Cotidiano Prédio 47 - Edição 1

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COTIDIANO Quarentaesete Análise do 47 sob o ponto de vista da semiótica Levantamento pictórico do prédio 47 Os manuais do 47

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Levantamento do Prédio Quarenta e Sete na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Transcript of Cotidiano Prédio 47 - Edição 1

  • COTIDIANO

    Quar

    enta

    eset

    e

    Anlise do 47 sob o ponto de

    vista da semitica

    Levantamento pictrico do prdio

    47

    Os manuais do 47

  • ndi

    ce

    Carta ao leitor

    O Que esperar sobre uma revista do Quarentaesete?

    Panorama

    E o cotidiano com isso?

    Como mapear?

    Uma anlise sobre a metodologia de trabalho

    Mapeando

    Como voc usa o seu espao cotidiano? Os resultados do mapeamento

    E agora??

    O Que fazer quando os resultados no correspondem hiptese inicial?

    Os manuais do 47

    Os manuais de sobrevivncia vistos sob uma nova perspectiva.

    Avaliando

    A avaliao pessoal sobre o trabalho e a disciplina

  • Acon

    tece

    no

    47

    Conjuntura Internacional u m a i n i c i a t i v a d o Departamento de Relaes Internacionais da PUC Minas, e se dedica ao tratamento de informaes concernentes s relaes i n t e r n a c i o n a i s p a r a pblicos especializados c o m o p o l t i c o s , jornalistas, empresrios, t c n i c o s d o s s e t o r e s g o v e r n a m e n t a l e n o g o v e r n a m e n t a l , e acadmicos.

    Canteiro em obras um e v e n t o p r o m o v i d o p e l o Escritrio de Integrao da PUC-MG, normalmente aos sbados, nas imediaes do Prdio 47, e tem como o b j e t i v o p r i n c i p a l o desenvolvimento de tcnicas experimentais e aproximao entre teoria e prtica

  • Cart

    a ao

    lei

    tor

    Um prdio com facebook? Com instagram? Uma revista sobre um prdio? Afinal, Qual a vida do Quarentaesete? So muitas as q u e s t e s a b o r d a d a s n o estudo publicado nessa revista. No, nem todas a s d v i t a s e crticas tem uma r e s p o s t a definitiva.

    A pesquisa feita a o l o n g o d o semestre e aqui d e t a l h a d a retrata os usos d o Quarentaesete. E voc, como usa o seu e s p a o cotidiano?

  • Cotidiano 47

    A op

    ini

    o do

    lei

    tor

    Departamento de Arquitetura

    Urbanismo da PUC-MG

    Arquitetura e Urbanizao

    Contemporneas

    Realizao: Ana Beatriz / Cludia Las / Rbia /Taisa

    O que voc acha do 47?

    O 47? aquele prdio que ainda no terminou de construir?

    Aluno da PUC-MG,que no estuda no 47 ao tentar

    identificar o prdio

    A esttica poderia ser melhor. Aqui (no 47) no tem vida, a gente entra o prdio est cinza, a gente sai o prdio est cinza

    Aluna do Servio Social falando o que acha da vida

    no prdio

    o Carandiru! Quando a gente olha de longe, no v cor, no v nada, stijolo!

    Aluna do Servio Social falando o que acha da vida

    no prdio

  • Pano

    rama

    Durante o andamento d o s e m e s t r e , refletimos sobre os usos e apropriaes d o s d i f e r e n t e s a g e n t e s s o b r e o cotidiano do Prdio 47. Inspirados por Lefebvre buscvamos as pequenas aes cotidianas, micro-r e v o l u e s e r e s i s t n c i a s a d v i n d a s d e u m a multiplicidade de autores, cada um capaz de imprimir s i g n i f i c a d o s diferentes ao uso P a r a u m m e l h o r entendimento sobre o cotidiano do Prdio 47 e como este apropriado pelos s e u s u s u r i o s , apresentamos modelos t e r i c o s e a n a l t i c o s d a produo do edifcio e c i d a d e contemporneos,

    c o n s i d e r a n d o objetos/atividades produzidos sob a perspectiva de uma expresso social e cultural. Diante de pblicos c o m p e r c e p e s d i s c o r d a n t e s d a maneira de usufruir - o u n o - d o espao, apresentamos este trabalho como um local de sua livre interpretao e sustentado por t e o r i a s desenvolvidas por diversos autores, c o n s i d e r a n d o a s p e c t o s m o t i v a c i o n a i s e comportamentais dos agentes do cotidiano do Prdio 47.

  • Pano

    rama

    Lefebvre e o

    cotidiano O mundo humano no est definido simplesmente pelo histrico, pela

    cultura, pela totalidade ou pela sociedade em seu conjunto, nem por s u p e r e s t r u t u r a s i d e o l g i c a s e polticas. Est definido por um nvel intermdio e mediador: a vida cotidiana (Lefebvre).

    A sociologia do cotidiano proposta por Henri Lefevbre relevante para o nosso estudo uma vez que trata-se de uma anlise que visa fornecer uma leitura capaz de orientar uma atitude social transformadora. Como ser mostrado mais adiante, de interesse do grupo reafirmar conflitos e estabelecer os desencontros que marcam as diferenas entre o pensar e o viver, entre o conceber e o agir. Da a anlise do cotidiano do prdio e as perspectivas dos diversos usurios, d e s d e a s u a e s t r u t u r a , s e u funcionamento e seus dilemas que possibilitam o entendimento da experincia do cotidiano.

  • Como

    map

    ear?

    Sobre a Metodologia de Trabalho Objeto de Anlise: Apropriaes/usos -no institucionais- no p r d i o 4 7 d a P o n t i f c i a Universidade Catlica Minas Gerais, unidade d o C o r a o Eucarstico, onde est localizado o Instituto de Cincias Sociais. Recorte: reas no utilizadas para fins de trabalho entende-se por trabalho: as salas de aulas, sendo utilizadas para tal, a secretaria em uso pelos administradores, as salas de pesquisa enquanto espao dos b o l s i s t a s e coordenadores, enfim o e s p a o institucionalizado/ legitimado. Parte-se da anlise dos no l u g a r e s , d o s intervalos entre esses espaos devidamente utilizados.

