Controle de Infeccoes Em Servicos de Saude

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Controle de Infeccoes Em Servicos de Saude

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Acredite no seu potencial, bons estudos!

Curso Gratuito Controle de

Infecções em Serviços de

Saúde

Carga horária: 55hs

Conteúdo Programático:

A infecção relacionada à assistência à saúde

Principais infecções relacionadas à assistência à saúde

Vigilância Epidemiológica

Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)

Programa de Controle de Infecção Hospitalar

Os serviços de saúde

Segurança dos profissionais de saúde

Imunização dos profissionais de saúde

Os resíduos dos estabelecimentos de saúde

A história e as leis que regem o controle de infecção

Prevenindo infecções

Cuidados com os instrumentos

A limpeza do ambiente

Medidas preventivas de infecção relacionada à assistência à saúde

Precauções para os profissionais de saúde

Higienização das mãos

Bibliografia

A Infecção relacionada à Assistência à Saúde

Infecções são doenças causadas por micro-organismos que

entram no corpo do ser humano, ou outro animal, causando sérias

consequências. Os seres vivos que têm seu corpo invadido por

esses micro-organismos nocivos são chamados de hospedeiros.

Este micro-organismos podem ser representados por fungos,

bactérias, vírus ou mesmo vermes e eles necessitam de outro seres

vivos para sobreviver, por isso são chamados de parasitas.

Quando os micro-organismos já estão no interior do

corpo do hospedeiro, eles se reproduzem e alcançam outros

órgãos, ou mesmo o corpo todo quando entram na corrente

sanguínea.

Sempre que um parasita invade o corpo de outro ser vivo, ele

vai causar uma doença. Se o hospedeiro vier a falecer, os parasitas

morrem com ele, a não ser que tenham conseguido deixar

descendentes em outros locais.

A Infecção Relacionada à Assistência à Saúde, IrAS, é uma

infecção que vai ocorrer no período de internação do paciente. Em

alguns textos será encontrado o termo Infecção Hospitalar, IH,

entretanto, trata-se do mesmo assunto.

Atualmente, busca-se a substituição do termo Infecção

Hospitalar por Infecção Relacionada à Assistência à Saúde pelo

fato de esse último ser mais abrangente , incluindo também as

infecções adquiridas em ambulatórios, durante cuidados feitos

em casa e as que acometem os próprios profissionais da saúde.

Antes de ingressar no estabelecimento de saúde, o

paciente não apresentava quatro infeccioso e, por conta de

algumas condutas profissionais ou outros fatores, adquiriu a

infecção no estabelecimento.

Um estabelecimento de saúde, de acordo com o Portal Geo, é

o “estabelecimento que presta serviços de saúde com um mínimo

de técnica apropriada, segundo critérios estabelecidos pelo

Ministério da Saúde, para o atendimento rotineiro à população,

como posto de saúde, centro de saúde, clínica ou posto de

assistência médica, unidade mista, hospital (inclusive de

corporações militares), unidade de complementação diagnóstica e

terapêutica, clínica radiológica, clínica de reabilitação, ambulatório

de sindicato e clínica odontológica”.

Nos estabelecimentos de saúde existem três áreas

classificadas de acordo com o risco de infecção. São elas:

- Áreas críticas: são as que oferecem maior risco de infecção

por conta do estado mais crítico dos pacientes ou por conta dos

procedimentos invasivos lá realizados.

Exemplos de áreas críticas: área de isolamento de pacientes,

salas de cirurgia, salas de parto, unidade de quimioterapia, Centro

de Tratamento de Queimados (CTQ), laboratório, área do

atendimento emergencial, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), etc.

- Áreas semicríticas: são as áreas em que há pacientes

internados ou aguardando atendimento, mas que não estejam

em situação de contaminação. Aqui o risco de infecção é menor do

que nas áreas críticas.

Exemplos de áreas semicríticas: enfermaria, ambulatório,

consultórios médicos, etc.

- Áreas não-críticas: são as áreas em que os pacientes não

têm acesso. Nesse caso, o risco de contaminação é quase zero, o

que pode causar uma infecção nessas áreas é a falta de higiene

adequada.

Exemplos de áreas não críticas: áreas

administrativas, salas de reunião, auditório, banheiro/vestiário dos

funcionários, etc.

As IrAS são diagnosticadas depois de transcorridas 72

horas da internação ou mesmo depois da alta hospitalar, quando o

paciente já está em casa, mas nesse caso, a infecção deve ter

relação com algum procedimento realizado no estabelecimento de

saúde.

Se a infecção ocorrer antes do período de 72 horas, só

será considerada hospitalar se tiver relação com algum

procedimento diagnóstico e/ou terapêutico, realizados durante este

período de internação.

O paciente que adquirir uma infecção em um estabelecimento

de saúde pode permanecer mais tempo internado, o que torna a

internação mais custosa e arriscada. As infecções também podem

ser muito severas levando o paciente a óbito.

Elas são responsáveis por muitas mortes de pacientes

internados ou por deixar algumas sequelas, caso o paciente

sobreviva. Entretanto, a medicina tem evoluído muito, salvando

muitas vidas.

A transmissão das infecções nos estabelecimentos de saúde

pode acontecer por várias razões. O estado do paciente também

influencia muito na evolução da infecção, ou seja, se ele estiver

com o sistema imunológico debilitado, certamente sofrerá com a

infecção.

Outros fatores que aumentam o risco de contrair infecção são:

- o histórico médico do paciente, ou seja, que tratamentos já

fez e que medicamentos já fez uso;

- agressões tóxicas, ou seja, se o paciente usa álcool, drogas,

ou se usou algum medicamento ou contraiu doença que causou

algum dano;

- o tempo de internação do paciente;

- os hábitos de higiene dos profissionais de saúde, e outros.

Os micro-organismos que causam infecções podem estar

presentes nas mãos das pessoas, na água ou alimentos

contaminados, no ar, na poeira, na saliva e em outros locais.

De acordo com o portal do Hospital Albert Einstein, os riscos

de se contrair uma infecção podem ter relação com:

- Os cuidados prestados: quando os micro-organismos

estão presentes nas mãos dos profissionais de saúde que não

fizeram a devida higienização, no ambiente e até mesmo no

organismo do paciente.

Nesses casos, os procedimentos invasivos, que são aqueles

em que é necessário perfurar a pele ou fazer uma abertura, são a

porta de entrada para os micro-organismos.

Se o ambiente, as mãos do profissional, ou os instrumentos

cirúrgicos não estiverem desinfetados e esterilizados há um grande

risco de contaminação, já que é pela abertura na pele que os micro-

organsmos invadem o cporpo do hospedeiro.

A prevenção de algumas dessas infecções, especialmente as

que ocorrem após cirurgias, podem ser prevenidas com o uso de

antibióticos receitados unicamente por profissionais habilitados.

- A organização : diz respeito a fatores como a quantidade de

pessoas em um mesmo quarto de hospital, a proximidade entre

elas, a situação dos sanitários, se há formas de lavar as mãos

e secar com produtos descartáveis, quantas enfermeiras atendem

deteminados numeros de pessoas entre outros.

Aqui pode haver a transmissão de doenças de paciente para

paciente diretamente ou por meio de sanitários, produtos de

higiene não descartáveis, e até mesmo os médicos e

enfermeiros podem ser os intermediários da transmissão de

doenças infecciosas.

- A situação do paciente: a infecção pode ser mais prejudicial às

pessoas, que possuem graves doenças ou que estão com a

imunidade mais baixa.

Há os pacientes que têm seu corpo invadido pelos micro-

organismos da infecção, mas que não terão sintomas tão fortes

quanto os pacientes mais debilitados.

Os que estão mais suscetíveis a adquirir essas infecções são

as pessoas com câncer, os recém-nascidos, os idosos, portadores

de diabetes, e transplantados, pois possuem um sistema

imunológico mais fraco.

A realidade é que qualquer pessoa que se interna para

algum procedimento médico tem chances de contrair uma infecção.

Para aquelas que vão realizar uma cirurgia, as chances são

maiores.

Os locais que possuem mais focos infecciosos são as

Unidades de Terapia Intensiva, UTI, aonde ficam as pessoas com

casos mais graves, e os Centros Cirúrgicos, pois lá são realizados

procedimentos invasivos e usados instrumentos cortantes.

Precursores do Controle de Infecções

Atualmente, nos hospitais e outros estabelecimentos de saúde

são tomadas algumas medidas de higiene como prevenção de

doenças e mortes.

Entretanto, nem sempre foi assim. Não se tinha consciência

de que algumas pequenas atitudes poderiam salvar vidas.

Por isso, quando o assunto é infecção relacionada à

assistência à saúde, alguns nomes devem ser considerados.

Ignaz Philipp Semmelweis

Médico obstetra, nascido na Hungria em 1 de julho de 1818 e

falecido em 13 de agosto de 1865. Ele foi o responsável por salvar

muitas mães e filhos depois do parto.

Semmelweis observou que o número de mortes de mulheres

e bebês logo após o parto era consideravelmente alto na clínica em

que atuava. Mesmo os partos realizados por parteiras não

tinham uma taxa de mortalidade tão elevada, entretanto, a causa

dos óbitos ainda era desconhecida.

Acreditava-se que o que acometia as mulheres e os bebês era

uma febre que acontece por conta do parto, chamada febre

puerperal. Por um longo tempo, o médico e toda a equipe do

hospital acreditou ser essa a causa.

Quando as mulheres estavam prestes a falecer um padre

era chamado para aplicar a extrema unção. Ao final da

bênção, os padres tocavam um sino. Semmelweis pediu aos

padres que não fizessem mais isso, pois os sinos deixavam as

outras mulheres com medo, o que, supostamente, poderia

agravar a febre puerperal, mas nada mudou.

A equipe do hospital chegou até mesmo a acreditar que as

mortes eram causadas por estudantes de medicina, especialmente

os estrangeiros, que causavam uma lesão na vagina das mulheres

na hora dos exames.

Foi proibido aos estudantes o acesso ao hospital e foram

contratados apenas os húngaros. Inicialmente, o número de mortes

diminuiu, mas depois voltou a subir.

O obstetra realizou diversos estudos, montou tabelas,

observou trabalhos, mas não chegava a nenhuma conclusão.

Cansado, tirou férias fora de seu país, e quando retornou, um

colega havia falecido depois de um estudante tê-lo ferido

acidentalmente com um bisturi.

Na autópsia do colega, Semmelweis constatou que as lesões

eram idênticas às das mulheres e bebês mortos após o parto.

Concluiu, então, que se o bisturi estava contaminado, as mãos dos

médicos e estudantes também estariam.

O médico fixou um cartaz na porta da maternidade com a

seguinte ordem:

“A partir de hoje, 15 de maio de 1847, todo estudante ou

médico, é obrigado, antes de entrar nas salas da clínica obstétrica,

a lavar as mãos, com uma solução de ácido clórico, na bacia

colocada na entrada. Esta disposição vigorará para todos, sem

exceção”.

Depois dessa medida, a taxa de mortes entre mães e bebês,

que era de 18,27%, reduziu para 3,04% em um prazo de dois

meses.

Na ilustração, Semmelweis depois da prática de lavar as

mãos antes de realizar os partos.

Florence Nightingale

Enfermeira, nascida em Florença em 12 de maio de 1820 e

falecida em 13 de agosto de 1910. Conhecida como a “dama da

lâmpada”, ficou famosa por cuidar de feridos da Guerra da Crimeia

(1854-1856).

Florece Nightingale recusou à vida típica de mulheres que se

casam e têm filhos para se dedicar à enfermagem e a ajuda ao

próximo.

Sempre lutava por melhoria no tratamento de saúde de

pessoas pobres, fazendo parte do Comitê de Lei para os Pobres.

Mas foi por exigir melhores condições de higiene aos soldados da

Guerra da Crimeia que Florence ficou mais conhecida.

Durante a guerra, a enfermeira viu que as condições de

higiene do hospital para os feridos eram muito precárias, o que fazia

com que o número de infecções crescesse levando muitos soldados

à óbito.

Ela organizou toda a infra-estrutura do hospital e treinou a

equipe de enfermeiras, fazendo com que a taxa de morte dos

feridos caísse de 42,7% para 2,2%.

William Stewart Halsted

Cirurgião norte-americano, nascido no ano de 1852 e falecido

em 1922. Ele foi considerado o médico pioneiro na área cirúrgica

nos Estados Unidos.

Halsted foi responsável por diversas descobertas e

avanços na tecnologia voltada à medicina. Dentre elas, podemos

elencar a mastectomia radical que é a retirada do seio no

tratamento de câncer de mama e a introdução dos gráficos que

apontam os sinais vitais do paciente.

Outra conquista importante do médico foi a utilização de

cocaína como anestésico, mas acabou ficando dependente dessa

substância e da morfina. Recuperou-se do vício depois de um

tratamento.

Para a área do controle de infecções, Halsted introduziu o uso

de luvas no momento da cirurgia. Isso ocorreu em 1889 e, desde

então, as luvas têm sido usadas em praticamente todos os

procedimentos de saúde.

Louis Pasteur

Cientista francês nascido em 27 de dezembro de 1822, em

Dôle. e falecido em 28 de setembro de 1895. Pasteur foi um grande

estudioso dos processos biológicos dos micro-organismos.

Dentre os diversos trabalhos e estudos de Pasteur, o que

mais teve contribuição para a área do controle de infecções em

serviços de saúde foi certamente o que trata da fermentação e dos

micro-organismos.

O cientista observou que, durante o processo de fermentação,

alguns micro-organismos modificavam a matéria inicial e criavam

outra, assim como ocorre na fabricação do vinagre, um vinho que

sofreu fermentação. Esse passo foi bastante relevante para

entender como algumas infecções ocorriam.

O resultado de alguns estudos levou Pasteur a descobrir a

causa de doenças contagiosas como a “doença do bicho-da-seda”,

em que o inseto transmitia uma doença chamada pebrina, a

origem dos furúnculos, das infecções no parto transmitidas pela

bactéria estreptococo, entre outras.

Pasteur também desenvolveu vacinas contra doenças

contagiosas, como a vacina contra a “cólera das galinhas” e a

vacina contra a raiva.

Joseph Lister

Médico cirurgião britânico nascido em 5 de abril de 1827 e

falecido em 10 de fevereiro de 1912. Suas pesquisas

descobriram uma poderosa substância antisséptica.

Lister era cirurgião da Enfermaria Real Inglesa e

observou que ocorriam muitas mortes por infecção, especialmente

em pacientes amputados

Havia, na época, uma teoria que afirmava que os micro-

organismos que causavam infecções nasciam sozinhos, mas Lister

acreditava que esses micro-organismos vinham de fora do corpo da

pessoa, e confirmou suas suspeitas nos estudos de Luis Pasteur.

O cirurgião, acreditando que os micro-organismos

causadores de infecção pudessem estar no ar, desenvolveu um

método de desinfetar o ambiente onde ocorreriam as cirurgias.

Improvisou, com um spray de perfume, um vaporizador

de ácido carbólico, o fenol, e aplicou na mesa de cirurgia antes de

operar um garoto. Durante a cirurgia o fenol também foi pulverizado.

A experiência, que ocorreu em 12 de agosto de 1865, foi

muito bem sucedida e o método de pulverização foi aperfeiçoado.

Lister deu origem à chamada medicina antisséptica.

O termo antisséptico diz respeito às substâncias capazes de

inibir a ação de micro-organismos que causam infecções.

Principais infecções relacionadas à assistência à saúde

Existem inúmeras infecções que podem ser adquiridas devido

a uma internação ou a um procedimento feito em estabelecimento

de saúde. Serão citadas as principais infecções de acordo com

os critérios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a

ANVISA.

Infecção do Trato Urinário

A infecção do trato urinário (ITU) representa um grande

número das IrAS, pois entre 35% e 45% do total de infecções

ocorrem no sistema urinário. Um paciente internado que adquiriu

uma ITU tem sua internação prolongada por mais ou menos dois

dias.

O sistema urinário, também chamado de aparelho

urinário, é o sistema do corpo que produz, armazena e elimina a

urina. Ele é formado por dois rins, dois ureteres, uma bexiga e uma

uretra.

A ITU tem grande ligação com o uso do cateter vesical, ou

sonda, como também é conhecida. Esses cateteres são

colocados pela uretra, diretamente na bexiga ou no ureter e são

utilizados nos casos em que a urina não sai, ou não deva sair, pelas

vias normais.

Uma das extremidades do cateter fica na bexiga ou no

ureter, enquanto que na outra extremidade fica uma bolsa coletora,

onde a urina fica armazenada até ser desprezada.

Embora o cateter seja um sistema de drenagem fechado, ou

seja, em que não há abertura para a entrada de ar ou outra

substância, e por mais

que tenha sido colocado de forma correta, há chances de

ocorrer uma infecção.

