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Para usar trechos deste capítulo use a referência a seguir: LOURENÇO, Katia Regina Conrad; MEIRELES, Antônio Rauf Alves Di Carli; MENDONÇA, Suelene Regina Donola. Identidade, Cultura e Língua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Língua Brasileira de Sinais. Taubaté: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46. Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 25 UNIDADE 2 Identidade, Cultura e Língua de Sinais: O Mundo do Surdo Nesta unidade, vamos conhecer este sujeito de quem viemos falando na primeira unidade. Falamos da sua história, seus direitos e seus fundamentos educacionais. Agora iremos conhecer quem é este que chamamos por “Surdo”. A importância desta descrição se dá especialmente porque quando falamos de uma concepção sócio-antropológica ou epistemológica (concepções do ponto de vista educacional, psicológico, sociológico) não podemos confundir com concepções biológicas. O sujeito Surdo do ponto de vista das ciências da saúde (biológicas) define- se por um corpo danificado. O ser deficiente que precisa ser curado e/ou reabilitado. Porém, estamos aqui para falar deste sujeito como um ser social, independente de suas limitações, dificuldades. Falamos aqui do Surdo como um sujeito capaz, parte da sociedade e que possui identidades próprias, cultura e também uma língua diferentes dos demais que habitam o mesmo espaço, pois os que ouvem terão outras identidades, outra língua e outra cultura a ouvinte. Ao focalizar a representação da identidade surda em estudos culturais, tenho de me afastar do conceito de corpo danificado para chegar a uma representação da alteridade cultural que simplesmente vai explicar a identidade surda. O conceito de corpo danificado remete a questões de necessidade de normalização, o que significa trabalhar o sujeito surdo do ponto de vista do sujeito normal ouvinte (PERLIN, 2005). Para Brasil (2004) quebrar o modelo-padrão, a ideia de deficiência é enxergar as restrições de ambos: Surdos e ouvintes. Por exemplo: enquanto Surdos não conversam no escuro, ouvintes não conversam debaixo d'água; enquanto Surdos se comunicam sem problemas entre ruídos e sons altos ou a grandes distâncias, ouvintes não conseguem se comunicar, a menos que gritem.

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    LOURENO, Katia Regina Conrad; MEIRELES, Antnio Rauf Alves Di Carli; MENDONA, Suelene

    Regina Donola. Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Lngua Brasileira de Sinais. Taubat: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46.

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    UNIDADE 2

    Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo

    Nesta unidade, vamos conhecer este sujeito de quem viemos falando na

    primeira unidade. Falamos da sua histria, seus direitos e seus fundamentos

    educacionais. Agora iremos conhecer quem este que chamamos por Surdo. A

    importncia desta descrio se d especialmente porque quando falamos de uma

    concepo scio-antropolgica ou epistemolgica (concepes do ponto de vista

    educacional, psicolgico, sociolgico) no podemos confundir com concepes

    biolgicas.

    O sujeito Surdo do ponto de vista das cincias da sade (biolgicas) define-

    se por um corpo danificado. O ser deficiente que precisa ser curado e/ou

    reabilitado. Porm, estamos aqui para falar deste sujeito como um ser social,

    independente de suas limitaes, dificuldades. Falamos aqui do Surdo como um

    sujeito capaz, parte da sociedade e que possui identidades prprias, cultura e

    tambm uma lngua diferentes dos demais que habitam o mesmo espao, pois os

    que ouvem tero outras identidades, outra lngua e outra cultura a ouvinte.

    Ao focalizar a representao da identidade surda em estudos culturais, tenho de me afastar do conceito de corpo danificado para chegar a uma representao da alteridade cultural que simplesmente vai explicar a identidade surda. O conceito de corpo danificado remete a questes de necessidade de normalizao, o que significa trabalhar o sujeito surdo do ponto de vista do sujeito normal ouvinte (PERLIN, 2005).

    Para Brasil (2004) quebrar o modelo-padro, a ideia de deficincia

    enxergar as restries de ambos: Surdos e ouvintes. Por exemplo: enquanto

    Surdos no conversam no escuro, ouvintes no conversam debaixo d'gua;

    enquanto Surdos se comunicam sem problemas entre rudos e sons altos ou a

    grandes distncias, ouvintes no conseguem se comunicar, a menos que gritem.

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    Regina Donola. Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Lngua Brasileira de Sinais. Taubat: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46.

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    Para entender melhor isso, iremos conhecer um pouquinho mais afundo o

    mundo dos Surdos, chamado, especialmente por Karin Strobel (atual presidente

    da Federao Nacional de Educao e Integrao de Surdos FENEIS) de Cultura

    Surda. Entenderemos em seguida o conceito e quais so as identidades surdas

    no item 2.2; os artefatos culturais do povo Surdo no item 2.3; e, partir destas

    concepes, iremos entender com maior profundidade e fundamentao terica a

    importncia que a LIBRAS representa na vida de uma pessoa Surda. Vamos l?

    2.1 Cultura e Surdez

    A surdez um pas sem um lugar prprio; uma cidadania sem uma origem geogrfica... Wrigley (1966)

    Falar em Cultura Surda como um grupo de pessoas localizado no tempo e no

    espao fcil, mas refletir sobre o fato de que nessa comunidade surgem

    processos culturais especficos uma viso rejeitada, pois muitos autores ainda

    defendem uma concepo de cultura como universal, nica (SKLIAR, 1998 apud

    BRASIL, 2004).

    Contudo, nos ltimos tempos, nas mais diversas reas de conhecimento,

    tem se considerado concepes no mais unitrias das coisas, e sim, pluralizada.

    Assim acontece com a cultura. Trabalhamos com a ideia do multiculturalismo, pois

    a cultura no esttica, viva. De acordo com Strobel (2008) a cultura se modifica

    e se atualiza, deixando claro que no surge com o homem sozinho, mas sim a

    partir das produes coletivas socializadas culturalmente, passando de gerao

    em gerao.