    Objeto de anlise

    Recorte

    Mtodos de trabalho

    Ferramentas

    Desenvolvimento

  • Como

    map

    ear?

    Conscientes da nossa i n c a p a c i d a d e d e analisar a fundo as relaes sociais, c o n d i c i o n a m o s o trabalho qualidade de estudantes do espao, buscando dentro dos saberes que nos cabem e, sobretudo, a partir da anlise critica in locu, entender a relao das pessoas com esse espao, o prdio 47. Sabendo que nossa viso parcial, tanto no sentido de que partidria, quanto referente somente a uma parte do todo, sentimos a necessidade de ouvir o que os outros agentes tem a dizer sobre sua relao com o espao. Para tanto, precisvamos de uma metodologia que permitisse a c o l a b o r a o d e o u t r a s p e s s o a s , outros usurios do prdio 47.

    Partimos da premissa que deveramos utilizar um meio de pesquisa acessvel a todos os usurios do prdio 47. Gostaramos que fosse u m a f e r r a m e n t a interativa, j inserida n o c o t i d i a n o d a s pessoas, de modo que no fosse um mapeamento limitado ao desenrolar d a d i s c i p l i n a ( A r q u i t e t u r a e U r b a n i s m o Contemporneos) e aos d i a s d e f a z e r trabalho, mas que fizesse parte do grupo e que despertasse em outros a vontade de continuar analisando o prprio cotidiano nesse espao.

  • Como

    map

    ear?

    C o n s i d e r a n d o o ciberespao como uma prtese da existncia, u m i n s t r u m e n t o d a m u l t i p l i c a o d e si (COSTA, p.131), o f a c e b o o k , p a r t e intrnseca do cotidiano da grande maioria, a n o s s o v e r , possibilitaria o uso do prprio cotidiano como ferramenta de anlise. O facebook portanto, nossa ferramenta de pesquisa, torna-se importante maneira de percepo do uso dos espaos, transformada como desvela Flavia Nacif da Costa pela t e c n o l o g i a e m a i s especificamente pelas prteses1:

    De alguma maneira bvia e, portanto, subjugada, constata-se

    que as novas tecnologias transformaram radicalmente a

    esttica ao inaugurarem uma nova linguagem. Muda a essncia da

    comunicao e a escala, que deixa de ser puramente humana (SANTAELLA,

    1996,p. 15) e, por isso mesmo, transforma a sensibilidade e a

    maneira como se percebe o mundo. (COSTA)

    Ferramentas:

  • Como

    map

    ear?

    Consideramos que essa mdia social, apesar d a f o r a q u e t e m atualmente, dever acabar um dia, como outras dezenas, Mirc, Nexopia, ICQ, Orkut, e t c . , m a s q u e o p r p r i o t e m p o d e durao do facebook, um recorte vlido para a marcao temporal da anlise proposta. Para quem no conhece, a m d i a s o c i a l , facebook, alm das ferramentas prprias aos blogs e fotoblogs, de edio de textos e fotos, conta com meios d e d i v u l g a o d e o u t r o s e n d e r e o s v i r t u a i s e d i s p o s i t i v o s p a r a postagem de vdeos prprios (do grupo) e compartilhamento de v d e o s d e o u t r o s endereos, tais como vimeo e youtube, o que nos seria valioso, uma vez que j sabamos da existncia de alguns vdeos filmados no prdio.

    A i n t e n s a interatividade d e s s a r e d e s o c i a l n o s interessava, por permitir troca de informaes, comentrios e outras mdias.

    1 Entende-se como prtese ou extensores do corpo, todo tipo de aparato ou instrumento tecnolgico anexado ao corpo ou sua v i v n c i a d e m u n d o , c o m o a u t o m v e i s , t e l e f o n e s , computadores. O uso do termo se faz presente como a prpria inf luncia da tecnologia no cotidiano das grandes cidades, influenciando as sensibilidades corpreas e o uso do espao, e exigindo a reviso constante das noes de corpo e experincia da arquitetura na contemporaneidade. preciso falar do corpo prottico e do meio ciborgue em que se insere para refletir sobre a arquitetura que o pode envolver. (COSTA)

  • Como

    map

    ear?

    Nesse sentido, a postagem via celular (Androids e I p h o n e s ) , T a b l e t s , Netbooks, etc. tambm nos i n t e r e s s a v a , p o r possibilitar um meio de mapeamento e postagem i n s t a n t n e o s . A compatibilidade entre os a p l i c a t i v o s d e s s e s extensores do corpo com o f a c e b o o k , n o s permitiria, de fato, fazer o mapeamento/levantamento no nosso prprio caminhar.

  • Como

    map

    ear?

    O Instagram um software aplicativo que permite aos s e u s u s u r i o s compartilharem imagens, bem como aplicarem nelas uma grande variedade de f i l t r o s e e f e i t o s disponveis. possvel p o s t a r f o t o s simultaneamente em redes s o c i a i s c o m o T w i t t e r , F a c e b o o k ,FoursquareeTumblr.

    E s s a s d u a s plataformas, c o m o d i t o anteriormente, possibilitaram para o grupo, o u s o d o p r p r i o cotidiano como instrumento de a n l i s e e t i n h a m c o m o objetivo unir e c o m i s s o p r o c r i a r ideias.

  • Mape

    ando

    O t r a b a l h o d e mapeamento por parte do grupo se dividia em 2: Em um primeiro momento f o i r e a l i z a d o u m l e v a n t a m e n t o d o material existente sobre o prdio 47. F o r a m e n c o n t r a d a s diversas imagens, desde a construo do prdio at a 15 semana de Arquitetura (fonte: E s c r i t r i o d e Integrao do curso de A r q u i t e t u r a e Urbanismo), 2 vdeos, tambm relacionados aos e s t u d a n t e s d e Arquitetura e um blog de um ex-estudante das R e l a e s I n t e r n a c i o n a i s , Leonardo Duarte, que promove o projeto 47, de 2010, que j tinha o intuito de integrar os diversos cursos do Instituto de Cincias Sociais Arquitetura e Urbanismo, Cincias S o c i a i s , R e l a e s I n t e r n a c i o n a i s e Servio social.

