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  • 7/29/2019 Apostila Curso Atrativos de Minas

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    APOSTILA DO ALUNO

    ATRATIVOS TURSTICOS DE

    MINAS GERAIS

    Belo Horizonte, 2011.

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    Apresentao do Curso

    Curso distncia para a capacitao em Turismo.

    Neste mdulo o tema so os atrativos tursticos dos destinos: Ouro Preto, So

    Joo del-Rei, Tiradentes e Belo Horizonte. Assim como a videoaula, esta

    apostila est dividida em 12 captulos com textos, imagens e indicaes de

    links e questes a serem respondidas sobre o tema, com o intuito de auxiliar o

    aluno no seu processo de aprendizagem.

    O tema Atrativos tursticos o nosso objetivo neste curso.

    Inicialmente, abordamos os conceitos essenciais para o desenvolvimento e

    compreenso do que so os atrativos tursticos, de forma que o aluno possa

    utiliz-lo no seu dia a dia de forma prtica, tanto para o desenvolvimento de um

    negcio como para a valorizao de um destino turstico.

    Em seguida, descrevemos os principais atrativos tursticos de destinos em

    Minas Gerais.

    Por isto, o curso voltado para o pblico que precisa conhecer sobre as

    informaes tursticas do Estado, sua formao e sua origem.

    A viso global da histria cultural de Minas Gerais e caractersticas de cada

    cidade, com os seus principais atrativos tursticos tm como objetivo contribuir

    para que os profissionais estejam plenamente preparados para informar e

    divulgar os atrativos, proporcionando a satisfao dos turistas.

    Esperamos que todos tenham muita satisfao em participar deste curso.

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    SUMRIO

    1 - O que so Atrativos tursticos? ..................................................................... 2

    2 - Atrativo turstico Barroco mineiro ............................................................... 9

    2.1 - Barroco mineiro como atrativo turstico de Minas Gerais ...................... 11

    2.2 Msica barroca ..................................................................................... 15

    2.3 - O apogeu da msica instrumental ........................................................ 16

    2.4 - A pintura do barroco ............................................................................. 16

    3 - Breve histrico da cidade de Ouro Preto .................................................... 19

    3.1 - Antecedentes o incio de Minas Gerais .............................................. 19

    3.2 - Histrico da cidade de Ouro Preto ........................................................ 19

    4 - Atrativos tursticos de Ouro Preto I .......................................................... 27

    4.1 - Igreja de So Francisco de Assis .......................................................... 27

    4.2 - Museu da Inconfidncia ........................................................................ 284.3 - Museu da Cincia e Tcnica ................................................................. 30

    4.4 - Igreja de Nossa Senhora do Carmo ...................................................... 31

    4.5 - Museu do Oratrio ................................................................................ 32

    4.6 - Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar .............................................. 33

    5 - Atrativos tursticos de Ouro Preto II ......................................................... 36

    5.1 - Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceio de Antnio Dias........... 36

    5.2 - Museu do Aleijadinho ............................................................................ 37

    5.3 - Museu Casa dos Contos ....................................................................... 37

    5.4 - Trem do Vale Maria Fumaa................................................................. 38

    5.5 - Outros atrativos de Ouro Preto ............................................................. 39

    6 - Atrativos tursticos de So Joo del-Rei I................................................. 42

    6.1 - Breve histrico de So Joo del-Rei ..................................................... 42

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    6.2 - Igreja de So Francisco de Assis .......................................................... 43

    6.3 - Museu Municipal Tom Portes del-Rei (Casa De Brbara Heliodora) .. 45

    O Museu est instalado em um casaro estilo colonial do sculo XVIII, nacasa onde nasceu e casou Brbara Heliodora, esposa de Alvarenga Peixoto,um dos poetas inconfidentes. ....................................................................... 45

    6.4 - Memorial Tancredo Neves .................................................................... 45

    6.5 - Igreja Nossa Senhora do Rosrio ......................................................... 45

    6.6 - Solar dos Neves .................................................................................... 466.7 - Solar dos Lustosa ................................................................................. 46

    6.8 - Matriz Nossa Senhora do Pilar ............................................................. 46

    7 - Atrativos tursticos de So Joo del-Rei II ................................................ 48

    7.1 - Igreja de Nossa Senhora do Carmo ...................................................... 48

    7.2 - Solar da Baronesa de Itaverava ............................................................ 49

    7.3 - Museu Ferrovirio ................................................................................. 49

    7.4 - A linguagem dos sinos .......................................................................... 50

    8 - Atrativos tursticos de Tiradentes ................................................................ 53

    8.1 - Tiradentes ............................................................................................. 53

    8.1.1 -Tiradentes Breve histrico ............................................................ 53

    8.2 - Igreja Matriz de Santo Antnio .............................................................. 55

    8.3 - Museu Casa de Padre Toledo .............................................................. 55

    8.4 - Capela de Nossa Senhora do Rosrio .................................................. 56

    8.5 - Chafariz de So Jos ............................................................................ 56

    8.6 - Largo das Forras ................................................................................... 57

    8.7 - Gastronomia ......................................................................................... 57

    8.8 - Artesanato............................................................................................. 57

    9 - Breve histrico de Belo Horizonte ............................................................... 59

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    10 - Atrativos tursticos de Belo Horizonte - I ................................................... 63

    10.1 - Museu histrico Ablio Barreto ............................................................ 63

    10.2 - Museu Mineiro .................................................................................... 64

    10.3 - Museu da Escola ................................................................................ 65

    10.4 - Museu dos Brinquedos ....................................................................... 66

    10.5 - Praa da Savassi ................................................................................ 66

    10.6 - Praa da Liberdade ............................................................................. 67

    10.7 - Praa da Estao e Museu de Artes e Ofcios .................................... 68

    10.8 - Museu Giramundo .............................................................................. 68

    10.9 - Praa 7 ............................................................................................... 69

    10.10 - Parque Municipal .............................................................................. 69

    10.11 - Feira do Artesanato ......................................................................... 70

    10.12 - Museu das Telecomunicaes .......................................................... 7010.13 - Praa do Papa .................................................................................. 71

    11 - Atrativos tursticos de Belo Horizonte II .................................................. 73

    11.1 - Conjunto Arquitetnico da Pampulha .................................................. 73

    11.2 - Igreja de So Francisco ...................................................................... 73

    11.3 - Iate Clube............................................................................................ 74

    11.4 - Museu de Arte da Pampulha ............................................................... 75

    11.5 - Casa do Baile ...................................................................................... 77

    11.6 - Mineiro .............................................................................................. 78

    11.7 - Fundao Zoobotnica ....................................................................... 78

    11.8 - Parque Ecolgico da Pampulha .......................................................... 78

    11.9 - Mercado Central ................................................................................. 79

    11.10 - Butecos ............................................................................................. 80

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    12 - Agregamentos de valor: Inhotim e curiosidades de Minas Gerais ............ 82

    Referncias Bibliogrficas ................................................................................ 84

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    Captulo 1

    O que so atrativos tursticos?

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    1 - O que so Atrativos tursticos?

    O atrativo turstico pode ser conceituado como tudo que exera um poder

    de atrao que motive as pessoas a se deslocarem para conhec-lo.

    Para um entendimento do conceito necessrio esclarecer que existem

    elementos com o potencial para a atrao turstica so conceitualmente

    divididos em dois grandes grupos:

    Atrativos tursticos: Elementos de utilizao turstica efetiva, com

    potencial de atrao j aproveitado, total ou parcialmente. Caracterizam-sepelo fluxo turstico significativo e pela presena de estruturas receptivas

    tais como acesso, servios de alimentao ou outros;

    Recursos tursticos: Elementos com potencial de atrao turstico no

    aproveitado ou em fase incipiente de desenvolvimento. Podem vir a

    tornarem-se atrativos tursticos efetivos atravs de aes de

    desenvolvimento de curto, mdio ou longo prazo.

    Os atrativos podem ser materiais ou imateriais a exemplo de monumentos,

    edificaes, festas religiosas e o artesanato de uma regio. Portanto:

    Os atrativos tursticos podem ser naturais, culturais, atividades

    econmicas; eventos programados e realizaes tcnicas, cientficas

    e artsticas (Brasil, 2008, p.173).

    Atrativos naturais: Elementos da natureza que, ao serem utilizados para fins

    tursticos, passam a atrair fluxos tursticos. Exemplos: montanhas, rios, ilhas,

    praias, dunas, cavernas, cachoeiras, clima, fauna, flora, etc.;

    Atrativos culturais: Elementos da cultura que, ao serem utilizados para fins

    tursticos, passam a atrair fluxo turstico. So os bens e valores culturais de

    natureza material e imaterial produzidos pelo homem e apropriados pelo

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    turismo, da pr-histria at poca atual, como testemunhos de uma cultura.

    Exemplos: artesanato, gastronomia, museus, festas e celebraes,

    manifestaes artsticas, etc.;

    Atividades econmicas: Atividades produtivas capazes de motivar a visitao

    turstica e propiciar a utilizao de servios e equipamentos tursticos.

    Exemplos: fabricao de cristais, agropecuria, extrativismo, etc.;

    Realizaes tcnicas, cientficas e artsticas: Obras, instalaes, organizaes,

    atividades de pesquisa de qualquer poca que, por suas caractersticas, so

    capazes de motivar o interesse do turista e, com isso, propiciar a utilizao de

    servios e equipamentos. Exemplos: museus naturais, observatrios, aqurios,

    etc. (Fonte, MTUR)

    Aps compreender o que so atrativos tursticos e diferenci-los de outros

    conceitos correlatos, cabe mencionar da importncia de identificar e classificar

    o mesmo por meio de inventrio turstico. Identificado e classificado o atrativoturstico, faz-se necessrio avali-lo para estabelecer o seu valor e hierarquiz-

    lo para determinar a sua importncia turstica dentro do contexto municipal,

    regional ou nacional.

