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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS RIO CLARO unesp AVALIAÇÃO DE DIFERENTES ATRATIVOS EM ARMADILHA PARA COLETA DE MOSCAS ADULTAS EM GRANJAS AVÍCOLAS DE BASTOS/ SP Maria Francisca dos Santos Meneguetti CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA 07/2013 Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana .

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO

unesp

n

esp

n

esp

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES ATRATIVOS EM ARMADILHA PARA

COLETA DE MOSCAS ADULTAS EM GRANJAS AVÍCOLAS DE

BASTOS/ SP

Maria Francisca dos Santos Meneguetti

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA

07/2013

Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana .

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MARIA FRANCISCA DOS SANTOS MENEGUETTI

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES ATRATIVOS EM ARMADILHA

PARA COLETA DE MOSCAS ADULTAS EM GRANJAS AVÍCOLAS

DE BASTOS/ SP

Orientadora: Dra. Edna Clara Tucci

Co - orientadores: Dr. Marcos Roberto Potenza

Dra. Nilce Maria Soares

07/2013

Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana .

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos professores que, na rigidez de seus ensinamentos, fez aprimorar

nossos conhecimentos.

A pesquisadora científica e orientadora Dra. Edna Clara Tucci que me ajudou

a realizar este trabalho.

Ao pesquisador Científico e co-orientador Dr. Marcos Roberto Potenza que

me possibilitou a oportunidade de realizar a parte prática deste trabalho, em especial,

pela autoria das fotos tiradas para o trabalho.

A pesquisadora Científica e co-orientadora Dra. Nilce Maria Soares pela

ajuda e carisma.

A bióloga Maria Angélica pela ajuda e auxílio com a parte prática no

laboratório em Bastos.

Agradeço a minha família pela paciência, carinho e compreensão.

A Deus por ter me guiado nas viagens e nos momentos mais difíceis.

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RESUMO

A alta densidade de aves em granjas causa um grande acúmulo de esterco, um

excelente substrato para a proliferação de moscas. Em avicultura de postura, devem ser

constantes os cuidados com o controle de moscas. O presente trabalho teve como

objetivo avaliar os substratos orgânicos existentes nas granjas como atrativos para

moscas visando armadilha e atrativos de baixo custo. O material utilizado neste trabalho

foi armadilha artesanal confeccionada com garrafas pets transparentes e atrativos como

casca de ovo triturada, farinha de carne e frutas (manga e banana). Foram estudadas oito

granjas de aves poedeiras com quatro pontos de amostragem e quatro armadilhas com

atrativos penduradas por 24 horas a cada 15 dias. Para a identificação das moscas foi

utilizada uma chave taxonômica, analisando-se a venação das asas. Constatou-se que

das moscas capturadas, o atrativo a base de frutas foi o mais eficiente dentre os atrativos

avaliados. Foram capturadas moscas como a musca domestica, a Calliphoridae, Fannia,

Sarcophagidae e a Stomoxys.

Palavras – chave: atrativo, armadilhas, moscas, granja avícola.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 07

2 GRANJAS AVÍCOLAS 09

2.1 Legislação Sanitária e Avícola 10

2.2 Dípteros de Importância Avícola 11

2.2.1 Biologia 13

2.2.2 Comportamentos e Hábitos 14

2.3 Importância Sanitária 15

2.4 Controle de Moscas 16

2.5 Captura e Monitoramento 18

2.6 Atrativos 18

3 MATERIAIS E MÉTODOS 19

4 RESULTADOS 24

5 DISCUSSÃO 27

6 CONCLUSÕES 28

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 29

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FIGURAS

Figura 01- Vista aérea do município de Bastos/SP 07

Figura 02- Vista aérea das granjas avícolas 07

Figura 03- Galinhas poedeiras em gaiolas 09

Figura 04- Esterco acumulado 10

Figura 05 - Moscas na avicultura 12

Figura 06 - Larvas de moscas em estercos 14

Figura 07- Localização do município de Bastos no estado de São Paulo 19

Figura 08 - Materiais utilizados na confecção das armadilhas 20

Figura 09 - Atrativos utilizados nas armadilhas 20

Figura 10 - Armadilhas instaladas nas granjas 21

Figura 11- Armadilhas sendo recolhidas após 24 horas 21

Figura 12 - Armadilhas sendo levadas para a Unidade de Pesquisa e

Desenvolvimento/CAPTA de Bastos do Instituto Biológico 22

Figura 13 - Acondicionamento das moscas capturadas 22

Figura 14 - Lupa utilizada na identificação das moscas 23

Figura 15 - Venação de asas de moscas 23

Figura 16 - Atratividade de diferentes substratos para captura de moscas em granjas

avícolas de postura 24

Figura 17 - Percentual de moscas capturas no experimento 06

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil, o controle das moscas, na maioria dos municípios, é ausente ou

executado ineficientemente por meio de métodos inadequados. (TEIXEIRA, p. 366,

2008)

No município de Bastos (Figura 1), no interior de São Paulo, possui inúmeros

aviários (Figura 2) concentrados muito próximos a área urbana, o que explica o número

elevado de moscas.