    Numa segunda etapa, foi realizado (e continua sendo) pelo grupo o levantamento instantneo do cotidiano no prdio. Paralelamente, foi divulgado o endereo virtual d o f a c e b o o k : < h t t p : / /www.facebook.com/hashtag47> e o instagram: , para que os demais usurios do prdio contribussem nesse levantamento.

  • Mape

    ando

    Numa segunda etapa, foi realizado (e continua sendo) pelo grupo o levantamento instantneo do cotidiano no prdio. Paralelamente, foi divulgado o endereo virtual d o f a c e b o o k : < h t t p : / /www.facebook.com/hashtag47> e o instagram: , para que os demais usurios do prdio contribussem nesse levantamento.

    Mapeamento pictrico parcial. Os triangulos vermelhos indicam

    os angulos Algumas das fotos tiradas no 47.

  • Mape

    ando

    Como voc usa o seu espao

    cotidiano?

    Conhecendo o 47

    Noes | leituras diferentes do cotidiano no espao.

    As percepes da Cincias Sociais | RI |

    Servio Social | Arquitetura Funcionrios | Visitantes

  • Mape

    ando

    Como entender o cotidiano do outro? Fotografia | observao de campo| Vdeos Historia oral Informaes na internet: vdeos| fotos textos

    ESPACO + AES + TEMPO A c o n t r i b u i o d o s u s u r i o s : Mapeamento pictrico feito por um plug in interativo aberto onde a foto relacionada ao lugar.

  • Mape

    ando

  • Mape

    ando

    facebook/hashtag47

    @ Instagram: hashtag47

    [email protected]

  • Inst

    agra

    m

    Mais fotos em: Instagram - hashtag47

  • Inst

    agra

    m

  • Face

    book

    facebook/hashtag47

  • Face

    book

  • Esta

    tst

    ica

    1%

    82%

    13%

    1%

    2% 1%

    TOTAL 94 AMIGOS [AT 10/JUNHO/2012]

    PROFESSOR

    ALUNO DE ARQ. E URB.

    EX-ALUNO DE ARQ. E URB.

    ALUNO DE RELAESINTERNACIONAIS [RI]

    DIRETORIO OU CENTROACADMICO [DA OU CA]

    OUTROS

    Quem est no Facebook do 47?

  • Esta

    tst

    ica

    A participao massiva de agentes ligados ao curso de Arquitetura e Urbanismo, evidencia uma possvel falha por parte do grupo na divulgao das plataformas v i r t u a i s , f a c e b o o k e i n s t a g r a m , o u o p u r o desinteresse dos demais usurios em discutir o uso d o e s p a o . M e s m o o s estudantes de Arquitetura que aderiram ao Facebook ou a o I n s t a g r a m p o u c o contribuiram. Durante todo o t e m p o d e a t u a o n o consguimos recolher mais que algumas fotos alguns r e g i s t r o s d o n o s s o c o t i d i a n o , m a s s e m depoimentos, crticas ou sugestes. Isso significaria uma apatia geral? O f a t o q u e , e m b o r a tenhamos nos esforado para q u e h o u v e s s e u m compartilhamento espontneo de ideias acerca dessa arquitetura que serve a todos do Instituto, no conseguimos, com efeito, mobilizar os professores, alunos dos demais cursos, tampouco os funcionrios.

  • E Ag

    ora?

    ? Os resultados obtidos, uma vez que no corresponderam s n o s s a s h i p t e s e s iniciais, nos levaram a novos questionamentos. Seria vlida uma anlise do cotidiano? O que esse cotidiano representava na v i d a d a s p e s s o a s q u e estvamos observando?

    * Ao passo que seu corpo mecanizado, o que se abre o campo para o corpo banalizado e pronto para receber a apatia de um tempo de aceleraes, serialidade, excesso de informaes e colapso dos sentidos. [...] A princpio, o corpo tem seus cinco sentidos tato, olfato, paladar, audio e viso constantemente hipertrofiados quando exposto a uma gama enorme de estmulos de toda ordem, especialmente visuais. Porm, tal exposio ocorre com tamanha frequncia e dimenso que a sensibilidade corprea tende a entrar em colapso, revelando-se um processo de atrofia. (COSTA, pg. 122)

    Flvia Nacif da Costa mestre em arquitetura pela EAUFMG e doutora em arquitetura pelo PROPAR da UFRGS desde abril de 2003

    A t q u e p o n t o o s e x t e n s o r e s d o c o r p o (Facebook, Intagram) ajudariam na percepo do e s p a o a o i n v s d e maquinizar tal percepo, i m p o s s i b i l i t a n d o q u a l q u e r n v e l d e s e n s i b i l i z a o p o r estmulos externos*?

  • E ag

    ora?

    ?

    E r a n e c e s s r i o sistematizar as crticas para elaborar um novo plano de ao

  • E Ag

    ora?

    ?

    Reflexo de uma cultura m o d e r n i s t a e f u n c i o n a l i s t a a arquitetura, segundo Lefebvre, oscila entre a r e p r e s e n t a o d e u m vazio, quase geomtrico, to somente ocupado pelos conceitos, pelas lgicas e estratgias (LEFEBVRE, 1999b, p. 141). Foi esse cenrio encontrado no P r d i o 4 7 , s e d e d o Instituto de Cincias Sociais da PUC-MG, que motivou uma pesquisa e anlise sobre o cotidiano do mesmo. A primeira pergunta que se fez foi: por que uma anlise do cotidiano? Simples, no cotidiano q u e s e d o a s transformaes urbanas, partindo das crticas e a l c a n a n d o n o v a s proposies capazes de modificar o espao para que o mesmo possa servir s necessidades de um determinado grupo. A partir disso surgiram uma srie de questionamentos que guiaram o trabalho apresentado disciplina d e A r q u i t e t u r a e U r b a n i z a o Contemporneas.