    A Organizao Mundial do Turismo (OMT) em conjunto com a CICATUR

    (Centro Interamericano de Capacitao Turstica da Organizao dos Estados

    Americanos) estabeleceu uma tabela de hierarquia que classifica os atrativos

    da seguinte forma:

    Hierarquia 3 - todo atrativo turstico excepcional e de grande interesse,

    com significao para o mercado turstico internacional, capaz de, por si s,

    motivar importantes correntes de visitantes, atuais ou potenciais;

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    Hierarquia 2 -Atrativos com aspectos excepcionais em um pas, capazes de

    motivar uma corrente atual ou potencial de visitantes dos mercados internos

    e externos, seja por si s ou em conjunto com outros atrativos contguos;

    Hierarquia 1 - Atrativos com algum aspecto expressivo, capazes de

    interessar visitantes oriundos de lugares distantes dos mercados internos e

    externos, que tenham chegado rea por outras motivaes tursticas ou de

    motivar correntes tursticas locais (atuais ou potenciais);

    Hierarquia 0 - Atrativos sem mrito suficiente para serem includos nas

    hierarquias superiores, mas que formam parte do patrimnio turstico, como

    elementos que podem complementar outros de maior hierarquia, no

    desenvolvimento e funcionamento de qualquer das unidades do espao

    turstico que, em geral, podem motivar correntes tursticas locais, em

    particular a demanda de recreao popular. (fonte OMT/CICATUR)

    importante ressaltar que quanto maior for o diferencial do atrativo,

    maior poder de atrao ele exercer.

    Alguns exemplos de atrativos e suas hierarquias so: a Torre Eiffel, para

    conhec-la, s indo at Paris, no existe outra igual em nenhum lugar do

    mundo. Outro bom exemplo a Muralha da China, que tambm se faz

    necessrio viajar at a China para conhec-la, pois no existe em outro lugar

    do mundo.

    Assim percebemos que pelo seu diferencial, estas edificaes exercem talpoder de atrao que no so necessrios muitos estmulos de marketing

    incentivando as pessoas a irem conhec-las; elas vo quase que

    espontaneamente, pelo seu interesse pessoal.

    No entanto, as maiorias dos atrativos encontrados no mundo concorrem entre

    si, por serem relativamente parecidos.

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    o caso das praias, que so encontradas em boa parte do planeta. Neste

    caso, o que faz uma pessoa escolher uma praia do nordeste brasileiro ao invs

    das praias do Caribe? Ou, o que faz uma pessoa escolher visitar Olinda aoinvs de Ouro Preto?

    A teoria econmica da utilidade defende que o consumidor sempre dar

    preferncia para um produto turstico que lhe proporcione maior benefcio,

    prazer e alegria.

    Utilidade pode ser definida como a qualidade que possuem os bens

    econmicos de satisfazer s necessidades humanas. Ela tambm

    considerada como o grau de satisfao que os consumidores

    atribuem aos bens e servios(LAGE E MILONE, 2001, p. 47).

    Vale ressaltar que, apesar da livre escolha do consumidor, ele sempre

    obrigado a escolher. Se ele gostar mais de um determindado bem ou servio,

    ter que abrir mo de consumir outros bens e servios. Contudo, o consumidor

    sempre procurar obter a mxima satisfao em relao aos seus gastos. No

    caso do turismo, ele ir procurar um atrativo turstico que satisfaa ao mximo

    os seus interesses particulares. Se ele gostar de teatro por exemplo, tender a

    buscar locais onde possa assistir a vrias peas, ou assistir a uma pea

    famosa, ou com atores famosos.

    Quando um turista opta por um local, ele leva em conta o atrativo turstico em

    si, a infraestrutura, os equipamentos e servios que so disponibilizados, e o

    valor que ele vai despender para usufruir deste produto turstico. Entretanto,

    alm das consideraes j citadas, os turistas levam em conta tambm o quese pode chamar de agregamento de valor.

    Agregamento tudo o que se pode acrescentar a um atrativo turstico que lhe

    agregue algum valor. O consumidor do turismo, assim como qualquer outro tipo

    de consumidor, ir tentar maximizar a sua satisfao em relao ao produto

    turismo. Ele procurar adquirir pacotes tursticos ou viajar por conta prpria

    para locais que agreguem valor ao produto adquirido.

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    Um exemplo de agregamento de valor a Festa Literria Internacional de

    Paraty, que se tornou um dos importantes festivais literrios do Brasil, com

    reconhecimento. Ora, na verdade, Paraty j uma cidade turstica consolidada,

    pela sua histria, arquitetura e natureza, mas o fato de haver um festival deste

    porte agrega valor a este atrativo turstico e, pode pesar na deciso de um

    turista na hora de escolher entre outros lugares ou aquela cidade. O turista

    opta por aquele local que lhe oferea mais opes de lazer e cultura.

    Com base nestes exemplos, podemos verificar que a avaliao ehierarquizao dos atrativos tursticos figuram como informaes auxiliares

    fundamentais para o planejamento, tornando-os mais estratgicos e

    consequentemente mais atraentes do ponto de vista de mercado. Para a

    atividade se desenvolver de forma correta sem acarretar danos ao espao que

    ocupa, precisa ser planejada de forma responsvel, visando ao bem-estar da

    comunidade receptora e a proteo dos atrativos, minimizando os impactos

    negativos e maximizando os positivos, em qualquer que seja a segmentao

    de turismo trabalhada.

    Quanto avaliao Ruschmann (1997, p. 142), coloca que:

    A avaliao dos atrativos determina seu potencial turstico e constitui

    elemento fundamental para a tomada de decises estratgicas para

    uma localidade e fornece subsdios para determinar a abrangncia

    dos projetos, a quantidade, a qualidade dos equipamentos e da

    infraestrutura por instalar.

    Quanto hierarquizao, Beni (2002, p. 388) expe que o processo que

    permiteordenar os atrativos de acordo com sua importncia turstica.A partir

    desta definio, sero organizados os atrativos existentes, e se dar valor ao

    atrativo atravs dos resultados obtidos na avaliao, e assim se ter qual a

    sua importncia no contexto do turismo onde o mesmo se insere, com base em

    critrios de determinada metodologia ou matriz de hierarquizao. Assim

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    poder dar preferncia na hora de planejar de acordo com o potencial e a

    hierarquia do atrativo.

    A avaliao tem como pertinncia mpar para o planejamento turstico, quando

    por meio do inventrio turstico se lana um olhar criterioso ao atrativo e/ou

    recurso, olhar esse que permite refletir sobre a qualificao dos mesmos,

    possibilitando a orientao do planejamento turstico na inteno de aperfeioar

    seu uso. J a hierarquizao d a chance de um destino olhar seus atrativos de

    forma hierrquica e, dessa forma focar a concentrao de esforos de

    planejamento sobre os mesmos; ainda hierarquizar franqueia localidadereceptora analisar com mais critrios seu lugar no mercado. Ambos os

    recursos, avaliao e hierarquizao, possibilitam um diagnstico mais preciso

    e robusto para o planejamento.

    Ressaltamos tambm a importncia dos cursos de qualificao. Atravs deles,

    a populao e os profissionais de turismo conhecero seus atrativos, suas

    singularidades e assim, podero interpretar a cidade para os turistas e

    melhorando o atendimento turstico.

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    Captulo 2

    Atrativo turstico Barroco mineiro

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    2 - Atrativo turstico Barroco mineiro

    Grande parte dos atrativos tursticos de Minas Gerais so histrico-culturais e

    para conhec-los, necessrio entender um pouco sobre a origem do barroco,

    qual foi sua trajetria at chegar em Minas Gerais e as singularidades que ele

    adquiriu em nossa regio.

    Embora tenha o barroco assumido diversas caractersticas ao longo de sua

    histria, seu surgimento est intimamente ligado Contra-Reforma. A arte

    barroca procura comover intensamente o espectador. Nesse sentido, a Igreja

    converte-se numa espcie de espao cnico, num teatro sacro onde so

    encenados os dramas.

    O barroco o estilo da Reforma Catlica tambm denominada de Contra-

    Reforma. Arquitetura, escultura, pintura, todas as belas-artes, serviam de

    expresso ao barroco nos territrios onde ele floresceu: a Espanha, a Itlia,

    Portugal, os Pases catlicos do centro da Europa e a Amrica Latina.

    O catolicismo barroco tambm impregnou a literatura, e uma das suas

    manifestaes mais importantes e impressionantes foram os "autos

    sacramentais", peas teatrais de argumento teolgico, reflexo do esprito

    espanhol do sculo XVII, e que eram muito apreciados pelo grande pblico, o

    que denota o elevado grau de instruo religiosa do povo.

    Contrariamente arte do Renascimento, que pregava o predomnio da razo

    sobre os sentimentos, no barroco h uma exaltao dos sentimentos, a

    religiosidade expressa de forma dramtica, intensa, procurando envolver

    emocionalmente as pessoas.

    Alm da temtica religiosa, os temas mitolgicos e a pintura que exaltava o

    direito divino dos reis (teoria defendida pela Igreja e pelo Estado Nacional

    Absolutista que se consolidava) tambm eram frequentes.

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    De certa maneira, assistimos a uma retomada do esprito religioso e mstico da

    Idade Mdia, numa espcie de ressurgimento da viso teocntrica do mundo. E

    no por acaso que a arte barroca nasce em Roma, a Capital do catolicismo.

    A escola literria barroca marcada pela presena constante da dualidade.

    Antropocentrismo versus teocentrismo, cu versus inferno, entre outras

    constantes.

    Contudo, no h como colocar o barroco simplesmente como uma retomada do

    fervor cristo.

    A sua grande diferena do perodomedieval que agora o homem, depois do

    Renascimento, tem conscincia de si e v que tambm tem seu valor - com

    exemplos em estudos de anatomia e avanos cientficos o homem deixa de

    colocar tudo nas mos de Deus.

    O barroco caracteriza-se, portanto, num perodo de dualidades, num eterno

    jogo de poderes entre divino e humano, no qual no h mais certezas. A dvida

    que rege a arte deste perodo.

    E nas emoes o artista v uma ponte entre os dois mundos, assim, tenta

    desvend-las em suas representaes.

    O barroco brasileiro foi diretamente influenciado pelo barroco portugus,

    porm, com o tempo, foi assumindo caractersticas prprias.

    A grande produo artstica barroca no Brasil ocorreu nas cidades aurferas de

    Minas Gerais, no chamado sculo do ouro (sculo XVIII). Estas cidades eram

    ricas e possuam uma intensa vida cultural e artstica em pleno

    desenvolvimento.

    O principal representante do barroco mineiro foi o escultor e arquiteto Antnio

    Francisco de Lisboa tambm conhecido como Aleijadinho. Suas obras, de forte

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    carter religioso, eram feitas em madeira e pedra-sabo, os principais materiais

    usados pelos artistas barrocos do Brasil.

    Podemos citar algumas obras de Aleijadinho: Os Doze Profetas e Os Passos

    da Paixo, na Igreja de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo

    (MG). Outros artistas importantes do barroco brasileiro foram: o pintor mineiro

    Manuel da Costa Atade e o escultor carioca Mestre Valentim. No estado da

    Bahia, o barroco destacou-se na decorao das igrejas em Salvador como, por

    exemplo, de So Francisco de Assis e a da Ordem Terceira de So Francisco.