Figura 1. Vista aérea do município de Bastos/SP.

Figura 2. Vista aérea das granjas avícolas.

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Segundo Vignau et al (2003 apud TEIXEIRA, 2008, p. 365), a presença das

moscas causa incômodo, contribui para condições de estresse e, no local de trabalho,

pode levar a perdas econômicas. As moscas, por sua capacidade de dispersão a longas

distâncias (de 2,3 até 11,8km em 24 horas), estão freqüentemente implicadas em

intoxicações alimentares e podem ser facilmente identificadas no ambiente urbano,

atuando como potenciais vetores de mais de 100 diferentes patógenos, desde vírus até

formas parasitárias.

A população excessiva de moscas pode causar diminuição na qualidade dos

ovos por sujidades depositadas pelas moscas adultas e incômodos aos vizinhos,

ocasionando reclamações e demandas nas áreas próximas aos grandes criadouros.

(EMBRAPA SUÍNOS E AVES, 1998).

Dentre os principais muscídeos que ocorrem nesse meio estão a mosca

doméstica, Musca domestica L., a mosca do estábulo, Stomoxys calcitrans (L.) e a falsa

mosca do estábulo, Muscina stabulans (Fallén). Juntamente com os califorídeos,

representam um grave problema para os granjeiros e seus vizinhos pecuaristas.

(COSTA, p. 203, 2004)

O conceito mais moderno no controle de pragas aceito mundialmente é o do

“Manejo Integrado” [...]. Também chamado de Controle Integrado, pressupõe uma

abordagem mais conjuntural e ampla da questão. (NETO, p. 20, 2008)

O controle da criação de moscas pode ser efetuado através de medidas de

controle integrado que inclui as medidas de controle mecânico, tanto do esterco quanto

das carcaças e resíduos de ovos, medidas de controle biológico e medidas de controle

químico. (EMBRAPA SUÍNOS E AVES, 1998)

No mercado existem somente produtos sintéticos disponíveis para o controle

desses dípteros, dessa forma a necessidade de maiores estudos com relação ao uso de

produtos naturais, com menores custo e maior benefício com relação a deposição de

resíduos ao meio ambiente.

Sendo assim, se torna essencial a realização de levantamentos de moscas

nesses locais, a fim de se planejar uma melhor estratégia de controle. (LOPES, 2008, p.

21)

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2 GRANJAS AVÍCOLAS

Nos sistemas modernos de criação de galinhas poedeiras as aves são mantidas

confinadas em gaiolas (Figura 3). As fezes das aves que acumulam constantemente sob

as gaiolas, constituem um excelente substrato para desenvolvimento de dípteros

sinantrópicos. (BRUNO, 1991, p.01)

Figura 3. Galinhas poedeiras em gaiolas.

Em alguns municípios paulistas, o problema com esses dípteros é muito grave

devido à existência de um número elevado de granjas avícolas próximas aos centros das

cidades. Esse fenômeno está ocorrendo devido ao contínuo crescimento das cidades em

direção à zona rural à grande expansão da indústria avícola. (BRUNO, 1991, p.01)

Muitos fatores contribuem para a manutenção e o crescimento de populações

de moscas sinantrópicas: as condições climáticas (temperatura e umidade elevadas),

saneamento básico deficiente, acondicionamento inadequado de lixo, falta de

conscientização da população e a dificuldade no controle destes insetos, agravada pela

utilização indiscriminada de inseticidas. (TEIXEIRA, p. 366, 2008)

O manejo de aves de postura implica na permanência do esterco sob as gaiolas,

por longos períodos (Figura 4). O desconhecimento sobre o seu manejo adequado e

aplicação de medidas corretas de controle de criação de moscas, fazem com que

ocorram idéias errôneas tanto sobre as causas do problema de excesso de moscas,

quanto sobre as possíveis soluções. (EMBRAPA SUÍNOS E AVES, 1998)

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Figura 4. Esterco acumulado.