    Q u a i s o s e s t m u l o s f o r n e c i d o s p e l o Quarentaesete aos diversos usurios? Como um espao neutro, segundo os moldes m o d e r n i s t a s , p o d e r i a propiciar as condies bsicas de sobrevivncia aos diversos usurios dos cursos, uma vez que cada um d e l e s ( s e j a e n q u a n t o sujeito ou enquanto grupo) tinha imperativos distintos e, muitas vezes, opostos? Qual seria o papel do arquiteto ao pensar o cotidiano do outro? Vrias foram as indagaes que permearam o trabalho e, para os inquietos, no, nem todas as dvidas foram respondidas. Os resultados das anlise pictricas e de observao do Quarentaesete levaram a um resultado antevisto por diversos autores - os Situacionistas, Lefebvre, Monte-Mr todos eles trataram, de certa forma, do empobrecimento da vida cotidiana. O que foi o b s e r v a d o n o P r d i o Q u a r e n t a e s e t e f o i u m t e r r i t r i o u r b a n o desprovido de corporalidade ou consistncia, fruto de uma sociedade imagtica e espetacular, que reduz a cidade a um espao que lido e no que usado.

    OS MANUAIS DO QUARENTAESETE Apatia e conflitos

    Uma experincia genuna do presente nos impede de

    idealizar o passado (BENJAMIN, 2005, p. 165).

  • E ag

    ora?

    ?

    Deu-se a tragdia atual do cotidiano:

    a organizao controlada e minuciosa do emprego do tempo, a

    manipulao dos ritmos subjetivos, rigorosamente

    distribudos em trabalho, vida privada, cio sem que nada de

    frutfero e improvisado possa advir da (VELLOSO, 2011).

    O b s e r v o u - s e u s u r i o s dispersos no espao e sua m e n t e t o m a d a p e l a preocupao em sobreviver m i n i m a m e n t e , v i v e n d o imersos em apatia. Notou-se u m c o t i d i a n o d e n o apropriao onde possvel medir o nvel de alienao dos usurios. A pergunta que se seguiu ento foi: como agir contra a p a s s i v i d a d e n o Quarentaesete? Como tirar o receptores do espao desse estado de apatia e fazer com que eles, de fato, p u d e s s e m e x e r c e r s e u potencial transformador do cotidiano? Surgiram ento os Manuais de Sobrevivncia do Quarentaesete.

    Nesse ponto cabe uma anlise sobre os manuais: no o objetivo do manual ditar aes ou mesmo categorizar aes tpicas do Servio Social, da Arquitetura, das Relaes Internacionais ou ainda das Cincias Sociais. Sob esse ponto de vista justifica-se o fato de inexistir um plano de ao para a divulgao dos manuais qualquer usurio do Quarentaesete (seja aluno, funcionrio, professor) pode ter acesso aos manuais uma vez que os mesmos tem como objetivo final instigar a cultura do i m p r o v i s o , d a s m i c r o -revolues, citadas em uma etapa anterior. Os Manuais de Sobrevivncia do Q u a r e n t a e s e t e n o v i s a m administrar possveis conflitos entre os usurios e sim, m o t i v a r a a u t o n o m i a d o indivduos para analisar, criticar e propor novas formas subjetivas de apropriao de um espao coletivo. Os manuais em nada se assemelham s prticas modernistas (no que concerne ao espao super planejado) mas v i s a m p o t e n c i a l i z a r o s conflitos entre os diferentes receptores. P o r q u e p o t e n c i a l i z a r conflitos? Ora,

    so eles, e apenas eles,

    capazes de engendrar sujeitos coletivos e dinmicas sociais capazes de desafiar polticas

    urbanas que se acomodam, ou mesmo promovem ativamente a

    cidade negcio, a cidade-mercadoria. So os conflitos, e os sujeitos coletivos que eles

    constituem e instituem, que podem gerar novos direitos

    urbanos (VAINER, 2007).

    Carlos Vainer, Cordenador do IPPUR/UFRJ, defende que um sistema tanto

    mais pujante e dinmico quanto mais capaz de gerar e produzir conflitos. E que ao invs de s i n a l i z a r d i s f u n e s e desequilbrios, os conflitos constituem dinmicas, processos e sujeitos sociais que viabilizam e operam o permanente aperfeioamento do sistema ou, mesmo, em algumas vises, sua superao a t r a v s d e r e f o r m a s o u revolues.

  • E Ag

    ora?

    ? Os conflitos constituem dinmicas, processos e s u j e i t o s s o c i a i s q u e viabilizam e operam o permanente aperfeioamento do sistema ou, mesmo, em a l g u m a s v i s e s , s u a superao atravs de reformas ou revolues. A f i n a l , a c i d a d e h o m o g e n e i z a d a , u m a utopia, produto de uma ao d i t a t o r i a l d o consensualismo, que exila q u a l q u e r c o n f l i t o o u diferena. Conflitos bem vindos. Manuais de Sobrevivncia que se multipliquem e se d i s s e m i n e m . Q u e o s conflitos entre as diversas vises encontradas no Instituto de Cincias Sociais recuperem o sentido virtuoso da apropriao do espao, entendida como ao c o l e t i v a n o a m b i e n t e pblico.

    Voc sabe o que a utopia da cidade harmnica?