    2.1 - Barroco mineiro como atrativo turstico de Minas Gerais

    Em 1521 um padre chamado Martinho Lutero, brigou com a Igreja Catlica e

    criou uma nova religio: a religio Luterana, que deu origem s religies:

    calvinistas, anglicanas, entre outras. Esse rompimento com a Igreja,

    historicamente recebeu o nome de A Reforma.

    Essas novas religies ficaram conhecidas na poca como Protestantes,

    porque protestavam contra o catolicismo, hoje aqui no Brasil elas so

    chamadas de evanglicas. E estava acontecendo na Europa naquele tempo,

    mais ou menos o que est acontecendo aqui no Brasil atualmente, ou seja, as

    pessoas saindo do catolicismo e indo para as novas religies.

    As autoridades catlicas comearam a se preocupar e quiseram promover a

    Contra-Reforma, ou seja, chamar os catlicos de volta para a Igreja. Para istoeles tiveram que tomar uma srie de decises sobre as quais medidas que

    deveriam ser adotadas para alcanar seu objetivo e, para isto realizaram uma

    srie de reunies. Essas reunies ficaram conhecidas como O Conclio de

    Trento, por terem se realizado na cidade de Trento, na Itlia.

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    Dentre as muitas decises que eles tomaram uma delas veio nos influenciar no

    Brasil mais de cem anos depois e especificamente em Minas Gerais.

    Como eles tinham que decorar e ornamentar os templos catlicos, precisavam

    decorar com um estilo de arte que pudesse expressar toda a magnitude e

    filosofia catlica e, que ao mesmo tempo representasse o oposto que Martinho

    Lutero pregava. E o que ele dizia? Que nas suas igrejas no teriam nenhum

    tipo pintura, nenhum tipo de escultura, nenhum tipo de imagem, porque ele

    considerava isto idolatria. Ora, se Lutero defendia isto, a Igreja deveria

    demonstrar que Deus estaria em tudo, inclusive nas artes, pois estas eram

    manifestaes de Deus.

    Assim, a Igreja comeou a procurar na Europa um estilo de arte que pudesse

    representar todo o triunfalismo catlico e descobriu que o barroco que

    comeava seu desenvolvimento se prestava bem a esse objetivo. A partir da a

    Igreja adota a arte barroca como sendo a arte oficial do catolicismo, ou seja,

    onde existem igrejas catlicas em qualquer parte do mundo, necessariamente,

    obrigatoriamente elas deveriam ser decoradas com a arte barroca.

    Naquele perodo, Incio de Loyola, um dos lderes da Contra-Reforma, cria a

    Companhia de Jesus, para divulgar o catolicismo nos novos continentes que

    estavam sendo desbravados. Foram justamente os jesutas que vieram para o

    Brasil em 1540, trazendo consigo a arte barroca e comeam a espalh-la pelo

    litoral do Brasil.

    Por isso esse barroco conhecido como o barroco jesutico, porque foram os

    jesutas que o trouxeram. Ele tambm chamado de barroco litorneo por

    estar no litoral do Brasil.

    Esse barroco recebe uma grande influncia europeia, pois os portos facilitam a

    comunicao, assim, muitos artistas vinham trabalhar no Brasil e, muitos

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    materiais eram trazidos para as igrejas litorneas. No entanto, em Minas

    Gerais, o barroco assume caractersticas bem distintas.

    A comear pela poca em que foi desenvolvido. Isto porque, no Brasil, como

    em qualquer parte do mundo, primeiro se povoa o litoral, depois se entra para o

    continente. No litoral, o barroco foi se desenvolvendo a partir de 1540 e nesta

    poca, Minas Gerais ainda no estava colonizada. Minas s foi efetivamente

    colonizada, a partir de 1700, quando o barroco chegou com uma diferena de

    tempo de cem anos em relao ao barroco litorneo brasileiro e o barroco

    europeu. Devido a este fato, o nosso barroco classificado como barroco

    tardio.

    Alm disso, naquela poca, para se chegar a Ouro Preto e outras cidades

    histricas saindo de So Paulo, o tempo mdio de viagem era de um ms e

    meio, podendo chegar a dois meses, a p, a cavalo, lombo de burro, subindo edescendo serras. Isto fez com que se tornasse muito difcil ou quase impossvel

    a importao de materiais para que fossem colocadas em nossas igrejas.

    Ento os nossos artistas tiveram que adaptar a arte barroca aos materiais que

    estavam disponveis na nossa regio, como foi o caso da pedra-sabo que foi

    muito utilizada em nossas igrejas, mas no foi to comum no litoral. Um bom

    exemplo so os azulejos das igrejas mineiras, que se diferem dos azulejos

    utilizados no litoral. A dificuldade no transporte fazia com que o azulejochegasse aqui em pedaos, em cacos. Portanto, nosso barroco se torna

    diferente tambm pelo tipo de materiais que foram empregados.

    Outro ponto importante de se destacar que em Minas naquela poca as

    pessoas no podiam estudar, porque as escolas eram proibidas pela Coroa

    Portuguesa que julgava no ser interessante ter pessoas esclarecidas em uma

    regio com tantas riquezas.

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    Isto fez com que os artistas se tornassem autodidatas, como o exemplo de

    Aleijadinho. Ele lia e escrevia, mas ele nunca frequentou uma escola de belas-

    artes para aprender a esculpir. Ele aprendia com o pai, com o tio e outrosmestres da regio. Desta forma, os artistas passaram a produzir um barroco

    com caractersticas muito regionais, sem tantas amarras com o academicismo

    internacional. Assim, o barroco mineiro comea a ser diferente tambm pelo

    regionalismo representado.

    Agora, a caracterstica mais interessante do barroco mineiro que ele foi feito

    por leigos e no por ordens religiosas. A Coroa Portuguesa proibiu em Minas

    Gerais as ordens primeiras e segundas. Ordens primeiras so padres que se

    organizam em mosteiros e as ordens segundas so as freiras que se

    organizam em conventos. No se pode conhecer, por exemplo, conventos e

    mosteiros de Minas Gerais desta poca, porque simplesmente eles no

    existiram, foram proibidos. As nicas ordens que foram permitidas em Minas

    Gerais foram s ordens terceiras, composta por leigos, pessoas do povo.

    Essas ordens tinham critrios para se estabelecer. Um deles era o critrio

    racial. As pessoas tinham a tendncia de se reunir de acordo com sua classe

    social. Desta forma existiam as irmandades de ricos, as irmandades de pobres,

    as irmandades de brancos, as irmandades de mulatos... E como cabia s

    irmandades a construo das igrejas, surgiu ento a igreja dos brancos, a

    igreja dos mulatos, a igreja dos ricos, a igreja dos pobres... E medida que a

    populao ia crescendo, comeou a surgir mais de uma igreja de ricos, mais deuma igreja de pobres e assim por diante. E isto explica o porqu do grande

    nmero de igrejas em nossa regio.

    Como no foram as ordens religiosas e sim os leigos que construram as

    igrejas, isto permitiu a entrada de muitos temas profanos da decorao dos

    templos. Profano tudo que no religioso, mas necessariamente no

    pecaminoso. Um bom exemplo so as pinturas das quatro estaes do ano, na

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    capela-mor da Igreja Matriz do Pilar, cujo tema no religioso, mas tambm

    no pecaminoso, portanto, um tema profano.

    As caractersticas que tornam o barroco mineiro diferente so:

    Foi feito tardiamente;

    Os materiais utilizados foram diferentes dos usados no litoral brasileiro e

    Europa;

    Os artistas foram autodidatas;

    As igrejas foram construdas pelos leigos e no pelas ordens religiosas;

    Utilizao de temas profanos na decorao.

    Portanto, esses elementos fizeram com que o barroco em Minas Gerais

    adquirisse caractersticas prprias. Por isso ele conhecido como barroco

    mineiro, pelas caractersticas que o distingue do barroco litorneo brasileiro e

    o barroco europeu.

    Ainda sobre o barroco, destacamos a importncia da msica e da pintura.

    2.2 Msica barroca

    A msica barroca o estilo musical correlacionado com a poca cultural

    homnima na Europa, que vai desde o surgimento da pera no sculo XVII at

    a morte de Johann Sebastian Bach, em 1750.

    Trata-se de uma das pocas musicais de maior extenso, fecunda,

    revolucionria e importante da msica ocidental e, provavelmente tambm a

    mais influente.

    As caractersticas mais importantes so: o uso do baixo contnuo, do

    contraponto e da harmonia tonal, em oposio aos modos gregorianos at

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    ento vigente. Na realidade, trata-se do aproveitamento de apenas dois modos:

    o modo jnio (modo maior) e o modo elio (modo menor).

    2.3 - O apogeu da msica instrumental

    Pela primeira vez na histria, msica e instrumento esto em perfeita

    igualdade.

    Nesse perodo a instrumentao atinge sua primeira maturidade e grande

    florescimento. Pela primeira vez surgem gneros musicais puramente

    instrumentais, como a sute e o concerto. Nesta poca surge tambm o

    virtuosismo, que explora ao mximo o instrumento musical. Johann Sebastian

    Bach e Dietrich Buxtehude foram os maiores virtuoses do rgo. Jean Philipe

    Rameau, Domenico Scarlatti e Franois Couperin eram virtuoses do cravo.

    Antonio Vivaldi e Arcangelo Corelli eram virtuoses no violino.

    2.4 - A pintura do barroco

    A pintura barroca uma pintura realista, concentrada nos retratos no interior

    das casas, nas paisagens, nas naturezas mortas e nas cenas populares

    (barroco holands). Por outro lado, a expanso e o fortalecimento do

    protestantismo fizeram com que os catlicos utilizassem a pintura como um

    instrumento de divulgao da sua doutrina.

    O mtodo favorito empregado pelo barroco para ilustrar a profundidade

    espacial o uso dos primeiros planos super dimensionados em figuras trazidas

    para muito perto do espectador e a reduo no tamanho dos motivos no plano

    de fundo.

    Outras caractersticas so: tendncia de substituir o absoluto pelo relativo, a

    maior rigidez pela maior liberdade, predileo pela forma aberta que parece

    apontar para alm delas prprias, ser capazes de continuao, um lado da

    composio sempre mais enfatizado do que o outro.

    uma tentativa de suscitar no observador o sentimento de inesgotabilidade e

    infinidade de representao, uma tendncia que domina toda a arte barroca.

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    Nos Estados protestantes, a pintura barroca assumiu caractersticas diferentes.

