva do conflito árabe-

israelense. Várias visões têm contribuído para o estudo do problema. Diversos estudiosos da

geopolítica atual se esforçam cada vez mais para identificar e até mesmo prever alguns fatos

que possam diminuir ou evitar as crescentes hostilidades ocorridas na Palestina. No entanto, o

que se buscou foi identificar o confronto através da visão cultural que aborda as diferentes

civilizações do mundo, assunto próprio da geografia cultural. Esta foi a opção de análise do

conflito, conforme os argumentos apresentados de forma objetiva por alguns autores.

As evidências identificadas com este estudo sobre o tema mostraram que a religião

é um fator preponderante de uma civilização. Ela pode ser usada para unir ou separar povos.

As civilizações unem e dividem as nações, pois para a maioria das pessoas envolvidas neste

conflito, ou seja, pessoas comuns, o que mais importa é defender suas famílias, suas crenças,

seus valores. A ideologia política e o interesse econômico para este tipo de gente ficam em

segundo plano. Por isso, o choque de civilizações, ou melhor, o choque entre valores e

crenças diferentes está substituindo a Guerra Fria como fenômeno central da política mundial

(HUNTINGTON, 1993).

Em decorrência disso, entende-se que não devem ser ignorados os interesses políticos

e econômicos, bem como as estratégias geopolíticas em questão, contudo é visível que há uma

tendência global de identificação civilizacional. Potências ocidentais cristãs se relacionam

com mais facilidade com nações ocidentais. Nações islâmicas resistem muito mais aos

interesses destas potências. É lógico que toda regra tem exceção, entretanto é notório que

alianças estão se formando em nome da religião. Por exemplo, o pan-islamismo, cuja

motivação é unir países muçulmanos para a obtenção de maior força frente aos interesses

ocidentais. Por outro lado, há também uma melhor relação diplomática entre nações que

compartilham valores judaico-cristãos, mesmo que de forma sutil. Esta harmonia ou interação

pró-Ocidente, porém, é menos contundente do que a interação entre nações não-ocidentais

como as islâmicas. Observe que o Ocidente recriou Israel. (IBIDEM)

Israelenses e Palestinos se combatem a mais de cinco décadas. São duas civilizações

que se chocam pela disputa territorial. Interesses políticos de potências estrangeiras estão

presentes. Todavia, este choque ocorre em dois níveis: em nível micro, grupos que vivem ao

longo das linhas divisórias das civilizações lutam entre si, freqüentemente com violência, pelo

controle do território; ao nível macro, os governos destas civilizações entram em atrito pelo

poder militar e econômico, lutam pelo controle de instituições internacionais e de terceiras

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partes e, em concorrência, promovem os seus valores políticos e religiosos específicos. Em

muitas partes do mundo, inclusive em Israel, a religião tem procurado preencher um vazio de

identidade, constantemente sob a forma de movimentos chamados de fundamentalistas. Tais

movimentos encontram-se no judaísmo, no islamismo, no cristianismo, assim como em outras

religiões não monoteístas. Na Palestina, as pessoas ativas nestes movimentos

fundamentalistas são em maioria jovens educados, técnicos de classe médias e profissionais

liberais; tanto do lado israelense quanto do árabe palestino. (HUNTINGTON, 1993)

Conclui-se que para entender o conflito palestino, existem variadas linhas teóricas.

Esta linha escolhida de cunho civilizacional propõe uma análise ampla que envolve culturas,

visões de mundo, valores. E nas ciências humanas é comum a divergência de idéias, por ser

uma ciência complexa, pois o ser humano é complexo. O que se sugere neste trabalho sobre o

conflito árabe-israelense é reconhecer uma força geradora deste conflito. Esta força só poderá

ser contida se for reconhecida. Numa região de civilizações diferentes e, conseqüentemente de

religiões diferentes, é imprescindível a aprendizagem do respeito ao outro e coexistência com

o próximo.

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REFERÊNCIAS

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no Brasil. Barueri – SP. Ed. Sociedade bíblica do Brasil, 1993.

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Ed. Sêfer, 2004.

CHOSSUDOVSKY, Michel. Guerra e globalização – Antes e depois de 11 de setembro de

2001. São Paulo. Ed. Nobel, 2004.

CATTAN, Henry. “Jerusalém e o direito internacional”. In: Delegação especial Palestina no

Brasil. A Questão Jerusalém. Brasília. Ed. Stephanie, 1999

DERSHOWITZ, Alan. Em Defesa de Israel: uma visão mais ampla dos conflitos no Oriente

Médio. São Paulo. Ed. Nobel, 2004.