De todas as ITUs adquiridas nos hospitais, 80% são devido ao

uso do cateter; o restante é adquirido por outras formas. Metade

dos pacientes que usam cateter urinário têm grandes chances de

adquirir a infecção depois de 10 a 14 dias com o aparelho.

A contração da infecção tem relação com o tempo de

permanência do cateter no sistema urinário, ou seja, quanto mais

tempo com o cateter, maiores serão os riscos de contrair infecção.

De acordo com informações da ANVISA, entre os pacientes

que usam o cateter sem estar com infecção, de 10% a 20% terão

ITU depois do procedimento.

Cada dia a mais com o cateter, o risco de infecção aumenta.

Um dia já traz um risco de 3% a 10%. No 15º dia, a pessoa tem

50% de chances de estar com infecção. Se o paciente usar o

cateter por 30 dias, as chances de adquirir uma infecção sobem

para 100%.

A bolsa coletora do cateter vesical não deixa com que a urina

se esvazie totalmente, um agravante para adquirir infecção. Os

micro- organismos que causam ITU provêm da contaminação da

flora microbiana do ânus e de mãos contaminadas dos

profissionais.

Muitos dos micro-organismos que atingem o trato urinário vêm

do trato intestinal. Eles alcançam o aparelho urinário migrando pelo

interior do cateter vesical ou pelo canal da uretra.

Há fatores agravantes para adquirir a infecção do trato

urinário como idade avançada, gravidez e parto, sobra de urina na

bexiga, uso frequente de medicamentos para tratar infecções,

diabetes, entre outros.

As mulheres têm maiores chances de contrair uma ITU, pois,

além de sua uretra ser mais curta que a uretra masculina (a

primeira tem cerca de 5cm, enquanto a segunda alcança 20cm), ela

fica mais próxima do ânus e há uma flora microbiana maior, ou seja,

as bactérias que existem em nosso organismo.

Como já dissemos, quando a bexiga não é totalmente

esvaziada, há grande risco de contrair ITU. Os fatores que levam a

um não esvaziamento total da bexiga podem ser má formação

congênita, ou seja, que ocorre no nascimento, ou antes dele; uretra

estreita; cálculos na bexiga; cistocele, que é a chamada “bexiga

caída”, entre outros.

A ITU pode ser no trato urinário inferior que corresponde à

bexiga e à uretra, ou no trato urinário superior que atinge o ureter e

os rins.

Quando a infecção é no trato urinário inferior, a pessoa pode

ter sintomas ou não. Se há sintomas eles podem ser:

- urina escurecida e até mesmo com sangue (geralmente a

urina, nesses casos, pode ter um odor mais forte e diferente do

normal);

- dor ou ardência ao urinar;

- dor na região da bexiga, ou até mesmo nas costas;

- sensação constante de necessidade de urinar.

A pessoa acometida de infecção no trato urinário inferior pode

ou não ter febre, mas se tiver, a febre costuma ser baixa.

Se a infecção alcançar o trato urinário superior, os sintomas

são mais fortes. São eles:

- febre alta, superior a 38 ºC;

- dor na região da cintura, no abdômen e nas costas;

- mal estar com náuseas e cansaço anormal;

- calafrios, tremores ou suor intenso, especialmente durante o

sono;

- confusão mental.

Os idosos, por já apresentarem alguns desses sintomas sem

qualquer relação com a ITU, têm um diagnóstico mais difícil, sendo

que, algumas vezes, o único sintoma é a confusão mental.

Infecção do Sitio Cirúrgico

As infecções do sítio cirúrgico (ISC) são aquelas adquiridas

por conta de uma cirurgia. Elas representam de 14% a 16% das

infecções hospitalares. Quando adquirida uma ISC, o tempo de

internação do paciente pode ser prolongado em média oito dias.

Quando não há a colocação de prótese, as ISC são

diagnosticadas, no máximo, 30 dias após a cirurgia. Se o paciente

tiver colocado prótese, a infecção só será considerada hospitalar se

ocorrer em até um ano depois do procedimento.

Dependendo do local onde ocorre, a ISC pode ser classificada em:

- Infecção do sítio cirúrgico superficial: ocorre somente nos

tecidos da pele ou no tecido subcutâneo de onde foi feita a cirurgia.

- Infecção do sítio cirúrgico profundo: atinge locais mais

profundos do corpo como ossos, músculos, tecidos que envolvem

órgãos, etc.

- Infecção do sítio cirúrgico em órgão: ocorre no

órgão, ou cavidade, em que foi feita a cirurgia.

Como durante a cirurgia há cortes e no corte há sangramento,

há a presença da fibrina. A fibrina é uma proteína do sangue

responsável pela sua coagulação.

A fibrina tem uma característica: ela adere às bactérias

mais próximas, o que vai afetar os mecanismos de defesa do

organismo. Se durante o procedimento ocorrer um grande

sangramento, vai haver maior quantidade de fibrina, o que pode

contribuir para uma infecção.

Além de classificações tradicionais, as cirurgias também

podem ser classificadas de acordo com seu potencial de

contaminação.

São elas:

- Cirurgias limpas: feitas em áreas do corpo onde não há

infecção nem inflamação, e que não é feita em órgãos do

aparelho respiratório, digestivo, órgãos genitais e nem no trato

urinário não infectado.

Nessas cirurgias, usa-se o dreno fechado. O dreno é um

aparelho que retira os líquidos ou o ar que se acumulam no local da

cirurgia, atrapalhando o procedimento ou prejudicando o paciente.

No dreno fechado não há a entrada de ar, é um sistema

vedado, por isso, os riscos de infecção são menores.

Entre as cirurgias limpas estão as feitas na pele, nos

ossos e músculos, as cardiovasculares, entre outras.

- Cirurgias potencialmente contaminadas: são as cirurgias

feitas em áreas do corpo onde não há infecção ou inflamação, mas

alcançam os órgãos do aparelho respiratório, digestivo, órgãos

genitais ou trato urinário.

Entre essas cirurgias estão as feitas nas vias respiratórias, ou

seja, boca, nariz e garganta, apêndice, vagina, entre outras.

- Cirurgias contaminadas: são as realizadas em feridas

abertas devido a um acidente ou em áreas do corpo onde há

naturalmente um maior número de flora microbiana.

Nesses casos não há infecção, mas pode haver alguma

inflamação ainda sem pus. Entre as cirurgias contaminadas estão

as feitas no ânus, reto, no crânio quando há traumatismo, entre

outras.

- Cirurgias infectadas: são as cirurgias feitas em qualquer

parte do corpo desde que haja infecção detectada antes do

procedimento. Por exemplo, as cirurgias feitas em feridas abertas

há algum tempo ou quando há perfuração das vísceras, que são os

órgãos que realizam a digestão, respiração, armazenamento ou

secreção de fluidos.

Exemplos de vísceras são o estômago, a bexiga, o intestino, e

outros. Quando são perfurados, tudo o que está dentro desses

órgãos vaza para os locais próximos espalhando micro-organismos.

De acordo com as informações da ANVISA, cada tipo de

cirurgia tem um percentual de infecção esperado. Veja:

Classificação Taxa de Infecção operatória

Ferida limpa 1 a 5%

Ferida limpa contaminada 3 a 11%

Ferida contaminada 10 a 17%

Ferida suja 27%

O que transmite a ISC pode ser o próprio paciente com sua

flora microbiana, a equipe médica que tem contato com o paciente,

o ambiente e os instrumentos cirúrgicos.

Segundo informações da ANVISA, existem fatores que

contribuem para que ocorra uma infecção do sítio cirúrgico.

Os relacionados aos pacientes são:

- Idade: os pacientes mais vulneráveis são os que têm menos

de um ano ou mais de cinquenta anos.

- Doenças preexistente: os pacientes portadores de doenças

sistêmicas (que acometem todo o organismo) graves, doenças

sistêmicas que deixam o paciente com alguma incapacidade e

pacientes com risco de morte, apresentam, estatisticamente,

maior taxa de infecções do sítio cirúrgico.

A diabetes também contribui para contrair uma infecção,

pois ela altera a cicatrização, a circulação sanguínea e os

mecanismos de defesa.

- Obesidade: a obesidade também configura um fator

agravante para a infecção. O tecido adiposo, onde há as células de

gordura, tem pouca circulação de sangue e também faz com que a

cirurgia dure mais tempo.

O corte feito para ter acesso ao local da cirurgia é maior

devido ao fato de a camada de gordura dificultar sua localização.

Assim, uma maior parte dos tecidos internos, fica exposta,

facilitando a entrada de micro- organismos.

- Desnutrição: embora seja difícil comprovar a relação

entre a desnutrição e a infecção do sítio cirúrgico, sabe-se que a

falta de nutrientes faz cair a imunidade do paciente.

- Tabagismo: o cigarro pode contribuir para a aquisição de

uma ISC, especialmente em pacientes que realizam cirurgia no

coração.

- Infecções fora do sítio cirúrgico: se o paciente tem uma

infecção em um local diferente do qual será operado, esta pode

contribuir para que haja uma infecção do sítio cirúrgico,

especialmente se as infecções forem no trato urinário e no acesso

vascular.

Quando isso ocorre, é necessário tratar a infecção antes de

realizar a cirurgia, caso não seja urgência nem emergência.

Em relação à cirurgia, os fatores agravantes para a aquisição

de ISC são:

- Antibioticoprofilaxia: quando o pacoente não faz a

antibioticoprofilaxia, que é o uso de antibióticos ou antimicrobianos

antes da infecção acontecer, no caso, antes da cirurgia, há um risco

aumentado de contrair uma infecção.

- Retirada de pelos: a retirada de pelos aumenta o risco de

ISC por conta de lesões provocadas na pele. Por isso, a retirada de

pelos, também chamada de tricotomia, só deve ser feita se

estritamente necessário.

Quando ocorrer, deve ser feita em um período inferior a duas

horas antes da cirurgia e usar, de preferência, os aparelhos

elétricos e evitar as lâminas. Se a tricotomia for feita com o paciente

internado, ela deve ocorrer antes do banho.

- Preparo pré-operatório da pele: é uma limpeza com

produtos antissépticos feita na pele, próxima ao local da cirurgia. O

objetivo é evitar uma ISC por micro-organismos presentes na pele.

- Campo cirúrgico: são plásticos ou tecidos usados para

manter a temperatura do paciente e evitar que sua flora microbiana

chegue ao local do procedimento.

Os campos cirúrgicos podem ser de plástico aderente com ou

sem produto antisséptico, de tecido e são reutilizáveis ou de TNT

(tecido-não- tecido, semelhante ao material de lenços umedecidos)

descartáveis. Todos eles devem estar esterilizados.

- Técnica cirúrgica: é a forma como a cirurgia é feita, se há

cortes grandes, se há apenas pequenos furos, a manutenção

da temperatura corporal do paciente,cuidado na manipulação dos

materiais e equipamentos, entre outras.

A utilização de técnicas e aparelhos adequados pode reduzir

muito as chances de contrair uma infecção do sítio cirúrgico.

- Drenos: os drenos, por serem uma poderosa via de entrada

dos micro-organismos, devem ser muito bem manipulados.

Sua colocação deve ser discutida e ele só deve ser usado se

muito necessário. Deve ser colocado com cuidado e higiene e

retirado assim que não estiver mais em uso.

- Instrumentos cirúrgicos: eles representam uma grande

fonte de contaminação, por isso, todos devem ser esterilizados. Se

a embalagem for violada ou o instrumento tocar algum objeto

contaminado, ele não deve mais ser usado no procedimento e

necessita de nova esterilização.

- Duração da cirurgia: o tempo da cirurgia influencia na

aquisição de ISC. Quanto mais tempo durar o procedimento,

maiores os riscos de contrair uma infecção, mas cada tipo de

cirurgia tem um tempo específico.

- Perfuração de luvas: caso o profissional note que suas

luvas foram perfuradas, deve trocá-las imediatamente para evitar

contaminação do paciente e de si próprio.

- Duração da internação antes da cirurgia: quanto mais

tempo o paciente permanecer internado, maiores os riscos de

contrair uma infecção. Para isso, pede-se que o paciente só se

interne no dia da cirurgia, quando possível.

Pneumonia Hospitalar

A Pneumonia Hospitalar é uma infecção respiratória adquirida

durante a internação. Nos Estados Unidos, é a segunda infecção

hospitalar mais comum e tem uma taxa de 15% a 18% do total de

infecções, atingindo cerca de 250.000 pacientes por ano.

No Brasil, um estudo envolvendo 99 hospitais localizados em

capitais, mostrou que a pneumonia hospitalar representa 28,9%

das infecções hospitalares. Dos pacientes na UTI pediátrica,

21,9% adquiriram essa infecção; da UTI adulto, 20,3% e da UTI

neonatal, 16,9% tiveram pneumonia hospitalar.

Para os pacientes que estão em estado grave e que

necessitam da ajuda de aparelhos para respirar, há um risco

maior de contrair a pneumonia. As chances aumentam de 10 a 20

vezes e é uma infecção que causa muitas mortes e de difícil

prevenção.

Os pacientes que têm mais riscos de contrair essa infecção

são os que fazem uso de ventilação mecânica, pois nesse

procedimento há o risco de ir secreções de outros locais do

corpo para o pulmão. A ventilação mecânica é um método que

substitui a respiração normal, levando ar até os pulmões.

As maiores taxas de incidência de pneumonia hospitalar

estão:

Caso Taxa

Trauma do tórax 20% a 25%

Traumatismo craniano e internados em UTI neurológica 23% a 42,2%

Grande queimadura 14%

Câncer e transplantados de medula óssea 20%

Cirurgia torácica ou de abdômen superior 3,8% a 17,5%

As cirurgias realizadas na região do tórax e do abdômen

trazem um risco de pneumonia hospitalar 38 vezes maior do que

em cirurgias em outros locais.

A pneumonia hospitalar pode prolongar a internação do

paciente em 10 a 13 dias e também é responsável por muitas

mortes. O número de mortes nos Estados Unidos, causadas por

pneumonia hospitalar, está entre 13% e 43%.

A situação piora para os pacientes internados em UTI, pois o

número de mortes entre pacientes com essa infecção é de 2 a 10

vezes maior do que entre pacientes da UTI sem pneumonia.

Existem alguns fatores de risco que podem desencadear a

infecção respiratória. Em todos os pacientes, que tenham sido

ventilados, entubados, ou nenhum dos dois, foram considerados

relevantes para a evolução da infecção os seguintes fatores:

- doença pulmonar crônica e sua gravidade;

- cirurgia torácica ou abdominal superior;

- pacientes acima de 60 anos;

- aspiração de grande volume do conteúdo gástrico (do

estômago);

- sonda naso-entérica (que vai do nariz ao duodeno), e

- antibioticoterapia, ou seja, tratamento com antibióticos.

Para os pacientes não ventilados, o que pode ter contribuído

para a aquisição de pneumonia hospitalar foram os seguintes

fatores:

- duração da cirurgia (quanto mais tempo, maiores as

chances);

- estado nutricional deficiente (cai a imunidade);

- terapia imunossupressora (tratamento que inibe a ação do

sistema imunológico do indivíduo);

- queda do nível de consciência;

- respiração prejudicada;

- doença neuromuscular;

- sexo masculino (homens têm maiores chances de contrair

pneumonia hospitalar)

- presença de bacilos Gram negativos na orofaringe;

- esofagite de refluxo (inflamação na mucosa do esôfago), e

- pneumonia prévia.

Assim como a maioria das infecções hospitalares, a

pneumonia hospitalar ocorre quando a própria flora microbiana do

paciente entra em conflito com suas defesas.

Ela também pode ocorrer se o paciente aspirar alguma

bactéria presente no ar ou se as bactérias naturais do intestino

passam para os pulmões, mas a forma mais comum de contrair

essa infecção é aspirando as bactérias naturais da orofaringe

(espaço entre a raiz lingual, o palato mole e a epiglote).

Os procedimentos de ventilação e entubação fazem com

que os micro-organismos naturais do organismo humano migrem

de seu lugar de origem para outro estranho, causando a infecção.

Se os micro-organismos oriundos da orofaringe vão para o

pulmão, por exemplo, há o risco de infecção, pois eles não fazem

parte desse órgão. Quanto maior o tempo de entubação e

ventilação, maiores os riscos de adquirir pneumonia hospitalar.

Quando o sistema imune do paciente está baixo, há um maior

risco de contrair infecção. Muitos fatores podem fazer com que os

mecanismos de defesa do indivíduo fiquem anormais, como

cigarro, edema pulmonar, medicamentos imunossupressores,

inalação de substâncias tóxicas, entre outros.

Outros contribuem para falhas no reflexo de fechamento da

garganta, possibilitando que sejam aspirados para o pulmão os

micro-organismos da orofaringe. Isso pode ocorrer durante o sono,

em estados de alteração no nível de consciência, o que ocorre no

coma; convulsões; intoxicação por drogas; anestesia; embriaguez,

etc.

