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    UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

    ESCOLA POLITCNICA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICA

    MESTRADO EM ENGENHARIA ELTRICA

    MANUTENO CENTRADA EM CONFIABILIDADE APLICADA A

    SISTEMAS ELTRICOS: UMA PROPOSTA PARA USO DE ANLISE

    DE RISCO NO DIAGRAMA DE DECISO

    DISSERTAO DE MESTRADO

    AUTOR: JOS LUIS OLIVEIRA RAPOSO

    ORIENTADOR: PROF. DR. NIRALDO ROBERTO FERREIRA

    SALVADOR, BAHIA - BRASIL2004

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    JOS LUIS OLIVEIRA RAPOSO

    MANUTENO CENTRADA EM CONFIABILIDADE APLICADA A SISTEMAS

    ELTRICOS: UMA PROPOSTA PARA USO DE ANLISE DE RISCO NODIAGRAMA DE DECISO

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-graduao em Engenharia Eltrica daUniversidade Federal da Bahia como requisito

    parcial para obteno do ttulo de Mestre emEngenharia Eltrica.

    SALVADOR, BAHIA - BRASIL2004

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    MANUTENO CENTRADA EM CONFIABILIDADE APLICADA A SISTEMAS

    ELTRICOS: UMA PROPOSTA PARA USO DE ANLISE DE RISCO NO

    DIAGRAMA DE DECISO

    JOS LUIS OLIVEIRA RAPOSO

    Esta dissertao foi julgada adequada para obteno do ttulo de Mestre em

    Engenharia Eltrica e aprovada em sua forma final pelo Programa de Ps-graduao doDepartamento de Engenharia Eltrica.

    ________________________________________Prof. Amauri Oliveira, Dr.Coordenador do Programa

    BANCA EXAMINADORA:

    __________________________________________Prof. Niraldo Roberto Ferreira, Dr.

    Orientador -Universidade Federal da Bahia (UFBA)

    __________________________________________

    Prof. Edgardo Guillermo Camacho Palomino, Dr.

    Examinador Interno - Universidade Federal da Bahia (UFBA)

    __________________________________________

    Prof. Paulo Fernando Ferreira Frutuoso e Melo, Dr.Examinador Externo - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

    Salvador, 03 de dezembro de 2004

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    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Bernadete Sinay Neves, Escola Politcnicada Universidade Federal da Bahia

    Raposo, Jos Luis OliveiraR219m Manuteno centrada em confiabilidade aplicada a sistemas eltricos: uma proposta

    para uso de anlise de risco no diagrama de deciso. / Jos Luis Oliveira Raposo. -Salvador, 2005.

    134 f. : il.

    Orientador: Prof. Dr. Niraldo Roberto Ferreira.Dissertao (mestrado) - Escola Politcnica, Universidade Federal da Bahia,

    2005.

    1. Sistemas eltricos. 2. Sistemas de energia eltrica - Proteo. I. UniversidadeFederal da Bahia. Escola Politcnica. II. Ferreira, Niraldo Roberto. III. Ttulo.

    CDD 20.ed. 621.317

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    A Deus, pela sua presena constante na minha

    vida.

    A minha esposa Socorro e aos meus filhos,

    Gabriela e Luis Henrique, pela compreenso eincentivo nos momentos que exigiram dedicao

    ao trabalho.

    Aos meus pais Osvaldo e Maria Lcia, pelo

    incentivo e dedicao educao de seus filhos,

    base de todo este trabalho.

    Profa M.Sc. Maria Jos de Freitas Mendes, pelo

    incentivo em momentos importantes nas etapas do

    trabalho.

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    AGRADECIMENTOS

    O autor deseja registrar os agradecimentos queles que contribuiram para tornar

    realidade este projeto.

    Ao Prof. Dr. Niraldo Roberto Ferreira, por sua orientao e incentivo durante o curso

    de mestrado do Departamento de Engenharia Eltrica.

    Ao Eng. M.Sc. Jaime Eduardo Pinto Lima da DET NORSKE VERITAS, pelos

    comentrios e colaborao durante a realizao do trabalho.

    Ao Eng. M.Sc. Salomo David de Arajo Alves Ferreira, pela sua colaborao e

    incentivo com o fornecimento de material didtico.

    Aos demais componentes da equipe de trabalho do MCC do TG-8301: Rogria Q. deOliveira, Andrei G. Fraga, Ana Cleude R. da Silva, Adalberto S. Magalhes, Antnio Cardoso

    Pereira, Flvio Rony Ribeiro, Joo Rosa e Flvio L. B. Diniz.

    PETROBRAS, uma prova da capacitao tcnica da engenharia brasileira, pelo

    reconhecimento e oportunidade para realizar este trabalho.

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    RESUMO

    Manuteno Centrada em Confiabilidade (MCC) , em ingls Reliability Centered

    Maintenance (RCM), um enfoque sistemtico para o planejamento da manuteno,

    considerando aspectos de confiabilidade. Inmeros benefcios so apresentados na literatura

    decorrentes da aplicao da MCC em programas de manuteno. H diversos casos de

    sucesso na sua aplicao, inclusive em programas de manuteno de sistemas e equipamentos

    eltricos. Entre os principais benefcios proporcionados pelo uso da Manuteno Centrada na

    Confiabilidade tem-se: reduo das atividades de manuteno preventiva, reduo dos custos

    dos programas de manuteno, aumento da disponibilidade dos sistemas, aumento da vida til

    dos equipamentos, reduo do nmero de itens de sobressalentes, especializao de pessoas emotivao para o trabalho em equipe.

    Apesar de reconhecidamente vantajosa quanto a sua aplicao, estudos realizados

    indicaram a possibilidade de acrescentar melhorias na sistemtica da MCC. As melhorias

    citadas na bibliografia consultada mostram, por exemplo: a necessidade da MCC ser apoiada

    atravs de modelos probabilsticos na definio das estratgias de manuteno, alguns pontos

    falhos da MCC no tratamento dos riscos de segurana envolvidos em atividades de

    manuteno, a existncia de um vazio entre a MCC e a anlise de riscos, a falta de umalgica detalhada na determinao do intervalo apropriado para realizar cada tarefa de

    manuteno escolhida, ficando o mesmo dependente da experincia do analista, incertezas

    envolvidas durante o seu uso, a necessidade de comparar a eficincia relativa de cada ttica de

    manuteno possvel, a falta de desenvolvimento de conhecimento dos especialistas

    envolvidos na sistemtica e a possibilidade de erros decorrentes da adoo de premissas falsas

    no incio do trabalho de MCC.

    Este trabalho de dissertao mostra uma aplicao da Manuteno Centrada emConfiabilidade no sistema eltrico de uma unidade industrial de grande porte com introduo

    de melhorias na sua metodologia. A contribuio ao mtodo resultou da identificao e

    implementao de uma ferramenta que pudesse agregar melhorias na sistemtica tradicional

    da MCC, de modo a reduzir sua dependncia de julgamentos subjetivos do especialista na

    etapa de classificao dos modos de falha no diagrama de deciso, criando mecanismos que

    auxiliem a definio da existncia de impacto na segurana industrial, sade ou meio

    ambiente. Lista de verificao e Anlise Preliminar de Riscos foram introduzidas na

    sistemtica estabelecendo um elo com o diagrama de deciso da metodologia.

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    ABSTRACT

    Reliability Centered Maintenance (RCM) is a sistematic approach to maintenance

    planning, regarding reliability aspects. Several benefits are presented in the bibliography in

    consequence of RCM aplications on maintenance programs. Many successful cases have

    been found including electrical equipments and systems maintenance programs. The decrease

    of preventive maintenance activities and maintenance programs cost, increase of system

    availability and equipment life time, besides the decrease of spare parts quantity, technicians

    specialization and teams work motivation are some of the main benefits caused by the RCM

    use.

    In spite of being known as an advantageous technique , recent studies pointed thepossibility of adding improvements on RCM methodology. Improvements mentioned in the

    searched literature shows the necessity of RCM to be supported by probabilistic models in

    the definition of maintenance strategies, some RCM weak spots in safety risks treatment

    involved in maintenance activities, the existence of a gap between RCM and hazard

    assessment, the lack of a detailed logic to define an appropriated interval to execute each

    selected maintenance task becoming dependent on the analyst experience, involved

    uncertainties during the use, the necessity to compare the relative efficiency of each possiblemaintenance tactics, the lack of knowledge development of specialists involved in the

    systematic and possibility of mistakes caused by false premises in the beginning of RCM

    tasks.

    This work shows an application of Reliability-Centered Maintenance on an electrical

    system of a large size industry with introduction of improvements on its methodology. The

    contribution to RCM came from identification and implementation of a tool that could add

    improvements on its traditional methods to reduce its dependence on a specialist subjetivejudgment in the failure modes classification stage, creating helpful mechanisms to define the

    impact suffered by the environment, health or safety. Checklist and Preliminary Hazard

    Analysis were introduced and connected with the RCM logic tree.

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    SUMRIO

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    1 - INTRODUO .................................................................................................................1

    1.1 - Objetivos............................................................................................................................3

    1.2 - Resultados esperados.........................................................................................................3

    2 - CONCEITOS BSICOS.................................................................................................. 4

    2.1 - Engenharia da confiabilidade............................................................................................4

    2.2 - Conceitos e expresses bsicas..........................................................................................6

    2.3 - Distribuies de probabilidade.........................................................................................12

    2.4 - Otimizao da manuteno preventiva.............................................................................22

    3 - MANUTENO CENTRADA EM CONFIABILIDADE............................................253.1 - Histrico e consideraes iniciais.....................................................................................25

    3.2 - Manuteno: conceitos e tipos..........................................................................................27

    3.3 - As etapas da MCC............................................................................................................32

    3.4 - Estratgias de manuteno na MCC ............................................................................... 33

    3.5 - Diagramas da MCC......................................................................................................... 36

    4 - TCNICAS PARA ANLISE DE RISCO E CONFIABILIDADE..............................41

    4.1 - Conceitos e consideraes iniciais................................................................................... 414.2 - Viso geral das principais tcnicas de anlise de risco.....................................................45

    4.3 - Confiabilidade e segurana...............................................................................................60

    5- PROPOSTA DE MELHORIA NA METODOLOGIA DA MCC............................... 62

    5.1 - Consideraes iniciais..................................................................................................... 62

    5.2 - Anlise de risco na manuteno centrada em confiabilidade.......................................... 63

    6 - APLICAO DA MCC NO SISTEMA ELTRICO INDUSTRIAL

    DE UMA REFINARIA DE PETRLEO............................................................................ 736.1 - Breve histrico do uso da MCC em sistemas eltricos....................................................73

    6.2 - Sistema eltrico da Refinaria Landulpho Alves (BA) ....................................................74

    6.3 - Caso prtico: programa de manuteno do turbogerador TG-8301.................................75

    7 - CONCLUSES E RECOMENDAES.....................................................................126

    REFERNCIAS....................................................................................................................128

    APNDICES.........................................................................................................................132

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    LISTA DE FIGURAS

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    Fig. 2.1: Varivel aleatria continua. (a) FunoF(x) (b) Funof(x) 7