Entretanto, para o uso do PMI (Programa de Manejo Integrado) de moscas é

necessário que se entenda a biologia e o comportamento das espécies de moscas, bem

como de seus inimigos naturais envolvidos em um sistema de criação, associados a um

manejo adequado do excremento (Axtell 1986). (LOPES, p. 597, 2007)

2.1 LEGISLAÇÃO SANITÁRIA E AVÍCOLA

Quando o assunto é controle de pragas em estabelecimentos alimentícios,

maiores ainda são os cuidados, as regras e as restrições.

Na verdade essa atividade profissional em nosso país, ainda hoje tem

relativamente poucas regras, sejam de alçada federal, sejam regras estaduais, sejam leis

municipais. (NETO, p. 22, 2008)

Ainda para Neto (p. 22, 2008), a esfera federal preocupa-se mais com as regras

relativas ao registro de produtos chamados de desinfetantes domissanitários (os

inseticidas e raticidas de uso urbano), repassa a fiscalização das empresas aplicadoras à

esfera estadual, geralmente às Vigilâncias Sanitárias.

Há regras legais e de boas práticas operacionais a serem seguidas quando o

assunto é o uso de produtos químicos para combater pragas em indústrias produtoras de

alimentos. (NETO, p. 78, 2008)

De acordo com a IN (Instrução Normativa) nº 56, de 4 de dezembro de 2007,

que estabelece os procedimentos para registro, fiscalização e controle de

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estabelecimentos avícolas de reprodução e comerciais, na forma de seus anexos, dispõe:

“manter registros do programa de controle de pragas, a fim de manter os galpões e os

locais para armazenagem de alimentos ou ovos, livres de insetos e roedores, animais

silvestres ou domésticos”.

E ainda de acordo com a Circular n° 004 de 01 de outubro de 2009, destina -

se à disposição e padronização dos procedimentos de inspeção para estabelecimentos

produtores de ovos e produtos derivados, que se fundamenta na inspeção de todos os

fatores que possam interferir na qualidade higiênico sanitária dos produtos expostos ao

consumo da população.

Esta circular regulamenta o programa de controle integrado de pragas deve ser

planejado visando dois objetivos principais:

• Evitar que o recinto industrial apresente um ambiente favorável à proliferação de

insetos e roedores;

• Evitar que eventuais pragas ingressem no recinto industrial.

Para atender o primeiro objetivo, este Elemento de Inspeção deve contemplar

procedimentos dirigidos à área externa. O acúmulo de água, resíduos de alimentos,

abrigos e focos de reprodução de insetos devem ser observados.

Para atender o segundo quesito a atenção deve ser dirigida para proteção de

janelas com telas, portas de vaivém, cortinas de ar, etc. A presença de insetos no recinto

industrial é uma evidência de que há falhas no sistema.

2.2 DÍPTEROS DE IMPORTÂNCIA AVÍCOLA

Em avicultura de postura, devem ser constantes os cuidados com o controle de

moscas (Figura 5). É importante lembrar que a produção excessiva de moscas pode

causar, além de prejuízos para o próprio avicultor pela transmissão de doenças, baixa

produção dos operários pelo contínuo incômodo causado pela presença dos insetos,

diminuição na qualidade dos ovos por sujidades depositadas pelas moscas e, também,

prejuízos e incômodos aos vizinhos, ocasionando reclamações e demandas.

(EMBRAPA SUÍNOS E AVES, 1998)

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Figura 5. Moscas na avicultura.

Para BRUNO (1991 apud AXTELL et all, 1985, p. 3), vários trabalhos

recomendam a utilização de programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) nas

granjas avícolas, integrando os métodos culturais, químicos e biológicos, visando

diminuir a população de dípteros sinantrópicos. O MIP tem a filosofia a combinação

dos métodos de controle de forma compatível, baseado em princípios ecológicos e

metodologias multidisciplinares, a fim de obter maior eficiência no controle da praga

reduzindo os custos e riscos ambientais.

De acordo com POLVONY (1971 apud LOPES, 2008, p. 22), a espécie de

díptero mais abundante no esterco acumulado de granjas é a M. domestica L.

(Muscidae), devido ao fato de depender exclusivamente de substratos produzidos pelo

homem.

Paiva (p. 22, 2000) ressalta que:

No esterco de poedeiras e de cama de aviário criam-se principalmente as

moscas domésticas (Musca domestica) além de varejeiras (califorídeos e

sarcofagídeos), todas moscas nocivas. Estas últimas criam-se principalmente

no esterco bem molhado pelo vazamento de bebedouros e nos ovos

quebrados e de casca mole que caem no esterco, assim como em carcaças

(em fossas mal vedadas).