    Strobel define, ento, que Cultura Surda o jeito de o Surdo entender o

    mundo e de modific-lo a fim de torn-lo acessvel e habitvel ajustando-o com as

    suas percepes visuais, que contribuem para a definio das identidades surdas

    e das almas das comunidades surdas. Isto significa que abrange a lngua, as

    ideias, as crenas, os costumes e os hbitos do povo Surdo.

    Loureno (2012) afirma que nos primeiros anos de vida, quando a criana

    ouvinte chama o cachorro de au-au, o passarinho de piu-piu, porque est

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    fazendo referncia entre o animal e o som ele que faz. Do mesmo modo, ao

    identificar e observar o mesmo animal, a criana Surda tambm far suas

    referncias, no entanto, estas sero inteiramente visuais, por exemplo: para o

    cachorro identificar o pelo ou como o mostra seus dentes ao rosnar; para o

    passarinho far o movimento do bico abrindo e fechando, como o prprio pssaro

    faz ao piar, ou ento imitar seu bater de asas e assim por diante.

    O cultivo da linguagem, salienta Strobel (2008), e da identidade so os

    elementos fundamentais de uma cultura. Mas importante lembrar que embora os

    Surdos pertenam a Cultura Surda, este fato no os torna iguais. No entanto, os

    Surdo no se diferenciam um dos outros pelo grau de surdez, e sim pelo grupo a

    que pertencem, pelo uso da lngua de sinais e pela Cultura Surda, que o ajudam a

    definir suas identidades e formar comunidades. Mas sobre as identidades surdas,

    abordaremos logo a seguir, no prximo item desta unidade.

    H grande diversidade de comunidades Surdas e cada uma organizada de

    maneira diferente de acordo com os interesses em comum, como etnia, religio,

    profisso, entre outros. Outra questo importante aqui que, neste mesmo grupo

    local, a comunidade Surda, as pessoas da famlia, amigos, professores e

    intrpretes tambm esto presentes.

    Para Padden e Humphries (2000 apud STROBEL, 2008), na comunidade

    Surda temos sujeitos Surdos e sujeitos ouvintes. Nesta, todos compartilham suas

    experincias atravs da lngua de sinais: os Surdos (que tm suas experincias de

    vida puramente visuais: a Cultura Surda) e os ouvintes que por alguma

    proximidade (profissional, de parentesco, etc.) conhecem a lngua de sinais e

    tambm as peculiaridades Surdas.

    Mas ateno: os ouvintes que conhecem a lngua de sinais, apenas a

    conhecem e a utilizam para se comunicar na comunidade Surda a que pertencem

    (Pastoral ou Ministrio de Surdos, escolas, etc.), o que no os faz pertencentes

    Cultura Surda ou povo Surdo; nem faz dessa lngua sua lngua materna; para um

    ouvinte que pertena a alguma comunidade Surda, a LIBRAS ser sua segunda

    lngua.

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    Isso porque a LIBRAS a lngua que traduz a Cultura dos Surdos: os

    hbitos, costumes, o jeito particular de ser Surdo; o viver no silncio, sentir (e no

    ouvir) as vibraes de uma msica; enfim, suas experincias e percepes do

    mundo puramente visuais.

    Ento, recapitulando:

    Cultura Surda: so os hbitos, costumes, vivncias de pessoas com surdez;

    enfim, as produes coletivas do povo Surdo a partir de seu prprio modo de ser,

    ver, entender e transformar o mundo. Para Strobel (2008), as peculiaridades da

    Cultura Surda resumem-se em oito artefatos; lembrando que o conceito de

    artefatos no se refere apenas a materialismos culturais, mas quilo que na

    cultura constitui as produes coletivas citadas acima. Aps compreender o

    conceito de identidades surdas no item 2.2, voc poder acompanhar maiores

    detalhes sobre estes artefatos no item 2.3.

    Povo Surdo: so as pessoas que nasceram com surdez ou a adquiriram logo

    nos primeiros anos de vida, resultando num crescimento e desenvolvimento

    peculiar, adquirindo naturalmente a Cultura Surda. Para Strobel (2008) o povo

    Surdo so sujeitos que compartilham dos mesmos costumes, histria, tradies e

    pertencem as mesmas peculiaridades culturais, ou seja, constroem sua

    concepo de mundo atravs do artefato cultural visual. O grupo de pessoas a

    quem chamamos de povo Surdo so os sujeitos que podem no habitar o mesmo

    local, mas que esto ligados por um cdigo de formao visual independente do

    nvel lingustico.

    Comunidade surda: um grupo local formado por Surdos (que possuem a

    Cultura Surda) e ouvintes, com cultura de um crescer e desenvolver-se ouvinte,

    mas que compartilham suas vidas com os Surdos; podem ser comunidade de:

    Pastoral de Surdos, Ministrio de Surdos, grupo de amigos/ profissionais, etc.

    Podem fazer parte das comunidades Surdas seus familiares, amigos, colegas de

    escola ou trabalho, intrpretes de LIBRAS, companheiros (namorados (as) ou

    maridos/ esposas), etc.

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    relevante lembrar que por meio da cultura que uma comunidade

    constitui-se, integra e identifica pessoas. A existncia de uma Cultura Surda ajuda

    a construir a identidade das pessoas com surdez. Nesse sentido, falar em Cultura

    Surda necessita tambm falar da questo identitria. Um surdo estar mais ou

    menos prximo da cultura surda a depender da identidade que assume dentro da

    sociedade (BRASIL, 2004).

    2.2 Identidade e Surdez

    Strobel (2008) alega que atravs da cultura que os sujeitos asseguram a

    sua sobrevivncia e afirmam as suas identidades, a cultura que temos determina

    uma forma de ver, de interpretar, de ser, de explicar e de compreender o mundo.

    Se procurarmos concepes de identidades, novamente encontramos

    descries no unitrias, mas multifacetadas, plurais, fragmentadas. Isso se d

    pela mudana radical e constante das coisas. Identidades podem ser at mesmo

    contraditrias, no so algo pronto: so construes mveis.