O diagnóstico da pneumonia hospitalar deve ser feito por meio

da observação de sintomas juntamente com exames de raio-X. Os

sintomas são febre, escarro com pus, área comprometida no

pulmão, infiltrado pulmonar (área onde houve infiltração de micro-

organismo com início de infecção), tosse, dor nos pulmões e falta

de ar.

Entretanto, os médicos precisam observar se esses sintomas

têm ligação com a pneumonia, pois alguns deles podem ser

sintomas de outras infecções ou de outras doenças.

Por isso é importante unir os resultados do raio-X com os

outros sintomas e verificar se não estão sendo causados por outras

razões como insuficiência cardíaca congestiva ou derrame pleural,

por exemplo.

Infecção da corrente sanguínea e relacionada ao acesso vascular

O acesso vascular, também chamado de cateter venoso,

é um aparelho usado para injetar medicação diretamente na

corrente sanguínea, por meio das veias, ou para retirar sangue.

Assim como ocorre nos cateteres vesicais, há o risco de

adquirir infecção por meio desse aparelho caso haja a entrada de

micro-organismos. Os que oferecem mais riscos de infecção são os

cateteres venosos centrais.

Esse tipo de cateter é colocado em uma veia e tem um “cano”

que chega até a veia cava, a maior veia do corpo, localizada

próxima ao coração. Observe:

Se ocorrer a entrada de micro-organismos causadores de

infecção, a infecção será na corrente sanguínea, podendo ainda

atingir outros órgãos como pulmão, válvulas do coração, entre

outros.

Além de funcionar como uma espécie de entrada para

micro- organismos na corrente sanguínea, o próprio cateter pode

ocasionar um processo infeccioso, pois ele é um corpo estranho no

organismo.

Quando o organismo detecta em si um corpo estranho ele

desencadeia um processo inflamatório, o que vai diminuir as

defesas anti-infecção naquele local.

As fontes de infecção no cateter venoso podem ser:

- o próprio cateter que está contaminado;

- a pele no local da abertura pode conter micro-organismos;

- contaminação do canhão (parte que fica entre a agulha e o

cano do acesso vascular);

- contaminação do líquido que entra pelo cateter;

- contaminação dos produtos que facilitam a entrada do

cateter;

- infecção em outros locais que ficam presentes na

corrente sanguínea;

- contaminação dos medicamentos usados para dilatar os

vasos sanguíneos.

Dessas possíveis causas a que tem maior incidência é a

contaminação pelos micro-organismos presentes na pele do

paciente que entram no cateter.

Em segundo lugar está a contaminação pelo canhão e a

agulha que contém micro-organismos que migraram das mãos dos

profissionais. Nesse caso, os micro-organismos já estarão dentro do

cateter e a infecção aparece após a primeira ou a segunda semana

de uso.

A infecção hospitalar na corrente sanguínea faz com que o

paciente permaneça internado em média sete dias a mais do que o

esperado. Mesmo ocorrendo em menor número em relação às

outras infecções, ela é bastante grave, pois dos pacientes que a

adquirem, entre 25% e 50% chegam a óbito.

As infecções da corrente sanguínea podem ser

classificadas em primárias e secundárias.

Nas infecções primárias não há um foco infeccioso

conhecido, ou o foco é o próprio sistema vascular (sistema de

circulação). Foco infeccioso é o local onde há acúmulo de micro-

organismos causadores de infecção. Já nas infecções secundárias

há um foco infeccioso identificado.

Os pacientes mais vulneráveis a esse tipo de infecção são as

crianças menores de um ano e os adultos com mais de sessenta

anos por terem as defesas do organismo mais sensíveis.

O tempo de internação, a doença que está sendo tratada, a

habilidade do profissional, o curativo e sua manutenção, o local de

inserção e material do cateter, entre outros, também são fatores

que podem aumentar o risco de infecção.

Os cateteres colocados nos membros inferiores e em áreas

periorificiais ( boca, olhos, nariz e ânus), são os que têm maior risco

de infecção.

De acordo com a ANVISA, os cateteres com maior risco de

infecção são os inseridos por flebotomia (furo na veia com

agulha), os de hemodiálise, os de múltiplos lumens (mais de uma

entrada para medicação) e o cateter umbilical.

Os cateteres Swan-Ganz (flexíveis e fabricados em

poliuretano), arteriais e periféricos apresentam risco intermediário.

Os de menor risco de infecção são os implantáveis e

semi- implantáveis. Algumas Instituições de saúde, consideram

aqueles com agulha de aço, também de menor risco, porém,

devem-se evitar agulhas de aço para administração de fluídos e

medicamentos que possam causar necrose tecidual se ocorrer

extravasamento, assim é recomendável restringi- las para situações

como coleta de amostra sanguínea, administração de dose única ou

bolus de medicamentos.

Os sintomas da infecção do acesso vascular podem ser a

presença de pus no local do cateter, dor, calor e vermelhidão da

pele. Se esses sintomas estiverem até 2cm de proximidade do

cateter, a infecção é periorificial, ou seja, próxima à abertura na

pele. Mas se esses sintomas se estendem a locais maiores, a

infecção é no túnel de acesso (interior do corpo onde há o cateter).

Sintomas mais severos podem ser observados quando a

infecção é mais profunda, como lesões com pus, febre, dores, e até

necrose da pele no local do cateter.

Se a infecção for para a corrente sanguínea, o paciente pode

sentir calafrios, pressão baixa, falência respiratória, dor no

abdômen, vômitos, diarreias, confusão mental e convulsões.

Para diminuir o risco de infecções, o cateter não deve

permanecer mais tempo no corpo do que o recomendado. Os

cateteres arteriais periféricos são trocados a cada quatro dias.

Os cateteres usados para entrada de sangue ou medicamentos

para o sangue devem ser trocados a cada 24 horas. Os outros

cateteres centrais ou periféricos devem ser trocados a cada 72

horas.

Os curativos também devem ser trocados a cada 72 horas,

mas se estiverem sujos ou úmidos, esse tempo deve ser menor.

Infecção da queimadura (IQ)

A pele é o órgão do corpo humano responsável pela proteção

do organismo. Ela impede que os micro-organismos nocivos entrem

em nossos sistemas causando doenças.

Quando há uma queimadura, algumas camadas da pele são

perdidas, o que causa uma situação favorável à entrada de micro-

organismos. Em razão disso, os pacientes internados devido a

queimaduras têm muito mais chances de contrair uma infecção

hospitalar.

Desde o momento da queimadura, até o fechamento das

lesões, há o risco de contrair infecção, mesmo depois de limpar a

pele. Nos primeiros dois dias da queimadura, há a presença dos

micro-organismos chamados bacilos Gram-positivos. Do 3º ao 21º

dia, há a presença dos bacilos Gram- negativos. Cada tipo desses

micro-organismos causa doenças diferentes e eles se proliferam em

locais diferentes. Como a pele da queimadura vai se modificando

com o tempo, ela pode ficar mais favorável a um ou a outro tipo de

bacilo.

Nos pacientes queimados, o que transmite as infecções pode

ser:

- os micro-organismos presentes na própria pele do paciente;

- a flora microbiana do trato digestivo;

- a pele dos profissionais de saúde que entram em contato

com os pacientes queimados;

- outros pacientes e os instrumentos utilizados para o

tratamento das queimaduras;

- a superfície dos móveis do quarto.

Os fatores de risco para a infecção da queimadura são:

- o tamanho da queimadura (quanto maior, maiores os riscos);

- a profundidade da queimadura (quanto mais profunda,

maiores os riscos);

- a duração da hospitalização (quanto mais tempo no

hospital, maiores os riscos);

- transfusões de sangue;

- a presença de micro-organismos resistentes aos

medicamentos.

É muito difícil diagnosticar uma IQ, pois são necessários

alguns exames de evolução da doença e também uma biópsia

do local da queimadura. Entretanto, cada parte queimada mostra

um resultado diferente nos exames. Os números são muito

imprecisos nos resultados, sendo necessário fazer exames de

sangue juntamente com os exames na pele.

Os principais sintomas da IQ são:

- a ferida fica escurecida, podendo ter coloração negra,

marrom ou violeta;

- a crosta da ferida descola rapidamente;

- debaixo da crosta descolada há uma coloração muito

avermelhada;

- a pele em volta da ferida fica arroxeada;

- hipotermia (temperatura baixa do corpo) – mais frequente

quando há os bacilos Gram-negativos;

- hipertermia (temperatura alta do corpo) – mais frequente

quando há os bacilos Gram-positivos;

- pressão baixa;

- aumento dos glóbulos brancos do sangue - mais frequente

nas infecções por Gram-positivos;

- redução dos glóbulos brancos do sangue - mais

frequente nas infecções por Gram-negativos;

- diminuição da produção de urina;

- interrupção temporária dos movimentos do intestino;

- Intolerância a glicose e hiperglicemia (muito açúcar no

sangue) – mais frequente nas infecções por Gram-negativos;

- alteração do estado mental – mais frequente nas

infecções por Gram-positivos.

Infecção em Neonatologia

As infecções em neonatologia são as que acometem os

recém- nascidos, porém nem todas as infecções em recém-

nascidos podem ser consideradas hospitalares.

De acordo com o Ministério da Saúde, as infecções em

recém- nascidos associadas ao rompimento da bolsa há mais de 24

horas e as adquiridas por meio da placenta não podem ser

consideradas hospitalares.

Os recém-nascidos são naturalmente mais frágeis em suas

defesas. Só o contato com o ambiente vai amadurecer seu sistema

imunológico.

Esse tipo de infecção pode ser adquirida por meio da equipe

médica, por meio da mãe ou por objetos que entram em

contato com o bebê. Quando o recém-nascido vai para um

berçário com berços inadequados, pode ocorrer contaminação.

Também pode haver a contaminação quando a equipe médica

não realizou a higiene de forma adequada ou quando o bebê

recebeu medicamentos ou alimentos infectados.

Há mais riscos de adquirir essa infecção nos seguintes casos:

- quando a mãe tem infecção do trato urinário, presença de

micro- organismos nocivos na pele, higiene precária ou

doenças sexualmente transmissíveis;

- quando o bebê é prematuro ou tem baixo peso;

- quando ele aspira um líquido da placenta chamado mecônio;

- ausência de oxigênio no parto;

- internação prolongada do bebê, especialmente se houver

excesso de pacientes e poucos funcionários para seus cuidados;

- procedimentos invasivos no recém-nascido.

As visitas também devem tomar cuidados de higiene antes de

ter contato com os recém-nascidos como lavar as mãos. Se o

visitante estiver com diarreia, doenças da pele ou respiratórias, o

contato deve ser evitado.

Existem diversos sintomas que a infecção neonatal

desencadeia, por isso, seu diagnóstico é bastante complicado.

Muitos recém-nascidos chegam a óbito por conta de infecções, por

isso, o tratamento deve ser iniciado o quanto antes.

Muitos recém-nascidos com sintomas estranhos iniciam o

tratamento e só depois que o diagnóstico aponta ou não a infecção.

Caso o bebê não tenha infecção, o tratamento é interrompido

imediatamente.

Vigilância Epidemiológica

Em 19 de setembro de 1990 foi criada a Lei nº 8.080, a

chamada Lei Orgânica de Saúde, que fala sobre a promoção e

recuperação da saúde e os serviços que o fazem. Essa lei instituiu

o Sistema Único de Saúde, o SUS.

De acordo com essa lei, Vigilância Epidemiológica (VE)

é: “um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a

detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores

determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva,

com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção

e controle das doenças ou agravos”.

O SUS é o responsável por executar a Vigilância

Epidemiológica entre outras ações. A epidemiologia aborda

questões sobre saúde e doença da população.

Entre as responsabilidades da Vigilância Epidemiológica,

estão:

- permitir que se conheçam as taxas que apontam a

realidade epidemiológica de um hospital;

- identificar surtos antes que eles se alastrem;

- verificar se as medidas de prevenção têm funcionado;

- verificar o que pode aumentar ou diminuir as doenças, e

- divulgar as informações mais úteis.

Ao se tomar qualquer atitude, é necessário antes

conhecer o problema. Somente dessa forma é que se sabe como

agir e quais ações trarão resultados mais satisfatórios.

A Vigilância Epidemiológica é um dos pontos centrais de

atuação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, a CCIH.

Os profissionais da CCIH devem atuar na VE, entretanto, ela não é

a única função deles, e não deve tomar mais do que 30% do seu

tempo de trabalho.

As informações conseguidas por meio da VE devem ser

divulgadas aos administradores do hospital e, se necessário, a

outros órgãos.

Existem duas formas de se realizar a VE e elas ocorrem em

conjunto.

São elas:

- Vigilância por setores: é realizada nas áreas onde a

infecção relacionada à assistência à saúde representa grande risco

e ocorre com frequência e maior gravidade. Essas áreas são

berçários, UTI adulto e pediátrica, unidade de cuidados de

pacientes com o sistema imunológico prejudicado e nas unidades

de diálise.

- Vigilância por objetivos: aborda as situações de risco

específicas, independente de local ou procedimento em que

ocorrem. Assim são as vigilâncias da infecção do sítio cirúrgico, da

infecção relacionada ao acesso vascular, entre outras.

Como a Vigilância Epidemiológica tem relação com o hospital

e a população que o utiliza, os resultados serão únicos e as

ações serão eficazes naquele estabelecimento. Mas independente

disso, ela deve ocorrer com frequência e ser avaliada mensalmente

e, ocasionalmente, deve ser feita uma avaliação trimestral.

Os profissionais da CCIH devem observar as ocorrências de

infecção relacionada à assistência à saúde, registrar as

ocorrências e realizar cálculos que permitirão saber se há uma

frequência de casos.

Sabe-se que o risco de adquirir uma infecção relacionada

à assistência à saúde depende de diversos fatores como idade do

paciente, estado de seu sistema imunológico, gravidade de sua

doença, entre outros.

O tempo de internação é também um agravante para

aquisição de infecção relacionada à assistência à saúde, ou seja,

quanto mais tempo internado, maiores as chances de adquirir uma

infecção.

Para entender como o tempo de exposição pode contribuir

para o aparecimento da doença, os profissionais do hospital utilizam

uma fórmula chamada densidade de incidência.

Ela é uma expressão matemática:

Densidade de incidência = nº de casos novos de IH no mês x 1.000

nº de pacientes-dia no mês

Se o objetivo é saber a quantidade de pneumonias

hospitalares, por exemplo, faz-se o seguinte cálculo:

nº de pneumonias x 1.000

nº de pacientes-dia no mês

Sabendo que o que agrava o risco de pneumonia é o

uso de ventilação mecânica, para saber em quais casos houve

infecção por conta do respirador, onde está “nº de pacientes-dia no

mês”, usa-se o “nº de respiradores por dia”.

Veja:

Nº de pneumonias x 1.000

nº de respiradores-dia no mês

Veja um exemplo sugerido pela ANVISA:

Suponhamos que, em uma UTI onde foi constatado um

caso de pneumonia, dois pacientes estiveram entubados por quatro

dias, e dois por seis dias. Se o denominador for a densidade de

incidência, então o número de dias expostos à ventilação mecânica

é que será utilizado:

Taxa de pneumonias = nº de pneumonias x 1000 = 1 x 1.000 = 50

nº de ventiladores-dia 4+4+6+6

A taxa nessa UTI será de 50 pneumonias por mil ventiladores-dia.

Esses valores ajudam a equipe da CCIH a terem indicadores

sobre as infecções para que sejam analisados seus

comportamentos e evoluções.

Diversos cálculos devem ser feitos antes de medidas serem

tomadas. Um baixo número de casos de infecção hospitalar não

deve ser considerado um surto, mas deve ser observado com

atenção.

Caso haja aumento nesses indicadores, deve-se obervar o

que está acontecendo para buscar controlar as infecções e tomar

novas medidas preventivas.

Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)

Em 24 de junho de 1983, o Ministério da Saúde lançou uma

portaria, a nº 196, que determinou que todos os hospitais deveriam

ter uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).

Futuramente, esta portaria foi revogada pela portaria nº 930,

de 27 de agosto de 1992. Essa última também foi revogada pela

portaria nº 2.616, de 12 de maio de 1998.

A CCIH é um órgão que tem a função de prestar assistência

às autoridades dos hospitais além de planejar e normatizar ações

para controlar as infecções relacionadas à assistência à saúde.

A portaria nº 196 foi muito relevante para o controle de

infecções hospitalares no Brasil, pois foi a partir dela que se buscou

normatizar e regulamentar medidas com o objetivo de prevenir

quadros de IrAS.

Desde a primeira portaria, diversas ações vêm sendo

feitas para controlar e diminuir as infecções hospitalares. Para

cumprir com o que diz as referidas portarias, os hospitais devem

constituir uma CCIH.

Se o hospital não obedecer ao que se determina nessas

portarias fica configurada negligência e os profissionais

responsáveis pelos hospitais (diretores, administradores e/ou

proprietários) responderão civil e criminalmente.