    Fig. 2.2 - Funo densidade de falha hipottica e as funes Q(t) eR(t). 8

    Fig. 2.3 - Relao grfica entre os parmetros de confiabilidade. 13

    Fig. 2.4 - Curvas de taxa de falha (banheira). 14

    Fig. 2.5 - Taxa de falha tpica para componentes eletrnicos em funo da idade 15

    Fig. 2.6 - Taxa de falha tpica para componentes mecnicos em funo da idade 16

    Fig. 2.7 - Taxa de falha tpica para programas de computador em funo da idade 16

    Fig. 2.8 - Funo taxa de falha 19

    Fig. 2.9 - Curvas de taxa de falha para = 1 e diferentes valores de n 20Fig. 2.10 - Exemplo de curvas de custo anual de manuteno x nvel de manuteno. 24

    Fig. 3.1 - Evoluo da manuteno. 26

    Fig. 3.2 - Viso geral das abordagens de manuteno. 31

    Fig. 3.3 - Diagrama de etapas da MCC. 34

    Fig. 3.4 - Padres de falha de equipamentos. 34

    Fig. 3.5 - rvore Lgica de Deciso e o Diagrama de Seleo de Tarefas. 37

    Fig. 3.6 - Diagrama de deciso da MCC 38Fig. 3.7 - Diagrama de deciso de um processo simplificado de MCC. 39

    Fig. 4.1 - Comportamento da curva de riscos com as medidas mitigadoras. 44

    Fig. 4.2 - Formulrio tpico de inspeo de segurana. 47

    Fig. 4.3 - Formulrio tpico para checklist 49

    Fig. 4.4 - Formulrio tpico para elaborao de uma APR. 51

    Fig. 4.5 - Matriz tpica para avaliao qualitativa de risco. 51

    Fig. 4.6 - Exemplo de lista de desvios para HAZOP. 53Fig. 4.7 - Planilha tpica para elaborao da FMEA. 53

    Fig. 4.8 - Exemplo de diagrama de rvore de eventos. 55

    Fig. 4.9 - Exemplo de diagrama de rvore de falhas. 56

    Fig. 4.10 - Exemplo de diagrama de causa e consequncia. 57

    Fig. 6.1 - Diagrama unifilar do sistema eltrico da RLAM 75

    Fig. 6.2 - Metodologia da MCC do TG-8301. 77

    Fig. 6.3 - Exemplo: Lista de Verificao preenchida 101

    Fig. 6.4 - Exemplo: Guia de Avaliao de Risco preenchido 102

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    LISTA DE TABELAS

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    Tab. 5.1 - Designao para o tipo de consequncia 65

    Tab. 5.2 - Designao para a extenso da consequncia 66

    Tab. 5.3 - Avaliao da severidade da(s) consequncia(s) do modo de falha 67

    Tab. 5.4 - Exemplos de valores de Y para consequncias diversas 68

    Tab. 5.5 - Categorias de frequncia de risco 69

    Tab. 5.6 - Matriz para avaliao do grau de risco 70

    Tab. 5.7 - Categoria de risco do modo de falha 71

    Tab. 5.8 - Sequncia para aes mitigadoras do risco (tarefas de manuteno) 72

    Tab. 6.1 - Anlise funcional do sub-sistema Gerador 78Tab. 6.2 - Matriz componente por falha funcional - sub-sistema Gerador. 79

    Tab. 6.3 - Planilha da FMEA - sub-sistema Gerador 80 90

    Tab. 6.4 - Diagrama de deciso para seleo de tarefas - sub-sistema Gerador 91 97

    Tab. 6.5 - Maior grau de risco avaliado para cada modo de falha - sub-sistema Gerador 99

    Tab. 6.6 - Anlise funcional do sub-sistema CA. 105

    Tab. 6.7 - Matriz componente por falha funcional - sub-sistema CA. 106

    Tab. 6.8 - Planilha da FMEA - Sub-sistema CA. 107 109Tab. 6.9 - Diagrama de deciso para seleo de tarefas - Sub-sistema CA. 110 111

    Tab. 6.10 - Maior grau de risco avaliado para cada modo de falha - sub-sistema CA. 112

    Tab. 6.11 - Anlise funcional do sub-sistema CC. 113

    Tab. 6.12 - Matriz componente por falha funcional do sub-sistema CC. 114

    Tab. 6.13 - Planilha da FMEA - sub-sistema CC. 115 117

    Tab. 6.14 - Diagrama de deciso para seleo de tarefas - sub-sistema CC. 118 119

    Tab. 6.15 - Maior grau de risco avaliado para cada modo de falha - sub-sistema CC 120Tab. 6.16 - Quantidades de falha x tipo de falha 121

    Tab. 6.17 - Quantidade de falhas x grau de risco 121

    Tab. 6.18 - Quantidades: grau de risco x tipo de falha 121

    Tab. 6.19 - Quantidade por tipo de falhas em cada MCC (Grau de risco II e III) 122

    Tab. 6.20 - Componentes e modos de falha com grau de risco II 124 125

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    AC - Anlise de Causa e Consequncia (Cause-Consequence Analysis)

    ACB - Anlise de Custo-Benefcio

    AE - Anlise por rvore de Eventos (Event Tree Analysis)

    AF - Anlise por rvore de Falhas (Fault Tree Analysis)

    AGREE - Advisory Group on the Reliability of Electronic Equipment

    AH - Anlise Histrica

    AIChE - American Institute of Chemical Engineers

    APR - Anlise Preliminar de RiscoAQR - Anlise Quantitativa de Risco

    AV - Anlise de Vulnerabilidade (Vulnerability Models)

    CA - Corrente Alternada

    CC - Corrente Contnua

    CCPS - Center for Chemical Process Safety

    CEMIG - Companhia Energtica de Minas Gerais

    CHESF - Companhia Hidreltrica do So FranciscoCOPEL - Companhia Paranaense de Energia

    COPPE - Coordenao do Programa de Ps-graduao de Engenharia da UFRJ

    DNV - Det Norske Veritas

    EPI - Equipamento de Proteo Individual

    EPRI - Electric Power Research Institute

    FMEA - Anlise de Modos de Falha e Efeitos (Failure Modes and Effect Analysis)

    GLP - Gs Liquefeito de PetrleoHAZOP - Anlise de Perigos e Operabilidade (Hazard and Operability Analysis)

    IEEE - Institute of Electrical and Electronic Engineers

    KBC - KBC Advanced Technologies Inc.

    LV - Lista de Verificao

    MASSI - Meio Ambiente, Sade Ocupacional e Segurana Industrial

    MCC - Manuteno Centrada em Confiabilidade

    MIL - Srie de normas americanas para fins militares (U.S. Military Standards)

    MTTF - Tempo de vida mdio(Mean Time to Failure)

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    MTBF - Tempo mdio entre falhas (Mean Time Between Failures)

    MTTR- Tempo mdio para reparo (Mean Time to Repair)

    MSG - Maintenance Steering Group

    PETROBRAS - Petrleo Brasileiro S.A.

    PSP - Programa de segurana de processo

    RCFA - Anlise de Causa-Raiz de Falha (Root Cause Failure Analysis)

    RCM - Reliability-Centered Maintenance

    RLAM - Refinaria Landulpho Alves - Mataripe

    TG - Turbo-gerador

    UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

    UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

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    LISTA DE SMBOLOS

    Cp - Custo anual de produo;

    CM- Custo anual de manuteno preventiva;

    Cp- Amostra do custo anual de produo;

    CM - Amostra do custo anual de manuteno preventiva;

    d(t) - Tempo de manuteno (Down time or mean forced outage time);

    D - Disponibilidade;

    f (x) ou fdp- funo densidade de probabilidade de uma varivelx;

    f(t) - funo densidade de falha, densidade de falha ou funo densidade no tempo t;

    fi - frequncia de um tipo de acidente em acidente em potencial;F (x) oufda- funo distribuio acumulada de uma varivelx;

    F(t) - funo distribuio de probabilidade de falhas ou funo distribuio acumulada de

    falhas no tempo t;

    g(t) - funo densidade de probabilidade de tempo de reparo.

    h(t) - taxa de falha ou taxa de falha instantnea. Mesmo quez(t).

    H(t) - funo de falha acumulada;

    k - nmero inteiro;M(t) - funo manutenibilidade ou probabilidade de execuo do reparo no tempo t;

    n - nmero inteiro;

    N - nmero total de pessoas sob o risco;

    ns(t) - nmero de equipamentos sobreviventes;

    nf(t) - nmero de equipamentos em falha;

    r- taxa de risco calculado;

    R(t) - Confiabilidade, funo confiabilidade ou probabilidade de sobrevivncia no tempo t;Q(t) - no confiabilidade de sobrevivncia, probabilidade de falha no tempo t ou funo

    distribuio de falha;

    t - varivel tempo;

    to- perodo timo de manuteno preventiva;

    te - tempo esperado para realizar manuteno de emergncia;

    ts - tempo esperado para realizar manuteno programada;

    u(t)- Tempo de disponibilidade (Up Time);

    xi - nmero de mortes em um tipo de acidente em potencial;

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    z(t)- taxa de falha ou taxa de falha instantnea;

    (t) - taxa condicional de falha , funo de risco ou taxa de falha em funo do tempo;

    (x) - Funo Gama;

    - taxa de falha constante;

    (t) - taxa de reparos (nmeros de reparos efetuados por total de horas de reparo do

    equipamento).

    !- fatorial;

    -mdia;

    - desvio padro;

    ,, b,c,, n,1, 2,1, 2, , k,p,q- parmetros diversos usados em funes distribuio.

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    1 - INTRODUO

    Manuteno Centrada em Confiabilidade (MCC) , traduzido da expresso em ingls

    Reliability Centered Maintenance (RCM), um enfoque sistemtico para o planejamento da

    manuteno, considerando aspectos de confiabilidade. O objetivo desta ferramenta

    assegurar que um sistema ou item continue a preencher as suas funes requeridas. A nfase

    determinar a manuteno preventiva necessria para manter o sistema funcionando, ao invs

    de restaurar o equipamento a uma condio ideal. As tarefas de manuteno so otimizadas

    atravs da anlise das conseqncias de suas falhas funcionais (operacionais), sob o ponto de

    vista de segurana, meio ambiente, qualidade e custos (LAFRAIA, 2001), (MOUBRAY,

    1992).A MCC comeou a ser desenhada na dcada de 60 com a necessidade de revisar por

    que e como aplicar programas de manuteno na indstria aeronutica. Grupos de trabalho

    denominados MSG-1, MSG-2 e MSG-3 desenvolveram novas tcnicas para a estruturao de

    programas de manuteno preventiva a fim de preservar funes crticas de aeronaves

    comerciais. Em 1972, o Departamento de Defesa do Estados Unidos iniciou a utilizao

    destas novas tcnicas para aeronaves militares e em 1975 passou a denominar o conceito do

    MSG de "Reliability-Centered Maintenance". Em 1978, F. Stanley Nowlan e Howard F. Heapescrevem um relatrio para o Departamento de Defesa americano intitulado "Reliability-

    Centered Maintenance". A partir do incio dos anos 80, a MCC comeou a ser utilizada em

    estudos pilotos em plantas de gerao de energia nuclear.