    Nascidas quase sempre de uma crtica s desigualdades que marcaram a emergncia do capitalismo (e ainda marca, hoje, o capitalismo maduro), as utopias sociais so quase sempre utopias urbanas. E a cidade desenhada nestas utopias uma cidade igualitria, em que a absoluta igualdade, poderamos mesmo dizer, homogeneidade dos indivduos (ou famlias, conforme o caso e autor), constituem preveno plena e absoluta do conflito. A sociedade utpica , pois, assim, uma sociedade da qual todo e qualquer conflito social foi banido porque toda desigualdade de classe, entendamo-nos bem foi, ela tambm, banida. Explica Carlos Vainer

    Ben Highmore, ao criticar o posicionamento de Barthes sobre uma Semiologia da cidade, expe um fator t a m b m e n c o n t r a d o n a anlise do cotidiano do 47: f a l a n d o s o b r e f o r a s s u b v e r s i v a s , s e g u n d o Highmore, em uma cidade t e x t o e x i s t e u m u s o limitado: os usurios e n c o n t r a m f o r a s subversivas em vez de d e s e m p e n h - l a s ; e l e s encontram, em vez de produzir a heterogeneidade do urbano. esse o nosso desafio C o m o c r i a r a f o r a s s u b v e r s i v a s n o Quarentaesete?

  • E ag

    ora?

    ?

    Quer exemplos?

    Paris, 1968: No pediremos nada, no exigiremos nada. Vamos simplesmente tomar e ocupar!

    Debaixo do asfalto, a praia!

    Belo Horizonte, 2011:

    Prdio 47, 2012()

  • Aquilo que no mata o poder, o torna mais

    forte, mas por sua vez, aquilo que o poder no

    mata, o enfraquece.

    Inte

    rven

    es

    Como manter vivas as aes/

    micro-revolues?

    Os manuais do 47

  • Inte

    rven

    es

    Divulgao no prprio prdio como fazer a informao circular

    entre os usurios do 47.

  • Inte

    rven

    es

    O Manual da escada

  • Inte

    rven

    es

    Vigilncia, ngulo de viso elevado (privilegiado), ponto de convergncia natural dos fluxos, maior concentrao de pessoas em um espao, inexistncia de mobilirio, largura da escada, se ajusta ao corpo e a diferentes posies, distante de outros locais No tem companhia, no tem ningum sentado antes transgressor?/Desproteo?

    Porque (no) na escada? Questione-se

  • Os manuais do 47

  • MANUAL* DE PRO-DUO DE UM CINZEIRO

    1-Una a uma lata de alumnio uma lingueta metlica com a ajuda de elsticos de dinheiro

    2-Junte a um m e est pronto o cinzeiro que pode ser acoplado em qualquer pea metlica do edifcio (guarda--corpos, esquadrias, ele-vadores, etc.)

    * ESTAS SO APENAS SUGESTES, DEIXANDO AO USURIO A ESCOLHA DO USO QUE MELHOR LHE

    CONVM.

    O Ministrio da Sade adverte:FUMAR PREJUDICIAL

    SADE;MAS JOGAR RESTOS DE CIGAR-

    RO PELO PRDIO TAMBM

  • MANUAL* DE USO DE UMA PAREDE BRANCA

    1-Encontre uma parede branca com o tamanho adequado suas espec-tativas;

    2-Eleja um !lme para a exibio e consiga o equipamento para sua projeo

    A B

    C

    3-Certi!que-se de que estejam unidas as peas A (aparelho de som), B (noite) e C (pblico)

    * ESTAS SO APENAS SUGESTES, DEIXANDO AO USURIO A ESCOLHA DO USO QUE MELHOR LHE

    CONVM.

  • MANUAL* DE ADAP-TAO DE ARMRIO

    * ESTAS SO APENAS SUGESTES, DEIXANDO AO USURIO A ESCOLHA DO USO QUE MELHOR LHE

    CONVM.

    1-Encontre uma caixa de incndio

    2-Coloque a as coisas que voc desejar

    **Em caso de incndio, suas coisas podem vir a sofrer algum dano, alm daqueles j proporcio-nado pelo fogo

  • MANUAL* DE USO DAS SALAS EM DIA DE CHUVA

    2- Abra-o dentro da sala de aula para impedir que voc ou seus obje-tos sejam molhados.

    * ESTAS SO APENAS SUGESTES, DEIXANDO AO USURIO A ESCOLHA DO USO QUE MELHOR LHE

    CONVM.

    1-Tenha em mos um guarda-chuva ou outro objeto impermevel

    3-Muna-se de !gas, fer-raduras e outros amule-tos como medida com-pensatria m-sorte causada pelo guarda-chuva

  • MANUAL* DE USO DAS SALAS EM DIAS EN-SOLARA-DOS

    Em caso de interefern-cia da luz solar sobre as projees:

    * ESTAS SO APENAS SUGESTES, DEIXANDO AO USURIO A ESCOLHA DO USO QUE MELHOR LHE

    CONVM.

    1-Consiga a maior quan-tidade de casacos, lenos, camisetas ou qualquer outro tipo de superfcie malevel e opaca.

    2-Diponha-as sobre as janelas das quais a luz solar penetra.

    **Quanto maiores as quantidades de superf-cies conseguidas, mais satisfatrios ser o resul-tado

  • MANUAL* DE USO DAS SALAS EM DIA DE CINE PA-REDO

    2- Faa uso de fones de ouvido; ou

    3-Junte-se aos especta-dores

    * ESTAS SO APENAS SUGESTES, DEIXANDO AO USURIO A ESCOLHA DO USO QUE MELHOR LHE

    CONVM.

    1-Faa por escrito na secretria uma reclama-o

    OU

  • MANUAL* DE USO DE TOMADAS

    1-Junte uma quantida-dade signi!cativa de Ts, beijamins e a!ns, pois muitos so os plugs para poucos pontos eltricos

    2-Com um arranjo inteli-gente possvel alimen-tar todos os equipa-mentos eltricos neces-srios

    * ESTAS SO APENAS SUGESTES, DEIXANDO AO USURIO A ESCOLHA DO USO QUE MELHOR LHE

    CONVM.