A CCIH deve ser composta somente por profissionais da área

de saúde que tenham se formado em um curso superior. Os

membros podem atuar como consultores ou como executores.

Os consultores são os profissionais que dão suporte com

as informações sobre infecções. Os executores são os que vão agir

nos leitos dos hospitais de acordo com as informações definidas

pela comissão.

Antes de essa portaria entrar em vigor, os membros

executores eram chamados de Serviço de Controle de Infecção

Hospitalar. Atualmente, eles são os membros executores.

De acordo com a portaria nº 2.616, os membros consultores

da CCIH devem ser:

- serviço médico (clínico e cirúrgico);

- serviço de enfermagem;

- serviço de farmácia;

- laboratório de microbiologia;

- administração.

Se o hospital tiver um número de leitos menor ou igual a 70,

os membros consultores podem ser somente dos serviços

médicos e de enfermagem.

Já para constituir os membros executores, é necessário

dois profissionais da área da saúde que possuam curso superior

para atender duzentos leitos ou menos. Um dos membros

executores deve ser, de preferência, um enfermeiro.

A carga horária desses profissionais é de 6 horas diárias para

os enfermeiros e de 4 horas diárias para os outros profissionais.

Se o hospital possuir uma ala para cuidados de pacientes em

estado crítico, a CCIH deve ter outros profissionais da área da

saúde com curso superior.

São considerados pacientes em estado crítico os que

estiverem na UTI (recém-nascidos, crianças ou adultos), pacientes

do berçário de alto risco, pacientes queimados, transplantados, em

tratamento de câncer e com AIDS.

Como consta na portaria nº 2.616, é trabalho da CCIH

elaborar, implementar, manter e avaliar o programa de controle de

infecção hospitalar, adequado às características e necessidades da

instituição, contemplando no mínimo, ações relativas a:

- implantação de um Sistema de Vigilância

Epidemiológica das Infecções Hospitalares;

- adequação, implementação e supervisão das normas e

rotinas técnico-operacionais, visando à prevenção e controle das

infecções hospitalares;

- capacitação do quadro de funcionários e profissionais da

instituição, no que diz respeito à prevenção e controle das infecções

hospitalares;

- uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais

médico- hospitalares;

Também é função da CCIH:

- avaliar, periódica e sistematicamente, as informações

providas pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica das infecções

hospitalares e aprovar as medidas de controle propostas pelos

membros executores de CCIH;

- realizar investigação epidemiológica de casos e surtos,

sempre que indicado, e implantar medidas imediatas de controle;

- elaborar e divulgar, regularmente , relatórios e comunicar,

periodicamente, à autoridade máxima de instituição e às chefias de

todos os setores do hospital, a situação do controle das

infecções hospitalares, promovendo seu amplo debate na

comunidade hospitalar;

- elaborar, implantar e supervisionar a aplicação de normas e

rotinas técnico-operacionais, visando limitar a disseminação de

agentes presentes nas infecções em curso no hospital, por meio de

medidas de precaução e de isolamento;

- adequar, implementar e supervisionar a aplicação de

normas e rotinas técnico-operacionais, visando à prevenção e

ao tratamento das infecções hospitalares;

- definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e

Terapêutica, política de utilização de antimicrobianos, germicidas e

materiais médico- hospitalares para a instituição;

- cooperar com o setor de treinamento ou responsabilizar-se

pelo treinamento, com vistas a obter capacitação adequada do

quadro de funcionários e profissionais, no que diz respeito ao

controle das infecções hospitalares;

- elaborar regimento interno para a Comissão de Controle de

Infecção Hospitalar;

- cooperar com a ação do órgão de gestão do SUS,

bem como fornecer, prontamente, as informações

epidemiológicas solicitadas pelas autoridades competentes;

- notificar, na ausência de um núcleo de epidemiologia, ao

organismo de gestão do SUS, os casos diagnosticados ou

suspeitos de outras doenças sob vigilância epidemiológica

(notificação compulsória - Aids, tuberculose, meningite

meningocócica, entre outras), atendidos em qualquer dos serviços

ou unidades do hospital, e atuar cooperativamente com os

serviços de saúde coletiva;

- notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e

Sanitária do organismo de gestão do SUS, os casos e surtos

diagnosticados ou suspeitos de infecção associadas à utilização de

insumos e/ou produtos industrializados.

O hospital também deve assistir o trabalho da CCIH

nomeando funcionários e cooperando para o bom andamento de

seus serviços no controle das infecções hospitalares. A CCIH

precisa estar formalmente nomeada pela diretoria do hospital.

Programa de Controle de Infecção Hospitalar

O Programa de Controle de Infecção Hospitalar, o PCIH, é

elaborado pela CCIH e consiste em “um conjunto de ações

desenvolvidas, deliberadas e sistematizadas, com vistas à redução

máxima possível da incidência e da gravidade das infecções

hospitalares”.

Entre as atividades inclusas do PCIH, estão:

- Vigilância Epidemiológica (VE) cujas funções são:

coletar os dados sobre infecções; diagnosticá-los; analisá-los,

verificar medidas de prevenção de infecções e se elas têm surtido

efeito. Se os resultados forem positivos, diminuindo o número de

casos de IrAS, essas medidas são divulgadas e padronizadas.

De acordo com informações da ANVISA, as informações

adquiridas na VE ajudam a entender a situação para propor

medidas de controle e prevenção. Por isso, o modelo de VE

que será usado depende das características do hospital, da

população que o frequenta e dos recursos

disponíveis.

- Normas para uso racional de antimicrobianos,

germicidas e materiais medico hospitalares. O uso

indiscriminado desses medicamentos pode fazer surgir micro-

organismos resistentes às suas composições. Dessa forma, os

medicamentos usados no tratamento das infecções, surtirão pouco

ou nenhum efeito.

- Processos para prevenção de transmissão de mocro-

organismos. Essa medida visa evitar que um paciente transmita

micro-organismos infecciosos para outros pacientes ou profissionais

de saúde.

- Normas e rotinas técnicas operacionais. Os

procedimentos utilizados no controle e prevenção de infecções

devem ser repassados para todos os profissionais do hospital. Isso

deve ser feito, preferencialmente de forma escrita em local que

todos tenham acesso.

- Padronizações das medidas de prevenção e controle

de infecção hospitalar. Cada instituição possui características

próprias. Por isso, as medidas de controle e prevenção de infecções

devem obedecer a um padrão para que todos saibam usá-las.

- Treinamento dos profissionais da saúde em relaão à

prevenção e ao controle da IH. Os profissionais que atuam no

controle e prevenção de infecções devem ter conhecimento sobre

meios de transmissão e medidas de higiene. Todos os funcionários

da área da saúde são responsáveis por evitar infecções.

Todas as unidades hospitalares podem sofrer inspeções para

verificar se estão sendo cumpridas todas as determinações do

Programa de Controle de Infecção Hospitalar.

Para isso, a ANVISA publicou a Resolução RDC nº 48, de 2

de junho de 2000 que visa estabelecer o Roteiro de Inspeção

do Programa de Controle de Infecção Hospitalar.

Esse roteiro é composto por perguntas acerca da existência

de uma CCIH, como é sua atuação e quais medidas de prevenção e

controle de infecções estão sendo tomadas.

Quem faz a inspeção são inspetores devidamente qualificados

e o relatório final é enviado à ANVISA. Muitas vezes, a própria

equipe do hospital aplica o roteiro como forma de autoavaliação.

Para ter acesso à Resolução e ao Roteiro de Inspeção do

Programa Hospitalar,

http://www.ccih.med.br/resolucaordc.html

Leitura Complementar

Prevenção de Infecções Hospitalares

Entrevista com a Profª. Dra. Anna S. Levin

Coordenadora do Grupo de Controle de Infecção Hospitalar do

HC/FMUSP

Embora as infecções hospitalares sejam um grande problema

mundial, eventos não infecciosos decorrentes da assistência à

saúde em geral (não apenas hospitalar) também têm gerado

complicadas situações no apoio a pacientes, de tal maneira que

vem surgindo a necessidade de se utilizar a metodologia que é

aplicada ao controle de infecções hospitalares, sendo preciso,

inclusive, traçar novas estratégias de prevenção.

Com o crescimento da assistência prestada fora do

ambiente hospitalar, a preocupação do profissional de controle

de infecção passa a deixar de ser exclusivamente com o

hospital, mas também com o atendimento domiciliar (home care),

ambulatorial ou em clínicas particulares.

A orientação e a conscientização dos profissionais da saúde

dentro dos hospitais já têm sido extremamente trabalhosas para as

Comissões de Controle de Infecções Hospitalares e descentralizar o

problema das infecções deste ambiente hospitalar será um desafio

ainda maior.

A formação dos profissionais tem contribuído com o problema. A

capacitação é necessária e urgente para que todos aqueles ligados

à área de saúde coloquem em prática, seja nos hospitais ou em

qualquer outro tipo de assistência, todas as medidas adequadas de

prevenção a eventos inoportunos que possam complicar a situação

clínica do paciente.

A Profª. Dra. Anna Sara Levin, coordenadora do Grupo de

Controle de Infecção Hospitalar do HC/ FMUSP, aborda todas estas

questões e outros relevantes tópicos sobre prevenção e infecção

em entrevista à Prática Hospitalar. Confira os destaques desta

entrevista.

Prática Hospitalar - Qual a situação dos hospitais brasileiros em

relação à atuação das CCIHs? Estão satisfatórios os índices de

atuação das CCIHs em relação ao número de hospitais existentes?

Profª. Dra. Anna Sara Levin - Na verdade, até por exigência da lei,

estão sendo mantidas as Comissões de Controle de Infecções

Hospitalares. No Estado de São Paulo, mais de 65% dos hospitais

possuem a CCIH montada. No entanto, quando analisamos se a

CCIH tem programa essa porcentagem diminui, e se avaliarmos o

funcionamento do programa diminui ainda mais. Na verdade, pela

lei, a exigência é que as CCIHs tenham um programa, mas na

prática a maioria desses programas não funciona. Os grandes

hospitais universitários e hospitais particulares normalmente têm.

Acredito que a falta de profissionais de CCIHs contribua com o

problema. Existe a necessidade de profissionais bem formados e

capacitados, mas há pouco interesse dos hospitais em fazer

cumprir a lei.

P. H. - Como a Sra. vê a adesão dos profissionais em relação às

medidas de controle de infecções?

Dra. Anna Sara - Quando temos uma comissão ela funciona um

pouco como legislativo, ou seja, tem que atuar em todas as áreas

do hospital, discute quais os grandes problemas e define os

grandes rumos. No entanto, para implantar a CCIH no hospital é

necessário o serviço de profissionais que só trabalhem com

infecção hospitalar. A maioria dos hospitais não tem este serviço,

porque eles acabam não montando ou contam com profissionais

que não estão bem capacitados. Porém, o grande problema é que

mesmo com bons profissionais e um bom serviço, quem lida com o

paciente não é o profissional da CCIH, que conhece profundamente

as medidas de controle e prevenção, mas sim o profissional que

não conhece essas medidas. Então, acredito que o maior problema

é educativo e não somente no sentido de ensinar informações ao

profissional, mas sim educar para que seus conhecimentos teóricos

sejam aplicados.

No treinamento que fazemos aqui no hospital, observamos que

os profissionais têm um grande nível de informação sobre

infecção hospitalar, mas não põem em prática, de forma que não

lavam as mãos quantas vezes deveriam, não fazem o isolamento

como se deveria, não tomam cuidado quando fazem um

procedimento invasivo, embora, se for realizada uma prova escrita

de múltipla escolha, todos saberão responder corretamente, desde

o auxiliar de enfermagem até o médico-chefe, mas se fizermos uma

observação, não estão aplicando os conhecimentos.

Então existe esta dissociação entre informação e atitude, que é

uma barreira muito difícil de transpor.

Os profissionais das CCIHs detêm as informações de como

prevenir, mas quem tem que praticar são os outros profissionais.

P. H. - Quais acredita serem hoje os principais objetivos das

CCIHs? Esses objetivos estão sendo atingidos?

Dra. Anna Sara - O objetivo principal é a prevenção.

Podemos trabalhar o tratamento, o tratamento pós-exposição

ocupacional, desenvolver profilaxia após acidente com o

profissional, mas o objetivo é prevenir. Algo muito importante é a

postura da direção do hospital. É preciso que ela enxergue a

importância dessa prevenção. No hospital em que atuo, desde a

década de 70 consideramos muito importante não lesar a pele do

paciente na hora de retirar os pelos antes da cirurgia. Passando a

gilete antes da cirurgia, aumenta-se o risco de infecção. Se antes

da cirurgia não se usar lâmina, mas sim um barbeador que não

machuca a pele, o risco de infecção cai.

O papel da diretoria do hospital consiste em abolir as

lâminas e comprar os barbeadores (tricotomizadores). Outra

decisão foi parar de fazer a tricotomia na enfermaria, mas sim no

centro cirúrgico (houve resistência quanto a isso por parte das

equipes, que estavam acostumadas com a enfermagem fazer isso

na noite anterior da cirurgia no quarto). Quando a administração do

hospital concordou, a ideia foi implantada. Houve reuniões,

algumas áreas de resistência, mas foi implantada, por isso é

fundamental o papel da administração do hospital. Quando a

administração enxerga a importância da atuação, tudo funciona

bem. Quando a administração de um hospital compra uma ideia,

contrata um bom profissional, apoia as iniciativas, os resultados

ficam bem melhores.

P. H. - Como deve ser feito o procedimento de prevenção nos

serviços home care e ambulatorial?

Dra. Anna Sara - Não podemos pensar somente em infecção em

hospitais, pois existe assistência que é feita fora do hospital. Temos

a hemodiálise (existem muitas clínicas de hemodiálise não ligadas a

hospitais, aonde o paciente vai três vezes por semana sofrer um

acesso vascular, ou seja, um procedimento invasivo), o

atendimento em casa, o home care. Existe o hospital-dia, também,

e hoje o paciente está ficando cada vez menos no hospital e

optando por tratamento fora. Nosso problema de infecção está

associado à assistência à saúde. Acredito que deveríamos

prestar atenção não somente às infecções, mas nos eventos

adversos Metodologias que utilizamos para infecção hospitalar

deveriam ser utilizadas para eventos não infecciosos, tais como

formação de escara e complicações de acesso venoso da diálise.

Obviamente é necessário primeiramente fazer um estudo

detalhado dos eventos mais complicados dessas situações de

assistência à saúde.

Além disso, é preciso traçar estratégias de prevenção.

Provavelmente, em um serviço home care é mais difícil avaliar a

qualidade do serviço que está sendo destinada ao paciente. Em

diálise utilizamos uma série de indicadores que não são infecciosos.

Enfim, precisamos enxergar além dos hospitais e das infecções, isto

é, considerar a infecção hospitalar como o evento adverso do

atendimento especializado. Sabemos que o uso de cateteres, UTIs

e procedimentos invasivos traz uma série de complicações. Por

isso, é preciso cautela no uso de cateteres para diminuí-las.

P. H. - Quais têm sido as infecções mais frequentes no Brasil?

Dra. Anna Sara - Todas as infecções associadas a procedimentos

invasivos: as infecções por cirurgia em que se submete o paciente a

um procedimento cirúrgico. Há também o grupo de pacientes com

infecções associadas a tratamentos muito agressivos, como

quimioterapia ou transplante. Procedimentos realizados em

Unidade de Terapia Intensiva também têm grande incidência de

infecções, por exemplo, associadas à ventilação mecânica e ao

cateter venoso. As infecções urinárias têm sido as mais incidentes e

todas estas infecções estão relacionadas a algum procedimento. É

quase zero o risco de infecção urinária sem procedimento, pois o

paciente tem uma sonda ou uma cirurgia urológica. Desta forma,

para a precaução devemos nos preocupar com os

procedimentos, por exemplo:

- lidar com a sonda da melhor maneira possível;

- um maior cuidado na instalação da sonda;

- no cuidado da sonda;

- não violação da sonda;

- a própria indicação de uso.

Tudo isso porque sabemos que este é o fator de risco. Então, à

medida que se conhece os fatores de risco dos pacientes é preciso

minimizá-los.

P. H. - Qual a situação do Brasil, hoje, em relação à resistência

bacteriana? Quais as perspectivas em relação à terapêutica

antibacteriana?

Dr. Anna Sara - Os dados que temos dos grandes hospitais

brasileiros indicam que existem altas taxas de resistência

bacteriana. Acredito que ao se falar em resistência bacteriana

temos que considerar os antibióticos, que aumentam o risco à

medida que vão sendo utilizados. O antibiótico deve ser controlado,

evitando que o paciente use de maneira inadequada; mas de

qualquer forma, ele sempre será usado e temos que considerar que

não é somente o mau uso que gera resistência, mas sim o uso. Um

segundo ponto é que, se você não usa as técnicas adequadas de

controle de infecções, são transmitidos germes multirresistentes de

um paciente para outro.