    Inmeros benefcios so apresentados na literatura decorrentes da aplicao da MCC

    em programas de manuteno, por exemplo: reduo das atividades de manuteno

    preventiva, reduo dos custos dos programas de manuteno, aumento da disponibilidade

    dos sistemas, aumento da vida til dos equipamentos, reduo do nmero de itens desobressalentes, especializao de pessoas e motivao para trabalho em equipe. Diversos

    autores como Endrenyi et. al. (2001), D'Addio; Firpo e Savio (1998), Reder e Flaten (2000),

    Adjaye (1994) e Bertling; Eriksson e Allan (2000) apresentam casos de sucesso na sua

    aplicao, inclusive em programas de manuteno de sistemas e equipamentos eltricos.

    Apesar de reconhecidamente vantajosa quanto a sua aplicao, tm sido identificados

    pontos para melhorias na sistemtica da MCC. D'Addio; Firpo e Savio (1998) mostram a

    necessidade da MCC ser apoiada atravs de modelos probabilsticos na definio das

    estratgias de manuteno. Em Hauge e Johnston (2001) e em Hauge (2002), so relacionados

    alguns pontos falhos da MCC quando aplicados no programa espacial americano,

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    especialmente no tratamento dos riscos de segurana envolvidos em atividades de

    manuteno. Os autores apontam a existncia de um vazio entre a MCC e a anlise de riscos.

    Tambm identificam a falta de uma lgica detalhada para determinao do intervalo

    apropriado para realizar cada tarefa de manuteno escolhida, ficando o mesmo dependente

    da experincia do analista. Johnston (2001, 2002a e 2002b), menciona as incertezas

    envolvidas durante o uso da MCC, a necessidade de comparar a eficincia relativa de cada

    ttica de manuteno possvel, a falta de desenvolvimento do conhecimento dos especialistas

    envolvidos na sistemtica e possibilidade de erros decorrentes da adoo de premissas falsas

    no incio de trabalho da MCC. Desta forma justificam-se estudos para a introduo de

    melhorias na metodologia da MCC.

    Esta dissertao prope-se ao estudo da aplicao da metodologia da ManutenoCentrada em Confiabilidade sobre um caso escolhido: turbo-gerador de uma unidade

    industrial de grande porte. So introduzidas melhorias na metodologia de forma a reduzir a

    subjetividade no julgamento do especialista na etapa de classificao dos modos de falha no

    Diagrama de Deciso, criando-se mecanismos que auxiliem a definio da existncia de

    impacto na segurana industrial ou meio ambiente. A proposta introduzir uma contribuio

    ao mtodo atravs da implementao de listas de verificao e da Anlise Preliminar de

    Riscos, estabelecendo um elo com o diagrama de deciso da metodologia. Os dados obtidoscom a metodologia tradicional da MCC sero comparados com os resultados provenientes da

    MCC com as melhorias propostas.

    O texto da dissertao est estruturado em mais 6 captulos distribudos da seguinte

    maneira: no Captulo 2 so apresentados conceitos e expresses bsicos da engenharia da

    confiabilidade; no Captulo 3 so apresentados os conceitos e a metodologia da Manuteno

    Centrada em Confiabilidade, dentro do contexto de evoluo da manuteno; o Captulo 4

    contm uma viso geral das principais tcnicas de Anlise de Risco; o Captulo 5 mostra aproposta de melhoria na metodologia da MCC no que se refere identificao das falhas que

    afetam o meio ambiente, a sade ocupacional e a segurana industrial; no Captulo 6 so

    apresentados os resultados da aplicao da sistemtica proposta sobre um caso escolhido,

    comparando-se com os resultados da MCC original; no Captulo 7 so apresentadas as

    principais concluses e sugestes para futuros trabalhos.

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    3

    1.1 - OBJETIVOS

    O objetivo geral deste trabalho apresentar uma contribuio para a melhoria da

    metodologia da Manuteno Centrada em Confiabilidade (MCC), visando reduzir a

    subjetividade no julgamento do especialista na etapa de classificao dos modos de falha com

    impacto no meio ambiente, sade ocupacional ou segurana industrial no Diagrama de

    Deciso.

    Como objetivos especficos, pretende-se:

    -Mostrar a afinidade entre os objetivos da MCC e da Anlise de Risco e estabelecer um elo

    entre as duas metodologias.

    - Criar uma sistemtica de anlise de risco dentro da metodologia da MCC;- Identificar e classificar os modos de falhas da etapa da FMEA da MCC conforme o grau de

    risco envolvido;

    - Identificar os componentes do equipamento que apresentam maior grau de risco em caso de

    falha sob o ponto de vista de MASSI (meio ambiente, sade ocupacional e segurana

    industrial).

    1.2 - RESULTADOS ESPERADOS

    Com este trabalho espera-se tornar a metodologia da Manuteno Centrada em

    Confiabilidade (MCC) menos dependente da experincia do analista e reduzir pontos falhos

    da MCC citados na literatura, no que diz respeito ao tratamento dos riscos de segurana

    envolvidos em atividades de manuteno. Alm disto, espera-se:

    - Obter informaes detalhadas sobre os riscos envolvidos nas atividades de manuteno dos

    sub-sistemas eltricos do TG-8301, turbo-gerador da Refinaria Landulpho Alves daPETROBRAS.

    - Classificar o grau de risco envolvido nos modos de falha de cada componente dos sub-

    sistemas Gerador, Corrente Alternada e Corrente Contnua de um turbo-gerador a gs.

    - Obter uma sistemtica para uso da Anlise de Risco no Diagrama de deciso da

    metodologia da Manuteno Centrada em Confiabilidade.

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    4

    2 - CONCEITOS BSICOS

    2.1 - ENGENHARIA DA CONFIABILIDADE:

    2.1.1 - Conceito

    A engenharia de confiabilidade a disciplina que est relacionada com o tratamento

    probabilstico de falhas em sistemas (LEES, 1991, v.1, p.77). Vrios fatores influenciam no

    risco existente no desenvolvimento de um produto ou sistema. Entre eles pode-se relacionar :

    competio, presso dos prazos e cronogramas, rpida evoluo dos materiais, complexidade

    dos mtodos e sistemas, necessidade de reduo de custos, consideraes de segurana elegislao. A engenharia de confiabilidade vem se desenvolvendo em resposta ao desafio da

    necessidade de controlar estes riscos (O'CONNOR; NEWTON; BROMBLEY, 1998, p.2).

    Hoje muitas indstrias, agncias governamentais e outras entidades possuem

    especialistas, engenheiros, lderes de grupos e gerentes de confiabilidade. O campo da

    confiabilidade tem evoluido em muitos ramos, como por exemplo: confiabilidade desoftware,

    confiabilidade mecnica, confiabilidade humana, confiabilidade de sistemas de potncia,

    engenharia de manuteno, custo do ciclo de vida, otimizao da confiabilidde, etc. reascomo engenharia de manuteno e engenharia de segurana esto diretamente relacionadas

    com a engenharia de confiabilidade. Conhecimento destes assuntos so essenciais para

    engenheiros quando envolvidos em projeto e operao de sistemas (DHILLON, 1982, p.2).

    2.1.2 - Breve histrico

    Segundo Lafraia (2001, p.6), com o surgimento da indstria aeronutica aps aPrimeira Guerra Mundial, Henley e Kumamoto desenvolveram os primeiros estudos de

    anlise de confiabilidade. Na dcada de 40, desenvolveram-se as teorias matemticas

    relacionadas aos problemas de confiabilidade e o matemtico Robert Lusser desenvolveu uma

    equao associada confiabilidade de um sistema em srie.

    Dhillon (1982, p.2) descreve que os primeiros estudos de confiabilidade foram

    realizados durante a Segunda Guerra Mundial, quando seus conceitos foram introduzidos

    pelos alemes no desenvolvimento dos foguetes V-1 e V-2. Entre 1945 e 1950, foram

    conduzidos vrios estudos nas foras armadas dos Estados Unidos sobre reparos em

    equipamentos, custos de manuteno, falhas de equipamentos eletrnicos e outros, resultando

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    5

    na criao de um comit de confiabilidade pelo Departamento de Defesa americano em 1950.

    Em 1952 este comit foi transformado em um grupo permanente e conhecido comoAdvisory

    Group on the Reliability of Electronic Equipment (AGREE). No incio dos anos 50, surgiram

    o IEEE Transactions on Reliability e oProceedings of the National Symposium on Reliability

    and Quality Control resultados da preocupao crescente com a confiabilidade. Em 1957, o

    AGREE publicou um relatrio que posteriormente tornou-se um guia de especificao de

    equipamentos eletrnicos militares. Em 1965 o Departamento de Defesa americano emitiu a

    norma MIL-STD-785-Reliability Programs for Systems and Equipment, a qual tornou

    obrigatria a integrao de um programa de atividades de engenharia de confiabilidade com

    as atividades de engenharia tradicionais de projeto, desenvolvimento e produo.

    No Brasil, nos anos 70, algumas universidades como por exemplo a Federal de SantaCatarina, j tinham nos currculos de seus cursos de ps-graduao em engenharia eltrica a

    disciplina "Confiabilidade aplicada a sistemas de potncia" e concessionrias de gerao e

    transmisso de energia eltrica possuiam em seus quadros de planejamento e expanso de

    sistema, pessoal capacitado no assunto.

    Na rea da indstria nuclear, a engenharia de confiabilidade ganhou impulso a partir

    de 1979 quando foi criado um grupo de pesquisas na COPPE/UFRJ com incentivo da

    Comisso Nacional de Energia Nuclear (CNEN), para pesquisa e desenvolvimento de tcnicasde Engenharia de Confiabilidade e Anlise de Riscos, com vistas a sua aplicao a questes

    de segurana de centrais nucleares. Em 1984 foi criado o Laboratrio de Anlise de

    Segurana na COPPE/UFRJ que constituiu-se em importante centro de formao de

    pesquisadores nas reas de Engenharia de Confiabilidade e Anlise de Riscos.

    Na rea de petrleo e petroqumica, os primeiros contatos com estudos de engenharia

    de confiabilidade ocorreram no incio da dcada de 80. Em 1985, a PETROBRAS em parceria

    com a COPPE/UFRJ promoveu o seu primeiro curso bsico de aplicao de tcnicas deconfiabilidade, o qual foi repetido em 1986 e 1987. Exatamente nestes anos surgiram as

    primeiras aplicaes de tcnicas de confiabilidade na indstria de processos realizadas pelo

    pessoal do Laboratrio de Anlise de Segurana da COPPE/UFRJ. Em 1987, a PETROBRAS

    promoveu o seu 1 Encontro Tcnico de Engenharia de Confiabilidade, evento que despertou

    grande interesse das empresas brasileiras. A partir do final dos anos 80, diversas empresas

    brasileiras iniciam programas de formao de pessoal na rea de engenharia de confiabilidade

    e multiplicaram-se os trabalhos de aplicao das tcnicas desta atividade da engenharia.