    Como nesses pases havia condies favorveis liberdade de pensamento, a

    investigao cientfica iniciada no Renascimento pde prosseguir.

    Ressalta-se, a importncia de conhecer um pouco sobre o barroco e suas

    caractersticas, para melhor compreender e admirar os diversos atrativos

    tursticos de Minas Gerais.

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    Captulo 3Breve histrico de Ouro Preto

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    3 - Breve histrico da cidade de Ouro Preto

    3.1 - Antecedentes o incio de Minas Gerais

    Foi somente a partir da metade do sculo XVII que surgiram grandes

    expedies exploratrias, conhecidas como bandeiras. Estes bandeirantes,

    em sua grande maioria paulistas, vieram para Minas Gerais buscando ouro,

    pedras preciosas e para escravizar os ndios que aqui existiam em grande

    quantidade. Na medida em que eles iam adentrando pelo territrio, comearam

    a encontrar ouro dentro do leito dos rios, crregos e riachos.

    Essa primeira forma de explorao chamada de ouro de aluvio, onde este

    precioso metal era retirado sob forma de pepitas.

    Com o intuito de facilitar o garimpo, medida que se ia encontrando ouro, os

    bandeirantes se estabeleciam perto dos crregos e rios, dando origens aos

    arraiais e vilas, que posteriormente se transformaram em cidades, conhecidas

    hoje como cidades histricas do perodo colonial em Minas Gerais.

    Assim se formou o estado de Minas Gerais, colonizado pelos bandeirantes

    paulistas, em busca de riquezas. As maiorias das cidades de Minas Gerais

    daquele perodo sugiram em funo da explorao do ouro. Essas cidades so

    hoje os principais atrativos tursticos de Minas Gerais e so consideradas

    patrimnios histricos. Minas Gerais o estado brasileiro com o maior nmero

    de cidades tombadas como Patrimnio Histrico Cultural da Humanidade pela

    UNESCO.

    3.2 - Histrico da cidade de Ouro Preto

    Ouro Preto nasce com a descoberta do ouro. Antes mesmo de 1700, por volta

    de 1693, o esprito de aventura e o mpeto pela riqueza fcil levam regio

    centenas de aventureiros, em sua maioria portuguesa e paulista (chamados

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    bandeirantes). Segundo a lenda, ao meter a gamela no Ribeiro Tripu para

    matar sua sede, um homem conhecido como Lopes Duarte encontra no fundo

    algumas pedras negras e resolve guard-las. De volta a Taubat, em So

    Paulo, de onde partira sua bandeira, repassa as pedras a outro homem, e

    estas chegam s mos do ento Governador do Rio de Janeiro, Artur de S e

    Menezes. Num gesto despretensioso, o governador leva boca uma das

    pedras e, trincando-a com os dentes, identifica o to cobiado metal. E para a

    surpresa de todos, descobre que era ouro recoberto de uma camada de

    paladium que o tornava preto.

    Descobriu-se ento o ouro paladiado, que posteriormente deu origem ao

    nome da cidade de Ouro Preto.

    Imediatamente procuraram o mulato Lopes Duarte pedindo que revelasse o

    local onde ele tinha encontrado as pedras. Ele no sabia a localizao comexatido, mas disse que as pedras foram retiradas de um rio chamado Tripu,

    que ficava bem debaixo de uma serra que possua um pico com um formato

    singular. Este pico era chamado pelos ndios de Itacolomi.

    O nome Itacolomi, uma corruptela de curumim, que significa criana em

    lngua indgena. O formato do Pico do Itacolomi lembra uma pedra me e uma

    pedra criana, segundo uma lenda contada pelos ndios.Imediatamente vrios grupos de bandeirantes partiram em busca do famoso

    Pico do Itacolomi.

    Entretanto, vrios anos se passaram sem que o Pico do Itacolomi fosse

    encontrado. Isto se deveu ao fato dos bandeirantes no saberem com preciso

    a sua localizao e, por se tratar de uma regio fria, no raro que as serras

    fiquem encobertas pelas nuvens. Desta forma, muitos bandeirantes passaram

    por ali e no conseguiram visualizar o Pico do Itacolomi.

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    Em 1698 a Bandeira de Antnio Dias, ao passar pela regio, redescobre por

    acaso o Pico do Itacolomi, onde resolve ento permanecer na regio e fundou

    um pequeno povoado, que posteriormente se transformou na cidade de Ouro

    Preto, sendo considerado, portanto, o fundador de Ouro Preto.

    A partir da, aumenta o nmero de bandeiras que se dirigem regio. O metal

    abundante, encontrado no leito e s margens dos rios e na encosta dos

    morros. Em sinal de devoo crist e agradecimento, os bandeirantes erguem

    rsticas capelas em adobe e palha. Numa dessas construes, possivelmente

    a atual Capela de So Joo Batista, o Padre Joo de Faria Fialho celebra a

    primeira missa da regio. A atividade mineradora torna-se naturalmente a mais

    importante, e a inexistncia de trabalho agrcola provoca fome e faz com que

    muitos aventureiros abandonem seus achados e retornem s suas terras de

    origem, retardando a efetiva ocupao do territrio.

    Apesar dos problemas de alimentao, novos aventureiros alcanam o

    eldorado. Entre 1708 e 1709, paulistas os primeiros descobridores da

    regio se revoltam contra os forasteiros, em sua maioria portuguesa, baiana

    e pernambucana. A rivalidade entre os dois grupos e a preponderncia

    administrativa dos paulistas, que faziam a distribuio de veios de ouro,

    culmina na Guerra dos Emboabas. Liderados pelo comerciante portugus

    Manuel Nunes Viana, os forasteiros saem vitoriosos, tornando mais

    democrtica a aventura do ouro.

    Aps o conflito, incrementa a vida da localidade o desenvolvimento de

    incipientes arraiais mineradores: Padre Faria Antnio Dias, Paulistas, Bom

    Sucesso, Taquaral, Sant'Ana, So Joo, Ouro Podre, Piedade, Ouro Preto e

    Caquende. A cada dia os pequenos arruamentos ganham novas edificaes, e

    o comrcio surge com certa intensidade, dando configurao urbana a primitiva

    regio mineradora. O visvel crescimento desses arraiais leva o Governador da

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    capitania, Antnio de Albuquerque Coelho de Carvalho, a criar em 1711, Vila

    Rica.

    O Arraial do Ouro Podre o que mais prospera. O comerciante portugus

    Pascoal da Silva Guimares enriquece com o ouro encontrado nas encostas do

    morro do Ouro Podre, tornando-se seu maior explorador. Indignado com o

    incio do controle portugus e a cobrana de impostos, que exigia o

    recolhimento da quinta parte do ouro extrado aos cofres da Coroa, incita a

    rebelio conhecida como Sedio de Vila Rica. Para pr fim ao movimento, o

    Governador Dom Pedro de Almeida, Conde de Assumar, toma medidas

    drsticas: manda prender e enforcar Felipe dos Santos, fiel partidrio de

    Pascoal da Silva, e incendeia o arraial do Ouro Podre, conhecido ainda hoje

    como Morro da Queimada.

    Com o correr do tempo, os arraiais mineradores crescem e a distncia que os

    separa diminui. Os arraiais de Antnio Dias e Ouro Preto se unem no Morro de

    Santa Quitria, onde hoje est a Praa Tiradentes. A rua principal toma sentido

    longitudinal, ligando as trs colinas que vo formar a futura cidade de Ouro

    Preto: Cabeas, Praa Tiradentes e Santa Efignia e, mais abaixo, o Padre

    Faria. O arraial de Ouro Preto forma com o de Antnio Dias o ncleo de Vila

    Rica, impondo seu nome, que tem origem nas primeiras descobertas do metal

    precioso.

    De 1730 a 1760, a produo aurfera atinge seu apogeu. Sabe-se que entre

    1735 e 1751 o quinto do ouro chegou a 34.275 quilos, o que leva soma de

    2.142 quilos recolhidos por ano pela Coroa. Essa a fase gloriosa de Ouro

    Preto, assinalada por suas sofisticadas construes e festas barrocas. A mais

    famosa delas foi o Triunfo Eucarstico, procisso que trasladou o Santssimo

    Sacramento da Igreja de Nossa Senhora do Rosrio para a Matriz de Nossa

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    Senhora do Pilar, por ocasio de sua inaugurao. A riqueza e a pompa do

    cortejo foram minuciosamente descritas pelo cronista Simo Ferreira Machado,

    revelando o fausto da vida social da poca.

    Ao final do Governo de Gomes Freire, em 1763, j se vislumbra a decadncia

    do ouro e o iminente colapso econmico. As dificuldades de se extrair mais

    ouro levam o governo portugus a criar novos impostos, sem se preocupar em

    dinamizar a economia colonial. Alguns anos depois, o novo governador de Vila

    Rica, Visconde de Barbacena, toma a si a misso de lanar a derrama, imposto

    compulsrio sobre os rendimentos atrasados do quinto do ouro, que, em 1788,

    ultrapassavam oito mil quilos.

    O inconformismo com a situao econmica, as informaes sobre as revoltas

    na Frana e na Amrica do Norte e a ideologia iluminista infiltrada na

    sociedade mineradora fazem nascer no seio de Vila Rica a conscincia

    revolucionria. As camadas mais abastadas comerciantes, intelectuais e

    militares conspiram e tramam a conjurao mineira em favor do ideal

    libertrio, visando separao da colnia de Portugal e Proclamao da

    Independncia. Mas o movimento, que ficou conhecido como Inconfidncia

    Mineira, frustrado pela denncia do Coronel Joaquim Silvrio dos Reis ao

    Visconde de Barbacena em 1789.

    Faziam parte do movimento Toms Antnio Gonzaga, Cludio Manuel da

    Costa, Incio Jos de Alvarenga Peixoto, Cnego Lus Vieira da Silva,

    Francisco Paula Freire de Andrade, Jos lvares Maciel e os padres Jos de

    Oliveira Rolim e Carlos Correia de Toledo, alm do alferes Joaquim Jos da

    Silva Xavier, o Tiradentes. Como mostra da fora repressora da Coroa, os

    lderes do movimento so punidos com o exlio, e Tiradentes condenado

    morte. Enforcado e esquartejado no Rio de Janeiro, sua cabea ficou exposta

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    em Vila Rica, na atual Praa Tiradentes. Os padres cumpriram pena em

    conventos de Lisboa e os demais participantes foram banidos para a frica.

    No incio do sculo XIX, a principal atividade do pas a agricultura, com a

    introduo da lavoura de caf em So Paulo e nos estados do sul. Vila Rica

    deixa de ser a referncia econmica do pas, mas continua politicamente ativa.