DOS SANTOS, José Luiz. O que é Cultura. São Paulo. Ed. Brasiliense, 1988.

HADI, Mahdi Abdul. “A História de Jerusalém”. In: Delegação especial Palestina no Brasil.

A Questão Jerusalém. Brasília. Ed. Stephanie, 1999.

HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos. São Paulo. Ed. Schwarcz, 2002.

HUNTINGTON, Samuel P. “O Choque das civilizações?”. In: O Choque das Civilizações?

O debate sobre a tese de Samuel P. Huntngton. Lisboa. Ed. Gradiva, 1999.

KHALIDI, Walid. “O Dono da Rocha”. In: Delegação especial Palestina no Brasil. A

Questão Jerusalém. Brasília. Ed. Stephanie, 1999.

MASSOULIÉ, François. Os Conflitos do Oriente Médio: século XX. São Paulo. Ed. Ática,

1994.

NUSSEIBEH, Sari. “Sobre Jerusalém”. In: Delegação especial Palestina no Brasil. A

Questão Jerusalém. Brasília. Ed. Stephanie, 1999.

OLIC, Nelson Bacic. Oriente Médio: uma região de conflitos. São Paulo. Ed. Moderna,

2000.

REIS FILHO, D. A.; FERREIRA, J. & ZENHA, C. (Org). O Século XX. Rio de Janeiro. Ed.

Civilização Brasileira, 2000.

ROSENDAHL, Zeny & CORRÊA, Roberto Lobato. Introdução a Geografia Cultural. Rio

de Janeiro. Ed. Bertrand Brasil, 2003.

ROZENDAL, Zeny. Espaço e Religião: uma abordagem geográfica. Rio de Janeiro. Ed.

Uerj, 1996.

RODRIGUES, José Albertino (org.). Durkheim. São Paulo. Ed. Ática, 1984.

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SALEM, Helena. O que é a Questão Palestina. São Paulo. Ed. Brasiliense, 1991.

SOLIMAN, Lotfallah. Por uma História Profana da Palestina. São Paulo. Ed.

Brasiliense,1990.

SUTTI, Paulo & RICARDO, Silvia. As Diversas Faces do Terrorismo. São Paulo. Ed.

Harbra, 2003.

TOGNINI, Enéas. Geografia da Terra Santa. São Paulo. Ed. Louvores do Coração, 1978.

TREIGNIER, Michel. Guerra e Paz no Oriente Médio. São Paulo. Ed. Ática, 1992.

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ANEXOS

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ANEXO A:

DECLARAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DE ISRAEL

Proclamação de independência do Estado de Israel (15 de maio de 1948)

Eretz Israel é o local onde nasceu o povo judeu. Alí é que se formou seu caráter espiritual, religioso e nacional.

Ali é que ele realizou sua independência e criou uma cultura de alcance tanto nacional quanto universal. Ali é que ele escreveu a Bíblia e a doou ao mundo. Obrigado ao exílio, o povo judeu continuará fiel ao país de Israel no transcorrer de todas as dispersões, orando sem cessar para voltar a ele, sempre com a esperança de ali restaurar sua liberdade nacional.

Dominados por esse vínculo histórico, os judeus se esforçaram, durante séculos, para voltar ao país de seus antepassados, para ali reconstituírem seu Estado. Ao longo dos últimos decênios, foram para lá em massa: pioneiros, ma’apilim e defensores. Ali eles desbravaram o deserto, fizeram sua língua renascer, construíram cidades e aldeias e estabeleceram uma comunidade em pleno crescimento, com sua própria vida econômica e cultural. Só aspiravam à paz, ainda que sempre estivessem prontos a se defender. Trouxeram os benefícios do progresso a todos os habitantes do país. Sempre alimentaram a esperança de realizar sua independência nacional.

Em 1897, o primeiro congresso sionista, inspirado pela visão do Estado judeu que tivera Theodor Herzl, proclamou o direito do povo judeu ao renascimento nacional em seu próprio país. Esse direito foi reconhecido pela Declaração Balfour de 02 de novembro de 1917 e reafirmado pelo mandato da Sociedade das Nações que concedia um reconhecimento internacional dos vínculos do povo judeu com o país de Israel, assim como de seu direito de reconstituir ali ser lar nacional.

A hecatombe nazista, que aniquilou milhões de judeus na Europa, demonstrou a necessidade urgente de remediar a falta de uma pátria judaica com o restabelecimento do Estado judeu no país de Israel, que abriria suas portas a todos os judeus e conferiria ao povo judeu a igualdade de direitos na família das nações.