    Na dcada de 90, a utilizao da Manuteno Centrada em Confiabilidade ganha

    impulso no Brasil como base do planejamento da atividade de manuteno, visando maior

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    6

    racionalizao e otimizao de recursos (SEIXAS DE OLIVEIRA, 1995, p. 2-8). Em 2004, a

    PETROBRAS prossegue com o incentivo rea de confiabilidade, promovendo o II

    Seminrio de Engenharia de Confiabilidade com a participao de diversos especialistas

    internos e de outras empresas.

    2.2 - CONCEITOS E EXPRESSES BSICAS

    Nesta seo aborda-se de maneira breve conceitos bsicos, terminologias e expresses

    teis na engenharia da confiabilidade. So informaes bsicas para o tratamento

    probabilstico de falhas em sistemas e teis para o planejamento de manuteno sob o enfoque

    de confiabilidade.

    2.2.1 -Variveis aleatrias

    O parmetroXde um evento probabilstico que est sendo medido (por exemplo, taxa

    de falha de um componente, intervalo de tempo de reparo, valor de um resistor, fora

    mecnica de um componente) varia aleatoriamente no tempo e/ou espao. Ento, este

    parmetro X definido como uma varivel aleatria ou randmica. Uma varivel aleatriapode ser definida como uma varivel contnua ou discreta.

    Uma varivel aleatria discreta aquela que pode assumir somente um nmero

    discreto de estados ou determinado nmero de valores. Uma varivel aleatria continua

    aquela que pode assumir um nmero infinito de valores dentro de um certo intervalo possvel.

    (BILLINTON; ALLAN, 1992, p.42)

    2.2.2 - Funo densidade de probabilidade

    SeX uma varivel aleatria contnua, a funo densidade de probabilidade,fdp,deX,

    uma funof(x), tal que para dois nmeros reais ae b, com a b, tem-se:

    = 0, t 0 (2.26)

    R (t)R (t)

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    14

    A funo distribuio de probabilidade pode ser obtida aplicando-se a equao 2.26 na

    equao 2.25:

    tetF = 1)( (2.27)

    onde t o tempo e a taxa de falha constante.

    2.3.2 - Distribuio da taxa de falha da curva da banheira

    Esta distribuio pode representar taxas de falhas crescentes, decrescentes e da curva

    da banheira como mostrado na figura 2.4.

    Fig. 2.4 - Curvas de taxa de falha (banheira)Fonte: Dhillon ( 1982, p.24)

    A funo densidade de probabilidade desta distribuio definida como:

    ( )( ) ( )

    =11

    1

    ....)(btt te

    betbtf

    para , b >0 et0 (2.28)

    onde o parmetro de escala,b o parmetro de forma e t o tempo.

    ( )

    =1

    1)(bte

    etF

    (2.29)

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    15

    Casos especiais desta distribuio so a distribuio do valor extremo ( para b= 1) e a

    curva da banheira (para b= 0,5).

    2.3.2.1- Conceito da curva da banheira

    A curva obtida para b = 0.5, mostrada na figura 2.4 no item 2.3.2 a curva de taxa de

    falha, conhecida como curva da banheira pelo seu formato caracterstico. Dhillon (1982, p.24)

    menciona que esta curva usada para representar padres de taxa de falha de componentes.

    Diferentes tipos de componentes podem exibir variaes significativas na forma da

    curva. A figura 2.5 mostra uma curva tpica de componentes eletrnicos, onde pode-se

    observar uma extensa vida til (regio II) em comparao com aquela mostrada na figura 2.6,tpica para componentes mecnicos. A regio I em que a taxa de falha decrescente com o

    tempo, conhecida como regio de mortalidade infantil, fase de de-bugging, burn-in period

    ou brek-in period, devido aos erros de fabricao ou de projeto. A regio II caracterizada com

    uma taxa de falha constante, conhecida como fase de operao normal ou perodo de vida

    til. Nesta fase as falhas ocorrem de modo aleatrio e a distribuio exponencial vlida. A

    regio III caracterizada por um rpido crescimento da taxa de falha com o tempo,

    representando o final da vida til ou fase de fadiga do material, conhecida como wear-outregion. A figura 2.7 mostra a curva tpica para programas de computador, onde a taxa de

    falhas decrescente em qualquer regio do grfico.

    Fig. 2.5 - Curva tpica de taxa de falha para componenteseletrnicos em funo da idade.Fonte: Billinton; Allan (1992, p.166)

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    Fig. 2.6 - Curva tpica de taxa de falha para componentesmecnicos em funo da idade.Fonte: Billinton; Allan (1992, p.166)

    Fig. 2.7 - Curva tpica de taxa de falha para programasde computador em funo da idade.Fonte: Lafraia (2001, p. 18)

    Segundo Dhillon (1982, p.24) a curva de taxa de falha no formato tpico da banheira,

    pode ser obtida a partir da equao abaixo:

    ( ) ( )b

    tb etbt ...)( 1= para , b >0 et0 (2.30)

    onde o parmetro de escala,b o parmetro de forma e t o tempo.

    2.3.3 - Distribuio de valores extremos

    usada no estudo de falhas em componentes mecnicos. A funo densidade de

    probabilidade desta distribuio definida como:

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    ( )[ ]1.)( =teetf

    para > 0 et>0 (2.31)

    onde o parmetro de escalae t o tempo.

    2.3.4 - Distribuio uniforme

    A funo densidade de probabilidade definida como:

    ( )=

    1)(tf

    < t< (2.32)

    onde , so constantes e t o tempo.

    2.3.5 - Distribuio normal ou de Gauss

    A funo densidade de probabilidade definida como:

    =2

    2

    2

    )(

    .)2(

    1)(

    t

    etf

    >0, -< t< (2.33)

    onde o desvio padro, a mdia e t o tempo.

    2.3.6 - Distribuio de Weibull

    A distribuio de Weibull baseada em trs parmetros. uma das distribuies mais

    flexveis, e usada para representar vrios tipos de fenmenos fsicos (DHILLON, 1982, p.

    12). A funo densidade de distribuio definida por:

    ( )( )

    =

    bt

    bet

    btf ..)( 1

    para t > e b, , > 0 (2.34)

    onde , , b so os parmetros de localizao, escala e forma, respectivamente. t o

    tempo.

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    Pode-se observar que as distribuies de Rayleigh e exponencial so casos especiais

    da distribuio de Weibull para b = 2, = 0 e b = 1, = 0 respectivamente.

    2.3.7 - Distribuio lognormal

    Esta uma distribuio adequada para representar tempos de reparo de sistemas em

    falha (DHILLON, 1982, p. 13). A funo densidade de probabilidade dada por:

    ( )

    ( )( )

    =

    2

    2

    2

    log

    .2

    1)(

    t

    et

    tf

    para >0, t> > 0 (2.35)

    onde uma constante, o desvio padro do tempo (log) para falha, a mdia do tempo

    (log) para a falha e t o tempo.

    2.3.8 - Distribuio beta

    Esta outra distribuio de dois parmetros que tambm tem aplicaes em

    engenharia de confiabilidade. A funo densidade de probabilidade,f(t), definida como:

    ( )( )

    tttf

    ++= 1

    !!

    !1)(

    para > -1, > -1, 0 < t< 1 (2.36)

    onde e so os parmetros de distribuio e t o tempo.

    2.3.9 - Distribuio de taxa de falha - modelo I

    Esta uma distribuio de dois parmetros que tem taxas de falha crescente e

    decrescente, como representado na figura 2.8. A taxa de falha, h(t) definida como:

    ( ) ( )[ ]( )

    +

    ++=

    t

    tnbth

    bl1

    )( para b 0, > 0, 1, t0 (2.37)

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    Fig. 2.8 - Funo taxa de falha (modelo I). =1Fonte: Dhillon (1982, p. 14)

    onde b o parmetro de forma, o parmetro de escala, o terceiro parmetro e t o

    tempo. Para = 1, a funo distribuio de confiabilidade ;

    ( )[ ] 11)( ++=

    btnetR l (2.38)

    2.3.10 - Distribuio de taxa de falha - modelo II

    uma distribuio de dois parmetros com taxas de falha crescente e decrescente,

    como mostrado na figura 2.9. A taxa de falha, h(t), e a funo distribuio de confiabilidade

    R(t), so definidas como:

    1.

    ..)(

    1

    +=

    n

    n

    t

    tnth

    para n 1, > 0, t0 (2.39)

    onde n o parmetro de forma, o parmetro de escala e t o tempo.

    ( )[ ]1)( +=ntnetR l (2.40)

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    Fig. 2.9 - Curvas de taxa de falha - Modelo II para = 1e diferentes valores de nFonte: Dhillon (1982, p.15)

    2.3.11 - Distribuio associada de Weibull

    Esta distribuio foi aplicada por Kao (DHILLON, 1982, p. 15), para avaliar a

    confiabilidade de tubos de eltrons. A densidade de probabilidade, f(t), e a funo de

    distribuio acumulada,F(t), so escritas como:

    ( ) ( ) ( )

    +

    =

    12

    22

    1

    1

    1 1

    22

    2

    1

    11

    1 1)(

    t

    t

    etc

    etc

    tf

    (2.41)

    para 1, 2 > 0, 0 < 1< 1, 2> 1, > 0, 0 c 1, onde 1, 2,1, 2, e c so

    parmetros da distribuio e t o tempo.

    ( )

    =

    2

    2

    1

    1

    )()(

    1.11.)(

    tt

    ecectF

    (2.42)

    2.3.12 - Distribuio de vida-fadiga

    Esta distribuio foi criada por Birnbaum e Saunders (DHILLON, 1982, p. 16) e

    usada para caracterizar falhas causadas por fadiga. A funo densidade de probabilidade

    dada por:

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    21

    ( ) ( )[ ])2.(212121

    22

    222

    22

    )( +

    = tte

    t

    tt

    ttf

    (2.43)

    para , >0, t> 0, onde o parmetro de forma, o parmetro de escala e t o tempo.

    2.3.13 - Distribuio de Rayleigh

    uma funo estatstica com aplicao nas reas de confiabilidade e teoria de som.

    um caso especial da distribuio de Weibull quando = 0 e b= 2. A funo densidade de

    probabilidade de Rayleigh definida por:

    =

    22

    )(t

    ettf

    para t0 e > 0 (2.44)

    onde o parmetro de escala e t o tempo.

    2.3.14 - Distribuio Gama

    A distribuio gama usada em problemas de teste de vida. A funo densidade de

    probabilidade definida por:

    )(1

    .)(

    ).()( te

    ttf

    =

    para , > 0, t0 (2.45)

    onde o parmetro de forma, o parmetro de escala e t o tempo. Para = 1, a

    distribuio gama transforma-se na distribuio exponencial.

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    22

    2.3.15 - Distribuio de Poisson

    A distribuio de Poisson aplicada para variveis aleatrias discretas. Aplica-se

    quando h interesse na probabilidade de ocorrncia de um mesmo tipo de evento. A funo

    densidade de probabilidade,f(k), definida como:

    ( ) )(!