    Em 1823, elevada a capital da Provncia de Minas Gerais, passando a se

    chamar Imperial Cidade de Ouro Preto. Sua vocao cultural reforada com a

    criao de duas escolas de nvel superior: a Escola de Farmcia, em 1839,

    primeira da Amrica Latina, e a Escola de Minas de Ouro Preto, criada por ato

    de Dom Pedro II, em 1876, e implantada pelo francs Claude-Henri Gorceix.

    Com a proclamao da Repblica, em 1889, Ouro Preto permanece como

    capital de Minas Gerais at 1897, quando inaugurada Belo Horizonte,

    planejada e construda para esse fim.

    A partir da, a cidade esvazia-se por completo. Alm dos setores

    administrativos e econmicos, famlias inteiras transferem-se para a nova

    capital, deixando para trs memrias de um passado glorioso.

    A perda do papel administrativo de sede do Estado ser fato de grande

    importncia para a conservao das feies urbanas da antiga Vila Rica, que,

    sem a necessidade do acelerado crescimento imposto s capitais brasileiras no

    sculo XX, mantm praticamente inalterado seu conjunto arquitetnico, artsticoe natural. Em 1924, a cidade visitada pelos modernistas Oswald de Andrade,

    Mrio de Andrade, Tarsila do Amaral, acompanhados do poeta francs Blaise

    Cendrars. Esses artistas agitavam o pas com sua nova esttica, lanada na

    Semana de 22, em So Paulo, que mudaria definitivamente os padres da arte

    no Brasil. A visita serviu para revalorizar o barroco como estilo nacional,

    despertando o interesse pela figura de Aleijadinho no pas e no mundo. Desde

    ento, e sobretudo aps a criao da Universidade Federal de Ouro Preto, em

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    1969, a cidade mantm sua vocao artstica e cultural graas s suas escolas

    centenrias, aos festivais de arte e realizao de festas tradicionais.

    Ao longo dos anos, a preocupao com a preservao de Ouro Preto se

    concretizou atravs de sucessivas medidas oficiais. Em 1931, o prefeito Joo

    Batista Ferreira Velloso probe construes que alterem o aspecto colonial da

    cidade. Dois anos depois, decretada Monumento Nacional, sendo inscrita em

    1938 no Livro de Tombo do Servio do Patrimnio Histrico e Artstico

    Nacional, SPHAN. Em 1944, ano do bicentenrio do poeta e inconfidente

    Toms Antnio Gonzaga, a criao do Museu da Inconfidncia refora a

    relevncia histrica e artstica de Ouro Preto no cenrio nacional. Em 1980,

    aps importantes estudos feitos por uma equipe de especialistas vinculados

    Unesco, Ouro Preto foi a primeira cidade brasileira a ser declarada pela

    UNESCO, Patrimnio Histrico e Cultural da Humanidade, no ano de 1980.

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    Captulo 4

    Atrativos tursticos de Ouro Preto - I

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    4 - Atrativos tursticos de Ouro Preto I

    Ouro Preto foi uma das primeiras vilas de Minas Gerais e se tornou na poca

    uma das principais cidades do Brasil e do mundo. Hoje possui uma grande

    quantidade de atrativos.

    Os atrativos tursticos de Ouro Preto so:

    Igreja de So Francisco de Assis;

    Museu da Inconfidncia;

    Museu da Cincia e Tcnica;

    Igreja de Nossa Senhora do Carmo;

    Museu do Oratrio;

    Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar.

    4.1 - Igreja de So Francisco de Assis

    Construda de 1765 a 1810, considerada a obra-prima de Aleijadinho em

    termos de arquitetura e a expresso mxima do rococ em Minas Gerais.

    Aleijadinho foi seu arquiteto, escultor e entalhador.

    Adotou os materiais regionais, o itacolomito e a pedra- sabo e optou pelas

    curvas, exemplificando o chamado barroco colonial mineiro, j nas linhas do

    roroc avanando em solues prprias e rompendo com as heranas

    portuguesas.

    A Igreja de So Francisco de Assis um dos monumentos mais importantes do

    perodo colonial no Brasil e, segundo Germain Bazin:

    Entre os monumentos do Ocidente (...). Talvez seja um dos mais

    perfeitos, um dos que foram inteiramente concebidos por um nico

    homem, refletindo assim sua ideia original, sem alteraes...

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    Na parte interna o forro da nave central foi pintado por Mestre Manuel da Costa

    Atade, considerado o maior pintor do perodo colonial, que ali trabalhou de

    1801 a 1811.

    Germain Bazin considera este trabalho de Atade como sendo uma das obras-

    primas da pintura brasileira.

    O forro abaulado e ocupa todo o teto da nave. Ao centro ele representa

    Nossa Senhora da Conceio subindo aos cus, est cercada pelos anjos

    cantores e aos seus ps encontra-se o Rei Davi tocando harpa, ladeado pelos

    anjos msicos. H discusso, envolvendo vrias pesquisas, em torno da alusoa Nossa Senhora da Conceio, Padroeira da Ordem. Alguns citam Nossa

    Senhora da Porcincula, devoo da regio de Assis, na Itlia, onde se ergueu

    a famosa Baslica Franciscana, local onde Francisco reconheceu sua vocao.

    O trabalho da parte externa da Igreja de So Francisco de Assis, ornando a

    fachada, em pedra-sabo, mostra a beleza e a harmonia das obras de

    Aleijadinho.

    Por estes motivos, a Igreja de So Francisco de Assis considerada uma das

    mais importantes do Brasil. Germain Bazin fala que:

    Mesmo na Itlia, onde houve tantos artistas que foram ao mesmo

    tempo arquitetos, pintores e escultores, no existe um s monumento

    que exprima assim, em todos os aspectos, a unidade de pensamento

    de um gnio.

    4.2 - Museu da Inconfidncia

    Em 1 de junho de 1785, o ento Governador da Capitania de Minas Gerais,

    Lus da Cunha Meneses, iniciou a construo do prdio que abrigaria a Casa

    de Cmara e Cadeia, cuja planta foi de sua autoria e o desenho foi elaborado

    por Manuel Ribeiro Guimares.

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    O prdio funcionou como Casa de Cmara e Cadeia at o ano de 1862,

    quando a Cmara se retira definitivamente do edifcio, que passou a funcionar

    como priso do Estado.

    Em 1936 o ento Presidente da Repblica, Getlio Vargas, desejando

    emprestar um contedo ideolgico ao regime de exceo que implantaria,

    resolveu resgatar os restos mortais dos inconfidentes que foram degredados

    para a frica. Eles ficaram guardados no Arquivo Histrico Nacional no Rio de

    Janeiro, enquanto aguardavam a definio do local para onde iriam

    definitivamente.

    Em 1938 o prdio da antiga Casa de Cmara e Cadeia desocupou-se com a

    transferncia do Presdio do Estado para a Penitenciria Agrcola de Neves,

    nas imediaes de Belo Horizonte e, Getlio Vargas resolveu instituir um

    museu dedicado memria dos inconfidentes naquele prdio.

    Em 1942 o Museu da Inconfidncia foi finalmente instaurado com a

    inaugurao do Panteo dos Inconfidentes, que contou com a participao do

    Ministro da Educao e Sade do Governo de Getlio Vargas, o Sr. Gustavo

    Capanema.

    O Panteo dos Inconfidentes ocupa uma sala no prdio da Antiga Casa de

    Cmara e Cadeia e nele esto os restos mortais de treze dos conspiradores de

    1789. Como o Panteo no recebeu os restos mortais de todos os participantes

    da conspirao, uma lpide vazia faz uma homenagem aos inconfidentes

    ausentes.

    Alm dos tmulos dos inconfidentes, encontra-se ali o tmulo da Maria

    Doroteia Joaquina de Seixas, conhecida como Marlia de Dirceu, noiva do

    poeta Thomas Antnio Gonzaga.

    O acervo museolgico do Museu da Inconfidncia composto por peas de

    uso religioso e possui um vasto mobilirio dos sculos XVIII e XIX, lembranas

    de cada momento, que modelou a histria do Brasil.

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    O museu localizado na Praa Tiradentes, conhecida por ser palco de lutas e

    tornou-se um magnfico espao pblico da cidade colonial e um excepcional

    exemplar da cultura luso-brasileira.

    4.3 - Museu da Cincia e Tcnica

    O prdio foi construdo entre 1741 e 1748 a partir da planta do engenheiro Jos

    Fernandes Pinto Alpoim e obras de Manoel Francisco Lisboa (pai de

    Aleijadinho) para funcionar como Palcio do Governo.

    O palcio foi sede e moradia dos Governadores da Capitania de Minas Gerais,

    no Brasil-Colnia; dos Presidentes da Provncia no Imprio e dos

    Governadores de Estado na Repblica.

    Em 12 de dezembro de 1897 com transferncia da capital para Belo Horizonte,

    o prdio passou a abrigar a Universidade Federal de Ouro Preto. A

    transferncia das atividades acadmicas da Escola de Minas para o Campus

    da UFOP, no Morro do Cruzeiro, o prdio passou a abrigar o Museu da Cincia

    e Tcnica.

    O Museu da Cincia e Tcnica composto por setores temticos

    contemplando assuntos ligados aos cursos da UFOP: setor da minerao,

    setor de metalurgia, de histria natural, de astronomia, topografia e

    mineralogia.

    A mostra pioneira a de peas mineralgicas, que se confunde com a criao

    da prpria Escola de Minas, em 1876, quando seu fundador, o professor

    francs Claude Henri Gorceix trouxe da Europa as primeiras amostras minerais

    que so consideradas uma das mais completas do mundo, incluindo uma as

    maiores amostras de meteoritos do Brasil, com aproximadamente 24 mil

    amostras.

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    Logo na entrada, esto as salas do Museu de Histria Natural, constitudo por

    vrios exemplares de fsseis, esqueletos de animais terrestres e marinhos, etc.

    No setor de astronomia, um valioso acervo inclui peas nicas no Brasil como

    uma esfera armilar, simulador de eclipses, globo das constelaes e muitos

    outros instrumentos de importncia da astronomia.

    4.4 - Igreja de Nossa Senhora do Carmo

    Construda em substituio a uma antiga capelinha erigida pelos devotos de

    Santa Quitria, frequentada pela aristocracia de Vila Rica, a Igreja de Nossa

    Senhora do Carmo teve sua construo iniciada em 1766, mas somente foi

    concluda em 1776.

    O projeto da Igreja de Manuel Francisco Lisboa (pai de Aleijadinho) e foi

    posteriormente modificado por ele.