    No entanto, no caso dos Surdos, que vivem dentro da cultura ouvinte1 um

    caso onde a identidade reprimida, se rebela e se afirma em questo da original.

    A identidade surda sempre est em proximidade, em necessidade de encontrar

    outro igual (PERLIN, 2005).

    Perlin assevera que as identidades Surdas assumem formas multifacetadas

    em vista das fragmentaes a que esto sujeitas. Os esteretipos, rtulos,

    interferem muitas vezes como um impedimento para a aceitao da identidade

    surda. O indivduo Surdo faz parte dos movimentos marginalizados, margem da

    1 Chamamos de ouvintes as pessoas que no possuem surdez e, portanto, ouvem.

    STROBEL, Karin Lilian. As imagens do outro sobre a Cultura Surda.

    Florianpolis: Editora da UFSC, 2008.

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    sociedade predominante; e assim, vai acumulando esteretipos que tem reforado

    cada vez mais a supremacia discriminatria de sua produo cultural.

    Um exemplo de esteretipo a ideia que a sociedade tem de que o Surdo

    tem maior concentrao em suas atividades, pois no poder se distrair com

    barulhos. Isto leva a uma imagem do Surdo como produtor braal de

    produtividade. Ou seja, vale a pena contrat-lo no campo de trabalho pelo que ele

    produz no pelas suas habilidades e competncias profissionais.

    A identidade Surda se constri dentro de uma cultura visual. Essa diferena

    precisa ser entendida no como uma construo isolada, mas como construo

    multicultural. Os Surdos vo construindo seu pensamento e compreendendo o

    mundo a partir puramente de suas visualizaes.

    Os ouvintes so acometidos pela crena de que ser ouvinte melhor que ser

    Surdo, pois, na tica ouvinte, ser Surdo o resultado da perda de uma habilidade

    'disponvel' para a maioria dos seres humanos. No entanto, essa parece ser uma

    questo de mero ponto de vista (BRASIL, 2004).

    Maupassant (apud BRASIL, 2004, p.36), em seu conto Carta de um louco,

    reflete sobre o citado acima, defendendo que

    'todas as idias de proporo so falsas, j que no h limite possvel, nem para a grandeza nem para a pequenez [...] a humanidade poderia existir sem a audio, sem o paladar e sem o olfato, quer dizer, sem nenhuma noo do rudo, do sabor e do odor. Se tivssemos, portanto, alguns rgos a menos, ignoraramos coisas admirveis e singulares; mas, se tivssemos alguns rgos a mais, descobriramos em torno de ns uma infinitude de outras coisas de que nunca suspeitaremos por falta de meios de constat-las'.

    Perlin (2005) denuncia que ouvintes que referem-se ao Surdo como portador

    de anomalias contribuem para a ideia da normalizao. Primeiro entende-se por

    Surdo o no normal; para, a partir da, discursar lindamente sobre a normalizao/

    ouvintizao do Surdo. Viver o ouvintismo2 ter preconceito contra os Surdos.

    2 O ouvintismo deriva da proximidade particular entre ouvintes e Surdos, na qual o

    ouvinte sempre est em posio de superioridade (PERLIN, 2005).

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    A ouvintizao do Surdo, o chamado oralismo, uma ideologia dominante,

    na qual a concepo do sujeito Surdo refere exclusivamente uma dimenso

    clnica, uma perspectiva teraputica (SKLIAR, 1997 apud PERLIN, 2005). Perlin

    uma grande pesquisadora das questes apresentadas neste item (Identidade e

    Surdez) e classifica as identidades surdas com diferentes facetas, acompanhe as

    definies a seguir:

    a. identidades surdas esto presentes no grupo onde entram os surdos que

    fazem uso com experincia visual propriamente dita. O adulto Surdo, em contato

    com outros Surdos, vai construir sua identidade fortemente centrada no ser Surdo

    (a Cultura Surda), a identidade poltica surda. a conscincia de ser

    definitivamente diferente e de necessitar de implicaes e recursos

    completamente visuais.

    b. identidades surdas hbridas so os Surdos que nasceram ouvintes, e que

    com o tempo adquiriram a surdez. uma espcie de uso de identidades diferentes

    em diferentes momentos. Eles captam do exterior a comunicao de forma visual,

    passam-na para a lngua que adquiriram por primeiro e depois para os sinais.

    Nascer ouvinte e posteriormente ser Surdo ter sempre presente duas lnguas,

    mas a sua identidade vai ir ai encontro das identidades surdas.

    c. identidades surdas de transio so os surdos que foram mantidos sob o

    cativeiro da supremacia ouvinte e que migram para a comunidade surda.

    Normalmente, a maioria dos surdos passa por este momento de transio, visto

    que composta por filhos de ouvintes.

    d. identidade surda incompleta so aqueles surdos que vivem sob uma

    ideologia ouvintista latente que trabalha para socializar os Surdos de maneira

    compatvel com a cultura dominante. A superioridade ouvinte exerce uma rede de

    poder difcil de ser quebrada pelos Surdos, que no conseguem se organizar ou

    mesmo ir comunidades para resistirem ao poder. onde comeam as situaes

    dominantes de tentativa de reproduo da identidade ouvinte. Essa identidade

    nega a representao Surda. H casos de Surdos cujas identidades foram

    escondidas, nunca puderam encontra-se com outros Surdos, conseguiram

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    adentrar-se no saber junto aos ouvintes; mantidos em cativeiros pela famlia,

    incapacitados de chegar ao saber ou de se decidirem por si mesmos.

    e. identidade surda flutuante: permite ver o Surdo, de forma consciente ou

    no de ser Surdo (porm, vtima da ideologia ouvintista) desprezam a Cultura

    Surda nem tm compromisso com a comunidade Surda. o sujeito que Surdo,

    mas quer ser ouvinte devido s imposies que a sociedade coloca atravs das

    relaes de poder.