Os sobreviventes do holocausto nazista na Europa, assim como judeus de outros países, reivindicando seu direito a uma vida de dignidade, de liberdade e de trabalho na pátria de seus antepassados, e sem se deixar atemorizar pelos obstáculos e pela dificuldade, procuraram sem descanso voltar ao país de Israel.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o povo judeu no país de Israel contribuiu plenamente para a luta travada contra o flagelo nazista pelas nações que amam a liberdade. Os sacríficios de seus soldados e o esforço de guerra de seus tabalhadores qualificavam-no para ocupar o lugar, em pé de igualdade, entre os povos que fundaram a Organização das Nações Unidas.

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No dia 29 de novembro de 1947, a Assembléia Geral das Nações Unidas adotou uma resolução que previa a criação de um Estado judeu independente no país de Israel, e convidou os habitantes do país a tomar as medidas necessárias para aplicar esse plano. O reconhecimento, pelas Nações Unidas, do direito do povo judeu a estabelecer seu Estado independente não poderia ser revogado. É enfim, o direito natural do povo judeu a ser uma nação como as outras e a se tornar senhor do seu destino em seu próprio Estado soberano. Por conseguinte, nós, membros do Conselho Nacional que representa o povo judeu de Israel e o Movimento Sionista Mundial, reunidos hoje, dia da cessação do mandato britânico, em assembléia solene, e em virtude dos direitos naturais e históricos do povo judeu, assim como da resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas, proclamamos a fundação do Estado judeu no país de Israel, que portará o nome de: “Estado de Israel”.

Declaramos que, a contar do fim do mandato, à meia-noite, na noite de 14 para 15 de maio de 1948, e até que organismos constitucionais regularmente eleitos entrem em função, conforme uma Constituição que deverá ser estabelecida por uma Assembléia Constituinte até 1º de outubro de 1948, o presente Conselho agirá enquanto assembléia provisória do Estado, e que seu próprio órgão executivo, a administração nacional, constituirá o governo provisório do Estado de Israel.

O Estado de Israel será aberto à imigração dos judeus de todos os países onde eles estão dispersos; desenvolverá o país em benefício de todos os seus habitantes; será baseado nos princípios de liberdade, justiça e paz ensinados pelos profetas de Israel; assegurará uma completa igualdade de direitos sociais e políticos a todos os seus cidadãos, sem distinção de crença, raça ou sexo; garantirá a plena liberdade de consciência, de culto, de educação e cultura; assegurará a salvaguarda e a inviolabilidade dos Lugares Santos e dos santuários de todas as religiões e respeitará os princípios da Carta das Nações Unidas.

O Estado de Israel está disposto a cooperar com os organismos e representantes das Nações Unidas para a aplicação da resolução adotada pela Assembléia no dia 29 de novembro de 1947 e a tomar todas as medidas para realizar a união econômica de todas as partes do país.

Apelamos às Nações Unidas a fim de que elas ajudem o povo judeu a edificar seu Estado e que admitam Israel na família das nações.

Às voltas com uma brutal agressão, convidamos entretanto os habitantes árabes do país a preservar os caminhos da paz e a desempenhar seu papel no desenvolvimento do Estado sobre a base de uma cidadania igual e completa e de uma justa representação nos organismos e instituições do Estado, sejam eles provisórios ou permanentes.

Estendemos a mão da amizade, da paz e da boa vizinhança a todos os Estados que nos rodeiam e a seus povos, convidamo-los a cooperar com a nação judaica independente para o bem comum de todos.

O Estado de Israel está pronto a contribuir para o progresso da totalidade do Oriente Médio.

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Lançamos um apelo ao povo judeu do mundo todo a se ligar a nós a tarefa de imigração e de valorização, e a nos assistir no grande combate que travamos para realizar o sonho perseguido de geração em geração: a redenção de Israel.

Confiantes no Eterno Todo Poderoso, assinamos esta declaração no solo pátrio, na cidade de Tel Aviv, nesta sessão da assembléia provisória do Estado, ocorrida na véspera do shabbath, 5 lyar 5708, catorze de maio de mil novecentos e quarenta e oito.4

4 Extraído do site <http:// www.renascenca.br.htm> Acesso em: 10 de nov. 2006.

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ANEXO B:

Declaration of Independence

November 15th ,1988

In the name of God, the Compassionate, the Merciful

Palestine, the land of the three monotheistic faiths, is where the Palestinian Arab people was born, on which it grew, developed and excelled. Thus the Palestinian Arab people ensured for itself an everlasting union between itself, its land, and its history.