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    iand

    o Crticas ao modelo das cidades e arquitetura f u n c i o n a i s j h a v i a m surgido em meados do sculo X X , c o m o a c r i t i c a m u s e i f i c a o e a o espetculo, apontada pelo grupo Situacionista. Tal modelo foi originado da mentalidade modernista, da alienao e da passividade da sociedade, fruto da vida cotidiana regida pela lgica capitalista. Ainda so colhidos frutos desse pensamento a tradio funcionalista rege o nosso dia a dia. Em contraponto, adotamos a v i s o d e c i d a d e contempornea como uma rede de mobilidade, fluxos e i n t e r c o n e x e s d e informao, pessoas e m e r c a d o r i a s . C i d a d e e s s a , c o m o c a m p o d e experimentaes; sejam elas culturais, produtivas, a r t s t i c a s o u a r q u i t e t n i c a s - b e m sucedidas, ou no dadas, segundo Lefebvre, atravs d a o b s e r v a o d a e x p e r i n c i a , v i v n c i a cotidiana do homem. Trata-se de uma cidade que impossibilita sua pr-definio, seu desenho; sua mudana ocorre, somente, a partir das pequenas aes.

    Partindo do entendimento de que o espao produzido a partir de relaes sociais de produo e marcado pela atuao dos atores sociais, t e n t a m o s r e a l i z a r u m a anlise baseada no espao do edifcio do prdio 47, r e f e r e n c i a n d o - a c o m a discusso terica. Entendemos que necessria e s t a c o n s t r u o d o p e n s a m e n t o d e f o r m a reflexiva, buscando na t e o r i a , d e m a n e i r a dialetica, uma analise mais abrangente da realidade, das diferentes maneiras de viver o cotidiano e dos conflitos g e r a d o s a p a r t i r d o s diferentes atores. Sem, em n e n h u m m o m e n t o , d e s v e n c i l h a r - s e d a experincia observada e vivenciada. O espao para o arquiteto o local da interao dos objetos e, atravs dessa so g e r a d a s d i f e r e n t e s f u n c i o n a l i d a d e s e significados.

    A vivncia sobre o espao uma interao direta das prticas sociais sobre esse, impregnando-o de valores pertinentes ao grupo que age s o b r e e l e . D i f e r e n t e s espaos so apropriados de d i f e r e n t e s f o r m a s p o r diferentes grupos.

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    iand

    o

    Nossa maior dificuldade de entender o cotidiano de outrem foi a dicotomia entre as possibilidades de uso do espao, interpretadas a partir da nossa formao tcnica, e o fato de os outros grupos investigados no interpretarem o espao como lugar de possibilidades de ao. Quando o espao no lhes satisfatrio, esses grupos buscam alternativas convencionais de resoluo dos problemas - reclamam com superiores. Espervamos que tais solues partissem das pequenas aes do prprio grupo pequenas revolues c o t i d i a n a s . L g i c a expansvel a outros campos, como a cidade ou a poltica. Apesar dos conflitos e crticas acerca da ausncia de adeso aos movimentos de atuao sobre o espao por parte dos grupos observados, esses conflitos significam q u e r e c o n h e c e m o s a heterogeneidade nas formas de apropriao e vivencia do cotidiano. Mesmo que essas d i f e r e n a s n o s c a u s e m e s t r a n h e z a e p r o d u z a m concluses carregadas de e s t e r e t i p o s s o b r e o s grupos. Quando se abre espao para que a experimentao e investigao se transformem em fonte de construo do s a b e r a r q u i t e t n i c o , inovao ou especulao de i d e i a s ; o u q u a n d o a realidade da vivncia da a r q u i t e t u r a u r b a n a colocada vista, que o sujeito passa a nao ser t r a t a d o c o m o u m s e r genrico.

    Reconhecendo-o como quem nos pode falar sobre a cidade e sobre o espao construdo, sem controlar ou prever o resultado. E que no que isso resultou de fato?? Apesar da compreenso da multiplicidade de usos, apropriaes, percepes, entendemos que a analise no absoluta. Primeiro, p o r q u e e x i g e u m entendimento profundo do cotidiano de vrios atores, que so mutveis e flutuantes, e segundo por estar delimitada a um espao de tempo. Como forma de sobreviver em m e i o e s s a c o n d i o desfavorvel, vislumbramos u m a p o s s i b i l i d a d e d e atuao junto aos usurios, deslocando o foco do objeto e do desenho. Entendemos que o desenho contribui para a apropriao ou no do espao, entretanto, de nada adianta um espao potente diante de usurios inertes. Resta-nos a duvida : como transformar o usurio passivo em um usurio ativo? A nossa tentativa: os manuais. Qual a sua?

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    iand

    o

    Disciplina terica que cumpre o seu papel, aquela que faz o aluno indagar sobre coisas que esto na sua cara mas s vezes, no percebe. No falo isso com autoria mas a p e n a s c o m a m i n h a percepo de aluna e o que eu acho que faz com que eu saia da sala de aula sem parecer que perdi nenhum minuto do meu dia. Gosto das discusses e constataes que foram feitas durante o semestre mas, s vezes, sinto um distanciamento da teoria c o m a p r t i c a a r q u i t e t n i c a e urbanstica. Mas tambm n o s e i s e e s s e distanciamento mais real que apenas no banco da sala de aula. Os autores que estudamos durante o semestre, como o Henri Lefebvre, foram de grande importncia para a compreenso sobre a proposta de anlise do c o t i d i a n o d o n o s s o trabalho, o Prdio 47.