    Experincias compartilhadas dentro da comunidade Surda permitem aos

    Surdos se sentirem capazes e sujeitos culturais. Surdos que crescem em contato

    com outros Surdos, so criados para viver em uma realidade surda e quando

    adultos, participando dos movimentos Surdos, constroem sua identidade poltica.

    necessrio que o Surdo torne-se um sujeito expressivo e projete seu ser

    no mundo. A identidade Surda precisa ser assumida, pois um passo para

    quebrar a priso imposta pelo ouvintismo, assegurando a subjetividade da

    cidadania e esvaziando o individualismo agressivo da excluso.

    A preferncia dos surdos em se relacionar com seus semelhantes fortalece sua identidade e lhes traz segurana. no contato com seus pares que se identificam com outros surdos e encontram relatos de problemas e histrias semelhantes s suas: uma dificuldade em casa, na escola, normalmente atrelada problemtica da comunicao. principalmente entre esses surdos, que buscam uma identidade surda no encontro surdo-surdo, que se verifica o surgimento da Comunidade Surda. Surgem com ela associaes de surdos,onde se relacionam, agendam festinhas de final de semana, encontros em diversos points, como em bares da cidade, em shoppings etc. (BRASIL, 2004, p.41)

    Justamente estas associaes, encontros, points, festas e demais

    atividades, costumes e materiais que Strobel (2008) identificou como artefatos da

    Cultura Surda. A partir de uma identidade os Surdos se agrupam e formam,

    juntamente com alguns ouvintes, as comunidades Surdas. As opinies, ideias e

    produes desta comunidade e demais necessidades como de materiais so os

    artefatos culturais que, por sua vez, juntos, formam as particularidades do povo

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    Surdo. Se estiver achando complicado, no se preocupe! Vamos ver cada artefato

    e sobre o qu ele se refere.

    2.3 Os Artefatos Culturais do Povo Surdo

    J conhecemos a Cultura Surda estudada essencialmente por Strobel, 2008.

    Agora vamos conhecer de forma detalhada os estudos da mesma autora sobre os

    artefatos culturais; lembrando que no so simplesmente materiais, mas

    representaes de atitudes, tradies, valores, normas, etc. do povo Surdo,

    Strobel identifica, no total, oito:

    1 EXPERINCIAS VISUAIS:

    O artefato visual na Cultura Surda abrange as

    expresses faciais e corporais, bastante usadas

    durante a comunicao pela LIBRAS; as

    expresses

    desempenham

    papel de suma

    importncia na

    conversao, deixando tanto o emissor como

    receptor cientes do contexto e da intensidade do

    que se fala. Para constituir tipos de frases na

    oralidade usamos a entonao da voz, no caso

    da lngua de sinais as expresses facial e

    corporal. Temos tambm aqui a percepo

    visual. Com a ausncia da audio e do som, os

    Surdos percebem o mundo atravs de seus

    Saiba mais sobre esse assunto em: Identidades Surdas. Gladis Perlin.

    http://sentidos.uol.com.br/canais/materia.asp?codpag=1347&cod_canal=11

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    olhos, tudo o que ocorre ao redor dele: latidos de um cachorro, os objetos que

    caem, fumaa que surge.

    2 LINGUSTICO:

    Este artefato cultural inclui a Lngua de

    Sinais, que um aspecto fundamental da Cultura

    Surda e tambm os gestos denominados sinais

    emergente ou sinais caseiros, que so os

    sinais usados por Surdos que no tiveram contato com outros Surdos e, por isso,

    criaram dentro do lar gestos e mmicas para conseguirem se comunicar em

    famlia. A lngua de sinais capta as experincias visuais dos sujeitos surdos. De

    acordo com Quadros (1997 apud STROBEL, 2008) a criana Surda pode at

    adquirir a lngua portuguesa, porm, nunca ser de forma natural e espontnea,

    como ocorre com a lngua de sinais. No mundo todo temos pelo menos uma lngua

    de sinais com suas variaes regionais usada pelo povo Surdo de cada pas.

    Temos tambm como artefato cultural lingustico

    a Escrita da Lngua de Sinais ELS, que uma

    forma de escrita da lngua de sinais, conhecido

    pelo nome de Sign Writing SW. Em 1974, na

    Dinamarca, pesquisadores de lngua de sinais

    depararam-se com os sistemas de escrita das

    danas da Valerie Sutton e, a partir da,

    evoluram com estudos e no Brasil tem sido

    estudada

    pela doutora

    surda Mariane Stumpf desde 1996.

    http://escritadesinais.wordpress.com/page/2/

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    3 FAMILIAR:

    O artefato familiar implica nos conflitos que o Surdo do enfrenta quando o

    mdico instrui a famlia a no usar sinais com aquela criana e apenas incentivar a

    audio e oralidade dele. Quando os pais tambm so Surdos, conhecem a suma

    importncia de at direito do filho de aprender a LIBRAS como lngua materna,

    mas pais ouvintes que desconhecem essa lngua e essa cultura acabam deixando

    seu filho marginalizados dentro do prprio lar. As crianas Surdas de famlias que

    desconhecem esse mundo tm uma carncia de dilogo. Observam as

    conversas e discusses dentro do lar, porm no participam. O prprio anseio

    desta famlia em colocar aparelhos auditivos e tornar esse Surdo uma pessoa

    normal traz para ele grandes frustraes com o mundo e at com ele mesmo.

    Diferentemente disso, crianas Surdas de famlia com outros Surdos

    participam das manifestaes em

    famlia, conversam, interagem, e

    podem at no se achar diferente e

    margem do resto do mundo!

    Quando a famlia ouvinte sabe da

    existncia da Cultura Surda e

    procura se aprofundar e aprender

    LIBRAS, participar da comunidade

    surda, d tambm criana Surda,

    oportunidade de relao e efetiva

    troca de saberes durante os

    dilogos. Esse tipo de relao, em

    geral, resulta na aceitao de

    identidade surda e na transmisso

    natural da Cultura Surda.