Acredito que as estratégias no controle de antimicrobianos são

importantes, mas não são fundamentais. A administração do

hospital gosta porque tem uma redução de custos, ou seja, o

controle de antimicrobianos é melhor para o paciente porque usa o

mínimo de antimicrobiano necessário, e é uma estratégia de

controle de custo. Já do ponto de vista da infecção, acredito que

este controle ajuda, mas não é tudo. Estou convencida de que as

práticas básicas de infecção hospitalar são o que controlam a

resistência, porque controlam a disseminação. Acredito que o

grande problema no Brasil nessa área, atualmente, seja a falta

de laboratórios de microbiologia, até porque o custo de

procedimentos nestes laboratórios é muito alto e paga-se pouco

pelo exame.

Segurança dos profissionais de saúde

Na área da saúde, por tratar de doenças e haver o contato

entre profissionais e pacientes, sempre há uma maior exposição e

maior risco de contrair alguma doença.

Os profissionais da área da saúde (PAS) são os estudantes,

médicos, enfermeiros, funcionarios da limpeza, dentistas, entre

outros, que “desempenham atividades que envolvem contato com

pacientes, sangue ou outros fluidos orgânicos, em ambientes de

assistência à saúde, laboratórios e correlatos”, de acordo com a

definição do Centers for Disease Control and Prevention (CDC),

em português Centro de Controle e Prevenção de Doenças.

Por conta disso, é imprescindível pensar em maneiras de

prevenir contaminações. Todos os estabelecimentos da área da

saúde (EAS) precisam desenvolver um Programa de

Biossegurança e divulgar a todos os profissionais da instituição.

Nos Programas de Biossegurança devem estar expostas

formas de prevenção de acidentes e redução dos riscos que o

trabalho oferece. Cada tipo de estabelecimento possui um

Programa diferente, pois cada um trabalha com instrumentos

específicos.

Biossegurança (bio significa vida) é um conjunto de ações que

têm o objetivo de proteger a saúde do trabalhador, seja de que área

for, além da preocupação com o meio ambiente.

De acordo com o Centro Cultural do Ministério da Saúde,

órgão que promove o direito à informação e ao conhecimento

em saúde, na biossegurança em estabelecimentos de saúde:

Todo profissional que trabalha com substâncias químicas de risco,

com material biológico que esteja sujeito a radiações, ou que

manipule material pérfuro-cortante ou, ainda, equipamentos com

bases de funcionamento físico (micro-ondas, ultrassom, autoclaves

etc.), deve:

- estar atento e não fazer uso de drogas que afetem o raciocínio,

autocontrole e comportamento;

- ler a recomendação da biossegurança de saúde e procedimentos

operacionais padrão do setor;

- agir com tranquilidade e sem pressa;

- prevenir-se de eventuais acidentes utilizando, de acordo a

sua necessidade, os equipamentos de proteção individual e

coletivo (jaleco, avental, óculos, protetor facial, cabelos presos,

luvas, botas, máscara, avental de chumbo, câmara de exaustão,

cabina de segurança biológica e química).

Nos setores de maior trânsito e fluxo de pessoas, as sinalizações

gerais das áreas restritas e permitidas devem ser frequentes e

devem estar visíveis. As referidas sinalizações devem ser

expressas, também, em "braile" para os deficientes visuais; ou com

indicação simbólica ou monitor para os analfabetos.

Os maiores riscos de contaminação estão relacionados ao

sangue ou outros líquidos do corpo que estejam contaminados. Nos

hospitais, a chance de contaminação é maior do que em outros

estabelecimentos da área da saúde.

Os ferimentos com materiais pérfuro-cortantes (que podem

perfurar ou cortar) são os que causam mais contaminação.

Dependendo do tamanho do corte, da quantidade de sangue

infectado e da gravidade do paciente, o risco pode ser maior ou

menor.

Esses materiais podem transmitir mais de 20 tipos de

doenças, dentre as quais, as mais comuns são o vírus HIV, a

hepatite B e a hepatite C.

Pela definição do Ministério da Saúde, as exposições capazes

de transmitir esses vírus são:

- exposições percutâneas: lesões provocadas por materiais perfuro-

cortantes como agulhas, bisturis, pedaços de vidros, entre outros;

- exposições em mucosas: quando o material contaminado atinge

olhos, nariz, boca ou genitália;

- exposições cutâneas (pele machucada ou aberta): contato com

pele com dermatite ou feridas abertas;

- mordeduras humanas – consideradas como exposição de risco

quando envolverem a presença de sangue, devendo ser avaliadas

tanto para o indivíduo que provocou a lesão quanto àquele

que tenha sido exposto. Nesse caso, os dois têm contato com

sangue.

Vejamos cada um dos vírus:

Vírus HIV

O Vírus da Imunodeficiência Humana, HIV, é o vírus causador

da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, a AIDS. Ele pode ser

transmitido por meio de:

- relação sexual sem proteção;

- transfusão de sangue ou elementos do sangue;

- amamentação com leite materno contaminado;

- compartilhamento de seringas contaminadas;

- acidente ocupacional (relacionado ao trabalho).

Uma pessoa infectada pode transmitir o vírus em qualquer

fase, seja quando há ou não sintomas da AIDS. Segundo

informações da ANVISA, em 2003 nos Estados Unidos, foram

confirmados 57 casos de infecção por HIV após acidente de

trabalho em EAS.

A ANVISA alerta que há fatores que potencializam o

risco de transmissão do HIV. São eles:

- material com sangue visível do paciente-fonte;

- procedimento que envolveu material diretamente introduzido

em veia ou artéria do paciente-fonte;

- ferimento profundo;

- paciente-fonte com doença avançada pelo HIV, pois

possuem maior carga viral.

Mesmo logo após a infecção por HIV, momento em que a

carga viral é menor, há o risco de transmissão. É mais provável a

contaminação por um corte profundo com mais sangue de paciente-

fonte de carga viral menor do que por um corte menor e menos

sangue de um paciente-fonte com carga viral maior.

Caso um profissional tenha sido exposto ao vírus HIV, ele

deve se submeter a exames de sorologia (estudo do soro do

sangue para verificar os anticorpos), de preferência em um prazo

de até duas horas depois do acidente. Esse exame deve ser

refeito em um mês, três meses e seis meses após o acidente.

Ele deve também tomar medicação antirretroviral, também

chamada de profilaxia antirretroviral, que é aquela que tenta

eliminar o vírus do organismo o mais rápido possível.

Profilaxia é o tratamento que se faz antes de os sintomas

aparecerem, visando eliminar a doença. Nesses casos, ela é

chamada de profilaxia pós-exposição, ou PEP.

Se não se tem certeza que o paciente-fonte é portador do

vírus HIV, deve ser feito exame para descobrir, se possível.

Caso o exame do paciente-fonte seja negativo, não é necessário

que o profissional de saúde inicie tratamento com medicamentos.

O Ministério da Saúde considera que esse tipo de exposição

deva ser tratado como emergência. Para tanto, lançou um

fluxograma com recomendações do que deve ser feito caso haja

perfuração ou corte no profissional:

+ GRAVE: exposição à agulhas com lúmen/grosso calibre, lesão

profunda, sangue visível no dispositivo usado ou agulha usada

recentemente em artéria ou veia do paciente.

- GRAVE: exposição à lesão superficial, agulha sem lúmen.

PEQUENO VOLUME: exposição à poucas gotas de material

biológico de risco, curta duração.

GRANDE VOLUME: exposição à contato prolongado ou grande

quantidade de material biológico de risco.

Os medicamentos que os profissionais recomendados

somente por médicos.

Em casos de ferimento, algumas medidas emergenciais

devem ser tomadas, como recomenda o Ministério da Saúde:

- Quando o corte ou perfuração ocorrer na pele, deve-se lavar

imediatamente o local com água e sabão ou produto que

diminua a quantidade de micro-organismos. Não se deve aumentar

o corte, espremer o local do ferimento ou usar substâncias

corrosivas, isso poderia machucar ainda mais e não oferecer

nenhum efeito positivo.

- Quando a lesão ocorrer na mucosa recomenda-se lavar

imediatamente e abundantemente o local com soro fisiológico.

- Caso haja necessidade, deve ser feito um curativo.

Hepatite B

A hepatite B é uma inflamação que acomete o fígado e pode

ser transmitida de quatro maneiras:

- relação sexual sem proteção;

- compartilhamento de seringas contaminadas ou

materiais que contenham sangue;

- transfusão de sangue e derivados;

- acidente ocupacional.

O período em que a hepatite B pode ser transmitida ocorre de

duas a três semanas antes dos primeiros sintomas. Quando a

doença está em sua fase aguda ou quando o portador está com a

doença em estado crônico, a hepatite B também pode ser

transmitida. Nem sempre a doença apresenta sintomas.

O vírus da hepatite B pode conter um marcador de replicação

viral, ou seja, que faz com que o vírus se reproduza, ou pode não

conter esse marcador.

O marcador de replicação viral é chamado de HBeAg e ele faz

com que o risco de infecção seja maior que 30%. Se no vírus da

hepatite houver os marcadores HBsAg positivo e anti-HBe positivo

significa que o vírus não se reproduz, nesses casos, o risco de

infecção é de, aproximadamente, 6%.

O paciente que tem hepatite B possui partículas do vírus em

outros fluídos de seu corpo como na saliva, no suor, no sêmen, nas

fezes, na bile e em outros. Mas é no sangue que se encontra a

maior parte da carga viral.

Todo profissional de saúde, antes de iniciar sua atuação

profissional deve se vacinar contra hepatite B, pois o risco de

contrair a doença é dez vezes maior em relação à população geral.

Caso o profissional da área da saúde tenha sido exposto a

material com vírus da hepatite B, é recomendado que ele tome a

vacina contra hepatite B e ainda receba imunoglobina humana anti-

hepatite B, que vai agir no sistema imunológico, pois possui muitos

anticorpos retirados de plasmas de doadores.

De acordo com o Ministério da Saúde, a profilaxia para a

Hepatite B deve ser:

FONTE PROFISSIONAL CONDUTA

HBsAg + ou desconhecido Não imune

Vacinar*

Fazer imunoglobina**

Acompanhar com sorologia

HBsAg + ou desconhecido Imune Não há necessidade de tratamento

Confirmar imunidade (Anti-HBs >10U

HBsAg - Não imune Vacinar*

Acompanhar com sorologia

HBsAg - Imune Não há necessidade de tratamento

Confirmar imunidade (Anti-HBs >10U

O acompanhamento com a sorologia deve ser feito no

momento do acidente, três meses e seis meses depois do acidente.

Caso não tenha certeza que o paciente-fonte é portador de

hepatite B, deve ser feito exame para descobrir, se possível.

Hepatite C

A hepatite C é também uma inflamação no fígado, porém um

pouco mais severa que a hepatite B, pois na maioria dos casos, a

doença se torna crônica, evoluindo para uma cirrose hepática ou

até mesmo câncer.

Não há vacina contra a hepatite C e suas formas de contágio

são:

- por transfusão de sangue e derivados;

- compartilhamento de seringas contaminadas ou

materiais que contenham sangue;

- relação sexual sem proteção (ocorre raramente).

A hepatite C pode não apresentar sintomas, assim como

ocorre com a hepatite B. O período de transmissão pode ocorrer

uma semana antes dos sintomas e durar até a fase aguda e crônica

da doença.

Segundo dados da ANVISA, o risco médio de

contaminação por hepatite C com materiais pérfuro-cortantes é de

1,8%, podendo variar entre 0% e 7%, dependendo do tamanho da

lesão no PAS ou da carga viral do paciente-fonte.

O PAS precisa fazer o acompanhamento com sorologia no

momento do acidente, três meses e seis meses depois do acidente.

Se não se tem certeza que o paciente-fonte é portador de hepatite

C, deve ser feito exame para descobrir, se possível.

Como não existe nenhuma forma eficaz de fazer a profilaxia

pós- exposição, a maneira mais eficaz para eliminar o risco de

infecção por hepatite C é a prevenção.

Sempre que houver acidente ocupacional com o

profissional de saúde, a instituição onde ele trabalha deve

comunicar o ocorrido. Para isso deve preencher uma Comunicação

de Acidente de Trabalho, CAT.

O profissional deve preencher uma ficha do Sistema de

Informação de Agravos de Notificação, SINAN, em duas vias e levá-

las, juntamente com o CAT, para a Unidade de Referência 24h para

os primeiros atendimentos de emergência.

Os estabelecimentos de saúde possuem essa ficha e

nela são preenchidas informações sobre o profissional e sobre o

acidente, ou seja, em que região do corpo, qual o material

orgânico de contato, que medicamentos tomou, além de outras

informações relevantes.

Caso o profissional não leve esses documentos, eles serão

emitidos na unidade em que será atendido. Lá deve haver um

técnico especializado em acidentes com material biológico, ou seja,

sangue, suor, fezes, urina, saliva, bile, ou outros.

A ANVISA recomenda algumas condutas que devem ser

tomadas pelos profissionais da área da saúde para evitar acidentes

com materiais biológicos. São elas:

- realizar o esquema completo da vacinação contra a Hepatite

tipo B (três doses);

- adotar as precauções padrão: utilizar sempre luvas,

óculos e avental, quando manipulação de sangue e secreções,

independentemente do diagnóstico do paciente;

- manter atenção durante a realização dos procedimentos;

- manipular, com cuidado, as agulhas e instrumentos

cortantes;

- não utilizar os dedos como anteparo durante a

realização de procedimentos que utilizem materiais pérfuro-

cortantes;

- não reencapar as agulhas e não entortá-las, quebrá-las ou

retirá-las da seringa com as mãos;

- seguir as recomendações para montagem e

preenchimento das caixas de pérfuro-cortantes;

- desprezar todo material pérfuro-cortante, mesmo que estéril,

em recipientes adequados.

Além do contágio por meio de exposição a material biológico,

existem doenças que os profissionais podem contrair por outros

meios. Esses meios podem ser a via aérea, contato direto com

lesões ou com roupas e roupas de cama, e por gotículas expelidas

na tosse, no espirro ou ao falar.

As doenças que podem ser contraídas por via aérea são

tuberculose, sarampo e varicela, por exemplo. A escabiose e

também a varicela podem ser transmitidas por meio de contato com

as lesões ou com as roupas ou roupas de cama do paciente. A

rubéola, a meningite por meningococos e a síndrome aguda

respiratória grave são exemplos de doenças transmitidas por

gotículas.

Vejamos alguns exemplos:

Tuberculose

A tuberculose é uma doença que acomete os pulmões e é

causada pelo bacilo de Koch. A doença também pode se espalhar

pelo corpo por meio do sistema linfático e da corrente sanguínea.

A transmissão da tuberculose ocorre quando uma pessoa

doente espirra, tosse, fala ou mesmo respira e libera gotículas

contaminadas. As maiores e mais pesadas caem no chão,

enquanto as pequenas ficam pairando pelo ar.

Quando uma pessoa respira, essas partículas menores que

ficam no ar entram em seu organismo. Nos hospitais, onde há

grande número de pacientes doentes ou onde há muitos pacientes

com o vírus HIV, há maiores chances de contrair tuberculose.

Os profissionais que têm maiores chances de contrair essa

doença são aqueles que realizam ou ajudam em necropsias, os que

trabalham em salas de broncoscopia ou inaloterapia, locais em que

há muita tosse e os que atendem pacientes com sintomas de

doenças respiratórias sem a devida proteção.

Para controlar a tuberculose em EAS, são tomadas

medidas de controle classificadas em medidas administrativas,

medidas de controle ambiental e medidas de proteção individual.

As medidas administrativas são consideradas as mais

importantes. Elas têm o objetivo de detectar precocemente os

pacientes com suspeita de tuberculose, realizar rapidamente o

diagnóstico e iniciar o tratamento, e estabelecer medidas para

evitar a transmissão da doença.

Avaliar e acompanhar os profissionais da área da saúde,

PAS, também é uma medida administrativa. Todos os profissionais

devem ter ciência de como a tuberculose pode ser transmitida,

evitada, controlada, isolada e devem saber, ainda, como se prevenir

para não serem infectados.

Antes de iniciar as atividades profissionais, os PAS

passam por alguns testes e, se necessário, tomam a vacina BCG.

Os funcionários que têm maior risco de contrair a doença

devem se submeter a um teste anual. Se houver suspeita de

tuberculose ou diagnóstico confirmado, o PAS é afastado de suas

atividades até que seja tratado e não haja mais o risco de

transmissão.

As medidas de controle ambiental incluem a instalação de

filtros ou irradiação de raios ultravioleta para remover as partículas

infectantes que ficam no ar e também fazer um controle de

ventilação com pressão negativa e controle de trocas de ar.