Resolute throughout that history, the Palestinian Arab people forged its national identity, rising even to unimagined levels in its defense, as invasion, the design of others, and the appeal special to Palestine's ancient and luminous place on the eminence where powers and civilizations are joined. All this intervened thereby to deprive the people of its political independence. Yet the undying connection between Palestine and its people secured for the land its character, and for the people its national genius.

Nourished by an unfolding series of civilizations and cultures, inspired by a heritage rich in variety and kind, the Palestinian Arab people added to its stature by consolidating a union between itself and its patrimonial Land. The call went out from Temple, Church, and Mosque that to praise the Creator, to celebrate compassion and peace was indeed the message of Palestine. And in generation after generation, the Palestinian Arab people gave of itself unsparingly in the valiant battle for liberation and homeland. For what has been the unbroken chain of our people's rebellions but the heroic embodiment of our will for national independence. And so the people was sustained in the struggle to stay and to prevail.

When in the course of modern times a new order of values was declared with norms and values fair for all, it was the Palestinian Arab people that had been excluded from the destiny of all other peoples by a hostile array of local and foreign powers. Yet again had unaided justice been revealed as insufficient to drive the world's history along its preferred course.

And it was the Palestinian people, already wounded in its body, that was submitted to yet another type of occupation over which floated that falsehood that "Palestine was a land without people." This notion was foisted upon some in the world, whereas in Article 22 of the Covenant of the League of Nations (1919) and in the Treaty of Lausanne (1923), the community of nations had recognized that all the Arab territories, including Palestine, of the formerly Ottoman provinces, were to have granted to them their freedom as provisionally independent nations.

Despite the historical injustice inflicted on the Palestinian Arab people resulting in their dispersion and depriving them of their right to self-determination, following upon U.N. General Assembly Resolution 181 (1947), which partitioned Palestine into two states, one Arab, one Jewish, yet it is this Resolution that still provides those

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conditions of international legitimacy that ensure the right of the Palestinian Arab people to sovereignty.

By stages, the occupation of Palestine and parts of other Arab territories by Israeli forces, the willed dispossession and expulsion from their ancestral homes of the majority of Palestine's civilian inhabitants, was achieved by organized terror; those Palestinians who remained, as a vestige subjugated in its homeland, were persecuted and forced to endure the destruction of their national life.

Thus were principles of international legitimacy violated. Thus were the Charter of the United Nations and its Resolutions disfigured, for they had recognized the Palestinian Arab people's national rights, including the right of Return, the right to independence, the right to sovereignty over territory and homeland.

In Palestine and on its perimeters, in exile distant and near, the Palestinian Arab people never faltered and never abandoned its conviction in its rights of Return and independence. Occupation, massacres and dispersion achieved no gain in the unabated Palestinian consciousness of self and political identity, as Palestinians went forward with their destiny, undeterred and unbowed. And from out of the long years of trial in ever-mounting struggle, the Palestinian political identity emerged further consolidated and confirmed. And the collective Palestinian national will forged for itself a political embodiment, the Palestine Liberation Organization, its sole, legitimate representative recognized by the world community as a whole, as well as by related regional and international institutions. Standing on the very rock of conviction in the Palestinian people's inalienable rights, and on the ground of Arab national consensus and of international legitimacy, the PLO led the campaigns of its great people, molded into unity and powerful resolve, one and indivisible in its triumphs, even as it suffered massacres and confinement within and without its home. And so Palestinian resistance was clarified and raised into the forefront of Arab and world awareness, as the struggle of the Palestinian Arab people achieved unique prominence among the world's liberation movements in the modern era.

The massive national uprising, the intifada, now intensifying in cumulative scope and power on occupied Palestinian territories, as well as the unflinching resistance of the refugee camps outside the homeland, have elevated awareness of the Palestinian truth and right into still higher realms of comprehension and actuality. Now at last the curtain has been dropped around a whole epoch of prevarication and negation. The intifada has set siege to the mind of official Israel, which has for too long relied exclusively upon myth and terror to deny Palestinian existence altogether. Because of the intifada and its revolutionary irreversible impulse, the history of Palestine has therefore arrived at a decisive juncture.