    A s o r i e n t a e s , q u e acredito que tenham que nos desorientar mais que nos orientar, muitas vezes nos ajudou a seguir um caminho de anlise do nosso prdio, j que, como e s t a m o s i n s e r i d o s d i r e t a m e n t e n o s e u c o t i d i a n o c o m o estudantes de arquitetura e como pessoas com suas p r p r i a s v i s e s e h i s t r i c o v i v i d o , difcil conseguir nos abster da nossa viso e p o d e r a m o s s e g u i r analisando sob o nosso ponto de vista. Aps o trmino do trabalho acredito que passei a entender o prdio 47 com mais possibilidades de uso e inteno de apropriao do que anteriormente. S u b v e r t e r u m e s p a o d e m a r c a d o c o m r e g r a s preestabelecidas pode no ser bvio para a grande parte dos seus usurios, que acabam no vivenciando o espao das inmeras maneiras que este pode se propor. d e v e r a s c o m p l e x o agrupar, em um s espao, pessoas com percepes divergentes de como usar ou no um espao, mas a c r e d i t o q u e s e j a j u s t a m e n t e e s s a diversidade de ideias e sentidos que fazem com que o Prdio 47, assim como a c i d a d e , c o n t i n u e s e modificando e criando novos usos e atividades a cada dia. Cludia Camargos

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    iand

    o

    O que me pareceu mais i m p o r t a n t e n e s t a disciplina foi que com ela, voltamos nosso olhar ao cotidiano. M u i t a s v e z e s o s arquitetos que estamos sempre projetando o devir, esquecemos de q u e n o s s a s a e s r e f l e t i r o n o cotidiano, e, portanto no futuro presente das pessoas, o que torna n e c e s s r i o s u a anlise. Entretanto tal anlise difcil, pois no possumos o d i s t a n c i a m e n t o n e c e s s r i o e sistematizao destas r e a l i d a d e s . A l m d i s s o , o s a c o n t e c i m e n t o s cotidianos ocorrem de maneira cada vez mais d i n m i c a , o q u e obriga-nos a tambm sermos dinmicos em sua observao. Nas aulas tericas e textos indicados nos foi possvel conhecer maneiras de anlise deste cotidiano e realidades que tambm eram comuns a analise que desenvolvemos. Isso ressalta mais uma v e z a r e a l i d a d e m a s s i f i c a d a e heterognea em que vivemos em que traos reconhecidos em uma anlise em outra parte do planeta so tambm intrnsecos nossa.

    A s a p r e s e n t a e s d o s trabalhos dos outros grupos puderam despertar uns m a i s o u t r o s m e n o s - discusses interessantes e c o n t r i b u r a m p a r a a m o n t a g e m d o c e n r i o contemporneo, sem, porm se ater muito somente ao campo da arquitetura. Entretanto se pensarmos bem u m d o s t r a o s d a contemporaneidade ter os limites pouco definidos, o que torna os resultados tambm pouco restritos: todas as aes podem e costumam refletir em um todo. Finalmente, a falta de delimitao do trabalho a s e r d e s e n v o l v i d o d e u abertura a uma diversidade de abordagens, entretanto muitos levaram algum tempo para delimitar seu obejeto de estudo, maneira de trabalho e produto final, restando pouco tempo para o desenvolvimento final da a n l i s e r e a l i z a d a . A sugesto de apresentao em outras mdias tambm foi pouco explorada, sendo deficiente, na maioria dos casos, a explorao do suporte escolhido. Las Grossi.

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    iand

    o O mundo humano no est definido simplesmente pelo histrico, pela cultura, pela totalidade ou pela sociedade em seu conjunto, nem por superestruturas ideolgicas e polticas. Est definido por um nvel intermdio e mediador: a v i d a cotidiana (Lefebvre). Essa afirmao ajuda a compreender o foco central da disciplina Arquitetura e U r b a n i z a o Contempornea e trouxe, na maior parte do tempo, discusses vlidas sobre o exerccio da profisso de Arquiteto e Urbanista. Onde esse profissional est inserido na vida cotidiana (me refiro no ao meu cotidiano, mas ao cotidiano do outro)? A r e s p o s t a a e s s e questionamento, apesar de cruel e desesperadora, i m p o r t a n t e p a r a q u e possamos estabelecer um posicionamento tcnico firme frente ao mercado de trabalho. As dvidas (nem sempre respondidas) e as crticas (nem sempre aceitas) construdas com a s d i s c u s s e s , principalmente fora da sala de aula, serviram p a r a i n s t i g a r n o v a s p e s q u i s a s e n o v o s questionamentos a serem respondidos no agora, mas durante todo o exerccio profissional, mas confesso que, ao final de cada aula, sentia um certo receio quanto ao papel do arquiteto, e ainda sinto.

    Senti falta durante o s e m e s t r e d e u m direcionamento maior para os trabalhos. Concordo que o tema do cotidiano um tema amplo e que permite mltiplas interpretaes, mas isso no o isenta da n e c e s s i d a d e d e u m a metodologia de trabalho e de avaliao mais bem detalhada e atualizada com determinada frequncia. A i n d a s o b r e o m t o d o didtico, discordo do nmero elevado de filmes apresentados na ausncia do docente que, apesar de c o n t r i b u r e m p a r a a formao de uma bagagem pessoal, pouco interferiram p a r a e l a b o r a o d o trabalho. Outra falha, ao meu ver, a dificuldade de relao entre teoria e prtica. Sei que no cabe essa disciplina implementar tcnicas projetuais , mas caberia ento mostrar com mais detalhes e exemplos quais as metodologias de projetos bem sucedidas de a c o r d o c o m a t e o r i a discutida em sala e seno projetos, outras formas de atuao. Esse seria um modo de acalmar as incertezas geradas durante as aulas de Arquitetura e Urbanizao Contemporneas. Tasa Campos.

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    iand

    o

    Sobre a discipl ina Arquitetura e Urbanizao Contemporneo, me incomodou. Tirou-me do estado de latncia, tirou da inercia muita gente e gerou conflito. E conflito, como viemos defendendo ao longo do trabalho, necessrio e em nossa conjuntura (quase arquitetos), urgente. Assim como os usurios do prdio 47 [sem excluir-me], os estudantes esto apticos ao plano de ensino, ao curso e a prpria Arquitetura e Urbanismo. Durante os 4 semestres em que estudei na PUC, devo dizer que a primeira vez que vi sede, interesse pela critica da profisso, do cotidiano e do espao ao invs de sua mera reproduo (reproduo essa, que no sei desde quando, passou a ser merecedora de diploma de bacharelado). Considero pertinente a discusso proposta para a discipl ina, mas esperava um direcionamento mais claro, no que concerne a crtica aplicada profisso do Arquiteto-Urbanista. Falta para mim, uma convergncia entre prtica e teoria na disciplina e no curso como um todo. Acho que a crtica vlida desde que altere o status quo. E at ento, para alm da simpatia s referencias de minhas colegas desistncia do curso, suicdio e vender canga na praia o que eu sinto, um distanciamento desconcertante da teoria do cotidiano, do prprio cotidiano do arquiteto e principalmente, da execuo da arquitetura, do cotidiano do canteiro.