    )( tk

    ek

    tkf

    = para k = 0, 1, 2, 3,.... (2.46)

    onde uma taxa constante, k o nmero de eventos de um mesmo tipo e t o tempo.

    2.3.16 - Distribuio binomial

    A distribuio binomial tambm comumente usada para variveis aleatrias

    discretas. Sua aplicao na engenharia de confiabilidade ocorre em situaes que lidam com

    eventos que possuem dois resultados possveis: sucesso ou falha. A funo densidade de

    probabilidade,f(x), definida como:

    kxx qpxkx

    kxf

    =

    )!(!

    !)(

    parax = 0, 1, 2, 3,....k (2.47)

    onde k o nmero total de tentativas ou provas,x o nmero de falhas,p a probabilidade de

    sucesso em uma nica tentativa e q a probabilidade de falha em uma nica tentativa.

    2.4 - OTIMIZAO DA MANUTENO PREVENTIVA

    Um importante aspecto de um plano de manuteno a periodicidade de execuo da

    manuteno preventiva de um sistema ou componente. Apresenta-se a seguir uma abordagem

    matemtica, segundo Dhillon (1983, p.126) para busca do ponto timo de manuteno

    preventiva.

    Considerando que a manuteno preventiva deva ser realizada depois do equipamento

    operar por to horas sem uma falha, as seguintes premissas so assumidas:

    - Quando o valor de to muito alto, a manuteno preventiva no programada.

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    23

    - Uma manuteno realizada imediatamente, se o equipamento funciona mal ou falha

    antes de to horas de operao. Aps o reparo, a manuteno preventiva

    reprogramada.

    - Aps sofrer algum tipo de manuteno ou substituio, o equipamento assume o

    mesmo estado de um novo.

    - Falhas so estatisticamente independentes.

    - A taxa de falhas do sistema ou componente sob estudo estritamente crescente.

    A expresso da taxa de falhas de sistema ou componente dada pela equao 2.48:

    )(1

    )(

    )(

    )()(

    tF

    tf

    tR

    tftz

    ==

    (2.48)

    onde t representa o tempo, f(t) funo densidade de probabilidade de falha do sistema ou

    componente, R(t) representa a confiabilidade do sistema ou componente e F(t) a funo

    distribuio acumulada.

    O perodo timo tode manuteno preventiva obtido quando a seguinte expresso

    satisfeita:

    )()().( 00 ses ttttFytz = , se te > ts (2.49)

    onde te representa o tempo esperado para realizar manuteno de emergncia,

    ts representa o tempo esperado para realizar manuteno programada

    =0

    0

    ).(t

    dttRy

    Quando te igual a ts , to muito alto ou infinito. Isto indica que a manuteno

    programada nunca ser realizada.

    Uma outra abordagem apresentada por Monchy(1987, p.412) em funo da anlise

    do custo do ciclo de vida de um equipamento (Life cycle cost - LCC) como mostrado na figura

    2.10. uma abordagem mais global e til para a gesto do oramento de manuteno de uma

    empresa.

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    24

    Fig. 2.10 - Exemplo de curvas de custo anual de manutenox nvel de manutenoFonte: Monchy (1987, p.412)

    Na figura 2.10, Cp a curva do custo anual de produo, CM a curva do custo anualde manuteno preventiva, Cpe CM so amostras dos custos anuais. Se Cp

    ~CM ,o nvel

    de manuteno est dentro de uma zona de otimizao. Se Cp< CM, o nvel de manuteno

    preventiva est em excesso. Se Cp> CM, o nvel de manuteno preventiva est baixo.

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    25

    3 - MANUTENO CENTRADA EM CONFIABILIDADE

    3.1 - HISTRICO E CONSIDERAES INICIAIS

    A partir da segunda guerra mundial, por volta dos anos 50, houve uma grande

    mudana nas indstrias com o aumento da mecanizao. As mquinas cada vez mais

    numerosas e complexas, passaram a exigir maiores cuidados para mant-las em

    funcionamento. Comea a aflorar a idia de preveno das falhas de equipamentos em

    detrimento da espera da ocorrncia da falha para repar-los, culminando nos anos 60 com a

    prtica de executar revises gerais nos equipamentos em intervalos fixos.

    Como resultado da mecanizao da indstria, os custos de manuteno passaram a tervalor significativo em relao aos demais custos operacionais. Este crescimento dos custos

    levou a necessidade de maior controle e planejamento na manuteno de equipamentos. Maior

    disponibilidade, maior vida til e menores custos de equipamentos passaram a ser valorizados

    com o aumento do custo do capital empregado nos ativos. Os computadores passam a ser

    usados no controle e planejamento da manuteno.

    A partir da metade da dcada de 70, inicia-se um novo processo de mudana na

    indstria que Moubray (1992, p.3) sintetiza em trs aspectos diferentes: (1) novasexpectativas, (2) novas pesquisas e (3) novas tcnicas.

    A manuteno centrada em confiabilidade surge com evoluo da 3a. gerao da

    manuteno (Moubray,1992, p.5) com a proposta de uma ferramenta que possibilite aos

    usurios a resposta para os seguintes desafios: seleo das tcnicas mais apropriadas, tratar

    cada tipo de processo de falha, atender as expectativas de donos, usurios dos ativos e a

    sociedade em geral, buscar o melhor custo-benefcio e modelo, obter cooperao e

    participao ativa de todo pessoal envolvido. Conforme citado por Smith (1993, p.48),Nunes (2001, p.17), Hauge e Johnston (2001, p. 36) e Adjaye (1994, p.165), Nowlan e Heap

    (1978) desenvolveram a partir dos anos 60 um estudo detalhado para o Departamento de

    Defesa dos Estados Unidos, para a determinao de normas e otimizao de procedimentos de

    manuteno na indstria aeronutica, com base em ampla anlise estatstica. O documento

    final conhecido como MSG-3 foi a base do que Nowlan e Heap (1978) denominaram de

    Reliability Centered Maintenance (RCM), traduzido como Manuteno Centrada em

    Confiabilidade (MCC).

    O quadro mostrado na figura 3.1 mostra a evoluo da manuteno a partir dos anos

    30.

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    26

    AANNOOSS GGEERRAAOO EEXXPPEECCTTAATTIIVVAASS VVIISSOODDEE

    FFAALLHHAA

    TTCCNNIICCAASSDDEE

    MMAANNUUTTEENNOO

    1940

    1950

    1a. Reparar quando

    quebrar

    -Taxa de falha cons-tante aumentando nofim da vida til(quanto mais velho,mais provvel de fa-lhar)

    Corretiva

    1950

    1970

    2a.

    -Maior disponibilidade

    -Maior tempo de vida

    -Custos mais baixos

    -Mortalidade infan-

    til (burn in)

    -Curva da banheira

    -Reviso geral pro-

    gramada

    -Sistema para pla-

    nejameno de con-

    trole dos trabalhos.

    -Computadores

    grandes e lentos

    1980

    2000

    3a.

    -Maior disponibilidade

    e confiabilidade

    -Maior segurana

    -Melhor qualidade de

    produto

    -Preocupao com o

    meio ambiente-Maior tempo de vida

    do equipamento

    -Maior efetividade de

    custo

    -Seis padres de

    falha-Relao entre idade

    e falha quase sem-

    pre falsa.

    -Monitoramento de

    condio

    -Projetos para con-

    fiabilidade e man-

    tenabilidade

    Anlise de Risco

    -Computadores r-pidos e pequenos.

    -Anlise de modos

    de falhas e efeitos

    -Sistemas especia-

    listas.

    -Equipes multidis-

    ciplinares

    Figura 3.1- Quadro da evoluo da manuteno.

    Fonte: Moubray (1992, p. 3-5) ePinto; Xavier (2001, p.8)

    A Manuteno Centrada em Confiabilidade (MCC) " um processo usado para

    determinar as necessidades de manuteno de qualquer ativo fsico no seu contexto

    operacional" diz Moubray (1992, p.7), o que Hauge e Johnston (2001, p.36) detalham como

    um " processo lgico estruturado para determinar a ttica tima para a manuteno de uma

    certa parte de equipamento". Johnston (2002, p.367) simplifica um pouco mais ao descrever a

    MCC como "um processo de anlise e deciso que busca otimizar tarefas de manuteno".

    Todas as definies acima contm caractersticas complementares que podem ser resumidas

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    27

    em: (1) enfoque sistemtico, (2) planejamento de manuteno, (3) confiabilidade e (4)

    contexto operacional.

    Entre os objetivos da MCC, segundo Moss (1985) citado por Holmberg e Folkeson

    (1991, p.254), est a reduo da quantidade de manuteno no planejada para casos onde isto

    influencia a disponibilidade. Hauge e Johnston (2001, p.36) acrescentam que a MCC visa a

    otimizao da manuteno para alcanar o nvel desejado de confiabilidade do equipamento a

    custo mnimo. Johnston (2001, p.235) completa relatando que os grupos de anlises usam a

    MCC para determinar as tarefas de manuteno mais efetivas para alcanar a confiabilidade

    inerente de um sistema ou parte de um equipamento. Lafraia (2001, p.238) aponta a MCC

    como uma ferramenta til para assegurar que um sistema ou item continue a preencher as suas

    funes requeridas.

    3.2 - MANUTENO: CONCEITOS E TIPOS

    Dhillon (1982, p.239) apresenta a definio de Manuteno como o conjunto de aes

    essenciais para conservar um ativo ou restaur-lo para uma condio operacional satisfatria.

    Porm, para alcanar uma condio operacional satisfatria, necessrio primeiro conhec-la.

    Ou seja, que condio esperada para o ativo ? Responder esta questo, significa definir quaisas funes que devem ser preenchidas pelo mesmo. Neste sentido, Moubray (1992, p.6)

    coloca a manuteno como a forma de assegurar que os ativos fsicos continuem a preencher

    suas funes pretendidas. Nunes (2001, p.7) tambm aborda esta questo ao comparar as

    definies de manuteno obtidas em diferentes verses da NBR-5462, norma da Associao

    Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT. A verso de 1975 (TB-116), cuja definio de

    manuteno era muito similar quela apresentada por Dhillon (1982, p.239), e a verso

    revisada de 1994, na qual o termo " permanecer de acordo com uma condio especificada" substituido por " desempenhar uma funo requerida". Esta importncia de levar em

    considerao a funo a ser desempenhada pelo equipamento, fica clara no conceito de

    Mirshawka e Olmedo (1993) citados por Hamaoka e Lopes da Silva (2000, p.2):

    "Manuteno o conjunto de atividades e recursos aplicados aos sistemas ou equipamentos,

    para mant-los nas mesmas condies de desempenho de fbrica e de projeto, visando

    garantir a consecuo de sua funo dentro dos parmetros de disponibilidade, de qualidade,

    de prazos, de custos e de vida til adequados". Pinto e Xavier (2001, p.22) tambm

    concordam com este cenrio, quando apresentam o que eles chamam de Misso da

    Manuteno: "Garantir a disponibilidade da funo dos equipamentos e instalaes de modo a

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    atender a um processo de produo ou de servio, com confiabilidade, segurana, preservao

    do meio ambiente e custo adequados".