Whereas the Palestinian people reaffirms most definitively its inalienable rights in the land of its patrimony:

Now by virtue of natural, historical and legal rights, and the sacrifices of successive generations who gave of themselves in defense of the freedom and independence of their homeland;

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In pursuance of Resolutions adopted by Arab Summit Conferences and relying on the authority bestowed by international legitimacy as embodied in the Resolutions of the United Nations Organization since 1947;

And in exercise by the Palestinian Arab people of its rights to self-determination, political independence and sovereignty over its territory,

The Palestine National Council, in the name of God, and in the name of the Palestinian Arab people, hereby proclaims the establishment of the State of Palestine on our Palestinian territory with its capital Jerusalem (Al-Quds Ash-Sharif).

The State of Palestine is the state of Palestinians wherever they may be. The state is for them to enjoy in it their collective national and cultural identity, theirs to pursue in it a complete equality of rights. In it will be safeguarded their political and religious convictions and their human dignity by means of a parliamentary democratic system of governance, itself based on freedom of expression and the freedom to form parties. The rights of minorities will duly be respected by the majority, as minorities must abide by decisions of the majority. Governance will be based on principles of social justice, equality and non-discrimination in public rights of men or women, on grounds of race, religion, color or sex, and the aegis of a constitution which ensures the rule of law and an independent judiciary. Thus shall these principles allow no departure from Palestine's age-old spiritual and civilizational heritage of tolerance and religious coexistence.

The State of Palestine is an Arab state, an integral and indivisible part of the Arab nation, at one with that nation in heritage and civilization, with it also in its aspiration for liberation, progress, democracy and unity. The State of Palestine affirms its obligation to abide by the Charter of the League of Arab States, whereby the coordination of the Arab states with each other shall be strengthened. It calls upon Arab compatriots to consolidate and enhance the emein reality of state, to mobilize potential, and to intensify efforts whose goal is to end Israeli occupation.

The State of Palestine proclaims its commitment to the principles and purposes of the United Nations, and to the Universal Declaration of Human Rights. It proclaims its commitment as well to the principles and policies of the Non-Aligned Movement.

It further announces itself to be a peace-loving State, in adherence to the principles of peaceful co-existence. It will join with all states and peoples in order to assure a permanent peace based upon justice and the respect of rights so that humanity's potential for well-being may be assured, an earnest competition for excellence may be maintained, and in which confidence in the future will eliminate fear for those who are just and for whom justice is the only recourse.

In the context of its struggle for peace in the land of Love and Peace, the State of Palestine calls upon the United Nations to bear special responsibility for the Palestinian Arab people and its homeland. It calls upon all peace-and freedom-loving peoples and states to assist it in the attainment of its objectives, to provide it with security, to alleviate the tragedy of its people, and to help it terminate Israel's occupation of the Palestinian territories.

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The State of Palestine herewith declares that it believes in the settlement of regional and international disputes by peaceful means, in accordance with the U.N. Charter and resolutions. With prejudice to its natural right to defend its territorial integrity and independence, it therefore rejects the threat or use of force, violence and terrorism against its territorial integrity or political independence, as it also rejects their use against territorial integrity of other states.

Therefore, on this day unlike all others, November 15, 1988, as we stand at the threshold of a new dawn, in all honor and modesty we humbly bow to the sacred spirits of our fallen ones, Palestinian and Arab, by the purity of whose sacrifice for the homeland our sky has been illuminated and our Land given life. Our hearts are lifted up and irradiated by the light emanating from the much blessed intifada, from those who have endured and have fought the fight of the camps, of dispersion, of exile, from those who have borne the standard for freedom, our children, our aged, our youth, our prisoners, detainees and wounded, all those ties to our sacred soil are confirmed in camp, village, and town. We render special tribute to that brave Palestinian Woman, guardian of sustenance and Life, keeper of our people's perennial flame. To the souls of our sainted martyrs, the whole of our Palestinian Arab people that our struggle shall be continued until the occupation ends, and the foundation of our sovereignty and independence shall be fortified accordingly.

Therefore, we call upon our great people to rally to the banner of Palestine, to cherish and defend it, so that it may forever be the symbol of our freedom and dignity in that homeland, which is a homeland for the free, now and always.

In the name of God, the Compassionate, the Merciful:

"Say: 'O God, Master of the Kingdom,

Thou givest the Kingdom to whom Thou wilt,

and seizes the Kingdom from whom Thou wilt,

Thou exalted whom Thou wilt, and Thou

abasest whom Thou wilt; in Thy hand

is the good; Thou are powerful over everything." 5

5 Extraído do site < http://www.palestine-net.com/politics/indep.html >. Acesso em: 10 de nov. 2006.