Se os hospitais não possuírem esses sistemas, devem ao

menos ter um local separado para tratar os pacientes com

tuberculose.

As medidas de proteção individual são as que os PAS devem

adotar no contato com os pacientes. Eles devem usar máscara

com proteção facial filtro 2, ou PFF2, que filtram partículas

muito pequenas sempre que estiverem em contato com pacientes

com tuberculose ou em locais que os pacientes estejam tossindo.

As máscaras comuns não os protegem contra doenças

transmitidas pelo ar, mas os pacientes com tuberculose podem

usá-las quando precisarem sair da área de isolamento.

Escabiose

A escabiose é uma doença causada por um tipo de ácaro que

vai causar lesões na pele para depositar seus ovos. Os locais mais

atingidos são os punhos, as axilas, entre os dedos, abaixo do

umbigo, entre as nádegas, e nos órgão genitais masculinos.

Crianças e idosos podem ter escabiose no couro cabeludo, nas

palmas das mãos e nas plantas dos pés.

Há outra forma de escabiose, que é a crostosa. Essa

forma da doença é mais comum em idosos e em pacientes

que tem o sistema imunológico alterado. Na escabiose crostosa

há muito mais ácaros e sua transmissão é maior.

Os profissionais de saúde devem sempre lavar as mãos se

tiverem contato com pacientes com escabiose. As roupas de cama,

os objetos e a mobília do quarto do paciente também são fonte de

transmissão.

Os PAS que contraírem escabiose devem lavar suas roupas,

toalhas e roupas de cama separadas das roupas dos familiares e

usar sempre ferro quente. Eles só devem voltar ao trabalho depois

de iniciar o tratamento contra escabiose.

Além das doenças apresentadas, existem diversas outras que

podem acometer os profissionais de saúde. Por isso é sempre

necessário que tenham cuidado e usem técnicas de prevenção

adequadas.

É importante que os profissionais sejam bem treinados e

tenham o conhecimento sobre as diversas doenças e os riscos a

que estão expostos. Se cuidarem bem de sua saúde, evitarão

contaminar outros pacientes, colegas e seus familiares.

Imunização dos profissionais de saúde

Imunizar, nesse caso, significa prevenir os profissionais de

saúde de alguma doença infecciosa. Como vimos, eles têm

grande contato com doenças e, por isso, tem mais chances de

contraí-las do que o restante da população.

A imunização vai conferir ao profissional da área de

saúde uma proteção a ele mesmo e às pessoas com quem ele tem

contato, além de interromper a disseminação de doenças e de

surtos hospitalares.

Os surtos, ou epidemias, são um aumento significativo e

fora do comum de alguma doença. As medidas de prevenção

e controle dos profissionais podem contribuir muito para acabar

com eles.

A imunização pode ser feita de forma ativa, por meio de

vacinas que oferecem proteção por muito tempo, ou de forma

passiva, por meio de imunoglobinas que vão oferecer uma proteção

de curto prazo.

Dependendo da área de atuação do profissional e do local em

que trabalha, a imunização é feita. O PAS deve ser imunizado em

relação às doenças que tiver maior contato.

Quando um profissional vai iniciar seu trabalho na área da

saúde, sua ficha profissional deve conter informações sobre suas

vacinas. Normalmente é pedida uma cópia da carteirinha de

vacinação.

Se alguma vacina não foi aplicada, ou estiver no

momento de reaplicar, esse profissional precisa tomá-las antes de

iniciar seu trabalho para que dê tempo de estar imune antes de ter

contato com pacientes, evitando, assim, contaminar e ser

contaminado.

Caso o PAS vá trabalhar com algum tipo específico de

doença, as vacinas podem ser reforçadas com outros

medicamentos como as imunoglobinas.

A ANVISA disponibiliza um quadro de vacinas recomendadas

aos profissionais que iniciarão suas atividades. É muito importante

lembrar que esse é um quadro demonstrativo, as vacinas devem

ser solicitadas sempre por médicos de acordo com a necessidade.

A imunização é extremamente importante para os

profissionais de saúde. Esse é um assunto que merece total

atenção e não deve ser ignorado ou protelado. O trabalho na

área de saúde é de grande responsabilidade e lida com vidas,

inclusive a do próprio profissional.

Os resíduos dos estabelecimentos de saúde

Os estabelecimentos de saúde geram um lixo muito mais

perigoso do que o lixo gerado pelo restante da população. Lá há

materiais cortantes, resíduos de material orgânico, remédios,

seringas usadas, ampolas de vidro quebradas, entre outros dejetos.

O correto descarte desse tipo de lixo pode evitar a

contaminação dos próprios profissionais da saúde, da população

geral e preservar o meio ambiente.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente, o CONAMA, lançou

em 5 de agosto de 1993 a Resolução nº 5, que trata do correto

gerenciamento de lixo gerado nos portos, aeroportos, terminais

ferroviários e rodoviários e estabelecimentos prestadores de

serviços de saúde.

Mais tarde, algumas disposições dessa Resolução foram

revogadas pela Resolução nº 358, de 29 de abril de 2005, acerca

do lixo produzido em estabelecimentos de saúde.

Na Resolução nº 358 os resíduos produzidos pelos

estabelecimentos de saúde são classificados em cinco grupos: A, B,

C, D e E.

No grupo A se enquadram os “resíduos com a possível

presença de agentes biológicos que, por suas características de

maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de

infecção”.

No grupo B estão os “resíduos contendo substâncias químicas

que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente,

dependendo de suas características de inflamabilidade,

corrosividade, reatividade e toxicidade”.

No grupo C estão “quaisquer materiais resultantes de

atividades humanas que contenham radionuclídeos em

quantidades superiores aos limites de eliminação especificados

nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN e

para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista”.

No grupo D estão os “resíduos que não apresentem risco

biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio

ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares”.

E do grupo E fazem parte os “materiais pérfuro-cortantes

ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear, agulhas, escalpes,

ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas

diamantadas, lâminas de lamínulas; espátulas; e todos os

utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de

coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares”.

Esses são os tipos de resíduos que um estabelecimento de

saúde pode produzir. A fim de prevenir e reduzir os riscos que esse

lixo pode oferecer à saúde e ao meio ambiente, existe, além da

Resolução 358 do CONAMA, a Resolução da ANVISA nº 33 de 25

de fevereiro de 2003.

Essas duas Resoluções abordam o Plano de

Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, PGRSS,

que seria “um conjunto de procedimentos de gestão, planejados

e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas

e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e

proporcionar aos residuos gerados, um encaminhamento seguro,

de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a

preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio

ambiente”, como mostra o capítulo III da Resolução nº 33.

Os dirigentes dos estabelecimentos de saúde devem elaborar

seu PGRSS baseado no tipo e na quantidade de lixo produzido e

nos recursos que possuem para isso.

O PGRSS é composto por etapas que devem ser seguidas

por todos os EAS. A primeira etapa consiste na segregação, que é

a separação por tipo de resíduo, logo quando ele é gerado, ou seja,

agulhas devem ser jogadas no recipiente para o Grupo E no

momento em que são descartadas. Não se deve jogar todo tipo de

lixo em um único recipiente para depois separar.

Depois da segregação, faz-se o acondicionamento, que é

colocar os resíduos em embalagens adequadas para que não

furem, rasguem ou vazem. Cada tipo de lixo tem uma embalagem

apropriada.

O próximo passo é a identificação para que o tipo de resíduo

seja identificado para correto manejo e transporte. A identificação

deve estar visível nos recipientes de coleta, transporte e

armazenamento com símbolos de risco descritos pela Associação

Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, Norma Brasileira

Regulamentadora, NBR, 7.500 - Símbolos de Risco e Manuseio

para o Transporte e Armazenamento de Materiais.

Veja alguns exemplos desses símbolos:

Depois da identificação vem a etapa do transporte interno que

é o caminho que o lixo faz do local de onde foi gerado até

onde ficará aguardando a coleta externa.

Esse trajeto não deve ser feito no mesmo horário que a

entrega de roupas de cama, roupas ou alimentos e deve sempre ser

feito em sentido único. Os sacos ou recipientes para o

transporte interno devem ser apropriados para cada tipo de lixo.

O armazenamento temporário é feito para agilizar a

coleta nos estabelecimentos de saúde. Os resíduos ficam

separados aguardando para serem levados. Os sacos ou

recipientes não devem entrar em contato direto com o piso.

O tratamento é a fase em que o lixo sofre modificação para

que diminuam os riscos de contaminação durante o transporte. Ele

pode ser realizado no próprio estabelecimento de saúde ou em

outro local.

No armazenamento externo os recipientes contendo resíduos

vão para um local onde é fácil o acesso aos caminhões coletores.

Lá eles vão aguardar a coleta e transporte externos, etapa em que

os resíduos vão para unidade de tratamento. A coleta e o transporte

devem estar dentro das normas de limpeza urbana.

Por fim, na destinação final, o lixo vai para local

apropriado e preparado para sua recepção. Lá, cada tipo de lixo

será tratado de maneira adequada.

Os profissionais que fazem o transporte e coleta também

devem ter cuidados e usar sempre as vestimentas apropriadas

para proteger sua saúde. Eles devem usar luvas, máscaras, botas,

óculos, avental e uniforme que atendam as normas do Ministério do

Trabalho.

Caso a roupa do profissional tenha entrado em contato com

sangue ou outro material biológico, ela deve ser substituída

imediatamente. Todos os itens da vestimenta desses

profissionaisdevem ser lavados e desinfetados diariamente

Todo esse processo de cuidado com o lixo visa reduzir ou

cessar iscos de contaminação de pessoas ou mesmo do meio

ambiente, quando entra em contato com solo ou com a água. Ele

também é importante para reduzir o número de lixo nos aterros,

visto que os resíduos serão tratados para isso.

A história e as leis que regem o controle de infecção

A preocupação com as infecções relacionadas à assistência à

saúde, as IrAS, existe no Brasil há um tempo relativamente

curto. Ocorreu especialmente na década de 1970 após grande

desenvolvimento da industrialização do Brasil e relatos de

surtos de doenças causadas por micro-organismos resistentes à

penicilina, um grande antimicrobiano, em países onde a tecnologia

médica era avançada.

Foi então que medidas de higiene mais elaboradas foram

tomadas em relação às doenças causadas pelo lixo ou por via

aérea e aos riscos de infecção em procedimentos médicos

invasivos. Para isso, eram usadas técnicas de assepsia e

limpeza que antes não eram praticadas.

Em 19 de janeiro de 1976, o Ministério da Saúde lançou o

Decreto nº 77.052 que trata das questões sanitárias dos

estabelecimentos ou ocupações que tenham relação com a saúde.

Os órgãos fiscalizadores deveriam verificar se os profissionais

ou as instituições possuíam condições para funcionar sem por em

risco a saúde das pessoas tratadas, dos funcionários e de outras

pessoas próximas.

Caso não estivessem de acordo com o estabelecido no

Decreto, poderiam receber multa e outras penalidades legais. A Lei

Federal nº 6.437 de 20 de agosto de 1977 coloca as

penalidades às instituições que descumprirem as normas da

legislação sanitária, ou seja, aponta quais penalidades as

instituições ou profissionais deverão sofrer, caso não obedeçam

as regras de higiene nos estabelecimentos de saúde.

Mais adiante, no ano de 1983, o Ministério da Saúde,

juntamente com membros do Ministério da Educação e Previdência

Social, instituiu a Portaria 196 que afirmava que todos os hospitais

deveriam constituir uma Comissão de Controle de Infecção

Hospitalar.

Essa medida era mais específica para controlar as

infecções hospitalares, já que as anteriores mencionavam a

importância da higiene na prevenção de doenças.

Depois dessa portaria, os hospitais começaram a constituir as

CCIH, o que foi realmente um passo muito grande no controle das

infecções.

Em 1984, o mesmo grupo que criou a Portaria 196, foi

responsável por organizar um curso, com financiamento da

Organização Panamericana de Saúde. Esse curso serviu de

base para o Curso de Introdução ao Controle das Infecções

Hospitalares.

A partir daí, a preocupação maior não foi somente com as

condições de higiene dos estabelecimentos de saúde, mas também

com as infecções hospitalares efetivamente.

Por isso, o Ministério da Saúde, em vez de partir para uma

postura fiscalizadora das instituições de assistência à saúde,

preferiu focar na capacitação de pessoas para lidar com as

infecções.

O assunto ganhou maior notoriedade quando o então

presidente brasileiro Tancredo Neves, que sofria de uma infecção

intestinal, faleceu antes de assumir a presidência. Depois do

incidente, a atenção para as infecções ganhou ainda mais força.

Vários projetos foram sendo implantados a fim de que

todos os hospitais se preocupassem com as infecções. Mas,

infelizmente, em 1993 apenas 10% dos hospitais brasileiros

possuíam uma CCIH constituída.

Foi com a Lei Federal nº 9.431 de 06 de janeiro de 1997 que

veio a obrigatoriedade dos hospitais de constituírem uma CCIH e

um PCIH. Com isso, as instituições precisaram se adequar às

novas exigências para não sofrerem penalidades.

Atualmente a Portaria que está em vigor é a nº 2.616 de 12 de

maio de 1998. Ela é bastante específica sobre o controle de IrAS

trazendo até mesmo recomendações para a prevenção de

infecções.

O órgão responsável por cuidar de questões relacionadas às

IrAS era o Ministério da Saúde. Em 26 de janeiro de 1999, pela Lei

nº 9.782, foi criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, na

época chamada de ANVS, hoje conhecida como ANVISA.

A finalidade da ANVISA é: “promover a proteção da

população por intermédio do controle sanitário da produção e da

comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância

sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e

das tecnologias a eles relacionados”.

No mesmo ano, 1999, a ANVISA passou a se responsabilizar

pelo Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar,

que são ações voltadas para a prevenção e o controle de IrAS no

Brasil. Nesse Programa estão incluídas a formação de uma CCIH e

a execução de um PCIH nos hospitais.

A divisão da ANVISA que atualmente cuida do Programa

Nacional de Controle de Infecção Hospitalar é a Gerência de

Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos,

GIPEA.

São atribuições do GIPEA:

“- promover e propor normas de procedimentos para o

controle de infecções e eventos adversos em serviços de saúde,

visando orientar e disciplinar o funcionamento das instituições da

rede pública e privada em todo o território nacional;

- divulgar e disseminar informações e publicações

relativas ao controle de infecções e iatrogenias em serviços de

saúde;

- elaborar, padronizar indicadores e monitorar as

infecções e os eventos adversos em serviços de saúde;

- investigar a ocorrência de eventos adversos em serviços de

saúde;

- desenvolver atividades com os órgãos afins de

administração federal, estadual, distrital e municipal – inclusive os

de defesa do consumidor, com o objetivo de exercer o efetivo

cumprimento da legislação.”

Todas essas ações mostram que há uma séria

preocupação com o assunto, afinal, ele é de extrema importância

para toda a população, não só para os que trabalham na área da

saúde.

Cuidados com os instrumentos

Certamente, evitar as infecções é a melhor forma de controlar

esse grave problema de saúde pública. O profissional dessa

área deve se conscientizar que ele tem grande responsabilidade

nessa tarefa.

Uma de suas principais atitudes, juntamente com a higiene

pessoal, é a limpeza, esterilização e desinfecção dos artigos e

instrumentos usados em procedimentos.

Eles representam grande fonte de transmissão de micro-

organismos causadores de infecções e os profissionais não devem

ignorar esse fato.

Dentre várias classificações, a que nos interessa é

aquela que classifica esses materiais de acordo com o maior

ou menor risco de transmissão de doenças.

Vejamos:

- Artigos críticos: são os instrumentos usados em

procedimentos invasivos na pele e mucosas, nos tecidos que ficam

debaixo da pele e aqueles que entram em contato com sangue e

seus derivados. Esse tipo de artigo requer esterilização. Exemplos

de artigos críticos são cateteres que ficam nas veias ou artérias,

agulhas no geral, bisturis, entre outros.

- Artigos semicríticos: são aqueles que têm contato com a

pele não íntegra (com cortes ou machucados), mas que não

ultrapassam suas camadas, ou que têm contato com mucosas

em procedimentos não invasivos.

Esses artigos requerem esterilização ou desinfecção de médio

ou alto nível, dependendo do contato com a pele. Exemplos são:

equipamentos respiratórios, aparelhos usados em exames

ginecológicos, sonda nasogástrica entre outros.

- Artigos não-críticos: são os equipamentos que entram em

contato com a pele íntegra (sem machucados ou cortes) ou mesmo

aqueles que não entram em contato com o paciente.

Eles requerem limpeza ou desinfecção de baixo ou

médio nível, dependendo do tipo de contato com a pele.

Exemplos: termômetros, estetoscópios, bacias para banho, roupas

de cama, e outros.

Cada tipo de artigo requer um tratamento específico que vai

ajudar na prevenção das infecções. É importante que esse

tratamento feito antes de sua reutilização seja realizado de forma

responsável.