    Na literatura encontra-se uma diversidade de terminologias usadas para os diferentes

    tipos de manuteno de equipamentos. O primeiro e mais antigo modo de intervir em um

    equipamento a manuteno corretiva. A manuteno corretiva realizada aps a ocorrncia

    da falha ou defeito, envolvendo na interveno reparos, substituio de peas ou substituio

    do prprio equipamento. Dhillon (1982, p.240) define-a como o conjunto de aes que devem

    ocorrer a fim de reparar um equipamento que tenha falhado, para uma condio operacional

    satisfatria. Nunes (2001, p.12) subdivide a manuteno corretiva em duas modalidades: (1)

    paliativa, quando as intervenes so realizadas de forma provisria para colocar o

    equipamento em funcionamento e (2) curativa, quando as intervenes para reparo sorealizadas de modo definitivo para restabelecer a funo requerida do equipamento. Hamaoka

    e Lopes da Silva (2000, p.2) citam como vantagem deste tipo de manuteno a no exigncia

    de acompanhamentos e inspees nas mquinas. Como desvantagens, tem-se a necessidade de

    se trabalhar com estoques, a possiblidade das mquinas falharem durante os horrios de

    produo e necessidade de manter mquinas de reserva.

    A manuteno preventiva aquela realizada antes da falha ou no estgio inicial da

    falha. So as intervenes realizadas para conservar um equipamento em condiooperacional satisfatria. Envolve os servios repetitivos e programados, tais como inspeo,

    deteco e correo em estgio incial de falha como observa Dhillon (1982, p.240). Segundo

    Pinto e Xavier, (2001, p.39) manuteno preventiva a atuao realizada de forma a reduzir

    ou evitar a falha ou queda no desempenho, obedecendo a um plano previamente elaborado,

    baseado em intervalos definidos de tempo. Para Monchy (1989) citado por Hamaoka e Lopes

    da Silva (2000, p.4) uma interveno de manuteno prevista, preparada e programada antes

    da data provvel do aparecimento de uma falha. Para Nunes (2001, p.13), a atividade demanuteno preventiva sistemtica aplicada quando a lei de degradao (evoluo do

    desgaste do equipamento) conhecida. Para Pinto e Xavier (2001, p.41) as vantagensdeste

    tipo de manuteno so: maior continuidade operacional e intervenes programadas, maior

    facilidade de gerenciamento das atividades e nivelamento de recursos eprevisibilidade de

    consumo de materiais e sobressalentes. J as desvantagens apontadas so: necessidade

    deacompanhamento do plano de manuteno montado, necessidade de uma equipe de

    executantes eficazes e treinados e a possibilidade de introduzir defeitos no existentes no

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    equipamento durante as intervenes. A manuteno preventiva inclui o que Moubray (2000,

    p.13) chama de tarefas de restaurao programadas e tarefas de substituio programadas.

    A manuteno preditiva, segundo Nunes (2001, p.13) o tipo de manuteno em que

    os parmetros de controle do equipamento so submetidos a uma superviso continua durante

    o funcionamento normal. Por exemplo: a presena de determinados gases no leo isolante de

    transformadores pode ser um parmetro de controle para o estado interno do equipamento.

    Neste caso, constatada a alterao do parmetro possvel programar uma interveno para

    correo do problema no estgio inicial da falha. Conceito semelhante apresentam Pinto e

    Xavier (2001, p.41), quando descrevem que a manuteno preditiva a atuao realizada com

    base em modificao de parmetro de condio ou desempenho, cujo acompanhamento

    obedece a uma sistemtica. A sistemtica de acompanhamento pode envolver inspeesperidicas, medies, leituras, sondagem, rondas, etc.

    Quanto a manuteno preditiva, h dois enfoques diferentes na literatura. O primeiro

    onde manuteno preditiva considerada uma subdiviso da manuteno preventiva. Nesta

    linha, Monchy (1989, p.35) citado por Nunes (2001, p.14) descreve a preditiva como sendo

    uma forma de manuteno preventiva em que a lei de degradao (evoluo do desgaste do

    equipamento) desconhecida e a superviso dos parmetros de controle realizada de forma

    contnua. Nunes e Monchy consideram que sendo a superviso peridica, atravs de rondas einspees, fica caracterizada a manuteno preventiva por acompanhamento. O segundo

    enfoque adotado por Pinto e Xavier (2001, p.41) que a manuteno preditiva, tambm

    conhecida por manuteno sob condio ou com base no estado do equipamento, pode ser

    realizada com superviso de modo contnuo ou de forma peridica. Nesta ltima abordagem,

    a manuteno preditiva considerada uma evoluo ou quebra de paradigma em relao a

    manuteno preventiva sistemtica baseada no tempo. Moubray (2000, p.14) diz que

    manuteno preditiva, manuteno baseda na condio e monitoramento de condio estoincluidos nas chamadas tarefas pr-ativas sob condio.

    Nunes (2001, p.13) menciona que o termo tcnicas preditivas usado na literatura

    tcnica, em vez de manuteno preditiva "por se entender que esta forma de atuao estaria

    englobada pela manuteno preventiva". Cita como exemplo alguns manuais de manuteno

    usados por empresas brasileiras do setor eltrico. De forma diferente, Pinto e Xavier (2001,

    p.219) empregam o termo tcnicas preditivas para designar as diversas formas como pode ser

    feita a avaliao do estado de um equipamento, atravs de medio, acompanhamento ou

    monitorao de parmetros, sendo a manuteno preditiva considerada como um avano em

    relao a manuteno preventiva.

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    Segundo Wyrebski (1997) citado por Hamaoka e Lopes da Silva (2000, p.4), a

    vantagem da manuteno preditiva que se aproveita ao mximo a vida til dos elementos da

    mquina, podendo-se programar a reforma e substituio somente das peas comprometidas.

    A interveno na planta a mnima possvel. Por outro lado, as desvantagens desse tipo de

    manuteno so a necessidade de acompanhamentos e inspees peridicas, por meio de

    instrumentos especficos de monitorao, o que acarreta aumento de custos e a necessidade

    de profissionais especializados para esse servio, conforme observam Hamaoka e Lopes da

    Silva (2000, p.5).

    Outro tipo de manuteno mencionada por Pinto e Xavier (2001, p. 44), Nunes (2001,

    p.15), Moubray (1992, p.80) e Hauge (2002, p.17) a manuteno detectiva, surgida na

    dcada de 90. A manuteno detectiva visa a busca das chamadas falhas ocultas, aquelasfalhas no evidentes para o pessoal de operao e manuteno em situao normal. Estas

    falhas ocorrem em dispositivos que Moubray (1992, p.72) define como no sendo "fail-safe'',

    podendo ocorrer a falha mltipla: a funo protegida falha enquanto o dispositivo de proteo

    est em estado de falha. Falhas ocultas ocorrem em sistemas de proteo de gerao,

    transmisso e distribuio de energia eltrica, nos dispositivos de segurana de processos e

    nos sistemas de desligamento de emergncia. A manuteno detectiva contempla as chamadas

    tarefas de busca de falhas, atravs de manuteno preventiva ou testes peridicos na funooculta. Nunes (2001, p.15) considera que estas atividades poderiam ser classificadas como

    manuteno preventiva, sendo portanto a manuteno detectiva uma sub-diviso da

    preventiva. Hauge (2002, p. 17) chama a ateno que um teste peridico somente assegura

    que a falha oculta no ocorreu, no havendo garantia que o dispositivo no venha a falhar

    durante o prximo perodo de funcionamento. Pinto e Xavier (2001, p.46) observam a

    possibilidade da manuteno detectiva ser realizada com o sistema em operao, o que seria

    de grande valia para a sua maior disponibilidade e uma mudana nos padres atuais,permitindo ao pessoal de manuteno um domnio sobre a situao de falha oculta. A

    desvantagem desta forma de interveno a necessidade de profissionais treinados e com

    habilitao para execuo do servio.

    Uma forma de atuao mencionada por Pinto e Xavier (2001, p.46), Dhillon (1982,

    p.239) e Hamaoka e Lopes da Silva (2000, p.5) aprtica da Engenharia de Manuteno. Em

    vez de valorizar o reparo contnuo dos equipamentos, h uma atuao forte no sentido de

    identificar causas bsicas, buscando a melhor performance do equipamento e evitando

    repetio de problemas. A Engenharia de Manuteno foca sua atuao na introduo de

    melhorias e modificaes no projeto do equipamento ou componente que evitem a falha. A

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    freqncia com que ocorrem as falhas so acompanhadas, as possveis causas so avaliadas e

    executam-se servios que resultem em uma modificao do componente e eliminao daquela

    falha. Pinto e Xavier (2001, p.47) consideram que a adoo da engenharia de manuteno traz

    um salto significativo de resultados em relao a manuteno preventiva.

    Conforme ser mostrado no item 3.4, Moubray (1992, p.106) faz uma abordagem

    diferente, dividindo as aes de manuteno em dois grupos: a manuteno preventiva e

    preditiva, constituem o que ele denomina de tarefas preventivas ou pr-ativas (preventive

    tasks). As tarefas preventivas incluem as restauraes programadas, as substituies

    programadas e as tarefas programadas sob condio. O segundo grupo formado pelas

    chamadas aes default (default actions) ou aes sob estado de falha, que so as tarefas de

    busca de falha, as manutenes no programadas (run-to-failure) e o reprojeto (redesign).A Manuteno Centrada em Confiabilidade uma ferramenta que atravs de uma

    sistemtica conhecida permite a aplicao dos tipos de manuteno citados acima de acordo

    com as caractersticas do modo de falha, segundo observam Pinto e Xavier (2001, p.36).

    Gerenciamento de ativos

    Suprimento Manuteno Alienao

    Especificao Substituio Manuteno Manutenode fornecedores programada preditiva

    Monitoramento Anlises dede condio necessidades e

    prioridades

    -por idade ,-em massa

    Modelos AbordagensMatemticos Empricas

    Fig. 3.2 - Viso geral das abordagens de manuteno.Fonte: Endrenyi et al. (2001, p.639)

    MCC

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    A figura 3.2 reproduz de Endrenyi et al. (2001, p.639) uma classificao das vrias

    abordagens de manuteno, mostrando como se situa a MCC neste contexto.

    3.3 - AS ETAPAS DA MCC

    Na viso da Manuteno Centrada em Confiabilidade, segundo Moubray (2001, p.8), a

    manuteno tem por objetivo assegurar que um ativo fsico continue a fazer o que seus

    usurios querem que ele faa. A idia de manuteno atrelada ao contexto operacional do

    equipamento a base do MCC. Lembrando a sua definio clssica, a MCC um processo

    usado para determinar os requisitos de manuteno de um ativo fsico dentro do seu contexto

    operacional. Este processo pode ser sintetizado em sete questes sobre o item, equipamentoou sistema:

    (1)Quais so as funes e padres de desempenho do item no seu contexto operacional atual ?

    (2)De que forma ele falha em cumprir suas funes ?

    (3)O que causa cada falha operacional ?

    (4)O que acontece quando ocorre cada falha ?