    Esta foi a ltima igreja em que o Aleijadinho trabalhou em Ouro Preto.

    A Igreja de Nossa Senhora do Carmo a mais central de Ouro Preto,

    localizada bem ao lado do Museu da Inconfidncia e domina toda a paisagem

    do local. Esta igreja traz estilo rococ e nela encontram-se tambm obras de

    Mestre Atade.

    Finalmente, h um pormenor singular nesta igreja: a presena de 10 painis

    de azulejos, os nicos existentes em Minas Gerais, salvo uma casa de fachada

    azulejada, em Ouro Preto, na Rua Filipe dos Santos, n 3. A decorao

    azulejar, to corrente nas igrejas e palcios das cidades costeiras chegavam

    diretamente de Portugal, prontas para a colocao. Para chegar a Minas os

    azulejos teriam de desembarcar no Rio de Janeiro, e ser transportados em

    dorso de burro, serra acima, numa longa travessia, ao longo do Caminho Novo.

    O custo de transporte era enorme e a mercadoria pesadssima. Os azulejos do

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    Carmo de Ouro Preto devem ter custado muito ouro rica Irmandade, que se

    permitiu esse luxo inslito. Houve azulejos em Minas, mas "fingidos" pintados

    em tbua, como em So Francisco de Assis, ou na parede, como no Carmo deSabar. J. M. dos Santos Simes, o mestre portugus da azulejaria estudou os

    azulejos do Carmo de Ouro Preto e os descreveu: 10 painis recortados de 20

    azulejos na maior altura. Rodap, de fundo marmoreado azul com

    ornamentao almofadada amarela e motivos concheados em mangans. Os

    painis so de pintura azul.

    No adro da Igreja do Carmo encontra-se o Museu do Oratrio, considerado o

    nico do Brasil, com este tipo de acervo.

    4.5 - Museu do Oratrio

    Localizado num prdio anexo Igreja do Carmo encontra-se o Museu do

    Oratrio.O sobrado, em dois pavimentos, considerado uma obra singular por

    ter funcionado como Casa do Noviciado do Carmo funo diferenciada da

    usual. Anexa ao sobrado est uma pequena construo trrea.

    O Museu do Oratrio possui acervo nico em todo o mundo: composto por

    162 oratrios e 300 imagens dos sculos XVII ao XX.

    Os oratrios foram doados pela colecionadora ngela Gutierrez ao IPHAN

    (Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional) e so peas

    genuinamente brasileiras e principalmente do estado de Minas Gerais. O

    acervo do Museu do Oratrio est em exposio nos trs andares do casaro

    histrico localizado no adro da Igreja do Carmo onde, durante algum tempo,

    morou Aleijadinho (1738-1814). O projeto museogrfico ficou a cargo do

    francs Pierre Catel.

    Os oratrios so pequenos retbulos de uso particular. O costume de se ter

    pequenos altares particulares para fazer suas oraes teve incio na realeza e

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    acabou por se estender at o povo. Praticamente em todas as casas eram

    encontrados oratrios nos quartos dos moradores ou em cmodos reservados

    para oraes.

    Visitado anualmente por mais de 50 mil pessoas, o prdio setecentista foi

    especialmente recuperado e equipado com modernos recursos tecnolgicos

    para receber a coleo.

    4.6 - Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar

    A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto, Minas Gerais, um

    das edificaes catlicas mais conhecidas entre as que foram erguidas durante

    o Ciclo do Ouro.

    Foi construda em torno de uma capela erguida a partir de 1696 ou, nos

    primeiros anos do sculo XVIII e ampliada em 1712 com recursos dos devotos,

    embora as intervenes principais tenham seguido at o final do sculo.

    J a devoo de Nossa Senhora do Pilar foi trazida provavelmente de So

    Paulo, na Bandeira de Bartolomeu Bueno, tendo a imagem sido entronizada na

    primitiva capelinha que antecedeu o templo.

    A Parquia do Pilar foi a mais rica e populosa em Vila Rica, j que reuniu o

    maior nmero de irmandades e, por isso, a Matriz recebeu mais ornamentos

    em preparao para uma "boa morte". As irmandades tinham lugares

    especficos dentro do templo, uma forma de representar e expressar ahierarquia social dos fiis.

    O projeto arquitetnico da Igreja atribudo ao arquiteto Pedro Gomes Chaves.

    considerada a igreja com maior quantidade de ouro em Minas Gerais e

    segunda com maior quantidade de ouro no Brasil.

    A inaugurao da Igreja do Pilar foi considerada, o festejo religioso mais

    importante de todos os tempos em Ouro Preto, ficou conhecido como O

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro_Pretohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Minas_Geraishttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_Ourohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Capelahttp://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIIIhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bartolomeu_Buenohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Irmandadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Irmandadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bartolomeu_Buenohttp://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIIIhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Capelahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_Ourohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Minas_Geraishttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro_Preto
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    Triunfo Eucarstico, que na verdade foi uma procisso trazendo o Santssimo

    da Igreja do Rosrio de volta para a Igreja do Pilar. Neste cortejo, composto por

    dezenas de fiis, as pessoas trajaram roupas riqussimas e usaram adornoscravejados de pedras preciosas. A pompa da procisso foi to grande, que

    imediatamente a notcia de seu acontecimento se espalhou por toda a Europa.

    Da segunda fase do barroco mineiro, a talha da parte interna da igreja foi

    executada por Francisco Xavier de Brito, considerado o mestre de Aleijadinho.

    Antnio Francisco Pombal (tio de Aleijadinho) tambm teve uma pequena

    participao nesta igreja. A quantidade de ouro na parte interna impressiona e

    faz desta igreja uma das mais bonitas do Brasil

    Seguindo para o interior da Matriz do Pilar para a parte detrs do altar-mor,

    onde se encontra a sacristia, temos acesso ao Museu da Prata, onde esto

    expostos objetos de arte sacra feitos em prata e ouro branco e paramentos que

    teriam sido usados na Procisso do Triunfo Eucarstico.

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    Captulo 5

    Atrativos tursticos de Ouro Preto - II

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    5 - Atrativos tursticos de Ouro Preto II

    Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceio e Museu do

    Aleijadinho;

    Museu Casa dos Contos;

    O Trem da Vale - Maria Fumaa entre Ouro Preto e Mariana;

    Outros atrativos de Ouro Preto: turismo ecolgico, artesanato e

    pedras preciosas.

    5.1 - Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceio de Antnio Dias

    Foi construda entre os anos de 1727 e 1760, por ordem de Antnio Dias,

    fundador de Ouro Preto. O projeto e a construo ficaram a cargo de Manuel

    Francisco Lisboa, pai do Aleijadinho, que se estendeu por vrios anos,

    especialmente dos elementos ornamentais do seu interior.

    Segundo alguns historiadores, o tio de Aleijadinho teria trabalhado na igreja

    como mestre de obras.

    A Matriz da Conceio est situada na parte baixa da cidade no lado oposto a

    Igreja Matriz do Pilar. um dos maiores templos de Ouro Preto em termos de

    tamanho. Em seu interior encontramos talha ricamente trabalhada em ouro.

    Possui oito altares laterais e no primeiro que fica ao lado direito de quem entra,

    encontra-se o altar dedicado a Nossa Senhora da Boa Morte, onde a seus psest localizado o tmulo de Aleijadinho, morto a 18 de novembro de 1814.

    No trono do altar-mor temos a imagem da Virgem, modelada em tamanho

    natural, segundo a Conceio de Murilo, ricamente ornada com resplendor,

    coroa de prata e pedras preciosas. As talhas desse altar, em colunas

    salomnicas, foram executadas pelo Mestre Felipe Vieira (1760 1765).

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    Tudo isto faz da Igreja um dos templos mais importantes de Ouro Preto, do

    perodo de Minas setecentista, por sua qualidade arquitetnica, esplndida

    ornamentao interna e tambm pelo que possibilita de contemplao dobarroco portugus transplantado para a colnia no auge, revelado em sua

    diversidade, complexidade e representatividade igrejateatro. Representa o

    estilo joanino, caracterstico da segunda fase do barroco mineiro.

    5.2 - Museu do Aleijadinho

    Localizado na parte posterior da igreja, na parte da sacristia, encontra-se o

    Museu do Aleijadinho que ocupa trs andares do prdio. O acervo composto

    por mobilirio dos sculos XVIII e XIX, peas sacras, paramentos e esculturas

    de Aleijadinho.

    Neste museu existe uma pintura de autor desconhecido que retrata o

    Aleijadinho. Esta seria a nica imagem retratada do famoso Mestre.

    5.3 - Museu Casa dos Contos

    Para chegar ao Museu, necessrio subir a ladeira que d acesso Praa

    Tiradentes e do outro lado, desce pela rua Direita.

    A edificao, que se impe pela nobreza construtiva, considerada a mais alta

    expresso da arquitetura Civil Colonial brasileira.

    Foi construdo de 1782 a 1784 para ser residncia do influente Joo Rodrigues

    de Macedo e escritrios da Casa dos Contratos. Joo Rodrigues de Macedo

    era o arrematante: uma espcie de coletor pblico da arrecadao tributria

    das Entradas e Dzimos de todas as mercadorias que eram comercializadas

    em Vila Rica. Era o homem mais rico da regio e foi um participante oculto da

    Inconfidncia. Seu contador, Vicente Vieira da Mota, acabou preso e deportado

    e comprovou-se que as reunies dos inconfidentes eram realizadas na Casa

    dos Contos, com Macedo presente.

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    Em 1789, parte do edifcio foi alugado para sediar a Companhia do Esquadro

    do Vice-Rei, que estava em Ouro Preto para reprimir a Inconfidncia Mineira.

    Endividado, em 1793, Joo Rodrigues de Macedo alugou o piso trreo da

    residncia para o Governo, que ali instalou a Junta Real da Fazenda e a

    Intendncia do Ouro. A partir da a casa ficou conhecida como Casa dos

    Contos. Com a insolvncia do contratador o prdio passou a pertencer ao Real

    Errio (1803).

    A Casa dos Contos abrigou tambm a Casa de Fundio de Ouro e durante a

    Inconfidncia Mineira, alguns aposentos do primeiro pavimento serviram depriso para alguns inconfidentes. Foi nesta casa, debaixo de uma escadaria

    que Cludio Manuel da Costa foi encontrado enforcado. A Coroa Portuguesa

    divulgou na poca que o inconfidente teria se suicidado, contudo, a maioria dos

    historiadores acredita que ele tenha sido morto por enforcamento.