    Repare no relato de uma experincia da infncia de Sam Supalla; um Surdo

    norte-americano que tem vrias geraes de famlia de Surdos:

  • Para usar trechos deste captulo use a referncia a seguir:

    LOURENO, Katia Regina Conrad; MEIRELES, Antnio Rauf Alves Di Carli; MENDONA, Suelene

    Regina Donola. Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Lngua Brasileira de Sinais. Taubat: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46.

    Katia Regina Conrad Loureno ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 36

    4 Literatura Surda:

    A literatura Surda refere-se aos registros

    atravs de CD-ROOM, vdeos e DVD das

    dificuldades e/ou vitrias, de diversas

    experincias vividas pelo povo Surdo. Muitos

    Surdos, poetas e escritores, registram suas

    expresses literrias em lngua portuguesa. A

    literatura Surda tambm envolve as piadas que

    exploram a expresso facial e corporal, o

    domnio da lngua de sinais e a maneira prpria

    de cada um de contar. Em geral, os Surdos so

    considerados extraordinrios contadores de

    histrias. As piadas Surdas, bem como as

    demais representaes literrias deste povo,

    expressam muito da Cultura Surda.

    Antnio Campos de Abreu, Otaviano de Menezes Bastos, Dioniso Schmitt e

    Gisele Ranchel so os pesquisadores da histria cultural de Surdos mais

    [...] Aps alguns encontros tentativos, eles tornaram-se amigos. Ela era uma companheira satisfatria, porm havia o problema de sua estranheza. Ela no conseguia falar com ela da maneira que conseguia falar com seus irmos mais velhos e com seus pais. Ela parecia ter uma dificuldade extrema de compreender mesmo os gestos mais simples ou mais rudes. [...] Um dia, Sam lembra-se vivamente, que ele finalmente entendeu que a sua amiga era de fato estranha. Eles estavam brincando na casa dela, quando de repente a me dela chegou at eles e animamente comeou a mexer sua prpria boca. Como se por mgica, a garota pegou uma casa de boneca e levou-a para um outro local. Sam estava perplexo e foi para casa perguntar a sua me sobre exatamente que tipo de aflio que a menina da porta ao lado tinha. Sua me explicou a ele que ela era ouvinte e por razo disto ela no sabia sinalizar; em vez disso, ela e a sua me falam, movimentam suas bocas para falarem entre si. Sam ento perguntou se esta menina e a famlia dela era as nicas daquele jeito. A me dele explicou que no, de fato, quase todas as pessoas eram como seus vizinhos. Era a sua prpria famlia que era incomum. Aquele foi um momento memorvel para Sam. Ele lembra de pensar o quanto estava curiosa a menina da porta ao lado, e se ela era ouvinte, como as pessoas ouvintes eram curiosas.

    PADDEN; HUMPHRIES, 2000 apud STROBEL, 2008.

  • Para usar trechos deste captulo use a referncia a seguir:

    LOURENO, Katia Regina Conrad; MEIRELES, Antnio Rauf Alves Di Carli; MENDONA, Suelene

    Regina Donola. Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Lngua Brasileira de Sinais. Taubat: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46.

    Katia Regina Conrad Loureno ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 37

    conhecidos. Os povos Surdos usaram e usam inmeros meios de se comunicar

    atravs da lngua de sinais, desenhos, expresses faciais, corporais e imagens

    visuais. A necessidade de registrar suas atuaes do cotidiano, como as vrias

    conquistas, lngua de sinais, tradies culturais, entre outros, fez surgir a

    literatura surda!

    5 Vida Social e Esportiva:

    Este artefato corresponde a

    acontecimentos culturais, tais como:

    casamento entre Surdos, festas,

    lazeres, eventos desportivos e

    demais atividades nas associaes

    de Surdos. Nos bailes e festas

    bastantes frequentes das

    associaes difcil ver muitos

    Surdos danando (ainda que alguns

    tenham o hbito de danar), em

    geral concentram-se em pequenos grupos para conversar. A conversao

    extremamente comum durante os acontecimentos de Surdos, pois sentem grande

    necessidade em compartilhar sua vida, novidades, etc.

    Em 2002 foi realizada na cidade de Passo Fundo Rio Grande do Sul a

    primeira Olimpada de Surdos do

    Brasil. Strobel relata que foi um

    momento emocionante com muitas

    equipes advindas de diversas

    associaes municipais e estaduais

    de todo o pas; o Hino Nacional

    apresentado em LIBRAS, hastear da

    bandeira e desfile de abertura foi

    comovente. Os Surdos tm sua vida

    esportiva muito ativa, tendo at

    Olimpadas Mundiais, organizadas de

    quatro em quatro anos.

  • Para usar trechos deste captulo use a referncia a seguir:

    LOURENO, Katia Regina Conrad; MEIRELES, Antnio Rauf Alves Di Carli; MENDONA, Suelene

    Regina Donola. Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Lngua Brasileira de Sinais. Taubat: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46.

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    Na olimpada de 2007, Austrlia, a dupla

    de vlei de praia brasileira com os

    atletas surdos Alex Borges e Alexandre

    Couto ficou em quinto lugar. Temos

    tambm os atletas surdos que competem

    com os ouvintes em olimpadas no

    especiais; na frica do Sul o nadador

    Surdo Terence Parkin (foto ao lado)

    conquistou medalha de prata nos 200

    metros nado peito em olimpada

    internacional de 2000. Seu treinador fazia o sinal de partida para ele, j que no

    podia ouvir a largada.

    Ao final de tais eventos pblicos como

    apresentaes artsticas ou palestras os

    Surdos no costumam aplaudir como os

    ouvintes. As palmas podem gerar grande

    e profundo sentimento de aclamao

    ouvintes devido ao forte e vibrante

    barulho. Para os Surdos, quando esto

    frente platia, no possvel

    visualizam em sua totalidade as pessoas

    batendo palmas, pois estas esto umas

    na frente das outras. Para os Surdos o

    usual levantar os braos no alto e balanar suas mos, e assim, o Surdo ter o

    alcance visual do aclamado e tambm a possibilidade de sentir a mesma profunda

    emoo que um ouvinte.