Vamos conhecer os procedimentos pelos quais podem passar

esses artigos:

- Limpeza: a limpeza é o procedimento que remove as

sujeiras e os detritos dos materiais para reduzir o número de micro-

organismos presentes ali. Todos os artigos devem passar pela

limpeza antes de passarem por outros procedimentos de higiene.

Se um artigo é enviado, por exemplo, para a esterilização sem

antes ser limpo, o processo pode demorar mais do que o usual e o

artigo não ser esterilizado adequadamente.

- Descontaminação: inicialmente, vale esclarecer que

descontaminar não é desinfetar. A descontaminação é usada para

reduzir o número de micro-organismos presente nos materiais.

Ela pode ser feita com alguns produtos adequados para isso e

faz com que os instrumentos ofereçam menor risco aos

profissionais de saúde.

Importante ressaltar que o termo descontaminação, não

é mais utilizado pela maioria das instituições, uma vez que

passaram a utilizar os termos Limpeza e Desinfecção, porém, não

podemos deixar de citá-lo em razão de sua utilização ainda nos

meios literários, ou seja, caso realize uma pesquisa com autores

da área de infecção hospitalar, verá o termo descontaminação

e não limpeza.

- Desinfecção: esse processo elimina alguns tipos de

micro- organismos que estão em sua forma vegetativa, ou seja,

quando estão respirando, se multiplicando e se alimentando.

A outra forma que um micro-organismo pode assumir é a

esporulada, ou seja, eles reduzem suas atividades metabólicas

(respiração, alimentação, multiplicação e outras) e mudam sua

forma para garantir sua sobrevivência. Quando chegar o momento

propício, esses micro-organismos podem voltar a sua forma

vegetativa.

A desinfecção de alto nível pode até mesmo eliminar alguns

micro-organismos em forma esporulada, mas não há garantias

disso. Esse tipo de desinfecção é mais indicado para os artigos

semicríticos.

A desinfecção de nível médio não age sobre micro-

organismos em forma esporulada, mas tem efeitos sobre vírus e

todas as bactérias em sua forma vegetativa.

Já a desinfecção de baixo nível elimina a maioria das

bactérias em forma vegetativa, mas age de forma pouco eficaz

sobre vírus e fungos e não tem nenhuma ação sobre bactérias em

forma esporulada.

Cada tipo de desinfecção usa um produto químico mais

apropriado para tal finalidade. É importante levar em conta o

material de que é feito o artigo para que não seja corroído.

- Esterilização: esterilizar não é simplesmente destruir ou

eliminar os micro-organismos nocivos de um instrumento. A

esterilização ocorre quando os micro-organismos são atingidos

de forma a não voltarem às suas atividades, ou que essa

probabilidade seja a mínima possível.

Podem ser usados diversos métodos de esterilização como

calor, calor com vapor, radiação, filtração ou algum produto

químico. Para cada instrumento, recomenda-se uma forma de

esterilização.

É importante realizar alguns testes para verificar se a

esterilização funcionou ou não. Para isso, existem produtos

químicos que podem ser aplicados nos instrumentos.

- Antissepsia: os produtos antissépticos são aqueles

aplicados na pele ou nas mucosas que não causam alergia e

servem para matar os micro-organismos ou para inibir sua

reprodução.

Em nossa pele e mucosas há, naturalmente, dois tipos de

micro- organismos que podem ser classificados em flora

residente e flora transitória.

A flora residente são os micro-organismos que fazem parte de

nosso corpo e que vivem nas camadas mais profundas da pele, nas

glândulas sebáceas, nos folículos pilosos e outros locais.

A flora transitória compreende os micro-organismos presentes

no ambiente que migram para a pele temporariamente, mas são

facilmente removidos com água e sabão. Entretanto, quando esses

seres se encontram em ambiente hospitalar eles podem se tornar

nocivos.

Alguns exemplos de produtos antissépticos são álcool etílico,

álcool isopropílico, soluções iodadas, entre outros.

Depois de feito o procedimento adequado para cada

material, é necessário que ele seja bem seco e guardado em local

onde não haverá novas contaminações antes de seu uso. São

usadas, para isso, embalagens especiais que não permitem que

o instrumento tenha contato com o ambiente.

Todos os estabelecimentos de saúde devem possuir meios de

limpar, desinfetar ou esterilizar seus instrumentos. Há hospitais

com ambientes apropriados para essa função, mas há outros

estabelecimentos que enviam seus produtos para empresas que

realizam esse trabalho.

A limpeza do ambiente

O ambiente dos estabelecimentos de saúde mantém contato

com muitas pessoas doentes e há grande rotatividade de

funcionários. Além disso, como em qualquer outro ambiente, há

poeira e sujeira nos móveis, nas paredes e no chão.

As áreas que ficam úmidas, sujas e empoeiradas são as que

há a maior concentração de micro-organismos. Por isso é

necessário um cuidado redobrado com a limpeza dos

estabelecimentos de saúde.

Assim como é feito com os instrumentos, o ambiente também

pode passar por limpeza, desinfecção e descontaminação.

A varredura seca com a vassoura é proibida, por levantar

poeira e bactérias depositadas no piso. Na varredura úmida, que

tem como objetivo remover o pó e possíveis detritos soltos no chão

é realizado fazendo uso de pano úmido e rodo mais o auxílio de

uma pá, onde jamais se deve levar o resíduo até a porta de entrada.

A desinfecção é feita com algum produto químico usado para

destruir os micro-organismos em sua forma vegetativa. E a

descontaminação elimina total ou parcialmente os micro-

organismos, tornando uma superfície segura para manuseio.

As superfícies que contiverem matéria orgânica como sangue,

suor, saliva, entre outros, devem passar por desinfecção e/ou

descontaminação, seguidas de uma limpeza. Caso contrário,

somente uma limpeza é suficiente.

Existe uma técnica conhecida como “técnica dos dois

baldes” sugerida pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana da

Cidade do Rio de Janeiro em seu Manual de higienização de

estabelecimentos de saúde e gestão de seus resíduos. Essa

técnica pode ser usada para desinfecção, descontaminação,

limpeza e varredura úmida.

Como o nome da técnica diz, são necessários dois

baldes, mas devem ser de cores diferentes para não confundir.

Nos processos de desinfecção e descontaminação, deve-se

colocar o mesmo produto nos dois baldes.

Nos processos de limpeza, em um balde haverá produto e no

outro, água limpa. E nos processos de varredura úmida, haverá

somente água limpa nos baldes. Os panos ou esfregões usados

devem ser exclusivamente para essa finalidade.

A varredura úmida é escolhida nos estabelecimentos de

saúde para que poeira e micro-organismos não sejam lançados ao

ar. Para fazê-la, usa- se um rodo ou vassoura acompanhada de um

pano úmido ou um esfregão.

Nos dois baldes haverá água limpa, sendo que um deles é

usado apenas para molhar os panos e o outro é usado para

enxaguá-los. A varredura úmida deve começar de dentro para fora

dos recintos, o que significa começar da área mais limpa para a

área mais suja.

Os resíduos devem ser recolhidos com uma pá sempre

que necessário. Não se deve carregá-los por mais de 3 metros. Não

leve os resíduos até a porta ou corredor, recolha-os e deposite-os

em um saco de lixo adequado.

A limpeza úmida dos pisos serve para limpar o chão dos

recintos e é feita com um pano úmido. Em um dos baldes

deve haver água com detergente neutro e no outro, água limpa.

O pano ou esfregão deve ser mergulhado na solução de água

com detergente e passado no chão sempre em movimentos retos e

firmes para que a sujeira e os micro-organismos sejam carregados.

Se forem feitos movimentos circulares ou de vai-e-vem, a sujeira

permanecerá no local.

Sempre que necessário, enxague o pano ou esfregão na água

limpa e depois o mergulhe novamente na água com detergente.

Quando a solução ou a água dos baldes estiver suja, elas devem

ser trocadas.

Ao final da limpeza, o chão deve ser enxaguado e seco. Os

baldes devem ser desinfetados e os panos devem ser lavados e

desinfetados. Cada área do EAS deve ter seus próprios panos,

ou seja, áreas críticas, semicríticas e não-críticas.

A lavagem é um procedimento que tem o objetivo de remover

a sujeira acumulada. Para isso, são usadas máquinas que esfregam

o chão. Para realizar a lavagem, antes é preciso fazer uma

varredura úmida para remover os maiores detritos. Depois, é

despejada no chão uma solução de água com detergente neutro.

As máquinas esfregam o chão, fazendo alguma espuma. Ao

final, o recinto é enxaguado com água limpa que será puxada com

um rodo e pano. O pano deve ser enxaguado também em água

limpa.

Caso o estabelecimento de saúde não possua máquinas

para esfregar o chão, podem ser usadas vassouras próprias para tal

finalidade.

É preciso tomar cuidado para que a água não vá para os

locais que não estão sendo lavados. Os funcionários devem estar

usando botas, luvas e avental. Se for necessário, a operação deve

ser repetida. Feito isso, o chão deve ser bem seco.

Nos recintos onde ocorrem procedimentos, existem regras a

serem cumpridas. Nas salas de necropsia a limpeza é feita com o

recolhimento dos resíduos de forma adequada seguida de

varredura úmida.

Nos dois baldes haverá uma solução desinfetante específica

para limpeza. Um dos baldes serve para mergulhar o pano antes de

limpar e o outro para enxaguá-lo.

A mesa de necropsia e todos os locais contaminados devem

ser limpos com o pano em movimentos também retos e firmes,

sempre na direção de fora da mesa, nunca para o centro.

Nas salas de cirurgia, os primeiros procedimentos –

recolhimento de resíduos e varredura úmida – devem ser feitos.

A seguir, com solução desinfetante nos dois baldes, deve-se

limpar todo local em que houver material orgânico antes de seu

ressecamento.

Nas Unidades de Terapia Intensiva, UTI, Centro de Terapia

Intensiva, CTI ou nos Centros de Tratamento de Queimados, CTQ,

a limpeza deve ser feita cuidadosamente, devido à gravidade dos

pacientes. Ela deve ser feita sempre que possível e quando um

paciente desocupar um quarto.

Os colchões de leitos e berços devem ser desinfetados com

três fricções de álcool 70%. Não se esquecer de limpar as macas,

inclusive suas rodas.

As vidrarias usadas em laboratórios devem, depois de

usadas, ser colocadas destampadas em um balde contendo

solução de hipoclorito de sódio a 1%. Quando o balde estiver cheio,

ou for necessário usar algum material lá imerso, o balde é levado

para o local da lavagem.

Lá a solução de hipoclorito de sódio a 1% deve ser trocada e

os materiais ficarão mergulhados por mais 30 minutos. Todas

as vidrarias devem estar cobertas pela solução.

Passado esse tempo, esses instrumentos serão colocados em

outro balde contendo uma solução de detergente neutro. Cada

instrumento deve ser lavado com esponja específica e enxaguado

abundantemente em água corrente.

A secagem deve ser feita naturalmente e nunca com um

pano. É possível que algumas vidrarias de laboratório

necessitem passar por esterilização.

Essas medidas de higiene auxiliam na prevenção e no

controle das infecções relacionadas à assistência à saúde. Elas não

devem ser ignoradas e precisam ser feitas com todas as etapas.

Todos os funcionarios dos estabelecimentos de saúde são

responsáveis por controlar e diminuir os riscos de

contaminação nos estabelecimentos de saúde.

Medidas preventivas de infecção relacionada à

assistência à saúde

Muitas infecções são de difícil tratamento, portanto,

quanto mais medidas de prevenção forem adotadas, melhor será o

controle. Existem regras padrões para prevenir as infecções,

mas há também regras específicas para cada infecção.

As regras padrões são a higiene do local, do profissional de

saúde e dos instrumentos usados em procedimentos. As

específicas variam de acordo com o tipo de infecção.

Os cuidados básicos que todo profissional da área de saúde

deve ter é lavar sempre as mãos de forma rigorosa, usar luvas

adequadas, óculos de proteção, máscaras apropriadas, avental e

outras peças que garantam a higiene e a segurança tanto da equipe

do hospital, quanto dos pacientes.

Há infecções que podem ser evitadas simplesmente com os

cuidados básicos de higiene. Entretanto, há outras que

precisam de cuidados específicos.

As infecções do trato urinário causadas pelo uso de cateter

vesical requerem alguns cuidados especiais como:

- usar, de preferência, o dreno fechado, que é aquele que não

há entrada de ar ou outras aberturas pelas quais podem

migrar micro- organismos;

- lavar as mãos antes e depois de lidar com o cateter. Mesmo

com as mãos limpas, devem-se usar luvas nesse procedimento;

- a válvula do cateter deve ser, de preferência, antirrefluxo

para evitar que a urina volte para o organismo do paciente;

- não deixar que a bolsa que armazena a urina entre em

contato com o chão, pois micro-organismos podem ter acesso ao

cateter se isso ocorrer;

- o cateter só deve ser usado quando estritamente necessário

e sua troca não deve ser adiada. Quanto menos tempo o paciente

permanecer com o cateter, menores são os riscos de adquirir

infecção. Uma alternativa para alguns casos é o uso de fraldas e

condons (esse último para homens) para coletar a urina, em vez de

usar cateter vesical;

- o cateter só deve ser colocado por profissional treinado para

tal;

Para evitar infecções do trato urinário, a informação

sobre os cateteres vesicais são de extrema importância. Eles não

devem ser usados indiscriminadamente.

Nas infecções que ocorrem nas salas de cirurgia, os cuidados

com a limpeza do ambiente e a esterilização dos instrumentos são

imprescindíveis. Nesses casos, a higiene adequada, aliada a outros

fatores, pode prevenir uma ISC.

Em algumas cirurgias, há a necessidade de retirar os pelos do

corpo do paciente. Se isso for feito com lâmina, ela deve ser

descartada logo em seguida de seu uso. Os drenos utilizados em

cirurgia só podem ser mantidos no paciente por quatro dias, de

acordo com a ANVISA.

É recomendado ao paciente que pare de fumar pelo menos 30

dias antes da cirurgia. O cigarro pode prejudicar a circulação

sanguínea. Na noite anterior à cirurgia, se possível, o paciente deve

usar sabonete antisséptico no banho.

As portas das salas de cirurgia devem permanecer

fechadas. Somente pessoas autorizadas e devidamente vestidas e

higienizadas podem entrar nas salas. Quanto menos pessoas na

sala, melhor.

Todos os cirurgiões devem utilizar dois aventais estéreis e

máscara tipo N95, que tem um filtro mais rigoroso. As luvas devem

ser trocadas a cada hora.

As salas de cirurgia devem ser limpas com muito cuidado e

com produtos adequados para sua desinfecção e descontaminação.

As cirurgias infectadas devem ter uma sala reservada somente para

elas.

Na prevenção da pneumonia hospitalar, além dos cuidados

básicos de lavar as mãos e usar luvas e vestimentas adequadas,

deve-se também ter outros cuidados.

A equipe médica precisa verificar com frequência a posição da

sonda nasoenteral, aquela que vai do nariz a garganta e antes de

manipular as sondas que passam pela garganta, é necessário

aspirar as secreções que ficam próximas à glote. Isso é importante

para que as secreções não se direcionem aos pulmões.

A cada paciente especialmente os entubados, deve ser

levemente inclinada para diminuir as chances de aspiração de

conteúdo gástrico. Também para evitar que isso aconteça, as

aspirações devem ser feitas com cautela e somente quando

necessário.

Os tubos e respiradores devem ser trocados periodicamente e

serem esterilizados antes de sua reutilização. Se houver

nebulizadores ou umidificadores no quarto, a água usada para

gerar vapor deve ser destilada. Quando houver necessidade de

encher o reservatório com mais água, o líquido que sobra deve ser

desprezado.

O reservatório deve ser trocado a cada 24 horas por outro

desinfetado ou esterilizado. A água ou medicamento usado em

nebulizadores ou umidificadores deve ser manuseado com higiene,

usando luvas e com as mãos lavadas.

No caso das infecções por conta de acesso vascular, é

necessário observar se os cateteres inseridos no paciente não

estão infeccionados. Eles devem ser trocados periodicamente e o

profissional deve usar luvas e estar com as mãos devidamente

lavadas.

Os curativos dos cateteres devem ser trocados a cada 48

horas, com solução antisséptica, se estiverem secos e limpos. Caso

ele suje ou molhe, deve ser trocado imediatamente, pois os

micro-organismos estão mais presentes em locais úmidos e sujos.

Importante ressaltar ainda que este tempo de troca dos

curativos, pode ser alterado conforme protocolos estabelecidos pela

própria instituição de saúde.

Já os cateteres venosos centrais precisam ter seus curativos

trocados diariamente após o banho, aplicando, com uma gaze, um

produto antisséptico no local.