    O Museu Casa dos Contos ocupa os trs andares do prdio e abriga tambm o

    Centro de Estudos do Ciclo do Ouro. Durante a visita o turista no pode deixar

    de conhecer o sistema sanitrio da casa, que era extremamente avanado para

    a poca, a Senzala com peas alusivas ao perodo da escravido em Minas

    Gerais e a mostra de moedas e cdulas do Brasil existentes desde o perodo

    colonial aos dias atuais.

    5.4 - Trem do Vale Maria Fumaa

    A construo do ramal de Ouro Preto foi iniciada em 1883, tendo seu

    prolongamento at Mariana concludo em 1914. Percorre um trecho de 18 km

    interligando a cidade de Ouro Preto a Mariana.

    A tradicional Maria Fumaa do trecho voltou aos trilhos, puxando uma

    composio mvel eu inclu um vago panormico, que foi especialmente

    adaptado para que os turistas possam ter viso excepcional da paisagem

    durante a viagem, que dura cerca de 1 hora. Os prdios das estaes do

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    percurso - Ouro Preto, Vitorino Dias, Passagem de Mariana, foram restaurados

    e o paisagismo de suas reas externas foi recuperado.

    O trem um investimento turstico da Vale do Rio Doce e do Ministrio do

    Turismo, que recuperou o antigo trajeto entre as duas cidades, iniciando as

    viagens em 2006. As Estaes de Ouro Preto e Mariana mantm-se

    conservadas, com exposies explicativas da ferrovia e suas histrias.

    Funciona nos dias de sextas, sbados, domingos e feriados. A sada de Ouro

    Preto s 11 horas e o retorno de Mariana ocorre s 14 horas.

    O passeio de Maria Fumaa atrai grande quantidade de turistas que querem

    vivenciar um pouquinho da atmosfera do passado e um dos passeios

    imperdveis de Ouro Preto.

    5.5 - Outros atrativos de Ouro Preto

    Alm das Igrejas e Museus Ouro Preto oferece uma variada gama de opes

    para quem gosta de natureza e de participar de festas religiosas e culturais.

    No s a cidade de Ouro Preto, mas o seu entorno, com seus Distritos como

    Glaura, Amarantina, Cachoeira do Campo atraem diferentes turistas

    interessados na histria e nas festas populares.

    E ainda, para o visitante com interesse especfico na observao da natureza,

    na geologia, na fauna e na flora, Ouro Preto oferece vrias alternativas como o

    Parque do Itacolomi, que possui reas remanescentes da Mata Atlntica e a

    rea de Proteo Ambiental Estadual Cachoeira das Andorinhas, que abriga

    um patrimnio natural bem preservado.

    O artesanato em pedra-sabo outro grande atrativo turstico de Ouro Preto.

    Para encontr-lo basta visitar a feira livre que fica em frente Igreja de So

    Francisco de Assis ou ir nas lojas que revendem as peas, ou nas prprias

    fbricas que ficam nos arredores da cidade. Nelas o turista pode observar o

    prprio arteso trabalhando a pedra.

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    Uma das peas mais procuradas em pedra-sabo a panela de pedra. Quem

    quer se aventurar a fazer uma comida com o tpico gostinho mineiro, precisa

    desse item obrigatrio. Ela pode ser levada ao forno e no fogo, no possuicheiro e no altera o sabor dos alimentos. Existem lojas que so

    especializadas em panelas de pedra.

    Outro atrativo importante de Ouro Preto so as lojas que comercializam as

    pedras preciosas e semipreciosas de Minas e de outros pases.

    Minas Gerais um dos plos geolgicos mais importantes do mundo. No

    subsolo do Estado encontra-se uma das maiores variedades de minerais doplaneta e, Ouro Preto o nico local no mundo em que o topzio imperial

    extrado e comercializado.

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    Captulo 6Atrativos tursticos de So Joo del-Rei- I

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    6 - Atrativos tursticos de So Joo del-Rei I

    Breve histrico de So Joo del-Rei;

    Igreja de So Francisco de Assis;

    Museu Municipal Tom Portes del-Rei (Casa Brbara Heliodora);

    Memorial Tancredo Neves;

    Igreja de Nossa Senhora do Rosrio;

    Solar dos Neves;

    Solar dos Lustosa;

    Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar.

    6.1 - Breve histrico de So Joo del-Rei

    A regio comeou a ser povoada no final do sculo 17, quando o bandeirante

    Tom Portes del-Rei, consegue permisso real para cobrar pedgio para

    travessia do Rio das Mortes. Como parte deste pedgio deveria ser destinado

    ao rei, o local passa a ser chamado de Porto Real da Passagem. O Rio das

    Mortes era um dos inmeros obstculos que os bandeirantes tinham que

    enfrentar em suas andanas por Minas e muitos morreram na tentativa de

    atravess-lo.

    Por volta do ano de 1702, o bandeirante Joo de Siqueira Afonso descobre

    ouro no Rio das Mortes, que se transforma ento em local de minerao.

    Em 1709, a regio foi palco do primeiro conflito armado de Minas: a Guerra dos

    Emboabas, que se iniciou em Sabar e se estendeu at So Joo del-Rei. O

    desfecho final dessa guerra acontece s margens do Rio das Mortes, num local

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    que ficou conhecido como Capo da Traio, entre So Joo e Tiradentes,

    quando os paulistas se renderam e foram traioeiramente dizimados pelos

    portugueses e aliados, que eram conhecidos como Emboabas.

    Em 1713 o arraial foi elevado categoria de Vila com nome de So Joo

    del-Rei em homenagem a D. Joo V, rei de Portugal e a Tom Portes del-Rei.

    So Joo del-Rei, aps a decadncia da explorao aurfera, por ser uma

    regio muito frtil, se dedicou agricultura, conseguindo refazer sua economia.

    Em 1838, foi elevada categoria de cidade e se tornou uma das principais

    cidades de Minas.

    A riqueza da agricultura e do comrcio traz grande prosperidade. A cidade se

    torna um centro comercial, cultural e poltico da Capitania e do Imprio e

    recebe o ttulo de Celeiro de Minas. O progresso chega de muitas maneiras:

    atravs da organizao e melhoramento do espao e dos servios urbanos;atravs da fundao de inmeras escolas, associaes, etc; atravs da

    instalao da primeira casa bancria (1860), da Estrada de Ferro Oeste de

    Minas (1881), das fbricas (laticnios, curtumes, txteis -1891, etc). No final do

    sculo XIX a cidade quase foi eleita Capital de Minas, sem, contudo, perder

    suas tradicionais caractersticas: a religiosidade e a f de seu povo e a

    grandeza de sua arte e de suas manifestaes populares.

    6.2 - Igreja de So Francisco de Assis

    A Igreja de So Francisco de Assis foi construda em substituio a uma

    pequena capela do mesmo nome. O projeto original do Aleijadinho e o mestre

    Francisco de Lima Cerqueira foi contratado para executar o risco.

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    Francisco de Lima Cerqueira acabou introduzindo vrias mudanas no projeto

    original. Substituiu as torres oitavadas, modificou o desenho dos culos da

    nave e alterou o arco-cruzeiro.

    Na fachada da Igreja esto esculpidos os smbolos da ordem franciscana,

    sendo que a portada foi executada pelo Aleijadinho. A escultura do fronto foi

    executada atribuda a Aniceto Souza Lopes.

    Na capela-mor encontra-se um raro lustre de cristal Bacarat, doado por

    D.Pedro II. No altar-mor v-se So Francisco, ajoelhado frente a uma cruz,

    recebendo as cinco chagas de Cristo.

    Existe uma lenda que narrada por Lcia Machado de Almeida em seu livro

    Minas Gerais: Roteiro Turstico-Cultural das Cidades Histricas, sobre a

    imagem do Cristo que est no altar principal. Segundo ela:

    Terminada a construo da igreja, os membros da Irmandade de So

    Francisco de Assis estavam reunidos na Casa da Ordem, a fim de

    combinar a quem haveriam de encomendar uma imagem do Senhor

    de Monte Alverne. Eis que aparece um velho mendigo pedindo

    pousada por uma noite. Levaram-no a um quarto no poro, onde ele

    se trancou, de janela e porta fechadas. Como durante trs dias no

    deu sinal de si, julgaram-no morto e arrombaram a porta. No havia

    ningum e, em vez da misteriosa criatura, encontraram uma escultura

    representando o Senhor de Monte Alverne, em tamanho natural.

    A imagem foi colocada no altar-mor, onde encontra-se at hoje.Os seis altares laterais apresentam caracterstica curiosa. Quando os tcnicos

    do IPHAM na dcada de cinquenta do sculo XX retiraram a camada de gesso

    que revestia os altares, descobriu-se que a madeira utilizada foi a sucupira, o

    que detalhe raro, pois este tipo de madeira muito dura para ser esculpida.

    No cemitrio da Igreja de So Francisco, localizado em sua parte posterior,

    encontra-se o tmulo do ex-Presidente da Repblica, Tancredo de Almeida

    Neves.

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    6.3 - Museu Municipal Tom Portes del-Rei (Casa De Brbara Heliodora)

    O Museu est instalado em um casaro estilo colonial do sculo XVIII, na casaonde nasceu e casou Brbara Heliodora, esposa de Alvarenga Peixoto, um dos

    poetas inconfidentes.

    No mesmo prdio funciona a Secretaria Municipal de Turismo e Cultura.

    O acervo do Museu composto por peas variadas como: oratrios, mveis,

    fotos, telas e imagens. Ao fundo est instalada a Biblioteca Municipal Batista

    Caetano de Almeida. Possui precioso acervo com obras antigas e raras comoL'ncyclopedie Methodique de Diderot e d'Alembert e o jornal poltico francs

    Le Moniteur Universel, alm de volumes de autores clssicos da literatura

    latina, francesa, inglesa e portuguesa dos sculos XVIII e XIX.

    6.4 - Memorial Tancredo Neves

    O Memorial Tancredo Neves funciona em um casaro situado na rua Padre

    Jos Maria Xavier n 7, ao lado da Ponte do Rosrio.

    O prdio possui nove salas de exposio que resgatam a vida do ex-Presidente

    desde sua infncia at sua morte em 1985.

    6.5 - Igreja Nossa Senhora do Rosrio

    Igreja de Nossa Senhora do Rosrio foi construda pela Irmandade de Nossa

    Senhora do Rosrio e So Benedito dos Homens Pretos. No ano de 1753

    passou a apresentar o atual prtico com elementos decorativos e a elegante

    porta almofadada. Em 1936 a fachada foi adaptada para abrigar as duas torres.