As moscas buscam alimento não só nos aviários, mas são atraídas por odores

de preparo de alimentos das residências vizinhas podendo se tornar um grande

incômodo, com demandas judiciais. (PAIVA, p. 22, 2000)

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2.2.1 Biologia

As moscas têm biologia variada e muito interessante. Algumas espécies são

muito úteis e outras podem ter importância médica e veterinária, por sugarem sangue,

parasitarem tecidos e/ou transmitirem parasitos. (MARCONDES, p. 125, 2001)

As famílias mais importantes são Muscidae, Faniidae, Calliphoridae e

Sarcophagidae, além de existirem algumas espécies de importância secundária em

outras famílias. (MARCONDES, p. 125, 2001)

O tórax, assim como o restante do corpo, é comumente cinzento ou amarelado

em Muscidae, Faniidae e Sarcophagidae e de cores metálicas em Calliphoridae. As asas

são usualmente bem desenvolvidas. A veia M costuma apresentar curvatura distal em

direção a R, com morfologia útil para a identificação de alguns gêneros.

(MARCONDES, p. 125, 2001)

A asa possui um sistema de cristas ou veias que fornecem suporte. Elas servem

também como os caminhos de ar e a circulação de sangue, durante o desenvolvimento

da asa da mosca antes emerge do pupário. As veias das asas são atribuídos nomes e

números para utilização na descrição e na identificação de espécies diferentes de

moscas.

A área entre as nervuras adjacentes é chamada de uma célula. A mosca

doméstica a venação é bastante distinto e é um personagem importante (juntamente com

os outros) para identificar as espécies. (NOVARTIS ANIMAL HEALTH, 2013)

Os ovos têm forma variável e, em geral, são brancos e longos (em forma de

banana) (Figura 6). As larvas são vermiformes e não têm a cabeça diferenciada, com o

corpo progressivamente mais largo para a parte posterior. (MARCONDES, p. 126,

2001)

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Figura 06. Larvas de moscas em estercos.

As moscas são insetos que se reproduzem rapidamente fazendo seis a oito

posturas de 100 a 120 ovos durante seu curto período de vida (de 25 a 45

dias). Após a postura, os ovos eclodem em menos de 24 horas e as larvas se

desenvolvem em 4 a 6 dias. Depois de alimentadas, as larvas buscam a parte

mais seca do esterco ou o solo onde se transformam em pupas. Após 5 a 6

dias, nascem as moscas adultas. (PAIVA, 2000)

Só conseguem se alimentar de líquidos e para ingerir alimentos sólidos

regurgitam sobre eles o conteúdo do papo. Liqueifeito o alimento, suga-o armazenando

no papo para depois voltar a sorvê-lo para digerir. (PAIVA, p. 22, 2000)

2.2.2 Comportamentos e Hábitos

As moscas adultas freqüentam vários ambientes, a depender da espécie e das

condições, alimentando-se de várias substâncias. Costumam voar muito, podendo se

deslocar por 8-10 km. Em geral, têm atividade diurna e, após copular, põe algumas

centenas de ovos. Nas espécies hematófagas, moscas de ambos os sexos surgam sangue.

Os adultos de algumas espécies, cujas larvas se desenvolvem em tecidos animais, não se

alimentam ou só ingerem água neste estágio, apenas copulando e fazendo postura.

(MARCONDES, p. 126, 2001)

O esterco de aves e outros animais domésticos, especialmente quando em

criação intensiva, chamada de confinamento, pode levar à produção de números

enormes de moscas. (MARCONDES, p. 129, 2001)

A mosca doméstica é atraída tanto pelo lixo e esterco como pelo leite,

substâncias açucaradas, frutas e outros alimentos humanos, sendo um inseto comensal

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que freqüenta uma série de substratos como carniças, secreções biológicas e fezes,

acaba por contaminar a água e o alimento, que muitas vezes são consumidos pelo

homem. (PORTO VELHO, p.10, 2008)

Embora tenham capacidade de vôo de até cinco quilômetros, a maioria das

moscas criadas no esterco permanece no mesmo local, por ter alimento e substrato de

postura. Poucos elementos abandonam o local em comportamento de preservação das

espécies. (PAIVA, p. 22, 2000)

Quando uma mosca entra em um recinto fechado, depois de se alimentar,

procura abandonar o recinto e dirigir-se para o ar livre. Por isso, voa em direção à luz

natural (portas e janelas) (NETO, p. 119, 2008)

2.3 IMPORTÂNCIA SANITÁRIA

Moscas de várias espécies podem conviver com o homem e frequentar os

ambientes em que ele vive e onde mantém os animais domésticos, sendo chamadas de

sinantrópicas. (MARCONDES, p. 128, 2001)

A mosca doméstica é uma espécie que apresenta alta sinantropia e tem sido

apontada como responsável pela transmissão de mais de 60 categorias de patógenos

para o homem, animais domésticos e silvestres e por isso, é uma espécie de grande

interesse médico-sanitário. (PORTO VELHO, p.9, 2008)

Sua importância está relacionada a sua capacidade de veicular patogênicos aos

animais e ao homem, tais como bactérias, vírus, protozoários, ovos de helmintos.