    (5)De que forma cada falha tem importncia ?

    (6)O que pode ser feito para prevenir cada falha ?(7)O que deve ser feito se no for encontrada uma tarefa preventiva ?

    As sete questes acima abordam os passos que devem ser seguidos para utilizao da

    sistemtica da MCC sobre um componente, equipamento ou sistema. O primeiro passo a ser

    dado determinar quais as funes de cada item no seu contexto operacional, juntamente com

    o padro de desempenho desejado. Devem ser levadas em considerao as funes primrias

    e secundrias de cada item .

    A segunda etapa da sistemtica da MCC consiste em relacionar as falhas funcionais decada item ou equipamento. Falha funcional pode ser definida como a inabilidade de um ativo

    encontrar um padro de desempenho desejado ou como cita Lafraia (2001, p.105) a

    impossibilidade de um sistema ou componente cumprir com sua funo no nvel especificado

    ou requerido. As falhas so consideradas de duas maneiras: (1) O modo como o item pode

    falhar em cumprir sua funo e (2) O que pode causar cada perda de funo.

    Uma vez identificada cada falha funcional, o terceiro passo identificar todos os

    modos de falha (eventos) que so provveis de causar cada perda de funo, considerando as

    falhas j ocorridas no prprio equipamento ou em similares no mesmo contexto operacional,

    falhas que estejam sendo prevenidas atravs de manuteno existente e falhas consideradas

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    possveis de ocorrer no contexto operacional real. Modo de falha a descrio da maneira

    pela qual um item falha em cumprir com a sua funo (LAFRAIA, 2001). A lista dos modos

    de falha deve incluir falhas causadas por erros humanos. A partir desta etapa utiliza-se a

    Failure Modes and Effect Analysis(FMEA), traduzida como Anlise de Modos de Falhas e

    Efeitos segundo Lafraia (2001, p.101) ou Anlise do Modo e Efeito de Falha como em Pinto;

    Xavier (2001, p.113), ferramenta muito utilizada em anlise de falhas e risco, que ser

    apresentada no captulo 4.

    O quarto passo a ser realizado listar os efeitos provocados por cada modo de falha.

    So informaes fundamentais para a avaliao das conseqncias da falha: evidncias da

    ocorrncia da falha, o que afetado pela ocorrncia (segurana, meio ambiente, produo,

    operao, lucratividade) e tipo de reparo necessrio. Aps a descrio dos efeitos de cadamodo de falha, ser necessrio avaliar suas conseqncias. Trata-se de um ponto chave da

    MCC, as conseqncias das falhas so muito mais importantes que suas caractersticas

    tcnicas. Deve-se conhecer como o modo de falha afeta a organizao ou quais tipos de

    conseqncias resultam de cada modo de falha. So quatro grupos de conseqncias: (1)

    Falhas ocultas, no evidentes para pessoal de operao com possibilidade de falhas mltiplas.

    (2) Conseqncias para segurana e meio ambiente. (3) Conseqncias operacionais. Afetam

    entrega, qualidade, clientes, prazos,etc. (4) Sem conseqncias operacionais: envolve somenteo custo de reparo.

    Aps a identificao das falhas funcionais, dos modos de falha, dos efeitos e dos tipos

    de conseqncias feita uma avaliao sobre a estratgia de manuteno a ser adotada para

    cada modo de falha, a fim de elimin-lo ou reduzir suas conseqncias. a etapa que trata do

    que deve ser feito, compondo um plano de manuteno. Deve-se afastar a idia que todas as

    falhas devem ser evitadas, ou seja, busca-se o gerenciamento das falhas e no apenas a

    preveno indiscriminada de todas elas. A figura 3.3, apresenta um diagrama das etapas quecompem o processo da MCC.

    3.4 -ESTRATGIAS DE MANUTENO NA MCC

    Para escolha da melhor estratgia em cada modo de falha necessrio entender o

    padro moderno de tipos de curvas de falha aceitos nos dias atuais. A figura 3.4 reproduzida

    de Moubray (1992, p.12) e tambm citada em Smith (1993, p.45) e Pinto; Xavier (2001,

    p.132) mostra os seis padres de falha resultantes do aumento da complexidade dos

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    34

    equipamentos nos ltimos vinte anos. As curvas mostram a variao da probabilidade

    condicional da falha em funo da idade do equipamento ou componente.

    (1)COLETA

    DE INFORMAES

    (2)IDENTIFICAO

    &PARTIO

    (3)REQUISITOS

    (4)SELEO DE

    TAREFAS DE MP

    (5)FORMULAO

    &IMPLANTAO

    identificao daequipe de anlise

    identificao dasfontes de

    informaes

    coleta/ compilao

    descrio dossistemas

    identificao doselementos

    constituintes dosistema

    definir zonas delocaliza-o (seneces-srio)

    defnir limites einterfaces do sistema

    identificarfuncionalmente ositens significativos

    definir funoes

    definir falhasfuncionais

    identificar modos defalhas dominantesdas falhas funcionais

    estabelecer dados decausa-efeito

    aplicaar lgica dedeciso

    identificarpotenciais tarefas

    MP

    selecionar tarefasaplicveis e efetivas

    estabelecerintervalos das tarefas

    estabelecermodificaes deprojeto

    comparar comtarefas existentes

    detalhar instruesde tarefas

    revisar o cronogramade tarefas

    instalar o planorevisado

    auditar

    buscar opes parareprojeto

    Fig. 3.3 - Diagrama de etapas da MCC.Fonte: Relatrio EPRI NP-4795, 1986.

    Fig. 3.4 - Padres de falha de equipamentos. Fonte: Moubray (1992, p.12)

    Segundo Moubray (1992) e Smith (1993), estudos feitos em aeronaves civis mostram

    que 4% dos itens seguem o padro A, 2% o padro B, 5% o padro C, 7% o padro D, 14% o

    padro E e 68% seguem o padro F, sendo que esta distribuio no necessariamente a

    mesma para outros ramos da indstria. A evoluo do conhecimento dos padres de falhas,

    mostrou ser falsa a crena de que sempre existe uma relao entre confiabilidade e idade

    operacional, consequentemente a idia de que revises peridicas em um equipamento

    tornam menos provvel sua falha. Moubray (1992, p.13) comenta sobre esta falsa crena eacrescenta que isto s verdade se existir um modo de falha dominante relacionado idade.

    DADOS SE NO HOUVER TAREFA MP -REPROJETO OU ACEITAR

    PLANO DEMANUTENO

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    35

    Diz o autor, "Limites de idade influenciam pouco ou nada para aumentar a confiabilidade de

    itens complexos. De fato, revises peridicas podem realmente aumentar a taxa de falha total ,

    introduzindo mortalidade infantil em sistemas at ento estveis". Smith (1993, p.46)

    acrescenta que nos estudos realizados, somente 11% (padres A, B e C) dos componentes

    experimentaram uma caracterstica com alguma influncia da idade e os outros 89% (padres

    D, E e F) dos componentes no desenvolveram nenhum mecanismo de envelhecimento ou

    aumento da taxa de falha durante sua vida til.

    Aps a avaliao das conseqncias das falhas necessrio estabelecer quais as aes

    sero tomadas a fim de elimin-las ou reduzir suas conseqncias. o que Moubray (2000,

    p.11) denomina de gerenciamento das falhas e no apenas a preveno indiscriminada de

    todas elas. A MCC divide as tcnicas de gerenciamento de falhas em: (1) Tarefas pr-ativas e(2) Aes ou tarefas default.

    As tarefas pr-ativas so divididas em trs categorias: (1) tarefas programadas sob

    condio, (2) tarefas de restaurao programada e (3) tarefas de substituio programada.

    As tarefas de restaurao ou substituio programada esto relacionadas com uma

    idade limite ou com base no tempo. Embora de pouca influencia na confiabilidade de

    equipamentos complexos, pode ser vlida para itens mais simples. So tarefas daquilo que

    tradicionalmente conhecido como manuteno preventiva baseada no tempo.As tarefas sob condio baseiam-se no fato que a maioria dos tipos de falhas

    apresentam alguma indicao que ela est para ocorrer, ou seja apresentam algumas condies

    fsicas que indicam que a falha funcional est na eminncia de ocorrer ou um processo de

    falha potencial. O objetivo deste tipo de tarefa evitar que a falha potencial possa se

    transformar em uma falha funcional.

    Moubray (2000, p.170) define aes ou tarefas default como aquelas que podem ser

    tomadas caso nenhuma tarefa pr-ativa seja considerada tecnicamente vivel e que devem serfeitas para qualquer modo de falha. Isto significa que ao final do processo da MCC, um

    determinado modo de falha ser objeto de pelo menos uma ao default. Uma ao default

    pode ser entendida como uma ao padro que desempenhada sob estado de falha. As

    tarefas default so divididas em outras trs categorias: (1) tarefas de busca de falhas, (2)

    reprojeto (redesign)do item ou sistema e (3) manuteno no programada (run-to-failure).

    A busca de falhas consiste em verificar periodicamente a existncia de falhas ocultas

    nos sistemas de intertravamento, proteo ou emergncia. Devem ser realizados testes para

    detectar falhas no evidentes ao pessoal de operao e manuteno. Existem alguns sistemas

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    de teste que podem ser realizados sem a parada do equipamento, mas a maioria dos testes so

    realizados com a parada programada do equipamento.

    As manutenes no programadas significam a ausncia de qualquer forma de

    manuteno preventiva ou preditiva. No h ao em prevenir ou antecipar aos modos de

    falha. Aps a ocorrncia da falha, so realizados os reparos necessrios. Este tipo de ao

    adequada para as falhas que no possuem conseqncias significativas para o sistema.

    O reprojeto de um item ou sistema o conjunto de modificaes que podem ser

    efetuadas para restabelecer ou melhorar a confiabilidade e reduzir riscos em um sistema.

    Incluem modificaes de ordem fsica ou relativas a procedimentos.

    3.5 - DIAGRAMAS DA MCC

    Os diagramas de deciso permitem que as estratgias ou tarefas de manuteno sejam

    selecionadas para cada modo de falha identificado, considerando o seu contexto operacional e

    as conseqncias da falha. Moubray (1992, p.14) sugere como um dos pontos fortes da MCC,

    o critrio adotado para escolha das tcnicas pr-ativas tecnicamente possveis em algum

    contexto, da freqncia com que devem ser executadas e de quem ser responsvel por faz-

    las. Duas condies precisam ser avaliadas: (1) Se a tarefa pr-ativa possvel de serrealizada, o que depende das caractersticas tcnicas da falha a ser prevenida. (2) Se a tarefa

    pr-ativa vale a pena ser realizada, o que depende da sua eficcia e custo em relao

    conseqncia da falha.

    Para falhas ocultas uma tarefa pr-ativa vale a pena ser realizada, se ela reduz o risco

    de falha mltipla associada com aquela funo para um nvel aceitvel mais baixo. Se no

    existir uma tarefa pr-ativa que possa atender este objetivo, ento deve-se recorrer a uma

    ao de busca de falha. Se uma tarefa de busca de falha no for encontrada, ento a opodeve ser por manuteno no programada (corretiva ) ou reprojetar o sistema, dependendo das

    conseqncias resultantes da falha mltipla.