    O interior bastante simples. No altar-mor, h uma bonita imagem de Nossa

    Senhora do Rosrio.

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    6.6 - Solar dos Neves

    O imponente casaro chama a ateno do turista pela sua beleza econservao. Nele moraram o ex-Presidebnte, o Ilustrssimo Senhor Tancredo

    de Almeida Neves e, sua esposa D. Risoleta Neves.

    6.7 - Solar dos Lustosa

    Este sobrado pertence famlia do dentista Paulo de Almeida Lustosa, criador

    da Cera Dr. Lustosa, utilizada para dor de dente. Conhecido no pas e no

    exterior desde 1922, o medicamento preparado, ainda hoje, artesanalmente,no andar trreo do sobrado.

    O consultrio, a biblioteca e o laboratrio do Dr. Lustosa foram transformados

    em um pequeno museu. Equipamentos, mobilirio e embalagens antigas

    ilustram a produo da famosa cera da poca do dentista.

    6.8 - Matriz Nossa Senhora do Pilar

    A Igreja de Nossa Senhora do Pilar foi construda em 1721 por iniciativa da

    Irmandade do Santssimo Sacramento em substituio a uma antiga capela,

    incendiada durante a Guerra dos Emboabas. No incio do sculo XIX, a

    Irmandade decidiu ampliar a igreja. Demoliu o frontispcio original e reconstruiu-

    o em estilo neoclssico a partir do risco feito por Manoel Vitor de Jesus.

    Os altares laterais da igreja possuem lmpadas de prata suspensas, uma delas

    doada pelo poeta e inconfidente Incio Jos de Alvarenga Peixoto, em 1778.No ano de 1960 a igreja foi elevada a catedral, e em 1965 recebeu o ttulo de

    baslica, passando a se chamar Igreja Catedral Baslica de Nossa Senhora do

    Pilar.

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    Captulo 7

    Atrativos tursticos de So Joo del-Rei - II

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    7 - Atrativos tursticos de So Joo del-Rei II

    Igreja de Nossa Senhora do Carmo;

    Solar da Baronesa;

    Estao da Maria Fumaa;

    A linguagem dos Sinos: patrimnio imaterial de So Joo del-Rei.

    7.1 - Igreja de Nossa Senhora do Carmo

    As obras da Igreja da Ordem 3 do Carmo foram executadas ao longo de dois

    sculos.

    Diferentemente das outras igrejas, o interior desta todo revestido de branco,

    uma vez que no foi possvel a concluso das pinturas e douramento dos

    altares.

    Erguida na fase urea do rococ, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo traz

    inovaes do estilo: a portada ricamente elaborada por elementos escultricos

    e as torres octogonais ligeiramente recuadas do plano da fachada.

    No consistrio h um conjunto de mesa com oito ps e cadeiras de alto

    espaldar em jacarand, tpico do perodo setecentista, atribudo ao artista

    Manuel Rodrigues Coelho, que realizou a capela-mor, os plpitos e o medalho

    do arco-cruzeiro.

    Um bonito porto de ferro forjado emoldura a entrada do cemitrio prximo

    igreja.

    Um de seus destaques uma imagem inacabada, encontrada no sculo 20, de

    um Cristo crucificado. desconhecida a autoria da imagem, assim como o

    motivo dela estar inacabada, sendo muitas as lendas sobre sua origem.

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    7.2 - Solar da Baronesa de Itaverava

    O jogo de telhados e a longa sacada com balco em ferro rendilhado marcamesta construo, que pertenceu famlia da Baronesa de Itaverava. Parte dela

    abriga a Diretoria Executiva da Fundao de Ensino Superior de So Joo

    del-Rei Funrei e, desde maio de 2000, o prdio cede espao tambm ao

    Centro Cultural da Funrei, que mantm uma galeria de arte e um auditrio.

    7.3 - Museu Ferrovirio

    O prdio da Estao Ferroviria Centro Atlntica foi inaugurado em 1881, porD. Pedro I e sua esposa D. Tereza Cristina e faz parte do Centro de

    Preservao da Histria Ferroviria de So Joo del-Rei, composto pela oficina

    de manuteno, o armazm ferrovirio, almoxarifado e a Rotunda. Esses

    prdios pertenciam antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas EFOM.

    Este prdio d acesso ao Museu Ferrovirio, ao Prdio da Oficina e Rotunda,

    local onde a locomotiva faz as manobras de retorno.

    O Museu Ferrovirio funciona no antigo prdio do armazm de carga da

    ferrovia. Em seu acervo encontram-se vrias locomotivas, dentre elas a

    primeira locomotiva da Estrada de Ferro Oeste de Minas, com o vago em que

    D. Pedro II viajou.

    O inconfundvel apito que ecoa pelas montanhas entre So Joo del-Rei e

    Tiradentes o aviso: l vem a Maria fumaa apresentando a centenas de

    turistas algumas das belas paisagens do Campo das Vertentes de Minas, como

    fazendas centenrias, o traado sinuoso do Rio das Mortes e uma flora

    diversificada.

    O passeio de Maria fumaa percorre 12 km entre as cidades de So Joo

    del- Rei e Tiradentes e hoje a nica ferrovia do Brasil que utiliza uma bitola

    estreita, de 76 centmetros, a fez herdar o carinhoso apelido de Bitolinha. A

    ferrovia chegou a atingir 684 km de extenso. A Maria fumaa funciona as

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    sextas, sbados, domingos e feriados. Nos meses de janeiro e julho o trem

    circula de quinta a domingo.

    7.4 - A linguagem dos sinos

    Ao caminhar pelas ruas de So Joo del-Rei, fique atento para um de seus

    mais singulares atrativos tursticos: a linguagem dos sinos.

    So Joo del-Rei uma das poucas cidades de Minas que mantm a tradio

    colonial da linguagem dos sinos.

    Nesta bela cidade, os sinos tocam para as mais diversas ocasies, e cada

    toque, dobre ou repique possui um significado, que entendido pelos so

    joanenses. Os toques anunciam o nascimento de uma criana, a morte de um

    morador ou chamam a comunidade para participar de algum evento.

    A linguagem dos sinos chega ao requinte de detalhar o contedo das

    mensagens transmitidas, como por exemplo: nos avisos de missas, a cada

    meia hora e quinze minutos antes da celebrao, o sino pequeno toca com

    pancadas seguidas. Se quiserem indicar quem ser o padre que ir celebrar a

    missa, ao final de cada toque de entrada, tocam-se pancadas espaadas. E se

    for uma missa festiva, os repiques vm depois da entrada e tambm no final.

    Esta tradio um dos mais preciosos patrimnios imateriais de So Joo

    del-Rei e, um grande agregamento de valor aos atrativos tursticos da cidade.

    Alm da linguagem dos sinos So Joo del-Rei possui manifestaes culturais

    significativas e o turista no pode deixar de assistir as apresentaes das

    tradicionais orquestras e coros da cidade, como a Orquestra e Coro Ribeiro

    Bastos, a Banda Musical Municipal Santa Ceclia e a famosa Orquestra e Coro

    Lira Sanjoanense, que foi fundada pelo mestre de msica Jos Joaquim

    de Miranda em 1776.

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    O artesanato tpico so as peas em estanho. H uma grande quantidade de

    fbricas e lojas espalhadas pela cidade e comprovando sua importncia, o

    estanho possui at um museu: o Museu do Estanho John Somers. O acervodisponibilizado abrange grande variedade de peas de vrias pocas e pases.

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    Captulo 8

    Atrativos tursticos de Tiradentes

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    8 - Atrativos tursticos de Tiradentes

    Breve histrico de Tiradentes;

    Museu Padre Toledo;

    Igreja Matriz de Santo Antnio;

    Chafariz de So Jos;

    Igreja da Nossa Senhora do Rosrio;

    Largo das Forras;

    Gastronomia;

    Artesanato.

    8.1 - Tiradentes

    A pequena cidade de Tiradentes possui uma populao de cerca de 6.547habitantes (IBGE 2007).

    cortada pela belssima Serra de So Jos, que uma rea de proteo

    ambiental e considerada pela Organizao das Naes Unidas UNESCO,

    uma reserva da biosfera.

    O Rio das Mortes circunda da cidade, enquanto o Rio Elvas percorre a parte

    central da cidade.

    8.1.1 -Tiradentes Breve histrico

    A cidade de Tiradentes originou-se do pequeno arraial da Ponta do Morro,

    formado em incios do sculo XVIII. Desde os ltimos anos do sculo XVII, o

    paulista Tom Portes del-Rei explorava o direito de passagem s margens do

    Rio das Mortes, num ponto conhecido como Porto Real da Passagem. Em

    1702 Joo de Siqueira Ponte chega regio e, em companhia de Tom Portes,

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    descobre ouro nos crregos da redondeza. O local, denominado Ponta do

    Morro, logo se transforma em arraial com o afluxo crescente de garimpeiros.

    Pouco tempo depois, passa a se chamar Arraial da Ponta do Morro de SantoAntnio, em louvor ao santo de devoo dos moradores que a se reuniram e

    ergueram uma capela.

    Graas abundncia do ouro encontrado, o arraial desenvolve-se

    rapidamente, sendo elevado categoria de vila em 1718, quando recebe a

    denominao de So Jos del-Rei. Nas primeiras dcadas do sculo XVIII, foi

    construda a maior parte de seu casario e de suas edificaes religiosas, como

    a Igreja de Nossa Senhora do Rosrio, em 1708, e a Matriz de Santo Antnio,

    em 1710. Ao redor das igrejas e capelas, localizadas em pontos elevados da

    cidade, as casas foram se firmando numa configurao que permanece at

    hoje.

    Em 1889 recebe nova denominao, passando a se chamar Tiradentes, em

    homenagem ao heri da Inconfidncia Mineira, Joaquim Jos da Silva Xavier.

    Dessa poca em diante, a cidade experimenta certo ritmo de expanso

    comercial com a implementao do ramal ferrovirio da Estrada de Ferro

    Oeste-Minas e, mais tarde, do sistema rodovirio.

    Hoje, uma das importantes fontes de renda da cidade o turismo, mantido

    graas ao grande interesse por seu conjunto arquitetnico colonial, quase

    inalterado. A cidade foi tombada como Patrimnio Histrico Nacional em 1938

    pelo Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional - Iphan,

    resguardando-se no s seu conjunto arquitetnico como tambm reas deseu entorno paisagstico, especialmente a imponente Serra de So Jos com

    agradveis cachoeiras e vegetao remanescente da Mata Atlntica.

    Tiradentes uma das cidad