(JUNIOR et AL, p.881, 2009)

Para Marcondes (p. 129, 2001):

As moscas podem transportar formas infectantes de centenas de doenças

humanas e de animais domésticos, podendo contaminar alimentos, água e

utensílios por meio da saliva, das fezes e de suas pernas, que podem reter

material. Entre as doenças, estão febre tifoide, diarreias infantis, carbúnculo,

cólera, ascaradíase, coccidioses, poliomielite, etc.

As medidas de controle têm por objetivo proteger as aves do principal

problema ocasionado por essas pragas: a transmissão de doenças. (PAIVA, p. 22, 2000)

De acordo com Paiva (p. 23, 2000):

Pesquisas demonstraram que as moscas transmitem agentes patogênicos

como: Salmonella pullorum (Gwatkin & Mitchell, 1944); Salmonella

typhimurium (McNeil & Hinshaw, 1944); Pasteurella multocida (Skidmore,

1932); Erysipelothrix rhusiopathiae( Wellmann, 1950); Staphilococcus sp,

cólera e outras bactérias entéricas, oocistos de protozoários, viroses.

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Transportam mecanicamente ovos de helmintos e servem de hospedeiro

intermediário de tênias (Hymenolepis carioca, Raillietina cesticillus,

Choanotaenia infundibulum).

Segundo Bicho et al (2004 apud LOPES, 2008, p. 22):

Relataram que o problema dos patógenos transmitidos pelas moscas vem

aumentando drasticamente nos últimos anos, com tendência a se agravar no

futuro, pois a população desses dípteros, freqüentemente é carreada para as

cidades próximas das granjas avícolas durante os meses de verão,

aumentando ainda mais os problemas de patógenos transmitidos por estes

vetores.

2.4 CONTROLE DE MOSCAS

Algumas medidas, se adotadas, proporcionam um controle eficiente de moscas

nas instalações avícolas. Como regra geral, quanto mais diversificada forem as medidas

de controle adotadas nos aviários, maior será a probabilidade de obter-se um nível de

controle satisfatório. (JUNIOR et AL, p.882, 2009)

De acordo com Neto (p.141, 2008), o conceito mais moderno no controle de

qualquer praga, roedor, inseto ou aracnídeo, na agricultura ou nos centros urbanos, é

chamado de Manejo integrado de Pragas, onde combinam três tipos de ações

complementares, sinergistas entre si e mutualmente indispensáveis: ações preventivas,

ações corretivas e ações de eliminação.

Para BRUNO (1991 apud AXTELL et all, 1985, p. 3), vários trabalhos

recomendam a utilização de programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) nas

granjas avícolas, integrando os métodos culturais, químicos e biológicos, visando

diminuir a população de dípteros sinantrópicos. O MIP tem a filosofia a combinação

dos métodos de controle de forma compatível, baseado em princípios ecológicos e

metodologias multidisciplinares, a fim de obter maior eficiência no controle da praga

reduzindo os custos e riscos ambientais.

O controle de moscas em aviários de postura é dificultado pela diversidade de

instalações, tipo de manejo das granjas, variações climáticas e principalmente pela

rápida capacidade de resistência das moscas aos inseticidas. (JUNIOR et al, p.882,

2009)

Paiva (p.21, 2000) acredita que:

Essa integração compreende a utilização de medidas de controle cultural

através de técnicas de monitoramento da população das pragas e

conhecimento do comportamento das pragas; medidas de controle mecânico,

que envolvem desde detalhes de construção, manejo de resíduos e práticas

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sanitárias e, ainda, medidas de controle químico pelo conhecimento dos

produtos a serem aplicados, do melhor momento para sua aplicação, da

quantidade a ser usada, não só para prevenir perdas por impedir uma

explosão da população da praga, mas que seja economicamente eficiente para

o produtor.