    Conhea a vida social e outros Surdos famosos em: http://www.libras.com.br/web/surdos-famosos

    Conhea a CONFEDERAO BRASILEIRA DE DESPORTOS DOS SURDOS: http://www.cbds.org.br/

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    LOURENO, Katia Regina Conrad; MEIRELES, Antnio Rauf Alves Di Carli; MENDONA, Suelene

    Regina Donola. Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Lngua Brasileira de Sinais. Taubat: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46.

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    6 ARTES VISUAIS:

    O povo Surdo tem muitas criaes

    artsticas que sintetizam suas emoes,

    suas histrias, sua subjetividade e sua

    cultura explorando seus modos de olhar

    e interpretar o mundo. Dentro deste

    artefato temos desenhos, pinturas,

    esculturas e outras formas de

    manifestaes artsticas. Existem

    muitos DVDs filmados de poemas

    Surdos, narrativas, contao de

    histrias, etc. No teatro, a expresso

    atravs das feies, do corpo e lngua

    de sinais constantemente praticada

    pelos sujeitos Surdos. O ator de teatro

    Surdo mais conhecido no Brasil

    Nelson Pimenta, formado em cinema e

    mestre em Estudos da Traduo pela

    Universidade Federal de Santa

    Catarina. Alm de Pimenta, temos a

    atriz Marlee Matlin, atriz norte-americana, com Oscar de melhor atriz em 1987 no

    filme Filhos do Silncio; Emanualle Laborit, francesa, que alm de atriz de teatro

    e cinema escreveu um livro de grande sucesso em diferentes lnguas: O vo da

    Gaivota; Rimar Romano, brasileiro, fundador da Cia. Arte e Silncio; e temos

    muitos outros pelo Brasil a fora como Reinaldo Plo, Heloir Montanher, Celso

    Badin, etc. E ainda alm destes atores famosos temos danarinos, poetas,

    pintores, mgicos, palhaos, escultores, contadores de histrias e grupos de

    msica-sem-som o at com som, como o caso do surdo-dum; confira:

    http://www.surdodum.com !!!

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    LOURENO, Katia Regina Conrad; MEIRELES, Antnio Rauf Alves Di Carli; MENDONA, Suelene

    Regina Donola. Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Lngua Brasileira de Sinais. Taubat: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46.

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    7 POLTICO:

    O artefato poltico refere-se

    especialmente s lutas e

    manifestaes pelos direitos

    o povo Surdo. Em 2011

    tivemos possivelmente a

    maior manifestao do povo

    Surdo de todos os tempos, o

    movimento Nada sobre ns,

    sem ns. No ms de Maio

    tiveram grandes passeatas,

    protestos e etc. em prol de

    uma poltica educacional que contemplasse, em sua elaborao, a participao de

    Surdos. Em Setembro tivemos o Movimento azul e finalmente em 24 de Abril de

    2012, no aniversrio de 10 do reconhecimento da LIBRAS, a presidenta do Brasil

    recebeu em ato pblico a proposta da comunidade Surda do Programa Nacional

    de Escolas Bilngues para Surdos, tambm conhecida como a Pedagogia Surda.

    Outro movimento interessante o movimento das Mulheres Surdas, iniciado pela

    pesquisadora Gladis Perlin no I Encontro Latino

    Americano de Mulheres Surdas Lderes.

    Artefato poltico tambm podem ser as diversas

    associaes de Surdos, que tm como objetivo

    poltico as reunies e assembleias, visando os

    direitos judiciais e de cidadania dos Surdos. Um

    exemplo a Federao Nacional de Educao e

    Integrao de Surdos FENEIS, filiada

    Federao Mundial de Surdos WDF. As

    legislaes trazidas do item 1.2 deste fascculo

    tambm fazem parte deste artefato cultural, pois

    so resultados de rduas lutas como a lei

    10.436/02 que reconhece a LIBRAS como lngua

    natural dos Surdos e o decreto 5.626/05 que

    regulamenta esta lei e dispe outros direitos.

  • Para usar trechos deste captulo use a referncia a seguir:

    LOURENO, Katia Regina Conrad; MEIRELES, Antnio Rauf Alves Di Carli; MENDONA, Suelene

    Regina Donola. Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Lngua Brasileira de Sinais. Taubat: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46.

    Katia Regina Conrad Loureno ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 41

    Temos ainda como conquistas polticas a

    criao da graduao em LIBRAS, o curso

    de Letras/LIBRAS da Universidade Federal

    de Santa Catarina UFSC nas modalidades

    licenciatura e bacharelado; e o Dia

    Nacional dos Surdos, comemorado em 26

    de Setembro, data de fundao do Instituto

    Nacional de Educao de Surdos que,

    como voc j viu na histria (item 1.1) foi a

    primeira escola para Surdos no Brasil. Internacionalmente o Dia do Surdo

    comemorado em 30 de Setembro.

    8 MATERIAIS:

    Este artefato constitudo de materiais que

    possibilitam a acessibilidade dos Surdos como: o

    telefone para

    Surdos na

    imagem direita (T.D.D. ou T.S.); softwares,

    aparelhos tecnolgicos, legenda e intrpretes

    de LIBRAS em programas locais e filmes

    brasileiros, etc. Pode ser artefato material at

    mesmo o MSN; skype; ooVoo; uso de celular

    via torpedos; a tecnologia android, etc.

    Conhea outras Tecnologias de Acessibilidade para Surdos:

    UNICAMP: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2012/06/nova-tecnologia-ajuda-deficientes-auditivos-usar-o-computador.html

    ooVoo: tecnologia bastante utilizada pelas comunidades surdas brasileiras (http://www.baixaki.com.br/download/oovoo.htm)

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    LOURENO, Katia Regina Conrad; MEIRELES, Antnio Rauf Alves Di Carli; MENDONA, Suelene

    Regina Donola. Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Lngua Brasileira de Sinais. Taubat: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46.