Para evitar infecção nos pacientes queimados, algumas

medidas podem ser tomadas, como evitar o contato entre

pacientes, usar medicamento antimicrobiano sobre a queimadura,

remover as escaras que se formam antes que elas se soltem

para realizar a enxertia, ou seja, preencher o local novamente,

entre outras ações.

Nos berçários, deve haver higienização com frequência. Não

se deve, nunca, deixar flores, sejam naturais ou artificiais, nesses

locais, pois elas acumulam poeira e umidade.

O recém-nascido deve ter um cuidado especial em seu

umbigo, pois ali há grande quantidade de micro-organismos. O local

deve ser limpo com álcool 70%.

Bactéria super-resistente

Para prevenção de infecções, ou por razões

desnecessárias, não devem ser administrados, com frequência,

medicamentos antimicrobianos. As bactérias começam a ficar

resistentes aos medicamentos e eles passam a não ter mais efeito

sobre elas.

Esse tipo de medicamento só deve ser usado quando

realmente necessário, caso contrário, pode mais prejudicar do que

ajudar. Já foram identificadas algumas bacterias super-resistentes a

medicamentos antimicrobianos, por isso, é necessário muito

cuidado.

A mais conhecida é a KPC – Klebsiella pneumoniae

carbapenemase, que foi responsável por muitas mortes, inclusive

no Brasil.

Ela pode ser encontrada em outros ambientes como na água,

em fezes, mas é no ambiente hospitalar que ela vai garantir sua

sobrevivência, pois se beneficia da fragilidade dos pacientes.

Ela causa infecções diversas e os sintomas são febre, dores

no corpo, calafrios; quando a infecção é nos pulmões, causa

tosses; quando a infecção é no trato urinário causa dores na

região da bexiga, entre outros sintomas.

Essas bactérias super-resistentes também podem estar

presentes no ambiente e nas roupas dos profissionais, por isso a

importância de usar avental adequado no atendimento a pacientes.

Os hospitais devem ser cuidadosamente limpos e

higienizados, os instrumentos devem ser desinfetados,

descontaminados e esterilizados, os profissionais devem ter

cuidados de higiene, tudo para evitar a contaminação por bactéria

super-resistente.

O tratamento para essa infecção é muito difícil, já que a

bactéria resiste aos medicamentos antimicrobianos. Por isso, a

melhor arma é a prevenção com hábitos de higiene e evitar o

uso indiscriminado de medicamentos.

A ANVISA lançou em 28 de outubro de 2010 a Resolução nº

44 para controlar a venda de antibióticos nas farmácias. Esses

medicamentos só podem ser vendidos com receita médica em duas

vias, sendo que uma via fica na farmácia e outra é carimbada e

volta para o consumidor.

O objetivo é fazer com que a população pare de se

automedicar, prática que ocorre comumente, mas que tem

consequências graves.

Leitura Complementar

BACTÉRIA KPC – Sintomas e Tratamento

A bactéria super resistente KPC – Klebsiella pneumoniae

Carbapenemase, foi a responsável por inúmeros casos de

contaminação em hospitais do mundo inteiro, no Distrito Federal

111 pessoas foram contaminadas, outros casos também foram

identificados em hospitais de outros estados, mas em pequena

proporção. A “superbactéria” sofreu mutações genéticas que a

tornou resistente a múltiplos antibióticos, especialmente aos

compostos da classe dos carbapenêmicos, além de poder tornar

outras bactérias mais resistentes.

Acredita-se que o uso incorreto e indiscriminado de antibióticos

pode ter sido o principal fator que propiciou o desenvolvimento da

bactéria. A KPC já foi encontrada em fezes, na água, no solo, em

vegetais, cereais e até mesmo em frutas, mesmo assim pesquisas

publicadas recentemente mostram que esse germe multirresistente

não consegue sobreviver fora do ambiente hospitalar. De acordo

com o Ministério da Saúde, dentro dos hospitais o contágio é mais

perigoso por conta da baixa imunidade apresentada pelos

pacientes, ocorrendo principalmente através do contato com

secreções do paciente infectado, quando não são respeitadas

normas básicas de desinfecção e higiene.

Sintomas da bactéria KPC

A bactéria pode causar pneumonia, infecções sanguíneas, no trato

urinário, em feridas cirúrgicas, entre outras enfermidades que

evoluem para um quadro de infecção generalizada, levando a morte

do paciente. Dessa forma, os sintomas de contaminação pela KPC

são idênticos ao de qualquer outra infecção: febre, prostração,

dores no corpo, tosse nos episódios de pneumonia e quando a

infecção chega ao trato urinário, é comum o paciente sentir ainda

dores fortes na região da bexiga.

Tratamento da KPC bactéria

Infelizmente, existem poucos tipos de antibióticos que são eficientes

no combate da KPC, o que limita o tratamento das infecções

hospitalares pela bactéria, sendo assim, os cuidados maiores

devem ser voltados a prevenção, seguindo as normas de

desinfecção e higienização corretamente, especialmente com

pacientes que já estão contaminados ou com aqueles que se

encontram bastante debilitados.

Precauções para os profissionais de saúde

Os profissionais de saúde, por terem o contato com inúmeros

pacientes enfermos, são grandes transmissores de micro-

organismos causadores de infecções.

As precauções que os profissionais devem tomar podem ser

classificadas em padrão e de contato.

As precauções padrão são as usadas rotineiramente em

seu ambiente de trabalho, no contato com todos os pacientes, ou

seja, que tenham ou não doença transmissível comprovada.

As precauções de contato são as usadas quando há infecção,

ou suspeita de doença transmissível por contato direto.

As precauções padrão são:

- lavagem e higienização das mãos, que deve ocorrer

frequentemente, antes e depois do contato com os pacientes,

após a retirada de luvas, aventais e outras peças do vestuário;

- uso de luvas que devem estar limpas e serem descartáveis. Elas

devem ser trocadas sempre que entrarem em contato com material

biológico do paciente e o profissional deve tirar as luvas antes de

sair do quarto do paciente. Para cada paciente, o profissional usa

um par de luvas;

- uso de máscaras e óculos de proteção, pois servem para prevenir

os profissionais contra respingos e algumas doenças. Há diversos

tipos de máscaras adequadas para cada procedimento;

- uso de avental, que deve estar sempre limpo, deve ser não estéril

e servir para proteger as roupas ou o corpo dos profissionais contra

respingos de sangue ou outro material.

Dependendo da quantidade de sangue que possa espirrar e

do tipo de procedimento que o profissional realizará, usa-se um

avental adequado. Sempre que respingar sangue ou outro material

biológico no avental, ele precisa ser retirado. O avental deve

seguir direto para a lavagem e o profissional precisa lavar as

mãos.

- artigos e instrumentos usados em pacientes que devem ser

sempre limpos, desinfetados, descontaminados e/ou esterilizados.

Esses artigos não devem ser usados em mais de um paciente

sem passar pela correta higienização;

- limpeza e desinfecção do ambiente para evitar a presença de

micro- organismos nocivos;

- colocar as roupas usadas e contaminadas com material biológico

em sacos e levar para o local de lavagem. Dessa forma, evita-se a

exposição das doenças;

- manusear com cuidado os materiais pérfuro-cortantes para evitar

acidentes ocupacionais. Cada material deve ser descartado no

recipiente adequado;

- os pacientes que não tiverem controle de fezes ou urina devem

permanecer em quartos privativos, ou seja, sem contato com

outros pacientes.

Os profissionais também devem ter o cuidado de limpar e

desinfetar seus instrumentos de uso pessoal como estetoscópio,

esfignomanômetro (aparelho que mede a pressão) e termômetro.

Para isso, devem usar álcool 70%.

Um cuidado que muitos profissionais de saúde não se

atentam é o de sair com seu jaleco ou avental para a rua. Há

poluição e diversos micro- organismos presentes no ar e em outras

superfícies em que entrarão em contato. Portanto, antes de deixar

seu posto de trabalho, tire seu jaleco ou avental.

As precauções de contato incluem todas as precauções

padrão, além de:

- internação do paciente em quarto privativo ou com outro

paciente que tenha a mesma doença;

- as visitas devem ser reduzidas para evitar que os familiares

se contaminem;

- o paciente só deve deixar seu quarto quando necessário.

Nesse caso, os profissionais devem desinfetar os locais em que o

paciente teve contato e as suas secreções devem ser contidas.

Essas são as precauções que os profissionais de saúde

devem seguir

em sua rotina diária. Elas evitam que ele se contamine e que

contamine

outros pacientes, ajudando a controlar o número de infecções

relacionadas à

assistência à saúde.

Higienização das mãos

As mãos possuem grande atividade em nosso dia-a-dia. Com

elas, pegamos objeto, comemos, nos apoiamos, entre outras

inúmeras ações. Por esse motivo, elas têm grande contato com

diversas superfícies e essas superfícies podem conter todo tipo de

micro-organismo possível.

Os micro-organismos são invisíveis a olho nu e muitas

vezes pensamos estar com as mãos limpas, entretanto, não

sabemos se de fato elas estão.

Higienizar as mãos adequadamente é uma medida simples,

mas de grande importância para evitar a transmissão de doenças,

muitas vezes graves.

Dos pacientes que estão internados, muitos estão com seu

sistema imunológico debilitado, facilitando a evolução de doenças,

especialmente as adquiridas por meio de micro-organismos.

Os profissionais, por lidarem com diversos pacientes,

precisam estar conscientes de que suas mãos podem conter

muitos desses micro- organismos. Assim, cuidar da limpeza de

suas mãos se faz indispensável.

A Organização Mundial de Saúde considera a correta

higienização das mãos como a medida mais importante para

prevenir e controlar as IrAS, mas afirma que garantir que os

profissionais façam isso de forma correta é uma tarefa complexa.

Há uma categoria para classificar o nível de importância

das classificações. São essas:

Categoria I A Fortemente recomendado para implantação e

fortemente apoiado por estudos experimentais, clínicos ou

epidemiológicos.

Categoria I B. Fortemente recomendado para implantação e

apoiado por alguns estudos experimentais, clínicos e

epidemiológicos e argumentos de teóricos.

Categoria I C. Exigido para implantação, conforme ordenado

pela legislação ou norma federal e/ou estadual.

Categoria II. Sugerido para implantação e apoiado por

estudos clínicos ou epidemiológicos sugestivos ou por argumentos

teóricos ou por consenso de um grupo de especialistas.

Vejamos quais as recomendações da OMS para a

higienização das mãos e suas categorias:

1 - Indicações para higienização e antissepsia das mãos

A: Lavar as mãos com sabão e água quando visivelmente sujas ou

contaminadas com material proteico, se estiverem visivelmente

sujas com sangue ou outros fluidos corporais, se houver forte

suspeita ou comprovação de exposição a organismos que

formam esporos (I B) ou após usar o banheiro (II).

B: Uso preferencial de produtos para higienização das mãos à base

de álcool para antissepsia rotineira das mãos em todas as situações

clínicas descritas nos itens C.a a C.f listados abaixo, se as mãos

não estiverem visivelmente sujas (I A). Uma alternativa é lavar as

mãos com sabão e água (I B).

C: Higienizar as mãos:

a) antes e depois de ter contato direto com pacientes (I B);

b) após a remoção das luvas (I B);

c) antes de manusear instrumentos invasivos (independente de ter

utilizado luvas ou não) para cuidado de pacientes (I B);

d) após ter contato com fluidos corporais ou excrementos,

membranas ou mucosas, pele não intacta ou curativos (I A);

e) ao mudar de um local contaminado do corpo para um local limpo

do corpo durante o cuidado com o doente (I B);

f) após contato com objetos (inclusive equipamentos médicos) nas

proximidades imediatas do paciente (I B);

D: Lavar as mãos com água e sabão simples ou com antisséptico

ou higienizar as mãos com uma fórmula à base de álcool antes de

manusear medicamentos e preparar alimentos (I B).

E: Quando já tiver usado um produto à base de álcool, não use

sabão com antisséptico simultaneamente (II).

2. Técnica de higienização das mãos

A: Encha a palma da mão com o produto e cubra toda a

superfíciedas mãos. Esfregue as mãos até que estejam secas (I B).

B: Ao lavar as mãos com sabão e água, molhe-as com água e

aplique a quantidade necessária de produto para cobrir toda a

superfície das mãos. Faça movimentos de rotação das mãos

esfregando ambas as palmas e entrelace os dedos para cobrir toda

a superfície. Enxágue as mãos com água e seque-as com uma

toalha descartável. Use água corrente limpa sempre que possível.

Use a toalha descartável para fechar a torneira (I B).

C: Certifique-se de que suas mãos estejam secas. Use um método

para secar as mãos que não as recontamine. Certifique-se de que

as toalhas não sejam usadas várias vezes ou por várias pessoas (I

B). Evite o uso de água quente, pois a exposição repetida à água

quente pode aumentar o risco de dermatite (I B).

D: Formas de sabão em líquido, barra, lascas ou pó são aceitáveis

para higienização das mãos com sabão e água. Ao utilizar sabão

em barra, use pequenos pedaços de sabão em suportes que

facilitem sua drenagem (II).

3. Recomendações para o preparo das mãos para cirurgia

A: Se as mãos estiverem visivelmente sujas, lave-as com

sabão comum antes de fazer o preparo das mãos para a cirurgia

(II). Remova a sujeira sob as unhas usando um limpador de unha,

preferencialmente em água corrente (II).

B: As pias devem ser projetadas de modo a reduzir o risco

de respingos (II).

C: Remova anéis, relógios e pulseiras antes de começar o preparo

das mãos para a cirurgia (II). É proibido o uso de unhas artificiais (I

B).

D: A antissepsia das mãos para cirurgia deve ser feita usando um

sabão com antisséptico ou um produto à base de álcool,

preferencialmente com ação prolongada, antes de vestir as luvas

esterilizadas (I B).

E: Se no local da cirurgia a água não for de qualidade garantida,

recomenda-se que se faça antissepsia das mãos para a cirurgia

usando uma solução para higienização das mãos à base de álcool

antes de vestir as luvas esterilizadas, ao realizar um procedimento

cirúrgico (II).

F: Ao fazer a antissepsia usando água e sabão antisséptico,

esfregue as mãos e antebraços pelo período de tempo

recomendado pelo fabricante, 2 a 5 min. Não é necessário um

tempo longo de higienização (por exemplo, 10 minutos) (I B).

G: Ao utilizar produtos à base de álcool com ação prolongada para

higienização das mãos para cirurgia, siga as instruções do

fabricante. Aplique o produto apenas nas mãos secas (I B). Não

combine métodos de fricção e de higienização das mãos com o uso

subsequente de produtos à base de álcool (II).

H: Ao utilizar um produto à base de álcool, aplique uma quantidade

suficiente para manter as mãos e antebraços molhados com o

produto durante todo o procedimento de higienização das mãos (I

B).

I: Após a aplicação do produto à base de álcool, deixe as mãos e o

antebraço secarem completamente antes de vestir as luvas

esterilizadas (I B).

Técnica de Higienização das Mãos com Fórmula à Base de Álcool

Com a mão em forma de concha, encha-a com o produto e

espalhe-o por toda a superfície das mãos.

Esfregue as palmas das mãos.

Esfregue a palma da mão direita sobre o dorso da mão esquerda

com dedos entrelaçados e vice versa.

Palma com palma com os dedos entrelaçados.

As costas dos dedos virados para a palma da mão oposta com os

dedos presos uns aos outros.

Movimentos de rotação do polegar esquerdo esfregando as

costas da mão direita e vice versa.

Movimentos de rotação, esfregando para trás e para frente, com

os dedos da mão direita unidos esfregando a palma da mão

esquerda e vice versa. Depois de secas, suas mãos estão seguras.

Técnica de Higienização das Mãos com Água e Sabão

Molhe as mãos com água.

Aplique sabão suficiente para cobrir toda a superfície das mãos.

Esfregue as mãos palma com palma.

Palma da mão direita sobre o dorso da mão esquerda com dedos

entrelaçados e vice versa.

Palma com palma com os dedos entrelaçados.

As costas dos dedos virados para a palma da mão oposta com os

dedos presos uns aos outros.

Rotação do polegar esquerdo esfregando as costas da mão direita

e vice versa.

Rotação esfregando para trás e para frente com os dedos da

mãodireita unidos esfregando a palma da mão esquerda e vice

versa.

Enxágue com água.

Seque as mãos com uma toalha descartável e use a toalha

parafechar a torneira. Suas mãos estão seguras.

Veja as ilustrações disponibilizadas pela ANVISA:

É importante lembrar que o uso de luvas não significa

que os profissionais devam pular a etapa de lavar as mãos. Afinal,

é com as mãos que se colocam as luvas e se elas não estiverem

limpas, não há eficiência.

Essas simples medidas devem ser adotadas por todos os

profissionais de saúde. Elas precisam ser parte de sua rotina

diária de trabalho. É com a conscientização que se começa o

controle de infecções relacionadas à assistência à saúde.

Bibliografia

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