As medidas de controle mecânico têm como objetivo manter o esterco seco

impedindo a proliferação das moscas. (EMBRAPA SUÍNOS E AVES, 1998)

No controle químico, o uso de produtos adulticidas (que matam moscas

adultas) deve se limitar a aplicações nos locais onde a presença de moscas é indesejável.

(EMBRAPA SUÍNOS E AVES, 1998)

Para Cook e Gerhard (1977 apud LOPES et al, p. 597, 2007): Dentre os meios de controle, os inseticidas químicos são os mais utilizados,

porém o uso descontrolado dessas substâncias acarreta a seleção de

populações de dípteros resistentes, podendo estender-se a áreas adjacentes

afetando outras granjas. Além disso, ocasionam grande impacto sobre os

inimigos naturais desses insetos, uma vez que os larvicidas que atingem

somente a fauna-alvo, mas também acabam prejudicando os predadores e

parasitóides de moscas que ali se desenvolvem.

O controle biológico é realizado pelos inimigos naturais das moscas, como os

besouros (cascudinhos), lacrainhas e ácaros, entre outros, que se alimentam de ovos e

larvas de moscas. (EMBRAPA SUÍNOS E AVES , 1998)

O controle cultural de moscas é fundamentado no manejo do esterco (coleta,

processamento e armazenagem) e na sanitização (remoção diária de aves mortas, ovos

quebrados, ração derramada). (JUNIOR et AL, p.882, 2009)

A conscientização dos empregados da granja, obtida pela transmissão de

conhecimentos na área de controle de moscas, permite um trabalho eficiente com

resultados satisfatórios. A educação do pessoal da granja deverá ser contínua dada a

rotatividade da mão de obra. (EMBRAPA SUÍNOS E AVES, 1998)

O desenvolvimento e a aplicação de esquemas de monitoramento e de combate

às moscas fornecerá subsídios ao controle deste importante vetor, reduzindo, conse-

quentemente, as perdas econômicas decorrentes da contaminação de alimentos, o risco

da proliferação de agentes etiológicos de diversas enfermidades e a inquietação e o

estresse gerados pela presença das moscas em determinado ambiente. (TEIXEIRA, p.

366, 2008)

Hoje sabemos que não se consegue efetivamente controlar as pragas se não

intervirmos no ambiente onde elas se situam e usam para garantir sua sobrevivência.

(NETO, p. 141, 2008)

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2.5 CAPTURA E MONITORAMENTO

Alguns autores sugerem o uso de armadilhas, como medida complementar.

Existem vários modelos, porém, todos têm em comum alguns princípios básicos do

comportamento das moscas (visual e olfativo) possíveis de serem empregados em

armadilhas confeccionadas manualmente. Também o emprego de armadilhas com

feromônios atrativos as moscas é uma importante prática no manejo integrado.

(SANTOS, p. 62)

De acordo com MOUCHREK (2006, p. 20), as armadilhas cumprem a sua

função, citando - se que o funcionamento das mesmas não é baseado em produtos

químicos. Após se alimentar, as moscas voam para a parte de cima da armadilha, sendo,

então, capturadas e, com o tempo, morrem por inanição.

No experimento realizado por Walker et al (2009), as armadilhas em campo

construídas a partir de garrafas de água PET descartadas, foram muito menos eficazes

do que as armadilhas comerciais, mas pintando os topos de tais armadilhas com tinta

spray preta resultou em um aumento de seis vezes na captura de moscas na armadilha.

2.6 ATRATIVOS

Os feromônios pertencem ao grupo dos semioquímicos com ação

intraespecífica, ou seja, substância produzida por um organismo (emissor) que incita um

comportamento ou resposta fisiológica em indivíduos da mesma espécie (receptor).

(EMBRAPA PECUÁRIA SUL)

Os feromônios podem receber nomes específicos como: feromônio sexual, de

agregação, de dispersão, de alarme, de territorialidade, de marcação de trilha, de

oviposição, entre outros (HOWSE et al., 1998). A maioria dos feromônios é formada

por uma mistura de compostos. (EMBRAPA PECUÁRIA SUL)

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidos no período 8/11/2012 a 31/01/2013 em 8

granjas avícolas de aves poedeiras localizada no município de Bastos no estado de São

Paulo (Figura 7 – Bastos mapa SP).

Figura 7. Localização do município de Bastos no estado de São Paulo.

Em cada granja foram instalados 04 pontos de armadilhagem, instalados

próximos aos ranchos, depósitos de ovos, área arborizada, área livre; sendo selecionadas

granjas avícolas com diferentes plantéis (Quadro 1).

Quadro 1. Áreas experimentais utilizadas para a armadilhagem de moscas.