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    2.4 A importncia da LIBRAS para o Surdo

    Como pudemos compreender a partir das leituras anteriores, ter o

    reconhecimento da lngua de sinais como uma lngua natural, como direito do

    Surdo e meio de comunicao e expresso da comunidade surda, no foi muito

    fcil no mesmo? Foi necessria uma caminhada repleta de lutas. Vamos

    entender agora a importncia da LIBRAS para o desenvolvimento da pessoa

    Surda.

    Ao contrario do que muitas pessoas acreditam a Lngua Brasileira de Sinais

    no um conjunto de sinais ou gestos feitos com as mos que substituem ou

    interpretam as palavras do portugus ou a lngua oral, tampouco uma linguagem

    como a linguagem das abelhas ou a mmica. Existem pessoas que embora

    acreditem que se trata de uma lngua, essa limitada, no possibilitando a

    expresso de ideias abstratas, apenas as idias concretas (FELIPE, s/d).

    No entanto, as pesquisas vm confirmando que como toda lngua, a lngua

    de sinais so sistemas abstratos de regras gramaticais, naturais das

    comunidades de indivduos surdos, portanto devem ser reconhecida como lngua

    natural (FERNANDES, 2003), portanto uma lngua completa com caractersticas e

    estruturas prprias, capaz de transmitir idias sutis, complexas e abstratas. Os

    seus usurios podem discutir, filosofia, literatura ou poltica, alm de esportes,

    trabalho, moda e utiliz-la como funo esttica para fazer poesia, estria, teatro

    e humor (FELIPE, s/d, p. 2). Permite ainda a expresso de qualquer significado

    decorrente da necessidade comunicativa do ser humano. (BRITO, 1997, p. 19)

    Os surdos podem comunicar-se mais

    facilmente e com maior preciso pela lngua de

    sinais, porque o crebro deles se adapta para esse meio e, se forados a falar,

    nunca conseguiro uma linguagem eficiente e sero duplamente

    deficientes (SACKS, 1990)

    [...] minha luta comeou no sentido de que a surdez seja reconhecida como apenas mais um aspecto das infinitas possibilidades da diversidade humana. Ser surdo no melhor ou pior do que ser ouvinte, apenas diferente. E ser surdo diferente de ser deficiente auditivo. Se um de vocs aqui presentes, que ouve e que, por isso, tem a cultura da audio, ou seja, se comunica atravs da fala, gosta de msica e do barulho do mar etc, perder a audio, certamente ser um deficiente auditivo, pois estar com um dficit, uma vez que perdeu algo que j teve um dia. Mas eu nasci surdo e, como s se perde aquilo que se tem, nunca perdi a audio, pois nunca a tive. Eu tenho o direito de viver assim, e o mundo tem o dever de aceitar minha diferena. (PIMENTA, 2001, p. 24)

  • Para usar trechos deste captulo use a referncia a seguir:

    LOURENO, Katia Regina Conrad; MEIRELES, Antnio Rauf Alves Di Carli; MENDONA, Suelene

    Regina Donola. Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Lngua Brasileira de Sinais. Taubat: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46.

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    Voc deve estar se perguntando: Como a criana aprende a lngua de sinais ?

    De acordo com Fernandes (2003) a teoria pautada na base biolgica pode

    explicar alguns comportamentos de aquisio da linguagem do Surdo ao

    comprovar que crianas Surdas, mesmo no expostas a nenhum tipo de

    linguagem oral-auditiva ou espao-visual desenvolvem espontaneamente um

    sistema de gesticulao manual e que h semelhanas entre os sistemas

    desenvolvidos por crianas surdas que nunca tiveram contato entre si. (2003,

    p.30). Assim, parece perigoso afirmar que crianas Surdas no desenvolvam uma

    linguagem prpria, mesmo na ausncia de sua lngua oficial.

    Nessa perspectiva, parece possvel acreditar que essa semelhana

    presente nesses sistemas apresentados pelas crianas ocorre dos universais

    lingusticos, ou seja, dessa habilidade inata para o desenvolvimento da linguagem.

    Assim, essa possibilidade est presente em toda criana ao nascer, seja ela Surda

    ou ouvinte. Nessa concepo, do ponto de vista neurolgico, o crebro est

    preparado para adquirir uma lngua, seja ela de modalidade oral ou visual.

    Entretanto:

    [...] se levarmos em considerao que a aquisio da linguagem liga-se ao crescimento e maturao de capacidades inatas em condies externas adequadas (Chomsky,1966), os estmulos aos quais o surdo exposto, mesmo sob educao especial, so muito diferentes daqueles vivenciados pelo ouvinte, deixando-o, automaticamente, em condies diferentes desse, no que se prefere s lnguas orais-auditivas. Assim, propiciar ao surdo a aquisio da lngua de sinais como primeira lngua a forma de oferecer-lhe um meio natural de aquisio lingustica, visto que se apresenta como lngua de modalidade espao-visual, no dependendo, portanto da audio para ser adquirida. (FERNANDES, 2003, p.30)

    Segundo a autora supramencionada, expor o Surdo a mecanismos

    lingusticos no naturais (como a Lngua Portuguesa oralizada) como primeira

    lngua, alm de exigir um esforo desnecessrio, poder prejudicar, de modo

    significativo, o desenvolvimento natural da criana (FERNANDES, 2003, p.31).

    Apesar dessa pr-disposio gentica, a criana precisa estar exposta a um

    ambiente lingustico que atenda as suas necessidades, caso contrrio, tais

    informaes inatas no se desenvolvero. Afirma ainda que a aquisio e domnio

    da lngua de sinais iro garantir, em curto prazo, no s um meio de comunicao

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    LOURENO, Katia Regina Conrad; MEIRELES, Antnio Rauf Alves Di Carli; MENDONA, Suelene

    Regina Donola. Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Lngua Brasileira de Sinais. Taubat: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46.

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    eficaz, mas, tambm, o instrumento de desenvolvimento dos processos cognitivos,

    indispensvel nos primeiros anos de vida (ibidem).