    Para falhas com conseqncias para segurana e meio ambiente, uma tarefa pr-ativa

    vale a pena ser realizada, se ela reduzir o risco da falha para um nvel mais baixo ou elimin-

    lo. Se isto no for vivel, o sistema ou o processo deve ser reprojetado.

    Para falhas com conseqncias operacionais, a tarefa pr-ativa vale a pena ser

    realizada se o custo total de realiz-la em um perodo de tempo menor que o custo da

    conseqncia operacional mais o custo para reparar o equipamento no mesmo perodo. Ou

    seja, a tarefa tem que ser justificada economicamente. Se a tarefa pr-ativa no for

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    justificvel economicamente, uma deciso deve ser tomada entre manuteno no programada

    (corretiva ) se a conseqncia operacional aceitvel ou reprojetar o sistema ou processo, se a

    conseqncia no aceitvel. Se a falha tem conseqncias no operacionais, uma tarefa pr-

    ativa vale a pena ser realizada se o custo total de realiz-la em um perodo de tempo menor

    que o custo do reparo do equipamento envolvido na falha no mesmo perodo. A tarefa tem

    que ser justificada economicamente, caso contrrio a opo fica entre manuteno no

    programada (corretiva ) se o custo de reparo no for alto ou reprojetar o sistema ou processo,

    se o custo de reparo aceitvel. Moubray (1992, p.15) observa que esta abordagem da MCC

    para as estratgias de manuteno escolhidas, leva a uma reduo substancial nos trabalhos de

    rotina (tarefas pr-ativas) que sero mais bem executadas. Tambm ocorre eliminao de

    tarefas no produtivas, resultando em uma manuteno mais efetiva.Existem variaes nos diagramas de deciso da MCC apresentados pelos diversos

    autores conforme apresentado nas figuras 3.5 e 3.6.

    Fig. 3.5 - rvore Lgica de Deciso (E) e o Diagrama de Seleo de Tarefas (D) .Fonte: Smith (1992, p. 90; 95)

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    Fig

    .3

    .6-

    Diagr

    ama

    de

    dec

    iso

    da

    MCCcon

    forme

    Mou

    bray

    (2000

    ,p.2

    00)

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    Segundo Nichols e Matusheski (2000, p.1), Smith (1992) pertence a outra escola de

    pensamento que sugere que a unidade de produo seja dividida em sistemas e que somente as

    tarefas da MCC que mitiguem falhas de sistema so consideradas, o que traz vantagens e

    desvantagens em relao a abordagem baseada em componentes.

    Alguns autores apresentam variaes no diagrama de deciso, como Johnston (2002,

    p.367), Hauge e Johnston (2001, p.38) e Hauge et al. (2000, p.311). Tais variaes so

    algumas vezes chamadas de Streamlined RCM Process, traduzido para Processo da MCC

    Simplificada. O objetivo deste tipo de abordagem a simplificao da sistemtica da MCC

    atravs do uso de padres pr-definidos de tarefas de acordo com o tipo de equipamento,

    visando maior rapidez e eficincia no uso para equipamentos simples e no crticos, ainda que

    completo e rigoroso para equipamentos complexos, caros e crticos. Moubray (2000b, p. 6 )ressalta, entre outros comentrios, que esta abordagem no considera os mesmos princpios

    da MCC tradicional na qual a anlise feita sobre o equipamento dentro do seu contexto

    operacional. A figura 3.7 abaixo mostra um diagrama de deciso de um processo simplificado

    da MCC, segundo Hauge et al. (2000, p.314).

    Fig. 3.7 - Diagrama de deciso de um processo simplificado da MCC.Fonte: Hauge et al. (2000, p.314).

    Nichols e Matusheski (2000, p.1) observam que o Electric Power Research Institute

    (EPRI) tem experimentado esta abordagem em algumas concessionrias de energia

    americanas com variados nveis de sucesso. Hauge e Johnston (2001, p.36;38) relatam que o

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    processo da MCC simplificada uma ferramenta bastante utilizada nas atividades de

    manuteno das bases de lanamento e aterrizagem do programa espacial americano,

    mostrando que a diferena para a MCC tradicional est no uso de uma abordagem baseada em

    procedimentos para identificao dos modos de falhas, onde os analistas examinam

    procedimentos de manuteno para determinar quais modos de falhas esto sendo

    prevenidos.

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    4 - TCNICAS DE ANLISE DE RISCO E CONFIABILIDADE

    4.1 - CONCEITOS E CONSIDERAES INICIAIS

    4.1.1 - Perigo e risco

    Conforme observam Billinton e Allan (1992, p. 2 ), " a sociedade tem uma grande

    dificuldade em distinguir entre um perigo, que pode ser priorizado em termos de sua

    severidade, mas no leva em conta sua probabilidade, e risco, que considera no somente o

    evento perigoso, mas tambm a sua probabilidade de ocorrncia".

    Segundo o CCPS-AIChE (Center for Chemical Process Safety of the AmericanInstitute of Chemical Engineers, 1992, p.11), perigo uma caracterstica fsica ou qumica

    inerente de um material, sistema, processo ou planta que tem o potencial de causar dano. O

    risco funo da freqncia de ocorrncia e da conseqncia de determinado perigo (DNV,

    2003, p.11). Os termos perigo, risco, anlise e avaliao so usados pelos autores em

    combinaes diversas na bibliografia. Tambm na lngua inglesa, observa-se diferentes

    nomenclaturas com as palavras hazard, risk, analysis, evaluatione assessment. Lafraia (2001,

    p.110), por exemplo, traduz risk ou hazard como risco e danger como perigo. O termo"Hazard evaluation (HE)" que pode ser traduzido como avaliao de perigos usado pelo

    CCPS-AIChE (1992). King e Magid (1979, p. 194) usam o termo "Hazard analysis" que pode

    ser traduzido como anlise de perigos. Os termos "Risk Assessment" como em Hauge e

    Johnston (2001, p.36) e "Hazard Assessment" como em Lees (1991, v.1, p.175) tambm so

    encontrados em publicaes na lngua inglesa. Em Melo et al. (2002, p.3) encontramos o

    termo Avaliao de Risco. A expresso "Anlise de Perigos" tambm adotada por alguns

    autores a exemplo de Arajo e Lima et al. ([199-], p.4-1). Rovisco ([199-], p.1) citando

    Kolluru et al., (1996) observa que " Anlise de Risco e Avaliao de Risco so termos

    frequentemente utilizados como sinnimos, embora a anlise de risco seja mais ampla

    incluindo os aspectos de gesto do risco ". Para os objetivos deste trabalho usa-se o termo

    "Anlise de Risco", principalmente por ser bastante usado no Brasil entre os especialistas da

    rea, nas indstrias petroqumicas e em concordncia com a viso ampla apresentada por

    Rovisco ([199-], p.1).

    Lafraia (2001, p.111) apresenta duas relaes interessantes. Uma relao figurativa

    entre perigo e risco:

    Risco = Perigo / Medidas de controle

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    O mesmo autor define que matematicamente o risco pode ser expresso pela relao:

    Risco = (Probabilidade de ocorrncia).( Deteco).( Severidade das conseqncias)

    Observa-se na expresso acima o aparecimento de mais uma varivel presente no

    risco: a deteco, definida por Lafraia (2001, p.111) como uma avaliao da probabilidade de

    se encontrar uma falha antes que a mesma se manifeste.

    Um outro aspecto apresentado por Lees (1991, v.1, p.177) o risco r para um

    indivduo. O risco rpode ser calculado pela equao 4.1:

    =

    =n

    i

    ii fxN

    r1

    1

    (4.1)

    ondexi o nmero de mortes em um tipo de acidente em potencial; fi a freqncia de tal

    acidente; no nmero de tipos de acidentes em potencial e N o nmero total de pessoas sob o

    risco.

    As expresses acima mostram que possvel uma quantificao e priorizao dos

    riscos envolvidos em uma determinada falha ou atividade. Lafraia (2001, p.113) ilustra isto

    com a seguinte afirmao: " Uma falha pode ocorrer frequentemente, mas ter pequena

    importncia e ser facilmente detectvel. Nesse caso, no apresentar grandes problemas

    (baixo risco). Uma falha que tenha baixssima probabilidade de ocorrncia, mas

    extremamente grave - por exemplo um vazamento de material radiativo de um reator nuclear -

    merecer uma grande ateno..."

    4.2.2 - Anlise de risco

    Um estudo de anlise de risco uma tentativa organizada de identificar e analisar a

    significncia das situaes associadas com o projeto ou atividade (CCPS-AIChE, 1992, p.11).

    o processo ou procedimento para identificar, caracterizar, quantificar e avaliar os riscos e

    seu significado, segundo Lafraia (2001, p.111). So realizados para apontar deficincias e

    pontos fracos no projeto ou operao de uma planta.

    As anlises geralmente focam as questes de segurana de processo, como efeitos

    agudos de emisses qumicas no programadas sobre pessoal da planta ou pblico em geral.

    Estes estudos complementam atividades industriais de segurana e sade mais tradicionais,

    tais como proteo contra deslizamentos ou quedas, uso de equipamentos de proteo

    individual, monitoramento de exposio de empregados substncias qumicas e outras.

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    Muitas tcnicas podem auxiliar no alcance de necessidades da planta sejam operacionais,

    econmicas ou ambientais.

    Apesar da anlise de risco tipicamente usar mtodos qualitativos para anlise de falhas

    potenciais de equipamentos e erros humanos que podem resultar em acidentes, elas podem

    tambm identificar falhas nos sistemas de gerenciamento de um programa de segurana de

    processo (PSP) de uma organizao, como por exemplo, falhas no gerenciamento de

    mudanas ou deficincia nas suas prticas de manuteno (CCPS-AIChE, 1992, p.11). As

    tcnicas individuais de Anlise de Risco podem ser usadas, por exemplo, para (1) investigar

    as provveis causas de um incidente j ocorrido, (2) como parte de um programa de

    gerenciameno de mudanas na planta, e (3) para identificar equipamentos crticos sob aspecto

    de segurana para manuteno especial , testes, ou inspeo como parte de um programa deintegridade mecnica (CCPS-AIChE, 1992, p.7).

    Para Dhillon (1982, p.164) os trs elementos bsicos chaves da anlise de risco que

    devem estar presentes em qualquer abordagem so: (1) identificao de perigos potenciais, (2)

    avaliao dos eventos, sua importncia, probabilidade de ocorrncia e efeitos e (3)

    comunicao dos resultados finais para a organizao com a definio das medidas corretivas,

    prazos, responsabilidades e recursos.

    Todas as tcnicas de anlise de risco so mais completas e efetivas quando conduzidasatravs de um grupo de pessoas com experincia nas diversas atividades envolvidas:

    segurana , instrumentao, mecnica, eltrica, operao, etc (CCPS-AIChE, 1992, p.12). As

    avaliaes podem ser conduzidas para auxiliar o gerenciamento de risco de um processo

    desde os estgios iniciais da Pesquisa e D