Granjas Nº de ranchos Metragem dos

Ranchos Plantel de Aves (aproximado)

Granja 1 37 280 m2 100 mil aves

Granja 2 27 300 m2 115 mil aves

Granja 3 42 300 m2 140 mil aves

Granja 4 19 980 m2 800 mil aves

Granja 5 60 750 m2 419 mil aves

Granja 6 30 280 m2 80 mil aves

Granja 7 33 180 m2 75 mil aves

Granja 8 47 240 m2 272 mil aves

As armadilhas foram confeccionadas com garrafas pet (politereftalato de

etileno, ou seja, polímero termoplástico transparente); barbantes, copos descartáveis de

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80 mL, arames galvanizados, sacos plásticos, fitas adesivas e vergalhão de construção

como suporte das armadilhas (Figura 8).

Figura 8. Materiais utilizados na confecção das armadilhas.

Como atrativos foram utilizados farinha de carne, casca de ovos, frutas frescas

(manga e banana) e como testemunha armadilha sem nenhum conteúdo (Figura 9). O

atrativo a base de farinha de carne foi obtida misturando-se com água quente até formar

uma pasta, apresentando odor forte. O atrativo a base de cascas de ovos foi proveniente

da quebra dos ovos frescos, misturando-se a casca macerada com o conteúdo interno

(gema e clara). Como frutas foram utilizadas mangas e bananas bem maduras

Farinha de carne Cascas de ovos

Manga e banana Nenhum atrativo (testemunha)

Figura 9. Atrativos utilizados nas armadilhas.

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Cada armadilha constou de 25g de atrativo, sendo as armadilhas fixadas em

vergalhão de construção à 1,5 metro acima do chão com uma distância de 0,5 metro

entre as mesmas (Figura 10).

Figura 10. Armadilhas instaladas nas granjas.

Em cada granja as armadilhas foram instaladas nos locais anteriormente

descritos e as mesmas recolhidas após permanência de 24 horas. (Figura 11) Após este

período as armadilhas foram recolhidas e transportadas em caixas plásticas para a

Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento/CAPTA de Bastos do Instituto Biológico

localizada em Bastos, para imediata remoção das moscas capturas. (Figura 12)

Figura 11. Armadilhas sendo recolhidas após 24 horas.

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Figura 12. Armadilhas sendo levadas para a Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento/CAPTA de Bastos

do Instituto Biológico.

As moscas capturadas nas armadilhas foram colocadas em freezer por um

período de 5 a 10 minutos na temperatura de 4ºC, para obtenção da mortalidade dos

indivíduos ainda vivos. As moscas foram acondicionadas em recipientes plásticos sobre

papel toalha e armazenadas em sala ambiente normal, para posterior identificação

(Figura 13).

Figura 13. Acondicionamento das moscas capturadas para posterior identificação.

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Inicialmente as moscas foram agrupadas por semelhança de tamanho e cor em

cada parcela experimental, sendo posteriormente identificadas no Laboratório de

Parasitoses/CPDSA do Instituto Biológico em São Paulo com o uso de uma lupa

estereoscópica (Figura 14).

Figura 14. Lupa utilizada na identificação das moscas.

Para a identificação foi utilizada uma chave taxonômica ao nível de Família,

analisando-se a venação das asas (Figura 15).

Figura 15. Venação de asas de moscas. 16A. Asa da Musca domestica, mostrando o quarto veia longitudinal (M1 +2) curvando-se para frente a

quase atender a veia R4 +5 na margem da asa.

16B. Asa da Fannia canicularis, mostrando a veia M1 +2 não curvado para atender veia R4 +5 e a

segunda veia anal curvando para a frente para o primeiro veia anal.

16C. Asa da mosca do estábulo, Stomoxys calcitrans, mostrando a veia M1+2 ligeiramente curvo para

a veia R4 +5.

16D. Asa da falsa mosca do estábulo, Muscina stabulans.

16E. Asa de lixo preto, Ophyra spp.

16F. Asa de uma mosca varejeira, Phaenicia spp. (Família Calliphoridae).

Fonte disponível em: http://www.ah.novartis.com/fhp/en/fly_species_house_fly_adult_wings.shtml.

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4 RESULTADOS

No quadro 1 verificam-se o número total de moscas capturadas em 8 granjas

avícolas de diferentes planteis em Bastos/ SP, de novembro de 2012 a janeiro de 2013 e

nos diferentes atrativos utilizados.

Quadro 1. Número total de moscas adultas capturadas nos diferentes atrativos

utilizados.