    Perceba que a lngua de sinais muito mais que um conjunto de gestos e um

    meio de comunicao, nos aspectos cognitivos, ela possibilita o desenvolvimento

    e a organizao de vrias formas de pensar.

    Existe uma grande preocupao com a questo do diagnstico precoce da

    surdez e sua relao com o desenvolvimento social, lingustico e cognitivo da

    criana Surda. No campo da sade, diversas iniciativas vm sendo realizadas com

    o objetivo de orientar pais e profissionais sobre a necessidade e a possibilidade de

    avaliao precoce em casos de surdez. Marchesi, (2004), dentre outros, afirma

    que as consequncias do diagnstico e interveno tardios redundam em

    significativos atrasos no desenvolvimento social e da linguagem, alm de baixo

    desempenho acadmico. Nesse sentido, profissionais da rea, tanto da sade

    quanto da educao especial, tm se empenhando para que essa identificao

    seja realizada o quanto antes, permitindo assim, que a interveno implique

    melhores desempenhos nas reas atingidas. (MENDONA, 2007).

    Adquirir uma lngua desde os primeiros anos de idade fundamental,

    destacando que o papel do meio social em que vive fundamental para que o

    mecanismo da linguagem presente no indivduo seja estimulado e desenvolvido. A

    alerta realizada: ao contrario, a aquisio tardia de uma lngua

    [...] leva a criana surda a um tipo de pensamento mais concreto, j que atravs do dilogo e da aquisio do sistema conceitual que ela pode se desvincular cada vez mais do mundo concreto, internalizando conceitos abstratos. (GOLDFELD, 1997, P. 54).

    Se consideramos ento que a habilidade da linguagem inata, ou seja,

    parte da dotao gentica da espcie humana e que o meio e a interao social

    representam papel relevante para o seu desenvolvimento no h como no

    destacar aqui que as condies sociais, econmicas e culturais dos indivduos

    iro contribuir nesse processo de forma negativa ou positiva. O seja, a questo da

    deficincia, (nesse caso a surdez) por si s, no ir definir o futuro do sujeito.

    (MENDONA, 2007)

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    LOURENO, Katia Regina Conrad; MEIRELES, Antnio Rauf Alves Di Carli; MENDONA, Suelene

    Regina Donola. Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Lngua Brasileira de Sinais. Taubat: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46.

    Katia Regina Conrad Loureno ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 45

    Autores como Fernandes(1990), Sacks (1990), Brito (1993 ), Goldfeld (1997)

    entre outros afirmam que o estmulo do meio indispensvel para a aquisio da

    linguagem, ao contrrio poder acarretar reflexos no desenvolvimento cognitivo

    da criana Surda

    Para Goldfeld (1997) as dificuldades encontradas na aquisio de uma

    lngua oral pelo Surdo e a dificuldade de acesso lngua de sinais implicam em

    atraso de linguagem dessa criana. Em consequncia desse processo, a

    aprendizagem e o desenvolvimento podero ser afetados, implicando em

    problemas de escolarizao. Diz a autora: somente atravs da exposio a esta

    lngua (de sinas), a criana surda pode desenvolver-se lingustica e

    cognitivamente sem dificuldades (p.105)

    Sacks (1990) afirma que se as crianas no so expostas a cdigo

    lingustico, pode haver um atraso da maturao cerebral. Brito (1993) afirma que a

    criana surda deve ser exposta a lngua de sinais precocemente, caso contrrio

    refletir

    Como pudemos observar a aquisio da lngua de sinais pela pessoa surda

    ocorre nas relaes, no encontro com seus pares surdos e essencial para seu

    desenvolvimento cognitivo, lingustico e social.

    No filme E seu nome Jonas, voc poder perceber de maneira muito

    clara o papel da linguagem para o desenvolvimento da criana.

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    Regina Donola. Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Lngua Brasileira de Sinais. Taubat: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46.

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    2.5 Sntese da unidade

    Esta unidade introduzimos trazendo os estudos e conceitos sobre Cultura

    Surda. Partimos ento pra relao das identidades identificando cada identidade

    adquirida pelos Surdos. Detalhamos as peculiaridades da cultura dos Surdos a

    partir de seus artefatos: o artefato experincias visuais (expresses

    faciais/corporais e percepes visuais); lingustico (LIBRAS, sinais caseiros, Sign

    Writing ou Escrita de Lngua de Sinais); familiar (conflitos e barreiras de

    comunicao ou relaes de troca e dilogo em LIBRAS em famlia); literatura

    Surda (registros em Lngua Portuguesa como livros, artigos, teses, dissertaes,

    etc. e em LIBRAS atravs de CD ROOM, DVD, etc.); vida social e esportiva

    (eventos, festas, encontros, competies esportivas); artes visuais (expresses

    artsticas de Surdos evidenciadas pelas percepes visuais: desenhos, pinturas,

    esculturas e tambm teatro, poema, contaes de histria, dana, cinema);

    poltica (associaes de Surdos, FENEIS, Dia do Surdo, movimentos, protestos,

    legislaes, propostas educacionais); e materiais (objetos de acessibilidade).

    Para concluir este estudo levantamos as principais questes que mostram a

    importncia da LIBRAS na vida dos Surdos.

    2.5 Para saber mais

    Lngua Brasileira de Sinais Uma Conquista Histrica. (2006) http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/ pessoa_com_deficiencia/arquivos/Libras_Uma_conquista_historica.pdf

    Reportagem do G1 site da T.V. Globo

    http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL732407-5598,00-bebes+surdos

    +devem+aprender+lingua+dos+sinais+nos+primeiros+meses+de+vida.html

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    LOURENO, Katia Regina Conrad; MEIRELES, Antnio Rauf Alves Di Carli; MENDONA, Suelene

    Regina Donola. Identidade, Cultura e Lngua de Sinais: O Mundo do Surdo. In: Libras Lngua Brasileira de Sinais. Taubat: UNITAU, 2012. Unidade 02, p. 25-46.

    Katia Regina Conrad Loureno ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 47

    REFERNCIAS DESSA UNIDADE:

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