    Chegamos num embate, o arquiteto no atende o cliente, porque no sabe reconhecer suas complexas e mutveis relaes com o espao. O arquiteto no sabe comunicar o que idealizou para o executor, uma vez que seu desenho muito tcnico (para os pedreiros) e por vezes falta tcnica, porque tambm desconhece os materiais que especifica. Na falta de entendimento do que seria uma boa arquitetura ou preguia projetual/ intelectual, lana-se mo de uma serie de novos nomes/funes para o arquiteto. Somos (tomando emprestado o titulo) mediadores do espao, somos generalistas, entendemos o todo, mentira. Sabemos pouco de cada coisa. E como resultado da gerao da informao, no sabemos conect-las. Nesse vis, considero que teria sido adequado um enfoque maior na metodologia de pesquisa, de forma a auxiliar na busca de respostas- talvez nunca definitivas, sobre onde podemos inserir-nos no mercado de trabalho. O problema grande, mas se repete nas mais diversas reas. Ao invs de matar-nos, precisamos nos reinventar. Como? Tudo indica que ser uma busca longa e solitria. Ana Beatriz Beraldo.

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    iand

    o

    preciso ter cuidado ao se fazer definies ou generalizaes. Mesmo assim incorro nesse risco ao dizer que me parece temerrio o fato de, quando nosso caminho para a formao profissional est se concluindo, muitos n o s m o s t r a r m o s despreparados em assuntos e reas que j deveriam ter sido aprimoradas. Iniciando pelo (des) conhecimento da(s) cidade(s). fato que tanto a arquitetura quanto a vida cotidiana so annimas, mas sendo habitantes da mesma poro do planeta e com historias e espaos inter-relacionados, como no conseguimos enxergar as particularidades? Esse assunto do sujeito tipo da arquitetura do movimento moderno, do inicio do sculo XX, est por demais entranhando na nossa maneira de enxergar os espaos e as pessoas. S no compreendemos que essa tipificao dos s u j e i t o s f o i u m a generalizao do modo de produo capitalista no q u e t o d o s s o m o s completamente iguais. Produzimos de forma igual, p e n s a m o s d e f o r m a s diferentes.

    Todo dia eu s penso em poder parar; Meio-dia eu s penso em dizer no, Depois penso na vida pra levar E me calo com a boca de feijo. Peo licena aos versos de Chico Buarque que j em 1971 cantavam a carncia das c i v i l i z a e s a u t o m a t i z a d a s q u e morriam de tdio ou s u f o c a d a s p e l o desempenhar os papis que cabem a cada um na sociedade. Percebemos que a msica lembra uma rotina. As estrofes so todas encaixadas sobre uma mesma forma, com versos semelhantes e repetidos, at o ato de sorrir visto como um a t o m e c n i c o , u m sorriso sempre dado no mesmo horrio, ao mesmo t e m p o c a n t a a n e c e s s i d a d e d a r e s i s t n c i a , a insatisfao com a vida repetitiva.

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    iand

    o

    Nem todos somos grandes pensadores, mas ao mesmo tempo nem todos somos medocres e manipulveis. Como assim se sentir s u r p r e e n d i d o a o e n c o n t r a r m o s v i d a pensante e atuante na favela? Entendo que a principal funo do arquiteto a de ser um catalisador entre as insatisfaes s o b r e o e s p a o e a tcnica para resolv-las, mas como faz-lo se, pelo q u e a p r e e n d i d a a p r e s e n t a o d o s trabalhos do 8 perodo do curso de Arquitetura e U r b a n i z a o C o n t e m p o r n e a s , arquitetos esto sendo f o r m a d o s p a r a n o enxergar as diferenas e insatisfaes daqueles que cotidianamente usam os espaos tanto da c i d a d e q u a n t o d o s edifcios? Ao conhecermos o q u e e q u e m n o conhecamos, passamos a nos conhecer melhor. T r a t a - s e d e i n q u e s t i o n v e l importncia este olhar p a r a , s e p u d e r m o s , reconhecer atitudes que nos ensinem mutuamente a e n f r e n t a r a s m e s m a s questes que ainda nos afligem. As linhas de sobrevivncia individuais sempre se cruzam, se c h o c a m , o u s e interceptam.

    Outro ponto passvel de d i s c u s s o a dificuldade de trabalhar com autonomia. s u r p r e e n d e n t e o panorama das repetidas f a l a s d o s q u a s e arquitetos: o professor disse, o professor quis. A c u l p a d e u m a possvel burocratizao d o e n s i n o d e arquitetura, que leva perigosamente ao excesso de normas e regras que culminam em um sistema q u e s e p a u t a , essencialmente, por uma postura meramente de execuo de tarefas com pouco contedo e alunos dispersos que chegam ao quase profissionalismo apenas cumprindo tarefas e c o m p o u c o s e n s o critico acerca daquilo q u e p r o d u z e m ? Pouqussimos deixam transparecer alguma identidade prpria, diferenciada, ligada ao u m c o n t e x t o o u d e pensamento diferenciado ou especfico. Seramos ento, ns alunos, responsveis pelo pouco interesse no decorrer do curso, por processos mais investigativos ou experimentais acerca da formao do conhecimento acadmico, permitindo-nos sempre ser guiados p o r c a m i n h o s p r -estabelecidos ,quando o mais correto seria sermos responsveis pela n o s s a p r o d u o d e conhecimento? Rbia Nascimento