LOCAL FRUTAS FARINHA DE CARNE

CASCA DE OVO

TESTEMUNHA

Granja 1 40 4 8 0 Granja 2 105 1 6 0 Granja 3 35 2 1 0 Granja 4 125 12 9 0 Granja 6 57 3 8 0 Granja 5 103 30 14 0 Granja 7 140 26 22 0 Granja 8 156 3 6 0 TOTAL 761 81 74 0

No gráfico abaixo apresentam-se as porcentagens dos substratos de

atratividade nas amostragens das granjas que foram realizadas no experimento.

Verifica-se que a fruta, de forma geral, foi a que apresentou a maior

atratividade de moscas em todas as amostras (cerca de 83%). Já a farinha de carne, um

dos ingredientes da ração encontrada nas granjas, segue com 9% e depois vem a casca

do ovo com 8%.

Farinha de

Carne

9%

Casca de Ovo

8%

Fruta

83%

Figura 16 - Atratividade de diferentes substratos para captura de moscas em granjas avícolas de postura.

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O quadro e a figura abaixo mostram a distribuição da população de moscas

capturadas em relação aos diferentes substratos utilizados neste experimento.

Verifica-se que a musca doméstica teve um percentual maior em relação as

outras moscas capturadas, independente do atrativo (cerca de 69,39%).

Quadro 2 – Moscas capturadas nos diferentes atrativos.

MOSCAS NÚMEROS (%) MUSCA DOMÉSTICA 619 69,39 %

CALLIPHORIDAE 145 16,25 % FANNIA 90 10,08 %

STOMOXYS 36 4,035 % SARCOPHAGIDAE 02 0,224 %

TOTAL DE DÍPTERAS 892 100%

Figura 17 – Percentual de moscas capturas no experimento.

O período de armadilhagem escolhido coincide com um período de elevado

índice pluviométrico e altas temperaturas, que favorecem o ciclo de desenvolvimento

das moscas (Quadro xx).

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Quadro 3. Dados pluviométricos do período de armadilhagem.

CIIAGRO - Dados Mensais no período de 01/11/2012 até 31/01/2013

Local: Tupã

Mês Dias Dias de

Chuva Chuva

Total Média Mensal da

Chuva Total Chuva

Máxima Chuva

Mínima

janeiro 31 10 179,4 179,4 76,0 0,3

novembro 30 13 83,1 83,1 35,6 0,3

dezembro 31 13 100,5 100,5 54,1 0,3

Fonte: http://www.ciiagro.sp.gov.br/ciiagroonline/Quadros/QChuvaPeriodo.asp

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5 DISCUSSÃO

No levantamento realizado nota-se que o plantel das granjas avícolas são

variados em aves, independente da estrutura. Sendo assim verificou–se que não houve

diferenças na captura das moscas e na atratividade.

As moscas em geral são atraídas por locais em que ocorre uma disposição

inadequada de resíduos orgânicos onde depositam seus ovos para sua proliferação. No

trabalho realizado os resíduos não estavam em disposição inadequadas e sim protegidos

dentro das armadilhas, o que não houve grande atratividade de moscas nas armadilhas

com farinha de carne e casca de ovos sendo que esses substratos normalmente têm

grande atratividade.

Nas granjas em que estão sendo instalados os ranchos automatizados com

coleta de esterco em dias alternados percebe-se uma população bem menor de moscas.

Pode-se confirmar o que dizem alguns autores a respeito do Manejo Integrado de Pragas

(MIP) em relação a remoção diária de aves mortas, ovos quebrados e ração derramada.

Um dado importante que se pode relatar é a existência de vários fatores que

interferem na proliferação de moscas, dentre elas estão os confinamentos de bovinos de

corte e leite, plantações de cana-de-açúcar, grande quantidade de árvores frutíferas e

lixos orgânicos nas áreas próximas aos aviários.

Neste trabalho foi observado que na prática a importância dos controles

químicos, culturais e biológicos integrados como um conjunto de procedimentos

sanitários adequados para uma melhor eficácia no controle de moscas em

estabelecimentos avícolas.

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6 CONCLUSÃO

Constatou-se que num total de 892 moscas capturadas, o atrativo a base de

frutas foi o mais eficiente dentre os atrativos avaliados.

Os locais de armadilhagem possuem diferentes níveis populacionais de

moscas, ocasionando uma significativa variação no número de moscas capturadas,

dentre elas a musca domestica, a Calliphoridae, Fannia, Sarcophagidae e a Stomoxys

que são as que têm maior incidência em granjas avícolas no município de Bastos/ SP.

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